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O COTIDIANO DO ADOLESCENTE Berta Weil Ferreira ERIK ERIKSON: UM NEOFREUDIANO 1. A teoria de Erik Erikson o autor apresenta uma teoria em que as idéias de Freud são acrescidas da influência cultural. Ele acredita que lia vida inteira do homem, e não apenas a sua infância, se move ao redor de uma série de idades discerníveis e cruciais". Estas idades, em número de oito, irão caracterizar o momento evolutivo típico. A idéia fundamental de Erikson está no conflito básico que se desenrola em cada etapa evolutiva e de cuja solução ou permanência depende a conquista da etapa seguinte. Em cada etapa há um conflito entre uma qualidade positiva e outra negativa. Se o indivíduo incorpora a qualidade positiva, acrescentando-a à sua personalidade, o desenvolvimento se processará de forma harmoniosa e benéfica. Mas, pelo contrário, se incorporar a qualidade negativa, acrescentará insucessos na vida. Através da sucessão das oito idades, o indivíduo estabelecerá formas socialmente aceitas da identidade do seu ego. É, portanto, a aquisição da identidade do ego, o cerne de sua teoria. A identidade tem sua crise normal na adolescência. É determinada pelo que aconteceu antes ao indivíduo, em seus contatos com outras pessoas, assim como irá determinar o que acontecerá depois. Não se pode separar crescimento pessoal de mudança social, nem separar a crise de identidade na vida individual das crises contemporâneas no desenvolvimento histórico, porque são inter-relacionadas e ajudam a definir-se reciprocamente. Há uma relação psicossocial, um interjogo entre o desenvolvimento do indivíduo no processo histórico, que faz com que a formação da identidade seja significativa para o estabelecimento do protótipo em cada fase histórica. Autoconceito, auto-imagem, auto-estima, são expressões freqüentemente empregadas como sinônimos de identidade. Entretanto, tais conceitos são incompletos para significar o que se entende por identidade - "é a segurança acumulada da coerência e continuidade interiores elaboradas no passado, equivalente à coerência e continuidade do próprio significado para os demais". É a preocupação de manter a unidade da própria personalidade e continuar sendo ela mesma através do tempo. A identidade jamais é algo estabelecido, permanente e estático. Está constantemente em evolução, até a morte. DADOS BIOGRÁFICOS DE ERIK ERIKSON Erik Homburger Erikson, nascido em 1902, em Karlsruhe, Alemanha, formado na escola psicanalítica de Viena, onde se juntou ao grupo de Freud, foi analisado por Anna Freud e se tornou psicanalista de crianças. Emigrou para os Estados Unidos em 1933 e lecionou, na Universidade de Harvard, Psiquiatria e Desenvolvimento Humano. Aposentou-se em 1970 e recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Harvard em 1978. Erik Erikson é considerado um dos mais importantes autores no estudo do desenvolvimento da personalidade e na sua interação com o ambiente. Dá importância decisiva à cultura, que, segundo ele, proporciona o desenvolvimento de potencialidades e a transcendência humana. Suas obras mais conhecidas são "Infância e sociedade" e "Identidade, juventude e crise". Faleceu em 1990. 2. As oito idades do homem 1) Fase do bebê: Confiança versus Desconfiança Na primeira fase, que corresponde à fase oral-sensorial de Freud, a criança tem um relacionamento quase exclusivo com a figura da mãe. Suas experiências se relacionam com a satisfação das necessidades básicas de alimentação, calor e sono. Quando houver satisfação destas necessidades, principalmente da alimentação, que é o evento mais importante da fase, a criança irá incorporar confiança. Em caso contrário, acrescentará a desconfiança básica à sua personalidade. 2) Fase da primeira infância: Autonomia versus Vergonha e Dúvida Nesta fase, que corresponde à fase muscular-anal de Freud, a figura paterna já participa do relacionamento da criança. As experiências mais importantes são relacionadas com o controle esfincteriano, sobretudo no que se refere a reter e deixar. O uso da toalete é o evento mais importante e, aprendendo a aceitar as exigências de higiene, a criança passa a incorporar a autonomia. No entanto, se incorporar a qualidade negativa, ela somará vergonha e dúvida à sua personalidade. 3) Fase do brinquedo: Iniciativa versus Culpa Quando a criança começa a se relacionar com a família, dominando a linguagem e a locomoção, que é o evento de destaque desta fase, ela está no período locomotor-genital. Este estágio corresponde à fase fálica de Freud e as experiências infantis se manifestam através da curiosidade sexual e da agressividade. O conflito estará entre a iniciativa e a culpa. 4) Fase escolar: Operosidade ou Indústria versus Inferioridade Ao ingressar na escola, o círculo de relações da criança se amplia. Agora, ela precisa aprender a construir com os outros e a fazer as coisas de forma cooperativa. A escola é o acontecimento mais importante deste estágio e a aprendizagem escolar resultará em operosidade ou indústria. Se não conseguir aprender a operar em conjunto, a manipular, a escrever e ler, acrescentará a inferioridade à sua personalidade. Este estágio corresponde à fase de latência de Freud. 5) Adolescência: Identidade versus Difusão de Papéis Durante toda a vida, o ser humano desenvolve a sua identidade, mas é na adolescência que o jovem vai realizar o estabelecimento de sua identidade. Se não conseguir, há perigo de difundir-se em inúmeros papéis. Nesta época, os companheiros adquirem grande importância, o relacionamento com eles se torna o evento mais importante, mas também se inicia o amor. O grupo e a identidade grupal são decisivos para a formação do jovem, como modelos de liderança. Através do grupo, o adolescente pode encontrar sua identidade. 6) Fase do jovem adulto: Intimidade versus Isolamento Durante a juventude, uma vez estabelecida a identidade do ego, surge a necessidade de fundi-Ia com outro, em verdadeiro auto-abandono, estabelecendo a intimidade. Se não encontrar a verdadeira intimidade, através de companheiro, amigo, ou pessoa do outro sexo, do relacionamento de amor, que é o acontecimento mais importante, surge o isolamento. 7) Maturidade: Ceneratividade versus Estagnação O homem adulto precisa atuar, realizar algo, gerar um filho. Progenitura e criação são os eventos principais da maturidade. É, pois, a generatividade a principal conquista. Através do amor adulto e do trabalho, o indivíduo será capaz de deixar a sua marca no Universo. Se não houver a incorporação da generatividade, ele se auto-assimilará e estagnará. 8) Velhice: Integridade versus Desespero Ao chegar à velhice, o homem tem contato com toda a humanidade, fazendo da reflexão e aceitação da vida o evento mais importante do período. Tendo a sua identidade estabelecida, vive independente sem o apoio emocional do passado e dos outros, conquistando a integridade do seu Ego. Mas, por outro lado, se não alcançou sua autenticidade, sem uma coesão nuclear, a sua vida assemelha-se a uma luta inglória, em que afloram os remanescentes negativos do desenvolvimento: desconfiança, vergonha, culpa, difuso nos seus propósitos e conteúdos, sozinho e estagnado. Surge o desespero. Durante toda a vida, ao estabelecer a identidade, desenvolve-se a integridade do ego que, em última análise, está baseada na confiança inicial e restabelece o círculo vital iniciado na primeira etapa evolutiva. Fazendo o encontro dos extremos, no processo de desenvolvimento, "as crianças sadias não temerão a vida, se seus antepassados tiveram integridade bastante para não temer a morte", como afirma Erikson. 3. A adolescência segundo Erikson O estabelecimento da identidade do ego Neste período, deve ser estabelecida a identidade dominante e positiva do ego. O adolescente irá estabelecê-Ia no momento em que, somando as experiências atuais às anteriores, fará uma tentativa consciente de transformar o futuro em parte integrante de seu plano de vida. Esta aceitação de suas mudanças físicas, seus sentimentos libidinais, como sendo parte de si mesmo e o restabelecimento da identidade do ego, à luz das experiências anteriores, são, para Erikson, o ponto mais importante desta etapa. No que diz respeito à tentativa consciente para transformar o futuro em parte integrante do seu plano de vida, a teoria de Erikson se aproxima de Spranger, quando afirma ser a adolescência "o estabelecimento gradativo de um plano de vida". Se, durante a adolescência, não é estabelecida satisfatoriamente a identidade do ego, existe o "perigo da difusão de papéis, que prejudicará o desenvolvimento subseqüente do ego. Quando isto se baseia numa forte dúvida anterior, em relação à própria identidade sexual, não são raros os incidentes de delinqüência ou mesmo psicóticos", como diz o autor. Os jovens sentem a necessidade de associar os papéis e'suas habilidades com modelos ocupacionais do momento. Têm necessidade de assemelhar-se às pessoas que admiram e procuram imitá-Ias nos seus papéis. Por isso, os adolescentes estão sempre prontos a instituir ídolos e ideais duradouros como guardiões de uma identidade final. Através desta identificação com o ídolo, eles encontram a si mesmos, descobrindo o seu verdadeiro papel. Assim, chegam a saber o que são e o que desejariam ser. A projeção da identidade em outro - o amor O amor, no adolescente, é uma tentativa de chegar a uma definição de sua identidade, projetando a própria imagem difusa do ego em outra pessoa, para assim vê-Ia refletida e gradualmente definida, É por esta razão que grande parte do amor do adolescente se limita à conversação. O apaixonar-se é uma tentativa de projetar e testar o próprio ego, difuso e indiferenciado, por intermédio de outra pessoa, a fim de clarear e refletir sobre o próprio autoconceito e a própria identidade. Se o adolescente tem vários amores, ele, através de sucessivas identificações, consegue definir e rever sua própria definição do ego. A identidade do ego deve ser alcançada antes do casamento. O jovem deve saber quem é e o que desejaria ser, antes de poder decidir quem será sua companheira ideal. As paixonites também servem para trocar idéias e discutir assuntos de identificação mútua. A identidade ocupacional e grupal - vocação e carreira Muito importante é, para o adolescente, a questão da identidade vocacional. Durante a adolescência, há difusão de papéis e os jovens se identificam com os heróis de cinema, com líderes de grupo, campeões de futebol, até mesmo ao ponto de parecerem perder sua própria identidade. Nesta época, os jovens raramente se identificam com seus pais, mas, pelo contrário, se rebelam contra eles, seu modo de vida, sua intromissão na vida particular. Há necessidade de separar a sua identidade da de seus pais. Entretanto, há uma necessidade desesperada de pertencer a um grupo social. Os companheiros, a roda de amigos, a turma, ajudam o indivíduo a encontrar a própria identidade em um contexto social. Desta participação no grupo resulta o sentimento de clã e de intolerância com as "diferenças" sobretudo na roupa, linguagem e gestos. Para Erikson, o sentimento grupal, a intolerância, a necessidade dos mesmos gestos, roupas e linguagem, é uma defesa necessária contra os perigos da confusão de sentimento de identidade. Diz ele: "os jovens procuram conforto na turma, estereotipando a si mesmos, seus ideais e seus adversários, para se ajudarem temporariamente uns aos outros a vencer muitas dificuldades" . A organização das turmas tem, portanto, o objetivo de autoproteção, a necessidade de se defender dos perigos da autodifusão. Forma-se o sentimento de identidade do ego, como salvaguarda do indivíduo, contra a anarquia dos seus impulsos biológicos e contra a severidade de sua própria consciência. Adquirindo a identidade do grupo, o jovem se defende contra a difusão de papéis e consegue, assim, sentindo-se igual aos amigos, pela roupa, pelos gestos, pela linguagem, nesta identificação, vencer as dificuldades do momento. A identidade ideológica - moral e visão de mundo Erikson caracteriza a mente do adolescente como moratorium, que é uma etapa psicossocial entre a infância e a idade adulta. Portanto, a sua moral se situa entre a infantil e a ética do adulto. Como o adolescente espera firmar-se entre seus iguais através de rituais, credos e programas que definem os valores sociais e, ao mesmo tempo, tudo o que é mau e fantástico, se sente atraído pelas ideologias. Para o jovem, o poder se identifica com a elite, só chegam ao poder os melhores, por isso, a sua adesão às ideologias totalitárias. Diz Erikson: "a atração que o sistema totalitário exerce sobre o adolescente pode basear-se nestas considerações, pois os sistemas totalitários fornecem identidades convincentes e adequadas para esta faixa de idade. A identidade democrática tem menos atração do que a totalitária, uma vez que envolve a liberdade de escolha e não fornece uma identidade imediata, mas insiste na formulação pessoal da identidade". 4. Conclusão A contribuição de Erikson para o pensamento atual é uma reorganização sistemática da teoria psicanalítica à luz da antropologia. Seus estudos sobre duas tribos norte-americanas, os sioux e os yurok, seus heróis lendários, sobre a legenda da infância de Hitler e da juventude de Máximo Gorki, o levaram 'a estabelecer as oito idades do homem, o seu conceito de etapas evolutivas, que analisamos neste capítulo. Durante todas estas etapas vai se desenvolver a identidade do ego, paulatinamente, através de conquistas das etapas vencidas. Assim, para o autor "só um sentimento de identidade, que gradualmente se acumule, fundado na experiência de saúde social e solidariedade cultural no final de cada crise maior da infância, promete aquele equilíbrio periódico na vida humana que, na integração das etapas do ego, contribui para afirmar o sentimento de humanidade. Mas, sempre que este sentimento desaparece, sempre que a integridade cede ao desespero e à repulsa, a generatividade à estagnação, a intimidade ao isolamento, e a identidade à confusão, todo um cortejo de temores infantis associados tende a se mobilizar: pois só uma identidade seguramente formada no 'patrimônio' de uma identidade cultural pode produzir um equilíbrio psicossocial praticável". Esta conceituação da vida humana resume, com rara felicidade, toda uma teoria. A contribuição de Erikson se amolda como nenhuma outra à vida conturbada do homem contemporâneo. Mas ela também oferece elementos para alertá-Io, para ajudá-Io a vencer seus conflitos e levá-Io a uma vida melhor. � 6. Leituras sugeridas ERIKSON, Erik.lnfância e sociedade. Rio de Janeiro, Zahar, 1976. -.Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro, Guanabara, 1987. HALL, Calvin & L1NDZEY, Gardner. Teorias da personalidade. São Paulo, EPU, 1984. MAl ER, Henry W. Tres teorias sobre el desarrollo dei nino: Erikson, Piaget y Sears. Buenos Aires, Amorrortu, 1971. MAURíCIO KNOBH: UM NEOFREUDIANO 1. A teoria de Maurício Knobel: a SÍndrome Normal Maurício Knobel considera a adolescência como um momento evolutivo do gênero humano, que segue certos princípios gerais, mas também a considera resultante de fatores sócio-culturais. Assim, ela é ao mesmo tempo um fenômeno específico dentro da história do desenvolvimento humano e uma expressão temporal-histórico-social. Considera a adolescência um período de transição para o estado adulto. Mas, para ingressar no mundo adulto, o jovem precisa cortar a dependência do mundo infantil. Arminda Aberastury afirma que o jovem adolescente precisa vencer três perdas fundamentais, realizando os respectivos lutos: o luto pelo corpo infantil, pela identidade infantil e pelos pais da infância. O luto pelo corpo infantil perdido se refere às mudanças físicas e fisiológicas que acarretam no adolescente um conflito, que o obriga a constantes ajustamentos ao que ele é e ao que aparenta aos seus olhos e aos olhos dos demais. O luto pela identidade infantil se refere ao papel de criança dependente e segura, que deve ser abandonado para assumir um outro, desconhecido e difícil. O luto pelos pais da infância se refere a todas as fantasias infantis a respeito dos pais, de sua sabedoria, poder e amor, que devem ceder lugar a uma visão realística de seres humanos e não sobrenaturais. O caminho do adolescente para integrar-se na vida adulta se faz pela elaboração de seus lutos, e se manifesta através de uma conduta patológica, que o autor considera "normal" nesta etapa da vida. Também Anna Freud afirma ser difícil estabelecer o limite entre o normal e o patológico no adolescente. Alerta-nos que um equilíbrio estável neste estágio seria "anormal". E as lutas e rebeliões dos adolescentes evidenciam reflexos dos conflitos de dependência infantil, ainda persistentes. Knobel enfatiza que não é fácil estabelecer o conceito de normal e que este varia de acordo com o meio cultural, político e sócio-econômico em que se encontra o jovem. Normal seria o indivíduo adaptado ao ambiente, com capacidade de usar os meios existentes para a satisfação de suas necessidades básicas, numa perfeita interação com o ambiente. Considerando a adolescência como um processo e não uma etapa estabilizada, deve-se admitir e compreender esta aparente patologia e situá-Ia no contexto da realidade. Esta aparente patologia, que se revela por atitudes de instabilidade emocional, alternando períodos de audácia e timidez, desinteresse e urgência, introversão e extroversão, e, ao mesmo tempo, por conflitos afetivos, crises religiosas, ascetismo, homossexualidade ocasional e condutas dirigidas para a heterossexual idade, foi definida por Knobel de: Síndrome Normal da Adolescência. Passaremos a analisar as características dos sintomas que integram a Síndrome Normal da Adolescência. DADOS BIOGRÁFICOS DE MAURíCIO KNOBEl Nasceu em Buenos Aires, Argentina, a 19 de março de 1922. Doutorou-se em Medicina na Universidade de Buenos Aires, onde fez Livre-Docência. Foi Professor Titular por concurso das Universidades de La Plata e Buenos Aires, em Psicologia, Especialista em Psiquiatria nos Estados Unidos da América do Norte, Argentina e Brasil. É membro efetivo de inúmeras associações científicas, como a Associação Psicanalítica Argentina, a Sociedade de Psicanálise do Rio de Janeiro, a International Psychoanalytic Association, o Colégio Internacional de Medicina Psicossomática e a American Psychiatric Association. Atualmente vive no Brasil, em Campinas, São Paulo, onde é Professor Titular do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da UNICAMP, Professor Titular do Departamento de Pós-Graduação em Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da PUC, Campinas. Autor de mais de 200 trabalhos científicos publicados em diversas línguas, sobretudo no estrangeiro, e diversos livros, a maioria sobre adolescência, Maurício Knobel é figura de renome internacional. Obras mais conhecidas: "Adolescência", em colaboração com A. Aberastury e outros. 1 ~ Edição, Buenos Aires: Kargieman, 1971. "la Adolescencia Normal", em colaboração com A. Aberastury. 1 ~ Edição, Buenos Aires, Paidós, 1971. "Infância, Adolescência y Familia". Buenos Aires, Granica, 1972. "A Adolescência e a Família Atual", em colaboração. Rio de Janeiro, Atheneu, 1981. "Psicoterapias Focais" - capítulo do livro "A Criança e o Adolescente da Década de 80", em colaboração. Po"rto Alegre, Artes Médicas, 1983. "Psiquiatria e Saúde Mental" (M. Knobel e S. Saidenberg, org.), São Paulo, Autores Associados, 1983. 1) Busca de si mesmo e da identidade O estabelecimento da identidade é uma característica de cada momento evolutivo. Mas é na adolescência que se dá o verdadeiro conhecimento de si mesmo, como um todo biopsicossocial. O jovem deve ter conhecimento do seu self como entidade psicológica e do seu corpo e esquema corporal, para poder definir a sua identidade. As mudanças físicas da puberdade ocorrem em três níveis fundamentais: - a ativação dos hormônios, que ocasionam modificação sexual; - a produção de óvulos e espermatozóides maduros; - o desenvolvimento de características sexuais primárias e secundárias. Delas, resultam mudanças no esquema corporal, que é a representação mental do próprio corpo, como conseqüência das experiências em contínua evolução. O autoconceito se desenvolve através das apreciações de pessoas, grupos e instituições a respeito de si mesmo e da assimilação dos valores que constituem o ambiente social. A identidade se forma através das experiências de autoconhecimento. Durante a adolescência, o grande problema consiste em manter a unidade diante destas mudanças contínuas e por isso, para Erikson, a adolescência não é um sistema fechado e resistente à mudança, mas um processo psicossocial em que o indivíduo e a sociedade preservam alguns aspectos essenciais. Estabelecer a identidade significa saber quem sou, criar um sentimento de unidade sentida pelo indivíduo e reconhecida pelos outros, como semelhante a si mesmo e contínuo diante das experiências. Através do processo de identificação com modelos de conduta, os jovens buscam estabelecer a própria identidade. Mesmo que os modelos sejam figuras negativas, mas reais, os jovens se identificam com eles. É o que ocorre nas turmas de delinqüentes, homossexuais e adeptos a drogas. Também há a possibilidade de adoção de identidades ocasionais, diante de situações novas, como por exemplo no primeiro encontro ou no primeiro baile. O jovem pode assumir identidades circunstanciais, as ocasionadas pelas circunstâncias - os jovens na escola adotam identidades completamente diferentes das do lar. Estes tipos de identidades diferentes são, para Knobel, aspectos da identidade adolescente, que surgem da separação das figuras dos pais e da aceitação de uma identidade independente. Ao mesmo tempo em que se prepara para o futuro, o jovem volta ao seu passado, tentando refugiar-se nele. Precisa realizar um verdadeiro processo de luto pela condição infantil e tem dificuldade em aceitar as realidades mais adultas, começando em aceitar as modificações do próprio corpo. Naturalmente todas estas modificações causam preocupação para o adolescente e levam bastante tempo. Citando A. Aberastury, Knobel afirma que as identificações se tornam mais fáceis se o jovem conseguir introjetar bem as figuras dos pais. Desta internalização e de um bom mundo interior surge uma relação satisfatória e criativa. Em suma, é durante a adolescência que os indivíduos buscam ser eles mesmos, preparando-se para a vida adulta. E, para conseguir isto, precisam elaborar o luto pelo corpo, pelo papel e pela identidade infantis e também pelos pais da infância, dos quais precisam se separar. É através destes lutos que começa o processo de individuação. 2) A tendência grupal Na busca da identidade, o adolescente desloca o sentimento de dependência dos pais para o grupo de companheiros, onde todos se identificam com cada um. De fato, neste momento, o jovem pertence mais ao grupo de companheiros do que à família. E revela esta aceitação das regras do grupo em relação à vestimenta, moda, costumes e preferências de todos os tipos. Pela atuação do grupo o jovem se opõe aos pais e consegue estabelecer uma identidade diferente do meio familiar. Transfere para o grupo grande parte da dependência que tinha da família. Deste modo, o grupo constitui o passo intermediário no mundo externo, para alcançar a individuação adulta. O grupo ajuda o indivíduo a enfrentar as dificuldades que consistem em deixar os atributos infantis e assumir as obrigações adultas, para as quais não está ainda preparado. Quando os pais ainda desempenham um papel muito importante na vida do jovem e ele quer afirmar sua independência, procura um líder no grupo, ao qual passa a submeter-se, ou então ele mesmo assume a liderança grupal, para poder exercer o papel do pai ou da mãe. Segundo Knobel, depois de passar pela experiência grupal, o indivíduo poderá começar a separar-se da turma e assumir a identidade adulta. 3) Necessidade de intelectualizar e fantasiar São formas típicas do pensamento adolescente e necessidade de intelectualizar e fantasiar. Anna Freud já destacou a intelectualização como mecanismo de defesa do adolescente. A função da intelectualização será de ligar as forças do id a conteúdos intelectuais, torná-Ias acessíveis à consciência, a fim de controlá-Ias. Também Arminda Aberastury, in Knobel (1981 :39), já assinalou ser a intelectualização uma fuga para o interior, "uma espécie de reajuste emocional, que leva à preocupação por princípios éticos, filosóficos, sociais, que muitas vezes implicam formular-se um plano de vida muito diferente do que se tinha até este momento e que também permite a teorização acerca de grandes reformas que podem acontecer no mundo exterior". É o momento em que o adolescente estabelece grandes teorias políticas e filosóficas de salvação da humanidade. É também o momento em que começa a escrever versos e contos, dedicando-se à produção literária. Para Anna Freud, estas teorias políticas e filosóficas são a resposta do adolescente à percepção das novas exigências instintivas do seu próprio Id, que ameaçam revolucionar sua vida inteira. 4) As crises religiosas As crises religiosas no adolescente manifestam-se por atitudes de ateísmo ou de misticismo, ambas sempre como situações extremas. Às vezes, o mesmo jovem passa por períodos de negação da religiosidade ou de exaltação da mesma, o que revela a situação mutável do seu mundo interior. As crises religiosas refletem as tentativas de solução. da angústia do ego, que busca identificações positivas, ao mesmo tempo que precisa elaborar as perdas do seu corpo e identidades infantis. A separação dos pais e a possível morte deles faz com que os jovens realizem imagens idealizadas num processo de identificação projetiva, como as de divindades de qualquer religião. Assim, tornam-se místicos fervorosos. Mas, se os pais internalizados eram muito punitivos e perseguidores e não havia boas relações com eles, refugiar-se numa atitude niilista de um ateísmo confesso pode ser uma atitude defensiva e compensatória. Então, tornam-se ateus exacerbados. Nem todos chegam a estes extremos. Comumente, os jovens adotam, diante da religião, uma atitude entusiasta ou indiferente. "A prevenção de uma adolescência difícil deve ser procurada com a ajuda de trabalhadores de todos os campos do estudo do homem, que investiguem para a nossa sociedade atual as necessidades e os limites úteis que permitam a um adolescente desenvolver-se até um nível adulto. Isto exige um clima de espera e compreensão, para que o processo não se demore nem se acelere. É um momento crucial na vida do homem e precisa de uma liberdade adequada, com a segurança de normas que lhe possam ir ajudando a adaptar-se às suas necessidades ou a modificá-Ias, sem entrar em conflitos graves consigo mesmo, com seu ambiente e com a sociedade". KNOBEL, Maurício (Adolescência normal. P. Alegre, Artes Médica, 1981, p. 22) 5) A deslocalização temporal A conduta do adolescente diante do tempo desconcerta o adulto. Se o pai manda estudar, responde que tem muito tempo, embora a prova seja amanhã. E, outras vezes, insiste na urgência da arrumação de uma roupa para festa, que se realizará apenas em alguns meses. Na verdade, o adolescente vive com certa desorientação temporal, em que as urgências são enormes e as postergações são irracionais. Aceitando a perda da infância, o jovem aceita a morte de uma parte de si mesmo e de seus objetos, para poder localizá-Ios no passado. Mas este passado pode ameaçar invadir o indivíduo que, como defesa, procura manejar o tempo. Ao negar a passagem do tempo, conserva a criança dentro de si, como um objeto morto-vivo. É o que se manifesta no sentimento de solidão, tão freqüente nos adolescentes, que se refugiam no quarto, isolando-se dos demais. Estes momentos de solidão são necessários para poder ficar fora do passado, do presente e do futuro. A verdadeira capacidade de ficar só é sinal de maturidade, somente se conseguirá depois destas experiências angustiantes da adolescência. Para Knobel (1981 :42), "é durante a adolescência que a dimensão temporal vai adquirindo lentamente características discriminativas". Então, o jovem afirma, referindo-se ao seu passado: quando eu era pequeno, ou referindo-se ao seu futuro: quando eu for grande. Se, no passado do jovem, as experiências positivas o fizeram incorporar objetos bons, a integração e discriminação do tempo serão facilitadas. O futuro será a projeção do passado gratificante, pois o jovem poderá reconhecer seu passado e formular projetos de futuro, baseados na elaboração do presente. Então, estará superada grande parte da problemática da adolescência. 6) A evolução sexual desde o auto-erotismo até a heterossexualidade Observa-se no desenvolver da evolução sexual do adolescente uma oscilação entre a atividade masturbatória e o começo do exercício genital, que tem um caráter mais exploratório. O adolescente somente adquirirá a genitalidade procriativa ao assumir seu papel adulto. Inicialmente, o jovem busca o seu parceiro, de forma tímida, mas intensa. É o momento dos contatos, dos carinhos íntimos, que enchem a vida sexual. Nesta época, surge, também, o amor apaixonado, o amor à primeira vista, que muitas vezes não é correspondido e até mesmo ignorado pela pessoa amada. É a paixão por astros do cinema, do esporte, da televisão, etc. Este tipo de amor representa uma substituição ao amor aos pais, resultante de fantasias edípicas. A relação genital heterossexual completa só se realiza na adolescência tardia. O adolescente revive as experiências passadas, quando tinha quatro ou cinco anos, no período fálico, e a atitude dos pais diante delas, tecendo fantasias a seu respeito. Há novamente um interesse sexual, que se revela por revistas pornográficas, vestimentas, tipo de cabelo, danças. A evolução da sexualidade adolescente vai de uma fase prévia de masturbação a uma atividade lúdica, que leva à aprendizagem: os jogos eróticos, bailes, esportes, carinhos - constituindo-se numa forma de exploração, como ocorria na infância. Agora, porém, ocorrem mudanças biológicas, que o jovem deve assistir passivamente e que lhe causam grande preocupação e ansiedade. A situação edípica é revivida na adolescência e deve ser elaborada pelo rapaz através de idealizações do pai, que facilitam uma identificação com seus aspectos positivos, favorecendo os estudos ou a aprendizagem do trabalho e a aceitação de seus progressos, como ser criativo e capaz de procriar. A moça, ao elaborar a situação edípica, aceitará sua beleza e atributos femininos, progredirá no trabalho ou no estudo, aceitando seu papel feminino. Knobel (1981 :48) considera ser o exercício genital procriativo sem a aceitação da responsabilidade dele decorrente, não um indício de maturidade, mas de sérias perturbações. Os matrimônios precoces, em que não há capacidade de assumir os papéis adultos, são condenados ao fracasso. Também diz o autor que as experiências homossexuais ocasionais entre adolescentes não devem ser encaradas como patológicas, mas como tentativas de adaptação. A raiz da homossexualidade deve ser buscada na ausência da figura do pai. No rapaz, a falta da figura paterna impede a identificação, e fará com que busque esta figura toda a vida (busca da potência e masculinidade). Na moça, a ausência do pai se manifesta pela negação de uma relação adulta com outro homem. É preciso salientar que, tanto na homossexualidade transitória, como na atividade genital precoce, a masturbação está presente. Assim, a masturbação deve ser encarada como "experiência lúdica, na qual as fantasias edípicas são manejadas solitariamente", segundo Knobel (1981 :50). Esta mesma atividade masturbatória, que já existia na infância, se torna mais intensa diante da definição de necessidade de satisfação genital. Mas ela tem caráter exploratório, de aprendizagem e preparação para a futura genitalidade procriativa, com um indivíduo do sexo oposto, para integrar uma constelação familiar com os papéis adultos correspondentes. 7) Atitude social reivindicatória Assim como o adolescente revive a situação edípica, os pais também, diante dos filhos que estão ficando adultos, sentem medo e angústia, e revivem seus próprios conflitos da fase edípica. Ao mesmo tempo em que os filhos temem separar-se dos pais, estes temem o afastamento dos filhos. A este conflito chama-se "ambivalência dual". A sociedade também interfere de forma muito ativa neste conflito. O meio condiciona a aceitação da identidade do jovem e a cultura modifica as características externas deste processo, embora em linhas gerais seja o mesmo para todos os seres humanos. A entrada na puberdade nas diferentes culturas é assinalada por "ritos de iniciação", que tem como base a rivalidade que os pais sentem dos filhos crescidos, que podem substituí-Ios e se identificam com eles. Na sociedade contemporânea há uma contradição entre as possibilidades materiais do ser humano, que praticamente tudo pode, onde o adolescente se sente marginalizado e tudo se torna impossível para ele. É por isso que o adolescente assume uma atitude social reivindicatória. Através de sua atividade e sua força ele tenta modificar a sociedade, que está vivendo modificações intensas. O jovem vê que só poderá progredir no comércio ou na indústria ao se adaptar à mediocridade e comodidade estúpidas. E como não é isto que ele quer, só vê saída no crime e na delinqüência. Conforme Knobel (1981:54) "na medida em que o adolescente não encontra o caminho adequado para a sua expressão vital e para a aceitação de uma possibilidade de realização, não poderá jamais ser um adulto satisfeito. A tecnificação da sociedade, o domínio de um mundo adulto incompreensível e exigente, a burocratização das possibilidades de emprego, as exigências de uma industrialização mal canalizada e uma economia mal dirigida, criam uma divisão d~ classes absurda e ilógica, que o indivíduo tenta superar mediante crises violentas de reforma social". E prossegue o autor, dizendo que a juventude revolucionária do mundo, e a nossa especialmente, tem em si o sentimento místico da necessidade de mudança social. A oposição que o jovem sofre de seus pais é transferida para o campo social. As intelectualizações, as fantasias, a necessidade de identidade grupal se transformam em pensamento ativo e em ação social, política e cultural. Este processo é importante para o desenvolvimento evolutivo do indivíduo. Em síntese, o jovem projeta o luto pelos pais da infância no mundo exterior. Assim, não é ele que muda, que deixa o corpo e o papel infantil, mas seus pais e a sociedade que não continuam a funcionar como os pais infantis, cheios de cuidados e proteção. Descarrega então contra eles o seu ódio, em atitudes violentas. Ao elaborar estes lutos, poderá o adolescente preparar-se para entrar no mundo dos adultos com idéias que modifiquem a realidade social de forma positiva, a fim de que, quando adulto, encontre um mundo realmente melhor. 8) Contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta A conduta do adolescente está dominada pela ação; ele não pode manter uma linha de conduta rígida, permanente e absoluta, embora o queira. Sua personalidade é permeável, com freqüentes projeções e identificações, o que resulta numa instabilidade permanente e normal. Só no adolescente psicopata é que podemos observar uma conduta rígida. São os adultos que geralmente não aceitam esta instabilidade de conduta dos jovens, exigindo que tenham identidade adulta, quando na realidade sua identidade é transitória, circunstancial e contraditória, que facilita a elaboração dos lutos típicos deste período da vida. 9) Separação progressiva dos pais Um dos lutos fundamentais que o adolescente deve elaborar é o luto pelos pais da infância. Uma das tarefas básicas da adolescência é separar-se dos pais, fato auxiliado pelas .mudanças fisiológicas deste período e que será carregado de angústia na proporção em que estas experiências infantis anteriores tenham sido elaboradas. Também os pais se angustiam diante do crescimento dos filhos e da possibilidade destes procriarem, revivendo suas próprias experiências edípicas. Já nos referimos à "ambivalência dual", em que os pais negam o crescimento dos filhos e estes vêem os pais como figuras persecutórias. Mas, se a figura dos pais aparece com papéis definidos, numa união amorosa e criativa, perdem as características persecutórias e se transformam no modelo de vínculo genital que o jovem realmente quer alcançar. De acordo com Jersild (1969:313), "para realizar as suas potencialidades como adultos, os jovens precisam trocar os seus primeiros objetos de amor: abandonar os pais em benefício dos futuros companheiros e, finalmente, em benefício do cônjuge". Boas imagens internalizadas dos pais facilitarão aos adolescentes o exercício da genitalidade adulta e a passagem à maturidade. Por outro lado, quando as figuras dos pais não têm papéis bem definidos, nem são muito estáveis, o jovem se sente obrigado a buscar identificações com personalidades mais firmes e mais consistentes. Eis por que se identifica com astros de cinema, televisão e esportes. As identificações se fazem com figuras substitutivas dos pais nos seus aspectos idealizados. Surgem, então, as identificações com professores, companheiros mais velhos, heróis imaginários, possibilitando o estabelecimento de relações satisfatórias para os jovens. 10) Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo Todo o processo do estabelecimento da identidade adolescente é acompanhado por um sentimento básico de ansiedade e de pressão. A realidade nem sempre satisfaz as aspirações do indivíduo, que, então, retorna a si mesmo, num sentimento de solidão, característico da situação de frustração, desalento e aborrecimento. Oadolescente busca refúgio no seu mundo interior para se preparar para a ação. Na tentativa de elaborar os lutos pela perda de objetos da infância, o adolescente apresenta constantemente f1utuações de humor, que precisam ser compreendidas. Considerando que o estado de ânimo ou humor, o tom afetivo, depende do conjunto de sensações internas (cenestésicas) e da quantidade de hormônios que circulam na corrente sangüínea (fórmula endócrina), compreendemos a falta de constância nos sentimentos vitais, que resultam em grandes e repentinas mudanças de humor. Toda a instabilidade e flutuações de humor se devem ao fato de não haver base cenestésica e hormonal sólida para as atitudes afetivas. 2. Conclusão A síndrome da adolescência normal é uma tentativa de esquematizar o processo fenomenológico da e;;pressão de condu~a do jovem, visando facilitar a compreensão deste momento evolutivo, localizando a personalidade com todas as suas características dinâmicas. o fato de aceitar a anormalidade habitual no adoles· cente ocasionará ullla aproximação mais produtiva deste período da vida. Levará o adulto a entender o jovem, preocupado em encontrar e estabelecer a sua identidade. Somente quando o mundo adulto compreender e facilitar a tarefa do adolescente, este poderá desempenhar suas tarefas, gozar sua identidade e elaborar uma personalidade sadia e feliz. Caso contrário, continuarão os conflitos de gerações, que dificultam o processo evólutivo e não permitem o gozo real da personalidade dos jovens. 4. Leituras sugeridas ABERASTURY, Arminda & KNOBEL, Maurício. Adolescência. Porto Alegre, Artes Médicas, 1 990. -. Adolescência normal. Porto Alegre, Artes Médicas, 1981. ERIKSON, Erik. Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro, Guanabara, 1987. KNOBEL, Maurício et aI. A adolescência e a família atual. Rio de Janeiro, Atheneu, 1981. FERREIRA, Berta W. O cotidiano do adolescente. RJ: Vozes, 1995 �PAGE � �PAGE �83�