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com os valores mercantis consiste apenas em que estes estão expressos idealmente nas mesmas quantidades de ouro que são representadas sim- bólica e sensivelmente pelo papel. Somente na medida em que representa quantidades de ouro, que são também, como todas as quantidades de mercadorias, quantidades de valor, a moeda papel é signo de valor.185 Pergunta-se, finalmente, por que o ouro pode ser substituído por meros signos de si mesmo, sem valor? Porém, como já foi visto, o ouro é somente substituível na medida em que, em sua função como moeda ou como meio circulante, é isolado ou tornado autônomo. Entretanto, essa função não se torna autônoma para moedas individuais de ouro, embora sua autonomia apareça no fato de que peças de ouro desgas- tadas continuam a circular. As peças de ouro são simples moedas ou meio circulante somente enquanto efetivamente circulam. O que, po- rém, não vale para uma moeda individual de ouro, é aplicável à massa mínima de ouro substituível por moeda papel. Esta reside constante- mente na esfera de circulação, funciona continuamente como meio cir- culante e existe, portanto, exclusivamente como portador dessa função. Seu movimento limita-se a representar as mutações recíprocas contí- nuas que formam os processos antagônicos da metamorfose das mer- cadorias, M — D — M, em que à mercadoria se defronta sua figura de valor para imediatamente desaparecer de novo. A representação autônoma do valor de troca da mercadoria é, aqui, apenas um momento efêmero. É substituída de imediato por outra mercadoria. Por isso, basta que o dinheiro exista apenas de forma simbólica num processo que o faz passar continuamente de mão em mão. Sua existência fun- cional absorve, por assim dizer, sua existência material. Reflexo obje- tivado evanescente dos preços das mercadorias, funciona apenas como signo de si mesmo e, por isso, pode ser substituído por outros signos.186 MARX 249 185 Nota à 2ª edição. Como falta clareza à concepção das diferentes funções do dinheiro, mesmo nos melhores escritores sobre o sistema monetário, demonstra, por exemplo, a seguinte passagem de Fullarton: “Quanto à nossa troca interna, todas as funções do dinheiro, que são costumeiramente preenchidas por moedas de ouro e prata, podem ser desempenhadas com a mesma eficácia por uma circulação de notas não conversíveis, que não têm nenhum outro valor senão esse valor artificial e fundamentado em convenção, que receberam por lei — um fato que, penso eu, não pode ser contestado. Um valor dessa espécie poderia servir a todos os objetivos de um valor intrínseco e até mesmo tornar supérflua a necessidade de um padrão de valor, desde que a quantidade de suas emissões seja mantida dentro dos limites pertinentes”. (FURLLARTON. Regulation of Currencies. 2ª ed., Londres, 1845. p. 21.) Assim, como a mercadoria monetária pode ser substituída na circulação por meros signos de valor, é ela supérflua como medida dos valores e padrão dos preços! 186 Do fato de ouro e prata, enquanto moeda ou na função exclusiva de meio circulante, tor- narem-se símbolos deles mesmos, deriva Nicholas Barbon o direito dos governos to raise money,* isto é, por exemplo, dar a um quantum de prata, que se chamou Groschen, a denominação de um quantum maior de prata, como Taler, e assim pagar os credores com Groschen, em vez de Taler. “Dinheiro se desgasta e torna-se mais leve pelas múltiplas vezes que é contado. (...) É a denominação e o curso do dinheiro o que as pessoas que comerciam observam, e não a quantidade de prata. (...) É a autoridade do Estado que faz do metal dinheiro.” (BARBON, N. Op. cit., p. 29-30, 25.) * Elevar o dinheiro. (N. dos T.)