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1 Aula 5 – Interações Moleculares, Propriedades e Materiais Profª: Andréia Alves Costa Estados da Matéria 2 Figura 1. Estados físicos da matéria. Estados da Matéria Tabela 1. Propriedades características dos estados da matéria. 3 Formação de Fases O estado da matéria mais simples é o gás. As forças intermoleculares são as responsáveis pela existência das três diferentes fases. Fase Gasosa Fase Líquida Fase Sólida 4 Fases Condensadas 5 Forças Intramoleculares e Forças Intermoleculares A ligação covalente que mantém dois átomos unidos é uma força intramolecular (“força dentro da molécula”). A atração entre duas moléculas é uma força intermolecular (“força entre moléculas”). Forças intermoleculares são muito mais fracas do que as forças intramoleculares. Quando uma substância funde ou entra em ebulição, forças intermoleculares são rompidas (não as ligações covalentes). Forças Íon-Dipolo Existe entre um íon e a carga parcial em certo lado de uma molécula polar. A mais forte de todas as forças intermoleculares. 6 Figura 2. O lado negativo da molécula polar está orientado em direção ao cátion (a); o lado positivo da molécula polar está orientado em direção ao ânion (b). 7 Forças de Van der Waals Dentre as interações intermoleculares (ou forças intermoleculares), as Forças de Van der Waals são as mais fracas. Estas interações envolvem apenas átomos e moléculas e podem ser subdivididas em: dipolo – dipolo dipolo – dipolo induzido dipolo instantâneo – dipolo induzido 8 Dipolo-Dipolo Estas interações também são conhecidas como dipolo-dipolo permanente ou forças de Debye e ocorrem apenas entre moléculas heteronucleares que apresentam momento dipolar permanente. Considerando uma molécula do tipo AB. Devido a diferença de eletronegatividade entre os átomos haverá uma separação de carga q na molécula. Os centros de gravidade das cargas positiva e negativa estarão separados por uma distância R. Neste caso, o momento dipolar m será definido por: = qR 9 Dipolo-Dipolo Figura 3. Interação dipolo-dipolo. 10 Dipolo-Dipolo A energia liberada na formação da interação dipolo-dipolo entre duas moléculas é dada pela equação abaixo: E = 12/2r 3 Onde 1 e 2 são os momentos dipolares da espécies 1 e 2, r é a distância entre elas e é uma constante (permissividade de cargas no vácuo). 11 Dipolo-Dipolo As forças dipolo-dipolo são mais fracas que íon-dipolo. No entanto, existem exemplos em que a interação dipolo-dipolo é suficientemente forte para manter as moléculas no estado físico sólido. Exemplos: SbCl3 e SbOCl. 12 Dipolo-Dipolo As interações dipolo-dipolo influenciam de forma marcante os pontos de fusão e ebulição de espécies moleculares. Polar Apolar Espécie MM PF (oC) PE (oC) Espécie MM PF (oC) PE (oC) AsH3 78 -116 -55 GeH4 77 -165 -89 ICl 162 27 97 Br2 160 -7 59 As espécies moleculares AsH3 e GeH4, como também ICl e Br2, têm MM semelhantes, mas as espécies polares apresentam valores de P.F. e P.E. superiores devido as interações dipolo- dipolo. Forças Dipolo-Dipolo Tabela 2. Massas moleculares, momentos de dipolo e pontos de ebulição de várias substâncias orgânicas comuns. 13 Quanto maior o momento de dipolo, maior a interação entre as moléculas, e consequentemente, maior o ponto de ebulição. 14 Ligação Hidrogênio A ligação hidrogênio é uma situação extrema da interação dipolo-dipolo. Podem ser observadas em espécies que contém hidrogênio ligado a espécies muito eletronegativas (ex.: N, O, F, etc.). Desse modo, a ligação covalente é muito polarizada, fazendo com que o hidrogênio interaja com outro átomo eletronegativo. 15 Ligação Hidrogênio Quanto mais forte a ligação hidrogênio, mais enfraquecida será a ligação covalente entre o hidrogênio e o átomo eletronegativo que originou o dipolo. Neste tipo de interação, a ligação está deslocalizada e o hidrogênio efetua duas ½ ligações. As energias das ligações hidrogênio são elevadas, chegando a superar muitas ligações covalentes. 16 Ligação Hidrogênio 17 Ligação Hidrogênio Dipolo-Dipolo Induzido Ocorre quando moléculas polares induzem, ou criam um dipolo em uma molécula apolar. Esse processo de indução é chamado de polarização. Moléculas maiores são mais polarizáveis. Polarizabilidade é a facilidade com que a distribuição de cargas em uma molécula pode ser distorcida por um campo elétrico externo. Exemplo: O2 dissolvido em H2O 18 19 Dipolo Instantâneo - Dipolo Induzido Essas interações somente podem ser observados em espécies apolares ou que apresentem momento dipolar pequeno. As regiões espaciais contendo densidade eletrônica podem sofrer pequenas flutuações fazendo com que o centro gravitacional de cargas positivas e negativas não coincidam. Assim, um momento dipolar instantâneo poderá induzir um dipolo entre espécies próximas. 20 Dipolo Instantâneo - Dipolo Induzido Esse fenômeno é denominado interação dipolo instantâneo-dipolo induzido ou forças de dispersão ou forças de London. 21 Dipolo Instantâneo - Dipolo Induzido Quanto maior for o tempo que uma determinada espécie conseguir manter-se polarizada, maior será a sua capacidade de indução na espécie vizinha: Esse tempo é função da carga q e da distância r. Um valor grande de r produz um dipolo com maior tempo de vida. As espécies que possuem maior capacidade de polarização são as mais volumosas. 22 Quanto maior for a molécula mais polarizável ela é. As forças de London aumentam à medida que a massa molecular aumenta. As forças de London dependem da forma da molécula, quanto maior a área de contato, maior a força. Dipolo Instantâneo - Dipolo Induzido 23 Exemplo Considere uma espécie do tipo X2, onde X é um halogênio, a ordem de polarizabilidade será: F2 < Cl2 < Br2 < I2 O flúor e o cloro são gases a temperatura ambiente, enquanto que o bromo e o iodo são líquido e sólido, respectivamente. Dipolo Instantâneo - Dipolo Induzido 24 Dipolo Instantâneo - Dipolo Induzido Quanto maior a massa molecular, maior a interação entre as moléculas, maior o ponto de ebulição. Tabela 3. Massas moleculares versus ponto de ebulição. 25 A energia liberada nas forças de London em um par molecular pode ser expressa pela equação abaixo: E = 2/r6 onde é o momento dipolar instantâneo, a polarizabilidade e r a distância entre as espécies. As forças de London são mais fracas que as forças de Debye (ou forças dipolo – dipolo induzido). Dipolo Instantâneo - Dipolo Induzido 26 Forças de Interação Propriedades Físicas Viscosidade Tensão Superficial Pressão de Vapor Ponto de Ebulição Ponto de Fusão 27 Viscosidade Viscosidade é a resistência de um líquido em fluir. Um líquido flui através do deslizamento das moléculas sobre outras. Quanto mais fortes são as forças intermoleculares, maior é a viscosidade. 28 Tabela 4 . Viscosidades de uma série de hicrocarbonetos a 20 ºC. Tensão Superficial As moléculas presentes em um líquido são igualmente atraídas pelas suas vizinhanças. 29 Força direcional para o interior do líquido, contraindo a superfície. Essa resistência criada na superfície é chamada de tensão superficial. Tensão Superficial A tensão superficial é a energia existente na superfície de um líquido, necessária para definir a área superficial de um líquido. As forças de coesão ligam as moléculas entre si. As forças de adesão ligam as moléculas a uma superfície. 30 Tensão Superficial Ação capilar: Quando um tubo de vidro estreito é colocado em água, as forças de adesão puxam a água para o topo do tubo. Menisco é a forma da superfície do líquido. –Se as forças de adesão são maiores do que as forças de coesão, a superfície do líquido é atraída para o seu recipiente mais do que as moléculas volumosas. Portanto, o menisco tem formato de U. –Se as forças de coesão são maiores do que as forças de adesão, o menisco é curvo para baixo. 31 Pressão de Vapor É a pressão da fase gasosa de uma substância em equilíbrio com o líquido puro em um recipiente fechado. Em qualquer sólido ou líquido, as interações intermoleculares mantém o sistema unido. Em qualquer sistema molecular, as velocidades das partículas individuais variam. Se uma molécula tiver energia suficiente para superar essas forças de atração, ela irá escapar para a fase vapor. Esse é o princípio da evaporação. 32 Pressão de Vapor Trata-se de uma propriedade característica de uma substância em particular, em uma temperatura específica. Quanto maior a pressão de vapor, mais volátil é o líquido. 33 Figura. Pressão de vapor de algumas substâncias. Ponto de Ebulição O ponto de ebulição é definido como a temperatura na qual sua pressão de vapor é igual a 1 atm. O ponto de ebulição de um líquido também depende das forças intermoleculares e está intimamente ligado à pressão de vapor. 34 Fase Líquida Fase Gasosa Ponto de Ebulição Substância Pressão de Vapor (Torr) Ponto de Ebulição (ºC) Água 23,76 100 Acetona 200 56,2 Metanol 108 64,96 Ácido Cianídrico (HCN) 657 26 CCl4 99 76,4 CCl3F 717 23,8 CCl2F2 4448 -29,8 Formaldeído 3525 -21 Etano 29.380 -88,63 35 Ponto de Fusão O ponto de fusão designa a temperatura a qual uma substância passa do estado sólido ao estado líquido. 36 Mudanças de Fases Figura. Variações de energia acompanhando as mudanças de fase. 37 Mudanças de Fases Variações de energia acompanhando as mudanças de fase Sublimação: Hsub > 0 (endotérmica). Vaporização: Hvap > 0 (endotérmica). Derretimento ou Fusão: Hfus > 0 (endotérmica). Deposição: Hdep < 0 (exotérmica). Condensação: Hcond < 0 (exotérmica). Congelamento: Hcong < 0 (exotérmica). 38 Diagrama de Fases Diagrama de fases: gráfico que resume as condições de equilíbrio entre os estados da matéria. Dada uma temperatura e uma pressão, os diagramas de fases nos dizem em qual fase uma substância existirá. Qualquer combinação de temperatura e pressão que não esteja em uma curva representa uma fase única. 39 Diagrama de Fases 40 Diagrama de Fases da Água • A curva do ponto de fusão inclina para a esquerda porque o gelo é menos denso do que a água. • O ponto triplo ocorre a 0,0098C e a 4,58 mmHg. • O ponto de fusão (congelamento) é 0C. • O ponto de ebulição normal é 100C. • O ponto crítico é 374C e 218 atm. 41 Fase Sólida Os elementos, em sua maioria são sólidos em temperaturas e pressões normais. Quando consideramos essa categoria de átomos e moléculas arranjados em estado sólido temos: Sólidos cristalinos Sólidos amorfos. 42 Formam-se quando forças atrativas unem as moléculas. Fases Condensadas Fase Sólida Estrutura cristalina: substâncias que assumem arranjos regulares, repetitivos e geométricos. Estrutura amorfa: substâncias que solidificam-se em arranjos aleatórios. 43 Figura 2. Sílica (SiO2) apresentada em duas estruturas:(a) estrutura do quartzo, um sólido cristalino; (b) estrutura do vidro, sólido amorfo. Células Unitárias Um sólido cristalino pode ser representado por uma rede tridimensional, chamada de rede cristalina. A unidade de um sólido cristalino que se repete é chamada de célula unitária. 44 Tipos de Células Unitárias 45 Cúbica simples: cada átomo é compartilhado por oito células unitárias Cúbica de corpo centrado (ccc):os átomos das extremidades são compartilhados por oito células unitárias, e o átomo central está completamente incluso em uma célula unitária. Cúbica de face centrada (cfc): os átomos das extremidades são compartilhados por oito células unitárias, e os átomos das faces são compartilhados por duas células unitárias. Células Unitárias 46 A fração de um átomo que ocupa uma célula unitária para várias posições na célula unitária é dada por: Exemplo: NaCl Figura . Em (a) os íons Cl- estão nos vértices da célula unitária; em (b) os íons Na+ estão nos vértices da célula unitária. Ambas as escolhas são aceitáveis para o modelo cúbico de face ecntrada. 47 Exemplo: NaCl Duas maneiras equivalentes de definir a célula unitária: – os íons de Cl- (maiores) estão nas extremidades da célula, ou – os íons de Na+ (menores) estão nas extremidades da célula. A proporção cátion-ânion em uma célula unitária é a mesma para o cristal. No NaCl, cada célula unitária contém o mesmo número de íons de Na+ e de Cl-. 48 Exemplo: NaCl Para encontrar o número total de Na+ e Cl- em cada célula do cristal de NaCl: Na+ ¼ de Na+ por aresta (são 12 arestas) = 3 Na+ 1 Na+ por centro = 1 Na+ Total = 4 Na+ Cl- 1/8 Cl- por vértice (são 8 vértices) = 1 Cl- ½ Cl- por face (são 6 faces) = 3 Cl- Total = 4 Cl- 49 Assim, cada célula contém 4 Na+ para 4 Cl-. Esse resultado está de acordo com a estequimetria. Tipos de Sólidos Existem quatro tipos de sólidos: – Moleculares (formados a partir de moléculas) – normalmente macios, com pontos de ebulição baixos e condutividade ruim. – Rede covalente (formada de átomos) – muito duros, com pontos de fusão muito altos e condutividade ruim. – Iônicos (formados de íons) – duros, quebradiços, com pontos de ebulição altos e condutividade ruim. – Metálicos (formados a partir de átomos de metais) – macios ou duros, pontos de ebulição altos, boa condutividade, maleáveis e dúcteis. 50 Tipos de Sólidos 51 Tabela. Tipos de sólidos cristalinos. Sólidos Moleculares Forças intermoleculares: dipolo-dipolo, dispersão de London e ligações de H. Forças intermoleculares fracas, que dão origem a baixos pontos de fusão. Gases e líquidos à temperatura ambiente normalmente formam sólidos moleculares em baixa temperatura. 52 Figura: Iodo (I2), exemplo de sólido molecular. Sólidos Covalentes ou Reticulares Forças intermoleculares são do tipo dipolo-dipolo, dispersão de London e ligações de hidrogênio. São tipicamente duros e rígidos, com P.E. e P.F. elevados. 53 Figura. Estruturas do diamante (a) e do grafite (b), exemplos de sólidos covalentes. Sólidos Iônicos Íons (esféricos) mantidos unidos por forças eletrostáticas de atração. Essa estrutura depende geralmente das cargas e dos tamanhos relativos dos íons. 54 Sólidos Metálicos São maleáveis, dúcteis e bons condutores de eletricidade e calor. Problema: a ligação é forte demais para a dispersão de London e não há elétrons suficientes para ligações covalentes. Solução: os núcleos de metal flutuam em um mar de elétrons. Os metais conduzem porque os elétrons estão deslocalizados e são volúveis. 55 Sólidos Metálicos Figura. Modelo de “mar de elétrons”. Os elétrons de valência dos átomos metálicos são deslocalizados e movem-se livremente por todo o sólido. 56 Impacto Sobre os Materiais Essa mobilidade de elétrons de valência explica o brilho, a maleabilidade, a ductilidade e a elevada condutividade térmica e elétrica dos metais. 57 A - Condutividade elétrica B - Condutividade térmica Brilho Maleabilidade Ductilidade Ligas Metálicas São materiais metálicos que são misturas de dois ou mais metais. São mais resistentes que o metal puro, mas conduzem menos eletricidade. 58 Liga Composição % m:m Latão Até 40% de Ni em Cu Bronze Outro metal em cobre (para fundição: 10% de Sn e 5% de Pb) Cuproníquel 25% de Ni em Cu Peltre 6% de Sb e 1,5% de Cu em Sn Solda Sn em Pb Aço Inoxidável Acima de 12% de Cr em Fe Tipos de Liga Liga substitucional: os átomos tem praticamente o mesmo tamanho, os átomos inseridos substituem os átomos do metal de raio semelhante. Liga intersticial: ao átomos do elemento inserido são bem menores que o átomo do metal, e assim entram nos intersticios do retículo do metal. 59 Tipos de Aço Tipo de Aço % de Carbono Propriedades e Aplicações Aço de baixo teor de C 0,15 Ductilidade e baixa dureza – arames Aço de moderado teor de C 0,15 a 0,25 Cabos, pregos, grades e ferraduras. Aço de médio teor de C 0,20 a 0,60 Pregos, vigas, trilhos e outros componentes estruturais Aço de alto teor de C 0,61 a 1,5 Facas, navalhas, ferramentas de corte e brocas. 60 Outras Ligas 61 Cerâmicas • As cerâmicas são inorgânicas, não-metálicas, sólidas, cristalinas, amorfas rígidas (por exemplo, o vidro), quebradiças. • São estáveis a altas temperaturas, menos densas do que os metais, mais elásticas do que os metais e de ponto de fusão muito alto. • Exemplos típicos: alumina (Al2O3), carbeto de silício (SiC), zircônia (ZrO2) e berila (BeO). 62 Aplicações de Cerâmicas • Usada na indústria de instrumentos cortantes. • Usada na indústria eletrônica (circuitos semicondutores integrados normalmente fabricados de alumina). • Materiais de piezoelétrica (geração de um potencial elétrico após estresse mecânico) usados em relógios e geradores ultrasônicos. • Usada na fabricação de cerâmicas nos ônibus espaciais. 63 Polímeros • Os polímeros são moléculas gigantescas, constituídas de muitas e muitas moléculas menores, chamadas monômeros. Tipos de Polimerização • Polímeros de Adição: os monômeros são adicionados uns aos outros. • Polimeros de Condensação: as moléculas ligam-se por meio da eliminação de uma molécula pequena (por exemplo, a água). 64 N H H H O C O + N H C O H O H+ Polímeros 65 Tipos de Polímeros • Plástico: materiais que podem ser moldados. • Termoplástico: materiais que podem ser moldados mais de uma vez. • Termocurado: materiais que podem ser moldados apenas uma vez. • Elastômero: material que é de alguma forma elástico. Se uma quantidade moderada de força deformante é adicionada, o elastômero retornará à sua forma original. Útil para fibras. 66 Outros Materiais Cristais Líquidos Biomateriais Filmes Finos 67