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Microeconomia: Princ´ıpios Ba´sicos Cap´ıtulo 30. Trocas Escola de Po´s-Graduac¸a˜o em Economia 2009 Mestrado em Financ¸as e Economia Empresarial V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 1 / 48 To´picos cobertos 1 A caixa de Edgeworth 2 As trocas 3 Alocac¸o˜es eficientes no sentido de Pareto 4 As trocas de mercado 5 A a´lgebra do equil´ıbrio 6 A lei de Walras 7 Prec¸os relativos 8 A existeˆncia de equil´ıbrio 9 Equil´ıbrio e eficieˆncia 10 A a´lgebra da eficieˆncia 11 Eficieˆncia e equil´ıbrio 12 Implicac¸o˜es do Primeiro Teorema de Bem-Estar 13 Implicac¸o˜es do Segundo Teorema de Bem-Estar V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 2 / 48 Equil´ıbrio geral Iniciaremos nosso estudo de equil´ıbrio geral Como as condic¸o˜es de oferta e demanda interagem em va´rios mercados para determinar os prec¸os de muitos bens? Limitaremos nossa ana´lise ao comportamento dos mercados competitivos I Tanto consumidores como produtores considerara˜o os prec¸os como dados e otimizara˜o com base nisso Adotaremos nossa hipo´tese simplificadora considerando apenas dois bens e dois consumidores Analisaremos o problema de equil´ıbrio geral com uma economia onde as pessoas teˆm dotac¸o˜es de bens fixas Examinaremos como trocam esses bens entre si: na˜o falaremos em produc¸a˜o V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 3 / 48 A caixa de Edgeworth Chamemos as duas pessoas de a e b, e os dois bens de 1 e 2 A cesta de consumo do agente i ∈ I = {a, b} e´ representada por o vetor xi = (xi1, x i 2) Um par de cestas de consumo (xa, xb) e´ chamado de alocac¸a˜o Uma alocac¸a˜o sera´ fact´ıvel se a quantidade total de cada bem consumido for igual ao total dispon´ıvel xa + xb = ωa + ωb ou para cada bem xa1 + x b 1 = ω a 1 + ω b 1 e x a 2 + x b 2 = ω a 2 + ω b 2 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 4 / 48 A caixa de Edgeworth Uma alocac¸a˜o especial e´ a alocac¸a˜o da dotac¸a˜o incial ω = (ωa, ωb) Essa e´ a alocac¸a˜o com a qual os consumidores comec¸am Ela consiste na quantidade de cada bem que os consumidores trazem ao mercado Eles trocara˜o entre si alguns desses bens para chegar a uma alocac¸a˜o final V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 5 / 48 A caixa de Edgeworth A caixa de Edgeworth fornece uma descric¸a˜o completa das caracter´ısticas econoˆmicas relevantes dos dois consumidores V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 6 / 48 As trocas O movimento particular para M mostrado na figura anterior implica que A pessoa a abra ma˜o de |xa1 − ωa1 | unidades do bem 1 e adquira em troca |xa2 − ωa2 | unidades do bem 2 O consumidor b adquire |xb1 − ωb1| unidades do bem 1 e abre ma˜o de |xb2 − ωb2| unidades do bem 2 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 7 / 48 Alocac¸o˜es eficientes no sentido de Pareto Uma alocac¸a˜o fact´ıvel x = (xa, xb) e´ eficiente no sentido de Pareto se na˜o existe movimento que melhora uma das partes sem piorar a outra A alocac¸a˜o fact´ıvel x e´ eficiente no sentido de Pareto se na˜o existe uma outra alocac¸a˜o y tal que 1 A alocac¸a˜o y e´ fact´ıvel 2 Nenhum dos agentes fica pior, i.e., ∀i ∈ I, ui(yi) > ui(xi) 3 Pelo menos um dos agentes fica melhor, i.e., ∃j ∈ I, uj(yj) > uj(xj) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 8 / 48 Alocac¸o˜es eficientes no sentido de Pareto Uma alocac¸a˜o eficiente no sentido de Pareto pode ser descrita como uma alocac¸a˜o em que: Na˜o ha´ como fazer com que uma pessoa melhore sem piorar outra Todos os ganhos com as trocas se exauriram Na˜o ha´ trocas mutuamente vantajosas para serem efetuadas V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 9 / 48 Alocac¸o˜es eficientes no sentido de Pareto V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 10 / 48 Alocac¸o˜es eficientes no sentido de Pareto As curvas de indiferenc¸a dos dois agentes teˆm de ser tangentes em qualquer alocac¸a˜o eficiente no sentido de Pareto no interior da caixa Se as duas curvas de indiferenc¸a na˜o sa˜o tangentes numa alocac¸a˜o no interior da caixa, enta˜o elas teˆm de se cruzar Mas se elas se cruzarem, tera´ de haver alguma troca mutuamente vantajosa, de modo que aquele ponto na˜o pode ser eficiente no sentido de Pareto E´ poss´ıvel ter alocac¸o˜es eficientes no sentido de Pareto nos lados da caixa V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 11 / 48 Alocac¸o˜es eficientes no sentido de Pareto A partir da condic¸a˜o de tangeˆncia e´ facil verificar que ha´ muitas alocac¸o˜es eficiente no sentido de Pareto na caixa de Edgeworth Para qualquer curva de indiferenc¸a da pessoa a, ha´ um caminho fa´cil para encontrarmos uma alocac¸a˜o eficiente no sentido de Pareto Basta que nos movamos ao longo da curva de indiferenc¸a de a ate´ encontrarmos o ponto melhor para b O conjunto de todos os pontos eficiente no sentido de Pareto e´ conhecido como conjunto de Pareto ou curva de contrato Todos os contratos “finais” de troca teˆm de se localizar no conjunto de Pareto V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 12 / 48 Trocas de mercado Tentemos descrever um processo de troca que imita o resultado de um processo competitivo Suponhamos que tenhamos uma terceira parte disposta a agir como “leiloeiro” para os dois agentes a e b O leiloeiro escolhe um prec¸o p1 para o bem 1 e um prec¸o p2 para o bem 2, e apresenta esses prec¸os aos agentes a e b Cada agente calcular quanto vale sua dotac¸a˜o aos prec¸os p = (p1, p2) e decide quanto cada bem deseja comprar a esses prec¸os V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 13 / 48 Trocas de mercado Se realmente houver apenas duas pessoas envolvidas na transac¸a˜o, na˜o fara´ muito sentido para elas comportarem-se de maneira competitiva Elas provavelmente tentariam negociar os termos da troca Podemos imaginar a demanda de cada agente como a me´dia das demandas de dois tipos de consumidores, mas com va´rios consumidores de cada tipo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 14 / 48 Trocas de mercado V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 15 / 48 Trocas de mercado A demanda bruta do agente a pelo bem 1 e´ a quantidade total do bem 1 que ele deseja aos prec¸os vigentes A demanda l´ıquida do agente a pelo bem 1 e´ a diferenc¸a entre sua demanda total e a dotac¸a˜o inicial do bem 1 que o agente tem As demandas l´ıquidas sa˜o chamadas as vezes de demandas excedentes ea1 = x a 1 − ωa1 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 16 / 48 Trocas de mercado Para os prec¸os arbitra´rios p = (p1, p2) nada garante que a oferta se iguale a` demanda Em termos de demanda l´ıquida, a quantidade que a desejara´ comprar (ou vender) na˜o se igualara´ necessariamente a` quantidade que b desejara´ vender (ou comprar) Em termos de demanda bruta significa que a quantidade total que ambos os agente querem ter na˜o e´ igual a` quantidade dispon´ıvel Nesse exemplo, os agentes na˜o conseguira˜o concluir as transac¸o˜es que desejam: os mercados na˜o sera˜o exauridos Nesse caso, dizemos que o mercado esta´ em desequil´ıbrio V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 17 / 48 Trocas de mercado E´ natural supor que o leiloeiro mudara´ os prec¸os dos bens Se houver excesso de demanda por um dos bens, o leiloeiro aumentara´ o prec¸o desse bem Se houver excesso de oferta de um dos bens, o leiloeiro baixara´ seu prec¸o Suponhamos que esse processo de ajustamento continue ate´ que a demanda de cada um dos bens se iguale a` oferta V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 18 / 48 Trocas de mercado V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 19 / 48 Trocas de mercado Dizemos que o mercado esta´ em equil´ıbrio, ou I equil´ıbrio de mercado I equil´ıbrio competitivo I equil´ıbrio walrasiano1 Todos esses termos referem-se a` mesma coisa: um conjunto de prec¸os tais que cada consumidor escolhe a cesta mais preferida pela qual pode pagar, e todas as escolhas dos consumidores sa˜o compat´ıveis no sentido de que a demanda se iguala a` oferta em todos os mercados 1Le´on Walras (1834-1910) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 20 / 48 Trocas de mercado Se cada agente escolher a melhor cesta que puder pagar Enta˜o a taxa marginal de substituic¸a˜o entre dois bens tem de ser igual a` raza˜o dos prec¸os Como no equil´ıbrio competitivo, todos os agentes se defrontam com os mesmos prec¸os, todos tera˜o de ter a mesma taxa marginal de substituic¸a˜o entre os dois bens A curva de indiferenc¸a de cada agente tangencia sua reta orc¸amenta´ria Como a reta orc¸amenta´ria de cada agente tem inclinac¸a˜o −p1/p2, isso significa que as curvas de indiferenc¸a dos dois agentes teˆm de ser tangentes uma a` outra V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 21 / 48 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 22 / 48 A a´lgebra do equil´ıbrio Seja xi1(p) a func¸a˜o de demanda do agente i pelo bem 1 e x i 2(p) a func¸a˜o de demanda do agente i pelo bem 2 A demanda (xi1(p), x i 2(p)) e´ denotada x i(p) Um conjunto de prec¸os p? = (p?1, p ? 2) e´ um equil´ıbrio se e somente se ∑ i∈I xi(p) = ∑ i∈I ωi ou de forma equivalente xa1(p) + x b 1(p) = ω a 1 + ω b 1 e x a 2(p) + x b 2(p) = ω a 2 + ω b 2 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 23 / 48 A a´lgebra do equil´ıbrio Representamos a func¸a˜o de demanda l´ıquida ou excedente do agente i pelo bem 1 por ei1(p) = x i 1(p)− ωi1 e a func¸a˜o vetorial de demanda excedente por ei(p) = (ei1(p), e i 2(p)) Somemos as demandas l´ıquidas dos agentes pelo bem 1 e obtemos a demanda excedente agregada pelo bem 1 z1(p) = ∑ i∈I ei1(p) o vetor de demanda excedente agregada e´ definido por z(p) = (z1(p), z2(p)) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 24 / 48 A a´lgebra do equil´ıbrio Um vetor de prec¸os p? = (p?1, p ? 2) e´ um equil´ıbrio se e somente se z(p?) = 0 ou de forma equivalente z1(p?1, p ? 2) = 0 e z2(p ? 1, p ? 2) = 0 Essa definic¸a˜o e´ mais forte do que o necessa´rio Se a demanda excedente agregada do bem 1 for zero, a demanda excedente agregada pelo bem 2 tera´ necessariamente de ser zero Para provar isso teremos que estabelecer a lei de Walras V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 25 / 48 A lei de Walras A lei de Walras afirma que o valor da demanda excedente agregada e´ ideˆntico a zero, ou seja 0 = p · z(p) = p1z1(p1, p2) + p2z2(p1, p2) para cada prec¸o e na˜o apenas para os prec¸os de equil´ıbrio Como as prefereˆncias sa˜o estritamente monotoˆnicas, a demanda de cada agente i satisfaz a restric¸a˜o orc¸amenta´ria com igualdade p · xi(p) = p · ωi ou p1xi1(p) + p2xi2(p) = p1ω1 + p2ω2 Isso implica que o valor da demanda l´ıquida do agente i e´ zero Somando para cada agente, temos p · z(p) = 0 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 26 / 48 A lei de Walras Se a demanda se igualar a` oferta num mercado (com prec¸os positivos), ela tera´ de igualar-se a` oferta no outro mercado Isso somente e´ valido com dois bens Seja p̂ um vetor de prec¸os tal que a demanda excedente agregada do bem 1 e´ zero; z1(p̂) = 0 Como a lei de Walras vale para todos os prec¸os, em particular, ela vale para p̂ p̂1 · z1(p̂1, p̂2) + p̂2 · z2(p̂1, p̂2) = 0 Se p̂2 > 0 teremos enta˜o de ter z2(p̂) = 0 implicando que p̂ e´ um prec¸o de equil´ıbrio V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 27 / 48 Prec¸os relativos A lei de Walras implica que haja somente k − 1 equac¸o˜es independentes num modelo de equil´ıbrio geral de k bens I Se a demanda se igualar a` oferta em k − 1 mercados, ela tera´ de se igualar a` oferta no ultimo mercado Mas se houver k bens, havera´ k prec¸os com apenas k− 1 equac¸o˜es? So´ ha´ realmente k − 1 prec¸os relevantes Se encontrarmos um prec¸o de equil´ıbrio p? = (p?1, p ? 2), enta˜o tp? = (tp?1, tp ? 2) sera´ tambe´m um prec¸o de equil´ıbrio para qualquer t > 0 e com as mesmas demandas V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 28 / 48 Prec¸os relativos Isso significa que podemos escolher uma normalizac¸a˜o dos prec¸os Em geral conve´m igualar o prec¸o de um dos bens a 1, de modo que todos demais prec¸os possam ser interpretados como medidos em relac¸a˜o a ele O bem escolhido e´ chamado de numera´rio Se escolhermos o primeiro bem como numera´rio, sera´ como multiplicar todos os prec¸os pela constante t = 1/p1 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 29 / 48 Um exemplo alge´brico de equil´ıbrio Escolhemos I = {a, b} onde a, b ∈ (0, 1) A func¸a˜o de utilidade do agente i e´ a Cobb–Douglas ui(x) = (x1)i × (x2)1−i Vimos que as func¸o˜es de demanda associadas sa˜o xi1(p,m i) = i mi p1 e xi2(p,m i) = (1− i)m i p2 Sabemos que a renda moneta´ria de cada pessoa e´ dada por o valor de sua dotac¸a˜o mi = p · ωi = p1ωi1 + p2ωi2 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 30 / 48 Um exemplo alge´brico de equil´ıbrio As demandas excedentes para os dois bens sa˜o z1(p) = a p1ω a 1 + p2ω a 2 p1 + b p1ω b 1 + p2ω b 2 p1 − ωa1 − ωb1 e z2(p) = (1− a)p1ω a 1 + p2ω a 2 p2 + (1− b)p1ω b 1 + p2ω b 2 p2 − ωa2 − ωb2 Podemos verificar que essas func¸o˜es de demanda satisfazem a lei de Walras V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 31 / 48 Um exemplo alge´brico de equil´ıbrio Escolhamos o bem 2 como numera´rio, de modo que z1(p1, 1) = a p1ω a 1 + ω a 2 p1 + b p1ω b 1 + ω b 2 p1 − ωa1 − ωb1 e z2(p1, 1) = (1− a)[p1ωa1 + p2ωa2 ] + (1− b)[p1ωb1 + p2ωb2]− ωa2 − ωb2 Para encontrar o prec¸o de equil´ıbrio, igualamos essas duas equac¸o˜es a zero e resolvemos para p1 O prec¸o de equil´ıbrio vem a ser p?1 = aωa2 + bω b 2 (1− a)ωa1 + (1− b)ωb1 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 32 / 48 A existeˆncia de equil´ıbrio Dados os primitivos do modelo econoˆmico: dotac¸o˜es iniciais, prefereˆncias; como sabemos se existe algum conjunto de prec¸os em que a demanda e a oferta se igualem em todos os mercados? A resposta a essa pergunta e´ importante porque serve como “verificac¸a˜o da consisteˆncia” do modelo Uma condic¸a˜o importante para provar existeˆncia e´: a func¸a˜o de demanda excedente agregada e´ uma func¸a˜o cont´ınua Duas condic¸o˜es garantem essa continuidade: prefereˆncias continuas e convexas V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 33 / 48 Equil´ıbrio e eficieˆncia Theorem (Primeiro Teorema de Bem-Estar) Todos os equil´ıbrios competitivos sa˜o eficientes no sentido de Pareto Um mercado competitivo ira´ esgotar todos os ganhos de trocas O Primeiro Teorema de Bem-Estar na˜o diz nada sobre distribuic¸a˜o dos benef´ıcios econoˆmicos V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 34 / 48 Monopo´lio na caixa de Edgeworth Suponhamos que agora na˜o haja leiloeiro, e que, no lugar dele, o agente a fixara´ os prec¸os para o agente b O agente b decidira´ o quanto deseja trocar aos prec¸os fixados Suponhamos ainda que a conhec¸a a “curva de demanda” de b e tente escolher o conjunto de prec¸os capaz de fazer com que a fique ta˜o bem quanto poss´ıvel, dado o comportamento da demanda de b V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 35 / 48 Monopo´lio na caixa de Edgeworth A curva prec¸o-consumo de b representa as cestas que ele ira´ comprar aos diferentes prec¸os O ponto onde a reta orc¸amenta´ria interceptar a curva prec¸o-consumo representara´ o consumo o´timo de b Assim, o agente a deve procurar o ponto na curva prec¸o-consumo de b onde a tem a utilidade mais alta Essa escolha o´tima caracterizar-se-a´ por a condic¸a˜o de tangeˆncia: a curva de indiferenc¸a de a tangenciara´ a curva prec¸o-consumo de b V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 36 / 48 Monopo´lio na caixa de Edgeworth A alocac¸a˜o de monopo´lio pode ser ineficiente no sentido de Pareto V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 37 / 48 Monopo´lio na caixa de Edgeworth Suponhamos que a seja um monopolista discriminador podendo vender cada unidade de um bem diferente Comecemos na dotac¸a˜o inicial ω, e imaginemos que a venda a primeira unidade do bem 1 a b ao prec¸o ao qual b e´ indiferente entre comprar ou na˜o Assim, depois que a vender a primeira unidade, b permanecera´ na mesma curva de indiferenc¸a que passa por ω O agente a, enta˜o, vende a segunda unidade do bem 1 para b pelo prec¸o ma´ximo que ele estara´ propensa a pagar A alocac¸a˜o se move mais para a esquerda, mas permanece na curva de indiferenc¸a de b que passa por ω O agente a continua vendendo unidades do bem 1 para o agente b ate´ alcanc¸ar o ponto preferido de a V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 38 / 48 Monopo´lio na caixa de Edgeworth A alocac¸a˜o do monopolista perfeitamente discriminador e´ eficiente no sentido de Pareto V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 39 / 48 Eficieˆncia e Equil´ıbrio O Primeiro Teorema de Bem-Estar diz que o equil´ıbrio competitivo e´ eficiente no sentido de Pareto E o contra´rio? Dada uma alocac¸a˜o eficiente no sentido de Pareto, podemos encontrar prec¸os que fac¸am essa alocac¸a˜o constituir um equil´ıbrio de mercado? A resposta e´ (quase) sim, sob certas condic¸o˜es V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 40 / 48 Eficieˆncia e Equil´ıbrio Prefereˆncias convexas V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 41 / 48 Eficieˆncia e Equil´ıbrio Prefereˆncias na˜o-convexas V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 42 / 48 Eficieˆncia e Equil´ıbrio Theorem (Segundo Teorema de Bem-Estar) Se todos os agentes tiverem prefereˆncias convexas, para cada alocac¸a˜o eficiente no sentido de Pareto, havera´ sempre um conjunto de prec¸os tal que essa alocac¸a˜o seja um equil´ıbrio de mercado para uma distribuic¸a˜o apropriada de dotac¸o˜es V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 43 / 48 Primeiro Teorema de Bem-Estar Esse teorema na˜o e´ mais valido se um agente se importa com o consumo do outro: externalidade no consumo O Primeiro Teorema de Bem-Estar constitui um resultado muito forte: um mercado privado em que cada agente procura maximizar a sua utilidade, resultara´ numa alocac¸a˜o capaz de alcanc¸ar a eficieˆncia de Pareto I O mercado competitivo e´ um mecanismo que assegura a obtenc¸a˜o de resultados eficientes I Isso na˜o e´ relevante se houver apenas duas pessoas envolvidas: elas podem se juntare e examinar as possibilidades de trocas mu´tuas I Se houver milhares, ou milho˜es de pessoas, tera´ de haver algum tipo de estrutura imposta no processo de troca V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 44 / 48 Informac¸a˜o O uso do mecanismo competitivo economiza a quantidade de informac¸o˜es que qualquer agente precisa saber As u´nicas coisas que o consumidor precisa saber para tomar suas deciso˜es de consumo sa˜o os prec¸os dos bens que ele pretende consumir Os consumidores na˜o precisam conhecer nada sobre I como os bens sa˜o produzidos I quem tem que tipos de bem I de onde veˆm os bens num mercado competitivo O fato de que o mecanismo competitivo reduz a necessidade de informac¸a˜o constitui um forte argumento a favor do seu uso como meio de alocar recursos V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 45 / 48 Apeˆndice Proposition Uma alocac¸a˜o e´ eficiente no sentido de Pareto se e somente se, para cada agente, essa alocac¸a˜o terna esse agente ta˜o bem quanto poss´ıvel, dada a utilidade dos outros agentes Uma alocac¸a˜o fact´ıvel (xi)i∈I e´ eficiente no sentido de Pareto se e somente se temos xa ∈ argmax{ua(xa) : xa + xb 6 ωa + ωb e ub(xb) > ub} onde ub = ub(xb) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 46 / 48 Apeˆndice Podemos escrever a Lagrangiana desse problema L(xa, xb) = ua(xa) + λ(ub(xb)− ub) −µ1(xa1 + xb1 − ωa1 − ωb1) −µ2(xa2 + xb2 − ωa2 − ωb2) λ > 0 e´ o multiplicador Lagrangiano da restric¸a˜o de utilidade µ` > 0 e´ o multiplicador de Lagrange da restric¸a˜o de factibilidade do bem ` V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 47 / 48 Apeˆndice A soluc¸a˜o x do problema de maximizac¸a˜o verifica ∂L ∂xa` (xa, xb) = 0 e ∂L ∂xb` (xa, xb) = 0 com as condic¸o˜es λ(ub(xb)− ub) = 0 e µ`(xa` + xb1`− ωa` − ωb1`) Obtemos enta˜o TMSi(xa) = ∂ui ∂xi1 (xa) ∂ui ∂xi2 (xa) = µ1 µ2 Numa alocac¸a˜o eficiente de Pareto, as taxas marginais de substituic¸a˜o entre dois bens teˆm de ser as mesmas V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 48 / 48 Main Talk