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Órgãos do Estado nas relações jurídicas internacionais(Aula Otavio)

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Enviado por Bernardo Pupe em

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Extinção de Estados
No passado, isso era possível. Os Estados desapareciam e outras nações ocupavam aquele espaço. Eles nasciam e desapareciam indistintamente. Existia também o fenômeno debelatio, que é o desaparecimento total de um Estado após uma derrota em guerra. Não havia uma proteção jurídica do Estado, mas hoje, proncipalmente após a declaração de ilicitude da guerra, essa proteção existe. A falência de um Estado, por exemplo, não leva à extinção do mesmo. Um exemplo é a Somátia na década de 90.
Casos de extinção
Extinção de território ou população – isso pode voltar a ocorrer em decorrência do aquecimento global. Tuvalu, por exemplo, tem um acordo com a Austrália para a transferência da população quando o território for submerso.
Anexação – é mais difícil de acontecer hoje não só porque a guerra é considerada um meio ilegítimo de solução de controvérsias, como a anexação de territórios através de guerras legítimas também é ilícita. Mesmo assim, há o exemplo do Tibet e da China
Fusão - exemplos: Iêmem do Norde e Iêmem do Sul se juntaram para a formação do Iêmem.
Divisão ou desmembramento – exemplos: Tchecoslovária, Iugoslávia e União Soviética.
Órgãos do Estado nas relações jurídicas internacionais
Representantes nas relações jurídicas internacionais – um representante na sociedade internacional representa o Estado externamente e conduz o Estado nas suas relações jurídicas internacionais fazendo três coisas: emitir atos em nome do Estado, negociar e assinar tratados e enviar e receber agentes e representantes de direito internacional.
Rei – representava o Estado diante de outros Estados nas relações jurídicas internacionais. 
Chefe de Estado – A partir das teorias constitucionalistas e da teoria da separação de poderes de Montesquieu, o rei passou a exercer um poder moderador e de representação dos Estados. Com isso, o rei passou a ser o Chefe de Estado e o comando da administração pública ficou com o Chefe de Governo.
Chefe de governo – Com a fusão de Chefe de Estado com Chefe de Governo no modelo presidencialista, a representação legítima do país nas relações jurídicas internacionais passou a ser exercida também pelo Chefe de Governo. Nos países que ainda adotavam a monarquia como forma de governo, essa representação do Estado foi concedida também ao primeiro ministro. No Brasil, o presidente detém essas funções, como previsto no art. 84 da Constituição.
Ministro das Relações Exteriores – exerce funções administrativas da condução do Estado. Além disso, ele é chefe do quadro diplomático e consular do Estado. É tão importante nas relações exteriores que também é considerado pela Convenção de Viena como plenipotenciário.
Agentes diplomáticos – atua em assuntos de Estado, negociando diretamente com outros Estados. Atuam nas embaixadas, que são localizadas nas capitais dos países para que se estabeleçam relações diplomáticas diretamente com o Estado. No Brasil, os diplomatas de carreira são, necessariamente, brasileiros natos (art. 12 §3º). O último grau da carreira do diplomata é ser embaixador, mas este não precisa ser diplomada de carreira, basta ser indicado pelo presidente. O embaixador ou embaixadora, que são os chefes da missão diplomática (exbaixada), devem ser aprovadas pelo Senado (art. 52, IV).
Agentes consulares – não negocia assuntos de Estado. Tem uma função apolítica e trabalham em questões técnicas e burocráticas. Geralmente, cuidam de interesses privados de seus nacionais que naquele outro Estado estão. Eventualmente, também podem contribuir para o estabelecimento de relações entre os nacionais do país em que estão e seu Estado. Atuam nos consulados, que são localizados descricionariamente em diversas cidades de determinado Estado. Os Estados normalmente estabelecem consulados em cidades que têm um grande contingente de imigrantes nacionais desse Estados. 
Imunidade de jurisdição – poder-dever de um Estado em solucionar conflitos de seu interesse. Há normas de direito internacional que determinam que alguns órgãos de representação internacional têm imunidade de jurisdição. É importante ressaltar que essa imunidade de jurisdição se limita a cortes estrangeiras. Os tribunais penais internacionais (TPI, Tribunal Internacional da Ex-Iugoslávia e Tribunal de Ruanda) têm jurisdição para julgar crimes contra a humanidade, crimes de guerra e genocídio cometidos por qualquer sujeito. Por isso o TPI acaba de condenar o Kadafi, que é Chefe de Estado e de Governo da Líbia.
Chefes de Estado, Chefes de Governo e Ministros das Relações Exteriores – é uma norma de costume internacional amplamente aceita que os chefes de Estado e de Governo têm imunidade penal e civil absolutas em cortes de outros Estados. Essa norma serve para preservar as relações entre os Estados. É muito grande a chance de haver um conflito caso um Estado prenda ou julgue o chefe de outro Estado. A ideia é preservar as relações internacionais.
Os Ministros das Relações Exteriores, em regra, não têm imunidade. Porém, houve uma decisão da Corte Internacional de Justiça que determinou que este também tem imunidade no caso República Democrática do Congo vs Bélgica. A lei penal belga determina que a justiça belga tem competência para julgar crimes de genocídio praticados por qualquer um em qualquer lugar. A partir disso, começaram a fazer uma investigação sobre a guerra civil da República Democrática do Congo (ex-Zaire e ex-colônia belga), julgando culpado pelo crime de genocídio o ex-Senador e então Ministro das Relações Exteriores, Yerodia. Entregou o mandado de prisão à Interpol, mas, no papel de Ministro, ele estava com viagem marcada à Europa. Assim, a RDC entrou com uma ação na Corte Internacional de Justiça alegando que era uma regra de costume de direito internacional que o Ministro das Relações Esteriores tinha imunidade. A Corte reconheceu isso e hoje esse é o entendimento.
Ex-Chefe de Estado e ex-Chefe de Governo – até 1998, entendia-se que os Chefes de Estado e de Governo não perdiam a sua imunidade após deixar o cargo. Houve o caso Pinochet que mudou isso. A Interpol tinha um mandato de prisão pelos crimes cometidos durante seu governo. Durante uma viagem à Inglaterra, a Interpol determinou sua prisão e a polícia britânica o prendeu. Como a condenação foi feita pela justiça espanhola, o objetivo da prisão era extraditá-lo para a Espanha. Duas questões foram levantadas: a legitimidade de jurisdição que a Espanha teria para julgá-lo e a legitimidade da imunidade de jurisdição de um ex-presidente, principalmente se os crimes foram cometidos durante o exercício do mandato. A câmara dos Lords reconheceu a falta de legitimidade da imunidade de jurisdição, mas como Pinochet já estava com sua saúde muito debilitada, acabou sendo extraditado para o Chile.
Agentes diplomáticos e consulares – a imunidade dos agentes diplomáticos e consulares é uma das regras de costumes mais antigas e é reconhecida pela Convenção de Viena para Relações Diplomáticas de 1961. É indiscutível que a missão diplomática e a residência do agente são invioláveis. Os agentes, por sua vez, têm imunidade penal absoluta, mas a civil é parcial. A imunidade civil encontra três exceções: imóvel particular, efeito sucessório e reconvenção. A imunidade se estende aos membros de sua família, que também não podem ser presos. IMPORTANTE: a imunidade não pertence ao agente, mas sim ao Estado. O Estado pode renunciar à imunidade do seu agente, como previsto no art. 32 da Convenção de Viena para Relações Diplomáticas. Os agente consulares, por sua vez, só têm imunidade de jurisdição para atos funcionais (Convenção de Viena sobre Relações Consulares).

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