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1 INTRODUÇÃÓ Costuma-sedizerqueamodernateoriaeconômicacomeçoucomAdamSrnith(1723- 17.90).EstelivrotratadasidéiaseconômicasdesdeSmithatéhoje.O elementocomumàs idéiasaquiapresentadaséapreocupaçãoemcompreenderanaturezadosistemaeconômi- co.Todososautoresquediscutiremosbuscavamidentificarascaracterísticasqueseriam maisimportantesparao funcionamentodo capitalismo,comoo sistemafuncionava,o quedeterminavao volumedeprodução,qualeraaorigemdocrescimentoeconômico,o quedeterminavaa distribuiçãodariquezaeda>rendaeoutrasquestõespertinentes.Tam- bémbuscavamavaiiaro capitalismo:quãoadequadoseriao sistemaparaasatisfaçãodãs necessidadeshumanas?Comopoderiasermudadoparamelhoratenderaestasne'cessi- dades? UMA DEFINIÇÃO DECAPITALISMO A afirmaçãode queastentativasdecompreendero capitalismocomeçaramcom AdamSmithé, naturalmente,muitosimplista.J)capitalismocomosistemaecon~mico, políticoe socialdominantesurgiumuitolentamente,numperíododeváriosséculos,pri- meironaEuropaOcidentale, depois,emgrandepartedomundo,À medidaquesurgia, aspeSsoasbuscavamcompreendê-Io. Pararesumirastentativasdecompreendero capitalismo,énecessário,primeiro,defi- ni-Ioe,então,reverresumidamenteasprincipaiscaracterísticashistóricasdeseuapareci- mento.Deve-seafirmardesdejá quenãoháacordogeralentreeconomistasehistoriadores deEconomiaquantoao quesejamascaracterísticasessenciaisdocapitalismo.Defato, algunseconomistassequeracreditamquesejaútil definirsistemaseconômicosdife- rentes;elesacreditamnumacontinuidadehistórica,naqualos mesmosprincípiosge- rais sãosuficientesparacompreendertodosos ordenamentoseconômicos.Entretan- to, a maioriadoseconomistasconcordariaqueo capitalismoé umsistemaeconômi- co quefuncionademodobemdiversodossistemaseconômicosanterioresedossiste- maseconômicoscontemporâneosnão-capitalistas..Estelivroébaseadonumaabordagem metodológicaquedefineumsistemaeconômicosegundo.omododeproduçãonoqualse baseia.O mododeproduçãoé,porsuavez,defmidop~lasforçasprodutivasepelasre/a- çõessociaisdeprodução., . As forçasprodutivasconstituemo quecomumentesechamariaatecn%giaproduti- vadeumasociedade.Estatecnologiaconsistenoestadoatualdoconhecimentotécnico ouprodutivo,nasespecializações,técnicasorganizacionaisetc.,bemcomonasferramen- tas,implementos,máquinase prédiosusadosnaprodução.Dentrodequalquerconjunto deforçasprodutivas,deve-sefncorreremdeterminadoscustosnecessáriosàmanutenção daexistênciaestimadadosistema.Outrosnovosrecursos,asmatérias-primas,devemser continuamenteextraídosdanatureza.Maquinaria,ferramentaseoutrosimplementosde produçãodesgastam-secomo usoe devemsersubstituídos...Maisimportanteaindaéo fatodeossereshumanos,quefazemo esforçonecessárioparaasseguraradisponibilidade ,111-1IIIIIl'rlas-primaseparatransformá-Iasemprodutosacabados,devemler urnaquanti- d,lIl(l1I1(nimadealimentos,roupas,moradiaetc. . . Osmodosdeproduçãoquenãosatisfizeramaestasnecessidadesm(nhnusdeprodu- ~nocOlltínuadesapareceram.Muitosmodoshistóricosdeproduçãoconseguiramatcndera (!'~uSnecessidadesmínimasdurantecertotempoe,devidoàmudançadascircunstâncias, lorllanun-seincapazesdecontinuara fazê-Ioe,conseqüentemente,scextinguiram.,A IIluioriadosmodosdeproduçãoquecontinuaramaexistirpormuitotempo,defalo,tem produzidonãosomenteparaatenderàsnecessidadesmínimas,mastambémumcxcesso, ou excedentesocial,alémdoscustosnecessários.O excedentes~cialé definidocomo aquelapartedaproduçãomaterialdasociedadequesobra,apósseremdeduzidososcus- tosmateriaisnecessáriosparaaprodução.. , O desenvolvimentohistórico das forçasprodutivastemresultadoq..t,lmacapacidade scmprecrescentedeassociedadesproduziremexcedentessociaiscadavezjTIaiores.Dentro destaevoluçãohistórica,cadasociedadetemsidodividida,demodogeral,emdoisgrupos separados.A maioriadaspessoas,emqda sociedade,trabalhaexaustivamenteparaprodu-. zir o necessárioparasustentare perpetuaro mododeprodução,bemcomooexcedente social,enquantoumapequenaminoriaseapropriadesteexcedenteeo controla.Neste livro,asclassessociaissãodiferenciadasentresi emfunçãodessefato;asrelaçõessociais deproduçãosãodefinidascO,morelações.entreestasduasclasses..Ummododeprodução ó,cntão,o conjuntosocialdatecnologiadeprodução(asforçasprodutivas)eosesquemas sociaisatravésdosquaisumaclasseunesuasforçasprodutivasparaproduzirtodosos. bens,inclusiveoexcedente,eaoutradeleseapropria(relaçõessociaisdeprodução).. No contextodesseconjuntogeraldedefinições,podemosdefinircapitalismoomo- doparticulardeproduçãocomo qualospensadoresestudadosnestelivrosetêmpreocu- pado..Ocapitalismoé caI:acterizadop..wguatroconjuntosdeesquemasinstitucionaise comportamentais:produçãodemercadorias,.orientadapelomercado;propriedadeprivada dosmeiosdeprodúção;urnill:andesegmentodapopulaçãoquenãopodeexistir,anã_oser quevendasuaforçadetrabalhonomercado;ecomportamentoindividualista,aquisitivo, rnaximizador,damaioriadosindivíduosdentrodosistemaeconômico,Cadaumadessas característicasserádiscutidaresumidament~ No capitalismo,o valordosprodutosdo trabalhohumanoédadoporduasrazões distintas.Primeiro,taisprodutostêm.característicasfísicasparticulares,emvirtudedas quuissctornamutilizáveisesatisfazemasnecessidadeshumanas.Quandoumamercadoria " IIvllliada por seu uso na satisfação de nossasnecessidades,'diz-se que tem valor de liSO. lodo produtodo trabalhohumano,emtodasassociedades,teV1valordeuso.Nocapita- II~IIIO,os produtostêmvalorporquepodemservendidosnomercado,emtrocadedin}aei- 10 I'.slc dinheiroédesejado,porquepodesertrocadoporprodutosquetêmumvalorde \I~Odesejado.Namedidaemqueosprodutostêmvalor,porquepodemsertrocadospor IIHH'da,diz-sequeelestêmv(llorde troca.Osprodutosdotrabalhohumanotêmvalor dI' Irol'lI90ll1enlenosmodosdeproduçãocaracterizadospelaproduçãodemercadorias. 1'11111IJlH'li pro<luç:1odemercadoriasexista,éprecisoqueasociedadetenhaummercado 11111110dl'~C'lIvolvldo,noqualosprodutospossamserlivrementecompradosouvendidos 1111'"H" dl~nllll)(11IFxistc,produç:iodemercadorias,quandoosprodutossãofabricados 1".101pllldlllorl'~~l'lIIqualqucrinteressepessoalimediatoem seuvalorde uso,nll1~,.1111, \ emseuvalordetroca.A produçãodemercadoriasnãoéummeiodiretodesatisfaçãodl' necessidades.~,istosim,ummeiodeadquirirmoedapelatrocadeprodutospormoeda, que,porsuavez,podeserutilizadanaaquisiçãodosprodutosdesejadosporseuvalorde uso.Sobtaiscondições,osprodutosdotrabalhohumanosãomercadorias,easociedadcé caracterizadacomo.voltadaparaaproduçãodemercadorias. Na produçãodemercadorias,aatividadeprodutivadeumapessoanãotemqualquer ligaçãodiretacomseuconsumo;ambosdevemsermediadospelatrocae pelomercado. Alémdisso,umapessoanãotemqualquerligaçãodiretacomaspessoasqueproduzemas Ic2mercadoriasqueconsome.Tal relaçãosociflltambémémediadapelomercado.A produ- çãodemercadoriasimplicaumaltograudeespecializaçãoprodutiva,emquecadapro. dutorisoladocriasomenteumaou poucasmercadorias,dependendo,assim,de quc outrosindivíduos,comquemelenãotemqualquerrelaçãopessoaldireta,compremsuas mercadoriasnomercado.Umavezqueeletenhatrocadosuasmtrt;adoriaspordinheiro, novamentedependerádequepessoascomasquaiselenãotemrelaçãopessoaldiretaofe. reçam,nomercado,aquelasmercadoriasqueeletemquecomprarparasatisfazersuas.nc- cessidadespessoais. Nestetipodeeconomiaexisteminter-relaçõese dependênciaseconômicasextrema- te mentecomplexasequenãoenvolveminteraçãoeassociaçãopessoaldireta.Oindivíduo Il. interagesomentecoma instituiçãosocialimpessoaldomercado,noqualo indivíduotro camercadoriaspormoedaemoedapormercadorias.Conseqüentemente,o que,emrea- lidade,é umconjuntodecomplexasrelaçõeseconômicasesociaisentrepessoasé,pura cadaindivíduo,apenas.Umasériederelaçõesimpessoaisentrecoisas- istoé,mercadorias. Cadaindivíduode s. raevenda,ouoferlac procura asatisfaãodesuas - . A se undacaracterísticadefinidorado capitalismoé a propriedadeprivadadosmeios deproduçãoIstosignificaqueasociea e aacertaspeSsõãS6duelfõdedeterminarco inõmatérias-primas,ferramentas,maquinariaeedifíciosdestinadosàproduçãopodemSCI usados.Tal direitonecessariamenteimplicaqueoutrosindivíduossejamexcluídosdo grupodaquelesquetêmalgoa dizersobrecomoestesmeiosdeproduçãopodemserUS;I' dos. As primeirasdefesasda propriedadeprivadafalavamem termosde cada\(lrodu tor individual possuir - e, portanto, controlar - os meios de sua própria pro\lU~:'1I Mas,muitocedonaevoluçãodocapitalismo,ascoisassedesenvolveramdemododlll~ rente.Defato, terceiracaracterísticadefinido.radocapitalismoé ue itosproduto/l" nãosãop!:_~~ar.a.a..exe6UçãQ..~Uti~idade 'produllvlV Apropriedadeseconcentranasmãosdeumpequenosegmentodasociedade- osc:.i-pitil, listas.Umcapitalistaproprietárionãoprecisavarepresentarqualquerpapeldireto 110 processoprodutivo,demodoacontrolá.lo;apropriedadelhedavaessecontrole..El'SSU propriedadefoi o quepermitiuaocapitalismoa apropriaçãodoexcedentesocial./Assim, a propriedade~ios deproduçãoéacaracte.r.íst.i{;a-de-capitali:;moqueconfcreàdilh secapitalistao poderpelogllaLcpntrolaQ.~xc..eden!liQcial.lestabelecendo-se,apartlldai, comoclassesocialdominante.. . Esmdominação,é claro,implicaa tcrceiracaracterísticadefinidoradc cnpltnlH, mo a cxislcnciadcumanumerosaclassetrabalhadora,qucnaotemqualquerl'o"II!}I, $Ohrl'os mciosnecess:\riosparaa exccuç:lOde suaatividadeprodutiva.No capilall~III')'11 I 1II"llIIludo. trabalhadoresnãopossui~ matérias-primasnemos hnplemontoscomos Ilu.l~I'roduzmercadorias.Issoquerdizerqueasmercadoria,que08trubnJhaduro8produ- 'fllIl 11110lhospertencem,mas,sim,aoscapitalistasproprietáriosdos100101deprodução. I) trllblllhftdortípicoentranomercadopossuindooucontrolandosomC'ntcumftcoisa- 'IIRCllpRcidadedetrabalho,istoé,suaforçadetrabalho.ParasededicarAatividadepro- IlutlvlI,temquevendersuaforçadetrabalho.aumcapitalista.Emtroca,rocebeumsalá- rioo produzmercadoriasquepeÍtenc~maocapitalista.Dessemodo,aocontráriodequal- quoroutromododeproduçfoanterior,ocapitalismofazdaforçaprodutivahumanauma morcadoriaemsi mesmo- a forçadetrabalho- egeraumconjuntodecondiçõespelas qualsamaioriadaspessoasnãopodeviver,anãoserqueelassejamcapazesdevendera mercadoriadequesãoproprietárias- a forçadetrabalho- aumcapitalista,emtroca deumsalário.Comestesalário,podemcomprardoscapitalistassomenteumafraçãodas mercadoriasqueelesmesmosproduziram.O restantedasmercadoriasqueproduziram constituioexcedentesocialeéretidoecontroladopeloscapitalistas.fi . A quartae última cara~rística dwni@ra de capital~m~é_ad.:.quea,maioriadas pessoaspé...mot-ivada-pof-WI1comportamentoinpividualista,aquisitlV9...e-maximiz.adQYIStõ é necessárioparao funcionameniõadequadodo capitãfismo.Primeiro,paraassegurar umaofertaadequadaaotrabalhoefac~litaro rígidocontroledostrabalhadores,énecessá- rio queestesproduzammercadoriascujovalorexcedaemmuitoovalordasmercadorias queconsomem.~sprimórdiosdocapit~ismo,issofoi conseguidodedoismodos.Pri- meiro,os trabalfiadoresrecebiamsaláriostãobaixosque,comsuasfamílias,viviamnos limitesdamaisextremainsegurançae pobrezamateriais.O únicomodoclarodereduzir a insegurançae a pobrezaeratrabalharmaishorase maisintensamente,paraobterum saláriomaisadequadoe evitarserforçadoajuntar-seaograndeexércitodetrabalhadores desempregados,quetemsidoumfenômenosocialsemprepresentenosistemacapital~ta. À medidaqueocapitalismofoievoluindo,aprodutividadedostrabalhadoresfoi cres- cendo.Estesbuscavamorganizar-secoletivamenteemsindicatoseassociaçõesdetraba- lhadores,paralutarpor melhoressalários.Porvoltado finaldoséculopassadoteinício do séculoXX, apósdiversosavançose inúmerosretrocessos,essalutacomeçouasurtir algumefeito.Desdeentão,o poderdecompradosaláriodotrabalhadorvemcrescendo lentae finnemente.Emlugar'daprivaçãofísicageneralizada,ocapitalismotemsidoobri- gadoa recorrercadavezmaisanovostiposdemotivação,paramanteramassadostraba- lhadoresproduzindoo excedentesocial..IJmnovoethossocial,àsvezeschamadoconsu- mefismo,tornou-sedominante.Caracteriza-sepelacrençadequemaisrendaporsimesma sempresignificamaisfelicidade.. . Oscostumessociaisdocapitalismotêmlevadoaspessoasaacreditarquepraticamen- te tOM necessidadeou infelicidadesubjetivapodesereliminadasimplesmentecom- prando-semaismercadorias.O mundocompetitivoeeconomicamenteinseguronoqual semovemostrabalhadorescriasentimentossubjetivosdeansiedade,solidãoealienação. A maioriadostrabalhadoresvêcomocausadessessentimentossuaprópriaincapacidade decomprarmercadoriassuficientesparafazê-Iosfelizes.oMas,namedidaemquerecebem 8111f1r108maioresecomprammaismercadorias,verificamqueosentimentogeraldeinsatis- lu~IIOo IInsiedadecontinua.Então,ostrabalhadorestendemaconcluirqueoproblemaé qlll"o oumentodossaláriosé insuficiente.Comonlroidentificamaverdadeiraorigemde seusproblemas,caemnumcírculoviciosoasfixiante,ondequantomaissetem,maisne. cessidadesesent~quantomais/rápidosecorre,maisdevagarsepareceandar;quantomais arduamentese trabalha,maiorparecesera necessidadedesetrabalharcadavezmais arduamente. . .. .. Oscapitalistastambémsãoinduzidosaumcomportamentocombativoe aquisitivo. A razãomaisimediatadissoé o fatodequeo capitalismosemprefoi caracterizadopela lutacompetitivaentrecapitalistasporfatiasmaioresdoexcedentesocial.Nessalutasem fim,o poderdecadacapitalistadependedovolumedecapitalqueconfiofa.Seosconcor. rentesdeumcapitalistaadquiremcapital(crescendoeadquirindotambémpodereconô- mico)maisrapidamentequeele,torna-semaiora probabilidadedeele'próprioenfrentar aextinção,.Então,suaexistênciacomocapitalistadependedeSuamobi1idad~emacumu- larcapitalnomesmoritmoqueseusconcorrentes.Daí o capitalismotersidosem'preca. racterizadopeloesforçofrenéticodoscapitalistasemobtermaislucroe converterseus lucros,emmaiscapital.. O consumerismoentrecapitalistastemsidoimportantetambémparao adequado funcionamentodo capitalismo.No processodeprodução,os capitalistasseapr.opriam do excedenteproduzido,a màis-valia,soba fdnnademercadorias.Paraqueestamais. valiasejaconvertidaemlucromonetário,essasmercadoriasdevemservendidasnomerca. do.Pode-seesperar,demodogeral,queostrabalhadoresgastemtodoo salárioemmerca. darias,masseussaláriospodemcomprarsópartedasmercadoriasproduzidas(ounãoha. veriaqualquerexcedentesocial).Oscapitalistascomprarãomuitasmercadoriascomoin. vestimentoaacrescentaràsuaacumulaçãodecapital.Mases~asduasfontesdeprocuraja mllisforamsuficientesparagerarogastonecessárioparaoscapitalistas,comoclasse,ven, deremtodasassuasmercadorias.Então,paraquehajaumaprocuramonetáriasuficiente paraoscapitalistasvenderemtodasassuasmercadorias,éprecisoumaterceirafontede procura:osgastoscrescentesdeconsumodospróprioscapitalistas. Quandotalprocuranãoseconcretiza,ocapitalismosofredepressões;quandoasmer clldoriasnãopodemservendidas,ostrabalhadoressãodespedidos,oslucroscaem,havolI' doumacriseeconômicageral.O capitalismo,atravésdesuahistória,temsofridocres centescrisesdessaespécie.UmagrandepreocupaçãodamaioriadospensadoreseconOml CORdiscutidosnestelivrotemsidocompreenderanaturezaeascausasdessascrisesedCl~' cobrirremédiosparaeliminá-Iasou,aomenos,aliviarseusefeitos. A ECONOMIAEUROPÉIAPRÉ-CAPITALISTA Paraesboçara evoluçãohistóricadocapitalismo,primdramenteénecessáriodizer111. gllmaspalavrassobreo feudalismo- osistemasócio-econômicoqueprecedeuocapl'talla. 11\0naEuropaOcidental.O declíniodaparteocidentaldovelhoImpérioRomanodeixou 1\Huropasemaslei~eaproteçãoqueo hnpériooferecia..Ovácuofoi preenchidopI.I. crlllçlTodeumahierarquiafeudalnaqualoservooucamponêseraprotegidopelossenho rOIfeudais,que,porsuavez,deviamfidelidadeeeramprotegidosporsenhoresmaispodr m'os,Assimseestruturavao sistema,indoatéo rei.Osfortesprotegiamosfracos,01118() lu,11I1II1111maltoprcço..Emtrocadepagamentoemmoeda,alimentos,trabalhoou flddl dndt'militar,ossenhoresgarantiamo feudo umdireitohereditárioaoliSOdatt'rrll 11 'I tOJ _"111VII..lllos,Nabaseestavaoservo,quecultivavaaterra.Agrunc.kmlllorllldI!população IIIIIIIIVIIdo cultivoda terra,visandoà alimentaçãoe ao vestllÜI'IO,011UIHVUovelhas, 1""11ohlt'rulãeo vestuário.1 . ()~costumeseatradiçãosãoachaveparaacompreensãodusrelllçOesmcdlevais.Em 11111111dcleis,talqualasconhecemoshoje,o quegovernavaeramoscostllllleSvigentesno ,,'lIdo.NaIdadeMédia,nãohaviaautoridadecentralfortequepudesse111I1'01'ocumpri- IIIt'ntodeumsistemadeleis.Todaaorganizaçãomedievalsebaseavuem11111sistemade ~I.'rviçose ob.rigaçõesmútuas,envolvendotodaa hierarquiafeudal.A posseou~o da Il'rraobrigavaa certosserviçosou pagamentoscostumeiros,emtroeudeproteção.O senhorestavatãoobrigadoaprotegeroservoquantoesteestavaobrigudoupugar.lhe,em troca,umaporçãodesuacolheitaoutrabalharparao senhor.. ~claroqueoscostumeseramquebrados;nenhumsistemaopera,defato,talcomoa teoriadeterminaqueeleopere.Nãosedeve,porém,subestimara forçadoscostumese da tradiçãoquedeterminoua vidae asidéiasdopovomedie\lal.As disputasentreser- voseramresolvidasnacortedosenhor,segundonãosóascircunstânciasespeciaisdecada caso,comotambémocostumedofeudoparatalcaso.~claroque,usualmente,umsenhor decidiaa seufavor,numadisputacomseuservo.Entretanto,mesmonessascircunstân- cias,especialmentena Inglaterra,umsenhorfeudalimpunhasançõesou puniçõesaum scnhorque,comovassalodosenhorfeudal,persistentementeviolasseseuscostumesno tratamentodosservos.Asregrasdoscostumesdofeudoaparecememprofundocontraste, comparadascomo sistemalegalejudicialdocapitalismo.O sistemacapitalistaébaseado no cumprimentodeleisdecaráteruniversalistae contratos,cumprimentoestequesó raramenteé relaxadopor circunstânciasatenuantesou por costumesque,nostempos medievais,influenciavamcommuitomaisfreqüênciaojulgamentodosenhorfeudal. Até quepontoo senhorfeudalpodiafazercumprirseus"direitos"variavamuito, deacordocomaépocaeo lugar.Foi o fortalecimentodessasobrigaçõesaolongodeuma extensahierarquiadevassalosnumaregiãomuitograndequeacaboulevandoaoapareci- mentodasmodernasnações-estado.Esteprocessoocorreuduranteo períododetransi- çãodo feudalismoaocapitalismo.Entretanto,aolongodamaiorpartedaIdadeMédia, muitosdosdireitosdosenhorfeudalsetornavamfracosouincertos,já queo controle1'0- Iíticoestavafragmentado. ..A instituiçãoeconômicabásicadavidaruralmedievalerao feudo;quetinhaduas classesdistintas:ossenhoreseosservos.Osservosnãoeramescravos.Aocontráriodoes- cravo,queeraumasimplespropriedadeasercompradaouvendidaàvontade,oservonão podiaserseparadodesuafammanemdesuaterra.Seseusenhortransferisseapossedo relidoa outronobre,o servosimplesmenteteriaoutrosenhor.Emgrausvariáveis,entre- lanto,osservostinhamobrigaçõesque,àsvezes,setornavampesadas,e delasnãohavia comoescapar.Normalmente,o servoestavalongedeserlivre. . O senhorviviadotrabalhodosservosquecultivavamseuscamposepagavamimpos- Uma disl'lIss:iomaiscompletado :*stemaeconômicoe socialmedievalpodeserencontradaem 17/1 1);/'IIrltlllI.ili- oJ'1/1('Mi""'" ;1ges.2~ed.,e 77wCambridgeEconomi~lIisloryaf ElIrof!I~.l.ondres, I ,lInlilldlll~1111iwrsilYI'll'SS, IlJhb. V, I. Revislu por Eileen E. I'owers e J. 11.ClaplHlII. tosemespécieeemmoeda,deacordocomocostumedofeudo.An~logamente,osenhor davaproteção,supervisionavaeadministravaa Justiça,deacordocomocostumedofeu- do,Deve-seacrescentarque,emboraosistemarepousassenareciprocidadedasobrigações, aconcentraçãodopoderpolíticoeeconômiconasmãosdosenhorconduziaaumsistema noqual,segundoqualquerpadrãodeavaliação,oservoeraexploradoaoextremo. . A IgrejaCatólicafoi, durantea IdadeMédia,omaiorproprietáriodeterras..Embora bispose abadesocupassemposiçõessemelhantesà decondese duques,na hierarquia feudal,haviaumaimportantediferença.Ossenhoresfeudaissecularespodiamcolocarsua lealdadeaserviçodopoderenvolvido,masossenhoresreligiososdeviamsempre(emprin- cípio,aomenos),emprimeirolugar,umalealdadeà IgrejadeRoma..Estafoi também umaépocaemqueo ensinoreligiosoministradopelaIgrejateveumafortee prpfunda influênciaemtodaaEuropaOcidental.EssesfatorescombinadosfizeramdaIgrejaains- tituiçãomaispróximadeumGoverno,durantetodoesteperíodo.~ Assim,o feudopodiasersecularoureligioso(muitossenhoreseramvassalosdese- nhoresreligiosose vice-versa),masasrelaçõesbásicasentresenhoreseservosnãoeram significativamenteafetadasporestadistinção.Existepoucaevidênciadequeoservoseria tratadomenosseveramenteporsenhoresreligiososdoqueporsenhoresseculares.Osse- nhoresreligiososeanobrezafeudalformavamasclassesdominantes;controlavamaterra eo poderdeladecorrente.Emtrocadeapropriaçõesmuitopesadasdotrabalho,dapro- duçãoedodinheirodoservo,anobrezadavaproteçãomilitareaIgreja,ajudaespiritual. ,Alémdosfeudos,aEuropamedievaltinhamuitascidades,queeramimportantescen- trosmanufatureiros.Osbensmanufaturadoseramvendidosaosfeudose,algumasvezes, trocadosnocomérciodistante_Asinstituiçõeseconômicasdominantesnascidadeseram ascorporaçõesdeofício- associaçõesartesanais,profissionaisedeofício- queexistiam desdeo ImpérioRomano.Quemquisesseproduzirouvenderqualquerbemouserviçok l'Iaqueentrarparaumacorporaçãodeofício.. . As corporaçõesdeofícioseenvolviamtambémemquestõessociaisereligiosas,tanto quantonaseconômicas.Controlavamavidadeseusmembrosemtodasassuasatividadl.'s pessoais,sociais,religiosaseeconômicas6Emboraregulassemcuidadosamenteaproduç:io l: a vendademercadorias,ascorporaçõesdeofíciosemostravammaisvoltadasparaasul vIIÇfi'Oespiritualdeseusmembrosdoqueparaaobtençãodelucros.A salvaçãoexigiaqUI' o Indivíduovivessewnavidaordenada,b~seadanoscostumeseensinamentosdaIgreJu Assnu,ascorporaçõesdeofícioexerciamumapoderosainfluênciacomosustentadora~ dostatLIsquonascidadesmedievais. DMasa sociedademedievalerapredominantementeagrária.A hierarquiasocialera haseadanoslaçosdoindivíduocomaterraeosistemasocialporinteirorepousavaembu .l' ugrícola.No entanto,ironicamente,osaumentosdaprodutividadeagrícolaconstituI 1&111Io ímpetooriginalparaumasériedeprofundasmudanças,ocorridasaolongodi'VII fiOSséculos,e queresultaramnadissoluçãodofeudalismomedievalenoiníciodoellpll.l 1I~llIo.O maisimportanteavançotecnológicoda1dadeMédiafoiasubstituiç:!odoSIIII'tI'" dl' plantiode doiscamposparao sistemadetrêscampos(,EmborahajaevidénclIIdI '111I'II HlslclnadetrêscampostenhasidointroduzidonaEuropaj:í nooitavoséculo.SI'IIII\II111111 \1 gcncralizou anlcs do SCl'U!OXI. () plllllllo IInualda nll'SIIHI:lreaesgotavaa tcrrac acabavapor tOnlii1111111'1111\ 11111 11) II L ........- OCRESClMENTODOCOMÉRCIODE LONGADISTÁNCIA teforçaisoladaparaa desintegraçãodofeudalismomedieval.A importânciadocomércio nãopodeserpostaemdúvida,masdeve-sedestacarqueestecomércionãosurgiuporacu- so ou por fatorescompletamenteexternosâeconomiaeuropéia,como,porexemplo,o aumentodoscontatoscomos árabes.,Aocontrário,vimos,naseçãoanterior;queeste crescimentodo comérciofoi sustentadopelaevoluçãoeconômicainternadaEuropa.O crescimentodaprodutividadeagrícolasignificavaqueoexcedentedealimentosemanufa turadostornava-sedisponíveltantoparaosmercadoslocaiscomoparaomercadointer- nacional.Osprogressosdaenergiae dotransportetornarampossívele lucrativoconcen. trarosindivíduosnascidades,produziremgrandeescalaevenderosbensproduzidosnos mercadosmaisamplosdelongadistância.Assim,essesdesenvolvimentosbásicosnaagri- culturae na~ forampré-requisitosnecessáriosparaadissemina"'çãodocomércio,o que,porsuavez,estimuloumaisaindaaexpansãourbanaeencorajouaindústria.~ Entretanto,o crescimentodocomércionãopodeserconsideradoaprincipalforçana dissoluçãodo feudalismoounacriaçãodocapitalismo.Emboraatransiçãodofeudalismo parao capitalismotenhacoincididocomo aumentodocomércià"naEuropaOcidental,e emborao comérciotenhasido,decididamente,importanteparaadissoluçãodofeudalis. moe do crescimentodocapitalismonaEuropaOcidental,a intensificaçãodaatividade comercialnaEuropaOrientaltendeu(acontribuirparaaconsolidaçãoeaperpetuaçãodas lelaçõeseconômicasesociaisfeudais. Taisefeitosdiferenciadosdocomércioforamdevidosàdiferençanosestágiosdede. ~envolvimentodo feudalismoemqueseencontravamtaisregiões.NaEuropaOriental,o feudalismoeraumsistemaeconômiconovoevigoroso,comconsiderávelpotencialeCOIlO' micodemaiordesenvolvimento.Nestecontexto,o comérciotendiaaserestritamellt~' lI1untidosubordinadoaosinteressesdaclassefeudaldominante.Na EuropaOcidental,o fcudalismotinhaatingido,e provavelmenteultrapassado,seuplenopotencialeconômico . MuitoantesdocomérciocomeçaraserumapartesignificativadavidadaEuropaOCiOl'1I lal,o feudalismojá secomeçaraadissolver.O impulsoinicialdestadissoluçãofoiolalo dt'que,adespeitodosaumentosdaprodutividade,o excedentesocialsetornavaC:lOUVCI mCllorparasustentarumaclassedominantequecresciarapidamente.IssoprovocouCOII Illtoscadavezmaissériose irreconciliáveisdentrodaprópriaclassedominante.NoCOII I,'xtodessesconflitosgravesentreos'váriossegmentosdanobrezaedoclero,ocom\'ll'lu ~t'tornouumaforçadesestabilizante,corrosivaiJ4Emnossoresumo,limitar-nos'e/llo~11 dlSl'utiro feudalismon:lEuropaOcidental,ondeocomérciotendeu:Iacelemradissolll~ao dofeudalismoeaestabelecermuitasdasfundaçõesinstitucionaisdocapitalismo. . to.expansãodo comércio,particularmentedo comérciode longadistância,levouali I.\tnbclccimcntodecidadesindustriaisecomerciaisparaserviraestecomércio.OCleSl'1 IIIt'lItodessascidades,bemcomoo seucrescentecontroleporcapitalistascomercialllcs, II!'Ovocollimportantesmudanças,tantonaagric'ulturaquantonaindústria.Cadaullladl.'~ 1111~1.t(1mlldedoiscampos,metadedaterraerasempredeixadaoclolln,,1('modoquese Idt:uj)NII8sedoplantiodoanoanterior.Como sistemadetrêscampo.,11IImllarávelera dlvldlduemtrêspartesiguais.No outono,noprimeirocampo,secultlv/lvUcl!ntclooutri- 1101)luntava-seaveiaouervilha,naprimavera,nosegundocampo,deixando-seo terceiro (,lIlIIpOemrepouso.Todoano,haviaumarotaçãodessasposições.ASSIIII,umdudotrecho doterrateriaumaculturadeoutononumano,deprimaveranoanoseguintec descansaria noterceiroano. Destamudançaaparentementesimplesnatecnologiaagrícolaresultouumdramático aumentodoprodutoagrícola.Comamesmaquantidadedeterraarável,o sistemadetrês camposaumento\taáreacultivada;emqualquerépoca,de,pelomenos,50%.1 O sistemadetrêscamposinduziuaoutrasmudançasimportantes.Plantaçõesdeaveia e forragem,naprimavera,permitiama criaçãodemaiscavalos,quecomeçaramasubsti- tuiro boi comoa principalfontedeenergia,naagricultura.Oscavaloserammuitomais rápidose,assim,aáreacultivávelpôdeserestendida.Maioresáreascultivadaspermitiram queo campoalimentassecentrosurbanosmaispopulosos.Comocavalo,o transportede homens,mercadoriase equipamentostornou-semuitomaiseficiente.O próprioatode arartornou-semaiseficiente.Umaradopuxadoporboisexigiatrêshomensparacontrolá- 10e umaradopuxadoporcavalospode"riaseroperadoporumsóhomem.Alémdisso,no séculoXIII; o custodo transportedeprodutosagrícolasfoi substancialmentereduzido, quandoacarroçadeduasrodasfoi substituídapeladequatrorodas,comeixodianteiro móvel. , Essesmelhoramentosnaagriculturae notransportecontriouíra1TIparaduasmudan- çasimportantesedelongoalcance.Primeiro,tornarampossívelumrápidoaumentodo crescimentodapopulação.JAsmelhoresestimativasmostramqueapopulaçãodaEuropa dobrouentre1.000e 1.300.3<fiegundo,houveumrápidoaumentodeconcentraçãourba- na,estreitamenteligadoà expansãodapopCdaçãoJAntesdoano1000,a Europaeraes- sencialmenteconstituídadefeudos,vilasealgumaspoucascidadespequenas,alémdeoal- gunspoucoscentroscomerciais,no Mediterrâneo.Por voltade 1300,já haviacidades grandese prósperas. ~O crescimentodasvilase cidadesconduziuaocrescimentodaespecializaçãorural- urbana.A produçãodebensmanufaturadoscresceuenormemente,comostrabalhadores urbanosrompendotodososlaçoscomaterra"Juntocomessacrescenteproduçãomanu- fatureiraecrescenteespecializaçãoeconômicavierammuitosganhosadicionaisdeprodu- tividade._Outroimportanteresultadodaespecializaçãocrescentefoi o desenvolvimento docomérciointer-regionaledelongadistância._ Muitoshistoriadoressustentamqueadisseminaçãodocomérciofoiamaisimportan- 2 WIIITE Jr., Lynn. MedievalT~chnologyandSocialChange.Oxford, ClarendonPress,1962.p. 7t-72. MISKIMtN,lIarryA. 77ref.'conomyo{EarlyRenaissanceEurope,/300.1460.Engl~'woodC\lrrs, N. J.. I'rell\ice Itall, t969,p. 20, 11111exemplo histórico concreto dos conllitos cadavez maioresno interior da d:1"e reudal dllllll IIlIlIt"" du l'Ous,'q(ienledet,'rwraçào econômica c social do reudalbll10antes do ,'re\l'illIl'lItll do l'OIIl'" 1'10pOli<'sn "lIrolltrlldo no IIvnJ de IIEITSCIIER, Jall" K. e IIUNI, I., K "11I'Ij:hh 111111Ih,' 111"..111 tI..n 01 th,' h'II<llIll\lod" ur I'rudu('tion", Sei/'/II','1/,,"Soei"/I', -10(I I, q 71, 1'176. j) 'IINnlt\II~,pllrtlcularmenteaagricultura,teveenfraquecidose,por1'111I,rolllpldosseuslaços r01l11l".ll'lIluraeconômicaesocialfeudal., I)t'Ndco iníciodoperíodomedieval,algumcomérciodelongadlslfIl\clavinhasendo It'lto1,1111muitaspartesdaEuropa.EstecomércioeramuitoimpOrlalltt~110suldaEuropa, 1108IIIllI'eSMediterrâneoeAdriático,e aleste,noMardoNorteenoMIII'IIrtltlco.Entre- tlllllo,entreessasduasáreasdecomércio,o sistemafeudaldamaiorpal'kdaEuropaper- lIIaneceriarelativamenteinalteradopelocomércioatéaúltimafasedaIdadt'Ml!uia. J) A partirdoséculoXI, ascruzadasderamforçaaumamarcanteexpallsf[odocomér- cio.As cruzadasnãopodemservistascomoumfatorexternoouacidentalnodesenvolvi- mentodaEuropa..Nãoforampromovidasporrazõesreligiosasnemforamoresultadode ataquesotomanosaperegrinos,já queosturcosmantiveramapolíticamuçulmanadeto- lerânciá.Osmovimentosno ladoturcolevavamaataquescadavezmaisfortesal3izâncio, maso Ocidente,normalmente,enviavaajudaapenassimbólica,já quenITohaviagrande simpatiaporBizâncio..Asrazõeslógicasparaascruzadaspodemservistasnodesenvolvi- mentointensodaFrança,ondeelastinhamseumaisforteapoio.A Françatornava-seca- davezmaisforte,tinhacrescentesrelaçõescomerciaiscomo lestee necessitavadeuma válvuladeescapeparaa inquietaçãosocialinterna.Maiorpropagandaemproldascruza- daserafeitapelaoligarquiadeVeneza,quequeriaexpandirseucomércioesuainfluência noleste. O desenvolvimentodocomérciocomosárabesecomosvikings,nonorte,levouao crescimentodaproduçãoparaaexportaçãoeàsgrandesfeirascomerciais,quefloresce- ramdoséculoXII aoséculoXIV. Realizadasanuàlmente,nasprincipaiscidadescomerciais européias,estasfeiras,geralmente,duravamdeumaaváriassemanas.Osmercadoresdo nortedaEuropatrocavamcereais,peixes,lã,tecidos,madeira,breu,alcatrão,saleferro por especiarias,brocados,vinhos,frutas,ovinosejuta,artigosdominantesnocomércio dosuldaEuropa.s ..LápeloséculoXV, asfeirasjáestavamsendosubstituídasporcidadescomerciais,on- defloresciaummercadopermanente.Ocomércio,nessascidades,setornaraincompatível comosrestritivoscostumesetradiçõesfeudais.Geralmente,ascidadesconseguiamganhar independênciadeseussenhoresfeudaiseda Igreja_Sistemascomplexosdecâmbio,com- pensaçãoefacilidadescreditíciassedesenvolveramnessescentroscomerciais,einstrumen- tosmodernos,comocartasdecrédito,tornaram-sedeusocorrente...Novossistemasdeleis comerciaisforamcriados...Aocontráriodosistemapaternalistadeexecuçãodedívidas, baseadonoscostumese natradiçãovigentesno feudo,a lei comercialerafixadaporum códigopreciso.Assim,estalei tornou-sea basedasmodernasleiscapitalistasdoscol1'tra- tos,títulosnegociáveis,representaçãocomercialeexecuçõesemhastapública. (ONosistemaartesanalfeudal,o produtor(o mestreartesão)eratambémo vendedor. Entretanto,asindústriasqueapareciamnasnovascidadeserambasicamenteindústriasde exportação,ondeo produtorestavadistantedo compradorfinal.Osartesãosvendiam seusprodutosaoscomerciantesque,porsuavez,ostransportavamerevendiam.Outra1011. ferençaimportanteeraa dequeo artesãofeudaleratambémumfazendeiro,demouo geral.O novoartesãodascidadesdesistiudaterraparadedicar-seinteiramenteaotraba, lhocomo qualelepoderiaobterumarendamonetáriaquepodiaserusadaparasatisfazer suasoutrasnecessidades.o() o SISTEMADETRABALHODOMÉSTICOE ONASCIMENTODA INDÚSTRIA CAPITALISTA À medidaqueo comércioprosperavaeseexpandia,anecessidadedemaismanufatu. radosemaisconfiançanaofertainduziaaumcrescentecontroledoprocessoprodutivo pelocapitalistacomerciante.PorvoltadoséculoXVI, o tipodeindústriaartesanal,onde o artesãoeraproprietáriodesuaoficina,desuasferramentasematérias-primasefuncio. navacomoumpequenoprodutorindependente,tinhasidolargamentesubstituído,nas indústriasdeexportação,pelosistemadetrabalhodoméstico.Noiníciodautilizaçãodes- sesistema,o capitalistacomercianteforneciaamatéria-primaaoartesãoindependentee lhepagavaumaquantiaparatransformá-Iaemprodutosacabados.Dessemodo,ocapita. lista,ecaproprietáriodoprodutoaolongodetodooprocessodeprodução,emborao tra."- balhofosse.feitoemoficinasindependentes.Já emépocasmaisavançauasdautilização dessesistema,o capitalistacomercianteeraproprietáriodasferramentasemáquinase, freqüentemente,doprédioondea produçãotinhalugar.Elecontratavaostrabalhadores parausarasferramentas,fornecia-Ihesamatéria-primaerecebiao prouutoacabado., ,O trabalhadorjá nãovendiaumprodutoacabadoaocomerciante.Vendiasomenlt' seuprópriotrabalho.As indústriastêxteisestavamentreasprimeirasemqueo sistcma detrabalhodomésticosedesenvolveu,Tecelões,fiandeiros,tintureirosseencontravam numasituaçãoemquesuaocupação,e portantosuacapacidadedesustentarasimeslllo c suasfammas,dependiadoscapitalistascomerciantes,quetinhamquevendero qucos trabalhadoresproduziama umpreçosuficientementealtoparapagarsaláriose outras cOlltaseaindaobterlucro. . O controlecapitalistafoi,então,estendidoaoprocessodeprodução.AomesmoIt'l1I po,foi criadaumaforçadetrabalhoquepossuíapoucoounenhumcapitalenadatlllllll avender,a nãosersuaforçadetrabalho.Estasduascaracterísticasmarcamosurgimcllto dosistemaeconômicodocapitalismo.AlgunsautoresehistoriadorestêmafirmadoqUt'(I capitalismojá existia,quandoocomércioeoespíritocomercialseexpandiramesetomu ramdominantesnaEuropa.Ocomércio,entretanto,existiuaolongodetodaaerafeudal ÀlI1daassim,enquantoatradiçãofeudalpermaneciacomoo prinCÍpioorganizadordapIO duç:io,o comércioera,emrealidade,mantidoforadosistemaeconômicoesocial.O mel' ~'ndoeabuscadelucromonetáriosubstituíramoscostumeseatradição,nadeterminaç.10 dequemexecutariacertatarefa,comoseriaexecutadaestatarefae seostrabalhadort'~ poueriamounãoencontrartrabalhoparao seusustento.Quandoissoocorreu,osistcllliI capitalistafoicriauo.6 Uma discussãomais completada ascensãodo comérciopodescr encontradaem DILLARD, I}lIdky,/:'co/lolI/ic/)eveloplI/e/llof theNorthAtlanticCOlI/lI/llIlity.EnglcwoodClítls, N. J" I'rcllticc- lIull, 1%7,(1 3-1" f. V,'r I)()BB, MUIIIll',' Stl/dit.s i/l thl' /)el'I'loflll/(!/lt of CapitalislI/, I ulldrc~, RUlltIL'dgL'.11"''''111111 I'lIul, 1LI.lh tl'lilldpnlllll'IIIL' U ('IIP. ".) ,.\ .. o DECL{NIO DO SISTEMA SENHORIAL cidade.O senhorfeudalcomeçouadependerdascidadesparaconseguirbensmanufatura- doseprocuravacadavezmaisosbensdeluxoqueosmercadoresIhespodiamvender.ti? , Oscamponesesdo feudotambémdescobriramquepoderiamtrocarexcedentespor dinheiro,nosmercadoslocaisdecereais;odinheiropoderiaserusadoparapagartaxasao senhorfeudal,emlugardotrabalhoforçado.7Isto,quasesempre,transformavao campo- nêsnumpequenonegocianteindependente.Elepoderiaarrendarterrasdosenhor,vender seusprodutosparacobrirsuarendaereterareceitaexcedenteparaelemesmo.Essesiste- madavaaocamponêsmaiorincentivoparaproduzire.portanto,aumentarseusexceden- tesrentáveis,o queinduziaaummaiorintercâmbio,maioresvendassubseqüenteseassim pordiante60efeitocumulativofoi umrompimentogradualdoslaçosfeudais,substituí- dospelomercadoepelabuscado lucrocomoosprincípiosorganizadoresdaprodução... PorvoltademeadosdoséculoXIV, asrendasmonetáriasjáexcediamovalordosserviços compulsóriosprestadosemmuitaspartesdaEuropa. O Outrofatorquelevouasforçasdemercadoaosetorrural,estritamenteligadoàalfor- riu,foi aalienaçãododomíniodossenhoresfeudais.Ossenhoresfeudaisquenecessita- Vamdedinheiroparacomprarbensmanufaturados'ebensdeluxocomeçaramaarrendar 8UUSprópriasterrasa camponeses,emlugardeadministrá-Iasdiretamente,utilizandoo IlIrviçoobrigatóriodoservo.Esteprocessoinduziuawnasituaçãonaqualosenhorfeudal .hllplesmentepassavaaserumlatifundiário,nomodernosentidodotermo,Defato,mui- 10freqüentementeelesetornavaausente,namedidaemquemuitossenhorespreferiam IlIudarparaascidadesouestavamlonge,naguerra. , O rompimentodosistemafeudal,todavia,seoriginoumaisdiretamentedeumasérie decatástrofes,no finaldoséculoXIV enoséculoXV. A GuerradosCemAnos,entrea 1'l'Unçae a Inglaterra(1337-1453),estabeleceua inquietaçãoea desordemgeral,nesses doispaíses.A "pestenegra"foi aindamaisdevastadora.'Às vésperasdaepidemiade I ,14!:!-1349,apopulaçãoinglesaatingia4milhõesdehabitantes.NoiníciodoséculoXV, upososefeitosdasguerrasedasepidemias,a Inglaterramalatingia2,5milhõesdehahi Ilmles.Issoerabastanterepresentativodo queaconteciaemoutrospaíseseuropeus.-O tkspovoamentoprovocouumaenormefaltademão-de-obra,eossaláriosdetodososti' posdetrabalhoseelevaramabruptamente.A terra,agorarelativamenteabundante,comc,\, ~ouaprod.uzirrendasmenores.~ 4 TaisfatoslevaramanobrezafeudalaumatentativadeanularasalforriasquetinlulIlI I:ollcedidoe restabeleceros serviçosobrigatóriosdosservosecamponeses(camponeses \'11111Iantigosservosquetinhamatingidocertograudeindependênciae liberdadedlls 11~\lriçÔesfeudais).Descobriram,entretanto,quenãosepodiamaisvoltaràsituaç.l0ante 11111'desejada.O mercadosetinhaestendidoàsregiõesruraisecomeleaumentaraalibel' dllde,a independênciae aprosperidadedoscamponeses,Estesresistiammuitoaosesfol ~'I)h pararestabelecerasantigasobrigaçõese estaresistêncianãoficou semn:sposta. ,,('omo resultado,houveas famosasrevoltasde camponeses,queexplodir.amemtodll 11l'ul'Opa,do fin.1!doséculoXIV aoprincípiodoséculoXVI. Essasrebeliõessecamctl'll ,11111111por sllaextremacrueldadee ferocidade.Um escritorfrancêsdessaépocadescrevI'1I . () Cllpltlllismosó setornoudominantequandoasrelaçõesl'xlslt'lIlt!.IlIt~IlIdústriasde .'~IHIIIIIÇI1()do séculoXVI, entrecapitalistase trabalhadores,foraml'Nltllldldasàmaioria di!'OlltruSindústriasdaeconomia.Paraquetal sistemasedesenvolwsst',11aUlo.suficiência j'Wllollltca do feudo tinha de serquebradae as tradiçõese costulllesklldals esvaziados 011dostruídos.A agriculturatinhadesetornarumriscocapitalista,olldl' os trabalhadores v(jndessemseutrabalhoaoscapitalistase os capitalistassó comprassl'1IIIlIIhalhoseespe- rassemobterlucronoprocesso.. ' ExistiaumaindústriatêxtilcapitalistaemFlandres,noséculoXIII. Quando,porvá- riasrazões,suaprosperidadecomeçouadeclinar,a riquezaeapobrezaquetinhacriado provocaramumalongasériedeviolentasguerrasdeclasses,quequasedcstruiucompleta- mentea indústria.NoséculoXIV, umaindústriatêxtilcapitalistaprosperouemFlorença. Tal comoemFlandres,ascondiçõesadversasdos!1egócio'§conduzirama tensõesentre umaclassetrabalhadoramiseráveleseusricosempregadorescapitalistas.Essastensõesresul- taramemrebeliõesviolentas,em1379e 1382.A incapacidadederesolvertaisantagonis- mosdeclassesagravousignificativamenteo rápidodeclíniodaindústriatêxtilflorentina, talcomojá tinhaocorridoemFlandres. No séculoXV, a Inglaterradominavao mercadotêxtilmundial.Suaindústriatêxtil capitalistatinharesolvidoosproblemasdoconflitodeclasses,interiorizando-se.Enquan- to asindústriastêxteiscapitalistasanteriores,deFlandrese Florença,selocalizavamem cidadesdensamentepovoadas,ondeostrabalhadoreserammantidosjuntosea resistên- cia organizadaerafácildeseiniciar,astecelagensinglesasestavamespalhadaspelointe- rior.Issosignificavaqueostrabalhadoresestavamisoladosempequenosgruposenãoha- viapossibilidadededesenvolveremqualquerresistênciaorganizada. Entretanto,o novosistema,emqueosricosproprietáriosdocapitalempregavamar- tesãosdesprovidosdebens,era,antes,umfenôm'enourbanodoquerural.Desdeocome- ço,essasempresascapitalistasbuscavamposiçõesmonopolistas,controlandoaprocurade seusprodutos.O surgimentodascorporaçõesde ofício patronaisou associaçõesde comerciantescapitalistasempregadorescriouinúmerasbarreirasdeproteçãoà posição dessesempregadores.Diferentestiposdeaprendizado,comprivilégiosespeciaiseisenções paraosf11hosdosricos,taxaselevadaspagaspelosmembrosdasassociaçõeseoutrastar- reirasimpediamosartesãosambiciosos,porémmaispobres,decompetircomanovaclas- secapitalistaou delafazerparte.Naverdade,essasbarreiras,demodogeral,resultaram natransformaçãodosartesãosmaispobrese seusfilhosemumanovaclassetrabalhadora urbana,queviviaexclusivamentedesuaforçadetrabalho. Antes,porém,queumsistemacapitalistacompletosurgisse,aforçadasrelaçõescapi- talistasdo mercadodeveriainvadira herdadesenhorial,o bastiãodo feudalismo.Isso aconteceuemdecorrênciadoenormeincrementodepopulaçãonasnovascidadescomer- ciais.,Grandespopulaçõesurbanasdependemdaagriculturaparaobteralimentosegrande partedasmatérias-primasparaasindústriasdeexportação.Essasnecessidadesestimllla- vamespecializaçõesurbanase ruraisc um grandel1uxodecomércioentreo ~':lInpoI' a I HlIII'~"dllullOI'lI", '1111'1'lIvolvi"" SlIhslltlll\;jo ,10ll"h"lhu "\llddo do ""vo por I:I\IIS 111 I' 11111hundodecamponesesquemataram"umcavaleiro,atraVIJIINllrUIII'oucurpocomum 1"11(110l' IIssaram-novivo,diantedesuaesposae filhos.Dezoud()~,l'ull108vlolen'tarama IIIUlhcolc 11obrigaramacomerdacarnedomarido.Então,matal'lInl'lIlIl~tIssuascrianças. 1'01IIlIdeessagentedesgraçadapassava,destruíacasasfirmesesol1dllsCllstl'loS".8Ao fi- 11111,oScamponesesrebeldesforamdizimadoscomigualoumaiorcrlwldlldl!c ferocidade pt'lalIobreza. A Inglaterraexperimentouumasucessãodetaisrevoltas,do filialdoséculoXIV ao sóculoXV. MasasrevoltasocorridasnaAlemanha,noprincípiodoséculoXVI, foram provavelmenteasmaissangrentas.A rebeliãocamponesade1524-1525foieSl1lagadapelas tropasimperiaisdo SagradoImperadorRomano,quedizimoumilharesdecamponeses. ProvavelmentesónaAlemanhaforammortasmaisde100000pessoas. Estasrevoltasforamaquimencionadasparailustraro fatodequemudançasfunda- mentaisnaestruturapolíticaeeconômica,freqüentemente,sósãoconseguidasapóscon- nitosviolentose traumatizantes.Qualquersistemaeconômicogeraumaoumaisclasses, cujosprivilégiosdependemdacontinuaçãodestesistema.Estasclassesfazemdetudopara resistiramudançase protegersuasposições,comoénatural.A nobrezafeudaldesenca- deouumareaçãoselvagemcontraonovosistemacapitalistademercado,masasforçasda mudançaafastaramcompletamenteessareação.Emboraasmudançasimportantestenham sidointroduzidaspeloscomerciantese pequenossenhoresemascensão,oscamponeses foramasvítimaspolíticasdasconvulsõessociaisconseqüentes.E, ironicamente,elesesta- vam,namaioriadasvezes,lutandoparaprotegerostatusquo. o movimentodocercamentoatingiuseupontomáximonosséculosXV eXVI, quan. do,emalgumasáreas,detrêsquartosanovedécimosdoshabitantesforamexpulsosdo campoe forçadosa buscarsustentonascidades.Práticassubseqüentesdecercamento continuaramatéo séculoXIX..Oscercamentoseocrescimentopopulacionaldestruíram os laçosfeudaisremanescentes,criandoumagrandee novaforçadetrabalho- umaforça detrabalhosemterra,semquaisquerferramentasou instrumentosdeprodução,apenas comaforçadotrabalhoparavender.Estamigraçãoparaascidadessignificavamaistra- balhoparaasindústriascapitalistas,maishomensparaosexércitose marinhas,maisho- mensparacolonizarnovasterrasemaisconsumidoresoucompradorespotenciaisdepro- dutos. . Masos cercamentoseo aumentopopulacionalnãoforam,demodoalgum,a única origemdanovaclasseoperária.Inúmeroscamponeses,cr'iadosemembrosdapequenano- brezaforamà falênciacomos exorbitantesaumentosdosaluguéismonetários.4Dívidas acumuladasquenãopodiamsersaldadasarruinarammuitosoutros.Nascidadesmaiorese IIIcnorés,ascorporaçõesdeofíciopassarama preocupar-secadavezmaiscomosníveis derendadeseusmembros.Eraóbvio,paraosartíficesemercadoresdascorporações,que os passosdadosparaminimizaro númerodemembrosserviriamparamonopolizarseus ofícioseparaaumentarsuasrendas...Umnúmerocadavezmaiordeprodutoresurbanus pllSSOUanãoterdireitoa terqualquermeiodeproduçãoindependente,àmedidaqueas corporaçõesdeofícioficavammaisexclusivas.Assim,umaparcelaconsideráveldanova l'1asseoperáriafoi criadanascidadespequenase grandes.. Muitosagricultoreseartesãos,quetinhamsido,então,expulsosdaterrae impedidos dl' teracessoa seusmeiosoriginaisdeprodução,tornaram-sedesordeirosemendigos. Umnúmeroaindamaiorprocurougarantirsuasubsistência,apossando-seilegalmentede IMrasmarginaisenãousadas,ondepodiamplantarparaseuprópriouso.Foramaprova' dasleisextremamenterepressivascontraestetipode lavourae contrao desemprego," Assim,quandoa força,afraudeeamortepelafomeforaminsuficientesparacriaranovlI tlasseoperária,lançou-semãodeestatutoscriminaiserepressãodoGoverno. SURGIMENTODA CLASSETRABALHADORA A primeirapartedoséculoXVI éumdivisordeáguasnaHistóriadaEuropa.Marcaa tênuelinhadivisóriaentrea ordemfeudaldecadentee o sistemacapitalistaquesurgia. Após1500,importantesmudançaseconômicasesociaiscomeçaramaocorrercommaior freqüência,cadaumareforçandoa anterior,e todasjuntasconduzindoaocapitalismo. . Entreasmaisimportantesestavamaquelasquecriavamumaclassetrabalhadorasistemati- camenteprivadadocontrolesobreo processodeproduçãoe forçadaaumasituaçãoem queavendadesuaforçadetrabalhoeraaúnicapossibilidadedesobrevivência.A popula- çãodaEuropaOcidental,quetinhapermanecidorelativamenteestagnadaduranteum.sé- culoe meio,aumentouemquaseumterço,noséculoXVI, chegandoa70milhõesem 1600. . O aumentonapopulaçãofoi acompanhadopelomovimentodocercame,!to,queco- meçounaInglaterra,já noséculoXIII. A nobrezafeudal,cadavezmaisnecessitadadedi- nheiro,cercavaou fechavaterrasqueantesusaracomopastocomum,utilizando-a,e'ntão, comopastodeovelhas,parasatisfazeràexplosivaprocuradelãpelaindústriatêxtillaní- ferainglesa..Asovelhasdavambonslucrose exigiamummínimodetrabalhonaspasta- gens. OUTRASFORÇASNA TRANSIÇÃOPARA O CAPITALISMO Outrasforçasdemudançatambémforaminstrumentaisnatransiçãoparaocapitalt&. 1llO,.Enlreestasestavao despertarintelectualdÓ$êculoXVI, quepromoveuoprogrcssll 111'n\ílico,quelogofoi aproveitadonapráticadanavegação.,O telescópioeo compasso 1"111111tiramqueoshomensnavegassemcommuitomaisprecisão,cobrindodistálll:Hls 11111110maiores."Istolevouàs GrandesDescobertaStNumcurtoperíodo,os europ~'lIs 11111111mmapeadorotasmarítimasparaasfndias,aÁfricaeasAméricas.,Estasdescobl:llas 11"1'111111umaduplaimportância:primeiro,resultaramnum !luxo rápidoe illtensolll' IlIl' !111~preciososparaa Europa;emsegundolugar,anunciaramumaépocadeC010IlIí'.a~.tIo. I Entre1300e 1500,a produçãodeouroe prata,liaEuropa,tinhaestagnadll.() "li IIIC'Il'Íocapitalista,queseexpandiarapidamente,e aextensãodosistemaue lI1erclldopllll " (;RAS,N. S. 13.A lJistoryofAgricu/tureinEuropeandAmerica.NovalorqUl',AppklulI,1'J40, li IOH, Vl'II!OI!I! [)/;'t'«'/Ofl/II!'IIIofCaflltallslII (;tp. h, IK , , <I1'111111111~li campo tinham provocado umaescassezagudade 1I\00'lla~COII\Oestaseram hll~IIIIIIIl'lItI1deouroe prata,anecessidadedestesmetaiseracdlt('aA (larllrmaisoume- IlII!o dI' 1,\SO, estasituaçãofoi aliviadaumpouco,quandoospor!URIIl'~('~('olncçaramaex- Illdl IIll'taisdaCostadoOuro,naÁfrica,masaescassezgeralCIIIIIIIIUOUatémeadosdo wl'IlIoXVI. Daíemdiante,houveumaentradatãograndedcouro('pratavindosdas l\1I\(lrtcas,queaEuropaexperimentouainflaçãomaisrápidaeduradouJIId('suaHistória~ Duranteo séculoXVI, ospreçossubiram,naEuropa,entre150c400')',.,dependendo do paísou da região.Os preçosdosprodutosmanufaturadosaumclltarammuitomais depressadoqueosaluguéisouossalários.Defato,a disparidadeclltreprcçosesalários pcrsistiuatéfinsdoséculoXVII. Istoquerdizerqueaclassedosprupriet:iriosdeterras (ou a nobrezafeudal)e a classeoperáriasofreram,porquesuasrendassubirammenos rapidamentequesuasdespesas.tA classecapitalistafoi agrandebenefici:iriadarevolução dospreços.Re~:t\beulucroscadavezmaiorese pagousaláriosreaiscadavezmaisbaixos, comprandomatérias-primasquesevalorizavammuitoduranteo tempoemqueeramman- tidasemestoque., , Esteslucrosmaioresforamacwnuladoscomocapital.O capitalincluiasmatérias- primasnecessáriasà produçãoeaocomércioe consistedetodasasferramentas,equipa- mentos,fábricas,matérias-primas,produtosemelaboração,meiosdetransportedospro- dutosedinheiro.Existemmeiosfísicosdeproduçãoemtodosostiposdesistemaeconô- mico,maselessópodemtornar-secapitalnumcontextosocialemqueexistamasrelações sociaisnecessáriasà produçãodemercadoriaseà propriedadeprivada.Assim,o capital refere-seamaisdoquesimples.objetosfísicos;refere-seaumconjuntocomplexoderela- çõessociais4Emnossadiscussãoanterior,vimosqueumadascaracterísticasquedefinem o sistemacapitalistaéaexistênciadeumaclassedecapitalistasquepossuiocapital.~em virtudedapropriedadedestecapitalqueelaaufereseuslucros.Esteslucrossãoreinvesti- dosouusadosparaaumentarocapital.Estaacumulaçãodecapitallevaamaislucros,que, porsuavez,levamamaisacumulação,eosistemacontinuanumaespiralascendente. pO termocapitalismodescrevedemodobastantecorretoestesistemadebuscadelu- croe de acwnulaçãodecapital.A propriedadedocapitaléa fontedoslucrose, daí,a fontedemaisacumulaçãodecapital.Masesteprocessodo "ovoe dagalinha"teriaque terumcomeço.A acumulaçãoinicialsubstancialouacumulaçãoprimitivadecapitalocor- reunoperíodoqueestásendoconsiderado.Asquatrofontesmaisimportantesdeacumu- laçãoinicialdecapitalforam:(1) o volumedocomércio,quecresceurapidamente;(2)o sistemaindustrialdeproduçãodoméstica;(3)omovimentodoscercamentos;(4)agrànde inflaçãodepreços.HaviamUitasoutrasfontesdeacumulaçãoinicialdecapital,algumas dasquaiserammenosrespeitáveise, muitasvezes,esquecidas- porexemplo,a pilhagem colonial,apiratariaeocomérciodeescravos., Duranteos séculosXVI eXVII, o sistemadeproduçãodomésticafoi ampliadoaté tornar-secomumemquasetodosos tiposdeindústria.Emboraaindanãofosseo tipo modernodeproduçãofabril,omaiorgraudeespecial.izaçãodosistemapermitiusignifica- tivosaumentosdeprodutividade.Osavançostécnicosdaconstruçãonavaledanavegação tambémbaixaramoscustosdotransporte.Assim,duranteesteperíodo,a produçãoeo comérciocapitalistaprosperarame crescerammuitodepressa.A novaclassecapitalista (clussclIIédiaouburguesia)substituiu,lenta,poréminexoravelmente,anolHI'l.aCOIIIOdas- SI'q\l(~dOllllllavao sistemaeconúlllicue social. li O aparecimentodasnovasnações-estadoassinalouo começodatransiçãoparauma novaclassedominante.Osnovosmonarcas,geralmente,procuravamo apoiodaClasse capitalistaburguesa,emseuesforçodederrotarseusrivaisfeudaiseunificaroestadosob o mesmopodercentral.Estaunificaçãolibertouosmercadoresdaconfusãofeudaldere- gras,regulamentos,leis,pesose medidasemoedasdiferentes;consolidoumuitosmerca- dos;deuproteçãomilitaraosempreendimentoscomerciais.Emtroca,omonarcadepen- diadoscapitalistasparaastãonecessáriasfontesdereceita.lIf EmboraaInglaterratenhasidonominalmenteunificadamuitoantes,sófoi unificada, defato,quandoHenriqueVII (1485-1509)iniciouadinastiadosmonarcasTudor.Henri- queVIII (1509-1547)e ElizabethI (1558-1603)conseguiramcompletaro trabalhode construçãodanação,apenasporquetiveramo apoiodoParlamento,querepresentavaas dassesmédiasdoscondadosemunicípios.Nasrevoluçõesde1648e 16H8,asupremacia doParlamento,oudaclassemédiaburguesa,foi finalmenteestabelecida. Outrasnações-estadocapitalistasiniciaise importantestaínbémsurgiramnessaépo- ('a.NaFrança,LuísXI (1461-1483)foi o primeiroreia unificarefetivamenteaFrança, depoisdaépocadeCarlosMagno.O casamentodeFernãodeAragãoe IsabeldeCastela, ('11I1469,eaposteriorderrotaporelesinf1igidaaosmouroslevaramàunificaçãodaEspa. Ilha.A RepúblicaHolandesa- aquartanação-estadoimportante- sóconseguiusuainde- pl~ndênciaem1690,quandoacabouexpulsandoosopressoresespanhóis. Em finsdo séculoXVI e iníciodoséculoXVII, quasetodasasgrandescidadesda Inglaterra,França,Espanhae dosPaísesBaixos(BélgicaeHolanda)já setinhamtransfor. mudoemprósperaseconomiascapitalistas,dominadaspelosmercadorescapitalistas,que ('ontrolavamnãosó o comércio,mastambémgrandepartedaindústria.W"asmodernas naçÔes-estado,coalizõesdemonarcase capitalistastinhamretiradoo poderefetivoda nobrezafeudaldemuitasáreasimportantes,principalmentenasrelacionadascoma pro duçtroeo comércio.Estaépocado iníciodocapitalismoéconhecida,geralmente,como //Ir'rCi/1Itilismo. p o MERCANTILlSMO . A faseinicialdo mercantilismo- geralmentechamadabuliollismo- originou-scno IU'Iíodo emquea Europaestavapassandopor umaagudaescassezdeouroe prataemhUI 111,n:lotendo,portanto,dinheirosuficienteparaatenderaovolumecrescentedocomér \'10Foramestabelecidaspolíticasbulionistasparaatrairouroeprataparaumpaísel11an. 11'.Iosnoprópriopaís,proibindo-sesuaexportação.Estasrestriçõesduraramdesdeo fim tlu IdadeMédiaatéosséculosXVI eXVII. I A Espanha- o paísparaondefoiquasetodoo ourodasAméricas- aplicourestrl. ~IW\oulionistaspormaistempoeimpôsapuniçãomaisseveraparaaexportaçãodeouro I' IHala:amorte.Contudo,asnecessidadesdocomércioeramtãourgenteseoslucroscom 11Importaçãode mercadoriasestrangeiraspoderiamsertãoaltos,queaténaEspal1ham 1I1('rcadorescapitalistasconseguiramsubornarfuncionárioscorruptosou cOlltrabalHll-ar ~rllndesquantidadesde burrasdeouroe prataparafora do país.O ouro e a pratacspu nhoislogo p('lwllaraml'm todaa I',uropa,tcndosido,cJIIlargaJIIl'dida,respolls:\VeISpl'lo longo (1('1lodo di' IlIllu~':loJII dl'SI'lito.A hpullha so Il'g:IIIIlHI Ul'xl)(Hta~':lode ouro l" 1'1,1 lI) II J' til 11111110dl'poisdeasrestriçõesbulionistasteremsidosuspellsl\~1111IIIMlutt.11'f1lenaHolan- d" 1'111m(~adosdoséculoXVI. t Apl~Saépocabulionista,a vontadedosmercantilistasde111:1",11111/:11o ouroeaprata dl'lIllodeumpaísassumIUaformadetentativasdosgovernosparal'OIlNl~l1.ulrumsaldofa- VOI;ívclllabalançacomercial,querdizer,termaisdinheiroentralldo110puisuoquedele slIlIIdo.Assim,asexportaçõesdebells,bemcomoo transportec osSl'gUIOS(quandofeitos porcidadãosdo paíse pagosporestrangeiros)foramestimulados,e IISImportaçõesde benseoscustosdetransporteeseguropagosaestrangeirosforamdesestllnulados. , Umdostiposmaisimportantesdepolíticadestinadaaaumentaro valordasexporta- çõese diminuirasimportaçõesfoi acriaçãodemonopólioscomerciais.Umpaíscomoa Inglaterrapoderiacomprarmaisbarato(deumaáreaatrasada,porexemplo)seapenasum mercadoringlêsbarganhassecomos estrangeiros,emvezdeváriosmcrcadoresingleses concorrentespressionarema elevaçãodospreços,na tentativadeficarcomo negócio. Analogamente,osmercadoresinglesespoderiamvendersuasmercadoriasaosestrangeiros a preçosmuitomaisaltos,sehouvesseapenasumvendedor,emvezdeváriosvendedores, baixandoopreçoparaatrairosfreguesesdecadapaís. 4 O Governoinglêspodiaproibirosmercadoresinglesesdeconcorrernumaáreaonde tivessesidoconcedidoumdessesmonopólios.Mas eramuitomaisdifícilmanterafasta- dosos mercadoresfranceses,holandesesou espanhóis.,Váriosgovernosprocuraramex- cluirestesmercadoresestrangeirosrivais,estabelecendoimpérioscoloniaisquepodiamser controladospelametrópole,paraassegurarummonopóliocomercial.Aspossessõescolo- niaispoderiam,comisso,fornecermatérias-primasbaratasàmatrizedelascomprarpro- dutosmanufat,uradoscaros., . Alémdeestabelecermonopólios,todosospaísesdaEuropaOcidental(excetoaHo- landa)aplicavamextensosregulamentosàsatividadesdeexportaçãoe importaçãOltEstes regulamentostalvezfossemmaisamplosnaInglaterra,ondeosexportadoresqueachavam difícil concorrercomosestrangeirosrecebiamdevoluçõesdeimpostosou,comoseisto nãobastasse,recebiamsubsídios.Umagrandelistadematérias-primaspagavaimpostode exportação,paraquenãosaíssedaInglaterra.Assim,o preçoqueosmercadores-indus- triaisinglesestinhanlquepagarporestasmatérias-primasseriaminimizado.Às vezes, quandoestesartigostinhamumaofertareduzidaparaos industriaisingleses,o Estado proibiacompletamentesuaexportação.A indústria'têxtilinglesarecebeuestetipode proteção.No começodoséculoXVIII, elarepresentavaaproximadamenteametadedas exportaçõesdaInglaterra.Osinglesesproibiramaexportaçãodequasetodasasmatérias- primase produtossemi-acabados,comopeledecarneiro,Jã,fiosparatecidosefiosdelã penteada,queeramusadospelaindústriatêx."til. , Medidasvisandoao desestímulodasimportaçõestambémerammuitocomuns.A importaçãodealgumasmercadoriaseraproibida,e outrasmercadoriaspagavamdireitos alfandegáriostãoaltos,que,eramquasequeeliminadasdocomércio.Dava-seênfaseespe- cialà proteçãodasprincipaisindústriasdeexportaçãodaInglaterracontraaconcorrência estrangeiraquetentassepenetrarnosmercadosinternosdasindústriasexportadoras.. E claroqueestasrestriçõesbeneficiavamalgunscapitalistase prejudicavamoutros. Conformeeradeseesperar,gruposespeciaisestavamsempreemconluio,paraIIlullleras restriçõesouparaestendê-Iasa diferentesáreas,dediferentesmaneiras,Tl'lIllIllvII~('Omo osAtosdeNavegaçãoinglesesde 165I e 1660foramfeitasparapromovero usodena. viosingleses(fabricadosnaInglaterraecomtripulaçãoinglesa)nocomérciodeimporta. çãoeexportação.TodasestasregulamentaçõesdocomércioexterioredostransportesVI, savanlaaumentaro fluxodedinheiroparadentrodopaíse,aomesmotempo,diminulI a saídadedinheirodopaís.J: desnecessáriodizerquemuitasdestasmedidastambémde. correramdeapelosepressõesdegruposdeinteresseespeciais. .Além destasrestriçõesaocomércioexterior,haviaumemaranhadoderestriçõese regulamentosdestinadosaocontroledaproduçãointerna.Alémdasisençõestributárias, dossubsídiose deoutrosprivilégiosusadosparaestimulara maiorprouuçãouasindús. triasimportantescomoexportadoras,oestadotambémseenvolvianaregulamentaçãodos métodosdeproduçãoe daqualidadedosprodutosproduzidos.,NaFrança,o regimeue LuísXIV codificou,centralizoue ampliouosantigoscontrolesdescentralizadosdascor. poraçõesdeofício.Técnicasdeproduçãoespecíficastornaram-seobrigatóriase foram uprovadasamplasmedidasdecontroledequalidade,cominspetoresnomeauosJm Paris, ('lIcarregadosdefazercumprirestasleisanívellocal.JcanBaptisteColbert,famosomÍllls, traeconselheiroeconômicodeLuísXIV, foio responsávelpeloestabelecimentoderegu. lumentosextensoseminuciosos.Naindústriatêxtil,porexcmplo,alarguradeumapeça dl'tecidoe o númeroexatodefioscontidosnesteteciuoeramrigidamenteespecificados pdoGoverno. NaInglaterra,o EstatutodosArtljices(I 563)transferiu,efetivamente,paraoestadlJ usfunçõesdasantigascorporaçõesdeartífices.Levouaocontrolecentralsobreo treina. /IIcntodostrabalhadoresdaindústria,sobreascondiçõesdeempregoe sobreaaIocação damão-de-obraemdiferentestiposdeocupação.A regulamentaçãodossalários,daquall dadeuemuitasmercadoriasedeoutrosdetalhesdaprouuçãointernatambémfoit~rllaJa lIestaépoca. Nãoestaexatamenteclaroatéquepontoo pensamentomercantilistafoi sinceramen. 10motivadopelodesejodeaumentaro poderdoestadoouatéquepontofoiumesforço /11011disfarçadoparapromoveros interessesespeciaisdoscapitalistas.A distinçãoé baslall 1('semimportância,porquequasetodososmercantilistasacreditavamquea melhormOi III~iradepromoverosinteressesdoestadoerapromoverpolíticasqueaumentasscm()~111 nos dosmercadores-capitalistas.De muitomaior interessesãoasiuéiasmercantilistasso bH' limaquestãoqueserásempremencionadanestelivro:qualé anaturezae quaiss:lou~ OIllScnsdo lucro?Sãoasidéiassobreestaquestãoqueabordaremosno próximocapitulo, I' I1