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Livro Sistemas Biologicos 22

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Sistemas Biológicos 119
Intra-especíca: entre membros de uma mesma espécie, ou mais pre-
cisamente entre membros de uma mesma população que vive em área
geográca denida.
Interespecíca: entre organismos de diferentes espécies, ou seja,
quando o aumento da densidade populacional de uma espécie A pro-
voca diminuição da taxa de crescimento populacional da espécie B.
A interação interespecíca é frequentemente discutida em relação à in-
teração física direta versus competição por recursos. Assim temos que:
Competição por interferência: quando organismos causam prejuízo físi-
co, ainda que o recurso disputado não seja limitante. É comum em verte-
brados.
Competição por recurso: quando organismos competem pelo uso de re-
cursos limitantes. É mais comum em invertebrados.
Existem critérios que podem ser usados para armar se duas espécies
estão competindo. De modo geral, quanto maior o número de itens contem-
plados abaixo diante de uma análise, maior a certeza ou conrmação da com-
petição:
a) Existência de padrões biogeográcos (presença de uma espécie garante a
ausência da outra);
b) Sobreposição quanto ao uso do fator limitante;
c) Existência de competição intra-especíca;
d) O uso de recurso por uma espécie limita o uso da outra;
e) Presença de espécies afetadas negativamente;
f) Quando hipóteses (como predação) não explicam os padrões biogeográ-
cos.
A tendência de uma competição produzir uma separação ecológica de
espécies aparentadas ou semelhantes é conhecida como Princípio da Ex-
clusão Competitiva ou Princípio de Gause. Em suma, nestes casos, as
duas espécies não podem ocupar exatamente o mesmo nicho.
A Coexistência é uma forma que as espécies encontram para evitar
ou diminuir a competição. Elas podem mudar seu “estilo de vida” ou hábito
alimentar. A coexistência tende a ser mais intensa em sistemas abertos, en-
quanto nos sistemas fechados (ilhas, por exemplo) sem uma nítida variação
nas taxas de emigração e imigração, imperam as estratégias de competição.
Leitão, A. M. F.; Vilar, J. L.; Almeida R. de.
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Atividades de avaliação
1. Construa uma tabela que resuma o que você estudou sobre interações
ecológicas, diferenciando relações harmônicas de desarmônicas e intra de
interespecícas.
2. Quais são as interações capazes de limitar o crescimento populacional?
Como isso pode acontecer na natureza?
Teoria do caos
Por Renato de Almeida
A ciência clássica, mecanicista, quase sempre considera que a existência de uma
dada endade pode ser explicada pela simples somatória de suas partes individuais,
desde que atendidas duas premissas fundamentais: (1) que não exista interação entre
as partes ou que sua existência seja tão irrelevante ao ponto de ser negligenciada;
(2) que a descrição da relação e comportamento dessas partes individualizadas seja
linear, ou seja, com aproximações e correções numéricas capazes de explicar possíveis
discrepâncias, reduzindo o número de variáveis e permindo a postulação de fórmu-
las universais capazes de explicar o comportamento do todo.
No entanto, de forma críca, a ciência moderna tem demonstrado que tais premis-
sas quase nunca são atendidas quando da análise de sistemas complexos compostos
pelas partes em interação. Não raramente, quando essas partes interagem entre si
emergem sistemas com propriedades não visualizadas anteriormente dentro de cada
parte isolada. Desta forma, pode-se armar que quase todo sistema complexo con-
gura-se em uma endade não linear, pois a interação das partes individualizadas está
submeda a variáveis externas e internas, impondo imprevisibilidade e sinergismo
como fatores complicadores na avaliação de sistemas.
Os sistemas complexos não-lineares obedecem ao que se convencionou chamar
Teoria do Caos, que se ocupa do estudo de sistemas com caracteríscas de previsibili-
dade e ordem (determiníscos), apesar de serem aparentemente aleatórios.
Essa imprevisibilidade nunca foi segredo e acabou ganhando relevância cienca
no início da década de 60, quan do o meteorologista Edward N. Lorenz usou equipa-
mento rudimentar para simular condições do tempo, por meio de equações compu-
tadorizadas. Em um primeiro momento, o programa foi alimentado com variáveis cli-
mácas (dados numéricos com seis dígitos signicavos), de modo que os resultados
simulados eram posteriormente registrados. Ao reper uma condição inicial, mas com
apenas três dígitos signicavos, os resultados simulados foram bastante disntos do
primeiro teste. Após descartar a idéia de falhas do sistema, Lorenz assumiu que tal
diferença aparentemente mínima (pequenos erros) no cálculo inicial poderia afetar
o resultado do cálculo seguinte e assim por diante, até que o resultado nal de uma
longa série de cálculos recorrentes resultasse em um padrão totalmente diferente do
esperado. E foi assim que o termo "sensível dependência das condições iniciais" foi
cunhado para descrever o fenômeno, em que pequenas mudanças em um sistema
recorrente alteram drascamente os resultados em longo prazo.
Saiba mais

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Sistemas Biológicos 119
• Intra-específica: entre membros de uma mesma espécie, ou mais pre-
cisamente entre membros de uma mesma população que vive em área 
geográfica definida.
• Interespecífica: entre organismos de diferentes espécies, ou seja, 
quando o aumento da densidade populacional de uma espécie A pro-
voca diminuição da taxa de crescimento populacional da espécie B.
A interação interespecífica é frequentemente discutida em relação à in-
teração física direta versus competição por recursos. Assim temos que:
• Competição por interferência: quando organismos causam prejuízo físi-
co, ainda que o recurso disputado não seja limitante. É comum em verte-
brados.
• Competição por recurso: quando organismos competem pelo uso de re-
cursos limitantes. É mais comum em invertebrados.
Existem critérios que podem ser usados para afirmar se duas espécies 
estão competindo. De modo geral, quanto maior o número de itens contem-
plados abaixo diante de uma análise, maior a certeza ou confirmação da com-
petição:
a) Existência de padrões biogeográficos (presença de uma espécie garante a 
ausência da outra);
b) Sobreposição quanto ao uso do fator limitante;
c) Existência de competição intra-específica;
d) O uso de recurso por uma espécie limita o uso da outra;
e) Presença de espécies afetadas negativamente;
f) Quando hipóteses (como predação) não explicam os padrões biogeográfi-
cos. 
A tendência de uma competição produzir uma separação ecológica de 
espécies aparentadas ou semelhantes é conhecida como Princípio da Ex-
clusão Competitiva ou Princípio de Gause. Em suma, nestes casos, as 
duas espécies não podem ocupar exatamente o mesmo nicho.
A Coexistência é uma forma que as espécies encontram para evitar 
ou diminuir a competição. Elas podem mudar seu “estilo de vida” ou hábito 
alimentar. A coexistência tende a ser mais intensa em sistemas abertos, en-
quanto nos sistemas fechados (ilhas, por exemplo) sem uma nítida variação 
nas taxas de emigração e imigração, imperam as estratégias de competição.
Leitão, A. M. F.; Vilar, J. L.; Almeida R. de.120
Atividades de avaliação
1. Construa uma tabela que resuma o que você estudou sobre interações 
ecológicas, diferenciando relações harmônicas de desarmônicas e intra de 
interespecíficas.
2. Quais são as interações capazes de limitar o crescimento populacional? 
Como isso pode acontecer na natureza?
Teoria do caos
Por Renato de Almeida
A ciência clássica, mecanicista, quase sempre considera que a existência de uma 
dada entidade pode ser explicada pela simples somatória de suas partes individuais, 
desde que atendidas duas premissas fundamentais: (1) que não exista interação entre 
as partes ou que sua existência seja tão irrelevante ao ponto de ser negligenciada; 
(2) que a descrição da relação e comportamento dessas partes individualizadas seja 
linear, ou seja, com aproximações e correções numéricas capazes de explicar possíveis 
discrepâncias, reduzindo o número de variáveis e permitindo a postulação de fórmu-
las universais capazes de explicar o comportamento do todo.
No entanto, de forma crítica, a ciência moderna tem demonstrado que tais premis-
sas quase nunca são atendidas quando da análise de sistemas complexos compostos 
pelas partes em interação. Não raramente, quando essas partes interagem entre si 
emergem sistemas com propriedades não visualizadas anteriormente dentro de cada 
parte isolada. Desta forma, pode-se afirmar que quase todo sistema complexo confi-
gura-se em uma entidade não linear, pois a interação das partes individualizadas está 
submetida a variáveis externas e internas, impondo imprevisibilidade e sinergismo 
como fatores complicadores na avaliação de sistemas. 
Os sistemas complexos não-lineares obedecem ao que se convencionou chamar 
Teoria do Caos, que se ocupa do estudo de sistemas com características de previsibili-
dade e ordem (determinísticos), apesar de serem aparentemente aleatórios.
Essa imprevisibilidade nunca foi segredo e acabou ganhando relevância científica 
no início da década de 60, quando o meteorologista Edward N. Lorenz usou equipa-
mento rudimentar para simular condições do tempo, por meio de equações compu-
tadorizadas. Em um primeiro momento, o programa foi alimentado com variáveis cli-
máticas (dados numéricos com seis dígitos significativos), de modo que os resultados 
simulados eram posteriormente registrados. Ao repetir uma condição inicial, mas com 
apenas três dígitos significativos, os resultados simulados foram bastante distintos do 
primeiro teste. Após descartar a idéia de falhas do sistema, Lorenz assumiu que tal 
diferença aparentemente mínima (pequenos erros) no cálculo inicial poderia afetar 
o resultado do cálculo seguinte e assim por diante, até que o resultado final de uma 
longa série de cálculos recorrentes resultasse em um padrão totalmente diferente do 
esperado. E foi assim que o termo "sensível dependência das condições iniciais" foi 
cunhado para descrever o fenômeno, em que pequenas mudanças em um sistema 
recorrente alteram drasticamente os resultados em longo prazo.
Saiba mais