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1 ANÁLISE TEXTUAL – VERBOS, NOMES E TRANSITIVIDADE REGÊNCIA NOMINAL A seguir alguns substantivos e adjetivos cujas regências merecem atenção: Acessível a Acostumado a ou com Adequado a Alheio a Alusão a Análogo a Ansioso por Apologia de Apto a ou para Atenção a ou para Atento a ou em Ávido por Benéfico a Compatível com Consulta a Curioso de Desacostumado a ou com Desatento a Desejoso de Desfavorável a Desrespeito a Equivalente a Falta a Favorável a Fiel a Grato a Grudado a Guerra a Hábil em Habituado a Hostil a Ida a Impotente para ou contra Impróprio para Inábil para Inacessível a Incapaz de ou para Incompatível com Ingrato com Intolerante com Invasão de Junto a ou de Leal a Maior de Morador em Natural de Necessário a Necessidade de Nocivo a Obediente a Ódio a ou contra Odioso a ou para Oposto a Parecido a ou com Paralelo a Passível de Preferência a ou por Preferível a Prestes a ou para Pronto para ou em Propensão para Próprio de ou para Próximo a ou de Querido de ou por Residente em Respeito a ou por Semelhante a Simpatia por Simpático a Sito em Situado em Superior a União com ou entre Útil a ou para REGÊNCIA VERBAL ABDICAR. Pode significar renunciar, desistir. Pode ser um verbo intransitivo, transitivo direto ou transitivo indireto. Exemplos: O rei abdicou. (verbo intransitivo) Não abdicarei dos meus direitos. (verbo transitivo indireto) 2 AGRADAR. No sentido de contentar, satisfazer é transitivo indireto. Exemplos: O jogo não agradou ao técnico da Seleção Brasileira. O convite não lhe agradou. AGRADECER. Pode aparecer como transitivo direto (‘agradecer’ algo), transitivo indireto (‘agradecer’ a alguém’) e transitivo direto e indireto (‘agradecer’ algo a alguém). Exemplos: Agradeci as flores. (verbo transitivo direto) Agradeci aos diretores. (verbo transitivo indireto) Agradeci o presente ao amigo. (verbo transitivo direto e indireto) AJUDAR. Aparece como transitivo direto (‘ajudar’ alguém) e transitivo direto e indireto (‘ajudar’ alguém em algo; ‘ajudar’ alguém a fazer algo). Exemplos: Ela ajudava a meu pai. (verbo transitivo direto) Nós ajudávamos mamãe a arrumar a casa. (verbo transitivo direto e indireto) ASPIRAR. Será transitivo direto quando significar respirar e transitivo indireto no sentido de almejar, pretender, desejar ardentemente. Exemplos: Aspirou gás carbônico. Muitos aspiram a um mundo melhor. ASSISTIR. Transitivo direto com o significado de prestar assistência, ajudar, acompanhar um doente. Transitivo indireto com o significado de: a) presenciar, ver b) caber, pertencer. Intransitivo com o significado de morar, residir – pouco utilizado atualmente. Exemplos: O médico assistiu o doente. 3 Nós assistimos ao jogo da seleção. Assiste aos políticos o bem-estar social. Paulo assiste no Recife desde 2005. CHAMAR. Será transitivo direto no sentido de convidar, convocar. Exemplo: Chamei o professor de matemática. Será transitivo indireto com a preposição ‘por’ com o sentido de ‘invocar’. Exemplo. Sua mãe chamou por Nossa Senhora naquele momento difícil. Chamei por seu pai. No sentido de ‘denominar’ há construções como1: a) Chamei João de bobo. (Transitivo direto + predicativo do objeto) b) Chamei a João de bobo. (Transitivo indireto + predicativo do objeto) Caso o complemento (objeto direto ou indireto) esteja representado por um pronome oblíquo átono, teremos as seguintes construções: Chamei-o de bobo. (‘O’ é o objeto direto; ‘de bobo’ é o predicativo desse objeto) Chamei-lhe de bobo. (‘Lhe’ é o objeto indireto; ‘de bobo’ é o predicativo desse objeto) Chamei-o covarde. Chamei-lhe bobo. CHEGAR, IR, VIR, SAIR. São intransitivos quando seguidos de lugar com a preposição ‘a’ (e não em) na indicação de destino e ‘de’ na indicação de procedência. Pedem objeto indireto quando significam ‘chegar, ir, vir, sair’ de um lugar a, para, até outro lugar. Exemplos: Eles chegaram cedo. Ele ainda não chegou. Ele chegou de Brasília. (Transitivo indireto) 1 É curioso que a sintaxe original seja ‘Chamei João bobo’ e ‘Chamei a João bobo’. No entanto, o português culto do Brasil prefere as formas presentes nas letras (a) e (b). 4 Vou a São Paulo. Fui de São Paulo para a França. (Transitivo indireto) CUSTAR. Quando significa ‘ser custoso, ser difícil’ é transitivo indireto com a preposição ‘a’. No sentido de acarretar será transitivo direto e indireto. Exemplos: Aquele novo escândalo custou ao político. (‘Custar’ a alguém) O escândalo custou-lhe a carreira. ENCONTRAR. a) É transitivo direto quando significa "achar, avistar". Exemplos: Ele encontrou a casa que tanto procurava. Encontrei uma solução para o seu problema. b) É transitivo indireto, regido pela preposição ‘com’, no sentido de "deparar com alguém, ter ou marcar um encontro". Exemplo: Encontramos com ele no cinema. c) É pronominal com o sentido de "estar, achar-se em"; c1) Também é pronominal, mas com complemento preposicionado com o sentido de “reunir-se com alguém”. Exemplos: O gerente disse que se encontrava em reunião. Ele vai se encontrar com o diretor amanhã. ENSINAR. Na norma culta, esse verbo é considerado transitivo direto e indireto, regido pela preposição ‘a’. Exemplo: Ensinei português aos alunos. ESQUECER/ LEMBRAR. São transitivos diretos quando não são pronominais e aparecerem nos sentidos de cair no esquecimento e vir à lembrança. Exemplos: Ele esqueceu a carteira. Ele esqueceu que tinha trabalho. / Ele lembrou que tinha trabalho. A casa lembrava uma casa de campo. Serão transitivos indiretos se forem pronominais. 5 Exemplos: Esqueci o nome da rua. / Esqueci-me do nome da rua. Lembrei um caso antigo. / Lembrei-me de um caso antigo. / Esqueceu-se de que tinha um livro em casa. Lembrou-me de que tinha um caso antigo. Cunha e Cintra (1985:514) afirmam que do cruzamento da estrutura do verbo transitivo indireto com o verbo pronominal, transitivo indireto, surgiu uma terceira construção, condenada pela norma culta. ‘Ele esqueceu a carteira’ + ‘Ele se esqueceu da carteira’= ‘Ele esqueceu da carteira.’ IMPLICAR. a) Transitivo direto no sentido de 'trazer como consequência', 'acarretar'; b) Transitivo indireto com o sentido de 'mostrar-se impaciente', 'demonstrar antipatia'. c) Com o sentido de "comprometer" ou "envolver", é transitivo direto e indireto com a preposição ‘em’. Exemplos: Sua decisão implicou mudanças no texto final do trabalho. Ele implicava com todas as crianças. O senador implicou o empresário no crime. (Implicar alguém em alguma coisa) INFORMAR. Normalmente, é usado com dois complementos: um sem preposição (objeto direto) e outro com preposição (objeto indireto). Admite duas construções: informar alguma coisa ‘a’ alguém ou informar alguém ‘de’ (ou ‘sobre’) alguma coisa. Exemplos: Eles informaram o preço do carro ao cliente. Eles informaram o cliente sobre o preço do carro. Esta regra a respeito do verbo INFORMAR aplica-se também aos verbos AVISAR, CERTIFICAR, CIENTIFICAR, NOTIFICAR e PREVENIR. OBEDECER / DESOBEDECER. São transitivos indiretos e regidos pela preposição ‘a’. Exemplos: O motorista desobedeceu ao regulamento. Os juristas obedecem ao Código Civil. Apesar de serem verbos transitivos indiretos, segundo Cunha e Cintra (idem: 520). 6 Exemplo. As leis são obedecidas. PAGAR / PERDOAR. Se o complemento denota coisa, deve ir sem preposição (objeto direto); mas se o complemento denota pessoa, deve vir regido pela preposição 'a' (objeto indireto). Exemplos: Paguei o carro ao gerente da loja. Pagar algo (=objeto direto) ‘a’ alguém (objeto indireto) Paguei o carro. Paguei ao gerente da loja. Perdoei as ofensas a meus ofensores. Perdoei as ofensas. Perdoei a meus ofensores. PRECISAR. É transitivo direto quando significa ‘marcar com precisão’; é transitivo indireto com o significado de ‘necessitar’ e regido pela preposição ‘de’. Exemplos: O professor precisou a hora e o local da aula de reposição. O Brasil precisa de políticos mais atuantes. PREFERIR. É um verbo transitivo direto e indireto: pede objeto direto para aquilo que se gosta mais e objeto indireto para aquilo que menos se gosta, regido pela preposição ‘a’. Exemplos: Preferia o caderno ao computador. Preferia o vinho à cerveja Observação: Como nesse verbo já existe a noção de comparação não se deve usar mais, muito mais, antes, que ou do que, ou seja, o uso da expressão "do que" no lugar da preposição "a" é incorreto. Assim, é errado dizer: "Eu prefiro comer bolo do que torta gelada". PROCEDER. É intransitivo com o sentido de 'ter fundamento', 'mostrar-se verdadeiro'; é transitivo indireto com complemento regido pela preposição a quando significa ‘levar a efeito’, ‘executar’. Exemplos: O advogado teve sua petição negada, pois a mesma não procedia. O detetive procederá a uma investigação criteriosa. QUERER. É transitivo direto quando significa 'desejar', 'ter vontade de'; é transitivo indireto com complemento regido pela preposição a quando significa ‘estimar’. Exemplos: 7 As crianças queriam uma nova chance. As crianças querem a seus pais. RESPONDER. a) É transitivo direto e indireto quando significa ‘responder algo a alguém’. Exemplo: Ele respondeu o questionário ao professor. b) É transitivo indireto quando significa ‘dar resposta’, ‘replicar’. Exemplo: A menina respondeu ao pai. Observação. Com o significado de "ser submetido a", o emprego do artigo definido é facultativo. Exemplos: Ele responderá a inquérito (a inquéritos) Ele responderá ao inquérito (aos inquéritos) VISAR. É transitivo direto com o sentido de 'mirar' (=apontar) e de 'dar visto'; com o sentido de 'ter vista', 'objetivar', é transitivo indireto com complemento regido pela preposição a. Exemplos: O policial visou o alvo e atirou. O gerente mandou visar o cheque. Ele sempre visou o cargo de gerente. Referência Bibliográfica BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Revista e ampliada. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999. CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência nominal. 7ª ed. São Paulo: Ática, 1999. ______. Dicionário prático de regência verbal. 7ª ed. São Paulo: Ática, 1999. SILVA, Sérgio Nogueira da. O português do dia-a-dia: como falar e escrever melhor. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2009.