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Ministério Público
O MP tem como princípios a unidade, a indivisibilidade, a independência funcional e o promotor natural. Além disso, o art. 129 prevê as atribuições do MP. A primeira delas é o ajuizamento da ação penal pública. Nesses casos, o bem jurídico tutelado é de interesse da sociedade e, por isso, cabe ao MP a promoção dessas ações.
No inciso II, vemos que o MP também é fiscalizador da prestação dos serviços públicos. Tais serviços devem ser fornecidos respeitando os direitos fundamentais. Nesses casos, o MP atua como um órgão externo aos Três Poderes que tem como função controlar o próprio Estado. Ele cumpre um papel de zelador dos interesses da sociedade, já que ela própria não faz isso. Nesse ponto, os sociólogos veem no MP um certo artificialismo, já que o MP exerce uma função que deveria ser da sociedade.
O inciso III coloca o MP como tutor de interesses coletivos e difusos. Para entendermos esse dispositivo, devemos saber o que essas categorias representam. Devemos, primeiramente, saber o que significa o conceito de relação jurídica. A partir dessa ideia, saberemos o que são interesses difusos, coletivos e idividuais homogêneos. O primeiro é de interesse de um grupo de pessoas. Nos direitos difusos, como não existem relações jurídicas que identifiquem tais pessoas, não se pode precisar de quem são esses interesses. O meio ambiente saudável, por exemplo, é um direito difuso transindividual por ser de interesse de um grupo indeterminável de pessoas.
 Isso não significa, porém, que esse interesse seja de toda a humanidade. Vejamos o exemplo de um prefeito que contrata pessoas sem promover um concurso público. Não se sabe quem foram os prejudicados porque não houve concurso público, então o direito foi violado em prejuízo de um grupo indeterminado de pessoas. Não havia relação jurídica que permitisse a identificação de tais pessoas.
No interesse coletivo, o grupo é determinado ou determinável de pessoas porque existem relações jurídicas que permitem essa determinação. Os direitos, porém, têm um aspecto coletivo, não estando focado em uma pessoa e sendo indivisíveis.
Os interesses individuais homogêneos são de um grupo determinado ou determinável de pessoas em decorrência de relações jurídicas. A diferença entre esses interesses e os interesses coletivos é o fato dos interesses serem divisíveis, mesmo que originando de um fato comum.
Além disso, o MP tem como função a promoção da ação de inconstitucionalidade (art. 129, IV). Como vemos no art. 103, o Procurador Geral da República (chefe do MPU) é um dos legitimados a ajuizar uma ADI. O MP tem uma peculiaridade em relação aos outros legitimados uma vez que ele sempre será chamado a participar do controle de constitucionalidade, mesmo que não tenha sido dele a iniciativa. Nesses casos, o MP utilizará a sua independência funcional no momento de dar o seu parecer sobre a ADI.
O MP também participará do controle de constitucionalidade da intervenção federal presente no art. 34, VII. Quando violados os princípios constitucionais sensíveis, o PGR ajuizará uma ação junto ao Supremo que, julgando-a procedente, vai requerer ao Presidente que suspenda a intervenção.
No art. 129, V, vemos que cabe ao MP a defesa dos direitos indígenas. É importante ressaltar que ele deve defender populações indígenas, e não indivíduos. Os povos indígenas ganham um tratamento constitucional especial por que estão tendo os seus direitos cada vez mais cerceados.
O inciso VI fala da função de notificar as pessoas sobre os atos dos procedimentos administrativos. Ele pode, por exemplo, intimar uma pessoa a depor em determinado procedimento.
O inciso VII poderia ser encaixado no inciso II, mas em decorrência da importância da matéria, a fiscalização do poder de polícia foi colocado em um dispositivo específico.
O inciso VIII fala da possibilidade de requisição de documentos, assim como de diligências. Pode-se requisitar que o auditor vá a uma fazenda para ver se há trabalhadoras em condições análogas à escravidão, por exemplo.
Por fim, o inciso IX determina que podem-se atribuir ao MP quaisquer funções, desde que isso não viole a função básica do MP, que é a proteção da sociedade e a fiscalização do cumprimento da lei. A segunda parte do inciso mostra a diferença entre os membros do MP e quem exerce a advocacia pública, que são aqueles que prestam consultoria jurídica e representação judicial do poder público. Quando a União discute matéria tributária, quem a defende é o procurador da fazenda nacional. Estando em discussão outras matérias, a defesa será feita pelo advogado da União. Quando é parte um órgão da administração pública indireta, como as autarquias federias, a defesa será feita pelos procuradores federais.
O MP ora atua como parte, ora atua como fiscalizador da lei ou custus legis. Ele é parte quando ajuiza uma ação, como no caso da ação penal pública e a ação civil pública. Ele é fiscal da lei quando, em um certo processo, ele não é nem autor nem réu, mas por algum motivo há um interesse público no processo. Essa classificação merece uma crítica porque o MP é sempre fiscal da lei e porque ela dá a entender que o MP só atua no âmbito do judiciário. É importante relembrar da aula passada, em que vimos várias atuações não judiciais do MP.
Uma classificação melhor é aquela que define o MP ora como órgão agente, ora como órgão interveniente. O conceito de órgão agente é mais amplo que o conceito de parte, abrangendo as situações em que o MP atua como investigador, por exemplo. Se necessário, ele ajuizará ações e se tornará parte, mas quando ele atua na investigação, não estará atuando em juízo e será apenas um órgão agente. A função de órgão interveniente não é tão diferente da função de custus legis. Nesses casos, o MP sempre atuará em juízo para defender um interesse da sociedade.
Como já foi visto anteriormente, para cada ramo do judiciário, haverá um ramo do MP. No art. 128, portanto, falta um dos ramos do MP. O seu objetivo era abranger todos os ramos do MP, mas acabou deixando um deles de fora. Para complementar o art. 128, devemos lembrar das funções do TCU. O Tribunal de Contas da União tem como objetivo a fiscalização das contas do poder público a fim de evitar ou reparar gastos desnecessários do dinheiro público. Para termos uma visão total do MP, devemos conjugar o art. 128 com o art. 130. 
Vemos, assim, que além do MPU e dos MPEs, há também o MP junto ao TCU. Quando o Tribunal foi estruturado, se estipulou que haveria o MPTCU. Há, portanto, o MP da União com seus quatro ramos (MPF, MPT, MPM e MPDF), os MPs dos Estados e, por fim, dentro do TCU, há o MPTCU. O concurso é outro, a carreira é outra e as funções são outras. Os membros do MPTCU têm as suas funções citadas pela lei nº 8.443/92.
Como vemos no art. 11 da ADCT, os estados teriam um ano para a formulação das suas constituições estaduais. O estado de MG, no que se refere ao MPE e ao TCE, determinou que aquele que passasse para o concurso do MP poderia atuar também no TC, não seguindo, portanto, a lógica da Constituição de 88. O STF foi chamado a se manifestar sobre a questão e, utilizando-se do princípio do paralelismo ou da simetria, determinou que um Tribunal de Contas Estadual deve ter seu próprio MP. Essa norma da Constituição mineira foi considerada inconstitucional.
Defensoria pública
Quando falarmos em cidadania, devemos ter em vista os seus inúmeros significados. Em primeiro lugar, devemos lembrar que volta e meia, utiliza-se esse vocábulo como sinônimo de nacionalidade. Não devemos adotá-lo, mas os livros de direito internacional o fazem. Em segundo lugar, a palavra cidadania tem uma conotação política, representando a possibilidade de filiar-se a partidos políticos, votar, ser votado etc. Existe também a cidadania civil, em que a pessoa é reconhecida como sujeito de direitos e deveres, é individualizado. Dentro da cidadania civil está o direito ao nome, por exemplo. Por fim, existe a cidadania social, que é a mais deficiente
dos aspectos citados. A cidadania social tem como base as condições humanas. Leva-se em consideração que as pessoas precisam de saúde, educação, segurança etc. Esses três últimos aspectos são os mais importantes. É necessário que se assegure a cidadania política, civil e social.
Dentro da obrigação do Estado de garantir a cidadania social, vemos que a defensoria tem como função a defesa da cidadania dos necessitados. Ainda que o Estado tenha a obrigação de garantir alguns direitos a todos, de forma incondicionada, por vezes a CF volta os olhos apenas para os necessitados. A saúde, por exemplo, é um direito de todos (art. 196). É, portanto, um direito incondicionado. O art. 201, por sua vez, tem um caráter contributivo, ou seja, terão direito à previdência aquele que contribui ou é dependente de quem contribui. A defensoria, por sua vez, é um direito que só protege os necessitados e não tem esse caráter contributivo. Isso está previsto pelo art. 134, CF. O defensor público, portanto, cumpre um papel muito semelhante ao do advogado, mas remunerado pelo poder público a fim de auxiliar o acesso à justiça.
Princípios da administração pública
O art. 37 cita os princípios da administração pública. A lógica da criação desses princípios parte do fato de que muitas vezes nós não conseguimos seguir as normas do direito administrativo e é necessário criar saídas informais para que a administração pública funcione. Com base na principiologia, são editadas as leis que regerão a administração pública. Com base nas leis, o administrador público deve agir nas situações concretas. Se isso fosse simples, não haveria problema. A questão é que, nas situações concretas, o poder de ação é muito reduzido. Nesses casos, deve-se obedecer os princípios para que saibamos como agir.
O princípio da impessoalidade é aquele que determina que, havendo uma fila de 20 pessoas para utilizar uma máquina que só pode atender a 10, aqueles que serão atendidos são os mais necessitados, e não aqueles que têm contatos no hospital. As pessoas protegidas pela atuação da administração pública devem ser aqueles que mais precisam, de forma impessoal.

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