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Do Sublime Longino ou Dionísio “O sublime é o ponto mais alto e a excelência do discurso” “O sublime, surgido no momento certo, tudo dispersa como um raio e manifesta, inteira, de um jato, a força do orador.” Genialidade Acreditam ser inata; Para Longino, só a natureza sem arte e sem método não funciona; Articulação da natureza com a técnica. Vícios São três os vícios que atrapalham o estilo: O empolamento: Aspira ultrapassar o sublime; A puerilidade: É o oposto do grandioso, falso brilho; O parentirso: É uma emoção deslocada e vazia onde não se requer emoção. Todos esses maus êxitos, Longino atribui à busca de novidade nas ideias na literatura. Os vícios e virtudes tem a mesma origem, podem ajudar e atrapalhar, geram êxito fracasso. Para discernirmos o que é o sublime, necessitamos de uma grande experiência. Nos empolgamos naturalmente pelo sublime. Mas ele afirma que existe um critério universal do sublime, uma unanimidade entre as pessoas. 5 fontes do sublime - Apoderação de pensamentos sublimados; - As fortes emoções. Estas duas são dependentes do dom natural. - Moldagem das figuras - A nobreza da expressão; e - A composição digna e elevada. Estas três são adquiridas na prática. O sublime e o patético não são uma coisa só, e nem sempre estão juntos. Porém, o patético não deixa de contribuir para o sublime. Citados como exemplo, os discursos panegíricos, embora elevados, são faltos de emoção. O contrário também é válido, os oradores emotivos são fracos no ‘elogio rasgado’. Grandeza É a mais eficiente das fontes; Embora seja inata, a alma pode ser educada em direção à grandeza; “O sublime é o reboo (eco) da grandeza da alma”. Mas de onde nasce o sublime? “Grandeza, naturalmente, existe nas palavras daqueles cujos os pensamentos são graves (...) as frases sublimes ocorrem às pessoas de sentimentos elevados” Logo, o sublime “ressoa no silêncio”, pode se fazer ouvir sem dizer, por sua propria grandeza; É citada como exemplo a passagem de Moisés, na Lei dos Judeus, que concebe de maneira digna o poder divino,escrevendo: “Disse Deus: “Faça-se luz” e a luz se fez; “Haja terra”, e houve terra.” Dessa forma, o ser divino, é representado como algo grande, sublime. Composição das Ideias Para que o estilo se torne sublime, é necessário que haja uma composição das ideias escolhidas. Safo, a poetisa, colhe da realidade os sentimentos que acompanham as paixões amorosas e escolhe e combina os mais agudos e intensos destes. Sublime / Amplificação Longino destaca as divergências entre os dois estilos: “A meu ver a distinção entre eles está em consistir o sublime numa elevação; a amplificação, numa abundância.” Portanto, o sublime pode se dar num único pensamento, enquanto a amplificação requer quantidade e redundância. Emulação Outro caminho para o sublime, segundo Platão, é tentarmos imitar os grandes poetas e prosadores do passado. Devemos nos perguntar o que eles diriam, escreveriam ou pensariam. Fantasia Ocorre quando se está muito inspirado e emocionado. Em alguns exemplos citados, o ouvinte quase vê, de fato, o que é descrito, de tão vívida e excitante que é a descrição. Comparação com a Pintura Ele afirma que as figuras de linguagem são “excelentes” recursos quando não se deixa transparecê-las. Técnica da justaposição da luz e sombra nas cores: se a sombra é necessária à luz, é esta ultima que se destaca. Assim como a luz parece sair da tela e estar mais próxima de quem a vê, o sublime, que já é bem próximo naturalmente de nós, se sobressai às figuras e se torna sublime assim. Exemplos de Figuras Troca viva de perguntas e respostas: torna a passagem mais elevada e convincente; Assíndeto: “sem conexão, as palavras vão caindo e, por assim dizer, se derramam adiante, pouco faltando para se anteciparem ao próprio orador”. Exemplos de Figuras Conetivos: tira a liberdade das expressões e apaga a emoção. Hipérbatos: a ordenação das palavras e pensamentos foge à ordem habitual. Deve-se ter habilidade ao afastar ideias intimamente unidas e inseparáveis. Exemplos de Figuras O escritor muitas vezes, subitamente, toma o lugar da personagem. “Heitor em altos brados exortava os troianos a atacar os navios e a abandonar os despojos sangrentos: “se eu vir alguém voluntariamente longe dos navios, cuidarei de sua morte imediata” Comparação com a Música Assim como o acompanhamento torna a melodia principal agradável, a perífrase soa em harmonia com o texto tornando-se uma mistura agradável. Por exemplo, Platão em Oração Fúnebre chama à morte de caminhada do destino e às honrarias tradicionais de uma escolta pública da pátria, tomando assim uma expressão singela e fazendo-a musical usando a perífrase. Algumas destas figuras quando associadas, “colaboram na busca do vigor, da persuasão, da beleza”. Portanto, todas essas figuras conferem ao discurso mais patético e mais emoção. Escolha de Palavras “Realmente, a beleza das palavras é luz própria do pensamento.” “Empregar em assuntos de pouca monta um palavreado grandioso e solene, pareceria o mesmo que assentar uma grande mascara trágica numa criancinha”. Metáforas Destaca a importância do uso das metáforas no estilo. Duas ou três, no máximo, sobre o mesmo assunto. Por exemplo, a anatomia do corpo humano, por Xenofonte e Platão, foi descrita de forma magnífica. A cabeça ele chama de acrópole,o prazer é para os homens a isca do mal, o coração é nó das veias e fonte do sangue que circula vigorosamente. Capítulo XXXIII Neste, Longino compara alguns poetas e diz que não devemos nos ater apenas aos defeitos, embora ele mesmo seja muito exigente em suas críticas. Demóstenes, quando quer ser divertido e espirituoso “suscita mais risota do que risadas” disse ele. Citando as qualidades, diz que este tem “extraordinária genialidade, intensidade do estilo sublime.”. A Grandiosidade e os Humanos “Como objeto de contemplação e de pensamento (...) não nos basta nem mesmo o mundo todo; as ideias não raro transpõem os limites do que nos cerca; quem circulasse os olhos pela vida e visse quanto mais espaço ocupa em tudo o extraordinário, o grande, o belo, logo saberá para que fim nascemos.” Comparação com o Corpo Um dos meios que mais contribuem para a grandiosidade do discurso, “como dos corpos, é a conjugação dos membros; qualquer deles, separado de outro, nada tem de notável, mas todo em conjunto, formam um organismo perfeito; igualmente, as expressões grandiosas, apartadas umas das outras e dispersas, levam consigo, desconjuntado, o sublime; formadas num só corpo pela associação(...)tornam-se sonorosas graças ao torneio”. É inadequado à grandiosidade a fragmentação de palavras de poucas silabas. Enfraquece o estilo também o excessivo retalhamento das frases, mutilando a grandeza. O vocabulário trivial é terrível deformador do sublime. Por exemplo, na passagem em que Heródoto diz que “o vento cansou-se” e “um fim desagradável esperava os náufragos”. Por ser termo vulgar, cansar-se não tem grandeza, e desagradável, inadequado a tamanha desgraça. “No estilo sublime não devemos descambar para vocabulário sórdido e repugnante (...) mas conviria usar expressões à altura do assunto”. Bibliografia Longino ou Dionísio - Do Sublime (Aristóteles, Horácio, Longino. A poética clássica, p.70-114) Do sublime / Longino : tradução Filomena Hirata. - São Paulo : Martins Fontes, 1996