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Enviado por Cristiano Martins em

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Portugal e a Economia Pombalina – Macedo
A historiografia liberal via no período pombalino um esforço de laicismo no ensino, e no apoio às classes burguesas. Via também a hipertrofia do Estado e conseqüente corrupção da monarquia.
	É preciso para Macedo quebrar a apreciação global dos vinte e sete anos pombalinos, e a substituir por uma perspectiva evolutiva; integrando o período o seu contexto nacional e internacional.
	 No século XVIII Portugal era um todo econômico inseparável do Brasil e de outras zonas coloniais importantes para seu comércio. O comércio era principalmente importante em Lisboa, para onde convergiram produtos da Índia, África e Brasil. Na dualidade Brasil-Portugal assentava todo o sistema português da época.
	O porto de Lisboa apresentava um grande movimento, e em seus porões encontravam-se os produtos tão procurados na Europa. Para ter os produtos a baixo preço (principalmente o ouro) faziam uma série de atos ilícitos, que as próprias autoridades estimulavam, como contrabando e pirataria. Concentrava-se uma rede de contrabando internacional em Lisboa e o Estado até contribuiu para isso, como no caso do contrabando das colônias espanholas através de Sacramento. 	
	Portugal tinha pouca exportação e grande importação. Nos portos a atividade era muito lucrativa, e quando exercido por estrangeiros drenava para fora do país parte substancial do ouro brasileiro. O comércio português era então cobiçado e disputado pelas duas rivais da época (Inglaterra e França). A França aumentava sua influência econômica por toda a Europa, com um comércio continental em constante desenvolvimento. A Inglaterra também possuía, assim como a França, vasto império colônia, com variado trânsito de mercadorias.
	Portugal-Brasil sofre a influência das lutas que se travam no Atlântico por seu domínio. A primeira metade do século XVIII contou com certa estabilidade econômica. O ouro brasileiro chegava com regularidade, o açúcar, vinho e tabaco tinham seus mercados garantidos.
	No fim do reinado de D. João V o sistema econômico colonial e metropolitano português apresentava sinais de uma situação de crise, com enfraquecimento do Estado. Começava a crescer o contrabando internacional nas alfândegas continentais.
	No início do governo pombalino houve uma situação de crise iniciada por volta de 1749 (a quebra de movimento de navios portugueses não é acompanhada por quebra tão acentuada nos totais de navios entrados em Lisboa). Além disso, o efeito do desenvolvimento de produção inglesa de gêneros coloniais começou a ser sentido por volta de 1750, baixando consideravelmente as exportações de açúcar. A situação crítica do vinho do Porto em face da concorrência interna à sua exportação revela-se também.
	Nos últimos dez anos de reinado de D. João V havia se esbatido consideravelmente o sistema monopolista. Ligado a isso, houve o reforço do Estado que não foi nem renovador nem feito sobre planos previamente estabelecidos.
	Houveram fases sucessivas durante a governança pombalina:
	1ª. Até 1760: Diz respeito a problemas comerciais estaduais. Reforça-se o aparelho do Estado e a política das “CIAs.”, com a defesa do grande comércio brasileiro contra o comércio português livre, e do vinho do Porto contra o restante nacional. Isso com a criação das grandes CIAs monopolistas abertas a quaisquer acionistas nacionais ou estrangeiros.
	Há muitas preocupações quanto ao presente e futuro. Pombal não teme proibir desde logo a exportação do ouro a tenta limitar os principais benefícios e lucros a grupos restritivos e privilegiados com as CIAs. A criação da CIA de agricultura de vinhos do Alto-Douro foi para o mercado interno o que Methrueri foi para o mercado externo.
	Com o fim do reinado de D. João V se acumulam as indicações de crise próxima. As CIAs tinham um objetivo interno, mas foram vistas como ataque ao comércio inglês. Mas a situação era clara: Inglaterra era necessária a Portugal e mesmo havendo uma balança comercial favorável,a Inglaterra fazia as grandes compras. A França não ofereceu nem grandes vantagens políticas nem comerciais. Mas a Inglaterra continuava tendo as vantagens comerciais.
	As CIAs legalizavam o comércio em certas zonas, promovendo o desenvolvimento nelas de gêneros comerciáveis, e abastecendo-se dos produtos necessários, com uma frota privativa. 
	Há um erro em pensar que Pombal foi somente protecionista. Praticou a liberação de certas vias comerciais enquanto monopolizava outras. As regiões secundárias e abastecedoras do comércio central libertavam-se, e as vias principais era defendidas com privilégios. O Estado Absolutista intervia interessadamente.
	Na primeira fase Pombalina defende o grande comércio colonial e a zona vinícola do Douro, e reforçou o Estado Absolutista. Portugal importava muito mais do que exportava. O déficit externo coberto pelo ouro, que junto com o comércio colonial davam ao sistema econômico português uma dependência efetiva.
	2ª. 1760-1764: Em 1760 a crise do ouro, segundo pela crise de outros produtos, colônias criando uma situação geral de crise. A crise culminou entre 1768-1771 e só foi totalmente saneada no reinado de D. Maria I, com a exportação e consumo escala de novos produtos coloniais e com o decréscimo da crise do ouro, a política fisiocrática e a libertação do comércio.
	O aspecto mais importante da crise era a diminuição da extorção do ouro, refletindo no baixo do rendimento dos quantos entregues ao Estado. A segurança e autonomia econômica baseada no ouro caíram também. A navegação portuguesa no porto de Lisboa caiu também. Em 1771 o movimento deste porto fortemente em seu conjunto: Perdeu seu interesse como centro de contrabando de ouro, baixando também as matérias exportáveis. Diminui-se o rendimento do Estado, refletindo as dificuldades na administração e na corte, apesar dos esforços pombalinos de limitar a diminuição do rendimento dos impostos.
	A crise dos rendimentos do Estado dificultou nos pagamentos internacionais, crise comercial e crise de produção dos principais produtos de exportação marcam a 2º fase.
	3º. 1764 -1770: Reforço dos privilégios mercantis. A crise trouxe problemas para a indústria. Pombal era anterior ‘a Revolução Industrial inglesa, e muito anterior ‘a sua divulgação na Europa. Então, o apetrechamento técnico da época era o oficional ou manufatureiro. Assim, constata-se que a atividade pombalina de fomento industrial tem outra base, outro objetivo, tradicional. O país e a época não comportavam outra coisa. A noção de que havia um deserto industrial em Portugal antes de Pombal é absurdo.
	Nesta época a maior parte da vida industrial portuguesa se intercalava á vida agrícola, e com ela se combinava, abastecendo os meios rurais de consumo corrente. Nos grandes centros distribuidores das riquezas coloniais, imperava a indústria estrangeira, com produtos pagos com as riquezas coloniais. A raiz do fomento industrial pombalino está nas dificuldades da crise do ouro e da produção colonial que obrigam a produção interna a tentar diminuir a importação estrangeira. 
	O fomento industrial caracteriza a 3º fase. A legislação concentra-se na indústria. A crise impõe uma rapidez e até desorganização na montagem do sistema. Explica também a montagem da indústria na cidade, que já conhecia os produtos, ao contrário do campo. Assim, a maior parte das oficinas desaparece depois do fim da crise.