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SOCIOLOGIA JURIDICA E JUDICIARIA SEMANA 7 DINÂMICA SOCIAL DA NORMA E DAS INSTITUIÇÕES DE DIREITO. EFICÁCIA DAS NORMAS JURÍDICAS E SEUS EFEITOS SOCIAIS. FATORES QUE AMPLIAM AS CHANCES DE EFICÁCIA E DE PRODUÇÃO DE EFEITOS POSITIVOS EMENTA DA AULA: Distinção entre eficácia e efeitos sociais das normas. Causas de eficácia ou ineficácia da lei. Fatores que ampliam as chances de eficácia e de produção de efeitos sociais positivos da lei. Sociologia Jurídica e Judiciária na facilitação da integração entre norma e sociedade. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: O aluno deverá ser capaz de: • Conceituar eficácia, analisando as conseqüências sociais da lei; • Avaliar as causas de eficácia e/ou ineficácia de uma determinada lei existente; • Elaborar hipóteses em que a lei atingiria plena eficácia e produziria efeitos sociais positivos; aplicando os conhecimentos adquiridos durante a aula. • Aferir se a formulação e aplicação das leis estão consoantes à dinâmica social; • Aplicar conhecimentos teóricos sobre eficácia e ineficácia da lei. BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: FONTES DE PESQUISA SUGERIDAS. Para a resolução dos casos desta aula, faça, inicialmente, a leitura dos Arts. 30 da CRFB e dos capítulos IX do livro de CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de sociologia jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2004 e da Lição 3 do livro de SABADELL, Ana Lúcia. Manual de sociologia jurídica: A função da Sociologia Jurídica e a eficácia do direito. São Paulo: RT, 2002. REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES: conheça os sites do DENATRAN: http://www.denatran.gov.br/contran.htm e da AMB: http://www.amb.com.br/portal/. CASO 1 Sabadell (2003, p. 71) considera que a eficácia da norma no direito moderno se relaciona a fatores instrumentais e sociológicos. Os primeiros dependem da atuação dos órgãos de elaboração e de aplicação do direito: a) divulgação do conteúdo da norma pelos meios adequados, empregando métodos educacionais e meios de propaganda política e comercial; b) conhecimento efetivo da norma por parte de seus destinatários; c) perfeição técnica da norma; d) elaboração de estudos preparatórios sobre o objeto da norma; e) preparação dos operadores do direito responsáveis por sua aplicação; f) conseqüências jurídicas adaptadas à situação e socialmente aceitas e g) expectativa de conseqüências negativas. Já os fatores sociológicos ligam-se às condições de vida da sociedade destinatária do direito. “O sistema de relações sociais e a atitude do poder político diante da sociedade civil influenciam as chances de aplicação das normas vigentes” (idem). Nesse sentido, distingue os seguintes fatores: a) participação dos cidadãos no processo de elaboração e aplicação das normas; b) coesão social; c) adequação da norma à situação política e às relações de força dominante e d) contemporaneidade das normas com a sociedade. Diante da problemática da eficácia da norma, traga um exemplo atual de norma não eficaz, apontando a motivação de sua ineficácia, segundo as considerações de Sabadell. Resposta: a resolução 007/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente ( CONAMA), obriga os fabricantes de amiantos a colocar em seus produtos uma advertência sobre os perigos do amianto, bem com fornecer aos consumidores folhetos explicativos. A motivação de sua ineficácia refere- se à adequação da norma à situação e às relações de forças dominantes. Código Nacional de transito Falta de estrutura para a fiscalização da lei. CASO 2 TEXTO 1 - Lei seca. A polícia Rodoviária Federal anunciou a queda de 13,6% o número de acidentes com morte nas rodovias federais de 20 de junho, quando a Lei Seca entrou em vigor, a 19 de agosto. A comparação é com o mesmo período do ano passado. O Ministério da Saúde também registrou a redução média de 14,86% nos pedidos de ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) nos dois últimos meses. O serviço atende a vítimas de acidente de trânsito. (...) Para o diretor da PRF, Hélio Derene, não há dúvidas de que a Lei Seca contribui para a queda da violência nas estradas. Estamos enfrentando uma mudança cultural. Nossos motoristas não estão bebendo tanto quanto antes. Por isso o número de acidentes com vítimas fatais está diminuindo (O Globo, 21/08/2008, p. 13). TEXTO 2 - Juiz manda soltar motorista que dirigia bêbado. O juiz Ricardo Teixeira de Lemos, da Vara Criminal de Aparecida de Goiânia, mandou soltar um motorista preso por embriaguez. (...) Para o juiz, trata-se de uma lei irreal (Lei 11705/08), que mudou até hábitos culturais do país que sempre considerou futebol e cerveja como “paixão brasileira”. Na sentença, ele compara a ida a um bar sem tomar cerveja a “o mesmo que uma refeição sem feijão ou dormir sem tomar banho”. (...) O magistrado questiona ainda a proporcionalidade da pena, já que a punição prevista no artigo 306 é a mesma para quem ingere um copo de chope e para quem bebe duas caixas de cerveja. “Juiz não é obrigado a engolir qualquer lei, e este é um caso concreto de nulidade do auto de flagrante”, justificou (O Globo, 6/09/2008). Uma norma é considerada socialmente eficaz quando é “respeitada por seus destinatários, ou quando a sua violação é efetivamente punida pelo Estado”. (SABADELL, Ana Lúcia. Manual de Sociologia Jurídica. Revista dos Tribunais, 2008, p.69). Segundo Sérgio Cavalieri Filho (Programa de Sociologia Jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 82), “a eficácia é uma das conseqüências da validade: é a força do ato para produzir os efeitos desejados”. Tomando o noticiado como referência, destaque as condições que contribuem para a eficácia e a ineficácia da Lei Seca. Resposta: Educação (função educativa da norma) mais fiscalização Como condições que contribuíram para a eficácia da “Lei Seca podemos destacar entre outros motivos a alteração referente à tolerância de alcoolemia para dirigir veículos automotores e a previsão de sanção penal e não mais somente administrativa e o aumento da fiscalização por parte do Estado. Dirigir embriagado já era proibido, sempre esteve previsto na LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRODE 1997. Que instituiu o Código Nacional de Transito, sendo que a sanção era apenas administrativa quando a LEI Nº 11.705, DE 19 DE JUNHO DE 2008. Conhecida popularmente como “A LEI SECA” que ALTEROU O CNT estabelecendo o grau de alcoolemia zero para os condutores de veículos automotores e punições penais para quem violasse a Lei, o Estado encontrou no novo texto um bom motivo para aumentar a fiscalização, a partir do aumento desta fiscalização (A Operação Lei Seca é uma política pública, de caráter permanente, com ações desenvolvidas todos os dias da semana, de segunda a segunda-feira, que vão até o último dia da atual gestão governamental, cujo único objetivo é a preservação da vida humana, afirma o subsecretário de Estado de Governo e coordenador da Operação Lei Seca, Carlos Alberto Lopes).e considerando que o novo texto da Lei é mais contundente, passamos a verificar um novo comportamento por parte da população e a Lei passou a ser eficaz, ou seja, a Lei sendo respeitada, cumprida pela maioria das pessoas, em suma acredito que a rigidez da norma e sua freqüente fiscalização são as principais condições que contribuem para sua eficácia. Uma norma é considerada socialmente eficaz quando é “respeitada por seus destinatários, ou quando a sua violação é efetivamente punida pelo Estado” (SABADELL, Ana Lúcia. Manual de Sociologia Jurídica. Segundo Sérgio Cavalieri Filho (Programa de Sociologia Jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 82), “a eficácia é uma das conseqüências da validade: é a força do ato para produzir os efeitos desejados”. O maior destaque de ineficácia da lei tomando por base o noticiado, é sem dúvida a atitude do Magistrado Ricardo Teixeira de Lemos, mandando soltar um motorista embriagado, comparando um ato perigoso que é o de dirigir embriagado com outros costumes inerentes a cultura brasileira e mais grave ainda, o fato de na sentença ele anular o flagrante, “Juiz não é obrigado a engolir qualquer lei, e este é um caso concreto de nulidade do auto de flagrante”, Lei que institui o código nacional de transito LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997. Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Medida Administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de habilitação. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Parágrafo único. A embriaguez também poderá ser apurada na forma do art. 277. Art. 277. Todo condutor de veículo automotor, envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito, sob suspeita de dirigir sob a influência de álcool será submetido a testes de alcoolemia, exames clínicos, perícia ou outro exame que, por meios técnicos ou científicos, em aparelhos homologados pelo CONTRAN, permitam certificar seu estado. (Redação dada pela Lei nº 11.275, de 2006) § 1o Medida correspondente aplica-se no caso de suspeita de uso de substância entorpecente, tóxica ou de efeitos análogos.(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.275, de 2006) Lei Nº 11.705, DE 19 DE JUNHO DE 2008. (Lei Seca) que alterou o texto do código nacional de transito Art. 1o Esta Lei altera dispositivos da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, com a finalidade de estabelecer alcoolemia 0 (zero) e de impor penalidades mais severas para o condutor que dirigir sob a influência do álcool, e da Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220 da Constituição Federal, para obrigar os estabelecimentos comerciais em que se vendem ou oferecem bebidas alcoólicas a estampar, no recinto, aviso de que constitui crime dirigir sob a influência de álcool. V - o art. 291 passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 291. ..................................................................... § 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora). § 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal.” (NR) VIII - o art. 306 passa a vigorar com a seguinte alteração: “Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: