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Yumara Vasconcelos Doutora em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Contabilida- de pela Fundação Visconde de Cairu (FVC). Gra- duada em Ciências Contábeis pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL). Escritora. Possui grande experiência na coordenação acadêmica de cursos a distância, dirigindo projetos nessa modalidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 11 Princípios de Contabilidade Considerações gerais Os princípios contábeis são os alicerces norteadores de toda a prática contábil e, portanto, formam a estrutura conceitual da Contabilidade. Ou seja, são as vigas mestras dessa estrutura. A expressão princípio vem do latim principe que significa primeiro, origem. Os princípios são verdades fun- damentais e devem ser obrigatoriamente obedecidos. Quando evocada, a palavra princípio é naturalmente associada a termos como: fundamento, orientação a seguir. (SÁ, 2000) O Conselho Federal de Contabilidade – CFC, por meio das Resoluções 750/93 e 774/94 estabelece seis princípios, a saber: Entidade; � Continuidade; � Oportunidade; � Registro pelo valor original; � Competência; � Prudência. � A observância dos Princípios de Contabilidade constitui condição de legiti- midade das Normas Brasileiras de Contabilidade. Resolução 750/93 Capítulo I Dos Princípios e de sua observância Art. 1.º Constituem Princípios de Contabilidade (PC) os enunciados por esta Resolução. §1.º A observância dos Princípios de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). §2.º Na aplicação dos Princípios de Contabilidade há situações concretas e a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais. (Redação dada pela Resolução CFC n.o 1282/10) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 12 Princípios de Contabilidade Capítulo II Da conceituação, da amplitude e da enumeração Art. 2.º Os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso país. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. (Redação dada pela Resolução CFC n.o 1282/10) Art. 3.º São Princípios de Contabilidade: (Redação dada pela Resolução CFC n.o 1282/10) I) o da Entidade; II) o da Continuidade; III) o da Oportunidade; IV) o do Registro pelo valor original; V) o da Atualização monetária; (Revogado pela Resolução CFC n.o 1282/10) VI) o da Competência e VII) o da Prudência. Desta maneira, toda a prática contábil e preparo de relatórios deve ser norteada pelos Princípios Fundamentais de Contabilidade, sob pena de perda de legitimidade. Os Princípios segundo a Resolução 750/93 Princípio da Entidade O Princípio da Entidade define o patrimônio como objeto da Contabili- dade, afirmando a autonomia patrimonial. Com isso, enfatiza a necessidade de separação do patrimônio dos sócios ou proprietários do patrimônio da entidade. Resolução 750/93 Seção I O Princípio da Entidade Art. 4.º O Princípio da Entidade reconhece o patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único. O patrimônio pertence à entidade, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova entidade, mas numa unidade de natureza econômico-contábil. Essa diferenciação entre o patrimônio da entidade e o universo dos pa- trimônios existentes constitui fator importante de controle e independên- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Princípios de Contabilidade 13 cia gerencial. Não fosse esse princípio inexistiria clareza na evidenciação da informação contábil, muito menos, visão objetiva do desempenho da enti- dade. O patrimônio pertence à entidade. Os controles e registros contábeis devem ser orientados por esse princípio. Entende-se por entidade desde a pessoa física ou grupo de pessoas até as organizações mais complexas que desenvolvam atividades sociais ou eco- nômicas. Exemplos: famílias; � associações; � empresas; � governo; � sociedades beneficentes, de lazer, religiosas, culturais e técnicas; � sociedades cooperativas; � fundos de investimentos etc. � Ressalte-se que o patrimônio objeto da Contabilidade é aquele que per- tence à entidade. Conforme Almeida (2000, p. 16) “o patrimônio, na sua con- dição de objeto da Contabilidade, é, no mínimo, aquele juridicamente forma- lizado como pertencente à entidade, com ajustes quantitativos e qualitativos realizados em consonância com os princípios da própria Contabilidade.” A autonomia patrimonial assenta-se na noção de propriedade, do contrá- rio teríamos um universo de limites imprecisos. O controle e a posse juntos, apesar de não significar o mesmo que propriedade, podem precisar essa au- tonomia não ferindo, desta forma, o Princípio da Entidade. A garantia jurídica da propriedade, embora por vezes suscite interrogações de parte daqueles que não situam a autonomia no cerne do Princípio da Entidade, é indissociável desse princípio, pois é a única forma de caracterização do direito ao exercício de poder sobre o mesmo patrimônio, válida perante terceiros. (ALMEIDA, 2000, p. 16) O patrimônio pode ser estruturado de diferentes formas e critérios para fins gerenciais. Independentemente da existência de “divisões” ou da criação de blocos de informações gerenciais, o patrimônio deve ser tratado obede- cendo ao Princípio da Entidade. Por exemplo, nas áreas de custos e orça- mento, pode-se trabalhar com controles do patrimônio em nível de “divisão” ou “unidade de resultado”, mas isso não significa que estas sejam micro- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 14 Princípios de Contabilidade entidades. A autonomia patrimonial apresenta sentido unívoco. Por consequência, o patrimônio pode ser decomposto em partes segundo os mais variados critérios, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Mas nenhuma classificação, mesmo que dirigida sob ótica setorial, resultará em novas entidades. Carece, pois de sentido, a ideia de que as divisões ou departamentos de uma entidade possam constituir novas entidades, ou “microentidades”, precisamente porque sempre lhes faltará o atributo da autonomia. (ALMEIDA, 2000, p. 16) A criação de uma nova entidade requer transferência de propriedade. Uma dúvida muito comum na aplicação do Princípio da Entidade diz respei- to à prática de consolidação de balanços. Ao consolidar as demonstrações contábeis não é gerada uma nova entidade. Cada membro do grupo empre- sarial consolidado mantém sua autonomia, inexistindo transferência de pro- priedade. As demonstrações contábeis dos membros do grupo, entidades cujos dados foram consolidados, devem respeitar os Princípios Fundamen- tais de Contabilidade. Apenas os dados são consolidados, não as empresas. Assim, devem ser feitos registros contábeis de transações entre empresas de um mesmo grupo econômico por se tratar de entidades distintas. O mesmo raciocínio deve ser aplicado à relação entre sócios e entidades. Em resumo, a Resolução 750/93 do CFC comunica que: a entidade goza de autonomia; � o patrimônio da entidade constitui objeto da Ciência Contábil; � o patrimônio da entidade não deve se confundir com o de terceiros, � ainda que sejam os proprietários do negócio. Princípio da Continuidade O Princípio da Continuidade considera que a entidade continuará em operação por tempo indeterminado e que esta condição deve ser levada em consideração quando da classificação e avaliação das variações patrimoniais (quantitativa e qualitativa). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Princípios de Contabilidade 15 A continuidade ou não da entidade influencia na avaliação econômica dos ativos e no valor ou vencimento dos passivos. De fato, a suspensão ou interrupção das atividades econômicas de uma entidade pode ensejar em diferentes efeitos na utilidade de certos ativos. Pode ainda provocar “perdas” e/ou “desvalorização”. Resolução 750/93 Seção II O Princípio da Continuidade Art. 5º. O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10) O Princípio da Continuidade nos comunica que o patrimônio das entida- des , depende das condições em que as operações se desenvolvem, a exem- plo de: mudanças na conjuntura econômica; � modificações na política governamental; � problemas internos à entidade; � eventos naturais. � Por exemplo, a diminuição do poder aquisitivo da população influencia o nível de consumo, afetando o desempenho da indústria, assim como va- riações no câmbio influenciam o volume de exportações para determinados segmentos econômicos. As entidades podem se deparar ao longo de sua existência com proble- mas como: envelhecimento tecnológico; � falta de resiliência estratégica; � dissenção (discordância) entre sócios etc. � Esses fatores podem conduzir a entidade à perda de competitividade e perda gradativa de valores. Ocorrências involuntárias e/ou naturais afetam também a manutenção da entidade como por exemplo a ocorrência de inundações, incêndios, secas etc. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 16 Princípios de Contabilidade O patrimônio das entidades depende das condições em que provavelmen- te as atividades se desenvolvem (modificação do estado das coisas). Como se vê, as condições e contextos em que as entidades desenvolvem suas atividades são cruciais para sua continuidade. Os eventos que impac- tam sobre a geração de resultado (desempenho) devem ser, em nome da transparência, divulgados. A situação-limite na aplicação deste princípio é a descontinuidade de fato e de direito (cessação completa das atividades). A suspensão temporária ou defini- tiva das atividades não alcança o objeto da Contabilidade, ou seja, a normalida- de das operações afeta tão-somente a composição e avaliação do patrimônio. Os critérios de avaliação de ativos e passivos de uma entidade em continui- dade diferem daqueles adotados em empresas em processo de descontinui- dade. Vejamos um exemplo: empresas em processo de falência ou bancarrota (descontinuidade) vendem seus bens, geralmente, a valores abaixo daqueles praticados no mercado. A preocupação maior dos gestores, nesse momento crítico, é “liquidá-los” para gerar caixa e honrar as dívidas. É também comum, em situações do gênero, os credores renegociarem as dívidas, abrindo mão de juros passivos e até reduzindo o valor da obrigação (desconto). Como se vê, o estado da entidade influencia o valor dos ativos e passivos. Princípio da Oportunidade O Princípio da Oportunidade diz respeito à tempestividade e à integrida- de dos registros patrimoniais. Resolução 750/93 Seção III O Princípio da Oportunidade Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas. Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10) Os registros das variações patrimoniais devem ser feitos imediatamente, em sintonia com seu fato gerador ou evento de referência, e com a extensão correta. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Princípios de Contabilidade 17 O Princípio da Oportunidade orienta à apreensão, registro e reporte das variações ocorridas no patrimônio (figura 1). Yu m ar a Va sc on ce lo s.. Figura 1 – Fluxo das informações contábeis. Dados Processamento InformaçõesRelatórios contábeis Registros segundo os princípios contábeis. Usuários A aplicação do Princípio da Oportunidade assegura a confiabilidade das informações relativas ao patrimônio da entidade em determinado período. Os relatórios contábeis devem representar os eventos com fidedignidade. Integridade e tempestividade são palavras-chave que evidenciam o sen- tido deste princípio, por isso alguns autores o denominam de Princípio da Universalidade. A expressão “integridade” se relaciona à necessidade do re- conhecimento das variações em sua totalidade, sem excessos. Representam aplicações do Princípio da Oportunidade o registro das pro- visões contábeis e depreciação. O registro das operações deve ser feito ainda que com base em estimativas. Vale ressaltar, porém, que o uso de estimativas deve se basear em um fundamento aceitável. A expressão “tempestividade” diz respeito ao momento do registro, os quais devem ser feitos quando da ocorrência do fato gerador. Sem a tempes- tividade, os relatórios seriam incompletos, insuficientes, comprometendo a fidedignidade. As demonstrações seriam imprecisas e desatualizadas. A não obediência ao Princípio da Oportunidade conduz a prognósticos e reportes errados. Princípio do Registro pelo Valor Original Os componentes do patrimônio devem ser registrados com base nos valores originais das transações com o mundo exterior à entidade, ou seja, a avaliação do patrimônio de uma entidade deve ser realizada pelos valores de entrada. Uma vez inserido no patrimônio, o bem, direito ou obrigação não poderá ter seu valor modificado. O valor original será mantido enquanto o bem per- manecer no patrimônio. A baixa desses ativos também deverá ser feita pelo valor de entrada. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 18 Princípios de Contabilidade Resolução 750/93 Seção IV O Princípio do Registro pelo Valor Original Art. 7º. O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. § 1º. As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações; e II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores: a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis; b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da Entidade; c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da Entidade; d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos; e e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. § 2º. São resultantes da adoção da atualização monetária: I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio Líquido; e Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Princípios de Contabilidade 19 III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10) O valor de entrada é a referência, sendo produto do consenso entre os agentes externos e a entidade, independentemente da forma de negocia- ção. O Princípio do Registro pelo Valor Original orienta que os lançamentos contábeis devem ser feitos pelos valores da data em que a transação acon- teceu, estabelecendo com isso a viga-mestra da avaliação patrimonial. Vale ressaltar que nada impede que os valores registrados sejam atualizados. Atu- alização não significa alteração do valor original, e sim, apenas um ajusta- mento. O ajuste é adicionado ao saldo registrado, sem que os valores iniciais sejam modificados. Esse princípio oferece uma base unificada de avaliação, o que enseja na comparabilidade de dados. No caso de doações, por exemplo, que também é produto da relação com o mundo exterior, deve existir um valor de referên- cia, que nada mais é do que o valor da coisa recebida. O princípio orienta ao registro das transações em moeda nacional. Ao se expressar o valor dos com- ponentes patrimoniais em moeda nacional, realizamos a homogeneização quantitativa e qualitativa do registro do patrimônio e suas variações. Princípio da Competência Segundo o Princípio da Competência, as receitas e despesas devem ser apuradas no período em que ocorrerem, independentemente do recebi- mento ou desembolso. Resolução 750/93 Seção VI O Princípio da Competência Art. 9º. O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10) A Resolução 750/93 estabelece ainda que o reconhecimento das receitas e despesas, se correlatas, deve ser simultâneo. As receitas são consideradas realizadas nas seguintes situações: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 20 Princípios de Contabilidade nas transações com terceiros, quando efetuarem o pagamento ou as- � sumirem o compromisso de fazê-lo. Por exemplo: venda de mercado- rias (a prazo/à vista), prestação de serviços; quando da extinção, parcial ou total, de um passivo sem o desapare- � cimento de um ativo de igual valor (perdão da dívida - anistia parcial ou total, eliminação de um passivo em face do desaparecimento do credor, perdão de multa fiscal); pela geração de novos ativos, independente da intenção de terceiros � (por exemplo, o nascimento de bezerros em uma organização de ati- vidade pecuária); quando do recebimento de doações e subvenções. � As despesas representam, na maioria dos casos, o consumo de ativos ou utilização dos serviços. Não representam necessariamente desembolso. As despesas são consideradas incorridas nas seguintes situações: quando o valor do ativo deixa de existir, por transferência a terceiros; � pela redução ou extinção do valor econômico de um ativo; � pelo aparecimento de um passivo, sem o correspondente ativo. � Princípio da Prudência O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os ele- mentos do ativo e do maior valor para os componentes do passivo sempre que existirem alternativas igualmente válidas para quantificar as variações patrimoniais. Por exemplo, na hipótese de existência de diferentes formas de cálculo de uma dívida (todas igualmente aceitáveis e razoáveis), deve-se optar por aquela que produza maior valor. Resolução 750/93 Seção VII O Princípio da Prudência Art. 10. O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Princípios de Contabilidade 21 Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10) Art. 11. A inobservância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade constitui infração nas alíneas “c”, “d” e “e” do art. 27 do Decreto-Lei 9.295, de 27 de maio de 1946 e, quando aplicável, ao Código de Ética Profissional do Contabilista. (Redação dada pela Resolução CFC n.o 1287/10) O cálculo das provisões redutoras do ativo são exemplos clássicos da apli- cação do Princípio da Prudência. A aplicação do referido princípio, todavia, não deve conduzir a excessos, muito menos, ser utilizada para manipular dados ou resultados. O Princípio da Prudência confere à prática contábil, uma abordagem mais conservadora e cuidadosa. Estrutura conceitual da Contabilidade Existem duas estruturas conceituais contábeis no Brasil. Uma delas, já apresentada, é contemplada pela Resolução 750/93 (complementada pelas Resoluções 774/94 e 900/2001). A outra é a Deliberação 29/86 da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. A Deliberação 29/86 da CVM apresenta uma estrutura lógico-conceitual distinta daquela comunicada pela Resolução 750/93. Segundo esta Delibe- ração, o lastro da Contabilidade estrutura-se em postulados, princípios e convenções. Os postulados representam o alicerce sobre o qual a prática contábil se apoia ou sustenta. Postulados são dogmas ou premissas que não precisam ser demonstrados, comprovados, mas que há aceitação geral, sem nenhum questionamento. Em outras palavras, é a exposição de uma verdade que não está sujeita a verificação. Por exemplo, se eu disser que “o sol nasce todos os dias” não preciso demonstrar isso, pois é uma observação da realidade. (IUDÍCIBUS; MARION, 2002, p. 98) Os princípios oferecem diretrizes essenciais ao encadeamento do racio- cínio contábil e possuem caráter amplo. As convenções possuem uma abor- dagem mais específica e direcionada e, por essa razão, restringem a aplica- ção dos princípios. O que a Deliberação 29/86 da CVM faz é hierarquizar as orientações, como ilustra a figura 2. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 22 Princípios de Contabilidade Figura 2 – Estruturas conceituais da contabilidade. Convenções Princípios Princípios Deliberação 29/1986 CVM Resolução 750/ 1993 Postulados: entidade contá- bil e continuidade. Princípios: custo histórico, denominador comum mo- netário, realização da receita, confrontação da despesa. Convenções: objetividade, materialidade, consistência e conservadorismo. Princípios: entidade, continui- dade, oportunidade, registro pelo valor original, competên- cias e prudência. Existem diferenças entre as abordagens. A primeira diferença está na es- trutura conceitual, especialmente no que se refere à hierarquização de prin- cípios. A Deliberação da CVM hierarquiza os princípios enquanto que a Re- solução do CFC trata os princípios da mesma forma. A Deliberação da CVM contribui com a apresentação das convenções. O CFC esmiúça com grande qualidade didática a matéria por meio das Resoluções 774/94 e 900/2001. O quadro 1 apresenta uma analogia entre o teor da Resolução 750/93 e Deliberação 29/86. Deliberação 29/86 – CVM Resolução 750/93 – CFC (V A SC O N CE LO S, 2 00 9. A da pt ad o. ) Postulado da Entidade Princípio da Entidade Postulado da Continuidade Princípio da Continuidade - Princípio da Oportunidade Princípio do Custo como Base de Valor Princípio do Registro pelo Valor Original1 Princípio da Realização da Receita e de Con- fronto das Receitas e Despesas (correspon- dência em conjunto) Princípio da Competência Princípio do denominador comum monetário2 – Convenção do Conservadorismo Princípio da Prudência 1 O Princípio do Registro pelo Valor Original orienta ao uso da moeda do país na tradução do valor dos componentes patrimoniais. 2 Segundo o Princípio do Denominador Comum Monetário os relatórios contábeis, sem prejuízo dos registros detalhados de natureza quali- tativa e física, devem ser expressos em termos de moeda nacional de poder aquisitivo da data do último Balanço Patrimonial. Yu m ar a Va sc on ce lo s.. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Princípios de Contabilidade 23 Iudícibus e Marion (p. 97, 2002) fazem uma analogia interessante do ponto de vista didático, destacando o alicerce (fundação, colunas) como sendo os postulados, as paredes como princípios e o telhado como sendo as convenções. (IU D ÍC IB U S; M A RI O N , 2 00 2. A da pt ad o. ) Lastro conceitual da Contabilidade. Postulados: da entidade contábil e da continui- dade Convenções Princípios Uma contribuição importante da Deliberação é a apresentação das con- venções. As convenções são fundamentais para fins de aplicação dos princí- pios. Iudícibus e Marion (2002, p. 121) asseveram “se os princípios norteiam a direção a seguir e, às vezes, os vários caminhos paralelos que podem ser empreendidos, as restrições, à luz de cada situação, nos darão as instruções finais para a escolha do percurso definitivo.” São quatro as convenções contábeis: objetividade; � consistência; � materialidade; � conservadorismo. � Convenção da Objetividade Para evitar confusão na interpretação dos dados ou mesmo distorções na comunicação das informações contábeis, o contador deverá empregar Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 24 Princípios de Contabilidade sempre critérios e métodos objetivos para a transcrição dos eventos contá- beis. Uma consequência dessa orientação é que os lançamentos contábeis devem ter suporte, lastro, sempre que possível ou basear-se em critérios científicos de avaliação ou mensuração. A documentação gerada em uma transação é essencial para a verificabilidade e rastreamento dos eventos constituindo, portanto, evidência da ocorrência da transação. Objetividade: utilização de critérios de reconhecimento e de mensuração rastreáveis; isto é, que possam ser verificados por terceiros. Registro de informações objetivas que podem ser mensuráveis quantitativamente, a partir de documento hábil (nota fiscal) ou de critério científico de mensuração (cálculo atuarial). (SZUSTER et al, 2007, p. 64) O laudo é um documento produzido por especialistas, o que confere objetividade e independência à abordagem contábil. Idem para os cálculos atuariais. As empresas de seguros provisionam alguns valores baseados na aplicação de métodos estatísticos. O profissional de Contabilidade deve manter a neutralidade e indepen- dência no reporte das informações que divulgam. Quanto maior a objetivi- dade, mais imparcial será o trabalho. É a objetividade que permite o rastrea- mento de dados, recálculos e a verificação, fator de segurança. Convenção da Materialidade A Convenção da Materialidade evita o desperdício de tempo. O conceito de materialidade relaciona-se à representatividade, significado do valor em relação ao todo, e associa-se à relação custo-benefício. Esse valor é significa- tivo em relação ao total? É expressivo? Vale a pena comprometer o tempo evidenciando a informação se ela é inexpressiva? A convenção orienta que é preciso analisar o que é, de fato, relevante para informar ao usuário da in- formação contábil. Existem informações cujo custo de evidenciação (ônus da divulgação) é superior ao benefício proporcionado pela comunicação da informação. Como consequência desta convenção, valores pouco expressivos, ou seja, irrisórios em relação ao todo desobrigam a um tratamento contábil mais rígido, o que não ocorrerá tratando-se de valores materiais. Iudícibus et al (2007, p. 48) afirmam: “Não existe um sentido absoluto de materialidade, nem é possível fixar critérios numéricos precisos em cada caso, para estabelecer a materialidade ou não de uma cifra.” Complementam ainda que “assim, do ponto de vista do usuário da informação contábil, é material a informação ou Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Princípios de Contabilidade 25 cifra que, se não evidenciada ou mal evidenciada, poderia levá-lo a sério erro sobre a avaliação do empreendimento e de suas tendências.” (IUDÍCIBUS et al, 2007, p. 48) É material a importância ou procedimento que, se não processado pelo sistema de informações contábeis, influencia significativamente a qualidade da informação prestada e confiabilidade desse sistema. Assim, a Convenção da Materialidade orienta que “(...) para que não haja desperdícios de tempo e dinheiro, só devem ser levados em consideração eventos dignos de aten- ção, por gerarem impacto efetivo na decisão – ou seja, pelo valor envolvido.” (SZUSTER et al, 2007, p. 5) A aplicação da convenção diz respeito, por exemplo, à importância de determinado valor e ao grau de rigidez na aplicação de determinado proce- dimento contábil. Quanto maior o impacto da informação sobre o juízo de valor do usuário no que se refere a desempenho, maior sua materialidade. Convenção da Consistência Os critérios contábeis devem ser consistentes. Desta maneira, uma vez adotado, não deverá ser modificado de um período para outro, tampouco constantemente. Quando critérios e métodos são modificados constante- mente, perde-se a referência, afetando, portanto, a comparabilidade dos re- latórios contábeis de períodos distintos. A necessidade da consistência não significa, porém, inflexibilidade ou ainda, que os critérios não possam ser modificados em qualquer hipótese. Se condições supervenientes induzirem à mudança, esta deverá ser feita. Deve- -se recorrer à análise de cada situação. Constatando-se que a mudança de método ou critério é necessária e/ou relevante, esta deverá ser comunicada por meio de notas explicativas ao usuário da informação contábil, enfati- zando suas implicações. O recurso de destacar informações não financeiras por meio de notas elucidativas contribui para a qualidade da comunicação contábil. Mudanças contínuas dificultam a comparabilidade. A mudança deve comunicar algum tipo de benefício. Vejamos um exemplo: a empresa Alfa utilizava a média simples para cálculo da provisão para créditos de li- quidação duvidosa. Após verificar as distorções em relação aos valores reais apurados como perda, resolveu utilizar instrumentos estatísticos mais refi- nados para cálculo (apesar de tratar-se de uma despesa não dedutível para fins de apuração do imposto de renda). A mudança aproximou o saldo da Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 26 Princípios de Contabilidade provisão à realidade da inadimplência da entidade. A demonstração deve ensejar clareza para a compreensão adequada por parte do usuário da informação. Quando relatórios são elaborados adotando- -se critérios diferentes, o usuário perde referência e comparabilidade. Esse é o principal motivo à manutenção da consistência e uniformidade. Vale lembrar que algumas mudanças são compulsórias, sendo, portanto, obrigatórias. A consistência traz benefícios inequívocos, um dos quais é ensejar a uniformidade. Todavia, é preciso destacar que a uniformidade não é consistência, sendo esta um conceito básico enquanto aquele não. A uniformidade está mais no terreno legal do que no científico. Na realidade, a consistência refere-se ao contexto temporal, no âmbito da própria empresa, enquanto que a uniformidade abrange relatórios estruturados dentro das mesmas normas legais, em empresas distintas. (IUDÍCIBUS; MARION, 2002, p. 123) A consistência orienta à manutenção dos métodos e critérios ao longo do tempo e seu propósito é assegurar a comparabilidade e análise qualificada dos dados. Mudanças contínuas comprometem a avaliação patrimonial. A uniformidade é consequência da consistência, posto que se refere à obser- vância das mesmas regras para preparo dos relatórios. Ou seja, a consistên- cia leva à uniformidade. A entidade deverá manter tratamentos contábeis equânimes ao longo do tempo para assegurar a comparabilidade, entretanto, se a alteração for de fato necessária e relevante, deverá ser informada aos usuários. Convenção do Conservadorismo A Convenção do Conservadorismo orienta a adoção de uma posição mais conservadora por parte do contador, o qual jamais deverá antecipar ganhos. Szuster (2007, p. 65) assevera “Conservadorismo: sempre que existirem dois ou mais valores igualmente válidos para um item do ativo, deverá ser regis- trado o menor; e o maior quando referente a um passivo.” A Convenção do Conservadorismo evita a manipulação de dados no sen- tido de iludir o usuário com otimismo não fundamentado. Esta convenção dá suporte ao julgamento dos eventos contábeis, orientando à escolha da menor das avaliações para o ativo e a maior para o passivo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Princípios de Contabilidade 27 Acompanhe o exemplo: suponha que determinada empresa possua duas previsões sobre as perdas com crédito (devedores duvidosos). O contador, deparando-se com esses dois valores deverá optar por aquele que conduza o ativo a um menor valor final. O entendimento desta convenção não deve ser confundido com a mani- pulação de dados. Na verdade, a convenção inibe o entusiasmo no processo de valoração por parte dos gestores e proprietários. Normas contábeis no Brasil A emissão de normas contábeis no Brasil tem como base a legislação so- cietária, que disciplina o reconhecimento, mensuração e evidenciação dos dados contábeis, orquestrando o processo contábil na geração de infor- mações. A Lei 6.404/76 confere poderes à CVM para realizar normatização adicional ou complementar para as empresas de capital aberto (entidades que emitem valores mobiliários os quais são vendidos por meio de oferta pública). Outros órgãos também emitem normas, de caráter mais abrangente: IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil. � CFC – Conselho Federal de Contabilidade. � BACEN – Banco Central do Brasil (orientações específicas para as insti- � tuições financeiras). SUSEP – Superintendência de Seguros Privados (orientações específi- � cas para as companhias de seguros). ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar (orientações específi- � cas às entidades operadoras de planos de saúde). CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis (cujo papel é centralizar � as normas contábeis no país. Para tanto, é formada por diferentes ór- gãos: CFC, IBRACON, FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contá- beis, Atuariais e Financeiras da FEA/USP), BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo), ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias Abertas) e APIMEC (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos).) Cabe à CVM disciplinar, normatizar e fiscalizar a prática no mercado de valores mobiliários, julgando e punindo eventuais constatações de Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 28 Princípios de Contabilidade irregularidade. O IBRACON discute, desenvolve e aprimora questões técnicas e éticas re- lativas à profissão do auditor e contador. Auxilia ainda no trabalho de propa- gação das normas, para que os profissionais as conheçam e as apliquem de modo apropriado. A entidade atua junto à CVM na Comissão Consultiva de Normas Contábeis. O IBRACON pode emitir um pronunciamento e submeter à CVM para aprovação, a fim de que o teor do pronunciamento não fique restrito às em- presas de Auditoria Independentes, mas sim, alcance todas as companhias abertas. Com isso, o procedimento tem sua aplicação ampliada. O CFC corresponde a uma autarquia especial de caráter corporativo, sem qualquer vinculação com a Administração Pública Federal. Seu propósito é orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil por meio da atuação dos Conselhos Regionais de Contabilidade – CRCs. Ampliando seus conhecimentos A origem dos princípios contábeis (VASCONCELOS, 2009) As primeiras pesquisas relacionadas aos princípios contábeis, especificamente sua formulação, aconteceram nos Estados Unidos. A preocupação com a necessi- dade de elaborar princípios data a década de 1930. A ideia era desenvolver guias de orientação para a prática dos registros contábeis e preparo das respectivas demonstrações. Embora os autores europeus (destaque-se os italianos) tenham contribuído significativamente para o desenvolvimento da Ciência Contábil, a prática carecia de princípios norteadores. Franco (1988, p. 29) justifica: Isso se explica pela falta de pragmatismo dos italianos da chamada era doutrinária da Contabilidade, excessivamente preocupados com a discussão de conceitos subjetivos, sem aplicação prática, que embora tivessem contribuído de forma magistral para a teoria contábil, não fixaram regras práticas que servissem de guias para os registros contábeis e de parâmetros para verificar-se, de forma objetiva, se tais registros eram executados de forma harmônica e uniforme em qualquer registro contábil, independente de circunstâncias, localização ou pontos de vistas pessoais. O autor complementa sua constatação afirmando que esse desenvolvi- mento assimétrico se deu porque a profissão contábil não se desenvolveu na Itália da mesma maneira ou na mesma proporção do desenvolvimento dou- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Princípios de Contabilidade 29 trinário. Já os norte-americanos imprimiram ao desenvolvimento da profissão um enfoque pragmático. Ressalte-se ainda que os contextos, italiano e norte- -americano, eram distintos (realidades, preocupações e enfoques diferentes). Os norte-americanos, ao contrário, em virtude de seu pragmatismo e do excepcional desenvolvimento de sua economia, que transformou a profissão contábil em uma das mais importantes do mundo, procuraram assentar a doutrina contábil em postulados e princípios que servissem de base para a fixação de normas contábeis que conduzissem à formulação de guias ordenadoras dos registros contábeis e das demonstrações contábeis, de forma a tornar o exercício da profissão mais harmônico e a Contabilidade mais útil, eficiente, uniforme e informativa. (FRANCO, 1988, p. 29) Os princípios cumpririam o papel de dar uma orientação objetiva à pro- fissão. Um evento corroborou de forma expressiva para a intensidade do desenvolvimento da profissão nos EUA: o desastre da Bolsa de Nova Iorque em 1929. A partir deste evento, os contadores passaram a ser mais cobrados, ou seja, exigidos em sua atividade. O trabalho realizado pelos profissionais ganhou maior reconhecimento, relevo. Esse destaque decorreu também do acordo entre o Instituto Americano de Contadores e a Bolsa de Valores, para a fixação de normas para a profissão. A crise de 1929, apesar da repercussão, foi um marco de valorização da profissão contábil. A Contabilidade brasileira, ao longo dos anos, teve influência expressiva da Escola Europeia. O desenvolvimento da profissão até a Segunda Guerra Mun- dial foi pouco significativo, mesmo porque as empresas estrangeiras traziam seus próprios contadores. Com o passar dos anos e expansão da Economia, esse quadro foi se modificando e a profissão contábil no Brasil teve desenvol- vimento mais expressivo. Atividades de aplicação 1. Assinale com V (Verdadeiro) ou F (Falso). Uma entidade corresponde a qualquer pessoa física, grupo )( de pessoas, pessoa jurídica ou grupos de sociedade que desenvolvam atividades sociais ou econômicas. O registro contábil de transações entre empresas do mesmo )( grupo econômico não precisa ser feito, uma vez que trata-se de uma entidade consolidada. O fato de um acionista conceder empréstimo à entidade da )( qual faz parte não precisa ser registrado pelo fato de não ferir ao Princípio da Entidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 30 Princípios de Contabilidade O cálculo das provisões redutoras do ativo são exemplos )( clássicos da aplicação do Princípio da Prudência. A existência de duas entidades controladas por uma outra não )( afeta a aplicação do Princípio da Entidade, pois a autonomia patrimonial é mantida. O Princípio da Prudência determina a adoção do maior valor para )( os elementos do ativo e do menor valor para os componentes do passivo sempre que existirem alternativas igualmente válidas para quantificar as variações patrimoniais. 2. Qual a diferença entre consistência e uniformidade? 3. Existem diferenças entre a Deliberação 29t/86 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Resolução 750/93 do Conselho Federal de Con- tabilidade (CFC)? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Princípios de Contabilidade 31 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br