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Coordenação Gustavo Bregalda Neves, Kheyder Loyola e Geibson Rezende 1. Português 2. Informática 3. Geografia, História e Atualidades de Goiás 4. Direito Penal 5. Direito Processual Penal 6. Legislação Penal Especial 7. Direito Administrativo 8. Direito Constitucional 9. Direito Civil 10. Direito Empresarial 11. Direito do Consumidor 12. Medicina Legal © Copyright – Todos os direitos reservados à Av. Casa Verde, 455 – Casa Verde CEP 02519-000 – São Paulo – SP e-mail: sac@rideel.com.br www.editorarideel.com.br www.juridicorideel.com.br Proibida qualquer reprodução, mecânica ou eletrônica, total ou parcial, sem prévia permissão por escrito do editor. 1 3 5 7 9 8 6 4 2 0 9 1 2 Edição Atualizada até 3-9-2012 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua CRB-8/7057 Delegado Civil do Estado de Goiás / Kheyder Loyola ...[et al]; coordenado por Kheyder Loyola, Gustavo Bregalda Neves, Geibson Cândido Martins Rezende. – São Paulo : Rideel, 2012. (Passe agora em concursos públicos com a Rideel) ISBN 978-85-339-2291-4 1. Delegados de polícia – Concursos 2. Polícia Civil – Concursos 3. Concursos – Manuais, guias 4. Direito 5. Língua Portuguesa 6. Informática I. Loyola, Kheyder II. Neves, Gustavo Bregalda III. Rezende, Geibson Cândido Martins IV. Oliveira, Kanduka V. Idankas, Rodney 12-0195 CDD 351.81076 Índice para catálogo sistemático: 1. Delegados de polícia - Concursos E x p E d i E n t E Presidente e editor Italo Amadio diretora editorial Katia F. Amadio equiPe técnica Bianca Conforti Flavia G. Falcão de Oliveira Marcella Pâmela da Costa Silva Pesquisa iconográfica Jaqueline Spezia Projeto gráfico Sergio A. Pereira diagramação Projeto e Imagem Produção gráfica Helio Ramos imPressão RR Donnelley SUMÁRIO LÍNGUA PORTUGUESA Fonética e Fonologia ............................................................................................ 3 Ortografia ........................................................................................................... 8 Morfologia .......................................................................................................... 25 Classes de palavras ............................................................................................. 33 Substantivo ......................................................................................................... 34 Artigo ................................................................................................................. 42 Adjetivo .............................................................................................................. 43 Numeral ............................................................................................................. 47 Pronome ............................................................................................................. 49 Verbo ................................................................................................................. 55 Advérbio............................................................................................................. 63 Preposição .......................................................................................................... 66 Conjunção .......................................................................................................... 68 Interjeição .......................................................................................................... 69 Sintaxe ............................................................................................................... 70 Análise sintática do período composto.................................................................. 82 Crase .................................................................................................................. 87 Sintaxe de concordância ...................................................................................... 90 Regência ............................................................................................................. 96 Colocação pronominal ......................................................................................... 99 Pontuação........................................................................................................... 101 Significação das palavras ..................................................................................... 103 Figuras de linguagem .......................................................................................... 104 Interpretação de texto .......................................................................................... 109 INFORMÁTICA 1. Conceitos básicos ........................................................................................ 115 2. Hardware e software .................................................................................... 118 3. Windows .................................................................................................... 125 4. MS Office e BR Office ................................................................................... 129 5. Internet e intranet ........................................................................................ 135 6. Backup ........................................................................................................ 139 7. Arquivos ..................................................................................................... 141 8. Armazenamento de dados e segurança da informação ................................... 143 GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS INTRODUçãO .............................................................................................................. 149 HISTÓRIA DE GOIÁS ...................................................................................................... 150 1. Período pré-colonial ..................................................................................... 150 2. O Tratado de Tordesilhas (1494) ................................................................... 151 3. Brasil Colônia (1500-1822) ........................................................................... 152 4. As Capitanias Hereditárias (1530-1850) ......................................................... 153 VI DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 5. Sesmarias .................................................................................................... 153 6. A Lei de Terras e seus efeitos ........................................................................ 155 7. A ocupação do interior do Brasil ................................................................... 155 8. Entradas e bandeiras .................................................................................... 155 9. A União Ibérica (1580-1640) ......................................................................... 159 10. A herança da dominação espanhola ................................................................ 159 11. O Tratado de Madri (1750) .............................................................................. 160 12. A Bandeira do Anhanguera Pai ....................................................................... 161 13. A Bandeira do Anhanguera Filho .................................................................... 162 14. O início do povoamento ................................................................................. 163 15. A ocupação mineratória – Mineração .............................................................. 163 16. O sistema de datas ......................................................................................... 164 17. O início da mobilidade social ......................................................................... 165 18. Povoamento irregular ..................................................................................... 166 19. Os impostos .................................................................................................. 166 20. Declínio da mineração ................................................................................... 168 21. A atividade agropecuária nas regiões mineradoras ........................................... 168 22. O final da mineração...................................................................................... 169 23. A relação entre os colonizadores e os índios .................................................... 169 24. A colonização de Goiás .................................................................................. 171 25. Período do Império (1822-1889) ..................................................................... 179 26. Panorama administrativo, político, cultural de Goiás durante o Império ............ 186 27. Período Republicano (1889...) ........................................................................ 187 28. A Revolução de 1930 em Goiás ....................................................................... 188 29. Goiás no período Republicano (1889...) .......................................................... 189 30. Goiás na República Populista (1945-1964) ....................................................... 196 31. História de Brasília ......................................................................................... 199 32. República Militar (1964-1985) ........................................................................ 204 33. O Fim do Regime Militar e a Ordem Política em Goiás ..................................... 207 Resumão ................................................................................................................ 219 GEOGRAFIA DE GOIÁS .................................................................................................. 228 1. Raio-X do Estado de Goiás ........................................................................... 228 2. Regionalização ............................................................................................ 229 3. Economia Goiana: principais destaques ........................................................ 230 4. Mineração ................................................................................................... 232 5. Dados Geomorfológicos ............................................................................... 233 6. Modernização da agricultura: impactos na economia goiana .......................... 240 7. Hidrografia .................................................................................................. 243 8. Infraestrutura .............................................................................................. 244 ATUALIDADES DE GOIÁS ................................................................................................ 244 1. Suzuki em Itumbiara.................................................................................... 244 2. Federalização da Celg................................................................................... 245 3. Rio Verde assume 1o lugar em PIB agrícola no Brasil ...................................... 245 4. O escândalo Cachoeira ................................................................................. 246 eXeRCÍCIos De PRoVAs ANTeRIoRes ..................................................................... 248 SUMÁRIO VII DIREITO PENAL PARTE GERAL ...................................................................................................... 267 1. Introdução .................................................................................................. 267 2. Fontes de Direito Penal ................................................................................ 270 3. Interpretação da Lei Penal ............................................................................ 272 4. Da aplicação da Lei Penal no tempo e no espaço ........................................... 273 5. Teoria do crime............................................................................................ 276 6. Concurso de crimes ..................................................................................... 280 7. Fato típico e seus elementos – 1o requisito do crime ....................................... 284 8. Ilicitude – 2o requisito do crime .................................................................... 292 9. Culpabilidade .............................................................................................. 294 10. Concurso de pessoas (art. 29 do CP) ............................................................. 297 11. Sanção Penal ............................................................................................... 298 12. Suspensão Condicional da Execução da Pena (Sursis) .................................... 302 13. Livramento condicional (art. 83 do CP) ......................................................... 303 14. Efeitos genéricos e específicos da condenação ............................................... 306 15. Reabilitação ................................................................................................. 309 16. Ação penal .................................................................................................. 310 17. Extinção da punibilidade (art. 107 do CP) ..................................................... 314 PARTE ESPECIAL ................................................................................................... 318 Dos CRImes CoNTRA A VIDA ................................................................................. 322 I – Homicídio (art. 121 do CP).............................................................................. 322 II – Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (art. 122 do CP) ......................... 327 III – Infanticídio (art. 123 do CP) ......................................................................... 328 IV – Aborto (arts. 124 a 128 do CP) ...................................................................... 328 DAs Lesões CoRPoRAIs .......................................................................................... 331 I – Lesão Corporal (art. 129) ................................................................................ 331 DA PeRICLITAção DA VIDA e DA sAúDe ................................................................. 335 I – Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial ..................... 335 Dos CRImes CoNTRA A HoNRA .............................................................................. 340 I – Calúnia (art. 138 do CP) ................................................................................. 341 II – Difamação (art. 139 do CP) ............................................................................ 343 III – Injúria (art. 140 do CP)................................................................................. 344 Dos CRImes CoNTRA o PATRImÔNIo ..................................................................... 346 I – Furto (art. 155 do CP) ..................................................................................... 347 II – Roubo (art. 157 do CP) .................................................................................. 351 III – Extorsão (art. 158 do CP) .............................................................................. 354 IV – Extorsão mediante Sequestro (art. 159 do CP)................................................ 354 V – Dano (art. 163 do CP) ................................................................................... 356 VI – Apropriação Indébita (art. 168 do CP) ........................................................... 359 VII – Outras Formas de Apropriação (art. 169 do CP) ............................................ 361 VIII – Estelionato (art. 171 do CP) ........................................................................ 362 IX – Receptação (art. 180 do CP) .......................................................................... 366 Dos CRImes CoNTRA A DIGNIDADe seXuAL .......................................................... 370 I – Dos Crimes contra a Liberdade Sexual ............................................................. 370 VIII DELEGADO CIVIL DE GOIÁS II – Dos Crimes Sexuais contra Vulnerável ............................................................ 376 Dos CRImes CoNTRA A PAZ PúBLICA ..................................................................... 381 I – Apologia de crime ou criminoso (art. 287 do CP) ............................................. 381 II – Quadrilha ou Bando (art. 288 do CP) .............................................................. 382 Dos CRImes CoNTRA A FÉ PúBLICA ....................................................................... 385 I – Falsificação de documento público (art. 297 do CP) .......................................... 386 II – Falsificação de documento particular (art. 298 do CP) ..................................... 389 III – Falsidade ideológica (art. 299 do CP) ............................................................. 389 IV – Uso de documento falso (art. 304 do CP) ....................................................... 392 V – Supressão de documento (art. 305 do CP) ....................................................... 394 VI – Uso de documento de identidade alheia (art. 308 do CP) ................................ 395 VII – Das fraudes em certames de interesse público (art. 311-A do CP) .................. 396 Dos CRImes CoNTRA A ADmINIsTRAção PúBLICA ............................................... 397 A – Crimes contra a Administração em Geral .......................................................... 398 I – Peculato (art. 312 do CP) ................................................................................ 399 II – Peculato mediante Erro de Outrem (art. 313 do CP) ......................................... 401 III – Concussão (art. 316 do CP) ........................................................................... 402 IV – Corrupção Passiva (art. 317 do CP) ............................................................... 403 V – Prevaricação (art. 319 do CP) ......................................................................... 406 VI – Condescendência Criminosa (art. 320 do CP) ................................................. 407 VII – Advocacia Administrativa (art. 321 do CP) .................................................... 408 VIII – Violação de Sigilo Profissional (art. 325 do CP) ............................................ 408 B – Crimes praticados por particular contra a Administração em Geral ..................... 409 I – Resistência (art. 329 do CP) ............................................................................ 409 II – Desobediência (art. 330 do CP) ...................................................................... 411 III – Desacato (art. 331 do CP) ............................................................................. 413 IV – Tráfico de Influência (art. 332 do CP) ............................................................ 414 V – Contrabando ou Descaminho (art. 334 do CP) ................................................ 415 C – Crimes contra a administração da justiça .......................................................... 418 I – Denunciação Caluniosa (art. 339 do CP) .......................................................... 418 II – Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção (art. 340 do CP) ....................... 419 III – Autoacusação Falsa (art. 341 do CP) .............................................................. 421 IV – Falso Testemunho ou Falsa Perícia (art. 342 do CP) ........................................ 421 V – Coação no Curso do Processo (art. 344 do CP) ................................................ 423 VI – Exercício Arbitrário das Próprias Razões (art. 345 do CP) ............................... 424 VII – Fraude Processual (art. 347 do CP) .............................................................. 425 VIII – Favorecimento Pessoal (art. 348 do CP) ....................................................... 426 IX – Favorecimento Real (art. 349 do CP) .............................................................. 427 DIREITO PROCESSUAL PENAL 1. Princípios Gerais aplicáveis ao Processo Penal ............................................... 431 2. Eficácia da lei processual no tempo .............................................................. 433 3. Eficácia da lei processual no espaço .............................................................. 433 4. Imunidades ................................................................................................. 433 5. Interpretação da Lei Processual Penal ........................................................... 434 6. Analogia ..................................................................................................... 434 7. Fontes do Direito Processual Penal ................................................................ 435 SUMÁRIO IX 8. Do inquérito policial .................................................................................... 435 9. Da ação penal.............................................................................................. 440 10. Denúncia e queixa ....................................................................................... 444 11. Das provas .................................................................................................. 446 12. Da prisão .................................................................................................... 459 13. Atos jurisdicionais ou atos dos juízes ............................................................ 474 14. Habeas corpus ............................................................................................. 481 DOS PROCEDIMENTOS EM ESPÉCIE .......................................................................... 484 15. Procedimentos comuns ................................................................................ 484 16. Regra geral para procedimento (art. 394, § 2o, do CPP) .................................. 485 17. Previsão legal para procedimento comum e especial ...................................... 485 18. Procedimento sumário ................................................................................. 488 19. Do procedimento sumaríssimo ..................................................................... 490 20. Procedimento especial dos crimes contra a honra (arts. 519 a 523 do CPP) ...... 492 21. Procedimento especial dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (art. 513 do CPP) ............................................................................ 493 22. Do procedimento dos crimes de competência do júri (arts. 394 a 405 e 406 a 497 do CPP) ................................................................................................ 494 23. Procedimentos para crimes praticados por organização criminosa .................. 505 24. Das Medidas Assecuratórias ......................................................................... 506 LEGISLAçãO PENAL ESPECIAL 1. Lei das Contravenções Penais – Dec.-Lei no 3.688/1941 .................................. 509 2. Crimes contra a economia popular – Lei no 1.521/1951 .................................. 521 3. Crimes de corrupção de menores – Lei no 8.069/1990 (art. 244-B) .................. 525 4. Abuso de autoridade – Lei no 4.898/1965 ...................................................... 526 5. Direito Eleitoral – Lei no 4.737/1965 – Código Eleitoral .................................. 532 6. Crimes contra o parcelamento do solo urbano – Lei no 6.766/1979 ................. 571 7. Lei de Execução Penal – Lei no 7.210/1984 .................................................... 575 8. Crimes contra o sistema financeiro nacional – Lei no 7.492/1986 .................... 582 9. Preconceito racial (racismo) – Lei no 7.716/1989 ............................................ 591 10. Crimes hediondos – Lei no 8.072/1990 .......................................................... 601 11. Crimes contra as relações de consumo – Lei no 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor ............................................................................................ 606 12. Crimes contra a ordem tributária – Lei no 8.137/1990 .................................... 614 13. Improbidade administrativa – Lei no 8.429/1992 ............................................ 622 14. Crimes de licitação – Lei no 8.666/1993 ......................................................... 625 15. Lei de combate às organizações criminosas – Lei no 9.034/1995 ..................... 631 16. Juizado Especial Criminal – Leis nos 9.099/1995 e 10.259/2001 ....................... 633 17. Interceptação da comunicação telefônica – Lei no 9.296/1996 ......................... 639 18. Transplante de órgãos – Lei no 9.434/1997 .................................................... 641 19. Crimes da Lei de Tortura – Lei no 9.455/1997 ................................................ 646 20. Crimes do Código de Trânsito – Lei no 9.503/1997 – Código de Trânsito Brasileiro .. 650 21. Crimes contra o Meio Ambiente – Lei no 9.605/1998 ...................................... 658 22. Crimes de lavagem de dinheiro/valores – Lei no 9.613/1998 ........................... 666 23. Crimes do Estatuto do Idoso – Lei no 10.741/2003 – Estatuto do Idoso ............ 670 X DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 24. Crimes do Estatuto do Desarmamento – Lei no 10.826/2003 – Estatuto do De- sarmamento ................................................................................................ 680 25. Lei Antidrogas – Lei no 11.343/2006 .............................................................. 687 26. Tribunal Penal Internacional (TPI) – Decreto no 4.388/2002 ............................ 706 27. Lei Maria da Penha ...................................................................................... 711 DIREITO ADMINISTRATIVO 1. Introdução .................................................................................................. 723 2. Princípios constitucionais da administração .................................................. 723 3. Administração pública ................................................................................. 728 4. Administração indireta ................................................................................. 729 5. Poderes da administração ............................................................................. 738 6. Bens públicos .............................................................................................. 741 7. Atos administrativos .................................................................................... 746 8. Contratos administrativos ............................................................................. 751 9. Licitações (Lei no 8.666/1993) ...................................................................... 756 10. Servidores públicos ...................................................................................... 765 DIREITO CONSTITUCIONAL 1. Noções gerais .............................................................................................. 777 2. Constituição ................................................................................................ 780 3. Poder Constituinte ....................................................................................... 788 4. Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais ...................................... 793 5. Controle de constitucionalidade .................................................................... 800 6. Princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito ............................ 812 7. Nacionalidade ............................................................................................. 815 8. Direitos políticos e partidos políticos ............................................................. 826 9. Divisão espacial do poder (organização do Estado) ........................................ 831 10. Divisão orgânica do poder (separação dos poderes) ....................................... 836 11. Poder Legislativo ......................................................................................... 840 12. Poder Executivo ........................................................................................... 854 13. Poder Judiciário ........................................................................................... 860 14. Defesa do Estado e das instituições democráticas .......................................... 866 15. Direitos e garantias fundamentais ................................................................. 869 16. Tutela constitucional das liberdades .............................................................. 908 DIREITO CIVIL PARTE GERAL ...................................................................................................... 913 1. Das pessoas ................................................................................................. 913 2. Dos bens ..................................................................................................... 916 3. Dos fatos jurídicos ....................................................................................... 919 4. Dos atos jurídicos ilícitos e reparação do dano .............................................. 926 5. Da prescrição e decadência .......................................................................... 927 6. Da prova ..................................................................................................... 929 DIREITO DAS OBRIGAçÕES .................................................................................... 929 1. Fontes das obrigações .................................................................................. 929 2. Elementos constitutivos da obrigação ........................................................... 929 SUMÁRIO XI 3. Classificação das obrigações ......................................................................... 929 4. Espécies de obrigação .................................................................................. 930 5. Transmissão das obrigações .......................................................................... 936 6. Extinção das obrigações ............................................................................... 938 7. Formas especiais de extinção das obrigações ................................................. 941 8. Inadimplemento das obrigações .................................................................... 945 9. Arras ou sinal .............................................................................................. 948 DIREITO DOS CONTRATOS – PARTE GERAL E CONTRATOS EM ESPÉCIE ............................. 949 PARTe 1. CoNTRATos – PARTe GeRAL ..................................................................... 949 1. Natureza jurídica ......................................................................................... 949 2. Requisitos de existência ............................................................................... 949 3. Pressupostos de validade ............................................................................. 949 4. Requisitos de eficácia ................................................................................... 949 5. Princípios contratuais .................................................................................. 949 6. Classificação................................................................................................ 950 7. Formação do vínculo ................................................................................... 950 8. Momento da perfeição do contrato................................................................ 951 9. Local da perfeição........................................................................................ 951 10. Estipulação em favor de terceiro (arts. 436 a 438 do CC) ................................ 951 11. Promessa de fato de terceiro (arts. 439 e 440 do CC) ...................................... 951 12. Das arras (arts. 417 a 420 do CC) .................................................................. 951 13. Dos vícios redibitórios ................................................................................. 951 14. Evicção ....................................................................................................... 952 15. Contratos aleatórios ..................................................................................... 952 16. Contrato preliminar ..................................................................................... 952 17. Contrato com pessoa a declarar .................................................................... 953 18. Extinção ...................................................................................................... 953 PARTe 2. CoNTRATos em esPÉCIe .......................................................................... 954 1. Contrato de compra e venda ......................................................................... 954 2. Da troca ou permuta .................................................................................... 959 3. Contrato estimatório (mercantil) ................................................................... 959 4. Da doação ................................................................................................... 961 5. Contrato de locação ..................................................................................... 964 6. Empréstimo ................................................................................................. 965 7. Prestação de serviço .................................................................................... 967 8. Empreitada .................................................................................................. 967 9. Depósito ..................................................................................................... 968 10. Mandato ..................................................................................................... 969 11. Contrato de comissão ................................................................................... 971 12. Contrato de representação (agência) ............................................................. 972 13. Distribuição ................................................................................................. 973 14. Corretagem ................................................................................................. 973 15. Contrato de transporte ................................................................................. 974 16. Seguro ........................................................................................................ 975 17. Constituição de renda .................................................................................. 978 18. Jogo e aposta............................................................................................... 979 XII DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 19. Fiança ......................................................................................................... 979 20. Do compromisso e da arbitragem ................................................................. 981 PARTe 3. Dos ATos uNILATeRAIs ........................................................................... 981 1. Da promessa de recompensa ........................................................................ 981 2. Da gestão de negócios .................................................................................. 981 3. Do pagamento indevido ............................................................................... 982 4. Do enriquecimento sem causa ...................................................................... 982 DIREITO DAS COISAS ............................................................................................. 982 I. DA Posse .............................................................................................................. 982 1. Conceito – exercício de algum dos poderes da propriedade ............................ 982 2. Natureza jurídica da Posse ........................................................................... 983 3. Aquisição e perda da Posse .......................................................................... 984 4. Aspectos processuais ................................................................................... 988 5. Natureza dúplice das possessórias ................................................................ 989 6. Fungibilidade das possessórias ..................................................................... 989 II. DIReITos ReAIs ................................................................................................... 990 Parte 1. Direitos Reais – Parte Geral ....................................................................... 990 1. Teorias informadoras ................................................................................... 991 2. Características fundamentais dos Direitos Reais ............................................. 991 3. Classificação dos Direitos Reais .................................................................... 994 4. Obrigações Propter Rem ................................................................................ 996 Parte 2. Direitos Reais – em espécie ...................................................................... 997 1. Da Propriedade ............................................................................................ 997 2. Usucapião imobiliária .................................................................................. 998 3. Acessão ....................................................................................................... 1000 4. Perda da Propriedade ................................................................................... 1002 5. Das Relações de Vizinhança ......................................................................... 1002 6. Do Condomínio Geral .................................................................................. 1004 7. Propriedade resolúvel .................................................................................. 1006 8. Propriedade Fiduciária ................................................................................. 1007 9. Superfície .................................................................................................... 1007 10. Servidões .................................................................................................... 1008 11. Usufruto ...................................................................................................... 1009 12. Do Uso ........................................................................................................ 1010 13. Habitação .................................................................................................... 1010 14. Direito do Promitente-Comprador ................................................................. 1011 15. Penhor, Hipoteca e Anticrese ........................................................................ 1011 DIREITO DE FAMÍLIA ............................................................................................. 1013 1. Conceito...................................................................................................... 1013 2. Conteúdo .................................................................................................... 1013 Do DIReITo De FAmÍLIA ......................................................................................... 1014 1. Acepções do termo família ........................................................................... 1014 2. Critérios adotados pela lei ............................................................................ 1015 3. Sentido técnico de família ............................................................................ 1015 4. Espécies de família ...................................................................................... 1016 5. Princípios do Direito de Família .................................................................... 1016 SUMÁRIO XIII 6. Natureza do Direito de Família ..................................................................... 1017 7. Importância do Direito de Família ................................................................. 1017 8. Casamento .................................................................................................. 1018 9. Impedimentos matrimoniais e causa suspensiva ............................................ 1020 10. Formalidades preliminares à celebração do casamento ................................... 1021 11. Celebração do casamento ............................................................................. 1022 12. Provas do casamento ................................................................................... 1024 13. Principais efeitos jurídicos do casamento ...................................................... 1024 14. Efeitos sociais do casamento ........................................................................ 1024 15. Efeitos pessoais do casamento ...................................................................... 1025 16. Efeitos jurídicos patrimoniais do matrimônio ................................................ 1026 17. Dissolução da sociedade e do vínculo conjugal .............................................. 1031 18. Do direito convivencial ................................................................................ 1034 Do DIReITo PAReNTAL ............................................................................................ 1036 1. Parentesco ................................................................................................... 1036 2. Filiação ....................................................................................................... 1036 3. Adoção ....................................................................................................... 1039 4. Poder Familiar ............................................................................................. 1041 DIREITO DAS SUCESSÕES E SEUS SUCESSORES ............................................................ 1043 1. Conceito de Sucessão ................................................................................... 1043 2. Fontes do Direito Sucessório ......................................................................... 1043 3. Abertura da Sucessão ................................................................................... 1044 4. Espécies de Sucessão ................................................................................... 1046 5. Herança ...................................................................................................... 1047 6. Sucessores ................................................................................................... 1048 7. Classificação da Sucessão ............................................................................. 1049 ACeITAção e ReNúNCIA DA HeRANçA ................................................................... 1049 8. Aceitação .................................................................................................... 1049 9. Renúncia à Herança ..................................................................................... 1051 10. Cessão de Direitos Hereditários .................................................................... 1053 VoCAção HeReDITÁRIA .......................................................................................... 1055 11. Conceito...................................................................................................... 1055 12. Princípios .................................................................................................... 1056 13. Modos de suceder ........................................................................................ 1056 14. Modos de partilhar ...................................................................................... 1057 15. Excluídos da Sucessão ................................................................................. 1058 16. Herança Jacente .......................................................................................... 1060 suCessão LeGÍTImA – DesCeNDeNTes .................................................................. 1061 17. Sem a concorrência do cônjuge ou companheiro ........................................... 1061 18. Concorrendo com o cônjuge ......................................................................... 1063 suCessão LeGÍTImA – AsCeNDeNTes .................................................................... 1065 19. Sem a concorrência do cônjuge ou companheiro ........................................... 1065 20. Concorrendo com o cônjuge ......................................................................... 1066 suCessão LeGÍTImA – CÔNJuGe ............................................................................ 1067 suCessão LeGÍTImA – CoLATeRAIs ....................................................................... 1068 suCessão LeGÍTImA – ComPANHeIRos .................................................................. 1069 XIV DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 21. Introdução .................................................................................................. 1069 22. As regras de sucessão .................................................................................. 1070 DIREITO EMPRESARIAL PARTe 1. TeoRIA DA emPResA ............................................................................... 1075 1. Empresa ...................................................................................................... 1075 2. Estabelecimento empresarial ........................................................................ 1081 PARTe 2. DIReITo soCIeTÁRIo ................................................................................ 1089 1. Introdução ao estudo do Direito Societário .................................................... 1089 2. Sociedades Limitadas ................................................................................... 1096 3. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) ........................... 1106 4. Sociedade Anônima ..................................................................................... 1106 5. Direito Falimentar ........................................................................................ 1113 6. Teoria geral dos Títulos de Crédito ................................................................ 1132 7. Contratos mercantis ..................................................................................... 1143 DIREITO DO CONSUMIDOR 1. Aspectos constitucionais .............................................................................. 1153 2. Natureza jurídica do Código de Defesa do Consumidor .................................. 1154 3. Definição de relação de consumo .................................................................. 1155 4. Direitos do art. 6o do CDC ............................................................................ 1158 5. Da qualidade dos produtos e serviços e prevenção de danos .......................... 1159 6. Responsabilidade civil dos fornecedores ........................................................ 1160 7. Prazos de garantia ....................................................................................... 1164 PRÁTICAS COMERCIAIS ......................................................................................... 1165 8. Oferta ......................................................................................................... 1165 9. Publicidade ................................................................................................. 1165 10. Princípios protetivos do consumidor ............................................................. 1167 11. Sanções penais ............................................................................................ 1168 12. Práticas abusivas ......................................................................................... 1168 13. Cobrança de dívidas .................................................................................... 1170 14. Precificação ................................................................................................. 1170 15. Bancos de dados e cadastros de consumidores .............................................. 1170 16. Proteção contratual do consumidor ............................................................... 1173 17. Direitos específicos do consumidor ............................................................... 1176 MEDICINA LEGAL 1. Introdução à ciência da Medicina Legal ......................................................... 1183 2. Tanatologia.................................................................................................. 1187 3. Sexologia e os transtornos de sexualidade ..................................................... 1193 4. Toxicologia .................................................................................................. 1195 5. Asfixiologia ................................................................................................. 1196 6. Traumatologia ............................................................................................. 1199 7. Estudo da balística ....................................................................................... 1201 XV TÉCNICAS DE ESTUDO CAPÍTULO I COMO OTIMIZAR A MEMÓRIA COMO MÉTODO DE ESTUDO 1. O desenvolvimento da memória O objetivo deste texto é apresentar uma técnica sobre o desenvolvimento da memó- ria, na finalidade de tornar prazeroso o estudo, armazenando o maior número de infor- mações e auxiliando na conquista do sucesso profissional. Não tem a intenção de relatar e desvendar estudo médico, ou reinventar a roda, mas apenas repassar um assunto já difundido por estudiosos da matéria e que confirmaram a praticidade do tema. A princípio, é prudente deixar fixado que cada indivíduo constrói o mundo, em seu cérebro, de acordo com seus interesses pessoais, tendo uma visão subjetivamente particular sob os mais variados acontecimentos; guardando milhares de informações em diversos contextos. MAS COMO ARMAZENAMOS TODAS AS INFORMAÇÕES? “O cérebro é como um paraquedas. Só funciona quando está aberto” (Sir James Dewar). Pode-se afirmar, genericamente, que a mente humana está equipada com dois tipos primários de memória: • memória aparente, também chamada de memória ativa e imediata. É aquela onde armazenamos os fatos corriqueiros do dia a dia. Ex.: lembrar de comprar pão, um remédio etc.; • memória duradoura, também conhecida como memória remota. Trata-se de uma me- mória que protrai no tempo. Ex.: aquele cheiro de perfume que faz lembrar a pessoa querida. Em um breve relato, passa a tratar de como funciona o desenvolvimento da me- mória: Sabe-se que o cérebro pode armazenar o equivalente a pelo menos 11.641 gigabytes, que importa em afirmar que, ainda que se esforce o ser humano, jamais conseguirá utilizar toda a sua capacidade. O cérebro não tem problema de espaço, quanto mais se aprende, mais capacidade terá de persuadir coisas novas, porque ele trabalha por asso- ciações. Como prova dessa afirmação, um dos maiores pesquisadores no campo da aprendi- zagem, o psicólogo búlgaro Georgi Lazanov, sustenta que utilizamos no máximo 10% do cérebro, o que resta afirmar que sobram os 90% para crescer. “Assim que você pensar que sabe como são realmente as coisas, descubra outra maneira de olhar para elas” (Sociedade dos Poetas Mortos). Barry Gordon, Chefe da Clínica de Desordens da Memória da Escola de Medicina John Hopkins, afirma que “o que consideramos memória são padrões de conexão entre células nervosas”. Em sendo assim, nosso cérebro não mede, mas compara por associa- ções de outras experiências da vida. XVI DELEGADO CIVIL DE GOIÁS O presente contexto tem a pretensão de apontar para o leitor como obter um regis- tro duradouro da informação. Como permanecer com os dados captados pela memória aparente (imediata) e transportá-los para a memória definitiva? O hipocampo (pequena estrutura bipartida localizada no centro do cérebro) é quem autoriza o registro duradouro das informações. Pesquisas indicam que duas situações influenciam o crivo do hipocampo: • a informação terá registro duradouro quando maior a significação emocional da in- formação; • a informação terá maior probabilidade de registro se associar com algo já conhecido. Como base do que acima dissemos, podemos afirmar que o cérebro armazena ape- nas a informação necessária, aquela que atende ao interesse particular do indivíduo, para o seu uso. Desse modo, o cérebro dispensa o que ele considera lixo cerebral, focalizando es- sencialmente aquilo que lhe interessa. Note-se que se o cérebro não dispensar impor- tância a uma informação essencial, depositando emoção, o processamento considerará a referida informação um lixo cerebral a ser descartado. 2. Passos para o desenvolvimento da memória A memória é um instrumento de trabalho muito poderoso. Com o auxílio de técni- cas se verifica o aperfeiçoamento na medida de sua utilização. Apresentam-se dez passos para otimizar a memória e desenvolver com tecnicismo o armazenamento da informação, conquistando o objetivo com excelência: • Primeiro passo: Interesse e autocontrole. Ter disposição e disciplinar suas atividades. • Segundo passo: Motivação. A memória aumenta proporcionalmente ao motivo. Valo- rize a informação para armazená-la na memória duradoura. • Terceiro passo: Controle. A memória precisa ser disciplinada a obedecer, o cérebro sempre buscará coisa melhor que o sacrifício e dedicação. Ir ao clube é melhor que ficar estudando em casa para o exame? Não ceda aos seus caprichos. • Quarto passo: Aprender. Para ter uma memória permanente, também é preciso com- preender o que está sendo memorizado. Tendo significado, melhor será o armazena- mento da memorização. • Quinto passo: Criar metas a serem atingidas. O estudante precisa traçar uma meta imediata e uma meta mediata para seus objetivos. Não se desenvolve a memória sem um objetivo. Programe-se com seu tempo. • Sexto passo: Princípio do esforço pela recompensa. Terá que estabelecer a recompensa (prazer) pela dedicação dispensada nos estudos. A memória terá eficiência se a ela for associada uma recompensa. • Sétimo passo: Reminiscência (planejar rever o que estudou) e espacejamento (deve haver intervalos durante o estudo para o desenvolvimento da memória). • Oitavo passo: Mapas mentais. Visão de conjunto das informações a serem armaze- nadas. Bruno Marcador de texto Bruno Marcador de texto Bruno Marcador de texto Bruno Marcador de texto Bruno Marcador de texto Bruno Marcador de texto Bruno Marcador de texto Bruno Marcador de texto TÉCNICAS DE ESTUDO XVII • Nono passo: Recitação. Expor o conteúdo do estudo é o segredo para garantir a me- mória permanente. • Décimo passo: Memória seletiva. Como afirmado anteriormente, o cérebro seleciona o que é importante e o que é lixo mental. É considerar a matéria como sendo impor- tante, sem a qual não se obtém o objetivo. A eficiência da memória é subjetivamente ligada pela fabulosa capacidade humana de esquecer. 3. Desenvolvendo o método de estudo Para termos excelência na memória, precisamos dispensar total atenção ao que es- tamos estudando, por meio da técnica que passaremos a expor, utilizando o método da constante repetição. Depois de muitos anos de estudo, o pesquisador Ebbing Haus concluiu que uma pessoa que não desenvolve a memória: • em uma hora, esquece 56% do que é lido; • em nove horas, esquece mais 8%; • em dois dias, esquece mais 6%; • em um mês, esquece mais 7%. Não restam dúvidas sobre a necessidade de otimizar a memória como fonte de ar- mazenamento com excelência. 3.1 Sugestões • Acrescente às suas anotações lineares mapas mentais. • Trabalhe com cores diferentes de caneta. • Crie exemplos práticos aos temas estudados (jurisprudências). • Estude em períodos intercalados de 50 minutos (esforço), descansando até 10 minu- tos (recompensa com espacejamento). • Resuma a matéria em fichas de anotações e as revise em períodos curtos, pelo menos uma vez por semana (Reminiscência). • Estude ouvindo música Erudita, assim você estimulará o estado ALFA (ciclo de onda cerebral que importará maior aprendizado). • Faça refeições leves com intervalos curtos (3 horas). • Faça exercícios físicos diários. “Mente sã, corpo são”. • Verifique se você aprende pelo auditivo, visual ou sinestésico, para executar com mais frequência característica no seu estudo. • Memorize a matéria conforme estudado anteriormente. Tratando mais uma vez desse último tópico, é importante recordarmos que para uma boa memorização, você precisa de: COMPREENSÃO – ASSOCIAÇÃO – REPETIÇÃO – MOVIMENTO (imaginar cenas acontecendo na vida real). Saiba identificar quem é o seu maior aliado. Não busque ajuda externa se ela estiver dentro de você. Após se conhecer, não tema o resultado, o sucesso é questão de tempo. Segundo um ditado Chinês: “Se conhecermos o inimigo e a nós mesmos, não precisamos Bruno Marcador de texto Bruno Marcador de texto Bruno Marcador de texto XVIII DELEGADO CIVIL DE GOIÁS temer o resultado de uma centena de combates. Se nos conhecermos, mas não ao inimi- go, para cada vitória sofreremos uma derrota. Se não nos conhecermos nem ao inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas” (Sun Tzu). 4. Aprendendo a estudar com o auxílio das técnicas apresentadas Note que a grande massa dos candidatos ao exame, sem ter conhecimentos mínimos necessários, ingressa em cursinhos preparatórios pensando que isto, por si só, basta para a sua aprovação. O que é ilusão. Iniciam nos estudos com furor, sem organização ou qualquer habilidade, e logo se cansam. Estes estarão fadados ao insucesso. Agora, se desejar ser aprovado, comece organizando sua vida, planejando seu tempo e adquirindo o material de apoio. Por todos os cursos preparatórios e universidades que passei pude observar, entre os estudantes, a mesma dificuldade, porque não se preocupavam em desenvolver um método de estudo. Não peque pela pressa. Tal fato se verifica na história de um vigoroso lenhador que um dia derrubou 70 árvores, ao passo que o recorde era de 72 árvores. No dia seguinte, querendo entrar para a história, acordando mais cedo, trabalhou duro e cortou apenas 68 árvores. Desgostoso com o resultado, sentado no refeitório, avistou um lenhador, já sem vigor físico, mas experiente, que o observava com pena e, chegando ao seu lado, perguntou: – Meu filho, quanto tempo você levou para afiar o machado? Aprenda a montar seu esquema de estudo; isto nada mais é do que “afiar o macha- do”. Pois, conforme ensinamentos de um Provérbio Grego, “Começar... já é metade de toda ação”. 4.1 Siga as orientações: • Motivação (decisão de começar) “Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos” (Eduardo Galeno). • Compromisso (seja leal e persistente com seus objetivos) “Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez” (Thomas Edison). • Autodisciplina (tenha domínio sobre si mesmo) • Organização (planejamento com responsabilidade) O próprio Jesus Cristo, em parábola, Lucas 14:28-32, mostrou em ensinamentos, a necessidade de planejar, na construção de uma torre, iniciando pelas despesas e alicerce. • Perspicácia (preste atenção no que dispensa importância) Acuidade, como ensina Aurélio, é agudeza de percepção. TÉCNICAS DE ESTUDO XIX • Flexibilidade (adaptação dos sistemas de estudo à sua realidade) “O mais importante da vida não é a situação onde estamos, mas a direção para a qual nos movemos” (O. W. Holmes). CAPÍTULO II 1. Escrevendo com clareza e objetividade no meio jurídico A princípio, antes de passar a tecer qualquer comentário sobre o presente tema, não tem este texto a intenção de trazer um manual de escrita, mas uma orientação tendente a auxiliar na transmissão da informação pela forma escrita. A escrita faz parte do desenvolvimento da cultura humana desde os hieróglifos até a atualidade, com a chegada da informática. Imperioso empregar palavras de uso cotidiano e combiná-las de modo que importem em pensamentos conclusivos. A finalidade da comunicação é expressar, com satisfatividade, o que se quer dizer. Não se exige do ser humano que se expresse como a “Águia de Haia” (Rui Barbosa), no entanto, clareza e objetividade devem estar presentes para que haja um juízo seguro na qualidade do que pretender declarar. Quando da leitura em voz alta do que se escreve, verifica a exatidão do que preten- dia expressar, portanto, se recomenda sempre seja feita a referida análise. Escrevendo e falando bem, terá uma boa escrita. • O que dizer com coerência. • Como dizer com boa erudição. • Saber sobre o que escrever (tema). • Conhecer para quem está sendo dirigida (examinador). • Demonstrar conhecimento. • Concentração no momento da leitura. 2. Etapas de uma redação para elaboração de peça 2.1 Cria-se uma meta devendo especificar aquilo que se deseja comunicar, com objetividade. 2.2 Desenvolva um rascunho com as informações possíveis e compatíveis com a meta. 2.3 O esboço é parte do processo de redação em que se apoia o conteúdo e propor- ciona compreensão do examinador. 2.4 A tese narra o que pretende ser declarado, expondo os motivos. 3. Desenvolvendo textos Devem-se seguir os seguintes passos para o desenvolvimento de textos: a) criar plano; XX DELEGADO CIVIL DE GOIÁS b) coordenar os pensamentos; c) organizar o conteúdo do texto; d) utilizar da correção somente enquanto esboço. No ramo do Direito, redigir é colocar os fatos com clareza, combinando pensamen- tos, motivos e conceitos, com o objetivo de convencer, utilizando técnicas específicas. Não é da noite para o dia que os operadores do Direito terão domínio da técnica da escrita, é prudente conhecer a estrutura da língua utilizada e seus regramentos. A lin- guagem, como dito anteriormente, deve ser clara, uma vez que escrever bem não é ser prolixo com petições rebuscadas utilizando um português arcaico. Para se ter um bom texto é necessário alongar nos pontos importantes e ser sucinto nos termos acessórios. Ao redigir é importante que o peticionário distinga o que é termo técnico da gíria profissional (jargão jurídico), uma vez que a utilização importa em confirmar pobreza no vocabulário (ex.: meliante). Ocorre que nem todo arcaísmo utilizado pelos operado- res do direito é considerado jargão. Brocardos fazem parte do cotidiano e do vocabulário jurídico; são máximas jurídicas, frases que expressam princípios do direito. Ex.: Jura et dorbientibus (o direito não socorre aquele que dorme). 4. Dissertar no direito Não somente para estudo, mas também para uma boa técnica de raciocínio na escri- ta, providencie dissertações sobre temas do Direito. Com a praticidade haverá resultados na dissertação e, sempre que avaliado, o tema fluirá normalmente diante do ato rotinei- ro. Muitas vezes, por falta dessa habitualidade, o dissertante se vê em dificuldade para desenvolver seu raciocínio. 5. Dicas para a prova 1a) O candidato deve se familiarizar com as questões lendo-as atentamente. 2a) O candidato deve delimitar o tempo necessário para responder a cada pergunta da prova. Em uma prova de quatro horas, como no exame, deve-se usar o tempo de modo que não seja surpreendido com questões sem respostas. 3a) O candidato deve, a princípio: a) para primeira fase deverá dividir o tempo da pro- va para cada questão, indistintamente; b) no caso da segunda fase, iniciar pela dissertação. 4a) Nas perguntas objetivas, o candidato deve responder, em sequência, das mais fáceis às mais difíceis. 5a) O candidato deve ler as dissertações e corrigir os erros. 6a) Após deve reler as respostas das perguntas objetivas e corrigi-las. 7a) Os espaços devem ser preenchidos. 8a) A grafia deve ser compreensível. 9a) Palavras com dúvida de grafia devem ser substituídas. 10a) Perguntas com respostas desconhecidas devem ser respondidas ainda que de modo genérico. Kheyder LoyoLa CONSTITUCIONALLÍNGUA PORTUGUESA * In COSTAS DOS REIS, Benedicta Aparecida. Manual Compacto de Gramática da Língua Portu‑ guesa – Ensino Fundamental, São Paulo: Rideel, 2010; COSTAS DOS REIS, Benedicta Aparecida. Manual Compacto de Gramática da Língua Portuguesa – Ensino Médio, São Paulo: Rideel, 2010 e MUNIZ, Paula. Manual Compacto de Redação e Interpretação de Texto – Ensino Fundamental, São Paulo: Rideel, 2011. * 3 1. LÍNGUA PORTUGUESA Fonética e Fonologia Fonética é a parte da gramática que estuda os fonemas da fala como entidades físicas e articulatórias isoladas. Fonologia é um ramo da linguística que estuda e classifica os fonemas de uma língua como unidades capazes de distinguir significado. O objetivo deste capítulo é estudar basicamente os fonemas, que são as menores unidades linguísticas capazes de estabelecer diferenças de significado. Ex.: ao pronunciar, a palavra rato, percebemos quatro sons diferentes representados por quatro letras diferentes: r-a-t-o. Atenção: As letras são separadas por hífen r‑a‑t‑o; os sons são separados por barras oblíquas / /: /r/ /a/ /t/ /o/. Comparando a palavra rato com as palavras gato e mato, percebemos que somente as letras iniciais r, g e m se diferem, ou seja, com apenas uma troca de fonema, cria-se uma palavra totalmente distinta. Compreende-se, dessa maneira, que o que distingue uma palavra da outra é unica- mente o som, ou seja, as unidades sonoras a que denominamos fonemas. Fonema é a menor unidade sonora de uma língua capaz de distinguir a diferença de significado entre as palavras, ou seja, são os sons característicos de uma determinada língua. Falamos em sons representados pelas letras. Fonemas são sons; letras são sinais grá- ficos que procuram representar esses sons. Essa representação, porém, nem sempre é perfeita. Observe: • Em ginásio e jiboia, os fonemas são representados por letras diferentes. • Em gato e ginástica, a mesma letra representa fonemas diferentes. • Em hipopótamo, o “h” não corresponde a nenhum fonema. • Em táxi, a letra “x” representa dois fonemas: “ks”. • Em carro ou pássaro, os fonemas são representados por duas letras. Atenção: Em uma palavra, nem sempre o número de letras é igual ao número de fonemas. Exs.: Lata = 4 letras (l‑a‑t‑a); 4 fonemas (/l/ /a/ /t/ /a/) / Carro = 5 letras (c‑a‑r‑r‑o); 4 fonemas (/k/ /a/ /R/ /o/) – observe que as letras rr equivalem a um só fonema. Assim como na palavra carro duas letras representaram um único fonema, há inú- meras outras palavras que também apresentam grupos de duas letras representando um único som. Esses grupos recebem o nome de dígrafo. 4 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Os principais dígrafos são: nh – unha sc – descer lh – milho sç – nasça ch – chave xc – exceção ss – massa gu – guerra rr – carro qu – quilo São chamados dígrafos vocálicos: am, an; em, en; im, in; om, on; um, un. Exs.: canto, ponto, tampa, onda, mundo. • Em final de palavras, como falam (/falãw/), batem (/bat~ey/), am e em não são dígrafos, porque a letra “m” representa o som de /u/ e de /i/, respectivamente; re- presentam dois fonemas constituindo, portanto, ditongo nasal. classiFicação dos Fonemas São três os tipos de fonemas em língua portuguesa: vogais, semivogais e consoantes. As vogais são os fonemas que, não encontrando obstáculo em sua passagem pela boca, saem livremente: a, e, i, o, u. As vogais são sempre base de sílabas, ou seja, não existe em língua portuguesa sílaba sem vogal. As vogais podem ser: a) orais: a corrente de ar sai apenas pela boca. Exs.: lata, pote, menino, mudo. b) nasais: a corrente de ar sai pela boca e pelas fossas nasais. Exs.: manta, órfã, sentado, pondo, mundo. As semivogais, normalmente, são o “i” e o “u” que, juntos de uma vogal, formam com ela uma só sílaba. Importante observar que não são as letras “i” e “u”, mas os fo- nemas /i/ e /u/ que, na escrita, podem ser representados também pelas letras “e” e “o”. Exs.: Na palavra meu, o e é vogal e o u é semivogal. Na palavra pai, o a é vogal e o i é semivogal. Na palavra cárie, o i é semivogal e se apoia no e vogal. Na palavra mãe, a letra e está apoiada na letra a e tem o som de /i/. Na palavra cão, a letra o apoia-se em a e tem o som de /u/. As consoantes são fonemas que encontram algum obstáculo em sua passagem pela boca. As consoantes, entre outras, são: b, c, d, f, t e v. sílaba Sílaba é um fonema, ou um grupo de fonemas, pronunciado numa única emissão de voz. Em nossa língua, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal: não existe sílaba sem vogal e nunca há mais de uma vogal em cada sílaba. 5 1. LÍNGUA PORTUGUESA Atenção: Às letras i ou u (mais raramente com as letras e e o): lembre‑se de que elas podem representar também semivogais, e semivogais nunca são núcleos de sílaba em português. Exs.: em boi, a letra “o” é vogal e a letra “i” é semivogal; em saudade, a letra “a” é vogal e a letra “u” é semivogal. As sílabas, agrupadas, formam vocábulos: boi = boi; sau‑da‑de = saudade. Classificação das palavras quanto ao número de sílabas De acordo com o número de sílabas, os vocábulos classificam-se em: a) monossílabos – formados por uma única sílaba. Exs.: é, há, cá, dois, mar, quem. b) dissílabos – apresentam duas sílabas. Exs.: a-li, fa-zer, cle-ro, i-ra. c) trissílabos – apresentam três sílabas. Exs.: ca-ma-da, O-da-ir, pers-pi-caz, tungs-tê-nio. d) polissílabos – apresentam mais do que três sílabas. Exs.: bra-si-lei-ro, psi-co-lo-gi-a, a-ris-to-cra-ci-a. Sílaba tônica e sílaba átona Nem todas as sílabas de uma palavra são pronunciadas com a mesma intensidade. Então, de acordo com a maior ou menor intensidade na pronúncia, as sílabas podem ser tônicas ou átonas. a) Sílaba tônica: quando o som da sílaba é pronunciado com maior intensidade. Exs.: ár-vo-re, es-pe-lho. Atenção: Nas palavras compostas, separadas por hífen, cada elemento tem sua sílaba tônica. Exs.: cabra‑cega, reco‑reco. b) Sílaba átona: quando o som da sílaba é pronunciado com menor intensidade. Exs.: ár-vo-re, es-pe-lho. Classificação das palavras quanto à posição da sílaba tônica De acordo com a posição da sílaba tônica – última, penúltima ou antepenúltima –, as palavras são classificadas em: a) oxítonas: quando a última sílaba da palavra é a tônica. Exs.: jabá, urubu, cipó. b) paroxítonas: quando a penúltima sílaba da palavra é a tônica. Exs.: táxi, transporte, brasileiro. 6 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS c) proparoxítonas: quando a antepenúltima sílaba da palavra é a tônica. Exs.: mínimo, lâmpada, médico. Muitas palavras oferecem dúvida aos falantes quanto à pronúncia justamente por- que há uma divergência acentuada entre a fala do dia a dia e a recomendada pela lín- gua-padrão. Dessa maneira, cabe à Prosódia, parte da Fonologia, ocupar-se em estudar e fixar a posição da sílaba tônica. Portanto, esteja atento à pronúncia destes vocábulos e lembre-se de que a pronúncia culta prevalece. São oxítonas: cateter, condor, mister, ruim. São paroxítonas: gratuito, recorde, rubrica, fluido. São proparoxítonas: bígamo, condômino, ínterim, lêvedo. Atenção: Existem palavras que admitem mais de uma pronúncia. Exs.: ambrósia ou ambrosia; xérox ou xerox; réptil ou reptil. encontro vocálico Encontro vocálico é a união de fonemas vocálicos – vogais e semivogais – em uma mesma sílaba ou sílabas diferentes. Há três tipos de encontro vocálico: ditongo, tritongo e hiato. 1. Ditongo é o encontro de sons vocálicos. Os ditongos podem ser crescente, decrescen- te, oral e nasal. Desta forma: – o ditongo crescente apresenta a semivogal seguida de vogal (SV + V). Exs.: cárie, mágoa, (orais); criança (nasais). – o ditongo decrescente apresenta a vogal seguida de semivogal (V + SV). Exs.: pai, mãe, rei, (orais); alemães, cãibra, muito (nasais). 2. Tritongo é o encontro vocálico constituído por semivogal seguida de vogal e, depois, uma outra semivogal (SV + V + SV). De acordo com sua natureza, os tritongos são classificados em orais e nasais. Exs.: Uruguai, enxaguei, apaziguou (orais); saguão, enxáguam, quão (nasais). 3. Hiato é o encontro vocálico constituído de duas vogais que se apresentam em sílabas diferentes. Exs.: le-em, sa-í-da, mo-i-nho, e-go-ís-ta. Atenção: Os encontros finais átonos ia, ie, io, ua, uo classificam‑se, conforme os estudiosos, ora como ditongo, ora como hiato: his‑tó‑ria / his‑tó‑ri‑a; pá‑tio / pá‑ti‑o. encontro consonantal Grupo formado por mais de uma consoante na mesma sílaba ou em sílabas separa- das. Não há presença de vogal intermediária. Pode ocorrer: 7 1. LÍNGUA PORTUGUESA • na mesma sílaba. Exs.: flau-ta, psi-có-lo-go. • em sílabas diferentes. Exs.: in-fec-ção, ar-te. separação silábica A divisão da palavra em sílabas é feita de acordo com a soletração. Quando falamos, nem sempre percebemos as sílabas que constituem as palavras, porém, na escrita, exis- tem alguns cuidados que devemos ter. Observe: 1. Não separar os dígrafos ch, lh, nh, gu, qu. Exs.: en-cher, a-lho, u-nha, fo-gue-te, a-qui-lo. 2. Não separar ditongos e tritongos. Exs.: mui-to, rei-na-do, sa-guão. 3. Não separar os encontros consonantais formados por consoante + l ou r. Exs.: de-cla-rar, pla-ne-jar, om-bro, gra-va-ta. Atenção: Se o r e o l dos grupos br e bl forem pronunciados separadamente, ocorrerá a se‑ paração das sílabas. Exs.: ab‑ro‑gar, sub‑li‑nhar, sub‑lunar etc. 4. Não separar os encontros consonantais que estiverem no início de uma palavra. Exs.: gno-mo, pneu, psi-co-lo-gi-a. 5. Separar os encontros consonantais que estiverem no interior de uma palavra e que não forem seguidos de vogal. Exs.: ad-vo-ga-do, e-gíp-cio, rit-mo. 6. Separar os dígrafos rr, ss, sc, xc, sc e as vogais idênticas. Exs.: car-ro, as-sen-to, a-do-les-cen-te, ex-ce-to, cres-ça; ca-a-tin-ga, vo-o. Atenção: Os grupos cc, cç, por representarem fonemas diferentes, também são separados. Exs.: con‑fec‑cio‑nar, in‑fec‑cio‑nar. 7. Separar os hiatos: Exs.: ba-ú, sa-í-da, ba-la-ús-tre. 8. Separam-se as sucessões de m ou n, com valor de nasalidade. Exs.: cam-po, den-te, sam-ba, em-bo-ra. 9. Na separação de palavras que apresentam hífen, se esta ocorrer no final de linha, deve-se repeti-lo na linha imediata. Exs.: beija-/-flor, amor-/-perfeito. 8 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS ortoFonia É a parte da Fonologia que trata da pronúncia correta das palavras, tomando como modelo a língua-padrão. Lembre-se de que a pronúncia das palavras pode sofrer modificações, dependendo de quem fala, da região, da cultura etc. É comum encontrar a divisão da ortofonia em ortoépia e prosódia. A ortoépia ou ortoepia trata da pronúncia correta das palavras tendo o padrão culto da língua como modelo. Exs.: cerebelo (ê); boda (ô); filantropo (ô). A prosódia estabelece a correta acentuação tônica das palavras, bem como a adequa- da entonação, sempre de acordo com a norma-padrão. Exs.: são corretas as pronúncias: látex, rubrica, ínterim; são incorretas: latex, rubri- ca, interim. ortograFia A palavra ortografia é formada por: orthós (correta) + grafia (escrita) = escrita cor- reta. Escrever corretamente uma palavra nem sempre é tarefa fácil sobretudo se os sons forem iguais. orientações práticas Alguns usos do o e do u: • botequim, goela, tossir, poleiro, cochicho, nódoa; • bueiro, cumbuca , lóbulo, jabuticaba, tábua, cuspir; • soar (produzir som); suar (transpirar); • comprido (extenso); cumprido (realizado). Alguns usos do e e do i: • use “e” no subjuntivo dos verbos terminados em ‑uar, ‑oar. Exs.: atue, abençoe, magoe. • use “i” no presente do indicativo dos verbos terminados em ‑air, ‑oer, ‑uir. Exs.: cai, mói, constitui. • quando ante indica anterioridade. Ex.: antebraço. • quando anti indica posição contrária. Ex.: anti-herói. • atenção com as palavras parônimas. Exs.: despensa/dispensa; peão/pião. • mexerica, empecilho, marceneiro, eletricista etc. 9 1. LÍNGUA PORTUGUESA Alguns usos do g e do j: • nas palavras de origem tupi, africana ou popular, usa‑se j. Exs.: jenipapo, jerimum, jiboia. Exceção: Sergipe. • nas formas verbais conjugadas dos verbos terminados em jar. Exs.: viajar: viaje, viajes, viajem. • atenção para as grafias: lambujem, pajem, vertigem, algema, majestade. Alguns empregos do x: • após a sílaba me. Exs.: mexer, mexerica, mexilhão. Exceção: mecha. • após a sílaba inicial en. Exs.: enxergar, enxoval, enxurrada. • após ditongos. Exs.: ameixa, baixo, caixa, queixo. Exceção: recauchutar (e derivados). • nas palavras de origem indígena e africana. Exs.: abacaxi, pixaim, xará. Alguns usos do s e do z: 1. Use s: – nos adjetivos pátrios terminados em ês. Ex.: chinês – chinesa. – depois de ditongos. Exs.: ausência, coisa, pousar. – na conjugação dos verbos pôr e querer. Exs.: pus, pusesse, quisemos, quiser. – nas palavras derivadas de outras que já possuam s. Ex.: análise – analisar. Atenção: catequese – catequizar; batismo – batizar; hipnose – hipnotizar; síntese – sintetizar. 2. Use z: – nas terminações ez, eza (para formar substantivos derivados de adjetivos). Exs.: firme – firmeza / grande – grandeza. – nas terminações izar (para formar verbos). Exs.: ágil – agilizar / útil – utilizar. – escreva com z: assaz, batizar, bissetriz, buzina, catequizar, cizânia, coalizão, cus- cuz, giz, gozo, prazeroso, regozijo, talvez, vazar, vazio, verniz. 10 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Mas atenção: • batizar grafa-se com z, porém a palavra batismo é grafada com s. • catequizar grafa-se com z, porém a palavra catequese é grafada com s. Alguns usos de c, ç, s, ss, sc, sç: • depois de ditongo, use c ou ç. Exs.: toicinho, foice, refeição. • geralmente usa-se s para substantivos formados a partir de verbos com terminação -nder e -ndir. Exs.: suspender/suspensão; expandir/expansão. Emprego da letra h: A letra “h” não representa fonema. Em concordância com o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, a letra h: a) mantém-se no início das palavras: – por razões etimológicas, ou seja, devido à sua origem. Exs.: homem, horizonte, hipismo. – devido à adoção convencional. Exs.: hã?, hem?, hum! b) suprime-se no início das palavras: – quando, apesar da etimologia, estiver inteiramente consagrado pelo uso. Exs.: erva (em vez de herva), úmido (em vez de húmido). c) mantém-se, no final, em interjeições. Exs.: ah!, oh! d) mantém-se o h inicial quando, numa palavra composta, liga-se à anterior por meio de hífen. Exs.: pré-história, anti-higiênico, sobre-humano. e) suprime-se, ao ser o segundo elemento da composição, por aglutinar-se com o prece- dente. Exs.: desarmonia, desumano, reaver. Atenção: Conforme o texto do Novo Acordo Ortográfico, palavras formadas com o prefixo “des” e “in”, mesmo sendo o segundo elemento iniciado por “h”, perdem o hífen. Exs.: desumano, inumano, desidratado. f) mantém-se nos dígrafos ch, nh, lh. Exs.: chalé, ninho, palha. 11 1. LÍNGUA PORTUGUESA outras diFiculdades da língua portuguesa Usos de porque / por que / porquê / por quê a) Por que – Emprega-se a forma por que nas interrogativas diretas e indiretas. Exs.: Por que será que ele ainda não retornou da festa? (direta) / Quero saber por que ele ainda não retornou da festa. (indireta) – Emprega-se por que se puder ser substituído por pelo qual. Ex.: Essa é a rua por que passamos. b) Porque – Emprega-se porque para justificativas e explicações. Ex.: Volte logo porque precisamos estudar. c) Por quê – Usado no final de frase ou quando estiver isolado. Ex.: Você gostou do livro A ilha perdida, por quê? d) Porquê – Equivale a causa, motivo, razão. É substantivo. Ex.: Quero compreender o porquê de tantos porquês. Emprego de há / a a) Há: é usado para indicar tempo decorrido. Ex.: Há duas semanas estou fazendo um regime violento. b) A: é usado para indicar tempo futuro e, também, distância. Exs.: Calma, daqui a pouco chegaremos. (tempo futuro) / Minha casa fica a dez qui- lômetros da sua. (distância) Emprego de senão / se não a) Senão: equivale a caso contrário, a não ser. Ex.: Tomara que chova, senão teremos de ir para aula que eu detesto. b) Se não: é empregado no sentido de caso não. Ex.: Se não voltares, morrerei de saudade. Emprego de mau / mal a) Mau: é um adjetivo e tem como antônimo a palavra bom. Ex.: Você não é um mau eleitor nem um mau menino, mas está sempre de mau humor. b) Mal: é um advérbio e antônimo de bem. Ex.: Estou passando mal. Emprego de afim e a fim a) Escrevemos afim quando queremos dizer “semelhante”. Ex.: Temos amigos afins. 12 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS b) Escrevemos a fim quando introduzimos uma oração que indica finalidade. Nesse caso, a expressão se faz seguir pelo vocábulo “de”. Ex.: Estamos aqui a fim de estudar. Emprego de estar a par / estar ao par Na linguagem culta, padrão, a ideia de “estar ciente de alguma coisa” traduz-se por estar a par e não por estar ao par. Exs.: Estou a par das últimas notícias. / Ele ficou a par dos acontecimentos. Uso de por isso, de repente e a partir de Estas expressões são compostas por vocábulos independentes; devem, então, ser grafadas separadamente. Exs.: Por isso (e não porisso); de repente (e não derrepente); por isto (e não poristo); a partir de (e não apartir de). Emprego de a cerca de / acerca de / há cerca de a) A cerca de significa “a uma distância”. Ex.: Minha casa fica a cerca de dois quilômetros da escola. b) Acerca de significa “sobre”. Ex.: Conversaramos acerca dos problemas de matemática. c) Há cerca de significa que “faz ou existe(m) aproximadamente”. Ex.: Estudo nesta escola há cerca de oito anos. Haver ou ter? Embora seja o verbo ter (no sentido de existir) largamente usado na fala diária, a gramática não aceita a substituição do verbo haver (com sentido de existir) por aquele verbo. Deve-se dizer, portanto, não havia mais pão na padaria. É gramaticalmente incorreto dizer “não tinha mais pão na padaria”. Para eu ou para mim a) Emprega-se eu quando for sujeito de um verbo no infinitivo. Ex.: Ele dera o livro para eu guardar. (E não: para mim guardar) b) Emprega-se mim quando complemento ou adjunto adverbial. Ex.: Ele deu o livro para mim. Mais pequeno ou menor? Mais grande ou maior? Mais bom ou melhor? Mais mau ou pior? Os adjetivos pequeno, grande, bom e mau possuem, para os comparativos de su- perioridade e os superlativos relativos, formas sintéticas: menor, maior, melhor e pior. Exs.: Luisinha é menor que a prima (comparativo de inferioridade). / A casa de Joa- na é maior que a minha (comparativo de superioridade). / O sorvete italiano é o melhor do mundo (superlativo relativo). / Esta estrada é a pior de todas (superlativo relativo). 13 1. LÍNGUA PORTUGUESA As formas analíticas (mais pequeno, mais grande, mais bom e mais mau), porém, são usadas quando se comparam duas qualidades do mesmo ser. Exs.: Esta sala é mais pequena que grande. / O chefe é mais bom que mau. Usos de todo o ou todo a) A expressão todo o significa inteiro. Ex.: Todo o Brasil deu as mãos. b) A expressão todo significa qualquer. Ex.: Todo mundo entrou na dança. Namorar ou namorar com? Sendo um verbo transitivo direto, a expressão namorar não aceita a preposição com. Ex.: Maria começou a namorar João no mês passado. Emprego de a princípio / em princípio a) A expressão a princípio significa no começo, inicialmente. Ex.: A princípio, eles foram muitos felizes. b) A expressão em princípio significa em tese. Ex.: Em princípio, o preço solicitado parece-nos justo. A cores / à cores / em cores O correto é “em cores”. Ex.: Comprou uma TV em cores (não se diz TV “a” preto e branco). Um mil reais ou hum mil reais? O extenso de R$ 1000,00 não é nem “um mil reais”, nem “hum mil reais”. O correto é “mil reais”. O numeral é grafado“um”, sem “h”. E o extenso é “mil”, e não “um mil”. Exs.: mil reais / mil e quinhentos reais. Obrigado e obrigada Um homem deve dizer “obrigado”, independentemente do sexo da pessoa a quem estiver agradecendo. Ex.: Obrigado pela atenção. Uma mulher deve sempre dizer obrigada, a quem quer que seja. Ex.: Muito obrigada, eu mesma me sirvo. “Zero graus ou zero grau”? Zero indica singular sempre. Exs.: zero grau, zero-quilômetro, zero hora. Viagem ou viajem? Viagem, com g, é substantivo. Ex.: Minha viagem foi inesquecível. 14 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Viajem, com j, é forma do verbo viajar. Todas as suas formas são grafadas com “j”. Ex.: Viajei na semana passada. Cumprimentar ou comprimentar? Para saudação o correto é cumprimentar. Comprimento é extensão. “Eu sou de menor” ou “Eu sou menor”? O “de” não existe na norma culta. A expressão é simplesmente menor. “Eu sou me- nor”. Asterístico ou asterisco? “Asterisco” é sinal gráfico em forma de estrelinha ( * ). Trata-se de diminutivo de “astro”. Faz dias ou fazem dias? O verbo “fazer”, indicando tempo (minutos, horas, dias, semanas, meses, anos), é impessoal, ou seja, permanece sempre na terceira pessoa do singular. Exs.: Faz anos que nos conhecemos. / Fazia meses que não nos encontrávamos. Tão pouco e tampouco A expressão tão pouco acompanha substantivo; no caso, a palavra “pouco” é variá- vel. Exs.: Eu tenho tão pouco tempo que não posso assumir novos compromissos. / Esta- va com tão pouca disposição para o trabalho, que não chegou a fazer nada. A expressão tampouco se refere a um verbo; é invariável e significa “também não”. Ex.: Se o professor não resolveu o problema, tampouco o resolveriam os alunos. Duzentos gramas ou duzentas gramas? “O grama” e “o quilograma” (unidades de massa) são termos masculinos. “A grama” (feminino) é sinônimo de “capim”. Possue ou possui? Os verbos terminados por “uir” (possuir, concluir, excluir, substituir, constituir etc.) devem ser grafados com “i” na segunda e terceira pessoas do singular do Presente do Indicativo. Exs.: possuis, possui / excluis, exclui. Atenção: Apenas os verbos em que o “u” é “mudo” são exceção a essa forma, escrevendo‑se com “e” na segunda e terceira pessoas do singular do Presente do Indicativo. Exs.: segues, segue / persegues, persegue. 15 1. LÍNGUA PORTUGUESA A cal ou o cal? Talvez por associar com palavras como “o sal”, “o mal”, “o animal”, “o jornal” etc., há quem diga “o cal”. O certo, porém, é a cal. Entrega‑se à domicílio ou entrega‑se em domicílio? O correto é “entrega-se em domicílio”, sendo, portanto, “em domicílio”, lugar. Quem entrega, entrega alguma coisa em algum lugar. Ânsia ou ância? A terminação “ância” é, normalmente, com “c”. Exs.: constância, discordância, elegância, estância, vigilância. Mas a palavra ÂNSIA é com S! Bifê ou bufê? A língua francesa forneceu um grande número de palavras à língua portuguesa, mui- tas das quais já foram aportuguesadas. Assim, a palavra francesa buffet foi aportugue- sada para bufê (com o “u” pronunciado como “u” mesmo). Menos frequentemente também se usa o termo “bufete”. Entre outras palavras, muito comuns em nosso dia a dia, e que vieram do francês, mas já foram aportuguesadas, podemos citar: Bem‑me‑quer, malmequer... São estas as formas corretas: “bem-me-quer” é separado, e “malmequer” é junto. Um champanha ou uma champanha? O certo é “um champanha”. Trata-se de um substantivo masculino, pois está implícito o termo “vinho”. Assim, quando dizemos: Vamos brindar com um champanha, queremos dizer: Va- mos brindar com um vinho champanha. Atenção: A forma “champagne” (com “e”) é francesa e foi aportuguesada para “champa‑ nha” (com “a”) ou “champanhe”. Coser ou cozer? Cozer (com “z”) significa “cozinhar”. Coser (com “s”) significa “costurar”. Espiar e Expiar Espiar (com “s”) significa ver ou observar secretamente. Ex.: Fernando espiou as horas e viu que já era tarde. Expiar (com “x”) significa sofrer, padecer, pagar erros anteriormente cometidos. Ex.: Cometi um erro e devo expiá-lo. 16 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Fragrante e flagrante Fragante significa perfumado, aromático. Flagrante, porém, é o ato em cuja prática o indivíduo é surpreendido. Eminente e iminente Eminente significa elevado, nobre, sublime. Ex.: O eminente líder apresentou suas teses. (O nobre, o elevado líder apresentou suas teses.) Iminente significa próximo, imediato. Ex.: Perigo iminente! (Perigo próximo!) Espectador e expectador Espectador (com “s”) é aquele que assiste a um espetáculo. Expectador (com “x”) é aquele que está na expectativa de alguma coisa; é aquele que alimenta a esperança ou a probabilidade de conseguir algo. O musse ou a musse? A musse é uma iguaria de consistência leve e cremosa. Sendo assim, tão delicada, só poderia ser feminina. Omelete: masculino ou feminino? Omelete é feminino. Tanto que, em Portugal, até se diz “omeleta”. Para guardarmos, basta fazer esta associação didática: omelete significa “fritada de ovos”. Assim como dizemos a fritada (feminino) também diremos a “omelete” (feminino). De sopetão ou de supetão? O certo é de supetão (com “u”). “Supetão” é da mesma família de “súbito” (com “u”). “De supetão” significa “de súbito”, isto é, “de repente”, “inesperadamente”. Nacionalidade e naturalidade Nacionalidade: país de nascimento, condição própria de cidadão de uma nação. Naturalidade: município ou Estado de nascimento. Companhia ou compania? A forma correta desta palavra é companhia. Significa tanto “empresa”, “firma”, quanto “presença de uma pessoa”, “convívio com alguém”. Meu óculos é novo ou meus óculos são novos? Óculos é palavra que deve ser empregada sempre no plural. Portanto, o verbo deve estar no plural necessariamente, assim como todos os nomes que a acompanham. Ex.: Seus óculos estão embaçados. 17 1. LÍNGUA PORTUGUESA Atenção: Outras palavras que devem ser empregadas sempre no plural: bruços (“dormir de bruços”), costas (“dor nas costas”), hemorroidas, parabéns, pêsames. emprego do híFen O hífen, segundo o Novo Acordo Ortográfico, é usado nos seguintes casos: a) Para unir elementos que formam palavras compostas, desde que mantenham sua unidade fonética: Exs.: couve-flor, guarda-noturno, quinta-feira. Atenção: Lembre‑se de que em alguns compostos, por terem perdido a noção de composi‑ ção e mesmo mantendo a unidade fonética, os dois elementos se aglutinam. Exs.: girassol, pontapé, paraquedas. b) Para ligar pronomes nas formas verbais enclíticas e mesoclíticas: Exs.: comprá-lo, pedi-lo, convidar-vos-ei. c) Para separar as palavras em sílabas: Exs.: me-ni-no, ab-so-lu-to. d) Para separar datas: Exs.: 25-3-2008 / 1978-1985. e) Para separar as palavras no final da linha: Ex.: ma-/to. f) Para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam na forma de um encadeamento vocabular: Ex.: rodovia Rio-Bahia. g) Para realçar uma expressão de valor adjetivo ou substantivo, não obedecendo a ne- nhuma regra específica: Ex.: meu-deus-do-céu. h) Mantém-se nos topônimos compostos: – iniciados pelos adjetivos grão ou grã. Exs.: Grã-Bretanha, Grão-Pará. – iniciados por formas verbais. Ex.: Passa-Quatro. – que têm elementos ligados por artigo. Ex.: Trás-os-Montes. i) Nos compostos unidos pelos advérbios bem e mal, seguidos de palavras começadas por vogal ou h: Exs.: bem-estar, bem-humorado, mal-estar, mal-humorado. 18 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Atenção: Também admite o hífen quando a palavra que o segue tem vida autônoma ou quan‑ do a pronúncia o requerer. Exs.: bem‑querer, bem‑vindo. Observe que, em alguns casos, o advérbio bem pode ou não aglutinar-se com a pala- vra seguinte, mesmo que se inicie por consoante. Exs.: bem-falante; mas, malfalante / bem-dizer e bendizer / bem-querer e benquerer (formas registradas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP)) / benfei- tor / bem-nascido; mas, malnascido. j) Usa-se o hífen nos compostos em que entram os elementos além, aquém, recém e sem. Não importa qual seja a letra inicial da palavra seguinte: Exs.: além-mar, aquém-fronteiras, recém-nascido, sem-vergonha. k) Não se emprega o hífen em locuções substantivas, adjetivas, pronominais, adver- biais, prepositivas, conjuntivas: Exs.: fim de semana, cor de mel, quem quer que seja, às vezes, a fim de, à proporção que. Atenção: Mantém‑se o hífen em compostos já consagrados. Exs.: cor‑de‑rosa, mais‑que‑perfeito. O hífen com prefixos Emprega-se o hífen nos compostos iniciados pelos seguintes prefixos gregos e latinos: ante-, anti-, auto-, co-, circum-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pan-, semi-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra- etc. a) quando o segundo elemento começa por h. Exs.: anti-higiênico, sobre-humano, hiper-humano. Atenção: Lembre‑se de que não se usa o hífen nos compostos com os prefixos in‑ e des‑. Exs.: desumano, inábil. b) quando o prefixo termina pela mesma vogal com que começa o segundo elemento. Exs.: auto-observação, contra-almirante, anti-ibérico. Atenção: No entanto, o VOLP registra sem hífen: coabitar, cooperar, colateral, coadjuvante, coordenar, correlação. 19 1. LÍNGUA PORTUGUESA c) com os prefixos circum- e pan- quando o segundo elemento começar por h ou vogal ou, ainda, m, n. Exs.: circum-hospitalar, circum-navegação, pan-americano, pan-africano. d) com os prefixos hiper-, inter-, super-, quando o segundo elemento começar por r. Exs.: inter-relação, hiper-requintado, super-revista. e) com os prefixos ex-, sota-, soto-, vice-. Exs.: ex-aluno, soto-mestre, vice-presidente. f) com os prefixos tônicos acentuados graficamente pós-, pré-, pró-, quando o segundo elemento é independente. Exs.: pré-escolar, pós-operatório, pró-europeu. Com o Novo Acordo Ortográfico, NÃO se usa o hífen: a) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo ele- mento iniciar por “r” ou “s”. O hífen deixa de ser usado passando a letra a ser dupli- cada. Exs.: antirreligioso, extrarregular, utltrassonografia, minissaia. Atenção: O hífen permanece em palavras cujo prefixo termine em “r”, quando combinado com elementos iniciados por “r”. Exs.: inter‑regional, super‑rato. b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente, prática esta já adotada também para os termos técnicos e científicos. Exs.: antiaéreo, extraescolar, autoestrada. palavras parônimas e palavras homônimas Parônimas são palavras que se assemelham na forma (escrita) e no som, mas têm significados diferentes. Exs.: cavaleiro (que anda a cavalo), cavalheiro (homem gentil) / descriminar (inocen- tar), discriminar (distinguir) / mandado (ordem judicial), mandato (procuração). Homônimas são as palavras que, embora sejam iguais no som e/ou na escrita, pos- suem significados diferentes. Exs.: acento (sinal gráfico), assento (lugar de sentar) / paço (palácio), passo (movi- mento das pernas) / acender (pôr fogo), ascender (subir). abreviatura e sigla São recursos utilizados na fala e na escrita para economizar tempo e espaço. Abreviatura é a redução da escrita de uma palavra ou expressão. As unidades de medidas (tempo, distância e capacidade), quando abreviadas, não têm ponto, plural e nem podem ser usadas com letras maiúsculas. 20 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Exs.: metro/metros: m; hora/horas: h; litro/litros: l; quilogramas: kg. Outras abreviaturas: p. ou pág. (conserva-se o acento) = página / etc. = “e assim por diante”; “e outros” / pg. = pago. Regras de abreviatura: • Geralmente, as abreviaturas terminam com um ponto. Exs.: av.; pág. • Pode ocorrer de algumas palavras como, por exemplo, apartamento e página apresen- tarem mais de uma possibilidade de abreviatura. Exs.: ap. ou apart.; p. ou pág. • As abreviaturas conservam a acentuação da palavra original. Exs.: séc.; pág. • Unidades de medida e símbolos científicos são abreviados sem ponto. Exs.: h (hora); O (oxigênio). Mas atenção: Não confunda abreviatura com abreviação. Abreviação é a redução de uma pala‑ vra: foto (de fotografia), moto (de motocicleta), quilo (de quilograma). Sigla é um tipo especial de abreviatura. Pode ser formada: • com as letras iniciais maiúsculas das palavras que compõem um determinado nome. Exs.: MEC (Ministério da Educação) / DF (Distrito Federal) / IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). • com a utilização das sílabas ou letras iniciais de cada uma das palavras que formam um determinado nome. Exs.: EMBRATEL (Empresa Brasileira de Telecomunicações) / BANERJ (Banco do Estado do Rio de Janeiro). acentuação gráFica A maioria das palavras da língua portuguesa não tem acento gráfico. Porém, para garantir a pronúncia correta das palavras, no que diz respeito à sílaba tônica, estabelece- ram-se, para o português escrito, algumas regras de emprego do acento. Regras de acentuação gráfica As regras de acentuação foram estabelecidas em 1943 e passaram por algumas alte- rações em 1971. Em 1990, propôs-se um Novo Acordo Ortográfico entre Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, pertencentes à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) – com o objetivo de unificar a língua portuguesa. Timor Leste aderiu ao acordo em 2004, depois de ter obtido sua in- dependência. 21 1. LÍNGUA PORTUGUESA Em linhas gerais, são mantidas as regras de acentuação do sistema ortográfico de 1943, abolindo-se alguns casos e o trema. Em decorrência disso, o número de palavras acentuadas é reduzido. Acentuação das palavras proparoxítonas Não há mudanças na acentuação das palavras proparoxítonas. Todas são acentuadas: acento agudo na vogal aberta e acento circunflexo na vogal fechada. As proparoxítonas eventuais, isto é, as paroxítonas terminadas em ditongo crescente, também são acentuadas. Exs.: última, tímido, máquina, sólida (proparoxítonas); glória, história, colégio, tênue (proparoxítonas eventuais). Não serão unificadas, dada a diferença de pronúncia entre o português falado no Brasil e o português falado em Portugal, as proparoxítonas que no Brasil recebem acento circunflexo, por terem vogal tônica fechada e, em Portugal, recebem acento agudo por terem a vogal tônica aberta. Exs.: no Brasil: tônica, cômodo, fenômeno, gênero, topônimo / em Portugal: tónica, cómodo, fenómeno, género, topónimo. Acentuação das palavras paroxítonas As regras de acentuação das palavras paroxítonas não sofrem alterações. a) São acentuadas as paroxítonas terminadas em: – l: fácil, difícil, louvável. – n: pólen, hífen. – r: cadáver, repórter. – x: tórax, fênix, ônix. – ps: bíceps, fórceps. – ão(s), ã(s):órfão, sótão, órfã. – ei, eis: amáveis, fáceis, jóquei, pônei. – i, is: júri, lápis, tênis. – on, ons: elétron, elétrons. – um, uns: álbum, álbuns. – us: vírus, bônus. b) Acentuam-se as paroxítonas terminadas em ditongo crescente. Lembre-se, também, de que estas palavras são consideradas proparoxítonas eventuais. – ea(s): várzea. – eo(s): óleo. – ia(s): férias. – ie(s): cárie. – io(s): início. – ao(s): mágoa. – ua(s): régua. 22 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS – eu(s): tênue. – uo(s): ingênuo. Acentuação gráfica das palavras oxítonas a) Acentuam-se as oxítonas terminadas em a, e, o, seguidas ou não de “s” e as termina- das em em, ens: – a(s): sofá, Pará, cajá, Amapá. – e(s): você, jacaré, Pelé, bambolê, você, cortês. – o(s): paletó, avó, avô, dominó. – em, ens: ninguém, armazém, armazéns, detém, entretém, porém, também. Mas atenção: Palavras oxítonas terminadas em “e” tônico, geralmente provenientes do francês, podem ser proferidas, nas pronúncias cultas, ora como abertas, ora como fechadas. Exs.: matiné/matinê; croché/crochê; puré/purê etc. b) As formas verbais oxítonas terminadas em -a, -e, -o, seguidas de la, las, lo, los, con- tinuam recebendo acento. Exs.: amá-lo, repô-lo, vendê-las. Acentuação das palavras monossílabas tônicas Acentuam-se as monossílabas tônicas terminadas em a, e, o seguidas ou não de “s”: • a(s): lá, cá, má, pá. • e(s): pé, mês, fé. • o(s): só, pó, nós. Acentuação dos ditongos abertos éi, éu, ói Com o Novo Acordo Ortográfico, os ditongos abertos – éi, éu, ói – continuarão sendo acentuados – se fizerem parte das palavras oxítonas e monossílabas tônicas. • éi(s): pastéis, coronéis, anéis, fiéis. • éu(s): troféu, céu, véu, chapéu. • ói(s): herói, anzóis, sóis. Mas atenção: Não há acento se o ditongo, apesar de pronúncia aberta, não for tônico. Exs.: pasteizinhos, aneizinhos. No entanto, os ditongos abertos ei e oi, conforme o Novo Acordo Ortográfico, nas palavras paroxítonas, não devem mais ser acentuados. Exs.: geleia, ideia, jiboia, heroico. 23 1. LÍNGUA PORTUGUESA Acentuação dos hiatos a) Acentuam-se o i e u tônicos quando formam hiato com a vogal anterior, estando eles sozinhos na sílaba ou acompanhados apenas de s. Veja: – • i e u sozinhos na sílaba e formando hiato com a vogal anterior. Exs.: saída, saúde, baú, miúdo, ciúme. – • i e u acompanhados de s e formando hiato com a vogal anterior. Exs.: egoísmo, balaústre, faísca, Luís, país. – • não sendo, porém, palavras paroxítonas, o acento permanece. Exs.: herói, fiéis, corrói, anéis, papéis. Mas atenção: Não se acentuam, portanto, i e u que, mesmo fazendo hiato com a vogal anterior, sejam seguidos de l, m, n, r, z. Exs.: Raul, juiz, raiz, ruim, cair, constituinte, triunfo etc. Também não se acentua o i se ele, mesmo tônico e fazendo hiato com a vogal an‑ terior, for seguido de nh, como na palavra rainha. Com a reforma ortográfica, as letras i e u tônicas, quando precedidas de ditongo, dei- xam de receber acento, a menos que apareçam em posição final. O número de palavras que atende a essa regra é extremamente reduzido. Exs.: baiuca, boiuno, feiura. Mas atenção: Acentuam‑se, porém, o i e u tônicos quando, precedidos de ditongo, pertençam a palavras oxítonas estando em posição final ou seguidas de ‑s. Ex.: Piauí. b) O hiato oo(s) das palavras paroxítonas, com o Acordo Ortográfico, deixa de receber acento circunflexo. Exs.: voo, magoo, enjoo, abençoo. c) O hiato eem das formas verbais dos verbos crer, dar, ler e ver (e seus derivados) deixa de receber acento. Exs.: leem, creem, veem, descreem, releem. Trema O trema, sinal de diérese, pelo Novo Acordo Ortográfico, definitivamente deixa de existir. Palavras como lingüiça, lingüística, seqüência, freqüentar, tranqüilo etc. passam a ser grafadas sem o trema: linguiça, linguística, sequência, frequentar, tranquilo. Porém, o sinal permanece em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros. Exs.: mülleriano (de Müller), hübneriano (de Hübner). 24 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Acento diferencial Não se coloca acento diferencial nas palavras homógrafas. Exs.: acordo (substantivo), acordo (verbo) / almoço (substantivo), almoço (verbo) / jogo (substantivo), jogo (verbo). Porém, conforme o Acordo, permanece, obrigatoriamente, o acento circunflexo da forma verbal pôde (3a pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo) para distin- guir da forma correspondente pode, do presente do indicativo. Ex.: O ladrão pôde fugir. / O ladrão pode fugir. Também é obrigatório o acento no verbo pôr para distinguir da preposição por. Exs.: Você deve pôr o livro aqui. / Menino, não vá por aí! O acento será utilizado facultativamente em dêmos (1a pessoa do plural do presente do subjuntivo), para se distinguir da correspondente forma do pretérito perfeito do in- dicativo (demos), e em fôrma (substantivo), distinta de forma (substantivo; 3a pessoa do singular do presente do indicativo ou 2a pessoa do singular do imperativo do verbo “formar”). Também é facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais do pretérito per- feito do indicativo – amámos, louvámos – para distingui-las das correspondentes formas do presente do indicativo – amamos, louvamos. Com o Novo Acordo Ortográfico deixam de existir os acentos diferenciais dos termos: pélo (verbo), pêlo (substantivo), pelo (contração da preposição “per” mais artigo “o”); pára (verbo), para (preposição); pólo (substantivo), polo (combinação antiga e popular de “por” + “o”) etc. Acentuação das formas verbais As formas verbais têm e vêm, 3a pessoa do plural do presente do indicativo dos ver- bos “ter” e “vir”, mantêm o acento. Também permanecem com acento a 3a pessoa do plural dos verbos derivados de “ter” e “vir”: conter, deter, reter, manter, advir, convir, entre outros. O que os distingue é o emprego do acento agudo para as 3as pessoas do singular (contém, detém, retém, mantém, advém) e o acento circunflexo para as 3as pessoas do plural (contêm, detêm, retêm, mantêm, advêm). alFabeto da língua portuguesa O alfabeto da língua portuguesa passa a ter 26 letras: inserem-se as letras K, Y e W. Estas letras devem ser usadas nos seguintes casos: a) Em nomes originários de outras línguas e seus derivados. Exs.: Wagner, wagneriano / Bayron, bayroniano / Kuwait, kuwaitiano. b) Em siglas, símbolos e mesmo em unidades de medida de uso internacional. Exs.: W – oeste (West) / kg – quilograma / km – quilômetro. 25 1. LÍNGUA PORTUGUESA Consoantes finais As consoantes finais grafadas b, c, d, g e h, pronunciadas ou não, na forma que as consagrou são mantidas. Exs.: Jacob, Isaac, Josafat, David. Consoantes mudas O “c”, com valor de oclusiva velar, das sequências interiores cc (segundo c com valor de sibilante), cç e ct, e o p das sequências interiores pc (c com valor de sibilante), pç e pt, ora se conservam, ora se eliminam. Assim: a) Na pronúncia culta da língua, as consoantes mudas “c” e “p” deixam de existir. Exs.: acção, acto, eléctrico, baptismo, óptimo, baptizar, passam a ação, ato, elétrico, batismo, ótimo, batizar. b) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias cul- tas da língua. Exs.: compacto, convicção, convicto, pacto, adepto. Iniciais maiúsculas e minúsculas Não há alteração no que se refere ao uso de maiúsculas para substantivos próprios de qualquer espécie. O que muda, com o Acordo, é que o nome de vias e lugares públicos, bem como os nomes que designam domínios do saber – artes, ciências ou disciplinas –, que eram grafados com iniciais maiúsculas, podem ser escritos agora facultativamente com inicial maiúscula ou minúscula. Exs.: Rua (ou rua) dos Ingleses / Praça (ou praça) da Sé. morFologia Morfologia é a parte da gramática que estuda a forma e a estrutura das palavras da língua, ou seja, os elementos que as constituem. Este capítulo será dividido em duas partes. Na primeira, a palavra será estudada sob o ponto de vista de sua estrutura e, na segunda, serão analisados os processos de forma- ção das palavras na língua portuguesa. Após este estudo – estrutura e formação –, apresentaremos um estudo da classifica- ção das palavras em categorias gramaticais e suas possíveis flexões. estrutura das palavras Ao analisar a estrutura das palavras, é possível verificar que elas são constituídas por diferentes unidades significativas mínimas. Estes segmentos que as constituem são denominados elementos mórficos ou morfemas. Cada morfema tem um nome e uma função na estrutura da palavra. Veja os morfemas – unidades significativas – que constituem a palavra menininhas: • menin- contém o significado da palavra. Denomina-se radical. • inh- indica que a palavra está no grau diminutivo. • -a- informa que a palavra pertence ao gênero feminino. 26 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS • -s- informa que a palavra está no plural. menin – inh – a – s morfema lexical/semantema/radical morfemas gramaticais Cada morfema é responsável por uma informação. Há, porém, palavras que não po- dem ser divididas como, por exemplo, a palavra flor. Ela é indivisível. classiFicação dos morFemas 1. Radical ou lexema ou semantema: é o segmento que contém a significação básica da palavra. A partir do radical de uma palavra primitiva podemos formar outras, deriva- das dela. Exs.: menin(a); pedr(a); dent(e). 2. Desinências: são elementos mórficos que indicam as flexões da palavra (gênero, nú- mero, modo, tempo, pessoa). As desinências podem ser: a) nominais: são morfemas que, acrescentados ao radical, indicam o gênero e o nú- mero dos nomes. menin a s (desinência de número) (desinência de gênero) Mas atenção: • as vogais a e o dos vocábulos mesa, cadeira, livro e caderno não são desinências, uma vez que não estabelecem oposição de gênero. • em palavras como pires, lápis, ônibus, o s também não é desinência nominal, já que nesses casos não marca a oposição singular/plural. b) verbais: são morfemas que, acrescentados ao radical do verbo, indicam o tem- po e o modo (desinências modo-temporais), a pessoa e o número (desinências número-pessoais). chor á va mos (desinência modo-temporal) (desinência número-pessoal) Ex.: 3. Vogal temática (vt): é a vogal que se junta ao radical para que seja possível receber as desinências: a) nos verbos, a vogal temática indica a conjugação verbal. Observe: Amar, cantar a – 1a conjugação Beber, pôr e, o – 2a conjugação Partir, dividir i – 3a conjugação 27 1. LÍNGUA PORTUGUESA Denomina-se tema o radical acrescido da vogal temática: Ex.: Cant a va tema = canta b) nos nomes, as vogais temáticas são a, e, o átonas finais, desde que não tenham o gênero como oposição. Exs.: rosa, mesa, cadeira, livro, caderno, dente, pente, gerente. Outros casos: • Também são vogais temáticas as que ocorrem em nomes derivados de verbos. Ex.: fingimento, perdoável. • Os nomes oxítonos não têm vogal temática. Exs.: urubu, dendê, dominó, saci. • Em nomes terminados em consoantes, a vogal temática aparece apenas na forma plural. Exs.: mares, luzes, revólveres. • Não confundir a desinência de gênero feminino (-a) com a vogal temática (-a). Será desinência de feminino quando for marca de gênero, ou seja, opor-se ao masculino. – menina – o “a” marca o gênero feminino (opõe-se a menino). – casa – v.t., pois o “a” não se opõe a “caso”; não é marca, portanto, de gênero. 4. Afixos: são os morfemas gramaticais que se acrescentam ao radical ou à palavra, modificando seu sentido. São eles: a) prefixo – colocado antes do radical tem como finalidade dar à palavra um novo significado. Exs.: pre + ver = prever / in + feliz = infeliz. b) sufixo – colocado depois do radical, do tema ou da palavra tem como finalidade acrescentar um novo sentido. Exs.: sabor + oso = saboroso / veloz + mente = velozmente. Vogais e consoantes de ligação As vogais e as consoantes de ligação são elementos de auxílio, não têm significado, por isso não são morfemas. Exs.: agilidade = ágil + i + dade / chaleira = cha + l + eira. Formação das palavras Muitas palavras são criadas diariamente para atender à necessidade de expressão e comunicação e outras desaparecem porque são pouco utilizadas. Na língua portuguesa, há dois processos básicos de formação de palavras: derivação e composição. Processos básicos de formação de palavras 1. Derivação: processo de formação de palavras a partir de outra já existente na língua. Consiste em anexar prefixo ou sufixo e/ou prefixo e sufixo à palavra primitiva. A derivação pode ser: 28 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS a) prefixal: quando se acrescenta um prefixo ao radical. Exs.: re + ter = reter / des + amor = desamor. b) sufixal: quando ocorre acréscimo de sufixo ao radical. Exs.: pedr + eiro = pedreiro / samb + ista = sambista. c) prefixal e sufixal: quando ocorre o acréscimo de prefixo e sufixo à palavra primi- tiva de forma não simultânea. Ex.: in + feliz + mente = infelizmente. Mas atenção: Não há obrigatoriedade no uso simultâneo desses afixos, já que existem na língua as palavras infeliz e felizmente. d) parassintética: ocorre quando se coloca simultaneamente o prefixo e sufixo à palavra primitiva. Exs.: a + joelh + ar = ajoelhar / em + palid + ecer = empalidecer. e) regressiva: ocorre quando se reduz a palavra primitiva, ou seja, há eliminação de morfemas no final da palavra. Exs.: criticar = crítica / censurar = censura. f) imprópria: ocorre quando há mudança na classe gramatical da palavra, porém nessa palavra não ocorre qualquer acréscimo ou supressão em sua forma. Exs.: “Dormia esquecida dos meus ais. (Manuel Bandeira) (de interjeição a subs- tantivo) / Sobrenome do poeta brasileiro: Gregório de Mattos Guerra (substantivo comum a substantivo próprio) / Viva! (de verbo a interjeição) / o dormir (de verbo a substantivo). Prefixos Como já sabemos, os prefixos são morfemas colocados antes do radical basicamen- te para que haja modificação do sentido das palavras; raramente eles mudam a classe gramatical das palavras. A maioria dos prefixos da língua portuguesa e os principais são de origem latina. Há, também, os prefixos gregos. Conheça alguns destes morfemas, seu significado e exemplos. Prefixos a-, ad- (aproximação, direção, aumento, transformação) ante- (anterioridade no espaço ou no tempo) Abraçar, adiantar Antebraço, antessala Bem-, ben- (de forma agradável, positiva) Bem-aventurado, bem-vindo Co-, com- (companhia, agrupamento) Contra- (oposição) Coadjuvante, compor Contra-atacar, contradizer De- (movimento de cima para baixo) Dês- (separação, ação contrária, negação, privação) Decrescer, deliberar Desfazer, desumano 29 1. LÍNGUA PORTUGUESA Prefixos e-, es-, ex- (movimento para fora, separação, transformação) en-, em-, i-, in-, im- (posição interior, movimento para dentro) extra- (posição exterior, fora de) Emigar, exportar Enraizar, embarcar, imigrar, ingerir Extraconjugal, extraordinário i-, in-, im- (negação, privação) Ilegal, inútil, impróprio Justa- (posição ao lado) Justapor, justaposição Mal- (de forma irregular, desagradável) Mal-educado, malcriado Pre-, pré- (anterioridade, antecedência) Pro- pró- (movimento para a frente, a favor de) Premeditar, pré-adolescência Promover, pró-anistia Re- (movimento para trás, repetição) Recomeçar, renascer Semi- (metade de, quase) Sob-, so-, sub-, su- (movimento de baixo para cima, inferioridade) Sobre-, super-, supra- (posição acima ou em cima, excesso, superioridade) Semicírculo, semivogal Soterrar, subumano Sobrepor, super-homem Ultra- (posição além de, em excesso) Ultrapassar, ultravioleta Vice- (em lugar de, em posição imediatamente inferior) Vice-presidente, vice-campeão Prefixos de origem grega an-, a- (privação, negação) ant(i)- (ação contrária, oposição) Anarquia, ateu Antagonista, antipatia Cata- (movimento de cima para baixo, oposição, em regressão) Catacumba, catarro Di(a)- (através, por meio de, separação) Dis- (mau estado, dificuldade) Diagnóstico, diálogo Dispneia, disenteria Ec-, ex- (movimento para fora) Em-, e-, em- (posição interior, dentro) Ep(i)- (posição superior, sobre, movimento para, posterioridade) Eclipse, êxodo Encéfalo, elipse, embrião Epiderme, epílogo Hiper- (posição superior, excesso, além) Hipo- (posição inferior, escassez) Hipérbole, hipertensão Hipodérmico, hipoglicemia Met(a)- (mudança, sucessão, posterioridade, além) Metáfora, metamorfose Peri- (movimento ou posição em torno) Periferia, período Sin-, sim- (ação conjunta, companhia, reunião, simultaneidade) Sinônimo, sinfonia, sílaba Sufixos A principal característica do sufixo – morfema colocado após o radical e capaz de modificar o significado desse radical – é a mudança da classe gramatical do vocábulo. 30 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Quando colocado após o radical de um substantivo, por exemplo, o sufixo pode trans- formar o vocábulo em outro substantivo, em adjetivo, em verbo. Veja, a seguir, alguns casos: • A colocação do sufixo -ada em substantivos dá origem a outros substantivos que podem indicar, entre outros: – multidão. Exs.: boiada, papelada, meninada. – alimentos ou bebidas. Exs.: limonada, cocada, feijoada. – medida. Exs.: garfada, fornada, tigelada. • Os sufixos -ado, -ato, quando acrescidos a substantivos, originam cargos elevados, títulos honoríficos, instituições. Exs.: arcebispado, principado, apostolado, bacharelado, sindicato. • O sufixo -agem insere noção coletiva. Exs.: ramagem, pastagem, folhagem. • O sufixo -al, acrescido a substantivos, denota sentido coletivo. Exs.: bananal, cafezal, laranjal, pinhal. • O sufixo -alha, acrescido a substantivos, favorece a noção coletiva de valor pejora- tivo. Exs.: gentalha, canalha. • Os sufixos -ário e -eiro indicam profissão. Exs.: operário, secretário, bombeiro, copeiro, pedreiro. • O sufixo -eiro também nomeia árvores e lugares que servem para guardar coisas. Exs.: laranjeira, roseira, cafeeiro; manteigueira, paliteiro, açucareiro. • A colocação do sufixo -dade em adjetivos origina substantivos. Exs.: crueldade, maldade, fragilidade. • Os sufixos -ança (-ancia), -ença (-encia), acrescidos a verbos, formam substantivos designativos de ação ou de resultados dela, bem como nomes de estado. Exs.: esperança, importância, crença, conferência. • Os sufixos -ante, -ente, -inte e -dor, -tor, -sor, -or indicam agente. Exs.: ajudante, combatente, ouvinte, carregador, tradutor, investigador, inspetor. Atenção: Muitas vezes alguns sufixos sugerem deformidade, como, por exemplo, beiçorra, cabeçorra, há ainda os que sugerem admiração (carrão), os que sugerem desprezo (livreco), os que sugerem carinho (paizinho, pequenino), os que indicam intensi‑ dade (alegrinho) e até aqueles que denotam ironia (safadinha). É preciso, então, estar atento ao contexto. 31 1. LÍNGUA PORTUGUESA 2. Composição: é o processo de formação de palavras pela junção de duas ou mais palavras ou de dois ou mais radicais. As palavras resultantes desse processo são cha- madas de palavras compostas. A composição pode ocorrer por: a) justaposição: os elementos são colocados lado a lado sem que sofram alteração na pronúncia. Algumas palavras são escritas com hífen e outras, sem hífen. Exs.: guarda + chuva = guarda-chuva / gira + sol = girassol. b) aglutinação: com a união dos radicais, há alteração na pronúncia de, pelo menos, um dos radicais. Exs.: plano + alto = planalto / água + ardente = aguardente. Apresentamos a seguir dois quadros: o primeiro apresenta alguns radicais de origem latina; o segundo, alguns radicais gregos. Veja: Radicais de origem latina agro- (campo) agrologia, agronomia antropo- (homem) antropologia, filantropo aritm-, aritmo- (número) aritmética, aritmologia arqueo- (antigo) arqueografia, arqueologia auto- (próprio) autocracia, autógrafo biblio- (livro) bibliografia, biblioteca bio- (vida) biografia, macróbio, anfíbio caco- (mau) cacofonia, cacografia cardi-, cardio- (coração) cardiologia, cardiografia core-, coreo- (dança) coreografia, coreógrafo crono- (tempo) cronologia, cronômetro datilo- (dedo) datilografia, datiloscopia demo- (povo) demografia, demagogia eco- (casa) ecologia, ecossistema eletro- (âmbar, eletricidade) elétrico, eletrômetro fármaco- (medicamento) farmacologia, farmacopeia filo- (amigo) filósofo, filólogo fos-, foto- (luz) fósforo, fotofobia gastr-, gastro- (estômago) gastrite, gastrônomo geo- (terra) geografia, geologia ger-, gero- (velhice) geriatria, gerontocracia hemi- (metade) hemisfério, hemistíquio hemo-, hemato- (sangue) hemoglobina, hematócrito hidro- (água) hidrogênio, hidrografia iso- (igual) isócrono, isósceles lito- (pedra) litografia, litogravura macro- (grande) macrocéfalo, macrocosmo melo- (canto) melodia, melopeia micro- (pequeno) micróbio, microscópio neo- (novo) neolatino, neologismo 32 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Radicais de origem latina neuro-, nevr- (nervo) neurologia, nevralgia odonto- (dente) odontologia, odontalgia oftalmo- (olho) oftalmologia, oftalmoscópio oste-, osteo- (osso) osteoporose, osteodermo pato- (doença, sentimento) patologia, patético pedi-, pedo- (criança) pediatria, pedologia psico- (alma, espírito) psicologia, psicanálise quiro- (mão) quiromancia, quiróptero rino- (nariz) rinoceronte, rinoplastia rizo- (raiz) rizofilo, rizotônico sider- (ferro) siderólito, siderurgia taqui- (rápido) taquicardia, taquigrafia tecno- (arte, ofício, indústria) tecnologia, tecnocracia tele- (longe) telegrama, telefone xeno- (estrangeiro) xenofobia, xenomania xilo- (madeira) xilógrafo, xilogravura zoo- (animal) zoógrafo, zoologia Radicais de origem grega agri-, agro- (campo) agrícola, agricultura ambi- (ambos) ambidestro api- (abelha) apicultura, apiário arbori- (árvore) arborícola avi- (ave) avicultura bis-, bi- (duas vezes) bisavô cent- (cem) centena, centopeia cruci- (cruz) crucifixo equi-, equi- (igual) equilátero, equivalência ferri-, ferro- (ferro) ferro fatri-, frater- (irmão) fratricida, fraternidade igni- (fogo) ignívomo loco- (lugar) locomotiva mini- (muito pequeno) minissaia, minifúndio morti- (morte) mortífero multi- (muito) multiforme, multidimensional nocti- (noite, trevas) noctívago, nocticolor nubi- (nuvem) nubívago, nubífero oni- (todo) onipotente pisci- (peixe) piscicultor pluri- (muitos) pluriforme, plurisseriado quadri- (quatro) quadrimotor, quadrúpede reti- (reto) retilíneo 33 1. LÍNGUA PORTUGUESA Radicais de origem grega tri- (três) tricolor uni- (um) uníssono vermi- (verme) vermífugo Outros processos de formação de palavras a) Hibridismo: palavras formadas por elementos de idiomas diferentes. Exs.: automóvel (grego e latim) / bígamo (latim e grego) / abreugrafia (português e grego). b) Onomatopeia: palavra formada com o intuito de representar sons e ruídos. Exs.: pingue-pongue, pum!, zás!, tique-taque, cri-cri. c) Abreviação ou Redução: consiste em eliminar uma parte da palavra para se obter outra forma mais curta. Ex.: cinematógrafo foi reduzido para cinema e, finalmente, para cine. d) Sigla: formada pela letra ou sílabas iniciais de uma expressão. Exs.: USP (Universidade de São Paulo) / CEP (Código de Endereçamento Postal). Obs.: o uso moderno elimina os pontos entre as letras. classes de palavras As classes (ou categorias) de palavras da língua portuguesa, as quais são organizadas de acordo com as funções que exercem na oração, são dez, ao todo: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. 1. Substantivo: palavra que nomeia os seres em geral. Exs.: Rita, Camilo, carta, virtude. 2. Artigo: palavra que acompanha o substantivo, determinando-o ou indeterminando-o. Exs.: a verdade, o rapaz, um menino, uma rosa. 3. Adjetivo: palavra que caracteriza os seres e as coisas/objetos em geral. Exs.: desconfiada, medrosa, preguiçoso, belo. 4. Numeral: palavra que indica quantidade, ordem, multiplicação e fração. Exs.: (...) duas ou três cartas (...). 5. Pronome: palavra que substitui ou acompanha o nome (substantivo). Exs.: esse tempo; consultá-la; resistiu-lhe; outras palavras. 6. Verbo: palavra que indica ação, estado, fenômeno da Natureza, passagem de um estado a outro. Exs.: recebeu; podiam; chove; caminhando. 7. Advérbio: palavra invariável que atua como modificador do elemento sobre o qual incide (um verbo, um adjetivo, um outro advérbio, uma frase), indicando circunstân- cias variadas (de tempo, de modo, de lugar, de oposição, de afirmação etc.). Exs.: não; nunca; sempre; normalmente. 8. Preposição: palavra que liga e relaciona dois termos da oração. Exs.: para; por; sobre; de. 34 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 9. Conjunção: palavra que liga orações e termos da oração. Exs.: Desconfiada e medrosa / Não gasta tempo nem papel / Estava cansada, mas prosseguiu. 10. Interjeição: palavra que expressa sentimento ou emoção. Exs.: Viva!; Psiu! substantivo Substantivo é a palavra com a qual nomeamos os seres e os objetos em geral. Tam- bém são substantivos as palavras que nomeiam sentimentos e sensações. Por meio do substantivo, podemos designar tudo o que existe no mundo real e no mundo imaginário. classiFicação dos substantivos Os substantivos classificam-se em concreto ou abstrato, próprio ou comum, simples ou composto, primitivo ou derivado e coletivo. Concretos – Abstratos Concretos são os substantivos que designam pessoas, animais, plantas, lugares e coisas. Exs.: Rita, cavalo, tomate, São Paulo, tapete. Abstratos são os substantivos que designam ações, estados e processos. Exs.: alegria, velhice, emoção, justiça, bondade. Próprios – Comuns Os substantivos próprios designam um determinado indivíduo de uma espécie, com identidade única e distinta dos demais. Exs.: Brasil, Alex, Júlia. Os substantivos comuns designam, de forma genérica, todos os seres de uma classe. Exs.: oceano, mulher, janela. Simples – Composto Simples é o substantivo constituído por apenas uma palavra. Exs.: pão, jiló, chuva. Composto é o substantivo constituído por duas ou mais palavras. Exs.: pé-de-meia, passatempo, guarda-chuva. Primitivo – Derivado Primitivo é o substantivo que não deriva de nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. Exs.: limão, pedra, ferro. Derivado é o substantivo que se origina de outra palavra. Exs.: limoeiro, pedregulho, ferreiro. 35 1. LÍNGUA PORTUGUESA Coletivos São os substantivos comuns que, no singular, indicam um conjunto de seres ou ob- jetos da mesma espécie. Exs.: elenco (de atores); bando (de aves); armada (de navios de guerra). Esta lista contém alguns dos coletivos mais usados: • acervo: de obras artísticas • alcateia: de lobos • álbum: de fotografias, de selos • armada: de navios de guerra • arquipélago: de ilhas • assembleia: de parlamentares, de membros de associações • atlas: de cartas geográficas, de mapas • baixela: de objetos de mesa • banca: de examinadores • bando: de aves, de pessoas em geral • cacho: de uvas, de bananas • cáfila: de camelos • caravana: de viajantes • cardume: de peixes • clero: de sacerdotes • colmeia: de abelhas • conclave: de cardeais em reunião para eleger o papa • congregação: de professores, de religiosos • congresso: de parlamentares, de cientistas • conselho: de ministros • constelação: de estrelas • elenco: de artistas • enxame: de abelhas • enxoval: de roupas • esquadra: de navios • esquadrilha: de aviões • fauna: de animais de uma região • feixe: de lenha, de raios luminosos • flora: de vegetais de uma região • frota: de navios mercantes, de táxis, de ônibus • horda: de invasores, de selvagens, de bárbaros • junta: de bois, de médicos, de examinadores • júri: de jurados 36 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS • legião: de anjos, de soldados, de demônios • manada: de bois, de elefantes • matilha: de cães de caça • molho: de chaves • ninhada: de pintos • nuvem: de gafanhotos • pelotão: de soldados • penca: de bananas, de chaves • pinacoteca: de pinturas • quadrilha: de ladrões, de bandidos • ramalhete: de flores • rebanho: de gado em geral • réstia: de alhos, de cebolas • repertório: de peças teatrais, de músicas, de anedotas • resma: de papel • súcia: de pessoas desonestas • vara: de porcos • vocabulário: de palavras Flexão dos substantivos Os substantivos podem variar em gênero, número e grau. Número Quanto ao número, os substantivos podem estar: a) no singular − quando designam um ser único ou um conjunto de seres considerado como um todo. Exs.: flor, parede, gravata. b) no plural – quando designam mais de um ser ou mais de um conjunto de seres. Exs.: flores, paredes, gravatas. Formação do plural 1. Para formar o plural dos substantivos terminados em vogal ou em ditongo, basta acrescentar s ao final da forma singular. Exs.: caneta – canetas / mãe – mães / série – séries. Atenção: Incluem‑se nessa regra os substantivos terminados em vogal nasal representada graficamente por m. Como, porém, não se pode escrever ms, substitui‑se o m por n e grafa‑se ns. Exs.: pudim – pudins / virgem – virgens / atum – atuns. 37 1. LÍNGUA PORTUGUESA 2. O plural dos substantivos terminados em -ão é formado de três maneiras (seguindo uma regra de terminação de palavras latinas): a) A maioria muda o final -ão para -ões: Exs.: ação – ações / verão – verões. Nesse grupo incluem-se os aumentativos: Exs.: casarão – casarões / sabichão – sabichões. b) alguns mudam o final -ão para -ães: Exs.: alemão – alemães / catalão – catalães. c) algumas oxítonas e todas as paroxítonas levam apenas um -s na forma singular: Exs.: cidadão – cidadãos / sótão – sótãos. Nesse grupo incluem-se os monossílabos tônicos chão (chãos), grão (grãos), mão (mãos) e vão (vãos). d) nos diminutivos formados com os sufixos -zinho e -zito, tanto o substantivo pri- mitivo como o sufixo vão para o plural: Exs.: fogãozinho – fogõezinhos / pãozinho – pãezinhos. Para formar o plural dos substantivos terminados em consoante, basta observar as seguintes regras: a) os substantivos terminados em -r e -z recebem -es no final e os terminados em -n recebem -s: Exs.: mulher – mulheres / vez – vezes / líquen – liquens. Atenção: O plural de caráter é caracteres, com deslocamento do acento tônico e inclusão do c que existia na palavra original. Outros substantivos que sofrem deslocamento do acento no plural são espécimen (especímenes), Júpiter (Jupíteres) e Lúcifer (Lucíferes). b) os substantivos terminados em -s, quando oxítonos, formam o plural com -es e quan- do paroxítonos, não variam: Exs.: chinês – chineses / atlas – atlas. Atenção: O monossílabo cais é invariável, assim como os paroxítonos terminados em x: tórax, ônix. c) os substantivos terminados em -al, -el, -ol, -ul substituem no plural o -l por -is: Exs.: animal – animais / nível – níveis / anzol – anzóis. Atenção: As exceções ficam por conta de mal – males, real – reais e cônsul – cônsules. 38 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS d) os substantivos oxítonos terminados em -il mudam o -l em -s: Exs.: canil – canis / fuzil – fuzis. e) os substantivos paroxítonos terminados em -il substituem essa terminação por -eis: Exs.: fóssil – fósseis / réptil – répteis. Na língua portuguesa existem alguns substantivos que só se empregam no plural. Exs.: óculos, olheiras, fezes, condolências, férias, arredores, núpcias. Outros só se empregam no singular. Exs.: ferro, fé, ouro, esperança, cobre, caridade. Alguns deles, quando aparecem no plural, mudam de sentido: ferro (metal) e ferros (ferramentas), cobre (metal) e cobres (dinheiro). Plural dos substantivos compostos A formação dos substantivos compostos depende da forma como são escritos: com hífen ou sem hífen. a) sem hífen – passa para o plural como se fosse um substantivo simples, acrescentando-se o s. Exs.: girassol – girassóis / aguardente – aguardentes. b) com hífen – Flexionam-se os dois elementos quando formados de: substantivo + substantivo; substantivo + adjetivo; adjetivo + substantivo; numeral + substantivo; substan- tivo + pronome. Exs.: cirurgião-dentista – cirurgiões-dentistas (substantivo + substantivo) cachorro-quente – cachorros-quentes (substantivo + adjetivo) alto-relevo – altos-relevos (adjetivo + substantivo) segunda-feira – segundas-feiras (numeral + substantivo) padre-nosso – padres-nossos (substantivo + pronome) Atenção: Alguns doutrinadores entendem que se o segundo elemento indicar tipo ou finali‑ dade do primeiro, somente o primeiro vai para o plural. Exs.: pombo‑correio – pombos‑correio / banana‑maçã – bananas‑maçã / sam‑ ba‑enredo – sambas‑enredo. – Flexiona-se somente o segundo elemento quando formados de: advérbio + advér- bio; advérbio + substantivo; palavra invariável; verbo + substantivo; palavras repetidas ou onomatopeias: Exs.: abaixo-assinado – abaixo-assinados (advérbio + advérbio) sempre-viva – sempre-vivas (advérbio + substantivo) bel-prazer – bel-prazeres (palavra invariável + substantivo) bate-boca – bate-bocas (verbo + substantivo) tico-tico – tico-ticos (palavras repetidas) tique-taque – tique-taques (onomatopeia) 39 1. LÍNGUA PORTUGUESA Atenção: Se ambos os elementos são formados por verbos, há duas possibilidades: ou so‑ mente o segundo vai para o plural ou ambos variam. Exs.: corre‑corre – corre‑corres ou corres‑corres / pisca‑pica – pisca‑piscas ou piscas‑piscas. – Flexiona-se somente o primeiro elemento quando ligados por preposições. Exs.: água-de-colônia – águas-de-colônia / pé-de-meia – pés-de-meia. Atenção: Há substantivos compostos pluralizados que merecem atenção. Exs.: o arco‑íris – os arcos‑íris / o louva‑a‑deus – os louva‑a‑deus / o bem‑te‑vi – os bem‑te‑vis / o bem‑me‑quer – os bem‑me‑queres / o joão‑ninguém – os joões‑ninguém. Gênero Quanto ao gênero, o substantivo pode ser: masculino, feminino, comum de dois, epiceno e sobrecomum. Os substantivos que são determinados pelo artigo o pertencem ao gênero masculino. Exs.: o menino, o cavalo, o lápis. Os substantivos que são determinados pelo artigo a pertencem ao gênero feminino. Exs.: a garota, a mesa, a ternura. Atenção: Certos substantivos apresentam dificuldade quanto à classificação do gênero. Veja alguns deles: • a aguardente, a alface, a cal, a comichão, a couve, a elipse, a faringe, a dinamite, a sentinela, a ênfase, a juriti, a bacanal, a derme são sempre femininos; • o aneurisma, o apêndice, o champanha, o clã, o dó, o eclipse, o eczema, o gua‑ raná, o plasma, o tracoma são sempre masculinos. Formação do feminino A forma do feminino pode ser: a) completamente diferente da do masculino, ou seja, proveniente de um radical distin- to. Nesse caso, diz-se que os substantivos são heteronônimos. Exs.: carneiro – ovelha / zangão – abelha. b) semelhante à do masculino, ou seja, derivada do mesmo radical, quando, então, tem substituição ou acréscimo de desinências ou acréscimo de sufixos. Observe: 1. Os substantivos terminados em -o átono formam o feminino com a substituição do -o pelo -a. Exs.: aluno – aluna / lobo – loba. 40 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 2. Existem alguns substantivos que têm formações irregulares e que recebem desinên- cias especiais para formar o feminino. Exs.: galo – galinha / maestro – maestrina. 3. Os substantivos terminados em r, l e s formam o feminino com o acréscimo da desi- nência -a. Exs.: doutor – doutora / coronel – coronela / freguês – freguesa. 4. Os substantivos terminados em -ão podem formar o feminino de três maneiras: a) trocando -ão por -oa: Exs.: leitão – leitoa / patrão – patroa. b) trocando -ão por -ã: Exs.: campeão – campeã / cidadão – cidadã. c) trocando -ão por -ona: Exs.: solteirão – solteirona / pobretão – pobretona. Atenção: As exceções ficam por conta de barão (baronesa), ladrão (ladrona ou ladra), lebrão (lebre), maganão (magona), perdigão (perdiz) e sultão (sultana). 5. Os substantivos terminados em -or formam o feminino com a desinência -a. Exs.: governador – governadora / cantor – cantora. Atenção: Há exceções, como cantador (cantadeira), cerzidor (cerzideira), ator (atriz), impe‑ rador (imperatriz) e embaixador (embaixatriz = a esposa do embaixador; embaixa‑ dora = funcionária‑chefe da embaixada). 6. Alguns substantivos que designam títulos de nobreza e dignidades formam o femini- no com as terminações -esa, -essa, -isa, -ina. Exs.: príncipe – princesa / visconde – viscondessa / poeta – poetisa / czar – czarina. 7. Os substantivos terminados em -e, não incluídos nas regras mencionadas anterior- mente, em geral apenas substituem o -e pelo -a na forma feminina. Exs.: parente – parenta / mestre – mestra. Substantivos epicenos São os nomes de animais que possuem um único gênero gramatical para designar ambos os sexos. Exs.: a águia, o tigre, a baleia, o crocodilo. Atenção: Quando há necessidade de especificar o sexo do animal, juntam‑se aos substanti‑ vos as palavras macho ou fêmea. Exs.: tatu‑macho, tatu‑fêmea. 41 1. LÍNGUA PORTUGUESA Substantivos sobrecomuns São os que têm um único gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos. Exs.: o carrasco, a vítima, o cônjuge, a criança. Atenção: Quando há necessidade de especificar o sexo, pode‑se dizer, por exemplo, o côn‑ juge feminino. Substantivos comuns de dois gêneros São aqueles que têm uma única forma para os dois gêneros, mas diferenciam o mas- culino do feminino pelo gênero do artigo. Exs.: o colega – a colega / o intérprete – a intérprete. Atenção: São comuns de dois gêneros todos os substantivos ou adjetivos substantivados terminados em ista. Exs.: o pianista – a pianista / o desenhista – a desenhista. Alguns substantivos podem ser masculinos ou femininos: Exs.: o diabete(s) – a diabete(s) / o usucapião – a usucapião / o personagem – a personagem. Atenção: Algumas palavras, ao mudarem de gênero, sofrem alteração de sentido. Exs.: a banana (fruta) – o banana (pessoa molenga, covarde) / a cabeça (parte do corpo) – o cabeça (chefe, líder) / o rádio (aparelho) – a rádio (estação) / o capital (dinheiro) – a capital (cidade). Substantivos masculinos terminados em ‑a 1. Apesar de a desinência -a, na maioria das vezes, indicar o gênero feminino, alguns substantivos masculinos têm essa terminação. Exs.: artista, poeta, camarada. Alguns deles têm formas próprias para indicar o feminino, como poeta – poetisa e profeta – profetisa. A maioria, porém, distingue o gênero apenas pelo determinativo empregado. Exs.: o artista, este poeta, meu camarada. 2. Alguns substantivos terminados em -a somente são usados no masculino por desig- nar profissão ou atividade própria de homem. Exs.: jesuíta, patriarca, pirata. 42 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Substantivos masculinos terminados em ‑ema e ‑oma 1. Entre os substantivos que designam coisas, são masculinos os terminados em -ema e -oma, que se originam de palavras gregas. Exs.: sistema, diploma, cinema, idioma, telefonema, aroma. Grau O substantivo pode estar em grau normal, no aumentativo ou no diminutivo. A gra- dação do significado de um substantivo se faz: a) analiticamente – juntando a ele um adjetivo que indique aumento ou diminuição. Ex.: nariz grande. b) sinteticamente – juntando a ele um sufixo indicativo de grau. Ex.: narigão. Particularidades em relação ao grau dos substantivos Muitas formas, tanto do diminutivo quanto do aumentativo, por vezes em decor- rência do uso, perderam a capacidade expressiva de indicar aumento ou diminuição de tamanho. Exs.: a) “filhinho”, “mãezinha” podem indicar carinho; já “gentinha” indica desprezo; b) “padreco”, “porcalhão” indicam desprezo; c) “calção”, “cartilha”, “corpete”, “cartão”, “folhinha” (calendário), “papelão”, “por- tão”, entre outros, perderam a acepção original. Veja: – Cartão: não é aumentativo de carta, mas se trata de um papel de espessura acima de certa medida, próprio para determinados trabalhos. – Portão: não é aumentativo de porta, mas porta de madeira ou ferro que serve para separar ambientes externos, como portão da rua, portão do quintal, portão do jardim. artigo Os artigos são palavras antepostas a substantivos. Eles podem ser definidos (o, a, os, as) ou indefinidos (um, uma, uns, umas) conforme a função que exercem ao antepor o substantivo. Formas do artigo As formas do artigo podem ser simples ou combinadas. Formas simples artigo definido artigo indefinido singular plural singular plural masculino o os um uns feminino a as uma umas 43 1. LÍNGUA PORTUGUESA Formas combinadas do artigo definido a) O artigo definido combina-se com as preposições a, de, em, por, formando: preposição artigo definido o a os as a ao à aos às De do da dos das Em no na nos nas por (per) pelo pela pelos pelas b) O artigo definido feminino a combina-se com a preposição a indicando a ocorrência da crase. Ex.: Vamos a + a festa = Vamos à festa. Nessa frase, o primeiro a é a preposição que introduz o adjunto adverbial do verbo ir, e o segundo é o artigo que determina o substantivo festa. Formas combinadas do artigo indefinido O artigo indefinido pode unir-se com as preposições em e de, formando: artigo indefinido em de um num dum uma numa duma uns nuns duns umas numas dumas Flexão do artigo O artigo flexiona-se em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural), estabelecendo concordância com o substantivo. Exs.: o garoto – a garota / o cliente – a cliente / o lápis – os lápis / um livro – uns livros. adjetivo Adjetivo é a palavra que modifica o sentido de um substantivo, indicando-lhe quali- dade, defeito, estado ou condição. Ex.: fivela bonita novinha Ao substantivo fivela foram atribuídas duas outras características – de madrepérola, com fios dourados. No entanto, essas características são formadas por mais de uma pa- lavra, ou seja, por uma expressão com valor de adjetivo. fivela de madrepérola com fios dourados Assim, locução adjetiva: expressão formada de duas ou mais palavras que equiva- lem a um adjetivo, ou seja, atribui característica ao substantivo. Por vezes, é possível 44 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS transformar essa expressão em um único adjetivo; em outras, como no exemplo acima, permanece constituída pelo grupo de palavras. Quadro de algumas locuções adjetivas e seus adjetivos correspondentes Locução adjetiva Adjetivo amor de pai amor paterno amor de mãe amor materno atitude de velho atitude senil água do rio água fluvial água da chuva água pluvial condição do povo condição popular signo de leão signo leonino provas do bimestre provas bimestrais material de escola material escolar pedra da lua pedra lunar lanterna de trás lanterna traseira fivela de madrepérola – fivela com fios dourados – vestido de bolinha – saia de couro – parede de concreto – aula de Português – pão de hoje – classiFicação dos adjetivos Os adjetivos podem ser classificados em primitivo, derivado, simples, composto e adjetivo pátrio. a) Adjetivo simples – constituído por apenas uma palavra. Exs.: vestido verde, sapato velho, garrafa vazia. b) Adjetivo composto – formado por dois ou mais elementos. Exs.: cinto amarelo-claro, hospital nipo-brasileiro, problema econômico-financeiro. c) Adjetivo primitivo – é aquele que não deriva de outra palavra da língua. Exs.: criança feliz, homem leal, namoro sincero. d) Adjetivo derivado – é aquele que deriva de outra palavra da língua (substantivo, ver- bo ou de outro adjetivo). Exs.: felicidade (do adjetivo feliz), mortal (do substantivo morte), lamentável (do verbo lamentar). e) Adjetivo pátrio ou gentílico – é o adjetivo que indica nacionalidade, procedência. Exs.: baiano (nasceu na Bahia), brasiliense (nasceu em Brasília), capixaba (nasceu no Espírito Santo), mineiro (nasceu em Minas Gerais), piauiense (nasceu no Piauí), estadunidense ou americano (nasceu nos Estados Unidos), português (nasceu em Portugal). 45 1. LÍNGUA PORTUGUESA Flexões do adjetivo Os adjetivos, assim como os substantivos, podem variar em gênero, número e grau. 1. Flexão de gênero O adjetivo flexiona-se em gênero concordando com o substantivo a que se refere. Ex.: homem baixo – mulher baixa. Alguns adjetivos apresentam uma única forma para os dois gêneros. São chamados de adjetivos uniformes: Ex.: homem feliz – mulher feliz. 1.1 Formação do feminino dos adjetivos compostos Somente o último elemento varia. Exs.: Problema luso-espanhol – guerra luso-espanhola. / Vestido amarelo-claro – camisa amarelo-clara. Única exceção: garoto surdo-mudo – garota surda-muda. 2. Flexão de número Seguem-se as mesmas regras usadas para a flexão dos substantivos. O adjetivo sim- ples deve concordar com o substantivo a que se refere. Exs.: homem bom – homens bons / lição difícil – lições difíceis. Atenção: Se o adjetivo for um substantivo adjetivado, ele não varia. Exs.: blusa cinza – blusas cinza / lençol rosa – lençóis rosa. 2.1 Plural dos adjetivos compostos a) Somente o último elemento vai para o plural. Exs.: conflito político-social – conflitos político-sociais (adjetivo + adjetivo) / criança mal-educada – crianças mal-educadas (pal. invariável + adjetivo) b) Ficam invariáveis os adjetivos referentes a cores, quando o segundo elemento for substantivo. Exs.: blusa verde-abacate – blusas verde-abacate / vestido cor-de-rosa – vestidos cor-de-rosa. Atenção 1: Não variam os adjetivos compostos azul‑marinho e azul‑celeste: Exs.: blusa azul‑marinho – blusas azul‑marinho / camisa azul‑celeste – camisas azul‑celeste. Atenção 2: No adjetivo composto surdo‑mudo, ambos os elementos variam tanto em gênero quanto em número: Exs.: menino surdo‑mudo – meninos surdos‑mudos / menina surda‑muda – meni‑ nas surdas‑mudas. 46 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 3. Flexão de grau (comparativo ou superlativo) a) O grau comparativo estabelece os seguintes tipos de comparação: – de igualdade. Ex.: Você é tão feliz quanto (como) eu. – de superioridade. Ex.: Você é mais feliz (do) que eu. – de inferioridade. Ex.: Você é menos feliz (do) que eu. b) O grau superlativo expressa uma característica intensificada ao seu grau máximo: – superlativo absoluto (a qualidade expressa não é posta em relação a outros ele- mentos). O superlativo absoluto pode ser: analítico. Ex.: O fato era muito estranho. sintético. Ex.: O fato era estranhíssimo. – superlativo relativo (a qualidade expressa é posta em relação a outros elementos). O superlativo relativo pode ser: de superioridade. Ex.: João é o mais esperto da sala. de inferioridade. Ex.: João é o menos esperto da sala. Alguns adjetivos são flexionados de forma especial para representar o grau. São eles: Grau normal Comparativo de superioridade Superlativo Relativo Absoluto bom melhor o melhor ótimo mau pior o pior péssimo grande maior o maior máximo pequeno menor o menor mínimo Atenção: O adjetivo pequeno admite, além da forma menor, a forma mais pequeno, bastante comum em Portugal. • Esta sala é menor que a outra. • Esta sala é mais pequena que a outra. 47 1. LÍNGUA PORTUGUESA numeral Numeral é a palavra que indica a quantidade exata de seres ou o lugar ocupado, numa série, por estes seres. classiFicação Os numerais classificam-se em: a) cardinal: indica a quantidade exata de seres. Exs.: um, dois, três, quatro, cinco, seis... Atenção: São corretos: catorze ou quatorze / bilhão ou bilião / trilhão ou trilião / cinquenta– forma única b) ordinal: indica a ordem dos seres. Exs.: primeiro, segundo, terceiro... c) multiplicativo: indica uma quantidade multiplicada do mesmo ser. Exs.: dobro, triplo... d) fracionário: indica divisão de uma quantidade. Exs.: um quarto, dois quartos, três terços... O numeral fracionário meio deve concordar com o substantivo a que se refere: meio copo, meia garrafa. Quadro dos numerais Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários Um primeiro (simples) dois segundo dobro, duplo meio, metade três terceiro triplo, tríplice terço quatro quarto quádruplo quarto cinco quinto quíntuplo quinto seis sexto sêxtuplo sexto sete sétimo sétuplo sétimo oito oitavo óctuplo oitavo nove nono nônuplo nono dez décimo décuplo décimo onze décimo primeiro onze avos doze décimo segundo doze avos treze décimo terceiro treze avos catorze décimo quarto catorze avos quinze décimo quinto quinze avos dezesseis décimo sexto dezesseis avos dezessete décimo sétimo dezessete avos 48 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários dezoito décimo oitavo dezoito avos dezenove décimo nono dezenove avos vinte vigésimo vinte avos trinta trigésimo trinta avos quarenta quadragésimo quarenta avos cinquenta quinquagésimo cinquenta avos sessenta sexagésimo sessenta avos setenta septuagésimo setenta avos oitenta octogésimo oitenta avos noventa nonagésimo noventa avos cem centésimo cêntuplo centésimo duzentos ducentésimo ducentésimo trezentos trecentésimo trecentésimo quatrocentos quadringentésimo quadringentésimo quinhentos quingentésimo quingentésimo seiscentos sexcentésimo sexcentésimo setecentos septingentésimo septingentésimo oitocentos octingentésimo octingentésimo novecentos nongentésimo nongentésimo mil milésimo milésimo milhão milionésimo milionésimo bilhão bilionésimo bilionésimo Também são numerais: a) as palavras que designam um conjunto exato de seres. Exs.: par, novena, dezena, dúzia, centena, grosa, milheiro etc. Essas palavras possuem valor de substantivos e são chamadas de numerais coletivos. b) o zero, que é numeral cardinal. Ex.: Ganhei um carro zero quilômetro. c) ambos/ambas. Ex.: Convidei João e Pedro para meu aniversário. Ambos, porém, tinham outro com- promisso. Leitura de numerais: Para a leitura de numerais empregados depois do substantivo, leia ordinal se for até dez e cardinal de onze em diante. Exs.: Paulo VI (sexto) – papa João Paulo II (segundo) / Luís XV (quinze) – João XXIII (vinte e três). Quando o numeral anteceder o substantivo, emprega-se, sempre, o ordinal: Exs.: décimo nono capítulo / vigésima página. 49 1. LÍNGUA PORTUGUESA Emprega-se o ordinal até nove e o cardinal de dez em diante, na numeração de artigos de leis, decretos, portarias e outros textos legais: Exs.: artigo 9o (nono) / artigo 12 (doze). pronome Pronomes são palavras que substituem substantivos ou que os acompanham. Quando substituem o substantivo, denominam-se pronomes substantivos; quando acompanham o substantivo, denominam-se pronomes adjetivos. Atenção: A pronominalização é um dos recursos adotados para evitar a repetição de palavras. Usam‑se os pronomes em lugar de outros termos já expressos. Ex.: Maria e Rafaela são irmãs. Elas nasceram no interior de São Paulo há 15 anos. classiFicação dos pronomes Os pronomes podem ser pessoais, de tratamento, demonstrativos, possessivos, inde- finidos, interrogativos e relativos. Pronomes pessoais Os pronomes pessoais indicam as três pessoais gramaticais: eu (nós), tu (vós), ele/ ela (eles, elas). As três pessoas envolvidas em qualquer processo de comunicação são: • eu/nós: aquele que fala, ou seja, o falante/emissor/locutor. • tu/vós: aquele com quem se fala, ou seja, o destinatário/receptor/locutário. • ele(a)/eles(as): aquilo de que ou aquele(a) de quem se fala, ou seja, o assunto/ enunciado. De acordo com a função que exercem na oração, os pronomes podem ser classifica- dos em retos e oblíquos. Os pronomes pessoais retos têm por função representar o sujeito. Os pronomes pes- soais oblíquos têm por função representar o complemento do verbo. Observe sua organização na tabela: PRONOMES PESSOAIS Retos Oblíquos Átonos Tônicos Singular 1a pessoa – eu me mim, comigo 2a pessoa – tu te ti, contigo 3a pessoa – ele, ela -o, -a, lhe, se si, consigo Plural 1a pessoa – nós nos conosco 2a pessoa – vós vos convosco 3a pessoa – eles, elas -os, -as, lhes, se se, si, consigo 50 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Atenção: Se precedidos de preposição, eu e tu flexionam‑se em mim e ti. Ex.: Há poucas divergências entre mim e ti. Pronomes de tratamento Os pronomes de tratamento são aqueles que usamos para nos dirigir ou nos referir a alguém. Equivalem a verdadeiros pronomes pessoais, como você, o senhor, Vossa Excelência. Esses pronomes indicam o grau de formalidade que há em determinadas situações e apresentam a pessoa com quem se fala, ou seja, a 2a, mas levam o verbo para a 3a pessoa. Exs.: Você aceita um café? / Vossa Excelência não ouviu o tiro? Estas são as formas de tratamento utilizadas. Observe as formas abreviadas: Tratamento Usado para Abreviatura Vossa Alteza príncipes, arquiduques, duques V.A. Vossa Eminência cardeais V.Ema. Vossa Excelência altas autoridades do Governo e Forças Armadas V.Exa. Vossa Magnificência reitores das universidades V.Maga. Vossa Majestade reis, imperadores V.M. Vossa Excelência Reverendíssima bispos e arcebispos V.Exa.Revma. Vossa Paternidade abades, superiores de conventos V.P. Vossa Reverendíssima sacerdotes em geral V.Revma. Vossa Santidade papas V.S. Vossa Senhoria funcionários públicos graduados, oficiais até coronel, pessoas de cerimônia V.Sa. Pronomes demonstrativos Esses pronomes mostram objetos e/ou seres sem nomeá-los, situando-os no tempo e no espaço ou identificando-os. A. Os que situam os seres ou os objetos (localizam-nos) no espaço e no tempo são os seguintes: Masculino Feminino Neutro este – estes esta – estas isto esse – esses essa – essas isso aquele – aqueles aquela – aquelas aquilo 51 1. LÍNGUA PORTUGUESA Observe: a) Este, esta, isto: demonstram que o ser está próximo do falante; também indicam o tempo presente em relação ao falante. Ex.: Este rio, neste momento, está transbordando. b) Esse, essa, isso: demonstram que o ser está próximo do ouvinte; indicam, também, o tempo passado ou futuro, pouco distante em relação à pessoa que fala. Exs.: Esse livro é interessante. / Nesse dia, não sairei. (referindo-se a um dia futuro) / Nesse dia, não saí. (referindo-se a um dia passado) c) Aquele, aquela, aquilo: demonstram que o ser está relativamente próximo da pessoa de quem se fala ou distante dos interlocutores; também indicam tempo passado re- moto. Exs.: Aquela é a casa onde moro. / “Naquele tempo não havia noite...” (Raul Bopp) Esses pronomes podem funcionar como pronomes substantivos e como pronomes adjetivos. Observe: a) As formas variáveis (masculino/feminino) podem funcionar tanto como pronomes substantivos quanto como pronomes adjetivos. Exs.: Minha blusa é esta. (pronome substantivo) / Esta blusa é vermelha. (pronome adjetivo) b) As formas invariáveis (neutro) são sempre pronomes substantivos. Exs.: Isto está excelente! / Aquilo foi demais! Os pronomes demonstrativos que localizam podem combinar-se com preposições que os antecedam. a) Os pronomes demonstrativos contraem-se com as preposições de e em, formando: deste, desta, disto, neste, nesta, nisto, desse, dessa, disso, nesse, nessa, nisso, daque- le, daquela, daquilo, naquele, naquela, naquilo. Ex.: Neste ano, tudo será diferente! b) As formas aquele, aquela, aquilo também se contraem com a preposição a, forman- do: àquele, àquela, àquilo. Ex.: Ontem, fui àquele restaurante. Atenção: Em referência a dois elementos já expressos, emprega‑se este(s), esta(s), isto para o elemento mais próximo e aquele(s), aquela(s), aquilo para indicar o mais distante. Ex.: Matemática e Literatura são matérias que me agradam: esta me desenvolve a sensibilidade; aquela, o raciocínio. B. Os pronomes demonstrativos que identificam são: tal, mesmo(a), próprio(a) e seme- lhante. 52 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS a) Tal como sinônimo de este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, semelhante. Ex.: Tal foi a causa do final do nosso namoro. b) Como demonstrativo, mesmo pode significar exato, idêntico, em pessoa. Exs.: No mesmo ano de minha formatura, viajei. / Nós mesmos fomos à polícia. c) Próprio é demonstrativo quando equivale a mesmo. Ex.: Ele enganou a si próprio. d) Semelhante funciona como demonstrativo de identidade. Ex.: Jamais falaria semelhante besteira. Pronomes possessivos Os pronomes possessivos trazem a ideia de posse. Eles têm na frase uma dupla posi- ção: qualificar a coisa possuída e indicar a pessoa gramatical possuidora. Os possessivos podem atuar tanto como pronomes substantivos quanto como prono- mes adjetivos. Exs.: Onde fica a sua casa? (pronome adjetivo) / A minha fica perto da orla. (prono- me substantivo) Veja no quadro a correspondência entre os pronomes pessoais, os demonstrativos e os possessivos: 1a pessoa 2a pessoa 3a pessoa pronome pessoal eu tu ele pronome possessivo meu teu seu pronome demonstrativo este esse aquele Os pronomes possessivos variam em gênero e número. Veja: gênero número gênero número 1a pessoa meu – minha meus – minhas nosso – nossa nossos – nossas 2a pessoa teu – tua teus – tuas vosso – vossa vossos – vossas 3a pessoa seu – sua seus – suas seu – sua seu – suas a) O pronome possessivo concorda em gênero e número com o substantivo que indica o objeto possuído e em pessoa com o possuidor do objeto. Ex.: Meus livros são importantes na minha vida. b) Em geral, o pronome possessivo precede o substantivo. Mas há exceções. Exs.: Minha vida é cheia de altos e baixos. / Fiquei sem notícias suas durante um ano! c) Os pronomes possessivos podem ser substantivados. Ex.: Peço a você que não desampare os meus. d) Os pronomes possessivos podem substituir o pronome oblíquo tônico antecedido da preposição de que funciona como complemento nominal de um substantivo. Exs.: em frente de ti = em tua frente / ao lado de mim = ao meu lado. 53 1. LÍNGUA PORTUGUESA Pronomes indefinidos Os pronomes indefinidos referem-se à 3a pessoa do discurso quando mencionada de modo vago, impreciso, podendo representar pessoas, coisas e lugares. Alguns pronomes indefinidos são indefinidos quanto à referência, outros são indefi- nidos quanto à quantidade. O quadro a seguir ilustra os indefinidos variáveis e os invariáveis. Veja: Variáveis Invariáveis Masculino Feminino algum – alguns alguma – algumas alguém nenhum – nenhuns nenhuma – nenhumas ninguém todo – todos toda – todas tudo outro – outros outra – outras outrem muito – muitos muita – muitas nada pouco – poucos pouca – poucas cada certo – certos certa – certas algo vário – vários vária – várias tanto – tantos tanta – tantas quanto – quantos quanta – quantas qualquer – quaisquer qualquer – quaisquer Os pronomes indefinidos podem funcionar como substantivos ou adjetivos. a) Alguém, ninguém, outrem, algo e nada somente funcionam como pronomes subs- tantivos. Exs.: Alguém está pensando em você. / Nada do que foi dito é verdade. b) Certo só é usado como pronome adjetivo. Ex.: Até certo ponto, você está com a razão. Atenção: Locuções pronominais indefinidas são grupos de palavras que equivalem a prono‑ mes indefinidos. Exs.: Quem quer que tenha feito essa bagunça terá de arrumá‑la! / Rápido! Cada qual no seu lugar. Pronomes interrogativos Os pronomes que, quem, qual e quanto são chamados de pronomes interrogativos quando são usados para formular uma pergunta direta ou indireta. Exs.: Que tecido é este? / Qual a cidade em que você mora? Os interrogativos que e quem são invariáveis; qual varia em número (quais); quanto varia em número (quantos) e gênero (quanta, quantas). 54 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Os pronomes interrogativos podem ser tanto pronomes substantivos como pronomes adjetivos: a) que pode ser pronome substantivo quando significa que coisa. Ex.: Que a teria afastado de seu trabalho? b) que pode ser pronome adjetivo quando significa que espécie de. Ex.: Que aperto sinto no peito! c) quem é pronome substantivo. Ex.: Quem comeu o bolo que estava aqui? d) quanto pode ser pronome substantivo ou pronome adjetivo. Exs.: Quanto gastaram? / Quantas páginas tem o livro? Pronomes relativos Pronomes relativos são os que se referem a um substantivo anterior a eles, substituin- do-o na oração seguinte. Veja o quadro: Variáveis Invariáveis Masculino Feminino o qual – os quais a qual – as quais que cujo – cujos cuja – cujas quem quanto – quantos quanta – quantas onde Que, quem, cujo, quanto e onde são formas simples. O qual é forma composta. O pronome onde, antecedido das preposições a e de, com elas se aglutina e forma aonde e donde. O antecedente do pronome relativo pode ser um substantivo, um pronome, um adje- tivo, um advérbio ou uma oração. Exs.: Com emoção, aproximei-me da aluna que ali estava sentada. (substantivo: alu- na) / És tu que clamas por justiça? (pronome: tu) / Ele se tornou amargo de doce que era. (adjetivo: doce) / Ali, onde ele se sentou é o melhor lugar da sala. (advérbio: ali) / O exame foi um sucesso, o que me deixou entusiasmado. (A oração está resumida pelo demonstrativo o.) Atenção: a) Que é o relativo mais usado. Faz referência a pessoas ou objetos, no singular ou no plural. Ex.: A menina que caiu é minha irmã. b) Em alguns casos, que pode ou deve ser substituído por o qual. Ex.: Este é o homem o qual eu amo. c) Quem só se usa em relação a pessoas ou algo personificado. Ex.: Chegou o jovem de quem se suspeitava. 55 1. LÍNGUA PORTUGUESA d) Quem também pode equivaler a o qual. Ex.: Minha irmã, a quem fizeram o convite, levou‑me à festa de confraternização. e) Cujo é relativo e possessivo, e seu sentido equivale a do qual, de quem, de que: Ex.: A mulher, em cuja casa me hospedei, é enfermeira. f) Quanto tem como antecedentes os pronomes indefinidos tudo e todos, que, no entanto, podem ser omitidos. Ex.: Em tudo quanto toquei, apenas sua face guardei na memória. g) Onde desempenha normalmente a função de adjunto adverbial, equivalente a o lugar em que, no qual. Ex.: Esta é a casa onde moro. verbo Verbo é a palavra que indica ação, estado, passagem de um estado a outro e fenô- meno da natureza. Essa palavra situa os fatos que exprime no tempo passado, presente ou futuro. conjugação Conjugar um verbo é flexioná-lo em modo, tempo, pessoa, número e voz. São três as conjugações: • 1a conjugação: verbos terminados em -ar. Exs.: amar, falar, gritar, dançar. • 2a conjugação: verbos terminados em -er. Exs.: comer, fazer, querer, responder. • 3a conjugação: verbos terminados em -ir. Exs.: abrir, sorrir, cair, fugir. Atenção: O verbo pôr e seus derivados (compor, dispor, repor, transpor) pertencem à 2a conjugação. Uma outra característica dos verbos é apresentar grande número de flexões: flexão de número (singular, plural), de pessoa (primeira, segunda e terceira), de tempo (presente, pretérito e futuro), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo) e voz (ativa, passiva e reflexiva). Flexões verbais Os verbos podem ser flexionados em pessoa, número, modo, tempo e voz. 1. Flexão de pessoa: são três as pessoas gramaticais (eu/nós – quem fala; tu/vós – com quem se fala; ele/eles – de quem se fala). O verbo deve relacionar-se com a pessoa gramatical, sujeito da oração, e concordar com ele. Exs.: Eu gosto de chocolate. / Tu gostas de chocolate. / Ele gosta de chocolate. 56 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Atenção: Na maioria dos lugares do País, a 2a pessoa (com quem se fala) é indicada pelo pronome você. No entanto, usa‑se a forma de 3a pessoa do verbo para se referir à pessoa do discurso (você). Dizemos: Você fez a lição? Em vez de: Tu fizeste a lição? Observe que com outras formas de tratamento o verbo fica sempre na 3a pessoa. Ex.: Vossa Senhoria aceita um café? 2. Flexão de número: singular e plural de acordo com o sujeito. Exs.: Eu sou feliz. / Nós somos felizes. 3. Flexão de modo: indica o modo como o fato é expresso pela pessoa que fala. São três os modos verbais: a) O modo indicativo indica a certeza de um fato: Exs.: Hoje está quente demais. / Ele pediu nossa colaboração. b) O modo subjuntivo indica a maneira como a ação é vista pelo falante; revela a atitude do falante ao enunciar o processo verbal (de certeza, de dúvida, de possi- bilidade etc.): Ex.: Se estudássemos diariamente, não ficaríamos perdidos durante a aula. c) O modo imperativo indica ordem, conselho, pedido, súplica: Exs.: Estudem, filhos! / Por favor, pegue o lápis que caiu no chão. 4. Flexão de tempo: indica o momento (presente, passado, futuro) em que o fato expres- so pelo verbo ocorreu, ocorre ou ocorrerá. Tempos do modo indicativo a) Presente – a ação ocorre no momento da fala. Ex.: Estou assistindo a um filme espetacular. b) Passado – a ação ocorreu antes da fala. O passado subdivide-se em pretérito perfeito, pretérito imperfeito e pretérito mais-que-perfeito. Veja: – Pretérito perfeito – indica ação concluída em relação ao momento presente. Ex.: Cheguei tarde demais! – Pretérito imperfeito – transmite a ideia de uma ação habitual ou contínua, pode transmitir a ideia de uma ação que vinha acontecendo, mas foi interrompida sem, contudo, estar concluída; normalmente é empregado para narrar histórias. Exs.: Por muito tempo, as mulheres lavavam as roupas nos riachos. (ação habi- tual) / Maria chorava muito quando a campainha tocou. (ação interrompida) – Pretérito mais-que-perfeito – expressa uma ação ocorrida no passado anterior à outra ação também passada. 57 1. LÍNGUA PORTUGUESA Ex.: Quando a professora percebeu, Joãozinho já colocara o lápis na boca. ação ocorrida ação de passado ocorrida no passado antes da ação de perceber Atenção: Na língua coloquial, é comum empregar o pretérito‑mais‑que‑perfeito na forma composta. Ex.: Quando a professora percebeu, Joãozinho já havia colocado o lápis na boca. c) No futuro, a ação ocorrerá depois da fala. São dois os futuros: – Futuro do presente – trata-se de um futuro em relação ao tempo presente. Ex.: Enviarei um e-mail para meus amigos. – Futuro do pretérito – trata-se de um futuro em relação a outro fato passado. Ex.: Eu viajaria para terras distantes, se pudesse. Tempos do modo subjuntivo a) Presente – indica uma ação hipotética, mas possível. Ex.: Talvez o governo facilite o pagamento do imposto. b) Pretérito imperfeito – indica uma ação hipotética, mas possível, no passado. Ex.: Se ele quisesse, viajaríamos amanhã. c) Futuro – indica uma ação que poderá ocorrer no futuro. Ex.: Quando ele quiser, viajaremos. Formas simples Modo Indicativo Pretérito Futuro imperfeito perfeito mais-que-perfeito do presente do pretérito cantava cantei cantara cantarei cantaria bebia bebi bebera beberei beberia partia parti partira partirei partiria Modo Subjuntivo Presente Pretérito imperfeito Futuro Cante cantasse cantar Beba bebesse beber parta partisse partir Formas nominais São as formas verbais que não expressam com precisão o tempo ou o modo em que se dá o fato. São elas: • Infinitivo – exprime a ação verbal sem localização no tempo. Exs.: cantar, beber, partir. 58 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS • Gerúndio – indica um processo verbal em desenvolvimento. Exs.: cantando, bebendo, partindo. • Particípio – indica uma ação já concluída. Exs.: cantado, bebido, partido. As formas nominais aparecem nos tempos compostos. Observe: Formas compostas Modo Indicativo Pretérito Futuro perfeito mais-que-perfeito do presente do pretérito tenho cantado tinha cantado terei cantado teria cantado tenho bebido tinha bebido terei bebido teria bebido tenho partido tinha partido terei partido teria partido Modo Subjuntivo Pretérito Futuro perfeito mais-que-perfeito tenha cantado tivesse cantado tiver cantado tenha bebido tivesse bebido tiver bebido tenha partido tivesse partido tiver partido vozes verbais Chamamos de vozes verbais as três possibilidades de relação entre o sujeito e a ação expressa pelo verbo. Veja: • Voz ativa: o sujeito é agente da ação, ou seja, é ele quem está praticando a ação des- crita pelo verbo vendeu. Ex.: O pai vendeu a bicicleta velha. sujeito predicado • Voz passiva: o sujeito é paciente da ação. Observe, do ponto de vista de sentido da frase, que o sujeito recebe a ação do verbo: foi vendida. Pelo pai é o agente da pas- siva. Ex.: A bicicleta velha foi vendida pelo pai. (agente da passiva) sujeito predicado • Voz reflexiva: o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente. Exs.: O filho machucou-se. / Feri-me. classiFicação verbal Quanto à classificação, os verbos podem ser regulares, irregulares e defectivos. a) Regulares: são aqueles que seguem um paradigma (modelo de conjugação). 59 1. LÍNGUA PORTUGUESA Exs.: cantar – vender – partir. Presente (indicativo) cantar Presente (indicativo) vender Presente (indicativo) partir eu canto tu cantas ele canta nós cantamos vós cantais eles cantam eu vendo tu vendes ele vende nós vendemos vós vendeis eles vendem eu parto tu partes ele parte nós partimos vós partis eles partem b) Irregulares: são os que sofrem alteração no radical ou na terminação. Para saber se o verbo é regular ou irregular, conjugue-o no presente do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo. Se houver alguma alteração, seja no radical ou na terminação, o verbo é irregular. Apresentamos, a seguir, a conjugação dos verbos irregulares dar, fazer e ouvir no presente do indicativo. Neste tempo, já observamos a irregularidade desses verbos: eu dou tu dás ele dá nós damos vós dais eles dão eu faço tu fazes ele faz nós fazemos vós fazeis eles fazem eu ouço tu ouves ele ouve nós ouvimos vós ouvis eles ouvem c) Defectivos: são os verbos que não são conjugados em todos os tempos, modos e pes- soas. Exs.: abolir, falir, reaver. Pessoa Presente do indicativo eu – – – tu – aboles – ele – abole – nós reavemos abolimos falimos vós reaveis abolis falis eles – abolem – Atenção: Nestes casos, as formas faltantes podem ser substituídas por uma locução verbal ou por um sinônimo. Ex.: Eu estou falindo (substitui a 1a pessoa do singular do presente do indicativo). 60 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Verbos auxiliares São verbos auxiliares de um verbo principal. Formam o que chamamos locução ver- bal – conjunto formado por um verbo auxiliar (flexionado) mais um verbo principal na forma nominal. São auxiliares os verbos ser, estar, ter, haver; ocasionalmente, os verbos ir, vir, andar podem ser auxiliares: Ex.: Ele anda falando mal de você. auxiliar principal Verbos abundantes São os verbos que possuem duas ou mais formas equivalentes para uma determinada flexão; normalmente, ocorrem no particípio. Lembre-se de que os particípios regulares têm as formas terminadas em -ado, -ido e os irregulares apresentam formas curtas. Veja alguns exemplos: Infinitivo impessoal Particípio regular Particípio irregular matar prender aceitar matado prendido aceitado morto preso aceito Alguns verbos possuem apenas a forma irregular: Exs.: abrir – aberto / dizer – dito / fazer – feito / ver – visto. Atenção: Quando o verbo apresenta duplo particípio, deve‑se usar a forma regular com os verbos ter e haver: Exs.: Tinha aceitado o pedido. / Haviam aceitado o pedido. • Usa-se a forma irregular com os auxiliares ser e estar: Exs.: O pedido foi aceito. / O pedido estava aceito. Atenção: Os particípios regulares dos verbos ganhar (ganhado), gastar (gastado) e pagar (pagado) estão sendo, na prática, substituídos pelos particípios irregulares: ganho, gasto e pago. Verbos anômalos São os que apresentam muitas irregularidades no radical e nas desinências: estar, haver, ser, ir, ter, vir, pôr. Veja um exemplo do verbo ser conjugado no presente, pretérito perfeito e pretérito imperfeito do modo indicativo, respectivamente. Observe como a irregularidade deste verbo é acentuada. 61 1. LÍNGUA PORTUGUESA eu sou tu és ele é nós somos vós sois eles são eu fui tu foste ele foi nós fomos vós fostes eles foram eu era tu eras ele era nós éramos vós éreis eles eram elementos estruturais do verbo Uma forma verbal pode apresentar os seguintes elementos: 1. Radical: elemento que contém a significação básica do verbo. Exs.: cantar, beber, partir. 2. Vogal temática: caracteriza a conjugação a que pertence o verbo. Exs.: cantar – vogal temática de 1a conjugação = a / vender – vogal temática de 2a conjugação = e / partir – vogal temática de 3a conjugação = i. Atenção: O verbo pôr pertence à 2a conjugação. No português arcaico, a forma do infinitivo era poer, com a vogal temática “e”. 3. Tema: é a união do radical com a vogal temática. Radical Vogal temática Tema cant- vend- part- -a- -e- -i- canta- vende- parti- 4. Desinências: são elementos que se juntam ao radical ou ao tema para indicar as dife- rentes flexões. São elas: a) desinência de modo e tempo (DMT): indica o modo e o tempo do verbo. b) desinência de número e pessoa (DNP): indica o número e a pessoa do verbo. cant – á – va – mos radical VT DMT DNP Então, em cantávamos: • -va indica que o verbo está no pretérito imperfeito do modo indicativo; • -mos indica que o verbo está na primeira pessoa do plural. Radical Vogal Temática Desinência modo‑temporal Desinência número‑pessoal cant- vend- part- -a- -e- -i- -va- -sse- -re- -s -m -mos 62 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Formas rizotônicas e arrizotônicas a) Formas rizotônicas: são aquelas que apresentam o acento tônico no radical. Exs.: fal o, fal as, fal a, fal am. b) Formas arrizotônicas: apresentam o acento tônico fora do radical. Exs.: fal amos, fal ais, fal ou. modelos de conjugação verbal Os verbos abaixo apresentam algumas dificuldades quanto à sua conjugação. Fique atento aos espaços ocupados pelo sinal #. Este sinal indica que aquela pessoa não existe. ABOLIR = colorir, competir, demolir, explodir, esculpir, carpir. Presente do indicativo: #, aboles, abole, abolimos, abolis, abolem. Não há presente do subjuntivo. ADERIR = digerir, repelir, despir, sugerir, inferir. Presente do indicativo: adiro, aderes, adere, aderimos, aderis, aderem. Presente do subjuntivo: (que eu) adira, adiras, adira, adiramos, adirais, adiram. AGUAR = desaguar, minguar. Presente do indicativo: águo, águas, água, aguamos, aguais, águam. Presente do subjuntivo: (que eu) águe, águes, águe, aguemos, agueis, águem. CABER Presente do indicativo: caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem. Presente do subjuntivo: (que eu) caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam. Pretérito perfeito: coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam. CRER = ler, descrer. Presente do indicativo: creio, crês, crê, cremos, credes, creem. Presente do subjuntivo: (que eu) creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam. HAVER Presente indicativo: hei, hás, há, havemos, haveis, hão. Presente do subjuntivo: (que eu) haja, hajas, haja, hajamos, hajais, hajam. Pretérito perfeito: houve, houveste, houve, houvemos, houvestes, houveram. PÔR = repor, compor, supor, depor e todos os seus derivados. Presente do indicativo: ponho, pões, põe, pomos, pondes, põem. Pretérito perfeito: pus, puseste, pôs, pusemos, pusestes, puseram. Futuro do subjuntivo: (quando eu) puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puse- rem. 63 1. LÍNGUA PORTUGUESA PROVER = segue o verbo ver em todos os tempos, menos no pretérito perfeito do indicativo. Pretérito Perfeito: provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram. REAVER = haver, mas somente nas formas em que o verbo haver tiver a letra v. Presente do indicativo: eu #, tu #, ele #, nós reavemos, vós reaveis, eles #. Não há presente do subjuntivo. Futuro do subjuntivo: (quando eu) reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouver- des, reouverem. Pretérito perfeito: reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouveram. Imperfeito do subjuntivo: (se eu) reouvesse, reouvesses, reouvesse, reouvéssemos, reouvésseis, reouvessem. REQUERER = não segue a conjugação do verbo querer. Presente do indicativo: requeiro, requeres, requer, requeremos, requereis, requerem. Futuro do subjuntivo: (quando eu) requerer, requereres, requerer, requerermos, re- querdes, requererem. TER = manter, conter, deter e todos os seus derivados. Futuro do subjuntivo: (quando eu) tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem. VER = rever, prever, antever e todos os seus derivados. Presente do indicativo: vejo, vês, vê, vemos, vedes, veem. Futuro do subjuntivo: (quando eu) vir, vires, vir, virmos, virdes, virem (e não quando eu ver, quando tu veres etc.). VIR = convir, intervir e seus derivados. Presente do indicativo: venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm. Pretérito perfeito: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram. Futuro do subjuntivo: (quando eu) vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem (e não quando eu vir, quando tu vires etc.). advérbio Advérbio é a palavra invariável que pode modificar o verbo, o adjetivo e mesmo um outro advérbio, acrescentando a eles circunstâncias de tempo, de modo e de lugar, entre outras. Às vezes, o advérbio modifica uma oração inteira. Ex.: Infelizmente, ela foi embora. locução adverbial Locuções adverbiais são frases compostas de duas ou mais palavras que exprimam circunstâncias. Em geral, são formadas por uma preposição e um substantivo, um adje- tivo ou um advérbio. 64 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS As locuções adverbiais podem ser: • De afirmação (ou dúvida). Exs.: com certeza, por certo, sem dúvida. • De intensidade. Exs.: de muito, de pouco, de todo. • De lugar. Exs.: à direita, à esquerda, a distância, ao lado, de dentro, de cima, de longe, de perto, em cima, para dentro, para onde, por ali, por aqui, por dentro, por fora, por onde, por perto. • De modo. Exs.: à toa, à vontade, ao contrário, ao léu, às avessas, às claras, às pressas, com gos- to, com amor, de bom grado, de cor, de má vontade, de regra, em geral, em silêncio, em vão, frente a frente, gota a gota, ombro a ombro, passo a passo, por acaso. • De negação. Exs.: de forma alguma, de modo nenhum. • De tempo. Exs.: à noite, à tarde, à tardinha, de dia, de manhã, de noite, de vez em quando, de tempos em tempos, em breve, pela manhã. classiFicação do advérbio Os advérbios podem ser: a) de lugar. Exs.: abaixo, acima, adiante, aí, além, ali, aquém, aqui, através, atrás, cá, defronte, dentro, detrás, fora, junto, lá, longe, onde, perto. b) de tempo. Exs.: agora, ainda, amanhã, anteontem, antes, breve, cedo, depois, então, hoje, já, jamais, logo, nunca, ontem, outrora, sempre, tarde. c) de modo. Exs.: assim, bem, debalde, depressa, devagar, mal, melhor, pior, bondosamente, regu- larmente, felizmente, infelizmente. d) de intensidade. Exs.: assaz, bastante, bem, demais, mais, meio, menos, muito, pouco, quanto, quão, quase, tanto, tão. e) de dúvida. Exs.: acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez. f) de afirmação. Exs.: sim, certamente, efetivamente, realmente. g) de negação. Ex.: não. 65 1. LÍNGUA PORTUGUESA Existem também os advérbios interrogativos, que podem ser: a) de lugar. Ex.: onde? b) de tempo. Ex.: quando? c) de modo. Ex.: como? d) de causa. Ex.: por quê? Flexão Apesar de os advérbios pertencerem à classe dos invariáveis, alguns apresentam fle- xão de grau. Observe: Grau comparativo a) De superioridade. Para obtê-lo, coloca-se mais antes do advérbio e que ou do que depois dele. Ex.: O vice-diretor falou mais claramente que o diretor. b) De inferioridade. Para obtê-lo, coloca-se menos antes do advérbio e que ou do que depois dele. Ex.: A menina andava menos apressadamente que o irmão. c) De igualdade. Para obtê-lo, coloca-se tão antes do advérbio e como ou quanto depois dele. Ex.: O pai andou tão bem quanto o filho. Grau superlativo a) Absoluto sintético. Para obtê-lo, faz-se uso de um sufixo. Ex.: Muitíssimo obrigada por sua colaboração! b) Absoluto analítico. Para obtê-lo, usa-se um outro advérbio que indique excesso. Ex.: A praia estava muito perto de nós. Superlativo intensivo Indica os limites da possibilidade e é formado colocando-se o mais ou o menos antes do advérbio e a palavra possível, ou uma expressão equivalente, depois: Ex.: Venha o mais rápido possível. Outras formas de comparativo e superlativo a) Melhor e pior podem ser comparativos dos adjetivos bom e mau e dos advérbios bem e mal: Exs.: Ela interpreta melhor drama do que comédia. / Ele se sai pior no drama que na comédia. 66 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS b) As formas mais bem e mais mal são usadas, em geral, antes de adjetivos-particípios. Exs.: A personagem da comédia estava mais bem interpretada que as outras. / Aque- le papel, no drama, foi mais mal interpretado do que os outros. Atenção: Se o particípio vem antes do advérbio usa‑se a forma sintética. Ex.: A personagem da comédia estava interpretada melhor que as outras. c) As formas bem e mal, no superlativo absoluto sintético, formam otimamente e pes- simamente. Ex.: Saiu-se otimamente no exame. d) As formas muito e pouco, quando advérbios, têm como comparativos mais e menos e como superlativos o mais ou muitíssimo e o menos ou pouquíssimo. Exs.: Estou mais feliz que você. / Sou o menos feliz de todos. / Sou muitíssimo feliz. Diminutivo Alguns advérbios assumem a forma diminutiva, mas com valor superlativo. Exs.: Chegou pertinho do meu coração. / Vou depressinha até a padaria. Atenção: Alguns advérbios não variam em grau porque o próprio significado não admite. Exs.: aqui, aí, ali, lá, hoje, amanhã, diariamente, anualmente. preposição As preposições são palavras que exercem a função de ligação: são conectivos. A pre- posição é invariável e possibilita relações diversas entre as palavras. Há diferentes tipos de relação: de posse, de movimento, de assunto, de companhia, de origem, de causa, de finalidade, de matéria etc. Podemos, portanto, definir preposição como palavra invariável que relaciona duas outras palavras, estabelecendo entre elas determinadas relações de sentido e depen- dência. A relação de dependência implica que um dos termos assuma a posição de subordinado (termo regido) e o outro, a de subordinante (termo regente). Essa relação denomina-se regência. Exs.: Ventos de inverno. / Gosto de você. Observe algumas relações estabelecidas pela preposição: a) companhia. Ex.: Saí com minhas amigas. b) meio. Ex.: Sairemos de bicicleta. 67 1. LÍNGUA PORTUGUESA c) tempo. Ex.: Faço aniversário em agosto. d) instrumento. Ex.: Faça a prova a lápis. e) direção. Ex.: Dispenso dez minutos da minha casa à faculdade. f) lugar. Ex.: Nasci em Piraju. g) modo. Ex.: Antigamente, os alunos eram colocados em fila. classiFicação das preposições As preposições podem ser essenciais ou acidentais. São essenciais aquelas que atuam exclusivamente como preposição. Exs.: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, perante, sobre, sob, sem, trás. As acidentais são palavras de outras classes que eventualmente são empregadas como preposições. Exs.: afora, conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, não obstante, sal- vo, segundo, senão, tirante, visto, dentre outras. São, portanto, chamadas acidentais porque nem sempre funcionam como preposição. A – Preposição? Artigo? Pronome? O a artigo e o a pronome pertencem à classe gramatical variável, portanto, flexio- nam-se de acordo com o termo a que se referem. Exs.: Brinquedos: a alegria que contagia as crianças. (Os termos destacados são arti- gos. Ambos concordam com o substantivo a que se referem.) Brinquedos: a alegria que as contagia. (Dos termos destacados, o primeiro é artigo; o segundo substitui crianças – é pronome.) Já o a preposição é, por natureza, invariável. Ex.: Não dou atenção a fofocas. (O a preposição é invariável. Observe que ele perma- nece no singular mesmo diante de um substantivo no plural.) locuções prepositivas São grupos de duas ou mais palavras que têm o mesmo valor da preposição. A última palavra é sempre uma preposição, geralmente a preposição de. Exs.: abaixo de, acerca de, a fim de, além de, a par de, apesar de, a respeito de, através de, de acordo com, dentro de, depois de, embaixo de, em frente a, em vez de, graças a, junto de, perto de, por causa de, por cima de, por trás de. 68 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS combinação e contração Dá-se o nome de combinação à união de algumas preposições com outras palavras, desde que não ocorra alteração fonética. Exs.: ao (a preposição + o artigo) / aonde (a preposição + onde advérbio). Dá-se o nome de contração quando ocorre uma mudança na forma ou na fonética de uma preposição ao se unir a outras palavras. Exs.: a + a = à / a + aquele = àquele / de + o = do / per + o = pelo. conjunção Conjunção é palavra invariável que liga duas orações ou dois elementos de mesmo valor sintático. Locução conjuntiva: conjunto de palavras que exerce a mesma função da conjunção. Ex.: Chegue mais perto para que eu possa lhe dar um beijo. classiFicação das conjunções e locuções conjuntivas As conjunções podem ser coordenativas e subordinativas: 1. Coordenativas: ligam termos ou orações de função gramatical idêntica, ou seja, ora- ções que não dependem umas das outras para terem sentido completo. São elas: – aditivas: indicam soma, adição (e, nem, mas ainda, mas também etc.). Ex.: Vou cantar e dançar. – adversativas: indicam oposição, contraste (mas, porém, todavia, contudo, entre- tanto, senão, ao passo que, no entanto, apesar disso). Ex.: O pernil está apimentado, mas saboroso. – conclusivas: transmite uma ideia de conclusão (logo, portanto, pois (após um verbo), por conseguinte, assim, por isso). Ex.: Estou com frio; devo, pois, me cobrir. – explicativas: indicam justificativa, explicação (que, porque, porquanto, pois (an- tes de um verbo)). Ex.: Leve o guarda-chuva, pois está chovendo. – alternativas: indicam alternativa, escolha (ou, ou... ou, já... já, ora... ora, quer... quer). Ex.: Ou vai ou racha. 2. Subordinativas: ligam duas orações dependentes, sendo que uma delas completa ou determina o sentido da outra. São elas: – causais: indicam, causa, motivo, razão (porque, que, pois, como, porquanto, visto que). Ex.: Os cachorros latiam porque tinham fome. – comparativas: indicam comparação (como, que, feito, do que, quanto, assim como, tal e qual). Ex.: Você come feito um leão. 69 1. LÍNGUA PORTUGUESA – condicionais: indicam condição, hipótese (se, caso, salvo se, a menos que, desde que, contanto que). Ex.: Vou à sua casa se não estiver chovendo. – conformativas: indicam conformidade, adequação (como, conforme, segundo). Ex.: Tome o remédio conforme indica a bula. – temporais: transmitem a ideia de tempo (quando, enquanto, sempre que, desde que, logo que). Ex.: Fico feliz quando você me telefona. – finais: indicam finalidade (a fim de que, para que). Ex.: Estude, a fim de que obtenha bons resultados no concurso. – proporcionais: indicam proporção (à proporção que, à medida que, ao passo que). Ex.: À proporção que o tempo passa, mais velho fico. – concessivas: introduzem orações que estabelecem um sentido de contrariedade (embora, conquanto, apesar de que, se bem que, mesmo que, posto que, ainda que, sem que). Ex.: Sairei mesmo que esteja chovendo. – consecutivas: indicam consequência (que, tão, tanto, tamanho, de sorte que, de forma que). Ex.: Falei tanto que fiquei sem voz. – integrantes: têm a função de completar ou integrar o sentido do que foi expresso anteriormente (que, se). Ex.: Quero que você me faça um favor. interjeição Interjeição é a palavra ou expressão que indica sensações. Só tem significado no conjunto de uma situação. As interjeições aparecem seguidas de um ponto de exclamação, que pode estar ime- diatamente depois delas ou no fim da frase. apresentação das interjeições As interjeições podem ser formadas por: • sons vocálicos. Exs.: oh! ah! ó!, ô! • palavras. Exs.: arre!, olá!, claro! • grupos de palavras (locuções interjetivas). Exs.: ora bolas!, meu Deus!, puxa vida! Estados emocionais expressos pelas interjeições • De alegria. Exs.: ah!, eh!, oba!, viva! 70 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS • De cansaço. Ex.: ufa! • De chamamento. Exs.: alô!, ei!, ó!, ô!, oi!, psiu! • De dor. Exs.: ai!, ui! • De surpresa, admiração. Exs.: ah!, caramba!, gente!, hem?!, nossa!, oh!, opa!, puxa! • De advertência. Exs.: cuidado! atenção! calma! • De aplauso. Exs.: bravo! bis! locução interjetiva São locuções interjetivas duas ou mais palavras que tenham o valor de uma interjeição: Exs.: Cai fora! / Cruz credo! / Muito bem! / Muito obrigado! / Que horror! sintaxe Frase, oração e período Sintaxe é a parte da Gramática que estuda as relações estabelecidas entre as palavras quando elas estão inseridas em orações, parágrafos e textos inteiros. Essas relações são de regência, de concordância e de colocação. Muitas vezes, o sentido das orações só pode ser inteiramente compreendido se aten- tarmos para o contexto em que são empregadas. Outras vezes, essa ajuda nos é dada é pela entonação: dependendo de como é dita, a oração pode ter vários entendimentos. Ex.: É minha mãe. É minha mãe? É minha mãe! É minha mãe!? É minha mãe... Na língua portuguesa há alguns tipos de frases cuja entonação é mais ou menos pre- visível, de acordo com o sentimento que transmitem. Observe: a) Frase declarativa: informa alguma coisa. Pode ser afirmativa ou negativa. Exs.: Você está com fome. (declarativa afirmativa) / Você não está com fome. (decla- rativa negativa) b) Frase interrogativa: encerra pergunta. Ocorre quando se quer obter alguma informa- ção. Exs.: Você está com fome? (interrogativa direta) / Não sei por que você está com fome. (interrogativa indireta) c) Frase exclamativa: exprime algum estado emotivo. Ex.: Você está linda! d) Frase imperativa: encerra ordem. É empregada quando se quer agir sobre o compor- tamento do interlocutor. Ex.: Coma tudo! 71 1. LÍNGUA PORTUGUESA e) Frase optativa: exprime desejo. Ex.: Que Deus te abençoe. Frase e oração A frase é uma composição linguística que pode ser constituída por uma palavra ou por um grupo de palavras. Pode ou não ter verbo. O que importa é transmitir uma men- sagem e ter sentido completo. Exs.: Bom-dia! / Desejo-lhe bom dia. As frases podem ser nominais ou verbais. • Frase nominal está centrada em um nome (substantivo, adjetivo, numeral ou advér- bio). • Frase verbal ou frase oracional está centrada em um verbo. A oração é a frase ou parte de uma frase que se organiza em torno de um verbo ou de uma locução verbal. Período Período é a reunião de uma ou mais orações. O período termina sempre com pausa bem definida, marcada por um ponto-final, por um ponto de exclamação, por um ponto de interrogação, por reticências e, às vezes, por dois-pontos. De acordo com o número de orações, o período classifica-se em simples ou composto. a) período simples: formado por uma só oração. Essa oração chama-se absoluta. Ex.: “A abertura de capital da Bovespa abre recorde.” (Folha de S.Paulo, out. 2007.) b) período composto: quando formado por duas ou mais orações. Ex.: “Ao lançar suas próprias ações, a Bolsa consegue preço máximo previsto e lança R$ 6,6 bi.” (Folha de S.Paulo, out. 2007.) análise sintática da oração – período simples Para proceder à análise sintática da oração, é interessante conhecer os termos que a compõem. Vejamos: 1. Termos essenciais: sujeito e predicado. 2. Termos integrantes: – completam o sentido de verbos: objeto direto e objeto indireto. – completam o sentido de nomes transitivos: complemento nominal e agente da passiva. 3. Termos acessórios: não são essenciais, porém acrescentam uma informação nova à oração, determinando ou qualificando outros termos. São eles: adjunto adnominal, adjunto adverbial, aposto e vocativo. Termos essenciais da oração Por meio dos verbos, isto é, perguntando a eles “o que” ou “quem”, encontramos os termos essenciais da oração, ou seja, o sujeito e o predicado. 72 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Sujeito O sujeito pode se apresentar como um pronome, um substantivo, um numeral, uma palavra substantivada ou uma oração substantiva. Pode vir antes ou depois do verbo; no começo, no meio ou no final da frase. Exs.: As férias de verão foram inesquecíveis. / Neste inverno, ocorreram diversas geadas. Classificação do sujeito 1. Simples: possui apenas um núcleo, isto é, é representado por apenas um nome. Ex.: As escritas alfabéticas, de modo geral, indiscutivelmente favorecem os destros. 2. Composto: possui dois ou mais núcleos. Ex.: O hebraico e o árabe são as exceções mais conhecidas. 3. Oculto, elíptico ou desinencial: ocorre quando o sujeito não está expresso na oração, mas pode ser facilmente identificado pela terminação do verbo. Ex.: Sabemos hoje que um canhoto [...] 4. Indeterminado: ocorre quando não se quer ou não se pode identificar claramente a quem o predicado da oração se refere. Em português, há duas formas de indetermi- nação do sujeito. a) verbos na 3a pessoa do plural na voz ativa. Ex.: Ainda não conseguiram encontrar uma explicação para o fenômeno do ca- nhotismo. b) verbos na 3a pessoa do singular na voz passiva + se. Ex.: Vive-se bem aqui. Atenção: Em frases como “Vendem‑se casas”, compram‑se terrenos”, “alugam‑se aparta‑ mentos”, as palavras casas, terrenos, apartamentos são sujeitos dos verbos ven‑ dem, compram, alugam. Por isso, esses verbos estão no plural, concordando com o sujeito. Oração sem sujeito Não se deve confundir sujeito indeterminado com oração sem sujeito. Nesta, o verbo é impessoal e o sujeito, inexistente. Ex.: “Não há vantagem em ser um ou outro.” Nesse caso, a oração é sem sujeito, pois o verbo haver é impessoal e apresenta-se no sentido de existir. Os principais casos de inexistência do sujeito são: a) com verbos e expressões que denotam fenômenos da natureza. Ex.: Fará sol? Choverá? b) com o verbo haver no sentido de “existir”. Ex.: Há situações inacreditáveis. 73 1. LÍNGUA PORTUGUESA c) com os verbos fazer, haver e ir, quando indicam tempo decorrido. Exs.: Faz um ano que viajei para o Nordeste. / Há muito tempo não o vejo. / Vai para dois meses que ela viajou. d) com o verbo ser indicando tempo. Ex.: É tarde para esquecer. e) com o verbo passar indicando tempo. Ex.: Passava de quatro horas. f) com os verbos parecer e ficar em certas construções. Exs.: Parece inverno! / Ficou escuro de repente. g) com os verbos bastar e chegar seguidos da preposição de. Exs.: Chega de fofocas! / Basta de lamúrias! Predicado Predicado é a parte da oração que contém verbo. Quando há sujeito na oração, o predicado desempenha a função de declarar algo sobre esse sujeito. O predicado pode ser nominal, verbal e verbo-nominal. Para bem compreender os tipos de predicado, faz-se necessário, no entanto, primei- ramente conhecer os verbos quanto à sua predicação. Vejamos: a) verbo intransitivo (VI): verbos que contêm a significação completa do processo ver- bal e por isso não pedem complemento. Ex.: Meu carro quebrou. b) verbo transitivo (VT): verbos que não contêm a significação completa de todo o pro- cesso verbal. Pedem, portanto, complemento, isto é, precisam de um termo que lhes complete o sentido. Podem ser: – verbo transitivo direto (VTD): verbos que se ligam ao complemento diretamente, sem preposição. Ex.: Comprei uma casa nova. – verbo transitivo indireto (VTI): verbos que se ligam ao complemento indiretamen- te, por meio de preposição. Ex.: Preciso de ajuda. – verbo transitivo direto e indireto (VTDI): verbos que se ligam a dois complemen- tos – a um, sem preposição, e, a outro, por meio de preposição. Ex.: Escrevi uma carta ao meu amor. c) verbo de ligação (VL): verbos que também são de predicação incompleta, mas seu complemento é constituído por uma qualidade do sujeito. Servem para unir o sujeito ao seu atributo (= predicativo do sujeito). Ex.: Você é inteligente. 74 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Atenção: 1. Os verbos ficar, estar, permanecer podem ser de ligação ou intransitivos. Exs.: Nós ficamos cansados. VL PS Nós ficamos em casa. VI Adjunto adverbial 2. Um mesmo verbo pode apresentar diversas predicações. Exs.: O tempo virou. (VI) / Eu virei freira. (VL) / Eu virei o copo. (VTD) 3. Os verbos transitivos direto (VTD) admitem voz passiva. Ex.: Nós compramos um carro. Um carro foi comprado por nós. 4. Poucos verbos transitivos indiretos (VTI) admitem voz passiva. Ex.: Todos obedecem à lei. A lei é obedecida por todos. Estrutura dos predicados Os predicados podem ser classificados como nominais (PN), verbais (PV) e verbo-no- minais (PVN), de acordo com as estruturas seguintes: 1. Predicado nominal. É constituído de um verbo de ligação e seu complemento, o qual se denomina predicativo do sujeito (PS). Ex.: Os preços permanecerão elevados este mês. Sujeito VL PS 2. Predicado verbal. a) É constituído somente por verbo – verbo intransitivo. Ex.: “... os hóspedes fervilhavam em nossa casa”. (G. Ramos) b) É constituído do verbo e seu complemento – verbos transitivo direto, verbos tran- sitivo indireto ou ambos. Exs.: As árvores representam a vida. VTD OD “A cortesia manda obedecer aos desejos da minha antiga dama”. (Machado de Assis) VTI OI “Um cortinado azul vendava o quarto da jovem aos olhos profanos”. (José de Alencar) VTDI OD OI 75 1. LÍNGUA PORTUGUESA 3. Predicado verbo-nominal. a) É constituído de verbo intransitivo e de um predicativo do sujeito. Ex.: “A dona esperava impaciente sob o guarda-sol.” (Clarice Lispector) VI PS b) É constituído de verbo transitivo e seu objeto e de um predicativo do objeto ou de verbo transitivo e seu objeto e um predicativo do sujeito. Exs.: O juiz julgou o réu culpado. VTD OD PO O namorado beijou a amada emocionado. VTD OD PS Atenção: 1. O predicativo pode ser representado por uma oração (substantiva). Ex.: O certo é que eu não amo ninguém. 2. Pode ocorrer o predicativo do sujeito em frases com voz passiva indicada pelo pronome apassivador se. O predicado será verbo‑nominal. Ex.: Considera‑se Machado um grande escritor Sujeito PS 3. Boa parte dos gramáticos considera que ocorre PO indireto apenas com o verbo chamar, significando “cognominar”, “atribuir um nome a”. Ex.: Chamei‑lhe de bobo. OI predicativo Termos integrantes da oração Os termos integrantes da oração são o complemento nominal e o complemento verbal. Complemento nominal Complemento nominal é o termo que completa o sentido dos substantivos, dos adje- tivos e advérbios. Exs.: Ele tem medo de falar sobre o assunto. (complemento nominal de medo) / Ela estava feliz pelo prêmio recebido. (complemento nominal de feliz) O complemento nominal pode ser representado por: a) substantivo. Ex.: Estava ansioso pelas férias. 76 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS b) pronome. Ex.: Nosso amor por ele é infinito. c) numeral. Ex.: A inteligência era própria de ambas. d) palavra ou expressão substantivada. Ex.: Ele vive para o amanhã. e) oração introduzida por conjunção integrante. Ex.: Todos estavam certos de que um dia seriam independentes. Complementos verbais São complementos de verbos transitivos. Denominam-se objeto direto e objeto in- direto. Objeto direto O objeto direto pode ser representado por: a) substantivo. Ex.: Amava a vida. b) pronome. Ex.: Esta mancha indica tudo. c) numeral. Ex.: Ele encontrou dois ou três por aí. d) palavra ou expressão substantivada. Ex.: Não sabia o que dizer. e) oração substantiva (objetiva direta). Ex.: Os raios indicavam que a chuva seria forte. Objeto direto preposicionado O objeto direto pode vir regido pela preposição a quando: a) os verbos exprimem sentimentos. Ex.: Ama a outro homem. b) para evitar ambiguidade. Ex.: O professor ao aluno repreendeu. c) quando vem antecipado, como um provérbio. Ex.: A pão e água ninguém consegue viver. d) quando expresso por pronome pessoal oblíquo tônico. Ex.: A ti não interessa nada. e) com o pronome quem, quando o antecedente está claro. Ex.: A menina a quem muito ama é sua filha. 77 1. LÍNGUA PORTUGUESA Pronome como objeto direto ou indireto Os pronomes me, te, se, nos, vos podem ser objeto direto ou indireto, dependendo da transitividade do verbo. Exs.: Puxou-me para perto dele. / A mulher estendeu-nos a mão. Objeto direto pleonástico Quando se quer chamar a atenção para o objeto direto que precede o verbo costu- ma-se repeti-lo, geralmente usando um pronome pessoal átono. É o que se chama objeto direto pleonástico. Ex.: Aquela criança aprendi a amá-la e educá-la. Objeto indireto O objeto indireto complementa um verbo transitivo indireto, ligando-se a ele por meio de preposição. Pode ser representado por: a) substantivo. Ex.: Precisei muito de João naquele dia. b) pronome. Ex.: Ela me apresentou a eles. c) numeral. Ex.: Todos nós gostávamos de ambos. d) palavra ou expressão substantivada. Ex.: Falaram do barulho ensurdecedor. e) oração substantiva (objetiva indireta). Ex.: Mandei avisá-los de que o almoço estava pronto. O objeto indireto também pode ser formado por um ou mais substantivos ou seus equivalentes. Ex.: Devo tudo aos meus pais e aos meus professores. Objeto indireto pleonástico Costuma-se realçar o objeto indireto para dar-lhe destaque, formando assim um ob- jeto indireto pleonástico. Isso pode ser feito por meio de um pronome pessoal átono ou pelo emprego de um substantivo ou pronome oblíquo tônico precedido de preposição. Exs.: Aos meus problemas, ninguém lhes dá importância. / A mim também fa- zia-me de bobo. Agente da passiva Uma oração que apresenta verbo na voz passiva tem sujeito paciente, ou seja, sujeito que recebe a ação. Nesse tipo de oração, a pessoa ou coisa que pratica a ação verbal aparece sob a forma de complemento, denominado agente da passiva. Ex.: Os pais são respeitados pelos filhos. Sujeito paciente Agente da passiva 78 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Quando se passa uma oração que apresenta o verbo na voz passiva para a voz ativa, o agente da passiva passa a ter a função de sujeito agente. Ex.: Os filhos respeitam os pais. Sujeito paciente O agente da passiva pode ou não aparecer expresso na voz passiva analítica. Ex.: A lição já foi explicada (pela professora). Sujeito Voz passiva Agente da paciente analítica passiva Já na voz passiva sintética, isto é, aquela obtida pelo emprego do pronome apassiva- dor se, o agente não é mencionado. Ex.: Explicou-se a lição ??? Voz passiva Sujeito Agente da sintética paciente passiva Transformação da voz ativa em passiva Uma oração pode passar da voz ativa para a passiva quando: a) o sujeito se converte em agente da passiva; b) o objeto direto passa a ser o sujeito da passiva; c) o verbo passa à forma passiva analítica no mesmo tempo e no mesmo modo do verbo ativo. Ex.: O Senhor ouvirá nossas preces. Sujeito VTD OD Nossas preces serão ouvidas pelo Senhor. Sujeito Locução Agente da verbal passiva Função sintática dos pronomes oblíquos Pronome como objeto direto ou indireto 1. Os pronomes me, te, se, nos, vos podem ser objeto direto ou indireto, dependendo da transitividade do verbo. Exs.: Puxou-me para perto dele. (objeto direto) / A mulher estendeu-nos a mão. (objeto indireto) 2. As formas pronominais oblíquas -o, -a, -os, -as são, sempre, objeto direto. Ex.: Desejo-o como ninguém. 3. As formas pronominais oblíquas -lhe, -lhes são objeto indireto. Ex.: Deus lhe pague! 79 1. LÍNGUA PORTUGUESA 4. Os pronomes oblíquos tônicos estão sempre acompanhados de preposição. Veja as funções que podem desempenhar: Pronomes oblíquos a) complemento nominal. Ex.: Todos cantam em louvor a ti. b) objeto indireto. Ex.: O que você pensa de mim, não o diga. c) objeto direto. Ex.: Ele esqueceu a si mesmo. d) agente da passiva. Ex.: Eu fui muito amado pelos meus pais. e) adjunto adverbial. Ex.: Gosto de passear contigo pela praia. Emprego do se a) Como objeto direto. Ex.: Penteou-se rapidamente e saiu. b) Como objeto indireto. Ex.: A mãe deu-se o cuidado de deitar a criança. c) Como objeto indireto, exprimindo reciprocidade da ação. Ex.: As duas não se falavam havia anos. d) Como sujeito de um infinitivo. Ex.: Deixou-se estar na poltrona. e) Como pronome apassivador. Ex.: Na calçada, armavam-se barracas para a festa. f) Como indicativo de sujeito indeterminado. Ex.: Pulava-se muito no Sambódromo. g) Como palavra expletiva, para realçar uma ação. Ex.: Foram-se as férias maravilhosas. h) Como parte integrante de alguns verbos. Ex.: Agora não adianta se arrepender. Termos acessórios da oração São aqueles que, sem serem indispensáveis para o entendimento do enunciado, dei- xam mais preciso o significado de um nome ou um verbo. São eles o adjunto adnominal, o adjunto adverbial e o aposto. Adjunto adnominal Adjunto adnominal é o termo que se refere ao substantivo e o especifica. Ele também pode vir expresso por: 80 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS a) um adjetivo. Ex.: As meninas loiras cantavam no imenso jardim. b) uma locução adjetiva. Ex.: Sons de passos deixaram todos assustados. c) um artigo definido ou indefinido. Exs.: Ele encheu o cesto de papéis. / Uma cesta foi abandonada na porta. d) um pronome adjetivo. Ex.: A mulher que se acidentou era a nossa vizinha. e) um numeral. Ex.: Quinze mortos foi o resultado do confronto. f) uma oração adjetiva. Ex.: Ele gostava de ver as crianças que corriam pela rua. Atenção: O mesmo substantivo pode ter mais de um adjunto adnominal. Ex.: A triste figura de um velho cavaleiro andante. Complemento nominal / Adjunto adnominal O complemento nominal é um termo essencial, cuja função é completar o sentido de um substantivo, de um adjetivo ou de um advérbio. Ele é obrigatório para a compreen- são do enunciado que se deseja comunicar. O adjunto adnominal, por sua vez, é um termo complementar do substantivo – por- tanto, não obrigatório –, capaz de indicar diferentes ideias sobre ele. Observe algumas delas: • posse. Ex.: relógio de José. • qualidade. Ex.: casa de madeira. • finalidade. Ex.: toalha de banho. • argumento. Ex.: livro de português. • disposição. Ex.: editora com muitas salas. Diferencia-se o adjunto adnominal do complemento nominal por sua não obrigatorie- dade: o complemento nominal é termo integrante, essencial, enquanto o adjunto adno- minal é termo acessório, não necessário para a compreensão do nome que acompanha. 81 1. LÍNGUA PORTUGUESA Adjunto adverbial O adjunto adverbial é o termo que modifica o verbo, o adjetivo ou o advérbio. Ele acrescenta uma ideia acessória, sendo, portanto, um complemento não obrigatório. Pode vir representado por: a) advérbio. Ex.: Vesti-me rapidamente. b) locução ou expressão adverbial. Ex.: A onça surgiu de repente. c) oração adverbial. Ex.: Quando faz sol, vou à praia. São muitos os tipos de adjuntos adverbiais. Sua classificação depende do contexto em que aparece. Conheça os adjuntos adverbiais mais comuns: a) de causa. Ex.: Às vezes, gritava de desespero. b) de companhia. Ex.: Viajei com eles para Santos. c) de dúvida. Ex.: Talvez a dor já não mais exista. d) de instrumento. Ex.: Preparou a massa da torta com a colher de pau. e) de intensidade. Ex.: Come muito, mas não engorda. f) de lugar. Exs.: Os mendigos vivem na rua. (onde) / Ontem, fomos à casa da comadre Cidi- nha. (para onde) / Vim pelo melhor caminho. (por onde) g) de matéria. Ex.: Eu sou feita de carne e osso. h) de meio. Ex.: Voltamos de avião de Curitiba. i) de modo. Ex.: Andava por aí, sem destino. j) de negação. Ex.: Não soube dizer a verdade. k) de tempo. Ex.: Esta noite, vamos ao teatro. O adjunto adverbial, quando acompanha um verbo, diferencia-se do objeto indireto por sua não obrigatoriedade: o objeto indireto é termo integrante, essencial, enquanto o adjunto adverbial é termo acessório. 82 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Aposto Aposto é o termo que define ou explica um substantivo, um pronome ou palavra equivalente. Exs.: Nós, os alunos, queremos aprender. / Maria José, minha mãe, nasceu em Minas. Em geral, como nos exemplos acima, o aposto vem separado por vírgula, dois-pontos, travessão ou parênteses. O aposto também pode anteceder o nome a que se refere. Ex.: Meu único amigo, Marcelo, morreu ainda jovem. O aposto pode ser: a) enumerativo. Ex.: Você verá no programa de hoje moda, culinária e outras dicas. b) distributivo. Ex.: Eram dois bons alunos, um em História e outro em Geografia. c) recapitulativo. Ex.: Depois da enchente, automóvel, casa, móveis, objetos pessoais, nada restou. d) de especificação. Ex.: A cidade de São Paulo. Vocativo É o termo de entonação exclamativa que serve para invocar, chamar ou nomear uma pessoa ou um objeto personificado. Não pertence nem ao sujeito nem ao predicado e apresenta-se, sempre, acompanhado por vírgula. Exs.: Mãe, já cheguei. / Posso sair mais cedo, professora? Atenção: O vocativo, em português, vem às vezes acompanhado da interjeição ó. Ex.: Ó Maria, está em casa? É importante não confundir a interjeição ó que acompanha o vocativo com a inter‑ jeição oh! que indica admiração: esta vem sempre com ponto de exclamação e é escrita com h. análise sintática do período composto O período composto é constituído por duas ou mais orações, sendo que a oração é dada pelo verbo: um verbo, uma oração; dois verbos, duas orações; três verbos, três orações, e assim sucessivamente. composição do período O período, portanto, pode ser simples (uma oração), composto por coordenação, composto por subordinação, composto por coordenação e subordinação. Veja: 1. Composto por coordenação: é o período formado por orações sintaticamente inde- pendentes entre si. Ex.: Ponho a vela no castiçal, risco um fósforo e acendo‑a. 83 1. LÍNGUA PORTUGUESA Atenção: Para identificar se as orações são independentes, coloque um ponto‑final ao térmi‑ no de cada uma delas e verifique se o sentido fica completo. Ex.: Ponho a vela no castiçal. Risco um fósforo. Acendo‑a. 2. Composto por subordinação: é o período formado por uma oração principal e por uma ou mais orações subordinadas. A oração é chamada subordinada quando, por apresentar sentido incompleto, subordina-se a outra, chamada principal. Há entre a oração subordinada e a oração principal uma relação de dependência. Ex.: Os pais querem que o futuro de seus filhos seja brilhante. oração principal oração subordinada 3. Composto por coordenação e subordinação (período misto): é o período formado tanto por orações dependentes quanto por orações independentes. Ex.: Chegamos ao hospital | e o médico atendeu a moça, | que estava grávida. oração coordenada oração coordenada oração subordinada Período Composto por Coordenação (PCC) É o período composto por duas ou mais orações independentes. As orações coordena- das vêm sempre ligadas a outras de igual função. Essas orações podem ser assindéticas ou sindéticas. 1. Orações coordenadas assindéticas: são aquelas que não apresentam conectivos (con- junções coordenativas), sendo, por isso, ligadas por vírgula. Ex.: “Ponho a vela no castiçal, | risco um fósforo (...).” (Graciliano Ramos) 2. Orações coordenadas sindéticas: são aquelas que se relacionam por meio de conecti- vos (conjunções coordenativas). Ex.: “Ponho a vela no castiçal, | risco um fósforo | e acendo-a.” (Graciliano Ramos) As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acordo com a conjunção que as introduzem: a) aditiva: exprime uma relação de soma, de adição. Conjunções: e, nem, mas também, mas ainda. Ex.: Não só reclamava da escola, | mas também perturbava os colegas. b) adversativa: exprime uma ideia contraria à da outra oração, uma oposição. Conjunções: mas, porém, todavia, no entanto, entretanto, contudo. Ex.: Sempre foi muito estudioso, | no entanto, não se adaptava à nova escola. c) alternativa: exprime ideia de opção, de escolha, de alternância. Conjunções: ou, ou... ou, ora... ora, quer... quer. Ex.: Estude | ou não sairá nesse sábado. 84 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS d) conclusiva: exprime uma conclusão da ideia contida na outra oração. Conjunções: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois (após o verbo ou entre vírgulas). Ex.: Estudou como nunca fizera antes, | por isso conseguiu a aprovação. e) explicativa: exprime uma explicação. Conjunções: porque, que, pois (antes do verbo). Ex.: Conseguiu a aprovação, | pois estudou como nunca fizera antes. Atenção: • A conjunção que pode ter valor aditivo. Ex.: Aquele funcionário fala que fala. • A conjunção que pode ter valor adversativo. Ex.: Todos poderão fazer isso que não vós. • A conjunção e pode ter valor adversativo. Ex.: Vi um vulto estranho e não senti medo. • A conjunção pois pode ser explicativa e pode ser conclusiva. Exs.: A moça é muito pobre; vamos, pois, ajudá‑la. (conclusiva) / A moça é muito pobre, pois nunca trabalhou. (explicativa) Período Composto por Subordinação (PCS) É o período composto por duas ou mais orações dependentes, ou seja, entre elas há uma relação de dependência. Essas orações podem ser substantivas, adverbiais ou adjetivas. 1. Orações subordinadas substantivas: são aquelas que exercem as funções sintáticas que um substantivo pode assumir: sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemen- to nominal, predicativo e aposto. Elas são introduzidas, na maioria das vezes, pelas conjunções integrantes que e se. a) Subjetivas – exercem a função sintática de sujeito. Ex.: É possível que a formatura seja antecipada para dezembro. b) Objetivas diretas – exercem a função sintática de objeto direto. Ex.: “O Zeferino explicava que não queria saber de cavalheiros.” (Camilo Castello Branco) c) Objetivas indiretas – exercem a função sintática de objeto indireto. Ex.: Lembrei-me de que a reunião começaria às 8 horas impreterivelmente. d) Completivas nominais – exercem a função sintática de complemento nominal. Ex.: Estou certa de que todos serão aprovados. e) Predicativas – exercem a função sintática de predicativo. Ex.: “O fato é que o poeta versejou muito em nossa terra.” (Rubem Braga) f) Apositivas – exercem a função sintática de aposto. A oração apositiva ocorre, ge- ralmente, depois de dois-pontos. Ex.: Só tenho um desejo: que você seja muito feliz. 85 1. LÍNGUA PORTUGUESA Atenção: 1. Todas as orações substantivas podem ser substituídas pelo pronome isso, exceto a apositiva. Essas orações, no entanto, são fáceis de identificar, pois vêm, geralmente, depois de dois‑pontos, rarissimamente aparecendo entre vírgulas. 2. As orações subordinadas substantivas podem ser introduzidas também por: • pronomes interrogativos (que, quem, quanto, que) Ex.: Todos sabem quem são os assaltantes. • advérbios interrogativos (como, onde, quando, por que) Ex.: Quero saber por que você agiu assim. 2. Orações subordinadas adjetivas: são aquelas que exercem a função sintática de um adjunto adnominal de um substantivo ou de um pronome. Elas equivalem a um ad- jetivo e são introduzidas por pronomes relativos: que, quem, o qual, a qual, cujo(a), onde, quanto. Dividem-se em restritivas e explicativas. a) Adjetivas restritivas – essas orações limitam, precisam, restringem a significação do substantivo ou do pronome antecedente. Ex.: O livro que comprei é um romance. b) Adjetivas explicativas – essas orações esclarecem a significação do termo antece- dente, à semelhança de um aposto. Ex.: O homem, que Deus criou à sua imagem, está destruindo a Terra. 3. Orações subordinadas adverbiais: são aquelas que têm a função sintática de adjunto adverbial de outra oração. Elas equivalem a um advérbio e, em geral, vêm ligadas à principal por conjunção subordinativa não integrante. Podem ser: a) Causais – indicam a causa do que foi expresso na oração anterior. Ex.: João reprovou porque não estudava. b) Comparativas – estabelecem uma comparação com a oração anterior. Ex.: “Os sonhos, um por um, céleres voam, como voam as pombas dos pombais.” (Raimundo Correia) c) Concessivas – indicam a concessão do fato expresso na oração anterior. Ex.: Viajou de avião, embora tivesse muito medo de voar. d) Condicionais – indicam uma condição para que outro fato se realize. Ex.: Caso você não vá à festa, não irei também. e) Conformativas – exprimem relação de conformidade. Ex.: Não haverá aula amanhã, conforme anunciou a diretora. f) Consecutivas – indicam consequência em relação ao fato anterior. Ex.: Estudei tanto que fui aprovado com louvor. g) Finais – indicam finalidade em relação ao fato expresso na oração anterior. Ex.: Os meninos o chamaram para que fosse brincar na rua. h) Proporcionais – indicam proporcionalidade. Ex.: À medida que estudava, ficava mais tranquilo para o exame. 86 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS i) Temporais – exprimem circunstância de tempo. Ex.: Não o encontrei quando cheguei à escola. 4. Orações subordinadas reduzidas: chamam-se reduzidas as orações subordinadas que apresentam o verbo em uma das formas nominais – infinitivo, gerúndio ou particípio. Não são introduzidas por conjunção nem por pronome relativo. Exs.: Fique até eu mandar sair. (oração reduzida de infinitivo) / Não estudando, foi reprovado. (oração reduzida de gerúndio) / Abertos os portões, todos correram em disparada à arquibancada. (oração reduzida de particípio). Conforme a função que exercem na frase, as orações subordinadas reduzidas podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais. a) Orações reduzidas de infinitivo – as orações reduzidas de infinitivo podem vir ou não regidas por preposição. Classificam-se em substantivas, adjetivas e adverbiais. Substantivas: – É necessário ler muito. (subjetiva) – Ele prometera contar muitas histórias. (objetiva direta) – Não se decidia a comprar aquele apartamento. (objetiva indireta) – Calou-se imediatamente com medo de contar a verdade. (completiva nominal) – O melhor da vida é vivê-la plenamente. (predicativa) – Ele só tinha duas saídas: estudar e trabalhar. (apositiva) Adjetiva: – Ele não era homem de se dar por derrotado. (restritiva) Adverbiais: – Os funcionários foram demitidos por terem aderido à greve. (causal) – Participou do campeonato, apesar de estar fisicamente despreparado. (concessiva) – Sem estudar muito, ninguém passa no vestibular. (condicional) – Nos Estados Unidos, come-se muito lanche, a ponto de deixar os brasileiros que lá vivem saudosos do arroz e feijão. (consecutiva) – Abra a sua mente para deixar passar as boas ideias. (final) – Ao retornar para casa, pediu desculpas à esposa. (temporal) b) Orações reduzidas de gerúndio – as orações que trazem o verbo no gerúndio podem ser adjetivas ou adverbiais, dependendo da função que cumprem. Adjetiva: – Encontramos os alunos vestindo roupas extravagantes. Adverbiais: – Não estudando, fui reprovado. (causal) – Mesmo gritando tão alto, ele não me ouviu. (concessiva) – Bebendo desse jeito, você vai se embriagar. (condicional) – Chegando ao escritório, darei o recado. (temporal) 87 1. LÍNGUA PORTUGUESA c) Orações reduzidas de particípio – as orações que têm o verbo no particípio podem ser adjetivas ou adverbiais, dependendo da função que cumprem. Adjetivas: – Este é o carro comprado por meu irmão. – Era uma árvore enorme, enfeitada de luzes e bolas. Adverbiais: – Suprimida a premiação, não haveria mais estímulo. (condicional) – Apesar de cansada, ligou o computador e continuou o trabalho. (concessiva) – Suspensas as atividades, todos poderão voltar mais cedo para casa. (condicional) – Terminada a festa, todos se retiraram. (temporal) Período composto por coordenação e subordinação = período misto É o período constituído tanto por orações coordenadas quanto por orações subordi- nadas. Veja alguns casos: 1. A secretária chegou cedo | e nos trouxe os documentos | que lhe pedimos. – 1a oração: A secretária chegou cedo (oração coordenada assindética). – 2a oração: e nos trouxe os documentos (oração coordenada sindética aditiva em relação à primeira oração e oração principal da 3a oração). – 3a oração: que lhe pedimos (oração subordinada adjetiva restritiva em relação à segunda oração). 2. “Então a velha apeou do tapir | e montou num cavalo gazeosarará | que nunca prestou | nem prestará | e seguiu.” (Mário de Andrade) – 1a oração: Então a velha apeou do tapir (oração coordenada assindética). – 2a oração: e montou num cavalo gazeosarará (oração coordenada sindética aditiva e oração principal da 3a oração). – 3a oração: que nunca prestou (oração subordinada adjetiva restritiva da 2a oração e oração coordenada assindética da 4a oração). – 4a oração: nem prestará (oração coordenada sindética aditiva da 3a oração). – 5a oração: e seguiu. (oração coordenada sindética aditiva da 1a oração). crase Crase é a fusão da preposição “a” com o artigo “a” e com os pronomes “aquele”, “aquela”, “aquilo”. Atenção: Lembre‑se de que crase não é sinal gráfico, mas, sim, a fusão de dois sons vocáli‑ cos idênticos e sequenciais. Regra: ocorre crase se o termo anterior exigir a preposição “a” e o termo posterior admitir o artigo “a”. O acento grave ( ` ) é o responsável por indicar os casos em que ocorre crase. 88 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Existem três dicas para a certificação da ocorrência da crase. Dica 1: substitua a palavra feminina por uma masculina correspondente; se aparecer ao, ocorre crase. Ex.: Irei à festa de formatura. / Irei ao campo de futebol. Atenção: Esta regra não deve ser aplicada quando se trata de nomes próprios. Dica 2: troque o “a” por “para a”. Se for possível, ocorre crase. Ex.: Vou à festa de formatura. / Vou para a festa de formatura. Dica 3: quando houver os pronomes demonstrativos aquele, aquela, aquilo, tro- que-os por este, esta, isto. Se antes dele aparecer a preposição a, ocorre crase. Exs.: De forma alguma, irei àquela festa. / De forma alguma, irei a esta festa. Ontem, visitei aquele vizinho do 407. / Ontem, visitei este vizinho do 407. Compreendidas as dicas, conheça os casos em que ocorre crase. ocorre crase 1. Nas locuções adverbiais femininas: Exs.: Vire à direita e, depois, somente à esquerda. / Não gosto de viajar à noite. 2. Nas locuções prepositivas femininas: Exs.: Estou à beira da loucura. / Aguarde-me à frente do Museu do Ipiranga. 3. Em locuções conjuntivas femininas: Ex.: À proporção que se vive, mais se aprende. 4. Nos pronomes demonstrativos: aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo, antecedi- dos de verbos que regem a preposição a: Exs.: Nunca fui àquele restaurante. / Refiro-me àquilo que você disse anteriormente. 5. Diante do nome de lugares que admitem o artigo “a”: Exs.: Vou à Bahia — Venho da Bahia / Vou a Campinas — Venho de Campinas. Atenção: Para se certificar das ocorrências de crase, substitua o verbo ir pelo verbo voltar. Se aparecer a expressão voltar da, ocorre crase. Do contrário, não haverá crase. 6. Nas indicações de horas: Exs.: A festa será às 19 horas. / Cinderela deveria chegar em casa à meia-noite em ponto. Obs.: zero também se inclui na regra. Ex.: O aumento dos combustíveis entrará em vigor à zero hora. 89 1. LÍNGUA PORTUGUESA 7. Quando estiverem subentendidas as expressões à moda de, à maneira de: Exs.: Adoro arroz à grega. / Vesti-me à Luís XV. não ocorre crase 1. Diante de palavras masculinas: Ex.: As crianças gostam muito de andar a cavalo. 2. Diante do nome de cidades que não admitem artigo. Ex.: Viajarei a Brasília. Obs.: se o nome da cidade aparecer com um termo especificador, ocorrerá crase: Ex.: Iremos à Roma dos Césares. Atenção: Se o substantivo for próprio, indicativo de lugar, troque a preposição a por de, usan‑ do o verbo voltar. Se a transformar‑se em da, ocorre crase; se a transformar‑se em de, não ocorre crase.Se aparecer a expressão voltar da, ocorre crase. Do contrário, não haverá crase. Dica: quem vai a e volta da, crase há. Quem vai a e volta de, crase para quê? Exs.: Fui à Argentina. / Voltei da Argentina. Fui a Brasília. / Voltei de Brasília. 3. Diante de verbos: Ex.: Já comecei a fazer os exercícios de Matemática. 4. Entre palavras repetidas: Ex.: Fiquei cara a cara com ele. 5. Antes de numerais: Ex.: Conte de 1 a 100. 6. Nas locuções adverbiais de modo que trazem substantivos no plural: Ex.: A reunião se deu a portas fechadas. Observe que o “a” está no singular diante de um substantivo no plural. Isto significa que o “a” é apenas preposição. 7. Diante de pronomes que não aceitam artigos (pronomes pessoais, demonstrativos, indefinidos e relativos): Exs.: Não conte isso a ninguém. / Dedico uma música a você. / Fiz algo de errado a ela? Obs.: senhora e senhorita aceitam acento indicador de crase. Exs.: Dedico meu amor à senhorita. / Vou fazer companhia à senhora. casos especiais: casa, terra, distância 1. Não ocorre crase antes da palavra casa quando esta designar o lugar onde se mora: Ex.: Cheguei cedo a casa. Porém, se a palavra casa estiver determinada, ocorre crase: Ex.: Cheguei à casa de Maria. 90 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 2. Não ocorre crase quando a palavra distância não aparecer determinada: Ex.: Vigiava as crianças a distância. Quando, porém, se define a distância, ocorre crase: Ex.: Eu estava à distância de cem metros do acidente. 3. Não ocorre crase se a palavra terra estiver empregada no sentido de terra firme: Ex.: Os marinheiros voltaram a terra. Se a palavra, no entanto, estiver determinada, ocorre crase: Ex.: Regressei à terra de meus antepassados. Obs.: no sentido de planeta, também ocorre crase: Ex.: Os astronautas chegaram à Terra antes do previsto. casos Facultativos de crase 1. Antes de pronomes possessivos femininos: Ex.: Telefone a sua vizinha — Telefone à sua vizinha. 2. Antes de nomes femininos, desde que familiar: Ex.: Dê um presente a Maria — Dê um presente à Maria. 3. Com a palavra até: Ex.: Vá até a porta — Vá até à porta. sintaxe de concordância Concordância é um fenômeno sintático pelo qual uma palavra impõe alteração formal em outra, resultando na adequação entre ambas. Há dois tipos de concordância em língua portuguesa: nominal e verbal. concordância nominal A concordância nominal – conforme explicita a nomenclatura – é a concordância que acontece entre nomes. O termo que determina a concordância é chamado regente; o termo que estabelece concordância é denominado regido. Em português, o substantivo é o termo regente. O adjetivo – ou termo modificador com valor equivalente, como um pronome, um numeral, um artigo ou um verbo no particípio – é o termo regido; ele con- corda em gênero e em número com o substantivo ao qual se refere. Observe: Exs.: Menino sapeca – Meninos sapecas / Mulher curiosa – Mulheres curiosas. Casos especiais 1. Quando o adjetivo (ou palavra equivalente) vem antes de dois ou mais substantivos, ele concorda com o mais próximo. Exs.: Tinha amarrados os pés e as mãos. / Tinha amarradas as mãos e os pés. 2. Quando os substantivos são nomes próprios ou nomes de parentesco, o adjetivo vai para o plural. Ex.: Todos adoram os incríveis D. Quixote e Sancho Pança. 91 1. LÍNGUA PORTUGUESA 3. Quando o adjetivo vem depois dos substantivos, a concordância depende do gênero e do número desses. a) se os substantivos são do mesmo gênero e estão no singular, o adjetivo assume seu gênero e pode ficar no plural ou no singular: Exs.: Gosto da comida e da música italiana. / Gosto da comida e da música italianas. b) se os substantivos são de gêneros diferentes e estão no singular, o adjetivo pode concordar com o mais próximo ou com o conjunto; neste caso, vai para o mascu- lino plural. Exs.: Encontrei um estojo e uma lapiseira perdida. / Encontrei um estojo e uma lapiseira perdidos. c) se os substantivos são do mesmo gênero, mas de números diferentes, o adjetivo concorda com o gênero e vai para o plural ou concorda com o número do subs- tantivo mais próximo. Exs.: Comi um vatapá e bolinhos baianos. / Comi bolinhos e um vatapá baiano. d) se os substantivos são de gêneros diferentes e estão no plural, o adjetivo fica no plural e pode concordar com o gênero do substantivo mais próximo ou ficar no masculino plural. Exs.: Estou com os pés e mãos amarrados. / Estou com os pés e mãos amarradas. e) se os substantivos são de gêneros e números diferentes, o adjetivo pode ficar no masculino plural ou concordar com o mais próximo: Exs.: Comprei vestidos e blusa claros. / Comprei vestidos e blusa clara. f) quando o adjetivo serve como predicativo de um sujeito múltiplo constituído de substantivos, segue as mesmas regras. No entanto: – se os substantivos são do mesmo gênero, o adjetivo concorda com eles e vai para o plural, mesmo que os substantivos estejam no singular: Exs.: A rosa e a margarida estão murchas. / O queijo e o salame são deliciosos. – se os substantivos são de gêneros diferentes, o adjetivo vai para o masculino plural: Ex.: O menino e a irmã são bonitos. – em ambos os casos, se o verbo de ligação estiver no singular e anteposto aos su- jeitos, o adjetivo pode concordar com o mais próximo: Ex.: É bonito o irmão e a irmã. Outros casos especiais 1. As palavras menos e alerta são invariáveis. Exs.: Havia menos pessoas no ônibus naquele dia. / Todos devem ficar alerta. 2. As palavras anexo, incluso, mesmo, obrigado, próprio, quite e leso devem concor- dar com o substantivo a que se referem. Exs.: Seguem anexos os documentos solicitados pela contratante. / A fotografia vai inclusa. / Elas mesmas resolveram o problema. / “Muito obrigada”, disse a secre- 92 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS tária. / Elas próprias virão até aqui. / Eu estou quite. E vocês, estão quites? / Atos de leso-patriotismo. 3. As palavras barato, bastante, caro e meio merecem atenção. Observe: a) Se advérbios, são invariáveis. Exs.: A gasolina custa caro. / Trabalhamos bastante. b) Se adjetivos, concordam com o nome a que se referem. Exs.: Analisei bastantes documentos. / Não me venha com meias palavras. 4. Os grupos de palavras é bom, é necessário, é preciso, é proibido são expressões invariáveis, a menos que o sujeito esteja determinado por meio de artigo definido. Exs.: Água é bom. A água é boa. / Chuva é necessário. As chuvas são necessárias. 5. Só, sós e a sós podem ser adjetivo e podem ser advérbio. Como adjetivo, são variá- veis; como advérbio, são invariáveis. Exs.: Fiquei só. (adjetivo) / Ficamos sós. (adjetivo) / Só eles ficaram. (advérbio) / Ficamos a sós. (invariável) 6. A palavra possível concorda com o artigo que inicia a expressão. Exs.: Encontrou argumentos o mais fácil possível. / Encontrou argumentos os mais fáceis possíveis. concordância verbal O verbo concorda em número e pessoa com o sujeito a que se refere, esteja ele claro ou oculto. A concordância evita a repetição do sujeito, indicada pela flexão verbal cor- respondente. Regras 1. Sujeito simples: o verbo concorda com ele, esteja no singular ou no plural. Exs.: Comprei um guarda-chuva novo. / Caminhamos até a casa, abrimos a porta e entramos. 2. Sujeito composto: a) Anteposto ao verbo: o verbo vai para o plural. Ex.: Mãe, filha e neta cantarolavam todas as noites. b) Posposto ao verbo: o verbo vai para o plural ou concorda com o elemento mais próximo. Exs.: Dormia mãe e filha no tapete da sala. / Dormiam mãe e filha no tapete da sala. c) Composto por pessoas gramaticais diferentes: o verbo vai para o plural conforme a pessoa que prevalecer. A 1a pessoa prevalece sobre a 2a e a 3a; a 2a prevalece sobre a 3a. Ex.: Meu amigo e eu ganhamos todas as premiações. d) Sinônimos: o verbo concorda com o elemento mais próximo ou vai para o plural. Exs.: O medo e o temor judiavam daqueles homens. / O medo e o temor judiava aqueles homens. 93 1. LÍNGUA PORTUGUESA e) Com enumeração gradativa: o verbo fica de preferência no singular, podendo, porém, ir para o plural. Exs.: Um mês, um ano, um século não bastava para esquecê-lo. / Um mês, um ano, um século não bastavam para esquecê-lo. f) Resumido por um pronome indefinido: o verbo concorda com o pronome. Ex.: O dia, o local e a hora, nada os ajudava. g) Com núcleos unidos por ou e nem. o verbo concorda com o mais próximo, se o sentido é de exclusão. Ex.: Ou Rodrigo ou Rafael vai namorar Simone. o verbo fica no plural, se o sentido é de simultaneidade. Ex.: Nem Jônatas nem Diego passaram pela loja ontem de manhã. h) Com os núcleos unidos por com, o verbo vai para o plural. Ex.: O pai com os filhos viajaram nesta madrugada. Atenção: Caso se deseje enfatizar o primeiro elemento, o verbo poderá ficar no singular. i) Infinitivo + Infinitivo, o verbo fica no singular. Ex.: Cantar e dançar é o grande desejo de Reny. Atenção: Se, porém, os verbos forem substantivados, o verbo deverá ir para o plural. Ex.: O cantar e o dançar são os meus grandes desafios profissionais. Casos especiais 1. Quando o sujeito é uma expressão partitiva + um substantivo ou pronome plural, o verbo pode ir para o singular ou para o plural. São expressões partitivas: parte de, uma porção de, o grosso de, o resto de, metade de, dentre outras. Ex.: A maioria dos alunos gosta de romances contemporâneos. 2. Quando o sujeito é formado por um número plural precedido de expressões como cerca de, mais de, menos de, o verbo vai normalmente para o plural. Ex.: Cerca de duzentas pessoas compareceram à festa. 3. Quando o sujeito é formado pelas expressões mais de um ou mais que um seguidas de substantivo, o verbo, normalmente, fica no singular: Ex.: Mais de um passageiro sobreviveu ao acidente. Quando, porém, essas expressões vêm repetidas ou querem dar ideia de reciprocida- de, o verbo vai para o plural. Ex.: Mais de uma casa, mais de um edifício resistiram ao terremoto. 94 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 4. Quando o sujeito é o pronome relativo que, o verbo concorda com o termo antece- dente, a não ser quando este é predicativo de outra oração. Exs.: Fui eu que fiz o bolo de chocolate. / Quem são as meninas que estavam me procurando? Se, no entanto, o antecedente do pronome relativo que for um demonstrativo, o ver- bo pode: a) concordar com o sujeito da oração principal. Ex.: Eu sou o que falo. b) ir para a 3a pessoa. Ex.: Eu sou o que fala. 5. Quando o pronome relativo vem antecedido das expressões um dos/uma das + subs- tantivo, o verbo pode ir para a 3a pessoa do singular ou do plural. Exs.: Foi um dos poucos que topou a disputa. / Aquele era um dos professores que mais se esforçavam. 6. Quando o sujeito é o pronome relativo quem, o verbo fica, em geral, na 3a pessoa do singular ou concorda com o antecedente. Exs.: Sou eu quem fez o bolo. / Foi eu quem fiz o bolo. 7. Quando o sujeito é formado por algum dos pronomes interrogativos (quais?, quan- tos?) ou por algum dos pronomes indefinidos no plural (alguns, muitos, poucos, quaisquer, vários) seguidos das expressões de nós, de vós, dentre nós ou dentre vós, o verbo concorda com o pronome que serve de complemento. Exs.: Quais dentre vós ireis à festa? / Muitos de nós resolvemos voltar a estudar. Se, porém, o interrogativo ou o indefinido estiver no singular, o verbo também fica no singular. Ex.: Qual de nós vai subir primeiro? 8. Alguns nomes de lugar ou títulos de obras têm a forma de plural, mas devem ser tra- tados como singular se não vierem acompanhados de artigo. Caso contrário, o verbo vai para o plural. Exs.: Dois Corações é uma cidade linda. / Os Estados Unidos desistiram de invadir o Iraque. Atenção: Se o sujeito for nome de uma obra artística, o verbo poderá ficar no singular ou ir para o plural. Exs.: Os Sertões contribuíram para nossa historiografia. / Os Sertões contribuiu para nossa historiografia. 9. Se o verbo for transitivo direto e estiver apassivado pelo pronome se, concordará com o sujeito. Ex.: Alugam-se apartamentos. 95 1. LÍNGUA PORTUGUESA 10. Se o verbo for intransitivo ou transitivo indireto acompanhado de se (índice de inde- terminação), o verbo ficará sempre na 3a pessoa do singular. Ex.: Assistiu-se a filmes radicais. 11. Se o sujeito for constituído de percentual ou fracionário, o verbo concorda com o numeral. Ex.: 8% das crianças nascem desnutridas. 12. Se o sujeito é coletivo singular, o verbo fica no singular. Ex.: O povo faz a festa na avenida. Quando, porém, o coletivo vier seguido de uma expressão no plural, o verbo poderá ficar no singular ou concordar com esse plural. Exs.: Um grupo de palestinos morava ao lado. / Um grupo de palestinos moravam ao lado. 13. Se o sujeito é constituído por pronome de tratamento, o verbo fica na 3a pessoa. Ex.: Vossa Senhoria aceita um café? 14. Sendo um sujeito dos verbos bater, dar, soar número de horas, o verbo concorda com o numeral. Ex.: Já davam 22 horas quando ele saiu para a festa. Concordância com o verbo SER 1. O verbo ser, quando é verbo de ligação e vem seguido de um predicativo, concorda com este e não com o sujeito, como manda a regra, nas seguintes construções: a) sujeito representado pelos pronomes interrogativos que e quem. Exs.: Quem são os três alunos suspensos? / Que seriam aqueles barulhos? b) sujeito representado pelos pronomes isto, isso, aquilo, tudo ou o (= aquilo). Exs.: Meu Deus! Aquilo são ratos! / Isto são coisas do passado. c) orações impessoais. Ex.: Eram duas da madrugada quando cheguei. 2. Quando o sujeito for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo ser, normalmente, concorda com ele. Ex.: Todo ele era aflições e desespero. 3. Quando o sujeito for uma expressão numérica considerada em sua totalidade, o verbo fica no singular. Ex.: Cem reais é muito pouco para todo o trabalho. 4. Com a expressão haja vista, podem ocorrer as seguintes construções: Exs.: Haja vista os problemas. (com sentido de “por exemplo”) / Hajam vista os pro- blemas. (com o sentido de “vejam-se”) / Haja vista aos problemas. (com o sentido de “atende-se”) 96 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS regência A regência é a relação de subordinação existente entre as palavras. A palavra que completa a outra se chama palavra regida ou subordinada; a palavra que é completada pela outra em seu significado é chamada de regente ou subordinante. Podem ocorrer regência verbal e regência nominal. Regência verbal: maneira como o verbo se relaciona com seus complementos. O ter- mo regente é o verbo. Ex.: Gosto de você. Verbo Objeto indireto (termo regente) (termo regido) Regência nominal: o termo regente é um substantivo. Ex.: Temos esperança de que tudo se acertará. Substantivo Oração subordinada (termo regente) substantiva completiva nominal (termo regido) regência verbal Há termos que exigem a presença de outro para formar sentido. O verbo abandonar, por exemplo, exige a preposição em. Ex.: “A Universidade é o único organismo em que/no qual você pode abandonar uma pesquisa...” Para estudarmos o fenômeno da regência verbal, como a que vimos no verbo aban- donar acima, vamos recordar a predicação verbal: • João saiu rapidamente do escritório. Verbo Intransitivo (VI) • “...eu vejo lá embaixo uma curva de caminho abandonado. [...]” (Cecília Meireles) Verbo Transitivo Direto (VTD) • Para essa travessia, necessitamos de apoio. Verbo Transitivo Indireto (VTI) 97 1. LÍNGUA PORTUGUESA • Maria entregou o convite aos funcionários. Verbo Transitivo Direto e Indireto (VTDI) Existem, porém, alguns verbos que, de acordo com o sentido que adquirem no texto, admitem mais de uma regência. 1. Verbo aspirar. a) No sentido de respirar, cheirar, é verbo transitivo direto. Ex.: Aspiro o ar das montanhas. b) No sentido de pretender, desejar, é verbo transitivo indireto e exige a preposição “a”. Ex.: Aspiro a um bom emprego. 2. Verbo assistir. a) No sentido de presenciar, ver é verbo transitivo indireto e exige a preposição “a”. Ex.: Você assistiu ao filme? b) No sentido de caber, pertencer, é verbo transitivo indireto e exige a preposição “a”. Ex.: A revogação da lei não assiste aos deputados. c) No sentido de dar assistência, ajudar, é verbo transitivo direto. Ex.: O médico assistiu os feridos do acidente. d) No sentido de morar, residir, é verbo intransitivo e exige a preposição “em” para inserir o complemento circunstancial. Ex.: Assisto em São Paulo. 3. Verbo chamar. a) Com o sentido de fazer um sinal para que alguém venha, é verbo intransitivo. Ex.: Eu chamo, e você não vem. b) Com o sentido de fazer vir, convocar, é verbo transitivo direto ou indireto, exigin- do a preposição “por”. Exs.: Chame seu irmão para o jantar. / A filha chamava por ela. c) Com o sentido de invocar, é verbo transitivo direto ou indireto, exigindo a prepo- sição “por”. Exs.: Chamava os santos de sua devoção. / Chamava pelos santos de sua devoção. d) Quando usado junto a um predicativo do objeto no sentido de apelidar, dar nome, é verbo transitivo direto ou verbo transitivo indireto. Exs.: Chamava-o irresponsável. (prefira esta construção às demais) / Chamava-o de irresponsável. / Chamava-lhe irresponsável. / Chamava-lhe de irresponsável. 4. Verbos esquecer, lembrar e recordar. a) Não sendo pronominais, esses verbos são transitivos diretos. Exs.: Esqueci o caderno. / Lembro o seu nome. / Recordo suas histórias com alegria. 98 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS b) Sendo pronominais1, os verbos são transitivos indiretos. Exs.: Esqueci-me do caderno. / Lembro-me do seu nome. / Recordo-me de suas histórias. 5. Verbos obedecer e desobedecer. São transitivos indiretos e exigem a preposição “a”. Exs.: Frequentemente, desobedecia às leis de trânsito. / Obedeço a ele com rigor. 6. Verbo responder. a) Com o sentido de dar resposta, replicar e corresponder, é verbo transitivo indireto e exige a preposição “a”. Ex.: Responde corretamente a todas as perguntas. b) Para exprimir resposta, é transitivo direto. Ex.: Cansada, respondi “não”! 7. Verbo visar. a) Com o sentido de mirar, apontar arma de fogo, dar ou pôr o visto, ter em vista, pretender, é transitivo direto. Exs.: Visou o alvo e atirou. / Antes de entrar no país, precisa visar o passaporte. b) Com o sentido de almejar, ter como objetivo, é transitivo indireto. Ex.: Os alunos visam à aprovação no vestibular. 8. Verbo custar. a) No sentido de ser difícil, é verbo transitivo indireto. Ex.: Custa-lhe encontrar o alfinete. b) No sentido de valer, importar, é verbo transitivo direto. Ex.: Não custa nada fazer caridade. 9. Verbos informar, aconselhar, avisar, certificar, comunicar, noticiar, prevenir e proibir são verbos transitivos diretos e indiretos. Exs.: O repórter informou os telespectadores das últimas notícias. / O repórter infor- mou as últimas notícias aos telespectadores. O verbo informar ainda admite as regências “de” e “sobre”. Exs.: Ele foi informado de que não precisará deslocar-se. / Informei-o sobre a nevasca. 10. Verbo namorar. É verbo transitivo direto. Ex.: Namoro uma modelo famosa. 11. Verbos pagar e perdoar. a) Quando o complemento for coisa, estes verbos são transitivos diretos. Exs.: Paguei as dívidas. / Perdoei as ofensas. b) Quando o complemento for pessoa, os verbos são transitivos indiretos. Exs.: Paguei ao dentista. / Perdoei aos inimigos. 1 Verbos conjugados com pronomes átonos. 99 1. LÍNGUA PORTUGUESA c) Quando o complemento for coisa e uma pessoa, os verbos são transitivos diretos e indiretos. Exs.: Paguei as dívidas ao vendedor. / Perdoei as ofensas aos inimigos. 12. Verbo preferir é verbo transitivo direto e indireto e exige a preposição “a”. Ex.: Prefiro doces a salgados. 13. Verbo querer. a) No sentido de desejar, é verbo transitivo direto. Ex.: “Eu quero a rosa mais linda que houver.” (Dolores Duran) b) No sentido de estimar, é verbo transitivo indireto e exige a preposição “a”. Ex.: A mãe quer muito bem aos filhos. regência nominal Estuda a relação que se estabelece entre os nomes e os termos que os completam. Há nomes que exigem mais de uma preposição sem que seu sentido seja alterado. Exs.: Estou habituado a escrever muito. / Estou habituado com esse tipo de conversa. Conheça a regência de alguns nomes: acessível a; acostumado a, com; apto a, para; constituído de, por; desatento a; essencial a, para; grato a, por; passível de; próximo a, de; responsável por. colocação pronominal Os pronomes pessoais oblíquos átonos podem aparecer em três posições diferentes em relação ao verbo: antes (próclise), no meio (mesóclise) ou depois dele (ênclise). próclise A próclise ocorre sempre que há palavras que atraiam o pronome átono para antes do verbo. Observe, nos exemplos a seguir, algumas palavras ou partículas atrativas: a) Palavras de valor negativo: Ex.: Nunca o vi mais gordo. b) Advérbios: Ex.: Ele sempre nos conta histórias de arrepiar. Atenção: Se houver vírgula depois do advérbio, ocorrerá ênclise. Ex.: Aqui, fala‑se muito. c) Pronomes indefinidos: Ex.: Tudo me parecia impossível de acontecer. d) Pronomes relativos: Ex.: Este é o canto da casa onde me sinto bem. e) Pronomes interrogativos: Ex.: Quem me viu chegar? 100 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS f) Pronomes demonstrativos: Ex.: Isto me faz bem! g) Conjunções subordinativas: Ex.: Espero que nos vejamos brevemente. h) Palavras de valor exclamativo: Ex.: Como te enganas! i) Nas construções em + gerúndio: Ex.: Em se tratando de dinheiro, seja sempre cauteloso. j) Nas frases optativas: Ex.: Que Deus te abençoe! k) Nas construções preposição + infinitivo pessoal: Ex.: Por se acharem infalíveis, acabaram sendo derrotados. mesóclise A mesóclise não é muito utilizada no Brasil, mas pertence à gramática da língua por- tuguesa. Ocorre apenas em dois casos. a) Com verbos no futuro do presente: Ex.: Far-lhe-ei uma sugestão... b) Com verbos no futuro do pretérito: Ex.: Dar-te-ia um beijo se me recitasse um poema. ênclise A ênclise ocorre em alguns casos. Ei-los: a) Quando um verbo iniciar o período: Ex.: Cansei-me de esperar. b) Nas orações reduzidas de infinitivo: Ex.: Convém contar-lhe tudo o que vi. c) Nas orações reduzidas de gerúndio: Ex.: O guarda apitou, alertando-me que a porta do carro estava aberta. d) Nas orações imperativas afirmativas: Ex.: Às nove, recolham-se! colocação dos pronomes átonos nas locuções verbais 1. Nas construções verbo auxiliar + infinitivo: a) sem atrativo. Ex.: Devo dizer-lhe toda a verdade ou Devo-lhe dizer toda a verdade. b) com atrativo. Ex.: Nada lhe devo contar ou Nada devo contar-lhe. 2. Nas construções verbo auxiliar + preposição + infinitivo. Ex.: Deixou de chamá-la para sair ou Deixou de a chamar para sair. 101 1. LÍNGUA PORTUGUESA Atenção: Junto a infinitivo não flexionado precedido de preposição a haverá ênclise. Ex.: Passei a vê‑los depois que se mudaram. 3. Nas construções verbo auxiliar + gerúndio. Ex.: Vou-me arrastando ou Vou arrastando-me. pontuação Para reproduzir na escrita os vários recursos da fala, contamos com vários sinais grá- ficos denominados sinais de pontuação. São eles: O ponto ( . ); o ponto de exclamação ( ! ); o ponto de interrogação ( ? ); a vírgula ( , ); o ponto e vírgula ( ; ); os dois-pontos ( : ); as aspas ( “ ” ); o travessão ( – ); as reticências ( ... ); os parênteses ( ); os colchetes [ ]. usos da vírgula A vírgula serve para: • isolar o aposto. Ex.: Taubaté, cidade de Monteiro Lobato, é linda. • isolar o vocativo. Ex.: Ei, moço, é a sua vez! • separar, nas datas, o nome do local. Ex.: Taubaté, 18 de abril de 1882. • separar adjuntos adverbiais quando iniciam oração. Ex.: Muitas vezes, ela chega atrasada. • separar expressões explicativas. Ex.: Ela não veio para a aula, isto é, chegou atrasada. • separar palavras de uma enumeração. Ex.: Eu pratico natação, golfe, futebol e esportes radicais. • marcar a omissão de palavras. Ex.: Nós queremos trabalho, vocês, férias. • separar as orações adjetivas explicativas. Ex.: Minha casa, que fica na zona norte da cidade, está à venda. • separar orações coordenadas assindéticas. Ex.: Vim, vi, venci. • separar orações coordenadas sindéticas iniciadas por e se apresentarem sujeitos dife- rentes ou se a conjunção e aparecer repetida. Ex.: Você chegou cedo, e ele chegou mais cedo ainda. • separar orações subordinadas adverbiais, principalmente quando antes da oração principal. Ex.: Quando puder, volte! 102 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Atenção: É proibido o emprego de vírgulas entre sujeito e predicado e, também, entre o verbo e seus complementos. OD Ex.: As duas grandes e velhas amigas deram um longo abraço nas minhas irmãs. Sujeito Predicado OI outros sinais de pontuação • ponto-final [ . ]: marca pausa prolongada ao final de frases declarativas ou impera- tivas. Exs.: O cão atirou-se fora. / Saia imediatamente. • ponto de exclamação [ ! ]: marca o final de frases exclamativas, depois de interjei- ções, onomatopéia e verbos no imperativo. Exs.: Que alegria! / Ah! Quanto há por fazer. / Pum! / Saia! • ponto de interrogação [ ? ]: marca uma interrogação direta. Ex.: Que horas são? • travessão [– ]: indica fala, para destacar palavras ou expressões e para ligar palavras ou grupo de palavras. Exs.: – Quincas Borba! / Fizemos o trajeto de sempre (Rio – São Paulo). • aspas [ “ ” ]: realçam palavras ou expressões; isolam gírias; isolam palavras estran- geiras; indicam citação. Exs.: Você foi o “babaca” do grupo. / Você tem “know how”! / “Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu” (Caetano Veloso). • reticências ( ... ): indicam suspensão de pensamento. Ex.: O rapaz estava na corda bamba e, de repente... • dois-pontos ( : ): introduzem uma citação ou fala; introduzem enumeração explicati- va ou esclarecimento. Exs.: O chefe anunciou: “Haverá aumento no salário”. / Aqui se fala: inglês, russo, polonês e árabe. • parênteses ( ): isolam palavras, expressões ou frases que não se encaixam na sequên- cia lógica do enunciado. Ex.: Augusto dos Anjos (1884-1914) foi um poeta Pré-Modernista. • ponto e vírgula ( ; ): separam os itens de uma numeração; separam orações coorde- nadas já quebradas em seu interior por vírgula; enfatizam a oposição entre ideias. Exs.: Ela prefere doce; eu, salgado. / Alguns perdem; outros ganham. 103 1. LÍNGUA PORTUGUESA • colchetes [ ]: servem para intercalar dados ou expressões já separados por parênteses; são usados com mais frequência nos trabalhos e Linguística e Filologia, para indicar uma palavra transcrita foneticamente. Exs.: Entendemos que eles (os meninos [abandonados] da rua 15) estavam procuran- do um lar. / pais [pays]; tarde [tardi]. signiFicação das palavras Conhecer o significado das palavras é um dos fatores essenciais para o domínio da lín- gua. Dispomos de muitos vocábulos para exprimir nossas ideias, no entanto, nenhum fa- lante conhece todas as palavras da língua. Isso ocorre porque o léxico de um idioma, além de ser extremamente vasto, está em constante transformação. Para estudar os diversos aspectos relacionados ao significado das palavras e dos textos, quer no momento atual, quer através do tempo e do espaço, há, na Gramática, uma parte específica: a Semântica. A Semântica trata, entre outros assuntos, dos sinônimos, antônimos, hiperônimos, hipônimos, palavras de sentido real e de sentido figurado e polissemia. sinônimos São palavras diferentes na forma, mas de sentidos idênticos ou semelhantes que po- dem ser permutadas em diferentes contextos. Ex.: Achei o livro. Encontrei o livro. antônimos São palavras diferentes na forma e com sentidos opostos. Ex.: O aluno foi bem na prova. O aluno foi mal na prova. homônimos São palavras idênticas na forma (homônimas homógrafas) e/ou na pronúncia (homô- nimas homófonas), mas com significados diferentes. Ex.: O vendedor apreçou os produtos higiênicos. / Ele apressou a filha. Veja alguns homôminos: conserto (correção) – concerto (apresentação) / são (do verbo ser; sadio: santo) / sessão (espaço de tempo) – seção (departamento) – cessão (ato de ceder). parônimos São palavras que se assemelham na forma (escrita) e no som, mas têm significados diferentes. Ex.: O líder estudantil emigrou para a França. (mudou-se do país de origem) / Os italianos imigraram para o Brasil. (entraram em um país estranho) Veja alguns parônimos: alto (que tem altura) – auto (solenidade) / deferir (acatar) – diferir (adiar) / ratificar (confirmar) – retificar (corrigir) / sela (arreio) – cela (cubículo). polissemia Polissemia é a multiplicidade de sentidos de uma mesma palavra. Nesse fenômeno, os significados se explicam dentro de um contexto. Exs.: Coloque ponto-final na frase. / De tão cansado que estava, dormiu no ponto de ônibus. / Preste atenção: meu irmão não dá ponto sem nó. 104 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS hipônimos e hiperônimos Hipônimas e hiperônimas são palavras que pertencem a um mesmo campo semânti- co. Hipônima é a palavra de sentido mais específico, enquanto hiperônima é a palavra de sentido mais genérico. Ex.: “Meu pai comprou um computador, um monitor, um teclado e uma impressora para o escritório, pois, sem esses equipamentos, não conseguiria dar conta do trabalho.” Computador, monitor, teclado e impressora apresentam certa familiaridade de sen- tido pelo fato de pertencerem ao mesmo campo semântico, ou seja, o universo de infor- mática. Trata-se, portanto, de hipônimos de equipamento. Equipamento possui um sentido mais amplo, que engloba todas as outras palavras. Trata-se, portanto, de um hiperônimo de outras palavras. sentido real e sentido Figurado Uma mesma palavra pode apresentar diferentes significados, ocorrendo basicamente duas significações: 1) denotativa: a palavra apresenta-se em seu sentido básico, de dicionário. 2) conotativa: a palavra apresenta-se com seu significado alterado, permitindo, pois, várias interpretações, sempre, porém, dependendo do contexto em que aparece. Ex.: Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Para a compreensão dessa frase, é necessário que conheçamos, primeiro, o sentido denotativo das palavras que a constituem. A conotação é uma extensão da denotação. No sentido denotativo, compreendemos que a água, mesmo tendo consistência mole, é capaz de furar uma pedra se nela bater de forma persistente; já no sentido conotativo, com- preendemos que, se agirmos de forma persistente, conseguiremos aquilo que queremos. Figuras de linguagem Figuras de linguagem As figuras de linguagem são recursos de que o falante dispõe para garantir expressivi- dade em sua mensagem. Percebe-se a ocorrência de figura quando há dissociação entre o uso normal de uma estrutura e seu uso no discurso. Conheça algumas figuras de linguagem: Aliteração e assonância Aliteração é a repetição de fonemas consonantais, iguais ou semelhantes, enquanto assonância é a repetição de fonemas vocais, iguais ou semelhantes. O objetivo é enfati- zar o significado central do texto. Essas figuras são propositadamente usadas na poesia a fim de produzir sonoridade. Ex.: ... viola violeta violenta violada ... Atenção: A aliteração torna‑se um defeito e deve ser evitada (colisão e eco) quando empre‑ gada em prosa de caráter não literário. 105 1. LÍNGUA PORTUGUESA Anástrofe ou inversão Anástrofe é um tipo de inversão dos termos da oração que se dá normalmente entre sujeito e predicado. Ex.: “Um grande soluço sacudiu-a desafinado.” (Clarice Lispector) (Ordem direta: Um grande soluço desafinado sacudiu-a.) Hipérbato Hipérbato é uma inversão da ordem direta dos termos da oração. Geralmente, interca- la-se uma expressão entre duas palavras que pertencem ao mesmo sintagma. Ex.: “Da tarde morta, o murmurar se cala.” (Casemiro de Abreu) Assíndeto O assíndeto ocorre quando há supressão de conectivo (conjunção). Ex.: Respiramos fundo, demo-nos as mãos, subimos no barco, enfrentamos o rio, a correnteza, o medo. Clímax ou gradação Clímax é a sequência de palavras cujo significado ou vai se intensificando, ou vai se tornando mais fraco. Ex.: “O ar que queima seus pulmões sadios, férreos, heroicos...” (L. Aranha) Perífrase e antonomásia A perífrase assemelha-se à antonomásia. O que as distingue é que a perífrase refe- re-se não a pessoas, mas, normalmente, a espaço geográfico. Ex.: A pátria de Voltaire está em guerra. (França) A antonomásia ocorre quando substituímos um nome próprio por um nome comum ou vice-versa. Na linguagem coloquial, é o mesmo que apelido. Relaciona-se a pessoas. Ex.: Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes). Catacrese A palavra catacrese significa “abuso”. Essa figura ocorre quando usamos um termo com sentido diferente do original por falta de um termo próprio para expressar o que queremos dizer. Exs.: Cabeça do alfinete, pé do vaso. Comparação Comparação é a figura que usamos para comparar duas coisas por suas qualidades. Ex.: Ele é forte como um touro. Metáfora A metáfora é uma figura que consiste em dizer que uma coisa é outra porque há se- melhanças entre elas. A diferença entre metáfora e comparação é que na metáfora uma coisa é diretamente substituída pela outra, enquanto na comparação usa-se um conecti- vo para relacionar as palavras envolvidas no processo de comparação. Ex.: “Meu cartão de crédito é uma navalha.” (Cazuza) 106 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Metonímia A metonímia ocorre quando se substitui um termo por outro porque existe certa relação entre eles. Essas relações podem ser de vários tipos. Vejamos as mais comuns: • Comeu uma panela de macarronada. (substituição do conteúdo: comida pelo conti- nente: panela) • Adoro ler Rubem Fonseca. (substituição da obra: os livros pelo autor: Rubem Fonseca) • O terceiro violino da orquestra está desafinando. (substituição da pessoa: o violinista pelo instrumento: o violino) • Há muita gente sem teto na cidade. (substituição do todo: casa pela parte: teto) • Ele vive do suor de seu trabalho. (substituição da causa: trabalho pela consequência: suor) • Trouxe de presente uma garrafa de porto. (substituição da coisa: vinho pelo nome do lugar onde é produzida: Cidade do Porto) • Cupido anda à solta por aqui. (substituição da coisa representada: Amor pela divin- dade mitológica que a representa: Cupido) • Ele fez muitas amizades na redondeza. (substituição do substantivo concreto: amigos pelo substantivo abstrato: amizades) Sinestesia A sinestesia consiste em mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferen- tes órgãos do sentido. Exs.: Um áspero sabor de indiferença me atormentava. (tato e paladar) / Comia o sabor vermelho da fruta. (paladar e visão) Elipse Elipse é a omissão de um termo da oração sem prejuízo do sentido ou da ideia geral. Ex.: “Na terra, tanta guerra, tanto engano.” (Camões) Pleonasmo O pleonasmo é uma redundância. Trata-se da repetição de palavras a fim de reforçar uma ideia. Ex.: Sonhava aquele sonho todas as horas, todos os momentos do dia. Atenção: Quando for uma repetição desnecessária, o pleonasmo se torna um vício de lingua‑ gem e é chamado de pleonasmo vicioso. Exs.: descer para baixo, subir para cima. Polissíndeto Polissíndeto é a repetição das conjunções coordenativas; o contrário de assíndeto. Ex.: Ele cai e levanta e torna a cair. Anáfora Anáfora é a repetição das mesmas palavras com a finalidade de reforçar uma ideia. Aparece no início de frases ou versos. 107 1. LÍNGUA PORTUGUESA Ex.: Nada de educação, nada de saúde, nada de emprego. Este país está à beira do precipício. Silepse Silepse é a concordância que se faz com o sentido das palavras e não com sua forma gramatical. Há três tipos de silepse: de gênero, de número e de pessoa. Exs.: Sua Santidade estava vestido de negro. (de gênero) / A Associação fechou, mas continuam atuantes. (de número) Zeugma Zeugma é a omissão de um termo da oração, porém já expresso anteriormente. Ex.: Sou Rodrigo; meu irmão, Rafael. Apóstrofe A apóstrofe é a invocação de pessoas ou coisas personificadas. Ex.: Ó céus! Estou perdido! Antífrase ou ironia A ironia é uma figura que exprime uma ideia por meio de seu contrário. Ex.: Parabéns! Você conseguiu pôr tudo a perder! Antítese Antítese é a figura que expressa o confronto de ideias opostas. Ex.: Ri? Chorei? Nada importa: estou de volta. Eufemismo Eufemismo é uma figura cujo uso visa suavizar expressões chocantes. Ex.: Ele faltou com a verdade. (em vez de dizer “ele mentiu”) Hipérbole A hipérbole permite exprimir uma ideia de forma exagerada. Ex.: Já disse um milhão de vezes a mesma coisa. Paradoxo Também chamado oxímoro, o paradoxo assemelha-se à antítese, porém confronta ideias totalmente opostas. Ex.: Aquele silêncio pesado fazia tremer toda a sala. Preterição A preterição consiste em dizer alguma coisa fingindo que não está dizendo. Ex.: Não vamos nem mencionar todos estes erros de português. Prosopopeia/Personificação Também chamada personificação, a prosopopeia permite atribuir qualidades anima- das ou racionais a seres inanimados ou irracionais. Ex.: “O mato, já zarolho, enrolando as folhas.” (Rachel de Queirós) 108 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Onomatopeia A onomatopeia ocorre quando o som de uma palavra ou expressão representa a pró- pria coisa significada. Ex.: Aquele cocoricó enchia o quintal de alegria. vícios de linguagem Vícios de linguagem são expressões que pronunciamos de forma incorreta ou que às vezes, mesmo estando corretas, dão margem a interpretações incorretas. Por isso, devem ser evitados. Os mais comuns são: ambiguidade, arcaísmo, barbarismo, cacofonia, coli- são, estrangeirismo, pleonasmo vicioso e solecismo. Ambiguidade A ambiguidade torna a frase com duplo sentido. É indesejável e inadequada em tex- tos científicos e informativos, mas é um recurso explorado nos textos poéticos, humorís- ticos e, principalmente, publicitários. Ex.: O professor falou com o aluno parado na sala. Arcaísmo Arcaísmo é o uso de palavras ou expressões já ultrapassadas. Ex.: Vosmecê está linda hoje! Barbarismo Barbarismo é toda inadequação em relação à norma culta que diz respeito à forma da palavra. Pode ser: a) cacografia – qualquer erro de grafia. Ex.: Há vários mendingos no centro de São Paulo. (o apropriado é “mendigo”) b) cacofonia – quando a junção de duas palavras produz uma terceira com som desagra- dável. Ex.: A boca dela estava manchada de batom. c) estrangeirismo – uso desnecessário de palavras estrangeiras. Ex.: Peça ao chofer para estacionar aqui. (motorista) Colisão Colisão é o encadeamento de fonemas consonantais que produzem um som desagra- dável. Ex.: Sua saia saiu suja da máquina. Solecismo Solecismo é a infração de algumas regras da sintaxe. Pode ser: a) solecismo de regência. Ex.: Assisti uma excelente peça de teatro. (o correto, de acordo com a forma-padrão, é “assisti a uma peça de teatro”) b) solecismo de concordância. Ex.: Fazem quatro dias que João viajou. (o correto, de acordo com a forma-padrão, é “faz quatro dias...”) c) solecismo de colocação. Ex.: Me empresta o livro? (o correto, de acordo com a forma-padrão, é “empresta-me o livro?”) 109 1. LÍNGUA PORTUGUESA interpretação de texto O verbo ler tem muitos significados. ler (lat legere) vtd 1 Conhecer, interpretar por meio da leitura: S. Exª não lia os jornais. vint 2 Conhecer as letras do alfabeto e saber juntá-las em palavras: A menina ain‑ da não sabe ler. vtd e vint 3 Pronunciar ou recitar em voz alta o que está escrito: Cochilava, enquanto a secretária lia a correspondência. Leram‑lhe a ordem em que o governador o chamava. “Lede alto e bom som, para todos ouvirem” (Almeida Garrett). vtd 4 Estudar, vendo o que está escrito: Lia as lições e meditava‑as. vtd 5 Decifrar ou interpretar bem o sentido de: Ler hieróglifos. vtd 6 Decifrar, perceber, reconhecer: Leio‑lhe no rosto certa inquietação. vtd 7 Explicar ou prelecionar como professor: “Há sete anos, lê essa cadeira na Escola” (Rui Barbosa). vti 8 Inquirir, perscrutar: Ler nos céus, ler nos corações. vtd 9 Tomar conhecimento com a vista da indicação de um instrumento. vtd 10 tip Rever e corrigir um texto composto: Ler as provas. vtd 11 Inteirar-se em um mapa da configuração geográfica da Terra ou de parte dela nele representada. Conjuga-se como crer. Escreveu não leu, pau comeu: hesitou, sofreu as consequências. Ler a buena-dicha de: predizer, pela cartomancia, quiromancia etc., o futuro de alguém. Ler a sorte de: o mesmo que ler a buena‑dicha de. Ler de cadeira: saber a fundo certa matéria; poder dar lições a respeito dela. Ler música: saber e dizer os valores das notas de música, dos com- passos e outros sinais musicais. Ler nas entrelinhas: adivinhar o sentido oculto de um escrito, ou a verdadeira intenção do autor. Ler nas estrelas: tirar horóscopos. Ler pela mesma cartilha: ter a mesma opinião que outra pessoa; formular os mesmos conceitos que outrem. Ler pelo mesmo breviário: o mesmo que ler pela mesma cartilha. Ler por cima: ler sem soletrar. Fonte: Michaelis – Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Após a leitura desses significados, fica claro que ler não é uma tarefa simples. Ler é mais que decodificar letras. Ler é interpretar, decifrar, ir além. Um bom leitor é aquele que não só compreende o que está explícito, mas também os implícitos do texto. Ele analisa o texto e o seu contexto de produção: quem fala, o que fala, para quem fala, o momento histórico da produção, o veículo de comunicação em que será publicado, a intencionalidade etc. Ser um leitor competente exige que, além dos significados das palavras, se desvende também o que há por trás das pausas, dos pontos-finais, das vírgulas. A linguagem varia, como foi dito, de acordo com a situação, assumindo funções que levam em consideração o que se quer transmitir e que efeitos se espera obter com o que é transmitido. Podemos ler e interpretar um texto de forma eficiente. Para isso, devemos observar o seguinte: 1. Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto. 2. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá até o fim. 3. Leia o texto pelo menos três vezes. 4. Busque significados nas entrelinhas. 110 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 5. Volte ao texto tantas vezes quantas precisar. 6. Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as expressas no texto. 7. Divida o texto em partes (parágrafos) para melhor compreensão. 8. Centralize cada questão à parte do texto correspondente. 9. Verifique atentamente o enunciado de cada questão. 10. Cuidado com os vocábulos: destoa, diferente de, não, correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam o entendimento do que se perguntou e do que se pediu. 11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procure a mais exata ou a mais completa. 12. Quando o autor apenas sugerir a ideia, procure um fundamento de lógica objetiva. 13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais. 14. Não se deve procurar a verdade exata dentro de uma resposta, mas a opção que me- lhor se enquadre no sentido do texto. 15. Às vezes, a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a resposta. 16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas no texto, definindo o tema e a mensagem. 17. O texto defende ideias, e você deve percebê-las. 18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importantíssimos na interpre- tação do texto.Exemplos: Ele morreu de fome. (de fome: adjunto adverbial de causa, determina o motivo do fato – morte de ele) Ele morreu faminto. (faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que ele se encontrava quando morreu) 19. Os adjetivos ligados a um substantivo dão a ele maior clareza de expressão, aumen- tando-lhe ou determinando-lhe o significado. Atenção: “O que está escrito, escrito está.” Erros de interpretação • Extrapolação: ato de fugir do texto. Ocorre quando se interpreta o que não está escrito. Muitas vezes são fatos reais, mas que não estão expressos no texto. De- ve-se ater somente ao que está relatado. • Redução: ato de valorizar uma parte do contexto, deixando de lado a sua tota- lidade. Deixa-se de considerar o texto como um todo para se ater apenas à par- te dele. • Contradição: ato de entender justamente o contrário do que está escrito. É bom que se tome cuidado com algumas palavras, como: pode, deve, não, verbo ser etc. Mais dicas de interpretação de texto • Desenvolva o gosto pela leitura. Leia tudo: jornais, revistas, livros, textos pu- blicitários, bulas de remédios etc. Mas leia com atenção, tentando, paciente- 111 1. LÍNGUA PORTUGUESA mente, apreender o seu sentido. Não leia simplesmente “por ler”, para se li- vrar. Envolva-se! • Aumente o seu vocabulário. Os dicionários são amigos que precisamos consul- tar; mas, antes de lançar mão do dicionário a cada palavra não compreendida, tente entendê-la no contexto. Isso permitirá maior fruição da leitura. Faça exer- cícios de sinônimos e antônimos. • Não se deixe levar pela primeira impressão. Há textos que, a princípio, nos de- sagradam, mas que depois podem se apresentar muito prazerosos. Abra sua mente para o que o texto lhe transmite na qualidade de um amigo silencioso. • Ao fazer uma prova, leia o texto duas ou três vezes, atentamente, antes de ten- tar responder a qualquer pergunta. Primeiro, é preciso captar sua mensagem, entendê-lo como um todo, e isso não pode ser alcançado com uma simples lei- tura. Portanto, leia-o algumas vezes. A cada leitura, novas ideias serão assimi- ladas.Tenha a paciência necessária para agir assim. Só depois tente resolver as questões propostas. • As questões de interpretação podem ser localizadas (por exemplo, voltadas só para um determinado trecho) ou referir-se ao conjunto, às ideias gerais do texto. No primeiro caso, leia não apenas o trecho referido (às vezes, uma li- nha), mas todo o parágrafo em que ele se situa. Lembre-se: quanto mais você ler, mais entenderá o texto. • Há questões que pedem conhecimento fora do texto. Por exemplo, o texto pode aludir a uma determinada personalidade da história ou da atualidade, e cobrar- se do aluno ou candidato o nome dessa pessoa ou algo que ela tenha feito. Por isso, é importante desenvolver o hábito da leitura, como já foi dito. Procure es- tar sempre atualizado, lendo jornais e revistas especializadas. Atenção: Descomplicando a língua portuguesa Interprete os provérbios a seguir: a) Deus ajuda quem cedo madruga. b) Casa de ferreiro, espeto de pau. c) Quem vê cara não vê coração. d) Quem semeia vento colhe tempestade. Comentário A linguagem figurada não é usada apenas na literatura, e a prova disso são os pro‑ vérbios e ditos populares, de uso bastante corriqueiro, normalmente construídos conotativamente, através de metáforas e outras figuras. Para entendê‑los, é neces‑ sário reconstruir seu sentido, a partir da compreensão dessas figuras, a partir do sentido conotativo. Veja abaixo o significado dos provérbios listados antes. a) Aqueles que levantam cedo recebem a ajuda de Deus. b) Se a casa é de ferreiro o espeto deveria ser de ferro, pois se ele tem essa habili‑ dade, poderia usá‑la a seu favor. c) As pessoas que se preocupam unicamente com a beleza física (exterior) não veem o verdadeiro caráter de uma pessoa (interior). INFORMÁTICA * Texto elaborado por: Rodney José Idankas: Especialista em Técnicas de Ensino, Psicopedagogia no Processo de Ensino e Aprendizagem e Gestão Pública. Graduado em: Curso de Formação de Oficiais pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco, Análise de Sistemas pela UNIP e Direito pela UnG. Atualmen- te exerce atividades de auditoria de controle externo no Tribunal de Contas de São Paulo. * 115 2. INFORMÁTICA 1. conceitos básicos 1.1 Conceitos básicos de informática Atualmente, quando estudamos informática pensamos em computadores pequenos, com grande capacidade de processamento e armazenamento,1 altíssima velocidade nas transmissões de informações em rede, ou seja, tudo que há de melhor no estado da arte. A informática é fascinante, sempre está em evolução. A informática para as provas de concursos públicos tem ainda uma forte carga de teo- ria, não basta sabermos utilizar o computador ou mesmo alguns aplicativos, precisamos conhecer bem alguns conceitos inerentes a esse mundo de tecnologia da informação.2 Dessa forma, a informática deve ser entendida de forma sistêmica, ou seja, uma integra- ção de partes trabalhando conjuntamente com um propósito único. Entendemos o termo informática como o estudo da informação automatizada. Uma vez ampliado este conceito, podemos descrever que a informática é o ramo do conhe- cimento humano na área de exatas que estuda, de maneira sistematizada, a entrada, o processamento, o armazenamento e a saída de dados por meio das redes de compu- tadores. Os dados processados pelo computador são os bits.3 1.2 A história do computador A história da informática moderna é muito recente e os computadores atuais tiveram sua origem (em termos conceituais e operacionais) na época da II Grande Guerra Mun- dial. Destacamos, então, desse período o computador Enigma, que fazia uma espécie de criptografia de comunicação de guerra. Esse computador foi muito utilizado no conti- nente europeu. Nos EUA, na época do pós-guerra, surge o ENIAC, um dos primeiros computadores da história, que muito se parece com os computadores atuais em termos de processa- mento, porém seu tamanho enorme mais lembra um grande laboratório antigo do que um sistema computacional atual. O que mais chama atenção no computador ENIAC é que ele possuía como principal componente a válvula.4 1 Os pontos centrais na evolução dos computadores digitais são capacidade de processamento (CPU) e armazenamento (memórias). 2 A expressão tecnologia da informação pode ser substituída pela sigla TI. 3 Bit é a sigla para a menor unidade de informação de um sistema digital binário. O bit é repre- sentado pelos números zero e um, tão somente. 4 A aparência de uma válvula lembra o formato de uma lâmpada retangular. O ENIAC possuía mais de 15.000 válvulas. 116 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS W . Pa ul S ha ff er /M us eu d a U ni ve rs id ad e da P en si lv ân ia E N IA C Dois pedaços de ENIAC em exibição na Escola Moore de Engenharia e Ciências Aplicadas. A ng el o Le it ho ld /C re at iv e C om m on s Válvula termiônica. Os computadores pessoais (Personal Computer ou PC) surgiram no final da década de 1970 com a Apple e a IBM. Até hoje, essas tecnologias desenvolvidas permanecem em alta. R am a/ C re at iv e C om m on s Computador dos anos 70: Apple II. A informática desenvolveu seus primeiros computadores valvulados e, atualmente, os computadores são microprocessados (o principal componente é o microprocessador)5. M ir ek H ej ni ck i/ Ph ot oX pr es s Placa de computador, chip 5 Também é conhecido como CPU, UCP ou mesmo processador. 117 2. INFORMÁTICA As provas de concursos públicos na área jurídica, atualmente, não têm questionado sobre história ou origem dos computadores, mas esse conhecimento é fundamental para que o candidato tenha uma linha de raciocínio correta em relação aos conceitos apre- sentados em prova, em especial quando no edital constar a expressão “fundamentos da computação” ou “conceitos básicos da informática”. Para entender informática é necessário conhecer alguns conceitos básicos. Vejamos: a) Hardware: é o conjunto de partes físicas que compõe o computador. São os equipa- mentos conectados entre si de modo a funcionar adequadamente. Trata-se da estação de trabalho e seus periféricos e dispositivos conectados, como impressora, monitor, teclado, mouse etc. A seguir, alguns exemplos de hardware: Lu iz F er na nd o B ot te r Computador de mesa, completo, teclado, monitor, caixas de som e CPU A nd ré K ar w at h A ka / C re at iv e C om m on s Impressora jato de tinta M ar co M io li/ C re at iv e C om m on s Scanner de mesa b) Software: é a parte lógica e abstrata que está presente em um computador, mais conhecida como programa de computador6 ou, genericamente, como sistema. Win- dows, Linux, antivírus, Word etc. são exemplos de programas. c) Peopleware: é o conjunto de pessoas que se relaciona com o mundo da tecnologia da informação. Desse simples conceito destacamos os usuários, programadores, técnicos etc. d) Links: são os meios de enlace ou mídias de propagação da informação, ou seja, é o que conhecemos como redes de computadores. 6 A Lei no 9.609/1998 possui a definição de programa de computador em seu art. 1o: “Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados”. 118 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 1.3 Tipos de computadores Existem diversos tipos e nomes de computadores, que são específicos para a execu- ção de determinadas tarefas. Cada computador é destinado a uma funcionalidade espe- cífica e, claro, possui características técnicas diferentes. Apresentamos: a) Servidor: computador especial utilizado em ambiente de rede e que distribui diver- sos serviços, como autenticação de usuários, impressão, armazenamento de arquivos etc. Seu hardware é mais potente e robusto em relação a um computador pessoal. O uso de computador do tipo servidor é comum em ambientes empresariais e institu- cionais. Um servidor possui alta capacidade de processamento e grande capacidade de armazenamento. b) Workstation: computador com boa capacidade de processamento, ideal para execu- tar tarefas específicas. Também conhecido como “estação de trabalho”. Um exemplo é uma estação de produção gráfica. c) Notebook: equipamento de processamento portátil com boa capacidade de processa- mento e armazenamento. Há uma tendência em usar o notebook em substituição ao desktop (computador de mesa). d) Thin Client: computador de uso diário, em especial nas instituições públicas ou em- presas. Sua característica é o uso de memória do tipo flash no lugar do disco rígido. Esse tipo de computador é destinado a aplicações específicas, como terminal de con- sulta ou cadastro de pacientes em um hospital. e) NetTop: consome pouca energia por usar processador mais simples. Sua operação é básica, destinada a acessos à Internet e operação de pacotes Office. É a tendência dos computadores atualmente. f) Computador verde: é um computador ecológico, que consome menos energia em relação a um similar, há menos materiais na sua produção e é reciclável. Por exemplo: um netbook é um computador verde em relação ao notebook. g) Tablet:7 Uma nova tendência de computadores portáteis de uso pessoal. Trata-se de um dispositivo cuja principal interface é o monitor touch screen (sensível ao toque), destinado a conexão com a rede mundial de computadores. As principais empresas fabricantes são: Apple (responsável pelo tão conhecido Ipad), Motorola, Samsung, RIM etc. 2. HARDWARE e SOFTWARE 2.1 Hardware e Software Esses dois pontos a serem tratados estão sempre presentes em concursos públicos. Para melhor entendimento e facilidade de estudo, vamos dividi-los em duas grandes partes: Hardware e Software, a fim de abordar, com a profundidade necessária, os temas requeridos em provas: 7 O Tablet é um computador completo em seu conceito. Possui CPU, Memórias, BIOS e dispositi- vos de entrada e saída, destacando-se o monitor touch screen (sensível ao toque). 119 2. INFORMÁTICA 2.1.1 Hardware O hardware é toda parte física do computador. É tudo que constitui um computador e que seja palpável. Como exemplo, citamos: teclado, mouse, monitor, scanner, impres- sora etc. Está dividido em: a) Placa-mãe; b) CPU ou microprocessador; c) Memórias; d) BIOS; e) Dispositivos de entrada e saída. 2.1.1.1 Placa-mãe É a principal placa de circuitos em que a maior parte dos componentes são conecta- dos para o funcionamento do computador, como o processador, as memórias, placa de som, rede e vídeo etc. 2.1.1.2 CPU, UCP ou Microprocessador CPU é a sigla para a expressão em inglês Central Processor Unit, que significa Unidade Central de Processamento (UCP). É o “cérebro” do computador, pois nela são processa- das todas as informações. É também conhecida como processador ou microprocessador. A CPU utiliza tão somente dois estágios de dados: os números zero e um. Por isso dizemos que um computador trabalha com números binários. Exemplo de combinações de números binários: 01010001010... Os atuais microprocessadores possuem tecnologia de 32 ou 64 bits. A unidade de medida de um microprocessador é o hertz (hz). As principais indústrias de microproces- sadores para computadores pessoais são a Intel, AMD e VIA. M at te o N at al e/ D re am st im e Processador soquete para dual core G le bo w sk i R af al / D re am st im e Micro processador G ro ss o R am on / D re am st im e Processador CPU computador Dentro de um microprocessador atual são encontrados os seguintes dispositivos: core e memória cache. O core também é conhecido como núcleo de processamento. Dentro dele encontra- mos a ULA (Unidade Lógico-Aritmética) – que executa as operações aritméticas e lógicas do computador –, a registradora, a unidade de controle de dados e o decodificador. Os microprocessadores podem conter 1, 2, 3, 4, 6 ou até 8 núcleos. Por exemplo, uma CPU com 2 núcleos é chamada de dual core, outra de 4 núcleos é conhecida como quad core etc. 120 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS A memória cache é o dispositivo que auxilia um microprocessador em suas tarefas e cálculos que, integrada a CPU, agiliza diversas operações, tornando-a mais “rápida” para a execução de diversos outros programas. Em outras palavras, a cache é uma memória auxiliar de alta velocidade para uso do microprocessador que auxilia as tarefas repetidas. Ela está interposta entre o core e a memória de trabalho para aumentar desempenho de processamento. Atualmente, a cache é dividida em 3 níveis:8 L1, L2 e L3. 2.1.1.3 Memórias As memórias são componentes de computador que têm por objetivo guardar infor- mações e dados de forma permanente ou não. Basicamente, em provas de concursos públicos, é exigido do candidato o conhecimento sobre 3 tipos: Memória RAM; Memória ROM; Memória de massa. 2.1.1.3.1 Memória RAM RAM significa, na língua inglesa, Random Access Memory, que em português quer dizer memória de acesso aleatório ou memória de acesso randômico. Trata-se da principal memória de um computador, possuindo como característica a volatilidade, pois o conteúdo nela inserido será perdido se o computador for desligado ou ocorrer perda de energia elétrica. Portanto, os dados nessa memória são manipulados de forma elétrica e de impossível recuperação. A memória RAM também é denominada memória de trabalho, pois todos os progra- mas são executados nela. T im A rb ae v/ Sh ut te rs to ck Três pentes (placas), de memória 2.1.1.3.2 Memória ROM A memória ROM – Read Only Memory – significa memória somente de leitura. Ao contrário da memória RAM, a ROM não é volátil e o seu conteúdo não é perdido quan- do o computador for desligado ou ocorrer perda de energia elétrica. A memória ROM é aquela cujos programas são gravados pelo fabricante de forma permanente, não sendo possível alterá-los ou apagá-los, somente acessá-los. 8 O nível L1 é veloz e tem pequena capacidade. O L2 é mais lento que o L1, mas tem maior capa- cidade. Por derradeiro, o nível L3 é mais lento e de maior capacidade que o L2, indicado para tarefas “pesadas”, em especial para computadores do tipo servidor. 121 2. INFORMÁTICA A rt ur D iv in / D re am st im e Micro CPU processador pequeno chip 2.1.1.3.3 Memória de Massa A principal característica da memória de massa é a sua grande capacidade de armaze- namento em relação à memória de trabalho (RAM). Ela é a memória auxiliar, que retém grande quantidade de informações. Os programas e arquivos de computadores ficam armazenados nessa memória quan- do não são executados. Há 3 tipos de memória de massa: HD ou disco rígido, Flash Memory ou Pen Drive, e SSD ou memória em estado sólido. Atualmente, os discos rígidos possuem, em média, 1 Terabyte de capacidade de arma- zenamento, enquanto os pen drives chegam a 64 Gigabytes. A no pd es ig ns to ck / Sh ut te rs to ck HD de computador aberto In gv ar B jo rk / Sh ut te rs to ck Unidade de armazenamento USB, pen drive 2.1.1.3.4 BIOS De uma forma simples e objetiva, devemos compreender e conceituar BIOS como o sistema básico de controle de entradas e saídas de um computador. A sigla BIOS vem do inglês BASIC INPUT/OUTPUT SYSTEM e serve para informar ao computador como se comportar com os dispositivos e componentes internos de uma placa-mãe ou outros periféricos instalados. É no chip de BIOS que se encontram 2 subsistemas: SETUP e POST: Setup: é o programa de configuração dos componentes instalados no computador. Algu- mas configurações possíveis no Setup são: a data e hora do computador, a se quência de ini- cialização do sistema operacional (boot), a gravação de senha de acesso ao equipamento etc. Janela característica do Setup acessado pela tecla DEL 122 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS POST: é uma espécie de autoteste de inicialização do computador. Aqui se verifica o funcionamento elétrico dos principais componentes do computador. O POST é o conjun- to de informações que ocorrem antes do início do sistema operacional: Janela característica do POST que ocorre antes do BOOT 2.1.1.3.5 Dispositivos de Entrada e Saída Genericamente, podemos dizer que os dispositivos de E/S9 são os periféricos do com- putador, ou seja, seus acessórios. Exemplos de dispositivos de entrada: microfone, teclado, mouse, scanner, webcam, joystick etc. Lu iz F er na nd o B ot te r Escaner de mesa10 Exemplos de dispositivos de saída: monitor (comum), caixas de som, impressora etc. Lu iz F er na nd o B ot te r Monitor de LCD para computador D av id e G ug lie lm o/ SX C Impressora a jato de tinta, Inkjet Exemplos de dispositivos de uso misto ou híbridos: multifuncional, monitor touch screen etc. 9 Os dispositivos de entrada e saída estão associados à expressão E/S ou I/O (Input/Output). 10 O scanner precisa de um programa para reconhecer os textos digitalizados. O reconhecimento dos caracteres é provido pelo programa OCR: reconhecedor óptico de caracteres. 123 2. INFORMÁTICA Ea rl 53 /M or gu efi le Multifuncional 2.1.1.4 Pontos importantes em hardware Existem pontos solicitados aos candidatos sobre temas associados aos computadores sobre hardware. São eles: USB: é uma interface de comunicação entre os periféricos e a placa principal do com- putador. A interface USB (Universal Serial Bus) define características técnicas elétricas e lógicas, de modo a interagir automaticamente com os periféricos, instalando-os quan- do estiver disponível a tecnologia PLUG IN PLAY. M ic ha ł A da m cz yk / Ph ot oX pr es s Leitor de cartões e hub USB SLOTS: são conectores (barramentos) encontrados na placa-mãe do computador para as demais placas de expansão. Podem ser ISA, PCI e AGP. O slot AGP é exclusivo para placas de vídeo, enquanto o slot PCI pode ser conectado com qualquer tipo de placa de expansão, inclusive placas de vídeo. Atualmente, a versão mais rápida do slot PCI é co- nhecida como PCI Express. O slot ISA possui tecnologia ultrapassada. A lb o/ D re am st im e Placa mãe (motherboard) CPU e GABINETE: algumas pessoas mencionam a palavra CPU equivocadamente como sinônimo de gabinete, porém, gabinete é apenas a caixa maior onde estão os 124 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS componentes do computador – placas, peças, circuitos, partes etc. –, enquanto CPU é conjunto do gabinete com o microprocessador, responsável pelo processamento das principais informações do computador. Portanto, são coisas diferentes. M ad le n/ Sh ut te rs to ck Gabinetes (CPU) de computador O rl an do F lo ri n R os u/ D re am st im e Processador de computador 2.1.2 Software Software é o conjunto de instruções em linguagem natural ou codificada, destinado a executar determinadas tarefas. De maneira geral, softwares são os programas de com- putador. É a criação do homem, de seu pensamento, colocado em forma de códigos e processados pelo computador para executar determinadas tarefas. O software trata do desenvolvimento lógico de algumas rotinas escritas. São três os principais pontos: a) Sistema operacional; b) Pacote Office; c) Programas de base. 2.1.2.1 Sistema Operacional O sistema operacional11 é o programa mais importante de um computador. É por meio dele que os programas funcionam e executam tarefas programadas. De maneira conceitual, o sistema operacional é um conjunto de aplicativos e utilitários que se destina ao interfaceamento entre todos os programas e ao funcionamento do hardware. É por meio das telas gráficas (interface) que o usuário interage com o computador. O sistema operacional também é responsável pelo controle e gerenciamento dos recur- sos da máquina, ou seja, do computador. Dessa forma, entendemos que o sistema operacio- nal é responsável pelo gerenciamento de memória, CPU e dispositivos de entrada e saída. 2.1.2.2 Pacote Office O pacote Office também é conhecido como programas ou ferramentas de escritório – SOHO (SMALL OFFICE/HOME OFFICE) – ou como programas de produtividade. Os programas mais utilizados são os editores de texto e as planilhas de cálculo. São três os principais pacotes de programas em uso atualmente: 11 A expressão Sistema Operacional pode ser representada pela sigla SO ou OS, do inglês OPERATING SYSTEM. 125 2. INFORMÁTICA a) Microsoft Office (MS Office); b) BR Office (versão em português) ou Open Office (versão em língua inglesa); c) Google Docs. Normalmente, o MS Office é executado sobre o sistema operacional Windows, en- quanto o BR Office pode ser executado em diversos sistemas operacionais e computado- res, como no Windows, Linux ou ainda nos sistemas operacionais da Apple. 2.1.2.3 Programas de base Os programas de base servem para implementar uma funcionalidade a um equipa- mento (dispositivo ou periférico) ou para melhorar o desempenho de outros programas de computador. A lista de programas de base é extensa. Os mais recorrentes em prova são: Driver: programa de computador que se destina à correta configuração de um equi- pamento e que geralmente é fornecido pelo seu fabricante. Um exemplo de driver é o CD de configuração de um scanner. Plug In: programa que se destina a ampliar as funcionalidades de outro programa de computador. O Plug In está relacionado diretamente às facilidades de comunicação da Internet. Como exemplo, temos o Plug In do Acrobat Reader para que arquivos de exten- são PDF sejam lidos diretamente no navegador de Internet. 3. WindoWs 3.1 Sistema Operacional Windows Até o fechamento desta edição, a versão atual do sistema operacional Windows para estação de trabalho é a Sete (7), porém, ainda há suporte para as versões anteriores do Windows. Sistemas operacionais de uso comum Sistemas operacionais corporativos Windows 95 Windows NT Windows 98 Windows ME Windows 2000 Windows XP Home Edition Windows XP Professional Por meio do Windows os demais programas de computador funcionam adequada- mente, além de este sistema operacional controlar todo o hardware. As principais características do Windows 7 são: 1. Interfaces gráficas do tipo amigável que facilitam a vida dos usuários com o uso in- tuitivo do mouse, ícones, janelas e teclas de atalho. O nome da interface gráfica do Windows 7 é Aero; 2. Multitarefa, que é característica de executar diversos programas simultaneamente. O sistema operacional Windows Seven (7) segue sua tendência de evolução e acom- panhamento das características de hardware. Independentemente disso, o Windows 7 possui 2 características técnicas, ou seja, existem Windows com processamento de 32 e 64 bits. Cada tecnologia deve estar associada ao tipo próprio de CPU. 126 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 3.1.1 O ambiente gráfico do Windows Seven (7) Não há dúvida de que o sucesso do Windows deve-se principalmente pela forma ami- gável de uso. Não há necessidade de conhecer os comandos, bastam os principais aplica- tivos e clicar sobre seus ícones para que tudo funcione (pelo menos isso é o esperado!). Lixeira: pasta especial da estrutura de diretório do Windows. É o local onde os ar- quivos e pastas de dados são armazenados quando são deletados. Pela Lixeira é possível restaurar os arquivos para o local de origem. Atalho: é um ponteiro (ícone) criado pelo usuário com a finalidade de agilizar o aces- so para determinado arquivo, pasta ou programa dentro do Windows. Ao apagarmos o atalho, o arquivo principal não será apagado. O ícone de atalho apresenta em seu canto inferior esquerdo uma seta. Botão Iniciar: é o ponto de partida para acessar os aplicativos, utilitários e configu- rações do Windows. Também é conhecido como Menu Iniciar. Barra ou Área de Inicialização Rápida: local onde estão os atalhos das principais aplicações do sistema operacional. Basta clicar sobre um ícone de programa e arrastá-lo para adicioná-lo. Barra de Tarefas: local gráfico do Windows onde são apresentados o botão Iniciar, os programas abertos em execução e a área de notificação. Essa barra é uma espécie de gerenciador de janelas, servindo para inicializar e monitorar aplicações no Windows. A barra de tarefas pode ser movimentada nos 4 cantos do monitor, bastando clicar, arrastar e soltar. Botões de programas ativos: os programas (aplicativos), quando em execução, apre- sentam uma representação gráfica na barra de tarefas com ícone característico e nome da aplicação. Área de Notificação: é parte integrante da barra de tarefas que apresenta o relógio do sistema, os ícones de volume do som, de rede e de outros que identificam programas que executam em segundo plano ou trazem mensagens sobre o estado do sistema ope- racional. Área de Trabalho ou Desktop: podemos dizer que é a identificação visual do Windo- ws, ou seja, é o local onde há a interação com o usuário. A área gráfica (interface gráfica) do Windows 7 é chamada de Aero. Alguns recursos exclusivos desse ambiente gráfico: shake, peek e snap. Gadget: é um programa ou recurso de software que irá proporcionar algum tipo de informação a um usuário. 3.1.2 Alguns importantes utilitários do Windows Seven (7) É muito importante ao concursando o conhecimento dos principais aplicativos e uti- litários que vêm junto com o sistema operacional e que são instalados por padrão (de‑ fault). Em destaque: a limpeza de disco e o desfragmentador. Os aplicativos e utilitários do Windows, em regra, são acessados pela seguinte sequên cia de cliques do botão esquerdo do mouse: 127 2. INFORMÁTICA BOTÃO INICIAR TODOS OS PROGRAMAS ACESSÓRIOS FERRAMENTAS DO SISTEMA Limpeza de Disco: é o aplicativo que tem por objetivo principal eliminar os arquivos desnecessários ou temporários que ficam armazenados no disco rígido do microcompu- tador sem que isso afete o funcionamento do sistema operacional, liberando espaço para armazenamento de dados na memória de massa (disco rígido). O utilitário denominado Limpeza de Disco do Windows, em regra, é acessado pela seguinte sequência de cliques do botão esquerdo do mouse: BOTÃO INICIAR TODOS OS PROGRAMAS ACESSÓRIOS FERRAMENTAS DO SISTEMA LIMPEZA DE DISCO M ic ro so ft Limpeza de disco A figura apresentada acima é a janela em execução do utilitário Limpeza de Disco. Pode- mos excluir determinados arquivos com segurança, como arquivos de programas baixados da Internet, arquivos de Internet temporários, páginas da Web Offline, arquivos da lixeira etc. Desfragmentador: é o aplicativo que tem por objetivo a consolidação das partes de arquivos e programas gravados, permitindo, assim, que o acesso e a gravação de novos arquivos no disco rígido sejam feitos de maneira mais rápida, ou seja, organiza e junta os “pedacinhos” dos arquivos e programas no disco rígido. O utilitário Desfragmentador, em regra, é acessado pela seguinte sequência de cliques do botão esquerdo do mouse: BOTÃO INICIAR TODOS OS PROGRAMAS ACESSÓRIOS FERRAMENTAS DO SISTEMA DESFRAGMENTADOR A seguir, apresentamos a janela do desfragmentador do Windows: 128 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS M ic ro so ft Desfragmentador de disco 3.1.3 Teclas de Atalho As teclas de atalho da área de trabalho (desktop) são um conjunto de combinações do teclado que permitem a execução mais rápida de determinadas ações no sistema operacional Windows. Conhecer as principais teclas de atalho desse sistema operacional em seu desktop pode ajudar o candidato a pontuar nas provas de concurso. Por isso, estude e memorize as principais: Tecla de atalho Comando CTRL + A Selecionar tudo CTRL + ESC Exibir o botão ou Menu Iniciar CTRL ao arrastar um item Copiar um item selecionado CTRL + SHIFT ao arrastar um item Criar um atalho para um item CTRL + ALT + F1 Ver informações do sistema ALT + ENTER Exibir as propriedades do item selecionado ALT + F4 Fechar o item ativo ou sair do programa ativo ALT + TAB Alternar entre janelas abertas ALT + ESC Percorrer itens na ordem em que foram abertos SHIFT + F10 Equivale ao botão direito do mouse SHIFT ao inserir um CD Evitar que o CD seja executado automaticamente SHIFT + DEL Excluir sem colocar na Lixeira PRINT SCREEN Captura tela, para colar em um programa ALT + PRINT SCREEN Captura somente janela ativa WINKEY (tecla com logo do Windows) Exibe ou oculta o menu Iniciar 3.1.4 Novos recursos do Windows 7 O novo sistema operacional da Microsoft Windows Seven (7) apresenta novidades. Algumas são apenas estéticas, outras são destinadas às suas funcionalidades internas ou são muito especiais para os usuários. Duas dessas novidades são: bitlocker e ready boost. 129 2. INFORMÁTICA Atenção: Esses recursos estão presentes apenas no Windows Vista e no Windows 7. Bitlocker: é o recurso do Windows que permite que o sistema operacional cripto- grafe arquivos e pastas do sistema de diretório, com o objetivo de proteger os dados contra acessos não autorizados. No Windows 7, esse recurso está disponível somente nas versões mais avançadas (Ultimate). Para sua utilização, é necessário que o com- putador tenha TPM.12 Bitlocker permite dar segurança aos arquivos no computador. Ready Boost: é o recurso que acelera o funcionamento do sistema operacional. Esse recurso é ativado com uma memória auxiliar (normalmente uma memória flash do tipo SD ou Pen Drive) quando inserida em um barramento no computador. Essa memória funciona como um cache de aceleração do sistema operacional. 3.1.5 Dicas importantes sobre o Windows Existem ainda dois aplicativos importantíssimos quando estudamos o Windows para concursos públicos: o Windows Explorer e o Internet Explorer: 3.1.5.1 Windows Explorer É um programa do Sistema Operacional Windows (ferramenta de software) que ge- rencia e organiza os recursos do computador de forma lógica, servindo para estruturar diretórios, pastas, documentos, arquivos etc. 3.1.5.2 Internet Explorer É um programa de computador que acompanha o Sistema Operacional Windows e que serve para navegar na Internet, ou seja, trata-se de um browser (navegador de In‑ ternet). É por meio do Internet Explorer que se exploram recursos e programas em uma Internet (rede mundial) ou uma Intranet (rede local de uma instituição). É conveniente lembrar que os navegadores de internet, em geral, possuem teclas de função ou de atalho, padronizando seus recursos. As principais são: Tecla de atalho Comando F1 abre a janela “Ajuda” F5 atualiza a página do navegador de internet F11 oculta a barra de endereço (URL), mantendo somente a área de navegação do web browser CTRL + F localiza um conjunto de caracteres na janela aberta CTRL+P imprime a tela de navegação atual 4. MS OFFICE e BR OFFICE 4.1 Conceitos de MS Office e BR Office ou Libre Office Microsoft Office (MS Office) e BR Office ou Libre Office (versão em língua portuguesa do Open Office) são pacotes de aplicativos que contemplam, em regra, o editor de texto, 12 TPM (Trusted Platform Module) significa plataforma de módulo confiável. 130 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS a planilha de cálculo, a apresentação de slides e o banco de dados. Para a utilização do MS Office há a necessidade do pagamento da licença de uso, enquanto o uso do BR Offi- ce ou Libre Office13 é livre e gratuito. A exigência de conteúdo dos aplicativos Office em provas de concursos públicos tem abrangido, em sua grande maioria, tão somente os pacotes acima mencionados. Outras versões, como o Google Docs, não tem sido alvo das provas. Normalmente, o MS Office é executado sobre o sistema operacional Windows, en- quanto o Br Office (Libre Office) pode ser executado no Windows, no Linux, ou, ainda, no Mac OS X, sistema operacional da Apple. O nome, destinação de cada aplicativo e as suas principais extensões de arquivos são apresentados na tabela a seguir. Em razão da recorrência desse assunto em provas, sugerimos a sua memorização. NOME A QUE SE DESTINA EXTENSÕES DE SEUS ARQUIVOS Word Editor de textos e páginas de internet .doc .docx .rtf .txt .html Excel Editor de planilhas e cálculos .xls .xlsx Access Gerenciador de banco de dados e relatórios .mdb .accdb Power Point Gerador de apresentações gráficas .ppt .pptx .pps NOME A QUE SE DESTINA EXTENSÕES DE SEUS ARQUIVOS Writer Editor de textos e páginas de internet .doc Calc Editor de planilhas e cálculos .ods Base Gerenciador de banco de dados e relatórios .odb Impress Gerador de apresentações gráficas .ppt .pptx .pps Atualmente, os dois principais aplicativos no padrão Office (MS Office e Br Office/Li- bre Office) possuem compatibilidade no uso dos arquivos criados, ou seja, independen- temente do aplicativo utilizado, podemos abrir arquivos criados em versões diferentes. Isso significa que, por exemplo, se estiver usando o Br Office/Libre Office e criar um documento em Writer, esse arquivo criado poderá ser encaminhado por e‑mail e o com- putador de destino, possuindo o MS Word, poderá abrir e editar normalmente o arquivo criado pelo Writer. Ambos os aplicativos também podem exportar os arquivos no formato PDF, porém eles não têm a capacidade de abrir arquivos com essa extensão. Para abrir arquivos com a extensão PDF, devemos usar o Acrobat Reader PDF ou Foxit Reader. 13 Segundo o site <www.broffice.org>, acessado em 22-4-2011, “a comunidade brasileira de software livre tem o orgulho de anunciar que o produto Br Office passará a se chamar Libre Offi‑ ce, que conta com uma comunidade internacional da qual, nós, voluntários brasileiros, somos ativos participantes e colaboradores. O pacote de escritório Br Office ainda permanecerá com este nome na versão 3.3.x, tendo o nome substituído definitivamente a partir das versões 3.4.x”. 131 2. INFORMÁTICA 4.2 Interface gráfica dos editores MS Office e BR Office/Livre Office Nosso objetivo, nesta obra, é apresentar os principais pontos de informática para concursos públicos, não almejando transformar este conteúdo em um curso técnico de informática. Também não temos a pretensão de ensinar as operações do MS Office ou do Br Office/Libre Office. Independentemente disso, apresentaremos as interfaces gráficas desses pacotes de aplicativos. Ambos os pacotes possuem a tecnologia denominada WYSIWYG14 (What You See Is What You Get). Trata-se da visualização do trabalho final diretamente no monitor, na forma que será impresso. A tradução para WYSIWYG é “O que você vê é o que você terá ao final”. 4.2.1 Ambiente gráfico no MS Office 2010 O ambiente gráfico do MS Office é chamado de Fluent User Interface (antes denomi- nado Ribbon) e permite que textos e exposições simples e sem formatação recebam aca- bamento e visual profissional. Essa nova visualização gráfica trazida desde o MS Office 2007 é muito diferente da tradicional do MS Office 2003. A principal funcionalidade da interface Fluent é tornar o trabalho do usuário simples, completo e fácil, qualquer que seja sua atividade no MS Office 2010. A seguir, apresenta- mos a intuitiva interface gráfica do usuário do MS Word, o FLUENT UI15: M ic ro so ft Barra de opções do Microsoft Word Repare na similaridade da interface FLUENT UI na planilha de cálculos Excel do MS Office 2010: M ic ro so ft Barra de opções do Microsoft Excel A interface gráfica do MS Access também acompanha o design das anteriores: M ic ro so ft Barra de opções do Microsoft Access 14 Esta sigla é recorrente em provas, sugerimos sua memorização. 15 FLUENT UI é a expressão para Fluent User Interface. Tradução livre: Interface do Usuário Fluente. 132 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS O mesmo ocorre com a interface do aplicativo de criação de slides da Microsoft Power Point: M ic ro so ft Barra de opções do Microsoft Power Point 4.2.2 Ambiente gráfico no Br Office/Libre Office Bem mais simples em relação ao ambiente gráfico do pacote de aplicativos da Micro- soft, o Br Office ou Libre Office possui uma interface gráfica de manipulação de seus apli- cativos também intuitiva, o que se aproxima ao desenho gráfico do MS Office 2003/XP. Apresentaremos a seguir a interface gráfica do Writer (não há um nome definido para essa interface gráfica). Há similaridade com o antigo MS Office e os botões e ícones nos levam a entender cada uma das funcionalidades disponibilizadas: B rO ffi ce Barra de opções do BrOffice Writer O mesmo padrão de interface é utilizado pelo Calc, ou seja, simples e fácil de mani- pular. B rO ffi ce Barra de opções do BrOffice Calc Assim também ocorre com a interface do Impress: B rO ffi ce Barra de opções do BrOffice Impress Vamos observar também a interface do Base, que facilita a criação de bancos de da- dos simples: 133 2. INFORMÁTICA B rO ffi ce Barra de opções do BrOffice Base Devemos lembrar que este pacote de aplicativos (Br Office/ Libre Office) é mantido e revitalizado (atualizado) por diversos colaboradores ao redor do mundo, por isso, é um pacote de uso livre e não há a necessidade do pagamento da licença de uso. 4.3 Teclas de atalho dos editores de texto dos pacotes Office É comum observar em algumas provas a exigência das teclas de atalho para aplica- tivos do MS Office e para os do Br Office ou Libre Office. A seguir, elencamos alguns conjuntos de teclas que agilizam as operações nesses pacotes. É importante a memorização desse tópico, pois questões com esse assunto estão constantemente presentes nas provas de concursos públicos. Aproveitamos e colocamos as mais inusitadas teclas de atalho dos editores de texto MS Word e Writer, pois são as teclas de atalho mais presentes em provas de concursos. MS WORD TECLAS DE ATALHO OPERAçãO CTRL + SHIFT + F Altera o tipo de letra CTRL + SHIFT + > Aumenta o tamanho da letra CTRL + SHIFT + < Diminui o tamanho da letra SHIFT + F3 Altera letras para maiúsculas ou minúsculas CTRL + N Formata em Negrito CTRL + S Aplica o sublinhado CTRL + I Aplica formatação em itálico CRTL + X Recorta o texto selecionado CTRL + C Copia o texto selecionado CTRL + V Cola o texto copiado ou recortado no local onde está o cursor CRTL + Z Retorna uma ação WRITER TECLAS DE ATALHO OPERAçãO CTRL + DELETE Exclui até o fim da palavra CTRL + SHIFT + B Subscrito CTRL + SHIFT + F Repetir Pesquisa CTRL + SHIFT + J Ativar /Desativar Tela Inteira CTRL + SHIFT + N Novo Modelo em uso CTRL + SHIFT + O Escolha o campo de entrada da URL CTRL + SHIFT + P Sobrescrito 134 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 4.4 Dicas importantes para o MS Excel e para Br Office Calc ou Libre Office O Excel e o Calc obedecem às regras matemáticas, ou seja, há uma sequência na reso- lução de suas fórmulas e funções. Os principais operadores matemáticos na preferência de execução de operação são: REPRESENTAçãO NOME DA OPERAçãO % (porcentagem) Cálculos percentuais ^ (acento circunflexo) Exponenciação ou potenciação * (asterisco) Mutiplicação / (barra) Divisão + (mais) Adição - (menos) Subtração As planilhas deixarão de respeitar a sequência das fórmulas matemáticas e funções quando se deparar com o sinal de parênteses ( ), o qual dará precedência sobre os ope- radores matemáticos (do mesmo jeito que aprendemos na escola). Outro ponto importante que deve ser lembrado: toda a fórmula ou função nas pla- nilhas devem (ou deveriam) começar com o sinal de igual (=). Observe o comportamento de resolução de uma fórmula em uma célula de planilha de cálculo nos exemplos a seguir. Devemos notar que os valores finais são diferentes nos exemplos apresentados: Exemplo 1: A1 = 3 + 4 * 2 O valor apresentado na célula A1 = 11, pois primeiro se resolveu a multiplicação e depois a soma. Exemplo 2: A1 = (3 + 4) * 2 O valor apresentado na célula A1 = 14, pois primeiro se resolveu a adição dos parênteses e depois a multiplicação. É possível, ainda, criar operações matemáticas em células referindo-se a outras célu- las, como apresentamos no exemplo a seguir. Exemplo 3: Supondo que A1 = (3+4) * 2 e que A2 = 5 A3 = A1 + A2 O valor apresentado na célula A3 = 19, pois primeiro se resolveu a adição dos parênteses e depois a multiplicação. Com o resultado da célula A1 somou‑se ao valor da célula A2, resultando no valor da célula A3. 135 2. INFORMÁTICA 4.5 Algumas funções do Excel e do Calc As funções nas planilhas possuem duas partes distintas: nome e argumento. Enten- dendo esse dispositivo, as operações tornam-se mais fáceis. Vejamos a função SOMA: = SOMA (A1:A5) SOMA é o nome da função. A1:A5 é o argumento. Apresentaremos, abaixo, algumas das funções mais exigidas em provas de concursos públicos. FUNçãO ESTRUTURA OPERAçãO SOMA = SOMA (A1:A5) Soma os valores das células compreendidas entre A1 até A5 MÉDIA = MÉDIA (A1:A5) Encontra a média aritmética simples dos números compreendidos entre as células A1 até A5 MÍNIMO = MÍNIMO (A1:A5) Encontra o menor valor compreendido entre as células A1 até A5 MÁXIMO = MÁXIMO (A1:A5) Encontra o maior valor compreendido entre as células A1 até A5 5. INTERNET e INTRANET 5.1 Conceitos de Internet e Intranet Antes de iniciarmos nosso estudo sobre Internet16 e Intranet, é necessário conhecer- mos alguns conceitos básicos sobre rede de computadores e as principais expressões e nomes utilizados. Isso é muito importante, pois as questões de rede e de Internet sim- plesmente “invadem” os atuais concursos públicos. De maneira genérica, redes de computadores17 pode ser entendida como dois ou mais equipamentos de tecnologia da informação interconectados por meio de uma conexão lógica, de modo que haja o compartilhamento de periféricos ou programas. Yu ri y Pa ny uk ov / Ph ot oX pr es s Rede de computadores, intranet Podemos classificar as redes de acordo com as mídias utilizadas: a) Com fio ou wired; 16 Internet é a rede mundial de computadores, surgindo da união de redes menores e de computa- dores individuais. 17 A primeira rede de computadores surgiu nos EUA, em 1969, e seu nome era Arpanet. O principal protocolo da Arpanet era o NCP. 136 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS b) Sem fio ou wireless.18 O dispositivo básico que se usa para conectar um computador ao outro é conhecido como placa de rede,19 que também recebe a sigla NIC (Network Interface Card). Alguns computadores ainda usam o modem tradicional para comunicação, contudo, a taxa de transmissão desse dispositivo não ultrapassa a 56 Kbps,20 sendo muito inferior às atuais taxas das placas de rede de 100 Mbps.21 As redes de computador podem ser estudadas por diversos aspectos. Um desses as- pectos é o seu tamanho ou dimensão. Dessa forma, as redes de computador podem ser: a) LAN (Local Area Network): é a rede local de computadores, adstrita em uma edifica- ção ou em um prédio, destinada, principalmente, às conexões de computadores de um departamento, seção ou instituição, compartilhando impressoras, arquivos etc. b) WAN (Wide Area Network): é a rede geograficamente distribuída, que conecta conti- nentes, países, estados e municípios diferentes. Com a união de LANs e WANs em diversos pontos do nosso planeta surge a rede mundial de computadores: a Internet, que utiliza o protocolo TCP/IP como principal meio para transmitir mensagens. 5.2 Características da Internet e da Intranet A Internet é o conjunto de redes interconectadas usando uma pilha de protocolos de comunicação denominada TCP/IP para transporte de suas mensagens. Essa combinação de protocolos, chamada de pilha, permite que se tenha acesso às informações por meio de hyperlinks com o protocolo HTTP22 ou HTTPS, ou que façamos download de arquivos, neste último caso usando o protocolo FTP. Tecnicamente explicando, Internet não é WWW23 (Word Wide Web), pois esta provê acesso multimídia aos usuários, enquanto a Internet é algo de maior abrangência. A WWW faz parte da Internet. Podemos utilizar os mesmos conceitos para Internet e Intranet. Internet é a rede mun- dial de computadores e a Intranet é a rede particular de uma instituição com os mesmos protocolos e serviços da rede mundial. Há um ponto importantíssimo nessas duas redes: sua separação lógica é chamada de Firewall de rede.24 Firewall de rede é o sistema que faz a defesa perimetral da Intranet, protegendo-a contra invasões da rede mundial ou de hackers. 18 A rede Wireless usa frequência de rádio para encaminhar seus pacotes na faixa de 2,4 Ghz. 19 Existem placas de rede com fio e sem fio. 20 Kbps = quilobits por segundo. 21 Mbps = megabits por segundo. 22 HTTP é o protocolo de navegação em páginas gráficas de Internet sem criptografia. O HTTPS é o mesmo protocolo, porém possui criptografia na navegação. 23 WWW se refere às páginas gráficas da rede mundial de computadores. 24 Firewall de rede é o sistema que faz a defesa perimetral da Intranet, protegendo-a de invasões da rede mundial ou de hackers. 137 2. INFORMÁTICA 5.3 Alguns conceitos importantes da Internet O acesso à Internet se dá por meio de um navegador de internet, digitando-se um endereço ou domínio válido. Navegador de Internet também é denominado Web Browser, enquanto endereço válido é conhecido como URL. Atenção: Toda URL é composta de protocolo específico e de um domínio registrado. Apresentaremos alguns nomes de navegadores de Internet. É importante a sua me- morização: IE Internet Explorer, da Microsoft; MFF Mozilla Firefox, da Mozilla; Safári, da Apple; Chrome, da Google; Netscape, Opera etc. Todo o cuidado em provas de concurso é pouco. Por esta razão, apresentaremos al- guns conceitos exigidos: VOIP:25 é a comunicação de voz usando os meios de internet. Trata-se da transmissão da voz sobre o protocolo IP. O principal programa de uso do VOIP atualmente é o SKYPE. E-MAIL: é a sigla para Eletronic Mail, ou correio eletrônico, que serve para troca de informações entre os usuários de computadores. A escrita padronizada de um correio eletrônico é: nome@domínio de internet. URL: é a sigla para Universal Resource Locator, que significa localizador universal de recursos. Trata-se do endereço válido de internet, seu padrão é: http://www.domínio de internet. Citamos como exemplo de URL válida: www.informaticadeconcursos.blogspot. com. PROTOCOLO: é a forma pela qual um computador se comunica com outro por meio de uma rede de computadores. Existem diversos protocolos de rede, cada um servindo para determinada tarefa. Por exemplo: POP para receber e‑mails, SMTP para enviar e‑ mails etc. O protocolo pode ser considerado uma espécie de linguagem de troca de infor‑ mações entre equipamentos em rede. FIREWALL:26 Trata-se de um sistema – hardware e software –, que tem por objetivo principal proteger uma rede de computadores contra acesso indesejável, ou seja, contra ataques de hackers. O firewall de rede protege o perímetro de uma LAN contra invasões da internet. 5.4 Correio Eletrônico e Web Mail Um dos recursos mais utilizado na rede mundial de computadores e em redes fecha- das de uma instituição é o recurso de correio eletrônico. Há duas formas básicas para acesso aos e‑mails. Ou utilizamos um gerenciador de correio eletrônico, como o Outlook ou Thunderbird, que é instalado no computador; ou 25 A sigla VOIP refere-se a Voice Over IP. 26 O Firewall é conhecido como Muro de Fogo e protege a rede interna de uma instituição pública ou privada. 138 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS acessamos algum serviço de correio eletrônico, por meio da Internet ou Intranet, de um provedor de mensagens que chamamos de Web Mail. 5.4.1 Gerenciador de correio eletrônico O gerenciador de correio eletrônico também é denominado cliente de e‑mail. Trata-se de um aplicativo instalado no computador de acordo com o sistema operacional. Esse aplicativo permite a criação, manipulação e recebimento de mensagens eletrônicas. Existem diversos gerenciadores disponíveis de correio eletrônico, contudo, os mais frequentes em provas de concurso (e em uso nos computadores) são o Outlook Express (versão Windows XP), Windows Live Mail (versão Windows 7), Thunderbird (multi- plataforma) e o Apple Mail (versão Mac OS). As questões sobre e‑mail pautam-se, geralmente, na utilização dos protocolos POP e SMTP, além das operações com os campos CC e CCO. Já vimos que o protocolo é uma espécie de linguagem que os computadores usam para trocar informações. No gerenciador de correio eletrônico, ao enviar uma mensagem para o destinatário, ele utiliza o protocolo SMTP. Quando o cliente de e‑mail recebe uma mensagem do servidor, ele utiliza o protocolo POP. Atenção: Protocolo SMTP é o responsável pelo envio de e‑mails para os destinatários; en‑ quanto o POP é o responsável pelo recebimento das mensagens eletrônicas dos destinatários. Quando desejamos encaminhar cópia das mensagens a outros destinatários de modo visível a todos, usamos o campo marcado CC (com cópia), porém, se quisermos enviar uma cópia de mensagens para destinatários ocultos, usamos CCO (com cópia oculta). 5.4.2 Web Mail É o serviço de manipulação de mensagens eletrônicas diferente do modelo de cliente de e‑mail. Para o acesso ao Web Mail não é necessário instalar qualquer programa, basta acessar um endereço válido de um provedor de e‑mail. Ao acessarmos um endereço de um provedor de correio eletrônico, digitamos nossa autenticação em uma área de login/logon por meio de nome e senha. No Web Mail, aces- samos os protocolos agregados, ou seja, no navegador de Internet utilizamos o HTTP ou HTTPS, e, no momento da manipulação de envio ou recebimento de mensagens, usamos o protocolo IMAP.27 Existem diversos provedores de Web Mail. Quando acessamos um provedor de men- sagens eletrônicas por uma URL válida, a janela de diálogo que aparece no seu browser é semelhante à apresentada a seguir: 27 IMAP é a sigla para Internet Message Access Protocol ou protocolo de acesso de mensagens da Internet. 139 2. INFORMÁTICA Lu iz F er na nd o B ot te r Quadro de acesso ao webmail Tanto no cliente de e‑mail, quanto no Web Mail, ao anexar um arquivo é necessário clicar em um ícone no formato de um clipe. Quando recebemos um arquivo, a visualiza- ção de um clipe indicará que há um arquivo anexado na mensagem de correio. Atenção: Todo arquivo de e‑mail recebido com anexo, quando RESPONDIDO, esse arquivo anexado não é encaminhadado na resposta. Diferentemente de quando ENCAMI‑ NHAMOS, pois nesse caso o arquivo anexado é encaminhado ao destinatário. D av id e G ug lie lm o/ SX C Clipe 6. BACKUP 6.1 Procedimentos de backup Talvez um dos maiores equívocos de um candidato na resolução de uma questão de informática é dizer que o backup é, tão somente, uma cópia de segurança, pois seu conceito vai além disto. O procedimento de backup deve ser entendido como o processo de salvaguarda em Tecnologia da Informação, tanto no aspecto físico – equipamentos –, quanto no aspecto lógico – software ou proteção dos arquivos. Quando pensamos em implementar o backup em uma instituição devemos ter equi- pamentos reservas, links de acesso alternativos e fazer as devidas cópias de segurança em arquivos específicos. O processo de recuperação de dados ou reestabelecimento de equipamentos destruí- dos chama-se Recovery. O processo de cópias de programas de computadores chama-se backup simples, sen- do o aspecto mais cobrado em concursos públicos. Nos procedimentos de backup simples há três estratégias que podem ser empregadas, dependendo do tamanho da instituição ou da quantidade de dados a serem armazenados: TOTAL ou INTEGRAL: consiste na técnica de se copiar todos os programas de com- putador para um determinado destino ou mídia. 140 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS INCREMENTAL: consiste na técnica de se copiar somente os programas que sofreram algum tipo de alteração em relação ao último backup. DIFERENCIAL: consiste na técnica de se copiar sempre as versões alteradas de um programa ou arquivo, em relação ao arquivo origem ou último. É importante ressaltar que os procedimentos incremental e diferencial têm sua me- lhor eficácia quando for executado após o procedimento total/integral. 6.2 Mídias de backup Ao executar as cópias de segurança de arquivos por meio do backup simples temos que ter em mente quais serão as mídias adequadas para gravação, armazenamento e restauração das informações, quando preciso. Por isso, apresentamos as principais mídias de backup: CD-R/RW: é o compact disc, que tem a capacidade de armazenamento padrão de 700 Mbytes. DVD-R/RW: é o disco óptico com recursos superior ao CD. A capacidade de armaze- namento pode variar entre 4,7 e 9,4 Gbytes. Fita DAT: trata-se de uma fita digital especialmente para backup que se parece muito com uma fita cassete antiga. A capacidade de armazenamento não supera a 40 Gbytes de forma compactada. Ya ol ei le i/ C re at iv e C om m on s Fita Dat Fita LTO: é um novo padrão de fita para gravação de dados. O acesso e a gravação ocorrem de forma mais rápida e a capacidade de armazenamento pode ser superior a 400 Gbytes. A fita LTO se parece com um cartucho robusto. Pen drive e HD externo: não devemos considerar essas mídias como ideais para backup, pois elas não permanecem guardadas após o procedimento de backup. Normal- mente, são manipuladas com frequência, tornando-as inseguras, o que é inviável para esse procedimento. Os HDs externos possuem capacidade superior a 4 Terabytes. C ha nM uk /S X C HD externo USB 141 2. INFORMÁTICA 6.3 Backup do Windows Seven (7) O sistema operacional Windows Seven (7) possui um simples aplicativo de backup e restauração, que é acessado pelo PAINEL DE CONTROLE: M ic ro so ft Ítens do painel de controle Ao acessar o aplicativo é necessário configurar a mídia em que os arquivos selecio- nados serão gravados. Observe que no exemplo a seguir podemos gravar os arquivos em DVD ou em uma memória flash (SD): M ic ro so ft Configurar Backup 7. arQuivos 7.1 Conceito e organização de arquivos De uma maneira simples, mas que engloba os aspectos gerais para as provas de concurso, a organização de arquivos ou estrutura de diretório é a forma pela qual o Sistema Operacional Windows organiza seus arquivos em uma memória de massa. Esses arquivos podem ser programas de computador, pastas, ou, ainda, diretórios e subdiretórios. 142 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Um diretório (ou sistema de árvore hierarquizada) de sistema operacional pode con- ter diversos arquivos e diretórios. Podemos ter, por exemplo, vinte diretórios, um dentro do outro. Assim, uma estrutura de diretório serve, principalmente, para organizar o disco rígido ou o winchester. É por meio dessa estrutura de gravação de arquivos que podemos colocar os arquivos em locais determinados, facilitando o gerenciamento de centenas ou milhares de arqui- vos e programas em um computador. Fazendo uma analogia a uma árvore vistosa, toda essa estrutura de arquivos e dire- tórios pode ser entendida como uma grande ÁRVORE. Assim, o diretório principal, que não tem nome, é conhecido como a raiz; os diretórios são as ramificações e os arquivos são as folhas. Graças aos avanços nos Sistemas Operacionais Windows, atualmente, conseguimos escrever nomes grandes de arquivos e pastas. Antigamente, quando havia somente o DOS, os nomes de arquivos e pastas tinham limitação de tamanho, ou seja, era de, no máximo, oito caracteres principais, com mais três caracteres de extensão. 7.2 Estrutura de diretório do Windows A seguir, apresentamos a tela gráfica da estrutura de diretório do Sistema Operacional Windows Seven (7): M ic ro so ft Estrutura de diretório do Windows As principais pastas do Sistema Operacional Windows Seven (7) (conhecida como estrutura de diretório) são listadas a seguir: NOME DA PASTA SO WINDOWS A QUE SE DESTINA ARQUIVOS DE PROGRAMAS Local onde é instalada a grande maioria dos aplicativos, por exemplo: MS OFFICE, BR OFFICE, antivírus etc. USUÁRIOS Estrutura onde se localizam os arquivos e configurações dos usuários que se autenticam no computador WINDOWS Principal pasta do SO, onde se localizam os principais programas e arquivos do Sistema Operacional Windows 143 2. INFORMÁTICA 7.3 Destaques importantes em Software Ao estudarmos a organização e a estrutura de diretório (árvore) do Windows Seven (7), sabemos que muitas questões teóricas podem ser formuladas pelas bancas examina- doras. Por isso, temos que entender alguns nomes e expressões: Drive ou Disco Físico: é memória de massa do computador, que poderá ser dividida em unidades menores, conhecidas como drives lógicos ou volumes. Para esse procedi- mento, de divisão do disco, dá-se o nome de partição. Volumes Lógicos ou Partição: para que um disco rígido funcione é necessário que seja criada a tabela de alocação de arquivos, isso é feito dividindo-se o disco em vários pequenos pedaços, chamados de partições. Cada partição funcionará como um HD em separado, é justamente por esse processo que se permite o uso em um mesmo computa- dor de mais de um Sistema Operacional. Tipos de Partição: cada Sistema Operacional possui sua forma de particionar/dividir o disco rígido e gerenciar os arquivos e pastas. É conveniente memorizar as seguintes partições para os ambientes da Microsoft. Sistema Operacional Tipo de partição nativa DOS FAT WINDOWS 95, ME e 98 FAT 16 ou FAT 32 WINDOWS NT, VISTA e 7 NTFS DIRETÓRIOS: são estruturas utilizadas para organizar os programas de computador em um HD. Um diretório pode conter arquivos e outros diretórios, que podem conter outros arquivos e diretórios, sucessivamente. PASTAS: são compartimentos lógicos onde são gravados os arquivos e programas de computador. ARQUIVOS: os arquivos são os programas de computador, podendo ser do tipo apli- cativos, banco de dados, extensões etc. Cada tipo de arquivo possui uma extensão pró- pria, identificando-o na execução das tarefas no computador. PROIBIÇÕES: é conveniente saber que as estruturas de diretórios possuem proibi- ções, que devem ser memorizadas: Não se pode nomear um arquivo ou pasta com um nome já existente e utilizado na mesma ordem hierárquica em uma estrutura de diretório. Os Sistemas Operacionais não permitem a utilização de caracteres reservados, ou seja, não é possível atribuir nome a pastas ou arquivos com os seguintes caracteres: ? \ | / < > : “ *. 8. armazenamento de dados e segurança da inFormação 8.1 Noções básicas de armazenamento de dados e de Segurança da Informação O tema apresentado neste capítulo tem sido objeto de perguntas em provas de con- cursos público, isso porque os computadores e a Internet se tornaram ferramentas de nossas atividades e negócios. 144 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Assim, armazenamento e Segurança da Informação estão relacionados a métodos de proteção de dados aplicados sobre um conjunto de sistema de informática no sentido de preservar o valor que possui para um indivíduo ou uma organização. Quando nos referimos à Segurança da Informação devemos nos atentar a três carac- terísticas básicas: confidencialidade, disponibilidade e integridade. São conceitos impor- tantes e que devem ser lembrados: Confidencialidade: é o atributo que limita o acesso às informações de um sistema, permitindo somente às pessoas autorizadas o conhecimento de seu conteúdo. Disponibilidade: é o atributo que garante que a informação esteja sempre disponível para o uso legítimo dos usuários. Integridade: é o conceito mais cobrado nas provas de concurso público. É o atributo que garante que a informação manipulada mantenha todas as características originais estabelecidas pelo proprietário dela, incluindo controle de mudanças e garantia do seu ciclo de vida. Para garantir um nível satisfatório de segurança em sistemas de informática temos que ter consignado procedimentos de salvaguarda, para minimizar os riscos. Os docu- mentos e procedimentos escritos garantem a padronização de atividades na área de tec- nologia da informação. Esses procedimentos e documentos recebem o nome de Política de Segurança da Informação. 8.2 Procedimentos utilizados em Segurança da Informação Para evitar os efeitos indesejáveis da perda de dados e da informação, além de outros recursos de informática disponíveis, são necessários alguns procedimentos de segurança: Uso de senhas fortes: as senhas devem possuir complexidade em sua digitação, como alternar letras maiúsculas e minúsculas, além da inserção de outros caracteres, como números e símbolos. Limitação de acesso à internet: os computadores em rede de uma instituição devem ter acesso controlado, pois há uma diversidade de programas maliciosos que podem comprometer o armazenamento e a segurança de seus dados. Bloqueio de portas e protocolos de internet: podemos dar uma melhor garantia de funcionalidade aos sistemas de instituição se apenas liberarmos os protocolos e portas lógicas necessárias aos serviços essenciais, evitando-se, assim, um risco maior quando todos os protocolos e portas estiverem liberados. Uso de equipamentos de proteção: há diversos equipamentos que permitem o con- trole de acesso à rede e aos computadores, e que possuem o objetivo de proteger a rede contra vulnerabilidades. Deve-se utilizá-los para melhor eficácia dos recursos de infor- mática. 8.3 Firewall de rede: maior segurança Como visto anteriormente, o firewall é um conjunto composto de equipamento e pro- grama de computador – hardware e software – que protege a fronteira lógica entre duas ou mais redes de computadores. 145 2. INFORMÁTICA O firewall é representado por um muro de fogo simbólico que tem por objetivo pro- teger a rede interna ou Intranet contra ações de invasão, permitindo o acesso somente por quem é previamente autorizado. Sua regra é não permissiva, ou seja, o que não é autorizado deve ser bloqueado. 8.4 Criptografia São os meios e métodos para transformar as informações ininteligíveis, ou seja, tecni- camente falando, cifrá-las. Traduzindo, é a técnica de embaralhar a mensagem por meio de uso de chaves ou códigos secretos. Para usar a criptografia, normalmente empregamos as chaves de criptografia, uma espécie de senha que utiliza um sistema próprio para gerar o embaralhamento das men- sagens. Veja o que acontece quando usamos criptografia em um texto legível. Após a aplica- ção da chave, a mensagem fica “embaralhada” (cifrada). CHAVE DE CRIPTOGRAFIA TEXTO LEGÍVEL INFORMÁTICA PARA CURSOS PÚBLICOS TEXTO CIFRADO OML TKIHLNS1 PSER KLNSWSNL3 SIXKKHD As chaves criptográficas podem ser simétricas ou assimétricas: Chaves simétricas: são aquelas em que as senhas para criptografar ou descriptogra- far a informação são as mesmas. Chaves assimétricas: como o nome já diz, não possui simetria relacional, ou seja, as senhas para criptografar ou descriptografar as informações são diferentes, o que permite um maior nível de segurança. 8.5 VPN VPN (Virtual Private Network) é uma espécie de rede privativa virtual que utiliza o meio da Internet para fazer a comunicação segura entre um computador a outro ou entre redes. É comum em provas de informática em concursos públicos referir o presente tema a palavras como túneis seguros, tunelamento e segurança. Assim, podemos entender o VPN como um tipo de sistema que usa protocolos de segurança e criptografia por tune- lamento, os quais fornecem a confidencialidade, autenticação e integridade necessárias para garantir a privacidade das comunicações requeridas e dos dados transmitidos em uma rede. 8.6 Protegendo seus dados É necessário conhecer as formas de ataques a computadores de modo a prevenir os desastres e paralisações dos sistemas de informática nas instituições. Assim, colocamos a seguir as formas de ataques mais comuns nas provas de concurso: 146 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Trashing: é uma ação executada geralmente por programas maliciosos de computador que tem como característica revirar o lixo do disco rígido que se encontra no computador à procura de informações, podendo encontrar informações pessoais e confidenciais, ou, ainda, que possam trazer algum tipo de prejuízo ao usuário ou à instituição. Engenharia Social: é a técnica de invasão de um sistema quando uma pessoa se faz passar por outra, como, por exemplo, uso de senhas indevidas. Para o sistema de infor- mática, ele não reconhece o invasor, considerando a ação legítima. Scanning: é a técnica de ataque que consiste em ficar monitorando as portas lógicas abertas para invasão do computador. Phisinhg: consiste na técnica de envio de e‑mail (SPAM), no qual seu conteúdo pa- rece ser de uma instituição oficial ou segura. Porém, o conteúdo é falso, fazendo com que o recebedor do e‑mail seja enganado pelo hacker e passe as informações pessoais a sites ou links falsos. Pa tr im on io D es ig ns / Ph ot oX pr es s Cartão de crédito atacado por insetos O phishing é uma armadilha virtual. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IDANKAS, Rodney José. Informática: questões comentadas – CESPE. São Paulo: Método, 2010. (Série Concur‑ sos Públicos) _________. Informática para concursos. 2. ed. São Paulo: Método, 2009. (Série Concursos Públicos) _________. Questões de informática. São Paulo: MB, 2009. CONSTITUCIONAL GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS* * Texto elaborado por: Professor Kanduka Oliveira: Bacharel e Licenciado em História.Especialista em História Econô- mica do Brasil. 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 149 introdução O livro Geo‑história e atualidades de Goiás para concursos e vestibulares apresenta, de forma sintética e em linguagem bastante acessível, um apanhado geral acerca deste Estado que vem se destacando no cenário nacional dentro de um processo de transfor- mação e modernização comum ao atual estágio da globalização. O processo de desconcentração industrial, ora em curso no Brasil e no mundo, favo- rece o desenvolvimento econômico de Goiás que tem se inserido de forma acelerada não só no contexto nacional, mas também no internacional. Goiás abre suas fronteiras para o mundo aumentando suas exportações e atraindo para o interior do País conglomerados industriais nacionais e transnacionais, migrantes e imigrantes, não mais apenas como nova fronteira agrícola, mas como polo de desen- volvimento industrial, diversificando suas atividades neste setor, antes concentrado na área da agroindústria e mineração para modernas indústrias farmacêuticas e até mesmo para as do polo metal-mecânico. Oferecendo uma visão crítica, a obra ressalta, porém, que a modernização ocorrida em Goiás é conservadora, concentrada e assimétrica, nem todas as regiões do Estado se beneficiam com essas novas ilhas de prosperidade. A concentração da renda e da terra continua alta, os problemas sociais e a falta de infraestrutura ainda são uma realidade latente. Portanto, Geo‑história e atualidades de Goiás é leitura indispensável para aqueles que queiram dar os primeiros passos no conhecimento a respeito deste, que é o Estado do coração do Brasil. LEI No 14.911, DE 11 DE AGOSTO DE 2004 • DOE de 27‑8‑2004. Estabelece normas para a realização de concurso público. A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS, nos termos do art. 23, § 7o, da Constituição Estadual, decreta e eu promulgo a seguinte Lei: Art. 1o As provas de concursos públicos estaduais, além das matérias específicas de cada carreira, deverão conter questões atinentes à realidade étnica, social, histórica, geográfica, cultural, política e econômica do Estado de Goiás. Art. 2o O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 90 (noventa) dias a contar de sua publicação. Art. 3o Esta lei entra em vigor na data de sua publicação ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS, em Goiânia, 11 de agosto de 2004. Deputado CÉLIO SILVEIRA PRESIDENTE 150 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS história de goiás 1. período pré-colonial Em 1492, o genovês Cristóvão Colombo, a serviço dos reis da Espanha, descobriu o continente americano. Portugal e Espanha haviam firmado, em 1480, um tratado limítrofe que delimitava que todas as terras “descobertas” ao sul das Ilhas Canárias (próxima ao trópico de cân- cer) pertenceriam a Portugal e terras ao norte à Espanha. Era o Tratado de Toledo. Pr oj et o G ut em be rg Período Pré-Colonial Mapa “As quatro viagens de Colombo” O ponto em que Colombo chegou ficava do lado português, segundo as determina- ções do Tratado de Toledo, e os espanhóis exigiram a realização de um novo acordo, que harmonizasse os interesses dos dois países. Portanto, antes mesmo de portugueses e espanhóis aportarem no continente america- no eles já deram início à configuração do espaço territorial das Américas. 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 151 2. o tratado de tordesilhas (1494) A de ls on M al aq ui as Mapa do Tratado de Tordesilhas Em 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas determinando que as terras locali- zadas 370 léguas a Oeste de Cabo Verde pertenceriam à Espanha e ao leste a Portugal. Dessa forma, as terras do litoral brasileiro, mesmo antes de serem descobertas já perten- ciam a Portugal. 152 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Ja qu el in e Sp ez ia Mapa divisão de terras Portugal – Espanha Atenção: Repare bem no mapa e verá que a maior parte das terras hoje pertencentes ao Estado de Goiás não faziam parte do Brasil, ainda. A linha de Tordesilhas passava na ilha de Marajó (PA) e saía em Laguna (SC). O processo de colonização de Goiás só irá se iniciar no século XVIII com a descoberta de ricas jazidas de ouro na região. 3. brasil colônia (1500-1822) No início de 1530, Portugal foi obrigado a mudar sua política no que se refere ao Brasil devido aos seguintes fatores: Muito embora os lucros do comércio do Oriente ainda continuassem elevados, Portu- gal passou a sofrer a concorrência de outros países. O Brasil passou a representar uma alternativa de lucro para a Coroa e a burguesia lusa. A pressão estrangeira sobre o litoral do Brasil se intensificou. A Coroa constatou que as expedições guarda-costas eram insuficientes para proteger a nova conquista. A ambição pelo ouro aumentou quando os espanhóis conquistaram o Peru (Império Inca) e passaram a explorar as riquezas da região. Povoar também era uma forma de valorizar as terras da colônia. 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 153 O governo português alimentava esperanças de que houvesse ouro no Brasil. Em face desses fatores, Portugal decidiu colonizar o Brasil, ou seja, transformar o Brasil em uma colônia. Para tanto foi organizada a primeira expedição colonizadora sob o comando de Martim Afonso de Souza. Essa expedição deixou Portugal em dezembro de 1531. As principais ações da expedição de Martim Afonso de Souza foram: combate a contrabandistas de pau-brasil no Nordeste, exploração do território e suas potencia- lidades econômicas, sobretudo no que se refere à agricultura, fundação da primeira vila do Brasil (São Vicente-SP), em 1532, fundação de outra vila, em direção ao pla- nalto paulista (Santo André da Borda do Campo), construção do primeiro engenho de açúcar, exploração do interior. Colonizar o Brasil implicava gastos elevados para a Coroa portuguesa. Para implementar a colonização o rei D. João III decidiu recor- rer ao capital privado. Foi então criado o sistema de capitanias em 1534. De acordo com o sistema, o rei, dono das terras, criou 14 capitanias que foram doadas para 12 donatários. 4. as capitanias hereditárias (1530-1850) O sistema de capitanias foi regulamentado por dois instrumentos jurídicos. A Carta de Doação dava ao donatário a “posse” da capitania, mas não a propriedade, para explorá-la como quisesse, podendo deixar os direitos de herança aos seus filhos. Mas a terra continuaria pertencendo à coroa. O Foral que fixava os direitos e deveres do donatário e estabelecia que ele deveria colonizar a capitania, fundando arraiais e vilas, bem como policiar as terras, protegendo os colonos contra ataques de índios e estrangeiros. Deveria ainda fazer cumprir o mono- pólio real do pau-brasil e do comércio colonial e, no caso de serem encontrados metais preciosos, um quinto do valor obtido seria pago à Coroa. Além disso, o donatário deveria expandir a fé católica. 5. sesmarias Era permitida aos donatários a doação de sesmarias (lotes de terras) às pessoas de qualquer nacionalidade, desde que professassem a religião católica e administrassem a justiça em nome do rei. Deveriam promover a catequização dos índios pacíficos, mas também podiam escra- vizar os índios (caso fossem hostis era permitido pela “lei da guerra justa”), montar en- genhos, cobrar impostos e exercer a justiça em seus domínios. Foi o início do latifúndio no Brasil, situação que perdura até hoje. A distribuição de terras por meio da doação por sesmarias perdurou até 1850 quando o Congresso do Império aprovou a Lei no 601/1850, denominada Lei de Terras. 154 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS Fonte: PILLET, Nelson. História e Vida. São Paulo: Ática, 1997. A de ls on M al aq ui as LEITURA COMPLEMENTAR – DOCUMENTO HISTÓRICO LEI No 601, DE 18 DE SETEMBRO DE 1850 Dispõe sobre as terras devolutas no Império... D. Pedro II, por Graça de Deus e Unanime Acclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do Brasil. Fazemos saber a todos os Nossos Subditos, que a Assembléa Geral Decretou, e Nós que‑ remos a Lei seguinte: Art. 1o Ficam prohibidas as acquisições de terras devolutas por outro titulo que não seja o de compra. Exceptuam‑se as terras situadas nos limites do Imperio com paizes estrangeiros em uma zona de 10 leguas, as quaes poderão ser concedidas gratuitamente. 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 155 Art. 2o Os que se apossarem de terras devolutas ou de alheias, e nellas derribarem mattos ou lhes puzerem fogo, serão obrigados a despejo, com perda de bemfeitorias, e de mais soffre‑ rão a pena de dous a seis mezes do prisão e multa de 100$, além da satisfação do damno causado... Dada no Palacio do Rio de Janeiro aos 18 dias do mez do Setembro de 1850, 29o da Inde‑ pendencia e do Imperio. IMPERADOR com a rubrica e guarda. 6. a lei de terras e seus eFeitos Essa nova lei surgiu em um momento oportuno – foi feita de caso pensado – quando o tráfico negreiro passou a ser proibido em terras brasileiras, pela Lei Eusébio de Quei- roz, de 1850. A atividade, que representava uma grande fonte de riqueza, teria de ser substituída por uma economia em que o potencial produtivo agrícola deveria ser mais bem explorado. Ao mesmo tempo, ela também responde ao projeto de incentivo à imi- gração que deveria ser financiado com a dinamização da economia agrícola e regulariza- ria o acesso à terra diante dos novos campesinos assalariados. Dessa maneira, ex-escravos e estrangeiros teriam que enfrentar enormes restrições para possivelmente galgarem a condição de pequeno e médio proprietários. Com essa nova lei, nenhuma nova sesmaria poderia ser concedida a um proprietário de terras ou seria reconhecida a propriedade por meio da ocupação das terras. As chamadas “terras devolutas”, que não tinham dono e não estavam sob os cuidados do Estado, poderiam ser obtidas somente por meio da compra junto ao governo. A partir de então, uma série de documentos forjados começou a aparecer para ga- rantir e ampliar a posse de terras daqueles que há muito já a possuíam. Aquele que se interessasse em, algum dia, desfrutar da condição de fazendeiro deveria dispor de grandes quantias para obter um terreno. Dessa maneira, a Lei de Terras transformou a terra em mercadoria no mesmo tempo em que garantiu a posse da mesma aos antigos latifundiários. Esta lei foi feita para perpetuar o latifúndio. Situação que perdura até os dias atuais. 7. a ocupação do interior do brasil Durante os séculos XVI e XVII, a grande lavoura litorânea foi a base da economia nacional, determinando a mais tardia ocupação das regiões interiores. No final do século XVI, em decorrência da atividade da caça ao índio (procurado como mão de obra), sur- giram algumas penetrações esparsas, que não fixaram o homem ao solo. A região sofria assim um pequeno processo de transformação. Tais penetrações não representaram fase de fixação e colonização, constituindo-se em incursões de reconhecimento das possibilidades econômicas da região, por meio da coleta de amostragens de ouro e de apresamento de silvícolas. 8. entradas e bandeiras Durante o século XVII os limites territoriais estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas deixaram de fazer sentido. O território português, limitado ao litoral e ao sertão nordes- 156 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS tino, foi ampliado graças a diversos fatores. Veremos abaixo os principais aspectos da expansão territorial. 8.1 Bandeirantismo O bandeirantismo foi o conjunto de ações empreendidas pelos habitantes da Capita- nia de São Vicente rumo ao interior. Os bandeirantes eram habitantes da Vila de São Pau- lo de Piratininga, capital de São Vicente, de onde partiam as expedições. Essa região era, desde os inícios da colonização, uma região pobre, afastada das relações mercantilistas que uniam a metrópole e a colônia. Os habitantes da Capitania de São Vicente foram os responsáveis pela exploração do interior do Brasil e contribuíram de forma decisiva para o crescimento territorial do Brasil. A primeira bandeira que, partindo de São Paulo, possivelmente chegou aos sertões de Goiás, no atual leste do Tocantins foi a de Antônio Macedo e Domingos Luís Grau (1590-1593). 8.2 Diferença entre entrada e bandeira A principal diferença entre entrada e bandeira é que as primeiras tinham financia- mento público, eram organizadas pelo governo, geralmente procuravam respeitar os limites de Tordesilhas e a maioria das expedições realizadas partia da capital do Brasil na época, Salvador, na Bahia, ou até mesmo de Pernambuco. Bandeiras eram expedições particulares e não respeitavam os limites de Tordesilhas, geralmente começavam a partir da Vila de São Paulo de Piratininga, na Capitania de São Vicente (hoje São Paulo). Mas ambas tinham objetivos semelhantes. As entradas se preocupavam mais com a prospecção do território e de metais preciosos, já as bandeiras, além disso, se dedicavam também ao apresamento de índios para escravização. SEMELHANçAS Eram expedições que iam para o interior do País em busca de fazer o reconhecimento do território e na tentativa de encontrar metais e pedras preciosas. DIFERENçAS ENTRADAS – Organizadas pelo governo – Não visavam lucro imediato – Partiam das Capitanias da Bahia e de Pernambuco – Apenas prospecção – Respeitavam os limites de Tordesilhas BANDEIRAS – Iniciativa privada – Visavam lucro imediato – Partiam da Capitania de São Vicente (hoje São Paulo) – Prospecção e apresamento – Não respeitavam os limites de Tordesilhas Tivemos diferentes fases no sistema de bandeirantismo, que foram fundamentais para a definição do espaço territorial brasileiro, vejamos: 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 157 Ly di a H im m en Estátua do Anhanguera Filho 8.3 O bandeirantismo prospector Essas expedições eram realizadas para a busca de metais e pedras preciosas. A busca de ouro era uma preocupação constante da Coroa portuguesa. Os governadores da metrópole organizaram diversas expedições que foram chamadas de Entradas. Entre as várias expe- dições realizadas em busca de ouro destacam-se as efetuadas por Fernão Dias Paes, Borba Gato, Garcia Rodrigues Paes e Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera; essas bandeiras penetraram o interior da região central do Brasil (Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso). 8.4 O bandeirantismo apresador Esse mecanismo foi empreendido para aprisionar (alguns autores usam expressões como aprear, apresar ou mesmo cativar) os indígenas. Estes já habitavam ou fugiram das regiões litorâneas dominadas pelos portugueses. Essas bandeiras atacavam as aldeias ou as missões (reduções) jesuítas para escravizar os índios. As bandeiras iniciaram-se ainda no final do século XVI e prosseguiram até meados do século XVII. Os indígenas captu- rados eram vendidos para as regiões açucareiras, mas eram, sobretudo, empregados nas plantações dos colonos paulistas. 8.5 O sertanismo de contrato Em razão de sua experiência nas viagens pelo sertão e na habilidade par atacar e es- cravizar os indígenas, as autoridades de São Paulo, para combater tribos indígenas hos- tis e quilombos de escravos, contrataram bandeirantes. Essas expedições receberam o nome de sertanismo de contrato. Os principais bandeirantes que fizeram contratos foram Domingos Jorge Velho, que arruinou Palmares; Matias Cardoso de Almeida e Estevão Ribeiro Baião Parente. Os bandeirantes paulistas atuaram principalmente no nordeste e foram responsáveis pela destruição de diversas tribos indígenas. Um famoso bandeirante de contrato que atuou no norte de Goiás, atual Tocantins, foi Wenceslao Gomes da Silva, que dizimou grande parte da etnia dos índios Acroá que viviam onde hoje estão os municípios de Arraias, São Domingos e Natividade. 158 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 8.6 Descidas As descidas eram expedições realizadas pelos jesuítas ao interior do Brasil com o ob- jetivo de convencer os indígenas dessa região a migrarem para regiões próximas das suas missões ou reduções, visando facilitar o trabalho de catequização. As principais missões jesuíticas ficavam no norte e no sul do País. Como já foi salientado, os principais objetivos das bandeiras eram os metais pre- ciosos e a captura dos indígenas. Os paulistas dependiam do trabalho dos índios para sustentar sua economia, desvinculada do comércio com a metrópole. Sem recursos para empregar a mão de obra africana, os habitantes de São Paulo passaram a utilizar siste- maticamente o trabalho escravo do índio em todo tipo de atividade. Os indígenas foram “empurrados” para o interior, o que obrigava os bandeirantes a penetrar cada vez mais no território que hoje é o da região sul. Quando perceberam que as missões jesuíticas poderiam ser uma fonte inesgotável de escravos, passaram a atacá-las sem piedade. Esses ataques tornaram-se frequentes a partir de 1628. A região do Guairá foi invadida e diversas missões foram destruídas. No que se refere ao ouro, as buscas eram antigas, mas apenas no final do século XVII foram bem-sucedias como a descoberta do minério na região de Minas Gerais. A explo- ração prosseguiu até a descoberta de ouro na região centro-oeste (Goiás e Mato Grosso). 8.7 Bandeirantes: heróis ou vilões? Durante muito tempo os historiadores consideraram os bandeirantes como heróis, res- ponsáveis pela expansão territorial do Brasil. De fato a ação dos bandeirantes foi decisiva para a ultrapassagem dos limites fixados pela linha de Tordesilhas. Quando, no século XVIII, foram discutidas as fronteiras entre a América Espanhola e a América Portuguesa, a ação dos paulistas foi fundamental para a expansão do território português. Além disso, os pau- listas descobriram ouro em Minas Gerais e em Mato Grosso, além de chegar ao Amazonas. A ce rv o do M us eu P au lis ta d a U SP , SP Imagem do bandeirante O ciclo da caça ao índio, Henrique Bernardelli, 1923, óleo sobre tela, 232 X 160cm 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 159 Todavia, não se pode deixar de mostrar que essa visão heróica encobre as atrocidades sem fim realizadas pelos bandeirantes. As tribos indígenas e as missões jesuíticas foram vítimas de ataques cruéis que não poupavam mulheres, crianças e velhos. Milhares de indígenas foram mortos e escravizados pelos bandeirantes de São Paulo. Veja abaixo o retrato do bandeirante Domingo Jorge Velho, feito, pelo bispo de Per- nambuco, em 1697. Jorge Velho foi o responsável pela destruição do Quilombo de Pal- mares e pela morte de Zumbi. “Esse homem é um dos maiores selvagens com que tenho topado (...) nem se di- ferencia do mais bárbaro tapuio, mas que em dizer que é cristão, e não obstante o haver-se casado de pouco, lhe assistem sete índias concubinas (...) sendo sua vida, desde que teve uso da razão se é que a teve (...) até o momento, andar metido pelos matos, à caça de índios, e de índias, estas para o exercício das suas torpezas, e aqueles para o granjeio de seus interesses”. A moderna historiografia considera que os bandeirantes não foram nem heróis e nem vilões. Eles apenas agiram como era de costume numa época em que não existia a noção de direitos humanos e as condições de sobrevivência eram extremamente difíceis. Foram “homens do seu tempo”. 9. a união ibérica (1580-1640) Com a morte de D. João III, em 1557, o trono foi deixado ao seu filho D. Sebastião, de dois anos de idade que teve como principal tutor, seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique. O convívio com o tio religioso transformou D. Sebastião num católico fanático que se arvorou defensor da fé cristã. Impregnado de espírito cruzadístico decidiu atacar os muçulmanos no norte da Áfri- ca, Marrocos, onde acabou morrendo na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, aos 24 anos. Como não deixou filhos o trono voltou para as mãos do Cardeal D. Henrique, que faleceu dois anos depois, em 1580. O Cardeal era o último descendente direto ao trono da dinastia de Avis. O trono ficou vago. Aproveitando-se da situação o rei da Espanha, Filipe II de Habsburgo, alegando ser sobrinho-neto de D. Manuel, O Venturoso, invadiu Portugal com suas tropas e apossou- se do trono. A dominação espanhola durou 60 anos. Necessitando de recursos para bancar as diversas guerras em que estavam envolvidos (contra a Inglaterra, Holanda e os Principados Alemães) Felipe II e seus herdeiros esti- mularam a realização das entradas e bandeiras no Brasil, na tentativa de encontrar ouro em nosso território. Nunca houve tantas expedições ao interior como neste período em que durou a União Ibérica. 10. a herança da dominação espanhola Veja abaixo as principais consequências dos 60 anos de dominação espanhola sobre Portugal: 160 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS • Invasão holandesa Após a União Ibérica, os holandeses, que eram inimigos da Espanha, invadiram o nordeste brasileiro para se apossar da riqueza do nosso açúcar e por lá permaneceram de 1630 a 1654. • Decadência açucareira Ao sair do Brasil, os holandeses fixaram-se nas Antilhas e passaram a produzir açú- car concorrendo com o Brasil. Na Europa desenvolveu-se a produção em larga escala de açúcar de beterraba, o que levou à ruína a empresa açucareira nordestina. • Dependência econômica da Inglaterra Portugal que se encontrava falido e que já era aliado político da Inglaterra passou à parceira econômica, o que beneficiou largamente à Inglaterra, mediante vários tratados. 1642 – Tratamento de nação mais favorecida no comércio entre os dois países. 1654 – Livre navegação de ingleses para o Brasil com os mesmos direitos comerciais portugueses. 1703 – Tratado de Methuen (panos e vinhos) — os ingleses comprariam vinho por- tuguês e venderiam manufaturas a Portugal. Esse tratado sepultou de vez a chance de Portugal se industrializar. • Expansão territorial No período de dominação espanhola a linha de Tordesilhas perdeu o seu sentido, embora o tratado não tenha sido revogado. Os bandeirantes avançaram para muito além da linha e o Brasil triplicou de tamanho. A expansão da pecuária e as missões jesuíticas foram fatores que contribuíram para essa expansão. 11. o tratado de madri (1750) Após a restauração da independência de Portugal (1640), liderada por D. João IV, Duque de Bragança, os espanhóis exigiram que Portugal voltasse a respeitar os limites impostos por Tordesilhas, mas Portugal se recusou. Guerras e negociações diplomáticas se alternaram ao longo dos 110 anos seguintes entre os dois países ibéricos, até ser en- contrada uma solução negociada. Em 1750, as partes entraram em acordo e firmaram o Tratado de Madri, que viria a substituir o Tratado de Tordesilhas (1494). O negociador brasileiro, diplomata e advoga- do Alexandre de Gusmão, alegou em defesa do Brasil o princípio latino de uti possidetis (usucapião). Significa que quem de fato ocupou e colonizou um determinado território deve ser o dono dele. Assim, todas as terras localizadas além dos limites de Tordesilhas (incluindo cerca de 80% do território goiano), que hoje pertencem ao Brasil. 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 161 B ib lio te ca N ac io na l d e Po rt ug al Mapa dos confins do Brasil, com as terras da Coroa de Espanha na América Meridional, por José Monteiro de Carvalho 12. a bandeira do anhanguera pai Em 1682, Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera Pai, esteve em território do sul de Goiás, onde encontrou vestígios de ouro na região do Rio Vermelho, aos pés da Serra Dourada, onde hoje está situada a cidade de Goiás. A região era habitada pelos índios da etnia Goya ou Goyazes. Na ocasião o experiente bandeirante, percebendo que os índios estavam usando adornos que possuíam peque- nos pedaços de ouro, teria ateado fogo a uma bateia cheia de aguardente para forçar os índios a lhe mostrar onde eles haviam encontrado o precioso mineral. Diante da cena inusitada e com medo de terem os seus rios incendiados, os índios teriam começado a gritar: Anhanguera! Anhanguera!, que no idioma tupi significa “Diabo Velho”, dando origem ao apelido do Bandeirante. Na ocasião, ele estava acompanhado de seu filho de 14 anos, Bartolomeu Bueno da Silva Filho, que além de possuir o seu nome também herdaria, mais tarde, o seu apelido. Anhanguera Pai voltou a São Paulo com planos de formar uma nova bandeira e retor- nar à região onde tinha encontrado vestígios de ouro para melhor investigá-la, mas mor- 162 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS reu antes de conseguir seu intento. A partir da morte do pai, Anhanguera Filho assumiu consigo mesmo a promessa de um dia voltar à terra dos Goyazes, o que só aconteceu em 1722, quando já tinha 54 anos de idade. 13. a bandeira do anhanguera Filho É costume dizer que o descobridor de Goiás foi Anhanguera Filho. Isso não significa que ele foi o primeiro a vir a Goiás, e ao hoje Estado do Tocantins, mas sim que ele foi o primeiro a chegar à região com intenção de se fixar ali. Sabe-se que pelo menos 14 bandeiras estiveram por lá antes dele. Isso se deu dentro de uma conjuntura do desco- brimento do ouro no Brasil. Em 3-7-1722, Anhanguera Filho partiu de São Paulo, com 500 homens, 39 cavalos, 152 armas e 2 religiosos. A bandeira durou 3 anos, 2 meses e 18 dias. A bandeira enfrentou muitas dificuldades pelo caminho: fome, confrontos com índios, desentendimentos entre os companheiros, doenças e mortes. Mas Anhanguera Filho era um homem insistente; afirmava que preferia morrer ali a voltar a São Paulo sem o ouro que procurava. Quando finalmente chegou à terra dos Goyazes estava acompanhado de apenas 80 homens. A maioria havia morrido, desertado da bandeira ou lançado roças e ficado para trás à espera de um resgate que acreditavam vir de São Paulo. Mas a insis- tência foi recompensada; ricas minas foram encontradas e Anhanguera Filho retornou a São Paulo levando uma arroba (15 kg) de ouro para provar a descoberta. Veja abaixo trechos do documento histórico denominado “Relato do Alferes Braga”. O Alferes, posto militar equivalente a sargento, era um dos participantes da bandeira e desertou, descendo os rios Araguaia e Tocantins até chegar a Belém (PA). LEITURA COMPLEMENTAR Relato do Alferes Braga (...) Aqui nos começou a gente a desfalecer de todo: morreram‑nos quarenta e tantas pesso‑ as entre brancos e negros, ao desamparo, e o eu ficar com vida o devo ao meu cavalo, que para me montar nele, pela fraqueza nímia em que me achava, me era preciso o lançar‑me primeiro nele de braços levantados sobre o primeiro cupim que encontrava (...) (...) Retirado o dito Francisco de Carvalho, o achamos com a boca, nariz, e feridas cheias de bichos, mas vendo que lhe palpitava ainda o coração, e que tinha outros mais sinais de vida, o recolhemos na rancharia, curando‑lhe as feridas com urina e fumo, e sangrando‑o com a ponta de uma faca, por não termos melhor lanceta: aproveitou tanto a cura, que o Carvalho pela noite tornou em si, abriu os olhos, mas não pôde falar, senão no dia seguinte (...) (...) Daqui rodamos rio abaixo e demos em um jenipapeiro, com cuja fruta nos regalamos dois dias, e no fim destes como a fome era muita entramos pelas sementes das ditas frutas; mas estas nos puseram em tal estado, e impediram de tal sorte o curso, que nos conside‑ ramos mortos. Valemo‑nos duns pequenos paus, e com eles em lugar de cristel obrigamos a natureza a alguma evacuação. Em 21-10-1725, Anhanguera Filho volta a São Paulo e anuncia o achado das preciosas minas no Rio Vermelho, terra dos índios Goyazes. 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 163 14. o início do povoamento Em 1726, D. Rodrigo César de Menezes, governador da Capitania de São Vicente, manda Anhanguera Filho de volta a Goiás, com o título de Superintendente das Minas, para iniciar o povoamento, quando foi fundado o Arraial de Santana. Logo depois surgi- riam novas povoações no entorno como Anta, Ferreiro e Ouro Fino. Organograma do poder em uma região mineradora Superintendente das Minas Capitão-mor ou Guarda-mor (Defesa) Provedor-mor (Finanças) Ouvidor-Mor (Justiça) Em 1739, o Arraial de Santana foi elevado à condição de Vila (Vila Boa de Goiás). A partir de momento em que um arraial atingia o status de vila, passava a ter autono- mia e o direito a uma espécie de prefeito, o Intendente, um Senado da Câmara, formado por vereadores, escolhidos entre os “homens bons” da vila. Ser um “homem bom” era sinônimo de ser rico, católico e branco. A vila também tinha direito a ter um juiz e um pelourinho, local onde se administrava a justiça. O pelourinho tinha, necessariamente, uma cadeia, uma forca, para executar as penas de morte, muito comuns à época e um tronco, onde os escravos eram castigados. Goiás permaneceu ligado à Capitania de São Vicente até 1749, embora, por alvará de 8 de novembro de 1744, de D. Luís de Mascarenhas, governador da capitania de São Vi- cente tivesse sido oficializada a separação de Goiás e de Mato Grosso daquela capitania. Porém, o primeiro governador de Goiás, D. Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos, só chegou a Goiás em 1749 e, portanto, somente aí Goiás passou a ser, de fato, uma Capi- tania independente. Organograma do poder em uma capitania independente Governador ou Capitão-General Capitão-mor ou Guarda-mor (Defesa) Provedor-mor (Finanças) Ouvidor-Mor (Justiça) 15. a ocupação mineratória – mineração Enquanto o século XVII representou etapa de investigação das possibilidades econô- micas das regiões goianas, durante a qual o seu território tornou-se conhecido, o século XVIII, em função da expansão da marcha do ouro, foi ele devassado em todos os senti- dos, estabelecendo-se a sua efetiva ocupação por meio da mineração. 164 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS A primeira região ocupada em Goiás foi a região do Rio Vermelho. Entre 1727 e 1732 surgiram diversos arraiais, além de Santana (posteriormente Vila Boa de Goiás), em consequência das explorações auríferas ou da localização na rota de Minas para Goiás. Em 1736, já havia nas minas de Goiás 10.236 escravos. Nas proximidades de Santana surgiram os arraiais de Anta e Ouro Fino; mais para o Norte, Santa Rita, Guarinos e Água Quente. Na porção Sudeste, Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte (atual Pirenópolis) e Santa Cruz. Outras povoações surgidas na primeira metade do século XVIII foram: Jaraguá, Co- rumbá e o Arraial dos Couros (atual Formosa), na rota de ligações de Santana e Pirenó- polis a Minas Gerais. Ao longo dos caminhos que demandavam a Bahia, mais ao Norte, na bacia do Tocan- tins, localizaram-se diversos núcleos populacionais, como São José do Tocantins (Nique- lândia), Traíras, Cachoeira, Flores, São Félix, Arraias (TO), Natividade (TO), Chapada (TO) e Muquém. Na década de 1740, a porção mais povoada de Goiás era o Sul, mas a expansão rumo ao norte prosseguia com a implantação dos arraiais do Carmo (TO), Conceição (TO), São Domingos, São José do Duro (TO), Amaro Leite, Cavalcante, Vila de Palma (TO), hoje Paranã, e Pilar de Goiás e Porto Real (TO), atual Porto Nacional, a povoação mais setentrional de Goiás. B ib lio te ca d a U ni ve rs id ad e de T ul an e, N ov a O rl ea ns Mineração de diamantes, Carlos Julião. c. 1770. 16. o sistema de datas De acordo com Raimundo Faoro, em sua clássica obra Os donos do poder, era por meio do sistema de datas que se organizava a exploração do ouro, conforme o ordena- mento jurídico da época. 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 165 Assim que um veio de ouro era descoberto em uma região mineradora, imediata- mente, o Superintendente das Minas ordenava que a região fosse medida e dividida em lotes para poder ter início o processo de mineração. Cada lote tinha a medida de 30 x 30 braças (uma braça tem 2,20m), ou seja, aproximadamente 66 x 66 m. Estes lotes recebiam a denominação de datas e, cada data, por sua vez, era equiva- lente a uma lavra de mineração. Minerador Rei Minerador As datas eram distribuídas da seguinte maneira: O minerador responsável pelo achado escolhia a primeira data para si. Um funcio- nário da Real Fazenda (o ministério responsável pela mineração na época) escolhia a segunda data para o rei. O responsável pelo achado tinha o direito de escolher mais uma. O rei não tinha interesse em explorar diretamente a sua data e ordenava que ela fosse leiloada entre os mineradores interessados em explorá-la. Quem pagasse mais ficaria com ela. O dinheiro do leilão era enviado a Portugal, como renda pessoal do rei. As demais datas eram distribuídas por sorteio aos mineradores que possuíssem um mínino de 12 escravos para poder explorá-las. Cada minerador tinha direito a uma data por vez. Repare que a atividade mineradora era extremamente intensiva em utilização de mão de obra. Doze homens trabalhavam juntos em um espaço de apenas uma lavra. 17. o início da mobilidade social Diferentemente da economia canavieira (cana-de-açúcar) que tinha uma sociedade estamental (no estado em que você nasceu permanece), a sociedade mineradora não era estática. Havia a possibilidade, mesmo que pequena, de mudança de classe social. Foi o início da mobilidade social no Brasil. Existiam dois tipos de mineradores, o grande, era o minerador de lavra, e o pequeno, o de faiscamento. O minerador de lavra era aquele, dono de pelo menos 12 escravos, que participava do sorteio das datas e tinha o direito de explorar os veios de ouro em primeiro lugar. Quando uma lavra começava a demonstrar esgotamento e a produtividade caía, geral- 166 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS mente ela era abandonada e, a partir deste momento, o faiscador poderia ficar com o que sobrou dela. O faiscador era o minerador com pequena quantidade de escravos, insuficientes para participar dos sorteios, ou mesmo o trabalhador individual, que só tinha a sua bateia para tentar a sorte nas lavras abandonadas. Alguns conseguiram ir juntando ouro sufi- ciente para adquirir mais escravos e, posteriormente, passaram a ser grandes minerado- res. Alguns até fizeram fortuna. Há registro de alguns proprietários de escravos que os deixavam faiscar nos seus poucos momentos de descanso e alguns até conseguiram comprar a sua carta de alforria, documento que garantia a liberdade ao escravo. Tropeiros que abasteciam as regiões mineradoras também conseguiram enriquecer. Tome cuidado, porém, com uma coisa. A mobilidade social era pequena, não foi su- ficiente para desenvolver uma classe média. Classe social pressupõe uma grande quanti- dade de pessoas, e o número daquelas que conseguiam ascender não era suficiente para isso. Só se pode falar em classe média no Brasil, a partir da industrialização. 18. povoamento irregular O povoamento determinado pela mineração do ouro é um povoamento muito irregular e mais instável; sem nenhum planejamento, sem nenhuma ordem. Onde aparece ouro, ali surge uma povoação; quando o ouro se esgota, os mineiros mudam-se para outro lugar e a povoação definha e desaparece, isso porque o ouro encontrado em Goiás era o ouro de aluvião, em pequenas partículas, que ficavam depositadas no leito de rios e córregos ou no sopé das montanhas, geralmente. Sua extração era rápida e logo as jazidas se es- gotavam forçando os mineiros a se mudarem em busca de novas áreas para mineração. A produção de ouro em Goiás foi maior que a de Mato Grosso, porém muito menor que em Minas Gerais. O declínio da produção foi rápido. Veja abaixo: • 1726 – 0 kg • 1753 – 3.060 kg • 1778 – 1.090 kg • 1800 – 425 kg • 1822 – 20 kg O pico foi em 1753, mas 30 anos depois a produção já era insignificante. Luís Palacín afirma que esses são os dados oficiais disponíveis, porém, o volume de ouro extraído deve ter sido muito maior. De acordo com esse historiador, a maior parte do ouro retirada era sonegada para fugir dos pesados impostos e, portanto, não sabemos ao certo quanto ouro foi retirado de fato das terras goianas. 19. os impostos A Real Fazenda preocupava-se enormemente com a tributação, os impostos eram arrecadados por meio da cobrança do quinto. Para aprimorar a arrecadação e evitar a sonegação, em 1720 foram instituídas as casas de fundição juntamente com uma lei que proibia a circulação de ouro em pó, além da delação premiada. Essa medida gerou 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 167 descontentamento entre os mineradores que se rebelaram, em Vila Rica (MG), sob a liderança de Filipe dos Santos. O desfecho foi sangrento. Filipe dos Santos foi enforcado e esquartejado. À medida que a arrecadação caía, devido ao esgotamento das jazidas, a fiscalização arrochava sobre os mineradores e então foi criada a “capitação”. Um imposto que era cobrado por cabeça de escravo que o minerador possuísse. A Real Fazenda não admitia que o ciclo do ouro estivesse se esgotando. Quando a arrecadação caía alegava que era sonegação e implementava novas medidas fiscais. 19.1 A cobrança dos impostos em Goiás O Imposto típico da mineração era o quinto (20%), previsto já nas Ordenações Fili- pinas, instituídas em 1603. O quinto nada mais era do que um imposto cobrado pela coroa portuguesa e corres- pondia a 20% ou 1/5 de todo ouro encontrado na colônia. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição, para onde todo o ouro extraído deveria ser levado, derretido e coloca- do em formas denominadas quinteiros. No fundo da forma havia uma espécie de brasão real que ficava impresso na barrinha de ouro depois de solidificada. O ouro quintado era devolvido depois de descontada a parte devida à Real Fazenda. Nas minas de Goiás, variou ao longo do tempo o seu sistema de cobrança. Entre 1726-1736, o quinto era cobrado na Casa de Fundição, instalada em São Paulo, o que facilitava a prática da sonegação e reduzia os ganhos da Fazenda Real. Era quase impossível fiscalizar devido às grandes distâncias. Para combater a sonegação e partindo da ideia que era mais difícil ao minerador esconder o escravo que o ouro extraído, de 1736 até 1751 partiu-se para o sistema de ca- pitação, em que o imposto era cobrado na forma de um valor fixo por cabeça de escravo. A injustiça dessa forma de cobrança reside no fato de ela desconsiderar as diferenças de rendimento de cada escravo, em função da maior ou menor riqueza das várias minas e datas. 19.2 O imposto de capitação faz nascer o desejo de secessão no norte Esse imposto causou profundo descontentamento nos mineradores do norte de Goiás, haja vista que o valor estipulado para a região era mais alto que o cobrado dos minera- dores do sul de Goiás. As autoridades da Real Fazenda alegavam que as minas do norte eram mais ricas. Descontentes, os mineradores do norte ameaçaram se rebelar contra a autoridade do Superintendente das minas de Goiás para se subordinarem ao Maranhão ou mesmo criarem uma nova capitania. Nascia assim o desejo de secessão (de seccionar, separar) o norte do sul de Goiás. Pode-se considerar esse ato como o fundador do desejo de separatismo. 19.3 A volta das casas de fundição Por fim, em 1751, retornou-se ao sistema de cobrança do quinto nas Casas de Fundi- ção. Dessa vez, porém, houve a instalação, pelo governador D. Marcos de Noronha, da 168 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS primeira Casa de Fundição em Vila Boa, no ano de 1752. Em 1754, ao norte da Capitania, em São Félix, foi instalada uma segunda Casa de Fundição, transferida para Cavalcante, em 1796, e, extinta, em 1807. 19.4 Outros impostos Ainda havia a cobrança dos impostos de entrada (estradas) ou passagem (rios), co- brado nos registros sobre mercadorias; o dízimo real, sobre a produção agrícola, era co- brado por contratadores (particulares) e servia para custear as despesas administrativas. Havia ainda a siza, que incidia sobre a venda de escravos; o foro, espécie de IPTU. Havia também o subsídio literário (1774), implantado pelo Marquês de Pombal, para custear escolas, entre outros. A carga tributária era escorchante, o que gerava constante descon- tentamento e revolta por parte dos mineiros. Atenção: Não houve em Goiás a cobrança da finta (imposto aplicado apenas nas Minas Ge‑ rais antes da instalação das primeiras casas de fundição naquela região minerado‑ ra) e nem tampouco da derrama, que nunca chegou a sair do papel e ser aplicada, nem mesmo nas Minas Gerais. 20. declínio da mineração A partir da segunda metade do século XVIII, Portugal começou a entrar em fase de decadência progressiva, que coincidiu com o decréscimo da produtividade e do volume médio da produção das minas do Brasil. Então desde 1778, a produção bruta das minas de Goiás começou a declinar progressivamente, em consequência da escassez dos metais das minas conhecidas, da ausência de novas descobertas e do decréscimo progressivo do rendimento por escravo. O último grande achado mineratório em Goiás deu-se na cidade de Anicuns, em 1809, no sul da capitania. 21. a atividade agropecuária nas regiões mineradoras Assim que foram descobertas grandes jazidas de ouro no Brasil, logo se organizou uma hierarquia da produção: os territórios de minas deveriam dedicar-se exclusivamente – ou quase exclusivamente – à produção de ouro, sem desviar esforços na produção de outros bens, que poderiam ser importados. Isso era resquício da mentalidade mercanti- lista, em voga na época, que, durante muito tempo, identificou a riqueza com a posse dos metais preciosos. Os alimentos e todas as outras coisas necessárias para a vida vinham das capitanias da costa. As minas eram assim, uma espécie de colônia dentro da colônia, no dizer do historiador Luís Palacín. Isso nos explica o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuária em Goiás, duran- te os cinquenta primeiros anos. Tal sistema não se devia exclusivamente aos desejos e à política dos dirigentes; era também decorrente da mentalidade do povo. Mineiro naquele tempo não significava, como hoje, quem trabalha na mina, mas o proprietário de lavras e escravos que as trabalhassem, assim como o roceiro não signi- 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 169 ficava quem trabalhava na roça, mas o proprietário de terras e de escravos dedicados à lavoura. Ser mineiro era profissão mais honrosa, significava o mais alto status social. Todos queriam ser mineiros, e ninguém queria ser chamado de roceiro, profissão desprezada. Mesmo após muitos anos da decadência da mineração, esta continuava sendo a forma de pensar do povo de Goiás. Isto explica que, além da mineração, não se desenvolves- sem outras formas importantes de economia durante o século XVIII, e que só fossem ocupadas as áreas auríferas. 22. o Final da mineração 22.1 Tentativa de navegação no Araguaia e Tocantins A partir de 1775, com a mineração em franco declínio, o Primeiro Ministro de Portu- gal, Marquês de Pombal, toma diversas medidas para diversificar a economia no Brasil, sendo que várias delas vão afetar diretamente a capitania de Goiás. A primeira, como tentativa de estimular a produção, foi isentar de impostos por um período de 10 anos os lavradores que fundassem estabelecimentos agrícolas às margens dos rios. Entre os produtos beneficiados estavam o algodão, a cana-de-açúcar e o gado. A segunda medida foi a criação, em 1775, da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão, para explorar a navegação e o comércio nos rios amazônicos, incluindo os rios Araguaia e Tocantins. O Marquês de Pombal também ordenou a criação dos chamados aldeamentos indíge- nas. Todas essas medidas fracassaram. 23. a relação entre os colonizadores e os índios Na época da descoberta, eram numerosas as tribos indígenas que viviam em Goiás, cobrindo todo o seu território. Silva e Souza enumeram, em 1809, vinte povos vivendo no território e afirma que certamente deveria haver outros isolados. Em meio aos povos que habitaram Goiás podemos citar: Goyá, Caiapós, Xavantes, Crixás, Araés, Canoeiros, Apinagés, Capepuxis, Coroá‑mirim, Temimbós, Xerentes, Tapi‑ rapés, Carajás, Graduais, Tessemedus, Amadus, Guassu, Acroá, Xacriabá, entre outros. Muitos desses povos foram completamente extintos ou fugiram para as mais remotas regiões da floresta amazônica. Em Goiás, a descoberta do ouro levou a disputas territoriais. Tais disputas decorre- ram, sobretudo, da expulsão e também da fuga de tribos indígenas do litoral, no século XVII, quando buscaram refúgio no interior do País, em Estados como Mato Grosso/Mato Grosso do Sul e Goiás. Quanto mais avançavam os bandeirantes paulistas, mais provo- cavam migrações em massa de tribos indígenas, levando-as a disputas pela terra e pela sobrevivência. A política das autoridades com os índios é totalmente oposta a esta guerra de extermí- nio. As instruções vindas de Lisboa aos governadores ordenavam: “Tentem primeiro to- dos os meios de suavidade e persuasão para reduzir os índios bravos a viver civilizados, e não se procurem domar por armas (...) a Divina Providência não permitiu estender o 170 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS poder desta Monarquia nessas vastas regiões para destruir ou reduzir à escravidão os naturais habitantes dela, mas para trazer o conhecimento da religião, e para mudar seus bárbaros costumes em outros humanos, e mais úteis para sua própria conservação”. Em vez de uma política pacífica, como recomendavam as ordens reais vindas de Por- tugal, o que prevalecia era o genocídio sistemático dos nativos. Aldeamentos indígenas V ia ge m P it or es ca A tr av és d o B ra si l. Imagem de Índios, negros e portugueses envolvidos em combate no Brasil colônia. Guerrilhas índias. Johann Moritz Rugendas, 1820. Durante a época da mineração, as relações entre índios e mineiros foram eminente- mente guerreiras e quase sempre de mútuo extermínio. No dizer de Palacín: “Ao mineiro, sempre apressado e inquieto, faltavam o tempo e a paciência para atrair o índio mediante uma política pacífica. À invasão dos seus territórios e as perseguições de capitães-do- mato, respondiam os índios com contínuas represálias”. No sul, os Caiapós moveram guerra contínua durante 50 anos, chegando muitas ve- zes às portas de Vila Boa. Os que não foram exterminados pelos sertanistas de contrato Antônio Pires de Campos e Antônio Godoy acabaram aldeados em São José de Mossâ- medes, hoje município de Mossâmedes. No norte, a trajetória dos Acroás foi semelhante. Habitavam a região de Arraias, São Domingos e Natividade. Combatidos pelo sertanista de contrato Wenceslao Gomes da Silva, foram posteriormente aldeados em São José do Duro, hoje Dianópolis. Mas ao norte, com a decadência da mineração, a atividade hostil dos índios recru- desceu, exterminando fazendas e até arraiais florescentes, como Palma. Especialmente na região dos grandes rios, onde os índios se refugiaram, as hostilidades continuariam durante muitos anos. 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 171 No dizer de Luís Palacín: Aldear os índios consistia em reuni-los em povoações fixas, chamadas aldeias, onde, sob supervisão de uma autoridade leiga ou religiosa, deviam cultivar o solo e aprender a religião cristã. Em 1754, deu D. Marcos de Noronha regimento a estas aldeias, submetendo aos índios a um rigoroso regime militar, que gerou os piores resultados. Gastaram-se enormes somas na construção e na manutenção das aldeias, mais de 200 contos, quando o orçamento da capitania não passava de 50. Mas se as intenções foram boas, os resultados foram pífios. As dificuldades eram enormes. Não havia pessoal especializado, a população não cooperava, via o índio como um inimigo ou mesmo um “bicho do mato”, e os próprios índios, acostumados a viver em liberdade, não resistiam à nova vida em confinamento e muitas vezes se rebelavam. Sem contar as doenças trans- mitidas pelos brancos que dizimaram grande parte dos silvícolas. 24. a colonização de goiás 24.1 Aspectos gerais • No século XVI começam as primeiras bandeiras e entradas em busca do ouro e apri- sionamento do índio; • Em 1722 o bandeirante, Bartolomeu Bueno da Silva Filho, o Anhanguera Filho, acha a primeira jazida de ouro em Goyaz; • O Anhanguera funda o Arraial de Santana, que originou Vila Boa e hoje é a cidade de Goiás; • No período minerador a sociedade é urbana e negra; • Goyaz fazia parte da Capitania de São Vicente (São Paulo). • A Criação da Capitania de Goyaz • 1749 – criação da Capitania de Goyaz; • A Capitania de Goyaz é criada com o objetivo da coroa de aumentar o controle sob a região mineradora; • O Primeiro Governador – Conde D`Arcos (paulista); • Capital: Vila Boa; • Criam-se duas casas de fundição: uma em Vila Boa, Sul, e, outra, em Cavalcante, Norte; • Começa a diferenciação entre o sul e o norte de Goyaz. O sul passa a se destacar mais, as pessoas chegavam de mula e carroças, vinham do litoral sudeste, São Vicente. O norte passa a ser ocupado mais por nordestinos, vinham pelos rios: Rio Tocantins e depois Rio Araguaia; • A sociedade era essencialmente mineradora; • O ouro é de aluvião; • Por volta de 1778 tem início a decadência da mineração. Há uma queda da população urbana com uma caída gradual do número de escravos, devido a crise do ouro. 172 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 24.2 A vinda da família real para o Brasil (1808) As guerras napoleônicas (1805-1815) apresentaram dois aspectos importantes: de um lado as lutas contra as nações absolutistas do continente europeu, que viam na Revo- lução Francesa um grande perigo; de outro, as lutas contra a Inglaterra, por força das disputas econômicas entre esses dois países burgueses. Em 1806, apesar do domínio continental estar aparentemente assegurado, a Inglater- ra resistiu a Napoleão, favorecida pela sua posição insular (Ilha) e sua supremacia naval, sobretudo depois da batalha naval de Trafalgar (1805), quando a marinha francesa foi derrotada e quase inteiramente destruída. Impossibilitado de voltar a atacar a Inglaterra, Napoleão decretou o Bloqueio Conti- nental (1806), que consistia na proibição a todos os países europeus de fazerem comér- cio com os ingleses, sob pena de ter seus países invadidos pela imbatível tropa terrestre napoleônica. Para Napoleão tratava-se, pois, de derrotar a Inglaterra por meio de sua supremacia continental. O bloqueio continental era uma guerra indireta para desorganizar a econo- mia inglesa. Outro problema que Napoleão teve de enfrentar foi Portugal – tradicional aliado da Inglaterra – que relutava em aderir ao bloqueio. Para pôr fim às hesitações, Napoleão ordenou que Portugal rompesse com a Inglaterra e prendesse os súditos ingleses, con- fiscando-lhes os bens. Caso contrário, a invasão francesa seria inevitável. Sem poder responder negativa ou positivamente ao ultimato francês, a situação de Portugal refletia com toda a clareza a impossibilidade de manter o status quo. Pressionada por Napoleão, mas incapaz de lhe opor qualquer resistência, e também sem poder prescindir da aliança britânica, a Corte portuguesa estava hesitante. Qualquer opção significante causaria, no mínimo, o desmoronamento do sistema colonial ou do que dele ainda restava. A própria soberania de Portugal encontrava-se ameaçada, sem que fosse possível vislumbrar qual- quer solução plausível. Nesse contexto, destacou-se o papel desempenhado por Lord Strangford, que, segun- do Oliveira Lima, foi “um desses diplomatas, que a Inglaterra costuma exportar para certos países; que têm mais de protetores do que de negociadores, e que impõem, com mais brutalidade do que persuasão, o reconhecimento egoísta dos interesses dos seus concidadãos e de sua nação”. Como representante inglês, Strangford soube impor, sem vacilação, o ponto de vista da Coroa Britânica. 24.2.1 As imposições britânicas Para a Corte de Lisboa colocou-se a seguinte alternativa: permanecer em Portugal, e sucumbir ao domínio napoleônico, ou retirar-se para o Brasil. Esta última era a so- lução definida pela Inglaterra. Para Nelson Werneck Sodré, “a ação de Strangford não se resumia, entretanto, em defender a solução da retirada para o Brasil, que permitia à Inglaterra subtrair a frota portuguesa ao aprisionamento pela forças francesas (...)”. Por outro lado, era “preciso fazer pagar a ajuda, pressionar no sentido de extrair o máximo 3. GEOGRAFIA, HISTÓRIA E ATUALIDADES DE GOIÁS 173 de concessões daquele governo transido (apavorado), afetado de todos os lados, sem saída, sem possibilidade de resolver sozinho a situação”. Como a invasão do país era iminente, só restava a D. João e a Corte portuguesa fugi- rem para o Brasil sob proteção britânica. O momento era de pânico. As tropas napoleônicas comandadas por Junot já inva- diam Portugal. O Tesouro Nacional era saqueado por membros do governo e nobres que fugiam para o Brasil. O povo estava sendo abandonado e a revolta pelas ruas acelerava a fuga. D. João fugiu disfarçado para se esconder da fúria popular. No desespero, muita gente morreu afogada tentando nadar até os navios que zarpavam. Segundo Nelson Werneck Sodré, “foi um salve-se quem puder trágico, amargo, ca- racterístico do nível de desagregação a que chegara o Reino de Portugal sob o governo bragantino e de uma classe feudal inepta e corrupta. O espetáculo teve cores dantescas”. No meio da parafernália uma frase coerente foi dita pela louca rainha D. Maria I aos que a conduziam correndo num coche: “Não corram tanto, vão pensar que estamos fugindo”. 24.2.2 Consequências administrativas da vinda da família real para o Brasil Para organizar a administração da nova sede do reino português foram necessárias várias providências: • Criação dos Ministérios da Fazenda e Interior, Marinha, Guerra e Estrangeiros; • Fundação do Banco do Brasil; • Instalação da Junta Geral do Comércio; • Criação das primeiras faculdades no Brasil (de Medicina, na Bahia e de Direito, no Recife); • Instalação da Casa de Suplicação (Supremo Tribunal) etc.; • Elevação do Brasil a categoria de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 1815. 24.3 Novas tentativas de reativação da economia Na primeira metade do século XIX, era desolador o estado da capitania de Goiás. Com a decadência a população não só diminuiu como se dispersou pelos sertões, os arraiais desapareciam ou se arruinavam e a agropecuária estava circunscrita à produção de subsistência. Como medidas salvadoras, o príncipe regente D. João VI, assim que chegou ao Brasil, em 1808, passou a incentivar a agricultura, a pecuária, o comércio e a navegação dos rios. Várias medidas foram anunciadas, mas a maioria nunca saiu do papel. 1. Foi concedida a isenção de impostos pelo período de 10 anos aos lavradores que, nas margens dos rios Tocantins, Araguaia e Maranhão fundassem estabelecimentos agrí- colas. 2. Foi dada ênfase à catequese do índio para aculturá-lo e aproveitá-lo como mão de obra na agricultura. 174 DELEGADO CIVIL DE GOIÁS 3. Criaram-se presídios às margens dos rios, com os seguintes objetivos: proteger o comércio, auxiliar a navegação e aproveitar o trabalho dos nativos para o cultivo da terra. Presídios eram colônias militares de povoamento, defesa e especialização agrícola. Em Goiás, os mais importantes foram Santa Maria (atual Araguacema‑TO), Jurupense, Leopoldina (atual Aruanã‑GO), São José dos Martírios. Na verdade, deram poucos resul‑ tados, por causa do isolamento e da inaptidão dos soldados no cultivo da terra. A maioria desses presídios desapareceu com o tempo. 4. D. João VI, atendendo a uma antiga demanda de vários capitães-generais (gover- nadores) de Goiás que reclamavam do tamanho gigantesco da área geográfica de Goiás, dividiu o território goiano em duas comarcas: a do sul, compreendendo os julgados de Goiás (cabeça ou sede), de Meia Ponte, de Santa Cruz, de Santa Luzia, de Pilar, de