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Aula 11 29/10/2009 Análise Global I - CONCEITO E PROBLEMAS FUNDAMENTAIS DO DIREITO “O Homem, mais do que qualquer outro animal que viva em enxames ou rebanhos, é por natureza um animal social” ARISTÓTELES A NATUREZA SOCIAL DO HOMEM _ O homem sempre viveu em sociedade – ex: tribo, família, clã, cidade, Estado, etc. _ Desenvolve toda a sua vida em sociedade _ O Homem é um ser eminentemente social na medida em que não consegue viver só ou isolado dos outros Só se pode falar de vida humana em sociedade quando se verifique a existência de relações intersubjectivas entre indivíduos (acções e interacções recíprocas entre os homens) _NOTA: um qualquer aglomerado de indivíduos não constitui, por si só, um fenómeno social por falta de intersubjectividade entre os sujeitos – p. ex: discoteca cheia de pessoas… O Homem estabelece entre si relações de convivência intersubjectiva, que assumem grande relevância social e que, como tal, necessitam de regras _ As comunidades humanas necessitam de uma ordem que estabeleça as regras de convivência entre os seus membros CONCLUSÃO: a vida humana em sociedade não é a mera coexistência de indivíduos ou grupos de indivíduos num dado espaço e tempo, indiferentes entre si, solitários e separados; necessário é que se estabeleçam relações sociais e que exista uma autonomia individual de cada membro do colectivo social em relação à própria sociedade. Para que seja possível a convivência humana em sociedade é necessário definir uma ordem, ou seja, um conjunto de regras e padrões que orientem o comportamento dos indivíduos e que estabeleçam ainda as regras da organização dessa sociedade, bem como as instituições que lhe servem de estrutura. “O Direito é uma realidade presente em todos os momentos da nossa vida” _ Ordem Jurídica = ordem social regulada pelo Direito _ O Homem vê-se integrado numa ordem social que lhe preexiste, que lhe determina padrões de comportamento e de conduta e regula a estrutura da sociedade onde convive com os outros. _ O meio social em que vivemos é ordenado – sociedade – pelo Direito, quer quanto às regras de conduta e padrões de comportamento que nos impõe, quer quanto à definição do sistema organizativo em que se estrutura. O Direito: _ É um fenómeno humano e social _ Tem em vista ordenar, definir e orientar a conduta humana e resolver os seus problemas _ Tem em vista o homem integrado em sociedade e não o homem isolado Define o comportamento convivente do homem, orientando a sua conduta de acordo com determinados padrões cuja observância o direito reputa indispensáveis para uma harmonia social justa, e resolvendo os conflitos de interesses gerados pela convivência em sociedade. O Direito é uma ordem da sociedade: _ Procura abarcar de forma extensiva manifestações do comportamento humano com relevância social; _ Existe para ordenar condutas humanas, conformando a actuação de cada um no respeito dos outros e disciplinando as condutas individuais em ordem à realização de objectivos ou valores comunitários; _ Pressupõe a vida dos Homens uns com os outros e visa disciplinar os seus interesses contrapostos de uma forma justa e ordenada. O Direito _ Vários significados (p. ex. ver dicionário da Porto Editora): Adjectivo – que não é torto ou curvo; liso; plano – íntegro; justo; imparcial – leal; franco; sincero Nome masculino – aquilo que é recto, justo e conforme à lei – poder moral ou legal de fazer, de possuir ou de exigir alguma coisa – poder legítimo, faculdade, prerrogativa – conjunto de normas gerais, abstractas, dotadas de coercibilidade, que regem os comportamentos e as relações numa sociedade – lado principal, em geral mais perfeito, de um tecido ou objecto O Direito Domínio Normativo da Ordem Social (que mais atinge o Homem no dia-a-dia da sua existência). _ A subsistência da vida humana em sociedade dependa da existência de regras que garantam a ordem e a convivência pacífica entre os homens _ Essas regras ou normas, por um lado, conferem direitos e garantem certos usos fundamentais da liberdade e por outro, proíbem aos indivíduos o abuso dos direitos que lhes são conferidos. O Direito _ A necessidade da existência de normas sociais, que regulem o comportamento do Homem em sociedade, baseia-se em duas características intrínsecas ao ser humano: a liberdade e a sociabilidade. _ A conduta social do Homem tem, pois, de respeitar as regras constituídas na sociedade. O Direito _ Torna-se necessário o recurso a regras que permitam resolver conflitos de interesse que, inevitavelmente, resultam da vida em sociedade _ O homem é um ser social, mas tem a sua individualidade, marcada pelos seus interesses e egoísmos – é também um ser conflituante… Diversas Ordens Normativas Ao contrário da ordem natural, a ordem social é constituída por uma teia complexa de regras provenientes de ordens normativas de diversa índole: da ordem moral, da ordem religiosa, da ordem de trato social (cortesia, usos e costumes sociais) e da ordem jurídica. _ ordem moral: interioridade do Homem _ ordem religiosa: regula as condutas humanas em relação a Deus _ ordem de trato social: regras para uma convivência mais agradável _ ordem jurídica: ordem de convivência Justa Direito e Moral: _ A moral é o conjunto de normas de conduta que os Seres Humanos devem respeitar e segundo as quais os actos são bons ou maus; estas normas podem ser reconhecidas em geral ou apenas por um grupo humano; a Ordem Moral é uma ordem de consciências para o bem; _ Moral individual é o conjunto dos imperativos impostos aos indivíduos pela sua própria consciência ética; _ Moral social ou positiva é o conjunto de imperativos que correspondem às ideias e sentimentos dominantes na colectividade. Direito e Moral: _ A ordem jurídica não se identifica com a ordem moral, mas não deixa de acolher as concepções morais mais relevantes e aceites pela sociedade. _ As normas morais contribuem para dar forma a vários ramos do Direito: o Direito Penal, o Direito da Família, o Direito das Obrigações, etc. Pelo que estamos perante uma relação de coincidência entre o Direito e a Moral. _ O Direito pode ser imposto pela coercibilidade (poder organizado) e a Moral não. Direito e Moral: Relações de indiferença: _ actos imorais que, apesar de tudo, não são sancionados pelo Direito: a infidelidade durante o namoro; _ normas jurídicas que regulam, por exemplo, a estrutura dos órgãos do Estado ou as normas de licenciamento industrial que são irrelevantes para a Moral. Direito e Moral: Zonas de conflito casos da interrupção voluntária da gravidez, da eutanásia, da distanásia ou da procriação artificial, que, embora reprováveis sob o ponto de vista moral, são, em determinadas condições prescritas por lei, permitidos e tutelados pelo Direito. Ordem jurídica e ordem religiosa _ A relação predominante entre estas duas ordens normativas é a indiferença. _ Coincidência: casamento católico _ Conflito: procriação artificial, eutanásia, distanásia e interrupção voluntária da gravidez Ordem jurídica e ordem de trato social _ Entre elas existe, fundamentalmente, uma relação de indiferença _ Coincidência: regras deontológicas dos advogados (deveres de correcção e urbanidade) _ Conflito: touradas de morte, etc. ORDEM JURÍDICA _ Constituída pelo conjunto de normas jurídicas que regulam os aspectos mais relevantes da vida em sociedade _ O Direito é o domínio normativo que mais atinge a nossa esfera de interesses, pois representa o poder institucional do Estado e regula os actos mais triviais da nossa vida quotidiana em sociedade ORDEM JURÍDICA _ É um conjunto de normas que visam regular a vida do Homem em sociedade harmonizando os seus interesses e resolvendo os seus conflitos pelo recurso à coercibilidade. _ Ao contrário das outras ordens normativas, a ordem jurídica serve-se da coacção como meio de garantir e impor o cumprimento das suas normas. _ A coacção, que é a ameaça de um mal, de uma sanção efectiva, requer a existência de um poder social organizado capaz de recorrer ao uso da força. ORDEM JURÍDICA “O que caracteriza o Direito não é simplesmente o reconhecimento de determinadas normas como obrigatórias, mas o serem acompanhadas da possibilidade da sua imposição pela força.” Angel Latorre ORDEM JURÍDICA _ Revela-se através de um conjunto de normas que constituem o ordenamento jurídico da sociedade – são as normas jurídicas; sendo o conjunto sistematizado dessas normas o ordenamento jurídico. _ Ordenamento jurídico: é o conjunto de normas jurídicas de uma determinada comunidade; é o seu sistema jurídico. ORDEM JURÍDICA _ A função do Direito é servir de modelo ordenador das condutas do Homem em sociedade de acordo com um critério de justiça. _ A ordem jurídica instituída pelo Direito tem uma intenção normativa da realidade social de acordo com um conjunto de valores que se fundamentam na consciência ética da sociedade. ORDEM JURÍDICA A ordem jurídica como forma de ordenação da vida social tem duas funções: _ Funciona como princípio de acção da conduta do Homem na sociedade (função primária ou prescritiva); e _ Estabelece as regras de organização da sociedade e das instituições sociais (função secundária ou organizatória). Noção Jurídica do Direito: _ Sistema de normas coercivas destinado a reger as relações humanas no interior de um determinado modo geopolítico. Trata-se aqui, pois, do “Direito objectivo”, i.e., Direito considerado de forma abstracta enquanto conjunto de regras de conduta social; _ SISTEMA: conjunto de normas relacionadas entre si que formam uma ordem, i.e., a ORDEM JURÍDICA; trata-se dum conjunto ordenado de NORMAS, ou seja, regras de comportamento humano que se impõem aos destinatários: O QUE DEVE SER!; _ NORMA JURÍDICA: é a regra de conduta que deve ser adoptada para a realização dos fins do Direito. O Direito como Produto Cultural Produto Cultural _ O Direito é uma criação do espírito humano que se objectiva em normas jurídicas reguladoras da vida em sociedade. _ AO REPORTAR-SE À ORDENAÇÃO DA CONDUTA HUMANA NA CONVIVÊNCIA E COEXISTÊNCIA SOCIAL, O DIREITO PRESSUPÕE QUE O HOMEM SEJA LIVRE, SÓ ASSIM SE ENTENDENDO QUE O RESPONSABILIZE PELO DESRESPEITO DAS NORMAS EM VIGOR NA ORDEM JURÍDICA. _ Ao Direito é inerente um sentido axiológico _ Pressupõe certos valores e princípios _ Sobre que assenta a consciência ético-jurídica da sociedade VALORES FUNDAMENTAIS _ Justiça: é o fim último do Direito, o valor que as condutas humanas devem assumir nas relações sociais; é o valor ideal que constitui a razão de ser do Direito – o Direito como o “dever-ser”. _ Equidade: é a Justiça do caso concreto - a aplicação da lei não deve ser cega, antes deve atender às condições concretas de cada caso; visa a humanização do Direito. Cfr. art. 4.º do C.Civil. _ Segurança: confere aos cidadãos a confiança que lhes permite planificar a defesa dos seus interesses, conforme as normas jurídicas em vigor; visa garantir a estabilidade das relações sociais. Cfr. art. 12.º do C.Civil _ Certeza: reflecte-se no conhecimento que os cidadãos podem e devem ter do sistema de normas legislativas para salvaguarda dos seus interesses face ao poder do Estado – estabilidade das relações sociais. Justiça: o Direito deve ser Justo! _ Prof. Doutor João Baptista Machado: “Justiça é um valor ético e às normas do Direito inere a pretensão de realizar esse valor”; _ Prof. Doutor Germano Marques da Silva: “Nenhuma democracia, nenhuma comunidade politicamente organizada, nenhum Estado é possível se as leis que nele regem não são obedecidas, mas nenhum é suportável se for preciso, por obediência, renunciar à Justiça ou tolerar o intolerável. Quando a lei é injusta, é justo combatê-la e por vezes pode ser justo resistir-lhe ou violá-la, mas este combate é sobretudo de ordem moral”! EVOLUÇÃO _ Enquanto realidade social humana e criação cultural, o Direito só existe por referência a um tempo e a um espaço onde é vivido e aplicado em concreto _ As regras ou normas sociais não são imutáveis: a dimensão histórica da vida social do Homem implica uma necessária e sucessiva reformulação das normas de acordo com os valores aceites como reguladores da conduta humana _ A HISTORICIDADE DO DIREITO DETERMINA A EXISTÊNCIA DE FACTORES PERMANENTES E INTEMPORAIS, MAS TAMBÉM A NOÇÃO DE QUE OS ORDENAMENTOS JURÍDICOS VÃO EVOLUINDO E APERFEIÇOANDO AS NORMAS JURÍDICAS. EVOLUÇÃO _ O DIREITO COMO PRODUTO CULTURAL É UMA REALIDADE HISTÓRICA QUE EVOLUI COM A SOCIEDADE NA SUA ENVOLVENTE IDEOLÓGICA. _ AS IDEOLOGIAS SÃO, PORTANTO, UMA DAS FORÇAS CRIADORAS DO DIREITO. _ O DIREITO TAMBÉM NÃO FICA INDIFERENTE ÀS NOVAS REALIDADES SOCIOECONÓMICAS, POLÍTICO-IDEOLÓGICAS E CULTURAIS. A ORDEM JURÍDICA REFLECTE OS PRINCÍPIOS IDEOLÓGICOS E FILOSÓFICOS, MAS TAMBÉM A ESTRUTURASOCIOPOLÍTICA E ECONÓMICA DA SOCIEDADE EM QUEVIGORA, POIS SÓ ASSIM PODERÁ SER VÁLIDA E RESPEITADA POR TODOS OS CIDADÃOS. EVOLUÇÃO A mudança é hoje um factor dinâmico que contribui para a evolução e o desenvolvimento das sociedades, pelo que o Direito, como produto cultural, é influenciado pela realidade social envolvente que lhe compete ordenar e sancionar _ A mudança social exige do Direito uma permanente adaptação face à evolução e ao progresso nos mais variados domínios sociais, culturais e científicos. _ O Direito, na sua tarefa de ordenação da sociedade, deve incorporar os factores de inovação, de progresso e de mudança na ordem jurídica. EVOLUÇÃO Hoje em dia, o Direito, embora se mantenha ligado aos valores que comandam a consciência éticojurídica da sociedade em que se insere, também se encontra intimamente ligado a factores de oportunidade e de progresso _ SURGIMENTO DE “NOVOS DIREITOS” (AMBIENTE, CONSUMO, INFORMAÇÃO, ETC.)