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A´lgebra Linear II Determinantes por induc¸a˜o Maria Lu´cia Torres Villela Universidade Federal Fluminense Instituto de Matema´tica Abril de 2010 Suma´rio Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Parte 1 - Determinantes e aplicac¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Sec¸a˜o 1 - Determinantes sobre corpos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Sec¸a˜o 2 - Determinante do produto e matrizes elementares 31 Sec¸a˜o 3 - Regra de Cramer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Parte 2 - Autovalores e autovetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Sec¸a˜o 1 - Espac¸os vetoriais sobre C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Sec¸a˜o 2 - Subespac¸os invariantes e autovetores . . . . . . . . . 55 Sec¸a˜o 3 - Operadores diagonaliza´veis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Sec¸a˜o 4 - Teorema de Hamilton-Cayley e polinoˆmio mı´nimo 81 Parte 3 - Espac¸os vetoriais com produto interno . . . . . . . . . . . . . . . 95 Sec¸a˜o 1 - Produto interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 Sec¸a˜o 2 - A adjunta de uma transformac¸a˜o linear . . . . . . . . . 119 Sec¸a˜o 3 - Operadores auto-adjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 Sec¸a˜o 4 - Operadores unita´rios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 Sec¸a˜o 5 - Formas bilineares e formas quadra´ticas . . . . . . . . . 145 Instituto de Matema´tica 1 UFF M.L.T.Villela UFF 2 Introduc¸a˜o O objetivo deste texto e´ ser um apoio aos estudantes da disciplina A´lgebra Linear II, do Curso de Graduac¸a˜o em Matema´tica da Universidade Federal Fluminense. O objetivo principal e´ estudar autovalores e autove- tores de operadores lineares de espac¸os vetoriais de dimensa˜o finita, opera- dores diagonalizave´is, espac¸os vetoriais com produto interno, a adjunta de uma transformac¸a˜o linear, operadores auto-adjuntos, unita´rios e o teorema espectral. Pressupomos que o estudante esteja familiarizado com: a a´lgebra das matrizes com coeficientes reais; a inversa˜o de matrizes e a resoluc¸a˜o de equac¸o˜es lineares com coeficientes reais, pelo me´todo da reduc¸a˜o por li- nhas; os conceitos de espac¸os vetorias reais finitamente gerados, dimensa˜o de espac¸os vetoriais reais finitamente gerados, subespac¸os vetoriais, soma e soma direta de subespac¸os vetoriais reais; transformac¸o˜es lineares entre espac¸os vetoriais reais de dimensa˜o finita, teorema do nu´cleo e da imagem, representac¸a˜o matricial de transformac¸o˜es lineares entre espac¸os vetoriais re- ais de dimensa˜o finita e a a´lgebra das transformac¸o˜es lineares. Na Parte 1 do texto definiremos a func¸a˜o determinante da a´lgebra das matrizes n por n com coeficientes em um corpo K e valores em K, por induc¸a˜o sobre n, pelo desenvolvimento de Laplace pela primeira coluna, com eˆnfase nos corpos Q, R e C. Estudaremos as suas propriedades e daremos como aplicac¸a˜o a resoluc¸a˜o de sistemas lineares pela Regra de Cramer. Apre- sentaremos tambe´m o me´todo do ca´lculo do determinante pelo processo de triangularizac¸a˜o da matriz, por meio da reduc¸a˜o por linhas. Na Parte 2 vamos trabalhar com espac¸os vetorias reais ou complexos finitamente gerados. Introduziremos os espac¸os vetoriais sobre C e generali- zaremos os resultados obtidos para espac¸os vetoriais reais finitamente gera- dos. Daqui por diante, trabalharemos com K-espac¸os vetoriais, onde K = R ou K = C. Apresentaremos os conceitos de subespac¸o invariante por meio de um operador K-linear e de autovalores e autovetores de um operador K- linear. Ensinaremos como determinar os autovalores e os autovetores de um operador linear em um espac¸o vetorial de dimensa˜o finita. Introduziremos o conceito de operadores diagonaliza´veis e daremos condic¸o˜es necessa´rias e suficientes para um operador em um espac¸o vetorial de dimensa˜o n ≥ 1 ser diagonaliza´vel. Instituto de Matema´tica 3 UFF Na Parte 3 estudaremos os espac¸os vetoriais com produto interno, o conceito de norma e a desigualdade de Cauchy-Schwarz. Definiremos bases ortogonais e ortonormais, complemento ortogonal de um subespac¸o, projec¸a˜o ortogonal sobre um subespac¸o e apresentaremos o processo de ortonorma- lizac¸a˜o de Gram-Schmidt. Definiremos a adjunta T ∗ de uma transformac¸a˜o linear T entre espac¸os vetoriais de dimensa˜o finita com produto interno e da- remos a relac¸a˜o entre suas representac¸o˜es matriciais em bases ortonormais. Estudaremos operadores auto-adjuntos, o Teorema espectral em espac¸os ve- toriais reais ou complexos, operadores unita´rios, operadores ortogonais e fa- remos a classificac¸a˜o dos operadores ortogonais do plano e do espac¸o. Ale´m disso, mostraremos que os movimentos r´ıgidos ou isometrias, func¸o˜es em um espac¸o vetorial real de dimensa˜o n ≥ 1 que preservam distaˆncias, sa˜o ope- radores ortogonais seguidos de translac¸o˜es. Finalizaremos com o estudo de formas bilineares em espac¸os vetoriais reais ou complexos, sua representac¸a˜o matricial e relac¸a˜o entre as representac¸o˜es matriciais. Introduziremos os con- ceitos de forma bilinear sime´trica e formas quadra´ticas. Mostraremos que uma forma quadra´tica sobre um espac¸o vetorial real de dimensa˜o n ≥ 1 e´ diagonaliza´vel numa base ortonormal. Recomendamos os seguintes textos: - A´lgebra Linear, Boldrini e outros, Harbra, 3a edic¸a˜o, 1974. - A´lgebra Linear e Aplicac¸o˜es, Carlos A. Callioli, Hygino Domingues, Roberto C.F. Costa, Atual Editora, 1990. - A´lgebra Linear, Renato Valladares, LTC, 1990. - A´lgebra Linear, Serge Lang, Editora Edgar Blu¨cher Ltda, 1971. - A´lgebra Linear, S. Lipschutz, Colec¸a˜o Schaum, MacGraw-Hill, 1981 - A´lgebra Linear-Introduc¸a˜o, Joa˜o Pitombeira de Carvalho, LTC/EDU, 2a edic¸a˜o, 1977. Texto mais avanc¸ado: - A´lgebra Linear, K. Hoffmann, R. Kunze, Editora Pol´ıgono, 1971. M.L.T.Villela UFF 4 Parte 1 Determinantes e aplicac¸o˜es Definiremos a func¸a˜o determinante da a´lgebra das matrizes n por n com coeficientes em um corpo K e valores em K, com eˆnfase nos corpos Q, R e C, por induc¸a˜o sobre n pelo desenvolvimento de Laplace pela primeira coluna. Apresentaremos as fo´rmulas dos determinantes das matrizes de ordens 1, 2 e 3. Estudaremos as propriedades dos determinantes de matrizes de or- dem n e mostraremos as fo´rmulas de Laplace para o ca´lculo do determinante pelo desenvolvimento por qualquer linha ou coluna. Mostraremos que o determinante e´ uma func¸a˜o linear quando vista como uma func¸a˜o das linhas da matriz ou como uma func¸a˜o das colunas da matriz. Apresentaremos o me´todo do ca´lculo do determinante de matrizes com coeficientes em corpos pelo processo de triangularizac¸a˜o da matriz, por meio da reduc¸a˜o por linhas. Mencionaremos que valem propriedades sobre as colunas, ana´logas a`s propriedades sobre as linhas e, de maneira similar, poderemos calcular o determinante de matrizes com coeficientes em corpos fazendo reduc¸a˜o por colunas. Mostraremos que A e sua transposta At teˆm o mesmo o determinante. Introduziremos o conceito de matrizes elementares, relacionaremos a reduc¸a˜o por linhas com a multiplicac¸a˜o a` esquerda por matrizes elementares e, usando o conceito de matrizes elementares, mostraremos que o determi- nante de um produto de matrizes e´ o produto dos seus determinantes. Introduziremos os conceitos de matrizes adjunta cla´ssica e cofatora de A ∈ Mn×n(K), relacionaremos esses conceitos com o de matrizes invert´ıveis Instituto de Matema´tica 5 UFF e daremos como uma aplicac¸a˜o a resoluc¸a˜o de sistemas lineares pela Regra de Cramer. M.L.T.Villela UFF 6 Determinantes sobre corpos PARTE 1 - SEC¸A˜O 1 Determinantes sobre corpos Seja K um corpo e Mn×n(K) a a´lgebra das matrizes n por n com coe- ficientes em K. Nosso objetivo e´ definir a func¸a˜o de Mn×n(K) em K chamada de deter- minante. Um corpo K e´ um conjunto munido com operac¸o˜es de adic¸a˜o e multi- plicac¸a˜o + : K× K −→ K (a, b) 7−→ a + b · : K× K −→ K(a, b) 7−→ a · b tendo as seguintes propriedades, para quaisquer a, b, c ∈ K: A1-(Associativa) (a + b) + c = a + (b + c). A2-(Comutativa) a + b = b + a. A3-(Existeˆncia de elemento neutro aditivo) Existe 0 ∈ K, tal que para todo a ∈ K, a + 0 = a. A4-(Existeˆncia de sime´trico) Para cada a ∈ K, existe um u´nico c ∈ K tal que a + c = 0. M1-(Associativa) (a · b) · c = a · (b · c). M2-(Comutativa) a · b = b · a. Escrevemos c = −a. M3-(Existeˆncia de elemento neutro multiplicativo) Existe 1 ∈ K, tal que para todo a ∈ K, 1 · a = a. M4-(Existeˆncia de inverso) Para cada a ∈ K, a 6= 0, existe um u´nico c ∈ K, tal que a · c = 1. AM-(Distributiva) a · (b + c) = a · b + a · c. Escrevemos c = a−1. Exemplo 1 Voceˆs teˆm familiaridade com os corpos Q, dos nu´meros racionais, R, dos nu´meros reais e C, dos nu´meros complexos. Temos Q ⊂ R ⊂ C, onde Q = { a b ; a, b ∈ Z e b 6= 0}, com as operac¸o˜es a b + c d = a·d+b·c b·d e a b · c d = a·c b·d. C = {a + bi ; a, b ∈ R e i2 = −1}, com as operac¸o˜es Instituto de Matema´tica 7 UFF A´lgebra Linear II Determinantes sobre corpos (a + bi) + (c + di) = (a + c) + (b + d) e (a + bi) · (c + di) = (a · c − b · d) + (a · d + b · c)i. Seja K um corpo, onde K = Q, ou K = R, ou K = C. Seja Mn×n(K) a a´lgebra das matrizes n por n com coeficientes em K. Vamos definir e estudar as propriedades da func¸a˜o determinante definida em Mn×n(K) e com valores em K. Para isto precisamos do conceito a seguir. Definic¸a˜o 1 (Menor de aij) Seja A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo e n ≥ 2. A matriz Aij de ordem n − 1 obtida de A retirando-se a sua i-e´sima linha e a sua j-e´sima coluna e´ chamada de menor de aij em A. Exemplo 2 Seja A = ( 1 2 3 4 ) ∈ M2×2(R). Enta˜o, A11 = (4), A12 = (3), A21 = (2) e A22 = (1) sa˜o matrizes em M1×1(R). Seja A = 1 2 34 5 6 7 8 9 ∈ M3×3(R). Enta˜o, A23 = ( 1 2 7 8 ) e A12 = ( 4 6 7 9 ) sa˜o matrizes em M2×2(R). Agora estamos prontos para definir a func¸a˜o determinante det : Mn×n(K) −→ K A 7−→ det(A). Definic¸a˜o 2 (Determinante) Seja A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. O determinante de A e´ definido por induc¸a˜o sobre n ≥ 1. Se A = (a11) ∈ M1×1(K), enta˜o det(A) = a11. Se n ≥ 2, A = (aij) e Aij ∈ M(n−1)×(n−1) (K) e´ a matriz obtida de A retirando-se a i-e´sima linha e j-e´sima coluna, enta˜o det(A) = n∑ i=1 (−1)i+1ai1det(Ai1), chamado de desenvolvimento de Laplace pela primeira coluna. M.L.T.Villela UFF 8 Determinantes sobre corpos PARTE 1 - SEC¸A˜O 1 Exemplo 3 Vamos determinar det(A), onde A = ( a11 a12 a21 a22 ) e aij ∈ K. Temos que A11 = a22 e A21 = a12. Logo, det(A) = 2∑ i=1 (−1)i+1ai1det(Ai1) = (−1)1+1a11det(A11) + (−1) 2+1a21det(A21) = a11a22 − a21a12 . Logo, det ( a11 a12 a21 a22 ) = a11a22 − a12a21. Podemos visualizar o ca´lculo do determinante de uma matriz de ordem 2 com o seguinte diagrama, onde fazemos a soma dos produtos com os sinais indicados pela setas. ( a11 a12 a21 a22 ) � � �� ��� − @@ @@ @@R + Exemplo 4 Vamos determinar o determinante de A = a11 a12 a13a21 a22 a23 a31 a32 a33 , onde aij ∈ K. Temos A11 = ( a22 a23 a32 a33 ) , A21 = ( a12 a13 a32 a33 ) e A31 = ( a12 a13 a22 a23 ) . det(A) = 3∑ i=1 (−1)i+1ai1det(Ai1) = (−1)1+1a11det(A11) + (−1) 2+1a21det(A21) + (−1) 3+1a31det(A31) = a11det ( a22 a23 a32 a33 ) − a21det ( a12 a13 a32 a33 ) +a31det ( a12 a13 a22 a23 ) = a11(a22a33 − a32a23) − a21(a12a33 − a32a13) +a31(a12a23 − a22a13) = a11a22a33 + a12a23a31 + a13a21a32 −a11a23a32 − a12a21a33 − a13a22a31 E´ claro que a fo´rmula acima na˜o deve ser memorizada. A Regra de Sarrus para o ca´lculo do determinante de uma matriz A = (aij) de ordem 3 consiste em construir uma tabela com 5 colunas e treˆs linhas, a partir da matriz A, da seguinte maneira: Instituto de Matema´tica 9 UFF A´lgebra Linear II Determinantes sobre corpos (1) copie apo´s a matriz A a primeira e a segunda colunas de A, conforme a figura abaixo; (2) as setas na figuram indicam o sinal do produto dos elementos da tabela; (3) fac¸a a soma dos produtos com o respectivo sinal para obter det(A). a11 a12 a13 a11 a12a21 a22 a23 a21 a22 a31 a32 a33 a31 a32 @@R + ������ ������ @@@@@@ @@@@@@ @@R + @@R + ��� − ��� − ��� − @@@@@@ ���� �� Para calcular o determinante de uma matriz 4 por 4 com coeficientes em K, precisamos calcular a soma de 4 elementos de K, obtidos pelo ca´lculo de 4 determinantes de matrizes de ordem 3. Esse ca´lculo e´ bastante desgastante e pode ser evitado. Vamos estudar as propriedades da func¸a˜o determinante e, com base nas suas diversas propriedades, desenvolver um me´todo eficiente e simplificado do ca´lculo do determinante no final desta Sec¸a˜o. Proposic¸a˜o 1 (Propriedades das linhas) Seja A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. (a) Se C for obtida de A substituindo a i-e´sima linha Ai de A por Ai + X e mantendo as outras linhas; B for obtida de A substituindo a i-e´sima linha Ai de A por X = (x1, . . . , xn) e mantendo as outras linhas de A, enta˜o det(C) = det(A) + det(B). (b) Se B for obtida de A substituindo a i-e´sima linha Ai de A por cAi, onde c ∈ K, e mantendo as outras linhas de A, enta˜o det(B) = c det(A). Demonstrac¸a˜o: A demonstrac¸a˜o e´ por induc¸a˜o sobre n. (a) Se n = 1, enta˜o A = (a11), B = (x1) e C = (a11 + x1), logo det(C) = a11 + x1 = det(A) + det(B). Seja n ≥ 2 e suponhamos o resultado va´lido para n − 1. Sejam A, B, C matrizes de ordem n como no enunciado. Temos ci1 = ai1+x1 = ai1+bi1 e, para k 6= i, ck1 = ak1 = bk1. Ale´m disso, Ci1 = Ai1 = Bi1 e, para k 6= i, a matriz Bk1 tem as mesmas linhas de A, exceto uma delas, que e´ (x2, . . . , xn) e Ck1 tambe´m tem as mesmas linhas de Ak1, exceto uma delas, que e´ (ai2 + x2, . . . , ain + xn). M.L.T.Villela UFF 10 Determinantes sobre corpos PARTE 1 - SEC¸A˜O 1 det(C) (1) = n∑ k=1 (−1)k+1ck1det(Ck1) (2) = ∑ k6=i (−1)k+1ck1det(Ck1) + (−1) i+1ci1det(Ci1) (3) = ∑ k6=i (−1)k+1ck1det(Ck1) + (−1) i+1(ai1 + x1) det(Ci1) (4) = ∑ k6=i (−1)k+1ck1 ( det(Ak1) + det(Bk1) ) + (−1)i+1ai1det(Ai1) +(−1)i+1x1det(Bi1) (5) = ∑ k6=i ( (−1)k+1ak1det(Ak1) + (−1) k+1bk1det(Bk1) ) +(−1)i+1ai1det(Ai1) + (−1) i+1bi1det(Bi1) (6) = n∑ k=1 (−1)k+1ak1det(Ak1) + n∑ k=1 (−1)k+1bk1det(Bk1) (7) = det(A) + det(B). Em (1) usamos a definic¸a˜o de determinantes; em (2), a comutatividade da adic¸a˜o em K; em (3), ci1 = ai1 +x1; em (4), det(Ck1) = det(Ak1) +det(Bk1), por hipo´tese de induc¸a˜o; em (5), ck1 = ak1 = bk1 e x1 = bi1 ; em (6), a comutatividade da adic¸a˜o em K e em (7), novamente, a definic¸a˜o de determinante. (b) Se n = 1, enta˜o A = (a11), B = (ca11) e det(B) = ca11 = c det(A). Seja n ≥ 2 e suponhamos o resultado va´lido para matrizes de ordem n − 1. Sejam A e B matrizes de ordem n como no enunciado. Nesse caso, temos bi1 = cai1 e Bi1 = Ai1 e, para k 6= i, bk1 = ak1 e Bk1 e´ uma matriz de ordem n − 1 que tem uma linha igual a c vezes uma das linhas de Ak1 e suas outras linhas sa˜o iguais. Enta˜o, det(B) (1) = n∑ k=1 (−1)k+1bk1det(Bk1) (2) = ∑ k6=i (−1)k+1bk1det(Bk1) + (−1) i+1bi1det(Bi1) (3) = ∑ k6=i (−1)k+1ak1det(Bk1) + (−1) i+1cai1det(Ai1) (4) = ∑ k6=i (−1)k+1ak1c det(Ak1) + (−1) i+1cai1det(Ai1) (5) = c ( n∑ k=1 (−1)k+1ak1det(Ak1) ) (6) = c det(A). � Em (1) usamos a definic¸a˜o de determinante; em (2), a comutatividade da adic¸a˜o em K; em (3), bk1 = ak1, bi1 = cai1 e Bi1 = Ai1 ; em (4), a hipo´tese de induc¸a˜o; em (5), a distributividade da multplicac¸a˜o e a comutatividade da adic¸a˜o em K e em (6), novamente, a definic¸a˜o de determinante. Corola´rio 1 Se A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo, tem uma linha nula, enta˜o det(A) = 0. Demonstrac¸a˜o: Segue imediatamente do item (b) da Proposic¸a˜o anterior. � Instituto de Matema´tica 11 UFF A´lgebra Linear II Determinantes sobre corpos Observac¸a˜o 1: Da Proposic¸a˜o 1, segue que o determinante, como uma func¸a˜o das linhas da matriz, e´ K-linear em cada linha. Nesse caso, todas as linhas diferentes da i-e´sima esta˜o fixas. Estamos variando apenas a i-e´sima linha. De fato, sejam B, C e A matrizes com todas as linhas iguais, exceto a i-e´sima, onde Bi = Xi, Ci = Yi e Ai = Xi + aYi, tal que a ∈ K, digamos que B = A1 ... Xi ... An , C = A1 ... Yi ... An e A = A1 ... Xi + aYi ... An . Logo, pelos itens (a) e (b) da Proposic¸a˜o 1, det(A) = det A1 ... Xi + aYi ... An = det A1 ... Xi ... An + det A1 ... aYi ... An = det A1 ... Xi ... An + a det A1 ... Yi ... An = det(B) + a det(C). Veremos agora outras propriedades do determinante. Lema 1 Se A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo, tem duas linhas consecutivas iguais, enta˜o det(A) = 0. Demonstrac¸a˜o: Seja h tal que Ah = Ah+1. Como 1 ≤ h < h + 1 ≤ n, enta˜o n ≥ 2. Faremos induc¸a˜o sobre n. Se n = 2, enta˜o A = ( a b a b ) , det(A) = ab − ab = 0. Fixemos n ≥ 3 e suponhamos o resultado va´lido para matrizes de ordem n − 1. Seja A matriz de ordem n tal que Ah = Ah+1. Nesse caso, se i 6= h e i 6= h + 1, enta˜o a matriz Ai1 de ordem n − 1 tem duas linhas consecutivas iguais e, por hipo´tese de induc¸a˜o, det(Ai1) = 0, portanto, det(A) = n∑ i=1 (−1)i+1ai1det(Ai1) = (−1)h+1ah1det(Ah1) + (−1) h+2a(h+1)1 det(A(h+1)1 ). M.L.T.Villela UFF 12 Determinantes sobre corpos PARTE 1 - SEC¸A˜O 1 Como Ah1 = Ah+1, temos ah1 = a(h+1)1 e Ah1 = A(h+1)1 , logo det(A) = (−1)h+1ah1det(Ah1) + (−1) h+2a(h+1)1 det(A(h+1)1 ) = (−1)h+1ah1det(Ah1) + (−1) h+2ah1 det(Ah1) = (−1)h+1 ( ah1det(Ah1) − ah1 det(Ah1) ) = 0. Portanto, o resultado vale para n. Assim, vale para todo n ≥ 2. � Proposic¸a˜o 2 Seja A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. Se B for a matriz obtida de A trocando de posic¸a˜o duas linhas de A e mantendo as outras linhas de A, enta˜o det(B) = − det(A). Demonstrac¸a˜o: Sejam Ah e Ak, onde 1 ≤ h < k ≤ n, as linhas de A que sa˜o trocadas de posic¸a˜o para obter B. Primeiramente, consideremos k = h + 1. Seja C a matriz obtida de A substituindo as linhas Ah e Ah+1 por Ah+Ah+1 e mantendo as outras linhas deA. Enta˜o, C tem duas linhas consecutivas iguais e, pelo Lema anterior, det(C) = 0. Por outro lado, C = A1 ... Ah + Ah+1 Ah + Ah+1 ... An . Aplicando o item (a) da Proposic¸a˜o 1, sucessivamente, obtemos det(C) = det A1 ... Ah Ah + Ah+1 ... An + det A1 ... Ah+1 Ah + Ah+1 ... An = det A1 ... Ah Ah ... An + det A1 ... Ah Ah+1 ... An + det A1 ... Ah+1 Ah + Ah+1 ... An Instituto de Matema´tica 13 UFF A´lgebra Linear II Determinantes sobre corpos = det A1 ... Ah Ah ... An + det A1 ... Ah Ah+1 ... An + det A1 ... Ah+1 Ah ... An + det A1 ... Ah+1 Ah+1 ... An . Novamente, pelo Lema anterior, obtemos 0 = det(C) = det A1 ... Ah Ah+1 ... An + det A1 ... Ah+1 Ah ... An = det(A) + det(B), logo det(B) = − det(A). Suponhamos agora que k − h ≥ 2 e B e´ obtida de A trocando as linhas Ah e Ak de posic¸a˜o e mantendo as outras linhas. Para que Ah fique na k-e´sima linha sa˜o necessa´rias as trocas sucessi- vamente de Ah com Ah+1, Ah+2, . . . , Ak, totalizando k − h trocas de linhas consecutivas, deixando Ak na (k − 1)-e´sima linha. Para Ak ficar na h-e´sima linha e obtermos a matriz B precisamos de mais (k − 1) − h trocas de linhas consecutivas. No total fazemos (k − h) + (k − 1) − h = 2(k − h) − 1 tro- cas de linhas consecutivas. Pela primeira parte da demonstrac¸a˜o, em cada troca o determinante e´ multiplicado por −1, logo apo´s o total de trocas, o determinante e´ multiplicado por (−1)2(k−h)−1 = −1. Portanto, temos det(B) = − det(A). � Corola´rio 2 Se A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ Q, R ou C, tem duas linhas iguais, enta˜o det(A) = 0. Demonstrac¸a˜o: Digamos que 1 ≤ h < k ≤ n e que Ah = Ak. Seja B a matriz obtida de A trocando de posic¸a˜o Ah e Ak e mantendo as outras linhas de A. Pela Proposic¸a˜o anterior, det(B) = − det(A). Como B = A, temos que det(A) = − det(A), logo 2 det(A) = 0. Assim, det(A) = 0. � Esse resultado vale em quaisquer corpos de caracter´ıstica 0. Se car(K) = p 6= 2, enta˜o 2 e´ invert´ıvel em K e o resultado e´ va´lido. Se car(K) = 2, enta˜o o resultado do Corola´rio tambe´m e´ va´lido. Nesse caso, fazemos um ca´lculo direto de det(A) e mostramos que det(A) = 0. Corola´rio 3 Seja A ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. Se B e´ obtida de A substituindo a linha Ai por Ai + cAj, onde j 6= i e c ∈ K, e mantendo as outras linhas de A, enta˜o det(B) = det(A). M.L.T.Villela UFF 14 Determinantes sobre corpos PARTE 1 - SEC¸A˜O 1 Demonstrac¸a˜o: Suponhamos, sem perda de generalidade, que i > j. Enta˜o, B = A1 ... Aj ... Ai + cAj ... An e, pela Proposic¸a˜o 1 itens (a) e (b) e pelo Corola´rio 2, det(B) = det A1 ... Aj ... Ai + cAj ... An = det A1 ... Aj ... Ai ... An + det A1 ... Aj ... cAj ... An = det(A) + c det A1 ... Aj ... Aj ... An = det(A) + c · 0 = det(A). � Usando as propriedades do determinante, vistas nas Proposic¸o˜es 1 e 2 e no Corola´rio 3, vamos desenvolver um me´todo para o ca´lculo de determinan- tes a partir do processo da reduc¸a˜o por linhas de uma matriz com coeficientes em um corpo K. Lembramos o conceito de operac¸a˜o elementar sobre as linhas de uma matriz. Definic¸a˜o 3 (Operac¸o˜es elementares e equivaleˆncia por linhas) Seja A ∈ Mn×m(K), onde K e´ um corpo. Ha´ treˆs tipos de operac¸o˜es elemen- tares sobre as linhas de A: (I) Trocar de posic¸a˜o as linhas Ai e Aj, onde i 6= j, e manter as outras linhas de A. Denotamos por Ai↔ Aj. Instituto de Matema´tica 15 UFF A´lgebra Linear II Determinantes sobre corpos (II) Multiplicar a i-e´sima linha por c ∈ K, onde c 6= 0, e manter as outras linhas de A. Denotamos por Ai→ cAi. (III) Substituir a i-e´sima linha Ai por Ai + cAj, onde c ∈ K e i 6= j, e manter as outras linhas de A. Denotamos por Ai → Ai + cAj. Quando a matriz B ∈ Mn×m(K) e´ obtida de A por uma operac¸a˜o elementar o dizemos que B e´ equivalente por linhas a A, escrevemos B = o(A) e denotamos por A∼oB. Quando B ∈ Mn×m(K) e´ obtida de A por uma sequeˆncia finita de operac¸o˜es elementares o1, . . . , os, definindo B1 = o1(A) e Bj+1 = oj+1(Bj) para j = 1, . . . s − 1, temos que B = os(. . . (o1(A) . . .)) e A∼o1B1∼o2B2∼o3 . . .∼os−1Bs−1∼osBs = B. Proposic¸a˜o 3 Se B ∈ Mn×n(K) e´ obtida de A ∈ Mn×n(K) por uma operac¸a˜o elementar o sobre as linhas de A, enta˜o B = o(A) e det(B) = − det(A), se o e´ do tipo (I), Ai↔ Aj, i 6= j; c det(A), se o e´ do tipo (II), Ai→ cAi, c ∈ K, c 6= 0; det(A), se o e´ do tipo (III), Ai→ Ai + cAj, c ∈ K, i 6= j. Demonstrac¸a˜o: Segue imediatamente das Proposic¸o˜es 2 e 1, item (b), e do Corola´rio 3. � Corola´rio 4 Se B ∈ Mn×n(K) e´ obtida de A por uma sequeˆncia finita de operac¸o˜es elemen- tares o1, . . . , os, definindo B1 = o1(A) e Bj+1 = oj+1(Bj) para j = 1, . . . , s−1, enta˜o B = os(. . . (o1(A) . . .)) e A ∼o1 B1 ∼o2 B2 ∼o3 . . . ∼os−1 Bs−1 ∼os Bs = B e existem constantes na˜o nulas em K c1, . . . , cs, univocamente determinadas, respectivamente, por o1, . . . , os, tais que det(B) = cs · . . . · c1det(A). Demonstrac¸a˜o: A demonstrac¸a˜o e´ por induc¸a˜o sobre s, o nu´mero de operac¸o˜es elementares sobre as linhas de A. Se s = 1, enta˜o B = o(A) e o resultado segue da Proposic¸a˜o 3. Fixemos s ≥ 1, suponhamos o resultado va´lido para s e B = os+1(os(. . . (o1(A) . . .)), onde A ∼o1 B1 ∼o2 B2 ∼o3 . . . ∼os Bs ∼os+1 Bs+1 = B. Enta˜o, B = os+1(Bs), onde A ∼o1 B1 ∼o2 B2 ∼o3 . . . ∼os Bs. Logo, existe uma constante na˜o nula M.L.T.Villela UFF 16 Determinantes sobre corpos PARTE 1 - SEC¸A˜O 1 cs+1 em K, univocamente determinada por os+1 tal que det(B) = cs+1det(Bs). Por hipo´tese de induc¸a˜o, existem c1, . . . , cs, constantes na˜o nulas em K uni- vocamente determinadas pelas operac¸o˜es elementares o1, . . . , os, tais que det(Bs) = cs · . . . · c1det(A). Portanto, det(B) = cs+1det(Bs) = cs+1 · (cs · . . . · c1det(A)). Logo, o resultado vale para s + 1. Assim, vale para todo s ≥ 1. � Com a relac¸a˜o estabelecida pelo Corola´rio 4 entre o determinante de uma matriz A ∈ Mn×n(K) e uma matriz B ∈ Mn×n(K) obtida de A por uma sequeˆncia finita de operac¸o˜es elementares, podemos descrever um me´todo para calcular determinantes de matrizes de ordem grande, pelo me´todo da reduc¸a˜o por linhas. Esse me´todo e´ baseado no seguinte resultado. Proposic¸a˜o 4 Seja A ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. Enta˜o, existe uma sequeˆncia finita de operac¸o˜es elementares sobre as linhas de A, o1, . . . , os, e uma matriz tri- angular superior B ∈ Mn×n(K), tal que B = os(. . . (o1(A)) . . .) e´ equivalente por linhas a` matriz A. Demonstrac¸a˜o: Se A = 0 ∈ Mn×n(K), nada ha´ a demonstrar. Suponha- mos que A 6= 0. O seguinte algoritmo indica uma sequeˆncia de operac¸o˜es elementares que resolve o problema: (1) Va´ para a primeira linha na˜o nula L; (2) multiplique L por uma constante c conveniente, de modo que o seu pri- meiro elemento na˜o nulo seja 1, fazendo L→ cL = L′; (3) substitua cada linha na˜o nula subsequente por ela mais um mu´ltiplo conveniente de L′, de modo que o seu elemento na mesma coluna do 1 fique igual a 0. (4) fac¸a a primeira linha na˜o nula apo´s L′ igual a L; (5) repita os passos (2), (3) e (4), ate´ chegar a` u´ltima linha na˜o nula. Para obter a matriz triangular superior equivalente por linhas a` matriz A, so´ precisamos de algumas trocas linhas. (6) Se as s linhas na˜o nulas Lj1 , . . . , Ljs , onde 1 ≤ s ≤ n, teˆm o primeiro elemento na˜o nulo, respectivamente, nas colunas k1, . . . , ks, enta˜o Lj1 tem que ser a linha k1, . . . , Ljs , a linha ks. As outras linhas sa˜o nulas. Depois dessa troca de linhas obtemos uma matriz triangular superior equivalente por linhas a` matriz A. � Instituto de Matema´tica 17 UFF A´lgebra Linear II Determinantes sobre corpos Exemplo 5 Vamos determinar uma matriz B ∈ M3×3(R) triangular superior equivalente por linhas a` matriz A = 1 2 34 11 18 7 8 24 ∈ M3×3(R). Temos A ∼1 1 2 30 3 6 0 −6 3 ∼2 1 2 30 1 2 0 −6 3 ∼3 1 2 30 1 2 0 0 15 = B. Usamos a seguinte sequeˆncia de operac¸o˜es elementares: em ∼1: L2 → L2 − 4L1 e L3 → L3 − 7L1; em ∼2: L2 → 13L2; em ∼3, L3→ L3 + 6L2. Exemplo 6 Vamos determinar uma matriz B ∈ M5×5(R) triangular superior equivalente por linhas a` matriz A = 0 0 2 0 0 1 2 3 4 5 2 4 6 8 10 6 7 8 9 10 10 11 12 10 11 ∈ M5×5(R). Temos A ∼1 0 0 1 0 0 1 2 3 4 5 2 4 6 8 10 6 7 8 9 10 10 11 12 10 11 ∼2 0 0 1 0 0 1 2 0 4 5 2 4 0 8 10 6 7 0 9 10 10 11 0 10 11 ∼3 0 0 1 0 0 1 2 0 4 5 0 0 0 0 0 0 −5 0 −15 −20 0 −9 0 −30 −39 ∼4 0 0 1 0 0 1 2 0 4 5 0 0 0 0 0 0 1 0 3 4 0 −9 0 −30 −39 ∼5 0 0 1 0 0 1 2 0 4 5 0 0 0 0 0 0 1 0 3 4 0 0 0 −3 −3 ∼6 1 2 0 4 5 0 1 0 3 4 0 0 1 0 0 0 0 0 −3 −3 0 0 0 0 0 = B Usamos a seguinte sequeˆncia de operac¸o˜es elementares: M.L.T.Villela UFF 18 Determinantes sobre corpos PARTE 1 - SEC¸A˜O 1 em ∼1: L1 → 12L1; em ∼2: L2 → L2 − 3L1, L3 → L3 − 6L1, L4 → L4 − 8L1 e L5 → L5 − 12L1; em ∼3, L3 → L3 − 2L2, L4 → L4 − 6L2 e L5 → L5 − 10L2; em ∼4: L4 → −15L4; em ∼5: L5 → L5 + 9L4. Agora na˜o ha´ mais linhas na˜o nulas. Paramos o algoritmo aqui. Para obter a matriz B triangular superior equivalente a A, basta fazer trocas de linhas. As linhas na˜o nulas depois de ∼5 sa˜o L1, com k1 = 3; L2, com k2 = 1; L4, com k4 = 2; L5, com k5 = 4. Em ∼6 fizemos a sequeˆncia de operac¸o˜es elementares: L3 ↔ L4, L4 ↔ L5, L1 ↔ L2 e L2↔ L3. Para matrizes triangulares superiores ou inferiores o ca´lculo do deter- minante e´ trivial, conforme a seguinte Proposic¸a˜o. A e´ triangular superior se, e somente se, aij = 0, para todo 1≤ j < i≤ n. Proposic¸a˜o 5 Seja A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. Se A e´ uma matriz triangular superior, enta˜o det(A) = a11a22 . . . ann. Demonstrac¸a˜o: Faremos induc¸a˜o sobre n ≥ 1. Se n = 1, enta˜o A = (a) e det(A) = a = a11. Suponhamos que n ≥ 1 e o resultado va´lido para n. Seja A matriz triangular superior de ordem n + 1 com coeficientes em K. Temos que A = a11 a12 a13 · · · a1(n+1) 0 a22 a23 · · · a2(n+1) 0 0 a33 · · · a3(n+1) ... ... ... · · · ... 0 0 0 · · · a(n+1)(n+1) Pela definic¸a˜o do determinante, temos que ai1 = 0, para todo i = 2,...,n+1. det(A) = n+1∑ i=1 (−1)i+1ai1det(Ai1) = a11det(A11). Como A11 = a22 a23 · · · a2(n+1) 0 a33 · · · a3(n+1) ... ... · · · ... 0 0 · · · a(n+1)(n+1) e´ uma matriz triangular superior de ordem n, pela hipo´tese de induc¸a˜o, temos que Instituto de Matema´tica 19 UFF A´lgebra Linear II Determinantes sobre corpos det(A11) = a22 · · ·a(n+1)(n+1). Portanto, det(A) = a11det(A11) = a11a22 · · ·a(n+1)(n+1). Logo, o re- sultado vale para n + 1. Assim, vale para todo n ≥ 1. � Exemplo 7 Vamos determinar o determinante de A = 1 2 3 4 11 14 7 8 24 ∈ M3×3(R) do Exemplo 5. Obtivemos no Exemplo 5 que A e´ equivalente por linhas a` matriz triangular supe- rior B = 1 2 3 0 1 2 0 0 15 . Como det(B) = 1·1·15 = 15 e a u´nica operac¸a˜o elementar usada que altera o determinante e´ L2→ 13L2, obtemos que 13 det(A) = det(B), logo det(A) = 3det(B) = 3 · 15 = 45. Exemplo 8 Determinaremos o determinante de A = 0 0 2 0 0 1 2 3 4 5 2 4 6 8 10 6 7 8 9 10 10 11 12 10 11 ∈ M5×5(R) do Exemplo 6. Obtivemos no Exemplo 6 que A e´ equivalente por linhas a uma matriz tri- angular superior B com uma linha nula. Como det(B) = 0 e as operac¸o˜es elementares que alteram o determinante o multiplicam por constantes na˜o nu- las, enta˜o existe uma constante na˜o nula c ∈ R tal que c det(A) = det(B) = 0. Logo, det(A) = 1 c det(B) = 1 c · 0 = 0. Nesse caso, c = 1 2 · “ −1 5 ” · (−1)4 = − 1 10 . Volte ao Exemplo 6 e verifique que para o ca´lculo do determinante de A poder´ıamos ter parado em ∼3, apo´s L3 → L3 − 2L2, pois a matriz obtida aqui e´ equivalente por linhas a A, tem uma linha nula e ja´ conclu´ımos que det(A) = 0. Agora destacamos que valem propriedades sobre as colunas similares a`s propriedades sobre as linhas. Proposic¸a˜o 6 (Propriedades das colunas) Seja A ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. (a) Se C for obtida de A substituindo a j-e´sima coluna Aj por Aj + Y e mantendo as outras colunas e B for obtida de A substituindo a j-e´sima coluna Aj por Y e mantendo as outras colunas de A, onde Y = y1 ... yn , enta˜o M.L.T.Villela UFF 20 Determinantes sobre corpos PARTE 1 - SEC¸A˜O 1 det(C) = det(A) + det(B). (b) Se B for obtida de A substituindo a j-e´sima coluna Aj por cAj, onde c ∈ K, e mantendo as outras colunas de A, enta˜o det(B) = c det(A). Demonstrac¸a˜o: A demonstrac¸a˜o de ambas as propriedades, de maneira ana´lo- ga a`s propriedades das linhas, e´ por induc¸a˜o sobre n, devendo apenas serem distinguidos os casos j = 1 e j > 1. Faremos apenas a demonstrac¸a˜o do item (a). Fac¸a a demonstrac¸a˜o do item (b). Seja j = 1. Enta˜o, C1 = A1 + Y e B1 = Y, isto e´, ci1 = ai1 + yi e bi1 = yi, e Ai1 = Bi1 = Ci1, para todo i = 1, . . . , n. Temos Em (1) usamos a definic¸a˜o de determinante; em (2), que ci1 = ai1 +yi para 1≤ i≤ n; em (3), a distributividade em K; em (4), a comutatividade e associatividade da adic¸a˜o em K; em (5), Ai1 = Ci1 = Bi1 e bi1 = yi e em (6), novamente, a definic¸a˜o de determinante. det(C) (1) = n∑ i=1 (−1)i+1ci1det(Ci1) (2) = n∑ i=1 (−1)i+1 ( ai1 + yi ) det(Ci1) (3) = n∑ i=1 ( (−1)i+1ai1det(Ci1) + (−1) i+1yidet(Ci1) ) (4) = n∑ i=1 (−1)i+1ai1det(Ci1) + n∑ i=1 (−1)i+1yidet(Ci1) (5) = n∑ i=1 (−1)i+1ai1det(Ai1) + n∑ i=1 (−1)i+1bi1det(Bi1) (6) = det(A) + det(B). Nesse caso, j = 2. Seja 2 ≤ j ≤ n. Faremos induc¸a˜o sobre n ≥ 2. Se n = 2, enta˜o A = ( a11 a12 a21 a22 ) , B = ( a11 y1 a21 y2 ) , C = ( a11 a12 + y1 a21 a22 + y2 ) e det(C) = a11 ( a22 + y2 ) − a21 ( a12 + y1 ) = a11a22 + a11y2 − a21a12 − a21y1 = ( a11a22 − a21a12 ) + ( a11y2 − a21y1 ) = det(A) + det(B). Seja n ≥ 3 e suponhamos a propriedade va´lida para as matrizes de ordem n − 1. As matrizes Ci1, Bi1 e Ai1 teˆm ordem n − 1 e a (j − 1)-e´sima coluna de Ci1 e´ a soma das (j − 1)-e´simas colunas de Ai1 e Bi1. Por hipo´tese de induc¸a˜o, det(Ci1) = det(Ai1) + det(Bi1) e Em (1) usamos a definic¸a˜o de determinante; em (2), que A1 = C1; em (3), a hipo´tese de induc¸a˜o; em (4), a distributividade em K; em (5), a comutatividade e associatividade da adic¸a˜o em K e em (6), que B1 = A1 e a definic¸a˜o de determinante. det(C) (1) = n∑ i=1 (−1)i+1ci1det(Ci1) (2) = n∑ i=1 (−1)i+1ai1det(Ci1) (3) = n∑ i=1 (−1)i+1ai1 ( det(Ai1) + det(Bi1) ) Instituto de Matema´tica 21 UFF A´lgebra Linear II Determinantes sobre corpos (4) = n∑ i=1 ( (−1)i+1ai1det(Ai1) + (−1) i+1ai1det(Bi1) ) (5) = n∑ i=1 (−1)i+1ai1det(Ai1) + n∑ i=1 (−1)i+1ai1det(Bi1) (6) = det(A) + det(B). � Corola´rio 5 Se A ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo, tem uma coluna nula, enta˜o det(A) = 0. Demonstrac¸a˜o: Segue imediatamente da Proposic¸a˜o anterior item (b). � Vale propriedade ana´loga a` Observac¸a˜o 1, onde linhas sa˜o substitu´ıdas por colunas. Observac¸a˜o 2: Da Proposic¸a˜o 6 segue que o determinante, como uma func¸a˜o das colunas da matriz, e´ K-linear em cada coluna. Nesse caso, todas as colunas diferentes da j-e´sima esta˜o fixas. Estamos variando apenas a j-e´sima coluna. De fato, sejam B, C e A matrizes com todas as colunas iguais, exceto a j-e´sima, onde Bj = Xj, Cj = Yj e Aj = Xj + aYj, tal que a ∈ K. Digamos que B = (A1, . . . , Xj, . . . , An) e C = (A1, . . . , Yj, . . . , An). Seja A = (A1, . . . , Xj + aYj, . . . , An), onde a ∈ K. Enta˜o, det(A) = det(A1, . . . , Xj + aYj, . . . , An) = det(A1, . . . , Xj, . . . , An) + det(A1, . . . , aYj, . . . , An) = det(B) + a det(C) . Lema 2 Se A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo, tem duas colunas consecutivas iguais, enta˜o temos det(A) = 0. Demonstrac¸a˜o: Deixamos a demonstrac¸a˜o a cargo do leitor. � Proposic¸a˜o 7 Seja A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. Se B for a matriz obtida de A trocando de posic¸a˜o duas colunas e mantendo as outras colunas de A, enta˜o det(B) = − det(A). Demonstrac¸a˜o: Deixamos a demonstrac¸a˜o a cargo do leitor. � Corola´rio 6 Seja A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. Se A tem duas colunas iguais, enta˜o det(A) = 0. Demonstrac¸a˜o: Deixamos a demonstrac¸a˜o a cargo do leitor. � M.L.T.Villela UFF 22 Determinantes sobre corpos PARTE 1 - SEC¸A˜O 1 Corola´rio 7 Seja A ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. Se B for obtida de A substituindo a coluna Ai por Ai + cAj, onde j 6= i e c ∈ K, e mantendo as outras colunas de A, enta˜o det(B) = det(A). Demonstrac¸a˜o: Deixamos a demonstrac¸a˜o a cargo do leitor. � Obtemos tambe´m o seguinte resultado muito importante. Corola´rio 8 (Fo´rmula de Laplace por colunas) Seja A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo e n ≥ 2, e seja Aij o menor de aij. Enta˜o, para cada j = 1, . . . , n temos que O ı´ndce j esta´ fixo, apenas i varia de 1 a n.det(A) = n∑ i=1 (−1)i+j aijdet(Aij), chamado de desenvolvimento de Laplace pela j-e´sima coluna. Demonstrac¸a˜o: Se j = 1, enta˜o nada ha´ a demonstrar. Seja n ≥ 2 e fi- xemos j tal que 1 < j ≤ n. Seja B = (bik) a matriz obtida de A tro- cando as colunas A1 e Aj de posic¸a˜o e mantendo as outras colunas. Assim, A = (A1, . . . , Aj−1, Aj, . . . , An) e B = (Aj, A2, . . . , Aj−1, A1, . . . , An). Para todo i = 1, . . . , n, temos bi1 = aij, a matriz Bi1 e´ obtida da matriz Aij pela troca de j − 2 colunas consecutivas e det(Bi1) = (−1) j−2det(Aij). Portanto, da Proposic¸a˜o 7 e da definic¸a˜o do determinante, det(A) = − det(B) = − ( n∑ i=1 (−1)i+1 bi1det(Bi1) ) = − ( n∑ i=1 (−1)i+1 ai1(−1) j−2det(Aij) ) = n∑ i=1 (−1)i+j aijdet(Aij) � Analogamente, usando as propriedades do determinante sobre as colu- nas, Proposic¸a˜o 6 item (b), Proposic¸a˜o 7 e o Corola´rio 7, podemos calcular o determinante a partir do processo de reduc¸a˜o por colunas de uma matriz com coeficientes em um corpo K. Deixamos como Exerc´ıcio introduzir a definic¸a˜o de operac¸a˜o elementar sobre as colunas de uma matriz e escrever resultados ana´logos a` Proposic¸a˜o 3, Corola´rio 4 e Proposic¸a˜o 4, substituindo operac¸o˜es elementares sobre linhas por operac¸o˜es elementares sobre colunas. Encerramos essa Sec¸a˜o com mais duas propriedades important´ıssimas do determinante. Instituto de Matema´tica 23 UFF A´lgebra Linear II Determinantes sobre corpos Proposic¸a˜o 8 Seja A ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. Enta˜o, det(A) = det(At). Demonstrac¸a˜o: Faremos induc¸a˜o sobre n. Se n = 1, enta˜o A = (a11) = A t e, da definic¸a˜o de determinante, det(A) = a11 = det(A t). Fixemos n > 1 e suponhamos o resultado va´lido para matrizes de ordem n − 1. Seja A matriz de ordem n. Seja A1 a primeira coluna de A. Suponhamos que A1 = 0. Enta˜o ai1 = 0, para i = 1, . . . , n, e det(A) = n∑ i=1 (−1)i+1ai1det(Ai1) = n∑ i=1 (−1)i+1 · 0 · det(Ai1) = 0. Como At tem a primeira linha nula, pelo Corola´rio 1, det(At) = 0. Logo, det(A) = det(At). Podemos supor que A1 6= 0. Seja k o menor inteiro positivo menor ou igual a n, tal que ak1 6= 0. Sem perda de generalidade, podemos supor que k = 1. De fato, caso contra´rio, k > 1. Tomamos A˜ a matriz obtida de A pela troca das linhas A1 e Ak e mantendo as outras linhas. Enta˜o, det(A) = − det(A˜), a˜11 = ak1 6= 0 e a matriz A˜t e´ obtida de At pela troca da primeira e da k-e´sima colunas e mantendo as outras colunas, portanto det(At) = − det(A˜t). Basta mostrarmos que det(A˜) = det(A˜t), para concluirmos que det(A) = det(At). Assim, podemos supor que A1 = a11 ... an1 , com a11 6= 0. Seja B a matriz obtida de A, pela sequeˆncia de n − 1 operac¸o˜es elementares sobre as linhas de A, substituindo Ai por Ai − ai1 a11 A1, para i 6= 1, e mantendo as outras linhas. Enta˜o, Bi = Ai − ai1 a11 A1, para i 6= 1, e B1 = A1. Portanto, B = a11 a12 · · · a1n 0 b22 · · · b2n ... ... · · · ... 0 bn2 · · · bnn . Temos B11 = b22 · · · b2n ... · · · ... bn2 · · · bnn , onde bij = aij − ai1 a11 a1j, para 2 ≤ j ≤ n e i 6= 1. Da Proposic¸a˜o 3, Corola´rio 4 e da definic¸a˜o de determinante, temos det(A) = det(B) = a11det(B11). Temos que a primeira coluna de At e´ a11 ... a1n , com a11 6= 0. Seja At = (cij). Enta˜o, c11 = a11 6= 0. Seja D a matriz obtida de At, pela sequeˆncia de n−1 operac¸o˜es elementares sobre as colunas de At, substituindo M.L.T.Villela UFF 24 Determinantes sobre corpos PARTE 1 - SEC¸A˜O 1 (At) j por (At) j − c1j c11 (At) 1 , para j 6= 1, e mantendo as outras colunas. Enta˜o, Dj = (At) j − c1j c11 (At) 1 , para j 6= 1, e D1 = (At)1. Portanto, D = a11 0 · · · 0 a12 d22 · · · d2n ... ... · · · ... a1n dn2 · · · dnn . Temos D11 = d22 · · · d2n ... · · · ... dn2 · · · dnn , onde dij = cij − c1j c11 ci1, para 2 ≤ i ≤ n e j 6= 1. Do Corola´rio 7, da definic¸a˜o de determinante e do Corola´rio 1, temos det(At) = det(D) = a11det(D11). Como, para 2 ≤ i ≤ n e j 6= 1, temos que dij = cij − c1j c11 ci1 = aji − aj1 a11 a1i = bji. Portanto, D11 = (B11) t e, por hipo´tese de induc¸a˜o, det(B11) = det((B11) t) = det(D11). Logo, det(A) = a11det(B11) = a11det(D11) = det(A t). � Corola´rio 9 (Fo´rmula de Laplace por linhas) Seja A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo e n ≥ 2, e seja Aij o menor de aij. Enta˜o, para cada i = 1, . . . , n temos que O ı´ndce i esta´ fixo, apenas j varia de 1 a n.det(A) = n∑ j=1 (−1)i+j aijdet(Aij), chamado de desenvolvimento de Laplace pela j-e´sima linha. Demonstrac¸a˜o: Seja At = (bji). Pela Proposic¸a˜o 8 e aplicando o Corola´rio 8 para calcular o determinante de At pelo desenvolvimento de Laplace pela i-e´sima coluna, temos A matriz (At)ki obtida de At retirando-se a k-e´sima linha e a i-e´sima coluna e´ a transposta de Aik . det(A) = det(At) = n∑ k=1 (−1)k+i bkidet ( (At)ki ) = n∑ k=1 (−1)k+i aikdet ( (Aik) t ) = n∑ k=1 (−1)k+i aikdet(Aik) � Exemplo 9 Vamos calcular o determinante de A = 3 2 4 5 0 6 3 0 1 ∈ M3×3(R). A segunda coluna de A, entre as linhas e colunas, tem a maior quantidade de elementos nulos. Faremos o desenvolvimento de Laplace pela 2a coluna. Temos que Instituto de Matema´tica 25 UFF A´lgebra Linear II Determinantes sobre corpos det(A) = 3∑ i=1 (−1)i+2ai2 det(Ai2) = −a12det(A12) = (−2) · det ( 5 6 3 1 ) = (−2) · (5 − 18) = 26. a22 = a32 = 0. Exemplo 10 Vamos calcular o determinante da matriz A = 1 2 3 4 4 5 6 −1 7 0 0 3 1 2 3 5 ∈ M4×4(R). Faremos esse ca´lculo usando a fo´rmula de Laplace para o desenvolvimento pela 3a linha, pois essa linha tem o maior nu´mero de elementos nulos entre todas as linhas e colunas de A. Enta˜o, a32 = a33 = 0. det(A) = 4∑ j=1 (−1)3+ja3jdet(A3j) = a31det(A31) − a34det(A34) Temos que A31 = 2 3 4 5 6 −1 2 3 5 e, desenvolvendo pela sua primeira linha, temos det(A31) = 2 · det ( 6 −1 3 5 ) − 3 · det ( 5 −1 2 5 ) + 4 · det ( 5 6 2 3 ) = 2 · (30 − (−3)) − 3 · (25 − (−2)) + 4 · (15 − 12) = 66 − 81 + 12 = −3 A matriz A34 = 1 2 3 4 5 6 1 2 3 tem duas linha iguais e det(A34) = 0. Logo, det(A) = 7 · det(A31) = 7 · (−3) = −21. Exerc´ıcios 1. Sejam A ∈ Mn×n(R) e k ∈ R. Determine det(kA) em func¸a˜o de det(A). M.L.T.Villela UFF 26 Determinantes sobre corpos PARTE 1 - SEC¸A˜O 1 2. Sejam A ∈ Mn×n(C). Determine det(iA) em func¸a˜o de det(A). 3. Seja A ∈ M4×4(R), tal que det(A) = 2. Determine, usando as propri- edades: (a) det(2A) (b) det(−A) 4. Seja A ∈ M3×3(R), tal que det(A) = −3. Determine, usando as pro- priedades: (a) det ( 1 2 A ) (b) det(−A) 5. Sejam A ∈ M3×3(R). Determine o determinante de B em func¸a˜o do determinate da matriz A: (a) A = a b cd e f g h i e B = ka kb kc d t e t f t sg sh si onde k, s, t ∈ R e t 6= 0. (b) A = 2 3 40 1 2/3 1 3/5 4/5 e B = 4 6 80 3 2 5 3 4 . (c) A = 1 2 0 1 3 1 1 4 −1 e B = −2 0 2 −3 3 2 −4 3 2 . 6. Sabendo que det(A) = 4, onde A = 2a 2b 2c d e f 3g 3h 3i ∈ M3×3(Q), calcule det(B): (a) B = a b cd e f g h i (b) B = 2d g a 3 2e h b 3 2f i c 3 7. Mostre que o determinante de A e´ igual a zero, sem calcular o seu determinante, onde a, b.c, x, y, z ∈ R: (a) A = a b 2ca + x b + x c + x a + y b + y c + y (b) A = sen 2 x cos2 x 1 sen2 y cos2 y 1 sen2 z cos2 z 1 8. Mostre que se A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo, e´ uma matriz diagonal, enta˜o det(A) = a11a22 · · ·ann. Instituto de Matema´tica 27 UFF A´lgebra Linear II Determinantes sobre corpos 9. Mostre que se A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo, e´ uma matriz triangular inferior, enta˜o det(A) = a11a22 · · ·ann. A e´ triangular inferior se, e somente se, aij = 0, para todo 1≤ i < j≤ n. 10. Calcule det(A), onde A ∈ Mn×n(R): (a) A = 2 0 5 1 3 0 3 2 7 5 4 6 6 0 6 4 (b) A = 4 −1 2 −2 3 −1 0 0 2 3 1 0 0 7 1 1 (c) A = 4 8 8 8 5 0 1 0 0 0 6 8 8 8 7 0 8 8 3 0 0 8 2 0 0 (d) A = 2 0 −1 3 0 2 4 −3 7 11. Calcule det(A), reduzindo por linhas a matriz A a uma matriz trian- gular superior, onde A ∈ Mn×n(C): (a) A = 1 −4 2−2 8 9 −1 7 0 (b) A = 1 0 x1 1 x2 2 2 x3 (c) A = 3 −1 2 −5 0 5 −3 −6 −6 7 −7 4 −5 −8 0 9 (d) A = 1 −3 1 −2 2 −5 −1 −2 0 −4 5 1 −3 10 −6 8 . (e) A = 2 −8 6 8 3 −9 5 10 −3 0 1 −2 1 −4 0 6 (f) A = 0 −i −2 i 1 −1 i 1 0 −1 1 −i 1 1 1 0 12. Mostre que det(A) = (b − a)(c − b)(c − a) , onde a, b, c ∈ R e A = 1 1 1a b c a2 b2 c2 . 13. Sejam x1, . . . , xn ∈ R. Mostre que det(A) = ∏ 1≤j<k≤n (xk − xj), onde M.L.T.Villela UFF 28 Determinantes sobre corpos PARTE 1 - SEC¸A˜O 1 A = 1 1 1 · · · 1 x1 x2 x3 · · · xn x21 x 2 2 x 2 3 · · · x2n ... ... ... ... ... xn−11 x n−1 2 x n−1 3 · · · xn−1n . Essa matriz n por n e´ conhecida como matriz de Vandermonde. O Exerc´ıcio anterior e´ o caso n = 3 14. Calcule det(A), sabendo que det(B) = 24, B e´ matriz quadrada com coeficientes reais e foi obtida de A pela seguinte sequeˆncia de operac¸o˜es elementares: (1) substituindo a primeira linha por 6 vezes ela e mantendo as outra linhas; (2) substituindo a terceira linha por ela mais 2 vezes a segunda linha e mantendo as outras linhas; (3) trocando a primeira linha e a terceira de posic¸o˜es e mantendo as outras linhas. 15. Seja A ∈ M4×4(R) cuja j-e´sima linha e´ Aj, para j = 1, 2, 3, 4. Seja B = A1 + 2A4 −2A3 3A4 + 2A1 A2 + 2A3 . (a) Mostre que A pode ser obtida de B por uma sequeˆncia finita de operac¸o˜es elementares. (b) Determine det(B), sabendo que det(A) = 30 √ 2. 16. Determine se os vetores v1 = (5, −7, 9), v2 = (−3, 3, 5) e v3 = (2, −7, 5) sa˜o linearmente dependentes ou linearmente independentes sobre R, usando determinantes. Justifique sua resposta. Instituto de Matema´tica 29 UFF A´lgebra Linear II Determinantes sobre corpos M.L.T.Villela UFF 30 Determinante do produto e matrizes elementares PARTE 1 - SEC¸A˜O 2 Determinante do produto e matrizes elementares Primeiramente, vamos estabelecer condic¸o˜es necessa´rias e suficientes para uma matriz de ordem n ser invert´ıvel. Definic¸a˜o 4 (Cofatora e Adjunta cla´ssica) Seja A = (aij) ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo e n ≥ 2. A matriz cofatora de A, denotada por cof(A), e´ a matriz n por n com coeficientes em K definida por cof(A)ij = (−1) i+jdet(Aij). A matriz adjunta cla´ssica de A, denotada por adj(A), e´ a matriz n por n com coeficientes em K definida por adj(A) = cof(A)t. Exemplo 11 Consideremos a matriz A = ( 1 2 3 4 ) em M2×2(R). Vamos determinar as suas matrizes cofatora e adjunta cla´ssica. Enta˜o, cof(A) = ( det(A11) − det(A12) − det(A21) det(A22) ) = ( 4 −3 −2 1 ) e adj(A) = cof(A)t = ( 4 −2 −3 1 ) . Teorema 1 (Propriedade da adjunta cla´ssica) Seja A ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo e n ≥ 2. Enta˜o, A · adj(A) = adj(A) ·A = det(A)I, onde I e´ a matriz identidade n por n. Demonstrac¸a˜o: A matriz det(A)I e´ uma matriz diagonal n por n, com todos os elementos da diagonal iguais a det(A). Vamos determinar os elementos da matriz A · adj(A). Temos (A · adj(A))ij = n∑ k=1 aik adj(A)kj = n∑ k=1 aik cof(A)jk Instituto de Matema´tica 31 UFF A´lgebra Linear II Determinante do produto e matrizes elementares = n∑ k=1 aik(−1) (j+k)det(Ajk) = n∑ k=1 (−1)(j+k)aikdet(Ajk) (∗) = { det(A), se i = j 0, se i 6= j. De fato, quando i = j, vemos que a expressa˜o a` esquerda de (∗) e´ o de- senvolvimento de Laplace do determinante de A pela i-e´sima linha. Quando i 6= j, seja B a matriz com todas as linhas iguais a`s de A, exceto a j-e´sima linha que e´ Ai. Enta˜o, B tem duas linhas iguais Bj = Ai = Bi. Portanto, det(B) = 0, onde B = a11 a12 · · · a1n ... ... · · · ... ai1 ai2 · · · ain ... ... · · · ... ai1 ai2 · · · ain ... ... · · · ... an1 an2 · · · ann ← j-e´sima linha Bjk = Ajk , para todo k = 1,...,n. Vemos que a expressa˜o a` esquerda de (∗) e´ o desenvolvimento de Laplace do determinante de B pela j-e´sima linha. O produto adj(A) · A = det(A)I e´ ana´logo e sera´ deixado como Exer- c´ıcio. � Corola´rio 10 Seja A ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. A e´ matriz invert´ıvel se, e somente se, det(A) 6= 0. Nesse caso, se n ≥ 2, enta˜o A−1 = (det(A))−1adj(A). Demonstrac¸a˜o: O caso n = 1 e´ trivial. Se n ≥ 2, enta˜o o resultado segue de imediato do Teorema 1 e da definic¸a˜o de inversa de uma matriz. � Exemplo 12 Consideremos A = ( 1 2 3 4 ) ∈ M2×2(R), a matriz do Exemplo 11. Enta˜o, det(A) = −2 e A−1 = −1 2 adj(A) = −1 2 ( 4 −2 −3 1 ) = ( −2 1 3 2 −1 2 ) . Exemplo 13 Vamos determinar as matrizes cofatora e adjunta cla´ssica de A = ( a b c d ) , onde a, b, c, d ∈ K. Enta˜o, M.L.T.Villela UFF 32 Determinante do produto e matrizes elementares PARTE 1 - SEC¸A˜O 2 cof(A) = ( det(A11) − det(A12) − det(A21) det(A22) ) = ( d −c −b a ) e adj(A) = cof(A)t = ( d −b −c a ) . No caso em que det(A) = ad − bc 6= 0, pelo Corola´rio anterior, temos que A−1 = (ad − bc)−1adj(A) = (ad − bc)−1 ( d −b −c a ) . Para mostrar que o determinante do produto de duas matrizes e´ o pro- duto dos determinantes introduziremos o conceito de matrizes elementares. Definic¸a˜o 5 (Matriz elementar) Uma matriz E ∈ Mn×n(K) e´ chamada uma matriz elementar se, e somente se, E e´ obtida da matriz identidade I ∈ Mn×n(K) por meio de uma u´nica operac¸a˜o elementar o sobre as linhas do tipo (I), ou (II), ou (III), conforme a Definic¸a˜o 3. Nesse caso, E = o(I). Corola´rio 11 Seja E = o(I) uma matriz elementar sobre K de ordem n. Enta˜o, det(E) = −1, se o e´ do tipo (I), Li↔ Lj, c, se o e´ do tipo (II), Li→ cLi, c ∈ K, c 6= 0, 1, se o e´ do tipo (III), Li→ Li + cLj, c ∈ K, i 6= j, onde L1, . . . , Ln sa˜o as linhas da matriz identidade n por n. Demonstrac¸a˜o: Segue da Proposic¸a˜o 3 e do fato det(I) = 1. � Exemplo 14 Consideremos M3×3(R). Seja I = 1 0 00 1 0 0 0 1 . No que segue, L1, L2 e L3 sa˜o, respectivamente, as linhas 1, 2 e 3 da matriz I. E1 = 1 0 0 0 0 1 0 1 0 e´ obtida de I pela operac¸a˜o elementar o1 definida por L2 ↔ L3. Temos E1 = o1(I) e det(E1) = −det(I) = −1. E2 = 1 0 20 1 0 0 0 1 e´ obtida de I pela operac¸a˜o elementar o2 definida por L1 → L1 + 2L3. Temos E2 = o2(I) e det(E2) = det(I) = 1. Instituto de Matema´tica 33 UFF A´lgebra Linear II Determinante do produto e matrizes elementares E3 = −3 0 0 0 1 0 0 0 1 e´ obtida de I pela operac¸a˜o elementar o3 definida por L1 → −3L1. Temos E3 = o3(I) e det(E3) = −3 det(I) = −3. Proposic¸a˜o 9 Seja A ∈ Mn×m(K), onde K e´ um corpo, enta˜o (a) Se B e´ obtida de A por meio de uma u´nica operac¸a˜o elementar, enta˜o B = EA, onde E e´ a matriz elementar obtida de I ∈ Mn×n(K) por meio da mesma operac¸a˜o elementar. (b) Se E ∈ Mn×n(K) e´ uma matriz elementar e A ∈ Mn×n(K), enta˜o temos det(EA) = det(E) det(A). Demonstrac¸a˜o: (a) Primeiramente, seja {e1, . . . en} a base canoˆnica de K n, isto e´, para cada k = 1, . . . , n, ek = (0, . . . , 1, . . . 0) ∈ M1×n(K) tem a k-e´sima coluna igual a 1 e as outras colunas iguais a 0. Observamos que, se A ∈ Mn×m(K), enta˜o ekA = Ak e´ a k-e´sima linha de A. Ale´m disso, I = e1 ... en . Faremos a demonstrac¸a˜o dividindo em treˆs casos. Caso 1: Seja o a operac¸a˜o elementar do tipo (I) sobre as linhas de A, Ai↔ Aj, onde 1 ≤ i < j ≤ n e seja E = o(I). Enta˜o, o(I) = E = e1 ... ej ... ei ... en , EA = e1A ... ejA ... eiA ... enA = A1 ... Aj ... Ai ... An = o(A) = B. Caso 2: Seja o a operac¸a˜o elementar do tipo (II) sobre as linhas de A, Ai → cAi, onde c 6= 0, e seja E = o(I). Enta˜o, o(I) = E = e1 ... cei ... en , M.L.T.Villela UFF 34 Determinante do produto e matrizes elementares PARTE 1 - SEC¸A˜O 2 EA = e1A ... (cei)A ... enA = e1A ... c(eiA) ... enA = A1 ... cAi ... An = o(A) = B. Caso 3: Seja o a operac¸a˜o elementar do tipo (III) sobre as linhas de A, Ai → Ai + cAj, onde c ∈ K, i 6= j, e seja E = o(I). Enta˜o, o(I) = E = e1 ... ei + cej ... en , EA = e1A ... (ei + cej)A ... enA = e1A ... eiA + (cej)A ... enA = A1 ... Ai + cAj ... An = o(A) = B. (b) Segue imediatamente de o(A) = EA, da Proposic¸a˜o 3 e do Corola´rio 11, comparando det(EA) com det(E) det(A). � Exemplo 15 Consideremos A = 1 2 34 5 6 7 8 9 ∈ M3×3(R) e a operac¸a˜o elementar o defi- nida por L3→ L3 − 2L1. Enta˜o, E = o(I) = 1 0 0 0 1 0 −2 0 1 e o(A) = 1 2 3 4 5 6 5 4 3 = EA. Corola´rio 12 Seja A ∈ Mn×m(K). Se B = os(. . . (o1(A) . . .)) ∈ Mn×m(K), onde o1, . . . , os e´ uma sequeˆncia de operac¸o˜es elementares, Ej = oj(I), com I ∈ Mn×n(K), j = 1, . . . , s, enta˜o B = Es · · ·E1A. Demonstrac¸a˜o: Faremos induc¸a˜o sobre s ≥ 1. O caso s = 1 segue do item (b) da Proposic¸a˜o 9. Suponhamos que s ≥ 1 e o resultado seja va´lido para s. Sejam os+1 uma operac¸a˜o elementar, Es+1 = os+1(I), onde I ∈ Mn×n(K), e B = os+1(os(. . . (o1(A) . . .))), A ∈ Mn×m(K), enta˜o Instituto de Matema´tica 35 UFF A´lgebra Linear II Determinante do produto e matrizes elementares os+1(os(. . . (o1(A) . . .))) (1) = Es+1(os(. . . (o1(A) . . .)) (2) = Es+1(Es · · ·E1A) (3) = Es+1Es · · ·E1A. Em (1) usamos o item (a) da Proposic¸a˜o 9; em (2), a hipo´tese de induc¸a˜o; em (3), a associatividade da multiplicac¸a˜o de matrizes. Portanto, o resultado vale para s + 1. Logo, vale para todo s ≥ 1. � Corola´rio 13 Se E1, . . . , Es ∈ Mn×n(K) sa˜o matrizes elementares e A ∈ Mn×n(K), enta˜o det(Es · · ·E1A) = det(Es) · · ·det(E1) det(A). Demonstrac¸a˜o: A demonstrac¸a˜o e´ por induc¸a˜o sobre s. O caso s = 1 e´ o item (b) da Proposic¸a˜o anterior. Suponhamos que s ≥ 1 e o resultado seja va´lido para s. Sejam E1, . . . , Es+1 matrizes elementares. Enta˜o, Em (1) usamos a associatividade do produto de matrizes; em (2), o item (b) da Proposic¸a˜o 9; e em (3), a hipo´tese de induc¸a˜o. det(Es+1Es · · ·E1A) (1)= det(Es+1(Es · · ·E1A)) (2) = det(Es+1) det(Es · · ·E1A) (3) = det(Es+1) det(Es) · · ·det(E1) det(A). Portanto, o resultado vale para s + 1. Logo, vale para todo s ≥ 1. � Corola´rio 14 Seja E ∈ Mn×n(K) uma matriz elementar. Enta˜o, E e´ invert´ıvel e E−1 e´ uma matriz elementar. Demonstrac¸a˜o: Segue do Corola´rio 11, que se E e´ matriz elementar, enta˜o det(E) 6= 0 e, pelo Corola´rio 10, E e´ invert´ıvel. Para mostrar que a inversa de E e´ elementar dividimos em treˆs casos. Caso 1: Seja E = o(I), onde o e´ a operac¸a˜o elementar do tipo (I), Li ↔ Lj. E´ claro que o(E) = I. Pela Proposic¸a˜o anterior, EE = o(E) = I, mostrando que E−1 = E e´ matriz elementar. Caso 2: Seja E = o(I), onde o e´ a operac¸a˜o elementar do tipo (II), Li → cLi, onde c 6= 0. Seja o′ a operac¸a˜o elementar, tambe´m do tipo (II), Li → c−1Li e seja F = o′(I). E´ claro que o(F) = I e o′(E) = I. Segue da Proposic¸a˜o anterior, respectivamente, que EF = o(F) = I e FE = o′(E) = I, mostrando que E−1 = F e´ uma matriz elementar. Caso 3: Seja E = o(I), onde o e´ a operac¸a˜o elementar do tipo (III), Li → Li + cLj, onde c ∈ K. Seja o′ a operac¸a˜o elementar, tambe´m do tipo (III), Li→ Li − cLj, e seja F = o′(I). E´ claro que o(F) = I e o′(E) = I. Segue da Proposic¸a˜o anterior, respectivamente, que EF = o(F) = I e FE = o′(E) = I, mostrando que E−1 = F e´ uma matriz elementar. � M.L.T.Villela UFF 36 Determinante do produto e matrizes elementares PARTE 1 - SEC¸A˜O 2 Quando A ∈ Mn×n(K) e´ uma matriz invert´ıvel, pelo Corola´rio 10, temos A−1 = det(A)−1adj(A). Vamos agora descrever A−1 por meio de matrizes elementares. Corola´rio 15 Se A ∈ Mn×n(K) e´ invert´ıvel, enta˜o A−1 = Es · · ·E1, onde Ej e´ matriz ele- mentar, Ej = oj(I), j = 1, . . . , s, e o1, . . . , os e´ uma sequeˆncia de operac¸o˜es elementares sobre as linhas de A, tal que os(. . . (o1(A)) . . .) = I ∈ Mn×n(K) e´ a matriz reduzida por linhas a` forma em escada equivalente a A. Demonstrac¸a˜o: Quando A ∈ Mn×n(K) e´ uma matriz invert´ıvel, os sistemas AX = ej t, j = 1, . . . , n teˆm uma u´nica soluc¸a˜o, onde X = x1 ... xn . Sejam Cj = c1j ... cnj ∈ Mn×1(K) as soluc¸o˜es desses sistemas, para j = 1, . . . , n. Tomando C = (C1, C2, . . . , Cn), a matriz n por n cujas colunas sa˜o Cj, para j = 1, . . . , n, temos que AC = (AC1, AC2, . . . , ACn) = (e1 t, e2 t, . . . , en t) = I. Lembre que . . . a matriz reduzida por linhas a` forma em escada equivalente a A e´ u´nica, mas a sequeˆncia de operac¸o˜es elementares sobre as linhas de A na˜o e´ u´nica. A matriz C e´ a inversa de A. Nesse caso, a matriz reduzida por linhas a` forma em escada equivalente a A e´ a matriz identidade I, n por n. Seja o1, . . . , os uma sequeˆncia de operac¸o˜es elementares sobre as linhas de A tal que os(. . . (o1(A)) . . .) = I ∈ Mn×n(K). Sejam Ej = oj(I), j = 1, . . . , s, as correspondentes matrizes elementares. Enta˜o, pelo Corola´rio 12, temos I = os(. . . o1(A) . . .) = Es · · ·E1A. Logo, A−1 = Es · · ·E1. � Observac¸a˜o: O Corola´rio anterior da´ uma nova justificativa para o seguinte algoritmo bem conhecido para o ca´lculo de A−1, onde A ∈ Mn×n(K): (1) Construa a matriz (A|I) ∈ Mn×2n(K), chamada matriz aumentada. (2) Seja o1, . . . , os uma sequeˆncia de operac¸o˜es elementares, tal que I = os(. . . (o1(A)) . . .). (3) Determine os(. . . (o1(A|I)) . . .) = (I|C). (4) Fac¸a A−1 = C. Instituto de Matema´tica 37 UFF A´lgebra Linear II Determinante do produto e matrizes elementares Portanto, reduzimos por linhas a matriz aumentada, de modo a obter a` esquerda a matriz identidade e a` direita temos a matriz A−1. Finalizamos com uma aplicac¸a˜o aos determinantes do conceito de ma- trizes elementares. Proposic¸a˜o 10 Se A, B ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo, enta˜o det(AB) = det(A)det(B). Demonstrac¸a˜o: Primeiramente, suponhamos que A seja uma matriz invert´ı- vel. Enta˜o, existe uma sequeˆncia de s operac¸o˜es elementares o1, . . . , os sobre as linhas de A tal que os(. . . (o1(A) . . .) = I. Sejam E1, . . . , Es matrizes e- lementares definidas por Ej = oj(I), para j = 1,. . . , s. Pelo Corola´rio 12, Es · · ·E1A = I. Logo, A = E1−1 · · ·Es−1. Pelo Corola´rio 14, Fj = Ej−1, para j = 1, . . . , s, tambe´m e´ matriz elementar. Logo, A = F1 · · · Fs (⋆) e det(A) = det(F1 · · · Fs) = det(F1) · · ·det(Fs), (⋆⋆) onde a u´ltima igualdade segue do Corola´rio 13. Assim, det(AB) (1) = det((F1 · · · Fs)B) (2) = det(F1 · · · FsB) (3) = det(F1) · · ·det(Fs) · det(B) (4) = det(F1 · · · Fs) det(B) (5) = det(A) det(B). Em (1) usamos (⋆); em (2), a associatividade da multiplicac¸a˜o de matrizes; em (3), Corola´rio 13; em (4) e (5), (⋆⋆). Suponhamos agora que A na˜o seja invert´ıvel. Nesse caso, det(A) = 0 e A na˜o e´ equivalente por linhas a` matriz I. Logo, existe uma sequeˆncia de s operac¸o˜es elementares sobre as linhas de A, o1, . . . , os, tal que a matriz R, reduzida por linhas a` forma em escada equivalente a A, tem pelo menos uma linha nula. Logo, det(R) = 0. Seja Ej = oj(I), para j = 1,. . . , s. Enta˜o, pelo Corola´rio 12, R = Es · · ·E1A tem pelo menos uma linha nula. Assim, a matriz RB tem pelo menos uma linha nula e Em (1) usamos a definic¸a˜o de R; em (2), a associatividade da multiplicac¸a˜o de matrizes; em (3), o Corola´rio 13. 0 = det(RB) (1) = det((Es · · ·E1A)B) (2) = det((Es · · ·E1)(AB)) (3) = det(Es) · · ·det(E1) det(AB). M.L.T.Villela UFF 38 Determinante do produto e matrizes elementares PARTE 1 - SEC¸A˜O 2 Pelos Corola´rios 13 e 11, temos que det(Es · · ·E1) = det(Es) · · ·det(E1) = c 6= 0. Logo, 0 = det(RB) = c det(AB), com c 6= 0. Portanto, det(AB) = c−1 · 0 = 0 = det(A) · det(B). � Exerc´ıcios 1. Dada A = 2 1 −3 0 2 1 5 1 3 ∈ M3×3(R), calcule adj(A), det(A) e A−1. 2. Mostre que adj(A) · A = det(A)I, para qualquer A ∈ Mn×n(K), onde K e´ um corpo. 3. Seja A ∈ Mn×n(R) tal que At = A−1. Mostre que det(A) = ±1. 4. Seja A ∈ Mn×n(C). Definimos B = A ∈ Mn×n(C) por bij = aij. Se z = a+bi∈ C, enta˜o z = a−bi. (a) Mostre que det(A) = det(A). (b) Mostre que se A t = A−1, enta˜o | det(A)| = 1. Se z = a+bi∈ C, enta˜o | z |= √ z · z = √ a2 +b2 . 5. Sejam A, B ∈ M3×3(R) tais que det(A) = −4 e det(B) = 3 √ 2. Deter- mine det(A5 · B6). 6. Seja A ∈ M2×2(R) tal que det(3A3) = −72. Calcule det(2A2). 7. Seja A ∈ Mn×n(K), onde K = Q ou K = R ou K = C. (a) Mostre que det(Am) = (det(A))m, para todo natural m ≥ 1. (b) Seja A invert´ıvel. Mostre que det(Am) = (det(A))m, para todo inteiro m. 8. Sejam A1, . . . , Am ∈ Mn×n(K), onde K = Q ou K = R ou K = C. Mostre que det(A1 · . . . · Am) = det(A1) · . . . · det(Am), para todo natural m ≥ 1. Instituto de Matema´tica 39 UFF A´lgebra Linear II Determinante do produto e matrizes elementares M.L.T.Villela UFF 40 Regra de Cramer PARTE 1 - SEC¸A˜O 3 Regra de Cramer Um sistema linear de n equac¸o˜es a n inco´gnitas com coeficientes em um corpo K, cuja matriz associada A tem determinante na˜o nulo, admite uma u´nica soluc¸a˜o. Vamos expressar a u´nica soluc¸a˜o em termos do determinante da matriz A, conhecida como a Regra de Cramer. Consideremos o sistema linear com coeficientes em um corpo K, a11x1 + a12x2 + · · ·+ a1nxn = b1 a21x1 + a22x2 + · · ·+ a2nxn = b2 ... an1x1 + an2x2 + · · ·+ annxn = bn , onde aij ∈ K, para 1 ≤ i, j ≤ n. Seja A = (aij) ∈ Mn×n(K) a matriz associada ao sistema linear. Pela Proposic¸a˜o 6 item (b), a multiplicac¸a˜o da k-e´sima coluna de A pelo escalar xk ∈ K multiplica o seu determinante por xk. Logo, xkdet(A) = det a11 a12 · · · a1kxk · · · a1n a21 a22 · · · a2kxk · · · a2n ... ... · · · ... · · · ... an1 an2 · · · ankxk · · · ann Pelo Corola´rio 7, a adic¸a˜o de xi vezes a i-e´sima coluna a` k-e´sima coluna se i 6= k, na˜o altera o determinante. Fazemos, sucessivamente, essas adic¸o˜es para i = 1, . . . , k − 1, k + 1, . . . , n, obtendo que xkdet(A) = det a11 a12 · · · a11x1 + · · · + a1nxn · · · a1n a21 a22 · · · a21x1 + · · · + a2nxn · · · a2n ... ... · · · ... · · · ... an1 an2 · · · an1x1 + · · · + annxn︸ ︷︷ ︸ k−e´sima coluna · · · ann = det a11 a12 · · · b1 · · · a1n a21 a22 · · · b2 · · · a2n ... ... · · · ... · · · ... an1 an2 · · · bn︸︷︷︸ k−e´sima coluna · · · ann Logo, Instituto de Matema´tica 41 UFF A´lgebra Linear II Regra de Cramer xk = det ( A1 · · ·B · · ·An) det(A) , onde Aj e´ a j-e´sima coluna de A , B = b1 ... bn e (A1 · · ·B · · ·An) e´ a matriz obtida de A substituindo a k-e´sima coluna por B. � Exemplo 16 Consideremos o sistema linear com coeficientes reais −x + 2y + 3z = 1 y + z = 2 2x + y = 3 A matriz associada ao sistema e´ A = −1 2 30 1 1 2 1 0 e B = 12 3 . Temos det(A) = −1 det ( 1 1 1 0 ) + 2 det ( 2 3 1 1 ) = −1 · (−1) + 2 · (2 − 3) = −1. det(BA2A3) = det 1 2 32 1 1 3 1 0 = 3 det ( 2 1 3 1 ) − det ( 1 2 3 1 ) = 2, det(A1BA3) = det −1 1 3 0 2 1 2 3 0 = −1det ( 2 1 3 0 ) + 2det ( 1 3 2 1 ) = −7, det(A1A2B) = det −1 2 1 0 1 2 2 1 3 = −1det ( 1 2 1 3 ) + 2det ( 2 1 1 2 ) = 5. Logo, x = −2, y = 7 e z = −5. Exerc´ıcios 1. Resolva os sistemas com coeficientes reais, usando a Regra de Cramer: (a) { 2x + 3y = 1 x + 4y = −2 (b) { ax − 2by = c 3ax − 5by = 2c , com a · b 6= 0 M.L.T.Villela UFF 42 Regra de Cramer PARTE 1 - SEC¸A˜O 3 (c) 2x + y = 1 x + 2y + z = 0 y + 2z = 0 (d) x − 2y + z = 1 2x + y = 3 y − 5z = 4 (e) 2x + 3y − z = 1 3x + 5y + 2z = 8 −x + 2y + 3z = 1 (f) 5x + 2y − 3z + 9w = 0 −3y + 9z − 1 3 w = 0 −2z + w = 0 w = 1 (g) x + y + z = 6 2x − 2y − 2z = −8 3x − y + z = 4 (h) x + y − z = 4 2x + y + 2z = 10 3x − y − 2z = 5 (i) x + 2y + z = 4 2x − y = 1 x + 3z = 4 (j) x + 2y = 6 y − z = 0 2x + y − z = 4 2. Sejam A ∈ Mn×n(K), tal que det(A) 6= 0, B = b1 ... bn ∈ Mn×1(K), X = x1 ... xn matriz das inco´gnitas e consideremos o sistema AX = B. Com o roteiro a seguir, deˆ uma nova demonstrac¸a˜o da Regra de Cramer. (a) Usando que adj(A) ·A = det(A)I, mostre que det(A)X = adj(A) ·B. (b) Mostre que (adj(A) · B)k1 = det(A1, . . . , B, . . . , An), para todo k = 1, . . . , n, onde (A1, . . . , B, . . . , An) e´ a matriz de ordem n com todas as colunas iguais a`s de A, exceto a k-e´sima coluna que e´ B. (c) Usando o item (a) e a igualdade de matrizes, conclua que xk = det(A1,...,B,...,An) det(A) . Instituto de Matema´tica 43 UFF A´lgebra Linear II Regra de Cramer M.L.T.Villela UFF 44