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Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2012. Caderno – Penal IV/Prof. Alexandre Leopoldo Após AV1 Lei 11.343-2066 revogou Lei 6368-76 – art. 16 (porte para uso) O legislador percebeu que a política repressiva tão somente não dava resultado e então vem a lei 11.343 com uma visão diferenciada, chamada de Lei de Drogas. Agravou as penas para os traficant3s e tratou os usuários de maneira benéfica, mas não abandonou a política norte americana da chamada “guerra as drogas”. A lei criou novas figuras, novos crimes e restringiu algumas garantias aos crimes relacionados ao tráfico. Ao portador ela foi muito benéfica, vide art. 28 não há mais previsão de pena privativa de liberdade. Conclui-se portanto que tem tratamento; diferenciado aquele que porta para usar. As penas são advertências, prestação de serviço a comunidade e medida sócio-educativa. Em caso de descumprimento da medida aplica-se o §6º do artigo. Já fartamente discutido conclui-se que a criminalização não resolve o consume da droga. Deve-se buscar outros caminhos. Todos os art. da lei de drogas são classificados como norma penal em branco de fonte heterogênea, pois sempre precisam de um complemento para ter plena eficácia. Uma portaria da ANVISA define quais os produtos são controlados pelo Estado dentre estas as que são efetivamente proibidas. Ver art. 1º, § Único. É possível também a expropriação judicial de glebas, art. 243, CRFB/88, para terras em que se planta drogas. É uma desapropriação sem indenização. É uma sanção. Questão crítica ocorre em relação a expropriação do bem de família, mas a Lei do Bem de família (8009-90) esclarece em seu art, 3, VI que ainda assim ocorrerá a expropriação. Afeta a todos os moradores ainda que somente um deles estivesse envolvido, os demais serão incluídos num programa de auxílio. Porte para Uso – Critérios para Definir Quem é Usuário ou Traficante Art. 28, § 2º Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: § 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. O critério quanto a quantidade é objetivo, mas não quanto as circunstâncias. Caráter criminoso do art. 28 – Há duas correntes. A 1ª diz que houve uma descriminalização do delito de drogas ilícitas de acordo com corrente majoritária. A 2ª posição (Guilherme Nucci) diz que há natureza de crime, pois argumenta que a própria CRFB/88 em seu art. 5º, XLIV, autoriza outras penas alternativas a prisão. O efeito estigmatizante (de criminoso e não de usuário de drogas) é natural, pois tratado pelo CP. Também o art. 28 está incluído no Título “Dos Crimes e das Penas”. Há uma teoria moderna que é possível haver conciliação no Dir. Penal inclusive em caso de homicídio. No Brasil nosso sistema de infração penal é bipartido. (ler mais) Art. 33 – Tráfico de Drogas - Classificado como crime de perigo abstrato (o bem jurídico é a saúde pública, havendo a possibilidade desse tráfico atingir esse bem jurídico não precisa se consumar). O Estado antecipa a punição. Ela ocorre diante de uma presunção. Art. 34 pune a preparação do crime. Sujeito Passivo Indeterminado – sociedade. Crime com sujeito passivo indeterminado é chamado de crime vago. Elemento normativo negativo - sem autorização legal. A lei de drogas equiparou, no art. 44, o tráfico de drogas, à crime hediondo, trata-os como se fosse, mas não são. Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. Essa disposição fere um princípio expresso da CRFB/88 que garante a individualização das penas. O STF já declarou que o final do artigo é inconstitucional. Liberdade provisória, lei 11.464 alterou a lei de Crimes Hediondos autoriza a liberdade provisória. Como o tráfico de drogas é equiparado a crime hediondo essa mesma lei alterou tacitamente o art. 44 da Lei de Drogas. A expressão “liberdade provisória” está tacitamente revogado. E assim pode diante de necessidade a liberdade provisória. Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2012. Continuando matéria da Lei de Drogas Recente decisão do STF permite a substituição da pena embora a Lei de Drogas vede. O STF declarou os artigos inconstitucional, são os art. 44, §4º. Somente no que se refere as penas substitutivas desses artigos. A Lei 6.368-76 em seu art. 12 tratava de tráfico de drogas tinha a pena fixada de 3 a 15 anos. Essa lei foi revogada. De 76 a 88 surge a CRFB/88 determinando a criação de crimes hediondos e equipara o crime de tráfico de drogas como crime hediondo. Em 1990 surge a Lei de Crimes Hediondos, 8072-90. A jurisprudência começou a “bater” dizendo que a lei era inconstitucional. Há a edição da lei 9.714-98 que alterou o CP para tratar das penas substitutivas às privativas de liberdade. Essa lei surgiu porque o Brasil assinou uma convenção chamada regras de Tókio para analisar melhor as penas privativas de liberdade que são apenas alternativas de liberdade. Para haver a substituição o critério é que não tenha violência ou ameaça e pena máxima de 4 anos. E o crime de tráfico se inclui nessa disposição. A jurisprudência determina que a lei melhor retroaja e por isso passou-se a entender que a lei alcançaria os réus e haveria substituição da pena. Houve outro entendimento dizendo que a substituição das penas é incompatível com a lei de crimes hediondos, mas não prosperou. A lei de drogas, 11.343-2006, surge nesse cenário, então o legislador definiu a pena mínima de 5 anos e assim o tráfico não poderia ser alcançado pelas penas substitutivas, pois não atende o requisito de 4 anos. Mas o STF através de ação de inconstitucionalidade declarou o art. 44, §4º inconstitucional. A lei 6.368-76 art. 12 – 3 a 15 anos. A lei 11.343-2006 5 a 15 anos. Não retroage pois é pior, o §4º é causa de diminuição de pena. Nesse caso há uma combinação de leis feita pelo Judiciário. A doutrina rejeita, mas é prática adotada pelo STF. Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2012. Lei 9.455-97 – Crime de Tortura Base – Art. 1º, III, CRFB/88 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana; O que é pessoa? Há alguns anos quem não era Católico não era pessoa, em outros tempos se era mulher não era pessoa, e atualmente a dignidade da pessoa humana. Ocorre a construção dos Direitos Humanos. Lembramos do holocausto que embora desenvolvido dentro de um estado de direito houve uma grande violação dos direitos humanos, da dignidade da pessoa humana. O objetivo maior do Estado é o bem estar do homem. Os direitos fundamentais são a positivação dos chamados direitos humanos. Um terrorista coloca uma bomba em um avião com 300 pessoas. É lícito torturá-lo para que ele diga onde está a bomba. Há 3 entendimentos: Não, os direitos humanos são absolutos. Sim, os direitos humanos são relativos, para salvar várias vidas uma será sacrificada. Nossa constituição é protetora dos direitos fundamentais. Uma das formas de protegê-los é a criminalização. Ele possui mandados de criminalização. Art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendoevitá-los, se omitirem; A Lei de Tortura tem como sujeito ativo e passivo – qualquer pessoa Já foi definido como crime próprio pois como eram praticados como presos e por policiais entendia-se que era próprio. Após algum tempo percebeu-se que no art. 1º não tratava de funcionário público, talvez a alínea a possa ser considerada assim, mas não as outras. Portanto a tortura é um crime comum. Sofrimento físico e mental (no texto da lei) é um elemento do crime de tortura. É o que define a tortura. A tortura é um crime de dano. Especial fim de agir – essa expressão é um elemento do crime. Crime Normal – sujeito ativo, sujeito passivo, verbo, pessoa viva (homicídio) se acrescentamos o elemento “fim especial de agir teremos crime anormal. Cuidado para não confundir com o dolo, pois esse está na ação, por exemplo de “subtrair” no caso de furto. Furto de uso – não está na lei. Maus tratos, art. 136, CP. Se diferencia da tortura em relação a intensidade. É um crime de perigo, pois está no capítulo de periclitação do CP. Ver stalking A lei 10.216 reformou o sistema de pessoas portadoras de pessoas mentais, reforma manicomial. Art. 13, §2º, a - Crime do agente garantidor. (ver caso semana 10). Art. 1º, § 3º - crime praeter doloso. Teoria finalista da ação. O dolo define o crime. Rio de Janeiro, 1 de novembro de 2012. Lei Não é condição de procedimentdade. ... Lei 5249-67 Art. 1º A falta de representação do ofendido, nos casos de abusos previstos na Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, na obsta a iniciativa ou o curso de ação pública. Competência para julgar casos de abuso de autoridade no caso de polícia federal que impede um particular de sair do aeroporto sem dizer as razões , a competência é controvertida, mas prevalece que será julgado por juizado especial criminal estadual. Comentário sobre CPM – DL 1001-69 – Justiça Castrense – art. 9º (crimes militares em tempo de paz) e 10º (crimes militares em tempo de guerra). Não há previsão de abuso de autoridade, portanto se o militar praticar crimes de abuso de autoridade não pratica crime militar e sim crime comum, julgados no juizado especial criminal. Crimes contra a vida passaram para o tribunal do júri, ainda que praticados por militar. É uma exceção permitida pelo nosso ordenamento em virtude de vários crimes impunes. Militar da Força – Existe tribunal militar para as Forças Armadas (Marinha, Exército e Federal). Ler Súmula 172 do STJ STJ Súmula nº 172 - 23/10/1996 - DJ 31.10.1996 Competência - Militar - Abuso de Autoridade - Processo e Julgamento Compete à Justiça Federal processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. Crime de Atentado – somente a tentativa já constitui crime. O crime é doloso. Se o funcionário erra por falta de orientação não houve crime, mas se houve a intenção o crime é praticado. Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: a) à liberdade de locomoção; b) à inviolabilidade do domicílio; c) ao sigilo da correspondência; d) à liberdade de consciência e de crença; e) ao livre exercício do culto religioso; f) à liberdade de associação; g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; h) ao direito de reunião; i) à incolumidade física do indivíduo; j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. (Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79) O art. 150 do CP define “casa”, leia-se também domicílio. CRFB/88 - Art. 5º, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Art. 245, CPP regula as buscas domiciliares. Constrangimento – se o constrangimento for muito “pesado” provocando dor, será crime de tortura. Quando alguém força o preso a mostrar o rosto n TV é constrangimento. Prisão temporária – somente em fase de inquérito Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei; f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal; i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de 21/12/89) Correção - Semana 11 - art. 3º da lei. Justiça comum. Juizado especial criminal. O outro policial que estava com ele praticou crime de omissão imprópria. Crime comum. Questão 2 – Letra A � Rio de Janeiro, 22 de novembro de 2012. Estatuto do Desarmamento É UM CRIME DE PERIGO ABSTRATO OU PRESUMIDO. Se a regulamentação do uso de armas é da União, seria o julgamento desses crimes também da União? Não, a União apenas regulamenta, o bem protegido é a saúde, a vida da coletividade e o bem lesado não é da União e sim da coletividade, e assim a competência, em regra, é da Justiça Comum. Objeto material do crime – é o que compõe o crime. É crime de dolo. É norma penal em branco. Órgão regulamentador – SINARM Art. 13 – Crime omissivo de cautela, culposo, omissivo próprio. Bastante incomum o crime ser omissivo próprio e anda assim ser culposo. Tentativa – impossível pois crimes culposos não admitem tentativa.