Logo Passei Direto
Buscar

Caso o STF julgue pela inconstitucionalidade de determinada lei, que tipo de efeitos no tempo essa inconstitucionalidade vai ter. 

User badge image

Enviado por Bruno Piaz há 12 anos

Respostas

User badge image

Lucas Rafael

há 12 anos

Bruno, sua pergunta está incompleta, é necessário saber com se deu a declaração de inconstitucionadade da Lei, tendo em vista que ela pode ocorrer por via incidental (diante de um incidente processual) ou via principal (Valendo-se de uma das espécies da Ação Direta de Incosntitucionalidade). Para responder a sua pergunta irei considerar que você se referia ao controle de constitucionalidade por via principal, nesta modalidade poderíamos ter os seguintes efeitos: Erga omnes, isto é, os efeitos decorrentes da declaração de inconstitucionalidade atinge toda a coletividade, retirando a norma do ordenamento jurídico; quanto a retroatividade pode ter o efeito ex nunc, isto é, efeito prospectivo, a declaração não abarcará os atos praticados durante a vigência da Lei, não espraiando sobre os atos praticados nulidade ou anulabilidade; ou então pode-se ter o efeito ex tunc, que tornará nulos atos praticados antes da declaração da incostitucionalidade da Lei. Cumpre no entanto destacar a figura da Inconstitucionalidade Progressiva, na qual o Supremo considera a Lei como inconstitucional, mas modula os  efeitos da declaração de incompatibilidade com a Constituição. Isto é, via de regra a declaração de inconstitucionalidade deveria produzir seus efeitos de imediato, no entanto pode o STF determinar (modular) os efeitos de sua declaração com o decorrer temporal, assim a Lei se torna, aos poucos, inconstitucional. Logo, há circunstâncias fáticas, vigentes naquele momento, que justificam a manutenção da norma dentro do ordenamento jurídico, no entanto em tempo futuro, uma vez corrigida a situação observada na circunstancia fará com que a norma prega sua validade. Cita-se como a lei 1060/50 , art. 5º, parágrafo 5º, vejamos:

 

§ 5° Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por eles mantida, o Defensor Público, ou quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos os atos do processo, em ambas as Instâncias, contando-se-lhes em dobro todos os prazos. (Incluído pela Lei nº 7.871, de 1989)

O STF entendeu no Habeas Corpus nº. 70514/SP que se justifica o prazo maior em razão das Defensorias Públicas não estarem aparelhadas como o Ministério Público atualmente está. A inconstitucionalidade progressiva nesse caso consubstancia-se no fato de que a norma somente é constitucional enquanto a defensoria carecer de aperfeiçoamento e aparelhamento. No momento em que o objetivo for alcançado instalar-se-á a inconstitucionalidade do dispositivo supracitado.

Outro exemplo de "inconstitucionalidade Progressiva" é o artigo 68 CPP, senão vejamos:

Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.

O Ministério Público defende que a atribuição de ingressar com a ação correspondente é da Defensoria Pública. No entanto, o STF decidiu mediante o RE 147.776, que enquanto não forem criadas Defensorias Públicas em todos os Estados da Federação o dispositivo continua constitucional, caso que o prejuízo será maior que o benefício. Dar-se-á a inconstitucionalidade progressiva, logicamente, quando a criação de Defensorias Públicas abranger todos os Estados. Espero ter ajudado. Abraços.

 

Essa resposta te ajudou?

1
Dislike0

Experimente
o Premium! 🤩

Libere respostas sem pagar

Ainda com dúvidas?

Envie uma pergunta e tenha sua dúvida de estudo respondida!