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Enviado por Mauricio Aquilante Policarpo em

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A RESPEITO DA TRADUÇÃO
DE O CAPITAL
Traduzir O Capital é uma tarefa incomum, como é incomum a
própria obra. Trata-se de um dos textos mais importantes de toda a hu-
manidade, sem dúvida o mais lido, o mais debatido, o mais criticado e o
mais endeusado dos textos científicos. É possível que também seja o mais
traduzido. Por isso tudo, vertê-lo mais uma vez apresenta certos dilemas
que uma tradução comum não apresenta. Informar ao leitor mais exigente
o modo como esses dilemas foram resolvidos, na presente tradução para
o português, torna-se assim imprescindível, o que justifica esta nota.
A primeira questão é obviamente a fidelidade ao original. Cada
tradução não pode deixar de ser também interpretação, na medida em
que não há correspondência perfeita entre os vocábulos e a sintaxe das
diferentes línguas. Cada autor luta com as limitações de sua própria língua
para exprimir com a máxima perfeição seu pensamento. Que Marx mesmo
travou essa luta contra as insuficiências do alemão, língua particularmente
rica e flexível, provam as inúmeras expressões em inglês, francês, latim,
grego etc. que se encontram em seus escritos, particularmente em O Ca-
pital. Quando o traduzir determinados trechos implica interpretar, colo-
ca-se a questão: o que o autor de fato queria dizer? Embora nesses mo-
mentos a convicção do tradutor tenha seu peso, ele precisa seguir certas
normas para que suas opções não sejam aleatórias ou inconsistentes. (Ver
a esse respeito o “Apêndice” de F. Kothe, neste volume.)
Uma saída cômoda seria tornar a tradução a mais literal possível,
escolhendo as palavras e a construção das frases de modo a reproduzir
com a maior perfeição original. Só que essa maneira de proceder al-
gumas vezes obscurece ou deturpa mesmo o sentido, sobretudo nas
passagens mais complexas e mais densas de significado. Marx mesmo
criticou o tradutor do volume I de O Capital para o francês, por ter
sido literal demais.35 Para Marx, traduzir significa interpretar em sen-
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35 Ver o “Ao Leitor” do Posfácio da Edição Francesa, neste volume.

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