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Transtorno de Estresse Pós-Traumático em Gerente de Banco

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DISCPLINA: PSICOLOGIA DO TRABALHO 
PROFESSORA: JUCIRLEIA MEDEIROS 
ALUNAS/OS: Maria Clara dos Santos 
 
 
2º ESTÁGIO (peso 2,0) 
 
 
1) A., 50 anos, casado, técnico em telecomunicações, funcionário de empresa de telefonia há 
28 anos. Seus problemas começaram em 1996, com sucessivas mudanças administrativas: 
foi transferido de unidade duas vezes e assumiu, sem consulta prévia, posto de gerência, 
aumentando suas atribuições, enquanto reduzia-se o efetivo de pessoal. Suas novas tarefas 
incluíam a demissão de funcionários. Para aprender o novo serviço, passou a trabalhar até 
mais tarde nos fins de semana. Começou a sentir-se muito cansado fisicamente, ansioso, 
tenso e insone. Após a privatização da empresa, instalou-se o processo de reestruturação 
produtiva, com demissões em massa e expansão dos serviços. Os novos contratados não 
estavam suficientemente qualificados para as funções, exigindo maior esforço na tarefa de 
supervisão. Havia sucessivas "mudanças de diretriz" ("mandavam a gente fazer tudo de um 
jeito, e no dia seguinte não era mais nada daquilo, o trabalho era jogado fora"), além das 
ameaças de demissão, da desmoralização dos funcionários e das exigências cada vez 
maiores de rendimento ("quando a meta não era alcançada, era porque éramos 
incompetentes; quando se conseguia, deveríamos ter nos esforçado mais para superá-la"). 
Além do cansaço físico, sentia-se exigido além do seu limite emocional. Pensar em trabalho 
deixava-o irritado e impaciente, ao contrário do que sempre foi (considerava-o como 
prioridade, fonte de satisfação pessoal e orgulho). Passou a apresentar, além da ansiedade, 
tristeza profunda, falta de prazer nas atividades, dificuldade em tomar decisões, perda de 
apetite e de peso (cerca de 14 kg em 7 meses), "brancos" de memória, desesperança, 
sentimento de desvalorização pessoal e vontade de morrer. 
Vieira, I., Ramos, A., Martins, D., Bucasio, E., Benevides-Pereira, A. M., Figueira, I., & 
Jardim, S.. (2006). Burnout na clínica psiquiátrica: relato de um caso. Revista De Psiquiatria Do 
Rio Grande Do Sul, 28(Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, 2006 28(3)), 352–356. 
https://doi.org/10.1590/S0101-81082006000300015 
 
 Sobre o quadro clínico acima, responda: 
a) Quais variáveis do trabalho podem ter funcionado como fator desencadeante? 
R: A extrema demanda da empresa com a carga horaria sendo afetada até o horário 
de descanso, levando-o ao cansaço excessivo, a falta de humanização da empresa 
com as ameaças de demissão e pressão para os trabalhos perfeitos. 
 
 
 
 
b) Qual possível hipótese diagnóstica? Apresente a sintomatologia do possível 
transtorno. 
R: Ele se queixava de muito cansaço, ansiedade, insônia e irritação, relatou também 
que o prazer que ele sentia do trabalho foi afetado, pois antes era uma das prioridades 
dele, sendo assim é bem possível que ele tenha desencadeado Burnout, que é uma 
síndrome de esgotamento profissional, levando a muito estresse e desgaste 
emocional. 
c) O que é importante considerar quando às indicações de tratamento? 
R: É primordial que ele seja acompanhado por terapia, e principalmente tenha algum 
tempo remunerado do trabalho, para cuidar da sua saúde mental, é preciso também 
uma mudança de ambiente para melhora do estresse, também para que ele consiga 
se reencontrar profissionalmente e ter certeza se ele realmente quer se manter na 
empresa, mas será necessário que ele seja acompanhado durante todo esse período, 
ter mais tempo com família e amigos auxiliaria muito. 
 
2) J, sexo masculino, branco, 44 anos, 3º grau completo, gerente de banco, separado, um 
filho. Há três anos, J. sofreu um assalto na agência bancária onde era gerente administrativo: 
quatro homens armados, um deles com uma granada, entraram no banco, ameaçaram-no e 
agrediram-no fisicamente. Optou por abrir o cofre que tinha mais dinheiro por medo de ser 
morto. Teve uma arma colocada dentro de sua boca, e ao final, foi trancado no cofre, onde 
ficou por cerca de uma hora. Após o assalto, sem ser socorrido, teve de ir sozinho à delegacia. 
Nos dias subsequentes, para conseguir trabalhar, passava na roleta da agência e voltava 
várias vezes, muito sobressaltado, tremia e sentia calafrios. Emagreceu 12 kg em 2 meses. 
Desde então, não consegue mais permanecer em locais fechados nem utilizar elevador, 
mesmo tendo de subir mais de dez andares. Não dirige mais. Passou a sentir-se em 
permanente estado de alerta, com a impressão de estar sendo seguido ou de que poderia 
acontecer-lhe alguma coisa a qualquer momento; sente-se ameaçado, principalmente por 
homens negros (um dos assaltantes era negro). O coração fica acelerado, tem dificuldade de 
respirar e mal-estar. Refere pesadelos freqüentes sobre o assalto e temas relacionados. Tem 
sensação de insegurança quando anoitece, por isso evita sair à noite. Após o assalto, ficou 
descuidado com a aparência, distanciou-se de amigos e familiares, não saía de casa, tinha 
crises de choro, dificuldade de concentração e ideação suicida. Em junho de 2002, foi 
encaminhado para tratamento psiquiátrico. O psiquiatra emitiu uma Comunicação de Acidente 
de Trabalho (CAT), a qual não foi aceita pelo banco. Foi então encaminhado ao Núcleo de 
Saúde do Trabalhador da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (NUSAT) e ao 
Sindicato dos Bancários, e a seguir, para o Projeto de Atenção à Saúde Mental dos 
Trabalhadores do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro 
(PRASMET/IPUB/UFRJ), para avaliação do nexo causal entre o quadro clínico apresentado 
e o trabalho. Atualmente, apresenta melhora do humor, porém ainda tem medo de locais 
fechados, insegurança, principalmente quando está sozinho. Às vezes, tem a sensação de 
que pode estar sendo seguido. Não consegue passar perto de carros-fortes ou agências 
bancárias. Tem pesadelos e não consegue mais dirigir. Faz tratamento psiquiátrico e 
psicoterápico (terapia cognitivo-comportamental) e está em uso de cloridrato de fluoxetina 40 
mg/dia, mirtazapina 30 mg/dia, alprazolam 3 mg/dia, risperidona 2 mg/dia, flurazepam 30 
mg/dia e tratamento de hipertensão arterial sistêmica e prolapso de valva mitral. Recebe 
auxílio-doença desde outubro de 2002. 
 
 
 
Bucasio, E., Vieira, I., Berger, W., Martins, D., Souza, C., Maia, D., Figueira, I., & Jardim, 
S.. (2005). Transtorno de estresse pós-traumático como acidente de trabalho em um bancário: 
relato de um caso. Revista De Psiquiatria Do Rio Grande Do Sul, 27(Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, 
2005 27(1)), 86–89. https://doi.org/10.1590/S0101-81082005000100011 
 
Sobre o quadro clínico acima, responda: 
a) Quais variáveis do trabalho podem ter funcionado como fator desencadeante? 
R: O paciente J. teve várias experiências traumáticas com o roubo e as agressões 
físicas e mentais que ocorreram, desenvolvendo vários sintomas como ansiedade, 
medo, pesadelos e sempre estava alerta com tudo, causando uma crise de pânico 
sempre que passava por locais ou pessoas que lembravam o roubo. 
b) Qual possível hipótese diagnóstica? Apresente a sintomatologia do possível 
transtorno. 
R: Possivelmente J. tenha desencadeado o Transtorno de estresse pós-Traumático 
(TEPT), após todo o caso do assalto que ocorreu, ele evidentemente sofreu com 
sequelas diante disso, todas as demandas que mostrou equivalem ao TEPT, levando 
em consideração a mudança de humor, pesadelos, medo de lugares fechados, 
distanciamento de familiares e amigos, etc. 
c) O que é importante considerar quando às indicações de tratamento? 
R: É importante salientar que o tratamento de TEPT é de acordo com o contexto social 
e ambiental de cada indivíduo, neste caso só essas medicações podem ajudar, mas 
também é relevante mudar a metodologia terapeuta se os sintomas não estiverem 
diminuído, vale ressaltar que a psicoterapia serve para melhorar o convívio daquela 
pessoa com seu ambiente externo, fazendo-a se adaptar pós todo este trauma.