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03/04/2012 1 Universidade de Brasília - UnB | Ciência dos Materiais | Prof. Claudio Henrique Pereira ENG AMBIENTAL – UnB Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Civil e Ambiental Aula 06 1 Tipos de Materiais: Cerâmicos Introdução: Materiais Cerâmicos • Podem ser definidos como sendo materiais formados por compostos de elementos metálicos (Al, Na, K, Mg, Ca, Si, etc) e um dos cinco seguintes elementos não- metálicos (O, S, N, C, P) – Unidos por ligações iônicas e/ou covalentes. 2 03/04/2012 2 Tipos de ligações nos materiais cerâmicos 3 Materiais Cerâmicos • Exemplos típicos: –MgO • Relação 1:1 entre átomos metálicos (Mg) e não-metálicos (O). –Outros compostos cerâmicos simples: • Sílica (SiO2) e a Alumina (Al2O3); –Argila • Bem mais complexas que o MgO • Uma das argilas mais simples: Al4Si4O10 (OH)8. 4 03/04/2012 3 Materiais Cerâmicos • Existem muitas fases cerâmicas – Muitas combinações possíveis de átomos metálicos e não-metálicos, além de existir vários arranjos estruturais diferentes • Os materiais cerâmicos mais frequentes são constituídos de óxidos, nitretos e carbetos – A maior parte das fases cerâmicas é cristalina, mas existem materiais com estruturas amorfas. 5 Materiais Cerâmicos • As fases cerâmicas têm propriedades e aspectos muito característicos e bem diferentes dos materiais metálicos e dos polímeros – Alta dureza, boa resistência mecânica, ruptura frágil, alta estabilidade química e térmica e baixas condutividades elétrica e térmica. • Materiais cerâmicos na engenharia – Argilas e rochas; – Tijolos, blocos e telhas cerâmicas; – Aglomerantes minerais; – Peças cerâmicas de revestimento; – Louças, vidros e materiais refratários. • Aplicações avançadas das cerâmicas finas. 6 03/04/2012 4 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Ligações atômicas nesses materiais variam desde puramente iônicas até totalmente covalente – Muitas cerâmicas exibem uma combinação desses dois tipos de ligações; – Nível de caráter iônico dependente das eletronegatividades dos átomos. 7 Percentual de carater iônico das ligações químicas de alguns materiais cerãmicos 8 03/04/2012 5 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Duas características dos íons que compõem os materiais cerâmicos cristalinos influenciam a estrutura do material: – Magnitude da carga elétrica de cada um dos íons componentes • Cristal deve ser eletricamente neutro. – Tamanho relativo dos cátions e dos ânions • Número de coordenação está relacionado à razão entre os raios dos cátions e dos ânions. 9 Configurações de coordenação ânion-cátion estáveis e instáveis 10 03/04/2012 6 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Grande diversidade de fases cerâmicas existentes torna difícil a descrição completa das estruturas; • Classificação mais genérica – Estruturas simples ou comuns – Estruturas complexas • Atenção especial aos silicatos. 11 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Estruturas simples – Se restringem a combinações de arranjos iônicos cúbicos simples (CS), Cúbicos de faces centradas (CFC) e hexagonais compactos (HC) e de suas posições intersticiais • Normalmente os ânions ocupam as posições de referência e os cátions ocupam as posições intersticiais. 12 03/04/2012 7 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Estruturas simples – Cúbicas de faces centradas (CFC) • Cloreto de sodio (Na Cl), CaO, MgO, MnS, NiO, MnO, FeO e HFN; – Hexagonal compacta (HC) • Compostos mistos de zinco: Wurzita (ZnS); • BeO. – Cúbico simples (CS) • Fluorita (CaF2), ThO2, CeO2, UO2, ZrO2 e HfO2. 13 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Estruturas complexas – Maior parte dos materiais cerâmicos não exibe estruturas simples; – Askeland (1998) classifica esses arranjos mais complexos em quatro categorias: • Arranjos da perovsquita; • Arranjos do coridon; • Arranjos do espinélio; • Arranjos da grafita. 14 03/04/2012 8 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Arranjos da perovsquita; – Encontrada em várias cerâmicas condutoras elétricas como o BaTiO3 e o SrTiO3; – Três diferentes íons estão presentes na célula unitária; – BaTIO3 • Íons Bário localizados nos vértices de um cubo; • Íons oxigênio nas faces desse cubo; • Titânio ocupando posição central; – Distorções da célula unitária provocam a ocorrência de sinal elétrico. 15 Estrutura da Perovsquita BaTiO3 16 03/04/2012 9 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Estrutura do Corídon – Estrutura hexagonal fortemente empacotada • Alumina (Al2O3) e em outras fontes cerâmicas como o Cr2O3 e o Fe2O3; – Alumina • Doze íons alumínio e dezoito íons oxigênio associados à celula unitária hexagonal; • Refratária, isolante elétrica e características abrasivas. 17 Parte da estrutura da célula unitária hexagonal - Corídon 18 03/04/2012 10 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Estrutura do Espinélio – Consiste em uma célula unitária cúbica que pode ser vista como tendo oito cubos menores no seu interior; – Arranjo complexo e dificil de ser descrito; – Estrutura típica : MgAl2O4. – Outro exemplo: Fe3O4. 19 Parte da célula unitária do espinélio MgAl2O4 20 03/04/2012 11 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Estrutura da Grafita – Uma das formas cristalinas do carbono; – Estrutura hexagonal em camadas; – Empregada como material refratário, lubrificante e fibra 21 Célula unitária hexagonal em camadas – Grafita Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Silicatos – Materiais compostos essencialmente por silício e oxigênio; – Estudo se justifica pela abundância desses materiais na natureza e seu amplo emprego como matéria-prima na construção civil; – Exemplo Clássico : Cimento Porrtland; – Outros exemplos: • Agregados, tijolos, telhas, vidros. 22 03/04/2012 12 Composição química aproximada dos principais componentes em alguns silicatos cerâmicos 23 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Estrutura dos Silicatos – Ao invés de se caracterizarem as suas estruturas cristalinas em termos de células unitárias, é conveniente o emprego de vários arranjos de uma unidade funcional, o tetraédro SiO4; • Várias configurações estruturais existentes nos silicatos podendo variar: – Grau de polimerização e amplitude da participação do oxigênio entre os tetraédros. – Unidade fundamental – SiO4 • Consiste em quatro íons oxigênio nos vértices de um tetraedro regular rodeando o íon de silício tetravalente. 24 03/04/2012 13 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Estrutura dos Silicatos – Cada oxigênio na camada eletrônica mais externa possui sete elétrons ao invés de oito. Existem duas formas de suprir esta deficiência de elétrons: • Obter um elétron de outros átomos metálicos; – Arranjo de tetraédros isolados • Compartilhar um par de elétrons com outro átomo de silício. – Unidades tetraédricas duplas; – Estruturas em cadeia; – Estrutura em rede; – Estruturas em camadas ou folhas; – Estruturas tridimensionais. 25 Estrutura Cristalina das Cerâmicas • Vidros e outras Cerâmicas não cristalinas – Silicatos não amorfos; – Tetraédros são unidos por ligações covalemtes para produzir uma rede tridimensional ao acaso, havendo carência de cristalinidade; – Maioria dos vidros possuem mais de um óxido em sua composição • Estrutura não tem limitações geométricas severas. 26 03/04/2012 14 Propriedades dos Materiais Cerâmicos • Propriedades dos materiais cerâmicos dependem de suas estruturas; • Principais propriedades das cerâmicas: – Alta estabilidade térmica, boa resistência à compressão e ao cisalhamento, fratura do tipo frágil, baixa condutividade elétrica. 27 Propriedades dos Materiais Cerâmicos • Possuem estabilidade térmica relativamente alta – Ligações iônicas existentes • Temperatura de fusão superior à dos metais e polimeros; • Por não apresentarem elétrons livres, conduzem mal o calor; • Baixo coeficiente de dilatação térmica quando comparadas ao aço – Vidros • Menor dilatação térmica é explicado pelo baixo número de coordenação atômica. 28 03/04/2012 15 Dilatação térmica de alguns materiais de construção 29 Propriedades dos Materiais Cerâmicos • Devido ao alto ponto de fusão são usados como refratários na construção de fornos e chaminés – Um dos mais usados é a Alumina (Al2O3) • Temperatura de fusão de 2020°C – Grande interesse dos refratários de sílica • Resistentes ao ataque do óxido de ferro e das escórias ácidas – indústria de aços. 30 03/04/2012 16 Propriedades dos Materiais Cerâmicos • Propriedades mecânicas resultam das várias combinações de ligações iônicas, covalentes e de Van der Walls que existem nas estruturas – Materiais cerâmicos mais resistentes e estáveis, geralmente, possuem estruturas tridimensionais, com ligações fortes nas três dimensões • Quartzo. • Cerâmicas apresentam boa resistência mecânica – Resistência à compressão e cisalhamento muito maiores que a resistência à tração; – Ruptura frágil, com baixa tenacidade de fratura. 31 Comparação dos mecanismos de escorregamento entre metais e cerâmicas 32 03/04/2012 17 Propriedades dos Materiais Cerâmicos • Segundo Van Vlack, a ausência praticamente total de escorregamento nos materiais cerâmicos leva as seguintes consequências: – Não apresentam comportamento dúctil, ou seja, são frágeis; – Podem ser solicitados por tensões de compressão muito elevadas, desde que não tenha poros presentes; – Existe a possibilidade teórica de se ter um limite de resistência à tração elevado • Na prática, a resistência à tração não é alta, pois qualquer irregularidade interna (fissura, contorno de grão ou mesmo canto vivo) produz concentrações de tensões. 33 Comparação de comportamento de materiais frágeis e ducteis 34 03/04/2012 18 Propriedades dos Materiais Cerâmicos • Materiais cerâmicos são muito mais resistentes à compressão do que a tração – Característica deve ser levada em conta na seleção dos materiais de construção • Concreto, argamassa, tijolos e blocos cerâmicos são usados basicamente em locais sujeitos à compressão; • No caso do concreto armado usa-se barras de aço para os esforços de tração. • Vidro que requer uma certa resistência à tração – Aumento da espessura; – Vidro temperado. 35 Propriedades dos Materiais Cerâmicos • Materiais cerâmicos geralmente são duros – Apresentam pouca ou nenhuma deformação plástica; • Elevados níveis de energia de ligação entre os átomos, o que dificulta a mudança de posição relativa dos átomos e pela dificuldade de escorregamento de cristais. – Quando ocorre exceção a regra geral, isso está relacionado com defeitos e falhas na estrutura interna do material cerâmico ou a ocorrência de poros ou vazios estruturais. • Exemplo: Argilominerais – Estrutura em lamelas. 36 03/04/2012 19 Propriedades dos Materiais Cerâmicos • Materiais cerâmicos apresentam alta resistência às alterações químicas – Ligações iônicas. • Materiais cerâmicos são conhecidos como isolantes elétricos – Possuem altas constantes dielétricas, apresentam reações piezelétricas e comportamento dielétrico; – Devido a imobilidade dos elétrons resultante das ligações iônicas e covalentes. 37 MATERIAIS CERÂMICOS Cerâmicas Avançadas 38 03/04/2012 20 Cerâmicas Avançadas • Também conhecidas como cerâmica técnicas ou cerâmica fina; • Engloba uma classe de “novas cerâmicas” – Materias primas são artificiais; – Grande controle do processo; – Forte controle da microestrutura. • Apresentam características especiais como: alta resistência mecânica, alta dureza e resistência à abrasão, alta durabilidade, alta resistência à temperatura, alto ponto de fusão, baixa dilatação térmica e elevada tenacidade, além de baixo peso. 39 Cerâmicas Avançadas • Para atingir essas elevadas propriedades é processada com matérias-primas sintéticas e relativamente caras; • Os equipamentos de processo também são mais sofisticados e trabalham em condições críticas, do que as cerâmicas tradicionais; • Exemplos: Alumina, Zircônia, Nitreto de silício, Sialon, Nitreto de alumínio, Nitreto de Boro, Carbeto de silício, Carbeto de Boro. 40 03/04/2012 21 Propriedades mecânicas de algumas cerâmicas avançadas 41 Cerâmicas Avançadas • Esse tipo de material encontra aplicação como componentes de automóveis, ferramentas de corte e abrasivas, materiais refratários, componentes de máquina sujeitas a altas temperaturas, queimadores de gases combustíveis, moldes para extrusão e fios elétricos e recipientes para fusão de metais como cadinhos e moldes. 42