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[Simulado TSE] 1000 questoes - geral

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QUESTÕES? caderno de
QUESTÕES
TSE UNIFICADO
QUESTÕES PARA O 
TÉCNICO JUDICIÁRIO
ÁREA ADMINISTRATIVA
1.000
NV-LV142-24-1000-QUESTOES-TSE-TEC-ADM
Cód.: 7908428808532
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
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de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no 
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Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações.
Organização
Alan Firmo
Camila Custódio
Josiane Inácio
Nataly Ternero
Diagramação
Luan Silva
Capa
Joel Ferreira dos Santos 
Dúvidas
www.novaconcursos.com.br/contato
sac@novaconcursos.com.br
Obra
Caderno de Questões para 
TSE
Disciplinas
LÍNGUA PORTUGUESA • 200 Questões
NOÇÕES DE DIREITO ELEITORAL • 100 Questões
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO • 200 Questões
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL • 200 Questões
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA • 180 Questões
GESTÃO DE PESSOAS • 85 Questões
GESTÃO DE CONTRATOS • 45 Questões
Data da Publicação
Maio/2024
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PIRATARIA
É CRIME!
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ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por 
escrito da Nova Concursos.
Pirataria é crime e está previsto no art. 184 do Código Penal, 
com pena de até quatro anos de prisão, além do pagamento 
de multa. Já para aquele que compra o produto pirateado 
sabendo desta qualidade, pratica o delito de receptação, punido 
com pena de até um ano de prisão, além de multa (art. 180 do CP).
Não seja prejudicado com essa prática. 
Denuncie aqui: sac@novaconcursos.com.br
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APRESENTAÇÃO
O treino de questões, além de testar seus conhecimentos, é fundamental para compreender melhor 
o perfil da banca organizadora. Ao mesmo tempo que você revisa a teoria estudada, você pratica a
metodologia da banca e cria uma rotina de estudos essencial para a sua preparação.
Pensando nisso, a série Caderno de Questões apresenta 1.000 questões gabaritadas para o concurso 
Tribunal Superior Eleitoral - Unificado – Técnico Judiciário – Área Administrativa. Trazemos as mais 
recentes questões organizadas pela banca CEBRASPE, organizadora contratada para a realização do 
certame, de acordo com os itens mais relevantes do Edital nº 1 – CNPUJE, de 27 de maio de 2024.
Este caderno é separado em disciplinas de acordo com os assuntos abordados no Edital nº 1 – CNPU-
JE, de 27 de maio de 2024, para que você possa treinar tudo o que foi o que foi cobrado e já conhecer o 
que possivelmente sua banca irá abordar.
Neste material, você encontra ainda o gabarito oficial ao final de cada disciplina, para conferir suas 
resoluções.
Agora é com você!
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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA .............................................................................................11
Æ ORTOGRAFIA - CASOS GERAIS E EMPREGO DAS LETRAS ..................................................................................... 11
Æ ACENTUAÇÃO ............................................................................................................................................................... 11
Æ FORMAÇÃO E ESTRUTURA DAS PALAVRAS ............................................................................................................ 12
Æ ARTIGO .......................................................................................................................................................................... 13
Æ ADJETIVO ....................................................................................................................................................................... 13
Æ CONJUGAÇÃO. RECONHECIMENTO E EMPREGO DOS MODOS E TEMPOS VERBAIS ..................................... 16
Æ ADVÉRBIO ..................................................................................................................................................................... 20
Æ PREPOSIÇÃO ................................................................................................................................................................. 23
Æ SIGNIFICAÇÃO DE VOCÁBULO E EXPRESSÕES ....................................................................................................... 25
Æ PONTUAÇÃO (PONTO, VÍRGULA, TRAVESSÃO, ASPAS, PARÊNTESES ETC.) ..................................................... 29
Æ REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL (CASOS GERAIS) .................................................................................................. 35
Æ CRASE ............................................................................................................................................................................. 38
Æ CONCORDÂNCIA (VERBAL E NOMINAL) ................................................................................................................. 42
Æ COERÊNCIA. COESÃO (ANÁFORA, CATÁFORA, USO DOS CONECTORES — PRONOMES RELATIVOS,
CONJUNÇÕES ETC.) ..................................................................................................................................................... 47
Æ INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS (COMPREENSÃO) .................................................................................................... 51
Æ TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL ............................................................................................................................... 62
Æ REESCRITA DE FRASES. SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU TRECHOS DE TEXTO. ............................................ 64
Æ GABARITO ..................................................................................................................................................................... 68
DIREITO ELEITORAL .................................................................................................. 71
Æ DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS (ARTS. 118 A 121 DA CF, DE 1988) ......................................................... 71
Æ CONCEITOS, PRINCÍPIOS E FONTES DO DIREITO ELEITORAL ............................................................................. 71
Æ CONCEITO, AQUISIÇÃO E ESPÉCIES (SUFRÁGIO, VOTO, PLEBISCITO, REFERENDO, INICIATIVA
POPULAR). CARACTERÍSTICAS DO VOTO. ............................................................................................................... 72
Æ CASSAÇÃO, PERDA E SUSPENSÃO DE DIREITOS (ART. 15 DA CF) ....................................................................... 72
Æ DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL ...................................................................................................................... 72
Æ DOS TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS ................................................................................................................das demandas hoje paralisadas no Poder Judiciário 
estadual.
Ribeiro (2008), em análise acerca do acesso ao sistema judi-
ciário no Brasil, destaca o papel do Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ) como órgão encarregado de desenvolver ações que visem à 
redução da morosidade processual e à simplificação dos procedi-
mentos judiciais. A autora destaca dentre os projetos desenvolvi-
dos pelo CNJ a ênfase nos procedimentos alternativos de justiça, 
entre os quais figura o instituto da conciliação.
Em mesmo sentido, Veronese (2007) realizou análise da evo-
lução de experiências alternativas de resolução de conflitos, des-
crevendo os projetos e as questões políticas implicadas nesse 
fenômeno. Segundo o autor, apesar do consenso de que o Brasil 
se insere em um contexto de tradição jurídica formalista, ocorre 
atualmente um movimento descrito como “permeabilidade às 
novas referências institucionais para a solução dos conflitos e ao 
discurso de intervenção social” (2007, p. 19), agenda que, segundo 
Veronese, vem-se desenvolvendo de modo célere no Brasil. Um 
exemplo citado por ele diz respeito à realização do Dia Nacional da 
Conciliação, evento promovido pelo CNJ com o intuito de difundir 
nos tribunais a cultura da realização de acordos entre os litigantes 
com vistas a extinguir demandas judiciárias.
Renato Máximo Sátiro e Marcos de Moraes Sousa
Determinantes quantitativos do desempenho judicial: fatores associados à 
produtividade dos tribunais de justiça. In: Revista Direito GV, v. 7, n.º 1, 2021, 
p. 8-9 (com adaptações)
Acerca do emprego das formas verbais no texto 15A2-I, julgue 
o próximo item.
No título do relatório mencionado no primeiro parágrafo, o 
emprego do subjuntivo em “conte” justifica-se pela subordina-
ção dessa oração a uma construção causativa.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
31. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 20A2-II
Estou prestes a sair de casa. Abro o armário. Urge escolher a 
máscara, das muitas que eu tenho, para ir à rua. Com ela enfren-
tarei os dissabores e as aventuras do meu cotidiano. Afinal, ela é 
a ponte que cruzo para alcançar os demais seres.
Minhas máscaras acomodam-se na prateleira, em meio às 
bolsas. Todas parecidas, elas diferenciam-se entre si apenas em 
detalhes imperceptíveis aos olhos alheios. São raros aqueles que 
surpreendem a natureza da minha máscara. Reconhecem que 
rio, choro ou encontro-me na iminência de velejar para um hemis-
fério longínquo, de onde, quem sabe, não regresso tão cedo.
Enquanto muitos confessam, em consonância, com tris-
te adágio, que suas vidas são um livro aberto, nada tenho a 
esconder dos homens, sou justo o contrário, não sei viver sem 
as máscaras, que me protegem, são a salvaguarda da minha 
liberdade. E ainda que se provem elas em muitos momentos 
incapazes de me proteger, não importa. Afinal, a vida não per-
mite previsões, lances antecipados. Para enfrentar certos con-
flitos, seria necessário revestir-se da máscara de ferro, que traz 
consigo o sopro da morte.
Duvido que alguém prescinda do uso da máscara. Ande 
inadvertido pelo mundo, oferecendo o rosto cru dos seus senti-
mentos. Desajeitado e pobre, quando poderia dispor, a qualquer 
hora, de mais de mil máscaras, capazes todas de impulsionar o 
espetáculo humano, de corresponder à natureza do seu dono, de 
encharcar de vinagre e esperança qualquer coração.
As máscaras, sem dúvida, ajudam-me a viver. Levam-me às 
cerimônias solenes, onde confirmo educação recebida. Acompa-
nham-me nos momentos em que sangro, a despeito da minha 
aparente indiferença. E são elas ainda que me perguntam qual 
das máscaras usar em determinada festa. Acaso a máscara que 
engendrei ao longo dos anos, e que me serve como um chinelo 
velho? Aquela que é dissimulada, cujo desassombro assusta-me, 
pois revela aos vizinhos o que eu mantinha sob resguardo? Ou 
a outra, que aspira sobrepor-se à tirania das convenções, quer 
rasgar o véu da hipocrisia, emitir as palavras acomodadas no baú 
dos enigmas? Será a máscara que alardeia arrogância, ansiosa 
por deixar consignada nas paredes do mundo uma única mensa-
gem que justifique sua existência?
Olho-me ao espelho. Estarei usando máscara mesmo quan-
do estou sozinha? Acaso já não vivo sem ela, só respiro por meio 
de artifícios? É ela que me deixa ser alada e terrestre, me permi-
te voar e contornar seres e objetos de cristal? É a máscara que 
pousa desajeitada no meu próprio rosto, onde há de ficar para 
sempre, até derreter um dia como se fora feita de cera?
Nélida Piñon. A máscara do meu rosto. In: O Estado de São Paulo, 
Suplemento Feminino, 29/9/1997
Considerando aspectos de forma e de conteúdo do texto 
20A2-II, julgue o item subsecutivo.
O uso do presente do indicativo nos três primeiros períodos do 
texto é um recurso de estilo que permite destacar a recorrência 
dos referidos atos na rotina da narradora.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Leia o texto a seguir para responder às questões 32 e 33.
Quando se fala em palhaço, duas imagens costumam vir 
logo à cabeça. Palhaço, infelizmente, é aquele de quem mui-
tos têm medo. Ele pega alguém da plateia para ridicularizar, 
faz grosserias, piadas inconvenientes. Crianças têm medo de 
palhaços. Filmes de terror exploram impiedosamente nossas 
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fantasias infantis sobre tal figura. Esses palhaços malvados 
existem em nosso imaginário e, felizmente, são a minoria na 
realidade. Neste exato instante em que você lê estas palavras, 
milhares de palhaços em todo o mundo estão em hospitais, 
campos de batalha, campos de refugiados, escutando pessoas, 
relacionando-se verdadeiramente com elas, buscando, por 
meio do afeto e do humor, amenizar a dor daqueles que estão 
passando por situações trágicas e delicadas. Dessa imagem 
inferimos por que a comédia é uma espécie de tratamento 
para a tragédia. Um tratamento que não nega nem destitui a 
existência do pior, mas que faz com ele uma espécie de inver-
são de sentido. Assim, introduzimos que o horizonte do que 
o palhaço escuta é a tragédia da vida, a sua realidade mais 
extensa de miséria e impotência, de pequenez e arrogância, 
de pobreza e desencontro, que se mostra como uma repeti-
ção insensata sempre. O palhaço é um realista, mas não um 
pessimista. Ele mostra a realidade exagerando as deformações 
que criamos sobre ela. Primeira lição a tirar disso para a arte 
da escuta: escutar o outro é escutar o que realmente ele diz, 
e não o que a gente ou ele mesmo gostaria de ouvir. Escutar 
o que realmente alguém sente ou expressa, e não o que seria 
mais agradável, adequado ou confortável sentir. Escutar o que 
realmente está sendo dito e pensado, e não o que nós ou ele 
deveríamos pensar e dizer.
Christian Dunker e Cláudio Thebas. O palhaço e o psicanalista;
 como escutar os outros pode transformar vidas. São Paulo: Planeta do 
Brasil, 2019, p. 30-1 (com adaptações)
Com relação às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísticos 
do texto anterior, julgue os itens a seguir.
32. (CEBRASPE-CESPE – 2023) No trecho “Um tratamento que 
não nega nem destitui a existência do pior” (nono período), a 
forma verbal “destitui” tem o mesmo sentido de desvia.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
33. (CEBRASPE-CESPE – 2023) As formas verbais “gostaria” 
(antepenúltimo período), “seria” (penúltimo período) e “deve-
ríamos” (último período) têm valor contrafatual, isto é, consti-
tuem eventos que, embora realizáveis, contrapõem-se às ações 
defendidas no texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
34. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
Espinosa atravessou lentamente a rua, olhar no chão, 
mãos nos bolsos, em direção à praça. O sol ainda brilhava for-
te na tarde de primavera. Procurou um banco vazio, de frente 
para o porto, tendo às costas o velho prédio do jornal A Noi-
te. À sombra de um grande fícus, deixou as ideias surgirem 
anarquicamente.Poucas pessoas considerariam a praça Mauá um lugar ade-
quado à reflexão, exceto ele e os mendigos. No começo era 
visto com desconfiança, mas aos poucos eles foram se acos-
tumando a sua presença. Nunca frequentou a praça à noite, 
respeitava a metamorfose produzida pelos frequentadores do 
Scandinavia Night Club ou da Boite Florida.
Enquanto prestava minuciosa atenção ao movimento dos 
guindastes no porto, deixou o pensamento emaranhar-se 
livremente em sua própria trama. Formara, havia tempos, a 
ideia de que momentos de solidão eram propícios à reflexão. 
Sentado naquele banco, acabara por concluir que isso não se 
aplicava a si próprio. A forma mais comum como transcorria 
sua vida mental era a de um fluxo semienlouquecido de ima-
gens acompanhado de diálogos inteiramente fantásticos. Não 
se julgava capaz de uma reflexão puramente racional, o que, 
para um policial, era no mínimo embaraçoso.
Luiz Alfredo Garcia-Roza. O silêncio da chuva. Companhia das Letras, 2005 
(com adaptações)
No que concerne aos sentidos e aos aspectos linguísticos do 
texto anterior, julgue o item que se segue.
No período “Formara, havia tempos, a ideia de que momentos de 
solidão eram propícios à reflexão”, o trecho “Formara, havia tem-
pos” poderia ser substituído por Formou, há tempos, sem prejuí-
zo dos sentidos originais e da correção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
35. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
A palavra “corrupção” tem origem nas palavras latinas cor-
ruptio e corrumpere, que indicam algo que foi corrompido, 
deturpado. Por ela ser um termo polissêmico, entendemos que 
a sua história conceitual é incerta. É usual o tratamento da cor-
rupção sob uma perspectiva moralista, como algo resultante 
da falta de caráter dos indivíduos. Contudo, tal abordagem não 
apresenta validade científica, já que moral é um atributo indi-
vidual, dotado de subjetividade e culturalmente circunscrito.
A manifestação de práticas corruptas pode-se dar em 
ambientes públicos ou privados, a partir de numerosos tipos 
de ação e em variada magnitude. Em todos os casos, a corrup-
ção sempre se materializa a partir de trocas entre os agentes. 
Em relação a quem participa da troca corrupta, em situações 
nas quais há participação de agentes públicos, distinguem-se 
três tipos de corrupção: a grande corrupção, a corrupção buro-
crática (a pequena corrupção) e a corrupção legislativa. A pri-
meira normalmente se refere a atos da elite política que cria 
políticas econômicas que a beneficiem. A segunda tem a ver 
com atos da burocracia em relação aos superiores hierárqui-
cos ou ao público. A terceira se relaciona à compra de votos 
dos legisladores.
Nas três formas, encontramos algum tipo de pagamento. 
Isso nos leva a concluir que a corrupção tem uma natureza 
essencialmente econômica: ela é uma troca socialmente inde-
sejada. Com isso, queremos dizer que, apesar de não se confi-
gurar necessariamente como ilegal em todos os seus tipos, ela 
se configura como um jogo de soma zero entre a sociedade e 
os participantes do ato corrupto.
Luiz Fernando Vasconcellos de Miranda. Corrupção: debate conceitual. In: 
Cláudio André de Souza (org). Dicionário das eleições. Curitiba: Juruá, 2020, 
p. 209-210 (com adaptações).
Em relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1-II, julgue o 
item subsequente.
No último período do texto, o predomínio de verbos flexionados 
no presente do modo indicativo evidencia a intenção do autor 
de exprimir hipóteses, conjecturas, estimativas.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
36. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB2A1-I
A astrônoma Jocelyn Bell Burnell disse sobre Ron Drever: 
“Ele realmente curtia ser tão engenhoso”. Ela tinha ido da Irlan-
da do Norte para Glasgow para estudar física e Drever foi arbi-
trariamente designado para ser seu supervisor. Ele contava ao 
grupo de seus poucos orientandos as ideias mais interessantes 
que surgiam em sua mente, inclusive as que levaram ao experi-
mento de Hughes-Drever (embora ela não tivesse se dado con-
ta de que ele o realizara no quintal da propriedade rural de sua 
família), mas nenhuma que os ajudasse a passar nos exames. 
Após a frustração inicial, ao ver que ele não ia ajudá-la em seu 
dever de casa de física de estado sólido, ela acabou admirando 
seu profundo entendimento de física fundamental e seu notá-
vel talento como pesquisador.
Drever, por sua vez, seria influenciado pelas iminentes e 
vitais descobertas de sua ex-aluna de graduação. A respeito 
de Bell Burnell, disse: “Ela também era obviamente melhor do 
que a maioria deles… então cheguei a conhecê-la muito bem”. 
Drever escreveu uma carta de recomendação para apoiar o 
pedido de emprego dela à principal instalação de radioastro-
nomia na Inglaterra, em meados da década de 60, Jodrell Bank. 
Mas, ele continua, “não a admitiram, e a história conta que foi 
porque era mulher. Mas isso não é oficial, você sabe. Ela ficou 
muito desapontada”. Drever acrescenta, esperando que se 
reconheça a obviedade daquele absurdo: “Sua segunda opção 
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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era ir para Cambridge. Vê como são as coisas?”. Ele considerou 
isso uma reviravolta muito feliz. “Então ela foi para Cambridge 
e descobriu pulsares. Vê como são as coisas?”, ele diz, rindo.
Janna Levin. A música do universo: ondas gravitacionais e a maior 
descoberta científica dos últimos cem anos.
São Paulo, Cia. das Letras, 2016, p. 103-104 (com adaptações).
Acerca de aspectos linguísticos do texto CB2A1-I, julgue o item 
que se segue.
O emprego da forma verbal “seria”, no início do primeiro perío-
do do segundo parágrafo, indica um distanciamento entre a 
opinião da autora e o conteúdo da frase.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
37. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
Ora, graças a Deus, lá se foi mais um. Um ano, quero dizer. 
Menos um na conta, mais uma prestação paga. E tem quem fique 
melancólico. Tem quem deteste ver à porta a cara do mascate em 
cada primeiro do mês, cobrando o vencido. Quando compram 
fiado, têm a sensação de que o homem deu de presente, e se 
esquecem das prestações, que serão, cada uma, uma facada. 
Nem se lembram dessa outra prestação que se paga a toda hora, 
tabela Price insaciável comendo juros de vida, todo dia um pou-
quinho mais; um cabelo que fica branco, mais um milímetro de 
pele que enruga, uma camada infinitesimal acrescentada à arté-
ria que endurece, um pouco mais de fadiga no coração, que tam-
bém é carne e se cansa com aquele bater sem folga. E o olho que 
enxerga menos, e o dente que caria e trata de abrir lugar primeiro 
para o pivô, depois para a dentadura completa.
O engraçado é que muito poucos reconhecem isso. Conven-
cem-se de que a morte chega de repente, que não houve desgas-
te preparatório, e nos apanha em plena flor da juventude, ou em 
plena frutificação da maturidade; se imaginam uma rosa que foi 
colhida em plena beleza desabrochada. Mas a rosa, se a não apa-
nha o jardineiro, que será ela no dia seguinte, após o mormaço do 
sol e a friagem do sereno? A hora da colheita não interessa ― de 
qualquer modo, o destino dela era murchar, perder as pétalas, 
secar, sumir-se.
A gente, porém, não pode pensar muito nessas coisas. Tem 
que pensar em alegrias, sugestionar-se, sugestionar os outros. 
Vamos dar festas, vamos aguardar o ano novo com esperanças 
e risadas e beijos congratulatórios. Desejar uns aos outros saúde, 
riqueza e venturas. Fazer de conta que não se sabe; sim, como 
se a gente nem desconfiasse. Tudo que nos espera: dentro do 
corpo o que vai sangrar, doer, inflamar, envelhecer. As cólicas de 
fígado, as dores de cabeça, as azias, os reumatismos, as gripes 
com febre, quem sabe o tifo, o atropelamento. Tudo escondido, 
esperando. Sem falar nos que vão ficar tuberculosos, nas mulhe-
res que vão fazer cesariana. Osque vão perder o emprego, os que 
se verão doidos com as dívidas, os que hão de esperar nas filas 
― que seremos quase todos. E os que, não morrendo, hão de ver 
a morte lhes entrando de casa adentro, carregando o filho, pai, 
amor, amizade. As missas de sétimo dia, as cartas de rompimen-
to, os bilhetes de despedida. E até guerra, quem sabe? Desgostos, 
desgostos de toda espécie. Qual de nós passa um dia, dois dias, 
sem um desgosto? Quanto mais um ano!
Rachel de Queiroz. Um ano de menos
In: O Cruzeiro, Rio de Janeiro, dez./1951 (com adaptações)
Acerca das ideias e de aspectos linguísticos do texto preceden-
te, julgue o item que se segue.
No trecho “os que hão de esperar nas filas” (último parágrafo), o 
termo “hão” corresponde a uma forma abreviada de haverão e, 
como tal, diz respeito ao tempo futuro.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
38. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-I
Um dos principais motores do avanço da ciência é a curio-
sidade humana, descompromissada de resultados concretos 
e livre de qualquer tipo de tutela ou orientação. A produção 
científica movida simplesmente por essa curiosidade tem sido 
capaz de abrir novas fronteiras do conhecimento e de, no longo 
prazo, gerar valor e mais qualidade de vida para o ser humano. 
O empreendimento científico e tecnológico é, sem dúvida algu-
ma, o principal responsável por tudo que a humanidade cons-
truiu ao longo de sua história. Suas realizações estão presentes 
desde o domínio do fogo até as imensas potencialidades da 
moderna ciência da informação, passando pela domesticação 
dos animais, pelo surgimento da agricultura e indústria moder-
nas e, é claro, pela espetacular melhora da qualidade de vida 
de toda a humanidade no último século.
Além da curiosidade humana, outro motor importantíssi-
mo do avanço científico é a necessidade de solução dos pro-
blemas que afligem a humanidade. Viver mais tempo e com 
mais saúde, trabalhar menos e ter mais tempo disponível para 
o lazer, reduzir as distâncias que separam os seres humanos 
— por meio de mais canais de comunicação ou de melhores 
meios de transporte — são alguns dos desafios e aspirações 
humanas para cuja solução, durante séculos, a ciência e a tec-
nologia têm contribuído.
Apesar dos feitos extraordinários da ciência e dos investi-
mentos públicos em ciência e tecnologia, verifica-se uma espé-
cie de movimento de deslegitimação social do conhecimento 
científico no mundo todo. Recentemente, Tim Nichols, um 
reconhecido pesquisador norte-americano, chegou a anunciar 
a “morte da expertise”, título de seu livro sobre o conhecimen-
to na sociedade atual, no qual ele descreve o sentimento de 
descrença do cidadão comum no conhecimento técnico e cien-
tífico e, mais que isso, um certo orgulho da própria ignorância 
sobre vários temas complexos, especialmente sobre qualquer 
coisa relativa às políticas públicas. Vários fenômenos sociais 
recentes, como o movimento antivacina ou mesmo a descon-
fiança sobre a fatalidade do aquecimento global, apesar de 
todas as evidências científicas, parecem corroborar a análise 
de Nichols.
A despeito da qualidade de vida ter melhorado nos últi-
mos séculos, em grande medida graças ao avanço científico 
e tecnológico, a desigualdade vem aumentando no período 
mais recente. Thomas Piketty evidenciou um crescimento da 
desigualdade de renda nas últimas décadas em todo o mundo, 
além de mostrar que, no início deste século, éramos tão desi-
guais quanto no início do século passado. Esse é um problema 
mundial, mas é mais agudo em países em desenvolvimento, 
como o Brasil, onde ainda abundam problemas crônicos do 
subdesenvolvimento, que vão desde o acesso à saúde e à edu-
cação de qualidade até questões ambientais e urbanas. É, por-
tanto, nesta sociedade desigual, repleta de problemas e onde 
boa parte da população não compreende o que é um átomo, 
que a atividade científica e tecnológica precisa se desenvolver 
e se legitimar. Também é esta sociedade que decidirá, por 
meio dos seus representantes, o quanto de recursos públicos 
deverá ser alocado para a empreitada científica e tecnológica.
Internet: (com adaptações).
A respeito de aspectos linguísticos do texto CG1A1-I, julgue o 
item a seguir.
A forma verbal “corroborar” (último período do quarto parágra-
fo) tem o mesmo sentido de ratificar.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
39 (CEBRASPE-CESPE – 2021)
D. Amélia conformava-se com as impertinências do mari-
do. Cada vez mais sentia ela que a doença do seu Lula morreria 
com ele. Não lutou mais, não sofreu mais. Era tudo como Deus 
quisesse. A vida que tinha que viver seria aquela, sem outro 
remédio que vivê-la. Tinha pena da filha, mas ao mesmo tem-
po para que lhe desejar casamento que fosse como o seu? Para 
que ligar-se a um homem que viesse magoá-la, arrancar-lhe a 
paz de espírito? Via Neném no seu jardim, nos seus silêncios, 
na sua paz e não se queixava de não vê-la casada. Iam comen-
do com o pouco que faziam. É verdade que cada ano que se 
passava mais o Santa Fé minguava, menos fazia. O feitor que 
Lula botara para ver tudo não era homem de tino, era para 
ser mandado. E quem mandaria nele? As coisas caminhavam 
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como água de rio, com a correnteza levando tudo. Tinha às 
vezes vontade de chamar o feitor e dar ordens, mas não queria 
irritar o marido, era homem que não podia se contrariar.
José Lins do Rego. Fogo morto. 47.ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1957, 
p. 164
Considerando as ideias, os sentidos e os aspectos linguísti-
cos do texto precedente, julgue o item a seguir. Em “ligar-se”, 
“magoá-la” e “arrancar-lhe”, as formas verbais estão no modo 
infinitivo.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
40. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto 2A1-I
Quando falamos em direito, estamos falando inicialmen-
te de um enorme conjunto de regras obrigatórias, o chamado 
direito positivo. Mas o vocábulo direito é usado também para 
o curso de Direito, a assim chamada “ciência do Direito”. Numa 
terceira acepção, a palavra designa os direitos de cada um de 
nós, chamados de direitos subjetivos, pois somos os sujeitos, 
os titulares, desses direitos.
Ninguém ignora que paira sobre nossas cabeças uma 
gigantesca teia de normas, que atinge praticamente todas as 
nossas atividades. A vida de cada um de nós é regulada de dia 
e de noite, desde antes do nascimento e, por incrível que pare-
ça, até depois da morte.
Muitos pensadores têm destacado que o direito atual parece 
ter invadido tudo: há direito em toda parte, para todos, para tudo. 
A contrapartida é que, assim como temos que seguir as normas, 
os outros também têm de cumpri-las e, desse modo, respeitar os 
direitos de cada um de nós, os ditos direitos subjetivos.
Eduardo Muylaert. Direito no cotidiano: guia de sobrevivência na selva das 
leis. São Paulo: Editora Contexto, 2020, p.11-12 (com adaptações).
Com relação aos aspectos linguísticos do texto 2A1-I, julgue o 
item subsequente.
No trecho “Muitos pensadores têm destacado que o direito atual 
parece ter invadido tudo” (último parágrafo), a locução verbal 
“têm destacado” indica uma ação que acontece no momento 
em que se produz o texto e poderia ser substituída por desta-
cam, sem alteração dos sentidos originais do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
41. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto 14A1-I
As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equiva-
lentes quanto ao que podem expressar, e o fazem com igual 
facilidade (embora lançando mão de recursos bem diferentes). 
Entretanto, dois fatores dificultam a aplicação de algumas lín-
guas a certos assuntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulá-
rio; outro, subjetivo, a existência de preconceitos.
É preciso saber distinguir claramente os méritos de 
uma língua dos méritos (culturais, científicos ou literários) 
daquilo que ela servepara expressar. Por exemplo, se a lite-
ratura francesa é particularmente importante, isso não quer 
dizer que a língua francesa seja superior às outras línguas para 
a expressão literária. O desenvolvimento de uma literatura é 
decorrência de fatores históricos independentes da estrutura 
da língua; a qualidade da literatura francesa diz algo dos méri-
tos da cultura dos povos de língua francesa, não de uma imagi-
nária vantagem literária de se utilizar o francês como veículo de 
expressão. Victor Hugo poderia ter sido tão importante quanto 
foi mesmo se falasse outra língua — desde que pertencesse a 
uma cultura equivalente, em grau de adiantamento, riqueza de 
tradição intelectual etc., à cultura francesa de seu tempo.
Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos cien-
tíficos da contemporaneidade são as instituições e os pesqui-
sadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica 
internacional. Todavia, se os fatores históricos que produziram 
a supremacia científica norte-americana se tivessem verificado, 
por exemplo, na Holanda, o holandês nos estaria servindo exa-
tamente tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês 
traços estruturais intrínsecos que o façam superior ao holandês 
como língua adequada à expressão de conceitos científicos.
Não se conhece caso em que o desenvolvimento da supe-
rioridade literária ou científica de um povo possa ser claramen-
te atribuído à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, 
as grandes literaturas e os grandes movimentos científicos 
surgem nas grandes nações (as mais ricas, as mais livres de 
restrições ao pensamento e também — ai de nós! — as mais 
poderosas política e militarmente). O desenvolvimento dos 
diversos aspectos materiais e culturais de uma nação se dá 
mais ou menos harmoniosamente; a ciência e a arte são tam-
bém produtos da riqueza e da estabilidade de uma sociedade.
O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de 
não desenvolverem vocabulário técnico e científico suficiente 
para acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem che-
gar a ser muito grande, os próprios falantes acabarão optando 
por utilizar uma língua estrangeira ao tratarem de assuntos 
científicos e técnicos.
Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua para fazer ciência). In: 
Ciência Hoje, 1994 (com adaptações)
A respeito dos aspectos gramaticais do texto 14A1-I, julgue o 
item a seguir.
No trecho “É preciso saber distinguir claramente os méritos de 
uma língua”, as três formas verbais, juntas, formam um sujeito 
composto oracional.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ ADVÉRBIO
42. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A2-I
O justo se desvela no decorrer das lutas de libertação na his-
tória. O justo é um saber que se vai constituindo à medida que 
nossa consciência da história se aguça. Mas não basta a cons-
ciência da história, pois procurar a justiça é uma atitude ética 
— é uma escolha. Não podemos cair em uma visão automáti-
ca da história, na qual nossa simples posição em dado estrato 
social nos leva necessariamente a pensar de certa forma, a 
valorizar em certa medida. Se aceitássemos essa visão, bas-
taria ficarmos quietos esperando que a história se fizesse de 
acordo com seus mecanismos. Mas o real é outro. A justiça 
está se fazendo pela organização popular, pelo aguçamento 
dos conflitos. E cada um de nós vislumbra o norte da justiça, 
por via da busca de uma visão coerente da história, aliada a 
uma prática e a uma análise rigorosa das circunstâncias pre-
sentemente vividas.
A busca da justiça como virtude não é equidistante, não 
é neutra, não é equilibrada. Ela nos força, a cada momento, a 
tomar partido, a ser parcial, tendo a parcela maior dos seres 
humanos como fundamento. Ser justo é viver a virtude de 
tomar partido em busca do melhor, fundado na visão mais lúci-
da possível da história e na análise das circunstâncias maiores 
e menores que isso envolve. A justiça é uma virtude agente que 
se explicita na prática social comprometida.
Roberto Aguiar. O que é justiça: uma abordagem dialética. Brasília Senado 
Federal. Conselho Editorial, 2020, p. 319-20 (com adaptações)
Em relação a aspectos linguísticos do texto 2A2-I, julgue o item 
a seguir.
Assim como “necessariamente”, o advérbio “presentemente” 
estabelece uma relação sintática com um verbo no texto, modi-
ficando sua circunstância de modo.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
43. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 8A1-I
O Brasil é um dos países com maior proporção de alunos 
matriculados em cursos de formação de professores, mas com 
um dos mais baixos índices de interesse na profissão. Para 
especialistas, isso mostra que a docência se torna opção pela 
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facilidade em ingressar no ensino superior, pelas baixas men-
salidades e pela alternativa de cursos a distância — não pela 
vocação.
Estudos internacionais mostram que um bom professor 
é um dos fatores que mais influenciam na aprendizagem. Os 
dados são de pesquisa feita pelo Banco Interamericano de 
Desenvolvimento (BID), que traçou o perfil de quem estuda 
para ser professor na América Latina e no Caribe. Enquanto, 
no Brasil, 20% dos universitários estão em cursos como licen-
ciatura e pedagogia, na América Latina são 10% e, em países 
desenvolvidos, 8%.
Em compensação, só 5% dos jovens brasileiros dizem que-
rer ser professores quando estão no ensino médio. E, apesar 
da grande quantidade de alunos matriculada em cursos de 
licenciatura e pedagogia no Brasil, faltam docentes para lecio-
nar disciplinas específicas em áreas de ciências exatas e da 
natureza.
Na Coreia do Sul, por exemplo, 21% se interessam pela 
profissão e só 7% ingressam, de fato, na universidade, porque 
há muita concorrência e maior seleção. No Chile e no Méxi-
co, os dois índices são mais próximos: cerca de 7% se interes-
sam pelo magistério e menos de 15% cursam pedagogia ou 
licenciatura.
“Muitos alunos concluintes do ensino médio entram em 
programas de formação de professores para conseguir um 
título”, diz o economista chefe da divisão de educação no 
BID, Gregory Elacqua. Ele afirma que isso não é bom para a 
educação.
“A gente atrai as pessoas mais vulneráveis e que lá na fren-
te vão enfrentar o desafio de educar crianças vulneráveis tam-
bém”, diz a diretora de políticas públicas do Instituto Península, 
que atua na área de formação de professores, Mariana Breim. 
“Se é este público que está procurando a docência, temos de 
abraçá-lo e fazê-lo se apaixonar por ela”, completa. Os dados 
mostram que 71% dos estudantes de pedagogia e licenciatu-
ra no Brasil são mulheres, índice semelhante ao verificado em 
outros países latinos.
Internet: (com adaptações)
Julgue o item seguinte, relativo à classificação gramatical de 
palavras, à pontuação e à sintaxe de concordância e regência no 
texto 8A1-I. A palavra “muita” (primeiro período do quarto pará-
grafo), que expressa intensidade, pertence à classe gramatical 
dos advérbios.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
44. (CEBRASPE-CESPE – 2023)
A cibersegurança, embora seja um tema há muito discu-
tido em âmbito global, é um campo relativamente novo no 
Brasil. No entanto, tem ganhado destaque por conta da inten-
sa migração de dados para ambientes em nuvem e da inter-
conexão praticamente global de dispositivos na Internet. A 
proliferação de dispositivos conectados à Internet, desde ele-
trodomésticos até equipamentos industriais, aumentou consi-
deravelmente a superfície de ataque, transformando o cenário 
de riscos. O que antes parecia ficção científica, como geladeiras 
ou medidores de pressão de gasodutos conectados à rede de 
computadores, agora é uma realidade tangível.
Entretanto, a adoção apressada de tecnologias conectadas 
à Internet muitas vezes ocorresem a devida atenção à segu-
rança. Essa falta de consideração em relação à cibersegurança 
pode expor empresas a riscos substanciais, pois a falta de pre-
paração e avaliação da superfície de ataque pode permitir que 
brechas sejam exploradas por agentes maliciosos.
Uma das principais questões, quando se fala em cibersegu-
rança, é a de que não existe uma “bala de prata”, ou seja, uma 
solução única para todas as falhas que podem ocorrer. Cada 
organização possui características, riscos e necessidades dis-
tintos, o que exige a criação de soluções personalizadas para 
mitigar ameaças específicas.
Nesse sentido, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) 
desempenhou um papel significativo no cenário de ciber-
segurança ao estabelecer diretrizes para a prevenção de 
vazamentos e a proteção de dados. Empresas são agora obri-
gadas a adotar medidas proativas para evitar incidentes de 
segurança e garantir a privacidade dos dados. O investimento 
em cibersegurança deve ser entendido como um seguro de 
carro: deve-se investir na prevenção para minimizar os danos 
de um eventual incidente.
Internet: (com adaptações).
Julgue o item que segue, com base nas ideias, no vocabulário e 
na estruturação linguística do texto precedente.
O deslocamento da palavra “agora” (segundo período do últi-
mo parágrafo) para o início do período, com o devido ajuste das 
letras iniciais maiúsculas e minúsculas, manteria o sentido e a 
correção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
45. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CG2A1-II
Estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos 
anualmente por causa da depressão e da ansiedade, custando 
à economia mundial quase 1 trilhão de dólares. Os dados são 
do relatório Diretrizes sobre Saúde Mental no Trabalho, publi-
cado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em setembro 
de 2022, e confirmam a necessidade de se trazer o debate ain-
da mais à tona. Na mesma época, a Organização Internacional 
do Trabalho (OIT) publicou uma nota conjunta com a OMS, na 
qual as novas diretrizes são explicadas por meio de estraté-
gias práticas para governos, empregadores, trabalhadores e 
suas organizações, nos setores públicos e privados. “De acordo 
com as diretrizes globais, 60% da população mundial trabalha 
e esse trabalho pode impactar a saúde mental tanto de for-
ma positiva quando negativa. As diretrizes também apontam 
questões importantes referentes à inserção e à permanência 
de pessoas com problemas de saúde mental no mercado de 
trabalho. Além do estigma e das barreiras que essas pessoas 
vivenciam para ingressar no mercado de trabalho, a ausência 
de estruturas de suporte afeta a sustentação das atividades 
laborais”, explica a consultora nacional de saúde mental da 
OMS, Cláudia Braga.
De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 
em 2022, 209.124 mil pessoas foram afastadas do trabalho por 
transtornos mentais, entre depressão, distúrbios emocionais 
e Alzheimer, enquanto, em 2021, foram registrados 200.244 
afastamentos. “Esse cenário nos mostra a importância de 
discutirmos essas questões e esperamos que essas diretri-
zes possam nortear os debates sobre as responsabilidades 
dos diferentes atores, de modo a mobilizarmos esforços para 
prevenir os impactos negativos do trabalho na saúde mental, 
promover e proteger a saúde mental e o bem-estar dos traba-
lhadores e trabalhadoras, assim como dar suporte às pessoas 
com problemas de saúde mental para que tenham seus direi-
tos garantidos”, afirma a consultora da OMS.
Erika Farias. Alertas globais chamam a atenção para o papel do trabalho na 
saúde mental. Internet: (com adaptações).
Julgue o item a seguir, considerando as ideias e estruturas lin-
guísticas do texto CG2A1-II.
No segundo período do primeiro parágrafo, o vocábulo “ainda” 
classifica-se como advérbio e expressa circunstância de inten-
sidade, podendo ser substituído por “muito”, sem prejuízo ao 
sentido e à correção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
46. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
A tecnologia finalmente está derrubando os muros do 
tradicionalismo que envolve o mundo do direito. Cercado de 
costumes e hábitos por todos os lados, o direito e seus opera-
dores têm a fama de serem apegados a formalismos, praxes e 
arcaísmos resistentes a mudanças mais radicais. São práticas 
persistentes, passadas adiante por gerações e cultivadas como 
se necessárias para manter a integridade e a operacionalidade 
costumeira do sistema.
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Nem mesmo o hermético universo do direito resistiu às 
mudanças tecnológicas trazidas pela rede mundial de compu-
tadores e pela possibilidade do uso de softwares de inteligên-
cia artificial para análise de grandes volumes de dados.
Novidades cuja aplicação foi impulsionada pelo incessan-
te crescimento de demandas judiciais e pela necessidade de 
implementar e efetivar o sistema de precedentes qualificados.
Todas essas inovações, sem dúvida nenhuma, transforma-
ram o sistema de justiça como o conhecíamos e o cotidiano 
dos operadores do direito.
O direito, o processo decisório e os julgamentos são emi-
nentemente de natureza humana e dependem do ser huma-
no para serem bem realizados. Assim, mesmo que os avanços 
tecnológicos sejam inevitáveis, todas as inovações eletrônicas 
e virtuais devem sempre ser implementadas com parcimônia 
e vistas com muito cuidado, não apenas para sempre permiti-
rem o exercício de direitos e garantias, mas também para não 
restringirem — e, sim, ampliarem — o acesso à justiça e, sobre-
tudo, para manterem a insubstituível humanidade da justiça.
Rafael Muneratti. Justiça virtual e acesso à justiça. In: Revista da Defensoria 
Pública do Estado do Rio Grande do Sul, ano 12, v. 1, n.º 28, 2021 (com 
adaptações)
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto ante-
rior, julgue o item a seguir.
No parágrafo do texto, o emprego dos vocábulos “muito” e “sem-
pre” enfatizam a opinião expressa pelo autor.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
47. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
Na sociedade líquido-moderna da hipermodernidade glo-
balizante, o fazer compras não pressupõe nenhum discurso. 
O consumidor — o hiperconsumidor — compra aquilo que lhe 
apraz. Ele segue as suas inclinações individuais. O curtir é o seu 
lema.
Esse movimento social de hiperconsumismo, de vida para o 
consumo, guiou a pessoa natural para o caminho da necessida-
de, da vontade e do gosto pelo consumo, bem como impulsio-
nou o descarte de cada vez mais recursos naturais finitos. Isso 
tem transformado negativamente o planeta, ao trazer prejuízos 
não apenas para as futuras gerações, como também para as 
atuais, o que resulta em problemas sociais, crises humanitárias 
e degradação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
além de afetar o desenvolvimento humano, ao se precificar o 
ser racional, dissolvendo-se toda solidez social e trazendo-se à 
tona uma sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores 
vorazes e indiferentes às consequências de seus atos sobre o 
meio ambiente ecologicamente equilibrado e sobre as gerações 
atuais e futuras.
O consumismo é uma economia do logro, do excesso e do 
lixo, pois faz que o ser humano trabalhe duro para adquirir mais 
coisas, mas traz a sensação de insatisfação porque sempre há 
alguma coisa melhor, maior e mais rápida do que no presente. 
Ao mesmo tempo, as coisas que se possuem e se consomem 
enchem não apenas os armários, as garagens, as casas e as 
vidas, mas também as mentes das pessoas.
Nessa sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores, o 
desejo satisfeito pelo consumo gera a sensação de algo ultra-
passado; o fim de um consumo significa a vontade de iniciar 
qualquer outro. Nessa vida de hiperconsumo e para o hipercon-
sumo, a pessoa natural fica tentada com a gratificaçãoprópria 
imediata, mas, ao mesmo tempo, os cérebros não conseguem 
compreender o impacto cumulativo em um nível coletivo. 
Assim, um desejo satisfeito torna-se quase tão prazeroso e exci-
tante quanto uma flor murcha ou uma garrafa de plástico vazia.
O hiperconsumismo afeta não apenas a relação simbiótica 
entre o ser humano e o planeta, como também fere de morte 
a moral, ao passo que torna tudo e todos algo precificável, des-
cartável e indiferente.
Fellipe V. B. Fraga e Bruno B. de Oliveira. O consumo colaborativo como 
mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade líquido-moderna. 
LAECC. Edição do Kindle (com adaptações)
Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto prece-
dente, julgue o item que se seguem.
No parágrafo, o vocábulo “Assim” é um advérbio que se refere ao 
modo como um desejo satisfeito torna-se prazeroso e excitante.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
48. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
Alguns linguistas acreditam que o Homo erectus, há mais 
ou menos 1 milhão e meio de anos, já tinha uma linguagem. 
Os argumentos que eles dão são que o Homo erectus tinha um 
cérebro relativamente grande e usava ferramentas de pedra 
primitivas, porém bastante padronizadas. Essa hipótese pode 
ser verdadeira, mas pode também estar bem longe do correto. 
O uso de ferramentas certamente não requer linguagem.
Chimpanzés usam galhos como ferramentas para caçar 
cupins, ou pedras para quebrar nozes. Obviamente, mesmo as 
ferramentas mais primitivas do Homo erectus (pedras lasca-
das) são muito mais sofisticadas que qualquer coisa usada por 
chimpanzés, mas ainda assim não há uma razão convincente 
para crer que essas pedras não pudessem ter sido produzidas 
sem linguagem.
O tamanho do cérebro é igualmente problemático como 
indicador da presença de linguagem, porque ninguém tem 
uma boa ideia de quanto cérebro exatamente é necessário 
para a linguagem. Além disso, a capacidade para a linguagem 
pode ter permanecido latente no cérebro por milhões de anos, 
sem ter sido de fato colocada em uso.
Guy Deutscher. O desenrolar da linguagem
Renato Basso e Guilherme Henrique May (Trad.). Campinas: Mercado de 
Letras, 2014, p. 28-29 (com adaptações)
A respeito das ideias, dos sentidos e aspectos linguísticos do 
texto precedente, julgue o item que se segue.
O uso do advérbio “Obviamente” (segundo parágrafo) desempe-
nha importante papel na argumentação apresentada no texto, 
realçando uma informação que já é tomada como conhecimen-
to geral.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
49. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1-I
Desde que o almirante Pedro Álvares Cabral oficialmente 
descobriu a Terra de Santa Cruz, em abril de 1500, o primei-
ro português a estabelecer uma marca na história mineral do 
Brasil foi Martim Afonso de Souza. Depois de fundar a pequena 
vila de São Vicente, no litoral de São Paulo, a primeira base 
estabelecida na América portuguesa, no ano de 1531, ele 
tentou descobrir ouro, prata e pedras preciosas antes de sua 
partida para Lisboa. Esse plano visava confirmar notícias trazi-
das por quatro homens de sua comitiva sobre a existência de 
minas abundantes em ouro e prata na região do Rio Paraguai. 
Sob essa orientação, três expedições foram realizadas, todas 
em 1531: nas montanhas ao longo da costa do Rio de Janeiro, 
ao sul do estado de São Paulo e no Rio da Prata, mais ao sul.
No entanto, as primeiras iniciativas para descoberta de 
metais e pedras preciosas em terras brasileiras falharam, devi-
do às dificuldades daquela época. Apesar disso, o desejo de 
descobrir riquezas minerais se manteve entre os habitantes 
da nova colônia, estimulados pela corte portuguesa, que ofe-
recia promessas de honra e reconhecimento para aqueles que 
encontrassem tais riquezas.
Durante todo o século XVI, os portugueses usaram recur-
sos financeiros, trabalho, soldados, artesãos de todos os tipos 
(cortadores, mineiros, construtores e até mesmo engenheiros 
estrangeiros) nos trabalhos de pesquisa das expedições, sob 
a supervisão dos governadores. Mas, infelizmente, o que foi 
encontrado não estava à altura do que foi despendido. Mes-
mo os mais positivos resultados tiveram pouco significado 
econômico, tanto em termos de quantidade quanto de teor 
dos metais. Os depósitos eram, além de pobres, localizados 
em lugares remotos. Concluindo, quase candidamente, que as 
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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descobertas naquele século eram desapontadoras, o governa-
dor-geral Diogo de Meneses Sequeira escreveu uma carta ao 
rei, afirmando que “sua Alteza precisa acreditar que as atuais 
minas do Brasil são compostas por açúcar e pau-brasil, muito 
lucrativos e com os quais o Tesouro e sua Alteza não precisam 
gastar um simples centavo”.
Iran F. Machado e Silvia F. de M. Figueirôa. 500 anos de mineração no 
Brasil: breve histórico. Parte I. In: Brasil Mineral. São Paulo, n.º 186, p. 44-47, 
ago./2000 (com adaptações).
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto 
CB1A1-I, julgue o item a seguir.
No trecho “construtores e até mesmo engenheiros estrangei-
ros” (terceiro parágrafo), a expressão “até mesmo” está empre-
gada com o mesmo sentido do advérbio sobretudo.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
50. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1
A palavra sonho significa muitas coisas diferentes: “o sonho 
da minha vida” e “meu sonho de consumo” são expressões 
usadas pelas pessoas para dizer que pretendem ou consegui-
ram alcançar algo. Todo mundo tem um sonho, no sentido de 
plano futuro. Todo mundo deseja algo que não tem. Por que 
será que o sonho, fenômeno normalmente noturno que tanto 
pode evocar o prazer quanto o medo, é justamente a palavra 
usada para designar tudo aquilo que se quer ter?
O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas 
de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos, 
a motivação íntima de nossa ação exterior. Desejo é o sinôni-
mo mais preciso da palavra “sonho”. Na área de desembarque 
de um aeroporto nos Estados Unidos, uma foto enorme de 
um casal belo e sorridente, velejando num mar caribenho em 
dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde seus sonhos 
o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de cartão de cré-
dito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como veleiros, 
capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos, altamente… 
desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo, que é igual a 
dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser e prin-
cipalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem 
experimentar no mundo de regras frouxas do sonho noturno, 
mas que no sonho diurno é privilégio apenas dos detentores 
de um mágico cartão plástico.
Entretanto, a rotina do trabalho diário e a falta de tempo 
para dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalha-
dores, são cruciais para o mal-estar da civilização contempo-
rânea. É gritante o contraste entre a relevância motivacional 
do sonho e sua banalização no mundo industrial globalizado. 
No século XXI, a busca pelo sono perdido envolve rastreadores 
de sono, colchões high-tech, máquinas de estimulação sonora, 
pijamas com biossensores, robôs para ajudar a dormir e uma 
cornucópia de remédios. A indústria da saúde do sono, um 
setor que cresce aceleradamente, tem valor estimado entre 30 
bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim impera a insô-
nia. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos diariamen-
te com o toque insistente do despertador, ainda sonolentos e 
já atrasados para cumprir compromissos que se renovam ao 
infinito, se tão poucos se lembram de que sonham pela sim-
ples falta de oportunidade de contemplar a vida interior, quan-
do a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar da 
sobrevivência do sonho.
E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel, sonha-
-se sofregamente apesardas luzes e dos ruídos da cidade, da 
incessante faina da vida e da tristeza das perspectivas.
Sidarta Ribeiro. O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho São Paulo: 
Companhia das Letras, 2019, p. 19-20 (com adaptações)
No que se refere aos sentidos do texto CB1A1, julgue o próximo 
item.
O termo “ainda” está empregado no texto com o mesmo sentido 
de embora.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ PREPOSIÇÃO
51. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 15A2-I
Em uma linha de estudos, um dos fatores apontados fre-
quentemente como possível solução para a diminuição da 
demanda nos tribunais diz respeito aos mecanismos de reso-
lução alternativa de conflitos. O relatório Fazendo com que a 
justiça conte: medindo e aprimorando o desempenho do 
Judiciário no Brasil, produzido pelo Banco Mundial, já apon-
tava em 2004 a maior difusão do instituto da conciliação como 
uma possível solução para a excessiva sobrecarga de proces-
sos na justiça estadual. Segundo o relatório, tal medida poderia 
ser um importante mecanismo de diminuição das demandas 
hoje paralisadas no Poder Judiciário estadual.
Ribeiro (2008), em análise acerca do acesso ao sistema judi-
ciário no Brasil, destaca o papel do Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ) como órgão encarregado de desenvolver ações que visem 
à redução da morosidade processual e à simplificação dos pro-
cedimentos judiciais. A autora destaca dentre os projetos desen-
volvidos pelo CNJ a ênfase nos procedimentos alternativos de 
justiça, entre os quais figura o instituto da conciliação.
Em mesmo sentido, Veronese (2007) realizou análise da 
evolução de experiências alternativas de resolução de confli-
tos, descrevendo os projetos e as questões políticas implicadas 
nesse fenômeno. Segundo o autor, apesar do consenso de que 
o Brasil se insere em um contexto de tradição jurídica forma-
lista, ocorre atualmente um movimento descrito como “per-
meabilidade às novas referências institucionais para a solução 
dos conflitos e ao discurso de intervenção social” (2007, p. 19), 
agenda que, segundo Veronese, vem-se desenvolvendo de 
modo célere no Brasil. Um exemplo citado por ele diz respeito 
à realização do Dia Nacional da Conciliação, evento promovido 
pelo CNJ com o intuito de difundir nos tribunais a cultura da 
realização de acordos entre os litigantes com vistas a extinguir 
demandas judiciárias.
Renato Máximo Sátiro e Marcos de Moraes Sousa
Determinantes quantitativos do desempenho judicial: fatores associados à 
produtividade dos tribunais de justiça. In: Revista Direito GV, v. 7, n.º 1, 2021, 
p. 8-9 (com adaptações)
Com relação à pontuação e às categorias semânticas em uso no 
texto 15A2-I, julgue o item subsecutivo.
No trecho “análise da evolução de experiências alternativas de 
resolução de conflitos” (início do último parágrafo), a preposi-
ção de, em suas quatro ocorrências, introduz argumentos que 
assumem o mesmo papel temático: o de paciente
( ) CERTO  ( ) ERRADO
52. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 8A1-I
O Brasil é um dos países com maior proporção de alunos 
matriculados em cursos de formação de professores, mas com 
um dos mais baixos índices de interesse na profissão. Para espe-
cialistas, isso mostra que a docência se torna opção pela facilida-
de em ingressar no ensino superior, pelas baixas mensalidades 
e pela alternativa de cursos a distância — não pela vocação.
Estudos internacionais mostram que um bom professor 
é um dos fatores que mais influenciam na aprendizagem. Os 
dados são de pesquisa feita pelo Banco Interamericano de 
Desenvolvimento (BID), que traçou o perfil de quem estuda para 
ser professor na América Latina e no Caribe. Enquanto, no Bra-
sil, 20% dos universitários estão em cursos como licenciatura e 
pedagogia, na América Latina são 10% e, em países desenvolvi-
dos, 8%.
Em compensação, só 5% dos jovens brasileiros dizem que-
rer ser professores quando estão no ensino médio. E, apesar da 
grande quantidade de alunos matriculada em cursos de licen-
ciatura e pedagogia no Brasil, faltam docentes para lecionar dis-
ciplinas específicas em áreas de ciências exatas e da natureza.
Na Coreia do Sul, por exemplo, 21% se interessam pela pro-
fissão e só 7% ingressam, de fato, na universidade, porque há 
muita concorrência e maior seleção. No Chile e no México, os 
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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dois índices são mais próximos: cerca de 7% se interessam pelo 
magistério e menos de 15% cursam pedagogia ou licenciatura.
“Muitos alunos concluintes do ensino médio entram em pro-
gramas de formação de professores para conseguir um título”, 
diz o economista chefe da divisão de educação no BID, Gregory 
Elacqua. Ele afirma que isso não é bom para a educação.
“A gente atrai as pessoas mais vulneráveis e que lá na fren-
te vão enfrentar o desafio de educar crianças vulneráveis tam-
bém”, diz a diretora de políticas públicas do Instituto Península, 
que atua na área de formação de professores, Mariana Breim. 
“Se é este público que está procurando a docência, temos de 
abraçá-lo e fazê-lo se apaixonar por ela”, completa. Os dados 
mostram que 71% dos estudantes de pedagogia e licenciatu-
ra no Brasil são mulheres, índice semelhante ao verificado em 
outros países latinos.
Internet: (com adaptações)
Julgue o item a seguir, no que diz respeito à sintaxe de orações e 
períodos no texto 8A1-I.
No segundo período do terceiro parágrafo, a oração introduzida 
pela preposição “para” expressa circunstância de finalidade.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
53. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
A tecnologia finalmente está derrubando os muros do 
tradicionalismo que envolve o mundo do direito. Cercado de 
costumes e hábitos por todos os lados, o direito e seus opera-
dores têm a fama de serem apegados a formalismos, praxes e 
arcaísmos resistentes a mudanças mais radicais. São práticas 
persistentes, passadas adiante por gerações e cultivadas como 
se necessárias para manter a integridade e a operacionalidade 
costumeira do sistema.
Nem mesmo o hermético universo do direito resistiu às 
mudanças tecnológicas trazidas pela rede mundial de compu-
tadores e pela possibilidade do uso de softwares de inteligên-
cia artificial para análise de grandes volumes de dados.
Novidades cuja aplicação foi impulsionada pelo incessan-
te crescimento de demandas judiciais e pela necessidade de 
implementar e efetivar o sistema de precedentes qualificados.
Todas essas inovações, sem dúvida nenhuma, transforma-
ram o sistema de justiça como o conhecíamos e o cotidiano 
dos operadores do direito.
O direito, o processo decisório e os julgamentos são emi-
nentemente de natureza humana e dependem do ser huma-
no para serem bem realizados. Assim, mesmo que os avanços 
tecnológicos sejam inevitáveis, todas as inovações eletrônicas 
e virtuais devem sempre ser implementadas com parcimônia 
e vistas com muito cuidado, não apenas para sempre permiti-
rem o exercício de direitos e garantias, mas também para não 
restringirem — e, sim, ampliarem — o acesso à justiça e, sobre-
tudo, para manterem a insubstituível humanidade da justiça.
Rafael Muneratti. Justiça virtual e acesso à justiça. In: Revista da Defensoria 
Pública do Estado do Rio Grande do Sul, ano 12, v. 1, n.º 28, 2021 (com 
adaptações)
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto ante-
rior, julgue o item a seguir. No texto, a preposição “para”, em 
suas três ocorrências, veicula uma ideia de finalidade.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
54. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
Nova Iorque já foi vista como uma das metrópoles mais 
perigosas do mundo. Em 1990, alcançou seu pico de homicí-
dios: 2.262 em um ano, média de 188 por mês. Mas esse cenário 
mudou, e a cidade apresentou uma das maiores reduções de 
crimes registradas nos EUA.
Uma das medidas adotadas pela prefeitura de Nova Iorqueficou conhecida como “janelas quebradas” e previa o combate 
a crimes pequenos e a prevenção do vandalismo, para impe-
dir uma espiral de violência que levasse a crimes mais graves.
Para alguns observadores, entretanto, o modelo da “janela 
quebrada” foi superestimado. O mais importante, dizem, foi 
identificar focos de criminalidade para concentrar, ali, ação 
preventiva. Foi possível assinalar áreas pequenas onde crimi-
nosos mais atuavam, onde se sabia que crimes iam ocorrer.
O ex-policial Tom Reppetto sugere que essas áreas tenham 
presença visível e constante da polícia. As patrulhas preventi-
vas — e em grande número — em focos de crime foi essencial 
para reduzir a violência. “O crime é mais situacional do que se 
pensa, inclusive homicídios. Com a patrulha policial, pessoas 
que iam cometer crimes simplesmente foram fazer outra coi-
sa”, afirma outro especialista, Frank Zimring.
Outra medida que teve papel importantíssimo foi a imple-
mentação de cortes (tribunais), nos anos 90, para tratar de 
crimes menores, mediar conflitos comunitários e casos de vio-
lência doméstica e para lidar com usuários de drogas. A ideia é 
evitar que esses conflitos evoluam e aumentar a confiança dos 
cidadãos no sistema judiciário e político.
Internet: (com adaptações).
No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do tex-
to precedente, julgue os próximos itens.
No trecho “e previa o combate a crimes pequenos e a prevenção 
do vandalismo”, o “a”, em ambas as ocorrências, classifica-se 
como preposição e seu emprego deve-se à presença da palavra 
“combate”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
55. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CG1A1-I
Uma forte tendência na moderna medicina americana é 
buscar, na prática médica milenar oriental, explicações para 
paradigmas existentes no século em que vivemos. Essa medici-
na entende que o bem-estar mental e o espiritual fazem parte 
da saúde. Existe uma preocupação especial, nesta prática, com 
o funcionamento normal do organismo.
Esse conceito novo de atuar na preservação da qualidade 
de vida do paciente vem sendo denominado como medicina de 
gerenciamento do envelhecimento. O fundamento desta área 
da medicina baseia-se na ideia de que o paciente pode envelhe-
cer com doenças ou com saúde. Com o avanço da tecnologia 
e das pesquisas, muitos estudos já consolidaram o que então 
era apenas uma hipótese: que o corpo humano foi desenvolvi-
do para não adoecer e que, quando há uma falha, ocasionando 
alguma doença, isso ocorre por motivos que podem, sim, ser 
evitados. Talvez o que mais tenha corroborado essa afirmação 
tenha sido a descoberta do radical livre, em 1900.
Em 50 anos, se conheceu toda a sua química. Em 1954, 
pela primeira vez, essas substâncias reativas e tóxicas foram 
relacionadas a uma doença inexorável, o envelhecimento. 
O radical livre é um elemento gerado no organismo desde o 
momento da concepção, e sua produção é contínua, durante 
toda a nossa existência. Até certa idade, o organismo consegue 
neutralizar esses elementos, mas chega uma fase em que sua 
produção excede a sua degradação e sobrepuja a dos meca-
nismos de defesa naturais (antioxidantes). Ocorre, então, o 
início das alterações estruturais que culminam na lesão celu-
lar. Doenças relacionadas com o envelhecimento estão intima-
mente associadas com o aumento de radicais livres.
A medicina do gerenciamento do envelhecimento preocu-
pa-se em conceituar e promover a saúde de forma diferente. 
Em vez de aguardar passivamente pelo dano ou pelas doenças, 
ela atua na vida das pessoas de forma preventiva e preditiva, 
muito antes que as patologias se manifestem. A proposta con-
siste em ajustar todos os parâmetros biológicos, metabólicos 
e hormonais aos mesmos níveis encontrados em um indivíduo 
de aproximadamente 30 anos – fase em que todos nós atingi-
mos o apogeu de nossa performance e idade a partir da qual 
começamos a envelhecer.
Internet: (com adaptações)
Julgue o item subsequente, considerando as ideias, os sentidos 
e os aspectos linguísticos do texto CG1A1-I.
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A omissão da preposição “em”, no trecho “explicações para 
paradigmas existentes no século em que vivemos” (primeiro 
período do primeiro parágrafo), prejudicaria a correção grama-
tical e o sentido original do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ SIGNIFICAÇÃO DE VOCÁBULO E EXPRESSÕES
56. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 8A3
O AMOR BATE NA AORTA
Cantiga do amor sem eira
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.
Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito!
O amor bate na porta,
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.
Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.
Amor é bicho instruído.
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.
Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo corpos, vejo almas
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam
sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender…
Carlos Drummond de Andrade
Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006, p. 46-48 (com 
adaptações)
Considerando as ideias e os sentidos do texto 8A3, julgue o item 
a seguir.
Na última estrofe, a expressão “sem mapa” foi empregada como 
uma referência literal à representação gráfica do trajeto de uma 
viagem.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
57. (CEBRASPE-CESPE – 2023)
O papel fundante da memória dos mortos para o desenvol-
vimento da cultura teve algo de acidental, pois o mecanismo 
poderoso de propagação dos hábitos, das ideias e dos com-
portamentos dos ancestrais foi o afeto. A lembrança de quem 
partiu, bem visível nos chimpanzés, que se enlutam quando 
perdem um ente querido, tornou-se uma marca indelével de 
nossa espécie. Isso não aconteceu sem contradições, é claro. 
Com o amor pelos mortos surgiu também o medo deles. Do 
Egito a Papua-Nova Guiné, em distintos momentos e lugares, 
floresceram rituais para neutralizar, apaziguar e satisfazer aos 
espíritos desencarnados. Na Inglaterra medieval, temiam-se 
tanto os mortos que cadáveres eram mutilados e queimados 
para se garantir sua permanência nas covas. Entre os Yanoma-
mi, a queima dos pertences é uma parte essencial dos rituais 
fúnebres. A Igreja Católica até hoje considera que os restos 
mortais dos santos são valiosas relíquias religiosas.
A propagação dos memes de entidades espirituais foi, 
portanto, impulsionada pelos afetos positivos e negativos em 
relação aos mortos. Foi a memória das técnicas e dos conhe-
cimentos carregados pelos avós e pais falecidos que transfor-
mou esse processo em algo adaptativo, um verdadeiro círculo 
virtuoso simbólico. Não é exagero dizer que o motor essencial 
da nossa explosão cultural foi a saudade dos mortos. A cren-
ça na autoridade divina para orientar decisões humanas levou 
a um acúmulo acelerado de conhecimentos empíricos sobre 
o mundo, sob a forma de preceitos, mitos, dogmas, rituais e 
práticas. Ainda que apoiada em coincidências e superstições 
de todo tipo, essa crença foi o embrião de nossa racionalidade. 
Causas e efeitos foram sendo aprendidos pela corroboração 
ou não da eficácia dos símbolos religiosos.
Sidarta Ribeiro. O oráculoda noite: a história da ciência e do sonho. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 325 (com adaptações)
A respeito das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos 
do texto precedente, julgue o item que se segue.
No segundo período do primeiro parágrafo, o vocábulo “inde-
lével” está empregado com o mesmo sentido de permanente.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
58. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1
Muitas regiões do mundo, inclusive o Brasil, estão vivendo 
o chamado “paradoxo verde”, expressão cunhada pelo econo-
mista alemão Hans-Werner Sinn (2008) para se referir a como 
políticas climáticas mais restritivas podem exercer pressão 
crescente sobre os preços de energia e ter efeitos indesejá-
veis, como incentivar a antecipação da extração e produção 
de combustíveis fósseis, acelerando, portanto, as mudanças 
climáticas. Um aspecto crucial é a necessidade de acordos 
internacionais que mantenham de maneira eficaz e justa gran-
des quantidades remanescentes de combustíveis fósseis no 
solo. Oestudo recente de Welsby, publicado na revista Nature 
em 2021, mostra que a produção existente de carvão, petró-
leo e gás deve ser descontinuada. Mesmo quando governos 
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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não controlam diretamente a produção, suas leis, políticas e 
acordos podem definir, em grande medida, quanto é extraí-
do e produzido. O BOGA (Beyond Oil and Gas Alliance) é um 
exemplo recente de acordo internacional que pode redefinir o 
futuro do setor de petróleo e gás (O&G – oil and gas).
Emissões evitadas hoje tornam menos arriscada a neces-
sidade de medidas drásticas, ainda não suficientemente 
desenvolvidas, como projetos de captura, utilização e arma-
zenamento de carbono (CCUS) e de tecnologias de emissões 
negativas (NET), comumente citados em anúncios de empre-
sas do setor de O&G. Ademais, quanto mais cedo sofrermos os 
impactos das mudanças climáticas, mais cedo e por mais tem-
po teremos impactos físicos que levam a danos sociais e eco-
nômicos. Nesse sentido, emissões evitadas hoje valem mais do 
que emissões evitadas no futuro; mais do que metas de emis-
são zero em 2050, são necessárias ações imediatas nos próxi-
mos anos, para reduzir rapidamente as emissões de gases do 
efeito estufa. No futuro, grandes nomes da indústria de O&G 
podem ser conhecidos como aqueles que negligenciaram a 
ciência e não enfrentaram o desafio da emergência climática 
quando ainda tinham tempo. Por outro lado, podem aprovei-
tar a já estreita janela de oportunidade para liderar uma nova 
economia cada vez mais eficiente, interconectada e limpa.
B. S. L. Cunha et al. O passado, o presente e o futuro da indústria de O&G 
frente à crise climática. In: Ensaio Energético, nov. 2021 (com adaptações)
Em relação ao emprego dos elementos de coesão no texto 
CB1A1, julgue o próximo item.
No segundo período do último parágrafo, o vocábulo “Ademais” 
é empregado para reforçar e retomar o argumento apresentado 
no período imediatamente anterior.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
59. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
Na sociedade líquido-moderna da hipermodernidade globa-
lizante, o fazer compras não pressupõe nenhum discurso. O con-
sumidor — o hiperconsumidor — compra aquilo que lhe apraz. 
Ele segue as suas inclinações individuais. O curtir é o seu lema.
Esse movimento social de hiperconsumismo, de vida para o 
consumo, guiou a pessoa natural para o caminho da necessida-
de, da vontade e do gosto pelo consumo, bem como impulsionou 
o descarte de cada vez mais recursos naturais finitos. Isso tem 
transformado negativamente o planeta, ao trazer prejuízos não 
apenas para as futuras gerações, como também para as atuais, 
o que resulta em problemas sociais, crises humanitárias e degra-
dação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, além de 
afetar o desenvolvimento humano, ao se precificar o ser racio-
nal, dissolvendo-se toda solidez social e trazendo-se à tona uma 
sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores vorazes e indi-
ferentes às consequências de seus atos sobre o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado e sobre as gerações atuais e futuras.
O consumismo é uma economia do logro, do excesso e do 
lixo, pois faz que o ser humano trabalhe duro para adquirir mais 
coisas, mas traz a sensação de insatisfação porque sempre há 
alguma coisa melhor, maior e mais rápida do que no presente. 
Ao mesmo tempo, as coisas que se possuem e se consomem 
enchem não apenas os armários, as garagens, as casas e as vidas, 
mas também as mentes das pessoas.
Nessa sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores, o 
desejo satisfeito pelo consumo gera a sensação de algo ultrapas-
sado; o fim de um consumo significa a vontade de iniciar qual-
quer outro. Nessa vida de hiperconsumo e para o hiperconsumo, 
a pessoa natural fica tentada com a gratificação própria imediata, 
mas, ao mesmo tempo, os cérebros não conseguem compreen-
der o impacto cumulativo em um nível coletivo. Assim, um desejo 
satisfeito torna-se quase tão prazeroso e excitante quanto uma 
flor murcha ou uma garrafa de plástico vazia.
O hiperconsumismo afeta não apenas a relação simbiótica 
entre o ser humano e o planeta, como também fere de morte a 
moral, ao passo que torna tudo e todos algo precificável, descar-
tável e indiferente.
Fellipe V. B. Fraga e Bruno B. de Oliveira. O consumo colaborativo como 
mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade líquido-
moderna. LAECC. Edição do Kindle (com adaptações)
Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto prece-
dente, julgue o item que se seguem. O termo “apraz” correspon-
de a uma forma flexionada do verbo aprazar.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
60. (CEBRASPE-CESPE – 2022) 
A comunicação tem-se transformado em um setor estra-
tégico da economia, da política e da cultura. Da guerra, ela 
sempre o foi. A inclusão da informação e da comunicação nas 
estratégias bélicas tem aumentado no correr de milênios.
No século VII a.C., o chinês Sun Tzu, em A arte da guerra, 
dizia que “toda guerra é embasada em dissimulação”, referin-
do-se à distribuição de informações falsas. Contudo, quem 
mais desenvolveu esse conceito foi o general prussiano Carl 
von Clausewitz, em seu amplo tratado Da guerra (Vom Kriege), 
publicado em 1832. No capítulo VI, Clausewitz afirma: “Gran-
de parte das notícias recebidas na guerra é contraditória, uma 
parte ainda maior é falsa e a maior parte de todas é incerta. Em 
suma, a maioria das notícias é falsa, e o medo do ser humano 
reforça a mentira e a inverdade. As pessoas conscientes que 
seguem as insinuações alheias tendem a permanecer inde-
cisas no lugar; acreditam ter encontrado as circunstâncias 
distintas do que imaginavam. Na guerra, tudo é incerto, e os 
cálculos devem ser feitos com meras grandezas variáveis. Eles 
direcionam a observação apenas para magnitudes materiais, 
enquanto todo o ato de guerra está imbuído de forças e efeitos 
espirituais”.
Trata-se de desinformar, e não de informar. A desinforma-
ção é a informação falsa, incompleta, desorientadora. É propa-
gada para enganar um público determinado. Seu fim último é 
o isolamento do inimigo em um conflito concreto, é o de man-
tê-lo em um cerco informativo. Os nazistas levaram essa estra-
tégia do engano quase à perfeição.
Atualmente, pratica-se tanto o cerco econômico, militar e 
diplomático quanto o informativo. Já não se trata apenas de 
isolar o inimigo. As novas tecnologias permitem aos militares 
intervir nos conflitos bélicos a distância, direcionando até mes-
mo os foguetes com a ajuda de GPS, a partir de um satélite. 
A telecomunicação militar apoiada em satélites e a eletrôni-
ca determinarão as guerras do futuro imediato. Fala-se já de 
bombas eletrônicas (E) que podem paralisar estabelecimentos 
neurais da sociedade moderna, como hospitais, centrais elé-
tricas, oleodutos etc.,destruindo os seus circuitos eletrônicos. 
Parece que hoje já se pode fazer a guerra sem bombas atô-
micas. As bombas E do tipo FCG (flux compression generator 
— gerador de compressão de fluxo), cujo emprego não está 
limitado às grandes potências bélicas, têm o mesmo efeito e 
fazem parte dos arsenais de alguns exércitos, e consistem em 
comprimir, mediante uma explosão, um campo eletromagné-
tico, como um raio, sem os custos, os efeitos colaterais ou o 
enorme alcance de um dispositivo de pulso eletromagnético 
nuclear.
Vicente Romano. Presente e futuro imediato das telecomunicações. São 
Paulo em Perspectiva. Internet: (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto 
CB4A1-I, julgue o próximo item.
Em ‘As pessoas conscientes que seguem as insinuações alheias 
tendem a permanecer indecisas no lugar’ (segundo parágrafo), 
a palavra ‘alheias’ tem o mesmo sentido de ambíguas.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
61. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
A preocupação com o desenvolvimento das indústrias criati-
vas ocorre de forma não intuitiva e direcionada há muitos anos. 
Em 1918, o presidente dos Estados Unidos da América, Woo-
drow Wilson, promoveu a nascente indústria cinematográfica, 
considerando que “o comércio vai atrás dos filmes”, uma afirma-
ção clássica sobre o fato de que as indústrias criativas têm um 
significado que vai muito além do seu impacto econômico ime-
diato. O governo australiano publicou, em 1994, um documento 
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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chamado Creative Nation, no qual já apresentava alguns posi-
cionamentos oficiais sobre a pauta. Nele, afirmava que “uma 
política cultural também é uma política econômica” e que “o 
nível de nossa criatividade determina substancialmente nossa 
capacidade de adaptação aos novos imperativos econômicos”.
Após as eleições para primeiro-ministro do Reino Uni-
do, em 1997, foi realizado o primeiro mapeamento concre-
to e aprofundado sobre a economia criativa em uma nação. 
Esse mapeamento causou polêmica quanto à conceituação 
de indústria criativa. De acordo com a definição do governo 
inglês, as indústrias criativas são aquelas atividades que têm 
origem na criatividade, na habilidade e no talento individual e 
que potencializam a geração de riqueza e empregos por meio 
da geração e da exploração da propriedade intelectual. Os crí-
ticos que analisaram o projeto de Tony Blair/DCMS considera-
ram que as colocações deixaram o contexto muito aberto, pois 
poderia englobar áreas como engenharia e indústria farma-
cêutica, que não têm conexão com a economia criativa.
Como em qualquer área de pesquisa, alguns cientistas 
apresentam visões bem controversas. O pesquisador esta-
dunidense Richard Florida, por exemplo, trouxe o conceito 
de classe criativa. Segundo Florida, regiões metropolitanas 
com alta concentração de trabalhadores ligados a tecnologia, 
artistas, músicos, lésbicas e gays e o grupo definido por high 
bohemians são áreas com alto potencial de crescimento neste 
milênio. Na visão de Florida, as cidades devem posicionar-se 
de forma diferente no novo milênio e virar todos os holofotes 
para a economia criativa.
Vinnie de Oliveira. Economia criativa 4.0: o mundo não gira ao contrário. 
Edição do Kindle (com adaptações)
Julgue o item seguinte, no que diz respeito às ideias e a aspectos 
linguísticos do texto precedente.
O vocábulo “controversas” (primeiro período do último parágra-
fo) é empregado no texto com o mesmo sentido de condenáveis.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
62. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-II
A crescente adoção do conceito de tecnologias sociais ocor-
re concomitantemente com o avanço de dois conceitos que lhe 
são complementares: economia solidária e capital social. As 
graves consequências do capitalismo e da globalização, refle-
tidas em altos índices de desemprego, aumento de índices de 
violência e criminalidade, aprofundamento da pobreza e da 
degradação ambiental, não podem ser abordadas por projetos 
paternalistas e compensatórios. Ao contrário, requerem estu-
dos aprofundados sobre um novo tipo de desenvolvimento. 
O professor Henrique Rattner pontua que, entre os cientistas 
sociais que se debruçam sobre os fracassos do desenvolvimen-
to e suas causas, em todos os debates travados nos últimos 
anos, o conceito de capital social tem ocupado espaço cres-
cente. O capital social, segundo Rattner, procura trabalhar com 
a necessidade gregária, o espírito de cooperação e os valores 
de apoio mútuo e solidariedade, com base na “eficiência social 
coletiva”.
Capital social, segundo o estudioso John Durston, é o con-
junto de normas, instituições e organizações que promovem a 
confiança, a ajuda recíproca e a cooperação e que incorporam 
benefícios como redução dos custos de transação, produção 
de bens públicos e facilitação da constituição de organizações 
de gestão de bases efetivas, de atores sociais e de sociedades 
civis saudáveis. Sua importância está na busca de estratégias 
de superação da pobreza e de integração de setores sociais 
excluídos.
No Brasil, nas últimas décadas, tem havido uma multiplica-
ção de experiências baseadas no conceito de economia solidá-
ria. Diferentemente de iniciativas meramente paliativas, como 
respostas emergenciais a situações de pobreza e miséria, há 
agora uma interpretação de que essas experiências devam 
ser uma base para a reconstrução do tecido social. Como diz 
o pesquisador Luis Inácio Gaiger, elas “constituiriam uma ação 
geradora de embriões de novas formas de produção e estimu-
ladora de alternativas de vida econômica e social”.
Ivete Rodrigues e José Carlos Barbieri. A emergência da tecnologia social: 
revisitando o movimento da tecnologia apropriada como estratégia de 
desenvolvimento sustentável. In
Revista de Administração Pública – FGV, Rio de Janeiro, 42(6):1069-94, nov./
dez. 2008 (com alterações)
No que se refere aos aspectos linguísticos e aos sentidos do tex-
to CG1A1-II, julgue o item a seguir.
A palavra “paliativas” (segundo período do terceiro parágrafo) 
está empregada com o sentido de protelar uma crise.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Leia o texto a seguir para responder às questões 63 e 64. 
Texto CB1A1
A palavra sonho significa muitas coisas diferentes: “o sonho 
da minha vida” e “meu sonho de consumo” são expressões 
usadas pelas pessoas para dizer que pretendem ou consegui-
ram alcançar algo. Todo mundo tem um sonho, no sentido de 
plano futuro. Todo mundo deseja algo que não tem. Por que 
será que o sonho, fenômeno normalmente noturno que tanto 
pode evocar o prazer quanto o medo, é justamente a palavra 
usada para designar tudo aquilo que se quer ter?
O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas 
de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos, 
a motivação íntima de nossa ação exterior. Desejo é o sinôni-
mo mais preciso da palavra “sonho”. Na área de desembarque 
de um aeroporto nos Estados Unidos, uma foto enorme de 
um casal belo e sorridente, velejando num mar caribenho em 
dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde seus sonhos 
o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de cartão de cré-
dito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como veleiros, 
capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos, altamente… 
desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo, que é igual a 
dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser e prin-
cipalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem 
experimentar no mundo de regras frouxas do sonho noturno, 
mas que no sonho diurno é privilégio apenas dos detentores 
de um mágico cartão plástico.
Entretanto, a rotina do trabalho diário e a falta de tempo 
para dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalha-
dores, são cruciais para o mal-estar da civilização72
Æ DOS JUÍZES ELEITORAIS .............................................................................................................................................. 72
Æ MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL ............................................................................................................................ 72
Æ DAS JUNTAS ELEITORAIS: COMPOSIÇÃO E ATRIBUIÇÕES ................................................................................... 73
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 Æ ALISTAMENTO ELEITORAL E DOMICÍLIO ELEITORAL (ARTS. 42 A 81 DO CE) ................................................... 73
 Æ SISTEMAS ELEITORAIS PROPORCIONAL, MAJORITÁRIO E MISTO (ARTS. 83-86 E 106-113 CE, 
1º A 5º DA 9.504) ........................................................................................................................................................... 73
 Æ REGISTRO DOS CANDIDATOS (ART. 87 A 102 DO CE, ART. 10 A 16-B DA 9.504) .............................................. 73
 Æ FINANCIAMENTO DA CAMPANHA ELEITORAL (ARTS. 16-C A 27 DA 9.504) ..................................................... 74
 Æ PRESTAÇÃO DE CONTAS DA CAMPANHA ELEITORAL (ARTS. 28 A 32 DA 9.504) ............................................. 74
 Æ PESQUISA E TESTES PRÉ-ELEITORAIS (ARTS. 33 A 35 DA 9.504) .......................................................................... 74
 Æ PROPAGANDA ELEITORAL E DIREITO DE RESPOSTA (ARTS. 36 A 58-A DA 9.504) ........................................... 74
 Æ DAS CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PÚBLICOS (ARTS. 73 A 78 DA LEI 9.504) ....................................... 75
 Æ FORNECIMENTO GRATUITO DE TRANSPORTE RESIDENTES ZONAS RURAIS (LEI 6.091, DE 1974) .............. 75
 Æ RECURSOS ELEITORAIS (ARTS. 257 A 282 DO CÓDIGO ELEITORAL) .................................................................. 75
 Æ AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO ................................................................................................. 75
 Æ REPRESENTAÇÃO POR CAPTAÇÃO DE SUFRÁGIO................................................................................................. 76
 Æ ELEGIBILIDADE E INELEGIBILIDADE (ART 14, §3º A 9º DA CF, 3º DO CE; 1º DA LC 64, DE 1990) .................... 76
 Æ DISPOSIÇÕES PRELIMINARES (ARTS. 1º A 7º DA LEI 9.096; ART. 17, CAPUT E §1º E 4º, DA CF) ...................... 77
 Æ CRIAÇÃO E REGISTRO DOS PARTIDOS POLÍTICOS (ARTS. 8 A 11-A DA 9.096; ART. 17, § 2º DA CF) .............. 77
 Æ FUNDO PARTIDÁRIO (ARTS. 38 A 44 DA LEI 9.096; ART. 17, §3º E 5º DA CF) ..................................................... 78
 Æ CONCEITOS E HISTÓRIA SOBRE SISTEMA PARTIDÁRIO E REPRESENTAÇÃO POLITICA ................................. 78
 Æ LEGISLAÇÃO PENAL E PROCESSUAL PENAL ESPECIAL — DOS CRIMES ELEITORAIS (ARTS. 289 A 
354-A DA LEI Nº 4.737, DE 1965 — CE) ..................................................................................................................... 78
 Æ DO PROCESSO DAS INFRAÇÕES (ARTS. 355 A 364 DA LEI Nº 4.737, DE 1965 — CE) ....................................... 79
 Æ GABARITO ..................................................................................................................................................................... 79
DIREITO ADMINISTRATIVO ...................................................................................81
 Æ ORIGEM, CONCEITO E FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO ......................................................................... 81
 Æ CONCEITO DE ATOS ADMINISTRATIVOS................................................................................................................. 81
 Æ ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS (ATOS ADMINISTRATIVOS) ........................................................ 82
 Æ ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ................................................................... 82
 Æ ATOS ADMINISTRATIVOS: ESPÉCIES, CLASSIFICAÇÃO, FASES DE CONSTITUIÇÃO ......................................... 82
 Æ PODER REGULAMENTAR ............................................................................................................................................ 83
 Æ PODER HIERÁRQUICO ................................................................................................................................................ 83
 Æ PODER DISCIPLINAR ................................................................................................................................................... 84
 Æ PODER DE POLÍCIA ...................................................................................................................................................... 85
 Æ ABUSO DE PODER: EXCESSO DE PODER E DESVIO DE FINALIDADE (PODERES DA ADMINISTRAÇÃO) ...... 85
 Æ ADMINISTRAÇÃO DIRETA (ÓRGÃOS PÚBLICOS) ................................................................................................... 86
 Æ ADMINISTRAÇÃO INDIRETA ...................................................................................................................................... 86
 Æ DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO ........................................................................................................ 87
 Æ CONCEITOS INICIAIS E TEORIAS DA RESPONSABILIDADE ................................................................................... 88
 Æ RESPONSABILIDADE OBJETIVA DAS EMPRESAS ESTATAIS E DAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS 
PÚBLICOS ...................................................................................................................................................................... 88
 Æ RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS E DIREITO DE REGRESSO ....................................................... 89
 Æ EXCLUDENTES E ATENUANTES DE RESPONSABILIDADE ..................................................................................... 89
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 Æ CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO: CONCEITOS, PRINCÍPIOS, ABRANGÊNCIA E CLASSIFICAÇÕES .............. 90
 Æ CONTROLE ADMINISTRATIVO (DIREITO ADMINISTRATIVO) ............................................................................... 90
 Æ CONTROLE JURISDICIONAL ....................................................................................................................................... 91
 Æ CONCEITO PARA AGENTES PÚBLICOS .................................................................................................................... 92
 Æ CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS ............................................................................................................. 92
 Æ FUNÇÕES, CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS ......................................................................................................... 93
 Æ DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ABRANGÊNCIA (ARTS. 1º A 4º DA LEI Nº 8.112, DE 1990) ............................ 93
 Æ FORMAS DE PROVIMENTO (ARTS. 5º A 32 DA LEI Nº 8.112, DE 1990) ............................................................... 94
 Æ DO REGIME DISCIPLINAR (ARTS. 116 A 142 DA LEI Nº 8.112, DE 1990) ............................................................. 94
 Æ DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (ARTS. 143 A 182 DA LEI Nº 8.112, DE 1990) ...................... 94
 Æ PRINCÍPIOS (ART. 5º DA LEI Nº 14.133, DE 2021) ................................................................................................... 94
 Æ OBJETIVOS, FASES E FORMALIDADES (ARTS. 11 A 17 DA LEI Nº 14.133, DEcontempo-
rânea. É gritante o contraste entre a relevância motivacional 
do sonho e sua banalização no mundo industrial globalizado. 
No século XXI, a busca pelo sono perdido envolve rastreadores 
de sono, colchões high-tech, máquinas de estimulação sonora, 
pijamas com biossensores, robôs para ajudar a dormir e uma 
cornucópia de remédios. A indústria da saúde do sono, um 
setor que cresce aceleradamente, tem valor estimado entre 30 
bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim impera a insô-
nia. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos diariamen-
te com o toque insistente do despertador, ainda sonolentos e 
já atrasados para cumprir compromissos que se renovam ao 
infinito, se tão poucos se lembram de que sonham pela sim-
ples falta de oportunidade de contemplar a vida interior, quan-
do a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar da 
sobrevivência do sonho.
E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel, sonha-
-se sofregamente apesar das luzes e dos ruídos da cidade, da 
incessante faina da vida e da tristeza das perspectivas.
Sidarta Ribeiro. O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho São Paulo: 
Companhia das Letras, 2019, p. 19-20 (com adaptações)
No que se refere aos sentidos do texto CB1A1, julgue os próxi-
mos itens.
63. (CEBRASPE-CESPE – 2021) O vocábulo “gritante” está 
empregado com o mesmo sentido de chocante.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
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64. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A palavra “cornucópia” está 
empregada no texto com o sentido de abundância, profusão, 
grande quantidade.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
65. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto 2A2-I
O termo “refugiado ambiental” é utilizado para se referir 
às pessoas que fogem de onde vivem, em razão de problemas 
como seca, erosão dos solos, desertificação, inundações, des-
matamento, mudanças climáticas, entre outros. A migração 
causada por eventos climáticos não é nova, mas tende a inten-
sificar-se. O tema é bastante atual, mas, na obra Vidas Secas, o 
escritor Graciliano Ramos já tratava, embora com outras pala-
vras, dos refugiados do clima do semiárido brasileiro.
Vidas Secas não é um romance de seca, no entanto. A cen-
tralidade dessa obra literária está em um “ano bom”, ou seja, 
um ano de chuvas na caatinga. O sétimo capítulo, localizado 
bem no centro da obra, composta por 13 capítulos, é intitulado 
“Inverno”, o que remete ao período de chuvas na região. Essa 
visão contraria certa leitura superficial da obra.
Graciliano Ramos acreditava em um mundo com mais jus-
tiça social e menos desigualdades no Nordeste, para o que era 
necessário transformar o modelo de sociedade extremamente 
perverso que caracterizava as relações sociais no meio rural.
Ao mostrar a vida da uma família de sertanejos durante 
um ano de “inverno”, com relativa segurança e estabilidade, o 
escritor alagoano questionou as relações sociais excludentes e 
tensivas, que impediam essa família de viver com mais estabi-
lidade no Nordeste brasileiro.
Na obra, quando a família ocupou uma fazenda abandona-
da, no fim de uma seca, o vaqueiro parecia satisfeito.
Mas suas esperanças esmoreceram, pois as chuvas vieram 
e, com elas, também o proprietário da fazenda, sob o domínio 
do qual o vaqueiro passou a viver, sendo humilhado, engana-
do, animalizado.
Somente com muita insistência, Fabiano conseguiu ficar 
trabalhando ali como vaqueiro. Moraria com a família pouco 
“mais de um ano” numa “casa velha” da fazenda.
Para o escritor de Vidas Secas, a opressão à família de 
Fabiano era causada por questões sociais, não pela seca. Caso 
tivesse acesso à terra e à água, a família conseguiria obter o 
sustento, como resultado do seu esforço e trabalho.
A condição climática natural da caatinga era instrumentali-
zada pelos latifundiários para a exploração de uma população 
extremamente vulnerável à seca, como era o caso da família de 
Fabiano e sinhá Vitória.
A concentração fundiária era, e continua sendo, uma das 
formas mais perversas de impedir a autonomia dos pequenos 
produtores rurais do semiárido brasileiro. O romance denun-
cia a realidade social dos sertanejos pobres que viviam no 
Nordeste da época, cujo cotidiano era marcado pela opressão, 
humilhação, miséria, espoliação econômica e extremas priva-
ções, sobretudo nos períodos de seca.
Internet: (com adaptações)
No que se refere aos aspectos linguísticos do texto 2A2-I, julgue 
o item que se seguem.
Em “o escritor alagoano questionou as relações sociais exclu-
dentes e tensivas”, o vocábulo “tensivas” está empregado no tex-
to com o mesmo sentido de danosas.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
66. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1-I
Tradicionalmente, as conquistas democráticas nas socieda-
des modernas estiveram associadas à organização de movimen-
tos sociais que buscavam a expansão da cidadania. Foi assim 
durante as revoluções burguesas clássicas nos séculos XVII e 
XVIII. Também a organização dos trabalhadores industriais nos 
séculos XIX e XX foi responsável pela ampliação dos direitos civis e 
sociais nas democracias liberais do Ocidente. De igual maneira, as 
demandas dos chamados novos movimentos sociais, nos anos 70 
e 80 do século XX, foram responsáveis pelo reconhecimento dos 
direitos das minorias sociais (grupos étnicos minoritários, mulhe-
res, homossexuais) nas sociedades contemporâneas.
Em todos esses casos, os espaços privilegiados das ações dos 
grupos organizados eram os Estados nacionais, espaços privile-
giados de exercício da cidadania. Contudo, a expansão do conjun-
to de transformações socioculturais, tecnológicas e econômicas, 
conhecido como globalização, nas últimas décadas, tem limitado 
de forma significativa os poderes e a autonomia dos Estados 
(pelo menos os dos países periféricos), os quais se tornam reféns 
da lógica do mercado em uma época de extraordinária volatilida-
de dos capitais.
Manoel Carlos Mendonça Filho et al. Polícia, direitos humanos e educação 
para a cidadania. Internet: (com adaptações)
Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto 
CB1A1-I, julgue o seguinte item.
No segundo parágrafo, a palavra “volatilidade” foi empregada 
com o mesmo sentido de inconstância.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
67. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
A sociedade que não proporciona liberdade — direito do 
homem que reconhece a ele o poder de escolha nos diversos 
campos da vida social — aos seus membros, a rigor, não se jus-
tifica. A liberdade, ainda que não absoluta, é meta e essência 
da sociedade.
São extremos: de um lado, a utópica sociedade perfeita, ou 
seja, essencialmente democrática, liberal e sem injustiças eco-
nômicas, educacionais, de saúde, culturais etc. Nela, a liberda-
de é absoluta. Do outro lado, a sociedade imperfeita, desigual, 
não democrática, injusta, repleta dos mais graves vícios econô-
micos, de educação, de saúde, culturais etc. Nesta, a liberdade 
é inexistente.
Entre os extremos está a sociedade real, a de fato, a ver-
dadeira ou efetiva, aquela na qual os problemas econômicos, 
educacionais, de saúde, culturais etc. existem em infinitos níveis 
intermediários.
As três sociedades — perfeita, imperfeita e real — “existem”, 
cada qual com a sua estabilidade interna de convivência, de 
forma que os seus membros experimentam relações entre si 
com a liberdade possível. Quanto mais imperfeita é a sociedade, 
menos liberdade os indivíduos possuem e maior é a tendência 
de convivência impossível. Na outra ponta, quanto mais a socie-
dade está próxima da perfeição, mais próximos da liberdade 
absoluta estão os indivíduos. Há a convivência ótima.
A sociedade real, por seu turno, pode ter maior ou menor 
segurança pública. Numa sociedade real, a maior segurança 
pública possível é aquela compatível com o equilíbriodinâmico 
social, ou seja, adequada à convivência social estável. Não mais e 
não menos que isso. Logo, para se ter segurança pública, há que 
se buscar constantemente alcançar e preservar o equilíbrio na 
sociedade real pela permanente perseguição à ordem pública.
D’Aquino Filocre. Revisita à ordem pública. In Revista de Informação 
Legislativa, Brasília, out.– dez./2009. Internet: (com 
adaptações)
A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto prece-
dente, julgue o item que se segue. No final do último parágrafo, 
a palavra “perseguição” tem o mesmo sentido de persecução.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
68. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
Nenhuma figura é tão fascinante quanto o Falso Entendido. É 
o cara que não sabe nada de nada, mas sabe o jargão. E passa por 
autoridade no assunto. Um refinamento ainda maior da espécie é 
o tipo que não sabe o jargão, mas inventa.
Ó, Matias, você que entende de mercado de capitais...
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29
Nem tanto, nem tanto...
Você, no momento, aconselharia que tipo de aplicação?
Bom. Depende do yield pretendido, do throwback e do ciclo 
refratário. Na faixa de papéis top market — ou o que nós chama-
mos de topimarque —, o throwback recai sobre o repasse, e não 
sobre o release, entende?
Francamente, não.
Aí o Falso Entendido sorri com tristeza e abre os braços como 
quem diz “É difícil conversar com leigos...”.
Uma variação do Falso Entendido é o sujeito que sempre pare-
ce saber mais do que ele pode dizer. A conversa é sobre política, 
os boatos cruzam os ares, mas ele mantém um discreto silêncio. 
Até que alguém pede a sua opinião, e ele pensa muito antes de 
decidir responder:
Há muito mais coisa por trás disso do que você pensa... Ou 
então, e esta é mortal:
Não é tão simples assim...
Faz-se aquele silêncio que precede as grandes revelações, 
mas o falso informado não diz nada. Fica subentendido que ele 
está protegendo as suas fontes em Brasília. E há o falso que inter-
preta. Para ele, tudo o que acontece deve ser posto na perspectiva 
de vastas transformações históricas que só ele está sacando.
O avanço do socialismo na Europa ocorre em proporção dire-
ta ao declínio no uso de gordura animal nos países do Mercado 
Comum Europeu. Só não vê quem não quer.
E, se alguém quer mais detalhes sobre a sua insólita teoria, 
ele vê a pergunta como manifestação de uma hostilidade bastante 
significativa a interpretações não ortodoxas, e passa a interpretar 
os motivos de quem o questiona, invocando a Igreja medieval, os 
grandes hereges da história, os mistérios por trás da Reforma de 
Lutero.
Luís Fernando Veríssimo. O jargão. In: As mentiras que os homens contam 
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 69-71 (com adaptações)
A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto apre-
sentado, julgue o item que se seguem. No início do parágrafo, 
a palavra “insólita” tem o mesmo sentido de firme, inabalável.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
69. (CEBRASPE-CESPE – 2021) 
Oh, Deus, meu Deus, que misérias e enganos não expe-
rimentei, quando simples criança me propunham vida reta e 
obediência aos mestres, a fim de mais tarde brilhar no mundo 
e me ilustrar nas artes da língua, servil instrumento da ambi-
ção e da cobiça dos homens.
Fui mandado à escola para aprender as primeiras letras, 
cuja utilidade eu, infeliz, ignorava. Todavia, batiam-me se no 
estudo me deixava levar pela preguiça. As pessoas grandes 
louvavam esta severidade. Muitos dos nossos predecessores 
na vida tinham traçado estas vias dolorosas, por onde éramos 
obrigados a caminhar, multiplicando os trabalhos e as dores 
aos filhos de Adão. Encontrei, porém, Senhor, homens que Vos 
imploravam, e deles aprendi, na medida em que me foi possí-
vel, que éreis alguma coisa de grande e que podíeis, apesar de 
invisível aos sentidos, ouvir-nos e socorrer-nos.
Ainda menino, comecei a rezar-Vos como a “meu auxílio 
e refúgio”, desembaraçando-me das peias da língua para Vos 
invocar. Embora criança, mas com ardente fervor, pedia-Vos 
que na escola não fosse açoitado.
Quando me não atendíeis — “o que era para meu provei-
to” —, as pessoas mais velhas e até os meus próprios pais, que, 
afinal, me não desejavam mal, riam-se dos açoites — o meu 
maior e mais penoso suplício.
Contudo, pecava por negligência, escrevendo, lendo e 
aprendendo as lições com menos cuidado do que de nós exi-
giam. Senhor, não era a memória ou a inteligência que me fal-
tavam, pois me dotastes com o suficiente para aquela idade.
Mas gostava de jogar, e aqueles que me castigavam pro-
cediam de modo idêntico! As ninharias, porém, dos homens 
chamam-se negócios; e as dos meninos, sendo da mesma 
natureza, são punidas pelos grandes, sem que ninguém se 
compadeça da criança, nem do homem, nem de ambos.
Santo Agostinho. Confissões. Montecristo Editora Edição do Kindle, p. 23-24 
(com adaptações)
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto pre-
cedente, julgue o item a seguir. No parágrafo, a palavra ‘provei-
to’ tem o mesmo sentido de benefício.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ PONTUAÇÃO (PONTO, VÍRGULA, TRAVESSÃO, 
ASPAS, PARÊNTESES ETC.)
70. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CB1A1
Hoje, a crise hídrica é política — o que significa dizer não 
inevitável ou necessária, nem além da nossa capacidade de 
consertá-la — e, logo, opcional, na prática. Esse é um dos moti-
vos para ser, não obstante, terrível como parábola climática: 
um recurso abundante torna-se escasso pela falta de infraes-
trutura, pela poluição e pela urbanização e desenvolvimento 
descuidados. A crise de abastecimento de água não é inevitá-
vel, mas presenciamos uma, de um modo ou de outro, e não 
estamos fazendo muita coisa para resolvê-la.
Algumas cidades perdem mais água por vazamentos do 
que a que é entregue nas casas: mesmo nos Estados Unidos da 
América (EUA), vazamentos e roubos respondem por uma per-
da estimada de 16% da água doce; no Brasil, a estimativa é de 
40%. Em ambos os casos, assim como por toda parte, a escas-
sez se desenrola tão patentemente sobre o pano de fundo das 
desigualdades entre pobres e ricos que o drama resultante da 
competição pelo recurso dificilmente pode ser chamado, de 
fato, de competição; o jogo está tão arranjado que a escassez 
de água mais parece um instrumento para aprofundar a desi-
gualdade. O resultado global é que pelo menos 2,1 bilhões de 
pessoas no mundo não têm acesso a água potável segura, e 4,5 
bilhões não dispõem de saneamento.
David Wallace-Wells. A terra inabitável: uma história do futuro São Paulo: Cia 
das Letras, 2019. (com adaptações)
Em relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1, julgue o pró-
ximo item.
A inserção de uma vírgula após “respondem” prejudicaria a cor-
reção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
71. (CEBRASPE-CESPE – 2024)
Em abril de 1968, um grupo de cientistas de dez países se 
juntou para estudar o futuro da humanidade. O grande assun-
to da época era o crescimento populacional: naquela década, a 
taxa média de natalidade havia ultrapassado a marca de cinco 
filhos por mulher, a maior já registrada.
O grupo, que ficou conhecido como clube de Roma (a pri-
meira reunião ocorreu na capital italiana), passou quatro anos 
debruçado sobre essa e outras questões, e, em 1972, transfor-
mou as conclusões em livro: Os limites do crescimento. A obra 
usava dados históricos e modelos matemáticos para mostrar 
como, além de aumentar as emissões de CO2 e esquentar a 
atmosfera, o forte crescimento da população — que acontecia 
devido à alta natalidade combinada à “redução, muito bem-su-
cedida, na taxa de mortalidade global” — poderia ter outras 
consequências catastróficas, como o esgotamento dos recursos 
naturais. E apresentava duas possíveis soluções: ou a humani-
dadediminuía voluntariamente seu ritmo de crescimento, ou o 
próprio planeta acabaria fazendo isso, reduzindo a população 
por meio de um colapso ambiental.
Os limites do crescimento tiveram enorme repercussão 
— foi traduzido para dezenas de idiomas e vendeu mais de 30 
milhões de exemplares pelo mundo —, mas suas advertências 
não foram ouvidas. A população global, que, em 1972, era de 3,8 
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30
bilhões, mais que dobrou: em 2022, a Terra cruzou a marca de 8 
bilhões de habitantes.
Hoje, o aquecimento global e outros problemas ambientais 
são temas dominantes e urgentes. Todo ano, a organização 
americana Global Footprint Network calcula o chamado dia da 
sobrecarga da Terra, a data em que ultrapassamos a capacidade 
do planeta de reequilibrar seus sistemas ecológicos e regenerar 
recursos naturais.
Esse indicador é calculado desde 1971; naquele ano, a 
humanidade atravessou o limite em dezembro. Já em 2023, isso 
aconteceu em 2 de agosto. Isso significa que, no ano de 2022, 
usamos 75% mais recursos do que o planeta pode suportar.
Ao mesmo tempo, há algo diferente acontecendo. Nada 
menos que 124 países estão com natalidade inferior a 2,1 filhos 
por mulher. Essa é a chamada “taxa de reposição”, que, segundo 
a ONU, é necessária para manter a população estável (2 pessoas 
novas substituem os pais, e o 0,1 adicional compensa o número 
de indivíduos que não geram descendentes).
Internet: (com adaptações)
Julgue o item a seguir, relativo a aspectos linguísticos do texto 
anterior.
A correção gramatical do terceiro período do quinto parágrafo 
seria preservada caso se suprimisse a vírgula empregada logo 
após o vocábulo “que”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
72. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A2-I
O justo se desvela no decorrer das lutas de libertação na 
história. O justo é um saber que se vai constituindo à medida 
que nossa consciência da história se aguça. Mas não basta a 
consciência da história, pois procurar a justiça é uma atitude 
ética — é uma escolha. Não podemos cair em uma visão auto-
mática da história, na qual nossa simples posição em dado 
estrato social nos leva necessariamente a pensar de certa for-
ma, a valorizar em certa medida. Se aceitássemos essa visão, 
bastaria ficarmos quietos esperando que a história se fizesse 
de acordo com seus mecanismos. Mas o real é outro. A justiça 
está se fazendo pela organização popular, pelo aguçamento 
dos conflitos. E cada um de nós vislumbra o norte da justiça, 
por via da busca de uma visão coerente da história, aliada a 
uma prática e a uma análise rigorosa das circunstâncias pre-
sentemente vividas.
A busca da justiça como virtude não é equidistante, não 
é neutra, não é equilibrada. Ela nos força, a cada momento, a 
tomar partido, a ser parcial, tendo a parcela maior dos seres 
humanos como fundamento. Ser justo é viver a virtude de 
tomar partido em busca do melhor, fundado na visão mais lúci-
da possível da história e na análise das circunstâncias maiores 
e menores que isso envolve. A justiça é uma virtude agente que 
se explicita na prática social comprometida.
Roberto Aguiar. O que é justiça: uma abordagem dialética. Brasília Senado 
Federal. Conselho Editorial, 2020, p. 319-20 (com adaptações)
Em relação a aspectos linguísticos do texto 2A2-I, julgue o item 
a seguir.
A supressão da vírgula empregada logo após a palavra “visão” 
acarretaria erro gramatical.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
73. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 8A1-I
O Brasil é um dos países com maior proporção de alunos 
matriculados em cursos de formação de professores, mas com 
um dos mais baixos índices de interesse na profissão. Para espe-
cialistas, isso mostra que a docência se torna opção pela facilidade 
em ingressar no ensino superior, pelas baixas mensalidades e pela 
alternativa de cursos a distância — não pela vocação.
Estudos internacionais mostram que um bom professor é um 
dos fatores que mais influenciam na aprendizagem. Os dados são 
de pesquisa feita pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento 
(BID), que traçou o perfil de quem estuda para ser professor na 
América Latina e no Caribe. Enquanto, no Brasil, 20% dos universi-
tários estão em cursos como licenciatura e pedagogia, na América 
Latina são 10% e, em países desenvolvidos, 8%.
Em compensação, só 5% dos jovens brasileiros dizem querer 
ser professores quando estão no ensino médio. E, apesar da gran-
de quantidade de alunos matriculada em cursos de licenciatura 
e pedagogia no Brasil, faltam docentes para lecionar disciplinas 
específicas em áreas de ciências exatas e da natureza.
Na Coreia do Sul, por exemplo, 21% se interessam pela profis-
são e só 7% ingressam, de fato, na universidade, porque há muita 
concorrência e maior seleção. No Chile e no México, os dois índices 
são mais próximos: cerca de 7% se interessam pelo magistério e 
menos de 15% cursam pedagogia ou licenciatura.
“Muitos alunos concluintes do ensino médio entram em pro-
gramas de formação de professores para conseguir um título”, diz 
o economista chefe da divisão de educação no BID, Gregory Elac-
qua. Ele afirma que isso não é bom para a educação.
“A gente atrai as pessoas mais vulneráveis e que lá na frente 
vão enfrentar o desafio de educar crianças vulneráveis também”, 
diz a diretora de políticas públicas do Instituto Península, que atua 
na área de formação de professores, Mariana Breim. “Se é este 
público que está procurando a docência, temos de abraçá-lo e fazê-
-lo se apaixonar por ela”, completa. Os dados mostram que 71% 
dos estudantes de pedagogia e licenciatura no Brasil são mulheres, 
índice semelhante ao verificado em outros países latinos.
Internet: (com adaptações)
Julgue o item seguinte, relativo à classificação gramatical de 
palavras, à pontuação e à sintaxe de concordância e regência no 
texto 8A1-I.
O emprego de vírgula logo após ‘médio’ (primeiro período do 
quinto parágrafo) prejudicaria a correção gramatical do texto, 
visto que, em regra, sujeito e predicado não devem ser separa-
dos por vírgula.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
74. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB3A1-I
Descobertas científicas demonstram que ouvir música 
pode melhorar a qualidade de vida das pessoas, uma vez que 
contribui para estimular a concentração e a criatividade, forta-
lecer o sistema imunológico, tornar menos cansativas as ativi-
dades físicas, entre outros benefícios à saúde.
A empresa focus@will desenvolve músicas que estimulam 
a concentração de quem as escuta. Segundo a empresa, como 
a maior parte das distrações é causada pela audição, ouvir a 
trilha sonora certa pode potencializar a capacidade humana de 
focar em algo. Pesquisas indicam que, em condições normais, 
uma pessoa consegue se manter concentrada por cerca de 20 
minutos. Com a música certa, esse tempo poderia ser até cinco 
vezes maior, de acordo com a empresa.
Cinco pacientes com danos que afetaram a área do cére-
bro ligada à memória e cinco pessoas sem o problema foram 
submetidos a um experimento por uma dupla de médicos da 
Universidade Macquarie, na Austrália. Nos testes, após ouvirem 
trechos de músicas antigas, os sujeitos da pesquisa deveriam 
relatar que memórias aquelas canções lhes traziam. Após o 
experimento, os cientistas constataram que os trechos musicais 
fizeram com que a mesma quantidade de integrantes dos dois 
grupos se lembrasse de fatos da própria vida. O fato observado 
parece indicar que a música é um estímulo que pode trazer à 
tona lembranças autobiográficas para todas as pessoas.
Música e poesia estimulam áreas parecidas do lado direito 
do cérebro. A constatação é de neurologistas da Universidade 
de Exeter, na Inglaterra. Para chegar a essa conclusão, eles rea-
lizaram experimentos com voluntários submetidos ao contato 
comessas formas de arte enquanto suas atividades cerebrais 
eram monitoradas.
Após analisarem mais de 400 estudos sobre música, cien-
tistas da Universidade de McGill, no Canadá, concluíram que 
ela aumenta a produção de imunoglobulina A e glóbulos bran-
cos pelo corpo, responsáveis por atacar bactérias e outros 
organismos invasores. Além disso, segundo a pesquisa, escutar 
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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música reduz os níveis de cortisol (o hormônio do estresse) e 
aumenta os níveis de oxitocina (o hormônio do bem-estar).
Realizar esforços físicos ao mesmo tempo em que se ouve 
música é menos cansativo. A descoberta é do Instituto Max 
Planck, na Alemanha. Em uma série de experimentos, pesqui-
sadores monitoraram diversas variáveis do comportamen-
to do corpo de voluntários que praticavam exercícios físicos. 
Depois, a equipe analisou os dados reunidos e constatou que 
os músculos dos participantes consumiam menos energia 
quando estes se exercitavam ouvindo música e mais energia 
quando praticavam exercícios sem trilha sonora.
Ouvir música pode ser também um bom remédio contra 
a dor e a ansiedade em idosos. A descoberta é de uma espe-
cialista em enfermagem da Universidade de Essex, no Reino 
Unido. Em análise de artigos sobre o tema, a pesquisadora 
constatou que o uso da música como terapia entre pessoas 
com mais de 65 anos de idade está associado a aumento da 
qualidade de vida e redução de dores, ansiedade e depressão.
Internet: (com adaptações)
No que diz respeito a aspectos gramaticais do texto CB3A1-I, 
julgue o item subsequente.
No último período do texto, a correção gramatical estaria man-
tida caso fosse inserida uma vírgula após o termo “idade”, dada 
a longa extensão da oração iniciada pelo vocábulo “que”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
75. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1-I
Os testes econométricos realizados para o estado de São 
Paulo mostram que a disponibilidade de gás natural teve 
importância na localização industrial. Tal resultado é corrobo-
rado pela avaliação de que seu efeito impacta mais a indústria 
consumidora intensiva do que a média das indústrias.
Por outro lado, esta análise também está limitada pelo 
conjunto de variáveis disponíveis para controle. Embora 
tenham sido incluídas no modelo variáveis fundamentais no 
processo de localização, é inevitável que haja um grupo de 
variáveis omitidas. Citam-se, por exemplo, a relação entre os 
preços dos energéticos, as questões tributárias, a proximidade 
com pontos de exportação e com outras fontes de insumos 
importantes.
Essa constatação, por sua vez, não diminui a relevância dos 
testes produzidos. Ao contrário, se se pode provar que a malha 
de gasodutos do país serve como fator de atração de atividade 
econômica, pode-se apontar mais uma possibilidade de atua-
ção do setor público no intuito de garantir um processo de des-
concentração econômica mais efetiva no país. A construção de 
uma malha mais eficiente e abrangente surge, portanto, como 
um importante desafio a ser considerado no planejamento 
energético nacional.
Edgar Antonio Perlotti et al. Concentração espacial da indústria de São 
Paulo: evidências sobre o papel da disponibilidade de gás natural. Energia e 
ambiente. 30 (87), maio-ago./2016 (com adaptações)
A respeito do emprego dos sinais de pontuação e do sinal indi-
cativo de crase no texto CB1A1-I, julgue o próximo item.
A inserção de uma vírgula imediatamente depois do vocábulo 
“que” (primeiro período do primeiro parágrafo) manteria a cor-
reção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
76. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB1A1-I
A pandemia transformou a rotina de diversas pessoas ao 
redor do mundo, principalmente em relação à sustentabilidade.
Dentro de casa, aumentou a percepção quanto à importân-
cia de modelos de consumo mais conscientes e responsáveis, 
como a escolha de produtos mais duráveis e menos geradores 
de resíduos. No entanto, a transformação mais significativa, 
que deveria vir das empresas, ainda é relativamente tímida.
De acordo com Mariana Schuchovski, professora de Sus-
tentabilidade do ISAE Escola de Negócios, a disseminação do 
vírus é resultado do atual modelo de desenvolvimento, que 
fomenta o uso irracional de recursos naturais e a destruição de 
hábitats, como florestas e outras áreas, o que faz que animais, 
forçados a mudar seus hábitos de vida, contraiam e transmi-
tam doenças que não existiriam em situações normais. “Situa-
ções de desequilíbrio ambiental, causadas principalmente por 
desmatamento e mudanças de clima, aumentam ainda mais 
a probabilidade de que zoonoses, ou seja, doenças de origem 
animal, nos atinjam e alcancem o patamar de epidemias e pan-
demias”, explica a professora.
A especialista aponta que todos nós, indivíduos, sociedade 
e empresas, precisamos entender os impactos desta pande-
mia no meio ambiente e na sustentabilidade bem como refle-
tir sobre eles e, principalmente, sobre a sua relação inversa: o 
impacto da (in)sustentabilidade dos nossos modelos de produ-
ção e consumo como causador desta pandemia. “Toda escolha 
que fazemos pode ser para apoiar ou não a sustentabilidade”, 
diz Mariana. Por outro lado, para que possamos fazer melho-
res escolhas e praticar o verdadeiro consumo consciente, é 
necessário que, em primeiro lugar, as empresas realizem a 
produção consciente, assumindo sua verdadeira responsabi-
lidade pelos impactos que causam.
Internet: (com adaptações)
Com relação aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue 
o item que se segue.
No segundo período do terceiro parágrafo, a supressão da vír-
gula empregada logo após ‘ambiental’ alteraria o sentido do tex-
to, mas manteria sua correção gramatical.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
77. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-I
É uma falácia comum supor que mudanças graduais, peque-
nas, só podem engendrar resultados graduais, incrementais.
Mas esse é um raciocínio linear, que parece ser nosso modo 
padrão de pensar a respeito do mundo. Isso pode decorrer do 
simples fato de que a maior parte dos fenômenos perceptíveis 
para os seres humanos, em escalas de tempo e de magnitu-
de habituais e dentro do escopo limitado de nossos sentidos, 
tende a seguir direções lineares — duas pedras parecem duas 
vezes mais pesadas que uma; é necessária uma quantidade de 
comida três vezes maior para alimentar um número três vezes 
maior de pessoas, e assim por diante. No entanto, fora da esfe-
ra das ocupações humanas práticas, a natureza está cheia de 
fenômenos não lineares. Processos de extrema complexidade 
podem emergir de regras ou partes enganosamente simples, 
e pequenas mudanças num fator subjacente a um sistema 
complexo podem engendrar mudanças radicais e qualitativas 
em outros fatores que dele dependem.
Pense neste exemplo muito simples: imagine que você 
tenha um bloco de gelo na sua frente e esteja aquecendo-o 
pouco a pouco. Na maior parte do tempo, o aquecimento por 
um grau a mais não causa nenhum efeito interessante: a úni-
ca coisa que você tem e que não tinha um minuto atrás é um 
bloco de gelo ligeiramente menos gelado. Mas, então, chega-se 
a 0 °C e, assim que essa temperatura crítica é atingida, você 
vê uma mudança abrupta, espetacular. A estrutura cristalina 
do gelo desagrega-se, e, de repente, as moléculas de água 
começam a escorregar e a fluir livremente umas em torno das 
outras. Sua água congelada torna-se líquida, graças a um grau 
crítico de energia térmica.
Nesse ponto-chave, mudanças incrementais cessaram de 
ter efeitos incrementais e precipitaram uma súbita mudança 
qualitativa chamada transição de fase.
Vilayanur Subramanian Ramachadran. O que o cérebro tem para contar: 
desvendando os mistérios a natureza humana. Rio de Janeiro: Zahar,2014, 
p. 32-3 (com adaptações)
Em relação a aspectos linguísticos do texto CG1A1-I, julgue o 
item subsecutivo.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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A inserção de uma vírgula imediatamente após “emergir” não 
prejudicaria a correção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
78. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG3A1-I
Antes de mais nada, há a liberdade suspensiva oferecida 
pela caminhada, mesmo que seja um simples passeio: livrar-
-se da carga das preocupações, esquecer por algum tempo os 
afazeres. Optamos por não levar o escritório conosco: saímos, 
flanamos, pensamos em outras coisas. Com as excursões de 
vários dias, acentua-se o movimento de desapego: escapamos 
das obrigações do trabalho, libertamo-nos do jugo dos hábitos. 
Mas em que aspecto caminhar nos faria sentir essa liberdade 
mais do que numa longa viagem? Afinal, surgem outras limi-
tações não menos penosas: o peso da mochila, a duração das 
etapas, a incerteza do tempo (ameaças de chuva ou de tem-
pestade, calor sufocante), a rusticidade dos albergues, algu-
mas dores... Mas só a caminhada consegue nos libertar das 
ilusões do indispensável. Como tal, ela permanece o reino de 
poderosas necessidades. Para chegar a determinada etapa, é 
preciso caminhar tantas horas, que correspondem a tantos 
passos; a improvisação é limitada, pois não estamos percor-
rendo caminhos de jardim e não podemos nos enganar nos 
entroncamentos, sob pena de pagar um preço muito alto. 
Quando a neblina invade a montanha ou uma chuva torren-
cial começa a cair, é preciso seguir, continuar. A comida e a 
água são objeto de cálculos precisos, em função do percurso e 
dos mananciais. Sem falar no desconforto. Ora, o milagre não 
é ficarmos felizes apesar disso, mas graças a isso. Quero dizer 
que não dispor de múltiplas opções de comida ou de bebida, 
estar submetido à grande fatalidade das condições climáticas, 
contar somente com a regularidade do próprio passo, tudo 
isso faz, de pronto, que a profusão da oferta (de mercadorias, 
de transportes, de conexões) e a multiplicação das facilidades 
(de comunicar, de comprar, de circular) nos pareçam outras 
tantas formas de dependência. Todas essas microlibertações 
não passam de acelerações do sistema, que me aprisiona com 
mais força. Tudo o que me liberta do tempo e do espaço me 
afasta da velocidade.
Frédéric Gros. Caminhar: uma filosofia. São Paulo:Ubu Editora, 2021, p. 13-
14 (com adaptações).
No que se refere a aspectos morfossintáticos do texto CG3A1-I, 
julgue o item a seguir.
A inserção de uma vírgula logo após “Quero dizer que” (ante-
penúltimo período) prejudicaria a correção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
79. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
Desde fim dos anos 80 do século passado, o efeito estufa 
como ameaça ecológica número um não é mais contestado. 
Embora não se possa provar, irrefutavelmente, que o aumento 
até agora medido das temperaturas anuais médias (em torno 
de um grau nos últimos cem anos) se refere ao desenvolvimen-
to humano, essa suposição tem, no entanto, muita probabilida-
de de ser correta — de tal forma que seria irresponsabilidade 
deixar as coisas seguirem seu curso. Um primeiro sinal de que 
o clima mundial já começou a mudar é o aumento de anoma-
lias meteorológicas — ciclones, períodos de seca e trombas-
-d’água diluvianas — desde os anos 90 do século passado.
Os limites do crescimento marcam uma espécie de escas-
sez, embora no mercado não se tornem imediatamente nota-
dos como tais. A atmosfera, por exemplo, não funciona como 
um reservatório, que um dia esvaziará e outro dia será nova-
mente enchido por bombeamento (a isso, o mercado poderia 
ao menosreagir em curto prazo), mas como um mecanismo 
que, lenta mas inexoravelmente, terá efeito retroativo em nos-
sas condições devida, comparável a um parafuso de rosca que 
se aperta sempre mais.
O limite do demasiado é invisível e também não pode ser 
determinado diretamente por experimentos. Assim como, ao 
se escalarem montanhas, o ar cada vez mais rarefeito nas altu-
ras desafia os alpinistas diferenciadamente — uns mais, outros 
menos —, a fauna e a flora, em regiões diferenciadas, reagem 
diferentemente ao aquecimento da atmosfera. Uma das preo-
cupações mais sérias é provocada pela velocidade com que já 
está ocorrendo a mudança climática. Se ela não for eficazmen-
te freada, poderá exigir demasiado da capacidade adaptativa 
de muitas espécies.
Thomas Kesselring. Depois de nós, o dilúvio. A dimensão 
do meio ambiente. In: Ética, política e desenvolvimento huma-
no: a justiça na era da globalização. Benno Dischinger (Trad.)
Caxias do Sul, RS: Educs, 2007, p. 222 (com adaptações)
Em relação aos aspectos linguísticos e às ideias do texto apre-
sentado, julgue o item a seguir.
A correção gramatical e a coerência do texto seriam preserva-
das caso fosse suprimida a vírgula empregada logo após o vocá-
bulo “como”, no segundo período do último parágrafo.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
80. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
Nova Iorque já foi vista como uma das metrópoles mais 
perigosas do mundo. Em 1990, alcançou seu pico de homicí-
dios: 2.262 em um ano, média de 188 por mês. Mas esse cená-
rio mudou, e a cidade apresentou uma das maiores reduções 
de crimes registradas nos EUA.
Uma das medidas adotadas pela prefeitura de Nova Iorque 
ficou conhecida como “janelas quebradas” e previa o combate 
a crimes pequenos e a prevenção do vandalismo, para impedir 
uma espiral de violência que levasse a crimes mais graves.
Para alguns observadores, entretanto, o modelo da “janela 
quebrada” foi superestimado. O mais importante, dizem, foi 
identificar focos de criminalidade para concentrar, ali, ação 
preventiva. Foi possível assinalar áreas pequenas onde crimi-
nosos mais atuavam, onde se sabia que crimes iam ocorrer.
O ex-policial Tom Reppetto sugere que essas áreas tenham 
presença visível e constante da polícia. As patrulhas preventi-
vas — e em grande número — em focos de crime foi essencial 
para reduzir a violência. “O crime é mais situacional do que se 
pensa, inclusive homicídios. Com a patrulha policial, pessoas 
que iam cometer crimes simplesmente foram fazer outra coi-
sa”, afirma outro especialista, Frank Zimring.
Outra medida que teve papel importantíssimo foi a imple-
mentação de cortes (tribunais), nos anos 90, para tratar de 
crimes menores, mediar conflitos comunitários e casos de vio-
lência doméstica e para lidar com usuários de drogas. A ideia é 
evitar que esses conflitos evoluam e aumentar a confiança dos 
cidadãos no sistema judiciário e político.
Internet: (com adaptações).
No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do tex-
to precedente, julgue os próximos itens.
A correção gramatical do texto seria mantida caso a vírgula 
empregada logo após “mudou” fosse suprimida.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
81. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1
A palavra sonho significa muitas coisas diferentes: “o sonho 
da minha vida” e “meu sonho de consumo” são expressões 
usadas pelas pessoas para dizer que pretendem ou consegui-
ram alcançar algo. Todo mundo tem um sonho, no sentido de 
plano futuro. Todo mundo deseja algo que não tem. Por que 
será que o sonho, fenômeno normalmente noturno que tanto 
pode evocar o prazer quanto o medo, é justamente a palavra 
usada para designar tudo aquilo que se quer ter?
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O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas 
de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos, 
a motivação íntima de nossa ação exterior. Desejoé o sinôni-
mo mais preciso da palavra “sonho”. Na área de desembarque 
de um aeroporto nos Estados Unidos, uma foto enorme de 
um casal belo e sorridente, velejando num mar caribenho em 
dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde seus sonhos 
o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de cartão de cré-
dito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como veleiros, 
capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos, altamente… 
desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo, que é igual a 
dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser e prin-
cipalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem 
experimentar no mundo de regras frouxas do sonho noturno, 
mas que no sonho diurno é privilégio apenas dos detentores 
de um mágico cartão plástico.
Entretanto, a rotina do trabalho diário e a falta de tempo 
para dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalha-
dores, são cruciais para o mal-estar da civilização contempo-
rânea. É gritante o contraste entre a relevância motivacional 
do sonho e sua banalização no mundo industrial globalizado. 
No século XXI, a busca pelo sono perdido envolve rastreadores 
de sono, colchões high-tech, máquinas de estimulação sonora, 
pijamas com biossensores, robôs para ajudar a dormir e uma 
cornucópia de remédios. A indústria da saúde do sono, um 
setor que cresce aceleradamente, tem valor estimado entre 30 
bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim impera a insô-
nia. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos diariamen-
te com o toque insistente do despertador, ainda sonolentos e 
já atrasados para cumprir compromissos que se renovam ao 
infinito, se tão poucos se lembram de que sonham pela sim-
ples falta de oportunidade de contemplar a vida interior, quan-
do a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar da 
sobrevivência do sonho.
E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel, sonha-
-se sofregamente apesar das luzes e dos ruídos da cidade, da 
incessante faina da vida e da tristeza das perspectivas.
Sidarta Ribeiro. O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho São Paulo: 
Companhia das Letras, 2019, p. 19-20 (com adaptações)
Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto 
CB1A1, julgue o item que se segue.
O uso de reticências no trecho “altamente… desejáveis” reforça 
a expressividade do que o autor deseja sugerir com relação à 
intensificação da equivalência entre sonho e desejo.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
82. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
A compreensão da comunicação como direito humano é 
formulação mais ou menos recente na história do direito. Tal 
conceito foi expresso pela primeira vez em 1969 por Jean D’Ar-
cy, então diretor dos Serviços Visuais e de Rádio no Escritó-
rio de Informação Pública da Organização das Nações Unidas 
(ONU), em Nova Iorque, em artigo na revista EBU Review, do 
European Broadcasting Union (EBU): “Virá o tempo em que a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos terá de abarcar 
um direito mais amplo que o direito humano à informação, 
estabelecido pela primeira vez 21 anos atrás no artigo 19. Tra-
ta-se do direito do homem de se comunicar.”.
Na década de 70 do século XX, o direito à comunicação 
passou a ser discutido no âmbito da Organização das Nações 
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Desde 
2000, vem ganhando ressonância no debate político. Primeiro 
na União Europeia — o Parlamento Europeu aprovou em 2008 
uma diretiva, válida em todos os países-membros, estabele-
cendo limites à publicidade e padrões mínimos de veiculação 
de conteúdo independente, regional e acessível — e, em segui-
da, na América Latina, onde marcos regulatórios foram apro-
vados na Argentina (2009), na Venezuela (2010), no Equador 
(2013) e no Uruguai (2013).
No Brasil, o direito à comunicação foi oficialmente reconhe-
cido pelo Estado em 2009, no Decreto n.º 7.037, que instituiu 
a terceira edição do Programa Nacional de Direitos Humanos 
(PNDH-3). Sua diretriz número 22 tem o condão de conciliar 
os conceitos de “comunicação”, “informação” e “democracia”, 
e apresentá-los como princípios orientadores da abordagem 
contemporânea dos direitos humanos: “Garantia do direito à 
comunicação democrática e ao acesso à informação para con-
solidação de uma cultura em Direitos Humanos”, diz a dire-
triz. Ao referir-se nominalmente ao “direito à comunicação”, o 
PNDH-3 contribuiu para inaugurar uma nova etapa no debate 
sobre o tema. Até então, as instituições se referiam, quando 
muito, ao direito à informação.
Camilo Vannuchi Galaxia. São Paulo, online ISSN 1982 – 2553, n.º 38, maio-
ago./2018, p. 167-80. Internet: (com adaptações)
No que se refere às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísti-
cos do texto precedente, julgue o item que se segue.
O emprego de vírgula no lugar do ponto final logo após “direito”, 
com a devida alteração de maiúscula e minúscula, manteria a 
correção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
83. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB2A1-I
As mãos que criam, criam o quê?
A ancestralidade de dona Irinéia mostra-se presente em suas 
peças feitas com o barro vermelho da sua região. São cabeças, 
figuras humanas, entre outras esculturas que narram, por meio 
da forma moldada no barro, episódios históricos, lutas e conquis-
tas vividos pelos moradores de sua comunidade e do Quilombo 
de Palmares.
Um exemplo é a escultura que representa pessoas em cima 
de uma jaqueira e que se tornou uma peça muito conhecida de 
dona Irinéia. A jaqueira se tornou objeto de memória, pois remon-
ta a uma enchente, durante a qual ela e suas três irmãs ficaram 
toda a noite em cima da árvore, esperando a água baixar.
O manejo da matéria-prima é feito com a retirada do barro 
que depois é pisoteado, amassado e moldado. As peças são então 
queimadas, e ganham uma coloração naturalmente avermelhada.
Irinéia Rosa Nunes da Silva é uma das mais reconhecidas 
artistas da cerâmica popular brasileira. A história de dona Irinéia, 
mestra artesã do Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005, está 
entrelaçada com a história do povoado quilombola Muquém, 
onde nasceu em 1949. O povoado pertence ao município de União 
dos Palmares, na zona da mata alagoana, e se encontra próximo 
à serra da Barriga que carrega forte simbolismo, pois é a terra do 
Quilombo dos Palmares.
Por volta dos vinte anos, dona Irinéia começou a ajudar sua 
mãe no sustento da família, fazendo panelas de barro. Entretanto, 
o costume de fazer promessas aos santos de quem se é devoto, 
quando se está passando por alguma provação ou doença, fez sur-
gir para a artesã outras encomendas. Quando a graça é alcançada, 
costuma-se levar a parte do corpo curado representado em uma 
peça de cerâmica, como agradecimento para o santo. Foi assim 
que dona Irinéia começou a fazer cabeças, pés e assim por diante.
Até que um dia, uma senhora que sofria com uma forte dor 
de cabeça encomendou da ceramista uma cabeça, pois ia fazer 
uma promessa ao seu santo devoto. A senhora alcançou sua gra-
ça, o que fez com que dona Irinéia ficasse ainda mais conhecida na 
região. Chegou, inclusive, ao conhecimento do SEBRAE de Alagoas, 
que foi até dona Irinéia e ofereceu algumas capacitações que abri-
ram mais possibilidades de produção para a ceramista. O número 
de encomendas foi aumentando e, com ele, sua imaginação e cria-
tividade que fizeram nascer objetos singulares.
Em Muquém, vivem cerca de quinhentas pessoas que contam 
com um posto de saúde, uma escola e a casa de farinha, onde 
as mulheres se reúnem para moer a mandioca, alimento central 
na comunidade, assim como de tantos outros quilombos no Nor-
deste. No dia a dia do povoado, o trabalho com o barro também 
preenche o tempo de muitas mulheres e alguns homens que se 
dedicam à produção de cerâmica, enquanto ensinam as crianças 
a mexer com a terra, produzindo pequenos bonecos.
Internet: (com adaptações)
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Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto 
CB2A1-I, julgue o item seguinte.
O emprego das vírgulas logo depois dos trechos “Por volta dos 
vinte anos” (início do quinto parágrafo) e “Até que um dia” (iní-
cio do sexto parágrafo) justifica-se com base na mesma regra 
de pontuação.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
84. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto 2A1-I
Quando falamos em direito, estamos falando inicialmen-
te de um enorme conjunto de regras obrigatórias, o chamado 
direito positivo. Mas o vocábulo direito é usado também para 
o curso de Direito, a assim chamada “ciência do Direito”. Numa 
terceira acepção, a palavra designa os direitos de cada um de 
nós, chamados de direitos subjetivos, pois somos os sujeitos, 
os titulares, desses direitos.
Ninguém ignora que paira sobre nossas cabeças uma 
gigantesca teia de normas, que atinge praticamente todas as 
nossas atividades. A vida de cada um de nós é regulada de dia 
e de noite, desde antes do nascimento e, por incrível que pare-
ça, até depois da morte.
Muitos pensadores têm destacado que o direito atual pare-
ce ter invadido tudo: há direito em toda parte, para todos, para 
tudo. A contrapartida é que, assim como temos que seguir as 
normas, os outros também têm de cumpri-las e, desse modo, 
respeitar os direitos de cada um de nós, os ditos direitos 
subjetivos.
Eduardo Muylaert. Direito no cotidiano: guia de sobrevivência na selva das 
leis. São Paulo: Editora Contexto, 2020, p.11-12 (com adaptações).
Com relação aos aspectos linguísticos do texto 2A1-I, julgue o 
item subsequente.
A supressão das vírgulas que isolam o termo “os titulares”, em 
“pois somos os sujeitos, os titulares, desses direitos” (primeiro 
parágrafo), manteria a correção gramatical e os sentidos origi-
nais do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Leia o texto a seguir para responder às questões 85 e 86.
É o discurso que nos liberta e é o discurso que estabelece 
os limites da nossa liberdade e nos impulsiona a transgredir e 
transcender os limites — já estabelecidos ou ainda a ser esta-
belecidos no futuro. Discurso é aquilo que nos faz enquanto 
nós o fazemos. E é graças ao discurso, e seu ímpeto endêmico 
de espreitar além das fronteiras que ele estabelece para a sua 
própria liberdade, que nosso estar no mundo é um processo 
de vir a ser perpétuo — incessante e infinito: nosso vir a ser € 
o vir a ser do nosso “mundo da vida” — juntar-se, misturar-se, 
embora sem solidificar, estreita e inseparavelmente, entran-
çados e entrelaçados, e compartilhando nossos respectivos 
sucessos e infortúnios, ligados um ao outro para o melhor e 
para o pior, desde o momento de nossa concepção simultânea 
até que a morte nos separe.
O que nós chamamos de “realidade”, quando entramos em 
um ânimo filosófico, ou “os fatos da questão” quando segui-
mos obedientemente as instâncias da doxa, é tecido de pala-
vras. Nenhuma outra realidade nos é acessível: não acessamos 
o passado “como ele realmente aconteceu”, o qual Leopold 
von Ranke celebremente conclamou (instruiu) seus colegas 
historiadores do século XIX a recuperar. Comentando sobre a 
história de Juan Goytisolo a respeito de um velho, Milan Kun-
dera salienta que a biografia — qualquer biografia que tente 
ser o que seu nome sugere — é, e não poderia deixar de ser, 
uma lógica artificial inventada, imposta retrospectivamente a 
uma sucessão incoerente de imagens, reunida pela memória 
de partículas e fragmentos. Ele conclui que, em total oposição 
às presunções do senso comum, o passado compartilha com 
o futuro a ruína incurável da irrealidade — esquivando-se/
evadindo-se obstinadamente, como ambos o fazem, das redes 
tecidas de palavras movidas pela lógica. Não obstante, essa 
irrealidade é a única realidade a ser captada e possuída por 
nós, que “vivemos em discurso como o peixe na água”.
Zygmunt Bauman e Riccardo Mazzeo. O elogio da literatura. Zahar. Edição 
do Kindle (com adaptações).
Julgue os itens que se seguem, com relação a aspectos linguísti-
cos do texto precedente.
85. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A inserção de uma vírgula logo 
após a palavra “fronteiras” (terceiro período do primeiro pará-
grafo) manteria as relações sintáticas originais do período, 
embora alterasse seu sentido.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
86. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A supressão da vírgula empre-
gada imediatamente após o trecho “e não poderia deixar de 
ser” (segundo parágrafo) prejudicaria a correção gramatical do 
texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
87. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
Teoria do medalhão
(diálogo)
Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, 
meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um 
anos, no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho 
de nada, e estás homem, longos bigodes, alguns namoros...
Papai...
Não te ponhas com denguices, e falemos como dois ami-
gos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. 
Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, 
um diploma, podes entrar no parlamento, na magistratura, na 
imprensa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou 
nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, 
meu rapaz, formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. 
(...) Mas qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu 
desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, 
que te levantes acima da obscuridade comum. (...)
Sim, senhor.
Entretanto, assim como é de boa economia guardar um 
pão para a velhice, assim também é de boa prática social acau-
telar um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não 
indenizem suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto 
o que te aconselho hoje, dia da tua maioridade.
Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá?
Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. 
Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, 
porém, as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra 
consolação e relevo moral, além das esperanças que deposito 
em ti. Ouve-me bem, meu querido filho, ouve-me e entende. (...)
Entendo.
Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves 
pôr todo o cuidado nas ideias que houveres de nutrir para uso 
alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente (...).
Mas quem lhe diz que eu...
Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfei-
ta inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício.
Não me refiro tanto à fidelidade com que repetes numa 
sala as opiniões ouvidas numa esquina, e vice-versa, porque 
esse fato, posto indique certa carência de ideias, ainda assim 
pode não passar de uma traição da memória. Não; refiro-me ao 
gesto correto e perfilado com que usas expender francamente 
as tuas simpatias ou antipatias acerca do corte de um colete, 
das dimensões de um chapéu, do ranger ou calar das botas 
novas. Eis aí um sintoma eloquente, eis aí uma esperança. No 
entanto, podendo acontecer que, com a idade, venhas a ser 
afligido de algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente 
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o espírito. As ideias são de sua natureza espontâneas e súbitas; 
por mais que as soframos, elas irrompem e precipitam-se. Daí 
a certeza com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, 
distingue o medalhão completo do medalhão incompleto.
Machado de Assis. Teoria do medalhão. In: 50 contos escolhidos de 
Machado de Assis. Seleção, introdução e notas de John Gledson São Paulo: 
Companhia das Letras, 2007, p. 82-83 (com adaptações)
Considerando os aspectos linguísticos do texto Teoria do meda-
lhão, apresentado anteriormente, julgue o item a seguir. No 
texto, os travessõesindicam a mudança dos interlocutores.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
88. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CG1A1-II
Amado nos levou com um grupo para descansarmos na 
fazenda de um amigo. Esta confirmava as descrições que eu lera 
no livro de Freyre: embaixo, as habitações de trabalhadores, a 
moenda, onde se mói a cana, uma capela ao longe; na colina, 
uma casa. O amigo de Amado e sua família estavam ausentes; 
tive uma primeira amostra da hospitalidade brasileira: todo 
mundo achava normal instalar-se na varanda e pedir que ser-
vissem bebidas. Amado encheu meu copo de suco de caju ama-
relo-pálido: ele pensava, como eu, que se conhece um país em 
grande parte pela boca. A seu pedido, amigos nos convidaram 
para comer o prato mais típico do Nordeste: a feijoada.
Eu lera no livro de Freyre que as moças do Nordeste casa-
vam-se outrora aos treze anos. Um professor me apresentou 
sua filha, muito bonita, muito pintada, olhos de brasa: quatorze 
anos. Nunca encontrei adolescentes: eram crianças ou mulhe-
res feitas. Estas, no entanto, fanavam-se com menos rapidez 
do que suas antepassadas; aos vinte e seis e vinte e quatro 
anos, respectivamente, Lucia e Cristina irradiavam juventude. 
A despeito dos costumes patriarcais do Nordeste, elas tinham 
liberdades; Lucia lecionava, e Cristina, desde a morte do pai, 
dirigia, nos arredores de Recife, um hotel de luxo pertencente 
à família; ambas faziam um pouco de jornalismo, e viajavam.
Simone de Beauvoir. A força das coisas. Rio de Janeiro Nova Fronteira, 
2018, p. 497-498 (com adaptações)
Com relação às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísticos 
do texto CG1A1-II, julgue o seguinte item.
No período do parágrafo, o emprego do ponto e vírgula decorre 
da intercalação da oração “onde se mói a cana” na enumeração 
dos termos que descrevem a fazenda.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
89. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CG1A1-I
Uma forte tendência na moderna medicina americana é 
buscar, na prática médica milenar oriental, explicações para 
paradigmas existentes no século em que vivemos. Essa medici-
na entende que o bem-estar mental e o espiritual fazem parte 
da saúde. Existe uma preocupação especial, nesta prática, com 
o funcionamento normal do organismo.
Esse conceito novo de atuar na preservação da qualidade 
de vida do paciente vem sendo denominado como medicina de 
gerenciamento do envelhecimento. O fundamento desta área 
da medicina baseia-se na ideia de que o paciente pode envelhe-
cer com doenças ou com saúde. Com o avanço da tecnologia 
e das pesquisas, muitos estudos já consolidaram o que então 
era apenas uma hipótese: que o corpo humano foi desenvolvi-
do para não adoecer e que, quando há uma falha, ocasionando 
alguma doença, isso ocorre por motivos que podem, sim, ser 
evitados. Talvez o que mais tenha corroborado essa afirmação 
tenha sido a descoberta do radical livre, em 1900.
Em 50 anos, se conheceu toda a sua química. Em 1954, 
pela primeira vez, essas substâncias reativas e tóxicas foram 
relacionadas a uma doença inexorável, o envelhecimento. 
O radical livre é um elemento gerado no organismo desde o 
momento da concepção, e sua produção é contínua, durante 
toda a nossa existência. Até certa idade, o organismo consegue 
neutralizar esses elementos, mas chega uma fase em que sua 
produção excede a sua degradação e sobrepuja a dos meca-
nismos de defesa naturais (antioxidantes). Ocorre, então, o 
início das alterações estruturais que culminam na lesão celu-
lar. Doenças relacionadas com o envelhecimento estão intima-
mente associadas com o aumento de radicais livres.
A medicina do gerenciamento do envelhecimento preocu-
pa-se em conceituar e promover a saúde de forma diferente. 
Em vez de aguardar passivamente pelo dano ou pelas doenças, 
ela atua na vida das pessoas de forma preventiva e preditiva, 
muito antes que as patologias se manifestem. A proposta con-
siste em ajustar todos os parâmetros biológicos, metabólicos 
e hormonais aos mesmos níveis encontrados em um indivíduo 
de aproximadamente 30 anos – fase em que todos nós atingi-
mos o apogeu de nossa performance e idade a partir da qual 
começamos a envelhecer.
Internet: (com adaptações)
Julgue o item subsequente, considerando as ideias, os sentidos 
e os aspectos linguísticos do texto CG1A1-I.
No trecho “A proposta consiste em ajustar todos os parâmetros 
biológicos, metabólicos e hormonais aos mesmos níveis encon-
trados em um indivíduo de aproximadamente 30 anos — fase em 
que todos nós atingimos o apogeu de nossa performance e idade 
a partir da qual começamos a envelhecer” (último período), o tra-
vessão foi empregado para introduzir uma ideia adicional, sendo 
correta sua substituição pelo sinal de ponto e vírgula.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL (CASOS GERAIS)
90. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CB1A1
O Comentário Geral n.º 15 do Comitê de Direitos Econô-
micos, Sociais e Culturais (CDESC) da ONU é claro ao apontar 
para a necessidade de proteger os ecossistemas, em especial o 
aquático, contra a poluição, pois ter acesso a uma água poluída 
não representa, de fato, o gozo do direito humano à água. Nes-
sas condições, há risco de comprometimento imediato da saú-
de individual e coletiva, o que afeta outros direitos humanos, 
como o direito à saúde e ao bem-estar. Antes disso, a Agenda 
21, aprovada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, recomen-
dou que se preservem as funções hidrológicas, biológicas e 
químicas dos ecossistemas, para que se assegure água com 
qualidade.
Em uma perspectiva menos antropocêntrica e mais eco-
cêntrica, em 2000, a Declaração da 4.ª Cúpula do P7, composto 
dos sete países mais pobres do mundo, em seu primeiro prin-
cípio, trouxe a ideia de que a água é uma fonte de vida não 
substituível, a que todos os seres vivos têm direito, e sua con-
servação seria uma responsabilidade coletiva fundamental.
A mesma declaração complementa o raciocínio, defenden-
do a necessidade de as culturas que defendem a água como 
um bem comum serem protegidas e reinventadas. E, nesse 
ponto, a Declaração da 4.ª Cúpula do P7 e o Comentário Geral 
n.º 15 do CDESC convergem entre si, pois este último se refere 
à preocupação com o respeito à cultura e o acesso à água, nas 
formas tradicionais de uso por comunidades antigas e originá-
rias, o que valoriza o componente da independência no concei-
to de segurança hídrica. O que aqui se chama simplisticamente 
de independência corresponde na verdade à minimização de 
uma relação de dependência e sujeição, por meio de meca-
nismos formais de cooperação, tanto interbacias como intra-
bacias hidrográficas. O quarto princípio da Declaração da 4.ª 
Cúpula do P7 afirma que “a água deve contribuir para a soli-
dariedade entre comunidades, países, sociedades, gerações e 
sexos”. Ao mesmo tempo reconhece que a água doce é distri-
buída de forma desigual em torno da Terra, e afirma que isso 
não deve ser utilizado como fator de exercício de poder.
Carlos Hiroo Saito. Segurança hídrica e direito humano à água
In: Ruscheinsky, Calgaro & Weber. Ética, direito socioambiental e 
democracia. Caxias do Sul: Educs, 2018, p. 100-101 (com adaptações)
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Julgue o próximo item, relativo a aspectos linguísticos do texto 
CB1A1.
No trecho “este último se refere à preocupação com o respeito 
à cultura e o acesso à água” (segundo período do terceiro pará-
grafo), o segmento “o acesso à água” complementa o sentido do 
termo “preocupação”, por isso estariam mantidas a correção 
gramatical do texto e a coerência de suas ideias caso se inseris-
se a preposição com imediatamente depois do vocábulo “e” — e 
com o acesso à água.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
91. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A1-IO ordenamento jurídico vem sendo confrontado com as 
inovações tecnológicas decorrentes da aplicação da inteligên-
cia artificial (IA) nos sistemas computacionais. Não apenas se 
vivencia uma ampliação do uso de sistemas lastreados em IA 
no cotidiano, como também se observa a existência de robôs 
com sistemas computacionais cada vez mais potentes, nos 
quais os algoritmos passam a decidir autonomamente, supe-
rando a programação original. Nesse contexto, um dos grandes 
desafios ético-jurídicos do uso massivo de sistemas de inteli-
gência artificial é a questão da responsabilidade civil advinda 
de danos decorrentes de robôs inteligentes, uma vez que os 
sistemas delituais tradicionais são baseados na culpa e essa 
centralidade da culpa na responsabilidade civil se encontra 
desafiada pela realidade de sistemas de inteligência artificial.
Perante a autonomia algorítmica na qual os sistemas de 
IA passam a decidir de forma diversa da programada, há uma 
dificuldade de diferenciar quais danos decorreram de erro 
humano e aqueles que derivaram de uma escolha equivocada 
realizada pelo próprio sistema ao agir de forma autônoma. O 
comportamento emergente da máquina, em função do pro-
cesso de aprendizado profundo, sem receber qualquer contro-
le da parte de um agente humano, torna difícil indicar quem 
seria o responsável pelo dano, uma vez que o processo deci-
sório decorreu de um aprendizado automático que culminou 
com escolhas equivocadas realizadas pelo próprio sistema. 
Há evidentes situações em que se pode vislumbrar a existên-
cia de culpa do operador do sistema, como naquelas em que 
não foram realizadas atualizações de software ou, até mes-
mo, de quebra de deveres objetivos de cuidado, como falhas 
que permitem que hackers interfiram no sistema. Entretanto, 
excluídas essas situações, estará ausente o juízo de censura 
necessário para a responsabilização com base na culpa.
B. L. da Anunciação Melo e H. Ribeiro Cardoso. Sistemas de inteligência 
artificial e responsabilidade civil: uma análise da proposta europeia 
acerca da atribuição de personalidade civil. In: Revista Brasileira de Direitos 
Fundamentais & Justiça, 16(1), 2020, p. 93-4 (com adaptações)
À luz das normas de regência nominal e verbal, julgue o item 
seguinte, em relação ao texto 2A1-I.
Haja vista a regência de “confrontado” admitida no texto, o com-
plemento regido por esse termo só pode ser introduzido pela 
preposição “com”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
92. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CG1A1-I
A apropriação colonial das terras indígenas muitas vezes 
se iniciava com alguma alegação genérica de que os povos for-
rageadores viviam em um estado de natureza — o que signifi-
cava que eram considerados parte da terra, mas sem nenhum 
direito a sua propriedade. A base para o desalojamento, por 
sua vez, tinha como premissa a ideia de que os habitantes 
daquelas terras não trabalhavam. Esse argumento remonta 
ao Segundo tratado sobre o governo (1690), de John Loc-
ke, em que o autor defendia que os direitos de propriedade 
decorrem necessariamente do trabalho. Ao trabalhar a terra, 
o indivíduo “mistura seu trabalho” a ela; nesse sentido, a terra 
se torna, de certo modo, uma extensão do indivíduo. Os nati-
vos preguiçosos, segundo os discípulos de Locke, não faziam 
isso. Não eram, segundo os lockianos, “proprietários de terras 
que faziam melhorias”; apenas as usavam para atender às suas 
necessidades básicas com o mínimo de esforço.
James Tully, uma autoridade em direitos indígenas, apon-
ta as implicações históricas desse pensamento: considera-se 
vaga a terra usada para a caça e a coleta e, “se os povos aborí-
genes tentam submeter os europeus a suas leis e costumes ou 
defender os territórios que durante milhares de anos tinham 
erroneamente pensado serem seus, então são eles que violam 
o direito natural e podem ser punidos ou ‘destruídos’ como 
animais selvagens”. Da mesma forma, o estereótipo do nativo 
indolente e despreocupado, levando uma vida sem ambições 
materiais, foi utilizado por milhares de conquistadores, admi-
nistradores de latifúndios e funcionários coloniais europeus na 
Ásia, na África, na América Latina e na Oceania como pretexto 
para obrigar os povos nativos ao trabalho, com meios que iam 
desde a escravização pura e simples ao pagamento de taxas 
punitivas, corveias e servidão por dívida.
David Graeber e David Wengrow
O despertar de tudo: uma nova história da humanidade. São Paulo: Cia das 
Letras, 2022, p. 169-170 (com adaptações)
Considerando as estruturas morfossintáticas e os aspectos 
semânticos do texto CG1A1-I, julgue os seguinte item.
A substituição de “remonta ao” (terceiro período do primeiro 
parágrafo) por remonta o prejudicaria a correção gramatical e 
a coerência das ideias originais do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
93. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 20A2-I
Falar ou escrever sobre Antonio Candido é, para mim, extre-
mamente difícil. A geração à qual pertenço não seria a mesma sem 
a sua presença e influência. Eu próprio não seria o mesmo se a 
vida não me pusesse em contato com Antonio Candido, com o seu 
carinho, a sua severidade íntegra, a sua modéstia e o seu orgulho 
intelectual enfim, a sua personalidade de educador, que se irradia 
irresistível, como uma exigência de perfeição e de compromisso 
crítico. Uma existência fecunda, devotada ao estudo, ao cultivo do 
talento dos jovens, ao ensino, ao florescimento da antiga Faculda-
de de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, 
à contestação socialista constante e à esperança de que o Brasil 
venceria, por meio dos mais humildes e dos trabalhadores, as tra-
gédias de sua dependência e o subdesenvolvimento. Sem alarde, 
sempre esteve na vanguarda ousada, realizando tarefas simples e 
complexas, escondendo-se no anonimato, mas enfrentando, sem 
se perturbar, todos os riscos. Duas ditaduras e muitas incompreen-
sões cercaram a sua atuação inconformista, pois escapava à sua 
posição na sociedade e ao controle das elites para servir às causas 
da justiça social, dos jovens e dos oprimidos.
Em sua carreira, percorreu três estações: a de agitador de ideias 
por meio dos ensaios jornalísticos; a de professor e pesquisador no 
campo da sociologia; a de professor de literatura comparada e do 
invento literário, na qual se notabilizou convertendo a crítica literá-
ria em forma de criação cultural e em ramo da literatura.
Escapou aos ismos, que circulavam nos ambientes acadêmi-
cos, e forjou recursos complexos de explicação, integrativos e de 
síntese, que demarcam a obra da inteligência erudita e criadora, 
que, em outros tempos, se caracterizariam como a ciência da pro-
dução literária. Em nossos dias, de resistência ao positivismo e ao 
cientificismo, tal preocupação desvaneceu-se. O que não impede 
de trazê-la à baila, para que se possa conferir à razão como dar 
conta da categoria de saber a que chegou Antonio Candido, por 
seus méritos, sua capacidade de trabalho e seu espírito inventivo.
Florestan Fernandes. A contestação necessária. São Paulo: Expressão 
Popular, 2015, p. 107-108 (com adaptações)
Considerando aspectos estilísticos e coesivos do texto 20A2-I, bem 
como o atendimento à norma-padrão da língua portuguesa, julgue 
o item a seguir.
No trecho “à esperança de que o Brasil venceria” (quarto período 
do primeiro parágrafo), a supressão da preposição “de” seria uma 
opção estilística que preservaria a correção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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94. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB3A1-I
Descobertas científicas demonstram que ouvir música 
pode melhorar a qualidade de vida das pessoas, uma vez que 
contribui para estimular a concentração e a criatividade, forta-
lecer o sistema imunológico,tornar menos cansativas as ativi-
dades físicas, entre outros benefícios à saúde.
A empresa focus@will desenvolve músicas que estimulam 
a concentração de quem as escuta. Segundo a empresa, como 
a maior parte das distrações é causada pela audição, ouvir a 
trilha sonora certa pode potencializar a capacidade humana de 
focar em algo. Pesquisas indicam que, em condições normais, 
uma pessoa consegue se manter concentrada por cerca de 20 
minutos. Com a música certa, esse tempo poderia ser até cinco 
vezes maior, de acordo com a empresa.
Cinco pacientes com danos que afetaram a área do cére-
bro ligada à memória e cinco pessoas sem o problema foram 
submetidos a um experimento por uma dupla de médicos da 
Universidade Macquarie, na Austrália. Nos testes, após ouvirem 
trechos de músicas antigas, os sujeitos da pesquisa deveriam 
relatar que memórias aquelas canções lhes traziam. Após o 
experimento, os cientistas constataram que os trechos musicais 
fizeram com que a mesma quantidade de integrantes dos dois 
grupos se lembrasse de fatos da própria vida. O fato observado 
parece indicar que a música é um estímulo que pode trazer à 
tona lembranças autobiográficas para todas as pessoas.
Música e poesia estimulam áreas parecidas do lado direito 
do cérebro. A constatação é de neurologistas da Universidade 
de Exeter, na Inglaterra. Para chegar a essa conclusão, eles rea-
lizaram experimentos com voluntários submetidos ao contato 
com essas formas de arte enquanto suas atividades cerebrais 
eram monitoradas.
Após analisarem mais de 400 estudos sobre música, cien-
tistas da Universidade de McGill, no Canadá, concluíram que 
ela aumenta a produção de imunoglobulina A e glóbulos bran-
cos pelo corpo, responsáveis por atacar bactérias e outros 
organismos invasores. Além disso, segundo a pesquisa, escu-
tar música reduz os níveis de cortisol (o hormônio do estresse) 
e aumenta os níveis de oxitocina (o hormônio do bem-estar).
Realizar esforços físicos ao mesmo tempo em que se ouve 
música é menos cansativo. A descoberta é do Instituto Max 
Planck, na Alemanha. Em uma série de experimentos, pesqui-
sadores monitoraram diversas variáveis do comportamen-
to do corpo de voluntários que praticavam exercícios físicos. 
Depois, a equipe analisou os dados reunidos e constatou que 
os músculos dos participantes consumiam menos energia 
quando estes se exercitavam ouvindo música e mais energia 
quando praticavam exercícios sem trilha sonora.
Ouvir música pode ser também um bom remédio contra 
a dor e a ansiedade em idosos. A descoberta é de uma espe-
cialista em enfermagem da Universidade de Essex, no Reino 
Unido. Em análise de artigos sobre o tema, a pesquisadora 
constatou que o uso da música como terapia entre pessoas 
com mais de 65 anos de idade está associado a aumento da 
qualidade de vida e redução de dores, ansiedade e depressão.
Internet: (com adaptações)
Considerando aspectos linguísticos do texto CB3A1-I, julgue o 
seguinte item.
No segundo período do segundo parágrafo, os segmentos “a 
capacidade humana” e “de focar em algo” complementam o 
sentido do verbo “potencializar”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
95. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1-I
A governança pública é discutida em torno de determina-
dos pressupostos sobre componentes estruturais como gestão, 
equidade, transparência, responsabilidade corporativa, accoun-
tability (prestação de contas) e legalidade do setor público. Esses 
elementos são considerados necessários ao desenvolvimento 
das sociedades, segundo os modelos idealizados por organismos 
internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), e 
pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
Sob a ótica da ciência política, a governança pública está 
associada a uma mudança de gestão política, tendendo, cada 
vez mais, à autogestão nos campos social, econômico e político, 
como também a uma nova composição de formas de gestão. 
Complementarmente, a governança relaciona-se a fatores como 
tomada de decisões gerenciais, desempenho, controle, com dire-
cionamento global para o órgão ou a entidade, e necessidade de 
prestação de contas para seus controladores.
Nesse sentido, o conceito de accountability é pautado na 
relação de interesse do Estado e nas necessidades do cidadão. 
Assim, a accountability é plena quando as informações públicas 
de prestação de contas dos governantes, auditadas pelos órgãos 
de controles internos e externos, geram confiança a uma socieda-
de participativa das decisões públicas.
O grau de accountability de uma burocracia deve ser expli-
cado pelas dimensões do macroambiente da administração 
pública: a textura política e institucional da sociedade, os valo-
res, os costumes tradicionais partilhados na cultura, a história, 
o desenvolvimento político na trajetória para tornar as burocra-
cias responsáveis, a baixa contribuição dos diversos esforços de 
reformas da administração pública e a precariedade dos contro-
les formais.
Blênio Cezar Severo Peixe et al. Governança pública e accountability: uma 
análise bibliométrica das publicações científicas nacionais e internacionais. 
2018. Internet: (com adaptações).
Julgue o próximo item, referente aos aspectos linguísticos do 
texto CB1A1-I.
No trecho “uma sociedade participativa das decisões públicas” 
(final do terceiro parágrafo), a substituição do vocábulo “das” 
por nas prejudicaria a correção gramatical e os sentidos origi-
nais do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
96. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto
O medo é um sentimento conhecido de toda criatura viva. 
Os seres humanos compartilham essa experiência com os ani-
mais. Os estudiosos do comportamento animal descrevem, de 
modo altamente detalhado, o rico repertório de reações dos 
animais à presença imediata de uma ameaça que ponha em 
risco suas vidas. Os humanos, porém, conhecem algo mais 
além disso: uma espécie de medo de “segundo grau”, um 
medo, por assim dizer, social e culturalmente “reciclado”, um 
“medo derivado” que orienta seu comportamento, haja ou 
não uma ameaça imediatamente presente. O medo secundá-
rio pode ser visto como um rastro de uma experiência passa-
da de enfrentamento de uma ameaça direta — um resquício 
que sobrevive ao encontro e se torna um fator importante na 
modelagem da conduta humana mesmo que não haja mais 
uma ameaça direta à vida ou à integridade.
Zygmunt Bauman. Medo líquido. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio 
de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, p. 9 (com adaptações).
A respeito das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos 
do texto anterior, julgue o item.
A preposição “de”, no primeiro período, poderia ser substituída 
pela preposição por, sem prejuízo da correção gramatical e dos 
sentidos do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
97. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG3A1-I
Antes de mais nada, há a liberdade suspensiva oferecida 
pela caminhada, mesmo que seja um simples passeio: livrar-
-se da carga das preocupações, esquecer por algum tempo os 
afazeres. Optamos por não levar o escritório conosco: saímos, 
flanamos, pensamos em outras coisas. Com as excursões de 
vários dias, acentua-se o movimento de desapego: escapamos 
das obrigações do trabalho, libertamo-nos do jugo dos hábitos. 
Mas em que aspecto caminhar nos faria sentir essa liberdade 
mais do que numa longa viagem? Afinal, surgem outras limi-
tações não menos penosas: o peso da mochila, a duração das 
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etapas, a incerteza do tempo (ameaças de chuva ou de tem-
pestade, calor sufocante), a rusticidade dos albergues, algu-
mas dores... Mas só a caminhada consegue nos libertar das 
ilusões do indispensável. Como tal, ela permanece o reino de 
poderosas necessidades. Para chegar a determinada etapa, é 
preciso caminhar tantas horas, que correspondem2021)........................................... 95
 Æ INSTRUÇÃO DO PROCESSO LICITATÓRIO (ARTS. 18 A 27 DA LEI Nº 14.133, DE 2021) ................................... 95
 Æ MODALIDADES DE LICITAÇÃO (ARTS. 28 A 32 DA LEI Nº 14.133, DE 2021) ...................................................... 95
 Æ CONTRATAÇÃO DIRETA, INEXIGIBILIDADE E DISPENSA (ARTS. 72 A 75 DA LEI Nº 14.133, DE 2021) .......... 96
 Æ GABARITO ..................................................................................................................................................................... 96
DIREITO CONSTITUCIONAL ..................................................................................99
 Æ DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO (ARTS. 1º A 4º DA CF, DE 1988) ................................ 99
 Æ DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS (ART. 5º DA CF, DE 1988) ..........................................100
 Æ DIREITOS SOCIAIS E DOS TRABALHADORES (ARTS. 6º E 7º DA CF, DE 1988) ..................................................102
 Æ DIREITOS COLETIVOS DOS TRABALHADORES (ARTS. 8º A 11 DA CF, DE 1988).............................................. 103
 Æ ESPÉCIES DE NACIONALIDADE (BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS) ..................................................103
 Æ DISTINÇÕES CONSTITUCIONAIS ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS ..................................... 103
 Æ PERDA DA NACIONALIDADE ...................................................................................................................................104
 Æ EXTRADIÇÃO, DEPORTAÇÃO, EXPULSÃO E BANIMENTO (DA NACIONALIDADE) ........................................ 104
 Æ SOBERANIA POPULAR (VOTO, PLEBISCITO, REFERENDO, INICIATIVA POPULAR), ALISTAMENTO E 
ELEGIBILIDADE ...........................................................................................................................................................104
 Æ INELEGIBILIDADES (DIREITOS POLÍTICOS) ............................................................................................................104
 Æ PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS ................................................................................................105
 Æ PARTIDOS POLÍTICOS (ART. 17 DA CF, DE 1988) ..................................................................................................105
 Æ DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA (ARTS. 18 E 19 DA CF, DE 1988) ........................................ 105
 Æ UNIÃO: BENS E COMPETÊNCIAS EXCLUSIVAS, PRIVATIVAS, COMUNS E CONCORRENTES 
(ARTS. 20 A 24 DA CF, DE 1988) ...............................................................................................................................106
 Æ ESTADOS FEDERADOS — ORGANIZAÇÃO, COMPETÊNCIAS, BENS (ARTS. 25 A 28 DA CF, DE 1988) ......... 107
 Æ MUNICÍPIOS - ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIAS (ARTS. 29 A 31 DA CF, DE 1988) ....................................... 108
 Æ DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS (ARTS. 32 E 33 DA CF, DE 1988) ................................................108
 Æ DISPOSIÇÕES GERAIS (ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA — ARTS. 37 E 38 DA CF, DE 1988) ................................. 109
 Æ DOS SERVIDORES PÚBLICOS (ARTS. 39 A 41 DA CF, DE 1988) ...........................................................................110
 Æ DO CONGRESSO NACIONAL (ARTS. 44 A 47 DA CF, DE 1988) ...........................................................................110
 Æ COMPETÊNCIAS PARA FISCALIZAÇÃO E TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (ARTS. 70 A 73 DA CF, 
DE 1988) .......................................................................................................................................................................111
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 Æ SISTEMA DE CONTROLE INTERNO (ART. 74 DA CF, DE 1988) ............................................................................111
 Æ DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL — STF (ARTS. 101 A 103 DA CF, DE 1988) ...............................................112
 Æ PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS (MINISTÉRIO PÚBLICO) .......................................................................................112
 Æ ADVOCACIA PRIVADA E DEFENSORIA PÚBLICA (ARTS. 133 A 135 DA CF, DE 1988)...................................... 112
 Æ GABARITO ...................................................................................................................................................................114
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...................................................................................117
 Æ ADMINISTRAÇÃO .......................................................................................................................................................117
 Æ PROCESSO ORGANIZACIONAL E FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS ......................................................................117
 Æ EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE ....................................................................................................................118
 Æ INTRODUÇÃO AO PROCESSO DE PLANEJAMENTO (DIRETRIZES, PRINCÍPIOS, CARACTERÍSTICAS, 
ETAPAS, NÍVEIS) ..........................................................................................................................................................118
 Æ PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ..............................................................................................................................119
 Æ ESTRATÉGIA E VANTAGEM COMPETITIVA.............................................................................................................120
 Æ BALANCED SCORECARD (BSC) ................................................................................................................................121
 Æ PLANEJAMENTO TÁTICO ..........................................................................................................................................122
 Æ PLANEJAMENTO OPERACIONAL .............................................................................................................................122
 Æ PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIA NO SETOR PÚBLICO.........................................................................................122
 Æ INTRODUÇÃO AO PROCESSO DE DIREÇÃO (CONCEITO E CARACTERÍSTICAS) ..............................................122
 Æ LIDERANÇA .................................................................................................................................................................123
 Æ GESTÃO DE CONFLITOS ............................................................................................................................................125
 Æ PROCESSO DE CONTROLE E AVALIAÇÃO ..............................................................................................................126
 Æ COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE GESTÃO .......................................................................................................127
 Æ COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA E GESTÃO DE REDES ORGANIZACIONAIS .......................................129
 Æ GABARITO ...................................................................................................................................................................129
GESTÃO DE PESSOAS .............................................................................................. 131
 Æ RELAÇÕES DE EQUILÍBRIO ENTRE INDIVÍDUO E ORGANIZAÇÃO ....................................................................131
 Æ GERENCIAMENTO DA DIVERSIDADE NAS ORGANIZAÇÕES ..............................................................................131
 Æ A ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS ............................................................................................................................131a tantos 
passos; a improvisação é limitada, pois não estamos percor-
rendo caminhos de jardim e não podemos nos enganar nos 
entroncamentos, sob pena de pagar um preço muito alto. 
Quando a neblina invade a montanha ou uma chuva torren-
cial começa a cair, é preciso seguir, continuar. A comida e a 
água são objeto de cálculos precisos, em função do percurso e 
dos mananciais. Sem falar no desconforto. Ora, o milagre não 
é ficarmos felizes apesar disso, mas graças a isso. Quero dizer 
que não dispor de múltiplas opções de comida ou de bebida, 
estar submetido à grande fatalidade das condições climáticas, 
contar somente com a regularidade do próprio passo, tudo 
isso faz, de pronto, que a profusão da oferta (de mercadorias, 
de transportes, de conexões) e a multiplicação das facilidades 
(de comunicar, de comprar, de circular) nos pareçam outras 
tantas formas de dependência. Todas essas microlibertações 
não passam de acelerações do sistema, que me aprisiona com 
mais força. Tudo o que me liberta do tempo e do espaço me 
afasta da velocidade.
Frédéric Gros. Caminhar: uma filosofia. São Paulo:Ubu Editora, 2021, p. 13-
14 (com adaptações).
No que se refere a aspectos morfossintáticos do texto CG3A1-I, 
julgue o item a seguir.
A substituição de “pensamos” (segundo período) por damos 
atenção manteria os sentidos e a correção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ CRASE
98. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CB1A1
Hoje, a crise hídrica é política — o que significa dizer não 
inevitável ou necessária, nem além da nossa capacidade de 
consertá-la — e, logo, opcional, na prática. Esse é um dos moti-
vos para ser, não obstante, terrível como parábola climática: 
um recurso abundante torna-se escasso pela falta de infraes-
trutura, pela poluição e pela urbanização e desenvolvimento 
descuidados. A crise de abastecimento de água não é inevitá-
vel, mas presenciamos uma, de um modo ou de outro, e não 
estamos fazendo muita coisa para resolvê-la.
Algumas cidades perdem mais água por vazamentos do 
que a que é entregue nas casas: mesmo nos Estados Unidos da 
América (EUA), vazamentos e roubos respondem por uma per-
da estimada de 16% da água doce; no Brasil, a estimativa é de 
40%. Em ambos os casos, assim como por toda parte, a escas-
sez se desenrola tão patentemente sobre o pano de fundo das 
desigualdades entre pobres e ricos que o drama resultante da 
competição pelo recurso dificilmente pode ser chamado, de 
fato, de competição; o jogo está tão arranjado que a escassez 
de água mais parece um instrumento para aprofundar a desi-
gualdade. O resultado global é que pelo menos 2,1 bilhões de 
pessoas no mundo não têm acesso a água potável segura, e 
4,5 bilhões não dispõem de saneamento.
David Wallace-Wells. A terra inabitável: uma história do futuro 
São Paulo: Cia das Letras, 2019. (com adaptações)
Em relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1, julgue o pró-
ximo item.
O acréscimo do sinal indicativo de crase no segmento “a água 
potável segura” prejudicaria a correção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
99. (CEBRASPE-CESPE – 2024)
A iniciativa Mãe Servidora, inserida no contexto do progra-
ma Pró-Equidade de Gênero, reflete um esforço significativo 
da ANTT para promover o equilíbrio entre a vida profissional e 
familiar de suas colaboradoras. Essa ação é direcionada espe-
cialmente para mães servidoras, no regime de trabalho pre-
sencial, com filhos menores de sete anos de idade, oferecendo 
a elas a oportunidade de reduzir a jornada de trabalho sema-
nal em quatro horas em um dia específico. O objetivo principal 
é fortalecer a interação entre mãe e filho durante os anos cru-
ciais de formação da criança, beneficiando-se tanto o bem-es-
tar da servidora quanto o da família como um todo.
Em caso de dúvidas, fale com a Coordenação de Projetos 
Especiais de Gestão de Pessoas (COPEP), pelo email .
ANTT. Revista Via Sustentável. Destaques 2023, s/d, p. 35 (com adaptações)
A respeito de aspectos linguísticos desse texto, julgue o item a 
seguir.
Estaria mantida a correção gramatical do segundo período do 
primeiro parágrafo caso o segmento “para mães servidoras” 
fosse reescrito como à mães servidoras, visto que o termo 
“mães” está especificado.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
100. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CB1A1-I
Dizer que o petróleo é um elemento de influência nas 
relações geopolíticas contemporâneas é repetir o óbvio. Des-
de que ele se tornou a matriz energética básica da sociedade 
industrial e o elemento fundamental para o funcionamento da 
economia moderna, ter ou controlar as fontes de petróleo e as 
rotas por onde ele é transportado representa questão de vida 
ou morte para as sociedades contemporâneas.
Quando pensamos na geopolítica do petróleo neste início 
do século XXI, o primeiro fato que nos vem à mente são os 
conflitos do Oriente Médio, como a guerra Irã-Iraque e a guerra 
do Golfo em 1990-1991. Reduzir esses conflitos ao elemento 
“petróleo” seria um erro, pois questões outras estavam e estão 
envolvidas. Contudo, não se deve esquecer que aí estão as 
maiores reservas petrolíferas do mundo.
No entanto, se examinarmos com alguma atenção as notí-
cias do dia a dia, veremos como o problema do petróleo dentro 
da geopolítica contemporânea não é algo que afeta apenas os 
países do Oriente Médio. A busca pelo “ouro negro” está tendo 
impacto em outras regiões do mundo.
Em nível menor, países como o Brasil têm enfrentado os 
mesmos problemas das maiores potências no que se refere 
a suprir suas necessidades energéticas, e isso tende apenas 
a piorar. Aqui cabe uma reflexão sobre os efeitos geopolíticos 
da futura mudança da matriz energética global. Mesmo sendo 
algo pouco provável em curto e médio
prazo, o próprio esgotamento do petróleo vai obrigar a 
economia global a convocar outras fontes de energia, como a 
nuclear ou as células de hidrogênio. As alterações na socieda-
de global que tal mudança provocará serão, evidentemente, 
imensas, mas ninguém parece ainda ter refletido a contento 
sobre seus impactos geopolíticos.
João Fábio Bertonha. Notas sobre a geopolítica do petróleo no século XXI. In: 
Boletim de Análise de Conjuntura em Relações Internacionais, n.º 58, p. 9-10, 
2005 (com adaptações)
Ainda com relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, jul-
gue o próximo item.
A correção gramatical e a coerência do texto seriam mantidas 
caso o trecho “nos vem à mente” (primeiro período do segun-
do parágrafo) fosse reescrito da seguinte maneira: vem a nossa 
mente.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
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101. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB3A1
Em 2007, o Brasil recebeu a exposição de anatomia intitula-
da Bodies revealed: fascinating + real, traduzida como Corpo 
humano: real e fascinante. Cerca de 670 mil pessoas de diver-
sas cidades brasileiras puderam visitar a exposição na qual os 
objetos expostos eram nada menos do que 16 cadáveres e 225 
órgãos humanos. Adentrar em um salão repleto de cadáveres 
estripados e mutilados deveria suscitar a mesma sensação de 
uma câmara dos horrores, já que os mortos são notoriamente 
objetos de tabu, fontes de mana, considerados impuros, peri-
gosos e, não raramente, repugnantes. Entretanto, os corpos 
dissecados da exposição, apresentados esfolados ou fatiados, 
inteiros ou em partes, eviscerados ou não, e tematicamente 
organizados em sistemas — esquelético, muscular, nervoso, 
respiratório, digestório, excretor, reprodutor, circulatório — 
eram tratados como objetos de “arte”. Ao contrário daqueles 
grandes vidros de formol que distorcem a imagem do seu 
conteúdo desbotado, largamente usados em laboratórios e 
museus para conservar restos biológicos, Bodies revealed é 
um espetáculo cadavérico no qualcorpos dissecados e partes 
corporais — reduzidos a formas, cores e texturas — são espe-
tacularmente exibidos em pedestais, displays e caixas transpa-
rentes, distribuídos meticulosamente em espaços organizados 
e iluminados para realçar suas formas e cores.
Há um evidente sensacionalismo mórbido nas exposições 
de corpos humanos, visto que não haveria o mesmo impacto 
se os corpos expostos fossem sintéticos ou de animais. Isto 
evidencia o fato de que a relação que se estabelece entre nós, 
espectadores, e os cadáveres expostos tem uma dimensão 
social, distinta da que teríamos se fossem apenas modelos de 
plástico ou cera, ainda que reproduções perfeitas, ou de um 
cadáver animal, qualquer que seja a técnica de conservação. 
As exposições de corpos humanos até podem oferecer motiva-
ções mais nobres do que o simples entretenimento mórbido, 
mas sem abrirem mão da morbidez como peça fundamental 
do espetáculo. Com efeito, o tom geral daqueles que defen-
dem essas exposições apela para a utilidade educativa de se 
usarem corpos humanos reais, dissecados e modelados, em 
posições didáticas, pois essa técnica possibilita o acesso a 
“espécimes” cuja riqueza de detalhes e de informações era 
antes acessível apenas aos anatomistas.
Internet: (com adaptações)
A respeito de aspectos linguísticos do texto CB3A1, julgue o item 
que se segue.
Estaria mantida a correção gramatical do quinto período do 
primeiro parágrafo caso fosse empregado o sinal indicativo de 
crase no “a” que antecede o nome “formas”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
102. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CG1A1-I
Responsabilidade fiscal combina com responsabilida-
de social?
Quando analistas do mercado financeiro e economistas 
ditos “ortodoxos” referem-se à necessidade de haver respon-
sabilidade fiscal, parece, à primeira vista, que estão se refe-
rindo à necessidade de o Estado não realizar gastos (ou abrir 
mão de receitas públicas) de modo descontrolado, eleitoreiro 
e ineficiente, aumentando aceleradamente a dívida pública (em 
proporção do PIB) sem um planejamento econômico- orçamen-
tário de médio e longo prazo. Se fosse somente isso, se fossem 
somente essas as suas preocupações, não haveria muita polê-
mica, visto que os políticos e os economistas que questionam 
a visão do mercado financeiro também concordam com esses 
parâmetros para qualificar a responsabilidade fiscal.
O problema está em alguns diagnósticos e causalidades 
evocados pelos economistas porta-vozes do mercado financei-
ro, que podemos sintetizar em duas ideias centrais.
A primeira ideia central é a de que a economia brasileira 
apresentaria historicamente um sério “risco fiscal”, suficien-
te para tirar o sono daqueles que compram títulos da dívida 
pública. Exatamente por esse grave risco fiscal, argumenta o 
economista ortodoxo, é que haveria a necessidade de o Banco 
Central manter a taxa de juros reais nas alturas, colocando o 
Brasil quase sempre na posição de país com a maior taxa de 
juros reais no mundo. Os maiores juros reais do mundo seriam 
uma espécie de prêmio exigido de modo justo e justificado 
pelos “investidores” que emprestam seus recursos ao governo: 
maior risco, maior incerteza, maior prêmio — uma simples e 
sadia “lei do mercado”.
A segunda ideia central é a de que a inflação decorreria de 
um excesso de demanda na economia. Não adianta apresen-
tar dados objetivos indicando que, em muitos casos, a infla-
ção é gerada por choques de oferta que nada têm a ver com 
excesso de demanda. A partir desse diagnóstico imutável (e 
imune aos fatos) de que a inflação — ou o risco de inflação 
— seria sempre um problema de excesso de demanda, os por-
ta-vozes do mercado estão sempre cobrando do governo que 
colabore para a redução da demanda e modere seus gastos 
(exceto o gasto com os juros da dívida pública), e estão sempre 
cobrando do Banco Central que aumente a taxa básica de juros 
diante de qualquer tipo de sinal de pressão inflacionária, pois 
o aumento dos juros causa refluxo da demanda — demissões, 
queda nos investimentos — e esse refluxo da demanda com-
bateria eficazmente a inflação.
Podemos agora formular com precisão: o mercado finan-
ceiro não vê antagonismo entre responsabilidade fiscal e 
responsabilidade social porque, em sua visão, a primeira é 
sempre uma pré- condição para a segunda. Como o mercado 
financeiro sempre vê um risco fiscal significativo na economia 
brasileira, nunca estará satisfeito com o nível de responsabi-
lidade fiscal demonstrado pelo governo, nunca achará que já 
estamos em condições de avançar com segurança nas tarefas 
sociais e sempre tachará de “populista” ou “demagógica” qual-
quer alternativa que signifique abandonar esse beco sem saída 
ao qual o país foi condenado nas últimas décadas.
Internet: (com adaptações)
No que se refere a aspectos linguísticos do texto CG1A1-I, julgue 
o próximo item.
Conforme a norma gramatical, é facultativo o uso do sinal indi-
cativo de crase na expressão “têm a ver” (segundo período do 
quinto parágrafo).
( ) CERTO  ( ) ERRADO
103. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 8A2-I
Os mediadores de leitura são aquelas pessoas que esten-
dem pontes entre os livros e os leitores, ou seja, que criam as 
condições para fazer com que seja possível que um livro e um 
leitor se encontrem. A experiência de encontrar os livros certos 
nos momentos certos da vida, esses livros que nos fascinam e 
que nos vão transformando em leitores paulatinamente, não 
tem uma rota única nem uma metodologia específica; por isso, 
os mediadores de leitura não são fáceis de definir. No entanto, 
basta lembrar como descobrimos, nos primeiros anos da vida, 
esses livros que deixaram rastros em nossa infância e, talvez, 
aparecerão nítidas algumas figuras que foram nossos media-
dores de leitura: esses adultos íntimos que deram vida às pági-
nas de um livro, essas vozes que liam para nós, essas mãos e 
esses rostos que nos apresentavam os mundos possíveis e as 
emoções dos livros.
Os mediadores de leitura, consequentemente, não estão 
somente na escola, mas no lar, nas bibliotecas e nos espaços 
não convencionais, como os parques, os hospitais e as ludote-
cas, entre outros lugares. Durante a primeira infância, quando 
a criança não lê sozinha, a leitura é um trabalho em parceria e 
o adulto é quem vai dando sentido a essas páginas que, para o 
bebê, não seriam nada, sem sua presença e sua voz. Então, os 
primeiros mediadores de leitura são os pais, as mães, os avós 
e os educadores da primeira infância e, aos poucos, à medida 
que as crianças se aproximam da língua escrita, vão se somando 
outros professores, a exemplo dos bibliotecários, dos livreiros e 
dos diversos adultos que acompanham a leitura das crianças.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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Não é fácil reduzir o trabalho do mediador de leitura a um 
manual de funções. Seu ofício essencial é ler de muitas for-
mas possíveis: em primeiro lugar, para si mesmo, porque um 
mediador de leitura é um leitor sensível e perspicaz, que se 
deixa tocar pelos livros, que desfruta e que sonha em compar-
tilhá-los com outras pessoas. Em segundo lugar, um mediador 
cria rituais, momentos e atmosferas propícias para facilitar os 
encontros entre livros e leitores. Às vezes, pode fazer a hora do 
conto e ler em voz alta uma ou várias histórias a um grupo, mas, 
outras vezes, propicia leituras íntimas e solitárias ou encontros 
em pequenos grupos. Assim, em certas ocasiões, conversa ou 
recomenda algum livro; em outras, permanece em silêncio ou 
se oculta para deixar que livro e leitor conversem.
Por isso, além de livros, um mediador de leitura lê seus lei-
tores: quem são, o que sonham e o que temem, e quais são 
esses livros que podem criar pontes com suas perguntas, com 
seus momentos vitais e comessa necessidade de construir 
sentido que nos impulsiona a ler, desde o começo e ao longo 
da vida.
Internet: (com adaptações)
Julgue o item a seguir, referente às estruturas linguísticas do 
texto 8A2-I.
O emprego do sinal indicativo de crase em “às páginas de um 
livro” (último período do primeiro parágrafo) é facultativo, já 
que sua supressão não prejudicaria a correção gramatical nem 
o sentido original do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
104. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
A tecnologia finalmente está derrubando os muros do 
tradicionalismo que envolve o mundo do direito. Cercado de 
costumes e hábitos por todos os lados, o direito e seus opera-
dores têm a fama de serem apegados a formalismos, praxes e 
arcaísmos resistentes a mudanças mais radicais. São práticas 
persistentes, passadas adiante por gerações e cultivadas como 
se necessárias para manter a integridade e a operacionalidade 
costumeira do sistema.
Nem mesmo o hermético universo do direito resistiu às 
mudanças tecnológicas trazidas pela rede mundial de com-
putadores e pela possibilidade do uso de softwares de inte-
ligência artificial para análise de grandes volumes de dados.
Novidades cuja aplicação foi impulsionada pelo incessan-
te crescimento de demandas judiciais e pela necessidade de 
implementar e efetivar o sistema de precedentes qualificados.
Todas essas inovações, sem dúvida nenhuma, transforma-
ram o sistema de justiça como o conhecíamos e o cotidiano 
dos operadores do direito.
O direito, o processo decisório e os julgamentos são emi-
nentemente de natureza humana e dependem do ser huma-
no para serem bem realizados. Assim, mesmo que os avanços 
tecnológicos sejam inevitáveis, todas as inovações eletrônicas 
e virtuais devem sempre ser implementadas com parcimônia 
e vistas com muito cuidado, não apenas para sempre permiti-
rem o exercício de direitos e garantias, mas também para não 
restringirem — e, sim, ampliarem — o acesso à justiça e, sobre-
tudo, para manterem a insubstituível humanidade da justiça.
Rafael Muneratti. Justiça virtual e acesso à justiça. In: Revista da Defensoria 
Pública do Estado do Rio Grande do Sul, ano 12, v. 1, n.º 28, 2021 (com 
adaptações)
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto ante-
rior, julgue o item a seguir.
A supressão do sinal indicativo de crase no vocábulo “às”, em “às 
mudanças tecnológicas”, prejudicaria a correção gramatical do 
texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
105. (CEBRASPE-CESPE – 2022) 
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria 
como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que 
por admiração se estava de boca entreaberta: eles respira-
vam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era 
a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, 
falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez 
que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, 
às vezes eles se tocavam, e ao toque — a sede é a graça, mas 
as águas são uma beleza de escuras — e ao toque brilhava o 
brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de 
admiração. Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transfor-
mou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. 
Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras 
desacertadas.
Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela 
que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. 
Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais 
erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo 
só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam 
bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, 
quiseram ter o que já tinham.
Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram 
ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando 
distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que 
a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto 
da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais 
distraídos.
Clarice Lispector. Por não estarem distraídos
In: Todas as crônicas. São Paulo: Rocco, 2018, p. 344
No que se refere às ideias e a aspectos linguísticos do texto 
anterior, julgue o item a seguir.
Na oração “eles respiravam de antemão o ar que estava à fren-
te”, é obrigatório o emprego do acento indicativo de crase no 
vocábulo “à”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
106. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
A história da irrigação se confunde, na maioria das vezes, 
com a história da agricultura e da prosperidade econômica 
de inúmeros povos. Muitas civilizações antigas se originaram 
assim, em regiões áridas, onde a produção só era possível com 
o uso da irrigação.
O Brasil, dotado de grandes áreas agricultáveis localizadas 
em regiões úmidas, não se baseou, no passado, na irrigação, 
embora haja registro de que, já em 1589, os jesuítas praticavam 
a técnica na antiga Fazenda Santa Cruz, no estado do Rio de 
Janeiro. Também na região mais seca do Nordeste e nos esta-
dos de Minas Gerais e São Paulo, era utilizada em culturas de 
cana-de-açúcar, batatinha, pomares e hortas. Em cafezais, seu 
emprego iniciou-se na década de 50 do século passado, com a 
utilização da aspersão, que se mostrou particularmente interes-
sante, especialmente nas terras roxas do estado de São Paulo.
A irrigação, de caráter suplementar às chuvas, tem sido 
aplicada na região Centro-Oeste do país, especialmente em 
culturas perenes.
Embora a região central do Brasil apresente boas médias 
anuais de precipitação pluviométrica, sua distribuição anual 
(concentrada no verão, sujeita a veranicos e escassa ou com-
pletamente ausente no inverno) permite, apenas, a prática 
de culturas anuais (arroz, milho, soja etc.), as quais podem se 
desenvolver no período chuvoso e encontrar no solo um supri-
mento adequado de água.
Já as culturas mais perenes (como café, citrus, cana-de-açú-
car e pastagem) atravessam, no período seco, fases de sensível 
deficiência de água, pela limitada capacidade de armazena-
mento no solo, o que interrompe o desenvolvimento vegetati-
vo e acarreta colheitas menores ou nulas.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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A vantagem e a principal justificativa econômica da irri-
gação suplementar estão na garantia de safra, a despeito da 
incerteza das chuvas.
Na região Nordeste, a irrigação foi introduzida pelo gover-
no federal e aparece vinculada ao abastecimento de água 
no Semiárido e a planos de desenvolvimento do vale do São 
Francisco. Ali, a irrigação é vista como importante medida para 
amenizar os problemas advindos das secas periódicas, que 
acarretam sérias consequências econômicas e sociais.
No contexto das estratégias nacionais de desenvolvimento, 
um programa de irrigação pode contribuir para o equaciona-
mento de um amplo conjunto de problemas estruturais. Com 
relação à geração de empregos diretos, a agricultura irrigada 
nordestina é mais intensiva do que nas outras regiões do país. 
Na região semiárida, em especial no vale do São Francisco, a 
irrigação tem destacado papel a cumprir, como, aliás, já ocorre 
em importantes polos agroindustriais da região Nordeste.
A irrigação constitui-se em uma das mais importantes tec-
nologias para o aumento da produtividade agrícola. Aliada a 
ela, uma série de práticas agronômicas deve ser devidamente 
considerada.
Internet: (com adaptações)
No que se refere aos aspectos linguísticos e às ideias do texto 
apresentado, julgue o item que se segue.
O emprego do sinal indicativo de crase no trecho “de caráter 
suplementar às chuvas”, no terceiro parágrafo, é facultativo; 
portanto, a supressão desse sinal não prejudicaria a correção 
gramatical do trecho.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
107. (CEBRASPE-CESPE– 2021) Texto CB1A2
O mundo urbano já abriga mais da metade da população 
do planeta, e os processos de urbanização espalham global-
mente, mas de forma desigual, tanto os benefícios quanto as 
crises da ocupação urbana do espaço. Com isso, o planeja-
mento urbano e a gestão das cidades e áreas metropolitanas 
vêm sendo inseridos em discussões na busca de alternativas 
para a urbanização e para o desenvolvimento urbano, a fim 
de mitigar os impactos nocivos e adaptar o ordenamento ter-
ritorial e a distribuição socioespacial das cidades às condições 
de ambiente e clima locais e regionais. O movimento de (re)
pensar o planejamento das cidades para que se obtenha um 
modelo em que o desenvolvimento urbano possa ser mais 
social e ambientalmente sustentável passará a ser essencial 
daqui a alguns anos, considerando-se tanto as desigualda-
des que esses processos carregam em si quanto os problemas 
ambientais e climáticos desencadeados por eles.
Por um lado, uma parcela da população urbana usufrui dos 
avanços técnico-científicos, da infraestrutura e do conforto que 
a vida urbana e sua produção econômica disponibilizam; por 
outro lado, grande parte do mundo sofre com as consequên-
cias socioeconômicas das políticas econômicas e de expansão 
de mercados, que promovem exclusão, desigualdade e vulne-
rabilidade no mercado de trabalho e na gestão e no planeja-
mento urbanos. As cidades, sejam elas grandes aglomerados, 
como metrópoles, ou pequenas comunidades, enquanto aglo-
merações urbanas, são permeadas, em diversos níveis, por 
questões de desigualdade socioeconômica e questões que 
envolvem uma mudança de discurso para melhorar as con-
dições ambientais, como propostas de consumo consciente e 
saneamento básico: o meio urbano e o padrão do desenvolvi-
mento urbano são um desafio quando se considera promover 
mudanças nos padrões insustentáveis de consumo.
Ana Célia Baía Araújo e Zoraide Souza Pessoa. O desafio das cidades 
sustentáveis: prós e contras de uma proposta para o desenvolvimento 
urbano. Internet: (com adaptações).
Com relação aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 
CB1A2, julgue o item:
A correção gramatical do texto seria mantida caso se inserisse 
o acento indicativo de crase no vocábulo “a” presente no trecho 
“daqui a alguns anos” , visto que o emprego desse sinal é opta-
tivo nesse caso.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
108. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1-I
Desde que o almirante Pedro Álvares Cabral oficialmente 
descobriu a Terra de Santa Cruz, em abril de 1500, o primei-
ro português a estabelecer uma marca na história mineral do 
Brasil foi Martim Afonso de Souza. Depois de fundar a pequena 
vila de São Vicente, no litoral de São Paulo, a primeira base 
estabelecida na América portuguesa, no ano de 1531, ele 
tentou descobrir ouro, prata e pedras preciosas antes de sua 
partida para Lisboa. Esse plano visava confirmar notícias trazi-
das por quatro homens de sua comitiva sobre a existência de 
minas abundantes em ouro e prata na região do Rio Paraguai. 
Sob essa orientação, três expedições foram realizadas, todas 
em 1531: nas montanhas ao longo da costa do Rio de Janeiro, 
ao sul do estado de São Paulo e no Rio da Prata, mais ao sul.
No entanto, as primeiras iniciativas para descoberta de 
metais e pedras preciosas em terras brasileiras falharam, devi-
do às dificuldades daquela época. Apesar disso, o desejo de 
descobrir riquezas minerais se manteve entre os habitantes 
da nova colônia, estimulados pela corte portuguesa, que ofe-
recia promessas de honra e reconhecimento para aqueles que 
encontrassem tais riquezas.
Durante todo o século XVI, os portugueses usaram recur-
sos financeiros, trabalho, soldados, artesãos de todos os tipos 
(cortadores, mineiros, construtores e até mesmo engenheiros 
estrangeiros) nos trabalhos de pesquisa das expedições, sob 
a supervisão dos governadores. Mas, infelizmente, o que foi 
encontrado não estava à altura do que foi despendido. Mes-
mo os mais positivos resultados tiveram pouco significado 
econômico, tanto em termos de quantidade quanto de teor 
dos metais. Os depósitos eram, além de pobres, localizados 
em lugares remotos. Concluindo, quase candidamente, que as 
descobertas naquele século eram desapontadoras, o governa-
dor-geral Diogo de Meneses Sequeira escreveu uma carta ao 
rei, afirmando que “sua Alteza precisa acreditar que as atuais 
minas do Brasil são compostas por açúcar e pau-brasil, muito 
lucrativos e com os quais o Tesouro e sua Alteza não precisam 
gastar um simples centavo”.
Iran F. Machado e Silvia F. de M. Figueirôa. 500 anos de mineração no 
Brasil: breve histórico. Parte I. In: Brasil Mineral. São Paulo, n.º 186, p. 44-47, 
ago./2000 (com adaptações).
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto 
CB1A1-I, julgue o item a seguir.
No trecho “devido às dificuldades” (segundo parágrafo), a 
supressão do acento indicativo de crase em “às” manteria a cor-
reção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Leia o texto a seguir para responder às questões 109 e 110.
Texto CB1A1
A palavra sonho significa muitas coisas diferentes: “o sonho 
da minha vida” e “meu sonho de consumo” são expressões 
usadas pelas pessoas para dizer que pretendem ou consegui-
ram alcançar algo. Todo mundo tem um sonho, no sentido de 
plano futuro. Todo mundo deseja algo que não tem. Por que 
será que o sonho, fenômeno normalmente noturno que tanto 
pode evocar o prazer quanto o medo, é justamente a palavra 
usada para designar tudo aquilo que se quer ter?
O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas 
de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos, 
a motivação íntima de nossa ação exterior. Desejo é o sinôni-
mo mais preciso da palavra “sonho”. Na área de desembarque 
de um aeroporto nos Estados Unidos, uma foto enorme de 
um casal belo e sorridente, velejando num mar caribenho em 
dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde seus sonhos 
o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de cartão de cré-
dito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como veleiros, 
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capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos, altamente… 
desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo, que é igual a 
dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser e prin-
cipalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem 
experimentar no mundo de regras frouxas do sonho noturno, 
mas que no sonho diurno é privilégio apenas dos detentores 
de um mágico cartão plástico.
Entretanto, a rotina do trabalho diário e a falta de tempo 
para dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalha-
dores, são cruciais para o mal-estar da civilização contempo-
rânea. É gritante o contraste entre a relevância motivacional 
do sonho e sua banalização no mundo industrial globalizado. 
No século XXI, a busca pelo sono perdido envolve rastreadores 
de sono, colchões high-tech, máquinas de estimulação sonora, 
pijamas com biossensores, robôs para ajudar a dormir e uma 
cornucópia de remédios. A indústria da saúde do sono, um 
setor que cresce aceleradamente, tem valor estimado entre 30 
bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim impera a insô-
nia. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos diariamen-
te com o toque insistente do despertador, ainda sonolentos e 
já atrasados para cumprir compromissos que se renovam ao 
infinito, se tão poucos se lembram de que sonham pela sim-
ples falta de oportunidade de contemplar a vida interior, quan-
do a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar da 
sobrevivência do sonho.
E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel, sonha-
-se sofregamente apesar das luzes e dos ruídos da cidade, da 
incessante faina da vida e da tristeza das perspectivas.
Sidarta Ribeiro. O oráculo danoite: a história e a ciência do sonho São Paulo: 
Companhia das Letras, 2019, p. 19-20 (com adaptações)
Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto 
CB1A1, julgue os itens que se seguem.
109. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Seriam preservados o sentido 
original do texto e sua correção gramatical caso o trecho ‘sonho 
é igual a desejo’ fosse substituído por sonhar é igual à desejar.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
110. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A correção gramatical do texto 
seria prejudicada caso se inserisse acento indicativo de crase 
na expressão “a granel”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
111. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
O Prêmio Nobel de Economia de 2017 foi concedido ao nor-
te-americano Richard Thaler por suas contribuições no campo 
da economia comportamental. Thaler é um dos mais destacados 
economistas na aplicação da psicologia às análises das teorias eco-
nômicas e das consequências da racionalidade limitada, das pre-
ferências pessoais e da falta de autocontrole. Um desdobramento 
mais recente dessa área de pesquisa da economia é a aplicação 
de insights comportamentais às políticas públicas. Compreender 
os processos decisórios, os hábitos e as experiências pessoais das 
pessoas em situação de pobreza é essencial para o processo de 
elaboração de políticas públicas e a sua eficácia. É o que sugere 
o estudo do IPC-IG Insights comportamentais e políticas de 
superação da pobreza, dos pesquisadores Antonio Claret Cam-
pos Filho e Luis Henrique Paiva.
O estudo defende que pessoas em situações de escassez, 
como a pobreza, têm uma maior sobrecarga mental, pois estão 
sujeitas a preocupações que não afetam a vida daqueles de maior 
renda, como a qualidade da água consumida ou o acesso à ali-
mentação. Evitar contrair empréstimos a juros altos é um exemplo 
da falta de autocontrole que tende a ser mais frequente e mais 
onerosa para os pobres. Decisões de longo prazo também ten-
dem a ser negativamente afetadas pelas sobrecargas associadas 
à escassez, como retirar os filhos da escola para buscar algum tipo 
de trabalho, por conta da perda de emprego dos pais, o que acar-
reta consequências negativas para toda a vida da criança.
Internet: (com adaptações)
No que concerne às ideias veiculadas no texto e a suas constru-
ções linguísticas, julgue o item que se segue.
Em “estão sujeitas a preocupações”, o emprego do sinal indica-
tivo de crase no “a” prejudicaria a correção gramatical do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
112. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CG1A1-I
A teoria das causas cerebrais dos transtornos mentais pas-
sou gradualmente a ironizar tudo o que se relacionava com a 
forma de vida do sujeito, compreendida como unidade entre 
linguagem, desejo e trabalho. As narrativas de sofrimento da 
comunidade ou dos familiares com quem se vive, a própria 
versão do paciente, o seu “lugar de fala” diante do transtorno, 
tornaram-se epifenômenos, acidentes que não alteram a rota 
do que devemos fazer: correção educacional de pensamentos 
distorcidos e medicação exata.
Quarenta anos depois, acordamos em meio a uma crise 
global de saúde mental, com elevação de índices de suicídio, 
medicalização massiva receitada por não psiquiatras e insufi-
ciência de recursos para enfrentar o problema.
Esse é o custo de desprezar a cultura como instância gerado-
ra de mediações de linguagem necessárias para que enfrentemos 
o sofrimento antes que ele evolua para a formação de sintomas. 
Esse é o desserviço dos que imaginam que teatro, literatura, 
cinema e dança são apenas entretenimento acessório — como 
se a ampliação e a diversidade de nossa experiência cultural não 
fossem essenciais para desenvolver capacidade de escuta e habi-
lidades protetivas em saúde mental. Como se eles não nos ensi-
nassem como sofrer e, reciprocamente, como tratar o sofrimento 
no contexto coletivo e individual do cuidado de si.
Christian Dunker. A Arte da quarentena para principiantes.
São Paulo: Boitempo, 2020, p. 32-33 (com adaptações)
Julgue o próximo item, relativos aos sentidos e aos aspectos lin-
guísticos do texto CG1A1-I.
Caso fosse inserido o sinal indicativo de crase no vocábulo “a”, 
no trecho “em meio a uma crise”, a correção gramatical do texto 
seria prejudicada.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ CONCORDÂNCIA (VERBAL E NOMINAL)
113. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CG1A1-I
Uma organização é um sistema complexo de comunicações 
com um objetivo funcional. Durante sua existência e atuação, a 
organização vai formando uma imagem perante seus diversos 
públicos em função de todo um conjunto de contatos realiza-
dos, e não somente pelas iniciativas planejadas de comunicação 
que ela toma para formar a imagem pretendida. Essa imagem, 
chamada imagem organizacional, pode ser descrita como uma 
compilação de opiniões e pontos de vista baseados em informa-
ções processadas de várias fontes, ao longo do tempo, que gera 
uma imagem mental dos atributos da organização.
Seguindo uma tendência já percebida na iniciativa priva-
da, os órgãos públicos têm-se preocupado, cada vez mais, com 
sua imagem organizacional. A imagem organizacional pública 
tem valor estratégico na medida em que interfere diretamente 
no relacionamento da organização com diferentes atores, bem 
como na sua legitimação e credibilidade perante a sociedade. 
No entanto, apesar de sua relevância, ainda há poucos estu-
dos sobre a imagem organizacional no contexto público, tanto 
nacional quanto internacionalmente.
Quando se trata da construção da imagem de uma orga-
nização, ressalta-se o papel dos veículos de imprensa. Esses 
veículos, ao publicarem uma notícia, atuam na associação 
e formação das crenças, das ideias, dos sentimentos e das 
impressões que uma pessoa ou um grupo tem ou passa a ter 
sobre aquela organização. Não obstante, a migração desses 
meios de comunicação para a Internet aumenta o volume de 
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informações em circulação e eleva o seu poder de influên-
cia, uma vez que é possível acessar dados e informações de 
qualquer lugar e a qualquer momento, de modo a expandir a 
comunicação entre as pessoas e as organizações.
Carolina Coelho da Silveira, Carla Bonato Marcolin e Carlos Henrique 
Rodrigues. Como somos vistos? Análise da imagem organizacional pública 
utilizando ciência de dados. Internet: (com 
adaptações)
Julgue o item a seguir, relativo a aspectos linguísticos do texto 
CG1A1-I.
Caso a forma verbal “há” (terceiro período do segundo parágra-
fo) fosse substituída por existem, a correção gramatical e o sen-
tido do texto seriam mantidos.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
114. (CEBRASPE-CESPE – 2024)
Há muitas especulações sobre qual meio de transporte 
teria sido “inventado” primeiro, desde o início da evolução 
humana, antes mesmo do surgimento da escrita. Referen-
temente a esse período, o fato é que muito pouco pode ser 
comprovado, o que nos deixa com algumas hipóteses e poucas 
certezas.
É provável que o ser humano tenha pensado em formas de 
solucionar problemas como transportar sua caça ou transpor 
obstáculos, mas afirmar com exatidão que isso se transformou 
em algum meio de transporte da forma como conhecemos 
hoje é bem mais complicado.
Sabemos que o homem pré-histórico se deslocava em fun-
ção do clima e da oferta de alimentos. Os pés humanos foram 
os primeiros responsáveis por esses deslocamentos. A melhor 
solução para o transporte a partir dessa época surgiu com a 
domesticação de animais selvagens. O homem pode ter nota-
do a facilidade de lidar com determinadas espécies animais a 
ponto de utilizar sua força para transportar seus pertences.
Oswaldo Dias dos Santos Junior. Transportes turísticos. Curitiba, 
InterSaberes, 2014, p. 20 (com adaptações)
Julgue o item subsequente, em relaçãoaos sentidos e aspectos 
linguísticos do texto precedente.
No início do texto, a substituição da forma verbal “Há” por Exis-
te manteria os sentidos do texto, seu grau de formalidade e sua 
correção gramatical.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
115. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1
A governabilidade refere-se à capacidade política de gover-
nar, que deriva da relação de legitimidade do Estado e do seu 
governo com a sociedade. Está presente quando a população 
legitima o exercício do poder pelo Estado. A legitimidade, nes-
se contexto, deve ser entendida como a aceitação do poder do 
governo ou do Estado pela sociedade.
Nesse sentido, os cidadãos e a cidadania organizada são 
a fonte ou a origem principal da governabilidade, ou seja, é a 
partir deles (e de sua capacidade de articulação em partidos, 
associações e demais instituições representativas) que surgem 
e se desenvolvem as condições para a governabilidade plena.
Vinculada à dimensão estatal, governabilidade diz respei-
to às condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá 
o exercício do poder, tais como as características do sistema 
político, a forma de governo, as relações entre os poderes, o 
sistema de intermediação de interesses. Representa, assim, 
um conjunto de atributos essenciais ao exercício do governo, 
sem os quais nenhum poder pode ser exercido.
Há três dimensões inerentes ao conceito de governabili-
dade: capacidade do governo de identificar problemas críticos 
e de formular políticas adequadas ao enfrentamento desses 
problemas, capacidade de mobilizar meios e recursos neces-
sários à execução e à implantação das políticas públicas e 
capacidade de liderança do Estado, sem a qual as decisões se 
tornam ineficientes. A governabilidade, então, significa que o 
governo deve tomar decisões amparadas em um processo que 
inclua a participação dos diversos setores da sociedade, dos 
poderes constituídos, das instituições públicas e privadas e dos 
segmentos representativos da sociedade, para garantir que as 
escolhas atendam aos anseios da sociedade e contem com seu 
apoio na implementação de programas e projetos e na fiscali-
zação dos serviços públicos.
Sob esse enfoque, significa a participação dos diversos 
setores da sociedade nos processos decisórios que dizem 
respeito às ações do poder público, uma vez que incorpora 
a articulação do aparelho estatal ao sistema político de uma 
sociedade, ampliando o leque possível e indispensável à legiti-
midade e ao suporte das ações governamentais em busca de 
sua eficácia.
Em resumo, governabilidade refere-se às condições do 
ambiente político em que se efetivam ou se devem efetivar as 
ações da administração, à base de legitimidade dos governos, à 
credibilidade e à imagem públicas da burocracia. Desse modo, 
o desafio da governabilidade consiste em conciliar os muitos 
interesses desses atores (na maioria, divergentes) e reuni-los 
em um objetivo comum (ou em vários objetivos comuns) a ser 
perseguido por todos. Assim, a capacidade de articular-se em 
alianças políticas e pactos sociais constitui-se em fator crítico 
para a viabilização dos objetivos do Estado. Essa tentativa de 
articulação que a governabilidade procura é uma forma de 
intermediação de interesses.
Thiago Antunes da Silva
Conceitos e evolução da administração pública: o desenvolvimento do papel 
administrativo, 2017. Internet: (com adaptações)
No que concerne aos aspectos linguísticos do texto CB1A1, jul-
gue o próximo item.
A correção gramatical do texto seria preservada caso o termo 
“públicas” (primeiro período do último parágrafo) estivesse fle-
xionado no singular, da seguinte forma: pública.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
116. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB3A1
Em 2007, o Brasil recebeu a exposição de anatomia intitula-
da Bodies revealed: fascinating + real, traduzida como Corpo 
humano: real e fascinante. Cerca de 670 mil pessoas de diver-
sas cidades brasileiras puderam visitar a exposição na qual os 
objetos expostos eram nada menos do que 16 cadáveres e 225 
órgãos humanos. Adentrar em um salão repleto de cadáveres 
estripados e mutilados deveria suscitar a mesma sensação de 
uma câmara dos horrores, já que os mortos são notoriamente 
objetos de tabu, fontes de mana, considerados impuros, peri-
gosos e, não raramente, repugnantes. Entretanto, os corpos 
dissecados da exposição, apresentados esfolados ou fatiados, 
inteiros ou em partes, eviscerados ou não, e tematicamente 
organizados em sistemas — esquelético, muscular, nervoso, 
respiratório, digestório, excretor, reprodutor, circulatório — 
eram tratados como objetos de “arte”. Ao contrário daqueles 
grandes vidros de formol que distorcem a imagem do seu 
conteúdo desbotado, largamente usados em laboratórios e 
museus para conservar restos biológicos, Bodies revealed é 
um espetáculo cadavérico no qual corpos dissecados e partes 
corporais — reduzidos a formas, cores e texturas — são espe-
tacularmente exibidos em pedestais, displays e caixas transpa-
rentes, distribuídos meticulosamente em espaços organizados 
e iluminados para realçar suas formas e cores.
Há um evidente sensacionalismo mórbido nas exposições 
de corpos humanos, visto que não haveria o mesmo impacto 
se os corpos expostos fossem sintéticos ou de animais. Isto 
evidencia o fato de que a relação que se estabelece entre nós, 
espectadores, e os cadáveres expostos tem uma dimensão 
social, distinta da que teríamos se fossem apenas modelos de 
plástico ou cera, ainda que reproduções perfeitas, ou de um 
cadáver animal, qualquer que seja a técnica de conservação. 
As exposições de corpos humanos até podem oferecer motiva-
ções mais nobres do que o simples entretenimento mórbido, 
mas sem abrirem mão da morbidez como peça fundamental 
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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do espetáculo. Com efeito, o tom geral daqueles que defen-
dem essas exposições apela para a utilidade educativa de se 
usarem corpos humanos reais, dissecados e modelados, em 
posições didáticas, pois essa técnica possibilita o acesso a 
“espécimes” cuja riqueza de detalhes e de informações era 
antes acessível apenas aos anatomistas.
Internet: (com adaptações)
A respeito de aspectos linguísticos do texto CB3A1, julgue o item 
que se segue.
Caso a forma verbal “tem” (segundo período do segundo pará-
grafo) fosse grafada com acento circunflexo — têm —, de forma 
a concordar com a expressão “os cadáveres expostos”, que a 
antecede, as relações sintáticas entre os termos seriam altera-
das, mas a correção gramatical seria mantida.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
117. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CG2A1-I
Até você terminar de ler este parágrafo, mais um aciden-
te de trabalho será notificado no Brasil. Em menos de quatro 
horas, mais uma pessoa morrerá em decorrência de um des-
ses acidentes. Segundo dados do Observatório de Segurança e 
Saúde no Trabalho (SmartLab), que consideram apenas regis-
tros envolvendo pessoas com carteira assinada, os acidentes 
e as mortes, no Brasil, cresceram nos últimos dois anos. Em 
2020, foram 446.881 acidentes de trabalho notificados; em 
2021, o número subiu 37%, alcançando 612.920 notificações. 
Em 2020, 1.866 pessoas morreram nessas ocorrências; no ano 
passado, foram 2.538 mortes, um aumento de 36%.
Na avaliação do ministro Alberto Balazeiro, as situações 
de precarização do trabalho tendem a gerar mais acidentes, e 
estudos mostram que trabalhadores terceirizados estão mais 
suscetíveis a condições de risco e à falta de políticas adequadas 
de prevenção. “Além disso, situações de crise levam emprega-
dores a, inadvertidamente, esquecer ou não investir em medi-
das de proteção coletiva e eliminação de riscos”, assinala.
Por ano, os acidentes de trabalho representam perdas 
financeiras na média de R$ 13 bilhões.O montante considera 
valores pagos pelo INSS em benefícios de natureza acidentária. 
Além disso, mais de 46 mil dias de trabalho são perdidos, con-
tabilizando-se todos aqueles em que as pessoas não trabalha-
ram em razão de afastamentos previdenciários acidentários.
Natália Pianegonda. Acidentes de trabalho matam ao menos uma pessoa 
a cada 3 h 47 min no Brasil. Justiça do Trabalho/CSJT. 28 abr. 2023 (com 
adaptações).
A respeito de aspectos linguísticos do texto CG2A1-I, julgue o 
item a seguir.
O sentido original e a correção gramatical do último período do 
texto seriam preservados se o trecho “Além disso, mais de 46 
mil dias de trabalho são perdidos” fosse assim reescrito: Além 
disso, perde-se mais de 46 mil dias de trabalho.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
118. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
Uma vez estabelecida a ordem política, a caminhada civili-
zatória deu seus primeiros passos e, com o início de sua orga-
nização em vilas, aldeias, comunas ou cidades, houve também 
a necessidade de criar poderes instrumentais para que alguns 
de seus integrantes gerissem os interesses coletivos. Os ins-
trumentos de controle surgiram, então, muito antes do Estado 
moderno e apontam para a Antiguidade.
No Egito, a arrecadação de tributos já era controlada por 
escribas; na Índia, o Código de Manu trazia normas de admi-
nistração financeira; o Senado Romano, com o auxílio dos 
questores, fiscalizava a utilização dos recursos do Tesouro; e, 
na Grécia, os legisperitos surgiram como embriões dos atuais 
tribunais de contas.
Com o nascimento do estado democrático de direito, tor-
na-se inseparável dele a ideia de controle, visto que, para que 
haja estado de direito, é indispensável que haja instituições 
e mecanismos hábeis para garantir a submissão à lei. Desde 
então, consolidou-se, majoritariamente, a existência de dois 
sistemas de controle no mundo: o primeiro, de origem anglo-
-saxã, denominado sistema de controladorias ou sistema de 
auditoriasgerais; e o segundo, de origem romano-germânica, 
denominado sistema de tribunais de contas.
A finalidade tradicional desses modelos de controle, que 
se convencionou chamar de entidade de fiscalização supe-
rior (EFS), é assegurar que a administração pública atue em 
consonância com os princípios que lhe são impostos pelo 
ordenamento jurídico, cuja finalidade principal é defender os 
interesses da coletividade. No Brasil, a arquitetura constitucio-
nal dedicou aos tribunais de contas essa tarefa.
Rodrigo Flávio Freire Farias Chamoun. Os tribunais de contas na era da 
governança pública:
focos, princípios e ciclos estratégicos do controle externo. Internet: (com adaptações).
Considerando as ideias e os aspectos linguísticos do texto pre-
cedente, julgue o item a seguir.
Sem prejuízo para a correção gramatical do segundo período 
do terceiro parágrafo, o segmento “consolidou-se” poderia ser 
substituído por consolidaram-se, caso em que a concordância 
verbal passaria a se dar com o termo “dois sistemas de controle”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
119. (CEBRASPE-CESPE – 2022) 
A comunicação tem-se transformado em um setor estratégico 
da economia, da política e da cultura. Da guerra, ela sempre o foi. 
A inclusão da informação e da comunicação nas estratégias bélicas 
tem aumentado no correr de milênios.
No século VII a.C., o chinês Sun Tzu, em A arte da guerra, dizia 
que “toda guerra é embasada em dissimulação”, referindo-se à 
distribuição de informações falsas. Contudo, quem mais desenvol-
veu esse conceito foi o general prussiano Carl von Clausewitz, em 
seu amplo tratado Da guerra (Vom Kriege), publicado em 1832. No 
capítulo VI, Clausewitz afirma: “Grande parte das notícias recebidas 
na guerra é contraditória, uma parte ainda maior é falsa e a maior 
parte de todas é incerta. Em suma, a maioria das notícias é falsa, e o 
medo do ser humano reforça a mentira e a inverdade. As pessoas 
conscientes que seguem as insinuações alheias tendem a perma-
necer indecisas no lugar; acreditam ter encontrado as circunstân-
cias distintas do que imaginavam. Na guerra, tudo é incerto, e os 
cálculos devem ser feitos com meras grandezas variáveis. Eles dire-
cionam a observação apenas para magnitudes materiais, enquan-
to todo o ato de guerra está imbuído de forças e efeitos espirituais”.
Trata-se de desinformar, e não de informar. A desinformação é 
a informação falsa, incompleta, desorientadora. É propagada para 
enganar um público determinado. Seu fim último é o isolamento 
do inimigo em um conflito concreto, é o de mantê-lo em um cerco 
informativo. Os nazistas levaram essa estratégia do engano quase 
à perfeição.
Atualmente, pratica-se tanto o cerco econômico, militar e 
diplomático quanto o informativo. Já não se trata apenas de isolar 
o inimigo. As novas tecnologias permitem aos militares intervir nos 
conflitos bélicos a distância, direcionando até mesmo os foguetes 
com a ajuda de GPS, a partir de um satélite. A telecomunicação mili-
tar apoiada em satélites e a eletrônica determinarão as guerras do 
futuro imediato. Fala-se já de bombas eletrônicas (E) que podem 
paralisar estabelecimentos neurais da sociedade moderna, como 
hospitais, centrais elétricas, oleodutos etc., destruindo os seus cir-
cuitos eletrônicos. Parece que hoje já se pode fazer a guerra sem 
bombas atômicas. As bombas E do tipo FCG (flux compression 
generator — gerador de compressão de fluxo), cujo emprego não 
está limitado às grandes potências bélicas, têm o mesmo efeito e 
fazem parte dos arsenais de alguns exércitos, e consistem em com-
primir, mediante uma explosão, um campo eletromagnético, como 
um raio, sem os custos, os efeitos colaterais ou o enorme alcance 
de um dispositivo de pulso eletromagnético nuclear.
Vicente Romano. Presente e futuro imediato das telecomunicações. São 
Paulo em Perspectiva. Internet: (com adaptações).
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
LÍ
N
G
U
A
 P
O
RT
U
G
U
ES
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Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto 
CB4A1-I, julgue o próximo item.
No terceiro período do primeiro parágrafo, seria gramatical-
mente correto incluir acento diferencial na forma verbal “tem” 
— escrevendo-se têm — a fim de que a concordância verbal pas-
sasse a ser estabelecida com os termos “da informação” e “da 
comunicação”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
120. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
É notável que todo o percurso filosófico desenvolvido por 
Karl Popper trouxe grandes contribuições para a epistemolo-
gia da primeira metade do século XX, bem como críticas ao 
positivismo lógico, pensamento que era considerado na época 
como imperioso. Nas páginas das obras do filósofo austríaco, 
constata-se não só seu incômodo perante os problemas da 
indução e do verificacionismo, mas também a preocupação 
epistemológica, ética, social e política, isto é, formas de veri-
ficar e observar — empirismo — os objetos na natureza de 
modo racional. Essas questões pressupõem não somente seu 
modo de compreender e tentar solucionar problemas filosófi-
cos, mas também o que foi enfatizado diversas vezes em seus 
escritos, que é esta a proposta da busca de um mundo melhor: 
a defesa de uma sociedade aberta, crítica e libertária. De início, 
vale considerar a análise da tolerância como fundamento do 
método falseacionista, do racionalismo crítico e da prática polí-
tica no pensamento de Karl Popper.
Nancy Nunes de Souza e Bortolo Valle. Karl Popper: conhecimento e 
tolerância. Curitiba: CRV, 2017 (com adaptações).
No que se refere às ideias e a aspectos linguísticos do texto 
anterior, julgue o item a seguir.
No primeiro período, faz-se um elogio à obra de Karl Popper 
pelo emprego do adjetivo “notável”, o qual estabelece concor-
dância com o termo “todo o percurso filosófico desenvolvido 
por Karl Popper”, qualificando-o.( ) CERTO  ( ) ERRADO
121. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-II
As plantas, os animais domésticos e os produtos deles 
obtidos (frutas, ervas, carnes, ovos, queijos etc.) pertencem 
aos mais antigos produtos comercializáveis. A palavra latina 
para dinheiro, pecunia, deriva da relação com o gado (pecus). 
Esse comércio é provavelmente tão antigo quanto a divisão do 
trabalho entre agricultores e criadores de gado. Embora ini-
cialmente o comércio e a distribuição econômica de produtos 
de colheita fossem geograficamente bem delimitados, eles 
conduziram a uma difusão cada vez mais ampla das semen-
tes, desenvolvendo-se, então, um número cada vez maior de 
variações. Sem milênios de constantes contatos entre os povos 
e sem o trânsito intercontinental, o nosso cardápio teria uma 
aparência bastante pobre. Das aproximadamente trinta plan-
tas que constituem os recursos de nossa alimentação básica, 
quase todas têm sua origem fora da Europa e provêm, pre-
dominantemente, de regiões que hoje enumeramos entre os 
países em desenvolvimento.
Já que hoje as plantas nutritivas domésticas são cultivadas 
em praticamente todas as regiões habitadas, a humanida-
de também poderia alimentar-se, se o comércio de produtos 
agrários se limitasse a áreas menores, de proporção regional. 
O transporte de gêneros alimentícios por distâncias maiores 
se justifica, em primeiro lugar, para prevenir e combater epide-
mias de fome. Há, sem dúvida, uma série de razões ulteriores 
em favor do comércio mundial de gêneros alimentícios: a falta 
de arroz, chá, café, cacau e muitos temperos em nossos super-
mercados levaria a um significativo empobrecimento da culi-
nária, coisa que não se poderia exigir de ninguém. O comércio 
internacional com produtos agrícolas aporta, além disso, às 
nações exportadoras a entrada de divisas, facilitando o paga-
mento de dívida. E, em muitos lugares, os próprios trabalhado-
res rurais e pequenos agricultores tiram proveito da venda de 
seus produtos a nações de alta renda, sobretudo quando ela 
ocorre segundo os critérios do comércio equitativo.
Thomas Kelssering. Ética, política e desenvolvimento humano: a justiça na 
era da globalização. Tradução: Benno Dischinger. Caxias do Sul, RS: EDUCS, 
2007, p. 209-10 (com adaptações).
Considerando as ideias e propriedades linguísticas do texto 
CG1A1-II, julgue o próximo item.
No último período do primeiro parágrafo, as formas verbais 
“têm” e “provêm” estabelecem concordância com o mesmo ter-
mo: “todas”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
122. (CEBRASPE-CESPE – 2022) 
Você já deu uma olhada nas classificações internacionais 
de países mais felizes do mundo recentemente? Mensurar o 
subjetivo nível de felicidade de um país tem se tornado um 
verdadeiro esporte internacional. As pessoas olham com inte-
resse (e um pouco de ciúmes) para nações como a Dinamarca, 
que costumam aparecer no topo das listas.
Mas viver em uma das nações mais felizes do mundo é 
tudo isso? O que acontece se você luta para encontrar ou man-
ter a felicidade em um mar de pessoas (supostamente) felizes?
Em certa pesquisa publicada em uma revista científica, des-
cobriu-se que, nos países com os mais altos níveis de felicida-
de, as pessoas também são mais propensas a experimentarem 
certo mal-estar diante da pressão social para serem felizes. 
Dessa forma, viver em países felizes pode ser algo bom para 
muitos, mas para outros pode representar um fardo e ter um 
efeito oposto.
Em outra pesquisa, foram entrevistadas 7.443 pessoas de 
40 países sobre bem-estar emocional, satisfação com a vida 
(bem-estar cognitivo) e reclamações de humor (bem-estar clíni-
co). Depois, suas respostas foram comparadas com as percep-
ções delas sobre a pressão social para a positividade. O que se 
descobriu confirmou resultados prévios. Quando as pessoas 
afirmam sentir pressão para serem felizes e evitar a tristeza, 
elas tendem a apresentar déficits na saúde mental, ou seja, 
elas sentem uma menor satisfação com a própria vida, mais 
emoções negativas, menos emoções positivas e altos níveis de 
depressão, ansiedade e estresse.
Brock Bastian e Egon Dejonckheere. Países com maiores índices de 
felicidade podem tornar pessoas infelizes. Internet: (com adaptações).
Julgue o seguinte item, relativo às ideias e a aspectos linguísti-
cos do texto anterior.
No primeiro parágrafo, a forma verbal “costumam”, em “costu-
mam aparecer”, está empregada no plural porque estabelece 
concordância com o termo “As pessoas”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
123. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
A Casa de Detenção Feminina era antiquada, embolorada, 
lúgubre e sombria. O chão da sala de admissão era de cimento, 
sem pintura, com a sujeira dos sapatos de milhares de prisio-
neiras, policiais e inspetoras de polícia incrustada na superfície.
Disseram para eu me sentar no banco da frente, na fileira 
da direita. De repente, ouviu-se um estrondo do lado de fora 
do portão. Várias mulheres se aproximavam da entrada, espe-
rando que o portão de ferro se abrisse.
Enquanto as mulheres que tinham voltado do tribunal 
estavam em pé do lado de fora dos portões de ferro, fui levada 
para fora da sala. Lá, havia o mesmo piso de cimento imundo, 
paredes de azulejos amarelados descorados e duas escriva-
ninhas velhas de escritório. Uma inspetora branca e robusta 
estava no comando. Quando eu descobri, entre os papéis gru-
dados na parede, um cartaz de pessoas procuradas pelo FBI 
com a minha fotografia e descrição, ela o arrancou de lá.
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Eu ainda estava esperando naquela sala suja quando hou-
ve a troca de turno. Outra agente prisional foi enviada para 
me vigiar. Ela era negra, jovem — mais nova do que eu —, usa-
va cabelos crespos naturais e, ao se aproximar, não demons-
trou nenhum tipo de arrogância. Foi uma experiência que me 
desarmou. No entanto, não foi o fato de ela ser negra que me 
surpreendeu, foi seu comportamento: sem agressividade e 
aparentemente solidário.
Imaginando que eu pudesse ser capaz de obter dela alguma 
informação sobre a minha situação, perguntei por que a demora 
era tão longa. Ela não sabia detalhes, disse, mas achavaque esta-
vam tentando decidir como me manteriam separada da popula-
ção prisional. Seu pressentimento era de que eu seria colocada 
na área da prisão reservada para mulheres com transtornos psi-
cológicos. Olhei para ela com incredulidade. Para mim, prisão era 
prisão — não existia gradação de melhor ou pior.
Angela Y. Davis. Uma autobiografia. Heci Regina Candiani (Trad.). 1.ª ed. São 
Paulo: Boitempo, 2019 (com adaptações)
Com referência às ideias e aos aspectos linguísticos do texto 
precedente, julgue o item a seguir.
Sem prejuízo da correção gramatical do texto, a primeira ocorrência 
da preposição “de”, no trecho “com a sujeira dos sapatos de milha-
res de prisioneiras”, poderia ser substituída por “dos”, da seguinte 
forma: com a sujeira dos sapatos dos milhares de prisioneiras.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
124. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1
A palavra sonho significa muitas coisas diferentes: “o sonho 
da minha vida” e “meu sonho de consumo” são expressões 
usadas pelas pessoas para dizer que pretendem ou consegui-
ram alcançar algo. Todo mundo tem um sonho, no sentido de 
plano futuro. Todo mundo deseja algo que não tem. Por que 
será que o sonho, fenômeno normalmente noturno que tanto 
pode evocar o prazer quanto o medo, é justamente a palavra 
usada para designar tudo aquilo que se quer ter?
O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas de 
que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos, a moti-
vação íntima de nossa ação exterior. Desejo é o sinônimo mais 
preciso da palavra “sonho”. Na área de desembarque de um aero-
porto nos Estados Unidos, uma foto enorme de um casalbelo e 
sorridente, velejando num mar caribenho em dia ensolarado, sob 
a frase enigmática: “Aonde seus sonhos o levarão?”, embaixo o 
logotipo da empresa de cartão de crédito. Deduz-se do anúncio 
que os sonhos são como veleiros, capazes de levar-nos a lugares 
idílicos, perfeitos, altamente… desejáveis. As equações “sonho é 
igual a desejo, que é igual a dinheiro” têm como variável oculta 
a liberdade de ir, ser e principalmente ter, liberdade que até os 
mais miseráveis podem experimentar no mundo de regras frou-
xas do sonho noturno, mas que no sonho diurno é privilégio ape-
nas dos detentores de um mágico cartão plástico.
Entretanto, a rotina do trabalho diário e a falta de tempo para 
dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalhadores, são 
cruciais para o mal-estar da civilização contemporânea. É gritante 
o contraste entre a relevância motivacional do sonho e sua bana-
lização no mundo industrial globalizado. No século XXI, a busca 
pelo sono perdido envolve rastreadores de sono, colchões high-
-tech, máquinas de estimulação sonora, pijamas com biossenso-
res, robôs para ajudar a dormir e uma cornucópia de remédios. A 
indústria da saúde do sono, um setor que cresce aceleradamen-
te, tem valor estimado entre 30 bilhões e 40 bilhões de dólares. 
Mesmo assim impera a insônia. Se o tempo é sempre escasso, 
se despertamos diariamente com o toque insistente do desperta-
dor, ainda sonolentos e já atrasados para cumprir compromissos 
que se renovam ao infinito, se tão poucos se lembram de que 
sonham pela simples falta de oportunidade de contemplar a vida 
interior, quando a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a 
duvidar da sobrevivência do sonho.
E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel, sonha-se 
sofregamente apesar das luzes e dos ruídos da cidade, da inces-
sante faina da vida e da tristeza das perspectivas.
Sidarta Ribeiro. O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho São Paulo: 
Companhia das Letras, 2019, p. 19-20 (com adaptações)
Considerando os aspectos linguísticos do texto CB1A1, julgue o 
item seguinte.
No trecho “a rotina do trabalho diário e a falta de tempo para 
dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalhadores, 
são cruciais para o mal-estar da civilização contemporânea”, o 
pronome “que” exerce a função de sujeito das formas verbais 
“acometem” e “são”, as quais estão empregadas no plural por-
que concordam com o antecedente desse pronome: o sujeito 
composto “a rotina do trabalho diário e a falta de tempo”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
125. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
Assim como todas as florestas, os trechos arborizados 
do Ártico às vezes se incendeiam. Mas, ao contrário de mui-
tas florestas localizadas em latitudes médias, que prosperam 
ou até mesmo necessitam de fogo para preservar sua saúde, 
as florestas árticas evoluíram para que queimassem apenas 
esporadicamente.
As mudanças climáticas, contudo, estão remodelando essa 
frequência. Na primeira década do novo milênio, os incêndios 
queimaram, em média, 50% mais área plantada no Ártico por 
ano do que em qualquer outra década do século XX. Entre 
2010 e 2020, a área queimada continuou a aumentar, princi-
palmente no Alasca, tendo 2019 sido um ano ruim em relação 
aos incêndios na região; além disso, o ano de 2015 foi o segun-
do pior ano da história do local. Os cientistas descobriram que 
a frequência de incêndios atual é mais alta do que em qual-
quer outro momento desde a formação das florestas boreais, 
há cerca de três mil anos, e possivelmente seja a maior nos 
últimos 10 mil anos.
Os incêndios nas florestas boreais podem liberar ainda 
mais carbono do que incêndios semelhantes em locais como 
Califórnia ou Europa, porque os solos sob as florestas em lati-
tude elevada costumam ser compostos por turfa antiga, que 
possui carbono em abundância. Em 2020, os incêndios no Árti-
co liberaram quase 250 megatoneladas de dióxido de carbono, 
cerca da metade emitida pela Austrália em um ano em decor-
rência das atividades humanas e cerca de 2,5 vezes mais do 
que a histórica temporada recordista de incêndios florestais 
de 2020 na Califórnia.
Internet: (com adaptações)
No que se refere às ideias e aos aspectos linguísticos do texto 
anterior, julgue o item que se seguem.
No parágrafo, a forma verbal “podem” está flexionada no plural 
porque concorda com “florestas boreais”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
126. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CG1A1-I
A teoria das causas cerebrais dos transtornos mentais pas-
sou gradualmente a ironizar tudo o que se relacionava com a 
forma de vida do sujeito, compreendida como unidade entre 
linguagem, desejo e trabalho. As narrativas de sofrimento da 
comunidade ou dos familiares com quem se vive, a própria 
versão do paciente, o seu “lugar de fala” diante do transtorno, 
tornaram-se epifenômenos, acidentes que não alteram a rota 
do que devemos fazer: correção educacional de pensamentos 
distorcidos e medicação exata.
Quarenta anos depois, acordamos em meio a uma crise 
global de saúde mental, com elevação de índices de suicídio, 
medicalização massiva receitada por não psiquiatras e insufi-
ciência de recursos para enfrentar o problema.
Esse é o custo de desprezar a cultura como instância gera-
dora de mediações de linguagem necessárias para que enfren-
temos o sofrimento antes que ele evolua para a formação de 
sintomas. Esse é o desserviço dos que imaginam que teatro, 
literatura, cinema e dança são apenas entretenimento acessó-
rio — como se a ampliação e a diversidade de nossa experiência 
cultural não fossem essenciais para desenvolver capacidade de 
escuta e habilidades protetivas em saúde mental. Como se eles 
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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não nos ensinassem como sofrer e, reciprocamente, como tratar 
o sofrimento no contexto coletivo e individual do cuidado de si.
Christian Dunker. A Arte da quarentena para principiantes
São Paulo: Boitempo, 2020, p. 32-33 (com adaptações)
Julgue o próximo item, relativos aos sentidos e aos aspectos lin-
guísticos do texto CG1A1-I. No parágrafo, o termo “tornaram-se” 
concorda com “narrativas”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
127. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto 14A1-I
As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equiva-
lentes quanto ao que podem expressar, e o fazem com igual 
facilidade (embora lançando mão de recursos bem diferentes). 
Entretanto, dois fatores dificultam a aplicação de algumas lín-
guas a certos assuntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulá-
rio; outro, subjetivo, a existência de preconceitos.
É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma 
língua dos méritos (culturais, científicos ou literários) daquilo 
que ela serve para expressar. Por exemplo, se a literatura fran-
cesa é particularmente importante, isso não quer dizer que a 
língua francesa seja superior às outras línguas para a expres-
são literária. O desenvolvimento de uma literatura é decor-
rência de fatores históricos independentes da estrutura da 
língua; a qualidade da literatura francesa diz algo dos méritos 
da cultura dos povos de língua francesa, não de uma imaginá-
ria vantagem literária de se utilizar o francês como veículo de 
expressão. Victor Hugo poderia ter sido tão importante quanto 
foi mesmo se falasse outra língua — desde que pertencesse a 
uma cultura equivalente, em grau de adiantamento, riqueza de 
tradição intelectual etc., à cultura francesa de seu tempo.
Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos cien-
tíficos da contemporaneidade são as instituições e os pesqui-
sadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica 
internacional. Todavia, se os fatores históricos que produziram 
a supremacia científica norte-americana se tivessem verificado, 
por exemplo, na Holanda,o holandês nos estaria servindo exa-
tamente tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês 
traços estruturais intrínsecos que o façam superior ao holandês 
como língua adequada à expressão de conceitos científicos.
Não se conhece caso em que o desenvolvimento da supe-
rioridade literária ou científica de um povo possa ser claramen-
te atribuído à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, 
as grandes literaturas e os grandes movimentos científicos 
surgem nas grandes nações (as mais ricas, as mais livres de 
restrições ao pensamento e também — ai de nós! — as mais 
poderosas política e militarmente). O desenvolvimento dos 
diversos aspectos materiais e culturais de uma nação se dá 
mais ou menos harmoniosamente; a ciência e a arte são tam-
bém produtos da riqueza e da estabilidade de uma sociedade.
O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de 
não desenvolverem vocabulário técnico e científico suficiente 
para acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem che-
gar a ser muito grande, os próprios falantes acabarão optando 
por utilizar uma língua estrangeira ao tratarem de assuntos 
científicos e técnicos.
Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua para fazer ciência). In: 
Ciência Hoje, 1994 (com adaptações)
A respeito dos aspectos gramaticais do texto 14A1-I, julgue o 
item a seguir.
No parágrafo, o vocábulo “produtos” está flexionado no plural 
porque concorda com o sujeito composto “a ciência e a arte”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ COERÊNCIA. COESÃO (ANÁFORA, CATÁFORA, 
USO DOS CONECTORES — PRONOMES 
RELATIVOS, CONJUNÇÕES ETC.)
Leia o texto a seguir para responder às questões 128 a 130.
 Texto 20A1-I
Um contraste não menos nítido que o da oposição dos 
sexos é o fornecido pela oposição das classes em determinada 
sociedade, a qual tende a se revelar por meio de certos sinais 
exteriores como a vestimenta, as maneiras, a linguagem, che-
gando mesmo a refletir-se no modo pelo qual as pessoas se 
distribuem no espaço geográfico.
É assim que podemos, por assim dizer, visualizar as sutis 
diferenças que separam os seres entre si, pois elas aqui e ali 
se petrificam, as diversas áreas residenciais urbanas simboli-
zando as diversas classes sociais, os indivíduos espalhando-se 
pelos bairros de uma cidade de acordo com os grupos a que 
pertencem, como se procurassem, através de uma unidade 
local, reforçar a identidade de usos e costumes, de hábitos e 
mentalidade. Como se, numa existência de aproximação cons-
tante e frequente confusão de seres de estratos diversos a que 
a vida urbana nos obriga, fosse necessário, para preservar uma 
demarcação social existente, mas ameaçada, reforçar a todo 
momento uma realidade imponderável, cuja exteriorização 
conferisse a cada um uma segurança maior.
No entanto, à maneira de uma radiografia que nos reve-
la, na sua nitidez, detalhes imperceptíveis ao olho nu, mas 
que, sendo estática, não retém a vida, o palpitar do coração, 
o fluir constante do sangue nas artérias, enfim, os fenômenos 
fisiológicos que se produzem no interior do nosso corpo, os 
esquemas da sociedade também não nos fazem suspeitar a 
luta surda e subterrânea dos grupos, a ininterrupta substitui-
ção dos indivíduos num arcabouço mais ou menos fixo.
Pois a separação de classes não é rígida como a que existe 
entre as castas. A classe é aberta e percorrida por um movi-
mento contínuo de ascensão e descida, o qual afeta constan-
temente a sua estrutura, colocando os indivíduos de maneira 
diversa, uns em relação aos outros. A sociedade do século XIX, 
ao contrário daquela que a precedeu, não opõe mais, nem 
mesmo entre a burguesia e a nobreza, barreiras intransponí-
veis, preservadas pelo próprio Estado por meio das leis suntuá-
rias ou das questões de precedência e de nível.
Essa possibilidade nova de comunicação entre os grupos 
substitui a antiga fixidez, ou melhor, a fixidez relativa da estru-
tura social, por uma constante mobilidade, fazendo com que a 
sociedade se assemelhe, na admirável comparação de Proust, 
“aos caleidoscópios que giram de tempos em tempos, colocan-
do sucessivamente de maneira diversa elementos que acredi-
távamos imóveis, e compondo uma outra figura”.
Gilda de Melo e Sousa. O espírito das roupas: a moda no século XIX. São 
Paulo/Rio de Janeiro: Cia das Letras/Ouro Sobre Azul, 2019, p. 111-112. (com 
adaptações)
Considerando as relações coesivas e de sentido entre termos 
empregados no texto 20A1-I, julgue os itens a seguir.
128. (CEBRASPE-CESPE – 2023) No trecho “confusão de seres 
de estratos diversos” (segundo parágrafo), o vocábulo “estratos” 
está, sintática e semanticamente, vinculado a “seres” por uma 
relação de contraste.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
129. (CEBRASPE-CESPE – 2023) No último parágrafo, a palavra 
“nova” qualifica uma novidade empreendida em tempo passado 
ao da produção do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
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130. (CEBRASPE-CESPE – 2023) As expressões “por assim dizer” 
(segundo parágrafo) e “enfim” (terceiro parágrafo) são emprega-
das, no texto, com funções textuais e significados equivalentes.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
131. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB3A1-I
Ao final do período de revoluções e guerras que caracteriza-
ram a virada do século XVIII para o XIX, os recém-emancipados paí-
ses da América e os antigos Estados europeus se viram diante da 
necessidade de criar estruturas de governo, marcando a transição 
do Antigo Regime ao constitucionalismo e do colonialismo à inde-
pendência. Os arquitetos da nova ordem se inspiraram em fontes 
antigas e modernas: de Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) e Políbio 
(c.200 a.C. – c.118 a.C.) a John Locke (1632 – 1704) e Montesquieu 
(1689 – 1755). Um dos principais problemas com os quais lideran-
ças e pensadores políticos se confrontaram estava materializado 
em uma passagem do poeta satírico romano Juvenal (c.55 – c.127), 
em que se lê: “Quis custodiet ipsos custodes?”, traduzida como 
“Quem vigia os vigias?” ou “Quem controla os controladores?”.
“Uma coisa é teorizar sobre a separação em três poderes, 
como lemos em Montesquieu. Outra coisa é colocar em prática”, 
observa a historiadora Monica Duarte Dantas, do Instituto de 
Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. “Aí surgem os 
problemas, porque um poder pode tentar assumir as atribuições 
de outro. Não era possível antever todas as questões que iriam 
aparecer, até porque havia assuntos que diziam respeito a mais 
de um poder. Na prática, era preciso definir a quem competia o 
quê. Essas questões emergiram rapidamente nos séculos XVIII e 
XIX, quando se tentou colocar em prática a separação de poderes.”
Alguém que acompanhasse os trabalhos de elaboração de 
textos constitucionais no início do século XIX não necessariamen-
te apostaria que, ao final desse período, estaria consolidado um 
modelo de organização do Estado em que o poder se desdobraria 
em três partes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, conforme 
apresentado pelo filósofo francês Montesquieu em O espírito das 
leis (1748). Havia projetos com quatro, cinco ou até mais pode-
res. Na França, o filósofo político franco-suíço Benjamin Constant 
(1767 – 1830) imaginou meia dezena: o Judiciário, o Executivo, dois 
poderes representativos, correspondentes ao Legislativo — o da 
opinião (Câmara Baixa) e o da tradição (Câmara Alta) —, e um 
poder “neutro”, exercido pelo monarca. O revolucionário vene-
zuelano Simon Bolívar (1783 – 1830) chegou a formular a ideia, 
em 1819, de um “poder moral” que deveria cuidar, sobretudo, de 
educação.
As mesmas preocupações estavam na cabeça dos deputa-
dos na primeira Assembleia Constituinte do Brasil, em 1823. Até 
que, em novembro, o conflito de poderes se concretizou: tropas 
enviadas pelo imperador Dom Pedro I (1789 – 1834) dissolveramÆ EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS DA ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS NO CENÁRIO MUNDIAL ........................... 132
 Æ EVOLUÇÃO DA ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS NO CONTEXTO NACIONAL ..................................................132
 Æ OBJETIVOS, FUNÇÕES E DESAFIOS DA ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS ..........................................................132
 Æ GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE PESSOAS .................................. 133
 Æ PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE DE LINHA E FUNÇÃO DE STAFF ..............................................................134
 Æ SUBSISTEMAS DE GESTÃO DE PESSOAS ................................................................................................................135
 Æ RECRUTAMENTO (GESTÃO DE PESSOAS) ..............................................................................................................135
 Æ SELEÇÃO (GESTÃO DE PESSOAS) ...........................................................................................................................135
 Æ ANÁLISE E DESENHO DE CARGOS ..........................................................................................................................135
 Æ DESEMPENHO ............................................................................................................................................................135
 Æ REMUNERAÇÃO (ADMINISTRAÇÃO GERAL) .........................................................................................................137
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 Æ BENEFÍCIOS E INCENTIVOS ......................................................................................................................................137
 Æ TREINAMENTO, DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO (TDEE) ..............................................................................137
 Æ GABARITO ...................................................................................................................................................................137
GESTÃO DE CONTRATOS ...................................................................................... 139
 Æ DIREITO ADMINISTRATIVO — DURAÇÃO DOS CONTRATOS (ARTS. 105 A 114 DA LEI Nº 14.133, 
DE 2021) .......................................................................................................................................................................139
 Æ EXECUÇÃO DOS CONTRATOS (ARTS. 115 A ART. 123 DA LEI Nº 14.133, DE 2021) ........................................139
 Æ INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 5, DE 2017 (ANTIGA IN Nº 2, DE 2008) ...............................................................140
 Æ DIREITO CIVIL — PRINCÍPIOS CONTRATUAIS NO CÓDIGO CIVIL .....................................................................141
 Æ CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS .........................................................................................................................141
 Æ PRELIMINARES E DA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS (ARTS. 421 A 435) .........................................................141
 Æ DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS (ARTS. 441 A 446) ......................................................................................................141
 Æ A EVICÇÃO (ARTS. 447 A 457) ...................................................................................................................................141
 Æ CONTRATO PRELIMINAR (ARTS. 462 A 466) .........................................................................................................141
 Æ DO DISTRATO E DA CLÁUSULA RESOLUTIVA (ARTS. 472 A 475) .......................................................................142
 Æ EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO (ARTS. 476 E 477) .........................................................................142
 Æ DA RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA (ARTS. 478 A 480) ...............................................................142
 Æ QUESTÕES MESCLADAS DOS CONTRATOS EM GERAL (ARTS. 421 A 480) ......................................................142
 Æ GABARITO ...................................................................................................................................................................142
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LÍNGUA PORTUGUESA
 Æ ORTOGRAFIA - CASOS GERAIS E EMPREGO DAS 
LETRAS
1. (CEBRASPE-CESPE – 2022) A palavra “consequências ”pode 
ser grafada, de acordo com a ortografia oficial, com o uso do 
trema: conseqüências.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ ACENTUAÇÃO
2. (CEBRASPE-CESPE – 2023) As palavras ‘lá’ e ‘também’ são 
acentuadas graficamente em razão de regras de acentuação 
distintas.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
3. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Os vocábulos “fáceis” e “possíveis” 
recebem acento por serem paroxítonas terminadas em ditongo 
oral.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
4. (CEBRASPE-CESPE – 2023)
Em 1978, recebi o título de doutor honoris causa da Sor-
bonne. Dei, então, um testemunho pessoal, aproveitando a 
oportunidade única de autoapreciação que a velha Universida-
de me abria. Sendo quem sou, jamais a perderia.
“Senhoras e senhores:
Obrigado. Muito obrigado pelo honroso título que me 
conferem. Eu me pergunto se o mereci. Talvez sim, não, cer-
tamente, por qualquer feito, ou qualidade minha. Sim, como 
consolidação de meus muitos fracassos.
Fracassei como antropólogo no propósito mais generoso 
que me propus: salvar os índios do Brasil. Sim, simplesmente 
salvá-los. Isto foi o que quis. Isto é o que tento há trinta anos. 
Sem êxito.
Fracassei também na minha principal meta como Ministro 
da Educação: a de pôr em marcha um programa educacional 
que permitisse escolarizar todas as crianças brasileiras. Elas 
não foram escolarizadas. Menos da metade das nossas crian-
ças completam quatro séries de estudos primários.
Fracassei, por igual, nos dois objetivos maiores que me 
propus como político e como homem do governo: o de realizar 
a reforma agrária e de pôr sob o controle do Estado o capital 
estrangeiro de caráter mais aventureiro e voraz.
Outro fracasso meu, nosso, que me dói especialmente 
rememorar neste augusto recinto da Sorbonne foi o de rei-
tor da Universidade de Brasília. Tentamos lá, com o melhor 
da intelectualidade brasileira, e tentamos em vão, dar à nova 
capital do Brasil a universidade necessária ao desenvolvi-
mento nacional autônomo. Ousamos ali — e esta foi a maior 
façanha da minha geração — repensar radicalmente a univer-
sidade, como instituição central da civilização, com o objetivo 
de refazê-la desde as bases. Refazê-la para que, em vez de ser 
universidade-fruto, reflexo do desenvolvimento social e cultu-
ral prévio da sociedade que mantém, fosse uma universidade-
-semente, destinada a cumprir a função inversa, de promover 
o desenvolvimento.
Nosso propósito era plantar na cidade-capital a sede da 
consciência crítica brasileira que para lá convocasse todo o 
saber humano e todo élan revolucionário, para a única missão 
que realmente importa ao intelectual dos povos que fracassa-
ram na história: a de expressar suas potencialidades por uma 
civilização própria.
O que pedíamos à Universidade de Brasília é que se orga-
nizasse para atuar como um acelerador da história, que nos 
ajudasse a superar o círculo vicioso do subdesenvolvimen-a assembleia. Em março do ano seguinte, quando o imperador 
outorgou a primeira Constituição brasileira, ela se afastava pouco 
do projeto elaborado em 1823, mas continha uma diferença cru-
cial: os poderes eram quatro e incluíam um Moderador.
Entretanto, só em dois países esse quarto poder chegou a 
ser formalmente inscrito no texto constitucional, como uma ins-
tituição em separado. O Brasil, com o título 5.º da Constituição de 
1824, e Portugal, em 1826, com a Carta Constitucional outorgada 
também por Dom Pedro — em Portugal, IV, e não I —, no breve 
período de seis dias em que acumulou a coroa de ambos os paí-
ses. As funções do Poder Moderador, tanto na doutrina de Cons-
tant quanto na Constituição brasileira, guardam semelhanças com 
algumas das funções que hoje cabem às cortes supremas — no 
Brasil, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Trata-se de garantir que 
a atuação dos poderes, seja na formulação de leis, seja na admi-
nistração pública ou no julgamento de casos, não se choque com 
as normas constitucionais.
Diego Viana. Experimentação constitucional fomentou criação de Poder 
Moderador. In: Revista Pesquisa FAPESP, ago./2022 (com adaptações)
Em relação a aspectos linguísticos e à estruturação do texto 
CB3A1-I, julgue o item subsequente. No segundo período do 
quinto parágrafo, o vocábulo “que” retoma “Dom Pedro”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
132. (CEBRASPE-CESPE – 2023)
O papel fundante da memória dos mortos para o desenvol-
vimento da cultura teve algo de acidental, pois o mecanismo 
poderoso de propagação dos hábitos, das ideias e dos com-
portamentos dos ancestrais foi o afeto. A lembrança de quem 
partiu, bem visível nos chimpanzés, que se enlutam quando 
perdem um ente querido, tornou-se uma marca indelével de 
nossa espécie. Isso não aconteceu sem contradições, é claro. 
Com o amor pelos mortos surgiu também o medo deles. Do 
Egito a Papua-Nova Guiné, em distintos momentos e lugares, 
floresceram rituais para neutralizar, apaziguar e satisfazer aos 
espíritos desencarnados. Na Inglaterra medieval, temiam-se 
tanto os mortos que cadáveres eram mutilados e queimados 
para se garantir sua permanência nas covas. Entre os Yanoma-
mi, a queima dos pertences é uma parte essencial dos rituais 
fúnebres. A Igreja Católica até hoje considera que os restos 
mortais dos santos são valiosas relíquias religiosas.
A propagação dos memes de entidades espirituais foi, 
portanto, impulsionada pelos afetos positivos e negativos em 
relação aos mortos. Foi a memória das técnicas e dos conhe-
cimentos carregados pelos avós e pais falecidos que transfor-
mou esse processo em algo adaptativo, um verdadeiro círculo 
virtuoso simbólico. Não é exagero dizer que o motor essencial 
da nossa explosão cultural foi a saudade dos mortos. A cren-
ça na autoridade divina para orientar decisões humanas levou 
a um acúmulo acelerado de conhecimentos empíricos sobre 
o mundo, sob a forma de preceitos, mitos, dogmas, rituais e 
práticas. Ainda que apoiada em coincidências e superstições 
de todo tipo, essa crença foi o embrião de nossa racionalidade. 
Causas e efeitos foram sendo aprendidos pela corroboração 
ou não da eficácia dos símbolos religiosos.
Sidarta Ribeiro. O oráculo da noite: a história da ciência e do sonho. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 325 (com adaptações)
A respeito das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos 
do texto precedente, julgue o item que se segue. O segmento 
“Com o amor pelos mortos” (quarto período do primeiro pará-
grafo) exprime uma causa.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
133. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB2A1-I
Ser mais humano em meio a um mundo cada vez mais digital 
— esse é o grande desafio das organizações para o ano de 2022 
no Brasil e em todo o mundo. O equilíbrio entre home office e 
escritório, em um modelo híbrido de trabalho, deve ser a tendên-
cia para os próximos anos. E, no contexto da vida pós-pandemia, 
há desafios que os departamentos de recursos humanos (RH) 
vão enfrentar para manter uma relação saudável e positiva entre 
empresas e colaboradores e garantir, ainda, a produtividade do 
negócio. E no meio de tudo isso, a tecnologia mais uma vez surge 
como a viabilizadora de bons resultados.
O primeiro desafio do RH é demonstrar segurança em um 
mundo de incertezas. É fundamental que toda a comunicação da 
companhia com seus colaboradores seja feita de maneira clara, 
precisa e sem hesitação, para evitar dúvidas e ansiedades, trans-
mitindo-se segurança às equipes de trabalho. Nesse sentido, uma 
plataforma digital workplace, a famosa intranet, é uma ferramenta 
indispensável para sustentar uma comunicação de fato eficiente.
Não há mais espaço para um modelo de trabalho indepen-
dente e não colaborativo nas organizações, depois de quase dois 
anos de mudanças profundas nas relações de trabalho. Se o RH 
não dá as respostas certas no tempo certo, os gestores tendem a 
agir sozinhos em busca de soluções para seus desafios de atração 
e retenção de talentos. O resultado é uma desvalorização da área 
de recursos humanos, que é um dos pilares para a produtividade 
e sustentabilidade de qualquer empresa.
O suporte da tecnologia ganha um papel cada vez mais estra-
tégico para apoiar a tomada de decisão, que precisa ser cada vez 
mais humanizada. Não se trata de usar a tecnologia para automa-
tizar e otimizar processos em uma estrutura “robotizada”, mas de 
ampliar o uso de ferramentas que humanizem as relações a partir 
de dados mais ricos e informações mais completas e valiosas, para 
buscar o melhor tanto para os colaboradores quanto para a pró-
pria empresa.
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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Em 2022, o foco deve ser encontrar soluções que possam 
resolver os desafios da gestão de capital humano das organiza-
ções. Mesmo com toda a tecnologia existente, a ideia não é subs-
tituir pessoas, mas conferir-lhes poder para que suas tomadas de 
decisões sejam ainda melhores. É a tecnologia viabilizando rela-
ções mais humanas, precisas, por meio de dados reais, confiáveis. 
Esse é o caminho para o futuro.
Robson Campos. Internet: (com adaptações).
Em relação a aspectos linguísticos do texto CB2A1-I, julgue o 
seguinte item.
Dadas as relações coesivas do segundo período do último pará-
grafo, é correto afirmar que as formas pronominais “lhes” e 
“suas” referem-se ao mesmo termo antecedente.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
134. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-I
Enquanto apenas 30% da população mundial vivia em 
ambiente urbano no ano de 1950, em 2018 esse índice já 
representava 55%, de acordo com dados da Organização das 
Nações Unidas (ONU). A projeção de longo prazo da ONU indi-
ca a intensificação dessa tendência, com a população urbana 
mundial representando 68% do total em 2050.
No Brasil, 36% da população era urbana em 1950, valor 
bastante próximo da média mundial até então. Nas décadas 
subsequentes, o país experimentou um rápido processo de 
urbanização, evidenciado pelo fato de que, no ano de 2018, 
expressivos 87% da população brasileira residia em ambientes 
urbanos. As projeções de mais longo prazo indicam que essa 
tendência deve se estabilizar em patamar próximo a 90%.
As cidades representam o mais importante lócus de con-
sumo de energia e emissões relacionadas. Estimativas da IEA 
(International Energy Agency), em 2016, indicavam que as cida-
des respondiam por 64% do uso global de energia primária 
e 70% das emissões globais de dióxido de carbono. Tal fato 
evidencia o papel central que as cidades têm e terão na deter-
minação do padrão de uso de energia e de emissões de carbo-
no dos países e do mundo. Em particular, a própria transição 
energética terá seu ritmo bastante afetado pelas mudanças 
que ocorrerem nas cidades. O mesmo vale para ouso eficiente 
de recursos (inclusive não energéticos), segurança energética e 
desenvolvimento sustentável.
Para os estudos de planejamento energético, é importante 
identificar as mudanças estruturais que impactarão o uso de 
energia nas cidades no longo prazo. Do ponto de vista tecnoló-
gico, no momento em que, simultaneamente, emergem e con-
vergem novas tecnologias de informação, novas tecnologias e 
modelos de negócios de geração de energia e novas formas 
de mobilidade, é possível vislumbrar revoluções em diferentes 
nichos que utilizarão a inteligência artificial, o uso massivo de 
dados (big data) e a Internet das Coisas como plataformas tec-
nológicas de propósito geral.
Nesse pano de fundo, emergem fenômenos como cidades 
inteligentes e indústria 4.0, importantes evoluções no sentido 
de cidades sustentáveis. A implementação desses conceitos 
é acompanhada de um número crescente dos mais variados 
sensores nas mais diferentes situações, o que gera aumento 
exponencial de dados, que são utilizados para comunicação via 
Internet, em última instância, de forma a subsidiar tomadas de 
decisão mais eficientes. Para tornar essa revolução possível, 
é necessário significativo investimento em infraestrutura, que 
será a base da economia no futuro próximo.
No entanto, deve-se reconhecer que uma cidade inteligen-
te é um passo necessário, mas não suficiente, e que é preciso 
abranger mais do que a aplicação inteligente de tecnologia nas 
áreas urbanas. A adoção de tecnologia deve tornar as cidades 
mais sustentáveis, melhorando a qualidade de vida de sua 
população e sua relação com o meio ambiente. Assim, em rela-
ção ao uso de energia, é importante que as discussões sobre 
cidades inteligentes sejam feitas levando-se em consideração 
tópicos importantes no contexto de transição energética, como 
uso do espaço urbano e impactos sobre o bem-estar coletivo, 
mudanças climáticas, os Objetivos do Desenvolvimento Sus-
tentável e a economia circular.
Internet: (com adaptações).
Julgue o item subsequente, relativos a propriedades linguísti-
cas do texto CG1A1-I.
No quinto parágrafo, a expressão “desses conceitos” (segundo 
período) retoma, de forma imediata e restrita, o termo “fenô-
menos” (primeiro período).
( ) CERTO  ( ) ERRADO
135. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-II
Muito se tem pesquisado sobre os impactos positivos da 
educação, que valeram inclusive um prêmio Nobel de econo-
mia a James Heckman, em 2000, por ele ter evidenciado, em 
um estudo longitudinal, as inegáveis vantagens de pré-escolas 
de qualidade para a obtenção futura de emprego e salários e 
para a redução de encarceramento.
Mas uma nova pesquisa, feita aqui no Brasil, sobre uma polí-
tica pública de visível efeito na aprendizagem, o ensino médio 
integral, um programa realizado por Pernambuco ao longo de 16 
anos, trouxe evidências que também transcendem a educação.
O estudo, feito por pesquisadores da USP e do INSPER, 
mostrou que, com o aumento da carga horária e um currículo 
que incorpora ideias de Antonio Carlos Gomes da Costa, que 
concebeu a proposta para a escola piloto, o Ginásio Pernam-
bucano, no qual há tempo para se trabalhar o projeto de vida 
do aluno e o protagonismo juvenil, reduz-se em 50% a taxa de 
homicídio de homens jovens.
Não se trata do primeiro estudo sobre os efeitos da escola 
em tempo integral. Outros analisaram salários dos formados e 
empregabilidade de mulheres, mas a melhora nos índices de cri-
minalidade foi capturada apenas nessa interessante pesquisa.
Visitei muitas escolas de ensino médio em Pernambuco, em 
áreas de grande vulnerabilidade. O resultado de uma política 
que se construiu ao longo de anos, tendo passado por diferen-
tes governos e se fortalecido, é visível não só pelas melhores 
condições de trabalho dos professores, com dedicação exclusi-
va a uma única escola, como também pelo clima escolar. Não 
é por acaso que tantos estados, com governadores de parti-
dos diferentes, têm-se inspirado no exemplo pernambucano, 
como Paraíba, Ceará, Maranhão e Goiás.
O país pode aprender com nações com bons sistemas edu-
cacionais, nenhum deles com quatro horas de aula por dia, e, 
ainda, com o que dá certo por aqui.
Claudia Costin. Os impactos da educação em tempo integral. Internet: 
 (com adaptações)
Julgue o item subsequente, relativo a aspectos linguísticos do 
texto CG1A1-II.
No texto, a palavra “nações” (último parágrafo) está empregada 
em referência a “estados” (penúltimo parágrafo),como forma de 
exaltar os entes federados que aderiram ao modelo de sistema 
educacional inaugurado por Pernambuco.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
136. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB2A1-I
A astrônoma Jocelyn Bell Burnell disse sobre Ron Drever: 
“Ele realmente curtia ser tão engenhoso”. Ela tinha ido da Irlan-
da do Norte para Glasgow para estudar física e Drever foi arbi-
trariamente designado para ser seu supervisor. Ele contava ao 
grupo de seus poucos orientandos as ideias mais interessantes 
que surgiam em sua mente, inclusive as que levaram ao experi-
mento de Hughes-Drever (embora ela não tivesse se dado con-
ta de que ele o realizara no quintal da propriedade rural de sua 
família), mas nenhuma que os ajudasse a passar nos exames. 
Após a frustração inicial, ao ver que ele não ia ajudá-la em seu 
dever de casa de física de estado sólido, ela acabou admirando 
seu profundo entendimento de física fundamental e seu notá-
vel talento como pesquisador.
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Drever, por sua vez, seria influenciado pelas iminentes e 
vitais descobertas de sua ex-aluna de graduação. A respeito 
de Bell Burnell, disse: “Ela também era obviamente melhor do 
que a maioria deles… então cheguei a conhecê-la muito bem”. 
Drever escreveu uma carta de recomendação para apoiar o 
pedido de emprego dela à principal instalação de radioastro-
nomia na Inglaterra, em meados da década de 60, Jodrell Bank. 
Mas, ele continua, “não a admitiram, e a história conta que foi 
porque era mulher. Mas isso não é oficial, você sabe. Ela ficou 
muito desapontada”. Drever acrescenta, esperando que se 
reconheça a obviedade daquele absurdo: “Sua segunda opção 
era ir para Cambridge. Vê como são as coisas?”. Ele considerou 
isso uma reviravolta muito feliz. “Então ela foi para Cambridge 
e descobriu pulsares. Vê como são as coisas?”, ele diz, rindo.
Janna Levin. A música do universo: ondas gravitacionais e a 
maior descoberta científica dos últimos cem anos.
São Paulo, Cia. das Letras, 2016, p. 103-104 (com adaptações).
Acerca dos mecanismos de coesão do texto CB2A1-I, julgue o 
próximo item.
No terceiro período do primeiro parágrafo, o vocábulo “o”, 
em “ele o realizara”, retoma o trecho “grupo de seus poucos 
orientandos”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
137. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-II
A crescente adoção do conceito de tecnologias sociais ocorre 
concomitantemente com o avanço de dois conceitos que lhe são 
complementares: economia solidária e capital social. As graves 
consequências do capitalismo e da globalização, refletidas em 
altos índices de desemprego, aumento de índices de violência 
e criminalidade, aprofundamento da pobreza e da degradação 
ambiental, não podem ser abordadas por projetos paternalistas e 
compensatórios. Ao contrário, requerem estudos aprofundados 
sobre um novo tipo de desenvolvimento. O professor Henrique 
Rattner pontua que, entre os cientistas sociais que se debruçam 
sobre os fracassos do desenvolvimento e suas causas, em todos 
os debates travados nos últimos anos, o conceito de capital social 
tem ocupado espaço crescente. O capital social, segundo Rattner, 
procura trabalhar com a necessidade gregária, o espírito de coo-
peração e os valores de apoio mútuo e solidariedade, com base 
na “eficiênciasocial coletiva”.
Capital social, segundo o estudioso John Durston, é o con-
junto de normas, instituições e organizações que promovem a 
confiança, a ajuda recíproca e a cooperação e que incorporam 
benefícios como redução dos custos de transação, produção de 
bens públicos e facilitação da constituição de organizações de 
gestão de bases efetivas, de atores sociais e de sociedades civis 
saudáveis. Sua importância está na busca de estratégias de supe-
ração da pobreza e de integração de setores sociais excluídos.
No Brasil, nas últimas décadas, tem havido uma multiplica-
ção de experiências baseadas no conceito de economia solidá-
ria. Diferentemente de iniciativas meramente paliativas, como 
respostas emergenciais a situações de pobreza e miséria, há 
agora uma interpretação de que essas experiências devam 
ser uma base para a reconstrução do tecido social. Como diz 
o pesquisador Luis Inácio Gaiger, elas “constituiriam uma ação 
geradora de embriões de novas formas de produção e estimu-
ladora de alternativas de vida econômica e social”.
Ivete Rodrigues e José Carlos Barbieri. A emergência da tecnologia social: 
revisitando o movimento da tecnologia apropriada como estratégia de 
desenvolvimento sustentável. In
Revista de Administração Pública – FGV, Rio de Janeiro, 42(6):1069-94, nov./
dez. 2008 (com alterações)
A respeito dos aspectos linguísticos e estruturais do texto 
CG1A1-II, julgue o item subsecutivo.
O pronome “Sua” (segundo período do segundo parágrafo) reto-
ma o termo “Capital social”, no período anterior.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
138. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
A história da irrigação se confunde, na maioria das vezes, com 
a história da agricultura e da prosperidade econômica de inúmeros 
povos. Muitas civilizações antigas se originaram assim, em regiões 
áridas, onde a produção só era possível com o uso da irrigação.
O Brasil, dotado de grandes áreas agricultáveis localizadas em 
regiões úmidas, não se baseou, no passado, na irrigação, embora 
haja registro de que, já em 1589, os jesuítas praticavam a técnica na 
antiga Fazenda Santa Cruz, no estado do Rio de Janeiro. Também 
na região mais seca do Nordeste e nos estados de Minas Gerais e 
São Paulo, era utilizada em culturas de cana-de-açúcar, batatinha, 
pomares e hortas. Em cafezais, seu emprego iniciou-se na década 
de 50 do século passado, com a utilização da aspersão, que se mos-
trou particularmente interessante, especialmente nas terras roxas 
do estado de São Paulo.
A irrigação, de caráter suplementar às chuvas, tem sido apli-
cada na região Centro-Oeste do país, especialmente em culturas 
perenes.
Embora a região central do Brasil apresente boas médias 
anuais de precipitação pluviométrica, sua distribuição anual (con-
centrada no verão, sujeita a veranicos e escassa ou completamente 
ausente no inverno) permite, apenas, a prática de culturas anuais 
(arroz, milho, soja etc.), as quais podem se desenvolver no período 
chuvoso e encontrar no solo um suprimento adequado de água.
Já as culturas mais perenes (como café, citrus, cana-de-açúcar 
e pastagem) atravessam, no período seco, fases de sensível defi-
ciência de água, pela limitada capacidade de armazenamento no 
solo, o que interrompe o desenvolvimento vegetativo e acarreta 
colheitas menores ou nulas.
A vantagem e a principal justificativa econômica da irrigação 
suplementar estão na garantia de safra, a despeito da incerteza 
das chuvas.
Na região Nordeste, a irrigação foi introduzida pelo governo 
federal e aparece vinculada ao abastecimento de água no Semiá-
rido e a planos de desenvolvimento do vale do São Francisco. Ali, 
a irrigação é vista como importante medida para amenizar os pro-
blemas advindos das secas periódicas, que acarretam sérias conse-
quências econômicas e sociais.
No contexto das estratégias nacionais de desenvolvimento, 
um programa de irrigação pode contribuir para o equacionamento 
de um amplo conjunto de problemas estruturais. Com relação à 
geração de empregos diretos, a agricultura irrigada nordestina é 
mais intensiva do que nas outras regiões do país. Na região semiá-
rida, em especial no vale do São Francisco, a irrigação tem desta-
cado papel a cumprir, como, aliás, já ocorre em importantes polos 
agroindustriais da região Nordeste.
A irrigação constitui-se em uma das mais importantes tecnolo-
gias para o aumento da produtividade agrícola. Aliada a ela, uma 
série de práticas agronômicas deve ser devidamente considerada.
Internet: (com adaptações)
No que se refere aos aspectos linguísticos e às ideias do texto 
apresentado, julgue o item que se segue.
No último parágrafo do texto, o pronome “ela”, em “Aliada a ela”, 
refere-se à expressão “produtividade agrícola”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
139. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto CB1A1-I
Tradicionalmente, as conquistas democráticas nas socie-
dades modernas estiveram associadas à organização de movi-
mentos sociais que buscavam a expansão da cidadania. Foi 
assim durante as revoluções burguesas clássicas nos séculos 
XVII e XVIII. Também a organização dos trabalhadores indus-
triais nos séculos XIX e XX foi responsável pela ampliação dos 
direitos civis e sociais nas democracias liberais do Ocidente. De 
igual maneira, as demandas dos chamados novos movimen-
tos sociais, nos anos 70 e 80 do século XX, foram responsáveis 
pelo reconhecimento dos direitos das minorias sociais (grupos 
étnicos minoritários, mulheres, homossexuais) nas sociedades 
contemporâneas.
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Em todos esses casos, os espaços privilegiados das ações 
dos grupos organizados eram os Estados nacionais, espaços 
privilegiados de exercício da cidadania. Contudo, a expansão 
do conjunto de transformações socioculturais, tecnológicas e 
econômicas, conhecido como globalização, nas últimas déca-
das, tem limitado de forma significativa os poderes e a auto-
nomia dos Estados (pelo menos os dos países periféricos), os 
quais se tornam reféns da lógica do mercado em uma época 
de extraordinária volatilidade dos capitais.
Manoel Carlos Mendonça Filho et al. Polícia, direitos humanos e educação 
para a cidadania. Internet: (com adaptações)
Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto 
CB1A1-I, julgue o seguinte item.
Infere-se do segundo parágrafo que, no trecho “pelo menos os 
dos países periféricos”, está elíptica a palavra Estados após o 
vocábulo “os”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS (COMPREENSÃO)
140. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CB1A1
Enquanto Singapura e Dublin lançaram suas réplicas digi-
tais usando aprendizado de máquina para prever eventos e 
tendências futuras, países inteiros ainda não garantiram água 
potável e eletricidade para seus habitantes. Como a arquite-
tura reflete as sociedades, a acentuada desigualdade social 
em que vivemos continuará sendo refletida na arquitetura 
que construímos: algumas obras totalmente projetadas por 
inteligência artificial (IA), outras criadas manualmente e com 
modelos físicos em um escritório de arquitetura boutique, e a 
grande maioria sendo feita no local com papel e lápis, sem a 
intervenção direta de arquitetos. Talvez todos esses cenários 
coexistam na mesma cidade.
O escritor Benjamin Labatut declarou: “se a inteligência 
artificial fosse capaz de pensar, teria pontos cegos; se conse-
guisse ser criativa, teria limites, pois limites são frutíferos; se 
fosse capaz de imitar nossa capacidade de raciocínio, talvez 
precisasse do (ou desenvolvesse o) nosso talento para a loucu-
ra. E se lhe faltasse compreensão, se não se importasse com a 
beleza e o horror que pode criar, então seria imprudente nos 
colocarmos em suas mãos.”.
O futuro da arquitetura está na interseção entre inovaçãotecnológica e intenção humana. Em última instância, a agên-
cia humana — sociedade civil, políticos e partes interessadas 
— exerce uma influência significativa. O curso da história não 
está escrito em pedra, mas é moldado pelas decisões tomadas 
hoje, especialmente se a IA afeta nossos bolsos. A arquitetura, 
então, torna-se o resultado de decisões coletivas, em que os 
avanços da IA se cruzam com as aspirações e os valores da 
sociedade. É dentro desse jogo de interações que a evolução 
e o impacto da arquitetura encontram sua ressonância e seu 
significado.
Nicolás Valencia. O impacto das ferramentas de inteligência artificial 
na arquitetura em 2024 (e além). Internet: (com 
adaptações)
Com base nos sentidos e nas ideias expressos no texto CB1A1, 
julgue o item a seguir.
Depreende-se do texto que o escritor Benjamin Labatut consi-
dera que a IA é dotada de inventividade.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Leia o texto a seguir para responder às questões 141 e 142.
 Texto CB1A1
Hoje, a crise hídrica é política — o que significa dizer não 
inevitável ou necessária, nem além da nossa capacidade de 
consertá-la — e, logo, opcional, na prática. Esse é um dos moti-
vos para ser, não obstante, terrível como parábola climática: 
um recurso abundante torna-se escasso pela falta de infraes-
trutura, pela poluição e pela urbanização e desenvolvimento 
descuidados. A crise de abastecimento de água não é inevitá-
vel, mas presenciamos uma, de um modo ou de outro, e não 
estamos fazendo muita coisa para resolvê-la.
Algumas cidades perdem mais água por vazamentos do 
que a que é entregue nas casas: mesmo nos Estados Unidos da 
América (EUA), vazamentos e roubos respondem por uma per-
da estimada de 16% da água doce; no Brasil, a estimativa é de 
40%. Em ambos os casos, assim como por toda parte, a escas-
sez se desenrola tão patentemente sobre o pano de fundo das 
desigualdades entre pobres e ricos que o drama resultante da 
competição pelo recurso dificilmente pode ser chamado, de 
fato, de competição; o jogo está tão arranjado que a escassez 
de água mais parece um instrumento para aprofundar a desi-
gualdade. O resultado global é que pelo menos 2,1 bilhões de 
pessoas no mundo não têm acesso a água potável segura, e 4,5 
bilhões não dispõem de saneamento.
David Wallace-Wells. A terra inabitável;
 uma história do futuro São Paulo: Cia das Letras, 2019. (com adaptações)
Com base nas ideias veiculadas no texto CB1A1, julgue os itens 
a seguir.
141. (CEBRASPE-CESPE – 2024) De acordo com o texto, o fato de 
a crise hídrica mundial decorrer mais de questões políticas que 
de questões exclusivamente ambientais torna fácil sua solução.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
142. (CEBRASPE-CESPE – 2024) No texto, os exemplos das taxas 
de vazamentos e roubos no abastecimento de água em cidades 
dos EUA e do Brasil ilustram a inação diante da crise hídrica.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
143. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto CB1A1-II
O conceito de civilização não pode ser precisamente defi-
nido, não apenas por ser um processo evolucionário, mas 
também por ter se manifestado de formas muito diferentes 
através dos tempos. Entre as civilizações antigas, havia múl-
tiplas diferenças nas crenças religiosas, nos costumes sociais, 
nas formas de governo e na criação artística. Contudo, uma 
faceta de fundamental importância para todas elas era a tec-
nologia, que, em sentido mais amplo, pode significar a aplica-
ção do conhecimento para finalidades práticas.
Hoje, a tecnologia é, na prática, sinônimo de ciência aplica-
da, mas as tecnologias básicas — tais como agricultura, cons-
trução, cerâmica, tecidos — foram originalmente empíricas e 
transmitidas de uma geração para outra, enquanto a ciência, 
no sentido de pesquisa sistemática das leis do universo, é um 
fenômeno relativamente recente. A tecnologia foi fundamen-
tal, já que proporcionava os recursos necessários para socie-
dades organizadas, e essas sociedades tornaram possíveis 
não apenas a divisão do trabalho — por exemplo, entre tra-
balhadores da terra, oleiros, marinheiros e similares —, como 
também um ambiente no qual puderam florescer as artes em 
geral, não necessárias à vida no dia a dia. A maioria dessas 
artes dependia de alguma espécie de suporte tecnológico: o 
escultor requeria ferramentas, o escritor necessitava de tinta 
e de papiro (ou papel, mais tarde), o dramaturgo precisava de 
teatros especialmente construídos.
Trevor I. Williams. História das invenções: do machado de pedra às 
tecnologias da informação. Tradução de Cristina Antunes. Atualização e 
revisão de William E. Schaaf, Jr. e Arianne E. Burnette
Belo Horizonte: Gutenberg, 2009, p. 12-13 (com adaptações)
Julgue o item seguinte com base nas ideias do texto CB1A1-II.
De acordo com o expresso no texto, a despeito das diferenças 
entre as sociedades antigas, a tecnologia era um elemento 
importante para todas elas.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
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144. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto 11A1
Trabalho e educação são atividades especificamente huma-
nas. Isso significa que, rigorosamente falando, apenas o ser 
humano trabalha e educa. Assim, a pergunta sobre os funda-
mentos ontológicos da relação trabalho -educação traz imedia-
tamente à mente a questão: quais são as características do ser 
humano que lhe permitem realizar as ações de trabalhar e de 
educar? Ou: o que é que está inscrito no ser do humano que lhe 
possibilita trabalhar e educar?
Perguntas desse tipo pressupõem que o ser humano esteja 
previamente constituído como ser que possui propriedades que 
lhe permitem trabalhar e educar. Pressupõe- se, portanto, uma 
definição de ser humano que indique em que ele consiste, isto 
é, sua característica essencial a partir da qual se possa explicar o 
trabalho e a educação como atributos desse ser. E, nesse caso, 
fica aberta a possibilidade de que trabalho e educação sejam 
considerados atributos essenciais do ser humano, ou acidentais.
Na definição de ser humano mais difundida (animal racio-
nal), o atributo essencial é dado pela racionalidade, consoante 
o significado clássico de definição estabelecido por Aristóteles: 
uma definição dá-se pelo gênero próximo e pela diferença 
específica. Pelo gênero próximo, indica-se aquilo que o objeto 
definido tem em comum com outros seres de espécies dife-
rentes (no caso em tela, o gênero animal); pela diferença espe-
cífica, indica-se a espécie, isto é, o que distingue determinado 
ser dos demais que pertencem ao mesmo gênero (no caso do 
ser humano, a racionalidade). Consequentemente, sendo o ser 
humano definido pela racionalidade, é esta que assume o cará-
ter de atributo essencial desse ser.
Ora, assim entendido o ser humano, vê-se que, embora 
trabalhar e educar possam ser reconhecidos como atributos 
humanos, eles o são em caráter acidental, e não substancial. 
Com efeito, o mesmo Aristóteles, considerando como próprio 
do ser humano o pensar, o contemplar, reputa o ato produtivo, 
o trabalho, como uma atividade não digna de seres humanos 
livres.
Diversamente, Bergson, ao analisar o desenvolvimento do 
impulso vital na obra Evolução criadora, observa que “torpor 
vegetativo, instinto e inteligência” são os elementos comuns às 
plantas e aos animais. E, definindo a inteligência pela fabrica-
ção de objetos, fenômeno identificado como comum aos ani-
mais, encontra no ser humano a particularidade da fabricação 
de objetos artificiais, o que lhe permite avançar à seguinte con-
clusão: “Se pudéssemos nos despir de todo orgulho, se, para 
definir nossa espécie, nos ativéssemos estritamente ao que a 
história e a pré-história nos apresentam como a característica 
constante do ser humano e da inteligência,
talvez não disséssemos Homo sapiens, mas Homo faber. 
Em conclusão, a inteligência,encarada no que parece ser o seu 
empenho original, é a faculdade de fabricar objetos artificiais, 
sobretudo ferramentas para fazer ferramentas, e de diversifi-
car ao infinito a fabricação delas.”.
Demerval Saviani. Trabalho e educação fundamentos ontológicos e 
históricos. Internet: (com adaptações)
Em relação às ideias apresentadas no texto 11A1 e às relações de 
coerência nele presentes, julgue o item que se segue.
O fato de as ações de trabalhar e educar serem colocadas nessa 
ordem, ao longo de todo o texto, necessariamente indica a rela-
ção de temporalidade que há entre elas, de forma que o trabalho 
deve ser considerado como ação precedente à educação.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
145. (CEBRASPE-CESPE – 2024) 
Há um pressuposto ideológico que informa o direito e 
suas instituições, concretizado na utopia da dogmática jurídi-
ca, de que os conflitos sociais devam ser “resolvidos” na esfera 
do Judiciário, dentro dos estritos limites da lei, diante da qual 
“todos são iguais”.
Não resta dúvida de que, apesar dessa “certeza”, grande 
parte dos conflitos que envolvem violência sequer chegam ao 
conhecimento do Estado, e, quando nele aportam, não são 
necessariamente “resolvidos”. Assim, o ideal de uma socieda-
de que “equilibre” e “harmonize” os interesses entre os indiví-
duos, entre gêneros, raças, grupos, classes, ou entre cidadãos 
e o Estado atua ideologicamente diante da impossibilidade de 
se concretizar na dinâmica real da sociedade.
A questão da desigualdade de tratamento dos conflitos e 
de seus agentes pela justiça, remete-nos às questões das desi-
gualdades sociais e da seletividade do enquadramento punitivo. 
Dentro de uma perspectiva histórica, observamos a existência 
de uma seletividade no que se refere à legitimidade dos even-
tos que devam ser tratados como “conflito social”, passíveis 
de julgamento pelo Poder Judiciário. Até o surgimento das leis 
trabalhistas, no Brasil, na década de 40 do século XX, e mesmo 
depois, os conflitos oriundos das relações de trabalho eram 
considerados “casos de polícia”, da mesma forma que foram 
tratados, durante boa parte da nossa história republicana, os 
conflitos políticos. Conflitos de vizinhança e outros de pequena 
repercussão social são remetidos à esfera da solução policial. 
Estudos da área da sociologia e da antropologia do direito têm 
revelado formas alternativas à polícia e ao Judiciário para a inter-
mediação e a “solução” de certos conflitos sociais, em particular 
na área da violência, incluindo a atuação das famílias e amigos, 
de igrejas, de associações de moradores.
Jacqueline HERMANN; Leila. A. L. BARSTED
O judiciário e a violência contra a mulher: a ordem legal e a (des)ordem 
familiar. In: F. SEVERI; E. W. V. CATILHO; M. C. MATOS. (orgs.) Tecendo fios 
das críticas feministas ao direito no Brasil II, volume 1. Ribeirão Preto: FDRP/
USP, 2020 (com adaptações)
Julgue o item que se segue, relativo ao texto precedente.
Com os exemplos dados no terceiro parágrafo, as autoras indi-
cam que historicamente a sociedade brasileira vem retirando o 
monopólio do Judiciário na solução de conflitos.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
146. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Texto 11A05
Não negueis jamais ao erário, à administração, à União os 
seus direitos. São tão invioláveis, como quaisquer outros. O 
direito dos mais miseráveis dos homens, o direito do mendi-
go, do escravo, do criminoso, não é menos sagrado, perante 
a justiça, que o do mais alto dos poderes. Antes, com os mais 
miseráveis é que a justiça deve ser mais atenta, e redobrar-se 
de escrúpulo, porque são os mais mal defendidos, os que sus-
citam menos interesse, e os contra cujo direito conspiram a 
inferioridade na condição com a míngua nos recursos.
Preservai, juízes de amanhã, preservai vossas almas juve-
nis desses baixos e abomináveis sofismas. A ninguém impor-
ta mais do que à magistratura fugir do medo, esquivar-se de 
humilhações, e não conhecer covardia. Todo bom magistrado 
tem muito de heroico em si mesmo, na pureza imaculada e na 
plácida rigidez, que a nada se dobre, e de nada se tenha medo, 
senão da outra justiça, assente, cá embaixo, na consciência das 
nações, e culminante, lá em cima, no juízo divino.
Não tergiverseis com as vossas responsabilidades, por 
mais atribulações que vos imponham, e mais perigos a que vos 
exponham. Nem receeis soberanias da terra: nem a do povo, 
nem a do poder. O povo é uma torrente, que rara vez se não 
deixa conter pelas ações magnânimas. A intrepidez do juiz, 
como a bravura do soldado, arrebata-o e o fascina.
Os poderosos que investem contra a justiça, provocam e 
desrespeitam tribunais, por mais que lhes espumem contra as 
sentenças, quando justas, não terão, por muito tempo, a cabe-
ça erguida em ameaça ou desobediência diante dos magistra-
dos, que os enfrentam com dignidade e firmeza.
Na missão do advogado também se desenvolve uma espé-
cie de magistratura. As duas se entrelaçam, diversas nas fun-
ções, mas idênticas no objeto e na resultante: a justiça. Com o 
advogado, justiça militante. Justiça imperante, no magistrado.
Rui Barbosa. Oração aos moços. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 
2019, p. 61-63 (com adaptações)
Julgue o próximo item, relativo aos sentidos do texto 11A05.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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Do texto se deduz a defesa das causas da justiça, da igualdade, 
da fraternidade e da solidariedade, que devem prevalecer sobre 
as desigualdades.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Leia o texto a seguir para responder às questões 147 e 148.
A palavra carreta começou a ser empregada para definir o 
que até então era chamado de carroça; é possível pensar que 
fora definido o termo carreteiro para designar quem conduzia 
as carretas.
As primeiras carretas foram utilizadas para várias finali-
dades. Em um primeiro momento, auxiliaram no processo de 
colonização, mas também ajudaram em situações de guerra, 
quando estavam carregadas de materiais bélicos e demais ape-
trechos militares. Serviram de apoio ainda para comerciantes, 
mascates, conhecidos também como vivandeiros, que transpor-
tavam os mais variados tipos de mercadorias, desde produtos 
alimentícios até produtos mais simples, como pentes e espe-
lhos. Dessa maneira, surgia o carreteiro e, junto a ele, as repre-
sentações que iriam compor a identidade desses profissionais.
Danilo Leite Moreira. Uma breve abordagem histórica do desenvolvimento 
do rodoviarismo e do transporte rodoviário de cargas no Brasil. In: Faces da 
História, v. 10, n.º 1, jan.-jun./2023, p. 157 (com adaptações)
Em relação às ideias e a aspectos gramaticais do texto apresen-
tado, julgue o item que se segue.
147. (CEBRASPE-CESPE – 2024) De acordo com o texto, uma 
multiplicidade de funções estava associada às primeiras 
carretas.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
148. (CEBRASPE-CESPE – 2024) Conforme exposto no texto, a 
identidade dos carreteiros é construída a partir de represen-
tações plurais que têm relação direta com as várias atividades 
deles e com os diversos tipos de carretas.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Leia o texto a seguir para responder às questões 149 e 150. 
Texto CG1A1-I
A apropriação colonial das terras indígenas muitas vezes 
se iniciava com alguma alegação genérica de que os povos for-
rageadores viviam em um estado de natureza — o que signifi-
cava que eram considerados parte da terra, mas sem nenhum 
direito a sua propriedade. A base para o desalojamento, por 
sua vez, tinha como premissa a ideia de que os habitantes 
daquelas terras não trabalhavam. Esse argumento remonta ao 
Segundo tratado sobre o governo (1690), de John Locke, em 
que o autor defendia que os direitos de propriedade decor-
rem necessariamente do trabalho. Ao trabalhar a terra, o indi-
víduo “mistura seu trabalho”a ela; nesse sentido, a terra se 
torna, de certo modo, uma extensão do indivíduo. Os nativos 
preguiçosos, segundo os discípulos de Locke, não faziam isso. 
Não eram, segundo os lockianos, “proprietários de terras que 
faziam melhorias”; apenas as usavam para atender às suas 
necessidades básicas com o mínimo de esforço.
James Tully, uma autoridade em direitos indígenas, apon-
ta as implicações históricas desse pensamento: considera-se 
vaga a terra usada para a caça e a coleta e, “se os povos aborí-
genes tentam submeter os europeus a suas leis e costumes ou 
defender os territórios que durante milhares de anos tinham 
erroneamente pensado serem seus, então são eles que violam 
o direito natural e podem ser punidos ou ‘destruídos’ como 
animais selvagens”. Da mesma forma, o estereótipo do nativo 
indolente e despreocupado, levando uma vida sem ambições 
materiais, foi utilizado por milhares de conquistadores, admi-
nistradores de latifúndios e funcionários coloniais europeus na 
Ásia, na África, na América Latina e na Oceania como pretexto 
para obrigar os povos nativos ao trabalho, com meios que iam 
desde a escravização pura e simples ao pagamento de taxas 
punitivas, corveias e servidão por dívida.
David Graeber e David Wengrow
O despertar de tudo: uma nova história da humanidade. São Paulo: Cia das 
Letras, 2022, p. 169-170 (com adaptações)
Com base nas ideias veiculadas no texto CG1A1-I, julgue os itens 
a seguir.
149. (CEBRASPE-CESPE – 2023) O texto mostra evasivas utiliza-
das por europeus para legitimar a apropriação colonial de ter-
ras indígenas.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
150. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Infere-se do texto que seus 
autores corroboram a explicação de James Tully acerca do direi-
to de propriedade aplicado às terras colonizadas.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
151. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 20A2-II
Estou prestes a sair de casa. Abro o armário. Urge escolher a 
máscara, das muitas que eu tenho, para ir à rua. Com ela enfren-
tarei os dissabores e as aventuras do meu cotidiano. Afinal, ela é 
a ponte que cruzo para alcançar os demais seres.
Minhas máscaras acomodam-se na prateleira, em meio às 
bolsas. Todas parecidas, elas diferenciam-se entre si apenas em 
detalhes imperceptíveis aos olhos alheios. São raros aqueles que 
surpreendem a natureza da minha máscara. Reconhecem que 
rio, choro ou encontro-me na iminência de velejar para um hemis-
fério longínquo, de onde, quem sabe, não regresso tão cedo.
Enquanto muitos confessam, em consonância, com triste 
adágio, que suas vidas são um livro aberto, nada tenho a escon-
der dos homens, sou justo o contrário, não sei viver sem as más-
caras, que me protegem, são a salvaguarda da minha liberdade. 
E ainda que se provem elas em muitos momentos incapazes de 
me proteger, não importa. Afinal, a vida não permite previsões, 
lances antecipados. Para enfrentar certos conflitos, seria neces-
sário revestir-se da máscara de ferro, que traz consigo o sopro 
da morte.
Duvido que alguém prescinda do uso da máscara. Ande 
inadvertido pelo mundo, oferecendo o rosto cru dos seus senti-
mentos. Desajeitado e pobre, quando poderia dispor, a qualquer 
hora, de mais de mil máscaras, capazes todas de impulsionar o 
espetáculo humano, de corresponder à natureza do seu dono, de 
encharcar de vinagre e esperança qualquer coração.
As máscaras, sem dúvida, ajudam-me a viver. Levam-me às 
cerimônias solenes, onde confirmo educação recebida. Acompa-
nham-me nos momentos em que sangro, a despeito da minha 
aparente indiferença. E são elas ainda que me perguntam qual 
das máscaras usar em determinada festa. Acaso a máscara que 
engendrei ao longo dos anos, e que me serve como um chinelo 
velho? Aquela que é dissimulada, cujo desassombro assusta-me, 
pois revela aos vizinhos o que eu mantinha sob resguardo? Ou 
a outra, que aspira sobrepor-se à tirania das convenções, quer 
rasgar o véu da hipocrisia, emitir as palavras acomodadas no baú 
dos enigmas? Será a máscara que alardeia arrogância, ansiosa 
por deixar consignada nas paredes do mundo uma única mensa-
gem que justifique sua existência?
Olho-me ao espelho. Estarei usando máscara mesmo quan-
do estou sozinha? Acaso já não vivo sem ela, só respiro por meio 
de artifícios? É ela que me deixa ser alada e terrestre, me permi-
te voar e contornar seres e objetos de cristal? É a máscara que 
pousa desajeitada no meu próprio rosto, onde há de ficar para 
sempre, até derreter um dia como se fora feita de cera?
Nélida Piñon. A máscara do meu rosto. In: O Estado de São Paulo, 
Suplemento Feminino, 29/9/1997
Considerando aspectos de forma e de conteúdo do texto 
20A2-II, julgue o item subsecutivo.
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No texto, há evidente diferença de sentido entre o emprego 
de “máscara”, no singular, e o de “máscaras”, no plural, o que 
demarca uma mudança de posicionamento da autora.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
152. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB3A1-I
Ao final do período de revoluções e guerras que caracteri-
zaram a virada do século XVIII para o XIX, os recém-emancipa-
dos países da América e os antigos Estados europeus se viram 
diante da necessidade de criar estruturas de governo, marcan-
do a transição do Antigo Regime ao constitucionalismo e do 
colonialismo à independência. Os arquitetos da nova ordem se 
inspiraram em fontes antigas e modernas: de Aristóteles (384 
a.C. – 322 a.C.) e Políbio (c.200 a.C. – c.118 a.C.) a John Locke 
(1632 – 1704) e Montesquieu (1689 – 1755). Um dos principais 
problemas com os quais lideranças e pensadores políticos se 
confrontaram estava materializado em uma passagem do poe-
ta satírico romano Juvenal (c.55 – c.127), em que se lê: “Quis 
custodiet ipsos custodes?”, traduzida como “Quem vigia os 
vigias?” ou “Quem controla os controladores?”.
“Uma coisa é teorizar sobre a separação em três poderes, 
como lemos em Montesquieu. Outra coisa é colocar em práti-
ca”, observa a historiadora Monica Duarte Dantas, do Instituto 
de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. “Aí sur-
gem os problemas, porque um poder pode tentar assumir as 
atribuições de outro. Não era possível antever todas as ques-
tões que iriam aparecer, até porque havia assuntos que diziam 
respeito a mais de um poder. Na prática, era preciso definir a 
quem competia o quê. Essas questões emergiram rapidamen-
te nos séculos XVIII e XIX, quando se tentou colocar em prática 
a separação de poderes.”
Alguém que acompanhasse os trabalhos de elaboração de 
textos constitucionais no início do século XIX não necessaria-
mente apostaria que, ao final desse período, estaria consoli-
dado um modelo de organização do Estado em que o poder 
se desdobraria em três partes: o Executivo, o Legislativo e o 
Judiciário, conforme apresentado pelo filósofo francês Montes-
quieu em O espírito das leis (1748). Havia projetos com quatro, 
cinco ou até mais poderes. Na França, o filósofo político franco-
-suíço Benjamin Constant (1767 – 1830) imaginou meia dezena: 
o Judiciário, o Executivo, dois poderes representativos, corres-
pondentes ao Legislativo — o da opinião (Câmara Baixa) e o da 
tradição (Câmara Alta) —, e um poder “neutro”, exercido pelo 
monarca. O revolucionário venezuelano Simon Bolívar (1783 – 
1830) chegou a formular a ideia, em 1819, de um “poder moral” 
que deveria cuidar, sobretudo, de educação.
As mesmas preocupações estavam na cabeça dos deputa-
dos na primeira Assembleia Constituinte do Brasil, em 1823. Até 
que, em novembro, o conflito de poderes se concretizou: tropas 
enviadas pelo imperador Dom Pedro I (1789 – 1834) dissolveram 
a assembleia. Em março do ano seguinte, quando o imperador 
outorgou a primeira Constituição brasileira, ela se afastava pou-
co do projeto elaborado em 1823, mas continha uma diferença 
crucial: os poderes eram quatroe incluíam um Moderador.
Entretanto, só em dois países esse quarto poder chegou 
a ser formalmente inscrito no texto constitucional, como uma 
instituição em separado. O Brasil, com o título 5.º da Constitui-
ção de 1824, e Portugal, em 1826, com a Carta Constitucional 
outorgada também por Dom Pedro — em Portugal, IV, e não 
I —, no breve período de seis dias em que acumulou a coroa 
de ambos os países. As funções do Poder Moderador, tanto na 
doutrina de Constant quanto na Constituição brasileira, guar-
dam semelhanças com algumas das funções que hoje cabem 
às cortes supremas — no Brasil, ao Supremo Tribunal Federal 
(STF). Trata-se de garantir que a atuação dos poderes, seja na 
formulação de leis, seja na administração pública ou no julga-
mento de casos, não se choque com as normas constitucionais.
Diego Viana. Experimentação constitucional fomentou criação de Poder 
Moderador. In: Revista Pesquisa FAPESP, ago./2022 (com adaptações)
Considerando os sentidos e a organização do texto CB3A1-I, jul-
gue o item a seguir.
Entende-se do texto que a tripartição dos poderes não era uma 
unanimidade no momento da elaboração dos textos constitu-
cionais no início do século XIX. 
( ) CERTO  ( ) ERRADO
153. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1-I
Com altos índices de evasão escolar, baixo engajamento e 
conteúdos pouco conectados à realidade dos alunos, o ensi-
no médio já era, antes da pandemia de covid-19, a etapa mais 
desafiadora da educação básica. Com o fechamento das esco-
las e o distanciamento dos estudantes do convívio educacional, 
os últimos anos escolares passaram a trazer ainda mais dificul-
dades a serem enfrentadas — reforçadas pelas desigualdades 
raciais, socioeconômicas e de acesso à Internet.
Nenhuma avaliação diagnóstica precisou os prejuízos 
totais da pandemia para a aprendizagem dos alunos, mas há 
alguns estudos que ajudam a entender melhor o cenário. Uma 
pesquisa realizada pelo Centro de Políticas Públicas e Avalia-
ção da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) 
apontou que houve piora em todas as séries avaliadas. Segun-
do a pesquisa amostral, em matemática, o desempenho alcan-
çado no 3.º ano do ensino médio foi de 255,3 pontos na escala 
de proficiência, inferior aos 261,7 obtidos pelos estudantes ao 
final do 9.º ano do ensino fundamental no Sistema de Avalia-
ção da Educação Básica (SAEB) de 2019. Em língua portuguesa, 
os estudantes do 9.º ano apresentaram uma queda de 12 pon-
tos, e os do 3.º ano do ensino médio, de 11 pontos.
Após o retorno presencial, estados e municípios ainda têm 
muito trabalho para identificar os reais prejuízos, dimensioná-
-los e encontrar caminhos e soluções para que professores e 
estudantes possam retomar a aprendizagem.
Para Suelaine Carneiro, coordenadora de educação na 
Geledés, organização da sociedade civil que se posiciona em 
defesa de mulheres e homens negros, “há um consenso de 
que não foi possível atender todos os alunos” na educação 
pública. “Os dados indicam um baixo número de participação 
dos estudantes, somado à impossibilidade de os familiares 
acompanharem a resolução das tarefas”, afirma. Mas não fica 
apenas nisso. “Em termos de aprendizagem, os dados também 
mostram dificuldades no que diz respeito à compreensão e à 
resolução das tarefas.”
De acordo com ela, a situação de alunos negros requer ain-
da mais atenção. “É preciso prestar atenção nessa condição: a 
pessoa já estava vulnerável socialmente, sem a possibilidade 
de realizar um isolamento dentro de casa, pois vive em uma 
casa pequena ou onde não há cômodos suficientes”, contex-
tualiza Suelaine.
Agravada pela pandemia, que engrossou o número de tra-
balhadores desempregados, a questão econômica foi um dos 
grandes fatores que impactou a vida dos estudantes do ensi-
no médio. “Temos alunos que estão trabalhando no horário 
de aula, dizendo que precisam ajudar a família, e aos fins de 
semana assistem às atividades”, relata a professora Lucenir 
Ferreira, da Escola Estadual Mário Davi Andreazza, em Boa Vis-
ta (RR). Lucenir conta que muitos alunos chegam a falar que 
não conseguem aprender nada e desabafam por sentir que 
a aprendizagem foi prejudicada, principalmente os que estão 
em processo de preparação para o vestibular.
Apesar dos desafios, Suelaine acredita que os impactos 
não são irreversíveis, como outros especialistas têm apontado. 
“Você pode recuperar dois anos se houver políticas públicas, 
compromisso público com a educação, de forma a desenvolver 
diferentes ações”, diz ela.
Internet: (com adaptações)
A respeito dos sentidos e dos aspectos tipológicos e coesivos do 
texto CB1A1-I, julgue o próximo item.
No quarto parágrafo, a expressão “Mas não fica apenas nisso” 
estabelece uma relação de causa e consequência entre duas 
citações de Suelaine Carneiro.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
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154. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CG1A1-I
Responsabilidade fiscal combina com 
responsabilidade social?
Quando analistas do mercado financeiro e economistas 
ditos “ortodoxos” referem-se à necessidade de haver respon-
sabilidade fiscal, parece, à primeira vista, que estão se refe-
rindo à necessidade de o Estado não realizar gastos (ou abrir 
mão de receitas públicas) de modo descontrolado, eleitoreiro 
e ineficiente, aumentando aceleradamente a dívida pública (em 
proporção do PIB) sem um planejamento econômico- orçamen-
tário de médio e longo prazo. Se fosse somente isso, se fossem 
somente essas as suas preocupações, não haveria muita polê-
mica, visto que os políticos e os economistas que questionam 
a visão do mercado financeiro também concordam com esses 
parâmetros para qualificar a responsabilidade fiscal.
O problema está em alguns diagnósticos e causalidades 
evocados pelos economistas porta-vozes do mercado financei-
ro, que podemos sintetizar em duas ideias centrais.
A primeira ideia central é a de que a economia brasileira 
apresentaria historicamente um sério “risco fiscal”, suficien-
te para tirar o sono daqueles que compram títulos da dívida 
pública. Exatamente por esse grave risco fiscal, argumenta o 
economista ortodoxo, é que haveria a necessidade de o Banco 
Central manter a taxa de juros reais nas alturas, colocando o 
Brasil quase sempre na posição de país com a maior taxa de 
juros reais no mundo. Os maiores juros reais do mundo seriam 
uma espécie de prêmio exigido de modo justo e justificado 
pelos “investidores” que emprestam seus recursos ao governo: 
maior risco, maior incerteza, maior prêmio — uma simples e 
sadia “lei do mercado”.
A segunda ideia central é a de que a inflação decorreria de 
um excesso de demanda na economia. Não adianta apresen-
tar dados objetivos indicando que, em muitos casos, a infla-
ção é gerada por choques de oferta que nada têm a ver com 
excesso de demanda. A partir desse diagnóstico imutável (e 
imune aos fatos) de que a inflação — ou o risco de inflação 
— seria sempre um problema de excesso de demanda, os por-
ta-vozes do mercado estão sempre cobrando do governo que 
colabore para a redução da demanda e modere seus gastos 
(exceto o gasto com os juros da dívida pública), e estão sempre 
cobrando do Banco Central que aumente a taxa básica de juros 
diante de qualquer tipo de sinal de pressão inflacionária, pois 
o aumento dos juros causa refluxo da demanda — demissões, 
queda nos investimentos — e esse refluxo da demanda com-
bateria eficazmente a inflação.
Podemos agora formular com precisão: o mercado finan-
ceiro não vê antagonismo entre responsabilidade fiscal e 
responsabilidade social porque, em sua visão, a primeira é 
sempre uma pré- condição para a segunda. Como o mercado 
financeiro sempre vê um risco fiscal significativo na economia 
brasileira, nuncaestará satisfeito com o nível de responsabi-
lidade fiscal demonstrado pelo governo, nunca achará que já 
estamos em condições de avançar com segurança nas tarefas 
sociais e sempre tachará de “populista” ou “demagógica” qual-
quer alternativa que signifique abandonar esse beco sem saída 
ao qual o país foi condenado nas últimas décadas.
Internet: (com adaptações)
Considerando as informações veiculadas no texto CG1A1-I e 
a argumentação desenvolvida por seu autor, julgue o item a 
seguir.
O autor analisa a relação entre responsabilidade social e res-
ponsabilidade fiscal, aderindo ao ponto de vista dos economis-
tas ortodoxos.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Leia o texto a seguir para responder às questões 155 e 156.
Em 1898, Nikola Tesla impressionou quem assistiu à sua apre-
sentação na Feira Electrical Exhibition, que aconteceu no (então 
recém-inaugurado) Madison Square Garden, em Nova York.
Em uma piscina, o cientista colocou um barco em minia-
tura — que, de repente, começou a se mover sozinho. A pla-
teia, boquiaberta, logo o indagou sobre o feito. Tesla disse que 
havia equipado o barco com um “sistema inteligente”, capaz de 
responder, inclusive, a comandos de direção.
As pessoas, então, gritaram para que a miniatura nave-
gasse para frente, para o lado, para trás… E o barquinho obe-
deceu, como se estivesse “ouvindo” as ordens. Mentira. Tesla 
estava comandando tudo à distância. Cortesia de sua inven-
ção: o primeiro sistema de controle remoto via ondas de rádio.
Hoje, claro, ninguém cairia no truque do barquinho. Mas, 
naquela época, quase ninguém conhecia as propriedades da 
radiotransmissão — a primeira transmissão transatlântica, fei-
ta pelo italiano Guglielmo Marconi, havia acontecido apenas 
um ano antes, em 1897. Tesla, assim como Marconi, foi um dos 
precursores desse campo de estudo, que revolucionou o modo 
como nos comunicamos.
Rafael Battaglia. Internet: (com 
adaptações).
Com base nas ideias do texto, julgue os itens a seguir.
155. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Entende-se da leitura do texto 
que o ‘sistema inteligente’ ao qual Tesla se referiu, durante sua 
apresentação na Feira Electrical Exhibition, era o sistema de 
controle remoto via ondas de rádio.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
156. (CEBRASPE-CESPE – 2023) De acordo com as informações 
do texto, a plateia que assistia à apresentação de Tesla ficou 
impressionada com o movimento do barco em miniatura na 
piscina por acreditar que ele obedecia ao comando de vozes.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
157. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto
O Estado moderno exerce um papel importante na molda-
gem da distribuição de renda e do bem-estar entre seus cida-
dãos, moderando as desigualdades geradas pela economia de 
mercado. Ele busca esses objetivos por intermédio de várias 
políticas públicas, como o estabelecimento do arcabouço legal 
do ambiente de negócios, a regulação da concorrência econô-
mica, a provisão de bens e serviços públicos, a promoção de 
transferências monetárias às famílias de baixa renda e a arre-
cadação dos tributos necessários a seu financiamento.
Entre as principais funções do Estado, sob a ótica das finan-
ças públicas, está a função redistributiva. Essa função está basi-
camente associada a ajustamentos no perfil da distribuição de 
renda, uma vez que as alocações de mercado podem levar 
a uma situação de desigualdade não apoiada pelos anseios 
gerais da população. Nesse caso, o equilíbrio de mercado pode 
passar a gerar conflitos e a interferir no funcionamento da pró-
pria sociedade.
Um importante instrumento à disposição do Estado para 
exercer sua função distributiva é, naturalmente, o sistema tri-
butário. Por meio dele, o governo pode ajustar a renda dos 
cidadãos, taxando mais algumas rendas e menos outras, de 
forma a atingir uma distribuição final mais equitativa. Um 
sistema tributário progressivo é aquele no qual os impostos 
aumentam mais que proporcionalmente com o aumento da 
renda dos contribuintes. O sistema regressivo ocorre quando 
o pagamento dos impostos aumenta menos que proporcional-
mente com a renda dos contribuintes e proporcional (ou neu-
tro) quando os impostos aumentam proporcionalmente com 
a renda.
O sistema de impostos progressivo tende a reduzir a desi-
gualdade de renda entre os cidadãos. No contexto do sistema 
tributário de qualquer país, o tributo que melhor possibilita a 
aplicação do princípio da progressividade é o imposto de ren-
da da pessoa física (IRPF). O IRPF brasileiro apresenta elevada 
progressividade em termos de desvio da proporcionalidade 
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e moderada capacidade redistributiva, em função da baixa 
representatividade da arrecadação frente à renda bruta total 
do país. A progressividade do tributo brasileiro advém essen-
cialmente da estrutura de alíquotas, sendo que a estrutura das 
deduções do rendimento bruto é proporcional e, portanto, 
neutra em termos de progressividade.
Internet: (com adaptações).
Considerando os sentidos do texto, julgue o item a seguir.
Entende-se da leitura do texto que o sistema tributário progres-
sivo contribui para o Estado exercer a sua função redistributiva.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Leia o texto a seguir para responder às questões 158 e 159.
Quando se fala em palhaço, duas imagens costumam vir 
logo à cabeça. Palhaço, infelizmente, é aquele de quem muitos 
têm medo. Ele pega alguém da plateia para ridicularizar, faz 
grosserias, piadas inconvenientes. Crianças têm medo de palha-
ços. Filmes de terror exploram impiedosamente nossas fanta-
sias infantis sobre tal figura. Esses palhaços malvados existem 
em nosso imaginário e, felizmente, são a minoria na realidade. 
Neste exato instante em que você lê estas palavras, milhares 
de palhaços em todo o mundo estão em hospitais, campos de 
batalha, campos de refugiados, escutando pessoas, relacionan-
do-se verdadeiramente com elas, buscando, por meio do afe-
to e do humor, amenizar a dor daqueles que estão passando 
por situações trágicas e delicadas. Dessa imagem inferimos por 
que a comédia é uma espécie de tratamento para a tragédia. 
Um tratamento que não nega nem destitui a existência do pior, 
mas que faz com ele uma espécie de inversão de sentido. Assim, 
introduzimos que o horizonte do que o palhaço escuta é a tragé-
dia da vida, a sua realidade mais extensa de miséria e impotên-
cia, de pequenez e arrogância, de pobreza e desencontro, que 
se mostra como uma repetição insensata sempre. O palhaço é 
um realista, mas não um pessimista. Ele mostra a realidade exa-
gerando as deformações que criamos sobre ela. Primeira lição a 
tirar disso para a arte da escuta: escutar o outro é escutar o que 
realmente ele diz, e não o que a gente ou ele mesmo gostaria 
de ouvir. Escutar o que realmente alguém sente ou expressa, e 
não o que seria mais agradável, adequado ou confortável sentir. 
Escutar o que realmente está sendo dito e pensado, e não o que 
nós ou ele deveríamos pensar e dizer.
Christian Dunker e Cláudio Thebas. O palhaço e o psicanalista como escutar 
os outros pode transformar vidas. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019, p. 30-1 
(com adaptações)
Com relação às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísticos 
do texto anterior, julgue os itens a seguir.
158. (CEBRASPE-CESPE – 2023) O texto estabelece um contras-
te entre o palhaço do imaginário, que assusta, e o palhaço real, 
que conforta.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
159. (CEBRASPE-CESPE – 2023) A referência temporal da 
expressão “Neste exato instante” (sétimo período) é atualizada 
a cada leitura do texto, remetendo ao agora, ao presente de cada 
leitor.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
160. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1-I
À medida que o homem cria, recria e decide, vão se forman-
do as épocashistóricas. E é também criando, recriando e deci-
dindo como deve participar nessas épocas. É por isso que obtém 
melhor resultado toda vez que, integrando-se no espírito delas, 
se apropria de seus temas e reconhece suas tarefas concretas.
Ponha-se ênfase, desde já, na necessidade permanente 
de uma atitude crítica, a única com a qual o homem poderá 
apreender os temas e tarefas de sua época para ir se integrando 
nela. Uma época, por outro lado, realiza-se na proporção em 
que seus temas forem captados e suas tarefas, resolvidas. E se 
supera na medida em que os temas e as tarefas não corres-
pondem a novas ansiedades emergentes.
Uma época da história apresentará uma série de aspi-
rações, de desejos, de valores, em busca de sua realização. 
Formas de ser, de comportar-se, atitudes mais ou menos gene-
ralizadas, das quais somente os visionários que se antecipam 
têm dúvidas e frente às quais sugerem novas fórmulas.
A passagem de uma época para outra caracteriza-se por 
fortes contradições que se aprofundam, dia a dia, entre valores 
emergentes em busca de afirmações, de realizações, e valores 
do ontem em busca de preservação.
Quando isso ocorre, verifica-se o que chamamos transição. 
Observa-se um aspecto fortemente dramático que vai atingir 
as mudanças de que se nutre a sociedade. Porque é dramático, 
é fortemente desafiador. E a transição se torna então um tem-
po de opções. Nutrindo-se de mudanças, a transição é mais 
que as mudanças. Implica realmente a marcha que faz a socie-
dade na procura de novos temas, de novas tarefas ou, mais 
precisamente, de sua objetivação. As mudanças se produzem 
numa mesma unidade de tempo, sem afetá-la profundamente. 
É que se verificam dentro do jogo normal, resultante da pró-
pria busca de plenitude que fazem estes temas.
Quando, por fim, estes temas começam a esvaziar e a 
perder sua significação, emergindo novos temas, a sociedade 
começa a passar para outra época. Nestas fases, mais do que 
nunca, se faz indispensável a integração. Mais do que nunca 
se faz indispensável o desenvolvimento de uma mente crítica, 
com a qual o homem possa se defender dos perigos dos irra-
cionalismos, encaminhamentos distorcidos da emoção, carac-
terística dessas fases de transição.
Paulo Freire. Educação e mudança. 41.ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo:
Paz e Terra, 2020, p. 87-89 (com adaptações).
Com relação às ideias e à tipologia do texto CB1A1-I, julgue o 
item a seguir.
De acordo com o texto, os homens que participam das épocas 
históricas com melhores resultados são aqueles que nelas se 
integram, no que se refere tanto às ideias quanto às ações.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Leia o texto a seguir para responder às questões 161 e 162.
Texto CG2A1-I
Até você terminar de ler este parágrafo, mais um aciden-
te de trabalho será notificado no Brasil. Em menos de quatro 
horas, mais uma pessoa morrerá em decorrência de um des-
ses acidentes. Segundo dados do Observatório de Segurança e 
Saúde no Trabalho (SmartLab), que consideram apenas regis-
tros envolvendo pessoas com carteira assinada, os acidentes 
e as mortes, no Brasil, cresceram nos últimos dois anos. Em 
2020, foram 446.881 acidentes de trabalho notificados; em 
2021, o número subiu 37%, alcançando 612.920 notificações. 
Em 2020, 1.866 pessoas morreram nessas ocorrências; no ano 
passado, foram 2.538 mortes, um aumento de 36%.
Na avaliação do ministro Alberto Balazeiro, as situações 
de precarização do trabalho tendem a gerar mais acidentes, e 
estudos mostram que trabalhadores terceirizados estão mais 
suscetíveis a condições de risco e à falta de políticas adequadas 
de prevenção. “Além disso, situações de crise levam emprega-
dores a, inadvertidamente, esquecer ou não investir em medi-
das de proteção coletiva e eliminação de riscos”, assinala.
Por ano, os acidentes de trabalho representam perdas 
financeiras na média de R$ 13 bilhões. O montante considera 
valores pagos pelo INSS em benefícios de natureza acidentária. 
Além disso, mais de 46 mil dias de trabalho são perdidos, con-
tabilizando-se todos aqueles em que as pessoas não trabalha-
ram em razão de afastamentos previdenciários acidentários.
Natália Pianegonda. Acidentes de trabalho matam ao menos uma pessoa 
a cada 3 h 47 min no Brasil. Justiça do Trabalho/CSJT. 28 abr. 2023 (com 
adaptações).
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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Em relação às ideias do texto CG2A1-I, julgue os itens a seguir.
161. (CEBRASPE-CESPE – 2023) A afirmação inicial do texto evi-
dencia a alta incidência de acidentes de trabalho no Brasil.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
162. (CEBRASPE-CESPE – 2023) De acordo com o texto, as más 
condições de trabalho são a principal causa dos acidentes de 
trabalho no Brasil.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
163. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
Um registro de mutações ligadas ao mundo eletrônico se 
refere ao que chamo de a ordem das propriedades, tanto em 
um sentido jurídico — o que fundamenta a propriedade lite-
rária e o copyright — quanto em um sentido textual — o que 
define as características ou propriedades dos textos.
O texto eletrônico, tal qual o conhecemos, é um texto 
móvel, maleável, aberto. O leitor pode intervir em seu próprio 
conteúdo, e não somente nos espaços deixados em branco 
pela composição tipográfica. Pode deslocar, recortar, estender, 
recompor as unidades textuais das quais se apodera. Nesse 
processo, desaparece a atribuição dos textos ao nome de seu 
autor, já que são constantemente modificados por uma escri-
tura coletiva, múltipla, polifônica.
Essa mobilidade lança um desafio aos critérios e às catego-
rias que, pelo menos desde o século XVIII, identificam as obras 
com base na sua estabilidade, singularidade e originalidade. 
Há um estreito vínculo entre a identidade singular, estável, 
reproduzível dos textos e o regime de propriedade que pro-
tege os direitos dos autores e dos editores. É essa relação que 
coloca em questão o mundo digital, que propõe textos bran-
dos, ubíquos, palimpsestos.
Roger Chartier. Os desafios da escrita. Tradução de Fulvia M. L. Moreto. São 
Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 24-25 (com adaptações)
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto pre-
cedente, julgue o item a seguir.
O mundo digital coloca em xeque o conceito de texto como 
se conhecia, bem como as tradicionais relações de autoria e 
propriedade.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
164. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB2A1-I
Assim como cidadania e cultura formam um par integrado 
de significações, cultura e territorialidade são, de certo modo, 
sinônimos. A cultura, forma de comunicação do indivíduo e do 
grupo com o universo, é herança, mas também um reaprendi-
zado das relações profundas entre o ser humano e o seu meio, 
um resultado obtido por intermédio do próprio processo de 
viver. Incluindo o processo produtivo e as práticas sociais, a 
cultura é o que nos dá a consciência de pertencer a um grupo, 
do qual é o cimento. É por isso que as migrações agridem o 
indivíduo, roubando-lhe parte do ser, obrigando-o a uma nova 
e dura adaptação em seu novo lugar. Desterritorialização é fre-
quentemente outra palavra para significar alienação, estranha-
mento, que são, também, desculturização.
Esse processo é, também, o que comanda as migrações, 
que são, por si sós, processos de desterritorialização e, parale-
lamente, processos de desculturização. O novo ambiente ope-
ra como uma espécie de denotador. Sua relação com o novo 
morador se manifesta dialeticamente como territorialidade 
nova e cultura nova, que interferem reciprocamente, mudan-
do paralelamente territorialidade e cultura, e mudando o ser 
humano.
Milton Santos. O espaço do Cidadão. 7.ª ed São Paulo: Editora da 
Universidade de São Paulo, 2020, p. 81-83 (com adaptações)
Considerando as ideias, os sentidose os aspectos linguísticos 
do texto CB2A1-I, julgue o seguinte item.
O emprego da expressão “É (...) que”, no quarto período do pri-
meiro parágrafo, enfatiza que as migrações agridem o indiví-
duo pelas razões expressas no segundo e no terceiro período 
desse mesmo parágrafo, e não por outras quaisquer.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
165. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto
“Cada língua indígena é um reservatório único de conheci-
mento medicinal”. Assim escrevem os pesquisadores Rodrigo 
Cámara-Leret e Jordi Bascompte em um recente estudo que 
faz um alerta: o perigo do desaparecimento de antigos conhe-
cimentos de plantas medicinais a partir da extinção das línguas 
indígenas.
Em geral, quando se fala em plantas com propriedades 
medicinais, as discussões giram em torno da extinção da biodi-
versidade. Nessa pesquisa, contudo, os cientistas focaram no 
que costuma ser esquecido: o impacto da extinção das línguas 
para a perda desse conhecimento, tradicionalmente transmitido 
oralmente.
Antes de tudo, a equipe do estudo precisava entender em 
que medida acontecia a perda de conhecimento linguisticamente 
único.
No caso das plantas medicinais, era preciso entender em que 
grau o conhecimento delas estava atrelado a apenas uma língua 
indígena. Dessa forma, seria possível compreender quais saberes 
seriam perdidos no caso de extinção de determinado idioma.
Para isso, os pesquisadores analisaram três conjuntos de 
dados etnobotânicos (a ciência que estuda a relação entre 
humanos e plantas). Eles contavam com cerca de 3,6 mil plan-
tas medicinais, 236 línguas indígenas e 12,5 mil “serviços de 
plantas medicinais” — combinações entre espécies de plantas 
e a subcategoria medicinal para a qual elas eram indicadas, 
como “figueira-brava (Ficus insipida) + sistema digestivo”. Os 
dados são referentes a três regiões com grande diversidade 
linguística e biológica: América do Norte, noroeste da Amazô-
nia e Nova Guiné.
Depois de analisarem os dados, os cientistas apontaram 
que o conhecimento indígena sobre as plantas medicinais está, 
de fato, apoiado na singularidade linguística. No noroeste da 
Amazônia, 91% do conhecimento medicinal não é compartilha-
do entre línguas — e se concentra em apenas um idioma. Em 
Nova Guiné, essa taxa é de 84%; na América do Norte, 73%.
Além disso, eles observaram a porcentagem desse conhe-
cimento que se concentra, especificamente, em línguas amea-
çadas de extinção. Na América do Norte, 86% do conhecimento 
medicinal único ocorre, justamente, em idiomas em risco. No 
noroeste da Amazônia, 100%.
Para os cientistas, uma das hipóteses é a alta rotatividade 
cultural. Isso significa que, para uma mesma planta, os povos 
indígenas possuem diversos conhecimentos e aplicações 
exclusivos. Sem uma Wikipédia para reunir informações, cada 
cultura acumulou, ao longo do tempo, as próprias descobertas 
sobre cada espécie.
O estudo ajuda a mostrar que cada língua (e cultura) indíge-
na tem percepções únicas que, inclusive, podem vir a oferecer 
seus conhecimentos medicinais também a outras sociedades.
Internet: (com adaptações).
Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto prece-
dente, julgue o item a seguir.
O texto apresenta dados de uma pesquisa que alerta sobre o 
perigo do desaparecimento de antigos conhecimentos acerca 
de plantas medicinais a partir da extinção das línguas indígenas.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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166. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
O texto mais célebre de A República é sem dúvida a Alego-
ria da Caverna, em que Platão, utilizando-se de linguagem ale-
górica, discute o processo pelo qual o ser humano pode passar 
da visão habitual que tem das coisas, “a visão das sombras”, 
unidirecional, condicionada pelos hábitos e preconceitos que 
adquire ao longo de sua vida, até a visão do Sol, que repre-
senta a possibilidade de alcançar o conhecimento da realidade 
em seu sentido mais elevado e compreendê-la em sua totali-
dade. A visão do Sol representa não só o alcance da Verdade e, 
portanto, do conhecimento em sua acepção mais completa, já 
que o Sol é “a causa de tudo”, mas também, como diz Sócrates 
na conclusão dessa passagem: “Nos últimos limites do mun-
do inteligível, aparece-me a ideia do Bem, que se percebe com 
dificuldade, mas que não se pode ver sem se concluir que ela 
é a causa de tudo o que há de reto e de belo. Acrescento que 
é preciso vê-la se se quer comportar-se com sabedoria, seja na 
vida privada, seja na vida pública.”.
De acordo com este texto, a possibilidade de um indivíduo 
tornar-se justo e virtuoso depende de um processo de transfor-
mação pelo qual deve passar. Assim, afasta-se das aparências, 
rompe com as cadeias de preconceitos e condicionamentos e 
adquire o verdadeiro conhecimento. Tal processo culmina com 
a visão da forma do Bem, representada pela matéria do Sol. O 
sábio é aquele que atinge essa percepção. Para Platão, conhe-
cer o Bem significa tornar-se virtuoso. Aquele que conhece a 
justiça não pode deixar de agir de modo justo.
Danilo Marcondes. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. 1ª ed. Rio 
de Janeiro: Jahar, 2007, p. 31 (com adaptações)
Em relação às ideias, aos sentidos e aspectos linguísticos do 
texto precedente, julgue o item subsecutivo.
Depreende-se do texto que as visões de Sócrates e Platão con-
vergem ao relacionar a justiça ao conhecimento do Bem.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
167. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto
As desigualdades digitais refletem, reproduzem ou espe-
lham desigualdades sociais mais amplas, constituindo, desde 
o final do século XX, mais um lócus de estratificação social no 
Brasil. Além do acesso à Internet e da posse de equipamentos 
digitais adequados, o chamado “letramento digital” também é 
um fator de desigualdade, uma vez que nem todos os usuários 
têm familiaridade com as tecnologias — dispositivos, redes 
de conexão, aplicativos, plataformas — para saber manejá-las 
corretamente. Os usos das tecnologias são muito diversos e 
se relacionam com diferenças ligadas a escolaridade, capital 
cultural, idade, tipo de inserção profissional, entre outras variá-
veis. Saber fazer um currículo em um editor de texto online, 
organizar e catalogar correios eletrônicos ou mesmo realizar 
pesquisas na Internet em fontes confiáveis (desviando-se das 
chamadas fake news) ainda são habilidades desigualmente 
aprendidas na sociedade brasileira, tornando-se um “privilé-
gio” de alguns grupos sociais.
Renata Mourão Macedo e Carolina Parreiras. Desigualdades digitais e 
educação.
In: Ciência Hoje, edição n.º 383, dez./2021 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto 
precedente, julgue o item a seguir.
Por deixarem evidentes desigualdades sociais mais amplas, as 
desigualdades digitais se tornaram outro espaço de estratifica-
ção social da sociedade brasileira.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
168. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto
Quem acompanha as redes sociais no Brasil de hoje pro-
vavelmente já se deparou com a gíria “lacrar”. Dizer que fulano 
“lacrou” é expressar admiração por uma ação ou fala que é per-
cebida como o ponto final, a última palavra sobre determinado 
assunto ou situação. Depois que alguém “lacrou”, supostamen-
te nada resta a ser dito.
Além de iluminar um aspecto da experiência, a ideia de 
“lacre” também ajuda a reforçar certas compreensões e com-
portamentos. Ao acioná-la, reforçamos a ideia de que debates, 
em princípio, admitem um fechamento irrevogável. Mas nada 
justifica essa crença. Debate algum pode ser encerrado por 
força de um argumento supostamente último.
Antonio Engelke. Pureza e poder: os paradoxos da política identitária. In: 
Piauí, ed. 132, set./2017 (com adaptações).
A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto prece-
dente,to, o qual, quanto mais progride, mais gera dependência e 
subdesenvolvimento.
Desses fracassos da minha vida inteira, que são os únicos 
orgulhos que eu tenho dela, eu me sinto compensado pelo 
título que a Universidade de Paris VII me confere aqui, ago-
ra. Compensado e estimulado a retomar minha luta contra o 
genocídio e o etnocídio das populações indígenas; e contra 
todos que querem manter o povo brasileiro atado ao atraso 
e à dependência.
Obrigado. Muito obrigado.”
Darcy Ribeiro. Testemunho. São Paulo: Editora Siciliano, 1990 (com 
adaptações)
A respeito das ideias, dos aspectos linguísticos e da classifica-
ção tipológica do texto anterior, julgue o item seguinte. 
O emprego do acento diferencial no vocábulo ‘pôr’, no quinto e 
no sexto parágrafos, é obrigatório.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
5. (CEBRASPE-CESPE – 2022) As palavras “diário” e “saúde” são 
acentuadas graficamente de acordo com a mesma regra de 
acentuação gráfica.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
6. (CEBRASPE-CESPE – 2022) As palavras “já” e “está” são acen-
tuadas graficamente de acordo com a mesma regra de acentua-
ção gráfica.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
7. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Os vocábulos “África” e “Atlântico” 
são acentuados graficamente pelo mesmo motivo.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
8. (CEBRASPE-CESPE – 2021) O emprego de acento agudo nas 
palavras “elétricos”, “pálidas” e “móveis” justifica-se pela mes-
ma regra de acentuação gráfica.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
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9. (CEBRASPE-CESPE – 2021) O emprego do acento nas palavras 
“número” e “cerâmica” justifica-se com base na mesma regra de 
acentuação.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
10. (CEBRASPE-CESPE – 2021) O emprego do acento agudo em 
“nomeá-la” e “ordená-la”, no primeiro parágrafo, justifica-se 
pela mesma regra de acentuação gráfica.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
11. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
Teoria do medalhão
(diálogo)
Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, 
meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um 
anos, no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de 
nada, e estás homem, longos bigodes, alguns namoros...
Papai...
Não te ponhas com denguices, e falemos como dois ami-
gos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. 
Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, 
um diploma, podes entrar no parlamento, na magistratura, na 
imprensa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou 
nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, 
meu rapaz, formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. 
(...) Mas qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu 
desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, 
que te levantes acima da obscuridade comum. (...)
Sim, senhor.
Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão 
para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar 
um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não inde-
nizem suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que 
te aconselho hoje, dia da tua maioridade.
Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá?
Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. 
Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, 
porém, as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra 
consolação e relevo moral, além das esperanças que deposito 
em ti. Ouve-me bem, meu querido filho, ouve-me e entende. (...)
Entendo.
Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves 
pôr todo o cuidado nas ideias que houveres de nutrir para uso 
alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente (...).
Mas quem lhe diz que eu...
Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfeita 
inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício.
Não me refiro tanto à fidelidade com que repetes numa sala 
as opiniões ouvidas numa esquina, e vice-versa, porque esse 
fato, posto indique certa carência de ideias, ainda assim pode 
não passar de uma traição da memória. Não; refiro-me ao ges-
to correto e perfilado com que usas expender francamente as 
tuas simpatias ou antipatias acerca do corte de um colete, das 
dimensões de um chapéu, do ranger ou calar das botas novas. 
Eis aí um sintoma eloquente, eis aí uma esperança. No entanto, 
podendo acontecer que, com a idade, venhas a ser afligido de 
algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente o espírito. 
As ideias são de sua natureza espontâneas e súbitas; por mais 
que as soframos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza 
com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue 
o medalhão completo do medalhão incompleto.
Machado de Assis. Teoria do medalhão. In: 50 contos escolhidos de 
Machado de Assis. Seleção, introdução e notas de John Gledson São Paulo: 
Companhia das Letras, 2007, p. 82-83 (com adaptações)
Considerando os aspectos linguísticos do texto Teoria do medalhão, 
apresentado anteriormente, julgue o item a seguir. O sinal de acen-
tuação no verbo “pôr” caracteriza o chamado acento diferencial.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ FORMAÇÃO E ESTRUTURA DAS PALAVRAS
12. (CEBRASPE-CESPE – 2023) A palavra “paulatinamente” é 
formada por derivação parassintética.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
13. (CEBRASPE-CESPE – 2022) A palavra “movimento” constitui 
exemplo de palavra formada por derivação imprópria.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
14. (CEBRASPE-CESPE – 2021) A palavra “decorrência” é forma-
da pelo processo de derivação sufixal, a partir do verbo decor-
rer e do sufixo –ência.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
15. (CEBRASPE-CESPE – 2021) O vocábulo “intrínsecos” é forma-
do por derivação prefixal, mediante o acréscimo do prefixo de 
negação –in.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
16. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
Quem sou eu?
Se negro sou, ou sou bode,
Pouco importa. O que isto pode?
Bodes há de toda a casta,
Pois que a espécie é muita vasta...
Há cinzentos, há rajados,
Baios, pampas e malhados,
Bodes negros, bodes brancos,
E, sejamos todos francos,
Uns plebeus, e outros nobres,
Bodes ricos, bodes pobres,
Bodes sábios, importantes,
E também alguns tratantes...
Aqui, nesta boa terra,
Marram todos, tudo berra;
Nobres Condes e Duquesas,
Ricas Damas e Marquesas,
Deputados, senadores,
Gentis-homens, vereadores;
Belas Damas emproadas,
De nobreza empantufadas;
Repimpados principotes,
Orgulhosos fidalgotes,
Frades, Bispos, Cardeais,
Fanfarrões imperiais.
Gentes pobres, nobres gentes,
Em todos há meus parentes.
Entre a brava militança
Fulge e brilha alta bodança;
Guardas, Cabos, Furriéis,
Brigadeiros, Coronéis,
Destemidos Marechais,
Rutilantes Generais,
Capitães de mar e guerra,
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— Tudo marra, tudo berra —
Na suprema eternidade,
Onde habita a Divindade,
Bodes há santificados,
Que por nós são adorados.
Entre o coro dos Anjinhos
Também há muitos bodinhos.
O amante de Siringa
Tinha pelo e má catinga;
O deus Midas, pelas contas,
Na cabeça tinha pontas;
Jove quando foi menino,
Chupitou leite caprino;
E, segundo o antigo mito,
Também Fauno foi cabrito.
Nos domínios de Plutão,
Guarda um bode o Alcorão;
Nos lundus e nas modinhas
São cantadas as bodinhas:
Pois se todos têm rabicho,
Para que tanto capricho?
Haja paz, haja alegria,
Folgue e brinque a bodaria;
Cesse, pois, a matinada,
Porque tudo é bodarrada.
Luís Gama. Quem sou eu? In: Sílvio Romero. História da literatura 
brasileira
Rio de Janeiro: Garnier, 1888. Internet: (com 
adaptações)
Glossário
Siringa: belíssima ninfa da água na mitologia clássica. Midas: 
personagem da mitologia grega, rei da Frígia. Jove: ou Júpiter, 
ou Zeus,julgue o item.
Em seu uso atual, lacrar é um verbo que expressa a concordân-
cia da audiência com determinada ação ou fala que é tomada 
como inovadora e que sinaliza o fim de uma discussão.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
169. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto
A Sinfonia n.º 5 em dó menor Op. 67, também conhecida 
como Sinfonia do Destino, de Ludwig van Beethoven, com-
posta entre 1804 e 1808, é uma das obras mais conhecidas 
em todo repertório da música erudita europeia. Seus quatro 
movimentos caracterizam-se pela homogeneidade orquestral, 
com alternâncias de características: o primeiro movimento, 
Allegro con brio, traz uma grande tensão com o motivo temá-
tico executado pelas cordas, que demonstra um dramatismo 
extremo; o segundo movimento, Andante con moto – Più mos-
so – Tempo I, revela solenidade, numa marcha fúnebre que se 
eleva pela sua emoção e beleza; o terceiro movimento, Scherzo 
Allegro – Trio – Scherzo, é um movimento bastante agitado; e 
o quarto movimento, Allegro – Presto, expressa triunfo e mag-
nificência. Em sua orquestração, Beethoven se utilizou de um 
flautim, duas flautas, dois oboés, duas clarinetas, dois fagotes, 
um contrafagote, duas trompas, dois trompetes, três trombo-
nes, tímpanos, dois grupos de violinos, um grupo de violas, um 
grupo violoncelos e um grupo de contrabaixos.
Tendo como referência inicial o texto precedente, julgue o item 
a seguir.
Infere-se das informações do texto que o andamento Andante 
con moto, do segundo movimento da 5.ª Sinfonia de Beetho-
ven, não deve ser muito rápido, mas, sim, apropriado para uma 
caminhada ritmada.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
170. (CEBRASPE-CESPE – 2022) 
Em O processo, a antevisão do inferno em que se transfor-
maria a burocracia moderna, das culpas imputadas, da tortura 
anônima e da morte que caracterizam os regimes totalitários 
do século vinte já é um lugar-comum. O trucidamento (literal) 
de que K. tornou-se um ícone do homicídio político. “A colônia 
penal” de Kafka transformou-se em realidade pouco depois 
de sua morte, quando também os temas da aniquilação e dos 
“vermes”, de sua Metamorfose, adquiriram macabra realidade. 
A realização concreta de suas premonições, com pormenores 
de clarividência, está indissociavelmente relacionada às suas 
fantasias aparentemente desvairadas. Haveria algum sentido 
em pensar que, de alguma forma, as previsões claramente 
formuladas na ficção de Kafka, em O processo principalmente, 
teriam contribuído para que de fato ocorressem? Seria pos-
sível que uma profecia articulada de maneira tão impiedosa 
tivesse outro destino que não a sua realização? As três irmãs 
de K. e sua Milena morreram em campos de concentração. 
O judeu da Europa Central que Kafka ironizou e celebrou foi 
extinto de maneira abominável. Em termos espirituais, existe a 
possibilidade de Franz Kafka ter sentido seus dons proféticos 
como uma visitação de culpa, de que a capacidade de antever 
o tivesse exposto demais às suas emoções. K. torna-se o cúm-
plice, perplexo, porém quase impaciente, do crime perpetrado 
contra ele. Coexistem, em todos os suicídios, a apologia e a 
aquiescência. Como diz o sacerdote, em triste zombaria (seria 
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mesmo zombaria?): “A justiça nada quer de ti. Acolhe-te quan-
do vens e te deixa ir quando partes”. Essa formulação está mui-
to próxima de ser uma definição da vida humana, da liberdade 
de ser culpado, que é a liberdade concedida ao homem expul-
so do Paraíso. Quem, senão Kafka, teria sido capaz de dizer 
isso em tão poucas palavras? Ou se saber condenado por ter 
sido capaz de fazê-lo?
George Steiner. Um comentário sobre O processo d e Kafka. In: 
Nenhuma paixão desperdiçada. Tradução de Maria Alice Máximo. Rio de 
Janeiro: Record, 2001 (com adaptações)
Acerca dos sentidos, das ideias e dos aspectos linguísticos do 
texto apresentado, julgue o item a seguir.
O autor do texto explicita a ideia de que Kafka conseguiu, por 
meio de suas obras, antever o autoritarismo, o antissemitismo 
e o imperialismo.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
171. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
Definir o que são direitos humanos implica uma particular 
percepção dos fundamentos do direito, da axiologia normati-
va e, em especial, do que é o ser humano. Particular porque, 
apesar da alcunha de seu basilar documento — a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos —, não se pretende afirmar 
que todo ser humano e toda cultura partilhem da mesma 
compreensão. Por trás do que hoje se concebe como direitos 
fundamentais de todo ser humano, há uma particular cosmo-
visão, uma ontologia ou um modelo descritivo de mundo, um 
complexo de ideias e crenças por meio das quais um indivíduo 
ou uma sociedade interpreta a realidade e com ela interage.
Em tempos como este, de polarização política, em que a 
alcunha dos direitos humanos é usada para expressar aver-
são ou simpatia a estratégias de combate à criminalidade, ao 
conjunto de valores morais e ao igualmente dissonante con-
ceito de liberdade, percebe-se que a expressão se identifica 
com particulares ideias e assume novos usos, a depender de 
quem se apropria dela. Nesse processo, esvazia-se. Quando 
uma palavra ou expressão é capaz de expressar muitas ideias, 
já não significa coisa alguma. O poder da linguagem está em 
precisamente comunicar um mesmo sentido para todo e qual-
quer interlocutor.
Antônio Carlos Fontes Cintra. A transcendência dos direitos humanos. 
In: Revista da Defensoria Pública do Distrito Federal, Brasília, v. 1, n.º 1, 
2019, p. 60 (com adaptações)
Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto 
precedente, julgue o item subsequente.
De acordo com o texto, a definição de direitos humanos, em 
última instância, assenta-se em uma visão subjetiva e indivi-
dual do indivíduo e do direito.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
172. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
No mundo de hoje, as telecomunicações representam mui-
to mais do que um serviço básico; são um meio de promover 
o desenvolvimento, melhorar a sociedade e salvar vidas. Isso 
será ainda mais verdade no mundo de amanhã.
A importância das telecomunicações ficou evidente nos 
dias que se seguiram ao terremoto que devastou o Haiti, em 
janeiro de 2010. As tecnologias da comunicação foram utiliza-
das para coordenar a ajuda, otimizar os recursos e fornecer 
informações sobre as vítimas, das quais se precisava desespe-
radamente. A União Internacional das Telecomunicações (UIT) 
e os seus parceiros comerciais forneceram inúmeros terminais 
satélites e colaboraram no fornecimento de sistemas de comu-
nicação sem fio, facilitando as operações de socorro e limpeza.
Saúdo essas iniciativas e, de um modo geral, o trabalho da 
UIT e de outras entidades que promoveram o acesso à banda 
larga em zonas rurais e remotas de todo o mundo.
Um maior acesso pode significar mais progressos no domí-
nio da realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. 
A Internet impulsiona a atividade econômica, o comércio e até 
a educação. A telemedicina está melhorando os cuidados com 
a saúde, os satélites de observação terrestre são usados para 
combater as alterações climáticas e as tecnologias ecológicas 
contribuem para a existência de cidades mais limpas.
Ao passo que essas inovações se tornam mais importantes, 
a necessidade de atenuar o fosso tecnológico é mais urgente.
Ban Ki-moon (secretário-geral das Nações Unidas). Pronunciamento acerca 
do Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação. 17 de 
maio de 2010. Internet: (com adaptações).
Com relação às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísticos 
do texto anterior, julgue o item a seguir.
Depreende-se do primeiro parágrafo que somente no futuro 
ficará provado que as telecomunicações são muito mais do que 
um serviçodeus dos deuses e dos homens. Fauno: deus romano 
protetor dos pastores e rebanhos.
Plutão: ou Hades, deus que possuía as chaves do reino dos 
mortos.
Com relação a aspectos linguísticos do poema Quem sou eu?, 
anteriormente apresentado, julgue o próximo item.
O poeta lança mão de processos de derivação sufixal para criar 
novas palavras a partir do radical do substantivo “bode”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ ARTIGO
17. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
No dia 31 de outubro de 1861, depois de um conturbado 
processo de construção, que durou cerca de três décadas, a 
Bahia inaugurou a sua primeira penitenciária, que recebeu ofi-
cialmente o nome de Casa de Prisão com Trabalho. A institui-
ção foi construída numa área pantanosa, na periferia da cidade 
de Salvador.
A implantação da penitenciária fazia parte do projeto civi-
lizador oitocentista, e o Brasil acompanhava uma tendência 
mundial de modernização do sistema prisional, que teve iní-
cio na Inglaterra e nos Estados Unidos no final do século XVIII. 
As execuções e as torturas em praças públicas, utilizadas para 
atemorizar a quem estivesse planejando novos crimes, foram, 
gradativamente, abandonadas. Entrava em cena a penalidade 
moderna, que planejava privar o criminoso do seu bem maior 
— a sua liberdade —, internando-o numa instituição construí-
da especificamente para recuperá-lo, que recebeu o nome de 
penitenciária. O seu funcionamento era regido por normas 
que seriam aplicadas de acordo com o modelo penitenciário 
escolhido pelas autoridades, mas utilizavam-se elementos 
como o trabalho, a religião, a disciplina, o uso de uniformes 
e, sobretudo, o isolamento como métodos de punição e 
recuperação.
Dessa forma, esperava-se criar um “novo homem”, que 
seria devolvido à sociedade com todos os atributos necessá-
rios à convivência social, principalmente para o trabalho. Foi 
com essa expectativa que os reformadores baianos implanta-
ram a Casa de Prisão com Trabalho.
Cláudia Moraes Trindade. O nascimento de uma penitenciária os 
primeiros presos da Casa de Prisão com Trabalho da Bahia (1860-1865). 
In: Tempo, Niterói, v. 16, n. 30, p. 167-196, 2011 (com adaptações)
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto ante-
rior, julgue o item que se segue.
Com o uso do artigo definido na contração “do” em “do proje-
to civilizador oitocentista” (no início do segundo parágrafo), 
pressupõe-se que a autora parte do princípio de que os leitores 
tenham conhecimento prévio acerca desse projeto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ ADJETIVO
18. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A1-I
O ordenamento jurídico vem sendo confrontado com as 
inovações tecnológicas decorrentes da aplicação da inteligên-
cia artificial (IA) nos sistemas computacionais. Não apenas se 
vivencia uma ampliação do uso de sistemas lastreados em IA 
no cotidiano, como também se observa a existência de robôs 
com sistemas computacionais cada vez mais potentes, nos 
quais os algoritmos passam a decidir autonomamente, supe-
rando a programação original. Nesse contexto, um dos grandes 
desafios ético-jurídicos do uso massivo de sistemas de inteli-
gência artificial é a questão da responsabilidade civil advinda 
de danos decorrentes de robôs inteligentes, uma vez que os 
sistemas delituais tradicionais são baseados na culpa e essa 
centralidade da culpa na responsabilidade civil se encontra 
desafiada pela realidade de sistemas de inteligência artificial.
Perante a autonomia algorítmica na qual os sistemas de 
IA passam a decidir de forma diversa da programada, há uma 
dificuldade de diferenciar quais danos decorreram de erro 
humano e aqueles que derivaram de uma escolha equivocada 
realizada pelo próprio sistema ao agir de forma autônoma. O 
comportamento emergente da máquina, em função do pro-
cesso de aprendizado profundo, sem receber qualquer contro-
le da parte de um agente humano, torna difícil indicar quem 
seria o responsável pelo dano, uma vez que o processo deci-
sório decorreu de um aprendizado automático que culminou 
com escolhas equivocadas realizadas pelo próprio sistema. Há 
evidentes situações em que se pode vislumbrar a existência 
de culpa do operador do sistema, como naquelas em que não 
foram realizadas atualizações de software ou, até mesmo, de 
quebra de deveres objetivos de cuidado, como falhas que 
permitem que hackers interfiram no sistema. Entretanto, 
excluídas essas situações, estará ausente o juízo de censura 
necessário para a responsabilização com base na culpa.
B. L. da Anunciação Melo e H. Ribeiro Cardoso. Sistemas de inteligência 
artificial e responsabilidade civil: uma análise da proposta europeia 
acerca da atribuição de personalidade civil. In: Revista Brasileira de 
Direitos Fundamentais & Justiça, 16(1), 2020, p. 93-4 (com adaptações)
Em relação às construções sintáticas do texto 2A1-I, julgue o 
próximo item.
No parágrafo, o segmento “de quebra de deveres objetivos de 
cuidado” qualifica “situações”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para André Cesar S A Costa - 388.327.768-12, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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19. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A2-III
Justiça é justiça social. É atualização dos princípios con-
dutores, emergindo nas lutas sociais, para levar à criação de 
uma sociedade em que cessem a exploração e a opressão do 
homem pelo homem. O direito não é mais, nem menos, do 
que a expressão daqueles princípios supremos, como mode-
lo avançado de legítima organização social da liberdade. Mas 
até a injustiça como também o antidireito (isto é, a constitui-
ção de normas ilegítimas e sua imposição em sociedades mal 
organizadas) fazem parte do processo, pois nem a sociedade 
justa, nem a justiça corretamente vista, nem o direito mesmo, 
o legítimo, nascem de um berço metafísico ou são presente 
generoso dos deuses: eles brotam nas oposições, no conflito, 
no caminho penoso do progresso, com avanços e recuos.
Direito é processo, dentro do processo histórico. Não é 
uma coisa feita, perfeita e acabada. É aquele vir a ser que se 
enriquece nos movimentos de libertação das classes e dos gru-
pos ascendentes e que definha nas explorações e opressões 
que o contradizem, mas de cujas próprias contradições brota-
rão as novas conquistas.
Roberto Lyra Filho. O que é direito. São Paulo: Brasiliense, 2003, p. 86 (com 
adaptações)
Acerca de aspectos gramaticais do texto 2A2-III, julgue o item 
subsequente.
Em “opressão do homem” e “presente generoso dos deuses”, a 
substituição das locuções adjetivas “do homem” e “dos deuses” 
pelos adjetivos humana e divino, respectivamente, manteria a 
correção gramatical e as relações coesivas do texto original.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
20. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto CB1A1-I
Em uma de suas últimas entrevistas, o antropólogo Darcy 
Ribeiro (1922-1997) relatou que havia fugido do hospital onde 
se submetia a tratamento contra um câncer, para terminar o 
livro que considerava o coroamento de sua obra: O povo bra-
sileiro, publicado em 1995. Na mesma entrevista, reconhecia 
ser um homem de “muitas peles”: foi etnólogo indigenista, 
antropólogo, educador, gestor público, político militante e 
romancista. Entretanto, dizia ter fracassado em sua missão de 
tornar o Brasil aquilo que “poderia ser”.
“Darcy Ribeiro é uma figura fascinante e um dos autores 
latino-americanos que projetaram mais futuros. Em alguns 
dos textos, ele parece comentar em voz alta as alternativas, 
utópicas e distópicas, para o Brasil e a América Latina”, obser-
va o sociólogo Fabrício Pereira da Silva. “Este é um momento 
excelente para reexaminar suas ideias, suas utopias e seus 
projetos.”
Sua carreira de educador teve início na Escola Brasileira de 
Administração Pública, da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de 
Janeiro, onde, durante dois anos, ensinou etnologia brasileira. 
Na mesma época, participou da fundação do Museu do Índio, 
em 1953, e, dois anosmais tarde, da criação do primeiro curso 
de pós-graduação em antropologia cultural no Brasil. Ao deixar 
o Serviço de Proteção aos Índios, lecionou na Universidade do 
Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nes-
se período, desenvolveu trabalhos com o pedagogo Anísio Tei-
xeira (1900-1971), uma das principais referências em educação 
no Brasil e defensor do ensino básico integral. Sua influência 
perduraria por toda a trajetória de Darcy Ribeiro e se concre-
tizaria no projeto dos centros integrados de educação pública 
(CIEP), escolas de tempo integral criadas no Rio de Janeiro nos 
anos 80 do século passado.
A crítica ao colonialismo, a análise dos povos latino-ameri-
canos e a valorização do ponto de vista indígena fazem da obra 
de Darcy Ribeiro uma fonte de inspiração para pesquisadores 
do campo de estudos pós-coloniais e decoloniais, de acordo 
com Pereira da Silva. “São releituras e apropriações, porque, 
quando ele publicou, esses termos não eram usados. A ten-
dência ao evolucionismo e ao eurocentrismo de seus primei-
ros anos deu lugar, no exílio, a uma visão mais diversificada, 
em que a América Latina aparece como um polo civilizacional”, 
afirma.
Apesar de ter sido reitor, fundador e reformador de univer-
sidades, Darcy viveu a maior parte de sua carreira fora de ins-
tituições universitárias brasileiras. Entretanto, jamais deixou 
de refletir sobre seu projeto para o ensino superior. Publicou 
livros como A universidade necessária e La universidad lati-
noamericana, em que expôs seu projeto baseado em interdis-
ciplinaridade, investimento em pesquisa científica avançada, 
compromisso social e participação do corpo discente na toma-
da de decisões.
Diego Viana. Darcy Ribeiro: a chama da utopia. Revista Pesquisa FAPESP, 
30/10/2022 (com adaptações)
Em relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o 
próximo item.
No segundo período do primeiro parágrafo, os vocábulos “indi-
genista”, “público” e “militante” são adjetivos que qualificam, 
respectivamente, os termos “etnólogo”, “gestor” e “político”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
21. (CEBRASPE-CESPE – 2022)
É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, 
saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa 
loja para comprar um... um... como é mesmo o nome?
“Posso ajudá-lo, cavalheiro?”
“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...” “Pois não?”
“Um... como é mesmo o nome?” “Sim?”
“Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A palavra me 
escapou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.” 
“Sim, senhor.”
“O senhor vai dar risada quando souber.” “Sim, senhor.”
“Olha, é pontuda, certo?” “O quê, cavalheiro?”
“Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende?
Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de 
novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? 
Na ponta tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem 
um, um... Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um 
sulco onde encaixa a outra ponta; a pontuda, de sorte que o, 
a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda 
que fecha. Entende?”
“Infelizmente, cavalheiro...”
“Ora, você sabe do que eu estou falando.” “Estou me esfor-
çando, mas...”
“Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa 
ponta, certo?” “Se o senhor diz, cavalheiro.”
Luís Fernando Veríssimo. Comunicação.
Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do 
texto precedente, julgue o item a seguir.
Os adjetivos ‘conhecidíssima’ (sétimo parágrafo) e ‘pontuda’ 
(décimo primeiro parágrafo) qualificam o mesmo termo no tex-
to, mas do emprego do primeiro se depreende mais intensidade 
que do segundo.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
22. (CEBRASPE-CESPE – 2022) 
A comunicação tem-se transformado em um setor estratégico 
da economia, da política e da cultura. Da guerra, ela sempre o foi. 
A inclusão da informação e da comunicação nas estratégias bélicas 
tem aumentado no correr de milênios.
No século VII a.C., o chinês Sun Tzu, em A arte da guerra, dizia 
que “toda guerra é embasada em dissimulação”, referindo-se à 
distribuição de informações falsas. Contudo, quem mais desenvol-
veu esse conceito foi o general prussiano Carl von Clausewitz, em 
seu amplo tratado Da guerra (Vom Kriege), publicado em 1832. No 
capítulo VI, Clausewitz afirma: “Grande parte das notícias recebidas 
na guerra é contraditória, uma parte ainda maior é falsa e a maior 
parte de todas é incerta. Em suma, a maioria das notícias é falsa, e o 
medo do ser humano reforça a mentira e a inverdade. As pessoas 
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conscientes que seguem as insinuações alheias tendem a perma-
necer indecisas no lugar; acreditam ter encontrado as circunstân-
cias distintas do que imaginavam. Na guerra, tudo é incerto, e os 
cálculos devem ser feitos com meras grandezas variáveis. Eles dire-
cionam a observação apenas para magnitudes materiais, enquan-
to todo o ato de guerra está imbuído de forças e efeitos espirituais”.
Trata-se de desinformar, e não de informar. A desinformação é 
a informação falsa, incompleta, desorientadora. É propagada para 
enganar um público determinado. Seu fim último é o isolamento 
do inimigo em um conflito concreto, é o de mantê-lo em um cerco 
informativo. Os nazistas levaram essa estratégia do engano quase 
à perfeição.
Atualmente, pratica-se tanto o cerco econômico, militar e 
diplomático quanto o informativo. Já não se trata apenas de isolar 
o inimigo. As novas tecnologias permitem aos militares intervir nos 
conflitos bélicos a distância, direcionando até mesmo os foguetes 
com a ajuda de GPS, a partir de um satélite. A telecomunicação mili-
tar apoiada em satélites e a eletrônica determinarão as guerras do 
futuro imediato. Fala-se já de bombas eletrônicas (E) que podem 
paralisar estabelecimentos neurais da sociedade moderna, como 
hospitais, centrais elétricas, oleodutos etc., destruindo os seus cir-
cuitos eletrônicos. Parece que hoje já se pode fazer a guerra sem 
bombas atômicas. As bombas E do tipo FCG (flux compression 
generator — gerador de compressão de fluxo), cujo emprego não 
está limitado às grandes potências bélicas, têm o mesmo efeito e 
fazem parte dos arsenais de alguns exércitos, e consistem em com-
primir, mediante uma explosão, um campo eletromagnético, como 
um raio, sem os custos, os efeitos colaterais ou o enorme alcance 
de um dispositivo de pulso eletromagnético nuclear.
Vicente Romano. Presente e futuro imediato das telecomunicações. São 
Paulo em Perspectiva. Internet: (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto 
CB4A1-I, julgue o próximo item.
No segundo parágrafo, na citação do general prussiano Carl 
von Clausewitz, o adjetivo ‘contraditória’, em ‘Grande parte das 
notícias recebidas na guerra é contraditória’, expressa, em tom 
pejorativo, um atributo do termo ‘guerra’.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
23. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CG1A1-I
Em 721, um concílio romano presidido pelo papa Gregório II 
proibiu o casamento com uma commater, isto é, a madrinha de 
um filho, ou a mãe de um filho de quem se fosse padrinho. Isso 
levou o papado a se alinhar com a legislação promulgada, algu-
mas décadas antes, em Bizâncio. A adoção marcadamente rápida 
desses princípios sugere que o clero franco já sustentava concep-
ções similares. Isso é ilustrado por um caso curioso contado por 
um clérigo franco anônimo, em 727. Ele censurava a maneira trai-
çoeira pela qual a infame concubina Fredegunda havia consegui-
do se tornar a esposa legal do rei Quilpérico. Durante uma longa 
ausência do rei, ela persuadira sua rival, a rainha Audovera, a tor-
nar-se madrinha da própria filha recém-nascida. Assim, a ingênua 
Audovera foi subitamente transformada na commater de seu pró-prio marido, impossibilitando qualquer relação conjugal posterior 
e deixando o caminho livre para Fredegunda.
Essa artimanha mostra que, poucos anos após o concílio 
romano de 721, o autor anônimo e seu público estavam bem 
familiarizados com os impedimentos derivados do parentesco 
espiritual. Não fosse o caso, seria impossível acusar Fredegunda 
de seu ardiloso truque. As cartas do missionário Bonifácio confe-
rem testemunho adicional a esse fato. Em 735, ele perguntou ao 
bispo escocês Pethlem se era permitido que alguém se casasse 
com uma viúva que era mãe de seu afilhado. “Todos os padres da 
Gália e na terra dos francos afirmavam que isso era um pecado 
grave”, escreveu ele. Soava-lhe estranho, já que ele nunca ouvira 
falar nisso antes. A questão devia preocupá-lo porque, no mesmo 
ano, escreveu a respeito para dois outros clérigos anglo-saxões. 
Evidentemente, o missionário até então não estava familiarizado 
com esse impedimento ao casamento, embora o clero continen-
tal, a quem ele se dirigia, considerasse a questão muito grave.
Mayke De Jong, Nos limites do parentesco: legislação anti-incesto na Alta 
Idade Média ocidental (500-900). In: Jan Bremmer (Org.). De Safo a Sade. 
Momentos na história da sexualidade. Campinas: Papirus, 1995, p. 56-7 
(com adaptações)
Em relação às estruturas morfossintáticas do texto CG1A1-I, jul-
gue o próximo item. No terceiro período do texto, o termo “mar-
cadamente” qualifica o adjetivo “rápida”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
24. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB1A1-I
Não é preciso temer as máquinas, à maneira do Extermi-
nador do futuro, para se preocupar com a sobrevivência da 
democracia em um mundo dominado pela inteligência artificial 
(IA). No fim das contas, a democracia sempre teve como alicer-
ces os pressupostos de que nosso conhecimento do mundo é 
imperfeito e incompleto; de que não há resposta definitiva para 
grande parte das questões políticas; e de que é sobretudo por 
meio da deliberação e do debate que expressamos nossa apro-
vação e nosso descontentamento.
Em certo sentido, o sistema democrático tem se mostrado 
capaz de aproveitar nossas imperfeições da melhor maneira: 
uma vez que de fato não sabemos tudo, e tampouco podemos 
testar empiricamente todas as nossas suposições teóricas, esta-
belecemos certa margem de manobra democrática, uma folga 
política, em nossas instituições, a fim de evitar sermos arrasta-
dos pelos vínculos do fanatismo e do perfeccionismo.
Agora, novas melhorias na IA, viabilizadas por operações 
massivas de coleta de dados, aperfeiçoadas ao máximo por 
grupos digitais, contribuíram para a retomada de uma velha 
corrente positivista do pensamento político. Extremamente 
tecnocrata em seu âmago, essa corrente sustenta que a demo-
cracia talvez tenha tido sua época, mas que hoje, com tantos 
dados à nossa disposição, afinal estamos prestes a automati-
zar e simplificar muitas daquelas imperfeições que teriam sido 
— deliberadamente
— incorporadas ao sistema político.
Dessa forma, podemos delegar cada vez mais tarefas a 
algoritmos que, avaliando os resultados de tarefas anteriores 
e quaisquer alterações nas predileções individuais e nas curvas 
de indiferença, se reajustariam e revisariam suas regras de fun-
cionamento. Alguns intelectuais proeminentes do Vale do Silício 
até exaltam o surgimento de uma “regulação algorítmica”,cele-
brando-a como uma alternativa poderosa à aparentementeine-
ficaz regulação normal.
Evgeny Morozov. Big Tech. A ascensão dos dados e a morte da política. São 
Paulo: Ubu Editora, 2018, p. 138-139 (com adaptações)
Com relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o 
seguinte item.
No terceiro parágrafo, o adjetivo “tecnocrata” (segundo período) 
qualifica o termo “pensamento político” (primeiro período).
( ) CERTO  ( ) ERRADO
25. (CEBRASPE-CESPE – 2022) Texto CB1A1-I
A história da saúde não é a história da medicina, pois ape-
nas de 10% a 20% da saúde são determinados pela medicina, 
e essa porcentagem era ainda menor nos séculos anteriores. 
Os outros três determinantes da saúde são o comportamento, 
o ambiente e a biologia – idade, sexo e genética. As histórias 
da medicina centradas no atendimento à saúde não permi-
tem uma compreensão global da melhoria da saúde humana. 
A história dessa melhoria é uma história de superação. Antes 
dos primeiros progressos, a saúde humana estava totalmente 
estagnada. Da Revolução Neolítica, há 12 mil anos, até mea-
dos do século XVIII, a expectativa de vida dos seres humanos 
ocidentais não evoluíra de modo significativo. Estava parali-
sada na faixa dos 25-30 anos. Foi somente a partir de 1750 
que o equilíbrio histórico se modificou positivamente. Vários 
elementos alteraram esse contexto, provocando um aumento 
praticamente contínuo da longevidade. Há 200 anos, as suecas 
detinham o recorde mundial com uma longevidade de 46 anos. 
Em 2019, eram as japonesas que ocupavam o primeiro lugar, 
com uma duração média de vida de 88 anos. Mesmo sem 
alcançar esse recorde, as populações dos países industrializa-
dos podem esperar viver atualmente ao menos 80 anos. Desde 
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1750, cada geração vive um pouco mais do que a anterior e 
prepara a seguinte para viver ainda mais tempo.
Jean-David Zeitoun. História da saúde humana: vamos viver cada vez mais? 
Tradução Patrícia Reuillard. São Paulo: Contexto, 2022, p. 10-11 (com adaptações)
No que se refere a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue 
o item seguinte.
O termo “positivamente” (oitavo período) é empregado como 
adjetivo de sentido quantitativo e se refere ao fato de a expecta-
tiva de vida humana aumentar numericamente, e não diminuir.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
26. (CEBRASPE-CESPE – 2021) Texto 14A1-I
As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equiva-
lentes quanto ao que podem expressar, e o fazem com igual 
facilidade (embora lançando mão de recursos bem diferentes). 
Entretanto, dois fatores dificultam a aplicação de algumas lín-
guas a certos assuntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulá-
rio; outro, subjetivo, a existência de preconceitos.
É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma 
língua dos méritos (culturais, científicos ou literários) daquilo 
que ela serve para expressar. Por exemplo, se a literatura fran-
cesa é particularmente importante, isso não quer dizer que a 
língua francesa seja superior às outras línguas para a expres-
são literária. O desenvolvimento de uma literatura é decor-
rência de fatores históricos independentes da estrutura da 
língua; a qualidade da literatura francesa diz algo dos méritos 
da cultura dos povos de língua francesa, não de uma imaginá-
ria vantagem literária de se utilizar o francês como veículo de 
expressão. Victor Hugo poderia ter sido tão importante quanto 
foi mesmo se falasse outra língua — desde que pertencesse a 
uma cultura equivalente, em grau de adiantamento, riqueza de 
tradição intelectual etc., à cultura francesa de seu tempo.
Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos cien-
tíficos da contemporaneidade são as instituições e os pesqui-
sadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica 
internacional. Todavia, se os fatores históricos que produziram 
a supremacia científica norte-americana se tivessem verificado, 
por exemplo, na Holanda, o holandês nos estaria servindo exa-
tamente tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês 
traços estruturais intrínsecos que o façam superior ao holandês 
como língua adequada à expressão de conceitos científicos.
Não se conhece caso em que o desenvolvimento da supe-
rioridade literária ou científica de um povo possa ser claramen-
te atribuído à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, 
as grandes literaturas e os grandes movimentos científicos 
surgemnas grandes nações (as mais ricas, as mais livres de 
restrições ao pensamento e também — ai de nós! — as mais 
poderosas política e militarmente). O desenvolvimento dos 
diversos aspectos materiais e culturais de uma nação se dá 
mais ou menos harmoniosamente; a ciência e a arte são tam-
bém produtos da riqueza e da estabilidade de uma sociedade.
O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de 
não desenvolverem vocabulário técnico e científico suficiente 
para acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem che-
gar a ser muito grande, os próprios falantes acabarão optando 
por utilizar uma língua estrangeira ao tratarem de assuntos 
científicos e técnicos.
Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua para fazer ciência). In: 
Ciência Hoje, 1994 (com adaptações)
Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do tex-
to 14A1-I, julgue o item a seguir. No parágrafo, o termo “bem” 
intensifica o sentido do termo “diferentes”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
27. (CEBRASPE-CESPE – 2021)
No fim do século XVIII e começo do XIX, a despeito de algu-
mas grandes fogueiras, a melancólica festa de punição vai-se 
extinguindo. Nessa transformação, misturaram-se dois pro-
cessos. Não tiveram nem a mesma cronologia, nem as mesmas 
razões de ser. De um lado, a supressão do espetáculo punitivo. 
O cerimonial da pena vai sendo obliterado e passa a ser apenas 
um novo ato de procedimento ou de administração. A punição 
pouco a pouco deixou de ser uma cena. E tudo o que pudesse 
implicar de espetáculo desde então terá um cunho negativo; e 
como as funções da cerimônia penal deixavam pouco a pou-
co de ser compreendidas, ficou a suspeita de que tal rito que 
dava um “fecho” ao crime mantinha com ele afinidades espú-
rias: igualando-o, ou mesmo ultrapassando-o em selvageria, 
acostumando os espectadores a uma ferocidade de que todos 
queriam vê-los afastados, mostrando-lhes a frequência dos cri-
mes, fazendo o carrasco se parecer com criminoso, os juízes 
com os assassinos, invertendo no último momento os papéis, 
fazendo do supliciado um objeto de piedade e de admiração.
A execução pública é vista então como uma fornalha em 
que se acende a violência. A punição vai-se tornando, pois, a 
parte mais velada do processo penal, provocando várias con-
sequências: deixa o campo da percepção quase diária e entra 
no da consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à sua fata-
lidade, não à sua intensidade visível; a certeza de ser punido é 
que deve desviar o homem do crime e não mais o abominável 
teatro; a mecânica exemplar da punição muda as engrenagens.
Michel Foucault. Vigiar e punir; nascimento da prisão. Tradução: Raquel 
Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987 (com adaptações)
Com relação aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 
apresentado, julgue o item seguinte.
Ao empregar o adjetivo “melancólica” para caracterizar “fes-
ta”, em “a melancólica festa de punição” (primeiro parágrafo), 
o autor apresenta seu ponto de vista sobre a forma de punição 
que se vai “extinguindo”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
 Æ CONJUGAÇÃO. RECONHECIMENTO E EMPREGO 
DOS MODOS E TEMPOS VERBAIS
28. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A1-I
O ordenamento jurídico vem sendo confrontado com as 
inovações tecnológicas decorrentes da aplicação da inteligên-
cia artificial (IA) nos sistemas computacionais. Não apenas se 
vivencia uma ampliação do uso de sistemas lastreados em IA 
no cotidiano, como também se observa a existência de robôs 
com sistemas computacionais cada vez mais potentes, nos 
quais os algoritmos passam a decidir autonomamente, supe-
rando a programação original. Nesse contexto, um dos grandes 
desafios ético-jurídicos do uso massivo de sistemas de inteli-
gência artificial é a questão da responsabilidade civil advinda 
de danos decorrentes de robôs inteligentes, uma vez que os 
sistemas delituais tradicionais são baseados na culpa e essa 
centralidade da culpa na responsabilidade civil se encontra 
desafiada pela realidade de sistemas de inteligência artificial.
Perante a autonomia algorítmica na qual os sistemas de 
IA passam a decidir de forma diversa da programada, há uma 
dificuldade de diferenciar quais danos decorreram de erro 
humano e aqueles que derivaram de uma escolha equivocada 
realizada pelo próprio sistema ao agir de forma autônoma. O 
comportamento emergente da máquina, em função do pro-
cesso de aprendizado profundo, sem receber qualquer contro-
le da parte de um agente humano, torna difícil indicar quem 
seria o responsável pelo dano, uma vez que o processo deci-
sório decorreu de um aprendizado automático que culminou 
com escolhas equivocadas realizadas pelo próprio sistema. 
Há evidentes situações em que se pode vislumbrar a existên-
cia de culpa do operador do sistema, como naquelas em que 
não foram realizadas atualizações de software ou, até mes-
mo, de quebra de deveres objetivos de cuidado, como falhas 
que permitem que hackers interfiram no sistema. Entretanto, 
excluídas essas situações, estará ausente o juízo de censura 
necessário para a responsabilização com base na culpa.
B. L. da Anunciação Melo e H. Ribeiro Cardoso. Sistemas de inteligência 
artificial e responsabilidade civil: uma análise da proposta europeia 
acerca da atribuição de personalidade civil. In: Revista Brasileira de 
Direitos Fundamentais & Justiça, 
16(1), 2020, p. 93-4 (com adaptações)
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Com base nas regras de concordância nominal e verbal, julgue o 
seguinte item, relativos ao texto 2A1-I.
No trecho “os sistemas de IA passam a decidir”, é facultativa a 
flexão da forma verbal “decidir” no plural, razão por que seria 
igualmente correta a expressão os sistemas de IA passam a 
decidirem.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
29. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 2A2-III
Justiça é justiça social. É atualização dos princípios con-
dutores, emergindo nas lutas sociais, para levar à criação de 
uma sociedade em que cessem a exploração e a opressão do 
homem pelo homem. O direito não é mais, nem menos, do 
que a expressão daqueles princípios supremos, como mode-
lo avançado de legítima organização social da liberdade. Mas 
até a injustiça como também o antidireito (isto é, a constitui-
ção de normas ilegítimas e sua imposição em sociedades mal 
organizadas) fazem parte do processo, pois nem a sociedade 
justa, nem a justiça corretamente vista, nem o direito mesmo, 
o legítimo, nascem de um berço metafísico ou são presente 
generoso dos deuses: eles brotam nas oposições, no conflito, 
no caminho penoso do progresso, com avanços e recuos.
Direito é processo, dentro do processo histórico. Não é 
uma coisa feita, perfeita e acabada. É aquele vir a ser que se 
enriquece nos movimentos de libertação das classes e dos gru-
pos ascendentes e que definha nas explorações e opressões 
que o contradizem, mas de cujas próprias contradições brota-
rão as novas conquistas.
Roberto Lyra Filho. O que é direito. São Paulo: Brasiliense, 2003, p. 86 (com 
adaptações)
Acerca de aspectos gramaticais do texto 2A2-III, julgue o item 
subsequente. O segundo período do texto é iniciado por uma 
forma verbal impessoal.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
30. (CEBRASPE-CESPE – 2023) Texto 15A2-I
Em uma linha de estudos, um dos fatores apontados frequen-
temente como possível solução para a diminuição da demanda 
nos tribunais diz respeito aos mecanismos de resolução alter-
nativa de conflitos. O relatório Fazendo com que a justiça conte: 
medindo e aprimorando o desempenho do Judiciário no Brasil, 
produzido pelo Banco Mundial, já apontava em 2004 a maior difu-
são do instituto da conciliação como uma possível solução para a 
excessiva sobrecarga de processos na justiça estadual. Segundo 
o relatório, tal medida poderia ser um importante mecanismo de 
diminuição