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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTEÚDO TÉCNICO DA LINHA-GUIA 
DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, 
DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL 
CRÔNICA (NO PRELO) 
 
 
 
 
 
 
 
3ª Edição 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Belo Horizonte, 2013 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
AUTORES 
Adriana Lúcia Meireles 
Ailton Cezário Alves Júnior 
Arise Garcia de Siqueira Galil 
Carla Márcia Moreira Lanna 
Fernanda Santos Pereira 
Fernando Barros Reis 
Gustavo de Araújo Porto Landsberg 
Leandro Dias de Godoy Maia 
Leonardo Pinho Ribeiro 
Lidiane Gonçalves dos Santos 
Liziane Silva 
Luiza Lisboa 
Maria Luiza Mendonça Pereira Jorge 
Márcia Braz Rossetti 
Marcus Gomes Bastos 
Mônica Barros Costa 
Paulo Leão Andrade 
Ricardo Alexandre de Souza 
Rodrigo Pastor Alves Pereira 
Rogério Baumgratz de Paula 
 
 
 
 
 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
COLABORADORES 
Ailton Cezário Alves Júnior 
Eugênio Vilaça Mendes 
Fernanda Santos Pereira 
Flávia Gomes de Carvalho 
Lidiane Gonçalves dos Santos 
Luiza Lisboa 
Jordana Costa Lima 
Josiane Batista da Silva 
Luciana Alves 
Marco Antônio Bragança Matos 
Marcus Gomes Bastos 
Maria Emi Shimazak 
Maria Luiza Mendonça Pereira Jorge 
Paulo Leão Andrade 
Robespierre Queiroz da Costa Ribeiro 
Ruth Borges Dias 
Thaís Abreu Maia 
 
 
REVISORES 
Ailton Cezário Alves Júnior 
Fabrício Henrique Simões Santos 
Fernanda Santos Pereira 
Lidiane Gonçalves dos Santos 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Luiza Lisboa 
Marcus Gomes Bastos 
Maria Luiza Mendonça Pereira Jorge 
Paulo Leão Andrade 
Rodrigo Pastor Alves Pereira 
Vanessa Malheiros Dodd Garcia 
 
Ilustrador 
Rafael Sete (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) 
 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO...........................................................................................................................20 
INTRODUÇÃO..............................................................................................................................21 
SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ........................................................................... 23 
1.1. Conceito e epidemiologia ..................................................................................................... 23 
1.2. Fatores de risco para a hipertensão arterial sistêmica ........................................................ 23 
1.2.1. Genéticos ....................................................................................................................... 23 
1.2.2. Idade .............................................................................................................................. 24 
1.2.3. Gênero e etnia ............................................................................................................... 24 
1.2.4. Sobrepeso e obesidade ................................................................................................. 24 
1.2.5. Ingestão de sal ............................................................................................................... 25 
1.2.6. Uso excessivo de álcool ................................................................................................. 26 
1.2.7. Sedentarismo ................................................................................................................ 26 
1.2.8. Fatores socioeconômicos .............................................................................................. 26 
1.3 Rastreamento, diagnóstico e classificação ............................................................................ 26 
1.3.1. Rastreamento ................................................................................................................ 26 
1.3.2. Diagnóstico .................................................................................................................... 30 
1.4. Avaliação clínica inicial e estratificação de risco cardiovascular .......................................... 37 
1.4.1. Avaliação clinica inicial .................................................................................................. 37 
1.4.2. Estratificação de risco cardiovascular ........................................................................... 41 
1.5. Tratamento não-medicamentoso, abordagem multiprofissional e prevenção primária .... 48 
1.5.1. Tratamento não-medicamentoso ................................................................................. 48 
1.5.2. Abordagem multiprofissional ........................................................................................ 53 
1.5.3. Prevenção Primária ....................................................................................................... 54 
1.6. Tratamento Medicamentoso (níveis 3, 4 e 5 de intervenção) ............................................. 54 
1.6.1. A abordagem terapêutica do hipertenso ...................................................................... 55 
1.6.2. Tratamento da hipertensão em situações especiais ..................................................... 63 
1.7. Hipertensão arterial secundária ........................................................................................... 68 
1.8. Urgências e emergências hipertensivas ............................................................................... 72 
Quadro 29. Classificação das crises hipertensivas ...................................................................... 73 
1.8.1. Abordagem clínica ......................................................................................................... 73 
1.8.2. Princípios gerais para o tratamento .............................................................................. 74 
1.9. Complicações crônicas da hipertensão arterial sistêmica (lesões em órgãos-alvo) ............ 76 
1.9.1. Hipertrofia ventricular esquerda ................................................................................... 76 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
1.9.2. Doença arterial coronariana ......................................................................................... 78 
1.9.3. Insuficiência cardíaca .................................................................................................... 78 
1.9.4. Doença vascular periférica ............................................................................................ 80 
1.9.5. Nefropatia hipertensiva ................................................................................................ 84 
1.9.6. Ataque isquêmico transitório e acidente vascular cerebral ......................................... 86 
1.9.7. Retinopatia hipertensiva ............................................................................................... 89 
SEÇÃO 2: DIABETES MELLITUS .................................................................................................... 98 
2.1. Conceito e epidemiologia ..................................................................................................... 98 
2.2 Classificação .......................................................................................................................... 99 
2.2.1. Diabetes mellitus tipo 1 .............................................................................................. 100 
2.2.2. Diabetes mellitus tipo 2 .............................................................................................. 100 
2.2.3 Diabetes
gestacional .................................................................................................... 101 
2.3 Fatores de risco e prevenção .............................................................................................. 101 
2.3.1 Fatores de risco ............................................................................................................ 101 
2.3.2 Prevenção ..................................................................................................................... 102 
2.4 Rastreamento e diagnóstico ............................................................................................... 103 
2.4.1 Rastreamento ............................................................................................................... 103 
2.4.2 Diagnóstico ................................................................................................................... 108 
2.5 Avaliação clínica inicial ........................................................................................................ 110 
2.5.1 História Clínica .............................................................................................................. 111 
2.5.2 Exame físico .................................................................................................................. 111 
2.5.3 Avaliação laboratorial .................................................................................................. 112 
2.6 Rastreamento e acompanhamento de lesões de órgãos alvo ............................................ 113 
2.6.1 Complicações macrovasculares ................................................................................... 114 
2.6.2 Complicações microvasculares .................................................................................... 119 
2.6.3. Neuropatia diabética ................................................................................................... 124 
2.6.4 Pé diabético .................................................................................................................. 129 
2.7 Tratamento .......................................................................................................................... 136 
2.7.1. Tratamento não-medicamentoso ............................................................................... 136 
2.7.2 Tratamento medicamentoso ........................................................................................ 146 
2.8 Complicações agudas .......................................................................................................... 169 
2.8.1. Crises hiperglicêmicas ................................................................................................. 169 
SEÇÃO 3: DOENÇA RENAL CRÔNICA.......................................................................................... 178 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
3.1. Definição e epidemiologia .................................................................................................. 178 
3.2. Prevenção da doença renal crônica nos usuários hipertensos e diabéticos ...................... 178 
3.3. Diagnóstico da doença renal crônica ................................................................................. 179 
3.4. Estadiamento da doença renal crônica .............................................................................. 181 
3.5. Encaminhamento da doença renal crônica para acompanhamento nefrológico conjunto
 ................................................................................................................................................... 183 
SEÇÃO 4: A ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA ............................................................................ 192 
4.1. Atenção primária à saúde .................................................................................................. 192 
4.1.1. Competências da atenção primária à saúde ............................................................... 192 
4.1.2 A atenção programada na atenção primária à saúde .................................................. 198 
4.2 Atenção secundária à saúde ............................................................................................... 203 
4.2.1. Parâmetros de assistência na atenção secundária à saúde ........................................ 204 
4.2.2. Critérios de encaminhamento de hipertensos, diabéticos e usuários com doença renal 
crônica para atendimento especializado na rede da Secretaria de Estado de Saúde de Minas 
Gerais .................................................................................................................................... 207 
4.3. O Sistema de informação gerencial ................................................................................... 208 
4.3.1. O Pacto pela Saúde ..................................................................................................... 208 
4.3.2. Os sistemas de informação em saúde relacionados ao controle da hipertensão arterial 
sistêmica e diabetes mellitus ................................................................................................ 209 
 
 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Lista de acrônimos e siglas 
aa - Artérias 
ACC - Antagonistas dos canais de cálcio 
ADA - American Diabetes Association 
AIT - Acidente isquêmico transitório 
Alb - Albumina 
AMPA - Auto- medida da pressão arterial 
APS - Atenção primária à saúde 
ASS - Atenção secundária à saúde 
AVC - Acidente vascular cerebral 
B3 - Terceira bulha 
BRA - Bloqueadores dos receptores de angiotensina 
CA - Circunferência abdominal 
CAD - Cetoacidoce diabética 
CG - Cockcroft e Gault 
CH - Crises hipertensivas 
CHDM - Centro Hiperdia Minas 
CHO - Carboidrato 
CKD-EPI - Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration 
COX-1 - Inibidores da ciclooxigenase 1 
COX-2 - inibidores da ciclooxigenase 2. 
CPK - Creatinofosfoquinase 
Cr – Creatinina 
DAC - Doença arterial coronariana 
DAOMI - Doença arterial obstrutiva de membro inferior 
 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
DASH - Dietary Approaches to Stop Hypertension 
DCV - Doença cardiovascular 
DIMED - Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Medicamentos 
DM - Diabetes mellitus 
DM1 - Diabetes mellitus tipo 1 
DM2 - Diabetes mellitus tipo 2 
DRC - Doença renal crônica 
DVP - Doença vascular periférica 
EAS - Elementos anormais e sedimento 
ECA - Enzima conversora da angiotensina 
ECG - Eletrocardiograma 
EH - Emergências hipertensivas 
EHH - Estado hiperglicêmico hiperosmolar 
EUA - Estados Unidos da América 
FGe - Filtração glomerular 
GGT - Gama glutamil transpeptidase 
GIP - Gastric inibitory polypeptide 
GLP-1 - Glucagon-like peptide-1 
GME - Glicemia média estimada 
HAR - Hipertensão arterial resistente 
HAS - Hipertensão arterial sistêmica 
HAS-M - Hipertensão arterial sistêmica mascarada 
HAS-AB - Hipertensão arterial sistêmica do avental branco 
HAS-S - Hipertensão arterial sistêmica secundária 
HbA1c - Hemoglobina glicada (Glycated haemoglobin) 
HDL - Colesterol (High density lipoprotein) 
HVE - Hipertrofia ventricular esquerda 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
IAM - Infarto agudo do miocárdio 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IC - Insuficiência cardíaca 
ICC - Insuficiência cardíaca congestiva 
ICFEP - Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada 
IECA - Inibidores da enzima de conversão da angiotensina 
IM - Intramuscular 
IMC - Índice de massa corporal 
ITB - Índice tornozelo braço 
IV - Intravenosa 
KDIGO - Kidney Disease
Improving Global Outcomes 
Hb - Hemoglobina 
LDL - Colesterol (Low density lipoprotein) 
LSD - Dietilamida ácido lisérgico (Lyserg Säure Diethylamid) 
MACC - Modelo de Atenção às Condições Crônicas 
MAPA - Monitorização ambulatorial da pressão arterial 
MDRD - Modification of Diet in Renal Diseases 
MDI - Múltiplas doses diárias 
MMII - Membros inferiores 
MMSS - Membros superiores 
MODY - Maturity onset diabetes of the young. 
MRPA - Monitorização residencial da pressão arterial 
NaCl - Cloreto de sódio 
NCEP - National Cholesterol Education Program 
NCEP - ATP III - National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III 
NGSP - National Glycohemoglobin Standardization Program 
NPH - Neutral Protamine de Hagedorn 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
OMS - Organização Mundial de Saúde 
PA - Pressão arterial 
PAD - Pressão arterial diastólica 
PAM - Pressão arterial média 
PAS - Pressão arterial sistólica 
PSP - Perda da sensibilidade protetora 
PTH - Paratormônio 
RCV - Risco cardiovascular 
RENAME- Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais 
SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes 
SC - Subcutânea 
SES/MG - Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais 
SIAB - Sistema de Informação da Atenção Básica 
SIGAF - Sistema Integrado de Gerenciamento de Assistência Farmacêutica 
SIS-HIPERDIA - Sistema de Gestão Clínica de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus da 
Atenção Básica. 
SM - Síndrome metabólica 
SRAA - Sistema renina angiotensina aldosterona 
SUS - Sistema Único de Saúde 
T4 - Tetraiodotiroxina 
TFG - Taxa de filtração glomerular 
TG - Triglicérides 
TGO - Transaminase glutâmico oxalacética 
TGP - Transaminase glutâmico pirúvica 
TOTG - Teste oral de tolerância à glicose 
TRS - Terapia renal substitutiva 
TSH - Hormônio tireoestimulante 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
UA/UC - Relação albumina/creatinina em amostra isolada de urina. 
UBS - Unidade básica de saúde 
UH - Urgências hipertensivas 
UI - Unidade internacional 
USG - Ultrassonografia 
VET - Valor energético total 
VIGITEL - Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito 
Telefônico 
 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Lista de FIGURAS, FLUXOGRAMAS, 
GRÁFICO, TABELAS e QUADROS 
 
Figuras 
Figura 1. Modelo de Atenção às Condições Crônicas ................................................................. 21 
Figura 2. Medida da circunferência abdominal .......................................................................... 25 
Figura 3. Medidas para o índice tornozelo-braço ....................................................................... 83 
Figura 4. Acantose nigricans ...................................................................................................... 102 
Figura 5. Uso do monofilamento de 10 g .................................................................................. 126 
Figura 6. Pirâmide alimentar ..................................................................................................... 137 
Figura 7: Algoritmo terapêutico para o manejo do DM2 segundo as fases de evolução da 
doença ....................................................................................................................................... 154 
Figura 8: Perfil de ação das preparações insulínicas ................................................................. 156 
Figura 9: Insulinização oportuna no diabetes mellitus tipo 2 ................................................... 157 
Figura 10: Áreas de aplicação de insulina. ................................................................................ 163 
Figura 11: Técnica de aplicação insulina etapa 1 ...................................................................... 165 
Figura 12: Técnica de aplicação insulina etapa 2 ...................................................................... 165 
Figura 13: Técnica de aplicação insulina etapa 3 ...................................................................... 166 
 
 
 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Fluxogramas 
 
Fluxograma 1a. Abordagem terapêutica inicial do indivíduo com hipertensão arterial estágio 62 
Fluxograma 1b. Abordagem terapêutica medicamentosa inicial do indivíduo com hipertensão 
arterial nos estágios 2 e 3 ........................................................................................................... 63 
Fluxograma 2. Abordagem do hipertenso com hipertrofia ventricular esquerda, em nível da 
atenção primária à saúde, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais ............ 77 
Fluxograma 3. Rastreamento para diabetes mellitus em gestantes com fatores de risco para 
diabetes gestacional .................................................................................................................. 106 
Fluxograma 4. Rastreamento para diabetes mellitus em gestantes sem fatores de risco para 
diabetes gestacional .................................................................................................................. 107 
Fluxograma 5. Diagnóstico de diabetes na ausência de glicemia casual igual ou superior a 200 
mg/dL, acompanhada de sintomas clássicos ............................................................................ 109 
Fluxograma 6. Diagnóstico de nefropatia diabética ................................................................. 123 
Fluxograma 7 - Insulinização ao deitar ...................................................................................... 158 
Fluxograma 8. Rastreio e diagnóstico da doença renal crônica baseado na taxa de filtração 
glomerular. ................................................................................................................................ 188 
Fluxograma 9. Rastreio e diagnóstico da doença renal crônica baseado na lesão do parênquima 
renal .......................................................................................................................................... 189 
 
Gráfico 
 Gráfico 1. Gráfico de desenvolvimento para cálculo do percentil de altura..............................29 
 
Tabelas 
 
Tabela 1. Nomograma para estimativa da taxa de filtração glomerular em mulheres baseado na 
Equação CKD-EPI ....................................................................................................................... 186 
Tabela 2. Nomograma para estimativa da taxa filtração glomerular para homens baseado na 
Equação CKD-EPI ....................................................................................................................... 187 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
 
 
Quadros 
 
Quadro 1. Fontes alimentares de maior teor de sódio ............................................................... 25 
Quadro 2. Valores de pressão arterial referentes aos percentis 90, 95 e 99 de pressão arterial 
para meninas de 1 a 17 anos de idade, de acordo com o percentil de estatura ........................ 27 
Quadro 3. Valores de pressão arterial referentes aos percentis 90, 95 e 99 de pressão arterial 
para meninos de 1 a 17 anos de idade, de acordo com o percentil de estatura ........................ 28 
Quadro 4. Condições nas quais crianças menores de 3 anos de idade devem ter a medida da 
pressão arterial aferida ............................................................................................................... 30 
Quadro 5. Procedimentos recomendados para a medida da pressão arterial ........................... 31 
Quadro 6. Dimensões da bolsa de borracha para diferentes
circunferências de braço em 
crianças e adultos ........................................................................................................................ 32 
Quadro 7. Características comparativas do efeito do avental branco, hipertensão do avental 
branco, hipertensão mascarada e outras condições .................................................................. 33 
Quadro 8. Outros métodos diagnósticos e de acompanhamento para a hipertensão arterial 
sistêmica ...................................................................................................................................... 35 
Quadro 9. Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório em 
maiores de 18 anos ..................................................................................................................... 36 
Quadro 10. Classificação da pressão arterial para crianças e adolescentes e sugestões de 
conduta, segundo a sua classificação .......................................................................................... 36 
Quadro 11. Evidências de lesões em órgãos-alvo em hipertensos ............................................. 38 
Quadro 12. Dados de história clínica e comentários relevantes na avaliação de hipertensos ... 39 
Quadro 13. Dados de exame físico e comentários relevantes na avaliação de hipertensos ...... 40 
Quadro 14. Avaliação complementar inicial básica do hipertenso recomendada pela SES/MG e 
comentários relevantes ............................................................................................................... 41 
Quadro 15. Estratos e critério para a estratificação da hipertensão arterial sistêmica, segundo a 
Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais ......................................................................... 43 
Quadro 16. Escore de Framingham revisado para homens ........................................................ 44 
Quadro 17. Estimativa de risco cardiovascular para homens ..................................................... 45 
Quadro 18. Escore de Framingham revisado para mulheres ...................................................... 46 
Quadro 19. Estimativa de risco cardiovascular para mulheres ................................................... 47 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Quadro 20. Classificação de risco global, segundo escore de risco de Framingham revisado, 
com prevalências estimadas para Minas Gerais ......................................................................... 48 
Quadro 21. Como recomendar uma dieta ao estilo DASH .......................................................... 50 
Quadro 22. Características das principais bebidas alcoólicas e teor de etanol por quantidade 
definida ....................................................................................................................................... 53 
Quadro 23. Ações da equipe multiprofissional ........................................................................... 54 
Quadro 24. Detalhes práticos das classes de anti-hipertensivos usados no tratamento da 
hipertensão arterial sistêmica ..................................................................................................... 55 
Quadro 25b. Disponibilidade dos medicamentos anti-hipertensivos, citados nesta Linha-guia, 
na lista da Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais e do Programa Farmácia de Minas 
da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais .................................................................... 60 
Quadro 26. Dados clínicos sugestivos de hipertensão arterial secundária ................................ 69 
Quadro 27. Achados de história e de exame clínico sugestivos de causas específicas de 
hipertensão arterial sistêmica secundária e estratégias diagnósticas ........................................ 69 
Quadro 28. Principais classes de fármacos e drogas lícitas ou ilícitas indutoras de hipertensão 
arterial sistêmica secundária ...................................................................................................... 71 
Quadro 29. Classificação das crises hipertensivas ...................................................................... 73 
Quadro 30. Abordagem das urgências hipertensivas ................................................................. 75 
Quadro 31. Medicações disponíveis no Brasil para uso oral em urgências hipertensivas ......... 75 
Quadro 32. Estágios da insuficiência cardíaca crônica do adulto ............................................... 79 
Quadro 33. Versão em português do questionário de claudicação de Edimburgo .................... 81 
Quadro 34. Índice tornozelo-braço ............................................................................................. 83 
Quadro 35. Abordagem terapêutica de usuários com doença vascular periférica .................... 84 
Quadro 36. Características dos subtipos de acidente vascular cerebral .................................... 88 
Quadro 37. Estadiamento da retinopatia hipertensiva .............................................................. 90 
Quadro 38. Classificação do diabetes mellitus............................................................................ 99 
Quadro 39. Fatores de risco para diabetes mellitus tipo 2 ....................................................... 101 
Quadro 40. Fatores de risco para diabetes gestacional ............................................................ 105 
Quadro 41. Critérios diagnósticos para diabetes gestacional segundo International Association 
of Diabetes and Pregnancy Study Groups, 2009 e American Diabetes Association, 2012 ....... 110 
Quadro 42. Critérios diagnósticos para diabetes gestacional segundo a Sociedade Brasileira de 
Diabetes, 2009 e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, 2009 110 
Quadro 43. Dados relevantes da anamnese na avaliação clínica inicial do indivíduo diabético
 ................................................................................................................................................... 111 
Quadro 44. Exames complementares para avaliação inicial do indivíduo diabético ................ 112 
Quadro 45. Metas para o perfil lipídico no indivíduo diabético ............................................... 115 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Quadro 46. Fatores de risco para doença cardiovascular em diabéticos ................................. 118 
Quadro 47. Classificação da retinopatia diabética .................................................................... 119 
Quadro 48: Rastreamento da retinopatia diabética ................................................................. 120 
Quadro 49. Estadiamento da nefropatia diabética ................................................................... 121 
Quadro 50. Valores da proteinúria para o diagnóstico de nefropatia diabética ...................... 122 
Quadro 51. Principais tipos de neuropatia focal ....................................................................... 127 
Quadro 52. Fatores de risco para úlcera de pé e amputação ................................................... 130 
Quadro 53. Avaliação dos pés ................................................................................................... 131 
Quadro 54. Cuidados com os pés nos usuários diabéticos ....................................................... 132 
Quadro 55. Classificação de risco baseada no exame dos pés ................................................. 133 
Quadro 56. Avaliação da doença arterial periférica ................................................................. 135 
Quadro 57. Recomendações nutricionais para indivíduos com diabetes .................................
138 
Quadro 58. Gorduras presentes nos alimentos ........................................................................ 140 
Quadro 59. Adoçantes............................................................................................................... 142 
Quadro 60. Metas laboratoriais para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2 ..................... 147 
Quadro 61. Metas de glicemias capilares para adultos e idosos. ............................................. 148 
Quadro 62. Metas de glicemias capilares para crianças e adolescentes .................................. 148 
Quadro 63. Metas das glicemias capilares para o diabetes gestacional e para mulheres com 
diabetes mellitus que engravidaram ......................................................................................... 148 
Quadro 64. Correlação entre as glicemias médias estimadas e a hemoglobina glicada .......... 149 
Quadro 65. Classes dos agentes antidiabéticos ........................................................................ 150 
Quadro 66a. Caracterização dos principais agentes antidiabéticos disponíveis ...................... 150 
Quadro 66b. Disponibilidade dos antidiabéticos orais e insulinas, citados nesta linha-guia, na 
lista da Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais e do Programa Farmácia de Minas da 
Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais ....................................................................... 152 
Quadro 67: Recomendações quanto ao uso da metformina segundo a filtração glomerular . 153 
Quadro 68: Características das insulinas .................................................................................. 155 
Quadro 69: Fracionamento das doses de insulina NPH ............................................................ 159 
Quadro 70: Orientações para associações de insulina ............................................................. 167 
Quadro 71: Complicações da Insulinoterapia ........................................................................... 168 
Quadro 72: Fatores precipitantes das crises hiperglicêmicas ................................................... 169 
Quadro 73: Critérios diagnósticos na avaliação laboratorial das crises hiperglicêmicas .......... 170 
Quadro 74: Tratamento das crises hiperglicêmicas .................................................................. 170 
Quadro 75. Valores de albuminúria de acordo com a técnica de coleta urinária .................... 181 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Quadro 76. Estágios da doença renal crônica baseados na taxa de filtração glomerular e 
presença ou não de lesão do parênquima renal ....................................................................... 182 
Quadro 77. Doença renal crônica no hipertenso e diabético – diagnóstico, estadiamento e 
encaminhamento ...................................................................................................................... 190 
Quadro 78. Estratificação de risco dos diabéticos na rede de atenção à saúde da Secretaria de 
Estado de Saúde de Minas Gerais ............................................................................................. 191 
Quadro 79. Competências da atenção primária à saúde de acordo com a estratificação do 
hipertenso para o seu ............................................................................................................... 192 
Quadro 80. Competências da atenção primária à saúde de acordo com a estratificação do 
diabético para o seu controle metabólico ................................................................................ 193 
Quadro 81. Competências da atenção primária à saúde de acordo com o estadiamento do 
usuário com doença renal crônica ............................................................................................ 194 
Quadro 82. Parâmetros de prevalência total e por estrato da hipertensão arterial sistêmica na 
atenção primária à saúde .......................................................................................................... 199 
Quadro 83. Parâmetros de prevalência total e por estrato do diabetes mellitus na atenção 
primária à saúde ........................................................................................................................ 199 
Quadro 84. Parâmetros de prevalência total e por estrato da doença renal crônica na atenção 
primária à saúde ........................................................................................................................ 199 
Quadro 85. Parâmetros de assistência para os usuários com hipertensão arterial sistêmica, por 
estrato e procedimento, na atenção primária à saúde ............................................................. 200 
Quadro 86. Parâmetros de assistência para os usuários com hipertensão arterial sistêmica, por 
estrato e exame laboratorial, na atenção primária à saúde ..................................................... 201 
Quadro 87. Parâmetros de assistência para os usuários com diabetes mellitus, por estrato e 
procedimento, na atenção primária à saúde ............................................................................ 201 
Quadro 88. Parâmetros de assistência para os usuários com diabetes mellitus, por estrato e 
exame laboratorial, na atenção primária à saúde .................................................................... 202 
Quadro 89. Atendimentos e exames disponíveis nos Centros Hiperdia Minas ........................ 204 
Quadro 90. Atendimentos e exames/procedimento disponíveis nos Centros Hiperdia Minas de 
carteira ampliada ...................................................................................................................... 204 
Quadro 91. Parâmetros de assistência para os usuários com hipertensão arterial sistêmica de 
alto risco cardiovascular e diabetes mellitus com controle metabólico ruim na atenção 
secundária à saúde da rede da .................................................................................................. 205 
Quadro 92. Critérios de encaminhamento para os Centros Hiperdia Minas por condição de 
saúde ......................................................................................................................................... 207 
 
 
 
 
20 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
APRESENTAÇÃO 
 
Prezados(as) leitores(as), 
 
É com enorme prazer e perspectivas de real colaboração para a melhoria de conhecimentos e 
processos que a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais apresenta-lhes o conteúdo 
técnico da 3ª edição da Linha-guia de Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus e 
Doença Renal Crônica, a qual se encontra no prelo. 
Sabe-se que o enfrentamento das condições crônicas de saúde, hoje tão prevalentes, exige a 
organização da assistência aos usuários em redes de atenção. 
Por meio desse documento, a Rede Hiperdia Minas (Rede de Atenção aos Hipertensos, 
Diabéticos e Usuários com Doença Renal Crônica da Secretaria de Estado de Saúde de Minas 
Gerais) organiza uma perspectiva de elaboração de diretrizes clínicas e operacionais a partir de 
um modelo de atenção às condições crônicas, fortemente determinado pelas estratificações 
de risco da população abordada. 
Entende-se que o início do curso de capacitação sobre esse tema no Canal Minas Saúde 
representa um momento mais que oportuno para o compartilhamento desse conteúdo com 
fundamentais atores para o controle desses fatores de risco e doenças: os profissionais de 
saúde, especialmente da Atenção Primária, e também os gestores de saúde. 
Assim, esse documento, fruto de um extenso processo interinstitucional e participativo de 
busca de consenso, apresenta informações cuja aplicação deve obedecer não somente os
princípios de ética e regulamentação profissional (os quais observam conteúdos privativos da 
prática médica e não-médica, por exemplo), mas acima de tudo, propiciar o cuidado oportuno, 
eficaz, efetivo e eficiente das necessidades em saúde dos nossos usuários. 
 
Coordenadoria Estadual de Hipertensão e Diabetes 
Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais 
 
 
 
21 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
INTRODUÇÃO: Abordagem das 
condições crônicas de saúde na 
população geral 
 
De acordo com a nova tipologia das doenças, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica 
as condições de saúde em agudas ou crônicas. As doenças crônico-degenerativas como a 
hipertensão arterial sistêmica (HAS), o diabetes mellitus (DM) e a doença renal crônica (DRC) 
são consideradas condições crônicas de saúde. A Secretaria Estadual de Saúde do Estado de 
Minas Gerais (SES/MG) propõe a utilização de um modelo específico para a abordagem das 
condições crônicas de saúde na população, o qual é apresentado a seguir.¹ 
Mendes (2007) desenvolveu um modelo de atenção às condições crônicas para ser aplicado no 
Sistema Único de Saúde (SUS) que denominou de Modelo de Atenção às Condições Crônicas 
(MACC). Esse modelo foi elaborado com base nos elementos do modelo da Atenção Crônica da 
Pirâmide da Kaiser Permanente e no Modelo de Determinação Social da Saúde de Dahlgren e 
Whitehead (1991) e em função da singularidade do SUS, conforme representado na Figura 1.¹ 
 
Figura 1. Modelo de Atenção às Condições Crônicas 
 
Fonte: Mendes, 2011 1. 
 
 
22 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
A organização do processo de trabalho nas equipes de saúde, segundo o modelo de atenção 
proposto, deve comportar ações desde o nível de promoção da saúde até o nível de gestão de 
casos. Para cada nível da pirâmide, ações diferenciadas se fazem necessárias.¹ Sendo assim, é 
razoável entender que grande parte da população, sob os cuidados de uma equipe de saúde, 
encontra-se nos níveis 1 e 2 de necessidades de intervenções.¹ 
As intervenções de nível 1 devem ser aplicadas na população total. Elas estão relacionadas à 
macropolíticas, tais como educação, distribuição de renda, trabalho, habitação, lazer, 
saneamento e, para a obtenção de resultados satisfatórios, faz-se necessário realizar parcerias 
intersetoriais.¹ 
No nível 2, as principais ferramentas a serem utilizadas são as ações que estimulam o 
comportamento e estilo de vida saudáveis tanto no âmbito individual quanto no coletivo. É 
nesse nível que a atenção primária à saúde deve realizar o rastreamento das subpopulações de 
pessoas tabagistas, com sobrepeso ou obesidade, de sedentários, de usuários excessivos de 
álcool, com alimentação inadequada, ou seja, subpopulações com fatores de risco para o 
desenvolvimento da HAS e do DM.¹ 
No nível 3, encontram-se usuários com fatores de risco biológicos e usuários com condições 
crônicas, de baixo e médio risco, os quais devem ser foco de intervenções da atenção primária 
à saúde, relacionadas às ações de tratamento da condição crônica e de rastreamento das 
complicações da HAS e do DM.¹ 
Nos níveis 4 e 5, as intervenções devem ser direcionadas aos usuários com condições crônicas 
complexas e muito complexas. Esses usuários frequentemente são acometidos por 
complicações dessas condições, sendo necessário o manejo do caso de maneira individualizada 
e em cogestão com profissionais especialistas de áreas focais.¹ 
Essa mesma figura 1, representativa do MACC, apresenta uma linha que perpassa os níveis 2 
ao 5, a qual poderia ser identificada como linha de atenção à saúde. A proporção do espaço à 
esquerda dessa linha representa a fração do cuidado em saúde que deve ser destinada ao 
autocuidado do usuário, o qual atua como agente ativo nesse processo, apoiado pela equipe 
de saúde; à direita, representa a fração referente ao cuidado profissional. Uma análise da 
figura mediante essa perspectiva permite evidenciar que quanto maior a complexidade da 
condição crônica na subpopulação abordada, mais relevante será o cuidado profissional. Por 
outro lado, mediante uma menor complexidade da condição crônica abordada, ou mesmo 
mediante a abordagem de uma subpopulação com fator de risco, o autocuidado apoiado 
deverá representar a mais eficaz, efetiva e eficiente fração da atenção à saúde disponibilizada. 
É exatamente nesse cenário que atuação da atenção primária à saúde se fará mais pertinente. 
 
 
23 
 
 
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SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL 
SISTÊMICA 
 
1.1. Conceito e epidemiologia 
 
A HAS é uma condição clínica multifatorial, caracterizada por níveis elevados da pressão 
arterial (PA), frequentemente associada a alterações de órgãos-alvo e, por conseguinte, a 
aumento do risco de eventos cardiovasculares.² 
Inquéritos populacionais em cidades brasileiras apontaram prevalência de HAS em indivíduos 
com 18-59 anos de idade, entre 20 a 30%, percentual que atinge 50% na faixa etária de 60 a 69 
anos e 75% em indivíduos com idade acima de 70 anos.² 
Em Minas Gerais, a SES/MG estima prevalência da HAS na ordem de 20% em sua população 
com idade igual ou superior a 20 anos.³ 
 
1.2. Fatores de risco para a hipertensão arterial sistêmica 
 
A HAS é uma condição clínica decorrente de fatores genéticos, em geral associados a 
alterações de estilo de vida e a fatores sócio-econômicos.² 
 
1.2.1. Genéticos 
 
A contribuição de fatores genéticos para a gênese da HAS está bem estabelecida na população. 
Porém, não existem, até o momento, variantes genéticas que possam ser utilizadas para 
predizer o risco individual de se desenvolver HAS.4 
 
 
24 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
 
1.2.2. Idade 
 
A prevalência de HAS aumenta linearmente com o envelhecimento, atingindo percentual 
superior a 60% em indivíduos acima de 60 anos.² 
Embora haja controvérsias acerca da utilidade do diagnóstico da SM, vale mencionar que a 
presença da SM indica a agregação de fatores de risco cardiovasculares e, portanto, será 
utilizada no presente documento.11,12 
 
1.2.3. Gênero e etnia 
 
Indivíduos do sexo masculino apresentam maior prevalência de HAS que mulheres até os 50 
anos de idade. A partir dessa faixa etária, as mulheres apresentam significativo incremento na 
prevalência de HAS.5,6,7,8 Em relação à cor, a HAS é duas vezes mais prevalente em indivíduos 
de cor não-branca, especialmente nas mulheres.9 
 
1.2.4. Sobrepeso e obesidade 
 
O excesso de peso e a obesidade se associam com maior prevalência de HAS desde idades 
jovens.10 Nos EUA, a obesidade contribui em até 75% para os casos de HAS.11 No presente 
documento, a definição de obesidade adotará os critérios da OMS, que classifica como 
indivíduos normais aqueles com índice de massa corporal (IMC) entre 20 e 24,9; como 
sobrepeso, indivíduos com IMC entre 25 e 29,9 e, como obesos estágios 1,2 e 3, aqueles com 
IMC respectivamente iguais a 30-34,9, 35-39,9 e igual ou superior a 40.11,12 Para o cálculo do 
IMC, basta dividir o peso corporal pela altura elevada ao quadrado. 
Vale ressaltar que o termo obesidade, frequentemente se confunde à síndrome metabólica 
(SM), uma vez que as duas condições estão frequentemente associadas. No entanto, a SM 
pode estar presente em indivíduos não obesos. Para o diagnóstico de SM, os critérios mais 
utilizados são aqueles preconizados pelo National Cholesterol Education Program (NCEP) Adult 
Treatment Panel III (NCEP-ATP III), em concordância com os da I Diretriz Brasileira sobre 
Síndrome Metabólica. 12 Esta recomendação inclui pelo menos três das seguintes alterações:
glicemia de jejum > 110mg/dL; circunferência da cintura abdominal (CA) > 102 cm para 
homens e > 88 cm para mulheres; níveis plasmáticos de triglicérides (TG) > 150mg/dL; níveis 
plasmáticos do colesterol HDL < 40mg/dL, em homens e < 50mg/dL, em mulheres e pressão 
arterial > 130x85mmHg.11,12 Para medida da CA, utiliza-se fita métrica não distensível, 
 
25 
 
 
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posicionada no ponto médio entre o rebordo costal e a crista ilíaca, estando os indivíduos em 
posição ortostática, conforme figura 2, sendo medida em centímetros.12 
Figura 2. Medida da circunferência abdominal 
 
 
1.2.5. Ingestão de sal 
 
Ingestão excessiva de sódio tem sido correlacionada ao desenvolvimento de HAS.13 Indivíduos 
normotensos com elevada sensibilidade à ingestão de sal apresentaram incidência cinco vezes 
maior de HAS em 15 anos, quando comparados àqueles com baixa sensibilidade. 
A população brasileira apresenta um padrão alimentar rico em sal, açúcar e gorduras. 
Ademais, o efeito hipotensor da restrição de sódio tem sido bem demonstrado.10,14,15 Portanto, 
recomenda-se a redução do consumo de cloreto de sódio para 5-6 g ao dia como forma de 
prevenção de HAS, devendo ser consideradas para tal as principais fontes alimentares com 
maior teor de sódio, conforme quadro 1.2,16 
 
Quadro 1. Fontes alimentares de maior teor de sódio 
Fontes 
Sal de cozinha (NaCl) e temperos industrializados; 
Alimentos industrializados (Ketchup, mostarda, shoyo, caldos concentrados); 
Embutidos (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, salame, paio); 
Conservas (picles, azeitona, aspargo, palmito); 
Enlatados (extrato de tomate, milho, ervilha); 
Bacalhau, charque, carne seca, defumados; 
Aditivos (glutamato monossódico) utilizados em alguns condimentos e sopas de pacote; 
Queijos em geral. 
Onde: NaCl = cloreto de sódio. Fonte: III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial; 1998.17 
 
26 
 
 
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1.2.6. Uso excessivo de álcool 
 
Ingestão de álcool por períodos prolongados de tempo pode aumentar a PA e a mortalidade 
cardiovascular em geral.² O consumo excessivo de etanol (>30 g/dia) se associa com a 
ocorrência de HAS de forma independente das características demográficas, devendo, 
portanto, ser desestimulado.2,18 
 
1.2.7. Sedentarismo 
 
A atividade física regular reduz a incidência de HAS bem como a mortalidade e o risco de 
doenças cardiovasculares (DCV), mesmo em indivíduos pré-hipertensos. Maior detalhamento, 
vide item 1.5.1 Tratamento não-medicamentoso.1,2,19 
 
1.2.8. Fatores socioeconômicos 
 
A influência do nível socioeconômico na ocorrência da HAS é complexa e difícil de ser 
estabelecida.19 No Brasil, a HAS é mais prevalente entre indivíduos com menor escolaridade.5 
 
1.3 Rastreamento, diagnóstico e classificação 
 
1.3.1. Rastreamento 
 
Rastreamento da HAS em adultos 
 
Para o rastreamento da HAS na população adulta, recomenda-se a medida anual da PA.² 
 
Rastreamento da HAS em crianças e adolescentes 
 
A medida da pressão arterial em crianças é recomendada em toda avaliação clínica após os 3 
anos de idade, idade a partir da qual se deve aferir a PA pelo menos anualmente. As 
interpretações dos valores da pressão arterial obtidas em crianças e adolescentes devem levar 
 
27 
 
 
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em conta a idade, o sexo e a altura de acordo com as orientações a seguir (quadros 2 e 3 - 
gráficos 1a e 1b).20,21 
Quadro 2. Valores de pressão arterial referentes aos percentis 90, 95 e 99 de pressão arterial 
para meninas de 1 a 17 anos de idade, de acordo com o percentil de estatura 
 
 
28 
 
 
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Onde: PA = pressão arterial; mmHg = milímetro de mercúrio. Fonte: V Dir Bras HAS, 2006 / The 
Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure in Children 
and Adolescents, 2005.20,21 
Quadro 3. Valores de pressão arterial referentes aos percentis 90, 95 e 99 de pressão arterial 
para meninos de 1 a 17 anos de idade, de acordo com o percentil de estatura 
Onde: PA = pressão arterial; mmHg = milímetro de mercúrio. Fonte: V Dir Bras HAS, 
 
29 
 
 
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2006 / The Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of High Blood 
Pressure in Children and Adolescents, 2005.20,21 
 
Gráfico 1. Gráfico de desenvolvimento para cálculo do percentil de altura: 
 A, meninas e B, meninos 
Fonte: V Dir Bras HAS, 2006 / The Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of 
High Blood Pressure in Children and Adolescents, 2005.20,21 
 
 
30 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
1.3.2. Diagnóstico 
 
Diagnóstico em crianças 
 
Define-se HAS, nessa população, como a pressão arterial igual ou maior ao percentil 95 de 
distribuição da pressão arterial. Crianças também apresentam hipertensão de consultório e 
efeito do avental branco (ver assunto no tópico “Diagnóstico em Idosos” e quadro 7), mas o 
papel da monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) é limitado nessa população.² 
Crianças menores de 3 anos devem ter a pressão arterial aferida em circunstâncias especiais, 
como demonstra o quadro 4. 
 
Quadro 4. Condições nas quais crianças menores de 3 anos de idade devem ter a medida da 
pressão arterial aferida 
Condição 
História de prematuridade, peso muito baixo ao nascer ou outras complicações neonatais 
requerendo cuidados intensivos; 
Doença cardíaca congênita (corrigida ou não); 
Infecção do trato urinário recorrente, hematúria ou proteinúria; 
Doença renal conhecida ou malformações do trato urinário; 
História familiar de doença renal congênita; 
Transplante de órgãos-sólidos; 
Malignidade ou transplante de medula óssea; 
Tratamento com drogas que sabidamente aumentam a pressão arterial; 
Outras doenças sistêmicas associadas com hipertensão (neurofibromatose, esclerose 
tuberosa, etc); 
Evidência de pressão intracraniana elevada. 
Fonte: The Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure 
in Children and Adolescents, 2005.21 
 
Diagnóstico em adultos 
 
No adulto, a HAS é diagnosticada pela detecção de níveis elevados e sustentados da pressão 
arterial por medidas casuais. A medida da pressão arterial deve ser realizada em toda a 
avaliação por médicos e demais profissionais de saúde.² 
O diagnóstico de HAS é baseado na média de duas ou mais medidas aferidas em duas ou mais 
visitas ao consultório, respeitando-se as recomendações para a aferição da PA indicadas no 
quadro 5. 
 
31 
 
 
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Quadro 5. Procedimentos recomendados para a medida da pressão arterial 
Preparo do usuário: 
1. Explicar o procedimento ao usuário e deixá-lo em repouso pelo menos 5 minutos em 
ambiente calmo. Ele deve ser instruído a não conversar durante a medida. Possíveis dúvidas 
devem ser esclarecidas antes ou após o procedimento. 
2. Certificar-se de que o usuário NÃO: 
Está com a bexiga cheia; 
Praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos; 
Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos (esses últimos em quantidades significativas); 
Fumou nos 30 minutos anteriores. 
3. Posicionamento do usuário: 
Deve estar na posição sentada, pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na 
cadeira e relaxado. 
O braço deve estar na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4º espaço 
intercostal), livre de roupas, apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo 
ligeiramente fletido. 
Para a medida propriamente: 
1. Obter a circunferência
aproximadamente no meio do braço. Após a medida, selecionar o 
manguito de tamanho adequado ao braço. 
2. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital. 
3. Centralizar o meio da parte compreensiva do manguito sobre a artéria braquial. 
4. Estimar o nível da pressão sistólica pela palpação do pulso radial. O seu reaparecimento 
corresponderá à PA sistólica. 
5. Palpar a artéria braço na fossa cubital e colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio 
sem compressão excessiva. 
6. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da pressão sistólica, obtido 
pela palpação. 
7. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo). 
8. Determinar a pressão sistólica pela ausculta do primeiro som (fase 1 de Korotkoff), que é em 
geral fraco, seguido de batidas regulares, e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de 
deflação. 
9. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff). 
10. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento 
e depois proceder à deflação rápida e completa. 
11. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento 
dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/ diastólica/ zero. 
12. Sugere-se esperar em torno de 1 minuto para nova medida, embora esse aspecto seja 
controverso. 
13. Informar os valores de pressões arteriais obtidos para o usuário. 
14. Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a pressão arterial foi 
medida. 
Onde: PA = pressão arterial; mmHG = milímetro de mercúrio; cm = centímetros. Fonte: VI Dir 
Bras HAS, 2010.² 
 
 
32 
 
 
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A medida da PA pode ser realizada pelo método indireto com técnica auscultatória, com uso 
de esfigmomanômetro de coluna de mercúrio ou aneróide devidamente calibrados, ou com 
técnica oscilométrica pelos aparelhos semiautomáticos digitais de braço validados, estando 
também calibrados. Vale ressaltar a importância de se respeitar às dimensões das 
circunferências dos braços dos usuários de acordo com o diâmetro das braçadeiras dos 
esfigmomanômetros.² O quadro 6 expõe estas observações. 
 
Quadro 6. Dimensões da bolsa de borracha para diferentes circunferências de braço em 
crianças e adultos 
Denominação do 
manguito 
Circunferência do 
braço (cm) 
Bolsa de borracha (cm) 
Largura Comprimento 
Recém-nascido ≤ 10 4 8 
Criança 11-15 6 12 
Infantil 16-22 9 18 
Adulto pequeno 20-26 10 17 
Adulto 27-34 12 23 
Adulto grande 35-45 16 32 
Onde: cm = centímetros. Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 
 
Diagnóstico em idosos 
 
Nos idosos, recomenda-se a verificação da pressão arterial na posição sentada, deitada e em 
pé, pois alterações ateroscleróticas nas regiões dos seios carotídeos podem reduzir a 
sensibilidade dos barorreceptores, ocasionando maior variabilidade da pressão arterial nos 
idosos e redução dos reflexos posturais, o que os predispõe à hipotensão ortostática. Uso de 
fármacos como diuréticos, antidepressivos, vasodilatadores, betabloqueadores e maior 
frequência de insuficiência vascular cerebral podem também ocasionar hipotensão 
ortostática.²² 
Outra condição frequentemente observada no idoso é o hiato auscultatório, situação em que 
após a ausculta do 1º som (fase I de Korotkoff), ocorre desaparecimento dos ruídos, que 
podem reaparecer somente após decréscimo de até 40 mmHg da PA. Essa situação pode levar 
à subestimação da pressão sistólica (PAS) ou à superestimação da pressão diastólica. Deve-se 
considerar a pressão sistólica o valor observado no aparecimento à palpação do pulso radial 
após a desinflação do manguito.²² 
A pseudo-hipertensão pode surgir em idosos com arteriosclerose pronunciada caracterizada 
por calcificação da parede arterial e enrijecimento tão pronunciado dos vasos que a insuflação 
do manguito é insuficiente para colabar a artéria braço. Para identificação deste fato, utiliza-se 
a manobra descrita por Osler. Esta consiste em inflar o manguito do aparelho até níveis acima 
da PAS e, concomitantemente, palpar a artéria radial. Persistência da palpabilidade sugere 
rigidez da artéria e indica que o índice obtido pela ausculta não expressaria a verdadeira 
pressão arterial sistólica, obtida por medida intra-arterial. Esse diagnóstico também é sugerido 
 
33 
 
 
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quando a pressão arterial sistólica está elevada, porém o usuário não apresenta lesão em 
órgãos alvos. A suspeita também deve ser lembrada diante de manifestações de hipotensão, 
após tratamento com medicamento anti-hipertensivo suave em dose baixa.²² 
A hipertensão do avental branco (HAS-AB) ou de consultório é a condição em que a pressão se 
eleva no consultório, porém se mantém normal durante as atividades rotineiras. Cerca de 30% 
dos idosos apresentam esta condição, que pode ser avaliada pela MAPA ou pela monitorização 
residencial da pressão arterial (MRPA), conforme detalhado no quadro 7.²³ 
Na hipertensão mascarada (HAS-M), ocorre o contrário, a pressão se mantém alta nas 
atividades rotineiras e normal no consultório. Pode também ser avaliada pela MAPA ou 
MRPA.22,23 
Algumas das condições citadas e outras estão comparativamente sistematizadas no quadro a 
seguir. 
 
Quadro 7. Características comparativas do efeito do avental branco, hipertensão do avental 
branco, hipertensão mascarada e outras condições 
Condição da pressão 
arterial 
Definição Prevalência 
(estudos 
específicos, se 
pertinentes) 
Efeito do avental 
branco 
Diferença de pressão obtida entre a medida conseguida no 
consultório e fora dele, desde que essa diferença seja igual ou 
superior a 20 mmHg na PAS e⁄ou de 10 mmHg na PAD 
12% 
Hipertensão PAS ≥140 mmHg e⁄ou de PAD ≥90 mmHg em 
medidas de consultório. 
28% 
Normotensão 
verdadeira 
Medidas de consultório são consideradas normais 51% 
Hipertensão sistólica 
isolada 
Comportamento anormal da PAS com PAD. A hipertensão 
sistólica isolada e a pressão de pulso são fatores de risco 
importantes para doença cardiovascular em usuários de meia-
idade e idosos 
 
Hipertensão do 
avental branco 
Medidas de PA persistentemente elevadas (≥140/90 mmHg) 
no consultório e medias de PA consideradas normais seja na 
residência ou pela MAPA 
9% 
Hipertensão 
mascarada 
Situação clínica caracterizada por valores normais 
de PA no consultório (< 140/90 mmHg), porém com PA 
elevada pela MAPA durante o período de vigília ou na MRPA. 
Desconhecida 
Onde: PAS = pressão arterial sistólica; PA = pressão arterial; PAD = pressão arterial diastólica; 
MRPA = monitorização residencial da pressão arterial; MAPA = Monitorização ambulatorial da 
pressão arterial; mmHg = milímetro de mercúrio. Fonte: modificado de V Diretrizes Brasileiras 
de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e III Diretrizes Brasileiras de 
Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA), 2011. 23 
 
 
34 
 
 
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Diagnóstico em obesos 
 
Manguitos mais longos e largos são necessários em usuários obesos, para não haver 
superestimação da pressão arterial. Em braços com circunferência superior a 50 cm, onde não 
há manguito disponível, pode-se fazer a medida no antebraço e o pulso auscultado deve ser o 
radial. Há, entretanto, restrições quanto a essa prática, recomendando-se que sejam usados 
manguitos apropriados.² 
 
Diagnóstico em gestantes 
 
A pressão arterial deve ser obtida com os mesmos equipamentos e com a mesma técnica 
recomendada para adultos, entretanto a pressão arterial também pode ser medida no braço
esquerdo, na posição de decúbito lateral esquerdo, em repouso, e esta não deve diferir da 
posição sentada. O 5º ruído de Korotkoff deve ser considerado como a pressão diastólica.² 
 
Orientações adicionais quanto ao diagnóstico 
 
Na primeira avaliação, as medidas devem ser realizadas em ambos os braços e, em caso de 
diferença, deve-se usar o braço com a medida de maior valor. A posição recomendada para a 
medição da pressão arterial é a sentada. As medidas na posição ortostática e supina deverão 
ser feitas ao menos, na primeira avaliação, em todos os usuários, e, em todas as avaliações de 
idosos, diabéticos com manifestações de disautonomia, alcoolistas ou em uso de medicação 
anti-hipertensiva.2,23 
Novas orientações consideram a utilização da MAPA e da MRPA como ferramenta importante 
na investigação de usuários com suspeita de hipertensão. Recomenda-se, sempre que possível, 
a medida da pressão arterial fora do consultório para esclarecimento do diagnóstico, 
identificação da HAS-AB e da HAS-M. 
Embora não seja um método diagnóstico de HAS, a utilidade da MAPA deve ser considerada 
para o refinamento da classificação de risco cardiovascular, em especial em usuários com 
hipertensão arterial resistente (HAR), definida atualmente como aquela que se mantém 
elevada, apesar do uso de três classes de anti-hipertensivos em doses otimizadas, sendo, 
idealmente, um deles um diurético, ou aquela controlada com o uso de quatro ou mais 
drogas.24 Neste sentido, a SES/MG recomenda que em sua rede a MAPA seja solicitada apenas 
no nível secundário de atenção. 
Outros métodos diagnósticos mais recentes, como o MRPA podem ser utilizados na 
dependência de sua disponibilidade (quadro 8). No entanto, deve ser enfatizado que o 
 
35 
 
 
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diagnóstico de HAS é feito com base em medidas isoladas da PA, conforme tradicionalmente 
estabelecido. 
 
Quadro 8. Outros métodos diagnósticos e de acompanhamento para a hipertensão arterial 
sistêmica 
Método Conceito Valores anormais Utilidade 
Medida Residencial 
da Pressão Arterial 
(MRPA) 
Método destinado a fazer 
registro da PA fora do 
ambiente de consultório, 
pelo próprio usuário ou 
pessoa capacitada para tal, 
com equipamento validado 
e calibrado. Não deve ser 
confundida com a 
automedida da PA (AMPA), 
que é registro não 
sistematizado e realizado a 
pedido do profissional de 
saúde 
O protocolo mais aceito 
considera a tomada de pelo 
menos duas medidas da PA, 
pela manhã, antes do 
desjejum, e à noite, antes do 
jantar, durante quatro dias. O 
número mínimo de 14 
medidas deve ser obtido para 
a análise dos dados (médias). 
Valores normais < 130/85 
mmHg. 
Avaliação da 
terapêutica; 
Pesquisa de 
hipertenso do 
avental branco; 
Possibilidade de 
realizar maior 
número de 
medidas fora do 
ambiente do 
consultório; 
Boa aceitabilidade 
do método; 
Limitação: 
dificuldade de 
medidas durante o 
sono. 
Auto Medida da 
Pressão Arterial 
(AMPA) 
Registro não sistematizado 
da pressão arterial, 
realizado de acordo com a 
orientação do profissional 
de saúde do usuário. 
Média da auto medida da 
pressão arterial acima de 
135/85 mmHg. 
Resposta a anti-
hipertensivos; 
Avaliação da 
hipertensão do 
avental branco 
Onde: PA = pressão arterial; mmHg = milímetro de mercúrio. Fonte: V Diretrizes Brasileiras de 
Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e III Diretrizes Brasileiras de 
Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA), 2011.23 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
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1.3.3 Classificação 
 
Para a classificação da HAS serão adotados os critérios propostos pelas VI Diretrizes Brasileiras 
de Hipertensão (quadros 9 e 10). 
Quadro 9. Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório em 
maiores de 18 anos 
Classificação Pressão sistólica (mmHg) Pressão diastólica (mmHg) 
Ótima < 120 < 80 
Normal < 130 < 85 
Limítrofe* 130 – 139 85 – 89 
Hipertensão estágio1 140 – 159 90 – 99 
Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109 
Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 
Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 < 90 
Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser 
utilizada para classificação da pressão arterial. 
* Limítrofe, pressão normal-alta ou pré-hipertensão são termos que se equivalem na leitura. 
Onde: mmHg = milímetro de mercúrio. Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 
 
Quadro 10. Classificação da pressão arterial para crianças e adolescentes e sugestões de 
conduta, segundo a sua classificação 
Classificação Percentil para PAS e PAD* Conduta sugerida (se 
pertinente) 
Normal PA < percentil 90 Reavaliar na próxima consulta 
médica 
Limítrofe PA entre percentis 90 a 95 ou se PA 
exceder 120/80 mmHg sempre < 
percentil 90 até < percentil 95 
Reavaliar em 6 meses 
Hipertensão estágio 1 Percentil 95 a 99 mais 5 mmHg Usuário assintomático: 
reavaliar em 1 a 2 semanas; 
se hipertensão confirmada 
encaminhar para avaliação 
diagnóstica. 
Usuário sintomático: 
encaminhar para avaliação 
diagnóstica 
Hipertensão estágio 2 PA> percentil 99 mais 5 mmHg Encaminhar para avaliação 
diagnóstica 
Hipertensão do avental 
branco 
PA> percentil 95 em ambulatório 
ou consultório e PA normal em 
ambientes não-relacionados à 
prática clínica 
 
Onde: PA = pressão arterial; PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão arterial diastólica; 
mmHg = milímetro de mercúrio. * Para idade, sexo e percentil de altura. Fonte: VI Dir Bras 
HAS, 2010.² 
 
37 
 
 
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1.4. Avaliação clínica inicial e estratificação de risco cardiovascular 
 
1.4.1. Avaliação clinica inicial 
 
Os objetivos da avaliação clínica em usuários hipertensos consistem em: 
 
 Confirmar o diagnóstico de HAS; 
 Identificar fatores de risco cardiovasculares; 
 Pesquisar lesão em órgãos-alvo; 
 Pesquisar doenças associadas; 
 Estratificar risco cardiovascular global; 
 Avaliar indícios de hipertensão arterial resistente (vide Orientações adicionais quanto 
ao diagnóstico, item 1.3.2. Diagnóstico).² 
 
A avaliação clínica se inicia com uma anamnese detalhada, com atenção redobrada no início da 
HAS, tratamentos prévios já realizados, fatores de risco, indícios de hipertensão secundária, 
busca de lesões em órgãos-alvo já conhecidas, aspectos sócio-econômicos, estilo de vida, uso 
de outras medicações ou drogas que possam influenciar no tratamento da HAS, como 
descongestionantes nasais, corticóides, anti-inflamatórios, entre outros.² 
A lesão de órgãos-alvo agrava o risco cardiovascular associado à HAS. O estadiamento, a 
presença de lesão em órgão-alvo e a avaliação de fatores adicionais de risco cardiovascular são 
utilizados para determinar o risco total e planejar o tratamento (medicamentoso versus não-
medicamentoso).² 
Aliado à anamnese reforça-se a igual importância de um exame físico minucioso, com medida 
do peso corporal e da circunferência abdominal interferindo no risco cardiovascular conforme 
comentado anteriormente.¹¹ A busca de sinais sugestivos de lesão em órgãos-alvo e de 
hipertensão secundária deve ser incentivada, assim como o exame de fundo de olho, 
especialmente em hipertensos estágio 3 com lesão em órgão-alvo ou usuários com diabetes.² 
No quadro a seguir estão listadas as principais evidências de lesões em órgão-alvo em usuários 
hipertensos. 
 
38 
 
 
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Quadro 11. Evidências de lesões em órgãos-alvo em hipertensos 
Órgão-alvo Evidência clínica de lesão Comentários (se 
pertinentes)
Coração IAM; doença coronariana; 
angioplastia e ou revascularização do 
miocárdio; HVE; IC 
 
Sistema Nervoso Central AVC transitório; AVC isquêmico, AVC 
hemorrágico, alteração da função 
cognitiva 
 
Rim Déficit importante da TFG<60 ml/min. A ocorrência de 
diminuição da TFG 
e/ou albuminúria 
aumenta o risco de 
doença cardiovascular 
Retina Hemorragias ou exsudatos, papiledema. 
Doença arterial periférica Baseado na história clínica de 
claudicação, exame físico e ITB. 
 
Onde: IAM = infarto agudo do miocárdio; HVE = hipertrofia ventricular esquerda; IC = 
insuficiência cardíaca; AVC = acidente vascular cerebral; TFG = taxa de filtração glomerular; ITB 
= índice tornozelo-braço. Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 
 
A observação ao eletrocardiograma (ECG) de hipertrofia ventricular esquerda (HVE) e/ou de 
infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio indica comprometimento cardíaco (HVE) ou lesão 
(IAM).² A ocorrência de retinopatia, sinais de comprometimento cardíaco, sopros, sinais 
neurológicos consistentes com AVC e a diminuição ou ausência de pulsos periféricos são 
achados de exame físico de lesão de órgão alvo e a redução da pressão arterial reduz 
significativamente a ocorrência de desfechos cardiovasculares.2,25 A taxa de filtração 
glomerular (TFG) estimada <60 mL/min/1.73m2 indica a presença de DRC, caso se mantenha 
em um período igual ou maior que 3 meses, aliado ou não às alterações urinárias (albuminúria, 
hematúria ou piúria). A ocorrência de diminuição da TFG e/ou albuminúria aumenta o risco de 
doença cardiovascular.26,27 
Salienta-se que, para detecção da doença vascular periférica (DVP), a medida do índice 
tornozelo braço (ITB), deverá ser realizada. Valores menores que 0,9 são indicativos de DVP.28 
Na detecção de valores anormais, referenciar ao especialista. Detalhes mais pormenorizados 
estão no item 1.9 “Complicações crônicas da hipertensão arterial sistêmica (lesões em órgãos-
alvo)”. 
Os quadros 12 e 13 sumarizam os principais achados obtidos na história clínica e no exame 
físico dos usuários hipertensos. 
 
 
 
39 
 
 
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Quadro 12. Dados de história clínica e comentários relevantes na avaliação de hipertensos 
Dados da história clínica Comentários 
Idade do início, duração e curso clínico 
da HAS 
Início em usuários jovens (<18 anos) ou idosos (>60 
anos) pode indicar a presença de HAS secundária 
Tratamento prévio da HAS, resposta 
terapêutica 
Útil no planejamento da estratégia terapêutica 
Medicações que possam influenciar na 
PA (p.ex., contraceptivos orais, 
simpaticomiméticos, esteróides 
adrenais) ou dieta com excesso de sal 
Fatores modificáveis que podem reduzir a PA sem o 
emprego de medicamentos 
História familiar de HAS, doença ou 
óbito prematuro por doença 
cardiovascular, doença renal, diabetes 
ou feocromocitoma 
Importante no diagnóstico de HAS primária e avaliação 
de risco cardiovascular 
Sintomas sugestivos de causas 
secundárias 
Importante para determinar a investigação de 
componentes específicos que contribuem para elevação 
da PA 
Sintomas de lesão de órgão alvo (p. ex., 
cefaléia, fraqueza ou cegueira 
transitória, diminuição da acuidade 
visual, dor torácica, dispnéia ou 
claudicação) 
Utilizado para avaliar possível lesão de órgão alvo; 
funciona como um guia grosseiro para a gravidade da 
HAS 
Outros fatores de risco (p. ex., 
tabagismo, diabetes, dislipidemia, ou 
sedentarismo 
Fatores modificáveis que contribuem para o risco 
cardiovascular 
Estilo de vida (p.ex., ingestão de sal, 
álcool e gordura saturada; estresse no 
trabalho; achados de apnéia do sono) 
Fatores modificáveis que contribuem para elevação da 
PA 
Onde: HAS = hipertensão arterial sistêmica; PA = pressão arterial. Fonte: VI Dir Bras HAS, 
2010.² 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
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Quadro 13. Dados de exame físico e comentários relevantes na avaliação de hipertensos 
Dados do exame físico Comentários 
Aferição da PA em ambos os 
braços (e inicialmente na perna) 
Possibilita afastar a presença de lesão vascular importante, tal 
como coarctação da aorta 
Aspecto geral, lesões de pele 
distribuição da gordura corporal 
Pode identificar usuários com alto risco para diabetes ou 
dislipidemia 
Fundo de olho Avalia o grau de comprometimento vascular e reflete a 
gravidade da hipertensão 
Exame de pescoço (palpação das 
carótidas e da tireóide; ausculta de 
sopros) 
Identifica os usuários com alto risco cardiovascular e 
possibilita a suspeita de doença cardiovascular 
Exame cardiopulmonar para 
ausculta de estertores, freqüência, 
ritmo, sopros e galopes cardíacos 
Detecta as consequências da HAS em órgãos-alvo (HVE ou IC): 
B3 sinaliza disfunção sistólica; B4 sinaliza disfunção diastólica 
de VE. 
Exame do abdome para massas 
renais e sopros abdominais e nas 
artérias femorais 
Rins aumentados, palpáveis em usuário com HAS indicam 
doença renal policística do adulto; sopro abdominal pode 
indicar doença renovascular; sopro femoral pode ser 
observado nas doenças vasculares de membros inferiores 
Determinação do índice tornozelo 
braço 
Possibilita a identificação precoce do comprometimento das 
artérias dos membros inferiores 
Exame neurológico para sinais de 
AVC prévio (hiperreflexia, 
espasticidade, sinais de Babinsky) e 
atrofia e distúrbios da marcha 
(sinais motores) 
Identifica usuários com lesão de órgão alvo, tal como AVC 
prévio 
Onde: PA = pressão arterial; HVE = hipertrofia ventricular esquerda; IC = insuficiência cardíaca; 
B3 = terceira bulha; B4 = quarta bulha; VE = ventrículo esquerdo; HAS = hipertensão arterial 
sistêmica; AVC = acidente vascular cerebral. Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
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Exames complementares 
 
Uma investigação complementar inicial básica é indicada para todos os usuários hipertensos. O 
quadro 14 expõe a avaliação mínima recomendada pela SES/MG para esta avaliação. 
 
Quadro 14. Avaliação complementar inicial básica do hipertenso recomendada pela SES/MG 
e comentários relevantes 
Avaliação Comentários 
Análise de urina (simples) Albuminúria se associa com risco aumentado de DCV, HAS, 
DRC. Albuminúria e/ou hematúria e/ou piúria pode ser o 
primeiro sinal de doença renal secundária à HAS. 
Hemoglobina ou hematócrito Anemia é fator de risco para DCV, preditor de morte na IC 
e fator agravante da DRC. 
Potássio plasmático Baixos níveis de potássio podem indicar excesso de 
aldosterona (investigação de hipertensão secundária) 
Creatinina plasmática (estimar TFG) Possibilita estimar a TFG 
Glicemia jejum Permite identificar intolerância à glicose e diabetes 
mellitus 
Colesterol total, HDL-colesterol, 
Triglicérides* 
A dislipidemia é duas vezes mais prevalente nos 
hipertensos 
Eletrocardiograma (ECG) HVE é fator de risco cardiovascular independente. 
Prioriza o diagnóstico de HVE através dos índices de 
Sokolov-Lyon ou Cornell. 2,29 
Onde: * O LDL-C (colesterol LDL) é calculado pela fórmula: LDL-C = colesterol total - (Colesterol 
HDL + triglicérides/5) (quando a dosagem de triglicérides for abaixo de 400 mg/dL); DCV = 
doença cardiovascular; HAS= hipertensão arterial; DRC = doença renal crônica; IC = 
insuficiência cardíaca; TFG = taxa de filtração glomerular; HVE = hipertrofia ventricular 
esquerda. Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 
Uma avaliação adicional é orientada para detectar lesões clínicas ou subclínicas com o 
objetivo de melhor estratificação do risco cardiovascular. Está indicada na presença de 
elementos indicativos de doença cardiovascular
e doenças associadas, em usuários 
com dois ou mais fatores de risco e, em usuários acima de 40 anos de idade com 
diabetes mellitus.² 
 
1.4.2. Estratificação de risco cardiovascular 
 
A idade, o sexo, a pressão arterial elevada, o tabagismo, a dislipidemia e o diabetes são 
sabidamente os principais fatores de risco para se desenvolver doença cardiovascular. A 
interação e o agrupamento destes fatores levaram ao desenvolvimento de uma predição 
baseada em algoritmos de análise multivariada, que podem ser utilizados por profissionais de 
 
42 
 
 
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saúde da atenção primária para avaliar o risco de desenvolver doença cardiovascular, ou seja, 
doença coronariana, AVC, DVP e insuficiência cardíaca. Esta avaliação tem sido defendida por 
estimar o risco cardiovascular global e para guiar o tratamento destes fatores de risco.30 
A avaliação do risco de Framingham original é uma ferramenta validada para brancos e negros 
americanos e é transportável (com a devida calibração) para várias populações da Europa, 
Mediterrâneo e Ásia.30 
A VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010) valorizou a estratificação de risco, baseada no 
reconhecimento dos fatores de risco cardiovasculares, em fatores adicionais para a HAS, na 
identificação de lesões em órgãos-alvo e de lesões subclínicas destes órgãos.² 
Os fatores de risco adicionais para a HAS representam homens com idade acima de 55 anos e 
mulheres acima de 65 anos; o tabagismo; as dislipidemias, especialmente, triglicérides acima 
de 150 mg/dL, LDL-colesterol maior que 100 mg/dL e HDL-colesterol menor que 40 mg/dL; a 
presença de diabetes mellitus associada à história familiar prematura de doença 
cardiovascular em homens com idade menor que 55 anos e mulheres com idade menor que 65 
anos.² 
Como lesões subclínicas de órgãos-alvo, cita-se a presença de HVE ao ECG. Índices 
recomendados são os de Sokolov-Lyon (soma do S de V1 ou V2 e do R de V5 ou V6 acima de 35 
mm) ou Cornell (soma do R de aVL e do S de V3, acima de 28 mm para homens e acima de 20 
mm para mulheres).29 Aliado à presença de HVE, pelo ecocardiograma transtorácico, com 
índice de massa de ventrículo esquerdo (VE) maior que 134g/m2 em homens ou acima de 
110g/m2 em mulheres, a espessura médio-intimal de carótidas acima de 0,9 mm ou a presença 
de placa de ateroma pelo doppler de carótidas; o índice tornozelo-braço menor que 0,9; a 
depuração de creatinina estimada menor que 60 ml/min/1,72 m2; o baixo ritmo de filtração 
glomerular menor que 60 ml/min/1,72 m2; presença de microalbuminúria ou velocidade de 
onda de pulso acima de 12m/s, são outros indicativos de lesões subclínicas de órgãos-alvo.² 
As condições clínicas associadas à HAS foram descritas no quadro 11 de Evidências de Lesões 
em órgãos-alvo em hipertensos, no tópico anterior.² É amplamente aceito que as DCV 
constituem um grande problema de saúde pública. O risco de morte destas condições, muitas 
vezes silenciosas, ressalta a relevância da prevenção. Os fatores de risco cardiovasculares, 
especialmente com concomitância num mesmo indivíduo, podem ser mediadores do risco de 
doença vascular. 
A estimativa global de DCV facilita o ajustamento entre a intensidade do fator de risco e a 
probabilidade estimada da doença, tornando o tratamento mais custo-efetivo. Desta forma, o 
estudo de D’Agostino e cols. (2008) foi motivado pela necessidade de se simplificar a predição 
de risco, informando, através de um algoritmo, pessoas com alto risco de doença 
cardiovascular aterosclerótica em geral, sendo capaz de identificação do risco para eventos 
específicos, como doença coronariana, DVP, AVC e insuficiência cardíaca. A presente 
investigação se estende à formulação anterior de Framingham e a expande, com base em um 
número maior de eventos.30 
 
43 
 
 
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A SES/MG denominou a estratificação de risco cardiovascular de D’Agostino et al (2008) como 
“Framingham Revisado” e recomenda a utilização desta escala para realizar a estratificação de 
risco cardiovascular em usuários hipertensos (2012). 
O quadro 15 apresenta os estratos propostos e o critério de acordo com a escala de risco de 
Framingham revisada, conforme consta no documento SES/MG/2012.31 
 
Quadro 15. Estratos e critério para a estratificação da hipertensão arterial sistêmica, 
segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais 
Estratificação Critério (Framingham revisado) 
HAS de baixo risco cardiovascular Estimativa de risco cardiovascular menor que 
10% em 10 anos 
HAS de moderado risco cardiovascular Estimativa de risco cardiovascular entre 10% a 
20% em 10 anos 
HAS de alto risco cardiovascular Estimativa de risco cardiovascular maior que 
20% em 10 anos 
Onde: HAS: Hipertensão arterial sistêmica. Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e 
Diabetes da Secretaria de Estado de Minas Gerais, 2012.31 
 
Os quadros seguintes propiciam a estimativa do risco cardiovascular em 10 anos (morte 
coronariana, infarto do miocárdio, insuficiência coronariana, angina, AVC isquêmico e 
hemorrágico, ataque isquêmico transitório, DAP e insuficiência cardíaca) sem doença 
cardiovascular no exame de base. Os preditores utilizados são: idade, sexo, diabetes, 
tabagismo, pressão arterial sistólica tratada e não-tratada, colesterol total e HDL. 
Os usuários que têm insuficiência coronariana, insuficiência cardíaca, hipertrofia 
ventricular esquerda, insuficiência arterial periférica, insuficiência renal crônica estágio 3 ou 
mais e que tenham tido acidente vascular cerebral ou ataque isquêmico transitório são 
considerados como de alto risco cardiovascular. 
 
Inicialmente são apresentados os escores para estratificação de risco cardiovascular, por sexo. 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
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Quadro 16. Escore de Framingham revisado para homens 
Pontos Idade HDL Colesterol 
total 
PAS não 
tratada 
PAS 
tratada 
Tabagismo Diabetes 
-2 60+ <120 
-1 50-59 
0 30-34 45-49 <160 120-129 <120 NÃO NÃO 
1 35-44 160-199 130-139 
2 35-39 <35 200-239 140-159 120-129 
3 240-279 160+ 130-139 SIM 
4 280+ 140-159 SIM 
5 40-44 160+ 
6 45-49 
7 
8 50-54 
9 
10 55-59 
11 60-64 
12 65-69 
13 
14 70-74 
15 75+ 
Onde: HDL= Colesterol HDL (High Density Lipoprotein); PAS= pressão arterial sistólica. 
Fonte: D’Agostino et al, 2008.30 
 
45 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Quadro 17. Estimativa de risco cardiovascular para homens 
 
Fonte: D’Agostino et al, 2008.30 
 
 
 
 
 
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Quadro 18. Escore de Framingham revisado para mulheres 
Ponto
s 
Idad
e 
HDL Colesterol 
total 
PAS não 
tratada 
PAS 
tratada 
Tabagismo Diabete
s 
-3 <120 
-2 60+ 
-1 50-59 <120 
0 30-34 45-49 <160 120-129 NÃO NÃO 
1 35-44 160-199 130-139 
2 35-39 <35 140-149 120-129 
3 200-239 130-139 SIM 
4 40-44 240-279 150-159 SIM 
5 45-49 280+ 160+ 140-149 
6 150-159 
7 50-54 160+ 
8 55-59 
9 60-64
10 65-69 
11 70-74 
12 75+ 
Fonte: D’Agostino et al, 2008.30 
 
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Quadro 19. Estimativa de risco cardiovascular para mulheres 
 
Fonte: D’Agostino et al, 2008.30 
 
 
 
 
 
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Quadro 20. Classificação de risco global, segundo escore de risco de Framingham revisado, 
com prevalências estimadas para Minas Gerais 
Categoria Risco de evento cardiovascular 
maior 
Prevalência estimada 
Baixo <10% em 10 anos 40% 
Moderado 10 a 20% em 10 anos 35% 
Alto >20% em 10 anos 25% 
Fonte: D’Agostino et al, 2008 30 e Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da 
Secretaria de Estado de Minas Gerais, 2012 31 
 
1.5. Tratamento não-medicamentoso, abordagem multiprofissional e 
prevenção primária 
 
1.5.1. Tratamento não-medicamentoso 
 
O tratamento não-medicamentoso constitui medida fundamental na abordagem da HAS, uma 
vez que sua instituição é eficaz na prevenção e tratamento da HAS, além de potencializar o 
tratamento medicamentoso. 
As ações de prevenção da HAS (ações de nível 2) têm impacto na melhoria da qualidade de 
vida e no controle dos custos gerados pelo tratamento da hipertensão e de suas complicações. 
Essas ações objetivam estimular mudanças no comportamento e no estilo de vida, reduzindo a 
exposição individual e coletiva aos fatores de risco implicados no surgimento da HAS.2,32 
Para tanto, faz-se necessário o trabalho em equipe multiprofissional, que inclui assistentes 
sociais, comunicadores, enfermeiros, educadores físicos, farmacêuticos, médicos, 
nutricionistas, psicólogos, técnicos de enfermagem, secretárias e quaisquer profissionais, que 
segundo a opinião da equipe, possam contribuir para o alcance dos objetivos do grupo. É papel 
destas equipes, estimular e ou implementar o tratamento não-farmacológico isolado ou 
associado ao tratamento farmacológico.2 
Neste sentido, as principais estratégias se relacionam à redução do consumo de sal e de álcool, 
redução do peso corporal, abordagem diagnóstica e terapêutica da apnéia do sono, realização 
de exercícios físicos regularmente, combate a fatores estressores entre outros. A seguir, serão 
tecidas considerações sobre algumas dessas medidas não-medicamentosas. 
 
 
 
 
 
49 
 
 
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Recomendações relativas ao estilo de vida 
 
Ingestão de Sal 
 
Embora os resultados sejam heterogêneos, parece existir associação entre consumo excessivo 
de sal e aumento da PA.22 Populações como os índios Yanomami, que consomem quantidades 
muito pequenas de sal, não apresentam HAS. Por outro lado, a ingestão excessiva de sal se 
associa a prevalência elevada de HAS.32 
Dietas com baixo teor de sódio promovem rápida e importante redução de PA em hipertensos 
resistentes. Apesar das diferenças individuais de sensibilidade, mesmo modestas reduções na 
quantidade de sal são, em geral, eficientes em reduzir a PA. A necessidade diária de sódio para 
os seres humanos é a contida em 5g de cloreto de sódio ou sal de cozinha. O consumo médio 
do brasileiro corresponde ao dobro do recomendado. Vale lembrar que cerca de dois terços do 
sal ingerido está contido em alimentos e bebidas processadas e que apenas um terço 
representa o sal adicionado aos alimentos. Desse modo, sugere-se a redução do sal de adição 
bem como o desestímulo ao consumo de alimentos industrializados.2,13,33,34 
 
Recomendação 
 
Recomenda-se que a ingestão de sal não ultrapasse 5 gramas por dia, o que corresponde a 
três colheres de café rasas de sal (totalizando 3 gramas) mais 2 gramas de sal dos alimentos. 
 
Redução do peso corporal 
 
O sobrepeso e a obesidade constituem fatores de risco relevantes para o desenvolvimento de 
HAS e contribuem de modo significativo para o agravamento de HAS pré-existente.35 
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram prevalência crescente 
de obesidade no Brasil, com acometimento de cerca de 13% da população Brasileira.8 
É sabido que a redução de 5-10 Kg de peso corporal está associada à diminuição média de 10 
mmHg da PA. Em metanálise, realizada em 2008, na qual foram avaliados 38 estudos 
controlados e randomizados, concluiu-se que a redução do peso corporal se associou à 
diminuição da média da PA de 6,3/3,4 mmHg.36 
A adequação do consumo calórico diário, em especial se associada à prática regular de 
exercícios físicos, contribui, de modo significativo, para a redução do peso corporal. Para tanto, 
 
50 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
diversas dietas têm sido preconizadas nos últimos anos como a dieta do mediterrâneo, dietas 
vegetarianas e a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension). Esta modalidade 
dietética inclui baixo consumo de carnes vermelhas e alimentos de origem animal, priorizando 
o consumo de frutas, verduras, cereais, óleos vegetais e carnes brancas, tendo importante 
impacto na redução da PA.37 A adesão a esse tipo de dieta reduziu em 14% o desenvolvimento 
de hipertensão.38 Os benefícios sobre a PA têm sido associados ao alto consumo de potássio, 
magnésio e cálcio nesse padrão nutricional.39 A dieta DASH potencializa ainda o efeito de 
orientações nutricionais para emagrecimento, reduzindo também biomarcadores de risco 
cardiovascular.² No quadro 21, podem ser vistos detalhes relativos ao conteúdo e 
recomendação prática dessa dieta. 
 
Quadro 21. Como recomendar uma dieta ao estilo DASH 
Alimentos sugeridos 
Escolher alimentos que possuam pouca gordura saturada, colesterol e gordura total. 
Por exemplo, carne magra, aves e peixes, utilizando-os em pequenas quantidades; 
Comer muitas frutas e hortaliças, aproximadamente de oito a dez porções por dia 
(uma porção é igual a uma concha média);
Incluir duas ou três porções de laticínios desnatados ou semidesnatados por dia;
Preferir os alimentos integrais como pães, cereais e massas integrais ou de trigo integral;
Comer oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, de quatro a cinco porções por semana 
 (uma porção é igual a 1/3 de xícara ou 40 g de castanhas, duas colheres de sopa ou 14 gramas 
 de sementes, ou ½ xícara de feijões ou ervilhas cozidas e secas);
Reduzir a adição de gorduras. Utilizar margarina light e óleos vegetais insaturados (como 
 azeite, soja, milho, canola);
Evitar adição de sal aos alimentos. Evitar também molhos e caldos prontos, além de 
produtos industrializados;
 Diminuir ou evitar o consumo de doces e bebidas com açúcar.

Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 
 
 
 
51 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Recomendação 
 
Recomenda-se a redução do peso corporal em indivíduos com excesso de peso como 
medida essencial para o controle da HAS. 
 
 
Atividade Física 
 
Define-se como atividade física todo movimento corporal voluntário humano que resulte em 
gasto energético acima dos níveis de repouso. Esta é caracterizada pela atividade do cotidiano 
e pelos exercícios físicos.40 
Define-se exercício físico como a sequência sistematizada de movimentos de diferentes 
segmentos corporais, executados de forma planejada, segundo um determinado objetivo a ser 
atingido. O exercício físico é uma das formas de atividade física planejada, estruturada, 
repetitiva, que objetiva o desenvolvimento da aptidão física, de condicionamento físico, de 
habilidades motoras ou de reabilitação orgânico-funcional.40 
A realização de atividade física diária, para a prevenção de doenças cardiovasculares (DCV), 
tem efeito na redução das taxas de morbi-mortalidade.²
Exercícios devem ser iniciados na 
infância, como forma de se prevenir doenças ateroscleróticas.41 Participação em atividades 
físicas aeróbicas continuadas reduz mortalidade cardiovascular.42 
Hipertensos de todas as faixas etárias, desde que sem comprometimento cardíaco, devem ser 
estimulados à realização de, pelo menos 30 minutos diários de atividade aeróbica, de 
intensidade moderada a vigorosa.2,41 
O aconselhamento para a prática regular de exercícios, em usuários com complicações 
cardiovasculares, deve ser supervisionado por profissional habilitado.41,42,43,44 
Recomenda-se estimular a prática regular de atividade física aeróbica, como caminhadas por 
pelo menos 30 minutos por dia, 5 vezes/semana para prevenção, e diariamente para o 
tratamento da HAS. A recomendação é de que, inicialmente, os indivíduos realizem atividades 
leves a moderadas.45,46 Somente após estarem adaptados, caso julguem confortável e não haja 
nenhuma contraindicação, é que podem ser iniciadas as atividades vigorosas.45,46 
Os exercícios aeróbios (isotônicos), complementados pelos resistidos (treinamento de força), 
promovem redução da PA, sendo indicados para a prevenção e o tratamento da HAS.36,43 Em 
relação aos exercícios resistidos, recomenda-se que sejam realizados entre 2 e 3 vezes por 
semana, por meio de 1 a 3 séries de 8 a 15 repetições, conduzidas até a fadiga moderada 
(parar quando a velocidade de movimento diminuir). 
 
52 
 
 
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Recomenda-se a avaliação médica antes do início de um programa de treinamento 
estruturado e, na presença de sintomas, sua interrupção.36 
 
Recomendação 
 
 Recomenda-se estimular a prática regular de atividade física aeróbica, como 
caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia, 5 vezes/semana para prevenção, e 
diariamente para o tratamento da HAS. 
 Indivíduos sedentários devem ser encorajados a iniciarem atividade física, por meio de 
séries de exercícios de até 10 minutos uniformemente distribuídos em 4 a 5 vezes/ semana, 
ampliando a duração de forma progressiva. 
 Em hipertensos, a sessão de treinamento não deve ser iniciada se as pressões arteriais 
sistólica e diastólica estiverem superiores a 160 e/ou 105 mmHg, respectivamente. 
 Usuários com doença cardiovascular conhecida poderão ser liberados a praticarem 
atividade física de leve a moderada intensidade, numa intensidade maior ou igual a 3 x 
semana, com duração igualmente de, pelo menos, 30 minutos. 
Fonte: Perk J et al, 2012.42 
 
Cessação do Tabagismo 
 
O tabagismo constitui fator de risco maior para doenças cardiovasculares.² É sabido que a 
cessação do uso de tabaco se associa com redução da morbi-mortalidade geral, por DCV e por 
câncer.2,42,47 
 
Recomendação 
 
Recomenda-se a cessação do tabagismo para todo usuário hipertenso, como medida 
complementar associada à redução do risco cardiovascular. 
 
 
53 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
 
Redução da ingestão de bebidas alcoólicas 
 
O uso abusivo de álcool está intimamente relacionado à menor resposta anti-hipertensiva bem 
como ao aumento da mortalidade cardiovascular.² 
O álcool determina redução da PA agudamente, porém essa redução se segue de efeito rebote 
algumas horas após a ingestão alcoólica.² 
 
Quadro 22. Características das principais bebidas alcoólicas e teor de etanol por quantidade 
definida 
Bebida % de etanol Quantida
de de 
etanol 
Volume para 
cada 30g de 
etanol 
Volume aproximado 
Cerveja 6% 4,8g 625 ml 2 latas (350 ml cada) ou 
01 garrafa (650 ml) 
Vinho 12% 9,6g 312,5 ml 2 taças de 150 ml 
Uísque, vodka, aguardente 40% 32g 93,7 ml 2 doses de 50 ml 
Onde: g = gramas; % = porcentagem; ml = miligramas. Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 
 
Recomendação 
 
 Para os hipertensos habituados a ingerir bebidas alcoólicas, recomenda-se não ultrapassarem a 
ingestão de 30 g e 15 g de etanol ao dia, para homens e mulheres, respectivamente. 
 Usuários com hipertensão arterial, que não façam uso regular de bebidas alcoólicas, devem ser 
estimulados a se manterem abstêmios. 
 
1.5.2. Abordagem multiprofissional 
 
A equipe multiprofissional idealmente deverá ser constituída por todos os profissionais que 
lidam com usuários hipertensos: médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, 
nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, professores de educação física, 
musicoterapeutas, farmacêuticos, educadores, comunicadores, funcionários administrativos e 
agentes comunitários de saúde. A abordagem multidisciplinar em HAS é grau de 
recomendação I e nível de evidência A.² 
 
54 
 
 
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Os membros de um grupo multiprofissional devem trabalhar de acordo com as 
regulamentações de sua formação e respeitando sua especificidade, necessitando conhecer a 
ação individual de cada um dos outros membros, adequando-se ao local de trabalho.17,20 
Como vantagem desta atuação, o número de usuários assistidos será maior, assim como a 
adesão ao tratamento, maior favorecimento de ações de pesquisa em serviço, maior alcance 
de promoção de ações educativas, tanto para os usuários quanto para os outros integrantes da 
equipe multiprofissional.20 
O quadro 23 resume as principais ações da equipe multiprofissional referente ao controle da 
HAS. 
 
Quadro 23. Ações da equipe multiprofissional 
Ações comuns à equipe: 
Promoção da saúde (ações educativas com ênfase em mudanças do estilo de vida, correção 
dos fatores de risco e produção de material educativo); 
Treinamento de profissionais; 
Ações assistenciais individuais e em grupo de acordo com as especificidades; 
Participação em projetos de pesquisa. 
Ações específicas individuais: 
As ações específicas definidas pelas diretrizes de cada profissão devem ser respeitadas; 
Nas situações e circunstâncias em que houver superposições de funções, incentivar a 
harmonia e uniformidade de linguagem; 
O processo educativo é lento e as mudanças são demoradas. 
Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 
 
1.5.3. Prevenção Primária 
 
Conforme discutido nos itens anteriores, ao se trabalharem os fatores de risco modificáveis na 
população geral, a prevenção primária da HAS estará automaticamente sendo efetivada. 
 
1.6. Tratamento Medicamentoso (níveis 3, 4 e 5 de intervenção) 
 
Em usuários hipertensos estágio 1, sem fatores de risco ou com baixo risco adicional de doença 
cardiovascular, o tratamento não-medicamentoso isolado por até 6 meses se associa com 
controle da pressão arterial. 
Os demais usuários se beneficiam do tratamento não-medicamentoso associado ao 
tratamento medicamentoso a partir do diagnóstico da HAS.² 
 
55 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
1.6.1. A abordagem terapêutica do hipertenso 
 
Estudos de desfechos clinicamente relevantes demonstram redução de morbidade e 
mortalidade em estudos com diuréticos48,49,50,51, betabloqueadores48,49,52,53, inibidores da 
enzima conversora da angiotensina (IECA)51,54,55,56,57,58 bloqueadores do receptor AT1 da 
angiotensina II (BRA)59,60,61,62,63,64,65 e com antagonistas dos canais de cálcio (ACC)46,51,54,58,6,67, 
embora a maioria dos estudos utilizem associação de anti-hipertensivos. 
O controle da PA, independentemente da classe medicamentosa, associa-se com diminuição 
de morbi-mortalidade cardiovascular. No quadro 24, estão sumarizados os mecanismos de 
ação, efeitos adversos e considerações sobre as diferentes classes medicamentosas utilizadas 
para o tratamento da HAS. No quadro 25a estão listados os principais anti-hipertensivos 
comercialmente disponíveis no Brasil e suas posologias
e no quadro 25b é apresentada a 
disponibilidade dos medicamentos, citados nesta linha-guia, nas listas da Relação Nacional dos 
Medicamentos Essenciais (RENAME) e do Programa Farmácia de Minas da Secretaria de Estado 
de Saúde de Minas Gerais (SES/MG). 
A decisão terapêutica deve ser baseada no risco cardiovascular, considerando-se a presença de 
fatores de risco, lesão em órgão-alvo e/ou doença cardiovascular estabelecida, e não apenas 
no nível da PA.9 
Recomendação 
 
Recomenda-se a manutenção dos níveis pressóricos <140/90 mmHg, nos usuários 
hipertensos estágios 1 e 2, com risco cardiovascular baixo e médio. 
Recomenda-se a manutenção da PA<130/80 mmHg, nos usuários com níveis pressóricos 
limítrofes (segundo classificação HAS) e com risco cardiovascular alto, bem como aqueles 
com 3 ou mais fatores de risco cardiovasculares, diabetes mellitus, lesões em órgãos-alvo ou 
doença renal crônica. 
 
 
Quadro 24. Detalhes práticos das classes de anti-hipertensivos usados no tratamento da 
hipertensão arterial sistêmica 
Classe de 
anti-
hipertensivo 
Mecanismo de Ação Efeitos Adversos Comentários 
Diuréticos Natriurese e 
diminuição do 
volume extracelular. 
Após 4-6 semanas, 
redução da 
resistência vascular 
Hipopotassemia, Hiperuricemia, 
Intolerância à Glicose e Aumento dos 
Triglicerídeos 
Preferir Tiazídicos 
Diuréticos de Alça 
para Insuficiência 
Cardíaca e DRC (TFG< 
30 ml/min) 
 
56 
 
 
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periférica 
Betabloquea
dores 
Diminuição inicial do 
debito cardíaco, 
redução da secreção 
de renina, 
readaptação dos 
barorreceptores e 
diminuição das 
catecolaminas nas 
sinapses nervosas. 
O Carvedilol causa 
vasodilatação devida 
ao bloqueio 
concomitante do 
receptor alfa-1 
adrenérgico 
O Nebivolol aumenta 
a síntese e liberação 
endotelial de oxido 
nítrico 
Broncoespasmo, bradicardia, 
distúrbios da condução 
atrioventricular, vasoconstrição 
periférica, insônia, pesadelos, 
depressão psíquica, astenia e 
disfunção sexual, intolerância a 
glicose, alterações do perfil lipídico. 
Hipertensão de Rebote e Isquemia 
miocárdica com a suspensão brusca. 
O Carvedilol e o Nebivolol têm 
impacto neutro ou mesmo positivo 
sobre o metabolismo da glicose e 
lipídico 
São uteis na redução 
da mortalidade e 
morbidade 
cardiovasculares de 
usuários com 
insuficiência cardíaca, 
hipertensos ou não. O 
propranolol se mostra 
útil em usuários com 
tremor essencial, 
síndromes 
hipercinéticas, cefaleia 
de origem vascular e 
naqueles com 
hipertensão portal. 
 
Antagonista
s dos Canais 
de Cálcio 
Redução da 
resistência vascular 
periférica por 
diminuição da 
concentração de 
cálcio nas células 
musculares lisas 
vasculares. 
Cefaléia, tontura, rubor facial, edema 
de extremidades, obstipação 
intestinal e hipertrofia gengival. Os 
dihidropiridínicos de ação curta 
provocam estimulação simpática 
reflexa, deletéria para o sistema 
cardiovascular. 
 Verapamil e Diltiazen podem 
provocar depressão miocárdica e 
bloqueio atrioventricular. 
São eficazes e bons 
para associações. 
Eficazes na 
Hipertensão Sistólica. 
Diltiazen e Verapamil 
são indicados para I. 
Coronariana e 
Arritmias Cardíacas. 
Inibidores 
da Enzima 
de 
conversão 
da 
Angiotensin
a II 
Agem 
fundamentalmente 
pela inibição da 
enzima conversora 
da angiotensina 
(ECA), bloqueando a 
transformação da 
angiotensina I em II 
no sangue e nos 
tecidos, embora 
outros fatores 
possam estar 
envolvidos nesse 
mecanismo de ação. 
Tosse seca, alteração do paladar, 
reações de hipersensibilidade com 
erupção cutânea e edema 
angioneurótico. 
Na DRC podem induzir 
hiperpotassemia e em usuários com 
hipertensão renovascular bilateral ou 
unilateral associada a rim único, 
podem promover redução da filtração 
glomerular com aumento dos níveis 
séricos de creatinina. São 
contraindicados na gravidez pelo risco 
de complicações fetais. Usar com 
cautela em adolescentes e mulheres 
em idade fértil. 
São eficazes no 
tratamento da HAS, 
reduzindo a 
morbidade e a 
mortalidade 
cardiovasculares. 
Indicados em ICC, pós 
IAM e na prevenção 
secundaria do 
acidente vascular 
encefálico. Quando 
administrados em 
longo prazo, os IECAs 
retardam o declínio da 
função renal em 
usuários com 
nefropatia diabética 
ou de outras 
etiologias. 
 
 
57 
 
 
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Bloqueador
es dos 
Receptores 
da AT1 da 
Angiotensin
a II (BRAs) 
Os BRAs 
antagonizam a ação 
da angiotensina II 
por meio do bloqueio 
especifico de seus 
receptores AT1 
Apresentam bom perfil de 
tolerabilidade. Tontura e, raramente, 
reação de hipersensibilidade cutânea. 
As precauções para seu uso são 
semelhantes às descritas para os IECA. 
De modo geral tem as 
mesmas indicações 
dos IECAs 
Inibidores 
diretos da 
renina 
Alisquireno, único 
representante da 
classe atualmente 
disponível para uso 
clínico, promove 
inibição direta da 
ação da renina com 
consequente 
diminuição da 
formação de 
angiotensina 
“Rash” cutâneo, diarreia, aumento de 
CPK e tosse. Contraindicados na 
gravidez. 
Sua associação a IECA 
e ou BRAs em usuários 
de alto risco 
cardiovascular 
resultou em aumento 
do número de eventos 
CV e a risco de 
hiperpotassemia. 
Portanto, não se 
recomenda sua 
associação a estas 
classes terapêuticas 
Simpatolític
os de Ação 
Central 
Agem estimulando os 
receptores alfa-2 
adrenérgicos pré-
sinápticos no sistema 
nervoso central, 
reduzindo o tônus 
simpático. São 
representados pela 
alfametildopa, a 
clonidina e o 
guanabenzo 
e/ou os inibidores 
dos receptores 
imidazolidínicos, 
como moxonidina e a 
rilmenidina 
Sonolência, sedação, boca seca, 
fadiga, hipotensão postural e 
disfunção sexual. A frequência e um 
pouco menor com os inibidores de 
receptores imidazolidínicos. A 
alfametildopa pode provocar, ainda, 
embora com pequena 
frequência, galactorreia, anemia 
hemolítica e lesão hepática, sendo 
contraindicada se ha insuficiência 
hepática. 
 
Seguros na gravidez 
(alfametildopa) e úteis 
em associações. 
Não interferem no 
perfil metabólico. 
Bloqueador
es Alfa-
adrenérgico
s 
Bloqueiam os 
receptores alfa-
adrenérgicos 
vasculares 
Hipotensão postural, mais evidente 
com a primeira dose, palpitações e, 
eventualmente, astenia. 
No estudo ALLHAT ocorreu mais ICC 
no grupo tratado com a doxazosina.75 
 
Melhoram o 
metabolismo lipídico e 
glicídico e os sintomas 
de usuários com 
hipertrofia prostática 
benigna. 
Vasodilatad
ores 
Atuam sobre a 
musculatura da 
parede vascular, 
promovendo 
relaxamento e 
consequente 
vasodilatação e 
redução da 
resistência vascular 
periférica. 
Retenção hídrica e taquicardia reflexa. Utilizados em 
associação com 
diuréticos e/ou 
betabloqueadores 
 
58 
 
 
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Hidralazina e 
minoxidil são os dois 
principais 
representantes desse 
grupo 
Onde: DRC = doença renal crônica; CPK = creatinofosfoquinase; CV = cardiovasculares; ECA = 
enzima conversora da angiotensina; TFG = taxa de filtração glomerular; IAM = infarto agudo 
do miocárdio; HAS = hipertensão arterial sistêmica; ICC = insuficiência cardíaca congestiva. 
Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 
 
Quadro 25a. Anti-hipertensivos comercialmente disponíveis no Brasil 
Medicamentos Posologia (mg) Número de 
tomadas/ dia 
Mínima Máxima 
Diuréticos 
Tiazídicos 
Clortalidona 12,5 25 1 
Hidroclorotiazida 12,5 25 1 
Indapamida 2,5 5 1 
Indapamida SR*** 1,5 5 1 
Alça 
Bumetamida 0,5 ** 1 – 2 
Furosemida 20 ** 1 – 2 
Piretanida 6 12 1 
Poupadores de potássio 
Amilorida * 2,5 10
1 
Espironolactona 25 100 1 – 2 
Triantereno * 50 100 1 
Inibidores adrenérgicos 
Ação Central 
Alfametildopa 500 1.500 2 – 3 
Clonidina 0,2 0,6 2 – 3 
Guanabenzo 4 12 2 – 3 
Moxonidina 0,2 0,6 1 
Rilmenidina 1 2 1 
Reserpina * 12,5 25 1 – 2 
Betabloqueadores 
Atenolol 25 100 1 – 2 
Bisoprolol 2,5 10 1 – 2 
Carvedilol 12,5 50 1 – 2 
Metoprolol e Metoprolol (ZOK) *** 50 200 1 – 2 
Nadolol 40 120 1 
Nebivolol + + 5 10 1 
Propanolol ** / Propanolol (LA) *** 40/80 240/160 2-3/ 1-2 
Pindolol 10 40 1 – 2 
 
59 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Alfabloqueadores 
Doxazosina 1 16 1 
Prazosina 1 20 2 – 3 
Prazosina XL*** 4 8 1 
Terazosina 1 20 1 – 2 
Vasodilatadores diretos 
Hidralazina 50 150 2 – 3 
Minoxidil 2,5 80 2 – 3 
Bloqueadores dos canais de cálcio 
Finilalquilaminas 
Verapamil Retard *** 120 480 1 – 2 
Benzotiazepinas 
Diltiazem AP, SR ou CD *** 180 480 1 – 2 
Diidropiridinas 
Anlodipino 2,5 10 1 
Felodipino 5 20 1 – 2 
Isradipina 2,5 20 2 
Lacidipina 2 8 1 
Lercarnnidipino 10 30 1 
Manidipino 10 20 1 
Nifedipino Oros *** 30 60 1 
Nifedipino Retard *** 20 60 2 – 3 
Nisoldipino 5 40 1 – 2 
Nitrendipino 10 40 2 – 3 
Inibidores da ECA 
Benazepril 5 20 1 
Captopril 25 150 2 – 3 
Cilazapril 2,5 5 1 
Delapril 15 30 1 – 2 
Enalapril 5 40 1 – 2 
Fosinopril 10 20 1 
Lisinopril 5 20 1 
Perindopril 4 8 1 
Quinapril 10 20 1 
Ramipril 2,5 10 1 
Trandolapril 2 4 1 
Bloqueadores do receptor AT1 
Candesartana 8 32 1 
Irbesartana 150 300 1 
Losartana 25 100 1 
Olmesartana 20 40 1 
Telmisartana 40 160 1 
Valsartana 80 320 1 
Inibidor direto da renina 
Alisquereno 150 300 1 
* Medicamentos comercializados apenas em associações com outros antihipertensivos / ** 
Dose máxima variável de acordo com a indicação médica / *** Retard, SR, ZOK, Oros, XL, LA, 
 
60 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
AP, SR e CD: formas farmacêuticas de liberação prolongada ou controlada / + Alfa-1 e 
betabloqueador adrenérgico / + + Betabloqueador e liberador de óxido nítrico. Fonte: VI Dir 
Bras HAS, 2010.² 
 
Quadro 25b. Disponibilidade dos medicamentos anti-hipertensivos, citados nesta Linha-guia, 
na lista da Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais e do Programa Farmácia de Minas 
da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais 
Medicamentos citados na Linha-
guia 
 
Medicamentos disponibilizados pela RENAME/2012 e pelo 
Programa Farmácia de Minas da Secretaria de Estado de 
Minas Gerais 
Alfametildopa Sim 
Alisquereno Não 
Amilorida Não 
Anlodipino Sim 
Atenolol Sim 
Benazepril Não 
Bisoprolol Não 
Bumetamida Não 
Candesartana Não 
Captopril Sim 
Carvedilol Sim 
Cilazapril Não 
Clonidina Não 
Clortalidona Não 
Delapril Não 
Diltiazem Não 
Doxazosina Não 
Enalapril Sim 
Espironolactona Sim 
Felodipino Não 
Fosinopril Não 
Furosemida Sim 
Guanabenzo Não 
Hidralazina Sim 
Hidroclorotiazida Sim 
Indapamina Não 
Irbesartana Não 
Isradipina Não 
Lacidipina Não 
Lercanidipino Não 
Lisinopril Não 
Losartana Sim 
 
61 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Manidipino Não 
Metoprolol Sim 
Minoxidil Não 
Moxonidina Não 
Nadolol Não 
Nebivolol Não 
Nifedipino Sim 
Nisoldipino Não 
Nitrendipino Não 
Olmesartana Não 
Perindopril Não 
Pindolol Não 
Piretanida Não 
Prazosina Não 
Propranolol Sim 
Quinapril Não 
Ramipril Não 
Reserpina Não 
Rilmenidina Não 
Telmisartana Não 
Terazosina Não 
Trandolapril Não 
Triantereno Não 
Valsartana Não 
Verapamil Sim 
Onde: RENAME = Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Fonte: Coordenadoria da 
Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. 2012. 
 
A seguir apresentam-se os fluxogramas para a abordagem terapêutica inicial do hipertenso a 
partir dos diferentes estágios da HAS. 
 
 
 
62 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Fluxograma 1a. Abordagem terapêutica inicial do indivíduo com hipertensão arterial estágio 
 
 
 
Onde: HAS = hipertensão arterial sistêmica; PA = pressão arterial. 
 
 
 
63 
 
 
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Fluxograma 1b. Abordagem terapêutica medicamentosa inicial do indivíduo com 
hipertensão arterial nos estágios 2 e 3 
 
Onde: HAS = hipertensão arterial sistêmica; PA = pressão arterial 
 
 
1.6.2. Tratamento da hipertensão em situações especiais 
 
Diabéticos 
 
Para o tratamento da HAS, no diabético, deve-se, inicialmente, pesquisar a presença de 
nefropatia diabética. Esta é definida pelo aumento da excreção urinária de albumina, 
associada ou não à redução da filtração glomerular (vide seção 3, da DRC). Na prática, deve-se 
pesquisar a relação microalbumina/creatinina urinária, em duplicata. Valores inferiores a 
 
64 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
30mg/dia são considerados normais; entre 30 e 300 mg/dia caracterizam a presença de 
microalbuminúria, sendo, portanto, indicativos de nefropatia diabética e valores superiores a 
300 mg/dia, são compatíveis com a presença de macroproteinúria, também podendo denotar 
nefropatia diabética e alto risco de desenvolvimento de DRC avançada.26 
Na ausência de nefropatia, o tratamento da HAS poderá ser efetuado com qualquer classe 
terapêutica, seguindo-se os princípios gerais do tratamento, sempre se tomando o cuidado de 
afastar a presença de hipotensão postural.² 
Por outro lado, no caso de nefropatia diabética, o tratamento medicamentoso deverá incluir 
um inibidor do sistema renina angiotensina aldosterona (SRAA), associado ou não a um 
antagonista dos canais de cálcio ou diurético. Não se recomenda o bloqueio duplo do SRAA por 
meio da associação de bloqueador dos receptores da angiotensina (BRA) com inibidor da 
enzima de conversão da angiotensina (IECA) ou inibidor direto da renina (alisquireno), devido 
ao risco de hiperpotassemia e aumento de eventos cardiovasculares.66,68 
 
Recomendações 
 
 Diabéticos hipertensos e sem nefropatia: Tratar a HAS com qualquer classe terapêutica – 
Meta pressórica 140 x 90 mmHg. 
 Diabéticos hipertensos e com nefropatia: Sempre iniciar com um inibidor do SRAA, 
adicionar diurético em baixas doses e/ou antagonista de cálcio. Se necessário incluir 
outras classes terapêuticas. Meta pressórica 130 x 80 mmHg. 
 
Renais Crônicos 
 
DRC estágios 1 e 2 
 
Nos estágios iniciais da DRC, o controle da PA constitui a medida mais eficaz para a prevenção 
de progressão do dano renal, independentemente da classe da medicação anti-hipertensiva 
utilizada. No entanto, nos indivíduos com proteinúria preconiza-se o bloqueio do SRAA, 
visando à nefroproteção. Nesses, a meta pressórica é 130 x 80 mmHg.² 
 
 
 
 
 
65 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
DRC estágios 3, 4 e 5 (não-dialítica) 
 
Tanto os IECAs quantos os BRAs têm comprovada eficácia, muitas vezes ultrapassando os 
benefícios gerados pela redução da pressão arterial per se.2,69,70 
Comprovadamente, os diuréticos reduzem a morbidade e mortalidade cardiovascular e são a 
segunda opção para o tratamento da hipertensão na DRC, especialmente quando combinados 
com IECA ou BRA. Normalmente, os diuréticos tiazídicos são mais eficazes em usuários nos 
estágios 1,2 e 3 da DRC, enquanto os diuréticos de alça são preconizados para os estágios 4 e 
5. 
Para atingir as metas de PA (130 x 80 mmHg), em usuários com DRC, em geral é necessária a 
combinação de três ou mais anti-hipertensivos, em doses
plenas. Assim, os antagonistas dos 
canais do cálcio (ACC) são indicados como terceira opção e, seu uso combinado com IECA, 
associou-se a maior redução de eventos cardiovasculares.² 
Outras opções incluem os betabloqueadores, os inibidores adrenérgicos de ação central e, 
eventualmente, os vasodilatadores de ação direta como o minoxidil e a hidralazina. 
 
DRC estágio 5 em programa de diálise 
 
Por se tratar de uma situação específica do nefrologista, esse item não será abordado no 
presente documento. 
Recomendações 
 
 DRC estágios 1 e 2: tratar a HAS com qualquer classe terapêutica – meta pressórica 140 x 
90 mmHg. Na presença de albuminúria, incluir um inibidor do SRAA e buscar a meta de 
130 x 80 mmHg. 
 DRC estágios 3,4 e 5 (não dialítico): sempre iniciar com um inibidor do SRAA, adicionar 
diurético e/ou antagonista de cálcio. Se necessário incluir outras classes terapêuticas. 
Meta pressórica 130 x 80 mmHg. 
 
Idosos 
 
Deve-se reduzir gradualmente a PA para valores inferiores a 140/90 mmHg. Em usuários com 
HAS sistólica, podem ser mantidos inicialmente níveis de até 160 mmHg. Não está bem 
 
66 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
estabelecido o nível mínimo tolerável da pressão arterial diastólica (PAD). Quando indicado, o 
tratamento medicamentoso deve ser iniciado com doses baixas de anti-hipertensivos, e o 
incremento de doses ou a associação de novos medicamentos devem ser feitos com cautela, 
devido ao risco de hipotensão postural e de intoxicação medicamentosa. Do mesmo modo que 
ocorre com a população geral de hipertensos, a maioria dos idosos necessita de terapia 
combinada. Idosos portadores de comorbidades múltiplas não cardiovasculares devem ter seu 
tratamento cuidadosamente individualizado.2,22 
O tratamento de hipertensos com idade acima de 79 anos, por meio da associação de IECA, 
reduziu o desenvolvimento de AVC e das taxas de insuficiência cardíaca.22 
 
Recomendações 
 
 Recomenda-se iniciar doses baixas de anti-hipertensivos, aumentando gradualmente. 
 Diuréticos tiazídicos e antagonistas dos canais do cálcio são mais efetivos nesta 
população. 
 IECA são úteis nos quadros de insuficiência cardíaca e na prevenção de AVC. 
 Na HAS sistólica, deve-se reduzir gradativamente a pressão arterial pelo risco de 
hipotensão arterial sintomática. 
 Considerar doenças concomitantes tais como IC, AVC, doença coronariana, no momento 
da escolha do anti-hipertensivo. 
 
Gestantes 
 
A definição de hipertensão na gravidez considera os valores absolutos de PA sistólica > 140 
mmHg e/ou diastólica > 90 mmHg. A PA diastólica deve ser identificada pela fase V de 
Korotkoff 30. A HAS, na gestação, é classificada nas seguintes categorias principais: pré-
eclâmpsia, eclâmpsia; pré-eclâmpsia superposta à hipertensão crônica; hipertensão crônica; 
hipertensão gestacional. No presente documento, interessa-nos o tratamento da hipertensão 
crônica da gravidez, reservando-se a abordagem das outras condições ao especialista. Define-
se a HAS crônica da gestação por hipertensão registrada antes da concepção, no período que 
precede a 20a semana de gravidez, ou além de doze semanas após o parto.² 
 
 
 
 
67 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Recomendações 
 
 Em relação à HAS crônica, recomenda-se o início ou a reinstituição do tratamento 
medicamentoso com PA sistólica ≥ 150 mmHg e PA diastólica de 95 a 99 mmHg ou sinais 
de lesão em órgão-alvo44. Para gestantes portadoras de HAS crônica, que estão em uso 
de anti-hipertensivos e PA < 120/80 mmHg, recomenda-se reduzir ou mesmo descontinuar 
o tratamento e iniciar monitorização cuidadosa da PA. 
 São FORMALMENTE contra-indicados os IECAs, BRAs, inibidor direto da renina e 
espirolactona, devido ao risco de mal-formações fetais. 
 A medicação mais segura é a metildopa. Antagonistas de cálcio, betabloqueadores e 
hidralazina podem ser utilizados com segurança. 
 Diuréticos podem ser mantidos, caso estejam sendo previamente utilizados. 
Coronariopatas 
 
A associação entre HAS e doença arterial coronariana (DAC) está bem demonstrada. Especula-
se a possibilidade da redução excessiva da PAD aumentar o risco de eventos coronarianos, 
configurando a chamada curva J. 71 Da mesma forma, a redução da PA reduz progressão e 
novos eventos cardiovasculares.71,72,73 
 
Recomendações 
 
 A redução gradativa da PA é fundamental para a prevenção de eventos isquêmicos 
relacionados à DAC.71,72,73 
 A meta pressórica é de 130 x 80 mHg.² 
 Os betabloqueadores são a medicação de escolha, exceto se houver contra-indicação 
formal.74 
 Os IECA e os BRA II estão indicados para a prevenção primária em usuários de alto risco 
cardiovascular, em hipertensos com DAC estável ou com infarto do miocárdio prévio.70,71 
 Os diuréticos tiazídicos e os bloqueadores dos canais lentos do cálcio também podem ser 
utilizados como alternativa aos betabloqueadores para o tratamento da angina, porém 
não são recomendados para prevenção secundária.2,75 
 
 
68 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Obesos 
 
Mudanças no estilo de vida constituem as medidas mais eficazes para a prevenção e para o 
tratamento da HAS, contribuindo para a redução do risco cardiovascular. A redução do peso 
corporal isolada ou associação com tratamento farmacológico, constitui a medida mais eficaz, 
reduzindo a PA de forma consistente. Esse objetivo se torna mais facilmente alcançável por 
meio do trabalho multiprofissional, incluindo psicólogos, nutricionistas, educadores físicos, 
fisioterapeutas, assistentes sociais entre outros.2,11,12,42 
Obesos apresentam com frequência apnéia obstrutiva do sono, condição que dificulta o 
controle pressórico e aumenta o risco cardiovascular.76 
Em relação ao tratamento medicamentoso, o uso de diuréticos tiazídicos, em baixas doses, 
deve ser o tratamento medicamentoso inicial preferido. IECA, BRA II e ACC podem ser 
associados, se necessário. 
Recomendações 
 
 Encorajar mudanças do estilo de vida, com aconselhamento nutricional e orientação para 
a prática de exercícios físicos. 
 O tratamento farmacológico deve ser iniciado com diuréticos em baixas doses. IECA, BRA 
ou antagonistas de cálcio são opções de associação. 
 
1.7. Hipertensão arterial secundária 
 
Definem-se como hipertensão arterial secundária (HAS-S) os casos de HAS nos quais é possível 
estabelecer uma relação de causa-efeito entre uma patologia e o desenvolvimento de HAS. 
Além disso, em algumas situações, o diagnóstico de HAS-S só pode ser confirmado pela cura da 
HAS, após o afastamento do fator causal (por exemplo: hipertensão renovascular, 
hiperaldosteronismo secundário a adenoma de adrenal).77,78 
A HAS-S tem prevalência de 3% a 5 %, porém antes de se iniciar a investigação de causas 
secundárias, deve-se atentar para causas de erro diagnóstico como: 
 medida inadequada da PA; 
 hipertensão do avental branco; 
 tratamento inadequado; 
 
69 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 não-adesão ao tratamento; 
 progressão das lesões nos órgãos-alvos da hipertensão; 
 presença de comorbidades; 
 interação com medicamentos.2,78,79 
A HAS-S nem sempre é uma condição de fácil diagnóstico, porém deve ser rastreada devido à 
possibilidade de tratamento curativo. A busca de causas secundárias de HAS envolve equipes 
multiprofissionais, serviços de referência e utilização de exames laboratoriais, por vezes de 
alto custo. Portanto, a triagem de indivíduos com maior probabilidade de apresentar HAS-S é 
de fundamental importância para otimizar os custos com a investigação
diagnóstica.² Uma vez 
afastadas essas situações, a investigação diagnóstica precoce poderá auxiliar na terapêutica 
específica, na prevenção de lesão de órgãos-alvo e na redução de morbi-mortalidade 
cardiovascular.79,80,81 
Uma discussão aprofundada deste tema foge aos objetivos desse documento. Portanto, nos 
quadros a seguir serão tecidos apenas alguns comentários sobre os principais dados clínicos 
sugestivos de HAS-S e sobre alguns achados relevantes para o diagnóstico etiológico. 
 
Quadro 26. Dados clínicos sugestivos de hipertensão arterial secundária 
Achados clínicos 
Início abrupto da hipertensão arterial, antes dos 30 ou após os 50 anos 
Hipertensão estágio II ou III, acelerada ou maligna 
Hipertensão refratária à múltipla terapia 
Hipertensão estágio II ou III na presença de aterosclerose difusa 
Presença de sopro epigástrico sistólico/ diastólico 
Hipertensão estágio II e III com insuficiência renal sem explicação 
Piora da função renal induzida por inibidor da enzima conversora da angiotensina ou por 
bloqueador do receptor da angiotensina 
Assimetria no tamanho renal 
Edema pulmonar sem causa aparente em usuário com hipertensão 
Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 
No quadro 27, encontram-se os achados de história e de exame clínico sugestivos de causas 
específicas de HAS-S, assim como algumas estratégias diagnósticas. 
 
Quadro 27. Achados de história e de exame clínico sugestivos de causas específicas de 
hipertensão arterial sistêmica secundária e estratégias diagnósticas 
Achados Suspeita diagnóstica Estratégias Diagnósticas 
 Ronco, sonolência diurna, obesidade Apnéia obstrutiva do 
sono 
Questionário de Berlim - 
Polissonografia – apenas 
na atenção secundária 
Hipertensão resistente ao tratamento 
ou 
Hipertensão com hipopotassemia ou 
Hiperaldosteronismo 
primário 
Principal exame para 
suspeição é a relação 
aldosterona/renina 
 
70 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Hipertensão com tumor abdominal plasmática 
Apresenta prevalência de 
6,1% na população de 
hipertensos, sendo mais 
alta nos hipertensos em 
estágio 3 e/ou de difícil 
controle. 
A hipopotassemia varia de 
9% a 37% 1–3 
Insuficiência renal, doença 
cardiovascular aterosclerótica, edema, 
creatinina elevada, proteinúria / 
hematúria 
Doença 
Parenquimatosa renal 
Exame de Urina – 
Cálculo da Taxa de 
filtração glomerular, 
ultrassonografia renal 
Hipertensão de início súbito ou de 
agravamento recente, edema agudo de 
pulmão de repetição, mulheres jovens 
e sem história de HAS ou hipertensos 
de longa data, mal controlados e com 
evidências de aterosclerose 
Piora da função renal com uso de IECAs 
/ BRAS 
Doença renovascular Ultrassonografia com 
Doppler de Artérias Renais 
Angiografia por 
ressonância magnética 
Tomografia 
computadorizada 
Cintilografia renal 
Arteriografia renal 
Uso de simpaticomiméticos, 
perioperatório, estresse agudo, 
taquicardia 
Catecolaminas em 
excesso 
Confirmar normotensão 
em ausência de 
catecolaminas 
Pulsos femorais reduzidos e diferença 
de PA entre MMSS e MMII, Radiografia 
de tórax com corrosão de arcos costais 
(sinal do “3” invertido), crianças e 
adultos jovens 
Coarctação da aorta Doppler ou tomografia 
computadorizada de aorta 
 
Ganho de peso, fadiga, fraqueza, 
hirsutismo, amenorréia, face em “lua 
cheia”, “corcova” dorsal, estrias 
purpúricas, obesidade central, 
hipopotassemia 
Síndrome de Cushing Cortisol basal e após teste 
de supressão com 
dexametasona 
Uso de medicamentos / substâncias 
pró-hipertensivas 
Efeito adverso de 
medicamento / 
substância 
Eliminar uso do 
medicamento, se possível 
Ingestão elevada de sal, abuso de 
álcool, obesidade 
Efeitos de estilos de 
vida 
Tentar modificação 
dietética – Apoio 
psicológico - Exercícios 
físicos 
Hipertensão paroxística, cefaléias, 
sudorese, palpitações, taquicardia 
Feocromocitoma Dosagem de 
catecolaminas e seus 
metabólitos sanguíneos e 
urinários 
Tomografia 
Ressonância Nuclear 
Magnética 
Mapeamento de Corpo 
inteiro com 
 
71 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
metaiodobenzilguanidina 
Mapeamento ósseo por 
Tomografia por emissão 
de pósitrons 
Pode-se utilizar a 
alfametiltirosina (Demser), 
inibidora da síntese de 
catecolaminas para o 
preparo cirúrgico e para 
tratamento clínico de 
tumores inoperáveis 
Fadiga, ganho de peso, perda de 
cabelo, hipertensão diastólica, fraqueza 
muscular 
Hipotireoidismo TSH aumentado 
T4 livre reduzido 
Intolerância ao calor, perda de peso, 
palpitações, hipertensão sistólica, 
exoftalmia, tremores, taquicardia 
Hipertireoidismo TSH suprimido 
T4 livre aumentado 
Litíase urinária, osteoporose, 
depressão, letargia, fraqueza muscular 
Hiperparatireoidismo Dosagem de cálcio e de 
PTH 
Cefaléias, fadiga, problemas visuais, 
aumento de mãos, pés e língua 
Acromegalia Dosagem do hormônio do 
crescimento 
Onde: IECAs = inibidores da enzima de conversão da angiotensina; BRAs = bloqueadores dos 
receptores da angiotensina; PA = pressão arterial; PTH = paratormônio; HAS = hipertensão 
arterial sistêmica; MMSS = membros superiores; MMII = membros inferiores; TSH = hormônio 
estimulador da tireoide; T4 = tetraiodotiroxina. Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 
Finalmente no quadro 28, estão listadas as principais classes de fármacos e drogas lícitas ou 
ilícitas indutoras de HAS-S. 
 
Quadro 28. Principais classes de fármacos e drogas lícitas ou ilícitas indutoras de 
hipertensão arterial sistêmica secundária 
Classe farmacológica Efeito pressor e freqüência Ação sugerida 
Imunossupressores 
Ciclosporina, tacrolimus, 
Glicorticóide 
Intenso e freqüente IECAs e antagonista de canal de 
cálcio (nifedipino / anlodipino). 
Ajustar nível sérico. Reavaliar 
opções 
Antiinflamatórios não-esteróides 
Inibidores da COX-1 e 
COX-2 
Eventual, muito relevante com uso 
contínuo 
Observar função renal e informar 
efeitos adversos 
Anorexígenos / Sacietógenos 
Anofepramona e outros Intenso e freqüente Suspensão ou redução de dose 
Sibutramina Moderado, mas pouco relevante Avaliar a redução da pressão 
arterial obtida com a redução de 
peso 
Vasoconstritores, Variável, mas transitório Usar por período determinado 
 
72 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
incluindo derivados do 
ergot 
Hormônios 
Eritropoetina humana Variável e freqüente Avaliar hematócrito e dose 
semanal 
Anticoncepcionais orais Variável, prevalência de 
hipertensão até 5% 
Avaliar a substituição do método 
com especialista 
Terapia de reposição 
estrogênica (estrogênios, 
conjugados e estradiol) 
Variável Avaliar risco e custo-benefício 
Hormônio de crescimento 
(adultos) 
Variável, uso cosmético Suspensão 
Antidepressivos 
Inibidores da 
monoaminoxidase 
Intenso, infreqüente Abordar como crises 
adrenérgicas 
Tricíclicos Variável e freqüente Abordar como crise adrenérgica. 
Vigiar interações 
medicamentosas 
Drogas ilícitas e álcool 
Anfetamina, cocaína e 
derivados 
Efeito agudo, intenso, Dose-
dependente 
Abordar como crise adrenérgica 
Álcool Variável e dose-dependente. Muito 
prevalente 
Vide tratamento não-
medicamentoso 
Onde: IECAs = inibidores da enzima de conversão da angiotensina; COX-1 = inibidores da 
ciclooxigenase 1; COX-2 = inibidores da ciclooxigenase 2. Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 
 
Recomendação 
 
 
Recomenda-se encaminhar os casos suspeitos de HAS-S para investigação na atenção 
secundária. 
 
 
1.8. Urgências e emergências hipertensivas 
 
As crises hipertensivas (CH) são caracterizadas pela elevação aguda da PA, sendo classificadas 
em emergências e urgências (quadro 29). Emergências
hipertensivas (EH) são condições nas 
quais há elevação crítica da PA, associada à lesão de órgãos-alvo e risco iminente de morte. 
Por outro lado, nas urgências hipertensivas (UH), ocorre elevação significativa da PA (> 180 x 
120 mmHg), em usuários clinicamente estáveis, sem comprometimento agudo de órgãos-
alvo.² 
 
73 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Além das urgências e emergências, o clínico deve estar atento para a “pseudocrise” 
hipertensiva, situação caracterizada por elevação transitória da PA e relacionada à ansiedade, 
síndrome do pânico, dor e desconforto. O tratamento sintomático do evento que deflagrou a 
elevação pressórica e/ou a reintrodução dos anti-hipertensivos é suficiente para a restauração 
da normalidade.78 
A incidência/prevalência de CH na população é pouco abordada na literatura médica.78,79 
Estima-se que cerca de 1% da população hipertensa possa desenvolver CH, o que 
corresponderia a cerca de 360 mil hipertensos em nosso país.² 
 O pronto reconhecimento e avaliação das CH, bem como a instituição imediata do tratamento 
são cruciais para a prevenção de lesão aguda de órgãos-alvo. Portanto, vale rever os principais 
critérios diagnósticos e medidas terapêuticas das CH.80,81 
O reconhecimento imediato das crises hipertensivas permite a instituição de medidas 
terapêuticas adequadas, possibilitando a prevenção de morbidade e mortalidade secundárias 
à lesão aguda de órgãos-alvo.81 
Quadro 29. Classificação das crises hipertensivas 
Emergências hipertensivas Urgências hipertensivas 
Hipertensão maligna (com papiledema) 
Hipertensão associada a: 
- Acidente vascular encefálico 
- Encefalopatia hipertensiva 
- Infarto agudo do miocárdio 
- Angina Instável 
- Edema agudo de pulmão 
- Dissecção de aorta 
 
 
Crises adrenérgicas 
- Feocromocitoma, uso de cocaína, crack, LSD 
Eclampsia 
Traumatismo craniano 
Hipertensão acelerada 
Hipertensão associada a: 
-Acidente vascular cerebral 
isquêmico não complicado 
- Insuficiência coronariana 
- Insuficiência cardíaca 
- Aneurisma de aorta 
- Queimaduras 
- Epistaxes graves 
 
Crises adrenérgicas 
Leves/moderadas 
- Síndrome do Rebote após 
suspensão de simpatolíticos 
Pré-eclampsia 
Crises renais 
- Glomerulonefrite aguda 
- Crise de esclerodermia 
Onde: LSD = Dietilamida Ácido Lisérgico (Lyserg Säure Diethylamid). Fonte: Paula RB, 2008.78 
 
1.8.1. Abordagem clínica 
 
Nas emergências hipertensivas (EH), as manifestações clínicas dependem basicamente do 
órgão envolvido e não se relacionam necessariamente aos níveis pressóricos. Não existe, 
portanto, um “ponto de corte” para a pressão arterial a partir do qual os sintomas se 
manifestam, mas em geral estes se associam a PAD ≥ 130 mmHg. Constituem exceções os 
 
74 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
casos de toxemia gravídica e a hipertensão associada à síndrome nefrítica aguda, situações nas 
quais, as EH podem se manifestar com níveis diastólicos da ordem de 100-110 mmHg.² 
Deve-se investigar a história de HAS, a aderência ao tratamento, o uso abusivo de álcool, uso 
de drogas ilícitas, uso de moderadores do apetite, de anti-inflamatórios, de corticóides e de 
anti-depressivos. Antecedentes de cardiopatia, doença renal, atendimentos prévios em 
serviços de emergência médica podem ser de grande utilidade. Sintomas como cefaléia, 
alterações sensoriais, dispnéia, taquicardia e alterações visuais devem ser investigados.78,79,80 
Ao exame físico, a PA deve ser aferida nas posições de decúbito e ortostática, nos quatro 
membros. O exame de fundo de olho deve sempre ser realizado, preferencialmente sem o uso 
de midriáticos, devido ao risco de indução de glaucoma agudo. No exame neurológico, é 
importante a avaliação de déficits motores, alterações pupilares, liberação esfincteriana e de 
sinais de irritação meníngea. A palpação e ausculta de pulsos periféricos, a ausculta cardíaca e 
a ausculta pulmonar devem ser criteriosas, pois auxiliam no diagnóstico clínico e em uma 
adequada propedêutica.78,79,80 
 
1.8.2. Princípios gerais para o tratamento 
 
Nos casos de UH, a PA deve ser reduzida por meio da administração de drogas de uso oral, em 
períodos de várias horas ou dias (quadro 30). Por outro lado, nas EH, o tratamento deve ser 
iniciado imediatamente, por meio de medicações parenterais. Reduções da ordem de 20% da 
pressão arterial média (PAM) nas primeiras 24 horas são preconizadas, mantendo-se a PAD em 
valores entre 100 e 110 mmHg. Vale lembrar que reduções abruptas da PA podem induzir 
quadros de isquemia tecidual.2,81 
Em usuários com AVC isquêmico, a redução da PA só está indicada quando a PAS for superior a 
200 mmHg e/ou a PAD maior que 120 mmHg. Reduções entre 10 e 15 % nas primeiras 24-48 
horas são preconizadas, sob o risco de piora do quadro de hipoperfusão cerebral.78 
Constituem exceções, os quadros de dissecção da aorta e de síndrome nefrítica aguda, nos 
quais a meta de redução pressórica deve ser agressiva, de modo a impedir respectivamente o 
agravamento da dissecção ou a instalação de encefalopatia hipertensiva ou edema agudo de 
pulmão.78,79 
Merece destaque o uso abusivo de medicação oral feito no nosso meio para a redução de PA 
em usuários previamente hipertensos com níveis tensionais elevados e sem evidências de 
dano agudo a órgãos-alvo. Nesses casos, uma vez afastadas as EH e UH, o usuário deve ser 
orientado a reiniciar o uso de medicação anteriormente prescrita ou receber nova orientação 
medicamentosa a critério clínico. 
Recomenda-se, nestes casos, deixar o usuário em observação em local tranquilo, com pouca 
luminosidade, repetindo a aferição da PA 30 a 60 minutos após. 
 
75 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Para maiores detalhes acerca do diagnóstico e do tratamento das crises hipertensivas, 
recomendamos a leitura do documento Encontro Multicêntrico sobre Crises Hipertensivas.79 
 
Quadro 30. Abordagem das urgências hipertensivas 
Importante 
- Não há evidências do benefício da redução rápida da PA em usuários assintomáticos. Ao 
contrário, esta prática pode precipitar crises anginosas e isquemia cerebral; 
- Em todos os usuários com HAS severa, sugere-se a repetição da medida da PA com usuário 
em repouso e em ambiente calmo; 
- Sugere-se meta inicial de redução da PA igual a 160 x100 mmHg em várias horas ou dias com 
terapia oral convencional para os casos de UH; 
- Para indivíduos não aderentes, sugere-se a reintrodução do esquema anti-hipertensivo 
previamente prescrito, para os casos de UH; 
- Para todos os casos de UH, deve-se reavaliar o usuário em 24 – 48 horas. Medidas 
domiciliares podem ser úteis nesses casos; 
- Recomenda-se a abordagem das crises hipertensivas para todos os usuários com dados 
clínicos e/ou laboratoriais sugestivos, como forma de prevenção da progressão das lesões 
agudas a órgãos-alvo e redução do risco de morte. 
 
Onde: HAS = hipertensão arterial sistêmica; PA = pressão arterial; UH = urgências 
hipertensivas. Fonte: Praxedes et al, 2001.79 
Como orientações quanto às medicações sugeridas nas UH, sugerimos as delineadas no quadro 
31. 
Quadro 31. Medicações disponíveis no Brasil para uso oral em urgências hipertensivas 
Medicação Dose Ação Efeitos indesejáveis- 
Precauções 
Captopril 25-50mg Início: 15 min 
Duração: 4-6h 
Redução excessiva da PA em 
HAS renovascular 
Clonidina 150-300mg Início: 30-45 min 
Duração: 6-12h 
Xerostomia, hipotensão 
postural 
Furosemida 40-80mg Início: 15-30 min 
Duração: 6-12h 
Hipotensão postural, 
depleção de volume em 
indivíduos predispostos 
Onde: PA = pressão arterial; HAS = hipertensão arterial sistêmica; mg = miligramas; min = 
minutos. 
Fonte: VI Dir Bras HAS,
2010.² 
 
 
 
 
 
76 
 
 
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1.9. Complicações crônicas da hipertensão arterial sistêmica (lesões em 
órgãos-alvo) 
 
1.9.1. Hipertrofia ventricular esquerda 
 
A HVE é considerada como uma resposta adaptativa do coração a situações de doença como 
HAS, DM e obesidade. Fisiologicamente, pode ocorrer HVE secundária à prática de exercícios 
físicos, situação que foge ao escopo do presente documento. 
Normalmente, o diagnóstico de HVE é feito com base no exame físico, no ECG e no 
ecocardiograma. 
São características clínicas sugestivas de HVE pela avaliação do ictus: 
 Localização do ictus lateral à linha hemiclavicular esquerda (boa correlação com 
cardiomegalia à radiografia de tórax); 
 Diâmetro maior que 3cm ou ocupando mais de um espaço intercostal; 
 Duração e intensidade: impulsos muito vigorosos (por exemplo, suficientemente fortes 
para levantarem dedos do examinador contra resistência) ou sustentados, durando 
toda a sístole.² 
Em relação ao ECG, este é um método de fácil realização e bastante prático para o diagnóstico 
de HVE, embora tenha baixa sensibilidade. 
Os principais índices para o diagnóstico de HVE ao eletrocardiograma são: 
Índice de Sokolow Lyon: É considerado positivo quando a soma da amplitude da onda S na 
derivação V1 com a amplitude da onda R da derivação V5/V6 for > 35 mm. Nos jovens, este 
limite pode ser de 40 mm. 
Índice de Cornell: Quando a soma da amplitude da onda R, na derivação aVL, com a amplitude 
onda S de V3 for > 28 mm em homens e 20 mm em mulheres.2,82 
O padrão ouro para diagnóstico de HVE será pela avaliação da ecocardiografia transtorácica.83 
E a maior aplicação da ecocardiografia em estudos epidemiológicos e estudos de tratamento 
tem sido o cálculo da massa miocárdica do VE e sua modificação com o tratamento anti-
hipertensivo.82,83 
 
 
77 
 
 
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Fluxograma 2. Abordagem do hipertenso com hipertrofia ventricular esquerda, em nível da 
atenção primária à saúde, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais 
 
Onde: ECG = eletrocardiograma; HVE = hipertrofia ventricular esquerda; IECA = inibidor da 
enzima de conversão da angiotensiva; BRA = bloqueadores dos receptores da angiotensina; 
HAS = hipertensão arterial sistêmica. Fonte: Compilação da equipe de edição da linha-guia, 
2012. 
Observações: O fluxograma poderá ser utilizado na abordagem de diabéticos como também 
dos renais crônicos. *Se for disponível para a atenção primária à saúde, o ecocardiograma 
poderá ser usado. 
 
Recomendações 
 
 Como meta pressórica, em usuários portadores de HVE, hipertensos, não-diabéticos, 
aconselha-se a manutenção da pressão arterial sistólica menor que 130 mmHg. 
 Na presença de HVE, a inclusão de IECA ou BRA está indicada como forma efetiva de 
redução de massa ventricular. 
 
 
 
78 
 
 
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1.9.2. Doença arterial coronariana 
 
Há associação entre HAS e DAC, independentemente da idade. A redução adequada da PA é 
fundamental para a prevenção de eventos relacionados à DAC, independentemente do grupo 
de medicamentos anti-hipertensivos utilizados, objetivando-se metas de PA de 130 x 80 
mmHg. A redução excessiva da PAD pode aumentar o risco de DAC.42 
Os betabloqueadores devem ser utilizados nos usuários com angina ou com IAM prévio, exceto 
se houver contra-indicação formal. Os IECA e os BRA II estão indicados para a prevenção 
primária em usuários de alto risco cardiovascular, em hipertensos com DAC estável ou com 
IAM. Os diuréticos tiazídicos podem prevenir eventos coronarianos, assim como os 
bloqueadores dos canais lentos do cálcio (podem ser usados como alternativa aos 
betabloqueadores).² 
A presença de HAS, DM, dislipidemia, história familiar e tabagismo são fatores de risco 
associados à maior probabilidade de DAC. A DAC tem manifestação inconstante, podendo se 
apresentar sem sintomas (isquemias silenciosas) assim como manifestações grandiosas de dor 
precordial típica, edema pulmonar ou similar. A DAC é conhecida como a doença dos “3Ds”, 
representando a dor, dispneia e disritmia, manifestações mais frequentemente observadas 
nos eventos coronarianos. 
Diante de uma suspeita de evento agudo, aconselhamos o rápido encaminhamento para nível 
de atenção de maior complexidade, estratificação de risco e intervenções pertinentes.84 
 
1.9.3. Insuficiência cardíaca 
 
A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica na qual existe uma anormalidade na 
estrutura ou função cardíaca, com consequente incapacidade por parte do coração de ejetar o 
sangue a um ritmo compatível com a demanda do metabolismo tecidual. A HAS é uma de suas 
principais causas, aliada ao diabetes mellitus, a doença de Chagas e a doença isquêmica 
coronariana.85,86 
No Brasil, o censo de 2010 revelou aumento significativo da população idosa, mais vulnerável 
ao desenvolvimento de IC. A insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP), 
maior ou igual a 50%, é mais prevalente em mulheres idosas, enquanto a IC de função 
ventricular reduzida (fração de ejeção menor que 50%), é mais comum em homens e associada 
a sinais de edema, insuficiência coronariana, DRC, álcool, tabagismo e hospitalizações. A 
estratificação da IC pela classificação segundo a função ventricular, representada pela fração 
de ejeção do ventrículo esquerdo, é realizada com o auxílio destas medidas através do 
ecocardiograma transtorácico.85,86 
 
79 
 
 
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Para o diagnóstico de IC, é importante pesquisar os fatores de risco para IC, exame físico 
minucioso, radiografia de tórax em PA, eletrocardiograma, ecocardiograma (se possível), 
laboratório, buscar comorbidades associadas, como a doença pulmonar obstrutiva crônica, a 
anemia e a DRC.85,86 
O quadro 32 demonstra a classificação cronológica da IC. 
 
Quadro 32. Estágios da insuficiência cardíaca crônica do adulto 
Estágio da IC Descrição Fatores Etiológicos Sugestão de tratamento 
A (usuários de 
alto risco) 
Presença de condições 
clínicas associadas ao 
desenvolvimento dessa 
enfermidade. Tais 
usuários não apresentam 
nenhuma alteração 
funcional ou estrutural do 
pericárdio, miocárdio ou 
valvas cardíacas e nunca 
apresentaram sintomas 
ou sinais de IC. 
HAS, insuficiência 
coronariana, DM, história 
de cardiotoxicidade, 
tratamento por drogas ou 
abuso de álcool, história 
pessoal de febre 
reumática, história familiar 
de cardiomiopatia. 
 
Tratamento HAS, DM, 
cessação do fumo, 
tratamento das 
desordens lipídicas, 
incentivo à prática 
regular de atividade 
física, redução do 
consumo do álcool ou 
drogas ilícitas, controle 
da síndrome metabólica. 
Drogas: IECAs ou BRAS 
B (disfunção 
ventricular 
assintomática) 
Usuários que já 
desenvolveram 
cardiopatia estrutural 
sabidamente associada à 
IC, mas que nunca 
exibiram sinais ou 
sintomas de IC. 
Hipertrofia ventricular 
esquerda ou fibrose, 
dilatação ventricular 
esquerda ou 
hipocontratilidade, 
valvulopatia ou infarto do 
miocárdio. 
Todas as medidas 
orientadas para o estágio 
A 
Drogas: IECAs ou BRAs 
em usuários apropriados, 
beta-bloqueadores em 
usuários apropriados. 
C (Disfunção 
ventricular 
sintomática) 
Usuários com sintomas 
prévios ou presentes de 
IC associados com 
cardiopatia estrutural 
subjacente. 
Dispnéia ou fadiga por 
disfunção ventricular 
esquerda sistólica; usuários 
assintomáticos sob 
tratamento para prevenção 
de IC. 
Todas as medidas para 
estágios A e B. 
Drogas de uso rotineiro: 
Diuréticos para retenção 
hídrica,
IECAs Beta-
bloqueadores. 
Drogas em usuários 
selecionados: 
Antagonistas da 
aldosterona, BRAs, 
Digitálicos 
Hidralazina/ nitratos 
marcapasso em usuários 
selecionados: 
Marcapasso 
biventricular, 
cardiodesfibriladores 
implantáveis 
D (IC refratária) Usuários com cardiopatia Usuários hospitalizados por Medidas apropriadas 
 
80 
 
 
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estrutural e sintomas 
acentuados de IC em 
repouso, apesar da 
terapia clínica máxima. 
Requerem intervenções 
especializadas 
IC ou que não podem 
receber alta; usuários 
hospitalizados esperando 
transplante; usuários em 
casa sob tratamento de 
suporte IV ou sob 
circulação assistida; 
usuários em unidade 
especial para manejo de IC. 
para os estágios A, B e C; 
cuidados apropriados. 
Opções: Reconhecimento 
de doença em estágio 
final, medidas 
extraordinárias: 
transplante cardíaco, 
inotrópicos crônicos, 
mecânica permanente de 
suporte, cirurgia e 
drogas. 
Onde: IC = insuficiência cardíaca; IECAs = inibidores da enzima de conversão da angiotensina; 
BRAs = bloqueadores dos receptores da angiotensina; HAS = hipertensão arterial sistêmica; IV 
= intra-venoso. Fonte: Bocchi et al, 2012.86 
 
1.9.4. Doença vascular periférica 
 
A doença vascular periférica (DVP) é subdiagnosticada e subtratada, pois indivíduos com esta 
patologia podem demorar muito tempo para manifestarem sintomas até estes se tornarem 
graves.28 A DVP é caracterizada por uma redução do fluxo sanguíneo para os membros 
inferiores devido a processo oclusivo nos leitos arteriais. Na maioria das vezes, sua causa é 
oriunda do processo aterosclerótico. Possui alta prevalência e elevado risco de eventos 
vasculares fatais e não fatais, como morte, IAM e AVC.28 
A manifestação mais comum é a claudicação intermitente, caracterizada por dor em 
queimação ou sensação de câimbra na panturrilha ou nádegas, após realização de esforço 
físico, sendo amenizado com o repouso. Os fatores de risco mais frequentes são a idade, HAS, 
DM, tabagismo, obesidade, dislipidemias e história familiar, entre outros. O Projeto Bambuí 
(Minas Gerais - Brasil) demonstrou que a prevalência, em população de alto risco 
cardiovascular, variou de 29% a 40,5%. Na avaliação da população global do estudo, a 
prevalência de DVP foi de 10,5%, enquanto que apenas 9% destes, apresentaram claudicação 
intermitente.87 
Embora o exame físico tenha sensibilidade relativamente pobre, apresenta uma especificidade 
e reprodutibilidade adequada e a sua abordagem sistemática é obrigatória. Devem ser 
incluídos no exame físico, pelo menos: 
 A medida da pressão arterial (PA) em ambos os braços e anotar as diferenças de 
medidas; 
 A palpação dos pulsos nas extremidades superiores, pulsos abdominais e de 
extremidades inferiores (incluindo femorais, poplíteos e tibiais posteriores); 
 A inspeção dos pés, priorizando a coloração, temperatura e integridade da pele, bem 
como presença de ulcerações. Perda de pelos e alterações na pele devem ser 
observadas.28,88 
 
81 
 
 
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Além da sua importância no diagnóstico, os sinais clínicos podem ter valor prognóstico. A 
presença de sopro carotídeo dobra o risco de IAM e de morte cardiovascular, comparando 
com aqueles que não têm. Este valor preditivo pode ser alargado a outros sinais clínicos, tais 
como sopro femoral, anormalidades nos pulsos de extremidades inferiores ou diferença da PA 
entre os braços. Todas essas alterações podem ser uma expressão de doença vascular 
subclínica.88 
O índice tornozelo-braço (ITB) é o método padrão de referência para o rastreamento da DVP, 
uma vez que detecta tanto casos sintomáticos como assintomáticos da doença. No entanto, a 
utilização de questionários de claudicação, pode auxiliar no rastreamento da doença tanto em 
pesquisas epidemiológicas como na prática clínica. Atualmente, dispõe-se de questionários de 
claudicação validados em língua portuguesa para uso no Brasil, como o questionário de 
Edimburgo (quadro 33).28,89 
 
Quadro 33. Versão em português do questionário de claudicação de Edimburgo 
Perguntas 
1. Você tem dor ou desconforto na(s) perna(s) quando anda? 
( ) Sim ( ) Não ( ) Eu sou incapaz de andar 
Se você respondeu sim na questão 1, por favor, responda às questões seguintes. 
Caso contrário, não precisa continuar. 
2. Essa dor alguma vez começa quando você está em pé parado ou sentado? 
( ) Sim ( ) Não 
3. Você tem essa dor ao subir uma ladeira ou quando anda rápido? 
( ) Sim ( ) Não 
4. Você tem essa dor quando anda em seu ritmo normal, no plano? 
( ) Sim ( ) Não 
5. O que acontece com a dor quando você pára? 
( ) Geralmente continua por mais de 10 minutos 
( ) Geralmente desaparece em 10 minutos ou menos 
6. Onde você sente esta dor ou desconforto? 
Marque com um (x) o(s) lugar(es) no diagrama abaixo: 
 
82 
 
 
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Fonte: Makdisse et al, 2007.89 
A versão em português do questionário de claudicação de Edimburgo obedece às normas 
publicadas originalmente. Para análise de resultados, foi considerado como teste POSITIVO 
(presença de claudicação), caso as respostas às perguntas tenham sido 1 = “sim”, 2 = “não”, 3 
= “sim”, 5 = “geralmente desaparece em 10 minutos ou menos” e 6 = “panturrilha” e/ou 
“coxa” e/ou “região glútea” (independentemente de terem sido assinalados outros lugares). 
Como resultado NEGATIVO, é assinalada qualquer combinação diferente da descrita. A 
questão 4 não é utilizada para definir a presença e sim a gravidade da claudicação: “Não” = 
Grau 1 (menor gravidade); e “Sim” = Grau 2 (maior gravidade).89 
A pergunta 5 deverá ser usada para estabelecer diagnóstico de DVP. Esta é definida pela 
presença de um dos seguintes sintomas: claudicação de membros inferiores, feridas nas 
pernas, idade igual ou maior que 65 anos ou menores de 50 anos, portadores de DM ou 
tabagismo. O ITB deverá ser medido nas duas pernas para melhor avaliação da gravidade. 
Trata-se de um exame de baixo custo, alta sensibilidade e nenhum risco, sendo que nenhum 
outro teste para detecção de DVP com estas características seria tão preciso.31 
Na possibilidade de operacionalização do ITB são apresentados na figura 3 e no quadro 34 as 
indicações, equipamentos, procedimentos, método de cálculo e interpretações referentes ao 
índice. 
 
83 
 
 
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Figura 3. Medidas para o índice tornozelo-braço 
 
Onde: USG = ultrassonografia; ITB = índice tornozelo-braço; aa = artérias; Art.= artérias; 
DAOMI = doença arterial obstrutiva de membro inferior; min= minutos; cm= centímetros. 
Fonte: Adaptado de Makdisse et AL, 2008. 87 
Quadro 34. Índice tornozelo-braço 
Indicações 
Idade 50-69 anos e tabagismo ou diabetes 
Idade ≥ 70 anos 
Dor na perna com exercício 
Alteração da amplitude de pulsos em membros inferiores 
Doença arterial coronariana, carotídea ou renal 
Risco cardiovascular moderado 
Para o cálculo do ITB 
Usar valores de PAS do braço e tornozelo, sendo considerado o maior valor braço para o 
cálculo. ITB direito = pressão tornozelo direito / pressão braço direito. ITB esquerdo = pressão 
tornozelo esquerdo/ pressão braço esquerdo. 
Interpretação 
Normal = igual ou acima de 0,9 
Onde: ITB = índice tornozelo braço; PAS = pressão arterial sistólica. Fonte: Adaptado VI Dir 
Bras HAS, 2010.² 
Modificado de Makdisse, M 34
Figura 1. O índice tornozelo-braquial é determinado utilizando um 
aparelho doppler portátil e um aparelho de aferição de pressão arterial. 
Realiza-se as medidas da pressão sistólica nas artérias braquiais,
tibiais anterior e posterior de ambos os membros. A maior pressão 
sistólica dos membros inferiores será dividida pela maior pressão 
sistólica dos membros superiores
Maior pressão sistólica do membro inferior
Maior pressão sistólica dos braços
ITB =
Modificado de Makdisse M. 41
EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS:
Doppler vascular portátil;
Esfigmomanômetro;
Gel para USG.
PROCEDIMENTO:
Paciente em decúbito dorsal por 5 min
Temperatura ambiente > 20ºC
1- Membros superiores:
Instalar manguito 2 a 3 cm acima da fossa antecubital;
Aplicar gel sobre pulso braquial;
Utilizando o doppler vascular, medir a pressão sistólica
de ambos os membros superiores.
2- Membros inferiores:
Instalar manguito 3 cm acima dos maléolos;
Aplicar gel sobre os pulsos das aa. tibiais anterior e 
posterior;
Utilizando o doppler vascular, medir a pressão sistólica
de ambas as aa. tibiais;
Realizar o procedimento em ambos os membros 
inferiores.
INTERPRETAÇÃO:
DAOMI leve a moderadaO,41 a 0,90
DAOMI grave< 0,40
Normal0,91 a 1,30
Art. não compressíveis> 1,30
SIGNIFICÂNCIAVALOR DO ITB
DAOMI leve a moderadaO,41 a 0,90
DAOMI grave< 0,40
Normal0,91 a 1,30
Art. não compressíveis> 1,30
SIGNIFICÂNCIAVALOR DO ITB
Figura 1. Descrição e interpretação do ITB. Modificado de Makdisse M. 45
 
84 
 
 
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Como definição de ITB normal, incluímos valores entre 1,0 a 1,40 e valores anormais para ≤ 
0,90. Valores entre 0,91 a 0,99 são considerados “borderlines” e valores > 1,4, indicam artérias 
não compreensíveis. 
Ultrassonografia arterial de MMII ou a combinação dos dois métodos poderão ser usadas para 
melhor localização da obstrução.28,88 
Recomenda-se a cessação do tabagismo para todos os portadores de DVP que fumam ou que 
usam qualquer forma de tabaco. Deverão ser oferecidas intervenções medicamentosas e não-
medicamentosas a esses indivíduos.88 
Terapia anti-agregante é indicada para reduzir IAM, AVC ou morte de origem vascular para 
indivíduos com DVP sintomáticos, incluindo claudicação intermitente ou isquemia crítica, 
revascularização de MMII ou amputação de extremidades. Terapia anti-trombóticas também 
são indicadas.88 
Situações de sintomas de claudicação, ou ITB anormal, deverão ser encaminhadas para 
avaliação de especialista.28 
 
Quadro 35. Abordagem terapêutica de usuários com doença vascular periférica 
Orientações 
Todos os usuários com DVP e que fumam devem ser encaminhados para a cessação do tabaco; 
Todos os portadores com DVP devem ter seu LDL-colesterol < 100 mg/dL; 
Manter os níveis de PA controlados e ≤ 140/90 mmHg; 
Beta-bloqueadores não são contra-indicados, mas deverão ser direcionados à presença de ICO 
ou IC concomitantes; 
Anti-agregantes plaquetários deverão ser recomendados nos sintomáticos; 
Se DM associado, manter níveis de Hemoglobina glicada ≤ 6,5%; 
Monitorar filtração glomerular periodicamente. 
Onde: DVP = doença vascular periférica; PA = pressão arterial; ICO = insuficiência coronariana; 
IC = insuficiência cardíaca; DM = diabetes mellitus; LDL = Colesterol LDL (Low Density 
Lipoprotein); mmHg = milímetros de mercúrio; ml/Dl = miligramas/decilitro. Fonte: Tendera 
et al, 2011.88 
 
1.9.5. Nefropatia hipertensiva 
 
A lesão renal hipertensiva, histologicamente manifesta por nefroangioesclerose, é a principal 
causa de doença renal crônica com necessidade de tratamento substitutivo da função renal 
(diálise e/ou transplante renal) no nosso meio. Sua prevalência é variável acometendo entre 
1% e 30% dos indivíduos hipertensos.90,91 Essa discrepância entre os resultados de diferentes 
estudos se deve ao fato de que o diagnóstico da lesão renal hipertensiva é baseado em dados 
 
85 
 
 
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clínico-laboratoriais, uma vez que, raramente, a biópsia renal é indicada para usuários 
hipertensos, sendo reservada para os casos de maior gravidade nos quais o usuário apresenta 
perda de função renal e proteinúria significativa.91 
Na nefropatia hipertensiva, as alterações histológicas são caracterizadas pela hiperplasia e 
posterior hialinização da camada íntima arteriolar. A seguir, ocorre progressão do 
estreitamento dos vasos pré-glomerulares que pode resultar em isquemia glomerular e 
túbulo-intersticial, induzindo a atrofia tubular e a fibrose intersticial.92 No glomérulo, essas 
alterações estruturais interferem na barreira de ultrafiltração causando extravasamento de 
albumina para o filtrado glomerular associado à redução da taxa de filtração glomerular, 
evidenciada pela diminuição da depuração da creatinina.92 
O diagnóstico definitivo do dano renal associado à hipertensão arterial somente pode ser 
obtido por meio da biópsia renal. Entretanto, na prática clínica, a não realização de biópsia 
renal na população de usuários hipertensos é regra, de modo que o diagnóstico de lesão renal 
associado à HAS é feito com base em dados clínicos e laboratoriais. Assim, Schlessinger et al, 
definiram os seguintes critérios para o diagnóstico de nefroesclerose hipertensiva: redução do 
ritmo de filtração glomerular, associada a um ou mais dos seguintes: 
 História familiar de hipertensão em parente de primeiro grau; 
 Presença de hipertrofia ventricular esquerda; 
 Presença de retinopatia hipertensiva; 
 Exame de urina com alterações sutis tais como proteinúria < 500mg/24 horas; 
 Hipertensão de longa data precedendo qualquer evidência de doença renal; 
 Ausência de exposição à nefrotoxinas; 
 Ausência de doença renal intrínseca ou congênita; 
 Ausência de doença sistêmica associada com doença renal.93 
 
Além desses, a ultrassonografia mostrando rins simetricamente reduzidos em volume e com 
sinais de cronicidade tais como aumento da ecogenicidade cortical e/ou dificuldade de 
diferenciação cortico-medular também são alterações associadas.93 
 
Recomendação 
 
O tratamento da nefropatia hipertensiva segue as orientações gerais para o 
tratamento da DRC secundária a outras etiologias, com a inclusão de fármacos que 
antagonizem o SRAA para o controle pressórico e para nefroproteção (vide seção de 
DRC). 
 
 
86 
 
 
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1.9.6. Ataque isquêmico transitório e acidente vascular cerebral 
 
Ataque isquêmico transitório 
 
O ataque isquêmico transitório (AIT) é definido como um déficit neurológico focal súbito com 
duração inferior a 24 horas, de origem presumidamente vascular e restrito a uma área do 
encéfalo ou do olho perfundida por uma artéria específica. 
 
Acidente vascular cerebral 
 
Considerando que, no presente documento, não é seu objetivo delinear a abordagem 
terapêutica do AVC, nos parágrafos que se seguem serão discutidos sucintamente os tipos de 
AVC e as recomendações da literatura médica em relação ao manuseio da HAS nessa 
população. 
O acidente vascular cerebral constitui a principal complicação da HAS. Em concordância, a 
redução da pressão arterial sistólica em apenas 5 a 6 mmHg se associa à redução de 40% dos 
casos de AVC.94 
O AVC é consequente à necrose do parênquima cerebral devido à perfusão tecidual 
inadequada. Os fatores de risco principais para AVC incluem: sexo masculino, idade (acima de 
55 em homens e 65 em mulheres), diabetes, hipertensão arterial, tabagismo e 
hipercolesterolemia. 
Em geral, a anamnese bem executada trará as informações sobre a história de AVC ou AIT 
prévios, que, caso detectados, determinarão a presença de lesão de órgão-alvo, e 
consequentemente classificarão o usuário como de risco elevado.94 
Existem 2 categorias de AVC, diametralmente opostas, o hemorrágico e o isquêmico: o AVC 
hemorrágico é caracterizado
pelo sangramento intraparenquimatoso ou para o espaço 
subaracnóide, enquanto o AVC isquêmico é caracterizado pela hipoperfusão cerebral, sendo 
secundário à trombose, embolismo ou hipoperfusão sistêmica. 
A seguir são apresentados conceitos relacionados aos tipos de acidente vascular cerebral. 
 
 
 
 
 
87 
 
 
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Acidente vascular cerebral hemorrágico 
 
Hemorragia Intracerebral - Usualmente secundária a sangramento de pequenas artérias ou 
arteríolas, diretamente no parênquima cerebral, com a formação de coágulo. O acúmulo de 
sangue ocorre em minutos a horas e normalmente os sintomas neurológicos progridem de 
acordo com o sangramento. Assim, os sintomas e sinais nunca são máximos ao início do 
quadro. 
Hemorragia Subaracnóide - Consequente à ruptura de aneurismas para o espaço subaracnóide 
e ocorrência de hipertensão intracraniana de início abrupto. O sangramento dura poucos 
minutos, mas o re-sangramento ocorre com frequência. Neste subtipo, os sintomas são de 
início rápido e caracterizados por cefaleia, perda de memória e sinais de irritação meníngea. 
Em geral, não existem sinais focais. 
 
Acidente vascular cerebral isquêmico 
 
O AVC isquêmico é a forma mais comum de AVC, representando aproximadamente 90% dos 
casos. Os 3 maiores subtipos são a trombose, a embolia e a hipoperfusão cerebral. 
Trombose - Geralmente se refere a uma obstrução arterial “in situ”. A obstrução pode ser 
secundária a uma doença arterial como arterioesclerose, dissecção ou fibrodisplasia; podendo 
haver ou não trombose superposta. Aterosclerose é a principal causa de AVC trombótico e a 
hipertensão é a doença sistêmica mais frequentemente associada. Os sintomas neurológicos 
flutuam com remissões e progressão. 
Embolismo – Refere-se à presença de debris ou partículas originadas à distância e que 
bloqueiam uma artéria cerebral. Em geral, os acidentes embólicos se originam do coração 
(trombos de átrio esquerdo), da aorta ou de outras artérias. 
Hipoperfusão sistêmica – Esta é uma condição secundária a um problema circulatório 
sistêmico (hipotensão arterial, síncopes, choque hipovolêmico etc) e não afeta áreas isoladas 
do encéfalo, determinando sintomas difusos, não focais, ao contrário das duas categorias 
anteriores. Os sintomas neurológicos são tipicamente bilaterais, embora possam ser 
assimétricos.94 
 
 
 
 
 
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No quadro 36, a seguir, estão representados os principais dados para diagnóstico dos AVCs. 
Quadro 36. Características dos subtipos de acidente vascular cerebral 
Subtipos de 
AVC 
Critérios 
Diagnósticos 
Fatores de Risco Outros Dados (se 
pertinentes) 
Hemorragia 
intracerebral 
Progressão gradual 
durante minutos ou 
horas 
Hipertensão, trauma, drogas 
ilícitas (anfetaminas, cocaína), 
malformações vasculares, 
diáteses hemorrágicas 
(coagulopatias). 
Mais comum em negros 
Pode ser precipitada por 
relação sexual ou 
atividade física. 
Usuário pode ter 
diminuição da consciência. 
Hemorragia 
Subaracnóide 
Início súbito, com 
cefaléia intensa. 
Alteração 
neurológica focal 
menos comum que 
nos outros tipos. 
Tabagismo, Hipertensão, abuso 
de álcool, susceptibilidade 
genética (rim policístico, história 
familiar de hemorragia 
subaracnóide) e drogas 
simpático-miméticas (por 
exemplo: cocaína) 
Pode ser precipitada por 
relação sexual ou 
atividade física. 
Usuário pode ter 
diminuição da consciência. 
Pode ter rigidez de nuca 
AVC Isquêmico 
(Trombótico) 
Evolução 
progressiva com 
períodos de 
melhora, evolução 
em horas, no 
máximo alguns dias, 
podendo ser mais 
longos quando 
acomete grandes 
artérias 
Fatores de risco ateroscleróticos 
(idade, tabagismo, diabetes 
mellitus, etc). Mais comum em 
homens que em mulheres. Pode 
ter histórico de AIT. 
 
AVC Isquêmico 
(Embólico) 
Geralmente déficits 
de instalação 
súbita, podendo 
haver melhora dos 
déficits 
rapidamente 
Fatores de risco ateroscleróticos 
(idade, tabagismo, diabetes 
mellitus, etc). Mais comum em 
homens que em mulheres. 
Histórico de doença cardíaca 
(valvular, fibrilação atrial, 
endocardite). 
Pode ser precipitado por 
levantar à noite para 
urinar, ou tosse repentina 
ou espirros 
Onde: AVC = acidente vascular cerebral; AIT = ataque isquêmico transitório. Fonte: Caplan et 
al.95 
 
O tratamento da HAS associada ao AVC pode ser dividido em 2 etapas: a primeira é 
representada pela crise hipertensiva associada ao AVC (vide tratamento no tópico 1.8 
Urgências e emergências hipertensivas) enquanto a segunda se refere ao tratamento crônico 
da HAS em indivíduos com história pregressa de AVC. Para tanto, sugere-se as recomendações 
da American Heart Association/American Stroke Association, listadas a seguir.96: 
 
 
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Recomendações 
 
 Após 24 horas da ocorrência do evento, a redução da PA é recomendada para a prevenção 
de recorrências; 
 A meta de redução pressórica é incerta e deve ser individualizada, mas os benefícios se 
fazem presentes a partir de reduções de 10/5 mmHg, respectivamente para a PAS e para a 
PAD; 
 Ressalta-se a importância da implementação de medidas não-farmacológicas tais como 
redução do consumo de sódio, prática de exercícios aeróbicos, dieta pobre em gorduras 
saturadas, redução de peso corporal, abandono do tabagismo e redução do consumo de álcool. 
 A escolha do fármaco deve ser individualizada com base em suas propriedades 
farmacológicas, mecanismos de ação e características do usuário (por exemplo: presença de 
vasculopatia periférica, de insuficiência cardíaca ou diabetes). Evidências sugerem que 
diuréticos associados ou não a IECAs são eficazes. 
Fonte: Furie et al, 2011.96 
 
1.9.7. Retinopatia hipertensiva 
 
Uma série de anormalidades oculares se associa com HAS, incluindo as consequências diretas 
da HAS, manifestas pela retinopatia hipertensiva, coroidopatia e neuropatia ótica. Além disso, 
a HAS pode predispor a ocorrência de oclusões arteriais e venosas, embolia da artéria retiniana 
e agravamento da retinopatia diabética. Finalmente, a HAS pode acelerar quadros de 
degeneração macular e glaucoma.97,98 
De particular interesse para o presente documento é a retinopatia hipertensiva, caracterizada 
por alterações progressivas da microvasculatura retiniana secundárias à exposição crônica a 
altos níveis pressóricos. A retinopatia hipertensiva é marcada principalmente pelo 
espessamento da parede arteriolar de diferentes graus, bem como pela presença de isquemia 
do nervo óptico, com formação de exsudatos e de sangramentos. Essas alterações podem ser 
facilmente identificadas pelo clínico por meio do exame do fundo de olho e são classificadas 
em 4 graus, de acordo com Keith-Wagener-Barker.97,98 
 
 
 
 
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Quadro 37. Estadiamento da retinopatia hipertensiva 
Classificação Achados 
Grupo I Estreitamento arteriolar e alteração do reflexo arteriolar leves 
Grupo II Estreitamento arteriolar e alteração do reflexo arteriolar mais acentuado e 
cruzamento arteríolo-venular 
Grupo III Alterações do Grupo II, hemorragia retiniana e exsudatos 
Grupo IV Alterações do Grupo III e edema de papila 
Fonte: Gudmundsdottir et al, 1999 98 
Estreitamento e tortuosidade arteriolares bem como cruzamentos artério-venosos 
patológicos são relacionados à presença prévia de HAS enquanto hemorragias e 
exsudatos se relacionam com elevação aguda ou subaguda da PA. 97,98 
A retinopatia hipertensiva, em especial nos estágios III
e IV, correlaciona-se com lesão 
de órgãos-alvo como coronariopatia, hipertrofia ventricular esquerda e nefropatia. 97,99 
Além disso, o tratamento adequado da HA se associa à regressão da retinopatia e, 
portanto, indica redução do dano vascular sistêmico associado à HAS. 100 
Deste modo, a avaliação do fundo de olho constitui medida clínica eficaz, simples e de 
baixo custo para a estratificação de risco cardiovascular e para acompanhamento do 
usuário hipertenso. 
 
Recomendação 
 
A SES/MG recomenda a realização da fundoscopia de todos os hipertensos e o 
encaminhamento para o oftalmologista dos casos de retinopatia hipertensiva dos grupos III e 
IV. 
 
 
 
 
 
 
 
91 
 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
SEÇÃO 2: DIABETES MELLITUS 
 
2.1. Conceito e epidemiologia 
 
O termo diabetes mellitus (DM) inclui um grupo heterogêneo de transtornos metabólicos que 
apresentam, em comum, a hiperglicemia que surge em consequência da deficiência na 
secreção de insulina, de defeitos em sua ação ou de ambos os fenômenos.1 
O DM constitui um dos principais problemas em saúde pública no mundo, com prevalência 
crescente, sobretudo nos países em desenvolvimento. Previsões para os próximos anos 
apontam que, em 2030, 438 milhões de indivíduos, em todo o mundo terão a doença. 
Acredita-se, ainda, que neste mesmo ano, 472 milhões de indivíduos terão pré diabetes, 
condição clínica que evolui, na maioria dos casos para DM, em um período de 10 anos.2 
Os países em desenvolvimento tendem a exibir maior transcendência do problema, seja pelo 
rápido envelhecimento de suas populações, seja pelo aumento da prevalência de obesidade, 
em crianças e adolescentes, que resulta em maior risco de desenvolvimento da doença.1,3 
No Brasil, o Ministério da Saúde, por meio do VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e 
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), mostrou que, no ano de 2011, no 
conjunto das 27 cidades estudadas, a frequência do diagnóstico médico prévio de DM foi de 
5,6%, sendo maior em mulheres (6,0%) do que em homens (5,2%). Tendo em vista que este 
estudo incluiu apenas os casos de diagnóstico de DM realizado por médico e que a proporção 
de DM não diagnosticado em diversos países no mundo está entre 30% e 60%, estas cifras 
adquirem aspecto ainda mais alarmante.4 Para fins de programação, a SES/MG estima que 10% 
dos mineiros adultos (com idade maior ou igual a 20 anos) sejam diabéticos. 
O DM está relacionado à importante queda na qualidade de vida e, sem dúvida, representa um 
desafio dentre os problemas de saúde no século 21. As complicações decorrentes da doença, 
tais como DAC, DVP, AVC, neuropatia diabética, amputação, DRC e cegueira se relacionam a 
elevados custos para o sistema de saúde bem como à elevada morbimortalidade, à redução da 
expectativa de vida, à perda de produtividade no trabalho e à aposentadoria precoce.2,5 
Segundo dados do SIS-HIPERDIA, dentre os 1,6 milhões de casos registrados, 4,3% dos 
diabéticos apresentaram quadro de pé diabético com relato de amputação prévia em 2,2% dos 
casos. Além disso, 7,8% apresentavam DRC, 7,8%, IAM prévio e 8,0%, história de AVC. Os 
registros de óbito, por sua vez, mostram que as taxas de mortalidade atribuíveis ao DM são 
 
99 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
57% maiores quando comparadas
à população geral e, dentre estas, 38% se deveram à DCV, 
6%, à doença renal e 17%, às outras complicações crônicas da doença.3 
Em Minas Gerais, entre 2001 e 2009, as doenças crônicas não-transmissíveis foram 
responsáveis por 51,5% dos óbitos, sendo as taxas mais altas apresentadas pelo DM e pela 
doença pulmonar obstrutiva crônica. Também neste período, a análise dos anos potenciais de 
vida perdidos, importante indicador que avalia o impacto das diferentes causas de morte, 
mostra que ocorreu aumento da magnitude das doenças cerebrovasculares e da doença 
isquêmica do coração, sendo evidente a participação mais expressiva do DM.6 
Dentre os fatores de risco modificáveis para o DM, destacam-se a dieta inadequada, o 
sedentarismo, a obesidade e o tabagismo. Nesse contexto, merece atenção a SM (vide seção 
de HAS, item 1.2.4), principalmente dois de seus componentes: a obesidade e as alterações do 
metabolismo dos carboidratos. Na atualidade, está bem definido que, estratégias direcionadas 
a mudanças no estilo de vida com ênfase na alimentação saudável e na prática regular de 
atividade física, diminuem a incidência de DM. Intervenções que visem ao controle da 
obesidade, da HAS, da dislipidemia e do sedentarismo, além de evitarem o aparecimento do 
DM, previnem a DCV.1 
2.2 Classificação 
 
A atual classificação do DM inclui quatro classes clínicas e pode ser vista no quadro 38. 
Quadro 38. Classificação do diabetes mellitus 
Tipos e detalhamento (se pertinente) Caracterização (se pertinente) 
DM1 Autoimune Resultante da destruição das 
células β pancreáticas que leva 
à deficiência absoluta de 
insulina 
Idiopático 
DM2 Consequente à perda 
progressiva da capacidade 
secretória da célula beta 
sobreposta ao estado de 
resistência insulínica 
Outros tipos 
específicos de 
diabetes 
 Defeitos genéticos na função da célula 
beta (MODY, por exemplo) 
 Defeitos genéticos na ação da insulina 
 Doenças do pâncreas exócrino 
(pancreatite, fibrose cística, 
neoplasia) 
 Endocrinopatias (síndrome de Cushing 
e acromegalia, por exemplo) 
 Uso de drogas (anti retrovirais, 
interferon, glicocorticóides) 
 Associado a doenças genéticas 
(síndrome de Down, síndrome de 
 
 
100 
 
 
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Turner, por exemplo) 
Diabetes 
gestacional 
 DM com início ou diagnosticado 
durante a gravidez 
Onde: DM = diabetes melittus; DM1 = diabetes mellitus tipo 1; DM2 = diabetes mellitus tipo 2; 
MODY = maturity onset diabetes of the youn. Fonte: American Diabetes Association, 2012, 7/ 
Sociedade Brasileira de Diabetes, 2011.1 
 
2.2.1. Diabetes mellitus tipo 1 
 
 Responsável por 5 a 10% dos casos da doença; 
 Pode ocorrer em qualquer idade, mas geralmente surge antes dos 30 anos, sendo 
evidente a necessidade de insulinoterapia, desde o diagnóstico; 
 É mais comum em indivíduos magros, mas também pode acometer obesos; 
 Na maioria dos casos, o quadro se inicia abruptamente, com poliúria, polifagia, 
polidipsia e emagrecimento, podendo a cetoacidose diabética ser a primeira 
manifestação da doença.7 
 
2.2.2. Diabetes mellitus tipo 2 
 
 É a forma mais comum da doença, responsável por 80 a 90% dos casos; 
 Tende a se iniciar após a quarta década, podendo acometer, todavia, indivíduos mais 
jovens e até mesmo crianças, sendo a maioria portadora de obesidade ou sobrepeso; 
 Como o quadro é insidioso, a doença pode permanecer não diagnosticada durante 
vários anos e podem ser detectadas complicações crônicas, já por ocasião do 
diagnóstico; 
 Além de fatores genéticos, esse tipo de DM mostra íntima relação com o estilo de vida, 
principalmente com o sedentarismo e a dieta inadequada, podendo a intervenção 
sobre estes fatores de risco prevenir ou retardar o aparecimento da doença.7 
Em alguns casos, não é possível definir, com clareza, o diagnóstico de Diabetes mellitus tipo 1 
(DM1) ou Diabetes mellitus tipo 2 (DM2), uma vez que muitos indivíduos com DM2 podem 
apresentar cetoacidose, complicação aguda clássica do DM1. Da mesma forma, alguns casos 
de DM1 podem ter aparecimento mais tardio e evolução arrastada. Muitos indivíduos que 
apresentam um fenótipo sugestivo de DM2, com início da doença na idade adulta e associação 
com obesidade e/ou SM, na verdade, apresentam um componente auto-imune em sua 
doença. A presença de anticorpos anti-células beta faz com que estes indivíduos tenham uma 
evolução mais rápida para a insulinização.8 
 
101 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
2.2.3 Diabetes gestacional 
 Surge como complicação de cerca de 7% das gestações, variando de 1 a 14%, 
dependendo da população estudada e do critério diagnóstico utilizado; 
 Representa risco tanto para a mãe quanto para o neonato; 
 Indivíduos que desenvolvem DM durante a gestação têm maior probabilidade de se 
tornarem diabéticas no futuro, quando comparadas à população geral.7 
 
 A atual classificação do DM inclui quatro classes clínicas: DM1, DM2, outros tipos 
específicos de diabetes e diabetes mellitus gestacional. 
 O DM2 representa a forma mais comum da doença, responsável por 80 a 90% dos casos. 
 
2.3 Fatores de risco e prevenção 
 
2.3.1 Fatores de risco 
 
Os fatores de risco para DM2 em adultos podem ser vistos no quadro 39. 
 
Quadro 39. Fatores de risco para diabetes mellitus tipo 2 
Fatores de risco para DM em adultos 
Sedentarismo 
História familiar de DM em parente de 1º grau 
Antecedentes de macrossomia fetal 
HAS (PA≥140/90 mmHg ou uso de anti-hipertensivo) 
Níveis plasmáticos de colesterol HDL  35 mg/dL e/ou TG ≥ 250 mg/dl 
Síndrome de ovários policísticos 
Diagnóstico de pré diabetes 
Obesidade grave, acantose nigricans* 
História de DCV 
Etnias com alto risco para DM como japoneses e índios 
*acantose nigricans: escurecimento e espessamento da pele, de aspecto aveludado que ocorre 
em dobras cutâneas, sobretudo, pescoço, axilas e região inguinal (figura 4). Onde: DM = 
diabetes mellitus; HAS = hipertensão arterial sistêmica; PA = pressão arterial; HDL = colesterol 
HDL; DCV = doença cardiovascular; mmHg = milímetro de mercúrio. Fonte: American Diabetes 
Association, 2012.7 
 
 
102 
 
 
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Figura 4. Acantose nigricans 
 
Fonte: Wikimedia Foundation 
2.3.2 Prevenção 
 
O grupo de indivíduos classificado como pré diabetes (vide seção 2.4.2) é considerado 
categoria de risco para DM e DCV e, frequentemente, associa-se a quadros de obesidade, 
dislipidemia, HAS e SM.7 
A história natural dos estados de pré diabetes é variável. Indivíduos mais idosos, com 
obesidade ou sobrepeso, e que apresentem outros fatores de risco para DM são mais 
susceptíveis ao desenvolvimento da doença. A evolução, a partir dos estados de pré diabetes 
para DM franco, pode demorar vários anos, mas acredita-se que a maioria dos indivíduos 
destas categorias, eventualmente, desenvolve DM.9 
Numerosos estudos mostraram que algumas intervenções, em indivíduos de alto risco para 
DM (pré diabetes), são eficazes em retardar a evolução da doença. As intervenções 
relacionadas a mudanças no estilo de vida já provaram ser custo efetivas.10,11 
Devido à forte associação entre DM e obesidade, é prioritária a manutenção do peso corporal 
normal e a prevenção da obesidade. Indivíduos com pré diabetes devem ser orientados para 
perda de, pelo menos, 7% do peso corporal e aumento da atividade física para, pelo menos, 
150 minutos/semana de atividade moderada como caminhada.7,9 
Dentre os agentes farmacológicos já estudados na prevenção do DM citam-se: metformina, 
inibidores da alfaglicosidase, orlistat e tiazolidinodionas.7,12,13,14,15,16
103 
 
 
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Tendo em vista, custo, efeitos colaterais e persistência do efeito, a metformina é a única droga 
recomendada, em indivíduos de alto risco para a doença, principalmente nos casos de 
progressão da hiperglicemia a despeito das intervenções sobre o estilo de vida.7,9 A 
metformina, na dose de 850 mg, duas vezes ao dia, pode ser utilizada para a prevenção do 
DM, na seguintes situações: 
 idade acima de 60 anos; 
 IMC acima de 35 kg/m2; 
 história familiar de DM em parentes de primeiro grau; 
 hipertrigliceridemia; 
 níveis baixos de colesterol HDL; 
 HAS; 
 níveis de hemoglobina glicada acima de 6%.9 
 
Recomendações 
 
O pré diabetes é considerado categoria de risco para DM. Indivíduos com esta 
condição devem ser orientados para perda de pelo menos 7% do peso corporal e 
prática de atividade física moderada pelo menos 150 minutos/semana. 
A metformina é a única droga recomendada, em usuários de alto risco para a doença. 
 
 
2.4 Rastreamento e diagnóstico 
 
2.4.1 Rastreamento 
 
A SES/MG, em consonância com a American Diabetes Association (ADA), não recomenda a 
pesquisa populacional indiscriminada para DM2 tendo em vista que efetividade de pesquisa 
em massa para DM2 e pré diabetes não está comprovada.7 
Os exames para detecção de DM devem ser feitos seguindo o fluxo dos serviços de saúde. 
Exames realizados fora desse contexto podem não atingir grupos de risco. Além disso, pessoas 
cujos exames são realizados fora do serviço de saúde podem não procurar ou não ter acesso à 
avaliação médica.7 
 
 
104 
 
 
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Rastreamento em crianças 
 
Em crianças, está indicada a triagem nos casos de obesidade* associada à ao menos dois dos 
fatores de risco que se seguem: 
 história familiar da doença em parente de 1º ou 2º grau; 
 sinais clínicos de resistência insulínica como “acantose nigricans”; 
 HAS; 
 dislipidemia; 
 síndrome de ovários policísticos; 
 nascidos pequenos para a idade gestacional; 
 história materna de diabetes gestacional durante a gestação da criança; 
 etnias com alto risco para DM.7 
 
* Critérios diagnósticos de obesidade infantil: IMC acima do percentil 85 para idade e sexo, 
relação peso/altura acima do percentil 85 ou peso acima de 120% do ideal para a altura. 
 
A triagem deve se iniciar aos 10 anos ou, no início da puberdade, caso ocorra antes desta 
idade, devendo ser repetida a cada três anos.7 
 
Rastreamento em adultos 
 
Está indicado o rastreamento para DM em indivíduos assintomáticos, após 45 anos de idade 
ou, em qualquer idade, na presença de sobrepeso e obesidade (IMC ≥ 25kg/m2), em 
associação com um dos fatores de risco listados no quadro 39.7 
O rastreio para DM em adultos pode ser feito por meio da glicemia de jejum ou do teste oral 
de tolerância a glicose (TOTG), utilizando os pontos de corte recomendados pela Sociedade 
Brasileira de Diabetes (SBD). A reavaliação deverá ser feita a cada três anos. Na presença de 
fatores de risco para DM, deve-se reavaliar em intervalos mais curtos e pesquisar fatores de 
risco para DCV.1 
 
 
105 
 
 
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Rastreamento em gestantes 
 
O rastreio para DM2, não diagnosticado previamente, deve ser feito na primeira visita de pré 
natal, nas usuárias com fatores de risco. Os fatores de risco para diabetes gestacional podem 
ser vistos no quadro 40. 
Quadro 40. Fatores de risco para diabetes gestacional 
Fatores de risco para diabetes gestacional 
Idade acima de 35 anos 
Obesidade ou ganho excessivo de peso na gestação em curso 
Obesidade abdominal 
Baixa estatura 
História familiar (em parentes de primeiro grau) para DM 
Crescimento fetal excessivo ou polidrâmnio 
HAS ou pré eclampsia, na gestação em curso 
Antecedentes de morte fetal ou neonatal, macrossomia fetal ou diabetes gestacional 
Síndrome de ovários policísticos 
Onde: DM = diabetes mellitus; HAS = hipertensão arterial sistêmica. Fonte: Sociedade 
Brasileira de Diabetes, 2011.1 
 
A rotina de rastreamento para DM gestacional em gestantes com fatores de risco 
listados no quadro 40 pode ser vista no fluxograma 3. 
 
106 
 
 
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Fluxograma 3. Rastreamento para diabetes mellitus em gestantes com fatores de risco para 
diabetes gestacional 
 
Onde: DM = diabetes mellitus; TOTG = teste oral de tolerância à glicose. 
 
 
 
 
 
107 
 
 
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Na ausência de fatores de risco para diabetes gestacional, o rastreamento deve seguir 
a rotina descrita no fluxograma 4. 
 
Fluxograma 4. Rastreamento para diabetes mellitus em gestantes sem fatores de risco para 
diabetes gestacional 
 
 
 
Onde: DM = diabetes mellitus; TOTG = teste oral de tolerância à glicose. 
 
Nas usuárias que apresentaram diabetes gestacional, recomenda-se a pesquisa de diagnóstico 
de DM, 6 a 12 semanas após o parto. O rastreio para a doença deve continuar ao longo da 
 
108 
 
 
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vida, sendo realizado a cada três anos. Se for diagnosticado pré diabetes, recomendam-se 
intervenções sobre o estilo de vida ou a prescrição de metformina para prevenção.7 
 
2.4.2 Diagnóstico 
 
A SES/MG, em consonância com o Ministério da Saúde e agências internacionais, recomenda, 
para o diagnóstico de DM, os seguintes exames: 
 glicemia de jejum 
 glicemia 2 horas após 75 gramas de glicose, pelo TOTG. 
 
A ADA e a SBD adotam também a dosagem da hemoglobina glicada (HbA1c) para fins de 
diagnóstico, estabelecendo como ponto de corte, valores ≥ 6.5%. Para isso, o método a ser 
utilizado deve ser certificado pelo National Glycohemoglobin Standardization Program (NGSP). 
As vantagens da utilização desse método são a conveniência, por não ser necessário jejum, a 
maior estabilidade pré analítica e a menor variabilidade, útil em situações de doença e 
estresse. Todavia, vale lembrar que o custo deste exame é mais elevado e o mesmo não está 
disponível em alguns locais. Além disso, pode não existir correlação plena com a glicemia 
média; em alguns indivíduos, os valores variam conforme a etnia, certos tipos de anemia e 
hemoglobinopatias e não deve ser usado na gravidez em virtude do turnover anormal das 
hemácias. Com base nos valores da hemoglobina glicada, é considerado o diagnóstico de DM 
diante de níveis iguais ou superiores a 6.5%. Na presença de valores entre 5,7 e 6,4%, é feito o 
diagnóstico de pré diabetes.1,7 
Na presença de glicemia casual igual ou superior a 200 mg/dL, acompanhada de sintomas 
clássicos (poliúria, polidipsia e perda de peso) também é feito o diagnóstico de DM. Na 
ausência de sintomas clássicos de hiperglicemia ou de glicemia igual ou superior a 200 mg/dL, 
o teste para diagnóstico de DM deve ser repetido, em uma segunda ocasião. Os critérios 
diagnósticos para DM nessas circunstâncias podem ser vistos no Fluxograma 5.1,7 
 
 
109 
 
 
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Fluxograma 5. Diagnóstico de diabetes na ausência de glicemia casual igual ou superior a 200 
mg/dL, acompanhada de sintomas clássicos 
 
Onde: DM = diabetes mellitus; TOTG = teste oral de tolerância à glicose; mg/dL = 
miligrama/decilitro. 
 
Para o diagnóstico de diabetes gestacional, deve ser realizado o TOTG, entre 24 e 28 
semanas de gestação. O exame deverá ser realizado pela manhã, após jejum de 8 
horas, com ingestão de 75 gramas de glicose anidra. Os valores considerados para o 
diagnóstico variam entre os diferentes consensos
e podem ser vistos nos quadros a 
seguir. 
 
 
110 
 
 
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Quadro 41. Critérios diagnósticos para diabetes gestacional segundo International 
Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups, 2009 e American Diabetes Association, 
2012 
Glicemias Valores para diagnóstico 
Jejum ≥ 92 mg/dL Apenas um valor alterado = diabetes gestacional 
1 hora após ≥ 180 mg/dL 
2 horas após ≥ 153 mg/dL 
Onde: mg/dL = miligrama/decilitro. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2011.1 
 
Quadro 42. Critérios diagnósticos para diabetes gestacional segundo a Sociedade Brasileira 
de Diabetes, 2009 e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, 
2009 
Glicemias Valores para diagnóstico 
Jejum ≥ 95 mg/dL 
Dois valores alterados = diabetes gestacional 1 hora após ≥ 180 mg/dL 
2 horas após ≥ 155 mg/dL 
Onde: mg/dL = miligrama/decilitro. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2011.1 
 
Recomendações 
 
 São exames recomendados para o diagnóstico de DM: glicemia de jejum ou 
glicemia 2 horas após 75 gramas de glicose, pelo TOTG. 
 Na ausência de sintomas clássicos de hiperglicemia ou valores de glicemia 
superiores a 200 mg/dl, o teste para diagnóstico para DM deve ser repetido, em 
uma segunda ocasião. 
 O diagnóstico de diabetes gestacional deve ser realizado pelo TOTG, entre 24 e 28 
semanas de gestação. 
 
2.5 Avaliação clínica inicial 
 
Por ocasião da avaliação inicial, recomenda-se: 
 Classificar o tipo de DM; 
 Detectar possíveis complicações da doença; 
 
111 
 
 
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 Rever tratamentos prévios bem como o controle glicêmico, em indivíduos com 
diagnóstico já estabelecido; 
 Solicitar exames laboratoriais adequados a cada caso; 
 Elaborar plano de cuidados.7 
 
2.5.1 História clínica 
 
Na história clínica, alguns itens merecem atenção especial, os quais podem ser vistos no 
quadro 43.7 
Quadro 43. Dados relevantes da anamnese na avaliação clínica inicial do indivíduo diabético 
Dados relevantes na história clínica inicial 
Idade e características do início do DM 
Estado nutricional, hábitos alimentares, nível de atividade física, evolução do peso ao longo da 
vida 
Crescimento e desenvolvimento, em crianças e adolescentes 
Experiência prévia em programas de educação em DM 
Revisão do tratamento prévio e resposta à terapia, avaliados através das glicemias e 
especialmente dos níveis de hemoglobina glicada 
Tratamento atual para o DM, incluindo medicações, plano alimentar, atividade física, adesão 
ao tratamento e prontidão para mudanças 
Resultados dos exames de glicemia capilar, quando realizadas pelo usuário 
Presença de episódios de cetoacidose diabética (freqüência, gravidade, causas) 
Antecedentes de hipoglicemia com informações sobre freqüência e causas (incluindo 
percepção destes episódios por parte do usuário) 
História de complicações crônicas do DM: retinopatia, nefropatia, neuropatia, lesões nos pés, 
disfunção sexual, gastroparesia, DCV, doença cerebrovascular (ver item 2.6 Rastreamento e 
acompanhamento de lesões de órgão alvo) 
Relato de doença periodontal 
Relato de transtornos psicossociais, como depressão e outros 
Relato de tabagismo 
Onde: DM = diabetes mellitus; DCV = doença cardiovascular. Fonte: American Diabetes 
Association, 2012.7 
 
2.5.2 Exame físico 
 
No exame físico, devem ser contemplados: 
 Peso, altura, IMC, CA (vide 1.2.4. “Sobrepeso e obesidade”); 
 PA, incluindo medida em posição ortostática, quando indicada; 
 Exame de fundo de olho, visando detectar sinais de retinopatia; 
 
112 
 
 
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 Exame da pele, para avaliar presença de xantomas associados à dislipidemia, 
“acantose nigricans” e, se for o caso, os locais de aplicação de insulina; 
 Exame dos pés (ver item 2.6.4 “Pé diabético”).7 
 
2.5.3 Avaliação laboratorial 
 
A relação dos exames complementares recomendados pela SES/MG como parte da 
abordagem inicial do diabético pode ser vista no quadro 44.7 
 
Quadro 44. Exames complementares para avaliação inicial do indivíduo diabético 
Exames complementares 
Glicemia de jejum e duas horas após almoço 
Hemoglobina glicada, caso não tenha sido realizada nos últimos dois a três meses 
Perfil lipídico, incluindo colesterol total, HDL e TG 
Provas de função hepática: TGO, TGP, GGT 
Dosagem da creatinina sérica, para cálculo da TFG 
EAS+Piúria e hematúria quantitativas 
Excreção urinária de albumina através da relação albumina/creatinina, em amostra isolada 
de urina 
Dosagem de TSH, nos casos de DM1, dislipidemia ou em mulheres acima dos 50 anos 
Onde: HDL = colesterol HDL; TG = triglicérides; TGO = transaminase glutâmico oxalacética; TGP 
= transaminase glutâmico pirúvica; GGT = gama glutamil transpeptidase; TFG = taxa de 
filtração glomerular; EAS = elementos anormais e sedimento; TSH = hormônio 
tireoestimulante; DM1 = diabetes mellitus tipo 1. Se níveis de TG <400 mg/dL, os níveis de LDL 
são calculados pela fórmula: colesterol LDL= colesterol total – [HDL+ (TG/5)].17 Fonte: 
American Diabetes Association, 2012.7 
 
Periodicamente, o indivíduo diabético necessita realizar avaliações complementares 
que incluam: 
 Avaliação oftalmológica; 
 Planejamento familiar e programação das gestações para mulheres em idade 
reprodutiva; 
 Avaliação nutricional; 
 Avaliação odontológica; 
 Avaliação psicológica, se necessário7. 
 
 
 
113 
 
 
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Recomendações 
 
A avaliação inicial do usuário diabético deve incluir: 
 classificação quanto ao tipo de DM; 
 detecção de possíveis complicações da doença; 
 revisão dos tratamentos prévios bem como o controle glicêmico, em usuários 
com diagnóstico já estabelecido; 
 solicitação de exames laboratoriais adequados a cada caso; 
 elaboração do plano de cuidados. 
 
2.6 Rastreamento e acompanhamento de lesões de órgãos alvo 
 
O surgimento das complicações crônicas relacionadas ao DM guarda íntima relação com a 
duração da doença e o grau de controle metabólico aliados à participação de comorbidades 
como o tabagismo, a HAS e a dislipidemia. A prevenção destas complicações ou pelo menos, o 
retardo na progressão daquelas já existentes podem ser alcançados por meio do diagnóstico 
precoce e do tratamento adequado, no contexto da assistência integral ao indivíduo diabético. 
As complicações crônicas podem ser classificadas como: 
 Macrovasculares doença arterial coronariana 
doença cerebrovascular 
doença vascular periférica 
 Microvasculares retinopatia 
nefropatia 
 Neuropatia 
 Pé diabético 
 
 
114 
 
 
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Apesar de ainda não estar totalmente definida a fisiopatologia das complicações crônicas do 
DM, a evolução destas lesões está intimamente relacionada aos danos causados pela 
hiperglicemia e outras condições associadas, tais como a HAS, a dislipidemia e a 
microalbuminúria dentre outras. Intervenções intensivas e de longo prazo sobre os múltiplos 
fatores de risco diminuem a incidência de eventos tanto micro quanto macrovasculares em 
cerca de 50%.18,19 
 
2.6.1 Complicações macrovasculares 
 
A DCV aterosclerótica, além de ser a principal causa de morte em indivíduos diabéticos, está 
também relacionada à elevada morbidade, sendo a principal responsável pelos custos diretos 
e indiretos relacionados à doença. O DM representa fator de risco independente para DCV, 
mesmo sem levar em consideração comorbidades tais como a HAS e a dislipidemia.7 
À semelhança de outras
populações, no Brasil, o Ministério da Saúde, no relatório Saúde Brasil 
2009, que produziu análises sistemáticas da situação de saúde no âmbito do SUS, aponta que a 
DCV representa a principal causa de morte em nossa população e que as taxas referentes ao 
DM, quando foram considerados apenas os óbitos por causa básica, apresentaram aumento de 
10%, nos últimos anos.20 
O controle eficaz dos fatores de risco ou comorbidades relacionadas ao DM pode prevenir ou, 
pelo menos, retardar a evolução da DCV nesse grupo de indivíduos. Além da proposta de 
modificações no estilo de vida, visando à manutenção do peso corporal ideal, o consumo de 
alimentação saudável, a prática regular de exercícios físicos e a cessação do tabagismo, 
merecem destaque o manejo da PA e da dislipidemia e o uso de terapia antiplaquetária.17,21 
 
Controle da pressão arterial 
 
A medida da PA deve ser realizada em toda consulta do usuário diabético. A meta do 
tratamento é atingir níveis de PAS inferiores a 130 mmHg e PAD inferiores a 80 mmHg.7,22,23 
Em indivíduos com PAS entre 130 e 139 mmHg ou PAD entre 80 e 89 mmHg, recomenda-se 
iniciar com medidas não-farmacológicas. Após três meses, caso esta meta não seja atingida, 
deve-se acrescentar tratamento farmacológico. Nos casos de níveis de PAS ≥139 mmHg ou 
PAD ≥89 mmHg, deve-se iniciar, prontamente, o tratamento farmacológico aliado às mudanças 
de estilo de vida.7 
As medidas não-farmacológicas, indicadas no tratamento da HAS, incluem: perda de peso, 
para indivíduos obesos; redução da ingestão de sódio; aumento da ingestão de potássio, 
redução do consumo de álcool a níveis moderados e aumento do nível de atividade física.7 
 
115 
 
 
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O tratamento farmacológico deve incluir IECA ou BRA, substituindo-se uma classe pela outra 
no caso de intolerância. Caso não seja atingida a meta de controle dos níveis pressóricos, 
recomenda-se adicionar diurético tiazídico para indivíduos com TFG ≥ 30 mL/min por 1.73 m2 
ou diurético de alça, nos casos de TFG < 30 mL/min por 1.73 m2. Se forem utilizados IECA, BRA 
ou diuréticos recomenda-se acompanhar de perto a função renal e a calemia.7 
Nas gestantes com DM e HAS, recomenda-se manter PAS entre 110 e 129 mmHg e PAD entre 
65 e 79 mmHg, lembrando que IECA e BRA estão contra indicados na gestação. São 
consideradas seguras para uso durante a gravidez: metildopa, labetalol, diltiazem, clonidina e 
prazosin.7 
 
Recomendações 
 
 A medida da PA deve ser realizada em toda consulta do usuário diabético. 
 A meta do tratamento é atingir níveis de PA < 130 x 80 mmHg. 
 O tratamento farmacológico deve incluir IECA ou BRA, substituindo-se uma 
classe pela outra no caso de intolerância. 
 Nas gestantes com DM e HAS, recomenda-se manter níveis pressóricos de 110 a 
129/65 a 79 mmHg, lembrando que IECA e BRA estão contra indicados na 
gestação. 
 
Controle dos níveis lipídicos 
 
Os níveis lipídicos devem ser medidos por ocasião do diagnóstico de DM e, a partir daí, pelo 
menos anualmente. Caso necessário, esses níveis devem ser avaliados com maior freqüência 
até se atingirem os alvos lipídicos. Quando atingidos os níveis lipídicos adequados, a avaliação 
poderá ser anual.1 As metas a serem atingidas para o perfil lipídico podem ser vistas no quadro 
45. 
Quadro 45. Metas para o perfil lipídico no indivíduo diabético 
Itens Valores 
Colesterol LDL  <100 mg/dL 
 Se DCV evidente: pensar em atingir níveis <70 
mg/dL 
Colesterol HDL  40 mg/dL, em homens 
 50 mg/dL, em mulheres 
Triglicérides  <150 mg/dL 
Onde: LDL = colesterol LDL; HDL = colesterol HDL; DCV = doença cardiovascular; mg/dL= 
miligrama/decilitro. Fonte: American Diabetes Association, 2012 7 e Sociedade Brasileira de 
Diabetes, 2011 1 
 
 
116 
 
 
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Dentre as medidas não-farmacológicas, recomenda-se: diminuir ingestão de gorduras 
saturadas, gorduras trans e colesterol; aumentar a ingestão de ácidos graxos ômega-3 e fibras; 
perda de peso (quando indicada) e aumento do nível de atividade física.7 
Após a idade de 10 anos, as estatinas podem ser usadas em adição às medidas não-
farmacológicas, em indivíduos sem fatores de risco que não conseguem atingir níveis de 
colesterol LDL<160mg/dL e em indivíduos com fatores de risco, mas que não conseguem 
atingir níveis de colesterol LDL<130 mg/dL. Em indivíduos em uso de dose máxima de 
estatinas, que não atingem as metas, a redução dos níveis de colesterol LDL em 30 a 40%, em 
relação aos valores basais é uma alternativa.7 
São cuidados especiais: 
 O uso de estatinas é contra-indicado na gestação; 
 A terapia combinada de estatina e fibrato ou estatina e niacina, embora possa ser 
eficaz no tratamento das três frações lipídicas, está associada ao risco de elevação das 
transaminases, miosite e rabdomiólise.7 
 
Recomendações 
 
 Os níveis lipídicos devem ser medidos pelo menos anualmente. 
 O objetivo do tratamento é obter níveis de colesterol LDL <100 mg/dL. Em usuários 
com DCV evidente, pode-se pensar em atingir níveis de colesterol LDL< 70 mg/dL. 
 Outras metas são: TG <150 mg/dL e colesterol HDL > 40 mg/dL, em homens e > 50 
mg/dL, em mulheres. 
 
Terapia com anti agregantes plaquetários 
 
Recomenda-se o uso de aspirina, na dose de 75 a 162 mg/dia em indivíduos diabéticos com as 
seguintes características: 
 Homens acima de 50 anos de idade ou mulheres acima de 60 anos de idade com pelo 
menos um fator de risco adicional, como história familiar de DCV, tabagismo, 
dislipidemia ou albuminúria, mesmo sem diagnóstico de doença aterosclerótica.7,21,24 
 DCV estabelecida, como estratégia de prevenção secundária.7 
 
 
117 
 
 
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Recomenda-se o uso de clopidrogel, na dose de 75 mg/dia, em usuários com DCV e reação de 
hipersensibilidade à aspirina.7,21 Após episódio de síndrome coronariana aguda, recomenda-se, 
pelo período de um ano, o uso de terapia combinada de aspirina e clopidogrel.7 Não se 
aconselha o uso de aspirina em menores de 21 anos.21 
 
Recomendações 
 
 Recomenda-se o uso de aspirina, na dose de 75 a 162 mg/dia, em usuários 
diabéticos com alto RCV ou com DCV estabelecida. 
 Recomenda-se o uso de clopidogrel, na dose de 75 mg/dia, em usuários com DCV e 
reação de hipersensibilidade à aspirina. 
 
Combate ao tabagismo 
 
Grande número de evidências aponta a relação entre o tabagismo e diversas doenças e, em 
indivíduos com DM, o tabagismo se relaciona com DCV, complicações microvasculares e morte 
prematura. Deve ser avaliado o grau de dependência à nicotina por estar associado à 
dificuldade do abandono do tabagismo e às recidivas.7,25 
Todos os indivíduos diabéticos devem ser orientados a parar de fumar. Além do 
aconselhamento, outras formas de tratamento do tabagismo estão indicadas.7 
Recomendação 
 
Todos os usuários diabéticos devem ser orientados a parar de fumar. Além do 
aconselhamento, outras formas de tratamento do tabagismo estão indicadas. 
 
Rastreamento e acompanhamento da doença coronariana 
 
A presença de fatores de RCV devem ser pesquisada, pelo menos anualmente, em todo 
usuário diabético.7 Os fatores de risco para DCV em diabéticos podem ser vistos no quadro 46. 
 
 
 
 
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Quadro 46. Fatores de risco para doença cardiovascular em diabéticos 
Fatores de risco para DCV em diabéticos 
Tabagismo 
Sedentarismo 
Dislipidemia 
HAS 
História familiar de DAC prematura 
SM 
Idade (homens, acima de 40 anos e mulheres, acima de 50 anos) 
Duração prolongada
do DM (o risco aumenta em 86%, para cada 10 anos de 
diagnóstico) 
Manifestação clínica prévia de doença aterosclerótica (DVP, DAC ou doença 
cerebrovascular) 
Nefropatia (proteinúria e diminuição da função renal) 
Neuropatia diabética autonômica 
Onde: DCV = doença cardiovascular; HAS = hipertensão arterial sistêmica; SM = síndrome 
metabólica; DM = diabetes mellitus; DAC = doença arterial coronariana; DVP = doença 
vascular periférica. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2011.1 
Recomenda-se a realização de ECG de esforço nos casos de anormalidades no ECG de repouso 
e na presença de sintomas cardiovasculares, sejam típicos ou atípicos. Não se recomenda o 
rastreamento para DAC, em caráter rotineiro, em indivíduos assintomáticos.1,7 
Em indivíduos com DCV diagnosticada, desde que não existam contra indicações, o uso de 
IECA, aspirina e estatina deve ser iniciado com o objetivo de reduzir o risco de DCV.7 
 
Recomendações 
 
 Fatores de RCV devem ser pesquisados, pelo menos anualmente, em todo usuário 
diabético. 
 O ECG de esforço deve ser solicitado, nos casos de anormalidades no ECG de 
repouso e na presença de sintomas cardiovasculares, sejam típicos ou atípicos. 
 
 
 
 
 
119 
 
 
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2.6.2 Complicações microvasculares 
 
Retinopatia diabética 
 
A retinopatia diabética é a principal causa de cegueira, na faixa etária de 20 e 74 anos e, além 
disso, outros tipos de oftalmopatia, como catarata e glaucoma tendem a ser mais precoces e 
mais freqüentes em indivíduos diabéticos.7,26 
A classificação da retinopatia diabética se baseia na observação direta do fundo de olho, 
levando-se em consideração o risco de perda da visão e pode ser observada no quadro 47. 
Quadro 47. Classificação da retinopatia diabética 
Tipo Grau ou detalhamento, se pertinente 
Retinopatia não proliferativa leve: microaneurismas, hemorragias intra-retinianas, 
exsudatos duros 
moderada: manchas algodonosas, veias em rosário, 
anormalidades microvasculares retinianas 
intensa: perda de capilares, microaneurismas, hemorragias 
retinianas extensas 
Retinopatia proliferativa neovascularização, que pode levar à tração retiniana e 
deslocamento de retina 
Maculopatia 
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2011.1 
A prevalência da retinopatia guarda relação com a duração do DM, a hiperglicemia crônica, a 
presença de nefropatia e a HAS.7,27,28 São considerados ainda como fatores de risco a 
dislipidemia, a anemia e a gestação.29 
Vários estudos apontam que o controle da glicemia é eficaz tanto para prevenir como retardar 
a progressão da retinopatia diabética.7,30,31,32 É também de suma importância a manutenção de 
níveis pressóricos adequados.7,33 
Os casos de edema macular, retinopatia diabética não proliferativa grave ou retinopatia 
diabética proliferativa devem ser imediatamente encaminhados ao serviço oftalmológico 
especializado. Durante a gestação, indivíduos diabéticos devem ser informados sobre o risco 
de desenvolvimento ou progressão da retinopatia diabética e realizar avaliação oftalmológica, 
a intervalos regulares, a partir do primeiro trimestre e até um ano após o parto.7 
A retinografia é um bom exame de triagem e pode ser agregada à realização da fundoscopia 
pelo profissional médico. O tratamento de escolha é a fotocoagulação com laser, indicada para 
reduzir o risco de perda visual em indivíduos com edema macular clinicamente significativo, 
retinopatia proliferativa e, em alguns casos, de retinopatia não proliferativa grave. A 
 
120 
 
 
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fotocoagulação é benéfica na redução do risco de perda visual futura, mas geralmente não 
tem efeito sobre o déficit visual já instalado.7 
A presença de retinopatia não representa contra indicação à utilização de aspirina, para 
proteção cardiovascular, tendo em vista que essa terapia não aumenta o risco de hemorragia 
retiniana.7 
 
Rastreamento da retinopatia diabética 
 
A rotina de rastreio da retinopatia diabética pode ser vista no quadro 48. 
 
Quadro 48: Rastreamento da retinopatia diabética 
Exame inicial 
 DM1: adultos e crianças acima de 10 anos de idade, após cinco anos de doença 
 DM2: logo após o diagnóstico 
Exames subsequentes 
 Anual, tanto para DM1 quanto DM2 
 Menos freqüente (cada 2 ou 3 anos), se avaliação for normal 
 Mais freqüente, nos casos de progressão da retinopatia 
 Avaliar os níveis pressóricos, o controle da glicemia e o perfil lipídico e ajustar a 
terapêutica, se necessário 
 Pesquisar a presença de outras complicações do DM 
Onde: DM1 = diabetes mellitus tipo 1; DM2 = diabetes mellitus tipo 2. Fonte: adaptado de 
Canadian Diabetes Association Clinical Practice Guidelines Expert Committee, 1988.19 
 
Nefropatia diabética 
 
A nefropatia diabética ocorre em 20 a 40% dos diabéticos, sendo uma das principais causas de 
DRC. A proteinúria constitui marcador de nefropatia diabética e representa importante fator 
de RCV. Diversas intervenções estão bem documentadas como capazes de diminuir o risco ou, 
pelo menos, retardar a progressão da nefropatia diabética.7,34 
 
 
 
 
 
121 
 
 
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A evolução da nefropatia diabética se caracteriza por 5 estágios distintos (quadro 49). 
 
Quadro 49. Estadiamento da nefropatia diabética 
Onde: TFG = taxa de filtração glomerular; HAS = hipertensão arterial sistêmica; DRC = doença 
renal crônica; mg = miligrama, µg/min = micrograma por minuto. Fonte: adaptado de 
Canadian Diabetes Association Clinical Practice Guidelines Expert Committee,1998.19 
 
O controle estrito da glicemia atrasa o surgimento da microalbuminúria bem como a 
progressão da nefropatia diabética tanto no DM1 quanto DM2.7,23,31,32 
O controle da PA atrasa o surgimento da microalbuminúria bem como a progressão da 
nefropatia diabética. O uso de IECA e/ou BRA retarda a progressão da nefropatia 
diabética.7,34,35 
Recomenda-se a dosagem anual da creatinina sérica, independente da presença de 
microalbuminúria visando à estimativa da TFG, a partir da equação do Chronic Kidney Disease 
Epidemiology Collaboration (CKD-EPI) - ver item 3.3. “Diagnóstico da doença renal crônica - e o 
estadiamento da DRC”.7,36 
 
 
 
 
 
 
 
Estágios Caracterização 
1 Aumento da taxa TFG 
2 Hiperfiltração e hipertrofia glomerular 
3 Microalbuminúria: excreção urinária de albumina entre 30 e 300 mg/24 horas (ou 
20 a 200 µg/min) 
4 Macroalbuminúria: excreção urinária de albumina > 300 mg/24 horas 
HAS 
Diminuição da TFG 
5 DRC e indicação de terapia renal substitutiva 
 
122 
 
 
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Os valores da proteinúria utilizados para o diagnóstico de nefropatia diabética podem ser 
vistos no quadro 50. 
 
Quadro 50. Valores da proteinúria para o diagnóstico de nefropatia diabética 
 
Situação 
Valores por tipo de coleta de urina 
Urina com tempo 
marcado (µg/min) 
Urina de 24 horas 
(mg/24 h) 
Amostra isolada 
(relação UA/UC) 
Normoalbuminúria < 20 < 30 < 0,030 
Microalbuminúria 20 a 199 30 a 299 0,030 a 0,299 
Macroalbuminúria ≥ 200 ≥ 300* ≥ 0,30 
Onde: UA/UC = relação albumina/creatinina em amostra isolada de urina; µg/min = 
micrograma por minuto. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2011.1 * Corresponde ao 
valor de proteína total de 500 mg/24h. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A rotina de investigação para nefropatia diabética pode ser vista no Fluxograma 6. 
Fluxograma 6. Diagnóstico
de nefropatia diabética de acordo com a presença de proteinúria 
 
Onde: EAS = elementos anormais e sedimento; UA/UC = relação albumina/creatinina em 
amostra isolada de urina. Fonte: adaptado da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2011.1 
 
 
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Torna-se importante registrar que exercício físico 24 horas precedentes ao exame, infecção, 
febre, HAS grave, insuficiência cardíaca congestiva e descompensação do DM podem 
aumentar a excreção urinária de albumina.7 
Recomenda-se o uso de IECA ou BRA, na presença de micro ou macroalbuminúria, 
substituindo-se uma classe pela outra, nos casos de intolerância. Deve-se monitorar a excreção 
urinária de albumina para acompanhamento da resposta ao tratamento e da evolução da 
doença.1,7 
Visando a melhora da função renal, deve-se recomendar a redução da ingestão protéica para 
0,8 a 1,0 g/kg de peso corporal, nos casos de DRC em estágios iniciais e para 0.8 g/kg de peso 
corporal na presença de DRC avançada. Quando se usa IECA, BRA ou diurético deve-se 
monitorar os níveis séricos de creatinina e potássio devido ao risco de doença renal aguda e 
hiperpotassemia7. Diuréticos, bloqueadores do canal de cálcio e beta bloqueadores podem ser 
usados como tratamento adicional no controle da PA ou como tratamento alternativo nos 
casos de intolerância aos fármacos de escolha.1,7,37 
Quando a TFG for inferior a 60 mL/min/1,73m2, devem ser pesquisadas as complicações 
decorrentes da DRC. Devem ser encaminhados ao nefrologista os casos de dúvida quanto à 
etiologia da doença renal (proteinúria maciça, ausência de retinopatia, sedimento urinário 
ativo, rápido declínio da função renal), dificuldade de tratamento ou doença renal avançada.7 
 
Recomendações 
 
 Recomenda-se avaliação anual da excreção urinária de albumina, por ocasião do 
diagnóstico, no DM2 e após cinco anos de doença, no DM1. 
 Recomenda-se a dosagem anual da creatinina sérica, independente da presença de 
microalbuminúria visando à estimativa da TFG e o estadiamento da DRC. 
 Recomenda-se o uso de IECA ou BRA, na presença de micro ou macroalbuminúria, 
substituindo-se uma classe pela outra, nos casos de intolerância. 
 
2.6.3. Neuropatia diabética 
 
O termo neuropatia diabética engloba um grupo heterogêneo de manifestações clínicas, 
podendo ser focal ou difusa, sendo a polineuropatia sensitiva simétrica distal e a neuropatia 
autonômica as formas mais comuns da doença. A prevalência da neuropatia diabética atinge 
níveis elevados chegando a 50 %.1 
 
 
125 
 
 
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A importância do diagnóstico e do tratamento se prende a vários fatores: 
 Quadros de neuropatia de etiologia não diabética, potencialmente tratáveis, podem 
estar presentes no indivíduo diabético; 
 Existem várias opções de tratamento para a neuropatia diabética sintomática; 
 Muitos casos de polineuropatia sensitivo motora são assintomáticos, mas, apesar 
disso, os indivíduos estão expostos a risco de lesão nos pés, devido à perda da 
sensibilidade; 
 Os quadros de neuropatia autonômica, sobretudo a neuropatia autonômica 
cardiovascular, estão relacionados a elevadas taxas de morbimortalidade.7,38 
 
Polineuropatia sensitiva simétrica distal 
 
É a forma mais comum de neuropatia diabética e em torno de 50% dos casos são 
assintomáticos. Quando presentes, os sintomas mais comuns são dor em queimação, 
parestesias e hiperestesia. A dor é de predomínio noturno e atinge, sobretudo, as 
extremidades inferiores.38 
O diagnóstico baseia-se na caracterização do quadro clínico com os sinais e sintomas mais 
típicos e na realização dos testes neurológicos. Os testes neurológicos básicos envolvem a 
avaliação da sensibilidade e a pesquisa de reflexos tendinosos.1 
 
Testes de avaliação da sensibilidade 
 
Avaliação da sensibilidade tátil: monofilamento de 10 g 
 
A forma de uso do monofilamento de 10 g pode ser vista na Figura 5. O monofilamento de 10 g 
deve ser colocado perpendicular à pele e a pressão deve ser suficiente para curvar o filamento 
de nylon. Recomenda-se manter a pressão por aproximadamente um segundo e liberar. O 
usuário deverá dizer “sim” ao toque e qualquer área insensível sugere perda da sensibilidade 
protetora. A colocação do monofilamento deve ser feita em quatro pontos distintos: cabeça do 
1°, 3° e 5° metatarsos e superfície plantar distal do hálux, enquanto o indivíduo mantém os 
olhos fechados.40,43 
 
126 
 
 
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Figura 5. Uso do monofilamento de 10 g 
 
Fonte: Boulton , 2008 40 
Avaliação da sensibilidade dolorosa: palito ou pino (neurotip) 
 
Avaliação sensibilidade vibratória: diapasão de 128 Hz 
 
Avaliação da sensibilidade térmica: quente ou frio 
 
Pesquisa de reflexos tendinosos: aquileu, patelar ou tricipital 
 
O diagnóstico de polineuropatia é feito de acordo com o sistema de escores de 
comprometimento neuropático, onde se avalia em ambos os pés as 4 sensibilidades, 
pontuando-se para cada pé, conforme o que se segue: 
 Sensibilidade tátil, dolorosa, vibratória e térmica 
Se normal: 0 
Se alterada: 1 
 
 Reflexos tendinosos 
Se presente: 0 
Se ausente: 2 
 
 
127 
 
 
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O escore de comprometimento neuropático igual ou maior que 6 pontos diagnostica 
polineuropatia sensitiva simétrica distal.40 
A combinação de pelo menos dois testes tem sensibilidade superior a 87% em detectar a 
doença. A perda da sensibilidade tátil detectada pelo monofilamento e a diminuição da 
sensibilidade vibratória são preditores de úlcera de pé.1,7,38 
Em pacientes com neuropatia, principalmente nos casos graves, é importante o diagnóstico 
diferencial com outras etiologias tais como, uso de medicações neurotóxicas, intoxicação por 
metais pesados, etilismo, deficiência de vitamina B12 (sobretudo, no caso de uso prolongado 
de metformina), doença renal, neuropatias inflamatórias desmielinizantes, neuropatias 
hereditárias e vasculite.7,39 
 
Neuropatias focais 
 
As principais formas podem ser vistas no quadro 51. 
 
Quadro 51. Principais tipos de neuropatia focal 
Tipos Características 
Mononeuropatia  Geralmente, de início súbito. 
 São descritos envolvimento dos nervos: mediano, ulnar, radial e 
fibular. 
Neuropatia craniana  É menos freqüente. 
 Acomete, sobretudo, os pares III, IV, VI e VII. 
Amiotrofia diabética  Mais comum no DM2, idosos. 
 Manifestações: dor neuropática grave, fraqueza muscular uni ou 
bilateral e atrofia da musculatura proximal da coxa. 
Onde: DM2 = diabetes mellitus tipo 2. Fonte: Boulton, 2005.38 
 
Neuropatia autonômica 
 
Apresenta elevada morbidade, podendo acometer diferentes sistemas. A forma mais 
importante, do ponto de vista clínico, é neuropatia autonômica cardiovascular que se 
relaciona à morte súbita e à isquemia miocárdica silenciosa.38 
 
 
 
128 
 
 
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As principais manifestações clínicas incluem: 
 taquicardia em repouso (freqüência cardíaca superior a 100 batimentos/minuto); 
 intolerância ao exercício; 
 hipotensão postural (queda superior a 20 mmHg, na pressão sistólica, quando o 
indivíduo assume a posição ortostática); 
 constipação intestinal; 
 gastroparesia; 
 disfunção erétil; 
 disfunção sudomotora 
 instabilidade metabólica.1,7,37,38 
 
Diversos estudos epidemiológicos demonstraram que o controle rigoroso da glicemia é capaz 
de prevenir a polineuropatia simétrica distal e neuropatia autonômica tanto no DM1 quanto 
no DM2.1,7,37,38 
Embora
não existam estudos definitivos em relação à neuropatia diabética, o controle dos 
lípides e da PA, o abandono do tabagismo e a redução no consumo do álcool devem ser 
recomendados por estarem relacionados à prevenção de outras complicações.38 
Deve-se pesquisar a presença de polineuropatia simétrica, através do exame clínico, em todos 
os usuários diabéticos por ocasião do diagnóstico e, em seguida, pelo menos anualmente. No 
DM2, deve-se pesquisar a presença de neuropatia autonômica, por ocasião do diagnóstico e, 
no DM1, após 5 anos de doença.7 
Na presença de polineuropatia simétrica distal, deve ser realizado o exame dos pés visando à 
pesquisa de ulcerações, calosidades e deformidades, devendo todo usuário com 
polineuropatia simétrica distal, mesmo assintomático, receber orientações sobre o cuidado 
com os pés.38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Recomendações 
 
 O controle rigoroso da glicemia é capaz de prevenir a neuropatia diabética tanto no 
DM1 quanto no DM2. 
 Deve-se pesquisar polineuropatia sensitiva simétrica distal e a neuropatia 
autonômica por ocasião do diagnóstico, no DM2 e após 5 anos de doença, no DM1. 
 O diagnóstico baseia-se na caracterização do quadro clínico com os sinais e 
sintomas mais típicos e na realização dos testes neurológicos. 
 Os testes neurológicos básicos envolvem a avaliação de sensibilidade e a pesquisa 
de reflexos tendinosos. 
 A combinação de pelo menos dois testes tem sensibilidade superior a 87% em 
detectar a doença. 
 A perda da sensibilidade tátil detectada pelo monofilamento e a diminuição da 
sensibilidade vibratória são preditores de úlcera de pé.1,7,38 
 
 
2.6.4 Pé diabético 
 
O pé diabético é conceituado como infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles 
associados a alterações neurológicas e a vários graus de doença arterial periférica nos 
membros inferiores.43 
Apresenta uma prevalência entre 4% e 10%, sendo estimada uma incidência de 25% de 
ulceração ao longo da vida entre portadores de diabetes. Oitenta e cinco por cento das úlceras 
precedem as amputações, o que caracteriza um importante problema de saúde pública.1 
 
 
 
 
 
 
 
130 
 
 
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Dentro da etiologia, o elemento mais importante é a neuropatia (item 2.6.3. “Neuropatia 
diabética”) que, frequentemente, associa-se a outros fatores de risco (quadro 52). 
 
Quadro 52. Fatores de risco para úlcera de pé e amputação 
Fatores de risco para úlcera e amputação 
Amputação prévia 
História de ulceração prévia 
Duração do DM superior a 10 anos 
Neuropatia periférica 
Deformidade nos pés 
Uso de calçados inadequados 
Doença arterial periférica 
Diminuição da acuidade visual - retinopatia 
Nefropatia diabética (principalmente usuários em tratamento dialítico) 
Mau controle glicêmico – HbA1c > 7% 
Tabagismo 
Onde: DVP = doença vascular periférica. Fonte: American Diabetes Association, 2012 7/ 
Boulton, 2008 40 
 
Na avaliação clínica o fator mais importante é a detecção da perda da sensibilidade protetora 
plantar (PSP) que constitui o fator determinante para o desenvolvimento de ulcerações e 
maior vulnerabilidade a traumas, conferindo um risco de ulceração 7 vezes maior. Uma 
avaliação anual dos pés dos diabéticos deve ser realizada, incluindo uma anamnese e o exame 
físico dos pés, conforme descrito a seguir e no quadro 53. 
 
Exame físico dos pés: 
 Condições dermatológicas como pele seca, rachaduras, fissuras, unhas hipotróficas ou 
encravadas, maceração interdigital, calosidades. A dilatação dos vasos dorsais dos pés 
e a ausência de pêlos constituem condições pré-ulcerativas. 
 Deformidades 
 Testes neurológicos de avaliação da sensibilidade 
o Avaliação da sensibilidade tátil: monofilamento de 10 g 
o Avaliação da sensibilidade dolorosa: palito ou neurotip 
o Avaliação da sensibilidade vibratória: diapasão de 128 Hz 
o Avaliação da sensibilidade térmica: quente ou frio 
 Pesquisa de reflexos tendinosos: aquileu, patelar ou tricipital 
 
 
 
131 
 
 
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Diversos estudos prospectivos demonstraram a eficácia do uso do monofilamento de 10 g 
como instrumento de rastreio, associado a um dos outros testes, devido a sua grande 
sensibilidade e fácil manuseio.1 
Por ocasião do exame clínico, recomendam-se utilizar pelo menos dois dos testes de pesquisa 
de perda da sensibilidade protetora plantar anteriormente citados, devendo sempre ser 
incluída a pesquisa da sensibilidade tátil com monofilamento. O achado de um teste anormal 
sugere perda da sensibilidade protetora plantar.7,40,43 
O monofilamento insensível e outro teste neurológico alterado indicam perda da sensibilidade 
protetora plantar. 1 
Assim, os pontos que merecem destaque na avaliação dos pés no indivíduo diabético podem 
ser resumidos no quadro 53. 
 
Quadro 53. Avaliação dos pés 
Item Detalhamento 
História clínica  antecedentes de ulceração ou amputação 
 sintomas vasculares 
 sintomas neuropáticos 
 diminuição da acuidade visual 
 tabagismo 
 rotina de cuidados com os pés 
Inspeção  integridade da pele 
 deformidades músculo-esqueléticas 
Avaliação vascular  história de claudicação 
 palpação de pulsos pediosos 
Avaliação neurológica  avaliação da sensibilidade tátil: 
monofilamento de 10 g 
 avaliação da sensibilidade dolorosa: (neurotip) 
ou palito 
 avaliação sensibilidade vibratória: diapasão de 
128 Hz 
 avaliação da sensibilidade térmica: quente ou 
frio 
 pesquisa do reflexo aquileu, patelar ou 
tricipital 
Onde: g = gramas; HZ = hertz. Fonte: American Diabetes Association, 2012 7/ Boulton, 2008 40/ 
Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético, 1999 43. 
 
 
 
132 
 
 
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Em indivíduos com sintomas de doença arterial periférica, deve ser solicitado o ITB. Tendo em 
vista a elevada prevalência de doença arterial periférica assintomática, em indivíduos 
diabéticos, indica-se a avaliação do ITB nas seguintes situações: 
 Todos os indivíduos acima de 50 anos de idade; 
 Indivíduos com menos de 50 anos, mas que apresentem outros fatores de risco tais 
como HAS, tabagismo, dislipidemia, duração do DM.7 
 
Indivíduos sintomáticos ou com ITB positivo devem ser encaminhados ao cirurgião vascular e 
receber orientação quanto à atividade física, medicação e opções cirúrgicas.7 
Todo usuário diabético deve receber orientações sobre os fatores de risco para o pé diabético, 
conseqüências da perda da sensibilidade protetora plantar, importância do exame diário dos 
pés e do cuidado apropriado com os pés, incluindo pele e unhas e escolha do calçado 
adequado.7 
As orientações referentes aos cuidados com os pés a serem fornecidas ao usuário, dentro do 
programa de educação em DM, podem ser vistas no quadro 54. 
 
Quadro 54. Cuidados com os pés nos usuários diabéticos 
Ações de cuidado 
Realizar a inspeção diária dos pés (observar espaço entre os dedos e planta dos pés) 
Lavar os pés diariamente com água morna e enxugar bem, especialmente, entre os dedos 
Não usar meias com costuras internas ou externas e trocá-las diariamente 
Evitar andar descalço, mesmo dentro de casa 
Não usar agentes químicos ou emplastros nos pés 
Usar hidratantes ou óleo vegetal, evitando as áreas entre os dedos 
Cortar as unhas em linha reta 
Solicitar ao profissional de saúde o exame anual dos pés 
Comunicar à equipe de saúde a presença de qualquer lesão nos pés (bolhas, descoloração, edema, 
arranhaduras ou traumatismos) 
Fonte:
Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético, 1999.43 
Os usuários com perda da sensibilidade protetora plantar devem ser orientados a utilizar 
outras modalidades sensoriais de auto-exame como palpação e inspeção visual. Indivíduos 
com úlcera de pé ou pés em situação de risco, sobretudo com história de amputação prévia, 
devem receber atendimento multidisciplinar.7 
Assim que for concluída a avaliação, recomenda-se um protocolo de acompanhamento, de 
acordo com as categorias de risco (quadro 55). 
 
 
133 
 
 
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Quadro 55. Classificação de risco baseada no exame dos pés 
Categoria 
de Risco 
Definição Recomendações Seguimento 
0 Ausência de PSP, 
DAP e deformidades 
Educação 
Uso de calçados apropriados 
Anual 
1 PSP e/ou 
deformidades 
Calçados apropriados 
Cirurgia para correção das 
deformidades, se indicado 
Educação 
Cada 3 a 6 meses 
2 PSP e/ou DAP Calçados apropriados 
Consulta com cirurgião 
vascular 
Cada 3 meses 
3 História de úlcera ou 
amputação prévia 
Educação 
Uso de calçados apropriados 
Se DAP presente, 
acompanhamento com 
cirurgião vascular 
Cada 1 a 2 meses 
Onde: PSP = perda da sensibilidade protetora; DAP = doença arterial periférica. Fonte: 
Adaptado de Boulton, 2008.40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
134 
 
 
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Recomendações 
 
 Em todos os adultos com DM deve ser realizado, pelo menos uma vez ao ano, o 
exame dos pés, visando à identificação de situações de risco. 
 Para avaliação da perda da sensibilidade protetora plantar realizar o teste de 
avaliação da sensibilidade tátil com o monofilamento de 10g associado a(o): 
Teste de avaliação da sensibilidade dolorosa com o palito ou neurotip 
 Teste de avaliação sensibilidade vibratória com o diapasão de 128 Hz 
 Teste de avaliação sensibilidade térmica com quente ou frio 
 Pesquisa de reflexos tendinosos: aquileu, patelar ou tricipital 
 
 O monofilamento de 10 g é um instrumento de rastreio associado a um dos outros 
testes neurológicos. 
 Um teste anormal sugere perda da sensibilidade protetora plantar. 
 O monofilamento insensível e outro teste neurológico alterado indicam perda da 
sensibilidade protetora plantar. 
 Em usuários com sintomas de doença arterial periférica, deve ser solicitado o ITB. 
 
 
Doença arterial periférica 
 
A doença arterial periférica, além de constituir o principal fator de risco para amputação de 
membro inferior, está relacionada à DCV. O risco de doença arterial periférica, em indivíduos 
diabéticos, aumenta com a idade, a duração da doença e a presença de neuropatia periférica, 
sendo os sítios de oclusão mais frequentes o femoropoplíteo e o tibial.44 
O sintoma mais comum da doença arterial periférica é a claudicação intermitente. As 
manifestações mais graves incluem a dor em repouso e a gangrena, configurando a chamada 
isquemia crítica. Além do DM, são fatores de risco para a DVP o tabagismo, a HAS, a 
dislipidemia e a idade avançada.44 
Conforme item 1.9.4. “Doença vascular periférica”, o ITB é um exame não invasivo para 
medida quantitativa da permeabilidade das artérias das extremidades e possui boa acurácia no 
diagnóstico da doença arterial periférica. Consiste na medida da PAS na altura dos tornozelos 
 
135 
 
 
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(artérias dorsal do pé e tibial posterior) e dos braços (artéria braquial) utilizando aparelho de 
Doppler manual de 5 a 10 MHz e posterior cálculo da relação entre ambas as regiões, 
utilizando o maior valor da pressão em membros inferiores como numerador bem como o 
maior valor, em membros superiores, como denominador. Valores para o ITB inferiores a 0,9 
são indicativos de doença arterial periférica sendo os valores inferiores a 0,8, associados à 
claudicação e, os valores inferiores a 0,4, associados com dor isquêmica em repouso e necrose 
tecido.1,44 
Os elementos para diagnóstico da doença arterial periférica podem ser vistos no quadro 56. 
Quadro 56. Avaliação da doença arterial periférica 
Tipo de avaliação Itens a serem avaliados 
Anamnese  Claudicação intermitente 
 Dor em repouso 
 Feridas que não cicatrizam 
 Gangrena 
 A doença pode ser assintomática 
 Se não há relato espontâneo de claudicação, essa informação 
deve ser dirigida na anamnese 
Exame físico  Rubor ou palidez, à elevação do membro ausência de pelos 
 Unhas distróficas 
 Pele fria, seca e com fissuras 
 Examinar espaços interdigitais à procura de fissuras, ulcerações e 
infecções. 
 Palpar pulsos femoral, poplíteo, tibial posterior e dorsal do pé 
Fonte: American Diabetes Association, 20127; Boulton, 2008 40. 
 
Tendo em vista a elevada prevalência de doença arterial periférica em diabéticos, a triagem 
com realização do ITB deve ser realizada nas seguintes situações: 
 Todos os indivíduos acima de 50 anos de idade (quando o ITB for normal, o exame 
deve ser repetido em cinco anos); 
 Indivíduos com menos de 50 anos, na presença de outros fatores de risco: tabagismo, 
HAS, dislipidemia, duração do DM; 
 Indivíduos com sintomas sugestivos de doença arterial periférica.44 
 Para o tratamento da doença arterial periférica, merecem destaque algumas 
recomendações: 
 É essencial o abandono do tabagismo, o principal fator de risco modificável para 
doença arterial periférica;1,44 
 Embora seja controverso o efeito do controle glicêmico sobre a doença macrovascular, 
recomenda-se atingir níveis de hemoglobina glicada <7%, pelo menos para prevenção 
da doença microvascular;1,44 
 A obtenção de níveis pressóricos inferiores a 130/80 mmHg, reduz o RCV;7 
 
136 
 
 
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 Em indivíduos com dislipidemia, recomenda-se atingir níveis de colesterol LDL 
inferiores a 100 mg/dl. Nos casos de DCV já estabelecida, pode-se atingir níveis de 
colesterol LDL inferiores a 70 mg/dL;1,7,44 
 Orientar o uso de anti-agregantes plaquetários (aspirina ou clopidogrel). Na presença 
de DM e doença arterial periférica, o clopidogrel seria a droga de escolha;44 
 Na presença de claudicação intermitente, devem-se recomendar exercícios físicos 
supervisionados;44 
 Dentre os agentes farmacológicos, citam-se a pentoxifilina e o cilostazol, sendo a 
última a droga de escolha, em diabéticos com doença arterial periférica.44 
 
Recomendações 
 
 O ITB é exame não invasivo para medida quantitativa da permeabilidade das 
artérias das extremidades e possui boa acurácia, no diagnóstico da doença arterial 
periférica. 
 Deve-se realizar a triagem, através do ITB, em todos os usuários diabéticos acima 
de 50 anos de idade; em usuários com menos de 50 anos, na presença de outros 
fatores de risco (tabagismo, HAS, dislipidemia, DM de longa evolução) e usuários 
com sintomas sugestivos de doença arterial periférica. 
 
2.7 Tratamento 
 
2.7.1. Tratamento não-medicamentoso 
 
Orientação nutricional 
 
A orientação nutricional e a prescrição da dieta para controle de usuários com DM associadas 
a mudanças no estilo de vida, incluindo a atividade física, são consideradas terapias de 
primeira escolha. Elas são capazes de melhorar a sensibilidade à insulina, diminuir os níveis 
plasmáticos de glicose, reduzir a gordura visceral e, consequentemente a CA, melhorando o 
perfil metabólico do usuário. A perda moderada de peso, 5 % do peso corporal, em portadores 
de DM encontra-se associada com diminuição da resistência à insulina, melhora dos níveis 
glicêmicos e lipídicos e redução da pressão arterial.7,45 
 
137
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É bem documentado que o aconselhamento nutricional pode melhorar o controle glicêmico 
promovendo uma redução de 1% a 2% nos níveis de HbA1c, independentemente do tipo de 
DM e tempo de diagnóstico da doença. É parte fundamental do tratamento do DM, apesar da 
adesão aos princípios do plano alimentar ser um dos aspectos de maior desafio do tratamento. 
A conduta nutricional deverá ter como foco a individualização, considerando todas as fases da 
vida, diagnóstico nutricional, hábitos alimentares e socioculturais, não diferindo de parâmetros 
estabelecidos para a população geral, considerando também o perfil metabólico e o uso de 
fármacos.7,46 
As recomendações para a ingestão de calorias e nutrientes, com suas porções diárias, 
encontram-se representadas na pirâmide alimentar que se segue. 
Figura 6. Pirâmide alimentar 
 
Recomendações da Sociedade Brasileira de Diabetes 
 
O valor energético total (VET), necessidade diária de energia, deve ser compatível com a 
obtenção do peso corporal ideal. Para usuários obesos, a dieta hipocalórica pode ter redução 
de 500 a 1000 kcal do VET diário previsto, com o objetivo de promover perdas ponderais de 
0,5 a 1 kg/semana. Um método prático para o cálculo do VET é utilizar 20 a 25 kcal/kg de peso 
atual por dia. 
 
 
 
 
 
138 
 
 
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O quadro 57 representa as atuais recomendações nutricionais para usuários com DM1 e DM2. 
 
Quadro 57. Recomendações nutricionais para indivíduos com diabetes 
Onde: CHO = carboidrato; VET = valor energético total; mg = miligramas; g = gramas, kcal = 
quilocalorias. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2011.1 
Carboidratos 
 
A ingestão dietética de carboidratos sugerida para usuários diabéticos segue as mesmas 
recomendações sugeridas para a população geral respeitando as concentrações de 45 a 60% 
das necessidades diárias de energia. Recomenda-se o uso de cereais e grãos integrais, frutas e 
vegetais.47,48 
Cereais, grãos e raízes 
 
 Batata inglesa, batata baroa, batata doce, inhame, mandioca: 1 porção = 1 colher de 
sopa 
 Pão francês: 1 porção = 1 unidade de 50g 
 Pão de forma: 1 porção = 2 fatias 
 Arroz, macarrão: 1 porção = 1 colher de sopa 
 Aveia, fubá, maisena, creme de arroz: 1 porção = 2 colheres de sopa 
 
 
Macronutrientes Ingestão recomendada por dia 
Carboidratos CHO totais – 45 a 60% 
Não inferior a 130 g/dia 
Sacarose Até 10% 
Frutose Não se recomenda adicionar aos alimentos 
Fibra alimentar Mínimo de 20 g/dia ou 14 g/1000 kcal 
Gordura total Até 30% VET 
Micronutrientes Ingestão recomendada por dia 
Ácido graxo saturado < 7% VET 
Ácido graxo trans < = 2 g 
Ácido graxo poliinsaturado Até 10% VET 
Ácido graxo monoinsaturado Completar de forma individualizada 
Colesterol < 200 mg/dia 
Proteínas 15 a 20% VET 
Vitaminas e sais minerais Seguem as recomendações da população não 
diabética 
Sódio Até 2400 mg 
 
139 
 
 
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Frutas 
 
 Laranja, banana, maça, mexerica, goiaba: 1 porção = 1unidade 
 Melancia, mamão, melão, abacaxi: 1 porção = 1 fatia de 100gr 
 10 unidades de morango, 22 unidades de jabuticaba, 15 unidades de uva = 01 porção 
 Suco da fruta natural: 1 copo de 150 ml = 1 porção 
 
Vegetais 
 
 Alface, couve, taioba, acelga, agrião, almeirão, rúcula, espinafre, berinjela, brócolis, 
couveflor, jiló, pepino, tomate. Ingerir à vontade. 
 Abóbora, beterraba, cenoura, chuchu, ervilha, quiabo, vagem: 1 porção = 1 colher de 
sopa 
 Batata inglesa, batata baroa, batata doce, inhame, cará, mandioca: 1 porção = 1 
colher de sopa. Substitutos do arroz. 
 
Lípides 
 
Os lípides são gorduras encontradas nos alimentos na forma de colesterol, triglicérides e 
fosfolípides. A parte lipídica básica dos triglicérides e dos fosfolípides é formada pelos ácidos 
graxos que podem ser saturados ou insaturados. Os saturados são encontrados em maior 
quantidade nos alimentos de origem animal enquanto os insaturados se encontram em maior 
quantidade nos alimentos de origem vegetal. Os ácidos graxos insaturados podem ser 
monoinsaturados ou poliinsaturados. Os poliinsaturados pertencentes à classe dos ômega 6, 
ácido linoléico, e ômega 3, ácido linolênico, mostraram uma redução no RCV. Os ácidos 
graxos trans são um tipo específico de gorduras saturadas ou insaturadas formadas por um 
processo de hidrogenação que lhes confere uma consistência mais cremosa. Já o colesterol 
não apresenta o ácido graxo na sua estrutura e as suas fontes dietéticas são as mesmas das 
gorduras saturadas.46,49 
 
 
 
 
 
 
140 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
No quadro 58 podemos visualizar as gorduras presentes nos diferentes alimentos. 
 
Quadro 58. Gorduras presentes nos alimentos 
Tipos de ácidos Alimentos 
Ácidos Graxos Saturados Gordura de origem animal, óleo de coco e de 
dendê, carne gordas, leite, manteiga, creme de 
leite, bacon, embutidos. 
Ácidos Graxos Insaturados 
 Monoinsaturados Óleo de canola (ômega 3), azeite 
Nozes, amêndoas, castanhas 
Abacate 
 Poliinsaturados Óleos: girassol, soja (ômega 6), milho 
Peixes: salmão, atum, arenque, sardinha (ômega 
3) 
Linhaça (ômega 6) 
Ácidos Graxos Trans Sorvetes, batatas-fritas, salgadinhos de pacote, 
biscoitos recheados, waffers, gorduras 
hidrogenadas e margarinas 
FFonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2011.1 
 
Os usuários diabéticos devem limitar a ingestão de ácidos graxos saturados, ácidos 
graxos trans e colesterol com a finalidade de reduzir o RCV.50 
A ingestão dos ácidos graxos saturados deve ser inferior a 7% das necessidades diárias 
de energia o que representa ½ da porção de gordura. Os ácidos graxos trans devem 
ter o seu consumo reduzido não ultrapassando 2% das necessidades diárias de 
energia o que representa no máximo 50g desse tipo de gordura. A ingestão de ácidos 
graxos saturados e ácidos graxos trans está associada com marcadores inflamatórios e 
resistência à insulina. A ingestão do colesterol deve ser inferior a 200 mg/dia o que 
representa aproximadamente 1 colher de chá de óleo (10 ml). Devem ser evitados os 
alimentos gordurosos em geral, como carnes gordas, embutidos, laticínios integrais, 
frituras, gordura de coco, alimentos refogados e temperados com excesso de óleo ou 
gordura.51 
 
 
 
 
 
141 
 
 
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Proteínas 
 
As necessidades protéicas variam de acordo com as fases da vida e a oferta deve ser 
suficiente para atender às demandas metabólicas. Essa oferta deve constituir-se de um terço 
de proteína de alto valor biológico (carne, leite e ovos) e as proteínas vegetais, como as 
leguminosas, devem ser incluídas a fim de suplementar a necessidade de aminoácidos para a 
síntese e manutenção dos tecidos. Além disso, esses grãos oferecem fibras solúveis 
facilitando o controle glicêmico. A ingestão de proteínas recomendada deve ser em torno de 
15 a 20% das necessidades diárias de energia se a função renal estiver normal. Isso 
representa 3 porções de carne, leite e derivados.47 
 
Carne bovina assada ou grelhada, frango e peixe: 1 porção = 100 g 
Leite e derivados: 1 porção = 1 copo de leite de 150 ml 
Queijo minas e ricota: 1 porção = 1 fatia de 30 g 
Requeijão: 1 porção = ½ colher de sopa de 30 g 
Iogurte: 1 porção = 1 copo de 150 ml 
Margarina e manteiga: 1 porção = 1 colher de chá de 10 g 
Ovo cozido: 1 porção = 1 unidade 
Feijão, lentilha, soja, grão de bico: 1 porção = 1 colher de sopa. 
 
Fibra dietética 
 
As fibras são encontradas
nos vegetais principalmente em folhas, raízes, talos, sementes e 
bagaços. Suas principais fontes alimentares são as frutas, verduras, legumes, farelo de aveia e 
de cevada. São divididas em solúveis e insolúveis, apresentando as fibras solúveis ação 
benéfica no controle da glicemia e do metabolismo lipídico enquanto as insolúveis 
contribuem para a saciedade, controle do peso e funcionamento intestinal.52,53 
É recomendado o consumo de fibras de no mínimo 20 gramas ao dia ou 14 g/1.000 kcal. Essa 
quantidade é facilmente obtida através do consumo de até 5 porções de frutas por dia e de 
preferência com a casca.50 
 
 
 
142 
 
 
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Micronutrientes – vitaminas e minerais 
 
Usuários com DM frequentemente apresentam deficiência de micronutrientes devendo 
receber estes nutrientes por meio de fontes alimentares e plano alimentar balanceado.54 
Recomenda-se o consumo diário de 3 a 5 porções de hortaliças cruas e cozidas e de 2 a 4 
frutas, sendo pelo menos 1 rica em vitamina C, tais como as frutas cítricas. Não há evidências 
que apóiam a suplementação de vitamina ou de minerais em pessoas com DM que não 
apresentem deficiências desses elementos exceto nos idosos, gestantes, lactentes e 
vegetarianos. Outras exceções são o folato utilizado nas gestantes para prevenir doenças 
congênitas no feto e o cálcio para prevenir doenças ósseas nos idosos e mulheres após a 
menopausa.54,55 
Sal de cozinha 
 
Segundo o Ministério da Saúde, o consumo de sódio deve ser limitado a 2.400 mg/dia o que 
equivale a 6 g de sal de cozinha ou 1 colher de chá de sal.56 
A Sociedade Brasileira de Cardiologia e a ADA preconizam aos indivíduos com DM a redução 
para 2.000 mg/dia. Os alimentos industrializados possuem sódio em sua composição estando 
indicado a sua substituição por alimentos naturais.7,57 
Adoçantes 
 
Os adoçantes são produtos constituídos a partir de uma substância chamada edulcorante, que 
apresentam a capacidade de adoçar mais que o açúcar ou sacarose, sendo possível utilizá-lo 
em pequenas quantidades. Podem ser agrupados em calóricos e não-calóricos segundo o 
quadro 59. 
Quadro 59. Adoçantes 
Calóricos 
Polióis Não-calóricos 
Sacarose Sorbitol Acessulfame-K 
Frutose 
(Não devem ser utilizados por diabéticos) 
 Sacarina 
Aspartame 
(Pode ser utilizado por gestantes) 
 Ciclamato 
Estévia Sucralose 
(Pode ser utilizado por gestantes) 
Fonte: Viggiano, 200358 
 
143 
 
 
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Orientações da Sociedade Brasileira de Diabetes para intervenções 
nutricionais a indivíduos diabéticos em casos específicos 
 
Idosos 
 
As necessidades energéticas dos idosos são menores quando comparadas aos adultos jovens. 
Após os 75 ou 80 anos, a desnutrição é mais comum que o excesso de peso sendo necessária 
uma avaliação mais rigorosa das necessidades nutricionais. 
 
Crianças e adolescentes 
 
O plano alimentar de crianças e adolescentes deve respeitar as recomendações nutricionais da 
faixa etária e as características dos macronutrientes descritas no quadro 57. Planos 
alimentares individualizados e regimes intensivos de insulina podem fornecer flexibilidade a 
crianças e adolescentes com DM para acomodar o tempo e os horários de refeições 
irregulares, em situações de variação de apetite e níveis de atividade física. O objetivo 
prioritário nessa faixa etária é manter o crescimento e desenvolvimento adequados. 
 
Gravidez e lactação 
 
As necessidades nutricionais durante a gravidez e lactação são similares para todas as 
mulheres com ou sem DM. A ingestão de energia deve ser suficiente para fornecer ganho de 
peso preconizado na gestação. Mulheres com diabetes gestacional que apresentam excesso de 
peso podem realizar moderada restrição alimentar. Os adoçantes liberados durante a gravidez 
são a sucralose e aspartame.47, 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
144 
 
 
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Recomendações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividade Física 
 
Usuários com DM devem ser orientados a realizar exercícios físicos aeróbicos (caminhada, 
natação, esteira ou bicicleta), 3 a 5 dias por semana, em dias alternados, durante 150 minutos 
por semana. Estes devem ser de moderada intensidade, ou seja, devem atingir 50 a 70 % da 
freqüência cardíaca máxima. Também devem ser orientados a realizar exercícios de resistência 
como a musculação durante 2 dias/semana.7, 59, 60 
Exercícios regulares são capazes de prevenir o aparecimento do DM2 em indivíduos que 
apresentam fatores de risco. Em usuários com DM melhoram o controle glicêmico reduzindo a 
HbA1c independente da redução do peso. Reduzem a pressão arterial e o RCV, contribuem 
para a perda de peso e melhoram a auto-estima do usuário. Programas de intervenção com 
realização de atividade física, com no mínimo 8 semanas de duração, mostraram uma redução 
da HbA1c em média de 0,66 % em usuários portadores de DM2 mesmo sem mudança no 
índice de massa corporal.61,62 
 
Avaliação do usuário diabético antes de iniciar os exercícios físicos 
 
Antes de recomendarmos um programa de exercícios físicos o indivíduo com DM deve ser 
avaliado quanto à presença de fatores de RCV. Aqueles que apresentarem dislipidemia, HAS, 
tabagismo, história familiar de doença coronariana prematura, micro ou macroalbuminúria 
devem ser tratados com aspirina, estatinas, IECA ou BRA. Os usuários que apresentarem 
 Fracionar o plano alimentar em 6 refeições sendo 3 refeições principais e 3 lanches. 
 Quanto à forma de preparo dos alimentos preferir os grelhados, assados, cozidos no vapor 
ou ainda crus. 
 Substituir por alimentos diet (sem açúcar) ou light (menos calorias). 
 Incentivar o consumo de peixes como a sardinha, atum e salmão por serem ricos em 
ômega 3. 
 Incentivar o consumo de aveia e linhaça por ser rica em ômega 6. 
 Utilizar o azeite de oliva para temperar as saladas. 
 Os adoçantes devem ser utilizados como substitutos do açúcar. 
 
145 
 
 
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sintomas cardiovasculares típicos e aqueles com sintomas atípicos, mas com alteração no 
eletrocardiograma (ECG) devem ser encaminhados para uma avaliação especializada.7,63 
Os estudos não comprovaram nenhum benefício na realização rotineira de testes de triagem 
para doença arterial coronariana em usuários assintomáticos e com ECG normal.7,64 
 
Exercícios físicos em situações especiais 
 
Usuários com diabetes mellitus tipo 1 
 
O efeito do exercício físico na melhora da HbA1c nos portadores de DM1 é controverso, porém 
deve ser indicado, pois reduz a mortalidade cardiovascular e melhora a autoestima. Usuários 
que praticam exercícios possuem maior risco de hipoglicemia, que pode ocorrer ao longo, 
imediatamente ou horas depois do final dos exercícios. O uso de várias doses de insulina 
permite ajustes adequados do tratamento, viabilizando diversos níveis de exercícios, inclusive 
o competitivo. A monitorização glicêmica é a base para adaptar o tratamento aos exercícios, 
devendo-se conduzí-la antes, ao longo (quando a duração for superior a 45 minutos) e depois 
dos exercícios.46 
 
Exercícios e hiperglicemia 
 
Se o usuário apresentar glicemia acima de 250 mg/dl, com cetose, os exercícios físicos devem 
ser evitados. Na ausência de cetose, o exercício leve a moderado pode reduzir a glicemia. 
Assim, se o usuário sente-se bem e a cetonúria é negativa, não é necessário retardar o 
exercício pela hiperglicemia, mesmo se a glicemia for maior que 300 mg/dL.46 
 
Exercício e hipoglicemia 
 
Quando o usuário estiver em uso
de insulina deverá repor carboidrato se a glicemia for inferior 
a 100 mg/dl. O tipo de carboidrato indicado depende de fatores como a duração e a 
intensidade dos exercícios físicos. Carboidratos simples (balas, sucos, refrigerantes, soluções 
isotônicas) devem ser utilizados diante de hipoglicemias durante o exercício. Se o usuário não 
apresentar hipoglicemias pode-se utilizar carboidratos complexos, ricos em fibras, tal como as 
barras energéticas de cereais.46 
 
 
146 
 
 
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Retinopatia 
 
Usuários diabéticos com retinopatia proliferativa ou não proliferativa grave apresentam contra 
indicação para realização de exercício físico aeróbico ou de resistência de alta intensidade, 
pelo risco de hemorragia vítrea ou descolamento de retina. Após fotocoagulação, recomenda-
se reiniciar com os exercícios físicos após 3 a 6 meses.65 
 
Neuropatia periférica 
 
Usuários com neuropatia periférica e redução da sensibilidade em MMII devem usar sapatos 
adequados e ser orientados a realizar a inspeção cuidadosa dos pés diariamente. Estudos 
mostraram que caminhadas não aumentam o risco de úlceras plantares. A diminuição da 
sensibilidade nas extremidades aumenta o risco de lesões de pele, infecções, alterações 
articulares. Usuários com lesões nos pés devem ser estimulados a atividades sem efeito da 
gravidade.47, 66 
 
Microalbuminúria e nefropatia 
 
Usuários com microalbuminúria ou proteinúria devem ser avaliados antes de iniciar com os 
exercícios físicos devido à possibilidade de apresentarem DCV. Nefropatia não constitui contra 
indicação para realização de exercícios físicos.67 
 
2.7.2 Tratamento medicamentoso 
 
Quando o usuário não responde às medidas não-medicamentosas, os antidiabéticos orais 
estão indicados com o objetivo de controlar a glicemia e promover a queda da HbA1c. O 
tratamento tem como meta a normoglicemia, devendo dispor de boas estratégias para a sua 
manutenção em longo prazo. Um dos objetivos no tratamento do DM deve ser a obtenção de 
níveis glicêmicos tão próximos da normalidade quanto for possível alcançar na prática clínica. 
Estudos epidemiológicos sustentam a hipótese de uma relação direta entre níveis sanguíneos 
de glicose e a DCV. Para evitarmos as complicações do DM é fundamental o controle rigoroso 
da glicemia de jejum, glicemia pós-prandial e HbA1c sendo necessário realizar a auto-
monitorização.47 
 
 
147 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Controle glicêmico 
 
A avaliação do controle glicêmico é feita utilizando-se os testes de glicemia e a HbA1c, cada 
um com seu significado clínico específico e ambos considerados recursos complementares 
para a correta avaliação do estado de controle glicêmico em usuários diabéticos. Os testes de 
glicemia refletem o nível glicêmico atual e instantâneo no momento exato do teste, enquanto 
os testes de HbA1c indicam a glicemia média dos últimos dois a quatro meses.47 
 
Hemoglobina glicada – HbA1c 
 
 Deve ser realizada, no mínimo, 2 vezes ao ano, em usuários que tenham alcançado 
as metas e tenham controle glicêmico estável.47 
 Deve ser realizada 4 vezes ao ano, em usuários que não estejam atingindo as metas 
ou quando se muda a terapêutica.47 
 
As metas laboratoriais para o tratamento do DM2, segundo a SBD podem ser visualizadas no 
quadro a seguir.47 
 
Quadro 60. Metas laboratoriais para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2 
Parâmetro Metas laboratoriais 
Metas terapêuticas Níveis toleráveis 
Hemoglobina glicada 
(HbA1c). 
< 7 % em adultos. 
< 8% em idosos. 
< 8,5% de 0 a 6 anos. 
< 8% de 6 a 12 anos. 
< 7,5% de 13 a 19. 
< 6,0 na gravidez. 
As metas devem ser individualizadas 
de acordo com: 
Duração do diabetes. 
Idade/expectativa de vida. 
Comorbidades. 
Doença cardiovascular. 
Complicações microvasculares. 
Hipoglicemia não percebida. 
Glicemia de jejum 
Glicemia pré-prandial 
Glicemia pós-prandial 
< 100 mg/dL. 
< 110 mg/dL. 
< 140 mg/dL. 
- 
Até 130 mg/dL 
Até 160 mg/dL 
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2011.1 
 
 
 
148 
 
 
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As metas das glicemias capilares segundo a SBD e a ADA podem ser observadas nos 
quadros 61 a 63.7,47 
 
Quadro 61. Metas de glicemias capilares para adultos e idosos. 
Glicemias Capilares Adultos Idosos: > 65 anos 
Jejum 90 a 120 mg/dL 90 a 120 mg/dL 
Pré prandial 70 a 130 mg/dL Até 150 mg/dL 
Pós prandial (2h após refeição) < 180 mg/dL < 180 mg/dL 
Onde: mg/dL = miligrama/decilitro; h = horas. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111/ 
American Diabetes Association, 20127 
 
Quadro 62. Metas de glicemias capilares para crianças e adolescentes 
Glicemias Capilares 0 a 6 anos 6 a 12 anos 13 a 19 
anos 
Pré prandial 100 a 180 
mg/dL 
90 a 180 mg/dL 90 a 130 
mg/dL 
Pós prandial (2h após refeição) 110 a 200 
mg/dL 
100 a 180 
mg/dL 
90 a 150 
mg/dL 
Onde: mg/dL = miligrama/decilitro; h = horas. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111/ 
American Diabetes Association, 20127 
 
Quadro 63. Metas das glicemias capilares para o diabetes gestacional e para mulheres com 
diabetes mellitus que engravidaram 
Glicemias Capilares Diabetes Gestacional Mulheres com DM que 
engravidaram 
Glicemia capilar pré 
prandial 
< = 95 mg/dL 60 a 69 mg/dL 
Glicemia capilar 1 h pós 
prandial 
< = 140 mg/dL 100 a 129 mg/dL 
Glicemia capilar 2 h pós 
prandial 
< = 120mg/dL 
Onde: mg/dL = miligrama/decilitro; h = horas. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111/ 
American Diabetes Association, 20127 
 
 
 
149 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
A utilização da glicemia média estimada (GME) tem sido proposta como uma forma prática de 
interpretar o significado da HbA1c. A GME é obtida por meio de um cálculo matemático, sendo 
GME = 28,7 x A1c – 46,7. No quadro 64 pode-se observar a correlação entre as glicemias 
médias estimadas e os níveis de HbA1c.47 
 
Quadro 64. Correlação entre as glicemias médias estimadas e a hemoglobina glicada 
Hemoglobina Glicada (%) Glicemia média estimada (mg/dL) 
6 126 
6,5 140 
7 154 
7,5 169 
8 183 
8,5 197 
9 212 
9,5 226 
10 249 
Onde: mg/dL = miligrama/decilitro. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111/ American 
Diabetes Association, 20127 
 
Antidiabéticos orais 
 
Os antidiabéticos orais são substâncias capazes de diminuir os níveis glicêmicos e apresentam 
como mecanismos de ação o aumento da secreção pancreática de insulina, a redução na 
velocidade de absorção dos glicídios, a diminuição na produção hepática de glicose e o 
aumento na utilização periférica de glicose. Recentemente, uma nova classe de substâncias 
cuja ação baseia-se no efeito incretina foi adicionada ao grupo dos antidiabéticos. Este efeito 
incretina é mediado pelos hormônios GLP-1 (glucagon-like peptide-1) e GIP (gastric inibitory 
polypeptide) considerados peptídeos insulinotrópicos glicose-dependentes. Assim, eles são 
capazes de aumentar a secreção de insulina apenas quando a glicemia se eleva, retardam o 
esvaziamento gástrico e atuam sobre as células alfa pancreáticas controlando a hipersecreção 
inadequada de glucagon e reduzindo o débito hepático da glicose. Esses agentes atuam 
mimetizando a ação do GLP-1 ou aumentando a sua vida média ao inibir a enzima responsável 
pela sua degradação.47 
As classes dos agentes antidiabéticos segundo a SBD podem ser visualizadas no quadro 65. O 
quadro 66a apresenta e caracteriza os principais agentes antidiabéticos disponíveis e no 
quadro 66b é apresentada a disponibilidade dos medicamentos,
citados nesta linha-guia, nas 
listas da Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais (RENAME) e do Programa Farmácia de 
Minas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG). 
 
150 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
 
 Quadro 65. Classes dos agentes antidiabéticos 
Classes dos agentes antidiabéticos 
Agentes que estimulam a secreção de insulina 
Sulfoniluréias 
Metiglinidas ou glinidas (ação predominante na glicemia pós-prandial) 
Agente que reduz ou retarda a absorção de glicídios 
Acarbose (ação predominante na glicemia pós-prandial) 
Agente que diminui a produção hepática de glicose (sensibilizador de insulina) 
Metformina 
Agentes que aumentam a utilização periférica de glicose (sensibilizadores de insulina) 
Tiazolidinedionas ou glitazonas 
Agentes que estimulam a secreção de insulina somente no estado de hiperglicemia 
Agonistas do GLP-1 
Gliptinas 
Onde: GLP-1 = Glucagon-like peptide-1. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111 
 
Quadro 66a. Caracterização dos principais agentes antidiabéticos disponíveis 
Medicamentos 
(posologia em 
mg) 
Mecanismo 
de ação 
Reduçã
o da 
glicemi
a de 
jejum 
(mg/dL) 
Redução 
de 
HbA1c 
(1%) 
Contra 
indicação 
Efeitos 
colaterais 
Outros efeitos 
benéficos 
Sulfonilureias 
Clorpropamida 
125 a 500 
Glibenclamida 
2,5 a 20 
Glipizida 2,5 a 
20 
Gliclazida 40 a 
320 
Gliclazida MR 
30 a 120 
Glimepirida 1 a 
8 
(1 a 2 
vezes/dia) 
Aumento da 
secreção de 
insulina 
60-70 1,5-2 Gravidez, 
insuficiên
cia renal 
ou 
hepática 
Hipoglicemia e 
ganho 
ponderal 
(clorpropamid
a favorece o 
aumento e 
não protege 
contra 
retinopatia) 
 
Metiglimidas 
Repaglinida 0,5 
a 16 
Nateglinida 120 
a 360 
Aumento da 
secreção de 
insulina 
20-30 1-1,5 Gravidez Hipoglicemia e 
ganho 
ponderal 
discreto 
Redução do 
espessamento 
medio intimal 
carotídeo 
(repaglinida) 
 
151 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
(3 vezes/dia) 
Biguanidas 
Metformina 
1.000 a 2.550 
(2 vezes/dia) 
Reduz a 
produção 
hepática de 
glicose com 
menor ação 
sensibilizado
ra da ação 
insulínica 
60-70 1,5-2 Gravidez, 
insuficiên
cias renal, 
hepática, 
cardíaca, 
pulmonar 
e acidose 
grave 
Desconforto 
abdominal, 
diarréia 
Diminuição de 
eventos 
cardiovasculares 
prevenção de 
DM2 melhoras 
do perfil lipídico 
diminuição do 
peso 
Inibidores de 
alfaglicosidade 
Acarbose 50 a 
300 
(três vezes/dia) 
Retardo da 
absorção de 
carboidratos 
20-30 1,5-2 Gravidez Meteorismo, 
flatulência e 
diarreia 
Diminuição de 
eventos 
cardiovasculares 
prevenção de 
DM2 redução do 
espessamento 
médio intimal 
carotídeo 
melhora do perfil 
lipídico 
Glitazonas 
Pioglitazona 15 
a 45 
(1 vez/dia) 
Aumento da 
sensibilidade 
à insulina em 
músculo, 
adipócito e 
hepatócito 
(sensibilizad
ores da 
insulina) 
35-65 0,5-1,4 Insuficiên
cia 
cardíaca 
classe III e 
IV 
insuficiên
cia 
hepática 
gravidez 
Retenção 
hídrica, 
anemia, ganho 
ponderal, 
insuficiência 
cardíaca e 
fraturas 
Prevenção de 
DM2 redução do 
espessamento 
médio intimal 
carotídeo 
melhora do perfil 
lipídico redução 
da gordura 
hepática 
Gliptinas 
Sitagliptina 100 
mg 
1 vez/dia 
Vildagliptina 50 
mg 
2 vezes/dia 
Saxagliptina 5 
mg 
1 vez/dia 
Aumento do 
nível de GLP-
1, com 
incremento 
da síntese e 
secreção da 
insulina, 
além da 
redução de 
glucagon 
20 0,6-0,8 Hipersens
ibilidade 
aos 
compone
ntes do 
medicam
ento 
Os eventos 
adversos mais 
comuns 
verificados 
nos ensaios 
clínicos foram 
faringite, 
infecção, 
náusea e 
cefaleia 
Aumento de 
massa de células 
beta em modelos 
animais 
segurança e 
tolerabilidade 
efeito neutro no 
peso corporal 
Exenatida 5 
mcg e 10 mcg 
Uma injeção 
antes do 
desjejum e 
outra antes do 
jantar via sub 
cutânea (SC) 
Efeitos 
anteriorment
e relatados 
em resposta 
á dose 
farmacológic
a do análogo 
do GLP-1 
com ação 
30 0,6-1 Hipersens
ibilidade 
aos 
compone
ntes do 
medicam
ento 
Hipoglicemia, 
principalment
e quando 
associada à 
secretagogos. 
Náusea, 
vômitos e 
diarreia 
Aumento da 
massa de células 
beta em modelos 
animais. redução 
de peso 
Onde: mg/dL = miligrama/decilitro; mg = miligramas, DM2 = diabetes mellitus tipo 2, mcg = 
microgramas, GLP-1 = Glucagon-like peptide-1. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111 
 
152 
 
 
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Quadro 66b. Disponibilidade dos antidiabéticos orais e insulinas, citados nesta linha-guia, na 
lista da Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais e do Programa Farmácia de Minas da 
Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais 
Antidiabéticos orais citados na 
linha-guia 
Medicamentos disponibilizados pela 
RENAME/2012 e pelo Programa Farmácia de 
Minas da Secretaria de Estado de Minas Gerais 
Acarbose Não 
Clorpropamida Não 
Exenatida Não 
Glibenclamida Sim 
Gliclazida Sim 
Glimepirida Não 
Glipizida Não 
Metformina Sim 
Nateglinida Não 
Pioglitazona Não 
Repaglinida Não 
Saxagliptina Não 
Sitagliptina Não 
Vildagliptina Não 
Insulinas citadas na linha-guia Insulinas disponibilizadas pela RENAME/2012 e 
pelo Programa Farmácia de Minas da Secretaria de 
Estado de Minas Gerais 
Glulisina Não 
Asparte Não 
Detemir Não 
Glargina* Sim 
Lispro Não 
NPH Sim 
Regular Sim 
Onde: RENAME = Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Fonte: Coordenadoria da 
Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. 2012. * 
Insulina não elencada pela RENAME, mas fornecida pela SES/MG mediante critérios 
específicos. 
 
 
 
 
153 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Recomendações específicas quanto ao uso da metformina segundo a filtração 
glomerular são destacadas e apresentadas a seguir. 
 
Quadro 67: Recomendações quanto ao uso da metformina segundo a filtração glomerular 
Nível de filtração glomerular Ação 
Acima 60 ml/min/m2 Sem contra-indicação 
Monitorizar a função renal anualmente 
Menor 60 e acima 45 ml/min/m2 Continuar o uso com monitorização da função renal de 
3 a 6 meses 
Menor 45 e acima de 30 
ml/min/m2 
Diminuir 50 % da dose máxima e monitorização da 
função renal a cada 3 meses 
Menor 30 ml/min/m2 Contra-indicada 
Onde: ml/min/m2 = mililitro/minuto/metro quadrado. Fonte: American Diabetes Association, 
20117 
 
Escolha do Antidiabético oral 
 
A escolha do medicamento deve levar em consideração: 
 Os valores das glicemias de jejum e pós-prandiais e da HbA1c. 
 O peso e a idade do usuário. 
 Os transtornos metabólicos presentes (resistência ou deficiência de insulina), as 
complicações crônicas e doenças associadas. 
 Interações medicamentosas, reações adversas e contra-indicações de cada medicação. 
 
Na maioria dos casos, os usuários com DM2 apresentam obesidade, hipertrigliceridemia, baixo 
HDL-C e HAS caracterizando um estado de resistência à insulina. Assim, são mais apropriados 
os medicamentos que melhoram a ação da insulina e consequentemente evitam o ganho 
ponderal (fase 1). 
Com o passar dos anos, o usuário desenvolverá deficiência de secreção da insulina estando 
indicados medicamentos que estimulam a secreção da insulina. Nesta fase, a monoterapia não 
é suficiente para manter o bom controle metabólico sendo necessária a combinação de 
medicamentos orais (fase 2). 
Quando esta associação medicamentosa não conseguir manter um bom controle metabólico, 
poderá ser necessário introduzir insulina NPH antes de dormir (fase 3). 
 
154
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Quando o usuário apresentar insulinopenia clara (perda de peso significativa e cetonúria) será 
necessário iniciar a insulinização plena e vários esquemas podem ser utilizados, desde o 
convencional (2 doses diárias) até o intensivo com múltiplas doses (3 ou mais doses diárias) 
(fase 4). 
 
Na Figura 7 pode-se visualizar o algoritmo terapêutico para o manejo do DM2 segundo as 
fases de evolução da doença anteriormente citadas.69 
 
Fu
n
çã
o
 d
a 
C
é
lu
la
 B
et
a 
 
 
 
Fase 1 
 
 
 
 
 
Fase 2 
 
 
 
 
 
Fase 3 
 
 
 
 
Fase 4 
Metformina 
Rosiglitazona 
Pioglitazona 
Acarbose 
Sitagliptina 
Vildagliptina 
Saxagliptina 
Combinações ou 
monoterapia 
com 
Sulfonilureias, 
Repaglinida, 
Nateglinida 
Sitagliptina, 
Vildagliptina, 
Saxagliptina 
Combinação 
com insulina 
noturna 
Insulinização 
plena opcional: 
manter 
sensibilizador de 
insulina 
 
 
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111 
 
 
155 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
 
Insulinas 
 
A insulina é um hormônio necessário ao metabolismo normal de carboidratos, proteínas e 
gorduras. Usuários com DM1 apresentam deficiência de secreção de insulina devido à falência 
das células beta pancreáticas enquanto usuários com DM2 apresentam nas fases iniciais 
hiperinsulinemia e resistência à ação da insulina e somente posteriormente apresentam 
falência pancreática com deficiência de secreção deste hormônio.47 
No quadro 68 são apresentadas as principais características das preparações insulínicas 
disponíveis no mercado brasileiro. 
Quadro 68: Características das insulinas 
 
Onde: NPH = Neutral Protamine de Hagedorn. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111 
 
 
 
 
 
 
 
 
156 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Na Figura 8 observa-se o perfil de ação das preparações insulínicas disponíveis no Brasil. 
 
Figura 8: Perfil de ação das preparações insulínicas 
 
 
Insulinização oportuna do diabetes mellitus tipo 2 
 
 Ao diagnóstico 
Glicemia acima de 250 mg/dl com um ou mais dos seguintes critérios: 
- Perda de peso significativa 
- Sintomas graves e significantes 
- Cetonúria 
Se o usuário apresentar glicemia acima de 250 mg/dl, cetoacidose diabética ou estado 
de hiperosmolaridade e/ou doença grave será necessária a hospitalização47. 
 
 Ao longo do tratamento 
Quando a combinação de drogas orais não for eficaz para atingir um bom controle 
glicêmico, deve-se iniciar de forma oportuna a insulinoterapia, obedecendo a um 
processo de reposição progressiva com base na evolução dos resultados da HbA1c. Em 
algumas situações como a gravidez, intercorrências clínicas graves, insuficiência renal 
ou hepática, cirurgias a insulinoterapia oportuna também deve ser realizada. 
 
157 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Figura 9: Insulinização oportuna no diabetes mellitus tipo 2 
 
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111 
 
 
Insulinização noturna do diabetes mellitus tipo 2 
 
 Usuários com glicemias de jejum acima de 160 mg/dL e HbA1c elevadas em uso de 
doses máximas de antidiabéticos orais devem iniciar com insulinoterapia noturna. 
Manter a mesma dose das medicações e iniciar com insulina NPH preferencialmente 
ou análogo de ação prolongada (glargina ou detemir) ao deitar.7,47 A dose da insulina 
NPH varia de 0,1 UI/Kg/dia (usuários magros) a 0,2 UI/Kg/dia (usuários obesos). 
Aumentar gradualmente 2 unidades, a cada 3 dias, até o máximo de 14 UI. Se o 
usuário apresentar hipoglicemia, reduzir 4 unidades. Quando não se obtém o controle 
adequado a insulinização plena pode ser necessária e vários esquemas podem ser 
utilizados, desde o convencional (2 doses diárias) até o intensivo com múltiplas doses 
(3 ou mais doses diárias). O fluxograma 7 sistematiza a insulinização ao deitar. 
 
 
158 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
 Fluxograma 7 - Insulinização ao deitar 
 
Onde: UI = unidade internacional; Kg = quilograma; mg/dL = miligramas/decilitros; Hb = 
hemoglobina 
 
 
 
 
 
159 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Insulinização plena 
 
 Usuários em tratamento combinado com drogas orais e insulina ao deitar que mantêm 
controle inadequado devem iniciar com insulinização plena. Vários esquemas podem 
ser utilizados, desde o convencional (2 doses diárias) até o intensivo com múltiplas 
doses (3 ou mais doses diárias), conforme descrito a seguir. Nesta fase, as medicações 
que estimulam a secreção da insulina podem ser retiradas e mantidas aquelas que 
agem na sensibilização da insulina (metformina ou glitazonas). Porém esta terapêutica 
combinada leva à retenção hídrica com aumento do peso corporal e edema, 
principalmente quando se associa insulina com glitazona, devendo esta ser prescrita 
com cautela em indivíduos com insuficiência cardíaca (IC). Usuários com IC estágio III 
apresentam contra-indicação para o uso das glitazonas. 
 O esquema convencional utiliza 2 doses de insulina intermediária (NPH) ou 1 dose de 
insulina de ação prolongada (glargina ou determir) para a suplementação basal. 
 O esquema intensivo com múltiplas doses utiliza 3 ou mais aplicações diárias de 
insulina intermediária (NPH) ou 1 dose de insulina de ação prolongada (glargina ou 
determir) para a suplementação basal. 
 A insulina regular ou análogos de ação ultrarrápida são utilizados para ajustes antes 
das refeições dependendo dos resultados das glicemias capilares.47 
 A insulina NPH apresenta pico de ação de 4 a 10 horas e duração do efeito por 10 a 18 
horas. 
 
O fracionamento das doses de insulina NPH se encontra no quadro abaixo. 
 
Quadro 69: Fracionamento das doses de insulina NPH 
Antes do café Antes do almoço Antes do jantar Antes de deitar 
2/3 NPH 
1/3 NPH 
 
1/3 NPH 
 1/3 NPH 
1/3 NPH 
Onde: NPH = Neutral Protamine de Hagedorn. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes 20111. 
 
 O esquema de fornecimento da maior parte da dose de insulina NPH pela manhã 
aumenta o risco de hipoglicemia antes do almoço e ao final da tarde, necessitando de 
aumentar a ingestão de lanches em torno das 10 h e à tarde, entre 16 e 17 h, o que 
resulta em uma maior ingestão calórica, ganho de peso e piora do controle do DM. Da 
mesma forma, a administração de insulina NPH antes de jantar aumenta o risco de 
hipoglicemia pela madrugada sendo mais indicado utilizá-la antes de dormir. 
 O efeito da insulina NPH administrada à noite pode ser avaliado pelas glicemias de 
jejum ou ainda glicemias da madrugada. Esta administração noturna é realizada com a 
 
160 
 
 
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finalidade de diminuir a produção hepática noturna de glicose e consequentemente 
controlar as glicemias de jejum. 
 O efeito da insulina NPH administrada pela manhã pode ser avaliado pela glicemia 
antes do almoço e antes do jantar.47 
 A insulina glargina não apresenta um pico de ação e tem uma duração de 22 a 24 
horas sendo utilizada para promover níveis basais contínuos de insulina mimetizando a 
liberação fisiológica da mesma.47 
 A insulina detemir apresenta pico de ação de 6 a 8 horas e duração do efeito por 18 a 
22 horas podendo ser necessária a utilização de 2 doses diárias.47 
 A insulina regular apresenta pico de ação de 2 a 3 horas e duração do efeito por 5 a 8 
horas devendo ser utilizada meia hora antes das
refeições ou em situações de 
descompensação aguda em esquemas de injeções múltiplas. Seu efeito pode ser 
avaliado pelas glicemias pós-prandiais. 
 As insulinas ultrarrápidas apresentam pico de ação de 0,5 a 2 horas e duração do 
efeito por 3 a 5 horas permitindo serem utilizadas no início das refeições ou em 
situações de descompensação aguda em esquemas de injeções múltiplas. Seu efeito 
pode ser avaliado pelas glicemias pós-prandiais. 
 
Insulinização do diabetes mellitus tipo 1 
 
 A dose total de insulina para DM1, com diagnóstico recente, varia de 0,5 a 1 UI/kg/dia, 
porém em alguns casos doses maiores podem ser necessárias. Esta dose total deve ser 
dividida segundo esquemas apresentados anteriormente.47 
 Os ajustes devem ser feitos individualmente dependendo dos resultados das glicemias 
capilares.47 
 Em casos de hipoglicemia grave pode ser necessário utilizar análogos de insulina ou 
bomba de infusão de insulina.47 
 
A recomendação que se segue sistematiza o esquema terapêutico para tratamento de usuários 
com DM2 com as medicações disponíveis no Programa Farmácia de Minas. 
 
 Anti-diabéticos orais: Metformina, Sulfoniluréia 
 Insulina NPH, ao deitar 
 Insulinização plena 
 
 
 
 
161 
 
 
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Orientações da Sociedade Brasileira de Diabetes para insulinização dos 
usuários diabéticos 
 
Aplicação de insulina 
 
O desenvolvimento de habilidades específicas para a utilização da insulina deverá ser o foco 
principal do educador. 
A aplicação de insulina deve seguir rigorosa padronização, observando-se atentamente cada 
etapa, para que erros técnicos sejam evitados, com conseqüente prejuízo no controle do 
usuário. 
 
Os instrumentos disponíveis para a aplicação da insulina 
 
Os instrumentos disponíveis para a aplicação da insulina são as seringas, canetas injetoras e 
bombas de infusão. 
 
Seringas e agulhas 
 
As escalas das seringas devem corresponder à concentração de U-100. As seringas com agulha 
removível possuem em sua ponta um espaço morto que armazena até 5 UI de insulina. Essa 
insulina não é computada na escala numérica, nem administrada ao usuário, podendo ser 
usada com segurança em aplicações com um único tipo de insulina. O único inconveniente é o 
desperdício do produto. Essa seringa não deve ser utilizada para retirar a mistura de insulinas 
na mesma seringa, pois ocorreria erro na dosagem. 
As seringas com agulha acoplada (fixa) com opções em tamanho de agulhas 12,7 x 0,33mm e 8 
x 0,3mm possuem apresentação em volumes diferenciados de 0,3 ml (30 UI) e 0,5 ml (50 UI) 
para prescrição de até 30 e 50 UI respectivamente, com graduação de uma em uma unidade. A 
seringa de 1ml (100 UI) para prescrição de até 100 UI possui graduação de duas em duas 
unidades. 
A espessura da pele no local da injeção em adultos com DM varia minimamente por 
características demográficas, incluindo IMC (por exemplo: pessoas obesas têm dimensões 
semelhantes as da pele de uma pessoa com peso normal ou baixo peso). Outro estudo sobre a 
espessura da epiderme indicou que a espessura máxima total é de aproximadamente 2,4 mm, 
independente do sexo, IMC, idade adulta ou origem étnica. 
 
162 
 
 
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 Recomendações para crianças e adolescentes 
Canetas: agulhas de 4, 5 ou 6 mm. 
Seringas: agulhas de 8 mm (angulação de 45 o e prega cutânea). 
 Adultos (incluindo obesos) 
Canetas: agulhas de 4, 5 e 6 mm 
Agulha de 4 mm: ângulo de 90 o, prega dispensável se não for magro. 
Agulha de 5 mm: ângulo de 90 o, prega dispensável se não for magro. 
Agulha de 6 mm: ângulo de 90 o graus e prega cutânea necessária ou ângulo de 45o. 
Seringas: agulhas de 8 mm - ângulo de 90 o graus e prega cutânea, se for magro ângulo 
de 45 o e prega cutânea. 
 Gestantes 
Sempre fazer a prega cutânea em qualquer local de aplicação 
Evitar o uso do abdômen como local de aplicação no último trimestre de gestação 
Em usuários magros é recomendada a utilização das nádegas como região para 
aplicação de insulina. 
Canetas: 5 mm e ângulo de 45o 
Seringas: agulha de 8 mm e ângulo de 45o 
 
 
Canetas injetoras 
 
É mais um instrumento que auxilia o usuário em suas aplicações de insulina, principalmente 
com o uso de múltiplas doses diárias (MDI). Encontram-se hoje no mercado brasileiro canetas 
descartáveis e reutilizáveis. As misturas de insulinas não podem ser feitas nas canetas 
injetoras. 
 
Bomba de infusão de insulina 
 
Estes aparelhos permitem simular o que acontece na fisiologia normal, com liberação contínua 
de insulina (basal) e por meio de pulsos (bolus) no horário das refeições, ou para corrigir a 
hiperglicemia, sendo capazes de proporcionar grande flexibilidade ao estilo de vida, 
particularmente em relação aos horários das refeições e viagens. 
 
 
 
 
 
163 
 
 
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Local de aplicação da insulina 
 
Devem-se realizar as aplicações de insulina no tecido subcutâneo que se situa abaixo da derme 
e é constituído por células adiposas e extensa rede de capilares, os quais possibilitam absorção 
lenta, garantindo o seu perfil farmacocinético. As regiões mais recomendadas para aplicação 
de insulina subcutânea encontram-se listadas a seguir e podem ser visualizadas na figura 10. 
 Abdome: regiões lateral direita e esquerda, distantes de 4 a 6 cm da cicatriz umbilical. 
 Coxa: face anterior e lateral externa. Em adultos compreende a região entre 12 e 15 
cm abaixo do grande trocanter e de 9 a 12 cm acima do joelho, em uma faixa de 7 a 10 
cm de largura. Em crianças a região é a mesma, respeitando-se a proporcionalidade 
corporal. 
 Braço: face posterior. 
 Nádega: quadrante superior lateral externo da região glútea. 
 
 
Figura 10: Áreas de aplicação de insulina. 
 
O rodízio nos locais de aplicação é importante na prevenção de lipo-hipertrofia que se 
caracteriza por uma alteração no tecido adiposo decorrentes da aplicação de insulina sempre 
no mesmo local. Recomenda-se evitar a aplicação em uma mesma região e a distância entre as 
aplicações deve ser de aproximadamente 2 cm uma da outra. 
 
164 
 
 
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Cada região de aplicação da insulina apresenta uma velocidade de absorção, sendo maior no 
abdome, seguido de braços, coxas e nádegas. 
A prática esportiva aumenta o fluxo sangüíneo e, conseqüentemente, a absorção torna-se 
mais rápida, portanto é desaconselhável a aplicação de insulina, na região do corpo que será 
mais utilizada durante o exercício. 
A escolha do local de aplicação e o rodízio contribuem positivamente para a absorção da 
insulina e deverão ser discutidos e acordados junto ao diabético. A insulina regular deve ser 
aplicada preferencialmente no abdômen para aumentar a taxa de absorção, enquanto a NPH 
deve ser aplicada, preferencialmente, nas coxas ou nas nádegas, para retardar a absorção e 
reduzir o risco de hipoglicemia. 
 
Absorção da insulina 
 
Vários fatores podem influenciar a absorção ou biodisponibilidade da insulina: 
 Local da aplicação 
 Profundidade da aplicação 
 Concentração e dose da insulina 
 Degradação fisiológica da insulina no local da aplicação 
 Variação entre usuários da farmacocinética da insulina 
 
Técnica de aplicação de insulina 
 
 Lavar cuidadosamente as mãos. Reunir todo o material necessário, ou seja, insulina 
prescrita, seringa com agulha e algodão embebido em álcool 70%. 
 As insulinas NPH e as pré-misturas devem ser homogeneizadas lentamente, 20 vezes 
antes de cada aplicação,
garantindo a ação da insulina, rolando o frasco com 
movimentos interpalmares suaves, tomando o cuidado de não agitar o frasco 
vigorosamente, até a mistura ficar homogênea. 
 Realizar a desinfecção da borracha do frasco de insulina com algodão embebido em 
álcool 70%. Retirar o protetor do êmbolo, mantendo o protetor da agulha, puxar o 
êmbolo, por sua extremidade inferior, até a graduação correspondente à dose de 
insulina prescrita, tomando o cuidado de não tocar a parte interna do êmbolo (figura 
11). 
 
 
165 
 
 
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Figura 11: Técnica de aplicação insulina etapa 1 
 
 Retirar o protetor da agulha e injetar o ar dentro do frasco de insulina, previamente 
desinfetado, pressionando o êmbolo até o seu final, sem retirar a agulha (figura 12). 
Figura 12: Técnica de aplicação insulina etapa 2 
 
 Posicionar o frasco de cabeça para baixo e puxar o êmbolo até a dose prescrita, 
tomando o cuidado de não tocar a parte interna do êmbolo. Se houver presença de 
bolhas de ar é possível eliminá-las golpeando-as com as pontas dos dedos e assim que 
as bolhas atingirem o bico da seringa empurrar o êmbolo novamente e aspirar a 
quantidade de insulina que falta. As pequenas bolhas de ar não são perigosas se 
injetadas, mas sua presença reduz a quantidade de insulina a ser administrada. Retirar 
a agulha do frasco, protegendo-a até o momento da aplicação (figura 13). 
 
166 
 
 
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Figura 13: Técnica de aplicação insulina etapa 3 
 
 Realizar a antissepsia da pele com algodão embebido em álcool a 70% e esperar o 
mesmo secar. Fazer uma prega subcutânea preferencialmente com os dedos polegar e 
indicador. Introduzir a agulha num ângulo de 90 graus. Manter a prega durante a 
injeção de insulina aguardando no mínimo 5 a 10 segundos antes da retirada da 
agulha. Em seguida, desfazer a prega. A prega subcutânea é dispensável quando 
utilizadas agulhas de 4 mm, 5 mm e 6 mm em adultos. Recomenda-se a prega 
subcutânea para crianças, adolescentes e adultos, quando a região escolhida para a 
aplicação for escassa de tecido subcutâneo, independentemente do comprimento da 
agulha utilizada. 
 Recomenda-se um ângulo de 90 graus quando o comprimento da agulha for 
adequado. Caso o tamanho da agulha seja maior que a indicada o ângulo de aplicação 
deverá ser de 45 graus. 
 A aspiração após a introdução da agulha é desnecessária quando se utiliza técnica e 
equipamento adequados. 
 
Técnica de mistura de insulinas 
 
Para melhorar o perfil glicêmico de alguns usuários a é comum a prática de misturar dois tipos 
de insulina na mesma seringa. Nem todas as insulinas podem ser associadas. No quadro 70 as 
orientações para realizar associações de insulinas podem ser observadas. 
 
 
 
 
167 
 
 
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Quadro 70: Orientações para associações de insulina 
Insulina Associação Orientação (se pertinente) 
NPH e Regular Sim Aspirar primeiro a insulina Regular 
NPH e ultra-rápida Sim Utilizar imediatamente após o 
preparo 
Regular e lenta Não 
Glargina ou Detemir com outra 
insulina 
Não 
Onde: NPH = Neutral Protamine de Hagedorn. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111 
 
Técnica de preparo da mistura de insulinas 
 
 Lavar as mãos com água e sabão. 
 Separar a seringa e as insulinas. 
 Rolar o frasco de insulina de aspecto leitoso (NPH), levemente entre as mãos, no 
mínimo 20 vezes, para garantir a homogeneização e ação correta da insulina. 
 Fazer assepsia da borracha dos frascos com álcool 70%. 
 Introduzir uma quantidade de ar na seringa igual à dose de insulina NPH prescrita pelo 
seu médico. 
 Injetar o ar dentro do frasco que contém a insulina NPH. Sem extrair a insulina, retirar 
a agulha. 
 Introduzir uma quantidade de ar na seringa igual à dose de insulina REGULAR ou 
ULTRARRÁPIDA prescrita pelo seu médico. 
 Injetar o ar dentro do frasco que contém insulina REGULAR ou ULTRARRÁPIDA. 
 Neste momento começar a aspiração da insulina: virar o frasco e aspirar a insulina 
lentamente até a marca da escala que indica a quantidade de insulina REGULAR/ 
ULTRARRÁPIDA prescrita. 
 Retornar o frasco para a posição inicial e retirar a agulha lentamente. 
 Pegar o frasco de insulina NPH. Com a mesma seringa que já contém a insulina 
Regular/Ultrarrápida, introduzir a agulha nesse frasco de insulina NPH, segurando no 
corpo da seringa para não perder a insulina Regular/ Ultrarrápida que está na seringa. 
 Aspirar lentamente a insulina NPH prescrita. O total preparado dentro da seringa deve 
corresponder à soma das insulinas NPH + REGULAR/ ULTRARRÁPIDA prescrita pelo seu 
médico. 
 Retirar a agulha do frasco, e prosseguir obedecendo às mesmas recomendações 
citadas na técnica de aplicação de insulina. 
 
 
168 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Observação: Se a quantidade aspirada for maior do que a necessária, descartar as insulinas da 
seringa e reiniciar o procedimento. 
 
Reutilização de seringas e agulhas 
 
No Brasil, considerando que as garantias de fabricação e esterilidade dos produtos são 
garantidas pelos fabricantes apenas no primeiro uso, as embalagens das agulhas e seringas 
trazem a recomendação de uso único impressa, conforme exigência da Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (ANVISA) – Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 156, de 11 de agosto de 
2006.1 
 
Em situações de extrema necessidade, se o paciente e a família optarem pelo 
reaproveitamento, a técnica asséptica deverá ser rigorosamente orientada e observada, como 
a higiene correta das mãos, o uso do álcool a 70% para assepsia da borracha do frasco de 
insulina e da pele. A seringa deve ser reencapada em local limpo e seco, não deve ser lavada 
em água corrente ou passada em álcool, e deve ser realizada uma aspiração de pequena 
quantidade de ar para evitar obstrução da agulha. 1 
O usuário deve ser informado sobre a necessidade de observar rigorosamente as áreas de 
aplicação da insulina para detecção de possíveis infecções ou processos inflamatórios e 
também deve ser informado sobre possíveis alterações na absorção da insulina.1 
As complicações da insulinoterapia podem ser observadas no quadro 71. 
 
Quadro 71: Complicações da Insulinoterapia 
Tipo Explicação 
Hipoglicemia 
 
Está associada ao uso de doses incorretas de insulina, 
aplicação intramuscular, omissão de refeições e realização de 
exercícios físicos sem os cuidados necessários. Outros fatores 
que podem causar hipoglicemia são a insuficiência adrenal, 
tireoideana, hipofisária, renal, hepática e o uso de álcool. O 
uso de beta-bloqueadores pode mascarar os sintomas da 
hipoglicemia. 
Lipodistrofia O tipo mais comum é a lipo-hipertrofia e os principais fatores 
de risco para o seu desenvolvimento são o tempo de uso da 
insulina, a freqüência do rodízio nos pontos de aplicação e a 
quantidade de vezes que a agulha é reutilizada na 
autoaplicação. Nessas regiões a sensibilidade à dor pode 
diminuir significativamente. A absorção da insulina é lenta e 
irregular levando à hiperglicemia. O usuário deve ser 
orientado: 
 
169 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 Evitar este local de aplicação da insulina. 
 Realizar um rodízio nos locais de aplicação da insulina. 
 Sobre os riscos da reutilização de agulhas. 
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111 
 
2.8 Complicações agudas 
 
2.8.1. Crises hiperglicêmicas 
 
A cetoacidose diabética (CAD) e o estado hiperglicêmico hiperosmolar (EHH) são complicações 
agudas graves do DM. A taxa de mortalidade da CAD é
menor que 5% enquanto a do EHH esta 
em torno de 15%. O prognóstico de ambas depende das condições de base do usuário com 
piora sensível em idosos, gestantes e portadores de doenças crônicas.47 
Os fatores precipitantes das crises hiperglicêmicas encontram-se listados no quadro 72. 
 
Quadro 72: Fatores precipitantes das crises hiperglicêmicas 
Fatores precipitantes 
Infecções de vias aéreas superiores, pneumonias e infecções do trato urinário 
Acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio, traumas 
Ingestão excessiva de álcool 
Distúrbios psiquiátricos 
Uso de antipsicóticos atípicos 
Uso de drogas lícitas e/ou ilícitas 
Uso de bomba de insulina (obstrução parcial ou total do cateter) 
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111 
 
Os mecanismos básicos na patogênese das crises hiperglicêmicas são a redução na 
concentração efetiva de insulina circulante e a liberação excessiva dos hormônios contra-
reguladores. Como conseqüência ocorrerá hiperglicemia, hiperosmolaridade no espaço 
extracelular e liberação de ácidos graxos livres do tecido adiposo que serão oxidados em 
corpos cetônicos. No EHH a concentração de insulina é inadequada para facilitar a utilização da 
glicose nos tecidos periféricos, mas é suficiente par impedir a lipólise acentuada e a 
cetogênese que normalmente ocorrem na CAD. Como manifestações clínicas se observam a 
diurese osmótica, desidratação intensa, sonolência, torpor e coma.47 
 
 
 
170 
 
 
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O diagnóstico diferencial pode ser realizado segundo os parâmetros laboratoriais descritos no 
quadro 73. 
Quadro 73: Critérios diagnósticos na avaliação laboratorial das crises hiperglicêmicas 
Critérios CAD EHH 
Glicemia > 250 mg/dL > 600 mg/dL 
pH arterial < 7,3 >= 7,3 
Bicarbonato sérico > 15 mEq/L > 18 mEq/L 
Cetonemia e cetonúria Variável Discretas 
Osmolaridade sérica Normal > 320 mOsmol/Kg 
Ânion gap Aumentado Normal 
Onde: CAD = cetoacidose diabética; EHH = hiperglicêmico hiperosmolar; mg/dL = 
miligrama/decilitro; mEq/L = miliequivalente/litro; mOsmol/Kg = miliosmol/quilograma. 
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111 
 
Outras manifestações laboratoriais incluem: leucocitose, aumento das escórias nitrogenadas, 
distúrbios eletrolíticos, hipertrigliceridemia e hiperamilasemia. 
Os objetivos do tratamento são a correção da desidratação, dos distúrbios eletrolíticos e ácido-
básicos, a redução da glicemia e da osmolaridade e a identificação e tratamento do fator 
precipitante.47 Maior detalhamento sobre o tratamento encontra-se no quadro 74. 
 
Quadro 74: Tratamento das crises hiperglicêmicas 
Correção de desidratação 
Solução salina isotônica 15 a 20 ml/Kg/h se funções cardíaca e renal normais. 
Se sódio normal ou elevado pode-se utilizar solução hipotônica (NaCl 0,45% em uma média 
de 4 a 14 ml/Kg/h). 
Se função renal normal iniciar infusão de potássio 20 a 30 mEq/L com o objetivo de mantê-
lo entre 4 a 5 mEq/L. 
Correção de acidose e da hiperglicemia 
Insulina regular ou ultrarrápida preferencialmente por via intravenosa (IV) em infusão 
contínua na dose de 0,1 UI / Kg / h (5 a 7 UI / h). Em casos leves ou moderados pode-se 
utilizar insulina regular intramuscular (IM) ou análogos ultrarrápidos subcutâneos (SC). 
Quando a concentração de glicose atingir 250 mg/dL, ou menos, na CAD, ou 300 mg/dL, ou 
menos, no EHH, iniciar o esquema de insulinização SC com insulina regular ou análogos 
ultrarrápidos de 4/4 h. 
Critérios de controle da CAD: 
Glicemia < 200 mg/dL 
Bicarbonato sérico > 18 mEq/L 
pH > 7,3 
Assim que for alcançado o controle e o usuário conseguir se alimentar, iniciar o uso de 
insulina basal e múltiplas doses de insulina de ação rápida ou ultrarrápida. 
 
171 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
A utilização de bicarbonato na CAD é controversa, mas a literatura considera prudente o 
uso em baixas doses quando pH < 7,1. 
Complicações mais frequentes na CAD e EHH 
Hipoglicemia 
Hipopotassemia 
Edema cerebral (raro no adulto) 
Onde: CAD = cetoacidose diabética; EHH = hiperglicêmico hiperosmolar; ml/Kg/h = 
miligrama/decilitro/hora; mEq/L = miliequivalente/litro; UI/h = unidade internacional/hora; 
pH = potencial hidrogeniônico. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 20111 
 
 
172 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
2.9 Referências 
 
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377(9781):1949-61. 
4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de 
Gestão Estratégica e Participativa. Vigitel Brasil 2011: Vigilância de fatores de 
risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico/Ministério da 
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e 
Participativa. Brasília, Ministério da Saúde, 2012. 
5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Diabetes Mellitus / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção 
à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 
2006. 64 p. il. – (Cadernos de Atenção Básica, n. 16) (Série A. Normas e Manuais 
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6. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Subsecretaria de Vigilância em 
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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
SEÇÃO 3: DOENÇA RENAL CRÔNICA 
 
3.1. Definição e epidemiologia 
 
Por definição, apresenta DRC qualquer indivíduo que, independente da causa, e por um 
período superior a 3 meses, apresentar TFG <60 mL/min/1,73m2 ou 60 mL/min/1,73m2, 
associada a pelo menos um marcador de lesão do parênquima renal (p. ex., micro ou 
macroalbuminúria e/ou hematúria e/ou alteração de imagem renal).1 
No último censo sobre terapia renal substitutiva (TRS), realizado pela Sociedade Brasileira de 
Nefrologia, a HAS e o DM foram identificados, mais uma vez, como as principais causas de 
DRC.2 Contudo, até o momento, não existe estudo nacional sobre a prevalência da DRC nos 
estágios não dialíticos. 
Para fins de programação e baseando-se na observação de que as causas e fatores de risco 
para a DRC no Brasil são semelhantes as dos Estados Unidos e da Europa, a SES/MG estima 
que 10,5 a 13,1% dos adultos mineiros (com idade igual ou maior a 18 anos) apresentem DRC 
em um dos seus estágios.3 
 
3.2. Prevenção da doença renal crônica nos usuários hipertensos e 
diabéticos 
 
Rastrear os usuários hipertensos e diabéticos permite o diagnóstico precoce da DRC, 
particularmente nos estágios iniciais, quando a doença é assintomática, e possibilita a 
implementação de intervenções que diminuam a velocidade de progressão e as complicações 
da doença.1,4 A HAS é altamente prevalente na doença renal diabética.5 
A HAS pode ser tanto causa como consequência da DRC e contribui desfavoravelmente no 
prognóstico da doença renal e suas comorbidades cardiovasculares.5,6 O nível pressórico, 
juntamente com a quantidade de albuminúria, constituem os dois fatores com impactos mais 
adversos na velocidade de diminuição da TFG nos usuários hipertensos. No tratamento da 
HAS, em usuários com DRC, deve-se considerar e priorizar as medicações com comprovada 
eficácia de proteção renal e cardiovascular.1,4-6 
 
179 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
A doença renal diabética é a segunda causa de falência funcional renal com necessidade de 
TRS no Brasil.2 Usuários com diagnóstico recente de DM, ou sabidamente diabéticos, 
acompanhados por sete anos, apresentam chance de 71% e 93%, respectivamente, de 
desenvolverem DRC quando comparados aos indivíduos normoglicêmicos no período basal do 
estudo.7 Nestes usuários, o controle glicêmico rigoroso reduz a ocorrência de 
microalbuminúria e de macroalbuminúria (ou proteinúria).8 Adicionalmente, é importante 
ressaltar que o controle rigoroso da pressão arterial reduz a ocorrência de microalbuminúria 
em usuários com DM.9 
 
Recomendação 
 
Em usuários com HAS e DM, o rastreio da doença renal crônica por meio da avaliação funcional 
renal (TFG) e documentação de lesão de parênquima renal (albuminúria e/ou hematúria e/ou 
alteração de imagem) deve ser realizado quando do diagnóstico e, se negativo, repetido 
anualmente. 
 
3.3. Diagnóstico da doença renal crônica 
 
O diagnóstico da DRC baseia-se na documentação da diminuição da TFG e lesão do 
parenquima renal (Fluxogramas números 8 e 9 – item 3.7 “Anexos”). 
A utilização da creatinina sérica, isoladamente, para estimar a TFG é insatisfatória pelos 
seguintes motivos: 1) A creatinina é produzida nos músculos e, consequentemente, depende 
da massa muscular, devendo ser ajustada para fatores que influenciam este parâmetro, 
quando empregada para determinação da TFG; e 2) a relação inversa da creatinina com a TFG 
não é uma relação direta (linear) e, por isso, o nível de creatinina sérica só aumentará após a 
TFG ter decaído cerca de 50%-60% de seu valor normal.1,4,10 
A TFG é a melhor medida geral da função renal e a mais facilmente compreendida pelos 
profissionais de saúde e pelos usuários. Estimar TFG permite uma medida mais acurada da 
função renal do que a dosagem isolada da creatinina sérica, particularmente em usuários 
idosos, além de alertar para a necessidade de ajuste da dosagem de medicações de excreção 
renal quando necessária.1,4,11 As equações ou fórmulas de estimativa da TFG são amplamente 
disponíveis, sendo as mais utilizadas a de Cockcroft e Gault (CG),12 a desenvolvida para o 
estudo Modification of Diet in Renal Diseases (MDRD)13 e, mais recentemente, a equação do 
grupo Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI).14 
A equação de CG estima a depuração da creatinina e foi desenvolvida em homens 
caucasianos hospitalizados, com idade de 18 a 92 anos e com função renal normal. 
 
180 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Não foi padronizada para a área de superfície corporal de 1,73m2
e necessita de 
correção para as mulheres. Como o peso encontra-se na parte superior da fórmula, a 
equação de CG sistematicamente superestima a depuração creatinina em indivíduos 
obesos e edemaciados.12 
A equação do estudo MDRD foi originalmente desenvolvida em usuários com DRC e não incluiu 
indivíduos saudáveis. O padrão-ouro usado no desenvolvimento da equação MDRD foi a 
depuração de iotalamato e, portanto, estima a TFG em mL/min/1,73m
2
.7 Atualmente, uma 
fórmula abreviada do MDRD com “quatro variáveis” tem sido recomendada, porque seu 
desempenho é tão bom quanto a equação original.13 As TFG calculadas com a equação do 
MDRD e a TFG real (determinada) são muito próximas para resultados <60 mL/min/1,73 m
2
, 
enquanto a TFG excede a taxa estimada por um valor pequeno quando a TFG é >60 
mL/min/1,73 m
2
.11 
O grupo Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI) desenvolveu, a partir de 
coorte que incluiu indivíduos com e sem DRC, uma nova equação que é uma variação da 
fórmula do MDRD. A equação, denominada de CKD-EPI, usa as mesmas quatro variáveis que a 
equação do MDRD, mas, comparativamente, apresenta melhor desempenho e previsão de 
risco. As observações de menor viés e maior acurácia da equação CKD-EPI relativamente à 
equação do estudo MDRD, em particular nas faixas de TFG >60 mL/min/1,73 m2, constitui o 
racional para preconizar o seu uso clínico em substituição às equações de estimativa da TFG 
até então utilizadas.14 
A estimativa da TFG pode ser realizada, de maneira simples, e por todos os membros que 
compõem a equipe de saúde, através de nomogramas. Os nomogramas 1 (para mulheres) e 2 
(para homens), constantes do item 3.7 “Anexos”, foram construídos para estimar a TFG a 
partir da fórmula CKD-EPI, utilizando três das quatro variáveis que compõem a equação CKD-
EPI: idade (nos limites de 18 a 80 anos), sexo e creatinina sanguínea (nos limites de 0,6 a 5 
mg/dL).15 A quarta variável, raça negra, foi omitida pois é importante somente para a 
população dos Estados Unidos da América. 
A documentação da lesão do parênquima renal é o outro componente da definição de DRC. 
Particularmente nos casos em que a TFG for > 60mL/min/1,73 m
2
, o diagnóstico de DRC só 
pode ser estabelecido, se houver documentação de lesão do parênquima renal.
1,4,5
 
A albuminúria é o marcador de lesão do parênquima renal mais amplamente utilizado.
1,4,5
 É 
um achado frequente e precoce nas lesões glomerulares decorrentes da hipertensão arterial e 
do diabetes.
1,4,5
 A utilização das fitas de imersão para a pesquisa de albuminúria (método 
semi-quantitativo) só detecta níveis de albuminúria>300 mg/g de creatinina 
(macroalbuminúria ou proteinúria). O resultado positivo para albuminúria, na fita de imersão, 
demanda a quantificação da perda urinária de albumina, através da sua determinação na urina 
coletada em 24 horas ou através da relação proteína/creatinina na primeira amostra urinária 
da manhã.
1,4,5
 
 
181 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
A observância de resultado negativo para albuminúria com fita de imersão, em usuários 
hipertensos e/ou diabéticos, indica a necessidade da pesquisa de microalbuminúria, a qual 
pode ser realizada em amostra urinária isolada (relação albumina/creatinina) ou em urina 
coletada em 12 horas ou 24 horas (Quadro 75).
16 
 
Quadro 75. Valores de albuminúria de acordo com a técnica de coleta urinária 
Amostra urinária Unidade Sexo Valor anormal 
Coleta de 24 horas MG Ambos 30-300 
Coleta de 12 horas noturna μg Alb/min Ambos 20-200 
Amostra isolada (primeira da 
manhã) 
mg Alb/ g Cr Homens 
Mulheres 
>17 
>20 
Onde: mg = miligrama; μg = micrograma; Alb = albumina; g = grama; Cr = creatinina. Fonte: 
K/DOQI 2007.5 
 
A quantificação da albuminúria em usuários hipertensos e diabéticos permite prever 
usuários que evoluirão com perda funcional renal, usuários com maior propensão a 
desenvolver complicações cardiovasculares e usuários com maiores chances de óbito 
no curso da doença.1,4-9 
 
Recomendações 
 
 Em usuários com HAS e DM, o diagnóstico da DRC deve se basear na estimativa da 
TFG, a partir da dosagem da creatinina sérica. 
 Em usuários com diagnóstico de HAS ou DM, a comprovação de lesão do 
parênquima renal deve ser realizada através da documentação de quantidades 
anormais de albumina na urina, devendo ser repetida anualmente, se negativa. 
 
3.4. Estadiamento da doença renal crônica 
 
A DRC é, atualmente, estratificada em estágios de um a cinco, de acordo com a TFG do 
usuário.
1 
Em reunião de consenso recente, os debatedores propuseram manter a classificação 
da DRC em cinco estágios, mas subdividindo o estágio 3 em 3A e 3B.
17 
O estadiamento da DRC 
permite identificar os usuários com maior probabilidade de apresentar as complicações e 
 
182 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
comorbidades da doença, bem como aqueles com maior chances de progressão para falência 
funcional renal e necessidade de tratamento dialítico ou transplante renal, além de 
uniformizar a terminologia empregada, facilitando a comunicação entre os profissionais de 
saúde e destes com o usuário e seus familiares.
1,3,16 
A diminuição progressiva da TFG se associa com níveis de hemoglobina diminuídos, 
cálcio baixo e fósforo aumentado e acidose metabólica.1,4 Consequentemente, 
estratificar a TFG estimada é recomendado, no diagnóstico precoce das complicações 
metabólicas da DRC.1 A redução da TFG para valores <45 mL/min/1,73 m2 (estágios 3B, 4 
e 5) é um preditor importante de doença cardiovascular futura e de necessidade de TRS 
(diálise ou transplante renal).
1,17 
O Quadro 76 apresenta a classificação da DRC, proposta pela NKF KDOQI™
1
, recentemente 
referendada pela fundação Kidney Disease Improving Global Outcomes (KDIGO), em reunião 
de consenso sobre definição, classificação e estratificação de risco da DRC.
17 
 
Quadro 76. Estágios da doença renal crônica baseados na taxa de filtração glomerular e 
presença ou não de lesão do parênquima renal 
Estágio da DRC TFG (mL/min/1,73 m2) Lesão do parênquima renal 
1 90 Sim 
2 60-89 Sim 
3A 45-59 Sim ou não 
3B 30-44 Sim ou não 
4 15-29 Sim ou não 
5 <15 Sim ou não 
Onde: DRC = doença renal crônica; TFG = taxa de filtração glomerular; 
mL/min/m2=mililitro/minuto/metro quadrado. Fonte: K/DOQI 2007.5 
 
 
Recomendação 
 
A DRC, decorrente da HAS e DM, deve ser estadiada, objetivando identificar os usuários 
nos estágios assintomáticos da doença e aqueles com maiores chances de desfechos adversos. 
 
 
183 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
3.5. Encaminhamento da doença renal crônica para acompanhamento 
nefrológico conjunto 
 
A otimização do manejo do usuário hipertenso ou diabético que apresenta DRC permite 
reduzir a velocidade de perda da função renal, diminuir a morbimortalidade, reduzir a 
necessidade de hospitalização e o tempo de permanência hospitalar, diminuir a necessidade 
de início do tratamento dialítico em situação de urgência/emergência médica e com acesso 
vascular temporário (cateteres), aumentar a possibilidade de transplante renal (inclusive dos 
usuários que ainda não estejam em diálise) e ofertar educação e letramento do usuário sobre 
a sua doença.
1,4-7
 
O usuário hipertenso ou diabético que apresentar TFG >45 mL/min/1,73 m2 estabilizada e/ou 
proteinúria <1,0 g/dia e sem outras alterações no exame de urina (sedimentoscopia) e/ou 
pressão arterial controlada pode e deve ser estimulado a fazer o seu controle clínico no nível 
de atenção primária de saúde. Contudo, deve-se ressaltar que a decisão de encaminhamento
para acompanhamento nefrológico deve ser sempre individualizada, principalmente quando 
se tratar de usuários mais jovens. 
Por outro lado, o usuário hipertenso ou diabético deve ser encaminhado para atendimento 
conjunto com nefrologista sempre que: 1. Apresentar o nível de albuminúria maior do que 
1g/dia devido a maior possibilidade de desfechos clínicos indesejáveis; 2. Documentar a 
ocorrência de albuminúria <1g/dia e de hematúria de origem glomerular que possam indicar 
glomerulopatia primária ou secundária (p. ex., nefrite lúpica) como causa da DRC; 3. Houver 
diminuição abrupta (>30% do basal) da TFG (num intervalo de tempo <3 meses); 4. Houver 
queda anual da TFG maior do que 5 mL/min/1,73m2, indicando controle clínico inadequado do 
diabetes ou hipertensão arterial e a ocorrência de complicações decorrentes do 
comprometimento renal; e 5. Apresentar TFG inferior a 45 mL/min/1,72 m2 (estágios 3B, 4 e 5 
da DRC) pelo risco aumentado de nefrotoxicidade medicamentosa e insuficiência (injúria) renal 
aguda.
1,4-7
 
Os anexos no item 3.7 sumarizam os principais aspectos da doença renal crônica a serem 
considerados nos usuários hipertensos e diabéticos. 
 
Recomendação 
 
Deve-se considerar o encaminhamento para avaliação e acompanhamento nefrológico os 
usuários com doença renal crônica decorrente de hipertensão arterial sistêmica e diabetes 
mellitus que apresentarem condições clínicas especiais. 
 
184 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
3.6 Referências 
 
1. K/DOQI clinical practice guidelines for chronic kidney disease: evaluation, classification, and 
stratification. Am J Kidney Dis. 2002; 39 (2 Suppl 1): S1-266. 
2. Sesso RCC; Lopes AA; Thomé FS; et al. Censo Brasileiro de Diálise 2009. J Bras Nefol 2010; 
32: 380-4. 
3. James MT; Hemmelgarn BR; Tonelli M. Early recognition and prevention of chronic kidney 
disease. Lancet 2010; 375: 1296–309. 
4. Early identification and management of chronic kidney disease in adults in primary and 
secondary care. http://www.nice.org.uk/cg73. 
5. KDOQI Clinical Practice Guidelines and Clinical Practice Recommendations for Diabetes and 
Chronic Kidney Disease. Am J Kidney Dis. 2007; 49 (2 Suppl 2): S12-154. 
6. Sociedade Brasileira de Cardiologia / Sociedade Brasileira de Hipertensão / Sociedade 
Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol 2010; 95 (1 
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7. Kirsztajn GM; Romão Jr JE; Souza E; et al. Doença Renal Crônica (Pré-terapia Renal 
Substitutiva): Tratamento. Projetos Diretrizes – Associação Médica Brasileira e Conselho 
Federal de Medicina, 2011. 
8. The effect of intensive treatment of diabetes on the development and progression of long-
term complications in insulin-dependent diabetes mellitus. The Diabetes Control and 
Complications Trial Research Group. N Engl J Med. 1993; 329 (14): 977-86. 
9.Tight blood pressure control and risk of macrovascular and microvascular complications in 
type 2 diabetes: UKPDS 38. UK Prospective Diabetes Study Group. BMJ. 1998; 317 (7160): 703-
13. 
10. Shemesh O; Golbetz H; Kriss JP; et al. Limitations of creatinine as a filtration marker in 
glomerulopathic patients. Kidney Int 1985; 28: 830-8. 
11. Stevens LA; Coresh J; Greene T; et al. Assessing Kidney Function — Measured and 
Estimated Glomerular Filtration Rate. N Engl J Med 2006; 354: 2473-83. 
12. Cockcroft DW; Gault MH. Prediction of creatinine clearance from serum creatinine. 
Nephron 1976; 16: 31-41. 
 
185 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
13. Levey AS; Bosch JP; Lewis JB; et al. A more accurate method to estimate glomerular 
filtration rate from serum creatinine: a new prediction equation. Ann Intern Med 1999; 130: 
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14. Levey AS; Stevens LA; Schmid CH; et al. A new equation to estimate glomerular filtration 
rate. Ann Intern Med 2009; 150: 604-12. 
15. Magacho EJC; Pereira AC; Mansur HN; et al. Nomograma para a estimação da Taxa de 
Filtração Glomerular baseado na Fórmula CKD-EPI. J Bras Nefrol 2012; 34: 313-15. 
16. De Jong PE; Curhan PE. Screening, Monitoring, and Treatment of Albuminuria: Public 
Health Perspectives. J Am Soc Nephrol 2006; 17: 2120-6. 
17. Eckardt KU; Berns JS; Rocco MV; et al. Definition and classification of CKD: the debate 
should be about patient prognosis–a position statement from KDOQI and KDIGO. Am J Kidney 
Dis 2009; 53: 915–920. 
 
 
186 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
3.7 Anexos 
 
Tabela 1. Nomograma para estimativa da taxa de filtração glomerular em mulheres baseado 
na Equação CKD-EPI 
 
Onde: CKD-EPI = Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration; mg/dL = 
miligrama/decilitro; DRC = doença renal crônica; mL/min/m2=mililitro/minuto/metro 
quadrado. Fonte: Jornal Brasileiro de Nefrologia, 2012.15 
 
187 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Tabela 2. Nomograma para estimativa da taxa filtração glomerular para homens baseado na 
Equação CKD-EPI 
 
Onde: CKD-EPI = Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration; mg/dL = 
miligrama/decilitro; DRC = doença renal crônica; mL/min/m2=mililitro/minuto/metro 
quadrado. Fonte: Jornal Brasileiro de Nefrologia, 2012.15 
 
188 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Fluxograma 8. Rastreio e diagnóstico da doença renal crônica baseado na taxa de filtração 
glomerular. 
 
Onde: HAS = Hipertensão Arterial Sistêmica; DM = Diabetes Mellitus; DRC = Doença Renal 
Crônica; EAS = Elementos Anormais e Sedimentos; Pr/Cr = razão de proteinúria e creatinina; 
TFG = Taxa de Filtração Glomerular (expressa em ml/min/1,73m2). 
 
 
189 
 
 
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Fluxograma 9. Rastreio e diagnóstico da doença renal crônica baseado na lesão do 
parênquima renal 
 
Onde: HAS = Hipertensão Arterial Sistêmica; DM = Diabetes Mellitus; DRC = Doença Renal 
Crônica; EAS = Elementos Anormais e Sedimentos; Pr/Cr = razão de proteinúria e creatinina; 
TFG = Taxa de Filtração Glomerular (expressa em ml/min/1,73m2). 
 
 
190 
 
 
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Quadro 77. Doença renal crônica no hipertenso e diabético – diagnóstico, estadiamento e 
encaminhamento 
 
Onde: DRC = doença renal crônica; TFG = taxa de filtração glomerular; PA = pressão arterial; 
IMC = índice de massa corporal; mL/min/1,73 m2 = mililitro/minuto/1,73 metros quadrados; 
mL/min/ano = mililitro/minuto/ano; g/d = grama/dia; g/dia = grama/dia. 
 
 
191 
 
 
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SEÇÃO 4: A Organização da Assistência 
 
Os níveis de atenção à saúde primário, secundário e terciário são constituídos por pontos de 
atenção que integrados fazem parte de uma rede temática de atenção à saúde, juntamente 
com os sistemas de apoio e logísticos. 
Para a prevenção do surgimento da HAS, do DM e da DRC e garantia do cuidado integral ao 
usuário com essas condições crônicas é necessário, entre outras ações, estabelecer as 
responsabilidades da atenção primária à saúde (APS) e, quando o grau de complexidade dessas 
enfermidades exigir cuidado especializado, delinear caminhos para a provisão de uma atenção 
secundária ou terciária. 
A base para a organização da assistência de uma rede de atenção à saúde de usuários com 
condições crônicas deve ser a estratificação de risco desses usuários, o que observa um dos 
mais importantes princípios do SUS: a equidade. 
 
 
 
 
 
Para a SES/MG, a estratificação de risco dos diabéticos na sua rede de atenção dá-se por meio 
da classificação de seu controle metabólico, especialmente avaliado pelos valores da sua 
hemoglobina
glicada ou glicemia de jejum, como se pode observar no quadro a seguir. 
 
Quadro 78. Estratificação de risco dos diabéticos na rede de atenção à saúde da Secretaria 
de Estado de Saúde de Minas Gerais 
Classificação do Controle 
Metabólico 
Critério 
Controle metabólico bom HbA1c < 7% ou 
Glicemia de jejum < 130 mg/dl 
Controle metabólico regular HbA1c entre 7% e 9% ou 
Glicemia de jejum entre130 e 200 mg/dl 
Controle metabólico ruim HbA1c > 9% ou 
Glicemia de jejum > 200 mg/dl 
Onde: HbA1c = hemoglobina glicada; mg = miligrama; dl = decilitros. Fonte: Coordenadoria da 
Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. 2012.1 
Para fins operacionais, na rede de atenção da SES/MG, as estratificações de risco dos 
hipertensos e dos indivíduos com DRC encontram-se detalhadas respectivamente nos itens 
1.4.2 Estratificação de Risco Cardiovascular e 3.4 Estadiamento da DRC. 
 
192 
 
 
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4.1. Atenção primária à saúde 
 
4.1.1. Competências da atenção primária à saúde 
 
A Unidade de APS deve ser a porta de entrada do usuário no SUS. Torna-se importante que as 
unidades de APS garantam o vínculo do usuário e se responsabilizem pelo acompanhamento 
de forma eficaz e humanizada, independente do ponto de atenção no qual ele está sendo 
atendido. 
Assim sendo, a APS deve ser o centro de comunicação da rede de atenção à saúde, 
coordenando os fluxos e contra-fluxos do usuário no sistema de saúde.2 
A seguir são apresentadas as competências desse nível de atenção, conforme estratificação 
das condições de saúde abordadas. 
Quadro 79. Competências da atenção primária à saúde de acordo com a estratificação do 
hipertenso para o seu 
risco cardiovascular global 
Estratificação de risco 
cardiovascular global 
Baixo Moderado Alto 
Competências da APS Realizar ações de promoção 
à saúde e prevenção de 
complicações (incluindo 
atividades educativas para 
hipertensos cadastrados). 
Realizar a busca ativa de 
casos. 
Realizar o diagnóstico de 
casos, investigando usuários 
com fatores de risco. 
Realizar o cadastramento 
dos usuários. 
Realizar a primeira consulta 
médica para os hipertensos 
cadastrados. 
Realizar a estratificação de 
risco. 
Realizar o tratamento e 
acompanhamento dos 
hipertensos cadastrados, 
por meio de consultas 
multiprofissionais e grupos 
operativos. 
Realizar o diagnóstico 
Realizar ações de promoção 
à saúde e prevenção de 
complicações (incluindo 
atividades educativas para 
hipertensos cadastrados). 
Realizar a busca ativa de 
casos. 
Realizar o diagnóstico de 
casos, investigando usuários 
com fatores de risco. 
Realizar o cadastramento 
dos usuários. 
Realizar a primeira consulta 
médica para os hipertensos 
cadastrados. 
Realizar a estratificação de 
risco. 
Realizar tratamento e 
acompanhamento dos 
hipertensos cadastrados, 
por meio de consultas 
multiprofissionais e grupos 
operativos. 
Realizar o encaminhamento 
 
193 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
precoce de complicações. 
Realizar o 1º atendimento 
de urgência e 
encaminhamento para 
outro nível de 
complexidade, quando 
pertinente. 
Elaborar e acompanhar o 
plano de cuidado. 
Elaborar e acompanhar o 
plano de autocuidado 
apoiado. 
do usuário para atenção 
secundária. 
Realizar o diagnóstico 
precoce de complicações. 
Realizar o 1º atendimento 
de urgência e 
encaminhamento para 
outro nível de 
complexidade, quando 
pertinente. 
Cooperar com o plano de 
cuidado a ser elaborado 
pela atenção secundária á 
saúde e acompanhá-lo. 
Elaborar e acompanhar o 
plano de autocuidado 
apoiado, de acordo com as 
recomendações da atenção 
secundária. 
Onde: APS = atenção primária à saúde. Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e 
Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. 2012.1 
 
Quadro 80. Competências da atenção primária à saúde de acordo com a estratificação do 
diabético para o seu controle metabólico 
Controle metabólico Bom Regular Ruim 
Competências da APS Realizar ações de promoção à 
saúde e prevenção de 
complicações (incluindo 
atividades educativas para 
diabéticos cadastrados). 
Realizar a busca ativa de 
casos. 
Realizar o diagnóstico de 
casos, investigando usuários 
com fatores de risco. 
Realizar o cadastramento dos 
usuários. 
Realizar a primeira consulta 
médica para os usuários 
cadastrados. 
Realizar a estratificação de 
acordo com o controle 
metabólico. 
Realizar o tratamento e 
acompanhamento dos 
diabéticos cadastrados, por 
Realizar ações de promoção à 
saúde e prevenção de 
complicações, (incluindo 
atividades educativas para 
diabéticos cadastrados). 
Realizar a busca ativa de casos. 
Realizar o diagnóstico de casos, 
investigando usuários com fatores 
de risco. 
Realizar o cadastramento dos 
usuários. 
Realizar a primeira consulta 
médica para os diabéticos 
cadastrados. 
Realizar a estratificação de acordo 
com o controle metabólico. 
Realizar o tratamento e 
acompanhamento dos diabéticos 
cadastrados, por meio de 
consultas multiprofissionais e 
grupos operativos. 
 
194 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
meio de consultas 
multiprofissionais e grupos 
operativos. 
Realizar o diagnóstico precoce 
de complicações. 
Realizar o 1º atendimento de 
urgência e encaminhamento 
para outro nível de 
complexidade. 
Elaborar e acompanhar o 
plano de cuidado. 
Elaborar e acompanhar o 
plano de autocuidado 
apoiado. 
Realizar o encaminhamento do 
usuário para atenção secundária. 
Realizar o diagnóstico precoce de 
complicações. 
Realizar o 1º atendimento de 
urgência e encaminhamento para 
outro nível de complexidade. 
Cooperar com o plano de cuidado 
a ser elaborado pela atenção 
secundária à saúde e acompanhá-
lo. 
Elaborar e acompanhar o plano 
de autocuidado apoiado, de 
acordo com as recomendações da 
atenção secundária. 
Onde: APS = atenção primária à saúde. Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e 
Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. 2012.1 
 
Quadro 81. Competências da atenção primária à saúde de acordo com o estadiamento do 
usuário com doença renal crônica 
Estadiamento 
da DRC 
Estágio 1 Estágio 2 Estágio 
3A 
Estágio 
3B 
Estágio 
4 
Estágio 5 
Competências 
da APS 
Realizar ações de promoção à saúde e 
prevenção de complicações (incluindo 
atividades educativas para usuários 
com DRC cadastrados). 
Realizar o diagnóstico de casos, 
investigando usuários com fatores de 
risco. 
Realizar a primeira consulta médica 
para os usuários cadastrados. 
Realizar o estadiamento do usuário com 
DRC. 
Realizar o tratamento e 
acompanhamento dos usuários com 
DRC cadastrados, por meio de consultas 
multiprofissionais e grupos operativos. 
Realizar o diagnóstico precoce de 
complicações. 
Realizar o 1º atendimento de urgência e 
encaminhamento para outro nível de 
complexidade. 
Elaborar e acompanhar o plano de 
cuidado. 
Elaborar e acompanhar o plano de 
autocuidado apoiado. 
Realizar ações de promoção à saúde 
e prevenção de complicações 
(incluindo atividades educativas 
para usuários com DRC 
cadastrados). 
Realizar o diagnóstico de casos, 
investigando usuários com fatores 
de risco. 
Realizar a primeira consulta médica 
para os usuários cadastrados. 
Realizar o estadiamento do usuário 
com DRC. 
Realizar o tratamento e 
acompanhamento dos usuários com 
DRC cadastrados, por meio de 
consultas multiprofissionais e 
grupos operativos. 
Realizar o encaminhamento do 
usuário para atenção secundária. 
Realizar o diagnóstico precoce de 
complicações. 
Realizar o 1º atendimento de 
urgência e encaminhamento para 
outro nível de complexidade. 
Cooperar com o plano
de cuidado a 
 
195 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
ser elaborado pela atenção 
secundária à saúde e acompanhá-lo. 
Elaborar e acompanhar o plano de 
autocuidado apoiado, de acordo 
com as recomendações da atenção 
secundária. 
Onde: DRC = doença renal crônica; APS = atenção primária à saúde. Fonte: Coordenadoria da 
Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. 2012.1 
 
Atribuições gerais dos profissionais da atenção primária à saúde 
 
 São atribuições gerais de todos os profissionais desse nível de atenção: 
 Realizar o cuidado em saúde da população adscrita, prioritariamente no âmbito da 
unidade de saúde, no domicílio e nos demais espaços comunitários (escolas, 
associações, entre outros), quando necessário. 
 Identificar grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos para o desenvolvimento da 
hipertensão e do DM, inclusive aqueles relativos ao trabalho, e atualizar 
continuamente essas informações, priorizando as situações de maior risco no 
planejamento local. 
 Garantir a integralidade da atenção por meio da realização de ações de promoção da 
saúde, prevenção de agravos, ações programáticas e de vigilância à saúde, conforme a 
necessidade de saúde da população local. 
 Garantir o atendimento à demanda espontânea, quando pertinente. 
 Realizar a escuta qualificada das necessidades dos usuários em todas as ações, 
proporcionando atendimento humanizado e viabilizando o estabelecimento do 
vínculo. 
 Responsabilizar-se pela população adscrita, mantendo a coordenação do cuidado 
mesmo quando esta necessita de atenção em outros serviços do sistema de saúde. 
 
Atribuições específicas dos profissionais da atenção primária à saúde 
 
Agente comunitário de saúde 
 
 Esclarecer à comunidade sobre os fatores de risco para as doenças cardiovasculares, 
DM e DRC, orientando-a sobre as medidas de prevenção. 
 Contribuir para o rastreamento dos fatores de risco para a HAS, DM e DRC em 
indivíduos com mais de 20 anos, pelo menos uma vez ao ano, mesmo naqueles sem 
queixa. 
 
196 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 Encaminhar para a equipe de enfermagem os usuários rastreados com suspeita de 
HAS, DM e DRC. 
 Verificar o comparecimento dos usuários às consultas agendadas na Unidade de APS. 
 Registrar na sua ficha de acompanhamento, o diagnóstico médico de HAS, DM e DRC. 
 Colaborar com o monitoramento da execução dos planos de cuidado dos usuários. 
 Perguntar sempre ao usuário se ele está utilizando com regularidade os medicamentos 
prescritos e se estão sendo seguidas às orientações relacionadas à dieta, atividade 
física, controle de peso, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas (confirmar tais 
informações com outros membros da família). 
 Auxiliar o usuário no alcance dos objetivos e metas do tratamento, de acordo com o 
plano de autocuidado apoiado (níveis pressóricos, controle do peso, níveis de glicemia 
e de lipídeos, dentre outras). 
 
Auxiliar de enfermagem/técnico de enfermagem 
 
 Orientar as pessoas da comunidade sobre os fatores de risco para o desenvolvimento 
de HAS, DM e DRC. 
 Orientar a comunidade sobre a importância das mudanças nos hábitos de vida ligados 
à alimentação, à prática de atividade física, à cessação do tabagismo e ao uso abusivo 
de álcool. 
 Verificar os valores da glicemia capilar, da pressão arterial, do peso, da altura e de 
outros parâmetros clínicos pertinentes, em indivíduos provenientes da triagem ou da 
demanda espontânea da Unidade de Saúde. 
 Executar os procedimentos de enfermagem conforme os protocolos existentes. 
 Registrar informações no prontuário clínico e outras fichas padronizadas e alimentar 
os sistemas de informação. 
 Cuidar dos equipamentos da unidade, realizar manutenção preventiva e comunicar 
sobre a necessidade de manutenção corretiva e reparos quando necessário. 
 Orientar as pessoas sobre o uso correto dos medicamentos e insumos prescritos. 
 Colaborar com o monitoramento da execução dos planos de cuidados dos usuários. 
 Auxiliar o usuário no alcance dos objetivos e metas do tratamento, de acordo com o 
plano de autocuidado apoiado (níveis pressóricos, controle do peso, níveis de glicemia 
e de lipídeos, dentre outras). 
 
 
 
 
 
197 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Enfermeiro 
 
 Desenvolver atividades educativas de promoção à saúde com a comunidade. 
 Desenvolver atividades educativas, individuais ou em grupo, com hipertensos, 
diabéticos, doentes renais crônicos e seus familiares e cuidadores. 
 Capacitar os auxiliares/técnicos de enfermagem e os agentes comunitários de saúde, 
supervisionando de forma permanente suas atividades. 
 Realizar consulta de enfermagem de acordo com a periodicidade sugerida nesta linha-
guia (item 4.1.2. A atenção programada na atenção primária à saúde). 
 Solicitar exames complementares conforme as diretrizes apresentadas nessa linha-
guia (item4.1.2. A atenção programada na atenção primária à saúde), os protocolos de 
enfermagem e as legislações vigentes. 
 Encaminhar o usuário para consultas com o médico da equipe, conforme periodicidade 
estabelecida nessa linha-guia (item 4.1.2. A atenção programada na atenção primária à 
saúde) ou outra necessidade em saúde detectada. 
 Realizar avaliação dos pés do usuário diabético, conforme o preconizado nesta linha-
guia (item 4.1.2. A atenção programada na atenção primária à saúde). 
 Realizar outros procedimentos de enfermagem conforme atribuições específicas. 
 Elaborar com a equipe de saúde e acompanhar o plano de cuidados dos usuários com 
HAS de baixo e moderado risco, com DM com controle metabólico bom e regular e 
com DRC nos estágios 1, 2 e 3A. 
 Colaborar com o plano de cuidado dos usuários assistidos pela atenção secundária e 
acompanhá-lo. 
 Elaborar com a equipe de saúde o plano de autocuidado dos usuários. 
 Estabelecer, junto com a equipe, estratégias que possam favorecer a adesão do 
usuário ao tratamento. 
 Auxiliar o usuário no alcance dos objetivos e metas do tratamento, de acordo com o 
plano de autocuidado apoiado (níveis pressóricos, controle do peso, níveis de glicemia 
e de lipídeos, dentre outras). 
 
Médico 
 
 Desenvolver atividades educativas de promoção à saúde com a comunidade. 
 Desenvolver atividades educativas, individuais ou em grupo, com hipertensos, 
diabéticos, doentes renais crônicos e seus cuidadores. 
 Avaliar a presença de fatores de risco para o desenvolvimento da HAS, DM e DRC. 
 Realizar confirmação diagnóstica dos usuários com essas condições crônicas. 
 Solicitar exames complementares conforme as diretrizes apresentadas nessa linha-
guia. 
 
198 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 Identificar possíveis lesões em órgãos-alvo e co-morbidades. 
 Estratificar o perfil de risco do usuário. 
 Estabelecer a conduta adequada aos casos, incluindo a terapia pertinente. 
 Encaminhar os usuários com as condições crônicas citadas para os pontos de atenção 
secundários e terciários, de acordo com os critérios estabelecidos por essa linha-guia. 
 Elaborar com a equipe de saúde e acompanhar o plano de cuidados dos usuários com 
HAS de baixo e moderado risco, DM com controle metabólico bom e regular e DRC nos 
estágios 1, 2 e 3A. 
 Colaborar com o plano de cuidado dos usuários assistidos pela atenção secundária e 
acompanhá-lo. 
 Elaborar com a equipe de saúde o plano de autocuidado dos usuários. 
 Auxiliar o usuário no alcance dos objetivos e metas do tratamento, de acordo com o 
plano de autocuidado apoiado (níveis pressóricos, controle do
peso, níveis de glicemia 
e de lipídeos, dentre outras). 
 Estabelecer, junto com a equipe, estratégias que possam favorecer a adesão do 
usuário ao tratamento. 
 
Outros profissionais de saúde de nível superior 
 
 Desenvolver as ações e práticas inerentes a sua competência profissional. 
 
4.1.2 A atenção programada na atenção primária à saúde 
 
A atenção programada é uma importante ferramenta de gestão da clínica. Esse instrumento 
subsidia a organização do processo de trabalho da equipe de saúde e permite a observação 
dos princípios da eficiência na utilização dos recursos disponíveis e da equidade na atenção 
aos usuários. 
A atenção à saúde de forma programada possibilita a adesão ao tratamento e a prevenção das 
complicações, da ocorrência de agudizações dessas condições crônicas, das hospitalizações e 
da mortalidade. 
A programação local dever ser elaborada em cada ponto de atenção à saúde de uma rede de 
atenção.3 
A programação local deve ser feita idealmente com periodicidade anual, utilizando-se os 
parâmetros de prevalência, programação e assistência expressos nos quadros a seguir. 
 
 
199 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Parâmetros de prevalência na atenção primária à saúde 
 
Para o cálculo da necessidade em saúde dos usuários com HAS, DM e DRC, torna-se necessário 
conhecer a população alvo, que será estimada por meio dos parâmetros de prevalência 
apresentados a seguir. 
Quadro 82. Parâmetros de prevalência total e por estrato da hipertensão arterial sistêmica 
na atenção primária à saúde 
Risco cardiovascular global Parâmetro de prevalência 
Baixo 40% dos hipertensos 
Moderado 35% dos hipertensos 
Alto 25% dos hipertensos 
Total 20% da população de 20 anos e mais 
Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de 
Minas Gerais. 2012.4 
 
Quadro 83. Parâmetros de prevalência total e por estrato do diabetes mellitus na atenção 
primária à saúde 
Classificação do Controle 
Metabólico 
Parâmetro de prevalência 
Bom 25% dos diabéticos 
Regular 45% dos diabéticos 
Ruim 30% diabéticos 
Total 10% da população de 20 anos e mais 
Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de 
Minas Gerais. 2012.4 
 
Quadro 84. Parâmetros de prevalência total e por estrato da doença renal crônica na 
atenção primária à saúde 
Estadiamento da DRC Parâmetro de prevalência 
Estágio 1 30,83% dos doentes renais crônicos 
Estágio 2 28,33% dos doentes renais crônicos 
Estágio 3ª 30,83% dos doentes renais crônicos 
Estágio B 8,33% dos doentes renais crônicos 
Estágio 4 1,66% dos doentes renais crônicos 
Estágio 5 0,02 % dos doentes renais crônicos 
Total 11,6% da população de 20 anos e mais 
Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de 
Minas Gerais. 2012.1 
 
200 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Parâmetros de assistência na atenção primária à saúde 
 
Os parâmetros mínimos recomendados a seguir levam em consideração as diferentes 
complexidades das condições abordadas. 
Os parâmetros assistenciais para os hipertensos e diabéticos são recomendações da SES/MG 
para a gestão da clínica e foram baseados em evidências e/ou experiências clínicas 
consensuadas por um grupo multidisciplinar de profissionais de saúde, incluindo médicos 
especialistas, sanitaristas e representante da Associação Mineira de Médicos de Família e 
Comunidade. 
Na APS, os parâmetros assistenciais para os indivíduos com DRC devem observar os 
parâmetros preconizados para a causa identificada da doença renal, especialmente a HAS e o 
DM, razão pela qual esses parâmetros não estão explicitados a seguir. 
 
Parâmetros de assistência para os usuários com hipertensão arterial sistêmica 
na atenção primária à saúde 
 
Quadro 85. Parâmetros de assistência para os usuários com hipertensão arterial sistêmica, 
por estrato e procedimento, na atenção primária à saúde 
Procedimento 
previsto 
Estratificação dos usuários 
Baixo risco 
cardiovascular 
global (40% dos 
usuários) 
Moderado risco 
cardiovascular global 
(35% dos usuários) 
Alto risco 
cardiovascular 
global (25% dos 
usuários) 
Consulta médica 2 consultas/ano 3 consultas/ano 3 consultas/ano 
Consulta de 
enfermagem 
2 consultas/ano 4 consultas/ano 2 consultas/ano 
Grupo Operativo 4 atividades/ano 4 atividades/ano 4 atividades/ano 
Visita domiciliar pelo 
agente comunitário de 
saúde 
12 visitas/ano 12 visitas/ano 12 visitas/ano 
Eletrocardiograma 1 a cada 3 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
Fundoscopia 1 a cada 2 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
Raio X de tórax 1 a cada 2 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de 
Minas Gerais, 2013. 4 
 
 
201 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Quadro 86. Parâmetros de assistência para os usuários com hipertensão arterial sistêmica, 
por estrato e exame laboratorial, na atenção primária à saúde 
Procedimento 
previsto 
Estratificação dos usuários 
Baixo risco 
cardiovascular global 
(40% dos usuários) 
Moderado risco 
cardiovascular global 
(35% dos usuários) 
Alto risco 
cardiovascular global 
(25% dos usuários) 
Glicemia de jejum 1 a cada 3 anos 1 a cada 2 anos 1 a cada ano 
Creatinina 1 a cada 1 ano 1 a cada ano 1 a cada ano 
Potássio 1 a cada 1 ano 1 a cada ano 1 a cada ano 
Colesterol total 1 a cada 2 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
Colesterol frações 1 a cada 2 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
Triglicérides 1 a cada 2 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
Urina rotina 1 a cada 1 ano 1 a cada ano 1 a cada ano 
Microalbuminúria 1 a cada 2 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
Hemoglobina ou 
hematócrito 
1 a cada 2 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de 
Minas Gerais. 2012.4 
 
Parâmetros de assistência para os usuários com diabetes mellitus na atenção 
primária à saúde 
 
Quadro 87. Parâmetros de assistência para os usuários com diabetes mellitus, por estrato e 
procedimento, na atenção primária à saúde 
Procedimento 
previsto 
Estratificação dos usuários 
Controle metabólico 
bom 
Controle metabólico 
regular 
Controle metabólico 
ruim 
Consulta médica 2 consultas/ano 3 consultas/ano 3 consultas/ano 
Consulta com dentista Conforme avaliação 
odontológica 
Conforme avaliação 
odontológica 
Conforme avaliação 
odontológica 
Consulta de 
enfermagem 
2 consultas/ano 3 consultas/ano 2 consultas/ano 
 
202 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Avaliação do pé 
diabético 
1 avaliação/ano ( o 
seguimento 
dependerá do 
estadiamento do pé) 
1 avaliação/ano ( o 
seguimento 
dependerá do 
estadiamento do pé) 
1 avaliação/ano( o 
seguimento 
dependerá do 
estadiamento do pé) 
Grupo Operativo 4 atividades/ano 4 atividades/ano 4 atividades/ano 
Visita domiciliar pelo 
agente comunitário 
de saúde 
12 visitas/ano 12 visitas/ano 12 visitas/ano 
Eletrocardiograma 1 a cada 2 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
Fundoscopia* 1 a cada 2 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
* Especialmente na ausência da retinografia sem contraste e com avaliação anterior sem 
achados significativos. Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretaria 
de Estado de Saúde de Minas Gerais. 2012.4 
 
Quadro 88. Parâmetros de assistência para os usuários com diabetes mellitus, por estrato e 
exame laboratorial, na atenção primária à saúde 
Procedimento 
previsto 
Estratificação dos usuários 
Controle
metabólico bom 
Controle metabólico 
regular 
Controle metabólico 
ruim 
Glicemia capilar na UBS 4 a cada ano 15 a cada ano 30 a cada ano 
Glicemia de jejum 2 a cada ano 3 a cada ano 4 a cada ano 
Glicemia pós prandial 2 a cada ano 3 a cada ano 4 a cada ano 
Hemoglobina 
glicosilada 
2 a cada ano 3 a cada ano 4 a cada ano 
Creatinina 1 a cada ano 1 a cada ano 1 a cada ano 
Colesterol total 1 a cada 2 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
Colesterol frações 1 a cada 2 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
Triglicerídes 1 a cada 2 anos 1 a cada ano 1 a cada ano 
Urina rotina 1 a cada ano 1 a cada ano 1 a cada ano 
Microalbuminúria 1 a cada ano 1 a cada ano 1 a cada ano 
Potássio 1 a cada 1 ano 1 a cada ano 1 a cada ano 
Onde: UBS = Unidade básica de saúde. Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e 
Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. 2012.4 
 
 
203 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
4.2 Atenção secundária à saúde 
 
Evidências robustas sugerem que o atendimento especializado aos usuários com condições 
crônicas deve ser submetido a um processo de regulação que garanta aos usuários com maior 
complexidade o acesso oportuno e de qualidade aos pontos de atenção desse nível. 
Os serviços de atendimento especializado devem estar organizados de forma a propiciar 
interconsultas a esses usuários mais complexos. Entretanto, registra-se novamente que o 
papel de coordenação do cuidado, mesmo dos hipertensos, diabéticos e usuários com DRC de 
maior complexidade, deve ser executado pela APS. 
Em nível da atenção secundária à saúde (ASS), a SES/MG está estrategicamente estruturando 
pontos de atenção especializados para o controle da HAS, do DM e do DRC por meio da 
implantação dos Centros Hiperdia Minas (CHDM) nas regiões de saúde do Estado. Esses 
centros visam dar suporte às ações ambulatoriais consideradas prioritárias para a rede 
temática. Assim, esses pontos devem estar organizados de maneira integrada à atenção 
primária e à atenção terciária, por meio do sistema de referência e contra-referência. 
Os CHDM têm como objetivos principais em sua população alvo: reduzir a mortalidade por 
HAS, DM, DCV e DRC; reduzir as complicações preveníveis por essas enfermidades e melhorar 
a qualidade de vida dos usuários com essas condições crônicas. Além de prestar assistência 
especializada ao seu público alvo (definidos como os usuários com essas condições crônicas e 
que tenham maior complexidade), os outros objetivos específicos dos CHDM são: 
supervisionar a atenção prestada a esses usuários pelo nível primário de assistência à saúde; 
promover educação permanente aos profissionais de saúde envolvidos na atenção primária e 
secundária à saúde e fomentar pesquisas científicas e operacionais relacionadas às condições 
crônicas citadas.5 
Esses centros são implantados prioritariamente nos municípios-pólo de regiões de saúde. Por 
economia de escopo e de escala, apresentam-se comumente integrados a outros centros de 
atenção secundária e têm como público-alvo a população do município-pólo e dos respectivos 
municípios que compõem a região de saúde. 
Com relação à carteira de serviços, levando-se em consideração a rede de saúde existente, os 
recursos disponíveis e o número de especialistas que atuam em Minas Gerais, definiu-se que 
os CHDM podem ser de carteira básica ou de carteira ampliada, conforme os quadros 
apresentados a seguir. 
 
 
204 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
Quadro 89. Atendimentos e exames disponíveis nos Centros Hiperdia Minas de carteira 
básica 
Atendimentos Exames 
Cardiologia 
Endocrinologia 
Enfermagem, incluindo pé diabético 
Nutrição 
Assistente Social 
Psicologia 
Eletrocardiografia 
Teste ergométrico 
Holter 24 horas 
Ecocardiografia 
MAPA 
Retinografia sem contraste 
Doppler vascular portátil 
Onde: MAPA = Monitorização ambulatorial da pressão arterial. Fonte: Secretaria de Estado de 
Saúde de Minas Gerais, 2006.5 
 
Quadro 90. Atendimentos e exames/procedimento disponíveis nos Centros Hiperdia Minas 
de carteira ampliada 
Atendimentos Exames/procedimento 
Cardiologia 
Endocrinologia 
Enfermagem, incluindo pé diabético 
Nutrição 
Assistente Social 
Psicologia 
Angiologia* 
Nefrologia* 
Oftalmologia* 
Eletrocardiografia 
Teste ergométrico 
Holter 24 horas 
Ecocardiografia 
MAPA 
Retinografia sem contraste 
Retinografia com contraste** 
Fotocoagulação a laser** 
Doppler vascular portátil 
* Pelo menos uma desses atendimentos estará presente no Centro de carteira ampliada. 
** Exame e procedimento disponíveis apenas nos Centros Hiperdia Minas com oftalmologista. 
Onde: MAPA = Monitorização ambulatorial da pressão arterial. Fonte: Secretaria de Estado de 
Saúde de Minas Gerais, 2006. 5 
 
4.2.1. Parâmetros de assistência na atenção secundária à saúde 
 
No quadro a seguir são apresentados alguns parâmetros de assistência, por 
procedimento/exame, preconizados pela SES/MG no cuidado de usuários com hipertensão 
arterial sistêmica de alto grau de risco cardiovascular e diabetes mellitus com controle 
metabólico ruim na atenção secundária à saúde de sua rede. 
Deve-se ressaltar que a parametrização proposta para a rede temática da SES/MG, tanto em 
nível da APS quanto da ASS, está indicada mediante a prática exitosa do modelo de atenção às 
 
205 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
condições crônicas para o SUS, o qual tem se mostrado eficaz, efetivo e eficiente no controle 
dos usuários com essas condições.6 
 
Quadro 91. Parâmetros de assistência para os usuários com hipertensão arterial sistêmica de 
alto risco cardiovascular e diabetes mellitus com controle metabólico ruim na atenção 
secundária à saúde da rede da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais 
Procedimento/exame 
previsto 
Estratificação dos usuários 
Hipertenso de alto 
risco cardiovascular 
(25% dos usuários) 
Diabéticos com controle 
metabólico ruim (30% dos 
usuários) 
Consulta de cardiologia 3 consultas/ano 1 consulta/ano 
Consulta de endocrinologia ___ 3 consultas/ano 
Consulta de oftalmologia 1 consulta a cada ano 1 consulta a cada ano 
Consulta de nefrologia 3 consultas/ano 
somente para os 
hipertensos com DRC 
em estágios 3B,4 e 5 
3 consultas/ano somente para 
os diabéticos com DRC em 
estágios 3B,4 e 5 
Consulta de angiologia 1 consulta a cada ano 1 consulta a cada ano 
Consulta de enfermagem 2 consultas/ano 2 consultas/ano 
Avaliação do pé diabético (de 
acordo com o estadiamento do 
pédiabético) 
1 avaliação/ano 1 avaliação/ano 
Consulta de nutrição 2 consulta/ano 2 consulta/ano 
Atendimento de psicologia 4 consultas/ano para 
50% dos usuários 
4 consultas/ano para 50% dos 
usuários 
Assistente Social 4 consultas/ano para 
25% dos usuários 
4 consultas/ano para 25% dos 
usuários 
MAPA 1 exame a cada 2 anos 1 exame a cada 4 anos 
HOLTER 1 exame a cada 4 anos 1 exame a cada 5 anos 
Eletrocardiograma 2 por ano 1 por ano 
Teste de esforço 1 exame a cada 2 anos 1 exame a cada 4 anos, para 
usuários sem eventos agudos 
(75%) e 1 exame a cada 2 anos, 
para usuários com eventos 
agudos (25%) 
Ecocardiograma 1 a cada 2 anos 1 exame a cada 5 anos, para 
usuários sem eventos agudos 
(75%) e 1 exame a cada 2 anos, 
para usuários com eventos 
agudos (25%) 
Fundoscopia* 1 exame a cada 2 anos 1 exame a cada 2 anos 
Retinografia sem contraste 1 a cada 2 anos 1 a cada 2 anos 
 
206 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Retinografia com contraste 1 a cada 5 anos 1 a cada 3 anos 
Fotocoagulação a laser De acordo com a 
avaliação do 
oftalmologista 
De acordo com a avaliação do 
oftalmologista
* Especialmente na ausência da retinografia sem contraste e com avaliação anterior sem 
achados significativos. 
Onde: DRC = doença renal crônica; MAPA = monitorização ambulatorial da pressão arterial. 
Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretaria de Estado de Saúde de 
Minas Gerais. 2012.4 
 
Caso o usuário diabético com controle metabólico ruim também seja um hipertenso de alto 
grau de risco cardiovascular deverá ser observada a programação dos 
procedimentos/exames com a maior freqüência proposta para esses diabéticos e 
hipertensos. 
 
 
207 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
4.2.2. Critérios de encaminhamento de hipertensos, diabéticos e usuários com 
doença renal crônica para atendimento especializado na rede da Secretaria de 
Estado de Saúde de Minas Gerais 
 
A SES/MG recomenda que os usuários com condições crônicas abordadas nesta linha-guia que 
apresentem os critérios a seguir sejam referenciados para os CHDM ou outros serviços de 
atenção secundária, na ausência da cobertura desses. 
 
Quadro 92. Critérios de encaminhamento para os Centros Hiperdia Minas por condição de 
saúde 
Hipertensão arterial sistêmica 
- Usuário com HAS de alto grau de risco cardiovascular global. 
- Usuário com HAS Resistente. 
- Usuário com suspeita de HAS Secundária. 
Diabetes mellitus 
- Usuário com DM tipo 1. 
- Usuário com DM tipo 2, nos seguintes casos: 
- uso de insulina + controle metabólico ruim. 
- uso de antidiabético oral em dose plena + controle metabólico ruim + 
insulinização impossível de ser realizada na APS. 
- usuário recém-diagnosticado + indicação de insulinização (glicemia acima de 
300mg/dl) + insulinização impossível de ser realizada na APS. 
- Usuário com DM tipo 1 ou tipo 2 com alterações de sensibilidade protetora plantar nos pés, 
detectadas pelas unidades de APS, por meio do teste de monofilamento de 10 gramas. 
Doença renal crônica 
- Usuário hipertenso e/ou diabético com nefropatia nos seguintes casos: 
- estágio 3B de nefropatia. 
- estágio 4 de nefropatia. 
- estágio 5 de nefropatia. 
- Usuário hipertenso e/ou diabético com perda anual da filtração glomerular estimada 5 
mL/min/ano (FGe inicial – FGe final/número de meses de observação X 12). 
- Usuário hipertenso e/ou diabético com proteinúria >1,0 g/dia ou proteinúria <1,0 g/dia + 
hematúria. 
- Usuário hipertenso e/ou diabético com aumento abrupto da creatinina sérica (30%). 
- Usuário hipertenso e/ou diabético com diminuição de 25% da filtração glomerular estimada 
ao iniciar alguma medicação que bloqueie o eixo renina-angiotensina-aldosterona. 
Onde: HAS = Hipertensão arterial sistêmica; DM = Diabetes mellitus; APS = atenção primária à 
saúde; FGe = Filtração glomerular. Fonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2010 
5 e Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2011.7 
 
208 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
Deve-se ressaltar que os critérios de encaminhamento apresentados refletem a consolidação 
de evidências científicas realizada por grupo técnico específico coordenado pela SES/MG e de 
aspectos operacionais da rede temática em questão. Os critérios expostos são diretrizes 
periodicamente revistas. 
 
4.3. O Sistema de informação gerencial 
 
O sistema de informação deve possibilitar o gerenciamento da atenção integral à saúde, por 
meio do monitoramento do atendimento dos usuários com HAS e DM ao longo de todo o 
sistema de saúde e da retroalimentação das equipes de saúde, através de um processo 
dinâmico e contínuo de comunicação. 
Para viabilizar o monitoramento, é de fundamental importância que, em todos os 
atendimentos voltados para os usuários com HAS e DM, os profissionais preencham 
adequadamente os registros. 
 
4.3.1. O Pacto pela Saúde 
 
O Pacto pela Saúde 2006 determina as prioridades para a construção das políticas de saúde 
nacional e regionais, definindo as responsabilidades sanitárias dos gestores municipais, 
estaduais e federal. 
O Pacto pela Saúde tem três componentes: o Pacto pela Vida, o Pacto de Gestão e o Pacto em 
Defesa do SUS.8 
O Pacto pela Vida reforça no SUS o movimento da gestão pública pelo alcance dos resultados, 
estabelece um conjunto de compromissos sanitários considerados de grande relevância, 
pactuados nas 3 instâncias de governo, a serem implementados pelos entes federados. Esses 
compromissos deverão ser efetivados pela rede do SUS, de forma a garantir o alcance das 
metas pactuadas.8 
Dentre os objetivos e metas prioritárias do Pacto pela Vida, destacam-se – em relação ao 
controle da HAS, DM e DRC – a atenção à saúde ao idoso, promoção da saúde e especialmente 
o fortalecimento da atenção básica.9 
 
 
 
 
 
 
209 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
 
4.3.2. Os sistemas de informação em saúde relacionados ao controle da 
hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus 
 
Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos 
 
O SIS-Hiperdia é um sistema informatizado do Ministério da Saúde que permite cadastrar e 
acompanhar os usuários com HAS e/ou DM, captados e vinculados às unidades de saúde do 
SUS, gerando informações para profissionais e gestores das Secretarias Municipais, Estaduais e 
Ministério da Saúde. O registro com entrada única do indivíduo permite sua identificação e o 
vincula à equipe cuidadora, que poderá registrar múltiplos dados iniciais e subseqüentes, 
permitindo gerar informações do desempenho e dos resultados clínicos.10 
A alimentação e manutenção do cadastro no sistema SIS Hiperdia é de responsabilidade do 
Gestor Municipal – Secretaria Municipal de Saúde. Os municípios devem realizar o cadastro a 
partir da Unidade de APS, sendo que esses dados são enviados diretamente para o Ministério 
da Saúde.10 
 
Sistema Integrado de Gerenciamento de Assistência Farmacêutica 
 
O Sistema Integrado de Gerenciamento de Assistência Farmacêutica (SIGAF) da SES/MG é um 
software que gerencia a distribuição dos insumos e que contem informações que podem 
auxiliar no processo de gestão de saúde da SES/MG e dos municípios. Esse sistema apresenta 
registros relacionados aos usuários com HAS e DM que recebem insumos pelo SUS.11 O 
cadastro nesse sistema é nominal e possibilita o registro de dados como sexo, idade, histórico 
familiar, tipo e quantidade de insumos utilizados e presença de fatores de risco como 
tabagismo e etilismo. 
 
Sistema de Informação da Atenção Básica 
 
O Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) é um sistema informativo do Ministério da 
Saúde de acompanhamento das ações realizadas na APS, que permite às diferentes esferas de 
gestão a realização de avaliações, fornecendo subsídios para as decisões estratégicas das 
políticas públicas. No que se refere às informações relacionadas aos usuários com HAS e DM, 
esse sistema registra o número de hipertensos e diabéticos cadastrados e o número dos 
usuários acompanhados com essas condições crônicas.12 
 
 
210 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS 
4.4 Referências 
 
1. Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretaria de Estado de Minas 
Gerais. Estratificação de risco. 2012 [acesso em 10 Jan 2012]. Disponível em: 
http://www.saude.mg.gov.br/politicas_de_saude/hiperdia-minas 
2. Mendes EV. As Redes de Atenção à Saúde: revisão bibliográfica, fundamentos, 
conceito e elementos constitutivos. “In”: Mendes EV. As redes de atenção à saúde. 2ª 
edição. Brasil: Organização Pan-Americana da Saúde; 2011. 61-208. 
3. Mendes EV. As mudanças na atenção à saúde e a gestão da clínica. “In”: Mendes EV. 
As redes de atenção à saúde. 2ª edição. Brasil: Organização Pan-Americana

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