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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/284696206 Geologia do Quatern??rio costeiro do estado de Pernambuco Article in Revista Brasileira de Geociencias CITATIONS 94 READS 882 4 authors, including: José M.L. Dominguez Universidade Federal da Bahia 177 PUBLICATIONS 4,744 CITATIONS SEE PROFILE Zelinda Leao Universidade Federal da Bahia 92 PUBLICATIONS 3,065 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by José M.L. Dominguez on 03 August 2016. 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This paper presents a geological map of Quaternary deposits occuring along the coast of the State o f Pernambuco. These deposits comprise: I . two sets of beach-ridge terraces of Pleistocene (120,000 years B.P.) and Holocene (5,000 years BY. ) age; 2. paleolagoonal deposits (5,140-6,030 years B.P.); 3. sandstone and c o t - a l g a l r e e f s w i t h a g e s s p a n n i n g f r o m 1 , 8 3 0 t o 5 , 1 7 0 y e a r s B . P . ; a n d 4 . a l l u v i a l , f r e s h w a t e r s w a m p , and mangrove swamp deposits o f Holocene age. Integration o f this mapping with the known sea-level history for the east coast o f Brazil suggests that previously published evolutionary schemes proposed for the coast o f the states o f Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro, and Sio Paulo are also valid for the coast of the State o f Pernambuco. This evolutionary history shows that sedimentation along the coastal zone was controlled fundamental ly b y the Quaternary sea-level changes. Eighteen new radiocarbon dates o f paleolagoonal deposits, sandstone reefs, coral, coralline algae, and verrnetid gastropod incrustations are also reported herein. Keywords: Sea level changes, coastal sedimentation, Quaternary. R E S U M O E s t e trabalho apresenta um mapa geológico dos depósitos quaternários clue ocorrem ao longo da costa do Estado de Pernambuco. Esses depósitos compreendem: 1. dois conjuntos de terraços marl- nhos de idades pleistocenica (120.000 anos A.P.) e holocZnica (5.000 anos A.P.); 2. depósitos paleolagunares (5.140-6.030 anos AY. ) ; 3. bancos de arenito e recifes de corais e de algas coralinas com idades entre 1.830 e 5.170 anos A.P. : e 4. depósitos aluviais, de pântanos e de mangues, todos de idade holocênica. A integra- ção desse mapeamento com a já bem conhecida história das variações do nível relativo do mar na costa leste brasileira sugere que o modelo de evolução, já previamente publicado, para as regiões costeiras dos Estados de Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, é também válido para acostado Estado de Pernam- buco. Essa história evolutiva mostra que a sedimentação ao longo da região costeira foi controlada funda- mentalmente pelas variações ocorridas no nível do mar durante o Quaternário. Dezoito novas datagões pelo método do carbono 14, realizadas em depósitos paleolagunares, bancos de arenito, corais, algas coralinas e incrustagões de vermetídeos, são também reportadas no presente trabalho. Palavras-chaves: Variações do nível do mar, sedimentação costeira, Quaternário. INTRODUÇÃO O s trabalhos existentes sobre a geologia dos sedimentos quaternários ocorrentes na faixa costeira do Estado de Pernambuco são esparsos e, no mais das vezes, re- lacionados aos recifes de corais e bancos de arenitos que ocorrem ao longo de quase toda sua extensão. Todavia, nesses trabalhos são apontadas diversas evidências de níveis mari- nhos elevados durante o Quaternário. Assim, a partir do estu- do de suas estruturas sedimentares, de sua petrografia e de seu posicionamento em relação ao nível médio atual do mar, Ot- mann (1960), Mabesoone (1964) e Bigarella (1975). entre ou- tros, apontam os bancos de arenito corno testemunhos de um nível do mar mais alto que o atual durante o Quaternário. Re -bouças (1965/1966) e Lahore! (1969a) mencionam como evi- dências de níveis de mar holocênicos mais elevados superfícies de abrasão e m recifes de corais. Branner (1902), Moraes (1928) e Kegel (1955), a partir da observação de perfurações de o u r i ç o s - d o - m a r s i t u a d a s a c i m a d a z o n a e c o l ó g i c a a t u a l desses organismos, também sugerem níveis de mar quaterná- rios mais elevados. Foram identificados ainda terraços mari- nhos elevados ao nível de 2 a 3 in de altura por Mabesoone (1966, M S ) e por Carvalho & Coutinho (1979), tendo os dois últimos também mencionado a existência de um segundo nível entre 7 e 8 m. Datações racliométricas efetuadas por Van An- del & Laborel (1964) e Delibrias & Laborel (1971) em amos- tras de vermetídeos, corais e bancos de arenito confirmamtambém a existência de níveis marinhos holocenicos elevados na costa de Pernambuco. Por fim, como principal objetivo do presente trabalho, fo i fei to o mapeamento da litoestratigrafia do Quaternário costeiro do Estado de Pernambuco que, até então, pelo conhecimento dos autores, restringia-se apenas a uma pequena área de 180 k m 2 , a o s u l d a c i d a d e d o R e c i f e , n a região da Lagoa Olhos-d'água (Fig. 3), em trabalho realizado por Carvalho & Coutinho (1979). Durante o presente trabalho foram ainda realizadas no La- boratório de Física Nuclear Aplicada do Instituto de Física da UFBa 18 datações pelo método do carbono - 14 em amostras de diferentes testemunhos de níveis marinhos elevados du- rante o Quaternário, tais como vermetldeos, corais, algas cal- cárias e conchas coletadas em banco de arenito e sedimentos lagunares. Como resultado desse trabalho, f o i possível con- cluir que o modelo evolutivo da sedimentação quaternária de- finido para as regiões costeiras de São Paulo e Rio de Janeiro (Suguio & Mart in 1978), Bahia (Mart in et al. 1980), Sergipe (13ittencourt et al. 1983a e b) e Alagoas (Barbosa et al. 1986 a e b) pode ser perfeitamente aplicado à costa do Estado de Pernambuco. Assim é que foram identificados em Pernambu- co testemunhos de dois níveis marinhos elevados. O primeiro, holocênico, está relacionado à transgressão denominada por Bittencourt et al. (1979) de Úl t ima Transgressão, que alcan- ç o u U M m á x i m o e m t o r n o d e 5 i n a c i m a c i o n í v e l m 6 t l i o a t u a l do mar por volta de 5.100 anos A.P. (Martin et al. 1979). O segundo, pleistocênico, está associado à transgressão denomi- nada por Bittencourt etal . (1979) de Penúltima Transgressão, cujo máximo, de 8 a 10 m acima do nível médio do mar. foi al- cançado há cerca de 120.000 anos A.P. (Martin etal. 1982). A presente nota, portanto, deixará de discutir as diferentes etapas da evolução quaternária costeira do Estado de Pernam- buco, já que ta l modelo evolutivo está compreensivelmente * Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geofísica, Instituto de Geociências da UFBa, Rua Caetano Moura, 123, Campus Universitário, Federa- ção, CEP 40210, Salvador, Bahia, Brasil * * Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geofísica, Instituto de Física da UFBa, Rua Caetano Moura, 123, Campus Universitário, Federação, CEP 40210, Salvador, Bahia, Brasil Revista Brasileira dc Geociências, Volume 20,1990 descrito nos trabalhos semelhantes realizados em Sao Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe e Alagoas, não só nas referen- cias acima mencionadas corno na síntese preparada por Suguio et al. (1985). A importância da contribuição do presente tra- balho reside no fato de ser apresentado pela primeira vez um mapa geológico dos depósitos quaternários, que cobre toda a costa do Estado de Pernambuco, bem como urna série de no- vas datações radiornetricas que comprovam a existência de ní- veis marinhos elevados durante o Quaternário nessa regido. GEOLOGIA REGIONAL U m a breve descrição das li- tologias lar6-quaterndrias que delimitam os contornos da pla- nície costeira do Estado de Pernambuco é apresentada a se- guir, a partir de Carlla (1974). Tal descrição se faz necessária porque fornece uma idéia dos diferentes tipos de rochas ata- cados pelo mar ern cada uma de suas elevações durante o Qua- t e r n á r i o e q u e , n o f i m , d e v e m r e p r e s e n t a r a s p r i n c i p a i s f o n t e s dos sedimentos quaternários aí que ocorrem, pois os rios que deságuam na costa e que podem ter trazido materiais prove- nientes de outras rochas localizadas mais para o interior do continente são de pequeno porte. Desse modo, pela figura 1, pode-se observar que o embasamento cristalino, constituído por granitos e migmatitos do Pré-Cambriano Indiviso, ocupa praticamente toda a ,região a sul da cidade do Recife. Pela mesma figura constata-se que as segiiências sedimentares são representadas pelas formações Cabo, Beberibe e Gramane, de idades . c r e t d c e a s , e p e l o G r u p o B a r r e i r a s , t e r c i á r i o . A s t r ê s 3 5 ° 1 0 FIG 2 , SIRINHEM TAMANDARE FIG 4 RECI 1 ViGr P6NTAS DAS PEDRAS ILHA DE ITAMARAC4 CABO STO AGOSTINHO FIG. 3 OUATERN4R10 TERCIARIO GR BARREI- RAS - C R E T A C E O : E C A B O , BEBERIBE E GRAM ANE - R O C H A S E F U S I V A S • GRANITO CALCOALCALINO 8.44:3 s - - P R E . - C A M B R I A N O INDIVISO. GRANITOS MIGMATITOS Figura 1 — Mapa geológico geral da costa do Estado de Per- nambuco e das áreas adjacentes, mostrando a articulação das figuras 2, 3 e 4 mencionadas no texto ( M o d ( c a d o d e C a i l l a , 1974) Figure 1 — Simplif ied geologic map o f the coastal zone of the State o f Pernambuco and adjacent areas (modified from Cailla, 1974). Location of figures 2,3 and 4 is also shown 209 primeiras formações, que por uma dificuldade de escala apa- recem na figura 1 mapeadas conjuntamente, ocorrem em maiores extensões a norte do Recife, aflorando apenas em duas pequenas áreas isoladas a sul. Essas formações são cons- tituídas dos seguintes tipos litológicos: Formação Cabo — con- glomerados, arenitos e siltitos argilosos; Formação Beberibe — arenitos argilosos; e Formação Gramane — calearenitos, mar- gas e calcários. A semelhança das seqüências sedimentares cretdceas, os depósitos do Grupo Barreiras, areno-argilosos, ocorrem em maior extensão a norte do Recife, restringindo-se a pequenos e esparsos afloramentos a sul. Por fim, há que se mencionar a ocorrência, nas imediações do Cabo de Santo Agostinho (Fig. 1), de rochas efusivas creLiceas, dos tipos riótito e basalto, associadas ao granito calco-alcalino de Santo Agostinho, de idade também cretácea. DEPÓSITOS QUATERNÁRIOS COSTEIROS O s de- pósitos quaternários mapeados ao longo da costa do Estado de Pernambuco vem descritos a seguir (Figs. 2, 3 e 4). Terraços marinhos A o longo da costa de Pernambuco aparecem bem marcados dois conjuntos de terraços arenosos corn características tipicamente marinhas. Os terraços mais • altos, corn altitudes de 7 a 11 m acima da preamar atual. apresentam em alguns afloramentos vestígios de antigas cris- tas de cordões litorâneos, como na região entre a Lagoa Olhos-d'Agua e Boa Viagem (Fig. 3), onde aí também os des- crevem Carvalho & Coutinho ((979). No mais das vezes, as ocorrências desses terraços se apresentam na forma de pe- quenas manchas, descontinuamente dispostas ao longo da costa (Figs. 2, 3 e 4). O segundo conjunto de terraços, com 1 altitudes variando de 1 a 5 m acima da preamar atual, e sem- pre mais externos ern relação aos terraços mais altos, dis- põe-se quase que continuamente ao longo da costa, formando faixas alongadas de larguras variáveis, quase sempre apresen- tando cristas de cordões litorâneos na superfície (Figs. 2, 3 e 4). Esses cordões, diferentemente daqueles existentes na su- perfície dos terraços mais altos, são bem delineados e próxi- mos entre si. Bons exemplos dessas feições geomórficas po- dem ser vistos nas regiões entre as praias de Maria Farinha e Rio Doce (Fig. 2), entre as praias de Guadalupe e Várzea do Una (Fig. 4) e defronte A Lagoa Olhos-d'água (Fig. 3), local onde Carvalho & Coutinho (1979) também originalmente os descreveram. Quanto à idade desses dois níveis de terraços, Carvalho & Coutinho (1979) os associam à transgressão Flandriana, atri- buindo-lhes, portanto, uma idade holocenica. Embora não se disponham de datagões desses terraços para a regido costeira do Estado de Pernambuco, podem ser feitas as seguintes con- s ide ra ç ões n o s e n t i d o d e p o s i c i o n á - l o s n o t e m p o . E s s e s d o i s níveis de terraços apresentam características geomórfico-se- dimentológicas idênticas As observadas por Barbosa et al. (1986a, b) nos dois conjuntos de terraços marinhos mapeados na costa do Estado de Alagoas, contígua A de Pernambuco, características essas que se mantêm sempre as mesmas ao ion- go das regiõescosteiras de Sergipe (Bittencourt et al. 1983a, b), Bahia (Martin et al. 1980), Rio de Janeiro e Sao Paulo (Suguio & Martin 1978). No caso dos terraços mais baixos, essa similaridade é ainda mais evidente pelo fato de os mesmos poderem ser seguidos quase que continuamente de cada uma dessas regiões costeiras para a outra, praticamente só inter- rompidos pelos cursos de água e promontórios rochosos. Es- ses fatos, portanto, sugerem estar os dois níveis de terraços marinhos mapeados na costa do Estado de Pernambuco rela- cionados geneticamente a terraços semelhantes identificados nas regiões costeiras acima mencionadas. Em relação à idade dos terraços mais altos, até então só se conseguiram indica- ções na costa do Estado da Bahia, onde Martin et al. (1982) mencionam uma idade pleistocenica, em torno de 120.000 anos A.P., baseados em datações pelo método do Jo/U. Essa 210 I [21al P'ANTANOS MANGUES DEPÓSITOS FLUVIAIS RECIFES DE CORAIS E DE ALGAS CORALINAS TERRAÇOS MARINHOS HOLOCENICOS TERRAÇOS MARINHOS PLEISTOCENICOS 1 •••••••••••• • W : • E I 6 34"50'WGr ONTkDO FUNIL il • z ILHA DE ITAMARACA ,. .A , . ---1 • , t f 3 "IA M I ; ? ! p l A F A R I N H A 7 ' 5 0 ' RIO DOCE E 16 PONTAS DAS PEDRAS o , o 9 7'40 S - 6km P R E - Q U A T E R N A R I O BANCOS DE ARENITO ALINHAMENTOS DE CORDÕES LITORANEOS RECIFES DE CORAIS E DE ALGAS CORALINAS SUBMERSAS ESTAQ40 DE COLETA D E AMOSTRA Figura 2 — Mapa geológico do Quaternário costeiro do Estado de Pernambuco: trecho Pontas das Pedras—Rio Doce Figure 2— Geologic map of the Quaternary coastal deposits of the State o f Pernambuco; sector Pontas das Pedras—R D o c e idade co inc ide c o m o m á x i m o de u m a transgressão mar inha , de caráter eustático, cuja altura alcançada acima do nível atual do mar 6 compatível com a altura dos terraços mais altos ma- peados nas regiões costeiras de Pernambuco, Alagoas, Sergi- pe, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Vale ressaltar que evi- d6ncias de níveis marinhos nessa altura associados ã trans- gressão de 120.000 anos A .P. já foram identificados em di- versas outras partes do mundo (Bloom et al. 1974, Chapel & Veeh 1978). Quanto aos terraços mais baixos existem diversas datações na costa brasileira que os posicionam corno de idade holocênica, como sugerem Carvalho & Coutinho (1979). As- sim, por exemplo, na costa do Estado dc Alagoas, Barbosa et at. (1986a, b) dataram quatro amostras de níveis conchfferos inclusos nesses terraços que apresentaram idades entre 2.570 ± 170 (Bah 1168) e 3.690 ± 180 anos A.P. (Bah 1145). Revista Brasileira de Geociencias, Volume 20, 1990 E 01 E 06 GAIBCJ E09 t:"/ E i0 BOA VIAGEM BARRA DAS JANGADAS CABO D E STO AGO STI NHO PRAIA D A GAMB6A PRAIA PORTO D E GALINHAS 31°50WGr 8'10' S — 8*20' — 2 O 2 4 6 k m I , I 1 Figura 3 —Mapa geológico do Quaternário costeiro do Estado de Pernambuco: t recho Olinda—Praia Por to de Galinhas (Simbologia da Fig. 2) Figure 3 — Geologic map o f the Q u a t e r n a r y c o a s t a l d e p o s i t s o f t h e S t a t e of Pernambuco: sector Olinda—Praia Porto de Galinhas beach (See Fig. 2 for legend) Depósitos f l u v i a i s E s s e s depósitos, constituídos p o r areias firms a grossas síltico-argilosas, ocupam as partes bai- xas das porções proximais de vales de rios e riachos (Figs. 2, 3 e 4). Corno esses vales foram invadidos durante o máximo da Última Transgressão, é mui to provtiNel que esses depósitos fluviais estejam capeando sedimentos de origem lagunartes- tuarina, a exempla do reportado por Barbosa et al. (1986a) para a costa do Estado de Alagoas. Depósitos d e p â n t a n o s E s s e s depósitos, constituídos por argilas muito orgânicas, ocorrem principalmente nas fonas baixas separando terraços marinhos holocenicos e pleistocéni- cos (Fig. 3 ) e nos vales dos r ios e riachos que não foram Revista Brasileira de Geociacias, Volume 20, 1990 preenchidos por sedimentos fluviais (Fig. 2 e 3). Observa-se em escavações rasas que os depósitos de pân- tanos representam apenas urna fina camada recobrindo sedi- mentos síltico-argilosos ricos em matéria orgânica e contendo localmente pedaços de madeira, conchas marinhas e de água salobra, algumas em posição de vida, o que permite atribuir a esses sedimentos urna origem lagunar-estuarina. Essas lagu- nas/estuários, a exemplo do que ocorreu em outros trechos da costa leste do Brasil, estão associadas ao afogamento da re- gido costeira durante a Última Transgressão. Com a descida subseqüente do nível do mar, essas lagunas ficaram emersas sendo substituídas por pântanos de água doce. Na regido da Lagoa Olhos-d'Água (Fig. 3 ) , conchas em posição de vida coletadas nos sedimentos dessa antiga laguna apresentaram idades relacionadas A Ul t ima Transgressão com valores de 5.140 ± 230 (Bah 1215) e 5.830 ± 230 anos A.P. (Bah 1216) (Tab. 1). I 35'1d V/Gr E2i PRAIA DE TAMANDARE . \I4RZEA D O U N A E17 18 SER RAMBI ILHA D E FORA PRAIA S I R I N H A M 8 ' 40 'S — C ' P R A I A D E G U A D A L U P E 2 O 2 4 6 k m S. JOSE D A COROA GRANDE Er 50' — Figura 4 — Mapa Geológico do Quaternário costeiro do Esta- do de Pernambuco: trecho Serrambi — São José da Coroa Grande (Simbologia da Fig. 2) Figure 4 — Geologic map o f the Quaternary coastal deposits of the State o f Pernambuco: sector Serrambi — Sb JoSe da Coroa Grande (See Fig. 2 for legend) 211 Depósitos de mangue E m toda costa pernambucana são encontrados manguezais e m f ranco desenvolvimento, que ocorrem normalmente ern regiões protegidas da ação das on- das, nas margens de canais de maré e nas porções distais de , v a l e s d e r i o s e r i a c h o s ( F i g s . 2 , 3 e 4 ) . S e u s d e p ó s i t o s c o m p r e - endem predominantemente mater ia is argi lo-s i l tosos c o r n muita matéria orgânica finamentc dividida, restos de madeira e conchas. Bancos d e a ren i t o E m diversos trechos do l i tora l d o Estado de Pernambuco ocorrem bancos de arenito formando feições lineares que se estendem, As vezes, continuamente, por cerca de 10 km (Figs. 3 e 4). Esses bancos afloram na baixa- mar ou mesmo, alguns, ligeiramente acima do nível médio do mar e se dispõem paralelamente ao litoral por longos trechos, normalmente formando duas ou três faixas de bancos, apre- sentando em média 20-60 m de largura por 3 a 4 ni de espes- sura (Mabcsoone 1964). Em alguns locais, eles aparecem di- retamente na face da praia. Segundo Mabesoone (1964), os bancos de arenito consistem em areias com 20% a 80% de quartzo, sendo o restante constitufdd de fragmentos carbon& ticos, principalmente d e moluscos e algas. Normalmente, apresentam estratificagões cruzadas dos tipos planar e acana- lada. Mabesoone (1964) refere-se ao fato de que, quanto mais próximos A praia, mais friáveis são os arenitos, sendo que al- guns desses bancos, aparentemente, e s t ã o - s e f o r m a n d o n a atualidade, como aponta o referido autor o caso da praia de Bairro Novo, ao norte de Olinda. Inicialmente, esses corpos de arenito foram reconhecidos como originários de sedimentos praiais (da face da praia) consolidados po r carbonato de cálcio (Hart t 1870, Branner 1902), daí o nome de arenito de praia (beach rock). Posterior- mente, Bigarella (1975), confirmando estudos anteriores de Ottman (1960) e de Mabesoone (1964), que apontavam uma origem na antepraia para essas rochas, constatou, a partir de estudos de suas estruturas sedimentares, que todos os aflora- mentos por ele analisados apresentavam estruturas típicas da- quela regido, concluindo então pela impropriedade do termo arenito de praia, no caso. Assim, propôs o termo arenito de recife (reef sandstone). No presente trabalho, por se entender que, do ponto de vista sedimentológico, a palavra recife se refere a uma construção orgânica, esses peculiares corpos ro- chosos são aqui denominados bancos de arenito, um termo meramente descritivo, independente de se terem originado na face da praiaou na antepraia. Observações feitas pelos autores deste trabalho atestam que alguns bancos de arenitos presentes na costa do Estado de Pernambuco são de fa to arenitos de praia típicos. Não f o i tentada entretanto uma separação em mapa dos diferentes t i - pos genéticos de bancos de arenito tendo em vista a impossi- bilidade de diferenciá-los em fotos aéreas e de visitar todas as ocorrências em campo. Por fim, há que mencionar que a construção de pelo menos alguns destes bancos de arenito deve estar ligada a níveis ma- rinhos mais elevados que o atual, conforme já havia sugerido anteriormente Mabesoone (1964). Essa afirmativa seria ver- dadeira para aqueles bancos de arenito que se formaram na regido de antepraia (com cruzadas acanaladas) e hoje se en- contram acima do nível da maré baixa atual, nível este que de- limita no perfil da zona costeira o limite entre a face da praia e a antepraia. Adicionalmente, diversas datações atestam a cor re la - ção entre a idade dos bancos de arenito e níveis de mar mais elevados nas regiões costeiras d a Bah ia (Ma r t i n e t al. 1980 ) e Alagoas (Barbosa e t a l . 1986a1. N o Estado de Pernambuco, além de uma datagão realizada p o r De l i - brias & Laborel (1971), que forneceu urna idade de 5.900 ± 3 0 0 anos A Y , (L11367, Ta b . 1 ) , duas outras amos- tras coletadas pelos autores deste trabalho nas estações E- 10 e E - 0 9 (F ig . 3 ) forneceram, respectivamente, a s idades 2 1 2 R e v i s t a Brasikira de Geoeihneias, Volume 20,1990 Localização Número da amostra Referência Natureza Idade (anos AY. ) Antigo nível marinho em relação ao nível médio atual (m) E-01 (Fig. 3) P E - 1 Bah-1228 Vermetídeo 200 ± 160 +1,36 ( ± 0,5) E-04 (Fig. 3) PE-8 Bah-1226 Alga calcária 360 ± 160 > 0,56 E-04 (Fig. 3) PE-7 Bah-I225 Vermetídeo - - -7 5 7 0 ± 160 +1,91 ( 0 , 5 ) E-21 (Fig. 4) PE-34 Bah-1230 Vermetídeo 650 ± 150 + 1,36 ( 0 , 5 ) E-16 (Fig. 2) PE-26 Bah-1223 Vermetídeo 980 ± 160 + 1,36 ( ± 0,5) Gaibu (Fig. 3) A l 7 Shell-A17* Conchas (banco 1190 ± 130 +1,60 ( ± 0,5) E-17 (Fig. 4) PE-27 Bali- 1234 de arenito 1560 ± 160 > 0,00 Galbú (Fig. 3) A21 Shell- A 21* Vermetídeo 1750 ± 170 +1,40 ( ± 0,5) Recife (Fig. 3) - Gif- 1066** Coral 1830 ± 110 ± 1,0 E-04 (Fig. 3) PE-9 Bah-1236 Vermetídeo 2010 I t 160 +4,83 ( ± 0,5) E-06 (Fig. 3) PE-I3 Bah-1237 Vermetídeo 2570 ± 160 +2,56 ( ± 0,5) E-06 (Fig. 3) PE-12 Bah-1222 Vermetídeo 2670 -± 170 +1,16 ( ± 0,5) Gaibú (Fig. 3) A 16 Shell-A16* Vermetídeo 2790 ± 150 + 2,2 ( ± 0,5) Recife (Fig. 3) - Gif-1062** Coral 3100 ± +2,0 E-18 (Fig. 4) PE-30 Bali- 238 Alga calcária 3620 ± 180 > 0,20 Gaibu (Fig. 3) A22 Shell-A22* Vermetídeo 3660 ± 170 +2,6 ( ± 0,5) E-06 (Fig. 3) PE-14 Bah-1221 Vermetídeo 3870 ± 170 +4,36 ( ± 0,5) E-18 (Fig. 4) PE-29A Bah-1218 Alga calcária 4750 ± 200 > 0,20 E-10 (Fig. 3) PE-19 Bah-1232 Conchas (banco de arenito) 4830 -±- 210 > 0,60 E-07 (Fig. 3) PE-15A Bah-1215 Conchas (lagunar) 5140 ± 230 > 2,50 E- I8 (Fig. 4) PE-29B Bah-I219 Coral 5170 ± 230 > 0,20 E-07 (Fig. 3) PE-15B Bah-1216 Conchas (lagunar) 5830 ± 230 > 2,50 Recife (Fig. 3) L11367** Conchas (banco de arenito) 5900 ± 300 +1,0 ( ± 1,0) E - l i ( F i g . 3 ) PE-20 Bali- 1217 Conchas (lagunar) 6030 ± 20 > 2,50 E-09 (Fig. 3) PE-17 Bah-1231 Conchas (banco de arenito) 6200 ± 250 > 0,50 Tabela 1 - Amostras datadas pelo método do carbono 14 Table 1-Samples dated by carbon-14 method ' Va n Andei & Lahore! (1964) Delibrias & Laborel (1971) de 4.830 ± 210 e 6.200 - ± 2 5 0 a n o s A . P . ( T a b . 1 ) . RECIFES D E C O R A I S A s descrições dos recifes de corais na costa de Pernambuco têm como base os trabalhos de Branner (1904) e de Laborel (1969a, b) e as observações de campo feitas durante a realização do presente trabalho. A grande maioria dos recifes de corais ao longo da costa do Estado de Pernambuco 6 constituída de corpos alongados e descontínuos, com o eixo maior paralelo à linha da costa. As dimensões individuais desses corpos recifais variam de menos de 1 k m de comprimento até cerca de 4 km, nos recifes mais próximos à praia. Já os bancos recifais submersos, localizados para fora da linha da costa, chegam a alcançar extensões de até 10 km, como, por exemplo, os recifes em frente à ilha de Itamarac.4 (Fig. 2) e à praia de Boa Viagem (Fig. 3). As lagu- nas variam de algumas poucas dezenas de metros a cerca de 1 km nos recifes com formas irregulares das praias de Serrambi e Tamandaré (Fig. 4). A profundidade das águas circundantes raramente ultrapassa os 10 m. A localicagão e a morfologia geral desses corpos recifais sugerem uma estreita relação com os bancos de arenito que lhes estão associados. Os corpos recifais localizados mais próximos à costa, a exemplo do observado na área de Abrolhos (Ledo 1982, Ledo e t a l . 1 9 8 2 ) , n a I l h a d e I t a p a r i c a , n a B a í a d e T o d o s o s S a n t o s (Araújo 1984, Araújo et al. 1984) e no litoral norte do Estado da Bahia (Nolasco & Ledo 1986, Nolasco 1987), apresenta um topo truncado que ocorre f i ca r completamente emerso du- rante as marés baixas. Essa configuração do topo desses reci- fes, aplainado e irregular, formou-se e m conseqüência da erosão das partes ma is al tas dos recifes, que cresceram acompanhando o nível d o mar e foram expostas subaerea- mente durante a regressão marinha que sucedeu à Úl t ima Transgressão. (Ledo et al. 1985). Os recifes crescem com uma forma particular de colunas isoladas, com o topo expandido lateralmente como a cabeça de cogumelos (Fig. 5). Essa forma de crescimento dos recifes de corais d o Brasi l f o i descrita pela primeira vez p o r Har t t (1870), que os denominou de chapeirões. Onde o crescimento desses chapeirões á muito denso, eles coalescem lateralmente por seus topos formando os corpos recifais maiores com for- mas e dimensões variadas. N a área estudada, os chapeirões isolados que alcançam o limite do nível do mar têm alturas em torno de 5 a 6 in. Colunas menores e, algumas vezes, forma- das por apenas uma única espécie de coral e com menos de I m de altura, são comuns bordejando os lados protegidos das estruturas recifais maiores (Fig. 5). A fauna coralina respon- sável pela construção desses corpos recitals é pobre em nú- mero de espécies. Das 18 espécies de corais descritos para os recifes brasileiros (Laborel 1969b), apenas nove estão referi- das nos recifes da costa pernambucana (Laborel I969a). Embora não existam testemunhos da estrutura interna e do substrato dos recifes estudados, Laborel (1969a), com base em observações feitas durante mergulhos realizados na zona da frente de alguns recifes, sugere que esses recifes de corais holocênicos se instalaram e cresceram sobre bancos de areni- tos submersos (Fig. 5). A morfologia dos recifes, presentes na costa de Pernambuco, é muito semelhante à dos recifes super- ficiais da praia de Laud, no litoral norte do Estado da Bahia, os quais estão assentados sobre bancos de arenitos. Esses bancos apresentam idades entre 6.500 e 6.000 anos A.P. enquanto os Revista Brasileira de Geociências, Volume 20, 1990 RECIFE D E CORAL( - N - ----- BANCO D E ARENITO1 _ • • •— • • • • • • recifes de corais são datados entre 3.800 e 2.800 anos A.P. (Nolasco L e ã o 1986, Nolasco 1987). É possível que esse cenário também seja vál ido para a costa de Pernambuco. Quando o ravel médio do mar alcançou níveis mais elevados que o atual, os bancos de arenito já cimentados foram afoga- dos e, sobre esse substrato consolidado, fixaram-se as larvas da espécies de corais precursores dos recifes atuais. Na costa do Estado de Alagoas, contígua, Barbosa et al. (1986a) data- ram set t amostras de recifes de corais que atestam a idade holocênica dos mesmos, com idades variando entre 1.900 ± 150 (Bah 1162) e 5700 ± 230 anos A.P. (Bah 1149). Na costa do Estado de Pernambuco, além das duas datagões feitas por Delibrias & Lahore! (1971), que apresentam idadesde 1830± 110 ( G i f 1066) e 3100 ± 120 anos A.P. ( G i f 1062), durante a realização do presente trabalho fo i datada uma amostra de coral coletada na estação E - 18 (Fig. 4), que forneceu uma unidade de 5170± 230 anos A.P. (Bah 1219( (Tab. I ) . S I G N I F I C A D O D A S D ATA C O E S R A D I O M É T R I C A S A f igura 6 mostra o posicionamento no tempo e no espaço dos diferentes testemunhos de níveis marinhos elevados presentes na regido costeira do Estado de Pernambuco apresentados na tabela I . Nessa f igura também aparece a curva das variações relativas do nível médio do mar durante os últimos 7.000 anos para a regido de Salvador (BA), segundo Martin et al. (1980). Além das datações realizadas em corais e cm conchas de mo- luscos coletadas nos bancos de arenito e nos depósitos lagu- nares, mencionados anteriormente, aparecem também na f i - gura 6 outras 15 datagões, sendo 12 realizadas ern incrusta- gões de vermetídeos e três, em algas calcárias. Dessas 15 data- ções, quatro são de Van Andei & Laborel (1964) e as restan- tes deste trabalho (Tab. 1). Na f igura 6 aparecem dois grupos de amostras que apre- sentam graus de certeza distintos quanto ao posicionamento das mesmas n o espaço. O p r ime i ro g rupo , representado pelas datagões realizadas em corais, algas calcárias, conchas de mo- luscos inclusas em bancos de arenito e cm sedimentos laguna- res (Fig. 6 e Tab. I ) , não dá informações precisas quanto ao posicionamento do ravel médio do mar pretérito, fornecendo apenas uma altura mínima para o mesmo. Vale ressaltar que, nesse sentido, em relação às amostras de conchas coletadas nos sedimentos lagunares, essa altura mínima deve estar su- bestimada, se levado em conta o fato de esses sedimentos de- verem te r sofrido compactação e dessecação, processos que, como observa Dominguez (1987), fazem reduzir a espessura original do pacote de sedimentos lagunares e, conseqfiente- mente, diminuir a amplitude das mudanças do nível do mar quando tais indicadores são usados. O segundo grupo, repre- sentado pelas datações efetuadas em vermetídeos (Fig. 6 e Tab. 1 ) , fornece informações quanto ao posicionamento do nível pretérito do mar com uma precisão de ± 0,5 in. Em al- guns casos, quando as amostras são coletadas em regiões de mar batido, como as amostras PE9 e PE7 (Fig. 6 e Tab. 1), ( - N c \ c , c ' ("ssÇs c , C ç's C \ ( f — r ).•7 C N 7 - 2 _ C s ( - N o \ n O --q 1 0 a • • ? • • Figura 5 — Perfil esquemática dos recifes de coral e do banco de arenito da praia de Tamandaré (segundo Laborel_1969a) Figure 5 — Schematic profile across coral and sandstone reefs off Tamandaré beach (after Lahore! 1969a) 213 M . M colhidas no promontório formado pelo Cabo de Santo Agosti- nho (Fig. 3), a zona ecológica dos vermetídeos pode ser so- brelevada de até mais de 1 m (Laborel 1986). Observa-se pela f igura 6 que a curva de Salvador apre- senta três níveis marinhos elevados em torno de 5, 3 e 2,5 m, respectivamente, há cerca de 5.200, 3.500 e 2.400 anos A R , separados por dois níveis baixos, por volta de 4_000 e 2.700 anos A.P. De início, o que se pode constatar é não existir urna exata concordância entre o posicionamento das datagões efe- tuadas em Pernambuco com o tragado da curva de Salvador. Todavia, observa-se que, de uma maneira geral, a part i r do segundo nível elevado mostrado na curva de Salvador até o presente (Fig. 6), as datações realizadas em vermetídeos tam- bém sugerem uma tendência de abaixamento do nível do mar, bem como a existência do nível baixo em torno de 2.700 anos A.P. Em relação ao nível mais alto, por volta de 5.200 anos AY. , as datações realizadas cm corais, algas calcárias e nas conchas inclusas em bancos de arenito e em sedimentos lagu- nares, não indicam esse nível. Esse fato, provavelmente, deve estar relacionado às limitações intrínsecas à avaliação do posi- cionamento desses tipos de indicadores, conforme se apontou anteriormente. Mesmo assim, vale ressaltar que as amostras lagunares, P E I5A, PE15B e PE20 (Fig. 6 e Tab . 1 ) , que apresentam idades próximas ao máximo da Ú l t ima Trans- gressão, indicam níveis marinhos superiores a 2,5 m, dados esses compatíveis com o modelo evolutivo definido para se- qtiências sedimentares semelhantes na costa brasileira (Do - minguez et al. 1987). Por fim, deve-se mencionar que o fato de as datações rea- lizadas nas amostras de vermetídeos PE14 e PE9 (Fig. 6 e Tab. 1) apresentarem posicionamentos bastante díspares em relação à curva de Salvador, deve estar relacionado às seguin- tes razões: no caso da amostra PE14, há um provável rejuve- nescimento em sua idade pelo tato de os tubos de vennetídeo estarem preenchidos p o r mater ia l ca rbond t i co p rovave lmen te mais recente. É possível, portanto, que essa amostra seja indi- cadora de um ravel marinho bem próximo ao máximo da Ul - tima Transgressão. Quanto 11 amostra PE9 (Fig. 6 e Tab. I ) , coletada no Cabo de Santo Agostinho, a mesma já devia estar originalmente sobrelevada pelas razões citadas anteriormente. CONCLUSÃO A região costeira do Estado de Pernam- buco apresenta um esquema evolutivo quaternário que se en- quadra n o modelo anteriormente def inido para as regiões costeiras dos Estados de Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio de Ja- neiro e São Paulo. Assim, são aí encontrados testemunhos de dois grandes episódios transgressivos quaternários. O p r i - meiro, pleistocenico, com u m máximo atingido há 120.000 anos A.P. , é representado por terraços marinhos com alturas dc 7 a 11 m acima da preamar atual e, o segundo, holocênico, com um máximo há 5.000 anos AY. , apresenta um maior nil- mero de testemunhos, na forma de: I . terraços marinhos, que alcançam alturas de até 5 m acima da preamar atual; 2. depó- 4 3 4 o - - 214 CURVA D E SALVADOR + 5 A A PE 15E1 PE 20 1367 a PE 11 ' , . . \ \ . \ \ I S N : \ \ \ N A \ \\N. • &°' \ \ ' ‘ • • s ' • k \ - ‘ F• 2 9 8 5 P E 29A - VERMETI'DEO CORAIS . ALGAS E CONCHAS PE 14 I n n 4 2 2 Figura 6 - Posicionamento no tempo e no espaço dos diferentes testemunhos de níveis marinhos elevados na região costeira do Es-tado de Pernambuco <pie _foram datados pelo método do carbono 14 Figure 6 - Testimonies o f higher than present sea levels for the coast of the State of Pernambuco positioned in t ime and space. A l l samples dated usingthe Carbon- I 4 method silos lagunares; 3. recifes de corais e de algas coralinas; e 4. bancos de arenito. Datações radiomdtricas realizadas em 25 amostras de diferentes indicadores de níveis marinhos eleva- dos, apesar das limitações intrínsecas de alguns indicadores relativas As informações fornecidas pelos mesmos quanto a seu posicionamento no espaço, sugerem ter havido na costa do Estado de Pernambuco, de uma maneira geral, uma gradativa descida do nível do mar, de 5.000 anos A.P. at o presente. Durante esse período, o nível do mar experimentou, prova- AR AÚJO, T.M.F. 1984. Morfologia, composição, sedimentologia e his- tória evolutiva do recife de coral da ilha de ltaparica, Bahia. 90p.(Dissertação de Mestrado, UFBa). AR AUJO, T.M.F. ; LEAD, Z .M.A; L I M A , 0 .A .L . 1984. Evolução do recife de coral da I lha de Itaparica determinada a partir de dados geológicos e geoffsicos. In : CONGR, BRAS. GEOL., 33, Rio de Janeiro, 1984. Anais... 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Recursos para a execução desta pesquisa foram fornecidos pelo Programa de Pesquisa e Pós-Graduação e m Geofísica (PPPG/UFT3a) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló- gico (CNPq). eds. M a p a Geológico d o Es tado d e Sergipe - 1/250.000.DGM/DNPM. BRANNER, J.C. 1902. Geology o f the northeast coast of Brazil. Geol.Soc. Amer. Bull., 13:41-98. BR ANTNER, J.C. 1904. The stone reefs o f Brazil, their geological and geographical relations, with a chapter on the coral reefs. Bull. Mus. Comparative Zool., Harvard College, Cambridge, 44 (Geol. Set - . n.7): 207-275. BLOOM, A .L . ; BROECKER, W.S. ; C H A P E L L , I . ; MESOLELLA, K.J. 1974. Quaternary sea-level fluctuation on a tectonic coast: New 230-Th1234-U dates from the Huon Peninsula, New Guinea. Quaternary Research, 4:185-205. CAÚLA, J.A.L. 1974. Carta geológica do Brasil ao Milionésimo - Fo- lhas Natal (SB.25) e Recife (SC.25). Brasflia, MME/DNPM. 4Ip.(Texto explicativo). 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