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E&J * EfisÁo Superior 8uraau JtaSSeo CAPITULO II Direito Financeiro 1. CO N C EITO DE DIREITO FINANCEIRO O Direito Financeiro deve ser estudado sob duas óticas diferen tes, conforme seja entendido como ordenamento e como ciência. Da mesma forma que qualquer outro sistema jurídico (Direito Civil, Pe nal, Comercial etc.), o Direito Financeiro se abre para a classificação que distingue entre o sistema objetivo e o científico (ou sistemas inter no e externo). O sistema objetivo compreende as normas, a realidade, os conceitos e os institutos jurídicos. Sistema científico é o conheci mento, a ciência, o conjunto de proposições sobre o sistema objetivo, o discurso sobre a própria ciência. Tendo em vista que a característica básica de qualquer sistema jurídico é o pluralismo, o Direito Financeiro também se pluraliza, di vidindo-se em inúmeros ramos e disciplinas, que por seu turno convi vem com as outras ordens jurídicas parciais no ambiente da interdisci- plinaridade, como veremos adiante. O problema das relações entre o ordenamento e a ciência, entre o sistema objetivo e o subjetivo, bem como o da supremacia de um deles sobre o outro, é de índole filosófica e escapa ao interesse imediato deste compêndio. Importante observar, todavia, que o relacionamen to deve se desenvolver sempre de modo crítico e sob a perspectiva da teoria e da prática. 11 2. O DIREITO FINANCEIRO CO M O ORDENAMENTO O Direito Financeiro, como sistema objetivo, é o conjunto de nor mas e princípios que regulam a atividade financeira. Incumbe-lhe dis ciplinar a constituição e a gestão da Fazenda Pública, estabelecendo as regras e procedimentos para a obtenção da receita pública e a realiza ção dos gastos necessários à consecução dos objetivos do Estado. Discute-se muito a respeito da autonomia do Direito Financeiro e da possibilidade de consistir em um sistema com normas e institutos próprios. De um lado autores como Amilcar de Araújo Falcão e D. Jarach negam a independência fenomênica do Direito Financeiro,, que se dilui no Direito Administrativo, no Processual, no Constitucional etc. D e outra parte aparecem os autonomistas, como Baleeiro, Trota- bas e Griziotti, que defendem a independência dogmática do Direito Financeiro, dando-lhe, porém, status meramente formal, a ser com plementado pela economia financeira e pela política. Mas a verdade está na tese do pluralismo, segundo o qual o Direito Financeiro, embo ra autônomo, está em íntimo relacionamento com os demais subsiste- mas jurídicos e extrajurídicos: é autônomo porque possui institutos e princípios específicos, como os da capacidade contributiva, economi- cidade, equilíbrio orçamentário, que não encontram paralelo em ou tros sistemas jurídicos; mas, sendo instrumental, serve de suporte para a realização dos valores e princípios informadores dos outros ra mos do Direito. O Direito Financeiro se divide em vários ramos: Í Direito Tributário Direito Patrimonial Público Direito do Crédito Público Direito da Dívida Pública Direito das Prestações Finan ceiras Direito Orçamentário O Direito Tributário ou Fiscal é o ramo mais desenvolvido, que oferece normas melhor elaboradas, em homenagem à segurança dos direitos individuais. Já está codificado em diversos países. Quanto à denominação, as expressões Direito Tributário e Direito Fiscal podem ser tomadas quase como sinônimas, dependendo principalmente do gosto nacional: no Brasil vulgarizou-se a referência ao Direito Tributá rio, enquanto os franceses preferem Direito Fiscal (Droit Fiscal); há, 12 Direito Financeiro Despesa Pública entretanto, vozes que pretendem atribuir ao Direito Fiscal conteúdo mais extenso a abranger todas as atividades do Fisco, inclusive as per tinentes aos gastos públicos. O Direito Tributário é o conjunto de nor mas e princípios que regulam a atividade financeira relacionada com a instituição e cobrança de tributos: impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios. O Direito Tributário se subdivide em m a terial e formal: aquele, a compreender as normas e princípios sobre a instituição e a disciplina jurídica dos tributos; o direito tributário for mal cuida dos deveres instrumentais e dos procedimentos de arreca dação dos tributos. O Direito Patrimonial Público é o ramo do Direito Financeiro que disciplina a receita originária do próprio patrimônio do Estado. O pre ço público cobrado pela prestação de serviço inessencial, as contra- prestações financeiras pela utilização de bens do Estado, os aluguéis e as demais fontes da receita originária fornecem o conteúdo do Direito Patrimonial Público. O Direito do Crédito Público é o ramo do Direito Financeiro que regula a emissão dos títulos públicos e a captação de empréstimo no mercado aberto de capitais ou diretamente nos estabelecimentos ban cários nacionais e estrangeiros. O Direito da Dívida Pública, pulverizado em inúmeras normas não codificadas, compreende a disciplina da dívida do Estado, desde o empenho até o pagamento das obrigações. O Direito das Prestações Financeiras é o conjunto de princípios e normas sobre as transferências de recursos do Tesouro Público, que não representem contraprestação de aquisição de bens e serviços. Abrange as subvenções a governos e a particulares, as participações sobre o produto da arrecadação, os incentivos fiscais e as despesas invisíveis, como os subsídios e as isenções. O Direito das Prestações Financeiras é complementar ao Direito Tributário: este não pode ser compreendido nem medido em seu grau de centralismo e de magna nimidade sem a consideração dos mecanismos financeiros que o com plementam, especialmente as participações dos entes políticos meno res sobre a arrecadação de tributos alheios e a distribuição de benefí cios a terceiros. 3. O DIREITO FINANCEIRO CO M O CIÊN C IA A Ciência do Direito Financeiro estuda as normas e os princípios que regulam a atividade financeira. Elabora o discurso sobre as regras da constituição e da gestão da Fazenda Pública. 13 O sistema científico do Direito Financeiro é normativo. É sistema do dever-ser no sentido deontológico e axiológico. A recuperação do equilíbrio entre ser e dever-ser ou entre juízos de realidade e de valor só a produzirá a ciência normativa, superando o neutralismo e a utopia cientificista. Esse aspecto da Ciência do Direito Financeiro é deveras importante, pois, aqui e no estrangeiro, contrasta com posições positi vistas antagônicas e radicais: l â — a do normativismo, que apresenta o Direito Financeiro como ciência “do” normativo, descritiva do dever- ser lógico e formal, na linha do pensamento de Kelsen e de seus segui- S dores; 2â — a do formalismo, que separa rigidamente a Ciência das i | Finanças do Direito Financeiro, cabendo a este o estudo da essência | | dos impostos ou a exposição dos princípios e das normas referentes à imposição (A. D. Giannini, A. A. Falcão); 3â — a do causalismo, que, sob a inspiração da sociologia e da economia utilitarista, examina a norma financeira como reflexo de causas sociais e históricas (Griziotti | nn , 1 'xe IrotabasJ. A Ciência do Direito Financeiro é aberta. Vai buscar fora de si, na ética e na filosofia, os seus fundamentos e a definição básica dos valo res. Temas como o da justiça fiscal, da redistribuição de rendas, do federalismo financeiro, da moralidade nos gastos públicos voltam a ser examinados sob a perspectiva da Ética, da Filosofia Política e da Teoria | da Justiça, que recuperam o seu prestígio nos últimos anos. A Ciência do Direito Financeiro é pluralista. Abre-se para o plu- | ralismo metodológico, apoiando-se em vários m étodos — racionais e empíricos, dedutivos e indutivos, explicativos e normativos. Admite o pluralismo de doutrinas e a crítica permanente, pois a sua identifica ção com uma só doutrina conduz ao fechamento totalitário e ao absur- |g do de se aceitar o sistema científico global; não há nenhuma proposta §f teórica pronta e acabada sobre o Direito Financeiro, mas uma perma- |§ nente, democrática e aberta discussão sobre os valores fundamentais jj do Estado Social de Direito. Com preende uma pluralidade de subsis- | temas científicos, orgânica e coerentemente agrupados, a estudar as Jj normas e os princípios reguladores da receita e da despesa pública. jj Com respeito ao problema da autonomia didática do Direito Fi- I nanceiro, várias são as posições. D e um lado colocam-se os que defen- § dem a tese do fraccionamento, segundo a qual o Direito Financeiro | não tem existência autônoma, diluindo-se na Ciência do Direito Ad- | ministrativo, na Teoria da Constituição e em outras disciplinas jurídi- j cas. Outros defendem-lhe a autonomia científica, unificando-a, em- | bora, com a Ciência das Finanças (Griziotti e Trotabas). Mas a tese § 14 mais coerente é a da interdisciplinaridade, em que a Ciência do Direi to Financeiro aparece em permanente diálogo com as outras discipli nas jurídicas e extrajurídicas, mercê do coeficiente de normatividade que a todas informa: tanto o Direito Financeiro quanto as ciências próximas (Economia, Finanças e Política) apresentam um núcleo co mum de normatividade, ou seja, contêm elementos para a programa ção da vida social e para o estabelecimento de regras do dever-ser, o que se traduz em interdisciplinaridade. A Ciência do Direito Financeiro pode ser dividida em tantos sub- sistemas quantos são os do fenônemo do Direito Financeiro, que vi mos antes (p. 12). Do lado da receita pública vamos encontrar a Ciên cia do Direito Tributário, a Teoria do Direito Patrimonial Público e a Teoria do Crédito Público. Na vertente da despesa, a Teoria da Dívida Pública e a Teoria do Direito das Prestações Públicas. Com o síntese, a Teoria do Orçamento. D e todas elas foi a Ciência do Direito Tributá rio a que conseguiu maior grau de aperfeiçoamento doutrinário. A Ciência do Direito Financeiro é relativamente recente no pano rama do sistema jurídico externo. Surge na primeira década do século X X , com o livro do austríaco Myrbach-Rheinfeld traduzido para o francês (p. 32). Desenvolve-se extraordinariamente na Alemanha, ini cialmente pelo trabalho de Enno Becker, autor do Código Tributário de 1919; depois afirma-se pela obra de juristas do porte de Hensel, Nawiasky e O. Bühler; sofre, mais tarde, a influência perversa do na cional socialismo, que atinge inclusive o grande jurista E. Becker; re cupera o seu prestígio após a 2- Guerra Mundial, sendo hoje os seus mais importantes representantes os professores K. Tipke (Universida de de Colônia, aposentado) e Paul Kirchhof (Universidade de Heidel- berg). Na Itália o Direito Financeiro e a Ciência das Finanças tiveram notável progresso nas décadas de 30 e 40 (A.D. Giannini, B. Griziotti, E. Vanoni, Einaudi, A. Berliri), embora em parte prejudicados pela emergência do facismo; nas últimas décadas vem perdendo o seu vigor teórico. Ao m esmo tem po em que perdia prestígio o Direito Financei ro na Itália crescia o interesse pelo seu estudo na Espanha, que tem hoje uma brilhante geração influenciada por Sainz de Bujanda. Nos Estados Unidos os estudos financeiros se diluem na Ciência das Finan ças e na Economia (Musgrave, Pechman, Surrey, Buchanan) ou no D i reito Constitucional (Tribe). A Argentina tem tido juristas importan tes (Giuliani Fonrouge, D. Jarach). No Brasil a meditação jurídica so bre as finanças públicas encontra o seu momento mais alto, do ponto de vista constitucional, na obra de Rui Barbosa, nosso primeiro Minis tro da Fazenda republicano; importante foi a geração liberal surgida 15 com a queda do Estado Novo (A. Baleeiro, Bilac Pinto, A. Deodato e, mais tarde, Amilcar Falcão, Flávio Bauer Novelli e Ruy Barbosa No gueira); grande brilho alcançou, pelo trabalho interdisciplinar, a Co missão que elaborou o Código Tributário Nacional (Rubens Gomes de Souza, Gilberto de Ulhoa Canto e Gerson Augusto da Silva); nos últi mos anos a Ciência do Direito Financeiro, especialmente em seu ramo tributário, derivou para o positivismo formalista e normativista, em nítido contraste com a doutrina estrangeira, com raras exceções, como é o caso de Ives Gandra da Silva Martins. 4. RELAÇÕES COM OUTROS RAMOS DO DIREITO E COM OUTRAS DISCIPLINAS JURÍDICAS 4.1. Direito Constitucional A Constituição brasileira regula minuciosamente a matéria finan ceira. Cria o sistema tributário nacional, estabelece as limitações ao poder tributário, proclama os princípios financeiros básicos, faz a par tilha dos tributos e da arrecadação tributária, dispõe sobre o crédito público, desenha todo o contorno jurídico do orçamento e disciplina a fiscalização da execução orçamentária (arts. 70 a 75 e 145 a 169). Só a Constituição da Alemanha é que se aproxima da brasileira, pelo ca suísmo de sua regulamentação. As normas e princípios financeiros in cluídos no texto básico são formalmente constitucionais, posto que aparecem explicitamente e deflagram o controle judicial da constitu- cionalidade se contrariados pelas normas ordinárias; mas também são constitucionais do ponto de vista material, eis que constituem um certo tipo de organização estatal — o Estado Social Fiscal — e algumas delas têm eficácia meramente declaratória, por emanarem diretamen te dos direitos fundamentais e dos valores jurídicos (as normas de imunidade, de proibição de privilégios odiosos e dos princípios da jus tiça e da segurança jurídica). Pode-se, portanto, falar de um Direito Constitucional Financeiro, com a prevalência da dimensão constitu cional das normas financeiras. Mas o leitor encontrará também opi niões no sentido da existência de um Direito Financeiro Constitucio nal (A. Baleeiro), em que apenas formalmente as normas teriam digni dade constitucional, mantendo o seu conteúdo financeiro. Os estudos sobre as normas e os princípios financeiros da Consti tuição compõem o corpo de doutrina da Teoria da Constituição Finan ceira ou da Ciência do Direito Constitucional Financeiro, expressões 16 que já denotam a opção em termos metodológicos. A disciplina tem por objeto o estudo do Direito Financeiro sob o prisma da Constitui ção, isto é, preocupa-se com os aspectos constitucionais das finanças públicas, e não meramente com os aspectos financeiros da Constitui ção. Essas duas linhas de raciocínio é que marcam todos os estudos sobre o tema, dando lugar à Ciência do Direito Constitucional Finan ceiro ou à Ciência do Direito Financeiro Constitucional. Os constitu- cionalistas costumam dar mais atenção aos aspectos constitucionais das finanças; entre os tributaristas e financistas muitos privilegiam os aspectos financeiros da Constituição. O Direito Financeiro se relaciona também com os outros aspectos do Direito Constitucional ou com as outras Subconstituições. Com o Direito Constitucional Político as relações são estreitas, pois questões como a da democracia, do autoritarismo, do federalismo e do equilí brio entre os poderes envolvem sempre aspectos financeiros. A mes ma coisa acontece com o Direito Constitucional Econômico, mor mente em assuntos básicos como os do intervencionismo, do mercado social, da livre iniciativa e da extrafiscalidade. 4.2. Direito Civil Importantíssimas as relações entre o Direito Financeiro, princi palmente o seu ramo tributário, e o Direito Civil, que, inclusive, se colocam em perfeita simetria e paralelismo com outros conjuntos de problemas: o da interpretação do Direito Tributário, especialmente no que concerne à problemática da interpretação econômica; o das san ções e da ilicitude da elisão, que é abuso de forma jurídica. As escolas e as correntes, que ofereceram as principais respostas, podem ser agrupadas em três direções diferentes, não obstante o fato de haver profunda divergência entre alguns de seus membros. Uma das respos tas enfatiza a importância do Direito Tributário, a outra, a do Direito Civil, e a última defende a interdisciplinaridade. a) Autonomia do Direito Tributário. A primeira orientação afir- ma-se no sentido da autonomia do Direito Tributário, que formaria os seus conceitos independentemente do Direito Civil; sendo um ramo mais jovem, não estaria jungido aos conceitos elaborados pela Ciência do Direito Civil, podendo buscar com mais liberdade as definições básicas para a incidência tributária. A tese da autonomia coincide, no plano dos sistemas objetivos, com a concepção de que o Direito Tribu tário é uma relação de poder, na qual o momento da publicidade ou da 17 estatalidade ocupa um lugar de muita relevância. Coincide, no plano da teoria da interpretação jurídica, com o movimento da consideração econômica do tributo, desenvolvida pelos juristas alemães sob o rótulo geral de “Wirtschaftliche Betrachtungsweise”, do que resultava um conceito dilargado de elisão. A tese autonomista defenderam-na, entre outros, E. Becker, au tor do Código Tributário Alemão de 1919; Trotabas, o francês que defendia que “as regras do direito civil não influem necessariamente nas modalidades de aplicação da lei fiscal” (op. cit.f p. 53); Vanoni, o italiano que se sensibilizou com a doutrina da interpretação econômi ca, aceitando a coincidência dos conceitos na maioria dos casos, mas recusando a identidade absoluta entre os objetivos do direito privado e do direito tributário. O Modelo de Código Tributário para a América Latina, por influência dos argentinos, filiou-se à mesma orientação: “ArL 8a — Quando a norma relativa ao fato gerador se referir a situa ções definidas por outros ramos do direito, sem se remeter nem se apartar expressamente delas, o intérprete pode atribuir-lhe o signifi cado que mais se adapte à realidade considerada pela lei ao criar o tributo”. b) Primado do Direito Civil. A tese oposta é a do primado do Direito Civil, defendida pelos juristas de índole positivista, que se apegam ao maior poder de conceptualização do Direito Civil e que desenvolvem o argumento de que o Direito Tributário não deve se afastar das definições elaboradas pelos civilistas, com o que descuram da consideração da capacidade contributiva e se mostram menos aten tos à justiça e à igualdade. Essa teoria reduz o poder tributário à rela ção jurídica de natureza obrigacional, em tudo semelhante ao vínculo de direito privado. Do ponto de vista hermenêutico, a tese do primado do direito civil desemboca na defesa da interpretação literal e na recu sa da teleológica. Integram essa corrente de ideias, entre outros: Geny, que enten de deva o juiz respeitar os conceitos do direito civil, quando a lei tri butária não os tenha modificado expressamente; A. D. Giannini, que dá especial ênfase à extrapolação das disposições sobre o nascimento, a modificação e a extinção da relação de direito privado para a relação tributária (rapporto d'imposta) . No Brasil, onde a corrente positivista sempre foi predominante, deu-se a adesão à teoria do primado do direito civil, especialmente pela influência dos italianos. Rubens Gomes de Souza (op. cit., p. 35) entende que “já estando certos conceitos definidos e denominados 18 pelo direito civil, comercial etc. cuja elaboração precedeu à do direito tributário, compreende-se que este último, ao se referir àqueles mes mos conceitos, adote, por uma questão de clareza e precisão, as mes mas denominações e definições já conhecidas”, manifestando-se con trário à interpretação econômica. A.R. Sampaio Dória chegou a escre ver monografia sobre o conceito de evasão e elisão, concluindo pela “legitimidade jurídica da elisão fiscal” (op. cit., p. 141). A. A. Becker afirma que as "expressões têm dentro do Direito Tributário o mesmo significado que possuem no outro ramo do direito, onde originalmen te entraram no mundo jurídico” (op, cit., p. 111). Até mesmo o CTN contém uma norma — a do art. 110 — que só não imobilizou o direito brasileiro sob a regência do direito civil porque as regras sobre inter pretação não têm eficácia jurídica e porque o citado art. 110 é uma norma confusa e que carece ela mesma de interpretação. c) Equilíbrio. A terceira posição, que advoga a interação das disci plinas jurídicas, parece-nos ser a que melhor resolve o problema, representando ainda um ponto de equilíbrio entre as duas teses extre madas. Os conceitos de direito tributário, sobre os quais repousa o tributo, são os mesmos elaborados pelo direito civil, em homenagem à unidade que deve imperar na formação do direito, \a menos que os ditos conceitos de direito civil sejam objeto de deformação, de abuso ou de excesso de formalismo, o que levaria a se caracterizar a elisão tributária abusiva. A tese está em íntima relação com a apreciação sistêmica, pois, além de manter a unidade com os conceitos dos outros ramos da ciência jurídica, o direito tributário deve se abrir também para as ciências extrajurídicas, especialmente a Economia e as Finan ças. Demais disso, no plano da hermenêutica, a tese da unidade leva à valorização da interpretação teleológica e a novo conceito da interpre tação literal, bem como permite seja repensada a analogia em matéria fiscal, eis que aproveita as colaborações mais recentes da teoria da interpretação, da hermenêutica filosófica, da tópica e da lingüística. No que concerne aos sistemas objetivos, a tese da interdisciplinarida de se aproxima da compreensão do tributo como emanação da sobera nia tributária e, ao mesmo tempo, como relação jurídica obrigacional sujeita ao império da lei. Entre os mais distintos representantes dessa corrente está K. Tipke, que já tem obra extensa sobre os sistemas tributários e sobre a analogia, e que se socorre do argumento de que o conceito dos civilistas é apto para expressar todas as situações econô micas sobre as quais incide a tributação, pelo que só deve ser deixado de lado nos casos de abuso de forma jurídica (Missbrauch von Gestal- tungsmõglichkeiten), nos quais estará quebrada a unidade do direito pela contradição teleológica entre as disciplinas. 19 4.3. Direito Administrativo As relações entre o Direito Financeiro e o Administrativo são muito estreitas,, mas se afirmam no sentido inverso ao das relações entre aquele e o Direito Civil: quem é autonomista na problemática das relações entre Direito Tributário e Direito Civil tende a defender o primado do Direito Administrativo; os que apregoam a prioridade do Direito Civil defendem a autonomia frente ao Direito Administra tivo. Tudo porque o relacionamento entre Direito Tributário e Direito Administrativo gira em torno dos problemas da relação jurídica obje tiva e da interpretação jurídica. Também aqui podem ser indicadas três direções principais: a do primado do Direito Administrativo, a da autonomia do Direito Tributário e a da interdisciplinaridade e equilí brio. a) Primado do Direito Administrativo. Os juristas que defendiam a ideia de que a relação tributária é uma relação de poder teriam que concluir, para guardar a coerência, que o Direito Tributário se diluía no Direito Administrativo. Myrbach-Rheinfeld, por exemplo, falava de um Direito Administrativo Financeiro que, ao lado do Direito Constitucional Financeiro, regulava a totalidade da relação tributária. b) Autonomia do Direito Financeiro. A tese oposta é a da autono mia do Direito Financeiro frente à Ciência do Direito Administrativo. Quando o pensamento jurídico se encaminhou no sentido de definir a relação tributária como um vínculo de natureza obrigacional, a relação de poder passou a um segundo plano, transformada em mera “potestade administrativa” de lançamento. A Ciência do Direito Financeiro queria se preocupar apenas com o Direito Civil, deixando ao Direito Adminis trativo o aspecto secundário do lançamento, algumas vezes até transferi do para o Direito Processual. Amilcar de Araújo Falcão (op. cit,, p. 15) insistiu em que a autonomia era uma conseqüência do fato de o lança mento representar "apenas o aspecto formal da relação jurídica tributá ria”, que “há de pressupor a preeminência lógica e estrutural do direito substantivo que disciplina a relação jurídica indicada". c) Equilíbrio. Também aqui a melhor solução é a da interdiscipli naridade, que representa uma posição de equilíbrio. O Direito Finan ceiro se relaciona intimamente com o Direito Administrativo, posto que o fenômeno da tributação emana do poder tributário contempla do em sua divisão tripartida, na qual se inclui o poder administrativo. Demais disso, os conceitos de Direito Administrativo utilizados pelo legislador coincidem com os do Direito Tributário, salvo nos casos de £• 20 £5BJ - Ensino $t®enor Bureau Juáte abuso da forma jurídica. Necessário não se perder de vista que o obje- tivo e o método do Direito Financeiro e do Administrativo são dife rentes: a atividade de administração da Fazenda Pública, própria do Direito Financeiro, é puramente instrumental e totalmente vinculada à lei, enquanto o Direito Administrativo opera com maior discriciona- riedade e cuida de atividade finalista. 4.4. Direito Penal Estreito também é o relacionamento entre o Direito Financeiro — e especialmente o Direito Tributário — e o Direito Penal. Há, toda via, uma distinção fundamental: a pena, inclusive a penalidade pecu niária ou multa fiscal, emana do poder de punir, atribuído ao Estado no pacto constitucional, e não do poder tributário, do qual procedem o tributo e a obrigação de contribuir para as despesas do Estado, com fundamento no dever de solidariedade. Daí por que a doutrina hodier- na defende a existência de um Direito Penal Financeiro, nele incluído o Direito Penal Tributário, deixando de lado a concepção do Direito Financeiro Penal. Dedicaremos um capítulo ao Direito Penal Tributário (p. 327 e seguintes), com o estudo das infrações e das sanções em matéria fiscal. 4,5- Direito Internacional Difícil e controvertido também é o relacionamento entre o Direito Finaiiceiro e o Direito Internacional, a depender das diversas teorias acerca das relações entre o Direito Interno e a ordem internacional. A maior parte da doutrina e, no Brasil, também a legislação e a jurisprudência defendem a existência do Direito Internacional Finan ceiro, nele compreendido o Direito Internacional Tributário, que aponta para a prevalência da ordem internacional sobre a interna. Com a obra de Kelsen a teoria do primado do Direito Internacional chega ao seu paroxismo: o Direito Estatal existe por mera delegação do Direito das Gentes; o fundamento de validade do sistema jurídico interno encontra-se na ordem internacional, assim do ponto de vista espacial que temporal; só a ordem internacional, e não a ordem esta tal, é soberana (Reine Recktslehre. Viena: Franz Deuticke, 1967, p. 334 e 336). Assim sendo, o Direito Financeiro interno sofre a influên cia direta dos tratados e convenções internacionais, desde que aprova dos pelo Congresso Nacional. O CTN diz, no art. 98, que "os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tri butária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha". 21 Os adeptos do primado do Direito Interno, hoje em franca deca dência, defendem a existência do Direito Financeiro Internacional. Fica inexplicado, entretanto, como a ordem interna pode condicionar a internacional. Há certas correntes doutrinárias que defendem a teoria dualista, pregando a separação entre a ordem jurídica internacional e a nacio nal, que compõem dois sistemas específicos, embora comunicantes. Chegam, coerentemente, à dualidade de teorias, reconhecendo uma Ciência do Direito Internacional Financeiro ao lado de uma Ciência do Direito Financeiro Internacional, cada qual com o seu campo espe cífico de estudo. E fenômeno dos nossos dias a cooperação internacional entre os países, que juridicamente radica nas próprias Constituições nacionais. As regras de harmonização de sistemas tributários e financeiros sobe ranos, especialmente no que concerne aos tributos incidentes sobre o comércio exterior, começam a ganhar papel de relevo no Direito Constitucional Financeiro, que passa a se colocar como vértice do re lacionamento entre o Direito Internacional e o Nacional. A mesma coisa acontece com o imposto de renda, que, conceituado e regulado pela Constituição, conhece a harmonização de suas regras por inter médio dos tratados para evitar a bitributação. Nas últimas décadas vai crescendo o direito cosmopolita ou direi to dos povos, de inspiração kantiana, que se afirma no espaço suprana cional e transnacional e não se esgota nas relações diretas entre as soberanias. Compreende o direito comunitário (União Européia, Mercosul, Alca, etc.), o direito das entidades supraestatais (Banco Mundial, FMI, OMC, OCDE) e o direito das empresas, da cidadania mundial e das organizações não-estatais (O N G S). 4-6. Direito Processual As finanças públicas — especialmente as questões tributárias — necessitam da garantia jurisdicional. Cabe, assim, falar de um Direito Processual Financeiro, nele compreendido o Direito Processual Tribu tário, com normas e princípios formal e materialmente processuais. O Código de Processo Civil e a legislação processual extravagante ofere cem diversos meios para a garantia do crédito tributário, da atividade financeira e dos direitos fundamentais dos cidadãos: a execução fiscal para a cobrança da dívida ativa; a ação anulatória, para a declaração de nulidade do lançamento tributário; a ação de repetição do indébito fiscal, para a restituição da cobrança indevida etc. Direito Processual e Direito Financeiro relacionam-se também no plano teórico. Há certas correntes doutrinárias que pretendem diluir o Direito Tributário no Processual, dando ao lançamento fiscal a eficá cia de constituir a própria obrigação tributária (vide p. 277). Quanto ao processo tributário administrativo, que se desenvolve perante as instâncias administrativas (auditorias e Conselhos de Con tribuintes) no exercício da autotutela da legalidade, entende melhor com o Direito Administrativo que com o Processual. 4.7. Direito Previdenciário e Assistência! O Direito Previdenciário e Assistencial se subsume, em larga es cala, no Direito Financeiro. Os problemas do pagamento de benefí cios, da entrega de prestações financeiras às camadas mais pobres da população, da garantia da aposentadoria e da assistência médica estão todos eles relacionados com a atividade financeira. Na vertente da receita, todavia, o relacionamento é mais discutí vel, pois se controverte a respeito da questão da parafiscalidade diante do poder tributário do Estado. No regime de 1967-69 entendia-se que as contribuições sociais integravam-se ao fenômeno da parafíscalida- de, destinando-se ao parafisco, isto é, aos órgãos que, não pertencendo ao núcleo da administração do Estado, são paraestatais, incumbidos de prestar serviços paralelos e inessenciais; distinguiam-se dos tribu tos, definidos c.omo as prestações com destinação essencialmente pú blica, arrecadada para a defesa dos direitos fundamentais. A CF 88, todavia, incluiu as contribuições sociais no bojo da Constituição Tribu tária (art. 149), em opção tipicamente intervencionista, o que tem levado a maior parte da doutrina brasileira e o STF a defender a tese de que tais contribuições adquiriram natureza tributária, com o que o fenômeno da parafiscalidade se dilui no da fiscalidade e o Direito Pre videnciário e Assistencial se confunde em grande parte com o Direito Tributário. Uma das conseqüências da confusão entre fiscalidade e parafiscalidade foi, no plano institucional, a criação da Secretaria da Receita Federal do Brasil (Lei n° 11.457/2007), que congrega a Secre taria da Receita Federal e a Secretaria da Receita Previdenciária. 4.8. Política do Direito O Direito Financeiro está em íntima relação com a Política do Direito. Melhor, talvez, falar de Política do Direito Financeiro, estrei tamente conectada à Política Fiscal ou Financeira, tendo em vista que 23 ;a j*ígidà separação entre Direito, Política e Economia era opinião posi tivista; -íH M ú ito próximo desse conceito de Política do Direito estão os de polícia e de policy, que projetam a problemática das políticas públicas (econômica, social, financeira etc.) e das policies (Public Policy, Social Policy, Science Policy). Mas a verdade é que a Política do Direito não constitui nenhuma disciplina autônoma extrajurídica, senão que é um aspecto, uma dire ção ou um problema dentro da Filosofia do Direito e da própria Ciên cia do Direito. Não se trata, todavia, de projeção de mera política em torno do Direito, nem de decisões políticas que dão origem à ordem estatal, nem de manipulação do poder. Cuida-se antes da instituciona lização do poder, da transformação do ato político em ato de produção de normas jurídicas. 4.9. Direito Comparado É importantíssimo o estudo do Direito Comparado, a ver as in fluências recebidas pelo nosso Direito Financeiro dos textos positivos de outras nações cultas. Advirta-se que não se trata de subserviência cultural ou de cópia de textos positivos, mas de diálogo indispensável entre experiências jurídicas semelhantes, servindo a ciência estrangei ra de pretexto para o início do processo de crítica ou de ensaxo-e-erro. Merece consideração também o problema dos tipos nacionais, ou seja, da tendência para a formação de determinados tipos de pensa mento nas nações cultas, que acabam por dominar o sistema científico de outros povos. Contribuiu sensivelmente para o fortalecimento do positivismo na Teoria Constitucional Tributária brasileira o entusias mo pela teoria italiana, escancaradamente positivista. A influência do Direito Constitucional americano sobre a obra de Rui Barbosa permi tiu-lhe arrostar por alguns anos o predomínio positivista. O francesis- mo positivista e estruturalista também tem prejudicado o progresso da cultura brasileira. O diminuto conhecimento da obra dos grandes constitucionalistas alemães do após-guerra, marcadamente antipositi- vista, bem como a dos financistas, orientada para a Política Fiscal, blo queia o desenvolvimento da Teoria da Constituição Tributária no sen tido da abordagem de temas como os da liberdade, das limitações do poder tributário, do federalismo e da justiça. O afastamento das fon tes norte-americanas e inglesas, tão importantes no Império e na 1~ República, constitui também motivo para o entorpecimento do Direi 24 to Financeiro, mormente quando se considera que os constitucionalis- tas americanos estão conseguindo superar o realismo e o positivismo, e os financistas desenvolvem cada vez mais a Fiscal Policy. A influência do Direito Constitucional Financeiro estrangeiro é irrecusável, porque os problemas constitucionais e humanos são uni versais. A Constituição Tributária brasileira mantém até hoje a in fluência americana no campo das imunidades e das proibições de desigualdade. A Constituição Orçamentária no texto de 1988 de nota a inspiração na Constituição de Bonn. O Banco Central ganhou estatura constitucional, como já acontecia no estrangeiro (Alemanha e Portugal). E absolutamente indispensável a comparação de sistemas, inclusi ve para a recepção de novos tributos ou novas técnicas, objeto da elu- cubração da ciência alienígena. O imposto sobre o valor acrescido, por exemplo, produto da elaboração dos teóricos franceses e alemães, in- corporou-se ao nosso sistema sob a forma do ICMS e do IPI. O impos to de renda, surgido na Inglaterra e, após, na Alemanha ingressou em todas as legislações tributárias. O correto manejo dos instrumentos do Direito Comparado serve também à crítica da recepção de tributos e doutrinas. A transplanta ção do imposto sobre o valor acrescido da França para o Brasil, sem maiores cuidados no que concerne à organização unitária daquela e ao federalismo brasileiro, levou a inúmeros impasses na aplicação do tri buto, pela falta de harmonia entre o sistema tributário nacional e o federado. A influência dos tipos nacionais científicos deve ser conside rada com atenção: a exagerada admiração dos tributaristas brasileiros e latino-americanos pela ciência cultivada na Itália, de índole positi vista, que reproduzia com equívocos certa doutrina alemã, inspirou a codificação do sistema tributário de diversos países da América Latina. O estudo do Direito Comparado serve também para quebrar cer to sentido mágico que adquirem os sistemas estrangeiros, tanto obje tivos que científicos, ao aparecerem como modelos de perfeição. Bas ta que se leiam atentamente os juristas mais lúcidos para ver que os sistemas tributários da Alemanha, da Itália, da França e dos Estados Unidos, por exemplo, vêm sendo acusados de complicados, caóticos, excessivamente casuísticos, injustos e ineficientes, enquanto a respec tiva teoria é taxada de incoerente e irracional. 25 5. RELAÇÕES COM OUTROS FENÔMENOS E DISCIPLINAS 5.1. Filosofia Houve no pensamento ocidental uma longa tradição filosófica em torno das questões financeiras de caráter geral. De Santo Tomás de Aquino até Suarez predominou a meditação sobre o justo tributário. Hobbes e Montesquieu escreveram páginas profundas sobre o assun to. Bodin disse que as finanças eram o nervo do governo. Com a onda positivista, que tentava o cientificismo no conheci mento do jurídico e do social, a Filosofia do Direito perdeu a impor tância e abdicou, em favor da Economia e da Ciência das Finanças, do exame do problema do justo tributário. Sucede que, de uns anos a esta parte, talvez mais precisamente depois do término da 2- Grande Guerra, houve o renascimento da Filosofia do Direito, com a retomada da meditação sobre a natureza das coisas e sobre o método jurídico, o que repercutiu intensamente sobre o Direito Financeiro. Dentre os assuntos que passaram a ocupar a atenção dos filósofos do direito e dos tributaristas com preocupações filosóficas sobressai a teoria da justiça, com especial atenção para o aspecto tributário; nos últimos anos publicaram-se alguns livros fun damentais, com a recuperação da abordagem filosófica da justiça fis cal. Já se fala em uma Filosofia do Direito Tributário. A Filosofia Política se relaciona de modo muito intenso com o Direito Financeiro. Novas ideias sobre a essência do político, das for mas de governo e das instituições públicas passam necessariamente pela fiscalidade. O Direito Financeiro se aproxima também da Ética, posto que o Estado Ético tem como uma de suas dimensões o Estado Social Fiscal. A Filosofia das Ciências também trouxe novas luzes para o estudo do Direito Financeiro, especialmente no que concerne ao pluralismo metodológico e à superação das teses da neutralidade científica. 5.2. Política O Direito Financeiro guarda o relacionamento o mais íntimo com a Filosofia Política, como açabamos de ver. Até porque, no plano obje tivo, problemas como os da democracia ou do totalitarismo envolvem opções financeiras. 26 Pequena, todavia, é a influência da Ciência Política em seus as pectos gerais. Pretendendo ser uma ciência de realidade e neutra, fal ta-lhe o coeficiente axiológico que lhe permita se relacionar com a disciplina essencialmente normativa que é o Direito Financeiro. Onde as relações se tornam mais próximas é na imposição dos tributos pela lei ordinária, especialmente quando se trata de tributação dos entes menores; o estudo do processo eleitoral, da demanda: de serviço públi co e da resistência às imposições fiscais, objeto da Ciência Política, pode trazer subsídios para a complementação dos sistemas tributários. Outro assunto que tem merecido a atenção da Ciência Política é o das atividades dos grupos de pressão e a configuração do lobby. Certas disciplinas modernas próximas da Ciência Política, como a Public Choice, permitem a reestruturação do arranjo da discriminação de rendas em função das escolhas e dos desejos dos contribuintes em torno dos serviços públicos essenciais. 5.3. Sociologia O que se disse da Política vale também para a Sociologia, até porque aquela costuma revestir a forma de Sociologia Política. A So ciologia não projeta influência de monta sobre o Direito Financeiro, por já trazer em si a visão positivista e pretensamente neutralista do Estado Fiscal. Pode merecer alguma consideração no que pertine à pesquisa concreta sobre tópicos dos sistemas tributários, sob a égide da Sociologia Financeira. 5.4. Economia Da maior relevância as relações entre o Direito Financeiro e a Economia, tanto do ponto de vista científico como dò fenomêriico. Desde os seus primórdios a Economia Política influenciou o pen samento acerca da Constituição Financeira. Já se encontra em Adam Smith o exame da importância da fiscalidade para a problemática do Estado. Com o posterior predomínio do positivismo ei do utilitarismo, que rejeitavam os julgamentos de valor, a importância da Economia só fez crescer, trazendo para o seu campo de estudo o que antes consti tuía objeto da meditação jurídica e constitucional. Presentemente a Teoria Econômica está conseguindo superar o positivismo, eis que se torna uma ciência voltada para a Ética, empe nhada em emitir juízos de valor e destituída de neutralidade. 27 Intuitivo que assumindo a Economia a postura de ciência valora- tiva, teria que se abrir à pesquisa interdisciplinar e se relacionar mais estreitamente com o direito, até como conseqüência da superação da dicotomia antes existente no plano objetivo entre Direito e Economia ou da consideração daquele como superestrutura desta. E assunto dos nossos dias o estudo da Teoria Econômica do Direito, que desborda o método e o objeto da Teoria Jurídica da Economia. Essas ideias no campo da Economia trouxeram um novo enfoque da fiscalidade — que sempre foi considerada como fenômeno econô mico. Da história do pensamento dos grandes economistas, inclusive dos contemporâneos, extrai-se uma autêntica “Filosofia dos Tributos". Novas disciplinas econômicas como a Public Choice, a New Public Economic e a New Public Finance encontram nos tributos e na reparti ção dos custos dos serviços públicos o seu tema principal. A teoria da justiça econômica passa a ter na justiça tributária um de seus aspectos mais controvertidos. A toda evidência que o denominador axiológico comum faz com que o Direito Financeiro mantenha com a Economia Política um vín culo muito estreito. Desde os problemas especificamente econômi cos, como os da extrafiscalidade, do desenvolvimento e dos impostos conjunturais, passando pelos temas gerais do federalismo fiscal, do sistema tributário, da redistribuição de rendas, até as perguntas bási cas sobre a legitimidade e a reforma da Constituição Financeira, tudo depende da integração e do relacionamento entre as duas disciplinas. A construção jurídica do sistema tributário nacional tem que se fazer sob a perspectiva do seu relacionamento com os principais pro blemas estudados pela Economia, como sejam o pleno emprego, a re distribuição de rendas, a fixação de preços, a conservação dos recursos nacionais, a saúde das empresas, o controle da inflação etc. As relações com a Economia são igualmente relevantes no plano do federalismo financeiro. O problema do equilíbrio entre a alocação de recursos aos entes públicos e a eficiência e o dinamismo da econo mia deve ser resolvido pela pesquisa interdisciplinar. O desenvolvi mento econômico e o intervencionismo estatal são temas comuns às duas disciplinas, que nem a economia nem a teoria do constituciona- lismo fiscal conseguem, sozinhas, responder às indagações básicas do federalismo financeiro. O difícil problema do equilíbrio orçamentário é também interdis ciplinar, dependendo da colaboração entre Economia e Direito Finan ceiro. 28 Em síntese, as opções básicas da Economia, assim do ponto de vista objetivo que científico — intervencionismo, mercado livre, eco nomia social de mercado, socialismo, liberalismo etc. — envolvem sempre aspectos financeiros e fiscais. 5.5. Ciência das Finanças Depois de algumas tentativas no sentido de dar autonomia à Ciência das Finanças, retornou essa disciplina ao convívio com a Eco nomia Política, como conseqüência da interação entre os fenômenos financeiros e econômicos no plano objetivo. De modo que a Ciência das Finanças, como a Economia Política, também ostenta a característica de ciência normativa e valorativa, em íntima ligação com o Direito Financeiro. A tese da incomuriicabilidade ou do reducionismo entre Ciência do Direito Tributário e Ciência das Finanças, defendida com tanto ardor pelos positivismos, que negavam à ciência jurídica a função valorativa reservada às Finanças, ficou pre judicada pelo coeficiente de normatividade em ambas presente. Com efeito, tomou-se insustentável a teoria causalista da tributa ção, que reduzia a Ciência do Direito Tributário à descrição das nor mas reguladoras das relações jurídicas privadas, que forneceriam as sento aos tributos, na forma proposta pela Ciência das Finanças ou pela Política Financeira. Trotabas (Finances Publiques, cit., p. 6) colo cava o direito financeiro e fiscal em pé de igualdade com a economia financeira e com a política financeira, eis que as três compunham, cada qual sob o seu âmbito próprio de estudo, o conjunto maiòr da Ciência das Finanças (Science des Finances). Griziotti (op. cit., p. 6) estabelecia entre a Ciência das Finanças e o Direito Financeiro a rela ção de complementariedade, cabendo à primeira estudar a essência, as funções e os efeitos da atividade financeira, enquanto o Direito Finan ceiro estuda as normas legais que governam a atividade financeira e os princípios para sua aplicação. Explicitavam aqueles juristas e financis tas que a Ciência do Direito Financeiro não emite juízos de valor nem tem propósitos políticos, já que toda a valoração política deve ser re servada à Política Financeira, disciplina que ora colocavam no conjun to maior da Ciência das Finanças ao lado da Ciência do Direito Finan ceiro, ora colocavam paralelamente à Ciência do Direito Financeiro e à Ciência das Finanças. No Brasil Aliomar Baleeiro, jurista por forma ção, derivou para a Ciência das Finanças em busca de conteúdos axio- lógicos que não encontrava no Direito Financeiro. De observar que a 29 separação entre Ciência do Direito Financeiro e Ciência e Política Fi nanceiras, que esvazia o pensamento jurídico das considerações valo- rativas, traduz, no plano metodológico, a separação que, no plano fáti- co, os positivismos estabelecem entre direito, economia e política, o que transforma o direito em mero subsistema, superestrutura ou pro jeção do econômico ou do político, independentemente do valor ou desvalor desses sistemas econômicos ou políticos. Mas a pouco e pouco, com a paulatina superação das posições positivistas, o Direito Financeiro e a Ciência das Finanças retomam, de modo integrado, ao estudo dos grandes temas da tributação, pelo coeficiente axiológico de que são dotados. Assuntos como o da redis- tribuição de rendas pela via de imposto ou o da tributação ótima rein- gressam nas suas cogitações, posto que não se prendem exclusivamen te à abordagem empírica ou científica, transitando antes pelo campo da ética e da filosofia social. Também são objeto da pesquisa interdis- ciplinar os sistemas de tributação e de discriminação de rendas, bem como os princípios gerais decorrentes da ideia de justiça, segurança ou utilidade. 5.6. Psicologia A Psicologia Financeira é um ramo de estudo que vem ganhando importância nos últimos anos. Há certas resistências psicológicas ao pagamento dos impostos, algumas das quais se transformam em mani festações alérgicas e problemas de pele, que devem ser objeto de aná lise científica para permitir que melhore o relacionamento Fisco/Con- tribuinte. 5.7. História Importantíssimo é o relacionamento entre o Direito Financeiro e a História do Direito, especialmente a do Direito Constitucional. Sabendo-se que o Direito Financeiro apresenta o seu grau de his- toricidade, não se pode deixar de considerar, na elaboração de sua Teoria, a História do desenvolvimento do federalismo fiscal, dos siste mas dos diversos tributos, das relações internacionais fiscais, dos direi tos fundamentais e da função da propriedade privada. Nem a História das Ideias Políticas (ou História do Pensamento Constitucional), pela função crítica que exerce, pode ser esquecida. O balanço e a avaliação do positivismo na cultura brasileira, por exem- 30 pio, objeto de vários estudos nos últimos anos, fornece subsídios ines timáveis para a apreciação do papel do positivismo na Teoria do Direi to Financeiro elaborada no decurso deste século, mero detallhe da quela tendência global. Relevante igualmente a história econômica, pois os aspectos fi nanceiros para a grandeza das nações tem sido objeto de finas análises. Da mesma forma, a história do pensamento econômico, tendo em vista que algumas das ideias financeiras mais brilhantes elaboraram- nas os economistas. Finalmente, as grandes etapas da história das finanças públicas devem ser levadas consideração: o patrimonialismo, o absolutismo, o cameralismo e o liberalismo. 6. A CODIFICAÇÃO O Direito Financeiro é pouco codificado. Compõe-se, em sua maior parte, de legislação casuística e pulverizada. As leis que regulam a despesa, o crédito e o patrimônio são esparsas e incoerentes, e só nos últimos anos passam a ser objeto de preocupação do legislador pela sua modernização. A exceção é o Direito Tributário. O nosso Código Tributário Na cional, aprovado pela Lei 5.172, de 25.10.66, com a denominação inicial de Sistema Tributário Nacional, teve o seu nome definitivo fi xado pelo art. 7a da Lei Complementar n& 36, de 13.3.67. Obra de grande mérito, embora já careça de modificações, o Código Tributário Nacional serviu de divisor de águas no estudo do Direito Financeiro no Brasil. Na Alemanha o Código Tributário surgiu em 1919 (Reichsabga- benordnung, depois Abgabenordnung), pelo trabalho do jurista Enno Becker, e foi reformado em 1977 (Abgabenordnung, 77), tendo exer cido grande influência sobre todas as codificações posteriores, inclusi ve a nossa. Importante também é a Ley General Tributaria da Espa nha, de 2003. Trabalho relevante pela influência que projetou sobre as codificações futuras foi o Modelo de Código Tributário para a Améri ca Latina. O Direito Tributário brasileiro conhece ainda diversas consolida ções. As leis formais dos impostos mais importantes (IR, IPI, ICM S, ISS etc.) são consolidadas por decreto, criando-se os regulamentos (RIR, RI PI, RICMS, RISS etc.), com as normas complementares aos diversos dispositivos legais. 31 1 NOTAS COMPLEMENTARES I - Bibliografia a) Obras Gerais: BALEEIRO, Aiiomar. Direito Tributário Brasileiro. Atualizado por Misabel Abreu Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2006; BECKER, Alfredo Au gusto. Teoria Geral do Direito Tributário. São Paulo: LEJUS, 2007; BERLIRI, Antonio. Princípios de Derecho Tributário. Madrid: Ed. Derecho Financiero, 1971; FALCÃO, Amilcar de Araújo. Introdução ao Direito Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1987; GENY, François. “O Particularismo no Direito Fiscal” . Revista de Direito Administra tivo 20: 6-31, 1950; GIANNINI, Achille Donato. Istituzioni di Diritto Tributário. Mi- lano: Giuffré, 1956; GIULIANI FONROUGE, Carlos M. Derecho Financiero. Buenos Aires: Depalma, 1993; GRIZIOTTI, Benvenuto. Princípios de Ciência de las Finanzas. Buenos Aires: Depalma, 1949; JARACH, Dino. Curso Superior de Derecho Tributário. Buenos Aires: Liceo Professional Cima, 1957; M ARTINS, Ives Gandra da Silva (coord.). Comentários ao Código Tributário Nacional. São Paulo: Saraiva, 2006, 2 v.; MYRBACH-RHEINFELD, Franz Von. Précis de Droit Financier. Paris: V Giard & E. Brière, 1910; PAULICK, Heinz. Lehrbuck des allgemeinen Steuerrechts. Kõln: Carí Haymanns, 1977; SAMPAIO DÓRIA, Antonio Roberto. Elisão e Evasão Fiscal. São Paulo: José Bushatsky, 1977; SAINZ DE BUJANDA, Fernando. Sistema de Derecho Financiero. Madrid: Facultad de Derecho de la Universidad Complutense, 1977; TIP- KE, Klaus/LANG, J. Steuerrecht. 20a ed. Kõln: O. Schmidt, 2009; TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de Direito Constitucional Financeiro e Tributário V 1 Constituição Fi nanceira, Sistema Tributário e Estado Fiscal. Rio de Janeiro: Renovar, 2009; TROTA- BAS, Louis. “Ensaio sobre o Direito Fiscal” . Reinsta de Direito Administrativo 26: 34- 59, 1951;-------- . Finances Publiques. Paris: Dalloz, 1969. b) Obras didáticas: AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. São Paulo: Sarai va, 2009; BASTOS, Celso. Curso de Direito Financeiro e de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2002; CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2009; COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2009; MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direi to Tributário. Rio de Janeiro: Malheiros, 2009; MORAES, Bernardo Ribeiro de. Com- pêndio de Direito Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1999; NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 1999; ROSA JR., Luis Emygdio. M a nual de Direito Financeiro e Direito Tributário. Rio de Janeiro: Renovar, 2007; SAINZ DE BUJANDA, Fernando. Lecciones de Derecho Financiero. Madrid: Facultad de Dere cho de la Universidad Complutense, 1982; SOUZA, Rubens Gomes de. Compêndio de Legislação Tributária. Rio de Janeiro: Ed, Financeiras, s/d. c) Periódicos especializados: CIVITAS — Revista Espanola de Derecho Financiero. Ma drid: Ed. Civitàs; National Tax Journal. Cambridge: National Tax Association; Resenha Tributária. Rio de Janeiro: ABDF; Revista Dialética de Direito Tributário. São Paulo (a partir de 1995); Revista de Direito Tributário. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais (até 1991, n2 58) e Malheiros Editores (a partir do na 59); Revista de Finanças Públicas, Rio de Janeiro; Revista de Derecho Financiero y de Hacienda Publica. Madrid: Ed. Derecho Financiero; Revista dos Tribunais. Cadernos de Direito Tributário e Finanças Públicas (de 1992 a 1999). Passou a se chamar Revista THbutária e de Finanças Públicas a partir de janeiro de 2000 (na 30). São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais; Rivista di Diritto Finanziario e Scienza delle Finanze. Milano: Giuffrè. Fundada em 1937 teve a sua pu- 32 blicaçao interrompida entre 1943 e 1949; Steuer und Wirtschaft. Kõln: O. Schmidt. In ic io u -se em 1922 (nova série em 1971). Dirigida por J. LANG. Trimestral. d) Repertórios de jurisprudência e legislação: Revista Trimestral de Jurisprudência do Suprem o Tribunal Federal. Brasília: Imprensa Nacional ( até v. 177(1), de julho de 2001) e Brasília Jurídica ( a partir do v. 177 (2), de agosto de 2001 até v. 196 (1), de abril de 2006, quando se transformou em revista digital); ADCOAS; COAD; IOB; Internet: www.stf.jus.br e www.stj.jus.br. II. Direito Positivo: Código Tributário Nacional (Lei 5.172, de 25.10.66); Código Tribu tário da República Federal da Alemanha (Abgabenordnung, 1977). Há tradução brasi leira de Alfredo Schmidt e outros. Novo Código Tributário Alemão. São Paulo, Foren- se/IBDT, 1978; Ley General Tributaria da Espanha, de 2003 (Ley 58); Lei 4.320, de 17.3.64: estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orça mentos e balanços da União, dos Estados e dos Municípios; Códigò de Administração Financeira do Estado do Rio de Janeiro (Lei n2 287, de 4.12.79); Lei de Responsabilida de Fiscal (LC 101, de 4.5.00): estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. 33 ggprr' ’ tSBJ * Ensino Superior Buneai Juááeo CAPÍTULO III Fontes do Direito Financeiro I. INTRODUÇÃO 1. O CO NCEITO DE FONTES DO DIREITO FINANCEIRO Entende-se por fontes do Direito Financeiro o conjunto de nor mas, preceitos e princípios que compõem o ordenamento positivo das finanças públicas. O problema das fontes do Direito Financeiro é o mesmo das fontes do direito em geral, com as seguintes particularida des: dá-se ênfase à lei como fonte formal, em virtude do regime de legalidade estrita desse ramo do Direito; os costumes têm diminutís- sima importância. A fonte superior do Direito Financeiro é a Constituição Financei ra. Fontes principais são as emanadas do Poder Legislativo: a lei com plementar, a leí ordinária, os tratados, a medida provisória, os convê nios ICMS. Fontes secundárias são as de complementação das princi pais, constituídas pelos atos dos órgãos do Poder Executivo: decreto, regulamento, resolução, portaria. Discutível se a jurisprudência é fon te do Direito Financeiro. Os costumes secundum legèm completam o quadro das fontes. A doutrina já não é considerada fonte, pois se con funde com o próprio Direito Financeiro, em seu momento externo, como sistema subjetivo (vide p. 13). 2. A SEPARAÇÃO DE PODERES A ideologia das fontes do Direito Financeiro se aproxima da ideo logia da separação de poderes financeiros. As duas questões sempre 35 Sumário NOTA PRÉVIA À 1ª EDIÇÃO 1.nullnull INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS GERAIS 1. Atividade Financeira 1. CONCEITO 2. PODER FINANCEIRO 3. FAZENDA PÚBLICA 4. ATIVIDADE INSTRUMENTAL 5. EXTENSÃO 6. ESTADO FINANCEIRO NOTAS COMPLEMENTARES 2. Direito Financeiro 1. CONCEITO 2. O "DF" COMO ORDENAMENTO 3. O "DF" COMO CIÊNCIA 4. RELAÇÕES COM OUTROS RAMOS 1. Constitucional 2. Civil 3. Administrativo 4. Penal 5. Internacional 6. Processual 7. Previdenciário e Assistência! 8. Política do Direito 9. Direito Comparado 5. RELAÇÕES COM OUTROS FENÔMENOS E DISCIPLINAS 1. Filosofia 2. Política 3. Sociologia 4. Economia 5. Ciência das Finanças 6. Psicologia 7. História 6. A CODIFICAÇÃO NOTAS COMPLEMENTARES 3. Fontes do "DF" I. INTRODUÇÃO 1. CONCEITO 2. A SEPARAÇÃO DE PODERES 3. AS FUNÇÕES DO ESTADO FINANCEIRO 4. O PROCESSO DEMOCRÁTICO II. A CONSTITUIÇÃO FINANCEIRA 5. CONCEITO 6. CARACTERÍSTICAS 7. SUBSISTEMAS 8. AS CONSTITUIÇÕES DOS ESTADOS-MEMBROS III. O PROCESSO LEGISLATIVO 9. EMENDA CONSTITUCIONAL 10. LEI COMPLEMENTAR 1. "LC" Tributária 2. "LC" Orçamentária 3. "LC" Financeira 11. LEI ORDINÁRIA 12. LEI DELEGADA 13. MEDIDA PROVISÓRIA 14. DECRETO LEGISLATIVO 15. RESOLUÇÃO 16. TRATADOS E CONVENÇÕES 17. CONVÊNIOS INTERESTADUAIS DO ICM 18. ORÇAMENTOS IV. O PROCESSO ADMINISTRATIVO 19. REGULAMENTO 20. DECRETO 21. RESOLUÇÕES E OUTROS ATOS NORMATIVOS 22. DECISÕES NORMATIVAS 23. PARECERES NORMATIVOS 24. CONVÊNIOS V. O PROCESSO JUDICIAL 25. A JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS 26. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALInullnullDADE 27. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NAnullnull AÇÃO DIRETA 28. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE DE nullnullLEI OU ATO NORMATIVO FEDERAL 29. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO 30. MANDADO DE INJUNÇÃO VI. OS COSTUMES NOTAS COMPLEMENTARES 4. Os Direitos Fundamentais e as Finanças Públicas