Prévia do material em texto
GABARITO DA 2a PROVA DE FUNDAMENTOS DE MECAˆNICA - 19/10/2013- 08:00–09:55 Dados: dtn dt = ntn−1 ; ∫ tndt = tn+1 n+ 1 (para n 6= 1). Parte A– Treˆs problemas. P1: Um bloco A de massa m move-se da esquerda para a direita com velocidade v0 numa regia˜o sem atrito. Ele se choca elasticamente com o bloco B. O bloco B e´ ideˆntico ao A e esta´ preso numa mola ideal de constante ela´stica k que esta´ inicialmente no seu comprimento natural. A regia˜o por onde o bloco B se movimenta possui atrito de coeficiente µ. Apo´s o choque, a velocidade do bloco B diminue e atinge (momentaneamente) o valor zero. Veja na figura a situac¸a˜o inicial Escolha a afirmativa correta: com atrito, coeficientesem atrito Vo A B k µ A( ) Imediatamente apo´s o choque a velocidade de B e´ vB = v0/2 e a de A e´ vA = 0. B( ) A compressa˜o ma´xima da mola e´ maior que √ mv20 k . C( ) O trabalho feito pela mola e´ igual a energia cine´tica da part´ıcula A. D( ) A velocidade da part´ıcula A inverte de sentido apo´s o choque. E(X) A compressa˜o ma´xima da mola L obedece a equc¸a˜o L2 + 2µmg k L− v20 k = 0. Soluc¸a˜o Trata-se de uma colisa˜o ela´stica seguida de um processo onde atuam uma mola e uma forc¸a de atrito. Na colisa˜o ela´stica conservam-se tanto a quantidade de movimento linear quanto a energia cine´tica. Como as massas sa˜o iguais, e´ va´lido, se algue´m lembrar, usar o fato que as duas trocara˜o de velocidade, ou seja, a velocidade de A ficara´ nula e a de B ficara´ igual a´ de A antes da colisa˜o. Quem se lembrar da soluc¸a˜o gene´rica desse tipo de colisa˜o chega ao mesmo resultado. Quem na˜o se lembrar, bastaria aplicar as condic¸o˜es de conservac¸a˜o de quantidade de movimento mV0 + 0 = mVA +MVB (1) e de energia cine´tica 1 2 mV 20 + 0 = 1 2 mV 2A + 1 2 MV 2B. (2) As 2 equac¸o˜es acima possuem 2 inco´gnitas e, resolvidas, da˜o VA = 0 e VB = v0. (3) O resultado acima elimina, de uma so´ vez, as opc¸o˜es A e D, que sa˜o, portanto, INCORRETAS. Apo´s a colisa˜o, o bloco B entra na regia˜o com atrito com uma energia cine´tica inicial conhecida (pois sabemos sua velocidade apo´s a colisa˜o). Como ha´ atrito, pode-se usar a relac¸a˜o Watrito = ∆Emecaˆnica. (4) Considerando que a energia cine´tica inicial era conhecida e que, no momento de compressa˜o ma´xima o bloco tem que estar momentaneamente parado (energia cine´tica nula), que a energia potencial gravita- cional na˜o varia, que a energia potencial ela´stica era nula inicialmente e passou a ser 1 2 kL2 (onde L e´ a compressa˜o ma´xima da mola), podemos escrever para o sistema formado pelo bloco B e a mola Watrito = Emecaˆnica,final − Emecaˆnica,inicial = 0 + 1 2 kL2 − ( 1 2 mV 20 + 0 ) , (5) ou, trocando a energia cine´tica de lado, 1 2 kL2 = 1 2 mV 20 +Watrito. (6) Vamos calcular o trabalho do atrito. Usando a segunda Lei de Newton na direc¸a˜o vertical percebemos que, durante todo o processo, a normal do piso sobre B foi igual ao seu peso e, portanto, a forc¸a de atrito vale, em mo´dulo, Fatrito = µN = µmg, constante e oposta ao movimento de B. Ao comprimir a mola de um certo L o bloco B sobre um trabalho do atrito, lembrando que ela e´ oposta ao deslocamento, Watrito = µmgL cos180 ◦ = −µmgL. (7) Como o trabalho do atrito e´ negativo, verifica-se que as opc¸o˜es B e C sa˜o INCORRETAS, pois a variac¸a˜o de energia potencial ela´stica da mola e´ o negativo do trabalho que ela realiza. Levando a Eq.(7) na (6), 1 2 kL2 = 1 2 mV 20 − µmgL, (8) que, rearranjada, resulta na equac¸a˜o da letra E, que e´, portanto, a CORRETA. P2: Uma part´ıcula P de massa unita´ria pode mover-se no eixo x (x > 0). Nesta regia˜o a energia potencial e´ dada por U(x) = 18 x2 − 9 x (veja a figura). Escolha a afirmativa correta: 1 U(x) 0 x0 A( ) A forc¸a que atua na part´ıcula e´ dada por F = 36 x +9 ln(x) (ln e´ o logaritmo neperiano, ou natural). B(X) A forc¸a que atua na part´ıcula e´ dada por F = 36 x3 − 9 x2 . C( ) A energia mecaˆnica da part´ıcula na˜o pode ser negativa pois sua energia cine´tica e´ sempre positiva. D( ) Se a energia mecaˆnica da part´ıcula for positiva, o movimento do sistema fica confinado entre seus dois pontos de retorno. E( ) O trabalho feito pela forc¸a F de x = x0 > 1 ate´ x→∞ e´ negativo. Soluc¸a˜o A relac¸a˜o entre a energia potencial associada a uma forc¸a conservativa e a pro´pria forc¸a e´ ∆U = − ∫ ~F · d~s, (9) e a relac¸a˜o ionversa, entre a forc¸a conservativa associada a` sua energia potencial e o pro´prio potencia e´ ~F = − dU ds sˆ. (10) Portanto, nese caso (usando a derivada de um polinoˆmio dada no in´ıcio da prova), veˆ-se que F = − dU ds = − d ( 18x−2 − 9−1 ) dx = − ( −2× 18−3 − (−1)× 9x−2 ) = 36x−3 − 9x2 = 36 x3 − 9 x2 . (11) Vemos, portanto, que a afirmativa A e´ INCORRETA e a B e´ a CORRETA. Mesmo assim, podemos ver que a afirmativa C e´ INCORRETA. Energia mecaˆnica e´ a soma das energias cine´tica e potencial. A u´nica coisa que na˜o pode ser negativa e´ a energia cine´tica, mas nada impede de a energia potencial ser mais negativa do que a cine´tica e´ positiva, e a soma das duas, que e´ a energia mecaˆnica, ser negativa. Se a part´ıcula sob a ac¸a˜o do potencial da figura tiver energia mecaˆnica positiva ela so´ vai parar quando sua energia cine´tica for nula. E isso vai acontecer somente quando a energia potencial for igual a´ sua energia mecaˆnica. Veˆ-se pelo gra´fico, que a energia potencial positiva so´ possui um valor de x para o qual U > 0, enquanto que, se a energia potencial for negativa, ha´ dois valores de x. Portanto, se a energia mecaˆnica for positiva so´ vai haver um ponto onde a energia cine´tica vai ser nula. A opc¸a˜o D e´, portanto, INCORRETA. De acordo com o racioc´ınio do in´ıcio, o trabalho da forc¸a e´ o negativo da variac¸a˜o da energia potencial. Portanto, ∞∫ x=1 ~F · d~s = −∆U ∣∣∣∞ x=1 = −(U(∞)− U(1))−−(0− 9) = 9, (12) positivo e a afirmativa E tambe´m esta´ INCORRETA. P3: Um homem de massa m esta´ numa carroc¸a de massa M que se movimenta com velocidade V0 para a direita. O homem pula da carroc¸a e atinge o solo com velocidade horizontal nula. Escolha a afirmativa correta A(X) Imediatamente apo´s o pulo a variac¸a˜o da velocidade da carroc¸a e´ ∆V = m M V0. B( ) Imediatamente apo´s o pulo a velocidade da carroc¸a e´ V = √ m+M M V0. C( ) Imediatamente apo´s o pulo a velocidade horizontal do homem em relac¸a˜o a carroc¸a e´ u = V0 (M +m)2 mM . D( ) Imediatamente apo´s o pulo na˜o houve variac¸a˜o de energia cine´tica para o sistema (carroc¸a + homem). E(?) No momento do pulo na˜o ha´ conservac¸a˜o do momento linear. Soluc¸a˜o No instante imediatamente antes do homem pular da carroc¸a eles esta˜o com a mesma velocidade, para a direita. Atrave´s de seus mu´sculos o homem empurra a carroc¸a para a direita e pula dela de forma que imediatamente apo´s o pulo sua velocidade horizontal e´ nula. Durante o pulo pode-se considerar que na˜o atuaram forc¸as externas na horizontal no sistema e, portanto, a acelerac¸a˜o do centro de massa na horizontal ficou nula durante o pulo e a velocidade do centro de massa ficou constante na horizontal, ou seja a componente horizontal das velocidades do centro de massa imediatamente antes e imediatamente apo´s o pulo sa˜o iguais VCM,antes = mV0 +MV0 m+M = V0 = VCM,depois = MVcarroc¸a, depois m+M . (13) de onde tiramos a nova velocidade da carroc¸a Vcarroc¸a, depois = ( m+M M ) V0. (14) A variac¸a˜o da velocidade da carroc¸a e´ ∆Vcarroc¸a = Vcarroc¸a, depois − Vcarroc¸a, antes = m+M M V0 − V0 = m M V0. (15) Portanto, a opc¸a˜o A e´ CORRETA e a B e´ INCORRETA, pelo resultado da Eq.(14). Como a veloci- dade horizontal do homem imediatamenteapo´s o pulo foi nula, sua velocidade em relac¸a˜o a´ carroc¸a, imediatamente apo´a o pulo, pode ser calculada por Vhomem,carroc¸a, depois = Vhomem,solo,depois + Vsolo,carroc¸a, depois = 0− Vcarroc¸a,solo,depois = (16) Usando a Eq.(14) temos que Vhomem,carroc¸a, depois = − ( m+M M ) V0. (17) e a opc¸a˜o C tambe´m esta´ INCORRETA. A energia cine´tica do sistema homem+carroc¸a antes do pulo vale Ecin,antes = 1 2 (m+M)V 20 , (18) e a energia cine´tica do sistema imediatamente apo´s o pulo e´ Ecin,depois = 1 2 mV 2homem,solo + 1 2 MV 2carroc¸a,solo,depois, (19) O problema so´ nos informa a componente horizontal da velocidade do homem, que e´ nula imediatamente apo´s o pulo, mas ele pode ter velocidade vertical. Entretanto, a carroc¸a por estar sobre o solo horizontal, so´ pode ter velocidade nessa direc¸a˜o com o valor ja´ calculado na Eq.(14). Calculando a energia cine´tica somente da carroc¸a, usando a Eq.(14), a definic¸a˜o de energia cine´tica e a Eq.(18), Ecin,carroc¸a,depois = 1 2 M ( m+M M )2 V 20 = 1 2 (m+M)V 2o ( M(m+M) M2 ) = Ecin,antes ( m+M M ) . (20) Vemos que somente essa parte da energia ja´ e´ maior que a energia cine´tica inicial e a afirmativa D e´ INCORRETA. Se considerarmos que o homem, apo´s o pulo, saiu com velocidade de componente horizontal nula mas com a componente horizontal da velocidade na˜o nula, enta˜o realmente na˜o houve conservac¸a˜o da quantidade de movimento linear, pois o sistema na˜o possuia momento linear vertical, a carroc¸a continua com seu movimento somente horizontal, mas o homem agora tem uma componente vertical. Pore´m se considerarmos que o homem saiu da carroc¸a com ambas componentes, horizontal e vertical, nulas, houve conservac¸a˜o de quantidade de movimento linear. Portanto, dependendo das hipo´teses do aluno a opc¸a˜o E pode estar INCORRETA ou CORRETA. Parte B - Quatro questo˜es. Sugere-se 40 pontos; 10 pontos por questa˜o; comente cada afirmac¸a˜o nas questo˜es abaixo e diga se sa˜o verdadeiras ou falsas e justifique com suas palavras. Q1. Um bloco retangular desloca-se num trilho sem atrito e encontra o loop circular mostrado na figura abaixo, e possui velocidade suficiente para fazer o loop passando pelos pontos 1, 2, . . . . Quando ele passar pelo ponto 3 sua velocidade sera´ mı´nima. 1 3 24 gA afirmativa esta´ CORRETA. Se na˜o ha´ atrito do trilho sobre o bloco, a ener- gia meca˜nica do bloco se conserva em to- dos os pontos do percurso, enquanto faz o loop. Portanto, o ponto onde o bloco possuimaior energia potencial sera´ onde possuira´ menor energia cine´tica. Esse ponto e´ o 3. Q2. Se somente uma forc¸a externa na˜o nula atua num sistema de part´ıculas, enta˜o necessariamente o centro de massa acelera. A afirmativa esta´ CORRETA. Pela definic¸a˜o de posic¸a˜o do centro de massa podemos chegar facilmente que a acelerac¸a˜o do centro de massa de um sistema composto de mi part´ıculas, cada uma com uma acelerac¸a˜o ~ai, e´ dada por ~aCM = ∑ imi~ai∑ imi = ∑ i ~FRES,i∑ imi = ∑ i ~FEXT,i∑ imi (21) onde o primeiro sinal de igualdade da Eq.(21) deve-se a` definic¸a˜o, o segundo a` 2a Lei de Newton e o terceiro sinal de igualdade a` 3a Lei de Newton. Isso quer dizer que a acelerac¸a˜o do centro de massa de um sistema de part´ıculas so´ existe se a soma das forc¸as externas ao sistema escolhido for diferente de zero. Se, como na afirmac¸a˜o, somente uma forc¸a externa atua no sistema e ela e´ na˜o nula, na˜o ha´ como a u´ltima soma da Eq.(21) ser nula e, portanto, a acelerac¸a˜o do centro de massa tambe´m na˜o pode ser nula Q3. Numa colisa˜o ela´stica frontal entre um objeto A (massa mA) e um objeto B (massa mB), inicial- mente em repouso, a maior velocidade de B apo´s a colisa˜o ocorre quando mB = mA. A afirmativa esta´ INCORRETA. As velocidades finais dos dois objetos podem ser encontradas de um sistema de duas equac¸o˜es, uma impondo a conservac¸a˜o da quandidade de movimento linear e a outra impondo a conservac¸a˜o de energia cine´tica dos corpos antes e depois da colisa˜o. A soluc¸a˜o (que pode ter sido memorizada) e´ VA,final = ( mA −mB mA +mB ) VA,inicial, (22) VB,final = ( 2mA mA +mB ) VA,inicial, (23) Da Eq,(23) podemos ver que se as massas sa˜o iguais, como a afirmativa propo˜e, a velocidade de B apo´s a colisa˜o sera´ igual a` que A tinha antes da mesma. Mas da Eq,(23) podemos deduzir que essa na˜o e´ a maior velocidade poss´ıvel de B. Se mA >> mB, a frac¸a˜o se aproxima de 2, que e´ maior que 1. Portanto a afirmativa esta´ incorreta. Q4. Se dois objetos, P e Q, possuem a mesma quantidade de movimento linear, ou o mesmo momento, a energia cine´tica de Q e´ maior que a de P se Q se desloca mais ra´pido que P. A afirmativa esta´ CORRETA. Se o momento linear dos dois e´ igual MPVP =MQVQ. (24) Supondo que Q se movimenta mais ra´pido que P , a Eq.(24) diz que a massa de Q e´ menor que a de P . A energia cine´tica de Q e´ 1 2 MQV 2 Q = 1 2 MQV 2 Q ( MP MP ) = 1 2 MP ( MQ MP )( MPVP MQ )2 = 1 2 MPV 2 P ( MP MQ ) , (25) onde primeiro multipliquei pelo nu´mero 1 = Mp Mp , depois substitu´ı o valor de VQ dado pela Eq.(24) e elevei ao quadrado e, finalmente, rearranjei os termos. Como a massa de Q e´ menor que a de P , sua energia cine´tica e´ maior, pois MP MQ > 1.