Prévia do material em texto
Departamento de Economia - Puc-Rio -2010.1 Disciplina: Teoria Microeconômica-II - EC01214 Prof. Eduardo Fiuza Aluno: ________________________________________. Matrícula: ___________ Exame P2 QUESTÃO 1 (2,5): Responda verdadeiro ou falso e justi que brevemente. Podem ser usados grá cos. a) A diferença entre o equivalente-certeza e o payo¤ esperado de um agente numa escolha sob incerteza independe do seu grau de aversão ao risco. Falso. Veja a Nota de Aula 2. Na p.6, vemos que esta diferença é justamente o negativo do prêmio de risco S, que é de nido como S = E[w]� EC onde E[w] é o payo¤ esperado. Na p.7: "sinal positivo do prêmio de risco S reete aversão ao risco 1 "; p.8: "sinal negativo do prêmio de risco S reete propensão ao risco ; p.9: "Sinal nulo do prêmio de risco S reete indiferença ao risco". Ora, o sinal do grau de aversão ao risco é o oposto da segunda 2 derivada da utilidade de Bernoulli. Logo: i) quando o agente é avesso ao risco (utilidade de Bernoulli côncava), sua aversão é positiva ) prêmio de risco positivo ) diferença entre EC e payo¤ esperado negativa. ii)quando o agente é propenso ao risco (utilidade de Bernoulli convexa), sua aversão é negativa ) prêmio de risco negativo ) diferença entre EC e payo¤ esperado positiva. iii) quando o agente é neutro ao risco (utilidade de Bernoulli convexa), sua aversão é nula ) prêmio de risco nulo ) diferença entre EC e payo¤ esperado nula. b) Considere o jogo abaixo: jogador 2 L R jogador 1 T M B 24 3;_ 0;_0;_ 3;_ 1;_ 1;_ 35 A estratégia B não é estritamente dominada por nenhuma estratégia pura do jogador 1. Logo, também não será estritamente dominada por nenhuma estratégia mista deste jogador. Falso. Uma estratégia mista que atribua probabilidade 1/2 a T e 1/2 a M domina a estratégia B. c) Suponha que um monopolista discriminador de preços segmenta seu mercado entre consumidores de alta e baixa renda. Logo, a m de extrair o máximo de excedente de cada mercado, o monopolista pode e deve cobrar um preço maior dos consumidores mais ricos. Verdadeiro, se admitirmos que os consumidores de alta renda têm elasticidade-preço mais baixa. d) Um mercado organizado na forma de oligopólio sempre gera uma produção menor que a produção Pareto-e ciente. Falso. No modelo de Bertrand, P=CMg ) maximiza-se o bem-estar. e) Suponha duas rmas A e B com funções de custo total dadas por CA = 20y 2 CB = 3y 2 A produção de um cartel formado por estas rmas é gerada pela rma com menor custo marginal para qualquer nível de produção. 3 Verdadeiro. Para qualquer nível de produção positivo, o custo de produção da rma B é menor. QUESTÃO 2 (3,0): Considere uma economia com dois indivíduos (i = A;B); dois bens (j = X; Y ) e um fator de produção (L). A função de utilidade dos indivíduos é dada por UA (XA; YA) = (XA) 0:5 (YA) 0:5 UB (XB; YB) = (XB) 0:5 (YB) 0:5 onde Xi e Yi (i = A;B) são os níveis de consumo dos bens X e Y pelo indivíduo i. Cada bem é produzido por apenas uma rma. As funções de produção das rmas que produzem os bens X e Y são dadas, respectivamente, por QX = FX (LX) = 2 p LX QY = FY (LY ) = LY onde Lj é a quantidade de fator L empregada na produção do bem j (j = X; Y ) e Qj é a produção do bem j (j = X;Y ): O indivíduo B é dotado com 12 unidades do fator L e é o único proprietário da rma que produz o bem Y. Por sua vez, o indívíduo A não recebe dotação do fator L e é o único proprietário da rma que produx o bem X. Lembre-se que uma alocação nesta economia é um vetor (XA; XB; YA; YB; LX ; LY ) que especi ca o consumo de cada bem pelos indivíduos e a quantidade de fator empregada para a produção de cada bem. a) Determine a fronteira (curva) de possibilidades de produção. LB = 12; LA = 0; � Y A = � X B = 0; � Y B = � X A = 1: Restrição de factibilidade: LX+LY= 12 : (1) Ora, o requerimento de trabalho das duas rmas como funções das quantidade produzidas são: LX = � QX 2 �2 LY = QY Substituindo de volta em (1): � QX 2 �2 +QY= 12 : (2) Assim, a FPP é: T (QX ; QY )= Q 2 X+4QY�48 = 0 (3) b) Determine a taxa marginal de transformação da economia. TMT é a inclinação da FPP. TMT = dQY dQX = �@Ui=@QX @Ui=@QY = 2QX 4 = QX 2 c) Determine todas as as condições para que uma alocação seja Pareto-e ciente. I. Factibilidade de produção/FPP: (3) II. Tangência das curvas de indiferença e igualdade com a TMT: 4 dYi dXi = �@Ui=@Xi @Ui=@Yi = 1 2 Y 1=2 i X 1=2 i 1 2 X 1=2 i Y 1=2 i = Yi Xi TMT = QX 2 = YA XA = YB XB = TMS III. Factibilidade de consumo: XA +XB = QX YA + YB = QY (4) d) Determine os preços e a alocação de equilíbrio de mercado competitivo, supondo que o fator L é o numerário da economia, ou seja, pL = 1. I.Firma X: max LX pX �2 p LX�LX CPO: pXp LX = 1 ) LX= P2X) QX= 2 q P 2X= 2PX (5) II.Firma Y: max LY �Y = pY �LY�LY CPO: pY= 1 (1)z}|{) LY= 12 � P2X Note que substituindo de volta pY na função-objetivo, obtemos: ��Y = 1�QY�LY = 1�LY�LY = 0 (6) Indivíduo A: max XA;YA (XA � YA)1=2 s:a: PXXA + PY YA = PXQX � LX (7) Combinando as CPO: 1 2 Y 1=2 A X 1=2 A 1 2 X 1=2 A Y 1=2 A = �APX �APY ) YA XA = PX PY (8) Substituindo (8) e (5)em (7): 5 2 � PX �XA = PX � (2PX)� P 2X ou: XA = PX � PX 2 = PX 2 (9) No indivíduo B: max XB ;YB (XB � YB)1=2 s:a: PXXB + PY YB = PY �QY � LY + 12 (10) Combinando as CPO: 1 2 Y 1=2 B X 1=2 B 1 2 X 1=2 B Y 1=2 B = �BPX �BPY ) YB XB = PX PY (11) Substituindo (11) e (6)em (10): 2 � PX �XB = PY �QY � LY| {z } =0 + 12 XB = 12 2PX (12) Substituindo ( 5),(9) e (12) em (4): 1 2 PX + 12 2PX = 2PX Resolvendo para PX : PX = 2 Logo: XA = 1 e XB = 124 = 3: Substituindo de volta em (8): PY YA = PXXA ) YA = 2 � 1 1 = 2 e em (11): PY YB = PXXB ) YB = 2 � 3 1 = 6 que atendem também à restrição de factibilidade de consumo, pois YA + YB = QY = 12� P 2X = 8 6 QUESTÃO 3 (1,5): Um apicultor mora nas adjacências de uma plantação de maçãs. A função custo do apicultor é dada por CA = A2 100 onde A é a produção de mel em litros. A função custo do plantador de maçãs é dada por CM = M2 100 � A onde M é a produção de maçãs em quilos. Suponha que o preço do mel seja 2 por litro, enquanto o preço da maçã seja 3 por quilo. Ambos os produtores tomam estes preços como dados. a) Compare os níveis de produção e cientes de Pareto com os níveis de produção quando as rmas maximizam seus lucros individualmente. Apicultor: max A 2A� A 2 100 CPO: 2� 2A 100 = 0 ) A = 100 Fruticultor: max A 3M�M 2 100 +100 CPO: 3�2M 100 = 0 ) M = 150 Maximização conjunta: max A 2A� A 2 100 + 3M�M 2 100 +A CPO: 2� 2A 100 + 1= 0 ) A = 150 3�2M 100 = 0 ) M = 150 Portanto há uma produção ine ciente de mel devido à separação entre as rmas e à exterrnalidade de produção causada pela polinização das abelhas. b) Descreva como a ine ciência gerada pela externalidade, se houver, pode ser corrigida através de um imposto (ou subsídio). Qual o nível do imposto (ou subsídio)? Seja o subsídio s à produção de mel. Agora o apicultor vai resolver o seguinte problema de maxi- mização. max A 2A� A 2 100 + sA 7 CPO: 2� 2A 100 + s= 0 Para atingir o nível ótimo de produção de mel, resolvemos para A = 100. Então: s = 1 c) Suponha que existe um mercado para a externalidade. Suponha também que o apicultor tem o direito de produzir qualquer quantidade de mel. Calcule o preço e as quantidades produzidas no equilíbrio competitivo. Veri que se Pareto-e ciência é alcançada. 8Se há um mercado para a externalidade, chamemos o preço cobrado de p. Agora os problemas de maximização são: Apicultor: max A 2A� A 2 100 + pA CPO: 2� 2A 100 + p= 0 Fruticultor: max A 3M�M 2 100 +A� pA CPO: 3�2M 100 = 0 ) M = 150 9 1 � p = 0 ) p = 1 Note que, com p = 1 (igual ao subsídio), restabelece-se o nível Pareto-e ciente de produção de mel. QUESTÃO 4 (1,0): Considere uma economia com dois indivíduos (1 e 2), um bem privado (dinheiro) e um bem público. As funções de utilidade dos indivíduos são: U1 (d1; G) = d1 + 2 lnG U2 (d2; G) = d2 + 2 lnG onde: wi =riqueza inicial de i di =quantidade de dinheiro consumida por i G =quantidade do bem público Cada unidade do bem público custa uma unidade de dinheiro Assuma que w1 = 2 e w2 = 2 a) Calcule a produção e ciente do bem público (no sentido de Pareto). A condição de Boven-Lindahl-Samuelson diz que: @U1=@G @U1=@d1 + @U2=@G @U2=@d2 = CMgG = 1 Substituindo as devidas derivadas: 2 G + 2 G = 1 ou: G = 4 b) Suponha que os indivíduos decidem descentralizadamente quanto comprar do bem público num mercado competitivo (provisão privada do bem público). Sejam �g1 > 0 e �g2 > 0 as quantidades compradas pelos indivíduos 1 e 2 em equilíbrio. A provisão total do bem público �G = �g1 + �g2 é Pareto- e ciente? Prove. Veja seção 3.5 da Nota de Aula 26. Pela equação (34), vimos que: bi G � 1 (13) onde b1 = b2 = 2:Com preferências quase-lineares e utilidades marginais iguais, ambos contribuem. Portanto G = 2) g1 = g2 = 1: 10 QUESTÃO 5 (2,0): Considere uma sociedade com N agentes e seja X um conjunto de alternativas para essa sociedade. Cada agente tem um conjunto de possíveis relações de preferências racionais (completas e transitivas) sobre X. Uma forma da sociedade escolher entre alternativas em X é dada pela regra do voto majoritário: a alternativa z é socialmente preferível à alternativa y se 50% ou mais das pessoas preferem z a y. Dado isso, responda ao que se pede: a ) A preferência social descrita acima é completa? É transitiva? Lembrando: a preferência individual é completa quando o indivíduo, diante de duas alternativas x e z, tem x � z ou z � x, ou ambos (os chamados indiferentes). Ora, suponha que existem três grupos de eleitores com tamanhos exatamente iguais: os que preferem estritamente z, os que preferem estritamente x e os que são indiferentes. Neste caso, a votação vai depender dos indiferentes. Se eles se omitirem ou votarem nulo, a votação não terá vencedor, logo a preferência não é completa. Ela também não é transitiva. No exemplo abaixo, a maioria (2/3) prefere z � x estritamente, e a maioria (também 2/3) prefere x � y, mas não se segue daí que a maioria pre ra z � y, como a transitividade exigiria. Pelo contrário, temos que a maioria prefere y � z. b ) Considere uma economia com três agentes votantes e três alternativas, e suponha que as prefer- ências dos indivíduos sejam como descrito abaixo (onde (>) se refere a preferência estrita): 1: z > x > y 2: y > z > x 3: x > y > z Suponha o seguinte esquema de votação: vota-se primeiro z contra x, e depois vota-se o vencedor da primeira etapa contra y (sempre segundo a regra do voto majoritário). Qual alternativa deve ser selecionada? Como vimos, a maioria prefere z a x, portanto é z que será escolhido no primeiro turno. Mas, também como vimos, a maioria prefere y a z, portanto o vencedor nal é y. c) Suponha que vale o mesmo esquema de votação acima e as preferências também são as mesmas. Cada agente (1,2,3) conhece as suas preferências e as dos demais. Assuma, no entanto, que o agente que organiza o esquema de votação não conhece as preferências dos agentes. Nesse caso, a regra de escolha continua sendo selecionar em cada etapa a alternativa que recebeu mais de 50% dos votos, o ponto central é que agora a alternativa em que um agente vota em uma dada etapa não necessariamente é a alternativa que ele prefere (votação estratégica). Nesse caso, a alternativa selecionada é diferente daquela obtida no item anterior? Em caso a rmativo, identi que o agente que se comporta estrategicamente. Note que o segundo agente já obtém a sua alternativa preferida sem votar estrategicamente, então não será ele que mudará seu voto. O terceiro agente, se votar em z em vez de x, não muda nada no segundo turno. Agora note o indivíduo 1: ele sai perdendo no nal se y for selecionada, pois é a alternativa que ele menos prefere. Assim, ele pode votar estrategicamente em x no primeiro turno, pois no segundo turno, ninguém tem incentivos a desviar, e todos votam em suas alternativas preferidas. Neste caso, x enfrentaria y, e sairia ganhando. O indivíduo 1 conseguiria, então, direcionar a votação para a escolha social de x, votando no primeiro turno numa alternativa. 11