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Elaborado por Seção 9VERSÃO 2013-1 Administração de Recursos Humanos II Prof. Clovis Bueno de Azevedo Prof. Leopoldo Antonio de Oliveira Neto Seção 9 Conteúdo da Seção � Sindicalização, Negociação e Greve – A origem e o significado da palavra “greve” – Breve histórico da greve no mundo – Breve histórico da greve no Brasil – A greve como ação proibida e criminalizada; depois tolerada; e, ao final, como direito objetivo dos trabalhadores – A greve na Constituição Federal de 1988 – A legislação brasileira sobre a greve: a lei 7.783/89 – As condições para a realização de greve legal – A classificação e os tipos de greve: quanto à licitude, forma, finalidade, prazo e abrangência 2 Seção 9 Conteúdo da Seção � Sindicalização, Negociação e Greve – A negociação coletiva – O acordo coletivo, a convenção coletiva e o dissídio coletivo – A sindicalização, a greve e a negociação coletiva no serviço público – A definição e conceito de sindicato – O sindicato na Constituição Federal de 1988 – A legislação brasileira sobre os sindicatos: o artigo 514 da CLT, os deveres dos sindicatos – As funções dos sindicatos – As Federações, as Confederações e as Centrais Sindicais – Os impasses e os dilemas atuais dos sindicatos 3 Seção 9 Objetivos � Conhecer as origens da greve e as etapas fundamentais da história da greve, no mundo e no Brasil � Refletir sobre a legislação brasileira atual a respeito da greve, seja na Constituição Federal, seja na lei ordinária � Conhecer as formas previstas na lei brasileira para a realização de negociação trabalhista: acordo coletivo, convenção coletiva e dissídio coletivo � Conhecer a definição, o papel e a organização sindical no Brasil � Refletir a respeito do entendimento vigente no Brasil sobre a sindicalização, a realização de greve e sobre a vedação de negociação coletiva no serviço público � Refletir acerca da legitimidade da greve e de sua presença como fato normal nas sociedades democráticas e no mundo civilizado 4 Seção 9 A Greve � A palavra “greve” vem do francês “grève”, que significa cascalho ou areal. É o nome de uma praça em Paris (que se cobria de cascalho e areia, trazidos do Rio Sena) onde os trabalhadores se reuniam à procura de emprego, assim como em ocasiões em que faziam paralizações � A greve em outras línguas: “sciopero”, no italiano; “stike”, em inglês; “streik”, em alemão; “huelga”, em castelhano... � De fato, a greve é um fenômeno mundial; um fato social e jurídico no mundo capitalista... 5 Seção 9 História da Greve � A greve vista como um delito ou um crime (por exemplo, tal como previsto no Direito Romano; ou na Lei Le Chapelilier, de 1791; ou no Código Penal de Napoleão, de 1810, que a proibiam) � A greve vista como algo admissível, discriminalizada (por exemplo, a partir de 1824, na Inglaterra; ou a partir de 1864, na França, quando passou a ser tolerada, desde que constituísse “simples coalizão”; em 1871, o Parlamento inglês autorizou os piquetes pacíficos...) 6 Seção 9 História da Greve � Com o tempo, a greve passou a ser vista e compreendida como um direito dos trabalhadores (o primeiro caso de reconhecimento do direito de greve como garantia coletiva dos trabalhadores se deu com a progressista Constituição Mexicana de 1917, em seu artigo 123) � Ao longo do Século XX, o direito de greve foi sendo progressivamente reconhecido, instituído e legislado nos países democráticos e civilizados – houve um interregno nesse processo evolutivo, nos regimes fascistas e nazistas, nos regimes autoritários e em ditaduras, ou até mesmo – paradoxalmente? – nos regimes socialistas; em Cuba, a greve é, ainda hoje, tipificada como crime no Código Penal... 7 Seção 9 História da Greve � A greve está prevista como direito dos trabalhadores (e/ou dos sindicatos) nas Constituições de muitos países: por exemplo, Argentina, Chile, Espanha, França, Itália, Uruguai e Portugal... � Não está prevista na Constituição americana (assim como tampouco ali está qualquer outro direito dos trabalhadores) � Nos EUA, a greve está regulada pelo Wagner Act e pela Lei Taft-Hartley de 1947, que define também as responsabilidades dos sindicatos 8 Seção 9 História da Greve no Brasil � Até 1890, o Código Penal proibia a greve � O Decreto 1.162, de dezembro daquele ano, alterou aquele entendimento mas, na prática, na República Velha, a greve continuou sendo tratada como um recurso ou procedimento não tolerável � Na Constituição de 1937, em seu artigo 139, a greve era considerada como um recurso anti-social, nocivo ao capital, ao próprio trabalho, assim como aos interesses nacionais � O Decreto-lei 431, de 1938, e o Decreto-lei 1.237, de 1939, respectivamente, definiam a greve como crime passível de punição, que variava da suspensão, à demissão, ou até a prisão 9 Seção 9 História da Greve no Brasil � Em 1946, sob influência da II Guerra Mundial, o Brasil subscreve a Ata da Conferência de Chapultepec (nome de um castelo no México), cujos signatários se comprometem a reconhecer o direito de greve � Assim, apesar da proibição ainda vigente na Constituição, admite-se, por meio do Decreto-lei 9.070/46, a greve nas chamadas “atividades assessórias” � A Constituição liberal de 1946 reconhece a greve como um direito e remete a sua regulamentação à legislação ordinária 10 Seção 9 História da Greve no Brasil � As Constituições de 1967 e 1969 reconheceram os direito de greve, com ressalva dos serviços públicos e das atividades essenciais. Contudo, o regime político então vigente no país impedia, na prática, a ocorrência de greves � A lei de greve então vigente - número 4.330, de junho de 1964 - considerava a greve ilegal quando fosse realizada por motivos políticos, partidários, religiosos, morais, de solidariedade, ou qualquer outro que se considerasse estranho à própria categoria... � A Lei de Segurança Nacional, de março de 1967, previa a possibilidade de intervenção pelo governo, nos sindicatos, com destituição ou mesmo prisão de seus dirigentes... 11 Seção 9 História da Greve no Brasil � No final da década de 70, eclodem as greves dos trabalhadores metalúrgicos do ABC, especialmente São Bernardo, que se espalham pelo país, com um duplo conteúdo e propósito: um de natureza trabalhista, visando a aumentos salariais; outro de natureza política, enfrentando o regime político autoritário, ainda vigente no Brasil � Às greves dos operários metalúrgicos somam-se as greves de trabalhadores de outras categorias, assim como de funcionários públicos (então proibidas), ou mesmo de estudantes, no contexto do enfrentamento político do regime militar e da reconstrução da democracia no Brasil 12 Seção 9 A Constituição Federal de 1988 � Na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 9º, é garantido de modo ampliado (mas não irrestrito) o direito de greve � “Art. 9º - É assegurado o direito de greve, cabendo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. – Parágrafo primeiro – a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade – Parágrafo Segundo – Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei” 13 Seção 9 A Legislação Brasileira sobre a Greve � A greve, no Brasil, é regulada pela Lei 7.783 de 1989, que prevê: – Em seu artigo 1º, repetindo a Constituição, o “direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender” – Em seu artigo 2º, onde se define o que é a greve, estipula- se que é “legítimo o exercício do direito de greve, a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador” – E, em seu artigo 3º que “frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho” 14 Seção 9 A Legitimidade da Greve � Segundo a legislação brasileira, a greve é - portanto - um fato normal, uma forma legítima de enfrentamento dos conflitos trabalhistas � Sob esse prisma não se sustentam as visões conservadoras (e autoritárias) segundo as quais as greves constituem – obrigatoriamente – uma ação e conduta anti-social, egoísta, corporativista; que atenta contra o interesse público; que deve assim ser proibida, coibida e reprimida � Ao contrário, embora implique sacrifícios às empresas, à comunidade (e aos próprios trabalhadores!), a greve é um fenômeno natural – em certa medida até inevitável – nas sociedades democráticas e civilizadas 15 Seção 9 A Legislação Brasileira sobre a Greve � Para o exercício legal do direito de greve, há, todavia, condições a observar: – Determina-se no parágrafo único do artigo 3º da Lei 7.783/89 que “a entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação” – No caso de greve, em serviços ou atividades essenciais, os sindicatos e os trabalhadores estão obrigados a “comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação” (art. 13) 16 Seção 9 A Legislação Brasileira sobre a Greve � Ainda conforme a Lei 7.783/89 se prevê (em seu artigo 11) que: – Se a greve for realizada em serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, assim como os trabalhadores (e também os empregadores!) são obrigados a garantir “a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade assim entendidas aquelas “que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população” 17 Seção 9 A Legislação Brasileira sobre a Greve � A lei 7.783 estipula quais são os serviços ou atividades essenciais. São eles (cf. art 10): – I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; – II - assistência médica e hospitalar; – III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; – IV - funerários; – V - transporte coletivo; – VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; 18 Seção 9 A Legislação Brasileira sobre a Greve � São também atividades e serviços essenciais: – VII - telecomunicações; – VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; – IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; – X - controle de tráfego aéreo; – XI compensação bancária. 19 Seção 9 A Legislação Brasileira sobre a Greve � Quanto à forma e às condições de realização da greve, diz a lei 7.783/89: – Em seu artigo, 4º que “caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembléia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços” – Em seu artigo 5º que “a entidade sindical ou comissão especialmente eleita representará os interesses dos trabalhadores nas negociações ou na Justiça do Trabalho” 20 Seção 9 A Legislação Brasileira sobre a Greve � A realização da greve, nos termos da lei, fica condicionada à conduta civilizada, assim como respeito aos direitos de terceiros � Diz a lei 7.783, em seu artigo 6º, que fica assegurado aos grevistas: – “I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve” � Em outras palavras, não é admissível o recurso a meios violentos, nem tampouco o uso da força 21 Seção 9 A Legislação Brasileira sobre a Greve � Prevê-se ainda no artigo 6º, que: – “§ 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. – § 2º É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento. – § 3º As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa” 22 Seção 9 Classificação das Greves � lícitas (quando realizadas conforme as determinações legais) ou ilícitas (quando a lei não é observada) � não abusivas (quando não se cometem excessos) ou abusivas (quanto se cometem excessos) � greves “selvagens” (quando se realizam espontaneamente pelos trabalhadores, sem a participação, ou mesmo à revelia do sindicato) � greves “brancas” (paralização de atividades, com permanência no posto de trabalho) � greves “rotativas” (realizadas alternadamente por diferentes grupos de trabalhadores) � “operação-padrão” (cumprimento rígido e burocrático das normas e padrões, o que impede a contestação judicial, porém torna o movimento oficioso) 23 Seção 9 Classificação das Greves � As greves podem ser classificadas quanto à finalidade: – De reivindicação (visa-se a obter novas e melhores condições de trabalhos e/ou de remuneração) – De cumprimento (visa-se a fazer cumprir obrigação legal ou contratual) – De solidariedade (visa-se a se solidarizar com objetivos de terceiros) – Políticas (visa-se a um questionamento de natureza macro-econômica, ou mesmo política propriamente dita) 24 Seção 9 Classificação das Greves � As greves podem ser classificadas quanto ao prazo: – Por prazo determinado (quando o término da paralização é pré-fixado: é o caso, geralmente, de uma greve de advertência) – Por prazo indeterminado (sem término previsto, pretendendo-se que persista até o atendimento das reivindicações, até chegar-se a acordo ou ao fim do dissídio coletivo) 25 Seção 9 Classificação das Greves � As greves podem ser classificadas quanto à abrangência: – Greves gerais ou globais (abrangem todas as empresas da nação, do estado ou do município) – Greves parciais (abrangem diversas empresas ou setores) – Greves de empresas (abrangem somente uma empresa, total ou parcialmente) 26 Seção 9 A Greve no Serviço Público � Na Constituição de 1988, pela primeira vez na história do país, o direto de greve foi estendido aos servidores públicos, respeitados os limites a serem determinados por meio de lei específica (cf. art. 37, inciso VII da CF/1988) � Como até hoje (2008) tal lei específica ainda não existe, entendeu o Supremo Tribunal Federal que – no que toca aos limites do direito de greve – aplicam-se ao servidores públicos as disposições da Lei 7.783/89 � Aos militares é proibida a realização de greve (cf. art. 142 da CF/88) 27 Seção 9 A Negociação Coletiva � A realização da greve, no Brasil, está condicionada à prévia ocorrência de negociação coletiva entre empregados e empregadores � A negociação coletiva consiste em quaisquer negociações entre empregados e empregadores visando a fixar condições de trabalho e emprego; regular as relações entre empregadores e empregados; ou, ainda, regular as relações entre organizações de empregados e empregadores � Conforme o artigo 616 da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, os sindicatos representativos de categorias econômicas ou profissionais e as empresas – inclusive as que não tenham representação sindical – não podem se recusar à negociação coletiva 28 Seção 9 A Negociação Coletiva � São formas de negociação coletiva: – A Convenção Coletiva – O Acordo Coletivo – O Dissídio Coletivo 29 Seção 9 A Convenção Coletiva � Prevista no artigo 616 da CLT, consiste no ajuste entre sindicatos de empregados e sindicatos de empregadores (na falta de sindicatos, a Convenção pode ser celebrada por Federações; e, na falta dessas últimas, por Confederações) � Processa-se por meio de assembléias gerais especialmente convocadas para essa finalidade � Sua aplicação é obrigatória � Não pode, vigorar por prazo superior a 2 anos 30 Seção 9 O Acordo Coletivo � Previsto no parágrafo primeiro do artigo 616 da CLT, consiste no ajuste entre sindicato de empregados e uma ou mais empresa(s) da mesma categoria profissional � O Acordo Coletivo se aplica no âmbito das empresas acordantes � Suas normas são as mesmas da Convenção Coletiva � As condições estabelecidas em Convenção, quando mais favoráveis, prevalecem sobre aquelas estipuladas em acordo (cf. art 620 da CLT) � Nenhuma disposição de contrato individual de trabalho que contrarie norma de Convenção ou Acordo Coletivo poderá prevalecer em sua execução 31 Seção 9 O Dissídio Coletivo � O Dissídio Coletivo ocorre se houver impasse na realização de Convenção ou Acordo Coletivo � O Dissídio é ajuizado mediante solicitação de uma das partes (ou do Ministério Público) e é julgado pela Justiça do Trabalho (Tribunal Regional do Trabalho) � A Justiça do Trabalho aprecia a (i)legalidade do movimento, a existência ou não de abusos, e decide sobre a (im)procedência (total ou parcial) das reivindicações � A Sentença Normativa é publicada no prazo máximo de até 15 (quinze) dias da decisão do Tribunal 32 Seção 9 A Negociação Coletiva no Serviço Público � Entendeu o Supremo Tribunal Federal que a Negociação Coletiva não é admissível para os servidores públicos, principalmente os estatutários, em face do caráter não- contratual desse regime jurídico � Os empregados públicos (trabalhadores celetistas) das empresas públicas e das sociedades de economia mista realizam Convenções, Acordos e Dissídios Coletivos, tal qual os empregados privados 33 Seção 9 A Negociação Coletiva no Serviço Público � Há vozes discordantes a respeito desse entendimento, seja por interpretação divergente da Constituição Federal, seja por que na mesma Constituição se concedeu aos servidores públicos os direitos de sindicalização e greve, seja ainda pelo fato de que tal negociação existe em diversos outros países (veja-se, na bibliografia, o texto de Antônio Álvares da Silva) 34 Seção 9 Os Sindicatos: origem da expressão � A palavra sindicato vem do latim “syndicus”, que, por sua vez, deriva do grego “sundikós” que significa “aquele que assiste em juízo” � A Lei Le Chapellier (que considerava a associação sindical um crime), de 1791, valeu-se da expressão “síndico”, daí advindo a expressão “sindicat” para se referir às associações então ilegais e clandestinas de trabalhadores � A palavra sindicato em outras línguas: “union” ou “trade union”, em inglês; “gewerkschaft”, em alemão; “sindacato”, em italiano... 35 Seção 9 Os Sindicatos � Os sindicatos são associações de membros de uma profissão ou de empregadores – seja pessoas físicas ou pessoas jurídicas � Destinam-se a defender seus interesses econômicos e laborais comuns – seja individuais ou coletivos. � Visam a assegurar a representação e a defesa dos associados, administrativamente e em juízo � O direito à sindicalização está estabelecido no artigo 8º da Constituição Federal de 1988 � Até a CF/1988, não era permitido aos servidores públicos que formassem sindicatos (admitia-se apenas a criação de associações, as quais na prática desempenhavam parte das funções sinciais) 36 Seção 9 A Constituição Federal de 1988 � Segundo a CF/1988, Art. 8º - “É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I. a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II. é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III. ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; 37 Seção 9 A Constituição Federal de 1988 IV. a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; V. ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI. é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII. o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII. é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer” 38 Seção 9 A CLT e os Sindicatos � Os deveres dos sindicatos estão determinados no artigo 514 da CLT. São eles: – “a) colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade social; – b) manter serviços de assistência judiciária para os associados; – c) promover a conciliação dos dissídios de trabalho; – d) sempre que possível, e de acordo com as suas possibilidades, manter no quadro de pessoal, convênio com entidades assistenciais ou por conta própria, um assistente social com as atribuições específicas de promover a cooperação operacional na empresa e a integração profissional na classe. 39 Seção 9 A CLT e os Sindicatos � Parágrafo único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, o dever de: – a) promover a fundação de cooperativas de consumo e de crédito; – b) fundar e manter escolas de alfabetização e pré- vocacionais” 40 Seção 9 Funções dos Sindicatos � Em síntese, são funções dos sindicatos: – Função negocial: os sindicatos é que negociam pelos trabalhadores – Função assistencial: é instituída pela lei e atribui aos sindicatos o dever de prestar serviços assistenciais aos representados – Função de arrecadação: arrecada contribuições previstas em lei para a manutenção do sindicato – Função de colaboração com o Estado: solucionar problemas dos representados e desenvolver solidariedade sindical – Função de representação: representar os trabalhadores perante autoridades administrativas e judiciais 41 Seção 9 A Estrutura e a Organização Sindical no Brasil � No Brasil, os sindicatos se organizam e se estruturam de duas diferentes maneiras: – Federações e Confederações – Centrais sindicais � Entendem alguns autores que a legislação brasileira reconhece somente as federações e confederações como partes integrantes da estrutura sindical brasileira 42 Seção 9 Federações � Uma federação é uma entidade sindical de grau superior � Reúne ao menos cinco sindicatos de uma mesma categoria ou de categorias afins � Reúne obrigatoriamente “a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas” (cf. o art. 534 da CLT) � A base territorial mínima de representação de uma federação é a unidade estadual � Uma federação somente pode celebrar convenções, acordos ou dissídios coletivos na hipótese de inexistência do sindicato representativo da categoria 43 Seção 9 Confederações � Uma Confederação é uma entidade sindical de nível superior � Reúne, no mínimo, três federações, tendo sua sede em Brasília � Compõe-se por ramo de atividade econômica (indústria, comércio, serviços - como transportes...) � Só pode celebrar acordos, convênios ou dissídios, na hipótese de inexistência do sindicato e da federação � As confederações têm como principal função a negociação em âmbito nacional das questões mais amplas de interesse dos trabalhadores ou das empresas � As federações e as confederações são associações sindicais verticalizadas 44 Seção 9 Centrais Sindicais � Diferente das federações e confederações, as centrais sindicais podem reunir horizontalmente sindicatos de diferentes categorias profissionais em todo o Território Nacional � Permitem assim – comparativamente às federações e às confederações – uma representação mais ampla dos trabalhadores � As centrais sindicais são entidades civis de direito privado que reúnem e representam sindicatos � Estão sendo progressivamente reconhecidas como parte integrante da estrutura sindical brasileira 45 Seção 9 Centrais Sindicais � Para ser reconhecida como Central, a entidade deverá representar pelo menos 5% do total de trabalhadores associados em sindicatos no país e ter como filiados, no mínimo, 100 sindicatos distribuídos em todas as regiões � São reconhecidas como Centrais sindicais no Brasil: a CUT – Central Única dos Trabalhadores (que congrega aproximadamente 65% dos sindicatos no Brasil); a FS – Força Sindical (que congrega em torno de 20% dos sindicatos) e a CGT (que congrega aproximadamente 5% dos sindicatos) 46 Seção 9 Centrais Sindicais � As Centrais sindicais têm assento, conforme definido por lei: no Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador; no Conselho Curador do FGTS; no Conselho Nacional da Previdência Social; no Conselho Curador do Fundo de Desenvolvimento Social 47 Seção 9 Exercício � Pesquisem para a próxima aula informações a respeito dos seguintes temas, que serão objeto de reflexão em classe: – A construção da estrutura sindical no Brasil a partir do Estado, de cima para baixo, forjada no Governo Vargas – A formação das Centrais sindicais como reação à estrutura forjada no governo Vargas – A unicidade sindical (a impossibilidade de existência de mais de um sindicato representativo da mesma categoria na mesma base territorial) – A contribuição sindical obrigatória – O papel dos sindicatos na formação e consolidação da democracia brasileira e nas sociedades democráticas em geral – Os dilemas das relações entre os sindicatos, os partidos e os governos 48 Seção 9 Bibliografia � Básica – FRANÇA, Ana Cristina Limongi. Práticas de Recursos Humanos: conceitos, ferramentas e procedimentos. São Paulo, Atlas, 2007 – LACOMBE, Francisco. Recursos Humanos, Princípios e Tendências, São Paulo, Saraiva, 2005 � Complementar – MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho, 24ª Edição, São Paulo, Atlas, 2008. – NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. Iniciação ao Direito do Trabalho, São Paulo. LTr Editora, 2007 – SUSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo, 2ª Edição, Renovar, 2994 – SILVA, Antonio Álvares da. Os Servidores Públicos e o Direito do Trabalho. São Paulo.LTr, 1993 49