Prévia do material em texto
Sistemas Biológicos 15 por sua utilização ser mais proveitosa para ser vivo. Através do processo de respiração celular, a molécula de glicose é quebrada, liberando energia armazenada na forma de ATP. Essa energia dá suporte às atividades do organismo, como o trabalho muscular, a termogênese, a transmissão do impulso nervoso, a produção de macromoléculas orgânicas para a renova- ção ou crescimento do corpo. Ao conjunto de todas as reações do organismo realizadas para a ma- nutenção da vida, damos o nome de metabolismo (metabole = mudar). Essas reações podem envolver a produção ou síntese de moléculas complexas a partir de moléculas mais simples para crescimento ou renovação do organis- mo, o que chamamos de anabolismo (do grego ana = para cima, através de + balien = arremessar), ou degradação e decomposição de elementos antigos ou moléculas energéticas, o que chamamos de catabolismo (kata = de cima para baixo + balien). Em relação ao padrão de nutrição, os seres vivos podem ser classifi- cados em duas grandes categorias: os autotróficos e os heterotróficos. Os organismos autotróficos (do grego autos = por si mesmo + trophe = alimento) são capazes de sobreviver exclusivamente de matéria inorgânica, água e al- guma fonte energética como a luz solar ou matéria quimicamente reduzida, enquanto os heterotróficos (do grego heteros = diferente + trophe) requerem moléculas orgânicas já formadas como alimento. 2.5. Homeostase Homeostase (do grego homos = mesmo + stasis = posição) é a manutenção de um estado de equilíbrio das condições ótimas para o metabolismo. Dessa forma, há organismos vivos que conseguem manter praticamente constantes a temperatura corpórea, a concentração de sais no sangue, o grau de hidra- tação dos tecidos, o pH dentro das células etc. Alterações nesse equilíbrio podem levar a alterações de funções orgânicas fundamentais, produzindo condições incompatíveis com a vida. 2.6. Reprodução A reprodução é uma das etapas da seqüência de eventos que deve ser per- corrida pelo ser vivo para a perpetuação da espécie. É através desse proces- so que os progenitores dão origem à prole semelhante a eles, ou seja, os filhos herdam as características dos pais. Os organismos podem-se reproduzir de duas maneiras: assexuada- mente ou sexuadamente. A reprodução assexuada ocorre quando um único indivíduo dá origem a um ou mais geneticamente idênticos, o que ocorre na Leitão, A. M. F.; Vilar, J. L.; Almeida R. de.16 bipartição ou cissiparidade, no brotamento, na regeneração etc. A reprodução sexuada ocorre, geralmente, entre dois indivíduos (pode acontecer em um mesmo indivíduo, caso seja um animal hermafrodita ou um vegetal monóico) através da ocorrência de três processos: a formação de gametas ou gameto- gênese, quando são produzidos os óvulos e os espermatozóides; o “acasala- mento”, incluindo nessa etapa todos os fenômenos que levam à aproximação dos gametas, desde a cópula até a polinização; e a fecundação, que repre- senta a união efetiva entre os gametas, levando à formação da célula-ovo ou zigoto, que se desenvolverá dando origem ao(s) novo(s) indivíduo(s). A realização de reprodução sexuada consiste em uma vantagem para espécie no sentido de que esse tipo de processo gera uma maior variabilidade genética entre a prole. Quanto maior a variabilidade genética, maior a quan- tidade de fenótipos disponíveis entre os indivíduos da população e, portanto, maior a possibilidade de adaptação da espécie ao ambiente em que vivem e a eventuais mudanças no mesmo. 2.7. Capacidade de adaptação ao meio e Evolução Grande parte dos seres vivos é capaz de produzir algum tipo de modifi- cação para se adaptar às condições do ambiente em que se encontra. Essa capacidade de adaptação pode facilitar e até determinar a sobrevivência do ser vivo. Entretanto, nem todas as características que tornam um organismo mais adaptado a um ambiente podem ser transmitidas para os seus descen- dentes. Embora seja o fenótipo que sofra as ações diretas do meio, apenas as características que são determinadas geneticamente, que estão presentes no genótipo, podem ser herdadas pelos filhos. Contudo, o material genético de um indivíduo pode apresentar alterações através de um processo denomi- nado mutação. Quando as mutações ocorrem em células germinativas, elas são passíveis de serem transmitidas às gerações futuras. Uma mutação pode ou não ser favorável à adaptação do ser vivo ao meio. A mutação, quando é vantajosa, mostra uma tendência a se difundir entre os indivíduos da população, enquanto aquela que determina uma ca- racterística desfavorável, geralmente, se torna escassa, podendo desapare- cer do pool genético. Quem determina quais mutações são favoráveis ou adaptativas é a seleção natural, também conhecida como “luta pela vida”, que representa o processo pelo qual o ambiente escolhe os organismos melhor adaptados e, portanto, com maior chance de sobrevivência. Este conceito foi proposto por Darwin e Wallace, sendo enriquecido por novos conhecimentos, que resultaram na Teoria Sintética da Evolução dos seres vivos. Fenótipo: Aparência geral do indivíduo em face as sua constituição genética (genótipo) e das influências do meio. Genótipo: Constituição ou composição genética de um indivíduo com relação a um ou mais caracteres. Mutação: Variação hereditária, repentina, espontânea ou induzida, irreversível, que se manifesta num indivíduo de determinada população ou espécie em consequência de alteração bioquímica na sequência de bases nitrogenadas de um ou mais genes (mutação gênica) ou anormalidades numéricas ou estruturais dos cromossomos (mutação cromossômica). Pool genético: Quadro geral de genes comuns aos indivíduos de uma população ou de uma raça.