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eTec | Brasil PSICOLOGIA Andréa Carla Ferreira de Oliveira C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S 01 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Psicologia – Uma Introdução Psicologia Andréa Carla Ferreira de Oliveira coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design gráfico Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfica Adriana Rodrigues Gomes Design instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da aBNT Verônica Pinheiro da Silva adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva equipe sedis | universidade do rio grande do norte – ufrn Projeto gráfico Secretaria de Educação a Distância – SEDIS governo Federal Ministério da Educação Você verá por aqui... � Psicologia a01 Você verá por aqui... objetivo Inúmeras questões que estão na fronteira do senso comum e da ciência. Por exemplo, você já deve ter ouvido a frase: “De louco, médico e psicólogo todo o mundo tem um pouco...” Essa é uma nova formatação para o ditado popular que diz: “De médico e louco todo mundo tem um pouco”. Podemos explicar essa nova forma pelo fato das pessoas fazerem referência, no seu cotidiano, à Psicologia, usando-a, na maioria das vezes, de maneira inadequada, pois não possuem conhecimentos científicos da profissão. No nosso cotidiano, é comum ainda ouvir frases do tipo: “Fulano tem personalidade forte”. o que de fato podemos entender dessa frase? será que podemos medir a personalidade de alguém afirmando que ela é forte ou fraca? Na realidade, o uso do termo “personalidade forte” é uma maneira intuitiva de dizer que uma pessoa tem firmeza em suas atitudes, consistência em sua fala, que não se intimida, facilmente, diante das dificuldades encontradas. Conceituar Psicologia como profissão e como ciência. Diferenciar o senso comum da Psicologia científica. Compreender a diferença entre o Misticismo e a Psicologia. Conhecer as áreas de atuação do Psicólogo. Compreender as semelhanças e diferenças da Psicologia e Psiquiatria. Diferenciar as Escolas da Psicologia: Behaviorismo, Gestalt e Psicanálise. � Psicologia a01 Conceituando a Psicologia A palavra Psicologia é a junção de � palavras gregas: Psique + logia Psique = Mente logia = Estudo a Psicologia pode ser conceituada como o estudo da mente do ser humano. E como a Psicologia faz isso? Através do estudo do comportamento, das atitudes, pensamento e aprendizagens do ser humano. A Psicologia tem vários autores e diferentes abordagens referentes ao seu estudo. São exemplos das Escolas da Psicologia o Behaviorismo e a Psicanálise. O Behaviorismo (que é o estudo do nosso comportamento) ganhou destaque por estudar, através da observação, o comportamento do ser humano e dos animais. Estudou o comportamento de ratos, pombos e macacos. Já a Psicanálise tem como foco o estudo da mente do indivíduo, mais precisamente o inconsciente. Percebam que é um estudo mais profundo, uma vez que o inconsciente é a nossa “caixa preta”, onde estão guardados nossos pensamentos e desejos mais reprimidos, como traumas, desejos proibidos. No decorrer desta aula, vamos estudar melhor cada uma dessas Escolas da Psicologia. � Psicologia a01 Psicologia como ciência A Psicologia é uma ciência que estuda a mente e o comportamento do ser humano e de animais através de suas relações com o meio físico e social. E o que é ciência? Para ser Ciência é necessário: Objeto específico Linguagem rigorosa Métodos e técnicas específicos Conhecimentos Objetividade Segundo Book, Furtado e Teixeira (�00�), a ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade, expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade. Vamos a um exemplo do conhecimento científico em Psicologia... Vamos começar pela a minha própria experiência como psicóloga. Meu nome é Andréa Carla, em �00�... Em �00�, completei dois anos de formada no Curso de Psicologia, e junto a essa comemoração veio a decisão de voltar à universidade para fazer um Mestrado em Psicologia. Tomada a decisão, procurei a universidade para participar do processo seletivo. Já tinha a certeza do meu objeto de estudo, ou seja, o que iria estudar: motoristas de ônibus urbanos. Durante o curso do Mestrado, desenvolvi a pesquisa (é requisito para o aluno obter o diploma) com os motoristas de ônibus na cidade do Natal. Você deve estar pensando como fiz isso. Quantas pessoas participaram? Quais os resultados? Isso é conhecimento científico? O primeiro passo para realizar o trabalho científico já tinha sido dado, ou seja, ter um objeto de estudo escolhido e, como falei anteriormente, já sabia que seriam os motoristas de ônibus de Natal. Segundo, precisaria utilizar métodos e técnicas específicas para desenvolver uma pesquisa com o público escolhido. Nesse momento, após leituras, conversas com o orientador (todo aluno no Mestrado tem um orientador só para ele) Praticando... 1 � Psicologia a01 elaboramos um questionário, o qual seria respondido pelos 500 motoristas previstos para participarem da pesquisa. Definimos, também, que alguns motoristas, além de responderem ao questionário, iriam participar de uma entrevista. O tempo passou e, ao final de dois anos, a pesquisa já estava quase concluída, faltava apenas reunir todos os dados colhidos (questionários e entrevistas) e tabular, ou seja, usar um programa estatístico para verificar se as respostas dadas eram confiáveis de acordo com o programa usado. Isso foi feito e, em seguida, fizemos uma interpretação dos dados obtidos e, finalmente, validamos esse conhecimento, ou melhor, transformamos em conhecimento científico. Alguns de vocês podem estar se perguntando por que motoristas de ônibus e não caminhoneiros? Ou taxistas? Ou motoristas de carro de passeio? Ou ainda, por que não professores ou qualquer outro profissional como participantes dessa pesquisa? As respostas para esses questionamentos são simples de serem respondidas. No período de �998 a �000, trabalhei em uma empresa de transporte público de ônibus como psicóloga, participei de atividades como seleção e treinamentos de motoristas, entre outras. E tinha observações, hipóteses sobre o porquê dos motoristas se envolverem tanto em acidentes, mas não podia provar nada, pois o conhecimento não era científico. Vocês sabem que para ser ciência existem critérios. O que havia era o conhecimento empírico, do senso comum. E foi assim que resolvi voltar à universidade para transformar o conhecimento do senso comum em ciência. leia o texto: O mágico e o cientista Em nossa sociedade, dois grupos de profissionais têm demonstrado preocupar-se com as inexatidões de nossos sistemas de percepção – os mágicos e os cientistas. O modo de vida do mágico depende de sua habilidade para explorar as limitações do ser humano como observador. O cientista também registrou progressos na aquisição de conhecimentos sobre as limitações do homem como percebedor. Mágico e cientista, no entanto, trabalham de forma diversa. O mágico usa seus conhecimentos secretospara enganar e confundir as percepções dos seus expectadores; o cientista, em busca de uma verdadeira imagem do mundo externo, Responda aqui 5 Psicologia a01 aprendeu a evitar aqueles tipos de informações e situações em que a observação não é idônea ou válida. Quando você usa fantasias, opiniões não comprovadas, “idéias favoritas” – que são sua opinião – pode estar desempenhando o papel de mágico da palavra. A Psicologia não aceita “conclusões mágicas”... a Psicologia não aceita observações como estas: – Na minha opinião, esse empregado é muito emotivo. – Eu acho que para resolver a entrada tarde é melhor punir. – Pela minha experiência, as pessoas altas são tímidas. A Psicologia consiste em um conjunto de atitudes que nos conduzem a aceitar fatos, ainda que possam ir de encontro a nossas expectativas, esperanças e desejos. A Psicologia não trabalha no reino da fantasia quando estuda o comportamento humano; trabalha com fatos e com todos os fatos possíveis. (MINICUCCI, �00�) após a leitura do texto “o mágico e o cientista”, discuta em atividades nos pólos as questões abaixo. 1) Qual a diferença do conhecimento do mágico e do cientista? 2) Qual a relação da Psicologia com o mágico? 3) Em uma empresa, quais as vantagens de utilizar os conhecimentos da Psicologia? � Psicologia a01 “Usei da Psicologia para convencer meu chefe a me dar um aumento” E qual a relação do senso comum com a ciência? É através do senso comum que o cientista se afasta para observar, estudar e validar seu conhecimento. No exemplo anterior, foi fundamental o conhecimento do dia-a-dia para transformar em ciência. Na nossa vida cotidiana, ouvir frases como: Essas pessoas, ao dizerem essas frases, na verdade estão usando termos do senso comum para se referir à Psicologia, mas não detêm o conhecimento científico. Na realidade, afirmar que usou da Psicologia para ganhar um aumento, é dizer que usou o poder do convencimento (persuasão), na negociação com seu gestor (chefe), para conseguir aumentar o seu salário. E em relação à afirmação que a melhor amiga é também a psicóloga, percebemos que isso não é possível, pois existe uma diferença entre um amigo e um psicólogo, ou seja, o psicólogo é neutro na relação com seus clientes e o amigo não, emite sua opinião em relação ao amigo. Ao fazer essa afirmativa, podemos entender que o amigo é excelente, talvez possa ouvir como o psicólogo. Vale lembrar que essa opinião de ouvir como psicólogo não significa ser igual a esse profissional, o qual estudou para escutar o outro com base em técnicas e conhecimentos científicos, diferentemente do amigo. “Minha melhor amiga é também minha psicóloga”. � Psicologia a01 Quando a Psicologia como Profissão surgiu no Brasil... No Brasil, a Psicologia foi regulamentada em �9�� pela Lei �.��9. Para exercer a profissão, faz-se necessário concluir o curso de graduação em Psicologia, o qual tem duração de 5 anos, e ter o registro no conselho de classe da sua região após a conclusão do curso. O que faz um Psicólogo? Você poderia pensar: atende pessoas em um consultório; trabalha selecionando pessoas em uma empresa, ou ainda, dá suporte aos pacientes internados nos hospitais. Descobrindo as áreas de atuação do Psicólogo... Psicólogos educacionais e/ escolares Psicólogos organizacionais/ do trabalho Psicólogos clínicos/ saúde Psicólogos da justiça Psicólogos dos esportes Na verdade, em qualquer ambiente que exista uma ou mais pessoas, podemos ter a presença do psicólogo. De acordo com o Conselho Federal de Psicologia, o psicólogo pode atuar no âmbito da educação, saúde, lazer, trabalho, segurança, justiça, comunidades entre outras. Alguns exemplos da atuação do psicólogo são: trabalhar em um time de futebol para que o grupo desenvolva o espírito de equipe e fique motivado para ter um melhor desempenho nas competições; quanto a sua atuação nas empresas, é muito ligada ao Setor de Recursos Humanos, ou seja, trabalha selecionando novos funcionários, acompanhando o desempenho destes, organizando treinamentos e outras atividades voltadas para a integração dos colaboradores, como festividades de fim de ano, aniversariantes do mês, ações voltadas para o bem-estar e saúde dos trabalhadores. Misticismo x Psicologia Em algum momento da sua vida, provavelmente, você já ouviu falar em cartomantes, astrologia, bola de cristal, previsão de futuro. Talvez até tenha lido algum cartaz sobre algo do tipo “descubra seu futuro” e um telefone e endereço de contato. Quiromancia (leitura das mãos), astrologia, tarô, numerologia e demais práticas 8 Psicologia a01 alternativas não fazem parte do conhecimento da Psicologia. Essas práticas são baseadas na previsão do futuro e do destino como algo que não pode ser mudado, enquanto a Psicologia acredita que o destino do ser humano é construído e pode ser mudado ao longo da sua vida. A Psicologia não vê o homem apenas como ser autônomo, mas que se desenvolve e se constitui a partir da relação com o mundo social e cultural, mas também o homem sem destino pronto, que constrói seu futuro ao agir sobre o mundo (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, �00�). Entendendo a diferença do trabalho do psiquiatra e do psicólogo... O psicólogo e o psiquiatra são profissionais da área da Saúde, os quais devem trabalhar em conjunto, em prol da saúde mental do ser humano. Mas é importante que saibamos as diferenças desses profissionais, tais como: �) O psicólogo não pode receitar medicamentos de nenhum tipo, e o psiquiatra pode medicar. �) O psicólogo estuda o funcionamento da mente humana de uma maneira ampla, e o psiquiatra tem como foco as doenças da mente. O mais importante é compreender que cabe tanto ao psicólogo como ao psiquiatra a busca pela saúde mental dos indivíduos. E para isso ser possível, muitas vezes, o trabalho em conjunto desses profissionais é imprescindível. Vamos imaginar uma pessoa com uma depressão profunda e, em conseqüência dela, não tenha vontade de passear, trabalhar, estudar, comer, tomar banho, conversar com outras pessoas. Enfim, não tem ânimo para fazer nada. Se essa pessoa for levada apenas ao psicólogo, não estamos resolvendo a situação dela, pois a depressão é uma doença que deve ser tratada tanto pela psiquiatria como pela psicologia. Da mesma forma que existem diferenças entre esses profissionais da saúde, precisamos ter clareza que o objetivo do psicólogo e do psiquiatra é promover bem- estar e saúde mental aos seus pacientes, os quais podem e devem ser tratados em alguns momentos pelos dois profissionais para que possam alcançar êxito em seu tratamento. a) b) 9 Psicologia a01 2Praticando... Responda aqui �0 Psicologia a01 conhecendo mais os profissionais Faça uma pesquisa em livros, revistas, internet ou entreviste profissionais sobre o trabalho dos: 1) Místicos (cartomantes, astrólogos entre outros). 2) Psicólogos. 3) Psiquiatras. Após a pesquisa, dê sua opinião sobre a atuação dos profissionais, enfatizando as diferenças e semelhanças entre eles. Site www.crpsp.org.br- Psi- Jornal Edição ��0- Questões éticas. Psicologia e Misticismo não se misturam. Site www.sobresites.com/psicologia. Diferença psiquiatria e psicologia. Livro: Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. Ana Mercês Bahia Bock; Odair Furtado. Maria de Lourdes Trassi Teixeira. �� ed. São Paulo: Saraiva, �00�. �� Psicologia a01 as Escolas da Psicologia Behaviorismo O termo Behaviorismo vem da palavra em inglês Behavior, que em português significa comportamento. Os psicólogos que utilizam essa escola da Psicologia acreditam que o nosso comportamento é uma resposta da relação entre um estímulo e o ambiente. Para os behavioristas existemdois tipos de comportamento: 1) Comportamento respondente (ou reflexo); 2) Comportamento operante. Por exemplo, imagine que você vai ao médico para uma consulta e lá ele solicita a você que fique sentado para lhe examinar. O médico começa o exame usando um martelinho para ver como estão seus reflexos. Ele dá uma batida de leve na sua perna, que responde a este estímulo com um chute. Perceba que a batida de martelo é o estímulo, e o chute, a resposta. Esse comportamento pode ser considerado involuntário ou respondente, pois não temos como evitar que ele aconteça, ou seja, você não esperava que sua perna levantasse de repente como se fosse dar um chute. Agora, imagine você estudando para uma prova, fazendo o almoço, indo ao supermercado fazer compras, vendo um filme na televisão ou no cinema. Você escolheu fazer essas atividades, tem consciência delas, ou seja, sabe o que está fazendo no momento de sua realização. Isso é o comportamento operante. �� Psicologia a01 gestalt O termo Gestalt é alemão e muito difícil de traduzir para o português. Para Bock, Furtado e Teixeira (�00�), as palavras que mais se aproximam é configuração; forma. Para os gestaltistas, o ponto de partida dessa teoria é a percepção. Cada pessoa tem uma percepção que é particular, pois a história de vida de cada ser humano é única. A seguir veremos alguns exemplos ilustram o que estamos vendo. Ana Mercês Bahia Bock é doutora em Psicologia, autora de vários livros de Psicologia e professora, desde �9��, do Departamento de Psicologia Social da Faculdade de Psicologia da PUC SP. Exemplo 1 Quando meu olhar se volta para a porta do meu quarto, ele tem uma forma de ver que pode ser diferente do olhar do meu colega de curso que nunca foi na minha casa ou vai muito pouco. O meu colega pode perceber que a pintura está saindo e precisa ser renovada, enquanto eu, que vejo todos os dias a porta, não o tinha percebido ainda. Entendendo a diferença do Behaviorismo para a gestalt O Behaviorismo estuda o comportamento através da relação estímulo-resposta, procurando isolar o estímulo que corresponderia à resposta esperada. Já a Gestalt amplia a relação estímulo-resposta, ou seja, estuda o comportamento em sua totalidade. A Gestalt, ao observar o comportamento de uma pessoa irritada, por exemplo, não vai apenas estudar a raiva que a pessoa sente, mas o que aconteceu com aquela pessoa, o contexto em que ela estava inserida, se existia alguém irritado antes dela expressar hostilidade. Enfim, verifica o comportamento da pessoa como um todo. �� Psicologia a01 Psicanálise Você já deve ter escutado falar em Freud. Seja lendo um livro, o qual falava em Freud – o pai da Psicanálise, assistindo a uma cena de TV, contando uma piada sobre Freud ou um humorista simulando atender um paciente em um divã (espécie de sofá). Sigmund Freud nasceu no dia 0� de maio de �85� em Freiberg, Moravia (hoje Pribor, República Checa). Quando Freud completou � anos, sua família mudou-se para Viena, Áustria, onde permaneceu por quase 80 anos. A Psicanálise tem como fundador Sigmund Freud, formado em Medicina. Ele escolheu a Psiquiatria para atender seus pacientes. E foi assim que começou sua paixão pelo funcionamento da mente. Seus primeiros estudos foram referentes ao acompanhamento de pacientes com distúrbios da mente. Mas não parou por aí, ele criou uma teoria sobre o funcionamento do nosso psiquismo (mente). Para Freud nossa personalidade é formada por � instâncias: ID, EGO E SUPEREGO. Exemplo 2 Você vai ao supermercado comprar frutas para se alimentar durante a semana; você pretendia apenas comprar frutas, mas, ao passar pela seção de eletrodomésticos, encontra um celular mais moderno que o seu. Você pára, olha e pensa como é bonito, até se esquece das frutas. E aí pensa: Acho que vou levar; o vendedor o oferece e fala das vantagens, dos comandos do novo celular. Então, você nem pensa mais, simplesmente resolve comprar o celular. Nesse momento, você se deixou levar pelo desejo e prazer de ter um novo celular. Essa atitude, para Freud, pode ser considerada movida pelo ID, que é uma das instâncias da personalidade e faz com que ajamos de maneira impulsiva, sem pensar direito nas conseqüências do ato. Tal como você fez ao comprar o celular. Agora imagine a mesma cena... Você vai comprar frutas no supermercado, vê o novo celular à venda, mas quando pensa em como ele é bonito, aparece �� Psicologia a01 uma voz lhe dizendo que você tem muitas dívidas para pagar no fim do mês, como aluguel, gás, luz. Nesse momento, você decide que não pode comprar o celular, pois tem outras prioridades para resolver, ou seja, é o SUPEREGO, através da censura, convencendo você que o melhor a fazer é não assumir dívidas desnecessárias, pois depois não vai ter o dinheiro para pagá-las. E por último, imagine você na dúvida: compro ou não compro o celular? O meu já está velho, um verdadeiro tijolo de tão pesado, mas ainda funciona. O que fazer? Nesse instante, surge a terceira instância chamada por Freud de EGO, o qual é um verdadeiro mediador entre o ID e SUPEREGO. O EGO é como uma balança; ele avalia friamente as vantagens e desvantagens de comprar um celular e só apenas nessa análise detalhada ele (EGO) se posiciona, considerando todas as circunstâncias possíveis e futuras. No exemplo, o EGO poderia sugerir a compra do celular dividida em � vezes, caso tenha percebido a real necessidade dele, ou a desistência da compra, tendo em vista não existir a necessidade do celular. leitura complementar PSICOLOGIA ONLINE. Disponível em: <http://www.pol.org.br/main/index.cfm>. Acesso em: �� jul. �008. No site do CRP, você vai encontrar informações atuais e interessantes, tais como: Código de Ética do Psicólogo. O manifesto sobre a inclusão da Psicologia no ensino médio. Publicações relevantes em diversas áreas da Psicologia. Divulgação de congressos e demais eventos que acontecem no Brasil e no mundo. Nesta aula, abordamos a psicologia sob dois aspectos: como ciência e como profissão. Diferenciamos o conhecimento do senso comum do conhecimento científico. Como exemplo, vimos que o misticismo não é ciência nem faz parte das técnicas do psicólogo em sua atuação profissional. Conhecemos as áreas de atuação do psicólogo e as semelhanças e diferenças entre o seu trabalho e o do psiquiatra, além das principais Escolas da Psicologia: Behaviorismo, Gestalt e Psicanálise. auto-avaliação �5 Psicologia a01 anotações Qual a importância do estudo da Psicologia no meu curso? A Psicologia é considerada ciência? Quais os critérios para ser ciência? O comportamento científico é relevante para o meu conhecimento como aluno? Quando procurar um psicólogo ou psiquiatra? Procurar um místico ou um psicólogo? Qual a diferença? Quais as áreas de atuação do psicólogo? As Escolas da Psicologia ajudam a entender o comportamento das pessoas? Referências BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. ��. ed. São Paulo: Saraiva, �00�. MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais. São Paulo: Atlas, �00�. �� Psicologia a01 anotações 02 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Personalidade PSICOLOGIA Andréa Carla Ferreira de Oliveira Coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfico Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Arte e ilustraçãoAdauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfica Adriana Rodrigues Gomes Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva equipe sedis | universidade do rio grande do norte – ufrn Projeto Gráfico Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação � Psicologia A02 Você ve rá por aqu i... Objetivo No desenvolvimento desta aula, vamos entender o significado da palavra personalidade, conhecer os princípios inerentes ao conceito e praticar a Janela de Johari para facilitar nosso entendimento sobre a nossa personalidade. Entender o significado da palavra personalidade em Psicologia. Conhecer os princípios referentes às diferentes definições de personalidade. Identificar os quadrantes da Janela de Johari e sua importância no estudo da personalidade. 2 Psicologia A02 “Lúcio não tem personalidade! O que ele fez é imperdoável!!!” Você já deve ter escutado frases como as citadas anteriormente, mas será que podemos afi rmar que uma pessoa não tem personalidade? O fato de alguém fazer algo imperdoável, não signifi ca que essa pessoa não tenha personalidade. Mesmo o pior assassino tem personalidade. Na verdade, todas as pessoas têm uma personalidade. Para começo de conversa... � Psicologia A02 �. Conceito de Personalidade Personalidade vem da palavra latina persona, que se refere à máscara utilizada pelos atores em uma peça de teatro. Nesse sentido, podemos perceber como persona se refere à aparência externa que mostramos a quem nos rodeia. Se você pensar um pouco, vai perceber que de fato usamos algumas máscaras na nossa vida, ou seja, dependendo do momento e das pessoas que estão conosco, utilizamos máscaras diferentes. Imagine você em um parque de diversões com seus primos; sua tendência é brincar no maior número de brinquedos, rir bastante e lembrar dos tempos da infância. Agora, imagine você no primeiro dia do estágio, aquele frio na barriga... Você tende a se comportar da maneira mais formal e respeitosa possível, ou seja, bem diferente do primeiro exemplo, porque você sabe que no ambiente profissional as expectativas em relação ao seu desempenho são referentes à sua carreira profissional, enquanto no parque de diversões as expectativas são de lazer. Mesmo compreendendo que a nossa personalidade diz respeito às características externas e visíveis, podemos questionar sobre as nossas atitudes mais íntimas, nossos pensamentos secretos, sonhos, desejos, fantasias, enfim nosso “eu” mais profundo e desconhecido pelos outros e até mesmo por nós mesmos. Isso também faz parte da nossa personalidade? Com certeza, nossa personalidade também engloba tudo o que as outras pessoas não vêem e nem nós conhecemos em alguns momentos. Por exemplo, já aconteceu de você ficar surpreso com algo que você fez e nunca imaginou ter coragem de fazer antes ou sequer pensava ser capaz de fazer, como uma declaração de amor em público. Escolher um único conceito para personalidade não é suficiente para expressar o que de fato a compõe, pois muitos autores já tentaram definir essa palavra e o fizeram de diferentes maneiras. Existem teorias que se assemelham e outras que diferem em relação ao estudo da personalidade, mas independente da teoria escolhida, todas concordam que existem princípios que norteiam os mais diferentes conceitos de personalidade. A seguir, temos os princípios: � Psicologia A02 �.�. Princípio da globalidade Personalidade é tudo que nós somos, ou seja, elementos inatos, adquiridos, orgânicos e sociais. �.2. Princípio social Todas as pessoas necessitam de convívio social, ou melhor, interagir com outras pessoas. Mesmo as pessoas mais tímidas e reservadas sentem necessidade de contato interpessoal. � Psicologia A02 �.�. Princípio da dinamicidade A personalidade organiza, integra e harmoniza todas as formas de comportamento e características do ser humano. Nossa vida é cheia de acontecimentos e a nossa personalidade tenta organizar isso da melhor maneira possível. �.�. Princípio da individualidade Cada um de nós é único no mundo. A personalidade é um conjunto total de características próprias do indivíduo, as quais o diferencia das demais pessoas. Agora que você já sabe quais são os princípios da personalidade, responda à atividade: � Psicologia A02 Praticando... � Responda aqui Procure um grupo de colegas de sua convivência e de maneira sigilosa observe seus companheiros por um tempo de 40 a 60 minutos. Na sua observação, fique atento aos princípios estudados sobre a nossa personalidade. Ao final da observação, faça uma lista com os princípios estudados e observações do comportamento dos seus colegas referente a cada um dos princípios. Ao término da observação, agradeça aos colegas pelos dados coletados e explique seu comportamento de observador. Lembre-se de que você deve agradecer apenas ao final da observação, caso contrário, o grupo ficará inibido diante do seu comportamento de observador. � Psicologia A02 Conhecendo a Janela de Johari A Janela de Johari é um modelo de comunicação através do qual alguém dá ou recebe informações sobre si mesmo e sobre os outros. A elaboração dessa janela ocorreu através dos estudos de dois psicólogos chamados: Joseph Luft e Harry Ingham. Em 1961, os psicólogos citados estudaram sobre a personalidade humana e, com o objetivo de ajudar-nos a compreender melhor nossa percepção sobre nós mesmos e em relação aos outros, propôs o estudo da personalidade através da figura que segue: Conhecido pelo eu Não conhecido pelo eu Conhecido pelos outros I “EU. ABERTO” II “EU CEGO” Não conhecido pelos outros III “EU SECRETO” IV “EU DESCONHECIDO” Figura � – Estudo da personalidade � Psicologia A02 A área I (o eu aberto) constitui o nosso comportamento em várias atividades, conhecido por nós e por qualquer um que nos observe. Esse comportamento não é o mesmo para todas as situações, mas difere conforme nossa estimativa do que é correto em um ambiente específico e com diferentes grupos de pessoas. Por exemplo, nossa maneira de falar e nossa forma de vestir. A área II (o eu cego) representa nossas características de comportamento que são facilmente percebidas pelos outros, mas de que geralmente não estamos cientes. Por exemplo, alguma demonstração de raiva ou de desprezo por aqueles que discordam de nós, etc. Podemos pensar que esses comportamentos permanecem desconhecidos para nós e, no entanto, são óbvios aos outros. A área III (o eu secreto) representa as coisas sobre nós mesmos que conhecemos, mas que escondemos dos outros. Essas podem variar desde assuntos inconseqüentes até os de grande importância. A pessoa que conta tudo sobre si mesma a alguém totalmente estranho, ou a um vizinho, pode estar agindo assim por incapacidade de comunicação satisfatória com pessoas que significam, afetivamente, muito para ela. A área IV (o eu desconhecido) inclui coisas das quais não estamos conscientes e das quais nem os outros o estão. Por exemplo, alguns assuntos que estão muito escondidos e talvez nunca se tornem conscientes. �.�. Mudanças nos quadrantes Num grupo novo, a área I, do eu aberto, é muito pequena, há pouca interação livre e espontânea. Com o desenvolvimento dos processos de grupo, ela cresce, pois os membros se sentem mais livres para agir autenticamente. A área III decresce proporcionalmente ao crescimentoda área I, uma vez que, num clima de crescente confiança recíproca, há menos necessidade de esconder ou negar pensamentos e sentimentos. Uma área de maior atividade livre nos membros do grupo, provavelmente diminuirá receios e tensões e propiciará possibilidades de orientar os recursos do grupo para a tarefa propriamente dita. Isso significa maior receptividade a informações, opiniões e idéias novas, em si mesmo ou em referência aos processos específicos de grupo. O fato de esconder ou negar comportamentos, idéias e sentimentos durante o processo interativo exige certo dispêndio constante de energia e por isso a redução da área III (o eu secreto) implica menor mobilização de energia para a defesa desse território. Assim, um número maior de necessidades do indivíduo pode encontrar expressão e maiores serão as probabilidades de o indivíduo ficar satisfeito com seu trabalho e de participar plenamente nas atividades do grupo. � Psicologia A02 A área II (o eu cego) leva mais tempo a reduzir-se porque, usualmente, há fortes razões de ordem psicológica para a recusa em ver o que se faz ou sente. É importante frisar que uma mudança em um dos quadrantes provoca modificações em todos os demais. A insegurança tende a diminuir a lucidez, e a confiança recíproca, a aumentá-la. �.�. A comunicação interpessoal – dar e receber feedback O modelo gráfico Janela Johari permite apreciar o fluxo de informações decorrentes de duas fontes – eu e outros – bem como as tendências individuais que facilitam ou dificultam a direção e a extensão desse fluxo. Os processos principais que regulam o fluxo interpessoal eu-outros, determinando o tamanho e o formato de cada área da janela, são os seguintes: a) busca de feedback - consiste em solicitar e receber reações dos outros, em termos verbais ou não-verbais, para conhecer como o seu comportamento está afetando os outros, isto é, ver-se com os olhos dos outros; b) auto-exposição - consiste em dar feedback aos outros, revelando seus próprios pensamentos, percepções e sentimentos de como o comportamento dos outros o está afetando. A utilização desses dois processos de forma equilibrada e ampla propicia desenvolvimento individual e de competência interpessoal. Uma área livre muito reduzida pode significar inibição e restrição de comunicação no relacionamento, resultantes, geralmente, de uma das duas fontes de motivação opostas: de um lado, insegurança e, de outro, desejo de controlar os outros. Quanto maior a área livre, provavelmente maior será também a produtividade, apoiada em relacionamento satisfatório. Quando essa área é pequena, indica participação mínima da pessoa numa relação de trabalho e passa a influenciar os sentimentos das outras pessoas e seu grau de investimento emocional e energético nas atividades a serem executadas em comum. O desequilíbrio nas áreas da janela pode apresentar-se no sentido vertical ou no sentido horizontal, revelando sempre uma superutilização de um dos processos e subutilização do outro, com suas conseqüências prováveis em termos de reações emocionais negativas e disfuncionalidade da dinâmica interpessoal. Os processos de solicitar feedback e de auto-exposição podem revelar preferências consistentes em sua utilização no comportamento interpessoal. Essas tendências, representadas graficamente na Janela Johari, mostram aspectos importantes do relacionamento eu-outros sob a forma de estilos interpessoais de comunicação. �0 Psicologia A02 BF A E EU DESCONHECIDO 2. Estilos interpessoais 2.2. Estilo interpessoal I A Janela Johari, pelo formato e proporções de suas áreas, evidencia o predomínio da área desconhecida com seu potencial inexplorado, criatividade reprimida e psicodi- nâmica pessoal preponderante. Os dois processos são usados em grau reduzido, trazendo um relacionamento prati- camente impessoal. A pessoa parece ter uma carapaça em torno de si, exibindo comportamentos rígidos e aversão a assumir riscos, ficando retraída e observando mais do que participando. Esse estilo parece estar relacionado a sentimentos de ansiedade interpessoal e busca de segurança, canalizando sua energia para manter-se quase como sistema fechado, ao invés de utilizá-la para autodescoberta e crescimento pessoal. Figura 2 - Estilo interpessoal I O estilo tende a gerar hostilidade nos outros, pois a falta de relacionamento é, geralmente, interpretada em função das necessidades das outras pessoas, e essa lacuna afeta sua satisfação. É encontrado, com freqüência, em organizações burocráticas, nas quais, muitas vezes, é até conveniente evitar abertura e envolvimento. 2.�. Estilo interpessoal II Caracteriza-se por uma tendência a perguntar muito sobre si mesmo, como os outros o percebem, o que acham de suas idéias e atos, utilizando preferencialmente o processo de solicitar feedback. Ao mesmo tempo, indica pouco desejo de expor-se, ou pouca abertura, o que pode ser interpretado como sinal de desconfiança nos outros. Diferencia-se do estilo I pela vontade expressa de manter relações com nível razoável de participação no grupo, através de pedidos freqüentes de feedback, solicitando informações quanto a idéias, opiniões e sentimentos dos outros. Procura, geralmente, saber a posição dos outros antes de comprometer-se, o que, em longo prazo, acaba levando as outras �� Psicologia A02 BF A E EU SECRETO pessoas a se irritarem ou se retraírem, gerando sentimentos de desconfiança, reserva, ansiedade, desgosto e hostilidade. Quanto mais utilizado o processo de solicitar feedback e menos o de auto-exposição, mais aumenta e se consolida o eu secreto, porquanto o tamanho de sua área está inversamente proporcional à quantidade de informação que flui do indivíduo. Nesse estilo, a pessoa pode ser vista como superficial e distante. Figura � - Estilo interpessoal II Há, certamente, inúmeras razões para a pessoa não se expor e usar menos o processo de dar informações sobre si mesma. Uma delas pode ser o medo de ser rejeitada ou agredida, outra é não receber aprovação ou apoio, se os outros conhecerem seus verdadeiros pensamentos e sentimentos. O fator subjacente, em ambas as razões, é a concepção de julgamento negativo de sua pessoa, o que poderia estar relacionado com auto-imagem depreciada e sentimentos de insegurança e, no outro extremo, com motivação de auto-afirmação e desejo de manipular ou controlar as outras pessoas através da retenção proposital de informações esclarecedoras. Os outros podem interpretar as motivações da pessoa dos dois modos. Consideram a falta de abertura como sinal de insegurança, passando a desprezar ou menosprezar a pessoa, ou como falta de confiança e tentativa de controle dos outros pelo fato de deixá-los sem pontos de referência quanto a sua posição e reações. Nas situações de trabalho, pode-se criar um clima de permissividade indevida ou excessiva, em que todos opinam e dão feedback ao superior, sem que este complemente o processo com auto-exposição, o que tende a ser disfuncional na comunicação, gerando tensões e sentimentos negativos. 2.�. Estilo Interpessoal III O indivíduo utiliza intensamente o processo de auto-exposição e muito pouco o de solicitar feedback. Sua participação no grupo é atuante, dando informações, mas solicitando pouco. Diz às pessoas o que pensa delas, como se sente com relação a elas, sua posição no grupo, podendo criticar freqüentemente a todos, na convicção de que está sendo franco, honesto e construtivo. �2 Psicologia A02 BF A E EU CEGO Os outros podem percebê-lo como egocêntrico, com exagerada confiança nas próprias opiniões e valorizando sua autoridade, além de insensível ao feedback que lhe fornecem. Conseqüentemente, os outros tendem a sentir-se lesados em seus direitos, sem receber a devida consideração e podem desenvolver sentimentosde insegurança, hostilidade, ressentimento e defensividade com relação à pessoa. Figura � - Estilo interpessoal III Esse estilo tende a conservar e ampliar o eu cego, pois os outros passam a sonegar informações importantes ou dar feedback seletivo e, assim, concorrer para perpetuar comportamentos ineficazes, uma vez que o indivíduo não consegue beneficiar-se da função corretiva do feedback dos outros. A menor solicitação e recebimento de feedback também tem razões psicologicamente válidas, correspondendo a reações intrapessoais a tensões variadas, tais como receio de conhecer sua imagem pelos outros, necessidade de não perder poder, autoritarismo, etc. Mesmo exercendo função protetora, o estilo provoca reações disfuncionais na comunicação interpessoal e prejudica a produtividade pelos ressentimentos, hostilidades e, finalmente, apatia decorrentes do processo, afastando a confiança mútua e a criatividade das situações de trabalho. O usuário do estilo, entretanto, não se apercebe de seu papel como fator principal desse estado de coisas, pois a tendência é fortalecer e aumentar sua área cega. 2.�. Estilo interpessoal IV Caracteriza-se pela utilização ampla e equilibrada de busca de feedback e de auto- exposição, permitindo franqueza e empatia pelas necessidades dos outros. O comportamento da pessoa, em sua maior parte, é claro e aberto para o grupo, provocando menos erros de interpretação por parte dos outros. A área maior é a do eu aberto, ou de livre atividade, gerando expectativas de maior produtividade, através da redução de conjecturas sobre o que a pessoa está tentando fazer ou comunicar. �� Psicologia A02 Praticando... 2 BF A E EU ABERTO Inicialmente, esse estilo pode conduzir à defensividade nos outros, por não estarem habituados a relações interpessoais autênticas, o que pode ser ameaçador ou inadequado até em algumas situações ou contextos. Em médio e longo prazo, entretanto, a tendência é para estabelecer normas de franqueza recíproca, de tal modo que confiança mútua e criatividade possam ser desenvolvidas para um relacionamento significativo e eficaz. Figura � – Estilo interpessoal IV Chegou o momento de você observar a sua Janela de Johari. Responda ao questionário abaixo, de acordo com as instruções a seguir: Instruções Abaixo estão listados algumas situações referentes a situações diversas do seu relacionamento com outras pessoas, com duas opções alternativas como respostas (A e B): Procure atribuir um total de dez pontos às duas alternativas, distribuindo-os segundo uma das seguintes combinações: ( �0/0 ) – ( 0/�0 ) – ( �/2 ) – ( 2/� ) – ( �/� ) – ( �/� ) � - Se eu entro em conflito com alguém que me é particularmente importante e com quem sinto que tenho que cooperar para atingir um dado fim, eu geralmente: a) ( ) Sinto-me parcialmente responsável e tento me colocar na posição dele, vendo como está sendo afetado. b) ( ) Procuro não me envolver muito, pois tenho receio que nossas relações possam romper-se. �� Psicologia A02 2 - Se ao dialogar com outra pessoa, percebo que a conversa está polarizando em torno de assuntos que me são desconhecidos, na maioria dos casos, eu: a) ( ) Procuro desviar o curso da conversa para assuntos que eu domine. b) ( ) Manifesto abertamente meu desconhecimento do assunto e estimulo o prosseguimento da conversa. � - Quando alguém manifesta suas impressões sobre o meu comportamento e sua pouca eficácia, eu, freqüentemente: a) ( ) Encorajo-o para que exemplifique e me explique melhor suas impressões. b) ( ) Tento explicar-lhe o “porquê” do meu comportamento. � - Se um colega com que tenho um relacionamento próximo passa a evitar-me e a agir de uma forma gentil, mas dissimulada, eu, geralmente: a) ( ) Chamo-lhe a atenção sobre sua atitude e peço-lhe que me diga o que está ocorrendo. b) ( ) Comporto-me tal como ele é, relaciono-me superficialmente, já que é isso que ele deseja. 5 - Se eu e um dos meus colegas tivemos uma discussão acirrada no passado e notei que, a partir de então, ele se sente pouco à vontade junto de mim, eu: a) ( ) Evito agravar a situação e deixo as coisas correrem como estão. b) ( ) Chamo a atenção para os efeitos da controvérsia do nosso relacionamento. 6 - Se você está com algum problema pessoal, torna-se irritável e descarrega sua tensão em coisas sem importância e alguém o alerta sobre isso, você: a) ( ) Diz que está preocupado e gostaria de ficar sozinho, sem ser molestado. b) ( ) Escuta as observações, sem tentar justificar sua atitude. �� Psicologia A02 � - Se eu observo que alguém com quem tenho um relacionamento relativamente bom está assumindo atitudes que limitam sua eficácia, eu: a) ( ) Guardo minhas opiniões com receio que possa parecer muito intrometido. b) ( ) Digo o que acho e como me sinto a respeito dessas atitudes. � - Se numa conversação, alguém, inadvertidamente, menciona algum fato que possa afetar minha área de atuação, eu, usualmente: a) ( ) Procuro estimulá-lo a falar a fim de obter maiores informações. b) ( ) Deixo-o à vontade para que, espontaneamente, me dê maiores informações. � - Se eu noto que alguém de minha relação está tenso e preocupado e descarrega sua irritação em coisa pequena, eu: a) ( ) Procuro tratá-lo com muito tato, sabendo que essa fase é temporária e que seu problema não é da minha conta. b) ( ) Procuro conversar com ele e mostrar-lhe como está afetando os outros à sua volta, inclusive a mim. �0 - Conversando com alguém que é muito “sensível”, sobre sua própria atuação, eu, freqüentemente: a) ( ) Evito ressaltar seus erros para não melindrá-lo. b) ( ) Enfoco basicamente seus erros numa tentativa de auxiliá-lo. Tabulação do Questionário Janela de Johari Abertura Feedback Questões Ítens Pontos Questões Ítens Pontos 1 A 3 A 2 B 4 A 7 B 5 B 9 B 6 B 10 B 8 A Total Total �� Psicologia A02 A B 10 E R 20 T U 30 R A 40 �. Nossa personalidade pode mudar? Você já se fez essa pergunta? Temos uma vida repleta de acontecimentos agradáveis e desagradáveis. Nossos pensamentos mudam ao passar dos anos, amadurecemos com o tempo, mudamos nossos sonhos, desejos e atitudes. Por exemplo, aos 15 anos você pode ser uma pessoa muito impaciente, que se irrita com facilidade e, aos 40 anos, ter mudado essa característica para ser paciente e já não se irrita com tanta facilidade. Dessa forma, podemos pensar que a nossa personalidade não é imutável, rígida, mas ela é passível de mudanças ao longo do tempo. Podemos entender a personalidade como um agrupamento permanente e peculiar de características que podem mudar em resposta a situações diferentes. Gráfico Janela De Johari F E E D B A C K 0 10 20 30 40 50 Leitura Complementar FRITZEN, Silvino José. Janela de Johari. Petrópolis: Vozes, 2002. Esse livro é excelente no que diz respeito aos exercícios práticos sobre a comunicação interpessoal, especialmente na exploração de dar e receber feedback. Além disso, traz a Janela de Johari de forma detalhada e objetiva, de forma a contribuir para o seu autoconhecimento. �� Psicologia A02 Auto-avaliação Chegamos ao final de mais uma aula. Nela, estudamos três pontos centrais da nossa disciplina: a) a origem do termo personalidade; b) a existência de princípios que são inerentes a qualquer definição da palavra personalidade e, por fim, c) identificamos os quadrantes da Janela de Johari e sua importância no estudo da personalidade. O que é personalidade? Quais os princípios inerentes ao conceito de personalidade? Qual a importância da Janela de Johari para o meu auto-conhecimento? Quais os quadrantes e o que representa cada um? Referências BRAGHIROLLI, E.M.Psicologia geral. Porto Alegre: Vozes, 1990. DUANE, P. Schultz. Teorias da personalidade. São Paulo: Thomsom Learning Edições, 2006. FRITZEN, Silvino José. Janela de Johari. Petrópolis: Vozes, 2002. �� Psicologia A02 Anotações �� Psicologia A02 Anotações 20 Psicologia A02 Anotações 03 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Estados do Eu Psicologia Andréa Carla Ferreira de Oliveira coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design gráfico Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfica Adriana Rodrigues Gomes Design instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da aBNT Verônica Pinheiro da Silva adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva equipe sedis | universidade do rio grande do norte – ufrn Projeto gráfico Secretaria de Educação a Distância – SEDIS governo Federal Ministério da Educação � Psicologia A03 Você ver á por aqui. .. Objetivo Perceber os estados do Eu como parte da nossa personalidade. Conceituar e distinguir os estados do Eu. Identificar comportamentos de cada um dos estados do Eu. ...que personalidade é um assunto bastante amplo e por isso daremos continuidade à aula anterior, mas agora fazendo a seguinte pergunta: o que são estados do Eu? Nesta aula vamos aprender que nosso Eu exibe comportamentos os quais podemos classificar como: Eu-criança; Eu-pais e Eu-adulto. � Psicologia A03 E por falar em Personalidade, qual a relação dela com os estados do Eu? Quando pensamos na palavra estado, referimo-nos à forma de estar, ou seja, como estou em um determinado momento, se estou alegre, triste, feliz, chateado ou ansioso. A Psicologia Transacional estuda os estados do Eu como um meio de nos ajudar a melhorar nossas relações interpessoais e compreender as outras pessoas. Para Minicucci (�00�), os estados do Eu são comportamentos que exibimos em nosso relacionamento e compõem a estrutura de nossa personalidade. Quando nos relacionamos com as pessoas, podemos perceber o estado do Eu exibido por cada uma delas. Os Estados do Eu se dividem em: 3 Psicologia A03 �) Estado do Eu-pais �) Estado do Eu-adulto 3) Estado do Eu-criança Estado do Eu-pais... � Psicologia A03 É meu pai dando ordens para mim? Ou sou eu tentando ser meu pai? Isso parece confuso? Nesse estado, nosso eu é um reflexo de tudo que vivemos com as pessoas que foram referências em nossa vida, tais como: pais, avós, tios e pessoas que foram significativas na nossa história de vida. Até mesmo um vizinho ou um professor muito presente na nossa vida. Segundo Minicucci (�00�), no estado Eu-pais são comuns comportamentos como estes: As ordens No passado, não muito distante, talvez na época dos seus pais ou dos seus avós, os pais recebiam ordens dos pais deles e eram prontamente cumpridas. Talvez essas ordens fossem dadas até mesmo com o olhar, como exemplo, se o filho fazia alguma coisa que o pai desaprovava, este, com o seu olhar, já lhe dizia isso. As recriminações Imagine a reação de um pai ao perceber que o filho utiliza gírias em casa e nas atividades da escola, principalmente nas avaliações escritas. E quando recebe as notas, várias observações são percebidas sobre o uso de gírias nos textos escritos, feitos na escola. Diante disso, o pai chama a atenção do filho e diz que esse comportamento não deve acontecer, pois ele precisa fazer uso da língua culta e não de gírias na linguagem falada e em especial nas atividades da escola, pois do contrário será reprovado no fim do ano. � Psicologia A03 As tradições No século passado, era uma tradição, quando se estava para casar, o noivo receber um dote do pai da noiva. Almoço em família aos domingos, Missa de Natal, Dia das mães ou Dia dos pais também são exemplos de tradições em nossa sociedade. Os conselhos Os nossos pais são mestres em dar conselhos. A todo instante recebemos conselhos, tais como: “Leve o casaco. Está frio!”; “Se beber na festa, ligue para eu ir buscar” ou “use camisinha”. Os preconceitos � Psicologia A03 Já no estado do Eu-adulto, a preocupação consiste em apresentarmos comportamentos mais sensatos, pois fazemos uma análise da situação antes de agir. Segundo Minicucci (�00�), adquirimos esse comportamento por meio da assimilação, retenção e análise dos dados como um ato inteligente. Para esse autor, o Eu-adulto age de acordo com: Imagine a cena... Você estava comemorando o aniversário de seu(a) namorado(a), quando, de repente, percebeu que já passara das 3 horas da manhã. Nesse instante, notou que perdera totalmente a noção do tempo. Viu-se sem carro e sem ônibus, visto que nesse horário não tinha transporte. O que fazer? Como agir? – pensou. Uma voz interna lhe disse para pegar um táxi, mas outra lhe alertou que não tinha como pagar, pois todo dinheiro já havia sido gasto com o presente e a conta do restaurante. Mais uma vez pensou: o que fazer? Novamente, a voz recomendou ligar para alguém de sua confiança para ir lhe pegar ou esperar o dia clarear, uma vez que voltar caminhando seria muito perigoso. Mais sensato do que tudo isso será, no próximo ano, guardar o dinheiro do táxi. “Como não pude pensar nisso?” Na nossa vida, muitas vezes somos preconceituosos com as pessoas. Você já deve ter escutado que “a primeira impressão é a que fica”. Imagine uma pessoa que, ao ver um adolescente com tatuagens no corpo, na praia surfando, já crie uma imagem de um jovem que não gosta de estudar, porque a prancha e as tatuagens são associadas à diversão e não a gosto pelo estudo. Sabemos que isso é um preconceito, pois o fato de surfar e usar tatuagens não tem relação com o desempenho escolar do aluno. Para Minicucci (�00�), o estado do Eu-pais nas pessoas pode ser observado em expressões como: SEMPRE; NUNCA; DEVIA; NÃO PODE. Exemplos : Eu sempre fiz assim e não vou mudar. Nunca confie nas pessoas totalmente. Você não pode viajar sozinha... é muito perigoso. � Psicologia A03 Adulto Pais Criança A realidade corrente A coleta objetiva de dados A computação de informações A organização A adaptação à realidade A avaliação dos fatos A análise dos dados da realidade Vamos a um exemplo... Imagine você apenas passeando, vendo lojas em um shopping center de sua cidade ou de uma cidade próxima. Adiante, percebe uma promoção de mochilas em uma das lojas. O que você faz? Simplesmente compra? Ou faz uma análise da sua situação financeira e da real necessidade do produto? Caso faça a análise detalhada das contas a pagar no fim do mês, você se utilizou do Eu-adulto. Para Minicucci (�00�), o Eu-adulto: funciona como um mediador entre a criança e os pais; baseia-se em fatos; não julga. � Psicologia A03 No momento em que estamos agindo com nosso Eu-adulto, é comum questionamentos como: O quê? Por quê? Quais são os fatos? Quanto? De que modo? Você tem provas? Esses questionamentos são provenientes da sensatez que temos antes de tomar qualquer decisão. Lembra da cena do shopping e das mochilas? E o Eu-criança ? O que faz? Brinca o tempo inteiro? Chora ou ri dos outros? Para Minicucci (�00�), nosso Eu-criança é decorrentedas nossas recordações de experiências antigas, de nossa infância, da forma como nos comportávamos diante do meio, se chorávamos sem motivos, se nos irritávamos facilmente ou ríamos sem razão. Nesse estado, predomina os impulsos infantis, a criança que existe dentro de nós. É comum o uso de diminutivos e superlativos como também das expressões: Por quê? Onde? Eu quero! Eu não me importo! Eu nem ligo. Ótimo! No Eu-criança, temos comportamentos que podemos observar através de indícios físicos: lágrimas, explosões emocionais, birra, encolher de ombros, risos zombeteiros, roer unhas, tiques. Cena do Eu-criança ... Você, ao final de um dia de intensa chuva na sua cidade, após o seu trabalho, tenta chegar em casa, mas não consegue, pois o nível da água foi tão alto que sua casa foi inundada. O que faz? Se chorar feito criança, em uma atitude de desespero, está exibindo um comportamento do seu Eu-criança. Nesse momento, provavelmente, você foi tomado por um sentimento de tristeza que o fez agir assim. No entanto, instantes depois, vai a busca de uma canoa ou de um bote para retirar seus pertences com a intenção de salvar o que fosse possível. Nessa ocasião, você agiu com o Eu-adulto, pois percebeu a realidade a sua volta e a necessidade de agir rapidamente. � Psicologia A03 �Praticando... Esta é uma atividade de observação, a qual pode ser feita no seu ambiente de trabalho, na escola, na rua, ou em sua própria casa. Observe o comportamento das pessoas em uma determinada situação (por exemplo, uma sala de aula diante de uma prova ou de um trabalho em grupo, uma discussão na rua ou a conversa entre irmãos) e identifique qual estado do Eu predomina em cada uma das pessoas. Já imaginou o Eu-criança, o Eu-adulto e o Eu-pais ao mesmo tempo? É natural que tenhamos comportamentos diversos ao mesmo tempo. Por exemplo: de manhã, ao acordar, sua vontade pode ser de não sair da cama, como uma criança que não quer levantar e, por alguns minutos, dorme mais um pouco. Nesse momento, atua seu Eu-criança, pois você está agindo por impulso. Segundos depois, vem a consciência pesada... você lembra dos seus compromissos, dos horários e das atividades ao longo do dia, uma voz lhe diz que é hora de acordar. É seu Eu-pais em ação. E, por último, aparece seu Eu-adulto, o mediador dessa situação, que tem como missão resolver o impasse: levantar ou continuar dormindo? Após avaliar a situação, vem a decisão do que é melhor para você naquele momento, ou seja, agir por impulso e dormir mais um pouco ou levantar e cumprir seus compromissos. Vamos a um estudo de caso... O caso Miguel NOVO TEXTO Leia os vários relatos sobre Miguel, de pessoas que o conhecem ou que tiveram com ele algum contato. Após cada relato, responda às questões solicitadas. �0 Psicologia A03 Relato �: de sua mãe �Praticando... Responda aqui Após esse relato, como você percebe Miguel? Qual o estado do Eu de Miguel nessa situação? Miguel levantou-se correndo, não quis tomar café e nem ligou para o bolo que eu havia feito especialmente para ele. Só apanhou o maço de cigarros e a caixa de fósforos. Não quis colocar o cachecol que eu lhe dei. Disse que estava com pressa e reagiu com impaciência a meus pedidos para se alimentar e abrigar-se direito. Ele continua sendo uma criança que precisa de atendimento, pois não reconhece o que é bom para si mesmo. �� Psicologia A03 Relato �: do garçom da boate Ontem à noite, ele chegou aqui acompanhado de uma morena, bem bonita, por sinal, mas não deu a mínima bola para ela. Quando entrou uma loura, de vestido colante, ele me chamou e queria saber quem era ela. Como eu não a conhecia, ele não teve dúvidas: levantou-se e foi à mesa falar com ela. Eu disfarcei, mas só pude ouvir que ele marcava um encontro, às � horas da manhã, bem nas barbas do acompanhante dela. Sujeito peitudo! 3Praticando... Responda aqui Após esse relato, como você percebe Miguel? Qual o estado do Eu de Miguel nessa situação? �� Psicologia A03 Relato 3: do motorista de táxi �Praticando... Responda aqui Após esse relato, como você percebe Miguel? Qual o estado do Eu de Miguel nessa situação? Hoje de manhã, apanhei um sujeito e não fui com a cara dele. Estava de cara amarrada, era seco, não queria saber de conversa. Tentei falar sobre futebol, política, sobre o trânsito e ele sempre me mandava calar a boca, dizendo que precisava se concentrar. Desconfio que ele seja daqueles que o pessoal chama de subversivo, desses que a polícia anda procurando ou desses que assaltam motorista de táxi. Aposto que anda armado. Fiquei louco para me livrar dele. �3 Psicologia A03 Relato �: do zelador do edifício Praticando... � Responda aqui Após esse relato, como você percebe Miguel? Qual o estado do Eu de Miguel nessa situação? Esse Miguel, ele não é certo da bola, não! Às vezes cumprimenta, às vezes finge que não vê ninguém. As conversas dele, a gente não entende. É parecido com um parente meu que enlouqueceu. Hoje de manhã, ele chegou falando sozinho. Eu dei bom dia e ele me olhou com um olhar estranho e disse que tudo no mundo era relativo, que as palavras não eram iguais para todos, nem as pessoas. Deu um puxão na minha gola e apontou para uma senhora que passava. Disse, também, que quando pintava um quadro, aquilo é que era a realidade. Dava risadas e mais risadas. Esse cara é um lunático! �� Psicologia A03 Relato �: Da faxineira �Praticando... Responda aqui Após esse relato, como você percebe Miguel? Qual o estado do Eu de Miguel nessa situação? Ele anda sempre com ar misterioso. Os quadros que ele pinta, a gente não entende. Quando ele chegou, na manhã de ontem, me olhou meio enviesado. Tive um pressentimento ruim, como se fosse acontecer alguma coisa ruim. Pouco depois chegou a moça loura. Ela me perguntou onde ele estava e eu disse. Daí um pouco a ouvi gritar e acudi correndo. Abri a porta de supetão e ele estava com uma cara furiosa, olhando para ela cheio de ódio. Ela estava jogada no divã e no chão tinha uma faca. Eu saí gritando: assassino! Assassino! �� Psicologia A03 Agora que você já levantou algumas hipóteses de quem é Miguel e qual os estados do eu das situações descritas acima, vamos conhecer o relato do próprio Miguel sobre o ocorrido naquele dia. O relato do próprio Miguel... Eu me dedico à pintura de corpo e alma. O resto não tem importância. Há meses que eu quero pintar uma Madona do século XX, mas não encontro uma modelo adequada, que encarne a beleza, a pureza e o sofrimento que eu quero retratar. Na véspera daquele dia, uma amiga me telefonou dizendo que tinha encontrado a modelo que eu procurava e propôs nos encontrarmos na boate. Eu estava ansioso para vê-la. Quando ela chegou, fiquei fascinado; era exatamente o que eu queria. Não tive dúvidas. Já que o garçom não a conhecia, fui à mesa dela, me apresentei e pedi para ela posar para mim. Ela aceitou e marcamos um encontro em meu ateliê às � horas da manhã. Eu não dormi direito naquela noite. Me levantei ansioso, louco para começar o quadro, nem pude tomar café, de tão afobado. No táxi, comecei a fazer um esboço, pensando nos ângulos da figura, no jogo de luz e sombra, na textura, nos matizes... nem notei que o motorista falava comigo. Quando entrei no edifício, eu falava baixinho. O zelador tinha falado comigo e eu nem tinha prestado atenção. Aí, eu perguntei: o que foi? E ele disse: bom dia! Nada mais que bom dia. Ele não sabia o que aquele dia significava para mim. Sonhos, fantasias e aspirações... tudo iria se tornar real, enfim, com a execução daquele quadro. Eu tentei explicar para ele que a verdade era relativa, que cada pessoa vê a outra à sua maneira. Ele me chamou de lunático. Eu deiuma risada e disse: está aí a prova do que eu disse. O lunático que você vê, não existe. Quando eu pude entrar, dei de cara com aquela velha mexeriqueira. Entrei no ateliê e comecei a preparar a tela e as tintas. Foi quando ela chegou. Estava com o mesmo vestido da véspera e explicou que passara a noite em claro, numa festa. Aí eu pedi que sentasse no lugar indicado e que olhasse para o alto, que imaginasse inocência, sofrimento... que ... �� Psicologia A03 Aí ela me enlaçou o pescoço com os braços e disse que eu era simpático. Eu afastei seus braços e perguntei se ela tinha bebido. Ela disse que sim, que a festa estava ótima, que foi pena eu não ter estado lá e que sentiu minha falta. Enfim, que estava gostando de mim. Quando ela me enlaçou de novo, eu a empurrei, e ela caiu no divã e gritou. Nesse instante a faxineira entrou e saiu berrando: assassino! Assassino! A loura levantou-se e foi embora. Antes, me chamou de idiota. Então, eu suspirei e disse: ah, minha Madona! (MIRANDA, ����). A sua percepção mudou após conhecer o relato do próprio Miguel? Provavelmente, você foi construindo uma imagem de Miguel após cada relato, a qual foi sendo confirmada pelos relatos que se seguiam. Esse estudo de caso teve, como proposta, demonstrar o modo de julgar e avaliar as pessoas. É necessária muita cautela ao dizer algo sobre alguém. Na atividade realizada, você foi estimulado a traçar um perfil sobre Miguel e definir seu estado do Eu, mas na realidade essa atividade precisa ser compreendida como um meio de estarmos atentos à nossa percepção em relação a nós mesmos e em relação às outras pessoas. Leitura complementar MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais. São Paulo: Atlas, �00�. Nesse livro você vai encontrar o estudo das relações interpessoais e temas como comunicação, personalidade, liderança e comportamento em grupo, que são abordados de forma didática, tornando a leitura atrativa e agradável ao leitor. A leitura desse livro servirá de base para as aulas da nossa disciplina, bem como para os seus relacionamentos no trabalho e na sua vida como um todo. �� Psicologia A03 Nesta aula, vimos que os estados do eu são comportamentos exibidos em diversas situações da nossa vida e fazem parte da nossa personalidade. Os estados do Eu são: Eu-Pais, Eu-Criança e Eu-Adulto. Eles podem aparecer separados ou ao mesmo tempo, em cada situação do nosso dia a dia. Como posso definir os estados do Eu? Quais são os estados do Eu? Qual a importância dos estados do Eu na minha vida? E no meu curso? Auto-avaliação Referências MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais. São Paulo: Atlas, �00�. MIRANDA, Simão de. Oficina de dinâmica de grupos para empresas, escolas e grupos comunitários. São Paulo: Papirus, ����. �� Psicologia A03 Anotações �� Psicologia A03 Anotações �0 Psicologia A03 Anotações 04 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Comportamento intergrupal e grupal Psicologia Andréa Carla Ferreira de Oliveira coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design gráfico Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfica Adriana Rodrigues Gomes Design instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da aBNT Verônica Pinheiro da Silva adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva equipe sedis | universidade do rio grande do norte – ufrn Projeto gráfico Secretaria de Educação a Distância – SEDIS governo Federal Ministério da Educação objetivo � Psicologia a04 Nesta aula, vamos compreender o conceito de grupo, os tipos e os atributos básicos dos grupos. A vida em grupo é um desafio constante, pois sabemos que as pessoas são diferentes em relação aos sentimentos, desejos, necessidades e aspirações, mas não temos o hábito de observá-las no que diz respeito ao seu comportamento em grupo. Conhecer o conceito de grupo. Perceber diferentes formas de classificação dos grupos. Identificar os atributos básicos de um grupo. Você ve rá por aqu i... � Psicologia a04 Para começo de conversa... Você faz parte de algum grupo na sua escola? E no seu trabalho, tem um grupo com que você joga bola no fim do expediente? Ou você faz parte de algum grupo como coral, da igreja, do clube ou outro de sua preferência? Nesta aula vamos conversar sobre o que define um grupo, quais os tipos e como é o funcionamento de um grupo. � Psicologia a04 conceituando grupo Para Bowditch e Buono (�00�), um grupo consiste em duas ou mais pessoas que são psicologicamente conscientes umas das outras e que interagem para atingir uma meta comum. Para esse autor, os passageiros de um avião não seriam considerados um grupo, porém os participantes de uma excursão aérea seriam um grupo, pois preenchem as condições necessárias para sê-lo, tais como: consciência mútua e interação para atingir uma meta comum. Trabalhar em grupo é... leia a história sobre a assembléia na carpintaria Contam que na carpintaria houve, uma vez, uma estranha assembléia. Foi uma reunião do grupo de ferramentas para acertar suas diferenças. O martelo assumiu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que renunciar. O motivo? Fazia demasiado barulho; além do mais, passava todo o tempo golpeando. O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir fazer alguma coisa. Diante do ataque, o parafuso concordou, mas, por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos. A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro, que media os outros segundo sua medida, como se fora o único perfeito. Nesse momento entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro, o parafuso, o serrote e outras ferramentas. Após algumas horas de trabalho, uma rústica madeira se converteu num fino móvel. Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia reativou a discussão. Foi, então, que o serrote tomou a palavra e disse: “Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos e concentremo-nos em nossos pontos fortes.” A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar asperezas e o metro era pre- ciso e exato. Sentiam alegria pela oportunidade de trabalharem juntos. � Psicologia a04 Ocorre o mesmo com os seres humanos. Basta observar e comprovar. Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e negativa; ao contrário, quando busca, com sinceridade, os pontos fortes dos outros, florescem as “melhores conquistas humanas”. É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo. Mas encontrar qualidades... isto é para os sábios!!! (TEXTOS..., �00�, p. ���) Após a leitura do texto, você deve ter percebido a necessidade um dos outros para que o trabalho tivesse sucesso. O exemplo mostrou que é preciso cada um estar consciente dooutro e ter metas estabelecidas. os diferentes tipos de grupos... Você já tentou caracterizar o seu grupo da escola, do bate-bola no fim de semana ou da balada na sexta-feira? No nosso dia-a-dia fazemos parte de vários grupos, do grupo da família; dos amigos íntimos, dos colegas da escola e do trabalho, da igreja e de tantos outros grupos que fazem parte da nossa vida. Mas como diferenciar um grupo do outro? Quais os critérios para classificar um grupo e outro? Os estudiosos sobre comportamento em grupo definiram os grupos em categorias distintas, as quais são as seguintes: grupos primários e secundários; grupos formais e informais; grupos homogêneos e heterogêneos, grupos interativos ou nominais; grupos permanentes e temporários. � Psicologia a04 grupos primários e secundários Lembra do grupo da família e dos amigos mais íntimos, citados anteriormente? São classificados como grupos primários, pois estes são voltados para os relacionamentos interpessoais diretos, enquanto os grupos secundários são voltados principalmente para atividades ou metas definidas. Como exemplo dos grupos secundários, podemos pensar nos colegas da escola, com os quais nos reunimos para realizar atividades escolares. Embora os grupos primários sejam diferentes dos secundários, os primeiros podem surgir do segundo. Um exemplo disso é um grupo de escola, ou seja, o grupo do Cefet, do Curso Técnico em Comércio é um grupo secundário, tendo em vista ter metas e estar voltado para realização de atividades. Desse grupo com objetivos definidos pode surgir uma relação mais próxima entre alguns colegas de sala de aula, os quais se reúnem todas as vezes em que é solicitada alguma atividade em grupo. Ou seja, esse grupo surgiu com o objetivo de concluir um curso, mas pode naturalmente criar laços de amizade os quais irão além desse curso. Os colegas de sala podem se transformar em grandes amigos e assim continuar por toda a vida. Na verdade, é muito provável que isso tenha acontecido com você ainda na sua infância, quando você era uma criança ou já adolescente. Na escola, iniciamos com um grupo secundário e espontaneamente vamos formando grupos menores, de acordo com a afinidade e identificação e, quando menos esperamos, esses simples colegas de sala de aula passam a ser grandes amigos. grupos formais e informais Você, como aluno de uma determinada escola ou funcionário de uma empresa pertence a que tipo de grupo? Formal ou informal? Você escolheu as pessoas com as quais estuda na mesma sala de aula que você? Se você trabalha, pode dizer com quem gostaria de trabalhar? Sabemos que existem alguns grupos com os quais nos sentimos muito bem, transmitem-nos paz, segurança e até nos identificamos com as pessoas que o formam. Já em outros grupos ocorrem conflitos e às vezes não temos identificação com ele, nem gostamos das pessoas que compõem o grupo. Então, como definir esses grupos? Os grupos formais são aqueles que têm metas estabelecidas, voltadas para objetivos, e que são explicitamente formados como parte da organização, tais como grupos de trabalho, departamentos, equipes de projeto. E os grupos informais são aqueles que surgem com o passar do tempo, através da interação dos membros da organização. Embora esses grupos não tenham quaisquer metas formalmente definidas, eles têm metas implícitas, que são freqüentemente recreativas e interpessoais (BOWDITCH; BUONO, �00�, p. 96). grupos homogêneos e heterogêneos Você tem a mesma idade dos colegas da escola? Ou dos seus amigos mais íntimos? Tem os mesmos gostos que eles? Provavelmente você está na mesma faixa etária que os seus colegas de sala ou seus amigos, mas quanto às suas preferências em relação a eles, até podem ter gostos em comum, assim como pensamentos e desejos, mas vocês também têm suas diferenças, seja em pequenas coisas, como preferir macarrão e não arroz, como seu melhor amigo, ou tomar coca-cola e não guaraná. Você deve estar se perguntando: quais os critérios para ser homogêneo ou heterogêneo? É muito relativa essa classificação, pois quando falamos em homogeneidade ou heterogeneidade estamos pensando em uma característica especificamente e não na totalidade das características. Para dizer se um grupo é homogêneo, precisamos primeiro deixar claro qual a característica que está sendo observada. Um exemplo disso pode ser o seu grupo da sala de aula, pois dizemos que um grupo é homogêneo observando a faixa etária, já que todos os alunos estão na faixa dos �� aos �0 anos. Mas esse mesmo grupo pode ainda ser chamado de heterogêneo quanto ao gosto pelo esporte, pois o grupo é dividido: alguns alunos gostam de jogar futebol, já outros, de jogar basquete, e um grupo menor adora nadar. grupos interativos ou nominais Você lembra o seu primeiro dia de aula na escola? Ou quando você foi convidado para aquela festa em que não conhecia quase ninguém? São grupos interativos ou nominais? 6 Psicologia a04 Para Bowditch e Buono (�00�), os grupos interativos são aqueles nos quais os participantes se envolvem diretamente, com algum tipo de intercâmbio entre si. E os grupos nominais são aqueles cujos membros interagem indiretamente entre si. Grupo em que há relação entre você, aluno, e o professor a distância constitui um grupo nominal, pois o contato é indireto, não existe contato presencial, a não ser através da figura do monitor das aulas e, se existir, será apenas em alguns encontros. E grupos como o do seu ambiente de trabalho, no qual os colegas têm contato freqüente e constante são grupos interativos. grupos permanentes e temporários Sua família é um grupo permanente ou temporário? E seus amigos de infância? E aquele grupo que se reuniu apenas para ajudar no combate à dengue no seu bairro ou escola? De acordo com Bowditch e Buono (�00�), um grupo temporário é aquele formado com uma tarefa ou problema específico em mente e cuja dispersão é algo esperado assim que o grupo concluir a tarefa. Já os grupos permanentes são aqueles de quem se espera continuidade ao longo de diversas tarefas e atividades. Então, podemos chegar à conclusão de que a sua família e seus amigos fazem parte de grupos permanentes, e o grupo de combate ao dengue constituem um grupo temporário. � Psicologia a04 1 Responda aqui Praticando... � Psicologia a04 c) d) Vamos classificar os seguintes grupos quanto a: primário ou secundário; formais ou informais; homogêneo ou heterogêneo; interativos ou nominais; permanentes ou temporários. Abaixo de cada figura escreva a classificação do grupo. a) b) 9 Psicologia a04 atributos básicos dos grupos Os grupos de trabalho não são multidões desorganizadas. Eles possuem uma estrutura que modela o comportamento de seus membros e torna possível a explicação e a previsão de boa parte dos indivíduos, bem como o desempenho do grupo em si. Quais são essas variáveis estruturais? Podemos citar entre elas os papéis, as normas, o status, o tamanho do grupo e o seu grau de coesão. (ROBBINS, �00�, p. ��9). Para entender melhor a estrutura do grupo proposta por Robbins vamos estudar sobre cada uma das variáveis citadas por ele. Papéis O que você está fazendo agora? Estudando? Este é o seu papel no momento: você é um estudante. Mas ainda hoje você deverá voltar a sua casa e assumir outros papéis como o de filho, irmão, neto ou até mesmo pai, se você já tem filhos, e se é casado, o papel de esposo e dono de casa. Perceba a quantidade de papéis que temos ao longo da nossa vida. Para Bowditch e Buono (�00�), a definição de papel se refere aos diferentes comportamentos que as pessoas esperam de um indivíduo ou de um grupo numa certa situação. Vamos a um estudo de caso... Bill Patterson é gerente da fábrica da Electrical Industries, um grande fabricante de equipamentos elétricossituado em Phoenix, no Estado do Arizona. Ele desempenha diversos papéis em seu trabalho: é funcionário da Eletrical Industries, membro da gerência de nível médio, engenheiro eletricista e o principal porta-voz da empresa junto à comunidade. Fora do trabalho, Bill desempenha ainda outros papéis: marido, pai, católico, membro do Rotary Clube, jogador de tênis, sócio do Thunderbird Country Club e síndico do condomínio onde mora. Muito desses papéis são compatíveis entre si; outros geram conflitos. Por exemplo, de que maneira sua postura religiosa afeta suas decisões administrativas em assuntos como demissões, artifícios de contabilidade ou informações para os órgãos governamentais? Uma recente oferta de promoções exige que ele mude de cidade, embora sua família goste de morar em Phoenix. Como conciliar as demandas de sua carreira profissional com as demandas de seu papel como chefe de família? (ROBBINS, �00�, p. ��9). Gostou da história de Bill? Observou que ele tem papéis diversos e seu comportamento varia de acordo com cada um deles? �0 Psicologia a04 Normas Você segue normas? Na sua escola ou no seu trabalho você é obrigado a usar um fardamento? Caso utilize fardamento, esse comportamento é decorrente de uma norma estabelecida pela organização e você, como membro dela, deve seguir a norma. Para Robbins (�00�), todos os grupos estabelecem normas, ou seja, padrões aceitáveis de comportamento que são compartilhados por todos os membros do grupo. As normas norteiam o comportamento dos componentes, indicando o que deve ou não ser feito em grupo. Todas as normas são iguais quanto a sua importância? Bowditch e Buono (�00�) afirma que nem todas as normas têm o mesmo peso. Existem as normas centrais, ou seja, aquelas consideradas como particularmente importantes para o grupo ou para a organização. E as normas periféricas, as quais não são tão importantes para os membros do grupo. A distinção do que é uma norma central ou periférica varia de grupo para grupo. E o desvio das normas periféricas não é punido tão severamente quanto o das normas que o grupo considera como centrais por natureza. Imaginemos que no seu trabalho ou na sua escola o fardamento seja obrigatório e quem não vier fardado seja punido com a proibição da sua entrada no ambiente escolar ou de trabalho. Podemos considerar como uma norma central, pois a punição foi severa, impediu o acesso à organização. Agora imagine que a norma de uma loja de computadores diz aos seus funcionários que os que chegarem atrasados mais de duas vezes no mês serão punidos, não ganharão a cesta básica do mês. Esta é uma norma mais periférica e não central. �� Psicologia a04 status A posição social que é atribuída a uma pessoa ou a um grupo é o que chamamos status. O status de um gerente é diferente do status de um assistente; o status de um médico também é diferente do de um auxiliar de enfermagem. O status pode advir tanto da posição formal como das qualidades individuais (BOWDITCH; BUONO, �00�). Pensando no caso dos médicos, podemos presenciar enfermeiros com mais status que médicos em uma equipe de saúde, quando é esperado que os médicos tenham mais status pela posição que ocupam na hierarquia de um hospital. O status também pode ser de um determinado grupo, como exemplo, em uma empresa, o departamento de marketing pode ter mais status que o departamento de compras, pois o primeiro participa de todas as reuniões estratégicas e de planejamento da empresa e tem poder de voz junto a diretoria. o tamanho do grupo Na visão de Robbins (�00�), o tamanho do grupo afeta o desempenho deste, mas o efeito depende de quais variáveis dependentes você vai considerar. Na con- cepção do autor citado, os grupos menores são mais rápidos na realização das tarefas. Mas se a questão for resolução de problemas, o mesmo autor afirma que grupos maiores conseguem melhores resultados. coesão O conceito de coesão nos remete à idéia do grau de desejo que os membros de um grupo têm em permanecer juntos e à força de seus compromissos para com o grupo e suas metas (BOWDITCH, BUONO, �00�). Porém, como os grupos são muito diferentes, a coesão também pode ser maior ou menor em cada grupo, ou seja, a sintonia estabelecida entre seus componentes não é uniforme. E para isso, Robbins (�00�) faz as seguintes sugestões para aumentar a coesão: 2) Estimular a concordância sobre os objetivos do grupo. 3) Aumentar o tempo que os membros do grupo passam juntos... 4) Aumentar o status do grupo e a dificuldade percebida para a admissão nele. 5) Estimular a competição com outros grupos. 6) Dar recompensas ao grupo, em vez de recompensar seus membros individualmente. 7) Isolar fisicamente o grupo. �� Psicologia a04 1) Reduzir o tamanho do grupo. auto-avaliação leituras complementares HUFFMAN, Karen; VERNOY, Mark; VERNOY, Judith. Psicologia. Coordenação da tradução Maria Emilia Yamamoto. São Paulo: Atlas, �00�. Neste livro você vai encontrar um capítulo denominado Psicologia social, o qual aborda nossas ações em relação aos outros, a influência social e os motivos para se filiar a um grupo e a tomada de decisão em grupo, entre outros temas da Psicologia. SOCIEDADE dos poetas mortos. Direção de Peter Weir. [S.l.]: Buena Vista Pictures, �9�9. Vale à pena assistir ao filme Sociedade dos poetas mortos. O filme aborda a relação entre um professor e uma turma de alunos, em que podemos observar os diferentes tipos de grupos estudados e os elementos que compõem um grupo, inclusive com a presença de quebra de normas e conflitos interpessoais. �� Psicologia a04 Nesta aula, abordamos o conceito de grupo, classificamos os grupos em primários e secundários; formais e informais; homogêneos e heterogêneos; interativos e nominais; permanentes e temporários. Além disso, aprendemos que um grupo tem os seguintes atributos básicos: papéis; normas; status; tamanho do grupo e coesão. Qual a importância do estudo do comportamento grupal no meu curso? Qual o conceito de grupo? Quais os tipos de grupo? Quais são os atributos básicos de um grupo? anotações �� Psicologia a04 Referências BOWDITCH, James L.; BUONO, Anthony F. Elementos de comportamento organizacional. Tradução de José Henrique Lamendorf. São Paulo: Pioneira Thomson, �00�. ROBBINS, Stepehen P. comportamento organizacional. Tradução Reynaldo Marcondes. ��. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, �00�. TEXTOS selecionados. �� out. �00�. Disponível em: <http://www.idph.com.br/conteudos/ebooks/TextosSelecionados.pdf>. Acesso em: �� jul. �00�. anotações �� Psicologia a04 anotações �6 Psicologia a04 05 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Comunicação Interpessoal PSICOLOGIA Andréa Carla Ferreira de Oliveira Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd Cp1Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd Cp1 26/11/2008 10:53:5026/11/2008 10:53:50 Coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE DO RIO GRANDEDO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd Cp2Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd Cp2 26/11/2008 10:53:5526/11/2008 10:53:55 Você ve rá por aqu i... 1 Psicologia A05 Objetivo Ao longo desta aula veremos o conceito de comunicação, as diferentes intenções da comunicação, assim como frases e atitudes que difi cultam a comunicação. Veremos ainda a necessidade do uso do feedback e como reagimos ao mesmo. O tema comunicação terá início nesta aula e continuidade nas aulas 6 e 7. Na próxima aula, a ênfase continua sendo comunicação interpessoal e já na aula 7 o foco será comunicação na organização. Conceituar comunicação interpessoal. Diferenciar informação de comunicação. Compreender as diferentes intenções da comunicação. Refl etir sobre frases e atitudes que difi cultam a comunicação. Entender a necessidade do feedback e os tipos de reações. � � � � � Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt1Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt1 26/11/2008 10:53:5726/11/2008 10:53:57 José Abelardo Barbosa de Medeiros é o nome do nosso conhecido e saudoso Chacrinha. Ele foi um dos apresentadores mais respeitados da TV brasileira; era chamado carinhosamente de velho guerreiro. Começou sua carreira no rádio, em 1939; em 1956, foi levado para a TV e até a sua morte, no ano 1988, fez muito sucesso com o irreverente quadro de calouros e a discoteca do Chacrinha. No site do Youtube, você vai encontrar alguns vídeos sobre os programas do Chacrinha, tais como: O cassino do Chacrinha; Legião Urbana recebendo disco de platina; Gretchen; Alceu Valença e Roupa Nova também são atrações que participaram dos programas desse ícone da TV brasileira e que estão nos vídeos do Youtube <http://www. youtube.com>. Chacrinha 2 Psicologia A05 Para começo de conversa “Quem não se comunica se trumbica” Chacrinha, um dos maiores comunicadores que o Brasil já teve, nas décadas de 70 e 80, na televisão brasileira, é o autor dessa frase. O que chacrinha quis dizer aos seus expectadores com essa mensagem? De acordo com o dicionário, trumbicar trata-se de um verbo, e o signifi cado é se dar mal. A mensagem deixada por Chacrinha é que a comunicação é vital para que possamos alcançar êxito em todas as dimensões da nossa vida. Conceito de comunicação interpessoal Primeiro, para que você entenda o que é comunicação interpessoal, leia a defi nição a seguir: “A comunicação é como uma rua de duas mãos, e a tarefa de comunicar-se não está con- cluída até que haja compreensão, aceitação e ação resultante.”(MATOS, 2004, p. 75). Com base nesse texto de Matos, é interessante perceber o fato de que pensar em comunicação interpessoal nos remete à idéia de reciprocidade, ou seja, só existe comunicação quando duas ou mais pessoas interagem entre si, de forma a atingir uma compreensão clara da mensagem transmitida. Vamos a um exemplo... Você chega ao seu ambiente de trabalho e o seu gerente lhe diz: “Você foi transferido para a loja 2. Agora, inicie o seu trabalho logo.” Você fi ca sem entender direito o que aconteceu. Você se considera um colaborador exemplar, não chega atrasado, é responsável no trabalho. Você passa a Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt2Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt2 26/11/2008 10:53:5726/11/2008 10:53:57 Feedback é um termo da língua inglesa e a tradução literal é retroalimentação, isto é, processar informações recebidas e devolver a mesma. Por exemplo, numa conversa informal você me pergunta a hora e eu digo são 10 para as 4. Com a intenção de confi rmar a informação você me diz: “Faltam 10 minutos para as 4 horas, é isso?” Feed-back 3 Psicologia A05 se questionar sobre o motivo da sua transferência. E toma coragem para procurar o gerente e pergunta: “Por que estou sendo transferido para a loja 2?”. E tem a seguinte resposta: “Você está indo para a loja 2 pelo seu desempenho demonstrado nesta loja e a intenção da empresa é promovê-lo em, no máximo, 6 meses.” Você respira aliviado, pois na sua cabeça a transferência tinha cheiro de demissão e volta ao trabalho feliz da vida. Observe que no exemplo acima a comunicação só existiu no momento em que você toma coragem e vai procurar seu gerente para saber o motivo da demissão, ou seja, nesse momento você deixa de ser receptor da mensagem e passa a ser o emissor. Quando existe a troca de papéis, existe a comunicação. Existe diferença entre informar e comunicar? Você acha que existe uma diferença entre informar e comunicar? A seguir vamos apresentar algumas defi nições sobre ambas as idéias para que você analise suas semelhanças e diferenças. Para Matos (2004), informar é quando o emissor passa para um receptor um conjunto de dados codifi cados para o destinatário. Por exemplo, quando estamos passeando de ônibus ou carro pela cidade e de repente percebemos um outdoor com um anúncio de uma determinada loja sobre a coleção inverno. O fato de ler a mensagem não garante a compreensão da mesma. Mas podemos afi rmar que no outdoor foi transmitida uma mensagem (conjunto de dados codifi cados) para que as pessoas que passassem no local pudessem ter a informação de que a loja x está com a sua coleção inverno. Enquanto comunicar ocorre somente quando a informação recebida pelo emissor é compreendida, interpretada (decodifi cada) e encaminhada de volta ao emissor. Para esse autor, o retorno da informação recebida é o que chamamos de feedback, o principal elemento do processo da comunicação. Voltando ao exemplo do outdoor... Você já sabe que a loja x está com a coleção de inver- no. E para conhecer melhor a loja e pesquisar o valor da bota que você deseja comprar, você vai até a loja e chegando lá conhece toda a linha inverno e tira todas as dúvidas sobre cores, tendências e valores dos produtos. Nesse instante, podemos afi rmar que você compreendeu a mensagem do outdoor, porque, ao ir até a loja, foi possível dialogar e esclarecer suas dúvidas, ou seja, houve feedback para a loja e para você. Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt3Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt3 26/11/2008 10:53:5726/11/2008 10:53:57 1Praticando... 4 Psicologia A05 1. Leia os itens a seguir e responda se a mensagem transmitida é uma informação ou uma comunicação. a) A manchete de jornal listada abaixo é uma informação ou comunicação? Turismo: Sectur busca parceria para construir banheiros nas praias urbanas. (Jornal Tribuna do Norte, 5 mar. 2007) b) Observe o diálogo entre dois adolescentes colegas de faculdade e responda: é uma informação ou comunicação? Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt4Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt4 26/11/2008 10:53:5826/11/2008 10:53:58 Responda aqui 5 Psicologia A05 Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt5Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt5 26/11/2008 10:53:5926/11/2008 10:53:59 6 Psicologia A05 Qual a intenção da comunicação? O ato de comunicar envolve uma ou mais intenções. Vamos voltar ao papel de Chacrinha como apresentador de TV. Ele, ao assumir o microfone, tinha a intenção de informar seu público sobre os calouros do dia e as principais atrações, como cantores iniciantes e atores de sucesso na TV Globo. Mas, além disso, sua intenção também era divertir, através de chavões como: “Quem quer bacalhau?”; “Eu vim para confundir e não explicar”. Suas roupas e acessórios eram irreverentes, ele usava calças curtas, suspensório, camisas estampadas, óculos enormes e uma buzina para eliminar os calouros de forma engraçada e abrupta. Chacrinha distribuía frutas como abacaxi e banana no seu auditório. As diferentes intençõesda comunicação: 1) Informar Fo nt e: < ht tp :/ /w w w .s in ap ro sc .c om .b r/ no tic ia s/ im ag es / ou td oo r% 2 0 FL O R IA N O PO LI S .jp g> . A ce ss o em : 1 1 s et . 2 0 0 8 . A intenção de informar é apenas transmitir uma mensagem, sem preocupação em verifi car a compreensão do leitor ou receptor naquele momento. No exemplo, a loja não tem como ter certeza se os seus clientes compreenderam a mensagem apenas com o anúncio do outdoor. Mas tem a intenção de anunciar a nova coleção e atrair clientes até a loja. Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt6Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt6 26/11/2008 10:53:5926/11/2008 10:53:59 7 Psicologia A05 2) Ensinar A intenção de ensinar está presente no ato do pai demonstrar preocupação em o fi lho aprender a andar de bicicleta. Na vida, temos muitas maneiras de compreender essa intenção. É quando o nosso gestor nos chama e mostra a melhor forma de resolver um problema ou realizar uma tarefa. 3) Educar Na relação professor x aluno ou pai x fi lho verifi camos o ato de educar, seja através do exemplo, das atitudes, do comportamento exibido. Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt7Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt7 26/11/2008 10:54:0026/11/2008 10:54:00 8 Psicologia A05 4) Divertir A intenção de diversão pode ser também em um ambiente de trabalho, quando percebemos um clima tenso ou simplesmente desejamos um ambiente saudável com os colegas e gestores. 5) Dar ordens Em alguns momentos faz-se necessário emitir ordens a um grupo de pessoas para que possamos ter o rendimento esperado. Imagine um grupo de operários em uma fábrica sem ter recebido ordem para iniciar a produção... seria o caos na empresa.. Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt8Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt8 26/11/2008 10:54:0126/11/2008 10:54:01 9 Psicologia A05 6) Chocar A comunicação também pode ter a intenção de chocar em alguns momentos. Quando recebemos uma notícia como “Atentado no dia 11 de setembro às torres gêmeas do Word Trade Center”, qual é a nossa reação? É possível fi carmos totalmente chocados com a atitude das pessoas envolvidas no episódio e com as vítimas. 7) Amedrontar ht tp :/ /e bl oo ks .fi le s. w or dp re ss .c om /2 0 0 8 /0 6 /m ed o- 1 0 0 3 0 8 1 .jp g Na comunicação também provocamos medo nas pessoas. Quando um gerente diz: “se você não concluir o trabalho, será demitido”, está ameaçando e causando medo em você. Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt9Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt9 26/11/2008 10:54:0226/11/2008 10:54:02 10 Psicologia A05 8) Fazer rir Rir é uma das intenções mais lúdicas da comunicação. Rir faz bem para a saúde, já dizem os especialistas. Na empresa podemos e devemos fazer rir as pessoas em nossa volta. O riso pode ser um bom aliado no combate ao estresse. 9) Fazer chorar Assim como chocar e amedrontar, a comunicação também pode ter a intenção de fazer o outro chorar. Por exemplo, um pai que bate no fi lho. Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt10Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt10 26/11/2008 10:54:0326/11/2008 10:54:03 2Praticando... 11 Psicologia A05 Leia as frases abaixo e responda qual a intenção da comunicação. 1) “Tá tudo dominado” (Fernando Beira Mar em entrevista à Revista Época, em 12 set. 2002). 2) “Tá tudo dominado” (Letra da música do grupo Furacão, 2000). Cadê, o grito da galera Ualá É rebola rebola Levantando o dedinho Rebola rebola Dominando esse corpinho AAAA Eu quero ver tu dominar AAAA O Dj já vai tocar porque Tá dominado Tá tudo dominado Tá dominado Tá tudo dominado Vem gatinha Dominando Rebolando até o chão Você deve ter observado que as frases são as mesmas, mas em contextos diferentes. A frase de Fernando Beira Mar estava se referindo à rebelião em Bangu 1 e desativação do Carandiru, ou seja, ele estava afi rmando que quem manda no Brasil é o crime e, além disso, fazendo referência à briga de quadrilhas e à defi ciência do sistema carcerário brasileiro. Já o nome da música do grupo Furacão é uma mensagem ao povo brasileiro e aos músicos que não aceitam o funk como um estilo musical. A letra da música fala da dominação não apenas da “gatinha”, mas da consolidação do estilo do grupo como música. Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt11Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt11 26/11/2008 10:54:0426/11/2008 10:54:04 12 Psicologia A05 Lendo as entrelinhas da comunicação Você já presenciou um diálogo entre duas pessoas com raiva ou mágoa uma da outra? Conseguiu compreender com clareza o diálogo? Observou a presença de silêncio em uma das falas ou de frases com o uso de reticências? Veja o seguinte diálogo: - Você é um pai muito autoritário! Eu odeio você! - Meu fi lho, faço isso é para o seu bem. Você ainda vai dar valor ao seu pai. - (Silêncio do fi lho) - Meu fi lho, você não tem responsabilidades ainda... Está claro o silêncio do fi lho? É uma refl exão ou um desejo de dizer algo ao pai e faltou coragem? E as reticências após a palavra ainda? Signifi cam que o pai acredita que um dia o fi lho terá responsabilidades, mas no momento não tem. “O mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito” (Peter Drucker), Ou seja, ler as entrelinhas da mensagem. No exemplo acima, faltou o fi lho compreender melhor a atitude do pai e não simplesmente dizer “eu odeio você”. E ao pai, a compreensão do silêncio do fi lho. Leia o texto: VERMELHO, BRANCO E AZUL João ainda não tinha encerrado o resumo do relatório fi nanceiro da companhia, que teria que ser apresentado em reunião de diretoria no dia seguinte. Estava totalmente absorvido por essa tarefa, quando recebeu um telefonema de sua esposa, Maria Beatriz, dizendo que estava com a maior dúvida na escolha da cor do novo estofado do sofá da sala. Laconicamente, João respondeu: “Querida, estou muito ocupado. A cor que você escolher estará ótima! Eu confi o no seu bom gosto”. Maria Beatriz não se dá por satisfeita e insiste de forma categórica: “João, é importante que você me ajude a escolher a cor, não quero escutar reclamações depois.” Contundente, João retruca: “Querida, não torre a minha paciência, a cor do estofado não me interessa, estou no fi o da navalha para fi nalizar um relatório que já deveria estar pronto, desde ontem.” Ela devolve: “Interessa sim, senhor; a cor do nosso sofá também é muito importante!” Explosivamente, João grita: “Vermelho, vermelho é ótimo! Tudo no vermelho e pronto, tá muito bom!” Nesse momento, passava pelo corredor da sua célula de trabalho o diretor fi nanceiro da companhia, que fi cou muito intrigado com o que acabara de escutar. Não podia entender a exaltação e a aprovação de João para a situação grave pela qual passava a empresa. Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt12Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt12 26/11/2008 10:54:0426/11/2008 10:54:04 13 Psicologia A05 Por uma triste coincidência, o relatório, muito bem elaborado por João, e já distribuído para a diretoria, mostrava que os resultados da companhia eram dos piores de toda a sua existência, diga-se de passagem, devido a motivos totalmente alheios ao seu trabalho, que até então era muito elogiado e valorizado por todos na empresa. Durante a reunião, após a apresentação do resumo do relatório, o diretor fi nanceiro cochichou algo no ouvido do presidente da companhia, que com uma expressão de surpresa e decepção balançou a cabeça negativamente. João achou aquilo muito estranho. Além disso, após o término da reunião, nenhum diretor foi comentar detalhes do relatório com ele, o que era sempre de hábito. O presidente sequer olhou para a sua direçãoao deixar a sala de reuniões. Ao chegar em casa, exausto, João escuta de Maria Beatriz: “Escolhi o branco da paz para o estofado, o vermelho não fi caria nada bem em nossa casa”. No dia seguinte, João chega ao trabalho e fi ca sabendo que deveria se apresentar ao Departamento de Pessoal, pois tinha recebido “bilhete azul”. (MATOS, 2004, p. 47-48) Após a leitura do texto, podemos observar que a comunicação é o fi o condutor de todas as atividades e relacionamentos humanos, que comunicar vai além das palavras. É a troca de entendimento e sentimentos (MATOS, 2004). Frases que emperram a comunicação e que devem ser evitadas As frases a seguir podem ser percebidas em qualquer ambiente, e particularmente, são muito freqüentes nas organizações de trabalho. Já ouvi isso antes ... Não vale a pena escutar, eu já sei de tudo isso... Tá bom, tá bom ... é só isso? Acabou? Isso não é problema nosso! Essa idéia é antiga... Ok, ok, ok ... Quer falar mais alguma coisa ? � � � � � � Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt13Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt13 26/11/2008 10:54:0426/11/2008 10:54:04 14 Psicologia A05 Atitudes que emperram a comunicação e que devem ser evitadas Bocejos. Olhar várias vezes para o relógio. Olhar desatento. Brincar com algo à sua volta. Ficar desenhando ou rabiscando no papel de anotações. Andar, enquanto o interlocutor tenta expor o assunto. Cochilar durante uma conversação. Uso do Feedback O feedback, já descrito anteriormente como o retorno de uma comunicação, é de fundamental utilidade para garantir a compreensão da mensagem enviada. Se não existir essa compreensão da mensagem enviada, a comunicação será falha e incompleta. � � � � � � � Não adianta e-mails, intranet e telefones celulares. Sem feedback e contato humano a comunicação é sempre precária e inefi caz. (MATOS, 2004, p. 57). Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt14Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt14 26/11/2008 10:54:0426/11/2008 10:54:04 15 Psicologia A05 Damos feedback para: Aprovar ou reprovar a mensagem recebida. Revelar entendimento e compreensão da mensagem enviada. Expressar consideração, respeito. Repreender ou elogiar uma pessoa. Desabafar e sentirmo-nos aliviados. Ajudar outra pessoa a alcançar seus objetivos de maneira efetiva. Algumas difi culdades em receber feedback Falta de abertura para o diálogo. Julgamentos e preconceitos a respeito do emissor ou mesmo da mensagem, antes de examinar o seu conteúdo. Tendência em perceber apenas o que lhe convém. Difi culdade em pedir esclarecimentos, mesmo havendo dúvidas quanto ao conteúdo da mensagem. Desconhecimento do assunto em questão. Falta de ambiente e de cultura favorável ao diálogo. Inibição, introversão ou difi culdades em expressar-se. Inabilidade em perceber o momento e a ocasião mais adequada. Medo de magoar e desapontar o interlocutor. Temor de ser mal-interpretado. Reações ao Feedback As pessoas costumam reagir de duas formas ao feedback: positivamente ou negativamente. Quando a reação é positiva, elas escutam com atenção, buscando a correção dos erros e adequação da mensagem e recebem o retorno na comunicação como um sinal de amizade e confi ança. Quando a reação é negativa preferem não ouvir o que lhes é dito – recepção seletiva; duvidam dos motivos da pessoa que lhes dá o feedback; negam a validade dos dados do feedback; racionalizam, procurando justifi car seu comportamento e atacam as pessoas que lhes dão feedback, apontando-lhes também alguns de seus erros. � � � � � � � � � � � � � � � � Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt15Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt15 26/11/2008 10:54:0426/11/2008 10:54:04 16 Psicologia A05 O que fazer para ter êxito na comunicação interpessoal? Saiba o que vai dizer. A quem vai se dirigir. Determine seus objetivos. Consulte outras pessoas. Saiba como dizer. Suas ações devem ser baseadas nas informações adquiridas e de fontes confi áveis. Demonstre compreensão pelo outro. Compartilhe suas idéias e sentimentos. Verifi que se a outra pessoa de fato compreendeu a sua mensagem. Examine o ponto criticado. Evite termos técnicos. Expresse o seu interesse. Procure ser claro e objetivo. Saiba ouvir. Leitura complementar MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação sem complicação: como simplifi car a prática da comunicação nas empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Esse é um livro muito interessante por abordar a comunicação de forma prática, ou seja, a sua utilização em nosso dia-a-dia. Capítulos sobre comunicação empresarial e função estratégica da comunicação interna são discutidos pelo autor do livro. � � � � � � � � � � � � � � Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt16Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt16 26/11/2008 10:54:0426/11/2008 10:54:04 Auto-avaliação 17 Psicologia A05 Nesta aula, abordamos a comunicação interpessoal, diferenciando a comunicação da informação; conhecemos as diferentes intenções da comunicação, quais sejam: informar; ensinar; educar; divertir; dar ordens; chocar; amedrontar; fazer rir ou chorar, entre outras. Estudamos ainda sobre as frases e atitudes que difi cultam a comunicação e sobre o uso do feedback, sobre o qual vimos que os tipos de reações ao mesmo podem ser positivas ou negativas. E por fi m, o que fazer para ter êxito na comunicação interpessoal. Como posso conceituar a comunicação interpessoal? Qual a diferença entre informar e comunicar? Qual o signifi cado de feedback e para que serve? Quais as difi culdades em dar e receber feedback? Quais as reações ao feedback? Como faço para ter êxito na comunicação interpessoal? � � � � � � Referência MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação sem complicação: como simplifi car a prática da comunicação nas empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt17Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt17 26/11/2008 10:54:0426/11/2008 10:54:04 Anotações 18 Psicologia A05 Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt18Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt18 26/11/2008 10:54:0526/11/2008 10:54:05 Anotações 19 Psicologia A05 Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt19Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt19 26/11/2008 10:54:0526/11/2008 10:54:05 Anotações 20 Psicologia A05 Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt20Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd CpTxt20 26/11/2008 10:54:0526/11/2008 10:54:05 Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd V_Ct_cp1Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd V_Ct_cp1 26/11/2008 10:54:0526/11/2008 10:54:05 Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd V_Ct_cp2Psi_A05_MZ_RF_SF_251108.indd V_Ct_cp2 26/11/2008 10:54:0526/11/2008 10:54:05 06 Andréa Carla Ferreira de Oliveira C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Comunicação interpessoal PSICOLOGIA Coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DORIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivo 1 Psicologia A06 Que a comunicação interpessoal é vital em nossas vidas, pois, em todos os momentos, estamos nos comunicando uns com os outros. Para que possamoster uma boa relação interpessoal, precisamos desenvolver algumas estratégias tais como: defi nir objetivos da mensagem a ser transmitida e conhecer quem é o nosso QQ público. Esta aula é uma continuidade da aula anterior, com ênfase nas estratégias efi cazes para uma boa comunicação. Identifi car as estratégias efi cazes para uma boa comunicação. Perceber como aplicar essas estratégias para facilitar a comunicação interpessoal. 2 Psicologia A06 Para começo de conversa... “Quem tem boca vai à Roma” O provérbio acima nos diz que através da comunicação podemos percorrer várias distâncias, realizar desejos e alcançar objetivos traçados, mesmo quando achamos difi culdades durante o percurso. As difi culdades poderão existir, mas cabe a cada um traçar seu objetivo e seguir em frente, desenvolvendo estratégias efi cazes na arte da comunicação. Perguntar “O que quero? Estou sendo claro e objetivo nos meus questionamentos?” poderá levar mais rapidamente a uma comunicação efi caz. O primeiro passo é... 3 Psicologia A06 Saiba o que vai dizer Antes de escrever a sua mensagem ou falar com uma ou mais pessoas, pense o que deseja expressar e qual a melhor forma de fazer isso. Por exemplo, se você vai escrever um e-mail para o seu professor, deve tomar alguns cuidados na hora da escrita, como ter objetividade e clareza na mensagem, bem como selecionar a linguagem a ser utilizada. como vou dizer isso? Vamos ao e-mail sugerido: - Prezado “nome do professor” - Meu nome é ______________________, sou aluno do Cefet “estado”, do curso ________________, turma ________. Gostaria de solicitar revisão da minha nota na disciplina “Matemática aplicada”, pois acredito que a nota foi lançada sem ter sido considerado o trabalho feito em grupo sobre estatística, no qual obtive pontuação 2.0. - Fico no aguardo de um retorno sobre o assunto solicitado. Atenciosamente, (nome do aluno) Perceba a clareza e objetividade da comunicação enviada pelo aluno ao professor. O aluno tem foco na solicitação da revisão da nota, o que é dito já no início da mensagem e, para isso, o texto está sucinto e as idéias arrumadas, de forma que o receptor compreende o real propósito da mensagem. Além disso, o aluno utilizou uma linguagem formal e respeitosa. 4 Psicologia A06 A quem vai se dirigir? O segundo passo é observar quem é o seu público, ou seja, qual o perfi l dessa pessoa ou desse grupo. Você vai se dirigir ao seu cliente, a uma criança, a um grupo de colegas de trabalho, ao seu gestor ou a sua avó? Depois de estudar o perfi l do seu receptor, é hora de pensar qual a melhor estratégia para a comunicação ser compreendida. Imagine que você é um vendedor de uma loja de calçados e chega uma criança acompanhada do pai, procurando um tênis para jogar basquete. A forma de atender seu cliente de sete anos de idade não será a mesma de atender ao pai dessa criança, pois as faixas etárias são bem diferentes e a abordagem deve ser de acordo com as necessidades de cada cliente. A criança deve ser atendida de forma a ter resposta aos seus questionamentos e curiosidades, por mais simples que sejam para você como vendedor da loja. Ou melhor, a sua atenção deve ser voltada à pequena criança como cliente que ela está sendo naquele momento e não apenas ao pai da mesma. Além disso, vai ser necessário você explicar as diferenças entre os tênis, os que são mais apropriados para corrida, para jogar basquete e os de passeio, tanto para a criança como para o pai dela. Observe ainda o primeiro exemplo do tópico, a sugestão de um e-mail para o seu professor: saiba o que vai dizer. Além de saber o que dizer, você precisa defi nir quem será seu receptor. No exemplo, o aluno enviou o e-mail ao seu professor de matemática e não a qualquer um dos seus professores ou ao diretor da escola ou mesmo a um colega de sala. Determine seus objetivos Para Matos (2004), antes de iniciar uma comunicação, devemos refl etir sobre os seguintes pontos: quais as razões que motivaram a necessidade de falar ou me expressar? Refl ita sobre as suas verdadeiras intenções e objetivos. Geraldo Vandré 5 Psicologia A06 Autor da letra e da música dessa canção, foi um grande compositor brasileiro. Quis demonstrar aos brasileiros e ao mundo seu protesto em relação ao regime militar, à censura, à liberdade de expressão. Essa música era cantada com frequência nas manifestações populares. Observe a letra da música a seguir: Pra não dizer que não falei de fl ores (Geraldo Vandré) Caminhando e cantando e seguindo a canção Somos todos iguais braços dados ou não Nas escolas, nas ruas, campos, construções Caminhando e cantando e seguindo a canção Vem, vamos embora que esperar não é saber Quem sabe faz a hora, não espera acontecer (2x) Pelos campos a fome em grandes plantações Pelas ruas marchando indecisos cordões Ainda fazem da fl or seu mais forte refrão E acreditam nas fl ores vencendo o canhão Vem, vamos embora que esperar não é saber Quem sabe faz a hora, não espera acontecer (2x) Há soldados armados, amados ou não Quase todos perdidos de armas na mão Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição: de morrer pela pátria e viver sem razão Vem, vamos embora que esperar não é saber Quem sabe faz a hora, não espera acontecer (2x) Nas escolas, nas ruas, campos, construções Somos todos soldados, armados ou não Caminhando e cantando e seguindo a canção Somos todos iguais, braços dados ou não Os amores na mente, as fl ores no chão A certeza na frente, a história na mão Caminhando e cantando e seguindo a canção Aprendendo e ensinando uma nova lição Vem, vamos embora que esperar não é saber Quem sabe faz a hora, não espera acontecer (2x) 1Praticando... 6 Psicologia A06 Em sua opinião, quais os objetivos do autor com a letra da música? Consulte outras pessoas Pedir ajuda a uma pessoa quando não estamos seguros da comunicação a ser enviada é sinal de sensatez da nossa parte. Por exemplo, quando você procura um médico e ele pede um exame ou encaminha-o a um outro profi ssional, ele está buscando ajuda para elaborar o seu diagnóstico. Essa atitude demonstra a necessidade que temos de consultar outras pessoas, pois não detemos todo o conhecimento científi co. Saiba como dizer O método de exposição, a tonalidade da voz, as expressões faciais, atitudes corporais, gestos, os meios audiovisuais utilizados e o diálogo franco e objetivo são recursos imprescindíveis para motivar uma audiência, manter o público atento, interessado, e portanto, receptivo à mensagem, ao retorno e à ação (MATOS, 2004. Já estudamos que “saber o que vamos dizer” é o primeiro passo a ser dado antes de qualquer comunicação e “saber como dizer” é o quinto passo na comunicação, ou seja, não adianta apenas saber o que vamos dizer, mas também como expressar da melhor 7 Psicologia A06 forma a mensagem a ser transmitida. Um exemplo disso é a forma como vamos dizer a uma mãe que seu fi lho foi morto no trânsito; será bem diferente da forma que diremos a essa mesma mãe que seu outro fi lho foi aprovado no vestibular. O tom de voz e as expressões faciais serão bem diferentes da primeira situação para a segunda. 2Praticando... Procure observar nas pessoas que você conhece a forma (tom de voz, expressão facial entre outras) como elas se comunicam nas seguintes situações: 1. Dando uma notícia de falecimento de um parente ou amigo íntimo Resposta:2. Dando uma notícia alegre (ex.: aprovação em um concurso, nascimento de um fi lho, promoção no trabalho) Resposta: 3. Recebendo uma notícia desesperadora (ex.: sequestro de uma criança, uma ponte que caiu na sua cidade) Resposta: 4. Recebendo uma notícia maravilhosa (ex.: ganhou na loteria ou uma casa) Resposta: Agora que você fez a atividade, é possível perceber como nosso comportamento difere de situação para situação, quando estamos tristes ou alegres demonstramos isso de forma bem diferente. 8 Psicologia A06 Suas ações “As palavras movem, os exemplos arrastam” (Padre Antonio Vieira) Na comunicação interpessoal, faz-se necessário ir além do discurso. Quem nunca ouviu o ditado “Um exemplo vale mais que mil palavras”? Imagine um pai que fala para o fi lho: “Se você dirigir não beba e quando beber não dirija”, mas o próprio pai não tem pudor de beber e dirigir. Qual o exemplo que fi cará para o fi lho? Compreensão Sabemos que a grande difi culdade encontrada nas relações interpessoais diz respeito à falta de compreensão por uma das partes ou por ambos. Para amenizar isso, devemos praticar a empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar da outra pessoa sem se envolver emocionalmente. Exemplo 1 Você trabalha em uma agência de viagens e atende um casal à procura de um pacote para sua viagem de lua-de-mel. Eles não sabem o destino, apenas que não desejam ir ao litoral, mas a um lugar frio, onde possam aproveitar o inverno e degustar um bom vinho. Você conversa com o casal, procurando conhecer mais sobre os gostos e depois de se colocar no lugar deles, apresenta algumas opções de lugares próprios a um casal em lua-de- mel. Um destino que possa atender as necessidades de um casal recém- casado. E como é a primeira viagem internacional do casal, você percebe a necessidade de dar todas as orientações necessárias, tais como requisitos para providenciar o passaporte, melhores passeios durante a estada no país a ser visitado e sobre a moeda vigente. 9 Psicologia A06 Compartilhe “Feliz daquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina) Para existir uma boa comunicação, precisamos compartilhar informações, sem medos e receios, pois sabemos que no mercado de trabalho alguns profi ssionais sonegam informações muitas vezes e atrapalham o fl uxo da comunicação. Para termos sucesso profi ssional, precisamos compartilhar nosso conhecimento, pois isso fará bem a nós mesmos e às pessoas que estão em nossa volta. Não podemos ser egoístas com o que sabemos. Quanto mais socializamos as informações, mais crescemos profi ssionalmente. Feedback O retorno de informações é essencial para manter seus parceiros atualizados nos processos e atividades de interesses comuns. Sempre retorne a informação, mostre os resultados e ações consequentes de informação recebida. (MATOS, 2004). A todo instante damos feedback, seja no supermercado, comentando sobre a volta da infl ação, seja em casa, dizendo à nossa mãe como é gostoso o seu feijão ou no trabalho, esclarecendo dúvidas com o nosso gestor. Examine o ponto criticado “Não existe pior cego do que aquele que não quer ver.” (Ditado popular) O ditado popular descrito acima nos faz pensar na necessidade constante da atenção da mensagem enviada e recebida por nós. Muitas vezes falta humildade para examinar uma crítica recebida por um trabalho realizado. Analisar e propor mudanças de um ponto criticado é uma virtude do profi ssional do novo século. O mercado de trabalho tem necessidade de profi ssionais abertos à mudança. 10 Psicologia A06 Evite termos técnicos “O seu problema é um transtorno de personalidade, você tem uma psicose!” Já pensou uma criança recebendo essa mensagem do seu médico? Ela não vai entender absolutamente nada, pois se trata de um termo técnico da Psicologia. Na comunicação, precisamos adequar nossa linguagem ao receptor. E os termos técnicos devem ser usados apenas se for imprescindível e para receptores que possam compreender a mensagem. Gírias e jargões também devem ser evitados na comunicação, pois não são claros nem têm objetividade. Expresse o seu interesse Conhecer pessoas e manter esses contatos nos faz aumentar nossa rede de relacionamentos. Expressar o nosso interesse por colegas, gestores, professores, amigos e todos do nosso círculo nos leva a ter sucesso em nossa comunicação, pois demonstra que valorizamos as pessoas da nossa rede de relacionamento. Procure ser claro e objetivo Na comunicação, ser claro e objetivo são requisitos básicos ao sucesso da mesma. Imagine duas pessoas conversando em idiomas diferentes. Como elas poderão se comunicar se não existe clareza e objetividade na mensagem transmitida? 3Praticando... 11 Psicologia A06 Saiba ouvir “Escutai com atenção o que o outro tem para dizer e serás capaz de ouvir além das palavras.” (Confúcio) Para Matos (2004), o êxito da comunicação reside na motivação e capacidade dos ouvintes em transformarem em atos as palavras proferidas. Segundo este autor, esta é a última estratégia sugerida, mas é a mais importante, pois se soubermos ouvir o outro, provavelmente estaremos abertos ao diálogo e à compreensão da mensagem recebida. Relate uma situação em que você precisou ouvir as pessoas, pedir ou dar feedback para avaliar um ponto criticado e, depois disso, conseguiu compreender a comunicação de maneira mais clara e objetiva. Leituras complementares Você poderá encontrar um pouco da biografi a do cantor e compositor Geraldo Vandré e também a história da composição da música “Para dizer que não falei de fl ores”, nos sites de busca como Google e Wikipédia. MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação sem complicação: como simplifi car a prática da comunicação nas empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Esse é um livro muito interessante por abordar a comunicação de forma prática, ou seja, a sua utilização em nosso dia-a-dia. Capítulos sobre comunicação empresarial e função estratégica da comunicação interna são discutidos pelo autor do livro. 12 Psicologia A06 Nesta aula, estudamos as principais estratégias para alcançar êxito na comunicação interpessoal, tais como: saber o que dizer e como fazer isso da melhor forma; defi nir o público-alvo; traçar objetivos; usar o feedback, entre outros. 1. No seu dia-a-dia, você sabe com quem deve se comunicar? Conhece seu público alvo (é criança, um professor, um gestor)? Qual a importância de saber o que comunicar (objetivos) e quem é o público? 2. Quando você escreve um e-mail, carta ou bilhete para alguém, determina os objetivos da sua comunicação? Ou vai escrevendo o que vem à sua cabeça, sem nenhum planejamento? 3. Se um amigo seu procurar você pedindo ajuda sobre um trabalho escolar, o que você faz? Consegue ouvir o seu pedido de ajuda? Compreende os motivos dele? E ajuda na solicitação? 4. Como você transmite uma mensagem para que a mesma seja a mais clara e objetiva possível? 5. Quando você tem alguma difi culdade na comunicação com uma ou mais pessoas, procura examinar o ponto criticado? Referências MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação sem complicação: como simplifi car a prática da comunicação nas empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. VANDRÉ, Geraldo. Pra não dizer que não falei de fl ores. In: VANDRÉ, Geraldo. Pérolas. São Paulo: Som Livre, 2000. Faixa 1. 07 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Comunicação Organizacional PSICOLOGIA Andréa Carla Ferreira de Oliveira Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd Cp1Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd Cp1 26/11/2008 10:56:4426/11/2008 10:56:44 Coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfico Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd Cp2Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd Cp2 26/11/2008 10:56:4926/11/2008 10:56:49 Você ve rá por aqu i... 1 Psicologia A07 Objetivo A continuidade das aulas sobre comunicação, com ênfase na organização. Vamos estudar sobre as redes formais em pequenos grupos; rede de rumores, comunicação eletrônica, tipos de papéis da comunicação e importância de um ouvidor na organização. Conceituar as redes de comunicação. Diferenciar as redes de comunicação formais e informais. Identifi car os tipos de papéis da comunicação. Conhecer o signifi cado do termo ombudsman e perceber sua importância para uma organização. � � � � Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt1Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt1 26/11/2008 10:56:4926/11/2008 10:56:49 2 Psicologia A07 Para começo de conversa... “Não é o que você diz, mas o que você faz” Essa afi rmação é quase verdadeira. As ações realmente falam mais alto que as palavras. Quando percebem inconsistências entre as palavras e os atos, as pessoas tendem a dar maior crédito aos últimos. É o comportamento que conta! A implicação disto é que os executivos e os líderes se tornam modelos de papéis. Os funcionários vão imitar seus comportamentos e atitudes. Vão observar o que seus chefes fazem e imitar ou adaptar suas atitudes. Esta conclusão não signifi ca que as palavras caem no vazio. As palavras também podem infl uenciar os outros. Mas quando as palavras e as ações são divergentes, as pessoas preferem acreditar no que vêem em termos de comportamento. Existe uma exceção óbvia a esta conclusão. Um número crescente de líderes (e seus parceiros) tem desenvolvido a habilidade de moldar palavras e manipular fatos para que as pessoas prestem mais atenção ao seu discurso do que a seu comportamento. Os políticos bem-sucedidos parecem ser adeptos dessa modalidade. Não está muito claro por que as pessoas acreditam nesses discursos, mesmo quando percebem um compor- tamento confl itante. Será que preferimos acreditar que nossos líderes não mentiriam para nós? Ou será que damos a estas pessoas, a quem confi amos nosso voto, o benefício da dúvida quando nos confrontamos com seu mau comportamento? Pesquisas adicionais são necessárias para esclarecer estas questões. (ROBBINS, 2005, p. 237). A leitura do texto nos traz reflexões importantes para compreensão do nosso relacionamento com as outras pessoas. Este é um momento importante em nossa sociedade, pois estamos em período de campanha eleitoral para prefeito e vereadores. E a frase “não é o que você diz, mas o que você faz” cabe como uma luva aos candidatos. Será que os eleitores já aprenderam que a credibilidade da palavra está associada à ação ou preferem ainda acreditar em promessas como “Quando for eleito vou calçar as ruas desse bairro, vou construir um posto de saúde, dar segurança às famílias desta cidade” e tantas outras promessas que são desfeitas após o término das eleições? Quanto à comunicação na organização onde trabalhamos, ela é clara? Sem barreiras? Podemos confi ar em nosso gestor? Como são organizadas as redes de comunicação na minha empresa? São redes formais ou informais? Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt2Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt2 26/11/2008 10:56:5126/11/2008 10:56:51 Cadeia Roda Todos os canais Redes em Pequenos Grupos e o Critério da Eficácia Critério Velocidade Exatidão Emergência de um líder Satisfação dos membros Cadeia Moderada Alta Moderada Moderada Roda Rápida Alta Alta Baixa Todos os canais Rápida Moderada Nenhuma Alta 3 Psicologia A07 Redes Formais de Comunicação Segundo Bowditch (2002), as pesquisas têm indicado cinco padrões de redes de comunicação, as quais são: redes em roda; em círculo; em cadeia; em todos os canais; em “y”. Esses estudos se basearam em pequenos grupos em ambiente de laboratório. Já Robbins (2005) simplifi ca a variedade de redes formais e condensa em três redes que seguem: cadeia; roda e todos os canais. Figura 1 – As três redes de comunicação Fo nt e: R ob bi ns (2 0 0 5 , p . 2 3 8 ) Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt3Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt3 26/11/2008 10:56:5226/11/2008 10:56:52 4 Psicologia A07 Cadeia É a forma tradicional de se comunicar; refl ete um relacionamento entre gerentes e seus subordinados de forma hierárquica. Talvez, pensar em operários em uma fábrica seja um exemplo dessa comunicação (BOWDITCH, 2002). Roda Existe um membro central que se comunica com todas as pessoas da rede, e os outros só podem se comunicar com aquela pessoa central. É uma rede extremamente centralizadora e gera pouca satisfação nas pessoas (BOWDITH, 2002). O trabalho em companhias áreas pode ser um bom exemplo da comunicação em roda, principalmente entre pilotos e controladores de vôo. Robbins (2005) cita alguns desastres ocorridos por falhas na comunicação, entre eles: Em 1990, os pilotos de um avião da colombiana Avianca, depois de uma longa espera para aterrissar devido ao mau tempo, avisaram à torre do aeroporto Kennedy, em Nova York, que estavam “fi cando sem combustível”. Os controladores de tráfego, que ouviam essa expressão o tempo todo, não deram maior atenção. Embora os pilotos percebessem a gravidade da situação, não souberam se expressar corretamente com a frase “ emergência do combustível”, o que teria obrigado os controladores a darem prioridade para o seu pouso. As pessoas no aeroporto não entenderam qual era o real problema daqueles pilotos. O avião fi cou sem combustível e caiu a cerca de 20 quilômetros dali. Setenta e três pessoas morreram (ROBBINS, 2005, p. 231 - 232). Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt4Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt4 26/11/2008 10:56:5426/11/2008 10:56:54 5 Psicologia A07 Todos os canais Nesta rede as pessoas podem interagir umas com as outras e conseqüentemente existir uma maior satisfação. As equipes de trabalho têm como característica a interação constante entre os seus membros e sintonia, o que pode levar a uma alta satisfação dos seus participantes. Outro exemplo desse tipo de comunicação são os times de futebol, em que todos interagem entre si para que todos possam alcançar seu objetivo comum no campo. Redes informais de comunicação É a forma de se comunicar através de canais não ofi ciais dentro de uma organização. Por exemplo, as fofocas existentes entre colegas de trabalho ou mesmo rumores, que são as mensagens baseadas em especulação, imaginação ou certos desejos, não têm base fatual (BOWDITCH, 2002). De acordo com Robbins (2005), a rede de rumores tem três principais características: 1) Não é controlada pela direção da empresa. 2) É vista pela maioria dos funcionários como mais confi ável e fi dedigna do que os comunicados formais. 3) Largamente utilizada para servir aos interesses pessoais que nela interagem. Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt5Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt5 26/11/2008 10:56:5526/11/2008 10:56:55 6 Psicologia A07 Essasinformações transmitidas pelas redes de rumores são confi áveis? Assim como as redes formais têm sua importância em uma empresa, as redes informais também têm sua relevância, pois ajuda a empresa a ter seu feedback, perceber quais as difi culdades da organização, em que a mesma precisa ser mais transparente aos seus colaboradores, clientes e fornecedores. A rede de rumores não é alimentada pelas fofocas, mas quando existe ambigüidade e ansiedade nas pessoas da organização, funciona como mecanismo de fi ltragem e de feedback (ROBBINS, 2005). Robbins (2005), no seu livro Comportamento Organizacional, listou sugestões para reduzir as conseqüências negativas dos rumores (HIRSCHHARN, 1983, p. 54 - 56). 1. Anunciar um cronograma para a tomada de decisões importantes. Exemplo: se a empresa está em processo de venda ou de fusão com outras empresas, é natural que os colaboradores fi quem sabendo disso antes da notícia ofi cial. A empresa pode anunciar uma data em que se posicionará ofi cialmente, dessa forma a ansiedade tende a diminuir entre os seus colaboradores, pois sabemos que os rumores podem atrapalhar inclusive a produtividade e afetar a saúde dos trabalhadores. Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt6Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt6 26/11/2008 10:56:5626/11/2008 10:56:56 7 Psicologia A07 2. Explicar decisões e comportamentos que possam parecer inconsistentes ou misteriosos. Quando as pessoas não têm acesso às informa- ções passam a fantasiar e buscar respostas para os comportamentos dos outros. Imagine que a em- presa demitiu de uma só vez todos os funcionários da limpeza e contratou mais pessoas para outro setor. Essa atitude pode gerar rumores diversos e você poderá fi car meio confuso, se souber o que de fato está acontecendo. Agora, se a empresa explicar o motivo real da demissão coletiva, como exemplo, substituição da mão-de-obra do setor da higienização por funcionários terceirizados, em virtude da redução dos custos provenientes dos encargos trabalhistas, você pode até fi car chocado a princípio, mas tende a compreender a explicação com o passar do tempo. 3. Enfatizar as desvantagens, de decisões atuais e dos planos futuros. Clareza e objetividade são sempre bem-vindas em uma comunicação, pois assim ajudará você a comparar as vantagens e desvantagens da tomada de decisão. Imagine que na sua empresa um grupo de colegas sugeriu que o horário de trabalho deveria ser a critério do colaborador, cada um deveria ter liberdade para trabalhar no horário que achasse mais conveniente. Nesse exemplo, cabe à empresa enfatizar quais as desvantagens se essa sugestão for acatada, já que a empresa é do segmento de call center e precisa trabalhar 24 horas, sete dias por semana. Como fi caria o atendimento dos clientes? 4. Discutir abertamente as piores possibilidades - nada provoca mais ansiedade do que uma fantasia não declarada. O diálogo é uma ferramenta mais que bem-vinda entre as pessoas. É através dele que podemos compreendê-las e debater com eas nossas idéias, desejos, expectativas e reais possibilidades. Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt7Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt7 26/11/2008 10:56:5726/11/2008 10:56:57 1Praticando... 8 Psicologia A07 Leia as frases abaixo e responda se a comunicação é formal ou informal a) “Caros colaboradores, informamos que a partir de outubro de 2008 os contra-cheques estarão disponíveis no site da empresa. Para solicitar o seu, basta clicar no item recursos humanos- contra-cheque. Atenciosamente. Setor de Recursos Humanos” Reposta: _______________________________________________________ b) “Ainda ontem, quando passei pelo corredor, pude ouvir o diretor falando que a empresa está passando por difi culdades fi nanceiras. Acho que será vendida em breve.” Reposta: _______________________________________________________ c) “Nossa meta esse mês é aumentar as vendas em 30% e quem não conseguir será demitido. Gerente de vendas da empresa X”. Reposta: _______________________________________________________ d) “A empresa em que trabalhamos não valoriza o funcionário, não paga hora extra nem reconhece o nosso trabalho. Fala de um trabalhador da empresa Y”. Reposta: _______________________________________________________ Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt8Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt8 26/11/2008 10:56:5826/11/2008 10:56:58 9 Psicologia A07 E a comunicação eletrônica... O mundo globalizado trouxe com ele a internet, a intranet, os celulares cada vez mais modernos, a tv digital, mas a comunicação acompanhou toda a evolução proposta por esses aparelhos eletrônicos? Os recursos da tecnologia, sem dúvida, são bons aliados para uma comunicação efi caz, mas para ter sucesso nas relações interpessoais precisamos visualizar muito mais que uma ferramenta de trabalho de última geração. Faz-se necessário desenvolver as habilidades vistas na aula passada para uma comunicação efi caz, tais como: saber ouvir, compartilhar, dar e receber feedback e todas as outras já listadas. É como uma pessoa que tem um celular com muitas funções e não sabe usá-las ou se sabe não faz uso delas porque não acha necessário. Assim é a comunicação: posso dispor de meios efi cazes, mas se não usar as habilidades próprias do meu ser (como procurar me colocar no lugar do outro-empatia) posso não ter êxito no envio da mensagem (fonte: <www.mercadolivre.com.br>). O e-mail x máquina de escrever Talvez você nunca tenha visto uma máquina de escrever ou nem saiba que antes do surgimento do computador era freqüente o número de cursos de datilografi a. Os alunos eram estimulados pelo professor a usarem as teclas da máquina de escrever com velocidade e sem olhar para o teclado. Bons tempos... eu mesma fi z um desses cursos no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), o que muito ajudou a ser rápida ao digitar. Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt9Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt9 26/11/2008 10:56:5826/11/2008 10:56:58 (INTRANET- Rede mundial de computadores; INTRANET- Rede local de computadores; EXTRANET- Rede de computadores de uma empresa que é compartilhada com seus usuários, clientes e representantes.) Extranet 10 Psicologia A07 O e-mail surgiu como meio de comunicação rápido e efi ciente. Não é necessário voltar ao texto quando escrevemos uma palavra errada nem arquivar folhas e mais folhas de papel. Otimizamos tempo e espaço. Nossos arquivos podem ser totalmente virtuais. Mas o e-mail também tem desvantagens, como distração no ambiente de trabalho. Já existem empresas que dispõem de normas e restrições ao uso do e-mail. Sem falar da difi culdade em expressar nossas emoções sem o contato face a face. Robbins (2005) ressalta o uso dos símbolos (os emoticons) para demonstrar emoções. Mas o e-mail não tem como substituir a nossa expressão corporal de um contato presencial. E a intranet e extranet? São redes de comunicação? Assim como a intranet (comunicação interna entre os colaboradores de uma empresa), a extranet (comunicação dos funcionários da empresa com os fornecedores, clientes) também é uma ferramenta a serviço da comunicação. As intranets são redes privadas, internas, que funcionam da mesma forma que a Internet, mas cujo acesso é limitado às pessoas dentro da organização (Robbins, 2005). Videoconferência A videoconferência é uma extensão dos sistemas de intranet e extranet. Permite que os funcionários da empresa realizem reuniões com pessoas em lugares diferentes (Robbins). Imagine você, na sua cidade, falando por meio do vídeo e áudio com pessoas de outros estados ou países diferentes. Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt10Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt10 26/11/2008 10:57:0026/11/2008 10:57:00 11 Psicologia A07 Os papéis na comunicação ParaBowditch (2002), independente do número de pessoas envolvidas, há quatro papéis principais na comunicação: guardiões, ligações, formadores de opinião e participantes/ isolados. Os guardiões... São as pessoas que precisam passar informações a outras pessoas, ou que controlam o fl uxo da informação. Por exemplo, os assistentes administrativos, as secretárias e demais pessoas que auxiliam os gestores dentro de uma organização. Para Bowditch (2002), são três as características principais dos indivíduos que atuam como guardiões formais, tais como: 1) a capacidade de acompanhar as mudanças nas necessidades de informação do gerente; 2) a capacidade de perceber quando a informação é desejada ou não; 3) a capacidade de avaliar a qualidade da informação. Ligações... São as pessoas que servem de elo entre grupos dentro da organização. Por exemplo, um departamento que faz a mediação entre um grupo e outro. Em uma empresa de ônibus temos o setor da manutenção e do tráfego, mas o elo entre esses setores são os gerentes de cada um deles, ou seja, se um motorista percebe uma quebra em uma peça do ônibus, ele precisa procurar seu gerente de tráfego, passar a informação e este procurar o gerente da manutenção para providenciar o conserto o mais rápido. Formadores de opinião São as pessoas que exercem infl uência sobre as outras, independente do cargo que ocupa. Por exemplo, a copeira da sua empresa pode exercer infl uência sobre os gerentes ou um diretor. Esses indivíduos podem ser proativos (dão sua opinião sem terem sido solicitados) ou reativos (esperam até que lhes seja perguntado) em seus atos (BOWDITCH, 2002). Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt11Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt11 26/11/2008 10:57:0026/11/2008 10:57:00 12 Psicologia A07 Os participantes/isolados Os isolados são indivíduos que têm pouco ou nenhum contato com os demais membros da organização, os participantes são aqueles que têm contatos ativos com os outros membros da organização (BOWDITCH, 20002, p. 92). Na organização podemos ser uma pessoa mais isolada ou um ser participante, isso também vai depender da natureza do cargo. Um vigia noturno é um exemplo de pessoa isolada em virtude do seu cargo, mas esse mesmo vigia pode ser participante do processo de comunicação quando é solicitado a participar de reuniões e treinamentos, de forma a contribuir com as metas da empresa. OMBUDSMAM ? Você já ouviu esse termo? OMBUDSMAN: Ouvir o cliente é fundamental. “Ombudsman” é uma palavra de origem sueca (Umbodlhsmadhr) que surgiu em 1809, quando o Parlamento da Suécia decidiu ter um representante do cidadão dentro do Parlamento. Ombus quer dizer representante e man cidadão, ou seja, ombudsman quer dizer representante do cidadão. O ombudsman tem como função defender as manifestações do cidadão perante algum órgão, seja uma reclamação, um elogio ou uma sugestão. É o cargo dado a uma pessoa que vai ter relação direta com o dirigente da instituição, seja ela pública ou privada, para garantir um efi ciente canal de comunicação entre o emissor e o receptor de serviços. No Brasil, a função de ombudsman ganhou força nos últimos 20 anos, enquanto em outros países, a primeira empresa privada a ter um ombudsman foi o Grupo Rodhia, em 1981. A idéia rendeu bons frutos, mas não foi sufi ciente para que o mercado brasileiro aderisse à novidade. Em 1989, o jornal A Folha de São Paulo criou o cargo de Ombudsman para garantir satisfação total aos seus leitores, cobrando uma melhor qualidade de informações e criando um contato direto com os clientes insatisfeitos e a direção do grupo. Depois veio o Banco Nacional e, logo em seguida, ainda em 1990, surgiu o Ombudsman da Associação Brasileira das Indústrias de Elétricos e Eletrônicos (ABINI). Ouvidores ou Ombudsman são dois termos designados para pessoas com a mesma função. A única diferença é que ouvidor é um termo mais usado em instituições públicas e ombudsman em instituições privadas. Nas empresas, o ombudsman tem a função de defender direitos do cidadão e brigar por eles. Se for um ombudsman interno de uma empresa, ele vai lutar pelos direitos dos funcionários e, se for externo, dos consumidores, frente ao dirigente da empresa. Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt12Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt12 26/11/2008 10:57:0026/11/2008 10:57:00 02 Responda aqui Praticando... 13 Psicologia A07 Quando a função foi criada dentro das empresas privadas brasileiras, muita gente confundia o trabalho do ombudsman com o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor). Um setor é bem diferente do outro dentro de uma empresa e podem existir paralelamente. O SAC esclarece dúvidas, presta informações e pode até registrar as queixas dos consumidores, mas quem busca a causa do problema, quem checa a informação e quem luta pela solução do problema com a presidência é o ombudsman. As empresas do setor privado estão fi cando cada vez mais preocupadas com o fato de ter um ombudsman. Pesquisas realizadas pela USP concluíram que, de cada 100 consumidores insatisfeitos, apenas 4 manifestam sua opinião ou reclamam. O restante simplesmente não volta mais a contar com os serviços daquela empresa. Outras pesquisas, dessa vez realizadas nos Estados Unidos, mostram que 68% dos clientes de grandes redes varejistas simplesmente abandonam a empresa quando insatisfeitos, sem ao menos efetuar uma reclamação. (MATOS, 2004, p. 108) Após a leitura do texto anterior, liste as principais idéias, de forma a esclarecer as diferenças entre SAC, Ombudsman e Ouvidor. Sugerimos que você faça uma enquete com os seus colegas sobre: 1) Você já ouviu falar em ombudsman ou ouvidor? 2) Qual a importância do ombudsman em uma empresa? Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt13Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt13 26/11/2008 10:57:0026/11/2008 10:57:00 Auto-avaliação 14 Psicologia A07 Leituras complementares MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação sem complicação: como simplifi car a prática da comunicação nas empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Nesse livro você vai encontrar um capítulo dedicado à comunicação empresarial, no qual temas como a imagem institucional, o cliente e a comunicação como obrigação de todos são abordados de maneira a prender a atenção do leitor. Nesta aula, estudamos que as redes de comunicação podem ser formais e informais. As formais são três principais divisões, a saber: roda, cadeia, todos os canais. E dentre as informais destaca-se a rede de rumores. Estudamos também sobre a comunicação eletrônica, como e-mail, internet, intranet e videoconferências. Aprendemos que a comunicação apresenta papéis diferentes para as pessoas, tais como: guardiães, elos e participantes/ isolados. E, por último, um pouco da história do surgimento do termo ombudsman e sua importância para o bom funcionamento da empresa em relação ao papel da comunicação. 1. Quais os tipos de redes de comunicação? 2. Qual a diferença de uma rede formal para uma informal? 3. Quais os principais tipos da comunicação eletrônica? 4. Quais os principais tipos de papéis da comunicação? 5. O que é ombudsman? Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt14Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt14 26/11/2008 10:57:0026/11/2008 10:57:00 Anotações 15 Psicologia A07 Referências BOWDITCH, James L. Elementos do comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. HIRSCHHARN, L. Managing rumors. In: HIRSCHHARN, L. (Org.). Cutting back. São Francisco: Jossey-Bass, 1983. p. 54 - 56. MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação sem complicação: como simplifi car a prática da comunicação nas empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. ______. Comunicação, seção, mito ou ciência. In: ROBBINS, Stephen P. Comportamentoorganizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt15Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt15 26/11/2008 10:57:0126/11/2008 10:57:01 Anotações 16 Psicologia A07 Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt16Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd CpTxt16 26/11/2008 10:57:0126/11/2008 10:57:01 Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd V_Ct_cp1Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd V_Ct_cp1 26/11/2008 10:57:0126/11/2008 10:57:01 Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd V_Ct_cp2Psi_A07_MZ_RF_SF_261108.indd V_Ct_cp2 26/11/2008 10:57:0126/11/2008 10:57:01 08 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Vida afetiva psicologia Andréa Carla Ferreira de Oliveira coordenadora da produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design gráfico Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfica Adriana Rodrigues Gomes Design instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da aBNT Verônica Pinheiro da Silva adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva equipe sedis | universidade do rio grande do norte – ufrn projeto gráfico Secretaria de Educação a Distância – SEDIS governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... � Psicologia a08 objetivo O que são emoções e sentimentos; como diferenciar um do outro; quais as reações que temos quando estamos emocionados e qual a importância do afeto em nossa vida e, em particular, no ambiente de trabalho. Conceituar afetos. Diferenciar emoção de sentimento. Compreender a importância dos afetos no ambiente de trabalho. � Psicologia a08 para começo de conversa... Você lembra o seu primeiro beijo, o nascimento do primeiro filho ou o seu primeiro emprego? Tente pensar como foi o seu primeiro beijo... coração acelerado, mãos suando e um frio na barriga? Essa é uma reação da emoção do primeiro beijo. E você já tem filhos? Qual foi a emoção de pegar no colo? Vê-lo pela primeira vez na maternidade? Caso não tenha filhos, essa emoção pode ter sido com o nascimento de um irmão ou sobrinho. Parece que nesse momento o mais importante é aquele novo ser, é o amor que sentimos por ele. Mas isso é emoção ou sentimento? E o seu primeiro emprego? Você dormiu tranqüilo na véspera do primeiro dia? Ou ficou imaginando o que poderia encontrar por lá? As pessoas gostariam de você? Como seria o ambiente de trabalho e tantos outros questionamentos? Vamos iniciar conceituando o que é um afeto. � Psicologia a08 o que são os afetos? Na nossa vida temos pensamentos, sonhos, desejos, fantasias e afetos, sendo este último definido como nossos sentimentos e emoções. O importante é que cada ser humano saiba viver, como nos diz a letra da música de Roberto Carlos “É preciso saber viver”. Quem espera que a vida Seja feita de ilusão Pode até ficar maluco Ou morrer na solidão É preciso ter cuidado Pra mais tarde não sofrer É preciso saber viver Toda pedra do caminho Você pode retirar Numa flor que tem espinhos Você pode se arranhar Se o bem e o mal existem Você pode escolher É preciso saber viver É preciso saber viver É preciso saber viver É preciso saber viver Saber viver, saber viver! (Roberto Carlos – É preciso saber viver) A composição nos chama atenção para a necessidade de saber viver, mesmo diante das dificuldades e dos sofrimentos pelos quais passamos. E nesta aula vamos compreender que os sentimentos e as emoções dão um colorido à nossa vida. Para Bock (2002) existem dois afetos que constituem a vida afetiva: o amor e o ódio. Eles estão presentes na nossa vida de forma integrada aos nossos pensamentos, fantasias e sonhos, os quais, para a autora, podem ser agradáveis ou desagradáveis. � Psicologia a08 Emoção x sentimento Quando estamos surpresos diante de alguém ou de alguma coisa, nosso ser fica paralisado, sentimos um frio na barriga, o coração batendo mais forte. A emoção é uma forma de manifestar o afeto e o que a caracteriza são as reações intensas e breves do nosso organismo, em resposta a um acontecimento inesperado ou a um acontecimento muito aguardado (BOCK, 2002). Por exemplo, quando estamos apaixonados, nosso organismo apresenta reações como batimento cardíaco acelerado, suor nas mãos, entre outros. Isso é uma emoção! Para compreender melhor, vamos a um acontecimento que presenciei no dia 31 de julho de 2008. Para isso, observe a foto abaixo de um aluno concluinte do Curso Tecnólogo em Gestão de Pessoas, aos seus 70 anos, no dia da colação de grau. � Psicologia a08 Félix é o nome do nosso mais novo gestor de recursos humanos no mercado da cidade de Natal. E se você olhar para essa foto, vai verificar um brilho nos olhos, uma felicidade estampada no rosto por esse ser um momento único em sua vida, é a realização de um sonho, pois depois de mais de 20 anos sem estudar conseguiu concluir um curso de nível superior. A emoção desse dia para Félix vai ficar eternizada em sua memória e, me atrevo a dizer, na minha, pois na condição de professora, também fui tomada de uma forte emoção ao presenciar tamanha alegria. A emoção esteve presente durante os dois anos e meio de curso. Félix, durante o curso, passou por problemas de saúde, mas nada abalou seu desejo de concluí-lo e, a cada semestre, o mesmo entregava aos seus professores uma poesia como forma de demonstrar a sua emoção em estar buscando a realização de um sonho. Mas acredito que a emoção sentida por Félix nesse dia será, aos poucos, transformada em um sentimento, pois a emoção tem uma característica de ser transitória, já o sentimento, de ser permanente e mais sereno, além de não serem necessárias as reações do organismo. Daqui a alguns meses ou anos Félix lembrará esse dia, não mais com o coração acelerado ou tremor nas pernas, fruto da emoção do momento, mas de forma madura e com um sentimento de saudades. Os sentimentos são uma forma mais serena de expressar nosso afeto, como exemplo, o amor que sentimos por alguém, o qual atinge um estágio de maturidade que as reações descritas na paixão, como coração acelerado e mãos suando, não estão mais presentes. Tipos de emoções Temos uma variedade enorme de emoções, tais como: surpresa, raiva, nojo, medo, vergonha, tristeza, desprezo, alegria, paixão. E concordamos com Bock (2002) na seguinte afirmação: “Não temos por que esconder nossas emoções. Elas são nossa própria vida, uma espécie de linguagem na qual expressamos percepções internas... são fortes; intensas, mas não imutáveis”. O homem, em nossa sociedade, durante muito tempo foi censurado por expressar suas emoções. Frases como “homem não chora” ainda permanecem vivas em algumas pessoas. Mas se sabe que as emoções são inerentes ao ser humano, independentemente de sexo, cor, raça ou religião. Expressar as emoções proporciona maior leveza e menor risco de adoecer. Leia a letra da música abaixo e responda à atividade: “Eu fico com a pureza da resposta das crianças É a vida, é bonita e é bonita Viver e não ter a vergonha de ser feliz Cantar.. (E cantar e cantar...) A beleza de ser um eterno aprendiz Ah meu Deus! Eu sei... (Eu sei...) Que a vida devia ser bem melhor e será Mas isso não impede que eu repita É bonita, é bonita e é bonita � Psicologia a08Viver e não ter a vergonha de ser feliz Cantar.. (E cantar e cantar...) A beleza de ser um eterno aprendiz Ah meu Deus! Eu sei... (Eu sei...) Que a vida devia ser bem melhor e será Mas isso não impede que eu repita É bonita, é bonita e é bonita E a vida? E a vida o que é diga lá, meu irmão? Ela é a batida de um coração? Ela é uma doce ilusão? Mas e a vida? Ela é maravilha ou é sofrimento? Ela é alegria ou lamento? O que é, o que é meu irmão? Há quem fale que a vida da gente É um nada no mundo É uma gota, é um tempo Que nem dá um segundo, Há quem fale que é um divino Mistério profundo É o sopro do Criador Numa atitude repleta de amor Você diz que é luta e prazer; Ele diz que a vida é viver; Ela diz que o melhor é morrer, Pois amada não é E o verbo sofrer. Eu só sei que confio na moça E na moça eu ponho a força da fé Somos nós que fazemos a vida Como der ou puder ou quiser Sempre desejada Por mais que esteja errada Ninguém quer a morte Só saúde e sorte E a pergunta roda E a cabeça agita Eu fico com a pureza da resposta das crianças É a vida, é bonita e é bonita Viver e não ter a vergonha de ser feliz Cantar.. (E cantar e cantar...) A beleza de ser um eterno aprendiz Ah meu Deus! Eu sei... (Eu sei...) Que a vida devia ser bem melhor e será Mas isso não impede que eu repita É bonita, é bonita e é bonita (bis) (Gonzaguinha - O que é o que é) � Responda aqui praticando... � Psicologia a08 A partir da leitura da letra da música “O que é o que é?”, de Gonzaguinha” procure refletir sobre os afetos, classificando-os em emoção ou sentimento. Lembre- se de que emoção vem acompanhada de reação do organismo e é breve e passageira, já o sentimento não vem acompanhado de reações do organismo e é mais duradouro. 8 Psicologia a08 os afetos enigmáticos Algumas vezes temos afetos por pessoas que não sabemos como explicar. Ficamos sem entender o que aconteceu ao termos, por exemplo, raiva de um colega sem que ao menos tenhamos conversado com ele, ou quando temos motivos para não gostar de alguém e mesmo assim gostamos. São afetos a que chamamos de enigmáticos, pois não compreendemos a razão deles, já que os motivos que existem para explicá- los estão no nosso inconsciente. Segundo Bock (2002), muitas vezes, nossa reação não condiz com o que sentimos (com o que o outro esperava), ou seja, nem sempre o comportamento está em conformidade com os nossos afetos, os quais não queremos (ou não podemos) demonstrar. Vejamos a música de Adriana Calcanhoto chamada “Mentiras”, sugerida por Bock (2002) como afeto enigmático. Mentiras (Adriana Calcanhoto) Nada ficou no lugar Eu quero quebrar essas xícaras Eu vou enganar o diabo Eu quero acordar sua família... Eu vou escrever no seu muro E violentar o seu gosto Eu quero roubar no seu jogo Eu já arranhei os seus discos... Que é pra ver se você volta, Que é pra ver se você vem, Que é pra ver se você olha, Pra mim... Nada ficou no lugar Eu quero entregar suas mentiras Eu vou invadir sua alma Queria falar sua língua... Eu vou publicar os seus segredos Eu vou mergulhar sua guia Eu vou derramar nos seus planos O resto da minha alegria... Que é pra ver se você volta, Que é pra ver se você vem, Que é pra ver se você olha, Pra mim... (2x) Você deve ter observado na letra da música uma incoerência entre o comportamento e o afeto, como “eu já arranhei os seus discos... que é para ver se você volta”. � Psicologia a08 os afetos no ambiente de trabalho Você já deve ter escutado a seguinte frase: “quando entrar na empresa deixe seus problemas da porta para fora”, ou seja, nas entrelinhas podemos compreender que os sentimentos e as emoções não devem estar presentes no ambiente de trabalho. Mas isso é possível? Conseguimos de fato deixar de pensar, por exemplo, na briga que tivemos com nossa mãe ou esposo(a) ao sair para o trabalho? Na raiva que tivemos do colega de trabalho no dia anterior? Ou no amor que temos pelo nosso filho recém-nascido? Sabe-se que o ser humano é complexo por natureza e não existe como separar dele as emoções e os sentimentos vivenciados. O que se pode é administrar da melhor forma esses afetos, ou seja, precisamos ter serenidade no ambiente de trabalho para que possamos desenvolver nossas atividades. Existem empresas que têm um psicólogo para que o funcionário possa procurá-lo e falar das suas preocupações, ou mesmo as que não têm psicólogo podem pensar nos seus gerentes como pessoas que, além de orientar o trabalho, também podem ouvir seus colaboradores em suas inquietações. Se as empresas reprimirem as emoções dos trabalhadores, isso pode causar prejuízo à saúde dos membros e levar, inclusive à depressão. Veja o artigo abaixo. �0 Psicologia a08 “Reprimir emoções no trabalho pode levar à depressão, diz estudo” As pessoas que precisam reprimir suas emoções por motivos profissionais podem acabar desenvolvendo depressão e outros problemas de saúde, sugere um estudo realizado na Universidade de Frankfurt, na Alemanha. De acordo com a pesquisa, publicada na revista científica Gehirn & Geist, especializada em neurologia e psicologia, profissionais como aeromoças e telefonistas, que precisam sorrir com freqüência e ser cordiais com o público, reprimem dessa forma seus sentimentos agressivos. “Essa atitude é prejudicial ao coração e pode causar problemas psiquiá- tricos como a depressão”, explica Dieter Zapf, autor do estudo. “Quanto mais uma pessoa reprime seus sentimentos, mais risco ela corre.” Insônia e dores de cabeça. Para realizar a pesquisa, Zapf analisou dois grupos de estudantes que eram funcionários de um centro de telemarketing – o primeiro deveria ser sempre cordial ao telefone, enquanto o segundo poderia rebater as críticas dos clientes O pesquisador analisou o batimento cardíaco dos participantes dos dois grupos, e os resultados indicaram que aqueles que foram orientados a serem cordiais registraram um ritmo cardíaco bem mais acelerado do que os outros participantes, que não precisaram reprimir seus sentimentos. “A dissonância entre o que uma pessoa sente e o que ela exprime acaba causando uma grande fadiga emocional”, alerta o professor. Zapf ressalta ainda que a tensão causada pelo riso forçado pode provocar outros problemas, como insônia, dores de cabeça e aumento da ansiedade. O pesquisador recomenda que profissionais que trabalham em contato permanente com o público façam pausas regulares para dar vazão às suas emoções. Além disso, ele aconselha que esses funcionários mudem de setor sempre que possível para evitar o estresse. Fonte: <http://terapiascognitivas.com.br/snw/index.php?option=com_content&task=view&id=80&Itemid=1>. acesso em: 3 set. 2008. �praticando... �� Psicologia a08 Agora que você já sabe o que são afetos, como diferenciar emoção de sentimento, procure pensar nas últimas 24 horas em tudo que você fez, quando estava em casa, no estágio ou trabalho, se namorou, discutiu com alguém, teve uma emoção como alegria ou raiva de alguém e faça um relato abaixo de quais foram as emoções e os sentimentos vivenciados. Emoção sentimento leitura complementar MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001. Neste livro você encontrará um capítulo sobre as relações humanas no trabalho, sobre o trabalho e a satisfação das necessidades. auto-avaliação �� Psicologia a08 Nesta aula, estudamos que os afetos são divididos em emoções e sentimentos. As emoções são acompanhadas de reações do nosso organismo e são passageiras, já os sentimentos não vêm acompanhados de reações do organismo e são duradouros.Estudamos também sobre os afetos enigmáticos e alguns tipos de emoções, como raiva, medo, alegria, entre outros. Compreender os afetos no ambiente de trabalho é fundamental para garantir a saúde mental do trabalhador, caso contrário, sua saúde pode ser afetada, inclusive em empresas que reprimem as emoções já existem dados sobre a ocorrência de depressão entre os seus colaboradores. Referência BOCK, Ana Mercês Bahia. psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. CALCANHOTO, Adriana. Mentiras. In: CALCANHOTO, Adriana. perfil. São Paulo: Som Livre, 2001. CARLOS, Erasmo; CARLOS, Roberto. É preciso saber viver. In: TITÃS. Volume dois. [s.l.]: Warner Music, 1998. CENTRO DE PESICOTERAPIA: cognitivo-comportamental. Reprimir emoções no trabalho pode levar à depressão, diz estudo. Disponível em: <http://terapiascognitivas.com. br/snw/index.php?option=com_content&task=view&id=80&Itemid=1>. Acesso em: 3 set. 2008. GONZAGUINHA. O que é o que é?. In: GONZAGUINHA. cavaleiro solitário. São Paulo: Som Livre, 1991. O que são afetos? Como diferenciar as emoções dos sentimentos? Qual a importância dos afetos em nossa vida? Reprimir as emoções no trabalho pode levar à depressão? �. �. �. �. 09 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Rede de Relacionamentos PSICOLOGIA Andréa Carla Ferreira de Oliveira Coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfico Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfica Adriana Rodrigues Gomes Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva equipe sedis | universidade do rio grande do norte – ufrn Projeto Gráfico Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você verá por aqui ... � Psicologia A09 Objetivo O que é uma rede de relacionamento e os diferentes tipos; o que é capital social e como identificar os outros tipos de capitais, como se forma o capital social e para que serve. Verá ainda o que é networking e quais são os valores de quem pratica essa técnica. E por fim, como aumentar e manter a rede de relacionamentos de forma eficaz. Conceituar Rede de Relacionamentos. Diferenciar os tipos de redes de relacionamentos. Conceituar Capital Social. Identificar os tipos de capitais. Conceituar Networking. Identificar os valores de quem pratica Networking. Como aumentar e manter a rede de relacionamentos. � Psicologia A09 Para início de conversa... Quanto tempo faz que você não encontra seu melhor amigo de infância? Você mantém contato com ele? Sabe onde ele está morando? Qual a profissão dele? Se já casou? Tem filhos? Na nossa vida temos relacionamentos em diferentes momentos e, para mantê-los, precisamos administrar de forma eficaz nossa rede de relacionamentos. Vamos iniciar conceituando rede de relacionamentos. � Psicologia A09 Rede de relacionamento Imagine você recebendo um telefonema de um colega de colégio dizendo que tem uma vaga de estágio ou de emprego em uma empresa na qual você sempre quis trabalhar. Você só teve acesso a essa informação porque seu colega de colégio lembrou-se de você, ou seja, ele está na sua rede de relacionamento e você na dele. A rede de relacionamentos pode ser definida como uma rede de contatos pessoais, a qual inicia desde o momento em que nascemos, ou até mesmo, quando estamos na barriga da nossa mãe, pois a partir do momento em que a mãe ficou grávida, relacionamentos foram criados, seja com o médico que fez o parto, com a escolha dos padrinhos, com o contato com os avós, tios, primos e irmãos. Com o seu nascimento e crescimento, essa rede foi aumentando. Os primeiros colegas na escola, os professores, os vizinhos, seus familiares. Da sua infância, adolescência e até hoje, tenho certeza de que você conheceu muitas pessoas, com algumas você deve manter contato até hoje e outras, provavelmente, você não vê há muitos anos, mas as considera verdadeiros amigos. Com outras pessoas ainda você deve não querer manter contato, talvez por não se identificar com essas pessoas. Assim é a vida, conhecemos pessoas e por vários motivos decidimos se queremos ou não mantê-la em nossa rede de relacionamentos. Para Minarelli (2001, p. 29), “Como as demais redes existentes, a rede de relacionamentos também é multifuncional, pois oferece proteção, descanso, captação, distribuição e integração”. � Psicologia A09 A rede funciona como proteção, porque precisamos nos proteger das coisas que nos causa medo, por exemplo, a crise do desemprego, a violência urbana, a solidão. Se você está sozinho, em casa, deprimido e liga para um amigo, ele vai se preocupar com você, logo convidará você para sair e de alguma forma você se sentirá protegido do medo da solidão. A rede também funciona como captação, distribuição e integração, por exemplo, quando você informa ao seu colega da vaga de emprego ou estágio está distribuindo uma informação às pessoas da sua rede e ele está captando uma excelente oportunidade de conseguir um emprego. Para Minarelli, essa via de mão dupla é muito importante na rede de relacionamentos, mas isso só vai ocorrer se você tiver integrado. Tipos de redes de relacionamentos Existem três diferentes níveis de rede, são eles: A) Grupo Primário Formado por pessoas mais próximas, com as quais temos forte envolvimento emocional, compartilhamos sonhos, desejos, sucessos e problemas. Podemos pensar em nossos filhos, esposa(o), mãe e pai, amigos íntimos. São pessoas que nos deixam à vontade para falarmos de nossas preocupações, tristezas e alegrias. B) Grupo Secundário Fazem pa r te desse g r upo os relacionamentos mais formais e menos íntimos. Por exemplo, no ambiente de trabalho temos contato com pessoas muitas vezes por seis, oito ou mais horas ao dia, mas, na maioria das vezes, não sabemos quase nada sobre os nossos colegas, da sua vida pessoal. Nosso relacionamento tende a ser mais formal e profissional. Acesso a qualquer pessoa pela rede Seus amigos Sua família Fornecedores de serviço Amigos e colegas Você Novo conhecido Conhecido Cônjuge � Psicologia A09 C) Grupo de Referência Como o próprio nome sugere, são pessoas que servem de referência em nossa vida, dá os parâmetros de nossas ações individuais, pois seus valores e suas expectativas ordenam nosso padrão de comportamento (MINARELLI, 2001). Por exemplo, os diretores de uma empresa podem servir de parâmetro para o nosso comportamento dentro da empresa. Você está em rede o tempo todo. A cada dia, semana, mês, ano você conhece pessoas e sua rede de relacionamento vai aumentando, mas para manter esses contatos faz-se necessário você compreender a importância de administrar bem sua rede de relacionamento. A rede de relacionamento de cada pessoa é muito maior do que ela possa imaginar, navegando pela rede você aproxima-se de qualquer pessoa. Não existe distância, basta que você defina o seu alvo, que pode ser o seu amigo, o amigo do amigo, o conhecido do amigo– indefinidamente até atingir a pessoa que você precisa contatar (MINARELLI, 2001). A figura acima nos faz refletir como a nossa rede de relacionamento lembra uma engrenagem, onde todas as pessoas estão conectadas, mesmo as mais distantes ou até mesmo os desconhecidos. Minarelli (2001), no seu livro Networking: como utilizar a rede de relacionamentos na sua vida e na sua carreira conta uma história que aconteceu com ele, a seguir: �Praticando... � Psicologia A09 Certa vez, atendi um executivo em busca de recolocação no mercado que acreditava que, naquele momento, um ex-chefe dele, há muitos anos em Brasília, poderia ser uma conexão importante. Ele desejava muito restabelecer contato, mas não tinha a menor idéia de onde estava aquele profissional. Revirando a memória, lembrou-se de alguém de seu relacionamento que também conhecia o ex-chefe e, certamente, tinha informações sobre seu paradeiro.Foi preciso descobrir o novo telefone dessa pessoa em Brasília por meio de outras conexões e, finalmente, fazer a ligação interurbana em busca do alvo. Meu cliente falou, restabeleceu contato e obteve a informação de que precisava. O tal ex-chefe estava trabalhando em São Paulo, numa consultoria na Avenida Paulista. O mais interessante é que o edifício onde trabalhava o ex-chefe ficava exatamente em frente ao meu escritório. Quer dizer: bastava atravessar a rua para encontrá-lo, mas foi preciso buscar uma conexão em Brasília para descobrir isso. (MINARELLI, 2001, p. 35). Observe que o percurso realizado poderia ter sido menor se o executivo tivesse mantido contato com o seu ex-chefe. Na rede de relacionamento podemos ter contato com pessoas as quais, muitas vezes, achamos impossível encontrar, por exemplo: falar com o papa ou com o presidente da República parece difícil; para Minarelli não, mas para isso é necessário estabelecer conexões, ou seja, navegar na rede com um alvo definido e depois de alguns ou muitos contatos você poderá perceber o efeito da rede de relacionamentos. Agora que já estudamos sobre rede de relacionamentos e os diferentes tipos, no quadro abaixo você deve listar os nomes das pessoas que você tem na sua rede de relacionamentos de acordo com o grupo ao qual você a atribui. Grupo primário Grupo secundário Grupo de referência � Psicologia A09 Você deve ter percebido que sua rede de relacionamento é bem maior do que você imaginava. É isso mesmo!Você pode aumentá-la ainda mais. Capital Social Cada um de nós tem um conjunto de capitais, tais como intelectual, o profissional, o moral, a saúde, o financeiro e o social. Nesta aula, vamos falar um pouco sobre cada um deles e enfatizar o nosso capital social, pois nossos relacionamentos são um capital muito importante, mas costumamos ser descuidados e desorganizados com ele. Ninguém joga fora dinheiro nem bens móveis e imóveis, mas desperdiça – diariamente – o bem humano. Em várias situações ou emergências, a rede de relacionamentos pode ser mais eficaz para resolver um problema do que o capital financeiro (MINARELLI, 2001, p. 37). Conjunto de capitais O intelectual - O conhecimento individual é aquele que se acha representado pela educação, experiência, habilidades e atitudes pessoais. O profissional - São valores individuais, independentemente da área do conhecimento. É preciso a soma de três fatores: atitude, conhecimento e ações. O moral - É aquele conjunto de preceitos básicos que, em última instância, permite que se possa viver em sociedade, que nos leva a crer no respeito e na solidariedade ao próximo, a aceitar e acatar os direitos consagrados pela Lei Natural, a rejeitar vícios como o da corrupção, a acreditar que o trabalho é elemento edificante no que diz respeito à nossa dignidade humana, a amar a vida. A saúde - Estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade. � Psicologia A09 O financeiro - São ligações entre as pessoas ou empresas que têm dinheiro e as pessoas ou empresas que precisam de dinheiro. O social - “Quase tudo que o dinheiro não compra pode ser obtido com o capital social. Você recebe solidariedade de graça porque sabe ser solidário. O poder do capital social funciona em cadeia, acionando novos elos na rede, pois transcende a pessoa que você conhece e com quem se dá bem... o capital social só é poderoso se você for íntegro e solidário com os outros.” (MINARELLI, 2001, p. 37 - 38). Como se forma o capital social? O capital social pode ser formado a partir do momento em que transformamos pessoas desconhecidas em amigas, assim como treinando a sócio-habilidade (esse assunto será desenvolvido no tópico Sócio-habilidade é a capacidade de viver em grupos). Podemos ainda formar o capital social mantendo sempre contato com os amigos, mesmo que seja de tempos em tempos, como, por exemplo, enviando um cartão de boas festas no fim do ano ou no dia do aniversário ligando para parabenizar nosso amigo. Trocar cartões em reuniões, congressos, visitas formais ou informais também podem ser formas de capital social. Além de prosear, ou seja, trocar informações que sejam de interesse recíproco. Para que serve o capital social? O capital social é usado para várias finalidades, tais como: agregar mais gente e mais informação a sua rede, como fazer novos contatos profissionais ou de amizade para, no futuro, recorrer a essas pessoas em caso de necessidade. Por exemplo, você está desempregado e lembra de um colega de infância, o qual trabalha no segmento de vendas, exatamente sua área de interesse. Se você é uma pessoa que o mantém em sua rede de relacionamentos, de forma a ter contato com ele até o presente momento, você poderá solicitar ajuda, pois o capital social também se propõe a obter ajuda numa dificuldade, bem como fazer indicação para uma oportunidade de emprego ou para a resolução de um problema. Como ampliar seu capital social O capital social pode ser ampliado através do ato de inserir várias pessoas em nossa rede de relacionamento, sejam pessoas da nossa família, do trabalho ou novas amizades. Já diz o ditado que é melhor amigo na praça que dinheiro no bolso, ou seja, podemos, através do capital social bem cultivado, conseguir coisas que o dinheiro não compra, como respeito, admiração, solidariedade. Outra forma de ampliar são as redes de oportunidades, aquelas as quais integramos por iniciativa própria ou somos levados por alguém, como exemplo as associações de moradores do bairro, clubes de mães, entre outros. �Praticando... 9 Psicologia A09 Procure pensar no seu capital social, em como você fez para ampliá-lo e nas linhas abaixo descreva o que você pode fazer neste momento para aumentar sua rede de relacionamentos. NET e WORKING NET - rede WORKING - trabalho �0 Psicologia A09 Networking Você já deve ter escutado a expressão “Net’’ e “Working” . Conheça o significado dessas palavras. Quando falamos em networking, estamos nos referindo a expressões como “Fazer Networking”; “Praticar Networking” e “Valer-se de Networking”, significa dizer que participamos de uma rede de relacionamentos e cada pessoa tem valores que são compartilhados, os quais estão listados a seguir. Valores de quem pratica Networking São três os valores de quem pratica Networking: Reciprocidade; Reputação e Altruísmo Reciprocidade: ocorre quando estamos dispostos a ajudar os outros sem pensar no retorno e agir com desprendimento. Reputação: faz referência ao comportamento ético, conforme a confiança envolvida irá direcionar a navegação trazendo a ajuda esperada. Altruísmo: é o desejo de ajudar sem esperar proveito próprio, mas com intuito de gerar benefícios à humanidade. �� Psicologia A09 A Sócio-habilidade É a capacidade de viverem grupos, de conhecer pessoas, fazer amizades, estar aberto/a aos novos relacionamentos. São dois os tipos de sócio-habilidade: Sócio-hábeis natos: há pessoas que já parecem ter nascido sócio-hábeis. Sabem se expor, conversar, fazer apresentações e palestra sem nenhuma timidez. Sócio-hábeis não natos: são pessoas que, mesmo sendo introvertidas, reconhecem a importância da rede e se esforçam até chegarem ao objetivo. No desenvolvimento do Networking, faz-se necessária a confiança, vista como sinal verde na rede de relacionamentos. Veja abaixo algumas situações em que a confiança é fator fundamental. Para Minarelli (2001), quando uma pessoa se dispõe a nos ajudar, está nos dando um voto de confiança, pois a rede só funciona com base na confiança mútua. E cada indicação que a gente dá tem por base a confiança; (ligar para alguém, indicando outro, ou falar em meu nome, mostra a confiança nas atitudes dela diante da minha imagem). Imagine que você perdeu o prazo para participar de um processo de inscrição de uma grande empresa e comenta com sua família, num jantar, a sua intenção; um vizinho ouve e diz que conhece um dos diretores da empresa. No dia seguinte você é solicitado a comparecer à empresa, uma vez que o processo seletivo ainda não havia sido concluído. Fazer uso da rede de relacionamento não quer dizer buscar privilégios; a rede só garante ajuda, solidariedade e um pouco mais de flexibilidade. Como aumentar e manter a rede de relacionamentos? Educação, gentileza e afeto são as palavras-chave para aumentar e manter a rede de relacionamentos: ninguém sobrevive sozinho, precisamos permanecer integrados para trocarmos benefícios; agir com espontaneidade, ou seja, com naturalidade e sinceridade; �Praticando... �� Psicologia A09 aproveitar as oportunidades de conhecer pessoas e fazer novas amizades; desenvolver atitudes positivas face as situações apresentadas; evitar os preconceitos; cultivar a rede com prazer é o grande desafio para o convívio saudável. ser autêntico nos relacionamentos, pois só assim será visto como uma pessoa verdadeiramente íntegra e interessada no outro; os contatos da rede devem ser praticados todos os dias ou em um intervalo considerável. Utilizar a rede de relacionamentos somente de vez em quando desgasta os relacionamentos; mude sua postura e aprenda a compartilhar problemas, necessidades, esqueça seus preconceitos e poderás se tornar uma pessoa que você jamais imaginou ser. Você já pensou se tem a sócio-habilidade? Se sim, identifique se é a sócio- habilidade nata ou não nata. Justifique sua resposta. Auto-avaliação �� Psicologia A09 LEITURA COMPLEMENTAR MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001. Neste livro você encontrará um capítulo sobre as relações humanas no trabalho, sobre o trabalho e a satisfação das necessidades. Nesta aula, estudamos que nossa rede de relacionamento acontece desde o nosso nascimento e, a cada dia, podemos fazer novos contatos, de forma a aumentar a nossa rede de relacionamentos. Verificamos que são divididos em três grupos os nossos relacionamentos; são eles: grupos primários, secundários e de referência. Estudamos ainda sobre os tipos de capitais e, em particular, o capital social, como se forma e sua utilidade. E por último, o que é networking, quais os valores de quem o pratica e como manter nossa rede de relacionamento de forma eficaz. O que é rede de relacionamento? Quais são os tipos de rede de relacionamentos? Para que serve o capital social? O que é Networking? Como aumentar e manter nossa rede de relacionamentos? �. �. �. �. �. Anotações �� Psicologia A09 Referência MINARELLI, José Augusto. Networking: como utilizar a rede de relacionamentos na sua vida e na sua carreira. São Paulo: Gente, 2001. Anotações �� Psicologia A09 Anotações �� Psicologia A09 10 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Liderança PSICOLOGIA Andréa Carla Ferreira de Oliveira Coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfico Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfica Adriana Rodrigues Gomes Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva equipe sedis | universidade do rio grande do norte – ufrn Projeto Gráfico Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você verá por aqui ... O que é liderança, quais são as características necessárias para ser um bom líder e os tipos de líderes. Verá ainda o que o mercado de trabalho tem feito para transformar seus gerentes em líderes eficazes, capazes de desenvolver um trabalho de qualidade, no qual as pessoas são vistas como o principal fator para o sucesso do trabalho. Conceituar liderança. Diferenciar os tipos de líderes. Identificar as habilidades dos líderes eficazes. 1 Psicologia A10 Objetivo Você já pensou em ser líder? Acha que tem as características necessárias? Qual o tipo de líder você seria? Essas e outras questões são temas desta aula. Para isso, vamos começar conceituando liderança. � Psicologia A10 Para começo de conversa... Conceito de liderança Você deve ter um supervisor em seu estágio ou, se trabalha, um chefe, gestor ou gerente. O termo vai depender da forma da sua empresa conceber o papel do líder. Mas, afinal o que é ser um líder? Para Robbins (2002), a liderança é a capacidade de influenciar um grupo para alcançar metas. Sendo a origem da liderança formal ou informal. O líder formal, normalmente, assume uma posição dentro da empresa de acordo com o organograma. Mas pode acontecer de você ter um chefe e você não o considerar um líder. Talvez você conheça alguém do seu trabalho que não pertence a um cargo de chefia, mas tem a capacidade de influenciar as outras pessoas, por exemplo, um colega ao qual todos que estão à volta ouvem com atenção e aceitam as sugestões dadas por essa pessoa. Esse seu colega no exemplo citado é um líder informal, pois exerce influência sobre as outras pessoas, de modo espontâneo. Para Fiorelli (2004), a liderança é a capacidade que algumas pessoas possuem de conseguir que outras, de modo espontâneo, ultrapassem o estabelecido formalmente. Se voltarmos um pouco à História da humanidade, vamos encontrar várias pessoas que se destacaram pela sua liderança, como: a) Gandhi Gandhi conseguiu influenciar todo um país (Índia) de forma pacífica a chegar a sua independência. Ele conseguiu reunir toda a população indiana em torno de um único objetivo. Na época, a Índia era uma colônia da Inglaterra. Gandhi é considerado um líder político e religioso, pois pregava a não violência. b) Hitller Considerado um líder ditador, influenciava as pessoas pela ideologia fascista, a qual tinha como um dos pilares a idéia da raça ariana, ou seja, da raça pura Para isso ele pregava que existiam raças inferiores e que deveriam ser extintas. Hitler também é considerado um líder político e ideológico, porém muito diferente na forma de liderarem relação a Gandhi, pois Hitler influenciava os outros através do seu poder político e de maneira agressiva, não aceitando oposições. Fo nt e: < ht tp :/ /w w w .d id th ey di e. co m /m or gu e/ im ag es / ad ol f_ hi tle r_ ns .jp g> . A ce ss o em : 9 o ut . 2 0 0 8 . Fo nt e: < ht tp :/ /fi ni ck yp en gu in .fi le s. w or dp re ss . co m /2 0 0 7 /1 1 /m ah at m a- ga nd hi -in di an -h er o1 .jp g> . Ac es so e m : 9 o ut . 2 0 0 8 . � Psicologia A10 Fo nt e: < ht tp :/ /w w w .p ic ar el li. co m .b r/ fo to le ge nd as /f ot o- le ge nd a0 3 2 0 0 3 q. ht m > . A ce ss o em : 9 o ut . 2 0 0 8 . � Psicologia A10 c) Presidente Lula Como exemplo atual e futuro para as novas gerações, temos o nosso Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o qual é um líder nato, pois sua história de vida teve início em uma cidade do interior de Pernambuco e logo cedo foi trabalhar em São Paulo, no ABC paulista, onde sua trajetória política começou, liderando o sindicato de metalúrgicos dessa região no final da década 70. Como líder sindicalista, conseguiu, junto com outras pessoas, fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), o qual é, notadamente, um dos maiores partidos políticos do Brasil. Lula, depois de algumas eleições, finalmente chegou à Presidência da República em 2002, sendo reeleito em 2006. Podemos dizer que ele é um líder político e populista, pois a sua grande força está em seu poder de convencer a população de baixa renda pela sua história de vida. Segundo Houaiss (2001, p. 2261), o populismo é: • substantivo masculino 1. simpatia pelo povo �. Rubrica: literatura. corrente estética e literária que busca assuntos e temas para suas obras junto ao povo mais simples, que ali é retratado com simpatia �. Rubrica: política. denominação atribuída a diversos regimes políticos que surgiram na América Latina depois da crise de 1929, esp. na Argentina, com Juan Domingo Perón, e, no Brasil, com Getúlio Vargas, rompendo com as instituições democráticas, e cujas realizações concretas mais importantes foram: a diminuição do peso relativo das antigas oligarquias, esp. as rurais, a criação de legislação trabalhista que assegurou direitos aos trabalhadores, esp. os urbanos, a rápida industrialização, o nacionalismo como marca da política econômica nacional, o estatismo na economia, o crescimento da classe média �) Rubrica: política. Regionalismo: Brasil. a partir de c1980, doutrina e prática política, de esquerda ou de direita, que prega a defesa dos interesses das camadas não privilegiadas da população, mas que freq. se limita a ações de cunho paternalista, angariando dessa forma o apoio popular [Freq., o povo aglutina-se em torno da figura de um líder carismático.] Obs.: cf. demagogia e demagogismo 5) Rubrica: política. ação de natureza populista 5 Psicologia A10 Agora que você já relembrou líderes importantes no contexto nacional e mundial, vamos conhecer um caso de sucesso de um líder empresarial: o Caso Andréa Jung. Uma pessoa pode fazer diferença no desempenho de uma organização? Andréa Jung, presidente da Avon Produtos, está provando que sim. Jung entrou para a Avon em 1994, depois de ter trabalhado em empresas varejistas como a Neiman Marcus e a Bloomingdale’s. Sua função original na Avon era criar uma marca internacional. E foi o que ela fez. Jung integrou e padronizou a logomarca, as embalagens e a propaganda da empresa para criar uma imagem, um uniforme. Ela deu força ao atual slogan da organização “uma empresa para as mulheres”. Por causa de seu sucesso em melhorar o enfoque de marketing da Avon, Jung foi nomeada presidente de empresa pelo conselho de administração em novembro de 1999. A empresa que Jung assumiu tinha sérios problemas. Os dias de glória pareciam ter ficado para trás. Cada vez menos mulheres se candidatavam a atuar como representantes da empresa e as vendas diminuíam. Mas, apenas quatro semanas depois de assumir o cargo, Jung pôs em marcha um plano para reverter a situação. A Avon iria lançar uma linha totalmente nova de negócios, desenvolver produtos de forte apelo, vender seus produtos em lojas de departamento e expandir significativamente suas vendas internacionais. Ela aumentou em 46 por cento o orçamento do setor de pesquisa e desenvolvimento para permitir que os novos produtos fossem comercializados logo. Isto levou ao lançamento do Retroactive, um creme de rejuvenescimento que se tornou um sucesso imediato de vendas, além de uma linha nova de vitaminas e óleos terapêuticos. Ela trouxe uma nova vida para as revendoras Avon. Para reconstruir a força de vendas da empresa, Jung criou um programa de marketing que recompensa as revendedoras atuais que conseguirem novas representantes. Pela primeira vez, em muitos anos, o número de representantes de vendas da Avon aumentou. Finalmente, após um movimento agressivo no mercado internacional, cerca de dois terços do faturamento de 6,2 bilhões de dólares da Avon hoje vêm de fora dos Estados Unidos. Depois de quatro anos no cargo, a liderança de Jung, realmente, fez a diferença no desempenho da empresa. As vendas cresceram 4 % ao ano. Os lucros foram 20 por cento maiores em 2002. E o valor das ações da empresa subiu 99 por cento desde que Jung assumiu a presidência. (ROBBINS, 2005, p. 257 – 258). Fo nt e: < ht tp :/ /w w w .r ev is ta fa to rb ra si l.c om .b r/ ve r_ no tic ia .p hp ?n ot = 6 2 6 9 > . A ce ss o em : 9 o ut . 2 0 0 8 . Figura 1 – Andréa Jung (Presidente da Avon Products) Praticando... Procure pensar um pouco sobre a atuação das pessoas que você conhece no seu estágio ou trabalho, pode ser no seu próprio supervisor ou gestor e identifique se a forma dessas pessoas liderar é formal ou informal (Ex. colega de trabalho é liderança informal). 1 Resposta aqui � Psicologia A10 Comentando o caso... A história de Andréa Jung é exemplo de uma líder eficaz em uma empresa. A forma de liderar de Andréa fez toda a diferença para o sucesso da Avon, foi a responsável por tirar a empresa do caos e promover um aumento significativo no faturamento da empresa. E isso tudo foi feito com a administração de Andréa, a qual deve contar com uma equipe bastante competente. � Psicologia A10 Tipos de liderança Quando apresentamos líderes como Gandhi, Hitler e Lula você deve ter observado que existem diferenças na forma de liderar de cada um deles. Isto significa que podemos distinguir os tipos de líderes. Abaixo seguem alguns tipos de líderes: Liderança autocrática O líder é focado apenas nas tarefas. Este tipo de liderança também é chamado de liderança autoritária ou diretiva. O líder toma decisões individuais, desconsiderando a opinião dos liderados. Podemos pensar no exemplo de Hitler, o qual não estava preocupado em saber a opinião de seus liderados. Liderança democrática Conhecida também como liderança participativa ou consultiva, esse tipo de liderança é voltado para as pessoas e há participação dos liderados na tomada de decisão. Nesse tipo de liderança podemos pensar no atual presidente da República Lula, o qual tem uma equipe de pessoas qualificadas para ajudá-lo a gerir o Brasil, e suas decisões são baseadas na consultoria que o mesmo tem dessas pessoas. � Psicologia A10 Liderança liberal ou Laissez faire O líder liberal é aquela pessoa que não tem nenhuma preocupação com as pessoas nem com atarefa. Laissez-faire é uma expressão em francês que significa, literalmente, “deixai fazer, deixai ir, deixai passar”. Podemos pensar, como exemplo, um líder que não tem qualquer motivação ou responsabilidade para gerir pessoas. Pode acontecer conflitos e problemas na produção que o líder não se preocupa em resolver, deixa sempre para a equipe o problema. Leia o texto a seguir e responda à Atividade � Estilos de Liderança Constatamos que a liderança inclui a realização de objetivos com e através de pessoas, devendo, portanto, um líder ocupar-se das tarefas a serem realizadas e das relações humanas entre as pessoas que irão realizá-las. Daniel Goleman (2004) aponta que os executivos utilizam seis estilos de liderança, mas somente quatro dos seis têm efeito consistentemente positivo no clima e nos resultados, a saber: Estilo coercivo O estilo coercivo prega: “Faça o que digo” e ponto final. Esse estilo de liderança acaba se tornando o menos eficaz em muitas situações. A decisão extrema, de cima para baixo, de um líder, acaba com o nascimento de novas idéias de uma pessoa. As pessoas se sentem tão desrespeitadas que podem pensar: “Eu nem vou chegar a apresentar minhas idéias, porque sei que eles as derrubarão”. De forma similar, o senso de responsabilidade das pessoas evapora: incapazes de agir por sua própria iniciativa, elas perdem seu senso de posse e sentem pouco responsabilizadas por seus desempenhos. Estilo confiável O estilo confiável conduz para cima todos os aspectos do clima, ele encoraja: “Venha comigo”. As pessoas que trabalham para tais líderes entendem a importância do que fazem e o porquê. A liderança confiável também maximiza o compromisso com os objetivos e a estratégia da organização. Ao enquadrar a tarefa individual dentro de uma visão, o líder confiável define padrões que giram em torno dessa visão e, quando ele dá feedback de desempenho, seja positivo ou negativo, o único critério é se esses desempenhos favorecem a visão ou não. Um líder confiável determina o final, mas, geralmente, dá às pessoas suficiente espaço de ação para desenvolverem seus próprios meios além de liberdade para inovar, experimentar e assumir os riscos calculados. � Psicologia A10 Estilo agregador Já o líder agregador diz: “As pessoas vêm primeiro”. Esse estilo de liderança gira em torno das pessoas, pois propõe valores individuais e suas emoções mais do que tarefas e objetivos. O líder agregador aspira por manter os colaboradores felizes e cria harmonia entre eles. Além de ter um efeito acentuadamente positivo na comunicação, ele passa a controlar os funcionários através da construção de fortes laços emocionais e, então, colhe os benefícios dessa abordagem denominada intensa lealdade. O estilo conduz para cima a flexibilidade; amigos confiam um no outro, permitindo inovações. A flexibilidade também se eleva porque o líder agregador, como um pai que se ajusta às regras de um chefe de família para um adolescente em amadurecimento, não impõe desnecessárias censuras de como o funcionário consegue fazer o seu trabalho. Eles dão às pessoas a liberdade de fazer seu trabalho na forma que elas pensam ser a mais eficaz. Para um senso de reconhecimento e recompensa pelo trabalho bem-feito, o líder agregador oferece amplo feedback positivo e são mestres em construir um senso de propriedade. Eles são, por exemplo, passíveis de levar seus subordinados diretos para um almoço ou um drinque fora do trabalho, a fim de verificar como estão. Eles poderão trazer um bolo para comemorar um feito do grupo e são construtores de relacionamentos naturais. Estilo democrático Ao deixar os trabalhadores, por si só, terem uma palavra nas decisões que afetam seus objetivos e como fazer esse trabalho, o líder democrático conduz à elevação da flexibilidade e da responsabilidade, este é o líder democrático. Ele despende tempo para obter idéias das pessoas e abastecer-se, construindo confiança, respeito e compromisso. Ao ouvir as preocupações dos funcionários, o líder democrático aprende o que fazer para manter o moral alto. Mas o estilo democrático tem suas desvantagens, que determinam por que seu impacto no clima não é tão alto como alguns dos outros estilos. Uma das mais exasperadoras conseqüências podem ser as reuniões intermináveis nas quais as idéias são confundidas, o consenso permanece evasivo e o único resultado visível é marcar mais reuniões. Alguns líderes democráticos usam o estilo de adiar a tomada de cruciais decisões por temer que tantas coisas discutidas exaustivamente venham a provocar uma percepção cega. Na verdade, seu pessoal termina por se sentir confuso e sem líder. Esse tipo de abordagem pode até mesmo agravar conflitos. Estilo agressivo O estilo agressivo tem seu lugar no repertório do líder, mas deve ser usado de forma reduzida, pois sua marca de agressivo parece admirável. O líder estabelece padrões de desempenho extremamente altos e exemplifica a si mesmo neles. Ele é obsessivo a respeito de como fazer as coisas melhor e mais rápidas, e pede o mesmo de todos em torno dele. Com rapidez ele aponta, com exatidão, os desempenhos medíocres e exige mais dessas pessoas e se eles não se elevarem com a oportunidade, o líder os substitui por pessoas que possam fazer. Esse estilo pode destruir climas, pois muitos 10 Psicologia A10 funcionários podem se sentir sobrepujados pelas exigências agressivas por excelência, e seu moral cai. As linhas de direção de trabalho devem estar bem nítidas na cabeça dos líderes, mas elas não se expressam claramente; eles esperam que as pessoas saibam o que fazer e até mesmo pensam: “Se eu tiver que dizer a você, você é a pessoa errada para o trabalho”. Sendo assim, o trabalho não se torna uma questão de fazer o melhor em um claro percurso, mas de adivinhar subseqüentemente o que o líder quer. Em contrapartida, as pessoas quase sempre sentem que o agressivo não confia nelas para trabalhar por sua própria conta ou para tomar iniciativas. Acreditamos que, infelizmente, uma abordagem ou um estilo como esse pode até melhorar os resultados, mas na somatória de todos os aspectos como sentimentos das pessoas e liberdade de criar não melhoram, abafam. Estilo conselheiro Nas organizações esse estilo é o menos presente. Os líderes conselheiros ajudam os funcionários a identificar suas forças e fraquezas exclusivas e atá-las às suas aspirações pessoais e de carreira. Eles encorajam os funcionários a estabelecer um desenvolvimento de objetivos de longo prazo e os ajudam a idealizar um plano para alcançá-lo. Muitas vezes fazem acordos com seus funcionários a respeito de seus papéis e responsabilidades em desempenhar planos em desenvolvimento e dão suficiente instrução e feedback. Os líderes conselheiros sobressaem na delegação de poderes; eles dão aos funcionários tarefas desafiadoras, mesmo que isso signifique que as missões não serão executadas rapidamente. Em outras palavras, esses líderes concordam em erguer com falha em curto prazo se isso promover um aprendizado no longo prazo. O foco do líder conselheiro, antes de tudo, é no desenvolvimento pessoal, não em tarefas imediatas relacionadas ao trabalho. Uma característica marcante desse estilo de liderança é empregar a flexibilidade. Quando um funcionário sabe que seu chefe o observa e se preocupa com o que ele faz, sente liberdade para experimentar. Afinal, ele tem certeza de conseguir feedback rápido e construtivo. Similarmente, o progressivo diálogo do conselheiro garante que as pessoas saibam o que é esperado delas e como seu trabalho se encaixa na visão da empresa, conseqüentemente, melhora os resultados. (SILVA; SILVA; SILVA, 2008, p. 4 – 7). 11 Psicologia A10 Praticando... Agora que você já sabe os tipos de líderes mais conhecidos, ou seja, os tradicionais, procure exemplos de líderes no site <www.netsaber.com.br/biografias> e classifique de acordo com os estilos de liderança sugeridos no texto acima (ex.: estilo de líder democrático: Tancredo Neves) Estilo de líder Nome do líder 1 - coercitivo 2 - confiável 3 - agregador 4 - democrático 5 - agressivo 6 - conselheiro � Habilidades necessárias ao líder Liderar é uma atividade que requer diferentes habilidades, as quais devem ser colocadas em prática para que tenhamos sucesso na arte de liderar. Abaixo temos habilidades importantes para o líder se relacionar com as pessoas no ambiente de trabalho. 1� Psicologia A10 Habilidade para observar Para Fiorelli (2004), o bom observador é paciente; busca os detalhes; respeita a privacidade e persegue a neutralidade. Vejamos o exemplo citado pelo autor sobre um analista de Recursos Humanos. Um analista de Recursos Humanos observou que, em determinada área da organização, as substituições de profissionais aconteciam, com maior freqüência, com pessoas negras ou morenas. Constatou-se que o supervisor identificava falhas de comportamento com maior freqüência entre esses profissionais. Pesquisando em profundidade, concluiu- se que, inconscientemente, o supervisor proporcionava orientação (feedback) menos precisa a esses profissionais, tornando-os mais susceptíveis de incorrerem em erros nas tarefas. Como as contrações eram realizadas por terceiros, sob supervisão da área de recursos humanos, esse comportamento do supervisor não chegava a interferir na escolha dos profissionais, mas afetava a permanência deles na organização. (FIORELLI, 2004, p. 213) Habilidade para escutar Já diz o ditado popular “temos dois ouvidos e uma boca” como uma forma de revelar a importância do ouvir as pessoas, e como líder essa habilidade se faz ainda mais necessária, pois a responsabilidade de administrar um negócio envolve pessoas. Você, como líder, será o responsável por manter um bom clima de trabalho, motivar membros do grupo, incentivar o trabalho em equipe e acima de tudo mostrar aos seus liderados que eles são importantes para você e isso será demonstrado quando você escutar com atenção as opiniões, sentimentos, angústias e desejos da sua equipe. Habilidade para falar O líder deve ser o mais claro e objetivo possível em sua fala com a sua equipe. Dar feedback aos seus liderados ajuda os mesmos a compreenderem quais são as expectativas em relação ao seu trabalho. Um líder não deve ter vergonha em falar o que pensa sobre o trabalho do seu colaborador. Saber a hora e o local adequado para falar com seus liderados também é papel de cada gestor. Empatia Além de saber ouvir e falar, o líder precisa ter sensibilidade para compreender os membros da sua equipe e, para isso, precisa demonstrar empatia pelos mesmos. 1� Psicologia A10 Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro sem se envolver emocionalmente. Por exemplo, quando um líder percebe que um dos seus colaboradores está chegando atrasado todos os dias ao trabalho, faz-se necessário se colocar no lugar do outro para procurar entender. Mas, vamos imaginar que o motivo de chegar atrasado seja o fato de não conseguir pegar o ônibus porque o funcionário não acorda a tempo de tomar o primeiro ônibus para o trabalho, o que gera um atraso diário de 20 a 30 minutos. Ao final do mês totaliza menos 5 horas de trabalho. O líder vai precisar administrar essa situação mostrando ao seu colaborador a sua responsabilidade de chegar, no horário, ao trabalho. Congruência Segundo Fiorelli (2004), o líder desempenha, querendo ou não, o papel de modelo para o liderado. E por essa razão faz-se necessário manter uma congruência entre a fala e ação diante da sua equipe de trabalho. Para o líder obter respeito e admiração dos seus liderados, precisa fazer jus ao cargo que exerce. Por exemplo, se o seu líder diz para você que a ética profissional é imprescindível ao bom desenvolvimento do trabalho, mas você percebe que ele adora ficar conversando sobre a vida pessoal dos seus liderados no ambiente de trabalho, ele não será para você um modelo como líder. Dar e receber feedback Cabe aos líderes a missão de dar e receber feedback, pois só assim vai ser possível acompanhar o desenvolvimento dos membros de sua equipe no trabalho e saber o que os seus liderados pensam sobre a atuação dele como líder. Feedback é um assunto que foi estudado em nossa aula sobre comunicação interpessoal. Para maiores esclarecimentos, você pode rever a aula citada. Expressão corporal Você deve conhecer o ditado que diz “o corpo fala”. Podemos complementar dizendo: “o corpo fala, nós é que não sabemos escutar”. O papel de líder é estar atento às mensagens corporais como gestos, silêncio excessivo, choro sem motivo, tiques nervosos ou qualquer comportamento diferente do habitual, são formas de expressão das emoções e sentimentos das pessoas e muitas vezes passam despercebidos pelo líder. Sabemos que o corpo pode falar até mais que a fala da pessoa, pois é uma mensagem implícita, por exemplo, se eu estou com raiva de você eu posso demonstrar isso sem usar a fala, mas com meu silêncio (expressão corporal). 1� Psicologia A10 Habilidade para orientar Ao líder cabe a habilidade diária de orientar, a qual resume todas as outras habilidades. Como diz Fiorelli (2004), orientar compreende: a) Identificar o que deve ser comunicado ao liderado. b) Utilizar a forma adequada de promover a comunicação. O como possui tanta importância quanto o conteúdo. c) Comunicar no momento adequado; não adianta dar uma bronca no colaborador na frente dos clientes. d) Diagnosticar o motivo para que a orientação possa e deva ser feita, ou seja, o colaborador precisa saber qual a razão da orientação. e) A escolha apropriada do local; os líderes tratam novos ou delicados assuntos em locais especiais. Isso favorece a memorização, desperta a atenção das pessoas e cria associações de idéias. Praticando... Faça uma entrevista com alguém de quem você tem conhecimento e que assume cargo de liderança na empresa em que trabalha (ex. seu supervisor de estágio, seu gestor ou um amigo) sobre quais são as principais características que um líder deve possuir. Liste as características e compare com as listadas na aula. � Resposta aqui 15 Psicologia A10 Leitura complementar BOWDITCH, James L.; BUONO, Anthony F. Elementos de comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira, 2002. Neste livro você encontrará um capítulo sobre a liderança e o gerente, o qual faz relações entre liderança e poder, teorias de liderança e liderança e gerência. Auto-avaliação Nesta aula, estudamos que a liderança é a capacidade de uma pessoa influenciar outras pessoas e que cada pessoa tem uma forma própria de liderar. Entre os principais tipos de líderes temos: autocráticos, democráticos e liberais. Liderar é uma atividade que envolve o desenvolvimento de várias habilidades, tais como: habilidade para observação; escutar; falar; empatia; congruência; dar e receber feedback; expressão corporal e habilidade para orientar os liderados. Qual o conceito de liderança? Como você diferencia o líder autocrático, do líder democrático e do liberal? Dê exemplos. Quais as habilidades necessárias ao líder? 1. �. �. Anotações 1� Psicologia A10 Referências FIORELLI, José Osmir. Psicologia para administradores: integrando teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. HOUAISS, Antônio. Minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. SILVA, Elias Eduardo Bernardo da; SILVA, Luiz Augusto Santana da; SILVA, Marcus Danilo Ferreira da. Liderança emocional: sua contribuição para a gestão de pessoas. São Paulo: CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI, 2008. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/producao_academica/lideranca_emocional_sua_contribuicao_para_a_gestao_ de_pessoas/�15/>. Acesso em: 9 out. 2008. 11 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Confl itos PSICOLOGIA Andréa Carla Ferreira de Oliveira Psi_A11_Z_RF_261108.indd Cp1Psi_A11_Z_RF_261108.indd Cp1 26/11/2008 10:48:4326/11/2008 10:48:43 Coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Psi_A11_Z_RF_261108.indd Cp2Psi_A11_Z_RF_261108.indd Cp2 26/11/2008 10:48:4726/11/2008 10:48:47 Você verá por aqui ... 1 Psicologia A11 Objetivo O que são confl itos interpessoais e intergrupais; a classifi cação dos tipos e os diferentes níveis de um confl ito, como administrá-lo de forma efi caz e qual a melhor estratégia para resolução do confl ito. É importante que possamos, nesta aula, fazer relações com a aula anterior (liderança), pois como líderes, muitas vezes, precisamos administrar confl itos no ambiente de trabalho. O confl ito faz parte da nossa vida, o importante é aprender a conviver com as diferentes pessoas com respeito. Assim poderemos aprender a administrar os confl itos de maneira responsável e com transparência. Conceituar confl ito. Classifi car os tipos de confl ito. Identifi car os níveis do confl ito. Diferenciar as estratégias de resolução do confl ito. � � � � Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt1Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt1 26/11/2008 10:48:4726/11/2008 10:48:47 2 Psicologia A11 Para início de conversa... Todos os dias, os jornais noticiam uma variedade de confl itos interpessoais e grupais, como exemplo, a guerra entre países como Iraque e EUA, representada na fi gura acima, em que vemos um soldado americano percorrendo determinada área da cidade de Bagdá, capital do Iraque. Confl itos também ocorrem no nível familiar ou em qualquer outro ambiente. A exemplo, pais que por alguma razão matam seus fi lhos e vice-versa, brigas entre casais que levam à morte de um deles ou, na empresa, colegas de trabalho que não se falam por divergências de idéias. Mas afi nal, e você? Possui confl itos no seu ambiente escolar, de trabalho ou familiar? Provavelmente sim, pois os confl itos estão em toda parte. Não necessariamente ter um confl ito é uma coisa ruim, o importante é aprender a resolver o confl ito. Fonte: <http://asnovidades.com.br/2007/fotos-da-guerra-do-iraque>. Acesso em: 1 out. 2008. Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt2Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt2 26/11/2008 10:48:5026/11/2008 10:48:50 3 Psicologia A11 Defi nição de confl ito A idéia de confl ito nos remete à idéia de um problema, uma difi culdade que temos com uma ou mais pessoas. De acordo com o dicionário da língua portuguesa, confl ito signifi ca divergência; enfrentamento; guerra; luta (HOUAISS; VILLAR, 2001). Já o confl ito intergrupal se refere a divergências ou discordâncias entre os membros ou representantes de dois ou mais grupos, quanto à autoridade, às metas, aos territórios ou recursos. O confl ito pode ocorrer devido a uma série de razões: disputa de papéis, escassez de recursos, mal-entendidos, diferenciação de tarefas e orientações diferentes em relação a tempo, estrutura e relações interpessoais (BOWDITCH, 2002). Entre exemplos de confl itos no ambiente de trabalho podemos listar vários, desde mal-entendidos entre colegas ou entre gestores, assim como há pessoas que brigam para serem promovidas na empresa que trabalham, muitas vezes de forma desrespeitosa e agressiva; setores que divergem por falta de material sufi ciente para realizar alguma tarefa, sem falar nas reuniões de trabalho em que são comuns divergências entre as pessoas presentes. Como fruto dessas discordâncias podemos ter o lado bom do confl ito, ou seja, a tentativa da resolução do mesmo, pois o confl ito não é totalmente negativo como imaginamos, podemos sim, ter boas soluções para possíveis discordâncias. De uma reunião com diferentes opiniões e até divergências entre as pessoas pode-se ter boas idéias, como a solução para resolver o aumento da produtividade sem aumentar em demasia a jornada dos trabalhadores ou ainda como vender aquele produto de maior valor na loja. Essa é uma forma inteligente de resolver o problema, agora imagine se temos o confl ito e fi camos com ele só para nós mesmos. Ele não será resolvido, o que acontece é até ignorar, mas ele vai fi car lá dentro, no canto dele. Ainda, como exemplo do tema no ambiente de trabalho, imagine você e seu colega de setor que, por uma razão qualquer, têm um confl ito e, como forma de resolução do mesmo, resolvem não mais manter contato, rompem totalmente. Será que essa forma de administrar o confl ito será a mais adequada? Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt3Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt3 26/11/2008 10:48:5326/11/2008 10:48:53 4 Psicologia A11 Os tipos de confl ito Os conflitos são classificados como intrapessoal, interpessoal, intragrupal e intergrupal. a) Confl ito intrapessoal O confl ito intrapessoal ocorre dentro da nossa mente. O prefi xo intra vem do latim e signifi ca dentro. Veja um exemplo de um confl ito intrapessoal no diálogo abaixo: O menininho Era uma vez um menininho. Ele era bastante pequeno. Sua escola era grande. Mas quando o menininho descobriu que podia ir à sua sala caminhando pela porta da rua, ele fi cou feliz. E a escola não parecia tão grande quanto antes. Uma manhã, quando o menininho estava na escola, a professora disse: – Hoje nós iremos fazer um desenho. – Que bom, pensou o menininho. Ele gostava de fazer desenhos. Ele podia fazê-los de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos. Ele pegou sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar. Mas a professora disse: – Espere. Ainda não é hora de começar. E ela esperou até que todos estivessem prontos. – Agora, disse a professora, nós iremos desenhar fl ores. – Que bom, pensou o menininho. Ele gostava de desenhar fl ores e começou a desenhar fl ores com lápis rosa, laranja e azul. Mas a professora disse: Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt4Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt4 26/11/2008 10:48:5526/11/2008 10:48:55 5 Psicologia A11 – Esperem, vou mostrar como fazer. E a fl or era vermelha de caule verde. – Assim – disse a professora – Agora vocês podem começar. Então, ele olhou para sua fl or. Ele gostaria mais da sua fl or, mas não podia dizer isso. Ele virou o papel e desenhou uma fl or igual à da professora – uma fl or vermelha com caule verde. Em outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse: – Hoje iremos fazer alguma coisa com o barro. – Que bom, pensou o menininho. Ele gostava de barro. Ele pensou que podia fazer todos os tipos de coisas com o barro, elefante, camundongos, carros e caminhões. Ele começou a amassar a sua bola. Mas a professora disse: – Esperem, não é hora de começar. E ela esperou que todos estivessem prontos. – Agora – disse a professora – nós iremos fazerum prato. – Que bom, pensou o menininho – ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos. A professora disse: – Esperem, vou mostrar como se faz. E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo. – Assim – disse a professora – agora vocês podem começar. O menininho olhou para o seu prato. Ele gostava mais do seu prato do que do da professora, mas ele não podia dizer isso. Ele amassou o seu barro numa grande bola novamente e fez um prato igual ao da professora. Era um prato fundo. E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e olhar, e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo, ele não fazia mais coisas por si próprio. Foi então que o menininho e sua família se mudaram para outra casa, em outra cidade, e o menininho tinha que ir para outra escola. Esta escola era ainda maior que a primeira. E não havia porta da rua para a sua saída. Ele tinha que subir degraus, até a sua sala. E no primeiro dia, ele estava lá e a professora disse: – Hoje nós vamos fazer um desenho. – Que bom, pensou o menininho – e ele esperou que a professora dissesse o que fazer. Mas a professora não disse nada. Ela apenas andava na sala. Veio até o menininho e disse: – Você não quer desenhar? – Sim – disse o menininho– mas o que vamos desenhar? – Eu não sei, até que você faça – disse a professora. – Como posso fazer? – perguntou o menininho. – Da que maneira que você gostar – disse a professora. – E de que cor? – perguntou o menininho. – Se todo mundo fi zer o mesmo desenho e usar a as mesmas cores, como eu posso saber quem fez o quê? E qual o desenho de cada um? – Eu não sei, disse o menininho. E começou a desenhar uma fl or vermelha de caule verde. (ANDRADE, 1999, p.109 - 111). Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt5Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt5 26/11/2008 10:48:5626/11/2008 10:48:56 6 Psicologia A11 Comentando... Você deve ter percebido a angústia do menininho no primeiro momento, quando ele imaginava um desenho da forma dele e a professora da primeira escola determinava quais os desenhos e cores para colorir os mesmos. O menininho fi cou em confl ito consigo: seguir um desejo e usar as cores da sua preferência ou seguir as ordens de colorir com o vermelho e o verde ditos pela professora? E, no segundo momento, quando o menininho vai para uma escola maior, depara mais uma vez com outro confl ito intrapessoal, pois acostumado a receber instruções da primeira, esperava que a outra professora tivesse o mesmo comportamento, quando, para sua surpresa, a mesma o deixa livre para desenhar e pintar. Mais uma vez o confl ito se instala: o que fazer diante de posturas diferentes das professoras? O menininho foi tolhido de sua liberdade pela primeira professora e salvo pela segunda, a qual tinha sensibilidade para estimular a criatividade das crianças e não transformá-las em robôs. b) Confl ito interpessoal O confl ito interpessoal, como falamos, anteriormente, é quando temos duas ou mais pessoas. O prefi xo inter vem do latim e signifi ca entre. Aqui estamos classifi cando o confl ito em relação ao tipo, apenas. Se você tem confl itos com colega de trabalho ou em casa, com sua mãe, dizemos que é do tipo confl ito interpessoal. c) Confl ito intragrupal Como o próprio nome diz, é quando existem pessoas dentro de um grupo que apresentam divergências, opiniões diferentes em relação a algum assunto. Podemos pensar na escola, em confl ito entre pessoas de uma mesma sala na escolha do representante de sala de aula. Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt6Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt6 26/11/2008 10:48:5626/11/2008 10:48:56 7 Psicologia A11 d) Confl ito intergrupal Esse confl ito ocorre quando temos dois ou mais grupos com um problema a ser resolvido. Podemos pensar nos jogadores de futebol quando estão em campo e nos torcedores nas arquibancadas, quando é notória a loucura que é ir assistir a um jogo em um estádio de futebol, pois é comum a ocorrência de brigas entre torcedores de times opostos, espancamentos entre os mesmos, latas de cerveja jogadas de um lado da torcida para a outra e até mesmo pessoas que já morreram em virtude de confl itos entre torcedores e com a polícia, que na tentativa de colocar ordem, muitas vezes, também agride torcedores. Podemos pensar ainda nos jogadores em campo. Eles também servem de exemplo aos torcedores, pois brigam com o time adversário, agridem fi sicamente, sem respeitar as regras do jogo, desrespeitam os juízes como algo normal, levam advertência e suspensões em campo. Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt7Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt7 26/11/2008 10:48:5726/11/2008 10:48:57 8 Psicologia A11 Praticando... 1 � Agora que você já estudou sobre os tipos de confl ito, procure pensar na sua vida, na sua relação com os seus colegas, amigos mais próximos, professores, familiares e faça uma auto-refl exão com base nas questões abaixo: Você tem confl itos? Se sim, qual o tipo de confl ito que você tem? 2. Como você lida com seus confl itos? (Ex. não fala no assunto; briga; fi ca passivo diante do confl ito) 1. Os níveis do confl ito O confl ito é verifi cado em diferentes níveis: latente, percebido, sentido, manifestado e o desfecho. Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt8Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt8 26/11/2008 10:48:5926/11/2008 10:48:59 9 Psicologia A11 Confl ito latente O confl ito latente pode-se dizer que existe, mas não é dito, porque não é percebida a sua existência por quem o detém. Podemos pensar em pessoas que não se identifi cam com o trabalho que executam, mas não têm consciência disso, então chegam atrasados todos os dias, faltam ao trabalho por adoecerem freqüentemente, sem aparente razão para a incidência de doenças. O confl ito está lá, mas escondido, não é percebido nem sentido ainda. Confl ito percebido Já no confl ito percebido, a pessoa sabe da existência dele ou as duas partes, mas não querem resolvê-lo, talvez por não incomodar o sufi ciente as pessoas envolvidas. Por exemplo, um gestor do setor do almoxarifado que não comunicar ofi cialmente a direção da empresa o fato do estoque não ser sufi ciente para uso interno dos setores. O gestor sabe do problema e a direção também, ou melhor, é percebido por ambos. Mas por que não é dito ou resolvido? Isso pode ocorrer por razões diversas, tais como: o gestor pode ter receio de ser mal interpretado, de ser visto como irresponsável, por não estar sabendo gerir o estoque que lhe é confi ado. Assim, o gestor que tem o problema fi ca o máximo que puder com essa informação, até muitas vezes isso gera confl itos entre o setor do almoxarife e outros setores da empresa por falta de abastecimento sufi ciente ou a própria direção não se posiciona para não ter que demitir o seu gestor, o qual é muito antigo na empresa e pessoa de confi ança dos diretores ou para evitar o aumento de gastos com material de expediente. Aqui não teremos como ter essa resposta, pois cada empresa tem sua realidade própria, sua cultura e seus valores, e as pessoas que compõem seu quadro de colaboradores também possuem seus valores e sua maneira de ver o mundo e as pessoas à sua volta e vão administrar o confl ito da forma que avaliarem ser o mais adequado. O confl ito percebido pode acompanhar o confl ito latente ou não. Confl ito sentido O confl ito sentido é muito parecido com o confl ito percebido, as partes percebem, mas não fazem nada a respeito. Segundo Bowditch (2002), é muito comum como resultado desse confl ito a tensão e o stress. O exemplo a ser dado pode ser o mesmo do confl ito percebido. Confl ito manifestado Esse nível de confl ito é exatamente aquele que o leigo imagina, ou seja, quando se pensa em confl ito no senso comum, há a associação com brigas entre pessoas e Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt9Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt9 26/11/2008 10:48:5926/11/2008 10:48:59 10 Psicologia A11entre grupos. Não é comum que as pessoas leigas imaginem o confl ito nos níveis citados anteriormente, como no caso do confl ito latente. No confl ito manifestado, a agressividade está explícita, os comportamentos são assumidos como tais. Essa agressão explícita pode variar desde a resistência passiva branda, passando pela sabotagem, até o confl ito físico real. (BOWDICTH, 2002, p. 111). Desfecho do confl ito Acontece como resultado do mesmo, quando o confl ito é efetivamente solucionado, o que é a maneira mais salutar de lidar com ele, temos uma satisfação das partes, pois conseguiram resolver o mesmo. E se o confl ito não chegar a uma solução satisfatória, volta-se a uma das etapas anteriores, o que podemos pensar em um confl ito como cíclico. Ex.: uma briga de vizinhos em virtude do volume excessivo do som da casa de um deles. O confl ito pode ser percebido e manifestado por uma das partes. Mas imaginemos que o seu vizinho não chega a um consenso com você em relação ao volume do som, você resolve levar o confl ito à justiça, e o juiz, na tentativa de mediar, vai propor um desfecho a esse confl ito, que pode ser respeitado e satisfatório para as partes ou uma das partes pode simplesmente desrespeitar a decisão judicial e continuar ouvindo música eletrônica no volume máximo, mas sujeito a punições da justiça pelo desrespeito. Praticando... 2 � Faça uma auto-refl exão em relação aos seus confl itos, pois, como vimos, eles fazem parte da nossa vida, não estamos imunes a eles. Pare um pouco e pense em um confl ito que você tem e procure identifi car qual o nível em que está o seu confl ito. Para ajudar na atividade, descreva-o nas linhas abaixo e depois classifi que-o quanto ao nível. Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt10Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt10 26/11/2008 10:48:5926/11/2008 10:48:59 11 Psicologia A11 Estratégias para resolução de um confl ito Não temos como afi rmar qual estratégia você deve usar para resolver o seu confl ito, pois sabemos que cada pessoa vai vivenciar o mesmo da forma que julgar como a mais apropriada, mas faz-se necessário uma refl exão sobre os estilos básicos de gestão de confl ito: fugir, lutar ou solucionar. Você tem opção de simplesmente evitar o confl ito fugindo dele ou ignorando-o; lutar em buscar a resolução do confl ito e mesmo assim não chegar a uma solução ou de fato solucionar o seu confl ito. Nossa intenção, neste tópico, é levar você a refl etir sobre como você administra seus confl itos. E para isso sugerimos a leitura do artigo abaixo e uma refl exão sobre possíveis estratégias para resolução de um confl ito. Você Sabe Administrar Confl itos? Onze Dicas para Você Lidar com Confl itos Efi cazmente (Por Ernesto Artur Berg) 1. Procure soluções, não culpados. É evidente que todo problema ou confl ito tem uma causa, e, se você procurar, vai encontrar o culpado também. Mas, ao fazer isso, estará também desviando preciosa energia e tempo na caça às bruxas, em vez de se concentrar na solução que, a rigor, é a única saída para o desentendimento. Focalize sua atenção nos ganhos da solução e esqueça a sessão de acusações mútuas. Olhe um nível acima, concentre as pessoas nas metas (é o que elas mais deveriam ter em comum), enfoque as convergências (não as divergências), comprometa as pessoas na busca da melhor solução, encare isso de forma objetiva e também positiva. Só depois fale a sós com o causador do incidente (se houver um e puder identifi cá-lo), mostrando-lhe a inadequação da atitude e os resultados disso. Grande parte das vezes uma conversa sincera, respeitosa e objetiva evitará a repetição do ocorrido, desde que as causas sejam tratadas. 2. Analise a situação. A. Faça as seguintes perguntas: QUAL é realmente o problema?, QUEM está envolvido?, O QUE aconteceu?, Desde QUANDO vem ocorrendo?, ONDE aconteceu o desentendimento (em que departamento, setor, área geográfi ca etc.)?, POR QUE ocorreu o confl ito?, Poderia ter sido evitado? B. Busque alternativas de solução. Aponte as opções que você julgar mais plausíveis para resolver o confl ito. C. Escolha a melhor alternativa com base nas informações à sua disposição. D. Implante e avalie. Ao implantar a solução, faça acompanhamentos periódicos para detectar eventuais desvios de rotas, promovendo reuniões com os envolvidos. Os passos b, c e d poderão também ser realizados com os envolvidos, desde que haja abertura e clima propício para isso. Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt11Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt11 26/11/2008 10:48:5926/11/2008 10:48:59 12 Psicologia A11 3. Mantenha um clima de respeito. Ao dialogar com a(s) parte(s) envolvida (s), mantenha sempre um clima de respeito e consideração, pois essa será a plataforma que sustentará o entendimento. Evite todo o tipo de sarcasmo, ironia ou agressividade, pois funcionarão como combustível para aumentar a fogueira. 4. Aperfeiçoe a habilidade de ouvir e falar. Não interrompa quando a outra pessoa estiver se explicando, saiba ouvir e ouça também as entrelinhas, isto é, o que ela não está dizendo, mas insinuando por gestos, tom de voz e postura. Assim descobrirá muito além das aparências. Faça perguntas que levem ao esclarecimento do problema. Mesmo que em circunstâncias normais não se deve interromper quem fala, se a outra pessoa não consegue desenvolver seu pensamento, ou estiver se desviando do assunto ou ainda se expressando com difi culdade, interrompa fazendo perguntas objetivas que recoloquem o diálogo nos trilhos. Pergunte qual é a sugestão da outra pessoa para sanar o confl ito. 5. Seja construtivo ao fazer uma crítica Evite a armadilha da personalidade, usando frases diretas e acusativas do tipo: “Você só sabe trabalhar para si e não ajuda ninguém” ou “Você me prejudicou de propósito”. As pessoas sentem-se acusadas e colocam-se na defensiva quando ouvem frases como “Você fez isso” ou “Você errou aquilo”. Concentre-se no problema ou comportamento e não na personalidade das pessoas. No primeiro exemplo anteriormente dado, uma outra forma de abordagem poderia ser: “Seu comportamento de afastar-se do grupo trem trazido problemas quanto ao cumprimento de prazos do setor”. No segundo exemplo, a frase poderia ser: “Sua atitude acabou me prejudicando”. Evite também críticas vagas ou malfeitas do tipo: “Seu trabalho tem deixado muito a desejar”. É algo muito impreciso: por isso fale de modo específi co: “A pontualidade é algo muito importante para mim, e o seu relatório foi concluído com dois dias de atraso. Além disso, o item 5 não faz menção às novas datas estipuladas pelo cliente, conforme os dados que lhe repassei anteriormente”. Da mesma forma, quando alguém lhe dirigir críticas vagas, solicite esclarecimentos “Você é muito negativo” ou “Seu trabalho está abaixo da média” não dizem muito. Pergunte então: “Onde o meu comportamento é negativo?” ou “Onde o meu trabalho está abaixo da média? Eu gostaria de saber para melhorar”. 6. Procure a solução Ganha-Ganha O ganha-perde ou perde-perde são as piores formas de solucionar confl itos. Sempre restarão alguns estilhaços doloridos, aguardando a melhor hora para o contra-ataque. Procure a relação ganha-ganha em que ambos os lados saiam ganhando, sem impor ou humilhar a outra parte. Os confl itos não são casuais. Eles ocorrem quando as pessoas sentem-se frustradas ou humilhadas, ignoradas, não reconhecidas, injustiçadas, inseguras, traídas ou algo assim. Por outra lado – felizmente - as pessoas evitam confl itos e tornam-se cooperativas sempre que percebem algo de vantajoso para elas ou para o grupo. As pessoas Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt12Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt12 26/11/2008 10:48:5926/11/2008 10:48:59 13 Psicologia A11 cooperativas são aquelas que têm algo a ganhar com isso, e grande parte das vezes não se trata de dinheiro. Elas podem querer, por exemplo, segurança,estabilidade, reconhecimento, promoção, crescimento pessoal, harmonia em equipe, desafi os profi ssionais, elogio etc. Mostre, portanto, à outra parte o que ela tem a ganhar com a solução do confl ito (ou o que ela tem a perder se perdurar) e terá dado um grande passo para a solução do desentendimento. 7. Aja sempre no sentido de eliminar confl itos Existem muitos métodos para eliminar comportamentos de resistência. Você poderá utilizar um ou vários desses métodos para resolver impasses com colegas ou subordinados: A. Mostre um exemplo de sucesso. Exemplifi que como o mesmo problema foi enfrentado pela pessoa X ou pelo Departamento A e que a solução foi encontrada utilizando o mesmo processo a ser agora adotado, provando, assim, sua efi ciência. B. Dê uma garantia. Garanta que, se o novo layout, a nova tecnologia, ou seja lá o que for, não der certo dentro de um determinado prazo (quinze dias, um mês etc.), então será adotado o sistema antigo ou algum outro. C. Faça uma Demonstração. Há resistências quanto a um novo equipamento ou um novo sistema?Use-o ou faça-o você mesmo funcionar (ou alguma outra pessoa que entenda disso) e mostre os resultados positivos. D. Tente Simplesmente Ouvir. Ouça os argumentos da outra parte amistosamente. Ao terminar o que ela tem a dizer, experimente persuadi-la por meio de uma argumentação seqüenciada e lógica. 8. Evite preconceitos Preconceitos são, talvez, os piores bloqueadores na administração de confl itos. Estão relacionados com valores e crenças profundamente arraigados no íntimo das pessoas. A própria palavra preconceito explica o seu signifi cado: pré-conceito, isto é, conceito prévio. O conceito já está previamente embutido e cristalizado na mente da pessoa, atuando como um clichê ou rótulo, sempre que determinado assunto é abordado. Suspende-se o julgamento (um dos dons mais preciosos do ser humano) e aciona-se o piloto automático, que passará então a comandar os pensamentos a respeito do tema ou da situação enfrentada. Os preconceitos mais comuns estão relacionados à cor, religião, sexo, nacionalidade, idade, ideologia política, defi ciência física e mental. É difícil libertar-se desses estereótipos, mas uma das melhores armas contra eles é imbuir-se e conscientizar-se de que cada caso é um caso e cada pessoa é uma pessoa, e que o problema deve ser administrado dentro de sua realidade única e específi ca, por mais parecido que possa ser com casos semelhantes do passado. Toda pessoa é única (não existem duas iguais, por mais semelhanças que possam ter) e todo confl ito é singular, pois os fatores que o originaram nunca são totalmente idênticos e, se o são, os desdobramentos poderão tomar rumos inusitados. Pense nisso da próxima vez em que tiver de solucionar um confl ito sobre Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt13Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt13 26/11/2008 10:48:5926/11/2008 10:48:59 14 Psicologia A11 o qual você ache que já sabe tudo a respeito por já ter enfrentado situações iguais e pessoas parecidas. 9. Mantenha a calma Mantenha a calma, não reaja mal às más-notícias e, sobretudo, não se irrite se alguém discordar de seu ponto de vista. Administrar confl itos signifi ca também administrar a si mesmo e ao seu humor. Ambigüidades, incertezas e atitudes passionais fazem parte do processo confl itual, principalmente nos estágios mais agudos. Mantenha a cabeça fria e segure a mão fi rme no leme, sem perder o controle da situação, e tenha uma atitude de tranqüilidade e confi ança. Devido a essa postura, os outros aceitarão sua liderança e passarão a confi ar em você. Escolha sempre o momento mais adequado para tratar do assunto confl itante. Conserve o objeto da discórdia exclusivamente entre os envolvidos, e abstenha-se de fazer propaganda, fofoca ou lançar boatos a respeito. Se a situação estiver muito confusa e os ânimos exaltados, às vezes é bom dar um tempo, para que as cabeças esfriem. Convoque uma reunião para mais tarde ou para o dia seguinte e, enquanto isso, faça o seu dever de casa e analise bem a situação para estabelecer sua estratégia de abordagem. 10. Quando estiver errado, reconheça o erro Isso não vai diminuí-lo ou torná-lo vulnerável, como muitos supõem. Pelo contrário, você provocará o respeito dos outros por demonstrar que o seu interesse não é provar que você é perfeito ou infalível, mas sim buscar a melhor solução para o confl ito, mesmo que, para isso, você tenha que admitir que cometeu um erro. 11. Não varra os problemas para debaixo do tapete Se houver um confl ito enfrente-o, usando para isso a abordagem que melhor se coadune com o momento. Não ignore a situação, nem contemporize achando que o tempo sanará o desentendimento. O tempo quase sempre só agravará a discórdia. Pode, no entanto, haver situações especiais em que é mais vantajoso não encarar o confl ito do que enfrentá-lo, pois a relação custo-benefício seria desfavorável. Neste caso use o seu bom senso para discernir quando fazê-lo. (BERG, 2007, extraído da Internet). Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt14Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt14 26/11/2008 10:48:5926/11/2008 10:48:59 15 Psicologia A11 � Com base no artigo sobre as onze dicas para lidar com confl ito efi cazmente, procure listar nas linhas abaixo quais são as estratégias que você costuma usar e quais as estratégias que você ainda não usou. E refl ita porque você ainda não usou essas estratégias e quais as vantagens do uso em seus confl itos. Praticando... 3 Leitura Complementar MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais. São Paulo: Atlas, 2001. HUFFMAN, Karen. Psicologia. São Paulo: Atlas, 2003. Nestes livros você encontrará um capítulo chamado “Resolvendo problemas e tomando decisões”, o qual ajudará você a refl etir sobre os confl itos e principalmente como resolvê-los de forma efi caz. Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt15Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt15 26/11/2008 10:49:0026/11/2008 10:49:00 16 Psicologia A11 Nesta aula, estudamos que os confl itos são divergências de idéias entre pessoas e eles são inerentes à nossa vida, pois vivemos com pessoas as mais diferentes. Não necessariamente o confl ito é danoso às relações interpessoais, mas ao contrário, podemos resolver questões importantes depois de um confl ito. Aprendemos que existem tipos de confl itos, quais sejam: intrapessoal; interpessoal, intragrupal e intergrupal, assim como distintos níveis para um confl ito como o latente, percebido, sentido; manifesto e desfecho do confl ito. E a forma de resolver o confl ito vai depender de cada um, mas é importante refl etir e conhecer estratégias de resolução de um confl ito. Auto-avaliação 1. Como defi nir confl ito? 2. Quais são os tipos de confl itos? 3. Quais os níveis de um confl ito? 4. Quais as estratégias possíveis na resolução de um confl ito? Referências ANDRADE, Suely Gregori. Teoria e prática de dinâmica de grupo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. BERG, Ernesto Artur. Administração de confl itos: parte 2. 1 out. 2007. Disponível em: <http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Administracao_de_Confl itos_ parte_2.htm>. Acesso em: 1 out. 2008. Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt16Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt16 26/11/2008 10:49:0026/11/2008 10:49:00 Anotações BOWDITCH, James L. Elementos do Comportamento Organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Salles. Minidicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. PECEGUINA, Inês; SERENO, Luisa; PASCOAL, Sara. Programa de gestão de confl itos. Lisboa: Escola Secundária de Vergílio Ferreira Serviços de Psicologia e Orientação, [2003?]. Disponível em: <http://www.esvf.net/estruturas/PROG_ GEST%C3O%20CONFLITOS_2.pdf>. Acesso em: 1º out. 2008. 17 Psicologia A11 Psi_A11_Z_RF_261108.inddCpTxt17Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt17 26/11/2008 10:49:0026/11/2008 10:49:00 Anotações 18 Psicologia A11 Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt18Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt18 26/11/2008 10:49:0026/11/2008 10:49:00 Anotações 19 Psicologia A11 Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt19Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt19 26/11/2008 10:49:0026/11/2008 10:49:00 Anotações 20 Psicologia A11 Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt20Psi_A11_Z_RF_261108.indd CpTxt20 26/11/2008 10:49:0026/11/2008 10:49:00 Psi_A11_Z_RF_261108.indd V_Ct_cp21Psi_A11_Z_RF_261108.indd V_Ct_cp21 26/11/2008 10:49:0026/11/2008 10:49:00 Psi_A11_Z_RF_261108.indd V_Ct_cp22Psi_A11_Z_RF_261108.indd V_Ct_cp22 26/11/2008 10:49:0026/11/2008 10:49:00 12 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Motivação PSICOLOGIA Andréa Carla Ferreira de Oliveira Coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfico Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfica Adriana Rodrigues Gomes Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva equipe sedis | universidade do rio grande do norte – ufrn Projeto Gráfico Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... 1 Psicologia A12 Objetivo A definição sobre motivação, se a motivação é um fator interno ou externo ao indivíduo e algumas das principais teorias sobre a motivação humana. Verá ainda o que no ambiente de trabalho pode nos motivar? Dinheiro, elogios, prêmios ou apenas o desejo de se sentir realizado profissionalmente. Conceituar motivação. Identificar os níveis da Teoria da Hierarquia das Necessidades. Diferenciar a existência dos fatores internos e externos da motivação humana. 2 Psicologia A12 Para começo de conversa... Você deve ter assistido pela TV às olimpíadas em Pequim, em agosto de 2008 e, provavelmente, ficou emocionado com a bela vitória da atleta Maurren Maggi, que ganhou medalha de ouro no salto em distância como a primeira medalhista individual feminina no atletismo Brasileiro. Assim como o sucesso de Maurren, podemos relembrar as meninas do vôlei e César Cielo, primeiro nadador do Brasil a ganhar uma medalha de Ouro. Já pensou sobre o que fez com que essas pessoas ganhassem a medalha de ouro? Treino? Desejo? Equilíbrio emocional na hora da prova? Ou motivação? Já passou pela sua cabeça qual foi a motivação de Maurren Maggi para voltar a saltar depois de tantas dificuldades vividas, como o episódio ocorrido em 2003 com a atleta, quando, no auge da sua carreira, foi suspensa por dois anos por doping? A atleta argumenta que a substância encontrada estava em um creme cicatrizante utilizado por ela, após uma irritação na perna, causada pela depilação. Após ficar afastada por um período, casar e ter uma filha, a mesma decidiu voltar a treinar e competir nas Olimpíadas de Pequim. Como podemos definir essa decisão de Maurren? O que motivou a mesma a seguir adiante depois do ocorrido há 5 anos? Talvez possamos chamar isso de MOTIVAÇÃO, tema da nossa aula. E, para isso, vamos começar definindo motivação. Fonte: <www.sociare.com/posts/tags/maurren_maggi>. Acesso em: 29 out. 2008. � Psicologia A12 Motivação De acordo com Robbins (2005), motivação é o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para alcançar uma determinada meta. E para melhor entender os elementos chaves dessa definição: intensidade, direção e persistência, voltaremos ao exemplo de Maurren Maggi. Intensidade A intensidade diz respeito ao esforço despendido pela pessoa. Porém, não é apenas a intensidade do esforço que levará a resultados esperados, mas a qualidade desse esforço também é importante para alcançar a meta. No caso de Maurren, não bastava um número grande de treinos, mas além disso, a qualidade desses treinos, ou seja, como foi o desempenho em cada treino e o acompanhamento dos mesmos para a meta final (Olimpíadas). Direção O esforço realizado deve ir em direção aos objetivos a serem alcançados. No caso de Maurren, o desejo pelo Ouro nas Olimpíadas de Pequim. Persistência A motivação tem como um dos elementos chaves também a persistência da pessoa em manter seu esforço, ou seja, o indivíduo continua realizando a atividade até conseguir alcançar seu objetivo ou a sua meta. Para Maurren, a sua meta era Ouro nas Olimpíadas e, para isso, permaneceu firme em seus treinos até chegar o grande dia. 1 Responda aqui Praticando... � Psicologia A12 Com base no conceito de motivação estudado e nos elementos chaves (intensidade, direção e persistência), descreva uma atividade que deixa você motivado para realizar (ex.nadar; jogar bola; estudar; vender). Na descrição da atividade, procure usar cada um dos elementos chaves. � Psicologia A12 A motivação vem de dentro do indivíduo ou é o ambiente que motiva? Essa é uma pergunta muito comum entre os estudiosos e leigos sobre o assunto – Motivação. Será que o dinheiro é o grande motivador para o trabalho? O que motiva mais é a identificação com o trabalho ou a remuneração recebida? O que faz com que algumas pessoas, que cursaram uma faculdade por três, quatro ou cinco anos venham a exercer suas profissões com muito amor, mesmo tendo consciência de que o salário recebido muitas vezes mal dá para pagar as despesas da casa? Ou ainda, como explicar pessoas que ganham muito bem em seu trabalho atual, mas não se sentem realizadas com as atividades que realizam? Essas são outras questões que nos remetem também à motivação no ambiente de trabalho. Existem diversas teorias sobre a motivação como tentativas de responder a questões como as listadas acima, entre elas, as mais antigas como a Teoria X e Y; a Teoria da hierarquia das necessidades; a teoria dos dois fatores e teoria contemporâneas como Teoria ERG; Teoria das necessidades de McClelland; Teoria da fixação de objetivos; Teoria do reforço; Teoria do planejamento do trabalho; Teoria da equidade e Teoria da expectativa. Durante esta aula, vamos utilizar a Teoria da Hierarquia das Necessidades de Abraham Maslow, por concordar com Huffman (2003) ao afirmar que Maslow considerou em sua teoria tanto as necessidades biológicas quanto psicológicas, pois para ele o ser humano possui diferentes necessidades que competem entre si para serem saciadas. As necessidades foram agrupadas em cinco níveis, a seguir: fisiológicas; de segurança; sociais; status ou estima e auto-realização (veja no próximo tópico). Teoria da Hierarquia das Necessidades Abraham Maslow, psicólogo norte-americano, tornou-se conhecido em todo o mundo pela formulação da Teoria da Hierarquia das Necessidades, a qual afirma que o ser humano possui diversas necessidades, mas estas estão organizadas em níveis de hierarquia, os quais são totalizados em cinco, a saber: Maslow Para saber um pouco mais sobre quem foi este importante pensador consulte os anexos desta aula. Auto-realização Estima Social Segurança Fisiológicas � Psicologia A12 Necessidades Fisiológicas Para Maslow, na base da pirâmide encontram-se as necessidadesfisiológicas, tais como: fome, sede, sexo, sono e outras necessidades do organismo. Estas são consideradas necessidades de primeira importância; e a pessoa só vai passar para as necessidades de segurança quando estas forem satisfeitas. Como exemplo, podemos pensar em um aluno que procurar aprender o que está sendo discutido na sala de aula, mas como ele está com fome, não conseguirá se concentrar o bastante para acompanhar o tema em foco pelo professor. Necessidades de segurança Necessidade de sentir-se seguro e protegido, procurar prazer e evitar a dor são exemplos das necessidades desse nível. Uma vez satisfeitas essas necessidades, a pessoa passará para o próximo nível: necessidade social. Necessidades sociais Uma vez tendo satisfeitas as necessidades de sobrevivência e segurança, o indivíduo buscará a necessidade de relacionamentos interpessoais, tais como participar de grupos e fazer amizades. Necessidades de Estima Seguindo a hierarquia proposta por Maslow, satisfeitas as necessidades sociais, o próximo passo é realizar as necessidade de estima, como reconhecimento profissional, a estima pessoal e prestígio, bem como de satisfazer s necessidades do ego, orientando para o sucesso, autonomia e autodesenvolvimento (BOWDITCH, 2002). 2Praticando... � Psicologia A12 Necessidades de Auto-realização E por último, as necessidades de auto-realização, as quais seriam uma continuidade do autodesenvolvimento sugerido no final do último nível (necessidade de estima). Na visão de Maslow, o ser humano só vai buscar a auto-realização quando as necessidades anteriores estiverem satisfeitas. Para Maslow, quando uma necessidade é satisfeita, esta deixa de ser motivadora, e o indivíduo passa para o nível seguinte. Por exemplo, se consigo saciar minha fome (necessidade fisiológica), minha motivação agora será de segurança, ou seja, de ter um lugar onde possa me sentir seguro, uma casa que não ofereça risco para minha integridade física, como incêndio ou enchentes. A teoria de Maslow tem sua validade para nossa sociedade, mas também se fazem necessárias algumas reflexões sobre a mesma, tais como nos diz Bowditch (2002, p. 42): 1. necessidades altamente satisfeitas deixam de ser motivadoras; 2. uma necessidade altamente satisfeita num nível leva a necessidades cada vez mais salientes no nível seguinte; 3. as pessoas podem ser motivadas simultaneamente por necessidades sociais, de ego e de realização pessoal. Uma pessoa pode, ao mesmo tempo, ter necessidade fisiológica, como sede e, ao mesmo tempo, necessidade de estima, de se relacionar com seus amigos; as necessidades não podem ser vistas de maneira tão rígida, mas sim como complementares. Liste quais são as suas necessidades durante o mês corrente, seguindo os níveis da pirâmide de Maslow. Níveis Necessidades 1- Fisiológicas 2- Segurança 3- Sociais 4- Estima 5- Auto-realização � Psicologia A12 Comentando a atividade Você deve ter observado que tem mais de uma necessidade em níveis diferentes ao mesmo tempo. Isso comprova que podemos apresentar mais de uma necessidade sem necessariamente ter satisfeito a necessidade do nível anterior. Fatores internos e externos na motivação humana F az-se necessário compreender que a motivação tem origem no desejo que a pessoa tem para fazer algo, ou seja, é uma força que impulsiona a ação, por exemplo, para ser aprovada em um concurso público eu preciso ter essa força interna que vai me direcionar a atingir minha meta. Eu posso estudar nas melhores escolas preparatórias para concurso, mas se em casa eu não estudar horas a fio, dificilmente serei aprovada, mesmo tendo condições externas à minha aprovação (professores e bom material didático), porque faltou desejo, força para direcionar minhas ações em busca da meta. Agora, imagine que sou candidata ao vestibular, não estudo nas melhores escolas da minha cidade nem tenho o melhor material didático, mas tenho força, desejo de cursar medicina. Eu posso me esforçar e tentar compensar a falta das condições ideais como boa escola e livros, recorrendo à biblioteca da minha cidade, falando com amigos, conhecidos e professores para empréstimo de material didático das disciplinas, posso me reunir em grupo com colegas para estudar em grupo e esclarecer dúvidas sobre os conteúdos e, estudando horas e horas, e acima de tudo acreditando que posso transpor essas barreiras, poderei conseguir minha tão sonhada aprovação, mesmo que isso não aconteça no primeiro vestibular, mas o importante é ser persistente como os atletas citados no início desta aula. A motivação vem de dentro e cabe a cada um de nós descobrir o que faz brilhar os nossos olhos, perder o sono, vibrar cada vez mais. Para isso, só você tem a resposta. A motivação vai ser extrínseca quando existe uma relação entre meios e fins, ou seja, somos motivados a realizar a tarefa (meios) para receber a recompensa desejada (fins). Por exemplo, um pai que promete ao filho que se ele passar no vestibular ganhará de presente um carro. O filho, por sua vez, interessado em ganhar um carro, esforça-se para conseguir aprovação com intuito de ganhar o presente prometido. E a motivação será intrínseca quando é essencialmente a motivação pelo próprio trabalho, ou seja, um desejo de trabalhar duro simplesmente pelo prazer de cumprir a missão. Esse tipo � Psicologia A12 de motivação é um fim por si só, a exemplo do esforço que as pessoas aplicam nos esportes, em jogos... (BOWDITCH, 2002). Leia o texto abaixo e responda à atividade 03:. O que os trabalhadores querem? Como mencionamos no início deste capítulo, o dinheiro raramente é o principal motivador. Isso foi confirmado por uma pesquisa recente com 1.500 trabalhadores. Aqui estão as cinco coisas que eles consideram mais importantes no trabalho: Uma atividade em que se possa aprender alguma coisa e escolher suas atribuições. Os trabalhadores valorizam oportunidades de aprendizagem em que possam desenvolver habilidades que aumentam o seu valor no mercado. Eles também querem a chance de, sempre que possível, escolher suas atribuições. Horário de trabalho flexível e mais tempo livre. Os trabalhadores valorizam seu tempo e suas horas livres. A flexibilidade de horários permite que eles equilibrem melhor as obrigações pessoais e as responsabilidades profissionais. Elogios. As pessoas gostam de se sentir necessárias e de saber que seu trabalho é apreciado. Mas os funcionários reclamam que seus chefes muito raramente fazem isso. Mais autonomia e autoridade em seu trabalho. Mais autonomia e maior autoridade significam que a organização confia no funcionário para agir com independência e sem a aprovação de outras pessoas. Mais tempo com os chefes. Quando um chefe dedica seu tempo aos seus subordinados, está fazendo duas coisas. Primeiro, por seu tempo ser valioso, ele demonstra reconhecimento e validação para o funcionário. Segundo, ele oferece apoio ao escutar as reclamações, responder às perguntas e fornecer aconselhamento. Os respondentes listaram o dinheiro como um fator importante, mas apenas depois destes itens. (NELSON, 2003, p. 9 – 10 apud ROBBINS, 2005, p. 138) 1. 2. �. �. �. � Responda aqui Praticando... 10 Psicologia A12 De acordo com a leitura do texto anterior, dê sua opinião sobre o dinheiro como motivador no ambiente de trabalho. 11 Psicologia A12 Comentando... Se você achava que o dinheiro era o principal motivador no ambiente de trabalho, depois da leitura deste texto, você deve ter observado que existem outros aspectos mais importantes que o dinheiro, como ter o trabalho reconhecido através de um elogio ou um horário que lhe permita ter mais qualidade de vida. Muitas pessoas ainda acreditam que o dinheiro é o principal motivador, mas pense bem, se fosse assim, comoexplicar o fato de algumas pessoas deixarem de aceitar muitas vezes uma nova proposta de trabalho, na qual ganhariam mais, financeiramente, e optarem por continuar trabalhando no mesmo local de trabalho? Essas pessoas já perceberam que o dinheiro não é o principal motivador, para elas as condições de trabalho e o clima com colegas e chefes têm mais importância que o fato de ganhar mais em outra empresa. Leitura Complementar HUFFMAN, Karen. Psicologia. São Paulo: Atlas, 2003. Neste livro você encontrará um capítulo sobre motivação e emoção. Você vai encontrar ainda as teorias gerais da motivação, entre elas teorias biológicas e psicossociais e a Teoria da hierarquia das Necessidades de Maslow. Nesta aula, estudamos que a motivação é o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para alcançar uma determinada meta. Estudamos que a motivação possui diferentes teorias, entre as que mais se destacam é a Teoria da Hierarquia das Necessidades, de Maslow, o qual postulou que as necessidades são divididas em níveis de hierarquia: fisiológicas, de segurança, sociais, estima e auto-realização. Maslow acreditava que era necessário satisfazer às necessidades seguindo uma hierarquia estabelecida nos níveis listados acima. Vimos ainda que a motivação apresenta fatores internos e externos em sua composição. Auto-avaliação 12 Psicologia A12 Como definir motivação? Quais são os níveis da pirâmide de Maslow (Teoria da hierarquia das necessidades)? O dinheiro é o principal motivador no trabalho? Sou motivado no que faço (trabalho, estudo)? 1. 2. �. �. Referências BOWDITCH, James L. Elementos do comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. HUFFMAN, Karen. Psicologia. São Paulo: Atlas, 2003. ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. Anexo Abraham Harold Maslow – nasceu no Brooklin, Nova Iorque, em Primeiro de Abril de 1908. Foi o primeiro de um total de 7 filhos de pais imigrantes russos. Os pais de Maslow não tinham estudo, o que não impediu que insistissem que os filhos tivessem a melhor educação. A família gostaria que Abraham fosse advogado, e, para atender os desejos dos pais, matriculou-se na faculdade de direito em Nova Iorque. Estudou, no entanto, apenas um ano e meio e se transferiu para a Universidade de Cornell. Depois de se casar, contra a vontade de seus pais, com Bertha Goodman, sua prima, mudou-se para Wisconsin, onde conheceu Harry Harlow, famoso pelos estudos sobre comportamento com filhotes de macacos. Isso despertou o interesse de Maslow pela psicologia, a qual fez questão de estudar na Universidade. Recebeu os títulos de Bacharel em 1930, Mestre em 1931 e Doutor em Psicologia pela Universidade de Wisconsin em 1934. 1� Psicologia A12 Em 1935, Maslow retornou a Nova Iorque onde foi trabalhar na Universidade de Columbia. Logo depois começou a lecionar na Universidade do Brooklin, onde teve a oportunidade de conhecer os mais notáveis psicólogos da época. Depois de conviver durante vários anos com estudos e pesquisas com Orangotangos e macacos, Maslow passou a se interessar pela motivação humana. Iniciou a produção de diversos artigos sobre este tema que culminaram com a sua mais conhecida obra: a Teoria a respeito da Hierarquia das Necessidades Humanas. Depois de alguns problemas de saúde Maslow passou alguns anos na Maslow Cooperage Corporation, empresa de seus irmãos. E, apesar da insistência destes para que Maslow se unisse a eles, dois anos depois, Maslow retornou a Nova Iorque, onde passou a dirigir a faculdade de Psicologia da Universidade Brandeis. Decepcionado com a resposta dos alunos a suas aulas, Maslow passou a se dedicar à administração da faculdade e à publicação de artigos que culminaram com a obra “Motivation and Personality” (Maslow Theory), aclamada até hoje pelos seguidores do autor. Na década de 60, após entrar em contato com a obra de Peter Drucker e Douglas McGregor, Maslow se envolveu com a área de gestão de negócios. Passou, então, a correlacionar as teorias de motivação e personalidade com os estudos de gestão. No fim da década de 60, foi honrado como “Humanista do ano” pela Associação Americana de Psicologia, que o elegeu presidente. Maslow morreu em 8 de junho de 1970, vítima de um ataque cardíaco, quando passeava próximo à sua residência. Fonte: <http://www.psicologado.com/escolhas/humanismo/maslow.php>. Acesso em: 29 out. 2008. 1� Psicologia A12 Anotações 1� Psicologia A12 Anotações 1� Psicologia A12 Anotações 13 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Escolha profissional Psicologia Andréa Carla Ferreira de Oliveira coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design gráfico Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfica Adriana Rodrigues Gomes Design instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da aBNT Verônica Pinheiro da Silva adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva equipe sedis | universidade do rio grande do norte – ufrn Projeto gráfico Secretaria de Educação a Distância – SEDIS governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... 1 Psicologia a13 objetivo Que a escolha profissional é um momento de reflexão e até mesmo de conflito na vida do jovem, pois sua decisão por uma profissão será influenciada por vários fatores, tais como: características da profissão, mercado de trabalho, importância social e remuneração, habilidades necessárias para o desempenho, pressão familiar e dos amigos. Verá ainda que a escolha deve ser feita com cautela, pois escolher significa perder e ganhar ao mesmo tempo. Conceituar escolha profissional. Identificar fatores que interferem na escolha profissional. Desenvolver estratégias para fazer a escolha profissional. � Psicologia a13 Para começo de conversa... os anos escolares são alvo de preocupação para muitos pais e filhos, que desde cedo fazem mil planos sobre a profissão das crianças e adolescentes. Você, desde garoto(a), já deve ter pensado que seria médico (a), professor(a), cientista, piloto de avião, comerciante ou qualquer outra profissão. Ao longo dos anos foi crescendo e percebendo que gostaria de pensar em outras possibilidades para o seu futuro profissional. Mas um dia você tem que efetivamente fazer a sua escolha profissional, seja fazendo um vestibular ou iniciando sua vida no mercado informal, em uma empresa da sua própria família ou trabalhando para outras pessoas. Escolher a profissão é um momento de muita expectativa, ansiedade e muitas vezes de conflito para os jovens, pois os mesmos podem apresentar muitas dúvidas sobre qual profissão seguir e sentirem-se inseguros no momento de tomar essa decisão. 3 Psicologia a13 Escolha profissional? Terror de pais e filhos... Muitos são os depoimentos de filhos que não sabem que profissão escolher, ficam em dúvidas em áreas bem diferentes como ciências tecnológicas ou humanas, em cursos como Psicologia ou Engenharia da Computação ou ainda aquelas pessoas que estão em dúvidas em cursos da mesma área, como Direito e Ciências Contábeis e outros jovens que não sabem qual a profissão com que se identificam,nem o que gostariam de fazer no seu futuro como profissional. Sem falar nos adolescentes que desejam exercer uma profissão como Filosofia, Sociologia, Música e por pressão do seu grupo social (família, amigos) não a escolhem e optam pela escolha mais aceita pelo seu grupo ou por influência da sua família e principalmente dos pais, os quais muitas vezes esperam que o filho realize um sonho que é seu e não do jovem, como exemplo, fazer Direito para seguir a profissão do pai, quando o desejo do filho era ser músico profissional ou filósofo. Será que o caminho é fazer um curso superior ou você pensou em ser um desportista (jogador de futebol, tenista ou jogador de basquete, como exemplos) ou um comerciante? Independentemente da sua escolha, será necessário estabelecer critérios para no futuro gostar do que faz e sentir-se realizado profissionalmente. � Psicologia a13 Escolher uma profissão não é uma coisa fácil, pois envolve aspectos da nossa subjetividade, como nossa forma de pensar e ver o mundo, características da nossa personalidade, nossa história de vida, influências recebidas desde criança pelos pais, amigos e familiares e nossas fantasias sobre a profissão escolhida. Envolve também o pensamento de que nossa profissão será para sempre, o que não é verdade, pois podemos mudar essa escolha ao longo do processo, embora seja mais difícil tomar essa decisão para a maioria da população. Mas, o fato é que um dia precisamos optar pela profissão e não tem como negar as dúvidas de qual curso seguir. Muitas são as possibilidades, tais como: os cursos técnicos, como este que você está fazendo agora, os tecnológicos, a mais nova modalidade no mercado de trabalho, que têm como proposta formar profissionais mais focados na atividade a ser realizada num menor tempo possível. Normalmente, esses cursos duram dois anos e meio. E há a possibilidade de procurar uma universidade pública ou privada para um curso superior. Nesse processo de escolha, as dúvidas são necessárias, pois são elas que vão ajudá-lo, mas para isso é importante pensar em quais são os fatores que interferem no momento da escolha profissional. Escolher, de um modo geral, é muito difícil, e a profissão, mais ainda, pois é o momento de fazer um balanço, ver os prós e contras de cada uma das possibilidades e para isso vou pedir licença para pensarmos em um exemplo, bem mais simples que a escolha profissional, mas que servirá para você perceber a complexidade do processo de escolha em coisas mais simples, como no caso de um sorvete. Você deve estar se perguntando: “mas é muito fácil escolher um sorvete.” Será? Tem certeza disso? Vamos a alguns dos questionamentos que podem surgir ao longo da escolha. � Psicologia a13 Na hora da escolha o que você considera: se você vai poder ou não experimentar o sorvete; você só pode escolher um sorvete; será o jogo do par ou ímpar; você quer fazer a melhor escolha com o menor risco possível e com a maior chance de sucesso; essa escolha é importante, não é para o resto da vida, mas deve permanecer determinado tempo com você. Para resolver qual sorvete comprar você pode pensar em algumas estratégias, tais como: 1. olhar a embalagem, observar as cores do sorvete; �. conhecer os ingredientes do sorvete; 3. perguntar para as outras pessoas o que elas acham; �. identificar as vantagens e desvantagens de cada opção; �. pesquisar no mercado e observar se há diferença de consumo entre homens e mulheres; 6. analisar o preço. Como foi a escolha do sorvete? Conseguiu perceber que mesmo em uma decisão aparentemente rápida e simples temos possibilidades diversas e precisamos estar atentos a isso? Se a escolha do sorvete teve diferentes opções, imagine a escolha profissional em um país que, segundo o Ministério do Trabalho, são 2.500 profissões catalogadas, sendo destas 84 reconhecidas e apenas 28 regulamentadas, ou seja, com um conselho de fiscalização e um código de ética a seguir. 1. �. 3. �. �. 6. 1Praticando... 6 Psicologia a13 A escolha profissional é influenciada por vários fatores e como uma maneira de refletir sobre esses fatores, responda às questões abaixo e depois comente com colegas que estão, no momento, escolhendo a profissão a seguir. Questão concordo Discordo 1. O mercado de trabalho é o elemento fundamental a ser levado em conta na escolha profissional. �. Todos têm igual oportunidade de passar no vestibular, depende apenas do esforço de cada um. 3. Qualquer pessoa é livre para escolher a profissão que deseja. �. Algumas profissões são mais adequadas para homens e outras mais adequadas para mulheres. �. O fato de um aluno gostar mais de Física, Química e Matemática indica que ele deve escolher uma profissão na área de Exatas. Da mesma forma, gostar mais de Biologia ou História, Geografia e Português indica que deve escolher, respectivamente, uma profissão na área de Biológicas ou Humanas. 6. Todas as profissões têm a mesma importância. 7. As profissões de nível superior são sempre mais bem remuneradas do que as de nível médio. 8. O ser humano nasce com certas tendências, que apontam para determinadas profissões. 9. Os meios de comunicação de massa - rádio, TV e jornais – trazem informações válidas e seguras, que ajudam na escolha profissional. 10. Não importa a profissão, o fundamental é que cada um seja bom naquilo que escolheu. 11. A escolha profissional é uma das mais, se não a mais importante escolha que o ser humano realiza em toda a sua vida. 1�. O que se deve ter como objetivo na escolha profissional é a realização pessoal. 13. Hoje é difícil escolher uma profissão, pois existem muitas especializações. 1�. As faculdades tidas como melhores propiciam aos alunos que delas saem maior facilidade na obtenção de empregos. (BocK, �00�, p. 3�� - 3�6). 7 Psicologia a13 Fatores que interferem na escolha profissional Desejo, identificação com a profissão, pressão dos pais e amigos, salários altos, status profissional e tantos outros fatores podem ser momentos cruciais na escolha da sua profissão. Segundo Bock (2002, p. 310), os fatores que influem na escolha profissão são muitos, com peso e composição diferentes na história individual dos jovens. Procuramos organizar estes fatores em quatro categorias (para efeito de uma exposição mais clara), mas gostaríamos de deixar claro, desde o início, que esses fatores estão em permanente interação e que é exatamente esta combinação entre eles que caracteriza o quadro geral da escolha profissional características da profissão Pensar em uma profissão nos remete à idéia de imaginar quais são as principais atividades, os locais de atuação, como é a interação com outros profissionais, o status da profissão e o que precisamos em termos de habilidades para desempenhar a profissão. Ex.: imaginar ser um médico nos faz pensar em atender pessoas doentes, trabalhar em hospitais, sejam estes na capital ou no interior, trabalhar em plantões, média de salário pago pelo mercado de trabalho, não ter medo de ver sangue e compreender que a morte vai fazer parte do seu trabalho quando não for possível salvar um paciente, mesmo tendo como juramento fazer o máximo pela vida do mesmo. No momento em que imaginamos esse conjunto de características, podemos perceber que não temos desejo de trabalhar com pessoas doentes ou não conseguimos ver sangue, inclusive desmaiamos nesse momento. Mercado de trabalho A profissão desejada é nova no mercado ou já está saturada? Na minha cidade vou conseguir emprego ou vou precisar buscar trabalho em outros estados? O mercado de trabalho não é algo estável. Assim, no momento em que o jovem se coloca esta questão, o mercado de determinada profissão pode ser promissor, mas em pouco tempoessa situação poderá ter-se invertido. Por isso, a pergunta se teremos ou não emprego é de difícil resposta (BOCK, 2002, p. 312). 8 Psicologia a13 importância social e remuneração É fato que todas as pessoas desejam ser reconhecidas profissionalmente e receber uma remuneração justa com as atividades desenvolvidas. Pensar em importância social da profissão talvez não deva ser a principal pergunta, pois cada profissão tem sua necessidade no mercado de trabalho, mas sim como vou me sentir trabalhando como comerciante, dentista, vendedor ou jornalista. E o que o pagamento recebido pelo trabalho é, de acordo com as minhas expectativas? Para isso você pode fazer uma pesquisa de mercado para ter uma noção do que é pago a estes profissionais. Mas lembre-se de que os vencimentos recebidos podem variar bastante dentro de uma mesma categoria profissional, pois fatores como: tempo de experiência, área de atuação, segmento da empresa contratante, se é uma empresa privada ou pública podem influenciar na remuneração recebida. Habilidades necessárias para o desempenho Sabe-se que cada profissão tem suas exigências em termos de habilidades e competências necessárias para o seu desenvolvimento. Você precisa ter clareza quanto ao segmento de atuação e seus requisitos para atuar na profissão desejada, tais como: vou precisar fazer um curso superior? Um técnico já é suficiente? E idiomas? Preciso dominar o espanhol e o inglês? influências de familiares e amigos Esse é o último fator da lista, mas sem dúvida um dos mais importantes, pois as influências de familiares e amigos começam logo cedo na vida das crianças e cabe a você conseguir distinguir o que é desejo das outras pessoas e qual é o seu desejo, ou seja, vou realizar um sonho de meu pai ou um desejo meu ao fazer o curso de Medicina? 9 Psicologia a13 Estratégias eficazes para escolher sua profissão Conhecer as áreas e profissões de seu interesse Busque ao máximo fazer leituras de livros e revistas especializadas sobre profissões. Fazer visitas a faculdades e universidades, assim como conversar com profissionais que já estão no mercado de trabalho poderá em muito ajudar na escolha da sua profissão. Sites e salas de bate papo também podem ser úteis nesse processo. Procurar ajuda profissional de um psicólogo para fazer um processo de orientação profissional Se você tem muitas dúvidas e sozinho não consegue tomar uma decisão, você poderá recorrer a um serviço de Psicologia para fazer um processo de orientação vocacional. Você terá como ser ajudado (a) através de entrevistas, testes psicológicos, dinâmicas de grupo e definir algumas opções para você refletir e tomar sua decisão. Mas lembre-se de que o psicólogo não vai decidir por você, vai ajudar você mesmo a fazer sua escolha profissional. 10 Psicologia a13 comparar suas características pessoais com as habilidades necessárias ao desenvolvimento da profissão. Para você escolher a profissão, faz-se necessário comparar suas características pessoais, tais como: seu modo de pensar, ser e agir com as habilidades necessárias ao desenvolvimento da profissão desejada. Para uma melhor reflexão sobre o momento da escolha profissional, faça a leitura do texto de Rubem Alves abaixo, do livro Estórias de quem gosta de ensinar. Viagem longa, destino incerto... Este é o mês em que sofro mais por causa de vocês, moços. Tenho dó. Ainda nem deixaram de ser adolescentes, e já são obrigados a comprar passagens para um destino desconhecido, passagens só de ida, as de volta são difíceis, raras, há uma longa lista de espera. Alguns me contestam: afirmam saber muito bem o lugar para onde estão indo. Assim são os adolescentes: sempre têm os bolsos cheios de certezas. Só muito tarde descobrem que certezas valem menos que um tostão furado. Seria muito mais racional e menos doloroso que vocês fossem obrigados agora a escolher a mulher ou o marido. Hoje casamento é destino para o qual só se vende passagens de ida e volta. É muito fácil voltar ao ponto de partida e recomeçar: basta que os sentimentos e as idéias tenham mudado. Mas a viagem para a qual vocês estão comprando passagens dura cinco anos, pelo menos. E se depois de chegar lá vocês não gostarem? Nada garante... vocês nunca estiveram lá. E se quiserem voltar? Não é como no casamento. É complicado. Leva pelo menos outros cinco anos para chegar a um outro lugar, com esse bilhete que se chama vestibular e essa ferrovia que se chama universidade. E é duro voltar atrás, começar tudo de novo. Muitos não têm coragem para isso, e passam a vida inteira num lugar onde odeiam, sonhando com um outro. Em Minas, onde nasci, se diz que para se conhecer uma pessoa é preciso comer um saco de sal com ela. Os apaixonados desacreditam. Quem é acometido de febre da paixão desaprende a astúcia do pensamento, fica abobalhado, e passa a repetir as asneiras que os apaixonados têm repetido pelos séculos afora: “Ah! Mãe, ele é diferente...” “Eu sei que o meu amor por ela é eterno. Sem ela eu morro...” E assim se casam, sem a paciência de comer um saco de sal. Se tivessem paciência descobririam a verdade de um outro ditado: “Por fora bela viola; por dentro pão bolorento...” Coisa muito parecida acontece com a profissão: a gente se apaixona pela bela viola, e só tarde demais, no meio do saco de sal, se dá conta do pão bolorento. O Pato Donald arranjou um emprego de porteiro, num edifício de ricos. Sentiu-se a pessoa mais importante do mundo e estufou o peito por causa do uniforme que lhe deram, cheio de botões brilhantes, fios dourados e dragonas. Acontece assim também na escolha das profissões: cada uma delas tem seus uniformes multicoloridos, seus botões brilhantes, fios dourados e dragonas. Veja, por 11 Psicologia a13 exemplo, o fascínio do uniforme do médico. Por razões que Freud explica qualquer mãe e qualquer pai desejam ter um filho médico. Lembram-se de Sociedade dos poetas mortos? O pai do jovem ator queria, por tudo neste mundo, que o filho fosse médico. E ele não está sozinho. O médico é uma transformação poética do herói Clint Eastwood: o pistoleiro solitário, apenas com a sua coragem e o seu revólver, entra no lugar da morte, para travar batalha com ela. Como São Jorge. O médico, em suas vestes sacerdotais verdes, apenas os olhos se mostrando atrás da máscara, a mão segurando a arma, o bisturi, o sangue escorrendo do corpo do inocente, em luta solitária contra a morte. Poderia haver imagem mais bela de um herói? Todas as profissões têm seus uniformes, suas belas imagens, sua estética. Por isso nos apaixonamos e compramos o bilhete de ida... Mas a profissão não é isso. Por fora bela viola, por dentro pão bolorento... Uma amiga me contou, feliz, que uma pessoa querida havia passado no vestibular de engenharia. “Que engenharia? Perguntei. “Civil”, ela respondeu. “Por que esta escolha? – insisti. “É que ela gosta muito de matemática.” Pensei então na bela imagem do engenheiro-régua de cálculo, compasso e prumo nas mãos, em busca do ponto de apoio onde a alavanca levantaria o mundo! “Se ela tanto ama a matemática talvez tivesse feito melhor escolha estudando matemática. Engenheiro, hoje, mexe pouco com matemática. Tudo já está definido em programas de computador. O dia- a-dia da maioria dos engenheiros é tomar conta de peão em canteiro de obra...” Isso vale para todas as profissões. É preciso perguntar “como será o meu dia-a-dia, enquanto como o saco de sal que não se acaba nunca?” Mas há outros destinos, outros trens. Não é verdade que o único caminho bom seja o caminho universitário. Acho que poucos jovens sequer consideram tal possibilidade. É que eles se comportam como bando de maritacas: onde vai uma vão todas. Não podem suportar a idéia de ver o “bando” partindo, enquanto eles não embarcam, e ficam sozinhos na plataforma da estação...Deixo aqui, como possibilidade não pensada, este poema de Walt Whitman, o poeta de Sociedade dos Poetas mortos: Em nome de você... Que ao homem comum ensinem a glória da rotina e das tarefas de cada dia e de todos os dias; que exaltem em canções o quanto a química e o exercício da vida não são desprezíveis nunca, e o trabalho braçal de um e de todos -arar, capinar, cavar, plantar e enramar a árvore, as frutinhas, os legumes, as flores: que em tudo isso possa o homem ver que está fazendo alguma coisa de verdade e também toda mulher usar a serra e o martelo ao comprido ou de través �Praticando... 1� Psicologia a13 cultivar vocações para a carpintaria a alvenaria, a pintura trabalhar de alfaiate, costureira, ama, hoteleiro, carregador, inventar coisas, coisas engenhosas, ajudar a lavar, cozinhar, arrumar e não considerar desgraça alguma dar uma mão a si próprio. Desejo a vocês uma boa viagem. Lembrem-se do dito do João: “A coisa não está nem na partida e nem na chegada, mas na travessia...” Se, no meio da viagem, sentirem enjôo ou não gostarem dos cenários, puxem a alavanca de emergência e caiam fora. Se, depois de chegar lá, ouvirem falar de um destino mais alegre, ponham a mochila nas costas e procurem um outro destino. Carpe diem! (alVEs, �000, p. �1 - �6). Agora que você já fez a leitura do texto de Rubem Alves, responda às questões abaixo: 1. O autor se refere à compra de passagens só de ida para qual lugar?1. �. Por que no casamento as passagens são vendidas de ida e volta e na escolha profissional, só de ida? �. 3. Por que é mais difícil mudar de profissão que desfazer um casamento?3. 13 Psicologia a13 �. Qual a relação entre os ditados “Para conhecer uma pessoa é necessário comer um saco de sal junto com ela” e “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento” com o momento da escolha profissional? �. �. Na opinião do autor, o fato de gostar de matemática não deveria ser a razão para escolher o curso de engenharia civil, mas o de matemática. O que você acha disso? E você, o que faria na hora da sua escolha profissional para diminuir os riscos de errar na decisão da profissão? �. 6. O que fazer para evitar possíveis equívocos na hora de escolher a profissão? 6. 1� Psicologia a13 7. O autor faz a seguinte afirmativa: “Mas há outros destinos, outros trens. Não é verdade que o único caminho bom seja o caminho universitário”. Comente as palavras do autor e liste quais as outras possibilidades que você visualiza além dos muros da universidade para você. 7. 8. “Se, no meio da viagem, sentirem enjôo ou não gostarem dos cenários, puxem a alavanca de emergência e caiam fora...” diz o autor do texto. Qual o significado dessas palavras para você? 8. leituras complementares ALVES, Rubem. Estórias de quem gosta de ensinar. São Paulo: Papirus, 2000. Neste livro o autor se posiciona de forma crítica a respeito dos vestibulares, da forma como as escolas estruturam o aprendizado em função dos exames anuais (vestibulares) e faz reflexões do que poderia ser revisto por todos os envolvidos no processo da educação. auto-avaliação 1� Psicologia a13 Nesta aula, estudamos que a escolha profissional é um momento de reflexão, muita ansiedade e até mesmo conflito para muitos jovens. São diversos os fatores que interferem na escolha profissional, tais como: características da profissão, mercado de trabalho, pressão familiar, entre outros. É fundamental, no processo de escolha profissional, desenvolver estratégias para decidir por uma profissão de forma serena e tranqüila e compreender que a escolha profissional pode ser alterada a qualquer tempo por você, mas para isso você precisa ter coragem e querer. 1- Como você define o momento da escolha profissional ? �- Quais são os fatores que interferem na escolha profissional? 3- Quais são as estratégias que podem ser desenvolvidas na escolha da profissão? 1. �. 3. Referências ALVES, Rubem. Estórias de quem gosta de ensinar. São Paulo: Papirus, 2000. BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002. anotações 16 Psicologia a13 14 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Estresse PSICOLOGIA Andréa Carla Ferreira de Oliveira Coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfico Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfica Adriana Rodrigues Gomes Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva equipe sedis | universidade federal do rio grande do norte – ufrn Projeto Gráfico Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... 1 Psicologia A14 Objetivo A cada dia é mais freqüente ouvir frases como a escrita acima. As pessoas correm de um lado para o outro, como se a vida fosse terminar naquele dia, e fazem isso com muita ansiedade e preocupação em resolver tudo a tempo. Nesta aula, você vai estudar a definição do estresse, quais os fatores que mais causam o estresse nas pessoas e como conviver com ele no mundo atual. Conceituar estresse. Identificar fatores que causam o estresse. Desenvolver estratégias para evitar o estresse. � Psicologia A14 Para começo de conversa... Você se considera uma pessoa estressada? É do tipo de pessoa que fica ansiosa com qualquer atividade? Como você organiza seu dia? Tem a sensação de que 24 horas não é o suficiente para tantas atividades? O que você faz quando não consegue realizar a atividade prevista? Grita, fica ansioso, tem dores de cabeça e dor no peito? Como é a sua alimentação quando você está estressado? Assalta a geladeira de madrugada ou fica o dia todo sem comer nada pensando nas atividades do dia seguinte? Isso significa que você está estressado? Quais as situações de maior estresse para você? O vestibular? As provas da escola? Os relacionamentos? Afinal, o que é estresse? � Psicologia A14 Conceito de estresse No senso comum, associamos a palavra estresse a um desequilíbrio, a algo que não vai bem conosco. É comum usarmos a palavra em vários momentos na nossa vida, sem estabelecer critérios claros sobre o estresse. Basta acontecer algo que desagrada o nosso EU e já afirmamos “estou estressado”. Mas isso é estresse? De acordo com o dicionário da língua portuguesa, a palavra estresse significa um esgotamento físico, mental e emocional (HOUAISS, 2001). É relevante ressaltar que alguns estudiosos ainda utilizam a grafia em inglês, portanto, durante o texto, poderá ocorrer as duas grafias “stress” ou “estresse” em função da opção do autor. Percebemos que o estresse não deve então ser associado a qualquer aborrecimento que temos em nossa vida. Para melhor entender um pouco dessa confusão que as pessoas fazem na utilização do termo estresse, vamos relatar uma história contada por Lipp (2000) em seu livro O stress está dentro de você. O que tenho é stress? De onde ele vem? Telefonei para a casa de uma amiga e a filhinha dela de quatro anos atendeu. Perguntei pela Cláudia, Mariana me disse bem rápido: “A minha mãe estádormindo, ela está estressada. “Peguei um táxi, um ruído estranho no motor me fez questionar o taxista quanto à condição do carro. Ele me diz calmamente: “Tem problemas não, minha senhora, ele (o carro) só está com stress. “O médico examina a paciente que reclama de vários sintomas, nada encontra nos exames e faz o diagnóstico: “A senhora só está com stress.” Todos, hoje, sabem o que é stress? Ou pensam que sabem? A representação social do stress nem sempre corresponde à realidade. Muitos profissionais da área de saúde utilizam o termo de modo vago para encobrir o desconhecimento do que se passa com o paciente. Esses profissionais, não conhecendo as implicações do stress, muitas vezes recomendam férias, receitam calmantes ou vitaminas. A prova de que não estão levando muito a sério a situação do paciente é que raramente encaminham os casos para uma psicoterapia especializada em stress. Tivessem eles um conhecimento mais profundo, além dos fármacos, não deixariam de aconselhar um tratamento psicológico especializado. Ninguém se recupera para sempre de um stress pronunciado somente com o tratamento medicamentoso. É fundamental descobrir a causa do problema e desenvolver estratégias de enfrentamento para lidar não só com o episódio presente, mas também com futuras ameaças de stress excessivo. A medicação pode, sim, ajudar a pessoa a se recuperar no momento, porém não a inocula, não a protege de futuras dificuldades. Quem teve uma forte 4 Psicologia A14 crise de stress possui uma grande probabilidade de reincidência, a não ser que aprenda a: (1) entender o que a estressou; (2) reconhecer os sintomas; (3) identificar seus limites de resistências e (4) lidar com as causas. O médico que trata somente a manifestação física do stress deixa de dar ao paciente a oportunidade de se proteger de futuros episódios, pois existe atualmente uma terapia do stress. Entenda-se aqui que o psicólogo especialista em stress não vai cuidar dos aspectos físicos da doença manifesta, mas da estrutura mental e emocional do paciente, levando-o ao gerenciamento das condições que contribuíram para o aparecimento da doença. Quando o stress já atingiu o nível de propiciar o aparecimento de doenças, o aconselhável é um tratamento interdisciplinar em que o médico, especialista no órgão adoentado, e o psicólogo, especialista na área do stress, se unam para melhor tratar o paciente que sofre de uma condição em que corpo e mente se mesclam em união completa. Algumas pessoas erram, pensando que o stress é algo avassalador, que deve ser evitado a todo custo. Pensam que, se alguém ficou estressado, terá problemas a vida inteira, que nunca se recuperará; chegam a perguntar se stress é contagioso. Há outras, por outro lado, que menosprezam o impacto do stress e acham que “não é nada” e por isso não procuram evitar o seu agravamento ou amenizá-lo. Ambas as atitudes estão equivocadas. Stress não é doença terrível, mas também não deve ser menosprezado, pois, em níveis altos, pode causar graves problemas de saúde. O primordial é saber controlar o stress de tal modo que ele não ultrapasse a nossa zona de conforto, o nosso limite de tolerância e resistência. (LIPP, 2000, p. 11 - 12). Comentando o relato... É importante comentar um pouco sobre a autora do relato - Dra. Marilda Lipp- PhD em Psicologia, fundadora do Centro Psicológico de Controle do Stress de São Paulo e do Laboratório de Estudos Psicofisiológicos do Stress, é autora de vários livros sobre o tema e aborda muito bem o uso indiscriminado da palavra stress por leigos e até mesmo profissionais da saúde, que muitas vezes não levam a sério o tratamento para a patologia. Lipp fala da importância de associar o tratamento médico ao psicológico para de fato cuidar do lado emocional do paciente e da importância de ter uma postura crítica em relação à doença do stress, nem supervalorizando, ou seja, achando que a vida acabou, nem tampouco desprezando os danos que podem causar ao seu organismo. Como diz a autora, “o primordial é saber controlar o stress de tal modo que ele não ultrapasse a nossa zona de conforto, o nosso limite de tolerância e resistência.” 1Praticando... � Psicologia A14 No quadro abaixo você vai encontrar um levantamento de sintomas de stress, sugerido por Lipp (2000), leia e responda ao lado a cada item escrevendo a freqüência na última semana. Em seguida verifique o significado da sua pontuação. Levantamento de sintomas do stress Freqüência na última semana 1. Tensão muscular, tais como: aperto de mandíbula, dor na nuca etc. �. Hiperacidez estomacal (azia) sem causa aparente. �. Esquecimento de coisas corriqueiras, como o número de um telefone que usa com freqüência, onde pôs a chave etc. 4. Irritabilidade excessiva. �. Vontade de sumir de tudo. 6. Sensação de incompetência, de que não vai conseguir lidar com o que está ocorrendo. 7. Pensar em um só assunto ou repetir o mesmo assunto. 8. Ansiedade. 9. Distúrbio do sono, ou dormir demais ou de menos. 10. Cansaço ao levantar. 11. Trabalhar com um nível de competência abaixo do seu normal. 1�. Sentir que nada mais vale a pena. Considere apenas o número de itens assinalados que apresentaram mais de quatro reincidências. Nenhum item assinalado: Parabéns, seu corpo está em pleno funcionamento no que se refere ao stress. 6 Psicologia A14 De 1 a � itens assinalados: A vida pode estar um pouco estressante para você. Avalie o que está ocorrendo. Veja o que está exigindo demais de sua resistência. Pode ser o mundo lá fora, pode ser você mesmo. Fortaleça o seu organismo. De 4 a 8 itens assinalados: Seu nível de stress está alto, algo está exigindo demais do seu organismo. Você pode estar chegando ao seu limite. Considere uma mudança de estilo de vida e de hábitos. Analise em que o seu próprio modo de ser está contribuindo para a tensão que está sentindo. Mais de 8 itens assinalados: Seu nível de stress está altíssimo. Cuidado. Procure ajuda de um psicólogo especializado em stress. Sem dúvida você tem fontes de stress representadas pelo mundo ao seu redor (pode ser família, ocupação, sociedade, etc.) e fontes internas (seu modo de pensar, de sentir, de ser) com as quais precisa aprender a lidar. Fonte: Lipp (2000) Fatores que causam estresse O estresse pode ser gerado por vários fatores, tais como: desemprego, brigas com amigos e familiares, morte de pessoas queridas, divórcio e até o momento do casamento pode ser um evento estressante para os noivos. O fato é que os fatores estressores podem variar de pessoa para pessoa, ou seja, o que é estressante para mim pode não ser para você. De acordo com a literatura sobre o assunto, os autores dividem o estresse em duas fontes: externas e internas. 7 Psicologia A14 A fonte externa diz respeito a tudo que acontece em nossa vida e que vem de fora do nosso organismo, tais como: falecimento de um ente querido, desemprego, a profissão, brigas com o companheiro ou com filhos entre outros. E a fonte interna é referente ao nosso Eu, ou seja, é nossa forma de pensar, de ser e agir. Mas quando nos referimos àquilo que está dentro do ser humano, escondido, às vezes dormente, torna-se muito difícil de avaliar. A própria pessoa muitas vezes não consegue perceber que certos modos de pensar e analisar o mundo podem estar lhe criando stress (LIPP, 2000, p. 18). Você conhece as profissões campeãs do stress? De acordo com a Veja, edição 1840, de 11 de fevereiro de 2004, são 4 as profissões campeãs do stress. Fonte: <http://veja.abril.com.br/110204/p_066.html>. Acesso em: 16 out. 2008. 8 Psicologia A14 Motoristas de ônibus urbanos... Aproveitando o tema da aula, não posso deixar de falar de uma das profissões citadas como campeãs do estresse no Brasil, os motoristas deônibus urbano. Quero me referir à pesquisa realizada na cidade de Natal (RN) com motoristas de ônibus urbanos, na qual foram investigadas situações potencialmente preocupantes para os mesmos. De uma lista de 30 situações, observamos que 3 foram significativamente diferenciadas para os motoristas que se envolveram em acidentes de trânsito: preocupação em dirigir atrasado, preocupação com o sono e preocupação com problemas familiares. Dirigir atrasado foi visto como gerador de estresse; favorece maior dispersão da atenção do condutor com situações ocorridas em seu entorno mais imediato (o ônibus) e com o trânsito, podendo favorecer comportamentos indesejáveis ao lidar com essas situações, diminuindo suas condições de reagir às demandas específicas da condução do veículo no trânsito. E em relação à preocupação com problemas familiares, fica claro que esses motoristas com história de acidentes de trânsito também estariam psicologicamente removidos da situação imediata de seu posto de trabalho, submetidos que estão a tais pressões que afetam seu desempenho como condutores profissionais. (OLIVEIRA; PINHEIRO, 2007). �Praticando... 9 Psicologia A14 Tendo por base o que você estudou até o momento, procure pensar um pouco na sua vida (relações interpessoais, escola, trabalho, estágio, grupos de que faz parte), nas suas atividades e responda: Você está estressado? Justifique.1. Defina quais são as fontes externas e internas do seu estresse.�. Procure pensar em estratégias para administrar o seu estresse.�. 10 Psicologia A14 Estratégias para evitar o estresse Se você for a um médico e perguntar como evitar o estresse, ele lhe dirá faça exercícios, tenha uma dieta equilibrada e procure evitar tudo o que lhe desagrada. Se questionar uma nutricionista, ela dirá que faça uma dieta balanceada e exercícios, pois irão ajudar no combate ao estresse. Na verdade, cada um destes profissionais está fazendo recomendações semelhantes, baseados no que Lipp (2000) denominou de quatro pilares do controle ao estresse: Alimentação, com o objetivo de repor os nutrientes perdidos nos períodos de estresse. Relaxamento, com o intuito de reduzir a tensão mental e física do estresse. Exercícios físicos, os quais ajudam a eliminar a prontidão gerada pelo estresse. Reestruturação de aspectos emocionais, que diz respeito ao autoconhecimento e mudança no estilo estressante de pensar, sentir e agir. a) b) c) d) �Praticando... 11 Psicologia A14 Para saber se o seu estresse está em demasia, faça uma reflexão sobre os itens sugeridos por Lipp (2000). Cada um deles indica que o nível de stress talvez seja excessivo. Avalie seu corpo. Tem tido: dores musculares; dor de cabeça; ombros tensos; hiperacidade estomacal; maxilares contraídos. Quando o corpo sofre, o stress está demais. O corpo pede ajuda. Avalie suas emoções. Tem sentido: apatia, vontade de fugir de tudo; tédio, desinteresse; raiva; ansiedade. Quando os sentimentos estão tumultuados, é difícil ser feliz. Preste atenção aos seus relacionamentos. Tem experimentado: irritabilidade; vontade de não conversar com amigos; desilusão com todos; quando se está com stress, nossos relacionamentos ficam abalados. Preste atenção ao seu mundo psicológico. Quando a vida passa a não ter sentido, o stress está demais. (retirado de Lipp, 2000, p. 17) 1. �. �. 4. Auto-avaliação 1� Psicologia A14 Leituras Complementares GREENBERG, Jerrolds S. Administração do estresse. 6. ed. São Paulo: Manole, 2002. Neste livro você vai encontrar aspectos físicos, psicológicos, sociológicos e espirituais do estresse encontrados na vida cotidiana. Além disso, a leitura é bastante atrativa por apresentar relatos de casos da vida real e técnicas para lidar com o estresse. Nesta aula, estudamos que o estresse é um esgotamento físico, mental e emocional que vivenciamos. Muitos são os fatores que podem gerar o estresse em uma pessoa, assim como o que é estressante para um indivíduo pode não ser para outro. Os fatores são divididos em duas categorias: fontes internas e fontes externas de estresse. Para controlar o estresse existem quatro pilares, os quais são definidos como: alimentação, relaxamento, exercícios físicos e reestruturação de aspectos emocionais do ser humano. O que é estresse ?1. Quais são os fatores que causam o estresse?�. 1� Psicologia A14 Quais são as estratégias que podem ser desenvolvidas para evitar o estresse? �. Referências HOUAISS, Antonio. Minidicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. LIPP, Marilda Emmanuel Novaes. O stress está dentro de você. São Paulo: Contexto, 2000. OLIVEIRA, A. C. F.; PINHEIRO, J. Q. Indicadores psicossociais relacionados a acidentes de trânsito envolvendo motoristas de ônibus. Psicologia em Estudo, v. 12, p. 171 – 178, 2007. Anotações 14 Psicologia A14 Anotações 1� Psicologia A14 Anotações 16 Psicologia A14 Anotações 15 Andréa Carla Ferreira de Oliveira C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Refl exões PSICOLOGIA Coordenadora da Produção dos Materias Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Ivana Lima José Antônio Bezerra Júnior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves A. Silva Margareth Pereira Dias Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho Revisão Técnica Rosilene Alves de Paiva EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivo 1 Psicologia A15 ...a importância de refletir sobre temas tais como personalidade, comunicação, comportamento grupal e liderança, os quais foram abordados em aulas anteriores. Nesta aula, você deve pensar na sua vida profi ssional, fazendo uma autorrefl exão sobre como seu comportamento, pensamentos, emoções e sentimentos estão sendo expressos em seu ambiente de trabalho e na sua vida em geral. Refl etir sobre os temas personalidade, comunicação, comportamento grupal e liderança. Estabelecer relações dos temas abordados com sua vida profi ssional. 2 Psicologia A15 Para começo de conversa... Como foi para você: ter aulas sobre personalidade? Estudar sobre a comunicação interpessoal e organizacional? Aprender sobre a importância de dar feedback? Em outra aula, estudar sobre os níveis da pirâmide de Maslow, os quais diferem entre si em relação aos fatores sugeridos? Compreender que o profi ssional moderno precisa estar atento a sua rede de relacionamentos, de forma a manter seus contatos e fazer novos amigos, pois entre os capitais que temos, o mais importante é o social? E a liderança? Será que você pesquisou e percebeu a necessidade de desenvolver habilidades para ser um líder efi caz? E os confl itos? Entendeu que eles podem ser bons ou ruins, o importante é administrar o mesmo, utilizando estratégias para sua resolução? Esses questionamentos são referentes aos diferentes temas ao longo das nossas aulas. Chegou o momento de refl etir sobre o que você aprendeu de cada uma e como poderá fazer uso em sua vida profi ssional. 3 Psicologia A15 Personalidade A personalidade do ser humano écomposta de fatores genéticos e do meio social e podemos afi rmar que é única, não temos dois seres humanos iguais. Para isso basta pensarmos nos gêmeos univitelinos, os quais são fruto da fecundação por único óvulo e único espermatozóide, mas possuem personalidades diferentes. No convívio social, é importante que possamos compreender o nosso “Eu” para que tenhamos relacionamentos interpessoais pautados no respeito ao outro e na ética, pois dessa forma saberemos conviver com as diferenças interpessoais, as quais são diversas, pois cada ser humano é único no mundo e tem suas peculiaridades. 1Praticando... Vamos começar fazendo um exercício que serve para aproximar as pessoas e identifi car as diferenças e semelhanças. Abaixo você tem uma lista (folha de autógrafos) à qual você vai responder seguindo as instruções abaixo: - Dentre os seguintes itens, selecione 10 deles colocando um X em cada uma de suas escolhas. 4 Psicologia A15 - Durante a sessão de busca de autógrafos, você estará entrevistando pessoas para descobrir aquela que preenche cada uma das 10 categorias ou condições que você selecionou. - Você obterá, então, o autógrafo daquela pessoa no espaço apropriado. - Você deve ter um autógrafo diferente para cada um dos 10 itens. ( ) 1. Alguém que irradie simpatia: ( ) 2. Alguém que more sozinho: ( ) 3. Alguém que seja novato no trabalho: ( ) 4. Alguém que tenha nascido no mesmo estado que você: ( ) 5. Alguém que toque um instrumento musical: ( ) 6. Alguém que more no mesmo bairro que o seu: ( ) 7. Alguém que tenha mais de 5 fi lhos: ( ) 8. Alguém que torça pelo mesmo time que você torce: ( ) 9. Alguém que trabalhe há mais de 2 anos na empresa: ( ) 10. Alguém que jogue futebol: ( ) 11. Alguém que faça ginástica: ( ) 12. Alguém que goste de ir ao cinema: 5 Psicologia A15 13. Alguém que tenha animais domésticos: ( ) 14. Alguém que tenha hábito de ler jornal: ( ) 15. Alguém que seja muito tranquilo: ( ) 16. Alguém que já tenha composto uma música ( ) 17. Alguém que goste de praia ( ) 18. Alguém que tenha desfi lado em Escola de Samba ( ) 19. Alguém que goste de pesca Após a realização dessa atividade, refl ita sobre as questões abaixo: 1. O que foi mais curioso ou supreendente para você? 2. Teve alguém com quem você mais se identifi cou? 3. Quantas assinaturas você conseguiu? Fonte: Militão (1999). 2Praticando... 6 Psicologia A15 Comentando Esse exercício é importante para você avaliar como está o seu conhecimento em relação às pessoas escolhidas. Quanto maior o número de assinaturas, maior o conhecimento sobre as pessoas. Caso tenha conseguido um número pequeno de autógrafos, aproveite para repensar o que falta para que você possa se aproximar mais dessas pessoas, pois como nos diz Guimarães Rosa: “O mais importante e bonito do mundo é que as pessoas não são sempre iguais. Não foram terminadas mas estão sempre mudando afi nando e desafi nando. Verdade maior que a vida nos ensinou.” Guimarães Rosa Comunicação interpessoal A comunicação interpessoal é o diálogo que estabelecemos com uma ou maispessoas ao mesmo tempo. De acordo com Matos (2004), é quando os papéis de emissor (fonte) e de receptor (destino) são exercidos de modo recíproco por duas ou mais pessoas, ou seja, é quando o professor, por exemplo, em uma aula diz: amanhã a aula será no pátio. E você, aluno, faz a seguinte pergunta: Por que a aula será no pátio e não na sala de aula? Você e seu professor estão se comunicando, estabelecendo uma conversa com vistas a um entendimento da mensagem. Leia a história abaixo e conte com suas palavras para um colega e depois sugira o mesmo (ele contar a outra pessoa). Reinaldo estava esperando pelo ônibus Itapecerica quando ouviu a brecada, já imaginando o acidente. Saiu do ponto, foi ao local e percebeu que o fusca 7 Psicologia A15 vermelho da loirinha nervosa havia raspado de leve o Monza cinza do cidadão engravatado, com cara de executivo ou empresário de multinacional. O mais engraçado é que nenhum dos dois motoristas estava tão exaltado quanto o passageiro do ônibus que vinha atrás e que, angustiado pelo atraso, clamava aos céus pedindo que um guincho liberasse a avenida. O congestionamento foi crescendo e uma verdadeira multidão se aglomerou ao lado do acidente, dividindo-se entre a culpa da motorista, que se apresentara como modelo, e a vítima, que alegava não ter seguro. O desfecho parecia intrigante se, de repente, não passasse pelo local a Lisete, colega do Reinaldo, que, oferecendo-lhe uma carona, afastou-o desse matutino entrevero. Fonte: Antunes (1997, p. 75). Comentando... Você leu a história e conseguiu relatar com suas palavras de forma a não distorcer as palavras do autor? E o seu colega? Conseguiu contar a história sem distorcer as palavras? Na comunicação é preciso cuidado com o ditado “Quem conta um conto aumenta um ponto”, ou seja, distorce a mensagem que está sendo transmitida. Comportamento intergrupal Como me comporto em grupo? Quais são os meus valores quando estou em grupo? Quando estamos em grupo nosso comportamento sofre infl uência dos outros membros? No meu cotidiano escolho os grupos dos quais farei parte? Sabemos que os grupos podem ser primários ou secundários. Os primeiros podemos escolher em alguns momentos, como por exemplo, quem serão nossos amigos e com quem vamos compartilhar nossa vida e ter fi lhos. Já os grupos secundários, normalmente, não escolhemos, eles têm foco na realização de tarefas, a exemplo dos colegas de sala de aula ou do trabalho, os quais não podemos escolher, pois eles são formados pela instituição à qual pertencemos. Independente de pertencer a um grupo primário ou secundário é importante pensar na sua participação nesse grupo: sou uma pessoa participativa? Ou apenas concordo com as opiniões das outras pessoas? Sou crítico e questionador? Ou passivo frente às divergências e sugestões dos colegas do grupo? Essas são questões importantes para refl exão sobre seu comportamento nos grupos de convivência. 3Praticando... 8 Psicologia A15 Abrigo Subterrâneo Você está correndo um sério perigo de vida. Sua cidade está sendo ameaçada de um bombardeio. Você recebe a ordem de que deverá acomodar em um abrigo subterrâneo apenas seis pessoas, entretanto, há doze precisando entrar no abrigo. Abaixo, estão quais são as pessoas e suas características. Faça a sua escolha. Apenas seis poderão entrar no abrigo. - Um violinista, 40 anos, viciado - Um advogado, 25 anos. - A mulher do advogado, 24 anos, que acaba de sair do manicômio. Ambos preferem fi car juntos no abrigo, ou fora dele. - Um sacerdote, 75 anos. - Uma prostituta, com 37 anos. - Um ateu, 20 anos, autor de vários assassinatos. - Uma universitária, 19 anos, que fez voto de castidade. - Um físico, 28 anos, que só aceita entrar no abrigo se puder levar consigo sua arma. - Um declamador fanático, 21 anos, baixo Q.I. - Um homossexual, 47 anos, geólogo. - Um débil mental, 32 anos, que sofre de ataques epilépticos. - Uma menina, 12 anos, baixo Q.I. Agora que você já fez suas escolhas, pense e responda: 1. Quais as pessoas escolhidas por você? 2. Quais os critérios da sua escolha/eliminação? 3. Quais os sentimentos que você vivenciou durante o exercício? Fonte: Militão (1999, p. 44). 9 Psicologia A15 Responda aqui 10 Psicologia A15 Liderança Ser líder em uma organização exige muitas habilidades, tais como saber ouvir o outro, ter empatia (se colocar no lugar do outro sem se envolver emocionalmente), dar e receber feedback, saber falar e observar. Será que você já tem essas habilidades ou está disposto a desenvolvê-las para que possa ser um líder efi caz em sua atual ou futura profi ssão? A parábola daspulgas Duas pulgas estavam conversando e então uma comentou com a outra: - Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas. Elas então contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de reengenharia do vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra: - Quer saber? Voar não é o sufi ciente, porque fi camos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente. Elas então contrataram o serviço de consultoria de uma abelha, que lhe ensinou a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não resolveu... A primeira pulga explicou por quê: 11 Psicologia A15 - Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de fi car muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez. E então um pernilongo lhe prestou uma consultoria para incrementar o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos... Como tinham fi cado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar. Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha, que lhes perguntou: - Ué, vocês estão enormes! Fizeram plásticas? - Não, reengenharia. Agora somos pulgas adaptadas aos desafi os do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento. - E por que é que estão com cara de famintas? - Isso é temporário. Já estamos fazendo consultoria com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar. E você? - Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia. Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer e perguntaram à pulguinha: - Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em reengenharia? - Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora. - Mas o que as lesmas têm a ver com pulgas? – quiseram saber as pulgonas... - Tudo. Eu tinha o mesmo problema que vocês duas. Mas, em vez de dizer para a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias ali, quietinha, só observando o cachorro e então me disse: - Não mude nada. Apenas sente no cocuruto do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança. (Autor Desconhecido). Fonte: Simionato (2006). 4Praticando... Responda aqui 12 Psicologia A15 Refl ita sobre a parábola acima e responda. 1. Por que as pulgas buscaram diferentes consultores e não conseguiram resolver o problema? 2. Qual o momento em que as pulgas perceberam a necessidade de mudar de estratégia? 3. Por que a lesma se mostrou como a verdadeira líder para a pulguinha? 4. Faça uma relação da parábola com a aula sobre liderança. 13 Psicologia A15 História de Amyr Klink Para fi nalizar nossas aulas, gostaria de relatar um depoimento do próprio Amyr Klink ao ser entrevistado por Sérgio Almeida, em seu livro “Gestão de sonhos, riscos e oportunidades”, sobre a seguinte questão: “É melhor correr o risco de perder tudo a viver na penumbra da mediocridade com os que nunca arriscam nada”. Você concorda com essa afi rmação de Benjamim Franklin? Ondas de 25 metros, enfrentadas com tecnologia baseada em um brinquedo O maior problema quando a gente está pilotando um barco sozinho não é o fato de fi car sozinho, e sim ter de cumprir todas as funções sem ninguém para ajudar. Esse é o grande desafi o, um desafi o de administração, de controlar as manobras, é um desafi o de gestão não apenas do barco, mas do nosso próprio biorritmo. Você não pode dormir seis a sete horas, como a gente dorme na terra. Navegando sozinho, durmo apenas vinte e cinco minutos, a cada quarenta e cinco minutos. Não tem um dia ou uma noite - tenho noites de vinte e cinco minutos e dias de quarenta e cinco minutos. Na viagem de volta ao mundo pela Antártica, essa questão era mais complicada: quando a gente entra no meio de uma região em que há muitos icebergs, não dá para dormir vinte e cinco minutos, fui obrigado a reduzir os períodos de sono para quinze minutos. O maior problema estava na difi culdade de administrar muitos cabos e muitas velas. Como enfrentar isso, essa era minha grande preocupação. Então, descobri um sistema que me deixou encantado. Agora posso falar (antes da viagem não podia): o Paratti estava usando um mastro, que é uma peça de 25 metros de altura, em fi bra de carbono (no Brasil). Tem um formato curioso, parece uma cruz invertida; vira 360º e é um equipamento de extraordinária simplicidade. Quando descobri que esse sistema era patenteado por um inglês, fi quei alucinado, demorei um bom tempo para conseguir entrar em contato com ele. A idéia e o conceito eram geniais - simplifi cavam a manobra, [...] até conseguimos instalar o sistema dele no Paratti. Tivemos que fazer uma reforma muito importante na estrutura do barco, passar por uma interminável aventura burocrática, a importação do equipamento; outra aventura técnica, na montagem do equipamento - e o fato é que eu não o havia testado. Fui muito criticado quando deixei o Brasil por fazer uma viagem tão arriscada, usando um equipamento ainda não conhecido nos Estados Unidos. O inglês que o desenvolveu o fez a partir de 14 Psicologia A15 um brinquedo do fi lho, um barquinho de 50 polegadas com rádio-controle, em que nenhum cabo de aço segura o mastro. Observando esse sistema tão simples no brinquedo, o inglês resolveu fazer isso em escala real, em fi bra de carbono. Ele levou anos para desenvolver a patente. Todos riram dele, um sujeito que largou uma carreira promissora (ele trabalhou em Itaipu e é casado com uma brasileira) para fazer um brinquedo em maior escala. A patente dele é mundial e hoje ele está multimilionário fabricando esses mastros, atendendo a solicitações no mundo inteiro. Quando resolvi usar essa tecnologia, fui bastante criticado: “você está entrando no escuro, ninguém nunca fez uma viagem longa com esse equipamento”; “você está trocando o time vencedor do seu barco por um sistema que é uma aventura”, e outras besteiras que a gente ouve. Decidi partir. Confesso que estava nervoso até a passagem das ilhas Kerguelen, passei-as aos 56º de latitude, e essa primeira depressão levantou um mar muito grande. Essa é uma região em que as ondas atingem alturas espetaculares. Quando atingi o fi nal do Oceano Índico, nas depressões havia ondas superiores a 15 metros. Na passagem ao sul da Austrália, pude surfar em ondas de 25 metros – só que eu estava numa prancha de 20 toneladas, e é uma sensação horrorosa. Foi um teste importante, e confesso que senti muito medo, nunca havia navegado em ondas acima de 15 metros. Sempre brincava, falando: “Deus me livre das ondas de 18 metros de altura!”. Dessa vez, porém, elas tinham 25 metros. Deixando de lado o nervosismo, a tensão e o estresse de estar comandando um barco naquelas condições, poucas vezes senti tanta satisfação. Gritava de prazer quando o Paratti disparava para longas surfadas [...] Fonte: Amyr Klink (2000, p. 37-39). Bom, chegamos ao fi nal da nossa disciplina. É com a história do navegador Amyr Klink que encerramos nossa viagem ao mundo da Psicologia, através dos temas abordados ao longo das aulas, e a você só me resta dizer que foi um prazer expor os conhecimentos da Psicologia com o objetivo de proporcionar uma refl exão acerca das relações interpessoais e o mundo do trabalho. No mais, muito sucesso em sua caminhada. Leitura complementar KLINK, Amyr. Gestão de sonhos, riscos e oportunidades. Salvador: Casa da Qualidade, 2000. Entrevista concedida a Sérgio Almeida. 15 Psicologia A15 Nesse livro,Amyr Klink, primeiro homem a atravessar o Oceano Atlântico (da África para o Brasil) em um pequeno barco a remo conta a sua viagem à Antártica durante treze meses. São histórias envolventes sobre líderes e liderados, trabalho em equipe, riscos e desafi os enfrentados, entre outras. Esta aula teve como propósito destacar alguns temas como relações interpessoais, comunicação, comportamento intergrupal e liderança, os quais foram abordados em aulas anteriores. Durante a aula você realizou refl exões e exercícios sobre as temáticas citadas. 1. Qual a importância de conhecer a minha personalidade e das pessoas com as quais convivo diariamente? 2. O que posso fazer para ter uma boa comunicação no meu ambiente de trabalho? 3. O meu comportamento em grupo condiz com minha forma de pensar e ver o mundo? Ou sou infl uenciado pelos colegas do grupo? 4. Tenho as habilidades necessárias a um líder? 5. Como posso aplicar os conhecimentos adquiridos nessa disciplina em meu cotidiano? 16 Psicologia A15 Referências ANTUNES, Celso. Manual de Técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludopedagogia. Rio de Janeiro: Vozes, 1997. KLINK, Amyr. Gestão de sonhos, riscos e oportunidades. Salvador: Casa da Qualidade, 2000. Entrevista concedida a Sérgio Almeida. MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação sem complicação: como simplifi car a prática da comunicação nas empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. MILITÃO, Albigenor. S.O.S. Dinâmica de grupo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. SIMIONATO, Regina Bratfi sch. Dinâmicas de grupo para o desenvolvimento do potencial humano. São Paulo: Papirus, 2006. Anotações psicologia_capa psicologia_01 psicologia_02 psicologia_03 psicologia_04 psicologia_05 psicologia_06 psicologia_07 psicologia_08 psicologia_09 psicologia_10 psicologia_11 psicologia_12 psicologia_13 psicologia_14 psicologia_15