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FACULDADE ALFREDO NASSER
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I
Professor: Márcio do Nascimento
2013/02
PLANO DE ENSINO
Disciplina
DIREITO CONSTITUCIONAL I
Professor:
PROF. MÁRCIO DO NASCIMENTO
Curso: 
DIREITO
Período: Turma: Crédito: Carga horária:
2º PERÍODO 04 CRÉDITOS 72 HORAS/AULA
Semestre letivo:
2013 - 2
1. Ementa:
Teoria da Constituição. O Constitucionalismo. A evolução do Estado moderno: paradigmas. O 
Estado Liberal de Direito. O Estado Social de Direito. O Estado Democrático de Direito. O novo 
constitucionalismo. Constituição: conceitos, estudo de sua teoria e de sua tipologia, suas funções 
básicas. A Supremacia Constitucional. O Poder Constituinte: sua gênese constitucional. Norma 
Constitucional: normas e princípios. Hermenêutica Constitucional: interpretação, aplicação e 
concretização da Constituição.
2. Objetivos
Gerais:
- Refletir a respeito da importância do Direito Constitucional.
- Identificar a origem e a formação do Estado. 
- Definir os fundamentos do Estado Moderno através da história. 
- Investigar os pressupostos e paradigmas do Estado Liberal, Estado Social e Estado Democrático 
de Direito.
Específicos:
- Analisar a formação do poder constituinte com a interface com o Estado Moderno.
- Estabelecer compreensão dos variados conceitos e tipologia de Constituição.
- Compreender a distinção entre princípios e normas constitucionais. 
- Discriminar os princípios de interpretação constitucional
3. Conteúdo Programático
UNIDADE 1 – Teoria Geral do Estado
1. Teoria Geral do Estado
1.1 Origem da palavra Estado
2. Origem do Estado
3. Teorias que justificam a origem do Estado
3.1 Teoria Teológica
3.2 Teorias contratualistas
3.3 Teoria da Violência
3.4 Teoria Familiar
4 Evolução histórica do Estado
4.1 Estado Antigo
4.2 Estado grego
4.3 Estado romano
4.4 Estado medieval
4.5 Estado moderno
5 Elementos Constitutivos do Estado
5.1 Soberania
5.2 Território
5.3. Governo
5.4 Povo
5.5. Finalidade
6 Formação, modificação, extinção do Estado
7 Formas de Estado
7.1 Estado Unitário
7.2 Estado Composto
8 Formas de Governo 
8.1. Sistema de Governo
8.2. Regime de Governo
UNIDADE 2 – O Constitucionalismo
1. Antecedentes da Constituição Escrita
2. Constitucionalismo Antigo e moderno
2.1. Constitucionalismo Antigo
2.2. Constitucionalismo da Idade Média
2.3. Constitucionalismo Moderno
3. Constitucionalismo contemporâneo e globalizado
4. A evolução do Estado Moderno: Paradigma. O Estado Liberal de Direito, o Estado Social de 
Direito. O Estado Democrático de Direito.
4.1. O paradigma do Estado Medieval
4.1.1. A situação da Igreja
4.1.2. Caracteres fundamentais do sistema feudal
4.2. O paradigma do Estado Liberal de Direito
4.3. O paradigma do Estado Social de Direito
4.4. O paradigma do Estado Democrático de Direito.
UNIDADE 3 – O Poder Constituinte: sua gênese constitucional
1. Considerações iniciais
2. Conceito de Poder Constituinte
3. Teorização do Poder Constituinte
4. Natureza
5. Titularidade e Exercício
5.1 Titularidade
5.2 Exercício
6. Poder Constituinte Originário e Derivado
6.1. Poder Constituinte Originário
6.1.1. Inicialidade
6.1.2. Ilimitação
6.1.3 Incondicionamento
6.2. Poder Constituinte Derivado Reformador e de Revisão 
6.2.1. Derivação
6.2.2. Limitação
6.2.3. Condicionamento
6.3. Poder Constituinte Decorrente Institucionlizador
6.3.1. Derivação
6.3.2. Limitação
6.3.3. Condicionamento
UNIDADE 4 – Teoria do Direito Constitucional e da Constituição
1. Direito Constitucional - Conceito
2. Direito Constitucional: Origem e Evolução
3. Direito Constitucional: objeto
4. Direito Constitucional: conteúdo científico
4.1. Direito Constitucional Especial (Interno, Positivo ou Particular)
4.2. Direito Constitucional Comparado
4.3. Direito Constitucional Geral
5. Teoria da Constituição e sua Tipologia
5.1. Constituição em sentido material e formal - Considerações iniciais
5.2. Conceito Material
5.3. Conceito Formal
5.4. Conceito Moderno
5.5. Concepções sobre as Constituições
5.5.1. Constituição em sentido político
5.5.2. Constituição em sentido sociológico
5.5.3 Constituição em sentido jurídico
6. Tipologia Constitucional
6.1 Quanto à forma
6.2 Quanto ao método de elaboração
6.3 Quanto à origem
6.4. Quanto ao Conteúdo
6.5. Quanto à estabilidade
6.6. Quanto à finalidade
6.7. Quanto à extensão
6.8. Quanto à correspondência com a realidade
6.9. Quanto à ideologia
6.10. Constituições nominalistas e semânticas
6.11. Quanto à sistematicidade
6.12. Constituições liberais (negativas) e sociais (dirigentes)
6.13. Classificação da Constituição do Brasil de 1988.
7. Supremacia constitucional
UNIDADE 5. Norma Constitucional: normas e princípio – aplicabilidade - classificação.
1. Considerações iniciais
2. Normas Jurídicas Gerais
2.1. Considerações
3. Normas Constitucionais 
3.1. Considerações
4. Normas Programáticas
4.1. Normas Programáticas e Normas Preceptivas
5. Princípios e Normas constitucionais
5.1. Normas Constitucionais
5.2. Normas e Princípios Constitucionais
5. Validez, Vigência e Eficácia das Normas Jurídicas em Geral
5.4. Validez, Vigência e Eficácia das Normas Constitucionais
6. Aplicabilidade das Normas Constitucionais
5.4. Classificação das Normas Constitucionais
6.1. Classificação Norte-Americana
6.2. Classificação de Azzaritti
6.3. Classificação de Crisafuli
6.4. Classificação de Luiz Roberto Barroso
6.5. Classificação de Maria Helena Diniz
6.6. Classificação de José Afonso da Silva
6.7. Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida
7. Interpretação constitucional
7.1.Conceitos, classificações e métodos clássicos de interpretação.
7.2. Os métodos ou elementos clássicos de interpretação.
7.2.1. a interpretação gramatical
7.2.2. a interpretação histórica
7.2.3. a interpretação sistemática
7.2.4. a interpretação teleológica
7.3. A interpretação conforme à Constituição
4. Metodologia Geral:
A metodologia de ensino a ser utilizada, além dos tradicionais recursos didáticos, consistirá em 
aulas expositivas, em que serão evidenciados os conteúdos desta disciplina, com oferecimento de 
conceitos fundamentais e questionamentos para reflexões dos graduandos, dentro do processo 
maiêutico. Serão ministradas atividades acadêmicas diversificadas para propiciar aos discentes a 
aquisição de habilidades relacionadas com o aprender a aprender, que lhes permitam ser cada vez 
mais autônomos em suas aprendizagens, estimulando a autoestima e o autoavaliação em relação 
às aprendizagens do conteúdo que se propõem. Para tanto, serão ministrados:
- leitura de textos complementares apresentados em seminários, visando a interação da teoria com 
a prática para garantir a articulação da vida acadêmica com a realidade concreta da sociedade, 
suas necessidades, complexidades e avanços científicos, no contexto da disciplina tratada;
- trabalhos cujos temas deverão ser relacionados às demais disciplinas do período, visando a troca 
de conhecimentos entre as disciplinas jurídicas para se efetivar a comunicação entre elas, levando 
o discente a refletir a Ciência do Direito como ciência una e integrada aos demais campos do 
conhecimento; 
- trabalhos de pesquisas além da sala de aula, objetivando a produção científica, como artigos 
jurídicos, resenhas e relatórios de leitura. 
5. Sistema de avaliação:
Serão utilizados como instrumentos de avaliação de desempenho do acadêmico os seguintes 
instrumentos, com atribuições de notas, expressas em graus numéricos de 0 (zero) a 100 (cem):
- Avaliação individual escrita (P1 e P2); 
- Resolução de exercícios;
- Participação do
aluno no seminário;
- Trabalho Discente Interdisciplinar-TDI e 
- Trabalho Discente Efetivo – TDE. 
TDI - TRABALHO DISCENTE INTERDISCIPLINAR: 
TDE – TRABALHO DISCENTE EFETIVO: Fazer uma pesquisa a respeito do Tema “Evolução 
dos Direitos Humanos”, que deverá ser entregue em forma de um artigo, devendo ser apresentado 
em até 12 laudos digitadas. O trabalho será realizado extra-sala. Tendo como carga horária de 12 
horas/aula, que comporá a nora de P!.
6. Bibliografia básica:
ARAÚJO, LUIZ Alberto David. Curso de Direito Constitucional, v. 1, 6.ed. São Paulo: SARAIVA, 
2002.
FERREIRA, Pinto. Curso de Direito Constitucional, 11.ed., São Paulo: SARAIVA, 2001.
FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Curso de Direito Constitucional, v.1, 28.ed., São Paulo: 
SARAIVA, 2002.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo – v-1. 20 ed., São Paulo: 
MALHEIROS, 2002.
TEIXEIRA, J. H. Meirelles. Curso de Direito Constitucional, v.1 ed., Rio de Janeiro: FU, 1991.
TEMER. Michel. Elementos de Direito Constitucional. v.1, 18.ed., São Paulo: MALHEIROS 
EDITORES, 2001.
Bibliografia complementar
AZKOUL, Marco Antônio. Teoria Geral do Estado. 1.ed., São Paulo: EDITORA JUARES DE 
OLIVERIA, 2002.
BARROSO, Luiz Roberto. Direito Constitucional e a Efetividade de suas Normas, O. 16.ed., Rio 
de Janeiro, RENOVAR, 2002.
__________, Interpretação e Aplicação da Constituição. 7ª Ed.. São Paulo : Saraiva, 2009.
BASTOS, Celso Ribeiro. Comentários à Constituição do Brasil. v. 4 – Arts. 44º a 126, 4,2º, São 
Paulo, SARAIVA, 2001.
___________. Comentários Á Constituição do Brasil – v.6 – art. 156 a 169º, 6, 2º, São Paulo, 
SARAIVA, 2001.
___________, Hermenêutica e Interpretação Constitucional. 2ª ed. rev. e ampl. – São Paulo : Celso 
Bastos Editor : Instituto Brasileiro de Direito Constitucional, 1999.
BONAVIDES, Paulo. A Constituição aberta – Temas políticos e constitucionais da atualidade, com 
ênfase no federalismo das regiões. v.1, 2.ed., São Paulo: MALHEIROS EDITORES, 1996.
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 2 ed. Ver. e atual. – São Paulo : Saraiva, 
2008.
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional – Teoria do Estado e da Constituição, 
Direito Constitucional Positio. 14ª ed. rer. Atual. e ampl. Belo Horizonte: Del Rey, 2008.
CLÉVE, Clémerson Merlin. Temas de Direito Constitucional e de Teoria do Direito, v.1, 1.ed., São 
Paulo: EDITORA ACADÊMICA, 1993.
Constituição da República Federativa do Brasil. V, 1,29. Ed., São Paulo: SARAIVA, 2002.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 20.ed., São Paulo: SARAIVA, 
1998.
FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Comentários à Constituição Brasileira de 1998 – Arts. 104 a 
250 – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, v.1 3.ed, São Paulo: SARAIVA, 2000.
FERRAZ, Sergio Valadares. Curso de Direito Constitucional- Teoria, jurisprudência e 1.000 
questões, 3.ed., Rio de janeiro: ESLSEVIER, 2007.
HESSE, Konrad. Elementos de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha. v.1, 
1.ed., Porto Alegre: SAFE, 1998.
JUNIOR, Dirley da Cunha. Curso de Direito Constitucional. 5ª ed. Revista, ampliada e atualizada. 
Salvador : Editora Podium, 2011.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Constituição e Direitos Sociais dos Trabalhadores. V. 1, 1.ed., 
SÃO PAULO: LTR, 1997.
MAXIMILIANO, Carlos. Comentários à Constituição Brasileira, v. 3 4.ed., São Paulo: FREITAS 
BASTOS, 1948.
REALE JÚNIOR, Miguel. Caos de Direito Constitucional, v. 1 São Paulo: REVISTA DOS 
TRIBUNAIS, 1992.
SILVA, Paulo Napoleão Nogueira. Constituição e Sociedade, v. 1, 1.ed., Rio de Janeiro: FORENSE, 
2001.
MENEZES, Aderson. Teoria Geral do Estado. 8.ed., Rio de Janeiro: 2005.
MIRANDA, Jorge. Teoria do Estado e da Constituição
MORAES, Guilherme Peña de. Direito Constitucional – Teoria da Constituição, 4.ed., Rio de 
Janeiro: Editora Lumém Juris, 2007.
MOTTA, Sylvio, BARCHET, Gustavo. Curso de Direito Constitucional, 1.ed., Rio de Janeiro: 
ELSEVIER, 2007.
Apresentação
Os apontamentos contidos nesta apostila têm como objetivo maior dar ao aluno 
um farto material bibliográfico, pois não foi extraído de um único livro, mas de diversos autores 
consagrados. São recortes de obras importantes no que diz respeito ao estudo do Direito 
Constitucional. Pretendemos com isto facilitar a vida universitária do aluno de Direito.
Com certeza o estudo diário da disciplina Direito Constitucional I, será de 
fundamental importância para o desenvolvimento de todo o Curso de Direito. Assim, a apostila 
coloca a disposição do aluno o conteúdo que irá guiá-lo, não só na vida acadêmica, mas também 
durante sua vida profissional. Portanto, não despreze o estudo desta disciplina.
Esta apostila contém textos complementares, que muito contribuirá na 
compreensão do conteúdo ministrado em sala de aula. A leitura destes textos precederá a 
elaboração de pequenos artigos. Também com o objetivo de fixação do conteúdo, ao final de cada 
unidade existem exercícios de fixação do conteúdo relativo a unidade estudada.
Segue logo abaixo seis passos de como estudar Direito Constitucional extraídos 
da obra de Uadi Lammego Bulos, Curso de Direito Constitucional, que trazem dicas interessantes 
para o desenvolvimento do estudo da disciplina.
1º) Gostar de estudar: Estudar é hábito. É preciso cultivar uma disciplina feliz. 
O Contrário é perda de tempo. E como gostar de estudar? Tendo um objetivo na vida, sabendo 
querer para, desse, modo, centralizar a mente no alvo concreto a alcançar.
2°) Resumir a lição: Direito Constitucional é uma disciplina ampla. Envolve 
tudo, Só existe uma forma para absorvê-la: removendo-lhe o conteúdo. Repita, repita, repita, repita, 
que pega. Ler várias vezes a mesma coisa é atitude de sabedoria, porque as palavras tem vida. O 
significado delas depende da dimensão praxeológica e do nível teorético-científico que o autor lhe 
atribuiu. Por isso, é difícil captar, de um súbito, o conteúdo de uma lei, de uma decisão judicial ou 
de um texto doutrinário. Mas ruminar a lição não é decorá-la, sem entender a sua essência, e sim 
colocar na mente o cerne do assunto. Isso é algo diverso da cegueira, do mero utilitarismo prático, 
da unidimensionalização do saber jurídico que compromete o alicerçamento das leges artis da 
profissão.
3º) Fazer resumos: Resumir o assunto é um modo de evitar o sono durante o 
estudo porque o Direito Constitucional é uma disciplina densa. Por mais que se queira simplificá-lo, 
há momentos em que se tornar impossível fazê-lo sob pena de o tornar banal. Mas não basta fazer 
resumos, é preciso concentrar-se naquilo que se está lendo, precisamente para os pontos fortes da 
disciplina adentrarem no subconsciente, evitando os famosos “brancos” ou esquecimentos, na hora 
da prova.
4°) Não ter presa em aprender tudo de uma vez só: A ansiedade, a pressa, a 
agonia para estudar tudo de uma só vez gera angústia medo e depressão, criando quadros psicóticos 
profundos. Os apressados vivem uma eterna guerra de pensamento acelerado, sobrecarregam o 
córtex cerebral, escoando a energia vital do espírito. Andam tristes, agitados e esquecidos de tudo e 
de todos. Deixam de contemplar o belo, é, num processo inconsciente, perdem a alegria interior. 
Como não ser apressado? Gostando de si mesmo, pensando para viver, e não viver para pensar. 
Dinheiro, fama, status, cargo publico importante não compensam a sensação de ansiedade. 
Qualquer vitória só faz sentido se for obtida com esforço e em clima de festa. Esse é o único modo 
de reescrever o script de nosso destino, pois podemos ser felizes enquanto lutamos. Por isso é que o 
estudo do Direito Constitucional é uma oportunidade para reeducar hábitos.
5º) Descansar a mente: Ir a festas é ótimo quando se acha que não se está 
aprendendo mais nada. Jesus Cristo, o Mestre
dos Mestres, o príncipe da arte de gerenciar emoções 
e pensamentos, que não seguiu credo religioso algum, adorava socializar-se. Bebia vinho com os 
amigos e estava sempre alegre, mesmo sabendo o calvário que a ignorância humana iria 
proporcionar-lhe. Vivia em perigo constante, e não sofria antecipadamente. Sempre estava com o 
intelecto calmo e descansado. Foi à festa de Cana da Galileia, do tabernáculo, entre outras. Alguns 
de seus melhores ensinamentos foi durante as refeições, embora naquela época inexistissem 
restaurantes. Na realidade, é impossível absorver assuntos tão áridos, como os constitucionais, 
dentro de uma autocobrança lógica e rígida. Mais uma vez, recordemos do Carpinteiro do amor. Na 
hora da perseguição mais acirrada de sua vida, parou e disse: “olhais os lírios do campo”. Descansar 
a mente é atitude de enorme valia para quem deseja a verdadeira vitória: ter paz.
6º) Erigir Deus como o centro de tudo: Quando entregamos a nossa vida a Deus 
o estudo flui. Nem é preciso ter religião para fazer isso; basta quebrantar o coração, entregando-se 
a Ele. Ao reconheceremos que não somos nada sem a Sua presença tudo fica claro. Descobrimos 
que não estamos sozinhos nos embates da vida, pois a Divindade está conosco. Confiar em Deus, 
Amigo incondicional de todas as horas é compensar todo o esforço dispendido, coroando a nossa 
existência de luz, temperança e autodomínio.
Dito tudo isto, mãos a obra, e vamos estudar o Direito Constitucional!
UNIDADE 01 – TEORIA GERAL DO 
ESTADO
Por que estudar uma Teoria Geral do Estado?
A disciplina, a Teoria Geral do Estado, tem a finalidade de fornecer a 
compreensão do Estado como forma de organização política e de suas relações com o Direito. 
Muitos autores consideram, aliás, que a Teoria do Estado seja a “parte geral” do Direito 
Constitucional, porque ela estuda “o Estado”, abstratamente, enquanto que o Direito Constitucional 
se refere a “um Estado” determinado em particular.
Por sua vez, Dalmo Dallari, enfatiza que o estudo da Teoria Geral do Estado diz 
respeito à necessidade de se preparar o profissional do Direito para ser mais do que um manipulador 
de um processo técnico, formalista e limitado a fins imediatos. E lembrando Edgar Bodenheimer, 
ressalta:
“O de que mais se precisa no preparo de juristas de hoje é fazê-lo conhecer bem 
as instituições e os problemas da sociedade contemporânea, levando-os a 
compreender o papel que representam na atuação daqueles e aprenderem as 
técnicas para a solução destes”
E ainda, segundo Bodenheimer.
“certas tarefas a serem cumpridas com relação a esse aprendizado terão de ser 
deixadas às disciplinas não-juridicas da carreira acadêmica do estudante de 
Direito”. 
Continua apontando Dallari o seguinte:
“Há, nessa referência, três pontos que devem ser ressaltados: a) é necessário o 
conhecimento das instituições, pois quem vive numa sociedade sem consciência 
de como ela está organizada e do papel que nela representa não é mais do que 
um autômato, sem inteligência e sem vontade; b) é necessário saber de que 
forma e através de que métodos os problemas sociais deverão ser conhecidos e 
as soluções elaboradas, para que não se incorra no gravíssimo erro de 
pretender o transplante, puro e simples, de fórmulas importadas, ou a aplicação 
simplista de idéias consagradas, sem a necessária adequação às exigências e 
possibilidades da realidade social; c) esse estudo não se enquadra no âmbito das 
matérias estritamente jurídicas, pois trata de muitos aspectos que irão influir na 
própria elaboração do direito.”
A noção da Teoria Geral do Estado, pode-se dizer que é uma disciplina de síntese, 
que sistematiza conhecimentos jurídicos, filosóficos, sociológicos, políticos, históricos, 
antropológicos, econômicos, psicológicos, valendo-se de tais conhecimentos para buscar o 
aperfeiçoamento do Estado, concebendo-o, ao mesmo tempo, como um fato social e uma ordem, 
que procura atingir os seus fins com eficácia e com justiça, como ressalta Dalmo Dallari.
Nina Ranieri (2013, p. 2) responde a pergunta: “Para que serve uma teoria do 
Estado?” da seguinte forma:
“As teorias tem função cognitiva: buscam capta o mundo, racionaliza-lo, 
explica-lo, domina-lo. A teoria geral do Estado (TGE) não foge a regra: visa a 
compreender o Estado como fenômeno social, politico e jurídico no qual 
nossa vida se desenvolve.
Existem inúmeras teorias sobre o Estado nas diversas áreas do conhecimento 
humano. São doutrinas filosóficas, politicas, sociológicas, econômicas, 
históricas, etc., que se recortam na especificidade de sua metodologia e de 
seus campos de investigação e, sendo complementares, compõem um amplo 
quadro acerca das origens, da evolução e do desenvolvimento do Estado.”
E complementa:
“A TGE serve-se, dialeticamente, de todas aquelas fontes – dai ser uma teoria 
geral – com o objetivo de reunir, analisar e sistematizar conhecimentos uteis 
ao aperfeiçoamento da vida justa nas sociedades estatais. Incluem-se, 
portanto, entre seus problemas, o estudo das origens do Estado, de seu 
funcionamento, sua finalidades, características, tendencias, configurações 
futuras, etc. O que e o Estado? Qual a sua natureza? Para que serve? Quais 
são seus fins? Como surgiram os Estados? Todos são iguais? Como se 
evoluíram? Que formas assumiram? Que formas podem assumir?”
Por fim, a autora Nina Ranieri (2013, p. 11) conclui:
“Desde o inicio do século XXI estamos, em relação ao Estado moderno, 
diante de uma novidade fundamental que se expressa pela relativização da 
soberania do Estado Nacional e pela fundamentação axiológica do Direito e 
do Estado nos planos nacional e internacional. Essa novidade vem 
delineando uma nova modalidade do Estado moderno, que se caracteriza 
tanto por ser Estado internacional e democrático de direito, em razão da 
emergência do direito internacional publico, sob a orientação dos valores 
expressos na Carta das Nações Unidas de 1946 e na Declaração Universal dos 
Direitos Humanos – DUDH -, de 1948, em virtude dos valores e princípios de 
justiça que constituem o núcleo do modelo axiológico da Constituição como 
norma.
O desafio da teoria do Estado e compreender e explicar esse tipo de Estado, 
acompanhando sua evolução e induzindo mudanças nos paradigmas que o 
orientam, se necessário.”
TEORIA GERAL DO ESTADO
1. Introdução
Inicialmente é preciso compreender de que “Estado” iremos tratar. Observe esta frase: 
O Estado de Goiás faz parte do Estado brasileiro, que se constitui em uma federação 
de Estados, que segundo a Constituição de 1988 é uma República.
Pois bem, a palavra “Estado” foi utilizada três vezes, sendo que na primeira “Estado de 
Goiás”, significa que “Goiás” faz parte da divisão territorial e administrativa do “Estado brasileiro”, 
ou seja, é a parte, portanto, é um “Estado-membro”. Assim, não é este o “Estado” que iremos 
estudar, ou seja, da parte, mas estudaremos o “Estado” como sendo o todo. No exemplo dado, o 
“Estado brasileiro”, adotou uma forma de Estado, que é uma Federação, mas existem outras 
formas de Estados, como iremos estudar logo mais.
Segundo Nina Ranieri (2013, 12)
a) O Estado e uma forma especifica de sociedade politica, organizada mediante 
regras e dotada de poder superior sobre seus membros;
b) o Estado e uma pessoa jurídica de direito publico interno e internacional.
O primeiro conceito indica, abstratamente, qualquer tipo assumido pelo Estado em seu 
desenvolvimento no tempo e no Espaço, independente de sua variações, considerando-se sociedade 
politica, sendo a definição de Bobbio a forma mais intensa e vinculante de organização da vida 
coletiva. O segundo conceito,
também de forma abstrata, equipara Estado a conotação a palavra 
“Pais”. Em ambos, o Estado e visto como unidade político-jurídica, sendo este o seu sentido 
moderno.
 
1.1. ideia Racional de Estado
Para a ciência, o que é afinal o Estado? Para muitos é uma ficção, uma entidade 
abstrata, criada pelos juristas e pelos filósofos, sem correspondente exato na realidade, para outros , 
uma ideia, uma imagem, para alguns um simples fato.
Se considerarmos a manifestação concreta do que se chama Estado, isto é, homens que 
governam a outros homens, em um território determinado, o Estado é simplesmente um fato.
Se procurarmos as causas e as relações, o motivo e os fins da coexistência dos 
governantes, teremos uma ideia, que é a representação mental da realidade e não a fantasia ou um 
mito. “O Estado não é a suprema encarnação da idéia”, como acreditava Hegel. O Estado não é 
uma espécie de super-homem coletivo; o Estado é um órgão habilitado a empregar o poder e a 
coerção, e dirigido por peritos e especialistas da ordem e do bem-estar do povo – um instrumento 
de serviço do homem....
Por outro lado, o Estado é obra da inteligência e da vontade dos membros do grupo 
social, ou dos que nele exercem o governo e sua influência.
Na história de todas as sociedades 
“chegou um momento em que os homens sentiram o desejo, vago e indeterminado, de 
um bem que ultrapassa o seu bem particular e imediato e que ao mesmo tempo fosse 
capaz de garanti-lo e promovê-lo. Esse bem é o bem comum ou o bem público, e 
consiste em um regime de ordem, de coordenação de esforços e intercooperação 
organizada. Por isso o homem se deu conta de que o meio de realizar tal regime era a 
reunião de todos em um grupo específico, tendo por finalidade o bem público. Assim, 
a causa primária da sociedade política reside na natureza humana, racional e 
perfectível. No entanto, a tendência deve tornar-se um ato; é a natureza que impele o 
homem a instituir a sociedade política de outrora e de hoje. O instinto natural não 
era suficiente, foi preciso a arte humana” (Dabin, Doctrine génerale de L’État, pp. 89-
90).
O Estado aparece, assim, aos indivíduos e à sociedade, como um poder de mando, 
como Governo e dominação. O Aspecto coativo e a generalidade são o que distingue as normas 
por eles editadas; suas decisões obrigam a todos os que habitam o seu território.
2. Origem do Estado
Do exposto até aqui se apura que o Estado é uma sociedade política organizada sob a 
forma de governantes e governados, com território delimitado e dispondo de poder próprio 
para promover o bem de seus membros, isto é, o bem público Para atingir seu objetivo, o Estado 
estabelece e impõe normas e regras que orientam sua ação e disciplinam as atividades dos 
indivíduos e grupos que o compõem” (Darcy Azambuja, pág. 49/54). Mas, com surgiu o Estado?
2.2 ORIGEM DA PALAVRA ESTADO: 
A palavra Estado foi usada pela primeira vez por Nicolau Maquiavel, no livro O 
Príncipe, publicado em 1531, para designar uma sociedade política (“todos os Estados, todas as 
dominações que tiveram e tem o império sobre os homens foram e são republicas ou principados”). 
A partir daí a palavra, Estado passou a ser usada pelos italianos como cidade 
independente. Muito embora, alguns autores não aceitam que o Estado tenha existido antes do 
século XVI, apenas admitindo uso do nome Estado como concepção de sociedade política, quando 
dotado de certas características bem definidas, que serão estudadas logo adiante.
 
Entretanto, a maioria dos autores admite que o Estado, como sociedade política, sempre 
existiu, mesmo antes do século XVI, embora com nomes diversos, pois sempre existiram 
sociedades políticas, que com autoridade superior, fixaram regras de convivência que eram 
observadas pelos seus membros. Exemplificando:
a) Na Grécia: Havia delimitação das cidades-estados, a polis grega. Havia um conjunto 
de habitantes. Existia uma organização política, com diversas formas de governo.
b) Em Roma: Existia a Civitas – comunidades de habitantes ou a res publica. A palavra 
status republicae, era utilizada para designar a situação, a ordem, o estado da coisa pública dos 
negócios do governo, assim considerados status familiae, status libertatis.
Com o crescimento de Roma e sua expansão no mundo conhecido modifica-se o 
conceito de status romanus, e os juristas romanos passam a empregar a expressão status romanus, 
embora a palavra status não está nunca empregada de modo absoluto, sozinha, no sentido de 
Estado.
c) Na idade Média: Com o sistema feudal, a noção de Estado não ganha força de 
sociedade política, devido a fragmentação dos reinos em feudos ou comunas. Contudo, percebe-se 
que estão presentes as figuras do rei, de uma população e um território.
O certo é que do século XVI em diante, o termo italiano stato, conforme utilizada por 
Maquiavel, se incorpora à linguagem corrente, vai aos poucos tendo entrada na terminologia 
política dos povos ocidentais: É o État francês,o Staat alemão, em inglês State, e em português e em 
espanhol Estado.
3. ORIGEM DO ESTADO1: 
As teorias que buscam justificar ou explicar a época do aparecimento do Estado são 
inúmeras. Examinando as principais teorias que procuram explicar a formação originaria do Estado, 
estas podem ser reduzidas a quatro posições fundamentais:
1) O Estado tem origem em Deus, são as teorias teológicas, divididas em Doutrina do 
Direito Divino Sobrenatural e Doutrina do Direito Divino Providencial.
2) O Estado, assim, como a própria sociedade existiu sempre, pois desde que o 
homem vive sobre a terra, acha-se integrado numa organização social, dotado de poder e com 
autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo. (Teoria Familiar, Teoria Natural),
3) A sociedade humana, em algum momento existiu sem o Estado durante certo 
período. Depois por motivos diversos, o Estado surge para atender as necessidades ou 
conveniências dos grupos sociais. (Teoria Contratualista ou Pactuais).
4) O Estado como sociedade política, surgiu quando dotado de certas 
características muito bem definidas2, tais como: Governo, Território e Povo.
3.1. TEORIAS QUE JUSTIFICAM A ORIGEM DO ESTADO: 
Sobre a origem e justificação do Estado, existem diversas teorias, umas como matrizes 
do pensamento a respeito do tema, e outras como simples variações de estilo. Assim, serão 
apresentados três grupos de teorias mais gerais.
1º) O Estado é obra de Deus, por isso são chamadas doutrinas teológicas. Segundo 
esta teoria tudo foi criado por Deus, inclusive, o Estado, daí a sua origem divina. Podem ser 
divididas em duas:
A) Doutrina do Direito Divino Sobrenatural: O Estado é obra imediata de Deus, uma 
manifestação direta de seu poder no universo, designando o próprio Deus a pessoa ou a família que, 
assim divinizada iria exercer a autoridade estatal.
B) Doutrina do Direito Divino Providencial: O Estado é instituído pela Graça da 
providência divina, que o conduz indiretamente, isto é, pela direção providencial dos 
acontecimentos. Por esta doutrina os homens são dotados de livre-arbítrio, praticam atos e se 
organizam entre si, respondendo, no entanto, à onipresença de Deus. 
Segundo os teóricos das doutrinas teológicas, Deus delega aos reis a sua autoridade, por 
isso, sem muito esforço verifica-se que a doutrina teológica contribuiu para o fortalecimento da 
monarquia de caráter absoluta, ou o absolutismo monárquico.
1 Segundo Aderson de Menezes – Teoria Geral do Estado.
2 Segundo Dalmo Dallari, lembrando Balladore Pallieri, “a data oficial em que o mundo ocidental se apresenta 
organizado em Estados é a de 1648, ano
em que foi assinada a paz de Westfália.”
2º) TEORIAS CONTRATUALISTAS: 
Também chamadas como convencionais ou pactuais. Para esta teoria o Estado tem a 
sua origem num acordo entre os homens. Justificando o seu poder com base no mútuo 
consentimento de seus integrantes. Foi a inteligência humana, em reciprocidade concordante, que 
contratou, convencionou, pactuou a sociedade política, num determinado local e num certo 
instante. Assim, o Estado é criação do homem. Esta teoria tem como principais representantes: 
Thomas Hobbes, John Locke e Jean Jacques Rousseau, entre outros. Embora, tenham partido do 
mesmo ponto (situação do homem vivendo em estado de natureza, divergiram quanto a esta 
situação e a finalidade do pacto).
Para cada um dos autores citados acima o homem vivendo em estado de natureza é 
explicado de uma forma diferente, vejamos:
PARA HOBBES (1588-1679): Hobbes teve uma origem familiar humilde, viveu em um 
tempo que a Inglaterra enfrentava serias crises sociais, políticas e religiosas. Para ele o homem 
vivendo em estado de natureza vive isolado, não tem noção de direito, vivem em constante estado 
de guerra, “O homem é o lobo do homem”. O homem vivendo em Estado de Natureza para Hobbes 
é irracional, não tendo limites.
PARA JOHN LOCKE (1632-1704): John Locke diferente de Hobbes, embora fossem 
contemporâneos, nasceu em uma família, se não abastada, mas de origem burguesa, não era nobre 
de nascimento, é considerado um dos principais representantes do liberalismo político. Para Locke, 
o homem em estado de natureza vive em perfeita liberdade, guiado pela lei natural, a razão, todos 
são iguais e independentes. “Todos os homens participariam dessa sociedade singular que é a 
humanidade, ligando-se pelo liame comum da razão. No Estado natural todos os homens 
teriam o destino imediato de preservar a paz e a humanidade e evitar ferir os direitos dos 
outros.” (Coleção Os Pensadores, Nova Cultural, Vida e obra de Locke).
PARA J. J. ROUSSEAU (1712-1778): Por sua vez, Rousseau, suíço de nascimento, 
ficou órfão de mãe ainda na infância, desenvolveu sua obra nos momentos que precederam a 
Revolução Francesa, contribuindo enormemente, principalmente com a publicação de seu livro “O 
Contrato Social”. Para Rousseau o homem em estado de natureza vive em pequenos grupos, 
vivendo para família e para os afazeres domésticos, felizes, sem problema, era o “bom selvagem 
inocente”, até o surgimento da propriedade privada3, dando origem ao estado de sociedade, na 
guerra de todos contra todos4.
Soluções apontadas para os problemas criados pelo homem vivendo em estado 
de natureza, segundo os autores acima:
PARA HOBBES: Para sair do estado de natureza os homens voluntariamente 
renunciam (o pacto é feito entre os homens) a seu direito de viver em liberdade, e entregam a um 
soberano, o Leviatã, encarregado de promover a paz, nem que para isso o soberano tenha que usar a 
espada. “Os pactos sem espada não passam de palavras”. (pacto da submissão).
PARA JOHN LOCKE: Os homens viviam em perfeita liberdade e igualdade no estado 
natural, contudo, estariam expostos a certos inconvenientes. De modo que os homens fazem um 
pacto ou contrato, não entre governantes e governados, mas entre homens iguais e livres, para 
organizar a forma de convivência, desse pacto surge o poder político, tendo como forma o Estado 
3 “A propriedade privada, que causou a miséria de uns e a riqueza excessiva de outros, o luxo, que criou os vícios; a 
instrução, que criou a ambição, as inquietações de espírito.” (Aderson de Menezes, pág. 86).
4 Esta situação parece a que foi retratada por Thomas Hobbes.
como estrutura máxima. (pacto do consentimento). Neste caso, os homens não renunciam ao poder, 
mas entrega-o a um terceiro, e a qualquer momento pode reaver o poder, se o terceiro não 
desempenhar o exercício do poder de acordo com os interesses dos homens.
PARA ROUSSEAU: Os homens vivendo em Estado de sociedade formularam um 
contrato, denominado Contrato Social, renunciam a liberdade natural e transferem a um terceiro – o 
soberano - para criar e aplicar leis – o contrato social cria a soberania (que para Rousseau 
pertencente ao povo é o pacto social), surge assim a sociedade política.
Explicação da Teoria Contratualista, segundo seus autores
1. THOMAS HOBBES (1588-
1679), escreveu o livro 
“LEVIATÔ.
O HOMEM 
VIVENDO EM 
ESTADO DE 
NATUREZA
2. JOHN LOCKE( 1632-1704), 
escreveu o livro “O Segundo 
tratado do Governo Civil.
3. J. J. ROUSSEAU (1712-1778) 
escreveu o livro “O Contrato 
Social”.
O homem vive isolado, 
não tem noção de 
direito, o homem é 
mau, vive em estado de 
guerra
O homem 
vive em 
liberdade, em 
paz, uns com 
os outros.
O homem vive em pequenos 
grupos, cuidando da família e 
dos afazeres domésticos. Até 
que surge alguém e cerca um 
terreno e diz “é meu”, dando 
início a sociedade privada, e o 
Estado de Sociedade(Estado 
hobbesiano).
O homem vivem 
em Estado de 
natureza
Solução 
encontrada
O homem renuncia a 
liberdade natural, faz 
um acordo entre 
eles, e renunciam e 
entregam a um 
terceiro que vai 
governar sobre eles.
Os homens entregam 
o direito de viverem 
livres a um terceiro, 
porém não renunciam 
ao direito de viver em 
liberdade, podendo 
reassumir o poder.
Os homens 
renunciam o direito 
da viverem livres e 
entregam a um 
terceiro, assim, cria 
o corpo político, 
este poder é 
chamado soberania, 
mas é uma 
soberania popular
Justifica
Poder 
absoluto 
dos reis
Poder 
exercido 
tanto pelo 
rei como 
pelo 
parlamento
Um poder 
democrático, 
com a 
participação do 
povo
Pacto da submissão.
Pacto do 
consentimento
Pacto Social
3.2) O ESTADO É PRODUTO SOCIAL, DE ORIGEM HISTÓRICA E 
EVOLUTIVA: Esta teoria pode ser resumida em duas: A teoria familiar e a teoria natural (Teoria 
do impulso associativo).
a) Teoria Familiar: O Estado se origina na família, e, por isso, mesmo, é denominada 
patriarcal, é na autoridade social do chefe familiar que encontra justificação o poder político da 
entidade estatal. Para Robert Filmer (contemporâneo de Hobbes), é apontado com um expoente 
desta teoria, cada família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado.
a) Teoria Natural: Para os defensores desta teoria, o Estado surge naturalmente, ou seja, 
a sociedade política se formou na ordem regular das coisas, em cujos meandros se firmou e 
legitimou o poder como decorrência da própria necessidade de vida em conjunto. 
OBSERVAÇÃO: Existem outras teorias que procuram justificar a origem do Estado. 
Dallari apresenta, ainda as seguintes:
a) Origem em atos de força, de violência ou de conquista. Com pequenas variantes, 
essas teorias sustentam, em síntese, que a superioridade de força de um grupo social permitiu-lhe 
submeter um grupo mais fraco, nascendo o Estado dessa conjugação de dominantes e dominados. 
Entre os adeptos dessa teoria situa-se Oppenheimer, que, afirmando ter sido criado o Estado para 
regular as relações entre vencedores e vencidos, acrescenta que essa dominação teve por finalidade 
a exploração econômica do grupo vencido pelo vencedor.
b) origem em causas econômicas ou patrimoniais: Dentre os autores de maiores 
repercussões que justificam a origem do Estado por motivos econômicos foi e continua sendo a de 
Marx e Engels.
4. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO:
Considerações:
A história da civilização humana, compreendendo a evolução do Estado, proporciona 
conhecimentos da máxima importância, para que se tenha uma noção exata dos diversos tipos de 
Estados ou de organizações políticas, que através dos tempos se tem apresentado e funcionado a 
sociedade política, situando o homem em suas relações
com a entidade à qual compulsoriamente 
está ligado. 
Para efeitos didáticos será apresentada, em sucessão cronológica esta evolução, 
evidenciando as características do Estado em cada época, para melhor compreensão do Estado 
Contemporâneo, servido ainda como um processo auxiliar para uma futura fixação de tipos de 
Estados.
4.1. ESTADO ANTIGO, ORIENTAL OU TEOCRÁTICO: Este modelo de Estado os 
autores se refere às formas de Estados mais recuados no tempo. São civilizações que surgiram no 
oriente e no Mediterrâneo.
A família, a religião, o Estado, a organização econômica formavam um conjunto 
confuso. Existindo duas marcas fundamentais:
a) A natureza unitária: O Estado Antigo sempre aparece como uma unidade geral, não 
admitindo qualquer divisão interior, nem temporal, nem de funções, há uma confusão de papeis.
b) Religiosidade5: A presença do fator religioso é tão marcante que muitos autores 
entendem que o Estado desse período pode ser qualificado como Estado Teocrático. 
Traços marcantes do Estado Antigo ou Oriental6:
 Teocracia, poder político sob forte influência do poder religioso;
 Forma monárquica, combinada com a teocracia, pois o monarca é adorado como um deus;
 Ordem desigual, hierárquica e sagrada da sociedade. É uma sociedade estratificada.
 Reduzidas garantias jurídicas dos indivíduos;
 Larga extensão territorial e aspiração para constituir um império universal.
Ilustram esse tipo estatal a antiga Pérsia, por volta do século V a.C.., o Egito a partir de 
1.500 a.C., aproximadamente, assim, como a China e o Japão.
4.2. ESTADO GREGO: Embora seja comum a referência ao Estado grego, não se tem 
notícia de um único Estado grego. Pode-se falar de Estado grego pela verificação de certas 
características fundamentais:
a) A Cidade-Estado – a polis – Apresenta-se como a sociedade política de maior 
5 A influência predominante foi religiosa, afirmando-se a autoridade dos governantes e as normas de comportamento 
individual e coletivo como expressões da vontade de um poder divino.
6 Lugar à parte ocupa apenas Israel, firmado na crença monoteísta, na recusa da natureza divina dos reis e no 
princípio da submissão da vontade destes à lei ditada por Deus.
expressão. O ideal visado era a auto-suficiência, a autarquia, ou seja, como diz Aristóteles “a 
sociedade constituída por diversos pequenos burgos forma uma cidade completa, com todos os 
meios de se abastecer por si, tendo atingido por assim dizer, o fim a que se propôs.”
b) O indivíduo tem uma posição peculiar – Há uma elite, que compõe a classe política, 
com intensa participação nas decisões do Estado, a respeito dos assuntos de caráter público. 
Entretanto, nas relações de caráter privado a autonomia da vontade individual é bastante restrita.
Assim, mesmo quando o governo era tido como democrático isto significava que apenas 
uma faixa restrita da população – os cidadãos7 – é que participavam das decisões políticas, tomadas 
nas assembleias em praça pública, trata-se de um embrião da democracia direta. O restante da 
população (escravos e estrangeiros) não participavam das decisões tomadas nas assembleias.
Traços essenciais da polis, do Estado, na Grécia são:
 Prevalência do fator pessoal - O Estado é a comunidade dos cidadãos, embora não sejam 
estes os únicos habitantes – também há os metecos8 e os escravos;
 Fundamento da comunidade dos cidadãos: a comunidade religiosa, unida no culto de 
antepassados (apesar de a autoridade não ter natureza divina e não predominar a casta 
sacerdotal).
 Relativa importância territorial, que pode ser percebida pela pequena extensão do 
território (O Estado tem caráter municipal, é a Cidade-Estado)
 Diversidade de formas de governo, sucessivamente ou com oscilações de Cidade para 
Cidade, e conforme a filosofia e as transformações políticas, internas e externas.
4.3. O Estado Romano (756 a. C a 565 d. C) Começou pela cidade, chamada civitas, 
formada por famílias e tribos que constituíam as gentes. “Teve início com um pequeno 
agrupamento humano, experimentou várias formas de governo, expandiu seu domínio por uma 
grande extensão do mundo...” (Dallari, pág. 62).
Ampliou-se a cidade no seu aspecto estatal, conservando a família, no entanto, a sua 
importância primitiva, desde quando o governo residia numa assembléia de pater-familias, ao 
ponto mesmo de manter-se sempre os senadores romanos o tratamento usual de paters.
Para fazer parte de uma gens9, era preciso pertencer a uma família, que compreendiam 
duas classes de pessoas:
a) os patrícios; estes eram de raça nobre, livre de nascimento e descendentes de um 
pater, daí lhe advinha o nome.
b) os clientes, eram meros servidores de cada grupo familiar, não podendo jamais se 
tornar proprietários. 
c) Havia outra classe ou, melhor, a espécie humana desqualificada, mas que exerceu 
marcante influência no processo histórico de Roma, composta pelos plebeus.
De modo que, uma das peculiaridades mais importantes do Estado Romano é a base 
familiar da organização, havendo mesmo quem sustente que o primitivo Estado, a Civitas, resultou 
da união de grupos familiares (as gens).
7 Que não tinha o mesmo significado moderno do termo que damos na atualidade como “cidadão”
8 Estrangeiros residentes na polis grega.
9 Grupos familiares
Peculiaridades do Estado Romano
 O desenvolvimento da noção de poder político, como poder supremo e uno, cuja plenitude 
– imperium, potestas, majestas – pode ou deve ser reservado a uma única origem e a um 
único detentor;
 A consciência da separação entre o poder público (Estado) e o poder privado (do pater 
familias) e a distinção entre o Direito Público e o Direito Privado;
 A consideração como direitos básicos do cidadão romano não apenas do jus suffragii 
(direito de eleger) e do jus honorum (direito de acesso às magistraturas), mas também do 
jus connubii (direito de casamento) e do jus commercii (direito de celebração de atos 
jurídicos).
4.4. ESTADO MEDIEVAL10: Com a decadência do império romano, instaura-se a 
Idade Média com novos elementos na vida política, tendo como características:
a) O cristianismo: A doutrina cristã e a propagação da igreja cristã constituem 
influências importantes na marcha do pensamento político. O Cristianismo surge proclamando que 
os indivíduos adquirem um valor supremo pregando a igualdade de todos homens. Esta mensagem 
encontrou respaldo entre pessoas humildes e desprezadas. Cresce lentamente, e com a decadência 
do império romano, aumenta rapidamente a sua influência e no século IV, se constitui a religião das 
classes dominantes. O imperador Constantino com o Edito de Milão, do ano 313, através do qual 
assegurou a liberdade religiosa no império torna o Cristianismo a religião oficial do Estado 
Romano, As autoridades eclesiásticas angariam prestígio e poder, bem como riquezas. Na Idade 
Média 1/3 das terras pertenciam a Igreja.
b) Os invasores bárbaros – As hordas bárbaras, esvalos, godos e principalmente os 
germanos, põem em relevo a importância do indivíduo em relação ao Estado, possuíam 
assembléias populares, composta de homens livres que elegiam os chefes das tribos.
c) Feudalismo: Sistema de dependência territorial nas relações entre os homens, 
associado, na prática, à autoridade política e à influência religiosa. Os homens punham-se debaixo 
da proteção dos próprios homens, ficando, em troca, ligados ao solo e sujeitos à prestação de 
serviço. O feudalismo encerra uma instituição, em que os fortes e capazes podiam fazer guerras, 
cunhar moedas e firmar jurisdições.
4.5. ESTADO MODERNO: As deficiências da sociedade medieval determinaram as 
características
do Estado moderno que são:
a) O DECLÍNIO DO SISTEMA FEUDAL: Compreendendo uma estrutura econômica 
e social de pequenos produtores individuais, mas com o passar do tempo não davam conta da 
demanda proporcionada pelo crescimento das cidades. O surgimento da burguesia, que vai 
desempenhar um importante papel na evolução do Estado.
10 “No Estado Medieval “vai ocorrer sobretudo através de três institutos jurídicos, a confusão entre o setor público e 
o privado. Pela vassalagem os proprietários menos poderosos colocavam-se a serviço do senhor feudal, obrigando-se 
a dar-lhe apoio nas guerras e a entregar-lhe uma contribuição pecuniária, recebendo em troca proteção. Outra forma 
de estabelecimento de servidão era o benefício, contratado entre o senhor feudal e o chefe de família que não 
possuía patrimônio. Este último recebia uma faixa de terra para cultivar, dela extraindo o sustendo de sua família, 
além de entregar ao senhor feudal uma parcela da produção. Estabelecido o benefício, o servo era tratado como parte 
inseparável da gleba, e o senhor feudal adquiria, sobre ele a sua família, o direito de vida e de morte, podendo assim 
estabelecer as regras de seu comportamento social e privado. Por último, é importante considerar a imunidade, 
instituto pelo qual se concedida a isenção de tributos às terras sujeitas ao benefício. (Dallari, pág. 69).
b) O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO: O fortalecimento do poder real11, a partir do 
século XIII, fazendo com que o rei enfeixasse em suas mãos todos os poderes. O confronto do reis12 
com a igreja, reagindo a autoridade do papa, o fortalecimento da burguesia com a descoberta de 
novas rotas comerciais. 
c) OS MOVIMENTOS CULTURAIS E POLITICOS como a Renascença, o 
Iluminismo, e também o sacrifício imposto pelas guerras patrocinadas pelos reis, com a cobrança de 
impostos, e a ganância da burguesia, agora detentora do poder econômico, mas querendo o poder 
político, e os privilégios dos nobres que passou a ser contestado.
Os fatores mencionados acima fazem surgir o Estado Constitucional, tendo como 
linhas mestras:
 Limitação da autoridade estatal, pelo delineamento da divisão do poder, na tripartição de 
suas funções executiva, legislativa e jurisdicional;
 A não intervenção do Estado no domínio econômico. Este fator favoreceu a burguesia.
 A garantia dos direitos individuais, devidamente assegurados e garantidos e disciplinado 
por um documento sócio-jurídico-político
5. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO:
Quanto as notas características do Estado, que alguns autores preferem denominar de 
elementos essenciais ou constitutivos, por serem todos indispensáveis para a existência do Estado: 
São eles soberania, o território, o povo, e a finalidade, cujo síntese nos conduz a um conceito de 
Estado. Traremos inicialmente da Soberania.
5.1. Considerações iniciais a respeito da soberania:
“Quando se diz que o Estado é soberano, deve-se entender que, na esfera da sua 
autoridade, na competência que é chamada a exercer para realizar a sua finalidade, que é o bem 
público, ela representa um poder que não depende de nenhum outro, nem é igualado por 
nenhum outro dentro de seu território” (Darcy Azambuja, pág, 90). 
Mas nem sempre foi assim, vejamos:
 Nos Estados da Antiguidade até o fim do Império romano, não se encontra qualquer noção 
que se assemelha ao conceito moderno de soberania.
 No império romano também não se tem qualquer noção que possa ser considerada 
semelhante ou análoga a soberania. Os termos majestas, imperium e potestas, usados em 
deferentes circunstâncias de poder, indicavam o poderio civil ou militar, ou revelava o grau 
de autoridade de um magistrado. Contudo, nenhum deles indicava poder supremo do Estado 
11 “Sob o aspecto político entre reis e burgueses levará à consolidação das monarquias nacionais, fundadas na 
unidade de território, povo e governo. Do século XVI ao XVIII, a legitimação da soberania monárquica justifica o 
absolutismo real. Do ponto de vista econômico, a intervenção direta do Estado nos negócios particulares fortalece o 
mercantilismo.”(Maquiavel – A lógica da força. Maria Lúcia A. Aranha, 2ª ed.. ed. Moderna, p. 17).
12 “é preciso relacionar esses fatos a outros já analisados, tais como o surgimento da nova classe burguesa e os ideais 
de formação das nacionalidades. A busca do fortalecimento do poder dos reis e a formação das monarquias nacionais 
tornam inevitável a rejeição da supremacia papal e do universalismo da Igreja. Além disso, a Igreja, dona de cerca 
de um terço das terras da Europa, representava a manutenção da ordem feudal.” .”(Maquiavel – A lógica da força. 
Maria Lúcia A. Aranha, 2ª ed.. ed. Moderna, p. 19).
em relação a outros poderes.
 Como o poder não admite vazio, com o declínio do império romano, o problema ganha 
importância com o surgimento de inúmeras ordenações independentes (feudos ou comunas), 
que detinham atividades de segurança, tributação, etc, e isto iria dar causa aos freqüentes 
conflitos entre as atribuições do Estado e estas entidades.
 Até o século XII, a situação continua mal definida, aparecendo referências a duas soberanias 
concomitantes no mesmo Estado, uma senhorial e outra de natureza real.
 No século XIII o monarca vai ampliando a esfera de sua competência exclusiva, afirmando-
se soberano de todo reino, acima de todos os barões, adquirindo o poder supremo de justiça 
e de polícia e legislativo. Assim, é que o conceito de soberania, inicialmente relativo, 
adquire o caráter absoluto. No final da idade Média o conceito de soberania está 
amadurecido, recebendo tratamento teórico e sistemático13.
5.2. TEORICOS DA SOBERANIA
a) Jean Bodin, em 1576 foi um dos primeiros a teorizar acerca do tema Soberania no 
livro Les Six livres de La République” (Os seis livros da República): Neste livro ele define 
soberania como um poder perpétuo e ilimitado, tendo limitação apenas na lei divina e na lei 
natural. Entende que a soberania deve ser concentrada em poder do rei. (portanto, ele é defensor do 
absolutismo e do direito natural).
 
b) J. J. Rousseau: Este autor debate o tema soberania no livro “O Contrato Social”, 
publicado em 1762, dando ênfase no conceito de soberania, mas transferindo sua titularidade do 
governante para o povo. Surgindo, assim a teoria da Soberania Popular. Com a ascensão da 
burguesia, após a Revolução Francesa a idéia de Soberania passa a caminhar no sentido de 
soberania nacional.
 
c) No século XIX, o termo soberania ganha a expressão de poder político, sem qualquer 
restrição jurídica. Trata-se de uma concepção puramente política de soberania
 
d) No século XX, com o aperfeiçoamento da doutrina jurídica do Estado, a soberania 
passa a ser indicada como sua nota característica, desenvolvendo uma completa teoria jurídica de 
soberania. 
5.3. CONCEPÇÕES E CONCEITO DE SOBERANIA: Procedendo a uma síntese de 
todas as teorias formuladas, o que se verifica é que a noção de soberania está sempre ligada a uma 
concepção de poder. Para Dalmo Dallari, o que realmente diferencia as concepções de soberania é 
uma evolução do sentido eminentemente político para uma noção jurídica de soberania.
5.3.1. Concepções de soberania
a) Concepção em termos puramente político
13 Dalmo Dallari, diz que Jellinek observou que o fato da antiguidade não ter chegado a conhecer o conceito de 
soberania tem um fundamento histórico de importância, a saber, faltava ao mundo antigo o único dado capaz de 
trazer a consciência o conceito de soberania: a oposição entre o Poder do Estado e outros poderes. De fato, a 
atribuições muito específicas do Estado, que limitados exclusivamente aos assuntos ligados a segurança, não lhe 
davam condições para limitar os poderes
privados. Sobretudo no âmbito econômico as intervenções verificadas 
eram apenas para assegurar a ordem estabelecida e arrecadar tributos, não havendo, pois a ocorrência de conflitos 
que tornassem necessário a hierarquização dos poderes sociais. (Dalmo Dallari, pág. 75).
Concebida em termos puramente políticos, a soberania expressava a plena eficácia de 
poder, sendo conceituada como o poder incontrastável de querer coercitivamente e de fixar 
competências. Prevalece pela força.
Por este conceito largamente difundido, verifica-se que o poder soberano não se 
preocupa em ser legítimo ou jurídico, importando apenas que seja absoluto, não admitindo 
confrontações, e que tenha meios para impor suas determinações. Baseia-se na supremacia do mais 
forte. 
Esta concepção estimulou um verdadeiro egoísmo entre os grandes Estados. Como a 
França e principalmente a Inglaterra, pois todos se afirmavam soberanos, favorecendo ao 
colonialismo do século XIX, sobretudo, nos países da África e Ásia.
b) Concepção puramente jurídica
Uma concepção puramente jurídica conduz ao conceito de soberania como o poder de 
decidir em última instância sobre a atributividade das normas, vale dizer, sobre a eficácia do direito. 
Ou seja, com respeito a validade das normas.
Como fica evidente, embora continuando a ser uma expressão de poder, a soberania é 
poder jurídico utilizado para fins jurídicos. A soberania continua sendo expressão de poder.
 Partindo do pressuposto, de que todos os atos dos Estados são passíveis de 
enquadramento jurídico, tem-se como soberano o poder que decide qual a regra jurídica aplicável 
em cada caso, podendo, inclusive, negar a juridicidade da norma.
Segundo esta concepção não há Estados mais fortes ou mais fracos, uma vez que para 
todos a noção de direito é a mesma (igualdade entre os Estados sob o ponto de vista da soberania). 
A grande vantagem dessa conceituação jurídica é que mesmo os atos praticados pelos 
Estados mais fortes podem ser qualificados como antijurídicos, permitindo e favorecendo a reação 
de todos os demais Estados. Por exemplo: Condenando diplomaticamente, aplicando sanções 
econômicas. Ou seja, o estágio de desenvolvimento da civilização não admite mais o uso puro e 
simples da força. Embora esta atitude não está descartada.
5.3.2. Conceitos de Soberania
Aderson de Menezes apresenta o conceito de soberania:
 “Como a qualidade que o Estado possui, na esfera de sua competência jurídica, de 
ser supremo, independente e definitivo, dispondo, portanto, de decisões ditadas em 
último grau pela sua própria vontade e que pode impor definitivamente pela força 
coativa.” 
Celso Ribeiro Bastas, conceituou soberania da seguinte maneira:
“Soberania é a qualidade que cerca o poder do Estado. [....] indica o poder de mando 
em última instancia, numa sociedade política. [....] a soberania se constitui na 
supremacia do poder dentro da ordem interna e no fato de, perante a ordem externa, 
só encontrar Estado igual poder.”
5.4. CARACTERÍSTICAS DA SOBERANIA:
Quanto as características da soberania, praticamente a totalidade dos estudiosos a 
reconhece como sendo UNA, INDIVISÍVEL, INALIENÁVEL e IMPRESCRITÍVEL. Vejamos 
cada uma delas:
a) Una, porque não se admite num mesmo Estado a convivência de duas soberanias. 
Seja poder incontrastável, ou poder de decisão em última instância sobre a atributividade das 
normas, é sempre poder superior a todos os demais que existam no Estado, não sendo concebível a 
convivência de mais de um poder superior no mesmo âmbito.
 
b) Indivisível, porque, além das razões que impõem sua unidade, a soberania se aplica 
à universalidade dos fatos ocorridos no Estado, sendo inadmissível, por isso mesmo, a existência de 
várias partes separadas da mesma soberania.
 
c) Inalienável, “A soberania é inalienável, porque está excluída de seu conceito a 
possibilidade de transferência”. (Aderson de Menezes, pág. 157).
 
d) Imprescritível, porque jamais seria verdadeiramente superior se tivesse prazo certo 
de duração todo poder soberano aspira existir permanentemente e só desaparece quando forçado por 
uma vontade superior.
5.5. JUSTIFICAÇÃO E TITULARIDADE:
Isto tem haver com a legitimidade do poder soberano, ou quem tem a decisão em 
última instância dentro do âmbito de um território. De modo geral as teorias justificadoras do 
poder soberano podem ser divididas em dois grandes grupos com várias subdivisões:
5.5.1. TEORIAS TEOCRÁTICAS:
Tiveram predomínio no final da Idade Média, quando surgia a clara conceituação de 
soberania, bem como no período absolutista do Estado Moderno. Tinha como ponto de partida a 
máxima do cristianismo, que “todo poder vem de Deus”, se divide em duas:
a) Direto divino sobrenatural: quando afirma que o próprio Deus concedia o poder ao 
príncipe.
b) Direito divino providencial: sustenta que a soberania vem de Deus, como todas as 
coisas terrenas, mas que diretamente ela vem do povo, razão pela qual apresenta imperfeições 14.
MAS, EM AMBOS OS CASOS, O TITULAR DA SOBERANIA ACABA SENDO A 
PESSOA DO MONARCA.
5.5.2. TEORIAS DEMOCRÁTICAS: 
Sustenta que a soberania se origina do próprio povo. Apresenta três fases sucessivas 
bem distintas
14 “A doutrina do Direito Divino Providencial é mais sofisticada. É a doutrina segundo a qual todo poder vem de Deus, 
no sentido de que Deus é a providência e, portanto, o responsável pelo modo porque a Providência age. Assim, Deus 
não escolheu A ou B, em determinado instante, para ser o regente de determinado Estado, mas simplesmente dispôs as 
coisas de tal forma que isso iria ocorrer necessariamente no seu dado momento.” (Manoel Gonçalves Ferreira Filho, pa, 
27). 
1) Na primeira fase aparece como titular da soberania o próprio povo, como massa 
amorfa (massa incorpórea, inorgânica que vive em determinado momento), situada fora do Estado. 
Concepção defendida por Rousseau, ao dizer que a vontade popular é representada pela vontade 
geral.
2) Na segunda fase, adquire seu ponto de consolidação com a Revolução Francesa 
influindo sobre as concepções políticas do século XIX e início do século XX, a titularidade é 
atribuída a nação, que é o povo concebido numa ordem integrativa (nação é a encarnação de uma 
comunidade em sua permanência). Esta concepção é defendida por Emanuel Joseph Sieyès.
3) Por último, chega-se à afirmação de que o titular da soberania é o Estado, o que 
começaria a ser aceito na segunda metade do século XIX e ganharia prestígio no século XX (teoria 
alemã acerca da personalidade jurídica do Estado).
“O povo mesmo concebido como nação. Não tem personalidade jurídica. Mas, como ele 
participa do Estado e é o elemento formador da vontade deste, a atribuição da titularidade da 
soberania do Estado atende às exigências jurídicas, ao mesmo tempo em que preserva o 
fundamento democrático.” (Dalmo Dallari, pág. 83).
5.6. OBJETO DA SOBERANIA:
Quanto ao objeto e à significação da soberania, verifica-se que o poder soberano é 
exercido sobre os indivíduos, que são a unidade elementar do Estado, não importando que atuem 
isoladamente ou em conjunto, assim os cidadãos estão sempre sujeitos ao seu poder soberano 
(poder coercitivo). 
A) Relativamente aos que não são cidadãos do Estado, este exerce poder soberano 
quando se encontrem dentro de seu território, embora haja também alguns casos excepcionais, em 
que o estrangeiro não é atingido pela soberania de um Estado, mesmo que se ache em seu território 
(Embaixadas ‘representação política, e consulado ‘representação comercial’).
B) A afirmação do poder soberano, significa que, dentro dos limites territoriais do 
Estado, tal poder é superior a todos os demais, tanto dos indivíduos
quanto dos grupos sociais 
existentes no âmbito do Estado. E com relação aos demais Estados a afirmação de soberania tem a 
significação de independência, admitindo que haja outros poderes iguais, nenhum, porém, que lhe 
seja superior.
Assim, a soberania do Estado é considerada geralmente sob dois aspectos: interno e 
externo:
A soberania interna quer dizer que a autoridade do Estado, nas leis e ordens que edita 
para todos os indivíduos que habitam seu território e as sociedades formadas por esses indivíduos, 
predomina sem contraste, não pode ser limitada por nenhum outro poder.
A soberania externa significa que, nas relações recíprocas entre os Estados, não há 
subordinação nem dependência, e sim igualdade.” (Darcy Azambuja, pág. 90).
5.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE SOBERANIA
O conceito de soberania tem sido de índole exclusivamente política, na sua origem 
histórica, já se acha disciplinado juridicamente, quanto a sua aquisição, seu exercício, e a sua perda.
De fato, apesar do progresso, a soberania continua a ser concebida de duas maneiras:
a) Como sinônimo de independência, e assim tem sido invocado pelos dirigentes dos 
Estados que desejam afirmar, sobretudo, ao seu próprio povo, não serem submissos a qualquer 
potência estrangeira.
b) Como expressão de poder jurídico mais alto significa, que, dentro dos limites da 
jurisdição do Estado, este é o poder de decisão em última instância, sobre a eficácia de qualquer 
norma jurídica.
6. TERRITÓRIO:
A noção de território, como componente necessário do Estado, só apareceu com o 
Estado Moderno, embora, à semelhança do que ocorreu com a soberania, isso não queria dizer 
que os Estados anteriores não tivessem território.
Segundo Nina Ranieri (2013, p. 115):
A noção de território estatal e de origem moderna. Ate 1500, menos de 
20% da superfície terrestre estafa dividida por fronteiras nacionais. 
Antes disso, a humanidade convivera com sociedades politicamente 
organizada sob o principio da personalidade que sustentava diferentes 
comunidades tribais, povos nomandes e suas esferas de competência; e 
alem do território do Império Romano, na direção da Asia, onde se 
situavam as rotas comerciais para o Oriente, tribos nômades 
controlaram caminhos e pessoas, independente de se organizarem 
politicamente sobre qualquer território. Foi justamente, a organização 
territorial dessas unidades de associação que apagou as diferenças entre 
tribos e criou um sentimento comum como se deu na formação das 
cidades da Idade Media.
6.1. Evolução da noção de território
No Estado Grego: Na Cidade-Estado, o território era limitado a um centro urbano e a 
uma zona rural circunvizinha, não havendo ensejo para conflito de fronteiras. Assim, não chegou a 
surgir a necessidade de uma clara delimitação territorial. 
Na Idade Média: Com a multiplicação dos conflitos entre as ordens (feudos) e as 
autoridades (monarca), tornou-se indispensável a definição de território, e isto foi conseguida 
através de duas noções: 
a) soberania, que indicava o poder no mais alto grau, atuando no Estado; 
b) território, que indicava onde esse poder (soberano) seria efetivamente o mais alto.
6.2. CONCEITO DE TERRITÓRIO:
O autor Ranelletti, superando as deficiências apresentadas por algumas teorias propõe 
que o território é o espaço dentro do qual o Estado exerce seu poder de império. Este poder se 
exerce sobre tudo, pessoas e coisas, que se encontre no território. O território é o elemento físico 
do Estado.
“O território, em sua concepção elementar, pode ser definido como a base física, onde 
a soberania (qualidade intrínseca do Estado), é exercida em sua plenitude”. (Reis Friede, pág. 
56).
“O território é a base física, o âmbito geográfico da nação, onde ocorre a validade da 
sua ordem jurídica, conforme definiu Hans Kelsen. ”. (Reis Friede, pág. 56).
Conclusões de caráter geral, sobre as quais se pode dizer que praticamente não há 
divergência: 
a) Não existe Estado sem território. No momento de sua constituição o Estado integra 
num conjunto indissociável, entre outros elementos, um território, que não pode ser privado sob 
pena de não ser mais Estado. 
b) O território estabelece a delimitação da ação soberana do Estado. Dentro dos 
limites territoriais a ordem jurídica do Estado é a mais eficaz, por ser a única dotada de 
soberania, dependendo dela admitir a aplicação dentro do âmbito territorial, de normas jurídicas 
provindas do exterior (os tratados internacionais, os acordos, as convenções, etc).
Dos aspectos acima, pode-se extrair os seguintes conceitos:
PRINCÍPIO DA IMPENETRABILIDADE:
 Face aos fundamentos anteriores a ordem jurídica estatal, atuando soberanamente em 
determinado território, está protegida pelo princípio da impenetrabilidade, o que significa 
reconhecer ao Estado o monopólio de ocupação de determinado espaço, sendo impossível que no 
mesmo lugar e ao mesmo tempo convivam duas ou mais soberanias.
A definição espacial do território estatal delimita suas fronteiras e o âmbito de validade 
jurídica de suas normas na sociedade internacional de Estados. Tal delimitação produz dois efeitos 
jurídicos principais:
a) submete tudo e todos que se encontrem no território estatal as suas normas (efeito 
positivo ou inclusivo);
b) exclui, deste mesmo território, a possibilidade de vigência de outra ordem estatal 
soberana (efeito negativo ou excludente).
6.3. LIMITES TERRITORIAIS:
 É importante que se faça um estudo dos limites territoriais, sobretudo, tendo em conta a 
ampla utilização ou exploração econômica do mar, de seu solo e subsolo, bem como do espaço 
aéreo.
a) Em terra firme, os Estados limítrofes estabelecem a delimitação ou as suas 
fronteiras, por linhas imaginárias, montanhas, acidentes geográficos, etc.
b) Extensão territorial sobre o mar: Com a crescente utilização econômica do mar, de 
seu solo, subsolo marinho, a pesca, a fauna, (superando o critério do ‘tiro de canhão’) cresceu a 
importância do problema, esta faixa de mar passou a ser designada mar territorial. A solução 
adotada pelos países sul-americanos foi a fixação do mar territorial em 200 milhas náuticas, através 
de tratados internacionais e atos unilaterais. 
c) Alto mar: A Convenção sobre os direitos do Mar (1982) considera o alto mar comum 
da humanidade. Nenhum Estado pode reivindicar a propriedade do alto mar.
d) A Antártida: Está sujeita a um tratado,desde 1959, pelo qual não se reconhece sobre 
ela qualquer pretensão territorial.
e) O espaço aéreo: O problema foi acentuado após a 2ª guerra Mundial, sobretudo com 
o desenvolvimento da aeronáutica, e a utilização das aeronaves com meio de transporte de 
passageiros. A partir daí sentiu-se a necessidade do estabelecimento de regras para utilização do 
espaço aéreo. Considerou-se indispensável assegurar a passagem inocente, das aeronaves de 
transporte de passageiros. Isto ocorreu mediante uma convenção sobre aviação civil internacional, 
em Chicago em 1944, regulamentando o uso do direito da passagem inofensiva.
Com a tecnologia das viagens espaciais, satélites lançados na estratosfera, tornou-se 
ineficaz a regra tradicional da extensão ilimitada, representada por uma coluna de ar que se 
estendia até o infinito.
7. ELEMENTO ESSENCIAL DO ESTADO – POVO: 
É unânime a aceitação da necessidade do elemento pessoal para a constituição e a 
existência do Estado, uma vez que sem ele não é possível existir Estado e é para ele que o Estado 
se forma.
POPULAÇÃO: Há doutrinadores que designe como população esse elemento pessoal. 
Mas, esta designação não é a melhor, vez que a população é mera expressão 
numérica, demográfica, ou econômica, segundo
Marcelo Caetano, que abrange: O conjunto 
das pessoas que vivem no território de um Estado ou mesmo que se achem temporariamente. 
Fazendo algumas distinções
NAÇÃO: É outra expressão largamente usada com o sentido de povo e que tem sido 
causa de grande imprecisão, provocando confusão até mesmo na legislação. MAS O QUE 
NAÇÃO?
• O termo NAÇÃO surgiu no século XVIII com a pretensão de ser a expressão do povo 
como unidade homogênea, o termo nação adquiriu grande prestígio durante a Revolução 
Francesa, sendo utilizado para externar tudo quanto se referisse ao povo.
• NAÇÃO, expressão usada inicialmente para indicar origem comum, ou comunidade de 
nascimento, não perdeu de todo tal significado, indicando, segundo Miguel Reale, uma 
comunhão formada por laços históricos e culturais e assentada sobre um sistema de relações 
de ordem objetiva.
• NAÇÃO pode ser vista como uma comunidade de base histórico-cultural, pertencendo a ela 
em regra, os que nascem num certo ambiente cultural feito de tradições e costumes, 
geralmente expresso numa língua comum, tendo um conceito idêntico de vida e dinamizado 
pelas mesmas aspirações de futuro e os mesmos ideais coletivos.
“Nação é um grupo de indivíduos que se sentem unidos pela origem comum, pelos 
interesses comuns e, principalmente, por ideais e aspirações comuns. Povo é uma entidade 
jurídica; Nação é muito mais do que povo, é uma comunidade de consciências, unidos por um 
sentimento complexo, indefinível e poderosíssimo: o patriotismo” (Darcy Azambuja, pág. 58).
Por tudo isto é que NAÇÃO não se confunde com POVO.
7.1. NOÇÃO JURÍDICA DE POVO: 
A noção jurídica de povo é uma conquista bastante recente. O indivíduo deixou de ser 
súdito do rei, para ser cidadão do Estado, portador de direitos constitucionalmente previstos.
7.2. Evolução do conceito de povo
Na Grécia antiga indicava apenas o membro ativo da sociedade política, isto é, aquele 
que podia participar das decisões políticas, juntamente com estes existiam os homens livres não-
dotados de direitos políticos e os escravos, que compunham a polis ou a Cidade-Estado. Assim, 
quando se fala em povo de Atenas só se incluem nessa expressão os indivíduos que tem certos 
direitos.
Durante a Idade Média já menos precisa é a noção de povo, pois a extensão dos 
direitos e as novas camadas da população, bem como a maior mobilidade desta, até que se 
começassem a delinear os traços do Estado Moderno, tudo isso perturbou os padrões tradicionais. 
Enquanto povo de um mesmo Estado permanecia dividido em diferentes ordenações, sem um 
centro unificador eficaz, não pôde ser concebido como uma unidade.
Durante o primeiro período do Estado Moderno, enquanto prevaleceu a monarquia 
absoluta, foi-se generalizando, sobretudo na França, a designação de cidadão, o que iria influir 
para que o conceito de povo também se ampliasse.
Com a ascensão política da burguesia, através das revoluções do século XVIII, 
apareceria, inclusive, nos textos constitucionais a idéia de povo, livre de qualquer noção de classe, 
pretendendo-se mesmo impedir qualquer discriminação15 entre os componentes do Estado, como 
bem se percebe pela consagração do princípio do sufrágio universal, que significa o voto igual para 
todos.
Portanto, o reconhecimento jurídico de povo se dá a partir do momento que os Estados 
passaram a ser organizados através de uma Constituição escrita que assegura ao mesmo tempo a 
limitação de direitos, bem como a presença de um rol mínimo de direitos aos cidadãos.
8. ELEMENTO ESSENCIAL DO ESTADO – GOVERNO: 
O governo é o órgão diretor, o aparelho de mando e coação exercitado pelo Estado. Este 
quarto elemento do Estado manifesta-se de maneira diversa, do território e povo, pois pressupõe 
para sua existência a presença daqueles dois. O governo integrado por pessoas, é extraído da 
população. Uma vez constituído, tem de localizar-se num território, onde vai manifestar a sua ação, 
atingindo o elemento humano que ocupam o território.
8.1. GOVERNO – Teor de independência
 O governo é órgão de autoridade, revela a soberania do Estado, isto é, põe-na 
(soberania) em ação.
15 Na verdade, as discriminações não desapareceriam na prática, mas, afirmado o princípio, iniciou-se um esforço 
doutrinário no sentido de efetivar, em termos jurídicos, a extensão plena de cidadania. Parafraseando Alexis 
Toccqueville: a cidadania não foi simplesmente a obra de alguns homens, mas sim a culminância de um processo 
histórico.
 Em sua complexidade estrutural e em sua diversidade formal, o governo é que, 
pressupondo já a população e o território, dá o caráter especial ao Estado como um poder de 
dominação, inconfundível e incontrastável.
 Seja pelo exercício da autoridade, seja pelo sistema de funções, o governo é 
expressão diretora, a impor-se soberanamente.
NÃO SE DEVE CONFUNDIR GOVERNO COM SOBERANIA, EIS QUE ESTA É TÃO 
SOMENTE A SUBSTÂNCIA DAQUELE PARA EXPRIMIR O ESTADO PERFEITO.
A soberania se expressa ou é a manifestada pelo governo.
“O governo, como elemento diretivo que revela a soberania do 
Estado é seu veículo na consecução da felicidade pública tem de existir, especialmente 
agora neste apogeu da civilização, sob a égide do Direito”. (Aderson de Menezes, pág. 142).
9. ELEMENTO FINAL DO ESTADO: O BEM COMUM
A finalidade é o elemento do Estado que diz respeito a fundamentação de sua ação. Tais 
fundamentos são simultaneamente teleológicos (isto é, são relativos aos fins do Estado) e 
axiológicos (relativos aos valores sob os quais se orienta a ação do Estado). A mais importante 
tarefa da politica esta, justamente, em dirigir o poder do Estado para a realização de fins 
considerados legítimos pelo povo.
Não se admite a existência do Estado sem um fim específico: Que a doutrina identificou 
como “O bem comum”.
A existência da sociedade política com território e população definidos, governo 
soberano e normas comportamentais não se justifica como um fim em si mesmo, mas, sim, para que 
se alcance o bem-estar da mesma população.
Por isso, é que podemos conceituar bem comum como a realização global do ser 
humano, quer do ponto de vista biológico, quer do psíquico o que deve ser propiciado pelo Estado.
CONCLUSÃO:
Assim, “podemos dizer que o Estado realiza o bem comum à medida que mantém a 
segurança interna e externa de um povo (força, policiais armados, em última análise), constrói um 
Estado de Direito (pela aplicação efetiva das normas jurídicas e respeito aos direitos e garantias 
individuais) e atende ao bem-estar de todos.” (Manual de Teoria Geral do Estado e Ciência Política, 
José Geraldo Brito Filomeno, pág. 86).
10. CONCEITO DE ESTADO: Encontrar um conceito de Estado que satisfaça a todas 
as correntes doutrinárias é absolutamente impossível, pois sendo o Estado um ente complexo pode 
ser abordado sob diversos pontos de vista.
Devido a dificuldade em conceituar o Estado, Dalmo Dallari, no seu livro Elementos da 
Teoria Geral do Estado, Ed. Saraiva, 20ª Ed, pág. 118, levando em consideração os elementos que o 
compõem: conceituou o Estado: 
“Como a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de 
um povo situado em determinado território.”
11. FORMA DE GOVERNO – FORMA DE ESTADO – REGIME DE GOVERNO 
– SISTEMA DE GOVERNO16
Inicialmente, faremos uma distinção entre “formas de governo”, “forma de Estado”, e 
“regime de governo” e “sistema de governo”, pois, não se pode confundi-los, pois cada um tem 
uma função especifica na compreensão do estudo das formas de governo.
 
 Forma de governo: Modo pelo qual o Estado se organiza e estrutura, com o 
objetivo de exercer o poder político.
 
 Regime de governo e sistema de governo:
relações que podem existir entre o 
Poder Executivo e o Poder Legislativo em determinado Estado, para o 
exercício do poder político.
 Forma de Estado: Tem por finalidade classificar os Estados nas suas relações 
com os seus elementos constitutivos: povo, território estatal, governo.
11.1. CONSIDERAÇÕES: 
Conceitualmente, formas de governo é o modo pelo qual o Estado se organiza e exerce 
a suas atividades, ou seja, as maneiras pelas quais o poder político se exterioriza, para exercer a 
suas atividades. Assim, as formas de governo expressam o modo de realização dos fins do Estado 
e do exercício do poder político.
11.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS FORMAS DE GOVERNO: 
Segundo orientação preconizada por diversos autores é possível traçar uma genuína 
evolução histórica concernente às formas de governo, que teve o seu marco de surgimento na 
Grécia antiga. Neste período, vale mencionar nomes como Platão e Aristóteles, que foram os 
primeiros a apresentar conceitos concretos sobre a concepção binária Estado/Governo.
a) Concepção de Platão
O Estado seria conceitualmente o poder absoluto capaz de controlar a vida e a 
liberdade de cada cidadão. E governo, tendo sua função finalística, teria por base a filosofia, 
devendo ser entregue aos filósofos.
 
Platão classifica as formas de governo em três diferentes grupos: Monarquia (governo 
de um só), incluindo a monarquia que poderia ser real, legal e a tirânica. Governo de um grupo, 
incluindo a aristocracia e a oligarquia, e a democracia, se apresentando em duas diferentes 
versões: legal e arbitrária.
b) Concepção de Aristóteles
O governo seria, tendo em vista a sua finalidade, a autoridade suprema do Estado, 
podendo ensejar a permanente possibilidade de deturpação no seu regular exercício. 
As formas “puras” de governo, são aquelas que o governante atende os interesses 
públicos:
16 Estas nomenclaturas não são unânimes na doutrina, quiçá na legislação. Por isso, utilizaremos neste tópico a 
nomenclatura utilizada por Reis Friede, no seu livro Curso de Ciência Política e Teoria Geral do Estado.
a) monarquia (governo de um)
b) aristocracia (governo de um grupo minoritário)
c) democracia (governo da maioria)
As formas “impuras” de governo são aquelas em que o governante visa primeiro o 
interesse particular, esquecendo o interesse público.
a) tirania, forma impura da monarquia.
b) oligarquia, forma impura da aristocracia.
c) demagogia, forma impura da democracia.
c) Concepção de Políbio de Megalópoles
Baseou-se nas magistraturas de Roma. Políbio conceituou as formas de governo, 
levando em consideração dados históricos, apontando como governo ideal a união da monarquia 
(quando exercida pelos cônsules), aristocracia (quando exercida pelo senado) e democracia 
(quando exercido pelo tribuno da plebe), reunidas estas formas de governo seriam capazes de 
promover o bem-estar social.
d) Concepção de Maquiavel
Em sua obra O Príncipe, surgiu a seguinte classificação contemporânea:
a) monarquia, se caracteriza pela vitaliciedade da chefia estatal pelo monarca.
b) república, é a forma de governo que tem como traço comum, o poder exercido pelos 
mandatos políticos, por tempo determinado.
Na sua concepção política apregoava, um governo desassociado da moral (inaugurou a 
teoria da lógica do poder como independente da religião e da ética, e da ordem natural). Rejeitou a 
distinção entre formas puras e impuras de Aristóteles.
e) Concepção de Montesquieu
Investigando as leis que derivam diretamente da natureza do governo, diz existir três 
espécies:
a) o republicano,
b) o monárquico, e 
c) o despótico
“O governo republicano é aquele que o povo, como um todo, ou somente uma parcela 
do povo, possui o poder soberano; a monarquia é aquela em que um só governa, mas de acordo 
com leis fixas e estabelecidas, enquanto, no governo despótico, uma só pessoa, sem obedecer a leis 
e regras, realiza tudo por sua vontade e seus caprichos”.
11.3. FORMAS DE GOVERNO CONTEMPORÂNEAS: Da doutrinação especial de 
Aristóteles, Maquiavel e Montesquieu, resultaram nas formas de governo da atualidade, e foram 
reduzidas a duas vertentes básicas: monarquia e república.
Contudo, a modificação conceitual decorreu, sobretudo, da ampla necessidade de:
A) Estabelecer um critério mais preciso quanto ao aspecto de permanência temporal 
(aquisição - alternância) do governante no exercício do poder.
B) ao mesmo tempo em que passou a ser necessário um critério para aferir o eventual 
grau de concentração do poder. (exercício).
Nesse sentido, a expressão forma de governo passou a traduzir um conceito plural, de 
autêntico gênero, a incluir dois significados:
Sistema de governo - avaliando a questão concernente, sobretudo, ao acesso e a sua 
permanência no poder.
Regime de governo - avaliando a questão alusiva, especialmente, ao grau de 
concentração do poder.
11.3.1. SISTEMA DE GOVERNO:
 Não obstante, toda a evolução conceitual a respeito, contemporaneamente, conforme já 
foi demonstrada, dividem-se os sistemas de governo fundamentalmente em república e 
monarquia constitucional.
A) Monarquia
Foi o sistema de governo mais utilizado pela humanidade. A partir do Estado 
Constitucional foi perdendo prestígio, e atualmente está reduzida a poucos países que ainda adotam 
este sistema de governo.
CONCEITO: Monarquia, é uma modalidade de sistema de governo, cujo conceito está 
vinculado ao seu próprio nome. Vem de monos = só, e arkhein = comando, que quer dizer 
etimologicamente governo de um.
GENERALIDADES: Na realidade contemporânea, porém, a conceituação monárquica 
evoluiu e se modificou em certa profundidade jurídica, não admitem mais o governo individual no 
sentido de que se confundir a coisa pública e a pessoa do dirigente. O Estado patrimonialista deixou 
de existir com o surgimento do Estado Constitucional.
FORMA DE ACESSO E PERMANÊNCIA AO GOVERNO: Pode ser o sistema de 
governo que a chefia do Estado é exercida por um soberano, rei ou imperador, cuja ascensão ao 
trono se faz por hereditariedade (acesso) e em caráter vitalício (permanência).
Classificação de Aderson de Menezes:
Monarquia absoluta ocorre quando o monarca é o titular único da soberania, com 
autoridade ilimitada por ser a suprema expressão de poder livre, pessoalíssimo é o chefe de Estado e 
chefe de governo.
Monarquia constitucional ocorre quando o monarca, em sua autoridade superior, 
está limitado pela atuação de outros órgãos, que com ele participam do exercício da soberania , 
todos igualmente submetidos aos princípios vigentes de direito. É a chamada monarquia 
constitucional parlamentarista, o monarca é chefe de Estado e o governo é exercido pelo gabinete, 
chefiado por um Primeiro-ministro.
B) REPÚBLICA:
O surgimento da república, como sistema de governo, se deu com a Constituição 
Americana de 1787. Os convencionais de Filadélfia foram que idealizaram este sistema de governo 
sem precedentes na história da humanidade. Quando os antigos se referiam a “república” não tinha 
o mesmo significado que foi dado pela Constituição Americana.
Como sistema de governo, o seu aparecimento se deu intencionalmente contrário à 
monarquia, à qual se opõe frontalmente. 
A república, por sua vez está vinculada ao nome que ostenta, de res = coisa, e pública = 
comum, para se ter logo a idéia perfeita do que expressa esse tipo governamental e se mostra 
oposto à monarquia.
CARACTERÍSTICAS:
a) Não hereditário, pois a escolha do governante se dá mediante eleição popular 
(ACESSO).
b) Não vitalício o governo é escolhido para governar por tempo determinado 
(PERMANÊNCIA).
CONCEITO: A república pode ser definida
como: O sistema de governo em que a 
chefia do Estado ou chefia de Estado e de Governo é exercida por um presidente, eleito pelo 
parlamento ou pelo povo e empossado para o desempenho de funções periódicas.
CLASSIFICAÇÃO
1) República democrática é aquela em que o povo tem a função suprema do governo, 
podendo todos os cidadãos participar da eleição dos governantes.
2) República aristocrática é aquela em que há o privilégio político de uma classe mais 
nobre, privilegiada por direitos de nascimento ou de conquista, apenas os seus membros podem 
eleger e ser eleitos para a função suprema do governo. Atenas e Veneza foram repúblicas 
aristocráticas.
11.3.2. REGIME DE GOVERNO: Os regimes de governo, com já assinalado, 
traduzem, em última instância, o grau de concentração de poder nas mãos do governante, e, 
particularmente, o grau de coesão e/ou independência das funções clássicas do poder estatal 
(executiva, legislativa e judiciária), associadas ou não a um poder de moderação. 
De um modo geral existem três formas distintas de regime de governo: A) 
Presidencialismo; B) Parlamentarismo; C) Colegiado:
A) PRESIDENCIALISMO
O presidencialismo, não foi produto de uma criação teórica, não havendo qualquer obra 
ou autor que tivesse traçado previamente suas características e preconizado sua implantação. Assim, 
não resultou de um longo e gradual processo de elaboração.
 Pode-se se afirmar com segurança que o presidencialismo foi uma criação americana 
do século XVIII. Os ex-colonos tenham uma péssima lembrança da atuação do monarca inglês, 
enquanto estiveram submetidos à coroa inglesa, somando a isto, a influência dos autores que se 
opunham ao absolutismo, especialmente Montesquieu, determinou a criação de um regime que, 
consagrando a soberania popular, adotava ao mesmo tempo um mecanismo de governo que 
impedia a concentração do poder.
 O presidencialismo caracteriza-se pela independência dos poderes, não só no sentido de 
separação, mas de distinção, não havendo subordinação de um ao outro. O Poder Executivo 
se encontra na pessoa do presidente eleito pelo povo, que o exerce de maneira autônoma, 
auxiliado pelos ministros ou secretários de Estado.
 O presidente é o chefe do Estado e do Executivo, traçando a política geral e dirigindo a 
Administração pública.
CARACTERÍSTICAS DO PRESIDENCIALISMO:
a) O Presidente da República é chefe de Estado e Chefe de Governo : Acumula as 
duas funções, exercendo o papel de vínculo moral do Estado e desempenhando as funções de 
representação, ao mesmo tempo em que exerce a chefia do poder executivo.
A diferença entre Chefe de Estado e Chefe de Governo é no sentido de que o primeiro 
exerce funções de representação e o segundo exerce funções políticas, toma decisões.
b) A chefia do executivo é unipessoal: a responsabilidade pela fixação das diretrizes do 
poder executivo cabe exclusivamente ao Presidente da República. Naturalmente por motivos de 
ordem prática, ele se apóia num corpo de auxiliares diretos, de sua inteira confiança para obter 
conselhos e informações.
c) O Presidente é escolhido pelo povo, através do voto.
d) O Presidente da República é escolhido por prazo determinado.
e) O Presidente da República tem poder de veto, ou seja, pode rejeitar projetos de lei 
que foi aprovado pelo Poder legislativo, no caso do presidencialismo brasileiro.
B) PARLAMENTARISMO
Diferentemente do presidencialismo, o parlamentarismo passou por uma lenta 
evolução histórica, surgiu na Inglaterra a partir do século XIII.
Evolução Histórica do Parlamentarismo
- Em 1215 o Rei João Sem Terra, convocava 04 cavaleiros de cada condado para 
conversar sobre os assuntos do reino.
Em 1265, Simon Montfort, de origem francesa, mas neto de uma inglesa, promove uma 
rebelião envolvendo os barões e eclesiásticos, contra o Rei Henrique III, dando um caráter político 
as reuniões, no ano de 1295 o Rei Eduardo I, oficializa as reuniões.
Em 1332, começa a definir as duas casas do Parlamento: os barões continuavam fazer 
suas reuniões e os cavaleiros, cidadão e burgueses compuseram sua própria assembléia, dando 
origem a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns.
Depois de uma fase inicial de prestígio, o Parlamento sofreu as conseqüências da 
instalação do absolutismo monárquico, e foi perdendo autoridade, levando vários anos para se 
impor novamente. O certo é que a nobreza e a burguesia inglesa nunca aceitaram que o monarca 
pudesse governar com exclusividade.
Em 1688, a Revolução Gloriosa, culminou com a expulsão de Jaime II, que foi 
substituído pelo Rei Guilherme de Orange e Maria. A partir desta data o Parlamento se impõe como 
maior força política, principalmente com o Bill of Rights. 
- Após o Reinado de Guilherme e Maria, a sucessora Rainha Ana, estabeleceu o hábito 
de convocar um “conselho de ministros”, que era um corpo restrito de conselheiros privados, eram 
consultados regularmente sobre assuntos de relações exteriores.
- Com o falecimento da Rainha Ana, pelo fato de não deixar herdeiros, assume o 
príncipe Alemão Jorge, que não falava inglês, desconhecia a política inglesa, e quando se dirigia ao 
Parlamento era em latim. Deste fato resultou que o gabinete continuava reunindo-se, e logo um dos 
ministros se destacou (Roberto Walpole) e por ironia passou a ser chama de “primeiro-ministro17”.
- Mais um passo seria dado, quando o Parlamento sentindo-se forte, começou a 
pressionar os ministros a se demitirem quando discordavam de sua política. De início foi utilizado o 
impeachment, a acusação era perante a Câmara dos Comuns. Reconhecida da culpa, reconhecido o 
impeachment, havia a perda do Ministério e a pena. Aos poucos os ministros perceberam que ela 
melhor deixar o cargo logo que manifestasse o descontentamento do Parlamento. Nasce assim a 
responsabilidade política, com a obrigatoriedade de se demitir sempre que recebe um voto de 
desconfiança.
De modo que é possível asseverar:
 O parlamentarismo foi uma lenta criação da história da Inglaterra, onde se afirma em 1688 
e, a partir desta data foi se aperfeiçoando, e passou a ser adotado por outros países da 
Europa. É o governo da maioria.
 O parlamentarismo, segundo muitos estudiosos, é o regime de governo mais perfeito, pois 
se baseia num típico e original sistema representativo, havendo paralelamente o exercício 
pleno da soberania popular.
 Apresenta, sob o ângulo funcional-orgânico, os três poderes clássicos (Executivo, 
Legislativo e Judiciário) acrescidos do Poder Moderador, representado pelo rei (em caso de 
Estado Monárquico) ou pelo presidente da República (em caso de Estado republicano).
 Tanto o rei quanto o presidente da República permanecem fora da articulação político-
partidária, havendo, para o Primeiro-Ministro, um gabinete ou conselho de ministros que 
essencialmente dirige a política geral do país.
CARACTERÍSTICAS DO PARLAMENTARISMO:
a) Distinção entre Chefe de Estado e Chefe de Governo: O Chefe de Estado, um 
monarca ou Presidente da República, não participa das decisões políticas, exercendo uma função de 
representação do Estado e de moderação. Sendo secundária sua posição, em termos políticos, é 
normal nas repúblicas parlamentaristas que sua escolha seja feita por eleição do Parlamento e que 
seu mandato seja relativamente longo. O Chefe de Governo, por usa vez, é a figura política central 
17 “Mas sua atuação teve importância decisiva para que, com a redução da participação e da autoridade do monarca 
nas decisões políticas, ficasse claramente delimitado um dos pontos básicos do parlamentarismo: a distinção entre 
Chefe de Governo, que passou a ser o Primeiro-Ministro e o Chefe de Estado, que continuou sendo o monarca”
(Dallari, pág. 233).
do parlamentarismo, pois é ele que exerce o Poder executivo, e só se torna Primeiro-Ministro, ou 
Chanceler, depois de obter a aprovação do Parlamento.
b) Chefia do Governo com responsabilidade política: O Chefe do Governo, aprovado 
pelo Parlamento, não tem mandato com prazo determinado, podendo permanecer no cargo por 
alguns dias ou por muitos anos. Há dois fatores que podem determinar a demissão do Primeiro-
Ministro e de seu Gabinete: 
1) a perda da maioria do Parlamento; ou, 
2) o voto de desconfiança, neste caso se um parlamentar desaprova no todo ou em parte 
a política desenvolvida pelo Primeiro-Ministro, propõe um voto de desconfiança, se este for 
aprovado pela maioria parlamentar, isso revela que o Chefe de Governo está contrariando a vontade 
da maioria do povo, de quem os parlamentares são representantes. Assim, deve demitir-se.
c) Possibilidade de dissolução do Parlamento: Uma característica importante do 
sistema inglês é a possibilidade de ser dissolvido o Parlamento, considerando-se extinto o mandato 
da Câmara dos Comuns antes do prazo normal. 
Isso pode ocorrer quando o Primeiro-Ministro percebe que só conta com uma pequena 
maioria e acredita que a realização de eleições gerais irá resultar numa ampliação da maioria. Ou 
então, e isto se aplica mais aos sistemas pluripartidários, quando o Primeiro-Ministro recebe um 
voto de desconfiança, mas entende que o Parlamento é que está em desacordo com a vontade 
popular.
 Nesses casos ele pode pedir ao Chefe do Estado que declare extintos os mandatos e, 
pelo mesmo ato, convoque novas eleições gerais. Realizadas as eleições, seu resultado determinará 
a permanência do Primeiro-Ministro, se continuar com a maioria ou sua demissão, se contar com 
apenas a minoria dos novos representantes eleitos.
C) COLEGIADO: 
Caracteriza-se pelo exercício do Poder Executivo por mais de uma pessoa todas eleitas 
pelo Legislativo. Dentre elas anualmente, uma é designada pelo presidente do Colegiado para 
chefiar o país. Este regime vigente atualmente na Suíça, e já foi há alguns anos utilizado pelo 
Uruguai.
FORMAS DE 
GOVERNO
Sistema de governo: 
Define a forma de acesso ao 
poder e a sua permanência.
Monarquia
absoluta
constitucional
Regime de governo: Define o 
grau de concentração de poder a 
disposição do governante.
Parlamentarismo
República
Democrática
Aristocrática
Parlamentarista
Presidencialista
Hereditária e 
vitalícia
O governante é
eleito para 
exercer o poder 
por tempo 
determinado
FORMAS DE GOVERNO DIAGRAMA
PURA (O rei é chefe de 
Estado e de Governo
É possível dissolver o Parlamento;
O Presidente é o Chefe de Estado
O Primeiro Ministro é escolhido 
pelo Parlamento, que é o chefe de 
Governo
Existe coesão entre os Poderes 
Legislativo e o Executivo.
Não é possível dissolver o Parlamento;
O Presidente é o chefe de Estado e 
Chefe de Governo
O Presidente escolhe o seus auxiliares
Independência entre o Poder Executivo 
e o Poder Legislativo.
O rei é chefe de 
Estado e a chefia de 
governo é exercida 
pelo Gabinete
TIPOS DE PRESIDENCIALISMO E PARLAMENTARISMO
PRESIDENCIALISMO
PURO: Estados Unidos
MISTO: Possui técnicas secundárias do parlamentarismo, por 
exemplo: Comparecimento de ministros de Estado no Parlamento. 
Compatibilidade do cargo de Ministro e congressista
PARLAMENTARISMO
DUALISTA: Quando o chefe de Estado exerce algumas 
funções políticas.
MONISTA: O Parlamento é o responsável pela fixação da 
política do Estado.
11.4. FORMA DE ESTADO: 
 As formas de Estado são as maneiras pelas quais se classificam os Estados de acordo 
com o relacionamento mantido entre seus elementos constitutivos (território, governo, povo, 
ordenamento jurídico).
11.4.1. Estado Unitário
Definição: Estado unitário pode ser definido como o Estado em que o poder conserva 
uma unidade em sua estrutura, não possuindo mais que um só centro de poder, ou seja, um único 
Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, atuantes no território do Estado.
Todas as autoridades executivas ou judiciárias que existem no território são delegações 
do poder central, tiram dele sua força, é ele que as nomeia e lhes fixa as atribuições. O Poder 
Legislativo de um Estado simples é único, não há nenhum outro órgão com atribuições de fazer 
leis nesta ou naquela parte do território.
Nos Estados unitários o território é dividido em partes, que se denominam Região, 
província, municípios, comunas, departamentos, dependendo da nomenclatura que se utiliza. O 
Estado Unitário pode ser:
Estado unitário centralizado
É caracterizado por possuir um único corpo de serviços que cuidam da Saúde, 
Educação, transportes, etc., todos dependentes e subordinados a Autoridade Central.
A Autoridade Central MONOPOLIZA o poder de mando e o exercício das funções ou 
serviços públicos, as ordens são dadas verticalmente de cima para baixo. Existe uma dependência 
hierárquica muito evidente.
Estado unitário desconcentrado
DESCONCENTRAR significa DELEGAR FUNÇÕES OU SERVIÇOS. As 
autoridades locais funcionam como delegações dos Órgãos Centrais.
O Estado Unitário Desconcentrado é caracterizado por DELEGAÇÕES DE 
FUNÇÕES. Existe somente uma transferência do exercício das funções, mas a titularidade 
permanece com o órgão delegante.
O órgão delegatório atua com a mesma personalidade jurídica do órgão delegante, com 
dependência hierárquica.
Estado unitário descentralizado
O processo de descentralização administrativa tende a repartir entre diversos órgãos 
administrativos secundários os poderes de decisão (descentralização administrativa) e a confiar a 
escolha desses órgãos aos corpos eleitorais locais (descentralização política). 
A descentralização pode ser regional ou geográfica, quando as circunscrições – 
municípios, departamentos, províncias, comunas, etc., tem autonomia para eleger seus 
administradores e gerir os serviços que lhes são peculiares. A descentralização é por serviços, 
quando são os serviços públicos dotados de certa autonomia, apenas fiscalizados pelo poder central.
Distingue-se ainda a descentralização administrativa a descentralização política. 
A primeira é a de que falamos acima, refere-se especialmente aos serviços públicos. A segunda 
consiste na atribuição de funções políticas aos órgãos regionais ou locais, com o intuito de dar 
maior participação aos cidadãos nos poderes estatais.
Descentralizar significa REPARTIR entre diversos órgãos administrativos e a confiar a 
escolha desses órgãos ao corpo de eleitores locais, Assim, é possível concluir:
A descentralização administrativa significa que a descentralização é por serviços, 
caracterizado por se formarem novas pessoas jurídicas de Direito Público que são dotados de 
patrimônio próprio, e não possuir dependência hierárquica.
A descentralização política consiste na atribuição de funções políticas aos órgãos 
regionais ou locais, com o intuito de dar maior participação aos cidadãos nos poderes locais.
11.4.2. FORMAS COMPOSTAS DE ESTADOS: Caracterizam-se: 
1) pela existência de mais de uma fonte de poder político;
2) descentralização territorial, 
3) com vigência de mais de um ordenamento jurídico. 
A) UNIÃO PESSOAL: Surge quando dois Estados se fundem sob a autoridade de um 
só governo. Trata-se de uma união temporária. Cada Estado permanece com sua própria soberania 
na esfera internacional, conservando cada Estado as suas próprias ordens jurídicas (leis). (Portugal e 
Espanha, entre 1580 a 1640)
B) UNIÃO REAL: União de Estados soberanos, definitiva, embora distintos, em sua 
organização interna, mas formando uma única pessoal jurídica de direito internacional. (Império 
Austro-Húngaro).
C) CONFEDERAÇÃO: União de Estados soberanos que se agregam para atingir 
determinado fim, normalmente de proteção contra ataques externos. A integração se faz por 
convenção, tratado, pacto. Os Estados não perdem sua soberania, podendo, se desejar sair da 
confederação. 
A Confederação é a união instável de Estados Soberanos. Temos como exemplo a 
Confederação Helvética, na Suíça, os cantões vieram a se confederar por vários séculos. Contudo, a 
mais famosa confederação surgiu das 13 colônias norte-americanas, após se emanciparem 
politicamente, vencendo a guerra da Independência, uniram-se pelos laços de Confederação, em 
1777, assim permaneceram até o advento do Estado-Federal de 1787).
Características da Confederação:
a) É uma união de caráter precário, pois admite o direito de retirada;
b) Os Estados confederados permanecem soberanos;
c) A base jurídica da confederação é um pacto, tratado, ou convenção;
d) Sua finalidade principal é a defesa da integridade territorial dos entes 
confederados de ataques exteriores e garantir no seu interior a paz coletiva.
D) FEDERAÇÃO
HISTÓRICO: 
A idéia de Federação nasceu nos Estados Unidos da América. Foi a forma de Estado 
escolhida pelos convencionais de Filadélfia, em 1787, objetivando a união dos Estados 
confederados de maneira estável e rígida, integridade essa que não permitisse qualquer movimento 
separatista. Criou-se a “União” como nova unidade política, representando todos os Estados-
membros, na esfera internacional.
Características:
a) União estável de Estados não soberanos de forma rígida;
 b) não se admite o direito de retirada, sob pena de sofrer retaliação do Estado Federal;
 c) só o Estado Federal tem soberania, os Estados-membros possuem autonomia;
 d) No Estado Federal as atribuições da União e das unidades federadas são fixadas na 
Constituição, por meio de uma técnica de distribuição de competência.
Assim, pode-se conceituar o Estado Federal como: “Uma organização formada sob a 
base de uma repartição de competências entre governo nacional e os governos estaduais, de 
sorte que a União tenha supremacia sobre os Estados-membros, e estes sejam dotadas de 
autonomia constitucional, perante a mesma União.” (Pinto Ferreira).
Atributos dos entes federados: Os entes federados possuem as seguintes características:
a) auto-organização: ter uma Constituição Estadual, uma Lei Orgânica, nos caso dos 
municípios e Distrito Federal, no caso da federação brasileira;
b) Legislação: pode criar normas gerais e abstratas;
c) auto-administração: manter e prestar serviços de sua competência;
d) Autogoverno: capacidade de criar e organizar seus poderes e instituições, tais como: 
Poder Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Policias Civis e Militares, etc.
D. 1) Federalismo brasileiro
O federalismo brasileiro, inspirado no norte-americano, também admitiu os poderes da 
União para reservar todos os demais aos Estados-membros. Assim procederam a Constituição de 
1891, de 1934, de 1937, de 1946, de 1967, Emenda n. 1, de 1969 e a Constituição de 1988.
D. 2) Sistema bicameral
Engendrou-se o sistema bicameral, estabelecendo que o Poder Legislativo do Estado 
Federal seria composto de duas Câmaras: a Câmara da República e a Casa do Senado. 
 
O Primeiro (Câmara da República ou Câmara dos Deputados) composta de pessoas 
eleitas pelo sistema proporcional são os representantes da Nação; A Segunda (Senado Federal) 
composta por pessoas eleitas pelo sistema majoritário, são os representantes dos Estados-membros, 
além de suas competências legislativas, tem os poderes de fiscalizar o Executivo, intervindo, na 
vida política – administrativa deste órgão.
D. 3) Tipos de federalismo
O Federalismo homogêneo significa número igual de representantes dos Estados-
membros no Senado. 
O Federalismo heterogêneo significa número desigual de representantes dos Estados-
membros, no Senado.
A Constituição de 1891 sufragou o princípio do federalismo homogêneo. Cada Estado, 
independentemente de sua expressão, de sua importância econômica e densidade demográfica, se 
representaria no Senado com o mesmo número de delegados. Cada Estado elegerá três senadores.
Traços marcantes do federalismo:
a) Autonomia financeira, pois podem instituir tributos para viabilizar sua existência.
b) Autonomia administrativa, criam seus serviços próprios.
c) não- intervenção federal, que somente ocorrerá em situações preestabelecidas.
11.5. Outras formas de Estados
A diferença básica entre o Estado Unitário descentralizado e o Estado Regional está no 
grau de descentralização ou no número de competências transferidas para as regiões, assim como 
quais tipos de competências são transferidas. Enquanto no primeiro só há transferências de 
competências administrativas, no Estado Regional, além destas, as regiões possuem crescentes 
competências legislativas ordinárias.
O processo de descentralização que vem ocorrendo na Europa fundamenta-se não apenas 
na evolução da democracia e na busca de maior eficiência e celeridade dos serviços públicos, mas 
também na busca da manutenção da unidade territorial de Estados complexos como a Itália e a 
Espanha.
12. FORMAÇÃO E EXTINÇÃO DE ESTADOS:
Classificação de A. Machado Paupérie de Lima:
Originário: Ocorre quando o Estado surge diretamente do meio nacional, sem decorrer 
de nenhum outro Estado.
 
Secundário: em que o Estado forma-se ainda do interior, decorrendo do meio nacional, 
mas por intermédio da união de vários Estados que almejam formar uma unidade com base em 
diferentes critérios (confederação, federação, união pessoal, união real), ou por meio de 
fragmentação das partes de um único Estado, que ganham independência (divisão nacional e divisão 
sucessorial), e; 
Derivado: em que o Estado forma-se a partir do exterior, através dos processos de 
descolonização (como a maioria dos países africanos), concessão dos direitos de soberania (como 
no caso do Canadá, Austrália, etc.), e ação direta de entidade supranacional (como no caso de Israel) 
ou ato de governo.
Classificação de Aderson de Menezes
1. Pela emancipação de colônias, que se desligam da antiga metrópole;
2. Pela cisão de um Estado em duas ou mais porções, passando cada uma delas a 
constituir um Estado distinto;
3. Pela secessão de uma parte do território, com a respectiva população, de um 
Estado, para a formação de outro;
4. Pela reunião de dois ou mais Estados para o aparecimento de um só.
Concluindo, no entanto, que independentemente do modo próprio de formação, é mister 
que o Estado, para sua plena caracterização, possua os pressupostos básicos (elementos 
constitutivos): povo (elemento humano), território fixo (elemento físico ou geográfico) e soberania 
(elemento abstrato de concreção).
12.1 . REQUISITOS DE CAPACIDADE: Trata-se de uma condição de juridicidade de 
um Estado recém-formado, imprescindível à sua ação e funcionamento regular, decorre do 
atendimento a certos requisitos, que lhe conferem a capacidade jurídica, que segundo Aderson de 
Menezes possuem os seguintes requisitos:
REQUISITOS:
1. Autonomia – a faculdade de governa-se a si mesmo tem de ser inerente ao novo 
Estado, que há de escolher os seus dirigentes, fazer suas leis, distribuir sua justiça e gerir os 
negócios de sua economia, sob pena de não revestir o seu poder daquela forma especial, no seu grau 
máximo que se chama soberania. Só assim, sem a interferência de qualquer autoridade estranha, se 
pode falar de governo estatal, autônomo, soberano.
 
2. Auto-governo – Decorrente do primeiro requisito, a faculdade de organizar-se o novo 
Estado por si próprio, optando pelas instituições políticas mais convenientes e
em consonância ao 
seu sistema cultural, dispondo de território exclusivo e de destino independente, formar uma 
organização estatal em bases compatíveis.
 
3. Princípio de identidade – Este característico é o de que o novo Estado deve sempre 
manter coerência à sua unidade e continuidade quaisquer que sejam as transformações ulteriores à 
sua formação, como depositário de tradições, titular de direitos responsável por deveres e encargos, 
assim na órbita interna, quanto aos seus jurisdicionados, como na esfera externa, com relação aos 
outros Estados.
 
4. Reconhecimento internacional – à guisa de título de sua admissão na sociedade 
internacional, o novo Estado deve obter o seu reconhecimento pelos outros Estados, notadamente 
pelas chamadas grandes potencias, que assim lhe reconhecem a personalidade exterior. Embora não 
seja ou complete um ato de sua própria estrutura, pois que é extrínseco, o reconhecimento dos 
demais Estados é sempre valioso, uma vez que integra o novo Estado no convívio internacional e 
lhe garante mesmo a possibilidade de apoio e segurança em face de situações difíceis, geralmente 
desenháveis à margem da formação de um Estado, por motivos óbvios
12.2. PROCESSOS DE EXTINÇÃO DOS ESTADOS: Como já mencionado 
anteriormente, a existência do Estado está jungida a reunião de seus elementos essenciais: povo, 
território e governo. Assim, basta perder um deles em sua constituição essencial para deixar de 
existir, extinguindo-se, portanto, a entidade estatal. 
Em muitos casos, entretanto, o Estado desaparece sob golpes de força, ao império da 
violência, submetendo, esfacelando-se a um poder alheio. 
Processos normais de extinção de Estados:
1. Ocupação do território: através de conquista da população ou submissão do governo 
por potências estrangeiras.
2. Anulação da capacidade jurídica: devido a eliminação de um dos requisitos desta ou 
todos eles conjuntamente, sempre com a intromissão de terceira autoridade.
3. Incorporação forçada ou espontânea de um Estado a outro.
4. Reunião de diversos Estados para a formação de um novo Estado.
E não se deve esquecer que a extinção do Estado ainda pode ocorrer sponte sua, se lhe é 
conveniente perder a independência para entrar numa composição estatal.
ANOTAÇÕES: 
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FACULDADE ALFREDO NASSER
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I
PROFESSOR: MÁRCIO DO NASCIMENTO
Turma:____________________________
ALUNO (A):_____________________________________________________________________
Data da entrega: ____/____/2013.
EXERCÍCIOS DA UNIDADE 01
ORIENTAÇÕES: Este trabalho comporá a nota da prova de P1, na nota da avaliação P1. As 
questões subjetivas deveram ser manuscritas feitas pelo próprio aluno. Trabalho digitado não será 
aceito.
01. Quais são os grupos de teorias que procuram explicar ou justificar a origem do Estado?
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02. Qual o papel desempenhado pelo Governo em relação a soberania do Estado?
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03. Como os contratualistas explicam o surgimento do Estado? Dentre os contratualistas estudados 
que tipo de exercício do poder cada um deles procura justificar?
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04. Em relação a titularidade da soberania explique os dois grupos de teorias que foram estudados.
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05. A consolidação do conceito de soberania se deu na Idade Média. Então pergunta-se: De que 
forma isso foi possível?
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06. A concepção de soberania no sentido puramente político repercutiu de que forma no século 
XIX?
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07. Qual o significado da concepção de soberania, no sentido puramente jurídico?
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08. Porque na Idade Média tornou-se indispensável a definição territorial do Estado?
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09. Explique porque nos limites territoriais de um Estado, a ordem jurídica do Estado é mais eficaz. 
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10. Como ocorreu a evolução da noção jurídica de povo?
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11. Para a formação do Estado Moderno ocorreram vários eventos. Quais são estes eventos, e quais 
são as principais conseqüências decorrentes destes eventos?
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12. O que significa dizer que as aeronaves de passageiros tem direito a passagem inocente ou 
inofensiva, quando atravessa o espaço aéreo de um território?
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13. Por que a noção de cidadão no Estado grego não é a mesma na atualidade?
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FACULDADE ALFREDO NASSER
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I
PROFESSOR: MÁRCIO DO NASCIMENTO
Turma:____________________________
ALUNO (A):_____________________________________________________________________
Data da entrega: ____/____/2013.
EXERCÍCIOS DA UNIDADE 01
ORIENTAÇÕES: Este trabalho comporá a nota da prova de P1, na nota da avaliação P1. As 
questões subjetivas deveram ser manuscritas feitas pelo próprio aluno. Trabalho digitado não será 
aceito.
1. De acordo com a evolução dos tipos de Estado, assinale a assertiva correta:
a. ( ) O Estado Moderno e caracterizado pelo feudalismo e o fortalecimento da burguesia.
b. ( ) O Estado Medieval é caracterizado pela propagação da Igreja, e conseqüência do avanço do 
cristianismo, e com isso impondo a limitação da autoridade do monarca.
c. ( ) O Estado Antigo, pode ser observado que o povo, ou pelo menos parte dele participavam das 
decisões políticas.
d. ( ) No Estado Romano é que a soberania se afirma completamente com as expressões indicativas 
de imperium, potestas e majestas que indicam plena expressão de poder.
e. ( ) nenhuma das alternativas anteriores.
02. Com relação ao Estado Unitário é correto afirmar:
a. ( ) No Estado unitário centralizado existe uma repartição de funções e serviços.
b. ( ) No Estado Unitário desconcentrado é possível criar serviços próprios que possuem autonomia 
perante a autoridade central.
c. ( ) No Estado Unitário desconcentrado existe descentralização política.
d. ( ) no Estado Unitário descentralizado sempre existirá descentralização política e administrativa.
e. ( ) No Estado Unitário descentralizado nem sempre haverá descentralização política e 
administrativa.
03. Com relação aos Estados compostos assinale a frase verdadeira:
a. ( ) tem como característica uma única fonte de poder político.
b. ( ) A confederação como f orma de Estado nem sempre existiu, mas foi uma criação da 
Convenção de Filadélfia.
c. ( ) A federação passou por um processo evolutivo e foi adotada pelos Estados Unidos da 
América, criada na Convenção de Filadélfia.
d. ( ) Na confederação os Estados mantém a sua soberania, mas não podem se retirar do pacto 
confederativo.
e. ( ) O tipo do federalismo brasileiro é homogêneo, por possuir o mesmo número de 
representantes eleitos ao Senado Federal.
04. Com relação ao Estado que adotar o regime de governo presidencialista ou parlamentarista, 
quem possui um alto grau de concentração de poder.
a. ( ) o primeiro ministro, numa monarquia constitucional.
b. ( ) o presidente, numa republica parlamentarista.
c. ( ) o presidente, numa república presidencialista.
d. ( ) o primeiro ministro numa república parlamentarista.
05. Quais são as características de um Estado Composto?
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06. Descreva as características de um Estado Unitário explicando cada uma delas? 
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07. Tendo como referência os Estados Unitários explique o que é a descentralização administrativa 
e o que é a descentralização política.
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08. Quais são as características de uma federação?
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9. Formas de Governo é o modo pelo qual o Estado se organiza para exercer a sua atividade, para 
atingir suas finalidades. Quais os regimes de governo e sistemas de governo que existem atualmente 
para que os Estados cumpram suas finalidades? Explique cada um deles, sua forma de acesso ao 
poder, e o grau de concentração de poder.
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10. Em um sistema de governo republicano que adota o regime de governo parlamentarista. Qual é 
a função do presidente e qual é a função do Primeiro ministro, respectivamente.
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11. Numa república presidencialista quem exerce o poder executivo? De que maneira ele exerce o 
poder político? Quem são os seus auxiliares? Como são escolhidos?
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12. Quais os modos de formação de Estados reconhecidos pela doutrina atualmente?
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UNIDADE 02 – CONSTITUCIONALISMO
POR QUE DO ESTUDO DE UMA TEORIA DA CONSTITUIÇÃO?
Segundo Dalmo de Abreu Dallari18, conhecer os fundamentos da Constituição e 
do Direito Constitucional é muito mais do que ter informações amplas e precisas sobre o processo 
técnico de elaboração de uma Constituição escrita e sobre os procedimentos formais relacionados 
com sua interpretação e aplicação. 
O conhecimento dos fundamentos do constitucionalismo implica, antes de tudo, 
a verificação das circunstâncias que, num dado momento histórico, despertaram a consciência da 
humanidade para o fato de que os seres humanos necessitam da convivência e de que esta, por sua 
vez, implica a necessidade de uma organização dotada de um governo. Isso para que, agindo juntos
e ordenadamente, os integrantes do grupo que convive permanentemente possam satisfazer suas 
necessidades essenciais e defender-se de outros grupos humanos ou das forças da natureza que 
impedem ou dificultam a convivência pacífica. 
Assim, pois, pela importância fundamental das circunstâncias históricas, é muito 
importante conhecer com mais precisão, embora sem descer a minúcias, certos momentos e certos 
fenômenos da história da humanidade que foram especialmente significativos nessa evolução.
Com acerto Dallari19 anota que a Constituição, no sentido de lei fundamental de 
um povo, abrangendo a totalidade da vida jurídica desse povo, surgiu apenas no século dezoito. É, 
portanto, uma criação moderna, embora se encontrem entre os povos da Antiguidade inúmeros 
documentos que, sob alguns aspectos, são semelhantes a uma Constituição.
No sentido comum da palavra todos os povos sempre tiveram uma Constituição, 
assim, como se diz que todas as coisas formadas de diversas partes são constituídas dessas partes. 
Mas como a significação técnica, dada pelos políticos e pelos juristas, nem sempre os grandes 
monumentos legislativos da Antiguidade podem ser chamados de Constituição, pois esta tem certas 
particularidades de forma e de conteúdo que não se encontram em nenhum documento de antes do 
século dezoito.
Não é por mera curiosidade que se deve procurar estabelecer com precisão qual 
foi o momento histórico em que surgiram as Constituições. Bem longe disso, o esclarecimento 
desse ponto é fundamental para que se possa conhecer o verdadeiro significado da Constituição, 
bem como para que se possa fixar com precisão qual sua origem, sua natureza e sua finalidade, 
como também para que se possa avaliar a legitimidade de uma Constituição.
O constitucionalista português, Joaquim José Gomes Canotillo20, mestre da 
Faculdade de Direito de Coimbra ressalta a importância do estudo dos postulados históricos do 
constitucionalismo, lecionando o seguinte:
A iluminação de muitos problemas jurídico-constitucionais carece de um 
background explicativo e justificativo que só pode ser fornecido por uma reflexão teórica sobre o 
próprio direito constitucional. Vários exemplos poderiam ser aqui trazidos à colação. Não é 
possível, por exemplo, discutir o conceito de constituição sem se falar em “teorias da constituição”. 
Seria medotologicamente empobrecedora uma análise dos direitos fundamentais sem uma 
exposição das “teorias dos direitos fundamentais”. No mesmo sentido, abordar o princípio 
democrático sem o suporte teórico das “teorias da democracia” implicaria o esquecimento da força 
18 A Constituição na vida dos povos – Da Idade Média ao século XXI, Editora Saraiva, pág. 09.
19 Constituição e Constituinte, Editora Saraiva, pág. 03.
20 Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Editora Almedina, pág, 18
sinergética das “ideais sobre a democracia”. A necessidade da “dogmática” e da “teoria” não 
implica qualquer distanciação perante as necessidades da prática e da vida. Mas compreenda-se a 
mensagem aqui insinuada. Sem as teorias de Newton não se teria chegado à Lua – assim o diz e 
demonstra Sagan; sem o húmus teórico, o direito constitucional dificilmente passará de vegetação 
rasteira, ao sabor dos “ventos”, dos “muros” e da eficácia.
 Mas o inverso também tem os seus perigos: a hipertrofia teorética (e filosófica) 
pode insinuar a transformação de modelos teorético-constitucionais e filosóficos em verdadeiras 
normas jurídicas, esvaziando ou minando a efectividade e validade do direito constitucional. Por 
outras palavras: a fuga para o céu dos conceitos e teorias pode acarretar a diminuição da capacidade 
de reflexão do direito relativamente aos problemas concretos das mulheres, dos homens e de todos 
os seres vivos da nossa comunidade. Um “direito ex cathedra”, um direito reduzido a teorias 
abstractas, esquece que os problemas dos homens da polis se situam no terreno da experiência 
humana e não nas alturas abstractas de um “saber sábio” do direito. Em síntese: procura-se um 
direito “bem pesado” não dissolvido nem nas pressões utilitaristas de um “direito descartável” nem 
nas nebulosas abstractas das teorias que esquecem o lugar das coisas e o mundo dos homens.”
O que se exige é que o jurista autêntico seja qual for seu campo de atuação, 
perceba a importância da Constituição, seu vínculo necessário com todas as áreas jurídicas e a 
necessidade de que ela seja sempre respeitada por todos, em sua integridade, sem estar sujeita a 
degradações impostas pelas conveniências dos governantes, de facções políticas ou de algum grupo 
social poderoso. Respeitar a Constituição é muito mais do que apegar-se a um legalismo formal, 
satisfazendo-se com a existência de uma Constituição escrita e com o reconhecimento de sua 
superioridade na hierarquia das leis. 
O verdadeiro respeito implica a exigência de legitimidade do poder constituinte e 
do poder reformador, um compromisso permanente com os princípios expressos e implícitos na 
Constituição e a preocupação permanente com sua efetividade em todas as relações sociais, tendo 
em conta, no momento de aplicação a situações concretas, a evolução social dos valores nela 
consagrados. Esse respeito é indispensável para a proteção da dignidade humana e a consecução de 
uma ordem social justa, na qual as relações políticas e sociais sejam pautadas pelo Direito, estando 
garantido o efetivo respeito aos direitos fundamentais de todos os seres humanos, como acentua 
Dalmo Dallari, no Livro A Constituição na vida dos povos, p. 11-13.
Portanto, passemos ao estudo dos eventos e circunstâncias históricas que culminaram 
com o surgimento das Constituições escritas, começando estudando o movimento chamado 
constitucionalismo.
1. Constitucionalismo
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1) “A idéia de Constituição escrita, instrumento de institucionalização política não foi 
inventada por algum doutrinador imaginoso, é uma criação coletiva apoiada em preceitos 
históricos e doutrinários.” (Manoel G. Ferreira Filho).
2) A idéia de constitucionalismo como proteção de direitos fundamentais foi que 
incrementou substancialmente o constitucionalismo como movimento rumo a igualdade cada vez 
maior entre os homens. (Alexis Tocqueville). Portanto, a cidadania não foi obra simplesmente de 
um homem, mas uma obra coletiva, culminando em um processo histórico.
3) O surgimento da proteção aos direitos fundamentais tem caráter recente, apesar de 
que desde a Idade Antiga já havia preocupação em torno desses direitos consagrados nos mais 
diversos sistemas constitucionais. São ideias, modelos que procuravam assegurar algum direito. 
Estes documentos são considerados monumentos legislativos, como exemplo o Código de 
Hamurabi a Magna Carta das Liberdades da Inglaterra de 1215.
4) O constitucionalismo, em sua textura clássica surgiu com a Revolução Francesa. 
Embora, alguns insistam em alegar que o constitucionalismo tem origem inglesa. (Santi Romano). 
Por ser mais amplo do que a Revolução Francesa. O processo de consolidação do Estado 
Constitucional passa pela experiência inglesa.
5) A marca principal do constitucionalismo moderno é: 
1º) a proteção dos direitos individuais; 
2º) atuação contra a interferência do Estado. 
Surge assim, vinculado ao ímpeto (desejo) quanto a positivação dos direitos (criação de 
normas escritas) e garantias aptas a salvaguardar (proteger) os indivíduos contra o arbítrio do 
Estado.
6) O constitucionalismo moderno veio fundamentar a doutrina constitucionalista então 
existente na América do Norte, sendo seus princípios acolhidos pelos recém-emancipados Estados 
norte-americanos, que a partir da libertação de seus laços de dominação política, adotou 
integralmente
a Constituição do tipo escrita, que consagrou o princípio da separação de poderes 
e os direitos fundamentais do homem. A Constituição Americana de 1787 teve como antecedente 
a Declaração de Virginia, em junho de 1776.
7) O constitucionalismo foi uma luta por liberdade em face do governo (na maior parte 
das vezes tirânico) e por um conjunto mínimo de direitos a serem respeitados não só pelos 
governantes, mas também pelos concidadãos. Essas pretensões deveriam ser agasalhadas em 
Constituições feitas a partir da vontade popular, mesmo que se submetendo a um rei.
8) Em termos históricos, os dois primeiros documentos constitucionais frutos do 
constitucionalismo são a Constituição norte americana de 1787 e a constituição francesa de 1791 .
9) Surgiu, assim, o constitucionalismo, um movimento nascido da vontade do homem 
de comandar seu destino político e de participar na vida do Estado, com a garantia de que os 
governantes respeitariam um rol mínimo de direitos.
10) Constitucionalismo é palavra recente revestida numa idéia remota. Para Kildare 
Gonçalves Carvalho, há uma perspectiva jurídica como sociológica: 
“...em termo jurídicos, reporta-se a um sistema normativo, enfeixado na 
Constituição, e que se encontra acima dos detentores do poder, 
sociologicamente, representa um movimento social que dá sustentação do 
poder, inviabilizando que os governantes possam fazer prevalecer seus 
interesses e regras na condução do Estado”.
2. SENTIDOS DO CONSTITUCIONALISMO:
O termo constitucionalismo possui dois sentidos, um amplo e outro estrito. Conforme 
leciona Uadi Lammêgo Bulos:
2.1. Constitucionalismo em sentido amplo21: É o fenômeno relacionado ao fato de que 
todo Estado possui um “tipo de Constituição”, seja em qualquer época, independente do regime 
político adotado ou do perfil jurídico que se lhe pretende atribuir: o homem sempre foi regido por 
um sistema normativo:
a) A ideia de constitucionalismo alcança amplitude considerável, ou seja, todos os 
Estados, seja qual for a época de evolução da humanidade, possuía uma constituição. Ou pelo 
menos, uma ideia de Constituição, por isso é possível falar em Constituição do Egito antigo, da 
China, etc.
b) Os embates, as lutas na busca do reconhecimento dos direitos fundamentais, na 
história da civilização, culminaram com a Revolução Francesa, sempre foi o anseio da humanidade 
contra o processo de domínio das coletividades.
c) Sempre existiu uma norma básica para conferir poderes ao soberano. Aqui não 
importa se o documento constitucional impõe limites, ou não, aos atos de governo, se é escrito ou 
consuetudinária, o que interessa, apenas, é a existência, explicita ou tácita, de um conjunto de 
princípios, preceitos, praxes, usos, costumes, etc., que ordenavam com supremacia e 
coercitivamente, a vida de um povo.
d) É nessa vertente que desponta o sentido amplo de constitucionalismo, que não se 
confunde com aquela técnica jurídica de tutela das liberdades surgidas nos fins do século XVIII, e 
adotada pela maioria dos Estados para pôr fim ao governo absolutista.
2.2. Constitucionalismo em sentido estrito: É a técnica jurídica de tutela das liberdades 
surgidas nos fins do século XVIII, que possibilitou aos cidadãos exercerem, com base em 
constituições escritas, os seus direitos e garantias fundamentais, sem que o Estado pudesse 
oprimir pelo uso da força e do arbítrio. Da ótica stricto sensu, o significado do constitucionalismo 
advém do movimento constitucionalista que o alçou a ponto de técnica jurídica das liberdades 
públicas.
Expressão da ideologia liberal, baseada na implantação de um governo das leis e não dos 
homens.
2.2.1. CONCLUSÕES DO CONSTITUCIONALISMO EM SENTIDO ESTRITO
21 Assinala Karl Loewenstain, organizações políticas anteriores viveram sob governos constitucionais sem a 
necessidade de articular limites estabelecidos para o exercício do poder político: tais limitações se achavam tão 
enraizadas nas convicções da comunidade política e nos costumes nacionais que eram respeitados por governantes e 
governados.
1º) O movimento constitucionalista apregoava que todos os Estados deveriam possuir 
constituições escritas, que funcionariam como instrumentos assecuratórios dos direitos e garantias 
fundamentais. O marco de seu apogeu foi o fim do século XVIII, em oposição ao Ancien Régime.
2º) “A definição mais conhecida de constitucionalismo é a que o identifica com a 
divisão de poder ou, de acordo com a formulação jurídica, com a separação dos poderes. A favor 
desta identificação existe um precedente assaz respeitável, a Declaração dos Direitos do Homem e 
do Cidadão de 1789, que tão grande influência havia de ter nas mudanças constitucionais da 
Europa do século XIX” (Nicola Mateucci).
3º) Realmente, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 
proclamou em seu art. 16 dispõe que: “Toda sociedade na qual não está assegurada a garantia dos 
Direitos, nem determinada a separação dos Poderes, não tem constituição.”
4º) Portanto, como técnica jurídica de tutela das liberdades, o constitucionalismo foi 
um movimento criado para assegurar as prerrogativas inalienáveis do ser humano, permitindo ao 
povo exercer seus direitos fundamentais, previsto na Constituição
3. CONCEITUANDO O CONSTITUCIONALISMO:
Considera-se o constitucionalismo um movimento jurídico e político levado a cabo 
pela burguesia européia emergente, nos séculos XVIII e XIX, no bojo de um movimento maior, o 
Iluminismo. Foi, portanto, produto da ideologia liberal. Seu objetivo era explícito; impor aos 
Estados absolutistas mecanismos de contenção do poder, o que seria atingido a partir da adoção de 
Constituições escritas que organizassem o Estado regulasse o exercício do poder e contemplassem 
os direitos e garantias fundamentais do homem. Ou seja:
“... um movimento político-constitucional que pregava a necessidade da 
elaboração de Constituições escritas que regulassem o fenômeno político e o 
exercício do poder, em benefício de um regime de liberdades públicas.” (Dirley 
da Cunha Júnior).
Ou como diz Manoel Gonçalves Ferreira Filho:
“Um movimento político e jurídico ..... visa estabelecer em toda parte regimes 
constitucionais, quer dizer governos moderados, limitados em seus poderes, 
submetidos a constituições escritas”.
4. CONTITUCIONALISMO ANTIGO:
O significado antigo de constituição não se confunde com o encontrado nos fins do 
século XVIII, na Europa Ocidental, quando as constituições foram concebidas como 
instrumentos de limitação do poder, compostas de normas definidoras da organização 
fundamental do Estado. O que se sabe é que entre os antigos, o constitucionalismo já se 
apresentava, de modo geral, como técnica de limitação do poder. Exemplo de constitucionalismo 
antigo tem o constitucionalismo hebreu e grego.
As primeiras notícias a um constitucionalismo, ainda tosco, datam de mais ou menos 
2100 a. C., com o Código de Ur Mammu, editado por esse soberano assírio com o objetivo de 
instituir penas pecuniárias para punir delitos, em substituição às radicais punições previstas pela Lei 
de Talião. Gravado em monólito, tem 282 artigos e está hoje no Museu do Louvre em Paris. Neste 
constitucionalismo antigo e possível identificar o constitucionalismo hebreu e o grego.
4.1. Constitucionalismo hebreu: 
Nos primórdios do movimento constitucionalista surgiu entre os hebreus, através da Lei 
do Senhor, um Estado Teocrático, governado pela casta sacerdotal, logo existia um limite no poder 
político. Significa que quando o Estado de Israel passou a adotar a monarquia, o Rei deveria seguir 
os conselhos dos profetas, que recebiam
as orientações de Deus.
4.2. Constitucionalismo grego:
Posteriormente, teve-se o movimento do constitucionalismo nas cidades gregas, onde os 
cidadãos populares eram eleitos para cargos públicos, através de um regime de votação, peculiar na 
época. Ocorre que por mais primitiva que fosse essa votação, existia uma participação do povo na 
vida política, consolidando assim uma real democracia.
Além destes dois exemplos podemos citar os importantes documentos da antiguidade 
tais A Lei das Doze Tabuas, entre os romanos, e o Cilindro de Ciro, de 538 a.C., Rei da Pérsia, que 
é um decreto que determinou a volta do povo hebreu que estava no cativeiro, que encontra-se no 
museu Britânico de Londres.
5. CONSTITUCIONALISMO NA IDADE MÉDIA E MODERNA:
A Idade Média é marcada pela época do despotismo dos soberanos (governantes que não 
respeitavam as leis, e faziam suas próprias leis), pela soberania dos governantes tratados como 
deuses. Uma verdadeira forma absolutista de governar, vez que não existiam limitações a suas 
condutas, aplicavam penalidades e impunham condutas desumanas não previstas em leis, não havia 
um poder maior que o do próprio governante, logo esse estava imune de qualquer sanção. 
5.1. Antecedentes das Constituições escritas: 
Os pactos, que tiveram lugar de destaque na Idade Média. Eram convenções entre o 
monarca e os membros da nobreza ou da burguesia, tendo por objeto, essencialmente, disposições 
acerca do modo de governo, dos direitos individuais e de suas respectivas garantias.
5.1.1. Principais pactos:
a) O mais célebre de todos os pactos foi a Magna Carta, de 1215, celebrada entre o rei 
João Sem Terra e os nobres ingleses. Estes, insuflados principalmente por uma tentativa do monarca 
de tributar suas propriedades imobiliárias, pleitearam restrições à criação e cobrança de impostos, 
proteção da liberdade pessoal, reconhecimento do direito a um devido processo legal, garantia de 
inviolabilidade domiciliar entre outras.
A declaração solene do rei João I da Inglaterra, que ficou conhecido por João Sem-Terra, 
perante o alto clero, os condes e os barões do reino atravessou séculos. Foi confirmada seis vezes 
por Henrique III. catorze vezes por Eduardo III, seis vezes por Ricardo III; três vezes por Henrique 
IV; uma vez por Henrique V; e uma vez por Henrique VI. Três das suas 63 cláusulas ainda vigoram 
na Inglaterra, com força de lei. Uma delas é a cláusula n. 1, que assegura a liberdade e os direitos da 
igreja inglesa. A outra é a cláusula n. 13, que defende os costumes da cidade de Londres e de outras 
cidades.
Mas a mais conhecida é a cláusula n. 39:
“Nenhum homem livre será preso, encarcerado ou privado de uma propriedade, ou 
tornado fora da lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos 
contra ele ou mandaremos alguém contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus 
pares, ou pela lei da terra.”
Ela significa que o rei devia julgar os indivíduos conforme a lei, seguindo o devido 
processo legal, e não segundo a sua vontade, até então absoluta.
b) A seguir, também na Inglaterra (onde foram celebrados os principais pactos), já na 
Idade Moderna, em 1628, outro pacto digno de menção foi o Pettion of Rights, pelo qual o 
monarca Carlos I concordou que as contribuições ao erário público só poderiam ser instituídas com 
a concordância geral dos súditos, No item “1”, dispõe o seguinte:
“1. E considerando também que na carta designada por “Magna Carta das 
Liberdades da Inglaterra” se decretou e estabeleceu que nenhum homem livre 
podia ser detido ou preso ou privado de seus bens, das suas liberdades e 
franquias, ou posto fora da lei e exilado ou de qualquer modo molestado, a não 
sr por virtude de sentença legal dos seus pares ou da lei do pais”.
No item “11” , quando trata da cobrança de tributos dispõe o seguinte:
“11. Por todas estas razões, os lordes espirituais e temporais e os comuns 
humildemente imploram a Vossa Majestade que, a partir de agora, ninguém seja 
obrigado a contribuir com qualquer dádiva empréstimo ou benevolente e a pagar 
qualquer taxa ou imposto, sm o consentimento de todos, manifestado por ato do 
Parlamento.....”
c) Ainda na Inglaterra, deve ser relembrado o Bill of Rights, (feito em 1688, fruto da 
Revolução Gloriosa) um pacto de conteúdo bastante amplo, que, além de afastar a dinastia Stuart do 
coroa inglesa, tratou de diversos direitos e garantias dos súditos, dentre eles a liberdade nas eleições 
e a regulamentação do direito ao porte de armas, bem como a afirmação do Parlamento perante o 
Rei, estabelecendo uma nova forma de organizar e governar os Estados.
Conhecida como Declaração de Direitos é um documento elaborado pelo Parlamento 
que determinou, ente outras coisas, a liberdade, a vida e a propriedade privada, assegurando o doe 
da burguesia na Inglaterra. No seu texto encontramos o seguinte:
“1. Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as 
leis ou seu cumprimento.
2. Que, do mesmo modo, é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real 
para dispensar as leis ou o seu cumprimento, como anteriormente se tem 
verificado por meio de uma usurpação notória.
.......................................
4. Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do 
Parlamento, sob pretexto de prerrogativas, ou em época e modo diferentes dos 
designados por ele próprio.
5. Que os súditos tem direitos de apresentar petições ao rei, sendo ilegais as 
prisões vexações de qualquer espécie que sofram por esta causa.”
5.1.2. Outros documentos importantes22:
22 Os forais ou cartas de franquia, que se encontravam por toda Europa, tem em comum com os pactos a forma escrita 
Durante a Idade Média e Idade Moderna foram utilizados uma série de documentos que 
repercutiram no sentido do amadurecimento das constituições escritas, que tinha por finalidade 
garantir direitos e limitar o poder dos governantes, vejamos alguns deles:
a) As cartas de franquias, que também tiveram lugar na Europa medieval, eram 
instrumentos formais pelas quais se permitiam às corporações de ofício desempenhar com 
autonomia suas atividades especificas, livres do jugo do rei ou da nobreza feudal. Instrumento que 
davam a burguesia a autonomia para exercer suas atividades.
 
b) Os forais, celebrados no mesmo período histórico, eram documentos de alcance mais 
amplo, pois seu objeto era a concessão aos burgos de autonomia política e administrativa para se 
autogovernarem.
 
c) Os contratos de colonização foram convenções celebradas entre os puritanos 
ingleses que chegavam à América do Norte, à época do domínio colonial da Inglaterra. Face à 
ausência na Colônia de um poder instituído, os próprios imigrantes acordaram regras de 
autogoverno. Vale ser mencionado, como exemplos: o pacto celebrado a bordo do navio Mayflower, 
em 1620, chamado de Compact, e as Fundamental Orders of Connecticut, pactuadas em 1639.
Assim, pode-se afirmar que o maior legado deixado pela Idade Média, em relação ao 
constitucionalismo foi o fato de que todo poder político deve ser limitado em lei para que seja 
justo e democrático, respeitando as garantias e direitos individuais. Porém Nicola Matteucci 
assevera que:
“O princípio da primazia da lei, a afirmação de que todo poder político tem de 
ser legalmente limitado, é a maior contribuição para a história do 
Constitucionalismo. Contudo, na Idade Média, ele foi um simples princípio, 
muitas vezes pouco eficaz, porque faltava um instituto legítimo que controlasse, 
baseando-se no direito, o exercício do poder político e garantisse aos cidadãos o 
respeito a lei por parte dos órgãos do Governo”.
5.1.3. Era das declarações:
a) Declaração de Virgínia23:
Em 12 de junho de 1776, o povo de Virginia divulgou um 
documento, escrito por Thomas Jefferson, que seria precursor da Declaração de Independência dos 
Estados Unidos da América. Nessa declaração de independência surge pela primeira vez a 
afirmação do “direito á vida”, que só voltaria a aparecer no século XX. Também está nela o 
mandamento de que o poder deve repousar sobre o consentimento dos governados.
É importante notar que a Declaração de Virgínia traz o reconhecimento de direitos inatos 
de toda pessoa humana e também o principio da igualdade de todos perante a lei, rejeitando 
privilégios de nascimento e hereditariedade dos cargos públicos, trata da limitação do poder 
adotando a separação do poder idealizada por Montesquieu.
 Está declaração foi feita em 1776. É um documento importante, pois serviu de base para 
a futura Constituição dos Estados Unidos da América, em 1787. Eis um trecho desta declaração:
“Artigo 1º - Todos os homens nascem igualmente livres e independentes têm 
direitos certos, essenciais e naturais dos quais não podem, por nenhum contrato, 
e a matéria que é a proteção de direitos individuais.”
23 Outras Colônias inglesas na América fizeram declarações semelhantes.
privar nem despojar sua posteridade; tais são o direito de gozar a vida e a 
liberdade com os meios de adquirir e possuir propriedade, de procurar obter a 
felicidade e segurança.
Artigo 2º - Toda a autoridade pertence ao povo e por conseqüência dela se 
emana; as magistraturas s]ao seus mandatários, seus servidores, responsáveis 
perante ele em qualquer tempo.
Artigo 3º - O governo é ou deve ser instituído para o bem comum, para a 
proteção e segurança do povo, da nação ou da comunidade.....
......................................................
art. 5º - O pode legislativo e o poder executivo do estado devem ser distintos e 
separados da autoridade judiciária........
.......................................................
Artigo 12º - Todas as ordens de prisão são vexatórias e opressivas se forem 
expedidas sem provas suficientes e se a ordem ou requisições nelas transmitidas 
a um oficial ou a um mensageiro do estado para efetuar buscas em lugares 
suspeitos, deter uma ou várias pessoas, ou tomar seus bens, não contiver uma 
indicação e uma descrição especiais de lugares, das pessoas ou das coisas que 
dela forem objeto; semelhantes ordens jamais devem ser concedidas.
.......................................................
Artigo 14º. – A liberdade de imprensa é um dos mais fortes baluartes da liberdade 
do Estado e só pode ser restringida pelos governos despóticos.”
Logo em seguida foi feita a Declaração de Independência dos Estados Unidos da 
América, que é um também um importante documento histórico. Nesta Declaração há várias 
acusações feitas a Coroa inglesa, e reafirma os propósitos da Declaração de Virgínia.
b) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: Elaborada em 1789 na França 
que determinou o fim de uma vez por todas o regime absolutista de governar, reconhecendo direitos 
individuais dos cidadãos, apontando para expressivos avanços sociais ao garantir direitos iguais 
para todos. Eis os seus pontos principais:
“Art.1º. Os homens nascem livres e iguais em direitos. As distinções sociais só 
podem fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos 
naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a 
propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
Art. 3º. O princípio de toda soberania reside, essencialmente, na nação. 
Nenhuma operação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não 
emane expressamente.
.....................................................
Art. 5º A lei não proíbe as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela 
lei não pode ser obstado e mingúem pode sr constrangido a fazer o que ela não 
ordene.
......................................................
Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos 
determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas........
Art. 8º A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e 
ninguém pode ser punido senão pro fará de uma lei estabelecida e promulgada 
antes do delito e legalmente aplicada.
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se se 
julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor necessário à guarda da sua pessoa 
deverá ser severamente reprimido pela lei.
Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões 
religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública 
estabelecida pela lei.”
É importante ressaltar que a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão teve como 
principal mérito dar um caráter universal de seus termos, principalmente ao dispor no art. XVI:
“Toda sociedade na qual a garantia dos direitos não é 
assegurada, nem a separação dos poderes determinada, 
não tem constituição.”
Não foi esquecido o grande anseio da burguesia, ao seja, a defesa da propriedade, e no 
artigo 17, dispõe:
“Art. 17. Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela 
pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente 
comprovada e sob condição de justa e prévia indenização.”
6. CONSTITUCIONALISMO MODERNO:
 O constitucionalismo moderno surgiu em meados do século XVII com características 
próprias e com a ideologia de limitação do poder estatal preservando os direitos e garantias 
fundamentais, transcrevendo os anseios populares, na lei do povo - A Constituição Escrita.
6.1. Características:
a) O constitucionalismo moderno24 rompe com as barreiras de garantias fundamentais 
limitadas pelos Estados Absolutistas, destruindo o paradigma de soberania e supremacia das forças 
estatais representado pelo poder dos monarcas. 
b) Trouxe o ideal de justiça, de direito igualitário e acima de tudo de organização na 
seara da política governamental, limitando o poder de atuação do Estado e descentralizando os 
poderes -executivo, legislativo e judiciário, pautando em um documento de lei - a Constituição.
Portando, a principal característica do constitucionalismo moderno é a presença de 
uma Constituição escrita, e de leis gerais e abstratas, pautada nos princípios da legalidade e da 
segurança jurídica.
7. CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO E GLOBALIZADO: 
Atualmente o constitucionalismo não se deu por pronto e acabado, está em constante 
desenvolvimento, sempre observando as necessidades dos cidadãos e o desenvolvimento 
socioeconômico.
O constitucionalismo contemporâneo é marcado pela existência de documentos 
constitucionais amplos, analíticos, extensos, a exemplo da Constituição brasileira de 1988. Assim, 
no constitucionalismo contemporâneo que iremos ver, com notável nitidez, o robustecimento 
daquelas idéias extraídas na segunda metade do século XX, na etapa do constitucionalismo 
moderno, preconizados pelo ideário pós-positivista, responsável pelo florescimento de um 
constitucionalismo principialista ou de princípios.
24 A grande novidade do constitucionalismo moderno não foi propriamente especificar os princípios que deveriam 
integrar as constituições escritas, mas sim reconhecer-lhes a dimensão normativa que se lhes encontra subjacente, 
presentes desde a antiguidade em textos religiosos, filosóficos, jusnaturalistas e místicos, atravessaram milênios, 
influenciado a vida social.
Na contemporaneidade, por exemplo, ocorreram avanços dignos de nota, os quais muitos 
se amoldam à realidade brasileira. É que, promulgada a Carta de 1988,
com a redemocratização e 
reconstitucionalização do país, ocorreram mudanças significativas:
 Tentativa de buscar a eficácia social das constituições (efetividade);
 Prevalência do princípio da força normativa da Constituição;
 Aprimoramento da hermenêutica constitucional.
8. CARACTERÍSTICAS DO CONSTITUCIONALISMO
 Embora impulsionado por objetivos básicos, o constitucionalismo teve características 
diversificadas em cada Estado.
 Em alguns Estados o constitucionalismo serviu de implantação política de nova classe 
econômica, sofrendo influência do liberalismo.
 Em outros representou uma visão de reforma do Estado em sua estrutura, com 
limitação do poder do governo e do Estado.
Certo é que para cada Estado o constitucionalismo apresentou uma característica que 
motivou sua implantação, todas, porém, basicamente, derivada das idéias consagradas no séc. XVIII 
de prevalência dos direitos individuais e limitação do poder do governante.
9. TOTALITARISMO CONSTITUCIONAL: Se o constitucionalismo 
contemporâneo avançou positivamente em determinados aspectos, consagrou, por outro lado, uma 
espécie de totalitarismo constitucional muito próximo à idéia de Constituição programática. 
Temas que muito bem se enquadrariam em leis comuns são postas nas constituições. É que nos 
textos constitucionais contemporâneos, o supérfluo e o acessório predominam (art. 242, § 2º e art. 
13, § 1°).
Em verdade, as constituições contemporâneas firmaram o compromisso entre o 
liberalismo capitalista e o intervencionismo estatal. Isso fez com que ocorresse um alargamento dos 
textos constitucionais.
QUADRO COMPARATIVO
Constitucionalismo é palavra recente revestida numa idéia remota. Para Kildare Gonçalves Carvalho, há uma perspectiva 
jurídica como sociológica: “...em termo jurídicos, reporta-se a um sistema normativo, enfeixado na Constituição, e que se 
encontra acima dos detentores do poder, sociologicamente, representa um movimento social que dá sustentação do poder, 
inviabilizando que os governantes possam fazer prevalecer seus interesses e regras na condução do Estado.
Constitucionalismo antigo Constitucionalismo na 
Idade Média e Moderna
Constitucionalismo 
moderno
Constitucionalismo 
contemporâneo
Ainda não existisse uma 
clara idéia definida como 
técnica de limitação de 
poder, é possível vislumbrar 
um constitucionalismo entre 
os povos antigos, sejam em 
modelos, praxes, usos, 
costumes, etc. Os Hebreus, 
tinham a Lei do Senhor, que 
era os livros escritos por 
Moisés, e impunham limites 
no poder político exercido 
pelos sacerdotes e reis. 
Também entre os gregos 
percebe-se que dispunham 
de um sistema eleitoral de 
escolha de pessoas para 
ocupar cargos públicos, 
embora restrito a uma 
pequena parcela da 
população.
Na Idade Média, percebe-se 
como marca principal o 
exercício de governos 
despóticos, tiranos, uma 
verdadeira forma absoluta de 
governar, não tendo 
limitações em suas ações. 
Mas, é possível vislumbrar a 
celebração de pactos, 
convenções entre a nobreza, 
a burguesia com os 
monarcas, que de certa 
forma impunha limites ao 
soberano e o 
reconhecimento de direitos 
individuais. É possível 
perceber que os principais 
beneficiários seriam os 
proprietários de terras e a 
burguesia detentora do poder 
econômico, mas que não 
gozavam de privilégios de 
nascimento. 
O constitucionalismo 
moderno surge nos séculos 
XVII e XVIII, se afirmando 
definitivamente no século 
XIX, com características 
bem definidas, como 
técnica jurídica de tutela das 
liberdades públicas e técnica 
jurídica de limitação do 
poder. Assim, são 
preservadas as garantias 
fundamentais do cidadão, 
bem como a limitação do 
poder estatal, como 
contenção de poder, 
trazendo um ideal de justiça 
e igualdade. Sendo que 
estas garantais seriam 
inseridas em documento 
escrito, respeitado por todos, 
governantes e governados. 
O constitucionalismo está em 
constante desenvolvimento, 
estando atento as 
necessidades dos cidadãos e 
o desenvolvimento 
socioeconômico. A fase que 
estamos vivendo é a do 
constitucionalismo 
contemporâneo, marcado 
pela existência de 
documentos constitucionais 
amplos, analíticos, a 
exemplo da Constituição 
brasileira de 1988. É no 
constitucionalismo 
contemporâneo que iremos 
ver, com notável nitidez, o 
robustecimento daquelas 
idéias extraídas na segunda 
metade do século XX, na 
etapa do constitucionalismo 
moderno.
C A R A C T E R Í S T I C A S
- Cada comunidade regia-se 
por costumes próprios, 
quase sem contato com 
outros grupos. Esses 
costumes derivavam da 
observância geral.
- Inexistência de 
Constituições escritas.
- Predomínio dos meios de 
constrangimento para 
assegurar o respeito aos 
padrões de conduta da 
comunidade para se manter 
a coesão do grupo.
- Existência de documentos 
garantidores de liberdades 
públicas, que funcionavam 
como autênticas 
constituições não escritas 
(pactos, forais, contratos de 
colonização).
- necessidade de afirmar a 
igualdade dos cidadãos 
perante o Estado, excluindo 
todo poder arbitrário e 
abrindo caminhos para o 
amadurecimento do Rule of 
Law (caminho da lei).
- As constituições passaram 
a serem escritas, dotados de 
coercibilidade, cujas normas 
devem integrar um código 
sistemático é único de todo o 
seu conteúdo.
- Limitação das funções 
estatais, não apenas as 
executivas e as judiciárias, 
mas também legislativas.
- Tutela reforçada dos 
direitos e garantias 
fundamentais.
-fase marcada pela existência 
de documentos 
constitucionais amplos, 
analíticos, extensos, 
consagrando uma espécie de 
totalitarismo constitucional.
- nas constituições 
contemporâneas, os direitos 
fundamentais refletem a 
vontade de uma sociedade 
melhor, justa e igualitária, ao 
mesmo que consagram 
instrumentos de proteção das 
liberdades públicas, que se 
somam aos mecanismos de 
defesa da própria Lex mater.
Assim, as normas programáticas, cuja formulação doutrinária se iniciou no 
constitucionalismo moderno, mas encontram seu apogeu na contemporaneidade. Revestidas sob a 
forma de promessas e programas, as normas programáticas limitam-se a enumerar princípios a 
serem cumpridos pelos Poderes Legislativos, Executivo e Judiciário. Em vez de disciplinar 
diretamente a matéria que enunciam, deixam para os órgãos públicos a complexa tarefa de realizar 
os fins sociais do Estado.
Esse particular aspecto do constitucionalismo contemporâneo diverge daquela 
orientação clássica, que procurava conceber as constituições como instrumentos de governo, 
dotados de imperatividade ou cogência absoluta, para definir os limites da ação política. E 
qualquer violação à força centrípeta dos comandos constitucionais demandaria a adoção de um sério 
e rígido controle de constitucionalidade.
O certo é que, na contemporaneidade, a ampliação do conteúdo das constituições acabou 
desvalorizando-as. Elas não mais gozam daquele respeito de outrora. Foram banalizadas. Aliás, o 
marco inicial desse desprestígio deu-se com o término da Primeira Guerra Mundial, quando os 
constituintes, não se contentando em organizar o poder político, inseriram, na seara constitucional, 
normas econômicas e sociais. Desde então, nada escaparia à órbita constitucional. Formou-se a 
cultura do constitucionalismo exacerbado, erigido sob a máxima “coloca-se primeiro na 
constituição, para depois se tentar cumprir.” Como será visto na unidade 05, quando tratarmos das 
normas constitucionais programáticas,
Até agora vimos o movimento chamado constitucionalismo que em todas as épocas 
vislumbravam uma forma diferente de organização política que pudesse reconhecer direitos aos 
cidadãos e ao mesmo tempo limitar a atuação do Estado.
Vitoriosa a burguesia, está impõe a sua forma de organização política, baseada nas 
Constituições escritas, surgindo assim os modelos de Estados que passaremos a estudar, chamados: 
Estado Liberal de Direito, Estado Social de Direito e Estado Democrático de Direito.
10. O ESTADO LIBERAL DE DIREITO
10.1. A Evolução do Estado Moderno – Antecedentes
a) Situação da igreja do século XI: A igreja na Idade Média era proprietária de grandes 
extensões de terras, os bispos e arcebispos que administravam as terras eclesiásticas, na maioria das 
vezes desfrutavam de grandes riquezas. Está realidade acabou por atrair muitas pessoas para aqueles 
cargos eclesiásticos que proporcionavam riquezas e poder. Por isso, os reis os senhores feudais 
interviam decisivamente na eleição dos dignitários da igreja para favorecer aqueles. 
b) Surgimento do sistema Feudal: Nos séculos IX e X a Europa foi alvo de muitas 
invasões de bárbaros que provocou uma desorganização política, contribuindo para a implantação 
do feudalismo, regime que dominou a Europa Ocidental a partir do século X. O Sistema Feudal foi 
uma transição para o Estado Absolutista.
10.2. O PARADIGMA DO ESTADO LIBERAL DE DIREITO: 
O exaurimento do paradigma medieval, sob a forte influência do Renascimento25 e do 
Iluminismo26, o fortalecimento da burguesia, a intensificação do comércio através da descoberta de 
25 Renascimento: Designa-se com este termo o movimento literário, artístico e filosófico que começa no fim do século 
XIV e vai até o fim do século XVI, difundindo-se da Itália para outros países europeus.
26 Iluminismo: Linha filosófica caracterizada pelo empenho em entender a razão como crítica e guia a todos os 
novas rotas comerciais, e as constantes desavenças entre o poder real e o poder eclesiástico 
favorecem o nascimento do Estado Moderno.
As bases teóricas do Estado Liberal foram lançadas por John Locke e Montesquieu, 
entre outros. Estes filósofos, cada um em sua época idealizaram uma nova forma de organização do 
Estado baseado na Separação dos Poderes, que tinha o nítido propósito de enfraquecer o poder dos 
reis absolutistas.
10.2.1. Estado Liberal possui as seguintes características
a) difusão ou propagação da ideia de direitos individuais fundamentais;
b) separação de poderes, dando origem a idéia da supremacia da Constituição como 
norma limitadora do poder governamental, bem como, do império das leis, próprias do movimento 
constitucionalista; 
c) não intervenção do Estado na economia; devido aos inúmeros instrumentos 
legislativos que protegiam a economia nacional.
d) vigência do princípio da igualdade formal, acabando com o privilégio que gozavam 
os nobres de nascimento.
10.3. ANTECEDENTES HISTÓRICOS QUE CULMINOU COM O ESTADO 
LIBERAL: 
O Estado Liberal de Direito institucionalizou-se após a Revolução Francesa de 1789, 
constituindo o primeiro regime jurídico-político da sociedade que materializava as novas relações 
econômicas e sociais, colocando de um lado os capitalistas (burgueses em ascensão) e do outro a 
realeza (monarca) e a nobreza (senhores feudais em decadência) . 
10.3.1. Papel desempenhado pela burguesia
A Revolução Francesa de 1789 foi uma revolta da burguesia, que se elevou do patamar 
de classe dominada e discriminada para dominante e discriminadora, destruindo os alicerces que 
sustentavam o absolutismo (Antigo Regime), pondo fim ao Estado monárquico autoritário.
O lema dos revolucionários era “liberdade, Igualdade e Fraternidade”, que resumia os 
reais desejos da burguesia. O que isto significava?
a) liberdade individual para expansão de seus empreendimentos e a obtenção de lucro;
b) igualdade jurídica com a aristocracia visando a abolição das discriminações e os 
privilégios de nascença ;
c) fraternidade dos camponeses e sans-cullotes (sem-calças, população pobre de Paris, 
formada pela massa de artesãos, aprendizes, lojistas, desempregados, que tiveram uma importante 
participação nos acontecimentos de 1789 a 1794), no intuito de que apoiassem a revolução e 
lutassem por ela.
10.3.2. Estratégias adotadas pela burguesia
A burguesia mercantil e industrial inconformada com os privilégios que os nobres de 
campos da experiência humana.
nascimento tinham, paulatinamente vai fazendo com que suas ideias sejam aceitas, e para isso 
passou a desenvolver estratégias para que seus valores fossem aceitos.
1ª Estratégia – adoção do princípio da não intervenção do Estado na economia27:
 A classe burguesa emergente detinha o poder econômico, enquanto que o poder político 
estava sob o domínio da realeza e da nobreza. Logo, percebe-se que o princípio da não 
intervenção do Estado na economia defendido pelo Estado Liberal foi uma estratégia da 
burguesia para evitar a ingerência dos antigos monarcas e senhores feudais nas estruturas 
econômicas da época, garantindo a liberdade individual para a expansão dos seus 
empreendimentos e a obtenção do lucro.
 Dessa forma, os capitalistas em ascensão tinham liberdade para ditar a economia a seu favor, 
através da prática da auto-regulação do mercado, livre comércio e a concorrência.
 Pregava-se a mínima intervenção do Estado na economia, criando a figura do “Estado 
Mínimo”, defendendo a ordem natural da economia de mercado, com o escopo de expandir 
seus domínios econômicos.
2ª Estratégia – Defesa do princípio da igualdade
DEFESA DO PRINCÍPIO DA IGUALDADE: Outra característica do Estado Liberal 
é a defesa do princípio da igualdade, uma das maiores aspirações da Revolução Francesa. Porém, 
é preciso observar quais os fatores que influenciaram a burguesia em ascensão a pregar a aplicação 
de tal princípio.
 A igualdade é tão-somente formal, na qual se buscava a submissão de todos perante a lei, 
afastando-se o risco de qualquer discriminação. Logo, sob o manto de tal fundamento, todas 
as classes sociais seriam tratadas uniformemente, pois as leis teriam conteúdo geral e 
abstrato, não sendo específicas para determinado grupo social e tampouco regulando uma 
situação especifica.
 Trata-se de outra tática da burguesia, pois se sabe que o sistema feudal possuía uma 
estrutura estamental ou de ordens, isto é, era composto por várias classes sociais, a que 
correspondiam diferentes ordenamentos jurídicos. Essa pluralidade de textos legais vigentes 
representava que a lei e a jurisdição eram distintas, variando conforme o grupo social do 
destinatário da norma. Tal situação acabava fazendo com que a realeza e a nobreza tivessem 
uma série de privilégios, enquanto a burguesia era discriminada.
3ª Estratégia – Criação de um ordenamento único
Os capitalistas idealizaram a criação de um único ordenamento jurídico, defendendo a 
igualdade formal, no qual todos eram iguais perante a lei, que possuía conteúdo geral e abstrato, 
aplicando-se indiscriminadamente a todos os grupos sociais, não permitindo o estabelecimento de 
prerrogativas para determinada classe em detrimento das outras28, surgindo o conceito de Estado de 
27 Adam Smith publicou em 1776 a livro “A riqueza das Nações”, neste livro afirma que o mundo seria melhor, mais 
justo, racional, eficiente e produtivo, se houvesse a mais livre iniciativa, se as atitudes econômicas dos indivíduos e 
suas relações não fossem limitadas por regulamentos e monopólios garantidos pelo Estado ou pelas corporações de 
ofício. Pregava a necessidade de desregulamentar e privatizar as atividades econômicas, reduzindo o Estado as 
funções definidas, que delimitassem apenas três parâmetros bastante gerais para
as atividades livres dos agentes 
econômicos. São três as funções do governo na argumentação de Smith: a manutenção, a segurança interna e 
externa, a garantia da propriedade e dos contratos e a responsabilidade por serviços essenciais de utilidade pública.
28 Surgem idéias como o exercício das liberdades individuais, de se poder fazer tudo que não for proibido em lei. Em 
contraposição à liberdade dos antigos, encarada como participação nas decisões políticas (liberdade de ser), faz 
nascer a liberdade dos modernos, vista como autonomia da conduta individual (liberdade de ter). (Kildare 
Direito e a figura da Constituição, que passava a limitar os poderes do governante, visando conter 
seus arbítrios, que preponderavam no Estado Monárquico, resumidos na conhecida frase de Luiz 
XIV, símbolo do poder pessoal: “I´État c’ést moi.” (O Estado sou eu).
10.3.3. O GOLPE DA BURGUESIA
Uma vez detentora do controle político da sociedade, a burguesia não mais se interessa 
em manter como característica de todos os homens, a prática universal dos princípios filosóficos de 
sua revolta social. “Só de maneira formal os sustenta, uma vez que no plano de aplicação política 
eles se conservam, de fato, princípios constitutivos de uma ideologia de classe.” (BONAVIDES, 
Paulo).
O que se percebe é que antes eram os senhores feudais e a nobreza que exploravam o 
povo. Quando a burguesia assume o poder, ela passa sozinha a desempenhar o poder de explorar o 
povo, tanto quanto foram aqueles, pois na prática as desigualdades permaneceram, sob o manto da 
igualdade puramente formal, que não se realizava na prática.
Vitorioso o Estado burguês de Direito eleva os direitos das liberdades ao cume da 
ordem política. A liberdade era indispensável à manutenção do poder político e que, só 
nominalmente, se estendiam às demais classes.
10.3.4. SEPARAÇÃO DE PODERES29 NO ESTADO LIBERAL DE DIREITO:
Uma das grandes aspirações do Estado Liberal de Direito era sem dúvida a Separação 
dos Poderes, que era uma técnica fundamental como garantia contra o abuso do poder estatal, 
fracionando as funções administrativas, legislativas e judiciais. A teoria da separação dos poderes 
tem origem remota (Aristóteles), podemos encontrar traços em Aristóteles, Cícero, mas coube a 
John Locke e Montesquieu dar os contornos necessários para está teoria.
10.3.4.1. DO PODER LEGISLATIVO
Para John Locke, o legislativo era o poder supremo, os demais dele derivam e a ele 
estão subordinados. Ao Executivo cuja existência é perene, cabe a aplicação das leis. Inicialmente 
John Locke não contemplava expressamente o Poder Judiciário, e se refere a esse como atividade 
meio do Poder Executivo.
Coube a Montesquieu a responsabilidade pela inclusão expressa do poder de julgar 
dentre os poderes fundamentais do Estado. Mas deve ser ressaltado é nítido o caráter secundário 
atribuído por ele a esse poder.
10.3.4.2 DO PODER JUDICIÁRIO
Ao Poder Judiciário, cabe dirimir conflitos interparticulares ou, “conforme o modelo 
constitucional, entre esses e a Administração Pública, quando provocado, através dos procedimentos 
devidos, aplicando o direito material vigente de modo estrito” por intermédio de processos lógico-
Gonçalves).
29 “Proposta esta ideia de maneira sistemática no século XVIII, com o fim exclusivo de proteção da liberdade, mais 
tarde seria desenvolvida e adaptada a novas concepções, pretendendo-se então que a separação dos poderes tivesse 
também o objetivo de aumentar a eficiência do Estado, pela distribuição de suas atribuições entre órgãos 
especializados. Foi a intenção de enfraquecer o poder do Estado, pela Constituição que impôs a separação de 
poderes como um dos dogmas do Estado Moderno, chegando-se mesmo a sustentar a impossibilidade de democracia 
sem aquela separação”. (Dallari, pág. 215).
dedutivos de subsunção do fato à norma.
Sob o preceito da igualdade formal, estando sempre vinculados ao sentido literal, numa 
evidenciada posição subalterna perante o poder legislativo, pois o Poder Judiciário ficava limitado a 
uma atividade mecânica, ou seja, em ser apenas no dizer de Montesquieu, La bouche de la loi, ou 
seja, o Poder Judiciário era considerado a boca da lei, devendo ocorrer a aplicação estrita da lei, não 
podendo interpretar as leis elaboradas pelo Poder Legislativo que era o poder por excelência .
10.3.4.3. DO PODER EXECUTIVO
Por fim, ao Poder Executivo incumbe a tarefa de implementar o Direito, executar as leis 
“garantindo a certeza e a segurança jurídica e social, internas e externas, na paz e na guerra.” De 
modo que, o Poder Executivo, outrora representado pelo Rei foi esvaziado em seus poderes.
9.3.5. SISTEMA DE FREIO E CONTRAPESOS: Para equilibrar os poderes os 
americanos idealizam a teoria dos freios e contrapesos ou check and balances, no temor que o poder 
legislativo se tornasse um outro poder absoluto.
No sistema de check and balances implementado pelo Estado Liberal de Direito, 
procurou por limites ao Poder Legislativo, pois a este competia a supremacia, por ser ele o 
elaborador das leis – fontes por excelência do Direito. No sistema de contenção, de freios e 
contrapesos, no qual o poder limitava o poder.
10.3.6. A CONSTITUIÇÃO ESCRITA É O INSTRUMENTO PARA EFETIVAR 
OS DIREITOS ALMEJADOS:
A Constituição passa ser concebida como uma ordenação normativo-sistemática da 
comunidade política – o fundamento de validade do direito posto – organizado em razão do 
poder público (respeitando o comando principiológico da separação de poderes), modelada 
documentalmente e com vistas a garantir os direitos fundamentais dos indivíduos. Nessa 
esteira J. J. Canotilho a define como uma “ordenação sistemática e racional da comunidade 
política através de um documento escrito no qual se declaram as liberdades e os direitos e se fixam 
os limites do poder político.”
 
Na perspectiva do paradigma do Estado Liberal de direito, todo aparato de garantias das 
liberdades individuais conta com o alicerce constitucional.
 
A Constituição escrita passa a configurar, desde a Independência Americana e a 
Revolução Francesa, um pacto que representa esquemática e fundamentalmente o Estado burguês 
de direito.(pacto político).
 
A Constituição é compreendida como instrumento de governo (instrument of 
goverment), “como estatuto jurídico-político fundamental da organização da sociedade política, do 
Estado”, no qual o poder político encontra limites e o Estado se juridifica legitimado pelo Direito e 
pela representação popular. De estado de Direito, erige-se à condição de Estado Constitucional.
10.3.7. O ESTADO LIBERAL DE DIREITO INAUGURA OS DIREITOS DE 
PRIMEIRA GERAÇÃO:
O Estado Liberal cria os chamados “direitos de primeira geração”, que decorrem da 
própria condição de indivíduo, de ser humano, situando-se, no plano do ser, de conteúdo civil e 
político, que exigem do Estado uma postura negativa30 em face dos oprimidos, compreendendo, 
dentre outros, as liberdades clássicas, tais como, a liberdade, propriedade, vida e segurança, 
denominados, também, de direitos subjetivos materiais ou substanciais. 
Como já foi afirmado os direitos de primeira geração exigiam do Estado uma conduta 
negativa, isto é, uma omissão estatal em não invadir a esfera individual do nacional que deixou de 
ser considerado mero súdito, elevando-se à condição de cidadão, detentor de direitos tutelados pelo 
Estado, inclusive contra os próprios agentes estatais.
11. O PARADIGMA DO ESTADO SOCIAL DE DIREITO
11.1. Conseqüências advindas com o Estado Liberal de Direito
A vivência das idéias abstratas que davam os contornos do paradigma do Estado liberal 
de Direito, mormente, o exercício das liberdades e a
igualdade formal, bem como, a 
propriedade privada, culminou por fundamentar idéias e práticas sociais no período que ficou 
caracterizado na história como de maior exploração do homem pelo homem.
A igualdade tão-somente formal aplicada e o absenteísmo do Estado Liberal em face 
das questões sociais, apenas serviram para expandir o capitalismo agravando a situação da classe 
trabalhadora, que passaram a viver sob condições miseráveis.
O descompromisso com o aspecto social agravado pela eclosão da Revolução 
industrial, que submetia o trabalhador a condições desumanas e degradantes, a ponto de 
algumas empresas exigirem o trabalho diário do obreiro por doze horas ininterruptas, culminou com 
a Revolução Russa de 1917, conduzindo os trabalhadores a se organizarem com o objetivo de 
resistir a exploração. 
A ordem liberal é posta em xeque (passa-se a questionar seus postulados e princípios) 
com o surgimento de idéias socialistas, comunistas e anarquistas, que a um só tempo, “animam os 
movimentos coletivos de massa cada vez mais significativos e neles reforçada com a luta pelos 
direitos coletivos e sociais”.
11.2. Fatores que culminaram com o Estado Social de Direito:
Os seguintes fatores contribuem para o surgimento do Estado Social de Direito.
 Desenvolvimento do movimento democrático (luta pelo sufrágio universal);
 O surgimento de um capitalismo monopolista;
 O aumento das demandas sociais e políticas;
 A Primeira Guerra Mundial. 
Faz nascer a crise da sociedade liberal, possibilitando o surgimento de uma nova fase do 
constitucionalismo – agora social – com alicerce na Constituição da República de Weimar, de 
1919, e em razão disso, inaugura-se o paradigma constitucional do Estado social de direito.
30 Postura negativa significa uma posição de neutralidade, não interferindo na esfera individual do cidadão, neste 
sentido, em tese, garantia a liberdade individual de todos.
11.3. A burguesia muda de opinião
A burguesia, agora detentora do poder político passou a defender o intervencionismo 
estatal no campo econômico e social, buscando acabar com a postura absenteísta do Estado, 
preocupando-se com os aspectos sociais das classes desfavorecidas, conferindo-lhes uma melhor 
qualidade de vida, como o único intuito de conter o avanço revolucionário.
11.4. Características do Estado Social de Direito
a) intervenção do Estado na Economia, através de regras e mecanismos jurídicos e 
legislativos;
 b) aplicação do princípio da igualdade material; não se preocupava se as pessoas são 
abstratamente iguais, mas se preocupa com a realidade de fato.
c) a realização da justiça social, tendo em vista um a nova postura do Poder Judiciário.
11.5. A igualdade material no Estado Social de Direito
Para alcançar tal intento os capitalistas tiveram que substituir a igualdade formal, 
presente no Estado Liberal, que apenas contribuiu aumentar as distorções econômicas pela 
igualdade material, que almejava atingir a justiça social.
O princípio da igualdade material ou substancial não somente considera as pessoas 
abstratamente iguais perante a lei, mas se preocupa com a realidade de fato, que reclama um 
tratamento desigual para as pessoas efetivamente desiguais, a fim de que possam desenvolver as 
oportunidades que lhes assegurava abstratamente, a igualdade formal. Surge, então a necessidade de 
tratar desigualmente as pessoas desiguais, na medida de suas desigualdades.
Em razão da complexidade da sociedade, resultante no modelo paradigmático social ou 
de bem-estar-social, no qual o direito é materializado, o Estado vivencia um momento de 
ampliação extraordinária na sua seara de atuação, mormente pela necessidade de abranger 
tarefas vinculadas aos novos fins econômicos e sociais que lhes são atribuídos, e, via de 
conseqüência, reduzir a distância entre a realidade do senhor e do escravo à luz de uma 
igualdade material.
11.6. O Estado Social de Direito inaugura os direitos de 2ª Geração
Assim, como o século XVIII foi marcado pelo advento dos direitos da primeira geração 
(direitos civis e políticos), o século XX foi caracterizado por uma nova ordem social. Com esta 
nova ordem social surge uma nova estruturação dos direitos fundamentais não mais 
sedimentados no individualismo puro do modelo anterior.
Os direitos fundamentais da segunda geração se tornam tão essenciais quanto os 
direitos fundamentais da primeira geração, tanto por sua universalidade quando por sua eficácia. 
Assim, segundo Bonavides, os direitos fundamentais da segunda geração “são os direitos sociais, 
culturais, e econômicos, bem como os direitos coletivos ou de coletividade, introduzidos no 
constitucionalismo das distintas formas de Estado Social...”
Direitos de Segunda Geração são: Assistência Social, Educação, Direitos Trabalhistas, 
Cultura, Saúde, liberdade de sindicalização, Direito de greve, etc.
Esses direitos buscam a realização do bem-estar social ou o chamado “welfare state”, 
estes direitos estão firmados no princípio da isonomia material.
A natureza do comportamento perante o Estado serviu de critério distintivo, entre as 
gerações, eis que os de primeira geração exigiam do Estado abstenções (prestações negativas), 
enquanto os de segunda exigem uma prestação positiva.
Então, na esfera dos direitos fundamentais da segunda geração, marca uma nova fase dos 
direitos fundamentais, não só pelo fato de estes direitos terem o escopo positivo, mas também de 
exercerem uma função prestacional Estatal para com o indivíduo.
11.6. Princípio da Separação dos Poderes no Estado Social de Direito:
 A releitura do paradigma anterior não ocorre tão-somente no âmbito dos direitos 
individuais, pois o princípio da separação de poderes (outro pilar do modelo liberal) também é 
reinterpretado.
11.6.1. O Poder Executivo são atribuídos novos mecanismos jurídicos e legislativos “de 
intervenção direta e imediata na economia e na sociedade civil, em nome do interesse coletivo, 
público, social ou nacional”.
11.6.2. O Poder Legislativo, por sua vez, além de sua atividade típica, compete o 
exercício de funções de controle, ou seja, “fiscalização e apreciação da atividade da Administração 
Pública e da atuação econômica do Estado”. 
11.6.3. Do Poder Judiciário: Diferente do que ocorria no paradigma do Estado Liberal, 
no Estado social o Poder Judiciário não se limita a ser a la bouche de la loi, realizando, tão 
somente, uma tarefa mecânica de aplicação da lei subsumida automaticamente ao fato.
Agora, exige-se que o juiz seja La bouche du droit, ou seja, a boca do direito, pois a 
hermenêutica jurídica estabelece métodos mais sofisticados como a análise teleológica, e sistêmica 
e a histórica, “capazes de emancipar o sentido da lei da vontade subjetiva do legislador na direção 
da vontade objetiva da própria lei, profundamente inserida nas diretrizes de materialização do 
direito que mesma prefigura, mergulhada na dinâmica das necessidades dos programas e tarefas 
sociais”.
Do Poder Judiciário exige-se uma aplicação construtiva do direito material vigente de 
modo a alcançar seus fins últimos na perspectiva do ordenamento jurídico positivo.
No paradigma do Estado Social, cabe ao juiz, no exercício da função jurisdicional, “uma 
tarefa densificadora e concretizadora do direito, a fim de se garantir, sob o princípio da igualdade 
materializada, a justiça no caso concreto”.
12. PARADIGMA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:
O Estado Democrático de Direito surge como uma tentativa de corrigir falhas previstas 
no Estado Social.
José Afonso da Silva ensina que a igualdade pregada pelo Estado Liberal, fundada 
num elemento puramente formal e abstrato, qual seja a generalidade das leis,
como analisado 
anteriormente, não tem base material que se realize na vida concreta. A tentativa de corrigir isso foi 
a construção do Estado Social, que, no entanto, não conseguiu garantir a Justiça social nem a efetiva 
participação democrática do povo no processo político.
O Estado Social, consoante os ensinamentos de Paulo Bonavides, não atendia 
efetivamente aos anseios democráticos, pois a fragilidade desse tipo de Estado é desnudada quando 
a manifestação de seu aspecto social não passava de mero paternalismo e este se encontra inserido 
em uma estrutura política concentradora de poder, autocrática, ou mesmo carecedora de 
legitimidade popular, como exemplo a Alemanha nazista, a Itália fascista, com Mussolini, a 
Espanha franquista, com o Generalíssimo Franco, em Portugal com Salazar, a Inglaterra de 
Churchil, bem como o Brasil de Vargas, tiveram esta estrutura política.
12.1. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E ESTADO LIBERAL DE 
DIREITO:
O Estado Democrático de Direito que concilia duas das principais máximas do Estado 
contemporâneo, quais sejam: a origem popular de poder e a prevalência da legalidade.
As diretrizes do Estado Democrático se conciliam com as do Estado de Direito, tendo 
em vista que formam uma forte relação de interdependência, brilhantemente observada por 
Norberto Bobbio, nos seguintes termos:
“Estado Liberal e estado democrático são interdependentes em dois modos: na 
direção que vai do liberalismo à democracia, no sentido de que são necessárias 
certas liberdades para o exercício correto do poder democrático, e na direção 
oposta que vai da democracia ao liberalismo, no sentido de que é necessário o 
poder democrático para garantir a existência e a persistência das liberdades 
fundamentais. Em outras palavras: é pouco provável que um estado não liberal 
possa assegurar um correto funcionamento da democracia, e de outra parte e 
pouco provável que um estado não democrático seja capaz de garantir as 
liberdades fundamentais”.
Assim, forma-se um vetor de mão dupla: o direito fundamental da liberdade, garantido 
pelo Estado Liberal de Direito, é necessário para regular exercício da democracia, a qual é 
condição singular para a existência, manutenção e ampliação desses direitos e garantias individuais, 
razão pela qual surge o Estado Democrático de Direito.
12.2. O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO INAUGURA OS DIREITOS DE 
TERCEIRA GERAÇÃO:
O Estado Democrático de Direito cria os “direitos de terceira geração”, que se situam o 
plano do respeito, de conteúdo fraternal, compreendendo:
Os direitos naturalmente coletivos, isto é, os direitos difusos e os coletivos strict sensu, 
passando o Estado a tutelar, além dos interesses individuais e sociais, os transindividuais (ou 
metaindividuais), que compreendem, dentre outros como: o respeito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado; a paz; a autodeterminação dos povos; e a moralidade administrativa.
Paulo Bonavides, em precisa lição. Nos alerta sobre a existência dos “direitos de quarta 
geração”, ao ensinar que a “globalização política na esfera da normatividade jurídica introduz os 
direitos de quarta geração, que, aliás, correspondem à derradeira fase de institucionalização do 
Estado Social”, compreendendo, dentro outros, o direito a democracia, à informação e ao 
pluralismo político, étnico e cultural.
12.3. FUNDAMENTOS DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:
1º) O Estado Democrático de Direito, assenta-se nos pilares da democracia e dos 
direitos fundamentais, surge como uma forma de barrar a propagação de regimes totalitários que, 
adotando a forma de Estado Social, feriam garantias individuais, maculando a efetiva participação 
popular nas decisões políticas.
2º) No Estado Democrático de Direito coexistem o Princípio da Soberania Popular, 
aplicado através do regime democrático e da Legalidade, herança do Estado Liberal.
3º) Na busca de instaurar a plena incorporação do povo nos mecanismos de controle das 
decisões políticas, surge o Estado Democrático de Direito, através da fusão dos conceitos de 
Estados de Direito Democrático, aplicando, sob o crivo da legalidade, os ditames democráticos e 
garantindo, em sua plenitude, os direitos humanos fundamentais.
12.4. O PODER JUDICIÁRIO NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:
Neste paradigma o Princípio da Separação de Poderes ganha nova roupagem, na qual, 
o Poder Judiciário amplia sua participação no processo de concretização do Estado Democrático 
de Direito, haja vista que a ele compete viabilizar a promoção da legitimação do Estado 
democrático pelo procedimento da cidadania.
12.4.1. No Estado Democrático de Direito os Princípios ganham relevância
Permite encontrar para as demandas complexas, uma solução de compromisso do Direito 
a luz das exigências do novo arquétipo estatal. Todo caso posto em discussão diante do Poder 
Judiciário é um caso difícil. Para solvê-lo, portanto, dos operadores de direito, principalmente do 
juiz, passa-se a exigir os atributos de Hércules.
O formalismo/normativista de Kelsen não se mostra mais viável. Kelsen na sua 
Teoria Pura do Direito preconizava o esgotamento das possibilidades de soluções complexas por 
meio de produção normativa, pois por melhor que se apresente, a moldura normativa sempre 
deixará margem à atuação do interprete. No paradigma do Estado Democrático de Direito, antes de 
boas leis, devem existir bons operadores de direito.
Nesse diapasão, requer-se do Poder Judiciário – no paradigma constitucional do Estado 
Democrático de Direito – decisões que, “ao retrabalharem construtivamente os princípios e regras 
construtivas do Direito vigente, satisfaçam, a um só tempo, a exigência de dar curso e reforçar a 
crença tanto na legalidade, entendida como segurança jurídica, como certeza do direito, quanto ao 
sentimento de justiça realizada, que deflui da adequabilidade da decisão as particularidades do 
caso concreto”.
Entretanto, é preciso que o julgador tome ciência da transformação estrutural ocorrida no 
ordenamento jurídica. Diferentemente da sua formação positivista, consistente num mero conjunto 
hierarquizado de regras aplicáveis à base do tudo ou nada, na idade pós-positivista, consagrou-se 
uma superestrutura normativa, na qual as regras e os princípios se mostram como espécies 
normativas, muito embora não apresentem tal estrutura. (tarefas que o Estado deve cumprir).
12.5. O Estado Democrático de Direito na Constituição Republicana de 1988: 
O Estado Democrático de Direito foi proclamado pelo CRFB de 1988 em seu primeiro 
artigo que diz:
 
“Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamento:”
A Carta de Outubro, por meio do regime democrático, busca garantir a participação 
popular no processo político, estabelecer uma sociedade livre, justa e solidária, em que todo poder 
emana do povo, diretamente ou por representantes eleitos, respeitando a pluralidade de idéias, 
culturas e etnias, considerando o princípio da Soberania Popular como garantia dos direitos 
fundamentais da pessoa humana.
O legislador constituinte conferiu tamanha importância aos direitos e garantias 
individuais, que os enquadrou logo no título segundo da Constituição, no qual inclui o artigo quinto, 
que possui setenta e oito incisos, o mais extenso da Carta Constitucional.
Carlos Ari Sundfeld defende que “o Estado brasileiro de hoje constrói a noção de 
Estado Social e Democrático de Direito, na medida em que a figura estatal, além de garantir a 
efetiva democracia e o respeito aos direitos e garantias
fundamentais, deve atingir 
determinados direitos sociais, atribuído ao cidadão a possibilidade de exigi-los”.
13. CONCLUSÃO DOS TRÊS PARADIGMAS DE ESTADOS
A Constituição Federal de 1988 enuncia em seu art. 6º alguns direitos sociais oponíveis 
ao Estado, como a educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social e 
assistência aos desamparados.
Assim, podemos concluir que a atual organização da CRFB de 1988 em um Estado 
Social e Democrático de Direito reúne alguns fundamentos previstos nos três paradigmas de Estado 
que temos analisados:
O Liberal, quando adota a supremacia da Constituição, limitando e regulando o Poder 
Estatal, e assegura o respeito aos direitos individuais dos cidadãos.
 
O Social, na medida em que garante princípios e direitos sociais oponíveis ao Estado, 
exigindo-lhe postura positiva e dirigente.
 
E o Democrático, tendo em vista que busca garantir efetivamente, a participação 
popular nas decisões políticas, repudiando qualquer forma de governo autoritário.
ANOTAÇÕES: 
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FACULDADE ALFREDO NASSER
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I
PROFESSOR: MÁRCIO DO NASCIMENTO
Turma:____________________________
ALUNO (A):_____________________________________________________________________
Data da entrega: ____/____/2013.
ORIENTAÇÕES: Este trabalho comporá a nota da prova de P1, na nota da avaliação P1. As 
questões subjetivas deveram ser manuscritas feitas pelo próprio aluno. Trabalho digitado não será 
aceito.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DA UNIDADE 02
01. Explique o que foi o movimento denominado constitucionalismo.
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02. O que tinha em comum as revoluções burguesas do século XVIII?
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03. O maior legado deixado pela Idade Média em relação ao constitucionalismo foi que o poder 
político deveria ser limitado em lei. O que faltou para este princípio fosse efetivado?
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04. Explique a teoria da separação dos poderes?
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05. O Estado Liberal pregava a mínima intervenção do Estado na economia, este era um dos 
postulados defendidos pela burguesia. O que isto significou para a burguesia quando este principio 
foi colocado na prática?
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06. Quais são os conteúdos integrantes da Constituição do Estado de Direito?
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07. Explique o que foi o constitucionalismo moderno.
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08. Quais foram os reflexos da igualdade defendida pelos liberais no século XIX?
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09. Explique o que é a igualdade material?
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10. O que representou para a humanidade a criação de uma Constituição escrita?
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11. Como evoluiu o conceito de Estado Liberal de Direito?
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12. O que motivou o surgimento do Estado Democrático de Direito?
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UNIDADE 03 – PODER CONSTITUINTE
DO PODER CONSTITUINTE
1. Poder Constituinte – Considerações iniciais
1º) Constituição escrita e poder constituinte são ideias que surgiram na cultura 
ocidental do século XVIII, associadas entre si, tendo como referência a ideologia revolucionária, 
depois denominada liberalismo individualista. “Seu desenvolvimento remonta ao advento do 
constitucionalismo moderno, em um ambiente dominado pelas aspirações de racionalidade do 
iluminismo, do jusnaturalismo e do contratualismo.” (Luiz Roberto Barroso, pág. 95).
2º Saber o que é uma Constituição não é mais importante do que saber quem pode fazer 
uma Constituição. Ou seja, verificar quem tem legitimidade para estabelecer as regras que vão ser 
incluídas na Constituição.
3º) O estabelecimento, ou a elaboração de uma Constituição é realizado por quem exerce 
o poder constituinte.
4ª) A expressão poder constituinte se refere tanto a faculdade (titularidade) ou aptidão 
jurídica-política para estabelecer uma constituição (poder-função), como ao órgão (exercício) que 
exerce esta faculdade (poder-pessoa).
5ª) O poder constituinte, numa primeira definição, é o poder de criar a Constituição, 
de instituir o ordenamento jurídico supremo do Estado, e, pois, o próprio Estado, juridicamente 
falando, e a cada manifestação constituinte surge um novo Estado.
2. Teorização do Poder Constituinte
2.1. Antecedentes:
 A França no século XVIII passava por uma situação econômica difícil. Inicialmente, o 
Rei Luiz XVI, aconselhado pelos seus ministros a aumentar a receita, e como os nobres e o clero 
não pagavam tributos, resolve convocar a Assembléia dos Notáveis, compostos por representantes 
da nobreza e do clero, com o objetivo de convencê-los a pagarem impostos. Como os nobres e o 
clero rejeitam esta proposta, o Rei Luiz XVI resolve convocar os Estados Gerais31, que era 
composto pela nobreza o clero e o Terceiro Estado, que eram aqueles que não pertenciam as duas 
classes primeiras. Nos intensos debates que sucederam nas reuniões, destacou a participação do 
Abade Emmanuel Joseph Sieyès, que escreveu o livro “O que é o Terceiro Estado”, fazendo três 
pergunta e ao mesmo tempo respondendo: O que tem sido o Terceiro Estado? Nada. Que é o 
Terceiro Estado? Tudo. O que pretende o Terceiro Estado? Alguma coisa.
O abade Sieyès diagnóstica que a composição dos Estados Gerais não permitia a 
representação da nação, politicamente confundida com o Terceiro Estado, porquanto o direito ao 
voto era exercido por ordem, com a finalidade de privilegiar a nobreza e o clero, em detrimento 
da classe laboriosa.
Devido a esta circunstância o abade Sieyès prognostica, ou seja, conclui que a 
convocação da Assembléia Nacional Constituinte possibilitaria a restauração da legitimidade do 
poder político, porque a Constituição seria promulgada pelos representantes da nação, em atenção 
à conjugação dos direitos de propriedade (voto censitário) e igualdade perante a lei (voto 
unitário), com o escopo de atender aos interesses do Terceiro Estado, neste caso representado pela 
burguesia mercantil, financeira e comercial.
31 O Estados Gerais era uma instância deliberativa que era convocada de tempos em tempos para
Com a transformação dos Estados Gerais em Assembléia Nacional Constituinte, em 
1789 é proclamada da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Em 1791 é proclamada 
a primeira Constituição Francesa, colocando fim ao Antigo Regime (absolutismo).
Apesar disso, os americanos advogam serem os criadores do poder constituinte. Afinal, 
as 13 ex-colônias inglesas na América do Norte, recém-emancipadas, já tinham efetivamente 
exercido este poder durante a elaboração de seus textos constitucionais nos moldes propostos pelo 
abade, quando da independência americana do jugo colonial inglês. 
Os norte-americanos, tendo como expoente maior La Fayette, francês que lutou pela 
independência americana, sempre defenderam que a teoria do poder constituinte era de sua 
autoria, posição que evidentemente era refutada com veemência por Emmanuel Sieyès e pelos 
demais ideólogos da Revolução Francesa. 
O fato é que os franceses ganharam a disputa, e são considerados os criadores da teoria 
do poder constituinte.
3. PODER CONSTITUINTE - Conceito
No decorrer da história sempre surgiram pessoas ou grupos que por seu poder foram 
capazes de criar e de se impor perante o restante do grupo social, que em última instância exerciam 
o poder constituinte (constitucionalismo em sentido amplo). Mas, como teoria de poder 
constituinte esta idéia é mais recente.
O conceito de poder constituinte é contemporâneo ao movimento chamado 
constitucionalismo moderno, sendo considerado o poder de criar uma Constituição 
(constitucionalismo
em sentido estrito). Nesse sentido, toda Constituição é fruto de um Poder 
Constituinte.
CONCEITOS DE PODER CONSTITUINTE:
O poder constituinte, com base na melhor doutrina, é conceituado como poder de 
produção das normas constitucionais, por meio do processo de elaboração e/ou reforma da 
Constituição, com o fim de atribuir legitimidade ao ordenamento jurídico do Estado.
“Órgão Legislativo do Estado, dotado de autoridade política, cuja finalidade é o de 
criar a Constituição ou de revê-la, o que só ocorre nos casos de Constituição rígida.” (V. Cretella 
Júnior – Elementos de Direito Constitucional, pág. 91, Revista do Tribunais
“É a soberania a serviço do sistema representativo, ou a caracterização diferente que 
a soberania toma ao fazer-se dinâmica e criadora de instituições.” (Paulo Bonavides, pág. 121 – 
Curso de Direito – Curso de Direito Constitucional. Editora Malheiros).
O Poder constituinte tem o seguinte significado:
“O Poder Constituinte é a potência que faz a 
Constituição, e, ao mesmo tempo, a competência que a modifica.
Trata-se da força propulsora que, ao elaborar a Carta 
Magna, fornece as diretrizes fundamentais do Estado. Por isso, é a 
energia vital de criação, reforma, e também mutação das cartas 
políticas.
A sua importância é tamanha que se ele inexistisse, não 
haveria constituição, e conseqüentemente, ordem jurídica. E a 
cada manifestação constituinte, emissora de atos constitucionais, 
inaugura-se um novo Estado.” (Uadi Lammêgo Bulos).
4. PODER CONSTITUINTE E PODERES CONSTITUÍDOS
A distinção entre poder constituinte e poderes constituídos remonta a Sièyes, pois 
quando do surgimento da Constituição escrita era necessário firmar o entendimento da 
superioridade das normas constituições, perante a legislação comum.
Por isso, Manoel Gonçalves Ferreira Filho, O Poder Constituinte, pág. 16:
“Igualmente Sieyès afirma que a Constituição é sempre superior aos poderes 
constituídos. De tal forma que qualquer manifestação dos poderes constituídos só 
é válida desde que se sujeite à Constituição. Isso para nós é óbvio. 
Evidentemente, isso não era o óbvio em 1788, quando a própria idéia de 
Constituição ainda era turva.”
PODER CONSTITUINTE:
Com relação ao Poder Constituinte é possível dizer que: 
a) É o Poder encarregado de estabelecer a Constituição de um Estado, de modo que cria 
poderes destinados a dirigir os interesses de uma comunidade política.
b) É um Poder que não desaparece com sua obra realizada é transitório e intermitente. É 
um poder latente atemporal, contínuo, pois está pronto para ser acionado a qualquer momento.
c) O Poder Constituinte é o criador, cria as normas constitucionais
PODERES CONSTITUÍDOS:
Com relação aos Poderes Constituídos podemos dizer:
a) São poderes constituídos aqueles que são previstos na Constituição.
b) Sua exteriorização (ação) é permanente e contínua, são revestidos de natureza 
jurídica, incumbidos do exercício das funções administrativas, legislativa e jurisdicional.
c) Os poderes constituídos são o resultado da criação, cria as normas 
infraconstitucionais produzidas ordinariamente.
d) Os poderes constituídos pressupõem para o seu exercício a presença de uma 
Constituição da qual emana ou deriva.
PORTANTO:
O Poder Constituído é o resultado da criação (do Poder Constituinte), são os poderes 
estabelecidos pela Constituição. 
ASSIM, PODEMOS CONCLUIR:
Poder Constituinte é o criador. Poder Constituído é a criatura.
Reconhece-se, a diferenciação hierárquica entre as normas constitucionais supremas, 
pois são fruto do Poder Constituinte, e as normas infraconstitucionais, produzidas 
ordinariamente pelo Poder Constituído.
5. Titularidade e exercício do Poder Constituinte
a) titularidade: Diz respeito a quem tem legitimidade (decisão) para exercer o poder 
constituinte, estando vinculado ao conceito de soberania, por ser a mais alta expressão de poder 
político. Passou pelas seguintes fases: a) as teorias da soberania divina; b) a teoria da soberania 
nacional; c) a teoria da soberania popular.
Atualmente, a doutrina moderna admite que a titularidade do poder constituinte pertence 
ao povo32.
b) Exercício: Diz respeito a quem é atribuído o desempenho do poder constituinte. O 
exercício do poder constituinte pode ser de três formas: a) direto: exercida diretamente pelo povo, 
quando da aclamação em Revolução33, ou seja, do ponto de vista político significa mudanças e 
alterações profundas nas relações sociais e nos poderes; b) Indireto: quando o povo escolhe seus 
representantes para agirem em seu nome em uma Assembléia Constituinte; c) Mista: quando um 
grupo elabora uma constituinte, e submete o seu trabalho ao povo, através de plebiscito ou 
referendo.
6. PODER CONSTITUÍNTE ORIGINÁRIO
 Poder constituinte originário: É também chamado de inicial, inaugural ou de 
primeiro grau, pois é aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a 
ordem jurídica anterior. Pode ser de duas naturezas:
a) Fundacional: cria a primeira constituição de um país. Ex. a Constituição brasileiro 
de 1824;
 b) Pós-fundacional: são as Constituições que surgem depois de elaborada a primeira 
Constituição de um Estado: As Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1937, 1945, 1967 e 1988.
6.1 Características do Poder Constituinte Originário 34 
Inicialmente convém dizer que cada característica tem uma função.
32 O parágrafo único da Constituição brasileiro de 1998 dispõe expressamente: “Todo poder emana do povo que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, e o Preâmbulo da 
Constituição inicia com a seguinte frase: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunido em Assembléia Nacional 
Constituinte....” representantes”. 
33 Revolução esta palavra provêm do vocabulário da astronomia, significando o movimento circular completo que um 
astro realiza ao voltar ao seu ponto de partida. Revolução designa movimento circular cíclico, isto é, repetição 
contínua de um mesmo percurso (Convite a Filosofia, Marilena Chauí, pág. 404)
34 A doutrina ainda apresenta dois tipos de Poder Constituinte: 1) Poder Constituinte difuso: Pode ser caracterizado 
como um poder de fato e se manifesta por meio de mutações constitucionais. Trata-se de um processo informal de 
mudança da Constituição; 2) Poder Constituinte supranacional: Busca a sua fonte de validade na cidadania 
universal, no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de integração e em um conceito remodelado de 
soberania.
a) Inicial: inaugura um novo ordenamento jurídico e deflagra o processo de produção 
do Direito Positivo, dando início a uma nova ordem jurídica. Portanto, a sua função é dotar o Estado 
de um novo ordenamento jurídico.
b) Ilimitado : não se submete a restrições prescritas pelo Direito Positivo ou 
legislação em vigor, não encontra limites em sua obra. Portanto, sua função e dar liberdade de 
escolha de tudo que for colocado na Constituição.
c) Incondicionado: não está sujeito a formas ou procedimentos previstos no Direito 
Positivo para o seu exercício. Não se submete a regras de forma, pois é o Poder Constituinte 
Originário que cria as regras e as formas a seu próprio modo, por isso não tem que seguir 
qualquer formalidade. Portanto, pressupõe que é o próprio Poder Constituinte originário que 
estabelece como que a Assembléia Constituinte ira se organizar para cumprir seu objetivo de 
elaborar a nova Constituição.
6.2. Efeitos da característica inicial ou inicialidade
1°) O efeito imediato da expressão do Poder Constituinte Originário é a revogação de 
todas as normas
jurídicas inseridas na Constituição anterior, ou seja, ocorre a revogação completa 
da Constituição anterior.
2º) O efeito da expressão do Poder Constituinte Originário sobre a legislação anterior, 
significa que ao entrar em vigor uma nova Constituição, serão revogadas todas as leis incompatíveis 
com a nova Constituição. Se forem compatíveis com a nova Constituição pode ocorrer a 
RECEPÇÃO das normas infraconstitucionais anteriores a vigência da nova Constituição, desde que 
materialmente compatíveis com ela.
6.3 Princípio da recepção: Norberto Bobbio conceituou o princípio da recepção da 
seguinte forma: 
“Recepção é um ao jurídico com o qual um ordenamento acolhe, toma como suas as 
normas de outro ordenamento, onde tais normas permanecem materialmente iguais, mas não 
são mais as mesmas com respeito a forma, no sentido de que elas são válidas não mais com base 
na norma fundamental anterior do velho ordenamento, mas com base na forma fundamental do 
novo”
De modo que, com a vigência de uma NOVA CONSTITUIÇÃO, ocorre a revogação de 
todas as normas infraconstitucionais que tinham fundamento de validade na VELHA 
CONSTITUIÇÃO. Mas, se as normas infraconstitucionais elaboradas com base na VELHA 
CONSTITUIÇÃO encontra fundamento de validade na NOVA CONSTITUIÇÃO, então está 
RECEPCIONA aquela norma, tomando com suas, embora, tenham sido elaboradas com base na 
VELHA CONSTITUIÇÃO. E agora passam a ter validade tendo como fundamento a NOVA 
CONSTITUIÇÃO.
6.3.1 Aplicação do princípio da recepção:
Cessada a eficácia da Constituição anterior, tem como conseqüência a perda do 
fundamento de validade de toda ordem jurídica. Assim, a nova legislação teria que começar do zero, 
cada vez que uma nova Constituição entrasse em vigor.
1º) A recepção do direito anterior só é possível quando for compatível com as normas 
da nova Constituição.
2º) Se a nova Constituição dispõe, explícita ou implicitamente de modo diverso, é 
impossível a recepção infraconstitucional ensejando a sua revogação.
Portanto, é possível concluir que cessada a eficácia da Constituição anterior, tem como 
conseqüência a perda do fundamento de validade de toda ordem jurídica. De modo que, a nova 
legislação teria que começar do zero, cada vez que uma nova constituição entrasse em vigor. Isto 
somente não ocorre, devido ao princípio da recepção.
O QUE OCORRE QUANDO DA NÃO-RECEPÇÃO? Quanto ao efeito da não-
recepção entre uma norma infraconstitucional e outra norma constitucional superveniente retirada 
da nova Constituição, o efeito da incompatibilidade entre norma infraconstitucional e norma 
constitucional superveniente é a REVOGAÇÃO.
PORQUE? A jurisprudência do STF é fixada no sentido de que o efeito da não-
recepção é a revogação. Lei anterior não pode ser inconstitucional em relação à Constituição futura. 
A nova Constituição não torna inconstitucionais leis anteriores com ela conflitantes. 
CONSEQUENTEMENTE REVOGA-AS35.
6.4. Formas de Exercício do Poder Constituinte Originário
O titular do Poder Constituinte Originário na atualidade é o povo, que exerce este poder 
de diversas formas, são as formas de manifestação ou exteriorização, também chamado de exercício 
do Poder Constituinte.
a) Revolução: trata-se da substituição de uma ideia de Direito por outra. Significa 
mudanças profundas nas relações sociais e no poder. Sendo utilizada em casos extremos. Seria a 
forma direta do exercício do poder constituinte originário.
b) Assembleia ou convenção nacional constituinte: o poder constituinte é expresso 
por representantes eleitos pelo povo, podendo ser: PURA, quando convocada apenas para elaborar a 
Constituição, dissolvendo em seguida, ou CONGRESSUAL, quando é convocada para elaborar a 
Constituição, bem como a legislação infraconstitucional.
c) Plebiscito ou Referendo: Neste caso a validade da norma constitucional está 
condicionada à conduta popular anterior (plebiscito) ou posterior (referendo), o exercício do poder 
constituinte é realizado por quem não possui a legitimidade para elaborar uma Constituição, e por 
isso deve submeter a apreciação popular, que somente terá validade com a concordância de seu 
titular. 
6.5. Meios de Expressão do Poder Constituinte Originário: Trata-se da fase 
complementar do procedimento de elaboração das normas constitucionais, pode ser:
a) Meio autocrático: O Poder Constituinte Originário é exteriorizado sem a 
participação dos cidadãos, e assim, a Constituição é estabelecida por meio de outorga, isto é, uma 
declaração unilateral. Por isso se diz que é uma Constituição outorgada. (ex. as Constituições 
brasileiras de 1824 e 1937, 1967).
b) Meio democrático: O Poder Constituinte Originário é exteriorizado com a 
35 Existia a tese que a norma infraconstitucional incompatível com a nova Constituição era inconstitucional em face 
da nova Constituição.
participação popular dos cidadãos, assim a Constituição é estabelecida por promulgação. Diz-se 
Constituição promulgada. Ex. as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988
7. PODER CONSTITUINTE DERIVADO36:
O poder constituinte derivado é aquele que altera, formalmente, a Constituição. É 
também chamado de reformador, instituído, ou de segundo grau, e ainda de secundário. É o 
responsável pela função renovadora e atualizadora das Constituições. Portanto, sua tarefa é 
completar e atualizar a obra do constituinte originário ou de primeiro grau.
Esta modalidade de poder constituinte é exercida37 pelo Poder Legislativo, por expressa 
disposição do Poder Constituinte Originário.
O Poder Constituinte Derivado tem as seguintes espécies:
REVISÃO: É o Poder de fazer uma revisão na Constituição em vigor (Art. 3º do Ato 
das Disposições Constitucionais Transitórias). As emendas constitucionais de revisão são 
promulgadas pela Mesa do Congresso Nacional. Esta modalidade de poder constituinte derivado faz 
alterações profundas na Constituição.
“Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco 
anos contados da promulgação da Constituição, pelo voto 
da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, 
em sessão unicameral.” (ADCT)
REFORMA: É produzida por emenda constitucional, com procedimento diferenciado, 
pois exige um quorum qualificado para sua aprovação, promulgados pela Mesa da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal (art. 60, §§ 2° e 3º, da CF/88). Esta modalidade de poder 
constituinte faz alterações pontuais na Constituição.
“Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante 
proposta :
I – de um terço,no mínimo, dos membros da Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal;
II – do Presidente da República;
III – de mais da metade das Assembleias Legislativas das 
unidades da Federação, manifestado-se, cada uma delas, 
pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência 
de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de 
sítio.
§ 2º. A proposta será discutida e votada em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se 
aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos 
respectivos membros.
§ 3º. A emenda à Constituição será promulgada pelas 
36 “Enquanto o Poder Originário é a potência que funciona na etapa de primogeneidade constitucional, fazendo a 
Constituição, o poder derivado é a competência que atua na etapa de continuidade constitucional, reformando a carta 
magna” (Uadi Lammego Bulos, pág. 294)
37 “A titularidade do poder reformador pertence ao povo. Já o seu exercício bem demarcado na Constituição Federal. 
No Brasil, os agentes da competência reformadora são os deputados e senadores (CF, art.
60, § 2º), cumprindo os 
casos do Congresso Nacional, pelas Mesas da Câmara e do Senado, promulgar as emendas constitucionais (CF, art. 
60, § 3)º” (idem, pág. 296). 
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, 
com o respectivo número de ordem.
§ 4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda 
tendente a abolir:
I – a forma federativa de Estado;
II – o voto direito, secreto, universal e periódico;
III – a separação de poderes;
IV – os direitos e garantias individuais.”
DECORRENTE: Denomina o poder de elaboração da Constituição do Estado-membro 
(Art. 25 da CRFB/88 e art. 11 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias)
“Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas 
Constituições e leis que adotarem, observados os 
princípios desta Constituição”.
“Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes 
constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no 
prazo de um ano, contado da promulgação da 
Constituição Federal, obedecidos os princípios desta” 
(ADCT).
Poder constituinte derivado decorrente de reforma estadual: designa o poder de 
reforma da Constituição do estado-membro.
7.1. PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR E DE REVISÃO: O 
poder de reforma da Constituição da República é caracterizado pela derivação, limitação e 
condicionamento. Sendo que a revisão é mais ampla e a reforma é mais restrita.
7.2. Características do Poder Constituinte de Revisão ou Reforma
A) DERIVAÇÃO: Significa que o poder constituinte reformador encontra fundamento 
de validade na Constituição. A reforma das normas constitucionais é preceituado no art. 60, caput, 
§§ 2º e 3º da CRFB, através de emenda Constitucional, bem como art. 3º do ADCT, através de 
emenda constitucional de revisão.
B) LIMITAÇÃO: O poder constituinte derivado reformador é submetido às restrições 
no art. 60, § 1º e § 4º da CRFB, devido as limitações impostas pelo Poder Constituinte originário. 
As limitações são as seguintes:
a) TEMPORAIS: Impede a reforma constitucional durante certo intervalo de tempo38.
b) CIRCUNSTANCIAIS: Impede a reforma constitucional durante determinadas 
circunstâncias excepcionais39
c) MATERIAIS: também denominada cláusulas pétreas, impedem a reforma sobre 
determinadas matérias, razão pela qual a emenda ou revisão não podem recair sobre o cerne 
imodificável da constituição. As limitações materiais podem ser:
- Limitações materiais explícitas art. 60, § 4°, da CRFB., e;
38 Apenas a Constituição de 1824, que previu esta limitação no art. 174.
39 Intervenção federal (art. 34, CF); Estado de sítio (art. 137/139, CF); Estado de defesa art. 136, CF).
- Limitações materiais implícitas40. Parágrafo único do art. 1º e art. 60, §§ 2° e 3°, da 
CRFB. 
C) CONDICIONAL: Está submetido a regras impostas por uma Constituição em vigor, 
por isso é condicionado. Pois para alterar a constituição, condiciona-se aos limites nela previsto. O 
poder constituinte derivado reformador é submetido à exteriorização por meio de emenda ou 
revisão a partir da distinção entre processos formais e informais de mudança da constituição:
a) Processos formais de mudança da Constituição: Há alteração do texto constitucional, 
segundo o procedimento de revisão e ou reforma, sob a designação de reforma constitucional, pode 
ser em razão da matéria ou de forma. Pos isso, é analisado sob o ângulo material e formal:
- Sob o ângulo material a revisão é mais extensa, pode alcançar o texto constitucional 
globalmente, ressalvadas das limitações matérias implícitas ou explícitas, enquanto que a reforma 
é menos extensa, porque recai sobre matérias pontilhadas.
- Sob o ângulo formal a revisão é precedida pelo voto da maioria absoluta dos membros 
do Congresso nacional, em sessão unicameral, já a reforma é aprovada pelo voto de 3/5 dos 
membros da Câmara dos deputados e do Senado Federal, em sessões isoladas em dois turnos de 
discussão e votação e promulgadas pelas Mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados (art. 
60, § 2º da CRFB).
b) Processos informais de mudança da Constituição: Ocorre sem que haja alteração no 
texto constitucional, a modificação ocorre no alcance e conteúdo da norma da Constituição sem 
contrariá-la, compreendendo a interpretação constitucional (legislativa, administrava e judicial), os 
usos e costumes.
Como exemplo de um processo informal de alteração da constituição é a MUTAÇÃO 
CONSTITUCIONAL: Significa que há alteração do contexto, sem que o texto constitucional seja 
modificado, pois a norma constitucional conserva o mesmo texto, apenas recebe uma significação 
diferente (ex. art. 5º, inciso XI, da CF).
8. PODER CONSTITUINTE DECORRENTE: É o poder de organizar o Estado 
Federado dotado de autonomia. É poder derivado, limitado e condicionado. Sua missão é estruturar 
a Constituição dos Estados-membros. É qualificado de decorrente porque, como o nome já diz, 
decorre da carta magna, ou seja, encontra a sua fonte de inspiração na obra do poder constituinte 
originário, que prevê seus limites e as linhas mestras de seu exercício.
REGRA DE OURO: Toda e qualquer matéria colocada na constituição do Estado-
membro deve acompanhar necessariamente o modelo federal.
8.1 CARACTERÍSTICAS:
DERIVADO: Denomina que a Constituição da República brasileira de 1988 estabelece 
o modo de elaboração da Constituição do estado-membro, mediante a definição do órgão 
competente, procedimento adequado e declaração prescritiva a ser veiculada pelas normas 
constitucionais estaduais, à luz do art. 25 e 11 do ADCT. 
40 As limitações materiais implícitas são extraídas do sistema constitucional, consistentes na titularidade do poder 
constituinte, originário e derivado, e no procedimento de reforma constitucional, de sorte que, embora não haja 
norma expressa a esse respeito, a emenda não pode atingir as regras vinculadas pelo arts. 1º, parágrafo único e 60, § 
3º, da CRFB, respectivamente” (Guilherme Pena de Morais, pág. 34 e 35).
O órgão competente para a elaboração da Constituição Estadual é a Assembléia 
legislativa respectiva de cada estado-membro, no prazo de um ano da promulgação da CFRB de 
1988. 
CONDICIONAL: O condicionamento designa que a Constituição do estado-membro 
pode ser promulgada pela Assembléia Legislativa respectiva, investida em poder constituinte 
derivado decorrente estadual, no prazo de 01 (um) ano contado da promulgação da Constituição da 
República de 1988.
LIMITADO: Denota que a Constituição da República estatui limitações ao poder de 
instituição estadual, divididos em princípios constitucionais:
a) SENSÍVEIS ou ENUMERADOS: Previstos na Constituição da República na 
medida em que constituem o fundamento da organização jurídica do Estado federal, com o escopo 
de assegurar o equilíbrio federativo, sob pena de decretação de intervenção. É o cerne da 
Constituição. Tais como: Forma republicana, sistema federativo, regime democrático, direitos 
humanos, autonomia municipal, prestação de contas da administração direta e indireta (art. 34, VII, 
da CF/88).
b) ESTABELECIDOS OU ORGANIZACIONAIS: São extraídos da Constituição da 
república, uma vez que contribuem para a limitação da auto-organização dos Estados federados. 
Funcionam como balizas reguladoras da capacidade de auto-organização41 dos Estados-membros, 
divididos em:
a) Limitações expressas: Vem previstas de modo taxativos Mandatários (art. 37), 
Vedatórias (art. 19);
b) Limitações implícitas: Não vem prevista, são inerentes ou tácitos, art. 21 e 22);
c) Limitações decorrentes: São retirados do texto constitucional, art. 93, V)
c) EXTENSÍVEIS: São normas de organização da União sujeita a aplicação obrigatória 
pelos estados
membros. Ex. Forma de investidura nos cargos eletivos, art. 77, da CF/88 e o 
processo legislativo, art. 59, da CF, as constituições estaduais devem acompanhar estes modelos.
ANOTAÇÕES: 
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41 Significa que o Estado-membro possui uma Constituição Estadual, os Municípios possuem uma Lei Orgânica 
Municipal e o Distrito Federal possui uma Lei orgânica Distrital.
FACULDADE ALFREDO NASSER
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I
PROFESSOR: MÁRCIO DO NASCIMENTO
Turma:____________________________
ALUNO (A):_____________________________________________________________________
Data da entrega: ____/____/2013.
ORIENTAÇÕES: Este trabalho comporá a nota da prova de P2, na nota da avaliação P2. As 
questões subjetivas deveram ser manuscritas feitas pelo próprio aluno. Trabalho digitado não será 
aceito.
Exercício de fixação da Unidade 03 – poder constituinte e sua gênese constitucional
01. O que é o poder constituinte?
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02. Por que o Poder constituinte e poderes constituídos não se confundem?
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03. Quando surgiu uma teoria do poder constituinte?
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04. No Estado Liberal de Direito quem é o titular do Poder Constituinte, e no Estado Social de 
Direito quem possui a titularidade do poder constituinte?
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05. Quais as espécies de Poder Constituinte Derivado? Qual a missão de cada um deles?
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06. Quais as formas de exercício do poder constituinte originário? Explique cada uma delas.
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07. Quais as características do Poder constituinte originário? Explique cada uma delas.
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08. O que é uma cláusula pétrea? Qual o tipo de limitação que ela representa?
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09. Explique o que é o princípio da recepção e qual a sua importância?
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10. Quais são as limitações do poder constituinte derivado reformador?
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11. Qual a diferença entre assembléia ou convenção constituinte pura e convenção ou assembléia 
constituinte congressual?
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UNIDADE 04 – TEORIA DO DIREITO 
CONSTITUCIONAL E DA CONSTITUIÇÃO
TEORIA DO DIREITO CONSTITUCIONAL E DA CONSTITUIÇÃO
1. Direito Constitucional - Conceito
O Direito enquanto sistema normativo é usualmente subdividido, para fins didáticos, em 
duas grandes unidades estruturais, o Direito Público e o Direito Privado, que por sua vez, 
apresentam diversos desmembramentos, a que a doutrina denomina ramos da ciência jurídica.
A) Direito público: Direito Constitucional, Administrativo, Tributário, Ambiental, 
Econômico, Financeiro, Urbanístico, Penal, Processual Civil, Processual Penal, internacional 
Público e Privado. A ênfase recai sobre o Estado nas suas relações com o particular
B) Direito Privado: Direito Civil e Direito Comercial. Cabe ao Estado regular as 
relações envolvendo as questões entre particulares.
C) Direito Social: Direito Trabalhista e Direito Previdenciário. Existe uma relação de 
simbiose entre o público e o privado.
O Direito Constitucional se enquadra como o ramo por excelência do Direito Público, o 
principal ramo desta seara jurídica já que tem por objeto o estudo do ordenamento jurídico 
fundamental do Estado, o conjunto de regras e princípios básicos de uma sociedade politicamente 
organizada, os quais, em seu conjunto, compõem sua Constituição.
Paulino Jacques ensina que: “Direito Constitucional é o ramo do Direito Público que 
estuda os princípios e as normas estruturadas do Estado e garantidoras dos direitos e 
liberdades individuais”.
Direito Constitucional pode ser visto como o ramo-mãe do Direito, o ramo jurídico do 
qual derivam todos os demais, não só aqueles que integram o Direito Público, mas também os que 
formam o Direito Privado (e o Direito Social, para os que reconhecem esta subdivisão).
No Direito Constitucional se alicerçam e afloram todos os demais ramos jurídicos na 
atualidade. Assim, podemos considerá-lo como o ramo fundamental, num primeiro plano, do 
Direito Público e, num segundo plano, do Direito como um todo, comportando todas as suas 
subdivisões.
Com a crescente intervenção do Estado em todas as instâncias da vida social, com o 
progressivo aumento de sua ação nas mais diversas áreas, públicas e privadas, temos um 
proporcional aumento da importância do Direito Constitucional, como ramo jurídico invocado 
para o estudo sistemático desse fenômeno.
“O Direito Constitucional é o conhecimento sistemático da organização 
jurídica fundamental do Estado. Isto é, o conhecimento sistematizado das 
regras jurídicas relativas à forma de Estado, à forma de Governo, ao modo de 
aquisição, exercício do poder, ao estabelecimento de seus órgãos e aos limites 
de sua ação.” (Manoel Gonçalves Ferreira Filho)
 
“É o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios 
e normas fundamentais do Estado.” (José Afonso da Silva).
2. Direito Constitucional: Origem e Evolução42 
2.1. Primeira fase de evolução da Disciplina Direito Constitucional
A origem mais próxima da disciplina Direito Constitucional é datada do século XVIII, 
desenrolando-se nos séculos XIX e, principalmente, no século XX, prossegue ininterrupto até os 
dias de hoje. Na sua formação (final do século XVIII e início do século XIX), o Direito 
Constitucional adotou os valores defendidos pela classe social então emergente, a burguesia, a 
qual, a partir da Revolução Francesa, conseguiu impor ao mundo seu modelo de organização 
política, o Estado Liberal.
Essa forma de organização política (Estado Liberal) tinha como objetivo, em última 
análise, assegurar:
a) autonomia do indivíduo, livre da estrutura do Estado absolutista.
b) liberdade de cada um para se desenvolver.
Estas finalidades se aproximam dos interesses da burguesia, classe detentora dos meios 
de produção, a mais apta para atingir um maior nível de “desenvolvimento”. 
Para assegurar tal autonomia individual era indispensável a imposição de limites ao 
poder do Estado Absolutista, o que seria obtido essencialmente, segundo os ideólogos liberais, 
pela previsão, na Constituição de:
a) Princípio da separação dos poderes e de;
b) Conjunto mínimo de direitos individuais.
A ideia essencial para o surgimento do de uma nova organização estatal, era em si 
mesma simples: O pleno desenvolvimento do indivíduo que dependia de: 
a) uma nova organização do Estado, em substituição a Estado absolutista;
b) uma estrutura e forma de funcionamento, com vistas à contenção de seu poder, 
c) à limitação da sua capacidade de ingerência na esfera privada.
Isto seria obtido, no que toca ao Direito Constitucional,
principalmente com a previsão 
do:
a) princípio da separação dos poderes;
b) garantia dos direitos individuais; 
c) Não intervenção do Estado na economia;
d) Princípio da igualdade formal.
Estes eram os grandes anseios da burguesia, mas para que isto fosse possível deveria ser 
inserido em um documento que seria respeitado por todos. Este documento passou a ser chamado de 
Constituição escrita, acabando de uma vez por todos com o absolutismo monárquico e surgindo o 
Estado Constitucional.
Na verdade, o objetivo dos pensadores liberais, em sentido amplo, voltava-se para 
reestruturação do aparato estatal com um todo. Dentro desta perspectiva, a ênfase foi conferida à 
separação dos poderes e aos direitos individuais. Também identificados como direitos 
42 Este será o tema ora analisado – a evolução do Direito Constitucional -, para isso nos valeremos, precipuamente, das 
lições de Paulo Bonavides.
fundamentais de primeira geração.
AS ESTRATÉRIAS DA BURGUESIA:
Como vimos, a burguesia se valeu de estratégias para alcançar o seu objetivo. A 
burguesia não disse que tais valores (Separação de Poderes e Direitos Individuais) eram seus. Ao 
contrário, conferiu-lhes um caráter universal. Apresentou a separação de poderes e os direitos 
individuais como imposições oriundas da própria razão humana e, por conseguinte pertinentes ao 
gênero humano como um todo. Deste modo, os pensadores liberais alcançaram êxito em conferir 
um caráter abstrato e genérico aos princípios e direitos que constituíam principalmente o interesse 
da classe que representavam, ou seja, a burguesia.
Ao triunfar seu intento, conferindo universalidade a tais valores a doutrinal liberal 
transformou o princípio da separação de poderes e os direitos individuais em elementos 
integrantes de um conceito genérico de Constituição, pressupostos indispensáveis à legitimidade 
de qualquer documento constitucional43.
Dentro deste contexto, nasceu a disciplina Direito Constitucional, expressão adotada 
originariamente nas universidades do norte da Itália, no final do século XVIII, mais precisamente na 
Universidade de Ferrara, em 1797, daí migrando para Pavia e Bolonha.
Chegando posteriormente à França, no ano de 1834, na Faculdade de Direito de Paris, 
por obra do Ministro Guizot, que inseriu a matéria no programa da instituição, com o objetivo de 
fornecer ao Estado os alicerces de sua estruturação, exatamente nos moldes propostos pela 
ideologia liberal, cujos valores à época já se admitiam como perenes, absolutos, imutáveis e 
universais . Desses países, a disciplina difundiu-se para o restante da Europa, atingindo depois os 
demais continentes.
Direito Constitucional era concebido, sob uma tripla perspectiva:
(1) era ferramenta científica para a análise da Constituição vigente; 
(2) servia de referencial teórico para a elaboração da Constituição vindoura;
(3) exigia que a Constituição consagrasse certos valores dominantes naquele período. 
Dentro desta tríplice visão, efetiva-se a aplicação da disciplina Direito Constitucional 
sobre as Constituições em vigor à época.
De modo que a Constituição escrita surgiu em um contexto socio-político que favoreceu 
a classe social emergente, a burguesia, que conseguiu impor um modelo de Estado que atendia, 
sobretudo, aos seus interesses.
2.2. Segunda fase de evolução da Disciplina Direito Constitucional
Como já tivemos a oportunidade de estudar tal situação perdurou até a eclosão das crises 
sociais do século XX, quando então o núcleo individualista das Constituições de cunho liberal 
evidenciou sua fraqueza e incompletude ante as novas aspirações da sociedade, principalmente 
no que toca aos direitos humanos de segunda geração, que têm, não na liberdade, mas, 
respectivamente, na igualdade e na solidariedade, seus valores principais.
Portanto, em um segundo momento de evolução da Disciplina Direito Constitucional, o 
43 O art. 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, dispõe: “Não possui constituição toda 
sociedade na qual a garantia dos direitos não esteja assegurada nem determinada a separação dos poderes”.
pensamento liberal, após predominar no final do século XVIII e tornar-se praticamente 
hegemônico no século XIX, veio a encontrar seu fracasso, ou ao menos um considerável 
enfraquecimento, no século XX, em decorrência das crises sociais, de fundo político, econômico e 
cultural, que atravessaram a sociedade naquele período. 
Diante deste contexto, como uma tentativa de resposta aos anseios promotores das crises 
sociais, o Estado liberal, individualista e propugnador do Estado mínimo é paulatinamente 
substituído pelo Estado social, marcadamente intervencionista no meio social.
A partir de então, em face do abandono pelas Constituições dos valores restritos 
apregoados pelo pensamento liberal-burguês, com a ampliação do rol de matérias nelas 
constantes, passa a tratar de novos direitos e estabelecendo novos paradigmas de estruturação 
do Estado.
Temos, então, uma ampliação significativa do conteúdo do Direito Constitucional, o 
que nos permite defini-lo, a partir daí, como ramo do Direito Público que trata das normas, 
princípios e instituições capitais de qualquer espécie de ordenamento político, 
independentemente de considerações valorativas sobre seu conteúdo específico, ou seja, não 
está restrito a uma ideologia específica.
De modo que o Direito Constitucional desata-se, desvincula-se de qualquer conotação 
política específica, de qualquer diretriz ideológica obrigatória, passando a trabalhar sobre quaisquer 
normas e princípios integrantes de uma Constituição, sejam eles escritos ou costumeiros.
3. Direito Constitucional: objeto
Como acabamos de perceber, o Direito Constitucional, no seu início, enquanto 
vinculado ao pensamento liberal, visava essencialmente à imposição de limites ao poder do 
Estado absolutista o que seria obtido por uma rígida previsão na Constituição, do princípio da 
separação dos poderes, de modo que cada uma das funções estatais – jurisdicional, legislativa e 
administrativa – ficasse a cargo de órgãos distintos, que atuariam de forma independente, sem 
predomínio de qualquer deles sobre os demais. 
A distribuição das funções estatais básicas, aliada à declaração de direitos, eram as 
bandeiras máximas da Revolução Francesa, em torno delas, foi que surgia a disciplina Direito 
Constitucional. Na atualidade, caiu por terra esta visão, como ensina Gabriel Dezen Júnior.
“Modernamente, na esteira das transformações políticas e jurídicas profundas, 
dentre elas a derrocada do Estado burguês, adquiriu o Direito Constitucional 
uma feição nova, não mais centrada essencialmente liberalista, mas com as 
linhas de uma ciência das normas e instituições básicas de toda e qualquer 
modalidade de ordenamento político, ocupando-se assim de qualquer conjunto 
de normas que venham a governar a coletividade humana.”
O que se tem agora, então, é o Direito Constitucional se ocupando de qualquer 
estrutura constitucional praticada em determinado Estado, mesmo que afastada do modelo 
tradicional inaugurado pela Revolução Francesa. Com isto, podemos seguramente afirmar que cabe 
ao Direito Constitucional o estudo das normas que compõem uma Constituição, qualquer que seja 
a matéria nelas prescritas.
A tais matérias podemos acrescentar:
• as normas referentes à ordem econômica,
• à ordem social,
• ao meio ambiente,
• à cultura, 
• às relações internacionais, 
• às finalidades para a ação estatal, 
• bem como todas as demais consideradas fundamentais á organização do Estado.
O complexo de normas e princípios da Constituição, qualquer que seja a matéria sobre a
qual versem. É afinal, o objeto de estudo do Direito Constitucional na atualidade. 
4. Direito Constitucional: conteúdo Científico
A expressão “Direito Constitucional” alberga o Direito Constitucional Especial ou 
Positivo; Direito Constitucional Comparado; Direito Constitucional Geral. 
Podemos considerá-los subdivisões do Direito Constitucional, conforme o conteúdo 
científico próprio de cada um, ou como diferentes aspectos do Direito Constitucional. Cada um 
deles compondo uma disciplina, as quais, reunidas, correspondem à totalidade do conteúdo 
científico do Direito Constitucional. Portanto, existem várias metodologias de abordagem e de 
estudo do Direito Constitucional, senão vejamos:
4.1 . Direito Constitucional Especial ou Positivo
Tem por objetivo de estudo a Constituição vigente no Estado, com a finalidade de:
• analisar, 
• interpretar, 
• sistematizar e 
• criticar as normas e princípios nela prescritos.
Trata-se de uma disciplina essencialmente positiva, porque se ocupa somente das normas 
e princípios que compõem a Constituição em vigor de dado Estado; pois seu intento é justamente 
fornecer elementos jurídicos úteis para sua aplicação. 
A análise da atual Constituição da República Federativa do Brasil, ou da Constituição 
francesa em vigor, é exemplo de objeto de estudo do Direito Constitucional Especial.
4.2 Direito Constitucional Comparado
Não se trata do estudo específico da Constituição, mas de diversas Constituições, com o 
objetivo de a partir de sua análise conjunta, destacar e criticar suas semelhanças e dessemelhanças. 
Segundo Paulo Bonavides, podemos ter como critérios seletivos:
(1) o critério temporal; 
(2) o critério espacial; e
(3) o critério da mesma forma de Estado. 
a) Critério temporal: analisam-se as diversas Constituições de um mesmo Estado, os 
documentos constitucionais que se sucedem temporalmente, no transcurso do seu processo de 
evolução político-institucional, com a finalidade de serem compreendidas as alterações ocorridas 
nos institutos, instituições e princípios constitucionais selecionados.
b) Pelo critério espacial: Como o próprio termo indica, faz-se análise comparativa das 
Constituições de diversos Estados, de entes soberanos em territórios diferentes, em regra 
localizados em áreas geográficas próximas ou contíguas.
c) o critério da mesma forma de Estado: cotejam-se as Constituições (em regra, as 
Constituições em vigor) de países que adotam a mesma foram de Estado (confederação, federação, 
Estado unitário).
4.3 Direito Constitucional Geral
O Direito Constitucional Geral “tem por fim delinear, sistematizar e dar unidade 
aos princípios, conceitos e instituições que se acham presentes em vários ordenamentos 
constitucionais, formando-se uma teoria geral de caráter científico”. (Vicente Paulo)
O objetivo, como já referido pelo citado autor, é a definição e a sistematização de 
conceitos, princípios e instituições que se encontram em várias Constituições, a fim de reuni-los 
sob uma perspectiva unitária, e cujo conjunto compreende os elementos que compõem a “teoria 
geral do Direito Constitucional”.
O Direito Constitucional Geral tem a finalidade de examinar as regras constitucionais de 
uma multiplicidade de ordenamentos jurídicos. Retira ele, com referência ao poder, e independente 
das contingências de tempo e lugar, uma série de princípios, indagações, conceitos e categorias que, 
unificados teoricamente, poderão compor uma teoria geral de caráter científico.
Por fim, devemos ter claro que essas diferentes disciplinas não devem ser vistas como 
mutuamente excludentes, no sentido de que sua aplicação deve-se dar de forma isolada, 
independente, das demais. Mas estas metodologias de estudo do Direito Constitucional contribuem 
para a compreensão da organização política do Estado.
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO E SUA TIPOLOGIA
O objetivo do estudo da teoria da constituição e sua tipologia é a apresentação e análise 
dos diversos conceitos de Constituição construídos ao longo da evolução do Direito Constitucional.
5. CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO MATERIAL E FORMAL
5.1 CONSIDERAÇÕES acerca do conceito material de Constituição
1º) O conceito material de Constituição aproxima-se do pensamento liberal-burguês 
que prevaleceu na Revolução Francesa, sendo o marco inicial do Direito Constitucional. O Estado 
Liberal de Direito previa a Separação dos Poderes, pregava as liberdades individuais e a adoção de 
uma constituição escrita.
2º) Enquanto os revolucionários franceses preocupavam-se essencialmente com a 
divisão de poderes e os direitos fundamentais, o conceito material de Constituição é mais 
abrangente, abarcando todos as matérias consideradas fundamentais para a organização política do 
Estado, por exemplo, a forma de Estado.
5.2 Conceito material
A Constituição é o conjunto de normas pertinentes a organização do poder, à distribuição 
de competência, ao exercício da autoridade, a forma de governo, a forma de Estado, aos direitos da 
pessoa humana, tanto individuais como sociais. Ou seja, tudo que for conteúdo básico referente à 
composição e ao funcionamento da ordem política exprime o aspecto material da Constituição.
Assim, do ponto de vista material, o que vai importar para definir se uma norma tem 
caráter constitucional ou não será o seu conteúdo. Norma constitucional material será aquela que 
defina e trate das regras estruturais da sociedade, de seus alicerces fundamentais (formas de estado, 
governo, seus órgãos etc.). É a própria substância da Constituição, aquilo que está consagrado nela 
como valor de expressão de um povo.
CONCLUSÃO: A Constituição em sentido material diz respeito à matéria (conteúdo) 
das normas contidas na Constituição. Seja escrita ou não. Não, porém, toda e qualquer matéria. 
Mas, somente aquelas consideradas fundamentais à organização política da sociedade.
5.3. Conceito Formal
O conceito formal de Constituição corresponde ao conjunto de normas prescritas na 
Constituição independente da matéria. É formal só pelo fato de constar no texto constitucional. Com 
base no critério formal as normas constitucionais serão introduzidas pelo poder soberano (poder 
constituinte) por meio de um processo legislativo complexo e diferenciado.
Não mais interessará o conteúdo da norma, mas sim a forma através da qual ela foi 
introduzida no ordenamento jurídico. Normas constitucionais serão aquelas introduzidas pelo poder 
soberano, através de um processo legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais solene do que o 
processo legislativo de formação das demais normas do ordenamento.
1) O conceito material toma por base o conteúdo da norma pouco importando se ela 
consta ou não de um documento solenemente considerado Constituição, ou mesmo se tal norma é 
escrito ou não-escrita. Portanto, é possível encontrar formas de organização do Estado, mesmo 
naqueles que não adotam uma Constituição escrita, como exemplo a Inglaterra que não possui uma 
constituição escrita.
2) O conceito formal toma por base somente o fato da norma constar no documento 
constitucional, irrelevante a matéria específica de que trate, contudo exige necessariamente que seja 
escrita. 
3) Adotando o conceito formal, pode-se ter ao lado das normas que tratem de temas 
materialmente constitucionais, normas que versem sobre temas diversos, como a ordem econômica 
ou ordem social.
4) Assim, uma norma pode ser considerada formalmente constitucional por estar 
prescrita na Constituição, mas não ser materialmente constitucional, pois não abrange os temas 
essenciais à organização política da sociedade.
Supremacia material e formal
Deve ser ressaltado que ao adotarmos o conceito formal de constituição, todas as normas 
presentes no
documento constitucional gozam da mesma dignidade, de mesmo status, encontrando-
se em idêntico patamar hierárquico e gozando de superioridade sobre todas as demais normas 
integrantes do ordenamento jurídico, pelo simples fato de constar em uma Constituição.
5.4. Conclusões:
1ª) A Constituição compreendida no seu aspecto formal limita o conceito de Constituição 
às normas enxertadas no documento constitucional, independente de seu conteúdo, todas as demais 
têm peso infraconstitucional. Desse modo, em Estados que apresentem Constituições escritas e 
adotem o conceito formal, só há matéria constitucional no corpo da Constituição.
2ª) Contrariamente, em Estados com Constituição não-escrita, se adotada a concepção de 
Constituição, em sentido material, o que é indispensável (já que não há um documento que 
aglutine as normas constitucionais), serão consideradas constitucionais as normas que tenham como 
objeto as matérias consideradas de tal natureza (organização do poder, determinação de 
competência e diretos fundamentais, etc.), onde quer se sejam encontradas (numa lei, num costume, 
num regulamento).
3ª) Se tivermos uma Constituição escrita, mas a compreendermos em sentido material, 
o documento escrito não delimita o conceito de Constituição, pois tal caráter será atribuído a todas 
as regras que tratem dos temas tidos como constitucionais; inversamente, nem todos os dispositivos 
do documento escrito serão materialmente constitucionais, pois aqueles que tratarem de assuntos de 
natureza diversa serão constitucionais apenas formalmente, pois foi introduzida em um texto 
constitucional através de um processo complexo e diferenciado.
 6.5. Conceito Moderno
Em sentido jurídico, a Constituição, nada mais é do que o modo de ser, a forma de 
organização de um Estado, sua lei fundamental. Detalhando a definição: 
A Constituição é o conjunto de normas e princípios, escritos ou costumeiros, que 
estabelece e disciplina, a exemplo do meio ambiente, da ordem econômica e da ordem social.
Este conceito é mais abrangente que o conceito material de Constituição antes 
exposto, que reconhece como matéria constitucional apenas os temas essenciais à organização 
política do Estado.
 
Modernamente, como reconhece a doutrina, o objeto das Constituições sofreu larga 
expansão, abarcando todos os demais temas hoje considerados especialmente relevantes pelo corpo 
social, a exemplo da ordem econômica, da ordem social, da função social da propriedade, dentre 
outros. Como tais temas passaram a constar das Constituições modernas, obrigatoriamente passam a 
integrar o conceito moderno de Constituição. 
Concluímos que o conceito moderno abrange os conceitos material e formal de 
constituição.
7. CONCEPÇÕES SOBRE A CONSTITUIÇÃO:
7.1. : O conceito político de constituição foi elaborado por Carl Schmidt.
Carl Schmitt entende que a Constituição como a decisão fundamental sobre o modo de 
ser essencial de um Estado abrangendo, por exemplo: sua estrutura, a representação dos poderes; o 
estabelecimento de competências dos seus diversos órgãos a forma de Estado; a forma de governo; 
o modelo de desenvolvimento econômico, entre outras matérias consideradas essenciais ao 
organismo estatal.
ASSIM, todas as demais normas (que não tratem a respeito do perfil essencial do 
Estado) ou manifestações do Estado por ele editadas seriam fruto ou decorrência dessa 
manifestação política fundamental, ou seja, da CONSTITUIÇÃO PROPRIAMENTE DITA.
CARL SCHMITT faz distinção entre CONSTITUIÇÃO e LEIS 
CONSTITUCIONAIS.
CONSTITUIÇÃO: Corresponde à concreta decisão sobre o perfil essencial do Estado 
abrangendo as matérias descritas acima.
LEIS CONSTITUCIONAIS: Seriam todos as demais normas que contidas no 
documento constitucional, que versem sobre matéria diversa, não contida no conteúdo da decisão 
política fundamental, podendo ser: Ordem econômica, Seguridade social, política fundiária, Ordem 
tributária, meio ambiente, entre outros assuntos não afetos a organização política do Estado
EXEMPLIFICANDO: Para Carl Schmitt, uma norma que definisse o princípio da 
separação de poderes integraria a Constituição em sentido próprio, ou seja, a verdadeira 
Constituição. Já uma norma que disciplinasse certo aspecto da ordem econômica apesar de prescrita 
na Constituição seria meramente uma lei constitucional.
7.2. Concepção Sociológica
Foi elaborada por Ferdinand Lassalle, que no ano de 1863, proferiu uma palestra para 
intelectuais e operários da antiga Prússia, que foi convertida no livro intitulado “A essência da 
Constituição”. Lassalle foi um defensor intransigente do sufrágio universal igual e direto para os 
operários, como forma de conquistar o Estado para implementar as reformas sociais.
No prefacio da edição da obra “A essência da Constituição”, 8ª edição, Aurélio Wambier 
Bastos, menciona o seguinte:
“De qualquer forma, e esta é a originalidade e a importância de seu texto, 
de todos os pensadores jurídicos do século XIX, Lassalle, neste pequeno 
trabalho, explicita com límpida clareza os fundamentos sociológicos das 
constituições; os fatores reais de poder. Para ele, constituem fatores reais 
de poder o conjunto de forças que atuam politicamente, com base na lei 
(na Constituição), para conservar as instituições jurídicas vigentes. 
Constituem estes fatores a monarquia, a aristocracia, a grande burguesia, 
os banqueiros e, com especificas e especiais conotações a pequena 
burguesia e a classe operária, e o que eles representam da ciência 
nacional.”
 Para Lassalle, a constituição é compreendida como o somatório dos fatores reais de 
poder de um Estado. Estes Fatores reais de poder são: fatores econômicos, políticos, culturais, 
militares, religiosos. Esses fatores devem ser atuantes no respectivo território.
Para Lassalle, os fatores reais de poder seriam as forças existentes na comunidade que se 
encontra em condições de lutar pelo poder e de exercer alguma parcela dele. Nos embates havidos 
entre essas forças, principalmente no resultado é que se reconhece a Constituição real.
O conjunto dos fatores reais de poder corresponde a verdadeira constituição e não o 
texto formalmente tido por constitucional. Para Lassalle, no Estado existe, a Constituição Real e 
uma Constituição Escrita.
A Constituição escrita para ser detentora de eficácia social (respeitada pelos 
destinatários da norma), não seria apenas pelo fato de ser escrita e corresponder a norma suprema 
do Estado. Mas deve estar em conformidade (de acordo) com um ou alguns dos fatores reais de 
poder.
Conclusões de Lassalle:
1) A Constituição escrita tem sua eficácia condicionada à constituição real, e não o 
contrário.
2) Havendo colisão entre a Constituição real e a Constituição escrita, a primeira deve 
prevalecer sobre a segunda, que passou a ser uma mera “folha de papel”.
3) O fato de determinado preceito constar no texto constitucional, não assegura por si só 
sua real eficácia. Esta somente produzirá efeitos jurídicos se estiver em sintonia com os fatores reais 
de poder.
4) Se houver conformidade entre a norma e os fatores reais de poder a Constituição 
escrita será efetivamente eficaz, caso contrário será “uma folha de papel”, um documento sem força 
política e social.
7.3 Concepção Jurídica – Constituição em sentido jurídico
Esta concepção foi elaborada por Hans Kelsen que publicou o livro TEORIA PURA DO 
DIREITO, e definiu Constituição em dois significados:
a) Como norma fundamental do Estado, que instaura o próprio Estado;
b) Como norma fundamental que confere validade de todo ordenamento jurídico de 
determinado Estado. Devido ao fato que a partir da Constituição é
que deflagra ou inicia o processo 
de produção das normas infraconstitucionais.
Desses dois significados decorrem dois efeitos:
1. É pressuposto de validade de elaboração da legislação infraconstitucional ou ordinária; 
ou seja, as normas infraconstitucionais são elaboradas segundo as regras previstas na 
Constituição.
2. É requisito de validade da legislação infraconstitucional ou ordinária, ou seja, se não 
obedecer aos requisitos constitucionais de elaboração as normas infraconstitucionais não 
são válidas.
Pode ser observado ainda que Kelsen definiu dois sentidos básicos de constituição:
a) O Sentido Lógico-jurídico: Para Kelsen a Constituição é superior a toda as demais 
normas, mas não surge do nada, tem que se basear em algo tem que ter um fundamento 
que justifique a razão da obrigatoriedade de sua observância. Situa-se no nível do 
suposto, do hipotético.
Este fundamento é a denominada norma fundamental hipotética, uma norma não 
expressa, mas meramente pensada, suposta (não instituída por qualquer autoridade), que imponha 
obediência aos mandamentos contidos na Constituição.
Esta norma fundamental hipotética corresponde à Constituição em sentido lógico-
jurídico.
A norma hipotética fundamental é a categoria kelseniana criada para solucionar a 
questão do fundamento último de validade das normas jurídicas.
Fabio Ulhoa Coelho, no livro “Para entender Kelsen”, explica a necessidade da norma 
fundamental hipotética da seguinte forma:
“considerou-se o exemplo da negativa da licença da Prefeitura. 
Fundamentou-se a validade , em última análise, nos poderes 
constitucionais de que estavam investidos os elaboradores da Constituição 
Federal, Pois bem, o questionamento de validade poderia claramente ter 
prosseguimento, no sentido de se indagar pelo fundamento de validade da 
norma que atribuíra poderes constituintes aos parlamentares que votaram 
a Carta em questão.
Prosseguir-se, no entanto, nesse questionamento significa não alcançar 
nenhum resultado sensato, pois a competência para editar normas 
jurídicas sempre decorre de outra norma, e esta, por sua vez, somente pode 
ter sido editada por uma autoridade competente. Estamos diante de uma 
regressão ao infinito, sem sentido racional. Para enclausurar o sistema 
jurídico, solucionando a questão em aberto. Kelsen lança mão de uma 
norma que deve sustentar o fundamento de validade da ordem jurídica 
como um todo, mas que necessariamente não tenha sido editada por 
nenhum ato de autoridade. Uma norma não posta, mas suposta.”
b) O Sentido Jurídico-positivo: Partindo desta ideia a Constituição é um conjunto de 
normas que regula a criação de outras normas e é hierarquicamente superior a elas.
Assim, Kelsen elaborou um fundamento puramente formal que servisse de base para a 
Constituição em sentido jurídico-positivo.
No Direito percebe-se um verdadeiro escalonamento de normas, uma constituindo um 
fundamento de validade da outra numa verticalidade hierárquica. Uma norma de hierarquia inferior 
busca fundamento de validade na norma superior e esta, na seguinte, até chegar na Constituição, 
que é o fundamento de validade de todo sistema infraconstitucional.
7.3.1. Pirâmide normativa de Kelsen
“A Pirâmide de Kelsen, consagra a verticalidade hierárquica das normas é a Constituição 
positivada como norma de validade de todo o sistema, e, assim, o princípio da supremacia da 
Constituição.” (Pedro Lenza).
7.3.2. Conclusões da concepção jurídica de Hans Kelsen
1) No significado LÓGICO-JURÍDICO, temos uma norma hipotética, suposta, não editada 
por qualquer autoridade, cuja função é servir de fundamento transcendental de validade da 
Constituição JURIDICO-POSITIVA que garante a supremacia da Constituição em relação as outras 
normas.
2) No significado JURÍDICO-POSITIVO, temos a Constituição enquanto norma posta, 
o documento constitucional, formalmente colocado em vigor, que consagra os preceitos 
fundamentais do Estado e prevalece hierarquicamente sobre todas as demais normas do 
ordenamento jurídico estatal, regulando seu processo de produção e, portanto, condicionando sua 
validade.
Das três concepções (política, sociológica e jurídica) aqui apresentadas, a que mais 
importa para o Direito Constitucional, na atualidade, é concepção jurídica, que compreende a 
Constituição como norma fundamental do Estado, hierarquicamente superior a todas as demais 
normas.
ANOTAÇOES:
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8.TIPOLOGIA CONSTITUCIONAL
Ao longo da evolução do Direito Constitucional, a doutrina elaborou inúmeras 
classificações com base em inúmeros critérios distintivos, tais como.
 Quanto à Forma
 Quanto ao Conteúdo
 Quanto à Estabilidade
 Quanto à Origem
 Quanto à Extensão
 Entre outros.
A compreensão dessa terminologia será essencial para a navegação no Curso de Direito 
Constitucional.
A) Quanto à forma:
CONSTITUIÇÕES ESCRITAS: São aquelas, cujas normas estão reunidas de forma 
sistemática em um único documento, solenemente promulgado em determinado momento como a 
Constituição de um certo Estado.
CONSTITUIÇÕES NÃO-ESCRITAS44: São aquelas, cujas normas e princípios 
localizam-se em diversas fontes (não há reunião dos preceitos constitucionais em um único 
documento), todas de natureza constitucional e situadas em idêntico patamar hierárquico, sem 
precedência de qualquer uma sobre as demais.(tais como leis, costumes, jurisprudência, 
Convenções e Acordos).
B) Quanto ao modo de elaboração45
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA: Sempre escrita reunida em um só texto. É aquela 
elaborada em uma ocasião
certa, por determinado órgão legislativo para tal tarefa competente (as 
Assembléias Constituintes), segundo um processo legislativo especial e solene, trazendo em seu 
texto a tradução dos valores e princípios dominantes no momento de sua produção, dos institutos 
jurídicos, políticos, filosóficos já sedimentados na doutrina, os quais, uma vez prescritos na 
Constituição, assumem o peso jurídico de dogmas, preceitos de observância obrigatória. Daí o 
termo, Constituição dogmática. Com a constituição dogmática ocorre a cristalização dos valores 
dominantes na sociedade em certo momento.
CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA OU CONSUETUDINÁRIA: Necessariamente 
sempre não-escrita, é aquela que se forma a partir da lenta evolução histórica de uma sociedade, do 
lento processo de afirmação, alteração e solidificação de suas tradições, de seus valores 
fundamentais. Na época contemporânea a Constituição inglesa é citada como exemplo de 
Constituição histórica.
C) Quanto à origem
CONSTITUIÇÃO POPULAR: quando elaborada e posta a vigorar com a participação 
44 O erro mais comum a ser evitado nesta classificação é considerar que a Constituição não-escrita é composta somente 
por normas não-escritas, o que é incorreto.
45 Há uma estreita relação entre as duas classificações, porque se conectam diretamente; num sentido, as constituições 
dogmáticas e as constituições escritas, como pondera José Afonso da Silva: “O conceito de constituição dogmática é 
conexo com o de constituição escrita, como o de constituição histórica com o de constituição não-escrita”.
do povo, titular do poder constituinte seja elegendo os seus representantes no processo de formação 
da Constituição, seja aprovando o texto final, antes (plebiscito) ou depois (referendo) de sua 
votação pelo órgão legislativo, podendo ter a participação do povo em apenas um desses momentos: 
elegendo seus representantes na Assembléia Nacional Constituinte (o que é o mais comum) ou 
aprovando o texto final, antes ou após sua apreciação pelo órgão constitucional.
CONSTITUIÇÃO OUTORGADA: É aquela que foi imposta ao povo pelo detentor do 
poder político, que é colocada em vigência por este sem a participação popular. É, enfim, uma 
Constituição elaborada e imposta ao povo por quem não recebeu poder e, portanto, não possui 
legitimidade para tanto, em regra um ditador ou um imperador.
CONSTITUIÇÃO CESARISTA: um meio-termo à Constituição popular e à 
Constituição outorgada. Nela, o projeto de texto constitucional é elaborado pelo governante, em 
regra um ditador ou imperador, ou seja, o próprio detentor do poder político, e aí, então levado à 
aprovação do povo, mediante referendo. É efetivamente uma figura intermediária, pois nela há 
participação popular, já que o projeto é aprovado pelo povo, em referendo, mas tal documento não 
foi elaborado pelos seus representantes, e sim pelo atual detentor do poder. A aprovação popular é 
uma mera formalidade, pois pelo momento político, com o cerceamento das liberdades o povo não 
tem outra escolha senão aprovar o que foi feito por um ditador.
CONSTITUIÇÃO PACTUADA: sendo assim denominadas as Constituições que 
nascem de um compromisso entre o rei ou monarca e o Poder Legislativo, com que o texto 
constitucional nasce baseado simultaneamente em dois princípios, o monárquico e o Poder 
Legislativo. Por exemplo, a Carta Magna de 1215, O Bill of Rights. Existe apenas como referência 
histórica.
D) Quanto ao conteúdo
MATERIAL: A Constituição é definida a partir do conteúdo, da substância de suas 
normas, correspondendo ao conjunto de normas que versem sobre os temas fundamentais do 
Estado, as matérias essenciais à organização política46.
FORMAL: É a Constituição como um conjunto de normas inseridas no texto 
constitucional, só pelo fato de terem sido aí inseridas, mediante um procedimento especial de 
elaboração, independente de tratarem ou não de temas considerados indispensáveis à organização 
política47.
 E) Quanto à estabilidade
CONSTITUIÇÃO IMUTÁVEL48: Quando simplesmente não admite alteração em 
qualquer de seus dispositivos. É lembrada meramente para fins didáticos, pois na realidade elas não 
existem
CONSTITUIÇÃO RÍGIDA49: É aquela que estabelece um procedimento diferenciado 
46 Assim, são constitucionais as normas referentes à organização do poder, ao exercício da autoridade, à distribuição 
de competências entre os entes estatais, à forma e ao regime de governo e aos direitos fundamentais do homem, 
entre outros considerados indispensáveis ao existir da comunidade.
47 A Constituição sob a perspectiva formal é apenas a que for escrita, ou seja, codificadas em um único documento.
48 O interesse nessa modalidade de Constituição é meramente teórico, uma vez que o requisito indispensável para a 
permanência da eficácia de uma Constituição é precisamente sua capacidade de constante adaptação às 
transformações ocorridas na sociedade, o que se torna impossível nesse modelo de Constituição.
49 Só pode se analisar a rigidez ou não de uma Carta Constitucional se a mesma for escrita (codificada num único 
documento), pois o procedimento especial, acaso existente, tem que abranger todas as normas constitucionais, o que 
não é possível se elas estiverem disseminadas por várias fontes (leis, decretos, costume, etc.).
para a alteração dos seus dispositivos, de maior solenidade e complexidade que aquele fixado para a 
alteração da legislação ordinária. 
CONSTITUIÇÃO FLEXÍVEL: é aquela que pode ser modificada pelo mesmo 
processo legislativo instituído para a reforma da legislação infraconstitucional. 
CONSTITUIÇÃO SEMI-RÍGIDA (ou semi-flexível): É aquela que possui parte de 
seus preceitos alteráveis via processo legislativo ordinário, estando a alteração dos demais sujeitas a 
um regramento processual específico, que apresenta mais dificuldade e formalidades para ser 
exercitado. É, portanto, parcialmente flexível e parcialmente rígida.
F) Quanto à finalidade
CONSTITUIÇÃO GARANTIA50: Volta-se para o passado, pois objetiva assegurar os 
direitos, as garantias e as liberdades fundamentais já conquistados por uma sociedade, para o que 
estabelece mecanismos de contenção de poder estatal. 
CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE51: Estabelece metas, diretrizes, programas e planos de 
ação para os Poderes Públicos, bem como os valores que o ente estatal deve preservar na sua 
atuação. 
G) Quanto à extensão
CONSTITUIÇÃO SÍNTETICA: É o exemplo a Constituição norte-americana, é 
aquela que só trata de temas materialmente constitucionais, pertinentes à organização fundamental 
do Estado.
Nos Estados que adotam Constituições de modelo sintético, é muito mais amplo o leque 
de atuação do legislador ordinário, uma vez que o texto constitucional limita-se ao regramento 
básico do Estado. 
CONSTITUIÇÃO ANALÍTICA: Cuida de temas materialmente constitucionais e de 
temas formalmente constitucionais, sendo caracterizada também, pela presença de normas 
programáticas que fixam planos de ação e metas para o Estado. São desse modo, Constituições que 
descem a detalhes em termos de regramento jurídico contemplando grande número de normas. 
Nos Estados que adotam Constituições do tipo analítico a amplitude dos temas tratados 
no documento constitucional limita a atuação do legislador ordinário, o qual ao exercer sua função 
de editar a legislação complementar à Constituição, forçosamente terá que acatar os mandamentos 
constantes de seu texto, sob pena de nulidade do diploma legislativo elaborado.
H) Quanto à ideologia
CONSTITUIÇÕES ORTODOXAS: são as elaboradas com base em elementos 
fornecidos por uma única corrente ideológica, mantendo-se em todo o seu texto fiel a esta 
orientação.
50 É essencialmente uma Constituição de defesa ou, no dizer de José Afonso da Silva, uma Constituição negativa, 
instituidora de liberdade negativa, que busca reduzir o poder estatal a fim de preservar a esfera jurídica individual.
51 São também denominadas programáticas, porque contêm grande número de normas dessa natureza, isto é, normas 
que fixam programas de ação para o Estado. Traz um projeto de Estado, apresenta compromissos sociais e fornece 
meios para sua execução. (Ex. A Constituição portuguesa de 1976).
 CONSTITUIÇÕES HETERODOXAS: são formadas partindo de elementos 
fornecidos por diversas correntes ideológicas, buscando ao longo de seu texto normatizar suas 
diferenças num todo unitário, sistemático, de modo a obter-se um sentido harmônico da 
Constituição.
I) Constituições Nominalistas e Semânticas – Alexandre de Morais
CONSTITUIÇÃO NOMINALISTA: É aquela cujas normas são redigidas com elevado 
nível de clareza e precisão, de modo que o jurista, para aplicá-las aos casos em concreto, precisa 
apenas utilizar-se do método de interpretação literal (que se limita à análise da própria redação da 
norma), sem valer-se dos outros métodos hermenêuticos, a exemplo do sistemático, do lógico, do 
histórico ou do teleológico.
 
CONSTITUIÇÃO SEMÂNTICA: É aquela cujas normas, em função de sua redação 
mais imprecisa, que se presta a mais de uma interpretação, não podem ter seu significado 
corretamente apreendido somente com o uso do método literal, sendo ao intérprete, então, 
indispensável recorrer aos demais métodos de interpretação jurídica, alguns deles citados 
anteriormente.
J) Quanto ao conteúdo ideológico – André Ramos Tavares
CONSTITUIÇÕES LIBERAIS OU NEGATIVAS: Resulta do sucesso do movimento 
liberal-burguês, que culminou no triunfo do Estado Liberal sobre o Estado Absolutista. Tais 
Constituições se propunham, basicamente, conter o poder até então do Estado Absolutista, 
encarnado na figura do monarca, assegurando uma esfera jurídica de liberdade individual, protegida 
contra a ingerência estatal. Tais direitos exigem essencialmente uma não-ação do Estado de 
respeitar as esferas jurídicas por eles protegidas. Daí, o outro nome que designa tais Constituições – 
negativa -, que salienta seu intento: construir um espaço de liberdade individual liberto da 
intervenção estatal.
CONSTITUIÇÕES SOCIAIS OU DIRIGENTES: Exige uma atuação positiva do 
Estado. Tal modelo de Constituição parte do paradigma anterior que não assegurava plenas 
condições do desenvolvimento para os membros economicamente mais fracos do corpo social, o 
que impedia a fruição plena das liberdades asseguradas pela Constituição Liberal. Cabia ao Estado 
pôr em prática uma série de políticas que visassem justamente a conferir um mínimo de igualdade 
entre os membros da sociedade. Surgem os chamados direitos sociais ou de 2ª geração. Porque 
essas Constituições prescrevem políticas a serem implementadas pelo Estado, são denominadas 
também dirigentes. Dirigem, orientam norteiam e conduzem as ações a serem promovidas pelo 
Estado para a busca da igualdade real.
ANOTAÇÕES:
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FACULDADE ALFREDO NASSER
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I
PROFESSOR: MÁRCIO DO NASCIMENTO
Turma:____________________________
ALUNO 
(A):________________________________________________________________________
Data da entrega: ____/____/2013.
ORIENTAÇÕES: Este trabalho comporá a nota da prova de P2, na nota da avaliação P2. As 
questões subjetivas deveram ser manuscritas feitas pelo próprio aluno. Trabalho digitado não será 
aceito.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO UNIDADE 04
1) Explique como ocorreu o surgimento da disciplina Direito Constitucional?
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2) Como que a disciplina Direito Constitucional se desvinculou da ideologia liberal?
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3) O que é uma Constituição rígida?
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4) Explique o que são as regras ou normas materialmente constitucionais. Aonde podem ser 
encontradas?
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5) Explique porque não existe hierarquia entre uma norma constitucional em sentido material e uma 
norma em sentido formal.
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6) Qual o objeto do Direito Constitucional?
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7) No Direito Constitucional moderno quais as matérias que compõe o texto de uma Constituição?
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8) Explique a Constituição segundo a concepção política? 
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9) Explique a Constituição segundo a concepção sociológica?
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10) Como pode ser classificada a Constituição, quanto ao modo de elaboração?
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11) Como, segundo Hans Kelsen, uma legislação infraconstitucional produzida no âmbito de um 
Estado possa ser considerada válida?
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12) Qual o significado do sentido lógico-jurídico, segundo Hans Kelsen? Com que objetivo Kelsen 
elaborou em sua teoria pura do direito a existência da norma fundamental hipotética?
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13) Explique o que significa a supremacia da Constituição?
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UNIDADE - 05
NORMAS CONSTITUCIONAIS
 
1. NORMAS CONSTITUCIONAIS
1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS:
Toda e qualquer norma jurídica possui imperatividade, ou seja, potencial jurídico para 
impor-se aos seus destinatários, produzindo efeitos jurídicos nas relações jurídicas da qual 
participam.
A imperatividade não se manifesta com a mesma intensidade em todas as normas 
jurídicas: ou seja, as normas jurídicas, conforme sua categoria possui graus diversos de 
imperatividade.
2. NORMAS JURÍDICAS GERAIS
As normas jurídicas em geral se dividem em duas categorias básicas:
a) Norma cogente e 
b) norma dispositiva.
NORMAS COGENTES: 
Possuem imperatividade em grau absoluto no sentido de que impõe aos seus 
destinatários independentemente de sua anuência. De nada adiante a vontade do sujeito, basta a 
situação em concreto da qual ele participe amolde-se à hipótese em abstrato previsto na norma 
jurídica, e esta incide automaticamente, disciplinando a relação jurídica. Possuem as seguintes 
subespécies:
a) NORMAS COGENTES PRECEPTIVAS. Obrigam a certa conduta ou a certo 
comportamento. (Ex. Art. 1245, do Código Civil).
“Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título 
translativo no Registro de Imóveis.”
b) NORMAS COGENTES PROIBITIVAS: São as normas que proíbem determinado 
comportamento. (Ex. Art. 426, do Código Civil).
“Não pode ser objeto de contrato herança de pessoa viva.”
NORMAS DISPOSITIVAS: 
São aquelas que estabelecem uma regra, mas permitem que seus destinatários disponham 
de forma diversa da nela estabelecida. Percebe-se que a norma dispositiva goza de imperatividade 
em grau menor que a norma cogente. (Ex. Art. 427, do Código Civil).
“A proposta de contrato vincula o proponente, se o contrário não resultar dos 
termos
dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.”
CONCLUÍNDO:
A norma cogente incide sempre, independente da vontade das partes, ao passo que a 
norma dispositiva pode ter sua incidência afastada pela vontade individual.
2.1. Validade, vigência e eficácia das normas.
Diz-se que uma norma é válida quando é editada em conformidade com o sistema 
jurídico a que pertence, isto é, a norma concordante, não contraditória com as demais normas do 
sistema, e isto no que diz respeito à observância dos requisitos de natureza subjetiva e objetiva 
(Regina Maria Macedo Nery Ferrari, p. 87).
Segundo Regina Maria, lembrando Kelsen, este diz que uma norma vale quer significar 
que ela é vinculativa, isto é, que os indivíduos devem conduzir-se de uma determinada maneira, 
conforme a conduta prescrita na norma, de modo que a vigência normativa significa a existência 
específica da norma.
Por eficácia deve-se entender a qualidade de a norma vigente produzir efeitos jurídicos, 
em relação à sua aplicação e observância pelas pessoas a quem se dirige. Portanto, importa saber se 
os destinatários da norma amoldam seu comportamento à prescrição normativa.
3. Normas Constitucionais
Normas constitucionais são todas as regras que integram uma constituição rígida, 
tomando como conceito em sentido formal de constituição, sendo normas inseridas em um 
documento através de um processo diferenciado e solene.
As normas constitucionais, em virtude de sua juridicidade, apresentam como traço 
característico, assim como todas as demais normas jurídicas, a sua imperatividade, ou seja, a 
obrigatoriedade da obediência de seus comandos por parte das pessoas à quais se dirigem, sem estas 
pessoas individuais, coletivas ou os próprios órgãos do Poder Público.
A doutrina italiana analisando o tema, num estágio inicial dividiu as normas 
constitucionais em duas categorias.
a) Normas constitucionais preceptivas: São as normas constitucionais que 
reconhecem efeitos jurídicos impositivos ou imperativos;
b) Normas constitucionais programáticas: São normas constitucionais que instituem 
programas de ação para o Estado, na sua origem estas ações eram meramente indicativas.
4. Normas Programáticas – Evolução de seu conceito
Inicialmente, na sua origem histórica, a doutrina italiana via as normas programáticas 
como simples orientações de conduta, sem mais efeito vinculante para os poderes públicos. 
Para Gaetano Azzaritti, apesar das normas programáticas constarem na Constituição, 
não seriam efetivamente normas jurídicas, pois destituídas de eficácia jurídica. Teriam valor de 
meros aconselhamentos, sem obrigar seus destinatários a agir nos termos por elas indicados.
Mas esta concepção evoluiu com Vezio Crisafuli que passou a reconhecer que todas as 
normas constitucionais, qualquer que seja sua natureza e seu conteúdo, são detentoras de 
imperatividade, produzindo efeitos jurídicos aos seus destinatários e regulando as relações jurídicas 
que constituem seu objeto.
Regina Maria Macedo Nery Ferrari, (p.173) menciona o seguinte:
“Por sua vez, Vezio CRISAFULLI sustentou que as normas 
constitucionais que determinam apenas um esquema de atuação são tão 
preceptivas como qualquer outra, e isso porque, ao regularem 
comportamentos públicos destinados a incidir sobre determinadas 
matérias, são nessa medida vinculantes, de tal modo que as normas 
ordinárias contrárias a elas são inválidas, quando anteriores e 
inconstitucionais se posteriores e ao ditar comportamentos em razão de 
interesses, ao dispôs de limites, o faz do alto de sua imperatitivade 
suprema de Lei Fundamental e dentro de sua capacidade eficacial.”
Assim, as normas programáticas evoluíram para uma construção teórica em que essa 
espécie normativa não consiste apenas em um aconselhamento, sendo também um comando, uma 
determinação a ser obedecida pelo ente estatal. Justamente pelo fato de constarem no estatuto 
jurídico supremo do Estado, São normas jurídicas propriamente ditas, de cumprimento obrigatório 
pelos seus destinatários.
3.1. Conceito de normas programáticas
Para José Afonso da Silva normas programáticas são:
“Aquelas normas constitucionais através dos quais o constituinte, em vez 
de regular, direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-se a 
traçar-lhe os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos 
(legislativo, Executivo e jurisdicionais e administrativos), como 
programas das respectivas atividades, visando a realização dos fins sociais 
do Estado”.
Já Luis Roberto Barroso identifica as normas programáticas como aquelas “disposições 
indicadores de valores a serem alcançados. Seu objeto é o de estabelecer determinados princípios e 
fixar programas de ação”.
Celso BASTOS e Carlos Ayres BRITO, analisando a capacidade de aplicação e 
interpretação das normas constitucionais, consideram que “normas programáticas são aqueles 
preceptivos constitucionais que se limitam a ensaiar um programa de ação estatal, ou a traçar uma 
direção teleológica à atividade legislativa, sem maiores preocupações com a indicação dos 
respectivos meios.”
3.2. Destinatários
Outra característica da norma constitucional programática que deve ser analisada, é a 
que diz respeito a quem são elas endereçadas, o que não autoriza desconsiderar que, ao deixar 
liberdade de agir aos órgãos do Poder Público, pode propiciar, pela eleição da oportunidade de agir 
de acordo com a conveniência ou oportunidade, a caracterização de uma omissão inconstitucional, 
em virtude de uma dilação de tempo que ultrapasse o campo do razoável. Portanto, não é aceitável 
argumentar para o seu não cumprimento a falta de desenvolvimento socioeconômico. A 
obrigatoriedade da sua observância é imperativa, ainda quando o seu destinatário, originário e 
direto, seja o Poder Público e, com certeza, pelos menos os órgãos legislativos.
Com relação a eficácia das normas programáticas, caso o destinatário não cumpra com a 
tarefa atribuída pelo constituinte originário poderá ser acionado através de uma ação de 
inconstitucionalidade por omissão e até mesmo por um mandado de injunção.
4. Princípios Constitucionais
A constitucionalista Carmem Lúcia Antunes Rocha, no Livro Princípios 
Constitucionais na Administração Pública, p. 25, 26, discorreu sobre a natureza dos princípios 
constitucionais:
“Os princípios constitucionais são os conteúdos primários diretores do sistema 
jurídico-normativo fundamental de um Estado. Dotados de originalidade e 
superioridade material sobre todos os conteúdos que forma o ordenamento 
constitucional, os valores firmados pela sociedade são transformados pelo Direito em 
princípios. Adotados pelo constituinte, sedimentam-se nas normas, tornando-se, 
então pilares do Estado. São eles, assim, as colunas mestras da grande construção do 
Direito, cujos fundamentos se afirmam no sistema constitucional (....)”
Os princípios constitucionais, possui maior subjetividade e generalidade, ou dito de 
outra forma, o princípio tem menor concreção e densidade semântica (poucas palavras), por isso, 
permite maiores possibilidades de interpretação e aplicação pelo interprete da Constituição, 
decorrendo assim, um tempo de vida superior ao das normas.
FINALIDADE DOS PRINCÍPIOS:
Os princípios têm como finalidade verificar a constitucionalidade da legislação 
ordinária em vigor e a orientação da legislação ordinária futura, que deverá consagrar os valores 
neles corporificados.
Os princípios constitucionais são de três espécies: a) Fundamentais, Gerais e Setoriais.
4.1. Princípios constitucionais fundamentais: Considera estes
princípios como a 
síntese das normas constitucionais, com o objetivo de organizar o Estado. Formam o trinômio de 
atributos essenciais do Estado brasileiro. São eles:
a) O princípio democrático; b) O princípio republicano; c) O princípio federativo.
Os princípios fundamentais expressam as principais decisões essenciais no âmbito do 
Estado, aquelas que vão determinar sua estrutura essencial. Veiculam, assim, a forma, o regime e o 
sistema de governo, bem como a forma de Estado. De tais opções a configuração básica da 
organização do poder político.
4.2. Princípios Constitucionais Gerais: São os desdobramentos dos princípios 
fundamentais, que são irradiados pelo ordenamento constitucional. Com o objetivo de limitar o 
poder imanente ao Estado.
Os princípios constitucionais gerais, embora não integrem o núcleo das decisões 
políticas que conformam o Estado, são importantes especificações dos princípios fundamentais. 
Tem eles menor grau de abstração, sendo mais facilmente determinável o núcleo em que operam 
como regras. Por tal razão prestam-se de modo corrente à tutela direta e imediata das situações 
jurídicas que contemplam. Por serem desdobramentos dos princípios fundamentais, irradiam-se por 
toda a ordem jurídica. Eis alguns exemplos:
a) princípio da legalidade, em conformidade com o art. 5º, inciso II e 37, caput, da 
CF/88. Consiste na subordinação ou sujeição das pessoas, órgãos e entidades aos preceitos 
emanados do Poder Legislativo.
b) Princípio da igualdade, em concordância com os arts. 3°, inciso III, 5º, caput e inc. I 
e XIII, art. 7º, XXX a XXXII, 14, caput, art. 37, incisos I e II, 226, § 5º, e 227, § 6º, da CF/88, 
corresponde à inadmissibilidade de diferenciações arbitrárias, exteriorizadas sob a forma de 
discriminações ou privilégio.
c) Princípio da inafastabilidade do controle judicial, com fundamento nos arts. 5º inc. 
XXXV, e 217, § 1º, da CF/88, por este princípio nada pode ficar fora do alcance da apreciação 
judicial.
d) Principio do devido processo legal, com fundamento no art. 5º, inc. LIV, da CF/88, 
significa que o Poder Público possui regras e procedimentos para alcançar a sua finalidade, de 
conteúdo formal, pois assegura a regularidade procedimental, tais como defesa, igualdade entre as 
partes, de maneira que cada questão submetida à apreciação jurisdicional deve ser resolvido através 
de um encadeamento lógico de atos tendentes ao provimento final.
4.3. Princípios Constitucionais Setoriais: informam um complexo de normas 
constitucionais afetas a um determinado ramo do Direito Positivo.
4.3.1. Princípios Constitucionais Especiais de Direito Administrativo. O Direito 
Administrativo, à luz do art. 37, caput, da CF//88, é informado pro cinco princípios constitucionais 
setoriais: a) legalidade (art. 5°, inc. II e 84, IV e VI; b) impessoalidade (art. 22, XXVII, art. 37, incs. 
II e XXI, e 173, § 1º, inc. III), c) moralidade (art. 15, inc. V e 37, § 4º); d) publicidade ( art. 5º, incs. 
XXXIII, XXXIV e LXXII; e) Eficiência (art. 37, § 3º e §8º).
4.3.2. Princípios Constitucionais Especiais de Direito Penal: O Direito Penal é 
informado por cinco princípios constitucionais setoriais: a) reserva legal (art. 5º XXXIX); b) 
irretroatividade da regra penal (art. 5º, inc. XL); c) responsabilidade pessoal ( art. 5º, inc. XLV); d) 
individualização da pena ( art. 5º, inc. XLVI); e) presunção de inocência (art. 5º, inc. LVII).
4.3.3 Princípios Constitucionais Especiais de Direito Processual. O Direito 
Processual é informado por cinco princípios, quais sejam: a) Contraditório (art. 5, inciso LV); b) 
proibição de prova ilícita (art. 5º, inc. LVI); c) publicidade dos atos processuais (art. 5º, inciso LX); 
d) motivação das decisões judiciais (art. 93, inc. IX); e) duplo grau de jurisdição (art. 105, inc. III).
5. Normas constitucionais em sentido estrito, ou regras constitucionais, em relação 
aos princípios.
As normas constitucionais ou regras constitucionais objetivam tipos diversos de efeitos 
jurídicos. São caracterizados por uma maior concreção e densidade semântica, por um grau mais 
elevado de precisão e detalhamento, e por isso, oferecem menores possibilidades interpretativas, 
visa disciplinar uma situação em concreto.
De maneira diferente dos princípios, a regra constitucional possui maior riqueza de detalhes, 
facilitando o trabalho do interprete.
6. Conclusões:
1) Os princípios constitucionais, de menor densidade semântica e maior grau de 
abstração, características que possibilitam ao jurista, amplas possibilidades de interpretação, 
assegurando-lhe uma maior longevidade. São úteis para orientação da legislação futura e 
verificação da compatibilidade da legislação anterior à Constituição.
2) As regras constitucionais, diferenciadas pela maior densidade semântica e menor 
nível de abstração, características que limitam suas possibilidades de interpretação e acarreta menor 
longevidade. Prestam-se principalmente para regulação da situação específica nela normatizada.
Finalmente, cabe apenas ressaltar que todos os dispositivos constitucionais gozam de 
superioridade hierárquica sobre a legislação ordinária. No Brasil, acompanhando a tendência 
contemporânea, adotamos um conceito formal de supremacia da Constituição, de modo que 
todo e qualquer dispositivo, só pelo fato de estar prescrito em uma Constituição, goza de 
supremacia, de superioridade hierárquica sobre as demais normas integrantes de nosso 
ordenamento jurídico.
7. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
O direito constitucional, como os demais ramos do Direito, é produzido para ser 
aplicado com vistas à produção de efeitos concretos. A capacidade de incidir imediatamente 
sobre fatos regulados não é característica de todas as normas constitucionais.
Algumas normas para que cumpram suas finalidades é preciso uma legislação 
intercalar, isto é, uma lei que se interpõe entre a norma constitucional e o fato que se pretende 
regular.
De outro modo, algumas normas funcionam para atingir seus objetivos, independem de 
lei intercalar, denominadas por alguns como “norma de aplicação”. São normas de aplicação 
imediata, para as quais não há necessidade de legislação intermediária, ao contrário daquelas outras 
ditas de integração, em que uma lei aparece para integrar o comando de uma norma constitucional, 
cujo resultado será conferir-lhe plena aplicação.
7.1 Classificação das normas constitucionais e sua aplicabilidade
7.2. Classificação Americana
a) Normas Constitucionais auto-aplicáveis ou auto-executáveis: São aquelas normas 
constitucionais que possuem todos os elementos necessários à integral produção de seus efeitos 
jurídicos, não requerendo para tanto complementação pela legislação ordinária. São normas que 
descem a um nível de precisão, de detalhamento que permite sua imediata aplicação, independente 
da edição de quaisquer outras normas infraconstitucionais.
b) Normas constitucionais não auto-aplicáveis ou não auto-executáveis: São aquelas 
normas que requerem necessariamente complementação pela legislação ordinária como requisito 
para a integral deflagração de sua eficácia jurídica. São normas que não contam com todos os 
elementos estruturais de uma norma jurídica, o que impede a plena produção de seus efeitos até que 
venham a ser completado pela legislação ordinária.
7.3. Classificação de José Afonso da Silva
a) Normas constitucionais de eficácia plena: São as normas constitucionais que desde a 
entrada em vigor na Constituição estão aptas a produzir na integralidade os efeitos jurídicos a que se 
predispõem. São normas, que trazem em si mesmas todos os elementos necessários
à plena 
deflagração de seus efeitos, sem necessidade de normatização infraconstitucional posterior que as 
complemente, por isso, possuem aplicabilidade direta, imediata e integral. Exemplo: art. 44, art. 5º, 
da Constituição.
b) Normas constitucionais de eficácia contida: São aquelas que possuem todos os 
elementos necessários a imediata produção de seus efeitos, mas, admitem que os mesmos sejam 
restringidos pela legislação infraconstitucional, por certos conceitos jurídicos nela mesma previstos 
ou mesmo por outras normas constitucionais, ex. art. 5º, XIII, da CF/88.
c) Normas constitucionais de eficácia limitada: São aquelas que não foram elaboradas 
com todos os elementos indispensáveis à plena produção de seus efeitos, necessitando, para tanto, 
da edição de uma legislação infraconstitucional posterior que as complete. Enquanto não editada 
essa legislação, não estão aptas para a produção integral de seus efeitos jurídicos. Em função disso, 
sua aplicabilidade é indireta, mediata e reduzida. Exemplos: art. 18, §4º, art. 7º XIX, XX; art. 163; 
art. 194, parágrafo único, § 12º; art. 197; art. 201; art. 203, V, etc., da Constituição Federal.
7.4.Classificação de Luiz Roberto Barroso
a) Normas constitucionais definidoras de direito: Tem por objeto a previsão dos direitos 
e garantias fundamentais.
b) Normas constitucionais de organização: Tem por objeto o estabelecimento de regras 
relativas à organização do Estado e ao exercício do poder, tratando de temas como forma de Estado, 
forma e regime de governo, separação dos poderes, meios de aquisição e perda do poder, entre 
outros.
c) Normas constitucionais programáticas: São aquelas que estabelecem finalidades para 
a ação estatal.
7.5. Classificação de Maria Helena Diniz
a) Normas supereficazes ou com eficácia absoluta: Nas palavras de Gabriel Dezem 
Júnior, são aquelas “dotadas de efeito paralisante de toda a legislação infraconstitucional com elas 
incompatíveis, as quais vêm sendo identificadas nas cláusulas pétreas”.
b) Normas com eficácia plena: São as normas constitucionais que não requerem 
complementação pela legislação ordinária, já possuindo todos os elementos indispensáveis para a 
produção imediata da totalidade de seus efeitos jurídicos.
c) Normas com eficácia restringível: São as normas da Constituição que desde a sua 
entrada em vigor, já possuem todos os elementos necessários para a integral produção de seus 
efeitos jurídicos, admitindo, entretanto, que tais efeitos sejam restringidos pela legislação 
infraconstitucional.
d) Normas de eficácia relativa complementável (subdivididas em normas de princípio 
institutivo e de princípio programático): Não possuem, por si só, condições para a integral produção 
de seus efeitos jurídicos, tornando indispensável a complementação pela legislação 
infraconstitucional.
7.6. Normas constitucionais de eficácia exaurida (Uadi Lammego Bulos)
São aquelas normas que já produziram todos os efeitos jurídicos para os quais foram 
editadas, sendo encontradas no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Por exemplo, a norma contida no art. 3º do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias que prevê o processo de revisão constitucional, a ser instaurado uma só vez, após 5 
anos da promulgação da Constituição
ANOTAÇÕES: 
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FACULDADE ALFREDO NASSER
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I
PROFESSOR: MÁRCIO DO NASCIMENTO
Turma:____________________________
ALUNO 
(A):________________________________________________________________________
Data da entrega: ____/____/2013.
ORIENTAÇÕES: Este trabalho comporá a nota da prova de P2, na nota da avaliação P2. As 
questões subjetivas deveram ser manuscritas feitas pelo próprio aluno. Trabalho digitado não será 
aceito.
QUESTIONÁRIO DA UNIDADE 05 – NORMAS CONSTITUCIONAIS
1. O que significa a expressão “Toda norma jurídica possui imperatividade”.
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2. Toda norma jurídica se manifesta com a mesma intensidade quando se refere a sua 
imperatividade?
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3. Qual a diferença entre norma cogente e norma dispositiva?
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4. Defina o que seja uma norma constitucional preceptiva e norma constitucional programática.
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5. O que seria um princípio constitucional e qual a sua importância?
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6. Quais as diferenças entre uma norma constitucional e um princípio constitucional?
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7. Estabeleça a diferença entre norma constitucional auto-aplicáveis e não auto-aplicáveis.
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8. Explique a norma constitucional programática na concepção de Gaetano Azzaritti e Vezio 
Crisafuli.
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9. Explique a classificação das normas constitucionais segundo José Afonso da Silva.
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10. Quais são as diferenças entre normas de eficácia plena e normas de eficácia limitada?
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11. A norma constitucional que depende de legislação integrativa, também entra em vigor na data da 
promulgação da Constituição? Explique.
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12. O que é uma norma constitucional de eficácia exaurida?
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INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
1. A Hermenêutica e Interpretação jurídica52
A hermenêutica53 e a interpretação jurídica são fenômenos que não se 
confundem, apesar de compartilharem da mesma preocupação. Ambos se unem e se esforçam em 
torno do mesmo objetivo, que é proporcionar a todos a melhor compreensão do Direito.
Carlos Maximiliano esclarece que a hermenêutica é a “teoria da arte de 
interpretar”, de modo que a interpretação é aplicação da hermenêutica, e a hermenêutica é a 
ciência que descortina e estabelece os princípios que regem a interpretação. Nas palavras do mestre: 
“ Hermenêutica Jurídica tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para 
determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito”.
A hermenêutica, portanto, é o domínio da ciência jurídica que se ocupa em 
formular e sistematizar os princípios que subsidiarão a interpretação, enquanto a interpretação é 
atividade prática que se dispõe a determinar o sentido e o alcance dos enunciados normativos. A 
hermenêutica fornece as ferramentas teóricas que serão manejadas pelo interprete na busca da 
compreensão das disposições normativas.
A hermenêutica ilumina o caminho a ser percorrido pelo interprete e isso 
demonstra a sua importância para o Direito, pois cumpre a ela teorizar os princípios de interpretação 
jurídica. Assim, podemos dizer que, apesar de inconfundíveis, há uma relação mútua de 
dependência entre hermenêutica e a interpretação jurídica, na medida em que sem a 
hermenêutica não se interpreta, e sem a interpretação a hermenêutica se torna inútil e 
desnecessária. No processo de compreensão do Direito, hermenêutica e interpretação são dois 
lados da mesma moeda.
Mas a tarefa de explorar os textos normativos é atribuída à interpretação 
jurídica, não à hermenêutica. E por interpretação jurídica deve-se entender a atividade prática de 
revelar/atribuir o sentido e o alcance das disposições normativas, com a finalidade de aplicá-las a 
situações concretas, pois interpretar é determinar o conteúdo e significado dos textos visando 
solucionar o caso concreto. Não se interpreta em vão, ou por diletantismo, mas para resolver os 
problemas jurídicos concretos.
A interpretação, portanto, envolve duas atividades – uma voltada a 
desvendar/construir o sentido do enunciado normativo e outra destinada a concretizar o enunciado 
- e, nesse sentido, apresenta-se também como uma técnica de redução da natural distância que 
existe entre a generalidade dos textos normativos e a singularidade do caso concreto. Assim, 
interpretar é também concretizar; e concretizar é aplicar o enunciado normativo, abstrato e geral, à 
situações particulares e concretas.
52 Curso de Direito Constitucional, Dirley da Cunha Júnior, pág. 194, , Editora Podium.
53 A ciência que estuda a interpretação é a hermenêutica: este domínio teórico e especulativo tem por objeto 
sistematizar critérios, métodos, regras, princípios científicos que possibilitem a descoberta do conteúdo, sentido, 
alcance e significado das normas jurídicas. Foi a hermenêutica, por exemplo, que formulou os diversos processos 
interpretativos usados para resolver dogmaticamente, os problemas do Direito (gramatical, sistemático, histórico, 
teleológico, lógico, autêntico, popular, etc).
2. Razões de imprescindibilidade da atividade interpretativa
Segundo Celso Ribeiro Bastos54, entende a interpretação como a determinação do 
conteúdo exato das palavras, a imputação do significado à norma, sua explicitação em concreto, em 
face de determinado caso. É a reconstrução do conteúdo da norma.
Para Javier Perez Royo, “A interpretação é a sombra que segue o corpo. Da 
mesma maneira que nenhum corpo pode livrar-se da sua sombra, o Direito tampouco pode 
livrar-se da interpretação,” E algum já disse: “Sem interpretação não há direito ou não há direito 
que não exija ser interpretado.”
Isso porque como se sabe, as palavras, mesmo em Direito, revestem-se, 
invariavelmente, de certa imprecisão que surge em alguns casos como uma abstratividade 
exacerbada, ou como de conteúdo plúrimo. Com isto, sua exatidão é abandonada, restando vago seu 
teor. O conteúdo de cada expressão, embora definível, resta indefinido porque vários são os 
significados que um mesmo termo pode revelar. E a razão disso está principalmente no fato de que 
os preceitos normativos são sempre abstrações da realidade. Para que a lei cumpra seu propósito de 
disciplinar um número infindável de situações, faz-se necessário recorrer a um alto nível de 
generalidade e abstração, o que acarreta, inevitavelmente, a imprecisão terminológica.
Dito de outra maneira, a linguagem, suporte físico da lei, é viciada por termos 
vagos e equívocos, e em muitos casos pela própria má utilização da própria linguagem. Mas não é 
apenas isso, como poderia parecer à primeira vista, o campo no qual a interpretação desenvolve-se. 
A interpretação é sempre um pressuposto necessário para a aplicação da regra jurídica.
Constitui um ideal iluminista de aplicação mecanicista do Direito a aceitação de 
que os significados das palavras são (ou poderiam ser) tão evidentes que o intérprete cumpriria sua 
missão se lesse atentamente as disposições que interpreta.
A interpretação é sempre devedora de suas concepções à idéia de Direito a qual 
comungue o intérprete. A visão positivista, v. g., tem suas regras interpretativas próprias.
Assim, interpretar é imprimir um significado válido à norma interpretada. Produto 
da interpretação será uma decisão sobre a regulamentação jurídica de determinado caso 
concreto.Trata-se de alcançar o significado objetivamente válido de um preceito ou disposição 
jurídica.
Já que os objetos culturais, em geral, são portadores de um sentido, não sendo a lei 
exceção, a essa regra, tem-se na interpretação a atividade que vai buscar a exata compreensão dessa 
lei.
A interpretação deriva das dúvidas que a norma que se interpreta gera. Em outras 
palavras, a interpretação tem origem nas dúvidas suscitadas em face da letra da lei, entendida esta 
como o texto jurídico integrante de determinado ordenamento jurídico.
A hesitação diante da letra da lei ocorre no momento de aplicação do Direito. Por 
isso é que se pode validamente dizer que, por meio da interpretação, busca-se fixar o conteúdo 
próprio da norma que será aplicada. Trata-se de um verdadeiro esclarecimento da norma jurídica 
com vistas à sua execução.
54 Hermenêutica e Interpretação Constitucional, 2ª Edição revista e ampliada, Celso Bastos Editor.
Parece serem dois os níveis a ser discriminado. Num primeiro, situado no campo 
teórico, encontramos os textos secos da lei, que abarca num número indefinível de situações fáticas. 
Aqui poucas serão as dúvidas existentes. O texto assim posto vige, revogando as normas anteriores 
que lhe forem contrárias, e desde que se apresente de acordo com a norma jurídica que lhe dá 
suporte e validade, tudo em consonância com as regras e princípios constitucionais.
Num segundo momento, há de se enfrentar o caso concreto, a fim de pô-lo em 
confronto com as normas jurídicas, Surgem assim as dúvidas interpretativas daquela regra abstrata 
em face do caso real, ou seja, se e como ela deverá ser aplicada. Além dessas incertezas, temos as já 
decorrentes da própria linguagem legal, bem como da má utilização desta.
Não obstante isso, não se nega que também a própria interpretação em si gere suas 
hesitações, o que se deve ao fato de não se estar diante de um raciocínio lógico, matemático, mas 
sim diante de uma tomada de decisão, com vários sentidos passíveis de serem auferidos. E é 
justamente aqui que entram postulados, instrumentais e diretrizes interpretativas (estudados 
amplamente pela hermenêutica). Servem elas para delinear este conjunto de instrumentos que 
devem presidir a busca de um significado jurídico válido. Em virtude disso é que a fundamentação 
das decisões interpretativas é tão importante, imprescindível mesmo, constituindo
atualmente 
mandamento constitucional expresso.
Por fim, a interpretação no campo jurídico é, concluindo, indispensável e será 
tanto mais necessária quanto maior for o grau de abstratividade ou tanto mais esteja a norma voltada 
apenas a fins (como as normas constitucionais programáticas). E o intérprete nunca será 
absolutamente neutro, pois há uma defasagem entre a norma e o caso que a ele se submete. É 
exatamente esse vazio que deve ser preenchido pelo intérprete, que é preenchido em grande parte 
com preconceitos, valores e visões pessoais do aplicador da lei. O Direito é essencialmente 
voluntarista, vale dizer, necessita da vontade do intérprete. Mas só esta não legitima o seu uso. Na 
verdade, o mundo jurídico só aceita a legitimação que lhe é própria e que envolve a utilização do 
discurso jurídico-normativo. O certo é que, em havendo o exercício da personalidade no ato 
interpretativo, não se pode desdenhar o alto grau de possibilidade de chegar a resultados diversos.
3. O que é interpretar a Constituição?
Interpretar a constituição é descobrir o significado, o conteúdo e o alcance dos 
símbolos lingüísticos escritos em seus artigos, parágrafos, incisos e alíneas. 
Mediante a interpretação ou exegese constitucional, encontramos:
 O conteúdo semântico dos enunciados normativos dispostos nos artigos, 
parágrafos, incisos e alíneas das constituições: Exemplo: a palavra casa, 
no art. 5, XI, da Constituição brasileira, possui um significado amplo, 
englobando o escritório do advogado, o consultório de um médico, uma 
imobiliária, e não apenas o domicílio civil – local onde se mantém 
residência com ânimo definitivo (STF, RT, 670:273).
 O sentido racional, lógico e justo para efetivar a vontade da constituição. 
Exemplo: a EC n. 40, de 29-05-2003, revogou o § 3º do art. 192, que 
limitava a taxa de juros. Nem por isso as instituições bancárias poderiam 
fazer o que fazem: cobrar juros sobre juros (anatocismo).
 O espaço de decisão (= campo de interpretação das normas 
constitucionais). Esse espaço pode ser ampliado, via exegese extensiva, ou 
diminuindo, por exegese restritiva. Exemplo: o art. 205 do texto de 1988 
diz que o campo de exegese desse preceito programático abarca o dever 
de as emissoras de televisão primarem pela qualidade das matérias 
transmitidas.
Sem embargo, a atividade interpretativa das constituições engloba momentos 
complementares, os quais equivalem a estágios componentes de uma mesma operação mental. 
Vejamos esse estágios:
 Construção – expediente supletivo, desenvolvido pela Suprema Corte 
norte-americana, por meio do qual se constrói ou recompõe o direito 
aplicável, nas circunstâncias de premência e necessidade, para suprir as 
deficiências ou imperfeições da manifestação constituinte originária, que 
pode ensejar mutações constitucionais.
 Concretização (ou densificação) – permite o preenchimento do campo de 
exegese da norma constitucional, de modo a tornar possível a resolução de 
problemas concretos.
 Aplicação – último estágio do processo interpretativo.
4. A quem compete interpretar a Constituição?
Interprete, do latim interpres, é aquele que descortina o significado de uma norma 
jurídica, desentranhando a mensagem positivada nos textos legais. O interprete desvenda o 
significado das palavras contidas nos textos legais, esmiuçando-lhes a essência. 
Não são apenas os órgãos incumbidos de aplicar o Direito que podem interpretar 
as normas supremas do Estado. Ninguém tem o monopólio da interpretação constitucional, nem 
mesmo o Poder Judiciário, aplicador do Direito por excelência.
Advogados, membros do Ministério Público, integrantes dos Poderes Executivo e 
Legislativo, juristas, doutrinadores, pareceristas, cidadãos, todos, enfim, que vivem sob a égide de 
uma carta magna, são os seus legítimos intérpretes.
Essa foi a mensagem que Peter Häberle procurou transmitir com a tese da 
sociedade aberta dos intérpretes da constituição. Mas ao propalar que a interpretação das 
constituições não é evento exclusivamente estatal, Häberle não desprezou a interpretação judiciária, 
estágio antecedente à aplicação autoritativa do Direito ao caso concreto.
Evidente que, no momento de aplicar, no caso sub judice, a carta suprema, são os 
titulares da jurisdição constitucional que determinam a exegese prevalente. É o Supremo Tribunal 
Federal quem profere a última palavra em matéria de interpretação da constituição.
Isso em nada diminui a importância dos co-partícipes do processo exegético, que 
atuam como intérpretes indiretos ou pré-intérpretes, os quais podem influir, a longo prazo, na 
tomada de decisões.
O que a tese häberliana sugere é abrir o rol cerrado ou fixado com numerus 
clausus de interpretes, para democratizar a exegese constitucional, de sorte que os casos de grande 
repercussão sejam, previamente, discutidos por todos, antes de serem sentenciados pelo Poder 
Judiciário.
5. Não há receita pronta e acabada para interpretar a Constituição
A interpretação de qualquer norma jurídica é um ato de vontade associado a um 
ato de conhecimento. Dentre as várias possibilidades interpretativas, o Poder Judiciário escolhe a 
que melhor se amolda ao caso concreto.
Decerto, todos os métodos, técnicas, processos e regras de exegese, até hoje 
elaboradas, conduzem sempre a um resultado apenas possível, mas não o único correto. Sobretudo, 
porque o ato de interpretar deriva do espírito humano e se este é imperfeito e falível, claro que não 
há exatidão nesse campo.
Por isso, não existe critério matemático para levar o intérprete a dar relevância 
jurídica a alguns eventos e ignorar outros. Isso, entretanto, não descarta a enorme utilidade de todos 
os artifícios criados pelo homem para compreender o significado das normas constitucionais. 
Contudo, estes artifícios não são absolutos e não passam de simples propostas, retiradas da 
observação e vivência histórico-cultural dos seus adeptos. São relativos e complementares.
Relativos, porque o contexto fático-normativo, no qual irão incidir, é variado, 
multifacetário e infinito, complementares, porque um complementa o outro.
Logo, o intérprete, consciente da fragilidade de todos eles, deve, na exegese 
constitucional, utilizar todos os recursos que estiverem ao seu alcance. Quando a necessidade exigir, 
é preciso que se tenha uma visão restrita da norma constitucional. Noutros casos, porém, há de se 
considerar a totalidade do sistema, até porque é comum o constituinte desdobrar uma mesma norma 
em várias partes (dispositivos).
Conclusão: Não existe um só caminho para interpretar a Constituição. Em matéria 
de interpretação da Constituição não há “método por excelência”. Tudo é bem-vindo. Dos métodos 
tradicionais aos contemporâneos.
6. Uso dos métodos tradicionais de exegese na interpretação constitucional
Embora criados para interpretar as normas de Direito Civil, os métodos clássicos 
de exegese, definidos por Savigny, e aperfeiçoados com o tempo, afiguram-se utilíssimos ainda 
hoje, embora, como veremos, não sejam capazes de resolver a unanimidade dos problemas 
detectados nas constituições contemporâneas.
São eles: o gramatical, o sistemático, o histórico, o teleológico, o lógico, o 
autentico, o popular, o doutrinário e o evolutivo.
Significado de cada um:
a) Gramatical: também chamado literal, semântico ou filológico, estriba-se em 
princípios de lingüística. Propõe o exame de cada termo normativo, observando-se a pontuação, a 
etimologia e a colocação das palavras.
b) sistemático: busca o todo constitucional, destacando-se nas constituições 
dirigentes, amplas e analíticas, como
a brasileira de 1988, em que um mesmo assunto vem repetido 
em vários preceitos. Mas isso não significa que este seja o “método por excelência”, pois, nos 
assuntos constitucionais, é impossível, estipular fórmulas prontas e definitivas de exegese. O 
método sistemático desempenha importante mister, pois as cartas supremas não são conglomerados 
de normas desconexas entre si. Ao invés, apresentam-se de modo coordenado, em feixes, orgânicos, 
procurando formar unidade de sentido. Os seus elementos mantêm vínculo de inter-relação e 
interdependência, em que tudo o mais se coloca sub specie do mesmo conjunto. Essa verídica 
constatação, todavia, não minora a importância das demais técnicas interpretativas.
c) Histórico: investiga os projetos de lei, a justiticativa, a exposição de motivos, a 
discussão, as emendas, a aprovação, as condições culturais e psicológicas que resultaram no 
trabalho de elaboração normativa (occasio legis).
d) Teleológico: também denominado sociológico, visa descobrir a finalidade da 
norma constitucional e os valores por ela perseguidos, adequando-os às exigências sociais.
e) Lógico: procura a coerência e a harmonia das expressões constitucionais. Por 
meio de raciocínios dedutivos, sem considerar elementos de natureza exterior, perquire as normas 
em si, ou em conjunto.
f) Popular: a atividade interpretativa é concretizada pela participação das massas, 
dos grupos de pressão, dos partidos políticos, dos sindicatos, das associações e entidades de classe 
mediante os mecanismos consagrados na ordem jurídica, como o plebiscito, o referendum, o recall, 
a iniciativa, o veto popular, o povo influencia no labor interpretativo das normas constitucionais.
 g) Doutrinário: consubstancia-se na doutrina, desenvolvida pela meditação dos 
juristas. 
h) Evolutiva: atribui às normas fundamentais do Estado novos sentidos, 
significados e alcances, outrora não salientados no momento de elaboração da constituição, 
Assemelha-se com o fenômeno da mutação constitucional.
Esses métodos se efetivam mediante subsunção, que é o processo silogístico pelo 
qual o juiz trilha o seguinte roteiro:
NORMA CONSTITUCIONAL (premissa maior) + FATO (premissa 
menor) = SENTENÇA (aplicação do conteúdo da norma ao caso concreto)
Assim, pela técnica subsuntiva, o magistrado examina a norma em cotejo com os 
fatos para depois, então, decidir.
Nesse processo silogístico, o juiz toma como base os métodos tradicionais de 
hermenêutica, que, combinados entre si, o em separado, revelam o sentido e o alcance das normas 
constitucionais.
No exercício de subsunção dos fatos à norma, portanto, o magistrado combina o 
vernáculo (elemento literal), a logicidade do conteúdo (elemento lógico), o nascimento do preceito 
(elemento histórico), o contexto normativo (elemento sistemático), a meditação dos juristas 
(elemento doutrinário), as mudanças sociais (elemento evolutivo) e os anseios democráticos 
(elemento popular).
Por isso a exegese constitucional clássica finca-se na idéia de que nenhum 
elemento exegético conduz isoladamente, a resultados líquidos. Somente a combinação de todos 
eles é capaz de revelar o significado das normas constitucionais.
Por isso, Uadi Lammego Bulos, diz que, na subsunção clássica o juiz só reconhece 
o conteúdo preexistente na norma, sem ir adiante. Mesmo se for preciso, ele não constrói uma 
solução jurídica para o caso concreto, pois pela dogmática interpretativa tradicional, o magistrado é 
“a boca que pronuncia as palavras da lei”. E acrescenta:
“Apenas revela o conteúdo presente nos comandos normativos, sem moderar-lhes 
a força e o rigor. Não empreende qualquer papel criativo. Estriba seu pensamento 
na cientificidade do Direito, empregando a lógica formal em busca de uma 
“pureza” teórica. Acredita no dogma da completude do ordenamento. Posta-se, 
muitas vezes, como um ser inanimado, um autômato de decisões, exercendo seu 
mister de modo mecânico ou puramente racional.”
Assim, a exegese clássica das normas constitucionais, útil em diversas situações, 
não satisfaz, totalmente, os reclamos de justiça, a ponto de solver a unanimidade dos problemas 
interpretativos das constituições contemporâneas. Pois, os métodos tradicionais nem sempre 
realizam a vontade da constituição. Deve ser realçado que quando foram criados, no século XIX, as 
necessidades eram diferentes. Não se falava, por exemplo, em teoria da argumentação na exegese 
jurídica, ponderação de valores, dimensão principiológica das constituições, filtragem 
constitucional, etc.
Contudo, vale reiterar, que os métodos tradicionais de interpretação ainda são 
valiosos na atualidade. Diversas situações em que o simples silogismo, a mera subsunção do fato à 
norma, resultando na sentença, ainda é a saída.
Mas, é preciso frisar, nas constituições contemporâneas é preciso o intérprete ir 
além investigando as entranhas do texto legal, pois o mero ato de revelar o conteúdo preexistente na 
norma constitucional, sem qualquer criatividade nem sempre é capaz de realizar, finalisticamente, a 
vontade de cartas constitucionais prolixas, confusas, repetitivas e enormes, como a brasileira de 
1988.
6.1 A nova Interpretação constitucional55
A idéia de uma nova interpretação constitucional liga-se ao desenvolvimento de 
algumas fórmulas originais de realização da vontade da Constituição. Não importa em desprezo ou 
abandono do método clássico – o subsuntivo, fundado na aplica de regras – nem dos elementos 
tradicionais da hermenêutica: gramatical, histórico, sistemático e teleológico. Ao contrário, 
continuam eles a desempenhar um papel relevante na busca do sentido das normas e na solução de 
casos concretos. Relevante, mas nem sempre suficientes.
Mesmo no quadro da dogmática jurídica tradicional, já haviam sido sistematizados 
diversos princípios específicos de interpretação constitucional, aptos a superar as limitações da 
interpretação constitucional convencional, concebida, sobretudo em função da legislação 
infraconstitucional, e mais especialmente ao direito civil. A grande virada na interpretação 
constitucional se deu partir da difusão de uma constatação que, além de singela, sequer era original: 
não é verdadeira crença de que as normas jurídicas em geral – e as normas constitucionais em 
particular – tragam sempre em si um sentido único, objetivo, válido para todas as situações as quais 
incidem. E que, assim, caberia ao intérprete uma atividade de mera revelação do conteúdo 
preexistente na norma, sem desempenhar qualquer papel criativo na sua concretização.
A nova interpretação constitucional assenta-se no exato oposto de tal proposição; 
as cláusulas constitucionais, por seu conteúdo aberto, principiológico e extremamente dependente 
da realidade subjacente, não se prestam ao sentido unívoco e objetivo que uma certa tradição 
exegética lhes pretende dar. O relato da norma, muitas vezes, demarca apenas uma moldura dentro 
da qual se desenham diferentes possibilidades interpretativas. À vista dos elementos do caso 
55 Interpretação e aplicação da Constituição, Luís Roberto Barroso, 7ª Ed. Editora Saraiva.
concreto, dos princípios a serem preservados e dos fins a serem realizados é que será determinado o 
sentido da norma, com vistas à produção da solução constitucionalmente adequada para o problema 
a ser resolvido.
Portanto, ao se falar em nova interpretação constitucional, normatividade dos 
princípios, ponderação de valores, teoria da argumentação, não se está renegando o conhecimento 
convencional, a importância das regras ou a valia das soluções subsuntivas. Embora a história das 
ciências se faça, por vezes, em movimentos revolucionários de ruptura,
não é disso que se trata 
aqui. A nova interpretação constitucional é fruto de evolução seletiva, que conserva muitos dos 
conceitos tradicionais, aos quais todavia, agrega idéias que anunciam novos tempos e acodem a 
novas demandas.
7. Técnicas de interpretação constitucional
Técnicas de interpretação constitucional são ferramentas que auxiliam o intérprete 
na tarefa de descobrir o significado e as conexões de sentido das normas supremas do Estado. 
Quando combinadas entre si apresentam grande utilidade no trabalho interpretativo da Constituição, 
embora possam ser usadas isoladamente.
As técnicas de interpretação constitucional servem para interpretar casos difíceis 
(hard cases), os quais exigem maior energia mental do exegeta, que atua num campo subjetivo, 
onde prevalece a discricionariedade na escolha da interpretação mais condizente com a situação 
prática.
Por isso é que essas técnicas visam abrandar o formalismo estéril e o simples 
silogismo clássico, concretizando o sentido mais profundo das constituições analíticas, como a 
brasileira de 1988.
Essas técnicas interpretativas marcam presença na jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal, embora nem sempre as vejamos explicitadas em seus julgados. Vejamos algumas:
a) Técnica da máxima efetividade
Também chamada de técnica de eficiência ou da interpretação efetiva. Sua 
finalidade é imprimir eficácia social ou efetividade às normas constitucionais, extraindo-lhes o 
maior conteúdo possível, principalmente em matéria de direitos fundamentais. 
A palavra de ordem e conferir às normas uma interpretação que as leve a uma 
realização prática, fazendo prevalecer os fatos e os valores nela consignados. 
Guilherme Pena de Moraes assevera: “Deveras, todas as normas constitucionais 
são providas de eficácia, embora possa haver diferenciação quanto à graduação desta, pelo motivo 
de que as normas constitucionais que pretendam conferir direitos subjetivos, expostos por 
prestações materiais, são revestidas de eficácia positiva, pois permitem que seus beneficiários ou 
destinatários exijam as prestações que constituem o objeto do direito subjetivo perante o Poder 
Judiciário, com o propósito de assegurar o mínimo existencial e atender à reserva do possível, ao 
passo que as normas constitucionais que pretendam delimitar os fins a serem alcançados pelo 
Estado e sociedade, sem a especificação dos meios para a obtenção das finalidades colimadas, são 
revestidos de eficácia negativa, porque não somente proíbem a implementação de políticas que 
contrariem as prescrições imanentes às normas constitucionais programáticas, como também 
invalidam a revogação de normas infraconstitucionais, que regulamentavam normas constitucionais 
programáticas, sem a determinação de política substitutiva ou equivalente, pelos Poderes Executivo 
e Legislativo, respectivamente, com a vedação do retrocesso.
Uadi Lammêgo Bulos, por sua vez, lança crítica a timidez do Judiciário brasileiro, 
no tocante a aplicação desta técnica:
“No Brasil, a técnica da máxima efetividade ainda é um sonho. Aqui a síndrome 
da inefetividade das constituições impede a sua realização plena.
Não raro, tem prevalecido o argumento jurisprudencial de que uma dada norma 
não pode ser aplicada porque o legislador não a regulamentou, como se a 
criatividade do juiz e os reclamos de justiça inexistissem.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem-se mostrado tímida quanto à 
importância da técnica da máxima efetividade. Algumas decisões têm, até mesmo, 
contribuído para o seu completo esquecimento. Nesse particular, a polêmica 
cobrança de juros reais. Entendeu a Corte que o extinto § 3º do art. 192 da Carta 
de 1988 dependia de lei complementar para definir as minudências do assunto. 
Logo, não seria auto-aplicável.”
b) Técnica da força normativa da constituição
Numa perspectiva jurídica, ficou de há muito assentada a ideia de que a 
Constituição é norma jurídica e, como tal, dispõe de força normativa suficiente para vincular e 
impor os seus comandos.
Quando duas ou mais interpretações possíveis surgirem, deve-se priorizar a que 
assegure maior eficácia, aplicabilidade e estabilidade às normas constitucionais.
Nisso, é dado ao intérprete atualizar os preceitos constitucionais, tornando-os 
efetivos e estáveis; afinal, eles possuem força normativa, devendo ser cumpridos e aplicados.
Por isso, as normas constitucionais, precisam se desenvolver, sair do texto, para 
regular a realidade com a qual deve manter íntima e constante relação. Cumpre ao intérprete a tarefa 
de preservar a força normativa da Constituição, através de um trabalho de atualização de suas 
normas, garantindo a sua íntima eficácia e permanência.
c) Técnica da unidade da constituição
O princípio da Unidade da Constituição serve para evitar contradições ou 
antinomias, harmonizando os espaços de tensão das normas constitucionais. Guilherme Peña de 
Moraes enfatiza que a Constituição atribui caráter sistemático ao ordenamento jurídico, uma vez 
que as normas constitucionais, revestidas da natureza de princípios (normas com alto grau de 
abstração, consagradoras de valores, pelo que é necessário a mediação concretizadora) ou regras 
(normas com pouco grau de abstração, concretizadoras de princípios, pelo que é possível a 
aplicação coercitiva), com relação de fundamentação a partir daquelas até estas, consistem em 
fundamento de validade comum de todas as normas jurídicas que integram a mesma o ordem 
constitucional, de sorte que não há hierarquia normativa, pois são oriundas da mesma fonte de 
direito, sem embargo da possibilidade de existência de hierarquia axiológica, porque são informadas 
por valores diferentes, no processo de densificação principiologica, entre as normas constitucionais.
Pela unidade da constituição, o texto maior não comporta hierarquia entre suas 
próprias normas, pois o que se busca, por seu intermédio, é o todo constitucional, e não preceitos 
isolados ou dispersos entre si.
Por isso, em caso de confrontos normativos, a palavra de ordem é apaziguar os 
dispositivos conflitantes do sistema.
A técnica da unidade, assim, privilegia o caráter uno das constituições, reforçando 
a unidade política do Estado, o pacto federativo, o vetor republicano e separação de Poderes. Se 
necessário, reduz ou amplia o alcance dos preceitos constitucionais, priorizando valores 
imprescindíveis, como a vida, a igualdade, a propriedade, as liberdades públicas, os princípios 
fundamentais, etc.
d) Técnica da ponderação de valores ou interesses
Técnica da ponderação de valores ou interesses é o recurso colocado ao dispor do 
interprete para que ele avalie qual o bem constitucional que deve prevalecer perante situações de 
conflito. Por seu intermédio, procura-se estabelecer o peso relativo de cada um dos princípios 
contrapostos.
Como os bens constitucionais não são uns superiores aos outros, afinal integram 
um mesmo texto magno, e foram procriados pelo mesmo poder constituinte, apenas pelo estudo do 
caso concreto saberemos qual deve preponderar.
À vista da situação prática, o interprete analisa qual o bem que deve ceder perante 
o outro, sempre buscando o resultado socialmente desejável. O exegeta faz concessões recíprocas, 
sacrificando determinado princípio a fim de priorizar o interesse mais racional para reger o caso 
concreto.
Exemplos:
- quebra do sigilo bancário x privacidade de dados – prevalece a quebra do 
segredo nos casos de macrocriminalidade, como na lavagem de dinheiro para manter o narcotráfico; 
aqui o combate ao crime organizado predomina no lugar dos valores albergados no art. 5º, X, da 
Carta Maior.
- rodízio de automóveis x liberdade de
locomoção – prevalece o rodízio, haja vista 
a garantia do meio ambiente saudável (art. 225); como se pode andar a pé, em transporte coletivo, 
bicicleta, moto, carona, etc., não há qualquer desrespeito ao direito constitucional de ir e vir (art. 5º, 
XV);
- proibição de publicação atentatória à honra e à imagem x liberdade intelectual 
– prevalece a honra e a imagem, valores supremos, inalienáveis (art. 5º, X), que ultrapassam a 
liberdade intelectual e a proibição de censura (CF, art. 5º, IX);
- farra do boi x proteção aos animais – prevalece a preservação da vida dos bois, e 
não a crueldade das formas primitivas de recreação (art. 225, § 1º, VII), tampouco o princípio que 
alberga manifestações populares (art. 215, § 1º).
- direito social à moradia x penhorabilidade do bem de família – prevalece, no 
entendimento do Supremo Tribunal Federal, a impenhorabilidade da moradia do homem e sua 
família, direito fundamental de segunda geração.
Mas a ponderação serve, também, para delimitar conceitos jurídicos 
indeterminados. Exemplo: no entendimento do que seja “valores éticos da pessoa e da família” (CF, 
art. 221, IV), é dado ao juiz ponderar qual o sentido que se deve atribuir a essa frase, escolhendo o 
significado que melhor se amolde ao caso concreto.
Em nossos dias, a ponderação adquiriu lugar de destaque.
Se, no passado, as normas constitucionais seguiam uma lógica unidirecional para 
serem entendidas e aplicadas pelo Poder Judiciário, hoje em dia prevalece a lógica multidirecional, 
em que o intérprete das constituições lida com programas normativos dialeticamente conflitantes.
Basta ver que, pela dogmática clássica, quando o juiz se depara com leis 
conflitantes, utiliza os critérios hierárquico (a lei superior prevalece sobre a inferior), cronológico 
(a lei posterior prevalece sobre a anterior) e da especialização (lei específica prevalece sobre lei 
geral).
Ora, esses critérios são insatisfatórios para dirimir colisões entre princípios 
constitucionais conflitantes numa mesma constituição, até mesmo os que consagram direitos 
fundamentais.
O Texto de 1988, por exemplo, tutelou valores em rota de colisão, pois ao 
comparar suas normas, vemos situações potencialmente antagônicas. É o caso:
- da livre iniciativa (art. 1º, IV) e da intervenção do Estado na economia (art. 174);
- da liberdade de expressão (art. 5º, IX) e do direito à privacidade (art. 5º, X);
- do direito de propriedade (art. 5º, XXII) e de sua função social (at. 5º, XXIII); e
- o direito à honra (art. 5º X ) e da liberdade de informação (art. 220).
Pelo silogismo clássico, não seria possível saber quais desses bens devem 
prevalecer. A simples soma da norma constitucional (premissa maior) com o fato (premissa menor) 
mostra-se insuficiente para sanar confrontos entre eles. Daí os estudiosos defenderem o uso da 
ponderação. Ela se distingue da interpretação clássica:
Exegese tradicional

Exame da norma + análise do fato = sentença
Técnica da ponderação

Identificação dos bens em conflito + exame conjunto das circunstâncias concretas e das normas 
aplicáveis ao fato + apuração dos pesos que devem ser atribuídos a cada um dos bens em disputa + 
escolha da norma que deve preponderar = sentença
Como se vê, o exercício da ponderação é mais demorado e complexo do que a 
exegese convencional.
Segundo Uadi Lammego Bulos, a ponderação, muito mais do que uma técnica 
decisória, constitui um valiosíssimo princípio de exegese, aplicável perante casos difíceis, 
impossíveis de ser resolvidos pelo silogismo convencional.
Por seu intermédio, o exegeta realiza o dever de proporcionalidade, balanceando e 
sopesando bens em disputa, interesses, valores, princípios e normas colidentes.
Ou seja, não é dado ao intérprete agir arbitrariamente, sem senso de proporção. 
Do contrário, a escolha de um dos interesses em jogo, com a respectiva anulação do outro violaria o 
texto constitucional.
Assim, não se pode deixar de mencionar, no domínio da interpretação 
constitucional, o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade.
O princípio objetiva conter o arbítrio e viabilizar a moderação no exercício do 
poder, tendo em vista a proteção dos indivíduos. Assim, os atos do Poder Público devem ser 
adequados e proporcionais relativamente às situações que visem atender.
Por isso o princípio da proporcionalidade visa coibir, o arbítrio do Poder Público, 
invalidando leis e atos administrativos abusivos, contrários aos valores abrigados pela Constituição.
Se no domínio da atividade administrativa, o princípio da proporcionalidade visa 
controlar a compatibilidade dos atos da administração com os interesses coletivos tutelados, e a sua 
proporcionalidade, diante das restrições aos direitos dos administrados, no âmbito da atividade 
legislativa, o princípio, também conhecido como princípio da proibição do excesso, deve ser usado 
como parâmetro do controle da constitucionalidade, para impedir que o legislador estabeleça 
restrições desproporcionais, editando leis caprichosas, desarrazoadas e lesivas aos cidadãos. O 
poder de legislar não pode, desse modo, ir até o abuso, o excesso, o desvio.
Conforme Luís Roberto Barroso, o princípio da proporcionalidade “permite ao 
Judiciário invalidar atos legislativos ou atos administrativos quando: a) não haja relação de 
adequação entre o fim visado e o meio empregado; b) a medida não seja exigível ou necessária, 
havendo meio alternativo para chegar ao mesmo resultado com menor ônus a um direito individual; 
c) não haja proporcionalidade em sentido estrito, ou seja, o que se perde com a medida é de 
maior relevo do que aquilo que se ganha”.
Por tudo isso é que, no âmbito da interpretação constitucional, o Poder Judiciário 
deve verificar, quando da aplicação do princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade, se a 
norma, para se conformar aos princípios:
1) revela-se apta para os fins a que se destina, ou seja, mostre-se adequada;
2) seja menos gravosa possível para que se atinjam tais fins;
3) cause benefícios superiores às desvantagens que proporciona. Destas 
características do princípio da proporcionalidade decorrem os subprincípios 
denominados pela doutrina alemã de adequação, necessidade ou exigibilidade 
e proporcionalidade em sentido estrito.
A adequação, conhecida também como subprincípio da idoneidade, pertinência, 
conformidade ou aptidão, significa que a medida deve ser adequada aos motivos que a 
impulsionaram e ás finalidades que persegue. Há exigência de que a medida deva ser apta para a 
consecução do desiderato social eleito, e averigua-se a utilidade e a idoneidade do meio para atingir 
o resultado pretendido.
A necessidade, também denominada de subprincípio da exigibilidade, proibição 
do excesso, intervenção mínima, indispensabilidade, quer dizer que a conduta estatal não deve 
exceder ao imprescindível para a realização do fim jurídico a que se propõe. Desse modo, o meio 
empregado há de ser o mais leve, o menos gravoso para os direitos fundamentais. Não se deve 
existir meio menos oneroso do que aquele escolhido para o atingimento da mesma ou semelhante 
finalidade.
A proporcionalidade em sentido estrito implica no sopesamento dos interesses 
em jogo, isto é, a ponderação das tensões entre os princípios em concorrência: pesa-se as 
desvantagens dos meios em relação às vantagens dos fins. A providência adotada deve ser 
proporcional ao conjunto de interesses jurídicos em exame. O que se ganha com a medida deve ser 
mais lucrativo do que aquilo que se perde. Poderá-se o prejuízo relativamente ao benefício trazido, 
sendo que a vantagem do ato deve ser superior as eventuais desvantagens que dele resultam.
8. Princípios de Interpretação Constitucional
A hermenêutica constitucional é a disciplina cientifica, cujo objeto precípuo é o 
estudo e a sistematização dos princípios de interpretação da Constituição, de sorte que esta consiste 
na aplicação daquela.
Ante o exposto, a interpretação constitucional é informada por 06 (seis) princípios, 
a saber: 1) supremacia da Constituição. 2) unidade da Constituição; 3) interpretação conforme a 
Constituição; 4) presunção de constitucionalidade; 5) máxima efetividade, e 6) razoabilidade. Com 
já tratamos no tópico precedente os princípios da unidade da constituição, máxima efetividade e 
razoabilidade, trataremos neste tópico os princípios constitucionais restantes.
8.1. Princípio da Supremacia da Constituição
O princípio da supremacia constitucional denota que a Constituição veicula as 
normas jurídicas de máxima hierarquia o sistema de Direito Positivo, figurando como fundamento 
de validade de todo ordenamento normativo.
Acentua-se que a supremacia, sob os aspectos de forma e de matéria, é 
decomposta em supremacia formal e supremacia material. De um lado, a supremacia formal induz a 
relação de hierarquia entre a Constituição e as demais espécies normativas, eis que a primeira é 
produzida pelo poder constituinte originário, ao passo que as segundas são produzidas pelo pelos 
poderes constituídos, sendo aquele qualificado como anterior e superior em face destes. De outro 
lado, a supremacia material indica a maior importância das normas constitucionais.
8.2. Princípio da Presunção de Constitucionalidade
O princípio da presunção de constitucionalidade das leis e atos normativos 
exprime que as normas jurídicas são dotadas da presunção relativa de validade, que pode ser elidida 
ou convertida em presunção absoluta de validade, em razão da declaração de inconstitucionalidade 
ou constitucionalidade, em razão da declaração de inconstitucionalidade ou constitucionalidade, 
respectivamente, no exercício do controle difuso e concentrado.
No controle de constitucionalidade difuso, o princípio da presunção de 
constitucionalidade é externado pela reserva de plenário, segundo a qual somente pelo voto da 
maioria absoluta dos membros do plenário ou órgão especial do tribunal exercente do controle 
incidental, a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo pode ser declarada, ainda que argüida por 
membro do próprio colegiado, na forma do art. 97 da Constituição da República, assim como arts. 
480 usque 482 do Código de Processo Civil.
No controle de constitucionalidade concentrado, o princípio da presunção de 
constitucionalidade é exteriorizado pela atuação do Advogado-Geral da União, na condição de 
curador da presunção de constitucionalidade (defensor legis), com o desiderato de assegurar 
atendimento ao princípio do contraditório, e a concessão de medida liminar, com o escopo de 
suspender a eficácia da lei ou ato normativo impugnado até a decisão de mérito, pelo tribunal 
exercente do controle abstrato, nos termos dos arts. 102, inc. I, alínea “p”, e 103, § 3º, da 
Constituição da República, bem como arts. 8º e 10 usque 12 da Lei nº 9.868/99.
8.3. Princípio da Interpretação conforme a Constituição
O princípio da interpretação conforme a Constituição expressa que a dúvida em 
relação à constitucionalidade de uma norma jurídica plurissignificativa é resolvida em favor de sua 
conservação.
A interpretação conforme a Constituição pode ser apreciada como um princípio de 
interpretação e como uma técnica de controle de constitucionalidade. Como princípio de 
interpretação, decorre ele da confluência dos dois princípios anteriores: o da supremacia da 
Constituição e o da presunção de constitucionalidade. Com base na interpretação conforme a 
Constituição, o aplicador da norma infraconstitucional, dentre mais de uma interpretação possível, 
deverá buscar aquela que a compatibilize com a Constituição, ainda que não seja a que mais 
obviamente decorra do seu texto. Como técnica de controle de constitucionalidade, a interpretação 
conforme a Constituição consiste na expressa exclusão de uma determinada interpretação da norma, 
uma ação “corretiva” que importa em declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto. Em 
qualquer de suas aplicações, o princípio tem por limite as possibilidades semânticas do texto, para 
que o intérprete não se converta indevidamente em um legislador positivo.
ANOTAÇÕES: 
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FACULDADE ALFREDO NASSER
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I
PROFESSOR: MÁRCIO DO NASCIMENTO
Turma:____________________________
ALUNO 
(A):________________________________________________________________________
Data da entrega: ____/____/2013.
ORIENTAÇÕES: Este trabalho comporá a nota da prova de P2, na nota da avaliação P2. As 
questões subjetivas deveram ser manuscritas feitas pelo próprio aluno. Trabalho digitado não será 
aceito.
QUESTIONÁRIO SOBRE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
1. Qual a importância da hermenêutica para a efetivação da interpretação jurídica?
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