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Maria Tânia Florentino de S. Nascimento Glícia M. Azevedo de M. Tinoco 01 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Texto e gênero discursivo REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A01 Desde a pré-história, o homem sentiu a necessidade de se comunicar, e essa comunicação realiza-se através de textos. Para você, o que é um texto? Como esse texto se apresenta? Na disciplina Redação, estudaremos noções básicas da produção textual, enfatizando a redação técnica e ofi cial, com o propósito de oferecer subsídios para a leitura e a produção efi ciente de textos em diferentes gêneros discursivos. Nesta primeira aula, estudaremos a noção de texto numa perspectiva mais ampla, tratando tanto da produção de textos verbais quanto de textos não-verbais e do conceito de gênero discursivo. Utilizaremos, para isso, textos presentes no nosso cotidiano. Compreender noções gerais e propriedades dos textos. Reconhecer diversos gêneros discursivos, especialmente alguns de maior circulação em nossa sociedade. Produzir, com adequação, textos em diferentes gêneros discursivos. 2 Redação A01 Para começo de conversa... Fonte: Tira de 30 jun. 2007 disponível em: <www.tiras-hagar.blogspot.com>. Acesso em: 16 maio 2009. Na tirinha acima, percebemos que, se for feita uma leitura isolada do primeiro quadrinho, o leitor achará que Helga está preocupada com o bem-estar do seu marido. Porém, ao confrontarmos com o segundo, constatamos que, na realidade, Helga desistiu de tentar desembaraçar a barba de Hagar porque sempre quebra os pentes. O humor da tirinha está justamente nessa quebra de expectativa, pois a imagem que o leitor criou de Helga – uma esposa cuidadosa e dedicada por tratar até da barba do cônjuge – dá lugar a outra bem diferente: a esposa que se importa mais com os bens materiais do que com o companheiro. Não-verbais 3 Redação A01 Essa tirinha é um bom exemplo para explicitarmos dois dados imprescindíveis na leitura de qualquer texto. Vejamos. O primeiro se refere ao sentido global de um texto. É importante perceber que, em um texto, o signifi cado de cada parte não é independente. As partes devem estar correlacionadas e, portanto, devem convergir para uma interpretação integral do conteúdo. Comprovamos isso na tirinha de “Hagar, o horrível”, quando reinterpretamos o primeiro quadrinho em função do que aparece no segundo. O segundo evidencia que o sentido de um texto não se dá pela simples somatória de suas partes, mas pela combinação geradora de sentidos. Se não fosse dessa forma, o leitor entenderia, no primeiro quadro, que Helga é uma esposa atenciosa e, no segundo, não inferiria sobre o que a esposa de Hagar estaria respondendo. Resumindo, o sentido das partes de um texto não é autônomo. Ele depende da relação com as demais partes. Além disso, o sentido do todo não é a mera soma do sentido das partes do texto, mas das várias relações que se estabelecem entre elas. Além disso, é válido ressaltar que, no processo de atribuição de sentido, também temos de considerar a intenção comunicativa do texto. Com isso, queremos afi rmar que os textos orais e/ou escritos e, também, os textos não-verbais expressam uma mensagem que está além de seus elementos explícitos. Isso signifi ca que os textos podem “sugerir”, “indicar”, “insinuar”, “mandar” sem que, para tanto, seja necessário usar esses verbos. Cabe ao leitor interpretar o “querer dizer” do texto. Vejamos um exemplo de texto oral, um diálogo entre dois amigos. Pedro: - Aceita um cafezinho, João? João: - Quando tomo café não durmo bem. Obrigado. Observe que João não foi taxativo na recusa. Ao afi rmar que não dorme bem quando toma café, ele teve a intenção de negar a proposta de Pedro, explicando a ele a razão para essa negativa. Na sequência, mesmo sem aceitar o café, ao agradecer, João se mostra um rapaz educado. Se for um bom entendedor, Pedro não insistirá no convite nem fi cará ofendido pela recusa. Entendidas essas relações presentes na atribuição de sentidos a um texto, vamos praticar um pouco? Em latim, “verbum” quer dizer “palavra”. Logo, textos verbais são aqueles que se utilizam de palavras, que podem ser escritas (textos escritos) ou faladas (textos orais). Portanto, quando se diz que um texto é verbal, ele pode se apresentar por escrito ou oralmente. Já um texto não verbal é concretizado por meio de cores, imagens, ilustrações, gestos ou outro código qualquer que não use palavras. Praticando... 1Praticando... 4 Redação A01 1. Leia a tira abaixo e explicite, em um só período, qual a intenção comunicativa do texto. Fonte: Tira de 26 jan. 2009. Disponível em: <http://www.meninomaluquinho.com.br/PaginaTirinha/ PaginaAnterior.asp?da=26012009>. Acesso em: 25 maio 2009. 2. Agora, leia a mesma tirinha novamente, mas dessa vez sem a omissão do último quadro. Fonte: Tira de 26 jan. 2009. Disponível em: <http://www.meninomaluquinho.com.br/PaginaTirinha/ PaginaAnterior.asp?da=26012009>. Acesso em: 25 maio 2009. A intenção comunicativa do texto que você acabou de ler é a mesma do texto 1? Se for diferente, escreva-a a seguir, também em um só período. 5 Redação A01 Noções de texto Comecemos por defi nir as propriedades de um texto, baseando-nos em Fiorin e Savioli (1999). Segundo esses autores, a primeira propriedade de um texto é que ele deve ter coerência, ou seja, um texto não é uma mera aglomeração de frases dispostas umas sobre as outras. O texto com o qual iniciamos esta aula, a tira do Hagar “O horrível”, demonstra claramente isso. Se não levássemos em consideração as relações de uma parte com as outras, correríamos o risco de atribuir ao texto lido um signifi cado até oposto ao que realmente ele apresenta. A segunda propriedade de um texto é que ele é delimitado por dois brancos. São dois espaços de não-sentido: um antes de começar o texto e outro depois, quer dizer, há um começo e um fi m. Trata-se do espaço em branco no papel antes do início de um poema, por exemplo, e o espaço em branco depois do seu término. Esses espaços correspondem ao momento anterior à abertura das cortinas de um espetáculo e o momento depois que elas se fecham. A terceira propriedade é que o texto é produzido por um indivíduo num determinado tempo e num dado espaço. Esse sujeito, por pertencer a um grupo social situado num tempo-espaço, impregna seus textos com as ideologias, expectativas e receios do seu tempo e do grupo no qual está inserido, como notamos no poema-canção abaixo. Nesta aula, já usamos várias vezes a palavra texto. Essa palavra é utilizada nas mais diferentes esferas de atividade, tais como a escola, o trabalho, a casa etc. Todavia, apesar de ser bastanteusual, seu conceito não é tão simples, mesmo para aquelas pessoas que a empregam habitualmente. Quando interagimos com outras pessoas através da linguagem, independente do objetivo ou da modalidade (oral ou escrita), comunicamo-nos através de textos. Os textos dão corpo aos gêneros, os quais, por sua vez, representam esquemas mais amplos relacionados a temas, a estilo, e a estruturas mais ou menos preestabelecidas. Mas, afi nal, o que é texto e o que é gênero discursivo? 6 Redação A01 Inútil Composição: Roger Rocha Moreira Intérprete: Ultraje a Rigor A gente não sabemos escolher presidente A gente não sabemos tomar conta da gente A gente não sabemos nem escovar os dente Tem gringo pensando que nós é indigente Refrão: Inútil A gente somos inútil A gente faz carro e não sabe guiar A gente faz trilho e não tem trem pra botar A gente faz fi lho e não consegue criar A gente pede grana e não consegue pagar Refrão: Inútil A gente somos inútil A gente faz música e não consegue gravar A gente escreve livro e não consegue publicar A gente escreve peça e não consegue encenar A gente joga bola e não consegue ganhar Praticando... 2Praticando... 7 Redação A01 1. A letra da música “Inútil” pode nos oferecer a impressão de que o grupo “Ultraje a Rigor” não conhece algumas regras de concordância verbal e nominal. Você poderia identifi car os problemas que justifi cariam essa impressão? Cite-os no espaço abaixo. 2. Todavia, perceber a intenção comunicativa da letra dessa música signifi ca entender que o grupo está querendo fazer uma crítica social. A quem? Por quê? 3. O texto não verbal a seguir dialoga com a letra da música do grupo Ultraje a Rigor? Justifi que sua resposta. Praticando... 3Praticando... Epopeia é uma narrativa literária de grande extensão e caráter heroico que atinge interesses sociais e nacionais, onde se movimentam deuses e heróis. Fonte: www.netsaber. com.br Epopeia 8 Redação A01 A atividade que acabamos de fazer nos ajuda a concluir que texto é um composto, verbal ou não-verbal, organizado de sentido, delimitado por dois brancos e produzido por um sujeito num dado tempo e espaço. É importante ressaltar que não há um tamanho preestabelecido para os textos. Pode ser um simples “oi” ou uma epopeia com mais de mil páginas. Desde que seja produzido com um determinado fi m e faça sentido para alguém, será considerado texto. O texto é a unidade básica da comunicação. Para um texto existir, faz-se necessária uma cena enunciativa composta de alguns elementos: Enunciador: produtor do texto, que tem uma intenção comunicativa determinada (convencer, informar, emocionar, confundir...). Coenunciador(es): ouvinte(s), leitor(es), público-alvo da intenção comunicativa do enunciador. Situação de enunciação: tempo e lugar concretos em que ocorre a produção do texto. 1. Agora é a sua vez de ajudar a produzir um texto. Tendo como base tudo o que você já aprendeu até aqui, observe a intenção comunicativa da tirinha abaixo a partir da leitura do não-verbal e, depois, preencha os quadros com falas adequadas para a situação. Lembre-se de dar um título ao texto. 9 Redação A01 Fonte: Turma da Mônica, página semanal 18. Disponível em: <http://www.monica.com.br/comics/tabloide/tab018.htm>. Acesso em: 14 maio 2009. Quadro 2: Sátira menipeia: texto de caráter sério cômico que mistura temas fi losófi cos com assuntos de retórica e dialética. Exemplo: ROTTERDAM, Erasmo. Elogio da loucura. São Paulo: Martim Claret, 2000. Sátira menipeia 10 Redação A01 Quadro 7: Quadro 8: Gêneros discursivos Conforme já vimos, quando nos comunicamos, produzimos textos que têm uma padronização mais ou menos recorrente, ou seja, eles tendem a se repetir nos seguintes aspectos: conteúdo (tema), linguagem (estilo) e estrutura. A existência de certa regularidade nos faz reconhecer que um bilhete é diferente de uma certidão de nascimento que, por sua vez, difere de um poema, que tem uma organização diferente de uma entrevista, que não se confunde com um ofício nem com um relatório. E por aí se multiplicam os exemplos. Com isso, queremos dizer que os leitores tendem a reconhecer determinadas cristalizações históricas e socioculturais de práticas de linguagem que são necessárias às atividades humanas. Em outras palavras, quanto mais experiências de leitura desenvolvemos mais possibilidades de reconhecer determinados gêneros discursivos temos. Os gêneros discursivos aparecem e desaparecem conforme a necessidade de comunicação das sociedades. Por isso, de acordo com a evolução da sociedade, pode nascer um novo gênero (os scraps do Orkut), assim como pode desaparecer algum que esteja sendo pouco utilizado ou que deixou de ser utilizado (carta de alforria e a sátira menipeia, por exemplo). É possível ainda que um gênero sofra uma mudança, ou várias, até se transformar em um novo gênero discursivo. Alguns linguistas (cientistas da linguagem) alemães descobriram que há mais de quatro mil gêneros do discurso. Outros afi rmam ser essa lista infi ndável, dada a constante possibilidade de surgimento de gêneros em função das atividades cotidianas. É claro que não somos obrigados a conhecer todos; todavia, devemos ser capazes de reconhecer aqueles que são mais comuns no nosso cotidiano: tirinha, piada, charge, artigo, carta, e-mail, bilhete, ofício, memorando, ata, parecer, relatório, contrato, currículo... Ufa! E outros mais que forem sendo necessários no decorrer de nossas vidas. O conhecimento sobre os gêneros é de grande importância para uma leitura efi ciente de textos, pois os textos dão corpo aos gêneros. A via a esse conhecimento é bem 11 Redação A01 prática. É a constante leitura de gêneros variados (artigos, editoriais, crônicas, ensaios, contos, entrevistas, currículos, atas...) um dos responsáveis pelo aprimoramento da competência comunicativa do produtor de textos, sejam eles orais ou escritos. Assim, determinamos o gênero textual que empregaremos na comunicação de acordo com a fi nalidade, o público-alvo, o momento histórico etc. Vejamos alguns exemplos. As histórias em quadrinhos (HQ) têm a intenção de divertir, mas algumas vão além do riso e provocam refl exões sobre determinadas atitudes e atividades sociais. O público- alvo é, na maioria das vezes, quem irá determinar a produção desses textos, pois uma HQ para crianças provavelmente não conterá profundas inferências fi losófi cas, bem como não exigirá um grande conhecimento de mundo. No entanto, as produções para adultos podem e devem exigir mais, fazendo com que esse público tenha de compreender algumas relações de sentido, recuperar informações da atualidade ou até mesmo estabelecer diálogos com outros textos. Para fi nalizar esta aula, é necessário que tratemos de três conhecimentos que são exigidos de um produtor de textos. Eles são importantíssimos para que se produza uma sequência com todas as características que um texto exige. Salientamos, porém, que o aprofundamento acerca desses três conhecimentos será feito na aula 3, que tratará de coerência textual. Por ora, nossa intenção é apenas a de uma sinalização prévia. Conhecimento linguístico É o conhecimento que se tem a respeito do funcionamento interno da língua: ortografi a, sintaxe, prosódia, pontuação etc. O enunciador precisa saber encadear orações, estabelecer a concordância devida entre as palavras, usar corretamente a ortografi a e a pontuação, selecionar palavras adequadas ao tema desenvolvido. Se o enunciador não tiver uma competência linguística bem desenvolvida, poderá ter difi culdades de produzir textos que requeiram, por exemplo, construções sintáticas mais complexas. Conhecimento enciclopédico ou de mundo É o conjunto de informações que possuímos a respeito de um ou de múltiplos temas. Esse saber enciclopédico varia, evidentemente, em função da sociedade em que o indivíduo está inserido e da experiência de cada um. Ele é necessário na produção de um texto para que o enunciador demonstre se está sufi cientemente informado sobre o tema a ser desenvolvido, se tem conhecimentos gerais sobre o mundo. Sem dúvida, ter um bom repertório de informações faz a diferença na hora de produzir um bom texto. Praticando... 4Praticando... 12 Redação A01 Conhecimento interacional Consiste basicamente em fazer-se entender pelo(s) ouvinte(s)/leitor(es) por meio de uma adequada escolha do gênero discursivo, do tipo de registro de linguagem a ser utilizado (hiperformal, formal, informal) e da quantidade e complexidade das informações (grau de informatividade). Tudo isso analisado em função da situação na qual se deseja comunicar. Por exemplo: um advogado, na condição de enunciador, não utilizará o mesmo registro de linguagem para dar uma palestra sobre o Código de Defesa do Consumidor para outros advogados em um congresso e para um grupo de estudantes do ensino médio em uma atividade escolar. O enunciador fará sempre adequações ao público-alvo para garantir a compreensão. Depende também do conhecimento interacional do enunciador a determinação do gênero discursivo adequado à situação: se palestra, carta, bilhete, telegrama, relatório, cartaz. Cada situação de comunicação exige um gênero diferente, e cabe ao enunciador conhecê- lo sufi cientemente para que possa imprimir suas características ao texto produzido. A partir da compreensão do que é texto, gênero discursivo e conhecimentos para a produção de textos, vamos praticar um pouco? O Secretário de Esportes da cidade de “Passa e Vai Embora” solicitou à assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal a redação de um panfl eto (gênero) no qual deve ser anunciada uma apresentação de balé clássico. Leia o texto que foi produzido pela assessoria e responda às questões. 13 Redação A01 a) Em sua opinião, o texto lido responde bem à situação de comunicação proposta pelo Secretário de Esportes? Por quê? b) Houve atendimento quanto ao gênero discursivo solicitado? c) Que evento haverá na cidade de “Passa e Vai Embora”? d) O texto evidencia a data e o horário desse evento? e) Onde fi ca o Ginásio de Esportes Miguel Felinto? f) Se o leitor tiver interesse de comparecer ao evento, onde ele deve adquirir o ingresso? g) E se o leitor quiser apenas mais informações, a quem deve procurar? h) A seleção vocabular do texto está boa? Caso não esteja, cite um exemplo de inadequação. i) A parte gramatical (especifi camente a ortografi a e a pontuação) está adequada? Caso não esteja, cite exemplos de usos que devem ser corrigidos no texto lido. AVISO Haverá hoje. No Ginásio de Esportes Miguel Felinto de Araújo a primeira partida de balé clássico do grupo Corpus. A Prefeitura Municipal de Passa e Vai Embora terá a onra de acolhêlo neste momento de laser. Para adquirir o ingresso e mais informações entrem em contato conosco. 14 Redação A01 j) Feitas todas essas críticas ao texto original, chegou sua vez de colaborar no processo. Redija outra versão desse texto, a fi m de adequá-lo à situação comunicativa proposta pelo Secretário de Esportes. Use, para tanto, o espaço a seguir. 15 Redação A01 Leituras complementares COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008. Nesse livro, esclarecem-se conceitos relacionados à compreensão dos gêneros. Cerca de 400 verbetes incluem desde os gêneros mais cotidianos até os mais sofi sticados (e dos mais tradicionais aos mais recentes) tanto orais quanto escritos. Vale lembrar que esse livro não dará conta de todos os gêneros e de cada um em sua totalidade, mas é uma boa indicação para complementar nossas leituras. FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação. 4. ed. São Paulo: Editora Ática, 1999. O livro de Fiorin e Savioli é praticamente um clássico entre os didáticos que se voltam para a leitura e a produção de textos. Esse livro apresenta uma exposição teórica muito clara, textos comentados, exercícios de leitura e propostas de redação instigantes. Na aula 1, vimos que o texto pode ser verbal, não-verbal ou ainda verbal e não- verbal, mas sempre responde a um fi m específi co (gerado em uma situação de comunicação) e é produzido por um enunciador que está mergulhado em peculiaridades de um dado lugar e tempo. Vimos também que todo texto é um composto de sentido construído a partir de macromodelos (gêneros) os quais apresentam certa recorrência quanto aos seguintes elementos: conteúdo (tema), linguagem (estilo) e estrutura. 16 Redação A01 1. Analise os textos a seguir considerando os seguintes aspectos: a) gênero: carta, crônica, ofício, resenha, relatório, resumo, conto de fadas; b) intenção comunicativa: informar, convencer, divertir; c) estilo: prosa ou verso; predominantemente conotativo ou denotativo, culto ou informal; d) estrutura: título, assinatura de autor; um parágrafo ou mais de um; linguagem não-verbal presente; e) perfi l do leitor: idoso, adolescente, universitário, público em geral; perfi l do autor: jornalista, escritor, estudante. Texto 1 Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima. Fonte do texto 1: <www.infoescola.com>. Acesso em: 14 maio 2009. a) gênero: b) intenção comunicativa: c) estilo: 17 Redação A01 d) estrutura: e) perfi l do leitor e do autor: Texto 2 Bella Ana Elisa Faria “Minha avó sempre dizia: se quiser que Deus dê risada, conte seus planos a Ele.” A frase é de José - personagem interpretado pelo galã, ator e cantor Eduardo Verástegui - na primeira cena de Bella, quando começa a narrar sua história com ceticismo sobre a vida e seu desenrolar. José é chef de um restaurante tipicamente mexicano em Nova York. Antes, entretanto, foi craque de um grande time de futebol, mas teve a carreira interrompida no ápice do sucesso. Já Nina (Tammy Blanchard) tem a vida toda chacoalhada ao saber, quase simultaneamente, que está grávida, sozinha e acaba de ser demitida do emprego de garçonete. Pronto, um prato cheio para o drama de duas pessoas que compartilham, durante um passeio pela cidade e seus arredores, anseios, frustrações, culpas e alguns clichês. Assim como um destino em comum, que vem para confi rmar a impermanência de viver. Com diálogos ora em inglês, ora em espanhol, Bella é o primeiro longa-metragem dirigido pelo mexicano Alejandro G. Monteverde, que estreou de cara vencendo o prêmio de melhor fi lme do júri popular do Festival de Toronto de 2006. Com traços leves de humor, a trama é narrada em fragmentos, onde lembranças do passado se confundem com fatos do presente, numa sucessão de belezas delicadas e densa dramaticidade. Nome original: Bella. País: México/EUA. Ano de lançamento: 2006 Diretor: Alejandro Gómez Monteverde. Elenco: Eduardo Verástegui e Tammy Blanchard. Duração: 91 min. Distribuidora: Califórnia. Gênero: drama. Classifi cação: a defi nir. Fonte: <www.setonline.com.br>. Acesso em: 3 set. 2008. 18 Redação A01 a) gênero: b) intenção comunicativa: c) estilo: d) estrutura: e) perfi l do leitor e do autor: Texto 3 Os certinhos e os seres do abismo Luis Fernando Veríssimo Era assim no meu tempo de frequentador de aulas (“estudante” seria um exagero), mas não deve ter mudado muito. A não ser quando a professora ou o professor designasse o lugar de cada um segundo alguma ordem, como a alfabética – e, nesse caso, eu era condenadopelo sobrenome a sentar no fundo da sala, junto com os Us, os Zs e os outros Vs –, os alunos se distribuíam pelas carteiras de acordo com uma geografi a social espontânea, nem sempre bem defi nida, mas reincidente. Na frente, sentava a Turma do Apagador, assim chamada porque era a eles que a professora recorria para ajudar a limpar o quadro-negro e os próprios apagadores. Nunca entendi bem por que se sujar com pó de giz era considerado um privilégio, mas a Turma do Apagador era uma elite, vista pelo resto da aula como favoritos do poder e invejada e destratada com a mesma intensidade. Quando passavam para os graus superiores, os apagadores podiam perder sua função e deixar de ser os queridinhos da tia, mas mantinham seus lugares e sua pose, esperando o dia da reabilitação, como todas as aristocracias tornadas irrelevantes. 19 Redação A01 Não se deve confundir a Turma do Apagador com os Certinhos e os Bundas de Aço. Os certinhos ocupavam as primeiras fi leiras para não se misturarem com a Massa que sentava atrás, os bundas de aço para estarem mais perto do quadro- negro e não perderem nada. Todos os apagadores eram certinhos, mas nem todos os certinhos eram apagadores, e os bundas de aço não eram necessariamente certinhos. Muitos bundas de aço, por exemplo, eram excêntricos, introvertidos, ansiosos – enfi m, esquisitos. Já os certinhos autênticos se defi niam pelo que não eram. Não eram nem puxa-sacos como os apagadores, nem estranhos como os bundas de aço, nem medíocres como a Massa, nem bagunceiros como os Seres do Abismo, que sentavam no fundo, e sua principal característica eram os livros encapados com perfeição. Atrás dos apagadores, dos certinhos e dos bundas de aço fi cava a Massa, dividida em núcleos, como o Núcleo do Nem Aí, formado por três ou quatro meninas que ignoravam as aulas, davam mais atenção aos próprios cabelos e, já que tinham esse interesse em comum, sentavam juntas; o Clube de Debates, algumas celebridades (a garota mais bonita da aula, o cara que desenhava quadrinho de sacanagem) e seus respectivos círculos de admiradores, e nós do Centrão Desconsolado, que só tínhamos em comum a vontade de estar em outro lugar. E no fundo sentavam os Seres do Abismo, cuja única comunicação com a frente da sala eram os ocasionais mísseis que disparavam lá de trás e incluíam desde o gordo que arrotava em vários tons até uma proto-dark, provavelmente a primeira da história, com tatuagem na coxa. a) gênero: b) intenção comunicativa: c) estilo: d) estrutura: Fonte: <http//oscertinhoseosseresdoabismo.blogspot.com/2008>. Acesso em: 14 maio 2009. Eu Sei (Na Mira) Composição: Marisa Monte Um dia eu vou estar à toa E você vai estar na mira Eu sei que você sabe Que eu sei que você sabe Que é difícil de dizer O meu coração É um músculo involuntário E ele pulsa por você Um dia eu vou estar contigo E você vai estar na minha Enquanto eu vou andando o mundo gira E nos espera numa boa Eu sei, eu sei, Eu sei 20 Redação A01 e) perfi l do leitor e do autor: Texto 4 a) gênero: b) intenção comunicativa: c) estilo: d) estrutura: 21 Redação A01 e) perfi l do leitor e do autor: Texto 5 Gene da fi delidade é igual em homem e rato Um estudo realizado por pesquisadores suecos e americanos e publicado nesta terça-feira pela revista americana PNAS sugere que as variações de um certo gene, presente tanto em homens como em ratos, faz com que ambos sejam fi éis a suas parceiras -- ou, em alguns casos, promíscuos. Os cientistas analisaram o sequenciamento genético de 2.186 adultos e compararam com estudos anteriores realizados com roedores arganases. O gene codifi ca a vasopressina, um mensageiro químico do cérebro, que é produzido, por exemplo, durante uma relação sexual. A sensação de prazer provocada pela vasopressina fi ca associada ao convívio com o parceiro, aumentando assim as chances de o casal dar certo. Essa relação entre a variação do gene e o comportamento só pôde ser observada em indivíduos do sexo masculino (tanto homens como ratos). Os resultados mostraram que os homens portadores de uma dessas variações tiveram notas mais baixas em um questionário que avaliou a ligação afetiva entre os casais. (Veja, 2 set. 2008). a) gênero: b) intenção comunicativa: c) estilo: d) estrutura: e) perfi l do leitor e do autor: Anotações 22 Redação A01 Referências COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008. FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação. 4. ed. São Paulo: Editora Ática, 1999. KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender os sentidos do texto. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2006. Anotações 23 Redação A01 Anotações 24 Redação A01 02 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Coesão textual REDAÇÃO Glícia M. Azevedo M. Tinoco Márcia Rossana Oliveira Pinto Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A02 Na aula 2, nosso objeto de estudo será a coesão textual. Esse conceito está bem relacionado à aula 1, na qual vimos que um texto não pode ser entendido como um amontoado de palavras, mas como uma unidade de sentido, e à aula 3, que será sobre coerência textual. Em geral, para que um texto faça sentido, é necessária a existência de palavras e expressões que estabeleçam encadeamentos e retomadas entre os elementos textuais. A elas damos o nome de elementos coesivos. Mas o que signifi ca exatamente coesão? É comum ouvirmos dos técnicos de futebol, por exemplo, que eles querem organizar um time “coeso”. Esse desejo de que a “união” fortaleça o time também é válido na produção de textos em diferentes gêneros. Nesta aula, veremos que a coesão textual é um importante recurso para o fortalecimento de nossos textos. Conhecer o recurso da coesão textual. Identifi car os elementos coesivos de textos em diferentes gêneros. Compreender a contribuição da coesão para a construção da unidade textual. Aplicar conhecimentos da área de coesão textual de modo a estabelecer relações de sentido na produção de textos em diferentes gêneros. 2 Redação A02 Para começo de conversa... A leitura e a produção de textos em diferentes gêneros representam atividades muito importantes para qualquer cidadão dentro e fora do ambiente escolar. Todavia, é na escola que mais ouvimos comentários como: Essa redação não tem pé nem cabeça! O texto desse menino não faz sentido: é um samba do crioulo doido. Joãozinho, seu texto está todo truncado. Não junta tomé com bebé. Tais julgamentos são motivados pelo fato de os professores perceberemque, por algum motivo, escapa a alguns textos um encadeamento que permita entendê-los como uma unidade de sentido. Para não corrermos o risco de ouvir que nossos textos estão truncados, precisamos aprender a ler com criticidade o que escrevemos e analisar se, em nossos textos escritos, estamos estabelecendo os nexos necessários para a atribuição de sentido que desejamos que o leitor alcance. Vejamos um fragmento de redação, em que o estudante tinha por meta descrever a reforma de uma casa visitada por ele. Exemplo 1 As janelas da casa foram pintadas de azul, mas os pedreiros estão almoçando. A água da piscina parece limpa; entretanto, foi tratada com cloro de boa qualidade. 3 Redação A02 Percebemos que não há oposição que justifi que o uso do elemento coesivo “mas” entre as seguintes informações: a cor das janelas e o fato de os pedreiros estarem almoçando. Também não se confi rma essa oposição no uso do “entretanto”, que, no exemplo 1, liga a informação de que a piscina parece estar limpa ao fato de ter sido tratada com cloro de boa qualidade. Nos dois casos, houve inadequação no uso de elementos coesivos. Como fi caria adequada essa relação? Vejamos. Exemplo 2 As janelas da casa foram pintadas de azul. Terminada essa etapa da pintura, os pedreiros foram almoçar. Continuando minha vistoria, percebi que a água da piscina parecia limpa. Não poderia ser diferente. Ela havia sido tratada com cloro de boa qualidade. Como você pode observar, quando nós escrevemos ou falamos, precisamos usar determinados termos que estabeleçam as conexões adequadas para o estabelecimento dos sentidos que queremos imprimir a nossos textos orais e/ou escritos. Esses termos são justamente os elos coesivos. Coesão textual A coesão textual é um recurso que diz respeito aos processos de sequencialização entre os elementos da superfície textual, ou seja, representa os elos que se estabelecem entre as palavras, os períodos, os parágrafos de um texto. Tais elos se concretizam por meio dos mecanismos de substituição, repetição, associação de sentido entre as palavras, sequenciação e campo lexical. Segundo Koch (1989), a cada ocorrência de um recurso coesivo, um laço vai associando um elemento do texto a outro até que o “tecido” textual tome uma forma de sentido. Isso nos autoriza a afi rmar que a coesão é uma espécie de conexão que se estabelece entre os elementos linguísticos de um texto. A fi nalidade da coesão é, portanto, entrelaçar as várias partes do texto. Assim, afi rmar que um texto está coeso signifi ca admitir que suas partes estão ligadas entre si. Retomando um dito popular, texto coeso é algo como “tomé e bebé” harmoniosamente relacionados no tecido textual. 4 Redação A02 Embora o uso de elementos coesivos não seja condição sufi ciente para que enunciados se constituam em uma unidade de sentido, a coesão pode oferecer maior legibilidade ao texto, uma vez que evidencia as relações entre seus diversos componentes. Com isso, queremos dizer que o uso inadequado de determinados “elos” pode causar problemas. Para constatar isso, basta reler o exemplo 1. O autor usou elementos coesivos, mas não observou a inconsistência desse uso. Logo, se o que buscamos para nossos textos é dar-lhes qualidade, é recomendável que façamos uso adequado dos elementos coesivos. Por essa razão, estudaremos, agora, alguns mecanismos que confi guram esse processo. Coesão por substituição A coesão por substituição consiste na troca de um termo por um pronome e/ou advérbio ou por outra palavra que seja semântica ou textualmente equivalente, evitando a repetição da palavra-chave para não deixar o texto redundante. Exemplo 3 Durante o período da amamentação, a mãe ensina os segredos da sobrevivência ao fi lhote e é arremedada por ele. A baleiona salta, o fi lhote a imita. Ela bate a cauda, ele também o faz. (VEJA, n. 30, jul. 1997). Observe que a expressão “período de amamentação” combina muito bem com as palavras “mãe” e “fi lhote”. Todavia, só conseguimos entender a que espécie pertence essa família quando lemos a palavra “baleiona”. É essa palavra que nos autoriza a atribuir um sentido específi co para as palavras “mãe” e “fi lhote”. Essas palavras-chave aparecem ao longo do texto sem que haja repetição viciosa, porque são substituídas pelos pronomes “ele”, “ela”, “a”. Praticando... 1Praticando... 5 Redação A02 1. Vamos testar a sua compreensão? Preencha as lacunas abaixo. Para tanto, retome a leitura do exemplo 3. Os pronomes “ela” e “a” retomam o substantivo ____________________, que, por sua vez, substitui o termo inicial ____________________. Já o pronome “ele”, retoma o substantivo ____________________. Na sequência, o pronome “o” (na construção “ele também o faz”) retoma as ações de ____________________, que a ____________________ pratica. Fonte: <http://acd.ufrj.br/~pead/tema09/coesaogramatical.html>. Acesso em: 5 maio 2009. Exemplo 4 ELES TAMBÉM NÃO VÃO A onda de ausências na Copa América chegou à Globo. Depois de Kaká, Zé Roberto e Ronaldinho Gaúcho, que pediram dispensa da seleção, é a vez do trio titular das transmissões da emissora: Galvão Bueno, Falcão e Arnaldo César Coelho. A Globo preferiu não mandá-los para Venezuela. Os três farão a transmissão da Copa a partir do Rio de Janeiro, vendo tudo pela TV – como telespectador. (VEJA, jun. 2007). “Eles também não vão”. Percebeu que título misterioso? Quem são “eles”? Eles “não vão” para onde? Quem “também” não vai? Em geral, usa-se primeiro o substantivo e, depois, esse termo é substituído por um pronome equivalente. Não é isso, porém, o que ocorre no exemplo 4. Só a leitura do texto nos permite identifi car o sentido de “eles” (Galvão Bueno, Falcão e Arnaldo César Coelho), o local para onde não vão (Venezuela), as pessoas que “também” não vão para a Copa América, na Venezuela (Kaká, Zé Roberto e Ronaldinho Gaúcho). Praticando... 2Praticando... 6 Redação A02 Afora o caso do título, outros elos coesivos também aparecem no exemplo 4. Os substantivos “Kaká”, “Zé Roberto” e “Ronaldinho Gaúcho” são retomados pelo pronome relativo “que”. “Galvão Bueno”, “Falcão” e “Arnaldo César Coelho”, além de preencherem a lacuna do “eles” no título, ainda são retomados pelo pronome “los”, na forma verbal “mandá-los” e na construção “os três”. Exemplo 5 Saia de bolinhas, colete preto e cabelos presos, Madonna estava mais para a santa Evita que para a demoníaca material girl quando desembarcou em Buenos Aires, no sábado 20. A tática usada pela pop star era para aplacar um pouco os ânimos argentinos, mas não deu muito certo: escalada pelo diretor Alan Parker para viver no cinema o papel de Eva Perón (1919- 1952), a estrela americana vem enfrentando a ira dos peronistas. Ela foi recebida com pichações e bombardeada pela imprensa. Tentando contornar a situação, Madonna foi logo dizendo que estava em missão de paz. (ANTUNES, 2005, p. 97). O texto do exemplo 5 se refere a uma cantora famosa. Observe que o nome dela aparece logo na primeira linha; todavia, esse nome só é repetido na última linha. De fato, uma importante função da coesão é justamente evitar repetições que deixariam a leitura cansativa. Assim sendo, várias palavras e expressões substituem o nome da cantora. Você poderia relacioná-las? 1. Releia o exemplo 5 e preencha o quadro a seguir com as expressões que substituem a palavra-chave do texto. Palavra-chave: material girl É interessante ressaltar que o recurso da substituição ao nome da cantora oferece ao leitor mais elementos acerca da pessoa em questão. Isso torna o texto mais informativo. 7 Redação A02 A essa altura da aula, você já deve ter percebido que a coesão textual se concretiza de diferentes formas. Vejamos algumas: a) substituição de uma palavra de sentido mais geralpor outra mais específi ca (“mãe” – “baleiona”); b) substituição de palavras por um pronome (“Kaká”, “Zé Roberto” e “Ronaldinho Gaúcho” – “que”; “Galvão Bueno”, “Falcão” e “Arnaldo César Coelho” – “eles”, “los”); c) substituição de uma palavra por uma expressão descritiva (“Madonna” – “pop star”). Essas são as formas mais comuns de estabelecer a coesão por substituição. Há outras, porém. Você já percebeu que até omitindo a palavra anteriormente explicitada é possível fazer a retomada dela? Vejamos como isso é possível. Retomada por elipse Trata-se de um mecanismo coesivo que consiste no apagamento de um termo da frase que pode ser facilmente retomado pelo contexto. A elipse textual é indicada pelo símbolo φ. Exemplo 6 DAS TRAVES PARA AS GALERIAS O treinador de futebol e ex-goleiro Emerson Leão vem arrematando obras de arte em leilões internacionais há algum tempo. Mas fi ca na retranca quando lhe perguntam o que anda comprando. Duas semanas atrás, sem alarde, o técnico abriu a carteira no leilão da Sotherby’s, em Nova York: levou o quadro Carne à la Taunay, pintado por Adriana Varejão. Pagou pela obra 108 mil dólares (o preço mínimo era 70 mil dólares). A artista carioca tem obra nos acervos da Tate Modern e do Guggenheim – e agora também na coleção do ex-técnico do Corinthians. (VEJA, jun. 2007). 8 Redação A02 Observe que o nome de Emerson Leão aparece na primeira linha e, em seguida, é omitido algumas vezes: “Mas φ fi ca na retranca [...]”; “[...] φ levou o quadro [...]”; “φ Pagou [...]”. A essa omissão é dado o nome de elipse. Para ser efi ciente, esse recurso precisa ser recuperável pelo leitor por meio da articulação dos elementos do texto. Releia o exemplo 6 e constate que a elipse é, então, uma falta que não faz falta. Coesão por repetição Leia o período a seguir, escrito por Millôr Fernandes. Nunca tantas pessoas, em tantos veículos, trafegaram em tantas vias e tantas direções com tanta velocidade, indo a tantos lugares, pra voltar logo tão arrependidas. Repetir palavras nem sempre é problemático. A repetição pode ser um recurso signifi cativo. No caso do período escrito por Millôr Fernandes, percebe-se a intenção de repetir o pronome indefi nido “tantas” (e suas variações: “tantos”, “tanta”), associá-lo ao advérbio “tão” e, assim, produzir dois efeitos: um sonoro (aliteração) e outro semântico (a ênfase na intensidade). Esse recurso é especialmente usado em alguns gêneros, tais como anúncios publicitários, provérbios, poemas. Coesão pela associação de sentido entre as palavras Veja a chamada de capa da revista Veja, em 30 de maio de 2007. NAVALHA NA CARNE O fi o das operações anticorrupção já cortou Zuleido e Rondeau e agora chega perto do pescoço de Renan Calheiros, presidente do Senado. Praticando... 3Praticando... 9 Redação A02 Observa-se que as palavras “fi o”, “cortou” e “pescoço” mantêm a unidade do texto, uma vez que há uma aproximação de sentido entre essas palavras. Pode-se dizer que elas estão enlaçadas ao sentido principal do texto. Claro que, nesse texto, elas adquirem um sentido fi gurado, pois o título “Navalha na carne” é o nome fi gurativo de uma das operações realizadas pela Polícia Federal no Brasil. Percebe-se, então, que a escolha de palavras que farão parte de um texto não é aleatória. Ela é guiada pelo assunto (tema), e as palavras são unidas em torno de um eixo condutor. 1. Utilizando os recursos de coesão por substituição, modifi que os elementos repetidos, quando necessário: a) O Brasil vive uma guerra diária sem trégua. No Brasil, que se orgulha da índole pacífi ca e hospitaleira do povo do Brasil, a sociedade organizada ou não para esse fi m promove a matança impiedosa e fria de crianças e adolescentes. Pelo menos sete milhões de crianças e adolescentes, segundo estudos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), vivem nas ruas das cidades do Brasil. 10 Redação A02 b) A poesia, às vezes, impõe-se por sua própria força. Mesmo quem nunca leu Carlos Drummond de Andrade sabe que Carlos Drummond de Andrade é um grande poeta. Carlos Drummond de Andrade marcou não só a literatura brasileira, mas também a vida cotidiana de muitas pessoas com suas crônicas publicadas no Jornal do Brasil. A poesia de Carlos Drummond de Andrade também se preocupou com nossa vida cotidiana. Nesses momentos, a poesia de Carlos Drummond de Andrade nos faz refl etir sobre sentimentos advindos de certos fatos que, ditos de outra forma, não nos teriam tocado tanto. (Veja, jul. 2002). Coesão sequencial A coesão sequencial é responsável pela sequenciação entre as partes do texto, utilizando palavras que se interrelacionem. Ela se subdivide em coesão por conexão e por sequenciação. Vejamos cada uma. Coesão por conexão A conexão se dá por meio de conjunções, preposições e locuções conjuntivas e preposicionais, bem como por meio de alguns advérbios e locuções adverbiais. Em outras palavras, podemos afi rmar que esses conectores são palavras ou expressões responsáveis pela criação de relações de sentido entre as partes do texto. Timor Leste 11 Redação A02 Exemplo 7 O Presidente Lula sancionou o acordo de unifi cação ortográfi ca, por isso o Brasil se prepara para a entrada em vigor do projeto. Embora previsto um período de adaptação (até 2012), o governo já avisou que só comprará livros didáticos e de referência que atendam à nova ortografi a. O acordo simplifi cou algumas regras, mas estabeleceu complicações antes inexistentes. Um exemplo é o de algumas grafi as que, anteriormente, não geravam dúvidas, mas foram tragadas pela rede de mudanças a serem implantadas nos nove países que falam Língua Portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, Timor Leste e São Tomé e Príncipe. O acordo simplifi cou algumas regras, mas estabeleceu complicações antes inexistentes. Um exemplo é o de algumas grafi as que, anteriormente, não geravam dúvidas, mas foram tragadas pela rede de mudanças a serem implantadas nos oito países que falam Língua Portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Portugal, Timor Leste. A maior dúvida, porém, está no uso do hífen. Muitas regras e poucas explicações em um ano que promete ser marcado por muitas mudanças no Brasil e no mundo. (REVISTA LÍNGUA PORTUGUESA, 2008, p. 14). Embora também se fale português em Macau, essa localidade não foi inserida na enumeração devido a não se tratar de um país, mas de uma Região Administrativa Especial da República Popular da China. Você percebeu a existência de conectivos entre as informações do texto que acabamos de ler? São exemplos deles: “por isso”, “embora”, “que”, “mas”, “porém”, “e”. Além de ligar as partes do texto, esses conectivos estabelecem certa relação de sentido (causa, concessão, fi nalidade, conclusão, contradição, condição) entre elas. No texto lido, temos o conector “por isso” estabelecendo uma relação de explicação; o termo “embora” introduzindo uma ideia de concessão; a conjunção “e” adicionando o termo “(livros) de referência” ao anteriormente explicitado “livros didáticos”; o conec- tor “mas” estabelecendo uma relação de oposição... Há outros elementos coesivos e, portanto, outras relações no texto do exemplo 7. Juntos, eles ajudam a garantir a esse texto a unidade de sentido desejada. Vejamos, agora, uma lista dos principais conectores e das principais relações semân- ticas estabelecidas por eles. Praticando... 4Praticando... 12 Redação A02 Adição: e, nem, não só... mas também, tanto como, além de, além disso... Adversidade: mas, porém, todavia, entretanto, no entanto, contudo... Alternância: ou, ou...ou, quer...quer... Causa: porque, como, desde que, contanto que, a menosque, sem que, a não ser que... Condição: se, caso, desde que, contanto que, a menos que, sem que, a não ser que... Concessão: embora, mesmo que, ainda que, posto que, apesar (de) que, por mais que, conquanto... Conclusão: portanto, logo, por conseguinte... Comparação: como, tanto...como, tanto...quanto, mais...(do)que, tão... quanto... Consecução: tão que, tanto...que... Conformidade: conforme, segundo, como... Explicação: porque, porquanto, pois, que... Finalidade: para, a fi m de, para que, a fi m de que... Proporção: à proporção que, à medida que, quanto mais...tanto mais... Tempo: quando, enquanto, mal, assim que, logo que.... 1. Relacione as informações das colunas da direita e da esquerda de forma a construir um período. A seguir, explicite a relação semântica estabelecida. Observe o exemplo. (A) Não confi o em Mariazinha. Não sei... ( ) ...porém não se deixou abater. (B) O combustível está no fi m... ( ) ...embora tenha tentado muito. (C) Tire a roupa do varal... (A) ...nem quero saber da vida dela. (D) Pedro não venceu... ( ) ...se pudesse ter outra vida. (E) Não consegui guardar segredo... ( ) ...que a chuva está chegando. (F) Ela seria feliz... ( ) ...portanto, temos de abastecer. 13 Redação A02 A – Não confi o em Mariazinha. Não sei nem quero saber da vida dela. (adição) B – ________________________________________________________________________ C –________________________________________________________________________ D – ________________________________________________________________________ E – ________________________________________________________________________ F – ________________________________________________________________________ Coesão por sequenciação Esse mecanismo revela-se pelo uso de partículas que estabelecem uma sequência entre as partes do texto. Vamos ver se isso é compreensível por meio da leitura do exemplo a seguir. Exemplo 8 A dita “Era da Televisão” é, relativamente, nova. Embora os princípios técnicos de base sobre os quais repousa a transmissão televisual já estivessem em experimentação entre 1908 e 1914, nos Estados Unidos, no decorrer de pesquisas sobre a amplifi cação eletrônica, somente na década de vinte chegou-se ao tubo catódico, principal peça do aparelho de tevê. Após várias experiências por sociedades eletrônicas, tiveram início, em 1939, as transmissões regulares entre Nova Iorque e Chicago, mas quase não havia aparelhos particulares. A guerra impôs um hiato às experiências. A ascensão vertiginosa do novo veículo deu-se após 1945. No Brasil, a despeito de algumas experiências pioneiras de laboratório (Roquete Pinto chegou a interessar-se pela transmissão da imagem), a tevê só foi mesmo implantada em setembro de 1950, com a inauguração do Canal 3 (TV Tupi), por Assis Chateaubriand. Exemplo adaptado de: <http://acd.ufrj.br/~pead/tema09/coesaogramatical.html>. Praticando... 5Praticando... 14 Redação A02 Os sequenciadores podem marcar a progressão temporal, conforme ocorre no texto do exemplo 6: “1908 e 1914”, “década de vinte”, “1939”, “após 1945”, “setembro de 1950”. Porém, também são chamados de sequenciadores os elementos que marcam a ordenação espacial (atrás, à esquerda, à direita, em frente) e os que especifi cam a ordem dos assuntos (em primeiro lugar, em seguida, na sequência, por fi m). Coesão por campo lexical A coesão por campo lexical é um recurso que se compreende pela análise de um conjunto de palavras e expressões que convergem para a construção de um só cenário (e, portanto, uma unidade de sentido) em um texto. Expliquemos melhor esse recurso por meio da análise do exemplo 7. Exemplo 9 Houve um acidente grave na estrada. Apesar de ambulâncias, médicos e enfermeiros se fazerem presentes, foi alto o número de mortos. Segundo informações não ofi ciais, vários hospitais da região receberam os feridos. Observe que as palavras “acidente”, “ambulâncias”, “médicos”, “enfermeiros”, “mortos”, “feridos”, interrelacionadas, oferecem ao leitor pistas para que ele construa o cenário de um “acidente grave”. Logo, podemos afi rmar que essas palavras fazem parte de um mesmo campo lexical. Saber articular um texto por meio de mecanismos de coesão não é sufi ciente para assegurar a coerência ou para garantir que o texto seja bem sucedido. Entretanto, o domínio desses mecanismos já expressa que o autor tem algum conhecimento do processo de coerência: objeto de estudo de nossa próxima aula. 1. Utilize-se de conectores para articular as frases de cada bloco abaixo em um só período. a) O fogo é, paradoxalmente, um importante regenerador de matas naturais. (idéia principal) O fogo destrói a matéria orgânica necessária à formação do humo do solo. (adversidade em relação à oração principal) 15 Redação A02 O fogo elimina o excesso de material combustível acumulado no chão. (causa em relação ao 1o item). b) As plantas não eram exatamente iguais às atuais. (ideia principal) As condições ambientais da Terra eram outras. (tempo em relação à oração principal) Parentes distantes das plantas de hoje embelezavam a paisagem. (adversidade em relação ao 1o item). 16 Redação A02 Leituras complementares O aprimoramento de seus conhecimentos depende das leituras que você faz. Nesse sentido, em relação à coesão textual, sugerimos que você leia as lições 30 e 31 do livro de Platão e Fiorin (1991). Essa obra oferece exposição didática, exemplos comentados e exercícios interessantes. Outra sugestão é a de acessar a seguinte página eletrônica: <http://www.graudez.com. br/redacao/coesao.html>. Esse site apresenta informações claras e objetivas sobre a coesão textual. Mostra que a coesão é uma ligação entre as várias partes do texto, ou seja, o entrelaçamento signifi cativo entre declarações e sentenças. Nesta aula, estudamos um importante recurso de textualidade: a coesão textual. Vimos que a coesão pode contribuir para que um texto seja entendido como uma unidade de sentido, uma vez que são os elementos coesivos responsáveis pela articulação das partes do texto. Estudamos também os mecanismos de coesão por substituição, por repetição, por associação de sentido entre as palavras, por sequenciação e por campo lexical. 1. Colocando em prática o que você aprendeu, tente estabelecer o sentido do texto abaixo. Para tanto, você terá de ordená-lo, ou seja, acrescente entre parênteses o número do parágrafo a que corresponde cada um dos quatro grupos abaixo. Essa ordenação garantirá ao texto as relações coesivas adequadas e, portanto, a unidade de sentido que se almeja. ( ) A possibilidade de retomar crescimento acelerado, com juros muito mais baixos e com fi rme elevação da taxa de investimento, pode abrir novas perspectivas para tal crescimento. 17 Redação A02 ( ) Não há no mundo sistema socioeconômico tão desigual, com nível de renda per capita semelhante ao nosso: o crescimento pífi o produziu mobilidade social descendente, queda do emprego formal e explosão da informalidade. ( ) Mas se um crescimento rápido viabiliza a expansão da renda e do emprego formal, como é sabido pela nossa experiência nos anos 70, ele não garante a distribuição mais abrangente de benefícios. ( ) Isso, combinado com a sustentação de juros reais elevadíssimos no circuito da dívida pública, agravou ainda mais a concentração de renda (tornando efêmeros os ganhos distributivos da estabilidade monetária). (Luciano Coutinho - Crescer, mas com eqüidade). A ordem obtida foi: a) (1) (3) (4) (2) b) (1) (4) (3) (2) c) (2) (1) (4) (3) d) (2) (1) (3) (4) e) (3) (1) (4) (2) Referências ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2005. COUTINHO, Luciano. Crescer, mas com eqüidade. Folha de S. Paulo, 19 fev. 2006. KOCH, Ingedore. A coesãotextual. São Paulo: Contexto, 1989. PLATÃO, Francisco; FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1991. ______. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996. REVISTA LÍNGUA PORTUGUESA, Ano III, n. 38, p.14, dez. 2008. 18 Redação A02 Anotações 19 Redação A02 Anotações 20 Redação A02 Anotações Glícia M. Azevedo de M. Tinoco 03 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Coerência textual REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A03 O conceito de coerência textual e seus principais fatores serão nosso objeto de estudo na aula 3. Esses elementos são importantes para o desenvolvimento das capacidades de leitura e de escrita de textos de diferentes gêneros. Veremos que a coerência textual estabelece a continuidade entre as partes de um texto. É exatamente isso que nos faz entender um texto como uma unidade de sentido. Conhecer os fatores de coerência textual e identifi cá-los em textos de diversos gêneros. Compreender a contribuição dos fatores de coerência textual para o desenvolvimento das capacidades leitoras e produtoras de texto. Aplicar conhecimentos da área de coerência textual de modo a estabelecer uma unidade de sentido entre as partes de um texto e produzir textos em diferentes gêneros. 2 Redação A03 Para começo de conversa... Ler e escrever textos em diferentes gêneros e de forma profi ciente é uma prática social exigida nas múltiplas atividades que desenvolvemos ao longo de nossas vidas. Em casa, na igreja, no comércio, no local de trabalho, na escola, em situações formais (em que se leem e se produzem documentos) e em situações informais (em que se trocam textos entre amigos e parentes), presencial ou virtualmente, lemos e escrevemos. Contínua e cotidianamente. Por estarmos mergulhados em um “mundo da escrita”, temos de desenvolver práticas cada vez mais refi nadas e, em todas elas, nossos interlocutores esperam de nós a devida coerência. Vejamos o caso de uma placa à frente de determinado estabelecimento comercial. Fonte: <www.fotocomedia.com.br>. Acesso em: 23 mar. 2009. Faz sentido afi rmar que o estabelecimento está aberto todos os dias se há um dia na semana (precisamente, às terças-feiras) em que ele permanece fechado? Não. Isso confi gura uma incoerência textual. Para não cairmos nesse problema, estudaremos sobre coerência textual. Os conceitos de coesão (aula 2) e coerência textuais podem nos ajudar a desenvolver as capacidades leitoras e produtoras de textos das quais precisamos para agir como cidadãos autônomos, isto é, cidadãos capazes de responder às demandas sociais de leitura e de escrita. 3 Redação A03 Coerência textual A coerência e a coesão contribuem para conferir textualidade aos enunciados. A primeira se manifesta, em grande parte, no nível macrotextual. Coerência é, pois, o resultado da possibilidade de se estabelecer alguma forma de unidade ou relação de sentido(s) entre os elementos do texto, como um todo. Assim, podemos afi rmar que a coerência é global. Já a coesão, conforme visto na aula 2, é local. Manifestando-se no nível microtextual, ela se refere ao modo como os vocábulos se ligam dentro de uma sequência. É importante lembrar que a coesão pode auxiliar no estabelecimento da coerência, embora nem sempre a coesão se manifeste explicitamente através de marcas linguísticas. Isso nos faz concluir que pode haver textos coerentes mesmo que não tenham coesão explícita. Por outro lado, podem existir textos coesos que apresentem problemas de coerência. Vejamos, a seguir, um exemplo de cada caso mencionado. Exemplo 1 Fonte: <www.placasridiculas.com.br>. Acesso em: 23 mar. 2009. Ao nos depararmos com essa imagem, as primeiras indagações que nos vêm à mente são: isso é um texto? Isso faz algum sentido? A tentativa de estabelecer um sentido para o que lemos representa o nosso esforço em perceber se há coerência naquilo que se nos apresenta como um texto. Isso se justifi ca por ser a coerência um princípio de interpretabilidade. Exemplo 2 4 Redação A03 De fato, o exemplo 1 nos oferece um texto. Trata-se, especifi camente, de uma lista de preços de cigarros. Suas características físicas (papel, letra, recorte) nos levam a crer que essa lista se encontra em uma pequena mercearia de bairro (uma bodega). Organizada em duas colunas, essa lista apresenta os nomes das marcas de cigarro à esquerda e os preços ao consumidor à direita. Embora haja alguns problemas na grafi a das marcas (por exemplo: Free = “fri”; Hollywood = “oliud”) e não existam elementos coesivos explícitos, a organização desse texto permite ao leitor a atribuição de um sentido possível a ele. Logo, ele tem coerência. A textualidade, ou seja, as qualidades que me fazem compreender uma confi guração verbal e/ou não-verbal como um texto, não depende, de modo geral, da correção sintático-ortográfi ca da língua, mas das possibilidades de sentido que o leitor pode efetivamente construir a partir de tal confi guração. Assim, não importam quantos problemas ortográfi cos o texto do exemplo 1 apresenta. Ele produzirá os efeitos desejados: compra e venda de cigarros, desde que haja um vendedor, um comprador e o produto desejado. Aliás, em uma leitura crítica, poderíamos até afi rmar que o fato de essa lista de preços ter extrapolado o ambiente da bodega e estar disponível em um site cujo título é “placas ridículas” faz com que esse texto seja instrumento de circulação de um preconceito arraigado socialmente: cometer erros ortográfi cos signifi ca ser “analfabeto”. E isso é motivo de ridicularização. Seria justa essa assertiva? Observe que, do ponto de vista do dono da bodega, a função social dessa lista de preços é a de vender cigarros e ele consegue atingir seu objetivo mesmo que tenha cometido alguns deslizes ortográfi cos. Sem dúvida, o produtor desse texto articulou conhecimentos para escrever essa lista. Ele não é “analfabeto”. Aliás, corrigir os problemas de natureza ortográfi ca é, nesse caso, algo bem simples de se fazer. Basta observar com mais cuidado os rótulos dos produtos anunciados. Autobiografi a Meu nome é João Reinaldo de Lira. Nasci no ano de 1974, tenho 35 anos e um metro e setenta e cinco de altura. Tenho, porém, os olhos castanhos e calço 42. Já que sou católico, logo posso ser protestante. Sou gordo, tenho 108 quilos, a qual é um peso alto. Sou tímido, gosto de estudar. Quanto mais estudo mais gosto. A minha infância, no entanto, foi super legal, brinquei muito com os meus amigos. Assim, espero logo alcançar todos os meus sonhos. Fonte: Texto produzido por um estudante de Educação de Jovens e Adultos do RN. 1Praticando... 5 Redação A03 O texto do exemplo 2 correspondeao título? Trata-se de uma autobiografi a? Sim. Esse texto apresenta elementos de uma “apresentação de si”, ou seja, de uma autobiografi a: nome, idade, altura, cor dos olhos, tamanho do pé, orientação religiosa, peso, atividades preferidas... Todavia, o texto apresenta algumas incoerências localizadas por causa do uso indevido de determinados elementos coesivos (porém, já que... logo, a qual, no entanto, assim). Observe que, no exemplo 2, não há problemas ortográfi cos. É exatamente na conexão das informações que João Reinaldo “escorrega”, por isso partes do texto dele parecem não fazer sentido. 1. Dada a experiência trazida na aula 2, que tratou de coesão, você seria capaz de garantir a coerência desse texto autobiográfi co? Vejamos. 6 Redação A03 A essa altura, você deve estar se perguntando: que elementos contribuem para que um texto possa ser entendido como coerente? Em primeiro lugar, é importante frisar que o sentido de um texto não está “dentro” dele, mas no diálogo que se constrói entre o leitor e o texto. Isso implica dizer que a leitura não é apenas uma atividade de decodifi cação, para a qual bastaria que o leitor tivesse conhecimento da língua em que o texto está escrito. Em segundo lugar, temos de convir que o papel do leitor não é passivo. Ao contrário, a leitura pressupõe a ação do leitor na articulação de diferentes conhecimentos (prévios, textuais, contextuais, entre outros) para buscar o(s) sentido(s) presente(s) em um texto. Esse entendimento permite a estudiosos da linguagem, tais como Koch e Elias (2006, p. 186), afi rmarem que “[...] a coesão não é condição necessária nem sufi ciente da coerência: as marcas da coesão encontram-se no texto [...] enquanto a coerência não se encontra no texto, mas constrói-se a partir dele [...]”. A coerência é, portanto, construída pelo leitor com base nos conhecimentos que ele tem e nas pistas que o texto lhe oferece. Em assim sendo, novas perguntas surgem. Que conhecimentos são esses? Como articulá-los? Como podemos perceber as pistas de um texto? 7 Redação A03 Fatores de coerência Intuitivamente, acionamos diferentes conhecimentos para estabelecer a coerência dos textos falados e escritos com que temos contato todos os dias. Nesta aula, apresentaremos alguns desses conhecimentos para que você se certifi que de como a busca da coerência é uma luta diária de cada um de nós, para a qual usamos diferentes recursos. Conhecimento linguístico Ao longo de nossas vidas, desenvolvemos uma gramática “internalizada” que nos permite identifi car as construções linguísticas possíveis em nossa língua materna. O mesmo acontece com uma língua estrangeira que estudamos com afi nco durante anos. Esse conhecimento, inconsciente para a maioria das pessoas, é fundamental na ativação do sentido de um texto, pois é no processamento da leitura que vamos reconhecendo as palavras, agrupando-as e, ao relacioná-las com o todo, atribuímos ao texto uma unidade de sentido. Com esse procedimento, nós construímos a coerência que no texto esperamos encontrar. Vejamos como isso ocorre no exemplo a seguir. Exemplo 3 O computador não é a resposta para tudo Ouvindo-se the majority of people talk about computers nowadays, tem-se a impressão de que as pessoas que não fazem uso de computador não conseguem fazer mais nada. A adoração que se tem por esse instrumento é tamanha that a lot of people are buying computers até para enfeitar a casa. Afi nal, it is the type of thing que está na moda e que parece to offer the answer to all the problems of modern life. Basta ter um computador e a mágica está feita. É claro que computers are extremely useful. In fact, eu teria much more diffi culty to write this text if I did not have todos os recursos que essas teclas e essa tela me proporcionam. No entanto, people seem to forget that the computer only works if there is um ser humano que o controle, fazendo-o agir de acordo com a vontade humana. O computador não vai resolver nada se o ser humano não ativá-lo para que realize algum procedimento. Logo, o computador sozinho não passa de mais uma coisa para atravancar o espaço. In fact, it is an instrument in our hands. (MOITA-LOPES, 1999, p. 8). 8 Redação A03 Alguns leitores possivelmente não conseguirão compreender a totalidade do texto devido a não terem conhecimento linguístico sufi ciente em inglês. Vejamos, porém, se esse quadro se altera se dermos a esses leitores as respectivas traduções para que eles façam os encaixes necessários no texto do exemplo 3. the majority of people talk about computers nowadays: a maioria das pessoas conversarem sobre computadores hoje em dia... that a lot of people are buying computers: que muitas pessoas estão comprando computadores… it is the type of thing: é o tipo da coisa… to offer the answer to all the problems of modern life: oferecer a resposta para todos os problemas da vida moderna… computers are extremely useful: computadores são extremamente necessários... In fact: de fato... much more difficulty to write this text if I did not have: muito mais difi culdade para escrever este texto se eu não tivesse… people seem to forget that the computer only works if there is: as pessoas parecem se esquecer de que o computador só trabalha se existir... it is an instrument in our hands: ele é um instrumento em nossas mãos. Com o conhecimento linguístico necessário, fi ca fácil atribuir sentido a esse texto, não é verdade? 2Praticando... 9 Redação A03 1. Para provar que entendeu, sintetize em um só período a posição do autor sobre computadores e o argumento central que sustenta essa posição. Há outros textos, porém, que exigem bem mais do que o conhecimento da língua em que eles estão escritos. Exigem conhecimento de mundo, um segundo fator de coerência que veremos nesta aula. Exemplo 4 10 Redação A03 Conhecimento de mundo É também ao longo de nossas experiências na vida que acumulamos conhecimentos específi cos que nos ajudam a desfazer ambiguidades e a compreender determinados textos que a outras pessoas podem parecer obscuros. De fato, há textos que, mesmo que estejam escritos em nossa língua materna, só conseguiremos compreender se tivermos conhecimento de mundo na área que ele focaliza. A OAB desagravou o advogado Paulo Bernardes que, ao reclamar do impedimento a ele imposto de assistir ao interrogatório do réu, em causa patrocinada por um seu colega, recebeu do magistrado ordem de prisão. O texto do exemplo 4 está escrito em nossa língua materna, mas isso não nos garante sua compreensão. Nesse caso, é imprescindível que tenhamos algum conhecimento de mundo na área da linguagem jurídica. O que é “OAB”? Ordem dos Advogados do Brasil. O que é “desagravar”? Na linguagem jurídica, signifi ca desfazer um ato injusto. O que é “réu”? É a pessoa contra a qual se propõe uma ação judicial. O que é “magistrado”? É juiz. Com essas informações, é possível compreender o que aconteceu com o advogado Paulo Bernardes e o que a OAB fez para reparar a injustiça cometida? Vejamos. 11 Redação A03 Há também situações em que apelamos para nosso conhecimento de mundo cotidiano, ou seja, um conhecimento não tão específi co quanto o exemplo da linguagem jurídica. Vejamos um exemplo bem interessante. 3Praticando... 1. No espaço a seguir, construa uma paráfrase (uma espécie de “tradução”) do texto lido, explicitando os fatos ocorridos. Exemplo 5 12 Redação A03 Ao nos aproximarmos da porteira de um sítio, vemos um pedaço de madeira no qual está escrita a palavra CACHORRO com letras maiúsculas e em cor vermelha. Apesar de conter uma única palavra, esse pedaço de madeira tem a função social de alertar os que passam naquela área. Sem dúvida, a cor vermelhase presta bem para essa função e quanto aos elementos linguísticos, no caso, temos apenas uma palavra, mas que equivale a uma estrutura sintática completa. Observemos. CACHORRO = A V I S O Existe neste sítio um cachorro feroz que poderá atacar as pessoas que entrarem aqui sem autorização dos donos desta propriedade. É o nosso conhecimento de mundo que nos faz construir uma estrutura sintática complexa, formada por três orações, a partir de uma placa constituída de uma única palavra. Seria diferente o sentido da placa se a palavra fosse substituída? CAVALOS Kleiman (1989, p. 47-48). 4Praticando... 13 Redação A03 1. Que sentido você atribui a essa nova placa apresentada no exemplo 5? Ela é coerente? Justifi que sua resposta. Conhecimento partilhado Nossas experiências pessoais são responsáveis pelo tipo de conhecimento que acumulamos. Isso faz de cada um de nós um ser singular. Você e eu não compartilhamos todas as nossas experiências. Nem entre nós dois nem entre todos os que nos rodeiam. Todavia, também temos muito em comum com muitas pessoas, mesmo as que não conhecemos pessoalmente. De fato, quanto mais informações partilhamos, mais possibilidades de reconhecer a coerência do enunciado do outro. Mesmo que esse enunciado seja cheio de informações implícitas. Vamos ver um exemplo de Koch e Travaglia (1998, p. 16)? 14 Redação A03 Depois do tango, chegou a vez do fado. Na Arábia Exemplo 6 Você consegue atribuir algum sentido ao texto do exemplo 6? Melhoraria se nós partilhássemos algumas informações? Vejamos. Esse texto é uma manchete de jornal escrito. Essa manchete está na seção de esportes do jornal. Quando essa manchete foi publicada, estava se realizando o campeonato mundial de futebol de juniores. Esse campeonato mundial foi na Arábia. Nessa etapa do campeonato, o Brasil já enfrentara a Argentina e se preparava para jogar contra Portugal. O tango é a música típica da Argentina. O fado é a música típica de Portugal. Essas informações, que não poderiam mesmo fazer parte de uma manchete (dada a brevidade característica desse gênero), são pressupostas pelo enunciador (no caso, o jornalista que produziu a manchete) como partilhadas pelo leitor do caderno de esportes. 15 Redação A03 Inferências Quando lemos ou ouvimos um texto, estabelecemos algumas relações de sentido entre o que foi escrito ou falado e os conhecimentos que acionamos no processo de compreensão. Essas relações de sentido são chamadas de inferências, que podem ser autorizadas (possíveis) e não-autorizadas (equivocadas). Isso ocorre porque todo texto é uma espécie de iceberg (KOCH; TRAVAGLIA, 1998). A materialidade que se nos apresenta é apenas a ponta do iceberg. Para alcançarmos uma compreensão mais aprofundada do texto, precisamos fazer inferências. Vejamos um exemplo. 5Praticando... 1. Conforme vimos no exemplo anterior, é o conhecimento partilhado que faz o leitor preencher as lacunas deixadas pela manchete lida a ponto de construir um texto completo dela decorrente. Mostre-nos como poderia ser escrito esse texto no espaço a seguir. Exemplo 7 Exemplo 8 16 Redação A03 O professor de Segurança do Trabalho comprou um X-Terra 2009. Inferências: 1. O professor de Segurança do Trabalho tem um carro possante e novo. 2. O professor de Segurança do Trabalho tem dinheiro para comprar um automóvel caro. 3. O professor de Segurança do Trabalho é rico. 4. O professor de Segurança do Trabalho é uma boa companhia para mim. Das quatro inferências acima, podemos observar que nem todas são autorizadas. Apenas as inferências 1 e 2 parecem adequadas. A não ser que haja outras informações, além do que foi expresso no exemplo 7, não podemos aceitar a 3 e a 4 como possíveis. As inferências podem ser formadas a partir de pressupostos e de subentendidos. No primeiro caso, o leitor/ouvinte se ancora em elementos linguísticos (em palavras usadas no texto) para fazer as correlações de sentido. No segundo, é o contexto mais geral que faz surgir a inferência. Vejamos se os exemplos esclarecem mais essa diferença. Pressupostos a) José Sena agiu honestamente, apesar de ser político. b) A fi lha da cantora Madona é moreninha, mas é linda! 6Praticando... 17 Redação A03 Observe o elemento coesivo “apesar de” na alternativa “a”. Ele traz ao período uma idéia de oposição entre “agir honestamente” e “ser político”. Qual é, portanto, a pressuposição que subjaz dessa afi rmativa? Todo político age com desonestidade. José Sena é político. Em determinada ocasião, José Sena agiu honestamente. Isso não signifi ca, porém, que ele sempre age com honestidade. 1. Compreendeu como se percebe a idéia pressuposta? Vejamos, então, a alternativa “b”. O que você compreende como pressuposição entre os blocos “ser moreninha” e “ser linda”? Responda no espaço a seguir. 18 Redação A03 Exemplo 9 Subentendidos a) – Você tem fogo? Contexto: uma pessoa com um cigarro na mão faz essa pergunta a outra que já está fumando, a qual imediatamente acende o isqueiro e aponta-o para o cigarro da pessoa que fez a pergunta. b) O caderno do Fernandinho é fl orido e sua caneta é cor-de-rosa. Contexto: um homem faz essa afi rmação na frente de outro homem sobre um colega em comum, Fernando. c) – As encomendas chegaram? – Os correios estão em greve. – Melhor adiar a inauguração da loja. Contexto: duas sócias conversando em uma loja ainda não aberta ao público. Na alternativa “a”, compreendemos a coerência entre a pergunta da primeira pessoa e a ação da segunda, porque nos reportamos à situação de comunicação. Nesse sentido, não caberia para a pergunta “Você tem fogo?” a resposta “sim” ou “não”. O que a pessoa que perguntou esperava como resposta era a ação do interlocutor de ligar o isqueiro para acender o cigarro. E isso foi feito. Observe, então, que nem sempre precisamos explicitar todas as informações para sermos entendidos. Além das palavras que usamos ao falar e ao escrever, o nosso interlocutor constrói o sentido de nossos textos também por meio dos subentendidos, os elementos que não estão explícitos, mas são recuperáveis. Obviamente, uma série de mal-entendidos ocorre devido ao não-dito, ao subentendido, mas isso é outro problema. Estamos preocupados aqui em construir as pontes do “entendimento”. Vamos adiante... 19 Redação A03 7Praticando... 1. O que está subentendido na afi rmação da alternativa “b”? Na alternativa “c”, não podemos dizer que haja uma relação explícita entre as três falas, mas compreendemos a coerência do diálogo que elas formam. Em outras palavras, construímos, por meio da situação de comunicação, as pontes necessárias para atribuir sentido a esse texto. 8Praticando... 20 Redação A03 1. Se houvesse a necessidade de explicitar todas as informações, esse diálogo seria bem mais extenso. Como ele fi caria? Tente reproduzi-lo no espaço a seguir. 21 Redação A03 Exemplo 10 Fatores de contextualização Na produção escrita, em geral, há uma necessidade maior de explicitação das informações, tendo em vista que os interlocutores não estão um diante do outro para pedir esclarecimentos. Assim, determinados elementos contextualizadores são imprescindíveis na escrita, embora possam ser dispensáveis na fala. Vejamos. Amigo Pedro, Hoje, o dia aqui está chuvoso. Nem vai dar para ir àquela praia que fi ca na cidade ao lado, perto da casa do seu amigo. Amanhã, porém, mesmo chovendo, visitarei a casa de campo da prima do nosso vizinho de condomínio. Ele me deu o endereço dela. Fica a uns 300 quilômetros daqui. Pretendo fazer uma surpresa. Você acha que ela vai se aborrecer? Um abraço. João. Obs. Você está se lembrando de seu compromisso comigo, né? Prometeu que, naminha volta, iria me pegar no aeroporto. Vá mesmo, porque já não tenho dinheiro para táxi. Nem ônibus. Como podemos constatar, João não usou elementos contextualizadores essenciais nessa carta: local e data. De fato, a ausência da data torna difícil supor o referente exato do “hoje” e do “amanhã”. João teria escrito essa carta no mesmo dia em que a colocou nos correios? Essa hipótese é possível, mas é APENAS uma hipótese. Da mesma forma, faz falta saber o local onde ele está. “Aqui” só faz sentido se eu estiver na frente do meu interlocutor ou falando com ele pelo telefone ou ainda pela Internet. Nesses casos, o “aqui” é compreensível por causa do conhecimento partilhado entre os interlocutores. Todavia, no caso da carta de João, além de não sabermos onde é “aqui”, não sabemos onde fi ca a praia que ele não pôde visitar por causa da chuva. Isso porque os termos “aquela praia”, “cidade ao lado” e “perto da casa do seu amigo” não são esclarecedores. Tampouco esclarecedoras são “a prima do nosso vizinho de condomínio” (que prima? De que vizinho?) e “300 quilômetros daqui” (daqui onde?). 9Praticando... 22 Redação A03 O pior de tudo é que João corre um grande risco de ter de voltar para casa a pé, porque não explicitou o dia e a hora em que estará de volta à sua cidade. Se for uma cidade grande com mais de um aeroporto, isso também é um sério problema. Imagine, por exemplo, que a distância entre o aeroporto de Guarulhos e o aeroporto de Congonhas (ambos em São Paulo) representa mais de uma hora em um trajeto de carro e se não houver congestionamento. Pobre João! Voltar a pé para casa depois de umas férias, sabe-se lá onde, vai ser cansativo. 1. Como poderíamos ajudar João a ser mais explícito e, assim, oferecer mais pistas para a compreensão de seu amigo? Vamos reescrever essa carta, no espaço indicado, de forma a tornar coerente o texto de João para Pedro. 23 Redação A03 Leituras complementares PLATÃO, Francisco; FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1991. Além de uma exposição didática muito envolvente, esse livro oferece exemplos comentados de textos verbais e não-verbais dos mais diferentes gêneros e exercícios bem interessantes. Para aprimorar seus conhecimentos sobre coerência textual, sugerimos que você leia as lições 27 e 29. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. Português ensino a distância – PEAD. Disponível em: <http://acd.ufrj.br/~pead/>. Acesso em: 22 jan. 2009. Trata-se de uma iniciativa de um grupo de pesquisadores e professores de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nesse site, você vai encontrar uma maior fundamentação teórica sobre a coerência e os tipos de coerência, vários exemplos e alguns exercícios. 24 Redação A03 Na aula 3, evidenciamos, inicialmente, que a leitura não é uma atividade passiva. Ao contrário, ela requer a ativação de diferentes conhecimentos. Nesse processo, a coerência é um importante princípio de interpretabilidade dos textos verbais e não-verbais com que interagimos em nosso cotidiano. Sendo assim, devido ao valor da coerência textual e dos fatores de coerência para o engajamento do leitor, demos relevância, nesta aula, à leitura e à análise de diferentes textos, a partir dos quais propusemos atividades diversifi cadas. Nossa intenção foi a de estabelecer com você, caro estudante, um diálogo produtivo, cuja meta é a ampliação de suas capacidades de leitor e de produtor de textos. 1. Para termos mais evidências de sua aprendizagem acerca dos construtos trabalhados nesta aula, façamos um último exercício, adaptado de um exemplo em Marcuschi (2008, 124). Leia atentamente o texto a seguir. Certa vez, uma família inglesa foi passar as férias na cidade de Munique, na Alemanha. No decorrer de um passeio, as pessoas da família viram uma casa de campo que lhes pareceu boa para passar as próximas férias de verão. Foram, então, falar com o proprietário da casa, que era um senhor de idade, alemão e evangélico, mais precisamente o pastor de uma das igrejas da região. Combinados o período e o valor do aluguel, a família inglesa fi cou de voltar no verão seguinte. De volta à Inglaterra, a família conversou muito animadamente acerca da casa, dos cômodos do imóvel e de como seriam boas as próximas férias. De repente, a mãe lembrou-se de não ter visto o W.C. da casa. Onde seria o W.C. daquela casa? Nenhum dos componentes da família sabia. 25 Redação A03 De acordo com o sentido prático dos ingleses, a senhora escreveu imediatamente para o proprietário da casa que pretendia alugar para perguntar-lhe esse detalhe da planta do imóvel. Leia a carta encaminhada ao senhor alemão, que aqui aparece traduzida na nossa língua materna. Londres, 25 de julho de 2000. Gentil Pastor Hanz, Sou membro da família inglesa que o visitou há poucos dias com a fi nalidade de alugar sua propriedade no próximo verão. Como esquecemos um detalhe muito importante, escrevo ao senhor e agradeceria se nos informasse onde se encontra o W.C. Nenhum de nós se lembrou, na oportunidade da visita, de verifi car o local. Agradeço desde já sua atenção. Atenciosamente, Linda McCartney O Pastor Hanz, não compreendendo o signifi cado da abreviatura W.C., que signifi ca water closet (e, em português, banheiro), mas julgando tratar-se da capela da religião inglesa White Chapel, da qual a família McCartney possivelmente participaria em Londres, respondeu nos seguintes termos. Munique, 31 de julho de 2000. Gentil Senhora McCartney, Tenho o prazer de comunicar-lhe que o local de seu interesse fi ca a 12 km da casa. É muito cômodo, sobretudo se a senhora e sua família têm o hábito de ir lá frequentemente. Nesse caso, é preferível levar comida para passar lá o dia inteiro. 26 Redação A03 Alguns vão a pé, outros de bicicleta. Há lugar para quatrocentas pessoas sentadas e cem em pé. Recomenda-se chegar cedo para arrumar logo um lugar para sentar. As crianças sentam-se ao lado dos adultos e todos cantam em coro. Na entrada, é distribuída uma folha de papel para cada um; no entanto, quem chegar depois da distribuição pode usar o papel do vizinho. Na saída, os papéis são restituídos para serem usados durante um mês. Todas as doações lá recolhidas são para as crianças pobres da região. Fotógrafos especiais tiram fotos para os jornais da cidade, a fi m de que todos possam ver seus semelhantes no desempenho de um dever tão humano. Espero ter oferecido todo o detalhamento de que a senhora e sua família precisam. Aguardando-os no próximo verão, atenciosamente, subscrevo- me. Pastor Hanz Após a leitura das duas cartas, podemos afi rmar que houve coerência entre a pergunta da senhora Linda e a resposta do Pastor Hanz? De fato, parece ter havido um engano da parte do pastor em relação ao signifi cado de uma palavra. Qual? Faz sentido a atribuição de sentido que o pastor fez à abreviatura mencionada na carta da senhora Linda? Retorne ao trecho anterior à carta do pastor para verifi car essa informação. Em que ele se ancorou para atribuir sentido a W.C.? Supondo a necessidade de escrever outra carta para o pastor, redija, no espaço abaixo, uma versão dessa carta em português. Procure explicitar melhor a informação que a família deseja obter. Lembre-se de que seu texto deve ter coerência inclusive na linguagem respeitosa com que se deve escrever, principalmente se o seu interlocutor é um senhor de idade, religioso e com o qual a família inglesa não tem familiaridade alguma. 27 Redação A03 28 Redação A03 Referências KLEIMAN, Angela B. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 1989. KOCK, Ingedore Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. 8. ed. São Paulo: Contexto, 1998. KOCK, Ingedore Villaça;ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. MOITA-LOPES, L. P. Read, read, read. São Paulo: Ática, 1999. PLATÃO, Francisco; FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1991. Glícia M. Azevedo de M. Tinoco 04 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Qualidades fundamentais do texto escrito REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A04 O texto escrito requer algumas qualidades específi cas. Isso se justifi ca por várias razões. Vejamos duas. A primeira razão se refere ao fato de a escrita atravessar o tempo e o espaço, documentando fatos, registrando acontecimentos. A segunda é que a língua escrita tem uma organização específi ca, a qual se adéqua ao gênero em que o texto é produzido, à situação de comunicação a que se vincula, à formalidade dessa situação, à interação que ele instaura. Diante dessa complexidade de fatores, na aula 4, nosso objeto de estudo será as qualidades fundamentais do texto escrito. Você deve estar se perguntando: que qualidades são essas? Elas devem ser observadas na produção de textos escritos em diferentes gêneros, por exemplo: bilhetes, cartas, resumos, fi chamentos, memorandos, ofícios? Ao fi m desta aula, você terá subsídios para responder a essas indagações. Compreender as qualidades fundamentais do texto escrito. Aplicar o conhecimento sobre as especifi cidades da língua escrita para ler e escrever com proficiência textos de diferentes gêneros. 2 Redação A04 Para começo de conversa... Dadas as especifi cidades da modalidade escrita da linguagem, considera-se fundamental que o texto escrito apresente coesão, coerência, clareza, concisão, correção linguística e elegância. A ausência de um desses elementos pode ocasionar um problema de compreensão sério. Vejamos um exemplo. Será que Benedito Cujo, personagem do cartunista brasileiro Fernando Gonsales, organizou bem os elementos de seu texto escrito? Ele deixa claro o que espera que a mãe faça e o porquê dessa ação? Observe que, se, por um lado, há uma distância entre o que Benedito Cujo gostaria de ter escrito e o que ele, efetivamente, escreveu, por outro, a expressão da mãe dá pistas de que ela não está compreendendo o bilhete do fi lho. Onde está o problema? O bilhete de Benedito Cujo não apresenta qualidades essenciais para a interação de pessoas que não estão frente a frente. Nesta aula, estudaremos essas qualidades com maior detalhamento. 3 Redação A04 Qualidades fundamentais do texto escrito De acordo com o que você vem aprendendo ao longo de nossas aulas, ler e escrever são atividades essenciais para que possamos exercer nossa cidadania de forma autônoma e plena em uma sociedade na qual vale o que está escrito. De fato, lemos e escrevemos para agir sobre o mundo. Há, porém, diferentes formas de escrever. Se pretendemos dar notícias a um amigo que mora distante, podemos escrever um email para ele, mas se ele não tem acesso à Internet, escrevemos uma carta. Em ambos os casos, estamos praticando uma correspondência pessoal, particular. Todavia, se precisamos estabelecer contato por escrito com órgãos do serviço público civil ou militar, no âmbito municipal, estadual ou federal, temos de saber escrever correspondências ofi ciais. No caso da comunicação escrita entre empresas privadas (escolas, bancos, indústrias, lojas comerciais) ou entre essas empresas e seus clientes, pessoas físicas ou jurídicas, temos a correspondência empresarial. Para responder a determinadas situações de comunicação de nossa vida estudantil ou profi ssional, escrevemos gêneros tidos como de correspondência técnica, tais como: o currículo, o relatório, entre outros. A importância dessas diferentes correspondências em nossas vidas motiva-nos a estudar, neste curso, gêneros discursivos da redação técnica e ofi cial, unidade de que nos ocuparemos a partir da aula 5 até a aula 15. Nesse sentido, a contribuição da aula 4 é a de evidenciar que, em todos os tipos de correspondência (pessoal, ofi cial, empresarial e técnica), precisamos observar um conjunto de qualidades fundamentais para a escrita: coesão, coerência, clareza, concisão, correção linguística e elegância. Clareza Um texto escrito deve apresentar clareza: informações em ordem direta e explicitude. Isso porque o seu interlocutor não está à sua frente para solicitar esclarecimentos; logo, o texto escrito tem de oferecer as pistas necessárias para que o leitor construa os sentidos que você gostaria de salientar. Exemplo 1 Exemplo 2 4 Redação A04 Seja claro. Explicite os elementos centrais de seu texto. Uma boa estratégia para deixar seus textos mais explícitos é escolher cuidadosamente as palavras a serem usadas. Vejamos como. Versão 1 De repente, os homens chegaram. Colocaram umas pulseiras de aço no cabra e jogaram ele no carro. Versão 2 Os policiais chegaram de forma inesperada, algemaram o suspeito e o levaram para a viatura. Observe como a seleção de palavras mais específi cas à situação de comunicação traz à versão 2 a explicitude necessária, a qual não se apresenta na versão 1. Outra forma de expressar clareza em seus textos escritos é optar pela ordem direta, ou seja, sujeito – verbo – complementação verbal – adjuntos adverbiais ou ainda oração principal e oração subordinada. Há casos em que a ordem indireta (por exemplo: primeiro, o adjunto adverbial; depois, o sujeito) é necessária. No entanto, precisamos ter cuidado para não fazer das inversões um problema para a leitura de nossos textos. Para ilustrar um caso desse tipo, observe a diferença entre a versão 1 e a versão 2 do exemplo a seguir. Versão 1 Ao afi rmar que todo o desejo de que os amigos viessem à sua festa de aniversário desaparecera, uma vez que seu pai se opusera à realização e não liberara o dinheiro necessário para os preparativos do tipo de festa que Aline gostaria de fazer. Versão 2 Aline chorou ao afi rmar que todo o desejo de que os amigos viessem à sua festa de aniversário desaparecera. Isso porque seu pai se opusera à realização e não liberara o dinheiro necessário para os preparativos do tipo de festa que ela gostaria de fazer. Exemplo 3 5 Redação A04 Conforme você deve ter percebido, a versão 1 está incompleta. Ela não apresenta a oração principal. Nossa impressão de leitor é a de que o produtor desse texto ocupou-se com as orações subordinadas e esqueceu-se de desenvolver a idéia central. A versão 2 traz a oração principal: “Aline chorou”. As orações sequenciais apenas complementam a principal, e a versão 2 deixa isso bem claro.Concisão Uma segunda qualidade do texto escrito é a concisão. Consideramos que um texto seja conciso quando ele é enxuto: em poucas palavras, apresenta as informações essenciais. O contrário de concisão é prolixidade: repetições desnecessárias, redundâncias, delongas. Analisemos um exemplo adaptado de Martins e Zilberknop (1994, p. 73). Trata-se de um texto conciso ou prolixo? Versão 1 É uma triste realidade – tradicional e costumeira – que a diversão popular (e ela abrange várias modalidades circunscritas a épocas ou regiões diversas) geralmente é oferecida ao povo (podemos remontar à Roma Antiga), visando não ao objetivo precípuo da diversão – dar lazer a quem dele necessite –, mas sim visando a uma alienação dos seres pensantes em relação à situação política vigente, a fi m de que eles não pensem na fome, na miséria e na injustiça, suas companheiras de infortúnio e dor. Versão 2 A diversão oferecida ao povo visa, em geral, à alienação política. Percebeu a diferença? A versão 2 traz apenas a idéia central. Trata-se de um texto conciso. A versão 1, ao contrário, é prolixa, ou seja, apresenta muitas informações desnecessárias, que podem atrapalhar a leitura. Realmente, na versão 1, a idéia central pode até fi car obscurecida devido ao que popularmente se denomina “enchimento de linguiça”. 1Praticando... 6 Redação A04 Encher linguiça (de porco, frango, camarão) pode ser uma atividade muito rentável. Todavia, em um texto escrito, essa prática é vista, inevitavelmente, como um defeito. Logo, precisa ser evitada a todo custo. Leia com atenção o texto abaixo. Trata-se de um aviso, afi xado a uma porta de banheiro coletivo de um camping brasileiro. Analise se esse texto apresenta a clareza necessária para que o usuário do banheiro, ao fi m da leitura, possa saber o que deve e o que não deve fazer no camping. Fonte: <www.fotocomedia.com>. Acesso em: 19 mar. 2009. 7 Redação A04 Não lhe parece um texto muito cheio de informações? Um aviso não pode conter tantos dados. Ao contrário, deve apresentar apenas informações essenciais. Logo, é de clareza e de concisão que o texto em foco precisa. Explicitar claramente o que os usuários do camping podem e o que não podem fazer: essa deveria ser a função social do aviso. Todavia, a falta dessas qualidades acaba por prejudicar a leitura e a consequência disso pode ser o não-cumprimento das ações recomendadas pelo Sr. Noel aos usuários do camping. Eles podem achar que essas recomendações são apenas uma brincadeira. Darão risada do texto e nada mais. Se fosse dada a você a atribuição de reescrever esse aviso com clareza e concisão, como ele fi caria? Reescreva-o no espaço abaixo. Exemplo 4 8 Redação A04 Correção linguística A correção linguística também é uma qualidade esperada em textos escritos, em especial nas correspondências ofi ciais, em que a pessoa que escreve ocupa uma posição institucional. Ora, se problemas de ortografi a, concordância, regência e pontuação podem causar difi culdades de leitura e “arranhar” a imagem do produtor de um bilhete ou de um aviso (lembre-se do caso do Sr. Noel), imagine como será prejudicial para a instituição que essa pessoa representa se ela escrever um ofício que contenha incorreções no uso formal da língua. Vejamos, no exemplo a seguir, um bilhete (gênero escrito mais informal) produzido por um trabalhador de uma empresa metalúrgica do ABC Paulista, cujo quadro funcional é composto por cerca de dois mil funcionários. Versão 1 Dona Arzira, Apezar do crima de auta tenção, os operário não ezitaram em aprezentar suas reinvindicação para o chefe. Eles alegaro que, com excessão de uns pouco previlegiado, nós tudo vinha recebeno o pagamento com vários dia de atrazo. Por tudo isso que foi falado, nós quer uma reunião com o dono da empreza o quando antes. Pruque a senhora não tava mais aqui quando agente saiu da sala do chefe, tamo deixano esse bilhete pra senhora falá com o dono e marcar a reunião dagente com o dono da empreza. Fui. João da Silva. Exemplo 5 9 Redação A04 É evidente que conseguimos ler o bilhete deixado pelo senhor João da Silva à senhora Alzira. Para tanto, fazemos um esforço para driblar as incorreções linguísticas e conseguirmos construir a coerência desse texto. No entanto, não há dúvidas de que esse bilhete ganharia muito mais respeitabilidade (e o seu produtor também) se estivesse escrito de acordo com a norma culta. Vamos ver a diferença? Versão 2 Dona Alzira, Apesar do clima de alta tensão, os operários não hesitaram em apresentar suas reivindicações para o chefe. Eles alegaram que, com exceção de uns poucos privilegiados, nós tudo vínhamos recebendo o pagamento com vários dias de atraso. Por tudo isso que foi falado, nós queremos uma reunião com o dono da empresa o quanto antes. Porque a senhora não estava mais aqui quando a gente saiu da sala do chefe, estamos deixando esse bilhete para a senhora falar com o dono e marcar a reunião da gente com o dono da empresa. Fui. João da Silva. A correção dos problemas gramaticais oferece ao bilhete de João da Silva uma versão “higienizada”. Porém, ainda há problemas a resolver: quem é o chefe mencionado no bilhete? O que a Sra. Alzira precisa fazer? Quem é João da Silva? Em uma empresa com dois mil funcionários, é fácil identifi car um funcionário cujo nome seja tão comum? Como avisar a ele a data e o horário da reunião? Essas informações precisam ser explicitadas. Vejamos uma próxima versão do bilhete. Exemplo 6 10 Redação A04 Não há dúvidas de que a versão 3 do bilhete escrito pelo senhor João da Silva é compatível com a situação de comunicação vivenciada: uma correspondência entre dois funcionários de uma mesma empresa de grande porte (dois mil funcionários), na qual são solicitadas providências para a marcação de uma reunião com o dono da empresa. Não se trata de uma correspondência entre amigos. O senhor João da Silva ocupa a posição social de porta-voz dos funcionários e requer providências a serem tomadas por “senhora” Alzira (muito mais formal e elegante do que “dona”), que é possivelmente a secretária, mas que envolvem também o chefe de pessoal e o dono da empresa. Nesse sentido, alterações de diferentes naturezas foram imprescindíveis ao texto. Marcamos de verde as alterações gramaticais (ortografi a e concordância, basicamente), de vermelho as substituições de palavras (uma melhor seleção foi feita devido à formalidade exigida pela situação de comunicação) e de azul as informações que deveriam estar explícitas no texto. Agora, compare as três versões do bilhete. Você percebeu que a terceira é bem mais concisa? Isso ocorreu porque foram cortadas as informações desnecessárias (“Pruque a senhora não tava mais aqui quando agente saiu da sala do chefe, tamo deixano esse bilhete”). Versão 3 Senhora Alzira, Apesar do clima de forte tensão, os operários não hesitaram em apresentar suas reivindicações para o Sr. Pedro de Sousa, Chefe de Pessoal desta empresa. Eles alegaram que, com exceção de uns poucos privilegiados, a maioria dos funcionários vinha recebendo o pagamento com vários dias de atraso. Para tratar desse assunto, nós gostaríamos de marcar uma reunião com o dono da empresa o quanto antes. Por gentileza, tome as devidas providências e nos avise. Desde já, agradecemos sua atenção. João da Silva. Ferramenteiro 9988-6776 Exemplo 7 11 Redação A04 A versão 3 também é mais elegante. Ela demonstra polidez (“gostaríamos de marcar”, “por gentileza”, “Desde já, agradecemos sua atenção”). Como garantir a elegância de um texto? Elegância Um texto coeso, coerente, claro, conciso, correto linguisticamente e com uma boa seleção de palavras é, em geral, elegante. De fato, a elegância de um texto escrito não está em seu rebuscamento,mas em sua simplicidade e adequação. Nesse sentido, não é adequado o uso de fi guras de linguagem (metáforas, hipérboles, catacreses) em gêneros escritos mais formais, que têm circulação pública e nos quais assumimos uma posição profi ssional/institucional. A elegância se opõe aos excessos. Ela requer comedimento, moderação. O texto elegante é lido com fl uidez porque conteúdo e forma se apresentam adequadamente. Para ilustrar melhor essa noção, analisemos um caso de nota ofi cial de pesar, publicada em jornal de circulação local (no âmbito de uma cidade). Fonte: <www.fotocomedia.com>. Acesso em: 19 mar. 2009. 2Praticando... 12 Redação A04 Como podemos ver, a escolha lexical feita (prazer) não combina com a situação a que esse texto se vincula: a tristeza ocasionada pela perda de um colega de trabalho. Isso vai gerar problemas para o funcionário que assumiu a incumbência de escrever o texto e mandá-lo para publicação, visto que se trata de uma comunicação institucional, ou seja, é a empresa TERRAFOTO S/A que se expõe ao ridículo. Possivelmente por isso, o site <www.fotocomedia.com> mantenha essa nota em seu acervo. Esse texto gera o riso. Não explicita o pesar. Para refl etirmos sobre as qualidades mencionadas nesta aula, analisaremos dois textos escritos. Vejamos se eles requerem algum tipo de reescritura. a) “Os conquistadores espanhóis estavam cegos pela cobiça. Os conquistadores espanhóis enxergaram apenas o brilho do ouro. Os conquistadores espanhóis menosprezaram as cidades, os templos e as obras de arte que encontraram na América.” Esse fragmento de texto, citado por Faraco e Tezza (2003), pode ser reescrito em um único período. Para garantir-lhe coerência, coesão, clareza, concisão, correção linguística e elegância, procure seguir estas recomendações: primeiro, identifi que a informação essencial; inicie o período por ela; depois, acrescente as informações complementares, eliminando as repetições. Use o espaço abaixo para a sua sugestão de reescritura. SENHOR LADRÃO Solicito que após furtar-me de novo ofereça o produto à mim mesmo! Comprar de novo no mercado legal custa muito caro e eu sei que o senhor vende baratinho. Prometo sigilo absoluto pois não desejo ser preso por receptação de produto furtado. Certo de sua compreensão, aguardo. Tratar aqui. Obs.: favor não roubar à faixa. 13 Redação A04 A faixa que acabamos de ler foi fi xada à frente do Bar do Coelho, que fi ca no bairro de Cidade Alta, no Centro de Natal/RN. Ela é diferente da maioria das faixas que conhecemos, porque sua função social se aproxima à de um bilhete. Nela, percebemos uma informação essencial: o comerciante quer comprar o produto que foi furtado de seu próprio estabelecimento. Para tanto, ele tenta convencer o ladrão a partir dos seguintes argumentos: a) no mercado legal, o produto custa caro; b) o ladrão precisa transformar logo a mercadoria em dinheiro, por isso vende mais barato; c) vender para o próprio dono é mais rápido para o ladrão e mais barato para o proprietário do estabelecimento; d) o sigilo do negócio será absoluto, porque é crime receptar produto furtado e o dono não quer ser preso. b) Fonte: Tribuna do Norte (25 maio 2007). 14 Redação A04 Observe o respeito com o qual o produtor do texto se dirige ao ladrão: “senhor ladrão”, “solicito”, “o senhor”, “sua compreensão”, “favor”. Isso se justifi ca pelo fato de o comerciante desejar fazer negócio com o ladrão. Para negociar com alguém, é necessário que haja polidez. Percebemos, no entanto, a necessidade de tornar essa faixa mais concisa. Além disso, ela apresenta problemas de correção lingüística, especifi camente de pontuação e de crase. Cientes da necessidade de oferecer maior adequação ao texto escrito, aproveite o espaço abaixo para sugerir uma nova versão à faixa. Leituras complementares FIORIN, José Luiz; PLATÃO, Francisco. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1997. ______. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2000. INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. São Paulo: Scipione, 1998. No mercado editorial brasileiro, há muitos livros interessantes sobre a língua escrita. Dentre eles, sugerimos alguns que poderão aprimorar seus conhecimentos sobre as qualidades fundamentais do texto escrito. 15 Redação A04 Na aula 4, vimos que o texto escrito requer determinadas qualidades devido a especifi cidades que lhes são próprias. Uma delas está relacionada à circulação: a escrita pode atingir espaços e tempos diferentes de sua origem e, neles, encontrar leitores com diferentes conhecimentos. Logo, vimos que é esperado de um texto escrito que ele apresente informações explícitas (mas não redundantes), organização lógica (coerente) e coesa, correção linguística e elegância. Tais qualidades são especialmente importantes em textos de circulação externa (não familiar), porque neles o autor assume uma posição pública frente a seus interlocutores. Para ilustrar esse conjunto de qualidades da escrita, analisamos textos de diferentes gêneros, tais como: bilhete, aviso, nota de pesar, faixa. 1. Para evidenciar sua aprendizagem acerca dos conceitos que você aprendeu na aula 4, propomos um último exercício. Esta aula lhe ofereceu subsídios para responder às perguntas que aparecem na página inicial? Vejamos. a) Quais são as qualidades fundamentais do texto escrito? 16 Redação A04 b) Essas qualidades devem ser observadas na produção de cartas, resumos, fi chamentos, memorandos, ofícios? Por quê? Referências BEZERRA, Augusto César. Olho da matéria: comerciantes clamam por segurança em Natal. Tribuna do Norte, 25 maio 2007. FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Ofi cina de Texto. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. FOTO COMÉDIA. Disponível em: <http://fotocomedia.com/>. Acesso em: 19 mar. 2009. MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português instrumental. 16. ed. Porto Alegre: Sagra; DC Luzzatto, 1994. 05 Márcia Rossana Oliveira Pinto C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Resumo e fi chamento REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A05 Nas aulas anteriores, estudamos a noção de texto e de gênero discursivo, os recursos de textualidade (coesão e coerência), além das qualidades fundamentais do texto escrito. Nesta aula, estudaremos os gêneros discursivos resumo e fi chamento. Apresentaremos o conceito, a estrutura e as principais características. Como nas demais aulas, dispomos de algumas atividades para que você coloque em prática o seu conhecimento para produção dos gêneros estudados. Conhecer os gêneros discursivos resumo e fi chamento. Compreender o conceito, a estrutura e as principais características desses gênerosdiscursivos. Elaborar resumos e fi chamentos de forma profi ciente. 2 Redação A05 Para começo de conversa... Desde que começamos nossa vida escolar sempre é solicitada por nossos professores a leitura de vários textos para produzir um resumo e/ou fi chamento. Aí, aparecem aquelas dúvidas, afi nal o que é resumo? O que é um fi chamento? Como se faz? Para que serve? Por onde começo? São tantas as dúvidas. Vejamos o texto abaixo: O estudo Linguagem Cinematográfi ca, por Marcel Martin, é um texto que mostra de forma abrangente o cinema. Martin fala sobre o processo criativo para criar um fi lme e todos os termos que aplicam ao campo que ele acredita é uma arte. No primeiro capítulo, ele cita André Malraux que disse, “De qualquer forma, o cinema é uma indústria.” Porém, no fi m do livro, Martin conclui que, “De qualquer forma, ele é uma arte.” Ele defende o argumento que cinema é uma arte através de suas defi nições do processo do cinema. Ele escreve sobre todos os elementos que fazem um fi lme e como as partes trabalham juntas para criar uma obra de arte. Martin acha que o mundo de um fi lme “sempre é o signo de algo mais, num certo grau”. O cinema tenta mostrar a realidade, mas nunca poder ser realidade. Então, o cinema é uma arte que pode usar elementos como metáforas e símbolos para exprimir realidade e coisas além da realidade [...]. Fonte: <http://caderno-allison.espacioblog.com/post/2008/04/11/ um-exemplo-do-meu-trabalho-um-resumo-do-linguagem>. Acesso em: 29 abr. 2009. 3 Redação A05 Será que esse texto é um resumo? Que elementos podem caracterizá-lo como resumo? Será que pode ser transformado em fi chamento? Aqui responderemos a essas dúvidas tão corriqueiras para que você possa compreender um gênero e outro e saiba distingui-los, pois essas são atividades sempre presentes na vida estudantil e ajudam a uma leitura efi ciente. Resumo Resumo é a apresentação sucinta dos pontos mais relevantes de um texto. Deve ser fi el às ideias do autor e obedecer à estrutura do texto original: introdução, desenvolvimento e conclusão. O ato de resumir textos objetiva instrumentalizá-lo, a fi m de que você possa, ao ler, apreender aquilo que realmente é essencial. Trata-se de uma atividade que requer a presença permanente da imaginação e da inteligência. O resumo tem como fi nalidade “a difusão das informações contidas em livros, artigos, teses etc., permitindo a quem ler resolver a conveniência ou não de consultar o texto completo” (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 68 apud GONÇALVES, 2005, p. 22). É através do resumo que você realiza uma atividade prática necessária à aquisição de conhecimentos na sua vida escolar. Aprendendo a resumir, terá mais facilidade ao estudar os diferentes textos, uma vez que saberá encontrar as ideias mais relevantes e, consequentemente, compreenderá de forma sistemática o que lê. Principais características do resumo Para a elaboração de um bom resumo é necessário contemplar algumas características: apresentar o assunto da obra de maneira sucinta; não apresentar comentários pessoais (exceto no caso do resumo crítico); respeitar a ordem das ideias e dos fatos apresentados no texto original; empregar uma linguagem clara e objetiva, com frases breves e diretas; evitar transcrever frases do texto original; dispensar consulta ao texto original para compreensão do assunto; mencionar o autor e suas ações; apresentar referência bibliográfi ca da obra resumida. Exemplo 1 4 Redação A05 Para Gonçalves (2005), a produção de um resumo não é simplesmente selecionar as ideias principais de forma aleatória, mas requer uma refl exão no momento de extrair as ideias contidas em um texto. Trata-se de uma síntese das ideias e não apenas de palavras do texto, exigindo fi delidade em relação ao autor sintetizado, sem transcrever do original. Tipos de resumo Existem vários tipos de resumo com características que são próprias a sua fi nalidade. Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os resumos são classifi cados em três tipos: indicativo, informativo e crítico. Resumo indicativo Indica apenas os pontos principais do texto, não apresentando dados qualitativos e quantitativos. Esse resumo não dispensa a consulta ao texto original. Veja um exemplo retirado do livro Resumo, de Anna Raquel Machado (2004, p. 16): No artigo “A cultura da paz”, Leonardo Boff defende a necessidade de construirmos a cultura da paz a partir de nós mesmos. O autor considera que isso é possível, uma vez que o homem é dotado de características genéticas especiais que lhe permitiriam vencer a violência. Resumo informativo É o resumo mais completo. Caracteriza-se por informar ao leitor fi nalidades, metodologia, resultados e conclusões do documento, de tal forma que este possa dispensar a consulta ao texto original. Não apresenta comentários, nem críticas, nem juízo de valor. O uso desse tipo de resumo faz com que o leitor tenha uma visão global do documento. Veja um exemplo: Exemplo 2 5 Redação A05 Leonardo Boff inicia o artigo “A cultura da paz” apontando o fato de que vivemos em uma cultura que se caracteriza fundamentalmente pela violência. Diante disso, o autor levanta a questão que possibilita de essa violência poder ser superada ou não. Inicialmente, ele apresenta argumentos que sustentam a tese de que seria impossível, pois as próprias características psicológicas humanas e um conjunto de forças naturais e sociais reforçariam essa cultura da violência, tornando difícil sua superação. Mas, mesmo reconhecendo o poder dessas forças, Boff considera que, nesse momento, é indispensável estabelecermos uma cultura da paz contra a da violência, pois esta estaria nos levando à extinção da vida humana no planeta. Segundo o autor, seria possível construir essa cultura, pelo fato de que os seres humanos são providos de componentes genéticos que nos permitem ser sociais, cooperativos, criadores e dotados de recursos para limitar a violência e de que a essência do ser humano seria o cuidado, defi nido pelo autor como sendo uma relação amorosa com a realidade, que poderia levar à superação da violência. A partir dessas constatações, o teólogo conclui, incitando-nos a despertar as potencialidades humanas para a paz, construindo a cultura da paz a partir de nós mesmos, tomando a paz como projeto pessoal e coletivo. (MACHADO, 2004 p. 16). Resumo crítico O resumo crítico é uma redação técnica que avalia de forma sintética a importância de uma obra científi ca ou literária. Deve possibilitar a compreensão do texto, como no resumo informativo, no entanto, permite opiniões e comentários do autor do resumo. O resumo crítico é chamado também de Resenha. Ocorre que, por costume, os professores tendem a chamar de resenha o resumo crítico elaborado pelos estudantes como exercício didático. Exemplo 3 6 Redação A05 MEMÓRIA – ricas lembranças de um precioso modo de vida O Diário de uma garota (Record. Maria Julieta Drummond de Andrade) é um texto que comove de tão bonito. Nele o leitor encontra o registro amoroso e miúdo dos pequenos nadas que preencheram os dias de uma adolescente em férias, no verão antigo de 41 para 42. Acabados os exames Maria Julieta começa seu diário anotado em um caderno de capa dura que ela ganha já usado até a página 49. É a partir daí que o espaço é todo da menina que se propõe a registrar nele os principais acontecimentos destas férias para mais tarde recordar coisas já esquecidas. O resultado fi nal dá conta plena do recado e ultrapassa em muito a proclamada modéstia do texto que ao ser concebido tinha como destinatária única a mãe da autora a quem o caderno deveria ser entregue quando acabado. E quais foram os afazeres de Maria Julieta naquele longínquo verão? Foram muitos. Pontilhados de muita comilançae de muita leitura: cinema, doce de Ieite, novena, o Tico-Tico, doce de banana, teatrinho, visita, picolés, missa, rosca, cinema de novo, sapatos novos de camurça branca, o Cruzeiro, bem- casados, romances franceses, comunhão, recorte de gravuras, Fon-Fon, espiar casamentos, bolinho de legumes, festas de aniversário, Missa do Galo, carta para a família, dor de barriga, desenho de aquarela, mingau, indigestão... Tudo parecia pouco para encher os dias de uma garota carioca em férias mineiras das quais regressa sozinha de avião. Tantas e tão preciosas evocações resgatam do esquecimento um modo de vida que é hoje apenas um dolorido retrato na parede. Retrato, entretanto que, graças à arte de Julieta, escapa da moldura, ganha movimentos, cheiros, risos e vida. O livro, no entanto, guarda ainda outras riquezas: por exemplo, o tom autêntico de sua linguagem que se, como prometeu sua autora, evita as pompas, guarda não obstante o sotaque antigo do tempo em que os adolescentes que faziam diários dominavam os pronomes cujo/a/os/as conheciam a impessoalidade do verbo haver no sentido de existir e empregavam, sem pestanejar, o mais- que-perfeito do indicativo quando de direito... Outra e não menor riqueza do livro é o acerto de seu projeto gráfi co aos cuidados de Raquel Braga. Aproveitando para ilustração recortes que Maria Julieta pregava em seu diário e reproduzindo na capa do livro a capa marmorizada do caderno com sua lombada e cantoneiras imitando couro, o resultado é um trabalho em que forma e conteúdo se casam tão bem casados que este Diário de uma garota acaba constituindo uma grande festa para seus leitores. (LAJOLO, 1986 apud PLATÃO; FIORIN, 2007, p. 427 -28). Praticando... 1Praticando... 7 Redação A05 Estrutura do resumo a) O resumo deve ser conciso. b) Não ser enumerado em tópicos. c) Uso da 3ª pessoa do singular, preferencialmente. d) Uso de verbos na voz ativa. e) Escrito em parágrafo único. f) Resumo em duas línguas: inglês, francês ou espanhol. g) Apresenta palavras-chave, ao fi nal. Observação: o resumo em duas línguas, acompanhado de palavras chaves, é próprio de trabalhos científi cos, tais como artigos, monografi as, dissertações e teses. Técnicas para elaborar um resumo Para diminuir as difi culdades de compreensão de leitura, mostraremos algumas sugestões para facilitar a produção do resumo: leia o texto na íntegra; encontre a ideia principal de cada parágrafo; identifi que os detalhes importantes, como argumentos e provas da ideia central; sublinhe o que você achar essencial; releia o que foi sublinhado. 1. Leia o texto abaixo e produza um resumo informativo. 8 Redação A05 Texto 1 Aquecimento nas alturas A cordilheira do Himalaia, que se estende por 2.500 quilômetros em cinco países asiáticos, produz cartões-postais deslumbrantes com seus paredões de gelo e suas montanhas cobertas de neve, entre elas o Monte Everest, o mais alto do mundo. Para 1,3 bilhão de pessoas – um em cada seis habitantes do planeta – que vivem nas regiões próximas ao Himalaia, a cordilheira também representa garantia de água farta para abastecer cidades e irrigar plantações. Nas estações quentes, parte do gelo de seus 15.000 glaciares se derrete e corre para uma malha de pequenos afl uentes de grandes rios, como o Ganges, na Índia, e o Yang-tsé, na China. No inverno, as nevascas repõem o gelo que se foi. Esse caprichoso ciclo das águas vem se alterando. Um relatório divulgado há um mês pelo Icimod, um centro de pesquisas dos países da região, em parceria com a ONU, mostra que os glaciares do Himalaia vêm encolhendo em velocidade acelerada – entre 10 e 60 metros por ano. Na China, 5,5% deles já desapareceram ao longo das últimas quatro décadas. O relatório se baseou em dados obtidos recentemente por satélite e em pesquisas feitas nos últimos quarenta anos. Calcula-se que grande parte dos glaciares do Himalaia poderá desaparecer até 2035. Como no caso dos glaciares do Alasca, dos Andes e de outras regiões do planeta, acredita-se que o culpado pelo fenômeno seja o aquecimento global. “A neve que cai durante o inverno não tem sido sufi ciente para repor o gelo que desapareceu no último século e, principalmente, nas décadas mais recentes”, disse a VEJA o geólogo Richard Alley, da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos EUA, especialista em glaciares. Caso as geleiras do Himalaia continuem a encolher no ritmo atual, dois tipos de catástrofe poderão ocorrer. Primeiro, o grande volume de água que chegará aos grandes rios asiáticos causará inundações em série, muitas delas súbitas como um pequeno tsunami. Quando um glaciar se derrete, nem sempre a água corre diretamente para o rio mais próximo. Dependendo do relevo à sua volta, a água fi ca represada em gigantescos lagos. Se as margens desses lagos se rompem, em consequência de uma avalanche, por exemplo, as águas se espalham com violência e carregam tudo pelo caminho. Foi o que ocorreu em 1985, no Nepal, quando o colapso de um lago inundou o Vale Langmoche, matou vinte pessoas, destruiu uma usina hidrelétrica recém-construída, catorze pontes, trinta casas e vastas áreas de terra cultivada. Segundo o relatório do Icimod e da ONU, existem no mínimo 9.000 lagos glaciais espalhados pelos cinco países pelos quais se estende o Himalaia – China, Índia, Nepal, Butão e Paquistão. Num prazo mais longo, o desaparecimento dos glaciares do Himalaia e, consequentemente, das águas que descem das montanhas vai diminuir drasticamente o volume dos rios asiáticos, provocando secas. Cerca de 70% das águas do Rio Ganges vêm de afl uentes alimentados pelos glaciares do Nepal. Uma queda drástica do nível do Ganges afetaria 37% do território cultivado da Índia e deixaria 500 milhões de habitantes expostos à falta d’água. 9 Redação A05 O estudo sobre os glaciares do Himalaia confi rma a teoria dos cientistas de que o aquecimento global tem atingido as regiões mais elevadas do planeta com a mesma intensidade com que se abate sobre os pólos. Um exemplo disso é a diminuição da neve no topo do célebre Monte Kilimanjaro, na Tanzânia. Na semana passada, uma pesquisa divulgada pela agência meteorológica do governo do Tibete mostrou que a temperatura nas áreas mais altas da província vem subindo 0,3 grau a cada dez anos. Essa elevação é maior do que a verifi cada nas temperaturas médias da Terra, de 0,7 grau nos últimos 100 anos, e semelhante à dos polos – entre 0,2 e 0,5 por década. “Seja no Himalaia, nos Andes ou na África, a temperatura sobe mais nos pontos mais altos do planeta”, diz o glaciologista Lonnie Thompson, da Universidade do Estado de Ohio. Sabe-se que, no caso dos polos, o aumento acelerado da temperatura se deve ao aquecimento das águas dos oceanos. No caso das altas montanhas do Tibete e do Himalaia, ocorreria fenômeno semelhante. O crescente calor emanado pelos oceanos alcançaria a troposfera, justamente onde se encontram os picos gelados. Pesquisas mostram também que as temperaturas sobem mais nos trechos mais altos das montanhas do que em sua base. É justamente esse fenômeno que torna o derretimento da cordilheira do Himalaia uma ameaça às populações que hoje se benefi ciam de suas águas. (Veja, 1 ago. 2007). 10 Redação A05 2. Agora, escolha um texto de sua preferência, que pode ser um artigo de qualquer revista ou um texto da sua área de estudo. Leia quantas vezes forem necessárias e produza um resumo crítico. 11 Redação A05 Fichamento Agora, vamos conhecer mais um gênero que auxilia na compreensão da leitura: o fi chamento. Fichamento signifi ca você fi char, identifi car e registrar as principais informações de um texto lido. Consiste em registrar em fi chas as informações relevantes de uma leitura realizada. Uma das características marcantes de uma anotação adequada é que ela permitauma redação futura, de acordo com Medeiros (2000). É um procedimento indispensável para o aproveitamento da leitura, selecionando os principais dados e ajudando na organização dos textos pesquisados. O fi chamento não é um resumo, mas uma forma de identifi car as partes importantes de um texto. Principais características de um fi chamento Segundo Medeiros (2000), o objetivo do fi chamento é: identifi car facilmente as obras lidas; lembrar seu conteúdo principal; fazer citações ou elaborar críticas; realizar pesquisa bibliográfi ca. Estrutura do fi chamento Segundo Medeiros (2000), todo fi chamento, seja realizado em fi chas de cartolina com tamanho padronizado, seja realizado em meio eletrônico ou em qualquer outro meio, deve apresentar obrigatoriamente quatro elementos: a) Cabeçalho: deve vir na parte superior direita, indicando o assunto a que se refere a fi cha. b) Referência: é a referência da obra ou do texto a que se refere a fi cha, feita de acordo com a norma da ABNT. c) Corpo da fi cha: é o conteúdo propriamente dito. d) Local onde a obra se encontra: informa onde encontrar o material lido, se em biblioteca particular ou outro local. Exemplo 4 12 Redação A05 Título Geral Título Específi co Nº da fi cha Referência Bibliográfi ca de acordo com a ABNT Corpo do texto ( biblioteca X) FUNDAMENTOS DE METODOLOGIA 01 FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. São Paulo: Atlas, 1993. Insere-se no rol dos livros próprios à iniciação científi ca, auxiliando na elaboração de monografi as, trabalhos de conclusão de curso, relatórios etc. Apresenta uma linguagem simples e acessível. A obra apresenta nove capítulos que obedecem a uma sequência racional e lógica na construção do trabalho científi co. (biblioteca particular) Fonte: Medeiros (2000. p. 112). Técnicas para elaborar um fi chamento São necessários alguns procedimentos para a elaboração do fi chamento: ler o texto na íntegra; incluir somente um tema em cada fi cha; ter a certeza de que as fi chas estão completas e são compreendidas com facilidade; manter as fi chas sempre em ordem. Praticando... 2Praticando... 13 Redação A05 Vamos produzir um fi chamento? Volte à aula 4, “Qualidades fundamentais de um texto escrito”, e faça o fi chamento desta aula. 14 Redação A05 Leituras complementares FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996. Nesse livro, o autor enfoca o resumo como prática necessária à redação de trabalhos. Destaca o conceito, a importância desse gênero, além de apresentar as várias possibilidades de elaboração e uso. Sites: <http://www.pucrs.br/manualred/resumos.php> <http://www.silviamota.com.br/direito/artigos/fi chamento.htm> Nesses sites, você encontra de forma bastante didática o conceito e a estrutura dos gêneros resumo e fi chamento. Nesta aula, estudamos o que é resumo e fi chamento. Vimos que o resumo é um gênero que tem por fi nalidade apresentar de modo sucinto as principais ideias de um texto. Já o fi chamento é um gênero que utilizamos para identifi car e registrar as principais informações de um texto. Estudamos o conceito, a estrutura e as principais características de cada um. Vimos que ambos são documentos com estrutura e características específi cas e previamente defi nidas. 1. Defi na o conceito, o objetivo e os tipos de resumo. 15 Redação A05 2. Assinale as alternativas que contenham elementos que você julgue essenciais para a produção de um resumo informativo: ( ) correção gramatical e léxico adequado à situação solicitada; ( ) seleção das informações consideradas importantes pelo leitor e autor do resumo; ( ) comentários pessoais misturadas às ideais do texto original; ( ) cópia de trechos do texto original; ( ) indicação de dados sobre o texto resumido, no mínimo autor e data; ( ) texto compreensível por si mesmo. 16 Redação A05 Agora, justifi que suas escolhas. 3. Identifi que e resolva os problemas do resumo que se encontram no texto abaixo. O resumo é, pois uma condensação do texto original, procurando captar suas ideias fundamentais, na progressão e no encadeamento em que aparecem no texto. Quem resume deve exprimir, em estilo objetivo, os elementos principais do texto, sem emissão de comentários ou apreciação crítica ao que está sendo condensado. Como se faz? Muitas pessoas julgam que resumir é reproduzir frases ou partes de frases do texto original, construindo uma espécie de colcha de retalhos, com o conhecido recorte e cole dos computadores. “Essa colagem de fragmentos do texto original não é um resumo”, lembra Fiorin. Resumir é apresentar, com as próprias palavras, os pontos relevantes de um texto. A reprodução de frases do texto, em geral, atesta que ele não foi compreendido. Para diminuir essa difi culdade, deve-se usar um procedimento apropriado que vai depender da fi nalidade do resumo. Num terceiro momento, tentar fazer uma segmentação do texto em blocos de idéias que tenham alguma unidade de signifi cação. Ao resumir um texto pequeno, pode-se adotar como primeiro critério de segmentação a divisão em parágrafos. Fonte: Platão e Fiorin (2007, p. 420). 17 Redação A05 4. Assinale as alternativas com (V) para verdadeiro e (F) para falso quanto à produção do fi chamento. ( ) O fi chamento é uma técnica que auxilia na leitura de vários textos. ( ) Fazer uso de citações é proibido no fi chamento. ( ) O fi chamento é uma forma de você identifi car as partes mais importantes de um texto. ( ) Não é permitida a transcrição de partes do texto no fi chamento. ( ) A estrutura do fi chamento é a seguinte: cabeçalho, referência e corpo da fi cha. ( ) O fi chamento é um resumo. ( ) O fi chamento pode ser feito em tópicos. 18 Redação A05 5. Justifi que as alternativas falsas da questão anterior. 6. Baseado no que você aprendeu nesta aula, aponte a(s) diferença(s) entre um resumo e um fi chamento. 19 Redação A05 Referências DIONISIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais e ensino. 4. ed. Rio de janeiro: Lucerna, 2005. GONÇALVES, H. de A. Manual de resumos e comunicações científi cas. São Paulo: Avercamp, 2005. MACHADO, A. R. (Coord.) Resumo. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. (Leitura e produção de textos técnicos e científi cos,1). MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2008. MEDEIROS, J. B. Redação científi ca: a prática de fi chamentos, resumos, resenhas. São Paulo: Atlas, 2000. PLATÃO; FIORIN. Para entender o texto: leitura e redação. 17. ed. São Paulo: Ática, 2007. Anotações 20 Redação A05 Anotações Márcia Rossana Oliveira Pinto 06 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Declaração, atestado e recibo REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE– UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A06 Nesta aula, começaremos a estudar os gêneros textuais próprios da redação técnica, que devem ser elaborados dentro de um padrão técnico e de uma escrita de qualidade. Nesta aula 6, veremos três gêneros: a declaração, o atestado e o recibo. Estudaremos seus elementos constituintes e teremos também algumas atividades para você praticar os gêneros discursivos estudados. Conhecer os gêneros textuais declaração, atestado e recibo. Identificar os elementos constituintes da declaração, atestado e recibo. Aplicar conhecimentos na área de redação ofi cial tanto para construir o(s) sentido(s) possível(eis) de declarações, atestados e recibos quanto para produzi-los de forma profi ciente. 2 Redação A06 Para começo de conversa... Se pararmos para pensar, em algum momento da nossa vida já enfrentamos algumas circunstâncias nas quais houve a necessidade de algum tipo de documento para comprovar o que dizemos ou fazemos. Para ilustrar melhor o que acabamos de dizer, pensemos, por exemplo, em um consumidor que efetuou o pagamento de um determinado serviço, que ainda não foi terminado, e ele precisa comprovar o pagamento. Nessas circunstâncias, ele terá que preparar um documento que comprove o tal pagamento. Nesse caso, você sabe qual seria esse documento? Uma declaração? Um recibo? Ou um atestado? Outra situação que podemos imaginar, também como ilustração, é a de um estudante que, para conseguir um estágio, precisa comprovar que está devidamente matriculado numa instituição de ensino. Para isso, esse estudante deverá solicitar um documento que comprove a sua matricula nessa instituição para que consiga ser efetuado no estágio. Em tal situação, que documento seria esse? Uma declaração, um atestado ou um recibo? Neste momento, você deve está se perguntando: o que é uma declaração? o que é um atestado e o que é um recibo? Em que situações esses gêneros são utilizados (ou seja, qual a função de cada um deles)? Do que se constituem e como se organizam? Procuraremos, então, responder a essas indagações no decorrer desta aula. 3 Redação A06 Declaração A declaração é um documento que visa a registrar formalmente uma informação sobre uma determinada pessoa ou fato, obrigando àquele que a expede sempre expressar a verdade a respeito. É um gênero muito utilizado no nosso dia-a-dia. Quando precisamos comprovar ou declarar algo sobre alguém ou determinado assunto, solicitamos logo uma declaração. Tanto pode ser expressa por escrito, quanto de viva voz, ou seja, oralmente. Quando por escrito, é reconhecida como documento e válida inclusive junto à Justiça. Conforme as circunstâncias e seu objetivo, toma diversas outras denominações: declaração de ausência, declaração de vontade, declaração de crédito, declaração de pobreza, declaração de direito, declaração de guerra, declaração de falência, declaração de interdição, declaração de nascimento, declaração de óbito, declaração de renda, declaração de princípios etc A declaração não pode ser expedida por um órgão público. A declaração assemelha-se a outro gênero: o atestado. Mais adiante veremos as semelhanças e diferenças entre esses dois gêneros. Estrutura da declaração Numa declaração, devem constar os seguintes componentes, da maneira em que aparecem dispostos abaixo: a) Usar o verbo Declarar no presente do indicativo, na 1ª pessoa, para iniciar o texto. Exemplos: Declaro que o Sr. João Armando Ferraz Declaramos que o Sra. Irene Brasil da Fonseca b) Apresentar a fi nalidade da declaração no corpo do texto. Exemplos: Declaro para os devidos fi ns que o Sr ... Declaro para fi ns escolares que ... c) Local e data por extenso. Exemplo: Porto Alegre, 22 de outubro de 1998. Exemplo 1 DECLARAÇÃO DECLARAMOS que o Sr. João Armando Ferraz pertence ao quadro de funcionários de nossa empresa desde 2 de maio de 1990, percebendo mensalmente dois salários mínimos. Porto Alegre, 22 de outubro de 1998. Mário Barcellos Diretor-Presidente da Cia X 4 Redação A06 d) Assinatura de quem está emitindo a declaração. Exemplo: Sr. Mário Barcellos Veja um exemplo de declaração retirada do livro Português Instrumental, p. 197: 5 Redação A06 Atestado O atestado é um documento fi rmado por uma pessoa a favor de outra, que tem a fi nalidade de atestar a verdade a respeito de um determinado fato, geralmente do ponto de vista profi ssional. Esse é o tipo de atestado profi ssional. Temos também outro tipo de atestado, conhecido como atestado médico, no qual é discriminado pelo médico se a pessoa pode ou não exercer determinada função ou se esteve ou não doente e qual foi a doença. Os atestados mais comuns são: de sanidade mental, de óbito, de boa conduta, de bons antecedentes, etc. Aqui, vamos tratar apenas do atestado comercial. Estrutura do Atestado a) Usar o verbo ATESTAR no presente do indicativo, na 1ª pessoa, para iniciar o texto. Exemplos: Atesto que o Sr. Paulo Oliveira Atestamos que o Sr. Mário Chivas b) Apresentar a fi nalidade do Atestado no corpo do texto. Exemplos: Atestamos que Paulo Oliveira foi aluno da nossa escola... c) Local e data por extenso. Exemplo: Porto Alegre, 22 de outubro de 1998. d) Assinatura de quem está emitindo o Atestado. Exemplo: Sr. Valdenisio de Barros Veja um exemplo de atestado retirado do livro Português instrumental p. 154. Exemplo 2 ATESTADO Para os fins de direito, atestamos que Paulo Oliveira foi aluno deste estabelecimento de ensino, nos anos de 1997 e 1998, não tendo praticado nenhum ato desabonatório à sua conduta. Porto alegre, 6 de agosto de 2000. Fulano de Tal Diretor 6 Redação A06 Diferenças entre declaração e atestado A principal diferença entre declaração e atestado é que o primeiro não pode ser expedido por órgão público, pois a declaração é própria das instituições particulares, e o segundo só pode ser expedido por órgão público. A segunda diferença está no fato de que a declaração tem valor transitório, de pouca duração e o atestado tem um prazo maior de duração. A terceira diferença está na parte estrutural. Na declaração, não aparece o timbre da empresa que está declarando, já no atestado é obrigatório o uso do timbre da repartição que está expedindo o documento. 7 Redação A06 Semelhanças entre declaração e atestado A semelhança desses dois gêneros, declaração e atestado, está na estrutura e disposição do texto. Ambos os gêneros apresentam: a) Título em letra maiúscula e centralizado. Exemplos: DECLARAÇÃO ATESTADO b) Texto: o do atestado deve apresentar sempre o verbo Atestar, a exposição dos fatos que se está afi rmando, dados do emissor, e o texto da declaração deve apresentar o verbo Declarar e a exposição dos fatos. Exemplos: Atesto que Valdenise de Barros Declaro para os devidos fi ns que c) Local e data. Exemplo: Natal, 13 de janeiro de 2007. d) Assinatura, nome e cargo de quem atesta e/ou declara. Exemplo: Joaquim Honório Diretor 1Praticando... 8 Redação A06 1. Assinale (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as alternativas falsas. ( ) A declaração tem o objetivo de atestar um determinado fato verdadeiro ou não. ( ) A fi nalidade do atestado é atestar uma determinada informação a respeito de uma pessoa. ( ) Existem diversos tipos de atestados: médicos, de sanidade mental, profi ssional, etc. ( ) A declaração é expedida por órgãos públicos e o atestado por órgãos privados. ( ) O atestado tem pouca durabilidade. ( ) Quanto à estrutura, tanto a declaração quanto o atestado apresentam timbre, título, texto, locale data e assinatura. ( ) A declaração é um documento que visa a registrar formalmente uma informação sobre uma determinada pessoa ou fato. 2. Justifi que as alternativas que você identifi cou como falsas na questão anterior. 9 Redação A06 3. Analise a situação fi ctícia abaixo: Determinado estagiário da Secretária de Educação do Estado do RS encontrou, em sua mesa de trabalho, a seguinte mensagem, deixada por seu chefe. Redigir um documento comprovando que o Sr. Ceinetino Juvêncio da Silva estagiou nesta instituição nos anos de 2000 e 2001. a) Para executar corretamente a tarefa solicitada, que documento deve ser redigido pelo estagiário? b) A partir das informações contidas na mensagem, produza esse documento no espaço destinado a esse fi m. 10 Redação A06 11 Redação A06 4. A declaração a seguir, produzida a partir de dados fi ctícios, apresenta alguns problemas na estrutura, concisão e de correção linguística. Reescreva-o, garantindo-lhe as qualidades necessárias. DECLARAÇÃO declaro que o JOSÉ DA SILVA pertence ao quadro de funcionários de nossa empresa desde o dia 05 de junho até hoje. Ele trabalha no setor de vendas e com renda mensal de cinco salários mínimos. Sem mais para o momento e até logo. 12 Redação A06 Recibo Recibo é a declaração escrita que comprova o recebimento de um determinado valor referente a algum tipo de atividade comprovada ou a qualquer tipo de transação comercial. Este gênero é um dos mais utilizados no nosso dia-a-dia. É muito importante dar e receber recibo de qualquer comercialização que você faça, pois ele ajuda no controle das compras e dos gastos. Serve de comprovação para qualquer tipo de transação comercial (compra e venda) de serviços ou produtos. Um recibo pode ser feito a mão, em bloco próprio ou no computador. Os modelos de recibo variam, mas terão o mesmo objetivo, desde que contenham as suas principais partes. Estrutura do recibo a) O nome de quem paga ou recebe. Exemplo: Recebi do(a) Sr(a) Maria Auxiliadora das Dores b) Endereço. Exemplo: Rua ..............., nº........, bairro ....................., cidade.................... Exemplo 3 13 Redação A06 c) A quantia, valor em dinheiro. Exemplo: O valor de R$ 100,00 (cem reais) d) O produto ou serviço prestado. Exemplo: ... pela compra dos estofados e) A data. Exemplo: ... realizada no dia 02/05/2008. f) A assinatura de quem está emitindo o recibo. Exemplo: Sr(a) Fabione de Almeida RECIBO R$ 200,00 Recebi da senhora Maria Auxiliadora das Dores a importância supra de R$ 200,00 (duzentos reais), em dinheiro, referente ao recebimento da parcela correspondente à primeira etapa dos serviços de pintura prestados, conforme instrumento fi rmado em 27 de agosto do corrente ano. Com o recebimento desta parcela restarão ainda quatro parcelas, correspondentes a 80% (oitenta por cento) da empreitada, que serão quitadas mediante a entrega dos serviços correspondentes às respectivas etapas. Por ser a expressão da verdade, dou quitação pela importância recebida e pela etapa de serviços prestados, fi rmando o presente recibo nesta data. Belo Horizonte, 15 de setembro de 2007. Fabione de Almeida É importante a presença de todos os elementos estruturais do recibo para que a informação seja organizada de forma clara. 2Praticando... 14 Redação A06 1. Identifi que as partes da estrutura do recibo e, se estiver faltando alguma parte, reescreva-o, completando com as partes que faltam. Recibo Recebi a quantia referida acima, referente ao serviço prestado a Sra. Maria Turbelina, pintura do portão da casa no referido mês. Atenciosamente, Joaquim José Pintor Na aula 6, estudamos os gêneros declaração, atestado e recibo por meio da análise de alguns exemplos. Vimos a parte estrutural de cada gênero, bem como as diferenças e as semelhanças entre os gêneros declaração e atestado. Por fi m, fi zemos atividades relacionadas aos gêneros focalizados. 15 Redação A06 Leituras complementares MEDEIROS, J. B. Correspondência: técnicas de comunicação criativa. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2008. Este livro traz vários exemplos e exercícios práticos sobre os vários gêneros técnicos. Apresenta o conceito e os objetivos de cada um dos gêneros. PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA. Manual de redação ofi cial. 3. ed. Vitória, 2008. Disponível em: <www.vitoria.es.gov.br/secretarias/administracao/Manual_de_Redacao_ PMV_18-06-08.pdf>. Acesso em: 4 maio 2009. Este site apresenta o manual de redação ofi cial do estado do Espírito Santo. De forma sucinta e clara, o manual mostra diversos exemplos de gêneros técnicos, inclusive de outros gêneros que serão estudados nas próximas aulas. 16 Redação A06 1. Com base no que foi estudado na aula, faça o que se pede: a) Identifi que as principais diferenças entre declaração e atestado. b) Em sua opinião, existe alguma semelhança entre os gêneros recibo, declaração e atestado? Justifi que. 17 Redação A06 2. Elabore um atestado de frequência do Curso Técnico em Operações Comercias do qual você participa. 18 Redação A06 3. Elabore um recibo referente ao pagamento da sua inscrição no Curso de Informática na Escola Técnica de Informática. 19 Redação A06 4. Com base nos dados fi ctícios, elabore uma Declaração, comprovando que você participou de um curso de Técnicas de Redação Ofi cial no período de 1º a 06/03/2000, na Escola Técnica de Leitura. Anotações 20 Redação A06 Referências MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2008. SIGNER, R. Curso prático de redação e gramática. São Paulo: Sivadi Editorial, 2001. 07 Márcia Rossana Oliveira Pinto C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Comunicado e Ordem de serviço REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A07 Na aula anterior, começamos a estudar os gêneros discursivos que são característicos da redação ofi cial. Nesta aula, daremos continuidade ao assunto, estudando dois novos gêneros: o comunicado e a ordem de serviço. Veremos seus elementos constituintes e teremos também algumas atividades para você praticar os gêneros discursivos estudados. Conhecer os gêneros discursivos comunicado e ordem de serviço. Identifi car os elementos constituintes desses gêneros discursivos. Aplicar conhecimentos na área de redação ofi cial tanto para construir o(s) sentido(s) possível(eis) de comunicados e ordens de serviço quanto para produzi-los de forma profi ciente. 2 Redação A07 Para começo de conversa... No mundo em que vivemos, a necessidade de nos comunicarmos, regularmos ouvalidarmos legalmente determinadas relações entre os indivíduos ou instituições exige o uso de documentos que se adeque às situações específi cas do nosso dia a dia. Para compreender melhor, pensemos, por exemplo, num síndico de um condomínio que, por causa de uma viagem a negócio, ausentar-se-á por uma semana e precisa comunicar o fato a todos os moradores daquele prédio. Nessas circunstâncias, o síndico não poderá sair batendo de porta em porta para avisar, ele terá que preparar um documento para informar sobre sua ausência. Nesse caso, você sabe qual seria esse documento? Como deve ser escrito? Outra situação, também como ilustração: uma determinada pessoa, que exerce um cargo de secretário na esfera pública, precisa passar algumas ordens aos seus subordinados. Para isso, o que ele deve fazer? Apenas telefonar? Ou redigir um documento específi co para essa fi nalidade? E qual seria esse documento? Um comunicado ou uma ordem de serviço? Agora, você deve querer saber: o que é um comunicado e o que é uma ordem de serviço? Qual a função de cada um deles? Do que se constituem e como se organizam? Procuraremos, então, responder a essas indagações no decorrer da aula. 3 Redação A07 Comunicado O comunicado é um tipo de aviso ou recado ofi cial, que é utilizado com o objetivo de passar uma determinada informação. Uma empresa, um colégio, órgãos da administração pública, entre outros costumam promover eventos, reuniões, etc., com divulgação nos meios de comunicação. Essa divulgação é feita através do comunicado. O comunicado apresenta duas formas de circulação que podem ser interna ou externa, de acordo com o objetivo. A comunicação interna circula dentro da própria instituição e apresenta um formato semelhante ao formato do memorando (gênero que será estudado posteriormente, na aula 12). Já a comunicação externa é divulgada para outras instituições e apresenta um formato semelhante ao formato do edital (este gênero não será abordado neste curso, mas há bibliografi a disponível para consultar, caso tenha interesse). Tipos de comunicado Existem diversos tipos de comunicado: de reunião, de evento, de modifi cação de um local ou uma data, etc. Irá depender do objetivo do comunicado. Se for comunicar sobre uma reunião, então teremos o comunicado de reunião, se for para informar sobre um determinado evento, então será um comunicado de evento e, assim, sucessivamente. Um comunicado apresenta uma estrutura básica para qualquer que seja o tipo. Vejamos o que essa estrutura deve conter: Estrutura básica do comunicado • Nome dos organizadores: Exemplo: Prefeitura Municipal de Natal; Escola de Pesca do Rio Grande do Norte. • Objetivo: Exemplo: A inauguração do Centro de Integração foi transferida para outra data. • Local e data: Exemplo: Natal, 15 de maio de 2007. • Assinatura: Exemplo: Fulano de Tal/ Cargo 4 Redação A07 Exemplo 1 No Exemplo 1, temos o modelo de um comunicado externo. Esse comunicado tem o objetivo de informar a mudança de datas de um determinado evento de inauguração. 5 Redação A07 Exemplo 2 Fonte: Martins e Zilberknop (2008). 1Praticando... 6 Redação A07 No Exemplo 2, temos um modelo de comunicado interno. Perceba que, no início, logo após o nome da instituição, temos o nome comunicado interno, o número do comunicado e o ano. Logo após, temos a ordem de quem está mandando o comunicado e para quem é destinada esta informação. Após, temos no corpo do texto as informações essenciais atingindo o objetivo do comunicado, que é informar. 1. Analise o Comunicado abaixo e veja se está de acordo com o que foi estudado. Se não estiver, reescreva-o, acrescentando as informações necessárias. 7 Redação A07 2. Marque as alternativas corretas: ( ) O comunicado apresenta duas formas de circulação: interna ou externa. ( ) A comunicação interna circula tanto dentro da própria instituição como para outra instituição. ( ) A assinatura não é parte obrigatória na estrutura do comunicado. ( ) Existem diversos tipos de comunicado: reunião, evento, divulgação, etc., depende do objetivo de cada um. ( ) É opcional o uso de local e data no comunicado. 3. Releia as afi rmações da atividade anterior e, nos itens que você não marcou como corretas, circule a(s) palavra(s) que o/a levaram a esse julgamento e justifi que. 8 Redação A07 Ordem de serviço De acordo com Martins e Zilberknop (2008), a ordem de serviço é o ato através do qual são expedidas determinações a serem executadas por órgãos subordinados ou por servidores dos mesmos. A ordem de serviço é uma comunicação ofi cial de circulação interna ou interdepartamental. A ordem de serviço interdepartamental circula entre os departamentos de uma empresa ou instituição e apresenta numeração própria. Já a ordem de serviço interna circula dentro do próprio departamento de uma empresa ou instituição e também apresenta numeração própria. Estrutura básica de uma ordem de serviço Toda ordem de serviço, seja ela interna ou interdepartamental, apresenta algumas características comuns entre si. Vejamos as principais partes para a estruturação desse gênero: • Timbre da instituição: Exemplos: SECRETARIA DA JUSTIÇA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA SUPERVISÃO DE APOIO ADMINISTRATIVO • Número da ordem de serviço: Exemplo: ORDEM DE SERVIÇO Nº 001/99 • Nome ou cargo de quem está expedindo a ordem de serviço: Exemplos: O SECRETÁRIO DE ESTADO DA JUSTIÇA O SUPERVISOR ADMINISTRATIVO • Texto contendo as informações (conteúdo) da ordem de serviço: Exemplo: O SECRETÁRIO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições, Considerando: 9 Redação A07 a) que a Ordem de serviço nº 007/98 desativou ... • Local e data: Exemplo: Porto Alegre, 28 de março de 1999. • Assinatura: Exemplo: FULANO DE TAL Secretário de Estado da Justiça Exemplo 3 Fo nt e: M ar tin s e Zi lb er kn op ( 2 0 0 8 , p . 2 3 8 ). 2Praticando... 10 Redação A07 Neste exemplo, encontramos todos os elementos da estrutura de uma ordem de serviço. Você percebe também toda a disposição textual, como os elementos aparecem e a linguagem utilizada. 1. Explique, com suas próprias palavras, o que é ordem de serviço. 2. Leia cada uma das afi rmações abaixo sobre ordem de serviço. Em seguida, preencha os parênteses com C para as assertivas corretas e E para as erradas. ( ) A ordem de serviço se classifi ca em interna e externa. ( ) Na estrutura básica da ordem de serviços não é necessário o timbre da instituição e assinatura. ( ) O objetivo da ordem de serviço é expedir ordens a serem executadas por diversos órgãos. ( ) A linguagem utilizada deve ser objetiva e informal, para que o destinatário compreenda com facilidade. ( ) A ordem de serviço apresenta uma numeração própria. 11 Redação A07 3. Releia as afi rmações do item 2. Observe o que existe de errado nas opções marcadas com E; na sequência, reescreva essas afi rmações de forma que elas se tornem corretas. Leituras complementares MEDEIROS, J. B. Correspondência: técnicas de comunicação criativa. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2008. É um livro que trata exclusivamente de técnica redacional e das normas gerais para a elaboração da correspondência ofi cial, comercial, bancária e particular, incluindo sua caracterização, bem como modelos e comentários sobre cada gênero. Traz, por fi m, um anexo contendo o Manual de Redação da Presidência da República, que dispõe sobre a padronização das comunicações ofi ciais. Indicamos também, como sugestão de consulta, os seguintes sites: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA – INEP. Disponível em: <www.inep.gov.br>. Acesso em: 12 maio 2009. MUNDO EDUCAÇÃO. Redação. Disponívelem: <www.mundoeducacao.com.br/redacao>. Acesso em: 12 maio 2009. Esses sites apresentam informações gerais sobre os documentos que você acabou de ver e oferece algumas dicas para sua elaboração. 12 Redação A07 Estudamos, nesta aula, os gêneros discursivos Comunicado e Ordem de Serviço. Vimos que o comunicado tem por objetivo passar uma determinada informação que pode ser interna ou externa, mas sempre com a mesma estrutura. Já a ordem de serviço é um tipo de comunicação interna, que tem por objetivo sempre emitir uma ordem para execução de um serviço. Vimos ainda que ambos são gêneros discursivos com estrutura e estilo específi cos e previamente defi nidos. Agora, com base nas orientações que você estudou sobre comunicado e ordem de serviço, procure atender ao desafi o desta última atividade proposta abaixo, como uma oportunidade de demonstrar que realmente assimilou o conteúdo visto. 1. Suponha que você fi cou responsável de informar ao público da Escola de Dança de Pelotas, a mudança do número de telefone e a data para novas matrículas. Sendo assim, elabore uma comunicação, informando ao público sobre o novo telefone e a data de matrícula. 13 Redação A07 2. Imagine que você é o/a novo(a) Secretário(a) de Educação da sua cidade. Elabore uma ordem de serviço referente aos serviços a serem realizados nas escolas de onde você mora. 14 Redação A07 Referências GONÇALVES, H. de A. Manual de resumos e comunicações científi cas. São Paulo: Avercamp, 2005. MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 15 Redação A07 Anotações 16 Redação A07 Anotações Márcia Rossana Oliveira Pinto 08 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S E-mail e carta comercial REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A08 Dando continuidade as aulas sobre os gêneros discursivos próprios da redação ofi cial, estudaremos, nesta aula, outros dois novos gêneros: o e-mail e a carta comercial, também muito utilizados no nosso dia-a-dia. Estudaremos seus conceitos, suas principais características e a estrutura de cada um desses gêneros. Teremos também algumas atividades para você praticar os gêneros textuais estudados. Conhecer os gêneros textuais e-mail e carta comercial. Identifi car os elementos constituintes do e-mail e carta comercial. Aplicar conhecimentos na área de redação ofi cial tanto para construir o(s) sentido(s) possível(eis) de e-mails e cartas comerciais, quanto para produzi-los de forma profi ciente. 2 Redação A08 Para começo de conversa... Toda pessoa que deseja se comunicar com outra, seja no próprio ciclo de amizade ou com pessoas de outras cidades, estados, países, enfi m, de qualquer lugar do planeta, necessitará de uma forma para que a comunicação seja efetuada com efi ciência. Nesse caso, você poderá usar de vários tipos de comunicação, entre eles o E-mail e a Carta comercial. Mas, o que vem a ser esses gêneros? Para que serve o E-mail? Quando utilizar o e-mail e quando utilizar a carta? Do que e como se constitui? O que é ou não recomendável em um E-mail e numa Carta comercial? Tentaremos responder a essas perguntas a partir dos tópicos seguintes, os quais lhe darão uma idéia geral sobre esse tema. Metonímia Consiste na substituição de um nome por outro, porque entre eles existe alguma relação de proximidade. 3 Redação A08 E-mail Com o avanço tecnológico surgiu a internet. O uso dessa ferramenta possibilita fazer pesquisas, ler notícias, conhecer e “bater papo” com pessoas do mundo inteiro, enfi m, facilitou muito a nossa vida. Tudo é muito mais rápido e, devido a esses avanços, também vão surgindo novas formas de textos, gêneros novos. O termo e-mail (electronic mail) é utilizado, em inglês, para o sistema de transmissão e, por metonímia, para o texto produzido para esse fi m. O mesmo termo é ainda utilizado para o endereço eletrônico de cada usuário. Em português, nos referimos ao canal como correio eletrônico e ao texto como mensagem eletrônica. O e-mail ou mensagem eletrônica é, geralmente, produzido pela mesma pessoa que a transmite e o receptor é, quase sempre, o destinatário da mensagem. O envio e a entrega de mensagens são mediados por um ou mais provedores de internet e seu tráfego é determinado pela rede mundial de computadores, mas qualquer que seja a rota seguida, a entrega é, geralmente, feita em segundos. Esse gênero apresenta características de outros gêneros textuais, como o memorando, a carta, o bilhete, a conversa face a face e a conversa telefônica. Tipos de e-mail Os e-mails variam de acordo com o destinatário. Se você dirigir o e-mail para uma pessoa com quem tem intimidade, em uma situação de informalidade, o e-mail pode ser breve, apresentar fi guras (emoticons), as palavras podem ser abreviadas. Já no e-mail comercial, destinado a uma pessoa envolvida em situação profi ssional, solicitando algo, por exemplo, a linguagem deve ser formal, sem utilização de fi guras nem abreviações. Estrutura do e-mail O e-mail apresenta uma estrutura comum a qualquer tipo. Assim, todo e-mail deve conter: Destinatário: a quem você destina a mensagem; Exemplo: Para: Paula Morais Exemplo 1 4 Redação A08 Assunto: o que será abordado no corpo do texto; Exemplo: Assunto: Atividade de redação Vocativo: para quem você está destinando a mensagem; Exemplos: Para um e-mail pessoal: Oi, Amiga; Paula; Para um e-mail comercial: Sra. Paula; Sr. Fulano de Tal... Corpo do texto: conteúdo do texto; Despedida: uma saudação de despedida Exemplos: Para um e-mail pessoal: tchau, beijos Para um e-mail formal, comercial: Atenciosamente, Grata Assinatura. Exemplo: Fulano de tal Fonte: Cereja e Magalhães (2005). Exemplo 2 5 Redação A08 Neste exemplo, temos um e-mail de ordem pessoal. A linguagem utilizada é bem característica da linguagem informal. Nesse tipo de e-mail é permitida essa linguagem por se tratar de um grau de intimidade estabelecida entre o emissor e o destinatário da mensagem. Diferente do que veremos no exemplo a seguir: Já nesse outro e-mail, observe que o grau de intimidade é praticamente nulo. Ele apresenta uma linguagem mais formal, que se adéqua ao objetivo da mensagem. Verifi camos, porém, que tanto o e-mail informal como o formal apresentam os mesmos elementos estruturais. A diferença está no conteúdo da mensagem e na linguagem utilizada. 1Praticando... 6 Redação A08 1. Leia cada uma das afirmações abaixo. Em seguida, preencha os parênteses com SIM para as assertivas corretas e NÃO para as erradas. a) O E-mail também pode ser chamado de Correio eletrônico, eo envio e a entrega são mediadas pela internet. (_______) b) O Correio eletrônico é o nome que damos à mensagem, e mensagem eletrônica é o canal de transmissão. (_______) c) A estrutura básica do e-mail é: destinatário, assunto, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura. (_______) d) Esse gênero não apresenta características com outros gêneros discursivos. (_______) e) O E-mail pode ser formal ou informal, mas a linguagem utilizada é a mesma nas duas situações. (_______) 2. Releia as afi rmações da atividade anterior e justifi que os itens que você marcou com NÃO. 7 Redação A08 3. Elabore um e-mail para uma empresa de telemarketing, solicitando uma vaga de emprego nesta empresa. Empregue a linguagem formal. 8 Redação A08 Carta comercial De acordo com Martins e Zilberknop (2008), a carta comercial é a correspondência tradicionalmente utilizada pela indústria e comércio. A carta comercial tem diversas fi nalidades: solicitação, cobrança, comunicado, etc. e pode ser classifi cada em dois tipos: a carta comercial tradicional e a carta comercial moderna. As duas apresentam uma estrutura comum. O que vai diferenciá-las é a distribuição na forma do texto. A linguagem desses tipos de carta deve ser clara, simples, objetiva, formal e correta. A forma de tratamento mais comum é Senhor(a). Tipos de carta comercial Na carta comercial tradicional o texto é dividido em vários parágrafos, inicia-se sempre na margem esquerda, dando o recuo do parágrafo. Já na carta comercial moderna o texto é feito a partir da margem esquerda, mas sem apresentar o recuo. É a mais usada hoje em dia. Estrutura da carta comercial Uma carta comercial, seja tradicional ou moderna, deve apresentar a seguinte estrutura: Timbre da empresa Exemplo: Academia malhação Local e data Exemplo: Porto Alegre, 6 de agosto de 1998. Destinatário Exemplo: Sr. Fernando Barros &Cia. Ltda. Vocativo Exemplo: Prezados senhores, Corpo do texto Exemplo: Em resposta ao que foi solicitado.... Exemplo 3 9 Redação A08 Fecho da carta Exemplo: Sem mais que se apresente para o momento, .... Despedida Exemplo: Atenciosamente, Assinatura Exemplo: Fulano de tal.... Modelo de Carta Comercial Tradicional TIMBRE DA EMPRESA Rua X – Porto Alegre – Cx. 1000 Porto Alegre, 6 de agosto de 1998. A Fernando Barros & Cia. Ltda. Av. Rio Branco, 1 – cj. 700 Rio de Janeiro – RJ Prezados Senhores: Em resposta à solicitação feita pelo escritório de V.Sas, representado, em nossa cidade, pelo Sr. Marcelo Silveira, informamos que seguiram, via aérea, dez (10) caixas dos medicamentos pedidos. Outrossim, comunicamos que a duplicata nº 086013, no Banco do Comércio S.A, emitida por V. Sas., em 3 de outubro do corrente ano, já foi encaminhada, em 29 de outubro p.p. ao Departamento de Cobrança para as providências cabíveis. Sem mais que se apresente no momento, subscrevemo-nos Atentamente FULANO DE TAL DIRETOR Fonte: Martins e Zilberknop (2008, p.165). 10 Redação A08 Exemplo 4 Modelo de Carta Comercial Moderna TIMBRE DA EMPRESA Rua X- Porto Alegre – Cx. Postal, 1000 6 de agosto de 1998. Fernando Barros & Cia. Ltda. Prezados Senhores Seguiram, pela VARIG, dez caixas dos medicamentos solicitados por Marcelo Silveira. Sua duplicata já foi encaminhada ao Departamento de Cobrança. Atentamente Tiago Almeida DIRETOR 2Praticando... 11 Redação A08 1. A Carta comercial a seguir, produzida a partir de dados fictícios, apresenta alguns problemas de estrutura, concisão e correção linguística. Reescreva-a, garantindo-lhe as qualidades necessárias. S&S EMPRESAS São Paulo, 10/03/08 Caro amigo Sr. Juvêncio Como está o senhor? É com muita satisfação, que escrevo está singela carta, para informa-lhes que assumimos nesta data de hoje o controle acionário dos Laboratórios SALONPAS. Assim sendo, cabem-nos todos os direitos e obrigações da citada empresa. Brevemente, nos próximos dias manteremos contato pessoal com todos os clientes e fornecedores. Esperamos continuar a receber dos Senhores a mesma confi ança depositada em nossos antecessores. Até logo, lembranças a todos. Ciprino Focus Diretor da S&S empresas 12 Redação A08 2. Você é funcionário da empresa X&X e fi cou responsável por produzir uma carta comercial para uma outra empresa. A partir das informações dadas abaixo, produza uma carta comercial no espaço destinado a esse fi m. Empresa: X&X TELEFONES Data: 2 de fevereiro de 2007 Destinatário: Gil Focus, Diretor do Armazém de livros Assunto: informar mudança de endereço da empresa X&X TELEFONES 13 Redação A08 Leitura complementar MEDEIROS, J. B. Correspondência: técnicas de comunicação criativa. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2008. Este livro traz vários exemplos e exercícios práticos sobre os vários gêneros técnicos. Apresenta o conceito e os objetivos de cada um dos gêneros. 14 Redação A08 Estudamos nesta aula dois gêneros textuais: o e-mail e a carta comercial. Vimos que o e-mail tem por objetivo facilitar a comunicação entre as pessoas. Vimos que a carta comercial é uma correspondência do nosso cotidiano, utilizada por indústrias e comércios para a sua comunicação. As cartas comerciais são divididas em tradicionais e modernas, diferenciando-se apenas na parte estrutural. Vimos ainda que ambos são documentos com estrutura e estilo específi cos e previamente defi nidos. Agora, com base nas orientações que você recebeu sobre comunicado e ordem de serviço, procure atender ao desafi o desta última atividade proposta abaixo, como uma oportunidade de demonstrar que realmente assimilou o conteúdo visto. 1. Faça um comentário sobre o gênero e-mail, para que serve e quais são as suas principais características. 15 Redação A08 2. O que é uma carta comercial e qual a sua fi nalidade? 3. Aponte as diferenças entre carta comercial tradicional e a carta comercial moderna. 4. Aponte as principais semelhanças e diferenças entre o E-mail e a Carta Comercial. 16 Redação A08 Referências CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Texto e interação: uma proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos. 2. ed. São Paulo: Atual, 2005. GONÇALVES, H. DE A. Manual de resumos e comunicações científi cas. São Paulo: Avercamp, 2005. MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S.; Português instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2008. SIGNER, R., Curso prático de redação e gramática. São Paulo: Sivadi Editorial, 2001. 09 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Ficha de registro de reunião e ata REDAÇÃO Maria Tânia Florentino de S. Nascimento Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A09Nessa aula, estudaremos mais dois gêneros discursivos que poderão auxiliá-lo em algumas tarefas da vida escolar, profi ssional e particular: a fi cha de registro de reunião e a ata. Esses gêneros foram incluídos em uma única aula porque apresentam objetivos muito próximos e com poucas diferenças em suas estruturas. Estudaremos os conceitos desses gêneros, suas principais características e a estrutura de cada um. Teremos também algumas atividades para você praticar os gêneros textuais estudados. Conhecer os gêneros discursivos fi cha de registro de reunião e ata. Entender a função social desses gêneros na sociedade em que vivemos. Compreender a estrutura composicional e o tipo de linguagem que esses gêneros requerem. Aplicar o conhecimento sobre as especifi cidades da fi cha de reunião e da ata para ler e escrever, com profi ciência, textos nesses gêneros discursivos. 2 Redação A09 Para começo de conversa... Fonte: <www.brokenjeff.blogspot.com/2008>. Acesso em: 3 maio 2009. Na tira acima, o Calvin chama o amigo Haroldo para uma reunião, mas, na hora marcada, ele ainda está se preparando. O humor desse texto é gerado pela quebra de expectativa, pois se o Calvin havia marcado tal encontro é porque sabia exatamente o que iria tratar. Entretanto as engrenagens, linguagem não-verbal que aparecem nos balões do segundo e do último quadro, nos dão a entender que as ideias, os pensamentos, do Calvin ainda estão em fase de concatenação, de arrumação. 3 Redação A09 Essa tira serve para ilustrar o quanto é relevante programar-se para uma reunião, elaborando uma pauta e/ou um discurso. Da mesma forma, devemos nos precaver, pois algumas situações de ordem escolar, profi ssional ou particular podem exigir de nós um documento como uma fi cha de registro de reunião ou uma ata e, sendo assim, precisamos saber utilizá-los e produzi-los. É bom lembrar que tão importante quanto redigir uma pauta e/ou discurso para uma reunião é produzir um documento (fi cha de registro de reunião e/ou ata) que contemple os encaminhamentos do encontro. Nesse sentido, há situações cotidianas que demandam a elaboração de uma fi cha de registro de reunião ou de uma ata, como por exemplo, para registrar o que ocorreu em uma assembléia de condomínio, de um conselho comunitário, de um grupo de instituição religiosa, de trabalho, de congresso etc. Embora esses gêneros não sejam tão corriqueiros, dependendo da área em que atuamos, serão importantes para sabermos nos orientar com a fi nalidade de ter ciência sobre o que foi discutido e o que fi cou acordado entre os participantes de um evento. Ficha de registro de reunião A fi cha de registro de reunião é um gênero bem simples. Trata-se do registro, em forma de fi cha, do que ocorreu e foi decidido em uma assembléia. O texto é escrito dessa forma por motivo de economia de tempo, de trabalho e também para facilitar seu armazenamento e leitura. Ainda que não possua valor jurídico, é prático, fácil de preencher e de manusear. Esse é um dos gêneros sobre o qual não há muita literatura. Encontramos somente um livro que fala, sucintamente, no entanto, de forma clara, sobre esse texto. O livro é Português instrumental de Martins e Zilberknop que citamos no fi m da aula. Exemplo 1 PARTICIPANTES FICHA DE REGISTRO DE REUNIÃOFICHA DE REGISTRO DE REUNIÃO Subgerentes e assessores 10a Del. Faixa Fronteira TIPO DE REUNIÃO ASSUNTOS TRATADOS CONCLUSÕES Treinar Subgerentes e Assessores para execução do Subprojeto 35.5 - Educação Geral Nível 3 OBJETIVOS Manhã: 8h30min às 11h30min Tarde: 13h30min às 18h DURAÇÃO 18/02/09 - 5a feira DATA Gerente G.T 35.5 Profa. Fulana de Tal COORDENADOR - Abertura - Sr. ........... ..................................... Diret do Dep.: Importân- cia do Ensino Supletivo. - Elemento do N.A.A., Prof............................... Esclarecimento sobre passagens, estadas e remuneração. - Gerente do G.T. 35.5: Linhas gerais do desen- volvimento do curso; apresentação do plano do encontro. - Esclarecimento sobre: ficha do aluno, boletins de frequência................ - Alternativas de carga- horária de acordo com a realidade local. - Esclarecimento sobre material didático: seu custo para o aluno, locais de venda.............. - Elemento do Dep. ficou encarregado de levar ao Diretor pedido de melhor remuneração para o professor. - Observação: A discussão dos problemas levantados foi feita através de pergun- tas por escrito, recolhi- das e posteriormente debatidas com os repre- sentantes das DELEGA- CIAS. - Distribuição de subsí- dios relacionados com o nível 3 (5a e 6a séries). - Relatora.................... .................................... - Gerente...................... ................................... - Assessores................ ..................................... - Demais participantes ..................................... D.E.E 4 Redação A09 Fonte: MARTINS e ZILBERKNOP, 2008, p. 211. 5 Redação A09 Estrutura da fi cha de registro de reunião Como podemos perceber no exemplo 1, a fi cha de registro de reunião apresenta a seguinte estrutura: título; iniciais do departamento da instituição; tipo de reunião; data; duração; objetivos; coordenador; assuntos tratados; conclusões; participantes. Essa estrutura facilita a escrita do redator e a pesquisa por algum item do evento. Ata A ata é um documento de valor jurídico que expressa o resumo escrito fi el do que se disse ou se fez em uma reunião conclamada para um determinado fi m, ou seja, em um momento mais ou menos solene, como em assembléia, júri, corporação, encontro, convenção etc. A ata é, em geral, lavrada a próprio punho pelo secretário e em livro próprio, com as páginas rubricadas pela autoridade máxima da entidade que redigirá os termos de abertura e de encerramento. Todavia, essa autoridade pode delegar à outra pessoa a tarefa de autenticar todas as páginas do livro e de redigir os termos de abertura e encerramento. O texto da ata deve ser lavrado de forma que não se possa acrescentar-lhe nem retirar- lhe nada. Por isso ela não apresenta parágrafos e seu texto ocupa todo o espaço da linha. Ainda, não deve haver espaços em branco ou rasuras, nem abreviações e os números devem ser escritos por extenso. É importante ressaltar também que todas as 6 Redação A09 páginas do livro devem ser enumeradas. Assim, evitamos enganos e fraudes, já que esse documento tem valor jurídico. Você deve estar pensando que é muito difícil produzir uma ata, uma vez que não deve conter rasuras. Mas alguém pensou nisso e abriu um espaço para retifi cações. Se durante o ato da escritura for constado erro e/ou omissão, o secretário deverá escrever a palavra “digo”, redigindo em seguida a omissão e/ou a retifi cação. Se o engano for constatado somente ao fi nal da ata, deve-se grafar a expressão: “Em tempo: Onde se lê..., leia-se...”. Outra especifi cidade é que, quem redige e lavra a ata, é o secretário (efetivo do órgão/ instituição ou ainda uma pessoa designada para o momento). A ata é assinada por todos os presentes, ou somente pelo presidente e pelo secretário, se houver registro específi co de frequência. As assinaturas devem vir uma em cada linha do livro e ao lado de cada uma delas o cargo exercido por aquela pessoa. Vale lembrar que o tempo verbal, de preferência, para a redação da ata é o pretérito perfeito do indicativo. Atualmente, com a chegada do computador, é permitida a transcrição da ata em folhas digitadas, desde que essas laudas sejam adequadamente arquivadas em livros de atas com os devidos termos de abertura e fechamento, rubricando-se as páginas. Nesse caso, as correções dos textos são dispensadas,no entanto se identifi carmos algum erro ou imprecisão em alguma ata, faremos a retifi cação apresentando uma nova escritura para o trecho. Depois disso, este é submetido novamente à aprovação da assembléia para só então ser reconhecido e assim consagrado. Se isso acontecer, o novo documento será consagrado no dia em que foi aprovado, sendo necessário mencionarmos a ata e o trecho original. Veja a seguir os exemplos para os termos de abertura e de encerramento do livro de atas. Exemplo 3 7 Redação A09 Termo de encerramento Exemplo 2 Termo de abertura Agora vejamos alguns exemplos de atas. Exemplo 4 8 Redação A09 Fonte: Medeiros (2008, p. 278). Exemplo 5 9 Redação A09 Fonte: Martins e Zilberknop (2008, p. 150). 10 Redação A09 Estrutura básica da ata Conforme podemos notar nos exemplos 4 e 5, e segundo Medeiros (2008, p. 278), a ata segue uma estrutura, apresentando alguns elementos constitutivos: a) localizadores temporais: dia, mês, ano e hora da reunião (sempre por extenso); b) espaço da reunião: local (sede da instituição, rua, nº, cidade); c) nome e sobrenome das pessoas presentes, com respectivas qualifi cações; d) declarações do presidente e secretário; e) assuntos tratados (ordem do dia); f) fecho; g) assinaturas de presidente, secretário e participantes da reunião. Semelhanças e diferenças O primeiro gênero (fi cha de registro de reunião) está mais voltado para o campo das redações técnicas (das instituições privadas) e o segundo (ata) se encontra dentro das redações ofi ciais (das instituições públicas, embora também sejam adotadas na iniciativa privada). Segundo Medeiros (2008), redação ofi cial é o meio pelo qual se procura estabelecer relações de serviço na administração pública. Para que tais relações obtenham efetividade, traçam-se normas de linguagem e padronização no uso de fórmulas e estética para as comunicações escritas. Vimos também que a fi cha de registro de reunião é escrita dentro de quadros, enquanto que a ata é redigida em forma de apenas um parágrafo explicativo. Por fi m, estudamos que a estrutura constitutiva dos dois gêneros é quase a mesma, sendo que a fi cha de registro de reunião é dividida em: tipo de reunião, data, duração, objetivos, coordenador, assuntos tratados, conclusões e participantes; já a ata é constituída por: localizadores temporais, espaço da reunião, nomes das pessoas presentes, declarações do presidente e secretário, assuntos tratados, fecho e assinaturas. 1Praticando... 11 Redação A09 1. Leia as assertivas abaixo e marque (F) para fi cha de registro de reunião e (A) para ata. ( ) Esse registro dos atos e decisões tem valor jurídico. ( ) É um gênero discursivo prático, fácil de preencher e de manusear. ( ) O texto é lavrado a próprio punho pelo secretário e em livro próprio, com as todas as páginas rubricadas e numeradas. ( ) O livro para registrar esses documentos tem uma nota de abertura e uma outra de encerramento. ( ) Por motivo de economia, espaço de tempo e praticidade, esse texto é redigido em forma de fi chas. ( ) Com a modernização das tecnologias, é permitida a transcrição desses gênero discursivo em folhas digitadas, desde que adequadamente arquivadas em livros com os devidos termos de abertura e fechamento, rubricando-se as páginas. 2. O que a fi cha de registro de reunião e a ata têm em comum? Justifi que. 12 Redação A09 3. Verifi que o que não está adequado na fi cha de registro abaixo e justifi que em seguida: FICHA DE REGISTRO DE REUNIÃOFICHA DE REGISTRO DE REUNIÃO Chefe e subordinados do setor de Recursos Humanos TIPO DE REUNIÃO ASSUNTOS TRATADOS PARTICIPANTESCONCLUSÕES Rever os critérios de recrutamento de pessoas para a admissão. OBJETIVOS Manhã: 9h às 12h DURAÇÃO 18/03/09 - 4a feira DATA Chefe do setor de Recursos Humanos Sr. Paulo de Souza COORDENADOR - Abertura - Sr. Paulo de Souza Chefe do Departamen- to: leitura de uma pesquisa interna sobre contratação de pessoal. - Psicóloga Lidiane Gomes de Melo: escla- recimento sobre a meto- dologia do recrutamento e apresentação de novos parâmetros para a seleção . - Aumento dos salários dos funcionários da administração. D.E.E 13 Redação A09 Leituras complementares <www.tc.df.gov.br/portal/index> <www.elirferrari.pro.br> <www.agendanaza2007.blogspot.com> Nos endereços eletrônicos citados, anteriormente, existem ótimas informações sobre muitos gêneros de redação ofi cial. O primeiro é o endereço do Tribunal de Contas do Distrito Federal. O segundo é do professor Elir Ferrari de Freitas, mestre em Linguística, professor de língua portuguesa da UERJ e já lecionou redação ofi cial no curso superior de Secretariado Escolar da Associação de Ensino Superior São Judas Tadeu, SJT, Brasil. O terceiro endereço também é de um professor de português. Em todos eles, você encontrará ótimas dicas para produzir bons textos de redação ofi cial. Schlittler, José Maria Martins. Manual prático de redação profi ssional. Campinas: Editora Servanda, 2008. Esse é um dos poucos livros, como o Português instrumental (MARTINS; ZILBERKNOP, 2008), que traz a fi cha de registro de reunião, pois como é um gênero mais simples, é pouco comentado nos manuais da área. Esse texto ainda trata de considerações importantes sobre a língua, bem como dos diversos gêneros da redação ofi cial e técnica. 14 Redação A09 Nesta aula, vimos que tanto a fi cha de registro de reunião como a ata servem para registrar o que se passou e foi acordado em uma plenária. Ainda que a fi cha de registro não tenha validade para fi ns jurídicos, é mais prática e mais fácil de manusear do que a ata, a qual exige mais formalidade. Porém, os dois gêneros têm suas funcionalidades, basta que você analise o objetivo de cada texto a fi m de escolher qual deverá ser produzido. Vimos ainda, as diferenças e semelhanças estruturais de um e de outro. 1. Complete a fi cha de reunião com as orientações que seguem. O Setor Financeiro da empresa de transportes urbanos Viagem Tranquila realizou uma reunião a fi m de analisar quais os gastos que poderiam ser cortados das despesas da empresa, visto que a receita está menor. O encontro foi realizado no dia 15 de abril de 2009 às 14h, estendendo-se até às 17h. A coordenação da reunião foi do próprio Chefe do Departamento. Quanto às informações restantes, você pode completar, adequadamente, de acordo com esses itens iniciais. 15 Redação A09 FICHA DE REGISTRO DE REUNIÃOFICHA DE REGISTRO DE REUNIÃO TIPO DE REUNIÃO ASSUNTOS TRATADOS PARTICIPANTESCONCLUSÕES OBJETIVOS DURAÇÃODATA COORDENADOR D.E.E 16 Redação A09 2. Preencha as partes constituintes da ata abaixo, uma vez que você pode utilizar seu conhecimento de mundo para completar, adequadamente, cada espaço. ATA DA 15ª SESSÃO ORDINÁRIA DE 2009 Aos ............................................ dias do mês de ................................. do ano de ............ .........................................................., às .......................................... horas e .................. ................................................ minutos, em segunda convocação no quinto andar do prédio .................................................................................................., situado na Avenida .......... .........................................................................................., nº ............................................ ....., no bairro ........................................, nesta cidade, sob a Presidência do Sr. .................... ..........................................................................., tendo como Secretário o Sr. ..................... .......................................................................................................................................... ....................................., presentes os Srs. ........................................................................ ......................................................., .................................................................................. ............., ...................................... .................................................., .................................. .................................................. ............................................ e ......................................................................................., realizou-se a 15ª sessão ordinária do ano do Conselho Comunitário do bairro de ......................... ........................... Lida pelo Sr. Secretário, a Ata da sessão anterior foi aprovada sem restrições. O expediente constou da leitura de cartas, ofícios e pareceres recebidos, respectivamente, de ..................................................................., ....................................................................... ..... e ........................................................ Na ordem do dia, foram, unanimente, aprovadas as sugestões de enviar um documento à Prefeitura Municipal de ................................................. ................... a fi m de solicitar o recapeamento do asfalto da Avenida das Nações, a construção de uma parada de ônibus em frente ao Colégio Municipal ......................................................... .............................. e ...................................................................................................... A seguir, o Sr. Presidente declarou encerrada a sessão e convocou os presentes para a próxima reunião, no dia ......................................, às ................ horas. Eu, ............................................ ............ Secretário, lavrei a presente Ata, que assino com o Sr. Presidente e demais participantes. Assinaturas: 17 Redação A09 Referências LUFT, Celso Pedro et al. Novo manual de português: redação, gramática, literatura, ortografi a ofi cial, textos e testes. 13. ed. São Paulo: Globo, 1990. MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português instrumental. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2008. MEDEIROS, João Bosco. Correspondência: técnicas de comunicação criativa. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2008. Disponível em: <www.cmvciriaco.com.br/informacoes/imprensa>. Acesso em: 15 out. 2009. TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL. Disponível em: <www.tc.df.gov.br/portal/ index>. Acesso em: 15 out. 2009. Anotações 18 Redação A09 Anotações 19 Redação A09 Anotações 20 Redação A09 Glícia M. Azevedo de M. Tinoco 10 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Contrato REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A10 A aula 10 tem por objeto de estudo o gênero discursivo contrato. Esse gênero é especialmente importante nas relações comerciais e de trabalho. Daí a relevância de entendermos adequadamente o que representa um contrato, quais são suas especifi cidades em termos de estrutura composicional e de linguagem, qual é a função social desse gênero, que cuidados devemos ter ao ler, ao produzir e, principalmente, ao assinar um contrato. Ao fi m desta aula, você terá subsídios para compreender melhor os itens elencados. Conhecer o conceito do gênero discursivo contrato. Entender a função social desse gênero na sociedade em que vivemos. Compreender a estrutura composicional e o tipo de linguagem que esse gênero requer. Aplicar o conhecimento sobre as especifi cidades do contrato para ler e escrever, com profi ciência, textos nesse gênero discursivo. 2 Redação A10 Para começo de conversa... Em sociedades marcadas pela oralidade, tais como o Brasil, transações comerciais (compra e venda de imóveis, animais, veículos) e prestação de serviços foram, por muito tempo, realizadas tomando por base a “palavra de honra” fi rmada entre o vendedor e o comprador ou o prestador de serviços e a pessoa que o pagava. Todavia, a ampliação das funções sociais da escrita vem operando alterações signifi cativas nesses tipos de transação em todo o mundo. Ainda é possível combinar apenas oralmente os serviços de um pedreiro, por exemplo, e o valor que será pago a ele. Contudo, na atualidade, para garantir o cumprimento dos deveres de cada pessoa envolvida nessa situação, há uma tendência a se fi rmar um contrato. Justifi ca essa necessidade o fato de a função documental da escrita ser muito valorizada pela sociedade grafocêntrica em que vivemos. Isso signifi ca afi rmar que, diferentemente do que ocorria há alguns anos, um acordo apenas oral, feito entre duas ou mais pessoas, parece não ser sufi ciente de alguns anos para cá. É necessário fi rmar – por escrito – um contrato. Esse documento requer cuidados especiais na leitura, na produção e, principalmente, na assinatura, tendo em vista que ele obriga os contratantes a cumprirem exigências específi cas. Nesse sentido, um contrato pode tanto representar um acordo quanto um transtorno. Fique atento! Grafocêntrica Sociedade grafocêntrica é a que centra suas atividades em torno da escrita. A implicação disso é que os acordos orais não têm o mesmo valor que aqueles fi rmados por textos escritos em diferentes gêneros (atas, avisos, portarias, memorandos, relatórios, contratos, entre outros). 3 Redação A10 Diante disso, a aula 10 pretende contribuir para que você obtenha subsídios sufi cientes para ler com a devida criticidade os contratos que precisar assinar, ao longo de sua vida pessoal e profi ssional, e a produzir contratos condizentes com o acordo que desejam fi rmar as partes interessadas em determinada transação comercial e/ou de trabalho. Para tanto, vamos por partes. O que vem a ser um contrato? Contrato O contrato é um acordo escrito e fi rmado entre duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas para estabelecer uma transação de compra, venda ou aluguel, ou de prestação de serviço, ou ainda de modifi cação ou anulação de outro tipo de relação de direito. Há vários modelos de contratos. Essa variação está condicionada ao nível de complexidade da situação em que ele é requerido. Vejamos um exemplo de contrato de prestação de serviço. 1.___ 2.___ Pessoa física ou jurídica Pessoa física é todo e qualquer indivíduo (homem ou mulher), desde o nascimento até a morte. Para efeito de exercer atividade econômica, a pessoa física pode atuar como autônomo ou como sócio de empresa ou sociedade simples, conforme o caso. Já a pessoajurídica, é a entidade abstrata com existência e responsabilidade jurídicas, por exemplo: uma associação, empresa, companhia, legalmente autorizadas. Exemplo 1 João Carlos da Silva Testemunha 1: Testemunha 2: Por este instrumento particular, Paulo Sousa, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado na Av. dos Poetas no 125, bairro de Santarém, nesta Capital, e João Carlos da Silva, brasileiro, solteiro, pintor, residente e domiciliado na Rua Capela no 2163, bairro de Igapó, também nesta Capital, contratam a pintura da residência do primeiro (contratante), conforme orçamento e condições apresentadas pelo segundo (contratado). O preço total combinado (incluídos o material, que será comprado e administrado pelo contratado, e um eventual ajudante, se for do interesse do pintor) é de R$ 3.000,00 (três mil reais), pagos em três parcelas, ao fi m de cada semana de execução do serviço. A data de início da referida pintura é 16 de março e o prazo máximo previsto para a entrega é o dia 04 de abril do corrente ano. Natal/RN, 12 de março de 2009. Paulo Sousa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 4 Redação A10 Estrutura básica do contrato Analise a estrutura do contrato lido a partir das informações nele explicitadas. a) Dados do contratante e do contratado (linhas 1 a 6). b) Objeto do contrato (linha 4). c) Elementos incluídos no orçamento (linhas 7 e 8). d) Valor do orçamento previamente estabelecido pelo contratado (linha 8). e) Forma de pagamento (linhas 9). f) Data de início da prestação de serviço (linha 10). (MARTINS; ZILBERKNOP, 1994, p.151). 1Praticando... 5 Redação A10 g) Prazo máximo para fi nalização do serviço (linha 11). h) Data da assinatura do contrato (linha 13). i) Assinatura do contratante e do contratado (linhas 15 e 16). j) Assinatura de duas testemunhas (linhas 19 e 21). No exemplo 1, temos um contrato simples que pode até não ser reconhecido em cartório. Porém, mesmo o contrato mais simples pode ter valor jurídico, ou seja, uma vez assinado pelo contratante, pelo contratado e pelas testemunhas, ele serve como prova legal para possíveis causas impetradas na justiça por qualquer das partes interessadas. É interessante registrar o cuidado com a linguagem que esse tipo de documento requer. Além de ortografi a, concordância e regência adequadas, é importante ter cuidado com a pontuação e, principalmente, com o uso das vírgulas, uma vez que uma vírgula mal posicionada pode alterar o sentido de uma afi rmação por completo. 1. Releia o contrato e avalie as afi rmações abaixo sobre ele. Em seguida, preencha os parênteses com a letra “V” para as verdadeiras e a “F” para as falsas. ( ) O contrato fi rmado entre o Sr. Paulo Sousa e o Sr. João Carlos da Silva tem por objeto a pintura da residência do comerciante. ( ) O contratado tem por obrigação pintar a casa do contratante e, para tanto, responsabiliza-se por comprar e administrar todo o material de trabalho necessário. ( ) No decorrer da pintura, havendo necessidade de se fazerem pequenos consertos na casa, o valor acordado em contrato já prevê o pagamento para isso. ( ) O contratante se compromete a pagar o valor orçado em três parcelas mensais de igual valor. ( ) No caso de o contratado sentir a necessidade de ter um ajudante, o pagamento desse profi ssional extra fi cará por conta do contratante. ( ) Segundo o contrato, no caso de o pintor não cumprir o prazo máximo estipulado, fi ca o contratante desobrigado de efetuar-lhe a última parcela do pagamento. 6 Redação A10 2. Há quatro afi rmações falsas na questão 1. Observe o que existe de errado em cada uma; na sequência, reescreva essas afi rmações de forma que elas se tornem verdadeiras. O caso que acabamos de analisar é bem simples. No entanto, há situações mais complexas que exigem um contrato mais detalhado, registrado em cartório e, muitas vezes, revisado por um advogado. Toda essa cautela serve para evitar dissídios judiciais. Porém, seja qual for a situação, um contrato de trabalho é sempre um documento acordado e assinado entre empregador e empregado, estabelecendo o vínculo trabalhista que se estabelecerá, ou que já existe, entre as duas partes. Nesse sentido, é imprescindível que ambas as partes estejam cientes de todos os termos do contrato para que, depois, não haja surpresas em um caso de divergência no vínculo trabalhista. E no caso de compra e venda de um imóvel? É mesmo necessário produzir um contrato? Sem dúvida. O contrato de compra e venda (de imóveis, veículos, animais) é um documento que garante direitos e deveres de cada parte. Vejamos um exemplo. Exemplo 2 7 Redação A10 CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE BEM IMÓVEL À VISTA ENTRE PESSOAS FÍSICAS IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES CONTRATANTES VENDEDOR: (Nome), (Nacionalidade), (Estado Civil), (Profissão), Carteira de Identidade no (xxx), CPF no (xxx), residente e domiciliado na Rua (xxx) no (xxx), bairro (xxx), CEP (xxx), Cidade (xxx), no Estado (xxx). COMPRADOR: (Nome), (Nacionalidade), (Estado Civil), (Profi ssão), Carteira de Identidade no (xxx), CPF no (xxx), residente e domiciliado na Rua (xxx) no (xxx), bairro (xxx), CEP (xxx), Cidade (xxx), no Estado (xxx). As partes acima identifi cadas têm, entre si, justo e acertado o presente Contrato de Compra e Venda de Bem Imóvel à Vista entre Pessoas Físicas, que se regerá pelas cláusulas seguintes e pelas condições descritas no presente documento. DO OBJETO DO CONTRATO Cláusula 1a O presente contrato tem como OBJETO a venda do imóvel (explicitar: terreno, casa, apartamento) pelo VENDEDOR ao COMPRADOR, situado na Rua (xxx) no (xxx), bairro (xxx), CEP (xxx), Cidade (xxx), no Estado (xxx), possuindo as seguintes descrições (explicitar as dimensões do imóvel e alguma outra característica importante), de propriedade do VENDEDOR, adquirido por ele por meio de (indicar o meio pelo qual o Vendedor adquiriu o imóvel), livre de qualquer ilicitude ou ônus. DAS OBRIGAÇÕES Cláusula 2a Será de responsabilidade do VENDEDOR o pagamento dos impostos, taxas e despesas que incidam sobre o imóvel até a entrega das chaves, momento em que essa obrigação passará a ser do COMPRADOR. Cláusula 3a O COMPRADOR se responsabilizará pelas despesas com a transferência de posse do imóvel, a ser realizada quando da quitação do valor acertado neste instrumento. Cláusula 4a As chaves do imóvel deverão ser entregues pelo VENDEDOR ao COMPRADOR após o pagamento do valor acertado neste contrato. Cláusula 5a Quando da entrega das chaves, o VENDEDOR deverá disponibilizar o imóvel ao COMPRADOR, livre de pessoas e/ou objetos e/ou animais. 8 Redação A10 Fonte: <http://www.conlex.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2009. DA MULTA Cláusula 6a Caso alguma das partes não cumpra o disposto nas cláusulas estabelecidas neste instrumento, responsabilizar-se-á pelo pagamento de multa equivalente a (xxx)% do valor da venda do imóvel. DO PAGAMENTO Cláusula 7a Por força deste instrumento, o COMPRADOR pagará ao VENDEDOR a quantia de R$ (valor expresso por extenso), à vista, no dia (xxx). CONDIÇÕES GERAIS Cláusula 8a O presente contrato passa a valer a partir da assinatura do COMPRADOR e do VENDEDOR, obrigando-se a este documento os herdeiros ou sucessores de ambas as partes. Cláusula 9a Segue anexa a este instrumento a certidão negativa de débito tributário sobre o imóvel, certidão negativa dos cartórios de distribuição e dos cartórios de protesto. DO FORO Cláusula 10a Para dirimir quaisquer controvérsias oriundas deste CONTRATO, as partes elegem o foro da comarca de (xxx). Por estarem assim justos e contratados, fi rmam o presente instrumento, em duasvias de igual teor, juntamente com duas testemunhas. (Local, data e ano). (Nome e assinatura do Vendedor) (Nome e assinatura do Comprador) (Nome, RG e assinatura da Testemunha 1) (Nome, RG e assinatura da Testemunha 2) 9 Redação A10 Estrutura mais complexa do contrato Conforme você certamente percebeu, o contrato do exemplo 2 é bem mais complexo. Vamos analisá-lo do ponto de vista estrutural. a) Titulo. Observe a explicitude do título. Nele, constam informações importantes: o tipo de contrato, o objeto em questão, a forma de pagamento e a caracterização das pessoas envolvidas (no caso, pessoas físicas). b) Identifi cação das partes. O preenchimento das informações mais importantes dos contratantes é fundamental para que eles fi quem bem caracterizados e possam, inclusive, ser rapidamente acionados pela justiça no caso de algum problema decorrente dessa transação de compra e venda. c) Descrição do objeto. Explicitar as dimensões do imóvel e mais alguma característica que o pormenorize é importante para que não haja dúvidas posteriores. d) Obrigações. Por meio de cláusulas, as obrigações do comprador e do vendedor são evidenciadas. Se elas não forem cumpridas (integral ou parcialmente), podem motivar dissídios judiciais. Logo, o comprador e o vendedor precisam estar especialmente atentos quanto a essa parte do contrato. e) Multa. A imposição da multa contratual é mais uma forma de obrigar as partes a cumprirem fielmente o acordo firmado. Observe que ela se dirige aos dois contratantes. Logo, no caso de o vendedor descumprir alguma de suas obrigações, ele pagará um percentual predeterminado no contrato sobre o valor do imóvel ao comprador. Da mesma forma, se a falha for do comprador, além de pagar ao vendedor o valor do imóvel, a esse montante será acrescido o percentual da multa. f) Pagamento. A explicitação do valor e do dia do pagamento obriga o comprador a cumprir seu acordo com exatidão numérica. Caso contrário, a multa contratual ou a quebra do contrato serão realizadas e, então, a transação comercial não se efetivará. g) Condições gerais. Nesse espaço, são acrescentadas informações menos específi cas, mas não menos importantes para a transação, tais como a afi rmação de que os herdeiros do comprador e do vendedor também se submetem ao contrato a partir do dia da assinatura. Em assim sendo, os fi lhos do vendedor não podem requer judicialmente um imóvel vendido pelo pai ou pela mãe para outra pessoa. h) Foro. Trata-se da instância jurídica que poderá resolver dúvidas relativas ao contrato depois que ele estiver assinado. Em geral, explicita-se a cidade eleita para tanto. Observe: “Cláusula 10a Para dirimir quaisquer controvérsias oriundas deste CONTRATO, as partes elegem o foro da comarca de Natal/RN.” i) Local, data e ano. j) Assinatura do vendedor, do comprador e de duas testemunhas. 2Praticando... 10 Redação A10 Quanto à linguagem, também há diferenças entre o exemplo 2 e o exemplo 1. No segundo, percebemos uma escolha mais apurada de palavras e expressões. Isso se justifi ca pela formalidade de que se reveste esse contrato de compra e venda. Talvez nele haja algumas afi rmações que você nem tenha compreendido bem, não é verdade? Façamos a atividade a seguir com o intuito de “traduzir” algumas dessas afi rmações. Para tanto, é recomendável que você use um dicionário e/ou busque informações com advogados, contadores, corretores de imóveis ou outros profi ssionais que tenham mais familiaridade com a leitura e a produção de contratos. 1. Selecionamos algumas partes do contrato lido. Tente reescrevê-las de forma que uma pessoa leiga no assunto consiga compreender o que determinadas palavras e/ou expressões significam dentro de um documento tão importante quanto um contrato. Observe que, na reescritura, alguns ajustes de concordância e de pontuação podem ser necessários. a) O acordo se regerá pelas cláusulas seguintes. b) O imóvel é de propriedade do VENDEDOR, adquirido por ele por meio de fi nanciamento bancário, livre de qualquer ilicitude ou ônus. c) Será de responsabilidade do VENDEDOR o pagamento dos impostos, taxas e despesas que incidam sobre o imóvel até a entrega das chaves. 11 Redação A10 Leituras complementares MODELO de contrato particular de promessa de compra e venda de imóvel. Disponível em: <www.consumidorbrasil.com.br/consumidorbrasil/textos/modelos/imoveis/ compraevenda.htm>. Acesso em: 20 abr. 2009. MODELOS de contratos diversos. Disponível em: <www.conlex.com.br/down_contratos.htm>. Acesso em: 20 abr. 2009. Na internet, há muitos sites que fornecem modelos de contrato dos mais diferentes tipos: contrato de compra e venda, de prestação de serviços, de aluguel, de sociedade. Dentre eles, sugerimos dois que poderão aprimorar seus conhecimentos sobre a leitura e a produção desse gênero discursivo, quais sejam. Todavia, queremos salientar que, quando você tiver de lidar com contratos de qualquer tipo no exercício dos papéis sociais que você terá de desenvolver pessoal e profi ssionalmente, leia-os criteriosamente e, se possível, antes de assinar, consulte um advogado. d) O presente contrato passa a valer a partir da assinatura do COMPRADOR e do VENDEDOR, obrigando-se a este documento os herdeiros ou sucessores de ambas as partes. e) Segue anexa a este instrumento a certidão negativa de débito tributário sobre o imóvel, certidão negativa dos cartórios de distribuição e dos cartórios de protesto. 12 Redação A10 1. Analise a seguinte situação. Na aula 10, estudamos o gênero discursivo contrato. De início, vimos que acordos que eram feitos apenas oralmente requerem, hoje, maior formalidade com vistas à garantia do cumprimento de direitos e deveres, por isso é tão importante ler e produzir contratos com profi ciência. Na sequência, vimos um exemplo de contrato de prestação de serviços e outro de compra e venda de imóvel. Analisamos esses contratos a partir de dois enfoques: a estrutura e o tipo de linguagem que eles demandam. Esses elementos motivaram a produção de atividades no decorrer da aula. A professora Mariana de Oliveira, da disciplina de Língua Portuguesa, ministra suas aulas em uma escola pública de ensino médio. Ela tem tido problemas com a maioria de seus alunos do 1o ano que não leem os livros por ela indicados. Essa ausência de leitura prévia tem gerado debates monótonos. Apenas a professora e dois ou três alunos participam ativamente dessas atividades. Os demais ouvem os comentários sem entender bem as particularidades de cada livro. Diante disso, a professora teve a idéia de fi rmar um contrato de leitura com cada aluno. Esse documento seria assinado pelas partes e também por duas testemunhas: pai ou mãe ou responsável legal e a coordenadora da escola. 2. Na sequência, você tem um esboço inicial do contrato idealizado pela Profa. Mariana. Analise-o do ponto de vista estrutural. Observe também a linguagem que nele se evidencia. Esse modelo de contrato é apropriado? Tente preenchê-lo e, para tanto, crie as informações que forem necessárias e que não estiverem na situação descrita. Se você sentir necessidade de acrescentar alguma cláusula, fi que à vontade. 13 Redação A10 CONTRATO DE LEITURA Mariana de Oliveira, professora de Língua Portuguesa da turma do 1o ano da Escola , turno , no ano letivo de , como primeiro outorgante, e , aluno(a) da turma acima mencionada, como segundo outorgante, celebram o presente contrato, que será regido pelos seguintes termos. CLÁUSULA 1a O primeiro outorgante compromete-se a: a) fornecer ao segundo outorgante uma lista de obras a serem lidas no decorrer de um semestre, da qualele terá de escolher, ao menos, três títulos; b) orientar as leituras, quando solicitado; c) programar a apresentação dos livros lidos e outras atividades decorrentes do cumprimento deste contrato; d) atribuir um percentual da avaliação total ao cumprimento deste contrato. CLÁUSULA 2a O segundo outorgante compromete-se a: a) ler ao menos três livros durante um semestre; b) preencher uma fi cha de leitura dos livros lidos, que deve ser incluída no portfólio da turma, o qual fi ca à disposição de todos na sala de aula; c) apresentar oralmente o livro à turma, por iniciativa própria ou quando solicitado; d) promover e/ou participar de debates suscitados pelas leituras feitas pelo próprio outorgante ou pelos colegas da turma. 14 Redação A10 CLÁUSULA 3a O descumprimento por parte do primeiro outorgante determina que: a) o segundo outorgante fi que desvinculado do cumprimento do contrato; b) o percentual da avaliação atribuída ao cumprimento do contrato seja redistribuído por todos os elementos de avaliação. CLÁUSULA 4a O descumprimento por parte do segundo outorgante determina que: a) ao percentual da avaliação atribuída ao cumprimento do contrato seja atribuída a classifi cação zero. O presente contrato é aceito por ambos os outorgantes nos precisos termos aqui explicitados e por eles vai ser assinado. Além disso, assinam as testemunhas: uma interna ao ambiente escolar e outra do ambiente familiar. Tendo sido feito em duas vias iguais, cada outorgante fi cará na posse de um exemplar deste contrato. , de de 2009. 1o outorgante 2o outorgante Testemunha 1: Testemunha 2: Referências MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português instrumental. 16. ed. Porto Alegre: Sagra/ DC Luzzatto, 1994. MODELO de contrato particular de promessa de compra e venda de imóvel. Disponível em: <www.consumidorbrasil.com.br/consumidorbrasil/textos/modelos/ imoveis/compraevenda.htm>. Acesso em: 20 abr. 2009. MODELOS de contratos diversos. Disponível em: <www.conlex.com.br/down_contratos. htm>. Acesso em: 20 abr. 2009. Anotações 15 Redação A10 Anotações 16 Redação A10 11 Márcia Rossana Oliveira Pinto C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Exposição de motivos e parecer REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A11 Nesta aula, veremos mais dois novos gêneros discursivos: exposição de motivos e parecer. Estudaremos seus elementos constituintes e sua função sociocomunicativa. Teremos também algumas atividades para você praticar os gêneros discursivos estudados. Conhecer os gêneros discursivos exposição de motivos e parecer. Identifi car os elementos constituintes desses gêneros discursivos. Aplicar conhecimentos na área de redação ofi cial tanto para construir o(s) sentido(s) possível(eis) de exposição de motivos e parecer quanto para produzi-los de forma profi ciente. 2 Redação A11 Para começo de conversa... Sempre ouvimos alguém dizer “exponha os seus motivos” ou “qual o seu parecer sobre este assunto?”. Será que esses questionamentos têm alguma relação com os gêneros que estudaremos nesta aula? Afi nal, para que serve um parecer? Será que existe algum documento ofi cial no qual podemos expor nossos motivos? E como se faz? Esses são apenas alguns questionamentos que nós fazemos quando nos deparamos com a necessidade de produzir ou ler algum desses documentos. Procuraremos, então, responder a essas indagações e outras que possam ocorrer ao longo da aula. 3 Redação A11 Exposição de motivos Exposição de motivos é um tipo de correspondência originariamente ofi cial, dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente, mas atualmente já é muito utilizado na área comercial. Tem como fi nalidade informar sobre um determinado assunto, propor alguma medida ou submeter à consideração de algum projeto de ato normativo. Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos deve ser assinada por todos os ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial. Quando circular na área comercial, a exposição de motivos é destinada ao diretor ou chefe de maior autoridade para sua apreciação. Para que esse documento seja bem redigido é necessário ter noções de argumentação, como também apresentar as seguintes características que lhes são próprias: o assunto deve ser resumido e argumentado; a legislação citada deve ser transcrita; a conclusão deve ser clara e objetiva. Estrutura da exposição de motivos Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão ofício. De acordo com sua fi nalidade, apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para aquela que tem caráter exclusivamente informativo e outra para a que propõe alguma medida ou submete projeto de ato normativo. Vejamos a seguir um exemplo de exposição de motivos que simplesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, que apresenta, portanto, a estrutura do padrão ofício. Exemplo 1 4 Redação A11 Exposição de motivos de caráter informativo 5 Redação A11 Já a exposição de motivos que submeta à consideração a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que apresente um projeto de ato normativo, segue-se também a estrutura do padrão ofício, além de outros comentários julgados pertinentes por seu autor, quais sejam: a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medida ou do ato normativo proposto; b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; c) na conclusão: novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema. Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002. 6 Redação A11 Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério ou órgão equivalente) no _______, de _____ de ____________ de 20__. 1. Síntese do problema ou da situação que reclama providências 2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na medida proposta 3. Alternativas existentes às medidas propostas Mencionar: • se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; • se há projetos sobre a matéria no Legislativo; • outras possibilidades de resolução do problema. 4. Custos Mencionar: • se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orçamentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la;• se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário, especial ou suplementar; • valor a ser despendido em moeda corrente. 5. Razões que justifi cam a urgência (a ser preenchido somente se o ato proposto for medida provisória ou projeto de lei que deva tramitar em regime de urgência) Mencionar: • se o problema confi gura calamidade pública; • por que é indispensável a vigência imediata; • se se trata de problema cuja causa ou agravamento não tenham sido previstos; • se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já prevista. 6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medida proposta possa vir a tê-lo) 7. Alterações propostas Texto atual Texto proposto 8. Síntese do parecer do órgão jurídico Fo nt e: < ht tp :/ /w w w .p la na lto .g ov .b r/ cc iv il_ 0 3 /d ec re to /2 0 0 2 /D 4 1 7 6 .h tm > . A ce ss o em : 2 2 a br . 2 0 0 9 . 7 Redação A11 A falta ou insufi ciência das informações prestadas pode acarretar, a critério da Subchefi a para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o exame ou se reformule a proposta. O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de alguma medida ou a edição de ato normativo tem como fi nalidade: a) permitir a adequada refl exão sobre o problema que se busca resolver; b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Executivo. c) conferir perfeita transparência aos atos propostos. Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação profunda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de motivos fi ca, assim, reservado à demonstração da necessidade da providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá o problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos. Ressalte-se que: a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico não dispensa o encaminhamento do parecer completo; o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos comentários a serem ali incluídos. Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que a atenção aos requisitos básicos da redação ofi cial, as qualidades da escrita estudadas na aula 4 (clareza, concisão, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de linguagem) devem ser redobradas. A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos Ministros. Além disso, pode, em Exemplo 2 8 Redação A11 certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada no Diário Ofi cial da União, no todo ou em parte. Lembrar que a autoridade competente despachará a exposição de motivos com uma das seguintes fórmulas: APROVADO – APROVO – ARQUIVE-SE – CONCORDO – EXPEÇA-SE O ATO – SIM. A seguir, veremos outro exemplo de exposição de motivos: um trecho de uma exposição de motivos fi rmada pelo Diretor Geral do ex-DASP, de julho de 1964: Exposição de motivos de caráter informativo Fo nt e: M ar tin s e Zi lb er kn op ( 2 0 0 8 , p . 2 0 5 ). 1Praticando... 9 Redação A11 1. Assinale (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as alternativas falsas. ( ) A exposição de motivos originariamente era destinada ao Presidente da República e ao Vice-Presidente. ( ) Esse gênero segue o padrão ofi cial. ( ) Uma das características da exposição de motivo é apresentar o assunto de maneira extensa e pouco argumentada. ( ) O objetivo da exposição de motivos é propor alguma medida ou submeter à consideração de algum projeto de ato normativo. ( ) Esse documento não pode ser utilizado pela área empresarial. ( ) A linguagem utilizada deve ser sempre clara, concisa, impessoal, informal, padronização e uso não padrão culto de linguagem 2. Justifi que as alternativas que você identifi cou como falsas na questão anterior. 10 Redação A11 3. Podemos dizer que este documento é uma exposição de motivos? A sua estrutura está completa ou falta alguma parte? A linguagem utilizada está de acordo? Reescreva o documento, caso esteja faltando algo. 11 Redação A11 Parecer Parecer é a análise de um caso que faz parte de um processo para o qual aponta uma solução favorável ou contrária, através de dispositivos legais e informações. O objetivo do parecer é apenas fornecer os fatos e não interpretá-los. Na Administração Pública, o parecer, geralmente, é parte integrante de um processo, para o qual aponta soluções favoráveis ou desfavoráveis, precedidas da necessária justifi cativa, com base em dispositivos legais, jurisprudência e informações. É um ato de procedimento administrativo que indica e fundamenta solução que deve ser aplicada ao caso. Dependendo do assunto tratado, o parecer é classifi cado em dois tipos: a) Técnico ou científi co: relaciona-se com matéria específi ca. b) Administrativo: refere-se a casos burocráticos. Estrutura do parecer Essa estrutura é comum aos dois tipos de parecer, o que distinguirá cada tipo é o assunto tratado em cada documento. Timbre em letras maiúsculas: nome da empresa ou instituição Exemplo: INSTITUTO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL Número do parecer e ano Exemplo: PARECER Nº 72/98 Assunto: ementa Exemplo: AI nº 00000 de 15/03/98. Cláudio Rodrigues Contexto: exposição e apreciação da matéria Exemplo: O autuado contestou sua qualifi cação... Conclusão: parecer do relator e da comissão (quando houver) Exemplo: O Sr Fulano de tal se pronuncia pelo... Exemplo 3 12 Redação A11 Data e assinatura(s) Exemplo: Brasília, 5 de junho de 1998 Sr(a) Fulano de tal... 2Praticando... 13 Redação A11 É importante a presença de todos os elementos estruturais do parecer, para que a informação seja organizada de forma clara. 1. Assinale as afi rmativas corretas referentes ao parecer. ( ) O parecer pode ser classifi cado em três tipos: técnico, científi co e administrativo. ( ) O parecer interpreta as informações e os fatos. ( ) Na sua parte estrutural não é necessário colocar a data e o vocativo. ( ) a fi nalidade do parecer é fornecer informações para um determinado processo. ( ) a linguagem do parecer deve ser informal e objetiva. 2. Agora, reescreva as afi rmativas que você não assinalou como corretas, transformando-as em certas. 3. Baseado no que foi estudado, analise o parecer a seguir e reescreva-o se for necessário. 14 Redação A11 15 Redação A11 Leituras complementares MEDEIROS, J. B., Correspondência: técnicas de comunicação criativa. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2008. Este livro trás vários exemplos e exercícios práticos sobre os vários gêneros técnicos. Apresenta o conceito e os objetivos de cada um dos gêneros. ESPÍRITOSANTO (Estado). Prefeitura Municipal de Vitória. Manual de redação ofi cial. 3. ed. Vitória, 2008. Disponível em: <www.vitoria.es.gov.br/secretarias/administracao/ Manual_de_Redacao_PMV_18-06-08.pdf>. Acesso em: 29 dez. 2009. Este site apresenta o manual de redação ofi cial do estado do Espírito Santo. De forma sucinta e clara, o manual mostra diversos exemplos de gêneros técnicos, inclusive de outros gêneros que serão estudados nas próximas aulas. Estudamos nesta aula os gêneros discursivos exposição de motivos e parecer por meio da análise de alguns exemplos. Vimos que a exposição de motivos é um documento ofi cial dirigido ao Presidente da República ou ao vice, informando sobre um determinado assunto, propor alguma medida ou submeter a consideração de algum projeto de ato normativo. Vimos também que o Parecer é a opinião dada por alguém acerca de determinado assunto. Estudamos ainda as estruturas e a fi nalidade de cada gênero. Por fi m, fi zemos atividades relacionadas aos gêneros focalizados. 1. Baseado no que foi estudado durante a aula, leia o texto que segue e faça o que se pede: 16 Redação A11 Podemos dizer que esse documento é um parecer? A sua estrutura está completa ou falta alguma parte? Reescreva o documento, caso esteja faltando algo. 17 Redação A11 2. O texto a seguir é uma exposição de motivos? Está com todas as suas partes estruturais? Analise o gênero e justifi que. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS Nº 37, DE 18.8.2000 Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Submeto à elevada consideração de Vossa Excelência a anexa proposta de Código de Conduta da Alta Administração Federal, elaborado tendo em conta os trabalhos e a importante contribuição da Comissão de Ética Pública - CEP, criada pelo Decreto de 26 de maio de 1999, que, por seus ilustres membros, os Drs. João Geraldo Piquet Carneiro, que a preside, Célio Borja, Celina Vargas do Amaral Peixoto, Lourdes Sola, Miguel Reale Júnior e Roberto Teixeira da Costa, prestou os mais relevantes e inestimáveis serviços no desenvolvimento do tema. Este Código, antes de tudo, valerá como compromisso moral das autoridades integrantes da Alta Administração Federal com o Chefe de Governo, proporcionando elevado padrão de comportamento ético capaz de assegurar, em todos os casos, a lisura e a transparência dos atos praticados na condução da coisa pública. 18 Redação A11 A conduta dessas autoridades, ocupantes dos mais elevados postos da estrutura do Estado, servirá como exemplo a ser seguido pelos demais servidores públicos, que, não obstante sujeitos às diversas normas fi xadoras de condutas exigíveis, tais como o Estatuto do Servidor Público Civil, a Lei de Improbidade e o próprio Código Penal Brasileiro, além de outras de menor hierarquia, ainda assim, sempre se sentirão estimulados por demonstrações e exemplos de seus superiores. Além disso, é de notar que a insatisfação social com a conduta ética do governo – Executivo, Legislativo e Judiciário – não é um fenômeno exclusivamente brasileiro e circunstancial. De modo geral, todos os países democráticos desenvolvidos, conforme demonstrado em recente estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, enfrentam o crescente ceticismo da opinião pública a respeito do comportamento dos administradores públicos e da classe política. Essa tendência parece estar ligada principalmente a mudanças estruturais do papel do Estado como regulador da atividade econômica e como poder concedente da exploração, por particulares, de serviços públicos antes sob regime de monopólio estatal. Nesse novo cenário, é natural que a expectativa da sociedade a respeito da conduta do administrador público se tenha tornado mais exigente. E está claro que mais importante do que investigar as causas da insatisfação social é reconhecer que ela existe e se trata de uma questão política intimamente associada ao processo de mudança cultural, econômica e administrativa que o País e o mundo atravessam. A resposta ao anseio por uma administração pública orientada por valores éticos não se esgota na aprovação de leis mais rigorosas, até porque leis e decretos em vigor já dispõem abundantemente sobre a conduta do servidor público, porém, em termos genéricos ou então a partir de uma ótica apenas penal. Por essa razão, o aperfeiçoamento da conduta ética do servidor público não é uma questão a ser enfrentada mediante proposição de mais um texto legislativo, que crie novas hipóteses de delito administrativo. Ao contrário, esse aperfeiçoamento decorrerá da explicitação de regras claras de comportamento e do desenvolvimento de uma estratégia específi ca para sua implementação. Essa tarefa de envergadura deve ter início pelo nível mais alto da Administração – ministros de estado, secretários-executivos, diretores de empresas estatais e de órgãos reguladores – que detém poder decisório. 19 Redação A11 Uma vez assegurado o cumprimento do Código de Conduta pelo primeiro escalão do governo, o trabalho de difusão das novas regras nas demais esferas da administração por certo fi cará facilitado. Outro objetivo é que o Código de Conduta constitua fator de segurança do administrador público, norteando o seu comportamento enquanto no cargo e protegendo-o de acusações infundadas. Na ausência de regras claras e práticas de conduta, corre-se o risco de inibir o cidadão honesto de aceitar cargo público de relevo. Além disso, buscou-se criar mecanismo ágil de formulação dessas regras e de sua difusão e fi scalização, além de uma instância à qual os administradores possam recorrer em caso de dúvida e de apuração de transgressões – no caso, a Comissão de Ética Pública. A linguagem do Código é simples e acessível, evitando-se termos jurídicos excessivamente técnicos. O objetivo é assegurar a clareza das regras de conduta do administrador, de modo que a sociedade possa sobre elas exercer o controle inerente ao regime democrático. Além de comportar-se de acordo com as normas estipuladas, o Código exige que o administrador observe o decoro inerente ao cargo. Ou seja, não basta ser ético; é necessário também parecer ético, em sinal de respeito à sociedade. A medida proposta visa a melhoria qualitativa dos padrões de conduta da Alta Administração, de modo que esta Exposição de Motivos, uma vez aprovada, juntamente com o anexo Código de Conduta da Alta Administração Federal, poderá informar a atuação das altas autoridades federais, permitindo-me sugerir a publicação de ambos os textos, para imediato conhecimento e aplicação. Estas, Excelentíssimo Senhor Presidente da República, as razões que fundamentam a proposta que ora submeto à elevada consideração de Vossa Excelência. Respeitosamente, PEDRO PARENTE Chefe da Casa Civil da Presidência da República Fonte: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Codigos/codi_conduta/Cod_conduta.htm>. Acesso em: 29 dez. 2009. Anotações 20 Redação A11 Referências MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2008. MENDES, G. F.; FORSTER JUNIOR, N. Manual de redação da Presidência da República. 2. ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002. SIGNER, R. Curso prático de redação e gramática. São Paulo: Sivadi Editorial, 2001. 12 Glicia M. Azevedo de M Tinoco C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Aviso, memorando e ofício REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley CarolinaCosta Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A12 Os gêneros discursivos aviso, memorando e ofício serão, na aula 12, nosso objeto de estudo. Ao refl etirmos sobre esses três gêneros da redação ofi cial, alguns questionamentos podem surgir: para que serve cada um desses gêneros? Que elementos comuns há entre eles? Que elementos os distinguem? Ao fi m desta aula, você terá condições de responder a essas perguntas. Compreender as especifi cidades do aviso, do memorando e do ofício. Identifi car os elementos comuns e as distinções entre esses três gêneros. Aplicar conhecimentos na área de redação ofi cial tanto para construir o(s) sentido(s) possível(eis) de avisos, memorandos e ofícios quanto para produzi-los de forma profi ciente. 2 Redação A12 Para começo de conversa... Após termos estudado, na Unidade 1, alguns conceitos fundamentais para entendermos como se dá o engendramento dos textos escritos, estamos nos dedicando, na Unidade 2, às especifi cidades dos gêneros de redação técnica e ofi cial. Assim, já estudamos resumo, fi chamento, declaração, atestado, ata, contrato... E, nesta aula, trabalharemos três gêneros que apresentam aproximações do ponto de vista estrutural: aviso, memorando e ofício. É fundamental escrever bem esses três gêneros, porque muitas atividades desenvolvidas no ambiente de trabalho são viabilizadas por eles. Então, se você compreender bem como eles se estruturam, a que se destinam e que tipo de circulação operam, não terá difi culdades para produzi-los. Algo bem diferente do que parece ocorrer com o profi ssional abaixo. Fonte: <http://comunicacaochapabranca.com.br/wp-content/uploads/2008/10/cultura_do_ofi cio_4.jpg>. Acesso em: 23 mar. 2009. Antes, porém, de mostrarmos as semelhanças formais entre aviso, memorando e ofício, focalizaremos as especifi cidades de cada um desses gêneros e, depois, os elementos que os distinguem. Vejamos. 3 Redação A12 Aviso Segundo Martins e Zilberknop (1994), o aviso é um tipo de correspondência cujas características são amplas e variáveis. Ele pode se confi gurar como uma comunicação direta ou indireta; unidirecional (enviada para uma determinada autoridade) ou multidirecional (enviada para diferentes autoridades ao mesmo tempo); redigida em papel próprio, afi xada em local público ou publicada através da imprensa. Por terem como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos de Administração Pública entre si, o aviso e o ofício são gêneros muito próximos. Todavia, a diferença mais marcante entre eles é que o aviso é expedido exclusivamente por Ministro de Estado, Secretário-Geral da República, Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República e Secretário da Presidência da República para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades, podendo também ser expedido a particulares. Vejamos um exemplo de aviso, de acordo com o Manual de Redação da Presidência da República (BRASIL, 2002, p. 17). Exemplo 1 4 Redação A12 Memorando O memorando é um gênero escrito que se destina à comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, as quais podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna. Esse gênero pode ter caráter meramente administrativo ou ser empregado para a exposição de projetos, idéias, diretrizes a serem adotadas por determinado setor do serviço público. Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. Os despachos ao memorando devem ser dados no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplifi cado, assegurando maior transparência à tomada de decisões e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no memorando. Vejamos um exemplo retirado do Manual de Redação da Presidência da República (BRASIL, 2002, p. 19). Exemplo 2 5 Redação A12 Ofício O ofício é expedido por autoridades do serviço público. Esse gênero tem por fi nalidade o tratamento de assuntos ofi ciais pelos órgãos da Administração Pública entre si e também entre os órgãos públicos e particulares, que podem ser pessoas físicas ou jurídicas. Observemos um exemplo também retirado do Manual de Redação da Presidência da República (BRASIL, 2002, p. 15). Exemplo 3 6 Redação A12 Diferenças A principal diferença entre aviso, ofício e memorando é de circulação. Enquanto o ofício é expedido para e pelas autoridades do serviço público (e também entre elas e particulares), o memorando tem abrangência apenas interna e o aviso é emitido exclusivamente por autoridades para outras de mesmo nível hierárquico. A segunda diferença é que, no memorando, o destinatário é mencionado pelo cargo que ocupa, não havendo, portanto, uso de pronome de tratamento nem identifi cação da pessoa a quem se destina tal documento (releia o exemplo 2). No caso do ofício, porém, acrescenta-se o vocativo com o correspondente pronome de tratamento, que vai variar em função do cargo ocupado pelo destinatário. Por exemplo: Exemplo 4 Excelentíssimo Senhor Presidente da República Magnífi co Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Para que você compreenda melhor essas diferenças entre memorando e ofício, retome os exemplos 2 e 3. Semelhanças No tocante à forma, os avisos, memorandos e ofícios seguem uma diagramação (disposição na página) única, à qual se convencionou denominar de padrão ofício. I – Partes do documento no Padrão Ofício O aviso, o memorando e o ofício devem conter as seguintes partes: a) tipo e número do expediente, seguidos da sigla do órgão que o expede. 7 Redação A12 Exemplos: Aviso 123/2008-MEC Mem. 89/2008-DAP/UFRN Ofício 102/2008-UFRN b) local e data (por extenso) em que o documento foi assinado. O alinhamento deve ser à direita. c) assunto: resumo do teor do documento Exemplos: Assunto: Renovação do Convênio no 025/08 com o Ministério da Saúde. Assunto: Redistribuição de servidor para a Universidade Federal da Bahia. d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. No caso do ofício, inclui-se comumente também o endereço. e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: Introdução (ou parágrafo de abertura). Na introdução, é apresentado o assunto que motiva a produção do memorando ou do ofício. Evite o uso das formas: “Venho por meio deste” ou “Tenho a honra de” ou “Tenho o prazer de” ou ainda “Cumpre-me informar que”. Empregue a forma direta: “Solicitamos” ou “Informamos”... Desenvolvimento Espaço em que o assunto é detalhado. Se o texto contiver mais de uma idéia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição. Conclusão Espaço em que é reafi rmada ou simplesmente reapresentada a posição do produtor do documentosobre o assunto. No caso de o memorando ou o ofício se destinar apenas ao encaminhamento de outros documentos, a estrutura deve ser a seguinte: Introdução Inicia-se fazendo referência ao expediente que solicitou o envio do documento ora em anexo. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada, deve-se iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encaminhar o documento “x”, indicando a seguir os dados completos desse documento (tipo, data, origem ou signatário e o assunto de que trata) e a razão pela qual ele está sendo encaminhado. 8 Redação A12 Exemplo 5 “Em resposta ao Ofício no 12, de 02 de fevereiro de 2008, encaminhamos, em anexo, a cópia do Ofício no 192, de 30 de dezembro de 2007, do Departamento de Administração de Pessoal desta Universidade, que trata da requisição do servidor Pedro de Souza ao Tribunal de Contas da União.” Observe que o uso da expressão “desta Universidade” signifi ca que o documento está partindo da Universidade (a UFRN, por exemplo) para um outro órgão. Vejamos outro exemplo de introdução. Exemplo 6 “Encaminhamos, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do Memorando no 36, de 10 de fevereiro de 2008, do Diretor de Recursos Humanos desta Universidade a respeito do projeto de capacitação dos servidores de nível médio desta instituição.” Desenvolvimento Se o autor do ofício ou do memorando desejar fazer algum comentário a respeito do documento que está encaminhando, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento. Caso contrário, não haverá parágrafos de desenvolvimento nesses gêneros ao serem usados como meros instrumentos de encaminhamento de documentos. f) Fecho: nas comunicações ofi ciais possui duas fi nalidades. A primeira é a de arrematar o texto; a segunda, de despedir-se do destinatário. No caso de um documento encaminhado para autoridades superiores (por exemplo, do Reitor da UFMG para o Ministro da Educação ou ainda do Ministro da Educação para o Presidente da República), o adequado é usar o seguinte fecho: Respeitosamente, Mas se o documento é emitido para autoridades de uma mesma hierarquia ou de hierarquia inferior, usa-se: Atenciosamente, g) Assinatura do autor da comunicação h) Identifi cação do signatário 9 Redação A12 II – Forma de diagramação Os documentos do Padrão Ofício (aviso, memorando e ofício) obedecem, em geral, à seguinte forma de apresentação: a) uso de fonte Times New Roman de tamanho 12 no texto em geral; mesma fonte de tamanho 11 nas citações e 10 nas notas de rodapé (quando houver); b) número da página, a partir da segunda lauda do documento; c) espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo; d) impressão dos documentos na cor preta e em papel branco (geralmente timbrado). A impressão colorida deve ser usada apenas para gráfi cos e ilustrações; e) papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm para imprimir todos os tipos de documentos do Padrão Ofício. Observações Se um aviso, um memorando ou um ofício forem dirigidos a várias pessoas ao mesmo tempo, dizemos tratar-se de uma correspondência multidirecional. Isso implica a inclusão de um adjetivo ao nome desses documentos, que passam a ser chamados de aviso-circular, memorando-circular, ofício- circular. Em gêneros de redação ofi cial, não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento. É regra salvar, no computador, todos os documentos elaborados em uma pasta de arquivos de texto preservada para consulta posterior ou para aproveitamento de trechos para documentos análogos. Para facilitar a localização em meio aos documentos gravados no computador, os nomes desses arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do documento/ano + palavras-chaves do conteúdo. Ex.: “Ofício 238/08 - relatório produtividade acadêmica ano 2008”. Praticando...Praticando... 10 Redação A12 1. Leia cada uma das afi rmações abaixo. Em seguida, preencha os parênteses com C para as assertivas corretas e E para as erradas. ( ) Para um órgão público tratar de assuntos ofi ciais com outro órgão público, o documento mais adequado é o ofício. ( ) Memorando é uma correspondência ofi cial externa entre autoridades de mesmo nível hierárquico. ( ) O aviso, o memorando e o ofício apresentam semelhanças quanto à forma por obedecerem à diagramação do padrão ofício. ( ) É opcional a inserção de local e data nos ofícios e memorandos. ( ) A existência de timbre no topo dos ofícios dispensa a assinatura da autoridade que o emite. ( ) Os ofícios e os memorandos são documentos ofi ciais nos quais devem ser observadas as seguintes qualidades: clareza, coerência, coesão, correção linguística e prolixidade. 2. Releia as afi rmações da atividade anterior e, nos itens que você considerou haver erro, circule a(s) palavra(s) que levam a esse julgamento. 3. Analise a situação hipotética abaixo, adaptada de uma questão de concurso, elaborada pelo Cespe/UnB para o cargo de assistente administrativo do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) do Distrito Federal. Determinado assistente administrativo do CREA-DF encontrou, em sua mesa de trabalho, o seguinte bilhete, deixado por seu superior hierárquico. Redigir documento para o setor de pessoal solicitando a contratação de dois estagiários para o setor de informática. Urgente! a) Para executar corretamente a tarefa solicitada, que documento deve ser redigido pelo assistente administrativo? _______________________________ Responda aqui 11 Redação A12 b) A partir das informações contidas no bilhete e da complementação oferecida a seguir, produza esse documento no espaço destinado a esse fi m. Número do documento: 44 Data: 20 de fevereiro de 2009 Ementa: contratação de estagiários Remetente: Pedro de Alcântara, chefe de gabinete do CREA-DF 12 Redação A12 4. O ofício a seguir, produzido a partir de dados fi ctícios, apresenta alguns problemas de concisão e de correção linguística. Reescreva-o, garantindo-lhe as qualidades necessárias. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO SERTÃO GABINETE DO REITOR Ofício no 142/08 – R Sertão, 25 de agosto de 2008. A Sua Excelência o Senhor Deputado Federal João José de Medeiros Câmara dos Deputados Federais Brasília/DF Assunto: Projeto Campanha de Alfabetização Senhor Deputado, Comunicamos que foram realizadas, no projeto Campanha de Alfabetização para Jovens e Adultos do Estado do Sertão, as complementações solicitadas pelo Ofício no 87/08, encaminhado por Vossa Excelência. O anexo projeto contém as seguintes especifi cações: região a que se destina; população benefi ciada; detalhamento dos custos; tempo de duração; metodologia empregada; impacto social. Além disso, anexamos o abaixo-assinado, anteriormente entregue em seu gabinete. Esse abaixo-assinado entregue em seu gabinete foi o documento que fez a equipe de profi ssionais de seu gabinete tomarem conhecimento do projeto e agir com prontidão no sentido de Vossa Excelência lutar pela aprovação de recursos públicos para esse projeto de Campanha de Alfabetização para Jovens e Adultos. Contando com seu apoio, subscrevemo-nos. Atenciosamente, RAIMUNDO DE GÓIS Reitor da UFSER Responda aqui 13 Redação A12 14 Redação A12 Leituras complementares BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefi a para Assuntos Jurídicos. Manual de Redação da Presidência da República. 2. ed. Rev. Atual. Brasília, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm>. Acesso em: 10 mar. 2009. Para aprimorar seus conhecimentos sobre redação ofi cial, sugerimos que você tenhasempre em mãos o Manual da Presidência da República. Trata-se de uma obra bem interessante e prática. Pelo site indicado, você pode conseguir, gratuitamente, uma versão eletrônica desse manual. Todavia, se você preferir receber o livro, sem qualquer custo, em sua casa, uma alternativa é entrar em contato com um Senador da República do seu Estado e solicitar a ele um exemplar. Outro livro interessante que pode ser pedido gratuitamente também é o Manual de Padronização de Textos, publicado pelo Senado Federal. Seria uma ótima oportunidade de escrever uma carta ou um email para uma autoridade. Você colocaria em prática seus conhecimentos de língua escrita e ainda ganharia dois livros. O endereço eletrônico dos senadores do seu Estado e o endereço convencional do Senado Nacional estão disponíveis no seguinte site: <http://www.senado.gov.br>. Na aula 12, dedicamo-nos, inicialmente, às peculiaridades dos gêneros: aviso, memorando e ofício por meio da análise de alguns exemplos. Depois, explicitamos as diferenças e as semelhanças entre esses três gêneros da redação ofi cial. Na sequência, construímos um quadro de elementos constituintes do modelo de diagramação chamado “padrão ofício”, que caracteriza os gêneros que foram objeto de estudo desta aula. Por fi m, fi zemos atividades relacionadas aos gêneros focalizados. 15 Redação A12 Para termos mais evidências de sua aprendizagem acerca dos construtos trabalhados nesta aula, façamos uma auto-avaliação. 1. Esta aula lhe ofereceu subsídios para responder às perguntas que aparecem na página inicial? Vejamos. a) Qual é a maior diferença entre avisos e o ofício? ________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ b) O que distingue ofícios e memorandos? _______________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ c) Quais elementos assemelham avisos, ofícios e memorandos? _________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ Referências BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da Presidência da República. 2. ed. rev. e atual. Brasília, 2002. MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português instrumental. 16. ed. Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1994. Anotações 16 Redação A12 José Romerito Silva 13 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Procuração e Requerimento REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A13 O que é procuração e o que é requerimento, quais são as suas respectivas funções sociocomunicativas, do que se compõem e como elaborá-los de acordo com os padrões atuais quanto à formatação e à linguagem que devem ser adotadas. Conhecer os conceitos de procuração e de requerimento. Compreender a funcionalidade da procuração e do requerimento. Conhecer a estrutura de cada um desses documentos, bem como suas peculiaridades de formatação e linguagem. Elaborar procuração e requerimento, aplicando as noções adquiridas nesta aula sobre esses documentos. 2 Redação A13 Para começo de conversa... Vivemos num tipo de sociedade cujo funcionamento, em diversas situações do cotidiano, depende da circulação de documentos que regulam e validam legalmente determinadas relações entre os indivíduos e as instituições sociais. Para ilustrar melhor o que acabamos de dizer, pensemos, por exemplo, em um morador de um condomínio que, por causa de uma viagem a negócio, precisará faltar a uma assembléia condominial, em que se decidirão coisas importantíssimas sobre as fi nanças e relações entre os condôminos. Nessas circunstâncias, o morador de que falamos poderá ser representado por alguém nessa assembléia, com poder de decisão. Ele só terá que preparar um documento, transferindo tal direito a esse substituto. Nesse caso, você sabe qual seria esse documento? Uma procuração ou um requerimento? Outra situação que podemos imaginar, ainda, também como ilustração, é a de um funcionário que, após atingir um certo grau mais elevado nos estudos, tem direito a uma promoção profi ssional. Para isso, essa pessoa deverá encaminhar um documento à autoridade maior da instituição em que trabalha, reivindicando esse direito. Em tal situação, que documento seria esse? Uma procuração ou um requerimento? Neste momento, você deve querer saber: o que é uma procuração e o que é um requerimento? Em que situações são utilizados (ou seja, qual a função de cada um deles)? Do que se constituem e como se organizam? Procuraremos, então, responder a essas indagações nos tópicos a seguir. Primeiramente, vamos tratar sobre a procuração e, depois, abordaremos o requerimento, fornecendo-lhe os devidos esclarecimentos acerca de ambos. Com isso, esperamos que, ao fi nal deste estudo, você tenha condições de elaborar adequadamente esses documentos, utilizando as noções aqui aprendidas. Vejamos. 3 Redação A13 Procuração A procuração é um documento através do qual uma pessoa física ou uma entidade jurídica (uma empresa, um instituto, uma ONG etc.) se faz representar legalmente através de outra (cf. GOLD, 2005, p. 130). Isso se dá pelo fato de, numa dada situação, a pessoa ou a entidade interessada encontrar-se, por algum motivo, impossibilitada de agir diretamente. Nesse sentido, a pessoa ou a entidade que se faz representar através da procuração é chamada de mandante, constituinte ou outorgante; o representante, por sua vez, é denominado mandatário, procurador ou outorgado. Desses, os termos mais comumente utilizados são outorgante, para a pessoa/entidade representada, e outorgado, ou procurador, para o representante. Por esse instrumento, o representante recebe autorização para, em nome e lugar do representado, praticar atos e/ou fazer determinadas transações, na maioria dos casos, de caráter específi co e limitado. Esses atos e/ou transações podem ser, por exemplo, realizar matrícula em uma instituição; fazer inscrição em algum concurso; assinar documento(s); iniciar ou encerrar um contrato, fazer um negócio de compra ou venda; efetuar pagamentos; receber valores; movimentar conta bancária; substituir o representado em alguma assembléia, tendo poder de voto; possuir guarda provisória de algum bem e poder administrá-lo, entre outras coisas. Entretanto, há direitos e ações vedados ao outorgado. Nesse caso, ele não pode participar de um concurso em lugar do outorgante ou, então, apropriar-se de um bem deste que está sob sua responsabilidade, por exemplo. Quanto a isso, é preciso, portanto, que o emissor da procuração esclareça no documento as atribuições e ações específi cas deseu representante. Sem essas informações, o outorgante deixa em aberto os poderes do procurador, abrindo a este certas possibilidades de atuação, o que pode resultar em algum risco para si. Tipos de procuração Existem dois tipos de procuração, os quais se relacionam às condições de produção e ao grau de ofi cialidade. Assim, a procuração pode ser: a) pública: lavrada e registrada em cartório, possuindo, assim, maior ofi cialidade; b) particular: emitida por uma pessoa, sem que precise ser lavrada ou registrada em cartório, dispensando, desse modo, o reconhecimento deste. Porém, ainda assim, deve ser elaborada dentro dos padrões ofi ciais. Vamos checar agora o que você viu até aqui? Muito bem, então procure responder a esta pequena proposta de atividade que segue. Praticando...Praticando... 1 4 Redação A13 1. Diga, em suas próprias palavras, o que é procuração. 2. Escreva C (para correto) ou E (para errado) quanto ao que se afi rma abaixo sobre procuração. ( ) O mandatário é o responsável pela emissão da procuração. ( ) O procurador deve receber poderes defi nidos para agir em nome da pessoa representada. ( ) Caso não haja limite de autorização, o procurador adquire poderes e direitos ilimitados. ( ) A procuração particular, mesmo não sendo registrada em cartório, possui validade social. 3. Aponte a incorreção existente nas afi rmações falsas e as refaça, de modo que se tornem aceitáveis. PROCURAÇÃO Outorgante: Cláudio Rodrigues dos Santos, brasileiro, casado, contador, CPF 125.374.532-79, residente e domiciliado em Natal/RN, na Rua das Orquídeas, 55, Lagoa Nova. Outorgado: Régis Duarte da Costa, brasileiro, casado , a rqu i t e t o , CPF 278.433.681-59, residente e domiciliado em Recife/PE, na Rua Dr. Otônio Azevedo, 31, Candeias. O outorgante acima qualifi cado nomeia e constitui seu bastante procurador, na cidade de Recife/PE, o Sr. Régis Duarte da Costa, acima qualifi cado, (...) 5 Redação A13 Exemplo 1 Continuando nossa conversa, vejamos a seguir do que se compõe a procuração, como se organiza e quais os modelos em que pode se apresentar. Estrutura básica da procuração Numa procuração, devem constar os seguintes componentes, na ordem em que aparecem dispostos abaixo: título (todo em maiúsculas e em negrito): PROCURAÇÃO; identifi cação do outorgante, com as seguintes informações: nome, nacionalidade, estado civil, profi ssão, RG / CPF / ou nº de matrícula (conforme o caso), endereço; identificação do outorgado: com as mesmas especificações exigidas para o outorgante. Neste ponto, vamos abrir um parêntese no que estamos expondo, para mostrar, através destes exemplos, as formas (ou modelos) de apresentação introdutória da procuração. PROCURAÇÃO Por este instrumento particular de procuração, eu, Cláudio Rodrigues dos Santos, brasileiro, casado, contador, CPF 125.374.532-79, residente e domiciliado em Natal/ RN, na Rua das Orquídeas, 55, Lagoa Nova, nomeio e constituo meu bastante procurador, na cidade de Recife/PE, o Sr. Régis Duarte da Costa, brasileiro, casado, arquiteto, CPF 278.433.681-59, residente e domiciliado em Recife/PE, na Rua Dr. Otônio Azevedo, 31, Candeias, (...) 6 Redação A13 Exemplo 2 Viu como é? Pois bem, dando continuidade ao estudo sobre a estrutura composicional da procuração, temos, ainda, os seguintes elementos: objeto da procuração e delimitação de poderes e ações do procurador: nesta parte, que constitui o ponto central do documento, o outorgante informa a que a procuração se destina e estabelece quais as atribuições específi cas que cabem ao outorgado; local, data e, abaixo destes, a assinatura do outorgante. Há procurações em que se utilizam testemunhas. Nesse caso, as assinaturas destas vêm após a assinatura do outorgante, todas com fi rma reconhecida em cartório. (...) com o fim especial de efetuar inscrição no concurso público para auditor fiscal do estado de Pernambuco, podendo o outorgado fazer pagamento de taxas, receber documentação referente ao concurso e realizar demais atos necessários ao pleno cumprimento deste mandato. Natal, 13 de março de 2009 ______________________ (assinatura do outorgante) 7 Redação A13 Veja como fi cam esses componentes da procuração no exemplo que segue. Agora confi ra, mais uma vez, o que você aprendeu até aqui com essas informações sobre procuração, através desta breve atividade proposta a seguir. Exemplo 3 Praticando...Praticando... 2 8 Redação A13 a) Eu, Ângelo Ribeiro de Morais, brasileiro, jornalista, CPF... b) O outorgante nomeia seu procurador João Rebouças Andrade, brasileiro, casado, comerciante, RG... c) ... residente na Rua Pte. Café Filho, 365, Fortaleza/CE... d) ... com o fi m de me representar na assembléia ordinária anual do condomínio Parque do Sol, para eleição do novo síndico, recebendo autorização para votar e ser votado,... Veja agora o documento de uma procuração por inteiro, atentando para os detalhes que foram explicitados até o momento: 1. Observe atentamente trechos de uma procuração listados abaixo, identifi que os problemas neles existentes e os conserte em seguida. 9 Redação A13 Exemplo 4 Modelo completo PROCURAÇÃO Outorgante: Cláudio Rodrigues dos Santos, brasileiro, casado, contador, CPF 125.374.532-79, residente e domiciliado em Natal/RN, na Rua das Orquídeas, 55, Lagoa Nova. Outorgado: Régis Duarte da Costa, brasileiro, casado, arquiteto, CPF 278.433.681-59, residente e domiciliado em Recife/PE, na Rua Dr. Otônio Azevedo, 31, Candeias. O outorgante acima qualificado nomeia e constitui seu bastante procurador, na cidade de Recife/PE, o Sr. Régis Duarte da Costa, acima qualifi cado, com o fi m especial de efetuar inscrição no concurso público para auditor fi scal do estado Pernambuco, podendo o outorgado fazer pagamento de taxas, receber documentação referente ao concurso e realizar demais atos necessários ao pleno cumprimento deste mandato. Natal, 13 de março de 2009 _________________________________ (Assinatura do outorgante) Agora, vamos ver o segundo documento proposto neste estudo – o requerimento. Requerimento Endereçado ao cargo/função exercido(a) pela autoridade Existe uma distinção importante entre Requerimento e Petição: é que, nesta, não há amparo legal para o que é solicitado, podendo o interessado ser atendido ou não. Praticando...Praticando... 3 O endereçamento que se fez à autoridade ou órgão público, no início do documento, é chamado de Invocação. 10 Redação A13 Requerimento O requerimento é um instrumento por meio do qual o requerente – que pode ser pessoa física ou jurídica – solicita a uma autoridade ou órgão do serviço público algo a que tem direito, concedido por lei, decreto, portaria etc. Quanto a isso, deve ser esclarecido que o documento é endereçado ao cargo/função exercido(a) pela autoridade, e não à pessoa em si que ocupa o posto (cf. ZANOTTO, 2002, p. 147). Todavia, não há problema em mencionar o nome da autoridade a quem se dirige a solicitação, junto à especifi cação do cargo/função. Veja como se apresenta a abertura de um requerimento: Exemplo 6 Excelentíssima Senhora Secretária Estadual de Turismo Maria Goretti de Medeiros (...) Exemplo 5 Excelentíssima Senhora Secretária Estadual de Turismo (...) Cremos que você está pronto para executar a tarefa a seguir. 1. Observe e compare a abertura da procuração e do requerimento. Escreva abaixo a(s) diferença(s) que você encontrou entre um e outro documento. 11 Redação A13 2. Assinale a abertura de requerimento em que existe erro e, depois, diga por quê. a) Senhor Secretário Municipal de Obras Públicas b)REQUERIMENTO À Excelentíssima Senhora Maria de Lourdes Pereira c) À Direção da COMPERVE/UFRN Justifi cativa Vamos avançar mais um pouco nos conhecimentos acerca do requerimento. 12 Redação A13 Estrutura básica do requerimento Além da abertura, em que se faz a invocação à autoridade à qual é submetido o documento (conforme já foi esclarecido), temos os seguintes elementos: identifi cação do requerente: são os dados pessoais, contendo nome, nacionalidade, estado civil, profi ssão, RG / CPF / ou nº de matrícula (conforme o caso), endereço; objeto do requerimento: especifi cação do que se deseja solicitar, acompanhada da menção ao amparo legal. Quer dizer, o solicitante esclarece o que está requerendo e cita a lei, o decreto ou a portaria que confere apoio jurídico ao seu pedido. Vejamos como fi ca o texto com essas informações: Exemplo 7 (...) Josélia Menezes Ramos, brasileira, divorciada, servidora TE-D, matrícula 51.268- 0, residente e domiciliada em Natal/RN, na Rua Alm. Barroso, 74, Alecrim, vem requerer de V. Exª o gozo de Licença Prêmio, referente ao período 1999-2009, conforme defi nida na Portaria 003/89 e no regime do servidor estadual. Uma observação sobre essa parte do texto é que, caso haja um ou mais documentos que devam ser anexados ao requerimento (tais como declaração, atestado, contracheque ou outro qualquer), isso precisa ser informado com as devidas especifi cações. Desta forma: Exemplo 8 Em anexo: declaração da unidade de serviço, contracheque e xérox da identidade. Para fi nalizar o requerimento, devem constar, ainda, os seguintes componentes, na sequência em que aí são citados: fecho: encerramento da requisição, onde se empregam as seguintes expressões (uma abaixo da outra): 13 Redação A13 Exemplo 9 Termos em que Pede deferimento ou ou ou N. T. P. D. N. T. A. D. Nesses termos Pede deferimento Nesses termos Aguarda deferimento Também podem ser utilizadas iniciais de abreviação. Assim: Exemplo 10 local e data e, mais abaixo, a assinatura do requerente. Por fi m, confi ra agora como fi ca o requerimento completo, observando cuidadosamente todas as suas peculiaridades. Praticando...Praticando... 4 14 Redação A13 Exemplo 11 Excelentíssima Senhora Secretária Estadual de Turismo Josélia Menezes Ramos, brasileira, divorciada, servidora TE-D, matrícula 51.268-0, residente e domiciliada em Natal/RN, na Rua Alm. Barroso, 74, Alecrim, vem requerer de V. Exª o gozo de Licença Prêmio, referente ao período 1999-2009, conforme defi nida na Portaria 003/89 e no regime do servidor estadual. Em anexo: declaração da unidade de serviço, contracheque e xérox da identidade Termos em que Pede deferimento Natal, 16 de março de 2009 _____________________________________ (Assinatura do requerente) 1. Escreva SIM ou NÃO nas afi rmações dadas a seguir, conforme se encontrem ou não de acordo com o conteúdo visto. a) No requerimento, o solicitante não possui garantias quanto ao objeto de sua requisição. ______ b) No início do requerimento, o requerente deve fazer a invocação, sem necessidade de colocar título no documento. _______ Vamos praticar mais um pouquinho, tomando como ponto de referência as informações sobre requerimento. 15 Redação A13 c) Citar o nome da autoridade a quem é dirigido o requerimento é tão importante quanto mencionar o cargo/função. _______ d) No conteúdo principal do texto, devem constar, além da identifi cação do requerente, o objetivo do requerimento. _____________ e) O fecho do requerimento pode ser feito de qualquer maneira, à vontade do solicitante. ________________ Leituras complementares BELTRÃO, O.; BELTRÃO, M. Correspondência: linguagem e comunicação. 21. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2002. É um livro que trata exclusivamente de técnica redacional e das normas gerais para a elaboração da correspondência ofi cial, comercial, bancária e particular, incluindo sua caracterização, bem como modelos e comentários sobre cada gênero. Traz, ainda, por fi m, um anexo contendo o Manual de Redação da Presidência da República, que dispõe sobre a padronização das comunicações ofi ciais. Vale a pena conferir! MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Esse livro possui um conteúdo bastante variado: na primeira parte, aborda noções gerais sobre comunicação, redação e estilo; na segunda, trata de correspondência e redação técnica, expondo os diversos gêneros da correspondência ofi cial, empresarial e profi ssionalizante, com esclarecimentos e exemplifi cação acerca de cada um deles; na última parte, fornece orientações sobre diversos tópicos gramaticais da língua padrão. É um texto útil àqueles que desejam conhecer melhor esses temas. Indicamos também, como sugestão de consulta, os seguintes sites: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Disponível em: <www.inep.gov.br>. Acesso em: 8 maio 2009. IG. Concursos. Disponível em: <www.concursos.ig.com.br>. Acesso em: 8 maio 2009. MUNDO EDUCAÇÃO. Redação. Disponível em: <www.mundoeducacao.com.br/redacao>. Acesso em: 8 maio 2009. ACÓRDÃOS. Disponível em: <www.irineupedrotti.com.br/acordaos>. Acesso em: 8 maio 2009. Esses sites apresentam informações gerais sobre os documentos que você acabou de ver e oferece algumas dicas para sua elaboração. 16 Redação A13 Nesta aula, estudamos o que é uma procuração e um requerimento. Vimos que a procuração é um documento em que se transfere poder de representação e ação a outra pessoa e pode ser pública ou particular, já o requerimento é um documento em que se solicita a uma autoridade pública o benefício a um direito amparado por lei. Vimos ainda que ambos são documentos com estrutura e estilo específi cos e previamente defi nidos. Agora, com base nas orientações que você recebeu sobre procuração e requerimento, procure atender ao desafi o desta última atividade proposta abaixo, como uma oportunidade de demonstrar que realmente assimilou o conteúdo visto. 1. Suponha que você fará uma viagem e, nesse período de afastamento, necessitará efetuar sua matrícula no curso que está frequentando, onde você reside. Sendo assim, elabore uma procuração, autorizando um colega para realizar esse ato em seu lugar. Portanto, mãos à obra! 17 Redação A13 2. Imagine que você é um funcionário público do município de Natal e deseja encaminhar uma solicitação de licença médica à autoridade do órgão em que você está lotado, para tratamento de um problema de saúde, por um dado período. Portanto, elabore um requerimento com esse teor, de modo a atender a tal fi nalidade. Referências GOLD, M. Redação empresarial: escrevendo com sucesso na era da globalização. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. ZANOTTO, N. Correspondência e redação técnica. Caxias do Sul, RS: EDUCS, 2002. (Col. Hotelaria). Anotações 18 Redação A13 Anotações 19 Redação A13 Anotações 20 Redação A13 José Romerito Silva 14 C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Curriculum Vitae REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José CorreiaTorres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A14 O que é Curriculum Vitae, qual a sua função e importância, do que se compõe e como organizá-lo de acordo com as novas exigências do mercado de trabalho. Você verá, ainda, algumas “dicas” sobre o curriculum, não apenas quanto a alguns cuidados necessários em relação a certos elementos que o integram, mas também quanto ao que precisa ser evitado, a fi m poder cumprir satisfatoriamente o objetivo a que se destina. Conhecer o conceito de Curriculum Vitae. Compreender a funcionalidade e importância do Curriculum no mundo do trabalho e na vida estudantil. Conhecer o conteúdo e a organização de um Curriculum, bem como alguns cuidados que devem ser tomados em sua elaboração. Aplicar adequadamente os conhecimentos adquiridos na produção do próprio Curriculum. 2 Redação A14 Para começo de conversa... Toda pessoa que deseja exercer uma determinada função no mercado de trabalho formal, seja na esfera pública ou privada, dependendo da situação, entre outras exigências, necessitará apresentar seu Curriculum Vitae à empresa ou entidade na qual deseja trabalhar. Ocorre que, em alguns casos, o candidato não tem a mínima noção do que seja um curriculum; em outros, o indivíduo sabe do que se trata, mas não tem conhecimento de como esse documento é elaborado e, em diversas situações, muitos candidatos ainda organizam seu curriculum tal como se fazia antigamente, “entupindo-o” de informações. Entre estas, encontram-se, por exemplo, número de documentos pessoais; dados sobre toda a sua vida escolar, incluindo minicursos, ofi cinas, treinamentos e demais eventos de caráter formativo; referência a todas as funções exercidas nas diferentes experiências profi ssionais; etc. Esse, além de outros, tem sido o motivo pelo qual o curriculum de muita gente acaba esquecido em alguma gaveta da empresa onde foi apresentado ou, simplesmente, indo direto para a lata de lixo. A essa altura, você, provavelmente, já deve estar querendo saber: afinal, o que vem a ser curriculum vitae? Para que serve? Do que se constitui e como se organiza? O que é ou não recomendável em um curriculum? Pois bem, tentaremos responder a essas perguntas a partir dos tópicos seguintes, os quais lhe darão tanto uma ideia geral sobre esse tema, como ajudarão você a elaborar seu próprio curriculum de maneira adequada, a fim de melhor preparar-se para a concorrência no mundo do trabalho. Antes, porém, cabe esclarecer que, no momento, vamos nos concentrar, mais especifi camente, ao tipo de curriculum destinado ao campo profi ssional. Continue lendo. Escolar/ acadêmica 3 Redação A14 Curriculum vitae O termo Curriculum Vitae (ou Currículo, como é mais utilizado atualmente, na forma aportuguesada) é derivado do latim e signifi ca, literalmente, “carreira da vida”. É um documento de valor legal, em que são fornecidas informações quanto à qualifi cação e experiência profi ssionais, bem como quanto à formação escolar/ acadêmica do candidato a um emprego, um curso etc. (FLÔRES, 2002, p. 75). O currículo funciona como um instrumento de autoapresentação do indivíduo para a empresa ou entidade na qual tenciona ingressar. Nesse sentido, o currículo é importante, porque traça um perfi l do candidato no que se refere ao seu preparo, competências e habilidades e atuação profi ssional anterior (caso já tenha alguma experiência), dando, assim, uma ideia a respeito de sua adequação ao posto que pretende ocupar. Estrutura básica do currículo O currículo se organiza contendo os seguintes componentes: a) Dados pessoais Neste primeiro tópico, o candidato deve apresentar, de modo resumido, as informações necessárias para sua identifi cação pessoal e forma de contato. Tais informações são, além do nome completo, idade, estado civil, endereço residencial (para possível correspondência, conforme o caso), número(s) do(s) telefone(s) e/ou e-mail (se tiver). Atente para o exemplo a seguir: O curriculum acadêmico, por se restringir a uma exposição sucinta da vida acadêmica do candidato e de sua experiência como pesquisador e/ou docente, possui conteúdo um pouco diferente do curriculum profi ssional fora desse âmbito. Exemplo 1 JOÃO BATISTA DE OLIVEIRA 35 anos, casado. Rua dos Jardins, 17, Capim Macio, Natal/RN. Fone: 3206.XXXX. E-mail: oliveira@uol.br. 4 Redação A14 b) Objetivo Neste item, o candidato esclarece, de maneira sucinta, qual o cargo ou função que almeja exercer na empresa. Veja o exemplo que segue: Exemplo 2 Gerente de Produção no setor de informática. c) Qualifi cação Nesta parte, o candidato expõe suas aptidões e qualidades. Informa, também, a empresa onde trabalhou e o período de atuação, chamando a atenção para alguma(s) experiência(s) bem-sucedida(s) em sua carreira profi ssional. Caso não tenha prática anterior, o candidato precisa esclarecer isso, revelando apenas “Primeiro emprego”. Observe o seguinte exemplo: Exemplo 3 Gerente de venda e distribuição de equipamentos eletro-eletrônicos na empresa X (2003-2008). Contribuição para a expansão das vendas em 30%; melhorias no transporte e entrega dos produtos. d) Formação acadêmica Aqui, o candidato informa seu grau de instrução escolar ou titulação acadêmica – o(a) último(a) adquirido(a) – citando a entidade em que estudou e o ano de conclusão do curso. Informa, ainda, outro(s) curso(s) complementar(es) que seja(m) importante(s), a fi m de demonstrar melhor preparo na atividade que deseja desempenhar. Entre esses cursos, devem constar o de outro(s) idioma(s), informática atualizada e/ou algum relacionado à função almejada. Repare no exemplo abaixo: Praticando... 1Praticando... 5 Redação A14 Exemplo 4 Especialização em Desenvolvimento de Softwares – Universidade... (2008). Bacharelado em Ciências da Computação – Universidade... (2005). Curso de Gerenciamento de Produção – SEBRAE (2006). Inglês (fl uência em leitura). Agora, vamos ver o que você conseguiu assimilar até aqui quanto ao que foi visto sobre currículo. Para isso, resolva a atividade proposta logo a seguir. 1. Coloque V (para a afi rmação verdadeira) ou F (para a afi rmação falsa). a) O currículo é um documento de apresentação pessoal. ( ) b) Todos os dados sobre a identifi cação do indivíduo devem constar no currículo. ( ) c) O candidato precisa esclarecer sua vida escolar por completo. ( ) d) No currículo, deve haver coerência entre a função almejada pelo candidato e sua qualifi cação. ( ) 2. Destaque as declarações falsas do quesito anterior e esclareça como deveria ser a informação correta. 6 Redação A14 3. Responda às seguintes questões: a) Por que o currículo profi ssional é diferente do acadêmico? b) No que difere o currículo exigido atualmente daquele mais tradicional? Recomendações gerais sobre o currículo Neste ponto, fazemos algumas recomendações complementares, que se relacionam à elaboração de um currículo mais adequado às expectativas do atual mercado de trabalho. Trata-se, portanto, de certos cuidados que devem ser tomados pelo candidato na preparação de seu currículo. Nesse sentido, apresentamos aqui tanto sugestões como também determinados lembretes, a fi m de que se evite incorrer em algum erro. Tais sugestões e lembretes referem-se aos seguintes aspectos do currículo: Quanto ao tamanho Há algumtempo, costumava-se apresentar currículos bastante extensos e detalhados. Quanto mais informações e páginas tivessem, parecia dar mais status e credibilidade ao candidato. 7 Redação A14 Agora isso mudou. Os examinadores de currículo e responsáveis pela seleção de candidatos não dispõem de tanto tempo para fi car lendo textos prolixos, que não vão direto ao ponto de interesse. Portanto, quanto mais “enxuto” for o currículo, melhor. Isso signifi ca que tal documento deve ter uma ou duas páginas, no máximo, informando apenas o absolutamente necessário. Quanto à qualidade das informações Tem a ver com o que é informado no currículo. Há candidatos que, ingenuamente, fornecem alguma informação falsa. Isto é, declaram coisas acerca de sua formação instrucional ou de sua experiência profi ssional que não correspondem aos fatos. Com isso, acreditam que conseguirão impressionar a empresa e levar alguma vantagem na seleção. No entanto, não se deve esquecer que, ao ser selecionado ou no ato de sua admissão na empresa, o aspirante ao cargo terá de comprovar, mediante documentação legal, as informações prestadas no currículo. Assim, caso haja incoerência entre aquilo que informou antes e o que, de fato, se comprova com os documentos, corre o risco de sofrer danos irreparáveis à sua imagem pessoal e profi ssional. O caso a seguir, extraído de Todeschini e Emilião (2008, p. 148), ilustra bem essa tentativa arriscada e mal- sucedida. Confi ra: Exemplo 5 “MBA na área de logística e gestão da cadeia de suprimentos [...]” [informação no currículo do candidato]. “A realidade: trata-se de um curso de extensão” [constatação da falsidade da informação]. Nesse caso, aconselha-se a informar tão somente o que pode ser legalmente confi rmado. Isso evitará constrangimento e decepção. Quanto à linguagem e ao estilo Por estar vinculado a um contexto formal de comunicação e se relacionar à boa impressão que o candidato deve dar à entidade que deseja tê-lo em seu quadro de funcionários, recomenda-se que essa espécie de texto seja escrita em linguagem padrão. Nesse sentido, o candidato deve ter o cuidado de não utilizar termos ou expressões que desmereçam o documento e passem a idéia de inaptidão para o cargo. 8 Redação A14 Quanto a isso, também se deve dar atenção à correção gramatical e ortográfi ca do texto. Assim, ao preparar o documento, o produtor precisa observar, entre outras coisas, as concordâncias, a pontuação e a escrita correta das palavras. Outra recomendação sobre a linguagem refere-se ao cuidado em evitar o uso de palavras que exprimem elogio a si mesmo, tais como os adjetivos apreciativos (por exemplo: esforçado, excelente, dinâmico, esperto, decidido, entre outros) ou formas adverbiais do tipo enormemente, com certeza etc.; também de expressões que denotam informação abstrata, difícil de ser objetivamente atestada de imediato. Entre elas, encontram-se, por exemplo, intuição para os negócios ou gosto pela leitura. Ainda outro ponto sobre isso tem a ver com a igual atenção em não utilizar clichês (ou chavões) e expressões desgastadas. Um exemplo disso pode-se ver em casos como agregar valor, alavancar a produção, a nível de etc. Santomauro (2009, p. 32) comenta que, em questão de estilo, algumas formas de expressão são mais adequadas e valorizadas do que outras. Em seguida, aponta este exemplo: Exemplo 6 “[...] ‘experiência no ambiente on-line’, em vez de ‘experiência no trabalho com internet’.” Outra questão quanto aos aspectos estilísticos refere-se à preferência que o escrevente deve dar às frases curtas. Desse modo, é preciso eliminar qualquer termo ou expressão que deixa o texto “pesado” e não contribui para o rápido acesso às informações necessárias. Portanto, em lugar de dizer, por exemplo, Responsável pelo setor de recursos humanos..., vá direto ao ponto: Coordenador de Recursos Humanos... Assim, conforme se vê, o candidato deve procurar expressar-se da melhor forma possível, de modo a deixar seu texto dentro das condições satisfatórias. Quanto à manifestação de objetividade/subjetividade Apesar de o currículo constituir-se um documento de informações pessoais, é recomendável que seja elaborado da forma mais objetiva possível. Signifi ca que devem ser evitadas manifestações de subjetividade, entre elas, pronomes e verbos na 1ª pessoa. Em vez disso, é preferível o recurso à impessoalidade, em que o informante se utiliza de formas relativas à 3ª pessoa do singular. Isso pode ser conferido no seguinte exemplo, também fornecido pela revista Santomauro (2009, p. 31): 9 Redação A14 Exemplo 7 “Em vez de ‘desenvolvi tal projeto’, soa melhor algo como ‘responsável pelo desenvolvimento de tal projeto’.” Quanto à formatação do texto O currículo deve ser redigido, observando-se os seguintes aspectos: 1. uso de papel ofício padrão; 2. emprego de letra do tipo times new roman, tamanho 12; 3. destaque nos tópicos principais (em negrito); 4. utilização de foto colorida escaneada, no início, à margem direita da página (componente opcional). Ainda quanto a isso, é bom evitar o uso de letras coloridas ou de qualquer outro recurso que desvie a atenção do foco principal, que são as informações de interesse acerca do candidato. Lembre-se: o currículo é um documento legal e, portanto, não pode ser formulado e/ou redigido com base no gosto pessoal de seu produtor. Finalizando as observações gerais sobre o currículo, vale assinalar que você poderá encontrar algum modelo um pouquinho diferente desse que apresentamos aqui. Por exemplo: em algumas orientações, o tópico sobre a formação acadêmica antecede a parte sobre a qualifi cação e experiência profi ssional. Mas isso não chega a ser um problema nem compromete a estrutura geral do documento. Assim, fi ca a seu critério seguir um modelo ou outro. O importante é não se afastar desse padrão mais geral, lembrando-se sempre de que o currículo não garante o emprego, mas, dependendo do modo como se apresenta, tem uma participação importante na escolha do candidato. Para ter uma idéia melhor sobre o currículo como um todo, veja agora este exemplo com o texto completo. 10 Redação A14 Exemplo 8 Como você viu, preparar um currículo não é tão complicado quanto se pensa. Basta seguir as normas e recomendações dadas. Agora, vamos praticar um pouquinho? Vai, a seguir, mais uma proposta de atividade sobre o que você aprendeu até aqui. [foto do candidato] JOÃO BATISTA DE OLIVEIRA 35 anos, casado. Rua dos Jardins, 17, Capim Macio, Natal/RN. Fone: 3206.XXXX. E-mail: oliveira@uol.br. Objetivo Gerente de Produção no setor de informática. Qualifi cação Gerente de venda e distribuição de equipamentos eletro-eletrônicos na empresa X (2003-2008). Contribuição para a expansão das vendas em 30%; melhorias no transporte e entrega dos produtos. Formação Especialização em Desenvolvimento de Softwares – Universidade... (2008). Bacharelado em Ciências da Computação – Universidade... (2005). Curso de Gerenciamento de Produção – SEBRAE (2006). Inglês (fl uência em leitura). Praticando... 2Praticando... 11 Redação A14 1. São dadas abaixo algumas informações que são comuns em currículos, porém não muito recomendadas. Portanto, sua tarefa é reelaborá-las, demonstrando uma forma mais adequada de apresentação. Pode também propor a eliminação de alguma(s) delas, por não ser(em) relevante(s) em um currículo. a) Sou fl uente em inglês e espanhol. b) Apesar de não possuir experiência, estou pronto a aprender e enfrentar novos desafi os. c) Possuo habilidade para trabalhar em equipe. d) Enquanto gerente de marketing, observou-se incrível elevação no nível das vendas da empresa. 2. Marque a alternativa correta quanto ao que se afi rma sobre o currículo. a) O currículo deve ser bastante detalhista,a fi m de que se obtenham informações precisas sobre o candidato. ( ) b) Declarações sobre potencialidades e tendências do candidato são bem-vindas no currículo. ( ) c) O candidato tem liberdade para decidir elaborar seu currículo conforme o gosto pessoal. ( ) d) Na preparação do currículo, o produtor deve fazer escolhas não apenas entre informações disponíveis sobre si mesmo, mas também entre formas de expressão. ( ) 12 Redação A14 Leituras complementares BELTRÃO, O.; BELTRÃO, M. Correspondência: linguagem e comunicação. 21. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2002. É um livro que trata exclusivamente de técnica redacional e das normas gerais para a elaboração da correspondência ofi cial, comercial, bancária e particular, incluindo sua caracterização, bem como modelos e comentários sobre cada gênero. Traz, ainda, por fi m, um anexo contendo o Manual de Redação da Presidência da República, que dispõe sobre a padronização das comunicações ofi ciais. Vale a pena conferir! MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental. 20. ed. Porto Alegre, RS: Sagra Luzzatto, 1999. Esse livro possui um conteúdo bastante variado: na primeira parte, aborda noções gerais sobre comunicação, redação e estilo; na segunda, trata de correspondência e redação técnica, expondo os diversos gêneros da correspondência ofi cial, empresarial e profi ssionalizante, com esclarecimentos e exemplifi cação acerca de cada um deles; na última parte, fornece orientações sobre diversos tópicos gramaticais da língua padrão. É um texto útil àqueles que desejam conhecer melhor esses temas. MEU CURRÍCULO. Disponível em: <www.meucurriculum.com>. Acesso em: 8 maio 2009. Vale também como sugestão de consulta o site Meu Currículo, que apresenta informações gerais sobre currículo e oferece algumas dicas para sua elaboração. Nesta aula, vimos que o Curriculum Vitae (ou Currículo) é um documento de apresentação pessoal do candidato a um emprego, um curso etc. Vimos que é composto por dados pessoais do candidato; objetivo; qualifi cação e formação escolar/acadêmica. Estudamos ainda que, na preparação do currículo, deve-se ir direto às informações estritamente necessárias, evitar declarações inverídicas, estar atento à correção da linguagem e ao estilo mais adequado. 13 Redação A14 Agora, de posse dos esclarecimentos e orientações que você recebeu sobre currículo, procure atender ao desafi o desta última atividade proposta abaixo, como uma oportunidade de demonstrar que realmente assimilou o conteúdo visto. Mãos à obra! 1. Observe atentamente o currículo apresentado a seguir e depois esclareça por que este é considerado “ERRADO”, apontando defeitos que nele você identifi cou. 14 Redação A14 2. Suponha que uma empresa está para realizar uma seleção de candidatos a uma vaga relacionada à sua função/área de atuação, e você está interessado em concorrer. Sendo assim, elabore seu próprio currículo, de modo a se apresentar como candidato apto a ocupar essa vaga. Anotações 15 Redação A14 Referências FLÔRES, L. L. Redação ofi cial. 3. ed. Florianópolis, SC: EdUFSC. 2002. SANTOMAURO, A. C. Apresentação à altura. Língua Portuguesa,v. 3, n. 40, p. 30-33, fev. 2009. TODESCHINI, M.; EMILIÃO, M. Mentiras no currículo. Veja, p. 148, 18 jul. 2008. Anotações 16 Redação A14 15 Glícia M. Azevedo de M. Tinoco C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S Relatório REDAÇÃO Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Redação A15 O gênero discursivo relatório é o objeto de estudo da aula 15. É indiscutível a importância desse gênero tanto no âmbito escolar – para “relatar” as aulas de campo, por exemplo – quanto no âmbito do trabalho, ambiente em que os relatórios têm a função de registrar ações, expor procedimentos, descrever e sistematizar resultados de atividades realizadas. Tudo isso com vistas a socializar com os colegas de trabalho experiências que podem otimizar o tempo do grupo no enfrentamento de problemas diários. Por esse motivo, percebemos que a refl exão sobre esse gênero da redação ofi cial é de extremo valor. Logo, algumas indagações iniciais podem nos preocupar: como elaborar um bom relatório? Que características devem ser observadas nesse gênero? Como se compõe a estrutura de um relatório? Esperamos que, ao fi m desta aula, você tenha condições de responder a essas indagações. Compreender a importância do relatório na administração de atividades da escola e/ou do local de trabalho, principalmente. Conhecer elementos importantes para a elaboração de um relatório de qualidade. Compreender as características fundamentais e a estrutura composicional de um relatório, do simples ao mais complexo. Aplicar conhecimentos na área de redação ofi cial para ler e produzir relatórios de forma profi ciente. Trabalho 2 Redação A15 Para começo de conversa... Se avaliarmos a agitação de nosso dia a dia, temos de convir que não há como acompanhar pessoalmente cada ação, cada procedimento e sistematizar todos os resultados das atividades que são desenvolvidas na escola e/ou no local de trabalho presencialmente. Nesse sentido, para socializar problemas e alternativas de enfrentamento, nada melhor do que a produção de relatórios. Esse gênero pode nos ajudar a compreender o processo realizado por uma pessoa (ou por um grupo) mediante situações que precisaram (ou ainda precisam) ser redimensionadas. De forma proposital, restringiremos nossa refl exão a estes dois ambientes: escola e local de trabalho. No entanto, temos consciência de que cada um de nós exerce papéis sociais diferentes em outras esferas de atividade, tais como: igreja, associações, clubes, instituições comerciais, bairro, ONG... Também nesses ambientes, pode haver demandas para a produção de relatórios. Fonte: <http://caminhando.pbwiki.com/f/relatorio.gif> Acesso em: 03 abr. 2009 Mas você não pode começar a digitar seu relatório sem se preocupar com alguns critérios essenciais. A sua produção tem de se pautar em parâmetros que fazem de um relatório um documento esclarecedor e, portanto, adequado para os fi ns a que se propõe. Vejamos, então, o que é necessário saber para que possamos produzir relatórios substanciais. 3 Redação A15 Relatório Relatório é um documento que expõe uma atividade (aula de campo, visita de inspeção, viagem a serviço, seminário, curso) de forma detalhada, mas não exaustiva. Em um relatório, salientam-se os aspectos principais da atividade em foco, seus resultados e a avaliação que o autor faz da atividade. Logo, nessa produção, alguns elementos devem ser observados com atenção. Vejamos quais. Extensão adequada Um relatório precisa apresentar asinformações mais importantes da atividade sobre a qual discorre. O excesso de detalhes pode tornar o relatório longo e sua leitura cansativa. Evite o detalhamento desnecessário. Todavia, um relatório curto demais pode omitir informações essenciais. Isso é um problema! Para resolver esse problema, convém observar se o relatório que você pretende entregar ao professor (no caso de uma atividade escolar) ou ao chefe (atividade do local de trabalho) apresenta respostas para as seguintes perguntas: O quê? Por quê? Quem? Onde? Quando? Como? Quanto? E daí? Essas perguntas, que são apenas norteadoras, podem ajudá-lo a produzir um relatório que atenda às exigências da situação de comunicação a que você está submetido. Mas pode acontecer de você não precisar de todas as perguntas supracitadas ou ainda ter de adaptá-las. Esse é o seu trabalho! Selecione as perguntas necessárias, descarte algumas delas, adapte as demais. O fato é que essas perguntas devem compor o seu projeto inicial de escrita, ou seja, o rascunho do seu relatório. Com isso, queremos explicitar que um relatório não é o conjunto de perguntas e respostas. Aliás, esse conjunto é denominado de questionário, um velho conhecido de Seleção lexical 4 Redação A15 todas as pessoas que já passaram pelos bancos escolares. Defi nitivamente, não se trata de um relato, que deve ser sucinto, mas deve apresentar as informações necessárias e, se for o caso, anexar gráfi cos, fotografi as, entre outros dados afi ns. Como podemos perceber, a produção de um relatório requer uma estrutura composicional bem defi nida. Antes, porém, de nos atermos a esse ponto, vejamos mais alguns elementos importantes que devem ser observados no relatório. Linguagem A exemplo de outros gêneros que vimos neste curso, a linguagem usada em um relatório deve ser correta linguisticamente, clara, coerente (rever aula 4). Estilo A melhor opção para um relatório de estilo elegante é a simplicidade. Uma boa seleção lexical é sufi ciente para que seu leitor se sinta bem informado ao ler seu relatório. Obviamente que, em uma situação de relatório produzido por um técnico em informática, por exemplo, para outro técnico da mesma área, algumas palavras mais específi cas terão de ser usadas. Nesse caso, não haverá problemas de compreensão, uma vez que esse linguajar faz parte do exercício profi ssional dos interlocutores, ou seja, do conhecimento partilhado entre eles. No entanto, se esse mesmo técnico tiver de enviar seu relatório a um leigo (um cliente, por exemplo) terá de “traduzir” em uma linguagem correta e compreensível as palavras ou expressões que possam causar dúvidas. Objetividade Um bom relatório evita fl oreios de linguagem. Ele prima pela clareza. É objetivo; logo, apresenta um texto sucinto, enxuto, sem delongas. Exatidão Para garantir a exatidão das informações de um relatório, é interessante que ele apresente números, estatísticas, cifras. Esses elementos precisam ser comprovados pela citação da fonte de consulta. De fato, é o cruzamento dos dados apresentados e da validade das fontes que poderá oferecer credibilidade ao relatório e, consequentemente, ao seu produtor, responsável por todo o conteúdo. Seleção lexical signifi ca “escolha de palavra”. Um bom exemplo de seleção lexical está no item “clareza”, da aula 4. Releia-o. 5 Redação A15 Formato e impressão Em geral, o relatório é formatado em papel A4 ou carta, apresenta sentido vertical (retrato), margens de 2,5 a 3 cm de todos os lados e a impressão é feita de um só lado do papel (uma lauda). Estrutura básica de um relatório simples Após responder às perguntas norteadoras que vimos no item 1, está vencida a primeira etapa: você já tem um projeto de relatório. Agora, vamos nos dedicar à segunda etapa. Quais são as partes essenciais desse gênero? Vejamos. Capa Apresenta o nome da instituição (escola ou empresa), o título do relatório, nome do autor (ou do setor) e data. Observação Intitular um texto representa fazer um exercício de síntese. Não é fácil. Você tem de escolher um título curto, objetivo e, ao mesmo tempo, orientador. Isso porque o título ajuda o leitor a construir expectativas sobre o que ele vai encontrar no texto. Exemplo 1 6 Redação A15 Parte interna Em um relatório simples (com extensão de poucas páginas), a parte interna deve apresentar, em linhas gerais: uma introdução ao problema que motiva a produção do relatório; o cronograma do trabalho desenvolvido; o registro em tópicos das principais atividades desenvolvidas; a descrição dos resultados obtidos (parciais e totais); a enumeração dos aspectos positivos e negativos do processo vivenciado; tabelas, dados estatísticos, fotografi as e outros elementos que sejam necessários como elementos comprobatórios (os anexos). Local e data É importante informar ao leitor a referência espaço-temporal do relatório, ou seja, o local e a data em que o documento foi produzido. É desejável que um relatório seja apresentado tão logo a atividade tenha sido fi nalizada. Relatórios atrasados não são confi áveis, porque podem não ser fi éis à atividade que relatam. Assinatura do autor Acompanhada de função ou cargo, se for o caso. RELATÓRIO DA SUBSTITUIÇÃO DO AGENTE TITULAR EM AGÊNCIA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE, NO RIO GRANDE DO NORTE Em cumprimento à deliberação superior, viajei a São Gonçalo do Amarante/RN, no dia 20 de fevereiro de 2008, para substituir o titular da Agência Central do Banco do Brasil, Mário Leivas, por motivo de férias vencidas. Na ocasião, foram tomados os devidos assentamentos. No período compreendido entre 21 de fevereiro e 21 de março do corrente ano, foram realizadas apenas tarefas rotineiras. Tendo em vista o retorno do referido titular a 22 de março, este substituto interino retornou, no dia seguinte, às suas funções na Agência Rio Branco, na cidade de Natal. Natal/RN, 23 de março de 2008. MARCOS DE ALMEIDA Chefe de Produção Exemplo 2 (Adaptado de MARTINS; ZILBERKNOP, 1994) Praticando... 1Praticando... 7 Redação A15 Observe que, nesse relatório, o autor não faz uma descrição dos “assentamentos” tomados e das “tarefas rotineiras” executadas no período em que ele substituiu o titular da Agência Central de São Gonçalo do Amarante. Isso pode ser considerado um problema? Não. Esse relatório certamente se destina ao chefe do Sr. Marcos Almeida. Em outras palavras, seu leitor é um profi ssional que conhece bem a que assentamentos e tarefas de rotina o autor do texto faz referência. Entre eles, há um conhecimento partilhado sobre as atividades de uma agência bancária. Logo, para esse destinatário, essa explicitação seria desnecessária, compreende? A relevância da informação é um elemento que deve ser considerado na produção de um relatório. O detalhamento excessivo pode prejudicar a qualidade desse gênero discursivo. De fato, um relatório fi nal consolidado e pertinente pode apresentar poucas páginas. Retomando o exemplo 2, responda às seguintes questões. 1. É aconselhável, em um relatório, explicitar apenas as informações centrais. Por exemplo: a) Para onde Marcos Almeida viajou? ___________________________________ b) Quando? _______________________________________________________ c) Para quê? ______________________________________________________ d) Qual foi o período dessa atividade? __________________________________ e) Em que dia Marcos Almeida retornou às suas atividades em sua agência de origem? ________________________________________________________ f) O que motivou esse retorno? _______________________________________ g) A data da produção do relatório é compatível com o esperado? ____ Por quê? _____ _________________________________________________________2. O título do relatório lido não condiz com a extensão esperada. Intitular é um exercício de síntese. Assim, proponha um título mais adequado a ele. __________________________________________________________________ Assentamentos Nesse contexto, os assentamentos podem ser entendidos como os registros, nos documentos bancários, de controle das operações até então realizadas e as que estavam para ser realizadas, a partir daquele momento sob a responsabilidade de outro titular, no caso, o Sr. Marcos de Almeida. 8 Redação A15 Estrutura de um relatório mais complexo O exemplo 2 nos oferece um relatório bem sucinto, composto de uma única página. No caso da produção de relatórios mais complexos e mais extensos, há a necessidade de inclusão de outros componentes além dos que já vimos. São eles: sumário, introdução, contexto, conclusões, referências e anexos. Sumário O sumário é feito a partir de três colunas: a da esquerda enumera as divisões e subdivisões do relatório; a do centro explicita esses itens e subitens; a da direita indica o número da página em que cada parte do relatório se encontra. Exemplo 3 INTRODUÇÃO 05 1 – 1.1.1 – 1.1.2 – 2. 2.1.1 – 2.1.2 – 2.1.3 – A COSERN na região Seridó O caso de Currais Novos Demonstrativo de resultados Reforma administrativa Área fi nanceira Superintendência Financeira Contrapartida da Prefeitura 09 14 18 22 27 30 35 CONCLUSÃO 40 Observação É importante não confundir sumário e índice. Embora muitas pessoas pensem que esses elementos sejam iguais, o sumário se constitui como um “localizador” das páginas de cada seção ou subseção, conforme acabamos de ver. O índice, por sua vez, é uma lista detalhada e por ordem alfabética dos assuntos e/ou dos nomes próprios, seguidos das respectivas páginas em que são mencionados no texto. 9 Redação A15 O exemplo 3 nos traz o sumário de um relatório de mais de 40 páginas. Tomando-o como referência, vejamos, no exemplo a seguir, como seria um índice para esse caso em específi co. Exemplo 4 ÍNDICE DE ASSUNTOS C COSERN, 5, 9, 15, 18, 23, 30, 40 Currais Novos, 10, 14, 22, 35, 40 F Finanças 11, 15, 19, 28, 40 P Prefeitura 16, 24, 35 O índice oferece ao leitor a oportunidade de saber rapidamente em que páginas a palavra COSERN, por exemplo, foi citada. No caso desse relatório, COSERN é uma palavra muito importante, daí porque ser recorrente nas páginas 5, 9, 15, 18, 23, 30 e 40. Introdução Em um relatório mais extenso, há a necessidade de uma breve introdução que justifi que o trabalho realizado e explicite as diretrizes gerais que comporão o texto. Em geral, a introdução não recebe numeração no sumário (ver exemplo 3). Contexto Parte central do relatório, é no contexto que se desenvolve o relato. Sua composição se volta para a explicitação das respostas às perguntas: o quê, por quê, quem, onde, quando, como, quanto e daí. Dados quantitativos, tabelas, gráfi cos, observações gerais e análises aparecem nessa parte do relatório. Praticando... 2Praticando... 10 Redação A15 Conclusões Mediante os dados apresentados e a análise feita na parte do contexto, as conclusões devem retomar os pontos centrais do relatório para apontar direções futuras, sugerir medidas de ação, recomendar providências. Assim como na introdução, as conclusões também não recebem numeração no sumário (ver exemplo 3). Referências Nas referências, devem-se listar, por ordem alfabética, as fontes de consulta citadas no corpo do relatório. Essas fontes podem ser bibliográfi cas (livros), mas também podem ser eletrônicas (revistas virtuais, sites, fóruns de discussão). Anexos Os anexos são os materiais que complementam as informações do relatório, mas não apareceram no corpo do texto: fotografi as, mapas, organogramas. 1. Julgue as afi rmações abaixo, colocando entre os parênteses “V” para as verdadeiras e “F” para as falsas. Depois, marque a alternativa que expressa o julgamento adequado do conjunto de afi rmações. ( ) Relatório é um gênero discursivo que deve primar pela linguagem rebuscada para garantir o estilo formal. ( ) A objetividade é uma característica que não pode faltar a um relatório. ( ) Um relatório objetivo é aquele que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras. ( ) Em geral, relatório não apresenta título. a) F – V – F – V b) F – F – V – F c) V – V – V – F d) F – F – F – F e) F – V – V – F 11 Redação A15 Leituras complementares Para aprimorar seus conhecimentos sobre o gênero de que nos ocupamos nesta aula, sugerimos que você busque outros modelos de relatório no condomínio em que mora ou na sua escola ou ainda em uma associação perto da sua casa. Muitas atividades do cotidiano exigem a produção de relatórios; logo, não vai ser difícil encontrar um. Na Internet, você pode encontrar centenas de modelos de relatório. Vale precaver-se, porém. Nem tudo que está publicado na Internet é de bom gosto. Recomendamos que, em uma situação escolar, você solicite a seu professor a explicitação das partes do relatório que ele gostaria de que você desenvolvesse. Em uma situação de trabalho, o mesmo pode ocorrer. Procure relatórios entregues anteriormente. Leia-os criticamente e tente melhorar o que lhe parecer frágil e manter os pontos fortes do documento. Assim como os outros gêneros que estudamos neste curso, também o relatório tem certa fl exibilidade em sua estrutura composicional. Você deve adequar as informações aos interesses de seu interlocutor. A relevância das informações apresentadas precisa encontrar lugar no interesse do leitor em analisá-las. Fique atento a isso. Na aula 15, focalizamos o gênero discursivo relatório. Iniciamos de forma mais conceitual para delimitar nosso objeto de estudo; na sequência, demos relevo aos elementos que devem ser observados na produção desse gênero; por fi m, evidenciamos a parte estrutural de um relatório simples e de relatórios mais complexos e com um maior número de páginas. 12 Redação A15 Para ratificarmos a aprendizagem desenvolvida nesta aula, façamos um último exercício. Trata-se de um relatório de gestão de condomínio residencial. Você terá alguns dados para compor o contexto e deve pensar em outros de modo a cruzar informações e preencher da forma mais relevante possível o relatório que, abaixo, aparece incompleto. Relatório de Gestão de Condomínio Residencial Em cumprimento ao que dispõe o artigo 6o do Estatuto do Condomínio Residencial Praiamar, vimos apresentar aos senhores condôminos o relatório de nossa gestão, referente ao período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2008, para ser apreciado e avaliado pela assembléia. Para tanto, passamos a expor, de modo sucinto, os principais acontecimentos no período supracitado. Submetemos também a suas considerações as nossas propostas de trabalho para os próximos doze meses, bem como o orçamento das benfeitorias a serem executadas. 1. Do orçamento para o período 2. Das obras de benfeitoria e manutenção 13 Redação A15 3. Dos serviços contratados 4. Do pagamento das taxas de condomínio 5. Do planejamento para o próximo exercício Finalmente, solicitamos aos senhores que aqueles que estiverem de acordo com este documento se manifestem formalmente por escrito e aqueles que desejarem maiores esclarecimentos nos encaminhem suas arguições, da mesma forma, dentro de, no máximo, dez dias, a contar desta data, quando deveremosnos reunir em Assembléia Geral. Natal, ___ de ________________________________ de 2008. Paulo de Oliveira Síndico do Condomínio Praiamar Anotações 14 Redação A15 Referência MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português instrumental. 16. ed. Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1994. Anotações 15 Redação A15 Anotações 16 Redação A15 redacao_01 redacao_02 redacao_03 redacao_04 redacao_05 redacao_06 redacao_07 redacao_08 redacao_09 redacao_10 redacao_11 redacao_12 redacao_13 redacao_14 redacao_15