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Programa de Engenharia Oceaˆnica COPPE / UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro Hidrodinaˆmica IVb SH Sphaier Marc¸o de 2008 Suma´rio 1 Introduc¸a˜o a` Dinaˆmica de Corpos Flutuantes 1 1.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Sistemas de refereˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.3 Considerac¸o˜es F´ısicas sobre o Problema Hidrodinaˆmico . . . . . . . . . . . . . 2 2 Dinaˆmica do Corpo Bidimensional Flutuante 7 2.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.2 Movimento Vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.3 Movimento de Jogo Puro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.4 Movimento Lateral Puro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.5 Movimentos Simultaˆneos Lateral e de Jogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.6 Hipo´tese de Froude-Krylov para o Ca´lculo de Forc¸a de Onda . . . . . . . . . . 21 2.6.1 Forc¸as de Froude-Krylov em Estruturas Retangulares . . . . . . . . . . 22 2.6.2 Cancelamento de Forc¸as de Froude-Krylov em um Retaˆngulo . . . . . . 26 2.6.3 Extensa˜o da expressa˜o de Froude-Krylov para o caso de um Navio com fundo plano horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.6.4 Cancelamento de Forc¸as de Froude-Krylov em Estruturas Semisub- mers´ıveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 3 Dinaˆmica de um Corpo Tridimensional Esbelto em Ondas 31 3.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 3.2 Movimentos vertical e de rotac¸a˜o em torno do eixo lateral . . . . . . . . . . . . 32 3.2.1 Equac¸o˜es dos Movimentos Acoplados de Heave e Pitch . . . . . . . . . 33 3.2.2 Soluc¸a˜o das equac¸o˜es de movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.3 Movimentos lateral, de rotac¸a˜o em torno do eixo Oz e de jogo . . . . . . . . . 36 3.3.1 Equac¸o˜es de movimento no plano horizontal . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.3.2 Soluc¸a˜o das equac¸o˜es de movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 4 Generalizac¸a˜o do Problema Dinaˆmico 41 4.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 4.2 Corpos com Geometria Qualquer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 i ii Texto Preliminar, SH Sphaier 4.3 Um Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 5 Navio em Mar Irregular 49 5.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 5.2 Transformada de Fourier da Equac¸a˜o de Movimento . . . . . . . . . . . . . . . 49 5.3 O Espectro de Resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 5.4 Espectro de Resposta de um Sistema Oceaˆnico em um Mar Irregular . . . . . 51 5.5 Movimentos de um Corpo Flutuante no Mar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 5.5.1 Deslocamentos, velocidades e acelerac¸o˜es em um ponto do corpo . . . . 53 5.5.2 Eventos de Seakeeping . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 5.6 Resumo Esquema´tico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 6 Hidrodinaˆmica de Corpos Flutuantes Estaciona´rios 65 6.1 Aspectos F´ısicos: Leis e Princ´ıpios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 6.2 Formulac¸a˜o hidrodinaˆmica: Leis e Princ´ıpios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 6.3 Forc¸as Atuantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 6.3.1 Forc¸as hidrodinaˆmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 6.3.2 Forc¸a de excitac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 6.3.3 Forc¸a de radiac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 6.3.4 Quantidades de Movimento Linear e Angular da Massa do Corpo . . . 82 6.3.5 Restaurac¸a˜o: Ac¸a˜o das forc¸as hidrosta´ticas e das forc¸as de corpo . . . . 87 6.4 Equac¸o˜es de Movimento no Domı´nio da Frequeˆncia . . . . . . . . . . . . . . . 92 Lista de Figuras 1.1 Onda Incidente e sua Difrac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.2 Radiac¸a˜o e Empuxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.1 Forc¸a de Restaurac¸a˜o Vertical Resultante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.2 Decremento Logar´ıtmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.3 Fator de Amplificac¸a˜o, Func¸a˜o de transfereˆncia, Rao . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.4 Aˆngulo de Fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.5 Banda de uma sec¸a˜o naval . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.6 Cancelamento em Formas Retangulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.7 Cancelamento em Estruturas Semisubmers´ıveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 4.1 Ine´rcia Adicional e Amortecimento na Forma Adimensional I . . . . . . . . . . 45 4.2 Ine´rcia Adicional e Amortecimento na Forma Adimensional II . . . . . . . . . 46 4.3 Ine´rcia Adicional e Amortecimento na Forma Adimensional III . . . . . . . . . 46 4.4 Forc¸a de Excitac¸a˜o Vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 4.5 Momento de Excitac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 4.6 Rao de Heave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 4.7 Rao de Pitch . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 5.1 Apresentac¸a˜o Esquema´tica I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 5.2 Apresentac¸a˜o Esquema´tica II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 5.3 Apresentac¸a˜o Esquema´tica III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 5.4 Apresentac¸a˜o Esquema´tica IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 5.5 Apresentac¸a˜o Esquema´tica V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 iii Cap´ıtulo 1 Introduc¸a˜o a` Dinaˆmica de Corpos Flutuantes 1.1 Introduc¸a˜o O estudo do comportamento de corpos flutuantes trata do estudo da dinaˆmica de um corpo flutuante sujeito a forc¸as hidrodinaˆmicas, hidrosta´ticas e forc¸as de corpo. Neste cap´ıtulo ini- ciaremos o estudo do problema de um corpo na superf´ıcie livre com liberdade de executar movimento vertical. Em seguida analisaremos os aspectos hidrodinaˆmicos, pore´m ainda de um ponto mais descritivo do fenoˆmeno que de um ponto de sua formulac¸a˜o matema´tica. Posteri- ormente apresentaremos a formulac¸a˜o matema´tica e a soluc¸a˜o para o fenoˆmeno hidrodinaˆmico de radiac¸a˜o de ondas a partir dos movimentos de um corpo junto a superf´ıcie livre. Por uma questa˜o de simplicidade de formulac¸a˜o matema´tica analisaremos o caso de um batedor de ondas do tipo pista˜o. O problema de um corpo fixo em ondas e´ analisado na sec¸a˜o seguinte para introduzirmos a hipo´tese de Froude-Krylov e o problema de difrac¸a˜o. Finalmente ap- resentamos o caso de um corpo flutuante em ondas, estabelecendo o problema de valor de contorno linearizado. 1.2 Sistemas de refereˆncia Ao longo do texto utilizaremos treˆs sistemas de refereˆncia. Um sistema de coordenadas OXY Z com o plano Z = 0 sobre a superf´ıcie livre. O eixo OZ aponta verticalmente para cima. Um segundo sistema utilizado e´ o sistema o¯x¯y¯z¯ cujo centro, sempre concide com o ponto O, 1 2 Texto Preliminar, SH Sphaier com eixo o¯x¯ fazendo um aˆngulo β com o eixo OX. O terceiro sistema aqui considerado e´ o sistema oxyz, o qual se desloca com a velocidade do navio, sem oscilar. Seu centro esta´ localizado na superf´ıcie livre em repouso e o eixo oz aponta verticalmente para cima. O ponto o, centro do sistema, esta´ localizado a meio navio. Muitas vezes e´ mais pra´tico localiza´-lo na vertical passando pelo centro de gravidade. O navio desloca-se em linha reta com velocidade U na direc¸a˜o do eixo o¯x¯. As ondas se propagam na direc¸a˜o do eixo OX e o vetor celeridade da onda faz um aˆngulo β com o vetor velocidade do navio, e consequentemente com o eixo longitudinal do navio. 1.3 Considerac¸o˜es F´ısicas sobre o Problema Hidrodi- naˆmico Tentando apresentar uma visualizac¸a˜o do fenoˆmeno e identificac¸a˜o das ac¸o˜es hidrodinaˆmicas sobre um corpo flutuante deslocando-se em ondas, vamos considerar, para efeito de ana´lise, que o corpo, inicialmente, se encontra em repouso em a´guas tranquilas sujeito a ac¸a˜o de seu peso e ao empuxo, resultante da ac¸a˜o das presso˜es hidrosta´ticas sobre a superf´ıcie molhada do corpo. A nossa experieˆncia dia´ria nos diz que, incidindo uma onda sobre o corpo, este saira´ da situac¸a˜o de equil´ıbrio esta´tico executando movimentos no meio fluido. Inicialmente imaginemos o que se passa sobre uma superf´ıcie fict´ıcia cuja forma e´ igual a forma do corpo colocado no meio fluido. Se na˜o houvesse ondas, a forc¸a que o fluido, externo a` superf´ıcie imagina´ria, faria sobre a massa fluida contida em seu interior seria igual ao peso desta massa fluida. Isto nada mais e´ que o princ´ıpio de Arquimedes. Esta forc¸a pode ser obtida como resultado da integrac¸a˜o da pressa˜o hidrosta´tica pe,0. Consideremos agora a ac¸a˜o de ondas. As part´ıculas fluidas atravessam a superf´ıcie ima- gina´ria e a pressa˜o em cada um de seus pontos varia com o tempo devido a` contribuic¸a˜o da pressa˜o hidrodinaˆmica das ondas incidentes. Ale´m da forc¸a hidrosta´tica temos uma forc¸a hidrodinaˆmica devida ao campo de presso˜es decorrente da onda incidente pinc. A esta com- ponente hidrodinaˆmica de forc¸a chamamos de forc¸a de onda segundo a hipo´tese de Froude- Krylov, ou de forma abreviada, forc¸a de Froude-Krylov. Trata-se enta˜o de determinar a forc¸a hidrodinaˆmica devida a` pressa˜o hidrodinaˆmica causada pela onda incidente sobre a superf´ıcie a ser ocupada pelo contorno do corpo. Uma segunda componente dinaˆmica de forc¸a aparecera´ devida a` perturbac¸a˜o que o corpo cria no meio fluido. Na realidade as part´ıculas fluidas na˜o podem atravessar o corpo. A presenc¸a Texto Preliminar, SH Sphaier 3 do corpo impo˜e velocidades a`s part´ıculas fluidas de forma a terem componentes normais junto ao corpo iguais a zero. Sa˜o originadas ondas que se propagam para o fluido, interagem com a onda incidente anulando as componentes de velocidades das part´ıculas fluidas junto a superf´ıcie do corpo na direc¸a˜o normal. A este fenoˆmeno chamamos de difrac¸a˜o. Aparecem ondas de difrac¸a˜o geradas junto ao corpo. Este fenoˆmeno esta´ intimamente ligado a`s ondas incidentes. A onda incidente ao encontrar o corpo se difrata. A energia que se propaga na direc¸a˜o da onda incidente espalha-se devido a` presenc¸a do corpo propagando-se em outras direc¸o˜es. Soma-se a` pressa˜o dinaˆmica da onda incidente uma nova parcela devida a` onda difratada pdif . De forma semelhante ao problema do escoamento uniforme acelerado em torno de um c´ırculo em que a forc¸a resultante era composta de duas componentes, uma devida ao escoamento acelerado, e outra devida a` perturbac¸a˜o que o c´ırculo, representado pelo dipolo causava no escoamento, no problema de ondas aparecem duas componentes de forc¸a, uma devida a` onda incidente como se na˜o houvesse corpo (forc¸a de Foude-Krylov) e outra devida a perturbac¸a˜o que o corpo cria na onda incidente, forc¸a de difrac¸a˜o. Uma segunda fonte de formac¸a˜o de ondas que se radiam do corpo para o meio deve-se aos movimentos do corpo. O movimento do corpo induz movimento a`s part´ıculas fluidas junto ao casco. Este movimento transmite-se a`s outras part´ıculas fluidas, agitando a superf´ıcie livre gerando ondas que se propagam para o meio. A este fenoˆmeno chamamos de radiac¸a˜o. Estas ondas tambe´m provocara˜o uma modificac¸a˜o no campo de presso˜es atuantes sobre o casco prad. Uma u´ltima parcela que contribui para a variac¸a˜o da pressa˜o atuante em um ponto da su- perf´ıcie do corpo com o tempo e´ sua constante mudanc¸a de posic¸a˜o. A pressa˜o hidrosta´tica dependera´ da posic¸a˜o inicial do ponto e dos movimentos do corpo. Com os movimentos do corpo cada ponto de sua superf´ıcie tera´ sua coordenada vertical variando com o tempo. Assim teremos a coluna de a´gua em um ponto, que rege a pressa˜o hidrosta´tica, variando com o tempo e a pressa˜o hidrosta´tica total dada pela soma da pressa˜o hidrosta´tica inicial correspondente a posic¸a˜o de equil´ıbrio esta´tico do corpo, e de uma componente de pressa˜o hidrosta´tica varia´vel com o tempo, correspondente a` mudanc¸a de posic¸a˜o vertical do ponto pe,t. Admitindo ser poss´ıvel a superposic¸a˜o dos efeitos acima descritos na forma de um somato´rio de efeitos a pressa˜o total ptotal seria enta˜o: ptotal = pe + pd = pe,0 + pe,t + pinc + pdif + prad = pe,0 + p(t) (1.1) onde a pressa˜o dinaˆmica pd e´ dada por pinc + pdif + prad (1.2) onde a pressa˜o esta´tica pe e´ dada por pe,0 + pe,t (1.3) 4 Texto Preliminar, SH Sphaier e a pressa˜o dependente do tempo p(t) e´ dada por pe,t + pinc + pdif + prad (1.4) onde: • pressa˜o esta´tica pe • pressa˜o dinaˆmica pd • pressa˜o dependente do tempo pt • pressa˜o esta´tica independente do tempo pe,0 • pressa˜o esta´tica dependente do tempo pe,t • pressa˜o devida a` onda incidente pinc • pressa˜o devida a` onda difratada pdif • pressa˜o devida a` onda radiada prad As forc¸as de origem hidrodinaˆmica seriam obtidas pela integrac¸a˜o destas presso˜es ptotal ao longo do casco. Ale´m das forc¸as hidrodinaˆmicas atua sobre o corpo a forc¸a de peso. Re- unindo estas forc¸as externas e utilizando a lei de Newton, temos as equac¸o˜es que va˜o reger o movimento do corpo. Atrave´s das figuras 1.1 e 1.2 vemos esquematicamente as diversas contribuic¸o˜es. Texto Preliminar, SH Sphaier 5 Figura 1.1: Onda Incidente e sua Difrac¸a˜o 6 Texto Preliminar, SH Sphaier Figura 1.2: Radiac¸a˜o e Empuxo Cap´ıtulo 2 Dinaˆmica do Corpo Bidimensional Flutuante 2.1 Introduc¸a˜o Neste cap´ıtulo vamos tratar da dinaˆmica do movimento de um corpo flutuante. Vamos nos ater ao problema no plano, isto e´, observamos o comportamento de um cilindro, cuja sec¸a˜o tem uma forma naval, flutuando na superf´ıcie livre. Inicialmente, daremos somente um grau de liberdade de movimento. Este grau de liberdade sera´ o de movimento vertical, depois o de movimento de jogo e por u´ltimo o de movimento lateral. Posteriormente analisaremos os movimentos acoplados de jogo e lateral. 2.2 Movimento Vertical Analisemos o movimento vertical de um cilindro infinito de sec¸a˜o qualquer, flutuando na superf´ıcie livre com seu eixo coincidindo com o eixo Ox, e com simetria em relac¸a˜o ao plano longitudinal. Consideremos que inicialmente se encontra em equil´ıbrio esta´tico. Como trata-se de um corpo infinito podemos desenvolver uma ana´lise bidimensional (figura 2.1). Utilizando a segunda lei de Newton temos: ms¨ = −P + E0 = 0 (2.1) onde: s e´ o movimento vertical do corpo, 7 8 Texto Preliminar, SH Sphaier Figura 2.1: Forc¸a de Restaurac¸a˜o Vertical Resultante m e´ a massa do corpo por unidade de comprimento, P e´ o peso do corpo por unidade de comprimento, E0 e´ o empuxo por unidade de comprimento. Dando um deslocamento vertical ao corpo, havera´ enta˜o um desequil´ıbrio entre o peso e o empuxo. Caso as u´nicas forc¸as intervenientes fossem o peso P e o empuxo E ter´ıamos P 6= E. O corpo entraria enta˜o em movimento oscilato´rio. A lei de Newton fornece ms¨ = −P + E0 +4E (2.2) Considerando pequenos movimentos verticais podemos dizer que ∆E = −ρgBs e enta˜o ms¨ = −ρgBs (2.3) com s(t = 0) = s0, sendo B a boca do cilindro. Assim ter´ıamos a seguinte equac¸a˜o diferencial ordina´ria para resolver. ms¨+ ρgBs = 0 (2.4) com s(t = 0) = s0 e s˙ = 0. Trata-se de uma equac¸a˜o diferencial ordina´ria a coeficientes constantes de segunda ordem homogeˆnea sujeita a uma condic¸a˜o inicial. A soluc¸a˜o e´ da forma s = s0e iωnt (2.5) Texto Preliminar, SH Sphaier 9 com ωn = √ ρgB/m, frequeˆncia natural, e o corpo permaneceria em movimento harmoˆnico indefinidamente. A experieˆncia dia´ria nos diz entretanto que este movimento tem um decremento com o tempo, e podemos observar o aparecimento de ondas na superf´ıcie livre. Estas ondas propagam-se do corpo para o infinito carregando consigo energia. Lembrando as concluso˜es obtidas no estudo do escoamento devido a um c´ırculo acelerado em um fluido em repouso, sabemos que a pressa˜o dinaˆmica da´ origem a uma forc¸a contra´ria a` acelerac¸a˜o do corpo. Sem nos preocuparmos aqui com o rigor matema´tico, podemos dizer que a pressa˜o da´ origem a uma forc¸a na forma Fhdin = −a33s¨ (2.6) A lei de Newton agora fornece ms¨ = −a33s¨− ρgBs (2.7) ou (m+ a33)s¨+ ρgBs = 0 (2.8) A soluc¸a˜o desta equac¸a˜o e´ semelhante a` soluc¸a˜o do caso anterior, modificando-se somente o valor de ωn ωn = √ ρgB m+ a33 (2.9) Isto quer dizer, que o decaimento do movimento que observamos em nossa experieˆncia dia´ria, na˜o e´ previsto e por conseguinte a energia dissipada na formac¸a˜o de ondas na˜o esta´ sendo considerada. A expressa˜o acima, representativa da forc¸a hidrodinaˆmica na˜o preve termo responsa´vel pela formac¸a˜o de ondas e consequentemente pelo decaimento do movimento do corpo, o que na˜o representa o caso real. Ocorre que estas forc¸as, devidas a radiac¸a˜o de ondas, na˜o necessariamente esta˜o em fase com a acelerac¸a˜o do corpo. A forc¸a de radiac¸a˜o resultante esta´ subdividida em duas parcelas, uma em fase com a acelerac¸a˜o e outra com a velocidade do corpo. Esta segunda parcela e´ responsa´vel pelo constante consumo de energia cine´tica do corpo, transferindo energia para a massa fluida na forma de ondas, que se transmitem para o infinito, provocando assim um decaimento no movimento do corpo. Ao coeficiente de proporcionalidade entre acelerac¸a˜o e a forc¸a em fase com a acelerac¸a˜o chamamos de coeficiente de massa adicional e, ao coeficiente de proporcionalidade entre ve- locidade e forc¸a em fase com a velocidade, damos o nome de coeficiente de amortecimento. Com esta expressa˜o a equac¸a˜o de movimento do corpo apresenta um termo na˜o conservativo linear, e esta´ intimamente ligado a` energia da onda que, formada pela interac¸a˜o fluido-corpo junto a superf´ıcie livre se radia para o meio, propagando-se a longas distaˆncias. 10 Texto Preliminar, SH Sphaier Fhdin = −a33s¨− b33s˙ (2.10) onde b33 e´ o coeficiente de amortecimento. A equac¸a˜o de movimento obtida a partir da aplicac¸a˜o da lei de Newton seria agora ms¨ = −a33s¨− b33s˙− ρgBs (2.11) ou (m+ a33)s¨+ b33s˙+ ρgBs = 0 (2.12) Esta e´ uma equac¸a˜o diferencial homogeˆnea ordina´ria de segunda ordem a coeficientes con- stantes. Sua soluc¸a˜o e´ da forma exponencial. Este problema corresponde ao de vibrac¸a˜o livre de um sistema amortecido, sujeito a um deslocamento e uma velocidade iniciais. Consideremos agora que incide uma onda monocroma´tica que, como descrito acima, introduz uma forc¸a de excitac¸a˜o harmoˆnica. Fexc = F0e iωt = (F0,R + i F0,I)e iωt (2.13) onde F0 e´ a amplitude da forc¸a ω e´ a frequeˆncia de oscilac¸a˜o. A lei de Newton fornece enta˜o a seguinte equac¸a˜o de movimento ms¨ = −a33s¨− b33s˙− ρgBs+ Fexc (2.14) ou (m+ a33)s¨+ b33s˙+ ρgBs = F0e iωt (2.15) Texto Preliminar, SH Sphaier 11 A soluc¸a˜o desta equac¸a˜o diferencial e´ a soma da soluc¸a˜o homogeˆnea, que corresponderia ao movimento apo´s um impulso inicial, mais a soluc¸a˜o particular que seria regida pela carac- ter´ıstica da forc¸a de excitac¸a˜o. Assim, apo´s algum tempo, a soluc¸a˜o homogeˆnea na˜o mais interferiria na soluc¸a˜o do problema, isto e´, apo´s a fase transiente o corpo entraria em um movimento harmoˆnico com frequeˆncia ω s = s¯0e i(ωt+δ) = s0e i(ωt) (2.16) onde: s¯0 e´ a amplitude do movimento s0 e´ a amplitude complexa δ e´ a fase. Soluc¸a˜o homogeˆnea A soluc¸a˜o homogeˆnea e´ a soluc¸a˜o da equac¸a˜o: (m+ a33)s¨+ b33s˙+ ρgBs = 0 (2.17) e e´ da forma: s = e−b33/[2(m+a33)] t ( a1e t √ (b33/[2(m+a33)])2−ρ g B/(m+a33) + a2e−t √ (b33/[2(m+a33)])2−ρ g B/(m+a33) ) (2.18) Para valores de b33 em que [b33/2(m + a33)] 2 − ρ g B/(m + a33) > 0 temos o movimento decrescendo exponencialmente segundo 2.18. Para pequenos valores de b33 em que [b33/2(m+a33)] 2−ρ g B/(m+a33) < 0 temos um sistema pouco amortecido e o argumento das func¸o˜es exponenciais sera´ imagina´rio. A soluc¸a˜o toma a forma: s = e−b33/[2(m+a33)] t ( a1 cos(t √ ρ g B/(m+ a33)− (b33/[2(m+ a33)])2 +a2 sin(t √ ρ g B/(m+ a33)− (b33/[2(m+ a33)])2 ) (2.19) Se defirmos ω como frequeˆncia amortecida: ω = √ ρ g B/(m+ a33)− (b33/[2(m+ a33)])2 (2.20) 12 Texto Preliminar, SH Sphaier enta˜o teremos s = e−b33/[2(m+a33)] t (a1 cos(ωt) + a2 sin(ωt)) (2.21) O valor de b33 para o qual [b33/2(m+ a33)] 2 − ρ g B/(m+ a33) = 0 (2.22) e´ chamado de amortecimento cr´ıtico. b33,c = 2(m+ a33)ωn (2.23) Definimos como ζ a relac¸a˜o entre o amortecimento b33 e o amortecimento cr´ıtico b33,c, ζ = b33 b33,c (2.24) Observemos que substituindo (2.9), (2.24) e (2.23) em (2.12) obtemos s¨+ 2ζωns˙+ ω 2 ns = 0 (2.25) Este e´ um formato compacto da uma equac¸a˜o diferencial que vimos acima. Trata-se de uma equac¸a˜o ordina´ria a coeficientes constantes. Embora seja totalmente equivalente ao caso visto acima, vamos aqui desenvolver novamente sua soluc¸a˜o, que e´ da forma s = aeλt (2.26) Substituindo esta expressa˜o em (2.29) obtemos, para a determinac¸a˜o de λ, a seguinte equac¸a˜o do segundo grau: λ2 + 2ζωnλ+ ω 2 n = 0 (2.27) Assim, temos duas soluc¸o˜es na forma: λ = −ζωn ± i √ 1− ζ2ωn (2.28) Observemos que o crescimento ou decaimento do deslocamento, isto e´, o crescimento ou decaimento de s ao longo do tempo, depende do fator ζ, relac¸a˜o entre o amortecimento do sistema e o amortecimento cr´ıtico. Cabe entretanto, conceituar amortecimento cr´ıtico. Antes pore´m observemos o comportamento da soluc¸a˜o para valores de ζ positivo, nulo e negativo. Iniciemos abordando o caso em que ζ = 0. s¨+ ω2ns = 0 (2.29) Texto Preliminar, SH Sphaier 13 Figura 2.2: Decremento Logar´ıtmico Esta equac¸a˜o tem soluc¸a˜o na forma s = a1e iωnt + a2e −iωnt (2.30) Assim vemos que o corpo vai oscilar indefinidamente harmoˆnicamente na chamada frequ¨eˆncia natural. Caso ζ < 0, o movimento aumentara´ indefinidamente com o tempo. Trata-se de um sistema com amortecimento negativo causando uma amplificac¸a˜o do movimento. Caso ζ > 0, o termo exponencial atuara´ forc¸ando o decaimento do movimento. Para o caso do amortecimento positivo, isto e´, ζ positivo, devemos distinguir treˆs casos. O primeiro em que ζ < 1. O termo exponencial atuara´ como um regulador da amplitude do movimento. Este regulador impo˜e um decaimento do movimento. O corpo oscila com a frequeˆncia ω = √ 1− ζ2ωn (2.31) A figura 2.2 mostra este comportamento. Para o caso em que ζ > 1 o sistema e´ fortemente amortecido. Na˜o ha´ oscilac¸a˜o. A soluc¸a˜o 14 Texto Preliminar, SH Sphaier toma a forma s = a1e ( −ζ+ √ ζ2−1 ) ωnt + a2e ( −ζ− √ ζ2−1 ) ωnt (2.32) No caso em que ζ = 1 a expressa˜o (2.28) torna-se λ = −ωn (2.33) isto e´, a expressa˜o (2.26) fornece uma u´nica soluc¸a˜o. s = ae−ωt (2.34) Temos que providenciar uma segunda soluc¸a˜o. Como sabido do ca´lculo diferencial a soluc¸a˜o homogeˆnea torna-se enta˜o: s = (a1 + a2t)e −ωt (2.35) Observemos que, de forma geral, em um sistema massa-mola-amortecedor, podemos medir a massa do corpo e o efeito de mola aplicando-se uma forc¸a e medindo-se a elongac¸a˜o da mola. Conhecidos estes dois termos da equac¸a˜o diferencial do movimento, falta-nos determinar o amortecimento do sistema. Atrave´s de uma experieˆncia e, determinando-se o logaritmo natu- ral da relac¸a˜o entre duas amplitudes sucessivas, e´ poss´ıvel extrair-se o valor do amortecimento. No caso de um corpo oscilando na superf´ıcie, podemos medir os efeitos de restaurac¸a˜o ou calcula´-los atrave´s das linhas do corpo. Podemos determinar a massa do corpo, compondo a massa de cada uma de suas partes, e calcular a massa adicional e o coeficiente de amortec- imento de ondas atrave´s de me´todos matema´ticos. Na abordagem aqui encaminhada, na˜o fazemos nenhuma menc¸a˜o a efeitos viscosos, que por efeitos locais, podem ser importantes. Nestes casos, embora possamos determinar o amortecimento devido a formac¸a˜o de ondas, e´ fundamental o teste do decremento logar´ıtmico para a determinac¸a˜o precisa dos efeitos viscosos. Poder-se-ia perguntar enta˜o se sempre ter´ıamos que fazer o teste. Em termos absolutos sempre seria necessa´rio, entretanto devemos inicialmente verificar se os efeitos vis- cosos sa˜o importantes ou na˜o, e se os me´todos de ca´lculo das propriedades hidrodinaˆmicas, massa adicional e amortecimento, para formas semelhantes levam a bons resultados ou na˜o. Em geral para formas navais, somente o movimento de jogo apresenta efeitos viscosos im- portantes. Costuma-se desenvolver testes experimentais, acumulando-se informac¸o˜es sobre o amortecimento na forma de um percentual do amortecimento cr´ıtico do sistema. Isto e´, se o amortecimento fosse igual ao cr´ıtico este seria dado por (2.23). Para a determinac¸a˜o do decremento logar´ıtmico, admitamos que a soluc¸a˜o seja dada por: s = Se−ζωnt [ sin (√ 1− ζ2ωnt+ α )] (2.36) onde S e α foram obtidos a partir de (2.18) e das condic¸o˜es de deslocamento s(t = 0) e velocicades s˙(t = 0) iniciais. Texto Preliminar, SH Sphaier 15 A curva s = Se−ζωnt (2.37) tangencia a curva de resposta do sistema pro´ximo aos ma´ximos. O decremento logar´ıtmico entre duas oscilac¸o˜es sucessivas e´ expresso por δl = ln s1 s2 = ln e−ζωnt1 e−ζωn(t1+T ) = ln eζωnT = ζωnT (2.38) Como o sistema oscila com frequeˆncia ω = ωn √ 1− ζ2 (2.39) o intervalo de tempo entre as duas oscilac¸o˜es sera´ T = 2pi ωn √ 1− ζ2 (2.40) e o decremento (ver figura 2.2): δl = 2piζ√ 1− ζ2 (2.41) Em sistemas pouco amortecidos teremos enta˜o δl = 2piζ (2.42) Soluc¸a˜o Particular Substituindo (2.16) em (2.15) obtemos a amplitude complexa s0 dada por s0 = 1 ρ g B − ω2 (m + a33) + i ω b33F0 = ρ g B − ω2 (m + a33) − i ω b33 (ρ g B − ω2 (m + a33))2 − (i ω b33)2F0 = ρ g B − ω2 (m + a33) − i ω b33 (ρ g B − ω2 (m + a33))2 + (ω b33)2F0 (2.43) que pode ser escrita em termos do mo´dulo | s0 | e da fase δ por s0 = (s0,R + i s0,I) e i ω t = | s0 | e(iω t+ δ) (2.44) onde: 16 Texto Preliminar, SH Sphaier freq / freq natural 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 zeta = 0.05 zeta = 0.10 zeta = 0.15 zeta = 0.20 zeta = 0.25 zeta = 0.30 zeta = 0.35 zeta = 0.50 zeta = 0.75 zeta = 1.00 Figura 2.3: Fator de Amplificac¸a˜o, Func¸a˜o de transfereˆncia, Rao s0,R e´ a parte real da amplitude complexa, s0,I e´ a parte imagina´ria. Multiplicando s0 pelo seu conjugado s ∗ 0 obtemos o mo´dulo da soluc¸a˜o: | s0 |2= s0 · s∗0 = ρ g B − ω2 (m + a33) − i ω b33( [ρ g B − ω2 (m + a33)]2 + (ω b33)2 )2 [ρ g B − ω2 (m + a33) + i ω b33] | F0 |2 = 1 [ρ g B − ω2 (m + a33)]2 + (ω b33)2 | F0 |2 (2.45) onde | F0 |2= F0 · F ∗0 (2.46) O aˆngulo de fase δ e´ dado por δ = arctan F0,R (ρ g B − ω2 (m + a33)) + F0,I (ω b33) F0,I (ρ g B − ω2 (m + a33)) − F0,R (ω b33) (2.47) O comportamento da soluc¸a˜o desta equac¸a˜o diferencial e´ mostrado nas figuras 2.3 e 2.4. Esta soluc¸a˜o e´ chamada de fator de amplificac¸a˜o, func¸a˜o de transfereˆncia ou RAO (Operador de Amplitude de Resposta). Texto Preliminar, SH Sphaier 17 freq / freq natural 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 -180 -150 -120 -90 -60 -30 0 zeta = 0.05 zeta = 0.10 zeta = 0.15 zeta = 0.20 zeta = 0.25 zeta = 0.30 zeta = 0.35 zeta = 0.50 zeta = 0.75 zeta = 1.00 Figura 2.4: Aˆngulo de Fase 2.3 Movimento de Jogo Puro Estudemos agora o problema de oscilac¸a˜o angular de um corpo bidimensional junto a su- perf´ıcie livre. Consideremos que incide uma onda monocroma´tica que, impo˜e um momento de excitac¸a˜o harmoˆnico. Mexc =M0e iωt = (M0,R + iM0,I)e iωt (2.48) O corpo, reagindo a este momento, entra em movimento harmoˆnico com a mesma frequeˆncia da excitac¸a˜o. Dotado deste movimento vai radiar ondas para o meio que induzem presso˜es sobre o corpo. O momento da forc¸a de reac¸a˜o hidrodinaˆmica atuando sobre o corpo, e´ da forma Mrad = −a44η¨4 − b44η˙4 (2.49) Com o deslocamento do corpo de sua posic¸a˜o de equil´ıbrio, atuara´ sobre ele um momento restaurador resultante da ac¸a˜o das forc¸as devidas ao peso e a`s presso˜es hidrosta´ticas. Admitamos que a sec¸a˜o execute uma rotac¸a˜o η4 em torno do ponto O, ver figura 2.5. 18 Texto Preliminar, SH Sphaier Figura 2.5: Banda de uma sec¸a˜o naval O centro de carena, localizado inicialmente no ponto B, desloca-se para o ponto B ′ . A vertical passando por B ′ encontra o eixo Oz no ponto M , o metacentro. Nesta vertical temos o ponto B ′ , de forma tal que B′B e´ um segmento horizontal. Valem as relac¸o˜es: A1C1 = A2C2 = b 2 tan(η4) (2.50) GB = BM −GM (2.51) BB′ = (GM +GB) sin(η4) (2.52) O deslocamento do centro de carena do ponto B para o ponto B ′ , deve-se ao ganho da a´rea do triaˆngulo C1OA1 e a` perda de a´rea do triaˆngulo C2OA2. A a´rea de cada uma destas cunhas e´ dada por 1 2 b 2 b 2 tan(η4) = 1 8 b2 tan(η4) (2.53) Assim o peso deslocado e´ de ρg 1 8 b2 tan(η4) para cada cunha. As duas cunhas geram um momento 2ρg ∫ b/2 0 yy tan(η4)dy = 2ρg tan(η4) ∫ b/2 0 y2dy = 2ρg tan(η4) y3 3 |b/20 = ρg tan(η4) b3 12 (2.54) Texto Preliminar, SH Sphaier 19 Dividindo o momento pelo peso temos o brac¸o de momento igual a b/3. Considerando o empuxo total ser composto pelo empuxo aplicado em B, somado ao empuxo devido ao triaˆngulo C1OA1 e subtra´ıdo do empuxo devido ao triaˆngulo C2OA2 teremos os seguintes momentos atuantes: M1 = −GB sin(η4)mg (2.55) M2 = ρg tan(η4) b3 12 (2.56) Por outro lado, temos que a distaˆncia horizontal e´ dada por: BB′′ = (ρg tan(η4) b3 12 )/mg (2.57) Assim (GM +GB) sin(η4) = (ρg tan(η4) b3 12 )/mg (2.58) Compondo os dois momentos teremos o momento restaurador Mrest dado por: Mrest =M1 +M2 = ρg tan(η4) b3 12 −GBmg sin(η4) = mg(GM +GB) sin(η4)−GBmg sin(η4) = mgGM sin(η4) (2.59) A distaˆncia GM e´ chamada de altura metaceˆntrica e mede a capacidade que um corpo tem para retornar a sua posic¸a˜o de equil´ıbrio. Admitindo pequenos deslocamentos, sin(η4) ≈ η4, e reunindo todas estas forc¸as, segue da segunda lei de Newton, para a condic¸a˜o de conservac¸a˜o do movimento angular: I44η¨4 =Mrad +Mrest +Mexc (2.60) ou (I44 + a44)η¨4 + b44η˙4 +mgGMη4 =Mexc (2.61) Da mesma forma que no movimento vertical, esta e´ uma equac¸a˜o diferencial ordina´ria de se- gunda ordem a coeficientes constantes, na˜o homogeˆnea. Sua soluc¸a˜o e´ a soma de uma soluc¸a˜o homogeˆnea e uma soluc¸a˜o particular. Admitindo que a contribuic¸a˜o da soluc¸a˜o homogeˆnea decai rapidamente, o corpo executara´ movimento harmoˆnico na mesma frequeˆncia das ondas incidentes. Todo o desenvolvimento utilizado na soluc¸a˜o do movimento vertical e´ aplicado diretamente, pois as equac¸o˜es diferenciais sa˜o correspondentes. 20 Texto Preliminar, SH Sphaier 2.4 Movimento Lateral Puro As equac¸o˜es diferenciais que descrevem os movimentos de oscilac¸a˜o vertical e angular sa˜o semelhantes. Em ambos os movimentos temos inclusive termos de restaurac¸a˜o. Ja´ no movi- mento horizontal tal comportamento na˜o se da´. Na˜o ha´ restaurac¸a˜o. Se quisermos utilizar o conceito de frequeˆncia natural, veremos que esta sera´ nula. Consideremos que a onda monocroma´tica incidente impo˜e uma forc¸a de excitac¸a˜o harmoˆnica. Fexc = F0e iωt = (F0,R + i F0,I)e iωt (2.62) O corpo reagindo a esta forc¸a entra em movimento harmoˆnico com a mesma frequeˆncia da excitac¸a˜o. Dotado deste movimento vai radiar ondas para o meio que induzem presso˜es sobre o corpo. A forc¸a de reac¸a˜o hidrodinaˆmica atuando sobre o corpo e´ da forma Frad = −a22η¨2 − b22η˙2 (2.63) onde η2 e´ o deslocamento lateral do corpo. Aplicando a segunda lei de Newton para a condic¸a˜o de conservac¸a˜o do movimento linear temos: (m+ a22)η¨2 + b22η˙2 = Fexc (2.64) Esta e´ uma equac¸a˜o diferencial ordina´ria de segunda ordem a coeficientes constantes, na˜o homogeˆnea, sendo que e´ nulo o coeficiente do termo de grau zero. 2.5 Movimentos Simultaˆneos Lateral e de Jogo Consideremos que uma onda monocroma´tica incide sobre a sec¸a˜o impondo uma distribuic¸a˜o de presso˜es sobre ela. Esta distribuic¸a˜o na˜o ira´ somente induzir forc¸a ou momento de excitac¸a˜o, pore´m ambos e simultaneamente. Sendo a onda harmoˆnica, a forc¸a e o momento de excitac¸a˜o sera˜o harmoˆnicos. Fexc = F0e iωt = (F0,R + i F0,I)e iωt (2.65) Mexc =M0e iωt = (M0,R + iM0,I)e iωt (2.66) O corpo, reagindo a esta forc¸a e este momento, entra em movimento harmoˆnico com a mesma frequeˆncia da excitac¸a˜o. Dotado deste movimento vai radiar ondas para o meio que induzem presso˜es sobre o corpo. Ao executar um movimento lateral a sec¸a˜o sofre uma reac¸a˜o na forma de uma forc¸a na direc¸a˜o horizontal e um momento em torno do ponto O. Assim sendo, a sec¸a˜o tendera´ a ter dois movimentos acoplados. De forma similar, ao executar movimentos em torno do ponto O Texto Preliminar, SH Sphaier 21 a sec¸a˜o sofre uma reac¸a˜o hidrodinaˆmica na forma de uma forc¸a horizontal e de um momento em torno do ponto O. Podemos dizer que ao executar os movimentos em conjuntos, atuara˜o sobre a sec¸a˜o forc¸as e momentos da forma Frad = −a22η¨2 − b22η˙2 − a24η¨4 − b24η˙4 (2.67) Mrad = −a42η¨2 − b42η˙2 − a44η¨4 − b44η˙4 (2.68) onde η2 e η4 sa˜o respectivamente os movimentos lateral e de jogo. Observando que so´ ha´ momento de restaurac¸a˜o, na˜o ha´ forc¸a de restaurac¸a˜o, da aplicac¸a˜o das leis de conservac¸a˜o de movimento linear e de movimento angular, segunda lei de Newton, as equac¸o˜es de movimento sa˜o escritas na forma: mη¨2 −mZgη¨4 = −a22η¨2 − b22η˙2 − a24η¨4 − b24η˙4 + fexc,2 (2.69) Ixxη¨4 −mZgη¨2 = −a44η¨4 − b44η˙4 − a42η¨2 − b42η˙2 −mgGMη4 + fexc,4 (2.70) ou (m+ a22)η¨2 + b22η˙2 + (a24 −mZg)η¨4 + b24η˙4 = fexc,2 (2.71) (I+a44)η¨4+b44η˙4+mgGMη4+(a42−mZg)η¨2+b42η˙2 = fexc,4 (2.72) Este e´ um sistema de equac¸o˜es diferenciais ordina´rias de segunda ordem acopladas a coefi- cientes constantes, na˜o homogeˆneas. 2.6 Hipo´tese de Froude-Krylov para o Ca´lculo de Forc¸a de Onda Vimos acima o problema de radiac¸a˜o. Um corpo oscila junto a` superf´ıcie livre gera ondas que se propagam carregando energia. Determinamos a soluc¸a˜o para o caso de um batedor de ondas como exemplo ba´sico. Originalmente na˜o existiam ondas no meio fluido. Vamos agora estudar o problema da ac¸a˜o de ondas em um corpo fixo junto a` superf´ıcie livre. Consideremos um retaˆngulo flutuando na superf´ıcie livre e determinemos a forc¸a de onda atuante sobre ele segundo a hipo´tese de Froude-Krylov, isto e´, a forc¸a devida a onda inci- dente. Segundo a hipo´tese de Froude-Krylov, as forc¸as hidrodinaˆmicas atuando em um corpo flutuante devem-se unicamente a` ac¸a˜o da onda incidente. Despreza-se o efeito da difrac¸a˜o das ondas incidentes. 22 Texto Preliminar, SH Sphaier A forc¸a hidrodinaˆmica e´ calculada integrando-se as presso˜es devidas a`s ondas in- cidentes atuando sobre a superf´ıcie imagina´ria dada pela posic¸a˜o instantaˆnea a ser ocupada pelo corpo. A pressa˜o e´ dada pela integral da Equac¸a˜o de Euler linearizada p = −ρ∂φ ∂t − ρgz (2.73) e a forc¸a e´ enta˜o F = Fd + Fe = −ρ ∫ S0 ( ∂φ ∂t + gz ) nds (2.74) onde Fd representa a contribuic¸a˜o dinaˆmica Fd = −ρ ∫ S0 ( ∂φ ∂t ) nds (2.75) e Fe representa a contribuic¸a˜o esta´tica Fe = −ρ ∫ S0 (gz)nds (2.76) Admitindo que o potencial de velocidades deve-se unicamente a` onda incidente: φ = φinc = iA(z) e i(ωt−k0x) (2.77) onde, para a´guas profundas: A(z) = ζ0g ω ek0z (2.78) Enta˜o pd = −ρ∂φinc ∂t = −ρiA(z)iωei(ωt−k0x) = ωρA(z)[cos(ωt− k0x) + i sin(ωt− k0x)] (2.79) 2.6.1 Forc¸as de Froude-Krylov em Estruturas Retangulares A figura (2.6) mostra o retaˆngulo na superf´ıcie livre. O centro do retaˆngulo encontra-se localizado em x0, tem boca b, calado T e pontos extremos A,B,C e D. As normais voltadas para fora do meio fluido esta˜o indicadas em cada trecho do contorno. O trecho S1 e´ limitado pelos pontos A e B, S2 e´ limitado pelos pontos B e C e S3 pelos pontos C e D. Texto Preliminar, SH Sphaier 23 Figura 2.6: Cancelamento em Formas Retangulares 24 Texto Preliminar, SH Sphaier Observando a figura 2.6 podemos escrever a expressa˜o da forc¸a hidrodinaˆmica na forma Fd = ωρ ∫ D A A(z) ei(ωt−k0x)nds (2.80) Fd = ωρ ∫ B A A(z) ei(ωt−k0x)i(−dz) +ωρ ∫ C B A(z) ei(ωt−k0x)k(dx) +ωρ ∫ D C A(z) ei(ωt−k0x)(−i)(dz) (2.81) Escrevendo as componentes em x e em z separadamente teremos: Forc¸a Horizontal Fd,x = ωρ {∫ −T 0 A(z) ei[ωt−k0(x0−b/2)](−)dz − ∫ 0 −T A(z) ei[ωt−k0(x0+b/2)]dz } (2.82) Fd,x = ωρ { ei[ωt−k0(x0−b/2)] − ei[ωt−k0(x0+b/2)] }∫ 0 −T A(z)dz = ωρ { ei[(ωt−k0x0)+k0b/2] − ei[(ωt−k0x0)−k0b/2] }∫ 0 −T A(z)dz = ωρ ∫ 0 −T A(z)dz ei(ωt−k0x0) { ei(k0b/2) − e−i(k0b/2) } = 2iωρ ∫ 0 −T A(z)dz ei(ωt−k0x0) sin(k0b/2) (2.83) e assim Fd,x = 2iωρ ∫ 0 −T A(z)dz ei(ωt−k0x0) sin(k0b/2) (2.84) Como, para a´guas profundas A(z) = ζ0g ω ek0z (2.85) resolvendo a integrac¸a˜o obtemos: Fd,x = ρgζ0b[1− e−k0T ] sin(k0b/2) (k0b/2) [i ei(ωt−k0x0)] (2.86) Texto Preliminar, SH Sphaier 25 Para ondas longas [1− e−k0T ]→ 0 (2.87) e a forc¸a anula-se. Observemos o caso em que x0 e´ nulo. A forc¸a horizontal tem intensidade: Fd,x,0 = ρgζ0b[1− e−k0T ] sin(k0b/2) (k0b/2) (2.88) e assim pode ser escrita como: Fd,x = Fd,x,0 [i e i(ωt)] = Fd,x,0 e i(ωt−pi/2) (2.89) Podemos tambe´m observar que a forc¸a horizontal e´ regida pelo seno de ωt. A forc¸a horizontal horizontal tem seu ma´ximo defasado do ma´ximo da onda. Vemos que a forc¸a horizontal e´ ma´xima quando temos um no´ com zero descendente em x0. Forc¸a Vertical Fd,z = ωρ ∫ C B A(z) ei(ωt−k0x)dx = ωρA(−T ) ∫ x0+b/2 x0−b/2 ei(ωt−k0x)dx = ωρA(−T ) i e i(ωt−k0x) k0 |x0+b/2x0−b/2 = ωρA(−T ) k0 i{ ei[ωt−k0(x0+b/2)] − ei[ωt−k0(x0−b/2)]} = ωρA(−T ) k0 i{ ei[(ωt−k0x0)−k0b/2] − ei[(ωt−k0x0)+k0b/2]} = ωρA(−T ) k0 i ei(ωt−k0x0){ e−ik0b/2 − eik0b/2} (2.90) e finalmente Fd,z = 2 ωρA(−T ) k0 ei(ωt−k0x0) sin(k0b/2) (2.91) Podemos observar que a forc¸a vertical e´ regida pelo cosseno de ωt. Isto e´, a forc¸a vertical passara´ por um ma´ximo sempre que a amplitude da onda passar por um ma´ximo em x0. Lembrando que em grandes profundidades A(z) = ζ0 g e k0z/ω enta˜o: Fd,z = ρ g ζ0e −k0T ei(ωt−k0x0) sin(k0b/2) k0/2 (2.92) 26 Texto Preliminar, SH Sphaier Multiplicando e dividindo por b obtemos: Fd,z = ρ g ζ0be −k0T ei(ωt−k0x0) sin(k0b/2) k0b/2 = ρ g b ζ(t, x0) e −k0T sin(k0b/2) k0b/2 (2.93) Esta expressa˜o indica que a forc¸a esta´ em fase com a elevac¸a˜o da onda em x0 e tem uma forma similar a uma forc¸a hidrosta´tica como se o corpo afundasse o que a onda se eleva corrigida de: 1. o efeito do decaimento da pressa˜o dinaˆmica com a profundidade 2. da variac¸a˜o da forma da onda e da pressa˜o com o cosseno de k0x Caso a onda seja muito longa k0b/2 = 2pib/2/L0 → 0, (2.94) e−k0T = e−2piT/L0 → 1 (2.95) e sin(k0b/2) k0b/2 = sin(w) w → 1 (2.96) Assim, Fd,z = ρ g ζ0b e i(ωt−k0x0) = ρ g b ζ(t, x0) (2.97) e a forc¸a atuante tem uma semelhanc¸a com uma forc¸a hidrosta´tica com variac¸a˜o de afunda- mento igual a ζ(t) no ponto x0. 2.6.2 Cancelamento de Forc¸as de Froude-Krylov em um Retaˆngulo Acima obtivemos as seguintes expresso˜es para as forc¸as de Froude-Krylov sobre um retaˆngulo: Fd,x = ρgb[1− e−k0T ] sin(k0b/2) (k0b/2) i ei(ωt−k0x0) (2.98) Fd,z = ρ g ζ0be −k0T ei(ωt−k0x0) sin(k0b/2) k0b/2 (2.99) Vemos que ambas expresso˜es conte´m o termo sin(k0b/2) k0b/2 (2.100) Texto Preliminar, SH Sphaier 27 Como k0b 2 = 2pib 2L0 = pib L0 (2.101) onde L0 e´ o comprimento da onda, a relac¸a˜o entre a boca do retaˆngulo e o comprimento da onda podera´, por um efeito de forma acarretar que a amplitude da forc¸a seja nula. Assim as forc¸as horizontal e vertical tera˜o amplitudes nulas se b L = n n = 1, 2, .... (2.102) 2.6.3 Extensa˜o da expressa˜o de Froude-Krylov para o caso de um Navio com fundo plano horizontal Digamos que temos agora um navio com fundo chato em que as ondas se propagam na direc¸a˜o do eixo longitudinal do navio. O problema e´ semelhante ao anterior, pore´m a boca torna-se o comprimento do navio e ao longo da boca, para um x fixo a pressa˜o e´ constante. O sistema de refereˆncia agora e´ Oxyz com Ox na direc¸a˜o longitudinal e Oy na direc¸a˜o transversal. O navio tem boca B e comprimento L. A expressa˜o da forc¸a vertical e´ dada por: Fd,z = ωρ ∫ S A(z) ei(ωt−k0x)dxdy (2.103) como a pressa˜o na˜o varia com a boca Fd,z = ωρA(−T )B ∫ L ei(ωt−k0x)dx (2.104) A exponencial no tempo pode ser retirada da integral e enta˜o: Fd,z = ωρA(−T ) eiωt ∫ L B(x) eik0xdx = ωρA(−T ) eiωt ∫ L B(x)[(cos(k0x) + i sin(k0x)]dx (2.105) No caso de um casco em forma de caixa B(x) e´ constante e enta˜o: Fd,z = ωρA(−T )B eiωt ∫ L [(cos(k0x) + i sin(k0x)]dx (2.106) 2.6.4 Cancelamento de Forc¸as de Froude-Krylov em Estruturas Semisubmers´ıveis Vimos que e´ poss´ıvel cancelar as forc¸as e ou os momentos hidrodinaˆmicos em estruturas flutuantes do tipo retangular. Outro tipo de cancelamento se da´ para estruturas em que alguns 28 Texto Preliminar, SH Sphaier membros afloram da superf´ıcie livre e outros tem suas extremidades localizadas totalmente no meio fluido, quando as ondas sa˜o longas. A figura 2.7 apresenta o esquema de uma estrutura semi-submers´ıvel em um plano. As colunas esta˜o indicadas com C1 e C2 e o pontoon com PON. O fundo da estrutura esta´ na cota z2. A parte superior do pontoon esta´ na cota z1. As bases das colunas tem comprimento l1 e o comprimento do pontoon tem comprimento l2. Figura 2.7: Cancelamento em Estruturas Semisubmers´ıveis Texto Preliminar, SH Sphaier 29 A pressa˜o e´ composta por duas parcelas, esta´tica e dinaˆmica. A essas soma-se a pressa˜o atmosfe´rica, que normalmente e´ assumida ser igual a zero. p = patm + pest + pdin (2.107) A pressa˜o esta´tica e´ dada por: p = ρgz (2.108) e com ela obte´m-se que a forc¸a de empuxo e´ o peso do volume imerso. Nas colunas a forc¸a de empuxo e´: E = ∫ S pestndS = ∫ S ρgz2(2l1 + l2)k− ∫ S ρgz1(l2)k (2.109) A pressa˜o na parte superior do pontoon e´ menor que na parte inferior. Assim o pontoon sofre uma forc¸a para cima. A pressa˜o dinaˆmica e´ dada por: pdin = −ρ∂φ(x, z, t) ∂t = −ρ∂φ(x, 0, t) ∂t ek0z (2.110) e como o perfil da onda e´ dado por: ζ = −1 g ∂φ(x, 0, t) ∂t = ζ0 cos(ωt− k0x) (2.111) enta˜o ∂φ(x, 0, t) ∂t = −gζ0 cos(ωt− k0x) (2.112) e pdin = ρgζ0 cos(ωt− k0x)ek0z (2.113) [Obs: o mais correto seria trabalhar com a forma exponencial, incluindo a parte imagina´ria na ana´lise e somente no final pegar o mo´dulo e a fase. Entretanto as concluso˜es seriam as mesmas] Na situac¸a˜o em que a crista de uma onda longa passa pelo centro geome´trico da plataforma, toda a plataforma estara´ sujeita a presso˜es como se estivesse toda ela em situac¸a˜o de crista. A situac¸a˜o em que a crista passa pelo centro da estrutura localizado na posic¸a˜o x0, corresponde a Θ = ωt0 − k0x0 = ωt0 − 2pi L x0 = n · 2 · pi (2.114) onde n e´ um inteiro. Se a onda e´ longa em relac¸a˜o ao tamanho da estrutura, e a crista se localiza no centro da estrutura, enta˜o l1 + l2 + l1 L << 1 (2.115) 30 Texto Preliminar, SH Sphaier Θ = ωt− k0x = ωt− k0x0 − 2pix− x0 L ≈ 1− 2pix− x0 L (2.116) em toda a regia˜o da estrutura, e pdin ≈ ρgζ0ek0z(1− 2pix− x0 L ) (2.117) Com a pressa˜o dinaˆmica determina-se agora as forc¸as nas colunas e no pontoon fC1 = ∫ l1 pdin(z2)dx ≈ ρgζ0ek0z2l1 (2.118) fC2 = ∫ l1 pdin(z2)dx ≈ ρgζ0ek0z2l1 (2.119) fPON = ∫ l2 pdin(z2)dx− ∫ l2 pdin(z1)dx ≈ l2ρgζ0(ek0z2 − ek0z1) (2.120) Como z1 e z2 teˆm valores negativos e o mo´dulo de z2 e´ maior que o de z1 enta˜o a forc¸a dinaˆmica no pontoon aponta para baixo. Para efeito de projeto pode-se determinar mais precisamente as cotas e as dimenso˜es da estrutura resolvendo-se as integrais das presso˜es exatamente. Inicialmente com o volume, a a´rea de linha da´gua e o formato da estrutura determina-se a massa adicional e a frequeˆncia natural. Tenta-se fazer com que este o per´ıodo natural na˜o venha a estar contido na faixa de frequeˆncia de excitac¸a˜o do mar. A seguir determina-se o comprimento da onda cujo per´ıodo coincida com o per´ıodo natural da estrutura. Para este comprimento ajusta-se as dimenso˜es principais. Caso as premissas impostas a volume, a´rea de linha da a´gua e formato na˜o sejam satisfeitas, faz-se um ajuste na geometria e retorna-se ao in´ıcio do problema. Cap´ıtulo 3 Dinaˆmica de um Corpo Tridimensional Esbelto em Ondas 3.1 Introduc¸a˜o No cap´ıtulo anterior analisamos o problema de sec¸o˜es navais oscilando na superf´ıcie livre. Observamos que as ondas incidentes atuando sobre o corpo se difratam, e as ondas formadas desta composic¸a˜o, onda incidente e onda difratada, geram forc¸as sobre a sec¸a˜o. Essas forc¸as obrigam o corpo a oscilar periodicamente e os movimentos oscilato´rios do corpo geram ondas. Como reac¸a˜o, aparecem forc¸as atuando sobre o corpo dadas pela soma dos produtos: massa adicional vezes acelerac¸a˜o e amortecimento vezes velocidade. Ale´m disto, os movimentos do corpo provocam desiquil´ıbrio entre as forc¸as e momentos devidos a` ac¸a˜o da gravidade sobre a massa do corpo e as presso˜es atuantes sobre a superf´ıcie do casco. Neste cap´ıtulo vamos estender nossa ana´lise ao problema tridimensional. Vamos nos ater a` ondas monocroma´ticas e corpos esbeltos. O objetivo do presente estudo e´ o desenvolvimento das equac¸o˜es de movimento de um corpo esbelto r´ıgido flutuante em movimento em presenc¸a de ondas. Vamos equacionar o problema, de forma heur´ıstica, utilizando as concluso˜es obtidas ate´ agora. O procedimento adotado e´ dividir o corpo em va´rias sec¸o˜es. Contruir uma expressa˜o para o carregamento em cada sec¸a˜o, levando em considerac¸a˜o a ac¸a˜o da gravidade na massa da sec¸a˜o, a pressa˜o hidrosta´tica, as presso˜es dinaˆmicas devidas a`s ondas incidente, difratada e radiada, e a ine´rcia da sec¸a˜o. A seguir aplicamos as leis de conservac¸a˜o da quantidade de movimento linear (segunda lei de Newton) e de forma similar a de quantidade de movimento angular. Assim, construimos as equac¸o˜es de movimento descrevendo a dinaˆmica do corpo em 31 32 Texto Preliminar, SH Sphaier ondas. 3.2 Movimentos vertical e de rotac¸a˜o em torno do eixo lateral A conservac¸a˜o da quantidade de movimento linear indica:∫ L δma = ∫ L δp+ ∫ L δe+ ∫ L δfhidrodinamica (3.1) onde: a e´ a acelerac¸a˜o de cada sec¸a˜o, e e´ dada pela composic¸a˜o da acelerac¸a˜o linear, isto e´ a con- tribuic¸a˜o do movimento vertical η3, e a contribuic¸a˜o do movimento angular de arfagem η5 a = (η¨3 − xη¨5)k (3.2) δm e´ a massa da sec¸a˜o δp e´ o peso da sec¸a˜o δp = δmgk (3.3) δe e´ o empuxo da sec¸a˜o δe = ρgB(η3 − xη5)k+ δe0 (3.4) δfhidrodinamica e´ a forc¸a hidrodinaˆmica na sec¸a˜o, composta de um termo devido ao fenoˆmeno de radiac¸a˜o e outro devido a` onda incidente e sua difrac¸a˜o δfhidrodinamica = −a33(η¨3 − xη¨5)k− b33(η˙3 − xη˙5)k+ ρζ0fexck (3.5) ζ0 e´ a amplitude da onda incidente. a forc¸a de excitac¸a˜o e´ a soma da ac¸a˜o da onda incidente somada a` ac¸a˜o da onda difratada ρζ0fexck = ρζ0fexc + fdifk (3.6) Texto Preliminar, SH Sphaier 33 A conservac¸a˜o da quantidade de movimento angular indica:∫ L r× δma = ∫ L r× δp+ ∫ L r× δe+ ∫ L r× δfhidrodinamica (3.7) onde: r ≈ xi. Deve-se observar que δe0 6= δp em cada sec¸a˜o, pore´m∫ L δe0 = ∫ L δp (3.8) ∫ L r× δe0 = ∫ L r× δp (3.9) 3.2.1 Equac¸o˜es dos Movimentos Acoplados de Heave e Pitch A partir do deslocamento de uma sec¸a˜o a uma distaˆncia x da origem do sistema pode-se obter as velocidades e as acelerac¸o˜es da sec¸a˜o: η(x) = η3 − x sin(η5) ≈ η3 − xη5 (3.10) ˙η(x) = η˙3 − xη˙5 (3.11) ¨η(x) = η¨3 − xη¨5 (3.12) A partir das forc¸as acima mencionadas e com as expresso˜es dos deslocamentos, das velocidades e das acelerac¸o˜es, pode-se determinar a carga por sec¸a˜o: q(x) = −m(x) · η¨ − a33(x) · η¨ − b33(x) · η˙ + p(x) + e0(x)− ρgB(x) · η + ρζ0(finc + fdif ) = −m(x) · (η¨3 − xη¨5)− a33(x) · (η¨3 − xη¨5)− b33(x) · (η˙3 − xη˙5) +p(x) + e0(x)− ρgB(x) · (η3 − xη5) + ρζ0(finc + fdif ) (3.13) A integral do carregamento e´ a equac¸a˜o de equil´ıbrio de forc¸as e a integral da cargas mulplicada pela distaˆncia ao centro e´ a equac¸a˜o de momentos:∫ L q(x)dx = + ∫ L [−m(x) · (η¨3 − xη¨5)]dx + ∫ L [−a33(x) · (η¨3 − xη¨5)]dx+ ∫ L [−b33(x) · (η˙3 − xη˙5)]dx 34 Texto Preliminar, SH Sphaier + ∫ L [p(x) + e0(x)]dx+ ∫ L [−ρgB(x) · (η3 − xη5)]dx+ ∫ L ρζ0[finc + fdif ]dx (3.14)∫ L xq(x)dx = + ∫ L x[−m(x) · (η¨3 − xη¨5)]dx + ∫ L x[−a33(x) · (η¨3 − xη¨5)]dx+ ∫ L x[−b33(x) · (η˙3 − xη˙5)]dx + ∫ L x[p(x) + e0(x)]dx+ ∫ L x[−ρgB(x) · (η3 − xη5)]dx+ ∫ L xρζ0[finc + fdif ]dx (3.15) Desenvolvendo as duas equac¸o˜es, obtemos as equac¸o˜es dos movimentos acoplados no plano vertical: (A33 +M)η¨3 +B33η˙3 + C33η3 + (A35 −MXg)η¨5 +B35η˙5 + C35η5 = F3 (3.16) (A53 −MXg)η¨3 +B53η˙3 + C53η3 + (A55 + Iyy)η¨5 +B55η˙5 + C55η5 = F5 (3.17) onde os coeficientes hidrodinaˆmicos e hidrosta´ticos sa˜o dados por: A33 = ∫ L a33dx B33 = ∫ L b33dx C33 = ρg ∫ L B(x)dx A35 = − ∫ L x a33dx B35 = − ∫ L x b33dx C35 = −ρg ∫ L x B(x)dx A53 = A35 B53 = B35 C53 = C35 A55 = ∫ L x2 a33dx B55 = ∫ L x2 b33dx C55 = ρg ∫ L x2 B(x)dx As forc¸as de excitac¸a˜o sa˜o dadas por: F3 = ρζ0 ∫ L fexcdx (3.18) F5 = ρζ0 ∫ L −xfexcdx (3.19) onde: fexc e´ a soma das contribuic¸o˜es devidas a` onda incidente finc e a` onda difratada fdif , Xg e´ a posic¸a˜o longitudinal do centro de gravidade. Texto Preliminar, SH Sphaier 35 3.2.2 Soluc¸a˜o das equac¸o˜es de movimento Inicialmente vamos observar que ate´ enta˜o consideramos o navio como uma se´rie de sec¸o˜es, calculamos as cargas nas sec¸o˜es e integramos ao longo do comprimento. Para determinac¸a˜o das cargas detrminamos as massas adicionais, os amortecimentos e as forc¸as de restaurac¸a˜o e de excitac¸a˜o em cada sec¸a˜o. Podemos fazer o mesmo atrave´s de me´todos tridimensionais. Assim, A33, B33, C33, A35, B35, C35, A53, B53, C53, A55, B55, C55, F3 e F5 sa˜o calculados por me´todos tridimensionais integrando-se as presso˜es dinaˆmicas e esta´ticas como anteriormente, pore´m sobre uma superf´ıcie molhada do corpo na posic¸a˜o me´dia. As presso˜es dinaˆmicas sa˜o obtidas da soluc¸a˜o de problemas tridimensionais. Obtemos como equac¸o˜es de movimento o sistema. (A33 +M)η¨3 +B33η˙3 + C33η3 + (A35 −MXg)η¨5 +B35η˙5 + C35η5 = F3 (3.20) (A53 −MXg)η¨3 +B53η˙3 +C53η3 + (A55 + Iyy)η¨5 +B55η˙5 +C55η5 = F5 (3.21) As equac¸o˜es acopladas que regem os movimentos vertical e de arfagem, sa˜o equac¸o˜es diferen- ciais ordina´rias de segunda ordem a coeficientes constantes. Admitindo que a onda incidente e´ harmoˆnica, e que a fase transiente ja´ tenha sido superada, o processo entra em regime per- manente; as ondas difratadas tambe´m o sera˜o harmoˆnicas. As presso˜es atuantes sobre o corpo tambe´m tera˜o um carater harmoˆnico e consequentemente as forc¸as e momentos de excitac¸a˜o tera˜o o mesmo comportamento e neste regime permanente a soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial, que rege o movimento e´ descrita pela soluc¸a˜o particular. Assim, as forc¸as e momentos sa˜o dados por Fi,0e iω e as soluc¸o˜es por: ηj = ηj,0e iωt (3.22) Substituindo (3.22) nas equac¸o˜es de movimento no plano longitudinal e definindo P = C33 − ω2(A33 +M) + iωB33 (3.23) Q = C35 − ω2(A35 −MXg) + iωB35 (3.24) R = C53 − ω2(A53 −MXg) + iωB53 (3.25) S = C55 − ω2(A55 + Iyy) + iωB55 (3.26) obtemos Pη3,0e iωt +Qη5,0e iωt = F3,0e iωt (3.27) 36 Texto Preliminar, SH Sphaier Rη3,0e iωt + Sη5,0e iωt = F5,0e iωt (3.28) Simplificando o termo eiω, temos um sistema de duas equac¸o˜es a duas inco´gnitas, cujas soluc¸o˜es sa˜o dadas por: η3,0 = (F3,0 · S − F5,0 ·Q)/DEN (3.29) η5,0 = (P · F5,0 −R · F3,0)/DEN (3.30) onde: DEN = P · S −R ·Q (3.31) 3.3 Movimentos lateral, de rotac¸a˜o em torno do eixo Oz e de jogo Vamos equacionar o problema, de forma semelhante ao que fizemos no caso dos movimentos vertical e de arfagem acoplados. O procedimento adotado e´ dividir o corpo em va´rias sec¸o˜es, aplicar as leis de conservac¸a˜o da quantidade de movimento linear (segunda lei de Newton) e de forma similar a de quantidade de movimento angular para os movimentos de rotac¸a˜o e de jogo. A conservac¸a˜o da quantidade de movimento linear indica:∫ L δma = ∫ L δfhidrodinamica (3.32) onde: a e´ a acelerac¸a˜o de cada sec¸a˜o, e e´ dada pela composic¸a˜o da acelerac¸a˜o linear, isto e´ a contribuic¸a˜o do movimento vertical η2, e a contribuic¸a˜o do movimento de rotac¸a˜o η6 a = (η¨2 + xη¨6)k (3.33) δm e´ a massa da sec¸a˜o δfhidrodinamica e´ a forc¸a hidrodinaˆmica na sec¸a˜o, composta de um termo devido ao fenoˆmeno de radiac¸a˜o e outro devido a` onda incidente e sua difrac¸a˜o δfhidrodinamica = [−a22(η¨2 + xη¨6)− b22(η˙2 + xη˙6)− a24η¨4 − b24η˙4 + ρζ0fexc,2] j (3.34) Assim,∫ L δm(η¨2−Zgη¨4+xη¨6) = ∫ L (−a22[η¨2+xη¨6]−b22[η˙2+xη˙6]−a24η¨4−b24η˙4+ρζ0fexc,2)dx (3.35) Texto Preliminar, SH Sphaier 37 A conservac¸a˜o da quantidade de movimento angular em torno do eixo Oz indica: k · ∫ L r× [δm(η¨2 + xη¨6 − zm(x)η¨4)j] = k · ∫ L r× δfhidrodinamica (3.36) De acordo com nossa aproximac¸a˜o, em que estamos considerando o corpo esbelto vale r ≈ xi, e enta˜o MXgη¨2 + Izzη¨6 − Ixzη¨4 =∫ L [−a22(xη¨2 + x2η¨6)− b22(xη˙2 + x2η˙6)− a24xη¨4 − b24xη˙4 + ρζ0xfexc,2] dx (3.37) A conservac¸a˜o da quantidade de movimento angular em torno do eixo Oz indica:∫ L (δIxxη¨4 − δmzgη¨2 − δmxzgη¨6) = i · (∫ L δmhidrodinamica + ∫ L δmpeso + ∫ L δmhidrostatica ) (3.38) ou ∫ L (δIxxη¨4 − δmzgη¨2 − δmxzgη¨6) = ∫ L [−a44η¨4−b44η˙4−a42(η¨2+xη¨6)−b42(η˙2+xη˙6)]dx−GM ∫ L δmgdxη4+ ∫ L fexc,4dx (3.39) 3.3.1 Equac¸o˜es de movimento no plano horizontal (A22 +M)η¨2 +B22η˙2 + (A24 −MZg)η¨4 +B24η˙4 + (A26 +MXg)η¨6 +B26η˙6 = F2 (3.40) (A42−MZg)η¨2+B42η˙2+(A44+Ixx)η¨4+B44η˙4+C44η4+(A46−Ixz)η¨6+B46η˙6 = F4 (3.41) (A62 +MXg)η¨2 +B62η˙2 + (A64 − Ixz)η¨4 +B64η˙4 + (A66 + Izz)η¨6 +B66η˙6 = F6 (3.42) sendo 38 Texto Preliminar, SH Sphaier A22 = ∫ L a22dx B22 = ∫ L b22dx A26 = A62 = ∫ L x a22dx B26 = B62 = ∫ L x b22dx A66 = ∫ L x2 a22dx B66 = ∫ L x2 b22dx A24 = A42 = ∫ L a24dx B24 = B42 = ∫ L b24dx A44 = ∫ L a44dx B44 = ∫ L b44dx A46 = A64 = ∫ L x a24dx B46 = B64 = ∫ L x b24dx C044 = ρ g∆ ¯GMT Iij - momentos e produtos de ine´rcia M - massa do corpo (Xg, Yg, Zg) - posic¸a˜o vertical do centro de gravidade 3.3.2 Soluc¸a˜o das equac¸o˜es de movimento De forma semelhante ao que foi feito para os movimentos acoplados vertical e de arfagem, vamos supor que separamos a fase transiente, que ja´ estamos na fase permanente, onde as ondas tem carater harmoˆnico, as forc¸as e os momentos de excitac¸a˜o tambe´m o tem, e o corpo executa movimentos harmoˆnicos. Definindo P = C22 − ω2(A22 +M) + iωB22 (3.43) Q = C24 − ω2(A24 −MZg) + iωB24 (3.44) R = C26 − ω2(A26 +MXg) + iωB26 (3.45) S = C42 − ω2(A42 −MZg) + iωB42 (3.46) T = C44 − ω2(A44 + Ixx) + iωB44 (3.47) U = C46 − ω2(A46 − Ixz) + iωB46 (3.48) V = C62 − ω2(A62 +MXg) + iωB62 (3.49) W = C64 − ω2(A64 − Ixz) + iωB64 (3.50) X = C66 − ω2(A66 + Izz) + iωB66 (3.51) Texto Preliminar, SH Sphaier 39 e das equac¸o˜es de movimento no plano horizontal obtemos: Pη2,0e iω +Qη4,0e iω +Rη6,0e iω = F2,0e iω (3.52) Sη2,0e iω + Tη4,0e iω + Uη6,0e iω = F4,0e iω (3.53) V η2,0e iω +Wη4,0e iω +Xη6,0e iω = F6,0e iω (3.54) Simplificando o termo eiω e resolvendo o sistema obtemos η2 = (F2 · T ·X +Q · U · F6 +R · F4 ·W − F2 · T ·R−W · U · F6 −X · F4 ·Q)/DEN (3.55) η6 = (P · T · F6 +Q · F4 · V + F2 · S ·W − V · T · F2 −W · F4 · P − F6 · S ·Q)/DEN (3.56) η4 = (P · F4 ·X + F2 · U · V +R · S · F6 − V · F4 ·R− F6 · U · P −X · S · F2)/DEN (3.57) onde DEN = P · T ·X +Q · U · V +R · S ·W − V · T ·R−W · U · P −X · S ·Q (3.58) 40 Texto Preliminar, SH Sphaier Cap´ıtulo 4 Generalizac¸a˜o do Problema Dinaˆmico 4.1 Introduc¸a˜o Vamos aqui, de forma abreviada, generalizar o problema para corpos de formas quaisquer. Escreveremos as equac¸o˜es de movimento e posteriormente vamos analisar as simplificac¸o˜es quando aparecem simetrias. Posteriormente mostraremos a forma das equac¸o˜es de movimento para um corpo esbelto com simetria longitudinal e dotado de velocidade de avanc¸o. 4.2 Corpos com Geometria Qualquer A generalizac¸a˜o do problema com seis graus de liberdade e corpos de qualquer geometria toma a forma: ([M] + [A])η¨ + [B]η˙ + [C]η = [F] (4.1) Em que introduzimos - a matriz de ine´rcia [M] = [Mij], onde seus termos definem a massa, os produtos e os 41 42 Texto Preliminar, SH Sphaier momentos de ine´rcia [M] = [Mij] = M 0 0 0 MZg −MYg 0 M 0 −MZg 0 MXg 0 0 M MYg −MXg 0 0 −MZg MYg I44 −I45 −I46 MZg 0 −MXg −I54 I55 −I56 −MYg MXg 0 −I64 −I65 I66 (4.2) - a matriz de massa adicional [A] = [Aij] [A] = [Aij] = A11 A12 A13 A13 A15 A16 A21 A22 A23 A24 A25 A26 A31 A32 A33 A34 A35 A36 A41 A42 A43 A44 A45 A46 A51 A52 A53 A54 A55 A56 A61 A62 A63 A64 A65 A66 (4.3) - a matriz de amortecimento [B] = [Bij] [B] = [Bij] = B11 B12 B13 B13 B15 B16 B21 B22 B23 B24 B25 B26 B31 B32 B33 B34 B35 B36 B41 B42 B43 B44 B45 B46 B51 B52 B53 B54 B55 B56 B61 B62 B63 B64 B65 B66 (4.4) - a matriz de restaurac¸a˜o [C] = [Cij], [C] = [Cij] = 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 C33 C34 C35 0 0 0 C43 C44 C45 0 0 0 C53 C54 C55 0 0 0 0 0 0 0 (4.5) com: C33 = ρgSw (4.6) C34 = C43 = ρgSy (4.7) C35 = C53 = ρgSx (4.8) C44 =Mg(zb − zg) + ρgSyy (4.9) Texto Preliminar, SH Sphaier 43 C45 = C54 = ρgSxy (4.10) C55 =Mg(zb − zg) + ρgSxx (4.11) observando que os coeficientes restantes Cij sa˜o nulos, e Sx = ∫ Sw xdxdy (4.12) Sy = ∫ Sw ydxdy (4.13) Sxx = ∫ Sw x2dxdy (4.14) Syy = ∫ Sw y2dxdy (4.15) Sxy = ∫ Sw xydxdy (4.16) zg - posic¸a˜o vertical do centro de gravidade zb - posic¸a˜o vertical do centro de carena - o vetor forc¸a de excitac¸a˜o generalizado, composto de treˆs componentes de forc¸a e treˆs componentes de momentos, [F] = [Fi] Deve ser observado que para corpos sem simetria as matrizes de massa adicional e deamortec- imento sa˜o cheias. Para corpos com simetria longitudinal, como navios, as matrizes de massa adicional e de amortecimento sa˜o dadas por: [A] = [Aij] = A11 0 A13 0 A15 0 0 A22 0 A24 0 A26 A31 0 A33 0 A35 0 0 A42 0 A44 0 A46 A51 0 A53 0 A55 0 0 A62 0 A64 0 A66 (4.17) [B] = [Bij] = B11 0 B13 0 B15 0 0 B22 0 B24 0 B26 B31 0 B33 0 B35 0 0 B42 0 B44 0 B46 B51 0 B53 0 B55 0 0 B62 0 B64 0 B66 (4.18) 44 Texto Preliminar, SH Sphaier em que Aij = Aji (4.19) Bij = Bji (4.20) Alem disto, para corpos com simetria em relac¸a˜o ao plano longitudinal: C34 = C43 = 0 (4.21) No caso de corpos alongados, como navios, podemos assumir que o acoplamento do movimento longitudinal, na direc¸a˜o 1, com os movimentos nas direc¸o˜es 3 e 5 seja pequeno e as matrizes de massa adicional e de amortecimento tomam a forma: [A] = [Aij] = A11 0 0 0 0 0 0 A22 0 A24 0 A26 0 0 A33 0 A35 0 0 A42 0 A44 0 A46 0 0 A53 0 A55 0 0 A62 0 A64 0 A66 (4.22) [B] = [Bij] = B11 0 0 0 0 0 0 B22 0 B24 0 B26 0 0 B33 0 B35 0 0 B42 0 B44 0 B46 0 0 B53 0 B55 0 0 B62 0 B64 0 B66 (4.23) e retornamos a`s equac¸o˜es obtidas anteriormente. 4.3 Um Exemplo Como exemplo apresentamos nas figuras 4.1, 4.2, 4.3, 4.44.54.6 e 4.7 as ine´rcias adicionais, os amortecimentos, as forc¸as de excitac¸a˜o e os RAOs, em forma adimensional para os movimentos 3 (heave) e 5 (pitch) de um VLCC, calculados por um me´todo tridimensional: Â33 = A33/(ρL 3 pp) (4.24) B̂33 = B33/(ωρL 3 pp) (4.25) Texto Preliminar, SH Sphaier 45 Periodos em Segundos 25 50 75 100 0 0.0025 0.005 0.0075 0.01 0.0125 0.015 0.0175 0.02 A33 B33 A33, B33 VLCC Figura 4.1: Ine´rcia Adicional e Amortecimento na Forma Adimensional I Â35 = A35/(ρL 4 pp) (4.26) B̂35 = B35/(ωρL 4 pp) (4.27) Â55 = A55/(ρL 5 pp) (4.28) B̂55 = B55/(ωρL 5 pp) (4.29) F̂3 = F3/(ρgL 2 pp) (4.30) F̂5 = F5/(ρgL 3 pp) (4.31) A soluc¸a˜o deste problema para diversas frequeˆncias de onda gera as seis func¸o˜es de trans- fereˆncia para os deslocamentos do corpo. E´ comum chamarmos de RAO (Operador de Am- plitude de Resposta), como ja´ citamos anteriormente. 46 Texto Preliminar, SH Sphaier Periodos em Segundos 25 50 75 100 A35 B35 A35, B35 VLCC Figura 4.2: Ine´rcia Adicional e Amortecimento na Forma Adimensional II Periodos em Segundos 25 50 75 100 A55 B55 A55, B55 VLCC Figura 4.3: Ine´rcia Adicional e Amortecimento na Forma Adimensional III Texto Preliminar, SH Sphaier 47 Periodos em segundos 10 20 30 40 50 60 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 Força de Excitação de Heave Figura 4.4: Forc¸a de Excitac¸a˜o Vertical Periodos em segundos 10 20 30 40 50 60 0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018 Momento de Excitação de Pitch Figura 4.5: Momento de Excitac¸a˜o 48 Texto Preliminar, SH Sphaier Periodo em segundos 10 20 30 40 50 60 0 0.25 0.5 0.75 1 RAO de Heave Figura 4.6: Rao de Heave Periodo em segundos 10 20 30 40 50 60 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 RAO de Pitch Figura 4.7: Rao de Pitch Cap´ıtulo 5 Navio em Mar Irregular 5.1 Introduc¸a˜o Determinamos nos cap´ıtulos anteriores a func¸a˜o de resposta do navio em ondas regulares, que chamamos de RAOs. As ondas consideradas foram sempre ondas monocroma´ticas. Investi- garemos agora a resposta do navio em mar irregular. 5.2 Transformada de Fourier da Equac¸a˜o de Movimento A equac¸a˜o de movimento do navio e´ dada por: (M + A)x¨+Bx˙+ Cx = f(t) (5.1) A esta equac¸a˜o aplicamos a transformada de Fourier, definida por: F{g(t)} ≡ 1 2pi ∫ ∞ −∞ eiωtg(t)dt = G(ω) (5.2) Entretanto, vamos inicialmente considerar um intervalo T das ondas atuantes. Retiramos do sinal original ζ(t) a func¸a˜o ζT (t) que e´ igual a ζ(t) no intervalo T e fora deste intervalo e´ nula. Estas ondas va˜o provocar forc¸as sobre o navio que sera˜o nulas fora do intervalo T e iguais as forc¸as do mar no intervalo T . A transformada de func¸o˜es neste intervalo e´ dada por: F{fT (t)} ≡ 1 2pi ∫ ∞ −∞ eiωtfT (t)dt = GT (ω) (5.3) 49 50 Texto Preliminar, SH Sphaier Ale´m disto, para as derivadas vale: F{g˙(t)} = iωG(ω) (5.4) F{g¨(t)} = −ω2G(ω) (5.5) enta˜o F{g˙T (t)} = iωGT (ω) (5.6) F{g¨T (t)} = −ω2GT (ω) (5.7) Aplicando a` equac¸a˜o do movimento, teremos: −ω2(M + A)XT + iωBXT + CXT = FT (5.8) {−ω2(M + A) + iωB + C}XT = FT (5.9) onde XT = XR,T + iXI,T (5.10) FT = FR,T + iFI,T (5.11) 5.3 O Espectro de Resposta Multiplicando pelo conjugado {−ω2(M + A) + iωB + C}{−ω2(M + A)− iωB + C}{XR,T + iXI,T}{XR,T − iXI,T} = {FR,T + iFI,T}{FR,T − iFI,T} (5.12) X2R,T +X 2 I,T = F 2R,T + F 2 I,T (C − ω2(M + A))2 + (ωB)2 (5.13) ou XTX ∗ T = FTF ∗ T (C − ω2(M + A))2 + (ωB)2 (5.14) dividindo pelo tempo T e fazendo o limite quando T →∞ temos: lim T→∞ 2piXTX ∗ T T = lim T→∞ 2piFTF ∗ T T 1 (C − ω2(M + A))2 + (ωB)2 (5.15) pore´m limT→∞ 2piXTX ∗ T T e´ o espectro da func¸a˜o x(t) e limT→∞ 2piFTF ∗ T T e´ o espectro das forc¸as. Enta˜o Sxx = Sff 1 (C − ω2(M + A))2 + (ωB)2 (5.16) Texto Preliminar, SH Sphaier 51 Por outro lado, ha´ uma relac¸a˜o similar entre o espectro das forc¸as e o espectro do sinal elevac¸a˜o da onda na origem. Sff = Sζζ |F (ω)|2 (5.17) logo Sxx = Sζζ |F (ω)|2 1 (C − ω2(M + A))2 + (ωB)2 (5.18) 5.4 Espectro de Resposta de um Sistema Oceaˆnico em um Mar Irregular A previsa˜o das respostas de um corpo flutuante en ondas, tais como movimentos e´ baseada na equac¸a˜o 5.18 e o trabalho pioneiro no assunto foi desenvolvido por St. Denis e Pierson em 1953. Desde enta˜o tem sido amplamente aplicado para va´rios problemas de comportamento de estruturas flutuantes no mar. Entretanto cabe ressaltar em que condic¸o˜es foi desenvolvido: - As ondas do mar sa˜o consideradas como um processo estoca´stico estaciona´rio, normal- mente distribu´ıdo com me´dia zero. - A func¸a˜o de densidade espectral das ondas do mar e das respostas da estrutura sa˜o consideradas de banda estreita. - As func¸o˜es de densidade de probabilidade e o espectro de excitac¸a˜o e de respostas sa˜o consideradas como independentes do tempo. - O princ´ıpio de superposic¸a˜o e´ aplica´vel para a previsa˜o das respostas em mar irregular. - As respostas em ondas irregulares podem ser representadas pela soma de respostass da estrutura em ondas regulares. Um sistema linear mante´m relac¸o˜es entre respostas e excitac¸a˜o de tal maneira que: - a resposta do sistema a uma excitac¸a˜o monocroma´tica (onda regular com uma u´nica frequeˆncia e amplitude constante) e´ monocroma´tica - se a varia´vel aleato´ria que representa a excitac¸a˜o do sistema segue um processo gaussiano a resposta tambe´m sera´ um processo gaussiano - a partir das respostas do sistema para uma onda regular (monocroma´tica) variando sua frequeˆncia, construimos a func¸a˜o de resposta do sistema (func¸a˜o de transfereˆncia, fator de amplificac¸a˜o) que e´ a relac¸a˜o entre a amplitude da resposta e a amplitude da excitac¸a˜o para as va´rias frequeˆncias 52 Texto Preliminar, SH Sphaier - A func¸a˜o de densidade espectral da resposta pode ser obtida a partir da func¸a˜o de densidade espectral da excitac¸a˜o atrave´s de: SY Y (ω) = SXX(ω)|H(ω)|2 (5.19) onde |H(ω)| e´ a func¸a˜o de resposta do sistema a ondas regulares Em Engenharia Oceaˆnica |H(ω)| e´ frequentemente chamado de RAO que sa˜o as iniciais da expressa˜o ingleˆsa Response Amplitude Operator. 5.5 Movimentos de um Corpo Flutuante no Mar O estudo de um corpo flutuante tem como interesse respostas como movimentos, velocidades e acelerac¸o˜es de pontos do corpo, ale´m de outras varia´veis que decorrem dos movimentos. Com os movimentos pode-se calcular as presso˜es sobre o casco, cargas, etc. Inicialmente consideremos os movimentos do centro do sistema localizado no corpo. Assim, estas respostas formam um vetor de 6 posic¸o˜es. η = { ηl ηa } (5.20) onde ηl = η1 η2 η3 e ηa = η4 η5 η6 (5.21) - η1,2,3 movimentos lineares (surge, sway, heave) - η4,5,6 movimentos angulares (roll, pitch yaw) e - ηi = ηi,0 e iδi - ηi,0 amplitude do movimento i - δi aˆngulo de fase do movimento i Uma vez que a excitac¸a˜o em mar regular e´ harmoˆnica e da forma F = F0 e iωt e o modelo, todas as respostas tambe´m o sera˜o: η = η¯ eiωt = η0 e iδ eiωt (5.22) Assim: Texto Preliminar, SH Sphaier 53 - velocidade = (d/dt) (deslocamento) v = d dt η = η˙ = iωη = v¯ eiωt (5.23) - acelerac¸a˜o = (d/dt) (velocidade) a = d2 dt2 η = η¨ = −ω2η = a¯ eiωt (5.24) Passemos agora a partir dessas respostas a` determinac¸a˜o de espectros de deslocamentos, velocidades e acelerac¸o˜es e ao estudo de eventos de seakeeping. Os espectros de deslocamentos, velocidades e acelerac¸o˜es em mar irregular sera˜o da forma SXX(ω) = |RAOX(ω)|2Sζζ(ω) = X¯X¯∗Sζζ(ω) (5.25) SX˙X˙(ω) = |RAOX˙(ω)|2Sζζ(ω) = ¯˙X ¯˙X∗Sζζ(ω) = V¯ V¯ ∗Sζζ(ω) = ω2|RAOX¨(ω)|2Sζζ(ω) (5.26) SX¨X¨(ω) = |RAOX¨(ω)|2Sζζ(ω) = ¯¨X ¯¨X∗Sζζ(ω) = A¯A¯∗Sζζ(ω) = ω4|RAOX¨(ω)|2Sζζ(ω) (5.27) onde: V¯ = ¯˙X, A¯ = ¯¨X, ¯˙X∗ = V¯ ∗ e ¯¨X∗ = A¯∗, e X¯∗, V¯ ∗ e A¯∗ sa˜o os conjugados de X¯, V¯ e A¯ respectivamente. 5.5.1 Deslocamentos, velocidades e acelerac¸o˜es em um ponto do corpo Da mecaˆnica sabemos que o deslocamento de um ponto qualquer de um corpo pode ser obtido se conhecemos o deslocamento linear de um ponto e a rotac¸a˜o em torno daquele ponto. Admitindo pequenos deslocamentos esta expressa˜o e´ da forma: d = ηl + ηa ×R (5.28) onde d = dx dy dz (5.29) e´ o vetor dos deslocamentos do ponto ηl = η1 η2 η3 (5.30) 54 Texto Preliminar, SH Sphaier e´ o vetor dos deslocamentos lineares, isto e´, ”surge”, ”sway”e ”heave” ηa = η4 η5 η6 (5.31) e´ o vetor dos deslocamentos angulares, isto e´, ”roll”, ”pitch”e ”yaw” d = x y z (5.32) sa˜o as coordenadas do ponto em selec¸a˜o ao sistema fixo no corpo, A hipo´tese de pequenos deslocamentos permite-nos interpretar (η4, η5, η6) como um vetor. Uma vez obtido o vetor dos deslocamentos d = dx dy dz (5.33) podemos obter os vetores das velocidades, v = iωd (5.34) v = vx vy vz = iωdx iωdy iωdz (5.35) e a = iωv = −ω2d (5.36) a = ax ay az e v = iωvx iωvy iωvz (5.37) Os RAOS de deslocamentos, velocidades e acelerac¸o˜es em um ponto qualquer do corpo sa˜o dados enta˜o por: |RAOdx(ω)|2 = |dx|2 = dx · d∗x (5.38) |RAOdy(ω)|2 = |dy|2 = dy · d∗y (5.39) Texto Preliminar, SH Sphaier 55 |RAOdz(ω)|2 = |dz|2 = dz · d∗z (5.40) |RAOvx(ω)|2 = |vx|2 = vx · v∗x (5.41) |RAOvy(ω)|2 = |vy|2 = vy · v∗y (5.42) |RAOvz(ω)|2 = |vz|2 = vz · v∗z (5.43) |RAOax(ω)|2 = |ax|2 = ax · a∗x (5.44) |RAOay(ω)|2 = |ay|2 = ay · a∗y (5.45) |RAOaz(ω)|2 = |az|2 = az · a∗z (5.46) Para obtermos os espectros resposta, basta multiplicarmos os quadrados das func¸o˜es de trans- fereˆncia (RAOs) pelo espectro do mar. 5.5.2 Eventos de Seakeeping Para operac¸o˜es no mar torna-se importante verificar as seguintes ocorreˆncias: - embarque de a´gua (green water) - culapada, entrada da proa na a´gua (slamming) - culapada tranversal com o movimento de jogo em transporte de estruturas ou mo´dulos com barcac¸a - emersa˜o do propulsor No caso de a´gua no conve´s pesquisa-se a frequeˆncia de ocorreˆncia desta situac¸a˜o para uma borda livre pre´-determinada ou a borda livre necessa´ria para que uma certa frequeˆncia de ocorreˆncia de embarque de a´gua na˜o seja ultrapassada. Determina-se inicialmente o quadrado do RAO de deslocamento vertical relativo corpo-onda para um ponto no plano longitudinal da embarcac¸a˜o no n´ıvel da linha de a´gua. O deslocamento vertical de um ponto do navio localizado no eixo Ox, localizado longitudi- nalmente na posic¸a˜o XL e´ dado por: ηz(t) = η3(t)−XL · η5(t) (5.47) O deslocamento relativo superf´ıcie do mar e o ponto acima ηr(t) = ηz(t)− ζ(t) = η3(t)−XL · η5(t)− ζ(t) = [η3,0eiδ3 −XL · η5,0eiδ5 − ζeik0XL]eiωt (5.48) 56 Texto Preliminar, SH Sphaier O quadrado do mo´dulo da resposta da distaˆncia relativa e´ dado por: |ηr,0|2 = ηr,0 · η∗r,0 = [η3,0e iδ3 −XL · η5,0eiδ5 − ζeik0XL] · [η3,0e−iδ3 −XL · η5,0e−iδ5 − ζe−ik0XL] = (η23,0 +XL 2 ∗ η25,0 + ζ20 )−XLη3,0η5,0[ei(δ3−δ5) + e−i(δ3−δ5)]+ −η3,0ζ0[ei(δ3−k0·XL) + e−i(δ3−k0·XL)] +XL · η5,0ζ0[ei(δ5−k0·XL) + e−i(δ5−k0·XL)] (5.49) O quadrado da relac¸a˜o entre a resposta do movimento e a amplitude da onda, isto e´, a resposta para onda unita´ria e´ o mo´dulo do RAO do deslocamento relativo ao quadrado: RML = 1 + (XL ∗ η5,0)2 + η23,0 − 2η3,0 cos(δ3,0 − k0XL)− 2XLη3,0η5,0 cos(δ3,0 − δ5,0) +2XLη5,0 cos(δ5,0 − k0XL) (5.50) De forma similar ao que foi feito anteriormente, os quadrados dos RAO’s de velocidade e acelerac¸o˜es relativas sa˜o dados por: RV L = ω2 ·RML (5.51) RAL = ω2 ·RV L = ω4 ·RML (5.52) Os espectros de resposta sa˜o dados por: SMM = Sζζ ·RML (5.53) SV V = Sζζ ·RV L (5.54) SAA = Sζζ ·RAL (5.55) Como sabido, a a´rea sob a curva da func¸a˜o de densidade espectral fornece a me´dia dos quadrados do processo em estudo: deslocamentos, velocidades e acelerac¸o˜es. Assumindo- se que o processo e´ de banda estreita o processo estoca´stico dos picos de deslocamentos, velocidades e acelerac¸o˜es, segue a lei de Rayleigh cuja func¸a˜o de densidade de probabilidade e´ dada por: fX(x) = x mx e−x 2/2mx (5.56) onde mx e´ a variaˆncia do processo da varia´vel X: mx = ∫ ∞ 0 Sxxdω (5.57) A probabilidade da varia´vel X exceder um certo valor cr´ıtico e´: P [X > Xcrit] = e −X2crit 2mx (5.58) Texto Preliminar, SH Sphaier 57 ou X2crit = −2mx lnP [X > Xcrit] (5.59) Esta expressa˜o fornece o deslocamento relativo vertical cr´ıtico para um certo n´ıvel de prob- abilidade P [X > Xcrit]. Caso conhec¸a-se a frequeˆncia admiss´ıvel de ocorreˆncia de embarque de a´gua no conve´s pode-se obter a borda livre necessa´ria BL = √ −2mx lnP [X > Xcrit] (5.60) Se, por exemplo, a probabilidade de excedeˆncia for de 1/25 obteˆm-se uma borda livre BL = 2.54 √ mx (5.61) No caso em que a borda livre e´ dada e se quer verificar a incideˆncia de ocorreˆncia de a´gua no conve´s tem-se: P [X > BL] = e−BL 2/(2mx) (5.62) e, determinando-se o nu´mero de oscilac¸o˜es por hora Nosc = 3600 · (ciclos por segundo) = 3600σmedio/(2pi) = 3600 √ mv/mx/(2pi) (5.63) pode-se calcular o nu´mero de vezes em me´dia esperado de ocorreˆncia de a´gua no conve´s: N = Nosc ∗ P [X > BL] = 3600 √ mv/mxe −BL2/(2mx)/(2pi) (5.64) No caso de emersa˜o do propulsor o procedimento e´ similar. Determina-se qual a probabilidade da pa´ do propulsor deixar a a´gua, isto e´, quer-se que a distaˆncia entre a onda e a posic¸a˜o da pa´ do propulsor na˜o se torne nula. Para as previso˜es de slamming longitudinal e transversal a situac¸a˜o e´ relativamente similar. Deve-se determinar a probabilidade do deslocamento, dada pela diferenc¸a entre a cota do fundo do corpo flutuante e a linha de a´guas tranquilas, exceder uma distaˆncia limite pre´- estabelecida. Entretanto um outro fator e´ tambe´m importante que e´ a velocidade de imersa˜o. Se a velocidade for baixa na˜o ha´ risco. Entretanto se ela exceder um certo valor a entrada na a´gua e´ feita com risco de dano estrutural. A probabilidade de ocorrer simultaneamente emersa˜o do propulsor e excedeˆncia da velocidade cr´ıtica e´ dado por: P [ocorreˆncia de slamming] = P [excedeˆncia do deslocamento] · P [excedeˆncia da velocidade] (5.65) onde P [excedeˆncia do deslocamento] = e−DIST 2/(2mx) (5.66) P [excedeˆncia da velocidade] = e−V TL 2/(2mx) (5.67) 58 Texto Preliminar, SH Sphaier DIST - e´ a distaˆncia entre o n´ıvel de a´guas tranquilas e o ponto de interesse. VTL - e´ a velocidade cr´ıtica a partir da qual pode haver danos estruturais. Recomenda- se utilizar um valor em torno de 0.1 √ gLpp Com este resultado pode-se calcular o nu´mero de vezes em me´dia esperado de ocorreˆncia de slamming: N = P [ocorreˆncia de slamming]3600 √ mv/mx/(2pi) (5.68) Texto Preliminar, SH Sphaier 59 5.6 Resumo Esquema´tico Figura 5.1: Apresentac¸a˜o Esquema´tica I 60 Texto Preliminar, SH Sphaier Figura 5.2: Apresentac¸a˜o Esquema´tica II Texto Preliminar, SH Sphaier 61 Figura 5.3: Apresentac¸a˜o Esquema´tica III 62 Texto Preliminar, SH Sphaier Figura 5.4: Apresentac¸a˜o Esquema´tica IV Texto Preliminar, SH Sphaier 63 Figura 5.5: Apresentac¸a˜o Esquema´tica V 64 Texto Preliminar, SH Sphaier Cap´ıtulo 6 Hidrodinaˆmica de Corpos Flutuantes Estaciona´rios 6.1 Aspectos F´ısicos: Leis e Princ´ıpios Passaremos agora a tratar o problema discutido acima em bases mais formais do ponto de vista hidrodinaˆmico. Vamos assumir que as ondas sa˜o de pequenas amplitudes, o corpo executara´ movimentos de pequenas amplitudes e podemos tratar o problema linearmente. Nosso objetivo e´ o estudo do comportamento de corpos flutuantes, isto e´, corpos r´ıgidos movendo-se, semi-imersos em um fluido em movimento. Como sabemos o movimento de um corpo e´ regido pelas leis da mecaˆnica, que sa˜o as treˆs leis de Newton e a lei de gravitac¸a˜o universal. Ale´m disto temos que satisfazer aos princ´ıpios de conservac¸a˜o da massa e da impenetrabilidade dos corpos. No caso espec´ıfico do corpo, sua massa e´ considerada imuta´vel, estando assim, automatica- mente satisfeito o princ´ıpio de conservac¸a˜o da massa. O princ´ıpio da impenetrabilidade nos diz que os movimentos do corpo e das part´ıculas fluidas sa˜o tais que as part´ıculas na˜o podem penetrar no corpo, nem tampouco uma part´ıcula fluida podera´ penetrar no corpo ou em outra part´ıcula fluida. O movimento de um corpo sujeito a forc¸a externas e´ descrito pela segunda lei de Newton, em que as as variac¸o˜es das quantidades de movimento sa˜o iguais a`s forc¸as e momentos externos: ∫ B d dt (u dm) = ∑ Fext (6.1) 65 66 Texto Preliminar, SH Sphaier ∫ B d dt (r× u dm) = ∑ Mext (6.2) onde: B e´ o domı´nio que define o corpo dm e´ a massa de uma parte elementar do corpo r e´ o raio vetor de cada ponto do corpo em relac¸a˜o a um ponto O. u e´ o vetor velocidade de cada ponto do corpo u = U0 +Ω× r (6.3) U0 e´ o vetor velocidade linear do corpo Ω e´ o vetor velocidade angular do corpo no ponto O Fext sa˜o as forc¸as externas atuando sobre o corpo Mext sa˜o os momentos das forc¸as externas atuando sobre o corpo, em relac¸a˜o ao ponto O. As forc¸as externas atuantes sobre o corpo sa˜o a forc¸a da gravidade, forc¸a de atrac¸a˜o da Terra, e a forc¸a devida a ac¸a˜o do fluido junto do corpo. A forc¸a da gravidade e´ do tipo de forc¸a de corpo e as forc¸as devidas a ac¸a˜o do fluido sa˜o do tipo de forc¸as de superf´ıcie. ∫ B d dt (u dm) = Fc + Fs (6.4)∫ B d dt (r× u dm) =Mc +Ms (6.5) onde: Fc e´ a resultante das forc¸as de corpo Fs e´ a resultante das forc¸as de superf´ıcie. A forc¸a devida a` atrac¸a˜o da Terra pode ser obtida atrave´s da lei de gravitac¸a˜o universal de Newton. No caso espec´ıfico do movimento junto a` superf´ıcie da Terra podemos dizer que esta forc¸a e´ constante, e dada por: Fc = ( ∫ B dm)g =Mg (6.6) onde: Texto Preliminar, SH Sphaier 67 M e´ a massa do corpo M = ∫ B dm (6.7) g e´ o vetor acelerac¸a˜o da gravidade. As forc¸as de superf´ıcie surgem da ac¸a˜o das part´ıculas fluidas sobre o corpo. Imaginemos inicialmente que colocamos um corpo em um escoamento retil´ıneo uniforme unidirecional. A presenc¸a do corpo provoca uma modificac¸a˜o do escoamento fluido. Ao se moverem e encontrarem o corpo, as part´ıculas fluidas sa˜o aceleradas e desaceleradas. Pela segunda lei de Newton isto so´ e´ possivel pela ac¸a˜o de uma forc¸a externa. Esta ac¸a˜o externa deve-se a` interac¸a˜o entre as part´ıculas fluidas e a presenc¸a do corpo. Pela terceira lei de Newton, a` forc¸a que o corpo exerce sobre uma part´ıcula fluida, correspondera´ uma reac¸a˜o, na forma de uma forc¸a igual e de sentido contra´rio a` de ac¸a˜o, atuando sobre o corpo. Isto dar-se-a´ junto a cada parte da superf´ıcie do corpo. Assim, as part´ıculas fluidas sofrera˜o a ac¸a˜o do corpo, na forma de forc¸as e como reac¸a˜o aparecera˜o sobre o corpo forc¸as locais. Decompondo estas forc¸as em componentes normal e tangencial, temos as componentes de forc¸a devida a` pressa˜o e a` tensa˜o cisalhante, respectivamente. Uma vez que estas forc¸as dependem da interac¸a˜o entre o corpo e o fluido, e´ necessa´rio que determinemos o movimento do fluido para podermos calcular as forc¸as de superf´ıcie atuando sobre o corpo. E´ enta˜o necessa´rio que estabelec¸amos as equac¸o˜es de movimento das part´ıculas fluidas, utilizando as leis e os princ´ıpios f´ısicos estabelecidos. Estes sa˜o mais uma vez as treˆs leis de Newton, a lei de gravitac¸a˜o universal, o princ´ıpio de conservac¸a˜o da massa e o princ´ıpio de impenetrabilidade. 6.2 Formulac¸a˜o hidrodinaˆmica: Leis e Princ´ıpios Para o estudo do movimento do corpo utilizamos a descric¸a˜o Lagrangeana. Acompanhamos o que acontece com o corpo ao longo do tempo, determinando as suas posic¸o˜es. No caso do escoamento da massa fluida utilizamos a descric¸a˜o Euleriana. Descrevemos o escoamento atrave´s dos campos de velocidades e presso˜es, sem nos importarmos com que part´ıcula ocupa cada posic¸a˜o do espac¸o em cada instante. Admitimos tambe´m que o fluido preenche con- tinuamente todas as posic¸o˜es do espac¸o. Assim, nunca podera´ aparecer um espac¸o vazio no domı´nio fluido; as part´ıculas que formam uma linha material, sempre estara˜o formando uma linha fluida, etc... Esta u´ltima afirmac¸a˜o implica em que, as part´ıculas que formam uma superf´ıcie livre, sempre a formara˜o. Da mesma forma que para o corpo, o movimento de uma part´ıcula fluida, sujeita a forc¸as externas, e´ descrito pela segunda lei de Newton D Dt (vρdV ) = ∑ dFext. (6.8) 68 Texto Preliminar, SH Sphaier onde: D/Dt e´ o operador derivada substantiva ρ e´ a massa espec´ıfica do fluido. dV e´ o volume elementar da part´ıcula v representa o campo vetorial das velocidades dFext sa˜o as forc¸as externas atuando sobre a part´ıcula fluida A derivada substantiva da velocidade define o campo vetorial que representa as acelerac¸o˜es das part´ıculas fluidas, a = (D/Dt)v. As forc¸as externas sa˜o tambe´m, a forc¸a de atrac¸a˜o da Terra e as forc¸as de superf´ıcie. As forc¸as de superf´ıcie devem-se a` ac¸a˜o das outras part´ıculas que esta˜o em contato, e eventualmente ao corpo, caso a part´ıcula encontre-se em contato com o corpo. D Dt (vρdV ) = dFc + dFs (6.9) onde: dFc e´ a forc¸a de corpo atuando no elemento de fluido dFs e´ a forc¸a de superf´ıcie atuando no elemento de fluido Aplicando-se a segunda lei de Newton ao estudo do movimento de um fluido incompress´ıvel, cuja relac¸a˜o entre tensa˜o cisalhante e movimento siga a equac¸a˜o constitutiva de Newton, chegamos a equac¸a˜o de Navier-Stokes: ρa dV = −ρg dV −∇p dV + µ∇2v dV (6.10) ou D Dt v + g + ∇p ρ − ν∇2v = 0 (6.11) onde: D Dt v = ∂ ∂t v + v · ∇(v) p e´ a pressa˜o ν e´ a viscosidade cinema´tica do fluido. Texto Preliminar, SH Sphaier 69 ∇ e´ o operador gradiente ∇2 e´ o laplaceano, ∇2 = ∇ · ∇ O princ´ıpio de conservac¸a˜o da massa e´ dado pela equac¸a˜o da continuidade, que para fluidos incompress´ıveis e´ ∇ · v = 0 (6.12) onde ∇· e´ o operador divergente O princ´ıpio da impenetrabilidade define uma relac¸a˜o entre as componentes das velocidades das part´ıculas fluidas e do corpo na direc¸a˜o da normal ao corpo. No caso de corpos na˜o porosos essas componentes devem ser iguais v · n = u · n (6.13) onde n e´ o vetor normal ao contorno do corpo. Por ser uma propriedade cinema´tica, esta condic¸a˜o e´ chamada de condic¸a˜o de contorno cinema´tica. Ale´m dessa condic¸a˜o, devemos introduzir a condic¸a˜o de adereˆncia das part´ıculas fluidas junto ao corpo. Se, por razo˜es f´ısicas, podemos supor que na˜o haja deslizamento entre as part´ıculas fluidas em contato com o corpo e sua superf´ıcie, enta˜o v · t− u · t = 0 (6.14) onde t e´ o vetor unita´rio tangente ao contorno do corpo. Como dissemos, passaremos agora a tratar o problema discutido acima em bases mais formais do ponto de vista hidrodinaˆmico. Assumindo que as ondas sa˜o de pequenas amplitudes, o corpo executara´ movimentos de pequenas amplitudes e podemos tratar o problema linear- mente. Para tal, relembremos as definic¸o˜es dos sistemas de refereˆncias como fizemos anteriormente. consideremos um sistema de coordenadas OXY Z com o plano Z = 0 sobre a superf´ıcie livre. O eixo OZ aponta verticalmente para cima. Consideremos um segundo sistema o¯x¯y¯z¯ cujo centro, sempre concide com o ponto O, com eixo o¯x¯ fazendo um aˆngulo β com o eixo OX. O navio tem velocidade desloca-se em linha reta com velocidade U na direc¸a˜o do eixo o¯x¯. As ondas se propagam na direc¸a˜o do eixo OX e o vetor celeridade da onda faz um aˆngulo β com o vetor velocidade do navio, e consequentemente com o eixo longitudinal do navio. Consideremos um terceiro sistema oxyz que se desloca com a velocidade do navio, sem oscilar. Seu centro esta´ localizado na superf´ıcie livre em repouso e o eixo oz aponta verticalmente para 70 Texto Preliminar, SH Sphaier cima. O ponto o, centro do sistema, esta´ localizado a meio navio. Muitas vezes e´ mais coˆmodo localiza´-lo na vertical passando pelo centro de gravidade. Considerando que os efeitos de viscosidades sa˜o desprez´ıveis podemos adotar a hipo´tese de fluido ideal e escoamento irrotacional. Supomos tambe´m que o fluido e´ incompress´ıvel. Com estas hipo´teses pode-se verificar que o escoamento e´ descrito por uma func¸a˜o φ, potencial de velocidade tal que v = ∇φ (6.15) sendo φ soluc¸a˜o da equac¸a˜o de Laplace ∇2φ = 0 (6.16) Como vimos anteriormente a unicidade da soluc¸a˜o e´ conseguida impondo-se condic¸o˜es de contorno. Isto e´, nos contornos do meio fluido a func¸a˜o φ devera´ tambe´m satisfazer condic¸o˜es da forma αφ+ β ∂φ ∂n = f (6.17) onde α, β e f sa˜o conhecidas. O contorno fluido neste caso e´ composto da superf´ıcie do casco, a superf´ıcie livre, o fundo e uma superf´ıcie longe do corpo ligando a superf´ıcie livre e o fundo. Na superf´ıcie do casco devemos ter por exemplo u · n = ∂φ ∂n (6.18) onde u e´ a velocidade de um ponto P do casco, n a normal a superf´ıcie do casco. Expressando a equac¸a˜o da superf´ıcie do casco na forma Fc(x, y, z, t) = 0 (6.19) a condic¸a˜o de contorno acima equivale a: D Dt Fc(x, y, z, t) = 0 (6.20) Em cada ponto da superf´ıcie livre as componentes das velocidades do perfil da onda usl e da velocidade da part´ıcula fluida na direc¸a˜o da normal sa˜o iguais. usl · n = ∂φ ∂n (6.21) De forma similar ao que expusemos acima, se Fsl(x, y, z, t) = 0 e´ a equac¸a˜o da superf´ıcie livre enta˜o D Dt Fsl(x, y, z, t) = 0 (6.22) Texto Preliminar, SH Sphaier 71 traduzira´ esta condic¸a˜o. Ale´m desta condic¸a˜o cinema´tica a ser satisfeita na superf´ıcie livre, devemos impor que a pressa˜o p seja igual a pressa˜o atmosfe´rica patm. Admitindo a regia˜o fluida infinita temos que impor condic¸o˜es assinto´ticas para pontos dis- tantes do corpo (condic¸o˜es de radiac¸a˜o). Caso o corpo encontre-se em a´guas com profundidade finita z = −d devemos ter ∂φ ∂z (x, y, z = −d, t) = 0 (6.23) Observando o problema de valor de contorno estabelecido acima e o problema de ondas de gravidade, vemos que ambos diferem unicamente pela condic¸a˜o de contorno no corpo. Assim, apo´s linearizac¸a˜o do problema chegamos ao seguinte problema de valor de contorno para o potencial de velocidades φ ∇2φ = 0 (6.24) em todo domı´nio fluido ∂φ ∂z + 1 g ∂2φ ∂t2 = 0 (6.25) em z = 0 ∂φ ∂z = 0 (6.26) em z = −d ∂φ ∂n = un (6.27) na superf´ıcie do corpo Resolvendo este problema obtemos a equac¸a˜o da superf´ıcie livre ζ = −1 g ∂φ(x, y, z = 0, t) ∂t (6.28) e a pressa˜o em qualquer ponto do domı´nio p = −ρgz − ρ∂φ(x, y, z, t) ∂t (6.29) De acordo com a descric¸a˜o f´ısica do problema podemos escrever φ = φinc + φdif + φrad (6.30) onde φinc potencial de velocidades das ondas incidentes, φdif potencial de velocidades de difrac¸a˜o das ondas incidentes e φrad potencial de velocidades das ondas de radiac¸a˜o. O potencial φinc representa as ondas existentes antes da colocac¸a˜o do corpo e φdif o po- tencial de difrac¸a˜o das ondas incidentes. Representa ondas que sa˜o geradas junto ao corpo 72 Texto Preliminar, SH Sphaier e se propagam para o meio, isto e´, representa a presenc¸a do corpo como obsta´culo para a propagac¸a˜o da onda incidente. Traduz o efeito da presenc¸a do corpo diante das ondas inci- dentes gerando um campo que ”compense a penetrac¸a˜o das ondas atrave´s do corpo”. Assim sobre o corpo devemos ter ∂φdif ∂n = −∂φinc ∂n (6.31) O potencial de radiac¸a˜o representa as ondas geradas junto ao corpo devidas aos movimentos do corpo e se propagam para o meio. Assim, ∂φrad ∂n = un (6.32) Os treˆs potenciais satisfazem a equac¸a˜o de Laplace e as condic¸o˜es de superf´ıcie livre e de fundo. Na˜o entraremos neste texto em considerac¸o˜es mais aprofundadas sobre as soluc¸o˜es dos potencias, mas podemos dizer que os potenciais φdif e φrad devem satisfazer condic¸o˜es assinto´ticas descrevendo o comportamento a grandes distaˆncias. Este tipo de condic¸a˜o e´ chamada de condic¸a˜o de radiac¸a˜o e foi estabelecida por Sommerfeld. O perfil da onda que se propaga no mar e´ dado por ζ(X, t) = ζ0 cos(ωt− k0X) (6.33) Para um observador no navio a onda incidente, sera´ dada por ζ(x, y, t) = ζ0 cos(ωt− k0x cos(β) + k0y cos(β)) (6.34) e seu potencial de velocidades e´ dado por: φinc = i g ω ek0zζ0 e i(ωt−k0x cos(β)+k0y cos(β)) = ϕinc eiωt (6.35) onde ϕ e´ dado por: ϕinc = i g ω ek0zζ0 e i(−k0x cos(β)+k0y cos(β)) (6.36) Considerac¸o˜es sobre os potenciais de difrac¸a˜o e de radiac¸a˜o Como dito acima, se imaginarmos um navio colocado no meio das ondas do mar, a superf´ıcie do casco sera´ invadida pelas part´ıculas fluidas. Isto e´, as ondas va˜o atravessar corpo, o que na˜o e´ fisicamente aceita´vel. Assim sendo, temos que gerar um escoamento que junto ao casco neutralize as ondas incidentes. Este e´ o papel do potencial de difrac¸a˜o; vai gerar velocidades junto ao casco que se contraponham a`s velocidades das ondas incidentes. O potencial de difrac¸a˜o gera velocidades cujas componentes na direc¸a˜o da normal ao casco Texto Preliminar, SH Sphaier 73 anulem as componentes das velocidades da onda incidente sobre o casco. Este e´ o sentido da condic¸a˜o de contorno sobre o corpo: udif · n = ∂φdif ∂n = −∂φinc ∂n = −uinc · n (6.37) one udif = ∇φdif (6.38) uinc = ∇φinc (6.39) Esses potenciais va˜o gerar presso˜es que variam harmonicamente, uma vez que estamos assu- mindo que as ondas sa˜o harmoˆnicas. Essas presso˜es va˜o gerar forc¸as harmoˆnicas e o corpo vai se mover harmonicamente. Assim, como o corpo, ale´m de impedir a passagem das part´ıculas fluidas atrave´s de si, se move periodicamente, ele impo˜e movimento a`s part´ıculas fluidas. Tudo se passa como se forc¸assemos o corpo a se mover em a´guas tranquilas. O corpo gera ondas. Para representa´- las introduzimos um potencial de velocidades. Este potencial tem que gerar movimento nas part´ıculas fluidas de tal forma que junto ao corpo, as part´ıculas fluidas acompanhem o corpo. Pensemos agora em um ponto do corpo. Como as part´ıculas podem deslizar sobre o corpo, suas componentes de velocidades na direc¸a˜o normal ao corpo no ponto considerado tem que se igualar a` componente de velocidade do corpo na direc¸a˜o normal ao ponto da superf´ıcie do corpo. Assim, este potencial tem que satisfazer: ∂φrad ∂n = un (6.40) Pore´m o corpo tem seis movimentos, treˆs lineares ao longo dos eixos do sistema de refereˆncias colocado no corpo, e treˆs movimentos angulares em torno desses treˆs eixos. Enta˜o podemos imaginar que cada movimento seja um gerador de movimentos das part´ıculas fluidas. Isolamos cada um deles e para cada um e´ necessa´rio gerar um potencial de velocidades. Cada um desses potenciais de velocidades e´ dado pelo produto de uma func¸a˜o, que depende da forma do corpo e da frequeˆncia do movimento, multiplicada pelo mo´dulo da velocidade do corpo naquela direc¸a˜o: φrad = ϕ1η˙1 + ϕ2η˙2 + ϕ3η˙3 + ϕ4η˙4 + ϕ5η˙5 + ϕ6η˙6 (6.41) 74 Texto Preliminar, SH Sphaier 6.3 Forc¸as Atuantes 6.3.1 Forc¸as hidrodinaˆmicas O conhecimento da func¸a˜o φT , permite que determinemos a pressa˜o e por conseguinte as forc¸as e momentos hidrodinaˆmicos. Utilizando a segunda lei de Newton para forc¸as e sua extensa˜o para momentos determinamos os movimentos do corpo. Para tal vamos inicialmente determinar as presso˜es atuantes sobre o corpo. Assumimos que o corpo executa pequenas oscilac¸o˜es lineares ηl e angulares ηa, onde: ηl = η1i+ η2j+ η3k (6.42) ηa = η4i+ η5j+ η6k (6.43) η1 movimento linear do corpo na direc¸a˜o longitudinal, eixo Ox η2 movimento linear do corpo na direc¸a˜o lateral, eixo Oy η3 movimento linear do corpo na direc¸a˜o vertical, eixo Oz η4 movimento angular do corpo em torno da direc¸a˜o longitudinal, do eixo Ox η5 movimento angular do corpo em torno do eixo lateral, em torno do eixo Oy η6 movimento angular do corpo em torno do eixo vertical, em torno do eixo Oz Assim, o movimento de qualquer ponto do corpo e´ dado por: η = ηl + ηa × r (6.44) Ale´m disto vamos admitir inicialmente que as ondas sa˜o monocroma´ticas, e por conseguinte, qualquer grandeza varia no tempo harmonicamente: F (x, y, z, t) = f(x, y, z;ω) eiωt (6.45) Seguindo esta linha de racioc´ınio, o potencial de radiac¸a˜o pode ser escrito na forma: φrad = 6∑ i=1 φi(x, y, z, t) = 6∑ i=1 η˙i(t)ϕi(x, y, z;ω) (6.46) Texto Preliminar, SH Sphaier 75 Isto e´, sa˜o seis potenciais correspondendo aos seis movimentos, em que cada um deles e´ o produto de uma func¸a˜o de forma ϕi(x, y, z;ω) multiplicada pela velocidade naquela direc¸a˜o (velocidade linear ou angular) η˙i(t), onde η˙l = η˙1(t)i+ η˙2(t)j+ η˙3(t)k (6.47) η˙a = η˙4(t)i+ η˙5(t)j+ η˙6(t)k (6.48) Deve ser lembrado que os aˆngulos que posicionam o corpo ao longo do tempo na˜o formam um vetor. Entretanto, se forem pequenos pode-se assumir que formam um vetor. Com a integral da equac¸a˜o de Euler linearizada temos a pressa˜o em qualquer parte do domı´nio dada por p = −ρ∂φT ∂t − ρgz (6.49) Podemos separar esta pressa˜o em parte dinaˆmica e parte esta´tica, bem como em partes independente e dependente do tempo: p(t) = pe + pd = pe,0 + pe,t + pinc + pdif + prad = pe,0 + pt pt = pe,t + pinc + pdif + prad (6.50) onde: p e´ a pressa˜o total, pe e´ a pressa˜o esta´tica, pd e´ a pressa˜o dinaˆmica, pe,0 e´ a pressa˜o esta´tica independente do tempo, pe,t e´ a pressa˜o esta´tica dependente do tempo, pt e´ a pressa˜o dependente do tempo, A pressa˜o dinaˆmica e´ dada por: pd = −ρ∂φT ∂t (6.51) 76 Texto Preliminar, SH Sphaier A pressa˜o esta´tica e´ dada por: pe = −ρgz (6.52) onde z e´ a posic¸a˜o do ponto da superf´ıcie do corpo onde se esteja avaliando a pressa˜o, isto e´, e´ a soma da cota da posic¸a˜o em repouso e a variac¸a˜o devida ao movimento do corpo: z = z0 + k · (ηl + ηa × r) (6.53) Devemos lembrar que com a hipo´tese de pequenas perturbac¸o˜es podemos desprezar a con- tribuic¸a˜o do termo quadra´tico, como feito acima, na expressa˜o das presso˜es, na integral da equac¸a˜o de Euler. A pressa˜o dinaˆmica e´ a soma do termo em derivada partial em relac¸a˜o ao tempo do potencial das ondas incidentes, das ondas difratadas e das ondas radiadas. pd = −ρ∂φinc ∂t − ρ∂φdif ∂t − ρ∂φrad ∂t (6.54) Multiplicando-se a pressa˜o pelo elemento de a´rea local tem-se a intensidade da forc¸a que a pressa˜o exerce sobre o corpo naquele local. Multiplicando-se pelo vetor normal, tem-se o elemento de forc¸a local dFs = pdndS + pendS = −ρ∂φinc ∂t ndS − ρ∂φdif ∂t ndS − ρ∂φrad ∂t ndS − ρgzndS (6.55) Multiplicando-se o elemento de forc¸a pelo raio vetor que liga o centro do sistema ao elemento de a´rea, tem-se o momento que a pressa˜o atuando neste elemento de a´rea gera. dMs = r× (pdndS + pendS) = pdr× ndS + per× ndS = −ρ∂φinc ∂t r× ndS − ρ∂φdif ∂t r× ndS − ρ∂φrad ∂t r× ndS − ρgzr× ndS (6.56) Notemos que r× n = i(y nz − z ny) + j(z nx − xnz) + k(xny − y nx) (6.57) Assim, se utilizarmos a notac¸a˜o n1 = nx n2 = ny n3 = nz n4 = (y nz − z ny) n5 = (z nx − xnz) Texto Preliminar, SH Sphaier 77 n6 = (xny − y nx) podemos pensar em um elemento de forc¸a generalizada, um vetor de seis componentes em que as treˆs primeiras componentes significam forc¸as e as treˆs u´ltimas componentes significam momentos: dF = dF1 dF2 dF3 dF4 dF5 dF6 = p n1 dS pn2 dS pn3 dS pn4 dS pn5 dS pn6 dS = p nx dS pny dS pnz dS p (y nz − z ny) dS p (z nx − xnz) dS p (xny − y nx) dS (6.58) A partir dessas forc¸as generalizadas podemos obter as forc¸as e os momentos sobre o corpo inte- grando os elementos de forc¸a. Esta integrac¸a˜o fornece a forc¸a generalizada (forc¸a e momento) total atuando sobre o corpo: Fs = Fd + Fe = −ρ ∫ S0 ∂φinc ∂t ndS − ρ ∫ S0 ∂φdif ∂t ndS −ρ ∫ S0 ∂φrad ∂t ndS − ρg ∫ S0 zndS (6.59) Separando em parte hidrodinaˆmica e parte hidrosta´tica temos: - forc¸as hidrosta´ticas generalizadas (forc¸a e momento) Fe = −ρg ∫ S0 zndS (6.60) - forc¸as hidrodinaˆmicas generalizadas (forc¸a e momento) Fd,t = ∫ S0 pdndS = −ρ ∫ S0 ∂φT ∂t ndS (6.61) Como supomos, o potencial φT e´ dado por φT = φinc + φdif + φrad (6.62) e que o potencial de radiac¸a˜o pode ser escrito na forma: φrad = 6∑ i=1 η˙i(t)ϕi(x, y, z;ω) (6.63) 78 Texto Preliminar, SH Sphaier Assim, temos: pd = −iωρ [ (ϕinc + ϕdif + ϕrad) e iωt ] (6.64) = −iωρ(ϕinc + ϕdif ) eiωt − iωρ 6∑ i=1 η˙iϕi e iωt (6.65) A integral da pressa˜o fornece a forc¸a total Fs = Fd + Fe = −ρ ∫ S0 (iωφ+ gz)ndS (6.66) Para na˜o repetirmos sempre a expressa˜o forc¸a generalizada (forc¸a e momento), vamos sim- plesmente chamar de forc¸a. Separando em parte hidrodinaˆmica e parte hidrosta´tica temos: Forc¸a hidrodinaˆmica Fd = −ρ ∫ S0 iωφndS (6.67) Forc¸a hidrosta´tica Fe = −ρ ∫ S0 (gz)ndS (6.68) As forc¸as hidrodinaˆmicas sa˜o dadas por Fd = Finc + Fdif + Frad (6.69) e cada uma das parcelas e´ dada por: Finc = ∫ S0 pincndS = ∫ S0 −ρ∂φinc ∂t ndS = −iρω ∫ S0 ϕincndS e iωt (6.70) Fdif = ∫ S0 pdifndS = ∫ S0 −ρ∂φdif ∂t ndS = −iρω ∫ S0 ϕdifndS e iωt (6.71) Frad = ∫ S0 pradndS = ∫ S0 −ρ∂φrad ∂t ndS = 6∑ i=1 −iρωη˙i ∫ S0 ϕindS e iωt (6.72) isto e´: Fd = −iρω ∫ S0 ϕincndS e iωt − iρω ∫ S0 ϕdifndS e iωt + 6∑ i=1 −iρωη˙i ∫ S0 ϕindS e iωt (6.73) Texto Preliminar, SH Sphaier 79 6.3.2 Forc¸a de excitac¸a˜o Como dito acima, podemos dividir a forc¸a total em termos das contribuic¸o˜es do potencial da onda incidente e de sua difrac¸a˜o e potencial das ondas de radiac¸a˜o. O potencial de velocidades das ondas incidentes em a´guas profundas e´ dado por: φinc = i g ω ek0zζ0 e i(ωt−k0x cos(β)+k0y cos(β)) = ϕinc eiωt (6.74) Assim, obtemos para as forc¸as de excitac¸a˜o Fexc = −iρω [∫ S0 ϕincndS + ∫ S0 ϕdifndS ] eiωt (6.75) As forc¸as excitatrizes podem ser subdivididas em duas partes. Uma relativa a` onda incidente e a outra relativa ao potencial de difrac¸a˜o. A forc¸a devida a` onda incidente, tambe´m chamada de forc¸a de Froude-Krylov, e´ dada por Finc = −iρω ∫ S0 ϕincndS e iωt (6.76) As forc¸as de difrac¸a˜o sa˜o dadas por: Fdif = −iρω ∫ S0 ϕdifndS e iωt (6.77) Decompondo este vetor em suas seis componentes temos as seguintes expresso˜es Fdif,j = −iωρ ∫ S0 ∂ϕj ∂n ϕdifdS e iωt (6.78) Utilizando agora as relac¸o˜es de reciprocidade, as componentes das forc¸as sa˜o enta˜o dadas por: Fdif,j = −iωρ ∫ S0 ϕj ∂ϕdif ∂n dS eiωt (6.79) Com a condic¸a˜o de contorno junto ao corpo obtemos Fdif,j = iωρ ∫ S0 ϕj ∂ϕinc ∂n dS eiωt (6.80) 80 Texto Preliminar, SH Sphaier Forc¸a de Froude-Krylov Acima estabelecemos a expressa˜o do ca´lculo da forc¸a sobre o corpo a partir do conhecimento das presso˜es. Determinaremos agora a expressa˜o da forc¸a de onda segundo a hipo´tese de Froude-Krylov, isto e´ a forc¸a devida a´ onda incidente. A onda incide com um aˆngulo de ataque β, tal que β = 0 significa ondas de trave´s. A pressa˜o dinaˆmica devida a` onda incidente e´ dada pela integral da Equac¸a˜o de Euler linearizada pinc = −ρ∂φinc ∂t (6.81) e a forc¸a e´ enta˜o Finc = −ρ ∫ S0 ∂φinc ∂t ndS (6.82) Admitindo que o potencial de velocidades deve-se unicamente a` onda incidente, temos enta˜o p = pinc = ρgζ0 e k0z eiωt e−ik0x cosβ eik0y sinβ (6.83) Com a pressa˜o obtemos a forc¸a Finc = ρgζ0 ∫ S′ eik0(y sinβ−x cosβ) ek0zndS eiωt (6.84) Forc¸a de difrac¸a˜o A partir da pressa˜o de difrac¸a˜o e usando relac¸o˜es de reciprocidade entre os potenciais podemos expressar as forc¸as de difrac¸a˜o sem que necessitemos resolver o problema de valor de contorno para φdif . Cada componente e´ dada por Fdif,j = −iωρ ∫ S0 ϕj ∂ϕdif ∂n dS eiωt = iωρ ∫ S0 ϕj ∂ϕinc ∂n dS eiωt = iωρ ∫ S0 ϕj [ ∂ϕinc ∂x nx + ∂ϕinc ∂y ny + ∂ϕinc ∂z nz ] dS eiωt (6.85) Como ∂ϕinc ∂n = (−in1 cos β + in2 sin β + n3)k0ϕinc (6.86) Chegamos finalmente a expressa˜o Fdif,j = iρω ∫ S0 (−in1 cos β + in2 sin β + n3)k0ϕjϕincdS eiωt (6.87) Texto Preliminar, SH Sphaier 81 6.3.3 Forc¸a de radiac¸a˜o Seguindo o modelo acima, as forc¸as hidrodinaˆmicas sa˜o dadas por: Frad = 6∑ i=1 −iρω ∫ S0 ϕindSη˙i e iωt (6.88) Como o potencial de radiac¸a˜o pode ser escrito na forma φrad = 6∑ i=1 η˙i(t)ϕi(x, y, z;ω) (6.89) enta˜o Frad,j = 6∑ i=1 ρω2 ∫ S0 ϕinjdSηi e iωt = − 6∑ i=1 η¨i(t)ρ ∫ S0 ϕinjdS = − 6∑ i=1 η¨i(t)λji(ω; forma) (6.90) onde o coeficiente hidrodinaˆmico, λji(ω; forma), depende da forma e da frequeˆncia, e e´ dado por λji = ρ ∫ S0 ϕinjdS (6.91) Deve-se observar que para um movimento em uma direc¸a˜o aparecem reac¸o˜es hidrodinaˆmicas em todas as direc¸o˜es. Isto e´, se o corpo se move na direc¸a˜o 1, gera o potencial η˙i(t)ϕi(x, y, z;ω) (6.92) este potencial gera uma presso˜es. Essas presso˜es multiplicadas pela normal e o elemento de linha geram elementos de forc¸a que integradas gera uma forc¸a sobre o corpo com treˆs componentes. Essas presso˜es multiplicadas pela normal e o elemento de linha geram elementos de forc¸a que multiplicadas pelo brac¸o (distaˆncias de cada ponto na superf´ıcie do corpo ate´ o centro do sistema) e integradas geram momentos sobre o corpo nas treˆs direc¸o˜es, isto e´ com treˆs componentes . Para o caso de um corpo profundamente imerso λji(ω; forma) = Aji(forma) (6.93) sendo Aji conhecido como massa adicional. Atrave´s de uma formulac¸a˜o para problemas com superf´ıcie livre podemos mostrar que λji(ω; forma) = Aji(ω; forma) + 1 iω Bji(ω; forma) (6.94) 82 Texto Preliminar, SH Sphaier onde Bji e´ o amortecimento hidrodinaˆmico devido a energia cedida para a formac¸a˜o das ondas. Na forma vetorial temos: Frad = Frad,1 Frad,2 Frad,3 Frad,4 Frad,5 Frad,6 = −[A]η¨ − [B]η˙ (6.95) 6.3.4 Quantidades de Movimento Linear e Angular da Massa do Corpo Vamos agora desenvolver os primeiros membros das equac¸o˜es de conservac¸a˜o de quantidade de movimento linear e angular para o caso de um corpo em ondas regulares de pequenas amplitudes. Sob essas condic¸o˜es, linearizando o problema, desenvolveremos um modelo para ana´lise da dinaˆmica do navio no mar. Utilizamos dois sistemas de refereˆncia para descrever os movimentos do navio. Um sistema Oxyz, que se desloca com velocidade de avanc¸o igual a` do corpo U = constante, sobre a superf´ıcie livre do mar na condic¸a˜o de a´guas tranquilas. O eixo Oz esta´ voltado verticalmente para cima e o eixo Ox, encontra-se sobre o plano da linha da´gua apontando para vante, na direc¸a˜o do movimento do corpo. Um segundo sistema fixo ao corpo O ′ x ′ y ′ z ′ , que oscila e avanc¸a solida´rio ao corpo, sera´ considerado. E´ definido de tal forma que coincide com Oxyz quando o corpo passa pela posic¸a˜o me´dia. O centro de gravidade tem coordenadas (X ′ g, Y ′ g , Z ′ g) no sistema solida´rio. Passaremos agora a desenvolver as expresso˜es das diversas contribuic¸o˜es citadas anterior- mente. Inicialmente vamos desenvolver as expresso˜es para a determinac¸a˜o das variac¸o˜es das quantidades de movimento do corpo: ∫ B d dt (u dm) (6.96) e ∫ B d dt (r× u) dm (6.97) Nesta expressa˜o u e´ a velocidade de um ponto P fixo no corpo, que no sistema Oxyz, e´ dada por (6.3): u = U0 +Ω× r = η˙l +Ω× r (6.98) Texto Preliminar, SH Sphaier 83 Nesta expressa˜o fizemos U0 = η˙l sendo que ηl e´ o vetor de deslocamento linear ηl = η1i+ η2j+ η3k (6.99) O vetor r descrito nos dois sistemas acima definidos e´ dado por r = xi+ yj+ zk = x ′ i ′ + y ′ j ′ + z ′ k ′ (6.100) Multiplicando (6.100) escalarmente por i, j e k obtemos: x y z = i′ · i j′ · i k′ · ii′ · j j′ · j k′ · j i ′ · k j′ · k k′ · k x ′ y ′ z ′ (6.101) Multiplicando (6.100) escalarmente por i ′ , j ′ e k ′ obtemos: x ′ y ′ z ′ = i · i′ j · i′ k · i′i · j′ j · j′ k · j′ i · k′ j · k′ k · k′ x y z (6.102) As matrizes que aparecem em (6.101) e (6.102) sa˜o inversas. A transformac¸a˜o de coordenadas de um sistema para o outro, pressupo˜e entretanto que conhec¸amos os aˆngulos entre os vetores unita´rios, que sa˜o desconhecidos e que descrevem o movimento angular do corpo. Admitindo que a rotac¸a˜o assumida pelo corpo em cada instante e´ o resultado de treˆs rotac¸o˜es η4, η5 e η6, em sequeˆncia, a partir de uma situac¸a˜o onde os eixos O ′ x ′ , O ′ y ′ e O ′ z ′ inicialmente coincidem com os eixos Ox, Oy e Oz, e que estas rotac¸o˜es se da˜o em torno do eixo O ′ x ′ , do eixo O ′ y ′ e do eixo O ′ z ′ , podemos dizer que um vetor r, que na posic¸a˜o final tem coordenadas (x ′ , y ′ , z ′ ) no sistema solida´rio, tera´ coordenadas (x, y, z) no sistema Oxyz, relacionadas atrave´s de: x ′ y ′ z ′ = c(η6) s(η6) 0−s(η6) c(η6) 0 0 0 1 c(η5) 0 −s(η5)0 1 0 s(η5) 0 c(η5) 1 0 00 c(η4) s(η4) 0 −s(η4) c(η4) x y z (6.103) ou x ′ y ′ z ′ = [R] x y z = (6.104) onde introduzimos a matriz de rotac¸a˜o [R], dada por: [R] = c(η5)c(η6) c(η4)s(η6) + s(η4)s(η5)c(η6) s(η4)s(η6)− c(η4)s(η5)c(η6)−c(η5)s(η6) c(η4)c(η6)− s(η4)s(η5)s(η6) s(η4)c(η6) + c(η4)s(η5)s(η6) s(η5) −s(η4)c(η5) c(η4)c(η5) (6.105) 84 Texto Preliminar, SH Sphaier onde c(ηi) e s(ηi), significam o cosseno e o seno de ηi. Assim sendo, um ponto P do corpo que, em relac¸a˜o ao sistema solida´rio tem coordenadas (x ′ , y ′ , z ′ ), tera´ coordenadas (x, y, z) em relac¸a˜o ao sistema inercial, dadas por: xP yP zP = η1 η2 η3 + [R]−1 x ′ P y ′ P z ′ P (6.106) Sob a hipo´tese de pequenos deslocamentos, a expressa˜o acima toma a forma: xP yP zP = η1 η2 η3 + 1 −η6 η5η6 1 −η4 −η5 η4 1 x ′ P y ′ P z ′ P (6.107) = η1 η2 η3 + 1 0 00 1 0 0 0 1 x ′ P y ′ P z ′ P + 0 −η6 η5η6 0 −η4 −η5 η4 0 x ′ P y ′ P z ′ P (6.108) Assim, a diferenc¸a entre os vetores rP e r ′ P e´ dada por xP yP zP − x ′ P y ′ P z ′ P = η1 η2 η3 + 0 −η6 η5η6 0 −η4 −η5 η4 0 x ′ P y ′ P z ′ P (6.109) ou ∆r = ηl + ηa × r ′ P (6.110) Assim, podemos assumir que o movimento de rotac¸a˜o do corpo e´ dado pela soma vetorial de treˆs rotac¸o˜es em torno de cada um dos eixos, podendo o movimento angular ser representado por um vetor. Definimos este vetor por ηa ηa = η4i+ η5j+ η6k (6.111) O vetor velocidade angular Ω esta´ relacionado com as derivadas η˙4, η˙5 e η˙6 atrave´s de: Ωx = η˙4 cos(η5) cos(η6) + η˙5 sin(η6) (6.112) Ωy = −η˙4 cos(η5) sin(η6) + η˙5 cos(η6) (6.113) Ωz = η˙4 sin(η5) + η˙6 (6.114) confirmando que, para pequenos movimentos, podemos assumir: Ωx Ωy Ωz = η˙4 η˙5 η˙6 (6.115) Texto Preliminar, SH Sphaier 85 Isto e´, a velocidade angular Ω e´ dada pela soma das derivadas das treˆs componentes do vetor ηa: Ω = η˙a = η˙4i+ η˙5j+ η˙6k (6.116) Definindo as quantidades de movimento linear por Ll = ∫ B udm = L1i+ L2j+ L3k = ∫ B (η˙l + η˙a × r)dm (6.117) e angular por La = ∫ B r× udm = L4i+ L5j+ L6k = ∫ B r× (η˙l + η˙a × r)dm (6.118) onde o vetor velocidade do ponto P e´ dado por: u = η˙l +Ω× r = η˙l + η˙a × r = η˙1i+ η˙2j+ η˙3k+ (η˙4i+ η˙5j+ η˙6k)× r = i(η˙1 + z ′ η˙5 − y′ η˙6) + j(η˙2 + x′ η˙6 − z′ η˙4) + k(η˙3 + y′ η˙4 − x′ η˙5) (6.119) e o produto vetorial r× u = i{y′(η˙3 + y′ η˙4 − x′ η˙5)− z′(η˙2 + x′ η˙6 − z′ η˙4)} +j{z′(η˙1 + z′ η˙5 − y′ η˙6)− z′(η˙3 + y′ η˙4 − x′ η˙6)} +k{x′(η˙2 + x′ η˙6 − z′ η˙4)− y′(η˙1 + z′ η˙5 − y′ η˙6)} (6.120) teremos L1 = ∫ B (η˙1 + z ′ η˙5 − y′ η˙6)dm = η˙1 ∫ B dm+ η˙5 ∫ B z ′ dm− η˙6 ∫ B y ′ dm (6.121) L2 = ∫ B (η˙2 + x ′ η˙6 − z′ η˙4)dm = η˙2 ∫ B dm+ η˙6 ∫ B x ′ dm− η˙4 ∫ B z ′ dm (6.122) L3 = ∫ B (η˙3 + y ′ η˙4 − x′ η˙5)dm = η˙3 ∫ B dm+ η˙4 ∫ B y ′ dm− η˙5 ∫ B x ′ dm (6.123) L4 = ∫ B {y′(η˙3 + y′ η˙4 − x′ η˙5)− z′(η˙2 + x′ η˙6 − z′ η˙4)}dm = − ∫ B z ′ dmη˙2 + ∫ B y ′ dmη˙3 + ∫ B (y ′2 + z ′2)dmη˙4 − ∫ B y ′ x ′ dmη˙5 − ∫ B z ′ x ′ dmη˙6 (6.124) L5 = ∫ B {z′(η˙1 + z′ η˙5 − y′ η˙6)− x′(η˙3 + y′ η˙4 − x′ η˙6)}dm = − ∫ B z ′ dmη˙1 + ∫ B x ′ dmη˙3 − ∫ B y ′ x ′ dmη˙4 + ∫ B (x ′2 + z ′2)dmη˙5 − ∫ B z ′ y ′ dmη˙6 (6.125) 86 Texto Preliminar, SH Sphaier L6 = ∫ B {x′(η˙2 + x′ η˙6 − z′ η˙4)− y′(η˙1 + z′ η˙5 − y′ η˙6)}dm = − ∫ B y ′ dmη˙1 + ∫ B x ′ dmη˙2 − ∫ B z ′ x ′ dmη˙4 − ∫ B z ′ y ′ dmη˙5 + ∫ B (x ′2 + y ′2)dmη˙6 (6.126) Introduzindo as seguintes definic¸o˜es: ∫ B dm = M∫ B x ′ dm = M Xg∫ B z ′ dm = M Zg∫ B y ′ dm = M Yg∫ B (y ′2 + z ′2)dm = I44∫ B (x ′2 + z ′2)dm = I55∫ B (x ′2 + y ′2)dm = I66∫ B x ′ y ′ dm = I45 = I54∫ B x ′ z ′ dm = I46 = I64∫ B y ′ z ′ dm = I56 = I65 onde M e´ a massa do corpo, Xg, Yg e Zg sa˜o as coordenadas do centro de gravidade do corpo e Iij sa˜o os produtos e momentos de ine´rcia. Assim sendo, vale a expressa˜o {L} = { Ll La } = [M]{η˙} = [M] { η˙l η˙a } (6.127) onde introduzimos a matriz de ine´rcia [M] = [Mij], onde seus termos definem a massa, os produtos e os momentos de ine´rcia, [M] = [Mij] = M 0 0 0 MZg −MYg 0 M 0 −MZg 0 MXg 0 0 M MYg −MXg 0 0 −MZg MYg I44 −I45 −I46 MZg 0 −MXg −I54 I55 −I56 −MYg MXg 0 −I64 −I65 I66 (6.128) Texto Preliminar, SH Sphaier 87 Com isto enta˜o d dt {L} = [M]{η¨} (6.129) 6.3.5 Restaurac¸a˜o: Ac¸a˜o das forc¸as hidrosta´ticas e das forc¸as de corpo Quando um corpo flutuante abandona sua posic¸a˜o de equil´ıbrio esta´tico, a ac¸a˜o de seu peso e das reac¸o˜es de origem hidrosta´ticas tendem a restaurar sua posic¸a˜o original. A estas reac¸o˜es da´-se o nome de forc¸as e momentos de restaurac¸a˜o. Assim, a obtenc¸a˜o das forc¸as e momentos de restaurac¸a˜o passa pela determinac¸a˜o das forc¸as dos momentos de origem hidrosta´tica, obtidos atrave´s da integrac¸a˜o das presso˜es hidrosta´ticas ao longo da superf´ıcie instantaˆnea do corpo: Fe = ∫ Sc pndS (6.130) Me = ∫ Sc pr× ndS (6.131) Utilizaremos aqui os mesmos dois sistemas de refereˆncia utilizados na determinac¸a˜o das quan- tidades de movimento, ver figura (??). Como a pressa˜o hidrosta´tica e´ dada por p = −ρgz, temos que: Fe = −ρg ∫ Sc zndS (6.132) Me = −ρg ∫ Sc zr× ndS (6.133) onde r e´ o vetor posic¸a˜o de um ponto do casco relativo ao referencial Oxyz. Como os movimentos oscilato´rios lineares e angulares sa˜o de pequenas amplitudes vale: r = r ′ + ηl + ηa × r ′ (6.134) onde: ηl = (η1, η2, η3) e´ o vetor que fornece os deslocamentos lineares do ponto O ′ relativamente a O. ηa = (η4, η5, η6) e´ o vetor que dos deslocamentos angulares do referencial O ′ x ′ y ′ z′ relativa- mente a Oxyz. 88 Texto Preliminar, SH Sphaier r ′ e´ o vetor que fornece a posic¸a˜o de um ponto qualquer do casco com relac¸a˜o a O ′ , quando o corpo se encontra em sua posic¸a˜o inicial de equil´ıbrio. x = x ′ + η1 + η5z ′ − η6y′ (6.135) y = y ′ + η2 + η6x ′ − η4z′ (6.136) z = z ′ + η3 + η4y ′ − η5x′ (6.137) A coordenada z, que aparece nas expresso˜es (6.132) e (6.133), encontra-se fixa no espac¸o, enquanto a superf´ıcie molhada do corpo Sc(x, y, z, t) oscila. Para que se possa calcular as integrais de superf´ıcie por meio da aplicac¸a˜o do teorema de Gauss, deve-se utilizar o artif´ıcio de fechar a superf´ıcie Sc, acrescentando-se parte do plano de linha da´gua pertencente ao plano z = 0, observando-se, no entanto, que os integrandos em (6.132) e (6.133) se anulara˜o. Aplicando as duas variantes do teorema de Gauss∫ V ∇fdV = − ∫ S fndS (6.138) ∫ V ∇× fdV = − ∫ S n× fdS (6.139) respectivamente a`s expresso˜es (6.132) e (6.133) vamos obter: Fe = −ρg ∫ Sc zndS = ρg ∫ Vc ∇zdV (6.140) Me = −ρg ∫ Sc zr× ndS = ρg ∫ Vc ∇× (zr)dV (6.141) onde Vc e´ o volume instantaˆneo deslocado pelo corpo. Desenvolvendo o termo ∇× (zr) no sistema inercial teremos: Me = ρg ∫ Vc (−iy + jx) dV (6.142) As integrais volume´tricas em (6.140) e (6.141) podem ser calculadas em termos das coorde- nadas fixas ao corpo fazendo-se uma decomposic¸a˜o do volume instantaˆneo Vc num volume constante V0, igual ao volume sob o plano z ′ = 0, mais a variac¸a˜o desse volume dada pela regia˜o entre os planos z = 0 e z ′ = 0. Texto Preliminar, SH Sphaier 89 Usando as relac¸o˜es (6.137) a contribuic¸a˜o hidrosta´tica de restaurac¸a˜o sera´ dada por: Fe = ρgk [ V0 − ∫ Sw (η3 + η4y ′ − η5x′)dx′dy′ ] (6.143) e a contribuic¸a˜o para o momento de restaurac¸a˜o sera´: Me = −ρg {∫ V0 [ −i(η2 + y′ + η6x′ − η4z′) + j(η1 + x′ + η5z′ − η6y′) ] dV − ∫ Sw (η3 + η4y ′ − η5x′)[−i(η2 + y′) + j(η1 + x′)]dx′dy′ } (6.144) onde Sw e´ a superf´ıcie da linha da´gua na condic¸a˜o de equil´ıbrio do corpo e V0 e´ o volume deslocado na mesma condic¸a˜o. As equac¸o˜es (6.143) e (6.144) podem ser expressas como segue: Fe = ρgk [ V0 − η3 ∫ Sw dx ′ dy ′ − η4 ∫ Sw y ′ dx ′ dy ′ + η5 ∫ Sw x ′ dx ′ dy ′ ] (6.145) Me = ρgi [ −η2 ∫ V0 dV − ∫ V0 y ′ dV − η6 ∫ V0 x ′ dV + η4 ∫ V0 z ′ dV +η3 ∫ Sw y ′ dx ′ dy ′ + η4 ∫ Sw y ′2dx ′ dy ′ − η5 ∫ Sw x ′ dx ′ dy ′ ] +ρgj [ η1 ∫ V0 dV + ∫ V0 x ′ dV + η5 ∫ V0 z ′ dV − η6 ∫ V0 y ′ dV −η3 ∫ Sw x ′ dx ′ dy ′ − η4 ∫ Sw x ′ y ′ dx ′ dy ′ + η5 ∫ Sw x ′2dx ′ dy ′ ] (6.146) Como o centro de carena (xb, yb, zb) e´ dado por x ′ b = 1 V0 ∫ V0 x ′ dV (6.147) y ′ b = 1 V0 ∫ V0 y ′ dV (6.148) z ′ b = 1 V0 ∫ V0 z ′ dV (6.149) como Sw = ∫ Sw dx ′ dy ′ (6.150) 90 Texto Preliminar, SH Sphaier V0 = ∫ V0 dV (6.151) e definindo: Sx′ = ∫ Sw x ′ dx ′ dy ′ (6.152) Sy′ = ∫ Sw y ′ dx ′ dy ′ (6.153) Sx′x′ = ∫ Sw x ′2dx ′ dy ′ (6.154) Sy′y′ = ∫ Sw y ′2dx ′ dy ′ (6.155) Sx′y′ = ∫ Sw x ′ y ′ dx ′ dy ′ (6.156) temos Fe = ρgk ( V0 − η3Sw − η4Sy′ + η5Sx′ ) (6.157) Me = ρgi [ −η2V0 − y′bV0 − η6x ′ bV0 + η4z ′ bV0 + η3Sy′ + η4Sy′y′ − η5Sx′y′ ] +ρgj [ η1V0 + x ′ bV0 + η5z ′ bV0 − η6y ′ bV0 − η3Sx′ − η4Sx′y′ + η5Sx′x′ ] (6.158) Podemos incorporar agora a contribuic¸a˜o devida a` ac¸a˜o das forc¸as gravitacionais, isto e´, a ac¸a˜o do peso, e a`s forc¸as e aos momentos de restaurac¸a˜o. Fp = −Mgk (6.159) onde M e´ a massa do corpo. Para o ca´lculo do momento do peso relativamente ao ponto O fixo no espac¸o devemos conhecer o raio-vetor entre o centro de gravidade G e o ponto O origem do referencial Oxyz. Suas coordenadas sa˜o: xg = x ′ g + η1 + η5z ′ g − η6y ′ g (6.160) yg = y ′ g + η2 + η6x ′ g − η4z ′ g (6.161) zg = z ′ g + η3 + η4y ′ g − η5x ′ g (6.162) onde: rG = (xG, yG, zG) define a posic¸a˜o instantaˆnea do centro de gravidade G em relac¸a˜o ao referencial Oxyz r ′ G = (x ′ G, y ′ G, z ′ G) define a posic¸a˜o instantaˆnea do centro de gravidade G em relac¸a˜o ao referencial O ′ x ′ y ′ z ′ quando o corpo se encontra em sua posic¸a˜o me´dia. Texto Preliminar, SH Sphaier 91 O momento do peso sera´ dado por: Mp = rg × Fp (6.163) Desenvolvendo (6.163) teremos: Mp = −Mgrg × k = −iMg(y′g + η2 + η6x ′ g − η4z ′ g) + jMg(x ′ g + η1 + η5z ′ g − η6y ′ g) (6.164) Somando os termos de forc¸a e momento do peso a`s forc¸as e momentos hidrosta´ticos teremos enta˜o as forc¸as e momentos de restaurac¸a˜o propriamente ditos: Fr = −Mgk+ ρgk ( V0 − η3Sw − η4Sy′ + η5Sx′ ) (6.165) Mr = i [ −ρgη2V0 − ρgy′bV0 − ρgη6x ′ bV0 + ρgη4z ′ bV0 − y ′ gMg − η2Mg − η6x ′ gMg + η4z ′ gMg +ρgη3Sy′ + ρgη4Sy′y′ − ρgη5Sx′y′ ] +j [ ρgη1V0 + ρgx ′ bV0 + ρgη5z ′ bV0 − ρgη6y ′ bV0 + x ′ gMg + η1Mg + η5z ′ gMg − η6y ′ gMg −ρgη3Sx′ − ρgη4Sx′y′ + ρgη5Sx′x′ ] (6.166) Para um corpo flutuando livremente temos ρgV0 =Mg (6.167) x ′ g = x ′ b (6.168) y ′ g = y ′ b (6.169) Substituindo estas expresso˜es em (6.165) e (6.166) teremos: Fr = ρgk (−η3Sw − η4Sy′ + η5Sx′) (6.170) Mr = i [ η4Mg(z ′ b − z ′ g) + ρgη3Sy′ + ρgη4Sy′y′ − ρgη5Sx′y′ ] +j [ η5Mg(z ′ b − z ′ g)− ρgη3Sx′ − ρgη4Sx′y′ + ρgη5Sx′x′ ] (6.171) Utilizando a notac¸a˜o Fr,i = 6∑ j=1 Cijηj i = 1, 6 (6.172) temos C33 = ρgSw (6.173) 92 Texto Preliminar, SH Sphaier C34 = C43 = ρgSy′ (6.174) C35 = C53 = ρgSx′ (6.175) C44 =Mg(z ′ b − z ′ g) + ρgSy′y′ (6.176) C45 = C54 = ρgSx′y′ (6.177) C55 =Mg(z ′ b − z ′ g) + ρgSx′x′ (6.178) e os restantes Cij nulos. Para corpos com um plano de simetria C34 = C43 = 0 (6.179) 6.4 Equac¸o˜es de Movimento no Domı´nio da Frequeˆncia Nas sec¸o˜es anteriores desenvolvemos expresso˜es para as forc¸as hidrosta´ticas, hidrodinaˆmicas e inerciais. As equac¸o˜es que representam campos de velocidades e presso˜es foram linearizadas e os efeitos viscosos desprezados. O problema hidrodinaˆmico tornou-se determinar potenciais de veloci- dades. Considerando-se que o problema hidrodinaˆmico e´ linear, pode-se supor que a onda incidente e´ monocroma´tica, isto e´, todas suas propriedades variam com o tempo de forma harmoˆnica. Assim as presso˜es variam harmonicamente com o tempo, assumindo a forma: pinc(x, y, z, t) = finc(x, y, z) e iωt (6.180) A onda incidente ao encontrar o corpo sofre difrac¸a˜o e a onda difratada e´ tambe´m harmoˆnica, gerando presso˜es que variam harmonicamente: pdif (x, y, z, t) = fdif (x, y, z) e iωt (6.181) A soma desses dois campos gera o campo de presso˜es de excitac¸a˜o, tambe´m harmoˆnicas pexc(x, y, z, t) = fexc(x, y, z) e iωt = [finc(x, y, z) + fdif (x, y, z)] e iωt (6.182) A integrac¸a˜o das presso˜es hidrodinaˆmicas gera forc¸as harmoˆnicas que, atuando sobre o corpo, va˜o impor um movimento harmoˆnico ao corpo. O movimento harmoˆnico do corpo gera forc¸as de radiac¸a˜o harmoˆnicas. Assim, todas as propriedades, velocidades das part´ıculas fluidas, Texto Preliminar, SH Sphaier 93 movimentos do corpo, forc¸as de excitac¸a˜o, forc¸as de radiac¸a˜o, forc¸as de restaurac¸a˜o e forc¸as inerciais, sa˜o harmoˆnicas. Outro aspecto que se deve considerar e´ que a onda incidente atua por um longo tempo de tal forma que a resposta transiente (soluc¸a˜o homogeˆnea da equac¸a˜o de movimento a`s condic¸o˜es iniciais) evanesce e nos concentramos na resposta harmoˆnica a` excitac¸a˜o harmoˆnica (soluc¸a˜o particular). Reunindo as expresso˜es das forcas hidrodinaˆmicas, hidrosta´ticas e do peso e aplicando as leis de conservac¸a˜o das quantidades de movimento linear e angular obtemos: Mij η¨j = −(Aij η¨j +Bij η˙j)− Cijηj + Finc,i + Fdif,i (6.183) ou (Mij + Aij) η¨j +Bij η˙j + Cijηj = Fexc,i (6.184) Observando as forc¸as de excitac¸a˜o e as forc¸as de radiac¸a˜o vemos que esta equac¸a˜o foi de- senvolvida para uma excitac¸a˜o harmoˆnica. Tratando-se de um sistema linear respondera´ harmonicamente a` excitac¸a˜o. As forc¸as de excitac¸a˜o e as respostas sa˜o enta˜o escritas na forma: Fexc,i = Finc,i + Fdif,i = F0i e iωt (6.185) ηj = η0j e i(ωt) (6.186) com isto pode-se escrever: η˙j = iωηj (6.187) η¨j = −ω2ηj (6.188) substituindo nas expressa˜o acima da equac¸a˜o de movimento:[− (Mij + Aij)ω2 + iωBij + Cij] η0j ei(ωt) = F0i eiωt (6.189) Vemos que a dependeˆncia do tempo se concentra na func¸a˜o exponencial que pode ser can- celada na equac¸a˜o, obtendo-se uma equac¸a˜o alge´brica para obtenc¸a˜o da resposta para cada frequeˆncia: η0j = [− (Mij + Aij)ω2 + iωBij + Cij]−1 F0i (6.190) Como a expressa˜o na˜o depende do tempo, somente da frequeˆncia, diz-se que se esta´ resolvendo o problema no domı´nio do tempo. Deve-se observar que tanto a forc¸a de excitac¸a˜o bem como a frac¸a˜o sa˜o func¸o˜es complexas. O vetor de forc¸as e momentos F0i e´ complexo e seu mo´dulo forma o vetor de intensidade e a relac¸a˜o entre a parte imagina´ria e a parte real fornecem a fase da forc¸a em relac¸a˜o a` onda. De maneira similar o vetor de respostas, conte´m a intensidade da resposta para os seis graus de liberdade do corpo, bem como a informac¸a˜o da fase dos movimentos em relac¸a˜o a` onda. Como a forc¸a de onda pode ser escrita como: F0i = f(ω, forma do corpo)ζ0 (6.191) 94 Texto Preliminar, SH Sphaier onde f(ω, forma do corpo) e´ a func¸a˜o de transfereˆncia entre a onda e a forc¸a sobre o corpo. η0j ζ0 = [− (Mij + Aij)ω2 + iωBij + Cij]−1 f(ω, forma do corpo) (6.192) Teˆm-se enta˜o a relac¸a˜o entre os seis movimentos do corpo e a amplitude da onda em func¸a˜o da frequeˆncia. Esta func¸a˜o e´ chamada de func¸a˜o de transfereˆncia, fator de amplificac¸a˜o e operador de resposta de amplitude (RAO - response amplitude operator).