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DIREITO ELEITORAL Noções introdutórias Conceito “Ramo do Direito que dedica-se ao estudo das normas e procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do poder de sufrágio popular, de modo a que se estabeleça a precisa equação entre a vontade do povo e a atividade governamental”. Fávila Ribeiro “Ramo do Direito Público que trata de institutos relacionados com os direitos políticos e as eleições, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares dos mandatos eletivos e das instituições do Estado”. Joel J. Cândido Objeto e objetivo Objeto. Normatização de todo o chamado “processo eleitoral”, que se inicia com o alistamento do eleitor e a consequente distribuição do corpo eleitoral e se encerra com a diplomação dos eleitos. Objetivo. Garantia da normalidade e da legitimidade do procedimento eleitoral, viabilizando a democracia. Normalidade significa a plena garantia da consonância do resultado apurado nas urnas com a vontade soberana expressada pelo eleitorado. A legitimidade significa o reconhecimento de um resultado justo, de acordo com a vontade soberana do eleitor. Características do Regime Democrático (Robert Dahl) Participação efetiva de todos os membros da comunidade, que devem ter oportunidades iguais e efetiva para expressar suas opiniões; A igualdade de voto, seguindo a lógica de que todas as pessoas devem ter o mesmo valor e importância em um processo democrático; O entendimento esclarecido, a partir do qual a consciência cidadã deverá ser despertada; O controle do programa de planejamento, segundo o qual os membros da comunidade devem ter a oportunidade de decidir as prioridades políticas e ter acesso, de forma transparente, a informações acerca do orçamento público; A inclusão de adultos, fundamentada na concepção de sufrágio universal, de forma a evitar exclusões despropositadas de pessoas do processo político. Democracia e suas espécies Democracia. Regime político fundamentado na ampla participação popular, na igualdade política, na transparência e no desenvolvimento do espírito crítico do povo. Democracia direta. Modelo caracterizado pelo exercício do poder popular sem a presença de intermediários. Democracia indireta (representativa). Modelo marcado pela pouca atuação efetiva do povo no poder, uma vez que ao povo, cabe apenas escolher, através do exercício do sufrágio, seus representantes políticos, de forma periódica. Democracia semidireta (participativa). Modelo dominante no mundo contemporâneo, caracteriza-se pela preservação da representação política aliada, a meios de participação direta do povo no exercício do poder soberano do Estado. Este é o modelo de democracia adotado pelo Brasil, de acordo com a Constituição Federal de 1988. Institutos da democracia participativa Plebiscito. Deve ser convocado com anterioridade ao ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido (art. 2º, § 1º, da Lei 9.709/1998). Referendo. É convocado com posteridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição (art. 2º, § 2º, da Lei 9.709/1998). Iniciativa popular de lei. Consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento de eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Do sufrágio, do voto e do escrutínio Sufrágio. É o poder inerente ao povo de participar da gerência da vida pública; Voto. É o instrumento para a materialização do poder de sufrágio; Escrutínio. Designa a forma como se pratica o voto, o seu procedimento. Mandatos políticos como representação política Mandato representativo. Mandatário tem plena liberdade para exercer o mandato político. Não precisa seguir as orientações do eleitor. Mandato imperativo. Fundamenta-se na concepção de que o povo, como titular da soberania, deve estabelecer limites à ação do governo, a fim de que o interesse público, e não os interesses privados dos representantes, prevaleçam. Mandato partidário. Fundamentado na lógica da fidelidade partidária, baseia-se no pressuposto de que o partido político é verdadeiro dono do mandato, devendo o mandatário seguir as diretrizes legitimamente estabelecidas pelo partido sob pena de perder o mandato por infidelidade partidária. Fontes do Direito Eleitoral Constituição Federal de 1988. Estabelece os princípios e regras fundamentais da democracia, além das normas primárias sobre direito de nacionalidade, condições de elegibilidade e causas de inelegibilidade, sistemas eleitorais, hipóteses de perda e suspensão dos direitos políticos, previsão sobre a propositura de Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, além de normas gerais sobre o funcionamento dos partidos políticos e organização da Justiça Eleitoral. Código Eleitoral (Lei 4.737/1965). Embora defasado, no Código Eleitoral, existem diversas normas de substancial importância para o Direito Eleitoral, como as referentes ao alistamento eleitoral, sistemas eleitorais, atos preparatórios para a votação, organização da Justiça Eleitoral, recursos eleitorais e crimes eleitorais. Lei das Eleições (Lei 9.504/1997). Exerce fundamental papel para a estabilização da democracia brasileira, estabelecendo normas perenes regulamentadoras de temas como coligações, convenções para a escolha dos candidatos, registro de candidatos, prestação de contas, pesquisas eleitorais, propaganda eleitoral, condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas e fiscalização das eleições. Fontes do Direito Eleitoral Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar nº 64/1990). Criada a partir da previsão do art. 14, § 9º, da CF/1988, estabelece casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determinando outras providências. Foi reformada pela LC nº 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), que também normatiza o procedimento aplicável a Ação de Investigação Judicial Eleitoral e da Ação por Captação Ilícita de Sufrágio. Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral. Poder regulamentar , instituído pelo Código Eleitoral e reafirmado na Lei das Eleições, a partir do qual o legislador concedeu ao próprio Poder Judiciário, e não ao Executivo, a prerrogativa de densificar o conteúdo das normas gerais e abstratas produzidas pelo Poder Legislativo. Princípios do Direito Eleitoral Princípio da lisura das eleições. Respalda-se na busca da verdade real, possibilitando até mesmo que o juiz produza provas de ofício, no processo eleitoral, a fim de formar o seu convencimento. Princípio do aproveitamento do voto. O juiz deverá abster-se de pronunciar nulidades sem prejuízo (in dubio pro voto). Princípio da celeridade. A garantia da legitimidade do exercício da soberania popular depende bastante da celeridade da Justiça Eleitoral, uma vez que o processo eleitoral, ocorre em menos de seis meses, contados do registro das candidaturas até a diplomação, o que exige que as decisões judiciais sejam rápidas. Princípios do Direito Eleitoral Princípio da anualidade. Segundo o art. 16 da CF, “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data da sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data da sua vigência”. Princípio da moralidade eleitoral. Possui densidade material manifestada na promulgação da “Lei da Ficha Limpa”. Slide 1: Direito eleitoral Slide 2: Conceito Slide 3: Objeto e objetivo Slide 4: Características do Regime Democrático (Robert Dahl) Slide 5: Democracia e suas espécies Slide 6: Institutos da democracia participativa Slide 7: Do sufrágio, do voto e do escrutínio Slide 8: Mandatos políticos como representação política Slide 9: Fontes do Direito Eleitoral Slide 10: Fontes do Direito Eleitoral Slide 11: Princípios do Direito Eleitoral Slide 12: Princípios do Direito Eleitoral