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Medicina Legal – 4° Bimestre – Prof. Dr. Roberto Cuan Ravinal TRAUMATOLOGIA FORENSE Ofensa à integridade física ou à saúde produzidas por energias (agentes): Mecânica Física Química Físico-química Biodinâmica Bioquímica Mista Estuda os aspectos médico-jurídicos das lesões causadas pelos agentes lesivos. Trauma é o resultado da ação vulnerante que possui energia capaz de produzir alesão. AGENTES MECÂNICOS São agentes que atuam pela energia mecânica. Incidindo sobre o corpo, modificando o seu estado de repouso ou movimento. Produzindo lesões em todo ou parte do corpo. Ação/ atuação: agem por contato e diretamente sobre a superfície atingida, atuando por: Somente Pressão Pressão e Deslizamento Choque, acompanhado ou não de deslizamento Daí os três tipos de lesão simples: Punctória Incisa Contusa Ferida (Lesão) Modo de Produção Instrumento Típico Punctória Pressão em Ponto Prego, alfinete, agulha, furador de gelo, estilete (Perfurante) Incisa Deslizante, maior que pressão Navalha, bisturi, lâminas, estilhaços de vidro, folha de papel, linha de cerol (Cortante) Contusa Choque (pode haver ou não deslizamento) Martelo, marreta, cassetete, soco-inglês, bastão, pedra (Contundente) Outras formas de ação Quando estes modos de ação se associam, a lesão passa a ser chamada de Mista. Perfurocortante (perfuroincisa): facas, canivete, espada, punhal, estilete, peixeira. Pérfurocontundente (perfurocontusa): arma de fogo Lácerocondundente: Agentes Perfurantes Instrumentos ou agentes finos, alongados, pontiagudos (punctórios), comprimidos, produzindo lesões punctórias ou punctformes. Atuam por pressão sobre um determinado ponto e penetram a superfície, geralmente afastando as fibras dos tecidos atingidos sem seccioná-los. Ex: prego, espinho, agulha, estilete, garfo, espeto, seta, florete, furador de gelo. Agentes Perfurantes (feridas punctórias) Orifício de entrada: Diminuto, circular ou fusiforme (abertura estreita) Pouca nocividade na superfície De pouco sangramento externo Recoberto por uma crostícula sero-hemática Mas a lesão pode ocasionar importantes lesões internas (perfuração de órgãos, vísceras ou hemorragias Seguem a elasticidade e contratividade da pele. Trajetória: Retilínea: Predomina a profundidade (comprimento) e diâmetro. Termina em fundo cego (fundo de saco – lesão penetrante). Pode ser transfixante com orifício de saída semelhante ao de entrada. Agentes Cortantes Atuam por pressão e deslizamento (pressão e deslocamento), atingindo a superfície em Agentes Contundentes Os instrumentos agem pela ação de superfícies. Sólidos, líquidos, gasosos, desde que atuem por pressão, explosão, torção, distensão, descompressão, arrastamento. Agentes Contundentes (Lesão Contusa) O choque de superfícies pode se dar de forma: Ativa (quando o instrumento é projetado contra a vítima) Passiva (quando a vítima vai ao encontro do objeto): uma queda Mista (ambos em movimentação) Lesões Contusas Devido à elasticidade da pele, esta se conserva íntegra e a lesão se produz em nível profundo. Escoriação: quando o atrito do deslizamento lesa a superfície da pele (esfolados, arranhões). Esquimose: rompimento de vasos sanguíneos superficiais e profundos, provocam manchas roxas. Hematomas e Bossas (“galo”): coleções localizadas de sangue. Ex: martelo, cinto, cassetete. Feridas Contusas (Escoriações) O atrito (deslizamento) provoca o arrancamento da epiderme e desnudamento da derme. Comum nas quedas (lesões nos joelhos, cotovelos) Ocorre formação de crosta que pode ser serosa (predomínio de linfa) ou hemática (predomínio sanguíneo). A recuperação, prazo curto (5 à 7 dias). Interesse Jurídico: arrastamento, atropelamento, lesões de defesa (unhadas). Feridas Contusas (Equimoses) Contusão mais freqüente e mais importante na prática. Tecido externo apresenta-se íntegro. Ocorre derrame sanguíneo interno, com produção de mancha de variado tamanho, conforme a extensão da área que sofreu o choque. O material extravasado (sangue) vai ser reabsorvido e isto provoca uma variação cromática (cor) que vai do início ao pleno reparo da lesão. Espectro equimótico: alterações cromáticas (cor) da hemoglobina em sua metabolização e absorção pelo organismo. Espectro equimótico, serve para: Avaliar a data da lesão; Se ocorrerem várias lesões em dias diferentes. Espectro equimótico COR EVOLUÇÃO EM DIAS VERMELHO ESCURO 1º DIA VIOLETA 2º - 3º DIAS AZULADO 4º - 6º DIAS VERDE ESCURO 7º - 10º DIAS VERDE AMARELADO 11º - 12º DIAS AMARELO 12º - 17º DIAS NORMAL APÓS 20º - 22º DIAS Ferida Contusa (Hematoma) Semelhante á equimose, sangramento mais violento a ponto de descolar a pele, formando uma verdadeira bolsa de sangue. Apresentam relevo da pele. Instrumento contundente age sobre a superfície corporal em que há tecido ósseo abaixo e com a musculatura muito tênue. Locais de tecido frouxo, mole. Com o passar do tempo o organismo absorve o sangue, havendo ali, as mesmas variações de cores da equimose, o processo será mais demorado. Outras lesões contusas Luxação: afastamento repentino e duradouro de uma das extremidades. Fratura: solução de continuidade, parcial ou total dos ossos submetidos à ação de instrumentos contundentes (fraturas cranianas são geralmente radiadas). Rompimento de órgãos: decorrente de fraturas Esmagamento Outras lesões – Esmagamento Todos os planos anatômicos de um seguimento são comprimidos e distorcidos. Produzido de agente com grande energia cinética geralmente grande massa: Partes moles Ossos. ASFIXOLOGIA ASFIXIA Supressão da respiração decorrente de energia físico-química, produzindo impedimento da penetração do ar atmosférico na árvore respiratória. Redução do teor de O2 Aumento do teor de CO2 no sangue arterial Tríade Asfíxica Se constituem em sinais presentes em todas as modalidades de asfixia: Sangue escuro (exceção no afogamento quando o sangue é claro) Congestão poli-visceral Esquimose ou mancha de Tardieu (regiões sub-conjuntival, sub-pleural e sub-epicárdica) Classificação das Asfixias Violentas: Asfixia por obstrução das vias respiratórias Constrição cervical Enforcamento Estrangulamento Esganadura Sufocação direta: narina, boca, laringe o faringe (mãos, corpo estranho) Por restrição aos movimentos do tórax Compressão toráxica (sufocação indireta) Fraturas costais múltiplas Paralisia dos músculos respiratórios (espasmo, flacidez) Por modificação do meio ambiente Confinamento Soterramento Afogamento Por fadiga: crucificação SUFOCAÇÕES Asfixia provocada por mecanismos que obstaculizam a entrada de ar nos pulmões, não sendo produzida pela submersão ou pela constrição cervical. Tipos: Diretas: obstáculos mecânicos nas aberturas aéreas (nariz, boca e glote) Oclusão acidental Oclusão criminosa Sinais: cor violácea intensa de face, pescoço e superior do tórax (máscara equimótica de Morestin) AFOGAMENTO Modalidade de asfixia, na qual o indivíduo é introduzido em meio líquido ou semi-líquido e ocorre a penetração deste líquido nas vias respiratórias. Não é necessário estar submerso. Tipos: Afogamento Azul: o indivíduo apresenta coloração cianótica, morte por aspiração de um meio líquido ou semi-líquido, é o afogado verdadeiro. Afogamento Branco: o indivíduo apresenta coloração branca, morte que ocorreu dentro do meio líquido, porém não ocorre a aspiração deste meio (sem sinais de asfixia). A morte ocorre por outras razões como AVC, infarto de miocárdio. Sinais Externos Enrugamento da pele (mão de lavadeira) Cogumelo de Espuma: mistura de gases, muco e H2O nas vias respiratórias, ocorre quando retira-se o afogado precocemente do H2O. Cogumelo de espuma: Face congesta e arroxeada Observado nas narinas e na boca (exsudado contendo mistura de proteínas, muco, gases e H2O) Cor branca, róseo devido à mistura com sangue pulmonar Também encontrado na traquéia e nos brônquios. Sinais Externos Lesões provocadas por animais aquáticos atacam principalmente as partes moles, pálpebras, lábios, nariz e orelhas. Cabeça de negro, devido ao fato da parte superior do corpo do afogado ser mais pesada, a mancha verde se inicia pela face e pescoço, com o escurecimento vai rapidamente à cabeça ficando totalmente negra Agigantamento do cadáver devido à putrefação que ocorre em aproximadamente 24 horas. SOTERRAMENTO CONFINAMENTO ESGANADURA Forma de asfixia provocada pela constrição do pescoço diretamente pela mão. Mecanismo de morte: Inicialmente, pelo mecanismo vascular que leva à inconsciência de forma rápida, após o mecanismo respiratório com a obstrução das vias aéreas. Homicídio, Infanticídio, crimes sexuais Sinais Externos: equimoses, escoriações, estigmas ungueais (lesões semilunares causadas pelas unhas), hematomas, contusões no pescoço, lesões de defesa nas mãos e antebraços. Sinais Internos: infiltração sanguínea subcutânea, fraturas das cartilagens do pescoço, tríade asfíxica. ESTRANGULAMENTO Asfixia mecânica provocada pela constrição do pescoço por um laço onde a força atenuante não é o peso da vítima. Sinais Externos: Sulco transversal completo contínuo em toda a volta do pescoço e com a mesma profundidade (único ou múltiplo), sem a presença de sinal de nó. Grande edema facial com cianose intensa, reflexo da oclusão jugular e não das artérias cervicais, impedindo assim o retorno sanguíneo. Sinais Internos: Equimoses em face e conjuntiva, pequenas e em maior número, resultado do mesmo mecanismo anterior. Língua protusa e exoftalmia bastante acentuada. Causa morte por estrangulamento: Atuação conjuntiva dos mecanismos vascular e respiratório. Homicida, porém pode ser suicida (suicida costuma fazer um torniquete), acidental. ENFORCAMENTO Asfixia na qual a constrição do pescoço por um laço que é acionado pelo próprio peso da pessoa. Tipos de enforcamento: Completo: a vítima fica totalmente suspensa. Incompleto ou atípico: a vítima se encontra parcialmente suspensa, parte do corpo se encontra apoiado em alguma coisa (os pés tocam o solo, os joelhos inclusive em algumas vezes o próprio abdome). *OBS: 2 Kg bastam para ocluir a jugular. Enforcamento – MECANISMOS: A morte por enforcamento se dá em aproximadamente de 5 à 10 minutos, entretanto a perda da consciência em muitos casos, de 10 segundos. Dois mecanismos combinados o vascular e o respiratório resultam na morte, sendo o mais importante o vascular quando o laço impede a chegada e o retorno do sangue à cabeça. Bastam 2 Kg para obliterar jugulares, 5 Kg para carótidas e 25 Kg para cervicais. Sinais Externos Presença de sulco ascendente (oblíquo) com profundidade variável, que desaparece a nível de nó e é mais profundo no oposto deste. Discreta ou intensa cianose facial, dependendo da maior ou menor obstrução vascular. Bordas desiguais A cabeça pende do lado oposto ao nó. Tipos de laço: Duro: corda, arame, fio. O sulco geralmente é único, oblíquo, a parte mais alta corresponde à localização do nó, local onde há uma interrupção do sulco. O leito é pálido, apergaminhado. Retrata o instrumento empregado. Sinais Externos: Língua protusa podendo apresentar espuma. Globos oculares raramente se protraem. Livores cadavéricos devido à ação da gravidade surgem abaixo da cicatriz umbilical e nos membros inferiores. Pés e pernas podem apresentar ferimentos devido as convulsões (estes podem se chocar com objetos) Otorragia com ou sem ruptura timpânica. SEXOLOGIA FORENSE CRIMES SEXUAIS São denominados crimes contra a liberdade sexual: Estupro Atentado violente ao pudor Segundo o CP, são atos sexuais: Conjunção carnal Ato libidinoso Conjunção carnal, também chamada: Cópula Coito “imissio penis” Relação entre homem e mulher, caracterizada pela penetração do pênis na vagina, com ou sem ejaculação “intromissio penis vagina”. Conjunção carnal: ato libidinoso (por excelência) Atos libidinosos diversos da conjunção carnal: Cópulas ectópicas Atos orais Atos manuais Cópula ectópica (cópulas fora da vagina) Cópula anal Cópula retal Cópula vulvar (cópula vestibular ou “ad introtun”) Cópula oral ou felagão Cópula entre as coxas Atos orais: Felagão Cienilíngua Beijos e sucções nas mamas, coxas ou outras regiões de conotação sexual. Atos manuais: Masturbação Manipulações de todos os tipos ESTUPRO Art. 213: Constranger alguém à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça... Conjunção carnal: (ato sexual convencional) cópula vaginal, coito penis/vagina Tipos de violência: Efetiva Presumida Física: a lei exige que o agressor tenha agido de forma violenta anulando ou enfraquecendo a vítima. Psíquica: o agente conduz a vítima a uma forma de não resistência por inibição ou enfraquecimento das faculdades mentais. Embriaguez Anestesia Drogas alucinógenas Violência Presumida: Menor de 14 anos Vítima alienada ou débil mental Qualquer causa que impeça a vítima de resistir Grande ameaça: Forma de violência moral Vítima impossibilitada pelo medo, angústia ou pavor de esboçar uma resistência Objetivos periciais: Comprovar a cópula vaginal Duas situações: Mulher virgem Mulher com vida sexual pregressa Perícia do estupro Exame do hímen, no exame o hímen pode estar: Íntegro Com ruptura completa Com ruptura incompleta Com agenesia (ausência congênita) Complacente Reduzido a carúnculas mitriformes (ocorre em mulheres que passiram) Hímen Complacente: Permite conjunção carnal sem se romper 10% dos hímens são complacentes Conceito relativo: depende: espessura do pênis Largura da vagina Hímens notos quanto à cicatrização: Ruptura recente: até cerca de 20 dias Ruptura antiga ou cicatrizada Quando se afirma que a ruptura é antiga significa que ocorreu há mais de 20 dias. Considerações periciais: Geralmente rompe na primeira conjunção carnal Pode ocorrer rompimento: Masturbação Colocação de corpo estranho Colocação de absorvente íntimo O seu exame não constitui tarefa fácil, levando, às vezes, o perito á equívocos Mulher com vida sexual pregressa: Perícia deve buscar prova de ejaculação Presença de espermatozóide no líquido seminal e suas proteínas. Lesões genitais (contusões, lacerações) decorrentes de: Violência da penetração Desproporção do tamanho do pênis e vulva e vagina (crianças) Pêlos Genitais: Pêlos pubianos soltos encontrados: Na região pubiana Na região vulvar Sobre corpo da vítima Na roupa íntima ou na cama Manchas de sêmen Quando apresenta nas vestes, em roupas íntimas ou de cama, constituem achado comum e importante da ocorrência de crimes de natureza sexual. O diagnóstico de maior certeza consiste na confirmação da presença do elemento figurado do esperma (um único espermatozóide já é prova de conjunção carnal) Gravidez A conjunção carnal poderá também ser comprovada com base na constatação da gravidez. Doenças Sexualmente Transmissíveis Sífilis Candidíase Herpes Genital Gonorréia Hepatite B HIV Pediculose do prébis (chato) Exame ânus Forma Contusões (equimoses, hematomas) Escoriações Lacerações Objetivos periciais: Caracterizar o ato libidinoso Caracterizar a violência efetiva ou presumida Obter provas biológicas que permitam identificar o agente Aborto Expulsão prematura e violenta provocada do produto da concepção independente de todas as circunstâncias de idade, viabilidade. Interesse Jurídico Provocar aborto em si mesmo ou consentir que outrem provoque Provocar aborto sem consentimento da gestante Provocar aborto com consentimento da gestante Provocar aborto, lesões graves na gestante Não se pune aborto praticado por médico: Aborto terapêutico: único meio que se tem para salvar a vida da gestante Aborto sentimental: gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou quando incapaz, de seu representante. Aborto Terapêutico A mão apresenta perigo vital Este perigo esteja sob a dependência direta da gravidez A interrupção da gravidez faça cessar esse perigo para a vida Esse procedimento seja o único meio de se salvar a vida da gestante Confirmação de outros dois ou mais médicos Aborto Sentimental Indicado em caso de estupro Consentimento da vítima Autorizado pro juiz, representantes do Ministério Público (cautela para o médico) Testemunha do consentimento da vítima (cautela para o médico) Estudar Infanticídio � PAGE \* MERGEFORMAT �1�