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Krugman cap 30 moeda e bancos

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» Moeda, ban cos e o banco 
central 
DE VAGAO PELO AR 
0 nascimento cla economia como disciplina normalmente e dado como sen do L 7/b. quando Adam Smith publicou A Riquc::a das 
,\'wiles. Scu lino e famoso principal-
mente por sua aprcciacao cia "mao in-
\'iSl\Tl .. dos mercados que mobiliza o 
interesse pri\·ado para l) hem publico. 
Mas h<1muito mais que isso em A Ri-
quc:::u dus ~'uc,ks. Entre uutras coisas. 
o liYrn contem uma apaixunacla defesa 
do que cram. no tempo de Smith. gran-
des no\ idadcs: han cos c papcl-moeda. 
Hojc. considcranws normal o fato 
clc poclennos entregar pcclac·os de pa-
pcl dabnraclamentc impressos. papel 
\Trclc nos Estados Llniclos. em troca 
de qualqucr hem ou SCITic;o. Tam hem 
achamos inteiramcntc normal que em 
muitos casos nem prcciscnws dcsse 
pcdac;o de papel: podcmos cscn.·\·cr 
tml cheque uu cntrcgar tun cartau de 
crcditLl, ambos O':i quais jJl'OlllCtCl11 
que Lnn banco forneccr<i clinheiro ou 
seu cquiYalcnte em um momento sc-
guinte. 
No tempo cle Adam Smith. contu-
clo. a maior parte do comercio no 
munclo aincla era feita com moeclas de 
ouro ou prata. Papel-moecla e contas 
bancirias. aincla que bcm estabeleci-
dos em sua natiYa Esu1cia, aincla eram 
olhaclos com desconfianc;a em boa par-
te do munclo. Eis por que Adam Smith 
aclwu ncccss;~rio C\:plicar as \'irtuclcs 
do sistema moncuirio moclerno. que 
permitiria a uma na<;iio concluzir seus 
negocios e ao mcsmo tempo liherar 
aquele oum e prata para otll ros usos. 
Usar papcl-moecla em Yez de mocdas 
de ouro ou prata. dissc ele. era como 
encontrar uma mancira de cm1struir 
uma estracla scm prccisar dcwiar terra 
de outros usos. era construir "uma es-
pccie de fcrnwia pclo ar". 
Neste capitulo, cxaminaremos como 
funci,mam mn mudcrno sistema monc-
tario c as instituic;c'ic'> que o sustcntam e 
rcgulam. Esse t6pico c importante em si 
mesmo c e cssencial tamhcm como base 
para entender a poluiur monctclriu, que 
cxaminarcmos no Capitulo 31. 
Neste capitulo, 
voce aprendera: 
• Os varios papeis desempenhados 
pel.a moeda e as muitas formas 
que ela toma na economia. 
• Como as a\6es dos bancos 
privados e do Banco Central 
determinam a oferta de 
moeda. 
;t; • Como o Banco Central usa as tf! iiJ opera~oes de mercado aberto 
~ para modificar a base I monetaria. 
I 
PARTE XIII FLUTUA~OES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO ELSEVIER 
SIGNIFICADO DE DINHEIRO 
Nas conversas do dia-a-dia as pessoas muitas vezes usam a 
palavra dinheiro para significar "riqueza". Se alguem per-
gunta "Quanta dinheiro tern Bill Gates?", a resposta sera 
algo como: "Sei hi! Deve ser uns $40 bilhoes, mas quem 
esta contando ?" Is to e, a cifra inclui o valor das a<;oes, de 
bonus, de imoveis e outros ativos que ele possui. 
Mas a defini<;ao de dinheiro, ou moeda, dos economistas 
nao inclui todas as formas de riqueza. As cedulas e moedas 
na sua carteira sao dinheiro; outras formas de riqueza, tais 
como carros, casas e a<;oes, nao sao dinheiro. 0 que, segun-
do os economistas, distingue o dinheiro ou moeda de ou-
tras formas de riqueza? 
0 que e moeda? 
Moeda e definida em termos do que ela faz: moeda e qual-
quer atiyo que pode ser usado facilmente para comprar 
bens e servi<;os. No Capitulo 26 definimos urn ativo como 
liquido quando ele pode ser facilmente convertido em di-
nheiro Yivo. Moeda consiste ou no proprio dinheiro vivo, 
que e liquido por definicao, ou outros ativos altamente li-
quidos. 
Pode-se vera distincao entre moeda e outros ativos per-
guntando-nos a nos mesmos como pagamos no supermer-
cado. 0 caixa aceitara cedulas e moedas em troca de Ieite e 
pizza, mas nao certificados de a<;oes ou uma cole<;ao de an-
tiguidades. Se voce quiser transformar certificados de 
acoes em compras da mercearia tem de vende-los antes, ou 
seja, troca-los por dinheiro, e depois usar o dinheiro para 
as compras da mercearia. 
Evidentemente muitas lojas permitirao que Yoce escre-
va um cheque da sua conta bancaria em pagamento pelo 
bem ou que voce pague com cartao de credito ou de debito 
ligado a sua conta bancaria. Isso transforma sua conta ban-
caria em dinheiro, mesmo que voce nao a tenha convertido 
em dinheiro sonante? Sim. Moeda em circula<;ao, moeda 
sonante em maos do publico, e considerada dinheiro. Da 
mesma maneira, sao considerados dinheiro os depositos 
bancarios a vista, ou seja, contas correntes que permitem 
aos seus titulares emitir cheques. 
Entao moeda e depositos a vista sao OS unicos ativos que 
podem ser considerados dinheiro? Depende. Como vere-
mos mais adiante, ha diversas defini<;oes amplamente usa-
das da oferta monetaria, o valor total dos ativos financeiros 
da economia que sao considerados moeda. A defini<;ao 
mais estreita e a mais liquida, porque contem apenas moe-
cia em circula<;ao, traveler's checks, e depositos a vista, con-
tra os quais podem ser assinados cheques. Defini<;oes mais 
amplas incluem outros ativos que sao quase liquidos, tais 
como depositos em contas de poupan<;a que podem ser 
transferidos para a conta corrente com um simples tele-
fonema. Todas as defini<;oes de oferta monetaria, no en-
tanto, fazem uma distin<;ao entre ativos que podem ser fa-
cilmente usados para comprar bens e servi<;os e aqueles 
que nao podem. 
A moeda desempenha um papel crucial gerando ganhos 
do comercio, porque torna possiveis as trocas indiretas. Pen-
se no que aconteceria quando um cirurgiao cardia co compra 
uma nova geladeira. 0 cirurgiao tem servi<;os valiosos para 
oferecer: cirurgia cardiaca. 0 proprietario da loja tern bens 
valiosos para oferecer: refrigeradores e outros aparelhos do-
mesticos. Seria extremamente dificil para ambos os !ados se, 
em vez de usar dinheiro, eles tivessem que trocar diretamen-
te os bens e servi<;os que vendem. Em um sistema de escam-
bo ou contrapartida, um cirurgiao cardiaco e um dono de 
loja de aparelhos domesticos poderiam comerciar apenas se 
o dono da loja necessitasse de cirurgia do cora<;ao e se o ci-
rurgiao precisasse de um refrigerador. Isso e conhecido 
como o problema de encontrar a "dupla coincidencia de ne-
cessidades'': em um sistema de escambo, as duas partes so 
podem comerciar quando cada uma quer o que a outra esta 
oferecendo. 0 dinheiro resolve esse problema: os individuos 
podem trocar por dinheiro aquila que eles tem a oferecer e 
dar dinheiro por aquila que eles querem. 
.{:' 
CARTOES DE PLASTICO E OFERTA MONETARIA 
Na America do seculo XXI muitas compras sao feitas sem moeda 
sonante e sem cheques, mas com cart6es. Esses cart6es aparecem 
em duas variedades. Cartoes de debito, como os cartoes para tirar 
dinheiro no caixa automatico que podem ser usados tambem no 
supermercado, transferem fundos automaticamente da conta 
bancaria do comprador. Portanto, cartoes de debito permitem 
acesso ao saldo da sua conta corrente, que e parte da oferta 
monetaria. 
E as cartoes de credito? Cartoes de midito, na verdade, 
permitem a voce tamar dinheiro emprestado para comprar as 
coisas nas lojas. Nao deveriam entao ser contados como parte da 
oferta monet'iria? A resposta e nao. A oferta monetaria e o valor 
dos ativos ftnanceiros, e cartoes de credito nao sao ativos. Cartoes 
de credito acessam fundos que voce pode tamar emprestado, urn 
passivo, e nao urn ativo. 0 balan~o do seu cartao de credito e o 
que voce atualmente deve. Seu credito disponfvel e a quantidade 
maxima que voce pode tamar emprestado. Como o balan~o do seu 
cartao de credito e o credito disponfvel sao ambos passives, e nao 
ativos, nenhum deles e parte da oferta monetaria. 
Tanto cart6es de debito como de credito facilitam as compras 
pelos individuos. Mas eles nao afetam as medidas de oferta 
monetaria. 
0 dinheiro, por tornar mais facil obter ganhos
do co-
mercia, aumenta o bem-estar, embora nao produza nada 
diretamente. Como colocou Adam Smith, o dinheiro "pode 
ser muito adequadamente comparado com uma estrada 
T 
I 
l 
ELSEVIER 
que, embora circule e leve ao mercado todo o feno e cereal 
do pais, por si mesmo nao produz uma (mica pilha de qual-
quer urn deles". 
Vejamos mais de perto os papeis que o dinheiro, ou a 
moeda, desempenha na economia. 
Papeis da moeda 
A moeda desempenha tres papeis principais na moderna 
economia: e meio de troca, reserva de valor e unidade de 
conta. 
Meio de troca Nosso exemplo do cirurgiao cardiaco 
com o refrigerador ilustra o papel da moeda como meio 
de troca, ou seja, urn ativo que os individuos usam para 
trocar bens e servi<.;os e nao para consumo. As pessoas nao 
podem comer notas de d6lar; em vez disso usam notas de 
d6lar para comprar bens comestiveis e os servi<.;os que os 
acompanham. 
Em tempos normais, a moeda oficial de um dado pais, o 
d6lar nos Estados Unidos, o peso no Mexico e assim por 
diante, e tambbn um meio de troca em virtualmente todas 
as transa<.;oes do pais. Em cpocas tumultuadas, contudo. 
outros bens ou ativos muitas vezes desempenham esse pa-
pel. Por exemplo, durante turbulencias economicas a moe-
cia de outros pafses freqiientemente se torna um meio de 
troca: o dc'>lar americano desempenhou esse papel em pai-
ses da America Latina e o euro fez isso no leste europeu. 
Em um exemplo famoso, cigarros funcionaram como meio 
de troca nos campos de prisioneiros da Seguncla Guerra 
Munclial e mesmo nao-fumantes troca,·am bens e servi<.;os 
por cigarros, porque cigarros, por sua vez, podiam ser facil-
mente trocados por outros itens. Durante a hiperinflac;ao 
alema de 1923, bens como ovos e pedac;os de carvao foram, 
por breves momentos, meios de troca. 
Reserva de valor A fim de <ttuar como meio de troca. a 
moeda tem de ser tambcm uma reserva de valor. uma ma-
neira cle guarclar puder de compra ao Iongo do tempo. Para 
ver por que isso e necessario, procure fazer funcionar uma 
economia em que casquinhas de sorvete fossem o meio de 
troca. Tal cconomia rapidamente sofreria, com perdao cia 
pala\Ta, derretimento completo ou colapso monetario: seu 
meio de troca rapidamente se tornaria uma po<.;a pegajosa, 
antes que voce pudesse usa-lo para comprar outra coisa. 
(Como veremos no Capitulo 33, um dos problemas causa-
dos por inflac;ao muito elevada, de fato, e que leva o valor 
do dinheiro a "derreter-se".) Evidentemente o dinheiro 
nao e, de modo algum, a unica reserva de valor. Qualquer 
ativo que mantenha seu poder de compra ao longo do tem-
po e uma reserva de valor. Assim, o papel da reserva de va-
lor e necessaria, mas nao e uma caracteristica exclusiva. 
CAPITULO 30 MOEDA, BANCO$ E 0 BANCO CENTRAL 
Unidade de conta Finalmente, o dinheiro normal-
mente serve como unidade de conta, uma medida que os 
individuos usam para fixar pre<;os e fazer calculos econo-
micos. Urn novo CD custa cerca de cinco vezes um sandui-
che Big Mac, mas a Amazon.com lista o pre<;o de um CD 
como sendo $14 e nao 5 Big Macs. 
Tipos de moeda 
De uma maneira ou de outra, o dinheiro tem estado em uso 
durante seculos. Na maior parte desse tempo as pessoas 
usaram moeda-mercadoria: o meio de troca era urn bern, 
normalmente ouro ou prata, que tinha outros usos. Esses 
outros usos davam a moeda-mercadoria um valor indepen-
dente do seu papel como meio de troca. Por exemplo, os ci-
garros que serviram de dinheiro nos campos de prisionei-
ros cia Segunda Guerra Mundial eram valiosos tambem 
porque muitos prisioneiros fumavam. Ouro era valioso 
porque era usado emj6ias e ornamentac;ao, alem do fato de 
ser cunhado em moedas. 
Quando Adam Smith escreveu A Riqueza das Nar;oes, a 
maior parte da moeda na Esc6cia consistia em papel-
moeda e nao ouro ou prata. Contudo, diferente das cedu-
las modernas de d6lar, as notas eram emitidas por bancos 
privados que prometiam trocar essas notas por moedas de 
ouro ou de prata sempre que solicitado. Isto e, o pa-
pel-moeda de 1776 na Esc6cia era uma moeda garantida 
por mercadoria, um meio de troca sem valor intrinseco, 
cujo valor em ultima instancia era garantido por uma pro-
messa de que poderia sempre ser convertido em bens vali-
osos. 
A grande vantagem do dinheiro garantido por mercado-
ria em comparac;ao com moeclas de ouro ou de prata e que 
empata menos recursos valiosos. Um pais em que moedas 
de ouro e prata foram substituidas por papel-moeda nor-
malmente pocle confiar no fa to de que, em um dado clia, so-
mente uma fra<.;ao dos detentores de seu papel-moeda exi-
gira a sua conversao em moedas de ouro ou prata. Assim, o 
banco emissor das notas precisa manter somente uma parte 
do valor de suas notas em circula<.;ao na forma de ouro e 
prata em seus cofres. Pocle emprestar o resto do ouro e da 
prata aqueles que querem usa-la. Isso permite a socieclacle 
usar esse ouro e prata para outros fins, e tuclo isso semper-
cia cia capaciclade de obter ganhos do comercio. 
Is toe o que pensou Adam Smith com "ferrovia pelo ar". 
Recorde sua analogia entre moeda e uma estracla imagina-
ria que nao precisou absorver terra valiosa por baixo dela. 
Uma estracla de verdade oferece um servi<;o util, mas a um 
custo: terra, que em vez disso poderia ser usada para culti-
vos, e pavimentada. Se a estracla pudesse ser construida 
pelo ar, nao destruiria terra util. Como entendeu Adam 
Smith, quando os bancos escoceses substituiram ouro e 
prata por papel-moeda eles conseguiram uma fac;anha se-
PARTE XIII FLUTUA(OES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO ELSEVIER 
melhante: reduziram a quantidade de recursos usados pela 
sociedade para proporcionar as fun~oes da moeda. 
A essa altura pode-se perguntar para que ainda usar 
ouro ou prata como meio de troca no sistema monetario? 
De fato, o sistema monetario contemporaneo vai ainda 
mais lange que o sistema escoces que Adam Smith admi-
rou. Uma cedula de dolar nao e moeda-mercadoria nem se-
quer e garantida por mercadoria. Seu valor decorre inteira-
mente do fato de que em geral e aceita como meio de paga-
mento, urn papel que e. em ultima instancia, decretado 
pelo governo dos Estados Unidos. Dinheiro cujo valor de-
riva inteiramente de seu status oficial como meio de troca e 
conhecido como moeda fiat. porque existe por fiat do go-
verna. termo antigo para uma politica ou ordem declarada 
porum governante. 
Medindo a oferta de moeda 
0 Federal Reserve (o banco central americana sobre o qual 
falaremos adiante) calcula tres agregados monetarios. me-
didas gerais de oferta monetaria, que diferem em quao es-
tritamente a moeda c definida. Os tres agregados sao co-
nhecidos de modo meio obscuro como M l. M2 e M3. M l. a 
definicao mais estrita. inclui apenas moeda em circulacao 
(ou clinheiro vivo). traveler's chccl? c dinhciro em conta 
corrente contra o qual e passive\ emitir cheques. M2 acres-
centa v<1rios outros tipos de ativos muitas vezes rcferidos 
como quase-moeda. ativos financeiros que nao podem ser 
usaclos diretamente como meio de troca. tais como as con-
tas de poupan<;:a, mas que podem ser rapiclamente conver-
tidos em moecla sonante ou depl1sitos em conta corrente. 
Os exemplos Sc1o depositos contra os quais m\o l' possi\Tl 
emitir cheque, mas que podem ser rctirados a qualqucr 
momento com pouca ou nenhuma penalidade. A maioria 
das analises monetarias tem como foco Ml ou lv12. Contu-
do, um terceiro agregado, M3, acrescenta mais um grupo 
que esta mais distante de ser quase-moeda, ativos que sao 
um pouco mais dificeis de converter em dinheiro vivo ou 
em depositos em conta corrente, tais como depositos que 
tem penalidades mais elevadas para saques antes do prazo 
de vencimento. Ml e, portanto, a medida mais liquida de 
moeda, porque dinheiro vivo e depositos em conta corren-
te
podem ser utilizados diretamente como meio de troca. 
A Figura 30-l mostra a composi~ao de Ml e M2 nos 
Estados Unidos em junho de 2005, em bilhoes de do lares. 
M l e avaliado em S 1.368,4 bilhao, constituido, gross a 
modo, de metade de moeda em circulacao e outra metade 
de depositos em conta corrente. com uma fatia minima de 
traveler's chccl<s. Mas Ml representa um pouco menos de 
25% de M2, avaliado em S6.509,7 bilhoes. 0 resto de M2 
consiste em dois tipos de depositos bancarios que nao per-
mitem emitir cheques contra cles. conhecidos como depc'l-
sitos de poupanca c depositos a prazo. alcm das contas de 
mcrcado monetario. que sao fundos mtitLws que investem 
somente em ativos liquidos e sao muito scmelhantes a de-
positos bancarios. 
A hist6ria do d6Lar 
Ccdulas de cll'llar sao puras moedas Jint: clas nao tcm valor 
intrfnseco e nao sao garanticlas por nada que por sua vez o 
tenha. Mas a moeda nos Estados Uniclos nc'\o foi sempre as-
sim. Nos prim(lrdios cla colonizacc'\o europeia. as colonias 
que sc tornariam os Estados Uniclos usavam moecla-mer-
cacloria, que consistia em parte de mocdas de ouro e em 
parte de mocdas de prata. Mas essas moeclas cram cscassas 
naquele !ado do Atlantico. de modo que os colonos usaram 
uma variedacle de outras formas de mocda-mcrcadoria. For 
Agregados monetarios nos Estados 
Unidos, junho de 2005 (a) Ml = $1.368,4 (bithoes de d6lares) {b) M2 = $6.509,7 (bilhoes de d6lares) 
Contos de mercado 
monet6rio, $696,7 0 Fed (o banco central americana) usa tres 
defini~6es de oferta monetaria: Ml, M2 e 
M3 (que nao aparece aqui). Como mostra o 
painel (a), Ml se divide quase igualmente 
entre moeda em circula~ao e depositos em 
conta corrente. M2, como mostra o painel 
(b), tern uma defini~ao mais ampla e inclui 
uma serie de outros depositos e ativos 
semelhantes a depositos, tornando-o quase 
cinco vezes maior. 
Depositos em Maeda em 
canto correnm . . ·. circulor;ao, 
Depositos o prazo, "" 
$898,8 
""·' ~ "'"' ~ 
Traveler's checks, 
$7,4 
Fonte: Federal Reserve Bank of St. Louis. 
T 
ELSEVIER 
exemplo, colonos na Virginia usaram tabaco como dinhei-
ro, e os colo nos no nordeste, usaram "wampum", urn tipo 
de concha fechada. 
Mais tarde na hist6ria americana, o papel-moeda garan-
tido por mercadoria passou a ser amplamente usado. Mas 
isso nao era papel-moeda como conhecemos hoje, emitido 
pelo governo e com a assinatura do secret<irio do Tesouro. 
Antes da Guerra Civil, o governo dos Estados Unidos nao 
emitia nenhum papel-moeda. Cedulas de d6lar eram emiti-
das por bancos privados que prometiam aos detentores que 
essas cedulas seriam resgatadas em troca de moeda de prata 
quando assim solicitado. Essas promessas nem sempre ti-
nham credibilidade, porque algumas vezes os bancos falha-
vam. As pessoas tinham relutancia em aceitar moeda de 
bancos sob suspeita de estarem em dificuldades financei-
ras. Em outras palavras. alguns d6lares eram menos valio-
sos que outros. 
Um legado curioso daquela epoca sao as cedulas emitidas 
pelo Banco dos Cidadaos da Louisiana, com sede em Nova 
Orleans, que se tornaram das mais usadas nos estados sulis-
tas. Essas cedulas cram impressas em ingles de um !ado e em 
frances do outro. (Na epoca, muitas pessoas em Nova 
Orleans. que fora originalmente uma colonia da Franc;a, fa-
lavam frances.) Assim. a cedula de $10 dizia Ten de um !ado, 
e do outro, Dix (respectivamente as palavras para 10 em in-
gles e frances). Essas notas de $10 tornaram-se conhecidas 
como "dixics" e provavelmente sao a origem do apelido de 
"Dixieland" que ainda hoje tem o sul dos Estados Unidos. 
0 governo americano come<;ou a emitir papel-moeda 
durante a Guerra Civil. No come<;o. esse papel-moeda nao 
tinha valor fixo em termos de mercadoria. Depois de 1873, 
o gcwerno americano passou a garantir o valor de um d6lar 
em termos de ouro, efetivamente transformando o d6lar 
em moeda garantida por mercadoria. 
Em 1933, quando o presidente Franklin D. Roosevelt 
rompeu a liga<;ao entre d6lares e ouro. o seu proprio chefe 
E ONDE ESTA TODO 0 DINHEIRO? 
CAPITULO 30 MOEDA, BANCOS E 0 BANCO CENTRAL 
do orc;amento federal declarou sombriamente. "Isto sera o 
fim da civilizac;ao ocidental." Nao foi. A vinculac;ao entre 
d6lares e ouro foi restaurada alguns anos depois, e depois 
foi rompida de novo em agosto de 1971, aparentemente 
para sempre. Apesar dos alertas catastrofistas, o d6lar ame-
ricana ainda e a moeda mais amplamente usada em todo 0 
mundo. 
Maeda e qualquer ativo financeiro que pode ser usado fa-
cilmente para comprar bens e servi-;os. Maeda em circula-
~iio e depositos em conta corrente (que permitem a emis-
sao de cheques) sao ambos considerados parte da oferta 
monetaria. 
A moeda desempenha tres fun-;iies: meio de troca, reserva de 
valor e unidade de conta. 
Historicamente, a moeda primeiro tomou a forma de moe-
da-mercadoria e depois de moeda garantida por mercadoria. 
Hoje em dia, o d6lar e pura moeda fiat. 
A oferta monetaria e medida por varios agregados moneta-
nos: Ml, M2 e M3. Ml eo mais liquido, M2 consiste em Ml 
mais varios tipos de quase-moeda. 
1. Suponha que voce tenha um vale-presente valido para certos 
produtos nas lojas participantes. Esse certificado de troca de 
um presentee moeda? Por que? 
2. Em bora a maioria das contas bancarias paguem juros, os depo-
sitantes podem obter uma taxa de juros mais alta comprando 
um certificado de deposito bancario ou COB. A diferen~a entre 
um COB e uma conta corrente e que o depositante paga uma 
penalidade se resgatar o dinheiro antes que o COB ven~a, um 
periodo de meses ou mesmo de anos. COBs de pequeno valor 
sao contados em M2, mas nao em Ml. Explique por que eles nao 
sao parte de M 1. 
As respostas estao no fim do livro. 
Leitores atentos podem estar admirados 
com uma das cifras da oferta monetaria: 
mais de $700 bilh6es de moeda em 
circula~ao. Isso significa quase $2.500 de 
dinheiro para cada homem, mulher ou 
crian~a nos Estados Unidos. Quantas 
pessoas voce conhece que carregam $2.500 
na carteira? Nao muitas. Entia onde esta 
todo esse dinheiro? 
individuos precisam manter dinheiro 
vivo. 
nao querem registros bancarios de suas 
transa~6es. Na verdade, alguns analistas 
tentaram usar as cifras de moeda em 
circula~ao para inferir o montante de 
atividade ilegal na economia. 
Parte da resposta e que nao esta nas 
carteiras dos individuos; esta nas caixas 
registradoras: tanto empresas como 
Os economistas tambem estao 
convencidos de que dinheiro vivo 
desempenha um papel importante em 
transa~6es que as pessoas querem manter 
escondidas. Pequenas firmas e 
empregados par conta propria algumas 
vezes preferem ser pagos em dinheiro de 
modo que possam esconder a renda da 
Receita Federal. Alem disso, traficantes de 
drogas e outros criminosos obviamente 
Mas a razao mais importante dessa 
enorme quantidade de moeda em 
circula~ao, no caso dos Estados Unidos, e o 
usa de d6lares pelos estrangeiros. 0 
Federal Reserve estima que 60% da moeda 
americana e de fato mantida fora dos 
Estados Unidos. 
-~ 
~I I I 
I 
I 
PARTE XIII FLUTUA~OES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO ELSEVIER 
0 PAPEL MONETARIO DOS BANCOS 
Cerca de metade de M1, a definic,;ao rna is restrita de oferta 
monet<iria, e formada por moeda em circulac,;ao, cedulas de 
$1, cedulas de $5 e assim por diante. E obvio de onde vern a 
moeda: ela e impressa pelo Tesouro. Mas a outra metade e 
formada por depositos bancarios, e depositos bancarios re-
presentam a maior parte de M2 e M3, a definic,;ao mais ampla 
de oferta monetaria. Depositos bancarios, portanto, sao urn 
componente muito importante da oferta monetaria. Isso nos 
leva ao topico seguinte: o papel monetario dos bancos. 
0 que fazem os bancos 
Como aprendemos no Capitulo 26, urn banco e urn inter-
mediario financeiro que
usa ativos lfquidos na forma de de-
positos bancarios para financiar investimentos iliquidos 
dos tomadores de emprestimos. Os bancos podem criar li-
quidez, porque nao e necessaria para urn banco manter na 
forma de ativos altamente lfquidos todos os fundos deposi-
tados nele. Exceto no caso de uma con·ida aos bancos, Lema 
que veremos adiante, nem todos os depositantes de urn 
banco vao querer sacar seus fundos ao mesmo tempo. 
Assim, um banco pode proporcionar ativos liquidos aos 
seus clepositantes e aincla investir grande parte dos fundos 
dos depositantes em ativos iliquiclos, tais como empresti-
mos hipotecarios e financiamento as empresas. 
Os bancos. no entanto, nao emprestam o total dos fun-
dos neles depositados, porque eles tem que atencler qual-
qucr clepositante que queira sacar seus fundos. A fim de 
atender a essas dcmandas, os bancos mantem quantidades 
substanciais de ativos liquiclos. No moclerno sistema ban-
cario dos Estados Unidos. esses ativos tem a forma de moe-
cia nos cofres do banco ou de clepc)sitos manticlos na conta 
do banco junto ao Feel. Esses (dtimos. como veremos, po-
clem scr con\-ertidos em dinheiro vin) mais ou menos ins-
tantaneamente. Os clqJ\)sitos em moeda e os depositos no 
Feel manticlos pdos hancos sao chamados reservas banca-
rias. Como as rescrvas bancarias sao mantidas pelos ban-
cos c pelo FeeL e nao pelo pLlblico. elas nao sao considera-
clas parte cia moeda em circulat;ao. 
Para entender o papel basico clos bancos na determina-
c,;ao da oferta monetaria consideremos um exemplo hipotc-
Ativos e passivos do First Street Bank 
tico. A Figura 30-2 mostra a posic,;ao financeira do First 
Street Bank, que e o repositorio de $1 milhao em depositos 
bancarios. A posic,;ao financeira do banco e descrita pela 
conta T, urn tipo de planilha financeira apelidada de T por 
causa da linha que divide a pagina entre esquerda e direita, 
como se mostra na figura. Do lado esquerdo, estao seus ati-
vos, ou seja, direitos em relac,;ao a indiv:iduos e empresas 
consistindo no valor dos emprestimos concedidos, e suas 
reservas. Do lado direito, estao os passivos do banco, ou 
seja, direitos que individuos e empresas tem em relac,;ao ao 
banco, consistinclo no valor dos depositos bancarios. 
Neste exemplo, o First Street Bank mantem reservas de 
10% de seus depositos bancarios. A frac,;ao dos depositos 
que um banco mantem como reserva e seu coeficiente de 
reserva. No moderno sistema americano, o Fed- que entre 
outras coisas regula os bancos- estabelece urn coeficiente 
minimo de reserva que os bancos sao obrigados a manter. 
Para entender por que os bancos sao regulados, temos que 
conhecer um problema com que os bancos podem se de-
frontar: uma corrida aos bancos. 
0 problema da corrida aos bancos 
Os bancos podem emprestar a maior parte clos fundos de-
positaclos neles porque nem todos os depositantes normal-
mente vao querer retirar todos os seus fundos ao mesmo 
tempo. Mas o que aconteceria se, por alguma razao, todos 
ou pelo menos uma grande parte de seus clientes de fato 
tentassem retirar toclos os seus funclos em um curto perio-
do, de apenas alguns elias? 
A resposta e que o banco nao teria moeda e reservas sufi-
cientes no Fed para a tender a demanda dos clepositantes por 
saques imecliatos do clinheiro. 0 banco teria muita dificul-
dade em conseguir dinheiro. mesmo que ele tivesse investi-
do sabiamente os funclos dos clepositantes, porque empresti-
mos bancarios sao relativamente iliquiclos. Emprestimos 
bancarios nao poclem ser rapiclamente convertidos em moe-
cia \·iva com um aviso de vespcra. Para ver por que, imagine 
que aqucle First Street Bank tcnha emprestado $100.000 
para um rewndeclor local de carros. o Drive-A-Peach Used 
Cars. Para levan tar dinheiro, o First Street Bank pode vender 
o seu credito com o Drive-A-Peach a outra pessoa, outro 
banco ou outro investidor individual. Mas se o First Street 
Ativos Passivos 
A conta T resume a posi~ao financeira de urn banco. Os ativos do banco, $900.000 de 
emprestimos concedidos e reservas de $100.000, estao registrados do lado esquerdo. 
Seus passivos, $1.000.000 em depositos bancarios mantidos por clientes, estao 
registrados do lado direito. 
Creditos $900.000 
concedidos 
Reservas $100.000 
Depositos $1.000.000 
ELSEVIER 
tentar vender o titulo de credito rapidamente, compradores 
potenciais ficarao preocupados: vao suspeitar que o banco 
quer vender o credito porque ha qualquer coisa errada e que 
o emprestimo nao sera pago. Em consequencia, o First Stre-
et Bank so consegue vender o titulo do credito se oferece-lo 
com urn grande desconto, digamos, urn desconto de 50%, 
ou seja, por $50.000. 
A conclusao e que, se os depositantes do First Street de 
repente quiserem retirar seus fundos, qualquer esfor<;;o 
para levantar o dinheiro necessaria obrigara o banco a ven-
der seus ativos barato. Inevitavelmente nao sera capaz de 
atender plenamente seus depositantes. 
0 que pode dar inicio a to do esse processo? Is to e, o que 
pode levar os depositantes do First Street a correr para reti-
rar seu dinheiro 7 Uma resposta plausivel seria a difusao de 
urn boato de que o banco esta em dificuldades financeiras. 
Mesmo que seja so boato, e nao verdade, os depositantes, 
para sua prl'lpria seguran<;;a, podem querer retirar o dinhei-
ro enquanto podem. E a coisa fica pior ainda: um deposi-
tante que simplesmente pensa que outros depositantes vao 
ficar em panico e retirar seu dinheiro percebe que isso pode 
levar a que bra do banco. Por conseguinte, ele se junta aos 
demais na corrida. Em outras palanas, o medo de que o 
banco esteja em dificuldades financeiras pode tornar-se 
uma profecia aulo-realizada: os depositantes que acredi-
tam que os outros vao correr para a saida tambem vao cor-
rer para a saida. 
Uma corrida ao banco e um fenomeno em que muitos 
clcpositantcs ten tam retirar seus fundos devido ao temor 
de que bra de um banco. Aclemais, corridas ao banco nao 
sao ruins apenas para o banco em questao e seus clientes. 
Historicamente elas muitas ,·ezcs sc mostraram contagio-
sas. com a eorrida a um banco levando a perda de confian-
ca em outros bancos. causanclo mais corridas aos bancos. 
0 pn'lximo '"Economia em Acao'" clescrevc um desses 
SERVI~OS BANCARIOS sAo FARSA? 
CAPITULO 30 MOEDA, BANCOS E 0 BANCO CENTRAL 
contagios, a onda de corridas aos bancos que varreu os 
Estados Unidos no inicio dos anos 30. Em resposta a essa 
experiencia e experiencias similares em outros paises, os 
Estados Unidos e a maioria dos governos no mundo mo-
derno estabeleceram um sistema de regulamenta<;;ao 
bancaria para proteger depositantes e prevenir corridas 
aos bancos. 
Regula~ao bancaria 
Nos Estados Unidos e preciso ficar preocupado com per-
der dinheiro por causa de uma corrida aos bancos? Nao. 
Depois da crise bancaria dos anos 30, os Estados Unidos e a 
maioria dos outros paises estabeleceram urn sistema desti-
nado a proteger depositantes e a economia em seu conjun-
to contra corridas aos bancos. Esse sistema tem tres carac-
terfsticas: scguro de dep(5sitos, exigcncias de capital e reser-
\'as compuls6rias. 
Seguro de depositos Quase todos os bancos nos Esta-
dos Unidos anunciam que sao "membros da FDIC', Fede-
ral Deposit Insurance Corporation, o seguro de depositos. 
Como aprendemos no Capitulo 26, a FDIC oferece seguro 
de depositos, uma garantia pelo governo federal de que os 
depositantes serao pagos mesmo que o banco quebre, ate 
uma quantia maxima por conta individual, que e atual-
mente de $100.000 por conta. 
E importante notar que o seguro de depositos nao 
protege meramente os depositantes de um banco. De 
fato. o seguro tambem elimina a razao principal das cor-
ridas bancarias: como os clientes sabem que seus deposi-
tos estao scguros mesmo que o banco quebre. eles nao 
tem incentivo para a corricla
a fim de sacar seu clinheiro 
por causa de algum boa to de que o banco esta em dificul-
dades. 
Os bancos tornam possivel que qualquer 
depositante individual saque fundos sempre 
que queira. Contudo, a moeda nos cofres do 
banco e seus depositos de moeda no Banco 
Central nao seriam suficientes para atender 
todos os depositantes, e nem mesmo sua 
maioria, se todos eles quisessem sacar 
fundos ao mesmo tempo. Significa isso que 
ha algo fundamentalmente desonesto no 
neg6cio bancario? 
regulamenta~ao que impediria os bancos de 
fazerem emprestimos iliquidos. Mas uma 
analogia pode explicar o que os bancos 
fazem e por que isso e produtivo. 
depende do fato de que apenas uma fra~ao 
desses visitantes potenciais aparece na 
locadora numa dada semana. Nao ha truque 
nisso. Os viajantes acreditam que quase 
sempre podem conseguir um carro se 
necessaria, ainda que o numero de carros 
de fato disponiveis seja limitado, e eles 
tem razao. Os bancos fazem a mesma coisa. 
Os depositantes acreditam que quase 
sempre podem conseguir sacar o dinheiro 
que queiram, embora a quantidade de 
moeda de fato disponivel seja limitada, e 
eles tem razao tambem. 
Algumas pessoas ja acharam isso, e de 
vez em quando aparece algum critico 
proeminente da atividade bancaria exigindo 
Pense numa locadora de autom6veis. 
Por causa dessas locadoras, alguem que 
viaja, por exemplo, de Atlanta para 
Cincinnati (ou deS. Paulo para Belo 
Horizonte), normalmente pode contar que 
tera um carro se precisar. Mas ha muito 
mais viajantes potenciais para Cincinnati 
do que carros disponiveis para alugar. 0 
neg6cio da locadora de autom6veis 
L 
PARTE Xlll FLUTUA(OES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO ELSEVIER 
Capital obrigat6rio 0 seguro de depositos, embora 
proteja o sistema bancirio contra corridas aos bancos, cria 
urn problema bern conhecido de incentivos perversos. 
Como os depositantes sao protegidos contra perdas, eles 
nao tern incentivo para monitorar a saude financeira de seu 
banco. Enquanto isso, os donas dos bancos tern urn incen-
tivo para fazer investimentos exageradamente arriscados -
por exemplo, conceder emprestimos arriscados ajuros ele-
vados. Se tudo vai bern. os proprietarios tern Iuera: e se as 
coisas vao mal, o governo cobre a perda atraves do seguro 
de depositos. 
Para reduzir o incentivo a tomada de riscos excessivos, 
os reguladores exigem que os proprietarios dos bancos te-
nham ativos substancialmente mais elevados que o valor 
dos dep<"lsitos. Dessa forma. os ban cos terao ativos maiores 
que seus depc\sitos mesmo que haja inadimplencia em al-
guns clos seus emprestimos. e as perdas incorridas serao 
deduzicias dos atin1s do banco. e nao do governo. 0 exce-
dentc dos ativos do banco sobre seus depositos bancarios e 
outros passi\·os c denominado capital proprio do banco. 
Na pr<itica. o capital pn\prio dos bancos e igual a 7''/o ou 
mais dos seus ativos. 
Reservas compulsorias Outra maneira de reduzir o 
risco de corridas bancarias e exigir que os bancos mante-
nham um coeficiente de reserva mais elevado do que man-
teriam por sua prc1pria clecisaLl. Reservas compuls6rias sao 
rcgras do Banco Central que cleterminam que o banco te-
nha um coeficientc mfnimo de reserva. Nos Estados Uni-
dos. o cocficientc (ou aliquota) de recolhimento compul-
sorio e de l O~o sobrc OS depositos a vista. 
E urn sistema bancado maravUhoso 
Em geral, pcrto da cpoca de Natal c bem provavel que uma 
esta<,:ao de TV em alguma cidade americana mostre um fil-
me de 1946. It's LJ Wonderful Lij(' ["A felicidade m1o se com-
pra'"], que mostrajimmy Stewart no papel de George Bai-
ley. um banqueiro de uma pequena cidacle cuja vida c salva 
por um anjo. A principal cena do filme e uma corricla ao 
banco de Bailey, quando os depositantes amedrontados 
correm para sacar seus funclos. 
Quando esse hlme foi feito, tais cenas ainda estavam 
frescas na memoria dos americanos. Houve uma onda de 
corridas aos bancos no fim de 1930, uma segunda onda na 
primavera de 1931, e uma terceira onda no infcio de 1933. 
No fim, mais de um ten;;o dos bancos do pais haviam ido a 
falencia. Para por fim ao panico, em 6 de mar<,;o de 1933, o 
recem-empossado presidente dos Estados Unidos, Frank-
lin Delano Roosevelt declarou um "feriado bancario" na-
cional, fechando todos os bancos par uma semana. 
Desde en tao existe regulamenta~;ao que protege os Esta-
dos Unidos e outras na<,;oes ricas contra corridas bancarias. 
De fa to, aquela cena de It's a Wonde~jul Life ja tinha quase 
passado de moda quando o filme foi feito. Mas a ultima de-
cada assistiu a varias ondas de corridas bancarias em paises 
em desenvolvimento. Por exemplo, corridas bancarias de-
sempenharam um papel na crise que assolou o sudeste 
asia tico em 199 7-1998 e na severa crise econ6mica da 
Argentina que come<,;ou no fim de 2001. 
Os bancos mantem reservas bancarias de moeda mais depo-
sitos no Banco Central. 0 coeficiente de reserva e a razao en-
tre as reservas e os depositos bancarios. 
Corridas bancarias foram urn serio problema no passado, 
mas atualmente, nos Estados Unidos e outros paises desen-
volvidos, os bancos e seus depositantes sao protegidos pelo 
seguro de depositos, pela exigencia de minimo de capital 
proprio obrigat6rio e por reservas compuls6rias. 
1. Suponha que voce tenha deposito no First Street Bank. Voce 
ouve rumores de que o banco sofreu grave inadimplencia de 
seus empn§stimos. Cada depositante sabe que o boato e falso, 
mas cada um acha que os outros depositantes vao acreditar no 
boato. Por que, na falta de seguro de depositos, isso poderia le-
var a uma corrida banc{nia? Por que o seguro de depositos muda 
essa situa~ao? 
2. Um mestre da picaretagem tem uma grande ideia: abrir um ban-
co sem investir capital algum e emprestar todos os depositos a 
juros elevados para incorporadoras de imoveis. Se o mercado 
imobiliario entra em alta, os emprestimos serao amortizados e 
ele tera muito lucro. Mas, se o mercado imobiliario entra em 
baixa, os emprestimos nao serao pagos e o banco sofrera per-
das, mas ele nao perdera sua propria riqueza, Como a moderna 
regula~ao bancaria poderia frustrar um esquema desses? 
As respostas estao no fim do livro. 
DETERMINANTES DA OFERTA MONETARIA 
Se os bancos nao existissem. a quantidade de moeda em 
circula<,:ao seria igual a oferta monetaria. E como nos Esta-
dos Unidos (e praticamente no mundo inteiro) toda a moe-
cia em circulac,;ao, moedas, cedulas de $1, cedulas de $5 
etc., e emitida pelo governo, a oferta monetaria seria deter-
minada diretamente por quem controla a cunhagem e as 
impressoras. Mas os bancos existem, e eles afetam a oferta 
de moeda de duas maneiras. Primeiro, eles retiram alguma 
moeda de circula<,:ao: os dolares parados nos cofres dos 
bancos, diferentemente dos que estao nas carteiras das pes-
soas, nao sao considerados parte da oferta monetaria. Se-
ELSEVIER 
gundo, e muito mais importante, e que os bancos, ao ofere-
cerem depositos, criam moeda, permitindo que a oferta 
monetaria seja maior do que a quantidade de moeda em 
circulac,;ao. Vejamos agora como os bancos criam moeda e 
o que determina a quantidade de moeda que eles criam. 
Como os bancos criam moeda 
Para ver como os bancos criam moeda, convem examinar o 
que acontece quando alguem decide depositar dinheiro no 
banco. Consideremos o exemplo de Silas, uma pessoa 
muito economica que mantem caixas de sapato cheias de 
dinheiro debaixo da cama. Suponha que ele se de conta de 
que na verdade seria mais seguro e mais conveniente depo-
sitar esse dinhciro no banco e sacar fundos ou escrever che-
ques quando necessaria. E suponha que ele !eve seu dinhe-
iro, ~ l.OOll, e deposite numa conta corrente no First Street 
Bank. Como issn \·ai afetar a oferta mnnetaria! 
0 paine! (a) da Figura 30-3 mostra o efeito inieial do seu 
dcpl'1sitn. 0 banco credita
Silas emS 1.000 em sua conta, de 
modn que os dqJL\sitos em conta cOITente aumentam de 
S 1.000. Enquanto isso o dinheiro trazido por Silas \"ai para 
o cofre do banco. de modo 4ue as reserYas do banco tam-
hem aumentam em Sl.OOO. 
Essa transacao inicial nao tem efeito sobre a ofena mo-
netaria. :'\ moeda em circulad\o cai em S 1.000. mas os de-
positos em conta correntc. 4uc tambem sao parte da oferta 
monct<\ria. aumcntam na mcsma quantia. 
Mas cstc n<"lll c o rim cia histnria, porquc o First Street 
Bank poclc agora emprestar parte do clepl'\sito de Silas. Su-
ponha quell banco mantenha JO')u do depc'lsito, SlOO, em 
CAPITULO 30 MOEDA, BANCOS E 0 BANCO CENTRAL 
reservas e empreste o res to em dinheiro vivo a uma vizinha 
de Silas, Mary. 0 efeito desse segundo estagio aparece no 
paine! (b). Os depositos no banco permanecem sem mu-
dar, assim como o valor dos seus ativos. Mas muda a com-
posic,;ao dos ativos. Suas reservas agora sao $900 menos do 
que se nao tivesse concedido o emprestimo ( e elas sao $100 
mais do que antes do deposito feito por Silas). E em Iugar 
dos $900 o banco adquiriu um "direito de recebimento fu-
turo", seus $900 em dinheiro emprestados a Mary. 
Ao devolver moeda a circulac,;ao atraves do emprestimo 
a Mary. o First Street Bank de fa to aumentou a oferta mone-
taria. Isto e, a soma de moeda em circulac,;ao e depositos em 
conta corrente aumentou em $900. 
E mesmo isso pode nao ser ainda o fim cia historia. Su-
ponha que Mary use seu dinheiro para comprar uma televi-
sao e um DVD na loja Acme Mercadorias. 0 que a dona cia 
loja. Anne Acme vai fazer com esse dinheiro7 Se cia fica 
com ele na mao, a oferta monetaria nao aumenta. Mas su-
ponha que cia deposite esses S900 em uma conta corrente 
em outro banco, o Second Street Bank Esse banco. por sua 
vez, vai manter apenas uma parte desse deposito em reser-
vas. emprestando o resto e criando ainda mais moeda. 
Suponha que o Second Street Bank. como o First Street, 
mantenha l O'l'o de qualquer depl1sito como reservas e em-
preste o resto. Entao ele vai manter $90 em reservas e em-
prestar S810 do depl\sito de Anne. aumentando mais a 
oferta monetaria. 
A Tabcla 30-1 mostra o processo de criac,;ao de moeda 
que descrevemos ate agora. Inicialmente, a oferta moneta-
ria consiste apenas nos S 1.000 de Silas. Depois que ele de-
posita o dinheiro numa conta corrente eo banco concede 
Efeito sobre a oferta monetaria de transformar dinheiro vivo em deposito em conta corrente no 
First Street Bank 
(a) Efeito inicial antes que o banco conceda 
urn novo empn?stimo 
Ativos Passives 
Emprestimo Nao muda Depositos 
Reservas + $1.000 em conta + $1.000 
corrente 
Quando Silas deposita $1.000 (que estavam debaixo do seu 
colchao) em uma conta corrente, inicialmente nao ha efeitos 
sobre a oferta monetaria. A moeda em circula~ao cai em 
$1.000, mas os depositos em conta corrente sobem em $1.000. 
As entradas correspondentes na conta T (painel a) mostram 
que inicialmente os depositos aumentam em $1.000 e as 
reservas do banco aumentam em $1.000. Na segunda etapa 
(b) Efeito depois que o banco concede 
urn novo emprestimo 
Ativos 
Emprestimo + $900 
Reservas - $900 
Passives 
Nao muda 
(painel b), o banco mantem 10% do deposito de Silas ($100) 
como reserva e empresta o resto ($900) a Mary. Como 
resultado, suas reservas caem em $900 e seus emprestimos 
aumentam em $900. Seus passivos, inclusive o deposito de 
$1.000 de Silas, nao mudam. A oferta monetaria, a soma de 
depositos em conta corrente e moeda em circula~ao, aumentou 
em $900, os $900 que estao agora nas maos de Mary. 
PARTE XIII FLUTUA(OES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO ELSEVIER 
urn emprestimo, a oferta monetaria aumenta para $1.900. 
Depois do segundo deposito e da segunda concessao de 
emprestimo, a oferta monetaria aumenta para $2.710. Eo 
processo obviamente vai continuar. (Embora a hipotese 
adotada seja a de que Silas deposita seu dinheiro numa 
conta corrente, os resultados sao os mesmos se ele poe o di-
nheiro em qualquer tipo de conta de quase-moeda.) 
Esse processo de cria<,;ao de moeda pode parecer familiar. 
No Capitulo 27 descrevemos o processo do multiplicador: urn 
aumento inicial no PIB real leva a urn aumento no gasto de 
consumo, que leva a urn subsequente aumento no PIB real, 
que par sua vez leva a urn posterior aumento no gasto de 
consumo, e assim par diante. 0 que temos aqui e urn outro 
tipo de multiplicador, o nndtiplicador da moeda. Vejamos 
como e determinado o tamanho desse multiplicador. 
TABELA 30-1 
Como os bancos criam dinheiro 
Moeda 
em 
circula~ao 
Primeira etapa (Silas $1.000 
guarda seu dinheiro 
de baixo do colchao) 
Segunda etapa (Silas 900 
deposita o dinheiro no 
First Street Bank, que 
empresta $900 a Mary) 
Terceira etapa (Mary 810 
deposita esses $900 do 
emprestimo no Second 
Street Bank, que empresta 
$810 a Anne Acme) 
Depositos 
em conta 
corrente 
$0 
1.000 
1.900 
Oferta 
monetaria 
$1.000 
1.900 
2.710 
Reservas, depositos bancarios e multiplicador 
da moeda 
Ao tra~·m· os cfcitos do dcpt'lsito de Silas na Tahela 30-1. su-
pomos scmpre que os funclos que o banco empresta tcrmi-
nam sen do cleposi taclos ou no mcsmo banco ou em outro 
banco. de modo que os emprestimos retornam ao sistema 
bancario, aincla que nao necessariamente ao proprio banco 
que concedeu o emprestimo. Na realiclade, parte dos em-
prestimos pode ser manticla pelos tomadores na forma de 
moeda, e assim uma parte do montante emprestado "vaza ., 
para fora do sistema bancario, porque os individuos au-
mentam a quanticlade de moeda que manti~m. Tais vaza-
mentos reduzirao o tamanho do multiplicador da moeda 
do mesmo modo que os vazamentos de renda real para a 
poupan<,;a reduzem o tamanho do multiplicador padrao. 
Mas vamos deixar de lado essa complica<,;ao por urn mo-
mento, ever como a oferta monetaria seria determinada em 
urn sistema monetario com "apenas depositos em conta 
corrente". 
Suponha, entao, que os bancos estejam sujeitos a uma 
regra que os obriguem a urn coeficiente minima de reser-
vas. Suponha tambem que os bancos emprestem o total das 
reservas excedentes, as reservas existentes acima das re-
servas compulsorias. Suponha, finalmente, que qualquer 
dinheiro que um individuo toma emprestado de urn banco 
seja depositado em uma conta corrente. Suponha agora 
que, por qualquer razao, urn banco repentinamente verifi-
que que tern $1.000 de reservas excedentes. 0 que aconte-
ce? A resposta e que esse banco emprestara esses $1.000, 
que terminarao como urn deposito em conta corrente em 
alguma parte do sistema bancario, dando inicio a urn pro-
cesso de multiplicador cia moeda muito similar ao processo 
que se mostra na Tabela 30-l. 
Examinemos mais de perto esse processo. supondo 
que a aliquota de reserYas compulsorias seja 10%. Na pri-
meira etapa do processo, o banco com reservas exceden-
tes emprestara S 1.000, que se tornam um deposito em 
conta corrente em outra parte. 0 banco que recebe esse 
deposito mantem 10%. ou $100, como reserva e empresta 
os 90c}:., restantes, ou 5900, que de novo se tornam um de-
pl'lsito em conta corrente em outra parte. 0 banco que re-
cebe esses 5900 de depc'lsito mais uma wz mantem 10% 
de resen·as compulsorias. que c 590. c empresta os $810 
rcstantes. 0 banco que recebe esses 5810 mantem S81 em 
t-csen·as e cmpresta os 57 29 rest antes. c assim por diante. 
Como resultaclo desse processo. o aumento total de depo-
sitos em con ta corrcn te e igual a uma soma que tcm o se-
guinte formatu: 
Sl.OOO + 5900 + 5810 + 5729 + ... 
Usarcmos o simbolo IT para o coeficiente de reservas 
compulsl1rias. Gencralizando a fcirmula. o aumento total 
de clcp('lsitos em conta corrcnte que c gcrado quando um 
banco cmpresta S 1.000 de rcscryas exceclentes c: 
(30-l) ,'\umento de depositos
em conla corrente 
iniciaclo por S 1.000 em rescrYas cxcedentes = 
51.000 + Sl.OOO x (l-IT)+ 51.000 x (l- rr) 2 
+ 51.000 X (l-IT))+ ... 
Como vimos na Equacao 10-4 no Capitulo 10, isso pode 
ser simplificado para: 
(30-2) Aumento de depositos em conta corrente 
iniciado par $1.000 em reservas excedentes = $1.000/rr 
Dado um coeficiente de reservas de 10%, ou 0,1, um au-
menta de $1.000 nas reservas excedentes aumentara ova-
~~------------------------------~ 
T 
ELSEVIER 
lor total de depositos em conta corrente em $1.000/0,l = 
$10.000. De fato, em urn sistema monetario que tenha ape-
nas depositos em conta corrente, o valor total dos deposi-
tos bancarios em conta corrente sera igual ao valor das re-
servas bancarias dividido pelo coeficiente de reservas obri-
gatorio. Ou, dito de outra maneira, se o coeficiente de re-
servas compulsorio e 10%, cada dolar de reservas mantido 
por urn banco serve de base para $1/rr = $1/0, l = $10 de de-
positos bancarios em conta corrente. 
0 multiplicador da moeda na realidade 
N a realidade, a determina<;;ao da oferta moneta ria e 
mais complicada do que sugere esse modelo simplifica-
do, porque depende nao soda razao entre reservas e de-
positos do banco, mas tambem da fra<;;ao da oferta mo-
netaria que os individuos decidem manter na forma de 
dinheiro vivo. De fa to, ja vimos isso como exemplo de 
Silas guardando dinheiro debaixo do colchao: quando 
decidiu abrir uma conta corrente em vez de manter moe-
cia, ele colocou em movimento um aumento na oferta 
moneta ria. 
Para definir o multiplicador da moeda na pratica, e im-
portante rcconhecer que as autoridades monetarias contro-
lam a soma das rcservas bancarias e da moeda em circub-
<;;ao, mas nao a aloca<;;ao dessa soma entre reservas e moeda 
em circula<;;ao. Consideremos mais uma vez Silas e scu de-
posito: ao tirar mocda de clebaixo do colchao c deposita-la 
em um banco, elc rccluziu a moeda em circula<;;ao. mas au-
mentou as reservas bancarias em montante igual. A base 
monetaria, que e a quanticlacle que as autoridacles moneta-
rias controlam. e a soma de moccla em circula<;;ao e reservas 
mantidas pelos bancos. 
A base monetaria nao eo mcsmo que a ofcrta monetaria, 
por duas razoes. Primeiro, as reservas bancarias, que sao 
parte da base monet<'iria, nao sao consideraclas parte da 
Base monetaria e oferta monetaria 
A base monetiiria e igual as reservas dos bancos mais 
moeda em circula~ao. E diferente da oferta monetaria, 
que consiste principalmente em depositos em conta 
corrente ou depositos que sao quase-moeda mais moeda 
em circula~ao. Cada dolar de reserva bancaria suporta 
varios dolares de deposito bancario, tornando a oferta 
monetaria maior que a base monetaria. 
CAPiTULO 30 MOEDA, BANCO$ E 0 BANCO CENTRAL 
oferta monetaria. Uma cedula de $1 na carteira de alguem e 
considerada moeda porque esta disponivel para o indivi-
duo gastar. Mas uma cedula de $1 mantida como reserva 
no cofre de urn banco ou depositada no Fed nao e conside-
rada parte da oferta monetaria porque nao esta disponivel 
para gastos. Segundo, depositos em conta corrente nao sao 
parte da base monetaria, mas eles sao parte da oferta mone-
taria porque estao disponiveis para gastos. 
A Figura 30-4 mostra os dois conceitos em um esquema. 
0 circulo a esquerda representa a base monetaria, consis-
tindo de reservas bancarias mais moeda em circula<;;ao. 0 
circulo a direita representa a oferta monetaria, que e cons-
tituida principal mente de moeda em circula<;;ao mais depo-
sitos em conta corrente ou depositos de quase-moeda. 
Como a figura indica, a moeda em circula<;;ao e parte tanto 
da base monetaria quanta da oferta monetaria. As reservas 
bancarias, porem, nao sao parte da oferta monetaria, e os 
depositos em conta corrente ou em contas de quase-moeda 
nao sao parte da base monetaria. Na pratica, a maior parte 
da base monetaria de fato e constituida por moeda em cir-
cula<;;ao, que tambem corresponde a cerca de metade da 
oferta monetaria. 
Agora podemos definir formalmente o multiplicador 
da moeda: e a razao entre a oferta monetaria e a base mo-
netaria. 0 multiplicador da moeda nos Estados Unidos, 
usando M1 como medida cia moeda, e cerca de 1,9. lsso e 
bern menos que 1/0,l = 10, o multiplicador da moeda em 
um sistema que tenha apenas depositos em conta corrente 
com urn coeficiente de reserva de 10% (que eo coeficiente 
para a maior parte dos depositos em conta corrente nos 
Estados Unidos). 0 motivo pelo qual o multiplicador da 
moeda e tao pequeno e que 51 de moeda em circula<;ao, 
diferente de $1 de reservas, nao da suporte a multiplos do-
lares de oferta monetaria. E, como mostra a Figura 30-4, a 
maior parte da base monetaria e mantida como moeda em 
circula<;ao. 
Base monet6ria Oferto monet6ria 
/ 
PARTE XIII FLUTUA(OES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO ELSEVIER 
0 multiplicador encolhendo moeda 
No exemplo hipotetico usado para ilustrar como os ban-
cos criam moeda, descrevemos como o poupador Silas de-
cide levar o dinheiro que estaYa debaixo do seu colchao c 
transfonm\-lo em um deposito em conta corrente. Isso le-
vou a um au men to da oferta monetaria, na medida em que 
os bancos se engajaram em rodadas sucessivas de empres-
timos apoiados a partir dos fundos de Silas. Dai se deduz 
que, se algo acontece levando Silas a voltar a seus velhos 
h<ibitos e a colocar seu dinheiro de novo debaixo do col-
chao, o rcsultado seria menos emprestimos e uma queda 
na oferta de moeda. Foi exatamente isso o que aconteceu 
em conseqiiencia das corridas bancarias do infcio dos 
anos 30. 
TABELA 30-2 
Efeito de corridas bancarias, 1929-1933 
Moeda em Depositos em 
circula~ao conta corrente Ml 
(bilhoes de do lares) 
1929 $3,90 $22,74 $26,6Lf 
1933 5,09 14,85 19,61 
Muda, ;<;a +31% -35% -25% 
perrentual 
Fonte: U.S. Census Bu'eau (1975), Historical Statistics of the United 
Statt:.s. 
.·\ l <~hcia 30-.2 mostra u que <lCUitlcccct entre 1929 c 
I LJ 3 ). quanllo quebms de h<lnl'tlS ahalar<nn a conlbnca du 
puhlil'u. ,\ prirnc1ra culuna mostra a qu,mtidade de mocda 
lll<UllicL\ pclu puhlicc1. [~La aumcntLlU fclrtcmcntc a mcdida 
que muiws a111cricullls cuncluiramque. no rim das contas. 
dinhciru dcha1:-.:c1 do colch<1o takez fossc nBis scguro que 
dinheiru rill bann1 .. -'\ ;,cgunda cnluna mnstra o ,·alor dos 
dcpc)sitos em conta corrcnte. Estes cafram fortcmente. pclo 
cfcilll do processo domultiplicador que acahamos de ;mali-
sar. quando os indinduos sacaram scu dinhciro dos han-
cos. ( Os cmprcstimos cafram tambem porque os ban cos 
que sobre\'ivcram as corridas banearias aumentaram suas 
resen'as e:-.:eedentes para prevenir-se em caso de novas cor-
riclas.) A terceira coluna mostra o valor de Ml. o primeiro 
dentre os agrcgados monetarios que descrevemos anterior-
mente. Esse agregado caiu fortementc porque a redw;:ao 
nos depositos em conta corrente ou em contas de qua-
se-moeda foi muito maior do que o aumento de moeda em 
circulac:ao. 
Em um famoso livro de 1963, Uma Hist6ria Monctaria 
dos Estados Unidos, Anna Schwartz e Milton Friedman cha-
maram a atenc:ao para essa queda da oferta monetaria nos 
Estados Unidos, argumentando que foi essa a principal 
causa da Grande Depressao. Eles tambem argumentaram 
que o Federal Reserve poderia e deveria ter prevenido isso. 
CE preciso notar que muitos economistas discordam de 
am bas as eonclusoes.) E isso nos leva a natureza e ao papel 
do Federal Reserve, o Fed. 
Os bancos criam moeda: quando e depositado dinheiro em 
urn banco, o banco pode emprestar as reservas excedentes, 
que levam a novos depositos no sistema bancario e a um 
efeito multiplicador sobre a oferta de moeda. 
Em urn sistema que tivesse apenas depositos em conta cor-
rente, a oferta de moeda seria igual as reservas dos bancos 
divididas pelo coeficiente de reservas compulsorias. Manter
fundos em forma de moeda em vez de depositos em conta 
corrente reduz o tamanho do multiplicador da moeda. 
Na pratica, como grande parte da base monetaria e mantida 
como moeda, o multiplicador da moeda e menor do que as 
reservas bancarias divididas pelo coeficiente de reserva. 
1. Suponha que o total das reservas seja igual a $200 e que o total 
dos depositos bancarios seja igual A $1.000. Suponha tambem 
que o pt]blico nao mantenha moeda. Suponha agora que o coe-
ficiente de reserva caia de 20% para 10%. Descreva como isso 
leva a uma expansao de depositos bancarios. 
2. Tomeo exemplo de Silas, depositando seus $1.000 em moeda 
no First Street Bank e suponha que o coeficiente de reservas 
obrigatorias seja 10%. Mas suponha agora que, cada vez que 
uma pessoa obtem um emprestimo bancario, ela mantenha o 
emprestimo na forma de dinheiro vivo. Descreva a expansao re-
sultante da oferta monetaria. 
As respostas estao no fim do livro. 
0 SISTEMA DA RESERVA FEDERAL 
Quem est a a cargo de garantir que os ban cos cum pram com 
o compulsc)rio. o coeficiente de reserva minima' Quem de-
cide o tamanho da base monetaria? A resposta, nos Estados 
Uniclos, e uma instituic:ao ehamada Federal Reserve, co-
nheeida simplesmente como ''Fed". 
0 Fed: o Banco Central dos Estados Unidos 
0 Fed e um banco central - uma instituic;;ao que regula e 
supervisiona o sistema bancario e controla a base moneta-
ria. Exemplos de outros bancos eentrais sao o Banco da 
Inglaterra, o Banco do japao eo Banco Central Europeu, o 
BCE, que atua como banco central comum para doze paises 
ELSEVIER 
europeus: Alemanha, Austria, Belgica, Espanha, Finlandia, 
Fran<;a, Grecia, Holanda, Irlanda, Italia, Luxemburgo e 
Portugal. Alias, o Banco Central mais antigo do mundo e o 
da Suecia, o Sveriges Rijsbank, que atribui o Premia Nobel 
de economia. 
0 estatuto legal do Fed, que foi criado em 1913, mlo e 
comum: ele nao e exatamente parte do governo americana, 
mas tampouco e verdadeiramente uma institui<;ao privada. 
Estritamente, o Sistema da Reserva Federal, o Fed, tern 
duas partes: uma diretoria e 12 bancos regionais da Reserva 
Federal. 
A diretoria, que monitora o sistema a partir de seus es-
crit6rios em Washington, funciona como uma agencia go-
vernamental. Seus sete membros sao indicados pelo presi-
dente da republica e precisam ser aprovados pelo senado. 
Contudo, eles sao nomeados por periodos de 14 anos a fim 
de protegerem-sc cia pressao politica. 0 presidente do Fed 
e nomeado em base mais freq1.\ente, a cada quatro anos. 
mas e tradicional que ele seja reconduzido, servindo du-
rante prazos muito mais longos. William McChesney Mar-
tin foi presidente do Fed de 1951 a 1970. Alan Greenspan, 
nomeado em 1987, continuou prcsidente ate 2005. 
Os 12 bancos cia Reserva Federal sen•em cada um a uma 
regiao do pais, estando a cargo de varios servi<;os bancarios 
e de supervisao. Por exemplo, eles fazem auditorias nos 
bancos do set or pri,·ado para garantir sua sa1\de financeira. 
Cada banco regional e aclministrado por uma cliretoria es-
colhida na comunidade local cle banqueiros e empresarios. 
0 Banco da Reserva federal de Nova York tem uma func;ao 
especial: realiza opr:ra(cics de mcrwclo abcrto, o principal 
instrumcnto de politica monetaria. A Figura 30-5 mostra 
0 Sistema da Reserva 
Federal 
0 Sistema da Reserva Federal 
consiste em uma diretoria em 
Washington mais os bancos 
regionais da Reserva Federal, 
cada urn servindo seu distrito. 
Este mapa mostra cada urn dos 
12 distritos do Fed. 
sao@ 
Francisco 
12 
CAPITULO 30 MOEDA, BANCOS E 0 BANCO CENTRAL 
os distritos da Reserva Federal e a cidade em que cada ban-
co regional cia Reserva Federal tern sua sede. 
As decisoes de politica monetaria sao tomadas pelo Comi-
te Federal de Mercado Aberto (o FOMC, na sigla inglesa), que 
consiste na diretoria do Fed mais cinco dos presidentes dos 
bancos regionais. 0 presidente do Banco da Reserva Federal 
de Nova Yorke membro permanente do FOMC e os outros 
quatro membros sao escolhidos dentre os outros 11 presiclen-
tes de bancos regionais, em base rotativa. 0 presidente da di-
retoria normalmente e tambem presidente do FOMC. 
0 efeito dessa complexa estrutura e criar uma institui-
c;ao que, em ultima instancia, presta conta aos eleitores, 
pois a diretoria e escolhida pelo presidente da republica e 
confirmada pelo senado, e estes ultimos sao eleitos. Mas os 
diretores sao nomeaclos par urn prazo prolongado, o que, 
junto como carater indireto do processo pelo qual eles sao 
indicados, em grande meclicla permite protege-los de pres-
soes politicas de curto prazo. 
0 que o Fed faz: reservas obrigat6rias 
e a taxa de redesconto 
0 Feel tem a sua disposic;ao tres instrumentos de politica 
monetaria: rcscT\'LlS compuls61ias, a tCL\:u clc rcctcsconto e. 
principal mente, opera( Des de mcrwclo abcrto. 
Em nosso exame de corriclas bandnas notamos que o 
Fed estabelece 1m1 codiciente minimo de resnYas compul-
sc)rias.. atualmentc cquivalentc a I 0% clos depositos em 
conta correme. Os bancos que nao mantem pelo mcnos o 
coeficicnte de reserYas obrigau)rias, na media de um perio·· 
do de duas semanas, sao multaclos. 
9 
Minneapolis® 
7 
Chicago@ 
Kansas City@ @ 
10 St. Louis 
Dallas@ 
11 
8 
@ 
Cleveland 
4 
2 
1 @Boston 
@Nova York 3 @Filadelfia 
' 
@ Conselho de 
Richmond governadores 
5 
@ 
Atlanta 
6 
0 Alasca e o Havai fazem parte do Distrito de Sao Francisco 
PARTE XIII FLUTUA(OES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO ELSEVIER 
0 que faz urn banco quando se da conta de que suas re-
servas sao insuficientes para cumprir a exigencia do Fed? 
Normalmente ele toma emprestadas as reservas adicionais 
de outros bancos. Os bancos emprestam uns aos outros no 
mercado interbancario, urn mercado financeiro que per-
mite aos bancos que nao tern as reservas minimas exigidas 
tomar emprestado de bancos que tern reservas em excesso, 
usualmente no overnight. A taxa de juros nesse mercado e 
determinada pela oferta e a demanda, mas tanto a oferta 
como a demanda sao muito afetadas por ac;6es do Fed. 
Como veremos no Capitulo 31, a taxa de juros do mercado 
interbancario, ou seja, a taxa de juros que e determinada no 
mercado de credito interbancario, desempenha urn pa-
pel-chave na politica monetaria moderna. 
Alternativamente, os bancos podem tomar reservas em-
prestadas do proprio Fed. A taxa de redesconto e a taxa de 
juros que o Fed cobra para emprestar aos bancos. Atual-
mente a taxa de redesconto esta fixada em l ponto percen-
tual acima da taxa de juros do mercado de credito interban-
cario, a fim de desencorajar os bancos de recorrer ao Fed. 
Se assim decidir, o Fed pode mudar as exigencias de re-
servas mfnimas ou a taxa de redesconto. Qualquer uma 
dessas mudanc;:as afeta a oferta monetaria. Se o Fed reduzir 
o coeficiente de reservas compulsorias, os bancos empres-
tarao uma percentagem maior de seus depositos, levando a 
maior quantidade de emprestimos e a um aumento da ofer-
ta monetaria atraves do multiplicador da moeda. Se o Fed 
aumentar a exigencia das reservas compulsorias. os bancos 
serao obrigados a reduzir os emprestimos. reduzindo a 
oferta monetaria att·aves do multiplicador da moeda. Se o 
Fed reduzir o spread entre a taxa de redesconto e a taxa de 
juros do mcrcaclo intcrbancario, os bancos aumcntarao 
seus emprestimos. porque o custo de se encontrar em uma 
situac;:ao de escassez de reservas nao seria tao alto. e assim a 
oferta monetaria aumentara. Se o Feel aumentar o spread 
entre a taxa de reclesconto e a taxa de juros do mercado in-
terbancario, os emprcstimos bancarios cairao. e do mesmo 
modo a oferta de moecla. 
Na pratica. o Feel hoje em dia nao usa mudanc;:as no coe-
ficiente de reservas compulsorias ou na taxa de redesconto 
para aclministrar ativamente a oferta monetaria.
A ultima 
muclanc;:a significativa no coeficiente de reserva obrigatorio 
foi em 1992. A taxa de reclesconto, como dissemos, esta es-
Ativos e passivos do Fed 
tabelecida em l ponto percentual acima cla taxa de juros do 
mercaclo interbancario. A politica monetaria, em vez disso, 
e conduzida atraves do uso do terceiro instrumento de po-
litica do Fed: operac;6es de mercaclo aberto. 
Opera~oes de mercado aberto 
Tal como os bancos que ele supervisiona, o Feel tern ativos 
e passivos. Os ativos do Feel sao constituidos pela divida do 
governo que ele manu~m. principalmente bonus do gover-
no americana de curto prazo, com maturiclacle inferior a 
urn ano, conheciclas como Letras do Tesouro. Recorcle-se 
que o Feel nao e exatamente parte do governo clos Estados 
Unidos, de modo que essas Letras do Tesouro sao urn pas-
sivo do governo mas urn ativo do Feel. Seu passivo consiste 
em moeda em circulac;ao e reservas bancarias (seja nos co-
fres dos bancos ou em depositos que os bancos privados 
mantem nos bancos regionais da Resen·a Federal). Em ou-
tras palavras, os passivos do Fed sao o mesmo que a base 
monetaria, moeda em circulac;:ao mais reservas dos bancos. 
Os ativos e passivos do Fed sao resumidos pela conta T na 
Figura 30-6. 
Em uma opera<;ao de mercado aberto, o Feel compra ou 
vencle uma parte do estoque existehte de Letras do Tesouro 
americana, normalmente atraves de uma transac;ao com 
bancos comerciais, bancos que fazem principalmente em-
prestimos as empresas, diferente de emprestimos para imo-
veis (hipotecas). 0 Feel nunca compra Letras do Tesouro 
cliretamente do governo federal. Ha uma boa razao para 
isso: quando os bancos centrais emprestam diretamente ao 
governo, de fato eles estao imprimindo dinheiro para fi-
nanciar o deficit orc;:amentario. Como veremos mais aclian-
te neste livro, este pode ser urn caminho que leva a niveis 
desastrosos de inflac;:ao. 
Os do is paincis cia Figura 30-7 mostram as muclan<;as na 
posic;:ao financeira do Fed e dos bancos comerciais que re-
sultam de operac;:c'les de mercado aberto. Quando o Fed 
compra Letras do Tesouro americano. ele paga por elas cre-
ditando as contas clesses bancos com depositos adicionais, 
que aumentam as reservas dos bancos. Isso se ilustra no 
paine! (a): o Fed compra $100 milhoes em Letras doTe-
souro dos bancos comerciais, o que aumenta a base mone-
taria em $100 milhoes, porque aumenta as reservas banca-
Ativos Passivos 
0 Fed mantem seus ativos principalmente em bonus de curta prazo do governo 
denominados Letras do Tesouro americana. Seus passivos sao a base monetaria, 
moeda em circula~ao mais reservas dos bancos. 
Divida do governo 
(Letras do Tesouro) 
Base monetaria 
(Maeda em circula<;ao 
+ reservas bancarias) 
----------------------------------·--
Opera~oes de mercado aberto do Fed 
(a) Compra de mercado aberto de $100 milhiies 
Ativos Passivos 
Federal Letras do +$100 Base -$100 
Reserve Tesouro milhoes monetaria milhoes 
Ativos Passivos 
Bancos Letras do +$100 Sem mudan<;a 
comerciais Tesouro milhoes 
Reservas +$100 
milhoes 
No painel (a), o Fed aumenta a base monetaria comprando 
Letras do Tesouro americana dos bancos comerciais privados 
em uma opera~ao de mercado aberto. Aqui a compra de $100 
milh6es de Letras do Tesouro pelo Fed e paga atraves de urn 
acrescimo de $100 milh6es as reservas bancarias privadas, 
gerando urn aumento de $100 milh6es na base monetaria. Isso 
levara em ultima instancia a urn aumento na oferta monetaria 
atraves do multiplicador da moeda, a medida que os bancos 
emprestarem parte dessas novas reservas. No painel (b), o Fed 
rias em S 100 milhc1es. Quando o fed wndc Letras do Tc-
souru amcricano aos bancos comerciais, ele debita as con-
Las dos bancos. rccluzindo as rcsen·as dcstcs. Isso sc mostra 
no paine! (b). onclc o Fed \'Cnclc S100 milhocs de Lcu·as do 
Tesouro. Aqui as reservas clos bancos c a base monctaria di-
minuem. 
Voce pocle cstar se perguntando: mas como o Feel arran-
ja fundos para cmnprar Lett·as do Tcsouro americano dos 
bancos? A rcsposta c que clc simplcsmente cria esscs fun-
dos usanclo a cancta (ou. hoje em dia. um clique do nwusc). 
Rccorde-se que o dc1lar moderno c uma mocda fiat. que nao 
e baseacla em nada. Assim. o Feel poclc criar base monetaria 
adicional segundo sua decisao. 
0 aumento ou a diminui<;,1o de resen·as causaclo por 
uma operac,;ao de mercaclo aberto nao afeta cliretamente a 
oferta monetaria. Contudo, uma opera<;ao de mercaclo 
aberto poe em movimento o multiplicaclor da moeda. De-
pois do aumento de $100 milhoes nas reservas bancarias 
que se mostra no paine! (a), os bancos comerciais empres-
tariam as reservas aclicionais, imediatamente aumentando 
a oferta monetaria em $100 milhoes. Alguns desses em-
prestimos serao depositados novamente no sistema banca-
rio, aumentando de novo as reservas, e permitinclo uma ro-
ciada subsequente de emprestimos, e assim por diante. 
Assim, uma compra de mercaclo aberto de Letras do Tesou-
CAPiTULO 30 MOEDA, BANCOS E 0 BANCO CENTRAL 
(b) Venda de mercado aberto de $100 milhiies 
Ativos Passivos 
Federal Letras do -$100 Base -$100 
Reserve Tesouro milhoes monetaria milhoes 
Ativos Passivos 
Bancos Letras do +$100 Sem mudan<;a 
comerciais Tesouro milhoes 
Reservas +$100 
milhoes 
reduz a base monetaria vendendo Letras do Tesouro americana 
aos bancos privados em uma opera~ao de venda de mercado 
aberto. Aqui uma venda de $100 milh6es de Letras do Tesouro 
leva a uma redu~ao de $100 milh6es nas reservas bancarias 
privadas, resultando em uma queda de $100 milh6es na base 
monetaria. Isso levara em ultima instancia a uma queda na 
oferta monetaria atraves do multiplicador da moeda, a medida 
que os bancos reduzem seus emprestimos em resposta a queda 
em suas reservas. 
ro americana coloca em movimento o multiplicador da 
moeda. levando a um aumenLo cla oferta monetaria. Uma 
operac,;ao de vencla de mercaclo aberto tem o efeito inverso: 
as reservas bancarias caem, tornando necessaria que os 
bancos reduzam seus emprt'stimos e levando a uma queda 
da ofena monctaria. 
0 fOMC. o Comite Federal de Mercado Aberto. como 
seu nome indica, e a institui<;ao que estabelece a politica 
rara as operac,;c'les de mercado aberto- isto e, ele cla instru-
v1es ao Banco Regional da Reserva Federal de Nova York 
para comprar ou \'ender Letras do Tesouro. 
Os economistas muitas vezes dizem, de maneira impre-
cisa, que o Fed controla a oferta monetaria. Literalmente, 
ele controla apenas a base monetaria. Mas, ao aumentar ou 
recluzir a base monetaria, o Fed pocle exercer uma influen-
cia poderosa tanto sobre a oferta monetaria quanta sobre a 
taxa de juros. Essa influencia e a base da politica moneta-
ria, tema do nosso proximo capitulo. 
A construfiio do Banco Central Europeu 
Ate o ultimo ano do seculo XX, o Feel era um gigante entre 
os bancos centrais. Como a economia americana era muito 
ii I,

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