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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO 
 
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS, ADMINISTRATIVAS E 
CONTÁBEIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
 
Contabilidade II 
 
Professora: Geovana Zimmermann Los 
E-mail: geovanacontabeis@upf.br 
 
 
 
 
 
 
 
2013/2 
 2 
ÍNDICE 
 
1 Operações com Mercadorias .............................................................................................. 4 
1.1 Apuração do Resultado Bruto com Mercadorias (RCM) ou do Lucro Bruto ............ 4 
1.2 Apuração do Custo das Mercadorias Vendidas .......................................................... 4 
1.3 Sistema de Inventário Periódico ................................................................................. 4 
1.4 Contabilização dos inventários periódicos ................................................................. 5 
1.5 Contabilização de Fatos que alteram os Valores de Compras e Vendas .................... 7 
1.5.1 Lançamentos relacionados com Compras de Mercadorias..................................... 7 
1.5.2 Lançamentos relacionados com Vendas de Mercadorias ....................................... 8 
1.6 Sistema de Inventário Permanente ........................................................................... 10 
1.6.1 Contabilização de inventário permanente............................................................. 10 
1.6.2 Registros Detalhados do Estoque ......................................................................... 11 
1.6.3 Balancetes e Apuração do Resultado.................................................................... 13 
1.7 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE .................................................... 16 
1.8 Balanço Patrimonial ................................................................................................. 18 
1.9 Atribuição de Preços aos Inventários ....................................................................... 19 
1.9.1 Preço Específico ................................................................................................... 19 
1.9.2 PEPS ou FIFO ...................................................................................................... 20 
1.9.3 UEPS ou LIFO ..................................................................................................... 21 
1.9.4 Média Ponderada Móvel ....................................................................................... 22 
1.9.5 Comparação entre os métodos PEPS, UEPS e MPM ........................................... 23 
1.9.6 Críticas .................................................................................................................. 23 
1.10 Custo ou mercado (o mais baixo) ............................................................................. 24 
1.10.1 Demonstração do Resultado ............................................................................. 24 
1.10.2 Criticas .............................................................................................................. 24 
1.11 Importância da exatidão dos inventários .................................................................. 25 
1.12 Considerações sobre o inventário físico ................................................................... 25 
1.13 Observações Finais ................................................................................................... 25 
1.13.1 Sobre a ficha de controle de estoque ................................................................ 25 
2 Procedimentos Contábeis Diversos ............................................................................... 26 
2.1 Créditos Duvidosos e Devedores Insolváveis – Provisão para Devedores 
Duvidosos ............................................................................................................................. 26 
3. Folha de Pagamento ......................................................................................................... 31 
3.1 Obrigatoriedade ........................................................................................................ 31 
3.2 Remuneração e Salários............................................................................................ 31 
3.2.1 Horas Extras ......................................................................................................... 31 
3.2.2 Adicional Noturno ................................................................................................ 32 
3.2.3 Adicional de Periculosidade ................................................................................. 32 
3.2.4 Adicional de Insalubridade ................................................................................... 32 
3.2.5 Salário Família ...................................................................................................... 32 
3.4 Descontos na Folha de Pagamento ........................................................................... 33 
3.4.1 Contribuição Sindical ........................................................................................... 33 
3.4.2 INSS ..................................................................................................................... 33 
3.4.3 IRRF ..................................................................................................................... 34 
3.5 FGTS ........................................................................................................................ 35 
3.6 Provisões e Contabilização da Folha de Pagamento ................................................ 35 
4. Operações Financeiras .................................................................................................. 38 
4.1.1 Desconto de Nota Promissória ............................................................................. 38 
4.1.2 Desconto de Duplicatas a Receber ....................................................................... 40 
 3 
5. Ativo Imobilizado e Problemas de Amortização .............................................................. 42 
5.1 Ativo Imobilizado – Conceituação ........................................................................... 42 
5.2 Amortização do ativo imobilizado em sentido amplo .............................................. 42 
5.3 Classificação dos elementos do ativo imobilizado ................................................... 43 
5.4 O valor contábil dos elementos do ativo imobilizado .............................................. 43 
5.4.1 Bens construídos ................................................................................................... 44 
5.5 Conceito de Depreciação .......................................................................................... 45 
5.6 Problemas de Depreciação........................................................................................ 45 
5.7 O problema da vida útil ............................................................................................ 45 
5.8 O problema do método ............................................................................................. 45 
5.8.1 Método das quotas constantes .............................................................................. 46 
5.8.2 Método da soma dos dígitos dos anos .................................................................. 48 
5.8.3 Método do saldo decrescente ................................................................................ 49 
5.8.4 Método de unidades produzidas ........................................................................... 51 
5.8.5 Método de horas de trabalho ................................................................................ 51 
5.9 O problema da escolha da base de cálculo ............................................................... 52 
5.10 Contabilização
da Depreciação ................................................................................ 52 
5.11 Depreciação versus provisão para reposição ............................................................ 52 
5.12 Gastos relacionados com bens depreciáveis ............................................................. 53 
5.13 Contabilização da venda de bens depreciáveis ......................................................... 53 
5.14 Depreciação acelerada em função do número de horas ............................................ 55 
5.15 Os recursos naturais .................................................................................................. 56 
5.15.1 Conceito ............................................................................................................ 56 
5.15.2 Avaliação .......................................................................................................... 56 
5.15.3 Determinação da Quota de Exaustão ................................................................ 56 
5.16 Bens intangíveis normalmente sujeitos à amortização ............................................. 57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
1 Operações com Mercadorias 
1.1 Apuração do Resultado Bruto com Mercadorias (RCM) ou do Lucro Bruto 
 
 O Resultado Bruto com Mercadorias consiste na apuração das Vendas Líquidas, 
deduzindo-se o chamado Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). 
 
RCM = Vendas Líquidas – Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) 
 
 O Resultado com mercadorias (RCM) é o primeiro passo para a apuração do 
Resultado Líquido do período antes das destinações. O resultado líquido do período consiste 
na diferença entre o Resultado Bruto com Mercadorias (RCM) ou Lucro Bruto mais as Outras 
Receitas e menos Outras Despesas. 
 
Resultado Líquido = RCM + Outras Receitas – Outras Despesas 
 
 Desta forma, a Demonstração do Resultado do Exercício, cfe. disposto na Lei 
6.404/76, deverá ser apresentado de acordo com a seguinte estrutura básica: 
 
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 
 
Vendas de Mercadorias 100.000,00 
( - ) Impostos s/vendas (20.000,00) 
( - ) Devoluções s/vendas (2.000,00) 
( - ) Abatimentos s/vendas (1.000,00) 
( = ) Vendas Líquidas ou Receita Líquida 77.000,00 
( - ) Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) (27.000,00) 
( = ) Lucro Bruto ou Resultado c/Mercadorias 50.000,00 
( + ) Outras Receitas 2.000,00 
( - ) Outras Despesas (12.000,00) 
( = ) Resultado Líquido Antes das Destinações 40.000,00 
 
 
1.2 Apuração do Custo das Mercadorias Vendidas 
 A apuração do Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) pode ser realizado através de 
dois Sistemas Básicos: 
 
A -) Sistema de Inventário Periódico; 
B -) Sistema de Inventário Permanente. 
 
1.3 Sistema de Inventário Periódico 
 
Conforme Ribeiro (1999, p. 160), pelo sistema de inventário periódico, o valor do 
estoque só é conhecido no final do período, mediante levantamento (inventário) físico 
realizado. 
 5 
 De acordo com o Sistema de Inventário Periódico, apura-se o Custo das Mercadorias 
Vendidas (CMV) através da seguinte fórmula: 
 
CMV = EI + CO – EF 
Onde: 
 
CMV = Custo das Mercadorias Vendidas; 
EI = Estoque Inicial; 
CO = Compras; 
EF = Estoque Final. 
 
 No entanto, devemos entender o item compras como sendo o valor líquido de 
compras, ou seja, deduzidas as devoluções e os abatimentos sobre compras, além dos 
impostos recuperáveis. 
 
CO = CO – DevCO - AbatCO 
 
Onde: 
CO = Compras 
DevCO = Devoluções de Compras 
AbatCO = Abatimentos sobre compras 
 
 Assim, podemos redefinir a fórmula de apuração do Custo das Mercadorias Vendidas 
da seguinte maneira: 
 
CMV = EI + (CO – DevCO – AbatCO) - EF 
 
Estoque Inicial 300.000,00 
( + ) Compras 50.000,00 
( - ) Devoluções de Compras (4.000,00) 
( - ) Abatimentos de Compras (2.000,00) 
( = ) Mercadorias Disponíveis para Venda 344.000,00 
( - ) Estoque Final (194.000,00) 
( = ) Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) 150.000,00 
 
 
1.4 Contabilização dos inventários periódicos 
 No Sistema de Inventário Periódico, toda compra de mercadorias é contabilizada na 
conta “Compras”. Os valores devem ser contabilizados líquido de impostos, sempre que estes 
forem recuperáveis. As despesas decorrentes de fretes, seguros ou embalagens incidentes 
sobre o produto também compõe o custo das mercadorias e, portanto, deverão ser 
contabilizados na mesma conta (Compras). 
 Segundo a equipe de professores da FEA USP (1998, p. 113), pode-se contabilizar 
todas as operações mercantis abrindo uma conta para cada tipo de operação, ou seja, uma para 
registrar as compras, outra para registrar as vendas e uma terceira, normalmente Mercadorias, 
para o registro do valor do Estoque. Portanto, são estas as três contas básicas, utilizadas no 
período: 
 Compras, Vendas e Mercadorias. 
 6 
Exemplo: Admita-se que o estoque de mercadorias de uma empresa é de R$ 300,00. Durante 
o exercício é realizada a seguinte operação: 
 
07/12/200x Compra de Material para Estoque, no valor de R$ 100,00. 
D- Compra de mercadorias 100,00 
C- Caixa/Banco 100,00 
 
Após o lançamento devem ser efetuados os lançamentos nos razonetes. 
 
Mercadorias Compras 
300,00 100,00 
 
 
 
 Quando procedemos à venda, lançamos a operação por seu valor total em venda; 
assim: 
 
Exemplo 
20/12/200x Venda de mercadorias no valor de R$ 300,00 
D - Clientes (ou Caixa) 300,00 
C – Vendas 300,00 
 
Os razonetes teriam os seguinte saldos: 
 
Mercadorias Compras Vendas 
300,00 100,00 300,00 
 
 
 
 
 Observa-se que a conta Mercadorias permanece intacta durante o exercício, e seu 
saldo, depois da primeira operação de compra ou venda, já não representará o valor do 
estoque existente; continuará com o valor do estoque de Mercadorias encontrado por ocasião 
do último inventário realizado. 
 Para apurarmos, contabilmente, o valor do CMV, basta transferirmos para uma conta 
adequada, que vamos chamar de Custo de Mercadorias Vendidas, os três valores que o 
compõem. 
 Assim, serão transferidos, a seu Débito, os valores do Estoque Inicial e das Compras e, 
a seu crédito, os do Estoque Final. 
 
CMV = EI + C - EF 
 
 Ressalta-se que não existem as contas chamadas Estoque Inicial e Final; estes são 
valores da conta mercadorias, quando referentes ao início ou ao fim do período. 
 
Na seqüência, para a determinação do Estoque Final, torna-se necessário a execução 
do inventário físico onde é determinado qual o montante de mercadorias que ainda há em 
estoque. 
 
 7 
Em, 31/12/200x, após levantamento físico de estoque, é determinado que o valor final do 
estoque é de R$ 50,00. 
Qual o custo da mercadorias vendidas? 
 
CMV=EI+CM-EF CMV=300+100-50 CMV=350,00 
 
Observe os lançamentos necessários para o cálculo do CMV: 
31/12/200x Transferência de saldos 
a) 
C- Compra de mercadorias 100,00 
D- CMV 100,00 
b) 
C- Mercadorias 300,00 
D- CMV 300,00 
c) 
D- Estoque Final 50,00 
C- CMV 50,00 
 
Após os lançamentos, teremos apurado o valor do CMV e a conta Mercadorias 
apresentará o valor correto do Estoque Final. No exemplo teríamos como estoque final o valor 
de R$50,00. Observa-se que o valor do estoque final é apurado extracontabilmente através do 
inventário. 
 
Estoque Compras CMV 
300,00 100,00 (b) 300,00 
 300,00 (b) 100,00 (a) (a) 100,00 
 50,00 (c) 
 400,00 50,00 
 Vendas 350,00 
(c) 50,00 300,00
50,00 
 
 
1.5 Contabilização de Fatos que alteram os Valores de Compras e Vendas 
Lançamentos das Principais Operações, considerando 17% de ICMS incidentes sobre a 
compra e os percentuais vigentes do PIS 1,65% (Lei nº 10.637 de 30/12/2002) e Cofins 7,60% 
(Lei 10.833/03). 
1.5.1 Lançamentos relacionados com Compras de Mercadorias 
 a -) Como citado anteriormente, os valores devem ser contabilizados líquidos de impostos, 
sempre que estes forem recuperáveis. Exemplo: no caso de compras de Mercadorias no valor 
de R$ 100.000,00 
 D – Compras 73.750,00 
 D – ICMS a Recuperar 17.000,00 
 D – PIS a Recuperar 1.650,00 
 D – Cofins a Recuperar 7.600,00 
 C – Duplicatas a Pagar ou Caixa 100.000,00 
 8 
b -) Quando um comerciante se vê prejudicado ao receber certa mercadoria cujo tipo, 
qualidade, preço ou qualquer outro fator esteja em desacordo com seu pedido, ou com a nota 
fiscal, ou mesmo com as condições físicas normais que deveriam cercar o produto, pode ele 
adotar uma das seguintes medidas: (a) devolver a mercadoria, total ou parcialmente; e (b) 
solicitar um abatimento ao vendedor. Exemplos de contabilização: 
 
1º - Devolução de Compras no valor de R$ 10.000,00 
 
 D – Duplicatas a Pagar ou caixa 10.000,00 
 C – Devolução de Compras 7.375,00 
 C – ICMS a Recuperar 1.700,00 
 C – PIS a Recuperar 165,00 
 C – Cofins a Recuperar 760,00 
 
2º - Abatimentos sobre Compras no valor de R$ 15.000,00 
 
 D – Duplicatas a Pagar ou Caixa 15.000,00 
 C – Abatimentos sobre Compras 15.000,00 
 
 OBS: Não se reconhece o estorno do ICMS, PIS e Cofins pois o fato não gerou 
documento fiscal, apenas redução do valor a pagar. 
 
c -) Como visto anteriormente, as despesas decorrentes de fretes, seguros ou embalagens 
incidentes sobre o produto também compõe o custo das mercadorias e, portanto, deverão ser 
contabilizados na mesma conta (Compras). Exemplos: 
 
1º - Fretes sobre Compras no valor de R$ 10.000,00 
 
 D – Compras/fretes 8.115,00 
 D – ICMS a Recuperar 960,00 
 D – Pis a Recuperar 165,00 
 D – Cofins a Recuperar 760,00 
 C – Duplicatas a pagar ou Caixa 10.000,00 
 OBS.: O ICMS incidente sobre serviços de frete é de 12% sobre 80% do valor do 
mesmo, ou 80% x 12% = 9,60% aplicados diretamente sobre o valor do frete. 
 
2º - Seguros e Embalagens no valor de R$ 20.000,00 
 
 D – Compras/seg.emb. 14.750,00 
 D – ICMS a Recuperar 3.400,00 
 D – Pis a Recuperar 330,00 
 D – Cofins a Recuperar 1.520,00 
 C – Duplicatas a Pagar 20.000,00 
 
1.5.2 Lançamentos relacionados com Vendas de Mercadorias 
No caso da vendas, não basta apenas realizar os lançamentos respectivos a operação de 
venda, mas também, devem ser efetuados os lançamentos considerando a incidência dos 
impostos. Exemplos: 
 
 9 
a -) Vendas 
 
1º Vendas a Prazo no valor de R$ 50.000,00 
 
 D – Duplicatas a Receber 50.000,00 
 C – Vendas a Prazo 50.000,00 
 
2º Vendas a Vista no valor de R$ 50.000,00 
 
 D – Caixa 50.000,00 
 C – Vendas à Vista 50.000,00 
 
 Considerando o total das vendas efetuadas = R$ 100.000,00 (“a” e “b”), realiza-se a 
contabilização das despesas com ICMS, PIS e COFINS. 
 
 ICMS (17%) sobre o valor da venda 
 
 D – Despesas c/ ICMS 17.000,00 
 C – ICMS a recolher 17.000,00 
 
 PIS (1,65%) sobre o valor da venda 
 
 D – Despesas c/ PIS 1.650,00 
 C – PIS a recolher 1.650,00 
 
 COFINS (7,6%) sobre o valor da venda 
 
 D – Despesas c/ COFINS 7.600,00 
 C – COFINS a recolher 7.600,00 
 
b -) No caso de devolução de vendas, é a empresa que recebe as mercadorias de volta, pelo 
fato do comprador ter reconhecido algum motivo para justificar o fato. Quando da devolução, 
além do registro que cadê a este ato, deve-se reconhecer também o impacto no ICMS, PIS e 
COFINS. Exemplo: 
 
 
Devolução de mercadorias vendidas no valor de R$ 10.000,00 
 
 D – Devolução de Vendas 10.000,00 
 C – Duplicatas a Receber (caixa) 10.000,00 
 
 D – ICMS a Recolher 1.700,00 
 C – Despesas com ICMS 1.700,00 
 
 D – PIS a Recolher 165,00 
 C – Despesas c/ PIS 165,00 
 
 D – COFINS a Recolher 760,00 
 C – Despesas c/COFINS 760,00 
 
 10 
c -) Se ao invés de ocorrer a devolução, o comprador solicita-se um Abatimento sobre as 
vendas, o fato seria contabilizado da seguinte maneira 
 
1º Abatimento sobre vendas no valor de R$ 1.000,00 
 D – Abatimento s/ Vendas 1.000,00 
 C – Duplicatas a Receber (Caixa) 1.000,00 
 
 O lançamento não estorna os impostos, pois não gerou documento fiscal, apenas 
redução do valor a receber. 
 
1.6 Sistema de Inventário Permanente 
 
É quando a entidade possui controle permanente ou diário de estoques, sendo esse 
controle efetuado a cada operação de compra e/ou venda. 
No Sistema de Inventário Permanente toda compra de mercadorias é contabilizada na 
conta “Mercadorias Estoque”. Assim como no Inventário Periódico, os valores devem ser 
contabilizados líquido de impostos, sempre que estes forem recuperáveis. As despesas 
decorrentes de fretes, seguros ou embalagens incidentes sobre o produto também compõe o 
custo das mercadorias e, portanto, deverão ser contabilizados na mesma conta (Mercadorias 
Estoque). 
 
1.6.1 Contabilização de inventário permanente 
Segundo a equipe de professores da FEA USP (1998, p. 97), nesse sistema, temos, 
preferencialmente, que registrar todas as compras diretamente na conta Mercadorias Estoque. 
 
 Contabilização na compra: 
 
D – Mercadorias Estoque 
C – Fornecedores (ou caixa) 
 
 Na venda, porém, há necessidade de dois lançamentos: 
D – Clientes (ou Caixa) 
C – Vendas (pelo valor da venda) (conta de receita) 
e 
D – Custo das mercadorias vendidas (conta de despesa) 
C – Mercadorias Estoque (pelo valor do custo das mercadorias vendidas) 
 
 Dessa forma, após cada operação de Venda e sua contabilização, teremos a conta de 
Vendas atualizada, e a de CMV com o total do custo acumulado até a data e a de Mercadorias 
Estoque refletindo o valor exato do estoque. 
 
Exemplo: se uma empresa possui estoque de mercadorias no valor de $ 15.000, e vende a 
metade dele por $ 10.000, a prazo, temos: 
D – Clientes 
C – Vendas 10.000 
e 
D – CMV 
C – Mercadorias Estoque 7.500 
 11 
Mercadorias Estoque Vendas 
15.000 7.500 (b) 10.000 (a) 
7.500 
 
 
CMV Clientes 
 (b) 7.500 (a) 10.000 
 
 
 
 Se, após essas transações, adquirisse mais Mercadorias por $ 6.000, a prazo, e 
apurasse o resultado: 
 
D – Mercadorias Estoque 
C – Fornecedores 6.000 
 
Mercadorias Estoque Vendas 
15.000 7.500 (b) 10.000 10.000 
(a) 6.000 
21.000 7.500 
Saldo 13.500 
 
CMV Fornecedores 
7.500 7.500 (c) 6.000 (a) 
 
 
 
1.6.2 Registros Detalhados do Estoque 
 
 Segundo a equipe de professores da FEA USP (1998, p. 98), no sistema de inventário 
permanente, o controle do estoque de Mercadorias pode ser simplificado com o uso de uma 
Ficha de Controle. Exemplo: 
 
Dia 
 
01/06/200x – Estoque inicial de mercadorias (ventiladores) de $ 10.000 – dez unidades 
compradas a $ 1.000 cada uma. 
02/06/200x – Venda de seis unidades por $ 8.000. 
10/06/200x – Compra de quatro unidades a $ 1.000 cada uma. 
23/06/200x – Venda de seis unidades por $ 8.500. 
 
 A contabilização destas operações seria: 
Em 02/06/200x 
 
D – Caixa 
C – Vendas 8.000 (valor
da venda) 
e 
D – CMV 
C – Mercadorias Estoque 6.000 (valor do custo) 
 12 
Em 10/06/200x 
 
D – Mercadorias Estoque 
C – Caixa 4.000 
 
Em 23/06/200x 
 
D – Caixa 
C – Vendas 8.500 
e 
D – CMV 
C – Mercadorias Estoque 6.000 
 
Mercadorias Estoque Vendas 
(EI) 10.000 8.000 (a) 
 6.000 (b) 
(c) 4.000 8.500 (d) 
 6.000 (e) 16.500 
14.000 12.000 
(EF) 2.000 
 
 
CMV Caixa 
(b) 6.000 (a) 8.000 4.000 (c) 
(e) 6.000 (d) 8.500 
12.000 
 
Exemplo Ficha de controle do estoque para as operações acima: 
 
Ficha de Controle de Estoque 
Mercadoria: Ventiladores 
Data 
Entrada Saída Saldo 
Qtde. Vlr. Unit. Total Qtde. Vlr. Unit. Total Qtde. Vlr. Unit. Total 
01/06(EI) 10 1.000 10.000 
02/06 6 1.000 6.000 4 1.000 4.000 
10/06 4 1.000 4.000 8 1.000 8.000 
23/06 6 1.000 6.000 2 1.000 2.000 
Soma 4.000 12 12.000 2 1.000 2.000 
 
 Observe que através da ficha de controle de estoque, pode-se visualizar na coluna do 
total da Saída o valor do CMV, na coluna do total da Entrada o montante das Compras e na 
coluna do total do Saldo no dia 01/06 o Estoque Inicial. 
 Assim sendo, pode-se checar o CMV aplicando-se a fórmula: 
 
CMV = EI + CO – EF 
 
12.000 = 10.000 + 4.000 – 2.000 
12.000 = 12.000 
 
 13 
1.6.3 Balancetes e Apuração do Resultado 
 
Através de um exemplo bastante simplificado, demonstrar-se-á, como se procede para 
a Apuração do Resultado (já visto anteriormente), DRE (já visto anteriormente) e o Balanço 
Patrimonial. 
 
Exemplo: Com base nos seguintes dados elabore as partidas de diário (ignorar históricos para 
simplificar), transporte os valores para os razonetes “T”, apure o resultado com base no 
inventário permanente, elabore a DRE e o Novo Balanço Patrimonial. 
 
Balanço patrimonial em 31/12/20x1: 
 
Empresa X 
Balanço Patrimonial 
Em 31/12/20x1 
Ativo Passivo 
Caixa 50.000 Fornecedores 7.000 
Clientes 10.000 
Mercadorias Estoque 5.000 
Terrenos 2.000 Patrimônio Líquido 
Máquinas e Equipamentos 10.000 Capital 30.000 
 Lucro ou prej Acm. 40.000 
Total 77.000 Total 77.000 
No decorrer do período ocorreram os seguintes fatos: 
a - Recebimento de clientes no valor de 3.000 
b - Pago aluguel da loja no valor de 1.000 
c - Compra de mercadorias (10 unidades/1.000 cada) para revenda no valor de 10.000 a vista 
d - Venda de Mercadorias (10 unidades) a prazo no valor de 30.000 
 
Dados Adicionais 
ICMS – 17% na compra e na venda 
PIS – 1,65% na compra e na venda 
COFINS – 7,6% na compra e na venda 
Lançamentos: 
 
a) 
C - Clientes 
D – Caixa 3.000 
 
b) 
D – Despesa com aluguel 
C – Caixa 1.000 
 
c) 
D - Mercadorias Estoque 7.375 
D – ICMS a recuperar 1.700 
D – PIS a recuperar 165 
D – Cofins a recuperar 760 
C – Caixa 10.000 
 14 
 
d) 
D – Clientes 
C – Vendas 30.000 
D – Desp. ICMS s/ Venda 
C – ICMS a recolher 5.100 
 
D – Desp. PIS s/ Venda 
C – PIS a recolher 495 
 
D – Desp. Cofins s/ venda 
C – Cofins a recolher 2.280 
 
D – CMV 
C – Mercadorias em estoque 7.375 
 
Transferência dos valores para os razonetes: 
Caixa Clientes Mercadorias Estoque 
SI 50.000 1.000 (b) SI 10.000 3.000 (a) SI 5.000 (d) 7.375 
(a) 3.000 10.000 (c) (d) 30.000 (c) 7.375 
S. 42.000 S. 37.000 S. 5.000 
 
Terrenos Máq. Equip. Fornecedores 
SI 2.000 SI 10.000 7.000 SI 
S. 2.000 S. 10.000 7.000 S. 
 
Capital Desp. C/ Aluguel ICMS a recuperar 
 30.000 SI (b) 1.000 1.000 (g) (c) 1.700 1.700 (e) 
 30.000 S. 
 
PIS a recuperar Vendas Desp. ICMS s/Venda 
(c) 165 165 (f) (h) 30.000 30.000 (d) (d) 5.100 5.100 (g) 
 
 
Desp. PIS s/ Venda ICMS a Recolher PIS a Recolher 
(d) 495 495 (g) (e) 1.700 5.100 (d) (f) 165 495 (d) 
 3.400 330 
 
CMV ARE Lucros ou Prej. Acm. 
(d) 7.375 7.375 (g) (g) 16.250 30.000 (h) 40.000(SI) 
 (i) 13.750 13.750 13.750 (i) 
 53.750 
 
Desp. Cofins Cofins a recolher Cofins a recuperar 
(d) 2.280 2.280 (g) (f) 760 2.280 (d) (c) 760 760 (f) 
 1.520 
 
 
 
 15 
Lançamentos de ajustes: 
 
e) Apuração do ICMS: 
 
D – ICMS a recolher 
C – ICMS a recuperar 1.700 
 
f) Apuração do PIS e Cofins: 
 
D – PIS recolher 
C – PIS recuperar 165 
 
D – Cofins a recolher 
C – Cofins a recuperar 760 
 
A partir deste momento pode-se levantar um balancete de verificação, para 
confrontação dos saldos devedores e credores. 
 
Empresa X 
Balancete de Verificação 
Em 31/12/20x2 
Contas 
Saldos 
Devedores Credores 
Caixa 42.000 
Clientes 37.000 
Mercadorias Estoque 5.000 
Terrenos 2.000 
Máquinas e Equipamentos 10.000 
Fornecedores 7.000 
Capital 30.000 
Lucros ou Prejuízos Acumulados 40.000 
Desp. com aluguel 1.000 
ICMS a recolher 3.400 
PIS a recolher 330 
Vendas 30.000 
CMV 7.375 
Desp. ICMS s/Vendas 5.100 
Desp. PIS s/ Vendas 495 
Desp. Cofins 2.280 
Cofins a recolher 1.520 
TOTAL 112.250 112.250 
 
 
Apuração do Resultado do Exercício 
 
 Deve-se abrir a conta Apuração do Resultado do Exercício (ARE) e encerrar as contas 
de receita e de despesa. Vide Razonetes. 
 
 
 16 
g) Partidas de diário para as contas de despesa: 
 
D – ARE 16.250 
C – Desp. PIS s/ Venda 495 
C – Desp. ICMS s/ Venda 5.100 
C – Desp. de Aluguel 1.000 
C – CMV 7.375 
C – Desp. c/ Cofins 2.280 
 
h) Partidas de diário para as contas de receita: 
 
D – Vendas 
C – ARE 30.000 
 
i) Transfere-se o saldo da conta ARE para a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados: 
 
D – ARE 
C – Lucros ou Prej. Acum. 13.750 
 
1.7 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE 
 
 A Demonstração do Resultado do Exercício é um resumo ordenado das receitas e 
despesas da empresa em determinado período (12 meses). 
 
Demonstração Dedutiva 
 
A Demonstração do Resultado do Exercício é expressada de forma dedutiva (vertical), 
ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou 
prejuízo). 
 
 Receitas 
 ( - ) Despesas . Sentido Vertical (Dedutivo) 
 ( = ) Lucros ou Prejuízos 
 
 A Demonstração do Resultado do Exercício, exigida por lei, fornece maiores minúcias 
para a tomada de decisão: grupos de despesas, vários tipos de lucro, destaque dos impostos, 
etc... . 
 
Receita Bruta 
 A Receita Bruta é o total vendido no período analisado. Nela estão inclusos os 
impostos sobre vendas (os quais pertencem ao governo) e dela não foram subtraídos as 
devoluções (vendas canceladas) e os abatimentos (descontos ocorridos no período). 
 Feitas as citadas exclusões ou ajustes, ou seja, deduzidos da receita bruta os impostos, 
devoluções e abatimentos sobre vendas, obtém-se a RECEITA LÍQUIDA. 
 
Custos das Mercadoria Vendidas 
 O Custo das Mercadorias vendidas consiste no preço pago pela empresa para a 
aquisição/transformação dos produtos/serviços comercializados em determinado período. 
 
 17
Lucro Bruto 
 Lucro Bruto consiste na diferença entre as Vendas Líquidas e o Custo das Mercadorias 
Vendidas. Não leva em conta, ainda, outras despesas. Desta forma, subtrai-se da Receita 
Líquida o custo da mercadoria (ou do produto ou serviço prestado) colocada à disposição do 
consumidor, desprezando-se as despesas administrativas, financeiras e de vendas, por 
enquanto. 
 
Despesas Operacionais 
 As despesas operacionais são todas aquelas referentes a atividade fim da empresa, 
como administrativas, de vendas e financeiras. As despesas operacionais são as necessários 
para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Enfim, são todas as 
despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa. 
 
Lucro Operacional 
 O Lucro Operacional é obtido através da diferença entre o Lucro Bruto e as despesas 
operacionais, tal como prevista na legislação comercial do país, quais sejam: 
A -) Despesas com Vendas; 
B -) Despesas Administrativas; 
C -) Despesas Financeiras (deduzidas das receitas financeiras); 
D -) Outras Despesas/Receitas Operacionais. 
 
Despesas / Receitas Não-Operacionais 
 As receitas e despesas não relacionadas diretamente com as atividades para as quais a 
empresa foi constituída são classificadas como não-operacionais. Exemplo de 
despesas/receitas não operacional é o ganho/perda de capital, decorrente de venda de itens do 
Ativo Permanente. 
 
Lucro Antes do IRPJ 
 O Lucro antes do IRPJ é calculado através da diferença entre o Lucro Operacional e as 
despesas/receitas não operacionais. Esse nível de lucro é também conhecido pela sigla LAIR 
(lucro antes do Imposto de Renda). 
 
Lucro Após IRPJ 
 Obtido o Lucro Antes do IRPJ (e da Contribuição Social), dele se deduzem duas 
parcelas para se chegar ao Lucro Após o IRPJ (e da Contribuição Social).: 
 
A -) A despesa com o Imposto de Renda Pessoas Jurídicas (IRPJ); 
B -) A despesa com a Contribuição Social. 
 
Distribuição e Participação no Lucro 
 Após a obtenção do Lucro Após o IRPJ e a Contribuição Social, faz-se a dedução dos 
seguintes itens (se previstos no Estatuto Social), para se chegar ao Lucro ou Prejuízo Líquido 
do exercício: 
A -) Participação de Debêntures – As companhias podem solicitar empréstimos ao público 
em geral pagando juros periódicos e concedendo amortizações regulares. Para tanto, emitirão 
títulos a Longo Prazo com garantias: São as debêntures. As debêntures poderão assegurar ao 
seu titular, além de juros e correção monetária, participação no lucro da companhia (dedutível 
do imposto de Renda). 
 18 
B -) Participação de Empregados e Administradores – É um complemento à remuneração de 
empregados e administradores. Normalmente, é definido no estatuto ou contrato social um 
percentual sobre o lucro. 
C -) Participações de Partes Beneficiárias – Normalmente, são concedidas às pessoas que 
tiverem atuação relevante nos destinos da sociedade (tais como fundadores, reestruturadores, 
etc...). São títulos negociáveis, sem valor nominal, que a Cia pode criar a qualquer tempo. Os 
titulares desses títulos têm direito a participação (prevista em estatutos) nos lucros anuais (não 
dedutível para efeito de imposto de renda). 
D -) Contribuições para Instituições ou Fundos de Assistência ou Previdência de Empregados 
– São as doações às constituições de fundações com a finalidade de assistir seu quadro de 
funcionários, às previdências particulares, no sentido de complementar a aposentadoria, etc..., 
que, definidas em estatutos, serão calculadas e deduzidas como participação nos lucros anuais 
(não dedutível para efeito de imposto de renda). 
 
Lucro Líquido 
 O Lucro Líquido do Exercício é a diferença entre o Lucro Após o IRPJ e a distribuição 
e participação no lucro. Consiste no valor que efetivamente sobra para a empresa para 
remunerar seus acionistas. 
 É exigência do inciso VII do artigo 187 da Lei das Sociedades por Ações que na DRE 
seja exibido, em seu final, lucro (prejuízo) líquido por ação do capital social obtido pela 
divisão do lucro (prejuízo) líquido do exercício pelo número de ações em que se divide o 
Capital Social da companhia. 
Assim, no nosso exemplo, temos: 
 
Empresa X 
Demonstração do Resultado do Exercício 
Em 31/12/20x2 
Venda de Mercadorias 30.000 
(-) ICMS vendas (5.100) 
(-) PIS vendas (495) 
(-) Cofins vendas (2.280) 
Vendas Líquidas 22.125 
(-) CMV (7.375) 
Lucro Bruto ou Resultado com Mercadorias 14.750 
(-) Despesa com aluguel (1.000) 
Resultado líquido antes das destinações 13.750 
 
Após a elaboração da DRE, apura-se o Balanço Patrimonial, verificando os saldos 
apurados nos razonetes e transcrevendo-os para o balanço. 
 
1.8 Balanço Patrimonial 
 
 Segundo a equipe de professores da FEA USP (1998, p. 132) o balanço é a 
demonstração contábil que tem por finalidade apresentar a situação patrimonial da empresa 
em dado momento, dentro de determinados critérios de avaliação. Ele encerra a seqüência dos 
procedimentos contábeis, apresentando de forma ordenada os três elementos componentes do 
patrimônio: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. 
 19 
 O Balanço Patrimonial, permitirá as pessoas interessadas conhecer a situação 
patrimonial da empresa e as variações ocorridas durante certo período de tempo. 
Considerando o nosso exemplo, o Balanço Patrimonial da empresa X, esta assim 
apresentado: 
 
Empresa X 
Balanço Patrimonial 
Em 31/12/20x2 
Ativo Passivo 
Caixa 42.000 Fornecedores 7.000 
Clientes 37.000 ICMS a recolher 3.400 
Mercadorias Estoque 5.000 PIS a recolher 330 
Terrenos 2.000 Cofins a recolher 1.520 
Máquinas e Equipamentos 10.000 Patrimônio Líquido 
 Capital 30.000 
 Lucro ou prej Acm. 53.750 
Total 96.000 Total 96.000 
 
1.9 Atribuição de Preços aos Inventários 
 As empresas em geral realizam diariamente uma série de operações de compra e venda 
de mercadorias, as quais são comercializadas por preços de compra e venda normalmente 
diferentes, em função, principalmente, do processo inflacionário. Neste sentido, dificilmente 
teremos compras de mercadorias realizadas por um longo período de tempo pelo mesmo 
preço unitário, dando origem ao problema da avaliação do Inventário e, conseqüentemente do 
Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). 
 Se há no estoque mercadorias compradas a preços unitários diferentes, como a 
contabilidade irá avaliar o Custo da Mercadoria Vendida? 
 Neste sentido, a avaliação dos estoques para determinação do Custo da Mercadoria 
Vendida (CMV), pode ser realizado de várias maneiras, dentre as quais destacam-se: 
 
a -) Preço Específico; 
b -) PEPS ou FIFO - Primeiro que entra, Primeiro que Sai ou (First-in-first-out); 
c -) UEPS ou LIFO - Último que entra, Primeiro que Sai ou (Last-in-first-out); e 
d -) PMP - Preço Médio Ponderado. 
 
1.9.1 Preço Específico 
 
 Algumas empresas, pela peculiaridade dos produtos que comercializam, podem avaliar 
seus estoques utilizando o método denominado CUSTO ESPECÌFICO, ou seja, lançar como 
Custo da Mercadoria Vendida o custo exato daquele produto específico. No entanto, só é 
possível adotar este método em empresas que trabalham com um número limitado de 
quantidades e itens em estoque, uma vez que a diversidade traria problemas em função da 
dificuldade em identificar os itens e seus respectivos custos. A seguir, temos um exemplo de 
movimentação do estoque pelo método do CUSTO ESPECÌFICO: 
 
 
 
 20 
UNO MILLE EX Mod. 2007. 
 Qtde $Unit. $Total 
Estoque Inicial: 5 $13.000 $65.000
Compra 3 $15.000 $45.000 
Venda 2 $16.000 $32.000 
 
 OBS.: Da venda realizada, um veículo tem o custo específico de $13.000 e o outro de 
$15.000. 
 
 
Ficha de Controle de Estoque 
 
Mercadoria: Veículo Uno Mille EX Mod. 2007 
OP. 
Entrada Saída Saldo 
Qtde. Vlr. Unit. Total Qtde. Vlr. Unit. Total Qtde. Vlr. Unit. Total 
EI 5 13000 65000 
1 3 15000 45000 5 13000 65000 
 3 15000 45000 
2 1 13000 13000 4 13000 52000 
 1 15000 15000 2 15000 30000 
Soma 3 15000 45000 2 28000 6 82000 
 
 
Demonstração do Resultado do Exercício 
 
Vendas 32.000 
(-) CMV (28.000) 
Lucro Bruto ou Resultado com Mercadorias 4.000 
 
1.9.2 PEPS ou FIFO 
 
 Pelo Método PEPS, a metodologia de avaliação do custo das mercadorias vendidas será 
realizada sempre da seguinte maneira: O Primeiro Custo que entra é o Primeiro Custo que 
Sai, observadas as quantidades no saldo de estoque. Desta forma, quando ocorrem as vendas, 
vamos dando baixa a partir das primeiras compras realizadas, gerando uma avaliação dos 
estoques ao custo mais recente. A seguir, temos um exemplo dos procedimentos adotados 
segundo o Método PEPS: 
 
VENTILADOR BRITÂNIA MOD. 100 
 
 Qtde $Unit. $Total 
 Estoque Inicial: 30 $40 $1.200 
1 Compra 10 $42 $ 420 
2 Venda 3 $50 $ 150 
3 Venda 28 $45 $1.260 
4 Compra 5 $41 $ 205 
5 Venda 10 $48 $ 480 
 
 21 
 
 
Ficha de Controle de Estoque 
 
Mercadoria: Ventilador Britânia Mod. 100 
OP. 
Entrada Saída Saldo 
Qtde. Vlr. Unit. Total Qtde. Vlr. Unit. Total Qtde. Vlr. Unit. Total 
EI 30 40 1200 
1 10 42 420 30 40 1200 
 10 42 420 
2 3 40 120 27 40 1080 
 10 42 420 
3 27 40 1080 
 1 42 42 9 42 378 
4 5 41 205 9 42 378 
 5 41 205 
5 9 42 378 
 1 41 41 4 41 164 
Soma 15 625 41 1661 4 41 164 
 
Demonstração do Resultado do Exercício 
 
Vendas 1.890 
(-) CMV (1.661) 
Lucro Bruto ou Resultado com Mercadorias 229 
 
 
1.9.3 UEPS ou LIFO 
 
 De acordo com o método UEPS de controle de estoque, o último custo de entrada no 
estoque será o primeiro a sair, ou seja, o Custo da Mercadoria Vendida será avaliado sempre 
ao Custo mais recente e o estoque sempre ao custo mais antigo. A seguir, veremos um 
exemplo de controle de estoque segundo o método UEPS, utilizando as mesmas operações 
controladas no item anterior pelo Método PEPS: 
 
VENTILADOR BRITÂNIA MOD. 100 
 
 Qtde $Unit. $Total 
 Estoque Inicial: 30 $40 $1.200 
1 Compra 10 $42 $ 420 
2 Venda 3 $50 $ 150 
3 Venda 28 $45 $1.260 
4 Compra 5 $41 $ 205 
5 Venda 10 $48 $ 480 
 
 
 22 
Ficha de Controle de Estoque 
 
Mercadoria: Ventilador Britânia Mod. 100 
OP. 
Entrada Saída Saldo 
Qtde. Vlr. Unit. Total Qtde. Vlr. Unit. Total Qtde. Vlr. Unit. Total 
EI 30 40 1200 
1 10 42 420 30 40 1200 
 10 42 420 
2 3 42 126 30 40 1200 
 7 42 294 
3 7 42 294 
 21 40 840 9 40 360 
4 5 41 205 9 40 360 
 5 41 205 
5 5 41 205 
 5 40 200 4 40 160 
Soma 15 625 41 1665 4 40 160 
 
 
Demonstração do Resultado do Exercício 
 
Vendas 1.890 
(-) CMV (1.665) 
Lucro Bruto ou Resultado com Mercadorias 225 
 
 
 
 
1.9.4 Média Ponderada Móvel 
 
 A Média Ponderada Móvel possibilita o controle através de um único custo no saldo de 
estoque, uma vez que desconsidera os custos por lotes de compras, como foi visto nos 
métodos anteriores. Desta forma, tanto o Custo das Mercadorias Vendidas quando o saldo de 
estoque serão avaliados pela média ponderada das operações de compra. Como exemplo, 
utilizaremos as mesmas operações realizadas nos métodos PEPS e UEPS. 
 
VENTILADOR BRITÂNIA MOD. 100 
 
 Qtde $Unit. $Total 
 Estoque Inicial: 30 $40 $1.200 
1 Compra 10 $42 $ 420 
2 Venda 3 $50 $ 150 
3 Venda 28 $45 $1.260 
4 Compra 5 $41 $ 205 
5 Venda 10 $48 $ 480 
 
 23 
Ficha de Controle de Estoque 
 
Mercadoria: Ventilador Britânia Mod. 100 
OP. 
Entrada Saída Saldo 
Qtde. Vlr. Unit. Total Qtde. Vlr. Unit. Total Qtde. Vlr. Unit. Total 
EI 30 40,00 1200,00 
1 10 42,00 420,00 40 40,50 1620,00 
2 3 40,50 121,50 37 40,50 1498,50 
3 28 40,50 1134,00 9 40,50 364,50 
4 5 41,00 205,00 14 40,68 569,50 
5 10 40,68 406,80 4 40,68 162,72 
Soma 15 625,00 41 1662,30 4 40,68 162,72 
 
 
Demonstração do Resultado do Exercício 
 
Vendas 1.890 
(-) CMV (1.662) 
Lucro Bruto ou Resultado com Mercadorias 228 
 
1.9.5 Comparação entre os métodos PEPS, UEPS e MPM 
 
Especificação PEPS UEPS MPM 
Vendas 1.890,00 1.890,00 1.890,00 
(-) CMV (1.661,00) (1.665,00) (1.662,30) 
Lucro Bruto ou Resultado com 
Mercadorias 
229,00 225,00 227,70 
Estoque Final 164,00 160,00 162,72 
 
 
1.9.6 Críticas 
 
 O Fisco brasileiro não permite atualmente a utilização do método UEPS. Este método 
caracteriza-se por gerar, dentro de um processo inflacionário positivo, o menor Lucro Bruto 
ou menor Resultado com Mercadorias, o que acarreta, conseqüentemente, um menor imposto 
a pagar a partir das mesmas operações. 
 Note-se que não há qualquer interferência do método de controle de estoque no valor da 
venda realizada. O diferencial está no critério de avaliação do custo de saída das mercadorias 
vendidas. 
 No Método PEPS, encontramos o menor CMV e o maior imposto a pagar, no entanto, o 
estoque é avaliado ao custo mais recente o que o torna normalmente maior. 
 No Método UEPS, encontramos o maior CMV e o menor imposto a pagar, sendo os 
estoques avaliados aos custos mais antigos, o que o torna normalmente menor. 
 Já no Método PMP, tanto o CMV, Lucro Bruto e Estoque Final são avaliados pela 
média ponderada, o que gera um imposto a pagar entre o PEPS e UEPS. 
 
 
 24 
1.10 Custo ou mercado (o mais baixo) 
 Como critério de avaliação dos estoques, pode utilizar a seguinte regra: custo ou 
mercado, o que for mais baixo. 
 Para a equipe de professores da FEA USP (1998, p. 107) o valor de custo será sempre 
utilizado, a menos que o valor de mercado seja menor. Para as mercadorias, valor de mercado 
deve ser entendido como o valor de venda líquido de impostos e de despesas incidentes sobre 
a venda. 
 Durante o período, para controle de estoque, utiliza-se o custo como base de valor para 
inventário e CMV, custo este baseado no critério que preferirmos (PEPS, UEPS ou MPM). 
Salienta-se que o fisco não permite o uso do método UEPS. No dia da apuração do resultado, 
faz-se a comparação do saldo contábil do estoque final (pelo custo) com seu valor de 
mercado. Se o custo for menor, o estoque será o apurado na
forma conhecida; se o de mercado 
for menor, deve-se fazer o ajuste pela desvalorização do estoque final. 
 
1.10.1 Demonstração do Resultado 
 
 Se tivermos vendas (45.000), compras (38.000), EI (4.000), EF (pelo custo, 5.000) e 
EF (pelo mercado, 4.400): 
 
Demonstração do Resultado 
(Estoque pelo custo) 
 Demonstração do Resultado 
(Estoque pelo mercado) 
Vendas 45.000 Vendas 45.000 
(-) CMV (-) CMV 
EI 4.000 EI 4.000 
(+) Compras 38.000 (+) Compras 38.000 
(-) EF (5.000) 37.000 (-) EF (4.400) 37.600 
Lucro Bruto 8.000 Lucro Bruto 7.400 
 
1.10.2 Criticas 
 Segundo a equipe de professores da FEA USP (1998, p. 108), com a aplicação da 
regra custo ou mercado, a demonstração a ser utilizada seria a da direita, pois é a que 
representa o estoque final com valor menor; mas esta demonstração tem as falhas de não 
fornecer a informação de quanto é a diferença entre os valores de estoque, pelo custo e pelo 
mercado, e atribuir à mercadoria vendida o prejuízo existente no estoque final. Pode-se 
construir outra demonstração, apresentando ambas as situações, com o resultado final obtido 
com a aplicação da regra. 
Demonstração do Resultado 
(Estoque pelo custo) 
Vendas 45.000 
(-) CMV 
EI 4.000 
(+) Compras 38.000 
(-) EF (5.000) 37.000 
Lucro Bruto 8.000 
Menos: 
Variação no estoque (600) 
 7.400 
 25 
1.11 Importância da exatidão dos inventários 
 Conforme a equipe de professores da FEA USP (1998, p. 109), é da exatidão dos 
inventários que depende a precisão do Balanço e da DRE. O inventário deve ser exato. Caso 
o inventário não seja exato, este pode estar superestimado ou subestimado. 
 Generalizando pode-se afirmar que: 
 
 Se o inventário final é: 
 
 Superestimado, o lucro líquido será superestimado; 
 Subestimado, o lucro líquido será Subestimado. 
 
Se o inventário inicial é: 
 
 Superestimado, o lucro líquido será Subestimado; 
 Subestimado, o lucro líquido será Superestimado. 
 
 
1.12 Considerações sobre o inventário físico 
 
 Para a equipe de professores da FEA USP (1998, p. 111), o inventário deve abranger, 
como regra geral, todas as mercadorias de propriedade da empresa, quer estejam em seu 
poder, quer sob a custódia de terceiros, excluídas, porém, as mercadorias de propriedade de 
terceiros que estejam em poder da empresa. Portanto a inclusão de mercadorias no inventário 
deve basear-se, como regra geral, no critério da propriedade e não no da posse. 
 Para a mercadoria que esta em trânsito do vendedor para a empresa, ou em trânsito da 
empresa para o comprador, as condições contratuais e o momento exato da liberação e 
despacho é que vão determinar a inclusão ou não da mercadoria no inventário da empresa. 
 Nos casos de consignação, o consignante mantém a propriedade da mercadoria até que 
o consignatário a venda. Nestes casos a mercadoria pertence ao consignante e deve constar no 
inventário deste até que ocorra a venda. 
 
1.13 Observações Finais 
 
1.13.1 Sobre a ficha de controle de estoque 
 
 Existem casos como grandes lojas de departamentos que possuem em seu estoque uma 
vasta variedade de mercadorias, o que causa grande dificuldade de controle. Nestes casos, 
existem outras formas de controle que não as fichas vistas anteriormente. Existem outras 
fórmulas menos rigorosas e baseadas em médias de acréscimos e remarcações para mais ou 
para menos sobre os valores originais que fornecem valores de custo das mercadorias 
vendidas e estoques final pelos preços de custo bem mais rapidamente. São fórmulas que 
chegam a valores aproximados, sem a exatidão do critério explanado, mas de grande uso pela 
facilidade de aplicação. 
 Há, também, programas de computador específicos para controle de estoque que 
nestes casos otimizam e fornecem informações precisas a respeito do custo das mercadorias 
vendidas e estoque final. 
 26 
2 Procedimentos Contábeis DiversosCréditos Duvidosos e Devedores Insolváveis – 
Provisão para Devedores Duvidosos 
Representam valores passíveis de prejuízos onde os devedores estão sujeitos a não 
liquidarem seus compromissos com a empresa. Quando se torna comprovada a real 
impossibilidade do pagamento de suas dívidas, são esses devedores considerados devedores 
insolváveis. 
 
Cálculo: 
1. Pela análise individual dos devedores, verificando-se em cada caso a possibilidade de 
recebimento futuro; 
2. Pela determinação da provisão mediante a aplicação de uma percentagem sobre as vendas a 
prazo. 
 
No passado, a legislação fiscal permitia que se usasse um percentual (numa época foi de 3%, 
noutra 1,5%) sobre o saldo de duplicatas a receber para determinar a expectativa de perdas 
com devedores duvidosos. 
 
Contudo, os princípios contábeis e a legislação societária mantém sua posição de que a 
empresa deve constituir a provisão para perdas com base na expectativa de perda, devendo 
computar o valor da referida perda entre as inclusões do LALUR para apuração da base de 
cálculo do IR. 
 
Exemplo: 
Supondo que o saldo da conta Duplicatas a Receber seja de R$ 40.000,00. Estima-se que o 
montante de perda é de R$ 4.000,00. O lançamento a ser efetuado em 31/12 é o seguinte: 
 
D- Desp. Devedores Duvidosos R$ 4.000,00 (Conta de resultado) 
C- Provisão para Devedores Duvidosos R$ 4.000,00 
 
Exercício: O saldo da conta duplicatas a receber da empresa BETA S/A é de R$ 50.000. 
Estimou-se, que desta quantia 3% não será recebido pela empresa. Pede-se: constituir e 
contabilizar a Provisão para CLD. Qual o impacto da contabilização da operação no resultado 
da empresa? 
 
 
 
 
 
 
Natureza da Conta Provisão 
 
A conta Provisão para Devedores Duvidosos é uma conta subtrativa da conta Duplicatas a 
Receber. Desta forma os saldos dessas duas contas aparecerão nos demonstrativos da 
empresa, assim: 
 
Duplicatas a Receber R$ 40.000,00 
(-) Prov. p/ Dev. Duvidosos (R$ 4.000,00) 
(=) Saldo R$ 36.000,00 
 
Baixa de Títulos Incobráveis 
 27 
 
Exemplo de Contabilização: 
 
Saldos do Balanço: 
 
Duplicatas a Receber R$ 40.000,00 - Saldo devedor 
(-) Prov. p/ Dev. Duvidosos (R$ 4.000,00) - Saldo Credor 
 
Suponhamos que uma duplicata tornou-se incobrável no valor de R$ 500,00. Por se 
tratar de uma quantia que não entrará mais nos cofres da empresa a contabilidade deve 
providenciar a baixa do título. 
 
Desta forma, o lançamento a ser feito é o seguinte: 
 
D- Prov. p/ Dev. Duvidosos R$ 500,00 
C- Duplicatas a Receber R$ 500,00 
 
Exercício: João Brasileiro informou a nossa empresa que por motivo de força maior não 
pagaria sua duplicata, no valor de R$ 2.000,00. Pede-se: contabilizar a baixa do título. 
 
Legislação Fiscal - Dedução do IR 
 
A Lei 9.430/96 não permite a dedutibilidade da base de cálculo do IR a provisão para 
devedores duvidosos. 
O art. 340 do RIR/99 diz que, somente serão dedutíveis da base de cálculo do IR e CS os 
registros contábeis relativos a perdas de créditos referentes aos casos: 
 
I - já exista declaração de insolvência do devedor, por meio de sentença do Poder Judiciário; 
II - não haja garantia de valor para os créditos de até R$ 5.000,00, por operação, vencidos há 
mais de seis meses; acima de R$ 5.000,00 até R$ 30.000,00, por operação e vencidos há mais 
de um ano que estejam em processo de cobrança administrativa; e, finalmente, para os 
créditos superiores a R$ 30.000,00 e vencidos há mais de um ano, cujos procedimentos 
judiciais para recebimento já estejam em andamento; 
III - haja garantia para os
valores a receber mas estes estejam vencidos há mais de dois anos e 
com procedimentos judiciais para recebimento ou para arresto das garantias já em andamento. 
Consideram-se créditos com garantia aqueles decorrentes de vendas a prazo “com reserva de 
domínio, de alienação fiduciária em garantia ou de operações com outras garantias reais”; 
VI - haja declaração de falência ou concordata do devedor, observando-se que: a) a dedução 
da perda será admitida a partir da data da decretação da falência ou da concessão da 
concordata, desde que a credora tenha adotado os procedimentos judiciais necessários para o 
recebimento do crédito. 
Caso um título tenha sido baixado como incobrável, mas em um período futuro a 
empresa devedora efetue o pagamento, o lançamento a ser realizado é: 
 
D- Caixa 
C- Outras receitas operacionais 
 
Exercício: Em um momento posterior, João brasileiro pagou a empresa R$ 1.000,00 referente 
duplicata que havia sido baixada como incobrável. Pede-se: contabilizar a recuperação da 
perda. 
 28 
 
Saldo no Final do Exercício 
 
 Segundo a Equipe de Professores da FEA/USP (1998), a provisão para devedores 
duvidosos é sempre uma estimativa e, por ser uma estimativa, está obviamente sujeita a erros. 
Tanto a provisão pode ser insuficiente como também pode ser mais do que suficiente para 
cobrir as perdas com devedores insolváveis. Quando for insuficiente, não resta outra 
alternativa se não a de se contabilizar o excesso das perdas a débito de uma conta de 
resultado, como perda não esperada. Nessa hipótese, o saldo da provisão no fim do exercício 
será nulo. Quando é mais do que suficiente, haverá no fim do exercício um saldo credor, 
correspondente ao excesso da provisão sobre as perdas realmente ocorridas. 
 Nesse caso pode-se proceder de duas maneiras: 
 
1) deixar o saldo na conta, completando adequadamente, em face da estimativa para o 
próximo exercício. 
 
Saldo da Prov. p/ Dev. Duvidosos = R$ 3.500,00 
 
Estima-se uma perda de R$ 4.000,00 
 
D- Desp. c/ Devedores Duvidosos R$ 500,00 
C- Prov. p/ Dev. Duvidosos R$ 500,00 
 
 
2) Reverter o saldo não utilizado para a conta Resultado com o seguinte lançamento: 
 
D- Prov. p/ Dev. Duvidosos R$ 3.500,00 
C- Reversão Provisão – Outras Receitas Operacionais R$ 3.500,00 
 
e após constituir nova provisão pelo valor integral da nova estimativa: 
 
D- Desp. c/ Devedores Duvidosos 
C- Provisão para Devedores Duvidosos R$ 4.000,00 
 
Exercício 1: O saldo da conta Provisão para CLD de determinado exercício é de R$ 1.500,00. 
Quando da constituição da provisão para o próximo exercício, esta foi estimada em R$ 
2.000,00. Proceda a contabilização da operação, considerando as duas maneiras vistas 
anteriormente e explique o impacto da contabilização da operação no resultado da empresa. 
 
 
Exercício 2: Foi estimado, em 31/12/2006, que os valores considerados incobráveis da 
empresa Cont III S/A, tinham como média nos últimos três anos, 3% das vendas a prazo. 
Neste mesmo dia, o saldo da conta Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa inexistia. 
O total das vendas a prazo, neste ano, totalizou R$ 537.843,00. 
 
No decorrer do ano de 2007 ocorreram as seguintes transações: 
 
12/01 – a empresa Calote S/A nos enviou uma carta anunciando sua falência e, portanto, não 
pagaria seus débitos. Esta empresa devia uma duplicata de R$ 550,00. 
 
 29 
06/04 – a empresa Devo Não Nego S/A, que seus títulos em 2006 haviam sido baixados como 
incobráveis, nos remeteu um cheque no valor de R$ 300,00. 
 
30/04 – a empresa Inadimplente S/A quitou R$ 950,00 que devia a nossa empresa. Contudo 
restava um saldo deste cliente no valor de R$ 350,00 que o mesmo não possui condições de 
pagar. Este saldo foi considerado incobrável. 
 
10/06 – do débito da empresa Pago Quando Puder S/A, no valor de R$ 780,00 apenas foi 
recebido R$ 230,00 sendo o restante considerado incobrável. 
 
08/09 – a empresa Cara de Pau S/A nos remeteu um memorando informando que um de seus 
sócios fugiu levando todo o dinheiro da empresa. Desta forma, a mesma encerrou suas 
atividades não tendo condições de liquidar seu débito de R$ 1.000,00. 
 
30/11 – após ser vítima de um incêndio, a Golpes e Cia. informou que irá encerrar suas 
atividades e não irá pagar seus débitos. A empresa devia R$ 890,00. 
 
20/12 – após ter sido preso, o sócio da empresa Cara de Pau S/A que havia roubado o 
dinheiro, quitou 50% de seu antigo débito. 
 
30/12 – várias duplicatas, no montante total de R$ 1.500,00, foram baixadas por terem sido 
consideradas incobráveis. 
 
Pede-se: 
 
A - efetuar o lançamento na conta Provisão para Devedores Duvidosos no dia 31/12/2006; 
B – registras as operações do ano de 2007 transportando o saldo restante da conta Provisão 
para Devedores Duvidosos para a conta Resultado (ARE). 
 
 
Exercício 3: O saldo em 01.01.2006 da conta provisão para devedores duvidosas da Santos 
S.A era de R$ 2.500,00. Durante o ano aconteceram os seguintes eventos: 
 
 O cliente A, que fora considerado incobrável há dois anos, pagou sua dívida de R$ 
500,00; 
 O cliente B foi considerado incobrável em 10.04.2007 em R$ 600,00; 
 O cliente C foi considerado incobrável em 12.05.2007 em R$ 700,00; 
 O cliente B, em 10.07.2007, apareceu e pagou R$ 500,00 da sua dívida e alegou que 
não teria condições de pagar o restante; 
 O cliente D foi considerado incobrável em 10.08.2007 em R$ 1.000,00; 
 O cliente E foi considerado incobrável em 10.09.2007 em R$ 200,00; 
 Em 30.11.2007 o cliente D veio até empresa e pagou R$ 200,00 da sua antiga dívida; 
 
O saldo da conta clientes em 30.12.2007 é de R$ 230.000,00. A base para constituir nova 
provisão é de 5,5% sobre o saldo. 
 
Pede-se: 
 
 30 
A - Faça todos os registros necessários, inclusive razonetes, considerando 31.12.2007 como 
encerramento do exercício social. 
 
Exercício 4: O saldo da conta Clientes, da empresa Cont III S/A, em 31/12/2007, era de R$ 
123.000,00. O contador da empresa tinha como média nos últimos três anos que 3% das 
vendas a prazo não eram recebidas. 
Assim, pede-se: 
 
A - constituir a provisão para devedores duvidosos para o exercício de 2008. 
 
No decorrer do ano de 2008 ocorreram as seguintes situações: 
 
13/03 – a D S/A decretou falência. Esta empresa devia uma duplicata de R$ 150,00. 
 
16/04 – a empresa Y S/A, que devia R$ 1.000,00, nos remeteu um cheque no valor de R$ 
300,00 e anunciou a descontinuidade dos seus negócios. 
 
30/05 – a empresa R S/A veio até nossa empresa pagou R$ 50,00 de uma dívida de R$ 200,00 
e alegou que não possui condições de pagar o restante. 
 
11/07 –a empresa P S/A, cuja dívida fora considerada incobrável em 2007, nos remeteu um 
cheque no valor de R$ 780,00 para quitar suas obrigações. 
 
28/10 – a empresa C S/A nos remeteu um memorando informando que estava encerrando suas 
atividades. Desta forma, a empresa realizou um depósito bancário pagando sua dívida de R$ 
1.000,00. 
 
30/11 – a empresa D S/A, que havia decretado falência, foi comprada por outra empresa 
sendo que a nova administração pagou R$ 50,00 da antiga dívida. 
 
23/12 – várias duplicatas, no montante total de R$ 740,00, foram baixadas por terem sido 
consideradas incobráveis. 
 
Pede-se: 
 
B - realizar os lançamentos contábeis para cada operação do ano de 2008; elaborar os 
razonetes; apurar o saldo da conta Provisão para Devedores Duvidosos; reverter o saldo da 
provisão; apurar o novo saldo da P. p/ CLD considerando que o saldo da conta clientes em 
31.12.2008 é de R$ 193.500,00 e o percentual o mesmo do ano anterior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31
3. Folha de Pagamento 
 
3.1 Obrigatoriedade 
 
 A confecção da folha de pagamento, além de um procedimento de caráter trabalhista, 
decorre de obrigatoriedade prevista no art. 47 do ROCSS – Regulamento da Organização e 
Custeio da Seguridade Social, que determina: 
 
“A empresa é obrigada a: 
 
I – preparar folha de pagamento da remuneração paga ou creditada a todos os segurados a seu 
serviço; 
II – lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os 
fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as 
contribuições da empresa e os totais recolhidos.” 
 
 
3.2 Remuneração e Salários 
 
Salários 
 
 Segundo Gonçalves (1999), salário “é a contraprestação dos serviços prestados pelo 
empregado, devida e paga diretamente pelo empregador. De uma forma concisa, salário é 
todo valor pago ao empregado, pelo empregador, por exemplo: salário básico, percentagens, 
comissões, gratificações, abonos, etc.”. 
 
 
Remuneração 
 
Segundo Gonçalves (1999), remuneração “é a soma do salário devido pelo 
empregador com os valores que o empregado recebe de terceiros, em decorrência do contrato 
de trabalho, por exemplo, a gorgeta”. 
 
3.2.1 Horas Extras 
 
Se o empregado trabalhar em horas suplementares, através de acordo de prorrogação 
de horas, as mesmas serão pagas com adicional de 50% sobre o valor da hora normal. 
(Constituição Federal, art. 7 § XVI). 
Há, ainda, a possibilidade da existência de percentual superior ao fixado pela CF, 
através de contrato, acordo ou convenção coletiva. 
 
Para cálculo de horas extras utiliza-se o procedimento: 
 
Salário / Carga Horária Contratada 
 32 
1.000,00 / 220 = 4,55/h 
 
 
 
3.2.2 Adicional Noturno 
 
O empregado que trabalhar no período noturno, ou seja, aquele compreendido entre as 
22:00 hs de um dia e às 5:00 hs do dia seguinte, fará jus ao adicional de 20% sobre o salário 
hora diurno. A hora do trabalho noturno é de 52 minutos e 30 segundos. (CLT, art. 73). 
 
Exemplo: 
 
7 horas X 60 minutos = 420 minutos 
420 minutos : 52m 30Seg = 8 horas 
O trabalhador receberá como remuneração nas 8 horas trabalhadas e não apenas nas 7 horas. 
Hora diurna = R$ 50,00 
Adicional noturno = R$ 10,00 (R$ 50,00 x 20%) 
Hora noturno = R$ 60,00 
8 horas x R$ 60,00 = R$ 480,00 
 
3.2.3 Adicional de Periculosidade 
 
Os empregados que trabalham em contato permanente com inflamáveis ou explosivos 
recebem um adicional de 30% sobre o salário contratual, não incidido o referido percentual 
sobre prêmios, gratificações e participação nos lucros (Art.193,CLT). 
 
Exemplo: 
 
Salário contratual = R$ 11.000,00 
Adicional de periculosidade = R$ 3.300,00 
 
3.2.4 Adicional de Insalubridade 
 
É pago aos empregados que trabalham nas atividades consideradas insalubres, nocivas 
à saúde do trabalhador. 
O adicional será de 10%, 20% ou 40% (mínimo, médio ou máximo) do salário mínimo 
(CLT Art.192), conforme quadro das atividades insalubres constante na Norma 
Regulamentadora nº15 / Portaria MTb nº 3.214/78. 
 
3.2.5 Salário Família 
 
Instituído pela Lei nº 4.266/63 inicialmente para os empregados urbanos, teve sua 
concessão ampliada para os trabalhadores rurais pela CF/88 art. 7º e inciso XII. 
Posteriormente a Lei nº 8.213/91, que dispões sobre os Planos de Benefícios da Previdência 
 33 
Social e dá outras providências, regulamentada pelo Decreto nº 611, de 21.07.92 (DOU de 
22.07.92), passou a disciplinar a forma de concessão e reembolso do Salário Família. 
Tem direito ao Salário Família os trabalhadores que obtiverem salários até R$ 862,11 
e possuírem: 
 
 Filhos até 14 anos; 
 Equiparados a filho (enteados, menor que esteja sob guarda ou sob tutela e filho 
de criação com apresentação de termo de guarda); 
 Filho inválido. 
O valor do Salário Família é variável de acordo com a seguinte tabela: 
 
 
 
3.4 Descontos na Folha de Pagamento 
 
A legislação trabalhista permite que se efetuem descontos no salário do empregado 
somente quando tratar-se de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. Os 
demais descontos somente serão permitidos através de acordo entre empregado e empresa ou 
com expressa autorização de empregado. 
 
3.4.1 Contribuição Sindical 
 
 Na Folha de Pagamento de mês de março, a empresa é obrigada a descontar um dia de 
trabalho de todos os empregados, qualquer que seja a forma da referia remuneração (Arts. 578 
à 610 CLT). Para a Contribuição Sindical Patronal deve-se verificar valor do desconto ou 
percentual em tabela específica. 
 
3.4.2 INSS 
 
A empresa deverá descontar de seus empregados a contribuição previdenciária que 
incidirá sobre a remuneração efetivamente paga ou creditada no mês, recolhendo o produto 
até o dia 20 do mês seguinte. 
 
Tabela de Contribuição do Segurado Empregado: 
 
 34 
 
 
*Teto máximo de desconto. 
Fonte: Previdência Social 
Empresas ou equiparadas contribuem com alíquota patronal de 20% sobre a 
remuneração dos empregados, mais a contribuição destinada à complementação do custeio 
das prestações por acidente do trabalho variável de acordo com o grau de risco (1%, 2% ou 
3%), além das contribuições devidas com a atividade da empresa. 
Estão desobrigadas a este recolhimento (patronal) as empresas optantes pelo sistema 
de tributação SIMPLES (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições) de 
acordo com a lei 9317/96, pois esta alíquota já é inclusa no percentual específico. 
 
3.4.3 IRRF 
 
Incidência: 
 
Estão sujeitos à incidência de imposto de renda na fonte, calculado de acordo com a 
tabela progressiva mensal, os rendimentos líquidos do trabalho assalariado pagos por pessoa 
física ou jurídica a pessoas físicas, e os demais rendimentos pagos por pessoas jurídicas a 
pessoas físicas. 
 
Parâmetros de IRRF* 
Base de cálculo mensal em 
R$ 
Alíquota % Parcela a deduzir do imposto em R$ 
Até 1.499,15 - - 
De 1.499,16 até 2.246,75 7,5 112,43 
De 2.246,76 até 2.995,70 15,0 280,94 
De 2.995,71 até 3.743,19 22,5 505,62 
Acima de 3.743,19 27,5 692,78 
 35 
 
Fonte: Receita Federal 
 
*Para verificação da progressividade dos tetos, deduções e bases de cálculo para os anos 
seguintes deve-se visitar o site da receita federal: www.receita.fazenda.gov.br. 
Deduções para apuração da Base de Cálculo (Teto) 
 
Dedução por dependente (R$ 150,69), pensão alimentícia, contribuições para 
previdência social da União, dos estados, do DF e dos Municípios e contribuições para as 
entidades de previdência privada no País. 
Para a obtenção do valor do imposto devido, deve-se adotar o seguinte procedimento: 
 
 Apuração da renda líquida; 
 Aplicação do percentual do IRRF; 
 Aplicação da parcela de dedução. 
 
3.5 FGTS 
 
Constituição Federal/88 – Direito Adquirido 
 
Artigo 7 da Constituição Federal: 
 
“São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a melhoria de sua 
condição social: 
III – fundo de garantia do tempo de serviço.” 
 
Enunciado 63/TST: 
 
“A contribuição para o FGTS incide sobre a remuneração mensal devida ao empregado.” 
 
O percentual de recolhimento sobre o valor da remuneração é de 8%. 
No caso de rescisão contratual sem justa causa, caberá ao empregador uma multa de 
50% do valor do saldo do FGTS do empregado, sendo que, 40% é depositado para o 
empregado e 10% para o governo. 
 
 
3.6 Provisões e Contabilização da Folha de Pagamento 
 
As provisões podem ser consideradas como verdadeiros elementos subtrativos do Ativo 
ou como verdadeiros
passivos. Neste último caso (ex. provisões de férias), trata-se sempre de 
uma conta de vencimento aleatório. A contrapartida será sempre a débito de uma conta de 
despesa. Representam, geralmente, as provisões, despesas já incorridas, mas cujo total 
podemos apenas estimar. 
Uma das principais vantagens da execução das provisões é a redução do lucro a ser 
tributado para empresas não optantes pelo sistema de tributação SIMPLES. Exemplo: 
 
 
 36 
Empregado: X 
Dependentes: Filho 12 anos 
Salário: R$ 2.500,00 
Horas Extras: R$ 50,00 
Remuneração: R$ 2.550,00 
INSS: R$ 280,50 
IRRF: R$ 103,60 
Descontos R$ 384,10 
Remun. Líquida R$ 2.165,90 
 
Lançamentos Contábeis da Folha de Pagamento: 
Lançamentos Remuneração e Encargos – Empregado 
 
D- Salários e Vantagens 2.550,00 
C- IRRF à Recolher 103,60 
C- INSS à Recolher 280,50 
C- Salários à Pagar 2.165,90 
 
 
 
Lançamentos dos Encargos Sociais – Empresa 
 
D- Desp. c/ FGTS 216,75 
C- FGTS à Recolher 216,75 
 
D- Desp. c/ INSS Patronal 510,00 
C- INSS Patr. à Recolher 510,00 
 
Provisões sobre a Remuneração 
 
13º Salário (8,33%) 
 
D- Desp. c/ 13º Salário 212,41 
C- Provisão de 13º Sal. 212,41 
 
Férias (8,33%+2,78%= 11,11%) 
 
D- Desp. c/ Férias 283,30 
C- Provisão Férias 283,30 
 
Encargos sobre Provisões – Empresa 
 
13º Salário 
 
D- Desp. c/ INSS Patronal 42,48 
C- Prov. INSS s/ 13º Sal. 42,48 
 
D- Desp. c/ FGTS 18,05 
C- Prov. FGTS s/ 13º Sal. 18,05 
 
 37 
Férias 
 
D- Desp. c/ INSS Patronal 56,66 
C- Prov. INSS s/ Férias 56,66 
 
D- Desp. c/ FGTS 24,08 
C- Prov. FGTS s/ Férias 24,08 
 
 
Exercícios: 
 
1) A empresa Beta possui 4 funcionários. Com os dados abaixo calcule a folha de 
pagamento da empresa Beta. Lembre que a folha de pagamento é o documento que 
relaciona os nomes dos empregados da empresa, o valor bruto de seus salários as 
deduções e o valor líquido a receber. 
 
Abel: Salário de R$ 525,00, insalubridade de 20%, efetuou 20 horas extras com adicional de 
50%. 
 
Ivo: Salário de R$ 600,00, trabalha durante o dia, porém realizou 20 horas extras com 
adicional de 50% no período noturno. 
 
José: Salário de R$ 830,00, realizou 10 horas extras com adicional de 100% e ganha 
periculosidade de 30%. 
 
Eva: Salário de R$ 2.000,00, possui 2 filhos dependentes para cálculo do IRRF. 
 
 
Obs: Para cálculo da insalubridade utilizar o salário mínimo de R$ 240,00. 
Para cálculo do INSS e IRRF utilizar as tabelas constantes no material de apoio. 
 
Pede-se: Montar a folha de pagamento e contabiliza-la. 
 
 
2 - Considerando a seguinte Folha de Pagamento, proceda aos lançamentos contábeis 
cabíveis. 
 
Nome Salário Total Proventos INSS IRRF Total 
Descontos 
Total 
líquido a 
receber 
José 500,00 500,00 38,25 38,25 461,75 
João 300,00 300,00 22,95 22,95 277,05 
Total 800,00 800,00 72,00 72,00 728,00 
 
3 - Considerando a seguinte Folha de Pagamento, proceda aos lançamentos contábeis 
cabíveis. 
Nome Salário Total Proventos INSS IRRF Total 
Descontos 
Total 
líquido a 
receber 
Abel 5.000,00 5.000,00 264,00 879,32 1.143,32 3.856,68 
 38 
 
4. Operações Financeiras 
 
Quando uma empresa necessita de fundos adicionais para o prosseguimento ou 
expansão de suas operações, poderá recorrer aos seguintes expedientes: 
 
a) tomar dinheiro emprestado de um banco, de uma companhia de financiamento ou de um 
capitalista particular, para pagamento a curto ou médio prazo; 
 
b) tomar dinheiro emprestado, geralmente de um banco governamental por prazo longo; 
 
c) lançar debêntures, a médio ou longo prazo; e 
 
d) aumentar o capital social. 
 
Empréstimos a curto prazo devem ser efetuados exclusivamente para atender a 
necessidades que aparecem periodicamente dentro de cada ciclo operacional. 
 
 
Ciclo Operacional: Período que vai desde a aquisição das matérias primas até o recebimento 
das vendas. 
 
CICLO OPERACIONAL = 75 dias 
|-----------------------------------------------------------------| 
 
PMRE = 30 dias PMRV = 45 dias 
|-----------------------------|-----------------------------------| 
Compra Vende Recebe 
 
Estudaremos dois modelos de financiamento a curto prazo: 
 
a) Descontos de nota promissória 
b) Descontos de duplicatas a receber 
 
4.1.1 Desconto de Nota Promissória 
 
A nota promissória é uma promessa de pagamento, emitida pelo próprio devedor. A 
empresa CON III S.A. efetuou o desconto de uma nota promissória de sua emissão, no Banco 
do Brasil, com vencimento em 60 dias. 
 
Condições: 
 
- data de emissão e entrega: 30/10; 
- valor da NP R$ 50.000,00; 
- taxa de desconto: 5,45% a.m. 
- taxas bancárias diversas: R$ 150,00. 
 
 
 
 39 
Contabilização: 
 
1º Situação: O banco desconta os juros no momento da liberação do dinheiro. 
Lançamentos necessários: 
 
D- Banco R$ 44.400,00 
D- Juros a transcorrer R$ 5.450,00 (Redutora do Passivo) 
D- Despesas bancárias R$ 150,00 
C- Promissórias a pagar R$ 50.000,00 
 
Tratamento dos juros no período: 
Em 30/11 
D- Desp. Juros bancários R$ 2.725,00 
C- Juros a transcorrer R$ 2.725,00 
 
Em 30/12 
D- Desp. Juros bancários R$ 2.725,00 
C- Juros a transcorrer R$ 2.725,00 
 
Pagamento da NP em 30/12: 
 
Lançamentos necessários: 
 
D- Promissórias a pagar R$ 50.000,00 
C- Banco conta movimento R$ 50.000,00 
 
Exercício 1: Em 31.10.2008 a empresa Real S.A tomou emprestado R$ 50.000,00 do banco 
Sudameris pelo desconto de uma nota promissória para 60 dias com taxa de 3,8% a.m. As 
despesas bancárias foram de R$ 190,00 pagas pela abertura de cadastro. O banco descontou 
também os juros totais do empréstimo no momento da liberação do dinheiro. A NP foi paga 
em 31.12.2008 conforme aviso do banco. Contabilize. 
 
 
2
a
 Situação: O banco desconta os juros no pagamento da nota promissória. 
Lançamentos necessários: 
 
D- Banco R$ 49.850,00 
D- Despesas bancárias R$ 150,00 
C- Promissórias a Pagar R$ 50.000,00 
 
 
Tratamento dos juros: 
Em 30/11 
D- Desp. Juros bancários R$ 2.725,00 
C- Juros a Pagar R$ 2.725,00 
 
Em 30/12 
D- Desp. Juros bancários R$ 2.725,00 
C- Juros a Pagar R$ 2.725,00 
 
 40 
Pagamento da NP em 30/12: 
 
Lançamentos necessários: 
 
D- Promissórias a Pagar R$ 50.000,00 
D- Juros a Pagar R$ 5.450,00 
C- Banco conta movimento R$ 55.450,00 
 
Exercício 2: Em 30.09.2008, a empresa X S.A, tomou emprestado R$ 60.000,00 do Banco 
Bradesco, pelo desconto de uma nota promissória para 120 dias com taxa de 6% a.m. Além 
dos juros, o banco cobrou R$ 210,00 de despesas bancárias pela abertura do cadastro. O 
banco informou que cobraria os juros somente no momento da liquidação da NP. A nota 
promissória foi paga no dia 31.01.2009 conforme aviso do banco. Contabilize. 
 
 
4.1.2 Desconto de Duplicatas a Receber 
 
Ao extrair a fatura de venda, ou após esse ato, pode o vendedor sacar uma duplicata 
correspondente, para circular como título de crédito. 
Visando suprir seu capital de giro, é comum as empresas efetuarem o desconto de 
duplicatas a receber em bancos. O banco compra à vista estas duplicatas “descontando” as 
despesas bancárias e os juros. 
Caso o devedor venha
a não efetuar o pagamento da duplicata, a mesma volta para a 
empresa que efetuou o desconto e o banco é ressarcido do valor. 
Por esse motivo, o montante das duplicatas a receber descontadas deve ser 
demonstrado no balanço subtraindo o valor das duplicatas a receber respectivas. 
Não devem as duplicatas descontadas serem classificadas como passivo, pois ainda 
não existe dívida por parte da empresa. 
Exemplo: 
 
Desconto de duplicata emitida em 01/09, que vence em 01/11, no valor de R$ 10.000,00. 
O banco cobra uma taxa de R$ 50,00 para despesas mais 5% do valor do título. 
 
Forma de contabilização: 
 
D- Banco R$ 8.950,00 
D- Juros a transcorrer R$ 1.000,00 
D- Despesas Bancárias R$ 50,00 
C- Duplicatas descontadas R$ 10.000,00 
 
Tratamento dos juros: 
Em 30/09 
D- Desp. Juros bancários R$ 500,00 
C- Juros a transcorrer R$ 500,00 
 
Em 30/10 
D- Desp. Juros bancários R$ 500,00 
C- Juros a transcorrer R$ 500,00 
 
Quando da liquidação da duplicata: 
 41 
Lançamento contábil: 
 
D- Duplicatas descontadas R$ 10.000,00 
C- Duplicatas a receber R$ 10.000,00 
 
No caso de não pagamento do título pelo devedor: 
Lançamento contábil: 
 
D- Duplicatas descontadas R$ 10.000,00 
C- Banco R$ 10.000,00 
 
Exercício 1: Desenvolva a seguinte situação: 
 
1) A empresa Cont III S.A apresentava um saldo de duplicatas a receber de R$ 100.000,00 em 
01.10.2008. 
 
 na mesma data, a empresa descontou, no banco Banrisul, duplicatas com vencimento para 
90 dias no valor de R$ 50.000,00. O banco cobrou antecipadamente juros de 3,8% a.m., 
mais comissão de cobrança de 10% do valor das duplicatas e despesas de abertura de 
cadastro de R$ 150,00 creditando o líquido da transação na conta da empresa. 
 
 na mesma data, a empresa mandou para cobrança bancária duplicatas no valor de R$ 
15.000,00 com vencimento para 90 dias. 
 
 em 02.01.2009 o banco mandou um aviso de lançamento com as seguintes informações: 
 
o das duplicatas descontadas em 01.10.2008, R$ 43.000,00 foram quitadas pelos clientes; 
o os R$ 7.000,00 não pagos, em duplicatas, foram devolvidos a empresa. 
o os R$ 15.000,00, remetidos para a cobrança bancária, foram pagos e creditados na conta 
da empresa. 
 
Exercício 2: Desenvolva as seguintes situações: 
 
a) A empresa Cont III S.A apresentava um saldo de duplicatas a receber de R$ 90.000,00 em 
31.03.2008. 
 
 na mesma data, a empresa descontou no banco Itaú duplicatas com vencimento para 120 
dias no valor de R$ 15.000,00. O banco cobrou antecipadamente juros módicos de 15% 
a.m. mais comissão de cobrança de R$ 1.000,00 e despesas de abertura de cadastro de R$ 
250,00 creditando o líquido da transação na conta da empresa. 
 
 em 30.05.2008 a empresa mandou para cobrança bancária duplicatas no valor de R$ 
25.000,00 com vencimento para 90 dias. 
 
 em 31.07.2008 o banco mandou um aviso de lançamento com as seguintes informações: 
 
o das duplicatas descontadas em 31.03.2008, R$ 10.000,00 foram quitadas pelos clientes; 
o dos R$ 5.000,00 não pagos, o banco agiu da seguinte maneira: 
 42 
 R$ 2.000,00 em duplicatas, após terem sidos debitados da conta da empresa por não 
pagamento, foram transferidas para cobrança bancária; 
 R$ 3.000,00 em duplicatas foram devolvidos a empresa por não pagamento. 
 
b) Em 01.10.2008, a empresa Sem Saldo S.A, tomou emprestado R$ 15.000,00 do Banco do 
Brasil, pelo desconto de uma nota promissória para 90 dias com taxa de 5% a.m.. Além dos 
juros, o banco cobrou R$ 200,00 de despesas bancárias pela abertura do cadastro. Tanto o juro 
como as despesas bancárias foram descontados no momento da liberação do dinheiro. A nota 
promissória foi paga no dia 02.01.2003. 
 
 
c) Em 31.12.2001 a R e Cia tomou emprestado R$ 20.000,00 do banco Banrisul pelo desconto 
de uma nota promissória para 60 dias com taxa de 4,9% a.m. As despesas bancárias foram de 
R$ 210,00 pagas pela abertura de cadastro. O banco informou que iria cobrar os juros no 
resgate do título. A NP foi paga em 28.02.2008 conforme aviso do banco. 
 
 
 
5. Ativo Imobilizado e Problemas de Amortização 
 
5.1 Ativo Imobilizado – Conceituação 
 
Lei 6.404/76, Art 179, item IV: Os direitos que tenham por objeto bens destinados à 
manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, 
inclusive os de propriedade industrial ou comercial. 
Ativo Imobilizado: 
Neste grupo de contas são incluídos todos os bens de permanência duradoura, 
destinados ao funcionamento normal da sociedade e de seu empreendimento, assim como os 
direitos exercidos com essa finalidade. 
 
5.2 Amortização do ativo imobilizado em sentido amplo 
 
Amortização, depreciação, exaustão = Redução da capacidade de geração de serviços 
de um ativo. 
Os elementos do ativo imobilizado têm sua vida limitada no tempo. 
 
Amortização: usada para bens intangíveis. Exemplo: Marcas e patentes. 
Depreciação: usada para bens tangíveis. Exemplo: Prédios e veículos. 
Exaustão: usada para recursos naturais. Exemplo: Minas e florestas. 
 43 
Os gastos com depreciação, amortização ou exaustão devem ser distribuídos pelos 
períodos da vida estimada dos ativos. 
A legislação fiscal (arts. 305 à 323) estabelece critérios básicos para as taxas de 
depreciação ao ano: 
Edifícios, 4%; Máquinas, 10%; Móveis e utensílios, 10%; Veículos, 20%; Software 20%; 
Equipamentos de informática 20%; Tratores 25%. 
 
5.3 Classificação dos elementos do ativo imobilizado 
 
a) Tangíveis: que tem corpo físico, tais como: 
- sujeitos a depreciação: máquinas, ferramentas, móveis, edifícios, entre outros; 
- não sujeitos a depreciação: terrenos, obras de arte; 
- sujeitos a exaustão: minas, florestas, entre outros. 
 
b) Intangíveis: cujo valor não reside em qualquer propriedade física, tais como: 
- sujeitos a amortização: patentes, direitos autorais, entre outros; 
- não sujeitos a amortização: marcas de indústria e de comércio; 
 
5.4 O valor contábil dos elementos do ativo imobilizado 
 
Lei 6.404/76 art. 183: “No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os 
seguintes critérios: 
V - os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da 
respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão.” 
 
O custo de aquisição deve incluir todos os desembolsos de dinheiro feitos até que o 
bem esteja em condições de entrar em atividade no processo operacional da empresa. 
Incluem-se fretes, custo de instalação, entre outros. 
Exemplo: custo de um prédio, prensa de grande porte. 
 
 O art. 183 da Lei nº 6.404/76 estabelece, em seu par. 2º: 
“A diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado será registrada periodicamente 
nas contas de: 
 44 
a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto 
bens físicos sujeitos a desgastes ou a perda de utilidade por uso, ação da natureza 
ou obsolescência; 
b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na 
aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros 
com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de 
utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; 
c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da exploração, de 
direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa 
exploração.” 
 
Como se verifica, a depreciação a ser contabilizada deve ser, conforme a Lei das 
Sociedades por Ações, o valor que corresponder ao desgaste efetivo pelo uso ou perda de 
utilidade dos bens físicos, inclusive por
ação da natureza ou obsolescência, e não os 
estabelecidos pela legislação fiscal; contudo, é prática usual, visando simplificar o trabalho, a 
adoção das taxas anuais de depreciação estabelecidas pelo Fisco. 
 
A legislação fiscal, por meio do Regulamento do Imposto de Renda (RIR)/99, em 
seus artigos 305 a 334, determina resumidamente que: 
 
“A importância correspondente à diminuição de valor dos bens do ativo permanente 
resultante de desgastes pelo uso, ação da natureza ou obsolescência normal, poderá ser 
computada como custo ou despesa operacional. A parcela da depreciação dos bens utilizados 
na produção será computada como custo dos produtos vendidos, enquanto a depreciação dos 
demais bens será escriturada como despesa operacional, na área de vendas ou administrativa.” 
 
O montante acumulado das quotas de depreciação, em qualquer hipótese, não poderá 
ultrapassar o custo do bem corrigido monetariamente; logo, o valor líquido contábil não 
poderá ser negativo (SCHMIDT, 2002). 
 
 
5.4.1 Bens construídos 
 
Se uma máquina é construída pela própria empresa, deve ser contabilizada pelo custo 
de construção do equipamento. Englobam, além dos custos citados anteriormente, os custos 
de mão de obra, encargos, entre outros. 
 
 
 45 
 
5.5 Conceito de Depreciação 
 
A depreciação corresponde à perda do valor dos bens decorrente do uso, ação da 
natureza ou obsolescência; 
 
5.6 Problemas de Depreciação 
 
Para calcular a amortização dos bens depreciáveis, é necessário resolver três problemas: 
 
a) O problema da vida útil; 
b) O problema do método; e 
c) O problema da escolha da base de cálculo. 
 
 
 
5.7 O problema da vida útil 
 
A vida útil do bem é limitada devido a causas físicas e funcionais que atuam sempre 
em conjunto. 
 
Causas físicas: desgaste natural e ação dos elementos da natureza; 
 
Causas funcionais: inadequação e obsoletismo. 
 
5.8 O problema do método 
 
Os métodos de depreciação mais utilizados são: 
 
- método das quotas constantes 
- método da soma dos dígitos dos anos 
 46 
- método do saldo decrescente 
- método de unidades produzidas 
- método de horas de trabalho 
 
5.8.1 Método das quotas constantes 
 
Também chamado de método linear, é o mais utilizado pelas empresas. 
Utiliza-se a seguinte fórmula: 
 
Depreciação = Custo (-) Valor residual estimado 
 Período de vida útil 
 
Exemplo: 
Custo do bem : R$ 6.000,00 
Vida útil estimada: 5 anos ou 60 meses 
Não há valor residual 
 
Depreciação = R$ 6.000,00 = R$ 100,00/mês 
 60 
 
Tabela para cálculo da depreciação 
 
Mês/Ano Valor Índice/Taxa Depr. Período Depr. Acum. Valor Residual 
 
 
 
 
 
 
 47 
Exercício: 1 - Calcule a depreciação mensal dos seguintes bens e contabilize. Utilize a tabela 
auxiliar. 
 
Bens Custo/Bem Vida 
útil/Anos 
Taxa anual Valor Residual 
Máquinas 25.000 4% 5.000 
Sist. Proc. Dados 15.000 5 3.000 
 
 
 
Mês/Ano Valor Índice/Taxa Depr. Período Depr. Acum. Valor Residual 
 
 
 
 
 
 
Mês/Ano Valor Índice/Taxa Depr. Período Depr. Acum. Valor Residual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 48 
5.8.2 Método da soma dos dígitos dos anos 
 
Este método é calculado da seguinte forma: 
 
a) somam-se os algarismos que compõem o número de anos de vida útil do bem. 
 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15 
 
Neste método a quota depreciação é apurada para o montante anual. 
A seguir calcula-se a depreciação como segue: 
 
Ano 1 5/15 X R$ 6.000,00 = R$ 2.000,00 
Ano 2 4/15 X R$ 6.000,00 = R$ 1.600,00 
Ano 3 3/15 X R$ 6.000,00 = R$ 1.200,00 
Ano 4 2/15 X R$ 6.000,00 = R$ 800,00 
Ano 5 1/15 X R$ 6.000,00 = R$ 400,00 
Total da depreciação = R$ 6.000,00 
 
Exercício 2 - Calcule a depreciação considerando o método da soma dos dígitos: Veículo 
25.000 sem valor residual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 49 
5.8.3 Método do saldo decrescente 
 
Também conhecido como método exponencial. 
Consiste na utilização da seguinte fórmula: 
 
 n 
Percentagem anual = 1 - Valor residual 
 Custo do bem 
A quota de depreciação também é calculada anualmente neste método. 
Exemplo: 
Custo do bem: R$ 5.500,00; 
Valor residual estimado: R$ 550,00; 
Vida útil estimada (n): 5 anos. 
 
Assim, aplica-se a fórmula: 
 
 
 5 
Percentagem anual = 1 - 550,00 
 5.500,00 
 
Desta forma, tem-se como resultado: 
 
1 - 0,63096 = 0,36904, que, multiplicado por 100 resulta na percentagem de 36,904% de 
depreciação ao ano. 
 
 
 
 
 50 
Então a depreciação do bem é apresentada assim: 
 
Ano 1 = 5.500,00 X 36,904% = 2.029,72 
Ano 2 = 3.470,28 X 36,904% = 1.280,67 
Ano 3 = 2.189,60 X 36,904% = 808,05 
Ano 4 = 1.381,55 X 36,904% = 509,84 
Ano 5 = 871,70 X 36,904% = 321,72 
Total da depreciação = 4.950,00 
 
Observe que o percentual é aplicado sobre o valor do bem reduzido de sua 
depreciação. 
Desta forma, tem-se: 
 
5.500,00 - 2.029,72 = 3.470,28 
 
Onde 2.029,72 é a depreciação de 5.500,00; 
 
O percentual de 36,904% deve ser aplicado, agora, sobre 3.470,28 e assim 
sucessivamente. 
 
Exercício 3: Calcule a depreciação pelo método do saldo decrescente considerando os 
seguintes dados: 
Custo da máquina: R$ 7.000,00; 
Valor residual estimado: R$ 1.000,00; 
Vida útil estimada (n): 5 anos. 
 
 
 
 
 51 
5.8.4 Método de unidades produzidas 
 
Este método é baseado numa estimativa do número total de unidades que devem ser 
produzidas pelo bem a ser depreciado, e a quota anual de depreciação é expressa pela seguinte 
fórmula: 
 
Depreciação = N
o
 de unidades produzidas ano X 
 N
o
 de unidades estimadas a serem 
 produzidas durante a vida útil do bem 
 
 
Exercício 4: Determinada máquina tem capacidade de produzir o equivalente a 500.000 peças 
no decorrer de sua vida útil. O valor da máquina é de R$ 60.000. No primeiro mês de trabalho 
a máquina produziu a quantia de 5.500 peças. Pede-se: calcular a depreciação da máquina 
para o período. 
 
5.8.5 Método de horas de trabalho 
 
Baseia-se na estimativa de vida útil do bem, representada em horas de trabalho, e é 
expresso pela seguinte fórmula: 
 
Depreciação = N
o
 de horas trabalhadas ano X 
 N
o
 de horas estimadas durante a 
 vida útil do bem 
 
 
Exercício 5: Determinada máquina tem uma vida útil estimada em torno de 250.000 horas. O 
valor da máquina é de R$ 30.000. No decorrer do período a máquina trabalhou 176 horas. 
Pede-se: Calcule o valor da depreciação para o período. 
 
 
 
 52 
 
5.9 O problema da escolha da base de cálculo 
 
Segundo a equipe de professores da FEA/USP (1998), durante muito tempo, a única 
base de cálculo era o custo histórico ou o custo histórico menos o valor residual. Até hoje, em 
países com moeda estável, como os Estados Unidos e o Japão, a depreciação ainda é calculada 
sobre bases históricas. 
Com o surgimento de processos inflacionários acentuados em alguns países (como 
aconteceu no Brasil), a depreciação calculada sobre bases
históricas perdeu completamente 
sua significação, com evidentes prejuízos para a determinação do custo dos produtos e 
serviços e do lucro contábil. 
Em vista disso, passou-se a procurar outra base para substituir o custo histórico. A 
maioria dos autores e profissionais é favorável ao uso do custo histórico ajustado pela 
variação do nível geral de preços. Essa é, por sinal, a solução que foi adotada pela legislação 
brasileira no passado. Com a redução da taxa de inflação brasileira, essa correção passou a 
ficar vedada no Brasil. 
 Todavia, em nenhum país do mundo a inflação é zero. Assim, não havendo 
atualização monetária, faz-se amortização de custo histórico, original de há muitos anos, com 
chance de subavaliação, provocando-se resultados maiores do que os que deveriam ser 
medidos. Essa é uma das maiores falhas da contabilidade no mundo, inclusive nos países 
desenvolvidos. 
 
 
5.10 Contabilização da Depreciação 
 
D- Depreciação (despesa ou custo) 
C- Depreciação Acumulada (conta redutora do ativo a que se refere) - conta patrimonial 
 
 
5.11 Depreciação versus provisão para reposição 
 
 A natureza da depreciação, sob o aspecto contábil, é freqüentemente mal interpretada, 
devido à tendência de se supor que os registros da depreciação produzem, de alguma forma, 
fundos destinados à futura substituição dos elementos depreciados. Esta falsa idéia se devia a 
errônea interpretação dada geralmente à expressão antigamente usada de Reserva para 
Depreciação ou Fundo para Depreciação (FEA/USP, 1998). 
 
 53 
5.12 Gastos relacionados com bens depreciáveis 
 
Podem ser relacionados em dois tipos: 
 
Gastos de Capital: são os que irão beneficiar mais de um exercício social e devem ser 
adicionados ao valor do Ativo Imobilizado. Exemplo: custo de aquisição do bem, custo de 
instalação e montagem, entre outros. 
 
Gastos do Período: são os que devem ser agregados às contas de despesas do período, pois só 
beneficiam um exercício e são necessários para manter o Imobilizado em condições de operar. 
Exemplo: manutenção e reparos. 
 
Como fazer distinção entre os dois gastos 
 
A legislação fiscal permite abater, como despesa operacional (gastos do período), o 
custo de aquisição de bens do ativo permanente, se o valor unitário não ultrapassar R$ 326,61, 
ou o prazo de vida útil não exceder um ano. Art. 301 do RIR/99. 
 
Contudo, cabe ao setor de contabilidade verificar a materialidade dos gastos e 
determinar práticas para a classificação dos gastos de forma condizente com a realidade da 
empresa, sempre respeitando convenção da consistência. Exemplo: Grampeador. 
 
5.13 Contabilização da venda de bens depreciáveis 
 
Utiliza-se o seguinte lançamento: 
 
D- Caixa, Contas a receber ou banco 
C- Conta do Ativo Imobilizado correspondente, avaliado de acordo art. 183, V, Lei 6.404/76. 
 
As diferenças devem ser contabilizadas como ganho ou perda na alienação do 
imobilizado. 
 
 54 
Exemplo: Venda de um veículo pelo valor de R$ 10.000. O valor contábil do bem é de R$ 
15.000 e a Depreciação acumulada até o momento é de R$ 9.000. Contabilize: 
 
D – Depreciação acm. Veículo 
C – Veículos 9.000 
 
D – Caixa 10.000 
C – Veículos 6.000 
C – Ganho na venda de bens do Ativo 
 Imobilizado 4.000 (Receita não operacional) 
 
 
 
Veículos Depr. Acm. Caixa Ganho Venda 
bens ativo 
imobilizado 
15.000 9.000 SI ... 4.000 
 9.000 9.000 10.000 
 6.000 
 
Caso houvesse uma perda: Exemplo 2: Venda de uma máquina pelo valor de R$ 10.000. O 
valor contábil da máquina é de R$ 20.000 e a depreciação acumulada até o momento é de R$ 
5.000. Contabilize: 
 
D – Depreciação acumulada máquinas 
C – Máquinas 5.000 
 
D – Caixa 10.000 
D – Perda na venda de bens do 
 Ativo imobilizado 5.000 
C – Máquinas 15.000 
 55 
 
Máquinas Depr. Acm. Caixa Ganho Venda 
bens ativo 
imobilizado 
20.000 5.000 SI ... 
 5.000 5.000 10.000 5.000 
 15.000 
 
 
 
 
5.14 Depreciação acelerada em função do número de horas 
A depreciação acelerada em função do número de horas está descrita no art. 312 do 
RIR/99, que estabelece que, quando a empresa opera em mais de um turno de horas diárias, 
as taxas de depreciação dos bens móveis podem ser majoradas mediante a aplicação dos 
seguintes coeficientes (SCHMIDT, 2002): 
 
a) dois turnos de 8 horas 1,5 
b) três turnos de 8 horas 2,0 
 
Por exemplo, se a empresa utiliza uma máquina em dois turnos diários de oito horas, 
poderá depreciar essa máquina, cuja taxa normal seria de 10% a.a., a uma taxa de 15% a.a., ou 
seja, 10% x 1,5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 56 
5.15 Os recursos naturais 
5.15.1 Conceito 
5.15.2 Avaliação 
 
Lei 6.404/76 art. 183: “No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os 
seguintes critérios: 
V - os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da 
respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão.” 
 
 Os gastos necessários para o desenvolvimento dos trabalhos, tal como a remoção de 
camadas superiores a fim de permitir a retirada de minérios, podem ser incluídos no valor do 
ativo desde que não resultem na aquisição de bens tangíveis. Os elementos tangíveis, tais 
como máquinas e equipamentos de mineração, devem ser registrados em contas separadas. 
Sua depreciação deve ser proporcional à exaustão, se eles forem prestar seus serviços durante 
a vida inteira do bem consumível. Caso contrário, a depreciação deve ser feita normalmente, 
na base da vida útil estimada. 
 
5.15.3 Determinação da Quota de Exaustão 
 
O método de cálculo de exaustão, que deve ser utilizado para fins contábeis, é o 
método de unidades produzidas (extraídas). Exemplo: 
 
Valor contábil da jazida = R$ 50.000,00 
Estimativa total de extração da jazida = 100.000t 
Extração neste exercício = 10.000t 
 
10.000t . = 10% 
100.000t 
 
Exaustão no ano = 10% X R$ 50.000,00 = R$ 5.000,00 
 
 
 
 57 
Contabilização: 
 
D – Custo do minério extraído 
C – Exaustão Acumulada 5.000 
 
Exercício 1: Calcule a exaustão conforme os seguintes dados 
 
Jazida de minério de ferro. 
Custo da jazida: R$ 250.000.000 Possança 950.000.000 toneladas Extração do Período 
168.000.000 toneladas 
Contabilize. 
 
5.16 Bens intangíveis normalmente sujeitos à amortização 
 
a) Amortização de bens intangíveis: podem ser patentes, direitos autorais, entre outros. A 
amortização de intangíveis difere-se da depreciação pois transfere diretamente suas parcelas 
para contas de despesa. 
 
Exemplo: Patente adquirida por R$ 150.000,00. Sabe-se que a mesma deve ser amortizada em 
10 anos. 
Lançamento: 
D- Despesa com Amortização (conta de resultado) R$ 15.000,00 
C- Amortização Acumulada R$ 15.000,00 
 
b) Gastos de Instalação: esta conta faz parte do Ativo Diferido e é utilizada para novos 
empreendimentos quando os mesmos estão em fase de organização, construção e implantação. 
Esta conta englobará todos os gastos incorridos antes do início das operações da empresa. 
 
c) Gastos com Desenvolvimento de Novos Produtos: Esta conta compreenderá os custos de 
desenvolvimento
e pesquisas que relacionam-se com produtos novos, podendo abranger as 
pesquisas de mercado antecedentes à fase de início da produção comercial, realizadas para a 
ferir a utilidade do produto ou a existência de mercado potencial, pela sua similaridade com 
atividades de desenvolvimento. Estes gastos deverão ser amortizados na mesma proporção em 
 58 
que o produto for sendo produzido/vendido. O valor da amortização unitária por produto, 
será obtida dividindo-se o total dos gastos pela estimativa de produção/venda de unidades. 
 
Lei 6.404/76, art. 183, § 3º: “Os recursos aplicados no ativo diferido serão amortizados 
periodicamente, em prazo não superior a 10 (dez) anos, a partir do início da operação normal 
ou do exercício em que passem a ser usufruídos os benefícios deles decorrentes (...)”. 
 
Lançamento: 
D- Desp. c/ Amortização Ativo Diferido Correspondente (Conta de resultado) 
C- Amortização Acumulada 
 
Exercício 1: Calcule a amortização de benfeitorias realizadas em terrenos de terceiros, que foi 
alugado pelo prazo de 3 anos. Valor da benfeitoria R$ 60.000. Contabilize. 
 
 
 
Exercício 2: Calcule a amortização de gastos com pesquisa e desenvolvimento de novo 
produto no valor de R$ 45.000. Produção estimada 30.000 unidades. Contabilize. 
 
Produção no primeiro período: 3500 unidades 
Produção no segundo período: 5.600 unidades 
Produção no terceiro período: 7.800 unidades

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