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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS CURSO DE BACHARELADO EM MEDICINA HEITOR WANDERLEY DE SOUSA GOMES SITUAÇÃO-PROBLEMA “OCA OCA” PATOS/PB 2023.1 No texto estudado, os médicos e enfermeiros realizaram uma abordagem agressiva em relação às crenças da comunidade, mais especificamente em relação à medicina alternativa predominante na região, que contava com rezadeiras e parteiras que desempenhavam um papel importante na saúde quando não havia médicos. Essa medicina tradicional baseava-se na utilização de plantas medicinais, cuidados caseiros e orações, e por muito tempo foi a única medida de saúde disponível naquela região, sendo muito respeitada por todos os cuidados prestados. No entanto, essa abordagem agressiva gerou insatisfação e conflito com os médicos, e a gestão municipal teve que contratar novos profissionais para lidar com a situação. A causa desses problemas foi justamente o fato de que a comunidade não tinha muito contato com médicos, o que levou a uma falta de credibilidade nessa profissão. Consequentemente, podem ocorrer complicações durante os partos, que as parteiras não conseguem resolver, podendo levar a mortes tanto dos recém-nascidos quanto das próprias mães. Além disso, pode haver abandono de tratamentos que são eficazes na detecção de doenças em estágios iniciais, quando ainda podem ser curadas, ou danos diretos causados por produtos ou profissionais que não são fiscalizados adequadamente. Assim, com a chegada do novo médico, Dr. Ricardo, que possui conhecimentos científicos e também carrega crenças próprias da cultura de onde veio, é necessário encontrar uma forma alternativa de dialogar com a comunidade, não apenas convencendo, mas também de forma terapêutica, mudando a visão desse povo em relação à medicina tradicional. Portanto, o crescente movimento da medicina alternativa se deve à percepção da sociedade dos limites da medicina convencional. Anteriormente, a grande distância entre os hospitais e ambulatórios centrais e o cotidiano da vida popular tornava inacessível uma interferência dos profissionais. No entanto, é importante ressaltar que a medicina tradicional não deve ser vista como uma alternativa única à medicina convencional. A abordagem integrativa, que combina as melhores práticas de ambas as abordagens, pode oferecer uma abordagem mais holística e eficaz para a saúde das comunidades. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde trabalhem em colaboração com as rezadeiras, parteiras e outros profissionais da medicina tradicional, para que juntos possam fornecer a melhor assistência à saúde para a comunidade. Além disso, é importante que as autoridades locais invistam em políticas públicas que possam melhorar o acesso à saúde, reduzir as desigualdades e aumentar a qualidade do atendimento médico nas comunidades mais vulneráveis. Em resumo, a medicina alternativa e a medicina convencional têm muito a oferecer em termos de saúde. No entanto, é necessário que essas abordagens trabalhem em conjunto, em um esforço colaborativo para melhorar a saúde e o bem-estar das comunidades, o que levou a uma maior valorização da medicina tradicional. REFERÊNCIAS CZERESNIA, Dina. Os sentidos da saúde. In: CZERESNIA, Dina; SEIXAS MACIEL, Elvira Maria Godinho de; OVIEDO, Rafael Antonio Malagón. Os sentidos da saúde e da doença. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2013. KEMP, Klênia. A relação saúde-doença. In: GUERRIERO, Silas, Antropos e psique: o outro e sua subjetividade. Olho d’água, São Paulo, 2012. VASCONCELOS, Eymard Mourão. Educação popular e a terapêutica médica. In: SCOCUGLIA, Afonso Celso; MELO NETO, José Francisco de (org.). Educação popular: outros caminhos. 2ª ed. João Pessoa: Editora Universitária, 2001.