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Integrais de Linha
3.1.
Introdução
A integral de linha é semelhante a uma integral simples, exceto que, em vez de
integrarmos sobre um intervalo [a, b], integramos sobre uma curva C. Elas foram inventadas
no começo do século XIX para resolver problemas envolvendo escoamento de líquidos, forças,
eletricidade e magnetismo.
As integrais de linha são definidas em termos de limites de somas de Riemann, de um
modo semelhante à definição de integral definida.
3.2.
Integral de Linha de Função Escalar
Suponha-se uma curva C espacial lisa dada pelas equações paramétricas:
x= x(t) y = y(t) z= z(t) a ≤ t ≤ b
ou pela equação vetorial σr (t) = x(t) ir + y(t) jr + z(t) kr . Se f é uma função de três variáveis que
é contínua em alguma região contendo C, então se define a integral de linha de f ao longo de C
(com relação ao comprimento de arco) de modo semelhante ao feito para curvas planas:
∑∫
=
∗∗∗
∞→=
n
1i
iiiinC
s)z,y,x(flimds)z,y,x(f Δ (3.1)
Calculando-se essa integral tem-se:
dt
dt
dz
dt
dy
dt
dx))t(z),t(y),t(x(fds)z,y,x(f
222b
a
C
⎟⎠
⎞⎜⎝
⎛+⎟⎠
⎞⎜⎝
⎛+⎟⎠
⎞⎜⎝
⎛= ∫∫ (3.2)
Observe que as integrais podem ser escritas de modo mais compacto com notação vetorial
dtttf
b
a
∫ )('))(( σσ (3.3)
Para o caso especial quando f(x, y, z)= 1, tem-se:
∫ ∫ ==C
b
a
Ldt)t('ds)z,y,x(f σr (3.4)
onde L é o comprimento da curva C.
Capítulo 3- Integrais de Linha
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27
Defini-se também, integrais de linha ao longo de C com relação à x, y e z. Por exemplo,
∫ ∑ ∫
=
∗∗∗∞→ =Δ=C
n
i
b
a
iiiin dttztztytxfzzyxfdszyxf
1
)('))(),(),((),,(lim),,( (3.5)
Portanto, como para as integrais de linha no plano, podemos calcular integrais da forma
∫ ++C dzzyxRdyzyxQdxzyxP ),,(),,(),,( (3.6)
escrevendo-se (x, y, z, dx, dy, dz) em termos do parâmetro t.
Exercícios:
1) Calcule ∫C zdsseny onde C é a hélice circular dada pelas equações x= cos t, y= sen t, z= t,
0 ≤ t ≤ 2π.
Solução:
∫∫ ⎟⎠⎞⎜⎝⎛+⎟⎠⎞⎜⎝⎛+⎟⎠⎞⎜⎝⎛=
π2
0
222
sen)(sensen dt
dt
dz
dt
dy
dt
dxttdszy
C
dtttt∫ ++=
π2
0
222 1cossensen
π
ππ
22sen
2
1
2
2
2
)2cos1(2
2
0
2
0
=⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡ −=−= ∫ ttdtt
3.2.1.
Definição formal de Integrais de Linha de Função Escalar
Sejam f : ℜ³ -ℜ uma função real e C uma curva em R3, definida pela função
]b,a[I: =σr → ℜ³ σr (t) = (x(t), y(t), z(t)) (3.7)
Para motivar a definição de integral de linha de f ao longo de C, supõe-se que C
representa um arame e f (x, y, z) a densidade (massa por unidade de comprimento) em cada
ponto (x, y, z) ∈ C. Deseja-se calcular a massa total M do arame.
Para isto, divide-se o intervalo I = [a, b] por meio da partição regular de ordem n
a= t0<t1<...<ti<ti+1<tn=b, obtendo assim uma decomposição de C em curvas Ci definidas em
[ti, ti+1] ,i = 0, . . . , n- 1].
Supondo que σr (t) é de classe C1, e denotando por ΔSi o comprimento da curva Ci ,tem-
se:
Capítulo 3- Integrais de Linha
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28
( )∫
+
=
1it
it
si dtt'σΔ r (3.8)
Pelo teorema do valor médio para integrais, existe ui ∈ [ti,ti+1 ] tal que
( ) ( ) ( ) iii1iiSi tu'ttu' ΔσσΔ rr =−= + (3.9)
Onde Δti = ti+1 - ti. Quando n é grande, ΔSi é pequeno e f(x, y, z) pode ser considerada constante
em Ci e igual a f(σ (ui)). Portanto, a massa total M é aproximada por:
( )( ) ( )∑−
=
=
1n
0i
iiin tu'ufS Δσσ rr (3.10)
A soma Sn é uma soma de Riemann da função ( )( ) ( )ii u'uf σσ rr no intervalo [a, b]. Logo, se f(x,
y, z) é contínua em C, então:
( )( ) ( )∫=
b
a
dtt'tfM σσ rr (3.11)
Considerando-se uma curva C em ℜ³, parametrizada por σr (t) = (x(t),y(t),z(t)), t ∈ [a, b], onde
σr é de classe C1, e f (x, y ,z) uma função real contínua em C. Definimos a integral de linha de f
ao longo de C por:
( ) ( )( ) ( )∫ ∫∫ ==
C CC
dtt'tfdsz,y,xffds σσ rr (3.12)
Esta fórmula ainda é válida se σr é Cl por partes . Neste caso, a integral é calculada dividindo-
se o intervalo [a, b] em um número finito de intervalos fechados.
Exercício:
1) Calcule ∫ ++C 222 ds)zyx( onde C é a hélice definida por σr (t) = (cos t, sen t, t),
0 ≤ t ≤ 2π.
Solução:
σr ’(t) =(x’(t), y’(t), z’(t)) = (- sen t, cos t, 1). Portanto, σr é de classe C1 em [0,2π] e como
f é contínua, então segue que:
∫ ∫ ∫ =+=++=++C
2
0
2
0
2222222 dt)t1(2dt2)ttsent(cosds)zyx(
π π
( )22
0
3
43
3
22
3
tt2 ππ
π
+=⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡ +=
Se pensarmos na hélice como um arame e f(x, y, z)= x² + y2 + z2 como a densidade de
massa no arame, então a massa total do arame é:
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29
( )22
0
3
43
3
22
3
tt2M ππ
π
+=⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡ +=
3.2.2.
Interpretação Geométrica das Integrais de Linha
Um caso particular da integral de linha ocorre quando a curva C é uma curva no plano xy
definida por uma função de classe C1 ondeσr (t)= (x(t), y(t)), a ≤ t ≤ b, é uma função real
contínua definida em C. Neste caso, a integral de linha de f ao longo de C é:
∫ ∫ ∫==C C
b
a
dt)t('))t(y),t(x(fds)y,x(ffds σr (3.13)
Quando f(x, y) ≥ 0 em C, a fórmula acima tem como interpretação geométrica a “área de
uma cerca” que tem como base a curva C e altura f (x, y) em cada (x, y)..
Exercício:
1) A base de uma cerca é uma curva C no plano xy definida por x(t) = 30cos3 t, y(t) = 30sen3 t,
0 ≤ t ≤ 2π, e a altura em cada ponto (x, y) é dada por f(x, y)= 1+
3
y
(x e y em metros). Se para
pintar cada m2 um pintor cobra p reais, quanto o pintor cobrará para pintar a cerca?
Solução:
A base da cerca no primeiro e segundo quadrantes é a porção de C dada por:
σr (t)= (30 cos³t, 30 sen³ t), 0 ≤ t ≤ π, e a altura da cerca em cada ponto (x, y) é f(x, y)=1+y/3.
Visto que σr (t) = (x’(t), y’(t)) = (-90 cos²t sen t, 90sen²t cos t), então σr é de classe C1 e
tcostsen)90(tsentcos)90())t('y())t('x()t(' 24224222 +=+=σ =
tttt cossen90cossen)90( 222 ==
Como f é contínua, a área da metade da cerca é:
∫ ∫ =+=⎟⎠⎞⎜⎝⎛ +C 0
3 dttcostsen)tsen101(90ds
3
y1
π
=
⎥⎥
⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢
⎣
⎡
+−+= ∫ ∫2
0
2
44 tdtcos)tsen10t(sentdtcos)tsen10t(sen90
π
π
π
4502
2
1180tsen2
2
tsen180
2
0
5
2
=⎟⎠
⎞⎜⎝
⎛ +=⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡ +=
π
A área total da cerca é 2 x 450 m2 = 900 m2 e, portanto, o pintor cobrará 900p reais.
Capítulo 3- Integrais de Linha
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30
3.3.
Integrais de Linha de Campos Vetoriais
O trabalho feito por uma força
→
F (x) que move uma partícula de A até B ao longo do eixo
x é W = ∫ba f(x) dx. Já o trabalho feito por uma força constante F para mover um objeto de um
ponto P para outro ponto Q no espaço é W =
→
F . D, onde D =
→
PQ é o vetor deslocamento.
Suponha agora que k)z,y,x(Rj)z,y,x(Qi)z,y,x(P)z,y,x(F
rrrr ++= é um campo de força
contínuo no IR3 (um campo de força em IR2 pode ser visto como um caso especial onde R = 0 e
P e Q dependem apenas de x e y). Deseja-se calcular o trabalho exercido por essa força
movimentando uma partícula ao longo de uma curva lisa C.
Dividi-se C em sub-arcos Pi-1Pi com comprimentos sΔ i , dividindo-se o intervalo do
parâmetro [a, b] em subintervalos de mesmo tamanho . Escolhe-se Pi*(xi*, yi*, zi*) no i-ésimo
subarco correspondendo ao valor do parâmetro ti*. Se sΔ i é pequeno, o movimento da partícula
de Pi-1 para Pi
na curva se processa aproximadamente na direção de T(ti*), versor tangente a
Pi*. Então, o trabalho realizado pela força
→
F para mover a partícula de Pi-1 para Pi é
aproximadamente:
→
F (xi*, yi*, zi*) . [ sΔ i →T (ti*) ] = [ →F (xi*, yi*, zi*) . T(ti*) ] sΔ i (3.14)
O trabalho total executado para mover a partícula ao longo de C é aproximadamente:
∑
=
n
i 1
[
→
F (xi*, yi*, zi*) .
→
T (xi*, yi*, zi*) ] sΔ i (3.15)
Onde
→
T (x ,y ,z) é o vetor unitário tangente ao ponto (x, y, z) sobre C. Intuitivamente
podemos ver que essas aproximações devem ficar melhores quando n aumenta muito. Portanto
definimos o trabalho W feito por um campo de força F como sendo o limite da soma de
Riemman dada por:
W = ∫c →F (x, y, z) . →T (x, y, z) ds = ∫c →F . →T ds (3.16)
A equação (3.16) nos diz que o trabalho é a integral em relação ao comprimento de arco
da componente tangencial da força. Se a curva C é dada pela equação vetorial σr (t) = x(t) ir +
y(t) j
r
+ z(t) k
r
, então
→
T (t) = σr ’(t) / |σr ’(t) |, e podemos reescrever a equação anterior como:
W = ∫ba [ →F (r(t)) . σr ’(t) / | σr ’(t) | ] | σr ’(t) | dt = W = ∫ba →F (r(t)) . σr ’(t) dt (3.17)
Capítulo 3- Integrais de Linha
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31
Esta última integral é freqüentemente abreviada como ∫c →F . d →r e ocorre também em
outras áreas da física . Portanto podemos definir a integral de linha para um campo vetorial
contínuo qualquer.
Definição : Seja
→
F um campo vetorial contínuo definido sobre uma curva lisa C dada pela
função vetorial σr (t), a ≤ t ≤ b. Então a integral de linha ao longo de C é :
∫c →F . d →r = ∫ba →F (σr (t)) . σr ’ (t) dt = ∫c →F . →T ds (3.18)
Quando se usa a definição anterior, deve-se lembrar que
→
F (σr (t)) é uma abreviação para
→
F = (x(t),y(t),z(t)), e calcula-se
→
F (σr (t)) tomando-se x = x(t), y = y(t) e z = z(t) na expressão
de
→
F (x, y, z). Nota-se também que se pode formalmente escrever que dr =σr ’(t) dt .
Apesar de ∫c →F .d →r = ∫c →F . →T ds e integrais em relação ao comprimento de arco não trocarem
de sinal quando a orientação do caminho é invertida. É verdade que ∫c →F .d →r = - ∫− →→c rd.F
porque o versor tangente T é substituído por seu negativo quando C é trocado por -C.
Finalmente, nota-se relação entre integrais de linha de campos vetoriais e integrais de
linha de campos escalares. Supõe-se que um campo vetorial F em ℜ3 seja dado sob a forma de
componentes pela equação k)z,y,x(Rj)z,y,x(Qi)z,y,x(P)z,y,x(F
rrrr ++= . Usa-se a definição
para calcular sua integral de linha ao longo de C:
∫c →F .d →r = ∫ba ( →F (σr (t) . σr ’(t) ) dt =
= ∫ba ( P →i + Q→j + R →k ). (x’(t) →i + y’(t) →j + z’(t) →k ) dt =
= ∫ba [ P(x(t) + y(t) + z(t))x’(t) + Q(x(t) + y(t) + z(t))y’(t) +R (x(t) + y(t) + z(t))z’(t)] dt
. (3.19)
Mas esta última integral pode ser expressa como:
∫c →F .d →r = ∫c Pdx + Qdy + Rdz (3.20)
onde k)z,y,x(Rj)z,y,x(Qi)z,y,x(P)z,y,x(F
rrrr ++= .
Por exemplo, a integral ∫c ydx + zdy + xdz poderia ser expressa como:
∫c →F .d →r (3.21)
Capítulo 3- Integrais de Linha
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32
Onde
→
F (x, y, z) = y
→
i + z
→
j + x
→
k .
Definição: (consideremos uma curva C em ℜ3) parametrizada por σr (t) = ( x(t), y(t), z(t)),
t ∈ [a,b] , onde σr é de classe C1, e →F (x, y, z) = ( P (x, y, z), Q (x, y, z), R (x, y, z) ) um campo
vetorial contínuo definido em C. Definimos a integral de linha de
→
F ao longo de C por:
∫c →F .d →r = ∫ba ( →F (σr (t) . σr ’(t) ) dt (3.22)
Se a curva C é fechada, isto é, se σr (b) = σr (a), a integral de linha é denotada por ∫c →F .d →r .
Exercícios:
1) Calcule ∫c →F .d →r onde →F (x,y,z) = (x,y,z) e C é a curva parametrizada por σr (t)= ( sen t,
cos t, t ), 0 ≤ t ≤ 2π.
Solução:
Como
→
F é contínua em ℜ³ e σ’(t)= (cos t, - sen t, 1) é contínua em [0,2π], temos
∫ ∫ =−=→→C
2
0
dt)1,tsen,t).(cost,tcos,t(senrd.F
π
∫ ∫ ==+−=
π π
π
2
0
2
0
22tdtdt)ttcostsentcost(sen
2) Calcule a integral de linha do campo vetorial
→
F (x,y)= (x²-2xy, x³+ y) de (0,0) a (1,1) ao
longo das seguintes curvas:
a) O segmento de reta C1 de equações paramétricas x= t, y= t, 0 ≤ t ≤ 1.
b) A curva C2 de equações paramétricas x= t², y= t³, 0 ≤ t ≤ 1.
Solução:
a)
∫ ∫ =⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡ ++−=++−=→→
1C
1
0
243
3
1
0
2
12
5
2
t
4
t
3
tdt)ttt(rd.F
Capítulo 3- Integrais de Linha
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33
b)
∫ ∫ =⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡ +−=++−=→→
2
1
0
1
0
976
5865
42
25
37
4
6
5)3342(.
C
tttdtttttrdF
Este exemplo mostra que a integral de linha de um campo vetorial de um ponto a outro
depende, em geral, da curva que liga os dois pontos. Calculando novamente o item b), usando
uma representação paramétrica diferente para a curva C2. A curva C2 pode ser descrita pela
função
→β (t) = (t, t3/2), 0 ≤ t ≤ 1.
∫ ∫ =++−=→→→
1
0
1
0
22
7
2
52 )
2
3
2
32()(')).('( dtttttdtttF ββ
Como ⎟⎠
⎞⎜⎝
⎛ +−=⎟⎠
⎞⎜⎝
⎛= →→→ 23325221 ,2))('(e
2
3,1)(' tttttFtt ββ , obtemos
42
25
3
t
7
t4
6
t5
1
0
2
9
2
73
=⎥⎥⎦
⎤
⎢⎢⎣
⎡
+−=
Verificamos no exemplo acima que o valor da integral é o mesmo para as duas
parametrizações da curva C2. Esta é uma propriedade importante das integrais de linha que
provaremos a seguir.
É importante destacar que se σr (t) (a≤ t≤b) e →β (t) (c≤ t≤ d) são duas parametrizações
equivalentes da curva C, então existe uma função h: [c, d] → [a, b], bijetora e de classe C1, tal
que β (t)= σr (h(t)). Se h é crescente, dizemos que h preserva a orientação, isto é, uma partícula
que percorre C com a parametrização
→β (t) se move no mesmo sentido que a partícula que
percorre C segundo a parametrização σr (t). Se h é decrescente, dizemos que h inverte a
orientação.
Teorema: Sejam σr (t) (a≤ t≤b) e →β (t) (c≤ t≤d) parametrizações de C1 por partes e
equivalentes. Se h preserva a orientação, então:
∫ βC →F .d →r = ∫ σC →F .d →r (3.23)
Se h inverte a orientação, então:
Capítulo 3- Integrais de Linha
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34
∫ βC →F .d →r = - ∫ σC →F .d →r (3.24)
( C β e Cσ denotam a curva C parametrizada por →β (t) e σr (t) respectivamente).
Demonstração: É suficiente provar o teorema para σr (t) e →β (t) de classe C1. Suponhamos que
as parametrizações σr (t) e →β (t) estão relacionadas pela equação
→β (t) = σr (h(t)), t ∈[c, d] (3.25)
Então,
∫ →→βC rd.F = ∫ →dc F ( β (t)).βv ’(t) dt = ∫ →dc F (σv (h(t))).σv ’(h(t))h’(t) dt (3.26)
Fazendo a substituição u = h(t), du = h’(t)dt, obtém-se :
∫ →→βC rd.F = ∫ →)d(h )c(h F (σr (u)). σr ’(u)du =
= ∫ →ba F (σr (u)). σr ’(u)du = ∫ ∂→cF .d →r , se h preserva a orientação.
= ∫ →ab F (σr (u)). σr ’(u)du = - ∫ ∂→cF .d →r , se h inverte a orientação.
3.4.
Propriedades da Integral de Linha
(i) Linearidade.
∫∫∫ →→→→→→→ +=⎟⎠⎞⎜⎝⎛ + CCC rd.Gbrd.Fard.GbFa (3.27)
onde a e b são constantes reais.
(ii) Aditividade. Se C admite uma decomposição num número finito de curvas
C1,...,Cn ,isto é, C= C1 U ... U Cn, então:
∫ →→c rd.F =∑∫=
→→n
1i i
c
rd.F (3.28)
A prova destas propriedades segue imediatamente da definição de integral de linha.
Capítulo 3- Integrais de Linha
35
35
Exercício:
1) Considere C a fronteira do quadrado no plano xy de vértices (0,0), (1,0), (1,1) e (0,1),
orientada no sentido anti-horário. Calcule a integral de linha ∫ +C 2 xydydxx
Solução: A curva é decomposta em quatro segmentos de reta que podem ser parametrizados do
seguinte modo:
C1 : σ1 (t) = (t, 0), 0 ≤ t ≤ 1
C2 : σ2 (t) = (1, t), 0≤ t ≤ 1
C3 : σ3 (t) = (-t, 1), -1≤ t ≤ 0
C4 : σ4 (t) = (0, -t) , -1 ≤ t ≤ 0
Assim, ∫ ∫ ==+1C
1
0
22
3
1dttxydydxx
∫ ∫ ==+2C
1
0
2
2
1tdtxydydxx
∫ ∫
−
−=−=+
3C
0
1
22
3
1dttxydydxx
∫ ∫
−
==+
4C
0
1
2 0dt0xydydxx
Logo,
∫ =+−+=+C 2 210312131xydydxx
3.5.
Aplicações das Integrais de Linha
As integrais de linha possuem vasta utilização em diversas áreas, sobretudo na física para
ajudar a descrever alguns fenômenos e calculá-los.
Apresenta-se algumas aplicações das integrais citadas na física, além de alguns exemplos
resolvidos.
a) Cálculo da Massa e Centro de Massa de um Fio
Admitamos o seguinte problema descrito no exemplo abaixo onde os dados são os
seguintes:
Um fio extremamente delgado está identificado com as duas primeiras voltas do traço da
hélice C em ℜ3 dada por →C (t) = [cos(t), sen(t), t], com t percorrendo o intervalo [0,4π]. A
densidade linear em qualquer ponto (x, y, z) da curva é φ( x, y, z ) = 5x + z.
Capítulo 3- Integrais de Linha
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36
Com o uso de integrais de linha de campos escalares podemos calcular o centro de massa
do fio. Primeiramente aproximamos a massa do fio por pequenos elementos de massa mi,
concentrados nos pontos ( xi, yi, zi ).
Massa ≅ iiiin
1i
n
1i
i s)z,y,x(densm Δ∑∑
==
= (3.29)
Logo, uma aproximação do momento de massa em relação ao plano "xy" do fio é dado
por ∑
=
=
n
1i
iiiixy s)z,y,x(densM Δ (3.30)
Define-se então:
∫∑ ==
=
∞→ ds)z,y,x(zdenss)z,y,x(denslimM
n
1i
iiiinxy Δ (3.31)
De maneira análoga definem-se os outros momentos de massa. Se M denota a massa
total do fio então as coordenadas do centro de massa são dadas por:
centro de massa = ⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡
M
Mxy,
M
Mxz,
M
Myz (3.32)
b) Momento de Inércia
Seja L uma linha reta e designemos por dL(x) a distância do ponto x pertencente a ℜn a
linha L. O momento de inércia da linha Γ relativo a reta L é a integral de linha da função
φ(x) = α(x)d2L(x), ou seja,
dt)t(g))t(g(Ld 2))t(g(I '
b
a
L ∫= α (3.33)
c) Campo gravitacional
Seja M uma massa pontual e situada na origem de IR3. O campo gravitacional gerado
pela massa M é dado por
( ) rz,y,x 33 rGM),z,y,x(GM)z,y,x(F r
r
−=−= (3.34)
Onde r = (x; y; z) e G é a constante universal da gravitação.
Facilmente se verifica que o campo gravitacional é um gradiente e o seu potencial é a
função
zyx)z,y,x( 2
22
GM
r
1GM),z,y,x(GM)z,y,x(
++
=== rφ (3.35 (3.35)
Capítulo 3- Integrais de Linha
37
37
A integral de linha de um campo gradiente não depende do caminho. Depende apenas
do ponto inicial A e do ponto final B. Podemos aplicar então o teorema fundamental do cálculo
para o cálculo da integral de linha:
)()(.. abdgdgF φφφ −=∇=∫ ∫
Γ Γ
(3.36)
d) Campo Magnético Através da Lei de Ampère
Em 1819, Oersted descobriu que uma corrente elétrica produz um campo magnético, e
que para o caso de um fio retilíneo, as linhas de campo são círculos em planos perpendiculares
ao fio, como ilustra a Figura (3.1). O sentido do campo é dado pela regra da mão direita: com o
polegar no sentido da corrente, os outros dedos dão o sentido de B.
Logo após a apresentação do trabalho de Oersted, em 1820, Ampère realizou outras
experiências e formalizou a relação entre corrente elétrica e campo magnético. Ele mostrou
que o campo produzido pela corrente, i, é dado pela lei que recebeu seu nome.
→→→ =∫ ild.B 0μ (3.37)
Onde μo é a permeabilidade magnética do vácuo.
Em (3.37), a integral é realizada ao longo de uma linha fechada arbitrária, que alguns
autores denominam linha amperiana, pela sua correspondência com a superfície gaussiana no
caso da eletrostática, e através desta lei é possível calcular o campo magnético numa integral
de linha.
Figura 3.1- Ilustração para a dedução da lei de Ampère
Capítulo 3- Integrais de Linha
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Exercícios:
1) Seja Γ um fio de um material cuja densidade de massa é dada por
yx
2
21
1)y,x(
++
=α e tem a configuração de uma espiral descrita pelo
caminho g(t) = (t cos t; t sen t) ; 4π ≥ t ≥ 0 (vide figura abaixo).
Então 1)t())t(g( g' =α e, portanto, a massa de Γ é dada por:
πα ππ 41
1
1)())(( 2
4
0 2
4
0
' =+
+
== ∫∫ dtdtttgM t
t
g .
A coordenada y do centro de massa é dada por:
1
4
4sen
4
1),(1
4
0
−=−=== ∫∫
Γ
π
π
π
πα tdttyxyMy
2) Seja Γ pertencente ao IR3 um fio de um material com densidade de massa α(x; y; z) = z e
cuja configuração é a de uma hélice cilíndrica descrita pelo caminho g(t) = (cos t; sen t; t) ; 4π
≥ t ≥ 0 da figura abaixo:
Então 2)(' =tg e o momento de inércia de Γ relativo ao eixo z é dado pela integral de linha
∫∫ ==+=Γ
Γ
π π4
0
222 282)()( tdtdsyxzIz
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