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Sistemas Biológicos 119 • Intra-específica: entre membros de uma mesma espécie, ou mais pre- cisamente entre membros de uma mesma população que vive em área geográfica definida. • Interespecífica: entre organismos de diferentes espécies, ou seja, quando o aumento da densidade populacional de uma espécie A pro- voca diminuição da taxa de crescimento populacional da espécie B. A interação interespecífica é frequentemente discutida em relação à in- teração física direta versus competição por recursos. Assim temos que: • Competição por interferência: quando organismos causam prejuízo físi- co, ainda que o recurso disputado não seja limitante. É comum em verte- brados. • Competição por recurso: quando organismos competem pelo uso de re- cursos limitantes. É mais comum em invertebrados. Existem critérios que podem ser usados para afirmar se duas espécies estão competindo. De modo geral, quanto maior o número de itens contem- plados abaixo diante de uma análise, maior a certeza ou confirmação da com- petição: a) Existência de padrões biogeográficos (presença de uma espécie garante a ausência da outra); b) Sobreposição quanto ao uso do fator limitante; c) Existência de competição intra-específica; d) O uso de recurso por uma espécie limita o uso da outra; e) Presença de espécies afetadas negativamente; f) Quando hipóteses (como predação) não explicam os padrões biogeográfi- cos. A tendência de uma competição produzir uma separação ecológica de espécies aparentadas ou semelhantes é conhecida como Princípio da Ex- clusão Competitiva ou Princípio de Gause. Em suma, nestes casos, as duas espécies não podem ocupar exatamente o mesmo nicho. A Coexistência é uma forma que as espécies encontram para evitar ou diminuir a competição. Elas podem mudar seu “estilo de vida” ou hábito alimentar. A coexistência tende a ser mais intensa em sistemas abertos, en- quanto nos sistemas fechados (ilhas, por exemplo) sem uma nítida variação nas taxas de emigração e imigração, imperam as estratégias de competição. Leitão, A. M. F.; Vilar, J. L.; Almeida R. de.120 Atividades de avaliação 1. Construa uma tabela que resuma o que você estudou sobre interações ecológicas, diferenciando relações harmônicas de desarmônicas e intra de interespecíficas. 2. Quais são as interações capazes de limitar o crescimento populacional? Como isso pode acontecer na natureza? Teoria do caos Por Renato de Almeida A ciência clássica, mecanicista, quase sempre considera que a existência de uma dada entidade pode ser explicada pela simples somatória de suas partes individuais, desde que atendidas duas premissas fundamentais: (1) que não exista interação entre as partes ou que sua existência seja tão irrelevante ao ponto de ser negligenciada; (2) que a descrição da relação e comportamento dessas partes individualizadas seja linear, ou seja, com aproximações e correções numéricas capazes de explicar possíveis discrepâncias, reduzindo o número de variáveis e permitindo a postulação de fórmu- las universais capazes de explicar o comportamento do todo. No entanto, de forma crítica, a ciência moderna tem demonstrado que tais premis- sas quase nunca são atendidas quando da análise de sistemas complexos compostos pelas partes em interação. Não raramente, quando essas partes interagem entre si emergem sistemas com propriedades não visualizadas anteriormente dentro de cada parte isolada. Desta forma, pode-se afirmar que quase todo sistema complexo confi- gura-se em uma entidade não linear, pois a interação das partes individualizadas está submetida a variáveis externas e internas, impondo imprevisibilidade e sinergismo como fatores complicadores na avaliação de sistemas. Os sistemas complexos não-lineares obedecem ao que se convencionou chamar Teoria do Caos, que se ocupa do estudo de sistemas com características de previsibili- dade e ordem (determinísticos), apesar de serem aparentemente aleatórios. Essa imprevisibilidade nunca foi segredo e acabou ganhando relevância científica no início da década de 60, quando o meteorologista Edward N. Lorenz usou equipa- mento rudimentar para simular condições do tempo, por meio de equações compu- tadorizadas. Em um primeiro momento, o programa foi alimentado com variáveis cli- máticas (dados numéricos com seis dígitos significativos), de modo que os resultados simulados eram posteriormente registrados. Ao repetir uma condição inicial, mas com apenas três dígitos significativos, os resultados simulados foram bastante distintos do primeiro teste. Após descartar a idéia de falhas do sistema, Lorenz assumiu que tal diferença aparentemente mínima (pequenos erros) no cálculo inicial poderia afetar o resultado do cálculo seguinte e assim por diante, até que o resultado final de uma longa série de cálculos recorrentes resultasse em um padrão totalmente diferente do esperado. E foi assim que o termo "sensível dependência das condições iniciais" foi cunhado para descrever o fenômeno, em que pequenas mudanças em um sistema recorrente alteram drasticamente os resultados em longo prazo. Saiba mais