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1 CURSO DE DIREITO Disciplina: História do Direito Prof. Fabrício Ferreira 2008.2 Direito Romano – Baixo Império ou Dominato. 2 Contextualização A passagem da República para o Império fez-se de forma progressiva: o avanço econômico, as dificuldades sociais e as vastas conquistas provocaram uma crise política que desencadeou na centralização de todos os poderes em Otávio; No ano 252 d.C. as tribos bárbaras começaram a invadir o Império Romano e, com ele, toda a Europa. No final do ano de 284 d. C., o exército romano, após a crise que abateu o período final do principado, aclamou como imperador o general C. Valério Diocle, que se denominou Aurelius Valerius Dioclecianus e tornou-se o senhor absoluto de todo o império - iniciava-se o dominato e a era pós-clássica do Direito Romano. Período que vai de 284 d.C a 565 d. C. – Da morte de Diocleciano até a morte de Justiniano. 3 Contextualização Regime de cunho absolutista, no qual o Imperador enfeixa todos os poderes em suas mãos, tornando-se o senhor absoluto, com poder de vida e morte sobre todos os cidadãos do Império; Decadência política e cultural; Fonte do direito passa a ser a Constituição Imperial. Diocleciano tornou-se senhor absoluto de todo o império e o hipertrofiou. Investiu-se de uma conotação mística, afirmando- se como a verdadeira encarnação da mais poderosa divindade romana: Júpiter. 4 Contextualização Constantino, reconheceu (em seu leito de morte) o Cristianismo como religião oficial do império (311 d. C, por meio do Edito de Milão) e reconstruiu Bizâncio (330 d. C.), rebatizada de Constantinopla, a residência oficial do imperador. Em 410 d.C. os godos saqueiam e queimam Roma. Os romanos abandonam a Britânia (Inglaterra) para defender Roma. O imperador já não é mais o princeps, mas o dominus, o senhor do Império; O seu poder é absoluto e divinizado, encarna a res pública e legisla só. 5 Contextualização As restrições à atuação do príncipe desaparecem definitivamente; O Senado transforma-se em uma espécie de assembléia municipal da cidade de Roma, com uma instituição semelhante em Constantinopla. Uma ampla burocracia toma conta de todas as instituições. A partir de Augusto, que inaugurou o Regime Imperial, as leis proliferaram de forma assustadora; eram baixadas pelos Imperadores. 6 Contextualização Datam desta época os primeiros esforços referentes à consolidação da legislação em um único documento, os códigos. Júlio César foi o primeiro dos Césares (não era imperador, era ditador); Otávio César Augusto foi o primeiro imperador romano; foi durante o seu governo, que nasceu Cristo. Foi Otávio, uma das maiores inteligências que o mundo já conheceu. Foi ele o responsável pela introdução das medidas que permit i ram a implantação do regime imperial. Essas medidas foram introduzidas de forma tão inteligente e vagarosa, que quando o povo percebeu, o regime de governo já era o império. 7 A Pax Romana Sob a orientação de Augusto, foi abandonada a política agressiva de conquistas e aperfeiçoada a administração das províncias. O império vive um período de tranqüilidade sem precedentes, que se tornou conhecido como pax romana, a paz romana, que se estendeu pelos dois primeiros séculos da era cristã. Roma atingiu o apogeu, ingressou num período de paz, prosperidade, estabilidade político-social de grandes realizações intelectuais: não por acaso, o primeiro século da era cristã ficou conhecido como “século de Augusto”. 8 Diocleciano foi quem proclamou o latim, língua oficial em Roma; foi o responsável pela implantação da monarquia absoluta; realizou grande reforma na organização do império, dividindo o império romano em dois : IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE e IMPÉRIO ROMANO DO ORIENTE. Justiniano: em 527 d.C. sobe ao trono em Constantinopla e inicia ampla obra militar e legislativa. É de sua autoria, a obra Corpus Iuris Civilis (Corpo do Direito Civil), importante obra de codificação do Direito. Foi o mais importante dos imperadores; com ele, morreu o Direito Romano (565 d.C.) na parte oriental; no Ocidente, já havia morrido com a invasão de Roma pelos bárbaros. 9 Organização Política O Império Romano é dividido em dois blocos: 1. Império Romano do Oriente; 2. Império Romano do Ocidente; Visando aplacar as crises internas do Império Romano, provocada pelas intensas invasões dos povos bárbaros, Teodósio I, em 395, desmembra o império em duas partes. O Império Romano do Oriente: O centro de interesses do Império desloca-se para Constantinopla. Em 476, com a invasão de Odoacro, extingue-se o Império Romano do Ocidente, permanecendo o Império Romano do Oriente até a morte do Imperador Justiniano, em 565. A legislação é, em geral, comum aos dois impérios, mas todas as fontes são pobres de criações novas. 10 Fontes do direito Nesta fase, adquirem relevância as Constituições gerais dos Imperadores, sob a forma das legges generales que são herdeiras diretas dos edicta do principado. Também denominadas de leges. As fontes do direito no Baixo Império resumem-se às Constituições Imperiais; Todas as demais fontes de direi to “desaparecem”. 11 12 Fontes do direito Pode-se considerar que os escritos dos juristas desprovidos de caráter oficial terminaram por “preparar o espírito” para a codificação de Justiniano; Existiram, também outras obras particulares que consistem em um apanhado de constituições imperiais e de extratos dos jurisconsultos (fim do século IV ou princípio do século V) conhecidas como Fragmenta Vaticana e Collatio legum mosaicarum et romanorum; Pertencem também à essa série de documentos as Leges romanae barbarorum, do começo do século VI, feitas para populações romanas do Ocidente submetidas aos povos bárbaros. Em todos esses trabalhos, percebe-se o nítido interesse em se fixar uma unidade dos documentos jurídicos. 13 Compilações Pré- Justinianas particulares: Código Gregoriano (292): é a primeira compilação de constituições imperiais, realizada por um certo jurisconsulto chamado Gregório. Código Hermogeniano (294): reunião de cons t i t u i ções impe r i a i s , comp i l ada po r Hermogeniano; Ambos os códigos estão situados no século IV de nossa era, e foram contribuições importantes, ainda que desprovidos de caráter oficial. 14 Fragmentos do Vaticano: compilação também conhecida como Fragmentas Vaticana Juris Romani, descoberta na Biblioteca do Vaticano. É composta de trechos de algumas manifestações de jur isconsultos e de algumas constituições imperiais, notadamente as que foram utilizadas nos códigos Gregoriano e Hermogeniano; Col la t io Legum mosaicarum et romanorum (Comparação das leis mosaicas e romanas): chamada, também, de Leis de Deus, que o Senhor ensinou a Moisés; Comparação de fragmentos das leis judaicas e romanas, envolvendo direito penal, sucessório; Livro sírio-romano (Leges saeculares): compêndio de legislação romana utilizada nas escolas da Síria; 15 Compilações Pré-Justinianas oficiais: Código Teodosiano: elaborado pelo Imperador Teodósio, que, em 438, mandou redigir uma compilação das constituições que surgiram após Constantino até seu próprio reinado, dando-lhe o lhe o nome de nome de Codex Theodosianus Publicado nas duas partes do Império, exerceu notável influência no Império do Ocidente, preparando o terreno no Oriente para a compilação de Justiniano. Foi a primeiracodificação oficial do império romano. 16 Fontes do direito Leis romanas dos povos bárbaros: Breviário de Alarico (Lei Romana dos Visigodos): data de 506 d.C.; eram as leis homologadas pelos povos bárbaros que invadiram o império Romano. Os bárbaros tinham o costume de deixar o povo dominado ser regido por suas próprias leis. Lei dos Borgúndios: promulgada tal qual o Breviário de Alarico, visando regular a população romana dominada em Bolonha; 17 Compilações Justinianéias Corpus Juris Civilis: Feita por Justiniano em 528, é a compilação de toda legislação romana, compreendendo as leis anteriores à sua época; Era um conjunto ordenado de leis e princípios jurídicos reduzidos a um corpo único, sistemático, harmônico, mas formado de várias partes, planejado como um “monumento jurídico”; O nome “Corpus Juris Civilis” foi dado para que este conjunto de leis fosse diferenciado do “Corpus Juris Canonici”; O objetivo era tornar o direito uniforme em todo o Império, fazendo desaparecer a massa dispersa de material jurídico; Função que coube à Triboniano e outros jurisconsultos da época (Doroteu e Teófilo); 18 Corpus Juris Civilis Compreende os seguintes conjuntos: Código Antigo (código); Digesto Institutas; Código Novo; Novelas; 19 Corpus Juris Civilis O Código Antigo se perdeu ao longo dos anos, assim, compreende-se o Corpus Juris Civilis por: Digesto, as Institutas, o Código Novo e as Novelas. Era uma síntese das compilações pré-justinianéias particulares (Gregoriano e Hermogeniano) e oficiais (Teodosiano), acrescido das leges recentes; Funcionava como um documento histórico, mas pretendia servir como ponto de partida para uma atualização da legislação; O termo codex vem do latim caudex, que quer dizer tronco de árvore; daí expressarmos que código significa o suporte do sistema legal; Deve ser acrescido ao codex o “Quintaquaginta Decisiones” ou 50 decisões que tratavam de pontos controvertidos entre antigos jurisconsultos; 20 Corpus Juris Civilis O Digesto (digestus = digerido) ou Pandectas (forma grega para “abrange tudo”): é uma compilação dos textos dos jurisconsultos; É a parte mais importante do Corpus Juris Civilis; É a reunião de toda a jurisprudência romana; Segundo as ordens de Justiniano, só deveriam ser recolhidas as obras dos jurisconsultos que tinham a autoridade conferida pelo Imperador. Se aqueles não eram reconhecidos pela autoridade imperial, também não eram dignos de serem reconhecidos em seu Digesto. 21 Corpus Juris Civilis As Institutas (instituere = iniciar, educar): são um manual de direito privado destinado a o s e s t u d a n t e s d e d i r e i t o e m Constantinopla. Deveria servir como introdução ao Direito compilado no Digesto. Visam a expor, didaticamente, o direito privado romano; A obra adquiriu força de lei. 22 Corpus Juris Civilis O Código Novo representa uma a t u a l i z a ç ã o d o C ó d i g o Ve l h o , incorporando as novas determinações legais surgidas no período compreendido entre a publicação do código velho e as Institutas e o Digesto; 23 Corpus Juris Civilis As Novelas ou Autênticas são um conjunto de novas constituições imperiais decretadas por Justiniano nos últimos anos de seu reinado. 24 Codificações Pós-Justinianéias Paráfrase das Institutas: Por meio de uma constituição, Justiniano impediu que se fizessem comentários à sua obra, que tinha por perfeita e suficiente. Era permitido somente traduções, sumários e títulos. Não obstante esta proibição, Teófilo adaptou as institutas, surgindo, então a Paráfrase das Institutas. Basílicas: Foi a tentativa empreendida por Basílio, imperador macedônico, de reunir todo o compêndio deixado por Justiniano em uma única obra; 25 Codificações Pós-Justinianéias As interpolações: Para que os “iuras” e as “leges” constantes do “Corpus Juris Civilis” pudessem ser aplicadas na prática, f o i p rec i so mu i t as vezes , que os compi ladores f i zessem a l te rações , supressões ou acréscimos nos textos originais que foram compilados.