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* * LESÃO DA MEDULA ESPINHAL * * ROTEIRO Conceito de LME Dados Epidemiológicos Quadro Clínico Avaliação Terapêutico Ocupacional Estudo de casos * * CONCEITO LME consiste em uma lesão traumática irreversível que acomete as estruturas da medula espinhal (óssea, ligamentar medular-discal, vascular ou radicular) interrompendo a passagem de estímulos nevosos através da medula. Pode variar desde discreta concussão medular, com dormência transitória, até a tetraplegia imediata completa. Tal quadro altera drasticamente a vida do indivíduo acometido, gerando desastrosas consequências ao lesado, à família e à sociedade. BLANES et al., 2009 * * CONCEITO As principais causas são: os acidentes automobilísticos, queda de altura, mergulho em água rasa, acidente causados por armas de fogo ou outros acometimentos direto à cabeça e pescoço. Vale ressaltar que a medula pode também ser lesada por doenças (causas não traumáticas), como por exemplo, hemorragias, tumores e infecções por virus. BLANES et al., 2009 * * EPIDEMIOLOGIA No Brasil a incidência de TRM é de 40 casos novos/ano/milhão de habitantes, ou seja, cerca de 6 a 8 mil casos novos por ano, sendo que destes 60% se encontram entre os 10 e 30 anos de idade De acordo com estudo realizado por Campos et al. (2008), em São Paulo, a principal causa de LME foi a queda geral com 40%, seguida por acidentes automobilísticos (25%), quedas de laje (23%), ferimentos por arma de fogo (7%), mergulhos em águas rasas (3%) e agressões (2%). CAMPOS et al., 2008 * * EPIDEMIOLOGIA Ao cruzar sexo com idade, observou-se que a maioria dos acidentes ocorreu em indivíduos do sexo masculino (86%), com predomínio em jovens. Ao se estudar as causas, o sexo masculino contou com 43,0% das quedas gerais, enquanto que o sexo feminino representou 21,4%. CAMPOS et al., 2008 * * QUADRO CLÍNICO O SNC é formado pela medula espinhal e encéfalo. A medula é constituída por células nervosas (neurônios) e por longas fibras nervosas chamadas axônios, que são prolongamentos dos neurônios e formam as vias espinhais. NITRINI et al., 2010 * * QUADRO CLÍNICO As vias descendentes conduzem sinais gerados no cérebro relacionados com o movimento e o controle visceral (sistema nervoso autônomo). As vias ascendentes conduzem sinais relacionados com a sensibilidade que são gerados na periferia e são levados para o cérebro. A medula espinhal é organizada em segmentos ao longo de sua extensão. Raízes nervosas de cada segmento inervam regiões específicas do corpo. NITRINI et al., 2010 * * * * Os segmentos da medula cervical são oito (C1 a C8) e controlam a sensibilidade e o movimento da região cervical e dos membros superiores. Os segmentos torácicos (T1 a T12) controlam o tórax, abdome e parte dos membros superiores. Os segmentos lombares (L1 a L5) estão relacionados com movimentos e sensibilidade dos membros inferiores. Os sacrais (S1 a S5) controlam parte dos membros inferiores, sensibilidade da região genital e funcionamento da bexiga e intestino. NITRINI et al., 2010 * * As Lesões Medulares podem ser do tipo completa ou incompleta. Nas lesões medulares completas, há paralisia, perda de todas as modalidades sensitivas (tátil, dolorosa, para temperatura, pressão e localização de partes do corpo no espaço) abaixo da lesão e alteração do controle esfincteriano (urinário e fecal). As lesões cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros). Na tetraplegia, a insuficiência respiratória é frequente, devido ao comprometimento do nervo que comanda a contração do diafragma (nervo frênico). Nas lesões cervicais baixas, observa-se paralisia dos membros inferiores e das mãos. Nas torácicas, a paralisia é de membros inferiores. NITRINI et al., 2010 * * * * SINTOMAS Paralisia: nenhuma função motora abaixo do nível da LME completa. Paresia: Fraqueza e ADM diminuída abaixo da LME incompleta. Déficits Sensoriais: nenhuma função sensorial abaixo da LME completa e função parcialmente preservada na LME incompleta Espasticidade: Resistência aumantada à movimentação passiva. Há fortes espasmos musculares nos membros afetados. * * SINTOMAS Disfunção respiratória: Perda da função ou fraqueza da musculatura respiratória em lesões altas (C1-C3). Disfunção Urinária e Vesical Hipotensão Ortostática: Quedas bruscas da pressão arterial na fase aguda. Dor Disfunção Reprodutiva e Sexual * * COMPLICAÇÕES Disreflexia Autonômica: pressão arterial devido à um estímulo nocivo abaixo do nível da lesão Úlceras de Decúbito: Dor Infecções do Trato Urinário Pneumonia Ossificação Heterotrópica: Crescimento ósseo Anormal em grandes articulações. Trombose Venosa Profunda * * AVALIAÇÃO TERAPÊUTICO OCUPACIONAL ATIVIDADES E PARTICIPAÇÃO Fase Aguda: internação hospitalar (CTI). Fase de Reabilitação: hospital de reabilitação, ambulatório ou atendimento domiciliar. Instrumentos: Entrevista, observação, Escala de Barthel, MIF, COPM. * * Funções e Estruturas do Corpo Físico Cognitivo Psicossocial Amplitude de movimento (ADM) Força muscular manual Coordenação motora fina ( se acometimento de lesão C7-C8) Tônus muscular Sensibilidade Preservado Depressão Sobrecarga de cuidadores WILLARD, H., SPACKMAN, 2011 * * Grau 0 - Paralisia total Grau 1 - Contração visível ou palpável Grau 2 - Movimentação ativa sem vencer a força da gravidade Grau 3 - Vence a gravidade, mas não vence qualquer resistência Grau 4 - Não vence a resistência do examinador Grau 5 - Normal Prova de Função Muscular * * * * * * AULA 22/04/2013 * * PROGNÓSTICO Sobreviventes com LME continuarão a viver com limitações funcionais de acordo com seu nível de lesão. As pessoas com paraplegia e/ou lesões incompletas tendem a evoluir melhor do que aquelas com tetraplegia e/ou lesões completas. O avanço no tratamento, na reabilitação e nos dispositivos de assistência possibilitou melhorar a qualidade de vida dos acometidos. SPACKMAN, 2011; TROMBLY, 2005 * * Imediatamente após a lesão, todos os reflexos param de funcionar. Quando o choque medular cede, os pacientes têm uma excelente chance de recuperar as funções motoras e sensoriais. As funções motoras e sensoriais costumam retornar nos 6 primeiros meses e o ritmo de recuperação tende a diminuir após 1 ano. Índices de mortalidade são maiores no primeiro ano devido às complicações. * * O nível de lesão dita o grau de limitações motora e sensorial. Consequentemente as considerações de tratamento e resultados irão variar. As consequências de uma lesão incompleta não podem ser tão facilmente preditas. * * * * INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL TO utilizam para reabilitar indivíduos acometidos os modelos biomecânico e de reabilitação. Modelo Biomecânico: tem como objetivo ajudar o paciente a melhorar/restaurar a força, a ADM, a sensibilidade e a mobilidade. Modelo de Reabilitação: tem como objetivo manter o paciente o mais independente possível – estratégias de compensação e dispositivos de auxílio. SPACKMAN, 2011 * * Fase aguda: Deve ser centrada no apoio e prevenção. Na unidade de cuidados intensivos os atendimentos devem ser breves e voltados para orientação do paciente e familiares, posicionamento adequado do paciente no leito e prevenção de deformidades – mobilização articular passiva e uso de órteses* para posicionamento. TROMBLY, 2005 * * * * Fase de Reabilitação Aguda: além do apoio e educação deve ser centrada em atividades significativas. Na década de 70 a permanência média do paciente no hospital era de 144,8 dias. Na década de 90 diminuiu para 44 dias. Durante essa fase a TO auxilia pacientes a iniciar ou manter participação ativa em ABVD. Importante trabalhar transição para o domicílio – trabalhar resolução de problemas e, se possível, realizar visita domiciliar. TROMBLY, 2005 * * Importante reforçar orientações que devem ser concomitantes ao aprendizado e resolução de problemas diários. Importante o encaminhamento para grupos ou associações para apoio comunitário. Preparar a alta - educar e capacitar pacientes e cuidadores para o retorno ao domicílio. TROMBLY, 2005 * * Retomar, encorajar e treinar atividades significativas desde o início * * * * O atendimento em grupo ajuda a compartilhar as dificuldades e na sua superação * * Contexto da alta hospitalar: Importante avaliar o ambiente físico onde o paciente frequenta – casa, dispositivos na comunidade. Auxiliar na transferência de aprendizado, se possível fazer novo treinamento. Ex.: banho realizado no hospital é diferente daquele realizado no domicílio. verificar necessidades de adaptações – barras de apoio, assento elevado, altura da cama, etc. (verificar NBR + singularidades do cliente) * * Selecionar tipo adequado de cadeira de rodas e treinar seu uso * * * * EVIDÊNCIAS... Conclui-se que o apoio da família e, em especial, a presença dos pais, são fundamentais para enfrentar as limitações e reagir na busca de equilíbrio na deficiência, incapacidade, desvantagem e saúde dessa clientela. Os cuidadores precisam e podem se beneficiar de intervenções que ajudem a gerir as limitações médicas e funcionais do paciente. Estratégias de intervenção que visam tanto o cuidador e o paciente são particularmente promissoras para melhorar a qualidade de vida dos cuidadores. Improving the quality of life of caregivers of persons with spinal cord injury: A randomized controlled trial. R. Schulz, S. J. Czaja, A. Lustig, B. Zdaniuk, L. M. Martire and D. Perdomo (2009). Rehabilitation Psychology. Volume 54; Issue 1; Pages 1-15 * * REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações. Programáticas Estratégicas e Departamento de Atenção Especializada. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012. Protocolo de Traumatismo Raquimedular – (tratamento agudo). Dr. Newton Godoy – HJXXIII e Dra. Maria Amélia Ferreira Rocha – HJXXIII. 2012. * * REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMPOS, M.F. et al. Epidemiologia do traumatismo da coluna vertebral. Rev. Col. Bras. Cir. [online]. 2008, vol.35, n.2, pp. 88-93. Blanes, L. et al. Clinical and socio-demographic characteristics of persons with traumatic paraplegia living in São Paulo, Brazil. Arq. Neuro-Psiquiatr., June 2009, vol.67, no.2b, p.388-390. NITRINI, R. et al. A neurologia que todo médico deve saber. 2ª Edição. São Paulo: Atheneu, 2010. Willard, H. Terapia Ocupacional – Willard & Spackman. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. * * GRUPO DE DISCUSSÃO O que é preensão por tenodese? Porque é importante para o TO e como ele pode facilitá-la? Quais são os sintomas da Esclerose Múltipla que podem requerer a intervenção da TO? Justifique. Quais fatores e sintomas o TO deve considerar ao indicar o uso da cadeira de rodas para um paciente com doença neurodegenerativa? Planeje uma sessão de TO para o tratamento de um indivíduo com Doença de Parkinson que apresenta acinesia, bradicinesia e rigidez e está caindo repetidas vezes. Liste os itens que você examinaria e as modificações primárias que poderia recomendar durante uma visita domiciliar a um paciente com Esclerose Lateral Amiotrófica.