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SEMÂNTICA
Emissão: 02/5/2010
Por: Luiz A. P. Monteiro
Revisão: 25/5/2010
Por: Maria E. M. Gonçalves
6
6 - Semântica Página 90
6 – Semântica Página 91
6.1 Introdução
Se P : “Está chovendo” e Q = “A rua está molhada” � então P ∧ Q pode ou
não ser verdadeira dependendo das condições climáticas
Se P : “7 é maior do que 2” � então P é sempre verdadeira (não depende
de nada)
Já para P : “Esta sentença é falsa” � o resultado da interpretação da
sentença não é verdadeiro nem falso, independente de qualquer outra
coisa
O símbolo sintático P define uma fórmula. E cada fórmula sintática está
associada a um significado verdadeiro ou falso.
Dessa maneira o mundo lógico é dividido em duas partes:
• Mundo sintático – constituído pelos símbolos do alfabeto e as
fórmulas.
• Mundo semântico – onde se define o significado dos símbolos e
fórmulas
6.2 Interpretação
Na Lógica Proposicional é possível representar fatos que podem ser
interpretados como verdadeiros ou falsos. Assim, uma fórmula poderá ser
verdadeira ou falsa dependendo dos diferentes significados semânticos
de suas subfórmulas. É possível se ter: V(A) = 0 e I(A) = 1 (duas funções de
valoração diferentes para a mesma subfórmula A)
Observação:
O ato de programar pode
ser entendido como uma
tradução de um
conhecimento semântico
para um programa sintático
que é manipulado por uma
máquina. Assim, diz-se que
a máquina é estritamente
sintática.
O computador é uma
máquina estritamente
sintática
Fórmula
1
Símbolo
Significado
Fórmula
1
Símbolo
Significado
Mundo
Semântico
Mundo
Sintático
Para a lógica proposicional a semântica consiste em atribuir valores
verdade às fórmulas da linguagem
A semântica estuda o significado associado a cada fórmula/proposição
(que é um objeto sintático).
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Exemplo: A: “1 + 1 = 10”.
• Na interpretação do sistema de numeração de base 2, a
proposição é verdadeira I(A)= 1
• Na interpretação do sistema decimal a proposição é falsa V(A) = 0
Pelo princípio da não contradição e princípio do terceiro excluído:
O significado ou semântica dos elementos sintáticos da linguagem da
Lógica Proposicional é determinado pela função denominada Função de
Interpretação ou Valoração:
V : P → {0, 1} ou V : P → {F, V}
Onde:
• Domínio de V � conjunto P das fórmulas
• Contradomínio de V � conjunto {0, 1} tal que:
- V(verdadeiro) = 1 ou V
- V(falso) = 0 ou F
V mapeia cada símbolo proposicional ou fórmula de P em um valor
verdade (significado do símbolo). Logo, dado um símbolo proposicional P,
então V(P) ∈ {0, 1}
Assim, os valores de interpretação de uma fórmula são obtidos pela função
V (de valoração)
Para qualquer interpretação V, os valores V(verdadeiro) = 1 e V(falso) = 0
� Todas as interpretações têm a mesma opinião sobre os significados
dos símbolos de verdade. �
6.3 Regras para Interpretação de Fórmulas
Para que a fórmula (P ∧ Q) seja verdadeira, os significados de P e Q devem
ser verdadeiros e o conectivo ∧ deve significar “e” � se V(P) = 1 e V(Q) = 1
então V(P ∧ Q) = 1
Toda proposição tem um, e um só, dos valores: ou Verdadeiro (V) ou
Falso (F).
A interpretação dos símbolos de verdade é fixa, ou seja:
• Se A = verdadeiro � V(A) = 1
• Se A = falso � V(A) = 0
Observação:
Na língua portuguesa é
possível ter mais de dois
significados diferentes para
a mesma palavra (o que é
diferente do contexto da
Lógica Proposicional onde
somente dois significados
são possíveis)
{0, 1} é uma limitação pois
nem tudo pode ser
interpretado como sendo
verdadeiro ou falso.
Para atribuir um valor verdade a uma fórmula, segundo as regras de
interpretação é preciso:
• atribuir um valor verdade para suas subfórmulas
• depois compor o valor verdade da fórmula
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A valoração de uma fórmula é feita por indução sobre a sua estrutura
segundo as regras:
As regras semânticas são apresentadas em tabelas da verdade
p q ¬¬¬¬p p ∨ q p ∧∧∧∧ q p → q p ↔ q
V V F V V V V
V F F V F F F
F V V V F V F
F F V F F V V
Observar que V(p → q) = V sse V(p) = F ou V(q) = V
Exemplo
Tabela verdade associada a uma fórmula
H = ((¬P) ∨ Q) → (Q ∧ P)
Colocando-se as subfórmulas de H
P Q ¬P ¬P ∨ Q Q ∧ P ¬P ∨ Q → Q ∧ P
Escrevendo-se todas as possibilidades de V e F para os átomos:
P Q ¬P ¬P ∨ Q Q ∧ P ¬P ∨ Q → Q ∧ P
V V
V F
F V
F F
Resolvendo com a álgebra das proposições:
P Q ¬P ¬P ∨ Q Q ∧ P ¬P ∨ Q → Q ∧ P
V V F V V V
V F F F F V
F V V V F F
F F V V F F
Se A = P � V(A) = V(P) com V(P) ∈ {0, 1}
Se A = verdadeiro � V(A) = 1
Se A = falso � V(A) = 0
V(¬A) = 1 se, e somente se V(A) = 0 o valor de V(¬A) é oposto ao valor de V(A)
V(A ∧ B) = 1 sse V(A) = 1 e V(B) = 1 o valor de V(A ∨ B) é 1 sse as interpretações de A e B
são iguais a 1
V(A ∨ B) = 1 sse V(A) = 1 ou V(B) = 1 o valor de V(A ∨ B) é 1 sse as interpretações de A e B
são iguais a 1 ou apenas uma delas é igual a 1
V(A → B) = 1 sse V(A) = 0 ou V(B) = 1
V(A ↔ B) = 1 sse V(A) = V(B)
Problema da Tabela da
Verdade:
À medida que aumentam o
número de fórmulas
atômicas, torna-se difícil a
manipulação das tabela-
verdade.
Por exemplo: se o número
de fórmulas atômicas for
superior a cinco ou seis,
resultará numa tabela-
verdade com 32 ou 64
linhas
6 – Semântica Página 94
6.4 Semântica do conectivo “→→→→” (implicação)
p q p → q
V V V
V F F
F V V
F F V
(i) Um enunciado verdadeiro (V(P)=1) implica outro verdadeiro (V(Q)=1)
� se as interpretações de P e Q são verdadeiras então a interpretação da
fórmula P → Q é também verdadeira � o significado de toda inferência é
verdadeiro quando os significados das fórmulas P e Q são verdadeiros
p q p → q
V V V
V F F
F V V
F F V
(ii) É falso concluir um enunciado falso (V(Q)=0) a partir de outro
verdadeiro (V(P)=1), pois uma inferência que conclui um falso a partir de
um verdadeiro é uma inferência falsa � se a interpretação de P é
verdadeira e de Q é falsa então a interpretação da fórmula P → Q é falsa
p q p → q
V V V
V F F
F V V
F F V
(iii) A partir de um enunciado falso (V(P)=0) é possível concluir qualquer
tipo de enunciado. � Ou seja V(P → Q) = 1 mesmo se V(P) = 0 dado que
V(Q) = 1 ou
V(Q) = 0, ou seja: V(P → Q) = 1 independentemente de V(Q)
A partir de um antecedente falso, uma inferência que conclui fatos
verdadeiros ou falsos é uma inferência verdadeira � Não é necessária a
relação de causa e efeito entre P e Q para que se tenha V(P → Q) = 1 � O
conectivo → não expressa a semântica da causalidade
p q p → q
V V V
V F F
F V V
F F V
Conclusão: V(P → Q) = 1 sse V(P) = 0 ou V(Q) = 1
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Exemplo:
Q = “o sol é redondo” � interpretação: V(Q) = 1 � V(P → Q) = 1 mesmo
se P for:
P = “Pedro Álvares Cabral foi presidente do Brasil”(não há relação de causa
e efeito entre P e Q)
P = ”dois objetos diferentes ocupam um mesmo local no espaço” � V(P) =
0 � V(P → Q) = 1 qualquer que seja o enunciado de Q (não há relação de
causa e efeito entre P e Q)
Assim, se 2 + 2 = 5 então eu sou o papa!
O enunciado da forma “Se A, então B” é falso só quando A é verdadeiro e B
é falso e é verdadeiro sempre que
• B é verdadeiro (independente da veracidade de A)
• A é falso (independente da veracidade de B)
6.5 Exercícios
a) Seja Q: “o sol é redondo” e P: ?
Qual a interpretação de P → Q ? Como V(Q) = V, então V(P → Q) = 1
independente de V(P)
b) Seja P: “Pedro Álvares Cabral foi presidente do Brasil” e Q:?
Qual a interpretação de P → Q ? Como V(P) = F, então V(P → Q) = 1
independente de V(Q)
c) Seja: H = ((¬P) ∨ (¬Q)) → R
E as interpretações: V(P) = 1, V(Q) = 0, V(R) = 1
P Q R ¬P ¬Q ¬P V ¬Q ¬P V ¬Q → R
1 0 1 0 1 1 1
Então, para essas interpretações: V(H) = 1
De um enunciado falso pode-se concluir (implicar) tudo o que se queira.
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6.6 Propriedades Semânticas da fórmula única
São relações obtidas no mundo semântico a partir das interpretações de
fórmulas que pertencem ao mundo sintático
Dado uma fórmula A, ela é:
Toda fórmula válida (V(A) = 1) é também satisfazível (V(A) = 1)
Toda fórmula insatisfazível (V(A) = 0) é falsificável (V(A) = 0)
Uma fórmula não pode ser satisfazível (V(A) = 1) e insatisfazível (V(A) = 0)
ao mesmo tempo
Uma fórmula não pode ser válida (V(A) = 1) e falsificável (V(A) = 0) ao
mesmo tempo
Se A é válida, então ¬A é insatisfazível
Se A é insatisfazível, então ¬A é válida
Se A é satisfazível, então ¬A é falsificável
Se A é falsificável, então ¬A é satisfazível
Existem fórmulas que são tanto satisfazíveis como falsificáveis
6.6.1 Validade ou Tautologia
Uma fórmula “A” é uma tautologia (ou é válida) quando qualquer
interpretação V faz a interpretação de “A” como sendo verdadeira V(A) = 1
Uma proposição composta é chamada Tautologia se for verdadeira
independentemente dos valores lógicos de suas proposições simples
componentes
Válida ou
Tautologia
sse para toda interpretação /
valoração V de seus átomos
tem-se: V(A) = 1 se todas as linhas da
coluna A contiverem 1
Factível ou
Satisfatível ou
Satisfazível
sse existe pelo menos uma
interpretação/valoração V de
seus átomos
tal que V(A) = 1 se alguma linha da
coluna A contiver I
Contraditória ou
insatisfazível ou
inválida
sse para toda interpretação /
valoração V de seus átomos
tem-se: V(A) = 0 se todas as linhas da
coluna A contiverem 0
Falsificável sse existe uma valoração V
de seus átomos
tal que V(A) = 0 se alguma linha da
coluna A contiver 0
“A” é tautologia quando todas as interpretações a valorizam como
sendo verdadeira
Toda fórmula válida
(V(A) = 1) é também
satisfazível (V(A) = 1)
Toda fórmula insatisfazível
(V(A) = 0) é falsificável
(V(A) = 0)
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A validade ou tautologia é muito mais do que a veracidade, pois uma
fórmula “A” pode ser verdadeira segundo uma interpretação I , mas ser
falsa sob outra interpretação J (duas linhas I e J da tabela da verdade).
Se I(A) = 1 mas J(A) = 0 � “A” é apenas factível ou satisfatível, não é
tautologia
a) Exemplo-1: Princípio da Identidade:
p → p e p ↔ p são tautológicas
b) Exemplo-2: Princípio do Terceiro Excluído:
Toda proposição ou é verdadeira ou é falsa (nunca um terceiro caso é
verificado) � (p V ~p) é tautológico (sempre verdadeiro)
Demonstração
(i) Usando a tabela da verdade: H : (p ∨ ¬p),
p ¬¬¬¬p H = p ∨∨∨∨ ¬¬¬¬p
0 1 1
1 0 1
V(H) = V(p ∨ ¬p)=V, com qualquer valoração para p, isto é, V(p)=V ou
V(p)=F � Assim, dizer que uma proposição é sempre verdadeira ou falsa, é
sempre verdadeiro
(ii) Sem usar a Tabela da Verdade: H : (p ∨ ¬p)
V(H) = 1
⇔ V(p ∨ ¬p) = 1
⇔ V(p) = 1 ∨ V(¬p) = 1
⇔ V(p) = 1 ∨ V(p) = 0
V(H) = 1 sendo V(p) = 0 ou 1, ou seja, independente da interpretação de p
(ou 0 ou 1) a interpretação de H será sempre verdadeira
c) Exemplo-3: Princípio da não contradição:
Uma proposição não pode ser simultaneamente verdadeira e falsa
¬(p Λ ¬p) é tautológico (sempre verdadeiro)
p ¬¬¬¬p p ∧∧∧∧ ¬¬¬¬p H = ¬¬¬¬(p ∧∧∧∧ ¬¬¬¬p)
0 1 0 1
1 0 0 1
H é uma tautologia
(ou uma fórmula válida),
pois todas as valorações
para H geram 1 em todas
as linhas
H é uma tautologia
(ou uma fórmula válida),
pois todas as valorações
para H geram 1 em todas
as linhas
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d) Outros Exemplos
a) Seja H : p1 ∧ p2 ∧ p3 ∧ q → q
V(H) = 1 ⇔ V(p1 ∧ p2 ∧ p3 ∧ q → q) = 1 ⇔ Se V(p1 ∧ p2 ∧ p3 ∧ q) = 1
então V(q) = 1 � H é uma tautologia
b) Todas as proposições abaixo são tautológicas
(¬p ∨ q) ↔ (p→q)
p ∨ ¬(p ∧ q)
p ∧ q → (p ↔ q)
p ∨ (q ∧ ¬q) ↔ p
p ∧ r → ¬q ∨ r
c) No final tudo dá certo! (se não deu certo ainda não chegou ao final)
e) Contra-Exemplo
H : (p ∨ q), sem usar a Tabela da Verdade:
� Existe uma interpretação: I(p) = 1 e I(q) = 0 � I(H) = 1
� Existe outra interpretação: J(p) = 0 e J(q) = 0 � J(H) = 0
Logo H é satisfatível, mas não é tautologia.
6.6.2 Satisfazibilidade ou Contingência
Uma proposição composta é chamada Contingência se houver pelos menos
uma combinação de seus átomos tal que seja verdadeira e pelo menos
uma outra tal que seja falsa.
Seja: A : (p ∨ q) ∧ (¬p ∨ ¬q)
Construindo uma tabela da verdade para A:
• Inicialmente monta-se uma lista de subfórmulas, ordenando-as, da
esquerda para direita, em ordem de tamanho (a fórmula A é a última):
p q ¬p ¬q p ∨ q ¬p ∨ ¬q A = (p ∨ q) ∧ (¬p ∨ ¬q)
• Colocam-se as valorações (ou interpretações) para os átomos (se uma
fórmula contém n átomos, o número de valorações possíveis para
esses átomos é 2n, o que significa 2n linhas na tabela):
p q ¬p ¬q p ∨ q ¬p ∨ ¬q A = (p ∨ q) ∧ (¬p ∨ ¬q)
0 0
0 1
1 0
1 1
Se uma fórmula contém
n átomos, o número de
valorações possíveis para
esses átomos é 2n, o que
significa 2n linhas na tabela
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• Preenchem-se as colunas de cada subfórmula, de acordo
com a
definição de valoração, da esquerda para direita, até completar toda a
tabela:
p q ¬p ¬q p ∨ q ¬p ∨ ¬q A = (p ∨ q) ∧ (¬p ∨ ¬q)
0 0 1 1 0 1 0
0 1 1 0 1 1 1
1 0 0 1 1 1 1
1 1 0 0 1 0 0
p q ¬p ¬q p ∨ q ¬p ∨ ¬q A = (p ∨ q) ∧ (¬p ∨ ¬q)
0 0 1 1 0 1 0
0 1 1 0 1 1 1
1 0 0 1 1 1 1
1 1 0 0 1 0 0
Dessa tabela pode-se inferir que:
• A é satisfazível
• A é falsificável
Outro exemplo: p → ¬p
p ¬¬¬¬p p →→→→ ¬¬¬¬p
1 0 0
0 1 1
6.6.3 Contradição ou insatisfazível
Uma proposição composta é chamada Contradição se for sempre falsa
independentemente dos valores lógicos de suas proposições simples
componentes.
Exemplos:
a) G = p ∧ ¬p � Usando a Tabela da Verdade
p ¬¬¬¬p G = p ∧∧∧∧ ¬¬¬¬p
0 1 0
1 0 0
A é satisfazível
A é falsificável
Nota:
Por causa do crescimento
exponencial, método da
tabela da verdade não é
recomendado para
fórmulas com muitos
átomos (4 átomos é o limite
de realização de uma tabela
da verdade)
“A” é contraditória quando todas as interpretações a validam como
sendo falsa (não há interpretações que a validem como sendo
verdadeira). É o oposto da tautologia.
G é uma contradição
(ou uma fórmula inválida),
pois todas as valorações
para G geram 0 em todas
as linhas
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b) Seja G : p ∧ ¬p � Sem usar a Tabela da Verdade:
V(G) = 1 ⇔ V(p ∧ ¬p) = 1 ⇔ V(p) = 1 ∧ V(¬p) = 1 ⇔ V(p) = 1 ∧ V(p) = 0 �
Como a interpretação V é uma função binária, então só pode ocorrer uma
possibilidade, logo G não pode assumir o valor 0 e 1 simultaneamente � G
é uma afirmação falsa
c) p: √2 = m/n com m/n fração irredutível �gera uma contradição, pois p é
uma proposição falsa.
6.7 Propriedades Semânticas para diversas fórmulas
Dados duas fórmulas A e B
B é conseqüência lógica de A se toda valoração que satisfaz A também
satisfaz B (são exatamente as mesmas valorações que satisfazem B)
A e B são logicamente equivalentes, ou seja: A ≡ B se A ⇒ B e B ⇒ A (numa
tabela da verdade as colunas para A e para B são idênticas)
6.7.1 Conseqüência Lógica
H implica logicamente G (ou G é consequência lógica de H) quando para
toda interpretação V, se V(H) = 1 então V(G) = 1
Dada uma interpretação V, se V interpreta H como sendo verdadeira,
então V interpreta G como sendo verdadeira � Isso não quer dizer que,
para toda interpretação V, as valorações de H e G segundo V coincidem ou
são iguais a verdade, têm a mesma opinião sobre H e G.
Além disso, caso exista uma interpretação J tal que J(H) = 1, então nada
pode ser dito sobre J(G) (é possível ter J(G) = 1 ou J(G) = 0)
B é Conseqüência Lógica de A ou
A implica logicamente B (A ⇒ B)
sse para toda
interpretação V
se V(A) = 1
então V(B) = 1
toda linha da coluna A que
contém 1 também contém 1
na coluna para B
A Equivale a B (A ≡ B ou A ⇔
B)
sse para toda
interpretação V
tem-se V(A) =
V(B)
as colunas para A e para B
são idênticas
Nota:
a) Não há relação entre os símbolos ⇒ e →
O símbolo → é o “se-então” da sintaxe da lógica proposicional
O símbolo ⇒ é o “se-então” da semântica
b) Não há relação entre os símbolos ⇔ e ↔
O símbolo ↔ é o “se e somente se” da sintaxe da lógica proposicional
O símbolo ⇔ é o “se e somente se” da semântica
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a) H : p ∨ q → r ⇒ p → r
p q r p ∨ q p ∨ q → r p → r
0 0 0 0 1 1
0 0 1 0 1 1
0 1 0 1 0 1
0 1 1 1 1 1
1 0 0 1 0 0
1 0 1 1 1 1
1 1 0 1 0 0
1 1 1 1 1 1
Vê-se que p ∨ q → r implica logicamente p → r, pois toda linha da coluna p
∨ q → r que contém 1 também contém 1 na coluna para p → r
b) H : p ∧ q → r ⇒ p → r
Vê-se que p ∧ q → r não implica logicamente p → r pois existe valoração
de p ∧ q → r que falsifica p → r
p q r p ∧ q p ∧ q → r p → r
0 0 0 0 1 1
0 0 1 0 1 1
0 1 0 0 1 1
0 1 1 0 1 1
1 0 0 0 1 0
1 0 1 0 1 1
1 1 0 1 0 0
1 1 1 1 1 1
c) Sejam:
H : (p ∧ q)
E : ((p ∧ q) ∨ q)
G : p → q
p q H = (p ∧∧∧∧ q) E = ((p ∧∧∧∧ q) ∨∨∨∨ q) G = p →→→→ q
0 0 0 0 1
0 1 0 1 1
1 0 0 0 0
1 1 1 1 1
E implica G pois se V(E) = 1 então V(G) = 1
H implica E pois se V(H) = 1 então V(E) = 1
H implica G pois se V(H) = 1 então V(G) = 1
H implica p pois se V(H) = 1 então V(p) = 1
Toda linha da coluna p ∨∨∨∨ q →→→→ r
que contém 1 também contém
1 na coluna para p →→→→ r
Existe valoração de p ∧∧∧∧ q →→→→ r
que falsifica p →→→→ r
E implica G pois quando se tem
se V(E) = 1 também se tem
V(G) = 1
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G não implica E pois existe V(G) = 1 com V(E) = 0
G não implica H pois existe V(G) = 1 com V(H) = 0
E não implica H pois existe V(E) = 1 com V(H) = 0
Mesmo tendo que H implica G, quando H é interpretada como sendo “0”,
nada se pode concluir sobre a interpretação de E e de G
6.7.2 Equivalência Lógica
A equivale a B sse para toda interpretação V, tem-se V(A) = V(B)
Para demonstrar que V(A) = V(B) basta:
a) Demonstrar que V(A) = 0 ⇔ V(B) = 0 ou que V(A) = 1 ⇔ V(B) = 1
b) Construir uma tabela verdade associada a A e B e verificar se as duas
colunas coincidem
Sejam: H = (¬p ∧ ¬q) e G = ¬(p ∨ q)
As duas fórmulas são equivalentes (Lei de De Morgan) pois:
p q ¬¬¬¬p ¬¬¬¬q H = (¬¬¬¬p ∧∧∧∧ ¬¬¬¬q) p ∨∨∨∨ q G = ¬¬¬¬(p ∨∨∨∨ q)
0 0 1 1 1 0 1
0 1 1 0 0 1 0
1 0 0 1 0 1 0
1 1 0 0 0 1 0
Ou, de outro modo:
V(H) = 1 ⇔ V(¬p ∧ ¬q) = 1
⇔ V(¬p) = 1 ∧ V(¬q) = 1
⇔ V(p) = 0 ∧ V(q) = 0
⇔ V(p ∨ q) = 0
⇔ V(¬ (p ∨ q)) = 1
⇔ V(G) = 1 � V(H) = 1 ⇔ V(G) = 1
Por outro lado:
V(H) = 0 ⇔ V(¬p ∧ ¬q) = 0
⇔ V(¬p) = 0 ∨ V(¬q) = 0
⇔ V(p) = 1 ∨ V(q) = 1
⇔ V(p ∨ q) = 1
⇔ V(¬ (p ∨ q)) = 0
⇔ V(G) = 0 � V(H) = 0 ⇔ V(G) = 0
Portanto V(H) = V(G) � H e G são equivalentes
As duas colunas são iguais ����
H e G são equivalentes
6 – Semântica Página 103
6.8 Equivalências Notáveis
As fórmulas αααα e ββββ são tautologicamente equivalentes e indicamos α⇔βα⇔βα⇔βα⇔β se
e somente se a fórmula α↔βα↔βα↔βα↔β é uma tautologia
6.8.1 Da Conjunção
a) Idempotente: p ∧ p ⇔ p (a bicondicional p ∧ p ↔ p é tautológica)
b) Comutativa: p ∧ q ⇔ q ∧ p (a bicondicional p ∧ q ↔ q ∧ p é tautológica)
c) Associativa: (p ∧ q) ∧ r ⇔ p ∧ (q ∧ r) (as tabelas-verdade são idênticas)
d) Identidade: Para t = 1 (elemento neutro da conjunção) e c = 0 (elemento
absorvente da conjunção),
tem-se: p ∧ t ⇔ p e p ∧ c ⇔ c
Exemplo: Sabendo-se que V(|x | < 0) = 0 tem-se: x ≠ 1 ∧ |x | < 0 ⇔ |x | < 0
Sabendo-se que V(|x | ≥ 0) = 0 tem-se: x ≠ 1 ∧ |x | ≥ 0 ⇔ x ≠ 1
6.8.2 Da Disjunção
a) Idempotente: p ∨ p ⇔ p (a bicondicional p ∨ p ↔ p é tautológica)
b) Comutativa: p ∨ q ⇔ q ∨ p (a bicondicional p ∨ q ↔ q ∨ p é tautológica)
c) Associativa: (p ∨ q) ∨ r ⇔ p ∨ (q ∨ r) (as tabelas-verdade são idênticas)
d) Identidade: Para t = 1 (elemento absorvente da disjunção) e c = 0
(elemento neutro da disjunção), tem-se: p ∨ t ⇔ t e p ∨ c ⇔ p
Comutativa p ∧∧∧∧ q ⇔⇔⇔⇔ q ∧∧∧∧ p p ∨∨∨∨ q ⇔⇔⇔⇔ q ∨∨∨∨ p
Associativa (p ∧∧∧∧ q)∧∧∧∧ r ⇔⇔⇔⇔ p ∧∧∧∧ (q ∧∧∧∧ r) (p ∨∨∨∨ q)∨∨∨∨ r ⇔⇔⇔⇔ p∨∨∨∨ (q∨∨∨∨ r)
Idempotente p ∧∧∧∧ p ⇔⇔⇔⇔ p p ∨∨∨∨ p ⇔⇔⇔⇔ p
Propriedades de V p ∧∧∧∧ V ⇔⇔⇔⇔ p p ∨∨∨∨ V ⇔⇔⇔⇔ V
Propriedades de F p ∧∧∧∧ F ⇔⇔⇔⇔ F p ∨∨∨∨ F ⇔⇔⇔⇔ p
Absorção p ∧∧∧∧ ( p ∨∨∨∨ r ) ⇔⇔⇔⇔ p p ∨∨∨∨ (p ∧∧∧∧ r) ⇔⇔⇔⇔ p
Distributivas p ∧∧∧∧ (q ∨∨∨∨ r) ⇔⇔⇔⇔ (p ∧∧∧∧ q ) ∨∨∨∨ (p ∧∧∧∧ r) p ∨∨∨∨ (q ∧∧∧∧ r) ⇔⇔⇔⇔ (p ∨∨∨∨ q ) ∧∧∧∧ (p ∨∨∨∨ r)
Distributivas p →→→→ (q ∧∧∧∧ r) ⇔⇔⇔⇔ (p→→→→ q) ∧∧∧∧ (p →→→→ r) p →→→→ (q ∨∨∨∨ r) ⇔⇔⇔⇔ (p→→→→ q) ∨∨∨∨ (p →→→→ r)
Leis de De Morgan ¬¬¬¬ (p ∧∧∧∧ q) ⇔⇔⇔⇔ ¬¬¬¬ p ∨∨∨∨ ¬¬¬¬ q ¬¬¬¬(p ∨∨∨∨ q) ⇔⇔⇔⇔ ¬¬¬¬ p ∧∧∧∧ ¬¬¬¬ q
Def. implicação p →→→→ q ⇔⇔⇔⇔ ¬¬¬¬p ∨∨∨∨ q p →→→→ q ⇔⇔⇔⇔ ¬¬¬¬( p ∧∧∧∧¬¬¬¬ q)
Def. bicondicional p ↔↔↔↔ q ⇔⇔⇔⇔ (p →→→→ q) ∧∧∧∧ ( q →→→→ p) p ↔↔↔↔ q ⇔⇔⇔⇔ (¬¬¬¬p ∨∨∨∨ q) ∧∧∧∧ (¬¬¬¬q ∨∨∨∨p)
Dupla Negação ¬¬¬¬ (¬¬¬¬ p) ⇔⇔⇔⇔ p
Contraposição p →→→→ q ⇔⇔⇔⇔ ∼∼∼∼ q →∼→∼→∼→∼ p
Exportação(⇒ ) Importação (⇐ ) (p ∧∧∧∧ q) →→→→ r ⇔⇔⇔⇔ p →→→→ ( q →→→→ r )
Troca de Premissas p →→→→ (q →→→→ r ) ⇔⇔⇔⇔ q →→→→ ( p →→→→r )
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6.8.3 Da Conjunção e da Disjunção
a) Distributivas:
p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r) � A conjunção é distributiva em relação à
disjunção
p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) � A disjunção é distributiva em relação à
conjunção
Exemplo: Carlos estuda e Jorge ouve música ou lê
É equivalente à: Carlos estuda e Jorge ouve música ou Carlos estuda e
Jorge lê
b) Absorção:
p ∧ (p ∨ q) ⇔ p
p ∨ (p ∧ q) ⇔ p
c) Regras de De Morgan
¬(p ∧ q) ⇔ ¬p ∨ ¬q � Negar que duas proposições são ao mesmo
tempo verdadeiras equivale a afirmar que uma pelo menos é falsa (ou p ou
q é falsa)
¬(p ∨ q) ⇔ ¬p ∧ ¬q � Negar que uma de duas proposições é verdadeira
equivale a afirmar que ambas são falsas
A negação transforma a conjunção em disjunção e a disjunção em
conjunção
Exemplo: Negar a proposição: É inteligente e estuda
É afirmar a proposição: Não é inteligente ou não estuda
6.9 Exercícios Propostos
6.9.1 Dizemos que uma proposição p implica q se, e só se, a condicional p
→ q é uma tautologia.
Notação: p ⇒ q.
Mostrar que:
i) p ↔ ¬ q não implica p → q;
ii) p ∧ q ⇒ p.
6.9.2 Dizemos que uma proposição “p” é equivalente a “q” se, e só se, a
bicondicional p ↔ q é uma tautologia. Notação: p ⇔ q.
Verifique se são verdadeiras as afirmações abaixo:
a) p ∧ q ⇔ q ∧ p (Comutatividade da conjunção)
b) (p ∧ q) ∧ r ⇔ p ∧ (q ∧ r) (Associatividade da conjunção)
c) p ∨ q ⇔ q ∨ p (Comutatividade da disjunção)
d) (p ∨ q) ∨ r ⇔ p ∨ (q ∨ r) (Associatividade da disjunção)
e) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ ( p ∨ r) (Distributividade da disjunção com relação
à conjunção)
f) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ ( p ∧ r) (Distributividade da conjunção com
relação à disjunção)
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6.9.3 Sejam A, B e C fórmulas proposicionais. Verifique se são verdadeiras
as seguintes afirmações, justificando as e suas respostas:
a) Toda fórmula proposicional é equivalente a si própria.
b) Se A ⇔ B , então B ⇔ A .
c) Se A ⇔ B e B ⇔ C , então A ⇔ C .
d) Duas fórmulas tautológicas são sempre equivalentes.
e) Se A e A → B são tautológicas, então B é tautológica.
f) Se A ⇒ B , então B ⇒ A
6.9.4 Mostre que
a) A ∨ B ⇔ ¬ ( ¬ A ∧ ¬ B)
b) Toda fórmula proposicional é equivalente a uma fórmula na qual
aparecem apenas os conectivos ∧ e ¬.
6.9.5 Seja x um número natural.
a) Mostre que x é par se, e somente se, x2 é par.
b) Mostre que x é ímpar se, e somente se, x2 é ímpar.
6.9.6 Considere que duas proposições são equivalentes se e somente se
possuem exatamente as mesmas valorações V e F. Neste caso, se A e B são
equivalentes, é correto afirmar que ¬A ∧ B é uma tautologia?
6.9.7 Verifique se a seguinte argumentação é uma tautologia:
“Se meu cliente fosse culpado, então a arma do crime estaria no carro”.
Portanto, se a arma do crime não estava no carro,
então meu cliente não é culpado”
6.9.8 Demonstrar que:
a) A Validade (ou tautologia) é o oposto da contradição, isto é:
Dada uma fórmula H então:
H é válida (ou tautologia) ⇔ ¬H é contraditória
b) Toda fórmula válida é também satisfazível, ou seja, se H é uma
tautologia, então H é satisfatível
c) ¬H não é satisfatível ⇔ ¬H é contraditória
d) A relação entre a conseqüência lógica e o conectivo →, isto é: H implica
G ⇔ (H → G) é tautologia
e) A relação entre equivalência e o conectivo ↔, isto é: H equivale a G ⇔
(H ↔ G) é tautologia
f) A relação entre equivalência e implicação, isto é: H equivale a G ⇔ H
implica G e G implica H
g) A transitividade da equivalência, isto é: Se E equivale a H e H equivale a
G, então E equivale a G
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6.9.9 Classificar as fórmulas a seguir de acordo com sua satisfazibilidade,
validade, falsificabilidade ou insatisfazibilidade :
a) (p → q) → (q → p)
( )satisfazível ( ) valida ( ) falsificável ( ) insatisfazível
b) (p ∧ ¬p) → q
( )satisfazível ( ) valida ( ) falsificável ( ) insatisfazível
c) (p → q) → p ∧ q
( )satisfazível ( ) valida ( ) falsificável ( ) insatisfazível
d) p → ¬¬p
( )satisfazível ( ) valida ( ) falsificável ( ) insatisfazível
e) ¬(p ∨ q → p)
( )satisfazível ( ) valida ( ) falsificável ( ) insatisfazível
f) ¬(p → p ∨ q)
( )satisfazível ( ) valida ( ) falsificável ( ) insatisfazível
g) ((p → q) ∧ (r → q)) → (p ∨ r → q)
( )satisfazível ( ) valida ( ) falsificável ( ) insatisfazível
6.9.10 Encontrar uma valoração que satisfaça as seguintes fórmulas:
a) p → ¬p
b) q → p ∧ ¬q
c) (p → q) → p
d) ¬(p ∨ q → q)
e) (p → q) ∧ (¬p → ¬q)
f) (p → q) ∧ (q → p)
6.10 Para saber mais
[1]Keller, Vicente, Bastos, Cleverson L. – Aprendendo Lógica – Editora
Vozes; Petrópolis; 2007
[2] Copi, Irving Marmer.- Introdução à Lógica - Editora Mestre Jou; São
Paulo; 1978
[3] McInerny, D.Q. – Use a lógica: um guia para o pensamento eficaz –
Editora Best Seller; Rio de Janeiro; 2006