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www.bafisa.com.br Resumão Jurídico 7 FERNANDA MARIA ZICHIA ESCOBAR DIREITO PENAL PARTE GERAL Segundo definição do prof. José Frederico Marques, dos princípios maiores e mais importantes do estado de c) contra a administração pública, por quem a seu Direito Penal a reunião das normas jurídicas pelas direito, pois que normas que regulam um fato cri- serviço; quais Estado determinadas condutas, sob amea- minoso sejam modificadas posteriormente em prejuízo d) de genocídio, quando agente for brasileiro ou domi- ça de sanção penal, estabelecendo ainda os princípios da situação jurídica do agente. ciliado no Brasil; gerais do direito e os pressupostos para a aplicação das II os crimes: penas e das medidas de segurança, disciplinando as APLICAÇÃO DA LEI PENAL a) que, por tratado ou convenção, Brasil se obrigou a relações jurídicas derivadas para estabelecer a apli- reprimir; cabilidade da pena e a tutela do direito de liberdade em b) praticados por brasileiro; face do poder de punir do Estado". Vigência da lei penal c) praticados em aeronaves ou embarcações brasilei- Assim como as demais leis, a lei penal começa a ras, mercantes ou de propriedade privada, quando Fontes do Direito Penal vigorar na data nela indicada ou, na omissão, 45 dias em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Fonte é lugar de onde provém direito. após sua publicação dentro do país e em três meses no $ 1°. Nos casos do inciso I, agente é punido segun- a) Materiais (de produção ou substanciais): referem-se exterior. Não se destinando à vigência temporária, a lei do a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no ao órgão incumbido de sua elaboração. A União é a terá vigor até que outra a modifique ou revogue. Jamais estrangeiro. fonte de produção do Direito Penal (art. 22, I, CF). um costume revoga a lei. Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasi- b) Formais (de conhecimento): referem-se ao modo leira depende do concurso das seguintes condições: pelo qual Direito Penal se exterioriza. Lei penal no tempo a) entrar 0 agente no território nacional; Imediatas: são as próprias leis, pois não há crime "Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei b) ser fato punível também no país em que foi prati- sem lei anterior que defina nem pena sem prévia posterior deixa de considerar crime, cessando, em vir- cado; cominação legal. tude dela, a execução e os efeitos penais da sentença c) estar crime incluído entre aqueles pelos quais a lei Mediatas: são os costumes, os princípios gerais condenatória. brasileira autoriza a extradição; do direito, a jurisprudência e a doutrina. Parágrafo único A lei posterior, que de qualquer d) não ter sido agente absolvido no estrangeiro ou não modo favorecer agente, aplica-se aos fatos anterio- ter cumprido a pena; Dispõe 0 art. 4° da Lei de Introdução ao Código Civil: res, ainda que decididos por sentença condenatória tran- e) não ter sido agente perdoado no estrangeiro ou, "Quando a lei for omissa, juiz decidirá 0 caso de acordo com sitada em julgado." por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, a analogia, os costumes e os gerais de direito" segundo a lei mais favorável. Leis de vigência temporária $ A lei brasileira aplica-se também ao crime come- Princípios gerais do direito (leis auto-revogáveis) tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, Fundamentam-se em premissas éticas extraídas do mate- Diz art. 3°: "A lei excepcional ou temporária, embo- reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: rial legislativo. Não existindo lei análoga, recorrer-se-á, en- decorrido período de sua duração ou cessadas as cir- a) não foi pedida ou foi negada a extradição; tão, às fontes mediatas, que são os princípios gerais do di- cunstâncias que a determinam, aplica-se ao fato prati- b) houve requisição do ministro da Justiça." reito, os costumes, bem como a doutrina e a jurisprudência. cado durante a sua vigência". Alguns princípios gerais do direito são: Podem ser: Pena cumprida no estrangeiro Princípio da insignificância Direito Penal não a) excepcionais: feitas para vigorar em períodos anor- "Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a deve preocupar-se com bagatelas. Assim, os danos de mais, como guerra, calamidade, etc.; sua duração pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diver- pouca monta devem ser considerados como fatos atípi- coincide com a do período; sas, ou nela é computada, quando idênticas. Se a pena cos não havendo crime (ex.: furto de algo irrisório). b) temporárias: feitas para vigorar em um período de no estrangeiro for mais severa, nada restará a cum- Princípio da alteridade a incriminação de tempo prefixado pelo legislador; traz em seu bojo a prir, mas, se as penas impostas forem diferentes, a pena atitude meramente subjetiva, que não ofende a nenhum data de cessação de sua vigência. imposta no estrangeiro atenua a que deve ser cumpri- bem jurídico (ex.: a autolesão não é crime, salvo quan- da no Brasil, a critério do juiz, uma vez que a lei não do houver intenção de fraudar seguro, caso em que a Tempo do crime prevê critérios para a atenuação prevista neste artigo." instituição seguradora será vítima de estelionato). CP adotou a teoria da atividade. "Considera-se pra- Princípio da confiança Consiste na realização da con- ticado crime no momento da ação ou omissão, ainda que Eficácia da sentença estrangeira duta de determinada forma, na confiança de que outro agen- seja outro momento do resultado" (art. "Art. A sentença estrangeira, quando a aplica- te atuará de modo já esperado, isto é, de modo normal. Baseia- ção da lei brasileira produz na espécie as mesmas con- se na confiança de que 0 comportamento das outras pessoas Lugar do crime seqüências, pode ser homologada no Brasil para: se dará de acordo com 0 que normalmente acontece. CP seguiu a teoria da ubiqüidade ou mista. I obrigar condenado à reparação do dano, a res- "Considera-se praticado crime no lugar em que ocorreu tituições e a outros efeitos civis; Divisão do Código Penal a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde II sujeitá-lo a medida de segurança. a) Parte geral (arts. 1° a 120): prevê todas as leis não se produziu ou deveria produzir resultado" (art. Parágrafo único A homologação depende: incriminadoras, que podem ser explicativas (com- a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da plementares ou finais) esclarecem conteúdo de Territorialidade da lei penal brasileira parte interessada; outras normas (ex.: art. 1°) e permissivas tor- princípio adotado pelo art. 5° é 0 da territo- b) para os outros efeitos, da existência de tratado de nam lícitas determinadas condutas tipificadas em rialidade temperada: "Aplica-se a lei brasileira, extradição com país de cuja autoridade judiciária leis incriminadoras (ex.: legítima defesa). sem prejuízo de convenções, tratados e regras de emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requi- b) Parte especial (arts. 121 a 361) prevê todas as leis Direito Internacional, ao crime cometido no sição do ministro da Justiça." incriminadoras, que descrevem uma conduta e comi- rio nacional". Para que a sentença estrangeira possa produzir deter- nam penas. Para os efeitos penais, consideram-se como exten- minados efeitos no Brasil, esta deverá ser homologada são do território nacional as embarcações e aeronaves pelo Supremo Tribunal Federal; a execução de pena é PRINCÍPIOS brasileiras de natureza pública, mercantes ou de pro- um ato de soberania. priedade privada onde quer que se encontrem. Aplica- se também a lei brasileira aos crimes praticados a bordo Contagem de prazos Princípio da legalidade e da anterioridade de aeronaves ou embarcações estrangeiras em no No Direito Penal, dia do começo inclui-se no E princípio básico do Direito Penal. "Não há crime espaço aéreo nacional ou em pouso no território brasi- puto do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos sem lei anterior que defina. Não há pena sem prévia leiro, em porto ou mar territorial do Brasil. pelo calendário comum (art. 10). Portanto, inclui-se 0 cominação legal" (art. 5°, XXXIX, CF, e art. 1°, CP). Ou primeiro dia e exclui-se último. Nos prazos processuais seja, a lei deve ser anterior ao fato praticado e não pos- Extraterritorialidade da lei penal brasileira não se inclui dia do começo (art. 798, 1°, CPP). terior a ele. Também é conhecido como princípio da É a possibilidade de aplicação da lei penal brasilei- Frações não computáveis da pena Com relação reserva legal, pois diz que a lei, em sentido formal, Γa a fatos criminosos ocorridos no exterior. Este artigo penas privativas de liberdade e às restritivas de direitos pode determinar que é crime e indicar a pena cabível. prevê as exceções ao art. 5°, aplicando-se princípios (art. 11), deverá 0 juiz desprezar as frações de dias. Nos da nacionalidade ativa, da nacionalidade passiva, da casos de pena de multa, deverão ser desprezadas as fra- Princípio in dubio pro reu defesa real, da justiça universal e da representação. ções de real, ou seja, os centavos. Para alguns doutrinadores, só se aplica no campo da "Art. 7° Ficam sujeitos à lei brasileira, embora apreciação das provas, nunca para a interpretação da lei, cometidos no estrangeiro: mas, para a maioria, esgotadas todas as atividades inter- I os crimes: INFRAÇÕES PENAIS pretativas sem que se tenha conseguido extrair 0 signi- a) contra a vida ou a liberdade do presidente da ficado da norma, a solução é dar a interpretação mais República; 0 Direito Penal é um ramo do Direito Público que favorável ao acusado. b) contra 0 patrimônio ou a fé pública da União, do define as infrações penais, estabelecendo as penas e as Distrito Federal, de Estado, de Território, de Mu- medidas de segurança. As infrações penais dividem-se Princípio da irretroatividade nicípio, de empresa pública, sociedade de economia em crimes ou delitos e contravenções. As contravenções Segundo art. 5°, inciso XL, da CF, "a lei penal não mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder são infrações penais de menor porte elencadas na Lei das retroagirá, salvo para beneficiar Essa regra é um Público; Contravenções Penais, conhecidas como "crimes Observação: os artigos citados são do Código Penal, salvo indicação em contrário.