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JULIO CESAR DE SOUZA Cabo Frio, 16 de agosto de 2011. CADERNO DE TÓPICOS EMERGENCIAIS EM GESTÃO DE PESSOAS Aula 1: Planejamento estratégico de Recursos Humanos MISSÃO A missão representa a razão da existência de uma empresa, significa a finalidade ou motivo pelo qual a organização foi criada, seu papel na sociedade. O conhecimento sobre a missão de uma organização cria um “sentido” para as pessoas direcionarem seus esforços produtivos, auxiliando-as a alcançar seus objetivos estratégicos. Assim, a missão orienta as atividades da organização, sinalizando aos diversos setores qual seu papel no sistema da empresa e, desta forma, como seus empregados podem contribuir para gerar o sucesso da empresa. VISÃO A visão de uma organização é a imagem que ela cria para si no cenário futuro. Permite com isto que se perceba as ações necessárias para torná-la real. Por meio da visão, as organizações procuram indicar o lugar aonde a empresa pretende chegar: a um determinado espaço de tempo e o compromisso que as pessoas que atuam no espaço organizacional devem assumir para com a mesma, compartilhando de seus propósitos. Através da visão se constrói uma identidade comum quanto aos propósitos da empresa para o futuro, a fim de orientar o comportamento dos membros sobre o destino que a organização deseja. A missão e a visão geram as condições para se definir os seus objetivos e formular as suas estratégias organizacionais para alcançá-los. A estratégia organizacional funciona como o meio para realizar a missão e alcançar os objetivos organizacionais que propiciarão o alcance da visão da empresa. VALORES ORGANIZACIONAIS Os valores organizacionais indicam seus princípios básicos, suas crenças sobre as pessoas e todos os demais personagens que compõem seu universo. Assim, a postura da empresa em relação aos seus recursos humanos, aos seus clientes, aos fornecedores, aos acionistas e à sociedade em geral. São expressões de seus valores e indicam aos seus gestores e empregados a postura profissional que devem assumir junto a estes. CULTURA ORGANIZACIONAL Os valores organizacionais estão presentes em sua cultura conforme define Chiavenato: “Um padrão de assuntos básicos compartilhados que um grupo aprendeu como maneira de resolver seus problemas de adaptação externa e integração interna, e que funciona bem a ponto de ser considerado válido e desejável para ser transmitido aos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação aos seus problemas. - 1 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- É a maneira costumeira ou tradicional de pensar e fazer as coisas, que são compartilhadas por todos os membros da organização e que os novos membros devem aprender e aceitar para serem aceitos no serviço da organização. Refere-se a um sistema de significados compartilhados pelos membros e que distinguem a organização das demais organizações. A essência da cultura de uma organização provém da maneira como a organização faz negócios, a maneira como ela trata clientes e empregados e o grau de autonomia ou liberdade que existe nos departamentos ou escritórios e o grau de lealdade expressado pelos empregados a respeito da organização.” OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS Para Chiavenato, o “objetivo é o resultado desejado que se pretende alcançar dentro de um determinado período de tempo. Os objetivos devem atender simultaneamente a seis critérios: 1. ser focalizado em um resultado a atingir e não em atividade; 2. ter consistência, ou seja, estar ligados coerentemente a outros objetivos e demais metas da organização; 3. ser específico, isto é, circunscritos e bem definidos; 4. ser mensurável, quantitativos e objetivos; 5. estar relacionado com um período de tempo como dia, mês etc.; 6. serem alcançáveis, ou seja, serem perfeitamente possíveis.” ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL Refere-se ao comportamento global e integrado da empresa em relação ao ambiente que a circunda, na definição de Chiavenato, e apresenta as seguintes características: 1. é definida pelo âmbito institucional, quase sempre através da participação de todos os demais níveis e negociação quanto aos interesses e objetivos envolvidos; 2. é projetada a longo prazo e define o futuro e o destino da organização; 3. envolve a empresa como uma totalidade, é um mutirão de esforços; 4. é um mecanismo de aprendizagem organizacional através do qual a empresa aprende com a retroação decorrente dos acertos e erros nas suas decisões e ações globais. O planejamento estratégico pode se apresentar a partir de três tipos, segundo Ackoff, citado por CHIAVENATO: 1. PLANEJAMENTO CONSERVADOR/DEFENSIVO: é o planejamento voltado para a estabilidade e manutenção da situação existente em manter as práticas vigentes. 2. PLANEJAMENTO OTIMIZANTE/ANALÍTICO: voltado para a adaptabilidade e inovação da organização. Sua base é incremental, tenta melhorar as práticas vigentes. - 2 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3. PLANEJAMENTO PROSPECTIVO/OFENSIVO: voltado para as contingências e para o futuro da organização; sua base é adesão ao futuro, no sentido de ajustar-se às novas demandas e preparar-se para as futuras contingências. Planejamento Estratégico de RH ligado ao Planejamento Organizacional “O planejamento estratégico de RH deve ser parte integrante do planejamento estratégico da organização” CHIAVENATO. O planejamento estratégico de RH integrado deve ter correspondência com as estratégias organizacionais. Assim, o planejamento estratégico de RH pode adotar uma estratégia do tipo adaptativo, autônomo ou integrado. Os principais fatores que intervêm no PERH são: a rotatividade, o absenteísmo e as mudanças no requisito da força de trabalho, o que obriga que este planejamento seja revisado frequentemente. O PERH deve indicar as ações da área de RH para contribuir com o alcance dos objetivos organizacionais, bem como apresentar programas que favoreçam e incentivem os indivíduos a alcançarem seus próprios objetivos individuais. Define os recursos humanos necessários para atingir os objetivos organizacionais, tanto quantitativamente quanto qualitativamente, dentro de um determinado período. Contexto da Gestão de Pessoas As pessoas passam a significar o diferencial competitivo na medida em que através de sua atuação eficiente e eficaz garantem o pleno emprego dos demais recursos de produção. Desta forma, para direcionar os esforços individuais de seus empregados, as organizações devem propiciar a conciliação dos objetivos individuais com os objetivos organizacionais, criando, através da área de Recursos Humanos, Programas que gerem o desenvolvimento profissional destes, orientando os seus gestores para as práticas de gestão que envolvam os empregados nos processos de gestão participativa, induzindo ao comprometimento e ao amadurecimento profissional. As empresas dependem das pessoas para o seu sucesso e as pessoas dependem das organizações para sua sobrevivência e desenvolvimento pessoal e profissional. Assim, tanto a classe empregadora quanto os trabalhadores necessitam rever seus conceitos sobre essa relação que deve ser de cooperação mútua e respeitosa. Este é o desafio a ser gerenciado pela área de Recursos Humanos, juntamente com os gestores da organização. Segundo Chiavenato,enquanto as organizações têm por objetivos a: • sobrevivência; • crescimento sustentado; • lucratividade; - 3 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- • produtividade; • qualidade nos Produtos/serviços; • redução de custos; • participação no mercado; • novos mercados; • novos clientes; • competitividade; • imagem no mercado. O empregados apresentam os seguintes objetivos: • Melhores salários; • melhores benefícios; • estabilidade no emprego; • segurança no trabalho; • qualidade de vida no trabalho; • satisfação no trabalho; • consideração e respeito; • oportunidades de crescimento; • liberdade para trabalhar; • liderança liberal; • orgulho da organização. As Pessoas devem ser vistas pela organização como parceiros, e podemos classificar quatro grupos de parceiros organizacionais, conforme apresenta Chiavenato: Acionistas e Investidores - Contribuem com capital de risco e Investimentos para a organização e objetivam terem por retorno os lucros; Empregados - Contribuem com trabalho, esforço, conhecimentos e habilidades para a organização e objetivam terem por retorno salários, benefícios, redistribuições e satisfações; Fornecedores - Contribuem com matérias-primas, serviços, insumos básicos, tecnologias para a organização e objetivam terem por retorno lucros e novos negócios; Clientes e Consumidores - Contribuem com compras e aquisição dos bens e serviços para a organização e objetivam terem por retorno qualidade, preço e satisfação. Administração Estratégica de Recursos Humanos apresenta as políticas e práticas relacionadas com as pessoas, envolvendo as ações de recrutamento, seleção, treinamento, enriquecimento ocupacional, recompensas, avaliação de desempenho, planejamento de carreiras, qualidade de vida no trabalho. Entendendo o posicionamento estratégico da área de Recursos Humanos, cabe aos gestores as ações cotidianas junto aos empregados, acompanhando ou atuando nas atividades como recrutamento, entrevistas, seleção, treinamento, avaliação de desempenho, levantamento do - 4 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- potencial de seus colaboradores e indicações para promoções. O novo papel da área de Recursos Humanos junto às organizações prevê uma atuação contingencial e situacional, entendendo as pessoas como seres humanos, com características individuais que agregam seu talento e competência às organizações e devem, portanto, serem percebidas como parceiros organizacionais. Cabe à área a análise do contexto ambiental na qual a organização está envolvida com suas variáveis políticas, econômicas, tecnológicas, sociais, educacionais e culturais; a análise sobre o comportamento dos concorrentes e clientes; as aspirações dos investidores, o negócio da organização e seu comprometimento em atender à sociedade. Além disso, cabe compreender os processos internos da organização e o funcionamento e comprometimento das demais áreas no alcance dos objetivos organizacionais. Deve estar atenta aos aspectos ligados às inovações tecnológicas e ao acesso à informação que geram oportunidade aos indivíduos de adquirirem novos conhecimentos e os impactos da globalização sobre as organizações. Entender que o trabalhador atual detém um nível de conscientização que obriga as organizações a realizarem práticas gerenciais que o compreendam como inteligentes, criativos, participativos e críticos. Que por estas mesmas características tendem, nas condições propícias fornecidas pelas políticas de recursos humanos, a uma maior autonomia no cenário organizacional e esperam destas um bom clima para o trabalho, assim como o reconhecimento de seus esforços através de programas de reconhecimento de desenvolvimento de seu potencial. Objetivos da Gestão Estratégica de Pessoas: 1) Propiciar a organização das condições para esta alcançar seus objetivos e realizar sua missão; 2) Proporcionar o pleno emprego da força de trabalho dos seus empregados através de cargos enriquecidos e de processos de avaliação de desempenho; 3) Proporcionar aos empregados o desenvolvimento de seu potencial, gerando competências a serem empregadas na organização, através de processos de análise de potencial, treinamento e planos de carreiras, avaliação bem treinados e motivados (reconhecimento e não só dinheiro); 4) Aumentar a satisfação no trabalho, criando um bom clima organizacional, programas de incentivo à participação dos empregados e de reconhecimento social e financeiro; 5) Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho; 6) Auxiliar na administração das mudanças, objetivando flexibilidade e agilidade à organização; 7) Garantir a integridade ética e a responsabilidade social dentro e fora das fronteiras organizacionais. A missão orienta para as atividades da organização e a visão indica o lugar onde a empresa pretende chegar em um determinado espaço de tempo . -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Fórum Integração – 16AGO2011; Fórum temático I - Como as variáveis externas influenciam as necessidades de mudanças - 5 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- organizacionais e qual a influencia da cultura organizacional nos processos de mudança das empresas? R - As organizações precisam ser sistematicamente ajustadas às condições ambientais, novas tecnologias devem ser implementadas para a evolução da organização, algumas pessoas "da antiga" oferecem resistências a essas mudanças pois se acostumaram com suas antigas culturas. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Cabo Frio, 21 de setembro de 2011. Aula 2: Diagnóstico de Cultura para a Definição das Ações Estratégicas da Organização/Poder, Liderança e Estratégias para Interligar Pessoas Não há indivíduo ou grupo sem cultura estabelecida. Independentemente do nível de escolaridade, devemos entender que a cultura vai além do conhecimento formalmente transmitido. Em toda sociedade, há o estabelecimento de um padrão cultural que orienta as práticas de comportamento de seus membros internos e as distingue das demais sociedades. A cultura pode ser manifestada pelo seu conhecimento acadêmico, artístico e cultural formal sendo oficializada intelectualmente. Entretanto, podemos definir cultura de uma maneira mais ampla, como um conjunto de costumes de uma sociedade. Assim, a cultura pode ser registrada pelos mecanismos formais ou não, sendo perpetuada e desenvolvida por seu povo através de suas histórias, rituais, cerimônias, símbolos, músicas, danças, vestuário, linguagem etc. Em termos organizacionais, Chiavenato define cultura como: “Um padrão de assuntos básicos compartilhados que um grupo aprendeu como maneira de resolver seus problemas de adaptação externa e integração interna, e que funciona bem a ponto de ser considerado válido e desejável para ser transmitido aos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação aos seus problemas. É amaneira costumeira ou tradicional de pensar e fazer as coisas, que são compartilhadas por todos os membros da organização e que os novos membros devem aprender e aceitar para serem aceitos no serviço da organização. Refere-se a um sistema de significados compartilhados pelos membros e que distinguem a organização das demais organizações. A essência da cultura de uma organização provém da maneira como ela faz negócios, a maneira como ela trata clientes e empregados e o grau de autonomia ou liberdade que existe nos departamentos ou escritórios e o grau de lealdade expressado pelos empregados a respeito da organização.” - 6 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Na análise do ambiente organizacional, os elementos principais da cultura organizacional são apresentados por Chiavenato, segundo descrição a seguir: 1. O cotidiano do comportamento observável: como as pessoas interagem, a linguagem e gestos utilizados, os rituais, rotinas e procedimentos comuns. 2. As normas: ou regras que envolvem os grupos e seus comportamentos, como nos momentos de laser, nas refeições, nos dias informais. 3. Os valores dominantes: defendidos por uma organização, como a ética, o respeito pelas pessoas, a qualidade de seus produtos ou preços baixos. 4. A filosofia administrativa: que guia e orienta as políticas da organização quanto aos funcionários, clientes e acionistas. 5. As regras do jogo: como as coisas funcionam, o que um novo funcionário deve aprender para sair-se bem e ser aceito como membro de um grupo. 6. O clima organizacional: os sentimentos das pessoas e a maneira como elas interagem entre si, com os clientes ou elementos externos. Importância da Cultura nos Aspectos de Mudança As mudanças contínuas fazem parte do ambiente onde as organizações se situam obrigando-as a se adaptarem para sobreviver e obterem sucesso em seus empreendimentos. Para tal elas precisam estar abertas para desenvolver as mudanças em seu ambiente interno, o que exige que sejam adaptáveis, flexíveis e que constantemente se reinventem. Esse processo só é possível através das pessoas que compõem seus quadros funcionais e do entendimento dos valores da cultura organizacional e dos valores que norteiam as atitudes e comportamento do grupo. O processo de desenvolvimento organizacional deve ser compartilhado por seus membros de forma a proceder às mudanças de uma maneira harmoniosa, evitando descontinuidades na personalidade desta organização. Mudança Organizacional e seu Gerenciamento A área de RH é aprincipal por gerir mudanças nas organizações. A força propulsora da mudança parte da percepção da relação das variáveis externas com a percepção da resistência natural das pessoas e da cultura da organização. Assim, a necessidade de mudança pode ser percebida e identificada como o caminho natural para a adaptação da organização ao ambiente externo, o que prioriza sua sobrevivência e seu sucesso. Neste contexto o gestor, enquanto líder de seu grupo, tem um papel fundamental na eliminação da resistência natural dos indivíduos aos processos de mudanças. - 7 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- É importante que este gestor procure entender os aspectos racionais, psicológicos e sociológicos da resistência dos indivíduos ao processo de mudanças. Assim, a responsabilidade de compreender a cultura organizacional e gerir os processos de mudanças necessários à organização não são de responsabilidade exclusiva da área de Recursos Humanos, mas, sem dúvida, cabe a esta o desenvolvimento de políticas que valorizem seus empregados e reconheça seu valor latente para as organizações. A liderança do gestor, bem mais que seu poder emanado pelo cargo, é fundamental para que este processo de integração seja consolidado de forma a transformar o grupo em uma equipe de trabalho, com a noção de time. Para Bergamini, “cabe à organização prover recursos, não só a cada membro em particular, como também às subunidades que a compõem no sentido de que possam ser utilizados para o alcance dos fins almejados.” Manter o grupo motivado e voltado para alcançar os objetivos organizacionais é papel primordial do gestor e, para tal, a área de Recursos Humanos deve ter uma atenção especial com o desenvolvimento dos ocupantes desta função de liderar. Segundo Aldag, “para liderar pessoas, você precisa primeiro, saber liderar a si mesmo”. Nesse processo de desenvolvimento do seu potencial de liderança, devem ser considerados não só os conhecimentos técnicos de gestão, mas o desenvolvimento de sua inteligência emocional para poder motivar continuamente sua equipe a alcançar suas metas. Aula 3 - Alianças, Joint Ventures, Aquisições, Fusões, Alianças e Parcerias A princípio, costumamos entender os processos de alianças e parcerias apenas do ponto de vista financeiro, entendendo que não passa de uma jogada para garantir a formação de uma empresa mais sólida economicamente, ou então que uma das empresas não está com sua saúde financeira em boas condições. Entretanto, há muito mais por trás das alianças e parcerias, questões que passam por consolidação de mercado, ampliação para outros mercados e aprendizagem, que são os principais objetos destes processos. Os objetivos que geram as alianças organizacionais têm impactos internos e externos às empresas envolvidas neste processo, e a maneira como são percebidas pelo mercado e acionistas é fundamental para seu sucesso. Assim, o fator estratégico que orienta o processo de aliança determina a forma como o mercado irá reagir a esta. - 8 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Estudos demonstram que: 1) o mercado prefere as estratégias de expansão às de transformação: Isto se justifica na medida em que o objetivo expansionista indica o desejo de crescimento de uma empresa que apresenta-se saudável. Significa aumentar seu market share, buscando novos mercados. Já a estratégia de transformação apresenta riscos do novo produto não ter a aceitação que se espera, e isto gera desconfianças no mercado do sucesso do empreendimento. 2) aquisições geram mais valor que fusões ou alianças. Na Aquisição, fica bem clara a empresa dominante do processo. Assim, é mais fácil identificar o comportamento futuro da nova empresa oriunda da aliança no mercado. Os principais resultados do estudo demonstram que a compreensão do objeto da aliança é determinante para as reações do mercado sobre essa aliança. Assim, os principais tipos estratégicos são: ✔ Consolidação de mercado; ✔ expansão geográfica; ✔ ampliação do sistema empresarial; ✔ mudança de portfólio e ✔ diversificação de atividades. Na realidade, as empresas buscam as alianças como forma de alcançarem seus objetivos estratégicos, sendo eles realmente os principais. O estudo dos objetivos das alianças deve partir da análise destes, levando as organizações a procurarem a satisfação de seus objetivos individuais primários. Assim, podemos separar esse processo em duas etapas, segundo Benjamin Gomes-Casseres: Primeira etapa “Os principais elementos da estratégia de aliança, que sãoquatro: 1) uma estratégia de negócios fundamental, por exemplo, de aprendizado, de posicionamento ou de fornecimento; 2) uma abordagem dinâmica que oriente o gerenciamento e a evolução de cada aliança; 3) o gerenciamento de um portfólio de alianças; 4) a construção de uma infraestrutura interna que apoie e procure maximizar o valor da colaboração externa. - 9 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Segunda etapa Os passos do processo de montagem da estratégia de aliança, que também são quatro: 1) criar um processo organizacional que incorpore a aliança como uma opção natural para a empresa, incluindo um sistema que defina e monitore os objetivos a serem alcançados com ela; 2) encontrar uma forma de gerenciar a mudança na aliança; 3) estabelecer a ordem de prioridades para as várias alianças; 4) criar uma hierarquia organizacional responsável pela otimização do portfólio de alianças.” O benefício de uma aliança para as organizações deve ser avaliado pelos objetivos pretendidos e alcançado segundo os que originaram este processo e pela forma como este é administrado. A intenção de realizar uma aliança tem várias origens, mas, mais que os desejos de seus acionistas majoritários ou a oportunidade de uma jogada de mercado, sua necessidade de fato deve ser observada segundo os objetivos estratégicos de cada uma das organizações envolvidas nessa aliança. Outra questão a ser analisada é a maneira como se adaptarão as culturas destas empresas a este processo que irá gerir um novo conjunto de valores comuns a ambas. Os principais objetivos das alianças podem ser classificados da seguinte forma para Benjamin Gomes-Casseres: “Alianças de fornecimento, ou seja, com fornecedores. Têm como meta aproveitar a economia de escala e a especialização, fazendo com que um dos parceiros forneça ao outro, produtos e serviços. Alianças de posicionamento. Ajudam as partes a entrar em novos mercados ou a expandir os já existentes. Alianças de aprendizado. Servem para desenvolver novas tecnologias por meio da pesquisa colaborativa ou da transferência de capacidades entre os parceiros. Definir claramente como a aliança se adaptará à estratégia da empresa também é importante para que se possa, no futuro, medir de forma precisa o desempenho da parceria. Mede-se uma aliança de fornecimento, por exemplo, de forma diferente de uma aliança de aprendizado. Além disso, o verdadeiro valor de cada aliança geralmente não se evidencia nos custos ou no faturamento conjunto, mesmo que se trate de uma joint venture isolada. Como a aliança é a ferramenta de uma estratégia mais ampla, seu efeito precisa ser medido do ponto de vista da contribuição para tal estratégia. Assim, temos também de levar em consideração os custos das oportunidades que serão descartadas em decorrência da aliança, além de quaisquer outros benefícios qualitativos que a parceria possa trazer para a empresa como um todo.” Há uma tendência comum à maioria das empresas que executam uma aliança deduzirem que sua atenção deva ser concentrada no fechamento do acordo, mas este é apenas o início de um processo. - 10 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Entendendo as organizações como sistemas orgânicos e as variáveis externas que continuamente provocam mudanças nas mesmas, devemos saber que as alianças são mutáveis, por isso é preciso acompanhar e gerir suas etapas. Desta forma, a avaliação sobre seus resultados devem acompanhar todo o processo desde o início, promovendo correções em seu curso, o que significa que o processo de negociação é a base de sustentação para que a aliança seja bem sucedida. Papéis dos executivos no processo de aliança organizacional Comunicar os objetivos da aliança: É importante que todos tenham a consciência da importância da aliança e direcionem seus esforços neste sentido. A comunicação tem o objetivo de tranquilizar os empregados sobre as incertezas que esse processo possa gerar na vida profissional de seus empregados, evitando boatos sem fundamento que possam provocar resistências ao processo. Caracterizar o parceiro: Entender e passar aos empregados as características do comportamento organizacional do parceiro, demonstrando os valores comuns e complementares entre as duas culturas, bem como os pontos divergentes que amenizam possíveis conflitos improdutivos no processo de aliança e uma visão mais próxima entre as duas empresas nos seus objetivos. Aprender sobre aliança e com a aliança: Procurar especializar-se no assunto, aprender com a situação, criando oportunidade para que cada empresa possa contribuir com o que mais sabe para a construção de uma organização mais aprimorada para o mercado competitivo, gerando mais satisfação aos clientes e acionistas. O Papel da área de RH Propiciar a integração entre os recursos humanos das empresas envolvidas: gerar procedimentos de integração social que permitam a compreensão da existência de um único corpo funcional, propiciando as relações profissionais e interpessoais. Gerar um ambiente que gere a cooperação entre as equipes: incentivar a formação de equipes multifuncionais e intraorganizacional, analisando e sinalizando os potenciais talentos existentes nas organizações. Estudar os processos organizacionais definindo uma participação dos recursos humanos de uma forma a integrar os esforços produtivos: estudar os processos organizacionais e propor formas de integrá-los, interagindo as forças produtivas das organizações envolvidas na aliança. Definir as políticas comuns de recursos humanos: evitando desnivelamento nas práticas de gestão de recursos humanos que provoquem injustiças entre os empregados comuns as empresas. Consolidar a cultura destas organizações: definir projetos que propiciem a tolerância à diversidade e a compreendam como formas complementares a uma nova cultura. Facilitar a troca de experiências: abrir as “caixas-pretas” do conhecimento adquirido pelas - 11 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- organizações ao longo de suas vidas desenvolvidas de maneira independente e até concorrente. Valorizar Experiência profissional e a competência técnica: reconhecer e destacar a experiência técnica e profissional dos integrantes das equipes que constituem as organizações envolvidas no processo de aliança. Propiciar feedback: gerar retorno sobre o desempenho dos empregados no processo de aliança, direcionando as ações dos empregados ao comportamento e resultados esperados. Trabalhar os processos de desligamentos: independente de não ser o propósito do processo de aliança provocar demissões, esta é uma das consequências inerentes e cabe à área de Recursos Humanos promover ações que suavizem os impactos causados pelas demissões, fazendo-as de maneira justa e ética. Aula 4: Aplicação de Recursos Humanos, Movimentação de Pessoas nas Organizações e Dimensionamento da Força de Trabalho Arquitetura Organizacional A análise da arquitetura organizacional deve priorizar um formato empresarial que tenha foco nos seus objetivos estratégicos, na aplicação dos seus recursos humanos, aproximandoa ação dos empregados das atividades-fins da organização, com o propósito de fornecer produtos e serviços que atendam melhor à demanda dos seus clientes. Um dos fatores mais críticos quando se fala em desenho organizacional é a alta gerência, devendo ser preparada para atuar na definição do novo modelo e na adequação dos Recursos Humanos na estratégia de gestão adequada à organização. Assim, é necessário o aprimoramento das competências desses profissionais através de ações de desenvolvimento gerencial como MBAs e cursos de pós-graduação. Não se trata apenas de empreender ações convencionais de aprimoramento dos modelos organizacionais adotados, mas principalmente de buscar modelos mais flexíveis, menos hierarquizados que habilite os empregados à autogestão. Analisar a relação de adequação entre empresa e o seu ambiente externo; promover a compreensão da organização como um sistema integrado, onde as partes interagem para se fazer cumprir os objetivos organizacionais; deve-se observar as premissas básicas para se promover uma nova arquitetura física voltada a gerir uma organização mais eficiente: - princípio da finalidade: O modelo físico deve ser adequado à função da organização. - adequação arquitetônica: se mostrar ágil às respostas que a empresa deve proporcionar às variáveis externas; - atender às demandas internas: compreender as necessidades dos gestores, empregados em - 12 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- relação à melhoria dos processos administrativos; - desenvolver a organização: promover a renovação dos valores organizacionais sem descaracterizar a organização em sua cultura. Para tal, devem os gestores buscar traçar um modelo congruente, sob duas perspectivas: O binômio arquitetura/estratégia: como a arquitetura adotada permitirá à organização realizar sua estratégia. O binômio arquitetura/cultura: como a arquitetura se harmonizará com as pessoas que trabalham na organização. Características a serem observadas para a construção do modelo: A maioria dos gestores tende a enxergar suas empresas apenas pelo organograma, não observando as características culturais; observar os princípios da Psicologia Social das Organizações; compreender a abordagem de sistemas abertos, entendendo a influência de todo o ambiente que envolve a organização: mercado, clientes, acionistas, investidores, organizações governamentais, ONGs, comunidades e a sociedade; compreender a interdependência interna, entendendo que as mudanças, em um componente organizacional, possuem repercussões sobre os demais e deles recebem insumos; aplicar os princípios da Equifinalidade: Katz e Kahn, em 1987, definiram a equifinalidade para justificarem o fato de diferentes configurações ou mesmo processos organizacionais conduzirem ao mesmo fim desejado; promover a adaptação: para que um sistema organizacional sobreviva, deve manter um equilíbrio favorável nas transações de troca com o ambiente e, dessa forma, procurar continuamente o desenvolvimento do modelo organizacional, entendendo-o jamais como um modelo finalizado; analisar as atividades básicas às quais a organização se dedica: as estratégias para sua realização; envolver as pessoas, entendendo que são as responsáveis pela realização das tarefas, aplicando seus conhecimentos, habilidades, assim como comportam percepções e expectativas sobre a dinâmica organizacional; Dessa forma, além dos aspectos formais da organização, devem ser considerados os de caráter informal, ou seja, além da estrutura organizacional formal adotada e seu conjunto de normas e regras de procedimentos, deve-se considerar a organização paralela à organização formal, sua cultura e as percepções das pessoas sobre a empresa. - 13 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Para Araújo (2001), o desenvolvimento de novos modelos estruturais para a organização deve envolver as pessoas, segundo o modelo dos sete Cs: • confiança (todos acreditam e perseguem a meta da excelência) • comprometimento (afirmação constante dos valores) • criação conjunta (incluir todas as pessoas no processo de criação) • conexão • comunicação (fator fundamental a ser administrado) • celebração e correção do curso (celebrar vitória e corrigir falhas) • clima bom (clima positivo, onde o ser humano é ouvido e respeitado) Alguns modelos de estrutura organizacional têm um maior impacto junto aos recursos humanos. Empowerment “Criação ou o fortalecimento do poder decisório nas mãos das pessoas da organização. Pretende- se conceder às pessoas oportunidades de participar ativamente do processo de tomada de decisão” (DORSEY, 2000). Pilares sobre os quais deve se assentar o conceito O empowerment parte do princípio de que as pessoas são ricas em potencial para participar da gestão organizacional. Com maior autonomia de planejamento e decisão, pode-se diminuir os níveis organizacionais provocando o “achatamento” da estrutura organizacional. A diminuição dos níveis existentes do chão da fábrica ao alto escalão facilita uma maior flexibilidade da organização para responder ao ambiente externo. A rapidez com que o mundo globalizado obriga as organizações às ações em curtíssimo tempo não permite mais as estruturas organizacionais altamente hierarquizadas onde o poder de decisão esta subdividido em diversos níveis hierárquicos. A extrema competitividade da atualidade requer um acompanhamento presente, contínuo sobre os concorrentes, fornecedores e as aspirações de consumo dos clientes. Dessa forma, uma equipe mais autônoma permite ao gestor a oportunidade de estar livre para vislumbrar novas oportunidades e anteciparem as ameaças que advêm do ambiente externo. Assim, seguindo os princípios de MILLS (1996), podemos dizer que a gestão de recursos humanos deve trabalhar no sentido de desenvolver em seus empregados a postura do uso do próprio discernimento, na iniciativa e no processo decisório. a) Associar os conhecimentos e experiências das pessoas para alcançar a excelência na realização da missão organizacional. b) Gerir as informações de forma qualitativa, permitindo o acesso a elas em todos os níveis. Não apenas os Gestores devem ter acesso às informações, mas entender que quanto mais acesso às informações, mais condições têm de participar de maneira efetiva dos processos organizacionais. - 14 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- c) Gerar um comprometimento dos empregados com os resultados e metas organizacionais. d) Desenvolver um sistema de recompensas associado ao comprometimento e desempenho dos empregados. e) Propagar a todos os empregados o Planejamento Estratégico da Organização, em todas as suas etapas. f) Desenvolver a cultura de que a aprendizagem é um processo e que as falhas desse processo não devem ser alvo de punições. Somente assim as pessoas estarão propensas a assumirem riscos, a assumirem as responsabilidades e a tomarem iniciativa. g) Desconstruir os velhos paradigmas relacionados à hierarquia, poder e autoridade centralizados e democratizando estas questões comos demais empregados, através da criação de Equipes autogerenciadas. h) Promover um processo decisório participativo, comprometendo todos os envolvidos com os resultados, entendendo que, para isso, é necessário que entendem o que é empowerment. Terceirização Visa promover o enxugamento da estrutura da empresa, eliminando as unidades organizacionais que podem ser desenvolvidas por outras empresas prestadoras desses serviços, para permitir que a empresa se dedique mais às áreas que representam um comprometimento maior com sua missão, objetivando sua excelência. A terceirização visa desafogar a empresa das rotinas que podem ser executadas por empresas contratadas, mas, as responsabilidades pela adequação e resultado dessas rotinas devem ser da empresa que contrata, considerando que seu produto é único na percepção do cliente. A terceirização pode se apresentar segundo a natureza do trabalho, buscando agregar inovações tecnológicas e segundo a forma como se opera. Não pode ser uma justificativa simplista de desobrigar as empresas de seus encargos sociais, dos benefícios, para provocar redução salarial e do seu quadro funcional. O princípio da organização pela opção da terceirização deve ser orientado pela redução de investimentos próprios, financeiros e tecnológicos, nas áreas secundárias à elaboração do seu produto ou serviço, direcionando esses investimentos à sua área de conhecimento. Dessa forma, a empresa pode se tornar mais competente no seu negócio, mais ágil nas suas operações e, em consequência, mais competitiva junto ao mercado. Gestão de Portas Mais importante que a definição da modelagem organizacional, é importante que a organização defina seu modelo de gestão. - 15 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A gestão de portas abertas propõe a total transparência das informações e todas as direções. A definição das metas sustentadas pelas justificativas, em consonância com os objetivos da organização, dos resultados alcançados, responsabiliza os empregados em suas ações para com a organização. O princípio da gestão de portas abertas implica aos gestores não apenas em levar as informações aos empregados, mas saber ouvi-los e considerar suas informações como relevantes para o ajuste das forças organizacionais produtivas em uma mesma direção. Implica na existência de um processo de comunicação fluindo entre as áreas, eliminando as “caixas pretas” entre gestores e empregados. Significa que a empresa deve se perceber como um verdadeiro sistema orgânico no qual o sucesso de um depende do sucesso de todos. Para tal percepção, é fundamental que a organização promova um bom clima e um ambiente que inspire a confiança entre seus membros e o espírito de cooperação. Assim, o gestor deve promover reuniões para passar e receber informações, delegar responsabilidades e apoiar seus empregados no processo de realização delas, prestando apoio técnico, emocional e feedback constante para ajustar o desempenho deles ao que se espera. Criar um sistema de sugestões premiando as que trazem significativas melhorias ao sistema organizacional, envolvendo os empregados no processo decisório da empresa e gerando mais autonomia é uma boa tática. A criação de um sistema de ouvidoria para permitir aos mais tímidos ou inseguros participarem com seus pontos de vista e responder aos seus anseios, sem que haja represálias, objetivando ações de melhorias e ajustes das disfunções apresentadas. É importante, no modelo de portas abertas, que os gestores entendam que não bastam ações figurativas, pois os empregados sentem as diferenças destas para as ações verdadeiras. Não podem entender que, ao implantarem sistemas de informações acessíveis aos empregados, ou mudarem a apresentação do ambiente eliminando paredes ou deixando suas portas abertas, é o suficiente para gerir o modelo de portas abertas. É fundamental que o gestor adote uma postura que transmita aos empregados a certeza de um modelo no qual eles são envolvidos no processo decisório. Mais que abrir as portas para permiti-los entrar em seu espaço de trabalho, é importante sair do seu cotidiano, ir a todos os espaços da organização, mostrar-se visível, atento e presente constantemente entre seus empregados. Aula 5: Aplicação de recursos humanos, movimentação de pessoas nas organizações e dimensionamento da força de trabalho. Na atualidade, em consequência dos processos de empowerment e de reestruturação, que “achatam” os níveis hierárquicos das organizações e buscam uma maior participação dos empregados nos processos decisórios das empresas, os gestores têm sofrido um grau maior de cobrança sobre seu desempenho em virtude de apresentarem competências que até então eram distribuídas a diversos personagens organizacionais. - 16 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A Gestão de Recursos Humanos, em suas ações de provisão e desenvolvimento dos empregados, deve promover o desempenho eficiente de pessoal garantindo, através de seus programas e técnicas, as condições necessárias aos empregados desenvolverem suas habilidades e competências para serem empregadas segundo as necessidades presentes e futuras da organização. Para isso, deve captar e manter pessoas na organização com uma atitude motivada e proativa, cultivar as condições ambientais internas que favoreçam a associação dos objetivos individuais com os objetivos organizacionais, como o desenvolvimento de carreiras de seus colaboradores. Desenvolvimento de carreira é um processo formal e sequencial que identifica o potencial do empregado para ocupar futuros cargos na organização e parte para ações que viabilizem o desenvolvimento de suas competências. Carreira são as sequências de posições ocupadas e de trabalhos realizados durante a vida de uma pessoa. A carreira envolve uma série de estágios e a ocorrência de transições que refletem necessidades, motivos e aspirações individuais e expectativas e imposições da organização e da sociedade. Os planos de desenvolvimento de carreiras devem considerar não somente as necessidades da organização com vistas às suas mudanças organizacionais, mas as aptidões e expectativas de seus empregados, preparando-os antecipadamente para novas ocupações e responsabilidades. Não apenas às empresas cabe a responsabilidade pela administração da carreira do colaborador, mas a ele próprio, embora a organização deva ser uma facilitadora, através da área de Recursos Humanos, proporcionando-lhes orientações, ações de desenvolvimento profissional e condições para se dedicar ao seu aprimoramento, dentro e fora da empresa. Aceleradores de Carreira: preparação intelectual, tempo e experiências no exercício profissional. Trajetória de carreira: sequência de cargos que forma a carreira de um indivíduo. As metas de carreira: posições futuras que um indivíduo deve objetivar na construção de sua carreira. Planejamento da carreira: conjunto de ações necessárias para o indivíduo alcançar suas metas de carreira. Administração de carreiras: supervisão sobre a condução do indivíduo segundo seu planejamento de carreiras, competindo ao próprio empregado e a área de Gestão de Recursos Humanos. “Administração da Carreira é o processo pelo qual a organização seleciona, avalia, dá atribuições e desenvolveos empregados, para obter um grupo de pessoas qualificadas a atender às necessidades futuras.” A Administração de carreiras envolve a organização como a responsável por criar as condições para o crescimento profissional de seus empregados, como programas de treinamento de habilidades e competências e indicar o programa de sucessão: - 17 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- - Dos gestores - em localizar e orientar os talentos humanos existentes na sua equipe e orientar os empregados para o processo de planejamento de carreiras. - Da área de Recursos Humanos - em criar programas de desenvolvimento e selecionar para as ocupações futuras os candidatos mais preparados. - Finalmente o próprio empregado que, como maior interessado, deve assumir a responsabilidade pelo seu desenvolvimento profissional autoavaliando suas habilidades e competências, suas necessidades de desenvolvimento segundo as opções de carreiras que se apresentam na organização. Competências e Habilidades Podemos entender Competência como a qualificação de um profissional, adquirida através da associação das suas habilidades, características natas ao indivíduo, com o conhecimento recebido através dos processos formais de educação, treinamento e informais decorrentes de sua experiência prática no exercício profissional. Assim, o modelo organizacional demarca como competências necessárias a serem desenvolvidas pelo empregado, segundo as competências Organizacionais, do Cargo e do Indivíduo. A seguir, exemplificamos as competências segundo a classificação do perfil do Administrador estabelecidas pelas diretrizes do MEC para formação do profissional: ORGANIZACIONAIS – Relacionadas à Empresa e ao seu negócio • Gerenciar tempo, recursos e espaço de trabalho; • estabelecer métodos próprios de ação; • autoplanejar e auto-organizar; • liderar; • atuar e refletir criticamente, compreendendo sua posição e função na estrutura produtiva, seus direitos e deveres, assim como o seu papel de cidadão. DO CARGO – Relacionadas à execução das tarefas e funções do cargo • Transferir, generalizar e aplicar conhecimentos; • propor e/ou introduzir modificações no processo de trabalho; • atuar de forma preventiva e proativa; • pensar estrategicamente; • reconhecer e definir problemas, propondo soluções para equacioná-los. INDIVIDUAIS – Relacionadas ao indivíduo em sua atuação profissional • Comunicar-se de forma eficaz com os acionistas, clientes, fornecedores, parceiros, superiores, subordinados e comunidade em geral; • compreender o meio social, político, econômico e cultural onde está ele inserido para tomar decisões em um mundo diversificado e interdependente; • empreender, analisando criticamente as organizações, antecipando e promovendo suas - 18 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- transformações; • compreender a necessidade de um contínuo aperfeiçoamento profissional, do desenvolvimento da autoconfiança e da atuação em equipes interdisciplinares; • atuar na gestão das organizações, além de desenvolver atividades específicas da prática profissional com base em sólida formação técnica e científica; • trabalhar em equipes, gerenciando conflitos e interesses; • iniciativa; • criatividade; • adaptabilidade; • consciência da qualidade; • ético; • interesse em aprender. Tipos de Carreiras A carreira vertical é a mais comumente reconhecida pelos indivíduos e a mais presente na maioria das organizações atuais que apresentam estruturas piramidais marcadas por um grande número de níveis hierárquicos. Assim, o indivíduo, para evoluir na carreira, deve ascender a um cargo superior na estrutura. Outro tipo de carreira é a relacionada com a experiência profissional e a formação técnica do indivíduo, levando-o à evolução horizontal na carreira, segundo o seu grau de especialização e sua maturidade profissional. Na carreira por habilidades, o indivíduo evolui na carreira horizontalmente, segundo a aplicação de habilidades formalmente definidas pela organização e na carreira por competências parte do mesmo princípio, mas está voltada para as funções gerenciais relacionanda à aplicação das competências dos gestores com os objetivos estratégicos da empresa. A carreira em Y, pouco adotada em nossas organizações, é merecedora de um destaque especial, pois permite que haja uma opção maior por parte do indivíduo em seguir uma carreira técnica ou gerencial. Dessa forma, a vocação do indivíduo tem maior liberdade de se manifestar a favor de sua atuação no contexto organizacional. Ou seja, as mesmas condições de status e financeiras são concedidas aos cargos gerenciais são concedidas aos que optam pela carreira técnica. Isso significa que a empresa ganha profissionais “mais bem resolvidos” com suas reais vocações. Na percepção de Chiavenato, a avaliação de desempenho é uma fonte significativa para identificar as possibilidades de crescimento profissional do empregado, podendo ser enriquecidas pelos testes vocacionais e avaliações dos gestores sobre as possibilidades de crescimento dos seus subordinados. É importante ter em foco as possibilidades decorrentes do programa de sucessão e preparar o indivíduo para assumir posições mais complexas e com maior grau de responsabilidade. O aconselhamento profissional ao empregado com potencial para ocupações futuras deve ser realizado pelo gestor imediato em parceria com a área de recursos humanos, levando em - 19 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- consideração as suas aspirações de carreira. Além disso, deve ser disponibilizado aos empregados um sistema de informações sobre as opções de carreiras e as condições que devem ser preenchidas por eles para se candidatarem a posições futuras. Um programa e ações de desenvolvimento para essa evolução devem ser proporcionados pela área de gestão de recursos humanos para garantir igualdade de condições a todos. A sucessão na área empresarial é um assunto polêmico nas organizações, mas que pode ser um entrave para o programa de desenvolvimento de carreiras, pois entende-se que sem a previsão de possibilidades de ascensão futura o investimento em seu crescimento profissional fica desestimulado. Assim, fica condicionado o sucesso dos programas de desenvolvimento de carreiras a um programa de incentivos às aposentadorias, levando os executivos a identificarem outras oportunidades para suas vidas após se desvincularem de suas rotinas da vida profissional. É fundamental que, durante o processo de desenvolvimento na carreira, algumas ações não devem deixar de ser aplicadas pela organização como forma de incentivo aos empregados que fazem parte desses programas, como forma de mantê-los motivados. Uma metodologia de desenvolvimento de carreira que vem sendo muito adotada nos programas desse tipo é o coaching, que pode ser aplicado por consultores externos ou internos à organização. O coaching presume um tipo de relacionamento onde um coacher se compromete em apoiar o aprendiz a seguir um caminho planejado para o seu crescimentoprofissional. Envolve instruções técnicas e comportamentais através de um fluxo contínuo de instruções, comentários e sugestões, visando uma relação direta do aprendizado através da associação de conhecimentos adquiridos pelo aprendizado teórico e prático. Através de reuniões periódicas entre o orientador e o orientando, são estabelecidas metas a serem alcançadas por este na sua atuação profissional, dentro de sua área ocupacional na organização. Assim, o orientando vai sendo alimentado de conhecimento teórico e incentivado a colocá-lo em prática, através de projetos a serem operacionalizados no próprio contexto organizacional. Na medida em que evolui em sua carreira, o empregado já apresenta resultados para a organização e pode ser avaliado por ela. Cabo Frio, 15 de outubro de 2011. Aula 6 - Sistemas de recompensas e as novas formas de remuneração Nesta aula, abordaremos o sistema de remuneração flexível adotado nas organizações que implantam novos modelos de gestão. Através da descrição do cargo podemos identificar as qualificações que são necessárias aos seus ocupantes: - 20 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ✔ O processo de trabalho e sua metodologia ✔ Os conhecimentos necessários ao desempenho das funções e tarefas ✔ Sua relação com a estrutura da organização e a relação de poder ✔ Autoridade e responsabilidade Dentro dessas premissas, cabe observar que os modelos de remuneração e incentivo tiveram que evoluir em seus princípios anteriormente estabelecidos dentro de parâmetros de uma estrutura rígida e inflexível, baseada em cargos estreitos para atender às expectativas de cargos amplos e enriquecidos. Através do aumento gradativo de tarefas mais complexas e desafios propostos em sua execução e em relação aos objetivos organizacionais, o enriquecimento do cargo delega maior responsabilidade ao seu ocupante, trazendo uma maior satisfação intrínseca ao empregado, reconhecendo-o como um ser mais participativo e autônomo no contexto organizacional. Programas de incentivo - São programas que visam incentivar o empregado a aumentar seu desempenho e seu grau de participação na empresa, objetivando ganhos diretos tanto de cunho social quanto de remuneração. Embora os programas de incentivo tenham premissas comuns, cada organização tem a flexibilidade de criar um modelo que seja adequado à sua cultura e aos seus objetivos estratégicos. O importante é que sejam bem definidos os critérios para a participação do empregado nesses programas e que sua divulgação seja ampla e transparente, para não causar dúvidas sobre os resultados. Não podemos esquecer que, de forma indireta, os programas de incentivos trazem uma conotação de punição aos que não são premiados. Assim, os modelos de incentivo devem ser cuidadosamente estruturados para não descaracterizar um trabalho de equipe através de uma competição desagregadora e desleal. Um bom programa deve observar ganhos individuais que destaque os desempenhos exepcionais e ganhos coletivos como reconhecimento da importância do trabalho em equipe. De forma geral, os modelos de recompensas relacionam o conjunto de benefícios que a empresa oferece aos seus empregados e às condições dessa oferta, cabendo ao empregado enquadrar-se a elas e aceitá-las. É normal que as empresas, para evitarem abusos no uso dos benéfícios e vantagens, estabeleçam condições aos empregados, incluindo até mesmo descontos percentuais em seus salários para se estabelecer o direito ao benefício oferecido. Como exemplo, podemos citar o auxílio-creche, que estabelece que o empregado tenha o benefício, se tiver filhos em idade que requer este suporte ao seu bem-estar, enquanto os pais estão trabalhando. Algumas empresas optam por pagamento integral em Creches credenciadas ou um valor-teto, podendo o empregado matricular a criança em um estabelecimento de sua preferência e arcando com a diferença na mensalidade. Outro exemplo é o vale-refeição, que muitos empregados em cargos executivos são desestimulados a aceitarem, em virtude do desconto a ser feito em seus salários serem superiores - 21 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ao valor do benefício. Esta medida é executada pela empresa em virtude de ser perceptível que os empregados desviavam tal benefício aos filhos, para divertimento pessoal ou aos seus empregados domésticos, enquanto o objetivo da aplicação do benefício é o bem-estar e a saúde do empregado durante o horário de trabalho. O desconto de um percentual de 2%, por exemplo, sobre o valor do salário de um operário tem um reflexo diferenciado desse mesmo desconto sobre o salário de um executivo. Assim, enquanto para um operário este percentual é muito inferior do valor do vale-refeição, para um executivo é o vale-alimentação que será bem inferior ao desconto que sofrerá em seu salário. Dessa forma, o benefício não restringe a participação do empregado, mas o próprio empregado reconhece que à organização. Também é importante a participação financeira do empregado no custo do benefício por uma questão de gestão das condições de oferta deste. A partir do momento em que há um desconto financeiro, por menor que seja, o empregado sente-se no direito de cobrar um melhor atendimento e auxilia a área de Recursos Humanos a supervisionar as condições de oferta desse benefício, principalmente quando ele é proveniente de uma empresa terceirizada. Embora não possamos desconsiderar que os benefícios são uma forma de recompensa aos empregados de uma organização, nosso foco nesta aula é a recompensa que diferencia a participação do empregado nos resultados da organização, ou seja, na visão de Chiavenato (2008), aquelas que: 1. “Aumentam a consciência e a responsabilidade do indivíduo e do grupo dentro da organização. Isto é, que incentivem o espírito de missão na empresa.” 2. “Ampliem a interdependência do indivíduo para com o grupo e do grupo para com toda a organização. Em outras palavras, incentivem o espírito de equipe e o trabalho em conjunto.” 3. “Ajudem a enfrentar a constante criação de valor dentro da organização. Em outras palavras, incentivem as ações que agreguem valor à organização, ao cliente e às próprias pessoas. O desempenho excelente deve ser premiado.” Há vários modelos de remuneração vinculados aos incentivos à participação do trabalhador. Cabe à organização verificar qual o modelo que atende melhor aos seus objetivos estratégicos, bem como as suas condições de manutenção de oferta desses incentivos, pois, como sabemos, segundo a visão de Herzberg, os incentivos financeiros podem até não motivarem o empregado a desenvolver um comportamento mais produtivo mas, a retirada deles, com certeza, irá desestimular o empregado, trazendo perda de produtividade. Dessa forma, o estudo preliminar dos objetivos da organização e de suas condições de manutenção dos estímulos financeiros devem ser muito bem verificados. Assim, os planos de incentivo devem observar não somente os ganhos financeiros, mas também o reconhecimento por parte da organização, dos gerentes e demais empregados pela atuação do - 22 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestãode Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- indivíduo no contexto organizacional. Sendo assim, o processo de Avaliação de Desempenho deve ser a base principal desses modelos de incentivos, observando questões objetivas, associadas à produtividade do indivíduo e também seu comportamento junto ao grupo organizacional. Qualquer que seja o modelo escolhido pela organização, é fundamental que as regras sejam claras e amplamente divulgadas, bem como o processo de avaliação do desempenho do empregado ser o mais transparente possível. Remuneração Variável - Parte do estabelecimento de uma remuneração fixa por ocupação ou função e a partir desse patamar e através da avaliação do desempenho dos seus ocupantes, se estabelece percentuais sobre essa remuneração fixa. Assim, se diferencia financeiramente aqueles empregados que apresentam um desempenho superior aos demais empregados. Plano de Bonificação Anual - É uma variável da remuneração variável, mas a contrapartida ao desempenho do empregado é anual. Através de critérios estabelecidos pela organização, como aumento nos lucros, aumento de produtividade, na qualidade do produto e de clientes, dentre outros, estabelece o grau de participação do empregado para o alcance da empresa de seu sucesso. Distribuição de Ações da Empresa aos Funcionários - É uma variação da bonificação anual, substituindo o valor em dinheiro por ações da organização. Nesse modelo as ações são doadas aos empregados em uma proporção direta ao seu desempenho e aos resultados obtidos com esta participação do indivíduo, pela organização. Opção de Compra de Ações da Companhia - É uma variação da distribuição de ações, mas com a participação ativa do empregado. Segundo o desempenho do indivíduo e sua participação no sucesso da empresa, há a oferta, a preços subsidiados, de suas ações aos empregados. Cabe ressaltar que tanto a distribuição de ações como a opção de compra não são modelos muito observados nas empresas brasileiras. Naturalmente, não são muito apreciados pelos indivíduos ocupantes de cargos mais baixos na hierarquia organizacional que têm preferência por remunerações mais imediatas e por valores monetários expressos em sua remuneração. Participação nos Resultados Alcançados - É relacionado ao desempenho do indivíduo ou do grupo com as metas e resultados estabelecidos pela organização para determinado período. Essas metas organizacionais devem estar decompostas entre os departamentos e seus setores e estabelecidas ao nível do indivíduo. Remuneração por Competência - Esse tipo de remuneração anual é estabelecida no Brasil a partir de 1946, pela Constituição Federal, e define que a empresa distribua parte do seu lucro aos seus empregados. É uma imposição legal e remunera coletivamente, não criando diferenciais individuais. Segundo Chiavenato, um plano de incentivos é interessante quando, na organização: 1. “As unidades de resultados podem ser facilmente medidas.” - 23 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2. “Existe uma clara relação entre o esforço do funcionário e a quantidade de resultados alcançados.” 3. “Os cargos são padronizados, o fluxo de trabalho é regular e não há demora na aferição dos resultados.” 4. “A qualidade é menos importante do que a quantidade, ou, quando a qualidade é menos importante, ela é facilmente medida e controlada.” 5. “As condições de competição impõem que as unidades de custo sejam precisas e conhecidas.” Assim, os planos de incentivo devem recompensar os indivíduos na proporção diretamente proporcional a sua participação na produtividade da organização, cabendo à ela fornecer as condições necessárias ao exercício profissional do empregado. É fundamental que as regras estabelecidas pela organização para a sua concessão sejam claras e mensuráveis pelo empregado para garantir um resultado transparente. As metas estabelecidas aos empregados devem ser viáveis de serem alcançadas e serem estabelecidas junto com os empregados, negociadas entre os gestores e seus subordinados, com o devido apoio da organização às necessidades do empregado para superarem seu desempenho. O corpo gerencial da organização deve apoiar o modelo de remuneração variável estabelecido pela organização e em hipótese alguma a empresa deve reduzir os incentivos quando os resultados forem alcançados. Chiavenato ainda destaca os prós e contras de uma remuneração variável, que devem ser observados pela organização ao resolver adotar um modelo de incentivos desta natureza: PRÓS CONTRAS 1. Ajusta a remuneração às diferenças individuais das pessoas, ao seu desempenho e ao alcance de metas e resultados. 2. Funciona como motivação intrínseca, ou seja, como fator motivacional, dando ênfase à autorrealização pessoal. 3. Premia o bom desempenho e incentiva o desempenho excepcional. 4. Focaliza os resultados e o alcance de objetivos. 5. Permite uma autoavaliação de cada pessoa, pois funciona como retroação. 6. Estabelece uma remuneração adicional e contingencial. 7. Não produz impacto sobre os custos fixos da organização. 1. Requer uma certa desadministração salarial. 2. Altera as estruturas salariais lógica e rigidamente estabelecidas, instalando a contingência em função do desempenho. 3. Quebra a isonomia dos ganhos dentro da organização. 4. Reduz o controle centralizado dos salários. 5. Pode provocar queixas dos funcionários não beneficiados e possíveis pressões sindicais. - 24 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Não podemos deixar de admitir que um sistema de remuneração flexível permite ao empregado uma autogestão do seu desempenho e uma maior participação produtiva no contexto organizacional, mas, devemos garantir por parte da organização um estudo pormenorizado das vantagens e desvantagens da adoção e manutenção de um modelo de incentivo baseado em remuneração. Cabe à organização, também, reconhecer que não basta apenas estabelecer um programa dessa natureza baseado apenas no esforço de seus empregados, devendo proporcionar as condições para estes executarem suas ações e superarem seus pontos fracos, gerando melhorias nos seus desempenhos. Assim, um processo de avaliação de desempenho deve estar alinhado com ações de treinamento e desenvolvimento profissional. Aula 7 - Análise e Administração do Clima Organizacional Clima Organizacional - Podemos definir o clima organizacional como um conjunto de características presentes no ambiente da empresa que podem ser percebidos e mensuráveis de forma direta e indireta por seus empregados e que têm influência sobre o nível de motivação desses no desempenho de seus papéis profissionais. O comportamento dos indivíduos sofre, portanto, uma forte influência do clima que se estabelece nas organizações. Os responsáveis por este são as políticas de relacionamento que a empresa estabelece com seus empregados, as ações da área de Recursos Humanos para promover a integração entre os empregados e a atuação dos gestores junto aos seus subordinados. Os canais de comunicação entre empregados e a organização são a basepara o estabelecimento de um ambiente favorável ao estabelecimento de um bom clima na organização e para que sejam levantados os fatores que estejam influenciando negativamente o clima. Dessa forma, podem ser trabalhados no sentido de promoverem as mudanças desejadas. A análise periódica do clima possibilita identificar as necessidades de intervenção e acompanhamento das ações de melhorias que serão implantadas, buscando-se a realização profissional de seus recursos humanos de forma a que estes conduzam a organização ao desempenho almejado por esta frente ao mercado, seus acionistas, clientes e sociedade em geral. Na medida em que se identifica o grau de satisfação ou não dos empregados em relação à organização, a pesquisa de clima auxilia as empresas a entenderem e atenderem às necessidades de seus empregados e com isso melhorarem sua relação com a empresa. “É um levantamento de opiniões que caracteriza uma representação da realidade organizacional consciente, uma vez que retrata o que as pessoas acreditam estar acontecendo em determinado momento dentro da organização” (BERGAMINI, 1997, p.63). É um processo que tem por objetivo o mapeamento das condições de trabalho e os aspectos críticos que estejam influenciando o nível de motivação dos empregados através da percepção dos mesmos e não da empresa. Assim, o ponto de análise do clima organizacional é o ambiente interno da mesma sob o ponto de vista de seus colaboradores e das necessidades apresentadas pelos mesmos. A partir da identificação dos pontos fortes e frágeis da organização e das - 25 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- expectativas de seus empregados as ações devem ser imediatas para melhorarem ou alterarem a percepção dos empregados sobre o clima da organização. A pesquisa do clima de uma organização é uma fotografia de um dado momento, expressa através da opinião de seus membros, podendo ser alterado segundo a adoção de medidas por parte da organização. Tais medidas têm o objetivo de provocarem melhorias no ambiente de trabalho que sejam percebidas por seus colaboradores e melhorem a aderência do indivíduo com esta, gerando uma motivação para o trabalho e em consequência melhorem o desempenho da organização. Dentro desse princípio, a atualização dessas informações, dessa fotografia, deve ser realizada em períodos constantes para que a empresa evolua na geração de um clima organizacional cada vez mais propício ao bem-estar do indivíduo nos seus aspectos pessoais e profissionais, favorecendo a sua permanência dentro das fronteiras da empresa. O diagnóstico do clima organizacional propiciado pela pesquisa é um instrumento de gestão no auxílio de gerar procedimentos como: • Identificar os pontos fortes da organização não só no sentido de demonstrá-los aos empregados, mas mantê-los e melhorá-los; • identificar os pontos críticos da organização para desenvolver melhorias e que conduzam a resultados voltados para as necessidades reais dos seus empregados; • identificar os principais entraves nos processos organizacionais e promover melhorias nos seus fluxos; • gerar a sinergia entre os empregados; • melhorar os relacionamentos interpessoais, potencializando a convivência interna e melhorando os níveis de produtividade; • provocar a reflexão dos empregados sobre a realidade em que atuam; • provocar a reflexão dos empregados sobre as oportunidades profissionais que a organização lhes oferece e seu desenvolvimento profissional e pessoal; • melhorar o nível motivacional de seus colaboradores pela percepção de que a organização está interessada com sua opinião sobre sua conduta na gestão de seus recursos humanos; • promover a reflexão dos gerentes sobre o modelo de gestão adotado; • promover a reflexão da organização sobre seus objetivos estratégicos, especialmente quanto à reorientação e redefinição das diretrizes estratégicas; - 26 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- • promover a sinergia das lideranças; • propiciar um clima adequado à realização de outros trabalhos de recursos humanos; • aprimorar o processo de comunicação interna. Dessa forma, a atenção e o acompanhamento do clima organizacional, através da pesquisa de clima, permitem que a organização tome decisões mais coerentes entre os objetivos dos seus empregados e os objetivos organizacionais, favorecendo um ambiente que valorize e retenha seus talentos profissionais indispensáveis à competitividade das organizações. Ações motivacionais adotadas pelas organizações, sem levarem em consideração a escuta sobre os aspectos que interferem no desempenho dos seus profissionais, sob o ponto de vista destes, tendem a não apresentarem os resultados esperados. Escutá-los, além de elevar o índice de satisfação interna, gera um comprometimento do indivíduo com a organização, na medida em que sentem o comprometimento da empresa com suas necessidades específicas. Perceber-se como um elemento importante para a organização facilita o processo de interação do indivíduo com a organização, melhora o processo de comunicação e aumenta a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços ofertados pela empresa ao mercado. A atitude de mudar seu comportamento, de motivar-se, é exclusiva do empregado. Cabe a ele esta iniciativa, mas é através da mudança de comportamento da organização através de iniciativas de promover melhorias no seu ambiente e no seu clima que levam o empregado a quererem mudar seu próprio comportamento. Assim, dar continuidade as políticas de gestão do clima organizacional é a condição primordial para tornar este movimento um ato contínuo em que o empregado em sua mudança de comportamento gera também melhorias no próprio ambiente em que está inserido. O indivíduo motivado é um elemento mais participativo, criativo e comprometido com os resultados organizacionais. Contagia os demais elementos com seu comportamento, gera sinergia entre os membros do grupo. A desumanização com que muitas empresas ainda tratam seus empregados é uma das principais causas de reclamações trabalhistas, de evasão organizacional, de absenteísmos e em decorrência do insucesso organizacional. O principal desafio das organizações é buscar um ambiente onde o clima seja propício à produtividade com qualidade de vida onde os indivíduos estejam comprometidos com suas metas, seus objetivos e sua missão empresarial. A construção deste ambiente passa necessariamente por um tratamento mais humanizado que promova o respeito recíproco entre a organização e seus empregados, motivando-os a resultados produtivos através da capacitação técnica aliada ao sentimento de pertencimento a um grupo organizacional que produz à sociedade. - 27 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A valorização dos seus talentos parte de um ambiente de trabalho que seja harmonioso o suficiente para ser atrativo a estes. O conjunto de seus talentos é fator determinante para o sucesso da organização em um mundo cada vez mais competitivo e globalizado. Empresa com um perfil conservador comumentecontém gestores com uma postura arbitrária, autoritária junto aos empregados o que propicia um clima organizacional ruim à produtividade. É importante que as organizações percebam a necessidade de mudanças em sua cultura, através da adoção de um modelo de gestão que crie uma postura mais democrática e participativa de seus empregados. De nada adianta promover pesquisa de clima numa organização se não for para favorecer uma mudança na sua cultura de gestão, na sua filosofia que norteia suas políticas de recursos humanos. Se a pesquisa de clima representa uma fotografia de um dado momento da organização, sua aplicação em determinado intervalos de tempo pode permitir uma visão à contínua das alterações efetuadas em sua cultura. Portanto, a análise organizacional demanda: • compreender sua cultura; • o estilo gerencial adotado; • suas lideranças e formadores de opinião; • sua história organizacional. Para tal, a pesquisa de clima é uma ferramenta fundamental para se compreender a dinâmica de seu corpo funcional e o atendimento aos resultados apresentados nesta, através de políticas de valorização dos recursos humanos, é a condição para, inclusive, criar credibilidade dos empregados sobre as intenções da organização sobre eles. Não dar atendimento aos pontos frágeis detectados pela pesquisa compromete todo e qualquer trabalho que se pretenda produzir em prol dos empregados, pois eles desacreditarão das intenções desses programas. Estratégias de avaliação do clima Além da pesquisa de clima, são importantes para proporcionar um bom diagnóstico do clima da organização: • A ouvidoria da empresa mais conhecida como Ombudsman • as dinâmicas de grupo • as entrevistas, inclusivas as de desligamento. Algumas empresas têm usado a estratégia do Café da manhã com o presidente como um momento de aproximação para os empregados escutarem do seu “porta-voz principal” os objetivos da organização, bem como serem escutados por seu gestor maior. Mas não somente esse momento deve ser o contato de seu gestor com os empregados, já que a naturalidade pode ser bloqueada por parte de seus empregados. As visitas aos vários setores da organização, sem aviso prévio, devem fazer parte da rotina de um bom gestor para que este possa exercitar sua - 28 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- observação in loco, pois visitas com hora marcada podem camuflar o comportamento organizacional. Observar os processos trabalhistas e escutar as críticas dos representantes sindicais pode servir também como uma forma de observar os principais problemas que interferem no clima organizacional. Outra fonte de informação é o atendimento do serviço médico, do serviço social e do setor de psicologia organizacional. Algumas empresas têm usado a estratégia do Café da manhã com o presidente como um momento de aproximação para os empregados escutarem do seu “porta-voz principal” os objetivos da organização, bem como serem escutados por seu gestor maior. Mas não somente esse momento deve ser o contato de seu gestor com os empregados, já que a naturalidade pode ser bloqueada por parte de seus empregados. As visitas aos vários setores da organização, sem aviso prévio, devem fazer parte da rotina de um bom gestor para que este possa exercitar sua observação in loco, pois visitas com hora marcada podem camuflar o comportamento organizacional. Observar os processos trabalhistas e escutar as críticas dos representantes sindicais pode servir também como uma forma de observar os principais problemas que interferem no clima organizacional. Outra fonte de informação é o atendimento do serviço médico, do serviço social e do setor de psicologia organizacional. Técnicas de coletas de dados: Questionário: permite uma maior abrangência de participação dos empregados e uma maior garantia de sigilo, o que garante uma apresentação de respostas mais fidedignas. Além disso, tem um custo mais baixo de aplicação, mas deve observar que se compostos por um grande número de perguntas tendem a ser desmotivadores da participação dos empregados. Entrevista: deve ser usada de forma complementar ou para elucidar possíveis dúvidas pelo seu custo mais elevado, demandar mais tempo e por não garantir que, frente a frente com o entrevistador, o empregado será sincero em suas respostas. Variáveis organizacionais que devem compor o instrumento de pesquisa ✔ O Trabalho: o quanto este é interessante ao trabalhador ✔ O Salário: como o indivíduo se sente remunerado, se de forma condizente com seu esforço. ✔ Os Benefícios: se atendem às necessidades expressas pelos empregados. ✔ O Modelo de Gestão: o estilo de liderança de seus gerentes. ✔ A Integração Interdepartamental: como se realiza a interface entre os setores da organização. ✔ O Processo de Comunicação: como é realizada a comunicação em seus diversos níveis e direções. ✔ O Progresso Profissional: as possibilidades de crescimento profissional que são oferecidas pela organização. - 29 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ✔ O Relacionamento Interpessoal: como as pessoas se relacionam entre si. ✔ As Ações de Treinamento e Desenvolvimento: não somente quantitativamente, mas qualitativamente. ✔ As Condições Físicas do trabalho: as condições a que estão sujeitos os trabalhadores na execução de suas tarefas. ✔ A Estabilidade no Emprego: se as pessoas sentem garantias de manutenção no emprego. ✔ O Pagamento dos Salários: se há assiduidade e pontualidade nos pagamentos aos empregados. ✔ O Processo Decisório: se envolve os empregados ou não. ✔ O Modelo Disciplinar: se são claras as suas regras de conduta e justas as aplicações de sanções. ✔ O Reconhecimento: se os empregados são destacados e premiados pelo seu desempenho diferenciado. ✔ A Segurança do Trabalho: se são dadas as condições de prevenir acidentes e doenças ocupacionais. ✔ A Estrutura Organizacional: se são flexíveis ou muito hierarquizadas. ✔ Os Objetivos Organizacionais: se são claros e alcançáveis ✔ A Vitalidade Organizacional: como a organização apresenta seus resultados e como é observada no espaço externo a organização. ✔ O Trabalho em Equipe: se é estimulado e harmonioso. ETAPAS DO PLANEJAMENTO DA PESQUISA, segundo Luz são: 1. Obtenção da aprovação e o apoio da direção 2. Planejamento da pesquisa 3. Definição dos assuntos a serem pesquisados 4. Montagem dos cadernos de pesquisa 5. Parametrização para tabulação das opções de resposta 6. Divulgação da pesquisa 7. Aplicação e coleta da pesquisa 8. Tabulação da pesquisa DIVULGAÇÃO A divulgação da pesquisa deve ser anterior à sua aplicação, destacando a importância desta para a organização promover melhorias em seu sistema e devem abranger todos os meios de comunicação disponíveis na empresa. Após sua aplicação e tabulação dos dados deve-se também se utilizar dos mesmos meios para se apresentar os resultados, destacando-se os pontos fortes da organização e as medidas a serem adotadas pela empresa para corrigir e melhorar seus pontos frágeis. Para garantir um melhor resultado, a pesquisa deve ser aplicada no próprio local de trabalho, evitando a não participação do empregado pela perda do instrumento de levantamento de informações e também favorecer esclarecimentosnecessários às dúvidas de interpretação, bem como evitar a interferência de questões externas a organização nas respostas dos empregados. - 30 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Uma pesquisa de clima deve ser feita de forma que o empregado possa ter garantido o sigilo de suas respostas e de preferência ser depositada pelo próprio empregado e urnas lacradas. Cabo Frio, 26 de outubro de 2011. Aula 8 – Relações Trablhistas O estabelecimento e a manutenção do bom relacionamento entre empregados e empresas é uma das funções mais específicas da área de Gestão de Recursos Humanos e envolve a definição de políticas bem delineadas entre os direitos e deveres de ambas as partes, bem como o aprimoramento das habilidades e competências dos gestores em lidar com seus subordinados. As principais estratégias para se favorecer um bom relacionamento entre empregados e a organização envolvem o estabelecimento de: ✔ Bom clima organizacional ✔ Treinamento e desenvolvimento dos gestores ✔ Sistema de atendimento às queixas e reclamações ✔ Observar os motivos das reclamações trabalhistas ✔ Manter um bom relacionamento com os sindicatos dos trabalhadores ✔ Relações com empregados ✔ Estilos de administração ✔ Programas de assistência ao empregado ✔ Disciplina ✔ Administração de conflitos Bom clima organizacional: ações que promovam um ambiente de trabalho onde o empregado se sinta reconhecido pela organização em seu potencial e esforço produtivo, bem como preservado por ela em suas condições de produzir com segurança e conforto. Treinamento e desenvolvimento dos gestores: as principais queixas dos empregados se reportam à forma como são tratados por seus superiores, pela falta de respeito pessoal e profissional e pelo autoritarismo. Sistema de atendimento às queixas e reclamações: a criação de uma Ouvidoria, mais conhecida como ombudsman. É a designação de um funcionário que atua como advogado dos empregados nos conflitos com a organização. O ombudsman funciona como canal de comunicação e fiscalização entre empregados e gestores. A figura do ombudsman emerge como um ouvidor ou mediador entre o empregado e a organização, portanto, deve ter o livre exercício da crítica e fiscalização sobre todos os setores e personagens organizacionais. Abrir canais de comunicação com os funcionários: acesso a um sistema de comunicação informatizado, ou não, que garanta a livre participação dos empregados com reclamações e sugestões para aqueles que tenham alguma forma de constrangimento de se apresentarem pessoalmente é aconselhável. Entretanto, é fundamental que, através da gestão da cultura - 31 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- organizacional, seja gradativamente desenvolvido o comportamento dos gestores e empregados de se ouvirem de forma direta e com objetivos construtivos de um bom relacionamento que visem melhorias no sistema organizacional. Observar os motivos das Reclamações Trabalhistas: os principais problemas de “mal” relacionamento entre a empresa e seus empregados são denunciados nos processos trabalhistas com riqueza de detalhes. Através desse estudo, a organização pode observar as principais reclamações dos empregados e as principais falhas cometidas pela organização. Manter um bom relacionamento com os sindicatos dos trabalhadores: as organizações devem rever seu olhar sobre os sindicatos trabalhistas, tirar o enfoque tradicionalmente adotado de reconhecer o sindicato como inimigo e passar a observar que em suas intervenções junto à empresa, o papel do sindicato passa a ser o de um colaborador. Não apenas em suas ações de supervisão sobre as condições de trabalho a que estão sujeitos os empregados, mas também por ser um veículo da confiança dos empregados para realizarem suas reclamações, o sindicato sinaliza sobre problemas que podem ser evitados através da alteração de ações por parte da organização. Estilos de Administração: o modelo de gestão adotado pela organização, permitindo que haja uma maior liberdade por parte dos empregados em participarem do processo decisório e buscarem a autogestão, reconhecendo-os em suas habilidades e competências, bem como interessados em contribuir para o desenvolvimento da empresa, facilita que estabeleçam um bom relacionamento com a empresa. Relações com Empregados: respeitar os direitos dos trabalhadores estabelecidos pela legislação e pelos acordos coletivos. Programas de Assistência ao Empregado: os benefícios e vantagens oferecidos pela organização refletem o reconhecimento desta sob o bem-estar do empregado e sua contribuição para a empresa. Disciplina: estabelecer, de forma clara, as normas de conduta a serem seguidas pelos empregados, garantir a divulgação e o entendimento por parte deles, esclarecer os indivíduos sobre os objetivos da organização quanto aos seus comportamentos. Administração de Conflitos: desenvolver técnicas de administração dos conflitos, buscando a negociação com base no “ganha/ganha”, conciliando os interesses entre as partes para benefício mútuo. As relações trabalhistas são as relações coletivas entre as empresas, os funcionários, os sindicatos e o Estado. Cada um desses personagens desempenha um papel específico que o compromete em obrigações que garantam um relacionamento justo e harmonioso entre a relação do trabalho e do capital. - 32 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Sindicato Habitualmente identificamos o sindicato dos trabalhadores, que é a reunião de profissionais de uma mesma categoria que se agrupam como uma pessoa jurídica de direito privado para a defesa dos seus interesses comuns. Entretanto, existe o sindicato dos empregadores, que representa os interesses de organizações que comungam de uma mesma categoria econômica. A origem do sindicato é no século XVIII, na Inglaterra, como forma dos trabalhadores assalariados defenderem seus interesses de terem condições dignas de trabalho após o advento da industrialização. Estrutura Sindical Brasileira O processo no qual a categoria defende seus interesses por melhores condições de trabalho, através dos seus representantes sindicais é denominado como negociação coletiva. Na convenção coletiva, que deve ocorrer anualmente na data- -base acordada entre as partes, são negociados os reajustes e aumentos salariais, benefícios a serem concedidos, bem como os direitos e deveres dos trabalhadores e empresas. Esse processo de negociação deverá ser concretizado no acordo coletivo, que deverá ser efetuado entre o sindicato da categoria profissional e a empresa (ou mais de uma) onde esses profissionais atuam. Quando o acordo não é estabelecido entre as partes, o Tribunal Superior do Trabalho julga as propostas entre as partes e através de uma sentença normativa decide a questão. O não cumprimento por uma das partes da sentença normativa implica em punições estabelecidas pelo TST. Uma das estratégias dos trabalhadores para pressionar a empresa a aceitar suas reivindicaçõesé a greve, que trata-se de uma suspensão temporária, coletiva ou parcial do trabalho. Para ser considerada legal a grave deve ser um movimento pacífico e, no caso das categorias públicas, preservar o atendimento mínimo necessário à população. O movimento grevista deve ser a última alternativa, quando o processo de negociação não surte os efeitos desejados e o conflito se estabelece. Assim, a habilidade de negociar deve ser desenvolvida pelos representantes das partes para evitar nesse momento ônus para ambas as partes. - 33 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Atenção à outra parte: demonstrar respeito aos pontos abordados pelos outros participantes da mesa de negociação, mantendo a escuta aberta e o contato visual quando estão apresentando suas posições frente à pauta de negociação. Confirmar o que foi exposto: quando a outra parte acabar sua exposição, confirmar se o seu entendimento sobre o que foi dito está correto, através de um breve resumo da abordagem da outra parte, perguntando se quer acrescentar algo mais. Demonstrar uma postura aberta à negociação: o grande resultado de uma negociação é o “ganha-ganha”, ou seja, quando as duas ou mais partes saem do processo de negociação com o sentimento de que tiveram seus pleitos atendidos, senão, na sua maioria, nos principais pontos da pauta. Assim, não devemos encarar o processo de negociação como uma disputa, onde uma parte deve vencer a outra. A boa negociação deve terminar em consenso de que foi um bom negócio para todos. Dessa forma, usar frases “Entendo seu ponto de vista”, “Podemos rever esta questão”, “Concordamos neste aspecto”, gera um entendimento de compreensão sobre as necessidades da outra parte e uma predisposição para chegar a um ponto comum. Expressar opinião sem negação: ao se posicionar sobre um assunto é fundamental não causar uma impressão de desrespeito sobre o posicionamento da outra parte. A afirmação sobre o posicionamento do outro é a técnica, ainda que seu posicionamento seja o contrário. Assim, usar a afirmativa e após posicionar a outra parte sobre as questões que lhe dizem respeito favorecendo-a para não interpretar uma postura reativa, mas de busca de conciliação de interesses, como: “Sim, você esta correto quanto ao custo desse plano de saúde ser maior do que o plano anterior. Entretanto, ele confere aos empregados uma cobertura maior, o que garantirá um benefício de melhores garantias de condições físicas e psicológicas, o que gera uma estabilidade para produção”. Trabalho em equipe: durante a negociação, tenha uma equipe dividindo as responsabilidades e papéis. O processo é longo e penoso para ser de responsabilidade de uma só pessoa. Enquanto um membro da equipe fica responsável pela observação do processo, dando inputs a quem esta à frente do processo, outro exerce a responsabilidade de moderador, intervindo quando os ânimos ficarem alterados e procurando fazer com que as partes voltem a um propósito de uma negociação amistosa. Técnicas para uma boa negociação: Para Costacurta Junqueira, existem pontos-chave para alcançar um resultado ganha/ganha. Não restrinja sua negociação a um único ponto. Se focalizar somente um assunto, você automaticamente criará uma situação com um ganhador e um perdedor. O exemplo mais comum de como estreitar uma negociação em um só item é discutir sobre o preço de alguma coisa. Muitosoutros fatores, além do preço, podem ser levantados em uma negociação, tais como custo de entrega, prazo, qualidade, outros produtos e serviços etc. Conscientize-se de que sua contraparte não tem as mesmas necessidades e desejos que você. Se não levar esse fator em consideração, você negociará tendo a impressão de que sua perda é o - 34 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ganho de sua contraparte. E com essa atitude, é virtualmente impossível alcançar um resultado ganha/ganha. Não pressuponha que você conhece as necessidades da contraparte. É muito comum que os negociadores demonstrem saber exatamente o que a contraparte deseja. Por exemplo, um vendedor sabe que o comprador deseja comprar o produto ou serviço ao menor preço possível. Mesmo que isso seja verdade, o comprador pode ter outra necessidade muito mais forte, que poderá influenciar sua decisão na compra do produto ou serviço. Fazendo perguntas inteligentes, você poderá descobrir, por exemplo, que a maior preocupação do comprador é que seu chefe perceba a sua atuação e considere a compra como uma operação bem feita.” Preparação da reunião: Elabore a pauta de interesses para orientar sua participação na reunião: faça uma lista de objetivos e identifique os pontos que podem gerar um acordo. Não crie expectativas fantasiosas e recolha informações sobre a forma de negociação dos componentes da outra parte, seus interesses na negociação, seus pontos prioritários e secundários no processo. Seja objetivo ao criar a pauta com frases simples e prepare sua equipe através de reuniões, permitindo que todos entendam bem os interesses que devem ser defendidos no processo, a estratégia a ser empreendida e o papel que cada um deve desempenhar na mesa de negociação. Ambiente: a escolha do local onde se procederá a negociação é significativa para o processo. Deve ser escolhido um local neutro para que nenhuma das partes sinta-se intimidada. O ambiente deve ser arejado e confortável e salas de apoio para as equipes se reunirem privadamente é importante, já que o processo pode ser em etapas. Estratégias de negociação: ao entrarmos em uma negociação, devemos analisar as alternativas possíveis para chegarmos a um bom termo de negociação. Dessa forma, se durante o processo alguns caminhos se demonstrarem fechados, podemos abrir outros para conduzirmos a negociação. Justiça no processo: uma legítima negociação busca ser um processo justo, baseando-se em leis e normas ou procedimentos habitualmente adotados em negociações anteriores. Compromisso: respeitar o resultado da negociação é fundamental para se garantir o respeito necessário para futuras negociações. Além do acordo em papel, muitas posições são firmadas durante o processo de forma oral e ao final deste, devem ser preservadas. Cabo Frio, 02 de novembro de 2011. Aula 9 – Qualidade de Vida no Trabalho Saúde Ocupacional – refere-se ao estado de bem-estar físico e mental do trabalhador em suas intrações sociais no ambiente de trabalho. - 35 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- - 36 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- - 37 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- - 38 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas....................................) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Aula 10 - Sistemas de Controle de Recursos Humanos Padrões de Quantidade e Qualidade - 39 - JULIO CESAR DE SOUZA (Continuação do Caderno de Tópicos Emergencias em Gestão de Pessoas.................................... ) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- - 40 -