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?caderno d e QUESTÕES? caderno de QUESTÕES TSE UNIFICADO QUESTÕES PARA O TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA ADMINISTRATIVA 1.000 NV-LV142-24-1000-QUESTOES-TSE-TEC-ADM Cód.: 7908428808532 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 1998. É proibida a reprodução parcial ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito pela editora Nova Concursos. Esta obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. Organização Alan Firmo Camila Custódio Josiane Inácio Nataly Ternero Diagramação Luan Silva Capa Joel Ferreira dos Santos Dúvidas www.novaconcursos.com.br/contato sac@novaconcursos.com.br Obra Caderno de Questões para TSE Disciplinas LÍNGUA PORTUGUESA • 200 Questões NOÇÕES DE DIREITO ELEITORAL • 100 Questões NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO • 200 Questões NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL • 200 Questões ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA • 180 Questões GESTÃO DE PESSOAS • 85 Questões GESTÃO DE CONTRATOS • 45 Questões Data da Publicação Maio/2024 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. PIRATARIA É CRIME! Todos os direitos autorais deste material são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da Nova Concursos. Pirataria é crime e está previsto no art. 184 do Código Penal, com pena de até quatro anos de prisão, além do pagamento de multa. Já para aquele que compra o produto pirateado sabendo desta qualidade, pratica o delito de receptação, punido com pena de até um ano de prisão, além de multa (art. 180 do CP). Não seja prejudicado com essa prática. Denuncie aqui: sac@novaconcursos.com.br O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. APRESENTAÇÃO O treino de questões, além de testar seus conhecimentos, é fundamental para compreender melhor o perfil da banca organizadora. Ao mesmo tempo que você revisa a teoria estudada, você pratica a metodologia da banca e cria uma rotina de estudos essencial para a sua preparação. Pensando nisso, a série Caderno de Questões apresenta 1.000 questões gabaritadas para o concurso Tribunal Superior Eleitoral - Unificado – Técnico Judiciário – Área Administrativa. Trazemos as mais recentes questões organizadas pela banca CEBRASPE, organizadora contratada para a realização do certame, de acordo com os itens mais relevantes do Edital nº 1 – CNPUJE, de 27 de maio de 2024. Este caderno é separado em disciplinas de acordo com os assuntos abordados no Edital nº 1 – CNPU- JE, de 27 de maio de 2024, para que você possa treinar tudo o que foi o que foi cobrado e já conhecer o que possivelmente sua banca irá abordar. Neste material, você encontra ainda o gabarito oficial ao final de cada disciplina, para conferir suas resoluções. Agora é com você! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. SUMÁRIO LÍNGUA PORTUGUESA .............................................................................................11 Æ ORTOGRAFIA - CASOS GERAIS E EMPREGO DAS LETRAS ..................................................................................... 11 Æ ACENTUAÇÃO ............................................................................................................................................................... 11 Æ FORMAÇÃO E ESTRUTURA DAS PALAVRAS ............................................................................................................ 12 Æ ARTIGO .......................................................................................................................................................................... 13 Æ ADJETIVO ....................................................................................................................................................................... 13 Æ CONJUGAÇÃO. RECONHECIMENTO E EMPREGO DOS MODOS E TEMPOS VERBAIS ..................................... 16 Æ ADVÉRBIO ..................................................................................................................................................................... 20 Æ PREPOSIÇÃO ................................................................................................................................................................. 23 Æ SIGNIFICAÇÃO DE VOCÁBULO E EXPRESSÕES ....................................................................................................... 25 Æ PONTUAÇÃO (PONTO, VÍRGULA, TRAVESSÃO, ASPAS, PARÊNTESES ETC.) ..................................................... 29 Æ REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL (CASOS GERAIS) .................................................................................................. 35 Æ CRASE ............................................................................................................................................................................. 38 Æ CONCORDÂNCIA (VERBAL E NOMINAL) ................................................................................................................. 42 Æ COERÊNCIA. COESÃO (ANÁFORA, CATÁFORA, USO DOS CONECTORES — PRONOMES RELATIVOS, CONJUNÇÕES ETC.) ..................................................................................................................................................... 47 Æ INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS (COMPREENSÃO) .................................................................................................... 51 Æ TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL ............................................................................................................................... 62 Æ REESCRITA DE FRASES. SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU TRECHOS DE TEXTO. ............................................ 64 Æ GABARITO ..................................................................................................................................................................... 68 DIREITO ELEITORAL .................................................................................................. 71 Æ DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS (ARTS. 118 A 121 DA CF, DE 1988) ......................................................... 71 Æ CONCEITOS, PRINCÍPIOS E FONTES DO DIREITO ELEITORAL ............................................................................. 71 Æ CONCEITO, AQUISIÇÃO E ESPÉCIES (SUFRÁGIO, VOTO, PLEBISCITO, REFERENDO, INICIATIVA POPULAR). CARACTERÍSTICAS DO VOTO. ............................................................................................................... 72 Æ CASSAÇÃO, PERDA E SUSPENSÃO DE DIREITOS (ART. 15 DA CF) ....................................................................... 72 Æ DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL ...................................................................................................................... 72 Æ DOS TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS ................................................................................................................das demandas hoje paralisadas no Poder Judiciário estadual. Ribeiro (2008), em análise acerca do acesso ao sistema judi- ciário no Brasil, destaca o papel do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como órgão encarregado de desenvolver ações que visem à redução da morosidade processual e à simplificação dos procedi- mentos judiciais. A autora destaca dentre os projetos desenvolvi- dos pelo CNJ a ênfase nos procedimentos alternativos de justiça, entre os quais figura o instituto da conciliação. Em mesmo sentido, Veronese (2007) realizou análise da evo- lução de experiências alternativas de resolução de conflitos, des- crevendo os projetos e as questões políticas implicadas nesse fenômeno. Segundo o autor, apesar do consenso de que o Brasil se insere em um contexto de tradição jurídica formalista, ocorre atualmente um movimento descrito como “permeabilidade às novas referências institucionais para a solução dos conflitos e ao discurso de intervenção social” (2007, p. 19), agenda que, segundo Veronese, vem-se desenvolvendo de modo célere no Brasil. Um exemplo citado por ele diz respeito à realização do Dia Nacional da Conciliação, evento promovido pelo CNJ com o intuito de difundir nos tribunais a cultura da realização de acordos entre os litigantes com vistas a extinguir demandas judiciárias. Renato Máximo Sátiro e Marcos de Moraes Sousa Determinantes quantitativos do desempenho judicial: fatores associados à produtividade dos tribunais de justiça. In: Revista Direito GV, v. 7, n.º 1, 2021, p. 8-9 (com adaptações) Acerca do emprego das formas verbais no texto 15A2-I, julgue o próximo item. No título do relatório mencionado no primeiro parágrafo, o emprego do subjuntivo em “conte” justifica-se pela subordina- ção dessa oração a uma construção causativa. ( ) CERTO ( ) ERRADO 31. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 20A2-II Estou prestes a sair de casa. Abro o armário. Urge escolher a máscara, das muitas que eu tenho, para ir à rua. Com ela enfren- tarei os dissabores e as aventuras do meu cotidiano. Afinal, ela é a ponte que cruzo para alcançar os demais seres. Minhas máscaras acomodam-se na prateleira, em meio às bolsas. Todas parecidas, elas diferenciam-se entre si apenas em detalhes imperceptíveis aos olhos alheios. São raros aqueles que surpreendem a natureza da minha máscara. Reconhecem que rio, choro ou encontro-me na iminência de velejar para um hemis- fério longínquo, de onde, quem sabe, não regresso tão cedo. Enquanto muitos confessam, em consonância, com tris- te adágio, que suas vidas são um livro aberto, nada tenho a esconder dos homens, sou justo o contrário, não sei viver sem as máscaras, que me protegem, são a salvaguarda da minha liberdade. E ainda que se provem elas em muitos momentos incapazes de me proteger, não importa. Afinal, a vida não per- mite previsões, lances antecipados. Para enfrentar certos con- flitos, seria necessário revestir-se da máscara de ferro, que traz consigo o sopro da morte. Duvido que alguém prescinda do uso da máscara. Ande inadvertido pelo mundo, oferecendo o rosto cru dos seus senti- mentos. Desajeitado e pobre, quando poderia dispor, a qualquer hora, de mais de mil máscaras, capazes todas de impulsionar o espetáculo humano, de corresponder à natureza do seu dono, de encharcar de vinagre e esperança qualquer coração. As máscaras, sem dúvida, ajudam-me a viver. Levam-me às cerimônias solenes, onde confirmo educação recebida. Acompa- nham-me nos momentos em que sangro, a despeito da minha aparente indiferença. E são elas ainda que me perguntam qual das máscaras usar em determinada festa. Acaso a máscara que engendrei ao longo dos anos, e que me serve como um chinelo velho? Aquela que é dissimulada, cujo desassombro assusta-me, pois revela aos vizinhos o que eu mantinha sob resguardo? Ou a outra, que aspira sobrepor-se à tirania das convenções, quer rasgar o véu da hipocrisia, emitir as palavras acomodadas no baú dos enigmas? Será a máscara que alardeia arrogância, ansiosa por deixar consignada nas paredes do mundo uma única mensa- gem que justifique sua existência? Olho-me ao espelho. Estarei usando máscara mesmo quan- do estou sozinha? Acaso já não vivo sem ela, só respiro por meio de artifícios? É ela que me deixa ser alada e terrestre, me permi- te voar e contornar seres e objetos de cristal? É a máscara que pousa desajeitada no meu próprio rosto, onde há de ficar para sempre, até derreter um dia como se fora feita de cera? Nélida Piñon. A máscara do meu rosto. In: O Estado de São Paulo, Suplemento Feminino, 29/9/1997 Considerando aspectos de forma e de conteúdo do texto 20A2-II, julgue o item subsecutivo. O uso do presente do indicativo nos três primeiros períodos do texto é um recurso de estilo que permite destacar a recorrência dos referidos atos na rotina da narradora. ( ) CERTO ( ) ERRADO Leia o texto a seguir para responder às questões 32 e 33. Quando se fala em palhaço, duas imagens costumam vir logo à cabeça. Palhaço, infelizmente, é aquele de quem mui- tos têm medo. Ele pega alguém da plateia para ridicularizar, faz grosserias, piadas inconvenientes. Crianças têm medo de palhaços. Filmes de terror exploram impiedosamente nossas O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 18 fantasias infantis sobre tal figura. Esses palhaços malvados existem em nosso imaginário e, felizmente, são a minoria na realidade. Neste exato instante em que você lê estas palavras, milhares de palhaços em todo o mundo estão em hospitais, campos de batalha, campos de refugiados, escutando pessoas, relacionando-se verdadeiramente com elas, buscando, por meio do afeto e do humor, amenizar a dor daqueles que estão passando por situações trágicas e delicadas. Dessa imagem inferimos por que a comédia é uma espécie de tratamento para a tragédia. Um tratamento que não nega nem destitui a existência do pior, mas que faz com ele uma espécie de inver- são de sentido. Assim, introduzimos que o horizonte do que o palhaço escuta é a tragédia da vida, a sua realidade mais extensa de miséria e impotência, de pequenez e arrogância, de pobreza e desencontro, que se mostra como uma repeti- ção insensata sempre. O palhaço é um realista, mas não um pessimista. Ele mostra a realidade exagerando as deformações que criamos sobre ela. Primeira lição a tirar disso para a arte da escuta: escutar o outro é escutar o que realmente ele diz, e não o que a gente ou ele mesmo gostaria de ouvir. Escutar o que realmente alguém sente ou expressa, e não o que seria mais agradável, adequado ou confortável sentir. Escutar o que realmente está sendo dito e pensado, e não o que nós ou ele deveríamos pensar e dizer. Christian Dunker e Cláudio Thebas. O palhaço e o psicanalista; como escutar os outros pode transformar vidas. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019, p. 30-1 (com adaptações) Com relação às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue os itens a seguir. 32. (CEBRASPE-CESPE – 2023) No trecho “Um tratamento que não nega nem destitui a existência do pior” (nono período), a forma verbal “destitui” tem o mesmo sentido de desvia. ( ) CERTO ( ) ERRADO 33. (CEBRASPE-CESPE – 2023) As formas verbais “gostaria” (antepenúltimo período), “seria” (penúltimo período) e “deve- ríamos” (último período) têm valor contrafatual, isto é, consti- tuem eventos que, embora realizáveis, contrapõem-se às ações defendidas no texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 34. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Espinosa atravessou lentamente a rua, olhar no chão, mãos nos bolsos, em direção à praça. O sol ainda brilhava for- te na tarde de primavera. Procurou um banco vazio, de frente para o porto, tendo às costas o velho prédio do jornal A Noi- te. À sombra de um grande fícus, deixou as ideias surgirem anarquicamente.Poucas pessoas considerariam a praça Mauá um lugar ade- quado à reflexão, exceto ele e os mendigos. No começo era visto com desconfiança, mas aos poucos eles foram se acos- tumando a sua presença. Nunca frequentou a praça à noite, respeitava a metamorfose produzida pelos frequentadores do Scandinavia Night Club ou da Boite Florida. Enquanto prestava minuciosa atenção ao movimento dos guindastes no porto, deixou o pensamento emaranhar-se livremente em sua própria trama. Formara, havia tempos, a ideia de que momentos de solidão eram propícios à reflexão. Sentado naquele banco, acabara por concluir que isso não se aplicava a si próprio. A forma mais comum como transcorria sua vida mental era a de um fluxo semienlouquecido de ima- gens acompanhado de diálogos inteiramente fantásticos. Não se julgava capaz de uma reflexão puramente racional, o que, para um policial, era no mínimo embaraçoso. Luiz Alfredo Garcia-Roza. O silêncio da chuva. Companhia das Letras, 2005 (com adaptações) No que concerne aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item que se segue. No período “Formara, havia tempos, a ideia de que momentos de solidão eram propícios à reflexão”, o trecho “Formara, havia tem- pos” poderia ser substituído por Formou, há tempos, sem prejuí- zo dos sentidos originais e da correção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 35. (CEBRASPE-CESPE – 2022) A palavra “corrupção” tem origem nas palavras latinas cor- ruptio e corrumpere, que indicam algo que foi corrompido, deturpado. Por ela ser um termo polissêmico, entendemos que a sua história conceitual é incerta. É usual o tratamento da cor- rupção sob uma perspectiva moralista, como algo resultante da falta de caráter dos indivíduos. Contudo, tal abordagem não apresenta validade científica, já que moral é um atributo indi- vidual, dotado de subjetividade e culturalmente circunscrito. A manifestação de práticas corruptas pode-se dar em ambientes públicos ou privados, a partir de numerosos tipos de ação e em variada magnitude. Em todos os casos, a corrup- ção sempre se materializa a partir de trocas entre os agentes. Em relação a quem participa da troca corrupta, em situações nas quais há participação de agentes públicos, distinguem-se três tipos de corrupção: a grande corrupção, a corrupção buro- crática (a pequena corrupção) e a corrupção legislativa. A pri- meira normalmente se refere a atos da elite política que cria políticas econômicas que a beneficiem. A segunda tem a ver com atos da burocracia em relação aos superiores hierárqui- cos ou ao público. A terceira se relaciona à compra de votos dos legisladores. Nas três formas, encontramos algum tipo de pagamento. Isso nos leva a concluir que a corrupção tem uma natureza essencialmente econômica: ela é uma troca socialmente inde- sejada. Com isso, queremos dizer que, apesar de não se confi- gurar necessariamente como ilegal em todos os seus tipos, ela se configura como um jogo de soma zero entre a sociedade e os participantes do ato corrupto. Luiz Fernando Vasconcellos de Miranda. Corrupção: debate conceitual. In: Cláudio André de Souza (org). Dicionário das eleições. Curitiba: Juruá, 2020, p. 209-210 (com adaptações). Em relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1-II, julgue o item subsequente. No último período do texto, o predomínio de verbos flexionados no presente do modo indicativo evidencia a intenção do autor de exprimir hipóteses, conjecturas, estimativas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 36. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB2A1-I A astrônoma Jocelyn Bell Burnell disse sobre Ron Drever: “Ele realmente curtia ser tão engenhoso”. Ela tinha ido da Irlan- da do Norte para Glasgow para estudar física e Drever foi arbi- trariamente designado para ser seu supervisor. Ele contava ao grupo de seus poucos orientandos as ideias mais interessantes que surgiam em sua mente, inclusive as que levaram ao experi- mento de Hughes-Drever (embora ela não tivesse se dado con- ta de que ele o realizara no quintal da propriedade rural de sua família), mas nenhuma que os ajudasse a passar nos exames. Após a frustração inicial, ao ver que ele não ia ajudá-la em seu dever de casa de física de estado sólido, ela acabou admirando seu profundo entendimento de física fundamental e seu notá- vel talento como pesquisador. Drever, por sua vez, seria influenciado pelas iminentes e vitais descobertas de sua ex-aluna de graduação. A respeito de Bell Burnell, disse: “Ela também era obviamente melhor do que a maioria deles… então cheguei a conhecê-la muito bem”. Drever escreveu uma carta de recomendação para apoiar o pedido de emprego dela à principal instalação de radioastro- nomia na Inglaterra, em meados da década de 60, Jodrell Bank. Mas, ele continua, “não a admitiram, e a história conta que foi porque era mulher. Mas isso não é oficial, você sabe. Ela ficou muito desapontada”. Drever acrescenta, esperando que se reconheça a obviedade daquele absurdo: “Sua segunda opção O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 19 era ir para Cambridge. Vê como são as coisas?”. Ele considerou isso uma reviravolta muito feliz. “Então ela foi para Cambridge e descobriu pulsares. Vê como são as coisas?”, ele diz, rindo. Janna Levin. A música do universo: ondas gravitacionais e a maior descoberta científica dos últimos cem anos. São Paulo, Cia. das Letras, 2016, p. 103-104 (com adaptações). Acerca de aspectos linguísticos do texto CB2A1-I, julgue o item que se segue. O emprego da forma verbal “seria”, no início do primeiro perío- do do segundo parágrafo, indica um distanciamento entre a opinião da autora e o conteúdo da frase. ( ) CERTO ( ) ERRADO 37. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Ora, graças a Deus, lá se foi mais um. Um ano, quero dizer. Menos um na conta, mais uma prestação paga. E tem quem fique melancólico. Tem quem deteste ver à porta a cara do mascate em cada primeiro do mês, cobrando o vencido. Quando compram fiado, têm a sensação de que o homem deu de presente, e se esquecem das prestações, que serão, cada uma, uma facada. Nem se lembram dessa outra prestação que se paga a toda hora, tabela Price insaciável comendo juros de vida, todo dia um pou- quinho mais; um cabelo que fica branco, mais um milímetro de pele que enruga, uma camada infinitesimal acrescentada à arté- ria que endurece, um pouco mais de fadiga no coração, que tam- bém é carne e se cansa com aquele bater sem folga. E o olho que enxerga menos, e o dente que caria e trata de abrir lugar primeiro para o pivô, depois para a dentadura completa. O engraçado é que muito poucos reconhecem isso. Conven- cem-se de que a morte chega de repente, que não houve desgas- te preparatório, e nos apanha em plena flor da juventude, ou em plena frutificação da maturidade; se imaginam uma rosa que foi colhida em plena beleza desabrochada. Mas a rosa, se a não apa- nha o jardineiro, que será ela no dia seguinte, após o mormaço do sol e a friagem do sereno? A hora da colheita não interessa ― de qualquer modo, o destino dela era murchar, perder as pétalas, secar, sumir-se. A gente, porém, não pode pensar muito nessas coisas. Tem que pensar em alegrias, sugestionar-se, sugestionar os outros. Vamos dar festas, vamos aguardar o ano novo com esperanças e risadas e beijos congratulatórios. Desejar uns aos outros saúde, riqueza e venturas. Fazer de conta que não se sabe; sim, como se a gente nem desconfiasse. Tudo que nos espera: dentro do corpo o que vai sangrar, doer, inflamar, envelhecer. As cólicas de fígado, as dores de cabeça, as azias, os reumatismos, as gripes com febre, quem sabe o tifo, o atropelamento. Tudo escondido, esperando. Sem falar nos que vão ficar tuberculosos, nas mulhe- res que vão fazer cesariana. Osque vão perder o emprego, os que se verão doidos com as dívidas, os que hão de esperar nas filas ― que seremos quase todos. E os que, não morrendo, hão de ver a morte lhes entrando de casa adentro, carregando o filho, pai, amor, amizade. As missas de sétimo dia, as cartas de rompimen- to, os bilhetes de despedida. E até guerra, quem sabe? Desgostos, desgostos de toda espécie. Qual de nós passa um dia, dois dias, sem um desgosto? Quanto mais um ano! Rachel de Queiroz. Um ano de menos In: O Cruzeiro, Rio de Janeiro, dez./1951 (com adaptações) Acerca das ideias e de aspectos linguísticos do texto preceden- te, julgue o item que se segue. No trecho “os que hão de esperar nas filas” (último parágrafo), o termo “hão” corresponde a uma forma abreviada de haverão e, como tal, diz respeito ao tempo futuro. ( ) CERTO ( ) ERRADO 38. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-I Um dos principais motores do avanço da ciência é a curio- sidade humana, descompromissada de resultados concretos e livre de qualquer tipo de tutela ou orientação. A produção científica movida simplesmente por essa curiosidade tem sido capaz de abrir novas fronteiras do conhecimento e de, no longo prazo, gerar valor e mais qualidade de vida para o ser humano. O empreendimento científico e tecnológico é, sem dúvida algu- ma, o principal responsável por tudo que a humanidade cons- truiu ao longo de sua história. Suas realizações estão presentes desde o domínio do fogo até as imensas potencialidades da moderna ciência da informação, passando pela domesticação dos animais, pelo surgimento da agricultura e indústria moder- nas e, é claro, pela espetacular melhora da qualidade de vida de toda a humanidade no último século. Além da curiosidade humana, outro motor importantíssi- mo do avanço científico é a necessidade de solução dos pro- blemas que afligem a humanidade. Viver mais tempo e com mais saúde, trabalhar menos e ter mais tempo disponível para o lazer, reduzir as distâncias que separam os seres humanos — por meio de mais canais de comunicação ou de melhores meios de transporte — são alguns dos desafios e aspirações humanas para cuja solução, durante séculos, a ciência e a tec- nologia têm contribuído. Apesar dos feitos extraordinários da ciência e dos investi- mentos públicos em ciência e tecnologia, verifica-se uma espé- cie de movimento de deslegitimação social do conhecimento científico no mundo todo. Recentemente, Tim Nichols, um reconhecido pesquisador norte-americano, chegou a anunciar a “morte da expertise”, título de seu livro sobre o conhecimen- to na sociedade atual, no qual ele descreve o sentimento de descrença do cidadão comum no conhecimento técnico e cien- tífico e, mais que isso, um certo orgulho da própria ignorância sobre vários temas complexos, especialmente sobre qualquer coisa relativa às políticas públicas. Vários fenômenos sociais recentes, como o movimento antivacina ou mesmo a descon- fiança sobre a fatalidade do aquecimento global, apesar de todas as evidências científicas, parecem corroborar a análise de Nichols. A despeito da qualidade de vida ter melhorado nos últi- mos séculos, em grande medida graças ao avanço científico e tecnológico, a desigualdade vem aumentando no período mais recente. Thomas Piketty evidenciou um crescimento da desigualdade de renda nas últimas décadas em todo o mundo, além de mostrar que, no início deste século, éramos tão desi- guais quanto no início do século passado. Esse é um problema mundial, mas é mais agudo em países em desenvolvimento, como o Brasil, onde ainda abundam problemas crônicos do subdesenvolvimento, que vão desde o acesso à saúde e à edu- cação de qualidade até questões ambientais e urbanas. É, por- tanto, nesta sociedade desigual, repleta de problemas e onde boa parte da população não compreende o que é um átomo, que a atividade científica e tecnológica precisa se desenvolver e se legitimar. Também é esta sociedade que decidirá, por meio dos seus representantes, o quanto de recursos públicos deverá ser alocado para a empreitada científica e tecnológica. Internet: (com adaptações). A respeito de aspectos linguísticos do texto CG1A1-I, julgue o item a seguir. A forma verbal “corroborar” (último período do quarto parágra- fo) tem o mesmo sentido de ratificar. ( ) CERTO ( ) ERRADO 39 (CEBRASPE-CESPE – 2021) D. Amélia conformava-se com as impertinências do mari- do. Cada vez mais sentia ela que a doença do seu Lula morreria com ele. Não lutou mais, não sofreu mais. Era tudo como Deus quisesse. A vida que tinha que viver seria aquela, sem outro remédio que vivê-la. Tinha pena da filha, mas ao mesmo tem- po para que lhe desejar casamento que fosse como o seu? Para que ligar-se a um homem que viesse magoá-la, arrancar-lhe a paz de espírito? Via Neném no seu jardim, nos seus silêncios, na sua paz e não se queixava de não vê-la casada. Iam comen- do com o pouco que faziam. É verdade que cada ano que se passava mais o Santa Fé minguava, menos fazia. O feitor que Lula botara para ver tudo não era homem de tino, era para ser mandado. E quem mandaria nele? As coisas caminhavam O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 20 como água de rio, com a correnteza levando tudo. Tinha às vezes vontade de chamar o feitor e dar ordens, mas não queria irritar o marido, era homem que não podia se contrariar. José Lins do Rego. Fogo morto. 47.ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1957, p. 164 Considerando as ideias, os sentidos e os aspectos linguísti- cos do texto precedente, julgue o item a seguir. Em “ligar-se”, “magoá-la” e “arrancar-lhe”, as formas verbais estão no modo infinitivo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 40. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto 2A1-I Quando falamos em direito, estamos falando inicialmen- te de um enorme conjunto de regras obrigatórias, o chamado direito positivo. Mas o vocábulo direito é usado também para o curso de Direito, a assim chamada “ciência do Direito”. Numa terceira acepção, a palavra designa os direitos de cada um de nós, chamados de direitos subjetivos, pois somos os sujeitos, os titulares, desses direitos. Ninguém ignora que paira sobre nossas cabeças uma gigantesca teia de normas, que atinge praticamente todas as nossas atividades. A vida de cada um de nós é regulada de dia e de noite, desde antes do nascimento e, por incrível que pare- ça, até depois da morte. Muitos pensadores têm destacado que o direito atual parece ter invadido tudo: há direito em toda parte, para todos, para tudo. A contrapartida é que, assim como temos que seguir as normas, os outros também têm de cumpri-las e, desse modo, respeitar os direitos de cada um de nós, os ditos direitos subjetivos. Eduardo Muylaert. Direito no cotidiano: guia de sobrevivência na selva das leis. São Paulo: Editora Contexto, 2020, p.11-12 (com adaptações). Com relação aos aspectos linguísticos do texto 2A1-I, julgue o item subsequente. No trecho “Muitos pensadores têm destacado que o direito atual parece ter invadido tudo” (último parágrafo), a locução verbal “têm destacado” indica uma ação que acontece no momento em que se produz o texto e poderia ser substituída por desta- cam, sem alteração dos sentidos originais do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 41. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto 14A1-I As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equiva- lentes quanto ao que podem expressar, e o fazem com igual facilidade (embora lançando mão de recursos bem diferentes). Entretanto, dois fatores dificultam a aplicação de algumas lín- guas a certos assuntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulá- rio; outro, subjetivo, a existência de preconceitos. É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma língua dos méritos (culturais, científicos ou literários) daquilo que ela servepara expressar. Por exemplo, se a lite- ratura francesa é particularmente importante, isso não quer dizer que a língua francesa seja superior às outras línguas para a expressão literária. O desenvolvimento de uma literatura é decorrência de fatores históricos independentes da estrutura da língua; a qualidade da literatura francesa diz algo dos méri- tos da cultura dos povos de língua francesa, não de uma imagi- nária vantagem literária de se utilizar o francês como veículo de expressão. Victor Hugo poderia ter sido tão importante quanto foi mesmo se falasse outra língua — desde que pertencesse a uma cultura equivalente, em grau de adiantamento, riqueza de tradição intelectual etc., à cultura francesa de seu tempo. Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos cien- tíficos da contemporaneidade são as instituições e os pesqui- sadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica internacional. Todavia, se os fatores históricos que produziram a supremacia científica norte-americana se tivessem verificado, por exemplo, na Holanda, o holandês nos estaria servindo exa- tamente tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês traços estruturais intrínsecos que o façam superior ao holandês como língua adequada à expressão de conceitos científicos. Não se conhece caso em que o desenvolvimento da supe- rioridade literária ou científica de um povo possa ser claramen- te atribuído à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, as grandes literaturas e os grandes movimentos científicos surgem nas grandes nações (as mais ricas, as mais livres de restrições ao pensamento e também — ai de nós! — as mais poderosas política e militarmente). O desenvolvimento dos diversos aspectos materiais e culturais de uma nação se dá mais ou menos harmoniosamente; a ciência e a arte são tam- bém produtos da riqueza e da estabilidade de uma sociedade. O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de não desenvolverem vocabulário técnico e científico suficiente para acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem che- gar a ser muito grande, os próprios falantes acabarão optando por utilizar uma língua estrangeira ao tratarem de assuntos científicos e técnicos. Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua para fazer ciência). In: Ciência Hoje, 1994 (com adaptações) A respeito dos aspectos gramaticais do texto 14A1-I, julgue o item a seguir. No trecho “É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma língua”, as três formas verbais, juntas, formam um sujeito composto oracional. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ ADVÉRBIO 42. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A2-I O justo se desvela no decorrer das lutas de libertação na his- tória. O justo é um saber que se vai constituindo à medida que nossa consciência da história se aguça. Mas não basta a cons- ciência da história, pois procurar a justiça é uma atitude ética — é uma escolha. Não podemos cair em uma visão automáti- ca da história, na qual nossa simples posição em dado estrato social nos leva necessariamente a pensar de certa forma, a valorizar em certa medida. Se aceitássemos essa visão, bas- taria ficarmos quietos esperando que a história se fizesse de acordo com seus mecanismos. Mas o real é outro. A justiça está se fazendo pela organização popular, pelo aguçamento dos conflitos. E cada um de nós vislumbra o norte da justiça, por via da busca de uma visão coerente da história, aliada a uma prática e a uma análise rigorosa das circunstâncias pre- sentemente vividas. A busca da justiça como virtude não é equidistante, não é neutra, não é equilibrada. Ela nos força, a cada momento, a tomar partido, a ser parcial, tendo a parcela maior dos seres humanos como fundamento. Ser justo é viver a virtude de tomar partido em busca do melhor, fundado na visão mais lúci- da possível da história e na análise das circunstâncias maiores e menores que isso envolve. A justiça é uma virtude agente que se explicita na prática social comprometida. Roberto Aguiar. O que é justiça: uma abordagem dialética. Brasília Senado Federal. Conselho Editorial, 2020, p. 319-20 (com adaptações) Em relação a aspectos linguísticos do texto 2A2-I, julgue o item a seguir. Assim como “necessariamente”, o advérbio “presentemente” estabelece uma relação sintática com um verbo no texto, modi- ficando sua circunstância de modo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 43. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 8A1-I O Brasil é um dos países com maior proporção de alunos matriculados em cursos de formação de professores, mas com um dos mais baixos índices de interesse na profissão. Para especialistas, isso mostra que a docência se torna opção pela O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 21 facilidade em ingressar no ensino superior, pelas baixas men- salidades e pela alternativa de cursos a distância — não pela vocação. Estudos internacionais mostram que um bom professor é um dos fatores que mais influenciam na aprendizagem. Os dados são de pesquisa feita pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que traçou o perfil de quem estuda para ser professor na América Latina e no Caribe. Enquanto, no Brasil, 20% dos universitários estão em cursos como licen- ciatura e pedagogia, na América Latina são 10% e, em países desenvolvidos, 8%. Em compensação, só 5% dos jovens brasileiros dizem que- rer ser professores quando estão no ensino médio. E, apesar da grande quantidade de alunos matriculada em cursos de licenciatura e pedagogia no Brasil, faltam docentes para lecio- nar disciplinas específicas em áreas de ciências exatas e da natureza. Na Coreia do Sul, por exemplo, 21% se interessam pela profissão e só 7% ingressam, de fato, na universidade, porque há muita concorrência e maior seleção. No Chile e no Méxi- co, os dois índices são mais próximos: cerca de 7% se interes- sam pelo magistério e menos de 15% cursam pedagogia ou licenciatura. “Muitos alunos concluintes do ensino médio entram em programas de formação de professores para conseguir um título”, diz o economista chefe da divisão de educação no BID, Gregory Elacqua. Ele afirma que isso não é bom para a educação. “A gente atrai as pessoas mais vulneráveis e que lá na fren- te vão enfrentar o desafio de educar crianças vulneráveis tam- bém”, diz a diretora de políticas públicas do Instituto Península, que atua na área de formação de professores, Mariana Breim. “Se é este público que está procurando a docência, temos de abraçá-lo e fazê-lo se apaixonar por ela”, completa. Os dados mostram que 71% dos estudantes de pedagogia e licenciatu- ra no Brasil são mulheres, índice semelhante ao verificado em outros países latinos. Internet: (com adaptações) Julgue o item seguinte, relativo à classificação gramatical de palavras, à pontuação e à sintaxe de concordância e regência no texto 8A1-I. A palavra “muita” (primeiro período do quarto pará- grafo), que expressa intensidade, pertence à classe gramatical dos advérbios. ( ) CERTO ( ) ERRADO 44. (CEBRASPE-CESPE – 2023) A cibersegurança, embora seja um tema há muito discu- tido em âmbito global, é um campo relativamente novo no Brasil. No entanto, tem ganhado destaque por conta da inten- sa migração de dados para ambientes em nuvem e da inter- conexão praticamente global de dispositivos na Internet. A proliferação de dispositivos conectados à Internet, desde ele- trodomésticos até equipamentos industriais, aumentou consi- deravelmente a superfície de ataque, transformando o cenário de riscos. O que antes parecia ficção científica, como geladeiras ou medidores de pressão de gasodutos conectados à rede de computadores, agora é uma realidade tangível. Entretanto, a adoção apressada de tecnologias conectadas à Internet muitas vezes ocorresem a devida atenção à segu- rança. Essa falta de consideração em relação à cibersegurança pode expor empresas a riscos substanciais, pois a falta de pre- paração e avaliação da superfície de ataque pode permitir que brechas sejam exploradas por agentes maliciosos. Uma das principais questões, quando se fala em cibersegu- rança, é a de que não existe uma “bala de prata”, ou seja, uma solução única para todas as falhas que podem ocorrer. Cada organização possui características, riscos e necessidades dis- tintos, o que exige a criação de soluções personalizadas para mitigar ameaças específicas. Nesse sentido, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) desempenhou um papel significativo no cenário de ciber- segurança ao estabelecer diretrizes para a prevenção de vazamentos e a proteção de dados. Empresas são agora obri- gadas a adotar medidas proativas para evitar incidentes de segurança e garantir a privacidade dos dados. O investimento em cibersegurança deve ser entendido como um seguro de carro: deve-se investir na prevenção para minimizar os danos de um eventual incidente. Internet: (com adaptações). Julgue o item que segue, com base nas ideias, no vocabulário e na estruturação linguística do texto precedente. O deslocamento da palavra “agora” (segundo período do últi- mo parágrafo) para o início do período, com o devido ajuste das letras iniciais maiúsculas e minúsculas, manteria o sentido e a correção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 45. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CG2A1-II Estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente por causa da depressão e da ansiedade, custando à economia mundial quase 1 trilhão de dólares. Os dados são do relatório Diretrizes sobre Saúde Mental no Trabalho, publi- cado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em setembro de 2022, e confirmam a necessidade de se trazer o debate ain- da mais à tona. Na mesma época, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicou uma nota conjunta com a OMS, na qual as novas diretrizes são explicadas por meio de estraté- gias práticas para governos, empregadores, trabalhadores e suas organizações, nos setores públicos e privados. “De acordo com as diretrizes globais, 60% da população mundial trabalha e esse trabalho pode impactar a saúde mental tanto de for- ma positiva quando negativa. As diretrizes também apontam questões importantes referentes à inserção e à permanência de pessoas com problemas de saúde mental no mercado de trabalho. Além do estigma e das barreiras que essas pessoas vivenciam para ingressar no mercado de trabalho, a ausência de estruturas de suporte afeta a sustentação das atividades laborais”, explica a consultora nacional de saúde mental da OMS, Cláudia Braga. De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 2022, 209.124 mil pessoas foram afastadas do trabalho por transtornos mentais, entre depressão, distúrbios emocionais e Alzheimer, enquanto, em 2021, foram registrados 200.244 afastamentos. “Esse cenário nos mostra a importância de discutirmos essas questões e esperamos que essas diretri- zes possam nortear os debates sobre as responsabilidades dos diferentes atores, de modo a mobilizarmos esforços para prevenir os impactos negativos do trabalho na saúde mental, promover e proteger a saúde mental e o bem-estar dos traba- lhadores e trabalhadoras, assim como dar suporte às pessoas com problemas de saúde mental para que tenham seus direi- tos garantidos”, afirma a consultora da OMS. Erika Farias. Alertas globais chamam a atenção para o papel do trabalho na saúde mental. Internet: (com adaptações). Julgue o item a seguir, considerando as ideias e estruturas lin- guísticas do texto CG2A1-II. No segundo período do primeiro parágrafo, o vocábulo “ainda” classifica-se como advérbio e expressa circunstância de inten- sidade, podendo ser substituído por “muito”, sem prejuízo ao sentido e à correção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 46. (CEBRASPE-CESPE – 2022) A tecnologia finalmente está derrubando os muros do tradicionalismo que envolve o mundo do direito. Cercado de costumes e hábitos por todos os lados, o direito e seus opera- dores têm a fama de serem apegados a formalismos, praxes e arcaísmos resistentes a mudanças mais radicais. São práticas persistentes, passadas adiante por gerações e cultivadas como se necessárias para manter a integridade e a operacionalidade costumeira do sistema. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 22 Nem mesmo o hermético universo do direito resistiu às mudanças tecnológicas trazidas pela rede mundial de compu- tadores e pela possibilidade do uso de softwares de inteligên- cia artificial para análise de grandes volumes de dados. Novidades cuja aplicação foi impulsionada pelo incessan- te crescimento de demandas judiciais e pela necessidade de implementar e efetivar o sistema de precedentes qualificados. Todas essas inovações, sem dúvida nenhuma, transforma- ram o sistema de justiça como o conhecíamos e o cotidiano dos operadores do direito. O direito, o processo decisório e os julgamentos são emi- nentemente de natureza humana e dependem do ser huma- no para serem bem realizados. Assim, mesmo que os avanços tecnológicos sejam inevitáveis, todas as inovações eletrônicas e virtuais devem sempre ser implementadas com parcimônia e vistas com muito cuidado, não apenas para sempre permiti- rem o exercício de direitos e garantias, mas também para não restringirem — e, sim, ampliarem — o acesso à justiça e, sobre- tudo, para manterem a insubstituível humanidade da justiça. Rafael Muneratti. Justiça virtual e acesso à justiça. In: Revista da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul, ano 12, v. 1, n.º 28, 2021 (com adaptações) Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto ante- rior, julgue o item a seguir. No parágrafo do texto, o emprego dos vocábulos “muito” e “sem- pre” enfatizam a opinião expressa pelo autor. ( ) CERTO ( ) ERRADO 47. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Na sociedade líquido-moderna da hipermodernidade glo- balizante, o fazer compras não pressupõe nenhum discurso. O consumidor — o hiperconsumidor — compra aquilo que lhe apraz. Ele segue as suas inclinações individuais. O curtir é o seu lema. Esse movimento social de hiperconsumismo, de vida para o consumo, guiou a pessoa natural para o caminho da necessida- de, da vontade e do gosto pelo consumo, bem como impulsio- nou o descarte de cada vez mais recursos naturais finitos. Isso tem transformado negativamente o planeta, ao trazer prejuízos não apenas para as futuras gerações, como também para as atuais, o que resulta em problemas sociais, crises humanitárias e degradação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, além de afetar o desenvolvimento humano, ao se precificar o ser racional, dissolvendo-se toda solidez social e trazendo-se à tona uma sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores vorazes e indiferentes às consequências de seus atos sobre o meio ambiente ecologicamente equilibrado e sobre as gerações atuais e futuras. O consumismo é uma economia do logro, do excesso e do lixo, pois faz que o ser humano trabalhe duro para adquirir mais coisas, mas traz a sensação de insatisfação porque sempre há alguma coisa melhor, maior e mais rápida do que no presente. Ao mesmo tempo, as coisas que se possuem e se consomem enchem não apenas os armários, as garagens, as casas e as vidas, mas também as mentes das pessoas. Nessa sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores, o desejo satisfeito pelo consumo gera a sensação de algo ultra- passado; o fim de um consumo significa a vontade de iniciar qualquer outro. Nessa vida de hiperconsumo e para o hipercon- sumo, a pessoa natural fica tentada com a gratificaçãoprópria imediata, mas, ao mesmo tempo, os cérebros não conseguem compreender o impacto cumulativo em um nível coletivo. Assim, um desejo satisfeito torna-se quase tão prazeroso e exci- tante quanto uma flor murcha ou uma garrafa de plástico vazia. O hiperconsumismo afeta não apenas a relação simbiótica entre o ser humano e o planeta, como também fere de morte a moral, ao passo que torna tudo e todos algo precificável, des- cartável e indiferente. Fellipe V. B. Fraga e Bruno B. de Oliveira. O consumo colaborativo como mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade líquido-moderna. LAECC. Edição do Kindle (com adaptações) Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto prece- dente, julgue o item que se seguem. No parágrafo, o vocábulo “Assim” é um advérbio que se refere ao modo como um desejo satisfeito torna-se prazeroso e excitante. ( ) CERTO ( ) ERRADO 48. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Alguns linguistas acreditam que o Homo erectus, há mais ou menos 1 milhão e meio de anos, já tinha uma linguagem. Os argumentos que eles dão são que o Homo erectus tinha um cérebro relativamente grande e usava ferramentas de pedra primitivas, porém bastante padronizadas. Essa hipótese pode ser verdadeira, mas pode também estar bem longe do correto. O uso de ferramentas certamente não requer linguagem. Chimpanzés usam galhos como ferramentas para caçar cupins, ou pedras para quebrar nozes. Obviamente, mesmo as ferramentas mais primitivas do Homo erectus (pedras lasca- das) são muito mais sofisticadas que qualquer coisa usada por chimpanzés, mas ainda assim não há uma razão convincente para crer que essas pedras não pudessem ter sido produzidas sem linguagem. O tamanho do cérebro é igualmente problemático como indicador da presença de linguagem, porque ninguém tem uma boa ideia de quanto cérebro exatamente é necessário para a linguagem. Além disso, a capacidade para a linguagem pode ter permanecido latente no cérebro por milhões de anos, sem ter sido de fato colocada em uso. Guy Deutscher. O desenrolar da linguagem Renato Basso e Guilherme Henrique May (Trad.). Campinas: Mercado de Letras, 2014, p. 28-29 (com adaptações) A respeito das ideias, dos sentidos e aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue. O uso do advérbio “Obviamente” (segundo parágrafo) desempe- nha importante papel na argumentação apresentada no texto, realçando uma informação que já é tomada como conhecimen- to geral. ( ) CERTO ( ) ERRADO 49. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1-I Desde que o almirante Pedro Álvares Cabral oficialmente descobriu a Terra de Santa Cruz, em abril de 1500, o primei- ro português a estabelecer uma marca na história mineral do Brasil foi Martim Afonso de Souza. Depois de fundar a pequena vila de São Vicente, no litoral de São Paulo, a primeira base estabelecida na América portuguesa, no ano de 1531, ele tentou descobrir ouro, prata e pedras preciosas antes de sua partida para Lisboa. Esse plano visava confirmar notícias trazi- das por quatro homens de sua comitiva sobre a existência de minas abundantes em ouro e prata na região do Rio Paraguai. Sob essa orientação, três expedições foram realizadas, todas em 1531: nas montanhas ao longo da costa do Rio de Janeiro, ao sul do estado de São Paulo e no Rio da Prata, mais ao sul. No entanto, as primeiras iniciativas para descoberta de metais e pedras preciosas em terras brasileiras falharam, devi- do às dificuldades daquela época. Apesar disso, o desejo de descobrir riquezas minerais se manteve entre os habitantes da nova colônia, estimulados pela corte portuguesa, que ofe- recia promessas de honra e reconhecimento para aqueles que encontrassem tais riquezas. Durante todo o século XVI, os portugueses usaram recur- sos financeiros, trabalho, soldados, artesãos de todos os tipos (cortadores, mineiros, construtores e até mesmo engenheiros estrangeiros) nos trabalhos de pesquisa das expedições, sob a supervisão dos governadores. Mas, infelizmente, o que foi encontrado não estava à altura do que foi despendido. Mes- mo os mais positivos resultados tiveram pouco significado econômico, tanto em termos de quantidade quanto de teor dos metais. Os depósitos eram, além de pobres, localizados em lugares remotos. Concluindo, quase candidamente, que as O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 23 descobertas naquele século eram desapontadoras, o governa- dor-geral Diogo de Meneses Sequeira escreveu uma carta ao rei, afirmando que “sua Alteza precisa acreditar que as atuais minas do Brasil são compostas por açúcar e pau-brasil, muito lucrativos e com os quais o Tesouro e sua Alteza não precisam gastar um simples centavo”. Iran F. Machado e Silvia F. de M. Figueirôa. 500 anos de mineração no Brasil: breve histórico. Parte I. In: Brasil Mineral. São Paulo, n.º 186, p. 44-47, ago./2000 (com adaptações). A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o item a seguir. No trecho “construtores e até mesmo engenheiros estrangei- ros” (terceiro parágrafo), a expressão “até mesmo” está empre- gada com o mesmo sentido do advérbio sobretudo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 50. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1 A palavra sonho significa muitas coisas diferentes: “o sonho da minha vida” e “meu sonho de consumo” são expressões usadas pelas pessoas para dizer que pretendem ou consegui- ram alcançar algo. Todo mundo tem um sonho, no sentido de plano futuro. Todo mundo deseja algo que não tem. Por que será que o sonho, fenômeno normalmente noturno que tanto pode evocar o prazer quanto o medo, é justamente a palavra usada para designar tudo aquilo que se quer ter? O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos, a motivação íntima de nossa ação exterior. Desejo é o sinôni- mo mais preciso da palavra “sonho”. Na área de desembarque de um aeroporto nos Estados Unidos, uma foto enorme de um casal belo e sorridente, velejando num mar caribenho em dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde seus sonhos o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de cartão de cré- dito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como veleiros, capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos, altamente… desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo, que é igual a dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser e prin- cipalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem experimentar no mundo de regras frouxas do sonho noturno, mas que no sonho diurno é privilégio apenas dos detentores de um mágico cartão plástico. Entretanto, a rotina do trabalho diário e a falta de tempo para dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalha- dores, são cruciais para o mal-estar da civilização contempo- rânea. É gritante o contraste entre a relevância motivacional do sonho e sua banalização no mundo industrial globalizado. No século XXI, a busca pelo sono perdido envolve rastreadores de sono, colchões high-tech, máquinas de estimulação sonora, pijamas com biossensores, robôs para ajudar a dormir e uma cornucópia de remédios. A indústria da saúde do sono, um setor que cresce aceleradamente, tem valor estimado entre 30 bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim impera a insô- nia. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos diariamen- te com o toque insistente do despertador, ainda sonolentos e já atrasados para cumprir compromissos que se renovam ao infinito, se tão poucos se lembram de que sonham pela sim- ples falta de oportunidade de contemplar a vida interior, quan- do a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar da sobrevivência do sonho. E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel, sonha- -se sofregamente apesardas luzes e dos ruídos da cidade, da incessante faina da vida e da tristeza das perspectivas. Sidarta Ribeiro. O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 19-20 (com adaptações) No que se refere aos sentidos do texto CB1A1, julgue o próximo item. O termo “ainda” está empregado no texto com o mesmo sentido de embora. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ PREPOSIÇÃO 51. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 15A2-I Em uma linha de estudos, um dos fatores apontados fre- quentemente como possível solução para a diminuição da demanda nos tribunais diz respeito aos mecanismos de reso- lução alternativa de conflitos. O relatório Fazendo com que a justiça conte: medindo e aprimorando o desempenho do Judiciário no Brasil, produzido pelo Banco Mundial, já apon- tava em 2004 a maior difusão do instituto da conciliação como uma possível solução para a excessiva sobrecarga de proces- sos na justiça estadual. Segundo o relatório, tal medida poderia ser um importante mecanismo de diminuição das demandas hoje paralisadas no Poder Judiciário estadual. Ribeiro (2008), em análise acerca do acesso ao sistema judi- ciário no Brasil, destaca o papel do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como órgão encarregado de desenvolver ações que visem à redução da morosidade processual e à simplificação dos pro- cedimentos judiciais. A autora destaca dentre os projetos desen- volvidos pelo CNJ a ênfase nos procedimentos alternativos de justiça, entre os quais figura o instituto da conciliação. Em mesmo sentido, Veronese (2007) realizou análise da evolução de experiências alternativas de resolução de confli- tos, descrevendo os projetos e as questões políticas implicadas nesse fenômeno. Segundo o autor, apesar do consenso de que o Brasil se insere em um contexto de tradição jurídica forma- lista, ocorre atualmente um movimento descrito como “per- meabilidade às novas referências institucionais para a solução dos conflitos e ao discurso de intervenção social” (2007, p. 19), agenda que, segundo Veronese, vem-se desenvolvendo de modo célere no Brasil. Um exemplo citado por ele diz respeito à realização do Dia Nacional da Conciliação, evento promovido pelo CNJ com o intuito de difundir nos tribunais a cultura da realização de acordos entre os litigantes com vistas a extinguir demandas judiciárias. Renato Máximo Sátiro e Marcos de Moraes Sousa Determinantes quantitativos do desempenho judicial: fatores associados à produtividade dos tribunais de justiça. In: Revista Direito GV, v. 7, n.º 1, 2021, p. 8-9 (com adaptações) Com relação à pontuação e às categorias semânticas em uso no texto 15A2-I, julgue o item subsecutivo. No trecho “análise da evolução de experiências alternativas de resolução de conflitos” (início do último parágrafo), a preposi- ção de, em suas quatro ocorrências, introduz argumentos que assumem o mesmo papel temático: o de paciente ( ) CERTO ( ) ERRADO 52. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 8A1-I O Brasil é um dos países com maior proporção de alunos matriculados em cursos de formação de professores, mas com um dos mais baixos índices de interesse na profissão. Para espe- cialistas, isso mostra que a docência se torna opção pela facilida- de em ingressar no ensino superior, pelas baixas mensalidades e pela alternativa de cursos a distância — não pela vocação. Estudos internacionais mostram que um bom professor é um dos fatores que mais influenciam na aprendizagem. Os dados são de pesquisa feita pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que traçou o perfil de quem estuda para ser professor na América Latina e no Caribe. Enquanto, no Bra- sil, 20% dos universitários estão em cursos como licenciatura e pedagogia, na América Latina são 10% e, em países desenvolvi- dos, 8%. Em compensação, só 5% dos jovens brasileiros dizem que- rer ser professores quando estão no ensino médio. E, apesar da grande quantidade de alunos matriculada em cursos de licen- ciatura e pedagogia no Brasil, faltam docentes para lecionar dis- ciplinas específicas em áreas de ciências exatas e da natureza. Na Coreia do Sul, por exemplo, 21% se interessam pela pro- fissão e só 7% ingressam, de fato, na universidade, porque há muita concorrência e maior seleção. No Chile e no México, os O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 24 dois índices são mais próximos: cerca de 7% se interessam pelo magistério e menos de 15% cursam pedagogia ou licenciatura. “Muitos alunos concluintes do ensino médio entram em pro- gramas de formação de professores para conseguir um título”, diz o economista chefe da divisão de educação no BID, Gregory Elacqua. Ele afirma que isso não é bom para a educação. “A gente atrai as pessoas mais vulneráveis e que lá na fren- te vão enfrentar o desafio de educar crianças vulneráveis tam- bém”, diz a diretora de políticas públicas do Instituto Península, que atua na área de formação de professores, Mariana Breim. “Se é este público que está procurando a docência, temos de abraçá-lo e fazê-lo se apaixonar por ela”, completa. Os dados mostram que 71% dos estudantes de pedagogia e licenciatu- ra no Brasil são mulheres, índice semelhante ao verificado em outros países latinos. Internet: (com adaptações) Julgue o item a seguir, no que diz respeito à sintaxe de orações e períodos no texto 8A1-I. No segundo período do terceiro parágrafo, a oração introduzida pela preposição “para” expressa circunstância de finalidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO 53. (CEBRASPE-CESPE – 2022) A tecnologia finalmente está derrubando os muros do tradicionalismo que envolve o mundo do direito. Cercado de costumes e hábitos por todos os lados, o direito e seus opera- dores têm a fama de serem apegados a formalismos, praxes e arcaísmos resistentes a mudanças mais radicais. São práticas persistentes, passadas adiante por gerações e cultivadas como se necessárias para manter a integridade e a operacionalidade costumeira do sistema. Nem mesmo o hermético universo do direito resistiu às mudanças tecnológicas trazidas pela rede mundial de compu- tadores e pela possibilidade do uso de softwares de inteligên- cia artificial para análise de grandes volumes de dados. Novidades cuja aplicação foi impulsionada pelo incessan- te crescimento de demandas judiciais e pela necessidade de implementar e efetivar o sistema de precedentes qualificados. Todas essas inovações, sem dúvida nenhuma, transforma- ram o sistema de justiça como o conhecíamos e o cotidiano dos operadores do direito. O direito, o processo decisório e os julgamentos são emi- nentemente de natureza humana e dependem do ser huma- no para serem bem realizados. Assim, mesmo que os avanços tecnológicos sejam inevitáveis, todas as inovações eletrônicas e virtuais devem sempre ser implementadas com parcimônia e vistas com muito cuidado, não apenas para sempre permiti- rem o exercício de direitos e garantias, mas também para não restringirem — e, sim, ampliarem — o acesso à justiça e, sobre- tudo, para manterem a insubstituível humanidade da justiça. Rafael Muneratti. Justiça virtual e acesso à justiça. In: Revista da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul, ano 12, v. 1, n.º 28, 2021 (com adaptações) Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto ante- rior, julgue o item a seguir. No texto, a preposição “para”, em suas três ocorrências, veicula uma ideia de finalidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO 54. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Nova Iorque já foi vista como uma das metrópoles mais perigosas do mundo. Em 1990, alcançou seu pico de homicí- dios: 2.262 em um ano, média de 188 por mês. Mas esse cenário mudou, e a cidade apresentou uma das maiores reduções de crimes registradas nos EUA. Uma das medidas adotadas pela prefeitura de Nova Iorqueficou conhecida como “janelas quebradas” e previa o combate a crimes pequenos e a prevenção do vandalismo, para impe- dir uma espiral de violência que levasse a crimes mais graves. Para alguns observadores, entretanto, o modelo da “janela quebrada” foi superestimado. O mais importante, dizem, foi identificar focos de criminalidade para concentrar, ali, ação preventiva. Foi possível assinalar áreas pequenas onde crimi- nosos mais atuavam, onde se sabia que crimes iam ocorrer. O ex-policial Tom Reppetto sugere que essas áreas tenham presença visível e constante da polícia. As patrulhas preventi- vas — e em grande número — em focos de crime foi essencial para reduzir a violência. “O crime é mais situacional do que se pensa, inclusive homicídios. Com a patrulha policial, pessoas que iam cometer crimes simplesmente foram fazer outra coi- sa”, afirma outro especialista, Frank Zimring. Outra medida que teve papel importantíssimo foi a imple- mentação de cortes (tribunais), nos anos 90, para tratar de crimes menores, mediar conflitos comunitários e casos de vio- lência doméstica e para lidar com usuários de drogas. A ideia é evitar que esses conflitos evoluam e aumentar a confiança dos cidadãos no sistema judiciário e político. Internet: (com adaptações). No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do tex- to precedente, julgue os próximos itens. No trecho “e previa o combate a crimes pequenos e a prevenção do vandalismo”, o “a”, em ambas as ocorrências, classifica-se como preposição e seu emprego deve-se à presença da palavra “combate”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 55. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CG1A1-I Uma forte tendência na moderna medicina americana é buscar, na prática médica milenar oriental, explicações para paradigmas existentes no século em que vivemos. Essa medici- na entende que o bem-estar mental e o espiritual fazem parte da saúde. Existe uma preocupação especial, nesta prática, com o funcionamento normal do organismo. Esse conceito novo de atuar na preservação da qualidade de vida do paciente vem sendo denominado como medicina de gerenciamento do envelhecimento. O fundamento desta área da medicina baseia-se na ideia de que o paciente pode envelhe- cer com doenças ou com saúde. Com o avanço da tecnologia e das pesquisas, muitos estudos já consolidaram o que então era apenas uma hipótese: que o corpo humano foi desenvolvi- do para não adoecer e que, quando há uma falha, ocasionando alguma doença, isso ocorre por motivos que podem, sim, ser evitados. Talvez o que mais tenha corroborado essa afirmação tenha sido a descoberta do radical livre, em 1900. Em 50 anos, se conheceu toda a sua química. Em 1954, pela primeira vez, essas substâncias reativas e tóxicas foram relacionadas a uma doença inexorável, o envelhecimento. O radical livre é um elemento gerado no organismo desde o momento da concepção, e sua produção é contínua, durante toda a nossa existência. Até certa idade, o organismo consegue neutralizar esses elementos, mas chega uma fase em que sua produção excede a sua degradação e sobrepuja a dos meca- nismos de defesa naturais (antioxidantes). Ocorre, então, o início das alterações estruturais que culminam na lesão celu- lar. Doenças relacionadas com o envelhecimento estão intima- mente associadas com o aumento de radicais livres. A medicina do gerenciamento do envelhecimento preocu- pa-se em conceituar e promover a saúde de forma diferente. Em vez de aguardar passivamente pelo dano ou pelas doenças, ela atua na vida das pessoas de forma preventiva e preditiva, muito antes que as patologias se manifestem. A proposta con- siste em ajustar todos os parâmetros biológicos, metabólicos e hormonais aos mesmos níveis encontrados em um indivíduo de aproximadamente 30 anos – fase em que todos nós atingi- mos o apogeu de nossa performance e idade a partir da qual começamos a envelhecer. Internet: (com adaptações) Julgue o item subsequente, considerando as ideias, os sentidos e os aspectos linguísticos do texto CG1A1-I. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 25 A omissão da preposição “em”, no trecho “explicações para paradigmas existentes no século em que vivemos” (primeiro período do primeiro parágrafo), prejudicaria a correção grama- tical e o sentido original do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ SIGNIFICAÇÃO DE VOCÁBULO E EXPRESSÕES 56. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 8A3 O AMOR BATE NA AORTA Cantiga do amor sem eira nem beira, vira o mundo de cabeça para baixo, suspende a saia das mulheres, tira os óculos dos homens, o amor, seja como for, é o amor. Meu bem, não chores, hoje tem filme de Carlito! O amor bate na porta, o amor bate na aorta, fui abrir e me constipei. Cardíaco e melancólico, o amor ronca na horta entre pés de laranjeira entre uvas meio verdes e desejos já maduros. Entre uvas meio verdes, meu amor, não te atormentes. Certos ácidos adoçam a boca murcha dos velhos e quando os dentes não mordem e quando os braços não prendem o amor faz uma cócega o amor desenha uma curva propõe uma geometria. Amor é bicho instruído. Olha: o amor pulou o muro o amor subiu na árvore em tempo de se estrepar. Pronto, o amor se estrepou. Daqui estou vendo o sangue que escorre do corpo andrógino. Essa ferida, meu bem, às vezes não sara nunca às vezes sara amanhã. Daqui estou vendo o amor irritado, desapontado, mas também vejo outras coisas: vejo corpos, vejo almas vejo beijos que se beijam ouço mãos que se conversam e que viajam sem mapa. Vejo muitas outras coisas que não ouso compreender… Carlos Drummond de Andrade Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006, p. 46-48 (com adaptações) Considerando as ideias e os sentidos do texto 8A3, julgue o item a seguir. Na última estrofe, a expressão “sem mapa” foi empregada como uma referência literal à representação gráfica do trajeto de uma viagem. ( ) CERTO ( ) ERRADO 57. (CEBRASPE-CESPE – 2023) O papel fundante da memória dos mortos para o desenvol- vimento da cultura teve algo de acidental, pois o mecanismo poderoso de propagação dos hábitos, das ideias e dos com- portamentos dos ancestrais foi o afeto. A lembrança de quem partiu, bem visível nos chimpanzés, que se enlutam quando perdem um ente querido, tornou-se uma marca indelével de nossa espécie. Isso não aconteceu sem contradições, é claro. Com o amor pelos mortos surgiu também o medo deles. Do Egito a Papua-Nova Guiné, em distintos momentos e lugares, floresceram rituais para neutralizar, apaziguar e satisfazer aos espíritos desencarnados. Na Inglaterra medieval, temiam-se tanto os mortos que cadáveres eram mutilados e queimados para se garantir sua permanência nas covas. Entre os Yanoma- mi, a queima dos pertences é uma parte essencial dos rituais fúnebres. A Igreja Católica até hoje considera que os restos mortais dos santos são valiosas relíquias religiosas. A propagação dos memes de entidades espirituais foi, portanto, impulsionada pelos afetos positivos e negativos em relação aos mortos. Foi a memória das técnicas e dos conhe- cimentos carregados pelos avós e pais falecidos que transfor- mou esse processo em algo adaptativo, um verdadeiro círculo virtuoso simbólico. Não é exagero dizer que o motor essencial da nossa explosão cultural foi a saudade dos mortos. A cren- ça na autoridade divina para orientar decisões humanas levou a um acúmulo acelerado de conhecimentos empíricos sobre o mundo, sob a forma de preceitos, mitos, dogmas, rituais e práticas. Ainda que apoiada em coincidências e superstições de todo tipo, essa crença foi o embrião de nossa racionalidade. Causas e efeitos foram sendo aprendidos pela corroboração ou não da eficácia dos símbolos religiosos. Sidarta Ribeiro. O oráculoda noite: a história da ciência e do sonho. São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 325 (com adaptações) A respeito das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue. No segundo período do primeiro parágrafo, o vocábulo “inde- lével” está empregado com o mesmo sentido de permanente. ( ) CERTO ( ) ERRADO 58. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1 Muitas regiões do mundo, inclusive o Brasil, estão vivendo o chamado “paradoxo verde”, expressão cunhada pelo econo- mista alemão Hans-Werner Sinn (2008) para se referir a como políticas climáticas mais restritivas podem exercer pressão crescente sobre os preços de energia e ter efeitos indesejá- veis, como incentivar a antecipação da extração e produção de combustíveis fósseis, acelerando, portanto, as mudanças climáticas. Um aspecto crucial é a necessidade de acordos internacionais que mantenham de maneira eficaz e justa gran- des quantidades remanescentes de combustíveis fósseis no solo. Oestudo recente de Welsby, publicado na revista Nature em 2021, mostra que a produção existente de carvão, petró- leo e gás deve ser descontinuada. Mesmo quando governos O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 26 não controlam diretamente a produção, suas leis, políticas e acordos podem definir, em grande medida, quanto é extraí- do e produzido. O BOGA (Beyond Oil and Gas Alliance) é um exemplo recente de acordo internacional que pode redefinir o futuro do setor de petróleo e gás (O&G – oil and gas). Emissões evitadas hoje tornam menos arriscada a neces- sidade de medidas drásticas, ainda não suficientemente desenvolvidas, como projetos de captura, utilização e arma- zenamento de carbono (CCUS) e de tecnologias de emissões negativas (NET), comumente citados em anúncios de empre- sas do setor de O&G. Ademais, quanto mais cedo sofrermos os impactos das mudanças climáticas, mais cedo e por mais tem- po teremos impactos físicos que levam a danos sociais e eco- nômicos. Nesse sentido, emissões evitadas hoje valem mais do que emissões evitadas no futuro; mais do que metas de emis- são zero em 2050, são necessárias ações imediatas nos próxi- mos anos, para reduzir rapidamente as emissões de gases do efeito estufa. No futuro, grandes nomes da indústria de O&G podem ser conhecidos como aqueles que negligenciaram a ciência e não enfrentaram o desafio da emergência climática quando ainda tinham tempo. Por outro lado, podem aprovei- tar a já estreita janela de oportunidade para liderar uma nova economia cada vez mais eficiente, interconectada e limpa. B. S. L. Cunha et al. O passado, o presente e o futuro da indústria de O&G frente à crise climática. In: Ensaio Energético, nov. 2021 (com adaptações) Em relação ao emprego dos elementos de coesão no texto CB1A1, julgue o próximo item. No segundo período do último parágrafo, o vocábulo “Ademais” é empregado para reforçar e retomar o argumento apresentado no período imediatamente anterior. ( ) CERTO ( ) ERRADO 59. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Na sociedade líquido-moderna da hipermodernidade globa- lizante, o fazer compras não pressupõe nenhum discurso. O con- sumidor — o hiperconsumidor — compra aquilo que lhe apraz. Ele segue as suas inclinações individuais. O curtir é o seu lema. Esse movimento social de hiperconsumismo, de vida para o consumo, guiou a pessoa natural para o caminho da necessida- de, da vontade e do gosto pelo consumo, bem como impulsionou o descarte de cada vez mais recursos naturais finitos. Isso tem transformado negativamente o planeta, ao trazer prejuízos não apenas para as futuras gerações, como também para as atuais, o que resulta em problemas sociais, crises humanitárias e degra- dação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, além de afetar o desenvolvimento humano, ao se precificar o ser racio- nal, dissolvendo-se toda solidez social e trazendo-se à tona uma sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores vorazes e indi- ferentes às consequências de seus atos sobre o meio ambiente ecologicamente equilibrado e sobre as gerações atuais e futuras. O consumismo é uma economia do logro, do excesso e do lixo, pois faz que o ser humano trabalhe duro para adquirir mais coisas, mas traz a sensação de insatisfação porque sempre há alguma coisa melhor, maior e mais rápida do que no presente. Ao mesmo tempo, as coisas que se possuem e se consomem enchem não apenas os armários, as garagens, as casas e as vidas, mas também as mentes das pessoas. Nessa sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores, o desejo satisfeito pelo consumo gera a sensação de algo ultrapas- sado; o fim de um consumo significa a vontade de iniciar qual- quer outro. Nessa vida de hiperconsumo e para o hiperconsumo, a pessoa natural fica tentada com a gratificação própria imediata, mas, ao mesmo tempo, os cérebros não conseguem compreen- der o impacto cumulativo em um nível coletivo. Assim, um desejo satisfeito torna-se quase tão prazeroso e excitante quanto uma flor murcha ou uma garrafa de plástico vazia. O hiperconsumismo afeta não apenas a relação simbiótica entre o ser humano e o planeta, como também fere de morte a moral, ao passo que torna tudo e todos algo precificável, descar- tável e indiferente. Fellipe V. B. Fraga e Bruno B. de Oliveira. O consumo colaborativo como mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade líquido- moderna. LAECC. Edição do Kindle (com adaptações) Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto prece- dente, julgue o item que se seguem. O termo “apraz” correspon- de a uma forma flexionada do verbo aprazar. ( ) CERTO ( ) ERRADO 60. (CEBRASPE-CESPE – 2022) A comunicação tem-se transformado em um setor estra- tégico da economia, da política e da cultura. Da guerra, ela sempre o foi. A inclusão da informação e da comunicação nas estratégias bélicas tem aumentado no correr de milênios. No século VII a.C., o chinês Sun Tzu, em A arte da guerra, dizia que “toda guerra é embasada em dissimulação”, referin- do-se à distribuição de informações falsas. Contudo, quem mais desenvolveu esse conceito foi o general prussiano Carl von Clausewitz, em seu amplo tratado Da guerra (Vom Kriege), publicado em 1832. No capítulo VI, Clausewitz afirma: “Gran- de parte das notícias recebidas na guerra é contraditória, uma parte ainda maior é falsa e a maior parte de todas é incerta. Em suma, a maioria das notícias é falsa, e o medo do ser humano reforça a mentira e a inverdade. As pessoas conscientes que seguem as insinuações alheias tendem a permanecer inde- cisas no lugar; acreditam ter encontrado as circunstâncias distintas do que imaginavam. Na guerra, tudo é incerto, e os cálculos devem ser feitos com meras grandezas variáveis. Eles direcionam a observação apenas para magnitudes materiais, enquanto todo o ato de guerra está imbuído de forças e efeitos espirituais”. Trata-se de desinformar, e não de informar. A desinforma- ção é a informação falsa, incompleta, desorientadora. É propa- gada para enganar um público determinado. Seu fim último é o isolamento do inimigo em um conflito concreto, é o de man- tê-lo em um cerco informativo. Os nazistas levaram essa estra- tégia do engano quase à perfeição. Atualmente, pratica-se tanto o cerco econômico, militar e diplomático quanto o informativo. Já não se trata apenas de isolar o inimigo. As novas tecnologias permitem aos militares intervir nos conflitos bélicos a distância, direcionando até mes- mo os foguetes com a ajuda de GPS, a partir de um satélite. A telecomunicação militar apoiada em satélites e a eletrôni- ca determinarão as guerras do futuro imediato. Fala-se já de bombas eletrônicas (E) que podem paralisar estabelecimentos neurais da sociedade moderna, como hospitais, centrais elé- tricas, oleodutos etc.,destruindo os seus circuitos eletrônicos. Parece que hoje já se pode fazer a guerra sem bombas atô- micas. As bombas E do tipo FCG (flux compression generator — gerador de compressão de fluxo), cujo emprego não está limitado às grandes potências bélicas, têm o mesmo efeito e fazem parte dos arsenais de alguns exércitos, e consistem em comprimir, mediante uma explosão, um campo eletromagné- tico, como um raio, sem os custos, os efeitos colaterais ou o enorme alcance de um dispositivo de pulso eletromagnético nuclear. Vicente Romano. Presente e futuro imediato das telecomunicações. São Paulo em Perspectiva. Internet: (com adaptações). Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CB4A1-I, julgue o próximo item. Em ‘As pessoas conscientes que seguem as insinuações alheias tendem a permanecer indecisas no lugar’ (segundo parágrafo), a palavra ‘alheias’ tem o mesmo sentido de ambíguas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 61. (CEBRASPE-CESPE – 2022) A preocupação com o desenvolvimento das indústrias criati- vas ocorre de forma não intuitiva e direcionada há muitos anos. Em 1918, o presidente dos Estados Unidos da América, Woo- drow Wilson, promoveu a nascente indústria cinematográfica, considerando que “o comércio vai atrás dos filmes”, uma afirma- ção clássica sobre o fato de que as indústrias criativas têm um significado que vai muito além do seu impacto econômico ime- diato. O governo australiano publicou, em 1994, um documento O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 27 chamado Creative Nation, no qual já apresentava alguns posi- cionamentos oficiais sobre a pauta. Nele, afirmava que “uma política cultural também é uma política econômica” e que “o nível de nossa criatividade determina substancialmente nossa capacidade de adaptação aos novos imperativos econômicos”. Após as eleições para primeiro-ministro do Reino Uni- do, em 1997, foi realizado o primeiro mapeamento concre- to e aprofundado sobre a economia criativa em uma nação. Esse mapeamento causou polêmica quanto à conceituação de indústria criativa. De acordo com a definição do governo inglês, as indústrias criativas são aquelas atividades que têm origem na criatividade, na habilidade e no talento individual e que potencializam a geração de riqueza e empregos por meio da geração e da exploração da propriedade intelectual. Os crí- ticos que analisaram o projeto de Tony Blair/DCMS considera- ram que as colocações deixaram o contexto muito aberto, pois poderia englobar áreas como engenharia e indústria farma- cêutica, que não têm conexão com a economia criativa. Como em qualquer área de pesquisa, alguns cientistas apresentam visões bem controversas. O pesquisador esta- dunidense Richard Florida, por exemplo, trouxe o conceito de classe criativa. Segundo Florida, regiões metropolitanas com alta concentração de trabalhadores ligados a tecnologia, artistas, músicos, lésbicas e gays e o grupo definido por high bohemians são áreas com alto potencial de crescimento neste milênio. Na visão de Florida, as cidades devem posicionar-se de forma diferente no novo milênio e virar todos os holofotes para a economia criativa. Vinnie de Oliveira. Economia criativa 4.0: o mundo não gira ao contrário. Edição do Kindle (com adaptações) Julgue o item seguinte, no que diz respeito às ideias e a aspectos linguísticos do texto precedente. O vocábulo “controversas” (primeiro período do último parágra- fo) é empregado no texto com o mesmo sentido de condenáveis. ( ) CERTO ( ) ERRADO 62. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-II A crescente adoção do conceito de tecnologias sociais ocor- re concomitantemente com o avanço de dois conceitos que lhe são complementares: economia solidária e capital social. As graves consequências do capitalismo e da globalização, refle- tidas em altos índices de desemprego, aumento de índices de violência e criminalidade, aprofundamento da pobreza e da degradação ambiental, não podem ser abordadas por projetos paternalistas e compensatórios. Ao contrário, requerem estu- dos aprofundados sobre um novo tipo de desenvolvimento. O professor Henrique Rattner pontua que, entre os cientistas sociais que se debruçam sobre os fracassos do desenvolvimen- to e suas causas, em todos os debates travados nos últimos anos, o conceito de capital social tem ocupado espaço cres- cente. O capital social, segundo Rattner, procura trabalhar com a necessidade gregária, o espírito de cooperação e os valores de apoio mútuo e solidariedade, com base na “eficiência social coletiva”. Capital social, segundo o estudioso John Durston, é o con- junto de normas, instituições e organizações que promovem a confiança, a ajuda recíproca e a cooperação e que incorporam benefícios como redução dos custos de transação, produção de bens públicos e facilitação da constituição de organizações de gestão de bases efetivas, de atores sociais e de sociedades civis saudáveis. Sua importância está na busca de estratégias de superação da pobreza e de integração de setores sociais excluídos. No Brasil, nas últimas décadas, tem havido uma multiplica- ção de experiências baseadas no conceito de economia solidá- ria. Diferentemente de iniciativas meramente paliativas, como respostas emergenciais a situações de pobreza e miséria, há agora uma interpretação de que essas experiências devam ser uma base para a reconstrução do tecido social. Como diz o pesquisador Luis Inácio Gaiger, elas “constituiriam uma ação geradora de embriões de novas formas de produção e estimu- ladora de alternativas de vida econômica e social”. Ivete Rodrigues e José Carlos Barbieri. A emergência da tecnologia social: revisitando o movimento da tecnologia apropriada como estratégia de desenvolvimento sustentável. In Revista de Administração Pública – FGV, Rio de Janeiro, 42(6):1069-94, nov./ dez. 2008 (com alterações) No que se refere aos aspectos linguísticos e aos sentidos do tex- to CG1A1-II, julgue o item a seguir. A palavra “paliativas” (segundo período do terceiro parágrafo) está empregada com o sentido de protelar uma crise. ( ) CERTO ( ) ERRADO Leia o texto a seguir para responder às questões 63 e 64. Texto CB1A1 A palavra sonho significa muitas coisas diferentes: “o sonho da minha vida” e “meu sonho de consumo” são expressões usadas pelas pessoas para dizer que pretendem ou consegui- ram alcançar algo. Todo mundo tem um sonho, no sentido de plano futuro. Todo mundo deseja algo que não tem. Por que será que o sonho, fenômeno normalmente noturno que tanto pode evocar o prazer quanto o medo, é justamente a palavra usada para designar tudo aquilo que se quer ter? O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos, a motivação íntima de nossa ação exterior. Desejo é o sinôni- mo mais preciso da palavra “sonho”. Na área de desembarque de um aeroporto nos Estados Unidos, uma foto enorme de um casal belo e sorridente, velejando num mar caribenho em dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde seus sonhos o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de cartão de cré- dito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como veleiros, capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos, altamente… desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo, que é igual a dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser e prin- cipalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem experimentar no mundo de regras frouxas do sonho noturno, mas que no sonho diurno é privilégio apenas dos detentores de um mágico cartão plástico. Entretanto, a rotina do trabalho diário e a falta de tempo para dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalha- dores, são cruciais para o mal-estar da civilização72 Æ DOS JUÍZES ELEITORAIS .............................................................................................................................................. 72 Æ MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL ............................................................................................................................ 72 Æ DAS JUNTAS ELEITORAIS: COMPOSIÇÃO E ATRIBUIÇÕES ................................................................................... 73 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Æ ALISTAMENTO ELEITORAL E DOMICÍLIO ELEITORAL (ARTS. 42 A 81 DO CE) ................................................... 73 Æ SISTEMAS ELEITORAIS PROPORCIONAL, MAJORITÁRIO E MISTO (ARTS. 83-86 E 106-113 CE, 1º A 5º DA 9.504) ........................................................................................................................................................... 73 Æ REGISTRO DOS CANDIDATOS (ART. 87 A 102 DO CE, ART. 10 A 16-B DA 9.504) .............................................. 73 Æ FINANCIAMENTO DA CAMPANHA ELEITORAL (ARTS. 16-C A 27 DA 9.504) ..................................................... 74 Æ PRESTAÇÃO DE CONTAS DA CAMPANHA ELEITORAL (ARTS. 28 A 32 DA 9.504) ............................................. 74 Æ PESQUISA E TESTES PRÉ-ELEITORAIS (ARTS. 33 A 35 DA 9.504) .......................................................................... 74 Æ PROPAGANDA ELEITORAL E DIREITO DE RESPOSTA (ARTS. 36 A 58-A DA 9.504) ........................................... 74 Æ DAS CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PÚBLICOS (ARTS. 73 A 78 DA LEI 9.504) ....................................... 75 Æ FORNECIMENTO GRATUITO DE TRANSPORTE RESIDENTES ZONAS RURAIS (LEI 6.091, DE 1974) .............. 75 Æ RECURSOS ELEITORAIS (ARTS. 257 A 282 DO CÓDIGO ELEITORAL) .................................................................. 75 Æ AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO ................................................................................................. 75 Æ REPRESENTAÇÃO POR CAPTAÇÃO DE SUFRÁGIO................................................................................................. 76 Æ ELEGIBILIDADE E INELEGIBILIDADE (ART 14, §3º A 9º DA CF, 3º DO CE; 1º DA LC 64, DE 1990) .................... 76 Æ DISPOSIÇÕES PRELIMINARES (ARTS. 1º A 7º DA LEI 9.096; ART. 17, CAPUT E §1º E 4º, DA CF) ...................... 77 Æ CRIAÇÃO E REGISTRO DOS PARTIDOS POLÍTICOS (ARTS. 8 A 11-A DA 9.096; ART. 17, § 2º DA CF) .............. 77 Æ FUNDO PARTIDÁRIO (ARTS. 38 A 44 DA LEI 9.096; ART. 17, §3º E 5º DA CF) ..................................................... 78 Æ CONCEITOS E HISTÓRIA SOBRE SISTEMA PARTIDÁRIO E REPRESENTAÇÃO POLITICA ................................. 78 Æ LEGISLAÇÃO PENAL E PROCESSUAL PENAL ESPECIAL — DOS CRIMES ELEITORAIS (ARTS. 289 A 354-A DA LEI Nº 4.737, DE 1965 — CE) ..................................................................................................................... 78 Æ DO PROCESSO DAS INFRAÇÕES (ARTS. 355 A 364 DA LEI Nº 4.737, DE 1965 — CE) ....................................... 79 Æ GABARITO ..................................................................................................................................................................... 79 DIREITO ADMINISTRATIVO ...................................................................................81 Æ ORIGEM, CONCEITO E FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO ......................................................................... 81 Æ CONCEITO DE ATOS ADMINISTRATIVOS................................................................................................................. 81 Æ ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS (ATOS ADMINISTRATIVOS) ........................................................ 82 Æ ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ................................................................... 82 Æ ATOS ADMINISTRATIVOS: ESPÉCIES, CLASSIFICAÇÃO, FASES DE CONSTITUIÇÃO ......................................... 82 Æ PODER REGULAMENTAR ............................................................................................................................................ 83 Æ PODER HIERÁRQUICO ................................................................................................................................................ 83 Æ PODER DISCIPLINAR ................................................................................................................................................... 84 Æ PODER DE POLÍCIA ...................................................................................................................................................... 85 Æ ABUSO DE PODER: EXCESSO DE PODER E DESVIO DE FINALIDADE (PODERES DA ADMINISTRAÇÃO) ...... 85 Æ ADMINISTRAÇÃO DIRETA (ÓRGÃOS PÚBLICOS) ................................................................................................... 86 Æ ADMINISTRAÇÃO INDIRETA ...................................................................................................................................... 86 Æ DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO ........................................................................................................ 87 Æ CONCEITOS INICIAIS E TEORIAS DA RESPONSABILIDADE ................................................................................... 88 Æ RESPONSABILIDADE OBJETIVA DAS EMPRESAS ESTATAIS E DAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS ...................................................................................................................................................................... 88 Æ RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS E DIREITO DE REGRESSO ....................................................... 89 Æ EXCLUDENTES E ATENUANTES DE RESPONSABILIDADE ..................................................................................... 89 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Æ CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO: CONCEITOS, PRINCÍPIOS, ABRANGÊNCIA E CLASSIFICAÇÕES .............. 90 Æ CONTROLE ADMINISTRATIVO (DIREITO ADMINISTRATIVO) ............................................................................... 90 Æ CONTROLE JURISDICIONAL ....................................................................................................................................... 91 Æ CONCEITO PARA AGENTES PÚBLICOS .................................................................................................................... 92 Æ CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS ............................................................................................................. 92 Æ FUNÇÕES, CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS ......................................................................................................... 93 Æ DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ABRANGÊNCIA (ARTS. 1º A 4º DA LEI Nº 8.112, DE 1990) ............................ 93 Æ FORMAS DE PROVIMENTO (ARTS. 5º A 32 DA LEI Nº 8.112, DE 1990) ............................................................... 94 Æ DO REGIME DISCIPLINAR (ARTS. 116 A 142 DA LEI Nº 8.112, DE 1990) ............................................................. 94 Æ DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (ARTS. 143 A 182 DA LEI Nº 8.112, DE 1990) ...................... 94 Æ PRINCÍPIOS (ART. 5º DA LEI Nº 14.133, DE 2021) ................................................................................................... 94 Æ OBJETIVOS, FASES E FORMALIDADES (ARTS. 11 A 17 DA LEI Nº 14.133, DEcontempo- rânea. É gritante o contraste entre a relevância motivacional do sonho e sua banalização no mundo industrial globalizado. No século XXI, a busca pelo sono perdido envolve rastreadores de sono, colchões high-tech, máquinas de estimulação sonora, pijamas com biossensores, robôs para ajudar a dormir e uma cornucópia de remédios. A indústria da saúde do sono, um setor que cresce aceleradamente, tem valor estimado entre 30 bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim impera a insô- nia. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos diariamen- te com o toque insistente do despertador, ainda sonolentos e já atrasados para cumprir compromissos que se renovam ao infinito, se tão poucos se lembram de que sonham pela sim- ples falta de oportunidade de contemplar a vida interior, quan- do a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar da sobrevivência do sonho. E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel, sonha- -se sofregamente apesar das luzes e dos ruídos da cidade, da incessante faina da vida e da tristeza das perspectivas. Sidarta Ribeiro. O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 19-20 (com adaptações) No que se refere aos sentidos do texto CB1A1, julgue os próxi- mos itens. 63. (CEBRASPE-CESPE – 2021) O vocábulo “gritante” está empregado com o mesmo sentido de chocante. ( ) CERTO ( ) ERRADO O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 28 64. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A palavra “cornucópia” está empregada no texto com o sentido de abundância, profusão, grande quantidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO 65. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto 2A2-I O termo “refugiado ambiental” é utilizado para se referir às pessoas que fogem de onde vivem, em razão de problemas como seca, erosão dos solos, desertificação, inundações, des- matamento, mudanças climáticas, entre outros. A migração causada por eventos climáticos não é nova, mas tende a inten- sificar-se. O tema é bastante atual, mas, na obra Vidas Secas, o escritor Graciliano Ramos já tratava, embora com outras pala- vras, dos refugiados do clima do semiárido brasileiro. Vidas Secas não é um romance de seca, no entanto. A cen- tralidade dessa obra literária está em um “ano bom”, ou seja, um ano de chuvas na caatinga. O sétimo capítulo, localizado bem no centro da obra, composta por 13 capítulos, é intitulado “Inverno”, o que remete ao período de chuvas na região. Essa visão contraria certa leitura superficial da obra. Graciliano Ramos acreditava em um mundo com mais jus- tiça social e menos desigualdades no Nordeste, para o que era necessário transformar o modelo de sociedade extremamente perverso que caracterizava as relações sociais no meio rural. Ao mostrar a vida da uma família de sertanejos durante um ano de “inverno”, com relativa segurança e estabilidade, o escritor alagoano questionou as relações sociais excludentes e tensivas, que impediam essa família de viver com mais estabi- lidade no Nordeste brasileiro. Na obra, quando a família ocupou uma fazenda abandona- da, no fim de uma seca, o vaqueiro parecia satisfeito. Mas suas esperanças esmoreceram, pois as chuvas vieram e, com elas, também o proprietário da fazenda, sob o domínio do qual o vaqueiro passou a viver, sendo humilhado, engana- do, animalizado. Somente com muita insistência, Fabiano conseguiu ficar trabalhando ali como vaqueiro. Moraria com a família pouco “mais de um ano” numa “casa velha” da fazenda. Para o escritor de Vidas Secas, a opressão à família de Fabiano era causada por questões sociais, não pela seca. Caso tivesse acesso à terra e à água, a família conseguiria obter o sustento, como resultado do seu esforço e trabalho. A condição climática natural da caatinga era instrumentali- zada pelos latifundiários para a exploração de uma população extremamente vulnerável à seca, como era o caso da família de Fabiano e sinhá Vitória. A concentração fundiária era, e continua sendo, uma das formas mais perversas de impedir a autonomia dos pequenos produtores rurais do semiárido brasileiro. O romance denun- cia a realidade social dos sertanejos pobres que viviam no Nordeste da época, cujo cotidiano era marcado pela opressão, humilhação, miséria, espoliação econômica e extremas priva- ções, sobretudo nos períodos de seca. Internet: (com adaptações) No que se refere aos aspectos linguísticos do texto 2A2-I, julgue o item que se seguem. Em “o escritor alagoano questionou as relações sociais exclu- dentes e tensivas”, o vocábulo “tensivas” está empregado no tex- to com o mesmo sentido de danosas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 66. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1-I Tradicionalmente, as conquistas democráticas nas socieda- des modernas estiveram associadas à organização de movimen- tos sociais que buscavam a expansão da cidadania. Foi assim durante as revoluções burguesas clássicas nos séculos XVII e XVIII. Também a organização dos trabalhadores industriais nos séculos XIX e XX foi responsável pela ampliação dos direitos civis e sociais nas democracias liberais do Ocidente. De igual maneira, as demandas dos chamados novos movimentos sociais, nos anos 70 e 80 do século XX, foram responsáveis pelo reconhecimento dos direitos das minorias sociais (grupos étnicos minoritários, mulhe- res, homossexuais) nas sociedades contemporâneas. Em todos esses casos, os espaços privilegiados das ações dos grupos organizados eram os Estados nacionais, espaços privile- giados de exercício da cidadania. Contudo, a expansão do conjun- to de transformações socioculturais, tecnológicas e econômicas, conhecido como globalização, nas últimas décadas, tem limitado de forma significativa os poderes e a autonomia dos Estados (pelo menos os dos países periféricos), os quais se tornam reféns da lógica do mercado em uma época de extraordinária volatilida- de dos capitais. Manoel Carlos Mendonça Filho et al. Polícia, direitos humanos e educação para a cidadania. Internet: (com adaptações) Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o seguinte item. No segundo parágrafo, a palavra “volatilidade” foi empregada com o mesmo sentido de inconstância. ( ) CERTO ( ) ERRADO 67. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A sociedade que não proporciona liberdade — direito do homem que reconhece a ele o poder de escolha nos diversos campos da vida social — aos seus membros, a rigor, não se jus- tifica. A liberdade, ainda que não absoluta, é meta e essência da sociedade. São extremos: de um lado, a utópica sociedade perfeita, ou seja, essencialmente democrática, liberal e sem injustiças eco- nômicas, educacionais, de saúde, culturais etc. Nela, a liberda- de é absoluta. Do outro lado, a sociedade imperfeita, desigual, não democrática, injusta, repleta dos mais graves vícios econô- micos, de educação, de saúde, culturais etc. Nesta, a liberdade é inexistente. Entre os extremos está a sociedade real, a de fato, a ver- dadeira ou efetiva, aquela na qual os problemas econômicos, educacionais, de saúde, culturais etc. existem em infinitos níveis intermediários. As três sociedades — perfeita, imperfeita e real — “existem”, cada qual com a sua estabilidade interna de convivência, de forma que os seus membros experimentam relações entre si com a liberdade possível. Quanto mais imperfeita é a sociedade, menos liberdade os indivíduos possuem e maior é a tendência de convivência impossível. Na outra ponta, quanto mais a socie- dade está próxima da perfeição, mais próximos da liberdade absoluta estão os indivíduos. Há a convivência ótima. A sociedade real, por seu turno, pode ter maior ou menor segurança pública. Numa sociedade real, a maior segurança pública possível é aquela compatível com o equilíbriodinâmico social, ou seja, adequada à convivência social estável. Não mais e não menos que isso. Logo, para se ter segurança pública, há que se buscar constantemente alcançar e preservar o equilíbrio na sociedade real pela permanente perseguição à ordem pública. D’Aquino Filocre. Revisita à ordem pública. In Revista de Informação Legislativa, Brasília, out.– dez./2009. Internet: (com adaptações) A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto prece- dente, julgue o item que se segue. No final do último parágrafo, a palavra “perseguição” tem o mesmo sentido de persecução. ( ) CERTO ( ) ERRADO 68. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Nenhuma figura é tão fascinante quanto o Falso Entendido. É o cara que não sabe nada de nada, mas sabe o jargão. E passa por autoridade no assunto. Um refinamento ainda maior da espécie é o tipo que não sabe o jargão, mas inventa. Ó, Matias, você que entende de mercado de capitais... O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 29 Nem tanto, nem tanto... Você, no momento, aconselharia que tipo de aplicação? Bom. Depende do yield pretendido, do throwback e do ciclo refratário. Na faixa de papéis top market — ou o que nós chama- mos de topimarque —, o throwback recai sobre o repasse, e não sobre o release, entende? Francamente, não. Aí o Falso Entendido sorri com tristeza e abre os braços como quem diz “É difícil conversar com leigos...”. Uma variação do Falso Entendido é o sujeito que sempre pare- ce saber mais do que ele pode dizer. A conversa é sobre política, os boatos cruzam os ares, mas ele mantém um discreto silêncio. Até que alguém pede a sua opinião, e ele pensa muito antes de decidir responder: Há muito mais coisa por trás disso do que você pensa... Ou então, e esta é mortal: Não é tão simples assim... Faz-se aquele silêncio que precede as grandes revelações, mas o falso informado não diz nada. Fica subentendido que ele está protegendo as suas fontes em Brasília. E há o falso que inter- preta. Para ele, tudo o que acontece deve ser posto na perspectiva de vastas transformações históricas que só ele está sacando. O avanço do socialismo na Europa ocorre em proporção dire- ta ao declínio no uso de gordura animal nos países do Mercado Comum Europeu. Só não vê quem não quer. E, se alguém quer mais detalhes sobre a sua insólita teoria, ele vê a pergunta como manifestação de uma hostilidade bastante significativa a interpretações não ortodoxas, e passa a interpretar os motivos de quem o questiona, invocando a Igreja medieval, os grandes hereges da história, os mistérios por trás da Reforma de Lutero. Luís Fernando Veríssimo. O jargão. In: As mentiras que os homens contam Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 69-71 (com adaptações) A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto apre- sentado, julgue o item que se seguem. No início do parágrafo, a palavra “insólita” tem o mesmo sentido de firme, inabalável. ( ) CERTO ( ) ERRADO 69. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Oh, Deus, meu Deus, que misérias e enganos não expe- rimentei, quando simples criança me propunham vida reta e obediência aos mestres, a fim de mais tarde brilhar no mundo e me ilustrar nas artes da língua, servil instrumento da ambi- ção e da cobiça dos homens. Fui mandado à escola para aprender as primeiras letras, cuja utilidade eu, infeliz, ignorava. Todavia, batiam-me se no estudo me deixava levar pela preguiça. As pessoas grandes louvavam esta severidade. Muitos dos nossos predecessores na vida tinham traçado estas vias dolorosas, por onde éramos obrigados a caminhar, multiplicando os trabalhos e as dores aos filhos de Adão. Encontrei, porém, Senhor, homens que Vos imploravam, e deles aprendi, na medida em que me foi possí- vel, que éreis alguma coisa de grande e que podíeis, apesar de invisível aos sentidos, ouvir-nos e socorrer-nos. Ainda menino, comecei a rezar-Vos como a “meu auxílio e refúgio”, desembaraçando-me das peias da língua para Vos invocar. Embora criança, mas com ardente fervor, pedia-Vos que na escola não fosse açoitado. Quando me não atendíeis — “o que era para meu provei- to” —, as pessoas mais velhas e até os meus próprios pais, que, afinal, me não desejavam mal, riam-se dos açoites — o meu maior e mais penoso suplício. Contudo, pecava por negligência, escrevendo, lendo e aprendendo as lições com menos cuidado do que de nós exi- giam. Senhor, não era a memória ou a inteligência que me fal- tavam, pois me dotastes com o suficiente para aquela idade. Mas gostava de jogar, e aqueles que me castigavam pro- cediam de modo idêntico! As ninharias, porém, dos homens chamam-se negócios; e as dos meninos, sendo da mesma natureza, são punidas pelos grandes, sem que ninguém se compadeça da criança, nem do homem, nem de ambos. Santo Agostinho. Confissões. Montecristo Editora Edição do Kindle, p. 23-24 (com adaptações) Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto pre- cedente, julgue o item a seguir. No parágrafo, a palavra ‘provei- to’ tem o mesmo sentido de benefício. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ PONTUAÇÃO (PONTO, VÍRGULA, TRAVESSÃO, ASPAS, PARÊNTESES ETC.) 70. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CB1A1 Hoje, a crise hídrica é política — o que significa dizer não inevitável ou necessária, nem além da nossa capacidade de consertá-la — e, logo, opcional, na prática. Esse é um dos moti- vos para ser, não obstante, terrível como parábola climática: um recurso abundante torna-se escasso pela falta de infraes- trutura, pela poluição e pela urbanização e desenvolvimento descuidados. A crise de abastecimento de água não é inevitá- vel, mas presenciamos uma, de um modo ou de outro, e não estamos fazendo muita coisa para resolvê-la. Algumas cidades perdem mais água por vazamentos do que a que é entregue nas casas: mesmo nos Estados Unidos da América (EUA), vazamentos e roubos respondem por uma per- da estimada de 16% da água doce; no Brasil, a estimativa é de 40%. Em ambos os casos, assim como por toda parte, a escas- sez se desenrola tão patentemente sobre o pano de fundo das desigualdades entre pobres e ricos que o drama resultante da competição pelo recurso dificilmente pode ser chamado, de fato, de competição; o jogo está tão arranjado que a escassez de água mais parece um instrumento para aprofundar a desi- gualdade. O resultado global é que pelo menos 2,1 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável segura, e 4,5 bilhões não dispõem de saneamento. David Wallace-Wells. A terra inabitável: uma história do futuro São Paulo: Cia das Letras, 2019. (com adaptações) Em relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1, julgue o pró- ximo item. A inserção de uma vírgula após “respondem” prejudicaria a cor- reção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 71. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Em abril de 1968, um grupo de cientistas de dez países se juntou para estudar o futuro da humanidade. O grande assun- to da época era o crescimento populacional: naquela década, a taxa média de natalidade havia ultrapassado a marca de cinco filhos por mulher, a maior já registrada. O grupo, que ficou conhecido como clube de Roma (a pri- meira reunião ocorreu na capital italiana), passou quatro anos debruçado sobre essa e outras questões, e, em 1972, transfor- mou as conclusões em livro: Os limites do crescimento. A obra usava dados históricos e modelos matemáticos para mostrar como, além de aumentar as emissões de CO2 e esquentar a atmosfera, o forte crescimento da população — que acontecia devido à alta natalidade combinada à “redução, muito bem-su- cedida, na taxa de mortalidade global” — poderia ter outras consequências catastróficas, como o esgotamento dos recursos naturais. E apresentava duas possíveis soluções: ou a humani- dadediminuía voluntariamente seu ritmo de crescimento, ou o próprio planeta acabaria fazendo isso, reduzindo a população por meio de um colapso ambiental. Os limites do crescimento tiveram enorme repercussão — foi traduzido para dezenas de idiomas e vendeu mais de 30 milhões de exemplares pelo mundo —, mas suas advertências não foram ouvidas. A população global, que, em 1972, era de 3,8 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 30 bilhões, mais que dobrou: em 2022, a Terra cruzou a marca de 8 bilhões de habitantes. Hoje, o aquecimento global e outros problemas ambientais são temas dominantes e urgentes. Todo ano, a organização americana Global Footprint Network calcula o chamado dia da sobrecarga da Terra, a data em que ultrapassamos a capacidade do planeta de reequilibrar seus sistemas ecológicos e regenerar recursos naturais. Esse indicador é calculado desde 1971; naquele ano, a humanidade atravessou o limite em dezembro. Já em 2023, isso aconteceu em 2 de agosto. Isso significa que, no ano de 2022, usamos 75% mais recursos do que o planeta pode suportar. Ao mesmo tempo, há algo diferente acontecendo. Nada menos que 124 países estão com natalidade inferior a 2,1 filhos por mulher. Essa é a chamada “taxa de reposição”, que, segundo a ONU, é necessária para manter a população estável (2 pessoas novas substituem os pais, e o 0,1 adicional compensa o número de indivíduos que não geram descendentes). Internet: (com adaptações) Julgue o item a seguir, relativo a aspectos linguísticos do texto anterior. A correção gramatical do terceiro período do quinto parágrafo seria preservada caso se suprimisse a vírgula empregada logo após o vocábulo “que”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 72. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A2-I O justo se desvela no decorrer das lutas de libertação na história. O justo é um saber que se vai constituindo à medida que nossa consciência da história se aguça. Mas não basta a consciência da história, pois procurar a justiça é uma atitude ética — é uma escolha. Não podemos cair em uma visão auto- mática da história, na qual nossa simples posição em dado estrato social nos leva necessariamente a pensar de certa for- ma, a valorizar em certa medida. Se aceitássemos essa visão, bastaria ficarmos quietos esperando que a história se fizesse de acordo com seus mecanismos. Mas o real é outro. A justiça está se fazendo pela organização popular, pelo aguçamento dos conflitos. E cada um de nós vislumbra o norte da justiça, por via da busca de uma visão coerente da história, aliada a uma prática e a uma análise rigorosa das circunstâncias pre- sentemente vividas. A busca da justiça como virtude não é equidistante, não é neutra, não é equilibrada. Ela nos força, a cada momento, a tomar partido, a ser parcial, tendo a parcela maior dos seres humanos como fundamento. Ser justo é viver a virtude de tomar partido em busca do melhor, fundado na visão mais lúci- da possível da história e na análise das circunstâncias maiores e menores que isso envolve. A justiça é uma virtude agente que se explicita na prática social comprometida. Roberto Aguiar. O que é justiça: uma abordagem dialética. Brasília Senado Federal. Conselho Editorial, 2020, p. 319-20 (com adaptações) Em relação a aspectos linguísticos do texto 2A2-I, julgue o item a seguir. A supressão da vírgula empregada logo após a palavra “visão” acarretaria erro gramatical. ( ) CERTO ( ) ERRADO 73. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 8A1-I O Brasil é um dos países com maior proporção de alunos matriculados em cursos de formação de professores, mas com um dos mais baixos índices de interesse na profissão. Para espe- cialistas, isso mostra que a docência se torna opção pela facilidade em ingressar no ensino superior, pelas baixas mensalidades e pela alternativa de cursos a distância — não pela vocação. Estudos internacionais mostram que um bom professor é um dos fatores que mais influenciam na aprendizagem. Os dados são de pesquisa feita pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que traçou o perfil de quem estuda para ser professor na América Latina e no Caribe. Enquanto, no Brasil, 20% dos universi- tários estão em cursos como licenciatura e pedagogia, na América Latina são 10% e, em países desenvolvidos, 8%. Em compensação, só 5% dos jovens brasileiros dizem querer ser professores quando estão no ensino médio. E, apesar da gran- de quantidade de alunos matriculada em cursos de licenciatura e pedagogia no Brasil, faltam docentes para lecionar disciplinas específicas em áreas de ciências exatas e da natureza. Na Coreia do Sul, por exemplo, 21% se interessam pela profis- são e só 7% ingressam, de fato, na universidade, porque há muita concorrência e maior seleção. No Chile e no México, os dois índices são mais próximos: cerca de 7% se interessam pelo magistério e menos de 15% cursam pedagogia ou licenciatura. “Muitos alunos concluintes do ensino médio entram em pro- gramas de formação de professores para conseguir um título”, diz o economista chefe da divisão de educação no BID, Gregory Elac- qua. Ele afirma que isso não é bom para a educação. “A gente atrai as pessoas mais vulneráveis e que lá na frente vão enfrentar o desafio de educar crianças vulneráveis também”, diz a diretora de políticas públicas do Instituto Península, que atua na área de formação de professores, Mariana Breim. “Se é este público que está procurando a docência, temos de abraçá-lo e fazê- -lo se apaixonar por ela”, completa. Os dados mostram que 71% dos estudantes de pedagogia e licenciatura no Brasil são mulheres, índice semelhante ao verificado em outros países latinos. Internet: (com adaptações) Julgue o item seguinte, relativo à classificação gramatical de palavras, à pontuação e à sintaxe de concordância e regência no texto 8A1-I. O emprego de vírgula logo após ‘médio’ (primeiro período do quinto parágrafo) prejudicaria a correção gramatical do texto, visto que, em regra, sujeito e predicado não devem ser separa- dos por vírgula. ( ) CERTO ( ) ERRADO 74. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB3A1-I Descobertas científicas demonstram que ouvir música pode melhorar a qualidade de vida das pessoas, uma vez que contribui para estimular a concentração e a criatividade, forta- lecer o sistema imunológico, tornar menos cansativas as ativi- dades físicas, entre outros benefícios à saúde. A empresa focus@will desenvolve músicas que estimulam a concentração de quem as escuta. Segundo a empresa, como a maior parte das distrações é causada pela audição, ouvir a trilha sonora certa pode potencializar a capacidade humana de focar em algo. Pesquisas indicam que, em condições normais, uma pessoa consegue se manter concentrada por cerca de 20 minutos. Com a música certa, esse tempo poderia ser até cinco vezes maior, de acordo com a empresa. Cinco pacientes com danos que afetaram a área do cére- bro ligada à memória e cinco pessoas sem o problema foram submetidos a um experimento por uma dupla de médicos da Universidade Macquarie, na Austrália. Nos testes, após ouvirem trechos de músicas antigas, os sujeitos da pesquisa deveriam relatar que memórias aquelas canções lhes traziam. Após o experimento, os cientistas constataram que os trechos musicais fizeram com que a mesma quantidade de integrantes dos dois grupos se lembrasse de fatos da própria vida. O fato observado parece indicar que a música é um estímulo que pode trazer à tona lembranças autobiográficas para todas as pessoas. Música e poesia estimulam áreas parecidas do lado direito do cérebro. A constatação é de neurologistas da Universidade de Exeter, na Inglaterra. Para chegar a essa conclusão, eles rea- lizaram experimentos com voluntários submetidos ao contato comessas formas de arte enquanto suas atividades cerebrais eram monitoradas. Após analisarem mais de 400 estudos sobre música, cien- tistas da Universidade de McGill, no Canadá, concluíram que ela aumenta a produção de imunoglobulina A e glóbulos bran- cos pelo corpo, responsáveis por atacar bactérias e outros organismos invasores. Além disso, segundo a pesquisa, escutar O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 31 música reduz os níveis de cortisol (o hormônio do estresse) e aumenta os níveis de oxitocina (o hormônio do bem-estar). Realizar esforços físicos ao mesmo tempo em que se ouve música é menos cansativo. A descoberta é do Instituto Max Planck, na Alemanha. Em uma série de experimentos, pesqui- sadores monitoraram diversas variáveis do comportamen- to do corpo de voluntários que praticavam exercícios físicos. Depois, a equipe analisou os dados reunidos e constatou que os músculos dos participantes consumiam menos energia quando estes se exercitavam ouvindo música e mais energia quando praticavam exercícios sem trilha sonora. Ouvir música pode ser também um bom remédio contra a dor e a ansiedade em idosos. A descoberta é de uma espe- cialista em enfermagem da Universidade de Essex, no Reino Unido. Em análise de artigos sobre o tema, a pesquisadora constatou que o uso da música como terapia entre pessoas com mais de 65 anos de idade está associado a aumento da qualidade de vida e redução de dores, ansiedade e depressão. Internet: (com adaptações) No que diz respeito a aspectos gramaticais do texto CB3A1-I, julgue o item subsequente. No último período do texto, a correção gramatical estaria man- tida caso fosse inserida uma vírgula após o termo “idade”, dada a longa extensão da oração iniciada pelo vocábulo “que”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 75. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1-I Os testes econométricos realizados para o estado de São Paulo mostram que a disponibilidade de gás natural teve importância na localização industrial. Tal resultado é corrobo- rado pela avaliação de que seu efeito impacta mais a indústria consumidora intensiva do que a média das indústrias. Por outro lado, esta análise também está limitada pelo conjunto de variáveis disponíveis para controle. Embora tenham sido incluídas no modelo variáveis fundamentais no processo de localização, é inevitável que haja um grupo de variáveis omitidas. Citam-se, por exemplo, a relação entre os preços dos energéticos, as questões tributárias, a proximidade com pontos de exportação e com outras fontes de insumos importantes. Essa constatação, por sua vez, não diminui a relevância dos testes produzidos. Ao contrário, se se pode provar que a malha de gasodutos do país serve como fator de atração de atividade econômica, pode-se apontar mais uma possibilidade de atua- ção do setor público no intuito de garantir um processo de des- concentração econômica mais efetiva no país. A construção de uma malha mais eficiente e abrangente surge, portanto, como um importante desafio a ser considerado no planejamento energético nacional. Edgar Antonio Perlotti et al. Concentração espacial da indústria de São Paulo: evidências sobre o papel da disponibilidade de gás natural. Energia e ambiente. 30 (87), maio-ago./2016 (com adaptações) A respeito do emprego dos sinais de pontuação e do sinal indi- cativo de crase no texto CB1A1-I, julgue o próximo item. A inserção de uma vírgula imediatamente depois do vocábulo “que” (primeiro período do primeiro parágrafo) manteria a cor- reção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 76. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB1A1-I A pandemia transformou a rotina de diversas pessoas ao redor do mundo, principalmente em relação à sustentabilidade. Dentro de casa, aumentou a percepção quanto à importân- cia de modelos de consumo mais conscientes e responsáveis, como a escolha de produtos mais duráveis e menos geradores de resíduos. No entanto, a transformação mais significativa, que deveria vir das empresas, ainda é relativamente tímida. De acordo com Mariana Schuchovski, professora de Sus- tentabilidade do ISAE Escola de Negócios, a disseminação do vírus é resultado do atual modelo de desenvolvimento, que fomenta o uso irracional de recursos naturais e a destruição de hábitats, como florestas e outras áreas, o que faz que animais, forçados a mudar seus hábitos de vida, contraiam e transmi- tam doenças que não existiriam em situações normais. “Situa- ções de desequilíbrio ambiental, causadas principalmente por desmatamento e mudanças de clima, aumentam ainda mais a probabilidade de que zoonoses, ou seja, doenças de origem animal, nos atinjam e alcancem o patamar de epidemias e pan- demias”, explica a professora. A especialista aponta que todos nós, indivíduos, sociedade e empresas, precisamos entender os impactos desta pande- mia no meio ambiente e na sustentabilidade bem como refle- tir sobre eles e, principalmente, sobre a sua relação inversa: o impacto da (in)sustentabilidade dos nossos modelos de produ- ção e consumo como causador desta pandemia. “Toda escolha que fazemos pode ser para apoiar ou não a sustentabilidade”, diz Mariana. Por outro lado, para que possamos fazer melho- res escolhas e praticar o verdadeiro consumo consciente, é necessário que, em primeiro lugar, as empresas realizem a produção consciente, assumindo sua verdadeira responsabi- lidade pelos impactos que causam. Internet: (com adaptações) Com relação aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o item que se segue. No segundo período do terceiro parágrafo, a supressão da vír- gula empregada logo após ‘ambiental’ alteraria o sentido do tex- to, mas manteria sua correção gramatical. ( ) CERTO ( ) ERRADO 77. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-I É uma falácia comum supor que mudanças graduais, peque- nas, só podem engendrar resultados graduais, incrementais. Mas esse é um raciocínio linear, que parece ser nosso modo padrão de pensar a respeito do mundo. Isso pode decorrer do simples fato de que a maior parte dos fenômenos perceptíveis para os seres humanos, em escalas de tempo e de magnitu- de habituais e dentro do escopo limitado de nossos sentidos, tende a seguir direções lineares — duas pedras parecem duas vezes mais pesadas que uma; é necessária uma quantidade de comida três vezes maior para alimentar um número três vezes maior de pessoas, e assim por diante. No entanto, fora da esfe- ra das ocupações humanas práticas, a natureza está cheia de fenômenos não lineares. Processos de extrema complexidade podem emergir de regras ou partes enganosamente simples, e pequenas mudanças num fator subjacente a um sistema complexo podem engendrar mudanças radicais e qualitativas em outros fatores que dele dependem. Pense neste exemplo muito simples: imagine que você tenha um bloco de gelo na sua frente e esteja aquecendo-o pouco a pouco. Na maior parte do tempo, o aquecimento por um grau a mais não causa nenhum efeito interessante: a úni- ca coisa que você tem e que não tinha um minuto atrás é um bloco de gelo ligeiramente menos gelado. Mas, então, chega-se a 0 °C e, assim que essa temperatura crítica é atingida, você vê uma mudança abrupta, espetacular. A estrutura cristalina do gelo desagrega-se, e, de repente, as moléculas de água começam a escorregar e a fluir livremente umas em torno das outras. Sua água congelada torna-se líquida, graças a um grau crítico de energia térmica. Nesse ponto-chave, mudanças incrementais cessaram de ter efeitos incrementais e precipitaram uma súbita mudança qualitativa chamada transição de fase. Vilayanur Subramanian Ramachadran. O que o cérebro tem para contar: desvendando os mistérios a natureza humana. Rio de Janeiro: Zahar,2014, p. 32-3 (com adaptações) Em relação a aspectos linguísticos do texto CG1A1-I, julgue o item subsecutivo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 32 A inserção de uma vírgula imediatamente após “emergir” não prejudicaria a correção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 78. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG3A1-I Antes de mais nada, há a liberdade suspensiva oferecida pela caminhada, mesmo que seja um simples passeio: livrar- -se da carga das preocupações, esquecer por algum tempo os afazeres. Optamos por não levar o escritório conosco: saímos, flanamos, pensamos em outras coisas. Com as excursões de vários dias, acentua-se o movimento de desapego: escapamos das obrigações do trabalho, libertamo-nos do jugo dos hábitos. Mas em que aspecto caminhar nos faria sentir essa liberdade mais do que numa longa viagem? Afinal, surgem outras limi- tações não menos penosas: o peso da mochila, a duração das etapas, a incerteza do tempo (ameaças de chuva ou de tem- pestade, calor sufocante), a rusticidade dos albergues, algu- mas dores... Mas só a caminhada consegue nos libertar das ilusões do indispensável. Como tal, ela permanece o reino de poderosas necessidades. Para chegar a determinada etapa, é preciso caminhar tantas horas, que correspondem a tantos passos; a improvisação é limitada, pois não estamos percor- rendo caminhos de jardim e não podemos nos enganar nos entroncamentos, sob pena de pagar um preço muito alto. Quando a neblina invade a montanha ou uma chuva torren- cial começa a cair, é preciso seguir, continuar. A comida e a água são objeto de cálculos precisos, em função do percurso e dos mananciais. Sem falar no desconforto. Ora, o milagre não é ficarmos felizes apesar disso, mas graças a isso. Quero dizer que não dispor de múltiplas opções de comida ou de bebida, estar submetido à grande fatalidade das condições climáticas, contar somente com a regularidade do próprio passo, tudo isso faz, de pronto, que a profusão da oferta (de mercadorias, de transportes, de conexões) e a multiplicação das facilidades (de comunicar, de comprar, de circular) nos pareçam outras tantas formas de dependência. Todas essas microlibertações não passam de acelerações do sistema, que me aprisiona com mais força. Tudo o que me liberta do tempo e do espaço me afasta da velocidade. Frédéric Gros. Caminhar: uma filosofia. São Paulo:Ubu Editora, 2021, p. 13- 14 (com adaptações). No que se refere a aspectos morfossintáticos do texto CG3A1-I, julgue o item a seguir. A inserção de uma vírgula logo após “Quero dizer que” (ante- penúltimo período) prejudicaria a correção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 79. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Desde fim dos anos 80 do século passado, o efeito estufa como ameaça ecológica número um não é mais contestado. Embora não se possa provar, irrefutavelmente, que o aumento até agora medido das temperaturas anuais médias (em torno de um grau nos últimos cem anos) se refere ao desenvolvimen- to humano, essa suposição tem, no entanto, muita probabilida- de de ser correta — de tal forma que seria irresponsabilidade deixar as coisas seguirem seu curso. Um primeiro sinal de que o clima mundial já começou a mudar é o aumento de anoma- lias meteorológicas — ciclones, períodos de seca e trombas- -d’água diluvianas — desde os anos 90 do século passado. Os limites do crescimento marcam uma espécie de escas- sez, embora no mercado não se tornem imediatamente nota- dos como tais. A atmosfera, por exemplo, não funciona como um reservatório, que um dia esvaziará e outro dia será nova- mente enchido por bombeamento (a isso, o mercado poderia ao menosreagir em curto prazo), mas como um mecanismo que, lenta mas inexoravelmente, terá efeito retroativo em nos- sas condições devida, comparável a um parafuso de rosca que se aperta sempre mais. O limite do demasiado é invisível e também não pode ser determinado diretamente por experimentos. Assim como, ao se escalarem montanhas, o ar cada vez mais rarefeito nas altu- ras desafia os alpinistas diferenciadamente — uns mais, outros menos —, a fauna e a flora, em regiões diferenciadas, reagem diferentemente ao aquecimento da atmosfera. Uma das preo- cupações mais sérias é provocada pela velocidade com que já está ocorrendo a mudança climática. Se ela não for eficazmen- te freada, poderá exigir demasiado da capacidade adaptativa de muitas espécies. Thomas Kesselring. Depois de nós, o dilúvio. A dimensão do meio ambiente. In: Ética, política e desenvolvimento huma- no: a justiça na era da globalização. Benno Dischinger (Trad.) Caxias do Sul, RS: Educs, 2007, p. 222 (com adaptações) Em relação aos aspectos linguísticos e às ideias do texto apre- sentado, julgue o item a seguir. A correção gramatical e a coerência do texto seriam preserva- das caso fosse suprimida a vírgula empregada logo após o vocá- bulo “como”, no segundo período do último parágrafo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 80. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Nova Iorque já foi vista como uma das metrópoles mais perigosas do mundo. Em 1990, alcançou seu pico de homicí- dios: 2.262 em um ano, média de 188 por mês. Mas esse cená- rio mudou, e a cidade apresentou uma das maiores reduções de crimes registradas nos EUA. Uma das medidas adotadas pela prefeitura de Nova Iorque ficou conhecida como “janelas quebradas” e previa o combate a crimes pequenos e a prevenção do vandalismo, para impedir uma espiral de violência que levasse a crimes mais graves. Para alguns observadores, entretanto, o modelo da “janela quebrada” foi superestimado. O mais importante, dizem, foi identificar focos de criminalidade para concentrar, ali, ação preventiva. Foi possível assinalar áreas pequenas onde crimi- nosos mais atuavam, onde se sabia que crimes iam ocorrer. O ex-policial Tom Reppetto sugere que essas áreas tenham presença visível e constante da polícia. As patrulhas preventi- vas — e em grande número — em focos de crime foi essencial para reduzir a violência. “O crime é mais situacional do que se pensa, inclusive homicídios. Com a patrulha policial, pessoas que iam cometer crimes simplesmente foram fazer outra coi- sa”, afirma outro especialista, Frank Zimring. Outra medida que teve papel importantíssimo foi a imple- mentação de cortes (tribunais), nos anos 90, para tratar de crimes menores, mediar conflitos comunitários e casos de vio- lência doméstica e para lidar com usuários de drogas. A ideia é evitar que esses conflitos evoluam e aumentar a confiança dos cidadãos no sistema judiciário e político. Internet: (com adaptações). No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do tex- to precedente, julgue os próximos itens. A correção gramatical do texto seria mantida caso a vírgula empregada logo após “mudou” fosse suprimida. ( ) CERTO ( ) ERRADO 81. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1 A palavra sonho significa muitas coisas diferentes: “o sonho da minha vida” e “meu sonho de consumo” são expressões usadas pelas pessoas para dizer que pretendem ou consegui- ram alcançar algo. Todo mundo tem um sonho, no sentido de plano futuro. Todo mundo deseja algo que não tem. Por que será que o sonho, fenômeno normalmente noturno que tanto pode evocar o prazer quanto o medo, é justamente a palavra usada para designar tudo aquilo que se quer ter? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 33 O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos, a motivação íntima de nossa ação exterior. Desejoé o sinôni- mo mais preciso da palavra “sonho”. Na área de desembarque de um aeroporto nos Estados Unidos, uma foto enorme de um casal belo e sorridente, velejando num mar caribenho em dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde seus sonhos o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de cartão de cré- dito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como veleiros, capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos, altamente… desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo, que é igual a dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser e prin- cipalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem experimentar no mundo de regras frouxas do sonho noturno, mas que no sonho diurno é privilégio apenas dos detentores de um mágico cartão plástico. Entretanto, a rotina do trabalho diário e a falta de tempo para dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalha- dores, são cruciais para o mal-estar da civilização contempo- rânea. É gritante o contraste entre a relevância motivacional do sonho e sua banalização no mundo industrial globalizado. No século XXI, a busca pelo sono perdido envolve rastreadores de sono, colchões high-tech, máquinas de estimulação sonora, pijamas com biossensores, robôs para ajudar a dormir e uma cornucópia de remédios. A indústria da saúde do sono, um setor que cresce aceleradamente, tem valor estimado entre 30 bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim impera a insô- nia. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos diariamen- te com o toque insistente do despertador, ainda sonolentos e já atrasados para cumprir compromissos que se renovam ao infinito, se tão poucos se lembram de que sonham pela sim- ples falta de oportunidade de contemplar a vida interior, quan- do a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar da sobrevivência do sonho. E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel, sonha- -se sofregamente apesar das luzes e dos ruídos da cidade, da incessante faina da vida e da tristeza das perspectivas. Sidarta Ribeiro. O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 19-20 (com adaptações) Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1, julgue o item que se segue. O uso de reticências no trecho “altamente… desejáveis” reforça a expressividade do que o autor deseja sugerir com relação à intensificação da equivalência entre sonho e desejo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 82. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A compreensão da comunicação como direito humano é formulação mais ou menos recente na história do direito. Tal conceito foi expresso pela primeira vez em 1969 por Jean D’Ar- cy, então diretor dos Serviços Visuais e de Rádio no Escritó- rio de Informação Pública da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, em artigo na revista EBU Review, do European Broadcasting Union (EBU): “Virá o tempo em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos terá de abarcar um direito mais amplo que o direito humano à informação, estabelecido pela primeira vez 21 anos atrás no artigo 19. Tra- ta-se do direito do homem de se comunicar.”. Na década de 70 do século XX, o direito à comunicação passou a ser discutido no âmbito da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Desde 2000, vem ganhando ressonância no debate político. Primeiro na União Europeia — o Parlamento Europeu aprovou em 2008 uma diretiva, válida em todos os países-membros, estabele- cendo limites à publicidade e padrões mínimos de veiculação de conteúdo independente, regional e acessível — e, em segui- da, na América Latina, onde marcos regulatórios foram apro- vados na Argentina (2009), na Venezuela (2010), no Equador (2013) e no Uruguai (2013). No Brasil, o direito à comunicação foi oficialmente reconhe- cido pelo Estado em 2009, no Decreto n.º 7.037, que instituiu a terceira edição do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Sua diretriz número 22 tem o condão de conciliar os conceitos de “comunicação”, “informação” e “democracia”, e apresentá-los como princípios orientadores da abordagem contemporânea dos direitos humanos: “Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para con- solidação de uma cultura em Direitos Humanos”, diz a dire- triz. Ao referir-se nominalmente ao “direito à comunicação”, o PNDH-3 contribuiu para inaugurar uma nova etapa no debate sobre o tema. Até então, as instituições se referiam, quando muito, ao direito à informação. Camilo Vannuchi Galaxia. São Paulo, online ISSN 1982 – 2553, n.º 38, maio- ago./2018, p. 167-80. Internet: (com adaptações) No que se refere às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísti- cos do texto precedente, julgue o item que se segue. O emprego de vírgula no lugar do ponto final logo após “direito”, com a devida alteração de maiúscula e minúscula, manteria a correção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 83. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB2A1-I As mãos que criam, criam o quê? A ancestralidade de dona Irinéia mostra-se presente em suas peças feitas com o barro vermelho da sua região. São cabeças, figuras humanas, entre outras esculturas que narram, por meio da forma moldada no barro, episódios históricos, lutas e conquis- tas vividos pelos moradores de sua comunidade e do Quilombo de Palmares. Um exemplo é a escultura que representa pessoas em cima de uma jaqueira e que se tornou uma peça muito conhecida de dona Irinéia. A jaqueira se tornou objeto de memória, pois remon- ta a uma enchente, durante a qual ela e suas três irmãs ficaram toda a noite em cima da árvore, esperando a água baixar. O manejo da matéria-prima é feito com a retirada do barro que depois é pisoteado, amassado e moldado. As peças são então queimadas, e ganham uma coloração naturalmente avermelhada. Irinéia Rosa Nunes da Silva é uma das mais reconhecidas artistas da cerâmica popular brasileira. A história de dona Irinéia, mestra artesã do Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005, está entrelaçada com a história do povoado quilombola Muquém, onde nasceu em 1949. O povoado pertence ao município de União dos Palmares, na zona da mata alagoana, e se encontra próximo à serra da Barriga que carrega forte simbolismo, pois é a terra do Quilombo dos Palmares. Por volta dos vinte anos, dona Irinéia começou a ajudar sua mãe no sustento da família, fazendo panelas de barro. Entretanto, o costume de fazer promessas aos santos de quem se é devoto, quando se está passando por alguma provação ou doença, fez sur- gir para a artesã outras encomendas. Quando a graça é alcançada, costuma-se levar a parte do corpo curado representado em uma peça de cerâmica, como agradecimento para o santo. Foi assim que dona Irinéia começou a fazer cabeças, pés e assim por diante. Até que um dia, uma senhora que sofria com uma forte dor de cabeça encomendou da ceramista uma cabeça, pois ia fazer uma promessa ao seu santo devoto. A senhora alcançou sua gra- ça, o que fez com que dona Irinéia ficasse ainda mais conhecida na região. Chegou, inclusive, ao conhecimento do SEBRAE de Alagoas, que foi até dona Irinéia e ofereceu algumas capacitações que abri- ram mais possibilidades de produção para a ceramista. O número de encomendas foi aumentando e, com ele, sua imaginação e cria- tividade que fizeram nascer objetos singulares. Em Muquém, vivem cerca de quinhentas pessoas que contam com um posto de saúde, uma escola e a casa de farinha, onde as mulheres se reúnem para moer a mandioca, alimento central na comunidade, assim como de tantos outros quilombos no Nor- deste. No dia a dia do povoado, o trabalho com o barro também preenche o tempo de muitas mulheres e alguns homens que se dedicam à produção de cerâmica, enquanto ensinam as crianças a mexer com a terra, produzindo pequenos bonecos. Internet: (com adaptações) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquertítulo, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 34 Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CB2A1-I, julgue o item seguinte. O emprego das vírgulas logo depois dos trechos “Por volta dos vinte anos” (início do quinto parágrafo) e “Até que um dia” (iní- cio do sexto parágrafo) justifica-se com base na mesma regra de pontuação. ( ) CERTO ( ) ERRADO 84. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto 2A1-I Quando falamos em direito, estamos falando inicialmen- te de um enorme conjunto de regras obrigatórias, o chamado direito positivo. Mas o vocábulo direito é usado também para o curso de Direito, a assim chamada “ciência do Direito”. Numa terceira acepção, a palavra designa os direitos de cada um de nós, chamados de direitos subjetivos, pois somos os sujeitos, os titulares, desses direitos. Ninguém ignora que paira sobre nossas cabeças uma gigantesca teia de normas, que atinge praticamente todas as nossas atividades. A vida de cada um de nós é regulada de dia e de noite, desde antes do nascimento e, por incrível que pare- ça, até depois da morte. Muitos pensadores têm destacado que o direito atual pare- ce ter invadido tudo: há direito em toda parte, para todos, para tudo. A contrapartida é que, assim como temos que seguir as normas, os outros também têm de cumpri-las e, desse modo, respeitar os direitos de cada um de nós, os ditos direitos subjetivos. Eduardo Muylaert. Direito no cotidiano: guia de sobrevivência na selva das leis. São Paulo: Editora Contexto, 2020, p.11-12 (com adaptações). Com relação aos aspectos linguísticos do texto 2A1-I, julgue o item subsequente. A supressão das vírgulas que isolam o termo “os titulares”, em “pois somos os sujeitos, os titulares, desses direitos” (primeiro parágrafo), manteria a correção gramatical e os sentidos origi- nais do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO Leia o texto a seguir para responder às questões 85 e 86. É o discurso que nos liberta e é o discurso que estabelece os limites da nossa liberdade e nos impulsiona a transgredir e transcender os limites — já estabelecidos ou ainda a ser esta- belecidos no futuro. Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos. E é graças ao discurso, e seu ímpeto endêmico de espreitar além das fronteiras que ele estabelece para a sua própria liberdade, que nosso estar no mundo é um processo de vir a ser perpétuo — incessante e infinito: nosso vir a ser € o vir a ser do nosso “mundo da vida” — juntar-se, misturar-se, embora sem solidificar, estreita e inseparavelmente, entran- çados e entrelaçados, e compartilhando nossos respectivos sucessos e infortúnios, ligados um ao outro para o melhor e para o pior, desde o momento de nossa concepção simultânea até que a morte nos separe. O que nós chamamos de “realidade”, quando entramos em um ânimo filosófico, ou “os fatos da questão” quando segui- mos obedientemente as instâncias da doxa, é tecido de pala- vras. Nenhuma outra realidade nos é acessível: não acessamos o passado “como ele realmente aconteceu”, o qual Leopold von Ranke celebremente conclamou (instruiu) seus colegas historiadores do século XIX a recuperar. Comentando sobre a história de Juan Goytisolo a respeito de um velho, Milan Kun- dera salienta que a biografia — qualquer biografia que tente ser o que seu nome sugere — é, e não poderia deixar de ser, uma lógica artificial inventada, imposta retrospectivamente a uma sucessão incoerente de imagens, reunida pela memória de partículas e fragmentos. Ele conclui que, em total oposição às presunções do senso comum, o passado compartilha com o futuro a ruína incurável da irrealidade — esquivando-se/ evadindo-se obstinadamente, como ambos o fazem, das redes tecidas de palavras movidas pela lógica. Não obstante, essa irrealidade é a única realidade a ser captada e possuída por nós, que “vivemos em discurso como o peixe na água”. Zygmunt Bauman e Riccardo Mazzeo. O elogio da literatura. Zahar. Edição do Kindle (com adaptações). Julgue os itens que se seguem, com relação a aspectos linguísti- cos do texto precedente. 85. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A inserção de uma vírgula logo após a palavra “fronteiras” (terceiro período do primeiro pará- grafo) manteria as relações sintáticas originais do período, embora alterasse seu sentido. ( ) CERTO ( ) ERRADO 86. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A supressão da vírgula empre- gada imediatamente após o trecho “e não poderia deixar de ser” (segundo parágrafo) prejudicaria a correção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 87. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Teoria do medalhão (diálogo) Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e estás homem, longos bigodes, alguns namoros... Papai... Não te ponhas com denguices, e falemos como dois ami- gos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. (...) Mas qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum. (...) Sim, senhor. Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice, assim também é de boa prática social acau- telar um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não indenizem suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te aconselho hoje, dia da tua maioridade. Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá? Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém, as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação e relevo moral, além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me bem, meu querido filho, ouve-me e entende. (...) Entendo. Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuidado nas ideias que houveres de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente (...). Mas quem lhe diz que eu... Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfei- ta inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício. Não me refiro tanto à fidelidade com que repetes numa sala as opiniões ouvidas numa esquina, e vice-versa, porque esse fato, posto indique certa carência de ideias, ainda assim pode não passar de uma traição da memória. Não; refiro-me ao gesto correto e perfilado com que usas expender francamente as tuas simpatias ou antipatias acerca do corte de um colete, das dimensões de um chapéu, do ranger ou calar das botas novas. Eis aí um sintoma eloquente, eis aí uma esperança. No entanto, podendo acontecer que, com a idade, venhas a ser afligido de algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 35 o espírito. As ideias são de sua natureza espontâneas e súbitas; por mais que as soframos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue o medalhão completo do medalhão incompleto. Machado de Assis. Teoria do medalhão. In: 50 contos escolhidos de Machado de Assis. Seleção, introdução e notas de John Gledson São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 82-83 (com adaptações) Considerando os aspectos linguísticos do texto Teoria do meda- lhão, apresentado anteriormente, julgue o item a seguir. No texto, os travessõesindicam a mudança dos interlocutores. ( ) CERTO ( ) ERRADO 88. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CG1A1-II Amado nos levou com um grupo para descansarmos na fazenda de um amigo. Esta confirmava as descrições que eu lera no livro de Freyre: embaixo, as habitações de trabalhadores, a moenda, onde se mói a cana, uma capela ao longe; na colina, uma casa. O amigo de Amado e sua família estavam ausentes; tive uma primeira amostra da hospitalidade brasileira: todo mundo achava normal instalar-se na varanda e pedir que ser- vissem bebidas. Amado encheu meu copo de suco de caju ama- relo-pálido: ele pensava, como eu, que se conhece um país em grande parte pela boca. A seu pedido, amigos nos convidaram para comer o prato mais típico do Nordeste: a feijoada. Eu lera no livro de Freyre que as moças do Nordeste casa- vam-se outrora aos treze anos. Um professor me apresentou sua filha, muito bonita, muito pintada, olhos de brasa: quatorze anos. Nunca encontrei adolescentes: eram crianças ou mulhe- res feitas. Estas, no entanto, fanavam-se com menos rapidez do que suas antepassadas; aos vinte e seis e vinte e quatro anos, respectivamente, Lucia e Cristina irradiavam juventude. A despeito dos costumes patriarcais do Nordeste, elas tinham liberdades; Lucia lecionava, e Cristina, desde a morte do pai, dirigia, nos arredores de Recife, um hotel de luxo pertencente à família; ambas faziam um pouco de jornalismo, e viajavam. Simone de Beauvoir. A força das coisas. Rio de Janeiro Nova Fronteira, 2018, p. 497-498 (com adaptações) Com relação às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CG1A1-II, julgue o seguinte item. No período do parágrafo, o emprego do ponto e vírgula decorre da intercalação da oração “onde se mói a cana” na enumeração dos termos que descrevem a fazenda. ( ) CERTO ( ) ERRADO 89. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CG1A1-I Uma forte tendência na moderna medicina americana é buscar, na prática médica milenar oriental, explicações para paradigmas existentes no século em que vivemos. Essa medici- na entende que o bem-estar mental e o espiritual fazem parte da saúde. Existe uma preocupação especial, nesta prática, com o funcionamento normal do organismo. Esse conceito novo de atuar na preservação da qualidade de vida do paciente vem sendo denominado como medicina de gerenciamento do envelhecimento. O fundamento desta área da medicina baseia-se na ideia de que o paciente pode envelhe- cer com doenças ou com saúde. Com o avanço da tecnologia e das pesquisas, muitos estudos já consolidaram o que então era apenas uma hipótese: que o corpo humano foi desenvolvi- do para não adoecer e que, quando há uma falha, ocasionando alguma doença, isso ocorre por motivos que podem, sim, ser evitados. Talvez o que mais tenha corroborado essa afirmação tenha sido a descoberta do radical livre, em 1900. Em 50 anos, se conheceu toda a sua química. Em 1954, pela primeira vez, essas substâncias reativas e tóxicas foram relacionadas a uma doença inexorável, o envelhecimento. O radical livre é um elemento gerado no organismo desde o momento da concepção, e sua produção é contínua, durante toda a nossa existência. Até certa idade, o organismo consegue neutralizar esses elementos, mas chega uma fase em que sua produção excede a sua degradação e sobrepuja a dos meca- nismos de defesa naturais (antioxidantes). Ocorre, então, o início das alterações estruturais que culminam na lesão celu- lar. Doenças relacionadas com o envelhecimento estão intima- mente associadas com o aumento de radicais livres. A medicina do gerenciamento do envelhecimento preocu- pa-se em conceituar e promover a saúde de forma diferente. Em vez de aguardar passivamente pelo dano ou pelas doenças, ela atua na vida das pessoas de forma preventiva e preditiva, muito antes que as patologias se manifestem. A proposta con- siste em ajustar todos os parâmetros biológicos, metabólicos e hormonais aos mesmos níveis encontrados em um indivíduo de aproximadamente 30 anos – fase em que todos nós atingi- mos o apogeu de nossa performance e idade a partir da qual começamos a envelhecer. Internet: (com adaptações) Julgue o item subsequente, considerando as ideias, os sentidos e os aspectos linguísticos do texto CG1A1-I. No trecho “A proposta consiste em ajustar todos os parâmetros biológicos, metabólicos e hormonais aos mesmos níveis encon- trados em um indivíduo de aproximadamente 30 anos — fase em que todos nós atingimos o apogeu de nossa performance e idade a partir da qual começamos a envelhecer” (último período), o tra- vessão foi empregado para introduzir uma ideia adicional, sendo correta sua substituição pelo sinal de ponto e vírgula. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL (CASOS GERAIS) 90. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CB1A1 O Comentário Geral n.º 15 do Comitê de Direitos Econô- micos, Sociais e Culturais (CDESC) da ONU é claro ao apontar para a necessidade de proteger os ecossistemas, em especial o aquático, contra a poluição, pois ter acesso a uma água poluída não representa, de fato, o gozo do direito humano à água. Nes- sas condições, há risco de comprometimento imediato da saú- de individual e coletiva, o que afeta outros direitos humanos, como o direito à saúde e ao bem-estar. Antes disso, a Agenda 21, aprovada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, recomen- dou que se preservem as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, para que se assegure água com qualidade. Em uma perspectiva menos antropocêntrica e mais eco- cêntrica, em 2000, a Declaração da 4.ª Cúpula do P7, composto dos sete países mais pobres do mundo, em seu primeiro prin- cípio, trouxe a ideia de que a água é uma fonte de vida não substituível, a que todos os seres vivos têm direito, e sua con- servação seria uma responsabilidade coletiva fundamental. A mesma declaração complementa o raciocínio, defenden- do a necessidade de as culturas que defendem a água como um bem comum serem protegidas e reinventadas. E, nesse ponto, a Declaração da 4.ª Cúpula do P7 e o Comentário Geral n.º 15 do CDESC convergem entre si, pois este último se refere à preocupação com o respeito à cultura e o acesso à água, nas formas tradicionais de uso por comunidades antigas e originá- rias, o que valoriza o componente da independência no concei- to de segurança hídrica. O que aqui se chama simplisticamente de independência corresponde na verdade à minimização de uma relação de dependência e sujeição, por meio de meca- nismos formais de cooperação, tanto interbacias como intra- bacias hidrográficas. O quarto princípio da Declaração da 4.ª Cúpula do P7 afirma que “a água deve contribuir para a soli- dariedade entre comunidades, países, sociedades, gerações e sexos”. Ao mesmo tempo reconhece que a água doce é distri- buída de forma desigual em torno da Terra, e afirma que isso não deve ser utilizado como fator de exercício de poder. Carlos Hiroo Saito. Segurança hídrica e direito humano à água In: Ruscheinsky, Calgaro & Weber. Ética, direito socioambiental e democracia. Caxias do Sul: Educs, 2018, p. 100-101 (com adaptações) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 36 Julgue o próximo item, relativo a aspectos linguísticos do texto CB1A1. No trecho “este último se refere à preocupação com o respeito à cultura e o acesso à água” (segundo período do terceiro pará- grafo), o segmento “o acesso à água” complementa o sentido do termo “preocupação”, por isso estariam mantidas a correção gramatical do texto e a coerência de suas ideias caso se inseris- se a preposição com imediatamente depois do vocábulo “e” — e com o acesso à água. ( ) CERTO ( ) ERRADO 91. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A1-IO ordenamento jurídico vem sendo confrontado com as inovações tecnológicas decorrentes da aplicação da inteligên- cia artificial (IA) nos sistemas computacionais. Não apenas se vivencia uma ampliação do uso de sistemas lastreados em IA no cotidiano, como também se observa a existência de robôs com sistemas computacionais cada vez mais potentes, nos quais os algoritmos passam a decidir autonomamente, supe- rando a programação original. Nesse contexto, um dos grandes desafios ético-jurídicos do uso massivo de sistemas de inteli- gência artificial é a questão da responsabilidade civil advinda de danos decorrentes de robôs inteligentes, uma vez que os sistemas delituais tradicionais são baseados na culpa e essa centralidade da culpa na responsabilidade civil se encontra desafiada pela realidade de sistemas de inteligência artificial. Perante a autonomia algorítmica na qual os sistemas de IA passam a decidir de forma diversa da programada, há uma dificuldade de diferenciar quais danos decorreram de erro humano e aqueles que derivaram de uma escolha equivocada realizada pelo próprio sistema ao agir de forma autônoma. O comportamento emergente da máquina, em função do pro- cesso de aprendizado profundo, sem receber qualquer contro- le da parte de um agente humano, torna difícil indicar quem seria o responsável pelo dano, uma vez que o processo deci- sório decorreu de um aprendizado automático que culminou com escolhas equivocadas realizadas pelo próprio sistema. Há evidentes situações em que se pode vislumbrar a existên- cia de culpa do operador do sistema, como naquelas em que não foram realizadas atualizações de software ou, até mes- mo, de quebra de deveres objetivos de cuidado, como falhas que permitem que hackers interfiram no sistema. Entretanto, excluídas essas situações, estará ausente o juízo de censura necessário para a responsabilização com base na culpa. B. L. da Anunciação Melo e H. Ribeiro Cardoso. Sistemas de inteligência artificial e responsabilidade civil: uma análise da proposta europeia acerca da atribuição de personalidade civil. In: Revista Brasileira de Direitos Fundamentais & Justiça, 16(1), 2020, p. 93-4 (com adaptações) À luz das normas de regência nominal e verbal, julgue o item seguinte, em relação ao texto 2A1-I. Haja vista a regência de “confrontado” admitida no texto, o com- plemento regido por esse termo só pode ser introduzido pela preposição “com”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 92. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CG1A1-I A apropriação colonial das terras indígenas muitas vezes se iniciava com alguma alegação genérica de que os povos for- rageadores viviam em um estado de natureza — o que signifi- cava que eram considerados parte da terra, mas sem nenhum direito a sua propriedade. A base para o desalojamento, por sua vez, tinha como premissa a ideia de que os habitantes daquelas terras não trabalhavam. Esse argumento remonta ao Segundo tratado sobre o governo (1690), de John Loc- ke, em que o autor defendia que os direitos de propriedade decorrem necessariamente do trabalho. Ao trabalhar a terra, o indivíduo “mistura seu trabalho” a ela; nesse sentido, a terra se torna, de certo modo, uma extensão do indivíduo. Os nati- vos preguiçosos, segundo os discípulos de Locke, não faziam isso. Não eram, segundo os lockianos, “proprietários de terras que faziam melhorias”; apenas as usavam para atender às suas necessidades básicas com o mínimo de esforço. James Tully, uma autoridade em direitos indígenas, apon- ta as implicações históricas desse pensamento: considera-se vaga a terra usada para a caça e a coleta e, “se os povos aborí- genes tentam submeter os europeus a suas leis e costumes ou defender os territórios que durante milhares de anos tinham erroneamente pensado serem seus, então são eles que violam o direito natural e podem ser punidos ou ‘destruídos’ como animais selvagens”. Da mesma forma, o estereótipo do nativo indolente e despreocupado, levando uma vida sem ambições materiais, foi utilizado por milhares de conquistadores, admi- nistradores de latifúndios e funcionários coloniais europeus na Ásia, na África, na América Latina e na Oceania como pretexto para obrigar os povos nativos ao trabalho, com meios que iam desde a escravização pura e simples ao pagamento de taxas punitivas, corveias e servidão por dívida. David Graeber e David Wengrow O despertar de tudo: uma nova história da humanidade. São Paulo: Cia das Letras, 2022, p. 169-170 (com adaptações) Considerando as estruturas morfossintáticas e os aspectos semânticos do texto CG1A1-I, julgue os seguinte item. A substituição de “remonta ao” (terceiro período do primeiro parágrafo) por remonta o prejudicaria a correção gramatical e a coerência das ideias originais do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 93. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 20A2-I Falar ou escrever sobre Antonio Candido é, para mim, extre- mamente difícil. A geração à qual pertenço não seria a mesma sem a sua presença e influência. Eu próprio não seria o mesmo se a vida não me pusesse em contato com Antonio Candido, com o seu carinho, a sua severidade íntegra, a sua modéstia e o seu orgulho intelectual enfim, a sua personalidade de educador, que se irradia irresistível, como uma exigência de perfeição e de compromisso crítico. Uma existência fecunda, devotada ao estudo, ao cultivo do talento dos jovens, ao ensino, ao florescimento da antiga Faculda- de de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, à contestação socialista constante e à esperança de que o Brasil venceria, por meio dos mais humildes e dos trabalhadores, as tra- gédias de sua dependência e o subdesenvolvimento. Sem alarde, sempre esteve na vanguarda ousada, realizando tarefas simples e complexas, escondendo-se no anonimato, mas enfrentando, sem se perturbar, todos os riscos. Duas ditaduras e muitas incompreen- sões cercaram a sua atuação inconformista, pois escapava à sua posição na sociedade e ao controle das elites para servir às causas da justiça social, dos jovens e dos oprimidos. Em sua carreira, percorreu três estações: a de agitador de ideias por meio dos ensaios jornalísticos; a de professor e pesquisador no campo da sociologia; a de professor de literatura comparada e do invento literário, na qual se notabilizou convertendo a crítica literá- ria em forma de criação cultural e em ramo da literatura. Escapou aos ismos, que circulavam nos ambientes acadêmi- cos, e forjou recursos complexos de explicação, integrativos e de síntese, que demarcam a obra da inteligência erudita e criadora, que, em outros tempos, se caracterizariam como a ciência da pro- dução literária. Em nossos dias, de resistência ao positivismo e ao cientificismo, tal preocupação desvaneceu-se. O que não impede de trazê-la à baila, para que se possa conferir à razão como dar conta da categoria de saber a que chegou Antonio Candido, por seus méritos, sua capacidade de trabalho e seu espírito inventivo. Florestan Fernandes. A contestação necessária. São Paulo: Expressão Popular, 2015, p. 107-108 (com adaptações) Considerando aspectos estilísticos e coesivos do texto 20A2-I, bem como o atendimento à norma-padrão da língua portuguesa, julgue o item a seguir. No trecho “à esperança de que o Brasil venceria” (quarto período do primeiro parágrafo), a supressão da preposição “de” seria uma opção estilística que preservaria a correção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 37 94. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB3A1-I Descobertas científicas demonstram que ouvir música pode melhorar a qualidade de vida das pessoas, uma vez que contribui para estimular a concentração e a criatividade, forta- lecer o sistema imunológico,tornar menos cansativas as ativi- dades físicas, entre outros benefícios à saúde. A empresa focus@will desenvolve músicas que estimulam a concentração de quem as escuta. Segundo a empresa, como a maior parte das distrações é causada pela audição, ouvir a trilha sonora certa pode potencializar a capacidade humana de focar em algo. Pesquisas indicam que, em condições normais, uma pessoa consegue se manter concentrada por cerca de 20 minutos. Com a música certa, esse tempo poderia ser até cinco vezes maior, de acordo com a empresa. Cinco pacientes com danos que afetaram a área do cére- bro ligada à memória e cinco pessoas sem o problema foram submetidos a um experimento por uma dupla de médicos da Universidade Macquarie, na Austrália. Nos testes, após ouvirem trechos de músicas antigas, os sujeitos da pesquisa deveriam relatar que memórias aquelas canções lhes traziam. Após o experimento, os cientistas constataram que os trechos musicais fizeram com que a mesma quantidade de integrantes dos dois grupos se lembrasse de fatos da própria vida. O fato observado parece indicar que a música é um estímulo que pode trazer à tona lembranças autobiográficas para todas as pessoas. Música e poesia estimulam áreas parecidas do lado direito do cérebro. A constatação é de neurologistas da Universidade de Exeter, na Inglaterra. Para chegar a essa conclusão, eles rea- lizaram experimentos com voluntários submetidos ao contato com essas formas de arte enquanto suas atividades cerebrais eram monitoradas. Após analisarem mais de 400 estudos sobre música, cien- tistas da Universidade de McGill, no Canadá, concluíram que ela aumenta a produção de imunoglobulina A e glóbulos bran- cos pelo corpo, responsáveis por atacar bactérias e outros organismos invasores. Além disso, segundo a pesquisa, escu- tar música reduz os níveis de cortisol (o hormônio do estresse) e aumenta os níveis de oxitocina (o hormônio do bem-estar). Realizar esforços físicos ao mesmo tempo em que se ouve música é menos cansativo. A descoberta é do Instituto Max Planck, na Alemanha. Em uma série de experimentos, pesqui- sadores monitoraram diversas variáveis do comportamen- to do corpo de voluntários que praticavam exercícios físicos. Depois, a equipe analisou os dados reunidos e constatou que os músculos dos participantes consumiam menos energia quando estes se exercitavam ouvindo música e mais energia quando praticavam exercícios sem trilha sonora. Ouvir música pode ser também um bom remédio contra a dor e a ansiedade em idosos. A descoberta é de uma espe- cialista em enfermagem da Universidade de Essex, no Reino Unido. Em análise de artigos sobre o tema, a pesquisadora constatou que o uso da música como terapia entre pessoas com mais de 65 anos de idade está associado a aumento da qualidade de vida e redução de dores, ansiedade e depressão. Internet: (com adaptações) Considerando aspectos linguísticos do texto CB3A1-I, julgue o seguinte item. No segundo período do segundo parágrafo, os segmentos “a capacidade humana” e “de focar em algo” complementam o sentido do verbo “potencializar”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 95. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1-I A governança pública é discutida em torno de determina- dos pressupostos sobre componentes estruturais como gestão, equidade, transparência, responsabilidade corporativa, accoun- tability (prestação de contas) e legalidade do setor público. Esses elementos são considerados necessários ao desenvolvimento das sociedades, segundo os modelos idealizados por organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), e pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Sob a ótica da ciência política, a governança pública está associada a uma mudança de gestão política, tendendo, cada vez mais, à autogestão nos campos social, econômico e político, como também a uma nova composição de formas de gestão. Complementarmente, a governança relaciona-se a fatores como tomada de decisões gerenciais, desempenho, controle, com dire- cionamento global para o órgão ou a entidade, e necessidade de prestação de contas para seus controladores. Nesse sentido, o conceito de accountability é pautado na relação de interesse do Estado e nas necessidades do cidadão. Assim, a accountability é plena quando as informações públicas de prestação de contas dos governantes, auditadas pelos órgãos de controles internos e externos, geram confiança a uma socieda- de participativa das decisões públicas. O grau de accountability de uma burocracia deve ser expli- cado pelas dimensões do macroambiente da administração pública: a textura política e institucional da sociedade, os valo- res, os costumes tradicionais partilhados na cultura, a história, o desenvolvimento político na trajetória para tornar as burocra- cias responsáveis, a baixa contribuição dos diversos esforços de reformas da administração pública e a precariedade dos contro- les formais. Blênio Cezar Severo Peixe et al. Governança pública e accountability: uma análise bibliométrica das publicações científicas nacionais e internacionais. 2018. Internet: (com adaptações). Julgue o próximo item, referente aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I. No trecho “uma sociedade participativa das decisões públicas” (final do terceiro parágrafo), a substituição do vocábulo “das” por nas prejudicaria a correção gramatical e os sentidos origi- nais do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 96. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto O medo é um sentimento conhecido de toda criatura viva. Os seres humanos compartilham essa experiência com os ani- mais. Os estudiosos do comportamento animal descrevem, de modo altamente detalhado, o rico repertório de reações dos animais à presença imediata de uma ameaça que ponha em risco suas vidas. Os humanos, porém, conhecem algo mais além disso: uma espécie de medo de “segundo grau”, um medo, por assim dizer, social e culturalmente “reciclado”, um “medo derivado” que orienta seu comportamento, haja ou não uma ameaça imediatamente presente. O medo secundá- rio pode ser visto como um rastro de uma experiência passa- da de enfrentamento de uma ameaça direta — um resquício que sobrevive ao encontro e se torna um fator importante na modelagem da conduta humana mesmo que não haja mais uma ameaça direta à vida ou à integridade. Zygmunt Bauman. Medo líquido. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, p. 9 (com adaptações). A respeito das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item. A preposição “de”, no primeiro período, poderia ser substituída pela preposição por, sem prejuízo da correção gramatical e dos sentidos do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 97. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG3A1-I Antes de mais nada, há a liberdade suspensiva oferecida pela caminhada, mesmo que seja um simples passeio: livrar- -se da carga das preocupações, esquecer por algum tempo os afazeres. Optamos por não levar o escritório conosco: saímos, flanamos, pensamos em outras coisas. Com as excursões de vários dias, acentua-se o movimento de desapego: escapamos das obrigações do trabalho, libertamo-nos do jugo dos hábitos. Mas em que aspecto caminhar nos faria sentir essa liberdade mais do que numa longa viagem? Afinal, surgem outras limi- tações não menos penosas: o peso da mochila, a duração das O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 38 etapas, a incerteza do tempo (ameaças de chuva ou de tem- pestade, calor sufocante), a rusticidade dos albergues, algu- mas dores... Mas só a caminhada consegue nos libertar das ilusões do indispensável. Como tal, ela permanece o reino de poderosas necessidades. Para chegar a determinada etapa, é preciso caminhar tantas horas, que correspondem2021)........................................... 95 Æ INSTRUÇÃO DO PROCESSO LICITATÓRIO (ARTS. 18 A 27 DA LEI Nº 14.133, DE 2021) ................................... 95 Æ MODALIDADES DE LICITAÇÃO (ARTS. 28 A 32 DA LEI Nº 14.133, DE 2021) ...................................................... 95 Æ CONTRATAÇÃO DIRETA, INEXIGIBILIDADE E DISPENSA (ARTS. 72 A 75 DA LEI Nº 14.133, DE 2021) .......... 96 Æ GABARITO ..................................................................................................................................................................... 96 DIREITO CONSTITUCIONAL ..................................................................................99 Æ DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO (ARTS. 1º A 4º DA CF, DE 1988) ................................ 99 Æ DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS (ART. 5º DA CF, DE 1988) ..........................................100 Æ DIREITOS SOCIAIS E DOS TRABALHADORES (ARTS. 6º E 7º DA CF, DE 1988) ..................................................102 Æ DIREITOS COLETIVOS DOS TRABALHADORES (ARTS. 8º A 11 DA CF, DE 1988).............................................. 103 Æ ESPÉCIES DE NACIONALIDADE (BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS) ..................................................103 Æ DISTINÇÕES CONSTITUCIONAIS ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS ..................................... 103 Æ PERDA DA NACIONALIDADE ...................................................................................................................................104 Æ EXTRADIÇÃO, DEPORTAÇÃO, EXPULSÃO E BANIMENTO (DA NACIONALIDADE) ........................................ 104 Æ SOBERANIA POPULAR (VOTO, PLEBISCITO, REFERENDO, INICIATIVA POPULAR), ALISTAMENTO E ELEGIBILIDADE ...........................................................................................................................................................104 Æ INELEGIBILIDADES (DIREITOS POLÍTICOS) ............................................................................................................104 Æ PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS ................................................................................................105 Æ PARTIDOS POLÍTICOS (ART. 17 DA CF, DE 1988) ..................................................................................................105 Æ DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA (ARTS. 18 E 19 DA CF, DE 1988) ........................................ 105 Æ UNIÃO: BENS E COMPETÊNCIAS EXCLUSIVAS, PRIVATIVAS, COMUNS E CONCORRENTES (ARTS. 20 A 24 DA CF, DE 1988) ...............................................................................................................................106 Æ ESTADOS FEDERADOS — ORGANIZAÇÃO, COMPETÊNCIAS, BENS (ARTS. 25 A 28 DA CF, DE 1988) ......... 107 Æ MUNICÍPIOS - ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIAS (ARTS. 29 A 31 DA CF, DE 1988) ....................................... 108 Æ DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS (ARTS. 32 E 33 DA CF, DE 1988) ................................................108 Æ DISPOSIÇÕES GERAIS (ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA — ARTS. 37 E 38 DA CF, DE 1988) ................................. 109 Æ DOS SERVIDORES PÚBLICOS (ARTS. 39 A 41 DA CF, DE 1988) ...........................................................................110 Æ DO CONGRESSO NACIONAL (ARTS. 44 A 47 DA CF, DE 1988) ...........................................................................110 Æ COMPETÊNCIAS PARA FISCALIZAÇÃO E TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (ARTS. 70 A 73 DA CF, DE 1988) .......................................................................................................................................................................111 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Æ SISTEMA DE CONTROLE INTERNO (ART. 74 DA CF, DE 1988) ............................................................................111 Æ DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL — STF (ARTS. 101 A 103 DA CF, DE 1988) ...............................................112 Æ PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS (MINISTÉRIO PÚBLICO) .......................................................................................112 Æ ADVOCACIA PRIVADA E DEFENSORIA PÚBLICA (ARTS. 133 A 135 DA CF, DE 1988)...................................... 112 Æ GABARITO ...................................................................................................................................................................114 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...................................................................................117 Æ ADMINISTRAÇÃO .......................................................................................................................................................117 Æ PROCESSO ORGANIZACIONAL E FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS ......................................................................117 Æ EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE ....................................................................................................................118 Æ INTRODUÇÃO AO PROCESSO DE PLANEJAMENTO (DIRETRIZES, PRINCÍPIOS, CARACTERÍSTICAS, ETAPAS, NÍVEIS) ..........................................................................................................................................................118 Æ PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ..............................................................................................................................119 Æ ESTRATÉGIA E VANTAGEM COMPETITIVA.............................................................................................................120 Æ BALANCED SCORECARD (BSC) ................................................................................................................................121 Æ PLANEJAMENTO TÁTICO ..........................................................................................................................................122 Æ PLANEJAMENTO OPERACIONAL .............................................................................................................................122 Æ PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIA NO SETOR PÚBLICO.........................................................................................122 Æ INTRODUÇÃO AO PROCESSO DE DIREÇÃO (CONCEITO E CARACTERÍSTICAS) ..............................................122 Æ LIDERANÇA .................................................................................................................................................................123 Æ GESTÃO DE CONFLITOS ............................................................................................................................................125 Æ PROCESSO DE CONTROLE E AVALIAÇÃO ..............................................................................................................126 Æ COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE GESTÃO .......................................................................................................127 Æ COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA E GESTÃO DE REDES ORGANIZACIONAIS .......................................129 Æ GABARITO ...................................................................................................................................................................129 GESTÃO DE PESSOAS .............................................................................................. 131 Æ RELAÇÕES DE EQUILÍBRIO ENTRE INDIVÍDUO E ORGANIZAÇÃO ....................................................................131 Æ GERENCIAMENTO DA DIVERSIDADE NAS ORGANIZAÇÕES ..............................................................................131 Æ A ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS ............................................................................................................................131a tantos passos; a improvisação é limitada, pois não estamos percor- rendo caminhos de jardim e não podemos nos enganar nos entroncamentos, sob pena de pagar um preço muito alto. Quando a neblina invade a montanha ou uma chuva torren- cial começa a cair, é preciso seguir, continuar. A comida e a água são objeto de cálculos precisos, em função do percurso e dos mananciais. Sem falar no desconforto. Ora, o milagre não é ficarmos felizes apesar disso, mas graças a isso. Quero dizer que não dispor de múltiplas opções de comida ou de bebida, estar submetido à grande fatalidade das condições climáticas, contar somente com a regularidade do próprio passo, tudo isso faz, de pronto, que a profusão da oferta (de mercadorias, de transportes, de conexões) e a multiplicação das facilidades (de comunicar, de comprar, de circular) nos pareçam outras tantas formas de dependência. Todas essas microlibertações não passam de acelerações do sistema, que me aprisiona com mais força. Tudo o que me liberta do tempo e do espaço me afasta da velocidade. Frédéric Gros. Caminhar: uma filosofia. São Paulo:Ubu Editora, 2021, p. 13- 14 (com adaptações). No que se refere a aspectos morfossintáticos do texto CG3A1-I, julgue o item a seguir. A substituição de “pensamos” (segundo período) por damos atenção manteria os sentidos e a correção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ CRASE 98. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CB1A1 Hoje, a crise hídrica é política — o que significa dizer não inevitável ou necessária, nem além da nossa capacidade de consertá-la — e, logo, opcional, na prática. Esse é um dos moti- vos para ser, não obstante, terrível como parábola climática: um recurso abundante torna-se escasso pela falta de infraes- trutura, pela poluição e pela urbanização e desenvolvimento descuidados. A crise de abastecimento de água não é inevitá- vel, mas presenciamos uma, de um modo ou de outro, e não estamos fazendo muita coisa para resolvê-la. Algumas cidades perdem mais água por vazamentos do que a que é entregue nas casas: mesmo nos Estados Unidos da América (EUA), vazamentos e roubos respondem por uma per- da estimada de 16% da água doce; no Brasil, a estimativa é de 40%. Em ambos os casos, assim como por toda parte, a escas- sez se desenrola tão patentemente sobre o pano de fundo das desigualdades entre pobres e ricos que o drama resultante da competição pelo recurso dificilmente pode ser chamado, de fato, de competição; o jogo está tão arranjado que a escassez de água mais parece um instrumento para aprofundar a desi- gualdade. O resultado global é que pelo menos 2,1 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável segura, e 4,5 bilhões não dispõem de saneamento. David Wallace-Wells. A terra inabitável: uma história do futuro São Paulo: Cia das Letras, 2019. (com adaptações) Em relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1, julgue o pró- ximo item. O acréscimo do sinal indicativo de crase no segmento “a água potável segura” prejudicaria a correção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 99. (CEBRASPE-CESPE – 2024) A iniciativa Mãe Servidora, inserida no contexto do progra- ma Pró-Equidade de Gênero, reflete um esforço significativo da ANTT para promover o equilíbrio entre a vida profissional e familiar de suas colaboradoras. Essa ação é direcionada espe- cialmente para mães servidoras, no regime de trabalho pre- sencial, com filhos menores de sete anos de idade, oferecendo a elas a oportunidade de reduzir a jornada de trabalho sema- nal em quatro horas em um dia específico. O objetivo principal é fortalecer a interação entre mãe e filho durante os anos cru- ciais de formação da criança, beneficiando-se tanto o bem-es- tar da servidora quanto o da família como um todo. Em caso de dúvidas, fale com a Coordenação de Projetos Especiais de Gestão de Pessoas (COPEP), pelo email . ANTT. Revista Via Sustentável. Destaques 2023, s/d, p. 35 (com adaptações) A respeito de aspectos linguísticos desse texto, julgue o item a seguir. Estaria mantida a correção gramatical do segundo período do primeiro parágrafo caso o segmento “para mães servidoras” fosse reescrito como à mães servidoras, visto que o termo “mães” está especificado. ( ) CERTO ( ) ERRADO 100. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CB1A1-I Dizer que o petróleo é um elemento de influência nas relações geopolíticas contemporâneas é repetir o óbvio. Des- de que ele se tornou a matriz energética básica da sociedade industrial e o elemento fundamental para o funcionamento da economia moderna, ter ou controlar as fontes de petróleo e as rotas por onde ele é transportado representa questão de vida ou morte para as sociedades contemporâneas. Quando pensamos na geopolítica do petróleo neste início do século XXI, o primeiro fato que nos vem à mente são os conflitos do Oriente Médio, como a guerra Irã-Iraque e a guerra do Golfo em 1990-1991. Reduzir esses conflitos ao elemento “petróleo” seria um erro, pois questões outras estavam e estão envolvidas. Contudo, não se deve esquecer que aí estão as maiores reservas petrolíferas do mundo. No entanto, se examinarmos com alguma atenção as notí- cias do dia a dia, veremos como o problema do petróleo dentro da geopolítica contemporânea não é algo que afeta apenas os países do Oriente Médio. A busca pelo “ouro negro” está tendo impacto em outras regiões do mundo. Em nível menor, países como o Brasil têm enfrentado os mesmos problemas das maiores potências no que se refere a suprir suas necessidades energéticas, e isso tende apenas a piorar. Aqui cabe uma reflexão sobre os efeitos geopolíticos da futura mudança da matriz energética global. Mesmo sendo algo pouco provável em curto e médio prazo, o próprio esgotamento do petróleo vai obrigar a economia global a convocar outras fontes de energia, como a nuclear ou as células de hidrogênio. As alterações na socieda- de global que tal mudança provocará serão, evidentemente, imensas, mas ninguém parece ainda ter refletido a contento sobre seus impactos geopolíticos. João Fábio Bertonha. Notas sobre a geopolítica do petróleo no século XXI. In: Boletim de Análise de Conjuntura em Relações Internacionais, n.º 58, p. 9-10, 2005 (com adaptações) Ainda com relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, jul- gue o próximo item. A correção gramatical e a coerência do texto seriam mantidas caso o trecho “nos vem à mente” (primeiro período do segun- do parágrafo) fosse reescrito da seguinte maneira: vem a nossa mente. ( ) CERTO ( ) ERRADO O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 39 101. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB3A1 Em 2007, o Brasil recebeu a exposição de anatomia intitula- da Bodies revealed: fascinating + real, traduzida como Corpo humano: real e fascinante. Cerca de 670 mil pessoas de diver- sas cidades brasileiras puderam visitar a exposição na qual os objetos expostos eram nada menos do que 16 cadáveres e 225 órgãos humanos. Adentrar em um salão repleto de cadáveres estripados e mutilados deveria suscitar a mesma sensação de uma câmara dos horrores, já que os mortos são notoriamente objetos de tabu, fontes de mana, considerados impuros, peri- gosos e, não raramente, repugnantes. Entretanto, os corpos dissecados da exposição, apresentados esfolados ou fatiados, inteiros ou em partes, eviscerados ou não, e tematicamente organizados em sistemas — esquelético, muscular, nervoso, respiratório, digestório, excretor, reprodutor, circulatório — eram tratados como objetos de “arte”. Ao contrário daqueles grandes vidros de formol que distorcem a imagem do seu conteúdo desbotado, largamente usados em laboratórios e museus para conservar restos biológicos, Bodies revealed é um espetáculo cadavérico no qualcorpos dissecados e partes corporais — reduzidos a formas, cores e texturas — são espe- tacularmente exibidos em pedestais, displays e caixas transpa- rentes, distribuídos meticulosamente em espaços organizados e iluminados para realçar suas formas e cores. Há um evidente sensacionalismo mórbido nas exposições de corpos humanos, visto que não haveria o mesmo impacto se os corpos expostos fossem sintéticos ou de animais. Isto evidencia o fato de que a relação que se estabelece entre nós, espectadores, e os cadáveres expostos tem uma dimensão social, distinta da que teríamos se fossem apenas modelos de plástico ou cera, ainda que reproduções perfeitas, ou de um cadáver animal, qualquer que seja a técnica de conservação. As exposições de corpos humanos até podem oferecer motiva- ções mais nobres do que o simples entretenimento mórbido, mas sem abrirem mão da morbidez como peça fundamental do espetáculo. Com efeito, o tom geral daqueles que defen- dem essas exposições apela para a utilidade educativa de se usarem corpos humanos reais, dissecados e modelados, em posições didáticas, pois essa técnica possibilita o acesso a “espécimes” cuja riqueza de detalhes e de informações era antes acessível apenas aos anatomistas. Internet: (com adaptações) A respeito de aspectos linguísticos do texto CB3A1, julgue o item que se segue. Estaria mantida a correção gramatical do quinto período do primeiro parágrafo caso fosse empregado o sinal indicativo de crase no “a” que antecede o nome “formas”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 102. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CG1A1-I Responsabilidade fiscal combina com responsabilida- de social? Quando analistas do mercado financeiro e economistas ditos “ortodoxos” referem-se à necessidade de haver respon- sabilidade fiscal, parece, à primeira vista, que estão se refe- rindo à necessidade de o Estado não realizar gastos (ou abrir mão de receitas públicas) de modo descontrolado, eleitoreiro e ineficiente, aumentando aceleradamente a dívida pública (em proporção do PIB) sem um planejamento econômico- orçamen- tário de médio e longo prazo. Se fosse somente isso, se fossem somente essas as suas preocupações, não haveria muita polê- mica, visto que os políticos e os economistas que questionam a visão do mercado financeiro também concordam com esses parâmetros para qualificar a responsabilidade fiscal. O problema está em alguns diagnósticos e causalidades evocados pelos economistas porta-vozes do mercado financei- ro, que podemos sintetizar em duas ideias centrais. A primeira ideia central é a de que a economia brasileira apresentaria historicamente um sério “risco fiscal”, suficien- te para tirar o sono daqueles que compram títulos da dívida pública. Exatamente por esse grave risco fiscal, argumenta o economista ortodoxo, é que haveria a necessidade de o Banco Central manter a taxa de juros reais nas alturas, colocando o Brasil quase sempre na posição de país com a maior taxa de juros reais no mundo. Os maiores juros reais do mundo seriam uma espécie de prêmio exigido de modo justo e justificado pelos “investidores” que emprestam seus recursos ao governo: maior risco, maior incerteza, maior prêmio — uma simples e sadia “lei do mercado”. A segunda ideia central é a de que a inflação decorreria de um excesso de demanda na economia. Não adianta apresen- tar dados objetivos indicando que, em muitos casos, a infla- ção é gerada por choques de oferta que nada têm a ver com excesso de demanda. A partir desse diagnóstico imutável (e imune aos fatos) de que a inflação — ou o risco de inflação — seria sempre um problema de excesso de demanda, os por- ta-vozes do mercado estão sempre cobrando do governo que colabore para a redução da demanda e modere seus gastos (exceto o gasto com os juros da dívida pública), e estão sempre cobrando do Banco Central que aumente a taxa básica de juros diante de qualquer tipo de sinal de pressão inflacionária, pois o aumento dos juros causa refluxo da demanda — demissões, queda nos investimentos — e esse refluxo da demanda com- bateria eficazmente a inflação. Podemos agora formular com precisão: o mercado finan- ceiro não vê antagonismo entre responsabilidade fiscal e responsabilidade social porque, em sua visão, a primeira é sempre uma pré- condição para a segunda. Como o mercado financeiro sempre vê um risco fiscal significativo na economia brasileira, nunca estará satisfeito com o nível de responsabi- lidade fiscal demonstrado pelo governo, nunca achará que já estamos em condições de avançar com segurança nas tarefas sociais e sempre tachará de “populista” ou “demagógica” qual- quer alternativa que signifique abandonar esse beco sem saída ao qual o país foi condenado nas últimas décadas. Internet: (com adaptações) No que se refere a aspectos linguísticos do texto CG1A1-I, julgue o próximo item. Conforme a norma gramatical, é facultativo o uso do sinal indi- cativo de crase na expressão “têm a ver” (segundo período do quinto parágrafo). ( ) CERTO ( ) ERRADO 103. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 8A2-I Os mediadores de leitura são aquelas pessoas que esten- dem pontes entre os livros e os leitores, ou seja, que criam as condições para fazer com que seja possível que um livro e um leitor se encontrem. A experiência de encontrar os livros certos nos momentos certos da vida, esses livros que nos fascinam e que nos vão transformando em leitores paulatinamente, não tem uma rota única nem uma metodologia específica; por isso, os mediadores de leitura não são fáceis de definir. No entanto, basta lembrar como descobrimos, nos primeiros anos da vida, esses livros que deixaram rastros em nossa infância e, talvez, aparecerão nítidas algumas figuras que foram nossos media- dores de leitura: esses adultos íntimos que deram vida às pági- nas de um livro, essas vozes que liam para nós, essas mãos e esses rostos que nos apresentavam os mundos possíveis e as emoções dos livros. Os mediadores de leitura, consequentemente, não estão somente na escola, mas no lar, nas bibliotecas e nos espaços não convencionais, como os parques, os hospitais e as ludote- cas, entre outros lugares. Durante a primeira infância, quando a criança não lê sozinha, a leitura é um trabalho em parceria e o adulto é quem vai dando sentido a essas páginas que, para o bebê, não seriam nada, sem sua presença e sua voz. Então, os primeiros mediadores de leitura são os pais, as mães, os avós e os educadores da primeira infância e, aos poucos, à medida que as crianças se aproximam da língua escrita, vão se somando outros professores, a exemplo dos bibliotecários, dos livreiros e dos diversos adultos que acompanham a leitura das crianças. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 40 Não é fácil reduzir o trabalho do mediador de leitura a um manual de funções. Seu ofício essencial é ler de muitas for- mas possíveis: em primeiro lugar, para si mesmo, porque um mediador de leitura é um leitor sensível e perspicaz, que se deixa tocar pelos livros, que desfruta e que sonha em compar- tilhá-los com outras pessoas. Em segundo lugar, um mediador cria rituais, momentos e atmosferas propícias para facilitar os encontros entre livros e leitores. Às vezes, pode fazer a hora do conto e ler em voz alta uma ou várias histórias a um grupo, mas, outras vezes, propicia leituras íntimas e solitárias ou encontros em pequenos grupos. Assim, em certas ocasiões, conversa ou recomenda algum livro; em outras, permanece em silêncio ou se oculta para deixar que livro e leitor conversem. Por isso, além de livros, um mediador de leitura lê seus lei- tores: quem são, o que sonham e o que temem, e quais são esses livros que podem criar pontes com suas perguntas, com seus momentos vitais e comessa necessidade de construir sentido que nos impulsiona a ler, desde o começo e ao longo da vida. Internet: (com adaptações) Julgue o item a seguir, referente às estruturas linguísticas do texto 8A2-I. O emprego do sinal indicativo de crase em “às páginas de um livro” (último período do primeiro parágrafo) é facultativo, já que sua supressão não prejudicaria a correção gramatical nem o sentido original do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 104. (CEBRASPE-CESPE – 2022) A tecnologia finalmente está derrubando os muros do tradicionalismo que envolve o mundo do direito. Cercado de costumes e hábitos por todos os lados, o direito e seus opera- dores têm a fama de serem apegados a formalismos, praxes e arcaísmos resistentes a mudanças mais radicais. São práticas persistentes, passadas adiante por gerações e cultivadas como se necessárias para manter a integridade e a operacionalidade costumeira do sistema. Nem mesmo o hermético universo do direito resistiu às mudanças tecnológicas trazidas pela rede mundial de com- putadores e pela possibilidade do uso de softwares de inte- ligência artificial para análise de grandes volumes de dados. Novidades cuja aplicação foi impulsionada pelo incessan- te crescimento de demandas judiciais e pela necessidade de implementar e efetivar o sistema de precedentes qualificados. Todas essas inovações, sem dúvida nenhuma, transforma- ram o sistema de justiça como o conhecíamos e o cotidiano dos operadores do direito. O direito, o processo decisório e os julgamentos são emi- nentemente de natureza humana e dependem do ser huma- no para serem bem realizados. Assim, mesmo que os avanços tecnológicos sejam inevitáveis, todas as inovações eletrônicas e virtuais devem sempre ser implementadas com parcimônia e vistas com muito cuidado, não apenas para sempre permiti- rem o exercício de direitos e garantias, mas também para não restringirem — e, sim, ampliarem — o acesso à justiça e, sobre- tudo, para manterem a insubstituível humanidade da justiça. Rafael Muneratti. Justiça virtual e acesso à justiça. In: Revista da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul, ano 12, v. 1, n.º 28, 2021 (com adaptações) Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto ante- rior, julgue o item a seguir. A supressão do sinal indicativo de crase no vocábulo “às”, em “às mudanças tecnológicas”, prejudicaria a correção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 105. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respira- vam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque — a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras — e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transfor- mou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos. Clarice Lispector. Por não estarem distraídos In: Todas as crônicas. São Paulo: Rocco, 2018, p. 344 No que se refere às ideias e a aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item a seguir. Na oração “eles respiravam de antemão o ar que estava à fren- te”, é obrigatório o emprego do acento indicativo de crase no vocábulo “à”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 106. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A história da irrigação se confunde, na maioria das vezes, com a história da agricultura e da prosperidade econômica de inúmeros povos. Muitas civilizações antigas se originaram assim, em regiões áridas, onde a produção só era possível com o uso da irrigação. O Brasil, dotado de grandes áreas agricultáveis localizadas em regiões úmidas, não se baseou, no passado, na irrigação, embora haja registro de que, já em 1589, os jesuítas praticavam a técnica na antiga Fazenda Santa Cruz, no estado do Rio de Janeiro. Também na região mais seca do Nordeste e nos esta- dos de Minas Gerais e São Paulo, era utilizada em culturas de cana-de-açúcar, batatinha, pomares e hortas. Em cafezais, seu emprego iniciou-se na década de 50 do século passado, com a utilização da aspersão, que se mostrou particularmente interes- sante, especialmente nas terras roxas do estado de São Paulo. A irrigação, de caráter suplementar às chuvas, tem sido aplicada na região Centro-Oeste do país, especialmente em culturas perenes. Embora a região central do Brasil apresente boas médias anuais de precipitação pluviométrica, sua distribuição anual (concentrada no verão, sujeita a veranicos e escassa ou com- pletamente ausente no inverno) permite, apenas, a prática de culturas anuais (arroz, milho, soja etc.), as quais podem se desenvolver no período chuvoso e encontrar no solo um supri- mento adequado de água. Já as culturas mais perenes (como café, citrus, cana-de-açú- car e pastagem) atravessam, no período seco, fases de sensível deficiência de água, pela limitada capacidade de armazena- mento no solo, o que interrompe o desenvolvimento vegetati- vo e acarreta colheitas menores ou nulas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 41 A vantagem e a principal justificativa econômica da irri- gação suplementar estão na garantia de safra, a despeito da incerteza das chuvas. Na região Nordeste, a irrigação foi introduzida pelo gover- no federal e aparece vinculada ao abastecimento de água no Semiárido e a planos de desenvolvimento do vale do São Francisco. Ali, a irrigação é vista como importante medida para amenizar os problemas advindos das secas periódicas, que acarretam sérias consequências econômicas e sociais. No contexto das estratégias nacionais de desenvolvimento, um programa de irrigação pode contribuir para o equaciona- mento de um amplo conjunto de problemas estruturais. Com relação à geração de empregos diretos, a agricultura irrigada nordestina é mais intensiva do que nas outras regiões do país. Na região semiárida, em especial no vale do São Francisco, a irrigação tem destacado papel a cumprir, como, aliás, já ocorre em importantes polos agroindustriais da região Nordeste. A irrigação constitui-se em uma das mais importantes tec- nologias para o aumento da produtividade agrícola. Aliada a ela, uma série de práticas agronômicas deve ser devidamente considerada. Internet: (com adaptações) No que se refere aos aspectos linguísticos e às ideias do texto apresentado, julgue o item que se segue. O emprego do sinal indicativo de crase no trecho “de caráter suplementar às chuvas”, no terceiro parágrafo, é facultativo; portanto, a supressão desse sinal não prejudicaria a correção gramatical do trecho. ( ) CERTO ( ) ERRADO 107. (CEBRASPE-CESPE– 2021) Texto CB1A2 O mundo urbano já abriga mais da metade da população do planeta, e os processos de urbanização espalham global- mente, mas de forma desigual, tanto os benefícios quanto as crises da ocupação urbana do espaço. Com isso, o planeja- mento urbano e a gestão das cidades e áreas metropolitanas vêm sendo inseridos em discussões na busca de alternativas para a urbanização e para o desenvolvimento urbano, a fim de mitigar os impactos nocivos e adaptar o ordenamento ter- ritorial e a distribuição socioespacial das cidades às condições de ambiente e clima locais e regionais. O movimento de (re) pensar o planejamento das cidades para que se obtenha um modelo em que o desenvolvimento urbano possa ser mais social e ambientalmente sustentável passará a ser essencial daqui a alguns anos, considerando-se tanto as desigualda- des que esses processos carregam em si quanto os problemas ambientais e climáticos desencadeados por eles. Por um lado, uma parcela da população urbana usufrui dos avanços técnico-científicos, da infraestrutura e do conforto que a vida urbana e sua produção econômica disponibilizam; por outro lado, grande parte do mundo sofre com as consequên- cias socioeconômicas das políticas econômicas e de expansão de mercados, que promovem exclusão, desigualdade e vulne- rabilidade no mercado de trabalho e na gestão e no planeja- mento urbanos. As cidades, sejam elas grandes aglomerados, como metrópoles, ou pequenas comunidades, enquanto aglo- merações urbanas, são permeadas, em diversos níveis, por questões de desigualdade socioeconômica e questões que envolvem uma mudança de discurso para melhorar as con- dições ambientais, como propostas de consumo consciente e saneamento básico: o meio urbano e o padrão do desenvolvi- mento urbano são um desafio quando se considera promover mudanças nos padrões insustentáveis de consumo. Ana Célia Baía Araújo e Zoraide Souza Pessoa. O desafio das cidades sustentáveis: prós e contras de uma proposta para o desenvolvimento urbano. Internet: (com adaptações). Com relação aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto CB1A2, julgue o item: A correção gramatical do texto seria mantida caso se inserisse o acento indicativo de crase no vocábulo “a” presente no trecho “daqui a alguns anos” , visto que o emprego desse sinal é opta- tivo nesse caso. ( ) CERTO ( ) ERRADO 108. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1-I Desde que o almirante Pedro Álvares Cabral oficialmente descobriu a Terra de Santa Cruz, em abril de 1500, o primei- ro português a estabelecer uma marca na história mineral do Brasil foi Martim Afonso de Souza. Depois de fundar a pequena vila de São Vicente, no litoral de São Paulo, a primeira base estabelecida na América portuguesa, no ano de 1531, ele tentou descobrir ouro, prata e pedras preciosas antes de sua partida para Lisboa. Esse plano visava confirmar notícias trazi- das por quatro homens de sua comitiva sobre a existência de minas abundantes em ouro e prata na região do Rio Paraguai. Sob essa orientação, três expedições foram realizadas, todas em 1531: nas montanhas ao longo da costa do Rio de Janeiro, ao sul do estado de São Paulo e no Rio da Prata, mais ao sul. No entanto, as primeiras iniciativas para descoberta de metais e pedras preciosas em terras brasileiras falharam, devi- do às dificuldades daquela época. Apesar disso, o desejo de descobrir riquezas minerais se manteve entre os habitantes da nova colônia, estimulados pela corte portuguesa, que ofe- recia promessas de honra e reconhecimento para aqueles que encontrassem tais riquezas. Durante todo o século XVI, os portugueses usaram recur- sos financeiros, trabalho, soldados, artesãos de todos os tipos (cortadores, mineiros, construtores e até mesmo engenheiros estrangeiros) nos trabalhos de pesquisa das expedições, sob a supervisão dos governadores. Mas, infelizmente, o que foi encontrado não estava à altura do que foi despendido. Mes- mo os mais positivos resultados tiveram pouco significado econômico, tanto em termos de quantidade quanto de teor dos metais. Os depósitos eram, além de pobres, localizados em lugares remotos. Concluindo, quase candidamente, que as descobertas naquele século eram desapontadoras, o governa- dor-geral Diogo de Meneses Sequeira escreveu uma carta ao rei, afirmando que “sua Alteza precisa acreditar que as atuais minas do Brasil são compostas por açúcar e pau-brasil, muito lucrativos e com os quais o Tesouro e sua Alteza não precisam gastar um simples centavo”. Iran F. Machado e Silvia F. de M. Figueirôa. 500 anos de mineração no Brasil: breve histórico. Parte I. In: Brasil Mineral. São Paulo, n.º 186, p. 44-47, ago./2000 (com adaptações). A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o item a seguir. No trecho “devido às dificuldades” (segundo parágrafo), a supressão do acento indicativo de crase em “às” manteria a cor- reção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO Leia o texto a seguir para responder às questões 109 e 110. Texto CB1A1 A palavra sonho significa muitas coisas diferentes: “o sonho da minha vida” e “meu sonho de consumo” são expressões usadas pelas pessoas para dizer que pretendem ou consegui- ram alcançar algo. Todo mundo tem um sonho, no sentido de plano futuro. Todo mundo deseja algo que não tem. Por que será que o sonho, fenômeno normalmente noturno que tanto pode evocar o prazer quanto o medo, é justamente a palavra usada para designar tudo aquilo que se quer ter? O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos, a motivação íntima de nossa ação exterior. Desejo é o sinôni- mo mais preciso da palavra “sonho”. Na área de desembarque de um aeroporto nos Estados Unidos, uma foto enorme de um casal belo e sorridente, velejando num mar caribenho em dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde seus sonhos o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de cartão de cré- dito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como veleiros, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 42 capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos, altamente… desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo, que é igual a dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser e prin- cipalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem experimentar no mundo de regras frouxas do sonho noturno, mas que no sonho diurno é privilégio apenas dos detentores de um mágico cartão plástico. Entretanto, a rotina do trabalho diário e a falta de tempo para dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalha- dores, são cruciais para o mal-estar da civilização contempo- rânea. É gritante o contraste entre a relevância motivacional do sonho e sua banalização no mundo industrial globalizado. No século XXI, a busca pelo sono perdido envolve rastreadores de sono, colchões high-tech, máquinas de estimulação sonora, pijamas com biossensores, robôs para ajudar a dormir e uma cornucópia de remédios. A indústria da saúde do sono, um setor que cresce aceleradamente, tem valor estimado entre 30 bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim impera a insô- nia. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos diariamen- te com o toque insistente do despertador, ainda sonolentos e já atrasados para cumprir compromissos que se renovam ao infinito, se tão poucos se lembram de que sonham pela sim- ples falta de oportunidade de contemplar a vida interior, quan- do a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar da sobrevivência do sonho. E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel, sonha- -se sofregamente apesar das luzes e dos ruídos da cidade, da incessante faina da vida e da tristeza das perspectivas. Sidarta Ribeiro. O oráculo danoite: a história e a ciência do sonho São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 19-20 (com adaptações) Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1, julgue os itens que se seguem. 109. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Seriam preservados o sentido original do texto e sua correção gramatical caso o trecho ‘sonho é igual a desejo’ fosse substituído por sonhar é igual à desejar. ( ) CERTO ( ) ERRADO 110. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A correção gramatical do texto seria prejudicada caso se inserisse acento indicativo de crase na expressão “a granel”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 111. (CEBRASPE-CESPE – 2021) O Prêmio Nobel de Economia de 2017 foi concedido ao nor- te-americano Richard Thaler por suas contribuições no campo da economia comportamental. Thaler é um dos mais destacados economistas na aplicação da psicologia às análises das teorias eco- nômicas e das consequências da racionalidade limitada, das pre- ferências pessoais e da falta de autocontrole. Um desdobramento mais recente dessa área de pesquisa da economia é a aplicação de insights comportamentais às políticas públicas. Compreender os processos decisórios, os hábitos e as experiências pessoais das pessoas em situação de pobreza é essencial para o processo de elaboração de políticas públicas e a sua eficácia. É o que sugere o estudo do IPC-IG Insights comportamentais e políticas de superação da pobreza, dos pesquisadores Antonio Claret Cam- pos Filho e Luis Henrique Paiva. O estudo defende que pessoas em situações de escassez, como a pobreza, têm uma maior sobrecarga mental, pois estão sujeitas a preocupações que não afetam a vida daqueles de maior renda, como a qualidade da água consumida ou o acesso à ali- mentação. Evitar contrair empréstimos a juros altos é um exemplo da falta de autocontrole que tende a ser mais frequente e mais onerosa para os pobres. Decisões de longo prazo também ten- dem a ser negativamente afetadas pelas sobrecargas associadas à escassez, como retirar os filhos da escola para buscar algum tipo de trabalho, por conta da perda de emprego dos pais, o que acar- reta consequências negativas para toda a vida da criança. Internet: (com adaptações) No que concerne às ideias veiculadas no texto e a suas constru- ções linguísticas, julgue o item que se segue. Em “estão sujeitas a preocupações”, o emprego do sinal indica- tivo de crase no “a” prejudicaria a correção gramatical do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 112. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CG1A1-I A teoria das causas cerebrais dos transtornos mentais pas- sou gradualmente a ironizar tudo o que se relacionava com a forma de vida do sujeito, compreendida como unidade entre linguagem, desejo e trabalho. As narrativas de sofrimento da comunidade ou dos familiares com quem se vive, a própria versão do paciente, o seu “lugar de fala” diante do transtorno, tornaram-se epifenômenos, acidentes que não alteram a rota do que devemos fazer: correção educacional de pensamentos distorcidos e medicação exata. Quarenta anos depois, acordamos em meio a uma crise global de saúde mental, com elevação de índices de suicídio, medicalização massiva receitada por não psiquiatras e insufi- ciência de recursos para enfrentar o problema. Esse é o custo de desprezar a cultura como instância gerado- ra de mediações de linguagem necessárias para que enfrentemos o sofrimento antes que ele evolua para a formação de sintomas. Esse é o desserviço dos que imaginam que teatro, literatura, cinema e dança são apenas entretenimento acessório — como se a ampliação e a diversidade de nossa experiência cultural não fossem essenciais para desenvolver capacidade de escuta e habi- lidades protetivas em saúde mental. Como se eles não nos ensi- nassem como sofrer e, reciprocamente, como tratar o sofrimento no contexto coletivo e individual do cuidado de si. Christian Dunker. A Arte da quarentena para principiantes. São Paulo: Boitempo, 2020, p. 32-33 (com adaptações) Julgue o próximo item, relativos aos sentidos e aos aspectos lin- guísticos do texto CG1A1-I. Caso fosse inserido o sinal indicativo de crase no vocábulo “a”, no trecho “em meio a uma crise”, a correção gramatical do texto seria prejudicada. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ CONCORDÂNCIA (VERBAL E NOMINAL) 113. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CG1A1-I Uma organização é um sistema complexo de comunicações com um objetivo funcional. Durante sua existência e atuação, a organização vai formando uma imagem perante seus diversos públicos em função de todo um conjunto de contatos realiza- dos, e não somente pelas iniciativas planejadas de comunicação que ela toma para formar a imagem pretendida. Essa imagem, chamada imagem organizacional, pode ser descrita como uma compilação de opiniões e pontos de vista baseados em informa- ções processadas de várias fontes, ao longo do tempo, que gera uma imagem mental dos atributos da organização. Seguindo uma tendência já percebida na iniciativa priva- da, os órgãos públicos têm-se preocupado, cada vez mais, com sua imagem organizacional. A imagem organizacional pública tem valor estratégico na medida em que interfere diretamente no relacionamento da organização com diferentes atores, bem como na sua legitimação e credibilidade perante a sociedade. No entanto, apesar de sua relevância, ainda há poucos estu- dos sobre a imagem organizacional no contexto público, tanto nacional quanto internacionalmente. Quando se trata da construção da imagem de uma orga- nização, ressalta-se o papel dos veículos de imprensa. Esses veículos, ao publicarem uma notícia, atuam na associação e formação das crenças, das ideias, dos sentimentos e das impressões que uma pessoa ou um grupo tem ou passa a ter sobre aquela organização. Não obstante, a migração desses meios de comunicação para a Internet aumenta o volume de O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 43 informações em circulação e eleva o seu poder de influên- cia, uma vez que é possível acessar dados e informações de qualquer lugar e a qualquer momento, de modo a expandir a comunicação entre as pessoas e as organizações. Carolina Coelho da Silveira, Carla Bonato Marcolin e Carlos Henrique Rodrigues. Como somos vistos? Análise da imagem organizacional pública utilizando ciência de dados. Internet: (com adaptações) Julgue o item a seguir, relativo a aspectos linguísticos do texto CG1A1-I. Caso a forma verbal “há” (terceiro período do segundo parágra- fo) fosse substituída por existem, a correção gramatical e o sen- tido do texto seriam mantidos. ( ) CERTO ( ) ERRADO 114. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Há muitas especulações sobre qual meio de transporte teria sido “inventado” primeiro, desde o início da evolução humana, antes mesmo do surgimento da escrita. Referen- temente a esse período, o fato é que muito pouco pode ser comprovado, o que nos deixa com algumas hipóteses e poucas certezas. É provável que o ser humano tenha pensado em formas de solucionar problemas como transportar sua caça ou transpor obstáculos, mas afirmar com exatidão que isso se transformou em algum meio de transporte da forma como conhecemos hoje é bem mais complicado. Sabemos que o homem pré-histórico se deslocava em fun- ção do clima e da oferta de alimentos. Os pés humanos foram os primeiros responsáveis por esses deslocamentos. A melhor solução para o transporte a partir dessa época surgiu com a domesticação de animais selvagens. O homem pode ter nota- do a facilidade de lidar com determinadas espécies animais a ponto de utilizar sua força para transportar seus pertences. Oswaldo Dias dos Santos Junior. Transportes turísticos. Curitiba, InterSaberes, 2014, p. 20 (com adaptações) Julgue o item subsequente, em relaçãoaos sentidos e aspectos linguísticos do texto precedente. No início do texto, a substituição da forma verbal “Há” por Exis- te manteria os sentidos do texto, seu grau de formalidade e sua correção gramatical. ( ) CERTO ( ) ERRADO 115. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1 A governabilidade refere-se à capacidade política de gover- nar, que deriva da relação de legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade. Está presente quando a população legitima o exercício do poder pelo Estado. A legitimidade, nes- se contexto, deve ser entendida como a aceitação do poder do governo ou do Estado pela sociedade. Nesse sentido, os cidadãos e a cidadania organizada são a fonte ou a origem principal da governabilidade, ou seja, é a partir deles (e de sua capacidade de articulação em partidos, associações e demais instituições representativas) que surgem e se desenvolvem as condições para a governabilidade plena. Vinculada à dimensão estatal, governabilidade diz respei- to às condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os poderes, o sistema de intermediação de interesses. Representa, assim, um conjunto de atributos essenciais ao exercício do governo, sem os quais nenhum poder pode ser exercido. Há três dimensões inerentes ao conceito de governabili- dade: capacidade do governo de identificar problemas críticos e de formular políticas adequadas ao enfrentamento desses problemas, capacidade de mobilizar meios e recursos neces- sários à execução e à implantação das políticas públicas e capacidade de liderança do Estado, sem a qual as decisões se tornam ineficientes. A governabilidade, então, significa que o governo deve tomar decisões amparadas em um processo que inclua a participação dos diversos setores da sociedade, dos poderes constituídos, das instituições públicas e privadas e dos segmentos representativos da sociedade, para garantir que as escolhas atendam aos anseios da sociedade e contem com seu apoio na implementação de programas e projetos e na fiscali- zação dos serviços públicos. Sob esse enfoque, significa a participação dos diversos setores da sociedade nos processos decisórios que dizem respeito às ações do poder público, uma vez que incorpora a articulação do aparelho estatal ao sistema político de uma sociedade, ampliando o leque possível e indispensável à legiti- midade e ao suporte das ações governamentais em busca de sua eficácia. Em resumo, governabilidade refere-se às condições do ambiente político em que se efetivam ou se devem efetivar as ações da administração, à base de legitimidade dos governos, à credibilidade e à imagem públicas da burocracia. Desse modo, o desafio da governabilidade consiste em conciliar os muitos interesses desses atores (na maioria, divergentes) e reuni-los em um objetivo comum (ou em vários objetivos comuns) a ser perseguido por todos. Assim, a capacidade de articular-se em alianças políticas e pactos sociais constitui-se em fator crítico para a viabilização dos objetivos do Estado. Essa tentativa de articulação que a governabilidade procura é uma forma de intermediação de interesses. Thiago Antunes da Silva Conceitos e evolução da administração pública: o desenvolvimento do papel administrativo, 2017. Internet: (com adaptações) No que concerne aos aspectos linguísticos do texto CB1A1, jul- gue o próximo item. A correção gramatical do texto seria preservada caso o termo “públicas” (primeiro período do último parágrafo) estivesse fle- xionado no singular, da seguinte forma: pública. ( ) CERTO ( ) ERRADO 116. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB3A1 Em 2007, o Brasil recebeu a exposição de anatomia intitula- da Bodies revealed: fascinating + real, traduzida como Corpo humano: real e fascinante. Cerca de 670 mil pessoas de diver- sas cidades brasileiras puderam visitar a exposição na qual os objetos expostos eram nada menos do que 16 cadáveres e 225 órgãos humanos. Adentrar em um salão repleto de cadáveres estripados e mutilados deveria suscitar a mesma sensação de uma câmara dos horrores, já que os mortos são notoriamente objetos de tabu, fontes de mana, considerados impuros, peri- gosos e, não raramente, repugnantes. Entretanto, os corpos dissecados da exposição, apresentados esfolados ou fatiados, inteiros ou em partes, eviscerados ou não, e tematicamente organizados em sistemas — esquelético, muscular, nervoso, respiratório, digestório, excretor, reprodutor, circulatório — eram tratados como objetos de “arte”. Ao contrário daqueles grandes vidros de formol que distorcem a imagem do seu conteúdo desbotado, largamente usados em laboratórios e museus para conservar restos biológicos, Bodies revealed é um espetáculo cadavérico no qual corpos dissecados e partes corporais — reduzidos a formas, cores e texturas — são espe- tacularmente exibidos em pedestais, displays e caixas transpa- rentes, distribuídos meticulosamente em espaços organizados e iluminados para realçar suas formas e cores. Há um evidente sensacionalismo mórbido nas exposições de corpos humanos, visto que não haveria o mesmo impacto se os corpos expostos fossem sintéticos ou de animais. Isto evidencia o fato de que a relação que se estabelece entre nós, espectadores, e os cadáveres expostos tem uma dimensão social, distinta da que teríamos se fossem apenas modelos de plástico ou cera, ainda que reproduções perfeitas, ou de um cadáver animal, qualquer que seja a técnica de conservação. As exposições de corpos humanos até podem oferecer motiva- ções mais nobres do que o simples entretenimento mórbido, mas sem abrirem mão da morbidez como peça fundamental O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 44 do espetáculo. Com efeito, o tom geral daqueles que defen- dem essas exposições apela para a utilidade educativa de se usarem corpos humanos reais, dissecados e modelados, em posições didáticas, pois essa técnica possibilita o acesso a “espécimes” cuja riqueza de detalhes e de informações era antes acessível apenas aos anatomistas. Internet: (com adaptações) A respeito de aspectos linguísticos do texto CB3A1, julgue o item que se segue. Caso a forma verbal “tem” (segundo período do segundo pará- grafo) fosse grafada com acento circunflexo — têm —, de forma a concordar com a expressão “os cadáveres expostos”, que a antecede, as relações sintáticas entre os termos seriam altera- das, mas a correção gramatical seria mantida. ( ) CERTO ( ) ERRADO 117. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CG2A1-I Até você terminar de ler este parágrafo, mais um aciden- te de trabalho será notificado no Brasil. Em menos de quatro horas, mais uma pessoa morrerá em decorrência de um des- ses acidentes. Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab), que consideram apenas regis- tros envolvendo pessoas com carteira assinada, os acidentes e as mortes, no Brasil, cresceram nos últimos dois anos. Em 2020, foram 446.881 acidentes de trabalho notificados; em 2021, o número subiu 37%, alcançando 612.920 notificações. Em 2020, 1.866 pessoas morreram nessas ocorrências; no ano passado, foram 2.538 mortes, um aumento de 36%. Na avaliação do ministro Alberto Balazeiro, as situações de precarização do trabalho tendem a gerar mais acidentes, e estudos mostram que trabalhadores terceirizados estão mais suscetíveis a condições de risco e à falta de políticas adequadas de prevenção. “Além disso, situações de crise levam emprega- dores a, inadvertidamente, esquecer ou não investir em medi- das de proteção coletiva e eliminação de riscos”, assinala. Por ano, os acidentes de trabalho representam perdas financeiras na média de R$ 13 bilhões.O montante considera valores pagos pelo INSS em benefícios de natureza acidentária. Além disso, mais de 46 mil dias de trabalho são perdidos, con- tabilizando-se todos aqueles em que as pessoas não trabalha- ram em razão de afastamentos previdenciários acidentários. Natália Pianegonda. Acidentes de trabalho matam ao menos uma pessoa a cada 3 h 47 min no Brasil. Justiça do Trabalho/CSJT. 28 abr. 2023 (com adaptações). A respeito de aspectos linguísticos do texto CG2A1-I, julgue o item a seguir. O sentido original e a correção gramatical do último período do texto seriam preservados se o trecho “Além disso, mais de 46 mil dias de trabalho são perdidos” fosse assim reescrito: Além disso, perde-se mais de 46 mil dias de trabalho. ( ) CERTO ( ) ERRADO 118. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Uma vez estabelecida a ordem política, a caminhada civili- zatória deu seus primeiros passos e, com o início de sua orga- nização em vilas, aldeias, comunas ou cidades, houve também a necessidade de criar poderes instrumentais para que alguns de seus integrantes gerissem os interesses coletivos. Os ins- trumentos de controle surgiram, então, muito antes do Estado moderno e apontam para a Antiguidade. No Egito, a arrecadação de tributos já era controlada por escribas; na Índia, o Código de Manu trazia normas de admi- nistração financeira; o Senado Romano, com o auxílio dos questores, fiscalizava a utilização dos recursos do Tesouro; e, na Grécia, os legisperitos surgiram como embriões dos atuais tribunais de contas. Com o nascimento do estado democrático de direito, tor- na-se inseparável dele a ideia de controle, visto que, para que haja estado de direito, é indispensável que haja instituições e mecanismos hábeis para garantir a submissão à lei. Desde então, consolidou-se, majoritariamente, a existência de dois sistemas de controle no mundo: o primeiro, de origem anglo- -saxã, denominado sistema de controladorias ou sistema de auditoriasgerais; e o segundo, de origem romano-germânica, denominado sistema de tribunais de contas. A finalidade tradicional desses modelos de controle, que se convencionou chamar de entidade de fiscalização supe- rior (EFS), é assegurar que a administração pública atue em consonância com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, cuja finalidade principal é defender os interesses da coletividade. No Brasil, a arquitetura constitucio- nal dedicou aos tribunais de contas essa tarefa. Rodrigo Flávio Freire Farias Chamoun. Os tribunais de contas na era da governança pública: focos, princípios e ciclos estratégicos do controle externo. Internet: (com adaptações). Considerando as ideias e os aspectos linguísticos do texto pre- cedente, julgue o item a seguir. Sem prejuízo para a correção gramatical do segundo período do terceiro parágrafo, o segmento “consolidou-se” poderia ser substituído por consolidaram-se, caso em que a concordância verbal passaria a se dar com o termo “dois sistemas de controle”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 119. (CEBRASPE-CESPE – 2022) A comunicação tem-se transformado em um setor estratégico da economia, da política e da cultura. Da guerra, ela sempre o foi. A inclusão da informação e da comunicação nas estratégias bélicas tem aumentado no correr de milênios. No século VII a.C., o chinês Sun Tzu, em A arte da guerra, dizia que “toda guerra é embasada em dissimulação”, referindo-se à distribuição de informações falsas. Contudo, quem mais desenvol- veu esse conceito foi o general prussiano Carl von Clausewitz, em seu amplo tratado Da guerra (Vom Kriege), publicado em 1832. No capítulo VI, Clausewitz afirma: “Grande parte das notícias recebidas na guerra é contraditória, uma parte ainda maior é falsa e a maior parte de todas é incerta. Em suma, a maioria das notícias é falsa, e o medo do ser humano reforça a mentira e a inverdade. As pessoas conscientes que seguem as insinuações alheias tendem a perma- necer indecisas no lugar; acreditam ter encontrado as circunstân- cias distintas do que imaginavam. Na guerra, tudo é incerto, e os cálculos devem ser feitos com meras grandezas variáveis. Eles dire- cionam a observação apenas para magnitudes materiais, enquan- to todo o ato de guerra está imbuído de forças e efeitos espirituais”. Trata-se de desinformar, e não de informar. A desinformação é a informação falsa, incompleta, desorientadora. É propagada para enganar um público determinado. Seu fim último é o isolamento do inimigo em um conflito concreto, é o de mantê-lo em um cerco informativo. Os nazistas levaram essa estratégia do engano quase à perfeição. Atualmente, pratica-se tanto o cerco econômico, militar e diplomático quanto o informativo. Já não se trata apenas de isolar o inimigo. As novas tecnologias permitem aos militares intervir nos conflitos bélicos a distância, direcionando até mesmo os foguetes com a ajuda de GPS, a partir de um satélite. A telecomunicação mili- tar apoiada em satélites e a eletrônica determinarão as guerras do futuro imediato. Fala-se já de bombas eletrônicas (E) que podem paralisar estabelecimentos neurais da sociedade moderna, como hospitais, centrais elétricas, oleodutos etc., destruindo os seus cir- cuitos eletrônicos. Parece que hoje já se pode fazer a guerra sem bombas atômicas. As bombas E do tipo FCG (flux compression generator — gerador de compressão de fluxo), cujo emprego não está limitado às grandes potências bélicas, têm o mesmo efeito e fazem parte dos arsenais de alguns exércitos, e consistem em com- primir, mediante uma explosão, um campo eletromagnético, como um raio, sem os custos, os efeitos colaterais ou o enorme alcance de um dispositivo de pulso eletromagnético nuclear. Vicente Romano. Presente e futuro imediato das telecomunicações. São Paulo em Perspectiva. Internet: (com adaptações). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 45 Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CB4A1-I, julgue o próximo item. No terceiro período do primeiro parágrafo, seria gramatical- mente correto incluir acento diferencial na forma verbal “tem” — escrevendo-se têm — a fim de que a concordância verbal pas- sasse a ser estabelecida com os termos “da informação” e “da comunicação”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 120. (CEBRASPE-CESPE – 2022) É notável que todo o percurso filosófico desenvolvido por Karl Popper trouxe grandes contribuições para a epistemolo- gia da primeira metade do século XX, bem como críticas ao positivismo lógico, pensamento que era considerado na época como imperioso. Nas páginas das obras do filósofo austríaco, constata-se não só seu incômodo perante os problemas da indução e do verificacionismo, mas também a preocupação epistemológica, ética, social e política, isto é, formas de veri- ficar e observar — empirismo — os objetos na natureza de modo racional. Essas questões pressupõem não somente seu modo de compreender e tentar solucionar problemas filosófi- cos, mas também o que foi enfatizado diversas vezes em seus escritos, que é esta a proposta da busca de um mundo melhor: a defesa de uma sociedade aberta, crítica e libertária. De início, vale considerar a análise da tolerância como fundamento do método falseacionista, do racionalismo crítico e da prática polí- tica no pensamento de Karl Popper. Nancy Nunes de Souza e Bortolo Valle. Karl Popper: conhecimento e tolerância. Curitiba: CRV, 2017 (com adaptações). No que se refere às ideias e a aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item a seguir. No primeiro período, faz-se um elogio à obra de Karl Popper pelo emprego do adjetivo “notável”, o qual estabelece concor- dância com o termo “todo o percurso filosófico desenvolvido por Karl Popper”, qualificando-o.( ) CERTO ( ) ERRADO 121. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-II As plantas, os animais domésticos e os produtos deles obtidos (frutas, ervas, carnes, ovos, queijos etc.) pertencem aos mais antigos produtos comercializáveis. A palavra latina para dinheiro, pecunia, deriva da relação com o gado (pecus). Esse comércio é provavelmente tão antigo quanto a divisão do trabalho entre agricultores e criadores de gado. Embora ini- cialmente o comércio e a distribuição econômica de produtos de colheita fossem geograficamente bem delimitados, eles conduziram a uma difusão cada vez mais ampla das semen- tes, desenvolvendo-se, então, um número cada vez maior de variações. Sem milênios de constantes contatos entre os povos e sem o trânsito intercontinental, o nosso cardápio teria uma aparência bastante pobre. Das aproximadamente trinta plan- tas que constituem os recursos de nossa alimentação básica, quase todas têm sua origem fora da Europa e provêm, pre- dominantemente, de regiões que hoje enumeramos entre os países em desenvolvimento. Já que hoje as plantas nutritivas domésticas são cultivadas em praticamente todas as regiões habitadas, a humanida- de também poderia alimentar-se, se o comércio de produtos agrários se limitasse a áreas menores, de proporção regional. O transporte de gêneros alimentícios por distâncias maiores se justifica, em primeiro lugar, para prevenir e combater epide- mias de fome. Há, sem dúvida, uma série de razões ulteriores em favor do comércio mundial de gêneros alimentícios: a falta de arroz, chá, café, cacau e muitos temperos em nossos super- mercados levaria a um significativo empobrecimento da culi- nária, coisa que não se poderia exigir de ninguém. O comércio internacional com produtos agrícolas aporta, além disso, às nações exportadoras a entrada de divisas, facilitando o paga- mento de dívida. E, em muitos lugares, os próprios trabalhado- res rurais e pequenos agricultores tiram proveito da venda de seus produtos a nações de alta renda, sobretudo quando ela ocorre segundo os critérios do comércio equitativo. Thomas Kelssering. Ética, política e desenvolvimento humano: a justiça na era da globalização. Tradução: Benno Dischinger. Caxias do Sul, RS: EDUCS, 2007, p. 209-10 (com adaptações). Considerando as ideias e propriedades linguísticas do texto CG1A1-II, julgue o próximo item. No último período do primeiro parágrafo, as formas verbais “têm” e “provêm” estabelecem concordância com o mesmo ter- mo: “todas”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 122. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Você já deu uma olhada nas classificações internacionais de países mais felizes do mundo recentemente? Mensurar o subjetivo nível de felicidade de um país tem se tornado um verdadeiro esporte internacional. As pessoas olham com inte- resse (e um pouco de ciúmes) para nações como a Dinamarca, que costumam aparecer no topo das listas. Mas viver em uma das nações mais felizes do mundo é tudo isso? O que acontece se você luta para encontrar ou man- ter a felicidade em um mar de pessoas (supostamente) felizes? Em certa pesquisa publicada em uma revista científica, des- cobriu-se que, nos países com os mais altos níveis de felicida- de, as pessoas também são mais propensas a experimentarem certo mal-estar diante da pressão social para serem felizes. Dessa forma, viver em países felizes pode ser algo bom para muitos, mas para outros pode representar um fardo e ter um efeito oposto. Em outra pesquisa, foram entrevistadas 7.443 pessoas de 40 países sobre bem-estar emocional, satisfação com a vida (bem-estar cognitivo) e reclamações de humor (bem-estar clíni- co). Depois, suas respostas foram comparadas com as percep- ções delas sobre a pressão social para a positividade. O que se descobriu confirmou resultados prévios. Quando as pessoas afirmam sentir pressão para serem felizes e evitar a tristeza, elas tendem a apresentar déficits na saúde mental, ou seja, elas sentem uma menor satisfação com a própria vida, mais emoções negativas, menos emoções positivas e altos níveis de depressão, ansiedade e estresse. Brock Bastian e Egon Dejonckheere. Países com maiores índices de felicidade podem tornar pessoas infelizes. Internet: (com adaptações). Julgue o seguinte item, relativo às ideias e a aspectos linguísti- cos do texto anterior. No primeiro parágrafo, a forma verbal “costumam”, em “costu- mam aparecer”, está empregada no plural porque estabelece concordância com o termo “As pessoas”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 123. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A Casa de Detenção Feminina era antiquada, embolorada, lúgubre e sombria. O chão da sala de admissão era de cimento, sem pintura, com a sujeira dos sapatos de milhares de prisio- neiras, policiais e inspetoras de polícia incrustada na superfície. Disseram para eu me sentar no banco da frente, na fileira da direita. De repente, ouviu-se um estrondo do lado de fora do portão. Várias mulheres se aproximavam da entrada, espe- rando que o portão de ferro se abrisse. Enquanto as mulheres que tinham voltado do tribunal estavam em pé do lado de fora dos portões de ferro, fui levada para fora da sala. Lá, havia o mesmo piso de cimento imundo, paredes de azulejos amarelados descorados e duas escriva- ninhas velhas de escritório. Uma inspetora branca e robusta estava no comando. Quando eu descobri, entre os papéis gru- dados na parede, um cartaz de pessoas procuradas pelo FBI com a minha fotografia e descrição, ela o arrancou de lá. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 46 Eu ainda estava esperando naquela sala suja quando hou- ve a troca de turno. Outra agente prisional foi enviada para me vigiar. Ela era negra, jovem — mais nova do que eu —, usa- va cabelos crespos naturais e, ao se aproximar, não demons- trou nenhum tipo de arrogância. Foi uma experiência que me desarmou. No entanto, não foi o fato de ela ser negra que me surpreendeu, foi seu comportamento: sem agressividade e aparentemente solidário. Imaginando que eu pudesse ser capaz de obter dela alguma informação sobre a minha situação, perguntei por que a demora era tão longa. Ela não sabia detalhes, disse, mas achavaque esta- vam tentando decidir como me manteriam separada da popula- ção prisional. Seu pressentimento era de que eu seria colocada na área da prisão reservada para mulheres com transtornos psi- cológicos. Olhei para ela com incredulidade. Para mim, prisão era prisão — não existia gradação de melhor ou pior. Angela Y. Davis. Uma autobiografia. Heci Regina Candiani (Trad.). 1.ª ed. São Paulo: Boitempo, 2019 (com adaptações) Com referência às ideias e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item a seguir. Sem prejuízo da correção gramatical do texto, a primeira ocorrência da preposição “de”, no trecho “com a sujeira dos sapatos de milha- res de prisioneiras”, poderia ser substituída por “dos”, da seguinte forma: com a sujeira dos sapatos dos milhares de prisioneiras. ( ) CERTO ( ) ERRADO 124. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1 A palavra sonho significa muitas coisas diferentes: “o sonho da minha vida” e “meu sonho de consumo” são expressões usadas pelas pessoas para dizer que pretendem ou consegui- ram alcançar algo. Todo mundo tem um sonho, no sentido de plano futuro. Todo mundo deseja algo que não tem. Por que será que o sonho, fenômeno normalmente noturno que tanto pode evocar o prazer quanto o medo, é justamente a palavra usada para designar tudo aquilo que se quer ter? O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos, a moti- vação íntima de nossa ação exterior. Desejo é o sinônimo mais preciso da palavra “sonho”. Na área de desembarque de um aero- porto nos Estados Unidos, uma foto enorme de um casalbelo e sorridente, velejando num mar caribenho em dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde seus sonhos o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de cartão de crédito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como veleiros, capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos, altamente… desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo, que é igual a dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser e principalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem experimentar no mundo de regras frou- xas do sonho noturno, mas que no sonho diurno é privilégio ape- nas dos detentores de um mágico cartão plástico. Entretanto, a rotina do trabalho diário e a falta de tempo para dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalhadores, são cruciais para o mal-estar da civilização contemporânea. É gritante o contraste entre a relevância motivacional do sonho e sua bana- lização no mundo industrial globalizado. No século XXI, a busca pelo sono perdido envolve rastreadores de sono, colchões high- -tech, máquinas de estimulação sonora, pijamas com biossenso- res, robôs para ajudar a dormir e uma cornucópia de remédios. A indústria da saúde do sono, um setor que cresce aceleradamen- te, tem valor estimado entre 30 bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim impera a insônia. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos diariamente com o toque insistente do desperta- dor, ainda sonolentos e já atrasados para cumprir compromissos que se renovam ao infinito, se tão poucos se lembram de que sonham pela simples falta de oportunidade de contemplar a vida interior, quando a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar da sobrevivência do sonho. E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel, sonha-se sofregamente apesar das luzes e dos ruídos da cidade, da inces- sante faina da vida e da tristeza das perspectivas. Sidarta Ribeiro. O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 19-20 (com adaptações) Considerando os aspectos linguísticos do texto CB1A1, julgue o item seguinte. No trecho “a rotina do trabalho diário e a falta de tempo para dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalhadores, são cruciais para o mal-estar da civilização contemporânea”, o pronome “que” exerce a função de sujeito das formas verbais “acometem” e “são”, as quais estão empregadas no plural por- que concordam com o antecedente desse pronome: o sujeito composto “a rotina do trabalho diário e a falta de tempo”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 125. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Assim como todas as florestas, os trechos arborizados do Ártico às vezes se incendeiam. Mas, ao contrário de mui- tas florestas localizadas em latitudes médias, que prosperam ou até mesmo necessitam de fogo para preservar sua saúde, as florestas árticas evoluíram para que queimassem apenas esporadicamente. As mudanças climáticas, contudo, estão remodelando essa frequência. Na primeira década do novo milênio, os incêndios queimaram, em média, 50% mais área plantada no Ártico por ano do que em qualquer outra década do século XX. Entre 2010 e 2020, a área queimada continuou a aumentar, princi- palmente no Alasca, tendo 2019 sido um ano ruim em relação aos incêndios na região; além disso, o ano de 2015 foi o segun- do pior ano da história do local. Os cientistas descobriram que a frequência de incêndios atual é mais alta do que em qual- quer outro momento desde a formação das florestas boreais, há cerca de três mil anos, e possivelmente seja a maior nos últimos 10 mil anos. Os incêndios nas florestas boreais podem liberar ainda mais carbono do que incêndios semelhantes em locais como Califórnia ou Europa, porque os solos sob as florestas em lati- tude elevada costumam ser compostos por turfa antiga, que possui carbono em abundância. Em 2020, os incêndios no Árti- co liberaram quase 250 megatoneladas de dióxido de carbono, cerca da metade emitida pela Austrália em um ano em decor- rência das atividades humanas e cerca de 2,5 vezes mais do que a histórica temporada recordista de incêndios florestais de 2020 na Califórnia. Internet: (com adaptações) No que se refere às ideias e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item que se seguem. No parágrafo, a forma verbal “podem” está flexionada no plural porque concorda com “florestas boreais”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 126. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CG1A1-I A teoria das causas cerebrais dos transtornos mentais pas- sou gradualmente a ironizar tudo o que se relacionava com a forma de vida do sujeito, compreendida como unidade entre linguagem, desejo e trabalho. As narrativas de sofrimento da comunidade ou dos familiares com quem se vive, a própria versão do paciente, o seu “lugar de fala” diante do transtorno, tornaram-se epifenômenos, acidentes que não alteram a rota do que devemos fazer: correção educacional de pensamentos distorcidos e medicação exata. Quarenta anos depois, acordamos em meio a uma crise global de saúde mental, com elevação de índices de suicídio, medicalização massiva receitada por não psiquiatras e insufi- ciência de recursos para enfrentar o problema. Esse é o custo de desprezar a cultura como instância gera- dora de mediações de linguagem necessárias para que enfren- temos o sofrimento antes que ele evolua para a formação de sintomas. Esse é o desserviço dos que imaginam que teatro, literatura, cinema e dança são apenas entretenimento acessó- rio — como se a ampliação e a diversidade de nossa experiência cultural não fossem essenciais para desenvolver capacidade de escuta e habilidades protetivas em saúde mental. Como se eles O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 47 não nos ensinassem como sofrer e, reciprocamente, como tratar o sofrimento no contexto coletivo e individual do cuidado de si. Christian Dunker. A Arte da quarentena para principiantes São Paulo: Boitempo, 2020, p. 32-33 (com adaptações) Julgue o próximo item, relativos aos sentidos e aos aspectos lin- guísticos do texto CG1A1-I. No parágrafo, o termo “tornaram-se” concorda com “narrativas”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 127. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto 14A1-I As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equiva- lentes quanto ao que podem expressar, e o fazem com igual facilidade (embora lançando mão de recursos bem diferentes). Entretanto, dois fatores dificultam a aplicação de algumas lín- guas a certos assuntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulá- rio; outro, subjetivo, a existência de preconceitos. É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma língua dos méritos (culturais, científicos ou literários) daquilo que ela serve para expressar. Por exemplo, se a literatura fran- cesa é particularmente importante, isso não quer dizer que a língua francesa seja superior às outras línguas para a expres- são literária. O desenvolvimento de uma literatura é decor- rência de fatores históricos independentes da estrutura da língua; a qualidade da literatura francesa diz algo dos méritos da cultura dos povos de língua francesa, não de uma imaginá- ria vantagem literária de se utilizar o francês como veículo de expressão. Victor Hugo poderia ter sido tão importante quanto foi mesmo se falasse outra língua — desde que pertencesse a uma cultura equivalente, em grau de adiantamento, riqueza de tradição intelectual etc., à cultura francesa de seu tempo. Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos cien- tíficos da contemporaneidade são as instituições e os pesqui- sadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica internacional. Todavia, se os fatores históricos que produziram a supremacia científica norte-americana se tivessem verificado, por exemplo, na Holanda,o holandês nos estaria servindo exa- tamente tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês traços estruturais intrínsecos que o façam superior ao holandês como língua adequada à expressão de conceitos científicos. Não se conhece caso em que o desenvolvimento da supe- rioridade literária ou científica de um povo possa ser claramen- te atribuído à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, as grandes literaturas e os grandes movimentos científicos surgem nas grandes nações (as mais ricas, as mais livres de restrições ao pensamento e também — ai de nós! — as mais poderosas política e militarmente). O desenvolvimento dos diversos aspectos materiais e culturais de uma nação se dá mais ou menos harmoniosamente; a ciência e a arte são tam- bém produtos da riqueza e da estabilidade de uma sociedade. O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de não desenvolverem vocabulário técnico e científico suficiente para acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem che- gar a ser muito grande, os próprios falantes acabarão optando por utilizar uma língua estrangeira ao tratarem de assuntos científicos e técnicos. Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua para fazer ciência). In: Ciência Hoje, 1994 (com adaptações) A respeito dos aspectos gramaticais do texto 14A1-I, julgue o item a seguir. No parágrafo, o vocábulo “produtos” está flexionado no plural porque concorda com o sujeito composto “a ciência e a arte”. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ COERÊNCIA. COESÃO (ANÁFORA, CATÁFORA, USO DOS CONECTORES — PRONOMES RELATIVOS, CONJUNÇÕES ETC.) Leia o texto a seguir para responder às questões 128 a 130. Texto 20A1-I Um contraste não menos nítido que o da oposição dos sexos é o fornecido pela oposição das classes em determinada sociedade, a qual tende a se revelar por meio de certos sinais exteriores como a vestimenta, as maneiras, a linguagem, che- gando mesmo a refletir-se no modo pelo qual as pessoas se distribuem no espaço geográfico. É assim que podemos, por assim dizer, visualizar as sutis diferenças que separam os seres entre si, pois elas aqui e ali se petrificam, as diversas áreas residenciais urbanas simboli- zando as diversas classes sociais, os indivíduos espalhando-se pelos bairros de uma cidade de acordo com os grupos a que pertencem, como se procurassem, através de uma unidade local, reforçar a identidade de usos e costumes, de hábitos e mentalidade. Como se, numa existência de aproximação cons- tante e frequente confusão de seres de estratos diversos a que a vida urbana nos obriga, fosse necessário, para preservar uma demarcação social existente, mas ameaçada, reforçar a todo momento uma realidade imponderável, cuja exteriorização conferisse a cada um uma segurança maior. No entanto, à maneira de uma radiografia que nos reve- la, na sua nitidez, detalhes imperceptíveis ao olho nu, mas que, sendo estática, não retém a vida, o palpitar do coração, o fluir constante do sangue nas artérias, enfim, os fenômenos fisiológicos que se produzem no interior do nosso corpo, os esquemas da sociedade também não nos fazem suspeitar a luta surda e subterrânea dos grupos, a ininterrupta substitui- ção dos indivíduos num arcabouço mais ou menos fixo. Pois a separação de classes não é rígida como a que existe entre as castas. A classe é aberta e percorrida por um movi- mento contínuo de ascensão e descida, o qual afeta constan- temente a sua estrutura, colocando os indivíduos de maneira diversa, uns em relação aos outros. A sociedade do século XIX, ao contrário daquela que a precedeu, não opõe mais, nem mesmo entre a burguesia e a nobreza, barreiras intransponí- veis, preservadas pelo próprio Estado por meio das leis suntuá- rias ou das questões de precedência e de nível. Essa possibilidade nova de comunicação entre os grupos substitui a antiga fixidez, ou melhor, a fixidez relativa da estru- tura social, por uma constante mobilidade, fazendo com que a sociedade se assemelhe, na admirável comparação de Proust, “aos caleidoscópios que giram de tempos em tempos, colocan- do sucessivamente de maneira diversa elementos que acredi- távamos imóveis, e compondo uma outra figura”. Gilda de Melo e Sousa. O espírito das roupas: a moda no século XIX. São Paulo/Rio de Janeiro: Cia das Letras/Ouro Sobre Azul, 2019, p. 111-112. (com adaptações) Considerando as relações coesivas e de sentido entre termos empregados no texto 20A1-I, julgue os itens a seguir. 128. (CEBRASPE-CESPE – 2023) No trecho “confusão de seres de estratos diversos” (segundo parágrafo), o vocábulo “estratos” está, sintática e semanticamente, vinculado a “seres” por uma relação de contraste. ( ) CERTO ( ) ERRADO 129. (CEBRASPE-CESPE – 2023) No último parágrafo, a palavra “nova” qualifica uma novidade empreendida em tempo passado ao da produção do texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 48 130. (CEBRASPE-CESPE – 2023) As expressões “por assim dizer” (segundo parágrafo) e “enfim” (terceiro parágrafo) são emprega- das, no texto, com funções textuais e significados equivalentes. ( ) CERTO ( ) ERRADO 131. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB3A1-I Ao final do período de revoluções e guerras que caracteriza- ram a virada do século XVIII para o XIX, os recém-emancipados paí- ses da América e os antigos Estados europeus se viram diante da necessidade de criar estruturas de governo, marcando a transição do Antigo Regime ao constitucionalismo e do colonialismo à inde- pendência. Os arquitetos da nova ordem se inspiraram em fontes antigas e modernas: de Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) e Políbio (c.200 a.C. – c.118 a.C.) a John Locke (1632 – 1704) e Montesquieu (1689 – 1755). Um dos principais problemas com os quais lideran- ças e pensadores políticos se confrontaram estava materializado em uma passagem do poeta satírico romano Juvenal (c.55 – c.127), em que se lê: “Quis custodiet ipsos custodes?”, traduzida como “Quem vigia os vigias?” ou “Quem controla os controladores?”. “Uma coisa é teorizar sobre a separação em três poderes, como lemos em Montesquieu. Outra coisa é colocar em prática”, observa a historiadora Monica Duarte Dantas, do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. “Aí surgem os problemas, porque um poder pode tentar assumir as atribuições de outro. Não era possível antever todas as questões que iriam aparecer, até porque havia assuntos que diziam respeito a mais de um poder. Na prática, era preciso definir a quem competia o quê. Essas questões emergiram rapidamente nos séculos XVIII e XIX, quando se tentou colocar em prática a separação de poderes.” Alguém que acompanhasse os trabalhos de elaboração de textos constitucionais no início do século XIX não necessariamen- te apostaria que, ao final desse período, estaria consolidado um modelo de organização do Estado em que o poder se desdobraria em três partes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, conforme apresentado pelo filósofo francês Montesquieu em O espírito das leis (1748). Havia projetos com quatro, cinco ou até mais pode- res. Na França, o filósofo político franco-suíço Benjamin Constant (1767 – 1830) imaginou meia dezena: o Judiciário, o Executivo, dois poderes representativos, correspondentes ao Legislativo — o da opinião (Câmara Baixa) e o da tradição (Câmara Alta) —, e um poder “neutro”, exercido pelo monarca. O revolucionário vene- zuelano Simon Bolívar (1783 – 1830) chegou a formular a ideia, em 1819, de um “poder moral” que deveria cuidar, sobretudo, de educação. As mesmas preocupações estavam na cabeça dos deputa- dos na primeira Assembleia Constituinte do Brasil, em 1823. Até que, em novembro, o conflito de poderes se concretizou: tropas enviadas pelo imperador Dom Pedro I (1789 – 1834) dissolveramÆ EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS DA ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS NO CENÁRIO MUNDIAL ........................... 132 Æ EVOLUÇÃO DA ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS NO CONTEXTO NACIONAL ..................................................132 Æ OBJETIVOS, FUNÇÕES E DESAFIOS DA ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS ..........................................................132 Æ GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE PESSOAS .................................. 133 Æ PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE DE LINHA E FUNÇÃO DE STAFF ..............................................................134 Æ SUBSISTEMAS DE GESTÃO DE PESSOAS ................................................................................................................135 Æ RECRUTAMENTO (GESTÃO DE PESSOAS) ..............................................................................................................135 Æ SELEÇÃO (GESTÃO DE PESSOAS) ...........................................................................................................................135 Æ ANÁLISE E DESENHO DE CARGOS ..........................................................................................................................135 Æ DESEMPENHO ............................................................................................................................................................135 Æ REMUNERAÇÃO (ADMINISTRAÇÃO GERAL) .........................................................................................................137 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Æ BENEFÍCIOS E INCENTIVOS ......................................................................................................................................137 Æ TREINAMENTO, DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO (TDEE) ..............................................................................137 Æ GABARITO ...................................................................................................................................................................137 GESTÃO DE CONTRATOS ...................................................................................... 139 Æ DIREITO ADMINISTRATIVO — DURAÇÃO DOS CONTRATOS (ARTS. 105 A 114 DA LEI Nº 14.133, DE 2021) .......................................................................................................................................................................139 Æ EXECUÇÃO DOS CONTRATOS (ARTS. 115 A ART. 123 DA LEI Nº 14.133, DE 2021) ........................................139 Æ INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 5, DE 2017 (ANTIGA IN Nº 2, DE 2008) ...............................................................140 Æ DIREITO CIVIL — PRINCÍPIOS CONTRATUAIS NO CÓDIGO CIVIL .....................................................................141 Æ CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS .........................................................................................................................141 Æ PRELIMINARES E DA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS (ARTS. 421 A 435) .........................................................141 Æ DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS (ARTS. 441 A 446) ......................................................................................................141 Æ A EVICÇÃO (ARTS. 447 A 457) ...................................................................................................................................141 Æ CONTRATO PRELIMINAR (ARTS. 462 A 466) .........................................................................................................141 Æ DO DISTRATO E DA CLÁUSULA RESOLUTIVA (ARTS. 472 A 475) .......................................................................142 Æ EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO (ARTS. 476 E 477) .........................................................................142 Æ DA RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA (ARTS. 478 A 480) ...............................................................142 Æ QUESTÕES MESCLADAS DOS CONTRATOS EM GERAL (ARTS. 421 A 480) ......................................................142 Æ GABARITO ...................................................................................................................................................................142 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 11 LÍNGUA PORTUGUESA Æ ORTOGRAFIA - CASOS GERAIS E EMPREGO DAS LETRAS 1. (CEBRASPE-CESPE – 2022) A palavra “consequências ”pode ser grafada, de acordo com a ortografia oficial, com o uso do trema: conseqüências. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ ACENTUAÇÃO 2. (CEBRASPE-CESPE – 2023) As palavras ‘lá’ e ‘também’ são acentuadas graficamente em razão de regras de acentuação distintas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 3. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Os vocábulos “fáceis” e “possíveis” recebem acento por serem paroxítonas terminadas em ditongo oral. ( ) CERTO ( ) ERRADO 4. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Em 1978, recebi o título de doutor honoris causa da Sor- bonne. Dei, então, um testemunho pessoal, aproveitando a oportunidade única de autoapreciação que a velha Universida- de me abria. Sendo quem sou, jamais a perderia. “Senhoras e senhores: Obrigado. Muito obrigado pelo honroso título que me conferem. Eu me pergunto se o mereci. Talvez sim, não, cer- tamente, por qualquer feito, ou qualidade minha. Sim, como consolidação de meus muitos fracassos. Fracassei como antropólogo no propósito mais generoso que me propus: salvar os índios do Brasil. Sim, simplesmente salvá-los. Isto foi o que quis. Isto é o que tento há trinta anos. Sem êxito. Fracassei também na minha principal meta como Ministro da Educação: a de pôr em marcha um programa educacional que permitisse escolarizar todas as crianças brasileiras. Elas não foram escolarizadas. Menos da metade das nossas crian- ças completam quatro séries de estudos primários. Fracassei, por igual, nos dois objetivos maiores que me propus como político e como homem do governo: o de realizar a reforma agrária e de pôr sob o controle do Estado o capital estrangeiro de caráter mais aventureiro e voraz. Outro fracasso meu, nosso, que me dói especialmente rememorar neste augusto recinto da Sorbonne foi o de rei- tor da Universidade de Brasília. Tentamos lá, com o melhor da intelectualidade brasileira, e tentamos em vão, dar à nova capital do Brasil a universidade necessária ao desenvolvi- mento nacional autônomo. Ousamos ali — e esta foi a maior façanha da minha geração — repensar radicalmente a univer- sidade, como instituição central da civilização, com o objetivo de refazê-la desde as bases. Refazê-la para que, em vez de ser universidade-fruto, reflexo do desenvolvimento social e cultu- ral prévio da sociedade que mantém, fosse uma universidade- -semente, destinada a cumprir a função inversa, de promover o desenvolvimento. Nosso propósito era plantar na cidade-capital a sede da consciência crítica brasileira que para lá convocasse todo o saber humano e todo élan revolucionário, para a única missão que realmente importa ao intelectual dos povos que fracassa- ram na história: a de expressar suas potencialidades por uma civilização própria. O que pedíamos à Universidade de Brasília é que se orga- nizasse para atuar como um acelerador da história, que nos ajudasse a superar o círculo vicioso do subdesenvolvimen-a assembleia. Em março do ano seguinte, quando o imperador outorgou a primeira Constituição brasileira, ela se afastava pouco do projeto elaborado em 1823, mas continha uma diferença cru- cial: os poderes eram quatro e incluíam um Moderador. Entretanto, só em dois países esse quarto poder chegou a ser formalmente inscrito no texto constitucional, como uma ins- tituição em separado. O Brasil, com o título 5.º da Constituição de 1824, e Portugal, em 1826, com a Carta Constitucional outorgada também por Dom Pedro — em Portugal, IV, e não I —, no breve período de seis dias em que acumulou a coroa de ambos os paí- ses. As funções do Poder Moderador, tanto na doutrina de Cons- tant quanto na Constituição brasileira, guardam semelhanças com algumas das funções que hoje cabem às cortes supremas — no Brasil, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Trata-se de garantir que a atuação dos poderes, seja na formulação de leis, seja na admi- nistração pública ou no julgamento de casos, não se choque com as normas constitucionais. Diego Viana. Experimentação constitucional fomentou criação de Poder Moderador. In: Revista Pesquisa FAPESP, ago./2022 (com adaptações) Em relação a aspectos linguísticos e à estruturação do texto CB3A1-I, julgue o item subsequente. No segundo período do quinto parágrafo, o vocábulo “que” retoma “Dom Pedro”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 132. (CEBRASPE-CESPE – 2023) O papel fundante da memória dos mortos para o desenvol- vimento da cultura teve algo de acidental, pois o mecanismo poderoso de propagação dos hábitos, das ideias e dos com- portamentos dos ancestrais foi o afeto. A lembrança de quem partiu, bem visível nos chimpanzés, que se enlutam quando perdem um ente querido, tornou-se uma marca indelével de nossa espécie. Isso não aconteceu sem contradições, é claro. Com o amor pelos mortos surgiu também o medo deles. Do Egito a Papua-Nova Guiné, em distintos momentos e lugares, floresceram rituais para neutralizar, apaziguar e satisfazer aos espíritos desencarnados. Na Inglaterra medieval, temiam-se tanto os mortos que cadáveres eram mutilados e queimados para se garantir sua permanência nas covas. Entre os Yanoma- mi, a queima dos pertences é uma parte essencial dos rituais fúnebres. A Igreja Católica até hoje considera que os restos mortais dos santos são valiosas relíquias religiosas. A propagação dos memes de entidades espirituais foi, portanto, impulsionada pelos afetos positivos e negativos em relação aos mortos. Foi a memória das técnicas e dos conhe- cimentos carregados pelos avós e pais falecidos que transfor- mou esse processo em algo adaptativo, um verdadeiro círculo virtuoso simbólico. Não é exagero dizer que o motor essencial da nossa explosão cultural foi a saudade dos mortos. A cren- ça na autoridade divina para orientar decisões humanas levou a um acúmulo acelerado de conhecimentos empíricos sobre o mundo, sob a forma de preceitos, mitos, dogmas, rituais e práticas. Ainda que apoiada em coincidências e superstições de todo tipo, essa crença foi o embrião de nossa racionalidade. Causas e efeitos foram sendo aprendidos pela corroboração ou não da eficácia dos símbolos religiosos. Sidarta Ribeiro. O oráculo da noite: a história da ciência e do sonho. São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 325 (com adaptações) A respeito das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue. O segmento “Com o amor pelos mortos” (quarto período do primeiro pará- grafo) exprime uma causa. ( ) CERTO ( ) ERRADO 133. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB2A1-I Ser mais humano em meio a um mundo cada vez mais digital — esse é o grande desafio das organizações para o ano de 2022 no Brasil e em todo o mundo. O equilíbrio entre home office e escritório, em um modelo híbrido de trabalho, deve ser a tendên- cia para os próximos anos. E, no contexto da vida pós-pandemia, há desafios que os departamentos de recursos humanos (RH) vão enfrentar para manter uma relação saudável e positiva entre empresas e colaboradores e garantir, ainda, a produtividade do negócio. E no meio de tudo isso, a tecnologia mais uma vez surge como a viabilizadora de bons resultados. O primeiro desafio do RH é demonstrar segurança em um mundo de incertezas. É fundamental que toda a comunicação da companhia com seus colaboradores seja feita de maneira clara, precisa e sem hesitação, para evitar dúvidas e ansiedades, trans- mitindo-se segurança às equipes de trabalho. Nesse sentido, uma plataforma digital workplace, a famosa intranet, é uma ferramenta indispensável para sustentar uma comunicação de fato eficiente. Não há mais espaço para um modelo de trabalho indepen- dente e não colaborativo nas organizações, depois de quase dois anos de mudanças profundas nas relações de trabalho. Se o RH não dá as respostas certas no tempo certo, os gestores tendem a agir sozinhos em busca de soluções para seus desafios de atração e retenção de talentos. O resultado é uma desvalorização da área de recursos humanos, que é um dos pilares para a produtividade e sustentabilidade de qualquer empresa. O suporte da tecnologia ganha um papel cada vez mais estra- tégico para apoiar a tomada de decisão, que precisa ser cada vez mais humanizada. Não se trata de usar a tecnologia para automa- tizar e otimizar processos em uma estrutura “robotizada”, mas de ampliar o uso de ferramentas que humanizem as relações a partir de dados mais ricos e informações mais completas e valiosas, para buscar o melhor tanto para os colaboradores quanto para a pró- pria empresa. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 49 Em 2022, o foco deve ser encontrar soluções que possam resolver os desafios da gestão de capital humano das organiza- ções. Mesmo com toda a tecnologia existente, a ideia não é subs- tituir pessoas, mas conferir-lhes poder para que suas tomadas de decisões sejam ainda melhores. É a tecnologia viabilizando rela- ções mais humanas, precisas, por meio de dados reais, confiáveis. Esse é o caminho para o futuro. Robson Campos. Internet: (com adaptações). Em relação a aspectos linguísticos do texto CB2A1-I, julgue o seguinte item. Dadas as relações coesivas do segundo período do último pará- grafo, é correto afirmar que as formas pronominais “lhes” e “suas” referem-se ao mesmo termo antecedente. ( ) CERTO ( ) ERRADO 134. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-I Enquanto apenas 30% da população mundial vivia em ambiente urbano no ano de 1950, em 2018 esse índice já representava 55%, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU). A projeção de longo prazo da ONU indi- ca a intensificação dessa tendência, com a população urbana mundial representando 68% do total em 2050. No Brasil, 36% da população era urbana em 1950, valor bastante próximo da média mundial até então. Nas décadas subsequentes, o país experimentou um rápido processo de urbanização, evidenciado pelo fato de que, no ano de 2018, expressivos 87% da população brasileira residia em ambientes urbanos. As projeções de mais longo prazo indicam que essa tendência deve se estabilizar em patamar próximo a 90%. As cidades representam o mais importante lócus de con- sumo de energia e emissões relacionadas. Estimativas da IEA (International Energy Agency), em 2016, indicavam que as cida- des respondiam por 64% do uso global de energia primária e 70% das emissões globais de dióxido de carbono. Tal fato evidencia o papel central que as cidades têm e terão na deter- minação do padrão de uso de energia e de emissões de carbo- no dos países e do mundo. Em particular, a própria transição energética terá seu ritmo bastante afetado pelas mudanças que ocorrerem nas cidades. O mesmo vale para ouso eficiente de recursos (inclusive não energéticos), segurança energética e desenvolvimento sustentável. Para os estudos de planejamento energético, é importante identificar as mudanças estruturais que impactarão o uso de energia nas cidades no longo prazo. Do ponto de vista tecnoló- gico, no momento em que, simultaneamente, emergem e con- vergem novas tecnologias de informação, novas tecnologias e modelos de negócios de geração de energia e novas formas de mobilidade, é possível vislumbrar revoluções em diferentes nichos que utilizarão a inteligência artificial, o uso massivo de dados (big data) e a Internet das Coisas como plataformas tec- nológicas de propósito geral. Nesse pano de fundo, emergem fenômenos como cidades inteligentes e indústria 4.0, importantes evoluções no sentido de cidades sustentáveis. A implementação desses conceitos é acompanhada de um número crescente dos mais variados sensores nas mais diferentes situações, o que gera aumento exponencial de dados, que são utilizados para comunicação via Internet, em última instância, de forma a subsidiar tomadas de decisão mais eficientes. Para tornar essa revolução possível, é necessário significativo investimento em infraestrutura, que será a base da economia no futuro próximo. No entanto, deve-se reconhecer que uma cidade inteligen- te é um passo necessário, mas não suficiente, e que é preciso abranger mais do que a aplicação inteligente de tecnologia nas áreas urbanas. A adoção de tecnologia deve tornar as cidades mais sustentáveis, melhorando a qualidade de vida de sua população e sua relação com o meio ambiente. Assim, em rela- ção ao uso de energia, é importante que as discussões sobre cidades inteligentes sejam feitas levando-se em consideração tópicos importantes no contexto de transição energética, como uso do espaço urbano e impactos sobre o bem-estar coletivo, mudanças climáticas, os Objetivos do Desenvolvimento Sus- tentável e a economia circular. Internet: (com adaptações). Julgue o item subsequente, relativos a propriedades linguísti- cas do texto CG1A1-I. No quinto parágrafo, a expressão “desses conceitos” (segundo período) retoma, de forma imediata e restrita, o termo “fenô- menos” (primeiro período). ( ) CERTO ( ) ERRADO 135. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-II Muito se tem pesquisado sobre os impactos positivos da educação, que valeram inclusive um prêmio Nobel de econo- mia a James Heckman, em 2000, por ele ter evidenciado, em um estudo longitudinal, as inegáveis vantagens de pré-escolas de qualidade para a obtenção futura de emprego e salários e para a redução de encarceramento. Mas uma nova pesquisa, feita aqui no Brasil, sobre uma polí- tica pública de visível efeito na aprendizagem, o ensino médio integral, um programa realizado por Pernambuco ao longo de 16 anos, trouxe evidências que também transcendem a educação. O estudo, feito por pesquisadores da USP e do INSPER, mostrou que, com o aumento da carga horária e um currículo que incorpora ideias de Antonio Carlos Gomes da Costa, que concebeu a proposta para a escola piloto, o Ginásio Pernam- bucano, no qual há tempo para se trabalhar o projeto de vida do aluno e o protagonismo juvenil, reduz-se em 50% a taxa de homicídio de homens jovens. Não se trata do primeiro estudo sobre os efeitos da escola em tempo integral. Outros analisaram salários dos formados e empregabilidade de mulheres, mas a melhora nos índices de cri- minalidade foi capturada apenas nessa interessante pesquisa. Visitei muitas escolas de ensino médio em Pernambuco, em áreas de grande vulnerabilidade. O resultado de uma política que se construiu ao longo de anos, tendo passado por diferen- tes governos e se fortalecido, é visível não só pelas melhores condições de trabalho dos professores, com dedicação exclusi- va a uma única escola, como também pelo clima escolar. Não é por acaso que tantos estados, com governadores de parti- dos diferentes, têm-se inspirado no exemplo pernambucano, como Paraíba, Ceará, Maranhão e Goiás. O país pode aprender com nações com bons sistemas edu- cacionais, nenhum deles com quatro horas de aula por dia, e, ainda, com o que dá certo por aqui. Claudia Costin. Os impactos da educação em tempo integral. Internet: (com adaptações) Julgue o item subsequente, relativo a aspectos linguísticos do texto CG1A1-II. No texto, a palavra “nações” (último parágrafo) está empregada em referência a “estados” (penúltimo parágrafo),como forma de exaltar os entes federados que aderiram ao modelo de sistema educacional inaugurado por Pernambuco. ( ) CERTO ( ) ERRADO 136. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB2A1-I A astrônoma Jocelyn Bell Burnell disse sobre Ron Drever: “Ele realmente curtia ser tão engenhoso”. Ela tinha ido da Irlan- da do Norte para Glasgow para estudar física e Drever foi arbi- trariamente designado para ser seu supervisor. Ele contava ao grupo de seus poucos orientandos as ideias mais interessantes que surgiam em sua mente, inclusive as que levaram ao experi- mento de Hughes-Drever (embora ela não tivesse se dado con- ta de que ele o realizara no quintal da propriedade rural de sua família), mas nenhuma que os ajudasse a passar nos exames. Após a frustração inicial, ao ver que ele não ia ajudá-la em seu dever de casa de física de estado sólido, ela acabou admirando seu profundo entendimento de física fundamental e seu notá- vel talento como pesquisador. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 50 Drever, por sua vez, seria influenciado pelas iminentes e vitais descobertas de sua ex-aluna de graduação. A respeito de Bell Burnell, disse: “Ela também era obviamente melhor do que a maioria deles… então cheguei a conhecê-la muito bem”. Drever escreveu uma carta de recomendação para apoiar o pedido de emprego dela à principal instalação de radioastro- nomia na Inglaterra, em meados da década de 60, Jodrell Bank. Mas, ele continua, “não a admitiram, e a história conta que foi porque era mulher. Mas isso não é oficial, você sabe. Ela ficou muito desapontada”. Drever acrescenta, esperando que se reconheça a obviedade daquele absurdo: “Sua segunda opção era ir para Cambridge. Vê como são as coisas?”. Ele considerou isso uma reviravolta muito feliz. “Então ela foi para Cambridge e descobriu pulsares. Vê como são as coisas?”, ele diz, rindo. Janna Levin. A música do universo: ondas gravitacionais e a maior descoberta científica dos últimos cem anos. São Paulo, Cia. das Letras, 2016, p. 103-104 (com adaptações). Acerca dos mecanismos de coesão do texto CB2A1-I, julgue o próximo item. No terceiro período do primeiro parágrafo, o vocábulo “o”, em “ele o realizara”, retoma o trecho “grupo de seus poucos orientandos”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 137. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-II A crescente adoção do conceito de tecnologias sociais ocorre concomitantemente com o avanço de dois conceitos que lhe são complementares: economia solidária e capital social. As graves consequências do capitalismo e da globalização, refletidas em altos índices de desemprego, aumento de índices de violência e criminalidade, aprofundamento da pobreza e da degradação ambiental, não podem ser abordadas por projetos paternalistas e compensatórios. Ao contrário, requerem estudos aprofundados sobre um novo tipo de desenvolvimento. O professor Henrique Rattner pontua que, entre os cientistas sociais que se debruçam sobre os fracassos do desenvolvimento e suas causas, em todos os debates travados nos últimos anos, o conceito de capital social tem ocupado espaço crescente. O capital social, segundo Rattner, procura trabalhar com a necessidade gregária, o espírito de coo- peração e os valores de apoio mútuo e solidariedade, com base na “eficiênciasocial coletiva”. Capital social, segundo o estudioso John Durston, é o con- junto de normas, instituições e organizações que promovem a confiança, a ajuda recíproca e a cooperação e que incorporam benefícios como redução dos custos de transação, produção de bens públicos e facilitação da constituição de organizações de gestão de bases efetivas, de atores sociais e de sociedades civis saudáveis. Sua importância está na busca de estratégias de supe- ração da pobreza e de integração de setores sociais excluídos. No Brasil, nas últimas décadas, tem havido uma multiplica- ção de experiências baseadas no conceito de economia solidá- ria. Diferentemente de iniciativas meramente paliativas, como respostas emergenciais a situações de pobreza e miséria, há agora uma interpretação de que essas experiências devam ser uma base para a reconstrução do tecido social. Como diz o pesquisador Luis Inácio Gaiger, elas “constituiriam uma ação geradora de embriões de novas formas de produção e estimu- ladora de alternativas de vida econômica e social”. Ivete Rodrigues e José Carlos Barbieri. A emergência da tecnologia social: revisitando o movimento da tecnologia apropriada como estratégia de desenvolvimento sustentável. In Revista de Administração Pública – FGV, Rio de Janeiro, 42(6):1069-94, nov./ dez. 2008 (com alterações) A respeito dos aspectos linguísticos e estruturais do texto CG1A1-II, julgue o item subsecutivo. O pronome “Sua” (segundo período do segundo parágrafo) reto- ma o termo “Capital social”, no período anterior. ( ) CERTO ( ) ERRADO 138. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A história da irrigação se confunde, na maioria das vezes, com a história da agricultura e da prosperidade econômica de inúmeros povos. Muitas civilizações antigas se originaram assim, em regiões áridas, onde a produção só era possível com o uso da irrigação. O Brasil, dotado de grandes áreas agricultáveis localizadas em regiões úmidas, não se baseou, no passado, na irrigação, embora haja registro de que, já em 1589, os jesuítas praticavam a técnica na antiga Fazenda Santa Cruz, no estado do Rio de Janeiro. Também na região mais seca do Nordeste e nos estados de Minas Gerais e São Paulo, era utilizada em culturas de cana-de-açúcar, batatinha, pomares e hortas. Em cafezais, seu emprego iniciou-se na década de 50 do século passado, com a utilização da aspersão, que se mos- trou particularmente interessante, especialmente nas terras roxas do estado de São Paulo. A irrigação, de caráter suplementar às chuvas, tem sido apli- cada na região Centro-Oeste do país, especialmente em culturas perenes. Embora a região central do Brasil apresente boas médias anuais de precipitação pluviométrica, sua distribuição anual (con- centrada no verão, sujeita a veranicos e escassa ou completamente ausente no inverno) permite, apenas, a prática de culturas anuais (arroz, milho, soja etc.), as quais podem se desenvolver no período chuvoso e encontrar no solo um suprimento adequado de água. Já as culturas mais perenes (como café, citrus, cana-de-açúcar e pastagem) atravessam, no período seco, fases de sensível defi- ciência de água, pela limitada capacidade de armazenamento no solo, o que interrompe o desenvolvimento vegetativo e acarreta colheitas menores ou nulas. A vantagem e a principal justificativa econômica da irrigação suplementar estão na garantia de safra, a despeito da incerteza das chuvas. Na região Nordeste, a irrigação foi introduzida pelo governo federal e aparece vinculada ao abastecimento de água no Semiá- rido e a planos de desenvolvimento do vale do São Francisco. Ali, a irrigação é vista como importante medida para amenizar os pro- blemas advindos das secas periódicas, que acarretam sérias conse- quências econômicas e sociais. No contexto das estratégias nacionais de desenvolvimento, um programa de irrigação pode contribuir para o equacionamento de um amplo conjunto de problemas estruturais. Com relação à geração de empregos diretos, a agricultura irrigada nordestina é mais intensiva do que nas outras regiões do país. Na região semiá- rida, em especial no vale do São Francisco, a irrigação tem desta- cado papel a cumprir, como, aliás, já ocorre em importantes polos agroindustriais da região Nordeste. A irrigação constitui-se em uma das mais importantes tecnolo- gias para o aumento da produtividade agrícola. Aliada a ela, uma série de práticas agronômicas deve ser devidamente considerada. Internet: (com adaptações) No que se refere aos aspectos linguísticos e às ideias do texto apresentado, julgue o item que se segue. No último parágrafo do texto, o pronome “ela”, em “Aliada a ela”, refere-se à expressão “produtividade agrícola”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 139. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1-I Tradicionalmente, as conquistas democráticas nas socie- dades modernas estiveram associadas à organização de movi- mentos sociais que buscavam a expansão da cidadania. Foi assim durante as revoluções burguesas clássicas nos séculos XVII e XVIII. Também a organização dos trabalhadores indus- triais nos séculos XIX e XX foi responsável pela ampliação dos direitos civis e sociais nas democracias liberais do Ocidente. De igual maneira, as demandas dos chamados novos movimen- tos sociais, nos anos 70 e 80 do século XX, foram responsáveis pelo reconhecimento dos direitos das minorias sociais (grupos étnicos minoritários, mulheres, homossexuais) nas sociedades contemporâneas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 51 Em todos esses casos, os espaços privilegiados das ações dos grupos organizados eram os Estados nacionais, espaços privilegiados de exercício da cidadania. Contudo, a expansão do conjunto de transformações socioculturais, tecnológicas e econômicas, conhecido como globalização, nas últimas déca- das, tem limitado de forma significativa os poderes e a auto- nomia dos Estados (pelo menos os dos países periféricos), os quais se tornam reféns da lógica do mercado em uma época de extraordinária volatilidade dos capitais. Manoel Carlos Mendonça Filho et al. Polícia, direitos humanos e educação para a cidadania. Internet: (com adaptações) Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o seguinte item. Infere-se do segundo parágrafo que, no trecho “pelo menos os dos países periféricos”, está elíptica a palavra Estados após o vocábulo “os”. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS (COMPREENSÃO) 140. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CB1A1 Enquanto Singapura e Dublin lançaram suas réplicas digi- tais usando aprendizado de máquina para prever eventos e tendências futuras, países inteiros ainda não garantiram água potável e eletricidade para seus habitantes. Como a arquite- tura reflete as sociedades, a acentuada desigualdade social em que vivemos continuará sendo refletida na arquitetura que construímos: algumas obras totalmente projetadas por inteligência artificial (IA), outras criadas manualmente e com modelos físicos em um escritório de arquitetura boutique, e a grande maioria sendo feita no local com papel e lápis, sem a intervenção direta de arquitetos. Talvez todos esses cenários coexistam na mesma cidade. O escritor Benjamin Labatut declarou: “se a inteligência artificial fosse capaz de pensar, teria pontos cegos; se conse- guisse ser criativa, teria limites, pois limites são frutíferos; se fosse capaz de imitar nossa capacidade de raciocínio, talvez precisasse do (ou desenvolvesse o) nosso talento para a loucu- ra. E se lhe faltasse compreensão, se não se importasse com a beleza e o horror que pode criar, então seria imprudente nos colocarmos em suas mãos.”. O futuro da arquitetura está na interseção entre inovaçãotecnológica e intenção humana. Em última instância, a agên- cia humana — sociedade civil, políticos e partes interessadas — exerce uma influência significativa. O curso da história não está escrito em pedra, mas é moldado pelas decisões tomadas hoje, especialmente se a IA afeta nossos bolsos. A arquitetura, então, torna-se o resultado de decisões coletivas, em que os avanços da IA se cruzam com as aspirações e os valores da sociedade. É dentro desse jogo de interações que a evolução e o impacto da arquitetura encontram sua ressonância e seu significado. Nicolás Valencia. O impacto das ferramentas de inteligência artificial na arquitetura em 2024 (e além). Internet: (com adaptações) Com base nos sentidos e nas ideias expressos no texto CB1A1, julgue o item a seguir. Depreende-se do texto que o escritor Benjamin Labatut consi- dera que a IA é dotada de inventividade. ( ) CERTO ( ) ERRADO Leia o texto a seguir para responder às questões 141 e 142. Texto CB1A1 Hoje, a crise hídrica é política — o que significa dizer não inevitável ou necessária, nem além da nossa capacidade de consertá-la — e, logo, opcional, na prática. Esse é um dos moti- vos para ser, não obstante, terrível como parábola climática: um recurso abundante torna-se escasso pela falta de infraes- trutura, pela poluição e pela urbanização e desenvolvimento descuidados. A crise de abastecimento de água não é inevitá- vel, mas presenciamos uma, de um modo ou de outro, e não estamos fazendo muita coisa para resolvê-la. Algumas cidades perdem mais água por vazamentos do que a que é entregue nas casas: mesmo nos Estados Unidos da América (EUA), vazamentos e roubos respondem por uma per- da estimada de 16% da água doce; no Brasil, a estimativa é de 40%. Em ambos os casos, assim como por toda parte, a escas- sez se desenrola tão patentemente sobre o pano de fundo das desigualdades entre pobres e ricos que o drama resultante da competição pelo recurso dificilmente pode ser chamado, de fato, de competição; o jogo está tão arranjado que a escassez de água mais parece um instrumento para aprofundar a desi- gualdade. O resultado global é que pelo menos 2,1 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável segura, e 4,5 bilhões não dispõem de saneamento. David Wallace-Wells. A terra inabitável; uma história do futuro São Paulo: Cia das Letras, 2019. (com adaptações) Com base nas ideias veiculadas no texto CB1A1, julgue os itens a seguir. 141. (CEBRASPE-CESPE – 2024) De acordo com o texto, o fato de a crise hídrica mundial decorrer mais de questões políticas que de questões exclusivamente ambientais torna fácil sua solução. ( ) CERTO ( ) ERRADO 142. (CEBRASPE-CESPE – 2024) No texto, os exemplos das taxas de vazamentos e roubos no abastecimento de água em cidades dos EUA e do Brasil ilustram a inação diante da crise hídrica. ( ) CERTO ( ) ERRADO 143. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CB1A1-II O conceito de civilização não pode ser precisamente defi- nido, não apenas por ser um processo evolucionário, mas também por ter se manifestado de formas muito diferentes através dos tempos. Entre as civilizações antigas, havia múl- tiplas diferenças nas crenças religiosas, nos costumes sociais, nas formas de governo e na criação artística. Contudo, uma faceta de fundamental importância para todas elas era a tec- nologia, que, em sentido mais amplo, pode significar a aplica- ção do conhecimento para finalidades práticas. Hoje, a tecnologia é, na prática, sinônimo de ciência aplica- da, mas as tecnologias básicas — tais como agricultura, cons- trução, cerâmica, tecidos — foram originalmente empíricas e transmitidas de uma geração para outra, enquanto a ciência, no sentido de pesquisa sistemática das leis do universo, é um fenômeno relativamente recente. A tecnologia foi fundamen- tal, já que proporcionava os recursos necessários para socie- dades organizadas, e essas sociedades tornaram possíveis não apenas a divisão do trabalho — por exemplo, entre tra- balhadores da terra, oleiros, marinheiros e similares —, como também um ambiente no qual puderam florescer as artes em geral, não necessárias à vida no dia a dia. A maioria dessas artes dependia de alguma espécie de suporte tecnológico: o escultor requeria ferramentas, o escritor necessitava de tinta e de papiro (ou papel, mais tarde), o dramaturgo precisava de teatros especialmente construídos. Trevor I. Williams. História das invenções: do machado de pedra às tecnologias da informação. Tradução de Cristina Antunes. Atualização e revisão de William E. Schaaf, Jr. e Arianne E. Burnette Belo Horizonte: Gutenberg, 2009, p. 12-13 (com adaptações) Julgue o item seguinte com base nas ideias do texto CB1A1-II. De acordo com o expresso no texto, a despeito das diferenças entre as sociedades antigas, a tecnologia era um elemento importante para todas elas. ( ) CERTO ( ) ERRADO O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 52 144. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto 11A1 Trabalho e educação são atividades especificamente huma- nas. Isso significa que, rigorosamente falando, apenas o ser humano trabalha e educa. Assim, a pergunta sobre os funda- mentos ontológicos da relação trabalho -educação traz imedia- tamente à mente a questão: quais são as características do ser humano que lhe permitem realizar as ações de trabalhar e de educar? Ou: o que é que está inscrito no ser do humano que lhe possibilita trabalhar e educar? Perguntas desse tipo pressupõem que o ser humano esteja previamente constituído como ser que possui propriedades que lhe permitem trabalhar e educar. Pressupõe- se, portanto, uma definição de ser humano que indique em que ele consiste, isto é, sua característica essencial a partir da qual se possa explicar o trabalho e a educação como atributos desse ser. E, nesse caso, fica aberta a possibilidade de que trabalho e educação sejam considerados atributos essenciais do ser humano, ou acidentais. Na definição de ser humano mais difundida (animal racio- nal), o atributo essencial é dado pela racionalidade, consoante o significado clássico de definição estabelecido por Aristóteles: uma definição dá-se pelo gênero próximo e pela diferença específica. Pelo gênero próximo, indica-se aquilo que o objeto definido tem em comum com outros seres de espécies dife- rentes (no caso em tela, o gênero animal); pela diferença espe- cífica, indica-se a espécie, isto é, o que distingue determinado ser dos demais que pertencem ao mesmo gênero (no caso do ser humano, a racionalidade). Consequentemente, sendo o ser humano definido pela racionalidade, é esta que assume o cará- ter de atributo essencial desse ser. Ora, assim entendido o ser humano, vê-se que, embora trabalhar e educar possam ser reconhecidos como atributos humanos, eles o são em caráter acidental, e não substancial. Com efeito, o mesmo Aristóteles, considerando como próprio do ser humano o pensar, o contemplar, reputa o ato produtivo, o trabalho, como uma atividade não digna de seres humanos livres. Diversamente, Bergson, ao analisar o desenvolvimento do impulso vital na obra Evolução criadora, observa que “torpor vegetativo, instinto e inteligência” são os elementos comuns às plantas e aos animais. E, definindo a inteligência pela fabrica- ção de objetos, fenômeno identificado como comum aos ani- mais, encontra no ser humano a particularidade da fabricação de objetos artificiais, o que lhe permite avançar à seguinte con- clusão: “Se pudéssemos nos despir de todo orgulho, se, para definir nossa espécie, nos ativéssemos estritamente ao que a história e a pré-história nos apresentam como a característica constante do ser humano e da inteligência, talvez não disséssemos Homo sapiens, mas Homo faber. Em conclusão, a inteligência,encarada no que parece ser o seu empenho original, é a faculdade de fabricar objetos artificiais, sobretudo ferramentas para fazer ferramentas, e de diversifi- car ao infinito a fabricação delas.”. Demerval Saviani. Trabalho e educação fundamentos ontológicos e históricos. Internet: (com adaptações) Em relação às ideias apresentadas no texto 11A1 e às relações de coerência nele presentes, julgue o item que se segue. O fato de as ações de trabalhar e educar serem colocadas nessa ordem, ao longo de todo o texto, necessariamente indica a rela- ção de temporalidade que há entre elas, de forma que o trabalho deve ser considerado como ação precedente à educação. ( ) CERTO ( ) ERRADO 145. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Há um pressuposto ideológico que informa o direito e suas instituições, concretizado na utopia da dogmática jurídi- ca, de que os conflitos sociais devam ser “resolvidos” na esfera do Judiciário, dentro dos estritos limites da lei, diante da qual “todos são iguais”. Não resta dúvida de que, apesar dessa “certeza”, grande parte dos conflitos que envolvem violência sequer chegam ao conhecimento do Estado, e, quando nele aportam, não são necessariamente “resolvidos”. Assim, o ideal de uma socieda- de que “equilibre” e “harmonize” os interesses entre os indiví- duos, entre gêneros, raças, grupos, classes, ou entre cidadãos e o Estado atua ideologicamente diante da impossibilidade de se concretizar na dinâmica real da sociedade. A questão da desigualdade de tratamento dos conflitos e de seus agentes pela justiça, remete-nos às questões das desi- gualdades sociais e da seletividade do enquadramento punitivo. Dentro de uma perspectiva histórica, observamos a existência de uma seletividade no que se refere à legitimidade dos even- tos que devam ser tratados como “conflito social”, passíveis de julgamento pelo Poder Judiciário. Até o surgimento das leis trabalhistas, no Brasil, na década de 40 do século XX, e mesmo depois, os conflitos oriundos das relações de trabalho eram considerados “casos de polícia”, da mesma forma que foram tratados, durante boa parte da nossa história republicana, os conflitos políticos. Conflitos de vizinhança e outros de pequena repercussão social são remetidos à esfera da solução policial. Estudos da área da sociologia e da antropologia do direito têm revelado formas alternativas à polícia e ao Judiciário para a inter- mediação e a “solução” de certos conflitos sociais, em particular na área da violência, incluindo a atuação das famílias e amigos, de igrejas, de associações de moradores. Jacqueline HERMANN; Leila. A. L. BARSTED O judiciário e a violência contra a mulher: a ordem legal e a (des)ordem familiar. In: F. SEVERI; E. W. V. CATILHO; M. C. MATOS. (orgs.) Tecendo fios das críticas feministas ao direito no Brasil II, volume 1. Ribeirão Preto: FDRP/ USP, 2020 (com adaptações) Julgue o item que se segue, relativo ao texto precedente. Com os exemplos dados no terceiro parágrafo, as autoras indi- cam que historicamente a sociedade brasileira vem retirando o monopólio do Judiciário na solução de conflitos. ( ) CERTO ( ) ERRADO 146. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto 11A05 Não negueis jamais ao erário, à administração, à União os seus direitos. São tão invioláveis, como quaisquer outros. O direito dos mais miseráveis dos homens, o direito do mendi- go, do escravo, do criminoso, não é menos sagrado, perante a justiça, que o do mais alto dos poderes. Antes, com os mais miseráveis é que a justiça deve ser mais atenta, e redobrar-se de escrúpulo, porque são os mais mal defendidos, os que sus- citam menos interesse, e os contra cujo direito conspiram a inferioridade na condição com a míngua nos recursos. Preservai, juízes de amanhã, preservai vossas almas juve- nis desses baixos e abomináveis sofismas. A ninguém impor- ta mais do que à magistratura fugir do medo, esquivar-se de humilhações, e não conhecer covardia. Todo bom magistrado tem muito de heroico em si mesmo, na pureza imaculada e na plácida rigidez, que a nada se dobre, e de nada se tenha medo, senão da outra justiça, assente, cá embaixo, na consciência das nações, e culminante, lá em cima, no juízo divino. Não tergiverseis com as vossas responsabilidades, por mais atribulações que vos imponham, e mais perigos a que vos exponham. Nem receeis soberanias da terra: nem a do povo, nem a do poder. O povo é uma torrente, que rara vez se não deixa conter pelas ações magnânimas. A intrepidez do juiz, como a bravura do soldado, arrebata-o e o fascina. Os poderosos que investem contra a justiça, provocam e desrespeitam tribunais, por mais que lhes espumem contra as sentenças, quando justas, não terão, por muito tempo, a cabe- ça erguida em ameaça ou desobediência diante dos magistra- dos, que os enfrentam com dignidade e firmeza. Na missão do advogado também se desenvolve uma espé- cie de magistratura. As duas se entrelaçam, diversas nas fun- ções, mas idênticas no objeto e na resultante: a justiça. Com o advogado, justiça militante. Justiça imperante, no magistrado. Rui Barbosa. Oração aos moços. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2019, p. 61-63 (com adaptações) Julgue o próximo item, relativo aos sentidos do texto 11A05. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 53 Do texto se deduz a defesa das causas da justiça, da igualdade, da fraternidade e da solidariedade, que devem prevalecer sobre as desigualdades. ( ) CERTO ( ) ERRADO Leia o texto a seguir para responder às questões 147 e 148. A palavra carreta começou a ser empregada para definir o que até então era chamado de carroça; é possível pensar que fora definido o termo carreteiro para designar quem conduzia as carretas. As primeiras carretas foram utilizadas para várias finali- dades. Em um primeiro momento, auxiliaram no processo de colonização, mas também ajudaram em situações de guerra, quando estavam carregadas de materiais bélicos e demais ape- trechos militares. Serviram de apoio ainda para comerciantes, mascates, conhecidos também como vivandeiros, que transpor- tavam os mais variados tipos de mercadorias, desde produtos alimentícios até produtos mais simples, como pentes e espe- lhos. Dessa maneira, surgia o carreteiro e, junto a ele, as repre- sentações que iriam compor a identidade desses profissionais. Danilo Leite Moreira. Uma breve abordagem histórica do desenvolvimento do rodoviarismo e do transporte rodoviário de cargas no Brasil. In: Faces da História, v. 10, n.º 1, jan.-jun./2023, p. 157 (com adaptações) Em relação às ideias e a aspectos gramaticais do texto apresen- tado, julgue o item que se segue. 147. (CEBRASPE-CESPE – 2024) De acordo com o texto, uma multiplicidade de funções estava associada às primeiras carretas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 148. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Conforme exposto no texto, a identidade dos carreteiros é construída a partir de represen- tações plurais que têm relação direta com as várias atividades deles e com os diversos tipos de carretas. ( ) CERTO ( ) ERRADO Leia o texto a seguir para responder às questões 149 e 150. Texto CG1A1-I A apropriação colonial das terras indígenas muitas vezes se iniciava com alguma alegação genérica de que os povos for- rageadores viviam em um estado de natureza — o que signifi- cava que eram considerados parte da terra, mas sem nenhum direito a sua propriedade. A base para o desalojamento, por sua vez, tinha como premissa a ideia de que os habitantes daquelas terras não trabalhavam. Esse argumento remonta ao Segundo tratado sobre o governo (1690), de John Locke, em que o autor defendia que os direitos de propriedade decor- rem necessariamente do trabalho. Ao trabalhar a terra, o indi- víduo “mistura seu trabalho”a ela; nesse sentido, a terra se torna, de certo modo, uma extensão do indivíduo. Os nativos preguiçosos, segundo os discípulos de Locke, não faziam isso. Não eram, segundo os lockianos, “proprietários de terras que faziam melhorias”; apenas as usavam para atender às suas necessidades básicas com o mínimo de esforço. James Tully, uma autoridade em direitos indígenas, apon- ta as implicações históricas desse pensamento: considera-se vaga a terra usada para a caça e a coleta e, “se os povos aborí- genes tentam submeter os europeus a suas leis e costumes ou defender os territórios que durante milhares de anos tinham erroneamente pensado serem seus, então são eles que violam o direito natural e podem ser punidos ou ‘destruídos’ como animais selvagens”. Da mesma forma, o estereótipo do nativo indolente e despreocupado, levando uma vida sem ambições materiais, foi utilizado por milhares de conquistadores, admi- nistradores de latifúndios e funcionários coloniais europeus na Ásia, na África, na América Latina e na Oceania como pretexto para obrigar os povos nativos ao trabalho, com meios que iam desde a escravização pura e simples ao pagamento de taxas punitivas, corveias e servidão por dívida. David Graeber e David Wengrow O despertar de tudo: uma nova história da humanidade. São Paulo: Cia das Letras, 2022, p. 169-170 (com adaptações) Com base nas ideias veiculadas no texto CG1A1-I, julgue os itens a seguir. 149. (CEBRASPE-CESPE – 2023) O texto mostra evasivas utiliza- das por europeus para legitimar a apropriação colonial de ter- ras indígenas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 150. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Infere-se do texto que seus autores corroboram a explicação de James Tully acerca do direi- to de propriedade aplicado às terras colonizadas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 151. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 20A2-II Estou prestes a sair de casa. Abro o armário. Urge escolher a máscara, das muitas que eu tenho, para ir à rua. Com ela enfren- tarei os dissabores e as aventuras do meu cotidiano. Afinal, ela é a ponte que cruzo para alcançar os demais seres. Minhas máscaras acomodam-se na prateleira, em meio às bolsas. Todas parecidas, elas diferenciam-se entre si apenas em detalhes imperceptíveis aos olhos alheios. São raros aqueles que surpreendem a natureza da minha máscara. Reconhecem que rio, choro ou encontro-me na iminência de velejar para um hemis- fério longínquo, de onde, quem sabe, não regresso tão cedo. Enquanto muitos confessam, em consonância, com triste adágio, que suas vidas são um livro aberto, nada tenho a escon- der dos homens, sou justo o contrário, não sei viver sem as más- caras, que me protegem, são a salvaguarda da minha liberdade. E ainda que se provem elas em muitos momentos incapazes de me proteger, não importa. Afinal, a vida não permite previsões, lances antecipados. Para enfrentar certos conflitos, seria neces- sário revestir-se da máscara de ferro, que traz consigo o sopro da morte. Duvido que alguém prescinda do uso da máscara. Ande inadvertido pelo mundo, oferecendo o rosto cru dos seus senti- mentos. Desajeitado e pobre, quando poderia dispor, a qualquer hora, de mais de mil máscaras, capazes todas de impulsionar o espetáculo humano, de corresponder à natureza do seu dono, de encharcar de vinagre e esperança qualquer coração. As máscaras, sem dúvida, ajudam-me a viver. Levam-me às cerimônias solenes, onde confirmo educação recebida. Acompa- nham-me nos momentos em que sangro, a despeito da minha aparente indiferença. E são elas ainda que me perguntam qual das máscaras usar em determinada festa. Acaso a máscara que engendrei ao longo dos anos, e que me serve como um chinelo velho? Aquela que é dissimulada, cujo desassombro assusta-me, pois revela aos vizinhos o que eu mantinha sob resguardo? Ou a outra, que aspira sobrepor-se à tirania das convenções, quer rasgar o véu da hipocrisia, emitir as palavras acomodadas no baú dos enigmas? Será a máscara que alardeia arrogância, ansiosa por deixar consignada nas paredes do mundo uma única mensa- gem que justifique sua existência? Olho-me ao espelho. Estarei usando máscara mesmo quan- do estou sozinha? Acaso já não vivo sem ela, só respiro por meio de artifícios? É ela que me deixa ser alada e terrestre, me permi- te voar e contornar seres e objetos de cristal? É a máscara que pousa desajeitada no meu próprio rosto, onde há de ficar para sempre, até derreter um dia como se fora feita de cera? Nélida Piñon. A máscara do meu rosto. In: O Estado de São Paulo, Suplemento Feminino, 29/9/1997 Considerando aspectos de forma e de conteúdo do texto 20A2-II, julgue o item subsecutivo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 54 No texto, há evidente diferença de sentido entre o emprego de “máscara”, no singular, e o de “máscaras”, no plural, o que demarca uma mudança de posicionamento da autora. ( ) CERTO ( ) ERRADO 152. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB3A1-I Ao final do período de revoluções e guerras que caracteri- zaram a virada do século XVIII para o XIX, os recém-emancipa- dos países da América e os antigos Estados europeus se viram diante da necessidade de criar estruturas de governo, marcan- do a transição do Antigo Regime ao constitucionalismo e do colonialismo à independência. Os arquitetos da nova ordem se inspiraram em fontes antigas e modernas: de Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) e Políbio (c.200 a.C. – c.118 a.C.) a John Locke (1632 – 1704) e Montesquieu (1689 – 1755). Um dos principais problemas com os quais lideranças e pensadores políticos se confrontaram estava materializado em uma passagem do poe- ta satírico romano Juvenal (c.55 – c.127), em que se lê: “Quis custodiet ipsos custodes?”, traduzida como “Quem vigia os vigias?” ou “Quem controla os controladores?”. “Uma coisa é teorizar sobre a separação em três poderes, como lemos em Montesquieu. Outra coisa é colocar em práti- ca”, observa a historiadora Monica Duarte Dantas, do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. “Aí sur- gem os problemas, porque um poder pode tentar assumir as atribuições de outro. Não era possível antever todas as ques- tões que iriam aparecer, até porque havia assuntos que diziam respeito a mais de um poder. Na prática, era preciso definir a quem competia o quê. Essas questões emergiram rapidamen- te nos séculos XVIII e XIX, quando se tentou colocar em prática a separação de poderes.” Alguém que acompanhasse os trabalhos de elaboração de textos constitucionais no início do século XIX não necessaria- mente apostaria que, ao final desse período, estaria consoli- dado um modelo de organização do Estado em que o poder se desdobraria em três partes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, conforme apresentado pelo filósofo francês Montes- quieu em O espírito das leis (1748). Havia projetos com quatro, cinco ou até mais poderes. Na França, o filósofo político franco- -suíço Benjamin Constant (1767 – 1830) imaginou meia dezena: o Judiciário, o Executivo, dois poderes representativos, corres- pondentes ao Legislativo — o da opinião (Câmara Baixa) e o da tradição (Câmara Alta) —, e um poder “neutro”, exercido pelo monarca. O revolucionário venezuelano Simon Bolívar (1783 – 1830) chegou a formular a ideia, em 1819, de um “poder moral” que deveria cuidar, sobretudo, de educação. As mesmas preocupações estavam na cabeça dos deputa- dos na primeira Assembleia Constituinte do Brasil, em 1823. Até que, em novembro, o conflito de poderes se concretizou: tropas enviadas pelo imperador Dom Pedro I (1789 – 1834) dissolveram a assembleia. Em março do ano seguinte, quando o imperador outorgou a primeira Constituição brasileira, ela se afastava pou- co do projeto elaborado em 1823, mas continha uma diferença crucial: os poderes eram quatroe incluíam um Moderador. Entretanto, só em dois países esse quarto poder chegou a ser formalmente inscrito no texto constitucional, como uma instituição em separado. O Brasil, com o título 5.º da Constitui- ção de 1824, e Portugal, em 1826, com a Carta Constitucional outorgada também por Dom Pedro — em Portugal, IV, e não I —, no breve período de seis dias em que acumulou a coroa de ambos os países. As funções do Poder Moderador, tanto na doutrina de Constant quanto na Constituição brasileira, guar- dam semelhanças com algumas das funções que hoje cabem às cortes supremas — no Brasil, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Trata-se de garantir que a atuação dos poderes, seja na formulação de leis, seja na administração pública ou no julga- mento de casos, não se choque com as normas constitucionais. Diego Viana. Experimentação constitucional fomentou criação de Poder Moderador. In: Revista Pesquisa FAPESP, ago./2022 (com adaptações) Considerando os sentidos e a organização do texto CB3A1-I, jul- gue o item a seguir. Entende-se do texto que a tripartição dos poderes não era uma unanimidade no momento da elaboração dos textos constitu- cionais no início do século XIX. ( ) CERTO ( ) ERRADO 153. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1-I Com altos índices de evasão escolar, baixo engajamento e conteúdos pouco conectados à realidade dos alunos, o ensi- no médio já era, antes da pandemia de covid-19, a etapa mais desafiadora da educação básica. Com o fechamento das esco- las e o distanciamento dos estudantes do convívio educacional, os últimos anos escolares passaram a trazer ainda mais dificul- dades a serem enfrentadas — reforçadas pelas desigualdades raciais, socioeconômicas e de acesso à Internet. Nenhuma avaliação diagnóstica precisou os prejuízos totais da pandemia para a aprendizagem dos alunos, mas há alguns estudos que ajudam a entender melhor o cenário. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Políticas Públicas e Avalia- ção da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) apontou que houve piora em todas as séries avaliadas. Segun- do a pesquisa amostral, em matemática, o desempenho alcan- çado no 3.º ano do ensino médio foi de 255,3 pontos na escala de proficiência, inferior aos 261,7 obtidos pelos estudantes ao final do 9.º ano do ensino fundamental no Sistema de Avalia- ção da Educação Básica (SAEB) de 2019. Em língua portuguesa, os estudantes do 9.º ano apresentaram uma queda de 12 pon- tos, e os do 3.º ano do ensino médio, de 11 pontos. Após o retorno presencial, estados e municípios ainda têm muito trabalho para identificar os reais prejuízos, dimensioná- -los e encontrar caminhos e soluções para que professores e estudantes possam retomar a aprendizagem. Para Suelaine Carneiro, coordenadora de educação na Geledés, organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e homens negros, “há um consenso de que não foi possível atender todos os alunos” na educação pública. “Os dados indicam um baixo número de participação dos estudantes, somado à impossibilidade de os familiares acompanharem a resolução das tarefas”, afirma. Mas não fica apenas nisso. “Em termos de aprendizagem, os dados também mostram dificuldades no que diz respeito à compreensão e à resolução das tarefas.” De acordo com ela, a situação de alunos negros requer ain- da mais atenção. “É preciso prestar atenção nessa condição: a pessoa já estava vulnerável socialmente, sem a possibilidade de realizar um isolamento dentro de casa, pois vive em uma casa pequena ou onde não há cômodos suficientes”, contex- tualiza Suelaine. Agravada pela pandemia, que engrossou o número de tra- balhadores desempregados, a questão econômica foi um dos grandes fatores que impactou a vida dos estudantes do ensi- no médio. “Temos alunos que estão trabalhando no horário de aula, dizendo que precisam ajudar a família, e aos fins de semana assistem às atividades”, relata a professora Lucenir Ferreira, da Escola Estadual Mário Davi Andreazza, em Boa Vis- ta (RR). Lucenir conta que muitos alunos chegam a falar que não conseguem aprender nada e desabafam por sentir que a aprendizagem foi prejudicada, principalmente os que estão em processo de preparação para o vestibular. Apesar dos desafios, Suelaine acredita que os impactos não são irreversíveis, como outros especialistas têm apontado. “Você pode recuperar dois anos se houver políticas públicas, compromisso público com a educação, de forma a desenvolver diferentes ações”, diz ela. Internet: (com adaptações) A respeito dos sentidos e dos aspectos tipológicos e coesivos do texto CB1A1-I, julgue o próximo item. No quarto parágrafo, a expressão “Mas não fica apenas nisso” estabelece uma relação de causa e consequência entre duas citações de Suelaine Carneiro. ( ) CERTO ( ) ERRADO O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 55 154. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CG1A1-I Responsabilidade fiscal combina com responsabilidade social? Quando analistas do mercado financeiro e economistas ditos “ortodoxos” referem-se à necessidade de haver respon- sabilidade fiscal, parece, à primeira vista, que estão se refe- rindo à necessidade de o Estado não realizar gastos (ou abrir mão de receitas públicas) de modo descontrolado, eleitoreiro e ineficiente, aumentando aceleradamente a dívida pública (em proporção do PIB) sem um planejamento econômico- orçamen- tário de médio e longo prazo. Se fosse somente isso, se fossem somente essas as suas preocupações, não haveria muita polê- mica, visto que os políticos e os economistas que questionam a visão do mercado financeiro também concordam com esses parâmetros para qualificar a responsabilidade fiscal. O problema está em alguns diagnósticos e causalidades evocados pelos economistas porta-vozes do mercado financei- ro, que podemos sintetizar em duas ideias centrais. A primeira ideia central é a de que a economia brasileira apresentaria historicamente um sério “risco fiscal”, suficien- te para tirar o sono daqueles que compram títulos da dívida pública. Exatamente por esse grave risco fiscal, argumenta o economista ortodoxo, é que haveria a necessidade de o Banco Central manter a taxa de juros reais nas alturas, colocando o Brasil quase sempre na posição de país com a maior taxa de juros reais no mundo. Os maiores juros reais do mundo seriam uma espécie de prêmio exigido de modo justo e justificado pelos “investidores” que emprestam seus recursos ao governo: maior risco, maior incerteza, maior prêmio — uma simples e sadia “lei do mercado”. A segunda ideia central é a de que a inflação decorreria de um excesso de demanda na economia. Não adianta apresen- tar dados objetivos indicando que, em muitos casos, a infla- ção é gerada por choques de oferta que nada têm a ver com excesso de demanda. A partir desse diagnóstico imutável (e imune aos fatos) de que a inflação — ou o risco de inflação — seria sempre um problema de excesso de demanda, os por- ta-vozes do mercado estão sempre cobrando do governo que colabore para a redução da demanda e modere seus gastos (exceto o gasto com os juros da dívida pública), e estão sempre cobrando do Banco Central que aumente a taxa básica de juros diante de qualquer tipo de sinal de pressão inflacionária, pois o aumento dos juros causa refluxo da demanda — demissões, queda nos investimentos — e esse refluxo da demanda com- bateria eficazmente a inflação. Podemos agora formular com precisão: o mercado finan- ceiro não vê antagonismo entre responsabilidade fiscal e responsabilidade social porque, em sua visão, a primeira é sempre uma pré- condição para a segunda. Como o mercado financeiro sempre vê um risco fiscal significativo na economia brasileira, nuncaestará satisfeito com o nível de responsabi- lidade fiscal demonstrado pelo governo, nunca achará que já estamos em condições de avançar com segurança nas tarefas sociais e sempre tachará de “populista” ou “demagógica” qual- quer alternativa que signifique abandonar esse beco sem saída ao qual o país foi condenado nas últimas décadas. Internet: (com adaptações) Considerando as informações veiculadas no texto CG1A1-I e a argumentação desenvolvida por seu autor, julgue o item a seguir. O autor analisa a relação entre responsabilidade social e res- ponsabilidade fiscal, aderindo ao ponto de vista dos economis- tas ortodoxos. ( ) CERTO ( ) ERRADO Leia o texto a seguir para responder às questões 155 e 156. Em 1898, Nikola Tesla impressionou quem assistiu à sua apre- sentação na Feira Electrical Exhibition, que aconteceu no (então recém-inaugurado) Madison Square Garden, em Nova York. Em uma piscina, o cientista colocou um barco em minia- tura — que, de repente, começou a se mover sozinho. A pla- teia, boquiaberta, logo o indagou sobre o feito. Tesla disse que havia equipado o barco com um “sistema inteligente”, capaz de responder, inclusive, a comandos de direção. As pessoas, então, gritaram para que a miniatura nave- gasse para frente, para o lado, para trás… E o barquinho obe- deceu, como se estivesse “ouvindo” as ordens. Mentira. Tesla estava comandando tudo à distância. Cortesia de sua inven- ção: o primeiro sistema de controle remoto via ondas de rádio. Hoje, claro, ninguém cairia no truque do barquinho. Mas, naquela época, quase ninguém conhecia as propriedades da radiotransmissão — a primeira transmissão transatlântica, fei- ta pelo italiano Guglielmo Marconi, havia acontecido apenas um ano antes, em 1897. Tesla, assim como Marconi, foi um dos precursores desse campo de estudo, que revolucionou o modo como nos comunicamos. Rafael Battaglia. Internet: (com adaptações). Com base nas ideias do texto, julgue os itens a seguir. 155. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Entende-se da leitura do texto que o ‘sistema inteligente’ ao qual Tesla se referiu, durante sua apresentação na Feira Electrical Exhibition, era o sistema de controle remoto via ondas de rádio. ( ) CERTO ( ) ERRADO 156. (CEBRASPE-CESPE – 2023) De acordo com as informações do texto, a plateia que assistia à apresentação de Tesla ficou impressionada com o movimento do barco em miniatura na piscina por acreditar que ele obedecia ao comando de vozes. ( ) CERTO ( ) ERRADO 157. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto O Estado moderno exerce um papel importante na molda- gem da distribuição de renda e do bem-estar entre seus cida- dãos, moderando as desigualdades geradas pela economia de mercado. Ele busca esses objetivos por intermédio de várias políticas públicas, como o estabelecimento do arcabouço legal do ambiente de negócios, a regulação da concorrência econô- mica, a provisão de bens e serviços públicos, a promoção de transferências monetárias às famílias de baixa renda e a arre- cadação dos tributos necessários a seu financiamento. Entre as principais funções do Estado, sob a ótica das finan- ças públicas, está a função redistributiva. Essa função está basi- camente associada a ajustamentos no perfil da distribuição de renda, uma vez que as alocações de mercado podem levar a uma situação de desigualdade não apoiada pelos anseios gerais da população. Nesse caso, o equilíbrio de mercado pode passar a gerar conflitos e a interferir no funcionamento da pró- pria sociedade. Um importante instrumento à disposição do Estado para exercer sua função distributiva é, naturalmente, o sistema tri- butário. Por meio dele, o governo pode ajustar a renda dos cidadãos, taxando mais algumas rendas e menos outras, de forma a atingir uma distribuição final mais equitativa. Um sistema tributário progressivo é aquele no qual os impostos aumentam mais que proporcionalmente com o aumento da renda dos contribuintes. O sistema regressivo ocorre quando o pagamento dos impostos aumenta menos que proporcional- mente com a renda dos contribuintes e proporcional (ou neu- tro) quando os impostos aumentam proporcionalmente com a renda. O sistema de impostos progressivo tende a reduzir a desi- gualdade de renda entre os cidadãos. No contexto do sistema tributário de qualquer país, o tributo que melhor possibilita a aplicação do princípio da progressividade é o imposto de ren- da da pessoa física (IRPF). O IRPF brasileiro apresenta elevada progressividade em termos de desvio da proporcionalidade O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 56 e moderada capacidade redistributiva, em função da baixa representatividade da arrecadação frente à renda bruta total do país. A progressividade do tributo brasileiro advém essen- cialmente da estrutura de alíquotas, sendo que a estrutura das deduções do rendimento bruto é proporcional e, portanto, neutra em termos de progressividade. Internet: (com adaptações). Considerando os sentidos do texto, julgue o item a seguir. Entende-se da leitura do texto que o sistema tributário progres- sivo contribui para o Estado exercer a sua função redistributiva. ( ) CERTO ( ) ERRADO Leia o texto a seguir para responder às questões 158 e 159. Quando se fala em palhaço, duas imagens costumam vir logo à cabeça. Palhaço, infelizmente, é aquele de quem muitos têm medo. Ele pega alguém da plateia para ridicularizar, faz grosserias, piadas inconvenientes. Crianças têm medo de palha- ços. Filmes de terror exploram impiedosamente nossas fanta- sias infantis sobre tal figura. Esses palhaços malvados existem em nosso imaginário e, felizmente, são a minoria na realidade. Neste exato instante em que você lê estas palavras, milhares de palhaços em todo o mundo estão em hospitais, campos de batalha, campos de refugiados, escutando pessoas, relacionan- do-se verdadeiramente com elas, buscando, por meio do afe- to e do humor, amenizar a dor daqueles que estão passando por situações trágicas e delicadas. Dessa imagem inferimos por que a comédia é uma espécie de tratamento para a tragédia. Um tratamento que não nega nem destitui a existência do pior, mas que faz com ele uma espécie de inversão de sentido. Assim, introduzimos que o horizonte do que o palhaço escuta é a tragé- dia da vida, a sua realidade mais extensa de miséria e impotên- cia, de pequenez e arrogância, de pobreza e desencontro, que se mostra como uma repetição insensata sempre. O palhaço é um realista, mas não um pessimista. Ele mostra a realidade exa- gerando as deformações que criamos sobre ela. Primeira lição a tirar disso para a arte da escuta: escutar o outro é escutar o que realmente ele diz, e não o que a gente ou ele mesmo gostaria de ouvir. Escutar o que realmente alguém sente ou expressa, e não o que seria mais agradável, adequado ou confortável sentir. Escutar o que realmente está sendo dito e pensado, e não o que nós ou ele deveríamos pensar e dizer. Christian Dunker e Cláudio Thebas. O palhaço e o psicanalista como escutar os outros pode transformar vidas. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019, p. 30-1 (com adaptações) Com relação às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue os itens a seguir. 158. (CEBRASPE-CESPE – 2023) O texto estabelece um contras- te entre o palhaço do imaginário, que assusta, e o palhaço real, que conforta. ( ) CERTO ( ) ERRADO 159. (CEBRASPE-CESPE – 2023) A referência temporal da expressão “Neste exato instante” (sétimo período) é atualizada a cada leitura do texto, remetendo ao agora, ao presente de cada leitor. ( ) CERTO ( ) ERRADO 160. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1-I À medida que o homem cria, recria e decide, vão se forman- do as épocashistóricas. E é também criando, recriando e deci- dindo como deve participar nessas épocas. É por isso que obtém melhor resultado toda vez que, integrando-se no espírito delas, se apropria de seus temas e reconhece suas tarefas concretas. Ponha-se ênfase, desde já, na necessidade permanente de uma atitude crítica, a única com a qual o homem poderá apreender os temas e tarefas de sua época para ir se integrando nela. Uma época, por outro lado, realiza-se na proporção em que seus temas forem captados e suas tarefas, resolvidas. E se supera na medida em que os temas e as tarefas não corres- pondem a novas ansiedades emergentes. Uma época da história apresentará uma série de aspi- rações, de desejos, de valores, em busca de sua realização. Formas de ser, de comportar-se, atitudes mais ou menos gene- ralizadas, das quais somente os visionários que se antecipam têm dúvidas e frente às quais sugerem novas fórmulas. A passagem de uma época para outra caracteriza-se por fortes contradições que se aprofundam, dia a dia, entre valores emergentes em busca de afirmações, de realizações, e valores do ontem em busca de preservação. Quando isso ocorre, verifica-se o que chamamos transição. Observa-se um aspecto fortemente dramático que vai atingir as mudanças de que se nutre a sociedade. Porque é dramático, é fortemente desafiador. E a transição se torna então um tem- po de opções. Nutrindo-se de mudanças, a transição é mais que as mudanças. Implica realmente a marcha que faz a socie- dade na procura de novos temas, de novas tarefas ou, mais precisamente, de sua objetivação. As mudanças se produzem numa mesma unidade de tempo, sem afetá-la profundamente. É que se verificam dentro do jogo normal, resultante da pró- pria busca de plenitude que fazem estes temas. Quando, por fim, estes temas começam a esvaziar e a perder sua significação, emergindo novos temas, a sociedade começa a passar para outra época. Nestas fases, mais do que nunca, se faz indispensável a integração. Mais do que nunca se faz indispensável o desenvolvimento de uma mente crítica, com a qual o homem possa se defender dos perigos dos irra- cionalismos, encaminhamentos distorcidos da emoção, carac- terística dessas fases de transição. Paulo Freire. Educação e mudança. 41.ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2020, p. 87-89 (com adaptações). Com relação às ideias e à tipologia do texto CB1A1-I, julgue o item a seguir. De acordo com o texto, os homens que participam das épocas históricas com melhores resultados são aqueles que nelas se integram, no que se refere tanto às ideias quanto às ações. ( ) CERTO ( ) ERRADO Leia o texto a seguir para responder às questões 161 e 162. Texto CG2A1-I Até você terminar de ler este parágrafo, mais um aciden- te de trabalho será notificado no Brasil. Em menos de quatro horas, mais uma pessoa morrerá em decorrência de um des- ses acidentes. Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab), que consideram apenas regis- tros envolvendo pessoas com carteira assinada, os acidentes e as mortes, no Brasil, cresceram nos últimos dois anos. Em 2020, foram 446.881 acidentes de trabalho notificados; em 2021, o número subiu 37%, alcançando 612.920 notificações. Em 2020, 1.866 pessoas morreram nessas ocorrências; no ano passado, foram 2.538 mortes, um aumento de 36%. Na avaliação do ministro Alberto Balazeiro, as situações de precarização do trabalho tendem a gerar mais acidentes, e estudos mostram que trabalhadores terceirizados estão mais suscetíveis a condições de risco e à falta de políticas adequadas de prevenção. “Além disso, situações de crise levam emprega- dores a, inadvertidamente, esquecer ou não investir em medi- das de proteção coletiva e eliminação de riscos”, assinala. Por ano, os acidentes de trabalho representam perdas financeiras na média de R$ 13 bilhões. O montante considera valores pagos pelo INSS em benefícios de natureza acidentária. Além disso, mais de 46 mil dias de trabalho são perdidos, con- tabilizando-se todos aqueles em que as pessoas não trabalha- ram em razão de afastamentos previdenciários acidentários. Natália Pianegonda. Acidentes de trabalho matam ao menos uma pessoa a cada 3 h 47 min no Brasil. Justiça do Trabalho/CSJT. 28 abr. 2023 (com adaptações). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 57 Em relação às ideias do texto CG2A1-I, julgue os itens a seguir. 161. (CEBRASPE-CESPE – 2023) A afirmação inicial do texto evi- dencia a alta incidência de acidentes de trabalho no Brasil. ( ) CERTO ( ) ERRADO 162. (CEBRASPE-CESPE – 2023) De acordo com o texto, as más condições de trabalho são a principal causa dos acidentes de trabalho no Brasil. ( ) CERTO ( ) ERRADO 163. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Um registro de mutações ligadas ao mundo eletrônico se refere ao que chamo de a ordem das propriedades, tanto em um sentido jurídico — o que fundamenta a propriedade lite- rária e o copyright — quanto em um sentido textual — o que define as características ou propriedades dos textos. O texto eletrônico, tal qual o conhecemos, é um texto móvel, maleável, aberto. O leitor pode intervir em seu próprio conteúdo, e não somente nos espaços deixados em branco pela composição tipográfica. Pode deslocar, recortar, estender, recompor as unidades textuais das quais se apodera. Nesse processo, desaparece a atribuição dos textos ao nome de seu autor, já que são constantemente modificados por uma escri- tura coletiva, múltipla, polifônica. Essa mobilidade lança um desafio aos critérios e às catego- rias que, pelo menos desde o século XVIII, identificam as obras com base na sua estabilidade, singularidade e originalidade. Há um estreito vínculo entre a identidade singular, estável, reproduzível dos textos e o regime de propriedade que pro- tege os direitos dos autores e dos editores. É essa relação que coloca em questão o mundo digital, que propõe textos bran- dos, ubíquos, palimpsestos. Roger Chartier. Os desafios da escrita. Tradução de Fulvia M. L. Moreto. São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 24-25 (com adaptações) Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto pre- cedente, julgue o item a seguir. O mundo digital coloca em xeque o conceito de texto como se conhecia, bem como as tradicionais relações de autoria e propriedade. ( ) CERTO ( ) ERRADO 164. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB2A1-I Assim como cidadania e cultura formam um par integrado de significações, cultura e territorialidade são, de certo modo, sinônimos. A cultura, forma de comunicação do indivíduo e do grupo com o universo, é herança, mas também um reaprendi- zado das relações profundas entre o ser humano e o seu meio, um resultado obtido por intermédio do próprio processo de viver. Incluindo o processo produtivo e as práticas sociais, a cultura é o que nos dá a consciência de pertencer a um grupo, do qual é o cimento. É por isso que as migrações agridem o indivíduo, roubando-lhe parte do ser, obrigando-o a uma nova e dura adaptação em seu novo lugar. Desterritorialização é fre- quentemente outra palavra para significar alienação, estranha- mento, que são, também, desculturização. Esse processo é, também, o que comanda as migrações, que são, por si sós, processos de desterritorialização e, parale- lamente, processos de desculturização. O novo ambiente ope- ra como uma espécie de denotador. Sua relação com o novo morador se manifesta dialeticamente como territorialidade nova e cultura nova, que interferem reciprocamente, mudan- do paralelamente territorialidade e cultura, e mudando o ser humano. Milton Santos. O espaço do Cidadão. 7.ª ed São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2020, p. 81-83 (com adaptações) Considerando as ideias, os sentidose os aspectos linguísticos do texto CB2A1-I, julgue o seguinte item. O emprego da expressão “É (...) que”, no quarto período do pri- meiro parágrafo, enfatiza que as migrações agridem o indiví- duo pelas razões expressas no segundo e no terceiro período desse mesmo parágrafo, e não por outras quaisquer. ( ) CERTO ( ) ERRADO 165. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto “Cada língua indígena é um reservatório único de conheci- mento medicinal”. Assim escrevem os pesquisadores Rodrigo Cámara-Leret e Jordi Bascompte em um recente estudo que faz um alerta: o perigo do desaparecimento de antigos conhe- cimentos de plantas medicinais a partir da extinção das línguas indígenas. Em geral, quando se fala em plantas com propriedades medicinais, as discussões giram em torno da extinção da biodi- versidade. Nessa pesquisa, contudo, os cientistas focaram no que costuma ser esquecido: o impacto da extinção das línguas para a perda desse conhecimento, tradicionalmente transmitido oralmente. Antes de tudo, a equipe do estudo precisava entender em que medida acontecia a perda de conhecimento linguisticamente único. No caso das plantas medicinais, era preciso entender em que grau o conhecimento delas estava atrelado a apenas uma língua indígena. Dessa forma, seria possível compreender quais saberes seriam perdidos no caso de extinção de determinado idioma. Para isso, os pesquisadores analisaram três conjuntos de dados etnobotânicos (a ciência que estuda a relação entre humanos e plantas). Eles contavam com cerca de 3,6 mil plan- tas medicinais, 236 línguas indígenas e 12,5 mil “serviços de plantas medicinais” — combinações entre espécies de plantas e a subcategoria medicinal para a qual elas eram indicadas, como “figueira-brava (Ficus insipida) + sistema digestivo”. Os dados são referentes a três regiões com grande diversidade linguística e biológica: América do Norte, noroeste da Amazô- nia e Nova Guiné. Depois de analisarem os dados, os cientistas apontaram que o conhecimento indígena sobre as plantas medicinais está, de fato, apoiado na singularidade linguística. No noroeste da Amazônia, 91% do conhecimento medicinal não é compartilha- do entre línguas — e se concentra em apenas um idioma. Em Nova Guiné, essa taxa é de 84%; na América do Norte, 73%. Além disso, eles observaram a porcentagem desse conhe- cimento que se concentra, especificamente, em línguas amea- çadas de extinção. Na América do Norte, 86% do conhecimento medicinal único ocorre, justamente, em idiomas em risco. No noroeste da Amazônia, 100%. Para os cientistas, uma das hipóteses é a alta rotatividade cultural. Isso significa que, para uma mesma planta, os povos indígenas possuem diversos conhecimentos e aplicações exclusivos. Sem uma Wikipédia para reunir informações, cada cultura acumulou, ao longo do tempo, as próprias descobertas sobre cada espécie. O estudo ajuda a mostrar que cada língua (e cultura) indíge- na tem percepções únicas que, inclusive, podem vir a oferecer seus conhecimentos medicinais também a outras sociedades. Internet: (com adaptações). Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto prece- dente, julgue o item a seguir. O texto apresenta dados de uma pesquisa que alerta sobre o perigo do desaparecimento de antigos conhecimentos acerca de plantas medicinais a partir da extinção das línguas indígenas. ( ) CERTO ( ) ERRADO O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 58 166. (CEBRASPE-CESPE – 2022) O texto mais célebre de A República é sem dúvida a Alego- ria da Caverna, em que Platão, utilizando-se de linguagem ale- górica, discute o processo pelo qual o ser humano pode passar da visão habitual que tem das coisas, “a visão das sombras”, unidirecional, condicionada pelos hábitos e preconceitos que adquire ao longo de sua vida, até a visão do Sol, que repre- senta a possibilidade de alcançar o conhecimento da realidade em seu sentido mais elevado e compreendê-la em sua totali- dade. A visão do Sol representa não só o alcance da Verdade e, portanto, do conhecimento em sua acepção mais completa, já que o Sol é “a causa de tudo”, mas também, como diz Sócrates na conclusão dessa passagem: “Nos últimos limites do mun- do inteligível, aparece-me a ideia do Bem, que se percebe com dificuldade, mas que não se pode ver sem se concluir que ela é a causa de tudo o que há de reto e de belo. Acrescento que é preciso vê-la se se quer comportar-se com sabedoria, seja na vida privada, seja na vida pública.”. De acordo com este texto, a possibilidade de um indivíduo tornar-se justo e virtuoso depende de um processo de transfor- mação pelo qual deve passar. Assim, afasta-se das aparências, rompe com as cadeias de preconceitos e condicionamentos e adquire o verdadeiro conhecimento. Tal processo culmina com a visão da forma do Bem, representada pela matéria do Sol. O sábio é aquele que atinge essa percepção. Para Platão, conhe- cer o Bem significa tornar-se virtuoso. Aquele que conhece a justiça não pode deixar de agir de modo justo. Danilo Marcondes. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. 1ª ed. Rio de Janeiro: Jahar, 2007, p. 31 (com adaptações) Em relação às ideias, aos sentidos e aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item subsecutivo. Depreende-se do texto que as visões de Sócrates e Platão con- vergem ao relacionar a justiça ao conhecimento do Bem. ( ) CERTO ( ) ERRADO 167. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto As desigualdades digitais refletem, reproduzem ou espe- lham desigualdades sociais mais amplas, constituindo, desde o final do século XX, mais um lócus de estratificação social no Brasil. Além do acesso à Internet e da posse de equipamentos digitais adequados, o chamado “letramento digital” também é um fator de desigualdade, uma vez que nem todos os usuários têm familiaridade com as tecnologias — dispositivos, redes de conexão, aplicativos, plataformas — para saber manejá-las corretamente. Os usos das tecnologias são muito diversos e se relacionam com diferenças ligadas a escolaridade, capital cultural, idade, tipo de inserção profissional, entre outras variá- veis. Saber fazer um currículo em um editor de texto online, organizar e catalogar correios eletrônicos ou mesmo realizar pesquisas na Internet em fontes confiáveis (desviando-se das chamadas fake news) ainda são habilidades desigualmente aprendidas na sociedade brasileira, tornando-se um “privilé- gio” de alguns grupos sociais. Renata Mourão Macedo e Carolina Parreiras. Desigualdades digitais e educação. In: Ciência Hoje, edição n.º 383, dez./2021 (com adaptações). Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item a seguir. Por deixarem evidentes desigualdades sociais mais amplas, as desigualdades digitais se tornaram outro espaço de estratifica- ção social da sociedade brasileira. ( ) CERTO ( ) ERRADO 168. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto Quem acompanha as redes sociais no Brasil de hoje pro- vavelmente já se deparou com a gíria “lacrar”. Dizer que fulano “lacrou” é expressar admiração por uma ação ou fala que é per- cebida como o ponto final, a última palavra sobre determinado assunto ou situação. Depois que alguém “lacrou”, supostamen- te nada resta a ser dito. Além de iluminar um aspecto da experiência, a ideia de “lacre” também ajuda a reforçar certas compreensões e com- portamentos. Ao acioná-la, reforçamos a ideia de que debates, em princípio, admitem um fechamento irrevogável. Mas nada justifica essa crença. Debate algum pode ser encerrado por força de um argumento supostamente último. Antonio Engelke. Pureza e poder: os paradoxos da política identitária. In: Piauí, ed. 132, set./2017 (com adaptações). A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto prece- dente,to, o qual, quanto mais progride, mais gera dependência e subdesenvolvimento. Desses fracassos da minha vida inteira, que são os únicos orgulhos que eu tenho dela, eu me sinto compensado pelo título que a Universidade de Paris VII me confere aqui, ago- ra. Compensado e estimulado a retomar minha luta contra o genocídio e o etnocídio das populações indígenas; e contra todos que querem manter o povo brasileiro atado ao atraso e à dependência. Obrigado. Muito obrigado.” Darcy Ribeiro. Testemunho. São Paulo: Editora Siciliano, 1990 (com adaptações) A respeito das ideias, dos aspectos linguísticos e da classifica- ção tipológica do texto anterior, julgue o item seguinte. O emprego do acento diferencial no vocábulo ‘pôr’, no quinto e no sexto parágrafos, é obrigatório. ( ) CERTO ( ) ERRADO 5. (CEBRASPE-CESPE – 2022) As palavras “diário” e “saúde” são acentuadas graficamente de acordo com a mesma regra de acentuação gráfica. ( ) CERTO ( ) ERRADO 6. (CEBRASPE-CESPE – 2022) As palavras “já” e “está” são acen- tuadas graficamente de acordo com a mesma regra de acentua- ção gráfica. ( ) CERTO ( ) ERRADO 7. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Os vocábulos “África” e “Atlântico” são acentuados graficamente pelo mesmo motivo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 8. (CEBRASPE-CESPE – 2021) O emprego de acento agudo nas palavras “elétricos”, “pálidas” e “móveis” justifica-se pela mes- ma regra de acentuação gráfica. ( ) CERTO ( ) ERRADO O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 12 9. (CEBRASPE-CESPE – 2021) O emprego do acento nas palavras “número” e “cerâmica” justifica-se com base na mesma regra de acentuação. ( ) CERTO ( ) ERRADO 10. (CEBRASPE-CESPE – 2021) O emprego do acento agudo em “nomeá-la” e “ordená-la”, no primeiro parágrafo, justifica-se pela mesma regra de acentuação gráfica. ( ) CERTO ( ) ERRADO 11. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Teoria do medalhão (diálogo) Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e estás homem, longos bigodes, alguns namoros... Papai... Não te ponhas com denguices, e falemos como dois ami- gos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. (...) Mas qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum. (...) Sim, senhor. Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não inde- nizem suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te aconselho hoje, dia da tua maioridade. Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá? Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém, as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação e relevo moral, além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me bem, meu querido filho, ouve-me e entende. (...) Entendo. Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuidado nas ideias que houveres de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente (...). Mas quem lhe diz que eu... Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfeita inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício. Não me refiro tanto à fidelidade com que repetes numa sala as opiniões ouvidas numa esquina, e vice-versa, porque esse fato, posto indique certa carência de ideias, ainda assim pode não passar de uma traição da memória. Não; refiro-me ao ges- to correto e perfilado com que usas expender francamente as tuas simpatias ou antipatias acerca do corte de um colete, das dimensões de um chapéu, do ranger ou calar das botas novas. Eis aí um sintoma eloquente, eis aí uma esperança. No entanto, podendo acontecer que, com a idade, venhas a ser afligido de algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente o espírito. As ideias são de sua natureza espontâneas e súbitas; por mais que as soframos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue o medalhão completo do medalhão incompleto. Machado de Assis. Teoria do medalhão. In: 50 contos escolhidos de Machado de Assis. Seleção, introdução e notas de John Gledson São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 82-83 (com adaptações) Considerando os aspectos linguísticos do texto Teoria do medalhão, apresentado anteriormente, julgue o item a seguir. O sinal de acen- tuação no verbo “pôr” caracteriza o chamado acento diferencial. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ FORMAÇÃO E ESTRUTURA DAS PALAVRAS 12. (CEBRASPE-CESPE – 2023) A palavra “paulatinamente” é formada por derivação parassintética. ( ) CERTO ( ) ERRADO 13. (CEBRASPE-CESPE – 2022) A palavra “movimento” constitui exemplo de palavra formada por derivação imprópria. ( ) CERTO ( ) ERRADO 14. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A palavra “decorrência” é forma- da pelo processo de derivação sufixal, a partir do verbo decor- rer e do sufixo –ência. ( ) CERTO ( ) ERRADO 15. (CEBRASPE-CESPE – 2021) O vocábulo “intrínsecos” é forma- do por derivação prefixal, mediante o acréscimo do prefixo de negação –in. ( ) CERTO ( ) ERRADO 16. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Quem sou eu? Se negro sou, ou sou bode, Pouco importa. O que isto pode? Bodes há de toda a casta, Pois que a espécie é muita vasta... Há cinzentos, há rajados, Baios, pampas e malhados, Bodes negros, bodes brancos, E, sejamos todos francos, Uns plebeus, e outros nobres, Bodes ricos, bodes pobres, Bodes sábios, importantes, E também alguns tratantes... Aqui, nesta boa terra, Marram todos, tudo berra; Nobres Condes e Duquesas, Ricas Damas e Marquesas, Deputados, senadores, Gentis-homens, vereadores; Belas Damas emproadas, De nobreza empantufadas; Repimpados principotes, Orgulhosos fidalgotes, Frades, Bispos, Cardeais, Fanfarrões imperiais. Gentes pobres, nobres gentes, Em todos há meus parentes. Entre a brava militança Fulge e brilha alta bodança; Guardas, Cabos, Furriéis, Brigadeiros, Coronéis, Destemidos Marechais, Rutilantes Generais, Capitães de mar e guerra, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 13 — Tudo marra, tudo berra — Na suprema eternidade, Onde habita a Divindade, Bodes há santificados, Que por nós são adorados. Entre o coro dos Anjinhos Também há muitos bodinhos. O amante de Siringa Tinha pelo e má catinga; O deus Midas, pelas contas, Na cabeça tinha pontas; Jove quando foi menino, Chupitou leite caprino; E, segundo o antigo mito, Também Fauno foi cabrito. Nos domínios de Plutão, Guarda um bode o Alcorão; Nos lundus e nas modinhas São cantadas as bodinhas: Pois se todos têm rabicho, Para que tanto capricho? Haja paz, haja alegria, Folgue e brinque a bodaria; Cesse, pois, a matinada, Porque tudo é bodarrada. Luís Gama. Quem sou eu? In: Sílvio Romero. História da literatura brasileira Rio de Janeiro: Garnier, 1888. Internet: (com adaptações) Glossário Siringa: belíssima ninfa da água na mitologia clássica. Midas: personagem da mitologia grega, rei da Frígia. Jove: ou Júpiter, ou Zeus,julgue o item. Em seu uso atual, lacrar é um verbo que expressa a concordân- cia da audiência com determinada ação ou fala que é tomada como inovadora e que sinaliza o fim de uma discussão. ( ) CERTO ( ) ERRADO 169. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto A Sinfonia n.º 5 em dó menor Op. 67, também conhecida como Sinfonia do Destino, de Ludwig van Beethoven, com- posta entre 1804 e 1808, é uma das obras mais conhecidas em todo repertório da música erudita europeia. Seus quatro movimentos caracterizam-se pela homogeneidade orquestral, com alternâncias de características: o primeiro movimento, Allegro con brio, traz uma grande tensão com o motivo temá- tico executado pelas cordas, que demonstra um dramatismo extremo; o segundo movimento, Andante con moto – Più mos- so – Tempo I, revela solenidade, numa marcha fúnebre que se eleva pela sua emoção e beleza; o terceiro movimento, Scherzo Allegro – Trio – Scherzo, é um movimento bastante agitado; e o quarto movimento, Allegro – Presto, expressa triunfo e mag- nificência. Em sua orquestração, Beethoven se utilizou de um flautim, duas flautas, dois oboés, duas clarinetas, dois fagotes, um contrafagote, duas trompas, dois trompetes, três trombo- nes, tímpanos, dois grupos de violinos, um grupo de violas, um grupo violoncelos e um grupo de contrabaixos. Tendo como referência inicial o texto precedente, julgue o item a seguir. Infere-se das informações do texto que o andamento Andante con moto, do segundo movimento da 5.ª Sinfonia de Beetho- ven, não deve ser muito rápido, mas, sim, apropriado para uma caminhada ritmada. ( ) CERTO ( ) ERRADO 170. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Em O processo, a antevisão do inferno em que se transfor- maria a burocracia moderna, das culpas imputadas, da tortura anônima e da morte que caracterizam os regimes totalitários do século vinte já é um lugar-comum. O trucidamento (literal) de que K. tornou-se um ícone do homicídio político. “A colônia penal” de Kafka transformou-se em realidade pouco depois de sua morte, quando também os temas da aniquilação e dos “vermes”, de sua Metamorfose, adquiriram macabra realidade. A realização concreta de suas premonições, com pormenores de clarividência, está indissociavelmente relacionada às suas fantasias aparentemente desvairadas. Haveria algum sentido em pensar que, de alguma forma, as previsões claramente formuladas na ficção de Kafka, em O processo principalmente, teriam contribuído para que de fato ocorressem? Seria pos- sível que uma profecia articulada de maneira tão impiedosa tivesse outro destino que não a sua realização? As três irmãs de K. e sua Milena morreram em campos de concentração. O judeu da Europa Central que Kafka ironizou e celebrou foi extinto de maneira abominável. Em termos espirituais, existe a possibilidade de Franz Kafka ter sentido seus dons proféticos como uma visitação de culpa, de que a capacidade de antever o tivesse exposto demais às suas emoções. K. torna-se o cúm- plice, perplexo, porém quase impaciente, do crime perpetrado contra ele. Coexistem, em todos os suicídios, a apologia e a aquiescência. Como diz o sacerdote, em triste zombaria (seria O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 59 mesmo zombaria?): “A justiça nada quer de ti. Acolhe-te quan- do vens e te deixa ir quando partes”. Essa formulação está mui- to próxima de ser uma definição da vida humana, da liberdade de ser culpado, que é a liberdade concedida ao homem expul- so do Paraíso. Quem, senão Kafka, teria sido capaz de dizer isso em tão poucas palavras? Ou se saber condenado por ter sido capaz de fazê-lo? George Steiner. Um comentário sobre O processo d e Kafka. In: Nenhuma paixão desperdiçada. Tradução de Maria Alice Máximo. Rio de Janeiro: Record, 2001 (com adaptações) Acerca dos sentidos, das ideias e dos aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item a seguir. O autor do texto explicita a ideia de que Kafka conseguiu, por meio de suas obras, antever o autoritarismo, o antissemitismo e o imperialismo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 171. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Definir o que são direitos humanos implica uma particular percepção dos fundamentos do direito, da axiologia normati- va e, em especial, do que é o ser humano. Particular porque, apesar da alcunha de seu basilar documento — a Declaração Universal dos Direitos Humanos —, não se pretende afirmar que todo ser humano e toda cultura partilhem da mesma compreensão. Por trás do que hoje se concebe como direitos fundamentais de todo ser humano, há uma particular cosmo- visão, uma ontologia ou um modelo descritivo de mundo, um complexo de ideias e crenças por meio das quais um indivíduo ou uma sociedade interpreta a realidade e com ela interage. Em tempos como este, de polarização política, em que a alcunha dos direitos humanos é usada para expressar aver- são ou simpatia a estratégias de combate à criminalidade, ao conjunto de valores morais e ao igualmente dissonante con- ceito de liberdade, percebe-se que a expressão se identifica com particulares ideias e assume novos usos, a depender de quem se apropria dela. Nesse processo, esvazia-se. Quando uma palavra ou expressão é capaz de expressar muitas ideias, já não significa coisa alguma. O poder da linguagem está em precisamente comunicar um mesmo sentido para todo e qual- quer interlocutor. Antônio Carlos Fontes Cintra. A transcendência dos direitos humanos. In: Revista da Defensoria Pública do Distrito Federal, Brasília, v. 1, n.º 1, 2019, p. 60 (com adaptações) Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item subsequente. De acordo com o texto, a definição de direitos humanos, em última instância, assenta-se em uma visão subjetiva e indivi- dual do indivíduo e do direito. ( ) CERTO ( ) ERRADO 172. (CEBRASPE-CESPE – 2022) No mundo de hoje, as telecomunicações representam mui- to mais do que um serviço básico; são um meio de promover o desenvolvimento, melhorar a sociedade e salvar vidas. Isso será ainda mais verdade no mundo de amanhã. A importância das telecomunicações ficou evidente nos dias que se seguiram ao terremoto que devastou o Haiti, em janeiro de 2010. As tecnologias da comunicação foram utiliza- das para coordenar a ajuda, otimizar os recursos e fornecer informações sobre as vítimas, das quais se precisava desespe- radamente. A União Internacional das Telecomunicações (UIT) e os seus parceiros comerciais forneceram inúmeros terminais satélites e colaboraram no fornecimento de sistemas de comu- nicação sem fio, facilitando as operações de socorro e limpeza. Saúdo essas iniciativas e, de um modo geral, o trabalho da UIT e de outras entidades que promoveram o acesso à banda larga em zonas rurais e remotas de todo o mundo. Um maior acesso pode significar mais progressos no domí- nio da realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A Internet impulsiona a atividade econômica, o comércio e até a educação. A telemedicina está melhorando os cuidados com a saúde, os satélites de observação terrestre são usados para combater as alterações climáticas e as tecnologias ecológicas contribuem para a existência de cidades mais limpas. Ao passo que essas inovações se tornam mais importantes, a necessidade de atenuar o fosso tecnológico é mais urgente. Ban Ki-moon (secretário-geral das Nações Unidas). Pronunciamento acerca do Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação. 17 de maio de 2010. Internet: (com adaptações). Com relação às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item a seguir. Depreende-se do primeiro parágrafo que somente no futuro ficará provado que as telecomunicações são muito mais do que um serviçodeus dos deuses e dos homens. Fauno: deus romano protetor dos pastores e rebanhos. Plutão: ou Hades, deus que possuía as chaves do reino dos mortos. Com relação a aspectos linguísticos do poema Quem sou eu?, anteriormente apresentado, julgue o próximo item. O poeta lança mão de processos de derivação sufixal para criar novas palavras a partir do radical do substantivo “bode”. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ ARTIGO 17. (CEBRASPE-CESPE – 2021) No dia 31 de outubro de 1861, depois de um conturbado processo de construção, que durou cerca de três décadas, a Bahia inaugurou a sua primeira penitenciária, que recebeu ofi- cialmente o nome de Casa de Prisão com Trabalho. A institui- ção foi construída numa área pantanosa, na periferia da cidade de Salvador. A implantação da penitenciária fazia parte do projeto civi- lizador oitocentista, e o Brasil acompanhava uma tendência mundial de modernização do sistema prisional, que teve iní- cio na Inglaterra e nos Estados Unidos no final do século XVIII. As execuções e as torturas em praças públicas, utilizadas para atemorizar a quem estivesse planejando novos crimes, foram, gradativamente, abandonadas. Entrava em cena a penalidade moderna, que planejava privar o criminoso do seu bem maior — a sua liberdade —, internando-o numa instituição construí- da especificamente para recuperá-lo, que recebeu o nome de penitenciária. O seu funcionamento era regido por normas que seriam aplicadas de acordo com o modelo penitenciário escolhido pelas autoridades, mas utilizavam-se elementos como o trabalho, a religião, a disciplina, o uso de uniformes e, sobretudo, o isolamento como métodos de punição e recuperação. Dessa forma, esperava-se criar um “novo homem”, que seria devolvido à sociedade com todos os atributos necessá- rios à convivência social, principalmente para o trabalho. Foi com essa expectativa que os reformadores baianos implanta- ram a Casa de Prisão com Trabalho. Cláudia Moraes Trindade. O nascimento de uma penitenciária os primeiros presos da Casa de Prisão com Trabalho da Bahia (1860-1865). In: Tempo, Niterói, v. 16, n. 30, p. 167-196, 2011 (com adaptações) Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto ante- rior, julgue o item que se segue. Com o uso do artigo definido na contração “do” em “do proje- to civilizador oitocentista” (no início do segundo parágrafo), pressupõe-se que a autora parte do princípio de que os leitores tenham conhecimento prévio acerca desse projeto. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ ADJETIVO 18. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A1-I O ordenamento jurídico vem sendo confrontado com as inovações tecnológicas decorrentes da aplicação da inteligên- cia artificial (IA) nos sistemas computacionais. Não apenas se vivencia uma ampliação do uso de sistemas lastreados em IA no cotidiano, como também se observa a existência de robôs com sistemas computacionais cada vez mais potentes, nos quais os algoritmos passam a decidir autonomamente, supe- rando a programação original. Nesse contexto, um dos grandes desafios ético-jurídicos do uso massivo de sistemas de inteli- gência artificial é a questão da responsabilidade civil advinda de danos decorrentes de robôs inteligentes, uma vez que os sistemas delituais tradicionais são baseados na culpa e essa centralidade da culpa na responsabilidade civil se encontra desafiada pela realidade de sistemas de inteligência artificial. Perante a autonomia algorítmica na qual os sistemas de IA passam a decidir de forma diversa da programada, há uma dificuldade de diferenciar quais danos decorreram de erro humano e aqueles que derivaram de uma escolha equivocada realizada pelo próprio sistema ao agir de forma autônoma. O comportamento emergente da máquina, em função do pro- cesso de aprendizado profundo, sem receber qualquer contro- le da parte de um agente humano, torna difícil indicar quem seria o responsável pelo dano, uma vez que o processo deci- sório decorreu de um aprendizado automático que culminou com escolhas equivocadas realizadas pelo próprio sistema. Há evidentes situações em que se pode vislumbrar a existência de culpa do operador do sistema, como naquelas em que não foram realizadas atualizações de software ou, até mesmo, de quebra de deveres objetivos de cuidado, como falhas que permitem que hackers interfiram no sistema. Entretanto, excluídas essas situações, estará ausente o juízo de censura necessário para a responsabilização com base na culpa. B. L. da Anunciação Melo e H. Ribeiro Cardoso. Sistemas de inteligência artificial e responsabilidade civil: uma análise da proposta europeia acerca da atribuição de personalidade civil. In: Revista Brasileira de Direitos Fundamentais & Justiça, 16(1), 2020, p. 93-4 (com adaptações) Em relação às construções sintáticas do texto 2A1-I, julgue o próximo item. No parágrafo, o segmento “de quebra de deveres objetivos de cuidado” qualifica “situações”. ( ) CERTO ( ) ERRADO O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 14 19. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A2-III Justiça é justiça social. É atualização dos princípios con- dutores, emergindo nas lutas sociais, para levar à criação de uma sociedade em que cessem a exploração e a opressão do homem pelo homem. O direito não é mais, nem menos, do que a expressão daqueles princípios supremos, como mode- lo avançado de legítima organização social da liberdade. Mas até a injustiça como também o antidireito (isto é, a constitui- ção de normas ilegítimas e sua imposição em sociedades mal organizadas) fazem parte do processo, pois nem a sociedade justa, nem a justiça corretamente vista, nem o direito mesmo, o legítimo, nascem de um berço metafísico ou são presente generoso dos deuses: eles brotam nas oposições, no conflito, no caminho penoso do progresso, com avanços e recuos. Direito é processo, dentro do processo histórico. Não é uma coisa feita, perfeita e acabada. É aquele vir a ser que se enriquece nos movimentos de libertação das classes e dos gru- pos ascendentes e que definha nas explorações e opressões que o contradizem, mas de cujas próprias contradições brota- rão as novas conquistas. Roberto Lyra Filho. O que é direito. São Paulo: Brasiliense, 2003, p. 86 (com adaptações) Acerca de aspectos gramaticais do texto 2A2-III, julgue o item subsequente. Em “opressão do homem” e “presente generoso dos deuses”, a substituição das locuções adjetivas “do homem” e “dos deuses” pelos adjetivos humana e divino, respectivamente, manteria a correção gramatical e as relações coesivas do texto original. ( ) CERTO ( ) ERRADO 20. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1-I Em uma de suas últimas entrevistas, o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) relatou que havia fugido do hospital onde se submetia a tratamento contra um câncer, para terminar o livro que considerava o coroamento de sua obra: O povo bra- sileiro, publicado em 1995. Na mesma entrevista, reconhecia ser um homem de “muitas peles”: foi etnólogo indigenista, antropólogo, educador, gestor público, político militante e romancista. Entretanto, dizia ter fracassado em sua missão de tornar o Brasil aquilo que “poderia ser”. “Darcy Ribeiro é uma figura fascinante e um dos autores latino-americanos que projetaram mais futuros. Em alguns dos textos, ele parece comentar em voz alta as alternativas, utópicas e distópicas, para o Brasil e a América Latina”, obser- va o sociólogo Fabrício Pereira da Silva. “Este é um momento excelente para reexaminar suas ideias, suas utopias e seus projetos.” Sua carreira de educador teve início na Escola Brasileira de Administração Pública, da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, onde, durante dois anos, ensinou etnologia brasileira. Na mesma época, participou da fundação do Museu do Índio, em 1953, e, dois anosmais tarde, da criação do primeiro curso de pós-graduação em antropologia cultural no Brasil. Ao deixar o Serviço de Proteção aos Índios, lecionou na Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nes- se período, desenvolveu trabalhos com o pedagogo Anísio Tei- xeira (1900-1971), uma das principais referências em educação no Brasil e defensor do ensino básico integral. Sua influência perduraria por toda a trajetória de Darcy Ribeiro e se concre- tizaria no projeto dos centros integrados de educação pública (CIEP), escolas de tempo integral criadas no Rio de Janeiro nos anos 80 do século passado. A crítica ao colonialismo, a análise dos povos latino-ameri- canos e a valorização do ponto de vista indígena fazem da obra de Darcy Ribeiro uma fonte de inspiração para pesquisadores do campo de estudos pós-coloniais e decoloniais, de acordo com Pereira da Silva. “São releituras e apropriações, porque, quando ele publicou, esses termos não eram usados. A ten- dência ao evolucionismo e ao eurocentrismo de seus primei- ros anos deu lugar, no exílio, a uma visão mais diversificada, em que a América Latina aparece como um polo civilizacional”, afirma. Apesar de ter sido reitor, fundador e reformador de univer- sidades, Darcy viveu a maior parte de sua carreira fora de ins- tituições universitárias brasileiras. Entretanto, jamais deixou de refletir sobre seu projeto para o ensino superior. Publicou livros como A universidade necessária e La universidad lati- noamericana, em que expôs seu projeto baseado em interdis- ciplinaridade, investimento em pesquisa científica avançada, compromisso social e participação do corpo discente na toma- da de decisões. Diego Viana. Darcy Ribeiro: a chama da utopia. Revista Pesquisa FAPESP, 30/10/2022 (com adaptações) Em relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o próximo item. No segundo período do primeiro parágrafo, os vocábulos “indi- genista”, “público” e “militante” são adjetivos que qualificam, respectivamente, os termos “etnólogo”, “gestor” e “político”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 21. (CEBRASPE-CESPE – 2022) É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome? “Posso ajudá-lo, cavalheiro?” “Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...” “Pois não?” “Um... como é mesmo o nome?” “Sim?” “Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.” “Sim, senhor.” “O senhor vai dar risada quando souber.” “Sim, senhor.” “Olha, é pontuda, certo?” “O quê, cavalheiro?” “Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta; a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?” “Infelizmente, cavalheiro...” “Ora, você sabe do que eu estou falando.” “Estou me esfor- çando, mas...” “Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?” “Se o senhor diz, cavalheiro.” Luís Fernando Veríssimo. Comunicação. Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item a seguir. Os adjetivos ‘conhecidíssima’ (sétimo parágrafo) e ‘pontuda’ (décimo primeiro parágrafo) qualificam o mesmo termo no tex- to, mas do emprego do primeiro se depreende mais intensidade que do segundo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 22. (CEBRASPE-CESPE – 2022) A comunicação tem-se transformado em um setor estratégico da economia, da política e da cultura. Da guerra, ela sempre o foi. A inclusão da informação e da comunicação nas estratégias bélicas tem aumentado no correr de milênios. No século VII a.C., o chinês Sun Tzu, em A arte da guerra, dizia que “toda guerra é embasada em dissimulação”, referindo-se à distribuição de informações falsas. Contudo, quem mais desenvol- veu esse conceito foi o general prussiano Carl von Clausewitz, em seu amplo tratado Da guerra (Vom Kriege), publicado em 1832. No capítulo VI, Clausewitz afirma: “Grande parte das notícias recebidas na guerra é contraditória, uma parte ainda maior é falsa e a maior parte de todas é incerta. Em suma, a maioria das notícias é falsa, e o medo do ser humano reforça a mentira e a inverdade. As pessoas O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 15 conscientes que seguem as insinuações alheias tendem a perma- necer indecisas no lugar; acreditam ter encontrado as circunstân- cias distintas do que imaginavam. Na guerra, tudo é incerto, e os cálculos devem ser feitos com meras grandezas variáveis. Eles dire- cionam a observação apenas para magnitudes materiais, enquan- to todo o ato de guerra está imbuído de forças e efeitos espirituais”. Trata-se de desinformar, e não de informar. A desinformação é a informação falsa, incompleta, desorientadora. É propagada para enganar um público determinado. Seu fim último é o isolamento do inimigo em um conflito concreto, é o de mantê-lo em um cerco informativo. Os nazistas levaram essa estratégia do engano quase à perfeição. Atualmente, pratica-se tanto o cerco econômico, militar e diplomático quanto o informativo. Já não se trata apenas de isolar o inimigo. As novas tecnologias permitem aos militares intervir nos conflitos bélicos a distância, direcionando até mesmo os foguetes com a ajuda de GPS, a partir de um satélite. A telecomunicação mili- tar apoiada em satélites e a eletrônica determinarão as guerras do futuro imediato. Fala-se já de bombas eletrônicas (E) que podem paralisar estabelecimentos neurais da sociedade moderna, como hospitais, centrais elétricas, oleodutos etc., destruindo os seus cir- cuitos eletrônicos. Parece que hoje já se pode fazer a guerra sem bombas atômicas. As bombas E do tipo FCG (flux compression generator — gerador de compressão de fluxo), cujo emprego não está limitado às grandes potências bélicas, têm o mesmo efeito e fazem parte dos arsenais de alguns exércitos, e consistem em com- primir, mediante uma explosão, um campo eletromagnético, como um raio, sem os custos, os efeitos colaterais ou o enorme alcance de um dispositivo de pulso eletromagnético nuclear. Vicente Romano. Presente e futuro imediato das telecomunicações. São Paulo em Perspectiva. Internet: (com adaptações). Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CB4A1-I, julgue o próximo item. No segundo parágrafo, na citação do general prussiano Carl von Clausewitz, o adjetivo ‘contraditória’, em ‘Grande parte das notícias recebidas na guerra é contraditória’, expressa, em tom pejorativo, um atributo do termo ‘guerra’. ( ) CERTO ( ) ERRADO 23. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-I Em 721, um concílio romano presidido pelo papa Gregório II proibiu o casamento com uma commater, isto é, a madrinha de um filho, ou a mãe de um filho de quem se fosse padrinho. Isso levou o papado a se alinhar com a legislação promulgada, algu- mas décadas antes, em Bizâncio. A adoção marcadamente rápida desses princípios sugere que o clero franco já sustentava concep- ções similares. Isso é ilustrado por um caso curioso contado por um clérigo franco anônimo, em 727. Ele censurava a maneira trai- çoeira pela qual a infame concubina Fredegunda havia consegui- do se tornar a esposa legal do rei Quilpérico. Durante uma longa ausência do rei, ela persuadira sua rival, a rainha Audovera, a tor- nar-se madrinha da própria filha recém-nascida. Assim, a ingênua Audovera foi subitamente transformada na commater de seu pró-prio marido, impossibilitando qualquer relação conjugal posterior e deixando o caminho livre para Fredegunda. Essa artimanha mostra que, poucos anos após o concílio romano de 721, o autor anônimo e seu público estavam bem familiarizados com os impedimentos derivados do parentesco espiritual. Não fosse o caso, seria impossível acusar Fredegunda de seu ardiloso truque. As cartas do missionário Bonifácio confe- rem testemunho adicional a esse fato. Em 735, ele perguntou ao bispo escocês Pethlem se era permitido que alguém se casasse com uma viúva que era mãe de seu afilhado. “Todos os padres da Gália e na terra dos francos afirmavam que isso era um pecado grave”, escreveu ele. Soava-lhe estranho, já que ele nunca ouvira falar nisso antes. A questão devia preocupá-lo porque, no mesmo ano, escreveu a respeito para dois outros clérigos anglo-saxões. Evidentemente, o missionário até então não estava familiarizado com esse impedimento ao casamento, embora o clero continen- tal, a quem ele se dirigia, considerasse a questão muito grave. Mayke De Jong, Nos limites do parentesco: legislação anti-incesto na Alta Idade Média ocidental (500-900). In: Jan Bremmer (Org.). De Safo a Sade. Momentos na história da sexualidade. Campinas: Papirus, 1995, p. 56-7 (com adaptações) Em relação às estruturas morfossintáticas do texto CG1A1-I, jul- gue o próximo item. No terceiro período do texto, o termo “mar- cadamente” qualifica o adjetivo “rápida”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 24. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB1A1-I Não é preciso temer as máquinas, à maneira do Extermi- nador do futuro, para se preocupar com a sobrevivência da democracia em um mundo dominado pela inteligência artificial (IA). No fim das contas, a democracia sempre teve como alicer- ces os pressupostos de que nosso conhecimento do mundo é imperfeito e incompleto; de que não há resposta definitiva para grande parte das questões políticas; e de que é sobretudo por meio da deliberação e do debate que expressamos nossa apro- vação e nosso descontentamento. Em certo sentido, o sistema democrático tem se mostrado capaz de aproveitar nossas imperfeições da melhor maneira: uma vez que de fato não sabemos tudo, e tampouco podemos testar empiricamente todas as nossas suposições teóricas, esta- belecemos certa margem de manobra democrática, uma folga política, em nossas instituições, a fim de evitar sermos arrasta- dos pelos vínculos do fanatismo e do perfeccionismo. Agora, novas melhorias na IA, viabilizadas por operações massivas de coleta de dados, aperfeiçoadas ao máximo por grupos digitais, contribuíram para a retomada de uma velha corrente positivista do pensamento político. Extremamente tecnocrata em seu âmago, essa corrente sustenta que a demo- cracia talvez tenha tido sua época, mas que hoje, com tantos dados à nossa disposição, afinal estamos prestes a automati- zar e simplificar muitas daquelas imperfeições que teriam sido — deliberadamente — incorporadas ao sistema político. Dessa forma, podemos delegar cada vez mais tarefas a algoritmos que, avaliando os resultados de tarefas anteriores e quaisquer alterações nas predileções individuais e nas curvas de indiferença, se reajustariam e revisariam suas regras de fun- cionamento. Alguns intelectuais proeminentes do Vale do Silício até exaltam o surgimento de uma “regulação algorítmica”,cele- brando-a como uma alternativa poderosa à aparentementeine- ficaz regulação normal. Evgeny Morozov. Big Tech. A ascensão dos dados e a morte da política. São Paulo: Ubu Editora, 2018, p. 138-139 (com adaptações) Com relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o seguinte item. No terceiro parágrafo, o adjetivo “tecnocrata” (segundo período) qualifica o termo “pensamento político” (primeiro período). ( ) CERTO ( ) ERRADO 25. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB1A1-I A história da saúde não é a história da medicina, pois ape- nas de 10% a 20% da saúde são determinados pela medicina, e essa porcentagem era ainda menor nos séculos anteriores. Os outros três determinantes da saúde são o comportamento, o ambiente e a biologia – idade, sexo e genética. As histórias da medicina centradas no atendimento à saúde não permi- tem uma compreensão global da melhoria da saúde humana. A história dessa melhoria é uma história de superação. Antes dos primeiros progressos, a saúde humana estava totalmente estagnada. Da Revolução Neolítica, há 12 mil anos, até mea- dos do século XVIII, a expectativa de vida dos seres humanos ocidentais não evoluíra de modo significativo. Estava parali- sada na faixa dos 25-30 anos. Foi somente a partir de 1750 que o equilíbrio histórico se modificou positivamente. Vários elementos alteraram esse contexto, provocando um aumento praticamente contínuo da longevidade. Há 200 anos, as suecas detinham o recorde mundial com uma longevidade de 46 anos. Em 2019, eram as japonesas que ocupavam o primeiro lugar, com uma duração média de vida de 88 anos. Mesmo sem alcançar esse recorde, as populações dos países industrializa- dos podem esperar viver atualmente ao menos 80 anos. Desde O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 16 1750, cada geração vive um pouco mais do que a anterior e prepara a seguinte para viver ainda mais tempo. Jean-David Zeitoun. História da saúde humana: vamos viver cada vez mais? Tradução Patrícia Reuillard. São Paulo: Contexto, 2022, p. 10-11 (com adaptações) No que se refere a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o item seguinte. O termo “positivamente” (oitavo período) é empregado como adjetivo de sentido quantitativo e se refere ao fato de a expecta- tiva de vida humana aumentar numericamente, e não diminuir. ( ) CERTO ( ) ERRADO 26. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto 14A1-I As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equiva- lentes quanto ao que podem expressar, e o fazem com igual facilidade (embora lançando mão de recursos bem diferentes). Entretanto, dois fatores dificultam a aplicação de algumas lín- guas a certos assuntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulá- rio; outro, subjetivo, a existência de preconceitos. É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma língua dos méritos (culturais, científicos ou literários) daquilo que ela serve para expressar. Por exemplo, se a literatura fran- cesa é particularmente importante, isso não quer dizer que a língua francesa seja superior às outras línguas para a expres- são literária. O desenvolvimento de uma literatura é decor- rência de fatores históricos independentes da estrutura da língua; a qualidade da literatura francesa diz algo dos méritos da cultura dos povos de língua francesa, não de uma imaginá- ria vantagem literária de se utilizar o francês como veículo de expressão. Victor Hugo poderia ter sido tão importante quanto foi mesmo se falasse outra língua — desde que pertencesse a uma cultura equivalente, em grau de adiantamento, riqueza de tradição intelectual etc., à cultura francesa de seu tempo. Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos cien- tíficos da contemporaneidade são as instituições e os pesqui- sadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica internacional. Todavia, se os fatores históricos que produziram a supremacia científica norte-americana se tivessem verificado, por exemplo, na Holanda, o holandês nos estaria servindo exa- tamente tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês traços estruturais intrínsecos que o façam superior ao holandês como língua adequada à expressão de conceitos científicos. Não se conhece caso em que o desenvolvimento da supe- rioridade literária ou científica de um povo possa ser claramen- te atribuído à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, as grandes literaturas e os grandes movimentos científicos surgemnas grandes nações (as mais ricas, as mais livres de restrições ao pensamento e também — ai de nós! — as mais poderosas política e militarmente). O desenvolvimento dos diversos aspectos materiais e culturais de uma nação se dá mais ou menos harmoniosamente; a ciência e a arte são tam- bém produtos da riqueza e da estabilidade de uma sociedade. O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de não desenvolverem vocabulário técnico e científico suficiente para acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem che- gar a ser muito grande, os próprios falantes acabarão optando por utilizar uma língua estrangeira ao tratarem de assuntos científicos e técnicos. Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua para fazer ciência). In: Ciência Hoje, 1994 (com adaptações) Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do tex- to 14A1-I, julgue o item a seguir. No parágrafo, o termo “bem” intensifica o sentido do termo “diferentes”. ( ) CERTO ( ) ERRADO 27. (CEBRASPE-CESPE – 2021) No fim do século XVIII e começo do XIX, a despeito de algu- mas grandes fogueiras, a melancólica festa de punição vai-se extinguindo. Nessa transformação, misturaram-se dois pro- cessos. Não tiveram nem a mesma cronologia, nem as mesmas razões de ser. De um lado, a supressão do espetáculo punitivo. O cerimonial da pena vai sendo obliterado e passa a ser apenas um novo ato de procedimento ou de administração. A punição pouco a pouco deixou de ser uma cena. E tudo o que pudesse implicar de espetáculo desde então terá um cunho negativo; e como as funções da cerimônia penal deixavam pouco a pou- co de ser compreendidas, ficou a suspeita de que tal rito que dava um “fecho” ao crime mantinha com ele afinidades espú- rias: igualando-o, ou mesmo ultrapassando-o em selvageria, acostumando os espectadores a uma ferocidade de que todos queriam vê-los afastados, mostrando-lhes a frequência dos cri- mes, fazendo o carrasco se parecer com criminoso, os juízes com os assassinos, invertendo no último momento os papéis, fazendo do supliciado um objeto de piedade e de admiração. A execução pública é vista então como uma fornalha em que se acende a violência. A punição vai-se tornando, pois, a parte mais velada do processo penal, provocando várias con- sequências: deixa o campo da percepção quase diária e entra no da consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à sua fata- lidade, não à sua intensidade visível; a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime e não mais o abominável teatro; a mecânica exemplar da punição muda as engrenagens. Michel Foucault. Vigiar e punir; nascimento da prisão. Tradução: Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987 (com adaptações) Com relação aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto apresentado, julgue o item seguinte. Ao empregar o adjetivo “melancólica” para caracterizar “fes- ta”, em “a melancólica festa de punição” (primeiro parágrafo), o autor apresenta seu ponto de vista sobre a forma de punição que se vai “extinguindo”. ( ) CERTO ( ) ERRADO Æ CONJUGAÇÃO. RECONHECIMENTO E EMPREGO DOS MODOS E TEMPOS VERBAIS 28. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A1-I O ordenamento jurídico vem sendo confrontado com as inovações tecnológicas decorrentes da aplicação da inteligên- cia artificial (IA) nos sistemas computacionais. Não apenas se vivencia uma ampliação do uso de sistemas lastreados em IA no cotidiano, como também se observa a existência de robôs com sistemas computacionais cada vez mais potentes, nos quais os algoritmos passam a decidir autonomamente, supe- rando a programação original. Nesse contexto, um dos grandes desafios ético-jurídicos do uso massivo de sistemas de inteli- gência artificial é a questão da responsabilidade civil advinda de danos decorrentes de robôs inteligentes, uma vez que os sistemas delituais tradicionais são baseados na culpa e essa centralidade da culpa na responsabilidade civil se encontra desafiada pela realidade de sistemas de inteligência artificial. Perante a autonomia algorítmica na qual os sistemas de IA passam a decidir de forma diversa da programada, há uma dificuldade de diferenciar quais danos decorreram de erro humano e aqueles que derivaram de uma escolha equivocada realizada pelo próprio sistema ao agir de forma autônoma. O comportamento emergente da máquina, em função do pro- cesso de aprendizado profundo, sem receber qualquer contro- le da parte de um agente humano, torna difícil indicar quem seria o responsável pelo dano, uma vez que o processo deci- sório decorreu de um aprendizado automático que culminou com escolhas equivocadas realizadas pelo próprio sistema. Há evidentes situações em que se pode vislumbrar a existên- cia de culpa do operador do sistema, como naquelas em que não foram realizadas atualizações de software ou, até mes- mo, de quebra de deveres objetivos de cuidado, como falhas que permitem que hackers interfiram no sistema. Entretanto, excluídas essas situações, estará ausente o juízo de censura necessário para a responsabilização com base na culpa. B. L. da Anunciação Melo e H. Ribeiro Cardoso. Sistemas de inteligência artificial e responsabilidade civil: uma análise da proposta europeia acerca da atribuição de personalidade civil. In: Revista Brasileira de Direitos Fundamentais & Justiça, 16(1), 2020, p. 93-4 (com adaptações) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 17 Com base nas regras de concordância nominal e verbal, julgue o seguinte item, relativos ao texto 2A1-I. No trecho “os sistemas de IA passam a decidir”, é facultativa a flexão da forma verbal “decidir” no plural, razão por que seria igualmente correta a expressão os sistemas de IA passam a decidirem. ( ) CERTO ( ) ERRADO 29. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A2-III Justiça é justiça social. É atualização dos princípios con- dutores, emergindo nas lutas sociais, para levar à criação de uma sociedade em que cessem a exploração e a opressão do homem pelo homem. O direito não é mais, nem menos, do que a expressão daqueles princípios supremos, como mode- lo avançado de legítima organização social da liberdade. Mas até a injustiça como também o antidireito (isto é, a constitui- ção de normas ilegítimas e sua imposição em sociedades mal organizadas) fazem parte do processo, pois nem a sociedade justa, nem a justiça corretamente vista, nem o direito mesmo, o legítimo, nascem de um berço metafísico ou são presente generoso dos deuses: eles brotam nas oposições, no conflito, no caminho penoso do progresso, com avanços e recuos. Direito é processo, dentro do processo histórico. Não é uma coisa feita, perfeita e acabada. É aquele vir a ser que se enriquece nos movimentos de libertação das classes e dos gru- pos ascendentes e que definha nas explorações e opressões que o contradizem, mas de cujas próprias contradições brota- rão as novas conquistas. Roberto Lyra Filho. O que é direito. São Paulo: Brasiliense, 2003, p. 86 (com adaptações) Acerca de aspectos gramaticais do texto 2A2-III, julgue o item subsequente. O segundo período do texto é iniciado por uma forma verbal impessoal. ( ) CERTO ( ) ERRADO 30. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 15A2-I Em uma linha de estudos, um dos fatores apontados frequen- temente como possível solução para a diminuição da demanda nos tribunais diz respeito aos mecanismos de resolução alter- nativa de conflitos. O relatório Fazendo com que a justiça conte: medindo e aprimorando o desempenho do Judiciário no Brasil, produzido pelo Banco Mundial, já apontava em 2004 a maior difu- são do instituto da conciliação como uma possível solução para a excessiva sobrecarga de processos na justiça estadual. Segundo o relatório, tal medida poderia ser um importante mecanismo de diminuição