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DIREITO AMBIENTAL

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Enviado por Thamyris Malva Flegler em

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1
INTRODUÇÃO
O estudo do meio ambiente sempre 
foi chamado de “ecologia”, palavra 
criada a partir das expressões gre-
gas oikos (casa) e logia (estudo), 
resultando na idéia de “estudo da 
casa”. Essa palavra é utilizada des-
de o século XIX, como ramo da Bio-
logia. Já o estudo do meio ambien-
te, em termos legais, é bem recen-
te. Até pouco tempo atrás sequer 
havia lei que tratasse do Direito Am-
biental. 
No plano mundial, o primeiro gran-
de marco dessa preocupação foi a 
Conferência de Estocolmo (1972), 
na qual foi feita a “Declaração do 
Meio Ambiente” e asseverou-se 
a importância de compatibilizar o 
desenvolvimento com a proteção 
ambiental, dando início ao estudo 
do princípio do desenvolvimento 
sustentável e a disseminação de 
leis ambientais nas legislações es-
trangeiras.
Em 1992, o Brasil sediou a segunda 
grande conferência mundial sobre o 
meio ambiente (a Rio-92), conferên-
cia que resultou na “Declaração do 
Rio”, que consagrou o princípio do 
desenvolvimento sustentável. Na 
ocasião fi cou acordada a aprova-
ção de um documento com compro-
missos para um futuro sustentável, 
a Agenda 21. 
Em 2002, a África do Sul sediou a 
terceira conferência mundial sobre 
o meio ambiente (a Rio+10). Dela 
resultou uma declaração política, 
“O Compromisso de Joanesburgo 
sobre Desenvolvimento Sustentá-
vel”, e um plano de implementação, 
cujos objetivos maiores são erradi-
car a pobreza, mudar os padrões 
insustentáveis de produção e con-
sumo, e proteger os recursos naturais. 
No plano interno, apenas em 1981 
apareceu uma lei preocupada com a 
proteção ambiental em geral, a Lei de 
Política Nacional do Meio Ambiente 
(Lei 6.938/81). De lá para cá, como se 
verá em capítulo próprio, diversas leis 
cuidaram do assunto. 
Não adotamos uma visão ecocêntrica, 
ou seja, a de que todas as formas de 
vida devem ser preservadas. Adotamos 
uma visão antropocêntrica, ou seja, a 
de que o homem é o centro da preo-
cupação ambiental. Todavia, há hoje 
uma evolução da visão adotada, com 
a idéia de antropocentrismo alargado 
ou holístico, para o fi m de reconhecer 
o valor intrínseco do meio ambiente, in-
dependente do valor que ele tem para 
o ser humano.
CONCEITOS BÁSICOS
1. Meio Ambiente.
1.1. Conceito. 
O meio ambiente pode ser conceito 
como o conjunto de condições, leis, in-
fl uências e interações de ordem física, 
química e biológica que permite, abriga 
e rege a vida em todas as suas formas 
. Este é o conceito trazido no art. 3o, I, 
da Lei 6.938/81. Note que o conceito 
engloba tanto os elementos vivos ou 
não da natureza, como também aque-
les que abrigam qualquer tipo de vida, 
o que inclui espaços artifi ciais, ou seja, 
espaços criados pelo homem.
1.2. Espécies de bens ambientais. 
O meio ambiente não se limita aos re-
cursos naturais. O meio ambiente en-
globa também todos aqueles elemen-
tos que contribuem para o bem-estar 
e a felicidade humana Assim, os bens 
ambientais podem ser de três espé-
cies: a) meio ambiente natural (ou 
físico), que consiste nos elementos 
que existem mesmo sem infl uência 
do homem. Ex.: solo, água, ar, fau-
na e fl ora. b) meio ambiente artifi -
cial, que consiste no espaço cons-
truído pelo homem, na interação 
com a natureza. Ex.: edifi cações e 
espaços públicos abertos. c) meio 
ambiente cultural, que consiste no 
espaço construído pelo homem, na 
interação com a natureza, mas que 
detém um valor agregado especial, 
por ser referência ligada à memória, 
aos costumes ou aos marcos da 
vida humana. Ex.: patrimônio histó-
rico, arqueológico, artístico, paisa-
gístico e cultural. d) meio ambiente 
do trabalho, que consiste lugar 
onde o ser humano exerce suas 
atividades laborais. Pode ser tanto 
um lugar aberto, como um prédio. A 
idéia, aqui, é preservar a saúde, a 
segurança e o bem-estar do traba-
lhador no seu ambiente de trabalho. 
1.3. Natureza do bem ambiental: 
Para fi ns processuais, o meio am-
biente ecologicamente equilibrado é 
um bem difuso. 
Já quanto à titularidade, pode ser 
bem público ou privado. Quando 
a Constituição dispõe que o meio 
ambiente ecologicamente equilibra-
do é bem de uso comum do povo, 
não está dizendo que é um bem 
público, mas que Estado e povo 
têm direito de exigir sua proteção (e 
o dever de protegê-lo) e de usá-lo 
direta ou indiretamente, na medida 
em que dependemos dele para nos-
sa sobrevivência.
2. Poluição e degradação do meio 
ambiente. 
Há dois conceitos que devem ser 
diferenciados. São os de degra-
DIREITO
AMBIENTAL
2
dação da qualidade ambiental e 
de poluição. Enquanto a primeira 
consiste na alteração adversa do 
meio ambiente, a segunda signifi ca 
a mesma alteração, mas provocada 
por uma atividade, vale dizer, por 
uma conduta humana (art. 3º, II e 
III). 
Já o poluidor, de acordo com a lei, 
pode ser tanto uma pessoa física 
como uma pessoa jurídica, pública 
ou privada, responsável, direta ou 
indiretamente, por atividade causa-
dora de degradação ambiental (art. 
3º. IV). 
DIREITO AMBIENTAL NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
1. Proteção geral do meio am-
biente. 
A CF/88 traz verdadeira regra ma-
triz da proteção ambiental. Confi ra 
as regras nela expressas: a) o meio 
ambiente ecologicamente equili-
brado é tanto um direito como um 
dever de todos, inclusive do Estado; 
as futuras gerações também têm 
esse direito; b) o poder público tem 
deveres específi cos de proteção, 
como restaurar processos ecoló-
gicos essenciais, prover o manejo 
ecológico, preservar a integridade 
do patrimônio genético, fi scalizar a 
manipulação de material genético, 
defi nir espaços de conservação es-
pecialmente protegidos, exigir estu-
dos prévios de impacto ambiental, 
controlar determinadas atividades, 
promover a educação ambiental 
etc. c) a responsabilidade civil é 
objetiva; a reparação do dano deve 
importar na recuperação do bem 
violado, de acordo com a solução 
técnica exigida pelo órgão público 
competente, não sendo sufi ciente 
a mera conversão da obrigação em 
perdas e danos; d) os causadores 
de danos ambientais também pode-
rão responder na esfera penal; as 
pessoas jurídicas também poderão 
responder na esfera criminal; e) as 
responsabilidades civil, administra-
tiva e criminal são independentes; f) 
a Floresta Amazônica, a Mata Atlân-
tica, a Serra do Mar, o Pantanal Ma-
to-Grossense e a Zona Costeira são 
patrimônios nacionais especialmente 
protegidos; repare que o Cerrado e a 
Caatinga são ecossistemas que não 
foram considerados, pela Constitui-
ção, como patrimônio nacional; g) são 
indisponíveis as terras devolutas ou 
arrecadas pelos Estados, por ações 
discriminatórias, necessárias à prote-
ção dos ecossistemas naturais; h) as 
usinas que operem com reator nuclear 
deverão ter sua localização defi nida 
em lei federal, sem o que não poderão 
ser instaladas. 
O tratamento constitucional do meio 
ambiente está nos seguintes pontos: 
a) na tutela geral do meio ambiente 
(art. 225); b) no princípio da função so-
cial da propriedade (arts. 5º, XXIII, 182 
e 186); 
c) na enumeração dos bens da União 
(art. 20, II); d) na divisão de compe-
tência entre os entes federativos (arts. 
21, XIX, 23, III, VI e VII, e 24, VI, VII 
e VIII); e) na possibilidade de instaurar 
inquérito civil e ação civil pública para 
a proteção do meio ambiente (art. 129, 
III); f) na regulamentação da ordem 
econômica (art. 170, VI); g) na atribui-
ção do sistema único de saúde de co-
laborar na proteção do meio ambiente, 
nele compreendido o do trabalho (art. 
200, VIII); h) na proteção do patrimônio 
cultural (art. 216); i) nas restrições às 
propagandas (art. 220, § 3º, II); j) na 
defi nição das terras ocupadas pelos ín-
dios (231, § 1º). 
2. Proteção do patrimônio cultural. 
A Constituição tratou, de modo espe-
cial, da proteção do meio ambiente 
cultural.
De acordo com o caput do dispositivo, 
constituem patrimônio cultural brasi-
leiro os bens de natureza material ou 
imaterial, tomados individualmente ou 
em conjunto, portadores de referência 
à identidade, à ação, à memória dos 
diferentes grupos formadores da socie-
dade brasileira, nos quais se incluem: 
I - as formas de expressão (ex: música, 
teatro e literatura); 
II - os modos de criar, fazer e viver (ex: 
costumes indígenas ou de uma comu-
nidade de pescadores); 
III - as criações científi cas, artísticas e 
tecnológicas (obs: repare que essas 
criações, além da proteção empre-
sarial, são patrimônio cultural brasi-
leiro); 
IV - as obras, objetos, documentos, 
edifi cações e demais espaços des-
tinados às manifestações artístico-
culturais; 
V - os conjuntos urbanos e sítios de 
valor histórico, paisagístico, artís-
tico, arqueológico, paleontológico, 
ecológico e científi co.
O legitimado para a promoção e a 
proteção desse patrimônio é o Po-
der Público, em colaboração com a 
comunidade (art. 216, § 1º, CF). 
E os instrumentos para a promo-
ção e a proteção desse patrimônio 
são os seguintes: registros (ex: 
de criações científi cas), vigilância, 
tombamento (ex: do Pelourinho) e 
desapropriação, e outras formas de 
acautelamento e preservação” (art. 
216, § 1º, CF). 
 LINK ACADÊMICO 1
COMPETÊNCIA EM 
MATÉRIA AMBIENTAL
A Constituição também traça a com-
petência em matéria ambiental, que 
se divide em competência legislati-
va e administrativa. 
Comecemos com a competência 
administrativa (que, por óbvio, de-
pende da edição de leis para que 
seja exercida), em que se confere o 
dever-poder de agir na matéria meio 
ambiente a todos os entes da fede-
ração. Segundo o art. 23 da Cons-
tituição, é competência comum 
da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios proteger e 
preservar o meio ambiente. 
Assim, em matéria de fi scalização, 
por exemplo, são competentes para 
a imposição de sanções agentes 
públicos de todos os entes federa-
tivos. Pode um agente municipal, 
portanto, aplicar sanção prevista 
em lei federal ambiental (por ex., na 
Lei 9.605/98). 
Já quanto à competência legislati-
va, temos, num primeiro momento, 
competência concorrente entre 
a União (que edita leis gerais) e os 
Estados e o Distrito Federal (que 
suplementam a legislação federal). 
3
Na falta de norma geral da União, 
os Estados exercerão a competên-
cia legislativa plena para atender 
a suas peculiaridades. Porém, a 
superveniência de lei federal sobre 
normas gerais suspende a efi cácia 
da lei estadual, no que contrariar. 
Por fi m, ainda no plano legislati-
vo, vale lembrar que o Município 
poderá legislar sobre matéria am-
biental (a princípio, competência 
da União, dos Estados e do Distrito 
Federal) em questões de interesse 
peculiar ao respectivo ente, vale di-
zer, em questões de interesse local, 
específi co daquele Município, sem 
prejuízo da edição de leis que visem 
suplementar a legislação federal e 
estadual, no que couber, ou seja, 
quanto a questões de interesse lo-
cal (art. 30, I e II, da CF). 
PRINCÍPIOS DO DIREITO 
AMBIENTAL
1. Princípio do desenvolvimento 
sustentado: é aquele que determi-
na a harmonização entre o desen-
volvimento econômico e social e a 
garantia da perenidade dos recur-
sos ambientais. Tem raízes na Car-
ta de Estocolmo (1972) e foi consa-
grado na ECO-92. 
2. Princípio do poluidor-pagador: 
é aquele que impõe ao poluidor tan-
to o dever de prevenir a ocorrência 
de danos ambientais, como o de 
reparar integralmente eventuais da-
nos que causar com sua conduta. 
O princípio não permite a poluição, 
conduta absolutamente vedada e 
passível de diversas e severas san-
ções. Ele apenas reafi rma o dever 
de prevenção e de reparação inte-
gral por parte de quem pratica ativi-
dade que possa poluir.
 
3. Princípio da obrigatoriedade 
da intervenção estatal: é aquele 
que impõe ao Estado o dever de 
garantir o meio ambiente ecologica-
mente equilibrado para as presen-
tes e futuras gerações. O princípio 
impõe ao poder público a utilização 
de diversos instrumentos para pro-
teger o meio ambiente, que serão 
vistos em capítulo próprio. 
4. Princípio da participação coletiva 
ou da cooperação de todos: é aque-
le que impõe à coletividade (além do 
Estado) o dever de garantir e participar 
da proteção do meio ambiente. O prin-
cípio princípio cria deveres (preservar 
o meio ambiente) e direitos (participar 
de órgãos colegiados e audiências pú-
blicas, p. ex.). 
5. Princípio da responsabilidade 
objetiva e da reparação integral: é 
aquele que impõe o dever de qualquer 
pessoa responder integralmente pelos 
danos que causar ao meio ambiente, 
independentemente de prova de cul-
pa ou dolo. Perceba que a proteção é 
dupla. Em primeiro lugar, fi xa-se que 
a responsabilidade é objetiva, o que 
impede que o causador do dano deixe 
de ter a obrigação de repará-lo sob o 
argumento de que não agiu com culpa 
ou dolo. Em segundo lugar, a obriga-
ção de reparar o dano não se limita a 
pagar uma indenização, mas impõe 
que a reparação seja específi ca, isto 
é, deve-se buscar a restauração ou 
recuperação do bem ambiental lesado, 
procurando, assim, retornar à situação 
anterior. 
6. Princípio da prevenção: é aquele 
que impõe à coletividade e ao poder 
público a tomada de medidas prévias 
para garantir o meio ambiente ecologi-
camente equilibrado para as presentes 
e futuras gerações. A doutrina faz uma 
distinção entre este princípio e o prin-
cípio da precaução. O primeiro incide 
naquelas hipóteses em que se tem cer-
teza de que dada conduta causará um 
dano ambiental. O princípio da preven-
ção atuará de forma a evitar que o dano 
seja causado, impondo licenciamentos, 
estudos de impacto ambiental, refor-
mulações de projeto, sanções adminis-
trativas etc. A idéia aqui é eliminar os 
perigos já comprovados. Já o segundo 
incide naquelas hipóteses de incerteza 
científi ca sobre se dada conduta pode 
ou não causar um dano ao meio am-
biente. O princípio da precaução atua-
rá no sentido de que, na dúvida, deve-
se fi car com o meio ambiente, tomando 
as medidas adequadas para que o 
suposto dano de fato não ocorra. A 
idéia aqui é eliminar que o próprio 
perigo possa se concretizar. 
7. Princípio da educação ambien-
tal: é aquele que impõe ao poder 
público o dever de promover a edu-
cação ambiental em todos os níveis 
de ensino e a conscientização pú-
blica para a preservação do meio 
ambiente. Perceba que a educação 
ambiental deve estar presente em 
todos os níveis de educação (infan-
til, fundamental e médio).
8. Princípio do direito humano 
fundamental: é aquele pelo qual 
os seres humanos tem direito a 
uma vida saudável e produtiva, em 
harmonia com o meio ambiente. De 
acordo com o princípio, as pessoas 
tem direito ao meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado. 
9. Princípio da ubiqüidade: é 
aquele pelo qual as questões am-
bientais deve ser consideradas em 
todas atividades humanas. Ubiqüi-
dade quer dizer existir concomitan-
temente em todos os lugares. De 
fato, o meio ambiente está em todos 
os lugares, de modo que qualquer 
atividade deve ser feita com respei-
to a sua proteção e promoção. 
10. Princípio do usuário-pagador: 
é aquele pelo qual as pessoas que 
usam recursos naturais devem pa-
gar por tal utilização. Esse princípio 
difere do princípio do princípio do 
poluidor-pagador, pois o segun-
do diz respeito a condutas ilícitas 
ambientalmente, ao passo que 
o primeiro a condutas lícitas am-
bientalmente. Assim, aquele que 
polui (conduta ilícita), deve reparar 
o dano, pelo princípio do poluidor-
pagador. Já aquele que usa água 
(conduta lícita) deve pagar pelo 
seu uso, pelo princípio do usuário-
pagador. A idéia é que o usuário 
pague com o objetivo de incentivar 
o uso racional
dos recursos natu-
rais, além de fazer justiça, pois há 
pessoas que usam mais e pessoas 
4
que usam menos dados recursos 
naturais. 
 
11. Princípio da informação e da 
transparência das informações e 
atos: é aquele pelo qual as pesso-
as têm direito de receber todas as 
informações relativas à proteção, 
preventiva e repressiva, do meio 
ambiente. Assim, pelo princípio, as 
pessoas têm direito de consultar os 
documentos de um licenciamento 
ambiental, assim como têm direito 
de participar de consultas e de audi-
ências públicas em matéria de meio 
ambiente. 
12. Princípio da função sócio-am-
biental da propriedade: é aquele 
pelo qual a propriedade deve ser 
utilizada de modo sustentável, com 
vistas não só ao bem-estar do pro-
prietário, mas também da coletivi-
dade como um todo. 
13. Princípio da eqüidade geracio-
nal: é aquele pelo qual as presentes 
e futuras gerações tem os mesmos 
direitos quanto ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. Assim, 
a utilização de recursos naturais 
para a satisfação das necessidades 
atuais não deverá comprometer a 
possibilidade das gerações futuras 
satisfazerem suas necessidades. 
O princípio impõe, também, eqüi-
dade na distribuição de benefícios 
e custos entre gerações, quanto à 
preservação ambiental. 
 LINK ACADÊMICO 2
POLÍTICA NACIONAL DO 
MEIO AMBIENTE (PNMA)
A Política Nacional do Meio Ambien-
te (PNMS) pode ser conceituada 
como aquela que tem por objetivo 
a preservação, melhoria e recupe-
ração da qualidade ambiental pro-
pícia à vida, visando assegurar, no 
país, condições ao desenvolvimen-
to sócio-econômico, aos interesses 
da segurança nacional e à proteção 
da dignidade da vida humana (art. 
2o da Lei 6.938/81). 
Para que a PNMA fosse implemen-
tada, foi criado um sistema, denomi-
nado de Sistema Nacional do Meio 
Ambiente (SISNAMA), que pode ser 
conceituado como o conjunto articu-
lado de órgãos e entidades da União, 
dos Estados, do Distrito Federal, dos 
Territórios e dos Municípios, bem como 
as fundações instituídas pelo Poder 
Público, responsáveis pela proteção e 
melhoria da qualidade ambiental (art. 
6º da Lei 6.938/81).
A estrutura do SISNAMA é a seguinte: 
a) Órgão Superior: é o Conselho de 
Governo - CG, que tem a função de as-
sessorar o Presidente da República na 
formulação da política nacional e nas 
diretrizes governamentais para o meio 
ambiente e os recursos ambientais. b) 
Órgão Consultivo e Deliberativo: é o 
Conselho Nacional do Meio Ambiente 
– CONAMA, que tem a fi nalidade de 
assessorar, estudar e propor ao CG 
diretrizes de políticas governamentais 
para o meio ambiente e os recursos 
naturais, e deliberar, no âmbito de sua 
competência, sobre normas e padrões 
ambientais. c) Órgão Central: é o Mi-
nistério do Meio Ambiente, que tem a fi -
nalidade de planejar, coordenar, super-
visionar e controlar a política nacional 
e as diretrizes governamentais fi xadas 
para o meio ambiente. d) Órgão Exe-
cutor: é o Instituto Nacional do Meio 
Ambiente e dos Recursos Renováveis 
– IBAMA, autarquia federal que tem a 
fi nalidade de executar e fazer execu-
tar, como ente federal, a política e di-
retrizes governamentais fi xadas para 
o meio ambiente. e) Órgãos Seccio-
nais: são os órgãos ou entidades esta-
duais responsáveis pela execução de 
programas, projetos e pelo controle e 
fi scalização de atividades capazes de 
provocar a degradação ambiental. Ex.: 
Secretarias Estaduais do Meio Am-
biente, Conselhos Estaduais do Meio 
Ambiente, dentre outros. f) Órgãos 
locais: são os órgãos ou entidades 
municipais, responsáveis pelo controle 
e fi scalização dessas atividades, nas 
suas respectivas circunscrições. Ex.: 
Secretaria Municipal do Meio Ambien-
te. 
Tem papel de destaque no SISNAMA 
o CONAMA. Destacam-se na sua 
competência as atribuições de expedir 
normas acerca de padrões ambientais 
(trata-se quase de uma “legislação” 
sobre padrões ambientais a serem 
seguidos em diversas atividades 
que utilizam recursos ambientais), 
de estabelecer normas para o licen-
ciamento ambiental e o estudo de 
impacto ambiental, e de servir de 
última instância administrativa nos 
recurso sobre penas impostas pelo 
IBAMA. O CONAMA expede reso-
luções. 
Confi ra os instrumentos legais 
colocados à disposição dos órgãos 
do SISNAMA: a) licenciamento e 
revisão de atividades efetiva ou 
potencialmente poluidoras; b) 
avaliação de impactos ambien-
tais; c) criação de espaços terri-
toriais especialmente protegidos 
pelo poder público federal, esta-
dual e municipal; d) zoneamento 
ambiental; e) utilização de instru-
mentos econômicos, como con-
cessão fl orestal, servidão am-
biental, seguro ambiental e ou-
tros; f) normatização de padrões 
de qualidade ambiental; g) tom-
bamento; h) responsabilidade 
ambiental de natureza civil, ad-
ministrativa e penal; i) incentivos 
à produção e instalação de equipa-
mentos e à criação voltados para 
a melhoria ambiental; manutenção 
de um sistema nacional de informa-
ções sobre o meio ambiente; ma-
nutenção do Cadastro Técnico Fe-
deral de Atividades e Instrumentos 
de Defesa Ambiental, bem como de 
Cadastro Técnico de atividades po-
tencialmente poluidoras; instituição 
do Relatório de Qualidade Ambien-
tal do Meio Ambiente, a ser divulga-
do anualmente pelo IBAMA. 
Os oito instrumentos grifados serão 
analisados um a um nos próximos 
capítulos. 
 LINK ACADÊMICO 3
LICENCIAMENTO
AMBIENTAL
O licenciamento ambiental pode ser 
conceituado como o ato unilateral 
do Poder Público, que faculta pre-
viamente ao interessado a constru-
ção, instalação, ampliação e fun-
cionamento de estabelecimentos e 
5
atividades utilizadores de recursos 
ambientais, considerados capazes 
de causar degradação ambiental 
(art. 10 da Lei 6.938/81). Assim, 
toda vez que uma determinada ati-
vidade puder causar degradação 
ambiental, além das licenças admi-
nistrativas pertinentes, o responsá-
vel pela atividade deve buscar a ne-
cessária licença ambiental também. 
A regulamentação do licenciamen-
to ambiental compete ao CONA-
MA, que expede normas e critérios 
para o licenciamento. A Resolução 
nº 237 do órgão traz as normas 
gerais de licenciamento ambiental. 
Há também sobre o tema o Decreto 
99.274/90. 
Já a competência para executar 
o licenciamento ambiental é assim 
dividida: a) impacto nacional e 
regional: é do IBAMA, com a cola-
boração de Estados e Municípios. O 
IBAMA poderá delegar sua compe-
tência aos Estados, se o dano for de 
regional, por convênio ou lei. Assim, 
a competência para o licenciamento 
ambiental de uma obra do porte da 
transposição do Rio São Francisco 
é do IBAMA. 
b) impacto em dois ou mais muni-
cípios (impacto microrregional): 
é dos estados-membros. Por exem-
plo, uma estrada que liga 6 municí-
pios de um dado estado-membro.c) 
impacto local: é do Município. Por 
exemplo, o licenciamento para a 
construção de um parque temático. 
A Resolução n. 237 permite que, 
por convênio ou lei, os Municípios 
recebam delegação dos estados 
para determinados licenciamentos, 
desde que tenha estrutura para tan-
to. 
Há três espécies de licencia-
mento ambiental (art. 19, Decreto 
99.274/90): a) Licença Prévia 
(LP): é o ato que aprova a locali-
zação, a concepção do empreen-
dimento e estabelece os requisitos 
básicos a serem atendidos nas 
próximas fases; trata-se de licença 
ligada à fase preliminar de planeja-
mento da atividade, já que traça di-
retrizes relacionadas à localização 
e instalação do empreendimento. 
Por exemplo, em se tratando do pro-
jeto de construir um empreendimento 
imobiliário na beira de uma praia, esta 
licença dirá se é possível o empreendi-
mento no local e, em sendo, quais os 
limites e quais as medidas que deve-
rão ser tomadas, como construção de 
estradas, instalação de tratamento de 
esgoto próprio
etc. Essa licença tem 
validade de até 5 anos. b) Licença de 
Instalação (LI): é o ato que autoriza a 
implantação do empreendimento, de 
acordo com o projeto executivo aprova-
do. Depende da demonstração de pos-
sibilidade de efetivação do empreendi-
mento, analisando o projeto executivo 
e eventual estudo de impacto ambien-
tal. Essa licença autoriza as interven-
ções no local. Permite que as obras se 
desenvolvam. Sua validade é de até 6 
anos. c) Licença de Operação (LO): 
é o ato que autoriza o início da ativi-
dade e o funcionamento de seus equi-
pamentos de controle de poluição, nos 
termos das licenças anteriores. Aqui, o 
empreendimento já está pronto e pode 
funcionar. A licença de operação só é 
concedida se for constado o respeito 
às licenças anteriores, bem como se 
não houver perigo de dano ambiental, 
independentemente das licenças ante-
riores. Sua validade é de 4 a 10 anos.
É importante ressaltar que a licença 
ambiental, diferentemente da licença 
administrativa (por ex., licença para 
construir uma casa), apesar de nor-
malmente envolver competência vin-
culada, tem prazo de validade defi nida 
e não gera direito adquirido para seu 
benefi ciário. Assim, de tempos em 
tempos a licença ambiental deve ser 
renovada. Além disso, mesmo que o 
empreendedor tenha cumprido os re-
quisitos da licença, caso, ainda assim, 
tenha sido causado dano ao meio am-
biente, a existência de licença em seu 
favor não o exime de reparar o dano e 
de tomar as medidas adequadas à re-
cuperação do meio ambiente. 
O licenciamento ambiental, como se 
viu, é obrigatório para todas as ativida-
des que utilizam recursos ambientais, 
em que há possibilidade de se causar 
dano ao meio ambiente. Em processos 
de licenciamento ambiental é comum 
se proceder a Avaliações de Impacto 
Ambiental (AIA). Há, contudo, ativi-
dades que, potencialmente, podem 
causar danos signifi cativos ao meio 
ambiente, ocasião em que, além do 
licenciamento, deve-se proceder a 
uma AIA mais rigorosa e detalha-
da, denominada Estudo de Impacto 
Ambiental (EIA), que será consubs-
tanciado no Relatório de Impacto 
Ambiental (RIMA). 
O EIA pode ser conceituado como 
o estudo prévio das prováveis con-
seqüências ambientais de obra ou 
atividade, que deve ser exigido pelo 
Poder Público, quando estas forem 
potencialmente causadoras de sig-
nifi cativa degradação do meio am-
biente (art. 225, § 1o, IV, CF).
Destina-se a averiguar as altera-
ções nas propriedades do local e 
de que forma tais alterações po-
dem afetar as pessoas e o meio 
ambiente, o que permitirá ter uma 
idéia acerca da viabilidade da obra 
ou atividade que se deseja realizar. 
O Decreto 99.274/90 conferiu ao 
CONAMA atribuição para traçar as 
regras de tal estudo. A Resolução 
1/86, desse órgão, traça tais dire-
trizes, estabelecendo, por exem-
plo, um rol exemplifi cativo de ativi-
dades que devem passar por um 
EIA, apontando-se, dentre outras, 
a implantação de estradas com 
duas ou mais faixas de rolamento, 
de ferrovias, de portos, de aterros 
sanitários, de usina de geração de 
eletricidade, de distritos industriais 
etc. 
O EIA trará conclusões quanto à fau-
na, à fl ora, às comunidades locais, 
dentre outros aspectos, devendo 
ser realizado por equipe multidisci-
plinar, que, ao fi nal, deverá redigir 
um relatório de impacto ambiental 
(RIMA), o qual trará os levantamen-
tos e conclusões feitos, devendo o 
órgão público licenciador receber o 
relatório para análise das condições 
do empreendimento.
O empreendedor é quem escolhe os 
componentes da equipe e é quem 
arca com os custos respectivos. Os 
profi ssionais que farão o trabalho 
terão todo interesse em agir com 
correção, pois fazem seus relatórios 
6
sob as penas da lei. Como regra, o 
estudo de impacto ambiental e seu 
relatório são públicos, podendo o 
interessado solicitar sigilo industrial, 
fundamentando o pedido.
O EIA normalmente é exigido antes 
da licença prévia, mas é cabível sua 
exigência mesmo para empreendi-
mentos já licenciados. 
UNIDADES DE 
CONSERVAÇÃO - UCs
Unidade de conservação é o es-
paço territorial e seus recursos 
ambientais, incluindo as águas 
jurisdicionais, com características 
naturais relevantes, legalmente 
instituído pelo Poder Público, com 
objetivo de conservação e limites 
defi nidos, sob regime especial de 
administração, ao qual se aplicam 
garantias adequadas de proteção 
(art. 2º, I, Lei 9.985/00).
São órgãos gestores do SNUC: 
a) Órgão Consultivo e Delibera-
tivo: CONAMA, que acompanha 
a implementação do sistema. b) 
Órgão Central: Ministério do Meio 
Ambiente, que coordena o sistema. 
c) Órgãos Executores: IBAMA, 
órgãos estaduais e municipais, que 
implementam o sistema, subsidiam 
as propostas de criação e adminis-
tram as unidades de conservação 
nas respectivas esferas de atuação. 
São categorias de unidades de 
conservação: a) Unidades de Pro-
teção Integral: são os espaços que 
buscam a preservação da natureza, 
sendo admitido apenas o uso indi-
reto dos seus recursos naturais, 
salvo exceções legais. No caso de 
recaírem sobre bem particular, este 
deve ser desapropriado, salvo se a 
unidade criada for monumento na-
tural ou refúgio de vida silvestre, 
caso em que poderá ser mantida a 
propriedade particular. O grupo das 
Unidades de Proteção Integral é 
composto das seguintes categorias 
de unidade de conservação: a1) 
Estação Ecológica: tem por obje-
tivo a preservação e a realização de 
pesquisas científi cas. a2) Reserva 
Biológica: tem por objetivo a pre-
servação integral da biota e demais 
atributos, sem interferência humana 
direta ou modifi cações ambientais, sal-
vo medidas de recuperação e manejo 
necessárias para preservar a área. a3) 
Parque Nacional: tem por objetivo a 
preservação de ecossistemas naturais 
de grande relevância ecológica e bele-
za cênica, possibilitando a realização 
de pesquisas e atividades de educa-
ção, recreação e turismo ecológico. 
a4) Monumento Natural: tem por ob-
jetivo a preservação dos sítios naturais 
raros, singulares ou de grande beleza 
cênica. Se o proprietário da área não 
concordar com as limitações propostas 
pelo Poder Público, a área será desa-
propriada. a5) Refúgio de Vida Silves-
tre: tem por objetivo a proteção de am-
bientes naturais com o fi m de garantir 
existência e reprodução de espécies 
da fl ora ou fauna. Se o proprietário da 
área não concordar com as limitações 
propostas pelo Poder Público, a área 
será desapropriada. b) Unidades de 
Uso Sustentável: são espaços que 
buscam a preservação da natureza, 
sendo admitido o uso direto da coisa, 
mas com restrições que assegurem 
a sustentabilidade do uso dos recur-
sos naturais. b1) Área de Proteção 
Ambiental: área extensa, com certo 
grau de ocupação humana, dotada 
de atributos naturais importantes, que 
deve ser protegida, disciplinando-se 
a ocupação e o uso sustentável. Pode 
ser constituída por terra particular. b2) 
Área de Relevante Interesse Eco-
lógico: área em geral pequena, com 
pouca ou nenhuma ocupação humana, 
com características naturais extraordi-
nárias ou que abriga exemplares raros 
da biota regional, que tem como objeti-
vo manter o ecossistema local a partir 
da disciplina de seu uso admissível. 
Pode ser constituída por terra particu-
lar. b3) Floresta Nacional: área com 
cobertura fl orestal de espécies predo-
minantemente nativas. A área deve ser 
desapropriada, se for privada. Objeti-
vos: uso sustentável da fl oresta nativa 
e pesquisa. b4) Reserva Extrativista: 
área utilizada por populações extrati-
vistas tradicionais, cuja subsistência 
baseia-se no extrativismo, e, de forma 
complementar, na agricultura e na cria-
ção de animais de pequeno porte. Ob-
jetivos: proteger os meios de vida e 
cultura do povo, bem como o uso 
sustentável. Área de domínio pú-
blico, com
uso concedido às popu-
lações; ou, se particulares, devem 
ser desapropriadas. b5) Reserva 
de Fauna: área natural com popu-
lações animais de espécies nativas 
adequadas para pesquisas sobre 
seu manejo econômico. A área deve 
ser desapropriada, se for privada. 
b6) Reserva de Desenvolvimen-
to Sustentável: área natural que 
abriga populações tradicionais, cuja 
existência se dá pela exploração 
sustentável dos recursos naturais, 
com conhecimentos que devem 
ser valorizados e aperfeiçoados, 
sendo área de domínio público, ou 
que pode ser desapropriada. Se for 
necessário, a área deve ser desa-
propriada, caso seja privada. b7) 
Reserva Particular do Patrimônio 
Natural: área privada, gravada com 
perpetuidade, com o objetivo de 
conservar a diversidade biológica. 
Faz-se termo de compromisso a ser 
averbado no Cartório.
As unidades são criadas por ato 
do Poder Público (decreto ou lei 
específi ca), devendo – a criação - 
ser precedida de estudos técnicos 
e de consulta pública (esta, para 
permitir identifi car a localização, 
a dimensão e os limites mais ade-
quados para a unidade). A consul-
ta pública não é obrigatória para a 
criação de Estação Ecológica ou 
Reserva Biológica
É possível transformar uma unida-
de de uso sustentável em unidade 
de proteção integral (majorar), ou 
ampliar os limites de unidade de 
conservação (sem mudança de ca-
tegoria), por meio de ato do mesmo 
nível daquele que criou a unidade. 
É também necessário estudos téc-
nicos e consulta pública, sem ex-
ceções. 
Já a desafetação ou redução dos 
limites de uma unidade só pode se 
dar mediante lei específi ca. 
Por fi m, é importante ler os concei-
tos básicos que aparecem no art. 2º 
da Lei 9.985/00, pois eles vêm apa-
recendo nas provas. 
7
 LINK ACADÊMICO 4
OUTROS INSTRUMENTOS 
DE PROTEÇÃO DO MEIO 
AMBIENTE
1. Espaços especialmente prote-
gidos.
Um dos instrumentos de proteção 
ao meio ambiente é a criação de 
espaços especialmente protegidos. 
Eles podem ser específi cos (ex: 
uma unidade de conservação) ou 
genéricos, ou seja, espaços prote-
gidos em todas propriedades com 
dadas características (ex: áreas de 
proteção especial, de preservação 
permanente e de reserva legal). 
Confi ra as quatro espécies de espa-
ços especialmente protegidos. 
1.1. Unidades de Conservação 
(Lei 9.985/00 – Lei das UCs). Vis-
tas no capítulo anterior. 
1.2. Áreas de Proteção Especial 
(Lei 6.766/79 – Lei de Parcela-
mento do Solo Urbano). 
De acordo com a Lei 6.766/79 (art. 
13), são áreas de proteção espe-
cial aquelas de interesse especial, 
tais como as de proteção aos ma-
nanciais ou ao patrimônio cultural, 
histórico, paisagístico e arqueoló-
gico, assim defi nidas por legisla-
ção estadual ou federal. O Estados 
defi nirão, por decreto, as áreas de 
proteção especial e as normas que 
elas deverão seguir quando for exe-
cutado um projeto de loteamento 
ou de desmembramento. Caberão 
aos Estados o exame e a anuência 
prévia para a aprovação, pelos Mu-
nicípios, de loteamento e desmem-
bramento localizados nessas áreas 
de interesse especial. 
1.3. Áreas de Preservação Perma-
nente - APP (Lei 4.771/65 – Códi-
go Florestal).
O Código Florestal trata da prote-
ção das fl orestas (vegetação cerra-
da, constituída de árvores de gran-
de porte, cobrindo grande extensão 
de terras) e das demais formas de 
vegetação, reconhecidas de utilida-
de às terras que revestem. 
A APP é defi nida pela lei como a 
área, coberta ou não por vegeta-
ção nativa, com a função ambiental 
de preservar os recursos hídricos, a 
paisagem, a estabilidade geológica, a 
biodiversidade, o fl uxo gênico de fauna 
e fl ora, proteger o solo e assegurar o 
bem-estar das populações humanas 
(art. 1º, § 2º, II).
O art. 2º do Código traz um rol de áre-
as consideradas de preservação per-
manente, pelo só efeito da lei, ou seja, 
independente de qualquer declaração 
do Poder Público. Por exemplo, são 
APPs as fl orestas e demais formas de 
vegetação natural situadas nas faixas 
ao longos dos rios e ao redor das lago-
as, lagos ou reservatórios d’agua, bem 
como as situadas nas nascentes, no 
topo de morros, montes, montanhas e 
serras, nas restingas (como fi xadoras 
de dunas ou estabilizadoras de man-
gues), dentre outras.
Já o art. 3º do Código traz rol de áreas 
que podem ser declaradas pelo Poder 
Público como de preservação perma-
nente, tais como as fl orestas e demais 
formas de vegetação natural destina-
das a atenuar a erosão das terras, a 
fi xar as dunas, a formar faixas de pro-
teção ao longo de ferrovias e rodovias, 
e a asilar exemplares da fauna e da 
fl ora ameaçados de extinção. 
As áreas de preservação permanente, 
como o próprio nome diz, não podem 
ser suprimidas. Mas há exceções. 
Quanto às fl orestas, admite-se supres-
são para atividades de utilidade pública 
ou interesse social, mediante autoriza-
ção de autoridade federal (ex: para a 
passagem de uma rodovia). Quanto 
às demais formas de vegetação natu-
ral, admite-se supressão também em 
caso de utilidade pública ou interesse 
social, mediante autorização de autori-
dade estadual. Se a área for urbana e 
o município possuir conselho do meio 
ambiente com caráter deliberativo e 
plano diretor, a autoridade municipal 
competente dará a autorização, me-
diante autorização prévia da autorida-
de estadual. 
Por fi m, vale lembrar que o Código Flo-
restal estabelece que qualquer árvore 
poderá ser declarada imune ao corte, 
mediante ato do Poder Público, por 
motivo de sua localização, raridade, 
beleza ou condição de porta-sementes. 
1.4. Reserva Legal (Lei 4.771/65 – 
Código Florestal). 
A Reserva Florestal Legal (RFL) é 
defi nida pela lei como a área loca-
lizada no interior de uma proprieda-
de ou posse rural, excetuada a de 
preservação permanente, necessá-
ria ao uso sustentável dos recursos 
naturais, à conservação e reabili-
tação dos processos ecológicos, à 
conservação da biodiversidade e ao 
abrigo e proteção de fauna e fl ora 
nativas. 
Perceba que há duas característi-
cas marcantes. A primeira é que a 
reserva legal está sempre em pro-
priedade ou posse rural. A segunda 
é a reserva sempre existe nessas 
propriedades, independentemente 
das características do local, e con-
siste numa percentagem da área 
cujo corte raso está vedado. 
O percentual de reserva legal na 
propriedade segue as seguintes re-
gras: a) na Amazônia Legal: 80% da 
propriedade rural situada em área 
de fl oresta e 35% da propriedade 
rural situada em área de cerrado; no 
último caso, pelo menos 20% deve 
estar na propriedade e 15% pode 
estar na forma de compensação em 
outra área, desde que localizada 
na mesma microbacia; b) no Resto 
do País: 20% da propriedade rural 
situada em área de fl oresta, outras 
formas de vegetação nativa e nos 
campos gerais. 
Uma vez defi nido o local da reserva 
legal, a indicação da área deve ser 
averbada à margem da inscrição 
de matrícula do imóvel, no Registro 
de Imóveis competente. Quando 
se estiver diante de mera posse, 
a reserva legal é assegurada por 
Termo de Ajustamento de Conduta, 
fi rmado pelo possuidor com o órgão 
ambiental estadual ou federal com-
petente. 
1.5. Proteção Especial na Mata 
Atlântica (Lei 11.428/06). 
A Lei 11.428/06 estabelece regras 
adicionais ao Código Florestal (art. 
1º da Lei). Seu objetivo é regula-
mentar a conservação, a proteção, 
a regeneração e a utilização do Bio-
ma Mata Atlântica, que é patrimônio 
nacional, de acordo com a Consti-
8
tuição. 
A lei estabelece que o corte, a su-
pressão e a exploração da vegeta-
ção do Bioma Mata Atlântica far-se-
ão de maneira diferenciada, confor-
me se trate de vegetação primária 
ou secundária, nesta última levan-
do-se em conta o estágio de rege-
neração. A exploração eventual, 
sem propósito comercial direto ou 
indireto, de
espécies da fl ora nativa, 
para consumo nas propriedades ou 
posses das populações tradicionais 
ou de pequenos produtores rurais, 
independe de autorização dos ór-
gãos competentes, conforme regu-
lamento. Já as demais formas de 
exploração, quando cabíveis (há 
diversas vedações de cortes e su-
pressões no art. 11 da Lei), depen-
dem de autorização da autoridade 
competente. 
A lei também cria hipóteses de obri-
gatoriedade de realização de EIA/
RIMA, trata de incentivos econômi-
cos para a proteção do Bioma, cria 
o Fundo de Restauração do Bioma 
Mata Atlântica e estabelece novas 
penalidades de natureza criminal e 
administrativa. 
2. Zoneamento ambiental; 
O zoneamento ambiental pode ser 
defi nido como a delimitação geo-
gráfi ca de áreas territoriais com o 
objetivo de estabelecer regimes 
especiais de uso, gozo e fruição 
da propriedade. A idéia é organizar 
a utilização de espaços territoriais, 
para que não haja confl itos entre as 
zonas de conservação do meio am-
biente, de produção industrial, de 
habitação das pessoas, dentre ou-
tras. São exemplos de zoneamento: 
a) Zoneamento Urbano (na cidade; 
previsto nas leis locais): por exem-
plo, com divisão da cidade em zo-
nas residenciais, mistas, industriais 
etc; b) Zoneamento Costeiro (Lei 
7.661/88); c) Zoneamento Agrícola 
(Lei 4.504/64 – Estatuto da Terra); 
d) Zoneamento Ecológico-Econô-
mico - ZEE (Decreto 4.297/02): é o 
instrumento utilizado para organizar 
o processo de ocupação sócio-eco-
nômico-ambiental de uma Região, 
de um Estado ou de um Município; o 
Poder Público federal faz o ZEE na-
cional; o estadual, o ZEE estadual; e o 
municipal, o Plano Diretor. 
Tema interessante em matéria de zo-
neamento ambiental é a discussão so-
bre a possibilidade de alguém invocar a 
“pré-ocupação” de um dado local, para 
não ter que se submeter a um novo zo-
neamento para o local. Como o licen-
ciamento ambiental é concedido por 
prazo certo, essa alegação não pode 
prevalecer. Já na hipótese de a licença 
ainda estiver em curso, pode o Poder 
Público cancelá-la, desde que indenize 
o licenciado pelos prejuízos que teria 
até a data em que produziria efeitos a 
licença que detinha. 
3. Instrumentos econômicos: servi-
dão ambiental e concessão fl orestal. 
3.1. Servidão ambiental. 
Servidão ambiental consiste na renun-
cia voluntária pelo proprietário rural, 
em caráter permanente ou temporário, 
total ou parcialmente, do direito de uso, 
exploração ou supressão de recursos 
naturais existentes na sua proprieda-
de. Trata-se de novidade trazida na Lei 
11.284/06. A servidão ambiental deve 
ser averbada no registro de imóveis 
competente.
Por que um proprietário instituiria 
uma servidão ambiental? Porque teria 
vantagens econômicas. Por exem-
plo, aquele que institui uma servidão 
ambiental do tipo servidão fl orestal 
tem direito de emitir Cota de Reserva 
Florestal – CRF, título representativo 
da vegetação nativa sob regime de 
servidão fl orestal (art. 44-B do Código 
Florestal), títulos que, mediante regu-
lamentação, poderão ser vendidos em 
bolsa. 
3.2. Concessão Florestal. 
A Lei 11.284/02, que trata da gestão 
de fl orestas pertencentes ao Poder 
Público, permite que essa gestão se 
dê diretamente pelo Poder Público, ou 
por meio de concessão fl orestal para o 
particular.
A lei prevê opções de gestão para fl o-
restas públicas. A primeira consiste em 
criar e manter unidades de conserva-
ção de uso sustentável ou em dar con-
cessões de uso para reforma agrária, 
destinadas ao uso familiar ou comu-
nitário. A segunda, esgotada a op-
ção anterior para uma determinada 
região, consiste em realizar contra-
tos de concessão fl orestal. 
A concessão fl orestal é conceitua-
da pela lei como a delegação one-
rosa, feita pelo poder concedente, 
do direito de praticar manejo fl ores-
tal sustentável para exploração de 
produtos e serviços numa unidade 
de manejo, mediante licitação, à 
pessoa jurídica, em consórcio ou 
não, que atenda às exigências do 
respectivo edital de licitação e de-
monstre capacidade para seu de-
sempenho, por sua conta e risco e 
por prazo determinado.
O prazo dos contratos de conces-
são fl orestal será de, no máximo, 
40 anos. O prazo dos contratos de 
concessão exclusivos para explo-
ração de serviços fl orestais será 
de, no mínimo, 5 e, no máximo, 20 
anos. Além da fi scalização ordiná-
ria, as concessões serão subme-
tidas a auditorias fl orestais, de ca-
ráter independente, em prazos não 
superiores a 3 anos. 
4. Padrões de qualidade ambien-
tal; 
Nesse tema, destacam-se os pa-
drões de qualidade do ar, da água 
e dos ruídos. Quanto à qualidade 
do ar, a Resolução CONAMA n. 
05/89 estabelece o Programa Na-
cional de Controle de Qualidade do 
Ar – PRONAR, que trata do controle 
e do monitoramento da poluição do 
ar, e estabelece os limites nacionais 
para as emissões. No plano interna-
cional, temos o Protocolo de Quioto 
(de 1997), tratado internacional que 
tem por objetivo estabilizar a emis-
são de gases de efeito estufa para a 
atmosfera, reduzindo o aquecimen-
to global e seus possíveis impactos. 
Os países industrializados devem 
buscar a diminuição das emissões 
de forma direta e utilizar, de manei-
ra acessória, outros mecanismos 
para tornar menos onerosa sua atu-
ação. Nesse sentido, destaca-se a 
possibilidade de adquirir créditos de 
carbono.
9
5. Tombamento (Dec.-Lei 25/37). 
O tombamento pode ser conceitua-
do como o ato do Poder Público que 
declara de valor histórico, artístico, 
paisagístico, turístico, cultural ou 
científi co, bens ou locais, para fi ns 
de preservação. 
O tombamento pode alcançar imó-
veis individualmente considerados 
(um prédio histórico), conjuntos 
arquitetônicos (o Pelourinho, em 
Salvador), um bairro (o Centro do 
Rio de Janeiro), uma cidade (Ouro 
Preto) e até um sítio natural. Pode 
também alcançar móveis, como 
a mobília de Santos Dumont, por 
exemplo. 
A instituição do tombamento pode 
ser voluntária (por requerimento 
do próprio dono da coisa) ou con-
tenciosa. A última impõe a notifi ca-
ção do proprietário, para, no prazo 
de 15 dias, impugnar, se quiser, a 
intenção do Poder Público de tom-
bar a coisa. Uma vez concluído 
pelo tombamento, este será feito 
mediante inscrição do ato num dos 
quatro Livros do Tombo (Paisagís-
tico, Histórico, Belas Artes e Artes 
Aplicadas). Em se tratando de imó-
vel, o ato também deve ser registra-
do no Registro de Imóveis.
É importante ressaltar que, com a 
notifi cação do proprietário, ocorre o 
tombamento provisório, que já limita 
o uso da coisa por seu dono. 
Além de poder ser instituído por ato 
administrativo, o tombamento tam-
bém pode advir de lei ou de decisão 
judicial. No segundo caso, o juiz, 
diante de uma ação coletiva (ex: 
ação popular ou ação civil pública), 
determina a inscrição do tomba-
mento no Livro do Tombo. 
Quanto aos efeitos do tombamento, 
temos os seguintes: a) o proprietá-
rio deverá conservar a coisa (se não 
tiver recursos, deve levar ao conhe-
cimento do Poder Público, que fi ca 
autorizado legalmente a executar a 
obra); b) o proprietário não pode 
reparar, pintar ou restaurar a coisa, 
sem prévia autorização especial 
do Poder Público; c) os vizinhos 
não podem reduzir a visibilidade da 
coisa tombada, nem colocar anúncios, 
sem prévia autorização especial; d) 
os entes políticos têm direito de pre-
ferência na aquisição da coisa, caso o 
proprietário queira aliená-la; e) o pro-
prietário do bem tombado tem direito 
de ser indenizado, caso sofra restrição 
especial que o prejudique economica-
mente.
A Constituição traz uma norma espe-
cial sobre o tombamento do patrimônio 
cultural, ao dispor que “fi cam tombados 
todos os documentos e os sítios deten-
tores de reminiscências históricas dos 
antigos quilombos” (art. 216, § 5º).
 LINK
ACADÊMICO 5
RESPONSABILIDADE CIVIL 
AMBIENTAL
1. Responsabilidade objetiva. 
A responsabilidade objetiva pode ser 
conceituada como o dever de respon-
der por danos ocasionados ao meio 
ambiente, independentemente de cul-
pa ou dolo do agente responsável pelo 
evento danoso. Essa responsabilidade 
está prevista no § 3º do art. 225 da 
CF, bem como no § 1° do art. 14 da 
Lei 6.938/81 e ainda no art. 3º da Lei 
9.605/98. 
Quanto a seus requisitos, diferente-
mente do que ocorre com a responsa-
bilidade objetiva no Direito Civil, onde 
são apontados três requisitos para 
a confi guração da responsabilidade 
(conduta, dano e nexo de causalida-
de), no Direito Ambiental são necessá-
rios apenas dois. 
A doutrina aponta a necessidade de 
existir um dano (evento danoso), mais 
o nexo de causalidade, que o liga ao 
poluidor. 
Aqui não se destaca muito a conduta 
como requisito para a responsabilida-
de ambiental, apesar de diversos au-
tores entenderem haver três requisitos 
para sua confi guração (conduta, dano 
e nexo de causalidade). Isso porque é 
comum o dano ambiental ocorrer sem 
que se consiga identifi car uma conduta 
específi ca e determinada causadora 
do evento. 
Quanto ao sujeito responsável pela 
reparação do dano, é o poluidor, que 
pode ser tanto pessoa física como jurí-
dica, pública ou privada. 
Quando o Poder Público não é o 
responsável pelo empreendimento, 
ou seja, não é o poluidor, sua res-
ponsabilidade é subjetiva, ou seja, 
depende de comprovação de culpa 
ou dolo do serviço de fi scalização, 
para se confi gurar. Assim, o Poder 
Público pode responder pelo dano 
ambiental por omissão no dever de 
fi scalizar. Nesse caso, haverá res-
ponsabilidade solidária do poluidor 
e do Poder Público. 
Em se tratando de pessoa jurídica, 
a Lei 9.605/98 estabelece que esta 
será responsável nos casos em que 
a infração for cometida por decisão 
de seu representante legal ou con-
tratual, ou de seu órgão colegiado, 
no interesse ou benefício da sua 
entidade. Essa responsabilidade 
da pessoa jurídica não exclui a das 
pessoas físicas, autoras, co-autoras 
ou partícipes do mesmo fato. 
A Lei 9.605/98 também estabelece 
uma cláusula geral que permite a 
desconsideração da personalida-
de jurídica da pessoa jurídica, em 
qualquer caso, desde que destina-
da ao ressarcimento dos prejuízos 
causados à qualidade do meio am-
biente. Segundo o seu art. 4º, po-
derá ser desconsiderada a pessoa 
jurídica sempre que sua personali-
dade for obstáculo ao ressarcimen-
to dos prejuízos causados à quali-
dade do meio ambiente. Adotou-se, 
como isso, a chamada teoria menor 
da desconsideração, para a qual 
basta a insolvência da pessoa ju-
rídica, para que se possa atingir o 
patrimônio de seus membros. No 
direito civil, ao contrário, adotou-se 
a teoria maior da desconsideração, 
teoria que exige maiores requisitos, 
no caso, a existência de um desvio 
de fi nalidade ou de uma confusão 
patrimonial para que haja desconsi-
deração. 
2. Reparação integral dos danos. 
A obrigação de reparar o dano não 
se limita a pagar uma indenização; 
ela vai além: a reparação deve ser 
específi ca, isto é, ela deve buscar 
a restauração ou recuperação do 
bem ambiental lesado, ou seja, o 
10
seu retorno à situação anterior. As-
sim, a responsabilidade pode envol-
ver as seguintes obrigações: a) de 
reparação natural ou in specie: é 
a reconstituição ou recuperação do 
meio ambiente agredido, cessando 
a atividade lesiva e revertendo-se a 
degradação ambiental. É a primei-
ra providência que deve ser ten-
tada, ainda que mais onerosa que 
outras formas de reparação; b) de 
indenização em dinheiro: consiste 
no ressarcimento pelos danos cau-
sados e não passíveis de retorno à 
situação anterior. Essa solução só 
será adotada quando não for viável 
fática ou tecnicamente a reconsti-
tuição. Trata-se de forma indireta 
de sanar a lesão. c) compensação 
ambiental: consiste em forma al-
ternativa à reparação específi ca do 
dano ambiental, e importa na ado-
ção de uma medida de equivalente 
importância ecológica, mediante 
a observância de critérios técnicos 
especifi cados por órgãos públicos e 
aprovação prévia do órgão ambien-
tal competente, admissível desde 
que seja impossível a reparação 
específi ca. 
3. Dano ambiental. 
Não é qualquer alteração adversa 
no meio ambiente causada pelo 
homem que pode ser considerada 
dano ambiental. Por exemplo, o 
simples fato de alguém inspirar oxi-
gênio e expirar gás carbônico não 
é dano ambiental. O art. 3º da Lei 
6.938/81 nos ajuda a desvendar 
quando se tem dano ambiental, ao 
dispor que a poluição é a degrada-
ção ambiental resultante de ativida-
des que direta ou indiretamente: a) 
prejudiquem a saúde, a segurança 
e o bem-estar da população; b) 
criem condições adversas às ati-
vidades sociais e econômicas; c) 
afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas 
ou sanitárias do meio ambiente; e) 
lancem matérias ou energia em de-
sacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos. 
Quanto aos atingidos pelo dano am-
biental, este pode atingir pessoas 
indetermináveis e ligadas por circuns-
tâncias de fato (ocasião em que será 
difuso), grupos de pessoas ligadas por 
relação jurídica base (ocasião em que 
será coletivo), vítimas de dano oriundo 
de conduta comum (ocasião em que 
será individual homogêneo) e vítima do 
dano (ocasião em que será individual 
puro). 
De acordo com o pedido formulado na 
ação reparatório é que se saberá que 
tipo de interesse (difuso, coletivo, indi-
vidual homogêneo ou individual) está 
sendo protegido naquela demanda. 
Quanto à extensão do dano ambiental, 
a doutrina reconhece que este pode ser 
material (patrimonial) ou moral (extra-
patrimonial). Será da segunda ordem 
quando afetar o bem-estar de pesso-
as, causando sofrimento e dor. Há de 
se considerar que há decisão do STJ 
no sentido que não se pode falar em 
dano moral difuso, já que o dano deve 
estar relacionado a pessoas vítimas de 
sofrimento, e não a uma coletividade 
de pessoas. De acordo com essa deci-
são pode haver dano moral ambiental 
a pessoa determinada, mas não pode 
haver dano moral ambiental a pessoas 
indetermináveis. 
4. A proteção do meio ambiente em 
juízo. 
A reparação do dano ambiental pode 
ser buscada extrajudicialmente, quan-
do, por exemplo, é celebrado termo 
de compromisso de ajustamento de 
conduta com o Ministério Público, ou 
judicialmente, pela propositura da ação 
competente. 
Há duas ações vocacionadas à defesa 
do meio ambiente. São elas: a ação 
civil pública (art. 129, III, da CF e Lei 
7.347/85) e a ação popular (art. 5º, 
LXXIII, CF e Lei 4.717/65). A primeira 
pode ser promovida pelo Ministério Pú-
blico, por entes da Administração Públi-
ca ou por associações constituídas há 
pelo menos um ano, que tenham por 
objetivo a defesa do meio ambiente. Já 
a segunda é promovida pelo cidadão. 
Também são cabíveis em matéria am-
biental o mandado de segurança (art. 
5º, LXIX e LXX, da CF e Lei 1.533/51), 
individual ou coletivo, preenchidos os 
requisitos para tanto, tais como prova 
pré-constituída, e ato de autoridade 
ou de agente delegado de serviço 
público; o mandado de injunção 
(art. 5º, LXXI, da CF), quando a 
falta de norma regulamentadora tor-
ne inviável o exercício dos direitos 
e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à naciona-
lidade, à soberania e à cidadania; 
as ações de inconstitucionalida-
de (arts. 102 e 103 da CF e Leis 
9.868/99 e 9.882/99); e a ação ci-
vil de responsabilidade por ato 
de improbidade administrativa 
em matéria ambiental (art. 37, § 4º, 
da CF, Lei 8.429/92 e art. 52 da Lei 
10.257/01). 
RESPONSABILIDADE 
ADMINISTRATIVA 
AMBIENTAL
A responsabilidade administrativa 
ocorre quando alguém pratica uma 
infração administrativa.
A infração 
administrativa é assim conceitua-
da pela lei (arts. 70 e seguintes da 
Lei 9.605/98): considera-se infração 
administrativa ambiental toda ação 
ou omissão que viole as regras jurí-
dicas de uso, gozo, promoção, pro-
teção e recuperação do meio am-
biente. O Decreto 6.514/08 adensa 
o conceito acima, estabelecendo 
uma séria de tipos administrativos 
que ensejam a aplicação de san-
ções administrativas. 
São autoridades competentes 
para lavrar auto de infração ambien-
tal e instaurar processo administra-
tivo os funcionários de órgãos am-
bientais integrantes do SISNAMA, 
designados para as atividades de 
fi scalização, bem como os agentes 
das Capitanias dos Portos. 
O rito do processo administrativo 
punitivo segue o seguinte trâmite: 
uma vez lavrado o auto de infração, 
o infrator terá 20 dias para oferecer 
defesa ou impugnação, contados da 
ciência da autuação; apresentada 
ou não a defesa ou a impugnação, a 
autoridade competente terá 30 dias 
para julgar o autor da infração; se 
o julgamento importar em decisão 
condenatória, o infrator terá 20 dias 
para recorrer à instância superior do 
11
SISNAMA, ou à Diretoria de Portos 
e Costas do Ministério da Marinha; 
o pagamento da multa deverá ser 
feito em 5 dias, contados da data do 
recebimento da notifi cação. 
As sanções serão aplicadas obser-
vando: a) a gravidade do fato; b) 
os antecedentes do infrator quanto 
ao cumprimento da legislação am-
biental; e c) a situação econômica 
do infrator, no caso de multa. 
Além disso, o aplicador deverá ob-
servar as disposições do Decreto 
6.514/08, que especifi ca as san-
ções cabíveis para cada tipo admi-
nistrativo lá previsto, principalmente 
quanto ao valor da multa cabível 
para cada tipo. Se o infrator come-
ter, simultaneamente, duas ou mais 
infrações, ser-lhe-ão aplicadas, 
cumulativamente, as sanções a elas 
cominadas. A Lei 9.605/98 estabe-
lece as seguintes sanções: a) Ad-
vertência: será aplicada pela ino-
bservância das disposições da le-
gislação em vigor, sem prejuízo das 
demais sanções abaixo; b) Multa 
simples: será aplicada sempre que 
o agente, por negligência ou dolo: i) 
não sanar as irregularidades no pra-
zo estabelecido na advertência; ii) 
opuser embaraço à fi scalização dos 
órgãos ambientais; c) Multa diária: 
será aplicada sempre que o cometi-
mento da infração se prolongar no 
tempo. Obs: As multas variam de 
R$ 50 a R$ 50 milhões; o pagamen-
to de multa imposta pelos Estados 
e Municípios, Distrito Federal ou 
Territórios substitui a multa federal 
na mesma hipótese de incidência; 
d) Apreensão dos animais, pro-
dutos e subprodutos da fauna e 
fl ora, instrumentos, petrechos, 
equipamentos ou veículos de 
qualquer natureza utilizados na 
infração; e) Destruição ou inuti-
lização do produto; f) Suspensão 
de venda e fabricação do produ-
to: será aplicada quando o produto 
não obedecer às prescrições legais 
ou regulamentares; g) Embargo 
de obra ou atividade: será aplica-
do quando a obra ou atividade não 
obedecer às prescrições legais ou 
regulamentares; h) Demolição de 
obra: será aplicada quando a obra não 
obedecer às prescrições legais ou re-
gulamentares; i) Suspensão total ou 
parcial de atividades: será aplicada 
quando a atividade não obedecer às 
prescrições legais ou regulamentares; 
j) Restritiva de direitos: são sanções 
desse tipo: suspensão ou cancelamen-
to de registro, licença ou autorização, 
perda ou restrição de incentivos ou be-
nefícios legais, perda ou suspensão de 
linhas de fi nanciamento ofi ciais, e proi-
bição de contratar com o poder público 
por até 3 anos. 
O infrator pode se insurgir contra a apli-
cação da sanção administrativa na via 
judicial. A defesa pode se dar por ação 
anulatória de débito fi scal (no caso 
de aplicação de multa, em que ainda 
não houve oportunidade de oferecer 
embargos à execução fi scal), embar-
gos à execução fi scal (também no 
caso de multa), mandado de seguran-
ça contra a sanção aplicada (a ação 
pode ser promovida contra a aplicação 
de quaisquer das sanções administrati-
vas, mas reclama direito líquido e cer-
to, ou seja, direito cujos fatos possam 
ser comprovados de plano, com prova 
pré-constituída) ou outra ação de co-
nhecimento, em que o autor poderá 
questionar qualquer sanção, inclusive 
com a possibilidade de fazer pedido 
cautelar ou de tutela antecipada, res-
peitados os requisitos dessas medidas 
contra o Poder Público. 
RESPONSABILIDADE
PENAL AMBIENTAL
1. Responsabilidade penal ambien-
tal das pessoas físicas: 
As pessoas físicas autoras, co-autoras 
ou partícipes de um crime ambiental, 
ainda que ajam em nome de pessoas 
jurídicas, serão responsabilizadas cri-
minalmente. Além disso, respondem 
também criminalmente o diretor, o ad-
ministrador, o membro de conselho e 
de órgão técnico, o auditor, o gerente, 
o preposto ou mandatário de pessoa 
jurídica, que, sabendo da conduta cri-
minosa de outrem, deixa de impedir 
a sua prática, quando podia agir para 
evitá-la. Às pessoas físicas são aplicá-
veis as seguintes penas: 
1.1. Privação da liberdade (detenção 
ou reclusão): estas poderão ser 
substituídas por penas restritivas 
de direito quando se tratar de crime 
culposo ou for aplicada pena priva-
tiva de liberdade inferior a 4 anos, 
desde que a substituição seja sufi -
ciente para efeitos de reprovação e 
prevenção do crime. 
1.2. Multa: será calculada segundo 
os critérios do Código Penal; se se 
revelar inefi caz, ainda que aplicada 
no valor máximo, poderá ser au-
mentada até três vezes, tendo em 
vista o valor da vantagem econômi-
ca auferida.
1.3. Restritivas de direito: podem 
ser de: a) prestação de serviços à 
comunidade; b) interdição temporá-
ria de direitos; c) suspensão parcial 
ou total de atividades; d) prestação 
pecuniária; e) recolhimento domici-
liar. 
2. Responsabilidade penal am-
biental das pessoas jurídicas. 
As pessoas jurídicas serão respon-
sabilizadas nos casos em que a 
infração penal for cometida por de-
cisão de seu representante legal ou 
contratual, ou de seu órgão colegia-
do, no interesse ou benefício da sua 
entidade. Às pessoas jurídicas são 
aplicáveis isolada, cumulativa ou al-
ternativamente as seguintes penas:
2.1. Multa: será calculada segundo 
o Código Penal; se se revelar ine-
fi caz, ainda que aplicada no valor 
máximo, poderá ser aumentada até 
três vezes, tendo em vista o valor 
da vantagem econômica auferida. 
2.2. Restritivas de direito: que po-
derão ser de: 
a) suspensão parcial ou total da 
atividade, em caso de infração a 
leis ou a regulamentos ambientais; 
b) interdição temporária de esta-
belecimento, obra ou atividade, 
em caso de funcionamento sem au-
torização ou em desacordo com a 
concedida ou a lei; c) proibição de 
contratar com o Poder Público ou 
dele receber benefícios, que não 
poderá exceder o prazo de 10 anos.
2.3. Prestação de serviços à co-
munidade: que poderão ser de: a) 
custeio de programa e de projetos 
12
ambientais; b) execução de obras 
de recuperação de áreas degrada-
das; c) manutenção de espaços pú-
blicos; d) contribuições a entidades 
ambientais ou culturais públicas.
2.4. Liquidação forçada da pes-
soa jurídica: a pessoa jurídica 
constituída ou utilizada, preponde-
rantemente, com o fi m de permitir, 
facilitar ou ocultar a prática de crime 
ambiental terá decretada sua liqui-
dação forçada, seu patrimônio será 
considerado instrumento de crime e 
perdido em favor do Fundo Peniten-
ciário Nacional. 
3. Crimes Ambientais. A Lei 
9.605/98 traz, nos arts. 25 ao 69-A, 
diversos tipos penais, que devem 
ser lidos. 
4. Processo penal.
A ação penal quanto aos crimes 
previstos na Lei 9.605/98 é pública 
incondicionada. 
A composição do dano ambiental 
é: a) atenuante da pena; b) requi-
sito para a transação penal; c) re-
quisito
para a extinção do processo 
na hipótese da suspensão do pro-
cesso de que trata o art. 89 da Lei 
9.099/95.
A perícia de constatação do dano 
penal será realizada para efeitos de 
prestação de fi ança, cálculo da mul-
ta e fi xação do valor mínimo para 
reparação dos danos causados pela 
infração, podendo ser aproveitada a 
perícia produzida no inquérito civil 
ou no juízo cível, instaurando-se 
o contraditório. Transitada em jul-
gado a sentença condenatória, a 
execução poderá efetuar-se pelo 
valor nela fi xado, sem prejuízo da 
liquidação para apuração do dano 
efetivamente sofrido. 
A competência para julgar os cri-
mes ambientais é da Justiça Es-
tadual, ressalvado o interesse da 
União, suas autarquias ou empre-
sas públicas, quando será da Jus-
tiça Federal (art. 109, CF).
O rito a ser observado é o previs-
to no CPP, admitindo-se transa-
ção penal (art. 27 da Lei 9.605/98 
e arts. 74 e 76 da Lei 9.099/95), 
suspensão condicional do processo 
(art. 28 da Lei 9.605/98 e art. 89 da Lei 
9.099/95) e suspensão condicional 
da pena (art. 16 da Lei 9.605/98 e arts. 
77 a 82 do Código Penal) 
 LINK ACADÊMICO 6
LEI DE BIOSSEGURANÇA (LEI 
11.105/05)
A chamada Lei de Biossegurança es-
tabelece normas de segurança e me-
canismos de fi scalização sobre os or-
ganismos geneticamente modifi cados 
(OGM) e seus derivados. 
A Lei criou dois órgãos de suma im-
portância, o Conselho Nacional de 
Biossegurança – CNBS e a Comissão 
Técnica de Nacional de Biosseguran-
ça - CTNBio. O primeiro é órgão de 
assessoramento superior do Presi-
dente da República, e é composto de 
Ministros de Estado. Já o segundo, 
é instância colegiada multidisciplinar 
de caráter consultivo e deliberativo. A 
CTNBio estabelece normas técnicas 
de segurança e dá pareceres técnicos 
para autorização de atividades que en-
volvam pesquisa e comércio de OGM 
e derivados.
A lei traz uma permissão bastante po-
lêmica, que é a possibilidade, para fi ns 
de pesquisa e terapia, da utilização de 
células-tronco embrionárias obtidas 
de embriões humanos produzidos por 
fertilização in vitro e não utilizados no 
respectivo procedimento, atendidas as 
seguintes condições: I – sejam embri-
ões inviáveis; ou II – sejam embriões 
congelados há 3 (três) anos ou mais, 
na data da publicação da Lei, ou que, 
já congelados na data da publicação 
da Lei, depois de completarem 3 (três) 
anos, contados a partir da data de 
congelamento. Em qualquer caso, é 
necessário o consentimento dos geni-
tores. 
A questão da possibilidade de utili-
zação desses embriões para fi ns de 
pesquisa e terapia é polêmica. De um 
lado, há pessoas que defendem a in-
constitucionalidade da autorização, por 
considerarem que tais células estão 
protegidas pelo “direito à vida”. A tese 
contrária entende que não há vida nes-
sa fase e que os embriões em ques-
tão, melhor do que serem descartados, 
devem ser aproveitados para salvar 
vidas e melhorar as condições de 
vida de pessoas portadoras de cer-
tas doenças. 
O MPF ajuizou ação de inconstitu-
cionalidade do art. 5º e §§ da Lei de 
Biossegurança. A ADI levou o nú-
mero 3.510 no STF, que não julgou 
procedente a ação. 
A Lei proíbe expressamente a clo-
nagem humana. A Lei também esta-
belece responsabilidades civil, ad-
ministrativa e penal pela prática de 
atos que violem seus dispositivos. A 
responsabilidade civil por danos da-
nos ao meio ambiente e a terceiros 
tem as seguintes características: a) 
é objetiva; b) impõe reparação inte-
gral; c) e é solidária, entre todos os 
responsáveis (art. 20).
 LINK ACADÊMICO 7
A coleção Guia Acadêmico é o ponto de partida 
dos estudos das disciplinas dos cursos de 
graduação, devendo ser complementada com 
o material disponível nos Links e com a leitura 
de livros didáticos.
Direito Ambiental – 1ª edição - 2010
Autor:
Wander Garcia, Professor e Palestrante, 
Autor de mais de 10 obras na área jurídica, 
Mestre e Doutorando em Direito pela PUC/ 
SP, Procurador do Município de São Paulo e 
Advogado.
A coleção Guia Acadêmico é uma publicação 
da Memes Tecnologia Educacional Ltda. São 
Paulo-SP.
Endereço eletrônico: 
www.memesjuridico.com.br
Todos os direitos reservados. É terminante-
mente proibida a reprodução total ou parcial 
desta publicação, por qualquer meio ou pro-
cesso, sem a expressa autorização do autor 
e da editora. A violação dos direitos autorais 
caracteriza crime, sem prejuízo das sanções 
civis cabíveis.
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