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DIREITO CONSTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
Prof. Marcelo Novelino 
 
 
 
I 
 CONSTITUCIONALISMO (EVOLUÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL) .................................................................. 2 
Características do Neoconstitucionalismo: ............................................................................................................... 13 
PRINCÍPIOS INSTRUMENTAIS ......................................................................................................................................... 16 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ....................................................................................................................... 27 
Teoria Geral .......................................................................................................................................................................... 27 
Parâmetro (Normas de referência) para o Controle de Constitucionalidade .............................................. 32 
FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE ..................................................................................................................... 35 
1.2 Inconstitucionalidade por Omissão ................................................................................................................................ 36 
2.Quanto à Norma ofendida (Parâmetro para o Controle de Constitucionalidade) .............................................. 36 
2.2 Inconstitucionalidade Material......................................................................................................................................... 37 
3.Quanto à Extensão ......................................................................................................................................................................... 39 
4.1 Inconstitucionalidade Originária ..................................................................................................................................... 40 
5.Quanto ao Prisma/Ângulo de Apuração de Inconstitucionalidade ........................................................................... 42 
Classificação importante para controle concentrado ou difuso ........................................................................ 42 
FORMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ............................................................................................ 45 
Essa classificação só se aplica ao PJ, não se aplica ao PE e PL. ........................................................................... 45 
1.Quanto à Competência Jurisdicional ...................................................................................................................................... 45 
2.Quanto à Finalidade do Controle ............................................................................................................................................. 46 
2.1 Controle Concreto/Incidental/por via de Defesa/por via de Exceção ............................................................. 46 
2.2 Controle Abstrato/Principal/por via de Ação ............................................................................................................ 47 
Art. 60, §4º, CF – Cláusulas pétreas .............................................................................................................................. 50 
LIMITAÇÕES MATERIAIS: ................................................................................................................................................. 50 
FORMAS DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE .................................................................................. 55 
1.Quanto ao aspecto objetivo ........................................................................................................................................................ 55 
1.1 Controle Difuso – Concreto ................................................................................................................................................ 55 
2.Quanto ao aspecto Subjetivo ..................................................................................................................................................... 60 
3.Quanto ao aspecto temporal ..................................................................................................................................................... 62 
4.Quanto à extensão da declaração ............................................................................................................................................ 67 
DIREITOS DA PESSOA HUMANA ..................................................................................................................................... 75 
1.Noções introdutórias .................................................................................................................................................................... 75 
2.Classificação dos Direitos Fundamentais (baseada na de Jellinek)........................................................................... 79 
3.Características dos Direitos Fundamentais (JAS) ............................................................................................................. 81 
4.Eficácia Vertical e Horizontal dos Direitos Fundamentais ........................................................................................... 84 
5.Limites dos Limites ....................................................................................................................................................................... 90 
6.Dignidade da Pessoa Humana................................................................................................................................................... 95 
7.Direitos Individuais .................................................................................................................................................................... 102 
Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais .............................................................................................. 102 
7.1 Inviolabilidade do direito à vida ........................................................................................................................................ 104 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
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II 
7.2 Princípio da Isonomia ............................................................................................................................................................ 109 
7.3 Direitos ligados à Liberdade ................................................................................................................................................ 118 
7.3.1 Liberdade de Manifestação de Pensamento ........................................................................................................ 118 
5.3.5 Liberdade e Privacidade .............................................................................................................................................. 127 
Gravação clandestina 127 
Quebra de sigilo 130 
Interceptação das comunicações 132 
Inviolabilidade de domicílio 136 
Direito de Propriedade 138 
Classificação das normas Constitucionais .............................................................................................................. 145 
Outra condição 146 
Integral ........................................................................................................................................................................................ 147 
IMUNIDADE MATERIAL / ABSOLUTA / INVIOLABILIDADE / REAL / SUBSTANTIVA ............................... 148 
2.Contida ............................................................................................................................................................................................
149 
3.Limitada .......................................................................................................................................................................................... 151 
3.2 Normas de Princípio Programático .................................................................................................................................. 155 
Essa é a classificação de José Afonso da Silva. ....................................................................................................... 157 
Outros autores fazem outras classificações, como Maria Helena Diniz. ...................................................... 157 
Maria Helena Diniz ......................................................................................................................................................................... 157 
DIREITOS SOCIAIS ............................................................................................................................................................ 160 
Escolhas Trágicas............................................................................................................................................................................ 161 
1.Intervenção do PJ em Políticas Públicas ............................................................................................................................ 161 
2.Reserva do Possível.................................................................................................................................................................... 163 
3 dimensões – Ingo Sarlet: ..................................................................................................................................................... 163 
3.Mínimo Existencial ..................................................................................................................................................................... 164 
4.Orçamento: Mínimo Existencial X Reserva do Possível .............................................................................................. 182 
5.Vedação de Retrocesso ............................................................................................................................................................. 197 
Poder Constituinte .......................................................................................................................................................... 201 
1.PC Originário ................................................................................................................................................................................. 201 
1.1 PC Histórico ........................................................................................................................................................................... 201 
1.2 PC Revolucionário ............................................................................................................................................................... 201 
1.3 PC Transicional – CF 1988 ............................................................................................................................................... 202 
Natureza ........................................................................................................................................................................................ 202 
Poder de Fato (Político). Marcar este entendimento na prova objetiva. 202 
Poder de Direito (Direito Natural). 202 
2.PC Decorrente ............................................................................................................................................................................... 205 
3.PC Derivado Reformador ......................................................................................................................................................... 215 
4 limitações ao PCDR: .............................................................................................................................................................. 217 
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III 
LIMITAÇÕES MATERIAIS: .............................................................................................................................................. 230 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; a obrigatoriedade pode ser abolida! ......................... 231 
Cláusulas Pétreas Explícitas ........................................................................................................................................ 232 
LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS: ................................................................................................................................ 234 
LIMITAÇÃO PROCEDIMENTL/FORMAL AO PCDR ................................................................................................. 234 
LIMITAÇÕES MATERIAIS/SUBSTANCIAIS: .............................................................................................................. 235 
Ex.: alterar o art. 60, § 2º, diminuindo a dificuldade para fazer a reforma política. É também uma 
fraude à CF. ................................................................................................................................................................................ 235 
Por isso, o 60 inteiro seria uma cláusula pétrea. ................................................................................................. 236 
Normas Constitucionais no tempo ............................................................................................................................ 237 
Tudo o que está no texto da Constituição é formalmente constitucional. .................................................. 239 
Teoria da Recepção ......................................................................................................................................................... 240 
Constitucionalidade Superveniente .......................................................................................................................... 241 
Repristinação .................................................................................................................................................................... 241 
STF ......................................................................................................................................................................................... 242 
ADI ......................................................................................................................................................................................... 242 
STF ......................................................................................................................................................................................... 243 
Mutação Constitucional =/= Reforma (60) – Emendada ................................................................................... 243 
Controle de Constitucionalidade ................................................................................................................................ 258 
Estudaremos apenas o Controle de Constitucionalidade feito pelo PJ, o Controle Jurisdicional. ...... 258 
1.Controle difuso ............................................................................................................................................................................. 259 
2.Controle Concentrado ............................................................................................................................................................... 267 
3.Objeto ...............................................................................................................................................................................................
275 
4.PGR .................................................................................................................................................................................................... 284 
5.AGU ................................................................................................................................................................................................... 285 
6.Efeitos das Decisões ................................................................................................................................................................... 288 
7.Controle de Omissões Inconstitucionais ........................................................................................................................... 292 
Efeitos da Medida Cautelar: ............................................................................................................................................. 295 
2.2 Concretista Individual ............................................................................................................................................ 300 
2.3 Concretista Intermediária ..................................................................................................................................... 301 
NACIONALIDADE ................................................................................................................. Erro! Indicador não definido. 
DIREITOS POLÍTICOS ........................................................................................................................................................ 313 
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO ................................................. Erro! Indicador não definido. 
 
 
 
 
 
 
 
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*INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: 
- vide na Área do Aluno. 
- Ler um livro base (ex: José Afonso da Silva); um livro para 
concursos (ex: Pedro Lenza), além de livros específicos sobre os temas: 
Teoria dos direitos fundamentais; Controle de constitucionalidade. 
 
*DICAS DE ESTUDO: 
- Estudar em intervalos de 50 min até 2h; 
- Estudar a matéria dada em sala de aula em até 48h após a aula; 
- Definir matérias importantes por meio de análise de provas 
anteriores; 
- Ler Informativos STF; 
 
 
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CONSTITUCIONALISMO 
(EVOLUÇÃO DO DIREITO 
CONSTITUCIONAL) 
 
O constitucionalismo contrapõe-se ao Absolutismo. É a busca 
pela limitação do poder do Estado. Há três idéias básicas para se relacionar 
com o constitucionalismo: 1) garantia de direitos; 2) princípio do governo 
limitado; 3) separação dos poderes. 
 As etapas históricas da evolução do direito constitucional são as 
seguintes: 
 
 1) Constitucionalismo da antiguidade (ou 
antigo): vai até o final do séc. XVIII. A primeira experiência do 
constitucionalismo antigo foi a do Estado Hebreu, onde já havia uma 
limitação do poder por dogmas religiosos (Estado teocrático). Em seguida, 
temos as experiências grega e romana. Na Grécia e em Roma, tivemos as 
primeiras experiências chamadas de “democracia constitucional”, que é a 
participação popular nas decisões políticas. Por fim, temos a experiência 
 
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inglesa, onde se deu a concretização do Estado de Direito. Esta experiência 
foi intitulada de “Rule of Law”, que é o governo das leis em substituição ao 
governo dos homens. Na Inglaterra, tivemos vários pactos e documentos 
importantes, como a Magna Carta de 1215, o Petition of Rights de 1628, o 
Habeas Corpus Act de 1679 e o Bill of Rights de 1689. São os embriões das 
Constituições modernas. As características comuns a estas quatro 
experiências (Hebreu, Grécia, Roma e Inglaterra) são: a) conjunto de 
princípios que garantem a existência de direitos perante o monarca, 
limitando o seu poder; b) Constituições consuetudinárias. *Uma 
Constituição consuetudinária pode ter supremacia formal sobre as leis 
escritas? Se não existe uma distinção formal entre lei e Constituição, o 
mesmo Parlamento que modifica uma lei pode modificar uma norma 
constitucional. Logo, quando a Constituição é costumeira, não há 
supremacia formal da Constituição. Igualmente, se não existe supremacia 
formal, por conseqüência não existirá controle de constitucionalidade; c) 
supremacia do Parlamento. 
 
 2) Constitucionalismo liberal (ou clássico): no final 
do séc. XVIII, temos as Revoluções Liberais. O marco histórico de 
surgimento desta nova etapa de constitucionalismo é 1787, quando surge a 
primeira Constituição escrita, que é a Constituição norte-americana. Com 
isso, surge a ideia de Constituição rígida (*estudar classificação das 
Constituições em casa – focar a classificação ontológica da Constituição de 
Karl Loewestein). Constituição rígida é aquela que tem um processo mais 
 
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solene de modificação do que o processo legislativo ordinário. Surge, então, 
a ideia de supremacia formal da Constituição. Neste período, a corrente 
filosófica principal era o Jusnaturalismo, que prevê a existência de direitos 
inatos ao homem, eternos, universais e imutáveis. Tanto que a Constituição 
norte-americana não contempla direitos individuais, justamente porque os 
federalistas achavam que se se positivassem tais direitos, estariam 
limitando-os, haja vista que esses direitos já são inatos ao homem. Dentro 
do constitucionalismo liberal, temos duas experiências importantes: a) a 
experiência dos EUA, com a ideia de supremacia da Constituição (e não 
mais do Parlamento). É uma supremacia relacionada às chamadas “Regras 
do jogo”. Significa que a Constituição estabelece as regras do jogo político 
(divisão dos poderes). Assim, por uma questão lógica, ela deve estar acima 
dos que dele participam. Outra ideia fundamental do constitucionalismo 
norte-americano foi a ideia de garantia jurisdicional. Cabe ao Poder 
Judiciário assegurar a supremacia da Constituição. Isto porque, dentre os 
atores políticos, o poder que tem maior neutralidade é exatamente o Poder 
Judiciário. Daí a justificativa da escolha feita. A primeira vez que houve o 
controle de constitucionalidade foi em 1803, justamente nos EUA, no caso 
Marbury x Madison, feito pelo juiz John Marshall. *Esta experiência norte-
americana não foi importada de imediato para a Europa; b) experiência 
francesa, com a Revolução Francesa de 1789. Visou-se assegurar os direitos 
de liberdade e de propriedade do povo e da burguesia ascendente. Surge a 
Constituição Francesa de 1791, que durou apenas 2 anos, sendo substituída 
pela Constituição de 1793. A Constituição de 1791 foi a segunda 
constituição escrita da Europa (a primeira foi a Polonesa). Era uma 
 
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Constituição extremamente prolixa. Quanto maior ela é, mais provável de 
ser modificada também é. O constitucionalismo francês contribuiu 
fortemente com as ideias de garantia de direitos e separação dos poderes, 
que estão bem delineadas na Declaração
Universal dos Direitos do Homem 
e do Cidadão de 1789, precipuamente em seu art. 16. Ocorre que na França, 
ao contrário dos EUA, a Constituição era um documento de caráter político 
(de recomendação. Eram conselhos, exortações morais), e não jurídico 
(vinculante). Esta visão vai até meados do séc. XX (fim da 2ª Guerra 
Mundial). Na Europa, a supremacia não era da Constituição, mas sim do 
Parlamento. O raciocínio que havia na Europa é que o Legislativo nunca 
violaria direitos. Pelo contrário, ele era o órgão máximo de representação 
popular. Daí a supremacia do parlamento na Europa, e não da Constituição. 
Nos EUA, não havia confiança no Legislativo porque este poder foi o que 
mais violou direitos e devido a isso foi atribuído ao Judiciário o controle. Na 
Europa não foi assim. 
 *Nesta fase do constitucionalismo, surge a primeira 
geração dos direitos fundamentais. As gerações (ou dimensões) dos direitos 
fundamentais foram criadas em 1979 pelo polonês Karel Vazak e difundida 
pelo italiano Norberto Bobbio. No Brasil, Paulo Bonavides deu publicidade a 
esta classificação. A ideia é que as Constituições foram consagrando os 
direitos gradativamente, em momentos históricos distintos. Deve-se 
associar as gerações com o lema da Revolução Francesa: Liberdade (1ª 
Dimensão); Igualdade (2ª Dimensão) e Fraternidade (3ª Dimensão). Alguns 
autores preferem falar em dimensão justamente porque a palavra “geração” 
nos dá o aspecto de substituição, e não é assim. Os direitos fundamentais 
 
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coexistem. A 1ª Dimensão de Direitos Fundamentais refere-se aos 
direitos civis e políticos, ligados à liberdade. Surgem com as 
reivindicações das revoluções liberais. Pretendia-se que a liberdade do 
indivíduo fosse assegurada em face do Estado. Estes direitos têm caráter 
eminentemente negativo, pois exigem uma abstenção por parte do Estado. 
Tais direitos são eminentemente individuais, oponíveis ao Estado. Tinham, 
pois, eficácia vertical (indivíduo – Estado). Dentro do constitucionalismo 
clássico ou liberal, surge a primeira sistematização coerente do chamado 
Estado de Direito. Estado de Direito é sinônimo de Estado Liberal. A 
característica marcante deste modelo de Estado é o abstencionismo. As 
concretizações do Estado Liberal foram: a) Rule of Law (governo das leis 
em substituição ao governo dos homens, na Inglaterra); b) Recchtsstaat 
(ocorrida na Prússia); c) État Legal (na França). Todas significam Estado de 
Direito. As características principais de um Estado de Direito são: os 
direitos fundamentais correspondem aos direitos da burguesia (liberdade e 
propriedade). Para as classes inferiores, eram apenas direitos formais; a 
limitação do Estado pelo Direito (lei feita pelo Parlamento) estende-se ao 
soberano; a atuação da Administração Pública dentro da lei (princípio da 
legalidade administrativa); a atuação do Estado limita-se à defesa da ordem 
e segurança pública. *Quando se fala em liberalismo político, fala-se em 
Estado (poder) limitado pelo Direito. Por sua vez, quando se fala em 
liberalismo econômico, fala-se em Estado mínimo (não intervenção estatal 
em aspectos sociais e econômicos). Nessa época, Na Europa, principalmente 
na França, a interpretação era vista como uma atividade mecânica dos 
juizes. Na expressão de Montesquieu, o juiz era a boca da lei. Como se 
 
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percebe, o Poder Judiciário tinha uma profunda desconfiança na Europa. 
Este modelo de constitucionalismo (liberal) surge até o fim da 1ª Guerra 
Mundial. 
 
 3) Constitucionalismo moderno (ou 
social): o Estado Liberal se mostrou impotente diante das demandas 
sociais que abalaram o séc. XIX. A mantença do Estado Liberal estava 
levando a desigualdades sociais gritantes. Urgia a intervenção estatal. A 
partir do séc. XX, já começa a surgir uma visão positivista do direito, 
capitaneada por Hans Kelsen (substituindo a visão jusnaturalista). A ideia 
principal é que Direito é aquilo que é posto pelo Estado. Importa quem faz a 
norma, e não seu conteúdo. No positivismo, uma característica marcante é a 
inexistência de uma relação necessária entre direito e moral. Assim, o 
Estado Nazista Alemão era um Estado de Direito, a despeito de seu 
conteúdo anti-ético. Surge aqui a 2ª Dimensão de Direitos Fundamentais, 
ligados à igualdade. São os chamados direitos sociais, econômicos e 
culturais. Destaca-se aqui a Constituição Mexicana de 1917 (primeira que 
consagrou de forma estruturada esses direitos de segunda geração) e a 
Constituição alemã de Weimar (1919). *No Brasil, o direito à moradia e o 
direito à alimentação são os dois direitos sociais que não estavam 
originariamente no art. 6º da nossa Constituição. Foram acrescentados por 
Emendas Constitucionais. Os direitos de segunda geração são frutos da 
Revolução Industrial. Igualmente, são direitos conquistados pela sociedade, 
e não dados pelo Estado. São direitos que exigem uma atuação positiva por 
 
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parte do Estado, e não uma mera abstenção. Aqui entra em cena o aspecto 
orçamentário do Estado. Tais direitos são essencialmente coletivos. Temos 
aqui o modelo de Estado Social, que abandona a postura abstencionista do 
Estado Liberal e se transforma em um verdadeiro prestador de serviços. O 
Estado Social busca fazer um equilíbrio, uma superação da dicotomia entre 
igualdade política e desigualdade social. As características marcantes do 
Estado Social são: a intervenção do Estado nos âmbitos econômico, social e 
laboral (Estado intervencionista); o papel decisivo na produção e 
distribuição de bens; a garantia de um mínimo de bem-estar social 
(“Welfare State”). No Brasil, temos ainda um resquício deste Estado, 
garantindo um mínimo de bem-estar social. Existe, na Lei Orgânica de 
Assistência Social, um benefício de prestação continuada devido 
independentemente de contribuição previdenciária. Por fim, a respeito da 
interpretação constitucional neste período, temos que: a interpretação, 
antes mecânica, passa a ser atividade intelectual e sofisticada. Começa-se a 
ter uma discricionariedade maior para a interpretação judicial. Na segunda 
metade do séc. XIX, Savigny desenvolve alguns famosos elementos de 
interpretação: gramatical ou literal (significado literal da palavra ou 
expressão); lógico ou científico (ex: não contradição); sistemático (parte da 
premissa de que o ordenamento jurídico constitui uma unidade coerente. 
Logo, uma norma não pode ser interpretada de forma isolada); histórico 
(analisa-se o surgimento e, então, a finalidade para qual a norma foi criada. 
Analisa-se a norma dentro do contexto de sua criação. Este elemento não 
tem valor científico, mas é importante). Surge, após, um quinto elemento de 
 
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interpretação: o teleológico. Busca-se a finalidade da norma, os objetivos 
que ela pretende alcançar. 
 
 4) Constitucionalismo contemporâneo 
(neoconstitucionalismo): surge com o fim da 2ª Guerra Mundial. A 
partir daí, fala-se também em pós-positivismo. O pós-positivismo busca um 
equilíbrio entre o direito natural e o direito positivo.
Busca uma superação 
da dicotomia entre direito natural e direito positivo através de uma 
reaproximação entre direito e moral. Encabeçam tal teoria Paulo Bonavides 
e Luis Roberto Barroso. O aspecto justo do direito passa a ser uma 
preocupação pós-positivista. Tanto os jusnaturalistas quanto os positivistas 
faziam uma diferenciação entre normas (vinculantes) e princípios (meras 
recomendações). No pós-positivismo, esta diferenciação é abandonada. 
Hoje, coloca-se a norma como um gênero, tendo as regras e os princípios 
como espécies de normas. Destaca-se aqui o alemão Robert Alexy. 
 Fala-se aqui na 3ª Dimensão de Direitos de Direitos 
Fundamentais, associada ao valor “fraternidade” ou “solidariedade”, de 
acordo com a classificação de Paulo Bonavides. O rol é exemplificativo 
(numerus clausus), sendo eles: direito ao progresso ou desenvolvimento, 
direito de autodeterminação dos povos, direito de comunicação, direito ao 
meio ambiente, direito de propriedade sobre o patrimônio comum da 
humanidade etc. São direitos transindividuais. Na classificação original de 
Karel Vazak, a paz era incluída como direito fundamental de terceira 
dimensão. Contudo, o professor Paulo Bonavides a coloca como direito de 
 
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quinta geração pois é “o objetivo a ser buscado pelos povos, que ainda não 
fora alcançado”. 
 Dentro dos Direitos Fundamentais de 4ª Dimensão 
estariam os direitos de democracia, informação e pluralismo. Surgem com a 
globalização política. A democracia, atualmente, não é vista apenas em seu 
aspecto formal, ou sentido estrito, que está diretamente ligada à premissa 
majoritária (vontade da maioria). Para Habermas, o exercício dos direitos 
políticos deveriam assegurar as liberdades de reunião, de associação e de 
expressão do pensamento. Para que se tenha uma liberdade real de escolha, 
é necessário que se assegurem estes direitos fundamentais básicos. 
Portanto, a democracia deve ser entendida em seu sentido material ou 
amplo, como não apenas a vontade da maioria, mas também a fruição de 
direitos básicos por todos, inclusive pelas minorias. Fala-se hoje, pois, em 
democracia no sentido material (ou amplo). Em sentido material, 
democracia é não apenas a vontade da maioria, mas também a fruição de 
direitos básicos por todos, inclusive pelas minorias. A vontade das maiorias 
é expressa através das leis. Poder Legislativo e Executivo fazem valer a 
vontade da maioria. Ao revés, a fruição de direitos pelas minorias será 
efetivado principalmente pelo Poder Judiciário, exatamente por não ser 
eleito pelo povo. É o Judiciário quem exerce este papel contra-majoritário, 
haja vista que não tem vinculação à vontade da maioria, agindo conforme a 
lei. Bobbio associa a democracia com as regras do jogo, dizendo que a 
maioria é representada por alguém do próprio povo, eleito por eles, mas 
que para escolhê-lo tem que ser através de regras legítimas (regras do 
jogo), desde que existam regras preexistentes. Democracia seria a 
 
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observância das regras que conferem legitimidade aos representantes da 
maioria. E para que o jogo possa ser jogado, deve haver regras pré-jogo, que 
corresponde aos direitos mínimos de Habermas (ex: liberdade de reunião). 
 *Dworkin utiliza o conceito de democracia 
constitucional. Ele contrapõe a democracia constitucional à premissa 
majoritária. A democracia constitucional consistiria no tratamento de todos 
com igual respeito e consideração. Assim, o que caracteriza uma 
democracia não é a vontade da maioria, mas sim o tratamento igualitário. 
Formar-se-ia uma comunidade de princípios. Ex: na Alemanha nazista não se 
tinha uma comunidade de princípios. 
 O pluralismo, um dos fundamentos da República 
Brasileira, deve ser associado ao respeito à diversidade, ao direito das 
minorias. Vide art. 1º, V, CRFB. O pluralismo de que trata a Constituição não 
é apenas o pluralismo de ideologias políticas (político-partidário), mas 
também religioso, artístico, cultural, de opções e orientações pessoais. É o 
respeito à diferença; a tolerância pelos outros. Dalai Lama disse, certa vez, 
que o maior problema da sociedade não é a falta de solidariedade, mas sim 
a falta de tolerância. Isto tem tudo a ver com o pluralismo. Sem prejuízo, o 
pluralismo também pode ser extraído do preâmbulo da nossa Constituição, 
que fala em sociedade pluralista. Este pluralismo terá reflexo nas normas 
constitucionais, Daí a razão dos conflitos de normas. Boaventura de Souza 
Santos sintetiza essa questão da seguinte forma: “Temos o direito de ser 
iguais quando a diferença nos inferioriza e temos o direito de ser diferentes 
quando a igualdade nos descaracteriza”. 
 
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 Como visto, Paulo Bonavides classifica o direito à paz 
como sendo um direito fundamental de 5ª dimensão, pois é algo que 
deve ser buscado pelos Estados. São direitos transnacionais. 
 Nesta toada, surge o modelo de Estado Democrático de 
Direito, que busca sintetizar as conquistas das experiências anteriores e 
superar suas deficiências. Alguns preferem falar em Estado Constitucional 
Democrático. Isto porque o Estado Democrático de Direito está ligado ao 
império da lei. Hoje, no entanto, o paradigma é a ideia de força normativa da 
Constituição. Falam em Estaco Constitucional, pois, para reforçar esta nova 
tendência de valorização da Constituição. As características principais do 
Estado Democrático de Direito (ou Estado Constitucional Democrático) são: 
a) o ordenamento jurídico introduz mecanismos de participação do povo no 
governo do Estado. Exemplos: plebiscito, referendo, iniciativa popular de 
leis, ação popular; b) preocupação não apenas com o caráter formal, mas 
também como caráter substancial dos direitos fundamentais. Não há mais 
necessidade de consagração de direitos na Constituição. A preocupação 
agora é com a efetividade dos direitos, fazendo com que eles cumpram sua 
função social. Assim é que na época da Revolução Francesa pregava-se 
apenas a igualdade e liberdade formal. Hoje, porém, a igualdade e liberdade 
possuem conteúdo material; c) a limitação do Poder Legislativo deixa de ser 
meramente formal (preocupação positivista), e passa a ter também um 
aspecto material (preocupação pós-positivista). Até meados do século 
passado, o legislador era limitado pela Constituição para fazer a lei, mas era 
um controle só formal. Kelsen entendia que os direitos fundamentais nem 
deveriam ser colocado na Constituição, porque não limitam o poder do 
 
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legislador, de modo que a preocupação era com a forma de produção das 
leis. Hoje, todavia, o controle não é meramente formal, mas também 
substancial. Ex: lei de crimes hediondos. STF disse que vedação da 
progressão de regime era inconstitucional, por violar o princípio da 
individualização da pena – isso é controle material. Os direitos 
fundamentais limitam hoje o Poder Legislativo, sob pena da lei ser 
declarada inconstitucional; d) jurisdição constitucional voltada a assegurar 
a supremacia da Constituição e a proteção efetiva dos direitos fundamentais
(Judiciário mais ativo). 
 
 
 Características do 
Neoconstitucionalismo: 
 a) normatividade da Constituição: até 
meados do séc. passado, a Constituição era vista como um documento de 
caráter meramente político, e não jurídico, sobretudo na parte dos direitos 
fundamentais. O legislador não era visto como inimigo dos direitos 
fundamentais No entanto, houve uma evolução e a Constituição passou a 
ser vista com caráter político, de força vinculante. Em 1959, Konrad Hesse 
elaborou a “A força normativa da Constituição”, a principal obra referente a 
evolução do caráter jurídico (e não mais político) da Constituição; 
 
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 b) superioridade da Constituição: a 
supremacia do Parlamento europeu abre espaço para a supremacia da 
Constituição. Desde o final do séc. XVIII a Constituição americana já era 
dotada de supremacia; 
 c) centralidade da Constituição: fala-se, hoje, 
em constitucionalização do direito. O primeiro aspecto primordial á a 
consagração de normas de outros ramos do direito na Constituição. O 
segundo aspecto da constitucionalização do direito é a filtragem 
constitucional. A interpretação das normas de outros ramos do direito deve 
ser feita à luz da Constituição. Segundo Luís Roberto Barroso, toda 
interpretação jurídica é uma interpretação constitucional. Para se 
interpretar uma lei, o primeiro passo é verificar sua compatibilidade 
constitucional. Daí pode se fazer a filtragem constitucional. O terceiro 
aspecto da constitucionalização do direito refere-se à eficácia horizontal 
dos direitos fundamentais. Hoje, admite-se a aplicação direta da 
Constituição entre os particulares; 
 d) rematerialização das Constituições: as 
Constituições foram rematerializadas no sentido de consagrarem um 
extenso rol de direitos fundamentais. As Constituições atuais são prolixas 
(analíticas ou regulamentares), tratando de forma ampla das matérias. 
Tratam também de metas a serem alcançadas, programas de atuação a 
serem seguidos pelo Poder Público. É uma Constituição tipicamente 
dirigente. 
 
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 e) maior abertura na interpretação e 
aplicação do Direito: antigamente, a aplicação da norma dava-se por 
meio da subsunção. Tem-se a premissa maior (norma), premissa menor 
(fato) e a conclusão. Isto só é possível em se tratando de regras. Os 
princípios não são aplicáveis mediante a técnica subsuntiva. Fala-se, hoje, 
em ponderação. A doutrina da ponderação aqui aplicada, inclusive pelo STF, 
é a de Robert Alexy. A ponderação é uma espécie de sopesamento e 
balanceamento de princípios. Entra aqui a teoria da argumentação jurídica, 
que complementa a ponderação; 
 f) fortalecimento do Poder Judiciário: antes, 
o Judiciário era visto como o mais fraco dos poderes. Hoje, os 
neoconstitucionalistas costumam dizer que o Poder Judiciário é 
considerado o principal protagonista, pos é ele que vai garantir a 
supremacia constitucional. Luiz Prieto Sanchis descreve o 
constitucionalismo da seguinte forma: “mais princípios do que regras, mais 
ponderação que subsunção, constelação plural de valores consagrados na 
Constituição e onipotência judicial”. 
 
 já se fala 5)Constitucionalismo do futuro:
nesta espécie de constitucionalismo, mas que não é a fase atual 
(contemporâneo). O autor argentino José Roberto Dromi fala deste assunto, 
tentando profetizar quais os valores que as Constituições do futuro irão 
consagrar. Segundo ele, o constitucionalismo do futuro buscará o equilíbrio 
 
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entre as concepções dominantes do constitucionalismo moderno e os 
excessos praticados pelo constitucionalismo contemporâneo. Lembre-se da 
máxima de que a virtude está no meio termo. Para Dromi, as Constituições 
do futuro terão sete valores fundamentais: a) verdade: no sentido de não 
estabelece promessas, mas apenas realizações, possíveis de se efetivar; b) 
solidariedade entre os povos; c) consenso; d) continuidade: seguem um certo 
rumo, sem a quebra da lógica do sistema; e) participação mais ativa da 
sociedade na vida política; f) integração: a Constituição é o principal 
elemento de integração da comunidade; g) universalização: no que se refere 
aos direitos fundamentais. 
 
 
PRINCÍPIOS INSTRUMENTAIS 
 
 Princípios Instrumentais não se confundem com 
Princípios Materiais. Os princípios instrumentais são aqueles utilizados na 
interpretação dos princípios materiais. São mecanismos para se interpretar 
os princípios materiais. Materiais são os princípios que consagram valores 
constitucionais, aplicados para a solução de caso concreto. Ex: princípio da 
igualdade é um princípio material; princípio da dignidade da pessoa 
humana é um princípio material. Ambos, por exemplo, embora também 
 
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possam ser utilizados para interpretar, são eminentemente valorativos. 
Igualmente, o postulado da moralidade administrativa e material. 
 Para Robert Alexy, norma é gênero, dos quais princípios 
e regras são espécies. As Regras são “mandamentos de definição”, ou seja, 
normas que determinam que algo seja cumprido na medida exata de suas 
prescrições. As regras obedecem a lógica do tudo ou nada. Significa que não 
há como ponderar uma regra. A regra, ou se aplica toda ou não se aplica. 
Esta expressão também é utilizada por Dworkin. As regras são aplicadas 
por meio da técnica de subsunção. Ex: estabilidade no serviço público após 3 
anos; aposentadoria compulsória aos 70 anos; “matar alguém” etc. São 
todas regras, pois não se pondera sobre a conveniência de aplicação da 
norma. Por sua vez, Princípios são, segundo Alexy, “mandamentos de 
otimização”, ou seja, normas que ordenam que algo seja cumprido na maior 
medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas 
existentes. O peso do princípio é um peso relativo, pois depende das 
circunstâncias do caso concreto. Os princípios obedecem a lógica do mais ou 
menos. São protegidos em diferentes medidas. Os princípios aplicam-se por 
meio da ponderação, que é o sopesamento dos princípios. A ponderação é 
subjetiva. Ex: STF julgou HC sobre anti-semitismo (preconceito contra 
judeus). No HC, o paciente afirmou que judeu não era raça, e que deveria 
prevalecer o direito à liberdade de expressão. Nesse caso, Gilmar Mendes 
ponderou os princípios da dignidade dos judeus e da liberdade de 
expressão de pensamento, e deu prevalência ao primeiro. Já o Min. Marco 
Aurélio fez a mesma ponderação e chegou a resultado completamente 
oposto. 
 
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 Para Humberto Ávila, regras são normas imediatamente 
descritivas, de comportamentos devidos ou atributivos de poder. Já os 
princípios são normas que estabelecem determinados fins a serem 
buscados, consagrando valores a serem alcançados pela sociedade. Ávila 
acrescenta, ainda, uma terceira categoria, que seriam os postulados 
normativos. São metas normas que estabelecem um dever de segundo grau, 
consistente
em estabelecer a estrutura de aplicação e prescrever modos de 
raciocínio e argumentação em relação a outras normas. Veja-se que o que 
Ávila chama de postulados normativos assemelha-se com os princípios 
instrumentais. São deveres de segundo grau justamente porque servem 
para interpretar e argumentar em cima da norma de primeiro grau, que 
seria a norma aplicável ao caso concreto (princípios materiais). 
 Os autores que elaboraram o catálogo de princípios 
instrumentais são Friedrich Muller e Konrad Hesse. No entanto, foi 
Canotilho quem primeiro falou em língua portuguesa. Os princípios 
instrumentais são os seguintes: 
 
 1) PRINCÍPIO DA UNIDADE: a Constituição 
deve ser interpretada de forma a evitar contradições (antinomia, antagonia) 
entre as suas normas. Ou seja, a Constituição deve ser interpretada como 
um todo, de forma sistemática e contextual. Tal postulado é uma 
especificação da interpretação sistemática. Ex: direito de propriedade e 
função social da propriedade. Cabe ao intérprete harmonizar ambos os 
 
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preceitos, de modo a evitar antinomia. *Este princípio afasta a tese de Otto 
Bachof, que, em seu livro “Normas constitucionais inconstitucionais”, 
defende a existência de normas constitucionais hierarquicamente 
superiores e inferiores em uma mesma Constituição. Logo, havendo 
incompatibilidade entre elas, as inferiores podem ser declaradas 
inconstitucionais. Trata-se de uma tese referente às próprias normas feitas 
pelo Poder Constituinte Originário. Isto porque se sabe a possibilidade de 
fazer controle de constitucionalidade de Emenda Constitucional. 
Recentemente, o Partido Social Cristão sustentou esta tese, pedindo ao STF 
declarar inconstitucional a norma do art. 14 da CRFB. Sustentou que este 
dispositivo era hierarquicamente inferior ao princípio da igualdade, do 
sufrágio universal e da não discriminação, devendo ser declarada 
inconstitucional. Nada obstante, o Min. Cezar Peluso extinguiu de plano o 
processo pela impossibilidade jurídica do pedido, haja vista que inexiste 
hierarquia entre normas constitucionais originárias. É justamente o 
postulado da unidade que afasta a tese de hierarquia entre normas 
constitucionais; 
 
 2) PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR:
alguns autores nem colocam este princípio como autônomo, pois liga-se 
diretamente com o princípio da unidade. Nas resoluções de problemas 
jurídico-constitucionais, deve ser dada primazia aos critérios que 
favoreçam a integração política e social, produzindo um efeito criador 
 
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e conservador da unidade. É uma especificação do princípio da unidade, 
porque trata da unidade no âmbito político e social; 
 
 3) PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA 
 também está ligado ao postulado PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO:
da unidade. A unidade é utilizada quando, abstratamente, existe tensão 
entre normas constitucionais. Quando se tem um conflito no caso concreto, 
por sua vez, chamado de colisão, utiliza-se o princípio da concordância 
prática ou harmonização. Assim, cabe ao intérprete coordenar e 
combinar os bens jurídicos em conflito, realizando uma redução 
proporcional do âmbito de aplicação de cada um deles. Não se deve 
sacrificar totalmente um em detrimento do outro. Ambos devem ser 
aplicados proporcionalmente. Ex: privacidade x informação. Quando for 
possível, deve haver a sub existência de ambos princípios colidentes, 
reduzindo-os proporcionalmente; 
 
 4) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE OU 
 refere-se apenas CONVIVÊNCIA DAS LIBERDADES PÚBLICAS:
aos princípios, e não às regras. Este postulado diz que não existem 
princípios absolutos, pois todos encontram limites em outros 
princípios também consagrados na Constituição. Para que as 
liberdades publicam possam conviver, elas devem ser relativas. 
 
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Contrariando este princípio, muitos autores dizem que a dignidade da 
pessoa humana é absoluta. A ADPF 54, em trâmite no STF, discute a questão 
do aborto de feto anencefálico. O interessante é que o argumento de ambas 
as teses é a proteção da dignidade humana. Mas veja que um dos dois lados 
terá que ceder. Daí parece que a dignidade da pessoa humana não é 
absoluta. Deve-se lembrar, aqui, que as regras podem, sim, ser absolutas. A 
proibição de torturas, por exemplo, não é princípio. Logo, não se pondera. 
Isto é uma regra. Aplica-se ou não se aplica, da maneira do tudo ou nada. 
Igualmente se dá com a proibição do trabalho escravo; 
 
 não é 5) PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA:
um critério de interpretação, mas sim um apelo ao intérprete. Significa que 
na interpretação da Constituição, deve ser dada preferência às 
soluções densificadoras de suas normas, que as tornem mais eficazes e 
permanentes. Encontra-se muito este postulado no STF para afastar 
interpretações divergentes da Constituição. Isto porque interpretações 
divergentes afastam a força normativa da Constituição. Ex: relativização da 
coisa julgada inconstitucional. Para o STF, mesmo que tenha transitado em 
julgado uma decisão de um juiz, se ela contrariar o STF, cabe ação rescisória 
para relativizar a coisa julgada, uma vez que a divergência afeta a força 
normativa da Constituição. Aplicável a toda a CF. 
 
 
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 6) PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE:
está ligado diretamente aos direitos fundamentais. Invocado no âmbito dos 
direitos fundamentais, impõe lhe seja conferido o sentido que lhes dê a 
maior efetividade possível. Ao interpretá-los é preciso que seja dada a 
maior eficácia possível para atingir sua função social. Para alguns autores 
este princípio é encontrado no art. 5º, § 1º, da CF. *O conceito desse 
princípio é basicamente o mesmo do principio da força normativa, mas 
neste, o apelo é feito em toda CF e o da máxima efetividade tem apelo 
apenas aos direitos fundamentais. 
 
 7) Princípio da “Justeza” ou Conformidade 
 não confundir justeza com justiça. Justeza é no sentido de Funcional:
ajuste. Impõe aos órgãos encarregados da interpretação constitucional 
cuidados para não chegar a resultado que subverta ou perturbe o 
esquema organizatório funcional estabelecido pela Constituição. O 
principal destinatário é o STF, pois é o Tribunal Constitucional. Cada Poder 
deve agir conforme as funções que lhe foram atribuídas. Ex: art. 52, X, da CF 
(papel do Senado). 
 
 8) Princípio da Proporcionalidade 
 no Brasil, também costuma ser chamado de Princípio da (Alemanha):
Razoabilidade (vide Livro: Teoria dos Princípios – Humberto Ávila). A 
 
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maioria da doutrina não distingue proporcionalidade de razoabilidade, 
tratando-os como se fossem idênticos. A principal distinção entre a 
nomenclatura varia de acordo com a formação dos autores que falam sobre 
o assunto. No direito germânico se fala em proporcionalidade. Mas quem 
tem influencia do direito norte-americano fala em razoabilidade, mas não 
há diferença de conteúdo; apenas
de nomenclatura. Este termo 
“proporcional” é encontrado em vários dispositivos constitucionais (ex: 
direito de resposta proporcional ao agravo), mas o princípio, em si, não está 
expresso na Constituição da República. Trata-se, portanto, de um princípio 
implícito, abstraído de norma expressa. 
 Existem 3 teorias principais que falam sobre a origem 
deste princípio (local de onde pode ser extraído): a) está implícito no 
sistema de direitos fundamentais. Se tais direitos foram criados para limitar 
o poder do Estado, este não pode praticar atos desproporcionais. Qualquer 
medida estatal que não seja proporcional será violadora de direitos 
fundamentais. É um entendimento pouco usado no Brasil; b) vem do regime 
germânico: o princípio da proporcionalidade seria deduzido do princípio do 
Estado de Direito; c) o princípio da proporcionalidade pode ser 
deduzido da cláusula do Devido Processo Legal, em seu caráter 
substantivo, ou seja, deriva do art. 5º, LIV, da CRFB. É o entendimento 
geralmente cobrado nos concursos. É o entendimento do STF. 
 *Concretização do Princípio da Proporcionalidade por 
meio da doutrina: “Máximas Parciais” (teoria de Alexy): o princípio da 
proporcionalidade sofreu uma densificação, uma concretização, que 
 
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chamaremos de máximas parciais. Essas máximas parciais, segundo Alexy, 
tem caráter de regra. A proporcionalidade seria mesmo um princípio? Para 
Alexy a proporcionalidade não é considerada princípio. Isto porque você 
não pondera a proporcionalidade com outros princípios. A 
proporcionalidade não é objeto de ponderação. É, na verdade, um critério 
aferidor da legitimidade de determinados atos praticados pelos Poderes 
Públicos. Proporcionalidade é uma máxima e não um princípio. Máxima tem 
o mesmo sentido de postulado normativo, ou seja, utiliza a 
proporcionalidade para verificar a aplicação de outros princípios. Em suma, 
não se pondera o princípio da proporcionalidade com os demais para ver 
qual tem maior peso. Utiliza-se a proporcionalidade como critério aferidor. 
Ex: liberdade de expressão x intimidade – proporcionalidade é utilizada 
como critério para fazer a ponderação. 
 As máximas parciais decorrentes da proporcionalidade 
são: 
 significa uma relação entre meio e fim. Para 1) adequação:
que um ato seja proporcional, o meio utilizado pelo Poder Público tem que 
ser um meio apto para atingir o fim almejado. Não sendo o meio idôneo, 
ele será inadequado e, portanto, desproporcional. 
Ex: o prefeito expede um decreto durante o carnaval para impedir 
a venda de bebida alcoólica, com a finalidade de reduzir a contaminação 
pelo vírus HIV. Veja que não há relação de adequação entre a medida 
utilizada e o fim almejado, sendo, pois, desproporcional. Ao revés, a 
 
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proibição de venda das bebidas alcoólicas nas partidas de futebol, para 
reduzir a violência dentro dos estádios é adequada. Ora, ao ingerirem álcool 
as pessoas ficam mais valentes. A medida está apta a atingir o fim almejado, 
não podendo ser considerada uma medida inadequada e desproporcional; 
2) necessidade ou exigibilidade ou Princípio da 
 (embora Alexy diga que é regra): para se Menor Ingerência Possível
atingir um determinado fim, pode-se ter vários meios aptos. Quando se fala 
em necessidade, significa que dentre os vários meios existentes, deve-se 
optar por aquele que seja menos gravoso possível às liberdade 
individuais. 
Ex: para diminuir violência dos estádios eu proíbo a ida em 
partidas de futebol. O meio é apto (atinge o fim almejado), mas não é um 
meio razoável (não tem sentido). São medidas excessivamente gravosas e, 
portanto, desproporcionais. De certa forma, isto acaba sendo uma 
intervenção no mérito do ato administrativo, o que é possível atualmente. 
Ex: ADIn nº 4103 - foi proposta pela ABRASEL- questiona a violação da 
regra da necessidade. Quando o Judiciário vai analisar o critério, tem que 
ser prudente, não podendo substituir a vontade do legislador pela sua, 
bastando dizer se o meio utilizado foi legítimo. Se o Judiciário começar a 
querer substituir o legislador, ele violará a conformidade funcional (não 
tem dever de estabelecer normas jurídicas, mas dizer se aquela norma viola 
ou não a Constituição). Assim, em havendo dois meios razoáveis possíveis, o 
Judiciário não vai interferir; 
 
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3) proporcionalidade em sentido estrito: corresponde à 
ponderação, sendo para Alexy, portanto, uma regra de aplicação dos 
princípios. A proporcionalidade em sentido estrito (ou ponderação) é uma 
relação entre o custo da medida tomada e os benefícios trazidos por ela. 
Se a medida trouxer maiores benefícios do que custos, será proporcional. 
Caso contrário, será desproporcional. 
 *Para que o ato seja proporcional, o meio tem que ser 
adequado para o fim almejado. Além da adequação, o meio tem que ser o 
menos gravoso possível e o custo da medida ser menor do que o benefício. 
Para Alexy, essas três regras são inferidas do caráter lógico dos princípios. 
Ademais, sendo os princípios mandamentos de otimização (normas que 
obrigam que algo seja cumprido na maior medida possível conforme as 
possibilidades fáticas e jurídicas existentes), Alexy diz que a adequação e a 
necessidade decorrem do fato dos princípios serem mandamentos de 
otimização em relação às possibilidades fáticas e a proporcionalidade em 
sentido estrito em relação às possibilidades jurídicas (nesse ultimo, quer 
dizer que precisa ser feita uma ponderação entre os princípios para ver 
qual medida traz maiores benefícios à sociedade do que custos). 
 *Parte da doutrina faz distinção entre Proibição de 
Excesso e Proibição de Insuficiência (relacionado ao princípio da 
proporcionalidade). Se um ato é excessivo, não é proporcional. Da mesma 
maneira, se for insuficiente também será desproporcional. Quando se fala 
em proibição de excesso, tem por finalidade evitar cargas coativas 
excessivas na esfera jurídica dos particulares, ou seja, de se evitar medidas 
 
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excessivas que possam violar direitos individuais. Cargas excessivas 
coativas estão diretamente ligadas à regra da necessidade (2ª regra da 
proporcionalidade). Por sua vez, a proibição de insuficiência impõe aos 
poderes públicos sejam tomadas medidas adequadas e suficientes para 
tutelar os direitos fundamentais. Está relacionada à primeira regra de 
proporcionalidade (adequação), de modo que se o meio não for apto para 
atingir o fim almejado, será insuficiente. 
 
 
 
CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE 
 
Teoria Geral 
 A primeira ideia aqui é a de Supremacia da Constituição. 
Existem 2 sentidos em que a supremacia pode ser utilizada: material e 
formal. A supremacia material se preocupa com a matéria, substância. 
Decorre do fato da Constituição estabelecer os fundamentos do Estado, 
atribuir competências aos Poderes Públicos e assegurar direitos 
fundamentais. As normas que tratam destes três temas (estrutura do 
 
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Estado, organização dos poderes e direitos fundamentais) são chamadas 
normas materialmente constitucionais. A doutrina diz que a Constituição 
tem uma supremacia de conteúdo, exatamente por tratar destes três temas. 
Toda Constituição, seja rígida ou flexível, possui esta supremacia material. 
Por sua vez, a supremacia formal está ligada à forma, ao procedimento. Para 
que uma Constituição tenha supremacia formal sobre as leis tem que ser 
rígida, de difícil alteração através de um procedimento mais complexo. Em 
suma, o que caracteriza a rigidez constitucional é o processo de elaboração 
mais solene, mais complexo do que o processo legislativo ordinário. É 
exatamente daqui que decorre o controle de constitucionalidade, para 
assegurar a supremacia da constituição. 
 No que tange à hierarquia entre normas, existe 
hierarquia entre Lei Ordinária e Lei Complementar? Hoje, o entendimento 
uniforme do STJ e do STF é de que não existe hierarquia entre estas leis, 
pois ambas retiram o seu fundamento de validade da Constituição. A 
matéria é que serão distintas, apenas. Quando a matéria tiver que ser 
regulada por lei complementar, haverá texto expresso da constituição para 
tanto; caso não fale nada deverá ser feito por lei ordinária (residual). Estas 
leis têm duas diferenças básicas: material (quanto à matéria tratada) e 
formal (procedimento de elaboração – quórum de votação. Enquanto a lei 
ordinária, para ser aprovada, precisa de maioria simples, vale dizer, mais de 
50% dos presentes na sessão – art. 49, CRFB -, a lei complementar exige 
maioria absoluta, vale dizer, mais de 50% dos membros da Casa – art. 69, 
CRFB). Em nenhuma hipótese, as matérias reservadas à lei complementar 
poderão ser tratadas por outros atos normativos (lei ordinária, medida 
 
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provisória, lei delegada), sob pena de ser considerada inconstitucional 
(formalidade violada). Por outro lado, se uma lei complementar tratar de 
matéria de lei ordinária (residual), ela não deverá ser invalidada por uma 
questão de economia legislativa. No entanto, esta lei, apesar de ser 
formalmente complementar, será materialmente ordinária. Tem-se que o 
procedimento da lei complementar é mais complexo que o da lei ordinária, 
e, portanto, engloba o quorum exigido para a lei ordinária. Por uma questão 
de economia legislativa é aceita esta possibilidade. *Quando uma lei é 
formalmente complementar, mas materialmente ordinária, pode ser 
revogada por lei ordinária. Cuidado com isso! É possível, pois, uma lei 
ordinária revogar uma lei complementar, desde que esta seja 
materialmente ordinária. 
 Relativamente à hierarquia entre leis federais, estaduais 
e municipais, tem-se que: não existe qualquer hierarquia entre estas leis, 
porque o fundamento de validade de todas elas está na Constituição da 
República. A conseqüência é que, se não existe hierarquia, não há 
prevalência entre elas. Havendo conflito entre uma e outra, ele será 
resolvido através da Constituição, analisando qual competência foi invadida 
pelas normas (art. 22 trata da competência da União; art. 25, § 1º trata da 
competência dos Estados; art. 30 trata da competência dos Municípios). Ex: 
lei federal que fale sobre questão municipal - esta lei é inconstitucional. 
Igualmente, assim será a lei municipal que trata de Direito Penal, matéria 
reservada à União. *O Tribunal competente para julgar, em última instância, 
conflito entre lei federal e lei municipal é o STF, art. 102, III, ‘d’, da CRFB, 
através de recurso extraordinário. Antes da Emenda 45, era o STJ (guardião 
 
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da legislação federal). A impressão que dava era que lei federal prevalece 
sobre estadual, o que era um equivoco. A Emenda 45 corrigiu isso – art. 102, 
III,”d”, da CRFB – se lei local é contestada em face de lei federal quem 
decidirá em ultima instância é o STF. Veja que se existisse hierarquia entre 
as leis seria o STJ, mas a emenda corrigiu isso, já que se trata de matéria 
constitucional. 
 Quanto à hierarquia entre normas gerais e normas 
específicas, tem-se que existe, sim, hierarquia entre estas normas, porque se 
se tem uma norma geral, o conteúdo da norma específica não pode 
contrariar o conteúdo da norma geral. É razão de subordinação de 
conteúdo, portanto. Ex: CTN é norma geral. Deste modo, as normas de 
Direito Tributário devem observância às normas gerais do CTN, uma vez 
que a lei específica tem seu conteúdo subordinado pelas diretrizes gerais da 
norma geral. Caso a lei específica colida com a normal geral, há violação 
direta à lei e indireta à Constituição. 
 *Por fim, quanto aos Tratados Internacionais, temos o 
seguinte: Quando a Constituição de 1988 entrou em vigor, o STF adotava o 
entendimento de que todo e qualquer tratado internacional tinha o status 
de lei ordinária. No entanto, alguns autores internacionalistas (Flávia 
Piovesan, Celso Lafer, Cançado Trindade) começaram a sustentar que nem 
todos os tratados tinham o status de lei ordinária, dizendo que apenas 
aqueles que não tratam de direitos humanos que tem status de lei ordinária; 
caso sejam relacionados aos direitos humanos (direitos fundamentais), têm 
status de norma constitucional, com observância do art. 5º, § 2º, da CRFB. É 
 
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uma concepção material dos direitos fundamentais. Esta tese chegou a ter 
repercussão em alguns tribunais brasileiros, mas o STF manteve seu 
entendimento anterior (lei ordinária). Diante disso, a Emenda nº 45/2004 
introduziu ao art. 5º da CRFB o § 3º, dizendo que se o tratado internacional 
for de direitos humanos (aspecto material) e observar o quorum exigido 
(aspecto formal), terá status de Emenda Constitucional. Após isto, o STF, no 
RE 466.343/SP, prevalecendo o entendimento de Gilmar Mendes, conferiu 
aos tratados internacionais uma tríplice hierarquia: 
a) tratados internacionais, que forem de direitos humanos e 
aprovados segundo o quorum do § 3º, terão status de Emenda Constitucional. 
Ex: Convenção sobre os direitos das pessoas portadoras de deficiências 
(incorporado ao direito brasileiro pelo Dec. 6949/09); 
b) se o tratado for de direitos humanos, mas não for aprovado por 
aquele quorum (anteriores à Emenda 45, como por ex. o Pacto de São José da 
Costa Rica, feita por meio de lei ordinária), vai ter status supralegal, ou seja, 
vai estar acima da lei e abaixo da Constituição; 
c) qualquer tratado que não seja de direitos humanos, terá status de 
lei ordinária. 
 O art. 5º, LXVII, da CRFB, fala da prisão civil por dívida 
(dívida alimentícia e depositário infiel). Neste caso, é preciso que lei 
infraconstitucional regulamente a prisão civil. O Decreto-lei 911/69 
(recepcionado pela Constituição de 1988 como lei ordinária) falava da 
prisão do depositário infiel. Só que o Brasil assinou o Pacto de São José da 
 
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Costa Rica, em que só haverá prisão civil por ocasião da obrigação 
alimentar. Como o STF entendeu que este pacto tem caráter de norma 
supralegal, ou seja,
superior ao decreto (lei infraconstitucional), não poderá 
mais haver prisão do depositário infiel. Em outras palavras, como a pessoa, 
para ser presa, necessita dessa regulamentação infraconstitucional, estando 
essa lei abaixo do pacto (supralegal), não pode haver mais previsão de 
prisão do depositário infiel (o pacto só permite no caso de obrigação 
alimentar). É o entendimento da Súmula Vinculante nº 25. É como se o 
pacto criasse um bloqueio, impedido a regulamentação em razão dessa 
prisão. Ele não está violando a CF? Não, porque ele está ampliando um 
direito (liberdade), embora alguns entendam que há redução de um direito 
fundamental do credor. Predomina a posição do STF, no sentido de que 
prevalece o Pacto. 
 
Parâmetro (Normas de referência) para o 
Controle de Constitucionalidade 
 Parâmetro é a norma da Constituição. O objeto do 
controle, por sua vez, é o ato que vai ser submetido ao controle de 
constitucionalidade. Ex: a lei não é parâmetro do controle, mas sim objeto 
de controle. Ex: vedação da progressão do regime viola individualização da 
pena - o objeto é a lei de crimes hediondos. No Brasil, o parâmetro para o 
controle de constitucionalidade são as normas formalmente constitucionais. 
Formalmente, a Constituição Brasileira pode ser dividida em 3 partes: 
preâmbulo, normas permanentes (todo o texto) e o ADCT. Destes, somente 
 
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servem de parâmetro para o controle as normas permanentes e o ADCT. Ou 
seja, o preâmbulo não serve, porque não é norma jurídica (segundo o STF). 
Uma lei não pode ser declarada inconstitucional por ter violado o 
preâmbulo, pois preâmbulo não vincula. É a tese da irrelevância jurídica do 
preâmbulo. *Ex: o único Estado brasileiro que não coloca no preâmbulo “sob 
a proteção de Deus” é o Acre. Ajuizaram no STF uma ADI questionando o 
preâmbulo da Constituição Estadual do Acre, porque violava o preâmbulo 
da Constituição da República. O STF disse que preâmbulo não é norma de 
observância obrigatória, muito menos norma jurídica, não podendo obrigar 
outras Constituições. Para que serve, então, o preâmbulo? O preâmbulo é 
importante para interpretação da CF, consubstanciando-se em uma diretriz 
hermenêutica. No preâmbulo, há os valores supremos da sociedade, de 
modo que o intérprete deve observar esses valores supremos. Isso não é 
unânime na doutrina. *Os princípios expressos e também os princípios 
implícitos são considerados normas formalmente constitucionais, servindo, 
pois, de parâmetro para o controle. Assim é que o princípio da 
proporcionalidade (princípio implícito, deduzido de normas expressas da 
Constituição) pode ser utilizado como parâmetro. Além do texto da 
Constituição, os tratados internacionais de direitos humanos, aprovados 
por 3/5, em dois turnos (como Emenda Constitucional, portanto) são 
parâmetros de controle (normas de referência). 
 O Ministro do STF Celso de Melo utiliza, dentro do 
estudo do parâmetro, a expressão bloco de constitucionalidade. Foi 
utilizada na ADI 514/PI e ADI 595/ES, mas foi criada pelo francês Louis 
Favoreu para designar todas as normas que tenham valor constitucional. 
 
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Não existe um consenso sobre o que vai integrar o bloco de 
constitucionalidade. Na França, por exemplo, fazem parte desse bloco de 
constitucionalidade não apenas a Constituição Francesa de 1958 (atual 
Constituição), mas também o preâmbulo da Constituição Francesa anterior 
(de 1946), além da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do 
Cidadão (Revolução francesa de 1789). Igualmente, entram os princípios 
criados pelo Conselho Constitucional (órgão de cúpula que existe na França. 
Não é órgão do Judiciário, mas ele serve de ultima instancia tanto da 
jurisdição judicial quanto administrativa). Esta expressão que surgiu na 
França passou a ser difundida em vários países, mas cada país adota essa 
expressão em um sentido. No Brasil, temos duas vertentes acerca do bloco 
de constitucionalidade: a) em sentido estrito: a expressão abrange apenas as 
normas formalmente constitucionais, que são as normas expressas e o 
princípios implícitos (Canotilho defende esta ideia de incluir os princípios 
implícitos no bloco de constitucionalidade. Para o autor português, 
ademais, bloco de constitucionalidade é sinônimo de parâmetro ou norma 
de referência); b) em sentido amplo: a expressão abrange, também, além das 
normas formalmente constitucionais, as normas vocacionadas a 
desenvolver a eficácia dos princípios consagrados na Constituição. Ex: lei de 
moradia, que regulamenta um direito fundamental social, expresso na 
Constituição, também entraria no bloco de constitucionalidade. *Na maioria 
das vezes, bloco de constitucionalidade é utilizado como sinônimo de 
parâmetro para o controle de constitucionalidade. 
 
 
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FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE 
 
Quando se fala em ato do Poder Público, fala-se em objeto ou 
parâmetro do Controle? 
 
1. Quanto ao Tipo de Conduta (Objeto do Controle de 
Constitucionalidade) 
 
1.1 Inconstitucionalidade por Ação – STF: 
 O Poder Público age, toma 1 conduta em contrariedade 
com a CF. 
 
 ADI 
 ADC 
 ADPF 
 
 
 
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1.2 Inconstitucionalidade por Omissão 
 O Poder Público deixa de praticar 1 conduta exigida pela 
Constituição. A CF tem 1 norma diretamente dirigida ao PP, para editar 1 
norma para regular determinada situação. Geralmente ocorre quando há 1 
Norma Constitucional de Eficácia Limitada. Conduta omissiva 
inconstitucional. 
 ADO (controle concentrado) 
 MI (controle difuso, concreto) 
* Erosão Constitucional 
 
 Celso de Melo: Fenômeno da Erosão Constitucional 
(ADI 1.484/DF) – ligado à omissão inconstitucional dos Poderes Públicos. 
Consiste no perigoso processo de desvalorização funcional da CF. Karl 
Loewenstein. Se a norma constitucional precisa de 1 norma para ter 
efetividade, à medida em que ela não é editada, isso causa 1 erosão da CF, 
porque, na prática, ela não se aplica. 
 
2. Quanto à Norma ofendida (Parâmetro para o Controle de 
Constitucionalidade) 
 
 
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2.1 Inconstitucionalidade Formal 
 Ligada à formalidade, processo ou procedimento. A 
norma ofendida estabelece 1 competência, 1 formalidade ou 1 
procedimento. 
 
 Subjetiva 
- Sujeito competente para o ato 
 
 Objetiva 
- Quórum de votação 
- Turnos de votação 
 
2.2 Inconstitucionalidade Material 
Violação à norma que estabelece direitos e deveres. 
STF – HC 82.959 – vedação da progressão de regime, nos crimes 
hediondos, violava o princípio da individualização da pena, norma que 
estabelece 1 direito fundamental. 
 
 
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Inconstitucionalidade Formal Subjetiva: preocupa-se
com o 
sujeito que praticou o ato, relaciona-se à competência para a prática de 1 
determinado ato. Ex.: art. 61, § 1º, CF. 
§ 1º - São de iniciativa privativa [*] do Presidente da 
República as leis que: 
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; 
II - disponham sobre: 
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na 
administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; 
b) organização administrativa e judiciária, matéria 
tributária[*] e orçamentária, serviços públicos e pessoal da 
administração dos Territórios; 
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime 
jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;(Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) 
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública 
da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério 
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Territórios; 
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da 
administração pública, observado o disposto no art. 84, VI (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, 
provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma 
e transferência para a reserva.(Incluída pela Emenda Constitucional nº 
18, de 1998) 
 
 
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 Quando a competência não é observada, há vício formal 
subjetivo. 
 Projeto de lei proposto por outra pessoa sancionado 
pelo PR; a sanção do PR supre 1 vício de iniciativa? 
 STF anteriormente à CF/1988: 
Súmula 5 
A SANÇÃO DO PROJETO SUPRE A FALTA DE 
INICIATIVA DO PODER EXECUTIVO (VIDE OBSERVAÇÃO). 
 
 Entendimento superado, apesar de a súmula não estar 
formalmente cancelada. 
 Entendimento atual: o vício de iniciativa é insanável. 
 
3. Quanto à Extensão 
3.1 Inconstitucionalidade Total da Norma 
 Toda a lei foi declarada inconstitucional. A 
inconstitucionalidade pode ser de toda a lei ou de todo o dispositivo. 
 
3.2 Inconstitucionalidade Parcial da Norma 
 
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 Dispositivo da lei foi declarado inconstitucional. 
 Apenas 1 parte da lei ou do dispositivo é considerada 
incompatível com a CF. 
 
 (diferentemente do veto parcial, art. 66, § 2º). Sim 
 
Art. 125, § 2º - Cabe aos Estados a instituição de 
representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos 
estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada 
a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. 
 
4. Quanto ao momento 
 
Inconstitucionalidade Originária 
 Ocorre quando o objeto é posterior ao parâmetro. 
 O objeto é inconstitucional desde sua origem, já nasceu 
inconstitucional. 
 
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4.1 Inconstitucionalidade superveniente 
 
 Ex. hipotético: quando a lei surgiu, era compatível com a 
CF. Em 2004 foi editada a EC 45 e a lei se torna inconstitucional, com a 
alteração do parâmetro (posterior ao objeto) 
 Ocorre quando o parâmetro é posterior ao objeto. 
 No Brasil, não se fala em “inconstitucionalidade 
superveniente”, mas de hipótese de não recepção. 
 
 Fenômeno: não recepção da lei. 
 CF Portuguesa art. 282 
 No Brasil, não se utiliza esta nomenclatura, porque é 
adotada a teoria do Hans Kelsen. A inconstitucionalidade é 1 violação do 
Poder Público à CF. 
 
Lei de Imprensa, anterior à CF, proposta ADPF. 
 
 
 
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5. Quanto ao Prisma/Ângulo de Apuração de 
Inconstitucionalidade 
 
 Classificação importante para controle concentrado ou 
difuso 
 
 
 
 
CF é o fundamento de validade da Lei. 
 
. A ligação do Lei é o fundamento direto de validade do Decreto
decreto à CF é indireta. CF é o fundamento de validade indireto do Decreto. 
 
 
 
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5.1 Inconstitucionalidade Direta/Antecedente 
 Ocorre quando o ato violador está ligado diretamente à 
CF. Não existe nenhum ato intermediário, nenhuma barreira. 
 
5.2 Inconstitucionalidade Indireta 
 Ocorre nos casos em que entre o ato violador e a norma 
constitucional violada existe 1 ato interposto. 
 
Ex. 1: lei Estadual trata de matéria de competência Federal. 
Governador edita decreto regulamentando a lei. Ambos serão 
inconstitucionais. A inconstitucionalidade do decreto é conseqüente da 
inconstitucionalidade da lei. 
ADI pode ter como objetos a Lei e o Decreto. 
 
Ex. 2: Lei Estadual Constitucional. Ao expedir o decreto, o PR trata 
de assuntos não previstos na lei, exorbita os limites da regulamentação 
legal. Diretamente, o decreto é ilegal. Reflexamente, é inconstitucional. 
 
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Não cabe ADI, porque a lei que o decreto regulamenta é 
constitucional. 
 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da 
República: 
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem 
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; 
 
O decreto pode violar diretamente a CF? Sim, se decorrer 
diretamente da CF, sem lei entre eles. O mesmo pode ocorrer com portaria 
que regulamente dispositivo da CF. 
 CF/1988
 
 Decreto/Portaria 
 
 
 
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FORMAS DE CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE 
 
Essa classificação só se aplica ao PJ, não se aplica ao PE e PL. 
 
1. Quanto à Competência Jurisdicional 
 
1.1 Controle Difuso 
Pode ser exercido por qualquer órgão do PJ. 
Aberto a todo PJ, sem ressalva à competência para exercer esse 
controle. 
Qualquer juiz ou Tribunal, dentro de sua competência, pode 
exercer esse tipo de controle. 
Conhecido como Sistema Norte-americano de controle (surgiu em 
1803, nos EUA – Juiz Marshall – Marbury X Madison). 
 
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46 
Introduzido em 1891 no Br. 
 
1.2 Controle Concentrado 
 Só pode ser exercido por 1 órgão do PJ. 
Quando o parâmetro é a CF, a competência se concentra no STF. 
Se o parâmetro for a CE, o órgão competente será o TJ. 
Sistema Europeu, Austríaco (1920). 
Logo depois, surgiram Tribunais especializados para tratar da 
Constitucionalidade. 
Hans Kelsen. 
Introduzido em 1965 no Br (EC 16). CF 1946 vigorava. 
 
2. Quanto à Finalidade do Controle 
 Por que motivo o controle será exercido. 
 
2.1 Controle Concreto/Incidental/por via de Defesa/por via 
de Exceção 
 
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A finalidade principal é assegurar direitos subjetivos consagrados 
na CF, e não a supremacia da CF (questão secundária). 
A pretensão é deduzida em juízo através de 1 processo 
constitucional subjetivo. 
Chama-se controle concreto porque vai surgir a partir de 1 caso 
concreto, de 1 violação concreta a determinado direito. 
A inconstitucionalidade é 1 questão incidental, não principal. 
 Para concretizar o direito, o juiz deverá afastar 
incidentalmente a lei. 
Pode ser reconhecida de ofício, porque o objeto não é a declaração 
de inconstitucionalidade, mas a defesa de 1 direito. 
 O juiz vai analisar a (in)constitucionalidade na 
fundamentação da decisão, não no dispositivo. 
No dispositivo, julgará procedente ou improcedente com relação 
ao direito subjetivo. 
Processo Civil, a inconstitucionalidade é 1 detalhe. 
 
2.2 Controle Abstrato/Principal/por via de Ação 
A finalidade principal é a proteção da ordem constitucional 
objetiva, da supremacia da Constituição. 
 
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Indiretamente também serão protegidos os direitos objetivos. 
A pretensão deduzida em juízo através de 1 processo 
constitucional objetivo. 
O controle é exercido em tese, em abstrato, independentemente 
de caso concreto. 
A declaração de inconstitucionalidade é o objeto principal da ação. 
O STF não pode declarar de ofício, deve ser provocado, por 
ADI/ADC/ADPF. 
A inconstitucionalidade é analisada no dispositivo da decisão e 
não na fundamentação. 
Regras específicas em relação à constitucionalidade. 
 
Todo controle difuso é concreto! 
Porém, nem todo controle concentrado é abstrato. 
 
O controle concentrado é abstrato ou concreto. 
Controle concentrado abstrato: ADI, ADC, ADPF e ADO. 
Controle concentrado e concreto: ADI Interventiva/Representação 
Interventiva. 
 
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3. Quanto ao Momento em que o Controle é exercido 
 
3.1 Preventivo 
 Quem realiza o controle antes de 1 projeto de lei ser 
editada? 
 PE, PL e, excepcionalmente, PJ. 
 PE: Chefe do PE (Veto Jurídico) 
 PL: CCJ 
 
Art. 66, § 1º - Se o Presidente da República 
considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional 
ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou 
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data 
do recebimento, e comunicará, dentro de 48 horas, ao 
Presidente do Senado Federal os motivos do veto. 
Veto Jurídico – veto por inconstitucionalidade 
 
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Veto Político – veto por contrariedade do interesse 
público 
 
 PJ só exercerá o controle preventivo excepcionalmente, e 
em 1 única hipótese: Caso de Mandado de Segurança, cuja legitimidade seja 
de Parlamentar, por inobservância do Devido Processo Legislativo 
Constitucional. 
 PJ -> MS -> Parlamentar -> DPLConstitucional 
 Somente o Parlamentar da respectiva Casa na qual o 
projeto esteja tramitando, porque o Parlamentar tem direito líquido e certo 
à observância do devido processo legislativo. 
 Tem que ser a observância de 1 regra da CF, não norma 
regimental. 
 
Art. 60, §4º, CF – Cláusulas pétreas 
 
LIMITAÇÕES MATERIAIS: 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de 
emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
 
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II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
 
 
 “ Se for deliberado o Não será objeto de deliberação...” 
assunto, já há uma inconstitucionalidade material. 
 
3.2 Repressivo 
 O principal protagonista será o PJ, através do controle 
difuso ou concentrado de constitucionalidade. 
 Também poderá ser exercido secundariamente pelo PE e 
PL. 
 Situações em que o Legislador pode exercer o controle 
repressivo: 
 art. 49, V – leis delegadas 
 art. 62 – decretos e regulamentos 
 Súm. 347, STF 
 
 
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Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso 
Nacional: 
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo 
que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de 
delegação legislativa; 
 
 Art. 49,V: Presidente solicita delegação ao CN – CN faz 
resolução delegando competência ao PR e delimita os assuntos que podem 
ser tratados – PR faz a lei delegada. 
 Se o PR tratar de outros assuntos que não haviam sido 
delegados, ele exorbitou os limites da delegação do CN, que poderá sustar 
esta parte exorbitante, por meio de decreto legislativo. 
 O mesmo ocorre para regulamentação de lei efetivada 
pelo PR. 
 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o 
Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, 
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao 
Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 32, de 2001) 
 
 
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 O CN pode rejeitar MP inconstitucional que não respeite 
os pressupostos constitucionais (relevância e urgência). 
 
Súmula 347 
O TRIBUNAL DE CONTAS, NO EXERCÍCIO DE SUAS 
ATRIBUIÇÕES, PODE APRECIAR A CONSTITUCIONALIDADE DAS 
LEIS E DOS ATOS DO PODER PÚBLICO. 
 
TC, em sua atividade fiscalizatória, tem a competência de analisar 
se o ato fiscalizado era constitucional ou não. 
 
Quando o PE pode exercer controle de constitucionalidade 
repressivo? 
O Chefe do PE pode negar cumprimento a uma lei que entenda ser 
inconstitucional. 
Somente pode negar cumprimento se motivar o seu ato e dar 
publicidade. 
Pode negar cumprimento até que haja 1 decisão do STF com efeito 
vinculante. 
 
 
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54 
Alguns doutrinadores afirmam que, se os Chefes de PE podem 
propor ADI, não há porque negar cumprimento. Porém, esse entendimento 
não é acatado por STF e STJ, minoritário. 
 
 
 
 
 
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FORMAS DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE 
 
1. Quanto ao aspecto objetivo 
 
1.1 Controle Difuso – Concreto 
 
 
Relatório 
 
Dispositivo 
 
 
 Tratado na fundamentação. 
 O controle de constitucionalidade é tratado na 
fundamentação. A inconstitucionalidade é apenas 1 causa de pedir. Para 
julgar se o pedido é procedente ou improcedente, incidentalmente decidirá 
sobre a constitucionalidade do dispositivo atacado. 
 
 
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56 
 Efeitos da decisão proferida pelo STF: inter partes 
 Tendência de abstrativização/objetivação do controle 
difuso: tendência de estender os efeitos do controle abstrato ao controle 
difuso. 
 HC 82.959/SP – A vedação da progressão de regime nos 
crimes hediondos é 1 afronta à individualização da pena. STF analisa a 
constitucionalidade da Lei, não apenas o caso concreto. 
 O STF declara inconstitucional a vedação da progressão 
de regime com efeitos erga omnes. 
 
 Quando a autoridade da decisão do STF é violada, cabe 
Reclamação. 
 Defensoria Pública do Acre propôs a Recl. 4.335/AC, 
analisada por Gilmar Mendes. No mesmo sentido, Eros Grau. 
 Joaquim Barbosa e Sepúlveda Pertence disseram que 
não deram efeitos erga omnes, apenas inter partes. 
 A questão ainda não está decidida. 
 
 
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 A abstrativização tem influência no Legislativo, 
principalmente com a EC 45/2005, que instituiu 2 instrumentos de 
racionalização das decisões judiciais: 
 
 
 A abstrativização tem influência no Legislativo: 
A – Repercussão Geral como requisito de admissibilidade do 
Recurso Extraordinário. 
Não se trata apenas do direito subjetivo das partes envolvidas, 
mas de todos. O papel do STF não é de mera instância recursal para resolver 
demandas individuais, mas sim de Corte Constitucional para uniformizar a 
interpretação da CF. 
 
B – Súmula Vinculante. 
Para que o STF possa editar uma SV, pressupõem-se reiteradas 
decisões proferidas em controle difuso. A partir do momento que o STF 
profere a SV, a decisão deixa de ter efeitos apenas inter partes e passa a ter 
efeitos erga omnes. 
 
 
 
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1.2 Controle concentrado – abstrato 
 
 
Efeitos de ADI, ADC e ADPF. 
ADO tem efeitos diferenciados. 
 
Efeitos de ADI, ADC e ADPF: 
1 Erga omnes 
2 Vinculante 
 
 
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Diferença entre efeito erga omnes e vinculante. 
Efeito erga omnes: refere-se apenas ao dispositivo da decisão. 
Efeito vinculante: também se refere ao dispositivo, mas pode 
ser estendido à fundamentação. 
 
É a “Teoria da Transcendência dos Motivos” ou “Teoria dos Efeitos 
Transcendentes dos Motivos Determinantes”. 
O efeito transcende o dispositivo da decisão para atingir também 
os motivos que levaram o Tribunal a tomar determinada decisão (ratio 
decidendi). 
Como ele é o guardião da CF, cabe ao STF dar a última palavra 
sobre como a CF deve ser interpretada, porque, se cada juiz ou tribunal der 
1 interpretação diferente à CF, restará enfraquecido o princípio da Força 
Normativa da Constituição. 
 
CESPE: Está pacífica no STF a Teoria da Transcendência dos 
Motivos? Não! 
 
Questões obter dicta (singular; dictum; plural, acessórias do 
julgado, não vinculam, só a ratio decidendi. 
 
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 Importância prática: da mesma forma que o STF julgar a 
decisão sobre proibição de fumar em locais públicos, atingirá as normas 
paralelas, idênticas à julgada. 
 
2. Quanto ao aspecto Subjetivo 
 
 O efeito erga omnes atinge tanto particulares quanto os 
Poderes Públicos. 
 O efeito vinculante é mais específico, não atinge a todos 
sem exceção, somente os Poderes Públicos. 
 
Art. 102, § 2º As decisões definitivas de mérito, 
proferidas pelo STF, nas ações diretas de inconstitucionalidade e 
nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia 
contra todos (Eficácia erga omnes) e efeito vinculante, 
relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à 
administração pública direta e indireta, nas esferas 
federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) + ex tunc 
 
 
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efeito vinculante: relativamente aos demais* órgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, 
estadual e mun 
*Apenas o STF não fica vinculado à decisão. A não vinculação 
refere-se ao Plenário do STF. As 2 turmas ficam vinculadas, têm que 
observar a vinculação dada pelo Pleno, assim como o relator. O Pleno pode 
rever o posicionamento, desde que seja provocado e haja mudanças na 
situação que indiquem conveniência da mudança de posição. 
 
 O Poder Legislativo não ficará vinculado no que se 
refere à sua função típica de legislar, apenas no que se refere à função NÃO 
legislativa. Fica vinculado quanto a funções atípicas, como julgar e 
administrar. Ex: verticalização das coligações aprovada pelo STF. EC do 
PL!!!! 
 O PE fica vinculado pela decisão do STF? O PE só não fica 
vinculado no que se refere à sua participação no processo legislativo: 
sanção, MP, tratado internacional... 
A função legislativa não pode ser atingida pelo efeito vinculante: 
sob o risco de evitar a FOSSILIZAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO. 
 
Art. 28, Parágrafo único. Lei 9.868/1999 
 
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A declaração de constitucionalidade ou de 
inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme 
a Constituição e a declaração parcial de 
inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia 
contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos 
do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, 
estadual e municipal. 
 
3. Quanto ao aspecto temporal 
 
Efeitos temporais da decisão do STF 
 
Qual a natureza (essência) da lei inconstitucional? 
Três posicionamentos principais: 
a) Seria um ato inexistente 
b) Seria um ato nulo 
c) Seria um ato anulável 
 
 
 
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a) SERIA UM ATO INEXISTENTE 
 Seabra Fagundes e outros. 
 No ordenamento jurídico, a CF é o fundamento 
de validade de todas as leis e atos normativos. Para que 1 ato seja válido, 
deve ser produzido de acordo com o que a constituição determina. Se não 
produzido conforme a CF, não está dentro do ordenamento jurídico. Se está 
fora do ordenamento jurídico, juridicamente, o ato é inexistente, pois não 
produzido com o que a constituição determina. 
 
b) SERIA UM ATO NULO - STF 
 EUA 
 A lei inconstitucional é um ato nulo, tem vício 
de origem. 
 Doutrina e Jurisprudência EUA adotam a teoria 
da Nulidade, que influenciou o entendimento do STF, que vale até hoje. 
 Se a lei é um ato nulo, a decisão do STF que 
declara a inconstitucionalidade tem natureza meramente declaratória. 
 O STF não admite que a lei seja 
constitucionalizada por 1 EC. 
 
 
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c) Seria um ato anulável 
 Hans
Kelsen 
 A lei inconstitucional não é 1 ato nulo, apenas 
anulável. Quando 1 lei é feita dentro de padrões mínimos, a lei produz 
efeitos independentemente de ser compatível com a CF. Só não será 
aplicada a partir do momento em que o PJ a julgar inconstitucional, tendo, 
portanto, a decisão, natureza constitutiva. 
-------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------ 
 Regra geral: a decisão do STF tem efeito “ex tunc”. 
 Possibilidade de Modulação dos Efeitos (2/3 STF): 
 A decisão tem efeitos retroativos e vale dalí em diante. 
Isso não significa que não possa haver modulação temporal dos efeitos da 
decisão: é a possibilidade de modular os efeitos da decisão no tempo, 
conferir efeito diferente da regra geral. Pela modulação temporal, o STF 
pode dar efeito “ex nunc” ou “pro futuro”, observando os requisitos do art. 
27 da lei 9.868/1999 (ADI ADC): 
a) por razões de segurança jurídica ou 
b) excepcional interesse social. 
 
 
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Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de 
excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por 
maioria de 2/3 de seus membros, restringir os efeitos daquela 
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito 
em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
 modular Pode tanto os efeitos da decisão quanto o 
aspecto temporal. 
 Essa opção é para o controle abstrato. Não existe previsão 
expressa para o controle difuso. Por isso, o art. 27 é aplicado por analogia ao 
controle difuso. 
 
 Requisito formal: 2/3 (8/11), 8 Ministros. 
 Lei 9.882/1999, art. 11 
Art. 11. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou 
ato normativo, no processo de argüição de descumprimento 
de preceito fundamental, e tendo em vista razões de 
segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá 
o Supremo Tribunal Federal, por maioria de 2/3 de seus 
membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir 
que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado 
ou de outro momento que venha a ser fixado. 
 
 
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ADI 231, 837, RE 442.683/RS 
O STF pode modular no controle difuso. Para os demais órgãos do 
PJ, há divergência. 
 
 Efeito pro futuro RE 197.917 – decisão sobre o nº de 
vereadores e o limite que deveria ser observado. 
 
 Inconstitucionalidade progressiva / Norma ainda 
constitucional: 
 
 São situações constitucionais imperfeitas que se situam 
entre a constitucionalidade e a inconstitucionalidade, cujas circunstâncias 
fáticas justificam a manutenção temporária da norma. Há fatores que 
justificam a manutenção da norma, mesmo não sendo totalmente 
constitucional. 
 
 Baixar o material de apoio na editora método. 
 HC 70.514 A norma que estava sendo analisada foi o Art. 
5º, § 5º, da Lei 1.060/1950: 
 A Defensoria Pública tem prazo em dobro. 
 
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 STF: enquanto houver desigualdade entre DP e MP, cabe o 
prazo em dobro. À medida que essa desigualdade for diminuída, a norma 
passará a ser inconstitucional. 
 
 RE 147.776 trata de um dispositivo anterior à CF/1988 – 
Art. 68, CPP: 
 Enquanto não existir Defensoria Pública em todos os 
Estados, valerá o CPP 68. 
 “Não recepção progressiva” – de norma anterior à CF, 
Eugênio Paccelli. 
 
 Apelo ao Legislador – nessas situações imperfeitas, o 
Tribunal faz 1 apelo ao legislador para que corrija a situação. 
 
4. Quanto à extensão da declaração 
 
 Declaração de nulidade/inconstitucionalidade: 
 Com redução Total de texto 
 Parcial - Sem redução de texto 
 
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Isso só vale para o controle abstrato - STF: 
4.1 Declaração de nulidade/inconstitucionalidade com 
redução de texto 
 
 O STF atua como “legislador negativo” (Hans Kelsen, 
Jurisdição Constitucional): é como se o Tribunal estivesse revogando a lei, o 
ato tem a mesma generalidade e abstração de 1 lei. É como se estivesse 
exercendo não 1 função jurisdicional, mas legislativa. Retira 1 norma, não 
cria 1 nova norma (legislador positivo). 
 O STF pode atuar como legislador positivo? Não!!! No 
entanto, gradativamente, esse entendimento vem sendo criticado. Segundo 
Gilmar Mendes, é 1 diferenciação ultrapassada. Ex.: caso da Raposa Serra do 
Sol, de greve de servidores públicos. 
 
Para concurso: 
 Prova objetiva: STF Não pode atuar como legislador 
positivo, só como legislador objetivo!!! 
 Provas discursivas/orais: expor a outra posição. 
 
 
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 Declaração total: toda a lei declarada inconstitucional. 
 Declaração parcial: parte da lei declarada 
inconstitucional 
 
 
4.2 Declaração de Nulidade sem redução de texto 
 É necessário que a norma/dispositivo seja 
polissêmica/plurissignificativa. 
 O STF exclui determinado significado e permite os 
demais. 
 O texto não é alterado, mas é reduzida a possibilidade de 
interpretações dessa norma: a declaração de nulidade sem redução de texto 
é tratada como equivalente à interpretação conforme a Constituição. 
 Pode ser utilizada como técnica de interpretação, 
princípio interpretativo (princípio instrumental), e como técnica de decisão 
judicial. 
 
 Princípio instrumental: a interpretação conforme exige 
o seguinte: impõe que as normas infraconstitucionais sejam interpretadas à 
 
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luz da CF. Regra de hermenêutica jurídica. Passa a lei no filtro 
constitucional. 
Ex.: CC 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a 
união estável entre o homem e a mulher, configurada na 
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o 
objetivo de constituição de família. 
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito 
entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que 
couber, o regime da comunhão parcial de bens. 
 
 TJ/RS: princípio da igualdade e da dignidade da pessoa 
humana. 
 
 TRF 4ª Região – INSS – benefício previdenciário 
estendido a companheiro homossexual. 
 
 Técnica de Decisão Judicial: assemelha-se à declaração 
de nulidade sem redução de texto 
1ª hipótese: Permite 1 determinada interpretação e exclui as 
demais. 
 
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2ª hipótese: Exclui 1 determinado caso da hipótese de incidência. 
 
1ª hipótese: 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito 
Federal legislar concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, 
econômico e urbanístico; 
§ 1º
- No âmbito da legislação concorrente, a 
competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
 
UFESP – Interpretação dada: Os Estados podem criar unidade 
fiscal de atualização monetária, desde que o valor seja igual ou inferior; se 
for 1 valor superior, será inconstitucional. 
 
2ª hipótese – Exclusão de determinado caso da incidência da 
norma. 
 O teto dos benefícios da Seguridade vale para 
todos os benefícios, exceto para a licença-gestante. 
 
Pontos em comum 
 
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 1 Não há qualquer alteração no texto da lei 
 2 Há 1 redução no âmbito de aplicação da norma 
 
Diferenças: 
 Declaração de Nulidade sem Redução de Texto é uma 
técnica de decisão judicial. 
 Interpretação Conforme é tanto uma técnica de decisão 
quanto 1 princípio instrumental. 
 
Sepúlveda Pertence: 
 DNSRT: só pode ser utilizada no controle abstrato. 
Utilizada no dispositivo. 
 IC: pode ser utilizada tanto no controle abstrato quanto 
no concreto. Utilizada na fundamentação. 
 
 DNSRT: exclui 1 interpretação, permitindo-se as demais. 
 IC: confere uma interpretação à norma (1 sentido) e 
exclui as demais 
 
 
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Limites para / Excluem a IC: 
 1 clareza do texto legal (há apenas 1 sentido possível, 
não é polissêmico) 
 2 vontade do legislador: o juiz não pode substituir a 
vontade do legislador pela própria vontade 
 O objetivo é manter a norma dentro do ordenamento 
jurídico. 
 
4.3 Inconstitucionalidade por arrastamento/atração: 
 Técnica utilizada apenas no controle abstrato. 
 No controle abstrato, não se pode declarar 1 lei 
inconstitucional se não expressamente pedido. 
 Para haver a declaração de inconstitucionalidade por 
arrastamento/atração, a parte deve requerer. 
 No controle concreto, mesmo sem ser provocado, o juiz 
pode declarar 1 lei inconstitucional. 
 
 Inconstitucionalidade por arrastamento: 
 - horizontal – normas de mesma hierarquia 
 
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Ex.: Lei com vários dispositivos. Interessado propõe ADI, pedindo 
para declarar o art. 3º inconstitucional. O STF não pode declarar 
inconstitucionais os demais dispositivos que não foram objeto do pedido. O 
Tribunal só poderá se manifestar sobre o que foi provocado. 
 Exceção: interdependência entre os dispositivos; se o 
STF não declarar o outro dispositivo também inconstitucional, o dispositivo 
ficará isolado na lei. Nesse caso, o STF declara a inconstitucionalidade do 
artigo 3º e, por arrastamento, do art. 4º 
 
- vertical – normas de diferentes hierarquias ex.: CF, Lei, Decreto 
 
 Apenas a lei pode ser objeto de ADI, porque está 
diretamente ligada à CF. 
 Inconstitucionalidade conseqüente: o decreto 
também será inconstitucional, porque regulamenta a lei, porque existe 1 
relação de interdependência entre os dois. Sozinho, não faz sentido no OJ. 
 Mesmo que não se manifeste o interessado, o STF pode 
declarar a inconstitucionalidade por arrastamento do decreto. 
 
Arrastamento/Atração para a constitucionalidade. 
 
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4 – DIREITOS FUNDAMENTAIS E 
DIREITOS HUMANOS 
 
Liberdade Igualdade 
DIREITOS DA PESSOA HUMANA 
 
1. Noções introdutórias 
 
 São direitos consagrados no plano internacional. 
 Quando consagrados no plano interno, são os direitos 
fundamentais. Em regra, nas constituições. 
 
Art. 5º, § 1º - As normas definidoras dos direitos e 
garantias fundamentais têm aplicação imediata. 
 Muitas dessas normas precisam de lei regulamentadora 
para serem aplicadas. 
 
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 Ingo Sarlet 
 Flávia Piovesan – boa indicação de livros sobre direitos 
humanos. 
 O entendimento que eles adotam sobre o dispositivo é o 
seguinte: não pode ser interpretado como um mandamento de definição, 
mas de otimização. 
 Mandamentos de Otimização – o dispositivo tem que ser 
interpretado como sendo 1 princípio. Tem natureza principiológica, não de 
regra, porque seu cumprimento será na maior medida possível, não na 
medida exata de sua prescrição. 
 Mandamentos de Definição – devem ser aplicados na 
medida exata de suas prescrições. 
 
 Correta interpretação do art. 5º, § 1º: as normas 
definidoras dos direitos e garantias fundamentais devem ser interpretadas 
no sentido que lhes confira a maior eficácia possível, de acordo com as 
possibilidades fáticas e jurídicas existentes. 
 
Art. 5º § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta 
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos 
 
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princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais 
em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
 Esse dispositivo consagra uma teoria material. 
 Você reconhece 1 direito fundamental pelo seu 
conteúdo, não pela forma ou local em que está consagrado. 
 Quando os tratados de direitos humanos são 
consagrados no ordenamento brasileiro, passam a ser direitos 
fundamentais. Os direitos fundamentais estão espalhados em toda a 
Constituição e, também, fora do texto constitucional. Portanto, não 
encontram-se apenas no Título II da CF. 
 
Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais 
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos 
respectivos membros, serão equivalentes às emendas 
constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 
2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo) 
 
Aspecto Material: “sobre direitos humanos” 
Aspecto Formal: “aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, 
em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros” 
O efeito é o mesmo de estarem consagrados no texto da CF. 
 
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Os tratados internacionais tem 3 níveis hierárquicos diferentes: 
 
 
 TIDH + 3/5 + 2T – status de EC 
 
 TIDH sem 3/5+ 2T – status de norma supra-legal
 
 
 TI que não são de DH – status de LO 
 
 O status dos tratados de DH anteriores à norma no § 3º é 
de norma supra-legal, acima da lei, mas abaixo da CF. 
 
 O tratado internacional não pode tratar de matéria de 
LC, só pode tratar de matéria residual (de LO). 
 
 
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79 
2. Classificação dos Direitos Fundamentais (baseada na de 
Jellinek) 
José Carlos Vieira de Andrade, autor português 
 
2.1 Direitos de Defesa (1ª dimensão, Liberdade) 
 São direitos do indivíduo em face do Estado, criados 
para defesa da liberdade em face
de arbitrariedades do Estado. 
 Ligados ao valor Liberdade. 
 1ª dimensão dos direitos fundamentais. Direitos com 
caráter “-“, pois exigem abstenção por parte do Estado, deve não intervir na 
liberdade. 
 São os direitos e garantias individuais, consagrados no 
art. 5º. 
 Ex.: direitos civis. 
 
2.2 Direitos a Prestações (2ª Dimensão, Igualdade) 
 Ligados ao valor Igualdade, sobretudo no seu aspecto 
material, visam à redução das desigualdades existentes, minorá-las. 
 Surgem no Estado Social, após a 1ª GM. 
 
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80 
 Direitos de 2ª dimensão. 
 Exigem atuação positiva por parte do Estado – caráter 
“+”. Exigem prestações materiais ou jurídicas do Estado. Direitos 
prestacionais. 
 Podem ser jurídicas, como assistência jurídica (DP), 
segurança pública. Geralmente, nem sempre, são sociais, econômicos e 
culturais. 
 
2.3 Direitos de Participação (Nacionalidade) 
 São os direitos de participação do indivíduo na vida 
política do Estado. Votar, ser votado. 
 São os direitos políticos. 
 Para exercício dos direitos políticos, o sujeito tem que 
ser brasileiro (nato ou naturalizado). 
 Direitos de nacionalidade. Para que o indivíduo 
participe da vida do Estado, deve ser nacional brasileiro. 
 Caráter “+” e “-“, tanto promove as eleições quanto não 
interfere na escolha dos candidatos. 
 
 
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81 
 Todas as classificações têm aspecto + e -, porém aqui 
ressalta-se o aspecto principal dos direitos. 
 
 CESPE: Os direitos de prestações possuem eficácia 
menor do que os direitos de defesa. 
 Ex.: liberdade de expressão X saúde; salário mínimo X 
liberdade de expressão. 
 Interpretação: Os direitos prestacionais, por exigirem 
prestações estatais, têm eficácia menor do que os direitos de defesa. 
 
3. Características dos Direitos Fundamentais (JAS) 
Visão jus-positivista do direito 
 
3.1 Universalidade 
 A vinculação desses direitos à liberdade e à dignidade 
conduz à sua universalidade. Protegem 1 atributo que todo ser humano 
possui, a dignidade da pessoa humana. O núcleo mínimo desses direitos 
deve estar em todas as CF. 
 Uma das principais críticas à universalização dos DF é o 
não respeito ao Multiculturalismo. Podemos impor os direitos que 
 
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82 
consideramos fundamentais? O multiculturalismo defende o respeito às 
características culturais de cada povo/sociedade. 
 
3.2 Inalienabilidade 
 Por não terem conteúdo patrimonial, esses direitos são 
inegociáveis, intransferíveis e indisponíveis. 
 
3.3 Imprescritibilidade 
 Por não terem conteúdo patrimonial, não estão sujeitos a 
prescrição, por maior que seja o período em que não se exerça o direito 
fundamental. 
 
3.4 Historicidade 
 Direitos históricos são os que surgem e se modificam 
com o passar do tempo. Os direitos fundamentais foram surgindo 
gradativamente, com as lutas sociais. Não têm hoje a mesma característica 
que tinham há alguns anos. Ex.: direito à liberdade na revolução francesa 
era simplesmente no aspecto negativo. 
Isaiah Berlim 
 
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a) Liberdade no sentido negativo – liberdade de agir – ausência de 
coação estatal, que o Estado não interfira na liberdade de agir do indivíduo. 
b) Liberdade no aspecto positivo – liberdade para agir – 
pressupõe certas condições materiais mínimas. 
 
 A historicidade afasta a fundamentação jusnaturalista 
dos direitos fundamentais. 
 Direitos Naturais para os jusnaturalistas: eternos, 
universais, imutáveis. 
 Há 1 incompatibilidade no fato de os Direitos Naturais 
serem eternos e imutáveis com sua adaptação às realidades históricas. 
 
3.5 Irrenunciabilidade 
 Não se deve admitir renúncia ao núcleo substancial de 1 
direito fundamental. 
 Não se confunde com a limitação voluntária de 1 direito, 
a pessoa não pode abrir mão definitivamente do núcleo substancial de 1 
direito fundamental, o que não significa que não pode haver 1 limitação 
voluntária de 1 direito. 
 
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 1 titular de 1 direito fundamental pode limitar 
voluntariamente seu direito. Ex.: pessoas que participam de BBB. 
 Não se confunde com o não exercício de 1 direito. Ex.: 
quando 1 pessoa não recorre de 1 processo, não abre mão do duplo grau de 
jurisdição em outros casos. 
 
3.6 Limitabilidade/Relatividade 
 P. da convivência das liberdades públicas. Os direitos 
fundamentais encontram limitações em outros direitos também 
consagrados na CF. 
 Bobbio sustenta que os direitos fundamentais não são 
absolutos, mas alguns sim, como não ser escravizado, não ser torturado. 
 Os princípios é que não podem ser considerados 
absolutos, porque precisam de interpretações. 
 Porém, há direitos fundamentais que se exercem através 
de regras, que não precisam ser ponderados. 
 
4. Eficácia Vertical e Horizontal dos Direitos Fundamentais 
 Parte da seguinte premissa: 
 
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 A relação entre Estado e particular não é de igualdade, 
mas de subordinação, o Estado tem poder de impor determinadas condutas. 
É uma relação vertical. 
 Os direitos fundamentais surgiram para proteger o 
particular contra o arbítrio do Estado e tinham aplicação na relação vertical, 
com eficácia vertical, que consiste na aplicação dos direitos fundamentais às 
relações entre o Estado e 1 particular. 
 Hoje, não se aplicam apenas a esse tipo de relação, mas 
também a relações entre particulares, que envolvem relação de 
coordenação. 
 Eficácia horizontal consiste na aplicação de direitos 
fundamentais às relações entre particulares. 
 
4.1 Teoria da Ineficácia Horizontal 
 
 Adotada no Direito norte-americano. 
 Os DF não se aplicam a relações particulares, apenas nas 
relações verticais, entre particulares e Estado. 
 
 Doutrina da “State Action” 
 
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 que tenta contornar essa ineficácia horizontal: 
1º aspecto: pressuposto do qual ela parte é de que os direitos 
fundamentais só se aplicam quando há 1 violação decorrente de atuação 
estatal. 
2º aspecto: Finalidade dessa doutrina. Para que foi criada? Para 
tentar afastar a impossibilidade de aplicação às relações entre particulares. 
Analisa caso a caso quando se aplica ou não. 
3º aspecto: artifício utilizado consiste na equiparação de atos 
privados a atos estatais. Para tentar contornar essa impossibilidade, essa 
doutrina equipara em alguns casos o ato de 1 particular a ação do Estado, 
quando se aplicará o direito fundamental. 
http://jus.uol.com.br/revista/texto/18416/state-action-doctrine 
(...) 
Sendo assim, pode-se dizer que a
State Action Doctrine é uma 
doutrina norte-americana que afirma que os direitos fundamentais 
estabelecidos pela Constituição dos Estados Unidos, tais como os previstos 
na 1ª Emenda [04] e na Emenda 14 [05], somente protegem os cidadãos contra 
a ação do Estado (State Action) e não se aplicam a relações entre 
particulares. No entanto, essa doutrina apresenta 02 (duas) exceções, em 
que podem ser aplicados os direitos fundamentais nas relações entre 
particulares. A primeira exceção é denominada "public function exception", 
que trata sobre a possibilidade de se alegar a proteção dos direitos 
 
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fundamentais numa relação privada quando uma das partes envolvidas 
estiver no exercício de uma função pública. Já a segunda exceção é chamada 
de "entanglement exception" e estabelece que se o governo delega uma de 
suas funções para uma entidade privada, essa entidade será considerada 
um agente estatal somente em relação às funções delegadas pelo 
governo. [06] 
(...) 
 
4.2 Teoria da Eficácia Horizontal Indireta (Adotada na 
Alemanha) 
 
 Gunter Durig 
 De acordo com essa Teoria, os direitos fundamentais não 
ingressam no cenário privado como direitos subjetivos, porque são relações 
de direito privado. Os direitos fundamentais precisam ser relativizados, 
devido ao princípio da autonomia privada. Será necessária uma lei para que 
eles possam irradiar seus efeitos, uma lei de direito privado, que 
regulamentará a aplicação dos direitos nessas relações. 
 Através das cláusulas gerais do direito privado, aplicam 
os direitos fundamentais às relações. 
 
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 3 razões pelas quais os alemães entendem que deve 
haver 1 lei para os direitos fundamentais erradiarem seus efeitos – razões 
pelas quais a aplicação direta não pode ocorrer: 
 a) Causaria 1 desconfiguração do direito privado, em 
razão da perda da clareza conceitual. 
 b) Aniquilaria a autonomia da vontade 
 c) Seria incompatível com o princípio democrático, da 
separação dos poderes e da segurança jurídica. 
 
4.3 Teoria da Eficácia Horizontal Direta 
 
 Apesar de ter sido criada na Alemanha, não é adotada lá. 
Adotada por Espanha, , Itália e . Portugal Brasil
 Não seriam necessárias artimanhas interpretativas 
para que o direito fundamental seja aplicado. 
 Pode-se aplicar os direitos fundamentais, mas essa 
aplicação não deve ocorrer com a mesma intensidade com que se aplica às 
relações entre Estado e particular. 
 Autonomia Privada X Direito Fundamental. 
 
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 Ex.: RE 161.243/DF – STF aplicou o princípio da 
isonomia, não prevalecendo a autonomia privada. 
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL 
CIVIL E TRABALHISTA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO: PRINCÍPIO 
CONSTITUCIONAL DA ISONOMIA: ART. 153 , § 1º, DA E.C. Nº 1/69. 
AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO DENEGATÓRIA DE 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. 1. O tema constitucional da isonomia foi 
suscitado desde a instância do recurso ordinário ao T.R.T., reiterado em 
Recurso de Revista e expressamente enfrentado em Embargos 
Declaratórios em Agravo Regimental em Agravo de Instrumento, pelo 
Tribunal Superior do Trabalho. Sendo assim, foi considerado 
prequestionado e reexaminado pela Segunda Turma, no acórdão 
embargado, com o acréscimo de não se tratar de ofensa indireta, mas, sim, 
direta, a tal princípio. Daí o conhecimento e provimento do Recurso 
Extraordinário, para aplicação do Estatuto da empresa, ao recorrente, com 
base no referido princípio constitucional. 2. E nenhum dos acórdãos 
paradigmas decidiu em sentido contrário. 3. Assumem, pois, os Embargos 
de Divergência, nítido caráter infringente, o que não é admissível, segundo 
pacífica jurisprudência da Corte. 4. Agravo improvido 
 
4.4 Teoria Integradora 
 
 Robert Alexy e Bockenforde. 
 Integra as Teorias TEHI e TEHD. 
 
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 Como faz essa integração? Sustenta que o ideal, quando 
se tem uma relação entre particulares, é que os direitos fundamentais 
irradiem seus efeitos por meio de uma lei. Porém, não existindo essa lei, 
isso não impede que haja uma aplicação direta desses direitos. Quando 
existir a lei, o juiz deve observar a lei. 
 
5. Limites dos Limites 
 O tema ainda não é muito discutido no Brasil, mas essa 
teoria dá base para analisar questões dissertativas. 
 1964 – Betterman 
 Esse tema envolve 1 paradoxo interessante: 
 Os direitos fundamentais foram criados inicialmente 
como limites ao arbítrio do Estado, para proteger as liberdades. Servem 
como limites aos Poderes Públicos, à atuação desses poderes. 
 
Liberdades  Arbítrio do Estado  Direitos 
Fundamentais 
 Porém, ao mesmo tempo que esses direitos 
fundamentais atuam como limites aos Poderes Públicos, estes podem 
estabelecer limites aos direitos fundamentais. 
 
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Art. 13, XIII - é livre o exercício de qualquer 
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer; 
 Ao estabelecer limites aos direitos fundamentais, o 
Poder Público também deve observar determinados limites. 
 Quais limites são impostos aos Poderes Públicos 
para que possam estabelecer limitações aos direitos fundamentais? 
 
5.1 Fundamentos para adoção dessa teoria (Limites dos 
Limites): 
a) Princípio do Estado Democrático de Direito, 
consagrado no art. 1º da CF. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, 
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
[5]fundamentos [SCDVP]: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
 
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b) Princípio da Legalidade 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de LEI; 
 
c) Princípio da Segurança Jurídica 
 Caput fala da segurança jurídica: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à SEGURANÇA e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
 Inciso fala da proibição à irretroatividade: 
 
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XXXVI - a lei não
prejudicará o direito adquirido, o 
ato jurídico perfeito e a coisa julgada; 
 
d) Princípio da Proporcionalidade 
 É extraído da cláusula do devido processo legal em seu 
caráter substantivo. 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus 
bens sem o devido processo legal; 
 
5.2 Requisitos a serem observados por normas restritivas de 
direitos fundamentais: 
 
 Requisitos que o Poder Público tem que observar para 
fazer uma lei limitadora dos direitos fundamentais. 
 
a) Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal 
 A restrição só pode ser criada por lei, não por ato infra-
legal. 
 
 
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b) Princípio da Irretroatividade 
 
c) Princípio da Proporcionalidade 
 Toda restrição a direito fundamental deve ser 
proporcional. 
 As três regras do P. da Proporcionalidade: 
 C1) O ato deve ser adequado (os meios 
utilizados têm que ser aptos a atingir os fins almejados); 
 C2) O ato deve ser exigível (o meio deve ser o 
menos gravoso possível); e 
 C3) Proporcionalidade em sentido estrito (faz 
uma análise, ponderação entre o custo e o benefício da medida). Para que 
uma medida seja proporcional, ela deve trazer mais benefícios do que 
custos. 
 
d) Princípio da Generalidade e Abstração 
 A lei não pode ser casuística, para 1 indivíduo 
concretamente considerado – o que está por trás é o princípio da igualdade. 
 
 
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e) Princípio da Salvaguarda do Conteúdo essencial 
 Um direito fundamental pode ser restringido desde que 
seu núcleo substancial seja preservado. A restrição não pode atingir o 
núcleo essencial, pois senão o próprio direito estará violado. 
 
6. Dignidade da Pessoa Humana 
 
 A dignidade não é 1 direito, é 1 atributo que todo ser 
humano possui, independentemente da nacionalidade. Todo ser humano 
tem dignidade. 
 O ordenamento não confere dignidade a ninguém, é 1 
atributo que todos têm. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada 
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem 
como [5]fundamentos [SCDVP]: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
 
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IV - os valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
 
 O que significa ser 1 fundamento da República 
Federativa? 
 Cabe ao Estado proteger a dignidade e promover as 
condições necessárias para uma vida humana digna. 
 A grande maioria da doutrina a aponta não apenas como 
fundamento, mas como valor supremo do nosso ordenamento jurídico. 
 Qual a conseqüência de ser um valor supremo? Não é a 
norma suprema, porque não existe supremacia de normas constitucionais. 
É o valor constitucional supremo, mas que tem peso mais elevado do que 
outros valores consagrados na Constituição. 
 
 
 A relação é que a dignidade é o núcleo em torno do qual 
gravitam os direitos fundamentais. 
 
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 Ponto comum entre todos os direitos fundamentais: 
proteger e promover a dignidade da pessoa humana. 
 Derivação direta: liberdade, igualdade, direitos 
trabalhistas (férias, 13º)... 
 
 
 A dignidade da pessoa humana não é um direito, é um 
atributo. 
 
 
 
 regra de A dignidade da pessoa humana é uma 
hermenêutica utilizada para , não vai ser aplicada diretamente. Será 
interpretar outros dispositivos. 
 Se é o fim supremo que se busca alcançar, os outros 
direitos devem ser interpretados sob sua ótica. 
 
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, 
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
 
6.1 Destinatários 
 E os estrangeiros não residentes no Brasil? 
 Não se interpreta literalmente esse dispositivo, mas 
recebe uma interpretação extensiva. 
 
 Interpretação extensiva do art. 5º, caput. 
 Todas as pessoas possuem dignidade e os direitos 
individuais servem para proteger esse atributo, pois são derivações diretas 
dele. 
 Qualquer pessoa que esteja em território nacional pode 
invocar determinados direitos do artigo 5º. Ex.: HC. 
 O caso mais comum é impetração de HC. 
 
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99 
 Os direitos individuais devem servir para proteger a 
dignidade de qualquer um, independentemente da nacionalidade. 
 
 PESSOA FÍSICA 
 Brasileiro Nato + Naturalizado 
 Estrangeiro 
 PESSOA JURÍDICA 
 PJ Não tem dignidade, mas pode invocar determinados 
direitos. 
 
 Pessoa jurídica de direito público pode invocar direitos 
fundamentais? Ente federativo, por exemplo. 
 Sim, pode invocar determinados direitos e garantias 
individuais, mais precisamente algumas garantias individuais. Pode invocar 
direitos do tipo procedimental. 
 
 
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100 
 
Devido processo legal, contraditório, ampla defesa. 
 
 PJ D Público – garantias individuais -> direitos 
procedimentais. 
 
 A CF impõe um dever de respeito à dignidade, por parte 
do Estado (Poderes Públicos) e dos particulares. 
 
 
6.1.1 Princípio instrumental 
 Decorre desse dever de respeito uma regra de proteção 
da dignidade da pessoa humana. 
 
6.1.2 Respeito 
Regra é um mandamento de definição; deve ser cumprida na 
medida exata de suas prescrições: 
 
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101 
Fórmula do objeto: enquanto regra, podemos chamar a dignidade 
da pessoa humana como fórmula do objeto. Concepção de Kant. Livro 
“Fundamentação da Metafísica dos Costumes”. A fórmula do objeto deriva 
de um imperativo categórico: o ser humano sempre deve ser tratado como 
um fim em si mesmo e não como um meio para se atingir determinados 
objetivos particulares ou da comunidade. Impede que o ser humano seja 
tratado como um objeto. 
Expressão de desprezo: quando esse tratamento é uma 
expressão de desprezo do ser humano, significa que sua dignidade está 
sendo violada. 
 
6.1.3 Proteção e promoção da dignidade 
Neste caso, a dignidade tem dimensão de princípio. A 
implementação de medidas protetivas e promocionais deve ser na 
maior medida possível. 
 
6.2 Mínimo Existencial 
Consiste no conjunto de bens e utilidades indispensáveis à vida 
humana digna. Esse núcleo é o mínimo que deve ser protegido; dali para 
mais, não para menos.
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102 
Ana Paula Barcelos elenca quatro direitos básicos do mínimo 
existencial: 
- Educação 
- Saúde 
- Assistência aos desamparados 
- Acesso à Justiça 
www.editorametodo.com.br/marcelonovelino 
 
7. Direitos Individuais 
 
Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
Capítulo I - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (5º + 
CF) 
Capítulo II – Direitos Sociais (6º e ss) 
Capítulo III – Direitos de Nacionalidade (12 e ss) 
Capítulo IV – Direitos Políticos ( 14 e ss) 
 
 
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103 
Os direitos individuais não se restringem ao artigo 5º da CF; 
encontram-se em todo o texto constitucional. 
 Ex.: de duas garantias fundamentais na jurisprudência 
do STF: 
 Princípio eleitoral da anterioridade (art. 16). 
 Princípio Tributário da Anterioridade 
O STF já disse que é uma garantia individual, mesmo estando 
fora do 5º. 
 CF 60, § 4º: direitos e garantias INDIVIDUAIS são 
cláusulas pétreas. 
 NÃO são cláusulas pétreas todos os direitos e garantias 
FUNDAMENTAIS. 
Art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir: 
IV - os direitos e garantias individuais. 
 
Há na doutrina grande divergência sobre a interpretação desse 
dispositivo. Alguns autores sustentam que todos os direitos e garantias 
fundamentais são cláusulas pétreas. Ingo Sarlet, Paulo Bonavides. Não é a 
interpretação majoritária, para concursos e STF. 
 
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104 
Interpretação majoritária, para concursos e STF: interpretação 
literal. 
 
7.1 Inviolabilidade do direito à vida 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
 
 Direito à vida – 2 acepções: 
7.1.1 Direito a permanecer vivo 
7.1.2 Direito a uma vida digna, com 
dignidade 
 
 A inviolabilidade é não apenas o direito de não ter sua 
vida retirada, mas de ter uma vida com dignidade. 
 
 
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105 
 Inviolabilidade do direito à vida X 
Irrenunciabilidade do direito à vida 
 
 Inviolabilidade protege o direito à vida contra violação 
por parte de terceiros, particulares ou Estado. A inviolabilidade NÃO é 
absoluta. 
 Irrenunciabilidade protege o direito à vida contra o 
próprio titular do direito. 
 
 Inviolabilidade: hipóteses em que o direito à vida pode 
ser violado 
 Morte (art. 5º, XLVIII) 
 Legítima defesa, Estado de necessidade 
 Aborto 
 Necessário CP 128 
 Sentimental CP128 
 
 
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106 
1º entendimento - A dignidade da pessoa humana seria um valor 
absoluto e o feto não poderia ter sua dignidade violada. Não aceita o aborto 
sentimental. 
2º entendimento – Majoritário – colisão de direitos: Por um lado, 
há o direito à vida e dignidade da pessoa humana; por outro, a liberdade 
sexual e dignidade da pessoa humana da mãe. Assim, diante da colisão de 
direitos, a dignidade da mãe tem um peso maior, sendo que o aborto 
sentimental foi integralmente recepcionado pela Constituição. 
 
 Legalização do aborto 
Argumentos Contrários: 
 A inviolabilidade do direito à vida deve ser protegida 
desde a concepção. 
 Princípio da proibição de insuficiência 
O princípio da proporcionalidade tem três máximas/sub-
princípios: 
 Adequação – proibição de 
insuficiência (a proteção a determinado direito 
deve ser constitucionalmente adequada, deve ser 
 
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107 
uma proteção suficiente para o direito ser 
protegido) 
 Necessidade – o ato tem que ser 
exigível; ser for mais gravoso do que necessário, 
deve-se usar a medida menos gravosa possível 
 Proporcionalidade em sentido 
estrito 
 
Ex.: 
1 Qualquer medida diferente da criminalização do abordo seria 
insuficiente para proteger a vida do feto. Qualquer medida diferente não 
seria adequada. 
2 o princípio da proibição de insuficiência impediria a legalização 
do aborto. Lembre-se que o princípio da proporcionalidade possui três 
máximas parciais. Um ato, para ser proporcional, deve ser adequado, 
necessário e proporcional em sentido estrito. Quando se fala em 
necessidade, o ato deve ser utilizado na medida menos gravosa possível. 
Ademais, o princípio da proibição de insuficiência diz que a proteção de um 
determinado direito deve ser constitucionalmente adequada. Em outros 
termos, deve ser uma proteção suficiente para proteger aquele direito. 
Relaciona-se, pois, à adequação, no sentido de que a proteção deve ser 
 
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108 
adequada Dizem, por exemplo, que qualquer medida diferente da 
criminalização do aborto seria insuficiente para proteger o direito à vida do 
feto; 
3 Aumento provável do número de casos. 
 
Argumentos favoráveis 
 1 Liberdade 
 2 Igualdade 
 3 Privacidade 
 
1 LIBERDADE: Autonomia reprodutiva e liberdade de escolha, 
interligados. A gestante teria um direito fundamental a decidir. Isso faria 
parte de sua esfera de auto-determinação individual, cabível à pessoa 
humana, na qual o Estado não pode interferir. 
2 IGUALDADE: Teoria do Impacto, D. Norte-americano, 1971. 
Essa teoria permite o reconhecimento da inconstitucionalidade de normas 
aparentemente regulares que causem um ônus desproporcional para 
determinados grupos em situação de inferioridade. A criminalização do 
aborto causaria um ônus desproporcional às mulheres, ônus esse que os 
homens não têm. Existe também uma diferença entre mulheres pobres e 
com condições financeiras: se ela tem $$$, ela pode ir a uma clínica e 
 
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109 
realizar o aborto, ainda que na clandestinidade. Se for pobre, ela usará 
métodos arcaicos. 
3 PRIVACIDADE. Argumento para afirmar que os Estados não 
podem criminalizar o aborto. Caso ROE X WADE (1973). A corte disse que o 
direito à privacidade da mulher é amplo o suficiente para compreender o 
direito a interromper ou não a gestação. No primeiro trimestre da gravidez, 
a mulher teria amplo direito. Apenas no 2º e 3º é que seriam aumentadas as 
medidas protetivas. 
Questão de saúde pública. Estima-se que no Brasil sejam 
realizados 1.000.000 de abortos clandestinos por ano. 
 
Aborto no caso da acrania. Ver material disponibilizado. 
 
7.2 Princípio da Isonomia 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
 
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110 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos desta Constituição; 
 
3 citações 
 
Para analisar se a lei viola ou não o princípio da igualdade, o 
elemento discriminador está voltado a um valor constitucionalmente 
protegido. 
 O critério é
 Justificável? 
 Objetivo? Subjetivo dá margem a arbitrariedades. 
 Razoável? 
 Proporcional? 
 
Critérios de Admissão em concurso público 
 Idade 
 
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111 
 Altura 
 Sexo 
 Raça 
 
STF - dois requisitos para discriminação em concurso público: 
 Previsão legal anterior 
Base legal para que o edital possa estabelecer. Sem isso, o 
edital não pode estabelecer. Ex.: RE 307.112. 
EMENTAS: 1. RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. 
Concurso público para policial militar. Limitação de idade. Edital que fixa 
idade limite para o ingresso na corporação, o que a Lei ordinária (L. 
7.289/84), não restringiu. Jurisprudência assentada. Ausência de razões 
novas. Decisão mantida. Agravo regimental improvido. Nega-se provimento 
a agravo regimental tendente a impugnar, sem razões novas, decisão 
fundada em jurisprudência assente na Corte. 2. RECURSO. Agravo. 
Regimental. Jurisprudência assentada sobre a matéria. Caráter meramente 
abusivo. Litigância de má-fé. Imposição de multa. Aplicação do art. 557, § 
2º, cc. arts. 14, II e III, e 17, VII, do CPC. Quando abusiva a interposição 
de agravo, manifestamente inadmissível ou infundado, deve o Tribunal 
condenar o agravante a pagar multa ao agravado. 
 
 
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112 
 Exigência decorrente da natureza das atribuições do 
cargo a ser preenchido. 
Súmula 683, STF. Entendimento pode ser ampliado para 
outros critérios, como altura. 
Súmula 683 
O limite de idade para a inscrição em concurso público 
só se legitima em face do art. 7º, xxx, da constituição, quando 
possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser 
preenchido. 
 
7.2.1 Igualdade formal/Civil/Jurídica/Perante a Lei 
 
 Consiste no tratamento isonômico conferido a todos os 
seres de uma mesma categoria essencial. 
 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei…” 
 
7.2.2 Igualdade Real/Material/Fática 
 
 Tem por finalidade a igualização dos desiguais, por meio 
da concessão de direitos substanciais. 
 
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113 
 Aproxima hipossuficientes de suficientes. 
 Art. 5º c/c Art. 3º, III 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais [CGEP] 
da República Federativa do Brasil: 
 III - erradicar a pobreza e a marginalização e 
reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
 
7.2.3 Ações afirmativas/Discriminações positivas 
 
 Públicas/Privadas. Não precisa ser uma medida de 
governo. Pode ser uma política pública ou um programa privado. 
 Ex.: bolsa de estudo (paga pelo governo ou uma 
universidade particular que tenha ações afirmativas e ofereça bolsas). 
Ações afirmativas Públicas ou Privadas. Curso pré-vestibular em BH. 
 Caráter temporário, em geral. Se as ações têm por 
finalidade eliminar desigualdades existentes, quando atingido o fim, não há 
porque manter o programa. 
 Reduzir desigualdades, que podem decorrer de 
determinadas situações, como condição social (ex. pessoa carente que não 
 
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114 
possa estudar, proteção do mercado de trabalho para mulher, proteção do 
menor). 
 As desigualdades são reduzidas através da concessão de 
algumas vantagens. 
 
7.2.4 Sistema de Quotas 
 
Argumentos Contrários: 
 Viola o mérito (208, V) 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será 
efetivado mediante a garantia de: 
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da 
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada 
um; 
 Trata-se de medida imediatista e inapropriada. 
 Viola o princípio da isonomia 
 
Argumentos específicos para quotas para negros: 
 
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 Fomentaria o ódio e racismo 
 Favoreceria negros de classe média alta 
 
 
 
Argumentos Favoráveis: 
 Argumento de Justiça Compensatória 
 Consiste em um argumento baseado na retificação de 
injustiças ou de falhas ocorridas no passado por parte do governo ou de 
particulares. 
 
 Argumento de Justiça Distributiva 
 Busca a concretização do Princípio da Igualdade através 
da promoção de oportunidades para aqueles que não conseguem se fazer 
representar de maneira igualitária. 
 
 Promoção da Diversidade 
 Contribuir para o surgimento de uma sociedade 
miscigenada multicultural, mais diversificada, aberta e tolerante. É um 
 
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116 
sistema bom não apenas para as pessoas negras, mas para todas, com 
condições sócio-econômicas, culturais diferentes, o que contribui para 
eliminar o preconceito. Na medida em que promove a diversidade, o 
Sistema de Quotas é compatível com a CF. 
 
7.2.5 Destinatários dos Deveres 
 A quem este princípio se impõe? Quais poderes estão 
submetidos ao princípio da isonomia? 
 PE, PL e PJ 
 
 Há algumas décadas, o PL só era vinculado à CF no 
aspecto formal (processo legislativo), não quanto ao conteúdo material em 
relação aos princípios constitucionais. 
 Igualdade perante a lei: tradicionalmente utilizado como 
se referindo apenas ao PE e PJ, que devem observar o princípio da isonomia 
ao aplicar a lei. 
 Quando o PL é também atingido por este princípio, 
costuma se falar em igualdade na lei – vincularia todos os Poderes Públicos 
– PE, PJ e PL. 
 Isso mostra como a Constituição era vista antes. Hoje, 
isto não faz mais sentido: todos os autores mantêm esta posição, a de que 
 
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117 
todos os Poderes Públicos são vinculados ao Princípio da Isonomia.
 
 Além da eficácia vertical (PP), possui eficácia horizontal 
(aplica-se também aos particulares). 
 Vincula com a mesma intensidade? 
 Não, em relação aos particulares, a intensidade com que 
vincula não é a mesma, deve ser observado o princípio da Autonomia 
Privada, que deve ser considerado para ponderação quando se trata de 
Isonomia. 
 Os critérios utilizados nas relações privadas devem ser 
isonômicos, não podem ser discriminatórios. 
 
 Homens & Mulheres 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos desta Constituição; 
 
 
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118 
 A lei pode estabelecer diferenças de tratamento, desde 
que seja para atenuar desníveis. 
 Ex.: Lei Maria da Penha, Quotas para mulheres em 
Partidos Políticos. 
 
7.3 Direitos ligados à Liberdade 
 
7.3.1 Liberdade de Manifestação de Pensamento 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo 
vedado o anonimato; 
 A CF protege não o pensamento em si, mas a expressão, 
a manifestação do pensamento. 
 O limite à liberdade é fundamental: a vedação ao 
anonimato, cujo objetivo é evitar manifestações abusivas do pensamento. 
 
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119 
 Esta liberdade não é absoluta, porque a CF elege outras 
liberdades ao lado da manifestação de pensamento. Por isso, não se faz 
censura prévia e, apenas se houver abuso, incorrerá em sanção o infrator. 
 
 Bilhete apócrifo/Carta anônima 
 Podem ser utilizados como prova lícita em processo? 
 STF admite quando for o próprio corpo de delito do 
processo e 
 quando são produzidos pelo próprio acusado. 
 
 “Disque Denúncia” 
 Denúncia anônima 
 A denúncia anônima não pode ser utilizada como prova 
no processo. 
 Esta denúncia não é prova, mas as autoridades, diante 
daquela informação, investigarão o fato, para verificar sua procedência ou 
não. Essa denúncia não contaminaria a investigação? Não, a investigação é 
autônoma em relação à denúncia. 
 Investigação: autônoma em relação à denúncia. 
 
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120 
 As provas obtidas não são as da denúncia, são obtidas 
em decorrência da investigação e, por isso, lícitas. 
 
7.3.2 Liberdade de Consciência, de Crença e de Culto 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
VI - é INVIOLÁVEL a liberdade de consciência e de 
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais 
de culto e a suas liturgias; 
 Em vários dispositivos, a CF utiliza a palavra “inviolável”, 
o que não significa ser absoluta, é relativa. 
 A liberdade de consciência é mais ampla do que a de 
crença, porque abrange o direito de a pessoa ter sua crença (em religião, em 
algo) ou de não ter religião. O culto, a procissão são formas de 
exteriorização da crença. 
 
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121 
 O Estado Brasileiro não é religioso, não tem religião 
oficial, é um Estado laico, desde o advento da República (15/11/1889), 
quando houve um rompimento entre Estado e Igreja. República é o governo 
da razão. 
 Estado: laico desde a República (15/11/1889). 
 Laicidade do Estado: significa que o Estado se mantém 
neutro entre as diversas religiões, assegurando o pluralismo religioso. 
Laicidade = neutralidade. 
 Laicismo é postura anti-religiosa. É diferente de 
laicidade. 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, 
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com 
eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, 
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; 
 
 A CF reconhece o papel de importância das religiões, não 
devendo discriminar uma ou outra. 
 A laicidade também não se confunde com ateísmo. O 
Estado Brasileiro não é ateu, é laico. 
 
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122 
 Suspensão de tutela antecipada: STF STA 389. Está no 
material disponibilizado no site. 
 Argumentos utilizados por Gilmar Mendes: 
 A fixação de uma data alternativa apenas para 
um determinado grupo religioso configuraria violação do 
Princípio da Isonomia e ao dever de neutralidade do Estado 
em face do fenômeno religioso. 
 
Notícia de 15/04/2011 
Mudança de data de concurso por crença religiosa será 
analisada em repercussão geral 
Assunto tratado no Recurso Extraordinário (RE) 611874 
interposto pela União teve manifestação favorável do Supremo Tribunal 
Federal (STF) quanto à repercussão geral. O Plenário Virtual da Corte, por 
votação unânime, considerou que o caso extrapola os interesses subjetivos 
das partes, uma vez que trata da possibilidade de alteração de data e 
horário em concurso público para candidato adventista. 
O caso 
O caso diz respeito à análise de um mandado de segurança, pela 
Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que 
entendeu que candidato adventista pode alterar data ou horário de prova 
 
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estabelecidos no calendário de concurso público, contanto que não haja 
mudança no cronograma do certame, nem prejuízo de espécie alguma à 
atividade administrativa. O TRF1 concedeu a ordem por entender que o 
deferimento do pedido atendia à finalidade pública de recrutar os 
candidatos mais bem preparados para o cargo. Essa é a decisão questionada 
pela União perante o Supremo. 
Natural de Macapá (AP), o candidato se inscreveu 
em concurso público para provimento de vaga no TRF-1. Ele foi aprovado 
em primeiro lugar na prova objetiva para o cargo de técnico judiciário, 
especialidade segurança e transporte, classificado para Rio Branco, no 
Estado do Acre. 
Ao obter aprovação na prova objetiva, o impetrante se habilitou 
para a realização da prova prática de capacidade física que, conforme edital 
de convocação, deveria ser realizada nos dias: 22 de setembro de 2007 
(sábado) nas cidades de Brasília (DF), Salvador (BA), Goiânia (GO), São Luís 
(MA), Belo Horizonte (MG) e Teresina (PI); 29 de setembro de 2007 
(sábado) nas cidades de Rio Branco (AC), Macapá (AP), Cuiabá (MT), Belém 
(PA), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR) e Palmas (TO); e 30 de setembro de 
2007 (domingo) para as provas em Manaus (AM). 
Desde a divulgação do Edital de Convocação para as provas 
práticas, o candidato tenta junto à organizadora doconcurso - Fundação 
Carlos Chagas - obter autorização para realizar a prova prática no domingo 
(30/09/2007), mas não teve sucesso. Através de email, a Fundação afirmou 
que não há aplicação fora do dia e local determinados em edital. 
 
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124 
Com base nesta resposta, o candidato impetrou mandado de 
segurança e entendeu que seu direito de liberdade de consciência e crença 
religiosa, assegurados pela Constituição Federal (artigo 5°, incisos VI e VIII) 
“foram sumariamente desconsiderados e, consequentemente, sua 
participação no exame de capacidade física doconcurso está ameaçada, fato 
que culminará com a exclusão do Impetrante do certame e o prejudicará 
imensamente, pois ostenta ala. colocação para a cidade de classificação que 
escolheu (Rio Branco/AC)”. 
Segundo ele, o caso tem causado um grande transtorno, uma vez 
que professa o Cristianismo sendo membro da Igreja Adventista do Sétimo 
Dia, instituição religiosa que determina guardar o sábado para atividades 
ligadas à Bíblia. 
Por meio do recurso extraordinário, a União sustenta que há 
repercussão geral da matéria por esta se tratar de interpretação do 
princípio da igualdade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal) em 
comparação com a norma do mesmo artigo (inciso VIII) que proíbe a 
privação de direitos por motivo de crença religiosa. Para a autora, as 
atividades administrativas, desenvolvidas com o objetivo de prover os 
cargos públicos, não podem estar condicionadas às crenças dos 
interessados. 
Repercussão 
De acordo com o ministro Dias Toffoli, relator do RE, a questão 
apresenta densidade constitucional e extrapola os interesses subjetivos das 
 
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partes, sendo relevante para todas as esferas da Administração Pública, que 
estão sujeitas a lidar com situações semelhantes ou idênticas. 
“Cuida-se, assim, de discussão que tem o potencial de repetir-se 
em inúmeros processos, visto ser provável que sejam realizadas etapas de 
concursos públicos em dias considerados sagrados para determinados 
credos religiosos, o que impediria, em tese, os seus seguidores a efetuar a 
prova na data estipulada”, afirma Toffoli. 
 
 
7.3.3 Colocação de Crucifixos em locais públicos 
 A neutralidade do Estado ficaria comprometida em face 
de outras religiões... 
 Entendimento do CNJ: crucifixos não violam a 
neutralidade religiosa do Estado. O argumento é que os crucifixos são 
símbolos da cultura brasileira, não de liberdade religiosa. 
 
7.3.4 Escusa de Consciência 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
 
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vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo 
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, 
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos 
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada 
em lei; NEC 
 Imperativo de consciência: convicção religiosa, filosófica 
ou política. 
 A pessoa pode evocar o imperativo de consciência, desde 
que cumpra a prestação alternativa. 
 Prestação alternativa não é penalidade, não tem cunho 
sancionatório. Não se pode obrigar uma pessoa ao impossível. 
 Penalidade para não cumprimento da prestação 
alternativa: Perda ou Suspensão dos direitos Políticos. 
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, 
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou 
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; PERDA ou 
SUSPENSÃO 
 Doutrina majoritária é pela perda dos direitos políticos. 
 
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“…recusa de cumprir obrigação a todos imposta…” 
Não gera penalidades. 
 
“…prestação alternativa…” 
Gera sanções. 
 
Dispositivo mal escrito. 
 
5.3.5 Liberdade e Privacidade 
Gravação clandestina 
 Vedada: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
X - são invioláveis [4] a intimidade, a vida privada, 
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a 
 
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indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
 Protege o direito à vida privada. 
 Consiste em gravação feita por um dos interlocutores 
sem o conhecimento dos demais. 
 Formas: Todas são vedadas. 
 Ambiental (Câmera) 
 Pessoal 
 Telefônica 
 
 A gravação em si não é ilícita. O que é ilícito é a sua 
divulgação. 
 Em princípio não é admitida, salvo se houver justa causa. 
 Rol Exemplificativo de Permissões –: 
 
 Utilização de gravação clandestina por réu em 
processo penal: 
 Direito à Privacidade X Direito à Ampla Defesa + Direito 
à Liberdade 
 
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 A ponderação entre os direitos permite a gravação. 
 Dworking não utiliza a técnica da ponderação (Alexy), 
mas fala de adequação. 
 
 Gravação contra agentes públicos 
 Ponderação: 
 Direito à Privacidade do Agente Público X Princípio da 
Moralidade Administrativa 
 O princípio da Publicidade dos Atos Administrativos 
deveria também ser aplicado. 
 
 Gravação feita em Legítima Defesa 
 Contra chantagistas, estelionatários. 
 
 Documentar conversa com a finalidade de 
exercer um futuro direito de defesa 
 STF entende que há justa causa. 
 
 
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130 
 
Quebra de sigilo 
 Difícil de enquadrar na CF. 
 Alguns Ministros do STF enquadram no art. 5º, X 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
X - são invioláveis [4] a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
 
 4 direitos protegidos pelo direito à privacidade. 
 
 Outros baseiam-se no 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
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estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
 
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131 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide 
Lei nº 9.296, de 1996) 
 Sigilo Bancário 
 
 Sigilo Fiscal 
 
 Sigilo de Informática 
 
 Sigilo Telefônico 
 
 
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132 
 CPI pode quebrar sigilo telefônico: consiste no acesso a 
determinados dados bancários, fiscais, informáticos ou ao registro do 
histórico de ligações telefônicas. 
 O juiz pode determinar a quebra desses sigilos. Além do 
juiz, CPI (estadual (ACO 730/RJ) e federal). 
 CPI municipal: não se admite. 
 Autoridades fazendárias podem solicitar dados 
bancários (LC 104 e LC 105). 
 Regra: MP não pode quebrar os sigilos diretamente – 
deve solicitar ao juiz. 
 Exceção: MP só pode requisitar a quebra para a proteção 
do patrimônio público. 
 TC não pode determinar quebra de sigilo. 
 
 
Interceptação das comunicações 
 
 Vedada pelo art. 5º, XII: 
 
 
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133 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide 
Lei nº 9.296, de 1996) 
 
 Consiste na intromissão ou interrupção por um terceiro 
sem o conhecimento de um ou de ambos. 
 Valor principal protegido: liberdade de comunicação, 
não apenas a privacidade. 
 
Quatro comunicações 
 Comunicação Epistolar 
 O Sigilo Epistolar não pode servir como escudo protetivo 
para salvaguardar práticas ilícitas. 
 
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134 
 Admite-se restrição ao sigilo de correspondência 
durante o Estado de Defesa: 
Art. 136, § 1º - O decreto que instituir o estado de 
defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as 
áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, 
as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: 
I - restrições aos direitos de: 
b) sigilo de correspondência; 
 
 Admite-se restrição ao sigilo de correspondência 
durante o Estado de Sítio: 
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com 
fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as 
pessoas as seguintes medidas: 
III - restrições relativas à inviolabilidade da 
correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de 
informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, 
na forma da lei; 
 
 Comunicação Telegráfica 
 
 
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135 
 Comunicação de Dados 
 Para alguns autores, seriam protegidos apenas dados 
informáticos (Tércio Sampaio Ferraz Júnior). 
 Prof. não concorda: P. da Máxima Efetividade evita tais 
restrições, garantindo a proteção. 
 Entendimento STF: O que está protegido pelo art. 5º, XII, 
não são os dados em si, apenas sua comunicação. 
 
 Comunicação Telefônica 
 
Requisitos: 
 Ordem judicial 
 Na forma da Lei 9.296/96 
 Fins específicos de 
 Investigação Criminal ou 
 Instrução Processual Penal 
 
 
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136 
1) Ordem Judicial: apenas o Juiz pode determinar 
interceptação telefônica. 
 CPI, Polícia, MP, TC não podem, somente o juiz. 
 É a conhecida “Cláusula da Reserva de Jurisdição”. 
 Exemplos: 
 Interceptação telefônica (XII) 
 Inviolabilidade de domicílio (XI) 
 Prisão (LXI) 
 Sigilo imposto em Processo Judicial. 
 A gravação pode ser utilizada em processo 
administrativo disciplinar contra os mesmos e contra outros servidores. 
Inq. (QOQO) 2424. 
 
Inviolabilidade de domicílio 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
 
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137 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
 Situações excepcionais: 
 Flagrante delito 
 Desastre 
 Socorro 
 Asilo inviolável: 
 Casa = escritórios, consultórios, estabelecimentos 
comerciais e industriais, quartos de hotéis habitados etc. 
 A parte que é aberta ao público não está 
abrangida. 
 “Cláusula de Reserva de jurisdição” 
 Durante o dia 
 Critério cronológico: 6hs – 18hs. 
 Critério físico-astronômico: aurora-crepúsculo 
 
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138 
STF: A Administração Fazendária não tem auto-executoriedade 
no que se refere à invasão de domicílio. Legislação não recepcionada pela 
CF/1988. A decisão está no material. 
 
Direito de Propriedade 
 ESAF/JAS – regime do direito de propriedade é de 
direito público, não de direito privado. Toda a estrutura do direito de 
propriedade está na CF; o CC regula as relações civis decorrentes do direito 
de propriedade. 
 Função social 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
 
 JAS: a função social faz parte da estrutura do direito de 
propriedade, não é uma simples limitação. É garantido o direito de 
 
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139 
propriedade, desde que atenda sua função social; não atendendo esta, não é 
garantido o direito de propriedade. 
Função Social da Propriedade Urbana: 
 
 Art. 182. A política de desenvolvimento 
urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme 
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o 
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e 
garantir o bem- estar de seus habitantes. 
§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara 
Municipal, obrigatório para cidades com mais de 20.000 
habitantes, é o instrumento básico da política de 
desenvolvimento e de expansão urbana. 
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função 
social quando atende
às exigências fundamentais de 
ordenação da cidade expressas no plano diretor. 
§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão 
feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. 
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, 
mediante lei específica para área incluída no plano diretor, 
exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo 
 
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140 
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que 
promova seu adequado aproveitamento, sob pena, 
sucessivamente, de: 
I - parcelamento ou edificação compulsórios; 
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial 
urbana progressivo no tempo; 
III - desapropriação com pagamento mediante 
títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada 
pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até 10 anos, em 
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real 
da indenização e os juros legais. 
 
Função Social da Propriedade Rural: 
Art. 186. A função social é cumprida quando a 
propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e 
graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais 
disponíveis e preservação do meio ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as 
relações de trabalho; 
 
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141 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos 
proprietários e dos trabalhadores. 
 
Limitações 
 Desapropriação – art .5º, XXIV 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para 
desapropriação por NECESSIDADE ou UTILIDADE PÚBLICA, 
ou por INTERESSE SOCIAL, mediante justa e prévia 
indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos 
nesta Constituição; NEC 
 Requisição – art. 5º, XXV 
XXV - no caso de IMINENTE PERIGO PÚBLICO, a 
autoridade competente poderá usar de propriedade 
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, 
se houver dano; NEC 
 Confisco – 243 
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde 
forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão 
imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao 
assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios 
e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e 
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
 
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Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor 
econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em 
benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e 
recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de 
atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do 
crime de tráfico dessas substâncias. 
 
 Usucapião Urbano 183 
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de 
até 250 m2 quadrados, por 5 anos, ininterruptamente e sem 
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, 
adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro 
imóvel urbano ou rural. 
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão 
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, 
independentemente do estado civil. 
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo 
possuidor + de 1 vez. 
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por 
usucapião. 
 
 Usucapião Rural 191 
 
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143 
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de 
imóvel rural ou urbano, possua como seu, por 5 anos 
ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não 
superior a 50 hectares, tornando-a produtiva por seu 
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-
lhe-á a propriedade. 
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão 
adquiridos por usucapião. 
 
DESAPROPRIAÇÃO - INDENIZAÇÃO: 
 Prévia 
 Justa 
 Em $$$ 
 
 : EXCEÇÕES
 DESAPROPRIAÇÃO SANÇÃO 182, § 4º, III – 
Títulos da Dívida Pública 
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante 
lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos 
 
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144 
termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não 
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu 
adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: 
I - parcelamento ou edificação compulsórios; 
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial 
urbana progressivo no tempo; 
III - desapropriação com pagamento mediante títulos 
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado 
Federal, com prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas 
anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da 
indenização e os juros legais. 
 
 DESAPROPRIAÇÃO SANÇÃO 184 – 
Títulos da Dívida Agrária 
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse 
social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja 
cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização 
em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do 
valor real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do 2º ano 
de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
 
Desapropriação para fins de reforma agrária: imunes a impostos, 
não a tributos: 
 
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145 
Art. 184, § 5º - São isentas de , impostos federais
estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis 
desapropriados para fins de reforma agrária. 
 
Propriedade Produtiva / Pequena / Média podem ser 
desapropriadas para outras finalidades. Não o podem ser para fins de 
reforma agrária. 
 
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins 
de reforma agrária: 
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida 
em lei, desde que seu proprietário não possua outra; 
II - a propriedade produtiva. 
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à 
propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos 
requisitos relativos a sua função social. 
 
Classificação das normas Constitucionais 
 
NORMAS CONSTITUCIONAIS de EFICÁCIA: 
 
 
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146 
 PLENA 
Eficácia + e -. 
Norma de aplicabilidade 
 
 DIRETA 
 Outra Vontade 
 Esta norma não depende de nenhuma outra vontade. 
 O PJ poderá aplicar a norma nos casos diretamente 
previstos pela CF. 
 Não é necessário qualquer ato intermediador, lei ou ato 
administrativo, entre a norma e o caso concreto. 
 Aplicabilidade direta: não depende de outra vontade. 
 
 IMEDIATA 
 A partir do momento em que entra no mundo jurídico – 
promulgação da CF – a norma passa a surtir efeitos imediatamente. 
 Outra condição 
 
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147 
 Não depende de nenhuma condição para ser aplicada ao 
caso concreto, ao caso por ela previsto. 
 Ex.: condição temporal, prazo determinado – não 
existem quaisquer condições. 
 
 INTEGRAL 
 Este é o aspecto distintivo das demais normas. 
 Aplicabilidade integral da Norma de Eficácia Plena 
significa que ela não pode sofrer restrição por um ato infraconstitucional. 
 O legislador não pode fazer uma lei restringindo o 
âmbito de aplicação, sob pena de inconstitucionalidade. 
 Aplica-se integralmente aos casos por ela previstos. 
 Não pode ser restringida por um ato infraconstitucional. 
 Não pode sofrer restrição, mas algumas delas poderão 
ser regulamentadas. A regulamentação poderá ser feita – existe a 
possibilidade dessa regulamentação, ainda que seja dispensável. 
 Normas que estabelecem imunidades, vedações, 
prerrogativas geralmente são de eficácia plena. 
 
 
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148 
 Ex.: CF 53 – Imunidade material do Parlamentar. 
IMUNIDADE MATERIAL / ABSOLUTA / 
INVIOLABILIDADE / REAL / SUBSTANTIVA 
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil 
e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e 
votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 
2001) 
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do 
diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo 
Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
35, de 2001) 
 O dispositivo da imunidade material do Parlamentar é 
de eficácia plena, não precisa de lei, não depende de outra vontade ou 
condição. Por ter aplicabilidade integral, não pode ser restringida. Seu 
âmbito de aplicação não pode ser restringido. 
 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, 
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com 
eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, 
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; 
II - recusar fé aos documentos públicos; 
 
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149 
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências 
entre si. 
Esta vedação não pode ser restringida, não pode ter seu âmbito de 
aplicação restringido. 
 
 CONTIDA/RESTRINGÍVEL/REDUTÍVEL 
Eficácia + e -. 
Norma de aplicabilidade 
 
 
 
 DIRETA 
 Para ser aplicada ao caso concreto, não precisa de outra 
vontade (lei ou ato administrativo). Se tem aplicabilidade direta, significa 
que não depende de outra vontade. Aplica-se diretamente ao caso. 
 
 IMEDIATA 
 Se tem aplicabilidade imediata, aplica-se 
independentemente de qualquer condição. 
 
 
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150 
 Essas 2 características são iguais às das NCE Plena. 
 Aproxima-se mais da NCE Plena do que da NCE Limitada. 
 As pessoas erram porque costumam associá-la à NCE 
Limitada. 
 
 POSSIVELMENTE NÃO INTEGRAL / RESTRINGÍVEL / 
REDUTÍVEL 
 Essa aplicabilidade possivelmente não será integral. 
 Não se está dizendo que a aplicabilidade nunca será 
integral. 
 A aplicabilidade poderá ser restringida. Não 
necessariamente o será. 
 As normas de eficácia contida ingressam no mundo 
jurídico produzindo integralmente os efeitos previstos por ela. A lei é 
admitida a restringir o âmbito de incidência/aplicabilidade da norma. 
 Quando a norma não é restringida por lei, possui os 
mesmos efeitos da NCE Plena, até que uma lei restrinja seu âmbito de 
aplicabilidade. 
 Errado: 
 
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151 
 
Errada. Não é de eficácia plena, apenas 
PRODUZ OS MESMOS EFEITOS. Não é de eficácia plena, porque pode ser 
restringida. 
 
 Dispositivo mais comum em provas: 
Art. 5º, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, 
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a 
lei estabelecer; NCEC 
 
 
3. LIMITADA 
Eficácia -. Lei regulamentadora -> Eficácia + e -. 
Norma de aplicabilidade 
 
 INDIRETA 
 Depende de outro ato. 
 
 
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152 
 MEDIATA 
 Depende de condição. 
 
 A norma prevê uma hipótese de incidência, mas não 
pode ser aplicada ao caso concreto que previu. É necessário outro ato 
intermediador, como uma lei, fazendo a ligação entre essa norma e o caso 
concreto previsto por ela. 
 
 Instrumentos p/ Omissão Inconstitucional: 
 
Se a lei intermediadora não for criada, quais os instrumentos 
jurídicos são previstos para tal omissão? Quais são as ações existentes? 
 ADO 
 Mandado de Injunção 
 
 Omissão inconstitucional do Poder Público. 
 
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153 
 Caso a lei não seja feita, o Legislador infraconstitucional 
provoca omissão inconstitucional, porque a norma constitucional não 
produzirá os efeitos previstos. 
 A norma tem eficácia limitada, negativa. 
 Toda norma constitucional tem, pelo menos, 
eficácia negativa: aptidão para invalidar os atos que lhe forem 
contrários. 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, 
ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 
1998) 
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos 
limites definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
 
 Sem essa lei específica, o servidor não pode exercer o 
direito de greve. Tem eficácia negativa. Se uma lei dissesse, antes de 88, 
que o servidor público não tem direito de greve, como a norma tem eficácia 
negativa, tal norma não teria sido recepcionada pela CF. 
 Como essa lei não foi feita, várias categorias impetraram 
o MI, pedindo que o direito fosse regulamentado. 
 
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154 
 Esta norma não terá eficácia positiva enquanto não 
regulamentada. 
 A norma de eficácia limitada só terá aptidão para ser 
aplicada aos casos nela previstos (eficácia positiva) se houver a 
intermediação de outra vontade. Depende de outra vontade para produzir 
plenamente seus efeitos. 
 
3.1 Normas de Princípio Institutivo 
 São aquelas que dependem de outra vontade para dar 
estrutura ou forma a pessoas jurídicas, órgãos ou instituições. 
 Apenas prevê, não estrutura, não estabelece a norma, o 
que é feito por uma norma infraconstitucional. 
Ex.: 
CONTROLE CONCENTRADO – ADPF: 
Art. 102, § 1.º A argüição de descumprimento de 
preceito fundamental,
decorrente desta Constituição, será 
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da 
lei. (Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 
17/03/93) 
 
 
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155 
 Essa ação não pode ser ajuizada sem a existência de uma 
lei regulamentadora, que estabelecerá os legitimados, o procedimento a ser 
seguido, os efeitos da decisão, o parâmetro, o objeto (ato normativo, ato 
F/E/M?). 
 A ADPF só ganhou estrutura e forma com o advento da 
lei regulamentadora, a Lei 9.882/99. Antes de 99, não foi proposta 
nenhuma ADPF. A primeira foi em 1999. 
 
3.2 Normas de Princípio Programático 
 São aquelas que estabelecem diretrizes ou programas 
de ação a serem implementados pelos Poderes Públicos. 
 Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do 
Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que 
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao 
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação. NEL declaratória de princípios 
programáticos 
 O dispositivo estabelece uma meta, um programa de 
ação a ser desenvolvido pelos Poderes Públicos. Esses aspectos, essas 
diretrizes deverão ser buscados pelos Poderes Públicos. 
 
NCEL de Princípios Programáticos 
 
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156 
Art. 3º Constituem [4] objetivos fundamentais 
[CGEP] da República Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
 III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir 
as desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação. 
 
 Objetivos que a República do Brasil deve buscar. Cabe 
aos Poderes Públicos, através da lei ou medidas administrativas, buscar 
esses objetivos fundamentais. 
 
 Antes da 2ª GM: CFs com sentido apenas político, não 
jurídico 
 Não há mais normas programáticas no sentido de 
estabelecer conselhos, avisos ou lições morais sem caráter vinculante. 
Nesse sentido, as normas programáticas morreram. Não há dispositivo 
que não seja obrigatório: tudo é obrigatório, aos particulares e/ou aos 
Poderes Públicos. 
 
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157 
 Celso de Melo - frase muito utilizada pelo STF ao tratar 
de Direitos Sociais: 
 “As normas programáticas não podem se transformar 
em uma promessa constitucional inconseqüente, sob pena de fraudar justas 
expectativas depositadas nos poderes públicos pela população.” 
 
 Não é apenas um conselho, uma obrigação moral, é 
obrigatória. 
 Norma Programática existe desde que se confira a ela 
força vinculante. 
 
 Essa é a classificação de José Afonso da Silva. 
 
 Outros autores fazem outras classificações, como Maria 
Helena Diniz. 
 
Maria Helena Diniz 
1. NORMAS DE EFICÁCIA ABSOLUTA / SUPER-EFICAZES 
 
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158 
 Tem a mesma aplicabilidade da Norma de Eficácia Plena: 
direta, imediata e integral. 
 A diferença, segundo MHD, é que as Normas de Eficácia 
Absoluta não poderão ser restringidas por lei (= NCE Plena) nem por 
Emenda à Constituição(=/= NCE Plena). 
 Ex.: cláusulas pétreas. Voto direto, secreto, universal e 
periódico. Não pode ser restringido por lei ou EC. 
 
2. PLENA 
3. CONTIDA 
4. LIMITADA 
 
5. EXAURIDA/ESVAÍDA 
 Aquela cuja eficácia já se exauriu por ter cumprido os 
efeitos para os quais ela foi criada. 
 Normas do ADCT. Quando ocorre a hipótese nelas 
prevista, exaurem sua eficácia. 
 Ex.: art. 2º 
Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado 
definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia 
 
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159 
constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou 
presidencialismo) que devem vigorar no País. (Vide emenda 
Constitucional nº 2, de 1992) 
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após 5 
anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da 
maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão 
unicameral. 
 
 
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160 
 
DIREITOS SOCIAIS 
 
1ª Fase 
Ausência de Normatividade 
 
2ª Fase 
Judicialização excessiva. 
 
3ª Fase 
Busca-se parâmetros e critérios para a concessão de direitos na 
área da saúde. 
STA (Suspensão de Tutela Antecipada) 175/CE. 
EMENTA: Suspensão de Segurança. Agravo Regimental. Saúde 
pública. Direitos fundamentais sociais. Art. 196 da Constituição. Audiência 
Pública. Sistema Único de Saúde - SUS. Políticas públicas. Judicialização do 
direito à saúde. Separação de poderes. Parâmetros para solução judicial dos 
casos concretos que envolvem direito à saúde. Responsabilidade solidária 
dos entes da Federação em matéria de saúde. Fornecimento de 
 
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161 
medicamento: Zavesca (miglustat). Fármaco registrado na ANVISA. Não 
comprovação de grave lesão à ordem, à economia, à saúde e à segurança 
públicas. Possibilidade de ocorrência de dano inverso. Agravo regimental a 
que se nega provimento. 
 
Parâmetros: 
- Se o medicamento consta da lista e está em falta. 
- Se o medicamento não consta da lista, existe algum outro similar, 
constante na lista? 
 
Escolhas Trágicas 
- Guido Calabresi 
- Philip Bobbif 
 
1. Intervenção do PJ em Políticas Públicas 
 
1.1 Argumentos Contrários 
 A grande maioria da doutrina não aceita esses 
argumentos 
 
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162 
 Alguns direitos sociais não geram direitos 
subjetivos (eficácia apenas -). 
 A intervenção do PJ é anti-democrática e viola a 
separação dos poderes. 
 
 
1.2 Argumentos Favoráveis 
 A CF é um conjunto de normas e, portanto, quando o PJ impõe 1 
determinada prestação com base no texto constitucional, ele está 
apenas aplicando o direito. Neste caso, não existe violação à 
separação dos Poderes ou qualquer caráter anti-democrático. P. da 
Inafastabilidade da função jurisdicional 
 Déficit de legitimidade dos Poderes eleitos, sobretudo do PL 
 Democracia não é sinônimo de vontade da maioria (premissa 
majoritária). Envolve, também, a fruição de direitos básicos por todos 
 os cidadãos, inclusive pelas minorias
 
Procurar textos na internet sobre direitos sociais. 
 
 
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163 
2. Reserva do Possível
Surgiu no Tribunal Constitucional Federal Alemão, caso 
“Numerus clausus”, 1972. 
 Nem tudo o que é desejável pode ser atendido pelo 
Estado. Orçamento limitado, recursos escassos. 
 Obra excepcional sobre o assunto: 
 3 dimensões – Ingo Sarlet: 
 Possibilidade Fática 
 Disponibilidade $$$ 
 Consiste na disponibilidade de recursos 
necessários à satisfação das prestações de direitos sociais. 
Deve haver recursos para exigir-se do Estado a satisfação das 
necessidades. 
 Daniel Sarmento -> 
 Universalização da Prestação 
 P. da Isonomia 
 
 
 
 
 
 
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164 
 Possibilidade Jurídica 
 Envolve 
 a existência de autorização 
orçamentária para cobrir as despesas & 
 a análise das competências 
federativas. 
 Razoabilidade da Exigência & 
Proporcionalidade da Prestação 
 Reserva do Possível é matéria de defesa do 
Estado. O ônus de provar, por isso, é do Estado. Deve provar 
objetivamente. Demonstrar cabalmente a impossibilidade de 
atender à demanda do cidadão. 
 
3. Mínimo Existencial 
 
 Criado pelo Tribunal Federal Administrativo (1953). 
 
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165 
 Logo após, passou a ser adotado no âmbito do Tribunal 
Constitucional Federal. 
 Passou do âmbito Administrativo para o 
Constitucional. 
 
3.1 Princípios do qual pode ser extraído 
 
 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana – art. 1º, III 
 Princípio da Liberdade Material – diversos incisos do art. 5º 
 Princípio do Estado Democrático e Social de Direito – art. 1º, 
caput 
 
 
 
 
3.2 Conceito 
 Conjunto de bens e utilidades indispensáveis a uma vida 
humana digna. 
 
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166 
 Os direitos sociais têm um custo extremamente oneroso 
(apesar de todos os direitos terem um custo). É um custo muito relevante, 
porque, por exemplo, quando se trata de direito à saúde, trata-se de um alto 
custo individualizado a determinadas pessoas. 
 Em razão do seu custo, extremamente oneroso, cria-se 
um paradoxo, porque, quanto mais forem consagrados formalmente na CF, 
maior o risco de perda de efetividade da CF, porque, na prática, não seriam 
possíveis. 
 A partir do momento em que se estabelece um sub-
grupo menor e mais preciso de direitos sociais, cria-se a possibilidade de 
conferir maior efetividade a esses direitos. 
 Quando se fala em mínimo existencial, não se pode 
optar, por exemplo, entre o direito à educação ou à saúde. 
 
3.3 Direitos 
 Diferentes autores têm diferentes visões sobre quais são 
os direitos que compõem o mínimo existencial. 
 Sobre o tema, livro de Ana Paula de Barcellos: 
3.4 Educação – aquela prevista no art. 208, I 
 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: 
 
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167 
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, 
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade 
própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional 
nº 59, de 2009) 
 
 Isso é um direito subjetivo ao cidadão. Isso é 1 regra, não 
1 princípio. Não é apenas para quem tem de 4 a 17 anos, mas para qualquer 
um que não tenha tido essa formação, independentemente da idade. Se na 
cidade em que morar não existir escola pública, o sujeito pode requerer que 
o poder público lhe pague escola particular que existir na cidade. 
 
3.4.1 Saúde 
 
 STF – STA 178 – mudam as questões fáticas, mas os 
parâmetros jurídicos são os mesmos. 
 
DECISÃO: Trata-se do pedido de suspensão de tutela antecipada 
nº 175, formulado pela União, e do pedido de suspensão de tutela 
antecipada nº 178, formulado pelo Município de Fortaleza, contra acórdão 
proferido pela 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, nos 
autos da Apelação Cível no 408729/CE (2006.81.00.003148-1), que deferiu 
a antecipação de tutela recursal para determinar à União, ao Estado do 
Ceará e ao Município de Fortaleza o fornecimento do medicamento 
 
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168 
denominado Zavesca (Miglustat), em favor de CLARICE ABREU DE CASTRO 
NEVES. Na origem, o Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública, 
com pedido de tutela antecipada, contra a União, o Estado do Ceará e o 
Município de Fortaleza, com o fim de obter o fornecimento do medicamento 
Zavesca (Miglustat) em favor de Clarice Abreu de Castro Neves, portadora 
da doença Niemann-Pick Tipo “C” (fl. 3). O Juízo da 7ª Vara da Seção 
Judiciária do Estado do Ceará determinou a extinção do processo, sem 
resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do CPC, por ilegitimidade 
ativa do Ministério Público, com base na maioridade da pessoa doente e no 
fato de que o Ministério Público Federal não poderia substituir a Defensoria 
Pública (fls. 90-95). Interposto recurso de apelação pelo Ministério Público 
Federal (fls. 96-111), a 1ª Turma do TRF da 5ª Região, reconhecendo a 
legitimidade ativa do Ministério Público para a propositura da ação civil 
pública, deferiu antecipação de tutela para que a União, o Estado do Ceará e 
o Município de Fortaleza fornecessem o medicamento Zavesca (Miglustat) à 
jovem de 21 anos portadora da doença neurodegenerativa progressiva 
(Niemann-Pick Tipo “C”). Contra essa decisão a União ajuizou pedido de 
suspensão, alegando, em síntese, a ilegitimidade ativa do Parquet Federal e 
a ilegitimidade passiva da União. Sustentou a ocorrência de grave lesão à 
ordem pública - uma vez que o medicamento requerido não foi aprovado 
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e não consta da Portaria no 
1.318 do Ministério da Saúde - e de grave lesão à economia pública, em 
razão do alto custo do medicamento (R$ 52.000,00 por mês). Inferiu, ainda, 
a possibilidade de ocorrência do denominado “efeito multiplicador”. Em 8 
de novembro de 2007, a Ministra Ellen Gracie determinou o apensamento 
 
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169 
da STA 178/DF a estes autos, por considerar idênticas as decisões 
formuladas. Na Suspensão de Tutela Antecipada nº 178, o Município de 
Fortaleza requereu a suspensão da decisão liminar com base, igualmente, 
em alegações de lesão à ordem pública, em virtude da ilegitimidade do 
Ministério Público para propositura de ação civil pública a fim de defender 
interesse individual de pessoa maior de 18 anos (fls. 2-9 da STA 178). A 
Procuradoria-Geral da República, em parecer de fls. 135-149, manifestou-se 
pelo indeferimento do pedido de suspensão. Salientou a existência do 
periculum in mora inverso. No despacho de fls. 153-155, determinei que o 
Ministério Público Federal informasse se a substituída Clarice Abreu de 
Castro Neves ainda realizava tratamento com o medicamento ZAVESCA 
(Miglustat), tendo em vista que a Agência Européia de Medicamentos 
(EMEA)
havia divulgado a retirada do pedido de indicação de uso do 
medicamento pelo Laboratório Actelion Registration. A Procuradoria-Geral 
da República, às fls. 162-166, informou que a paciente ainda realiza 
tratamento com o medicamento ZAVESCA, conforme relatório médico do 
neurologista da Rede SARAH de Hospitais do Aparelho Locomotor, Doutor 
Dalton Portugal. Juntou, ainda, o comunicado da Agência de Medicina 
Européia, de 18 de dezembro de 2008, que confirma a indicação do 
medicamento em questão para o tratamento da doença Niemann-Pick Tipo 
C. Decido. A base normativa que fundamenta o instituto da suspensão (Leis 
nos 12.016/2009, 8.437/1992, 9.494/1997 e art. 297 do RI-STF) permite 
que a Presidência do Supremo Tribunal Federal, a fim de evitar grave lesão 
à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, suspenda a execução 
de decisões concessivas de segurança, de liminar ou de tutela antecipada, 
 
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proferidas em única ou última instância, pelos tribunais locais ou federais, 
quando a discussão travada na origem for de índole constitucional. Assim, é 
a natureza constitucional da controvérsia que justifica a competência do 
Supremo Tribunal Federal para apreciar o pedido de contracautela, 
conforme a pacificada jurisprudência desta Corte. No presente caso, 
reconheço que a controvérsia instaurada na ação em apreço evidencia a 
existência de matéria constitucional: alegação de ofensa aos arts. 2º, 6º, 
caput, 167, 196 e 198 da Constituição. Destaco que a suspensão da execução 
de ato judicial constitui medida excepcional, a ser deferida, caso a caso, 
somente quando atendidos os requisitos autorizadores (grave lesão à 
ordem, à saúde, à segurança ou à economia públicas). Nesse sentido, 
confira-se trecho de decisão proferida pela Ministra Ellen Gracie no 
julgamento da STA no 138/RN: “[...] os pedidos de contracautela 
formulados em situações como a que ensejou a antecipação da tutela ora 
impugnada devem ser analisados, caso a caso, de forma concreta, e não de 
forma abstrata e genérica, certo, ainda, que as decisões proferidas em 
pedido de suspensão se restringem ao caso específico analisado, não se 
estendendo os seus efeitos e as suas razões a outros casos, por se tratar de 
medida tópica, pontual” – (STA no 138/RN, Presidente Min. Ellen Gracie, DJ 
19.9.2007). Ressalte-se, não obstante, que, na análise do pedido de 
suspensão de decisão judicial, não é vedado ao Presidente do Supremo 
Tribunal Federal proferir um juízo mínimo de delibação a respeito das 
questões jurídicas presentes na ação principal, conforme tem entendido a 
jurisprudência desta Corte, da qual se destacam os seguintes julgados: SS-
AgR no 846/DF, Rel. Sepúlveda Pertence, DJ 8.11.1996 e SS-AgR no 
 
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171 
1.272/RJ, Rel. Carlos Velloso, DJ 18.5.2001. O art. 4º da Lei no 8.437/1992 
c/c art. 1º da Lei 9.494/1997 autoriza o deferimento do pedido de 
suspensão da execução da tutela antecipada concedida nas ações movidas 
contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento da pessoa jurídica 
de direito público interessada, em caso de manifesto interesse público ou de 
flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à 
segurança e à economia públicas. A decisão liminar que a União e o 
Município de Fortaleza buscam suspender determinou que a União, o 
Estado do Ceará e o Município de Fortaleza fornecessem o medicamento 
Zavesca (Miglustat) à paciente Clarice Neves, com fundamento na aplicação 
imediata do direito fundamental social à saúde. O direito à saúde é 
estabelecido pelo artigo 196 da Constituição Federal como (1) “direito de 
todos” e (2) “dever do Estado”, (3) garantido mediante “políticas sociais e 
econômicas (4) que visem à redução do risco de doenças e de outros 
agravos”, (5) regido pelo princípio do “acesso universal e igualitário” (6) “às 
ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”. A doutrina 
constitucional brasileira há muito se dedica à interpretação do artigo 196 
da Constituição. Teses, muitas vezes antagônicas, proliferaram-se em todas 
as instâncias do Poder Judiciário e na seara acadêmica. Tais teses buscam 
definir se, como e em que medida o direito constitucional à saúde se traduz 
em um direito subjetivo público a prestações positivas do Estado, passível 
de garantia pela via judicial. O fato é que a judicialização do direito à saúde 
ganhou tamanha importância teórica e prática que envolve não apenas os 
operadores do Direito, mas também os gestores públicos, os profissionais 
da área de saúde e a sociedade civil como um todo. Se, por um lado, a 
 
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172 
atuação do Poder Judiciário é fundamental para o exercício efetivo da 
cidadania e para a realização do direito à saúde, por outro as decisões 
judiciais têm significado um forte ponto de tensão perante os elaboradores 
e executores das políticas públicas, que se veem compelidos a garantir 
prestações de direitos sociais das mais diversas, muitas vezes contrastantes 
com a política estabelecida pelos governos para a área da saúde e além das 
possibilidades orçamentárias. Em 5 de março de 2009, convoquei Audiência 
Pública em razão dos diversos pedidos de suspensão de segurança, de 
suspensão de tutela antecipada e de suspensão de liminar em trâmite no 
âmbito desta Presidência, com vistas a suspender a execução de medidas 
cautelares que condenam a Fazenda Pública ao fornecimento das mais 
variadas prestações de saúde (fornecimento de medicamentos, 
suplementos alimentares, órteses e próteses; criação de vagas de UTIs e 
leitos hospitalares; contratação de servidores de saúde; realização de 
cirurgias e exames; custeio de tratamento fora do domicílio, inclusive no 
exterior, entre outros). Após ouvir os depoimentos prestados pelos 
representantes dos diversos setores envolvidos, entendo ser necessário 
redimensionar a questão da judicialização do direito à saúde no Brasil. Isso 
porque, na maioria dos casos, a intervenção judicial não ocorre em razão de 
uma omissão absoluta em matéria de políticas públicas voltadas à proteção 
do direito à saúde, mas tendo em vista uma necessária determinação 
judicial para o cumprimento de políticas já estabelecidas. Portanto, não se 
cogita do problema da interferência judicial em âmbitos de livre apreciação 
ou de ampla discricionariedade de outros Poderes quanto à formulação de 
políticas públicas. Esse dado pode ser importante para a construção de um 
 
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critério ou parâmetro para a decisão em casos como este, no qual se discute, 
primordialmente, o problema da interferência do Poder Judiciário na esfera 
dos outros Poderes. O primeiro dado a ser considerado é a existência, ou 
não, de política estatal que abranja a prestação de saúde pleiteada pela 
parte. Ao deferir uma prestação de saúde incluída entre as políticas sociais 
e econômicas formuladas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Judiciário 
não está criando política pública, mas apenas determinando o seu 
cumprimento. Nesses casos, a existência de um direito subjetivo público a 
determinada política pública
de saúde parece ser evidente. Se a prestação 
de saúde pleiteada não estiver entre as políticas do SUS, é imprescindível 
distinguir se a não prestação decorre de uma omissão legislativa ou 
administrativa, de uma decisão administrativa de não fornecê-la ou de uma 
vedação legal a sua dispensação. Não raro, busca-se no Poder Judiciário a 
condenação do Estado ao fornecimento de prestação de saúde não 
registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Como 
ficou claro nos depoimentos prestados na Audiência Pública, é vedado à 
Administração Pública fornecer fármaco que não possua registro na 
ANVISA. A Lei Federal nº 6.360/76, ao dispor sobre a vigilância sanitária a 
que ficam sujeitos os Medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e 
correlatos, determina em seu artigo 12 que “nenhum dos produtos de que 
trata esta Lei, inclusive os importados, poderá ser industrializado, exposto à 
venda ou entregue ao consumo antes de registrado no Ministério da Saúde”. 
O artigo 16 da referida Lei estabelece os requisitos para a obtenção do 
registro, entre eles, que o produto seja reconhecido como seguro e eficaz 
para o uso a que se propõe. O Art. 18 ainda determina que, em se tratando 
 
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de medicamento de procedência estrangeira, deverá ser comprovada a 
existência de registro válido no país de origem. O registro de medicamento, 
como lembrado pelo Procurador-Geral da República, é uma garantia à 
saúde pública. E, como ressaltou o Diretor-Presidente da ANVISA, a agência, 
por força da lei de sua criação, também realiza a regulação econômica dos 
fármacos. Após verificar a eficácia, segurança e qualidade do produto e 
conceder o registro, a ANVISA passa a analisar a fixação do preço definido, 
levando em consideração o benefício clínico e o custo do tratamento. 
Havendo produto assemelhado, se o novo medicamento não trouxer 
benefício adicional, não poderá custar mais caro do que o medicamento já 
existente com a mesma indicação. Por tudo isso, o registro na ANVISA 
mostra-se como condição necessária para atestar a segurança e o benefício 
do produto, sendo a primeira condição para que o Sistema Único de Saúde 
possa considerar sua incorporação. Claro que essa não é uma regra 
absoluta. Em casos excepcionais, a importação de medicamento não 
registrado poderá ser autorizada pela ANVISA. A Lei nº 9.782/99, que criou 
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), permite que a Agência 
dispense de “registro” medicamentos adquiridos por intermédio de 
organismos multilaterais internacionais, para uso de programas em saúde 
pública pelo Ministério da Saúde. O segundo dado a ser considerado é a 
existência de motivação para o não fornecimento de determinada ação de 
saúde pelo SUS. Há casos em que se ajuíza ação com o objetivo de garantir 
prestação de saúde que o SUS decidiu não custear por entender que 
inexistem evidências científicas suficientes para autorizar sua inclusão. 
Nessa hipótese, podem ocorrer, ainda, duas situações distintas: 1º) o SUS 
 
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fornece tratamento alternativo, mas não adequado a determinado paciente; 
2º) o SUS não tem nenhum tratamento específico para determinada 
patologia. A princípio, pode-se inferir que a obrigação do Estado, à luz do 
disposto no artigo 196 da Constituição, restringe-se ao fornecimento das 
políticas sociais e econômicas por ele formuladas para a promoção, 
proteção e recuperação da saúde. Isso porque o Sistema Único de Saúde 
filiou-se à corrente da “Medicina com base em evidências”. Com isso, 
adotaram-se os “Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas”, que 
consistem num conjunto de critérios que permitem determinar o 
diagnóstico de doenças e o tratamento correspondente com os 
medicamentos disponíveis e as respectivas doses. Assim, um medicamento 
ou tratamento em desconformidade com o Protocolo deve ser visto com 
cautela, pois tende a contrariar um consenso científico vigente. Ademais, 
não se pode esquecer de que a gestão do Sistema Único de Saúde, obrigado 
a observar o princípio constitucional do acesso universal e igualitário às 
ações e prestações de saúde, só torna-se viável mediante a elaboração de 
políticas públicas que repartam os recursos (naturalmente escassos) da 
forma mais eficiente possível. Obrigar a rede pública a financiar toda e 
qualquer ação e prestação de saúde existente geraria grave lesão à ordem 
administrativa e levaria ao comprometimento do SUS, de modo a prejudicar 
ainda mais o atendimento médico da parcela da população mais 
necessitada. Dessa forma, podemos concluir que, em geral, deverá ser 
privilegiado o tratamento fornecido pelo SUS em detrimento de opção 
diversa escolhida pelo paciente, sempre que não for comprovada a 
ineficácia ou a impropriedade da política de saúde existente. Essa conclusão 
 
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176 
não afasta, contudo, a possibilidade de o Poder Judiciário, ou de a própria 
Administração, decidir que medida diferente da custeada pelo SUS deve ser 
fornecida a determinada pessoa que, por razões específicas do seu 
organismo, comprove que o tratamento fornecido não é eficaz no seu caso. 
Inclusive, como ressaltado pelo próprio Ministro da Saúde na Audiência 
Pública, há necessidade de revisão periódica dos protocolos existentes e de 
elaboração de novos protocolos. Assim, não se pode afirmar que os 
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do SUS são inquestionáveis, o 
que permite sua contestação judicial. Situação diferente é a que envolve a 
inexistência de tratamento na rede pública. Nesses casos, é preciso 
diferenciar os tratamentos puramente experimentais dos novos 
tratamentos ainda não testados pelo Sistema de Saúde brasileiro. Os 
tratamentos experimentais (sem comprovação científica de sua eficácia) 
são realizados por laboratórios ou centros médicos de ponta, 
consubstanciando-se em pesquisas clínicas. A participação nesses 
tratamentos rege-se pelas normas que regulam a pesquisa médica e, 
portanto, o Estado não pode ser condenado a fornecê-los. Como esclarecido 
pelo Médico Paulo Hoff na Audiência Pública realizada, Diretor Clínico do 
Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, essas drogas não podem ser 
compradas em nenhum país, porque nunca foram aprovadas ou avaliadas, e 
o acesso a elas deve ser disponibilizado apenas no âmbito de estudos 
clínicos ou programas de acesso expandido, não sendo possível obrigar o 
SUS a custeá-las. No entanto, é preciso que o laboratório que realiza a 
pesquisa continue a fornecer o tratamento aos pacientes que participaram 
do estudo clínico, mesmo após seu término. Quanto aos novos tratamentos 
 
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177 
(ainda não incorporados pelo SUS), é preciso que se tenha cuidado 
redobrado na apreciação da matéria. Como frisado pelos especialistas 
ouvidos na Audiência Pública, o conhecimento médico não é estanque, sua 
evolução é muito rápida e dificilmente acompanhável pela burocracia 
administrativa. Se, por um lado, a elaboração dos Protocolos Clínicos e das 
Diretrizes Terapêuticas privilegia a melhor distribuição de recursos 
públicos
e a segurança dos pacientes, por outro a aprovação de novas 
indicações terapêuticas pode ser muito lenta e, assim, acabar por excluir o 
acesso de pacientes do SUS a tratamento há muito prestado pela iniciativa 
privada. Parece certo que a inexistência de Protocolo Clínico no SUS não 
pode significar violação ao princípio da integralidade do sistema, nem 
justificar a diferença entre as opções acessíveis aos usuários da rede pública 
e as disponíveis aos usuários da rede privada. Nesses casos, a omissão 
administrativa no tratamento de determinada patologia poderá ser objeto 
de impugnação judicial, tanto por ações individuais como coletivas. No 
entanto, é imprescindível que haja instrução processual, com ampla 
produção de provas, o que poderá configurar-se um obstáculo à concessão 
de medida cautelar. Portanto, independentemente da hipótese levada à 
consideração do Poder Judiciário, as premissas analisadas deixam clara a 
necessidade de instrução das demandas de saúde para que não ocorra a 
produção padronizada de iniciais, contestações e sentenças, peças 
processuais que, muitas vezes, não contemplam as especificidades do caso 
concreto examinado, impedindo que o julgador concilie a dimensão 
subjetiva (individual e coletiva) com a dimensão objetiva do direito à saúde. 
No caso dos autos, ressalto os seguintes dados fáticos como imprescindíveis 
 
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178 
para a análise do pleito: a) a interessada, jovem de 21 anos de idade, é 
portadora da patologia denominada NIEMANN-PICK TIPO C, doença 
neurodegenerativa rara, comprovada clinicamente e por exame 
laboratorial, que causa uma série de distúrbios neuropsiquiátricos, tais 
como, “movimentos involuntários, ataxia da marcha e dos membros, 
disartria e limitações de progresso escolar e paralisias progressivas” (fl. 
29); b) os sintomas da doença teriam se manifestado quando a paciente 
contava com cinco anos de idade, sob a forma de dificuldades com a marcha, 
movimentos anormais dos membros, mudanças na fala e ocasional disfagia 
(fl. 29); c) os relatórios médicos emitidos pela Rede Sarah de Hospitais de 
Reabilitação relatam que o uso do ZAVESCA (miglustat) poderia possibilitar 
um aumento de sobrevida e a melhora da qualidade de vida dos portadores 
de Niemann-Pick Tipo C (fl. 30); d) a família da paciente declarou não 
possuir condições financeiras para custear o tratamento da doença, orçada 
em R$ 52.000,00 por mês; e e) segundo o acórdão impugnado, há prova 
pré-constituída de que o medicamento buscado é considerado pela clínica 
médica como único capaz de deter o avanço da doença ou de, pelo menos, 
aumentar as chances de vida da paciente com uma certa qualidade (fl. 108). 
A decisão impugnada, ao deferir a antecipação de tutela postulada, aponta a 
existência de provas quanto ao estado de saúde da paciente e a necessidade 
do medicamento indicado, nos seguintes termos: “(...) No caso concreto, a 
verossimilhança da alegação é demonstrada pelos documentos médicos que 
restaram coligidos aos autos. No de fl. 24, consta que ‘o miglustato 
(Zavesca) é o único medicamento capaz de deter a progressão da Doença de 
Niemann-Pick Tipo C, aliviando, assim, os sintomas e sofrimentos 
 
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neuropsiquiátricos da paciente’. A afirmação é seguida de indicação das 
bases nas quais se assentou a conclusão: estudos que remontam ao ano 
2000. Além dele, convém apontar para o parecer exarado pela Rede Sarah 
de Hospitais de Reabilitação – Associação das Pioneiras Sociais, sendo essa 
instituição de referência nacional. Nessa manifestação (fl. 28) consta: 
‘Atualmente o tratamento é, preponderantemente, de suporte, mas já há 
trabalhos relatando o uso do Zavesca (miglustat), anteriormente usado para 
outras doenças de depósito, com o objetivo de diminuir a taxa de 
biossíntese de glicolipídios e, portanto, a diminuição do acúmulo lisossomol 
destes glicolípidios que estão em quantidades aumentadas pelo defeito do 
transporte de lipídios dentro das células; o que poderia possibilitar um 
aumento de sobrevida e/ou melhora da qualidade de vida dos pacientes 
acometidos pela patologia citada’. Acrescente-se que o medicamento 
pretendido tem sido ministrado em casos idênticos. (...) Esse quadro mostra 
que há prova pré-constituída de que a jovem CLARICE é portadora da 
doença Niemann-Pick Tipo C; de que a medicação buscada (miglustat) é 
considerada pela clínica médica como único capaz de deter o avanço da 
doença ou de, ao menos, aumentar as chances de vida do paciente com uma 
certa qualidade; de que tem sido ministrado em outros pacientes, também 
em decorrência de decisões judiciais.” (fls. 107-108) O argumento central 
apontado pela União reside na falta de registro do medicamento Zavesca 
(miglustat) na Agência Nacional de Vigilância Sanitária e, 
consequentemente, na proibição de sua comercialização no Brasil. No caso, 
à época da interposição da ação pelo Ministério Público Federal, o 
medicamento ZAVESCA ainda não se encontrava registrado na ANVISA (fl. 
 
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180 
31). No entanto, em consulta ao sítio da ANVISA na internet, verifiquei que 
o medicamento ZAVESCA (princípio ativo miglustate), produzido pela 
empresa ACTELION, possui registro (nº 155380002 ) válido até 01/2012. O 
medicamento Zavesca, ademais, não consta dos Protocolos e Diretrizes 
Terapêuticas do SUS, sendo medicamento de alto custo não contemplado 
pela Política Farmacêutica da rede pública. Apesar de a União e de o 
Município de Fortaleza alegarem a ineficácia do uso de Zavesca para o 
tratamento da doença de Niemann-Pick Tipo C, não comprovaram a 
impropriedade do fármaco, limitando-se a inferir a inexistência de 
Protocolo Clínico do SUS. Por outro lado, os documentos juntados pelo 
Ministério Público Federal atestam que o medicamento foi prescrito por 
médico habilitado, sendo recomendado pela Agência Européia de 
Medicamentos (fl. 166). Ressalte-se, ainda, que o alto custo do medicamento 
não é, por si só, motivo para o seu não fornecimento, visto que a Política de 
Dispensação de Medicamentos excepcionais visa a contemplar justamente o 
acesso da população acometida por enfermidades raras aos tratamentos 
disponíveis. A análise da ilegitimidade ativa do Ministério Público Federal e 
da ilegitimidade passiva da União e do Município refoge ao alcance da 
suspensão de tutela antecipada, matéria a ser debatida no exame do recurso 
cabível contra o provimento jurisdicional que ensejou a presente medida. 
Inocorrentes os pressupostos contidos no art. 4º da Lei no 8.437/1992, 
verifico que a suspensão da decisão representa periculum in mora inverso, 
podendo a falta do medicamento solicitado resultar em graves e 
irreparáveis danos à saúde e à vida da paciente. Reforçando esse 
entendimento, a Procuradoria-Geral da República asseverou: “[...] A 
 
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suspensão dos efeitos da decisão pode, portanto, ocasionar danos graves e 
irreparáveis à saúde e à vida da paciente, parecendo indubitável, na espécie, 
o chamado perigo de dano inverso, a demonstrar a elevada plausibilidade 
da pretensão veiculada
na ação originária, minando, em contrapartida, a 
razoabilidade da suspensão requerida” - (fl. 148). Assim, não é possível 
vislumbrar grave ofensa à ordem, à saúde, à segurança ou à economia 
públicas a ensejar a adoção da medida excepcional de suspensão de tutela 
antecipada. Ante o exposto, indefiro o pedido de suspensão. Publique-se. 
Brasília, 18 de setembro de 2009. Ministro GILMAR MENDES Presidente 
 
 
Custo altíssimo X Vida de uma pessoa X Universalização da 
demanda. 
 
3.4.2 Assistência aos desamparados 
 Alimentação 
 Vestuário 
 Abrigo 
 Salário Social (LOAS) 
 
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3.4.3 Acesso à justiça 
 
Trés direitos materiais e 1 direito instrumental para fazê-los valer. 
 
4. Orçamento: Mínimo Existencial X Reserva do Possível 
 Na elaboração do orçamento, esses direitos têm que ser 
prioritários, metas prioritárias no orçamento. O Estado tem que, primeiro, 
atender a essas demandas para, posteriormente, passar às demais. 
 Ao mínimo existencial pode ser alegada a reserva do 
possível? 
 1º Argumento: 
 Ingo Sarlet: Não se pode alegar reserva do possível para 
que o mínimo existencial deixe de ser atendido. 
 Ana Paula de Barcellos: O ME é uma regra, não um 
princípio, não pode ser afastada. 
 
 2º Argumento: 
 
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 Daniel Sarmento: vê o mínimo existencial não como uma 
regra, mas como um princípio que precisa ser ponderado com a reserva do 
possível. 
 Neste sentido, qual seria a distinção entre o mínimo 
existencial e os demais direitos? 
 A diferença, na visão de Sarmento, seria que o ME, 
apesar de não ser absoluto, teria peso maior (2x) do que os outros direitos 
sociais (x). 
 O ônus argumentativo do Estado, para afastar o ME, 
seria maior. 
 
 Celso de Melo RE 482. 611/SC 
 O STF adotou o entendimento de que não se pode opor a 
Reserva do Possível ao núcleo básico do Mínimo Existencial. 
EMENTA: CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE ABUSO E/OU EXPLORAÇÃO 
SEXUAL. DEVER DE PROTEÇÃO INTEGRAL À INFÂNCIA E À JUVENTUDE. OBRIGAÇÃO 
CONSTITUCIONAL QUE SE IMPÕE AO PODER PÚBLICO. PROGRAMA SENTINELA–PROJETO 
ACORDE. INEXECUÇÃO, PELO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS/SC, DE REFERIDO PROGRAMA 
DE AÇÃO SOCIAL CUJO ADIMPLEMENTO TRADUZ EXIGÊNCIA DE ORDEM CONSTITUCIONAL. 
CONFIGURAÇÃO, NO CASO, DE TÍPICA HIPÓTESE DE OMISSÃO INCONSTITUCIONAL 
IMPUTÁVEL AO MUNICÍPIO. DESRESPEITO À CONSTITUIÇÃO PROVOCADO POR INÉRCIA 
ESTATAL (RTJ 183/818-819). COMPORTAMENTO QUE TRANSGRIDE A AUTORIDADE DA LEI 
FUNDAMENTAL (RTJ 185/794-796). IMPOSSIBILIDADE DE INVOCAÇÃO, PELO PODER 
PÚBLICO, DA CLÁUSULA DA RESERVA DO POSSÍVEL SEMPRE QUE PUDER RESULTAR, DE SUA 
 
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APLICAÇÃO, COMPROMETIMENTO DO NÚCLEO BÁSICO QUE QUALIFICA O MÍNIMO 
EXISTENCIAL (RTJ 200/191- -197). CARÁTER COGENTE E VINCULANTE DAS NORMAS 
CONSTITUCIONAIS, INCLUSIVE DAQUELAS DE CONTEÚDO PROGRAMÁTICO, QUE VEICULAM 
DIRETRIZES DE POLÍTICAS PÚBLICAS. PLENA LEGITIMIDADE JURÍDICA DO CONTROLE DAS 
OMISSÕES ESTATAIS PELO PODER JUDICIÁRIO. A COLMATAÇÃO DE OMISSÕES 
INCONSTITUCIONAIS COMO NECESSIDADE INSTITUCIONAL FUNDADA EM COMPORTAMENTO 
AFIRMATIVO DOS JUÍZES E TRIBUNAIS E DE QUE RESULTA UMA POSITIVA CRIAÇÃO 
JURISPRUDENCIAL DO DIREITO. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM TEMA 
DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DELINEADAS NA CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA (RTJ 174/687 – RTJ 175/1212-1213 – RTJ 199/1219- -1220). RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL CONHECIDO E PROVIDO. 
DECISÃO: O presente recurso extraordinário foi interposto contra acórdão, que, 
proferido pelo E. Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, está assim ementado (fls. 348): 
“Apelação cível. Ação civil pública. Programa Sentinela - Projeto Acorde. 
Atendimento de criança. Determinação judicial. Impossibilidade. Princípio da separação dos 
Poderes. Política social derivada de norma programática. Recurso provido. 
À Administração Pública, calcada no seu poder discricionário, compete estabelecer 
as políticas sociais derivadas de normas programáticas, vedado ao Poder Judiciário interferir 
nos critérios de conveniência e oportunidade que norteiam as prioridades traçadas pelo 
Executivo.” (grifei) 
O Ministério Público do Estado de Santa Catarina, parte recorrente, sustenta que o 
acórdão ora impugnado teria transgredido o art. 227 da Constituição da República. 
O exame desta causa - considerada a jurisprudência que o Supremo Tribunal Federal 
firmou na matéria em análise (AI 583.136/SC, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – RE 503.658/SC, Rel. 
Min. EROS GRAU, v.g.) - convence-me da inteira correção dos fundamentos, que, invocados pelo 
Ministério Público do Estado de Santa Catarina, informam e dão consistência ao presente 
recurso extraordinário. 
 
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É preciso assinalar, neste ponto, por relevante, que a proteção aos direitos da 
criança e do adolescente (CF, art. 227, “caput”) – qualifica-se como um dos direitos sociais mais 
expressivos, subsumindo-se à noção dos direitos de segunda geração (RTJ 164/158-161), cujo 
adimplemento impõe, ao Poder Público, a satisfação de um dever de prestação positiva, 
consistente num “facere”, pois o Estado dele só se desincumbirá criando condições objetivas que 
viabilizem, em favor dessas mesmas crianças e adolescentes, “(...) com absoluta prioridade, o 
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a 
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” 
(CF, art. 227, “caput” - grifei). 
Para BERNARDO LEÔNCIO MOURA COELHO (“O Bloco de Constitucionalidade e a 
Proteção à Criança”, “in” Revista de Informação Legislativa nº 123/259-266, 263/264, 1994, 
Senado Federal), a proteção integral da criança e do adolescente, tal como objetivada pelo 
Programa Sentinela–Acorde, exprime, de um lado, no plano do sistema jurídico-normativo, a 
exigência de solidariedade social, e pressupõe, de outro, a asserção de que a dignidade humana, 
enquanto valor impregnado de centralidade em nosso ordenamento político, só se afirmará com 
a expansão das liberdades públicas, quaisquer que sejam as dimensões em que estas se 
projetem: 
“Neste ponto é que entra a função do Estado, que, conceituando a proteção à criança 
como um direito social e colocando como um de seus princípios a justiça social, deve impedir 
que estas pessoas, na correta colocação de Dallari, sejam oprimidas por outras. É necessário que 
seja abolida esta discriminação e que todo ‘menor’ seja tratado como criança – sujeito de direitos 
que deve gozar da proteção especial estatuída na Constituição Federal e também nas 
Constituições Estaduais.” (grifei) 
O alto significado social e o irrecusável valor constitucional de que se reveste o 
direito à proteção da criança e do adolescente – ainda mais se considerado em face do dever que 
incumbe, ao Poder Público, de torná-lo real, mediante concreta efetivação da garantia de 
atendimento sócio-educativo às crianças vítimas de exploração
ou violência (CF, art. 227, 
“caput”) – não podem ser menosprezados pelo Estado, sob pena de grave e injusta frustração de 
 
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um inafastável compromisso constitucional, que tem, no aparelho estatal, um de seus precípuos 
destinatários. 
O objetivo perseguido pelo legislador constituinte, em tema de proteção ao direito 
da criança e do adolescente, traduz meta cuja não-realização qualificar-se-á como uma 
censurável situação de inconstitucionalidade por omissão imputável ao Poder Público, ainda 
mais se se tiver presente que a Lei Fundamental da República delineou, nessa matéria, um nítido 
programa a ser (necessariamente) implementado mediante adoção de políticas públicas 
conseqüentes e responsáveis. 
Ao julgar a ADPF 45/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, proferi decisão assim 
ementada (Informativo/STF nº 345/2004): 
“ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. A QUESTÃO DA 
LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO CONTROLE E DA INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO 
EM TEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, QUANDO CONFIGURADA HIPÓTESE 
DE ABUSIVIDADE GOVERNAMENTAL. 
DIMENSÃO POLÍTICA DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL ATRIBUÍDA AO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL. INOPONIBILIDADE DO ARBÍTRIO ESTATAL À EFETIVAÇÃO DOS 
DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS. CARÁTER RELATIVO DA LIBERDADE DE 
CONFORMAÇÃO DO LEGISLADOR. 
CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA CLÁUSULA DA ‘RESERVA DO POSSÍVEL’. 
NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO, EM FAVOR DOS INDIVÍDUOS, DA INTEGRIDADE E DA 
INTANGIBILIDADE DO NÚCLEO CONSUBSTANCIADOR DO ‘MÍNIMO EXISTENCIAL’. 
VIABILIDADE INSTRUMENTAL DA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO NO PROCESSO DE 
CONCRETIZAÇÃO DAS LIBERDADES POSITIVAS (DIREITOS CONSTITUCIONAIS DE SEGUNDA 
GERAÇÃO).” 
Salientei, então, em tal decisão, que o Supremo Tribunal Federal, considerada a 
dimensão política da jurisdição constitucional outorgada a esta Corte, não pode demitir-se do 
gravíssimo encargo de tornar efetivos os direitos econômicos, sociais e culturais, que se 
 
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identificam - enquanto direitos de segunda geração - com as liberdades positivas, reais ou 
concretas (RTJ 164/158-161, Rel. Min. CELSO DE MELLO). 
É que, se assim não for, restarão comprometidas a integridade e a eficácia da própria 
Constituição, por efeito de violação negativa do estatuto constitucional motivada por inaceitável 
inércia governamental no adimplemento de prestações positivas impostas ao Poder Público, 
consoante já advertiu, em tema de inconstitucionalidade por omissão, por mais de uma vez (RTJ 
175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO), o Supremo Tribunal Federal: 
“DESRESPEITO À CONSTITUIÇÃO - MODALIDADES DE COMPORTAMENTOS 
INCONSTITUCIONAIS DO PODER PÚBLICO. 
- O desrespeito à Constituição tanto pode ocorrer mediante ação estatal quanto 
mediante inércia governamental. A situação de inconstitucionalidade pode derivar de um 
comportamento ativo do Poder Público, que age ou edita normas em desacordo com o que 
dispõe a Constituição, ofendendo-lhe, assim, os preceitos e os princípios que nela se acham 
consignados. Essa conduta estatal, que importa em um ‘facere’ (atuação positiva), gera a 
inconstitucionalidade por ação. 
- Se o Estado deixar de adotar as medidas necessárias à realização concreta dos 
preceitos da Constituição, em ordem a torná-los efetivos, operantes e exeqüíveis, abstendo-se, 
em conseqüência, de cumprir o dever de prestação que a Constituição lhe impôs, incidirá em 
violação negativa do texto constitucional. Desse ‘non facere’ ou ‘non praestare’, resultará a 
inconstitucionalidade por omissão, que pode ser total, quando é nenhuma a providência 
adotada, ou parcial, quando é insuficiente a medida efetivada pelo Poder Público. 
....................................................... 
- A omissão do Estado - que deixa de cumprir, em maior ou em menor extensão, a 
imposição ditada pelo texto constitucional - qualifica-se como comportamento revestido da 
maior gravidade político-jurídica, eis que, mediante inércia, o Poder Público também desrespeita 
a Constituição, também ofende direitos que nela se fundam e também impede, por ausência de 
medidas concretizadoras, a própria aplicabilidade dos postulados e princípios da Lei 
Fundamental.” 
 
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(RTJ 185/794-796, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno) 
É certo – tal como observei no exame da ADPF 45/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO 
(Informativo/STF nº 345/2004) - que não se inclui, ordinariamente, no âmbito das funções 
institucionais do Poder Judiciário - e nas desta Suprema Corte, em especial – a atribuição de 
formular e de implementar políticas públicas (JOSÉ CARLOS VIEIRA DE ANDRADE, “Os Direitos 
Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976”, p. 207, item n. 05, 1987, Almedina, 
Coimbra), pois, nesse domínio, o encargo reside, primariamente, nos Poderes Legislativo e 
Executivo. 
Impende assinalar, no entanto, que a incumbência de fazer implementar políticas 
públicas fundadas na Constituição poderá atribuir-se, ainda que excepcionalmente, ao Judiciário, 
se e quando os órgãos estatais competentes, por descumprirem os encargos político-jurídicos 
que sobre eles incidem em caráter mandatório, vierem a comprometer, com tal comportamento, 
a eficácia e a integridade de direitos individuais e/ou coletivos impregnados de estatura 
constitucional, como sucede na espécie ora em exame. 
Não deixo de conferir, no entanto, assentadas tais premissas, significativo relevo ao 
tema pertinente à “reserva do possível” (STEPHEN HOLMES/CASS R. SUNSTEIN, “The Cost of 
Rights”, 1999, Norton, New York; ANA PAULA DE BARCELLOS, “A Eficácia Jurídica dos Princípios 
Constitucionais”, p. 245/246, 2002, Renovar), notadamente em sede de efetivação e 
implementação (sempre onerosas) dos direitos de segunda geração (direitos econômicos, 
sociais e culturais), cujo adimplemento, pelo Poder Público, impõe e exige, deste, prestações 
estatais positivas concretizadoras de tais prerrogativas individuais e/ou coletivas. 
Não se ignora que a realização dos direitos econômicos, sociais e culturais - além de 
caracterizar-se pela gradualidade de seu processo de concretização - depende, em grande 
medida, de um inescapável vínculo financeiro subordinado às possibilidades orçamentárias do 
Estado, de tal modo que, comprovada, objetivamente, a alegação de incapacidade econômico-
financeira da pessoa estatal, desta não se poderá razoavelmente exigir, então, considerada a 
limitação material referida, a imediata efetivação do comando fundado no texto da Carta Política. 
Não se mostrará lícito, contudo, ao Poder Público, em tal hipótese, criar obstáculo 
artificial que revele – a partir de indevida manipulação de sua atividade financeira e/ou político-
 
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administrativa - o ilegítimo, arbitrário e censurável propósito de fraudar, de frustrar e de 
inviabilizar o estabelecimento e a preservação, em favor da pessoa e dos cidadãos, de condições 
materiais mínimas de existência (ADPF 45/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Informativo/STF nº 
345/2004). 
Cumpre advertir, desse modo, que a cláusula da “reserva do possível” - ressalvada a 
ocorrência de justo
motivo objetivamente aferível - não pode ser invocada, pelo Estado, com a 
finalidade de exonerar-se, dolosamente, do cumprimento de suas obrigações constitucionais, 
notadamente quando, dessa conduta governamental negativa, puder resultar nulificação ou, até 
mesmo, aniquilação de direitos constitucionais impregnados de um sentido de essencial 
fundamentalidade. 
Tratando-se de típico direito de prestação positiva, que se subsume ao conceito de 
liberdade real ou concreta, a proteção à criança e ao adolescente – que compreende todas as 
prerrogativas, individuais ou coletivas, referidas na Constituição da República (notadamente em 
seu art. 227) – tem por fundamento regra constitucional cuja densidade normativa não permite 
que, em torno da efetiva realização de tal comando, o Poder Público, especialmente o Município, 
disponha de um amplo espaço de discricionariedade que lhe enseje maior grau de liberdade de 
conformação, e de cujo exercício possa resultar, paradoxalmente, com base em simples alegação 
de mera conveniência e/ou oportunidade, a nulificação mesma dessa prerrogativa essencial, tal 
como já advertiu o Supremo Tribunal Federal: 
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO - CRIANÇA DE ATÉ SEIS ANOS DE IDADE - 
ATENDIMENTO EM CRECHE E EM PRÉ-ESCOLA - EDUCAÇÃO INFANTIL - DIREITO 
ASSEGURADO PELO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL (CF, ART. 208, IV) - COMPREENSÃO 
GLOBAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO - DEVER JURÍDICO CUJA EXECUÇÃO SE 
IMPÕE AO PODER PÚBLICO, NOTADAMENTE AO MUNICÍPIO (CF, ART. 211, § 2º) - RECURSO 
IMPROVIDO. 
- A educação infantil representa prerrogativa constitucional indisponível, que, 
deferida às crianças, a estas assegura, para efeito de seu desenvolvimento integral, e como 
primeira etapa do processo de educação básica, o atendimento em creche e o acesso à pré-escola 
(CF, art. 208, IV). 
 
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- Essa prerrogativa jurídica, em conseqüência, impõe, ao Estado, por efeito da alta 
significação social de que se reveste a educação infantil, a obrigação constitucional de criar 
condições objetivas que possibilitem, de maneira concreta, em favor das ‘crianças de zero a seis 
anos de idade’ (CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e atendimento em creches e unidades de pré-
escola, sob pena de configurar-se inaceitável omissão governamental, apta a frustrar, 
injustamente, por inércia, o integral adimplemento, pelo Poder Público, de prestação estatal que 
lhe impôs o próprio texto da Constituição Federal. 
- A educação infantil, por qualificar-se como direito fundamental de toda criança, 
não se expõe, em seu processo de concretização, a avaliações meramente discricionárias da 
Administração Pública, nem se subordina a razões de puro pragmatismo governamental. 
- Os Municípios – que atuarão, prioritariamente, no ensino fundamental e na 
educação infantil (CF, art. 211, § 2º) – não poderão demitir-se do mandato constitucional, 
juridicamente vinculante, que lhes foi outorgado pelo art. 208, IV, da Lei Fundamental da 
República, e que representa fator de limitação da discricionariedade político-administrativa dos 
entes municipais, cujas opções, tratando-se do atendimento das crianças em creche (CF, art. 208, 
IV), não podem ser exercidas de modo a comprometer, com apoio em juízo de simples 
conveniência ou de mera oportunidade, a eficácia desse direito básico de índole social. 
- Embora resida, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo, a prerrogativa 
de formular e executar políticas públicas, revela-se possível, no entanto, ao Poder Judiciário, 
determinar, ainda que em bases excepcionais, especialmente nas hipóteses de políticas públicas 
definidas pela própria Constituição, sejam estas implementadas pelos órgãos estatais 
inadimplentes, cuja omissão – por importar em descumprimento dos encargos político-jurídicos 
que sobre eles incidem em caráter mandatório – mostra-se apta a comprometer a eficácia e a 
integridade de direitos sociais e culturais impregnados de estatura constitucional. A questão 
pertinente à ‘reserva do possível’. Doutrina.” 
(RTJ 199/1219-1220, Rel. Min. CELSO DE MELLO) 
Cabe referir, ainda, neste ponto, ante a extrema pertinência de suas observações, a 
advertência de LUIZA CRISTINA FONSECA FRISCHEISEN, ilustre Procuradora Regional da 
República (“Políticas Públicas – A Responsabilidade do Administrador e o Ministério Público”, p. 
 
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191 
59, 95 e 97, 2000, Max Limonad), cujo magistério, a propósito da limitada discricionariedade 
governamental em tema de concretização das políticas públicas constitucionais, corretamente 
assinala: 
“Nesse contexto constitucional, que implica também na renovação das práticas 
políticas, o administrador está vinculado às políticas públicas estabelecidas na Constituição 
Federal; a sua omissão é passível de responsabilização e a sua margem de discricionariedade é 
mínima, não contemplando o não fazer. 
...................................................... 
Como demonstrado no item anterior, o administrador público está vinculado à 
Constituição e às normas infraconstitucionais para a implementação das políticas públicas 
relativas à ordem social constitucional, ou seja, própria à finalidade da mesma: o bem-estar e a 
justiça social. 
...................................................... 
Conclui-se, portanto, que o administrador não tem discricionariedade para deliberar 
sobre a oportunidade e conveniência de implementação de políticas públicas discriminadas na 
ordem social constitucional, pois tal restou deliberado pelo Constituinte e pelo legislador que 
elaborou as normas de integração. 
....................................................... 
As dúvidas sobre essa margem de discricionariedade devem ser dirimidas pelo 
Judiciário, cabendo ao Juiz dar sentido concreto à norma e controlar a legitimidade do ato 
administrativo (omissivo ou comissivo), verificando se o mesmo não contraria sua finalidade 
constitucional, no caso, a concretização da ordem social constitucional.” (grifei) 
Tenho para mim, desse modo, presente tal contexto, que os Municípios (à 
semelhança das demais entidades políticas) não poderão demitir-se do mandato constitucional, 
juridicamente vinculante, que lhes foi outorgado pelo art. 227, “caput”, da Constituição, e que 
representa fator de limitação da discricionariedade político-administrativa do Poder Público, 
cujas opções, tratando-se de proteção à criança e ao adolescente, não podem ser exercidas de 
 
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192 
modo a comprometer, com apoio em juízo de simples conveniência ou de mera oportunidade, a 
eficácia desse direito básico de índole social. 
Entendo, por isso mesmo, que se revela acolhível a pretensão recursal deduzida pelo 
Ministério Público do Estado de Santa Catarina, notadamente em face da jurisprudência que se 
formou, no Supremo Tribunal Federal, sobre a questão ora em exame. 
Nem se atribua, indevidamente, ao Judiciário, no contexto ora em exame, uma 
(inexistente) intrusão em esfera reservada aos demais Poderes da República. 
É que, dentre as inúmeras causas que justificam esse comportamento afirmativo do 
Poder Judiciário (de que resulta uma positiva criação jurisprudencial do direito), inclui-se a 
necessidade de fazer prevalecer a primazia da Constituição da República, muitas vezes 
transgredida
e desrespeitada por pura, simples e conveniente omissão dos poderes públicos. 
Na realidade, o Supremo Tribunal Federal, ao suprir as omissões inconstitucionais 
dos órgãos estatais e ao adotar medidas que objetivem restaurar a Constituição violada pela 
inércia dos Poderes do Estado, nada mais faz senão cumprir a sua missão 
institucional e demonstrar, com esse gesto, o respeito incondicional que tem pela 
autoridade da Lei Fundamental da República. 
A colmatação de omissões inconstitucionais, realizada em sede jurisdicional, 
notadamente quando emanada desta Corte Suprema, torna-se uma necessidade institucional, 
quando os órgãos do Poder Público se omitem ou retardam, excessivamente, o cumprimento de 
obrigações a que estão sujeitos por expressa determinação do próprio estatuto constitucional, 
ainda mais se se tiver presente que o Poder Judiciário, tratando-se de comportamentos estatais 
ofensivos à Constituição, não pode se reduzir a uma posição de pura passividade. 
As situações configuradoras de omissão inconstitucional - ainda que se cuide de 
omissão parcial derivada da insuficiente concretização, pelo Poder Público, do conteúdo 
material da norma impositiva fundada na Carta Política - refletem comportamento estatal que 
deve ser repelido, pois a inércia do Estado qualifica-se como uma das causas geradoras dos 
processos informais de mudança da Constituição, tal como o revela autorizado magistério 
doutrinário (ANNA CÂNDIDA DA CUNHA FERRAZ, “Processos Informais de Mudança da 
 
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193 
Constituição”, p. 230/232, item n. 5, 1986, Max Limonad; JORGE MIRANDA, “Manual de Direito 
Constitucional”, tomo II/406 e 409, 2ª ed., 1988, Coimbra Editora; J. J. GOMES CANOTILHO e 
VITAL MOREIRA, “Fundamentos da Constituição”, p. 46, item n. 2.3.4, 1991, Coimbra Editora). 
O fato inquestionável é um só: a inércia estatal em tornar efetivas as imposições 
constitucionais traduz inaceitável gesto de desprezo pela Constituição e configura 
comportamento que revela um incompreensível sentimento de desapreço pela autoridade, pelo 
valor e pelo alto significado de que se reveste a Constituição da República. 
Nada mais nocivo, perigoso e ilegítimo do que elaborar uma Constituição, sem a 
vontade de fazê-la cumprir integralmente, ou, então, de apenas executá-la com o propósito 
subalterno de torná-la aplicável somente nos pontos que se mostrarem convenientes aos 
desígnios dos governantes, em detrimento dos interesses maiores dos cidadãos. 
A percepção da gravidade e das conseqüências lesivas derivadas do gesto infiel do 
Poder Público que transgride, por omissão ou por insatisfatória concretização, os encargos de 
que se tornou depositário, por efeito de expressa determinação constitucional, foi revelada, 
entre nós, já no período monárquico, em lúcido magistério, por PIMENTA BUENO (“Direito 
Público Brasileiro e Análise da Constituição do Império”, p. 45, reedição do Ministério da Justiça, 
1958) e reafirmada por eminentes autores contemporâneos em lições que acentuam o desvalor 
jurídico do comportamento estatal omissivo (JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Aplicabilidade das 
Normas Constitucionais”, p. 226, item n. 4, 3ª ed., 1998, Malheiros; ANNA CÂNDIDA DA CUNHA 
FERRAZ, “Processos Informais de Mudança da Constituição”, p. 217/218, 1986, Max Limonad; 
PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda n. 1, de 1969”, tomo 
I/15-16, 2ª ed., 1970, RT, v.g.). 
O desprestígio da Constituição - por inércia de órgãos meramente constituídos - 
representa um dos mais graves aspectos da patologia constitucional, pois reflete inaceitável 
desprezo, por parte das instituições governamentais, da autoridade suprema da Lei 
Fundamental do Estado. 
Essa constatação, feita por KARL LOEWENSTEIN (“Teoria de la Constitución”, p. 222, 
1983, Ariel, Barcelona), coloca em pauta o fenômeno da erosão da consciência constitucional, 
motivado pela instauração, no âmbito do Estado, de um preocupante processo de 
 
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194 
desvalorização funcional da Constituição escrita, como já ressaltado, pelo Supremo 
Tribunal Federal, em diversos julgamentos, como resulta da seguinte decisão, consubstanciada 
em acórdão assim ementado: 
“(...) DESCUMPRIMENTO DE IMPOSIÇÃO CONSTITUCIONAL LEGIFERANTE E 
DESVALORIZAÇÃO FUNCIONAL DA CONSTITUIÇÃO ESCRITA. 
- O Poder Público - quando se abstém de cumprir, total ou parcialmente, o dever de 
legislar, imposto em cláusula constitucional, de caráter mandatório - infringe, com esse 
comportamento negativo, a própria integridade da Lei Fundamental, estimulando, no âmbito do 
Estado, o preocupante fenômeno da erosão da consciência constitucional (ADI 1.484-DF, Rel. 
Min. CELSO DE MELLO). 
- A inércia estatal em adimplir as imposições constitucionais traduz inaceitável gesto 
de desprezo pela autoridade da Constituição e configura, por isso mesmo, comportamento que 
deve ser evitado. É que nada se revela mais nocivo, perigoso e ilegítimo do que elaborar uma 
Constituição, sem a vontade de fazê-la cumprir integralmente, ou, então, de apenas executá-la 
com o propósito subalterno de torná-la aplicável somente nos pontos que se mostrarem 
ajustados à conveniência e aos desígnios dos governantes, em detrimento dos interesses 
maiores dos cidadãos. 
DIREITO SUBJETIVO À LEGISLAÇÃO E DEVER CONSTITUCIONAL DE LEGISLAR: A 
NECESSÁRIA EXISTÊNCIA DO PERTINENTE NEXO DE CAUSALIDADE. 
- O direito à legislação só pode ser invocado pelo interessado, quando também 
existir - simultaneamente imposta pelo próprio texto constitucional - a previsão do dever estatal 
de emanar normas legais. Isso significa que o direito individual à atividade legislativa do Estado 
apenas se evidenciará naquelas estritas hipóteses em que o desempenho da função de legislar 
refletir, por efeito de exclusiva determinação constitucional, uma obrigação jurídica indeclinável 
imposta ao Poder Público. (...).” 
(RTJ 183/818-819, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno) 
Em tema de implementação de políticas governamentais, previstas e determinadas 
no texto constitucional, notadamente nas áreas de educação infantil (RTJ 199/1219-1220) e de 
 
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195 
saúde pública (RTJ 174/687 – RTJ 175/1212-1213), a Corte Suprema brasileira tem proferido 
decisões que neutralizam os efeitos nocivos, lesivos e perversos resultantes da inatividade 
governamental, em situações nas quais a omissão do Poder Público representava um inaceitável 
insulto a direitos básicos assegurados pela própria Constituição da República, mas cujo exercício 
estava sendo inviabilizado por contumaz (e irresponsável) inércia do aparelho estatal. 
O Supremo Tribunal Federal, em referidos julgamentos, colmatou a omissão 
governamental e conferiu real efetividade a direitos essenciais, dando-lhes concreção e, desse 
modo, viabilizando o acesso das pessoas à plena fruição de direitos fundamentais, cuja 
realização prática lhes estava sendo negada, injustamente, por arbitrária abstenção do Poder 
Público. 
O fato que tenho por relevante consiste no reconhecimento de que a interpretação 
da norma programática não pode transformá-la em promessa constitucional inconseqüente. 
O caráter programático da regra inscrita no art. 227 da Carta Política – que tem por 
destinatários todos os entes políticos que compõem, no plano institucional,
a organização 
federativa do Estado brasileiro – impõe o reconhecimento de que as normas constitucionais 
veiculadoras de um programa de ação revestem-se de eficácia jurídica e dispõem de caráter 
cogente. 
Ao contrário do que se afirmou no v. acórdão recorrido, as normas programáticas 
vinculam e obrigam os seus destinatários, sob pena de o Poder Público, fraudando justas 
expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento 
de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que 
determina a própria Lei Fundamental do Estado. 
Impende destacar, neste ponto, por oportuno, ante a inquestionável procedência de 
suas observações, a decisão proferida pela eminente Ministra CÁRMEN LÚCIA (AI 583.136/SC), 
em tudo aplicável, por identidade de situação, ao caso em análise: 
“Ao contrário do que decidido pelo Tribunal ‘a quo’, no sentido de que a manutenção 
da sentença provocaria ingerência de um em outro poder, a norma do art. 227 da Constituição 
da República impõe aos órgãos estatais competentes - no caso integrantes da estrutura do Poder 
 
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Executivo - a implementação de medidas que lhes foram legalmente atribuídas. Na espécie em 
pauta, compete ao Estado, por meio daqueles órgãos, o atendimento social às crianças e aos 
adolescentes vítimas de violência ou exploração sexual. Tanto configura dever legal do Estado e 
direito das vítimas de receber tal atendimento. 
....................................................... 
É competência do Poder Judiciário, vale dizer, dever que lhe cumpre honrar, julgar 
as causas que lhe sejam submetidas, determinando as providências necessárias à efetividade dos 
direitos inscritos na Constituição e em normas legais. 
....................................................... 
9. Exatamente na esteira daquela jurisprudência consolidada é que cumpre 
reconhecer o dever do Estado de implementar as medidas necessárias para que as crianças e os 
adolescentes fiquem protegidos de situações que os coloquem em risco, seja sob a forma de 
negligência, de discriminação, de exploração, de violência, de crueldade ou a de opressão, 
situações que confiscam o mínimo existencial sem o qual a dignidade da pessoa humana é mera 
utopia. E não se há de admitir ser esse princípio despojado de efetividade constitucional, sobre o 
que não mais pende discussão, sendo o seu cumprimento incontornável. 
10. Reitere-se que a proteção contra aquelas situações compõe o mínimo existencial, 
de atendimento obrigatório pelo Poder Público, dele não podendo se eximir qualquer das 
entidades que exercem as funções estatais, posto que tais condutas ilícitas afrontam o direito 
universal à vida com dignidade, à liberdade e à segurança.” (grifei) 
Isso significa, portanto, que a ineficiência administrativa, o descaso governamental 
com direitos básicos da pessoa, a incapacidade de gerir os recursos públicos, a falta de visão 
política na justa percepção, pelo administrador, do enorme significado social de que se reveste a 
proteção à criança e ao adolescente, a inoperância funcional dos gestores públicos na 
concretização das imposições constitucionais não podem nem devem representar obstáculos à 
execução, pelo Poder Público, da norma inscrita no art. 227, “caput”, da Constituição da 
República, que traduz e impõe, ao Estado, um dever inafastável, sob pena de a ilegitimidade 
dessa inaceitável omissão governamental importar em grave vulneração a um direito 
 
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fundamental e que é, no contexto ora examinado, a proteção integral da criança e do 
adolescente. 
Sendo assim, em face das razões expostas e considerando, ainda, anterior decisão 
que proferi sobre o mesmo tema (AI 583.264/SC, Rel. Min. CELSO DE MELLO), conheço do 
presente recurso extraordinário interposto pelo Ministério Público do Estado de Santa 
Catarina, para dar-lhe provimento (CPC, art. 557, § 1º-A), em ordem a restabelecer a 
sentença proferida pelo magistrado local de primeira instância. 
Publique-se. 
Brasília, 23 de março de 2010. 
Ministro CELSO DE MELLO 
Relator 
 
5. Vedação de Retrocesso 
 
 Princípios que fundamentam a Teoria: 
 Segurança jurídica – art. 5º, caput e inc. XXXVI 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, 
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
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XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada; 
 
 Dignidade da pessoa humana – art .1º, III 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, 
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
[5]fundamentos [SCDVP]: 
III - a dignidade da pessoa humana; 
 
 Máxima Efetividade – art. 5º, § 1º 
§ 1º - As normas definidoras dos DIREITOS e 
GARANTIAS FUNDAMENTAIS têm aplicação imediata. 
 
 Do Estado Democrático e Social de Direito – art. 
1º 
 
 Direitos Sociais são normas abertas. 
 
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 O PE e PL concretizam os direitos sociais por meio de 
Políticas Públicas. 
 Consagra-se norma aberta na CF permitindo-se várias 
concretizações, sendo que os representantes políticos (maioria) fazem as 
escolhas trágicas. 
 A concretização que foi dada a um direito social não 
pode ser objeto de retrocesso. 
 Essas normas são abertas e precisam de concretização. 
Uma vez que a concretização foi conquistada, deve-se ir dali para frente, 
não se pode retroagir, sofrer retrocesso. É o chamado “EFEITO CLIQUET”. 
 É termo utilizado no alpinismo. Uma vez que o alpinista 
avança, ele não pode voltar atrás. 
 
1) Gustavo Zagrebelsky 
Muito citado na jurisprudência do STF. 
Vedação de retrocesso consiste no impedimento imposto 
ao legislador de reduzir o grau de concretização atingido por uma 
norma de direito social. Não pode ser sequer reduzido. 
2) José Carlos Vieira de Andrade & Jorge Miranda 
 
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200 
Vedação de Retrocesso consiste na proibição de 
revogação, na medida em que esta seja arbitrária ou 
manifestamente desarrazoada e desde que não haja a substituição 
por outras normas. 
O PL poderia conformar o restante da norma, mas não o 
núcleo duro, o núcleo básico do direito conquistado. 
 
 
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201 
 
PODER CONSTITUINTE 
1. PC Originário 
 
 Cria 1 nova CF. Não importa se é a primeira ou não. 
 Dividido em algumas espécies, apenas para fins 
didáticos. 
 
1.1 PC Histórico 
 Cria a 1ª Constituição de um Estado – Constituição 
Imperial de 1824. 
 
1.2 PC Revolucionário 
 Constituição
feita a partir de um novo modelo de Estado. 
Nova constituição substitui a anterior. CF 1891, 1934, 1937, 1946, 
1967/1969 
 
 
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202 
1.3 PC Transicional – CF 1988 
 CF 1988 não foi fruto de um golpe de Estado, ou de uma 
insurreição; surgiu a partir da chamada “Transição Constitucional”. 
 Não tivemos uma Assembléia Constituinte unicamente 
para elaborar a CF. Os parlamentares atuavam também como Poder 
Constituído, elaborando leis e alterando a CF 1967/69, enquanto 
desenvolviam a CF 1988, como PCO. 
 Senadores que não foram eleitos para isso participaram 
da Assembléia Constituinte... 
 
Natureza 
 Poder de Fato (Político). Marcar este entendimento na 
prova objetiva. 
 Poder de Direito (Direito Natural). 
 Se dissermos que há Direito Natural, deixa de ser poder 
de fato e passa a ser poder de direito. Visão não positivista, jusnaturalista. 
Submetido aos princípios do direito superior: poder de direito/jurídico, não 
poder de fato / político. 
 
 *Na prova discursiva, citar as 2 posições. 
 
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203 
 
Características Essenciais 
 Inicial 
 É poder inicial porque não existe nenhum outro poder 
antes ou acima dele. 
 Autônomo 
 Cabe apenas a ele escolher a idéia de direito que irá 
prevalecer. 
 Incondicionado (formal & material) 
 Não está submetido a nenhuma condição. Não está 
condicionado a nenhuma forma ou conteúdo. 
 
 Abade Emmanuel Sieyès – principal teórico do Poder 
Constituinte. Era um jusnaturalista, o que era plenamente aceitável na 
época em que vivia. Período da Revolução Francesa. 
 Seria um Poder Incondicionado pelo Direito Positivo. Os 
princípios do direito natural o condicionavam. 
 
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204 
 Seria um Poder Permanente, permanece existindo em 
estado de latência, aguardando que o povo queira novamente exercer esse 
poder. Não se esgota com a elaboração da constituição. A Nação seria titular 
do Poder Constituinte, diferente da posição que temos atualmente (POVO). 
 O povo ou a nação nunca perdem essa titularidade. 
Poderia, porém, ocorrer uma usurpação do poder. Neste caso, o governante 
exerce o PC, mas não é o titular, sempre o povo ou a nação. 
 Não confundir titularidade com exercício. 
 
Limites Materiais 
 
 Transcendentes 
 Advindos do direito Natural, de valores éticos, ou da 
consciência jurídica coletiva. 
 Vedação de retrocesso: os direitos fundamentais 
consagrados em uma constituição não podem sofrer um retrocesso. Refere-
se ao direitos sobre os quais existe consenso profundo. Ex.: proibição à 
pena de morte, citado por FKC. 
 
 
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205 
 Imanentes 
 São relacionados à configuração ou identidade do 
próprio Estado. 
 Fazem parte da natureza do próprio Estado. Cada Estado 
tem uma identidade própria a CF tem que respeitar isso. 
 
 Heterônomos 
 Advindos de outros ordenamentos jurídicos, 
principalmente dos tratados internacionais. 
 
2. PC Decorrente 
 Cria ou modifica a Constituição dos Estados membros. 
 Os Estados-membros se auto-organizam, por meio de 
Constituições próprias. Estas não têm as mesmas características da CF, pois 
são por esta limitadas. A CE tem que observar princípios consagrados na CF 
– Princípio da Simetria. Deve observar o modelo da CR – isso não significa 
que não pode contrariar a CF. A simetria vai além da contrariedade – não 
pode contrariar e, também, tem que seguir o modelo que a CF estabelece. 
 
 
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206 
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas 
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta 
Constituição. 
Art. 11, ADCT. Cada Assembléia Legislativa, com 
poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no 
prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição 
Federal, obedecidos os princípios desta. 
 
***Classificação de JAS – Princípios Constitucionais: 
 Sensíveis – art. 34, VII 
 Tratam da essência da organização do Estado Brasileiro. 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no 
Distrito Federal, exceto para: 
VII - assegurar a observância dos [5] seguintes 
princípios constitucionais [SENSÍVEIS]: [PROVOCAÇÃO DO PGR – 
art. 36, III ] 
a) forma republicana, sistema representativo e 
regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, 
direta e indireta. 
 
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207 
e) aplicação do mínimo exigido da receita 
resultante de impostos ESTADUAIS, compreendida a 
proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos 
de saúde.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, 
de 2000) 
 Se estes princípios não forem observados, poderá haver 
Intervenção Federal no Estado. 
 Esta intervenção só poderá ocorrer se for proposta uma 
ADI interventiva. Foi isso que aconteceu no DF. 
 O único legitimado é o PGR. 
 Competência única: STF. Julgou improcedente. 
 Se julgasse procedente, haveria uma intervenção 
automática? 
 Quem pode decretar a intervenção é apenas o PR, e não o 
STF. 
 A decisão do STF tem natureza político-administrativa, 
não apenas jurisdicional. O STF faz uma análise política do caso. 
 Entendimento predominante é que se trata de ato 
vinculado do PR. 
 Lei 1079/50, art. 12, nº 3 – Considera-se crime de 
responsabilidade do PR deixar de atender à decisão do STF. 
 
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208 
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: 
III de provimento, pelo STF, de representação do 
Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e 
no caso de recusa à execução de lei federal. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
 Extensíveis 
 Normas de observância obrigatória. 
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador 
de Estado, para mandato de 4 anos, realizar-se-á no primeiro 
domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de 
outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do 
término do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em 
primeiro de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao 
mais, o disposto no art. 77.(Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 16, de1997) 
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-
se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos 
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como 
dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. 
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão 
sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados 
por 7 Conselheiros.
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209 
 
 Implícitos 
Art. 58, § 3º - As comissões parlamentares de 
inquérito, que terão poderes de investigação próprios das 
autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos 
das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados 
e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante 
requerimento de 1/3 de seus membros, para a apuração de fato 
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o 
caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a 
responsabilidade civil ou criminal dos infratores. 
Art. 59 e ss. Processo Legislativo – observância 
obrigatória – STF 
 
Não é de observância obrigatória: 
Art. 57, § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em 
sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no 
primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e 
eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, 
vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição 
imediatamente subseqüente. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 50, de 2006) 
 
 
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210 
 Estabelecidos 
 A CF estabelece essa previsão diretamente para os 
Estados. Normas previstas para os Estados. 
 Expressa: 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, 
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com 
eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, 
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; 
II - recusar fé aos documentos públicos; 
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências 
entre si. 
 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, 
também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 19, de 1998) 
 LIMPE 
 
 
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211 
 Implícita: 
Se cabe à União, não cabe aos Estados tratar dessas matérias: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, 
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
II - desapropriação; 
III - requisições civis e militares, em caso de iminente 
perigo e em tempo de guerra; 
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e 
radiodifusão; 
V - serviço postal; 
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e 
garantias dos metais; 
VII - política de crédito, câmbio, seguros e 
transferência de valores; 
VIII - comércio exterior e interestadual; 
IX - diretrizes da política nacional de transportes; 
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, 
marítima, aérea e aeroespacial; 
XI - trânsito e transporte; 
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e 
metalurgia; 
 
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212 
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; 
XIV - populações indígenas; 
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e 
expulsão de estrangeiros; 
XVI - organização do sistema nacional de emprego e 
condições para o exercício de profissões; 
XVII - organização judiciária, do Ministério Público e da 
Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como 
organização administrativa destes; 
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de 
geologia nacionais; 
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da 
poupança popular; 
XX - sistemas de consórcios e sorteios; 
 
 SÚMULA VINCULANTE Nº 2 
É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou 
distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e 
sorteios, inclusive bingos e loterias. 
 
 
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213 
XXI - Normas Gerais de organização, efetivos, material 
bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares 
e corpos de bombeiros militares; 
XXII - competência da polícia federal e das polícias 
rodoviária e ferroviária federais; 
XXIII - seguridade social; 
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; 
XXV - registros públicos; 
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; 
XXVII - Normas Gerais de licitação e contratação, em 
todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, 
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI [igualdade de 
condições a todos os concorrentes], e para as empresas públicas 
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, 
III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, 
ao seguinte: XXI - ressalvados os casos especificados na 
legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão 
contratados mediante processo de licitação pública que assegure 
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas 
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as 
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente 
 
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214 
permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica 
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. 
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta 
Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo 
Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da 
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme 
definidos em lei. 
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa 
pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias 
que explorem atividade econômica de produção ou 
comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo 
sobre: III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e 
alienações, observados os princípios da administração pública; 
 
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa 
marítima, defesa civil e mobilização nacional; 
XXIX - propaganda comercial. 
 
Competência Privativa (Delegável): 
Parágrafo único. Lei Complementar poderá 
autorizar os ESTADOS a legislar sobre questões 
ESPECÍFICAS das matérias relacionadas neste artigo. 
NEL declaratória de princípios institutivos ou 
organizativos 
 
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215 
 
3. PC Derivado Reformador 
 
Art. 60 é o artigo mais cobrado! 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante 
proposta: 
I - de 1/3, no mínimo, dos membros da
Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas 
das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, 
ela maioria relativa de seus membros. 
 
3 Limitações circunstanciais: 
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na 
vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de 
estado de sítio. 
 
Limitação Procedimental/formal ao PCDR 
 
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216 
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa 
do Congresso Nacional, em 2 turnos, considerando-se aprovada 
se obtiver, em ambos, 3/5 dos votos dos respectivos membros. 
 
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas 
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o 
respectivo número de ordem. 
 
Limitações Materiais: 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de 
emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; A 
OBRIGATORIEDADE pode ser abolida! 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
§ 5º - A matéria constante de proposta de 
emenda rejeitada ou havida por prejudicada não ser objeto 
de nova proposta na mesma sessão legislativa. 
 
Limitações que o PC Originário impõe ao PC Reformador. 
 
 
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217 
 Quatro limitações ao PCDR: 
 
3.1 Temporais 
 Impede a modificação da Constituição durante um 
determinado período de tempo a fim de lhe assegurar maior estabilidade. 
 É geralmente encontrada nas primeiras Constituições de 
um Estado, o Poder Constituinte histórico. Ex.: CF Imperial de 1824: 
Art. 174. Se passados quatro annos, depois de 
jurada a Constituição do Brazil, se conhecer, que algum dos 
seus artigos merece roforma, se fará a proposição por 
escripto, a qual deve ter origem na Camara dos Deputados, e 
ser apoiada pela terça parte delles. 
 Durante os 4 anos iniciais de vigência da CF/1824, ela 
não pôde ser alterada. 
 No art. 60, não há nenhuma limitação temporal para o 
Poder Reformador. 
 Não confundir este Poder Reformador, previsto no artigo 
60, com o Poder Derivado Revisor (art. 3º, ADCT). 
 
 
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218 
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após 
cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto 
da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em 
sessão unicameral. 
 
 PCD Reformador faz a reforma da CF. A reforma é a via 
ordinária de alteração da CF. 
 A Revisão constitucional é diferente. É uma via 
extraordinária de alteração do texto constitucional, prevista no art. 3º do 
ADCT. 
 Esta é uma forma excepcional de alteração da CF. O art. 
3º do ADCT é uma norma de eficácia exaurida: com base neste dispositivo, 
não se pode fazer nova modificação constitucional. 
 Na CF, não há limitação temporal para reforma, mas 
houve limitação temporal de 5 anos para revisão. 
 
3.2 Circunstanciais 
 Impede a alteração da Constituição em situações 
excepcionais, nas quais a livre manifestação do Poder Reformador possa 
estar ameaçada. 
 
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219 
Art. 60, § 1º - A Constituição não poderá ser 
emendada na vigência de intervenção federal, de estado de 
defesa ou de estado de sítio. 
 
 São 3 circunstâncias, previstas no art. 60, § 1º. 
3.2.1 Intervenção Federal (art. 34) 
 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no 
Distrito Federal, exceto para: 
I - manter a integridade nacional; [ESPONTÂNEA] 
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da 
Federação em outra; [ESPONTÂNEA] 
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem 
pública; [ESPONTÂNEA] 
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes 
[ELJ] nas unidades da Federação; [PROVOCAÇÃO STF, PE ou PL – 
art. 36, I] 
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação 
que: [ESPONTÂNEA] 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais 
de 2 anos consecutivos, salvo motivo de força maior; 
 
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220 
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias 
fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em 
lei; 
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou 
; [PROVOCAÇÃO DO STF, STJ, TST – ART. 36, decisão judicial
II 
VII - assegurar a observância dos [5] seguintes 
 [SENSÍVEIS]: [PROVOCAÇÃO DO princípios constitucionais
PGR – art. 36, III ] 
a) forma republicana, sistema representativo e regime 
democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta 
e indireta. 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de 
impostos ESTADUAIS, compreendida a proveniente de 
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e 
nas ações e serviços públicos de saúde.(Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
 
 
 
 
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221 
3.2.2 Estado de defesa (art. 136) 
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o 
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, 
decretar estado de defesa para preservar ou prontamente 
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem 
pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente 
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de 
grandes proporções na natureza. 
HIPÓTESE: para preservar ou prontamente 
restabelecer a ordem pública ou a paz social ameaçadas 
 por grave e iminente instabilidade 
institucional ou 
 atingidas por calamidades de grandes 
proporções na natureza. 
 
3.2.3 Estado de sítio (art. 137) 
 
3.3 Formais/Processuais/Procedimentais/Implícitas 
 São aquelas que estabelecem as formalidades a serem 
observadas durante a alteração da Constituição. Não impede nada, apenas 
 
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222 
estabelece uma formalidade. Implicitamente, impede que a Constituição 
seja alterada por outra formalidade. 
 
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada 
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se 
aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 dos votos dos 
respectivos membros. 
 
3.3.1 Subjetivas (Art. 60, I e III) 
Ligadas à iniciativa da Proposta de Emenda. Legitimados.
 
 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante 
proposta: 
I - de 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade [14: 50% - 27 entes 
federativos (26 Estados + DF)] das Assembléias Legislativas das 
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela 
maioria relativa de seus membros.
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223 
 As Assembléias Legislativas farão uma votação interna, 
com maioria relativa. Mais de 50% dos parlamentares presentes na votação. 
Ex.: 200 deputados estaduais, presentes 120 para a votação, que se dará por 
votos de 61 deles. Nunca esta proposta foi feita, porque é um procedimento 
extremamente difícil. 
 No art. 61, § 2º, há iniciativa popular para projetos de lei. 
 
Nem todos que podem propor leis, podem propor emendas. 
Apenas 1 legitimado pode propor lei & emenda: Presidente da República 
 Art. 61: Leis Ordinárias e Complementares. 
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e 
ordinárias cabe 
1 a qualquer membro ou Comissão da 
Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do 
Congresso Nacional, 
2 ao Presidente da República, 
3 ao Supremo Tribunal Federal, 
4 aos Tribunais Superiores, 
5 ao Procurador-Geral da República e 
 
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224 
6 aos cidadãos, 
na forma e nos casos previstos nesta 
Constituição. 
 Muita atenção ao Presidente da República! 
 Proposta de Emenda não passa por sanção de 
Emenda! 
 Presidente não sanciona, não promulga nem publica 
Emenda. 
 A única participação que o Presidente pode ter, no 
processo de elaboração da Emenda, é a proposição. É diferente do projeto 
de lei. 
 
 
 Se vier em prova objetiva, perguntam se há previsão 
expressa. Não há previsão expressa de iniciativa popular no caso de EC. 
Expressamente não há previsão. 
 Porém, autores, como JAS, aceitam. Na doutrina há 
divergências, no sentido de que cabe iniciativa popular. Qual argumento ele 
 
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225 
utiliza? É necessário fazer uma interpretação sistemática da CF. Por 
analogia, poderia se aplicar o art. 61, § 2º, para permitir-se proposta de EC. 
 O professor não concorda com este posicionamento. No 
art. 61, há 1 regra geral e uma exceção (§2º), a proposta de EC (uma 
exceção à regra geral). Normas excepcionais devem ser interpretadas 
restritivamente. Neste caso, não se poderia fazer uma interpretação 
extensiva. 
 Por que o povo, titular do Poder Constituinte, não 
poderia propor? 
 A lei é a vontade da maioria. O que é consagrado na lei é 
o que a maioria quer. 
 A CF não é um mecanismo de atender a maioria, mas de 
limitação do poder. Muitas vezes, é um mecanismo anti-majoritário, não 
significa anti-democrática. 
 Se a maioria pudesse fazer o que quisesse, teríamos a 
ditadura de uma maioria. Serve para assegurar as regras do jogo 
democrático. A própria democracia poderia ser destruída, porque um 
determinado grupo se perpetuaria no poder. 
Funções do constitucionalismo: 
 1 - Garantir direitos 
 2 - Limitar o governo 
 
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226 
 
 
3.3.2 Objetiva (Art. 60, § 2º, 3º e 5º) 
 Todo o restante do processo que não for ligado a 
iniciativa. Quorum etc. 
 
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada 
Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, considerando-se 
aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 dos votos dos 
respectivos membros. 
 Feita a iniciativa, segue para Discussão e Votação na 
Câmara ou no Senado, conforme quem propuser o projeto. 
 DICA: 
 Geralmente na prova, colocam 2/3. Porém, o 
quorum correto é 3/5 (60% e Art. 60) para aprovação de EC. 
 A votação é em dois turnos em cada uma das Casas. 
 Não tem sanção nem veto. Aprovada, vai direto para 
Promulgação. 
 
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227 
 Questão de prova da Magistratura 
de MG. 
 
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada 
pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, 
com o respectivo número de ordem. 
 As mesas da Câmara e do Senado. 
 
 Não é a Mesa do CN porque a votação não é feita 
conjuntamente. É feita, 1º em uma, depois em outra casa. 
 Rejeitada em uma sessão legislativa, a proposta de EC 
não pode ser proposta na mesma sessão legislativa. 
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda 
rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de 
nova proposta na mesma sessão legislativa. 
 Na legislatura, pode quatro vezes, porque tem quatro 
sessões legislativas. 
Art. 44, Parágrafo único. Cada legislatura terá a 
duração de 4 anos. 
 
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228 
 
3.4 Materiais/Substanciais (art. 60, § 4º) 
 São as famosas CLÁUSULAS PÉTREAS. 
 Finalidades para as quais se cria uma cláusula pétrea: 
 Preservar a identidade material da CF. Preservar a cara 
da CF. 
 Proteger princípios e institutos essenciais. Garantir 
determinados direitos que são essenciais para qualquer pessoa, como 
liberdade, igualdade, dignidade da pessoa humana. Institutos 
fundamentais dentro daquele Estado. 
 Assegurar a continuidade do processo democrático. Ou, 
em outras palavras, assegurar as regras do jogo, para que a maioria 
não imponha sua vontade quando estiver no poder. 
Art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; a 
obrigatoriedade pode ser abolida! 
III - a separação dos Poderes; 
 
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229 
IV - os direitos e garantias individuais. 
 
 Teoria do Pré-comprometimento (Jon Elster) 
 Ao estabelecer cláusulas pétreas, a CF visa a assegurar o 
processo democrático resguardando metas a longo prazo e protegendo a 
sociedade de suas próprias miopias. 
 Ulisses desacorrentado: 
 Na realidade, a maioria de hoje está acorrentando os 
outros para o caso de amanhã eles se tornarem a maioria. 
 
 Teoria da Democracia Dualista (Bruce Ackerman) 
 As decisões adotadas pelo povo em momentos de grande 
mobilização cívica devem ser protegidas contra as deliberações de seus 
representantes manifestadas em momentos nos quais a cidadania não 
esteja presente de forma tão intensa. 
 Faz uma distinção entre 2 tipos de política: 
 Política Ordinária – decisões cotidianas dos 
representantes. 
 Política Extraordinária – é exatamente o 
momento constituinte, em que o povo se mobiliza e forma a Constituição. 
 
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230 
 
Limitações Expressas: Circunstanciais (§1º) e Materiais (§ 4º) 
Limitações Implícitas: Formais 
 Se estabeleceu aquele processo, implicitamente está 
proibindo qualquer outro tipo de limitação. 
 Expressas 
Limitações Materiai 
 Implícitas
 Essa classificação não é boa, porque as limitações 
materiais podem ser expressas ou implícitas. 
 Entendimento do STF: o que as cláusulas pétreas 
protegem é o núcleo
essencial de princípios e institutos e não a sua 
intangibilidade literal. Pode haver modificações que alterem a parte 
periférica daquele instituto. 
 
LIMITAÇÕES MATERIAIS: 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de 
emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
 
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231 
 A forma federativa de Estado é um princípio intangível 
desde a 1ª Constituição Republicana. Entendimento do Sepúlveda Pertence. 
CESPE. 
 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; a 
obrigatoriedade pode ser abolida! 
 A obrigatoriedade do voto não é cláusula pétrea. Não 
existe nenhum dispositivo dizendo que a obrigatoriedade do voto é cláusula 
pétrea. Não fala em voto obrigatório ou facultativo. Pode haver reforma 
estendendo o voto facultativo para outras pessoas além das expressamente 
já mencionadas na CF. 
 
III - a separação dos Poderes; 
 Não existe uma fórmula apriorística ideal da separação 
dos poderes. Este princípio deve ser analisado dentro da configuração 
concreta que lhe foi dada pela CF, para limitação e controle recíproco dos 3 
Poderes. Todo aquele que detém o Poder e não encontra limites tende a 
dele abusar. 
 
IV - os direitos e garantias individuais. 
 
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232 
 ATENÇÃO A ESTA! Cláusula pétrea não são 
todos os direitos e garantias fundamentais, mas os 
direitos e garantias individuais!!!!!! Preste 
atenção!!!!! Pegada de concurso besta!!! 
 Na jurisprudência do STF, este é o entendimento!!!! Nem 
todos os direitos fundamentais são cláusulas pétreas!!! 
 Direitos e garantias individuais não se restringem ao art. 
5º da CF!!! 
 
Cláusulas Pétreas Explícitas 
 
Princípio da Anterioridade Eleitoral – cláusula 
pétrea – garantia individual do cidadão eleitor: 
Art. 16. A lei que alterar o PROCESSO ELEITORAL 
entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando 
à eleição que ocorra até um ano da data de sua 
vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 
1993) 
Vigência: da publicação 
Aplicação 1 ano após a publicação. 
 
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233 
ADI 3685/DF contra EC 52, que acabou com a 
verticalização 
 
P. da Anterioridade do Exercício da Publicação da 
Lei – Cláusula Pétrea – garantia individual do cidadão 
contribuinte: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios: 
III - cobrar tributos: 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido 
publicada a lei que os instituiu ou aumentou; 
 
Cláusulas Pétreas Implícitas – Exemplos: 
 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada 
mediante proposta: 
I - de 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal; 
 
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234 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade [14: 50% - 27 entes 
federativos (26 Estados + DF)] das Assembléias Legislativas 
das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, 
pela maioria relativa de seus membros. 
 
LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS: 
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na 
vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de 
estado de sítio. 
LIMITAÇÃO PROCEDIMENTL/FORMAL AO PCDR 
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada 
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se 
aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 dos votos dos 
respectivos membros. 
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada 
pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, 
com o respectivo número de ordem. 
 
 
 
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235 
LIMITAÇÕES MATERIAIS/SUBSTANCIAIS: 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de 
emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
 A OBRIGATORIEDADE pode ser abolida! 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda 
rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de 
nova proposta na mesma sessão legislativa. 
Faria sentido o PCD Reformador poderia alterar as 
limitações que o PC Originário estabeleceu? Impossível a 
Dupla revisão, que consiste na alteração do limite do Poder 
Reformador (ex. o 60, §4º) e o Poder Reformador, depois, 
consagra a pena de morte, alterando um conteúdo essencial. 
É 1 fraude à CF. 
 
Ex.: alterar o art. 60, § 2º, diminuindo a dificuldade 
para fazer a reforma política. É também uma fraude à CF. 
 
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236 
 
Por isso, o 60 inteiro seria uma cláusula pétrea. 
 
 Alguns autores (como Ingo Sarlet) defendem que todos 
os direitos e garantias fundamentais seriam cláusulas pétreas. Não é o 
entendimento do STF. 
 Princípio Republicano e o Sistema Presidencialista são 
sustentados como cláusulas pétreas também, por Ivo Dantas, entre outros. 
 Argumentos: 
 Tivemos, em 1993, plebiscito, para decidir a forma e o 
sistema de governo. O povo petrificou a escolha da Forma 
Republicana e do Sistema Presidencialista. A partir do momento em 
que houve o plebiscito, essas escolhas foram petrificadas. 
 Qualquer alteração seria incompatível com a separação 
dos poderes, que é cláusula pétrea. 
 Nas provas do CESPE, não se considera cláusulas 
pétreas! Se quisesse consagrar, não faria plebiscito, mas estaria incluído no 
60. O argumento é exatamente o contrário. 
 
 
 
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237 
NORMAS CONSTITUCIONAIS NO 
TEMPO 
 A CF nova não precisa dizer expressamente que está 
revogando a CF anterior. Há uma revogação implícita, que pode ocorrer em 
2 situações: 
 Revogação por incompatibilidade. Quando a norma 
posterior é incompatível com a anterior. 
A CF nova tem que ser totalmente incompatível com a CF 
anterior? Não. 
 Revogação por normação geral. Prevista na LICC, mas é 
um postulado da Teoria Geral do Direito. É quando a lei nova trata 
inteiramente da matéria tratada pela anterior. É o que acontece com 
as CF. Quando surge uma nova Constituição, a Constituição anterior 
fica inteiramente revogada. 
 Teoria da desconstitucionalização. 
 
 Uma parte da doutrina diz que, dentro da CF, há normas 
materialmente constitucionais e normas apenas formalmente 
constitucionais. 
 
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238 
o Materialmente constitucional, toda 
constituição tem que tratar (segundo a doutrina): 
- direitos e garantias fundamentais, 
- estrutura
do Estado e 
- organização dos Poderes. 
Matérias clássicas, que desde a CF Americana vêm 
sendo consagradas nas Constituições. As outras matérias são 
formalmente constitucionais. 
 
Materialmente constitucional + Formalmente constitucional: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem 
como [5]fundamentos [SCDVP]: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
 
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239 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos 
termos desta Constituição. 
 
 Tudo o que está no texto da Constituição é formalmente 
constitucional. 
 
Dispositivo formalmente constitucional: 
Art. 242, § 2º - O Colégio Pedro II, localizado na cidade 
do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal. 
 Para ser tirado da esfera federal, deve ser por meio de 
EC. 
 
 Quando surge uma nova constituição, diferenciar o que é 
materialmente constitucional e o que é formalmente constitucional. 
 O que é materialmente constitucional é totalmente 
revogado pela CF nova. 
 O restante, aquilo que é apenas formalmente 
constitucional, se for compatível com a nova CF, é por esta recepcionado, 
como norma infra-constitucional. Esta matéria é desconstitucionalizada. 
 
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240 
Por exemplo, se viesse uma nova CF e nada falasse sobre o Colégio D. Pedro 
II, esta norma seria recepcionada como uma lei. 
 Esta teoria é absurda e não é admitida! A constituição é 
inteiramente revogada, pois senão isso causaria um caos jurídico. 
 
 Há uma outra questão, diferente desta. 
 Ex.: art. 192, § 2º, que tratava dos juros de 12% ao ano. 
 Houve uma EC e este dispositivo foi revogado. LC tratará 
do SFN. A matéria foi desconstitucionalizada e passou a ser tratada por lei 
infraconstitucional. 
 
 Teoria da Recepção 
 Não trata da relação entre 2 CF, mas da relação entre a 
Constituição nova e as normas infraconstitucionais inferiores. 
 O que for materialmente compatível será recepcionado 
pela nova CF. O que for materialmente incompatível não será recepcionado. 
 Se a matéria for compatível e a forma não for, como o 
CTN, a incompatibilidade formal superveniente não impede a recepção, mas 
faz com que a norma adquira uma nova roupagem, um novo status. 
 
 
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241 
Constitucionalidade Superveniente 
A norma nasce incompatível com a Constituição. 
Ex.: Lei Ordinária editada, porém tratando de matéria 
constitucionalmente exigida por Lei Complementar. 
Posteriormente, uma EC passa a disciplinar que tal matéria será 
disciplinada por Lei Ordinária. Constitucionalizou a Lei Ordinária – não 
admitido. 
 
 STF: lei inconstitucional é ato nulo. 
 Adota a Teoria Norte-americana 
 Ela tem um vício insanável, que não pode ser corrigido. 
Tal lei não pode ser constitucionalizada. 
 STF: não admite a constitucionalidade superveniente. 
 
Repristinação 
 Significa que a volta à vigência da lei revogada (A) 
quando sua Lei revogadora (B) é revogada por uma terceira (C). Admitida 
apenas quando a lei C expressamente determinar a repristinação. 
Tacitamente, não é admitida no ordenamento brasileiro. 
 
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242 
 Matéria que é comumente cobrada: 
 Efeito repristinatório tácito (= Repristinação Tácita)
 
 STF 
 ADI 
 Concede Medida Cautelar 
 Suspende a Lei B. 
 Quando o STF concede uma MC em ADI, a lei anterior 
que havia sido revogada se torna novamente aplicável. Lei 9.868/99, art. 11, 
§ 2º. 
 
Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo 
Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário 
Oficial da União e do Diário da Justiça da União a parte 
dispositiva da decisão, no prazo de 10 dias, devendo solicitar 
as informações à autoridade da qual tiver emanado o ato, 
observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido 
na Seção I deste Capítulo. 
§ 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra 
todos, será concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal 
entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa. 
 
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243 
§ 2o A concessão da medida cautelar torna aplicável 
a legislação anterior acaso existente, salvo expressa 
manifestação em sentido contrário. Efeito Repristinatório 
 STF 
 Decisão definitiva de 
Mérito, na qual declara a inconstitucionalidade da lei B, com efeitos 
retroativos. Se não diz desde quando a lei B é inconstitucional, os efeitos são 
ex tunc. A decisão é apenas declaratória do estado que já existia desde a 
edição da lei. 
 
 Como a lei B não poderia tratar daquele assunto, é como 
se ela nunca tivesse existido e a lei A vale por todo o período. 
 Isso só vale para a hipótese de os efeitos determinados 
pelo STF serem retroativos. Se modular os efeitos da decisão, isso não 
valerá. 
 Se o STF modular os efeitos da declaração de 
inconstitucionalidade da lei B, a lei A não voltará a viger. 
 
Mutação Constitucional =/= Reforma (60) – Emendada 
 Mutação são processos informais de alteração do 
conteúdo da CF sem que haja modificação em seu texto. 
 
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244 
 Ocorre por meio de 
 Costumes 
 + comum em países da Common Law, 
antigamente. Hoje, é basicamente legislação escrita, como a nossa, e 
precedentes jurisprudenciais. 
 No Brasil, Novelino conhece apenas 1 
costume constitucional: Voto de Liderança. 
 Interpretação 
 A interpretação é alterada conforme a 
realidade de cada época. 
 A norma é produto da interpretação, 
só surge após o texto ser interpretado. 
 Interpreta-se o texto e aplica-se a norma. 
 Um texto interpretado da maneira A vai 
originar a norma A. 
 Interpretado da maneira B, vai originar a 
norma B. 
 E o sentido da CF foi modificado. 
 
 
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245 
Ex.: Mandado de Injunção. 
 A -> Ciência 
 B -> Norma 
 
 Ex.: art. 52, X (ver Reclamação 4335/AC). 
DECISÃO: Trata-se de reclamação, ajuizada por VALDIR PERAZZO 
LEITE, em face de decisão do Juiz de Direito da Vara de Execuções Penais da 
Comarca de Rio Branco/AC, que indeferiu o pedido de progressão de 
regime em favor de ODILON ANTONIO DA SILVA LOPES, ANTONIO 
EDINEZIO DE OLIVEIRA LEÃO, SILVINHO SILVA DE MIRANDA, DORIAN 
ROBERTO CAVALCANTE BRAGA, RAIMUNDO PIMENTEL SOARES, DEIRES 
JHANES SARAIVA DE QUEIROZ, ANTONIO FERREIRA DA SILVA, 
GESSYFRAN MARTINS CAVALCANTE,
JOÃO ALVES DA SILVA E ANDRÉ 
RICHARDE NASCIMENTO DE SOUZA. Os condenados apontados pelo 
reclamante cumprem penas de reclusão em regime integralmente fechado, 
em decorrência da prática de crimes hediondos. Com base no julgamento 
do HC nº 82.959, que reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 2 
o da Lei 8.072/1990 (“Lei dos Crimes Hediondos”), que proibia a 
progressão de regime de cumprimento de pena nos crimes hediondos, 
solicitou o reclamante ao Juiz de Direito da Vara de Execuções Penais fosse 
concedida progressão de regime aos apenados relacionados acima, que 
indeferiu os pedidos de progressão de regime, sob a alegação de vedação 
legal para admiti-la e o seguinte argumento: “ (...)conquanto o Plenário do 
 
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246 
Supremo Tribunal, em maioria apertada (6 votos x 5 votos), tenha 
declarado incidenter tantum a inconstitucionalidade do art. 2 o , § 1 o da Lei 
8.072/90 (Crimes Hediondos), por via do Habeas Corpus n. 82.959, isto 
após dezesseis anos dizendo que a norma era constitucional, perfilho-me a 
melhor doutrina constitucional pátria que entende que no controle difuso 
de constitucionalidade a decisão produz efeitos inter partes. ”(fl.23-24). Da 
denegação do pedido de progressão por parte do juízo a quo , o reclamante 
impetrou habeas corpus perante o Tribunal de Justiça do Estado do Acre 
(fl.4-12). Solicitei informações ao Juiz de Direito da Vara de Execuções 
Penais da Comarca de Rio Branco/AC, que assim se manifestou na Petição 
no 72.377/2006 (fls. 20-25): “Inicialmente, opino pelo não conhecimento 
da reclamação, posto que não preenchidos os requisitos do art. 13, da Lei n. 
8.038/90. Sendo o pedido de progressão de regime da competência da Vara 
de Execuções Penais da Comarca de Rio Branco, vez que na Comarca 
cumprem pena os interessados na Reclamação, não há que se falar em 
preservar a competência dessa E. Corte; por outra, não é de conhecimento 
deste Juízo, até o momento, que o STF tenha expedido ordem em favor de 
um dos interessados na reclamação, e, portanto, não é hipótese de garantir 
a autoridade de decisão da Corte. Por outra, a reclamação não foi 
regularmente instruída com os documentos necessários, talvez pelos 
motivos apontados no parágrafo anterior, e indicam claramente que busca 
suprimir instância, posto que conforme consta da inicial, contra a decisão 
deste Juízo que negou a progressão para aqueles apenados por crimes 
hediondos ou equiparados manejou o reclamante habeas corpus perante o 
Tribunal de Justiça do Estado do Acre. Quanto ao pedido, tenho a informar 
 
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que efetivamente tramitam neste Juízo os autos das execuções penais ns. 
001.02.017345-9, 001.05.012072-8, 001.05.017431-3, 001.04.000312-5, 
001.05.015656-2, 001.05.013247-5, 001.02.007288-1, 001.06.003977-0, 
001.05.014278-0 e 001.05.007298-7, cujos reeducandos figuram como 
interessados na reclamação, e me permito reproduzir parcialmente as 
informações prestadas ao Tribunal de Justiça do Estado do ACRE quando 
oficiado a prestá-las, que são do seguinte teor: Sobre as alegações 
constantes no habeas corpus, forçoso dizer que o impetrante lançou mão de 
argumentos que não correspondem à verdade. No afã de conseguir seu 
intento, talvez tenha o impetrante esquecido que este Juízo, conforme 
determinado pelas Portarias ns. 07 e 09 da Corregedoria Geral da Justiça 
deste Estado, teve o seu expediente externo suspenso em função do 
cadastramento dos processos de execução no Programa SAJ de 
informatização de 13 a 31 de março passado. No referido período, todos os 
prazos processuais foram suspensos, a fim de evitar prejuízo a qualquer das 
partes, e obviamente, restou prejudicada a tramitação dos feitos, isto 
porque os próprios servidores lotados na Vara de Execuções Penais - VEP 
executaram toda a árdua tarefa de cadastrar um a um os processos. Assim, 
com o fim do cadastramento e o reinício dos trabalhos, em três de abril 
passado, deu-se continuidade à tramitação dos procedimentos de execução, 
sendo portanto os feitos encaminhados ao Ministério Público, a fim de se 
colher o necessário parecer sobre o pedido. Particularmente quanto ao 
pedido de progressão de regime do 7º paciente, verifica-se que o mesmo foi 
objeto de julgamento no dia 25/04/2006 (decisão de indeferimento do 
pedido de progressão). É latente a falta de diligência do nobre defensor ao 
 
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impetrar o presente writ ao 1º paciente (Odilon Antônio da Silva Lopes) 
que sequer tem execução em andamento nesta VEP, e aos 3°, 5°, 6° e 10º 
pacientes que cumprem pena por crimes comuns, tendo este último sido 
condenado no regime semi-aberto. Devo frisar ainda, que causa espécie a 
alegação de que este Magistrado tenha se eximido de decidir com base em 
comunicado que fiz veicular no presente fórum. Tal comunicado foi 
veiculado única e exclusivamente com o fim de evitar o número cada vez 
crescente de atendimentos solicitando informações sobre o julgamento do 
STF perante esta VEP, e nada mais fez a não ser repassar a informação 
constante no site do próprio STF quando do julgamento do HC 82959 
(anexo), que tem o seguinte teor: "Como a decisão se deu no controle 
difuso de constitucionalidade (análise dos efeitos da lei no caso concreto), a 
decisão do Supremo terá que ser comunicada ao Senado para que o 
parlamento providencie a suspensão da eficácia do dispositivo declarado 
inconstitucional. (...)” (in site www.stf gov.br, notícias de 23.02.2006, cujo 
tema é 23/02/2006 - 19:05 - Supremo afasta a proibição de progressão de 
regime nos crimes hediondos - 3° parágrafo.) Em momento algum este 
Magistrado deixou de decidir o feito com base no comunicado, posto que tal 
comunicado não foi juntado a qualquer processo, basicamente por não se 
constituir em ato judicial processual. O atraso deu-se unicamente em razão 
da suspensão do expediente externo, conforme apontado. Quanto à decisão 
do STF de declarar inconstitucional o artigo da Lei 8.072/90 que veda a 
progressão de regime de cumprimento de pena para condenados por 
crimes hediondos e equiparados, é pacífico que, tratando-se de controle 
difuso de constitucionalidade, somente tem efeitos entre as partes. Para que 
 
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venha a ter eficácia para todos é necessária a comunicação da Corte 
Suprema ao Senado Federal, que, a seu critério, pode suspender a execução, 
no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva 
do Supremo Tribunal Federal (art. 52, X, da CF). Sobre o tema, verifica-se do 
Regimento Interno do STF: "Art. 178. Declarada, incidentalmente, a 
inconstitucionalidade, na forma prevista nos artigos 176 e 177, far-se-á a 
comunicação, logo após a decisão, à autoridade ou órgão interessado, bem 
como, depois do trânsito em julgado, ao Senado Federal, para os efeitos do 
art. 42, VII, da Constituição.” Assim, não havendo qualquer notícia de que o 
Senado Federal tenha sido comunicado e que tenha suspendido a eficácia 
do artigo declarado incidenter tantum inconstitucional, o que se tem até a 
presente data é que
ainda está em vigor o art. 2°, § 1°, da Lei 8.072/90, que 
veda a progressão de regime. Se a decisão do Supremo Tribunal Federal 
tivesse sido tomada em sede de ação direta de inconstitucionalidade 
(controle concentrado), produziria eficácia contra todos e efeito vinculante, 
relativa aos demais órgãos do Judiciário e até à Administração Pública 
direta e indireta, nos exatos termos do art. 102, § 2°, da Constituição 
Federal. Todavia, como dito, não foi o que se verificou - a decisão se deu no 
controle difuso. A remansosa e respeitada doutrina nacional tem pacificado 
esse entendimento sobre as formas de controle de constitucionalidade. De 
outro lado, este Juízo não tem competência para modificar o título executivo 
judicial com base em decisão judicial, mesmo que seja do Supremo Tribunal 
Federal. A lei confere este poder ao Juiz da Vara de Execuções Penais 
somente no caso de lei posterior que de qualquer modo favorecer o 
condenado (art. 66, I, da Lei de Execução Penal), e este não é o caso. Para 
 
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melhor elucidar, transcrevo a decisão relativa a negativa de progressão de 
regime aos pacientes, cujos processos já foram julgados. "Vistos, etc. O 
reeducando epigrafado ingressou com o pedido de progressão de regime. 
Os autos vieram instruídos com a liquidação de pena, o relatório carcerário 
e a certidão de antecedentes criminais. Instado, o Ministério Público 
manifestou-se pelo indeferimento do pedido de progressão de regime por 
falta de amparo legal, ante a vigência do art. 2º, § 1º da Lei 8.072/90, 
colacionando julgado do Tribunal de Justiça de Goiás. É o breve relatório. 
Decido. Compulsando os autos, ao analisar o pedido de progressão, em se 
tratando de execução de pena por crime hediondo, tenho que há vedação 
legal para admiti-la. Conquanto o Plenário do Supremo Tribunal, em 
maioria apertada (6 votos x 5 votos), tenha declarado incidenter tantum a 
inconstitucíonalidade do art. 2.°, § 1.° da Lei 8.072190 (Lei dos Crimes 
Hediondos), por via do Habeas Corpus n. 82.959, isto após dezesseis anos 
dizendo que a norma era constitucional, perfilho-me a melhor doutrina 
constitucional pátria, que entende que no controle difuso de 
constitucionalidade a decisão produz efeitos inter partes. Para que se 
estenda os seus efeitos erga omnes, a decisão deve ser comunicada ao 
Senado Federal, que discricionariamente editará resolução suspendendo o 
dispositivo legal declarado inconstitucional pelo Pretório Excelso 
(conforme, aliás, o próprio STF informou em seu site na internet, em notícia 
publicada no dia 23/02/2006, que é do seguinte teor: "...Como a decisão se 
deu no controle difuso de constitucionalidade (análise dos efeitos da lei no 
caso concreto), a decisão do Supremo terá que ser comunicada ao Senado 
para que o parlamento providencie a suspensão da eficácia do dispositivo 
 
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251 
declarado inconstitucional..."). A referida decisão operou-se para solução de 
determinado caso concreto, no controle difuso de constitucionalidade, sem 
a análise da lei em tese. Significa dizer que os seus efeitos se aplicam 
somente entre as partes do processo, e mesmo que suspensa a eficácia da 
lei pelo Senado Federal, no tempo, os efeitos se operam ex nunc. 
Diversamente, na declaração de inconstítucionalidade por via do controle 
abstrato, analisa-se a lei e a Constituição sem qualquer referência a um caso 
concreto e seus efeitos atingem a todos, vinculando Juízes e Tribunais. 
Nestes casos, o STF decide se seus efeitos podem atingir questões passadas, 
ou seja, se operam ex tunc. Entender de outra forma seria negar vigência ao 
disposto no art. 52, inc. X, da Constituição Federal, contrariando o sistema 
constitucional adotado, ou seja o check and balances, ou freios e 
contrapesos, inspirado no modelo norte americano, onde um Poder é 
controlado pelo outro. Dito isto, o que continua líquido e certo até o 
momento, ante a inércia dos Poderes em fazer valer o disposto no art. 52, 
inc. X, da CF/88, é a eficácia do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos 
(art. 2°, § 1°, da Lei n. 8.072/90) que veda a progressão de regime aos 
crimes hediondos ou a eles equiparados. Neste contexto, é sabido que 
compete ao Juízo da Execução Penal aplicar aos casos julgados a lei 
posterior de que qualquer modo favorecer o condenado (art. 66, I, da LEP, e 
Súmula n. 611 do STF), contudo até o momento não há lei nova que 
favoreça aqueles que se encontram cumprindo pena pela prática de delitos 
hediondos ou assim equiparados. Ao Juiz da Vara de Execuções Penais cabe 
dar cumprimento à coisa julgada e não desrespeitá-la, a pretexto de decisão 
que não vincula juízes ou Tribunais, como já dito. Para rescindir a coisa 
 
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252 
julgada fora da hipótese de lei nova em benefício do reeducando 
(autorizada ao Juízo da Execução Penal), necessário que instância superior 
processe e julgue revisão criminal, ou o faça por meio de habeas corpus, ou 
mesmo que declare incidenter tantum a inconstitucionalidade de 
dispositivo legal. Isto posto, com fundamento no art. 2°, § 1°, da Lei n. 
8.072/90 e nos arts. 2° e 52, inc. X, da Constituição Federal, INDEFIRO o 
pedido de progressão de regime ao reeducando Antonio Aluizio Alves da 
Silva, ante a sua impossibilidade jurídica.(...)” (fls. 20-25) O Ministério 
Público Federal, em parecer de fls. 30-31, opinou pelo não conhecimento do 
pedido, em virtude de inexistir decisão proferida pelo Supremo Tribunal 
Federal cuja autoridade deva ser preservada, e, portanto, ser 
manifestamente descabida a presente reclamação. Passo a decidir. A 
possibilidade de progressão de regime em crimes hediondos foi decidida 
pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no julgamento HC no 82.959-SP, 
Rel. Min. Marco Aurélio, (acórdão pendente de publicação). Nessa 
assentada, ocorrida na sessão de 23.02.2006, esta Corte, por seis votos a 
cinco, reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 2 o da Lei 
8.072/1990 (“Lei dos Crimes Hediondos”), que proibia a progressão 
de regime de cumprimento de pena nos crimes hediondos. Conforme 
noticiado no Informativo n o 417/STF: " Em conclusão de julgamento, o 
Tribunal, por maioria, deferiu pedido de habeas corpus e declarou, 
incidenter tantum, a inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei 
8.072/90, que veda a possibilidade de progressão do regime de 
cumprimento da pena nos crimes hediondos definidos no art. 1º do mesmo 
diploma legal - v. Informativos 315, 334 e 372. Inicialmente, o Tribunal 
 
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253 
resolveu restringir a análise da matéria à progressão de regime, tendo em 
conta o pedido formulado. Quanto a esse ponto, entendeu-se que a vedação 
de progressão de regime prevista na norma impugnada afronta o direito à 
individualização da pena (CF, art. 5º, LXVI), já que, ao não permitir que se 
considerem as particularidades de cada pessoa, a sua capacidade de 
reintegração social e os esforços aplicados com vistas à ressocialização, 
acaba tornando inócua a garantia constitucional. Ressaltou-se, também, que 
o dispositivo impugnado apresenta incoerência,
porquanto impede a 
progressividade, mas admite o livramento condicional após o cumprimento 
de dois terços da pena (Lei 8.072/90, art. 5º). Vencidos os Ministros Carlos 
Velloso, Joaquim Barbosa, Ellen Gracie, Celso de Mello e Nelson Jobim, que 
indeferiam a ordem, mantendo a orientação até então fixada pela Corte no 
sentido da constitucionalidade da norma atacada. O Tribunal, por 
unanimidade, explicitou que a declaração incidental de 
inconstitucionalidade do preceito legal em questão não gerará 
conseqüências jurídicas com relação às penas já extintas nesta data, uma 
vez que a decisão plenária envolve, unicamente, o afastamento do óbice 
representado pela norma ora declarada inconstitucional, sem prejuízo da 
apreciação, caso a caso, pelo magistrado competente, dos demais requisitos 
pertinentes ao reconhecimento da possibilidade de progressão." (HC no 
82.959-SP, Rel. Min. Marco Aurélio, Pleno, por maioria, acórdão pendente 
de publicação). Segundo salientei na decisão que deferiu a medida liminar, 
o modelo adotado na Lei no 8.072/1990 faz tábula rasa do direito à 
individualização no que concerne aos chamados crimes hediondos. Em 
outras palavras, o dispositivo declarado inconstitucional pelo Plenário no 
 
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254 
julgamento definitivo do HC no 82.959-SP não permite que se levem em 
conta as particularidades de cada indivíduo, a capacidade de reintegração 
social do condenado e os esforços envidados com vistas à 
ressocialização. Em síntese, o § 1o do art. 2o da Lei no 8.072/1990 retira 
qualquer possibilidade de garantia do caráter substancial da 
individualização da pena. Parece inequívoco, ademais, que essa vedação à 
progressão não passa pelo juízo de proporcionalidade. Entretanto, apenas 
para que se tenha a dimensão das reais repercussões que o julgamento do 
HC no 82.959-SP conferiu ao tema da progressão, é válido transcrever as 
seguintes considerações do Min. Celso de Mello, proferidas em sede de 
medida liminar, no HC no 88.231-SP, DJ de 20.03.2006, verbis: "Como se 
sabe, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o HC 82.959/SP,. 
Rel. Min. MARCO AURÉLIO, declarou, 'incidenter tantum', a 
inconstitucionalidade do § 1o do art. 2o da Lei no 8.072, de 25/07/1990, 
afastando, em conseqüência, para efeito de progressão de regime, o 
obstáculo representado pela norma legal em referência. Impende assinalar, 
no entanto, que esta Suprema Corte, nesse mesmo julgamento plenário, 
explicitou que a declaração incidental em questão não se reveste de efeitos 
jurídicos, inclusive de natureza civil, quando se tratar de penas já extintas, 
advertindo, ainda, que a proclamação de inconstitucionalidade em causa - 
embora afastando a restrição fundada no S 1° do art. 2° da Lei n° 8.072/90 - 
não afeta nem impede o exercício, pelo magistrado de primeira instância, da 
competência que lhe é inerente em sede de execução penal (LEP, art. 66, III, 
'b'), a significar, portanto, que caberá, ao próprio Juízo da Execução, avaliar, 
criteriosamente, caso a caso, o preenchimento dos demais requisitos 
 
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255 
necessários ao ingresso, ou não, do sentenciado em regime penal menos 
gravoso. Na realidade, o Supremo Tribunal Federal, ao assim proceder, e 
tendo presente o que dispõe o art. 66, III, 'b', da LEP, nada mais fez senão 
respeitar a competência do magistrado de primeiro grau para examinar os 
requisitos autorizadores da progressão, eis que não assiste, a esta Suprema 
Corte, mediante atuação 'per saltum' - o que representaria inadmissível 
substituição do Juízo da Execução -, o poder de antecipar provimento 
jurisdicional que consubstancie, desde logo, a outorga, ao sentenciado, do 
benefício legal em referência. Tal observação põe em relevo orientação 
jurisprudencial que esta Suprema Corte firmou em torno da inadequação do 
processo de 'habeas corpus', quando utilizado com o objetivo de provocar, 
na via sumaríssima do remédio constitucional, o exame dos critérios de 
índole subjetiva subjacentes à determinação do regime prisional inicial ou 
condicionadores da progressão para regime penal mais favorável (RTJ 
119/668 - RTJ 125/578 - RTJ 158/866 - RT 721/550, v.g). Não constitui 
demasia assinalar, neste ponto, não obstante o advento da Lei n° 
10.792/2003 - que alterou o art. 112 da LEP, para dele excluir a referência 
ao exame criminológico -, que nada impede que os magistrados determinem 
a realização de mencionado exame, quando o entenderem necessário, 
consideradas as eventuais peculiaridades do caso, desde que o façam, 
contudo, mediante decisão adequadamente motivada, tal como tem sido 
expressamente reconhecido pelo E. Superior Tribunal de Justiça (HC 
38.719/SP, Rel. Min. HÉLIO QUAGLIA BARBOSA - HC 39.364/PR, Rel. Min. 
LAURITA VAZ - HC 40.278/PR, Rel. Min. FELIX FISCHER - HC 42.513/PR, 
Rel. Min. LAURITA VAZ) e, também, dentre outros, pelo E. Tribunal de 
 
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256 
Justiça do Estado de São Paulo (RT 832/676 - RT 837/568): '(...). II - A 
nova redação do art. 112 da LEP, conferida pela Lei 10.792/03, deixou de 
exigir a realização dos exames periciais, anteriormente imprescindíveis, 
não importando, no entanto, em qualquer vedação à sua utilização, sempre 
que o juiz julgar necessária. III - Não há qualquer ilegalidade nas decisões 
que requisitaria a produção dos laudos técnicos para a comprovação dos 
requisitos subjetivos necessários à concessão da progressão de regime 
prisional ao apenado. (...).' (HC 37.440/RS, Rel. Min. GILSON DIPP - 
grifei) 'A lei 10.792/2003 (que deu nova redação ao art. 112 da Lei de 
Execução Penal) não revogou o Código Penal; destarte, nos casos de pedido 
de benefício em que seja mister aferir mérito, poderá o juiz determinar a 
realização de exame criminológico no sentenciado, se autor de crime doloso 
cometido mediante violência ou grave ameaça, pela presunção de 
perículosidade (art. 83, par. ún., do CP).' (RT 836/535, Rel. Des. CARLOS 
BIASOTTI - grifei) A razão desse entendimento apóia-se na circunstância 
de que, embora não mais indispensável, o exame criminológico - cuja 
realização está sujeita à avaliação discricionária do magistrado competente 
- reveste-se de utilidade inquestionável, pois propicia, 'ao juiz, com base em 
parecer técnico, uma decisão mais consciente a respeito do benefício a ser 
concedido ao condenado' (RT 613/278). As considerações ora referidas, 
tornadas indispensáveis em conseqüência do julgamento plenário do HC 
82.959/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, evidenciam a impossibilidade de se 
garantir, notadamente em sede cautelar, o ingresso imediato do ora 
sentenciado em regime penal mais favorável. Cabe registrar, neste ponto, 
que o entendimento que venho de expor encontra apoio em recentíssimo 
 
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257 
julgamento da colenda Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, que, 
ao apreciar o RHC 86.951/RJ, Rel. Min. ELLEN GRACIE, deixou assentado 
que, em tema de progressão de regime nos crimes hediondos (ou nos 
delitos a estes equiparados), cabe, ao magistrado de primeira instância, 
proceder ao exame dos demais requisitos,
inclusive aqueles de ordem 
subjetiva, para decidir, então, sobre a possibilidade, ou não, de o condenado 
vir a ser beneficiado com a progressão do regime de cumprimento de pena." 
(HC n o 88.231-SP, Rel. Min. Celso de Mello, decisão liminar, DJ de 
20/03/2006) Em conclusão, a decisão do Plenário buscou tão-somente 
conferir máxima efetividade ao princípio da individualização das penas (CF, 
art. 5o, LXVI) e ao dever constitucional-jurisdicional de fundamentação das 
decisões judiciais (CF, art. 93, IX). Em sessão do dia 07.03.2006, a 1ª 
Turma, ao apreciar a Questão de Ordem no HC no 86.224-DF, Rel. Min. 
Carlos Britto, admitiu a possibilidade de julgamento monocrático de todos 
os habeas corpus que versem exclusivamente sobre o tema da progressão 
de regime em crimes hediondos. Em idêntico sentido, a 2a Turma, ao 
apreciar a Questão de Ordem no HC no 85.677-SP, de minha relatoria, em 
sessão do dia 21.03.2006, reconheceu também a possibilidade de 
julgamento monocrático de todos os habeas corpus que se encontrem na 
mesma situação específica. Tendo em vista que a situação em análise 
envolve direito de ir e vir, vislumbro, na espécie, o atendimento dos 
requisitos do art. 647 do CPP, que autorizam a concessão de habeas corpus 
de ofício, “sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer 
violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir (...).” Nestes termos, 
concedo medida liminar, de ofício, para que, mantido o regime fechado de 
 
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cumprimento de pena por crime hediondo, seja afastada a vedação legal de 
progressão de regime, até o julgamento final desta reclamação. Nessa 
extensão do deferimento da medida liminar, caberá ao juízo de primeiro 
grau avaliar se, no caso concreto, os pacientes atendem ou não os requisitos 
para gozar do referido benefício, podendo determinar, para esse fim, e 
desde que de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. 
Conforme salientado nas informações prestadas pelo Juiz de Direito da Vara 
de Execuções Penais, às fls. 21, alguns dos condenados apontados como 
interessados na reclamação (Odilon Antonio da Silva Lopes - 1o, Silvinho 
Silva de Miranda - 3o, Raimundo Pimental Soares - 5o, Deires Jhanes Saraiva 
de Queiroz - 6o e André Richarde Nascimento de Souza – 10o) não se 
encontram na condição de cumpridores de pena por crime hediondo. 
Conseqüentemente, o tema só deverá ser apreciado com relação aos demais 
interessados, a saber: Antonio Edinezio de Oliveira Leão, Dorian Roberto 
Cavalcante Braga, Antonio Ferreira da Silva, Gessyfran Martins Cavalcante e 
João Alves da Silva. Comunique-se com urgência. Publique-se. Brasília, 
21 de agosto de 2006. Ministro GILMAR MENDES Relator 1 
 
Controle de Constitucionalidade 
 
 Estudaremos apenas o Controle de Constitucionalidade 
feito pelo PJ, o Controle Jurisdicional. 
 
 
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259 
1. Controle difuso 
 Competência. 
 Qualquer órgão do PJ é competente para exercer este 
controle . 
 Não existe um único órgão, no qual o controle se 
concentra. 
 É uma análise incidental, feita diante de um caso 
concreto. 
 Adotado no Brasil com a CF/1891. 
 Inspirado no modelo Norte-americano (Marbury X 
Medison) 
Marbury v. Madison, 5 U.S. (1 Cranch) 137 (1803) is a landmark 
case in United States law. It formed the basis for the exercise of judicial 
review in the United States under Article III of theConstitution. 
This case resulted from a petition to the Supreme 
Court by William Marbury, who had been appointed by President John 
Adams as Justice of the Peace in the District of Columbia but 
whose commission was not subsequently delivered. Marbury petitioned the 
Supreme Court to force Secretary of State James Madison to deliver the 
documents, but the court, with John Marshall as Chief Justice, denied 
 
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260 
Marbury's petition, holding that the part of the statute upon which he based 
his claim, the Judiciary Act of 1789, was unconstitutional. 
Marbury v. Madison was the first time the Supreme Court declared 
something "unconstitutional", and established the concept of judicial 
review in the U.S. (the idea that courts may oversee and nullify the actions 
of another branch of government). The landmark decision helped define the 
"checks and balances" of the American form of government. 
 
1.1 Cláusula da Reserva de Plenário (FULL BENCH) 
 
 1803 
 Tribunal cheio, Tribunal Pleno. 
 Essa cláusula só se aplica a Tribunais. Não se aplica a 
juízes singulares. 
 O juiz singular pode analisar a constitucionalidade de 
uma lei. 
 Turmas Recursais de Juizados Especiais também não 
precisam observar tal cláusula. 
 Só é exigida para declaração de inconstitucionalidade. 
 
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261 
 Para declarar constitucionalidade de uma lei, não precisa 
observar a cláusula, porque já existe uma presunção de que a lei seja 
constitucional. 
 Lei de imprensa – feita na época da Ditadura Militar, 
antes da CF/1988. ADPF 130. 
 Não recepção é diferente de inconstitucionalidade. Para 
a “não recepção” não é necessário observar a reserva de plenário. 
 
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de 
seus membros OU dos membros do respectivo órgão especial 
poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei 
ou ato normativo do Poder Público. 
Súmula Vinculante nº 10 
Viola a cláusula de reserva de plenário (cf, artigo 
97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora 
não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou 
ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no 
todo ou em parte. 
 
 A competência é reservada ao Pleno do Tribunal ou, se 
for um Tribunal grande (+ de 25 julgadores), pode criar um Órgão Especial. 
 
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262 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do 
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da 
Magistratura, observados os seguintes princípios: 
XI nos tribunais com número superior a 25 
julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o 
mínimo de 11 e o máximo de 25 membros, para o exercício 
das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da 
competência do tribunal pleno, provendo-se metade das 
vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo 
tribunal pleno; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
45, de 2004) 
2 exceções, razoáveis. 
Art. 481. Se a alegação [de inconstitucionalidade] 
for rejeitada, prosseguirá o julgamento; se for acolhida, será 
lavrado o acórdão, a fim de ser submetida a questão ao 
tribunal pleno. 
§ único. Os órgãos fracionários dos tribunais não 
submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a argüição de 
inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento 
destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a 
questão. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)
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263 
 
 STF 
 Decisão definitiva de 
Mérito, na qual declara a inconstitucionalidade da lei B, com efeitos 
retroativos. Se não diz desde quando a lei B é inconstitucional 
 STF 
 Decisão definitiva de 
Mérito, na qual declara a inconstitucionalidade da lei B, com efeitos 
retroativos. Se não diz desde quando a lei B é inconstitucional 
 
O Pleno (ou Órgão Especial) não julga o caso concreto, só analisa a 
questão constitucional. 
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a 
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare 
expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do 
poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. 
 
 
 
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264 
 É uma súmula que, por ser tão óbvia, diz o mesmo que 
está na CF. 
 Muitos Tribunais de vários Estados faziam a Declaração 
Escamoteada. 
 SV nº 10 afasta a incidência quando a lei é incompatível 
com a CF. 
 Não observada a Reserva de Plenário, a decisão é 
absolutamente nula. Gera nulidade absoluta da decisão. 
 
 
1.2 Suspensão da Execução da Lei pelo Senado 
Federal (art. 52, X) 
 
 “Stare Decisis” – quando a Suprema Corte Norte-
americana dá uma decisão constitucional, a decisão vale para todo mundo, 
mesmo que seja em controle difuso. 
 O nome desse efeito vinculante é “binding effect”. TS 
 
 TI 
 O papel do Senado. 
 
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265 
 O STF decide a inconstitucionalidade no caso concreto. 
Decisão com efeitos apenas inter partes. Para que tenha efeitos erga omnes, 
o Senado edita uma Resolução e suspende a lei para todos. O problema é 
que o Senado não edita Resolução, não suspende normalmente, porque não 
dá importância para a questão. A expedição da Resolução é um ato 
discricionário do Senado (Entendimento que prevalece inclusive no STF – 
RE 150.764). 
 O Senado pode suspender Lei Federal apenas ou também 
Lei Estadual e Municipal? 
 Pode suspender qualquer lei! Neste caso, ele 
desempenha papel de órgão nacional, não apenas como órgão federal. 
 É porque o Senado é composto por representantes dos 
Estados que tem esse papel nacional. 
 Esta competência do Senado só é exercida no caso de 
controle difuso, em que a decisão é inter-partes. 
 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de 
lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do 
Supremo Tribunal Federal; 
 
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266 
 O Senado pode suspender apenas uma parte da lei 
declarada inconstitucional pelo STF? 
 O Senado deve se ater aos exatos limites da decisão 
proferida pelo STF. Não pode ir além ou ficar aquém da decisão do STF. 
 
HC 82.959/ACP – Analisou a Constitucionalidade da Vedação da 
Progressão de Regime. 
Ementa 
 
PENA - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - RAZÃO DE SER. A 
progressão no regime de cumprimento da pena, nas espécies fechado, semi-
aberto e aberto, tem como razão maior a ressocialização do preso que, mais 
dia ou menos dia, voltará ao convívio social. PENA - CRIMES HEDIONDOS - 
REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - ÓBICE - ARTIGO 2º, § 1º, DA 
LEI Nº 8.072/90 - INCONSTITUCIONALIDADE - EVOLUÇÃO 
JURISPRUDENCIAL. Conflita com a garantia da individualização da pena - 
artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal - a imposição, mediante 
norma, do cumprimento da pena em regime integralmente fechado. Nova 
inteligência do princípio da individualização da pena, em evolução 
jurisprudencial, assentada a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da Lei 
nº 8.072/90. 
 
 
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267 
Em vez de o Senado suspender a execução da lei para conferir 
efeitos erga omnes, o papel do Senado será apenas dar publicidade da 
decisão do STF, que ela própria é que terá efeitos erga omnes. Mutação 
constitucional. Decisão empatada no STF em 2X2. Acompanhar a Rcl 4335. 
 
 
2. Controle Concentrado 
 Somente o STF tem competência para exercer este tipo 
de controle. Se o parâmetro for Constituição Estadual, haverá controle 
concentrado, de competência do TJ. 
 4 Ações em que ocorre o controle concentrado: 
ADI/ADO CF/88 102, I, a 
ADC L 9.868/99 
ADPF L 9.882/99 
 
ADI e ADC ->>> ações que têm a mesma natureza. Têm caráter 
dúplice/ambivalente. Só mudam o sinal entre si, mas têm a mesma 
natureza. 
 Vamos imaginar que uma Lei esteja sendo objeto de uma 
ADI e de uma ADC. Neste caso, o STF vai reuni-las e julgar em conjunto. Se 
 
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disser que a lei é inconstitucional, a ADI vai ser julgada procedente e a ADC, 
improcedente. 
Lei 9.868, Art. 24. Proclamada a 
constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta 
ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a 
inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou 
improcedente eventual ação declaratória. 
 A finalidade da ADC é abreviar o tempo até a pronúncia 
pelo STF. 
 Requisito de admissibilidade, porque sem ele o STF 
viraria órgão de consulta: 
 Art. 14. A petição inicial indicará: 
III - a existência de controvérsia judicial 
relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação 
declaratória. 
 Este é um requisito específico da ADC, não serve para 
ADI nem para ADPF. 
 
 ADPF é uma argüição de descumprimento – não é uma 
ação de inconstitucionalidade. Descumprimento deve ser interpretado 
 
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como sendo mais amplo do que a inconstitucionalidade – abrange 
inconstitucionalidade e casos de não recepção. 
 
2.1 ADPF 
 Descumprimento 
 inconstitucionalidade 
 casos de não recepção 
 Ex.: ADPF 130 
 
ADPF 54 - ADEQUAÇÃO - INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ - FETO 
ANENCÉFALO - POLÍTICA JUDICIÁRIA - MACROPROCESSO. Tanto quanto 
possível, há de ser dada seqüência a processo objetivo, chegando-se, de 
imediato, a pronunciamento do Supremo Tribunal Federal. Em jogo valores 
consagrados na Lei Fundamental - como o são os da dignidade da pessoa 
humana, da saúde, da liberdade e autonomia da manifestação da vontade e 
da legalidade -, considerados a interrupção da gravidez de feto anencéfalo e 
os enfoques diversificados sobre a configuração do crime de aborto, 
adequada surge a argüição de descumprimento de preceito fundamental. 
ADPF - LIMINAR - ANENCEFALIA - INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ - GLOSA 
PENAL - PROCESSOS EM CURSO - SUSPENSÃO. Pendente de julgamento a 
argüição de descumprimento de preceito fundamental, processos criminais 
 
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em curso, em face da interrupção da gravidez no caso de anencefalia, devem 
ficar suspensos até o crivo final do Supremo Tribunal Federal. ADPF - 
LIMINAR - ANENCEFALIA - INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ - GLOSA PENAL - 
AFASTAMENTO - MITIGAÇÃO. Na dicção da ilustrada maioria, 
entendimento em relação ao qual guardo reserva, não prevalece, em 
argüição de descumprimento de preceito fundamental, liminar no sentido 
de afastar a glosa penal relativamente àqueles que venham a participar da 
interrupção da gravidez no caso de anencefalia. 
 
 
Preceito Fundamental 
 Significa que o parâmetro constitucional não é qualquer 
norma da CF, mas apenas os preceitos fundamentais da CF. 
 Exemplos: 
 Título I da CF – Princípios Fundamentais 
 Título II – Direitos Fundamentais 
 Art. 34, VII (Princípios Constitucionais Sensíveis) 
 Cláusulas Pétreas 
 Meio Ambiente 
 Saúde – art. 196 
 
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271 
 
 A ADPF tem um caráter subsidiário, art. 4º, § 1º 
 
Art. 4º, § 1o Não será admitida argüição de 
descumprimento de preceito fundamental quando houver 
qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade. 
 
 Só cabe ADPF quando não existir outro meio eficaz para 
sanar a lesividade. 
 Esse meio tem que ter a mesma amplitude, 
imediaticidade e efetividade da ADPF. 
 
 Legitimidade ativa – CF 103 
 
 Legitimados Universais 
STF 
 Legitimados Especiais 
 
 
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272 
 
 O legitimado especial só pode propor a ação se mostrar 
pertinência temática (nexo de causalidade entre o interesse defendido e o 
objeto questionado). Ex.: Conselho Federal de medicina só pode propor ADI 
se mostrar que aquela lei que está abordando atinge a classe. 
 Se for Legitimado Universal, não precisa mostrar 
pertinência temática. 
 
Art. 103. Podem propor a ADI e a ADC: 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, 
de 2004) 
I - o Presidente da República; 
II - a Mesa do Senado Federal; 
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; 
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara 
Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
V - o Governador de Estado ou do Distrito 
Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 
2004) 
 
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273 
VI - o Procurador-Geral da República; 
VII - o Conselho Federal da OAB; 
VIII - partido político com representação no 
Congresso Nacional; 
IX - confederação sindical ou entidade de classe de 
âmbito nacional. 
 
 
 PE MP PL Outros 
Legitimados 
Universais 
 
PR* 
Vice 
PGR Mesa da CD 
ou 
Mesa do SF 
PP 
Requisito 
exigido 
apenas na 
propositura 
da ação** 
Associar à União CF OAB 
Legitimados 
Especiais 
G E 
G DF 
 
PGJ 
Mesa da AL 
Mesa da CL 
Confederação 
Sindical 
 
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274 
 
(DF) 
Associar às autoridades Estaduais Entidade de 
Classe de 
âmbito 
nacional, 
representativa 
de categoria 
profissional 
*** 
 
*O Vice não tem legitimidade. Não pode propor. 
 
** Isso está causando a Judicialização da Política – perde-se a 
discussão na arena política e é levada ao STF, ex. cláusula da reserva de 
barreira, verticalização, lei da ficha limpa. 
 
*** As outras entidades de classe têm que demonstrar pertinência 
temática. A OAB não precisa. 
*** Entidade presente em pelo menos 1/3 (9) dos Estados da 
Federação. 
 
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275 
*** Tem que ser representativa de determinada categoria 
profissional. 
*** Associações formadas por Pessoas Físicas e também por 
Pessoas Jurídicas. 
Associação formada apenas por PJ: Associação de Associações. 
Antes o STF não admitia que 1 Associação de Associações 
ajuizasse uma ADI/ADC. Passou a admitir a partir de 2004. 
 
3. Objeto 
 
3.1 Natureza do ato 
3.1.1 ADI/ADC 
3.1.1.1 Lei 
 O STF não admitia as leis de efeitos concretos. Lei de 
efeito concreto não tem os efeitos de uma lei, não tem as características de 
uma lei – generalidade e abstração. A forma é de uma lei, mas o conteúdo, 
de um ato administrativo. 
 Em 2009, o STF mudou o entendimento. ADIs propostas 
por partidos diferentes, mas o objeto era o mesmo – orçamento – ex.: ADI 
4048/DF – decisão na medida cautelar. 
 
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276 
 Nessas ações de controle concentrado abstrato, a medida 
cautelar deve ser concedida ou negada pela maioria absoluta (plenário) dos 
membros do Tribunal, em regra. O relator só concederá automaticamente 
em situações excepcionais, urgentes. Por ser a cautelar concedida pelo 
Plenário, em 99% dos casos este mantém, no mérito, o que foi decidido na 
cautelar. 
 ADI 4048: qualquer tipo de lei pode ser analisada em 
ADI/ADC, inclusive se for lei de efeitos concretos. 
 
EMENTA: MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISÓRIA N° 405, DE 18.12.2007. 
ABERTURA DE CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO. LIMITES CONSTITUCIONAIS À 
ATIVIDADE LEGISLATIVA EXCEPCIONAL DO PODER EXECUTIVO NA 
EDIÇÃO DE MEDIDAS PROVISÓRIAS. 
I. MEDIDA PROVISÓRIA E SUA CONVERSÃO EM LEI. Conversão da 
medida provisória na Lei n° 11.658/2008, sem alteração substancial. 
Aditamento ao pedido inicial. Inexistência de obstáculo processual ao 
prosseguimento do julgamento. A lei de conversão não convalida os vícios 
existentes na medida provisória. Precedentes. 
II. CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE DE 
O Supremo NORMAS ORÇAMENTÁRIAS. REVISÃO DE JURISPRUDÊNCIA. 
Tribunal Federal deve exercer sua função precípua de fiscalização da 
constitucionalidade das leis e dos atos normativos quando houver um tema 
 
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277 
ou uma controvérsia constitucional suscitada em abstrato, independente do 
caráter geral ou específico, concreto ou abstrato de seu objeto. 
Possibilidade de submissão das normas orçamentárias ao controle abstrato 
 de constitucionalidade. 
III. LIMITES CONSTITUCIONAIS À ATIVIDADE LEGISLATIVA 
EXCEPCIONAL DO PODER EXECUTIVO NA EDIÇÃO DE MEDIDAS 
PROVISÓRIAS PARA ABERTURA DE CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO. 
Interpretação do art. 167, § 3º c/c o art. 62, § 1º, inciso I, alínea "d", da 
Constituição. Além dos requisitos de relevância e urgência (art. 62), a 
Constituição exige que a abertura do crédito extraordinário seja feita 
apenas para atender a despesas imprevisíveis e urgentes. Ao contrário do 
que ocorre em relação aos requisitos de relevância e urgência (art. 62), que 
se submetem a uma ampla margem de discricionariedade por parte do 
Presidente da República, os requisitos de imprevisibilidade e
urgência (art. 
167, § 3º) recebem densificação normativa da Constituição. Os conteúdos 
semânticos das expressões "guerra", "comoção interna" e "calamidade 
pública" constituem vetores para a interpretação/aplicação do art. 167, § 3º 
c/c o art. 62, § 1º, inciso I, alínea "d", da Constituição. "Guerra", "comoção 
interna" e "calamidade pública" são conceitos que representam realidades 
ou situações fáticas de extrema gravidade e de conseqüências imprevisíveis 
para a ordem pública e a paz social, e que dessa forma requerem, com a 
devida urgência, a adoção de medidas singulares e extraordinárias. A leitura 
atenta e a análise interpretativa do texto e da exposição de motivos da MP 
n° 405/2007 demonstram que os créditos abertos são destinados a prover 
despesas correntes, que não estão qualificadas pela imprevisibilidade ou 
 
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278 
pela urgência. A edição da MP n° 405/2007 configurou um patente 
desvirtuamento dos parâmetros constitucionais que permitem a edição de 
medidas provisórias para a abertura de créditos extraordinários. 
IV. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. Suspensão da vigência da Lei 
n° 11.658/2008, desde a sua publicação, ocorrida em 22 de abril de 2008. 
 
3.1.1.2 Ato normativo 
 Para o Ato Normativo, são necessárias as características 
de generalidade e abstração. O ato tem que ter as características de uma 
norma. 
 Decreto Regulamentar (o que regulamenta uma lei) não 
pode ser objeto. Sofre controle de legalidade. 
 
 Este não é um decreto regulamentar, porque passa a 
regulamentar matéria não tratada em lei. 
 Nesta hipótese, em que não há lei tratando da matéria, o 
decreto deixa de ser regulamentar e se transforma em Decreto Autônomo. 
 O decreto vai ser considerado em face da constituição. 
 
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279 
 Decreto Autônomo sofre controle de 
constitucionalidade. 
 Quando a violação ocorre de forma direta, o ato pode 
ser objeto. 
 O mesmo vale para Resolução, CNMP, CNJ. 
 Se entre a Resolução e a CF existir uma lei, será um 
controle de legalidade, não mais de constitucionalidade. Ex: uma portaria de 
Ministro de Estado pode ser objeto? 
CF 
Lei 
Decreto 
Portaria 
 
 Se não existir lei ou decreto, a portaria estará tratando 
de assunto constitucional, e, portanto, viola diretamente a Constituição. 
Atentar para a Generalidade e Abstração, que podem estar em qualquer 
espécie de ato normativo. 
 Maranhão – STF converteu a ADPF (contra Portaria) em 
ADI. Portanto, o STF admite a fungibilidade entre ADI e ADPF. 
 
 
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280 
 O ato tem que ter generalidade e abstração; e a violação 
à CF deve ser direta. 
 
CF 
Lei 8.666/93 
Lei Estadual 
 
* Se a Lei Estadual viola a Lei 8.666, não pode ser objeto de 
ADI/ADC. 
 A generalidade e abstração aplicam-se à lei e ao ato 
normativo. 
 O requisito de violação direta aplica-se apenas ao Ato 
Normativo. 
 
 STF não admite como objeto de ADI/ADC: 
a) Atos tipicamente regulamentares 
b) Normas constitucionais originárias 
 
 
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281 
 Qual o Princípio de Hermenêutica constitucional que 
impede a análise de constitucionalidade de norma originária? 
 Princípio da Unidade da Constituição. Todas as normas 
constitucionais estão no mesmo plano, então uma não pode ser contestada 
em face de outra. 
 
 Leis revogadas ou que já exauriram os seus efeitos não 
podem ser objeto. 
 
 
CONTROLE CONCENTRADO – AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE GENÉRICA (ADI) e CONTROLE CONCENTRADO 
– AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC): 
 
3.1.2 ADPF 
 Lei 9882/99, art. 1º 
3.1.2.1 Qualquer ato do Poder Público 
 Abrange Lei, Ato Normativo e qualquer outro ato do 
Poder Público. Em princípio, qualquer ato do poder Público pode ser objeto. 
 
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282 
 Porém, basicamente 3 atos não podem ser objeto de 
ADPF – STF: 
a) Proposta de Emenda à Constituição (famosa PEC) 
 É um ato que ainda está em formação, portanto o STF 
somente perderia tempo, caso fosse rejeitada a PEC. 
b) Súmula 
c) Veto do PR 
 Por se tratar de um ato político, não poderia ser objeto 
de ADPF. 
 Novelino não concorda: 2 tipos de veto – político e 
jurídico. O Político não poderia ser objeto; porém, o Jurídico, sim. 
 
Art. 1o A argüição prevista no § 1o do art. 102 da 
Constituição Federal será proposta perante o Supremo 
Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a 
preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. 
 
 Qualquer lesão resultante de ato do Poder Público pode 
ser objeto. O dispositivo não restringiu. 
 
 
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283 
3.2 Espacial 
 
Súmula 642 
NÃO CABE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
DE LEI DO DISTRITO FEDERAL 
DERIVADA DA SUA COMPETÊNCIA LEGISLATIVA MUNICIPAL. 
 
3.3 Aspecto Temporal 
3.3.1 ADI/ADC 
 Lei / Ato normativo posterior à CF/1988. 
 Não se admite a inconstitucionalidade superveniente. As 
normas simplesmente não foram recepcionadas. 
 Ou, se for um parâmetro alterado por EC, o ato analisado 
tem que ser posterior à EC. 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a 
guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
 
 
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284 
I - processar e julgar, originariamente: 
CONTROLE CONCENTRADO – AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE GENÉRICA (ADI) e CONTROLE CONCENTRADO 
– AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC): 
 
3.3.2 ADPF 
 O objeto também será mais amplo 
quanto ao aspecto temporal. 
 Como a ação é de descumprimento, o 
ato pode ser posterior ou anterior ao parâmetro. 
Art. 1º, Parágrafo único. Caberá também ADPF: 
I - quando for relevante o fundamento da 
controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo 
federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à 
Constituição; 
 
4. PGR 
 Nas ações de controle concentrado de 
constitucionalidade, atua como “custos constitutiones”. Vai zelar pela 
Supremacia da CF. 
 
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285 
 Participa de todos os processos de competência do STF. 
O PGR não precisa se manifestar em todos os processos, apenas em 
processos novos, quando a Tese for diferente. Se a tese se repetir, o PGR não 
precisa se manifestar novamente. 
 
5. AGU 
 Não atua como fiscal da CF. 
 Atua como defensor legis – vai zelar não pela supremacia 
da CF -, é um curador da presunção de constitucionalidade das leis. O 
AGU vai defender a constitucionalidade
das leis. 
Art. 103, § 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal 
apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou 
ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da 
União, que defenderá o ato ou texto impugnado. 
 O STF tem interpretado esse dispositivo com 2 
temperamentos, em que o AGU não está obrigado a defender o ato 
impugnado: 
 1 – quando a tese jurídica discutida já tiver sido 
considerada inconstitucional pelo STF. 
 2 – quando o ato for contrário ao interesse da União. 
 
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286 
 Para Novelino, é 1 entendimento equivocado 
do STF. Como o AGU é subordinado ao PR, se o ato impugnado viola 
interesse da União, o AGU não pode deixar de defender o ato impugnado. 
Quando defende o ato impugnado, não está desempenhando a função de 
chefe da AGU, mas de custos legis. Portanto, defende tanto lei federal quanto 
lei estadual. 
 No concurso, porém, adotar a posição do STF. 
 
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição 
que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a 
União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos 
da lei complementar que dispuser sobre sua organização e 
funcionamento, as atividades de consultoria e 
assessoramento jurídico do Poder Executivo. 
§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o 
Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente 
da República dentre cidadãos maiores de 35 anos, de notável 
saber jurídico e reputação ilibada. 
§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da 
instituição de que trata este artigo far-se-á mediante 
concurso público de provas e títulos. 
 
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287 
§ 3º - Na execução da dívida ativa de natureza 
tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-
Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei. 
 
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito 
Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso 
dependerá de concurso público de provas e títulos, com a 
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as 
suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria 
jurídica das respectivas unidades federadas. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste 
artigo é assegurada estabilidade após 3 anos de efetivo 
exercício, mediante avaliação de desempenho perante os 
órgãos próprios, após relatório circunstanciado das 
corregedorias. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
19, de 1998) 
 
 
 
 
 
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288 
6. Efeitos das Decisões 
Medida Cautelar / Decisão de Mérito 
 
6.1 Erga omnes 
 Particulares e Poderes Públicos 
 
6.2 Efeito Vinculante 
 Atinge apenas os Poderes Públicos, salvo PL (fossilização 
da CF) e STF, que pode modificar o entendimento. 
EFEITOS DA DECISÃO EM ADC E ADI: 
Art. 102, § 2º As decisões definitivas de mérito[e as 
medidas cautelares – L. 9882], proferidas pelo STF, nas ações 
diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de 
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos (Eficácia 
erga omnes) e efeito vinculante, relativamente aos demais 
órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e 
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) + ex tunc 
O efeito erga omnes atinge tanto particulares 
quanto os Poderes Públicos. 
 
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289 
 O efeito vinculante é mais específico, não 
atinge a todos sem exceção, somente os Poderes Públicos. 
efeito vinculante: relativamente aos demais* órgãos 
do Poder Judiciário e à administração pública direta e 
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. 
 
*Apenas o STF não fica vinculado à decisão. A não 
vinculação refere-se ao Plenário do STF. As 2 turmas ficam 
vinculadas, têm que observar a vinculação dada pelo Pleno, 
assim como o relator. O Pleno pode rever o posicionamento, 
desde que seja provocado e haja mudanças na situação que 
indiquem conveniência da mudança de posição. 
 
Art. 125, § 2º - ADI na esfera estadual – nome antigo da ADI foi 
mantido: “representação de inconstitucionalidade” 
 
Art. 125, § 2º - Cabe aos Estados a instituição de 
representação de inconstitucionalidade de leis ou atos 
normativos estaduais ou municipais em face da Constituição 
Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um 
único órgão. 
 
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290 
 
 ADI estadual será processada e julgada no TJ. 
 
 Qual tipo de ato pode ser impugnado no âmbito 
estadual? 
 Lei ou ato normativo municipal ou estadual, 
porque o parâmetro de controle é a CE (Constituição Estadual) – o TJ é o 
guardião da CE. 
 O parâmetro só pode ser a CE – o TJ não pode 
adotar como parâmetro a CF. Simetria. 
 
 Legitimados não precisam seguir o princípio da simetria. 
Não há necessidade de simetria em relação aos legitimados ativos. 
 
 Quando a norma da Constituição Estadual violada é 
norma de observância obrigatória (Simetria) - este aspecto é fundamental -, 
caberá um Recurso Extraordinário da decisão do TJ para o STF. Na acepção 
comum, o Recurso Extraordinário é instrumento de controle difuso, mas 
nesse caso é utilizado como instrumento de controle concentrado. 
 
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291 
 O STF analisará o RE em face da Constituição da 
República – o parâmetro será a Constituição Federal. 
 Nesta hipótese, existe Controle Concentrado de Lei 
Municipal em face da Constituição Federal. 
 A outra hipótese de controle concentrado de lei 
municipal em face da CF é a ADPF. 
 São essas as 2 únicas hipóteses em que lei Municipal 
pode ser contestada em face da CF. 
 
 2 ADIs simultâneas, uma na esfera Federal e uma na 
Estadual: 
 * A que foi proposta no âmbito Estadual ficará 
suspensa aguardando julgamento do STF. 
 Se a lei foi declarada inconstitucional pelo STF, 
a ADI Estadual perde o objeto e não há julgamento de mérito. Não há mais 
lei para julgar porque ela já foi retirada do ordenamento jurídico. 
 Se o STF diz que a lei é compatível com a CF, a 
decisão é vinculante e tem efeitos erga omnes. Pode o TJ dizer que é 
inconstitucional? Pode, porque aqui o parâmetro é a CE. A lei pode ser 
constitucional em face da CF, mas inconstitucional em face da CE. 
 
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292 
 Se o STF declarar a lei constitucional, nada 
impede que o TJ declare a sua inconstitucionalidade, desde que seja em face 
de outro parâmetro, previsto apenas na CE. 
 
Art. 125, § 2º - Cabe aos Estados a instituição de 
representação de inconstitucionalidade
de leis ou atos 
normativos estaduais ou municipais em face da Constituição 
Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um 
único órgão. 
 
 A CF veda a legitimação de apenas 1 órgão. Exige que 
mais de 1 órgão seja legitimado, mas a CE não precisa seguir a simetria 
quanto aos Legitimados. 
 
7. Controle de Omissões Inconstitucionais 
 
7.1 ADO 
 
 Lei 9.868/99 
 
 
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293 
103, § 2º, CF - Declarada a inconstitucionalidade 
por omissão de medida para tornar efetiva norma 
constitucional, será dada ciência ao Poder competente para 
a adoção das providências necessárias e, em se tratando de 
órgão administrativo, para fazê-lo em 30 dias. 
7.1.1 Finalidade 
 A finalidade da ADO não é assegurar direitos subjetivos, 
mas assegurar a supremacia da CF, tornar efetiva norma constitucional. 
 Processo Constitucional Objetivo. 
 
 
7.1.2 Competência 
 STF: Controle Abstrato de Constitucionalidade. 
 
7.1.3 Efeitos da Decisão de Mérito 
 O STF não suprirá, não atuará como legislador positivo. 
Apenas notificará o PL que está omisso. O STF não pode obrigar o legislador 
a legislar, não pode determinar data. ADI 3.682. 
 
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294 
 Quando a omissão for de órgão administrativo, o prazo é 
de 30 dias. 
Art. 12-H, Lei 9.868. Declarada a 
inconstitucionalidade por omissão, com observância do 
disposto no art. 22, será dada ciência ao Poder competente 
para a adoção das providências necessárias. (Incluído pela 
Lei nº 12.063, de 2009). 
§ 1o Em caso de omissão imputável a órgão 
administrativo, as providências deverão ser adotadas no 
prazo de 30 (trinta) dias, ou em prazo razoável a ser 
estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as 
circunstâncias específicas do caso e o interesse público 
envolvido. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009). 
§ 2o Aplica-se à decisão da ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão, no que couber, o disposto 
no Capítulo IV desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 
2009). 
 
7.1.4 Medida Cautelar 
 O STF entendia que não cabia MC na ADO, não adiantava 
dar ciência antecipada. Com a alteração da Lei 9868, passou-se a admitir a 
MC. 
 
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295 
 Omissão Parcial * 
 Omissão Total. 
(Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009). 
Da Medida Cautelar em Ação Direta de 
Inconstitucionalidade por Omissão 
Art. 12-F. Em caso de excepcional urgência e 
relevância da matéria, o Tribunal, por decisão da maioria 
absoluta de seus membros, observado o disposto no art. 
22, poderá conceder medida cautelar, após a audiência dos 
órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão 
inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 
(cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009). 
Efeitos da Medida Cautelar: 
§ 1o A medida cautelar poderá consistir na 
suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo 
questionado, no caso de *omissão parcial, bem como na 
suspensão de processos judiciais ou de procedimentos 
administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada 
pelo Tribunal. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009). 
§ 2o O relator, julgando indispensável, ouvirá o 
Procurador-Geral da República, no prazo de 3 (três) 
dias. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009). 
 
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§ 3o No julgamento do pedido de medida cautelar, 
será facultada sustentação oral aos representantes judiciais 
do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela 
omissão inconstitucional, na forma estabelecida no 
Regimento do Tribunal. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 
2009). 
 
 
7.2 Mandado de Injunção 
 Não foi regulamentado. 
 O STF aplica, por analogia, a Lei do Mandado de 
Segurança 
Art. 5º, LXXI - conceder-se-á mandado de injunção 
sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável 
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à 
cidadania; 
Quando estiver em jogo norma constitucional de 
eficácia limitada. 
 
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 A pretensão é deduzida em juízo através de um processo 
constitucional subjetivo. Temos um controle concreto, que surge a partir da 
violação de um direito subjetivo concreto. 
 Processo Constitucional Subjetivo. 
 
7.2.1 Finalidade 
 
 A finalidade principal é assegurar direitos subjetivos. 
 
 A autoridade só pode propor a ADO quando não for 
responsável pela omissão. Os legitimados especiais e universais são os 
mesmos. 
 
7.2.2 Competência 
 Controle Difuso Limitado: CF/88 –> STF, STJ, TSE/TER 
 Essa competência pode ser estabelecida também por lei 
federal, que pode prever outros órgãos como competentes. Tal lei não 
existe. 
 
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 Constituições Estaduais também podem prever esta 
competência. Só podem prever competência para as autoridades Estaduais 
ou municipais, a depender do caso. Nunca poderá submeter-se a questão a 
tribunal federal ou a juízo federal. 
 
7.2.3 Legitimidade ativa 
 Qualquer pessoa que tenha um direito 
constitucionalmente assegurado, mas que não possa exercê-lo pela ausência 
de norma regulamentadora. 
 MI Individual: Qualquer pessoa. 
 MI Coletivo (o STF aplica o art. 5º, LXX, por analogia, que 
trata dos legitimados para o MS coletivo). 
 
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser 
impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso 
Nacional; 
b) organização sindical [não precisa ser 
Confederação], entidade de classe [não precisa ser de âmbito 
nacional] ou associação legalmente constituída e em 
 
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funcionamento há pelo menos 1 ano, em defesa dos 
interesses de seus membros ou associados; 
 
 Só cabe MI Coletivo se for para defesa de interesses da 
categoria. Tem que existir esse nexo. Pode ser interesse de apenas parte dos 
membros da categoria. 
 Hipótese de legitimação extraordinária ou substituição 
processual, e não de representação processual. Na prática, significa que não 
precisa de autorização expressa dos membros da categoria. 
 
7.2.4 Efeitos da Decisão de Mérito 
 A CF não fala dos efeitos. 
 É uma ação nova sobre a qual não há regulamentação. 
 Há 4 entendimentos: 
 
1º - Corrente não Concretista 
 Era o entendimento que o STF adotava desde a CF/88 
até alguns anos trás. 
 
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 O entendimento é que o STF não pode concretizar

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