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AULA 1 – LINGUÍSTICA: O ESTUDO CIENTÍFICO DA LINGUAGEM
CURSO DE LETRAS – PROFESSORA MARCIA DIAS LIMA DA SILVA
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A LINGUAGEM HUMANA
Marilena Chauí, Convite à Filosofia:	
	Platão, em seu livro Fedro se referiu à linguagem como pharmakon: remédio, veneno e cosmético. 
	a) Linguagem como remédio. Fortalecimento do conhecimento.
	b) Linguagem como veneno. Capacidade de sedução das palavras que nos impede de questionar.
	c) Linguagem como cosmético. Possibilidade de esconder algo sob as palavras.
 
Aula 1
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 TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DA LINGUAGEM HUMANA
SIMBOLIZAÇÃO. A linguagem opera com elementos que representam a realidade (arbitrariedade do signo). 
b)	ARTICULAÇÃO. Quando se diz que a língua é articulada considera-se que as unidades linguísticas podem ser divididas em unidades menores. 
	Exemplo. ‘As gatas’ pode ser segmentada da seguinte forma: a- , artigo definido; -s desinência de plural; gat- radical que indica tratar-se de um felino de pequeno porte, -a, desinência de feminino e -s, desinência de plural. 
	Se /g/ for substituído por /p/ tem-se um outro radical que aparece na palavra pata.
Aula 1
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TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DA LINGUAGEM HUMANA
c) REGULARIDADE. As unidades linguísticas têm uma significação permanente capaz de repetir-se nas mesmas circunstâncias. Embora essas unidades variem no tempo, no espaço e no meio social, essa variação não ultrapassa certos limites.
 
d) INTENCIONALIDADE. Os atos de comunicação humanos têm um propósito claro e definido. 
e) PRODUTIVIDADE. A linguagem humana produz um número infinito de mensagens.
Aula 1
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AFINAL DE CONTAS, O QUE É LINGUÍSTICA?	
Os estudos sobre a linguagem humana sempre
 tiveram esse caráter científico? Não!
Linguística é a ciência que estuda a 
linguagem humana, oral ou escrita.
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ESTUDOS SOBRE LÍNGUA: OS GREGOS 
Platão e seu livro Crátilo (427-347 a.C., discípulo de Sócrates). Discussões sobre questões linguísticas: 
	a)Naturalistas (Platão): relação entre a forma da palavra e o referente (relação entre ‘essência’ e ‘aparência’). 
	Busca da etimologia das palavras para descobrir o seu verdadeiro significado. 
	“Etymo” (grego) - verdadeiro; verdadeiro significado.
	(A análise das partes da palavra levaria a descoberta do verdadeiro significado; da ideia original.)
	b)Convencionalistas: Aristóteles (384-322 a.C.) - a forma da palavra é resultado da convenção social.
Aula 1
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ESTUDOS SOBRE LÍNGUA: OS GREGOS
Estóicos. Não se preocupavam com a língua em si mesma: língua como expressão do pensamento e dos sentimentos. 
	São os primeiros a tratar as questões linguísticas de modo mais concreto; já diferenciavam a dicotomia significante x significado; trataram da fonética, gramática (especialmente o desenvolvimento da teoria e terminologia) e etimologia, entre outros temas.
Período Alexandrino. Criação da primeira grande biblioteca na colônia grega de Alexandria (séc. III a.C.). (Alexandria: centro de pesquisa literária e linguística.)
Aula 1
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ESTUDOS SOBRE LÍNGUA: OS GREGOS
Dionísio da Trácia (segunda metade do século III a.C.): primeira descrição da língua grega e primeira descrição gramatical publicada no mundo ocidental.
	“A gramática é o conhecimento prático do uso linguístico comum aos poetas e aos prosadores.” 
Como ele trabalhou? Colhia material nos textos para justificar sua descrição (atitude empírica: conhecimento prático). Objetivo principal: apreciação adequada da literatura grega clássica (não se preocupou com sintaxe). Por 13 séculos, foi a base para os estudos gramaticais em várias línguas.
 
Aula 1
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ESTUDOS SOBRE LÍNGUA: DIONÍSIO
 Divisão estóica do discurso: 
substantivo;
verbo;
conjunção;
artigo.
Dionísio acrescentou:
advérbio;
particípio;
pronome;
preposição.
Objetivo principal: apreciação adequada da literatura grega clássica (não se preocupou com sintaxe)
Aula 1
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O QUE TEMOS ANTES DO SURGIMENTO DA LINGUÍSTICA?
Pré-linguística. Não é considerada ciência: não há busca por explicações. 
	Estudo do certo e do errado; estudo da língua estrangeira; estudo filológico da linguagem.
Paralinguística. Não entra no domínio dos estudos linguísticos.
	Estudo lógico da linguagem; estudo biológico da linguagem.
Aula 1
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Desde a Antiguidade, os homens estudavam as línguas. No período conhecido como PRÉ-LINGUÍSTICA, segundo Camara Jr. (1986) houve os seguintes estudos:
1) Estudo do certo e do errado. Nesse tipo de estudo, não há uma visão científica da linguagem, já que a preocupação maior é estabelecer a diferença entre o que é considerado certo e o que é considerado errado. O modo de falar das classes superiores é considerado correto e há preocupação em se passar esse modo de falar de uma geração para outra.
ESTUDOS SOBRE A LINGUAGEM
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2) Estudo da língua estrangeira. Através do contato entre comunidades com línguas diferentes, tem-se um estudo com a comparação entre diferentes sistemas linguísticos.
 
3) Estudo filológico da linguagem. Busca compreender textos antigos, comparando-se textos do presente com textos do passado, através da literatura. Esse estudo ainda não é considerado ciência, pois não há busca por explicações.
*
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Após a Pré-Linguística, temos o período conhecido como PARALINGUÍSTICA e que é representado por estudos que não entraram no domínio da linguagem. Nesse período, aconteceu o:
 
4) Estudo lógico da linguagem. Estudo que mesclou filosofia e Linguística e que buscou descobrir a relação entre pensamento e linguagem. 
 
5) Estudo biológico da linguagem. Encara-se a linguagem como inerente ao ser humano e dependente de aspectos biológicos do corpo humano. Estudavam-se as características biológicas que permitem ao homem falar.
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COMO SURGEM OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS?
(Pré-linguística)
1786 – Sir William Jones, da East Indian Company, na Royal Asiatic Society de Calcutá: documento no qual ele estabelece o parentesco entre o Sânscrito (língua clássica da Índia) com Latim, Grego e algumas línguas germânicas.
Século XIX. Publicação da primeira gramática de Sânscrito em Inglês.
Aula 1
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COMO SURGEM OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS?
A GRAMÁTICA COMPARADA
	Século XIX – estudo do parentesco linguístico: método denominado comparativo.
 	Daí: Gramática Comparada ou Linguística Histórica – estudo das transformações pelas quais as línguas passavam (comparação de sucessivos estados de língua).
	Os primeiros comparativistas estavam interessados em confrontar o Sânscrito com outras línguas Indo-europeias, especialmente o Grego e o Latim.
Aula 1
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COMO SURGEM OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS?
A partir da descoberta do Sânscrito: 
interesse em identificar as famílias de línguas;
2) mostrar que a mudança linguística é um processo: 
regular: princípio de regularidade das mudanças; 
universal: todas as línguas evoluem; 
constante: qualquer língua está em evolução contínua.
Aula 1
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A lei de Grimm. Primeiramente publicada em 1818, é um estudo sobre as línguas germânicas antigas e modernas, com esquematização de suas estruturas gramaticais. 
Na edição de 1822, explicou as correspondências fonéticas, por exemplo, algumas línguas germânicas tinham f onde outras línguas tinham p; tinham p onde outras línguas tinham b.
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LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA
	Ferdinand de Saussure, Curso de Linguística Geral, 1916:
a Línguística ganha um objeto de estudo: a língua;
o estudo passa a ser sincrônico, ou seja, analisa-se um estado de língua (não mais se comparam sucessivos estados de língua);
Língua e fala;
Signo linguístico: significante e significado;
Sincronia e diacronia;
Sintagma e paradigma.
Aula 1
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O QUE É LINGUÍSTICA?
	A definição clássica afirma que “Linguística é a ciência que estuda a linguagem verbal humana, oral ou escrita.” Atualmente, já cuida também do não verbal. Por lidar com algo referenteao homem, a Linguística envolve aspectos tais como biologia, neurofisiologia, psicologia, sociologia entre outros. 
A língua é parte da fisiologia humana. Exemplos. Estudos sobre aquisição e perda da linguagem; partes do cérebro envolvidas na produção da linguagem.
Há relação entre pensamento e linguagem. Exemplo. LIBRAS como primeira língua.
A língua é um fenômeno social. Exemplos. Linguagem e poder; a relação entre língua e sociedade.
Entre outras aplicações.
Aula 1
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O QUE É LINGUÍSTICA?
Como a linguística procede?
Investigação dos princípios;
Observação das características que regulam as estruturas da língua.
Exemplo. Você conhece o João?
a) Eu o conheço desde criança. 
b) Eu conheço ele desde criança.
c) Eu conheço Ø desde criança. 
Aula 1
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COMO A LINGUÍSTICA TRATA ESSAS TRÊS FRASES?
Após coleta de dados, faz-se uma análise:
Você conhece o João?
Eu o conheço desde criança. 
(Uso do pronome oblíquo = falante culto)
b) Eu conheço ele desde criança.
(Uso do pronome ele como acusativo = forma marcada?)
c) Eu conheço Ø desde criança. 
(Uso da categoria vazia: forma não-marcada)
Aula 1
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LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA
Vamos lembrar os gregos e de Dionísio da Trácia.
A palavra latina Grammatica origina-se no grego:	
	Grammatikós - aquele que entende o uso das letras; 
	Grámmata = letras;
	Téchne grammatiké = arte de ler e escrever.
 Por que ‘arte’?
Aula 1
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LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA
Gramática Tradicional. É a teoria linguística ocidental iniciada pelos gregos, em Alexandria, no século III a.C. com o objetivo de preservar a pureza da língua grega (Dionísio da Trácia).
Gramática Normativa. É a gramática de uma língua codificada sob a forma de um livro e que estabelece as regras e normas do que é considerado a forma correta em relação à escrita e à fala. A Gramática Normativa também é chamada de Gramática Prescritiva, já que ela prescreve esse conjunto de normas.
Aula 1
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LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA
Gramática = doutrina.
(certo /errado) 
Linguística = ciência.
(Gradiente: aceitável / não-aceitável)
Gramática = como a língua 
deve ser.
Linguística = como a língua é.
Aula 1
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POR QUE A DIFERENÇA DE TRATAMENTO A UM MESMO FENÔMENO?
Gramática: tem caráter ideológico (Gramática Prescritiva).
Aponta ‘como deve ser’.
As formas apresentadas são dotadas de prestígio.
Trabalha com noções de certo e errado.
Segue o modelo proposto pela Gramática Tradicional.
Linguística: tem caráter científico (Gramática Descritiva).
Aponta ‘como é’.
Trabalha com a adequação ao ambiente.
Aula 1
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COMO A LINGUÍSTICA ANALISA UMA LÍNGUA?
A Linguística é empírica: análise os dados a partir de um corpus. 
Como ciência, as análises da Linguística não se baseiam em julgamentos de valor e sim na explicação dos fatos.
A Linguística elabora uma gramática que descreve os fatos da língua: não é uma questão de certo e errado e sim uma questão de uso.
Aula 1
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LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA
Redução do paradigma verbal no Português Brasileiro 
Gramática Normativa Falante culto
Eu amo Eu amo 
Tu amas Você 
Ele, ela ama Ele, ela ama 
 A gente 
Nós amamos Nós amamos 
Vós amais Vocês amam 
Eles, elas amam Eles, elas 
Aula 1
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LINGUÍSTICA: O ESTUDO CIENTÍFICO DA LINGUAGEM
1º) Ferdinand de Saussure, Curso de Linguística Geral, 1916;
2º) Gerativismo, Noam Chomsky;
3º) Sociolinguística, William Labov;
4º) Funcionalismo, T. Givón.
Até a próxima aula!
Aula 1
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A OBRA DE SAUSSURE
1916, Curso de Linguística Geral (CLG). 
Publicado por dois alunos, três anos após
 a morte de Saussure, a partir de anotações de aula.
Início da Linguística moderna.
Não se usa a palavra dicotomia no CLG, mas é assim que se chamam os quatro pares de conceitos, que fazem uma síntese.
Dichotomía (grego) = divisão em partes iguais.
	Em Saussure, ‘dicotomia’ refere-se a um par de conceitos que são definidos um em relação ao outro.
Aula 2
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O PONTO DE VISTA DETERMINA O OBJETO DE ESTUDO
Exemplo (pp. 15-16 do CLG).
Alguém pronuncia ‘nu’: quem ouve, pensa no significado. 
Análise sob o ponto de vista histórico. A palavra ‘nu’ corresponde ao latim nudum. 
Análise sob o ponto de vista fonético. Se analisarmos a palavra ‘nu’ como som ou como expressão, o ponto de vista histórico não é importante. 
Análise do ponto de vista semântico. Como expressão de uma ideia, como um significado.
Aula 2
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COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA
Ouvimos alguém falar. O que acontece?
a) Um conceito produz uma imagem acústica no cérebro: fenômeno psíquico.
b) O cérebro transmite aos órgãos da fonação um impulso correlativo da imagem: processo fisiológico
c) As ondas sonoras se propagam: fenômeno físico.
Linguagem humana = língua (langue)+
 fala (parole) 
Aula 2
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COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA
A língua é psíquica (existe na mente dos indivíduos): é um sistema armazenado pelos indivíduos. 
A fala é psicofísica (há na fala o componente físico quando pensamos nas ondas sonoras e o componente psíquico quando se pensa no processamento do que foi ouvido): esse sistema é utilizado pelos indivíduos de formas diferentes.
Aula 2
Língua: sistema
(igual em todos)
Fala: uso do sistema
(diferente em todos)
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COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA
(CLG, p. 27) “O estudo da linguagem comporta, portanto duas partes: uma, essencial, tem por objeto a língua, que é social em sua essência e independente do indivíduo; esse estudo é unicamente psíquico; outra, secundária, tem por objeto a parte individual da linguagem, vale dizer a fala, inclusive a fonação e é psicofísica.”
	
	Língua = essência; independente do indivíduo.
	Fala = individual.
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COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA
(CLG, p.25) “O signo escapa sempre, em certa medida, à vontade individual [...] estando nisso o seu caráter essencial [...]”.
	A língua é composta por signos.
	Por que a língua é ‘essência’? Sem ela, não há comunicação.
	
	Como vamos nos comunicar sem um sistema linguístico?
	
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O PONTO DE VISTA DETERMINA O OBJETO DE ESTUDO: 
Linguagem humana = língua + fala
A língua como objeto de estudo da linguística.
A linguagem tem um lado social e um lado individual.
 Língua Fala
 
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A língua é o lado social da língua.
A língua é a essência: sem uma língua não podemos nos comunicar.
A língua é o ideal: é o sistema armazenado na mente dos indivíduos.
	
	Esse sistema é usado da mesma forma por todos? Não. 
A fala é heterogênea. Ela apresenta o uso ‘real’ do sistema.
COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA
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A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA
A linguística como ciência só pode estudar aquilo que é recorrente, constante e sistemático. 
	O que é um sistema? É um conjunto em que um elemento se define pelos demais.
	A língua é formada por quais elementos? A língua é formada por um conjunto de signos linguísticos em que um se define pelos demais.
	Mas, o que significa “um se define pelos demais”?
*
*
O que significa ‘um se define pelos demais”?
Em nosso cérebro, temos ‘signos’ armazenados.
Buscamos esses signos quando queremos nos comunicar.
Como fazemos para dizer frases simples como:
Esse carro é azul.
Aquele carro é azul
A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA 
*
*A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA
Exemplos.
Esse, essa, aquele, aquela, meu, seu, a, o, as, os, um uma etc.
Carro, camisa, livro, vassoura, caneta, casa etc.
É, foi, está, comprei, usei etc.
Azul, verde, novo, velho, quebrada etc.
etc.
Outros exemplos.
A casa é minha. Aquela casa é sua.
Entre outras possibilidades.
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A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA 
	Ao definir a língua como um conjunto de signos, Saussure define o novo objeto dos estudos para a Linguística. 
	(CLG, p; 17) A língua é a parte essencial da linguagem. Por que ‘essencial’?
a) Um indivíduo pode ser privado da fala e conservar a língua.
Por quê? A língua é o sistema que permite que compreendamos o que falam conosco.
Aula 2
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A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA
b) Pessoas que falam a mesma língua conseguem se comunicar porque, apesar das diferentes falas, há o uso da mesma língua. 
	Exemplo. A gente vai ao cinema. / Nós vamos ao cinema.
	“O sistema da língua apresenta regras (fonológicas, morfológicas, sintáticas e semânticas) que determinam o emprego das formas e relações sintáticas, necessárias para a produção de significados.”
	(Lopez, Edward. Fundamentos da Linguística Contemporânea. São Paulo: Cultrix, 2004, p. 76-77)
*
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POR QUE A LÍNGUA É SOCIAL?
	A língua é um produto social da faculdade da linguagem e só existe na massa.
(CLG, p. 22) “Ela é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade.”
(CLG, p. 27) “A língua existe na coletividade sob a forma duma soma de sinais depositados em cada cérebro, mais ou menos como dicionários cujos exemplares, todos idênticos, fossem repartidos entre os indivíduos.”
*
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POR QUE A LÍNGUA É SOCIAL?
	A língua é um produto social da faculdade da linguagem e só existe na massa.
(CLG, p. 22) “Ela é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade.”
(CLG, p. 27) “A língua existe na coletividade sob a forma duma soma de sinais depositados em cada cérebro, mais ou menos como dicionários cujos exemplares, todos idênticos, fossem repartidos entre os indivíduos.”
*
*
O QUE FAZEMOS QUANDO SEPARAMOS LÍNGUA E FALA?
	(CLG, p. 22) “Com o separar a língua da fala, separa-se ao mesmo tempo: 1º, o que é social do que é individual; 2º, o que é essencial do que é acessório.”
Os fatos da língua dizem respeito à estrutura do sistema linguístico.
Os fatos da fala dizem respeito ao uso desse sistema pelos indivíduos. 
Aula 2
*
*
COMO SAUSSURE CARACTERIZA A FALA?
	“A fala é, ao contrário, um ato individual de vontade e de inteligência [...]” (CLG, 22). 
	Individual= heterogênea; assistemática (liberdade de combinações).
	Possui caráter privado: pertence ao indivíduo que a utiliza. 
	Pessoas que falam a mesma língua conseguem se comunicar porque, apesar das diferentes falas, há o uso da mesma língua. 
*
*
QUAL A RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA E FALA?
	Língua e fala são interdependentes: 
A língua é instrumento da fala (sem o sistema da língua, o indivíduo não pode se comunicar).
A língua é produto da fala (através das mudanças ocorridas na fala dos indivíduos a língua se modifica, ou seja, a língua evolui). 
A fala é necessária para que a língua se estabeleça.
Aula 2
*
*
FORMA E SUBSTÂNCIA
	“A língua é uma Forma e não uma Substância”. 
	(CLG, p. 141)
	Por que a língua é forma? ‘Forma’ para Saussure significa ‘essência’ (= sistema e estrutura que organizam nossa comunicação). 
	
	Exemplo. Nós saiu cedo. 
	Alteração na substância (= aparência), mas não na forma (essência)
	
Aula 2
*
*
FORMA E SUBSTÂNCIA
(Castelar:2000)
LÍNGUA (Forma)
Essência
Psíquica
Estrutura
Constante
FALA (Substância)
Aparência
Psicofísica
Conjuntura
Circunstancial
*
*
EUGENIO COSERIU E A CRÍTICA À DICOTOMIA LÍNGUA/FALA
	As variantes linguísticas fazem parte do sistema da língua e, por isso, ele substitui ‘língua’ por ‘sistema’. Entre o sistema, abstrato, e a fala, uso concreto, haveria a norma, um nível intermediário, um conjunto de realizações consagradas pelo uso. 
	
	Sistema Norma Fala
 (uso)
*
*
LÍNGUA E FALA (Castelar:2000)
LÍNGUA
Social
Homogênea
Sistemática
Concreta
Conservadora
Ideal
Supra-individual
Potencialidade
FALA
Individual
Heterogênea
Assistemática
Abstrata
Inovadora
Real
Individual
Realidade 
*
*
VAMOS PRATICAR?
Questão I. Leia as afirmativas a seguir e marque a resposta correta.
A fala é um ato social de vontade e inteligência. 
A língua é um sistema homogêneo. 
Nenhum indivíduo tem a capacidade de criar a língua ou de modificá-la conscientemente.
Qual das alternativas a seguir está correta?
I e II. c) I e III. e) Somente III.
II e III. d) Somente II.
*
*
VAMOS PRATICAR?
	Complete os espaços com as palavras língua e fala.
A ________ é necessária para que a ______ seja inteligível.
A _______ é necessária para que a _______ se estabeleça.
A _______ é o instrumento e o produto da _______.
d) A ________ é o que faz evoluir a ____________. 
Até a próxima aula!
*
*
A LÍNGUA E OS SIGNOS LINGUÍSTICOS
A língua é um sistema.
Um sistema é um conjunto em que um elemento se define pelos demais.
Se a língua é um sistema, quais são os elementos que formam a língua? Os signos linguísticos. 
	Antes de Saussure: a língua era uma nomenclatura; uma lista de termos.
	Com Saussure e depois dele: na língua, os elementos que compõem os signos linguísticos são psíquicos, unidos em nosso cérebro por associação.
Aula 3
*
*
SIGNO LINGUÍSTICO: SIGNIFICANTE + SIGNIFICADO
 “O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica.” (CLG, p. 80)
					Não é o som: é a impressão
					psíquica do som.
Quando pensamos, os signos se formam
em nosso cérebro, mas não há o som do
ponto de vista físico.
*
*
SIGNO LINGUÍSTICO: SIGNIFICANTE + SIGNIFICADO
Significado
________________
Significante
Conceito
________________
Imagem acústica
Significante e significado não podem ser separados.
*
*
SIGNIFICANTE (IMAGEM ACÚSTICA) + SIGNIFICADO (CONCEITO)
	O significante ou imagem acústica é uma imagem sensorial: é a parte perceptível do signo.
	O significado ou conceito é a parte intelígivel.
	(Carvalho, 2000:28)
	
	O significado ou conceito “[...] é a representação mental de um objeto ou da realidade social em que nos situamos, representação essa condicionada, plasmada pela formação sociocultural que nos cerca desde o berço”(Carvalho: 2000,27)
*
*
SIGNIFICANTE (IMAGEM ACÚSTICA) + SIGNIFICADO (CONCEITO)
	
	Exemplo. Vamos lá em casa?
 
*
*
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE
	Por que o signo linguístico é arbitrário? Porque não há relação entre significante significado. Poderíamos chamar ‘casa’ de ‘flor’ se assim tivesse sido estabelecido.
	Por que Saussure não usou a palavra ‘símbolo’? Porque o símbolo não é arbitrário: é um objeto que representa uma ideia abstrata. A substituição do símbolo prejudicaria o significado.
	Exemplos.
*
*
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE
	O princípio da arbitrariedade parte da ideia de que não há uma razão natural para se unir determinado conceito a determinada sequência fônica, por isso, qualquer sequência fônica poderia se associar a qualquer conceito e vice-versa, desde que fosse consagrado pela comunidade linguística.*
*
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE
	Arbitrário = imotivado
	 “A palavra arbitrário requer também uma observação. Não deve dar a ideia de que o significado dependa da livre escolha do que fala [...] queremos dizer que o significante é imotivado, isto é, arbitrário em relação ao significado, com o qual não tem nenhum laço natural na realidade.” (CLG, p.83)
*
*
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE
	Vimos na aula 2:
	
	“O signo escapa sempre, em certa medida, à vontade individual [...] estando nisso o seu caráter essencial [...]”. (CLG, p.25) 
	
	O signo linguístico é uma convenção social: ainda que o signo linguístico seja arbitrário e não haja relação entre significante e significado, não podemos utilizá-los da forma que desejarmos. 
	Vamos refletir. Marcelo, martelo, marmelo, Ruth Rocha.	
*
*
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE
Arbitrário = imotivado
	
	Em nossa aula 2, vimos: 
	 “Ela [a língua] é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade.” (CLG, p. 22) 
*
*
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE
Tira do Calvin em Português Europeu
*
*
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE
Tira do Calvin em Português Brasileiro
*
*
O ARBITRÁRIO ABSOLUTO E O ARBITRÁRIO RELATIVO
	Mesmo considerando que o signo linguístico é arbitrário, Saussure considerou a existência do arbitrário absoluto e do arbitrário relativo: 
	“Apenas uma parte dos signos é absolutamente arbitrária; em outras, intervém um fenômeno que permite reconhecer graus no arbitrário sem suprimi-lo: o signo pode ser relativamente motivado [...].” (CLG, p. 152: grifo no original).
	Exemplos. Livro/livraria/livreiro.
	
*
*
DISCORDÂNCIAS QUANTO À ARBITRARIEDADE DO SIGNO LINGUÍSTICO
a) Onomatopeias. As onomatopeias são elementos da 	língua formados a partir de sons evocados. 
	Há vínculo entre significante e significado? 
	São exemplos de palavras motivadas? 
	
	‘Tique-taque’ é uma onomatopeia perfeita, mas esse tipo de onomatopeia é raro.
	Saussure. As onomatopeias variam de língua para língua porque não são imitações fiéis de ruídos e sons naturais: quando aparecem em uma língua, sofrem evolução fônica.
	
*
*
DISCORDÂNCIA QUANTO À ARBITRARIEDADE DO SIGNO LINGUÍSTICO
b) Exclamações. Chamadas de interjeições, também foram rejeitadas por Saussure. Segundo ele, embora se tente enxergar nelas expressões espontâneas, temos diferenças de uma língua para outras. 
	Se as exclamações não fossem signos arbitrários, deveriam ser iguais em todas as línguas: os sentimentos dos homens são iguais, independentemente da língua.
	Exemplos. 
	Ai! (Português) Ouch! (Inglês)
	(Adaptamos fonética e fonologicamente para nossa língua).
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OUTRA CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: LINEARIDADE
O significante possui uma natureza auditiva e representa uma extensão que somente pode ser medida em uma linha. 
A linearidade é dos significantes já que o significado é a representação mental ou conceito, a parte abstrata da palavra.
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OUTRA CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: LINEARIDADE
Não podemos emitir dois fonemas simultaneamente.
Não podemos superpor os sons: produz-se um som após o outro; uma palavra depois da outra; uma frase depois da outra.
Uma curiosidade. A Baposa e o Rode (Millôr Fernandes). 
Moral. Jamie confais em quá estade em dificuldém. 
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COMO SE PROCESSA A MUDANÇA LINGUÍSTICA?
	IMUTABILIDADE DO SIGNO. O indivíduo tem sua criatividade ‘freada’ pelo fato do signo linguístico ser imposto: ao usar a língua, o indivíduo quer comunicar suas ideias e, por isso, precisa utilizar o sistema da língua da mesma forma que os indivíduos que o cercam.
	“Se, com relação à ideia que representa, o significante aparece como escolhido livremente, em compensação, com relação à comunidade linguística que o emprega, não é livre: é imposto.” (CLG, p.85)
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COMO SE PROCESSA A MUDANÇA LINGUÍSTICA?
MUTABILIDADE. Saussure afirmou que o tempo tanto assegura a continuidade da língua quanto atua na alteração dos signos linguísticos. Por mais que isso pareça contraditório, há uma verdade por trás dessa afirmação: “[...] a língua se transforma sem que os indivíduos possam transformá-la.” (p. 89)
	“O tempo, que assegura a continuidade da língua, tem um outro efeito, em aparência contraditório com o primeiro: o de alterar mais ou menos rapidamente os signos linguísticos e, em certo sentido, pode-se falar, ao mesmo tempo de mutabilidade e de imutabilidade do signo.” (CLG, p. 89)
*
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COMO SE PROCESSA A MUDANÇA LINGUÍSTICA?
	MUTABILIDADE DO SIGNO. Para que haja mudanças no sistema, é preciso que toda a coletividade concorde. 
 	
		 Tempo _ _ _ _ _ _ _ _ _ 
	
Língua
Massa 
Falante
Até a próxima aula!
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COMO FUNCIONAM AS RELAÇÕES ENTRE OS TERMOS DA LÍNGUA?
	
	Syntagma (grego) – coisa posta em ordem. 
	As relações sintagmáticas referem-se às relações de combinação entre os signos.
	Paradéigma (grego) – modelo; exemplo.
	As relações paradigmáticas referem-se às relações associativas entre os signos.
	
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O EIXO SINTAGMÁTICO
	Como Saussure traz a linearidade para relacionar os termos da língua?	 
						 Sintagma
	“A relação sintagmática existe in praesentia; repousa em dois ou mais termos igualmente presentes numa série efetiva. Ao contrário, a relação associativa une termos in absentia numa série mnemônica virtual.” (CLG, p. 143) 		
					 Paradigma
	. 
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O EIXO SINTAGMÁTICO
	Segundo Saussure, a língua é formada por elementos que se sucedem um após outro linearmente, isto “na cadeia da fala”. A relação entre esses elementos Saussure (p. 142) chama de sintagma: O sintagma se compõe sempre de duas ou mais unidades consecutivas 	
	
	O eixo sintagmático se baseia no caráter linear do signo linguístico, “que exclui a possibilidade de [se] pronunciar dois elementos ao mesmo tempo” (CLG, 142). 
	
*
*
O EIXO SINTAGMÁTICO
	
	Carvalho (2000:87) afirma que um termo passa a ter valor em virtude do contraste que estabelece com aquele que o precede ou lhe sucede, “ou a ambos visto que um termo não pode aparecer ao mesmo tempo que outro, devido ao seu caráter linear.” 
	
	Só para lembrar: A Baposa e o Rode, Millôr Fernandes. 
	Moral. Jamie confais em quá estade em dificuldém. 
	
*
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O EIXO SINTAGMÁTICO
Refletindo sobre in praesentia
	
	“[...] quase todas as unidades da língua dependem seja do que as rodeia na cadeia falada, seja das partes sucessivas de que elas próprias de compõem.” (CLG, p. 148)
	Exemplos. 
	Desejoso = desej + oso (caloroso, duvidoso etc.)
	Desfazer = des + fazer (descolar, deslocar etc.)
	Ele comprou a casa azul do condomínio. 
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TIPOS DE SINTAGMAS
1 — Sintagma Fônico. Estabelece-se a partir da relação entre fonemas. 
 a)	Fonêmico. Ocorre com grupos vocálicos (ditongos, tritongos), grupos consonantais e sílabas. 
 b) Prosódico. Um grupo acentual tônico ou átono, pode diferenciar dois signos.
Exemplos. 
a) Pública (adjetivo) e publica (verbo).
b) Quando falamos, diferenciamos uma exclamação, uma afirmação ou uma interrogação pelo tom de voz ou entonação.
 
*
*
TIPOS DE SINTAGMAS
2 - Sintagma Mórfico. Relação entre morfemas. 
a) Quando um sintagma mórfico é lexical, temos a própria palavra, que tanto pode ser primitiva (laranja) quanto derivada (laranjeiras).
b) Quando o sintagma mórfico é locucional está no nível intermediário entre o sintagma lexical e o sintático, conforme os exemplos assim que, tábua de passar, havia dito etc.
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TIPOS DE SINTAGMAS
3- Sintagma sintático. Estabelecidos a partir da relaçãoentre sintagmas dentro da oração. 
Suboracional. Estabelece-se a partir das relações de subordinação entre os diferentes sintag­mas dentro da oração.
Exemplos.
Relação entre verbo e complemento.
As crianças comeram maçã. 
 SV SN
 banana. 
 torta.
 etc. 
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Exemplos.
Relação entre verbo e complemento.
A casa necessita de reforma.
 SV SP
 de espaço
 etc. 
 Relação entre o nome e seu complemento.
 Ana rasgou o vestido de noiva.
 SN SP
 a capa do livro
 a folha do caderno
 etc. 
TIPOS DE SINTAGMAS
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TIPOS DE SINTAGMAS
3- Sintagma sintático. Estabelecidos a partir da relação entre sintagmas dentro da oração. 
b) Oracional. É o período simples, formado por SN + SV.
Exemplo. Juliana abriu a porta.
 SN SV
 abriu o livro.
 comprou a porta.
 vendeu o livro. 
 etc.
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c) Supra-oracional. Estabelece-se a partir da subordinação entre duas orações.
Exemplo. [João conseguiu o emprego] [que queria].
 Oração Principal Or. Sub. Adjetiva Restritiva
[Ele necessita] [que o trabalho seja entregue.]
Oração Principal Or. Sub. Subs.Objetiva Indireta
TIPOS DE SINTAGMAS
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RELAÇÕES PARADIGMÁTICAS
	
	
	A relação associativa ocorre fora do plano sintagmático, na mente dos indivíduos onde ele ‘opõe’ os elementos:
	
	
	“O paradigma não é qualquer associação de signos pelo som e pelos sentidos, mas uma série de elementos linguísticos suscetíveis de figurar no mesmo ponto do enunciado se o sentido for outro.” 
	(PIETROFORTE, Antonio V. A íngua como objeto de estudo da Linguística, In. FIORIN, José Luiz, (org.). Introdução à Linguística. São Paulo: Contexto,2001, p.89)
			
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RELAÇÕES PARADIGMÁTICAS
	
	Por que a relação paradigmática ocorre in absentia?
	Quando selecionamos um elemento e o utilizamos para compor o sintagma, os demais elementos ficam ausentes desse sintagma.
	
	Exemplo. Ele comprou a casa azul do condomínio.
	Ele x elas, ela, nós , eu, tu, você, vocês, Maria, João Paulo etc.
	Comprou x comprava, compraria etc.
	Comprar x vender, alugar, arrendar etc.
	A x as, o, os, um , uma, minha, sua etc.
	Casa x apartamento, mansão, cabana etc.
		
	
	
	
	
	
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*
 
 NÍVEL FONOLÓGICO
Sintagma
 p a t a 
 m a t a
 l a t a Paradigma
 p o t e 
As relações sintagmáticas e paradigmáticas ocorrem em diversos níveis
*
*
 Sintagma 
 NÍVEL MORFOLÓGICO
 com e ria
 com e Paradigma
detest a va m
 
 NÍVEL ORACIONAL Sintagma
 Ana comeria bolo.
 Paradigma João come bala.
 Elas detestavam maçã.
As relações sintagmáticas e paradigmáticas ocorrem em diversos níveis
*
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RELAÇÕES PARADIGMÁTICAS
	Relações sintagmáticas = operação contrastiva.
	Relação paradigmática = operação distintiva.
	O paradigma é uma reserva de termos virtuais que representam as possibilidades, no nível das seleções. 
	Assim, o paradigma representa a potencialidade: todos os signos que o indivíduo conhece ficam armazenados para que ele faça a seleção e organize os sintagmas. 
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RELAÇÕES PARADIGMÁTICAS: RELAÇÕES ASSOCIATIVAS
	Cada elemento linguístico evoca no falante ou no ou­vinte a imagem de outros elementos: a relação dá-se in absentia, ou seja, associam-se na memória as unidades que têm algo de comum entre si (pelo sentido, pelo som).
 Exemplos. 
 a) Palavras agrupadas pelo radical. Ensino, ensinar, 	ensinemos há o radical como elemento comum.
 b) Palavras agrupadas por sufixos. Casamento, 	armamento, julgamento;
 c) Palavras agrupadas por analogia de significados. 	Ensino, instrução, aprendizagem, educação. (CLG, p. 	145) 
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O SINTAGMA PERTENCE À LÍNGUA
A frase é o protótipo do sintagma (=organização), mas apesar de a frase pertencer ao âmbito da fala, o sintagma deve ser estudado na língua, já que a liberdade que os sintagmas possuem é ‘aparente’. 
“Poder-se-ia fazer aqui uma objeção. A frase é o tipo por excelência de sintagma. Mas ela pertence à fala e não à língua [...]; não se segue que o sintagma pertence à fala? Não pensamos assim. É próprio da fala a liberdade das combinações; cumpre, pois perguntar, se todos os sintagmas são igualmente livres.” (CLG, p. 144)
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O SINTAGMA PERTENCE À LÍNGUA
	Por que estudar os sintagmas na língua?
Existem sintagmas que “são frases feitas”, já cris­talizadas, verdadeiros chichês, “nas quais o uso proibe qualquer modificação” (CLG, 144). Não permitem a liberdade combinatória da fala. 
Exemplos. “ora essa!”, “ora bolas!”, “não diga!”, “pois é!”, “veja só!”, “e agora?”, “dar com os burros n’água”, “é isso ai” etc.
*
*
O SINTAGMA PERTENCE À LÍNGUA
2. Analogia e Neologismos. Os sintagmas na fala são construídos a partir de formas regulares e que pertencem. por essa razão, à língua, pois, como adverte Saussure (p. 145), “cumpre atribuir à língua e não à fala todos os tipos de sintagmas construídos sobre formas regulares”. 
Exemplo. Imexível aparece na fala e passa ao sistema (= língua) porque há modelos ou paradigmas já existentes no sistema, como ilegível imperdível, irreversível, etc. 
RESUMINDO. A potencialidade da língua, o paradigma, possibilita sua criação através do que Saussure chama de analogia: acionamos as palavras semelhantes que estão armazenadas em nosso paradigma. 
*
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CASTELAR (2000:95)
Relações Sintagmáticas
Opera na frase	
Realidade
Oposição contrastiva
In praesentia
Valor por contraste entre termos presentes
Baseadas na linearidade do significante
Combinação
Relações Paradigmáticas
Opera no sistema
Potencialidade
Oposição distintiva
In absentia
Valor por oposição a termos ausentes
Situam-se na memória do falante
Seleção 
*
*
VAMOS PRATICAR?
	Em relação ao sintagma, podemos afirmar que ele:
é oposição distintiva.
é potencialidade.
diz respeito à seleção dos elementos.
situa-se na memória do falante.
relaciona-se à linearidade do significante 
*
*
Em relação ao paradigma, podemos afirmar que ele:
diz respeito à combinação dos elementos. (paradigma= seleção)
é oposição contrastiva. (paradigma=distinção)
relaciona-se à linearidade do significante.
situa-se na memória do falante.
opera 'in praesentia'. (paradigma= in absentia)
VAMOS PRATICAR?
*
*
Leia as afirmativas a seguir a respeito do eixo sintagmático.
 I. O sintagma representa as possibilidades de uso da língua.
II. Por operar com base na linearidade do signo linguístico, o sintagma opera ‘in praesentia’.
III. A relação associativa ocorre no plano paradigmático.
As alternativas I e III estão corretas.
Somente a alternativa I está correta.
As alternativas II e III estão corretas.
Todas as alternativas estão corretas.
Somente a alternativa II está correta.
VAMOS PRATICAR?
*
*
Leia as afirmativas a seguir a respeito do eixo associativo ou paradigmático:
I. As relações associativas situam-se na memória do falante.
II. O paradigmaopera por oposições distintivas.
III. As relações entre os elementos no paradigma operam 'in absentia'.
As alternativas I e III estão corretas.
Somente a alternativa I está correta.
As alternativas I e II estão corretas.
Todas as alternativas estão corretas.
Somente a alternativa II está correta.
VAMOS PRATICAR?
*
*
Em relação ao eixo sintagmático e ao eixo associativo é INCORRETO afirmar:
As relações sintagmáticas se baseiam na linearidade do signo linguístico.
As relações associativas acontecem na mente dos indivíduos.
As relações paradigmáticas estabelecem-se em função da presença dos termos no discurso.
As relações associativas ocorrem in absentia e representam as possibilidades de escolha.
As relações sintagmáticas representam a realização concreta e ocorrem in praesentia.
Até a próxima aula!
VAMOS PRATICAR?
*
*
SINCRONIA E DIACRONIA
	Assim, Saussure considera que se devam distinguir os fenômenos de duas maneiras:
Sincronia: syn (simultaneidade) + chrónos (tempo).
	Os fatos da língua são estudados nas relações que contraem, uns em relação aos outros. 
Diacronia: dia (movimento através de) + chrónos (tempo).
	Os fatos da língua são estudados considerando a interferência do fator tempo e o estudo da mudança linguística. 
*
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SINCRONIA E DIACRONIA
 C
	 
 A B (Sincronia: um estado de 
 língua)
 D
 (Diacronia: uma fase de evolução)
	Por que as linhas se cruzam? Em um estado de língua, temos formas atuais e formas que vão caindo em desuso. 
*
*
SINCRONIA E DIACRONIA
Só para lembrar: mutabilidade e imutabilidade do signo linguístico:
O signo linguístico é imposto e a criatividade do indivíduo é ‘freada’.
	No entanto: “[...] a língua se transforma sem que os indivíduos possam transformá-la.” (p. 89)
	“O tempo, que assegura a continuidade da língua, tem um outro efeito, em aparência contraditório com o primeiro: o de alterar mais ou menos rapidamente os signos linguísticos e, em certo sentido, pode-se falar, ao mesmo tempo de mutabilidade e de imutabilidade do signo.” (CLG, p. 89)
*
*
COMO SE PROCESSA A MUDANÇA LINGUÍSTICA?
	MUTABILIDADE DO SIGNO. Para que haja mudanças no sistema, é preciso que toda a coletividade concorde. 
 	
		 Tempo _ _ _ _ _ _ _ _ _ 
	
Língua
Massa 
Falante
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*
SINCRONIA E DIACRONIA
A Linguística sincrônica se ocupará das relações lógicas e psicológicas que unem os termos coexistentes e que formam sistema, tais como são percebidos pela consciência coletiva. 
A Linguística diacrônica estudará, ao contrário, as relações que unem termos sucessivos não percebidos por uma mesma consciência coletiva e que se substituem uns aos outros sem formar sistema entre si.
*
*
COMO SAUSSURE LIDOU COM O FATOR TEMPO? 
	
	Saussure priorizou os estudos sincrônicos, diferenciando-se dos estudos diacrônicos da Escola Comparativista – diacrônico é, desse modo, tudo que diz respeito às evoluções.
	Para Saussure, a prioridade deve ser para a pesquisa descritiva, ou seja, estudar a língua sincronicamente. 
*
*
SINCRONIA
	A sincronia opera a partir de uma única perspectiva: a dos falantes, consistindo o seu método em “observar-lhes o testemunho” (CLG, 106). O objeto da sincronia é observar e descrever o funcionamento do sistema linguístico “num lapso de tempo suficientemente curto para, na prática, se poder considerar um ponto no eixo do tempo”. (Martinet, apud Carvalho: 2000, 74)
*
*
SINCRONIA
	A sincronia opera a partir de uma única perspectiva: a dos falantes, consistindo o seu método em “observar-lhes o testemunho” (CLG, 106). O objeto da sincronia é observar e descrever o funcionamento do sistema linguístico “num lapso de tempo suficientemente curto para, na prática, se poder considerar um ponto no eixo do tempo”.
*
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DIACRONIA
	As técnicas da Linguística diacrônica distinguem duas perspectivas, segundo o caráter dos dados com que opera (CLG, 106): 
Método prospectivo - estuda e compara dois ou mais estados da mesma língua, cada um antepassado ou descendente do outro. Método usado principalmente em linguística histórica.
Método retrospectivo (mais conhecido como comparativo) - estuda estados de língua que tenham parentesco entre si tentando-se chegar (até onde seja possível) ao estado do último antepassado comum a todos os estados conhecidos. 
*
*
DIACRONIA
Apesar de haver afirmado que a diacronia leva a tudo, contanto que se saia dela (numa critica mordaz aos neogramáticos), Saussure (p. 106) reconhece o seu valor, mas apenas como um meio, não um fim: ‘‘A diacronia não tem um fim em si mesma”. E explicita o mestre (p. 115):
	“Mas todas as inovações (...) coletivida­de as acolhe.”
*
*
DIACRONIA
Apesar de haver afirmado que a diacronia leva a tudo, contanto que se saia dela (numa critica mordaz aos neogramáticos), Saussure (p. 106) reconhece o seu valor, mas apenas como um meio, não um fim: ‘‘A diacronia não tem um fim em si mesma”. E explicita o mestre (p. 115):
	“Mas todas as inovações (...) coletivida­de as acolhe.”
A Linguística diacrônica estudará, ao contrário, as relações que unem termos sucessivos não percebidos por uma mesma consciência coletiva e que se substituem uns aos outros sem formar sistema entre si.
*
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VAMOS PRATICAR?
Como podemos caracterizar sincronia e diacronia?
SINCRONIA (1)
DIACRONIA (2)
a) ( ) Estática. 
b) ( ) Leva em conta o tempo.
c) ( ) Trata de fatos simultâneos.
d) ( ) Interessa-se pelo sistema.
e) ( ) Gramática histórica/ estudo externo da língua.
f) ( ) Comeder > comeer > comer.
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Por que optar pelo método sincrônico? 
	1. O falante nativo não tem consciência da sucessão dos fatos da língua no tempo: ele pode utilizar a língua sem saber nada de sua história. O indivíduo que usa a língua como veículo de comunicação e interação social não percebe essa sucessão de fatos.
	O falante só percebe a língua que ele utiliza, ou seja, o estado sincrônico de língua porque a língua possui uma lógica interna.
	Exemplo. A palavra ‘romaria’.
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POR QUE OPTAR PELO MÉTODO SINCRÔNICO? 
	2. Língua como sistema de valores: o linguista só pode realizar a abordagem desse sistema, estudando, analisando e avaliando suas relações internas (sintagmáticas e paradigmáticas), isto é, estudando sua estrutura, sincronicamente.
	Como a língua é um sistema de valores, seu estudo deveria partir da estrutura como se apresenta num estado momentâneo, a qual é a única perceptível pelos falantes, visto que os mesmos não percebem a sucessão de fatos linguísticos no tempo, que constituem a diacronia. 
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FERDINAND DE SAUSSURE: A NOÇÃO DE VALOR
Para Saussure, a língua é uma rede de pares opositivos: “na língua só existem diferenças”.
O valor dos elementos da língua é um valor semântico, traz significado.
Exemplos.
Lá e lã (se é vogal oral, não é vogal nasal);
Carro x carros (se é singular, não é plural);
Cata x gata (se é o fonema surdo, não é o sonoro)
Carro x camisa (um substantivo ou outro).
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O JOGO DE XADREZ E A SINCRONIA
Cada posição de jogo corresponde a um estado de língua. 
O valor de cada peça depende da posição que ela ocupa no tabuleiro. Igualmente na língua, cada elemento tem seu valor determinado pela oposição e pelo contraste com os outros elementos. E esse valor é momentâneo, pois ele pode variar de um estado ao outro da língua.
Assim como no jogo de xadrez o deslocamento de uma peça não ocasiona mudança geral no sistema, as mudanças na língua aplicam-se a certos elementos, embora não se saiba quais efeitos serão causados sobre o restante do sistema. No entanto, o próprio Saussure enxerga uma falha na comparação.
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O JOGO DE XADREZ E A SINCRONIAFalha na comparação: o jogador tem o poder de deslocar peças conscientemente e, dessa forma, agir intencionalmente sobre o sistema (Jogo de xadrez), o falante nada premedita, não lhe é dado logicar, pois na língua ‘‘é espontânea e fortuitamente que suas peças se deslocam, ou melhor, se modificam” (CLG, 105). 
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VAMOS PRATICAR? 
Leia as afirmativas a seguir sobre sincronia:
I. Estuda a língua a partir do ponto de vista do falante. 
II. Estuda um estado de língua. 
III. Estuda os fatos da língua levando em conta o fator tempo. (Isso é diacronia)
Somente I está correta. b) I e II estão corretas.
c) II e III estão corretas. d) I e III estão corretas.
e) Todas estão corretas.
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SINCRONIA E ARBITRARIEDADE DO SIGNO
	Porque a relação entre o significante e o significado é arbitrária pode ser afetada pelo tempo. Se essa relação fosse natural e lógica, o signo linguístico teria condições de resistir à ação transformadora do tempo, mantendo-se imutáveis os seus dois constituintes. 
“Uma língua é radicalmente incapaz de se defender dos fatores que se deslocam, de minuto a minuto, a relação entre o significante e o significado. (CLG, p.90)
Portanto, é exatamente por ser uma entidade eminentemente histórica que a língua exige, prioritariamente, uma análise a-histórica, isto é, sincrônica. 
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O ESTRUTURALISMO LINGUÍSTICO
Ainda que Saussure não tenha usado a palavra ‘estruturalismo’, deixou um importante estudo sobre o sistema da língua e sobre sua estrutura. A partir do conceito de sistema, Saussure propõe o estudo da língua em suas relações internas, observando-se a organização das unidades que compõem esse sistema e dos princípios e regulamentos que o regem.
A obra de Saussure influenciou linguistas como Leonard Bloomfield, nos Estados Unidos, Louis Hjelmslev, na Escandinávia, e Antoine Meillet e Émile Benveniste que, na França, continuaram o trabalho de Saussure.
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O QUE É UMA ANÁLISE ESTRUTURALISTA
Cada língua possui uma estrutura específica.
A estrutura da língua pode ser observada em três níveis: fonológico, morfológico, sintático.
Cada nível é constituído por unidades do nível imediatamente inferior.
A descrição da língua deve partir das unidades mais simples para as mais complexas.
Cada unidade é definida de acordo com sua posição estrutural.
(COSTA, Marcos A.Estruturalismo. In. MARTELOTTA, Mario E. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2010)
*
*
O QUE É UMA ANÁLISE ESTRUTURALISTA
Exemplo.
(A descrição da língua deve partir das unidades mais simples para as mais complexas.
Cada unidade é definida de acordo com sua posição estrutural.)
Fonema – O/ a/l/u/n/o c/õ/p/r/o/u /o/s l/i/v/r/o/s
Morfemas – O / alun/o compr/ou o/s livro/s
Palavras – O / aluno / comprou / os/ livros/
Sintagmas – O aluno/ comprou os livros
Frase – O aluno comprou os livros
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CASTELAR (2000:77)
Sincronia
Estática
Descritiva
Interesse pelo sistema
Abstrai o tempo
Trata de fatos simultâneos
Estuda o modo como a língua funciona
Descreve um determinado estado de uma mesma língua
Diacronia
Evolutiva
Prospectiva e retrospectiva
Interesse pela evolução
Leva em conta o tempo
Trata de fatos sucessivos
Estuda o processo de evolução da língua
Confronta estados diferentes de uma mesma língua
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FERDINAND DE SAUSSURE
A linguística é o estudo da linguagem verbal humana.
Linguagem humana = língua + fala
A língua é formada por signos linguísticos.
 (significante + significado)
Eixo sintagmático e eixo paradigmático
 Sincronia
*
*
Questão 1. A diacronia:
é estática.
interessa-se pelo sistema.
trata de fatos sucessivos.
descreve um determinado estado de uma língua.
estuda o modo como a língua funciona.
VAMOS PRATICAR?
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Questão 2. A sincronia:
pode ser prospectiva e retrospectiva.
descreve um determinado estado de uma mesma língua.
leva em conta o tempo.
preocupa-se com a evolução.
trata de fatos sucessivos.
*
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Questão 3. Em relação à sincronia é INCORRETO afirmar que ela estuda: 
a) os fatos que atuam na língua de maneira sistemática e geral.
b) a língua sob a perspectiva daqueles que só conhecem essa última como uma realidade sistemática e funcional.
c) o modo como a língua funciona.
d) o processo de evolução da língua.
e) um determinado estado de uma mesma língua.
*
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Questão 4. Leia as afirmativas a seguir.
I. A diacronia estuda os fatos linguísticos em suas transformações através dos tempos.
II. A sincronia descreve estados de língua e suas relações internas.
III. A sincronia estuda as relações entre fenômenos existentes ao mesmo tempo. 
As alternativas I e II estão corretas.
Todas as alternativas estão corretas.
As alternativas I e III estão corretas.
Somente I está correta.
Somente III está correta.
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Questão 5. Leia as afirmativas a seguir:
I - A sincronia trabalha sob a perspectiva das pessoas que falam a língua em determinado momento.
II - No método retrospectivo, tem-se o estudo e a comparação de dois ou mais estados da mesma língua, cada um antepassado ou descendente do outro. 
III - No método prospectivo, tem-se o estudo de estados de língua que tenham parentesco entre si tentando-se chegarão estado do último antepassado comum a todos os estados conhecidos. 
a) I e II estão corretas. b) Todas estão corretas.
c) I e III estão corretas. d) Somente I está correta.
 e) Somente III está correta
Até a próxima aula!
*
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A TEORIA GERATIVISTA
Noam Avram Chomsky, professor do MIT: 1957, Syntatic Structures - Esse livro surge como uma resposta ao behaviorismo que era o modelo dominante na época.
	
	Como Chomsky vê a linguagem?
	“A linguagem é um conjunto de sentenças, cada uma finita em comprimento e construída a partir de um conjunto finito de elementos” (1957:13; apud Lyons: 1987). 
	Chomsky não menciona a função comunicativa das línguas, naturais ou não.
	Lembrando Saussure: ‘A língua é o produto social da faculdade da linguagem.’
	
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A TEORIA GERATIVISTA
A teoria gerativista é formulada como uma resposta ao modelo behaviorista que era dominante na primeira metade do século XX.
Behaviorista. A linguagem humana é um condicionamento social, uma resposta aos estímulos produzidos pela interação social. 
	A resposta viria da repetição e seria convertida em hábitos: a criança ouve uma palavra e a repete por imitação, no mesmo contexto.
	A linguagem humana seria um fenômeno externo ao ser humano, fixado pela repetição.
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A LINGUAGEM É ADQUIRIDA OU INATA: BEHAVIORISMO X GERATIVISMO
SKINNER. A criança é uma lousa em branco: o sistema linguístico é constituído do nada, é determinado quase que inteiramente pela experiência, e não geneticamente transmitida. 
	Empiristas – a linguagem adquirida pela criança deve-se ao treinamento que recebe dos pais: observação, imitação de adultos, das outras crianças. 
	Como justificar a criatividade? Exs. ‘Fazi’, ‘sabo’ (a criança nunca ouviu), ‘sirires’ (plural de siri), ‘morridinha (analogia à subidinha).
CHOMSKY. As pessoas nascem com ideias inatas e grande parte da organização psicológica é transmitida geneticamente.
	
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CHOMSKY E SUA CRÍTICA AO BEHAVIORISMO
Chomsky publica uma resenha, em 1958, criticando o livro Comportamento verbal, de Skinner: como acreditar na visão comportamentalista, se o falante é criativo?
a) A criança cria palavras nunca ouvidas.
b) Todos os indivíduos criam frases inéditas na língua, seja ele analfabeto ou autor de renome.
	A criatividade é a principal característica da linguagem humana: isso reforça a visão racionalista de Chomsky.
Conclusão. A visão racionalista da linguagem é a correta.
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OS BEHAVIORISTAS E O PENSAMENTO EMPIRISTA 
	Os behavioristas eram empiristas.
Empirismo – (empeiria = experiência) a experiência é o ponto de partida do conhecimento: O conhecimento e o comportamento humano seriamdeterminados pelo ambiente .
	
	Tudo o que está em nossa razão, entrou nela por meio dos sentidos, ou seja, das percepções dos nossos cinco sentidos.
	(Empirismo de caráter individualista) 
	As formas complexas da atividade da criança são uma combinação de hábitos.
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O GERATIVISMO E O PENSAMENTO RACIONALISTA
	Para Chomsky: a mente é a fonte do conhecimento humano.
	Noam Chomsky: racionalista (ratio = razão)
Racionalistas - fonte principal do conhecimento humano é a mente.
	Pensamento, na razão - fonte principal do conhecimento humano
	Conhecimento - universalmente válido (matemática).
	Com o gerativismo, a língua deixa de ser analisada como um comportamento socialmente condicionado e passa a ser analisada como uma faculdade mental. 
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A VISÃO GERATIVISTA DAS LÍNGUAS
	Com o gerativismo, a língua deixa de ser analisada como um comportamento socialmente condicionado e passa a ser analisada como uma faculdade mental. 
Como o gerativista estuda a língua?
O que há de comum entre as línguas do mundo?
O que o indivíduo sabe quando diz que ‘sabe uma língua?’
Como o indivíduo adquire esse conhecimento?
De que maneira esse conhecimento é posto em prática?
Como o cérebro recebe esse conhecimento?
(Kenedy,2010. In. Martelotta, 2010)
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MODULARIDADE DA MENTE
Chomsky considera que a mente humana é composta por sistemas cognitivos como a faculdade da linguagem, a faculdade de desenvolver formas de compreensão matemática etc. 
Essa faculdade da linguagem está presente em todos os seres humanos como uma herança biológica
A faculdade da linguagem seria uma estrutura cognitiva, localizada do lado esquerdo do cérebro, que faz parte da mente humana e estaria em interação com os outros órgãos mentais. 
A faculdade da linguagem seria dividida em módulos.
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MODULARIDADE DA MENTE
	Há provas de que o cérebro é modular? 
	Chomsky considera a afasia uma possibilidade de explicação para que o módulo da linguagem também seja subdividido.
Afasias de Broca: Quebras de produção de fala e deficiências fonológicas. 
Afasia de Wernicke. Problemas de compreensão e revelam uma separação entre sintaxe e semântica, ou seja, suas frases são sintaticamente bem elaboradas mas sem significado. 
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POR QUE ‘GERATIVISMO’?
O conhecimento sobre as línguas como um conjunto de regras sobre como formar frases (regras = competência dos falantes)
	Por que ‘gerativa’? Apresenta o conjunto de regras que representam a gramática da língua e permitem que o falante crie novas sentenças a partir das regras que ele formula para a sua língua natural. 
GERATIVIDADE - possibilidade de fazer uso infinito de meios finitos.
Os gerativistas defendiam que com um número finito de regras gramaticais podemos formular infinitas sentenças de uma língua.
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QUAL A RELAÇÃO ENTRE MATEMÁTICA E LINGUÍSTICA?
	As regras internalizadas geram frases: “gerar” no sentido matemático de explicitar, listar ou enumerar todas as possibilidades deriváveis de uma fórmula (regra). Tais possibilidades — as frases geráveis — é que são infinitas, ou seja, ilimitadas. Impossível dar a lista completa das frases previstas pelas regras da língua. Vejam as três regras seguintes:
	1.	0	 	SN	SV 
	2.	SV V SN
	3.	SN	 Art	N
	(Leia-se: Oração reescrita como Sintagma Nominal + Sintagma Verbal. Sintagma Verbal reescrito como Verbo + Sintagma Nomi­nal. E Sintagma Nominal reescrito como Artigo + Nome.)
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QUAL A RELAÇÃO ENTRE MATEMÁTICA E LINGUÍSTICA?
 A menina comprou a blusa. 
	1.	SN	 SV 
	
	 A menina
	SN	 Art	N
 SV comprou a blusa
	2.	 V SN
	Somente essas três regras ‘geram’ um número infinito de sentenças.
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QUAL A RELAÇÃO ENTRE MATEMÁTICA E LINGUÍSTICA?
SN: art + substantivo
	a boneca, o livro, os livros, o biscoito, a água.
2. SV: verbo + sintagma nominal
	 comprou a blusa
 	 bebo a água
	 leio o livro
		 uso a blusa
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GRAMÁTICA UNIVERSAL
	Gramática universal, dispositivo de aquisição da língua (DAL) – “language acquisition device” e estado inicial . 
	Nomes dados a essa estrutura mental inata.
	Essa prédisposição biológica permite à criança formular as regras da gramática da sua língua a partir dos dados linguísticos do ambiente que a cerca. 
	
	O Input desses dados funciona como gatilho (tradução do inglês trigger) que aciona certo valor de parâmetro para que a criança componha a gramática de sua língua particular.
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GRAMÁTICA UNIVERSAL
O que são esses valores que a criança aciona?
São os parâmetros: [+] ou [-].
A língua apresenta o A língua não apresenta 
 parâmetro o parâmetro
Ordem: substantivo adjetivo [+] português;
 [-] inglês
 (a ordem em inglês é adjetivo substantivo)
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O QUE É GRAMÁTICA PARA O GERATIVISMO?
	Só para lembrar:
	Gramática normativa (= gramática prescritiva)
	Gramática Tradicional
	Para o gerativismo, ‘gramática’ corresponde à gramática internalizada pelo falante durante o processo de aquisição da linguagem.
	A gramática para Chomsky será definida como o conjunto finito de regras que permitem produzir a totalidade dos enunciados gramaticais possíveis de uma dada língua.
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GRAMÁTICA UNIVERSAL 
E GRAMÁTICA PARTICULAR
Gramática universal. Conjunto das propriedades gramaticais comuns a todas as línguas do mundo.
Gramática particular. É a gramática de uma língua em particular.
	
	A partir dos princípios que temos em nossa Gramática Universal, criamos a gramática de nossa língua.
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GRAMÁTICA UNIVERSAL
A GU é composta por princípios e de parâmetros:
Princípios - leis gerais comuns a todas as línguas do mundo e são geneticamente determinados. 
Parâmetros - aplicação desses princípios a uma língua particular originando a gramática particular de uma língua (GP).
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PRINCÍPIOS E PARÂMETROS 
Exemplo. 
Princípio - todas as sentenças têm sujeito. 
Parâmetro do sujeito nulo. Uma língua pode não ter sujeito expresso. 
Os parâmetros são binários (valor positivo ou negativo). 
Inglês (sujeito tem que ser pronunciado)- Caso esteja exposta ao inglês, vai estar exposta a estruturas com elementos expletivos e traçará o valor negativo. It rains.
	O inglês apresenta o valor negativo do parâmetro (não apresenta sujeito nulo).
Português - (apresenta sujeito nulo) - exposta ao português a criança terá no input as evidências para marcar um valor positivo para esse parâmetro. Chove.
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PRINCÍPIOS E PARÂMETROS
It rains. – inglês [ - ] Não apresenta sujeito nulo
Chove. – português [ + ] Apresenta sujeito nulo
Em português, o parâmetro do sujeito nulo é positivo, ou seja, o falante pode produzir sentenças com o sujeito realizado ou não.
 
Um falante do inglês saberá que, em sua língua, é preciso produzir sentenças com o sujeito realizado.
 
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VAMOS PRATICAR?
Assinale a letra cujo enunciado NÃO se refere ao conceito de Gramática Universal: 
É composta de princípios e de parâmetros.
É a estrutura linguística herdada geneticamente por cada membro da espécie humana. 
Trabalha com um padrão de correção linguística, que deve ser seguido por todos. 
É um sistema de todas as regras necessárias para se poder falar.
É o estágio inicial de um falante que está adquirindo uma língua.
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2. A citação abaixo refere-se a um aspecto da Teoria Gerativa. Assinale-o.
“Sabemos que o corpo humano é composto por órgãos diferentes que desempenham funções diferentes, cada um deles com funcionamento específico – ou seja, o coração bate para fazer circular o sangue, mas os rins não batem para filtrar a água do corpo; adicionalmente o tipo de tecido que compõe o fígado é muito diferente do tipo detecido que compõe o estômago, por exemplo.” (Mioto, Silva & Lopes, 1999, p.25)
Modularidade da mente.
Gramática Universal.
Gramática Particular.
Parâmetros.
Princípios.
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3. Tendo como base a Teoria de Princípios e Parâmetros, analise os exemplos abaixo e, em seguida, assinale a alternativa INCORRETA:
It rains. – inglês [ - ]
Chove. – português [ + ]
Moro no Rio. – português [ + ]
I live in Rio – inglês [ - ]
Eu moro no Rio – português [ + ]
Em português, o parâmetro do sujeito nulo é negativo, ou seja, o falante pode produzir sentenças com o sujeito realizado ou não.
 Um falante do inglês saberá que, em sua língua, é preciso produzir sentenças com o sujeito realizado.
 O falante do português pode escolher enunciados como os apresentados em (II), (III) e (V), pois todos fazem parte da língua.
 Em inglês, produzir apenas “Live in Rio” em lugar de “I live in Rio” não faria sentido, pois é preciso preencher a posição do sujeito.
O falante do inglês, assim como o falante do português, pode escolher: preencher ou não a posição do sujeito.
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4. Segundo o Gerativismo, o ser humano já nasce com um dispositivo para a aquisição de uma língua. Isso significa dizer que
todos os indivíduos nascem com uma disposição para desenvolver uma língua.
o aparato genético varia de cultura para cultura; por isso, as línguas são diferentes.
os animais também apresentam o mesmo aparato genético, pois também desenvolvem linguagem.
a análise do dispositivo genético já nos permite saber a língua a ser desenvolvida pelo indivíduo.
o dispositivo varia de pessoa para pessoa, pois somos todos diferentes.
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5. Sobre o conceito de Princípios e Parâmetros, assinale a alternativa INCORRETA:
São os componentes da Gramática Universal.
“Todas as línguas do mundo possuem funções sintáticas como sujeito e predicado”. Isso é um princípio.
Os princípios são comuns a todas as línguas, apresentam caráter universal.
Os parâmetros são responsáveis em explicar a organização das línguas naturais por serem gerais. 
Os parâmetros são reconhecidos a partir dos dados linguísticos do ambiente do indivíduo em fase de aquisição de linguagem.
Até a próxima aula!
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O QUE É COMUM NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO?
As crianças captam o que é regular no sistema e criam uma regra.
Exemplo. Pincel/pincelar; vassoura/vassourar?
As crianças adquirem primeiro palavras de conteúdo (substantivos, adjetivos, verbos) e depois palavras estruturais (pronomes, preposições).
Nomear = substantivos (concreto)
Verbos e adjetivos = mais abstrato
No início: uso de estruturas simples; depois: estruturas coordenadas e subordinadas.
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O QUE POSSIBILITA A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM?
Nascemos com uma capacidade inata para desenvolver a linguagem (nascemos com a GU e seus princípios).
A exposição à língua aciona o gatilho e permite que a Gramática Universal libere informações. Assim, a partir da GU, criamos a GP de nossa língua natural.
Desenvolvemos nossa língua natural ou nossas línguas naturais a partir da exposição aos dados linguísticos do ambiente.
	
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GENIE
	Inserida no convívio social com 13 anos e 7 meses: adquiriu vocabulário, mas apresentou problemas na sintaxe e na morfologia.
Apresentou rápida aquisição do vocabulário, mostrando uma habilidade semântica superior àquela alcançada por crianças normais em igual período de tempo.
Apresentou pobre elaboração morfológica e um reduzido emprego de estruturas sintáticas complexas em sua fala, mostrando uma habilidade sintática bastante defasada em relação às crianças normais. 
	Conclusão: 
	Aprender uma língua natural é um processo e a experiência desempenha importante papel na aquisição da linguagem.
	Chomsky: experiência = gatilhos (trigger).
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A MENTE É MODULAR
	O caso de Genie corrobora a ideia de que a mente é modular e a linguagem, por constituir um módulo independente dos demais, tem seus princípios próprios. 
	Por quê? Ela desenvolveu alguns aspectos da linguagem e não outros. 
	Conclusão. Mesmo a faculdade da linguagem é modular, ou seja, teríamos módulos para fonologia, morfologia, semântica e sintaxe. 
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A LATERALIZAÇÃO DO CÉREBRO
	Lateralização. O processo através do qual um dos hemisférios do cérebro é especializado para o desempenho de certas funções.
A lateralização é comumente considerada como uma pré-condição evolutiva do desenvolvimento de inteligência superior no homem.
Lateralização é sujeita à maturação, no sentido de que é geneticamente pré-programada e é específica aos seres humanos. Esse processo relaciona-se à capacidade das crianças para aprenderem uma língua natural.
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A LATERALIZAÇÃO DO CÉREBRO
A lateralização começa quando a criança tem mais ou menos dois anos e completa-se em algum ponto da faixa entre os cinco anos e o início da puberdade. 
Idade crítica para a aquisição da linguagem:
Lenneberg que considera que a lateralização só termina na puberdade parecendo ser esse o limite máximo para a aquisição da linguagem. 
Krashen, considera que a lateralização pode estar concluída entre os 5 e 6 anos de idade. Talvez seja por isso que nessa idade uma criança já adquiriu a maior parte da gramática. 
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QUAL É A FUNÇÃO DA EXPERIÊNCIA?
	A função da experiência é ativar a competência linguística, ou seja, temos o gatilho e a GU passa a liberar informações para que construamos nossa GP. Desse modo, temos: 
Produtividade - fato de a criança produzir, quando ainda jovem, construções gramaticais que jamais ocorreram antes em sua experiência.
Criatividade - fato de a linguagem humana ser independente de estímulo, na medida em que “o enunciado que alguém profere em dada ocasião é, em princípio, não predizível, e não pode ser descrito apropriadamente, no sentido técnico desses termos, como uma resposta a algum estímulo identificável, linguístico ou não linguístico” (Lyons, 1987:212-213).
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QUAL É A FUNÇÃO DA EXPERIÊNCIA?
	A chamada regularização, por exemplo, mostra a criança aplicando rigorosamente, também a formas sujeitas a casos especiais, as regras gerais que já internalizou. 
*fazi ou *trazi - regra que gera as formas regulares como bati, comi etc.; 
abrido, *cobridO *fazido, *escrevidO pelos modelos regulares dormido, comido, batido etc.;
 *eu pego tu; *não empurra eu; * mais grande, * mais bom, como mais alto, mais fraco etc..
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O QUE É SABER UMA LÍNGUA PARA CHOMSKY?
1. Saber a língua é saber a gramática respectiva
	Dominar as regras que governam (ou “geram”) a construção e enunciação das frases; emprego das palavras, sua colocação, o acordo entre elas (concordância), pronúncia, acentos e tons, etc. 
	Exemplo.
	Fonologia - quando precisamos nomear algo novo: Corsa mas não Rcaso (pelas leis fonológicas do português não existe a seqüência inicial rc.)
	Sintaxe- A casa x casa a
 
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2.	Saber a língua não se confunde com saber se comunicar.
Diferença entre competência e desempenho.
3. Saber a língua é saber o sistema oral
“Pela idade de quatro a seis anos, a criança normal é um adulto linguístico.”
O QUE É SABER UMA LÍNGUA PARA CHOMSKY?
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A COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA
 	Para Chomsky, a Linguística deve estudar a competência; ela é puramente linguística.
	
	A competência é o conhecimento do indivíduo sobre sua língua natural.
	Competência relaciona-se à cognição; a principal função da língua é expressar o pensamento.
Competência - conjunto de normas que o falante internaliza e que lhe permite emitir, receber e julgar os enunciados em sua língua.
	
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COMPETÊNCIA x DESEMPENHO
Saussure: langue x parole
Chomsky: competência x desempenho.
Desempenho - O uso que o falante faz do conhecimento que tem sobre a língua; comportamento do indivíduo. 
	O desempenho por estar sujeito a fatores extralinguísticos não seria analisado pela linguística e sim pela psicologia.
 	Desempenho (Chomsky) = Fala (Saussure)
	O desempenho évariável: se falamos em público, se estamos aborrecidos etc.
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A COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA
	A competência (Chomsky) NÃO corresponde à língua de Saussure.
Saussure: língua é fato social, uma instituição humana, cujo objetivo é a interação social, estando a língua incluída nas ciências sociais. 
Competência (processo mental) - conjunto de normas que o falante internaliza e que lhe permite emitir, receber e julgar os enunciados em sua língua.
	A principal função da língua é cognitiva, ou seja, expressar o pensamento. Sob essa perspectiva, a função comunicativa está em segundo plano. 
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A COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA
	 
	A análise linguística deve descrever as regras que governam a estrutura da competência fornecendo subsídios para a compreensão da organização da mente humana. 
	
	A menina comprou a blusa. 
		SN	 SV 
			 A menina
	 SN	 Art	 N
 comprou a blusa
	 SV V SN
	
*
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COMPETÊNCIA GRAMATICAL
	
	Competência gramatical - conhecimento que têm os falantes/ouvintes da língua e da linguagem, independentemente de qualquer informação extralinguística. 
Formação das frases - gramaticais (bem formadas sintaticamente) e agramaticais (com problemas sintáticos). 
Gramaticalidade é um conceito que define as sequencias que pertencem ou não à língua. 
*
*
COMPETÊNCIA GRAMATICAL
As sequencias geradas pela gramática da língua, em acordo com essas regras internalizadas, são gramaticais e as que não pertencem à gramática da língua, desobedecendo, portanto, tais regras, são agramaticais. 
	
	Chomsky considera que frases agramaticais não ocorrem já que o falante não as ouve e, portanto, não as internaliza.
O falante nativo decide se uma sentença é gramatical ou não baseado no seu conhecimento da língua, ou seja, na sua competência.
*
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COMPETÊNCIA GRAMATICAL
Atenção: frases agramaticais não estão formadas seguindo as regras da língua, não sendo compreendidas pelos falantes. 
	Chomsky afirma que não se produzem frases agramaticais: se não internalizamos a regra, não produzimos a sentença.
Gramaticalidade estabelece quais sentenças pertencem ou não a uma língua e quem decide isso é o falante nativo, escolarizado ou não. 
	Exemplos. 
	Viu ele x viu-o ; tu vais x você vai; fui à praia x fui na praia.
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COMPETÊNCIA PRAGMÁTICA
	Competência pragmática ultrapassa o nível da informação sobre a forma e o significado das sentenças. (aceitável / inaceitável)
	Aceitabilidade - julgamentos dos falantes; fenômeno intuitivo; baseia-se no fato de a sentença ser ou não gramatical mas considera também fatores relacionados ao desempenho como limitação de memória, fatores semânticos etc. 
	Toda frase agramatical é inaceitável (cf. “o viu cinema Beto no”), mas uma frase pode ser gramatical e ser inaceitável devido outros fatores. 
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GRAMATICALIDADE X ACEITABILIDADE
Toda frase agramatical é inaceitável: Na vai praia nós.
Uma frase gramatical do ponto de vista gerativo, nada tem a ver com correção do ponto de vista normativo.
	Exemplo. 
	Nós vai na praia.
	Gramatical e aceitável do ponto de vista gerativo.
“ Ele é viúvo, mas a mulher dele ainda não morreu.” (Lobato: 1986: 51)
Gramatical mas inaceitável (problemas em termos de julgamento).
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GRAMATICALIDADE X ACEITABILIDADE
O rapaz saiu.
2. O rapaz que o homem viu saiu.
3. O rapaz que o homem que a moça convidou viu saiu.
4.O rapaz que o homem que a moça que João beijou convidou viu saiu.
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*
1. Leia a afirmativa a seguir:
“O que permite ao falante decidir, então, se uma sentença é gramatical ou não, é o conhecimento que ele tem.” 
(MIOTO, Carlos, SILVA, Maria Cristina F. e LOPES, Ruth E. V. Novo Manual de sintaxe. Florianópolis: Insular, 2005.)
 A definição apresentada refere-se:
a) ao desempenho linguístico.
b) à competência linguística.
c) ao inatismo. 
d) à faculdade da linguagem.
e) ao behaviorismo.
VAMOS PRATICAR?
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2- Segundo Chomsky, uma criança de aproximadamente 5 anos já é considerada um “adulto linguístico”. Sobre a aquisição da linguagem, segundo o Gerativismo, é correto afirmar que
ter contato com um sistema linguístico é irrelevante, pois os mecanismos são inatos. 
os adultos precisam falar pausadamente para que a criança desenvolva uma língua.
a correção da fala da criança pelo adulto é importante para que ela fale corretamente e não sofra preconceitos.
uma criança sem patologia irá desenvolver uma língua normalmente, desde que seja exposta a dados linguísticos.
as crianças já nascem predispostas a desenvolver uma língua específica, independentemente do meio.
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3. Para Chomsky, o objeto de estudo da Linguística deve ser:
a competência, pois é o conhecimento linguístico internalizado do falante.
o desempenho, pois é o conhecimento linguístico posto em uso.
a fala, pois é o uso individual do sistema linguístico.
a gramática, pois é o conjunto de regras para o bom uso da língua.
o inatismo, pois é o aparato genético para desenvolver uma língua.
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4. Tendo como base os pressupostos teóricos gerativistas, assinale o melhor comentário para a citação abaixo:
“Como o físico deve observar os raios e trovões, o linguista tem que observar as sentenças produzidas. Mas, sem dúvida, não pode ater a elas.” 
(MIOTO, Carlos, SILVA, Maria Cristina F. e LOPES, Ruth E. V. Novo Manual de sintaxe. Florianópolis: Insular, 2005.)
O linguista deve analisar os enunciados produzidos pelos indivíduos para entender melhor sobre a competência linguística.
O desempenho linguístico deve ser ignorado, uma vez que o que interessa é a competência.
Deve-se estudar apenas o desempenho e, por isso, a teoria linguística de base gerativa é eficiente.
O papel do Gerativismo é descrever e explicar o desempenho linguístico dos falantes, pois ele é um ato individual.
O Gerativismo considera somente o que, de fato, foi produzido pelos falantes em uma determinada situação comunicativa. 
*
*
5. Assinale a letra cujo enunciado NÃO se refere às ideias behavioristas: 
Espera-se que a criança adquira um comportamento verbal por meio da observação, da imitação de adultos, das outras crianças e por meio da manipulação dos dados externos. 
A língua é vista como uma coleção de palavras, locuções e sentenças; um sistema cujos hábitos são adquiridos e explicados pelo meio externo.
A aquisição da linguagem, neste enfoque, seria o resultado de uma construção gradativa operada pela criança e que ocorre primordialmente pela experiência.
As pessoas nascem com ideias inatas e grande parte da organização psicológica é "instalada" no organismo e transmitida geneticamente. 
A criança adquire a língua somente por meio da imitação de outros usuários ou por meio de uma sequência de respostas sob o controle de estímulos externos e associações intraverbais.
Até a próxima aula!
*
*
BREVE RESUMO: SAUSSURE
	Saussure – língua é social: unifica a comunidade já que compartilhamos o mesmo sistema linguístico.
	Ênfase ao caráter social ou institucional dos sistemas linguísticos.
	Insere a linguística no contexto mais amplo das ciências sociais: linguística como sendo mais próxima da sociologia ou da psicologia social. 
Língua é homogênea e a fala é heterogênea.
A heterogeneidade da fala não pode ser explicada pela Linguística.
*
*
BREVE RESUMO: CHOMSKY
	A língua é um processo cognitivo.
	O primeiro objetivo da língua é expressar o pensamento; 2ª função é a social. Assim, a linguística está mais perto da psicologia cognitiva.
A competência linguística não é o sistema linguístico, mas o conhecimento que os indivíduos têm desse sistema. Esse conhecimento é o mesmo para todos os indivíduos e é puramente lingüístico.
O desempenho é variável e não pode ser estudado pela Linguística: a Psicolinguística deve estudá-lo, já que é variável.*
*
INÍCIO DOS ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS
	William Labov (1972). Ocorrência do r- final.
Antes da 2ª guerra a norma era não realizar o r –final ( a norma prestigiava r ~ Ø.)
Só falantes com menos de 40 anos realizavam o r – final: os mais jovens adotaram uma nova norma.
Isso se torna a norma de prestígio e os falantes caminham nessa direção.
	CONCLUSÃO. Toda variação é motivada: a variação é sistemática e previsível. 
*
*
A LÍNGUA VISTA SOB DOIS PONTOS DE VISTA
1. O discurso científico, embasado nas teorias da Linguística moderna: noções de variação e mudança. 
2. O discurso do senso comum, baseado na visão normativa sobre a linguagem e que opera com a noção de erro. 
	A noção de erro nasce com a Gramática Tradicional de base grega.
	A Gramática Tradicional é um importante patrimônio cultural do Ocidente, mas não pode ser aplicada como uma teoria linguística: a GT estuda a frase!
*
*
A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
	A variação não existe somente na fala dos indivíduos não-escolarizados.
	O falante culto varia em termos de fala e escrita; de formalidade do ambiente etc. Quem é o falante culto:
Indivíduo com Terceiro Grau Completo;
Indivíduo com alta carga de leitura de textos escritos na variedade padrão.
	Problema: Onde tem variação linguística, tem avaliação social.
	IMPORTANTE. Considerar que há variação, não significa que devamos deixar de ensinar o padrão.
	O papel da escola é ensinar a língua padrão.
*
*
A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E O PAPEL DO USUÁRIO
	“As pessoas tratam a língua como algo pronto. Mesmo aqueles que defendem a pureza do idioma sabem que a língua é um ser movimento, é moldada pelos falantes. Ela está  em constante movimento, mas, ainda assim, seu sistema continua organizado, o que permite que consigamos nos comunicar. A língua é, na verdade, mais guiada pelos seus usuários do que guia.”
	(Adaptado de As palavras inventadas, Luiz Costa Pereira Júnior, p.18-22, Revista Língua Portuguesa, Ano III, no 29, 2008).
*
*
A POLÊMICA ‘NÓS PEGA O PEIXE’
Para a linguística: as aulas de Língua Portuguesa devem ir além da gramática.
O ensino da norma culta é necessário, mas o aluno deve dominar diversas situações comunicativas.
Devemos reconhecer que ‘Nós pega o peixe’ comunica a ideia, mas pertence à variedade não-padrão e é estigmatizado.
A escolarização é imprescindível para a apropriação da norma de prestígio.
*
*
A POLÊMICA ‘NÓS PEGA O PEIXE’
Qual é a questão em ‘Nós pega o peixe’? Reconhecer que essa é uma variedade válida e que a pessoa que a utiliza é falante DE LÍNGUA PORTUGUESA, mas de uma variedade divergente da variedade padrão.
Devemos considerar que temos ‘atitudes linguísticas’ diferentes de acordo com nosso conhecimento acerca da língua como sistema, acerca de suas variedades.
Essa atitude pode ou não gerar estigmatização, gerar preconceito.
*
*
A SOCIOLINGUÍSTICA
	Heterogeneidade como foco: formas de igual valor de verdade.
	O que significa “igual valor de verdade?
A gente x nós;
As casas azuis x as casaØ azul Ø.
A heterogeneidade linguística pode e deve ser explicada.
	
*
*
A SOCIOLINGUÍSTICA
	A sociolinguística correlaciona aspectos linguísticos e sociais: o que influencia a variação? Variáveis linguísticas e extralinguísticas.
	As distinções não são tão rígidas: deve-se falar em tendências a empregos de certas formas; não há como delimitar rigidamente.
	Há sempre 2 forças: variedade e unidade – as línguas exibem variações, mas mantêm-se coesas.
*
*
	“Muitos podem pensar que o fenômeno da variação ocorre no Brasil porque os brasileiros são desleixados. No entanto, isso não passa de preconceito, pois uma característica de todas as línguas do mundo é que elas não são uniformes. Todas elas apresentam variantes, isto é, não são faladas da mesma maneira nos diversos lugares, nos distintos grupos sociais, nas diferentes épocas, nas diferentes situações. A língua é o meio utilizado pelo homem para expressar suas ideias, as da sua geração, da sua comunidade. A variação ocorre porque a sociedade é composta por pessoas de diferentes idades, profissões, escolaridades etc. Cada falante é um agente modificador do seu idioma: a língua é um instrumento privilegiado da cultura de um povo.” 
	(Adaptado de FIORIN, Jose Luiz. Painéis da variedade. Revista Língua Portuguesa, ano II, numero 23, 2007.)
*
*
ANALISANDO UMA PESQUISA: 
SCHERRE (1988)
Banco de dados do Corpus Censo do PEUL - grupo de pesquisa sediado no Departamento de Linguística e Filologia da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 
64 gravações de 60 minutos cada com 64 falantes – 48 falantes adultos (15-71 anos) e 16 crianças (7-14 anos), estratificados em função do sexo, anos de escolarização (1 a 4, 5 a 8 e 9 a 11) e faixa etária (7-14, 15-25, 26-49 e 50-71)..
*
*
SCHERRE (1988): TIPOS DE SINTAGMAS
	Sintagmas nominais plurais passíveis de variação não prevista pela tradição gramatical brasileira, constatando que, na amostra de fala analisada, a marca explícita de plural pode ser encontrada:
 (1) em todos os elementos flexionáveis do SN: os fregueses/novas escolas/as boas ações/essas coisas todas /os meus ainda mais velho s amigos); 
(2) em alguns elementos flexionáveis do SN: essas estradas nova0/as mulheres ainda muito mais antiga0; 
(3) em apenas um dos elementos flexionáveis do sintagma nominal: as codorna0; 
(4) em nenhum dos elementos flexionáveis do SN (dois risco verde/uma porção de coisa interessante).
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SCHERRE (1988): CONCLUSÃO
	Em síntese, os resultados refletem o fato de que todos os elementos determinantes à esquerda do núcleo tendem a receber mais marcas explícitas de plural enquanto aqueles à direita do núcleo tendem a receber menos marcas explícitas de plural.
	
	Exemplos.
	essas estradas nova0/as
	as codorna0
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VARIAÇÃO E MUDANÇA
	Toda mudança pressupõe variação, mas a existência de formas em variação não implica a ocorrência de mudança: a língua só muda se os falantes absorvem a mudança.
	O item em variação não pode ser estigmatizado:
TU no sul do país x VOCÊ;
0tá x está;
Nós fomos NO Maracanã x nós fomos AO Maracanã;
FRamengo x Flamengo;
Eu vi ELE x Eu O vi;
Peixe x pexe; homem x home; 
Alguém lavou os pratos x os pratos foram lavados; apareceram três homens x três homens apareceram.
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MAIS UMA PESQUISA: O USO DO CLÍTICO ACUSATIVO (DUARTE, 1989)
a) Uso do clítico acusativo
	Ele veio do Rio só pra me ver. Então eu fui ao aeroporto buscá-lo.
b) Uso do pronome lexical
	Eu amo o seu pai e vou fazer ele feliz.
c) Uso de SNs anafóricos
	Ele vai ver a Dondinha e o pai da Dondinha manda a Dondinha entrar, ele pega um facão...
d) Uso da categoria vazia
	O Sinhozinho Malta está tentando convencer o Zé das Medalhas a matar o Roque... Mas ele é muito medroso. Quem já tentou matar Ø foi o empregado da Porcina. Ontem ele quis matar Ø, s empregada é que salvou Ø.
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EXEMPLO DE UMA PESQUISA: O USO DO CLÍTICO ACUSATIVO (Duarte, 1989)
Gráfico1
		0,049
		0,154
		0,626
		0,171
%
Distribuição segundo a variante usada
Plan1
				%
		Clítico		5%
		Pronome Lexical		15%
		SN nulo		63%
		Sn anafórico		17%
Plan1
		0
		0
		0
		0
%
Plan2
		
Plan3
		
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VARIEDADES, VARIANTE E VARIÁVEIS 
1. Variedades linguísticas. Diferentes modos de falar. 
	Não é variável, por exemplo, a ordem: Casa a bonita é.
2. Variantes. Cada uma das formas diferentes de se dizer alguma coisa: < a gente> < nós>; <S> e <Ø>.
	Exemplos. A gente fala, nós falamos, a gente falamos, nós fala; as casas azuis, as casas azul; as casa azul.
	Atenção. ‘A gente falamos’ e ‘Nós fala’ são formas estigmatizadas, assim como a não-marcação de plural.
3. Variável. Pode significar fenômeno em variação ou conjunto de fatores (sexo, idade, escolaridade, tipo de texto, formalidade do ambiente etc.). 
	[nós] 
**
VARIAÇÃO GEOGRÁFICA (DIATÓPICA)
	Relacionada a diferenças linguísticas que ocorrem em função do espaço físico.
	Exemplos. 
	a) Brasileiros e portugueses. 
	Trem x combóio; prêmio x prémio; Lá não vou x Não vou lá.
	b) Brasil: nordeste e sudeste. 
	Vogais médias pré-tônicas abertas x fechadas; 
	Posposição verbal da negação (“sei não” (nordeste) x “não sei; não sei não” (sudeste).
*
*
VARIAÇÃO SOCIAL (DIASTRÁTICA)
	Variação social. Variações percebidas entre grupos socioeconômicos. Compreende os seguintes fatores: idade, sexo, profissão, nível de escolarização, classe social. 
	Forte estigma= marca socialmente.
	Exemplos. 	
	Uso de dupla negação: “ninguém não viu”; “eu nem num gosto”.
	“Brusa”; “grobo”; “estrupo”; “probrema”.
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VARIAÇÃO DE REGISTRO (DIAFÁSICA)
	Variação de registro. Observa-se, neste tipo de variação, o grau de formalidade do contexto comunicativo ou do canal utilizado para a comunicação (a fala, o e-mail, o jornal etc.)
	Exemplos.
	a) Ele se ferrou porque não pensa!
	a1) Ele teve problemas por não ter considerado os fatos!
	b) Fala meu irmão!
	b1)O que o senhor deseja?
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VAMOS PRATICAR?
Para a Sociolinguística, língua é:
uma capacidade inata.
uma instituição social.
uma estrutura mental.
um fato individual.
um fenômeno intuitivo.
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2- Leia o parágrafo a seguir.
	“Ela [a língua] varia no espaço, criando no seu território o conceito dos dialetos regionais. Também varia na hierarquia social, estabelecendo o que se chama os dialetos sociais. Varia, ainda, para um mesmo indivíduo, conforme a situação em que se acha (...), estabelecendo o que um grupo moderno de linguistas ingleses denominava os <<registros>>. Finalmente, uma exploração estética da linguagem, para o objetivo de maior expressividade, faz surgir o que se classifica como o <<estilo>>, desde a Antiguidade Clássica.” (CAMARA Jr., J. M. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis, Vozes, 1988. p.17)     O trecho de Mattoso Camara Jr. refere-se: 
	ao modo como os indivíduos equivocadamente se expressam. 
	ao fato de todas as línguas naturais apresentarem uma variação.
	ao processo de mudança na língua ao longo do tempo.
	às diferenças linguísticas produzidas pelas crianças.
	às características etimológicas de uma língua
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*
3- Leia o texto a seguir.
	“Em Portugal, o tira-cápsulas substitui o saca-rolhas. Água sem gás é água lisa. Impressão digital é dedada. Celular é telemóvel. Os jogadores entram em campo vestindo camisolas. As aeromoças são hospedeiras ou comissárias. Nas praias, nada do neologismo topless, mas sim, maminhas ao léu.” (p. 280) 
	(Trecho extraído de Portugal e Brasil: viva a diferença. In Silva, Deonísio da. A língua nossa de cada dia. São Paulo: Novo Século Editora, 2007) 
	
	No trecho acima, as diferenças entre o Português Brasileiro e o Português Europeu, apresentadas pelo Professor Deonísio da Silva, exploram as diferenças:
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	a) no vocabulário.
	b) na ortografia. 
	c) na ordem dos elementos.
	d) na formação das palavras. 
	e) na marcação da sílaba tônica 
Até a próxima aula!
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SOCIOLINGUÍSTICA: O ESTUDO DA VARIAÇÃO
O sociolinguista busca demonstrar que a variação é sistemática e previsível.
Temos dois discursos: 
1. O discurso científico, embasado nas teorias da Linguística moderna: noções de variação e mudança. 
2. O discurso do senso comum, baseado na visão normativa sobre a linguagem e que opera com a noção de erro. 
	Se a língua é entendida como um sistema de sons e significados que se organizam sintaticamente para permitir a interação humana, toda e qualquer manifestação linguística cumpre essa função plenamente. 
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	“A camada mais jovem da população usa um dialeto que se contrasta muito com o usado pelas pessoas mais idosas. Os jovens absorvem novidades e adotam a linguagem informal, enquanto os idosos tendem a ser mais “conservadores”. Essa falta de conservadorismo característica no dialeto dos jovens costuma trazer mudanças na língua. Algumas gírias usadas por jovens da década de setenta, no entanto, não entraram na língua e são hoje em dia raramente usadas como “pisante” para sapato ou “cremilda” para dentadura. A palavra “legal”, entretanto, foi aceita e hoje e usada amplamente na linguagem informal, abrangendo todas as faixas etárias. Esses exemplos comprovam o fato de que nem tudo que é novo e diferente irá se efetivar numa língua, podendo alguns vocábulos simplesmente ir desaparecendo e outros continuarem existindo dentro de um determinado dialeto, ou até abranger seu uso por outros, sem necessariamente cobrir todos os dialetos existentes nessa língua”. 
	(Extraído de FERREIRA, Ana Claudia F. AS VARIACOES DA LINGUA. Disponível em http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/v00003.htm)
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A NOÇÃO DE COMUNIDADE DE FALA
	“O indivíduo, inserido numa comunidade de fala, partilha com os membros dessa comunidade uma série de experiências e atividades. Daí resultam várias semelhanças entre o modo como ele fala a língua e o modo dos outros indivíduos. Nas comunidades organizam-se grupamentos de indivíduos constituídos por traços comuns, a exemplo de religião, lazeres, trabalho, faixa etária, escolaridade, profissão e sexo. Dependendo do número de traços que as pessoas compartilham, e da intensidade da convivência, podem constituir-se subcomunidades linguísticas, a exemplo dos jornalistas, professores, profissionais da informática, pregadores e estudantes.” 
	(VOTRE, S. & CEZARIO, M. Sociolinguística. In: MARTELOTTA, E. (org.) Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2009)
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SOCIOLINGUÍSTICA: O ESTUDO DA VARIAÇÃO
	O sociolinguista busca demonstrar que a variação é sistemática e previsível. 
	A pesquisa sociolinguística tem como objeto de estudo o uso da língua falada em situações naturais de comunicação.
	Faz-se uma pesquisa que busca observar o uso.
	Assim: uso ǂ prescrição (Gramática Normativa) 
Se temos ‘comunidades de fala’ temos variação dentro de uma língua.
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	“Existem dialetos que evidenciam o nível social ao qual pertence um indivíduo. Os dialetos mais prestigiados são das classes mais elevadas e o da elite é tomado não mais como dialeto e sim como a própria ‘língua’. A discriminação do dialeto das classes populares e geralmente baseada no conceito de que essa classe por não dominar a norma padrão de prestígio e usar seus próprios métodos para a realização da linguagem, “corrompem” a língua com esses ‘erros’. No entanto, as transformações que vão acontecendo na língua se devem também a elite que absorve alguns termos de dialetos de classes mais baixas, provocando uma mudança linguística, e aí o ‘erro’ já não é mais erro... e nesse caso não se diz que a elite ‘corrompe’ a língua.” 
	(Extraído de FERREIRA, Ana Claudia F. AS VARIACOES DA LINGUA. Disponível em http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/v00003.htm
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SOCIOLINGUÍSTICA: O ESTUDO DA VARIAÇÃO
	O que faz com que uma variedade seja considerada ‘melhor’ que outra? Qual é a noção de valor que entra para que avaliemos os exemplos a seguir:
Pessoa 1: gravar alguém produzindo “Os m/ê/ninUs foram buscá a r/ô/pa correndo.”
Pessoa 2: gravar alguém produzindo “Os m/i/ninU foi buscá a r/ô/pa correNO.”
Pessoa 3: gravar alguém produzindo “Os m/é/ninUs foram buscá a r/ô/pa correndo.”
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SOCIOLINGUÍSTICA: O ESTUDO DA VARIAÇÃO
Norma – do latim norma (esquadro) 
Regra - do latim regula (régua)
	Regra para a linguística = regularidade.
As pessoas utilizam com muito mais frequência que se pensa as formas ditas ‘erradas’.
A mudança linguística: as formas ‘erradas’ que os falantes cultos começam a usar acabam por tornar-se ‘certas’.
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ESCRITA: MODELO PARA A GRAMÁTICA NORMATIVA
Língua não é representação gráfica da escrita: escrever não é “imitar a fala” e sim reformular a fala em outra gramática.
Fala não é subproduto da escrita.
Escrita possui maior prestígio social na nossa cultura:escrita não serve como fator de identidade grupal. Nossa cultura é grafocêntrica. 
Reflexão: o homem é um ser que fala ou ser que escreve?
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A RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA E SOCIEDADE
	Exemplos de mudança na passagem do Latim para o Português blandu- brando clavu- cravo duplu- dobro fluxu- frouxo obligare obrigar placere- prazer plicare pregar O suposto "erro" é explicável: trata-se do prosseguimento de uma tendência muito antiga no português (e em outras línguas) que os falantes rurais ou não-escolarizados levam adiante. Esse fenômeno tem até um nome técnico na linguística histórica: rotacismo. 
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	“Sabemos igualmente que não é o erro, mas sim o status social do falante que conduz efetivamente ao preconceito. Mesmo que o ensino da norma culta condene igualmente NÓS VAI e CHAMA-ME A ATENÇÃO OS DESDOBRAMENTOS, já que em ambos os casos não se fez a concordância do sujeito com o verbo, é evidente que a primeira forma é mais estigmatizada, e isto porque não se conforma aos padrões da variedade linguística dos falantes socialmente mais favorecidos.”
	(Britto:1997, apud BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007:216)
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A NOÇÃO DE ERRO PARA A SOCIOLINGUÍSTICA
Gramática Normativa Uso
Assisti ao filme x Assisti o filme
Atenda ao chamado x Atenda o chamado
A venda implicou alterações x A venda implicou em alterações
Ela namora ele x Ela namora com ele
Obedeça ao professor x Obedeça o professor
Paguei ao vendedor x Paguei o vendedor
Prefiro bolo a doce x Prefiro bolo do que doce
Respondi ao formulário x Respondi o formulário
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A NOÇÃO DE ERRO PARA A SOCIOLINGUÍSTICA
	O papel dos gramáticos é descrever regras de funcionamento da língua, tendo como base a norma-padrão, um modelo ideal de língua que deve ser ensinado e aprendido na escola e utilizado pelos falantes cultos, ou seja, aqueles indivíduos com alto nível de escolarização. 
	Usos como os do eslaide anterior, embora não sejam estabelecidos pela norma-padrão, são comuns em outras variedades de uso da língua, rotuladas como “impróprias”, “inadequadas”, “erradas”. 
	Como ficamos diante disso? Qual é o nosso papel como professores de língua portuguesa?
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A SOCIOLINGUÍSTICA E O PAPEL DO PROFESSOR
	Não há erros em uma língua, mas sim variedades de uso distintas.	
	“Uma das principais tarefas do professor de língua é conscientizar seu aluno de que a língua é como um grande guarda-roupa, onde é possível encontrar todo tipo de vestimenta. Ninguém vai só de maiô fazer compras num shopping center, nem vai entrar na praia, num dia de sol quente, usando terno de lã, chapéu de feltro e luvas...”
	Assim, voltamos à polêmica do ‘Nós pega o peixe’...
	(Bagno, Marcos. Preconceito linguístico – o que é, como se faz. São Paulo, Edições Loyola, 2002. p.130). (3.0)
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O PRECONCEITO LINGUÍSTICO
	Como professores de língua portuguesa precisamos refletir.
	O preconceito linguístico não possui embasamento científico: 
	1. Cada época determina o que considera como forma padrão. 
	Exemplos. “Dereito”, “despois”, “premeiramente”, encontradas no texto de Pero Vaz de Caminha (1500), faziam parte do português padrão daquela época. 
	
	2. Não há razão linguística para que uma estrutura seja considerada melhor que a outra.
	Como as novelas trabalham dialetos prestigiados? Como se marca uma personagem?
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O PRECONCEITO LINGUÍSTICO
Será que todo morador do interior fala como o Chico bento e o pai dele? Não! No entanto, a fala deles funciona como uma ‘marcação’ de uma variedade regional. 
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O PRECONCEITO LINGUÍSTICO
Leia a piada abaixo.
Na escola, a professora pede aos alunos que façam uma frase com “hospedar”. 
Mariazinha diz: Os hotéis servem para hospedar os visitantes.
E Orestinho: Os pedar de minha bicicreta tá quebrado. 
A base dessa piada é o preconceito linguístico? 
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Gnerre (1985): “Uma variedade linguística ‘vale’ o que ‘valem’ na sociedade os seus falantes, isto é, vale como reflexo do poder e da autoridade que eles têm (...)”
Variedade padrão (Variedade prestigiada): socialmente mais valorizada; resultado de uma atitude social diante da língua; estabelecimento do conjunto de normas que definem o modo ‘correto’ de falar.
Definição de uma variedade padrão: ideal de homogeneidade diante da realidade concreta da variação linguística.
O padrão é associado à escrita: a escola associa o padrão a escrita.
	
COMO SURGIU O PADRÃO?
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COMO SE COMPORTA A LÍNGUA PADRÃO?
Língua padrão não é uniforme: variação geográfica; diferenças estilísticas; língua oral x língua escrita.
A língua padrão muda com o tempo: 
Você já filme esse filme?
Portugal: Vi-o ontem. 
Brasil: Vi Ø ontem.
Lusíadas; ajuntar; alevantar; alembrar; avoar
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VARIANTE PADRÃO E 
VARIANTE NÃO-PADRÃO
	Na língua, existe pelo menos:
Uma variedade popular.
	(Variedade não-padrão é a modalidade oral, utilizada em contexto informal, de discurso espontâneo, não planejado).
Uma variedade padrão. Modelo ideal de língua que deve ser usado pelas autoridades, órgão oficiais, ensinado e aprendido na escola.
	Deve ser - envolve padronização.
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VARIANTE PADRÃO E 
VARIANTE NÃO-PADRÃO
Variedade não-padrão ("os fósfro"; "moio ingrês“): errado pelas regras de gramática normativa, mas não pelas regras do grupo a que o falante pertence.
A variedade padrão é o que se costuma chamar de língua portuguesa: possui importância e prestígio social.
Por ter prestígio, pensa-se ser a norma-padrão a única representante da língua.
Português não-padrão (PNP). Utilizado por pessoas de classes desprestigiadas e marginalizadas.
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VARIANTE PADRÃO E 
 VARIANTE NÃO-PADRÃO
	O estigma que certas variedades de uso da língua adquirem não tem relação com fatores linguísticos, mas sim extralinguísticos, tais como desprestígio social, econômico, cultural, político, entre outros.
	Exemplos. 
Nós vamos x A gente vai x x a gente vamos x nós vai.
Há 20 alunos na sala x Tem 20 alunos na sala.
Falei a ele sobre isso x Falei para ele sobre isso.
Vou cantar na festa x VoØ canta Ø na festa.
Vamos lá! X Vamo Ø lá! 
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VARIANTE PADRÃO E 
 VARIANTE NÃO-PADRÃO
	O falante culto decide o que vai ou não usar das regras prescritas.
 Falante culto
Nós vamos A gente vai A gente vamos
 Nós vai
	Entre o que a Gramática Normativa prescreve e a variedade não-padrão há níveis intermediários.
	Tudo passa pelo maior ou menor nível de monitoramento.
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NORMA CULTA E NORMA PADRÃO
Alguns linguistas separam:
Norma padrão. Conjunto de regras que estão na Gramática Normativa.
	Muitas dessas regras não são utilizadas pelos falantes cultos da língua. E por que será?
 Estigma Prestígio
	“Onde tem variação tem sempre avaliação.” (Marcos Bagno)
	“A avaliação é essencialmente social”. 
	(M. Bagno)
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NORMA CULTA E NORMA PADRÃO
b)Norma Culta. Conjunto de uso do falante culto. São as formas que o falante culto REALMENTE utiliza em momentos formais de fala e de escrita.
Aproxima-se da prescrição, mas não a segue totalmente.
Exemplos. Mesóclise, Pronomes tu e vós e as respectivas conjugações, pretérito mais-que-perfeito etc.
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	“Custar, no sentido de ‘ser custoso’, ‘ser penoso’, ‘ser difícil’ tem como sujeito uma oração subordinada substantiva reduzida. Observe:
	Ainda me custa aceitar sua ausência.
	[...]
	No Brasil, na linguagem cotidiana, são comuns construções como “Zico custou a chutar” [...], Na língua culta, essas construções em que custar apresenta um sujeito indicativo de pessoa são rejeitadas. Em seu lugar, devem-se utilizar construçõesem que surja objeto indireto de pessoa: “Custou a Zico chutar.”
	(INFANTE e CIPRO NETO:1998,521-22, apud BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007:2228)
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VARIANTE PADRÃO E 
 VARIANTE NÃO-PADRÃO
 Regras da Gramática Normativa: norma padrão
 + culto
 - culto
Até a próxima aula!
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BREVE HISTÓRICO
Saussure: língua como sistema; a linguagem humana pode servir de meio de comunicação e de transmissão de conteúdo. 
Chomsky: língua como capacidade inata ao ser humano.
Labov: estudo da língua em situação real de comunicação, levando em conta fatores externos – sexo, idade, escolaridade, procedência geográfica etc. – como possíveis influenciadores da forma de codificação linguística. 
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BREVE HISTÓRICO
Sociolinguística. Ao estabelecer que a língua é um fenômeno social por ser heterogênea como os grupos que compõem uma sociedade, Labov valoriza a participação dos falantes. 
2) Embora Saussure reconhecesse que a língua é o produto social da faculdade da linguagem, deixou a fala fora dos seus estudos por considerar que sua heterogeneidade seria de difícil descrição. 
	Oposição do funcionalismo a Saussure. A língua não é um fenômeno isolado, mas serve a uma variedade de propósitos dos quais, efetuar a comunicação é apenas um deles. 
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O FUNCIONALISMO
Deixa-se de lado a ideia de que a linguagem é a forma de expressão do pensamento, já que os funcionalistas a concebem como instrumento de interação social. Segundo eles, é preciso investigar a motivação para os fatos da língua, ou seja, explicar as regularidades observadas no uso interativo da língua, um vez que ela é concebida como uma estrutura maleável, adaptativa.
Assim, estuda-se a língua em situação real de comunicação, verificando o modo como os usuários da língua se comunicam eficientemente. Esses usuários são vistos como os responsáveis pelo estado e forma da língua. 
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O FUNCIONALISMO: ANÁLISE DO CONTEXTO
Vejamos os exemplos: (a) Você é bonita; (b) Bonita você é.
Podemos usar os dois no mesmo contexto?
Contexto 1. 
“Maria: Minha nossa! Não sei com qual roupa irei ao encontro de hoje com o João. Além disso, meu cabelo está horrível.
Ana: Você é bonita. Não se preocupe! Você ficará bem com qualquer roupa.”
Contexto 2. 
“Paula: Menina! Sua pele é ótima! Seu cabelo é incrível! Adorei o seu visual! Você é bonita!
Ana: Que nada! Bonita é você.”
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O FUNCIONALISMO: ANÁLISE DO CONTEXTO
	Conclusão: o segundo enunciado só poderia ter sido produzido em um contexto de “réplica”. Por isso, segundo o Funcionalismo, não podemos ignorar o contexto, pois, no caso apresentado, a organização sintática do enunciado é motivada pelo contexto discursivo em que ela ocorre.
	
	Uma das diferenças do funcionalismo para as teorias que o antecederam é essa importância dada ao contexto de produção e à relação entre forma e função. 
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O FUNCIONALISMO
	Gramática e discurso não são conceitos separados: a gramática molda o discurso e o discurso molda a gramática. 
	
	Funcionalismo - a língua possui uma importância social (=discursiva).
	Língua: 
	a) instrumento de interação social entre seres humanos;
	b) existe em virtude de seu uso para a interação entre seres humanos.
	
	A gramática funcional inclui na sua análise toda a situação comunicativa: o evento de fala, seus participantes e o contexto discursivo. 
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O FUNCIONALISMO
Usuários - criadores, transformadores das estruturas e responsáveis pelo estado e forma da língua
	
Análise da estrutura gramatical dentro de toda situação comunicativa: a situação comunicativa explica ou mesmo determina a estrutura gramatical.
Gramática - não é um organismo geneticamente determinado gerado apenas por fatores cognitivos inatos, mas sobretudo uma consequência da interação dos usuários em situação concreta de comunicação.
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O CONCEITO DE FUNÇÃO
Função = valor de ‘papel’ ou ‘utilidade’ de um termo.
A noção de ‘função’ não se refere aos papeis que desempenham as classes de palavras ou os sintagmas dentro da estrutura das unidades mas ao papel que a linguagem desempenha na vida dos indivíduos. 
Importância desse conceito de função. O funcionalismo leva em conta a capacidade que os indivíduos têm não apenas de codificar e decodificar expressões, mas também de usar e interpretar essas expressões de uma maneira interacionalmente satisfatória. 
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A RELAÇÃO ENTRE FORMA E FUNÇÃO
A gramática da língua é acessível às pressões de uso.
Exemplos. 
‘A gente’ passa de substantivo a pronome; 
‘Você’ passa de pronome de tratamento a pronome pessoal; 
O uso de ‘você’ como sujeito indeterminado em manuais e receitas;
as preposições durante (latim ‘durar’) e mediante (que serve de auxílio; como preposição significa por meio de);
as conjunções consoante (do latim “que soa com”), conforme (significava ‘que tem a mesma forma’). 
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A RELAÇÃO ENTRE FORMA E FUNÇÃO
f) Elementos que refletem a emoção do falante: “puxa vida”, “poxa”, “pô”.
g) Expressões como “Olha aí (aí)” e olha só (ossó) que podem funcionar como elementos de aviso ou chamamento.
h) Verbos de percepção: ver, perceber (=saber): percebeu? Agora você vê ... Deixa ver ...
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O FUNCIONALISMO E AS METÁFORAS
O pensamento inicialmente trabalha com conceitos adquiridos pelo contato com o mundo concreto: Interesse - propriedades cognitivas do usuário
É a metáfora que permite que o homem compreenda o mundo das idéias em função do mundo concreto. Segundo Heine et alií (1991) o processo metafórico é unidirecional e se faz de acordo com a seguinte escala de abstração crescente:
	PESSOA > OBJETO > ATIVIDADE> ESPAÇO > TEMPO > QUALIDADE
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O FUNCIONALISMO E AS METÁFORAS
	PESSOA > OBJETO > ATIVIDADE> ESPAÇO > TEMPO > QUALIDADE
‘Atrás’ (noção espacial) > tempo (2 anos atrás) > atrasado (qualificação).
‘Pé’ (ser humano) > ‘pé da mesa’> ‘pés’ (medida).
'Braço' (parte do corpo) > ‘braços do sofá’ > ‘braço direito’ (qualificação).
‘Cabeça’ (parte do corpo) > ‘cabeça-d’água’ > ‘cabeça do grupo’ (qualificação).
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O FUNCIONALISMO E O PRINCÍPIO 
DA ICONICIDADE
Gramática e discurso - gramática provém do discurso e ao mesmo tempo o molda; por outro lado, o discurso contribui para moldar a gramática. Discurso é o uso potencial da língua em situação de comunicação. 
Pressões de uso geram regularidades e irregularidades na língua. (áreas que estão em fluxo, o que faz com que surjam novas variações, decorrentes do aspecto criativo do discurso).
A comunicação pressiona a língua em direção a uma maior regularidade e iconicidade. A competição dessas duas forças faz com que as gramáticas das línguas nunca sejam estáticas. 
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O PRINCÍPIO DA ICONICIDADE
Princípio que prevê motivação na relação entre forma e significado de modo que os humanos agem intencionalmente em termos linguísticos: existe uma relação não-arbitrária entre forma e função.
Isso implica que na língua nada dá-se ao acaso.
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O PRINCÍPIO DA ICONICIDADE
A arbitrariedade do signo linguístico conforme proposta por Saussure separa o significante do seu correlato mental (o significado). 
Para criar novos rótulos, o falante tende a utilizar material já existente na língua utilizando a motivação: a palavra assume uma forma específica, por um motivo determinado. Assim, tem-se, por exemplo, a: 
motivação semântica: pé da mesa; coração da cidade;
motivação morfológica: apagador, leiteiro (processo de derivação); aguardente, pára-quedas ( composição);
motivação fonética: cocorocó, tilintar.
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O PRINCÍPIO DA ICONICIDADE
Nem sempre podemos precisar a intenção ou o propósito específico de cada ato verbal. Entretanto, nem tudo na língua é icônico. 
	Exemplo.
	Entretanto significava"no interior de algum espaço físico ou de algum espaço de tempo". 
	Entretanto hoje é uma conjunção de valor adversativo.
*
*
SUBPRINCÍPIOS DA ICONICIDADE
Subprincípio da quantidade. Quanto maior for a quantidade de informação, maior a quantidade de forma.
	Exemplo. Ele não era motorista dele não.
Subprincípio da integração. O conteúdo que está mais próximo mentalmente coloca-se próximo sintaticamente.
	Usado para justificar problemas na concordância quando o sujeito está longe do verbo.
Subprincípio da ordenação linear. Refere-se à ordenação dos elementos na sentença. Segundo esse princípio, a ordenação dos elementos na oração tende a espelhar a sequência temporal em que os eventos descritos ocorreram.
Ex.: “Vim, vi, venci.” 
*
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GRAMATICALIZAÇÃO
	Processo que envolve abstratização: o significado gramatical faz com o que o item lexical sofra um esvaziamento semântico. 
	Exemplos. 
‘as preposições durante (latim ‘durar’) e mediante (que serve de auxílio;
as conjunções consoante (do latim “que soa com”), conforme (significava ‘que tem a mesma forma’);
Verbo querer na construção quer ... quer: “Quer chova quer faça sol”;
d) etc.
*
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GRAMATICALIZAÇÃO
	O deslizamento de sentido de ‘onde’ que passa da noção de espaço físico (b.1) para espaço de tempo (b.2) e para marcador discursivo (b.3)
b.1. “No banheiro ... nós vamos encontrar ... uma prateleira ... onde fica ...”
b.2. “ ... depois disso ... teve a noite onde foi escolhido o grupo de cinco pessoas ...”
b.3. “ ... eu acho que as pessoas deveriam estar lutando ... por melhores condições de vida ... de melhor educação para seus filhos ... onde as pessoas poderiam viver num país bom ...” 
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MARCADORES DISCURSIVOS
São usados para reorganizar a linearidade das informações no nível do discurso, quando essa linearidade é momentaneamente perdida por diversos motivos como insegurança ou falhas de memória. 
Sua função no discurso se motiva na medida em que a natureza fluida da fala impede perfeita linearidade das informações e marca:
hesitação e reformulação;
mudança na direção comunicativa;
cria reticências etc.
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MARCADORES DISCURSIVOS
Vícios de linguagem para a Gramática Normativa.
Enquanto o texto escrito é fruto de uma reflexão mais elaborada, a fala, que é por natureza improvisada, impõe maior dificuldade de manter a linearidade que se verifica na escrita.
Exemplos. Sabe? Né? Entende?Aí etc.
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	VAMOS PRATICAR?
1- Leia o texto abaixo.
	“Procura explicar as regularidades observadas no uso interativo da língua, analisando as condições discursivas em que se verifica esse uso.” (Cunha, 2009:174)
O texto apresentado refere-se:
à Sociolinguística.
ao Gerativismo.
ao Funcionalismo.
ao Estruturalismo.
à Gramática Normativa 
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2. Os funcionalistas concebem a linguagem como
uma capacidade inata.
um fato mental.
um instrumento de interação.
uma instituição social.
um ato individual.
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3. Sobre o funcionalismo, é incorreto afirmar que essa corrente linguística: 
entende a língua como instrumento de interação social entre seres humanos.
considera que a capacidade linguística do falante compreende não apenas a habilidade de usar expressões linguísticas mas também a habilidade de usar essas expressões apropriadamente. 
concebe a linguagem como um fenômeno mental.
preocupa-se com o contexto.
afirma que a principal função de uma língua natural é estabelecer a comunicação entre seus usuários. 
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4- Segundo o Funcionalismo, os elementos “né?", “sabe?”, “entende?”, em contexto de fala espontânea, 
marcam hesitação ou pausa para que o informante possa reorganizar seu discurso.
indicam que o informante está muito seguro acerca do que vai falar.
são “vícios de linguagem” que mostram a pobreza no uso da língua.
fazem parte da fala de crianças e adolescentes apenas.
representam a pouca criatividade do informante sobre o assunto.
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5- Segundo o princípio de iconicidade, há uma correlação natural e motivada entre forma e função. Isso significa dizer que há uma correlação natural entre
o código linguístico (expressão) e seu significado (conteúdo).
o desempenho linguístico e a competência.
a língua e a fala.
a linguagem verbal e a linguagem não-verbal.
o paradigma e o sintagma.
Abraços e felicidades!
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