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Co nta bil ida de Au la 01 - In tr od uç ão �Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 1 – Introdução Objetivos da aula: Esta primeira aula tem por objetivo mostrar a importância da Contabilidade para o mundo dos negócios, suas origens, limitações e evolução, tendo, por objeto de estudo, o Patrimônio e suas variações. Ao final desta aula, você deverá ter compreendido, de forma empírica, o objetivo de estudar contabilidade e sua importância para a área de negócios. A Contabilidade, objetivamente, é um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade-objeto de contabilização. A contabilidade deve ser vista como um sistema de informações, cujo método consiste em coletar, processar e transmitir dados sobre a situação econômico-financeira de uma entidade em determinado momento (estática patrimonial) e sua evolução em determinado período (resultados econômicos). Partindo desse enfoque, os seus objetivos sintetizam-se na produção de informações úteis a diversos interessados. Esses interessados podem ser usuários internos e externos à empresa – gerentes, diretores, sindicatos, fornecedores de materiais e de capitais, governo, acionistas etc. Nesta primeira aula, você desenvolverá a seguinte habilidade: • Avaliar o impacto das operações no patrimônio da empresa. 2. Origens da Contabilidade Por volta de 1450, muitos dos clássicos da matemática foram traduzidos Co nta bil ida de Au la 01 - In tr od uç ão �Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno para o italiano e publicados em latim. Os matemáticos entregaram-se a animados debates públicos sobre as soluções de complexas equações algébricas. O estímulo de grande parte desse interesse data de 1494, com a publicação de um notável livro de um monge franciscano chamado Luca Paccioli: Summa de Arithmetic, Geometria et Proportionalità. A Summa fixa os princípios básicos da álgebra e contém todas as tábuas de multiplicação até 60 x 60 - um recurso útil em uma época em que a imprensa disseminava o uso do novo sistema de numeração. Uma das contribuições mais notáveis do livro foi sua apresentação da contabilidade por partidas dobradas. Embora não fosse inventada por Paccioli, recebeu o mais extenso tratamento até então. A noção de contabilidade por partidas dobradas já aparecera em um livro publicado em torno de 1305 pela filial londrina de uma empresa italiana. Qualquer que seja sua origem, essa inovação revolucionária nos métodos contábeis teve importantes conseqüências econômicas, comparáveis à descoberta da máquina a vapor trezentos anos depois. Do método italiano da época de Luca Paccioli para o atual, ressaltamos quatro diferenças que, pode-se dizer, foram evoluções naturais: • O sistema contábil anterior tinha por objetivo informar apenas o proprietário. • Os ativos e passivos do proprietário e do negócio confundiam- se. • Não existia a idéia de período contábil nem de continuidade. • Não existia um denominador comum monetário. 3. Limitações Uma das limitações é dificuldade em produzir demonstrações financeiras uniformes e de fácil entendimento pela maioria dos interessados, pela falta de um conjunto coerente de princípios e normas e de uma terminologia Co nta bil ida de Au la 01 - In tr od uç ão �Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno definida. Essa é uma limitação que vem sendo reduzida, na medida em que os órgãos governamentais e de classe se mobilizam para melhorar as normas e procedimentos para a produção e publicação das informações contábeis. As decisões tomadas pelos usuários da informação contábil são influenciadas por aspectos não quantitativos que, normalmente, escapam do alcance da contabilidade, que só é capaz de registrar fatos avaliáveis monetariamente, no entanto é uma limitação que não invalida o método contábil. 4. Evolução O conhecimento de contabilidade deixou de ser exigência apenas do pessoal envolvido diretamente com a área e passou a envolver todo o pessoal das áreas operacionais que se tornaram responsáveis pelo registro contábil de suas próprias operações. Os modernos sistemas contábeis são integrados aos sistemas operacionais e estão sob a responsabilidade dos diversos departamentos da empresa, passamos a ter uma contabilidade descentralizada, pois o próprio responsável pelas operações passou a ser também responsável pelo registro contábil delas. 5. Usuários da Contabilidade O objeto de estudo da Contabilidade é o Patrimônio e suas variações ao longo do tempo, mensurando seus valores e apurando o resultado dessa movimentação. A contabilidade capta informações sobre os fenômenos que afetam o patrimônio, registrando, acumulando, resumindo e interpretando-os. Emite, também, relatórios com informações relevantes sobre o patrimônio e sua movimentação para grupos de pessoas interessadas na informação contábil, tais como: • Sócios, acionistas e detentores de participações em sociedades Co nta bil ida de Au la 01 - In tr od uç ão �Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno São pessoas que podem estar presentes na administração da empresa ou apenas acompanhar a distância como investidor, mas, de qualquer maneira, estão interessadas em participar do desenvolvimento dos negócios da empresa, em saber qual está sendo sua rentabilidade, quais as perspectivas de retorno e quais os riscos envolvidos com relação a essa empresa. • Administradores, Diretores, Gerentes e outros executivos Este grupo de pessoas utiliza-se da informação contábil para tomada de decisão, portanto o seu grau de aprofundamento nas informações contábeis é muito maior. O administrador inteligente sabe que, usando a informação contábil e conhecendo suas limitações, tem, em suas mãos, uma poderosa ferramenta de gestão, pois a Contabilidade não se limita a registrar informações passadas, ela oferece um fluxo contínuo de informações sobre a gestão econômica e financeira das empresas. • Governo e seus representantes O governo precisa das informações contábeis para arrecadar impostos, taxas e contribuições. Vários órgãos governamentais utilizam-se da informação contábil das empresas para fazer análises globais ou setoriais da economia. • Instituições Financeiras e Fornecedores de Capital Estes usuários da informação contábil estão interessados quase exclusivamente na rentabilidade da empresa e seu risco, pois querem segurança para os empréstimos que fazem a elas. • Pessoas Físicas em geral Um pouco de ordem e controle nas finanças pessoais é bastante aconselhável, portanto alguns conhecimentos de Contabilidade e Finanças ajudam no equilíbrio do orçamento doméstico e também na administração do patrimônio pessoal. 6. O Patrimônio O Patrimônio é entendido como o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade (pessoa física ou jurídica, com ou sem fins lucrativos). Co nta bil ida de Au la 01 - In tr od uç ão �Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Pessoa Física é a pessoa natural, registrada no cartório de registro de pessoas naturais, com direitos e obrigações perante o Estado e a sociedade, responde, individualmente, pelos seus atos. E o fim de sua existência perante a lei se dá pela morte. Pessoa Jurídica é composta por pessoas físicas por meio de um contrato registrado em cartório e em outros órgãos competentes (Receita Federal, Junta Comercial etc.), nos quais manifestam um acordo de vontades de praticar determinada atividade. Pela pessoa jurídica respondem os sócios e sua extinção se dá por um acordo entre os sócios ou por determinação judicial. Representação do Patrimônio Para representar o Patrimônio, a Contabilidade utiliza-se do Balanço Patrimonial. A palavra balanço dá a idéia de equilíbrio, portanto temos o equilíbrio do patrimônio na seguinte figura: Os bens e direitos representam as aplicações de recursos que a empresa faz e as obrigações representam as fontes ou origem dos recursos. A Contabilidade sempre registra o valor da aplicação e o valor da origem dos recursos de cada fato administrativo, portanto o patrimônio sempre estará em equilíbrio -> bens e direitos = obrigações. Entendem-se por bens as coisas úteis, capazes de satisfazer as necessidades das pessoas e das empresas. Os bens da entidade podem ser tangíveis e intangíveis. Bens tangíveis – têm forma física, são palpáveis. Denominam-se bens Bens e Direitos Obrigações Co nta bil ida de Au la 01 - In tr od uç ão 10Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno tangíveis: veículos, imóveis, estoques de mercadorias, dinheiro, móveis e utensílios (móveis de escritórios), equipamentos, ferramentas etc. Bens intangíveis – são os bens incorpóreos, isto é, não constituídos de matéria. Denominam-se bens intangíveis. Normalmente, são as marcas (ex.: Mesbla, Lojas Americanas, Coca-cola) e as patentes de invenção. PATRIMÔNIO DA CIA PETRÓPOLIS Bens e Direitos Obrigações Bens 2.800 Obrigações 4.500 Direitos 1.700 Total 4.500 Total 4.500 Vamos constituir uma empresa e registrar os fatos administrativos desde o início: os sócios João da Silva e Fernanda de Souza fundaram a empresa JOFER Comércio de Papéis e Materiais Escolares Ltda. com capital de R$ 100.000,00 integralizados (50% de cada sócio) em dinheiro. PATRIMÔNIO DA JOFER LTDA Bens e Direitos Obrigações Dinheiro em Caixa 100.000 Capital Social 100.000 Total 100.000 Total 100.000 Observe a representação: R$ 100.000 aplicados no Caixa, considerando que os recursos originaram-se do capital dos sócios, portanto o patrimônio está em equilíbrio. Co nta bil ida de Au la 01 - In tr od uç ão 11Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Em seguida, os sócios abrem uma conta bancária para a JOFER LTDA e depositam R$ 95.000. PATRIMÔNIO DA JOFER LTDA Bens e Direitos Obrigações Dinheiro em Caixa 5.000 Capital Social 100.000 Bens 95.000 Total 100.000 Total 100.000 A empresa adquiriu um terreno por R$ 50.000 e pagou em cheque: PATRIMÔNIO DA JOFER LTDA Bens e Direitos Obrigações Dinheiro em Caixa 5.000 Capital Social 100.000 Banco 45.000 Imóveis 50.000 Total 100.000 Total 100.000 Mudou a composição dos bens e direitos, mas o total continua o mesmo, os sócios trocaram dinheiro por um imóvel. Co nta bil ida de Au la 01 - In tr od uç ão 12Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Síntese Nesta aula, estudamos a origem da Contabilidade, um pouco de seu histórico e a evolução ao longo do tempo até chegar aos dias atuais, os principais interessados nas informações contábeis (público interno e externo) e os conceitos iniciais de patrimônio, pessoa física, pessoa jurídica, bens tangíveis e intangíveis. Na próxima aula, vamos estudar alguns conceitos que são de fundamental importância para o desenvolvimento do raciocínio contábil. Não perca! Referências Bibliográficas IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 7. ed. São Paulo: Atlas..1998 Co nta bil ida de Au la 02 - Co nc eit os 13Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 2 – Conceitos Objetivos da aula: Os objetivos desta aula são: 1) Apresentar uma das principais demonstrações que a Contabilidade produz e mostrar a lógica de sua construção. 2) Conceituar os principais elementos que compõem o Balanço Patrimonial. 3) Conceituar o Resultado e demonstrar a sua ligação com o Balanço Patrimonial. Ao final desta aula, você deverá estar apto a compreender a lógica do equilíbrio do patrimônio e suas relações com o resultado das operações da empresa. 1. Introdução O termo balanço patrimonial remete-nos à idéia de equilíbrio do patrimônio, mas equilíbrio em qual sentido? No sentido de que todos os recursos que são aplicados na empresa têm uma origem, portanto a soma dos valores aplicados deve ser igual à soma dos valores das origens dos recursos. A empresa investe em bens e direitos (valores a receber): dinheiro em caixa, dinheiro depositado em bancos, adquire mercadorias para revender, adquire imóveis, adquire veículos para fazer as entregas de suas mercadorias, adquire móveis etc. E de onde vêm os recursos para fazer esses investimentos? Os recursos podem vir dos sócios ou de terceiros que, de alguma forma, estão financiando a empresa. Portanto, se a contabilidade registrar tudo o Co nta bil ida de Au la 02 - Co nc eit os 14Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno que foi investido na empresa e, concomitantemente, registrar as origens desses recursos investidos, teremos o equilíbrio do patrimônio e poderemos demonstrá-lo por meio do Balanço Patrimonial. Portanto, o Balanço Patrimônio demonstra o equilíbrio do Patrimônio: bens e direitos (aplicações) = obrigações (origens). Para que as demonstrações contábeis tenham uniformidade, a contabilidade demonstra sempre os bens e direitos no lado esquerdo e o denomina de ATIVO; e, no lado direito, as obrigações e denomina de PASSIVO. 2. Conceitos de Ativo e Passivo Portanto, podemos dizer que o Ativo de uma empresa é composto pelos seus bens e direitos (aplicações de recursos) e o Passivo é composto por suas obrigações (origens dos recursos). No Passivo, as obrigações que a empresa assume para com terceiros são também chamadas de obrigações exigíveis, ou seja, no vencimento, os credores exigirão o pagamento da obrigação. As obrigações que a empresa tem com os seus sócios ou acionistas são também chamadas de obrigações não exigíveis, ou seja, não têm vencimento, os sócios não exigirão o cumprimento dessa obrigação em determinado prazo, daí surge o conceito de PATRIMÔNIO LÍQUIDO, que pode ser definido de forma Co nta bil ida de Au la 02 - Co nc eit os 15Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno simples como: tudo o que a empresa tem (bens e direitos), menos o que ela deve a terceiros (obrigações exigíveis), portanto: PATRIMÔNIO LÍQUIDO = ATIVO – PASSIVO EXIGÍVEL Assim, a demonstração do Patrimônio (Balanço Patrimonial) ficaria: 3. Contas Patrimoniais Com o objetivo de facilitar o controle dos itens do Patrimônio, a Contabilidade cria um sistema de contas (Plano de Contas), agrupando, em cada conta criada, um ou mais itens com características semelhantes. Para controlar os recursos em espécie, a Contabilidade cria a conta “Caixa”, nela concentrando toda a movimentação em dinheiro da empresa. Para controlar as mercadorias para revenda, cria a conta “Mercadorias”. Se a empresa tiver diversos tipos de mercadorias para revenda, deve controlar cada item por meio de uma ficha separada de controle de estoque. Para controlar os valores a receber, cria a conta “Duplicatas a Receber” ou “Clientes”, assim todas as vendas a prazo e todos recebimentos de clientes são ali registrados. A empresa deve criar uma subconta para cada cliente a fim de melhorar o controle de seus créditos com cada um deles. Para controlar os bens duráveis, a Contabilidade cria uma conta para cada item, para veículos, para os móveis e utensílios, para suas máquinas Co nta bil ida de Au la 02 - Co nc eit os 16Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno e equipamentos etc., controlando, assim, todos os ingressos e todas as baixas desses bens. O mesmo acontece do lado das obrigações (que são as origens dos recursos aplicados no Ativo). Para controlar o que deve aos seus fornecedores de mercadorias, cria a conta “Duplicatas a Pagar” ou “Fornecedores” e deve criar, também, uma subconta para cada fornecedor. Para controlar os saldos de seus empréstimos, cria a conta “Empréstimos Bancários”, registrando nela suas dívidas e pagamentos aos bancos. Para todas as obrigações com terceiros, são criadas contas específicas para controle: “Salários a Pagar”, “Impostos a Pagar”, “Títulos a Pagar”, “Financiamento” etc. Para controlar os recursos investidos pelos sócios, a Contabilidade cria as contas “Capital Social” e “Capital a Integralizar”. Na primeira conta, registra o capital contratado pelos sócios e, na segunda, registra eventuais valores que ainda não foram integralizados por eles. BEIRA MAR LTDA. - BALANÇO PATRIMONIAL EM 31/12/2005 O Balanço Patrimonial da empresa Beira Mar Ltda. demonstra que, no dia 31/12/2005, seu Patrimônio era composto por bens e direitos (aplicações de recursos) no valor de R$ 75.000, Obrigações exigíveis (origens de recursos) no valor de R$ 10.500 e Patrimônio Líquido - Obrigações não exigíveis Co nta bil ida de Au la 02 - Co nc eit os 17Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno (origens de recursos) no valor de R$ 65.000. 4. Fluxo de Recursos BALANÇO PATRIMONIAL 5. Resultado O que é resultado em Contabilidade? É a diferença entre Receitas e Custos (ou Despesas). E o que são Receitas? São os recursos econômicos gerados pela atividade empresarial, por exemplo, quando a empresa vende uma mercadoria que estava em seu estoque, está gerando um novo recurso econômico ou, quando uma empresa presta um serviço, está também gerando um novo recurso econômico por meio de sua atividade. E o que são despesas? São os recursos econômicos consumidos pela atividade empresarial Co nta bil ida de Au la 02 - Co nc eit os 18Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno com o objetivo de gerar receitas. Por exemplo, a empresa gasta energia elétrica para iluminar suas instalações e funcionar seus equipamentos. Esse gasto não pode ser registrado no Ativo (bens e direitos), porque já foi consumido. Se a empresa tivesse como armazenar a energia que seria consumida, certamente poderia registrá-la como um bem no seu Ativo. Todos os gastos são bens consumidos com o objetivo de gerar receitas, portanto estão diminuindo o resultado da empresa, no entanto, sem esses gastos, a empresa não consegue gerar suas receitas. Se a empresa distribui panfletos para divulgar seus produtos, está consumindo recursos (panfletos e o valor pago ao divulgador), com o objetivo de que o consumidor conheça as qualidades de seus produtos e compre (gerando receitas). Podemos, então, concluir que o Resultado Econômico de uma empresa é a diferença entre os recursos econômicos gerados (Receitas) e os recursos econômicos consumidos (custos ou despesas). O resultado econômico de um período fará parte do patrimônio ao final daquele período. Suponha que uma empresa obteve receitas no valor de R$ 100.000 durante determinado mês e, para obter essas receitas, gastou R$ 80.000 (despesas), então seu lucro, nesse mês, foi de R$ 20.000. Ao encerrar o balanço no final desse mês, a empresa deverá considerar, em seu patrimônio líquido, o valor de R$ 20.000 de lucro obtido no período. Note que o Balanço Patrimonial é uma demonstração estática, é a “fotografia” do patrimônio em um determinado instante (data). O resultado é composto pela movimentação das contas de resultado de determinado período. Co nta bil ida de Au la 02 - Co nc eit os 19Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Veja: As contas de resultado dão origem a uma conta patrimonial no final do período, que é o resultado (lucro ou prejuízo). As contas de resultado modificam o patrimônio líquido da empresa, para mais caso se trate de receitas e, para menos, quando se tratar de custos ou despesas. Exemplo 1 - Uma empresa comercial, no dia 03/01/06, vende à vista uma mercadoria por R$ 300 e ela estava registrada, em seu estoque, por R$ 200, e entrega essa mercadoria ao cliente. BALANÇO PATRIMONIAL EM 31/12/05 ANTES DA VENDA Nesse caso, teríamos um consumo de recursos de R$ 200 (saída da mercadoria do estoque pelo preço de custo e entregue ao cliente) e uma geração de novos recursos (Receita) no valor de R$ 300. A diferença entre os recursos econômicos gerados e consumidos seria o resultado do período de 31/12/05 a 03/01/06 e, se quiséssemos levantar um balanço após essa operação, ficaria assim: Total 24.300 Total 24.300 O caixa aumentou em R$ 300 (venda à vista), o estoque foi reduzido em R$ 200 (custo da mercadoria entregue ao cliente) e o lucro da operação R$ Co nta bil ida de Au la 02 - Co nc eit os 20Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 100, registrado no Patrimônio Líquido. Obviamente, as empresas não fazem um balanço após cada operação ou após cada venda realizada. O balanço é levantado no final de um período (mês, trimestre, ano etc.), de acordo com a legislação vigente ou o interesse dos administradores nas informações contábeis. Então, durante o período, as contas de resultado vão acumulando os valores até o momento de fechamento do balanço. Nesse momento, elas são “descarregadas” ou “zeradas” com a finalidade de apurar o resultado do período e fornecer o resultado para o Balanço Patrimonial (veremos esse processo mais adiante). 6. Critérios de Apuração de Resultado REGIME DE CAIXA Um critério para apuração do resultado das empresas muito pouco utilizado é o Regime de Caixa, por meio do qual se considera, como receita, todas as entradas de caixa provenientes de vendas de produtos ou serviços e considera-se, como custo ou despesa, todas as saídas de caixa destinadas a pagamentos de custos ou despesas, obtendo-se um lucro que pode não corresponder ao resultado econômico do período de apuração. REGIME DE COMPETÊNCIA DE EXERCÍCIOS Este é o critério amplamente utilizado pelas empresas para apuração de seus resultados e consiste em considerar, como receita de um período, as vendas efetivamente realizadas naquele período, independentemente do seu recebimento. Por exemplo, se uma empresa vende mercadorias em janeiro no valor de R$ 12.000, com prazo de 30/60 dias, a receita será considerada integralmente (R$ 12.000) no mês em que foi realizada a venda (janeiro) e não no mês do recebimento (fevereiro e março). As despesas são consideradas no período em que ocorre o fato gerador da despesa e não no período em que é paga. Por exemplo, a empresa paga Co nta bil ida de Au la 02 - Co nc eit os 21Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno os salários de seus funcionários no 5o. dia útil do mês seguinte (prazo legal para fazer o pagamento). A folha de pagamento do mês de janeiro soma R$ 5.500,00 e será paga, portanto, somente no 5o. dia útil do mês de fevereiro. Pelo regime de competência de exercícios, a Contabilidade deverá considerar o valor de R$ 5.500 como “Despesa de Pessoal” no mês de janeiro, período em que foram consumidos os recursos. Não confunda! Consumo de recursos não significa pagamento, significa que o esforço do trabalho dos funcionários foi realizado em janeiro. Co nta bil ida de Au la 02 - Co nc eit os 22Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Síntese Nesta aula, estudamos a lógica da apresentação do Balanço Patrimonial, conceituamos seus elementos (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido), conceituamos, também, o Resultado. Na próxima aula, estudaremos o Método das Partidas Dobradas, que é a técnica usada pelos contadores para registrar, continuamente, todas as operações de uma empresa e, em determinado momento, preparar o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados. Referências Bibliográficas IUDÍCIBUS, Sérgio de et. al. Contabilidade Introdutória. 7.ed. São Paulo: Atlas Co nta bil ida de Au la 03 - Pr inc ípi os C on tá be is 23Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 3 – Princípios Contábeis Objetivos da aula: Nesta aula, vamos estudar os princípios norteadores da Contabilidade, que procuram dar uniformidade e consistência às informações, tornando- as sólidas e seguras para o processo de tomada de decisões. Ao final desta aula, você verá que a Contabilidade não é uma mera técnica de controle, mas uma ciência que procura fornecer informações seguras aos seus usuários. 1. Introdução Princípios de contabilidade geralmente aceitos são os preceitos resultantes do desenvolvimento da aplicação prática dos princípios técnicos emanados da Contabilidade, de uso predominante no meio em que se aplicam, proporcionando interpretação uniforme das demonstrações financeiras. Os princípios contábeis permitem aos usuários fixar padrões de comparação e de credibilidade, de acordo com o reconhecimento dos critérios adotados para a elaboração das demonstrações financeiras, aumentam a utilidade dos dados fornecidos e facilitam a adequação entre empresas do mesmo setor. Princípios contábeis podem ser conceituados como premissas básicas acerca dos fenômenos econômicos contemplados pela contabilidade, premissas que são a cristalização da análise e observação da realidade econômica. No âmbito dessa complexa realidade, o observador analisa as características principais do sistema e chega a certas conclusões quanto ao seu funcionamento. Tais conclusões, se geralmente aceitas pela classe contábil, transformam- Co nta bil ida de Au la 03 - Pr inc ípi os C on tá be is 24Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno se em princípios, aos quais toda a prática contábil e, principalmente, os processos de auditoria devem ater-se. Em contrapartida, o observador, uma vez verificada alteração profunda nas condições que o levaram a estabelecer a primeira série de princípios, tem a incumbência de proceder a uma nova análise da situação e modificar, adaptar ou mesmo substituir os princípios originais por outros mais concordes com a nova realidade. A função de observador é, hoje, desempenhada pelas entidades de classe, pelos comitês especialmente designados e, finalmente, pelas comissões especiais de conferências e convenções internacionais. Custo histórico com base de valor: Os ativos são registrados pelo preço pago para adquiri-las ou fabricá-las. Realização da Receita: Ocorre quando produtos ou serviços são transferidos para outra entidade, mediante pagamento. Competência dos exercícios: Receitas e despesas são atribuídas aos períodos de acordo com sua real ocorrência. Denominador comum monetário: A unidade monetária é, para efeitos contábeis, considerada um padrão uniforme e homogêneo de mensuração. Objetividade: São as mensurações impessoais que existem fora da mente da pessoa que as está realizando. Conservadorismo: Sempre que o contador se defrontar com a alternativa de atribuir valores diferentes a elementos do Ativo / Passivo, deverá optar pelo mais baixo para o ativo e o mais alto para o passivo. Co nta bil ida de Au la 03 - Pr inc ípi os C on tá be is 25Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Materialidade: Avalia influência e materialidade da informação à luz da relação custo - benefício. Uniformidade: Uma vez adotado um determinado procedimento, não poderá ser mudado. 2. Condições Básicas de um Princípio As condições básicas para que um princípio se transforme em “geralmente aceito” e incorporado à doutrina contábil são: 1- Deve ser considerado praticável por consenso profissional. 2- Deve ser considerado útil. Muitos contadores atribuem mais importância à praticabilidade de um princípio do que à sua utilidade intrínseca, no entanto a praticabilidade não deve ser confundida com facilidade ou dificuldade de se colocar em prática determinado processo. Ao aceitar como praticável somente o que é de extrema facilidade de ser colocado em prática, a Contabilidade estaria freando o seu progresso técnico, pois, sempre que se quiser retratar a realidade com maior precisão, aumentarão as dificuldades práticas e os processos tenderão a ser mais complexos. É esse o caso típico dos processos de ajustamento de relatórios contábeis históricos diante das flutuações de preços. Alguns contadores negaram a utilidade dos ajustamentos por considerá- los impraticáveis, confundiram impraticabilidade com dificuldade. E houve o temor de que os ajustamentos substituíssem os relatórios históricos, sem deixar vestígios destes. Temor infundado, pois ninguém discute a utilidade desses relatórios para certas finalidades, principalmente fiscais. Co nta bil ida de Au la 03 - Pr inc ípi os C on tá be is 26Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 3. Os princípios contábeis geralmente aceitos Os princípios contábeis geralmente aceitos são classificados em três categorias: 3.1 - Postulados - referem-se ao ambiente sócio-político-econômico no qual a contabilidade é praticada. 3.1.1 - Entidade 3.1.2 - Continuidade 3.2 - Princípios - regras básicas para aplicação da contabilidade. 3.2.1- Custo com base de valor 3.2.2 - Realização 3.2.3 - Competência dos exercícios 3.2.4 - Denominador comum monetário 3.3 - Convenções - limitações e regras para aplicação dos postulados e dos princípios. 3.3.1 - Objetividade 3.3.2 - Conservadorismo 3.3.3 - Relevância ou materialidade 3.3.4 - Uniformidade ou consistência) 3.1.1 – O postulado da Entidade De acordo com este postulado, a contabilidade é executada e mantida para as entidades como pessoas jurídicas, distintas das pessoas físicas (ou jurídicas) dos sócios. Esse é um princípio que independe de valor, permanecendo sua consolidação intacta ao longo do tempo, sua função é segregar o patrimônio da sociedade do patrimônio dos sócios. Mesmo quando uma firma individual paga uma despesa, é o caixa da firma que está desembolsando o dinheiro, e não o proprietário da empresa, embora, materialmente, as duas coisas possam se confundir. Nesse caso, o proprietário deve suprir a empresa de recursos suficientes para que possa ter uma existência autônoma. Co nta bil ida de Au la 03 - Pr inc ípi os C on tá be is 27Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 3.1.2 - Continuidade Por meio deste princípio, a contabilidade assume que a empresa continuará operando indefinidamente, sem que haja um prazo para encerramento de suas atividades, tendo, como conseqüência, o critério de avaliação dos ativos pelos valores de aquisição. Caso a empresa tivesse um prazo determinado para encerrar suas operações, isso não faria sentido, deveríamos estar interessados no valor de realização dos ativos da empresa e liquidação dos passivos. É, portanto, um princípio norteador do critério de avaliação de ativos e passivos e sua representação nas demonstrações contábeis. 3.2.1- Custo com base de valor Pode também ser denominado “Princípio do Custo Histórico (ou original) como Base de Valor”. Como princípio geralmente aceito, refere-se ao custo original. Na conceituação ortodoxa, os elementos do ativo entram nos registros contábeis pelo valor pago para adquiri-los ou fabricá-los, no entanto, em algumas situações, esse custo histórico precisa ser alterado. Elementos do ativo sujeitos à amortização, depreciação ou exaustão são registrados pelo valor histórico e, posteriormente, retificados por contas de depreciação acumulada, em casos de reavaliação de ativo previstos pelas legislações de alguns países. Torna-se evidente que a aplicação irrestrita desse princípio, principalmente em períodos de acentuadas flutuações de preços, restringe as possibilidades informativas da contabilidade. 3.2.2 - Realização A realização ocorre quando bens ou serviços são entregues a terceiros em troca de dinheiro ou de outro elemento do ativo. Quando uma empresa comercial vende uma determinada mercadoria por Co nta bil ida de Au la 03 - Pr inc ípi os C on tá be is 28Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno $ 200,00 e esta lhe custou apenas $ 150,00, a contabilidade ortodoxa apura, imediatamente, um lucro bruto de $50. Esse lucro é, para todos os efeitos, considerado como operacional, mesmo que a mercadoria vendida, para ser resposta, exija um desembolso de $180. O mais correto tecnicamente seria reconhecer um “lucro realizável” de $ 30,00 (a diferença entre o custo original da mercadoria e o de reposição), no ato da venda, somente $ 20,00 seriam considerados como lucro operacional corrente. 3.2.3 - Competência dos exercícios De acordo com esse princípio, as receitas e os custos são atribuídos aos períodos de acordo com sua real incorrência, isto é, de acordo com a data do fato gerador, e não quando são recebidos ou pagos em dinheiro. Por esse princípio, a folha de pagamento dos funcionários relativa ao mês de dezembro, suponhamos, será considerada como despesa de dezembro, mesmo que, na prática, o pagamento só seja efetuado nos primeiros dias de janeiro. O fato gerador da despesa é o serviço prestado pelos operários, e não o pagamento do salário. 3.2.4 - Denominador comum monetário Esse princípio contribuiu para a teoria sob um duplo aspecto: em primeiro lugar, a contabilidade só contempla aqueles fatos monetariamente avaliáveis; em segundo lugar, a unidade monetária é, para efeitos contábeis, considerada um padrão uniforme e homogênea de mensuração, independentemente das variações de seu poder de compra. Quanto ao primeiro aspecto, parece-nos uma limitação inevitável do método contábil; quanto ao segundo, entretanto, sua aceitação implica não considerar a realidade dos fatos. A vulnerabilidade da premissa é manifesta, pois a experiência de quase todos os países tem demonstrado que a unidade monetária está longe de representar um padrão uniforme Co nta bil ida de Au la 03 - Pr inc ípi os C on tá be is 29Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno e homogêneo de medida. 3.3.1 – Convenção da Objetividade O profissional deve procurar sempre exercer a Contabilidade de forma objetiva, não se deixando levar por sentimentos ou expectativas de administradores ou qualquer pessoa que venha a influenciar no seu trabalho, e os registros devem estar baseados, sempre que possível, em documentos que comprovem a ocorrência do fato administrativo. 3.3.2 - Conservadorismo Essa convenção pode ser explicada da melhor forma possível por meio do exemplo que, a seguir, será relatado. Suponha-se que o contador, para avaliação de um certo bem, dispusesse de duas fontes: a fatura relativa à compra do bem e o laudo do maior especialista mundial em avaliação. Deverá escolher, como valor de registro, o indicado na fatura. Entre um critério subjetivo de valor, mesmo ponderável, e outro objetivo, o contador deverá optar pela hipótese mais objetiva. A finalidade dessa convenção é eliminar ou restringir áreas de excessivo liberalismo na escolha de critérios, principalmente de valor. 3.3.2 - Conservadorismo Estabelece que o profissional da Contabilidade deve manter uma conduta mais conservadora em relação aos resultados que serão apresentados, evitando que projeções distorcidas sejam feitas pelos usuários. Assim, é preferível ter expectativa de prejuízo e a entidade apresentar resultados positivos, ou seja, se houver duas opções igualmente válidas, deve-se optar sempre por aquela que acusa um menor valor para os ativos e para as receitas e o maior valor para os passivos e para as despesas. A regra “Custo ou Mercado, dos dois o menor”, está intimamente ligada ao conservadorismo. Em outras palavras, o custo é a base de valor para a contabilidade, mas, se o valor de mercado for inferior ao de custo, Co nta bil ida de Au la 03 - Pr inc ípi os C on tá be is 30Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno adotaremos o valor de mercado. 3.3.3 - Relevância ou materialidade A informação contábil deve ser relevante, justa e adequada e o profissional deve considerar a relação custo x benefício da informação que será gerada, evitando perda de recursos e de tempo da entidade. Por exemplo, sempre que os empregados do escritório se utilizam de papéis e impressos da empresa, registra-se uma diminuição do ativo da empresa, diminuição essa que poderia, teoricamente, ser lançada nos registros contábeis à medida de sua ocorrência. Entretanto, isso não é feito, pela irrelevância da operação, e a despesa só é apurada no fim do período por diferença de estoques. 3.3.4 - Uniformidade ou consistência Os relatórios devem ser elaborados com a forma e o conteúdo das informações consistentes, para facilitar sua interpretação e análise pelos diversos usuários. Uma vez adotado determinado processo, dentre os vários possíveis que podem atender a um mesmo princípio geral, ele não deverá ser mudado com demasiada freqüência, pois,assim estaria sendo prejudicada a comparabilidade dos relatórios contábeis. Se, por exemplo, for adotado o método PEPS para avaliação de estoques em lugar do UEPS (ambos atendem ao mesmo princípio geral, isto é, “Custo como base de valor”), deverá ser usado sempre o mesmo método nos outros períodos. E, se houver a necessidade inadiável de se adotar outro critério, essa adoção deve ser declarada como nota explicativa dos relatórios, de maneira a cientificar o leitor. Co nta bil ida de Au la 03 - Pr inc ípi os C on tá be is 31Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Síntese Nesta aula, estudamos os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos e sua importância para que as Demonstrações Contábeis sejam fidedignas, podendo-se extrair informações úteis para a tomada de decisões. Na próxima aula, estudaremos o milenar Método das Partidas Dobradas, que torna possível os registros das operações de uma empresa e o equilíbrio do Patrimônio. Não perca! Referências Bibliográficas IUDÍCIBUS, Sérgio de et. al. Contabilidade Introdutória. 7.ed. São Paulo: Atlas. Co nta bil ida de Au la 04 - M ét od o Da s P ar tid as D ob ra da s 32Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 4 – Método Das Partidas Dobradas Objetivos da aula: O objetivo desta aula é mostrar como a Contabilidade, por meio de suas técnicas, consegue registrar todos os fatos administrativos e manter o equilíbrio do Patrimônio. Ao final desta aula, você estará apto a compreender as rotinas de “fechamento dos números”, os lançamentos finais e a integridade das demonstrações financeiras. 1. Introdução Vimos, nas aulas anteriores, que o Balanço Patrimonial representa o equilíbrio do patrimônio, pois, em seu lado esquerdo, estão representadas as aplicações de recursos (bens e direitos) e, no lado direito, todas as origens dos recursos aplicados. Entretanto, para que a Contabilidade produza uma demonstração com essas características, é necessário que, em cada operação, o raciocínio seja o mesmo, ou seja, cada operação que a empresa faz movimenta recursos, aplicando em algum item do patrimônio e esse recurso tem uma origem específica. Por exemplo, quando os sócios integralizam o capital social em dinheiro, é feita uma aplicação no Caixa da empresa e a origem foi o capital social (dos sócios). Ou quando a empresa compra mercadorias a prazo, há uma aplicação de recursos no estoque de mercadorias e uma origem de capital de terceiros (fornecedores). Ou ainda, quando a empresa recebe uma dívida de clientes, Co nta bil ida de Au la 04 - M ét od o Da s P ar tid as D ob ra da s 33Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno novamente há uma aplicação de recursos em seu Caixa e a origem desses recursos é de seus clientes. Veja que, em cada operação, são registradas as suas duas faces, onde foi aplicado o recurso e de onde veio. Mesmo quando se trata de contas de resultado, no pagamento de uma despesa, a empresa está aplicando em recursos consumidos e esses recursos têm uma origem interna (Caixa, Bancos) ou externa (Governo, Funcionários etc.). 2. Débitos e Créditos Para que esse mecanismo se tornasse operacional, no século XIV foi inventado o método das partidas dobradas e teve sua aplicação cada vez mais aperfeiçoada às necessidades das operações das empresas. Esse método consiste em fazer débitos e créditos no mesmo valor para cada operação, a cada débito deve corresponder um ou mais créditos no mesmo valor do débito e vice versa ou, para cada crédito, deve corresponder um ou mais débitos no mesmo valor do crédito. E para que esse mecanismo se tornasse funcional, as seguintes regras foram criadas, a partir da natureza das contas de Ativo Passivo e Resultado: DÉBITOS • AUMENTAM AS CONTAS DO ATIVO. • DIMIMUEM AS CONTAS DO PASSIVO. • DIMINUEM AS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO. CRÉDITOS • DIMINUEM AS CONTAS DO ATIVO. • AUMENTAM AS CONTAS DO PASSIVO. • AUMENTAM AS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Ou, podemos, ainda, enunciar a mesma regra de outra forma, segundo os elementos do Patrimônio: Co nta bil ida de Au la 04 - M ét od o Da s P ar tid as D ob ra da s 34Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno ATIVO • OS DÉBITOS AUMENTAM O VALOR DE SUAS CONTAS. • OS CRÉDITOS DIMINUEM O VALOR DE SUAS CONTAS. PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO • OS DÉBITOS DIMINUEM O VALOR DE SUAS CONTAS. • OS CRÉDITOS DIMINUEM O VALOR DE SUAS CONTAS. 3. Exemplos Usando essa regra, toda operação que implicar aumento de contas do ativo, esta conta deverá ser debitada. Por exemplo, a integralização do capital social em dinheiro no valor de R$ 100.000; a conta Caixa deverá ser debitada em R$ 100.000 e a conta capital deverá ser creditada em R$ 100.000, pois houve um aumento do Ativo e um aumento no Patrimônio Líquido no mesmo valor. A compra de mercadorias a vista implicará aumento no estoque de mercadorias (Ativo) e diminuição dinheiro em Caixa (Ativo), portanto, deverá ser debitada a conta “Mercadorias” (aumento do Ativo) e creditada a conta “Caixa“ (diminuição de Ativo). Se a compra fosse a prazo, deveríamos debitar a conta “Mercadorias” (aumento do Ativo) e creditar a conta “Fornecedores” (aumento do Passivo). Para facilitar o entendimento dessa regra, vamos construir pequenos gráficos, como fizemos com o Balanço Patrimonial, usando os pratos de uma balança no Ativo e no Passivo e balanças menores para as contas. No caso da integralização do Capital Social em dinheiro no valor de R$ 50.000, teríamos: Co nta bil ida de Au la 04 - M ét od o Da s P ar tid as D ob ra da s 35Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 50.000 (1) (1) 50.000 ATIVO PASSIVO PATRIMÓNIO LÍQUIDO CAIXA CAPITAL SOCIAL O lado esquerdo das balanças menores chama-se débito e o lado direito chama-se crédito, portanto debitamos a conta “Caixa” e creditamos a conta “Capital”, fazendo com que a balança maior ficasse em equilíbrio. Vejamos um segundo exemplo: a empresa comprou mercadorias a prazo no valor de R$ 10.000. 50.000 (1) (1) 50.000 ATIVO PASSIVO PATRIMÓNIO LÍQUIDO CAIXA CAPITAL SOCIAL (2) 10.000 Mercadoria s 10.000 (2) Fornecedores Co nta bil ida de Au la 04 - M ét od o Da s P ar tid as D ob ra da s 36Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Debitamos a conta “Mercadorias” (aplicação de recursos) e creditamos a conta “Fornecedores” (origem dos recursos necessários para a compra), e a “balança maior” manteve-se em equilíbrio novamente. Não se esqueça: o lado esquerdo das balanças menores chama-se débito e o lado direito chama-se crédito. Assim, sempre que há um aumento em qualquer conta do Ativo, fazemos um débito e quando há uma diminuição em qualquer conta do Ativo, fazemos um crédito. E, no Passivo e Patrimônio Líquido, ocorre o contrário, quando aumentamos qualquer obrigação, fazemos um crédito e quando diminuímos qualquer obrigação, fazemos um débito. 4. Contas de Resultado E as contas de Resultado? Quando serão debitadas ou creditadas? Como ficará o equilíbrio do Patrimônio com a movimentação dessas contas? Neste mesmo exemplo, suponhamos, agora, que a empresa pagou R$ 1.500 de salários do mês em curso, o Patrimônio ficaria assim: (2) 10.000 1.500 (3) 50.000 (1) (1) 50.000 ATIVO PASSIVO PATRIMÓNIO LÍQUIDO CAIXA CAPITAL SOCIAL Mercadoria s 10.000 (2) Fornecedores Veja que a despesa que afetará o Patrimônio Líquido negativamente é registrada à parte, como conta de resultado. No final do mês, todas Co nta bil ida de Au la 04 - M ét od o Da s P ar tid as D ob ra da s 37Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno as contas de resultado consolidadas se transformarão em uma conta Patrimonial, lucro ou prejuízo do exercício. (3) 1.500 Despesa de Salário Ainda neste exemplo, suponha, agora, que a empresa prestou serviços no mês no valor de R$ 10.000, recebendo 50% no próprio mês e os outros 50% no mês seguinte: (2) 10.000 1.500 (3) 50.000 (1) (1) 50.000 (4) 5.000 ATIVO PASSIVO PATRIMÓNIO LÍQUIDO CAIXA CAPITAL SOCIAL Mercadoria s 10.000 (2) Fornecedores (3) 1.500 Despesa de Salário 10.000 (4) Receita de Serviços (4) 5.000 Contas a Receber Co nta bil ida de Au la 04 - M ét od o Da s P ar tid as D ob ra da s 38Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Agora, temos duas contas de resultado, uma pendendo para o lado esquerdo (despesa) e outra pendendo para o lado direito (receita). Se fôssemos fechar o balanço após essas operações, o resultado seria um lucro de R$ 8.500 (R$ 10.000 menos R$ 1.500). Esse resultado equilibraria novamente o balanço patrimonial com a seguinte composição do ativo: R$ 53.500 (saldo em caixa) + R$ 5.000 (saldo em Contas a Receber) + R$ 10.000 (saldo de Mercadorias) = R$ 68.500. O Passivo seria composto de: R$ 10.000 (dívida com Fornecedores) + R$ 50.000 (Capital Social) + R$ 8.500 (Lucro do mês) = R$ 68.500. 5. Razonetes Talvez esta ilustração com as balanças (contas) e a balança maior (balanço patrimonial) o ajude a entender o mecanismo de débito e crédito, mas, se você consultar outros livros, encontrará uma ilustração um pouco diferente, as balanças são substituídas por “razonetes”, porém o conceito é o mesmo: o lado esquerdo de qualquer “razonete” chama-se débito e o lado direito chama-se crédito: RAZONETE DÉBITO CRÉDITO Vamos, agora, registrar em “razonetes” algumas operações de uma empresa: 1) Walter e Francisco resolveram abrir uma empresa para compra e venda de calçados sob a denominação de WF Calçados Ltda. Cada um dos sócios entrou para a sociedade com R$ 10.000 em dinheiro. Para contabilizar esse fato, vamos utilizar o método das partidas dobradas nos razonetes: Co nta bil ida de Au la 04 - M ét od o Da s P ar tid as D ob ra da s 39Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Caixa Capital Social (1) 20.000 20.000 (1) Fizemos um débito na conta “Caixa” (aplicação de recursos) e um crédito na conta “Capital Social” (origem dos recursos) no valor de R$ 20.000. 2) Os sócios resolveram comprar um estoque de calçados de R$ 3.000 pagando a vista. Caixa Mercadorias Capital Social (1) 20.000 3.000 (2) (2) 3.000 20.000 (1) saldo 17.000 Fizemos um débito na conta “Mercadorias” (aplicação de recursos) e um crédito na conta “Caixa” (origem dos recursos) no valor de R$ 3.000. 3) A WF Calçados Ltda. comprou Móveis (prateleiras) para a loja no valor de R$ 1.500, pagando a vista: Caixa Mercadorias Capital Social (1) 20.000 3.000 (2) (2) 3.000 20.000 (1) 1.500 (3) saldo 15.500 Móveis e Utensílios (3) 1.500 Fizemos um débito na conta “Móveis e Utensílios” (em que os recursos foram aplicados) e um crédito na conta “Caixa” (origem dos recursos utilizados para a compra). 4) A WF Calçados Ltda. comprou um prédio para instalar sua primeira loja por R$ 10.000, pagando R$ 5.000 e assinando uma nota promissória de R$ 5.000 com vencimento para 3 meses. Co nta bil ida de Au la 04 - M ét od o Da s P ar tid as D ob ra da s 40Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Caixa Mercadorias Capital Social (1) 20.000 3.000 (2) (2) 3.000 20.000 (1) 1.500 (3) 5.000 (4) saldo 10.500 Móveis e Utensílios Imóveis N.P. a Pagar (3) 1.500 (4) 10.000 5.000 (4) Fizemos um débito na conta “Imóveis” (aplicação dos recursos) no valor de R$ 10.000, um crédito na conta “Caixa” (origem dinheiro pago na aquisição) no valor de R$ 5.000 e um crédito na conta “Notas Promissórias a Pagar” (origem dos recursos – de terceiros), no valor de R$ 5.000. Após as quatro operações, o Balanço Patrimonial da WF Calçados Ltda. ficaria assim: ATIVO PASSIVO Caixa $ 10.500 N.P. a Pagar $ 5.000 Mercadorias $ 3.000 Móveis e Utensílios $ 1.500 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Imóveis $10.000 Capital Social $ 20.000 Total do Ativo $ 25.000 Total do Passivo $ 25.000 Os recursos da empresa originam-se de: • Capital de Terceiros N.P. a Pagar $ 5.000 • Capital Próprio Capital Social $ 20.000 Total $ 25.000 As aplicações desses recursos foram feitas nos itens do Ativo conforme enunciado acima. Co nta bil ida de Au la 04 - M ét od o Da s P ar tid as D ob ra da s 41Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Síntese Nesta aula, tivemos contato com a técnica contábil que permite o equilíbrio do patrimônio, fazendo com que cada operação seja registrada de acordo com o método das partidas dobradas. Na próxima aula, estudaremos os grupos de contas patrimoniais, assim você entenderá melhor como é apresentado o Balanço Patrimonial e como deve ser interpretado. Referências Bibliográficas IUDÍCIBUS, Sérgio de et. al. Contabilidade Introdutória. 7. ed. São Paulo: Atlas. Co nta bil ida de Au la 05 - Ex er cíc ios 42Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 5 – Exercícios Objetivos da aula: O objetivo desta aula é apresentar exemplos e exercícios para colocarmos em prática tudo o que foi visto até agora em termos conceituais e técnicos. Vamos registrar os mais variados fatos administrativos para mostrar como se comporta o patrimônio da empresa. Ao final desta aula, você estará apto a compreender as rotinas de “fechamento dos números”, os lançamentos finais e a integridade das demonstrações financeiras. 1. Exercício A Cia. Principal S/A iniciou suas atividades no dia 02/01/2003. Durante o seu primeiro mês de funcionamento, os seguintes fatos ocorreram: 1o. No dia 04/01 - Integralização do Capital Social da empresa no valor de R$ 100.000,00. 2o. No dia 06/01- Compra de equipamentos a vista, no valor de R$ 10.000,00. 3o. No dia 19/01 - Adquiriu Móveis e Utensílios a vista, no valor de R$ 5.000,00. 4o. No dia 20/01 - Comprou mercadorias a vista por R$ 20.000,00. 5o. No dia 22/01 - Adquiriu um veículo para fazer entregas, no valor de R$ 45.000,00; pagando R$ 15.000,00 e assinando notas promissórias para a dívida restante. 6o. No dia 22/01 - Vendeu mercadorias a vista, no valor de R$ 2.000,00, sem obter lucro. 7o. No dia 23/01 - Vendeu mercadorias a prazo, por R$ 1.000,00, não obtendo lucro nessa venda. 8o. No dia 24/01 - Outra venda de mercadorias no valor de R$ 3.000,00; recebendo 50% a vista e ficando o restante para ser recebido posteriormente. Mais uma vez, não obteve lucro na transação. Co nta bil ida de Au la 05 - Ex er cíc ios 43Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 9o. No dia 24/01 - Recebimento da conta referente às mercadorias vendidas em 23/01. 10o. No dia 25/01 - Pagou R$ 2.000,00 referentes ao veículo comprado em 22/01. 11o. No dia 26/01 - Comprou mercadorias por R$ 40.000,00, pagando 15% a vista e o restante a prazo. 12o. No dia 27 - Vendeu a vista mercadorias que custaram R$ 20.000,00 por R$ 30.000,00, obtendo um lucro de R$ 10.000,00. 13o. No dia 28/01 - Pagou salários do pessoal de escritório no valor de R$ 1.000,00. 14o. No dia 29/01 - Vendeu mercadorias que custaram R$ 5.000,00 por R$ 4.000,00 (houve um prejuízo de R$ 1.000,00 nessa transação), recebendo a vista. 15o. No dia 31/01 - Pagou comissões sobre vendas aos seus vendedores no valor de R$ 2.000,00. A contabilidade registra todas as operações da empresa no livro diário, em ordem cronológica de ocorrência dos fatos, colocando, em primeiro lugar, a conta debitada e depois a conta creditada precedido pelo artigo “a”; em cada operação, coloca-se, também, um histórico para identificar a operação e os documentos comprobatórios que a sustentam. Vamos apresentar, aqui, um modelo de diário simplificado (sem o histórico): 2. Livro Diário data Conta debitada Conta creditada Valor debitado Valor creditado 04/01 Caixa a Capital 100.000,00 100.000,00 06/01 Equipamentos a Caixa 10.000,00 10.000,00 19/01 Móveis e Utensílios a Caixa 5.000,00 5.000,00 Co nta bil ida de Au la 05 - Ex er cíc ios 44Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 20/01 Mercadorias a Caixa 20.000,00 20.000,00 22/01 Veículos a Caixa a Títulos a Pagar 45.000,00 15.000,00 30.000,00 22/01 Caixa Custo das Mercadorias Vendidas a Receita de Vendas a Mercadorias 2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00 23/01 Contas a Receber Custo das Mercadorias Vendidas a Receita de Vendas a Mercadorias 1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 24/01 Caixa Custo das Mercadorias Vendidas Contas a Receber a Receita de Vendas a Mercadorias 1.500,00 3.000,00 1.500,00 3.000,00 3.000,00 24/01 Caixa a Contas a Receber 1.000,00 1.000,00 25/01 Títulos a Pagar a Caixa 2.000,00 2.000,00 26/01 Mercadorias a Caixa a Fornecedores 40.000,00 6.000,00 34.000,00 27/01 Caixa Custo das Mercadorias Vendidas a Receita de Vendas a Mercadorias 30.000,00 20.000,00 30.000,00 20.000,00 28/01 Despesa de Salários a Caixa 1.000,00 1.000,00 29/01 Caixa Custo das Mercadorias Vendidas a Receita de Vendas a Mercadorias 4.000,00 5.000,00 4.000,00 5.000,00 Co nta bil ida de Au la 05 - Ex er cíc ios 45Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 31/01 Despesa de Comissões a Caixa 2.000,00 2.000,00 Outro livro que deve ser escriturado pela Contabilidade, para efeitos de controle das contas, é o livro Razão, que vamos aqui simplificar pelos “razonetes”. Por meio do Razão, cada conta tem sua movimentação controlada separadamente. 3. Livro Razão (ou razonetes) Contas de Ativo Caixa Mercadorias Contas a Receber (1) 100.000 10.000 (2) (4) 20.000 2.000 (6) (7) 1.000 1.000 (9) (6) 2.000 5.000 (3) (11) 40.000 1.000 (7) (8) 1.500 (8) 1.500 20.000 (4) 3.000 (8) 2.500 1.000 (9) 1.000 15.000 (5) 20.000 (12) 1.500 (12) 30.000 2.000 (10) 60.000 26.000 6.000 (11) 34.000 1.000 (13) 2.000 (14) 134.500 61.000 73.500 Equipamentos Móveis e Utensílios Veículos (2) 10.000 (3) 5.000 (5) 45.000 10.000 5.000 45.000 Contas de Passivo Capital Títulos a Pagar Fornecedores 100.000 (1) (10) 2.000 30.000 (5) 34.000 (11) 100.000 28.000 34.000 Co nta bil ida de Au la 05 - Ex er cíc ios 46Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Contas de Resultado Receita de Vendas C.M.V Despesas de Salários 2.000 (6) (6) 2.000 (13) 1.000 1.000 (7) (7) 1.000 1.000 1.000 (E3) 3.000 (8) (8) 3.000 30.000 (12) (12) 20.000 (E1) 36.000 36.000 26.000 26.000 (E2) Despesas de Comissões Apuração do Resultado Lucro do Exercício (14) 2.000 (E2) 26.000 36.000 (E1) 7.000 (E5) 2.000 2.000 (E4) (E3) 1.000 (E4) 2.000 29.000 36.000 7.000 4. Balancete de Verificação Para verificarmos se os lançamentos foram contabilizados corretamente e, para ter um resumo do saldo das contas, a Contabilidade prepara o Balancete de Verificação, que nada mais é do que uma listagem de contas com os respectivos saldos: CONTAS SALDOS DEVEDORES SALDOS CREDORES Caixa 73.500,00 Mercadorias 34.000,00 Contas a Receber 1.500,00 Equipamentos 10.000,00 Móveis e Utensílios 5.000,00 Veículos 45.000,00 Capital 100.000,00 Títulos a Pagar 28.000,00 Fornecedores 34.000,00 Receita de Vendas 36.000,00 Co nta bil ida de Au la 05 - Ex er cíc ios 47Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Custo das Mercadorias Vendidas 26.000,00 Despesas de Salários 1.000,00 Despesas de Comissões 2.000,00 Total 198.000,00 198.000,00 6. Apuração do Resultado Para apurar o resultado do exercício, todos os valores das contas de resultado são transferidos para uma única conta chamada “Apuração do Resultado do Exercício” – A.R.E. Para transferir as despesas, fazemos um débito na conta “A.R.E.” e um crédito na conta de despesa e, para transferir o saldo das contas de receitas, fazemos um débito na conta de receita e um crédito na conta “A.R.E.”. Veja os lançamentos feitos na cor vermelha. Após a apuração do resultado, podemos levantar o Balanço Patrimonial. 7. Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO Caixa 73.500,00 Fornecedores 34.000,00 Contas a Receber 1.500,00 Títulos a Pagar 28.000,00 Mercadorias 34.000,00 Móveis e Utensílios 5.000,00 Veículos 45.000,00 Patrimônio Líquido Equipamentos 10.000,00 Capital 100.000,00 Lucro do Exercício 7.000,00 Total do Ativo 169.000,00 Total do Passivo 169.000,00 4. Demonstração do Resultado Co nta bil ida de Au la 05 - Ex er cíc ios 48Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Para acompanhar o Balanço Patrimonial, elabora-se, também, a Demonstração do Resultado para que o leitor saiba como se chegou ao resultado de R$ 7.000,00. Receita de Vendas R$ 36.000,00 (-) C.M.V. (R$ 26.000,00) = Lucro Bruto sobre Vendas R$ 10.000,00 (-) Despesas Operacionais Salários R$ 1.000,00 Comissões R$ 2.000,00 (R$ 3.000,00) Lucro antes do Imposto de Renda R$ 7.000,00 Co nta bil ida de Au la 05 - Ex er cíc ios 49Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Síntese Nesta aula, tivemos contato com a prática contábil, fizemos todos os lançamentos contábeis necessários para registrar as operações da Cia. Principal, de acordo com o método das partidas dobradas, encerramos as contas de resultado e preparamos os demonstrativos contábeis, o que nos permitiu verificar o equilíbrio do patrimônio. Na próxima aula, estudaremos os grupos de contas patrimoniais, assim você entenderá melhor como é apresentado o Balanço Patrimonial e como deve ser interpretado. Referências Bibliográficas IUDÍCIBUS, Sérgio de et. al. Contabilidade Introdutória. 7.ed. São Paulo: Atlas. Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 50Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 6 – Grupos de Contas Patrimoniais Objetivos da aula: Objetivo desta aula será conceituar todos os grupos de contas patrimoniais de acordo com a legislação vigente. Para um melhor entendimento do assunto, vamos explorar, inicialmente, o plano de contas, as condições para sua elaboração e as características dos planos de contas das diversas atividades. Ao final desta aula, você estará apto a compreender a divisão das contas apresentadas no Balanço Patrimonial, podendo tirar algumas conclusões a respeito dos números apresentados nos balanços das empresas. 1. Introdução Plano de Contas Para atender às necessidades de registro dos fatos administrativos, de forma a possibilitar a construção dos principais relatórios contábeis e atender a todos os usuários da informação contábil, o contador elabora um Plano de Contas. A estruturação do Plano de Contas deve ser planejada de forma que possibilite os melhores resultados no trato com as informações contábeis. É uma peça de fundamental importância dentro da organização contábil. Sem ele, torna-se impossível os registros dos fatos administrativos de forma ordenada. Para melhor compreensão do conjunto patrimonial e sistematização do Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 51Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno trabalho contábil, as contas devem ser ordenadas, seguindo uma forma lógica, e estruturadas. O principal objetivo das contas é possibilitar o registro dos lançamentos contábeis, criando condições ótimas de classificação e acumulação dos dados. 2. Condições para elaboração do Plano de Contas Algumas condições devem ser observadas para elaboração do plano de contas: 1. O contador deve monitorar e aconselhar os dirigentes da empresa quanto às necessidades de informações que poderão ser produzidas pela Contabilidade, mas sempre respeitando o seu ponto de vista. 2. O plano de contas deve ser personalizado, atendendo às necessidades específicas de cada empresa com suas segmentações de responsabilidade e às necessidades de informação de todos os usuários das informações contábeis; 3. Procurar atender aos demais usuários da informação contábil, partindo das necessidades de informações do(s) dirigente(s), e seguindo em ordem hierárquica, toda empresa; 4. A classificação deve atender o detalhamento adequado ao Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultados e Fluxo de Caixa, que são os relatórios mais importantes da empresa; 5. Os agrupamentos das contas devem ser feitos pensando nos relatórios ou informações que deles se organizarão; 6. A codificação das contas deve conter elementos claros para sua rápida identificação e assimilação do que representam; Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 52Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 7. A classificação deve partir do geral para o particular; 8. Deve haver flexibilidade (margem para ampliação) e operacionalidade nos planos propostos. 9. Os títulos das contas devem refletir, imediatamente, os elementos patrimoniais que representam - devendo ser claros e sucintos; 3. Fundamentos para a estruturação do Plano de Contas Para que se observem as condições de integração e navegabilidade de dados, alguns fundamentos são necessários para a estruturação dos planos de contas: 1. A estruturação do plano de contas deve fazer com que a apresentação da informação seja automática para os relatórios futuros, para evitar re- trabalho e duplicidade de dados; 2. Deve fornecer a informação no grau de detalhamento necessário, evitando-se informações relevantes de modo resumido, dificultando sua compreensão; 3. Deve ser estruturada para manter o inter-relacionamento completo entre as contas afins do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultados; 4. Para que os três fundamentos anteriores possam ser atendidos, devem ser criadas tantas contas adicionais quantas forem necessárias. 4. Personalização do Plano de Contas Como descrevemos nas condições para elaboração de um plano de contas, Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 53Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno cada entidade tem um plano de contas personalizado, isto é, em harmonia com a sua atividade, seu patrimônio, sua constituição jurídica e disposições legais inerentes. Embora possa existir uma tendência de padronização estrutural dos planos de contas de empresas pertencentes a uma mesma atividade, não haverá dois planos de contas exatamente iguais - isto é, os planos de contas das empresas comerciais, por exemplo, têm semelhança estrutural, mas, ao serem comparados, os planos de contas de todas essa empresas, verifica-se que são diferentes entre si em muitos aspectos particulares à operação de cada empresa, levando a marca da direção da empresa a que pertence; sendo identificado, também, pelos problemas especiais da empresa e pela filosofia do trabalho por ela adotada. Assim acontece em entidades de qualquer atividade: industriais, financeiras, agro-pastoris, de transportes, entidades governamentais, comunicações, entidades de finalidades não lucrativas etc. Os planos de contas de empresas comercias, por exemplo, têm uma semelhança estrutural genérica que caracteriza a atividade comercial; há também uma semelhança estrutural específica que caracteriza o setor comercial, o tipo de comércio; assim, os planos de contas dos supermercados têm, entre si, uma semelhança estrutural específica, diferente da semelhança de estrutura dos planos de contas das empresas que comercializam automóveis, e assim por diante. A legislação, quase sempre interfere na elaboração dos planos de contas de certas entidades que desenvolvem atividades sob controle estatal, sendo essas organizações obrigadas a adotar planos de contas de estrutura geral padronizada. A padronização legal, às vezes, resume-se na forma de registrar certas operações, outras vezes na forma de apresentar os relatórios, ou no uso compulsório de certos títulos de contas, É o que acontece, por exemplo, com a planificação de contas dos estabelecimentos bancários e de seguros que, além de seguirem as normas usuais de sua atividade, estão sujeitos à legislação das sociedades anônimas e às instruções baixadas pelo Banco Central do Brasil e à legislação específica que controla a atividade securitária no país; o mesmo acontece com as cooperativas, com as empresas de transportes, companhias de comunicações, empresas agro-pastoris etc. Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 54Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno A administração pública deve organizar suas contas em conformidade com o padrão legal estabelecido pela Lei Federal n.º 4320, de 17 de março de 1964. Essa lei padroniza a estrutura dos balanços patrimoniais, financeiro e orçamentário, indicando até as denominações dos grupos de contas e de muitas contas de primeiro, segundo e terceiro graus. Assim, tanto o Governo Federal como os Governos Estaduais, Municipais e correspondentes autarquias são obrigadas a estruturar suas contas em rigorosa consonância com a legislação financeira nacional. Toda empresa obrigada a manter uma estruturação contábil deve efetuar um estudo preliminar sobre quais contas utilizará para registrar suas operações. Desse trabalho, resultará uma relação de contas que servirá como guia nas tarefas contábeis. Essa relação de contas é conhecida como Plano de Contas. O Plano de Contas leva em consideração algumas características funcionais, tais como: Interesse dos usuários - as pessoas que utilizam a contabilidade devem definir que tipo de informação contábil desejam que a Contabilidade lhes forneça, sejam elas gerentes ou administradores. Tamanho da empresa - se é micro, pequena, média ou grande empresa. Ramo de Atividade – comercial, industrial, prestação de serviços - de acordo com o objetivo social de cada empresa e as características do seu ramo de atividade. Sistema Contábil - a contabilidade pode ser manual, mecanizada ou eletrônica, executada conforme a disponibilidade de recursos materiais e humanos da empresa. 5. Contas de Resultado As Contas de Resultado, ou seja, receitas e despesas não aparecem no Balanço, uma vez que, no processo contábil de encerramento de exercício, os seus saldos devem ser zerados para apuração do resultado lucro ou prejuízo, Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 55Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno sendo este resultado considerado um item do Balanço Patrimonial. Estrutura do Plano de Contas - as contas patrimoniais que compõem o balanço devem ser dispostas em grupos e grau decrescentes de liquidez para facilitar a interpretação e análise da situação financeira. 6. Codificação das contas O Plano de Contas apresentado pode, por exemplo, ser codificado da seguinte maneira: inicia-se com a codificação “1” para todas as contas do Ativo; com a codificação “2” para todas as contas do Passivo e Patrimônio Líquido; com a codificação “3” para todas as contas de Receita e Deduções da Receita; com a codificação “4’’ para as contas dedutivas nos resultados (custos, despesas, participações etc.), com a codificação “5” para a apuração de resultado. Exemplo: 1. Ativo 1.1 Ativo Circulante 1.1.1 Ativo Circulante Caixa 1.1.2 Ativo Circulante Bancos Isso facilita muito os lançamentos em sistemas informatizados. No Brasil, a Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações) padronizou o título de cada grupo do balanço. Assim, o balanço patrimonial deve ser apresentado com as contas classificadas nos seguintes grupos: No Ativo - Circulante - Realizável em longo prazo - Permanente Investimento Imobilizado Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 56Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Diferido No Passivo - Circulante - Exigível em longo prazo - Resultado de exercícios futuros - Patrimônio líquido A apresentação das contas do ativo em grupos deve obedecer a uma ordem decrescente de grau de liquidez, representando esta a maior ou menor facilidade com que determinados bens são transformados em numerário. O artigo 179 da Lei 6.404 estabelece a forma de classificação dos ativos circulantes e deixa clara a definição de curto prazo: “Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: I – no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.” Portanto, o critério de classificação das contas, dentro de cada grupo do ativo, está relacionado com os fatores tempo, intenção e dinheiro. O título de cada grupo indica qual o tempo necessário à empresa para transformar seus ativos em dinheiro, de acordo com suas intenções. No ativo circulante, existe a intenção de transformar em dinheiro e o tempo está definido pela lei, todos os direitos com vencimento no próximo exercício social. O primeiro critério para classificação das contas do passivo dentro de cada grupo é o da exigibilidade ou não das contas para a empresa. Quando as contas representam exigibilidade, a classificação se fará de acordo com o prazo que a companhia terá para pagar suas dívidas. Se as contas não representarem exigibilidades, serão classificadas como patrimônio líquido, com exceção das contas classificadas como resultados de exercícios futuros. Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 57Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno As exigibilidades de curto prazo, ou seja, aquelas cujo vencimento estão dentro do exercício social subseqüente ao encerramento do balanço, serão classificadas no Passivo Circulante e as exigibilidades cujo vencimento ultrapassam o exercício social subseqüente são classificadas no Exigível em Longo Prazo. 7. Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO C I R C U L A N T E C I R C U L A N T E disponibilidades créditos de curto prazo EXIGÍVEL EM LONGO PRAZO estoques despesas antecipadas RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS REALIZÁVEL EM LONGO PRAZO P E R M A N E N T E PATRIMÔNIO LÍQUIDO investimentos imobilizado Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 58Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno diferido 8. Elenco das contas Patrimoniais e de Resultado ELENCO DE ATIVO ATIVO CIRCULANTE DISPONIBILIDADES Caixa Bancos c/ Movimento Aplicações de Liquidez Imediata CRÉDITOS A RECEBER Duplicatas a receber a) Clientes b) Coligadas e controladas - transações operacionais (-) Duplicatas Descontadas (-) Provisão para Devedores Duvidosos Títulos a Receber Bancos - Contas Vinculadas Adiantamentos a Empregados Impostos a Recuperar Investimentos temporários a) Aplicações temporárias em ouro b) Aplicações em Títulos e Valores Mobiliários c) Imóveis destinados à Venda ESTOQUES Mercadorias para revenda Material de expediente Importações em Andamento de Bens Destinados à Venda Adiantamento a Fornecedores de Bens Destinados à Venda DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE PAGAS ANTECIPADAMENTE Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 59Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Seguros a Vencer Juros a Apropriar Assinaturas e Anuidades a Apropriar ATIVO REALIZÁVEL EM LONGO PRAZO CRÉDITOS E VALORES Bancos - Contas Vinculadas Clientes Créditos com Coligadas e Controladas - Transações não Operacionais Créditos c/ Sócios, Acionistas ou Titular Adiantamentos a Terceiros (-) Provisão para Devedores Duvidosos INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS EM LONGO PRAZO Títulos a Valores Mobiliários Aplicações Temporárias em Incentivos Fiscais Empréstimos compulsórios DEPESAS ANTECIPADAS Seguros a Vencer em Longo Prazo ATIVO PERMANENTE INVESTIMENTOS Participações permanentes em outras sociedades Obras-de-Arte Terrenos e Imóveis para utilização futura Imóveis Destinados à Renda (-) Provisão para Perdas Permanentes IMOBILIZADO Terrenos Instalações Máquinas e Equipamentos Móveis e Utensílios Veículos Construções em Andamento Importações em Andamento de Bens do Imobilizado Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 60Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Adiantamento para Inversões Fixas Direitos de Uso de Telefones Marcas e Patentes Industriais Florestamento e Reflorestamento Direitos sobre Recursos Naturais (-) Depreciação Acumulada (-) Amortização Acumulada (-) Exaustão Acumulada DIFERIDO Despesas de Implantação e Pré-Operacionais Despesas de Modernização Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos (-) Amortização Acumulada PASSIVO CIRCULANTE Salários a Pagar Fornecedores Encargos Sociais a Pagar Empréstimos a Pagar Impostos e Taxas a Recolher Adiantamentos Recebidos Participações e Gratificações a Pagar EXIGÍVEL EM LONGO PRAZO Empréstimos e Financiamentos Debêntures a Resgatar Imposto de Renda Diferido Provisão para Riscos Fiscais e outros Passivos Contingentes RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS Receita de Exercícios Futuros (-) Custos e Despesas correspondentes às Receitas Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 61Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Capital Subscrito (-) Capital a Integralizar Reservas de Capital Reserva de Reavaliação Reservas de Lucros Lucros (ou Prejuízos) Acumulados (-) Ações em Tesouraria CUSTOS E DESPESAS DO EXERCÍCIO CUSTOS DO EXERCÍCIO Custo das Mercadorias Vendidas DESPESAS DO EXERCÍCIO DESPESAS ADMINISTRATIVAS Honorários da Diretoria Gratificações à Diretoria Honorários diversos Contribuições p/ INSS Materiais de Expediente Consumidos Seguros Despesas de viagens Contribuições e doações Assinaturas de jornais e revistas Depreciações Amortizações DESPESAS COM PESSOAL Ordenados e férias 13º salário Gratificação a empregados Contribuições p/ INSS Contribuições p/ FGTS Indenizações Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 62Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Refeitório Vale-Transporte DESPESAS COM VENDAS Comissões s/ vendas Fretes s/ vendas Contribuições p/ INSS Despachos PIS s/ Receita Operacional I.P.V.A. Adicional do IR - Estadual I.P.T.U. Impostos e taxas diversos Multas Fiscais Propaganda DESPESAS TRIBUTÁRIAS Imposto s/ operações financeiras IR s/ aplicações financeiras Contribuição Social s/ lucros ENCARGOS FINANCEIROS LÍQUIDOS DESPESAS FINANCEIRAS Juros de mora passivos Juros passivos Descontos concedidos Despesas bancárias Correção pré-fixada passiva Multas contratuais (-) RECEITAS FINANCEIRAS Juros Ativos Juros de Mora Ativos Correção monetária pré-fixada ativa Descontos obtidos Comissões ativas Renda de participações Renda de aplicações financeiras ENCARGOS MONETÁRIOS LÍQUIDOS Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 63Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno VARIAÇÕES MONETÁRIAS PASSIVAS Correção monetária pós-fixada passiva Variação cambial passiva (-) VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS Correção monetária pós-fixada ativa Variação cambial ativa DESPESAS GERAIS Conservação e limpeza Comunicações Energia elétrica Água e esgoto Aluguéis passivos Despesas c/ veículos Leasing Despesas diversas PERDAS DIVERSAS Perdas por insolvência Formação de Prov. p/ Riscos de Créditos Variação de estoques Perdas por avarias Perdas em investimentos Outras perdas DESPESAS NÃO OPERACIONAIS Custo na venda de bens de uso RECEITAS DO EXERCÍCIO RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA RECEITAS COMERCIAIS Vendas a vista Vendas a prazo Outras saídas faturadas (-) DEDUÇÕES DE VENDAS (-) Devoluções de vendas (-) ICMS destacado nas vendas Co nta bil ida de Au la 06 - Gr up os d e Co nt as P at rim on iai s 64Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno (-) PIS s/ Receita Operacional (-) CONFINS - Contribuição Social sobre faturamento RECEITAS DIVERSAS Recuperação de despesas Recuperação de insolváveis Reversão de Prov. p/ Devedores Duvidosos RECEITAS NÃO OPERACIONAIS Receita da venda de bens de uso APURAÇÃO DE RESULTADO Lucro do Exercício Lucros Acumulados Prejuízos Acumulados Síntese Nesta aula, você estudou os grupos de contas de ativo, passivo e patrimônio líquido, ou seja, todos os grupos de contas que compõem o Patrimônio de uma empresa. Esses conhecimentos ajudarão a interpretar as Demonstrações Contábeis do ponto de vista econômico e financeiro. Na próxima aula, estudaremos os estoques e suas variações e como é composto o resultado de uma empresa. Referências Bibliográficas IUDÍCIBUS, Sérgio de et. al. Contabilidade Introdutória. 7. ed. São Paulo: Atlas. BLATT, Adriano. Contabilidade (Filme-Vídeo). Rio de Janeiro: Suma Econômica Pt 2, 1998. Co nta bil ida de Au la 07 - Es to qu es e R es ult ad o 65Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 7 – Estoques e Resultado Objetivos da aula: Nesta aula, estudaremos como as empresas operam com mercadorias, os diferentes métodos de avaliação de estoques e sua influência no resultado da empresa. O conhecimento do resultado com mercadorias é de grande importância para as empresas que trabalham com compra e venda. Ao final desta aula, você deverá ter compreendido a diferença entre resultado bruto e resultado líquido, poderá analisar a diferença entre os mais importantes métodos de avaliação de estoques. 1. Introdução Para cumprir seus objetivos, a contabilidade deve registrar os fatos administrativos que alteram o patrimônio das empresas, decorrentes da gestão delas. O estoque tem papel fundamental tanto nas empresas comerciais como nas industriais, fazendo com que o contador esteja atento as suas movimentações, para produzir informações contábeis de qualidade e úteis aos empresários e administradores. Nesta aula, iremos detalhar as operações que envolvem as movimentações de mercadorias, principalmente na empresa comercial, sem a pretensão de esgotar o assunto, pois, neste curso, pretendemos apenas fazer com que o aluno entenda o funcionamento da contabilidade e sua utilidade. Para apurarmos o resultado de uma empresa comercial, precisamos de alguns dados importantes: qual foi o custo das mercadorias que ela vendeu durante o período, qual foi o volume de vendas, qual foi o método de avaliação de estoques adotado pela empresa. Veja a Demonstração de Resultado abaixo: Co nta bil ida de Au la 07 - Es to qu es e R es ult ad o 66Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Empresa Virtual Brasileira Ltda. Demonstração de Resultado do mês de Janeiro Vendas.........................................................................................$ 20.000,00 (-) Custo das Mercadorias Vendidas ....................................$ .9.810,94 (=) Lucro Bruto ..........................................................................$ 10.189,06 (-) Despesas Operacionais Administrativas ...............................$ 3.000,00 Comerciais ........................................$ 4.000,00 Financeiras ........................................$ 1.000,00 $ 8.000,00 (=) Lucro Operacional antes do Imposto de Renda ......$ 2.189,06 (-) Imposto de Renda ...............................................................$ 766,17 (=) Lucro Líquido do Exercício .............................................$ 1.422,89 A pergunta inicial é: Como a empresa calculou o Custo das Mercadorias Vendidas? 2. Inventário Periódico x Inventário Permanente Antes de responder essa pergunta, precisamos saber como a empresa controla, fisicamente, seus estoques, as compras são devidamente registradas, item por item, as quantidades vendidas são devidamente baixadas? Nem sempre as condições são favoráveis para que se faça um controle rigoroso sobre os itens do estoque, pois depende da tecnologia que é possível ser adotada, da quantidade de itens em estoque, da velocidade com que esses itens entram e saem do estoque. Por esses motivos, algumas empresas não fazem um controle rigoroso dos itens do estoque, neste caso adotam o Inventário Periódico, isto é, periodicamente, fazem uma contagem física dos itens do estoque e atribuem valor a eles. Quando a empresa adota o Inventário Permanente, todas as movimentações de estoques são registradas - o que possibilita saber, a qualquer momento, qual a quantidade existente em cada item estocado. Esse procedimento Co nta bil ida de Au la 07 - Es to qu es e R es ult ad o 67Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno facilita a gestão do estoque, aumentando a eficiência do controle e da reposição de seus itens. Para fazer o registro de todas as movimentações, utiliza-se a Ficha de Controle de Estoque, conforme o modelo abaixo: Ficha de Controle de Estoque Item de estoque: _________________________ DATA 2006 ENTRADA SAÍDA SALDO Quanti- dade Valor unitário Total Quanti- dade Valor unitário Total Quanti- dade Valor unitário Total SOMA A coluna “soma das entradas” representa o total de compras da empresa no período e a coluna “total das saídas” representa o C.M.V. – Custo das Mercadorias Vendidas. Obviamente, a coluna “saldo total” representa o valor das mercadorias que ficaram em estoque. 3. Atribuição de valor aos estoques Os preços das mercadorias, mesmo com a inflação estabilizada, sofrem alterações, pois, além da inflação e deflação, outros fatores influenciam os seus preços: concorrência, tabelamento imposto pelo governo, sazonalidade de determinados produtos, obsoletismo, moda etc. Assim, as compras dificilmente serão realizadas pelo mesmo preço ao longo de um período. Havendo variação de preços, qual será o valor do estoque final? Deverá ser avaliado pelo preço da última compra, da primeira compra, ou pela média de preços do período? Ou ainda pelo preço de reposição? Co nta bil ida de Au la 07 - Es to qu es e R es ult ad o 68Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Como podemos observar, existem critérios diferentes para se determinar o valor dos estoques e, conseqüentemente, o valor do Custo das Mercadorias Vendidas. Vejamos, então, cada um desses critérios: 1.1. UEPS ou LIFO As siglas acima significam: Último que Entra é o Primeiro que Sai, ou do inglês, Last In First Out. À medida que ocorrem as vendas, as baixas são efetuadas pelo preço das últimas unidades que entraram no estoque. Desta forma, se os preços forem crescentes, teremos um Custo das Mercadorias Vendidas maior; se os preços forem decrescentes, o CMV será menor. No entanto, por esse método, o custo estará sempre alinhado com os preços mais atualizados. Vejamos um exemplo: Suponha que uma empresa comercial que compra e venda calçados tivesse em estoque, no início de janeiro de 2006, vinte pares de sapatos no valor de R$ 45,00 cada um, e fizesse a seguinte movimentação de estoque durante o mês: : 02/01/06 – Compra de 100 pares de sapatos no valor de R$ 50,00 cada. 03/01/06 – Venda de 10 pares de sapatos. 10/01/06 – Compra de 50 pares de sapatos no valor de R$ 60,00 cada. 12/01/06 – Venda de 20 pares de sapatos. 15/01/06 – Venda de 50 pares de sapatos. 20/01/06 – Compra de 60 pares de sapatos no valor de R$ 65,00 cada. 22/01/06 – Venda de 70 pares de sapatos. 25/01/06 – Venda de 30 pares de sapatos. 28/01/06 – Compra de 50 pares de sapatos no valor de R$ 65,00 cada. Ficha de Controle de Estoque Item de estoque: _________________________ Co nta bil ida de Au la 07 - Es to qu es e R es ult ad o 69Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno DATA 2006 ENTRADA SAÍDA SALDO Quanti- dade Valor unitário Total Quanti- dade Valor unitário Total Quanti- dade Valor unitário Total 01/01 20 45,00 900,00 02/01 100 50,00 5.000,00 120 5.900,00 03/01 10 50,00 500,00 110 5.400,00 10/01 50 60,00 3.000,00 160 8.400,00 12/01 20 60,00 1.200,00 7.200,00 15/01 30 20 60,00 50,00 1.800,00 1.000,00 4.400,00 20/01 60 65,00 3.900,00 8.300,00 22/01 60 10 65,00 50,00 3.900,00 500,00 3.900,00 25/01 30 50,00 1.500,00 2.400,00 28/01 50 65,00 3.250,00 5.650,00 SOMA 260 15.150,00 180 10.400,00 5.650,00 CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final CMV = R$ 900,00 + R$ 15.150,00 – R$ 5.650,00 = R$ 10.400,00 Ou seja, o CMV – Custo das Mercadorias Vendidas – é igual à soma da coluna “total das saídas”. Considerando vendas de R$ 20.000,00 no período, teríamos o seguinte resultado: Empresa Virtual Brasileira Ltda. Demonstração de Resultado do mês de Janeiro Vendas.........................................................................................$ 20.000,00 (-) Custo das Mercadorias Vendidas ..................................$ 10.400,00 (=) Lucro Bruto ...........................................................................$ 9.600,00 (-) Despesas Operacionais Administrativas ..................................$ 3.000,00 Comerciais ........................................$ 4.000,00 Financeiras ........................................$ 1.000,00 $ 8.000,00 (=) Lucro Operacional antes do Imposto de Renda ....$ 1.600,00 Co nta bil ida de Au la 07 - Es to qu es e R es ult ad o 70Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno (-) Imposto de Renda ............................................................$ 560,00 (=) Lucro Líquido do Exercício ...........................................$ 1.040,00 1.2. PEPS ou FIFO As siglas acima significam: Primeiro que Entra é o Último que Sai, ou do inglês, First In Last Out. À medida que ocorrem as vendas, as baixas são efetuadas pelo preço das primeiras unidades que entraram no estoque. Desta forma, se os preços forem crescentes, teremos um Custo das Mercadorias Vendidas menor; se os preços forem decrescentes, o CMV será maior. Por esse método, o custo estará sempre alinhado com os preços mais antigos. Vejamos como ficaria a Ficha de Controle de Estoque por esse método, com a mesma movimentação anterior: Ficha de Controle de Estoque Item de estoque: Calçados DATA 2006 ENTRADA SAÍDA SALDO Quanti- dade Valor unitário Total Quanti- dade Valor unitário Total Quanti- dade Valor unitário Total 01/01 20 45,00 900,00 02/01 100 50,00 5.000,00 120 5.900,00 03/01 10 45,00 450,00 110 5.450,00 10/01 50 60,00 3.000,00 160 8.450,00 12/01 10 10 45,00 50,00 450,00 500,00 150 140 8.000,00 7.500,00 15/01 50 50,00 2.500,00 90 5.000,00 20/01 60 65,00 3.900,00 150 8.900,00 22/01 40 30 50,00 60,00 2.000,00 1.800,00 110 80 6.900,00 5.100,00 25/01 20 10 60,00 65,00 1.200,00 650,00 60 50 3.900,00 3.250,00 28/01 50 65,00 3.250,00 100 6.500,00 SOMA 260 15.150,00 180 9.550,00 6.500,00 CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final CMV = R$ 900,00 + R$ 15.150,00 – R$ 6.500,00 = R$ 9.550,00 Co nta bil ida de Au la 07 - Es to qu es e R es ult ad o 71Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno É um custo menor do que o calculado anteriormente pelo método UEPS. Empresa Virtual Brasileira Ltda. Demonstração de Resultado do mês de Janeiro Vendas........................................................................................$ 20.000,00 (-) Custo das Mercadorias Vendidas ..................................$ 9.550,00 (=) Lucro Bruto ........................................................................$ 10.450,00 (-) Despesas Operacionais Administrativas ................................$ 3.000,00 Comerciais ........................................$ 4.000,00 Financeiras ........................................$ 1.000,00 $ 8.000,00 (=) Lucro Operacional antes do Imposto de Renda ....$ 2.450,00 (-) Imposto de Renda ............................................................$ 857,50 (=) Lucro Líquido do Exercício ...........................................$ 1.592,50 1.3. Média Ponderada Este é um método intermediário, que evita os extremos, e consiste em calcular o custo médio do estoque existente. As baixas no estoque são dadas por esse custo médio. Veja como ficaria a Ficha de Controle de Estoques, utilizando-se a Média Ponderada: Ficha de Controle de Estoque Item de estoque: Calçados DATA 2006 ENTRADA SAÍDA SALDO Quanti- dade Valor unitário Total Quanti- dade Valor unitário Total Quanti- dade Valor unitário Total 01/01 20 45,00 900,00 02/01 100 50,00 5.000,00 120 49,17 5.900,00 03/01 10 49,17 491,67 110 49,17 5.408,33 10/01 50 60,00 3.000,00 160 52,55 8.408,33 12/01 20 52,55 1.051,04 140 52,55 7.357,29 Co nta bil ida de Au la 07 - Es to qu es e R es ult ad o 72Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 15/01 50 52,55 2.627,60 90 52,55 4.729,69 20/01 60 65,00 3.900,00 150 57,53 8.629,69 22/01 70 57,53 4.027,19 80 53,78 4.602,50 25/01 30 53,78 1.613,44 50 53,78 2.989,06 28/01 50 65,00 3.250,00 100 59,39 6.239,06 SOMA 260 15.150,00 180 9.810,94 59,39 6.239,06 CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final CMV = R$ 900,00 + R$ 15.150,00 – R$ 6.239,06 = R$ 9.810,94 É um custo intermediário entre os métodos UEPS e PEPS. Descobrimos, então, que a Empresa Virtual Brasileira, no exemplo dado na Introdução desta aula, utilizou o método da Média Ponderada Móvel: Empresa Virtual Brasileira Ltda. Demonstração de Resultado do mês de Janeiro Vendas.........................................................................................$ 20.000,00 (-) Custo das Mercadorias Vendidas ..................................$ 9.810,94 (=) Lucro Bruto .........................................................................$ 10.189,06 (-) Despesas Operacionais Administrativas ...............................$ 3.000,00 Comerciais ........................................$ 4.000,00 Financeiras ........................................$ 1.000,00 $ 8.000,00 (=) Lucro Operacional antes do Imposto de Renda ....$ 2.189,06 (-) Imposto de Renda ............................................................$ 766,17 (=) Lucro Líquido do Exercício ...........................................$ 1.422,89 Outros métodos são utilizados para algumas situações, por exemplo, o método do preço específico. Esse método é utilizado quando temos poucos produtos que podem ser facilmente identificados, como uma loja de revenda de automóveis. Identifica-se marca, modelo, número do chassi, placas, cor etc. Sabe-se, neste caso, exatamente quanto custou o veículo que está sendo vendido. Co nta bil ida de Au la 07 - Es to qu es e R es ult ad o 73Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Comparando os três métodos apresentados em um único quadro, temos: UEPS PEPS Média Ponderada Vendas R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 C.M.V. R$ 10.400,00 R$ 9.550,00 R$ 9.810,94 Lucro Bruto R$ 9.600,00 R$ 10.450,00 R$ 10.189,06 Despesas R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 Lucro antes do I.R. R$ 1.600,00 R$ 2.450,00 R$ 2.189,06 Imposto de Renda R$ 560,00 R$ 857,50 R$ 766,17 Lucro Líquido R$ 1.040,00 R$ 1.592,50 R$ 1.422,89 Valor do Estoque R$ 5.650,00 R$ 6.500,00 R$ 6.239,06 Observamos que, dependendo do método de avaliação de estoques adotado pela empresa, o valor do Custo das Mercadorias Vendidas, o valor do Resultado e o valor dos estoques alteram. Síntese Estudamos, nesta aula, os três principais métodos de avaliação de estoques e sua influência na determinação do resultado obtido pela empresa. É importante que a empresa adote um único método para dar consistência e comparabilidade às suas Demonstrações Contábeis. Na próxima aula, estudaremos os métodos de depreciação e sua influência nos resultados da empresa. A depreciação está associada ao uso de bens de longa duração. Esses bens são “consumidos” lentamente, motivo pelo qual não podem ser considerados como despesas no período da aquisição. Referências Bibliográficas IUDÍCIBUS, Sérgio de et. al. Contabilidade Introdutória. 7. ed. São Paulo: Atlas. Co nta bil ida de Au la 08 - Op er aç õe s c om M er ca do ria s 74Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 8 – Operações com Mercadorias Objetivos da aula: O objeto das empresas comerciais é a compra e venda de mercadorias. O objetivo desta aula é tratar dos principais aspectos que envolvem essas operações, tanto do lado do comprador como do vendedor das mercadorias. Ao final desta aula, o aluno estará apto a contabilizar as operações realizadas com mercadorias em empresas comerciais, bem como os impostos incidentes sobre essas operações. Introdução Nas empresas industriais ou comerciais, os estoques exigem que o Contador esteja sempre muito atento às suas movimentações, tanto para cumprir exigências fiscais como para produzir informações úteis para o empresário. Neste capítulo, iremos abordar alguns detalhes das operações que envolvem a movimentação de estoques de mercadorias das empresas comerciais, sem qualquer pretensão de esgotar esse extenso assunto. As operações mais comuns com mercadorias são: • Compras de mercadorias (a vista ou a prazo); • Impostos recuperáveis sobre compras de mercadorias (ICMS, PIS); • Devoluções e abatimentos; • Fretes sobre as compras. 1. Compras de Mercadorias a vista ou a prazo Co nta bil ida de Au la 08 - Op er aç õe s c om M er ca do ria s 75Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno As empresas comerciais adquirem mercadorias de indústrias, atacadistas, importadores ou do produtor direto, para depois revendê-las a seus clientes (pessoas físicas ou jurídicas). A essas operações de compra e venda dá-se o nome de comercialização. Compra a vista -> entrega de numerários (dinheiro ou cheque) mediante a troca por mercadorias (bens). Compra a prazo -> empresa comercial assume obrigação de pagar no futuro mediante a entrada de mercadorias (bens) em seu estoque. Exemplos: Compra a vista O Supermercado Preço Baixo Ltda. comprou mercadorias no valor de R$ 10.000,00 do seu fornecedor Indústria Salgadinho Ltda., conforme nota fiscal n° 005, pagando em dinheiro. Lançamento contábil nos livros do Supermercado Preço Baixo Ltda.: Débito Compras de Mercadorias Crédito Caixa Indústria Salgadinho Ltda., nota fiscal 005 ..................R$ 10.000,00 Compra a prazo O Supermercado Preço Baixo Ltda., compra mercadorias do fornecedor, Indústria Docinho Ltda., no valor de R$ 5.000,00, conforme nota fiscal n° 010, com emissão de uma duplicata com vencimento para 30 dias. Lançamento contábil nos livros do Supermercado Preço Baixo Ltda.: Débito Compras de Mercadorias Co nta bil ida de Au la 08 - Op er aç õe s c om M er ca do ria s 76Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Crédito: Fornecedores Atacado Ligeirinho Ltda. Compra a prazo, conforme nota fiscal n° 010, com vencimento para 30 dias. 2. Impostos recuperáveis sobre compras de mercadorias (ICMS, PIS) Os impostos considerados recuperáveis, IPI e ICMS são previstos na Constituição Federal, “Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (ICMS) “§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:” I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação: a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes; b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores; III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos Co nta bil ida de Au la 08 - Op er aç õe s c om M er ca do ria s 77Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno serviços; IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação; V - é facultado ao Senado Federal: a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros; b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros; VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do disposto no inciso XII, “g”, as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais; VII - em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado, adotar-se-á: a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto; b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele; VIII - na hipótese da alínea “a” do inciso anterior, caberá ao Estado da localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual; IX - incidirá também: a)sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do Co nta bil ida de Au la 08 - Op er aç õe s c om M er ca do ria s 78Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno destinatário da mercadoria, bem ou serviço; b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios; X - não incidirá: c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º; XII - cabe à lei complementar: h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço. E na lei 10.637/01, temos o PIS s/ faturamento, como podemos ver em seu texto: Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I - bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o; II - bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes; III – Energia elétrica; IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V - despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Co nta bil ida de Au la 08 - Op er aç õe s c om M er ca do ria s 79Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples); VI - máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado; VII - edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mão-de-obra, tenha sido suportado pela locatária; VIII - bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. § 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no art. 2o sobre o valor: I - dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; II - dos itens mencionados nos incisos III a V do caput, incorridos no mês; III - dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; IV - dos bens mencionados no inciso VIII do caput, devolvidos no mês. § 2o Não dará direito a crédito o valor de mão-de-obra paga a pessoa física. § 3o O direito ao crédito aplica-se, exclusivamente, em relação: I - aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II - aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III - aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. § 4o O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sê-lo nos meses subseqüentes. Co nta bil ida de Au la 08 - Op er aç õe s c om M er ca do ria s 80Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno § 5o (VETADO) § 6o (VETADO) § 7o Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitar-se à incidência não-cumulativa da contribuição para o PIS/Pasep, em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. § 8o Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I – apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II – rateio proporcional, aplicando-se aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não-cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 9o O método eleito pela pessoa jurídica será aplicado consistentemente por todo o ano-calendário, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal. Na maior parte de suas compras e vendas de mercadorias, as empresas comerciais registram a incidência desses impostos. O ICMS e o PIS s/ faturamento são compensados do que é devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal. Vejamos um exemplo para compreender o mecanismo de compensação de tributos. A empresa Docinho Ltda. adquiriu mercadorias para revenda (a prazo) no valor de R$ 100,00 e vendeu essas mesmas mercadorias (a vista) Co nta bil ida de Au la 08 - Op er aç õe s c om M er ca do ria s 81Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno por R$ 200,00. Então, teremos os seguintes lançamentos na compra: Débito: Mercadorias (ou Compras) Crédito: Fornecedores Mercadorias adquiridas conforme nota fiscal 002 .......................R$ 100,00 Débito: ICMS a Recuperar Crédito: ICMS s/ Compras Impostos s/ nota fiscal de compra 0002 .......................................R$ 18,00 Débito: PIS a Recuperar Crédito: PIS s/ Compras PIS incidente s/ nota fiscal 002 ......................................................R$ 1,65 Na venda das mercadorias, teríamos os seguintes lançamentos: Débito: Caixa Crédito: Receita de Vendas Venda de mercadorias conforme nota fiscal 001 ........................$ 200,00 Débito: ICMS s/ Vendas Crédito: ICMS a Recolher Imposto incidente sobre a nota fiscal 001 ..................................R$ 36,00 Débito: PIS s/ Faturamento Crédito: PIS a Recolher PIS incidente sobre a nota fiscal 001 ...........................................R$ 3,30 Sem a compensação, a empresa pagaria $ 36,00 de ICMS e $ 3,30 de PIS s/ faturamento, mas, como o imposto já foi cobrado uma vez do seu fornecedor, esse valor deve ser compensado, resultando em $ 18,00 de ICMS e $ 1,65 de PIS s/ faturamento. Portanto, na compra de uma mercadoria, a empresa deverá fazer o lançamento do crédito tributário existente nas notas fiscais. 3. Devoluções e Abatimentos Se uma empresa comercial recebe uma mercadoria em desacordo com seu pedido, seja pela qualidade, preço, especificação ou qualquer outro motivo, Co nta bil ida de Au la 08 - Op er aç õe s c om M er ca do ria s 82Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno dependendo da conveniência, pode fazer uma devolução parcial ou total da mercadoria ou simplesmente solicitar um abatimento ao vendedor. Se a devolução for total, no ato da entrega da mercadoria, não há necessidade de emissão de documento fiscal e nem de contabilização, tendo em vista a não concretização da compra. Nesse caso, deve-se fazer apenas uma anotação no verso da nota fiscal, justificando a devolução. A devolução e o abatimento da mercadoria deverão ser registrados em contas próprias para que se tenham informações quanto aos seus valores no período. Nos livros da empresa que realizou a venda: Débito: Devolução de Vendas Crédito: Caixa (ou Clientes) E, pelo retorno das mercadorias ao estoque: Débito: Mercadorias Crédito: Custo das Mercadorias Vendidas (C.M.V.) Se o caso for de um abatimento sobre as vendas: Débito: Abatimento sobre Vendas Crédito: Caixa (ou Clientes) No final do período, os saldos dessas contas são contabilizados contra a conta Vendas para apuração das Vendas Líquidas do período: Débito: Vendas Crédito: Devolução de Vendas Crédito: Abatimento sobre Vendas Nos livros da empresa que comprou a mercadoria e devolveu ou obteve um abatimento também deverá haver registro de tais fatos, em contas específicas: • Devolução Débito: Fornecedores (ou Caixa) Crédito: Devoluções de Compras • Abatimento Co nta bil ida de Au la 08 - Op er aç õe s c om M er ca do ria s 83Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Débito: Caixa (ou Fornecedores) Crédito: Abatimentos sobre Compras. No final do período, o saldo dessas contas deverá ser encerrado contra a conta Compras de Mercadorias ou simplesmente Mercadorias. Débito: Devolução de Compras Débito: Abatimentos sobre Compras Crédito: Compras (ou Mercadorias) Suponhamos, agora, que houve a necessidade de devolver 50% das compras, constantes da nota fiscal 005, de Indústria Docinho Ltda. no valor de R$ 10.000,00. Primeiro aspecto: a devolução deverá ser pelo mesmo preço de aquisição, o que ficaria assim: Contabilização: Débito Caixa Crédito Devoluções de Mercadorias ou Compras Anuladas Nossa nota n° 001, devolução da Nota fiscal 005 de Indústria Docinho Ltda. 5.000,00 Débito ICMS de Devolução ou ICMS de Compras Anuladas Crédito ICMS a Recolher Nossa nota n° 001, devolução Nota fiscal 005 de Indústria Docinho Ltda. R$ 900,00 Débito PIS de Devolução ou ICMS de Compras Anuladas Crédito PIS a Recolher Nossa nota n° 001, devolução Nota fiscal 005 de Indústria Docinho Ltda. R$ 82,50 A Demonstração do Resultado, na forma dedutiva, ficaria assim: Vendas Co nta bil ida de Au la 08 - Op er aç õe s c om M er ca do ria s 84Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno (-) Devoluções e Abatimentos (=) Vendas Líquidas (-) Custo das Mercadorias Vendidas Estoque Inicial (+) Compras (-) Devoluções e abatimentos (=) Mercadorias Disponíveis para Venda (-) Estoque Final (=) Lucro Bruto Descontos Comerciais Os descontos comerciais geralmente fazem parte da negociação antes da compra e venda da mercadoria, portanto não necessitam de contabilização, exceto se houver algum interesse entre as partes em registrá-los. 5. Gastos com transportes e seguros FRETE FOB – Quando o fornecedor entrega a mercadoria no estabelecimento do cliente de forma gratuita. FRETE CIF – Quando o fornecedor entrega a mercadoria no seu estabelecimento e o cliente arca com o frete até seu ponto de comercialização. No caso do frete CIF, devem-se considerar esses gastos no custo da mercadoria vendida, pois são gastos necessários para colocar a mercadoria em condição de ser vendida. Débito: Gastos com Transporte (ou Seguro) sobre Compras Crédito: Caixa (ou Contas a Pagar) No final do período, os saldos dessas contas deverão ser encerrados contra Mercadorias (ou Compras), incorporando, assim, o custo das mercadorias vendidas, que será demonstrado: ..... Co nta bil ida de Au la 08 - Op er aç õe s c om M er ca do ria s 85Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Vendas Líquidas (-) Custo das Mercadorias Vendidas Estoque Inicial (+) Compras (+) Gastos com Transporte (+) Gastos com Seguros das Compras (-) Devoluções e Abatimentos (=) Mercadorias Disponíveis para Venda (-) Estoque Final (=) Lucro Bruto Toda vez que a empresa assumir o pagamento do frete para transportar mercadorias do fornecedor até seu ponto de comercialização deverá lançar o custo desse frete como custo da mercadoria, deduzindo os impostos recuperáveis. Síntese Estudamos, nesta aula, as principais operações com mercadorias e seus efeitos tributários: compra e venda, abatimentos, devoluções parciais ou totais, fretes e seguros, ICMS e PIS incidentes sobre as operações. Na próxima aula, estudaremos os métodos de depreciação e sua influência nos resultados da empresa. A depreciação está associada ao uso de bens de longa duração. Esses bens são “consumidos” lentamente, motivo pelo qual não podem ser considerados como despesas no período da aquisição. Referências IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. Co nta bil ida de Au la 09 - De pr ec iaç ão – C on ce ito s e M ét od os 86Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 9 – Depreciação – Conceitos e Métodos Objetivos da aula: Esta aula tem por objetivo apresentar conceitos de Ativo Imobilizado, Depreciação, Amortização e Exaustão e os métodos de depreciação para calcular a depreciação. Veremos os métodos linear ou quotas constantes, soma dos dígitos e o método do saldo decrescente. Ao final desta aula, você deverá estar apto a entender o efeito da depreciação no Balanço Patrimonial (reduzindo o Ativo Imobilizado) e na Demonstração do Resultado. 1. Introdução Ativo Imobilizado - é representado pelos direitos que tenham por objeto os Bens destinados ao uso nas atividades da empresa (não à venda – apesar de poderem vir a ser vendidos) ou à manutenção de suas atividades, inclusive os de propriedade industrial ou comercial. Exemplo: Máquinas, Imóveis, Equipamentos, Móveis e Utensílios, Veículos, Computadores, Instalações etc. São bens que podem servir a vários ciclos operacionais da empresa. Um terreno, no qual se pretenda construir uma nova instalação, também é um ativo imobilizado por ser adquirido com a intenção de ser utilizado no processo operacional da empresa. O Ativo Imobilizado pode ser tangível ou intangível, sendo tangíveis aqueles elementos que possuem um corpo físico, como máquinas, equipamentos, veículos etc. Os elementos intangíveis do Ativo Imobilizado são aqueles que não possuem um corpo físico, mas envolvem direitos de propriedade, como marcas, patentes, direitos autorais. Co nta bil ida de Au la 09 - De pr ec iaç ão – C on ce ito s e M ét od os 87Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno A depreciação dos bens do ativo imobilizado representa o desgaste ou a perda da capacidade de utilização (vida útil) dos elementos tangíveis ali classificáveis, resultantes do desgaste pelo uso, da ação da natureza ou de obsolescência normal (provocada pela evolução tecnológica). 2. Tempo, Vida útil e Taxa Os elementos tangíveis do Ativo Imobilizado têm suas vidas úteis estimadas, limitadas no tempo, produzindo, ao final, um valor residual, ou seja, um valor de venda após o seu uso. O tempo de vida útil de um bem será determinado de acordo com o prazo durante o qual é possível a sua utilização nas operações da empresa (e a produção de seus rendimentos). Portanto, o valor depreciável será o valor de aquisição do bem e todos os gastos necessários para colocá-lo em funcionamento, se for o caso, menos o seu valor residual (valor a ser recuperado no final de sua vida útil). Os prazos usualmente admitidos e as respectivas taxas de depreciação são: Tipos de bens Vida útil estimada Taxa anual Computadores e Periféricos 5 anos 20% a.a. Equipamentos, ferramentas, máquinas, móveis e utensílios, instalações etc. 10 anos 10% a.a. Veículos 5 anos 20% a.a. Edifícios e Construções 25 anos 4% a.a. As taxas poderão ser superiores se a empresa comprovar, por laudo pericial, a diminuição da vida útil do bem. 3. Métodos de Depreciação Existem três métodos principais de depreciação: Co nta bil ida de Au la 09 - De pr ec iaç ão – C on ce ito s e M ét od os 88Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 3.1.Método Linear (ou Quotas Constantes) É o método que contabiliza, como despesa ou custo, uma parcela constante do valor do bem em cada período. Exemplo: A empresa comprou, no início de janeiro, um veículo com vida útil estimada de 5 anos pelo valor de $ 30.000,00, sem valor residual estimado. Qual será o valor da depreciação? No final do primeiro ano, deverá reconhecer a despesa de depreciação de $ 30.000,00 : 5 = $ 6.000,00 por ano. Para calcularmos o valor da depreciação mensal, para efeito de apuração de resultados mensais, basta dividir o valor da depreciação anual por 12: R$ 6.000,00 : 12 = R$ 500,00 por mês. Se considerarmos um valor residual de R$ 3.000,00 o valor anual da depreciação será: ($ 30.000,00 - $ 3.000,00) : 5 = $ 5.400,00 por ano. Para calcularmos o valor da depreciação mensal, para efeito de apuração de resultados mensais, basta dividir o valor da depreciação anual por 12: R$ 5.400,00 : 12 = R$ 450,00 por mês. A contabilização do valor da depreciação mensal será efetuada da seguinte forma: débito de despesa de depreciação e crédito da conta Depreciação Acumulada, portanto o lançamento será: Débito – Despesa de Depreciação $ 450,00 Crédito – Depreciação Acumulada $ 450,00 Co nta bil ida de Au la 09 - De pr ec iaç ão – C on ce ito s e M ét od os 89Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno No final do primeiro ano, o Ativo Imobilizado da empresa deverá ser apresentado no Balanço Patrimonial da seguinte forma: Veículos $ 30.000,00 (-) Depreciação Acumulada ($ 6.000,00) $ 24.000,00 Desta forma, o leitor do balanço saberá a idade aproximada do Ativo Imobilizado da empresa. 3.2.Soma dos Dígitos Este método consiste em somar os algarismos desde a unidade até o algarismo que representa o número de anos da vida útil do bem. No exemplo do item anterior, sem considerar o valor residual, teríamos: 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15 Quota do 1o. Ano = 5/15 x $ 30.000 = $ 10.000 Quota do 2o. Ano = 4/15 x $ 30.000 = $ 8.000 Quota do 3o. Ano = 3/15 x $ 30.000 = $ 6.000 Quota do 4o. Ano = 2/15 x $ 30.000 = $ 4.000 Quota do 5o. Ano = 1/15 x $ 30.000 = $ 2.000 soma = $ 30.000 Neste método, o valor mensal da depreciação: no primeiro ano, seria de R$ 10.000,00 : 12 = R$ 833,33. no segundo ano, seria de R$ 8.000,00 : 12 = R$ 666,67. no terceiro ano, seria de R$ 6.000,00 : 12 = R$ 500,00. no quarto ano, seria de R$ 4.000,00 : 12 = R$ 333,33. no quinto ano, seria de R$ 2.000,00 : 12 = R$ 166,67. 3.3.Saldo Decrescente Também denominado método de Matheson ou Exponencial, ou ainda Co nta bil ida de Au la 09 - De pr ec iaç ão – C on ce ito s e M ét od os 90Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno método da porcentagem fixa sobre o valor contábil. Porcentagem anual = 1 – n valor residual Custo do bem Onde n é o número estimado de anos da vida útil do bem. Usando o exemplo anterior e supondo um valor residual de R$ 1.500, teríamos: % anual = 1 – 5 1.500 30.000 % anual = 1 – 0,54928 % anual = 0,45072 ou 45,072% Quota do 1o. Ano = 45,072% x 30.000 = $ 13.521,60 Quota do 2o. Ano = 45,072% x 16.478,40 = $ 7.427.15 Quota do 3o. Ano = 45,072% x 9.051,25 = $ 4.079,58 Quota do 4o. Ano = 45,072% x 4.971,67 = $ 2.240,83 Quota do 5o. Ano = 45,072% x 2.730,84 = $ 1.230,84 Total = $ 28.500,00 Neste caso, a depreciação mensal seria de: No primeiro ano = R$ 13.521,60 : 12 = R$ 1.126,80 No segundo ano = R$ 7.427,15 : 12 = R$ 618,93 No terceiro ano = R$ 4.079,58 : 12 = R$ 339,97 No quarto ano = R$ 2.240,83 : 12 = R$ 186,74 No quinto ano = R$ 1.230,84 : 12 = R$ 102,57 O incoveniente deste método é a necessidade de um valor residual para proceder o cálculo da depreciação. Co nta bil ida de Au la 09 - De pr ec iaç ão – C on ce ito s e M ét od os 91Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 3. Conclusão Vimos, nas aulas anteriores, que os recursos consumidos no processo de produção de uma empresa industrial ou na operação de uma empresa comercial ou de serviços são considerados custos ou despesas. A depreciação é uma estimativa de consumo dos recursos aplicados no ativo imobilizado da empresa, a diferença é que determinados materiais são consumidos integralmente e os bens do Ativo Imobilizado são consumidos lentamente e não é possível mensurar quanto foi consumido em determinado período, só é possível fazer uma estimativa tendo em vista a vida útil daquele bem. Quando retiramos algum item do estoque de materiais para consumo na operação da empresa, fazemos o seguinte lançamento: Débito – Despesa de Materiais Crédito – Estoque de Materiais Quando utilizamos algum item do Ativo Imobilizado na operação da empresa, também debitamos uma conta de despesa (depreciação), mas não podemos creditar a própria conta do Ativo Imobilizado porque não se trata de um estoque, trata-se de um item que continua “inteiro” (não retiramos uma parte daquele bem), portanto o seu valor de aquisição deve ser conservado na Contabilidade. Criamos, então, uma conta auxiliar chamada “Depreciação Acumulada” daquele item que está sendo depreciado. Assim, o lançamento contábil fica: Débito: Despesa de Depreciação (nome do item depreciado) Crédito: Depreciação Acumulada (nome do item depreciado) Essa conta auxiliar (Depreciação Acumulada) terá sempre saldo credor e dedutiva da conta do Ativo Imobilizado. Portanto, cada item do Ativo Imobilizado deverá ter sua conta auxiliar de depreciação e, por meio desse processo, o leitor do Balanço Patrimonial poderá identificar, em cada item do ativo imobilizado, qual a sua porcentagem de depreciação, ou seja, poderá fazer uma estimativa de quanto tempo o Ativo Imobilizado já foi Co nta bil ida de Au la 09 - De pr ec iaç ão – C on ce ito s e M ét od os 92Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno usado pela empresa e quanto resta de sua vida útil. Quando se tratar de recursos naturais, o processo de contabilização dos recursos utilizados na operação da empresa chama-se exaustão, por exemplo, uma estimativa de quanto foi exaurido de recursos de uma reserva petrolífera em determinado período. Alguns itens do Ativo Permanente não são depreciáveis, pois não perdem valor com o tempo ou uso, como os investimentos em terrenos, seja para uso em suas operações ou simplesmente para investimento, obras de arte que a empresa possui, entre outros. Os demais itens do Ativo Permanente, Investimentos e Diferido (bens intangíveis) que, de alguma forma, perdem valor ao longo do tempo, podem passar por um processo idêntico chamado Amortização. Alguns exemplos de bens intangíveis, passíveis de amortização: Marcas, Patentes, Pesquisa e Desenvolvimento, Gastos Pré-Operacionais etc. Síntese Nesta aula, você estudou a depreciação do Ativo Imobilizado e três métodos de cálculo: Linear ou quotas constantes, Soma dos dígitos dos anos e o método do Saldo Decrescente. Demonstramos, também, a depreciação no Balanço Patrimonial e na Demonstração de Resultados. O que acontece quando os clientes não pagam? Como a Contabilidade deve agir nesse caso? Na próxima aula, vamos estudar a Provisão para Devedores Duvidosos. Co nta bil ida de Au la 09 - De pr ec iaç ão – C on ce ito s e M ét od os 93Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Referências Bibliográficas IUDÍCIBUS, Sérgio de et. al. Contabilidade Introdutória. 7. ed. São Paulo: Atlas. Co nta bil ida de Au la 10 - De ve do re s D uv ido so s e D ev ed or es In so lvá ve is 94Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 10 – Devedores Duvidosos e Devedores Insolváveis Objetivos da aula: O objetivo desta aula é apresentar o conceito de Provisão para Devedores Duvidosos, ou seja, como a empresa pode considerar, em seus resultados e demonstrativos, as perdas que tem com os clientes que não pagam, demonstrando, assim, a contabilização da Provisão e seus desdobramentos. Ao final da aula, você será capaz de compreender o conceito de Provisão para Devedores Duvidosos e considerar essa informação nas Demonstrações Contábeis. 1. Introdução A Provisão para Devedores Duvidosos é efetuada por empresas que realizam vendas a prazo, assumindo, assim, o risco de eventuais perdas no recebimento de seus créditos junto aos clientes. No final de cada exercício social, é facultado às empresas considerar, em seus demonstrativos contábeis, uma parcela de seus recebíveis (que não possuam reserva de domínio, alienação fiduciária em garantia, ou garantia real, como: hipoteca, penhor e anticrese), como perda do período. Os valores considerados de recebimentos duvidosos poderão ser lançados na Contabilidade como despesa do período da seguinte forma: Débito: Despesas com Devedores Duvidosos Crédito: Provisão para Devedores Duvidosos Co nta bil ida de Au la 10 - De ve do re s D uv ido so s e D ev ed or es In so lvá ve is 95Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 1. Percentuais permitidos para cálculo da provisão • Até 31/12/92, o percentual permitido pela legislação era de 3% do saldo das duplicatas a receber para as empresas em geral e de 1,5% para as empresas financeiras. • De 01/01/93 a 31/12/94, o percentual passou para 1,5% para as empresas em geral e 0,5% para as empresas financeiras. • A partir de 01/01/95, o percentual passou a ser a média efetivamente apurada nos três últimos exercícios, sendo calculada da seguinte forma: data Duplicatas a receber ano perdas 31/12/x1 R$ 20.000,00 19x2 R$ 800,00 31/12/x2 R$ 16.000,00 19x3 R$ 500,00 31/12/x3 R$ 14.000,00 19x4 R$ 300,00 SOMA R$ 50.000,00 R$ 1.500,00 % MÉDIO = R$ 1.500,00 x 100 = 3% R$ 50.000,00 Nota: Não poderão compor a base de cálculo da Provisão para Devedores Duvidosos os créditos relativos a receitas registradas em conta de resultados de exercícios futuros ou que não tenham sido contabilizadas em contas de resultado. Por que a Provisão para Devedores Duvidosos pode ser considerada uma despesa? Porque, para uma empresa funcionar, ela precisa dar crédito aos clientes e, dando crédito aos clientes, corre o risco de não receber. Tudo isso faz parte da operação da empresa, portanto essas prováveis perdas podem ser consideradas como prováveis consumos de recursos que a empresa terá no próximo exercício social. Co nta bil ida de Au la 10 - De ve do re s D uv ido so s e D ev ed or es In so lvá ve is 96Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno São gastos necessários para manter sua atividade operacional, portanto devem ser considerados como despesas do exercício social. 2. Prejuízos no recebimento de Créditos Quando um título é considerado incobrável? Esgotados todos os recursos necessários à sua cobrança (apontamento, protesto e execução), um título pode ser considerado incobrável e baixado das Contas a Receber, exceto títulos de pequeno valor que não precisam cumprir essas exigências, desde que decorridos um ano do vencimento do título ou da emissão do cheque. Sendo considerado incobrável, a empresa fará o seguinte lançamento contábil: Débito: Provisão para Devedores Duvidosos Crédito: Duplicatas a Receber (ou Clientes) Observe que a perda não é considerada despesa, pois assim consideramos quando da constituição da Provisão para Devedores Duvidosos. Agora, estamos apenas utilizando uma parte daquele saldo para dar baixa em Duplicatas a Receber. 2.1. Cálculo da Provisão Segundo MARTINS (1998, p.165), o cálculo da provisão para devedores duvidosos é feito por estimativa, pois os prejuízos futuros não podem ser calculados com grande precisão e as maneiras mais usadas desta estimativa são: a) “Pela análise individual dos devedores - verificando-se em cada caso a possibilidade de recebimento futuro. Essa análise deve levar em consideração, principalmente, os débitos já vencidos e os pertencentes a pessoas ou empresas que estejam em dificuldades Co nta bil ida de Au la 10 - De ve do re s D uv ido so s e D ev ed or es In so lvá ve is 97Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno financeiras. Evidenciados os débitos duvidosos, são eles somados, do que resulta o valor a ser adotado para a constituição da provisão. b) Pela determinação da provisão mediante a aplicação de uma percentagem sobre vendas. A percentagem deve ser escolhida com base na experiência anterior da empresa. Suponhamos que certa empresa tenha realizado, durante o ano de 19x8, um total de R$ 100.000 de vendas e que, examinando seus registros anteriores, contatou-se o seguinte: ANO VENDAS Prejuízos com D e v e d o r e s I n s o l v á v e i s oorridos no ano imediatamente anterior P e r c e n t a g e m dos Prejuízos sobre as Vendas 19x7 80.000 640 0,80% 19x6 50.000 310 0,62% 19x5 40.000 240 0,60% 170.000 1.190 0,70% Percentagem média dos três anos: 0,70%. Aplicada a percentagem média de 0,70% sobre o valor das vendas de 19x8, obtém-se a importância de R$ 700, que constituirá a provisão para fazer face às perdas de 19x9. c) Pela determinação da provisão mediante a aplicação de uma percentagem sobre o saldo dos créditos a receber no fim do ano. Essa é a maneira mais utilizada pela grande maioria das empresas brasileiras. Sob o aspecto da precisão, as duas primeiras maneiras são as mais aconselháveis, embora a primeira seja, às vezes, impraticável (quando for muito grande o número de devedores).” Co nta bil ida de Au la 10 - De ve do re s D uv ido so s e D ev ed or es In so lvá ve is 98Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 2.2. Evidenciação nas Demonstrações Contábeis Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL EM 31 DE DEZEMBRO (em milhares de reais) ATIVO 2001 2000 Circulante Disponibilidades 84.248 6.280 Contas de gás a receber 108.125 72.726 Outras contas a receber 37.254 7.822 Provisão para devedores duvidosos (2.190) (1.587) Estoques 108.841 37.123 Impostos a compensar 18.825 18.693 Outros créditos 3.028 9.084 Despesas antecipadas 2.139 2.121 Total do Circulante 360.270 152.262 NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PARA OS EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2001 E 2000 (Valores expressos em milhares de reais – exceções indicadas) 1. CONTEXTO OPERACIONAL A Companhia tem, como objeto social, a distribuição de gás natural canalizado em parte do território do Estado de São Paulo (aproximadamente 180 municípios, inclusive a região denominada Grande São Paulo). A Companhia atende consumidores dos setores industrial, residencial, comercial, automotivo, de Co nta bil ida de Au la 10 - De ve do re s D uv ido so s e D ev ed or es In so lvá ve is 99Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno termogeração e cogeração. Em 31 de maio de 1999, o Contrato de Concessão para a Exploração dos Serviços Públicos de Distribuição de Gás Canalizado foi assinado entre os novos controladores e o poder concedente, representado pela Comissão de Serviços Públicos de Energia – CSPE. O Contrato outorga e regula a concessão para a exploração dos serviços públicos de distribuição de gás canalizado com prazo de vigência de 30 anos, podendo ser prorrogado uma única vez por 20 anos mediante requerimento da Concessionária. 2. APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS As Demonstrações Financeiras foram elaboradas de acordo com os princípios contábeis emanados da legislação societária, complementados pelas normas da CVM – Comissão de Valores Mobiliários e pelo Plano de Contas do Serviço Público de Distribuição de Gás Canalizado, instituído pela Portaria CSPE – 22 de 19-11-99. 3. PRINCIPAIS PRÁTICAS CONTÁBEIS As principais práticas contábeis adotadas pela Companhia na preparação das suas demonstrações são: a. Disponibilidades O saldo inclui aplicações financeiras de curto prazo que são registradas ao custo, acrescido dos rendimentos auferidos até a data do balanço; b. Provisão para devedores duvidosos Constituída em montante suficiente para cobrir perdas estimadas na realização de créditos a receber; c. Estoques Co nta bil ida de Au la 10 - De ve do re s D uv ido so s e D ev ed or es In so lvá ve is 100Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Os materiais em almoxarifado são avaliados ao custo médio de aquisição, que não excede ao valor de reposição. Os materiais destinados às imobilizações em curso são registrados no ativo imobilizado. O saldo de gás e transporte não utilizados (“Take or Pay” e “Ship or Pay”) está registrado ao seu valor de custo atual; d. Investimentos Os investimentos são avaliados ao custo de aquisição, reduzido por provisão para perdas, quando aplicável; e. Imobilizado Está demonstrado ao custo de aquisição e/ou construção, deduzido da depreciação acumulada e parcialmente reavaliado. A depreciação é calculada pelo método linear, com base em taxas que levam em consideração a vida útil econômica dos bens, ratificadas pelo órgão regulador por meio da Portaria CSPE 050/2000 (vide nota 9); f. Diferido É composto de gastos efetuados na conversão de consumidores para uso do gás natural, amortizados em dez anos pelo método linear, a partir do mês seguinte ao seu deferimento; gastos relativos à implantação de sistemas, os quais serão amortizados em 5 anos pelo método linear, a partir da entrada em operação; estudos e projetos em andamento; e dos valores relativos à incorporação da Companhia Controladora amortizados em nove anos; g. Ativos e passivos vinculados a moedas estrangeiras ou sujeitos à atualização monetária São convertidos em reais à taxa de câmbio vigente à data do balanço, caso sejam vinculados a moedas estrangeiras. No caso de estarem sujeitos a alguma forma de correção, são atualizados monetariamente, com base nos índices definidos legal ou contratualmente; h. Imposto de renda e contribuição social sobre o lucro Os valores do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro são apurados de acordo com a sistemática de tributação vigente. Os créditos tributários referentes a diferenças temporárias são totalmente Co nta bil ida de Au la 10 - De ve do re s D uv ido so s e D ev ed or es In so lvá ve is 101Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno reconhecidos; i. O resultado É apurado pelo regime contábil de competência; e j. O fornecimento de gás não faturado até a data do encerramento do exercício É mensurado e registrado contabilmente de forma que possibilite a contraposição dos custos e das receitas no respectivo exercício. 3. Quando um título torna-se incobrável Quando um título é considerado incobrável, ele deve ser baixado da conta de Provisão para Devedores Duvidosos e baixado também da carteira de Duplicatas a Receber da empresa, com o seguinte lançamento contábil: Débito: Provisão para Devedores Duvidosos Crédito: Duplicatas a Receber Observe que não é necessário fazer um lançamento em uma conta de despesa porque a Provisão já foi constituída e já diminui o resultado do exercício. Trata-se apenas de uma confirmação da perda que havia sido provisionada. 4. E quando um título já considerado incobrável é recebido? Nesse caso, deve-se dar entrada do dinheiro no Caixa da empresa e considerar essa recuperação de crédito, se ocorrer após exercício contábil, assim o lançamento contábil será: Débito: Caixa Crédito: Recuperação de Créditos Baixados Co nta bil ida de Au la 10 - De ve do re s D uv ido so s e D ev ed or es In so lvá ve is 102Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Caso a recuperação ocorra dentro do exercício contábil, o lançamento contábil será: Débito: Caixa Crédito: Provisão para Devedores Duvidosos Ou seja, o valor que havia sido baixado da conta de provisão, porque o título foi considerado incobrável, volta para a conta de provisão. 5. Saldo na conta Provisão para Devedores Duvidosos No final do exercício, duas situações podem ocorrer com o saldo da Provisão para Devedores Duvidosos e exigem novos lançamentos contábeis: 5.1. Saldo insuficiente Se o saldo foi insuficiente significa que houve um excesso de perdas, ou seja, o valor das perdas foi maior que o valor provisionado no início do período. Nesse caso, deve-se contabilizar o excesso de perdas a débito de uma conta de resultado, como perda não esperada, e a crédito de Provisão para Devedores Duvidosos, que estaria com saldo devedor. 5.2. Saldo mais que suficiente Nesse caso, a conta Provisão para Devedores Duvidosos apresentará, no final do exercício, um saldo credor. Esse saldo credor pode ser aproveitado para compor a provisão do exercício seguinte com o lançamento: Débito: Devedores Duvidosos Crédito: Provisão para Devedores Duvidosos Constituição da provisão para o próximo exercício: estimativa dos prejuízos do próximo exercício (-) saldo não utilizado do exercício anterior Podemos, também, reverter o saldo não utilizado no período para Co nta bil ida de Au la 10 - De ve do re s D uv ido so s e D ev ed or es In so lvá ve is 103Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Resultado: Débito: Provisão para Devedores Duvidosos Crédito: Resultado Pela reversão do saldo não utilizado Fazendo a provisão para o exercício seguinte pelo valor integral da estimativa de prejuízos. 6. Provisão x Reservas É preciso não confundir Provisão com Reserva, que, em contabilidade, tem sentidos diferentes quando tratamos de resultado: • As provisões são constituídas antes da apuração do resultado, com o objetivo de onerá-lo independente de ser positivo ou negativo. • As reservas são constituídas após a apuração do resultado. As reservas constituem-se com a própria distribuição do resultado (se este for positivo). As Reservas complementam o Capital Social na constituição do Patrimônio Líquido, podendo ser de três tipos: a) de lucros; b) de capital; c) de reavaliação. Síntese Nesta aula, você estudou a constituição de Provisão para Devedores Duvidosos, Cálculo da Provisão, percentuais permitidos para cálculo da provisão, evidenciação nas Demonstrações Contábeis (COMGÁS), baixa de títulos considerados incobráveis, reversão da provisão, diferença entre Reservas e Provisões. O importante, para você que estuda Ciências Contábeis, é fixar os conceitos e saber como a provisão afeta as Demonstrações Contábeis, que são as fontes de informações para o processo de tomada de decisões. Co nta bil ida de Au la 10 - De ve do re s D uv ido so s e D ev ed or es In so lvá ve is 104Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Referências IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 7.ed. São Paulo: Atlas, 1998. Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 105Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 11 – O Balanço Patrimonial – Aspectos Legais e Societários Objetivos da aula: A evidenciação (disclosure) é um dos objetivos básicos da Contabilidade no Mercado de Capitais. É necessário dar mais transparência às operações das empresas, garantindo aos usuários informações completas e confiáveis sobre a situação financeira e seus resultados. As empresas devem apresentar, nas notas explicativas, informações quantitativas e qualitativas, de maneira ordenada e clara, comunicando todos os aspectos relevantes das demonstrações contábeis. O objetivo desta aula é mostrar as principais notas explicativas que devem conter as demonstrações contábeis para tornar suas informações mais fiéis à realidade das operações da empresa. Ao final desta aula, você deverá colocar em prática seus conhecimentos, fazendo a leitura das notas explicativas de um balanço publicado em jornais de grande circulação. INTRODUÇÃO Uma das funções da Comissão de Valores Mobiliários é a de orientar os participantes do mercado de valores mobiliários, principalmente os emissores e auditores independentes, fazendo chegar ao mercado informações cada vez melhores. As informações das demonstrações contábeis, ao lado de outras informações do mercado subsidiam as decisões de direcionamento dos recursos financeiros para os diversos setores da economia. Por esse motivo, a CVM tem grande atuação para fazer com que as demonstrações Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 106Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno contábeis apresentem a situação patrimonial das empresas, e os seus resultados reflitam suas operações. Os diversos planos econômicos colocados em prática no Brasil fizeram com que grande parte das companhias abertas não apresentasse, adequadamente, os valores de seus patrimônios. A CVM passou, então, a definir critérios e orientações para a contabilização dos efeitos causados pela variação do poder aquisitivo da moeda nacional nas operações das companhias, pautados nos Princípios Geralmente Aceitos pela Contabilidade. Esse trabalho resultou na padronização de critérios técnicos de mensuração patrimonial mais adequados. O parágrafo 91 do IAS 1, revisado em 1997, estabeleceu os seguintes objetivos para as notas explicativas: a) apresentar informações sobre os critérios que sustentam a preparação das demonstrações contábeis e das políticas contábeis específicas, selecionadas e aplicadas para transações e eventos significativos; b) divulgar as informações requeridas pelas Normas Internacionais de Contabilidade, que não são apresentadas em nenhum outro lugar das demonstrações contábeis; c) fornecer informações adicionais que não são apresentadas nas próprias demonstrações contábeis, mas que são consideradas necessárias para uma apresentação adequada (fair presentation). As Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis deverão discriminar, com clareza e objetividade, os esclarecimentos, as descrições e detalhamentos necessários ao correto entendimento do conteúdo das demonstrações contábeis, a partir dos itens previstos no parágrafo 5º do art. 176 da lei 6.404/76. Não devem ser utilizadas para retificar a aplicação de práticas contábeis inadequadas. As notas explicativas são normalmente apresentadas em uma ordem que facilita o entendimento dos usuários das demonstrações contábeis e sua comparação com as demonstrações contábeis de outras entidades: Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 107Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno a. contexto operacional; b. declaração quanto à base de preparação das demonstrações contábeis; c. menção das bases de avaliação de ativos e passivos e práticas contábeis aplicadas; d. informações adicionais para itens apresentados nas demonstrações contábeis, divulgadas na mesma ordem; e. outras divulgações. Apresentamos, a seguir, as principais Notas Explicativas das Demonstrações Contábeis, sem a menor pretensão de esgotar este amplo assunto: Nota sobre operações Esta nota deve declarar o objetivo social da empresa em coerência com os objetivos publicados em seu estatuto social, estabelecendo a relação contratual entre os acionistas. Inclui, também, os aspectos relevantes sobre a continuidade normal dos negócios e utilização da capacidade operacional. Critérios de Avaliação Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, cálculos de depreciação, amortização e exaustão, constituição de provisões para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo deverão ser divulgados. Essa nota deve divulgar também os critérios contábeis de transações típicas de um setor de atividades, na medida em que podem variar de um tipo de um setor para outro. Continuidade Normal dos Negócios Um dos Princípios Contábeis Geralmente Aceitos é o da Continuidade, por meio do qual se pressupõe a continuidade indefinida das operações de uma empresa. Sempre que for identificada pela administração uma situação que coloque em risco a continuidade total ou parcial das operações da empresa, a nota explicativa deverá dar detalhes sobre o fato e eventuais planos de recuperação. Quando as demonstrações contábeis não estão preparadas no pressuposto Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 108Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno da continuidade de suas operações, esse fato deve ser divulgado junto aos critérios pelos quais as demonstrações contábeis são preparadas e a razão pela qual a entidade não é considerada sua continuidade. Diferenças entre os procedimentos contábeis nacionais e os internacionais Recomenda-se que as companhias abertas divulguem, em nota explicativa, a conciliação das diferenças entre as práticas contábeis adotadas no Brasil e as práticas contábeis internacionais. Se houver similaridade entre as práticas contábeis adotadas, não haverá necessidade de nota explicativa. No entanto, se as práticas não forem equivalentes, indicando falta de similaridade nas decisões do investidor, haverá necessidade de nota, apresentando a conciliação das diferenças entre as práticas adotadas por e por outro, de forma quantitativa e qualitativa. Essa nota deverá conciliar: lucros (prejuízos) líquidos do período considerado, patrimônio líquido na data do balanço, além de explicar a natureza dos principais itens da conciliação. Caso as divergências sejam muito grandes, recomenda-se a preparação de novas demonstrações contábeis, observando outro conjunto de princípios. Essa decisão deverá ser tomada em conjunto com os auditores independentes da empresa, apoiada em procedimentos aceitos pelos órgão reguladores das normas contábeis. Divulgação em nota explicativa da Provisão para Devedores Duvidosos Devem ser divulgados os critérios adotados para a constituição da provisão para crédito de liquidação duvidosa, bem como qualquer alteração no critério ou na forma de sua aplicação havida no exercício. (PARECER DE ORIENTAÇÃO CVM Nº 21/90) Divulgação em nota explicativa de estoques Sempre que houver alteração significativa nos níveis de estoques, esse fato deverá ser esclarecido em nota explicativa. Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 109Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno As companhias abertas que, por autorização da CVM, estiverem em fase de implantação de sistema de contabilidade de custos, deverão esclarecer o fato em nota explicativa, sujeitando-se, quanto aos efeitos, às restrições cabíveis que venham a ser apontadas pela auditoria independente. (OFÍCIO-CIRCULAR/CVM/PTE Nº 309/86 e PARECER DE ORIENTAÇÃO CVM Nº 27/94) Capacidade Ociosa Devem ser fornecidas informações para dar ciência da dimensão do fato, tais como: a existência, expectativa de mudança e tratamento contábil relacionados à capacidade ociosa (PARECER DE ORIENTAÇÃO CVM Nº 24/92). Divulgação em nota explicativa de Lucro Líquido ou Prejuízo do Período, Erros Fundamentais e Alterações das Políticas Contábeis Ajustes de Exercícios Anteriores A natureza dos ajustes de exercícios anteriores e os seus fundamentos devem ser evidenciados em notas explicativas às demonstrações contábeis. (LEI Nº 6.404/76, ARTIGOS 176 E 186 E NOTA EXPLICATIVA DA INSTRUÇÃO CVM Nº 59/86) Alteração de Método ou Critério Contábil Sempre que houver alteração relevante de métodos ou critérios contábeis, a companhia deverá divulgar a alteração, ressaltando os efeitos decorrentes. (LEI Nº 6.404/76, ARTIGO 177) Divulgação em nota explicativa de Eventos Subseqüentes Deverão ser divulgados os eventos ocorridos entre a data de encerramento do exercício social e a da divulgação das demonstrações contábeis que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia. (LEI Nº 6.404/76, ARTIGO 176) Divulgação em nota explicativa de Imposto de Renda Imposto de Renda e Contribuição Social As demonstrações contábeis e/ou as notas explicativas devem evidenciar as seguintes informações, quando relevantes: Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 110Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno a) montante do imposto corrente e diferido registrado no resultado, patrimônio líquido, ativo e passivo; b) natureza, fundamento e expectativa de prazo para realização de cada ativo e obrigação fiscais diferidos; c) efeitos no ativo, passivo, resultado e patrimônio líquido decorrentes de ajustes por alteração de alíquotas ou por mudança na expectativa de realização ou liquidação dos ativos ou passivos diferidos; d) montante das diferenças temporárias e dos prejuízos fiscais não utilizados para os quais não se reconheceu contabilmente um ativo fiscal diferido, com a indicação do valor dos tributos que não se qualificaram para esse reconhecimento; e) conciliação entre o valor debitado ou creditado ao resultado de imposto de renda e contribuição social e o produto do resultado contábil antes do imposto de renda multiplicado pelas alíquotas aplicáveis, divulgando-se, também, tais alíquotas e suas bases de cálculo; f) natureza e montante de ativos cuja base fiscal seja inferior a seu valor contábil. (DELIBERAÇÃO CVM Nº 273/98) Ativo Fiscal Diferido Cumpre esclarecer que, em qualquer situação, inclusive para os casos de companhias que tenham reconhecido ativo fiscal diferido antes da vigência da Instrução CVM nº 371/02 e que não reconheçam valor adicional àquele saldo, é obrigatória a divulgação em nota explicativa das seguintes informações (incisos I, II e III do artigo 7º): I – estimativa das parcelas de realização do ativo fiscal diferido, discriminadas ano a ano para os primeiros 5 (cinco) anos e, a partir daí, agrupadas em períodos máximos de 3 (três) anos, inclusive para a parcela do ativo fiscal diferido não registrada que ultrapassar o prazo de realização de 10 (dez) anos referido no inciso II do art. 2o; II - efeitos decorrentes de eventual alteração na expectativa de realização do ativo fiscal diferido e respectivos fundamentos, consoante o disposto no art.4o, e III - no caso de companhias recém-constituídas, ou em processo Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 111Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno de reestruturação operacional ou reorganização societária, descrição das ações administrativas que contribuirão para a realização futura do ativo fiscal diferido. Isso se aplica, também, à divulgação em nota explicativa da justificativa fundamentada das ações implementadas pela companhia, objetivando a geração de lucro tributável no futuro. Essas ações representam requisitos fundamentais para que a companhia possa manter, no ativo, créditos fiscais na inexistência de histórico de rentabilidade (art.3º, § único). (INSTRUÇÃO CVM Nº 371/02) Divulgação em nota explicativa de informações por segmento de negócio As informações por segmentos de atividade visam fornecer aos usuários das demonstrações contábeis informações sobre o porte, contribuições ao resultado e tendências de crescimento das diferentes áreas operacionais ou geográficas nas quais a companhia opera, permitindo a realização de análise prospectiva quanto a riscos e perspectivas de uma empresa diversificada. Relembrando que as demonstrações contábeis visam permitir a projeção de fluxos de caixa futuros esperados, é particularmente relevante que a geração de tais fluxos de caixa possa ser avaliada pelos analistas e investidores por área de negócio ou por região geográfica de atuação da companhia aberta ou do conglomerado empresarial que a inclua. A informação segmentada proporciona ao usuário oportunidade de conhecer o desempenho de cada área ou negócio principal gerido pela companhia. O conhecimento desse mix é uma informação importante na medida em que, efetivamente, o usuário poderá comparar esses desempenhos, não só dentro de uma companhia, mas, eventualmente, também em relação a outras companhias. Ao analisar um determinado setor, o investidor poderá se defrontar com companhias que apresentam um desempenho global que não foi fomentado no setor básico de atuação, mas por outras atividades ou negócios não repetitivos. As demonstrações apresentadas sob a forma segmentada prestam-se, também, a elucidar essa circunstância, pois permitirão aos usuários avaliarem o desempenho de cada atividade. Nesse aspecto, a CVM incentiva a divulgação dessas Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 112Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno informações pelas companhias de capital aberto, em especial para aquelas que publicam demonstrações consolidadas. Para a apresentação das informações por segmentos, é necessário, preliminarmente, definir os segmentos a serem evidenciados. Um segmento compreende um componente de uma companhia que está envolvida na produção de bens e serviços, ou grupo desses, sujeito a riscos e retornos diferentes de outros segmentos. É importante lembrar que, como princípio geral, a companhia deve utilizar a mesma lógica da análise para tomada de decisão utilizada nos relatórios gerenciais por seus administradores na estrutura da informação das atividades por segmento de negócios. A companhia, para evidenciar seus segmentos, deve adotar a forma de “negócios” ou “área geográfica”, ou ambos. Caso a forma utilizada pelos administradores não permita uma rápida segmentação, a companhia poderá utilizar algumas regras para seu agrupamento em segmentos. Divulgação em nota explicativa de Informações que Refletem os Efeitos da Mudança de Preços Demonstrações em Moeda de Capacidade Aquisitiva Constante A CVM entende que, na divulgação voluntária de dados em moeda de capacidade aquisitiva constante, um conteúdo mínimo de informações deve ser apresentado, tal como: a) demonstração do resultado: receita operacional líquida, lucro bruto, despesas financeiras líquidas, lucro/prejuízo líquido; b) balanço patrimonial: estoques e adiantamentos, ativo permanente, ativo total e patrimônio líquido; c) a conciliação com o resultado e com o patrimônio líquido apurados na escrituração mercantil. Ainda dentro dos pressupostos que norteiam a Política de Divulgação de Informações, é recomendável que as companhias, ao lado de seus auditores, avaliem a conveniência não somente da apresentação voluntária desse tipo de informação, mas também a conveniência da sua inserção como nota explicativa às demonstrações contábeis publicadas e às informações trimestrais enviadas à CVM ou mesmo a apresentação dessas demonstrações Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 113Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno e informações trimestrais completas, em moeda de capacidade aquisitiva constante. (PARECER DE ORIENTAÇÃO CVM Nº 29/96) Divulgação em nota explicativa de Imobilizado Reavaliação de Ativos Imobilizados A companhia deverá divulgar: a) as bases da reavaliação e os avaliadores (no 1º ano da reavaliação); b) o histórico e a data da reavaliação; c) o sumário das contas objeto da reavaliação e respectivos valores; d) o efeito no resultado do exercício, oriundo de depreciações, amortizações ou exaustões sobre a reavaliação e de baixas posteriores; e) o tratamento quanto aos dividendos e participações; f) o tratamento e os valores envolvidos relativos a impostos e contribuições; g) no caso de reavaliação parcial, os itens e contas que foram reavaliados e os não reavaliados, com indicação do valor líquido contábil anterior da nova avaliação e da reavaliação registrada por conta ou natureza. No caso das reservas de reavaliação constituídas antes de 01/01/93, devem ser divulgados: a) a parcela da correção monetária especial - Lei nº 8.200/91 que estiver incluída na Reserva; b) o montante realizado no período; c) o efeito tributário sobre o saldo da reserva que exceder a parcela referida na letra “a” acima. A CVM facultou às companhias abertas o direito de optarem, até 31/03/99, pelos seguintes procedimentos: a) adoção do valor de mercado para avaliação do ativo imobilizado; b) adoção do método do custo corrigido, podendo manter os ativos aos valores de reavaliação; c) retorno ao critério do custo corrigido, revertendo as reavaliações existentes. Os efeitos da decisão tomada deverão retroagir ao início do exercício social Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 114Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno em que o procedimento foi adotado, devendo ser objeto de divulgação, em nota explicativa, o fato ocorrido e o seu impacto, quando houver, sobre as demonstrações contábeis do exercício em curso e do exercício anterior. (INSTRUÇÃO CVM Nº 197/93 E DELIBERAÇÕES CVM Nos 183/95 e 288/98) Divulgação em nota explicativa de Arrendamento Mercantil As companhias arrendatárias devem divulgar, no mínimo, o seguinte: a) valor do ativo e do passivo, se configurado o arrendamento como compra financiada; b) saldo, valor e número de prestações, juros embutidos, variação monetária; c) demais informações relativas a contratos de longo prazo. As companhias arrendadoras devem divulgar em nota explicativa: a) os critérios atualmente utilizados para contabilização das suas operações, incluindo os que provocam necessidade de ajustes a valor presente por não atenderem aos Princípios Fundamentais de Contabilidade; b) os ajustes a valor presente dos fluxos futuros das carteiras de arrendamento mercantil, evidenciando o efeito do Imposto de Renda. (OFÍCIO-CIRCULAR/CVM/PTE Nº 578/85, INSTRUÇÃO CVM Nº 58/86, PARECER DE ORIENTAÇÃO CVM Nº 15/87 e LEI Nº 6.404/76, ARTIGO 176, § 5, “e”) Divulgação em nota explicativa de Vendas ou Serviços a Realizar O registro de uma conta a receber pressupõe que o princípio da realização da receita esteja atendido. Assim, é inadmissível o registro de contas a receber tendo como contrapartida uma conta de resultado de exercício futuro. No caso de existência de faturamentos antecipados ou contratos com garantia de recebimento por conta de vendas ou serviços a realizar, a companhia deverá, quando relevante, divulgar o fato e respectivos montantes. (PARECER DE ORIENTAÇÃO CVM Nº 21/90) Divulgação em nota explicativa dos Efeitos das Alterações nas Taxas de Câmbio Em nota explicativa às demonstrações contábeis e às informações trimestrais, devem ser divulgados, quando relevantes, os montantes dos Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 115Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno ativos e passivos em moeda estrangeira, os riscos envolvidos, o grau de exposição a esses riscos, as políticas e instrumentos financeiros adotados para diminuição do risco, bem como, no caso do registro, no ativo diferido, do resultado líquido negativo derivado do ajuste dos valores em reais de obrigações e créditos, o montante das despesas e das receitas decorrentes da variação cambial, assim como a destinação contemplada, as bases de amortização e os valores amortizados em cada período. (DELIBERAÇÃO CVM Nº 294/99) Divulgação em nota explicativa do custo dos empréstimos Debêntures Deverão ser divulgados os termos das debêntures, inclusive indicando a existência de cláusula de opção de repactuação e os períodos em que devem ocorrer as repactuações. Quando a companhia adquirir debêntures de sua própria emissão, deverá divulgar esse fato e o seu valor em nota explicativa. (PARECER DE ORIENTAÇÃO CVM Nº 21/90) Obrigações de Longo Prazo Deverão ser divulgadas as taxas de juros, as datas de vencimento, as garantias, a moeda e a forma de atualização das obrigações de longo prazo. (LEI Nº 6.404/76, ARTIGO 176) Ônus, Garantias e Responsabilidades Eventuais e Contingentes Devem ser divulgados os ônus reais sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais/contingentes. Os fatos contingentes que gerarem, por suas peculiaridades, reservas ou provisões para contingências e, mesmo aqueles cuja probabilidade for difícil de calcular ou cujo valor não for mensurável, deverão ser evidenciados em nota explicativa, sendo ainda mencionadas, neste último caso, as razões da impossibilidade dessa mensuração. (LEI Nº 6.404/76, ARTIGO 176 E NOTA EXPLICATIVA À INSTRUÇÃO CVM Nº 59/86) REFIS As companhias abertas deverão divulgar, relativamente aos exercícios sociais em que permaneçam no programa REFIS, em nota explicativa às suas demonstrações contábeis e informações trimestrais, as seguintes Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 116Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno informações: a) o montante das dívidas incluídas no REFIS, segregado por tipo de tributo e natureza (principal, multas e juros); b) o valor presente das dívidas sujeitas à liquidação com base na receita bruta, bem como os valores, prazos, taxas e demais premissas utilizadas para determinação desse valor presente; c) o montante dos créditos fiscais, incluindo aqueles decorrentes de prejuízos fiscais e de bases negativas de contribuição social, utilizado para liquidação de juros e multas; d) o montante pago no período para amortização das dívidas sujeitas à liquidação com base na receita bruta; e) o detalhamento dos ajustes registrados como itens extraordinários; f) as garantias prestadas ou bens arrolados e respectivos montantes; g) a menção sobre a obrigatoriedade do pagamento regular dos impostos, contribuições e demais obrigações como condição essencial para a manutenção das condições de pagamento previstas no REFIS; h) todo e qualquer risco iminente associado à perda do regime especial de pagamento. (INSTRUÇÃO CVM Nº 346/00) Divulgação em nota explicativa das Demonstrações Contábeis Consolidadas e Contabilização de Investimentos Ágio/Deságio As notas explicativas devem conter informações precisas indicando a base e o fundamento adotados para constituição e amortização do ágio ou deságio e montantes não amortizados, bem como critérios, taxa de desconto e prazos utilizados na projeção de resultados. O ágio não justificado, ou seja, que não possua fundamento econômico, deve ser reconhecido imediatamente como perda, no resultado do exercício, esclarecendo-se, em nota explicativa, as razões da sua existência. (INSTRUÇÃO CVM Nº 247/96) Equivalência Patrimonial As notas explicativas que acompanham as demonstrações contábeis devem conter informações precisas das coligadas e das controladas, indicando, no mínimo: I - denominação da coligada e controlada, o número, espécie e classe Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 117Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno de ações ou de cotas de capital possuídas pela investidora, o percentual de participação no capital social e no capital votante e o preço de negociação em bolsa de valores, se houver; II - patrimônio líquido, lucro líquido ou prejuízo do exercício, assim como o montante dos dividendos propostos ou pagos, relativos ao mesmo período; III - créditos e obrigações entre a investidora e as coligadas e controladas, especificando prazos, encargos financeiros e garantias; IV - avais, garantias, fianças, hipotecas ou penhor concedidos em favor de coligadas ou controladas; V - receitas e despesas em operações entre a investidora e as coligadas e as controladas; VI - montante individualizado do ajuste, no resultado e patrimônio líquido, decorrente da avaliação do valor contábil do investimento pelo método da equivalência patrimonial, bem como o saldo contábil de cada investimento no final do período; VII - memória de cálculo do montante individualizado do ajuste, quando este não decorrer somente da aplicação do percentual de participação no capital social sobre os resultados da investida, se relevante; VIII - base e fundamento adotados para constituição e amortização do ágio ou deságio e montantes não amortizados, bem como critérios, taxa de desconto e prazos utilizados na projeção de resultados; IX - condições estabelecidas em acordo de acionistas com respeito à influência na administração e distribuição de lucros, evidenciando os números relativos aos casos em que a proporção do poder de voto for diferente da proporção de participação no capital social votante, direta ou indiretamente; X - participações recíprocas existentes; XI - efeitos no ativo, passivo, patrimônio líquido e resultado decorrentes de investimentos descontinuados. O período de abrangência das demonstrações contábeis das coligadas/ controladas deve ser idêntico ao da investidora. Admite-se a utilização de períodos não idênticos, nos casos em que esse fato representar melhoria na qualidade da informação produzida, sendo a mudança evidenciada em nota explicativa. Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 118Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno O investimento em coligada que, por redução do valor contábil do investimento, deixar de ser relevante, continuará sendo avaliado pela equivalência patrimonial, caso essa redução não seja considerada de caráter permanente, devendo todos os seus reflexos ser evidenciados, segregadamente, em nota explicativa. (LEI Nº 6.404/76, ARTIGO 247; INSTRUÇÃO CVM Nº 247/96) Demonstrações Contábeis Consolidadas As notas explicativas que acompanham as demonstrações contábeis consolidadas devem conter informações precisas das controladas, indicando: I - critérios adotados na consolidação e as razões pelas quais foi realizada a exclusão de determinada controlada; II - eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício social que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros consolidados; III - efeitos, nos elementos do patrimônio e resultado consolidados, da aquisição ou venda de sociedade controlada, no transcorrer do exercício social, assim como da inserção de controlada no processo de consolidação, para fins de comparabilidade das demonstrações contábeis; IV - eventos que ocasionaram diferença entre o montante do patrimônio líquido e lucro líquido ou prejuízo da investidora, em confronto com os correspondentes montantes do patrimônio líquido e do lucro líquido ou prejuízos consolidados. Em nota explicativa às demonstrações contábeis consolidadas, deverão ser divulgados, ainda, o montante dos principais grupos do ativo, passivo e resultado das sociedades controladas em conjunto, bem como o percentual de participação em cada uma delas. A companhia aberta filiada de grupo de sociedade deve indicar, em nota às suas demonstrações contábeis publicadas, o órgão e a data em que foram publicadas as últimas demonstrações contábeis consolidadas da sociedade de comando de grupo de sociedades a que estiver filiada. Nas demonstrações consolidadas, que incluam transações entre partes relacionadas, devem ser evidenciadas as informações e os valores referentes Co nta bil ida de Au la 11 - O Ba lan ço P at rim on ial – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 119Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno às transações, não eliminadas na consolidação. (LEI Nº 6.404/76, ARTIGO 275, INSTRUÇÃO CVM Nº 247/96 e DELIBERAÇÃO CVM Nº 26/86) Investimentos Societários no Exterior A companhia deverá evidenciar as mesmas informações exigidas para os investimentos em controladas/coligadas no País. Devem ser mencionados, no sumário das práticas contábeis, os critérios de apuração das demonstrações contábeis das investidas no exterior, bem como os critérios de conversão para a moeda nacional. (DELIBERAÇÃO CVM Nº 28/86) Síntese Nesta aula, você estudou as notas explicativas às Demonstrações Contábeis e sua importância para que se tenham informações mais próximas da realidade das operações da empresa. As notas explicativas procuram evidenciar fatos importantes da situação patrimonial e financeira da empresa, detalhar critérios utilizados na avaliação ou formação do resultado do período, explicar determinados detalhes de elementos do patrimônio. Vimos, também, que o objetivo das notas explicativas não é o de retificar informações, critérios ou práticas contábeis inadequadas. Na próxima aula, veremos aspectos legais e societários da Demonstração de Resultados. Referências IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 7.ed. São Paulo: Atlas, 1998. Lei 6404/76 – Lei das Sociedades por Ações. Co nta bil ida de Au la 12 - De mo ns tr aç ão d e Re su lta do – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 120Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 12 – Demonstração de Resultado – Aspectos Legais e Societários Objetivos da aula: A evidenciação (disclosure) é um dos objetivos básicos da Contabilidade no Mercado de Capitais. É necessário dar mais transparência às operações das empresas, garantindo aos usuários informações completas e confiáveis sobre a situação financeira e seus resultados. As empresas devem apresentar, nas notas explicativas, informações quantitativas e qualitativas, de maneira ordenada e clara, comunicando todos aspectos relevantes das demonstrações contábeis. O objetivo desta aula é mostrar as principais notas explicativas que devem conter as demonstrações contábeis para tornar suas informações mais fiéis à realidade das operações da empresa. INTRODUÇÃO A Demonstração do Resultado do Exercício é a representação dos fatos que ocorreram durante um exercício social em razão das operações realizadas pela empresa, tendo em vista o seu objeto social, com a finalidade de evidenciar o resultado líquido daquele exercício social. É uma medida do desempenho operacional da empresa, durante determinado período. A demonstração do resultado observa o princípio da competência e evidencia a formação dos vários níveis de resultados, mediante confronto entre as receitas e os correspondentes custos e despesas, tais como Resultado Operacional, Resultado não Operacional, Resultado Antes do Imposto de Renda, Resultado Líquido. Co nta bil ida de Au la 12 - De mo ns tr aç ão d e Re su lta do – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 121Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Para determinar o resultado do exercício social, são computados: a) as receitas ganhas no período, independente de seu recebimento; b) os custos, despesas e perdas incorridos, correspondentes a essas receitas, independente de seus pagamentos. Critérios básicos de apresentação A Demonstração do Resultado do Exercício, abreviada por D.R.E., deve ser apresentada de forma vertical e é disciplinada pelo art. 187 Lei 6404/76: Receita (-) Custo total incidente sobre a venda (=) Margem Bruta (-) Despesas (Vendas, Financeira, Administrativas) (=) Lucro operacional (-) Receitas e despesas não operacionais Medida de desempenho operacional A demonstração do resultado informa o desempenho operacional de uma empresa referente a um determinado período. Esse desempenho poderá ser comparado com o obtido em outros períodos, permitindo comparação de resultados de várias gestões. Abordagens para a mensuração de desempenho operacional Regime de Caixa É um regime teórico adotado por poucas empresas, por meio do qual é possível reconhecer as receitas e despesas, quando elas são efetivamente recebidas e pagas. Regime de Competência Conforme vimos na aula 3, a contabilidade de grande parte das empresas obedece ao princípio da competência de exercícios, por meio do qual a empresa reconhece suas receitas quando ocorre o fato gerador da receita da venda de seus bens e serviços. A contabilidade considera a receita gerada no exercício social em que os bens ou serviços vendidos foram entregues ao cliente, não importando se houve ou não o recebimento monetário da venda. Co nta bil ida de Au la 12 - De mo ns tr aç ão d e Re su lta do – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 122Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno O regime de competência, as oportunidades de manipulação do lucro são mais estreitas. A confrontação das receitas com despesas a elas associadas funciona como um princípio orientador que limita a escolha da época de reconhecimento das receitas e despesas. Conceito de Receita Considera-se Receita a entrada de bens ou direitos para o ativo, os quais se originaram da venda de mercadorias, de produtos ou da prestação de serviços. As receitas normalmente resultam das atividades principais ou das operações centrais da empresa durante um período, atendendo aos seus objetivos sociais. RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS O art. 187 da Lei 6.404/76 instrui que a demonstração do resultado do exercício deverá discriminar: a receita bruta de vendas, as deduções de descontos e abatimentos incondicionais sobre as vendas e os impostos, demonstrando, assim, a receita líquida das vendas. A contabilização deverá obedecer ao mesmo critério, as vendas contabilizadas pelo valor bruto, incluindo o valor dos impostos. Os impostos, as devoluções e os abatimentos deverão ser contabilizados em contas individuais (redutoras das vendas brutas). Critérios para reconhecimento da receita O regime de competência reconhece as receitas quando ambos os eventos ocorrem: • A empresa já entregou as mercadorias ou produtos, ou realizou todos os serviços que tem que realizar, ou a maior parte deles. • A empresa recebeu em unidades monetárias ou outro ativo que possa ser medido com precisão razoável – uma duplicata, por exemplo. Co nta bil ida de Au la 12 - De mo ns tr aç ão d e Re su lta do – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 123Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno É importante destacar que o momento do reconhecimento da receita de vendas, no caso das empresas comerciais e industriais, deve ser o da entrega de tais bens ao comprador. No caso de serviços prestados, as receitas devem ser reconhecidas no período em que os serviços foram efetivamente prestados. É necessário a receita estar “ganha”, o ativo recebido (quando a venda for a prazo) ser realizável e o conhecimento das despesas a ela relacionadas. Deduções das vendas Todas as vendas canceladas, abatimentos e impostos incidentes sobre as vendas devem figurar como “dedução de vendas”. Impostos incidentes sobre vendas São os impostos, cujos valores guardam proporcionalidade com o preço da venda efetuada ou do serviço prestado. • ICMS – Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação; • IPI – Imposto sobre produtos industrializados; • ISS – Imposto sobre serviços de qualquer natureza; • PIS – Programa de integração social; • COFINS – Contribuição social sobre o faturamento; • SIMPLES RECEITA LÍQUIDA É o valor líquido das vendas, ou seja, o valor das Receitas de Vendas oriundas da suas atividades, deduzidas dos valores das deduções (vendas canceladas, abatimentos e impostos incidentes sobre as vendas). Aspectos da mensuração da receita • É de fundamental importância que o produto ou serviço prestado pela empresa tenha um valor determinado (valor atual dos fluxos Co nta bil ida de Au la 12 - De mo ns tr aç ão d e Re su lta do – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 124Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno de caixa que serão recebidos, provenientes de uma transação que produza receita). • As receitas devem ter como referência um determinado período de tempo. • O reconhecimento da Receita não deve estar subordinado ao lançamento dos gastos necessários para produzi-la. • A expectativa do não recebimento das vendas deve ser ajustada à receita do período na época em que ela é reconhecida; • Descontos e devoluções de vendas: há necessidade de que a empresa faça uma estimativa destes abatimentos, para que sejam reconhecidos no momento da venda; • Vendas a prazo: no período da venda, somente é reconhecido como receita o valor presente. CPV - Custo dos Produtos Vendidos ou CSP - Custo dos Serviços Prestados Os custos correspondentes às receitas de vendas dos produtos e serviços devem ser lançados como Custo dos Produtos Vendidos ou Custos dos Serviços Prestados, sendo reconhecidos no mesmo período da receita. De acordo com o artigo 187, item II, da Lei 6.404 (10.303/01), as receitas deduzidas do custo dos produtos ou serviços vendidos no exercício geram o Lucro Bruto. Sendo a empresa comercial ou industrial, o custo dos produtos (ou mercadorias) vendidos representará a baixa efetuada nas contas dos estoques por vendas realizadas no período. Débito - Custo dos produtos (ou mercadorias) vendidos; Crédito - Estoques de produtos acabados (ou mercadorias). Para as empresas comerciais, as entradas nos estoques são representadas somente pelas compras de mercadorias destinadas à revenda. Para as empresas industriais, as entradas no estoque de produtos acabados representam toda produção acabada no período. Para essas empresas, é necessário um sistema de contabilidade de custos para chegar ao custo dos produtos acabados. E, finalmente, para as empresas de prestação de Co nta bil ida de Au la 12 - De mo ns tr aç ão d e Re su lta do – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 125Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno serviços, serão apropriados, como custos, os gastos indispensáveis que se relacionam diretamente à obtenção da receita dos serviços prestados. DESPESAS OPERACIONAIS São os gastos pagos ou incorridos para vender produtos ou serviços e administrar a empresa, financiar suas operações e os resultados líquidos das atividades acessórias da empresa. De acordo com o artigo 187 da Lei 6.404/76, para chegarmos ao lucro operacional, é necessária a dedução das “despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais”. DESPESAS COM VENDAS São os gastos pagos ou incorridos com a promoção, colocação e distribuição dos produtos da empresa, bem como os riscos assumidos pela venda. Como exemplo, podemos citar: despesas com pessoal de vendas, distribuição, marketing, administração interna de vendas, propaganda, comissões sobre vendas e publicidade etc. DESPESAS ADMINISTRATIVAS São os gastos pagos ou incorridos para direção ou gestão da empresa, gastos com atividades gerais que beneficiam todas as fases do negócio. Como exemplo, temos: honorários de diretores, despesas legais e judiciais, salários e encargos do pessoal administrativo, material de escritório, aluguel de equipamentos e outros gastos necessários para a gestão da empresa. CRITÉRIOS PARA APROPRIAÇÃO DAS DESPESAS Os gastos relativos à operação da empresa podem ser apropriados como despesas diretamente aos departamentos ou por meio de rateio, por meio de critérios determinados pela administração. Co nta bil ida de Au la 12 - De mo ns tr aç ão d e Re su lta do – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 126Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno RESULTADOS FINANCEIROS LÍQUIDOS O art.187 (Lei 6.404/76) define a apresentação como despesas operacionais “as despesas financeiras deduzidas das receitas”. O QUE PODE SER CLASSIFICADO EM RESULTADOS FINANCEIROS LÍQUIDOS? • RECEITAS FINANCEIRAS - são os ganhos com: Descontos Obtidos, Juros Recebidos ou Auferidos, Receitas de Títulos (mercado aberto), Receitas sobre outros Investimentos Temporários, Prêmios de resgate de Títulos e Debêntures. • DESPESAS FINANCEIRAS - são os gastos com: Juros, Descontos Concedidos, Comissões e Despesas Bancárias, Correção Monetária Prefixada de Obrigações. • VARIAÇÕES MONETÁRIAS DE OBRIGAÇÕES E CRÉDITOS – são ganhos ou gastos com variação cambial e atualização monetária. OUTRAS RECEITAS E DESPESAS OPERACIONAIS São as chamadas atividades acessórias do objeto da empresa. Exemplo: Participação nos resultados de coligadas e controladas pelo método de equivalência patrimonial; dividendos e rendimentos de outros investimentos; amortização de ágio ou deságio de investimentos e vendas diversas. RESULTADOS NÃO OPERACIONAIS Para este grupo de contas, a Legislação Societária menciona, em seu artigo 187, que, após o resultado operacional, devem aparecer as receitas e despesas não operacionais, sem fornecer detalhes sobre a sua composição. No entanto, alguns itens são comuns à grande parte das empresas, como: Ganhos e Perdas na Alienação de Investimentos, Resultados não Operacionais Co nta bil ida de Au la 12 - De mo ns tr aç ão d e Re su lta do – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 127Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno em investimentos pela Equivalência Patrimonial, Provisão para Perdas na Realização de Investimentos, Valor Líquido de Bens Baixados, Ganhos e Perdas de Capital no Ativo Diferido. No grupo de contas Não Operacionais, devem-se registrar as provisões para Contribuição Social e Imposto de Renda. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL A Contribuição Social foi criada pela Lei 7.689 de 15/12/1988 e sua base de cálculo é o resultado contábil do exercício, em que se aplica o percentual de 9% (até 31/12/2002) (MP 1.991-14/2000). Contas: Provisão para Contribuição Social Provisão para Contribuição Social Diferida Contribuição Social Recolhida (redutora) IMPOSTO DE RENDA Na conta Imposto de Renda a Pagar, deve-se contabilizar o valor do imposto devido pela empresa, enquanto a Provisão para Imposto de Renda é constituída na base de estimativa. O encargo com o Imposto de Renda deve ser reconhecido e contabilizado no próprio mês do lucro a que se refere, embora seja pago em período seguinte e declarado, oficialmente, no exercício fiscal seguinte. Contas: Provisão para Imposto de Renda Provisão para Imposto de Renda Diferido Imposto de Renda Recolhido (redutora) PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES Registram-se, como despesa da empresa, as participações nos lucros atribuídos a terceiros, não relativas a investimentos dos acionistas, conforme o art. 187 (Lei 6.404/76), que define, como despesa, antes da apuração do lucro líquido, para “as participações de debêntures, empregados, Co nta bil ida de Au la 12 - De mo ns tr aç ão d e Re su lta do – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 128Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno administradores e partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados”. O artigo 189 da Lei nº 6.404/76 estabelece que do resultado do exercício serão deduzidos, antes de qualquer participação, os prejuízos acumulados e a provisão para o Imposto de Renda. FORMAS DE CÁLCULO Do resultado do exercício, serão deduzidos, antes de qualquer participação, os prejuízos acumulados e a provisão para o imposto sobre a renda, encontrando, assim, o resultado antes das participações, deduzindo-se, se for o caso, eventual saldo de prejuízos acumulados. Desse resultado (Lucro do Exercício), calculam-se as participações. As debêntures, as participações estatutárias de empregados, administradores e partes beneficiárias serão determinadas, sucessivamente e nessa ordem, com base no Lucro do Exercício. LUCRO POR AÇÃO E SEU CÁLCULO A informação do lucro ou prejuízo líquido por ação deve ser dada na própria Demonstração do Resultado do Exercício, de acordo com o inciso VII do artigo 187 da Lei 6.404/76. Objetiva uma melhor avaliação dos resultados das operações dos exercícios passados, permitindo conhecer sua evolução no tempo. O cálculo é feito de maneira simples, dividindo-se o lucro líquido do exercício pelo número de ações em circulação do capital social. Pode tornar-se complexo, se o capital for formado por ações de espécies e classes diferentes e se houver aumento de capital durante o exercício. CÁLCULO DOS DIVIDENDOS Neste caso, devem-se estabelecer certas distinções, pois as ações preferenciais conferem a seus titulares, direito a dividendos no mínimo 10% maiores que os atribuídos às ações ordinárias, caso o estatuto não lhes Co nta bil ida de Au la 12 - De mo ns tr aç ão d e Re su lta do – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 129Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno assegure direito a dividendos fixos ou mínimos. MODELO D. R. E. Venda de Mercadorias/Produtos/Serviços ( - ) Impostos s/Vendas ( = ) VENDAS LÍQUIDAS ( - ) C.M.V. / C.P.V. / C.S.V. ( = ) RESULTADO BRUTO ( - ) DESPESAS OPERACIONAIS Vendas / Administrativas / Outras (+ / -) RESULTADO FINANCEIRO LÍQUIDO ( + ) Receitas Financeiras ( - ) Despesas Financeiras (+ / -) Resultado da Equivalência Patrimonial ( = ) RESULTADO OPERACIONAL (+ / -) RESULTADO NÃO OPERACIONAL ( + ) Receita Não Operacional ( - ) Despesas Não Operacional ( = ) RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS ( - ) Imposto de Renda ( - ) Contribuição Social ( = ) RESULTADO DO EXERCÍCIO ( - ) Participações e Contribuições ( = ) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO / LUCRO Síntese Nesta aula, você estudou, em detalhes, os itens que compõem a Demonstração do Resultado do Exercício de acordo com a legislação específica. Esse detalhamento visa dar maior transparência às operações da empresa no período, disponibilizando aos usuários da Contabilidade informações mais próximas da realidade das operações da empresa. Esse detalhamento fica ainda mais rico, se aliado às notas explicativas que demonstram os critérios utilizados na avaliação ou formação do resultado do período. Co nta bil ida de Au la 12 - De mo ns tr aç ão d e Re su lta do – A sp ec to s L eg ais e S oc iet ár ios 130Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Na próxima aula, veremos mais uma importante demonstração contábil: a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos – D.O.A.R. Referências IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 7.ed. São Paulo: Atlas, 1998. Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações. Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 131Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 13 – Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos Objetivos da aula: Apresentar a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos, os conceitos que envolvem sua elaboração e aplicação, ensinar o mecanismo de sua elaboração, apresentando um modelo da demonstração. Ao final desta aula, o aluno deverá dominar o conceito e obter informações por meio da demonstração. INTRODUÇÃO Trata-se da divulgação da natureza dos recursos gerados ou aplicados nos ativos e passivos não circulantes, que provocaram alterações no capital de giro (ou capital circulante líquido), durante determinado período, explicando as alterações ocorridas na posição financeira de uma empresa. AUMENTO DIMINUIÇÃO Recursos do CCL Gerados por meio de Aplicados em Passivos não Circulantes Ativos não Circulantes Ativos não Circulantes Passivos não Circulantes Exemplo de DOAR: Uma empresa apresentou, no exercício de 2005, o capital circulante líquido de R$ 920.000,00 e, no exercício anterior (2004), R$ 250.000, portanto a ou ou Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 132Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno variação do CCL dessa empresa será: CCL em 2005 R$ 920.000,00 (-) CCL em 2004 R$ 250.000,00 Variação R$ 670.000,00 Analisando as contas não circulantes da empresa, detectamos as seguintes movimentações: Movimentação dos Ativos não Circulantes: - Aquisição de Terreno R$ 250.000,00 - Empréstimo concedido (LP) R$ 80.000,00 Movimentação dos Passivos não Circulantes - Integralização de Capital Social R$ 500.000,00 - Financiamento recebido R$ 100.000,00 - Lucro do Exercício R$ 400.000,00 Os aumentos dos Passivos não Circulantes são as origens de recursos para o Capital de Giro da empresa e os aumentos dos Ativos não Circulantes são as aplicações de recursos do Capital de Giro da empresa, sendo a diferença entre ambos o aumento do CCL. Origens de recursos Lucro do exercício R$ 400.000,00 Integralização do Capital R$ 500.000,00 Financiamento R$ 100.000,00 Total das origens de recursos R$ 1.000.000,00 Aplicações de recursos Aquisição de terreno R$ 250.000,00 Empréstimo concedido (LP) R$ 80.000,00 Total das Aplicações de recursos R$ 330.000,00 Diferença positiva entre Origens e Aplicações R$ 670.000,00 As origens de recursos para o CCL, normalmente são encontradas na movimentação das seguintes contas não circulantes: - Aumento de Capital (em dinheiro ou bens circulantes); Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 133Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno - Venda de Ativo Imobilizado (a vista ou em curto prazo); - Venda de investimentos permanentes; - Lucro obtido nas operações durante o exercício; - Novos empréstimos de longo prazo (Financiamentos); - Recebimento de dividendos de empresas controladas; - Adiantamentos recebidos de acionistas para futuros aumentos de capital. As aplicações de recursos do Capital Circulante Líquido, normalmente, são encontradas na movimentação das seguintes contas não circulantes: - Aquisição de elementos do Ativo não Circulante. - Gastos diferidos (gastos que beneficiarão os resultados de mais de um exercício). - Pagamento de dividendos. - Prejuízo do exercício. - Pagamento de obrigações de longo prazo. - Concessão de Créditos em longo prazo. Algumas movimentações de contas não circulantes não afetam o Capital Circulante Líquido diretamente, no entanto alguns ajustes devem ser feitos no resultado para que reflitam, adequadamente, as origens e aplicações de recursos, como: - Depreciação, amortização e exaustão. - Variação cambial de financiamento em longo prazo. - Apropriação de receitas e despesas diferidas. - Resultado de investimentos. - Provisões e reversões de provisões retificadoras de contas do Ativo não Circulante. 1. OBJETIVOS DA D.O.A.R. A Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) explica as variações do Capital Circulante Líquido de um período para outro, evidenciando a movimentação de recursos nas contas não circulantes que deu origem àquela variação. Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 134Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno A Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos serve para: • Identificar as fontes de recursos responsáveis pelas alterações no capital circulante e o lugar onde esses recursos foram aplicados durante determinado período; • Complementar a divulgação sobre a posição financeira e sobre os resultados das operações durante o mesmo período de tempo; • Orientar os usuários das demonstrações contábeis na tomada de decisões de ordem econômica e financeira referentes às empresas. Segundo Matarazzo (1997, p.51): Traçando-se um paralelo entre o Balanço e a D.O.A.R., pode- se dizer que o Balanço mostra a posição dos investimentos e financiamentos da empresa em determinado momento. Entre dois balanços, inúmeras alterações podem ocorrer. A empresa pode, por exemplo, ter vendido parte dos seus bens imobilizados e adquirido outros. Pode ter vendido a vista e feito aquisições com financiamentos ou mediante aumentos de capital. Essas transações, que afetam consideravelmente a situação financeira da empresa, não são evidenciadas no Balanço, o qual mostrará apenas globalmente o feito delas. Pela natureza das informações que contém, a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos – DOAR – é de grande utilidade, pois permeia as informações do balanço e as informações da Demonstração do Resultado, complementado ambas e fornecendo as modificações na posição financeira da empresa pelo fluxo de recursos. Essa demonstração é importante para o conhecimento e análise da empresa e seu comportamento no tempo. A D.O.A.R. auxilia nos seguintes aspectos: • Identificar os recursos gerados pelas operações próprias (lucro do exercício ajustado pelos itens que o integram, mas não afetam o CCL); • Analisar como a empresa está administrando o seu Capital Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 135Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Circulante Líquido (CCL); • Avaliar a compatibilidade entre a política de dividendos e a posição financeira da empresa; • Conhecer a política de inversões permanentes da empresa e fontes dos recursos correspondentes; • Constatar como foram aplicados os recursos obtidos com as diversas origens de recursos de longo prazo. 2. VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (CCL) Para elaborar a D.O.A.R., é necessário que se evidenciem os itens que alteram o Capital Circulante Líquido, e suas origens e aplicações de recursos são encontradas nos itens não circulantes, não havendo necessidade de mostrar os itens que se permutam dentro das contas do Ativo e Passivo Circulantes, que não provocam modificações no Capital Circulante Líquido. O gráfico abaixo auxilia na explicação: ATIVO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE Veja que a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante é a mesma do Ativo não Circulante e o Passivo não Circulante, portanto a variação dessa diferença de um período para outro pode ser explicada pelas contas não circulantes do Balanço Patrimonial. Os financiamentos de longo prazo representam origens de recursos (pois aumentarão o Ativo Circulante), e os investimentos representam as aplicações de recursos (pois provocarão diminuição do Ativo Circulante ou aumento do Passivo Circulante), sendo o Capital Circulante Líquido (CCL) representado pelo Ativo Circulante (AC) menos o Passivo Circulante (PC), ou seja, CCL = AC - PC. PASSIVO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE Capital Circulante Líquido ou Capital de Giro Líquido Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 136Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno A diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante representa os recursos financeiros que poderão ser utilizados para atender as operações do próximo exercício. Essa diferença tanto poderá ser positiva, como negativa ou nula. • O CCL será positivo quando o valor do AC for superior ao PC -> (AC > PC); • O CCL será negativo quando o valor do AC for menor que o PC -> (AC < PC); • O CCL será nulo quando o valor do AC for igual ao do PC -> (AC = PC). Capital Circulante Líquido = Ativo Circulante – Passivo Circulante CCL AC – PC A variação do Capital Circulante Líquido de um período para outro é mostrada pelo excesso de recursos não correntes sobre aplicações não correntes. Capital Circulante Líquido = (Patrimônio Líquido + Exigível a longo Prazo) – (Ativo Permanente + Realizável a Longo Prazo). CCL (PL + ELP) – (AP + RLP) O Capital Circulante Líquido é uma importante medida da estabilidade financeira da empresa, pois: • Com um Capital Circulante Líquido pequeno ou nulo, a empresa perde a capacidade de enfrentar adversidades e de recompor o Fluxo de Caixa. • Com um Capital Circulante Líquido maior, a empresa aumenta sua capacidade da sair de eventuais dificuldades financeiras. 3. ASPECTOS LEGAIS DA D.O.A.R. Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 137Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno A Lei nº 6.404/76 tornou obrigatória essa demonstração para todas as companhias, conforme já comentado anteriormente e, em seu Art. 176, determina que: Ao fim de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: (...) IV – demonstração das origens e aplicações de recursos. O Art. 188 da Lei nº 6.404 reconhece os critérios de apresentação e o conteúdo dessa demonstração como segue: A demonstração das origens e aplicações de recursos indicará as modificações na posição financeira da companhia, discriminando: I – as origens de recursos, agrupadas em: a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e ajustado pela variação nos resultados de exercícios futuros; b) realização do capital social e contribuições para reservas de capital; c) recursos de terceiros, originários do aumento do passivo exigível a longo prazo, da redução do ativo realizável a longo prazo e da alienação de investimentos e direitos do ativo imobilizado. II – as aplicações de recursos, agrupados em: a) dividendos distribuídos; b) aquisição de direitos do ativo imobilizado; c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo diferido; d) redução do passivo exigível a longo prazo. III – o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações, representando aumento ou redução do Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 138Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno capital circulante líquido. IV – os saldos no início e no fim do exercício, do ativo e passivo circulantes, o montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício. 4. DESCRIÇÃO DAS ORIGENS As origens de recursos provocam aumentos no Capital Circulante Líquido, e as mais comuns são: a) Das próprias operações: Nas empresas lucrativas, as receitas (que geram ingressos de capital circulante) do exercício são maiores que as despesas (que geram aplicações ou reduções de capital circulante). Havendo lucro, teremos uma origem de recursos para o Capital Circulante Líquido (valor resultante da diferença entre Receitas e Despesas, descontados os impostos). Nas empresas que apresentam prejuízo, as receitas são menores que as despesas (portanto, as aplicações de recursos são maiores que as origens). Nesse caso, o prejuízo deve figurar no elenco das aplicações de recursos. No entanto, algumas operações devem ser ajustadas ao lucro ou prejuízo do exercício na elaboração da D.O.A.R.: • Depreciação, Amortização e Exaustão São contas que, quando contabilizadas, reduzem o resultado do exercício, mas não reduzem o Capital Circulante; reduzem, sim, o Ativo Permanente – Imobilizado ou Diferido. Por esse motivo, esses itens devem ser adicionados ao resultado líquido para apuração do valor efetivo dos recursos gerados ou aplicados pelas (ou nas) operações. • Variação nos Resultados de Exercícios Futuros Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 139Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Apesar de não estarem contabilizados no resultado do exercício (pelo regime de competência de exercícios), os valores dessas contas afetaram o Capital Circulante Líquido, portanto sua variação deverá ser somada ao resultado do exercício, se a variação for positiva, e deverá ser subtraída do resultado do exercício, se a variação for negativa. • Resultado da Equivalência Patrimonial para Investimentos em empresas Coligadas e Controladas. O Resultado da Equivalência Patrimonial (quando esse método é utilizado na contabilização de investimentos) aumenta ou diminui o resultado da empresa investidora sem afetar o seu Capital Circulante, portanto, se for positivo, o resultado deve ser subtraído do resultado da investidora e, se for negativo, deve ser somado ao resultado da investidora. • Ajustes de Exercícios Anteriores Fazendo esses ajustes nos saldos iniciais do balanço, as origens e aplicações de recursos do ano ficarão isentas desse efeito. • Variações Monetárias de Dívidas de Longo Prazo São despesas que afetam o lucro e aumentam o Exigível a Longo Prazo, não afetando o Capital Circulante Líquido, por isso devem aparecer como ajuste ao resultado líquido do exercício. • Outros O mesmo tratamento deve ser dado a quaisquer itens que afetem o resultado, mas não afetam o Capital Circulante Líquido. b) Dos Acionistas: Valores dos aumentos de capital integralizados pelos acionistas no exercício. Contribuições para Reservas de Capital São recursos que podem ser recebidos dos acionistas ou de terceiros: • Produto da alienação de partes beneficiárias e de bônus de subscrição, são, também, reservas de capital constituídas pelo ingresso de recursos que aumentam o Capital Circulante Líquido. • Ágio na emissão de ações, pelo valor efetivamente integralizado no exercício. Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 140Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno • Doações e Subvenções Uma doação recebida pode ser em dinheiro, afetando, diretamente, o Capital Circulante Líquido, e também pode ser recebido um bem do imobilizado (terreno) não alterando o Capital Circulante Líquido, mas se faz necessário evidenciar a modificação na posição financeira, registrando o valor atribuído como origem e, também, como aplicação. c) De Terceiros Por empréstimos obtidos pela empresa, pagáveis em longo prazo, bem como dos recursos oriundos da venda a terceiros de bens do Ativo Permanente, ou de transformação do Realizável a Longo Prazo em Ativo Circulante. • Aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo Pelo valor dos novos empréstimos recebidos no exercício e que geraram acréscimo no Ativo Circulante. O valor dos novos empréstimos deve figurar pelo valor total como Origens, e as reduções por pagamentos ou transferência para Passivo Circulante devem ser apresentadas como Aplicações. • Redução do Realizável a Longo Prazo Decréscimo no saldo do Ativo Realizável a Longo Prazo representa, normalmente, origem de recursos, pois, em geral, é transferido para o Ativo Circulante por meio do recebimento ou da venda desse Ativo, com conseqüente acréscimo no Capital Circulante Líquido. Da mesma forma, um acréscimo nesse saldo representa uma aplicação de recursos. • Alteração e Baixas de Investimentos e Bens e Direitos do Ativo Imobilizado Na venda de bens do Imobilizado, a alteração do Capital Circulante Líquido é pelo valor da venda. Como o lucro (ou prejuízo) na transação está computado no resultado do exercício e, em contrapartida, há uma redução no imobilizado pelo seu valor contábil líquido, basta somá-los para se ter o valor da venda. Porém, para melhor evidenciação na DOAR, reduz-se do lucro líquido o valor do lucro ou prejuízo da venda do imobilizado e, ao mesmo tempo, registra-se, como origem, o valor total produzido por essa transação. Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 141Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 5. DESCRIÇÃO DAS APLICAÇÕES As aplicações de recursos são representadas pelas diminuições do Capital Circulante Líquido, e as mais comuns são: a) Inversões Permanentes Derivadas de: • aquisição de novos investimentos permanentes em outras sociedades; • aquisição de bens do Ativo Permanente - Imobilizado; • aplicação de recursos no Ativo Diferido. b) Pagamento de Empréstimos em Longo Prazo: Pois, assim como a obtenção de um novo financiamento representa uma origem, a sua liquidação significa uma aplicação. De fato, como o conceito de Recursos é o Capital Circulante Líquido, a mera transferência de um saldo de empréstimo do Exigível a Longo Prazo para o Passivo Circulante, por vencer no exercício seguinte, representa uma aplicação de recursos, pois reduziu o Capital Circulante Líquido. c) Remuneração de Acionistas: Derivada dos dividendos e/ou juros sobre capital próprio propostos e/ou distribuídos. 6. ORIGENS E APLICAÇÕES QUE NÃO AFETAM O CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO, MAS APARECEM NA DEMONSTRAÇÃO Além das origens e aplicações já relacionadas, há vários tipos de transações efetuadas que não afetam o Capital Circulante Líquido, mas são representadas como Origens e Aplicações simultaneamente, como mostrado a seguir: • Aquisição de bens do Ativo Permanente (Investimentos ou Imobilizado) pagáveis a Longo Prazo. Nesse caso, há uma aplicação pelo aumento do Ativo Permanente e, ao mesmo tempo, uma origem pelo financiamento obtido pelo aumento no Exigível a Longo Prazo. Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 142Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno • Conversão de Empréstimos de Longo Prazo em Capital. Nesse caso, há uma origem pelo aumento de capital e, simultaneamente, uma aplicação pela redução do Exigível a Longo Prazo. • Integralização de Capital em bens do Ativo Permanente. Situação também sem efeito sobre o CCL, mas representa origem com aumento de Capital e aplicação no recebimento dos bens do Ativo Permanente. • Venda de bens do Ativo Permanente recebível a Longo Prazo. Operação que também deve ser demonstrada na origem, como se fosse recebido o valor da venda, e na aplicação, como se houvesse o empréstimo sido feito para recebimento a Longo Prazo. 7. ESTRUTURA BÁSICA DA D.O.A.R. A – ORIGENS DE RECURSOS • Das Operações Lucro Líquido do Exercício (+) Depreciação, Amortização e Exaustão (+) Variações Monetárias de Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo (+) Perda por Equivalência Patrimonial (-) Ganhos por Equivalência Patrimonial (+) Prejuízo na Venda de Bens e Direitos do Ativo Permanente (+) Recebimentos no Período classificados como Receitas de Exercícios Futuros (-) Lucro na Venda de Bens e Direitos do Ativo Permanente (-) Transferência de Receitas de Exercícios Futuros para o Resultado do Exercício (±) Outras Despesas e Receitas que não afetam o CCL • Dos Proprietários (+) Realização do Capital Social e Contribuições para Reservas de Capital • De Terceiros (+) Redução de Bens e Direitos do Ativo Realizável a Longo Prazo (+) Valor de alienação de Bens ou Direitos do Ativo Permanente Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 143Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno (+) Aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo B – APLICAÇÕES DE RECURSOS o Dividendos pagos, creditados ou propostos o Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo o Aquisição de Bens e Direitos do Ativo Permanente o Redução do Passivo Exigível a Longo Prazo C = A – B - VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO D – DEMONSTRTAÇÃO DA VARIAÇÃO DO CCL Elementos Inicial Final Variações Ativo Circulante (AC) (-) Passivo Circulante (PC) R$ R$ R$ R$ R$ R$ (=) Capital Circulante Líquido (CCL) R$ R$ R$ Síntese Nesta aula, você conheceu mais uma demonstração contábil de grande utilidade para o entendimento da movimentação do fluxo de recursos da empresa, a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos. Para você que está iniciando o curso de Ciências Contábeis, o raciocínio empregado para entender sua construção aumentará a sua intimidade com as contas do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado. Na próxima aula, estudaremos mais uma demonstração contábil, a Demonstração do Fluxo de Caixa, considerada por muitos de maior utilidade para a tomada de decisões que a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos. Provavelmente, você está encontrando alguma dificuldade em entender alguns detalhes dessas demonstrações, mas não desanime, este é um desafio que lançamos neste curso, o aluno deve conhecer as principais demonstrações contábeis desde o início do curso. Nos próximos períodos, essas demonstrações serão tratadas com maior profundidade e muitas de Co nta bil ida de Au la 13 - De mo ns tr aç ão d e Or ige ns e A pli ca çõ es d e Re cu rs os 144Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno suas dúvidas serão resolvidas. Referências IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 7.ed. São Paulo: Atlas, 1998. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços – Abordagem Básica e Gerencial. São Paulo: Atlas, 1997. Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações. Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 145Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 14 – Demonstração de Fluxo de Caixa Objetivos da aula: Uma das funções da Contabilidade é a comunicação eficiente de informações úteis para a tomada de decisões. Nesta aula, apresentaremos a Demonstração de Fluxo de Caixa para revelar informações importantes sobre os recebimentos e pagamentos que transitam pelo caixa de uma empresa durante determinado período. Assim como a D.O.A.R., a Demonstração do Fluxo de Caixa traz informações sobre a situação financeira da empresa, mas esta trata, especificamente, do Caixa, enquanto aquela trata da situação financeira em geral. Ao final desta aula, o aluno deverá conhecer a Demonstração do Fluxo de Caixa e seus métodos de elaboração. INTRODUÇÃO O objetivo principal da Demonstração do Fluxo de Caixa é fornecer informações relevantes sobre as entradas e saídas de caixa de uma entidade para um determinado período de tempo. As informações contidas na Demonstração do Fluxo de Caixa são úteis quando utilizadas com as informações de outras demonstrações contábeis e na medida em que estejam refletindo as transações de caixa das atividades operacionais, de investimento e de financiamento, auxiliando os usuários na avaliação da capacidade da entidade de gerar fluxos de caixa líquidos positivos decorrentes de suas atividades, visando atender às suas obrigações bem como pagar dividendos aos seus acionistas. Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 146Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Alguns benefícios da utilização das informações da Demonstração do Fluxo de Caixa, segundo o I.A.S.C.1: • Quando utilizada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma empresa, sua estrutura financeira e sua habilidade para afetar as importâncias e prazos dos fluxos de caixa a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e às oportunidades. • São úteis para avaliar a capacidade de a empresa produzir recursos de caixa e valores equivalentes e habilitar os usuários a desenvolver modelos para avaliar e comparar o valor presente e futuro de caixa de diferentes empresas. • Aumenta a comparabilidade dos relatórios do desempenho operacional por diferentes empresas, porque elimina os efeitos decorrentes do uso de diferentes tratamentos contábeis, para as mesmas transações e eventos. • Abre possibilidade de uso das informações históricas sobre o fluxo de caixa como indicador da importância, época e certeza de futuros fluxos de caixa. • Têm utilidade para conferir a exatidão de avaliações anteriormente feitas de futuros fluxos de caixa e examinar a relação entre a lucratividade e o fluxo de caixa líquido, e o impacto de variações de preço. Matarazzo (1997, p. 370), tratando da análise de demonstrações contábeis, identifica como principais objetivos da Demonstração do Fluxo de Caixa: • Avaliar alternativas de investimentos. • Avaliar e controlar, ao longo do tempo, as decisões importantes que são tomadas na empresa, com reflexo monetário. • Avaliar as situações presentes e futuras do caixa na empresa, posicionando-a para que não chegue a situações de iliquidez. • Certificar de que os excessos momentâneos de caixa estão sendo devidamente aplicados. Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 147Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 1. FORMAS DE APRESENTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA O MÉTODO DIRETO A Demonstração do Fluxo de Caixa resume todos os pagamentos e recebimentos decorrentes das atividades operacionais da empresa, devendo apresentar os componentes do fluxo por seus valores brutos. A opção para esse método deve apresentar, pelo menos, os seguintes tipos de pagamentos e recebimentos relacionados às operações: • recebimentos de clientes; • juros e dividendos recebidos; • pagamentos de fornecedores e empregados; • juros pagos; • imposto de renda pago; • outros recebimentos e pagamentos. O modelo simplificado de Demonstração do Fluxo de Caixa, pelo método direto mostrado abaixo, faz uma segregação dos tipos de atividades e foi baseado no modelo FAS 95: Fluxo de Caixa Das Atividades Operacionais (+) Recebimentos de Clientes e outros (-) Pagamentos a Fornecedores (-) Pagamentos a Funcionários (-) Recolhimentos ao Governo (-) Pagamentos a Credores Diversos (=) Disponibilidades geradas pelas (aplicadas nas) Atividades Operacionais $ $ $ $ $ $ $ Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 148Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Das Atividades de Investimentos (+) Recebimento de Venda de Imobilizado (-) Aquisição de Ativo Permanente (+) Recebimento de Dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas (aplicadas nas) Atividades de Investimentos $ $ $ $ Das Atividades de Financiamentos (+) Novos Empréstimos (-) Amortização de Empréstimos (+) Emissão de Debêntures (+) Integralização de Capital (-) Pagamento de Dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas (aplicadas nas) Atividades de Financiamento $ $ $ $ $ $ Aumento/Diminuição Nas Disponibilidades DISPONIBILIDADES - no início do período DISPONIBILIDADES - no final do período $ $ Esse demonstrativo permite a análise segregada por itens operacionais, de investimento e financiamento. O MÉTODO INDIRETO No método indireto, parte-se do lucro líquido para, após os ajustes necessários, chegar-se ao valor das disponibilidades produzidas no período pelas operações registradas na Demonstração do Resultado do Exercício. Esses ajustes consistem em itens, tais como depreciação, amortização, exaustão e provisões que não modificam o caixa da empresa. Modelo genérico da Demonstração do Fluxo de Caixa pelo método indireto, baseado no modelo adotado pelo FASB: Fluxo de Caixa Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 149Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Lucro Líquido (-) Aumento de Estoques (+) Depreciação (-) Aumento de Clientes (+) Pagamento a Funcionários (+) Contas a Pagar (+) Pagamentos de Impostos e Tributos (+) Aumentos de Fornecedores (=) Fluxo de Caixa Operacional Líquido $ $ $ $ $ $ $ $ Das Atividades de Investimentos (+) Recebimento de Venda de Imobilizado (-) Aquisição de Ativo Permanente (+) Recebimento de Dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas (aplicadas nas) Atividades de Investimentos $ $ $ $ Das Atividades de Financiamentos (+) Novos Empréstimos (-) Amortização de Empréstimos (+) Emissão de Debêntures (+) Integralização de Capital (-) Pagamento de Dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas (aplicadas nas) Atividades de Financiamento $ $ $ $ $ $ Aumento/Diminuição nas Disponibilidades Disponibilidades – saldo no início do período Disponibilidades – saldo no final do período $ $ Apesar de ser tecnicamente correto, não é a forma mais adequada de elaboração de Demonstração do Fluxo de Caixa. O melhor procedimento seria apresentar a Demonstração do Fluxo de Caixa pelo método direto e, em quadro a parte, a conciliação entre o lucro líquido e o valor do caixa gerado pelas operações. D.O.A.R. x A D.F.C. Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 150Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno A D.O.A.R. tem informações mais analíticas, mostra a posição financeira, tem características de médio e longo prazos, permite a seus usuários perceber a política e a tendência das empresas no futuro. A D.O.A.R. volta-se para a movimentação havida nos recursos e aplicações permanentes, ou de longo prazo e, como conseqüência disso, o impacto na situação financeira, espelhada pela variação do Capital Circulante Líquido. A D.O.A.R. forma com o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício uma base de dados sobre situação econômico-financeira e o de desempenho da empresa. Não substitui e nem deveria ser substituída pelas demais demonstrações pela importância das informações que o conjunto fornece aos usuários. Por esses motivos, recomenda-se seja a D.O.A.R. divulgada junto a outras demonstrações contábeis. A D.F.C. é um instrumento com características de curto prazo, é voltada para o usuário interno, propiciando informações concretas, se houve ou haverá dinheiro, quanto se deve tomar de empréstimos, compreende o movimento de fluxo do dinheiro da empresa. O método direto é de mais fácil compreensão, enquanto o método indireto se aproxima mais da própria D.O.A.R. e apresenta informações mais apuradas da posição financeira da empresa. A D.F.C. utiliza o conceito de caixa, que é de mais fácil compreensão pelos usuários das informações contábeis que têm pouco conhecimento de contabilidade. VANTAGENS DA D.F.C. A D.F.C. evidencia o confronto entre as entradas e saídas de caixa, se haverá sobras ou faltas de dinheiro, permitindo à administração da empresa decidir com antecedência se a empresa deve tomar recursos ou aplicá-los, e ainda, avalia e controla, ao longo do tempo, as decisões importantes que são tomadas na empresa e seus reflexos monetários, e ainda: • Informa eventuais problemas de liquidez e insolvência, podendo prevenir a falência. Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 151Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno • A D.F.C. é um instrumento com utilização de nível internacional, portanto sua utilização é importante. • Mostra a real condição de disponibilidades para pagamento das dívidas. • A D.F.C. é muito mais fácil de entender do que a D.O.A.R. • A D.F.C. mostra a necessidade de caixa da empresa em curto prazo, sendo um importante instrumento para sua gestão financeira. • Demonstra como a empresa gerou caixa e como ela o gastou. • Busca o equilíbrio entre as entradas e saídas de caixa da empresa, desenvolvendo um controle nas contas do ativo e passivo circulante. • Demonstra o montante de recursos financeiros disponíveis na empresa, auxiliando em suas aplicações. VANTAGENS DA D.O.A.R. A D.O.A.R. mostra as fontes utilizadas para financiar as atividades, a velocidade e as modificações sofridas e as tendências futuras das condições da empresa, complementando tanto as informações do Balanço quanto da Demonstração de Resultado, pois o Balanço apresenta uma posição financeira estática, a Demonstração de Resultado demonstra o lucro líquido do exercício e a D.O.A.R. ajusta-o, demonstrando o que isso representou em termos de recursos financeiros, e ainda: • A D.O.A.R. é tão importante quanto o Balanço e a Demonstração de Resultado. • O C.C.L. é um elemento importante na administração financeira da empresa. Quanto maior o C.C.L., maior a possibilidade de a empresa manter uma boa liquidez. • Possibilita um melhor conhecimento da política de investimentos e de financiamento da empresa. • A D.O.A.R. pode dar respostas sobre a situação financeira da empresa, suas alterações, tendências, bem como sobre a habilidade gerencial da empresa. • Mostra, além da variação do C.C.L., as mudanças nos itens não Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 152Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno correntes que alteram os financiamentos e investimentos. • É importante para análise externa à empresa e deve fazer parte do conjunto de demonstrações a serem analisadas. CONCLUSÃO Um dos objetivos da contabilidade é a produção e comunicação de informações úteis para um conjunto de usuários com necessidades de informações diferentes, e os contadores têm enfrentado críticas de alguns usuários quanto à forma que tem sido utilizada para cumprir sua tarefa, segundo os quais a Contabilidade não atinge seu objetivo. Tanto a D.O.A.R. como a D.F.C. apresentam alguns pontos passíveis de críticas em sua eficácia como instrumento de comunicação de informações. A D.F.C. pode ser manipulada, a empresa pode conduzir seus fluxos de caixa, apresentando, assim, uma situação financeira irreal, além de seu conteúdo de informações ser inferior ao da D.O.A.R. A D.O.A.R. apresenta o conceito abstrato de Capital Circulante Líquido que pode mostrar uma situação confortável de liquidez para a empresa, mas devido a não sincronia dos prazos de recebimentos e pagamentos, e estoques elevados, a empresa pode ficar com dificuldades financeiras em curto prazo. A D.O.A.R. e a D.F.C. são demonstrações que objetivam informar sobre a situação financeira da empresa (liquidez e solvência). A primeira dando ênfase ao C.C.L. e à posição financeira em geral e a segunda dando ênfase ao caixa, em seus recebimentos e pagamentos. Se as duas demonstrações fossem apresentadas em conjunto, aumentando, assim, a qualidade das informações contábeis, grande parte das críticas dos usuários poderia ser eliminada. Conclui-se, então, que uma demonstração complementa a outra, assim as informações que a D.O.A.R. não evidencia dentro do próprio circulante (C.C.L.) seriam apresentadas pela D.F.C. (método direto). Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 153Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Notas: 1 - I.A.S.C. - International Accounting Standards Committee (Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade). Organismo independente do setor privado cujo objetivo é alcançar uniformidade nos princípios contábeis utilizados pelas empresas e outras instituições que preparam demonstrações contábeis no mundo. Síntese Nesta aula, procuramos integrar ainda mais as informações contábeis. Mostramos que as informações contidas no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício podem ser utilizadas para produzir outras informações úteis como as apresentadas da Demonstração do Fluxo de Caixa. Na próxima aula, iniciaremos a Análise das Demonstrações para que você sinta a utilidade das informações para as decisões dos usuários da informação contábil. Será apenas uma aula introdutória para um assunto amplo que será visto ao longo do curso. Referências IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços – Abordagem Básica e Gerencial. São Paulo: Atlas, 1997. p. 51. IBRACON - Normas internacionais de contabilidade. São Paulo: IBRACON, 1998. Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações. Co nta bil ida de Au la 15 - In tr od uç ão à A ná lis e da s D em on st ra çõ es Fi na nc eir as 154Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 15 – Introdução à Análise das Demonstrações Financeiras Objetivos da aula: Excesso de liquidez gera baixa rentabilidade e falta de endividamento pode comprometer a rentabilidade pela falta de recursos para investimento. É um dilema que teremos que enfrentar na administração. O objetivo desta aula é mostrar que existe um outro dilema a ser enfrentado pelos administradores: risco x retorno, pois baixa liquidez gera riscos para a empresa, em contrapartida, pode aumentar sua rentabilidade. Ao final da aula, você poderá fazer comparações entre a rentabilidade de setores e empresas e também calcular a rentabilidade de qualquer investimento. Introdução o Segundo o SEBRAE, é importante que os lucros gerados pelos pequenos negócios sejam equivalentes a 3% ao mês em média do valor dos investimentos próprios. Com relação à lucratividade (lucros sobre as vendas) para micro e pequenas empresas, ela varia em torno de 5% a 10% para indústria e comércio. No caso de prestadoras de serviços, fica em torno de 15% a 20%. Para análise correta da lucratividade, as considerações são as seguintes: quanto maior, melhor para a empresa; ela deverá ser comparada com a média do setor em que a empresa atua; e deverá atender a expectativa do empreendedor. Co nta bil ida de Au la 15 - In tr od uç ão à A ná lis e da s D em on st ra çõ es Fi na nc eir as 155Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Normalmente, os lucros gerados por uma empresa revelam três situações distintas: o Podem gerar recursos insuficientes para manter a empresa; o Podem gerar recursos mínimos para manter a sua sobrevivência; o Podem gerar recursos para empresa sobreviver e crescer. Uma empresa que esteja gerando recursos para sobreviver e crescer deve observar o seguinte: Normalmente, tem fluxo de caixa positivo; o Obtém ganho financeiro; o Investe recursos na atualização do seu imobilizado; procura manter seus funcionários treinados e atualizados; o Investe recursos constantemente em marketing; o Gera recursos para manter o capital de giro e proporcionar o retorno desejado pelos investidores. Concluindo: toda empresa necessita gerar lucros para sobreviver e crescer. Todo empreendedor, quando aplica os seus recursos financeiros em qualquer negócio, tem expectativa de obter retorno o mais rapidamente possível e com segurança. E, para que isso aconteça, é preciso a empresa apresentar não somente resultados positivos quantitativos, mas também resultados positivos qualitativos. 1. A Relação Risco X Retorno Uma das coisas mais importantes que um investidor deve saber é que não existe retorno sem risco, ou seja, quanto maior (menor) o risco de um determinado investimento, maior (menor) o retorno esperado. A mais importante decisão de investimentos que você faz é escolher o nível de risco que está disposto a correr, estando confortável com as flutuações de curto prazo desse investimento. O risco está associado ao grau de incerteza Co nta bil ida de Au la 15 - In tr od uç ão à A ná lis e da s D em on st ra çõ es Fi na nc eir as 156Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno sobre o investimento no futuro. Quanto maior o grau de incerteza, maior o risco e maior o retorno esperado e vice-versa. Todo investidor deve escolher suas aplicações entre o menor risco possível e o maior retorno possível. Essa possibilidade de escolhas está representada no gráfico a seguir. Pensando nessas questões, é melhor aprendermos a medir a rentabilidade dos investimentos, não acha? Para começar, vamos definir alguns termos: Lucro – pode ser conceituado de forma simplificada como o resultado positivo deduzido das vendas os custos e despesas. Lucratividade – é a relação do valor do lucro com o montante de vendas, ou seja, divide-se o valor do lucro pelo volume de vendas (lucro líquido/ vendas). Rentabilidade - refere-se ao resultado que possibilita a análise do retorno sobre o investimento realizado na empresa. Co nta bil ida de Au la 15 - In tr od uç ão à A ná lis e da s D em on st ra çõ es Fi na nc eir as 157Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 2. Índices de Rentabilidade Margem Bruta de Vendas É a relação entre o lucro bruto e as vendas da empresa: Lucro Bruto / Vendas Líquidas x 100 Indica: quanto a empresa tem de lucro para cada R$ 100 de vendas. Interpretação: quanto maior, melhor. Margem Líquida de Vendas É a relação entre o lucro líquido e as vendas da empresa: Lucro Líquido / Vendas Líquidas x 100 Indica: quanto a empresa tem de lucro para cada R$ 100 de vendas. Interpretação: quanto maior, melhor. Rentabilidade do Ativo: Os ativos representam os investimentos totais feitos na empresa com capital próprio e de terceiros. Se dividirmos o lucro líquido obtido em determinado período pelo valor do investimento médio desse período, teremos uma medida de rentabilidade desses investimentos: Lucro Líquido / Investimento Médio x 100 Indica: quanto a empresa obteve de lucro para cada R$ 100 de investimento. Interpretação: quanto maior, melhor. Rentabilidade do Patrimônio Líquido O Patrimônio Líquido representa o valor dos investimentos feitos pelos proprietários da empresa. Se dividirmos o lucro líquido obtido em determinado período pelo valor do Patrimônio Líquido Médio desse período, teremos uma medida de rentabilidade do investimento dos sócios da empresa. Co nta bil ida de Au la 15 - In tr od uç ão à A ná lis e da s D em on st ra çõ es Fi na nc eir as 158Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Lucro Líquido x 100 Patrimônio Líquido Médio Indica: quanto os sócios obtiveram de lucro para cada R$ 100 de investimento. Interpretação: quanto maior, melhor. O volume de vendas pode ser avaliado pelo montante de vendas em relação ao montante de investimentos feitos na empresa. Essa avaliação é conhecida como “Giro do Ativo” Vendas Líquidas Ativo Total Indica: quanto a empresa vendeu para cada R$ 1,00 de investimento total. Interpretação: quanto maior melhor. Pelo valor absoluto das vendas, pode ser difícil avaliar se elas foram boas ou ruins. R$ 10 milhões de vendas pode ser muito bom se o investimento for de R$ 5 milhões, mas pode significar muito pouco se o investimento realizado for de R$ 100 milhões. 3. Indicadores de Desempenho Co nta bil ida de Au la 15 - In tr od uç ão à A ná lis e da s D em on st ra çõ es Fi na nc eir as 159Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno fonte: http://www.iedi.org.br/admin/pdf/20040604_rentab.pdf Co nta bil ida de Au la 15 - In tr od uç ão à A ná lis e da s D em on st ra çõ es Fi na nc eir as 160Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno fonte: http://www.iedi.org.br/admin/pdf/20040604_rentab.pdf 4. Gráfico de Desempenho dos setores Co nta bil ida de Au la 15 - In tr od uç ão à A ná lis e da s D em on st ra çõ es Fi na nc eir as 161Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno fonte: http://www.iedi.org.br/admin/pdf/20040604_rentab.pdf Co nta bil ida de Au la 15 - In tr od uç ão à A ná lis e da s D em on st ra çõ es Fi na nc eir as 162Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno fonte: http://www.iedi.org.br/admin/pdf/20040604_rentab.pdf 5. Desempenho Econômico As empresas da amostra registraram queda no desempenho econômico no primeiro trimestre de 2004 em relação ao mesmo período do ano anterior. A taxa de retorno sobre o Patrimônio Líquido (PL) foi de 23,7% (37% em março de 2003); o Retorno sobre a Receita Líquida (RL), 12,9% (17,5% em março de 2003); e o Lucro da Atividade sobre a Receita Líquida, de 22,8% (27,6% em março de 2003). Considerando o total da amostra sem a Petrobrás, a queda também foi visível. O retorno sobre o PL foi de 20,3% (29,2% em março de 2003); sobre a RL, 10,8% (14,4% em março de 2003) e o Lucro da Atividade sobre a Receita Líquida de 18,5% (22,1% em março de 2003). Alguns segmentos merecem destaque com relação à queda do desempenho no primeiro trimestre de 2004: • Petróleo e Gás, cujo resultado sobre o PL foi de 29,9% (51,9% em março de 2003); 16,5% sobre a RL (21,8% em março de 2003) e o indicador do Lucro da Atividade de 30,3% (35,4% em março de 2003); Co nta bil ida de Au la 15 - In tr od uç ão à A ná lis e da s D em on st ra çõ es Fi na nc eir as 163Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno • Bebidas e Fumo com retorno sobre o PL de 33% (45,6% em março de 2003) e sobre a RL de 16,5% (26,7% em março de 2003). O Lucro da Atividade apresentou crescimento, saindo de 25,4%, em março de 2003, para 27,9%, em março de 2004; • Material de Transporte, com retorno sobre o PL de 18,9% (30,5% em março de 2003), porém com queda não tão significativa no retorno sobre a RL, 4,2% (6,75% em março de 2003) e no Lucro da Atividade de 13,3% (15,3% em março de 2003); • Têxtil e Vestuário, com retorno sobre o PL de 2,46% (14,8% em março de 2003); 1,4% sobre a RL (8,22% em março de 2003) e o Lucro da Atividade em 9,4% (15,2% em março de 2003); • O segmento de Embalagens apresentou a queda mais acentuada, com 11,7% de retorno sobre o PL (59,6% em março de 2003) e 4% sobre a RL (19,5% em março de 2003), enquanto o Lucro da Atividade subiu para 11,9% (10,2% em março de 2003). Apenas três segmentos conseguiram melhorar ou manter o desempenho no primeiro trimestre de 2004 em relação a igual período do ano anterior: • A Editora Saraiva, empresa que representa o segmento de Editoras, apresentou rentabilidade sobre o PL de 85,7% (83,9% em março de 2003) e sobre a RL de 15,6% (16,7% em março de 2003). O lucro da atividade sobre a RL de 26,2% (27,2% em março de 2003). Aqui, cabe destacar o fator sazonal como determinante para o excelente desempenho da empresa no primeiro trimestre do ano; • Máquinas e Equipamentos, com retorno de 17,8% sobre o PL (18,1% em março de 2003) e 9,1% sobre a RL (9,4% em março de 2003), sendo o desempenho do Lucro da Atividade em relação à RL de 12% (14,3% em março de 2003); • Utilidades Domésticas, com redução do desempenho negativo, apresentando uma taxa de retorno de –4% em relação ao PL (-20% Co nta bil ida de Au la 15 - In tr od uç ão à A ná lis e da s D em on st ra çõ es Fi na nc eir as 164Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno em março de 2003) e –1,1% sobre a RL (-11% em março de 2003), apresentando o Lucro da Atividade um resultado positivo de 3,5% (-4,4% em março de 2003). No primeiro trimestre de 2004, alguns segmentos mantiveram desempenho acima da média: • Bebidas e Fumo, como comentado anteriormente; • Petróleo e Gás, como comentado anteriormente; • Mineração, com 24,7% de retorno sobre o PL (35% em março de 2003); 36,6% de retorno sobre a RL (48,2% em março de 2003) e um Lucro da Atividade de 28% (62,4% em março de 2003); • Papel e Celulose, com 19,7% de retorno sobre o PL (33,9% em março de 2003); 18,7% de retorno sobre a RL (25,3% em março de 2003) e 29,6% de Lucro da Atividade sobre a RL (42,6% em março de 2003); • Siderurgia, com 22,7% de retorno sobre o PL (30,9% em março de 2003); 13,6% de retorno sobre a RL (16,1% em março de 2003) e 26,1% de Lucro da Atividade sobre a RL (27,5% em março de 2003). Uma das razões para a queda do desempenho econômico no primeiro trimestre de 2004, em relação ao mesmo período do ano anterior, foi o esgotamento do efeito cambial no resultado das empresas. Vale lembrar que, no final de 2002, a moeda norte-americana fechou em cerca de R$ 3,56 e, no final de março, estava em R$ 3,35, o que oferece condições para haver ganhos nominais por causa da variação cambial no primeiro trimestre de 2003. No caso do primeiro trimestre de 2004, a taxa de câmbio estava em R$ 2,90 no final do período, não havendo alteração significativa em relação a dezembro de 2003, quando fechou em R$ 2,89. Em contrapartida, houve também uma queda do Lucro da Atividade em relação à RL, o que possivelmente é resultado da redução das margens praticadas pela indústria. Porém, esse declínio não foi na mesma intensidade que a queda do desempenho dos demais indicadores econômicos Co nta bil ida de Au la 15 - In tr od uç ão à A ná lis e da s D em on st ra çõ es Fi na nc eir as 165Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno considerados nesse levantamento. Síntese Nesta aula, você estudou liquidez x endividamento, risco x retorno, lucratividade e rentabilidade dos investimentos. Analisou os indicadores de desempenho econômico de diversos setores da economia e poderá usar essas informações para o seu projeto interdisciplinar. E quando precisamos avaliar um investimento que ainda não foi realizado, ou seja, precisamos avaliar a viabilidade do investimento? Ou quando queremos avaliar as perspectivas do empreendimento e não apenas os dados passados? O que fazer? Nesses casos, precisamos recorrer a outra técnica, que é a projeção de resultados. Esse é o assunto da próxima aula. Não perca! Referências Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial Endividamento e Resultado das Empresas Industriais no Primeiro Trimestre de 2004. Disponível em: <http://www.iedi.org.br>. Acesso em: 28/02/06. IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços – Abordagem Básica e Gerencial. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1997. <http://www.sebrae.com.br/br/parasuaempresa/resultadospositivos_860. asp>. Acesso em: 28/02/06.