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Teoria Geral do Processo – Bruno Garcia Redondo Aula 1 – Rio, 01.03.12 -Conceitos e divergências dos autores ao longo do tempo. Conceitos de ação, jurisdição e processo. -CPC vigora há 40 anos, e ao longo desse tempo, sofreu 65 mudanças. É um sistema que muda muito. A cada lei nova que surge, os autores ao lança-las em seus livros, divergem sobre a interpretação delas. -Bibliografia: Alexandre Câmara ..................................................... -Processualistas: estudam o direito processual. Existe uma teoria comum a todos os processos (trabalho, civil, administrativo, tributário)? Há muitas divergências, não há uma teoria geral, em cada processo há uma diferença. Temos alguns princípios conflitantes e convergentes. Vamos falar dos autores de direito processual civil. O processo civil brasileiro foi muito influenciado pelo processo civil italiano. O processo civil brasileiro atual é de 1973. A mudança do de 1939 para o de 1973 foi muito grande, o antigo só falava de procedimentos. O de 1973 surgiu, vieram alguns processualistas italianos para cá, que fugiram da 2ª Guerra e vieram lecionar aqui no Brasil – trouxeram suas obras famosas, que influenciaram muito o direito processual civil brasileiro. Os três processualistas mais famosos da Itália são: 1)Enrico Tullio Liebman (influenciou muitos processualistas brasileiros) – o aluno dele fez o rascunho do novo CPC. 2)Francesco Carnelutti 3)Giuseppe Chiovenda – ele junto com o Liebman foram os que mais influenciaram o direito processual brasileiro. Rio de Janeiro: 1)Alexandre Freitas Câmara – desembargador. Indicado pela OAB. 2)Luiz Fux – ministro do STF. 3)Sergio Bermudes – advogado e professor da PUC. 4)José Carlos Barbosa Moreira – principal processualista vivo. Professor da UERJ, advogado, virou desembargador. 5)Leonardo Greco – professor da UERJ. São Paulo: congrega o maior número de professores famosos, conhecidos nacionalmente. 1)Ada Peregrinni Grinover 2)Cândido Rangel Dinamarco 3)Cassio Scarpinella Bueno BA: Freddie Didier Jr. Rio Grande do Sul: Araken de Assis Minas Gerais: Humberto Theodoro Jr. Processualistas falecidos: F. C. Pontes de Miranda, Alfredo Buzaid, J. J. Calmon de Passos. ................................... Aula 2 – Rio, 06.03.12 *PR: Teresa Wambier 1)Evolução do Direito Processual Civil No Brasil, na época do descobrimento, tivemos 3 ordenações (compilações): 1)Compilações Afonsinas – durante o reinado de Afonso V -> lá tinham as normas de processo civil e comercial; 2)Manuezinas; 3)Filipinas. -> era a legislação aplicada pela coroa na colônia. -Brasil, em 1822, torna-se independente, mas não tínhamos muito legislação nacional – não sabia qual legislação aplicar – em relação ao processo civil, com a independência, teve o Decreto Imperial de 20.10.1823 -> permanece aplicando-se no que couber as ordenações Filipinas, até que se faça uma ordenação nacional. -Veio a Lei Imperial de 11.08.1827 e essa lei é famosa por vários motivos -> D. Pedro I cria os dois cursos de ciências jurídicas em SP e em Olinda, conferindo o título de doutor em que se formar em bacharel em ciências jurídicas. Com isso, o dia 11 de agosto virou o Dia do Advogado – prática do “pendura”. -Em 1850, surge o primeiro decreto de caráter nacional: dec. 737/1850 -> problemas resultantes de práticas comerciais. -> 1ª regulamentação nacional de processo civil sobre litígios de práticas comerciais. -Consolidação das leis processuais civis -> essa consolidação recebeu o nome de “consolidação Ribas”, em 1876 – reprodução das ordenações com as alterações do dec. 737, mas não era uma lei que revogava tudo que vigorava antes -> mistura de consolidação com decretos e ordenações. -Com a República (1889), continuou-se aplicando o dec. 737/1850, em 1890,e, ainda em 190 surge o dec. 848/1890 -Const. de 1891: União e estados legislavam sobre processo civil 1ª lei federal: dec. 3084/1898 – CPCs Estaduais: 22 estados criaram CPCs. CPC do RJ se chamava CPC do DF, pois o RJ era capital. Problema: uma legislação federal e paralela estados legislarem sobre processo civil, gerou uma insegurança nos advogados – quem fosse advogar em outra região que não era a sua, não sabia como legislar, pois cada estado tinha a sua própria legislação de processo civil. -Constituição de 1934 vendo o problema da constituição anterior: competência privativa da União de legislar sobre processo civil, tendo a necessidade de promulgação de um código federal, acabando com as legislações estaduais. Surgem comissões juristas para elaborar o CPC federal aprovado em 39 (CPC/39: DL 1608/39) e o CPP aprovado em 41. -1963: Buzaid – anteprojeto NCPC -1969: apresentação à comissão de juristas o anteprojeto do NCPC -1972: é aprovado o novo texto de Buzaid -> esse texto é apresentado ao congresso, e em 73, vem o novo CPC em forma de lei (CPC/73 L.5869/73). -A constituição de 88 diferencia processo de procedimento. Art. 22-> competência privativa da união para legislar sobre processo; art. 24, XI-> competência dos estados para legislar sobre procedimento dos processos. Não existem consenso em relação à diferença dos dois. - CPC/73: revoga-se uma parte do CPC de 39. Primeira reforma do CPC/73 foi antes mesmo dele entrar em vigor (entra em vigor em 1º de janeiro de 1974), elaboraram a lei e aprovaram a lei ainda na vacacio -> L. 5925/73. -Comissão Revisora -> em 1985, foi formada uma comissão revisora do CPC e a tentativa era criar um anteprojeto para outro CPC, mas não foi aprovado. -A partir daí foram feitas várias reformas: (65 reformas) -> 1ªfase da reforma: 94/95; 2º fase da reforma: 2001-2003; 3ª fase da reforma: 2005-2007. A última reforma foi feita em 2011. Para harmonizar as reformas existentes, chegou-se à conclusão de que precisa-se formular um novo CPC. -Projeto NCPC: Comissão de Juristas para elaborar proposta do novo CPC (10/2009). Comissão BDP Senado – PL 166/20120 (8.6.10); aprovado -> 15.12.10 Câmara: 22.12.10; Comissão juristas. ........................................................ Aula 3 – Rio,08.03.12 DIREITO PROCESSUAL CIVIL -Conceito: consiste no estudo da função jurisdicional, que é o dever do Estado de prestar a tutela jurisdicional (proteção) através do processo de um direito material violado ou ameaçado. Como se dá o exercício desse dever do Estado de fazer esse proteção ao longo do processo. └> Conceito de Alexandre Câmara: “Ramo da ciência jurídica que estuda e regulamenta o exercício, pelo Estado, da função jurisdicional”. -Denominação: é denominado de diversas maneiras pela doutrina. O mais comum seria chamar de processo civil, o problema é que o processo é um só um dos elementos do direito processual. Alguns chamaram de direito judiciário, vendo sobre a ótica da aplicação dele pelo poder judiciário. Como os processualistas preferem denominar é direito processual civil para que sejam analisados outros aspectos que não apenas o processo. -Posição enciclopédica: saber onde que entra o direito dentro daqueles ramos de direito existente. Nosso direito processual civil era considerado ramo do direito privado, era um mero apêndice do direito civil. Começou a ser estudado como um ramo autônomo, passando a fazer parte do ramo de direito público. Não é apêndice do direito civil porque um dos sujeitos é o Estado, que ali se põe em posição de supremacia, exercendo seu poder soberano, tornando inquestionável a natureza pública deste ramo. É ramo do direito público porque se reconhece o interesse estatal no exercício da função jurisdicional. Processo deixa de ser visto como mero instrumento do conflito entre as partes, e passa a ser visto como algo maior, interesse do Estado na aplicação correta da lei. Uma das partes do processo é o Estado, e temos também o autor e o réu – Estado participa da relação processual e em uma posição hierarquicamente superior à das outras partes e tem uma posição de imparcialidade. -Evolução científica: direito processual passou por três grandes fases 1ª fase) Fase Imanentista-> visão do direito processual como algo inseparável do direito civil. Imanente = inseparável. 2ª fase) Fase Científica-> proliferação de estudos e obras sobre direito processual como ramo autônomo do direito civil (1868). Princípios próprios, requisitos do direito processual – desenvolvimento de vários trabalhos, exacerbação do direito processual civil, começando a se distanciar muito do direito material da parte. 3ª fase) Fase instrumentalista-> fase em que estamos hoje. Não nega a distinção entre o direito civil e o direito processual civil, mas ela interpreta o direito processual civil não como um fim em si mesmo, mas como mero instrumento de realização do direito material (direito civil). O processo seria um instrumento de realização do direito material. -Fontes do direito processual: .Formal: de observância obrigatória/vinculante pelo operador do direito. 1)Constituição Federal-> temos uma supremacia hierárquica da constituição. Temos a partir dela regras constitucionais processuais e regras processuais constitucionais. A constituição fala sobre processo. 2)Leis ordinárias federais-> art.22,I CRFB – cabe a União através de lei complementar federal legislar sobre direito processual. Temos várias leis ordinárias que falam sobre direito processual: CPC, L.5869/73; MS (mandado de segurança); Juizados Especiais (Juizado Especial Estadual – L. 9099/95, Juizado Especial Civil-Federal, Juizado Especial); Lei de locações 3)Leis ordinárias estaduais-> Art. 24, XI CRFB-> os estados só podem legislar sobre procedimento e não sobre processo – Código de procedimento do estado de São Paulo e no Rio de Janeiro temos o CODJERJ (código de organização judiciária do estado do Rio de Janeiro) – traz normas procedimentais para cada localidade. 4)Tratados internacionais-> também pode versar sobre direito processual. 5)Regimentos internos de tribunais-> são atos administrativos. Só podem versar sobre adm. interna do tribunal. *É divergente na doutrina se a súmula vinculante é fonte formal ou material. Alexandre Câmara fala que é material porque é interpretação de uma norma. .Material: de observância persuasiva para formação do entendimento sobre determinada questão. 1)Princípios gerais de direito (PGD) Aquelas regras que, embora não se encontrem escritas, encontram-se presentes em todos o sistema, informando-o. “O Direito não socorre os que dormem” – prescrição e decadência; ninguém que alegue sua própria torpeza pode ser ouvido; alegado e não provado e como não alegado. 2)Costumes-> costume que contraria a lei não pode ter. Costume que se pode definir como conduta socialmente aceita e que é realizada para criar uma “sensação de obrigatoriedade”, ou seja, realiza-se o costume por haver a sensação de que, em agindo de outra forma, poderá incidir alguma sanção ou ocorrer algum prejuízo. Costume contra legem, isto é, contrário a lei, não pode ser admitido como fonte do Direito. Porém, costumes secundum legem (em conformidade com a lei) e praeter legem (prévios à lei, ou seja, que operam diante de uma lacuna da lei) podem ser tidos como fontes de expressão do Direito Processual Civil. 3)Súmulas-> são enunciados, consolidados pelo tribunal que refletem seu posicionamento predominante e atual. A maior parte é não vinculante, ela é persuasiva, porque o tribunal pode julgar em sentido contrário à súmula. 4)Doutrina-> conjunto de autores de estudo sobre direito processual. Conjunto de lições dos jurisconsultos acerca do Direito Processual Civil. Há quem negue a sua inclusão entre as fontes do Direito. Porém, todos os que estudam Direito conhecem a força de argumentos de autoridade e a importância que se dá à fundamentação doutrinária das opiniões manifestadas por todos aqueles que de alguma forma operam o Direito. Todos fazem questão de mostrar que a opinião que defendem encontram respaldo doutrinário e, muitas vezes, buscam muito mais na doutrina do que na própria lei a fundamentação para as suas afirmações. Isso mostra a necessidade de se incluir a doutrina entre as fontes do Direito. -Interpretação da lei processual -> interpretar a lei é fixar seu significado e delimitar seu alcance. A atividade de interpretação da lei tem por finalidade não só descobrir o que a lei quer dizer, mas ainda precisar em que casos a lei se aplica, e em quais não. Nenhum dos cincos métodos de interpretação da lei processual é suficiente para determinar a verdadeira vontade da lei, sendo essencial a utilização de todos. Métodos: 1)Literal ou gramatical-> consiste em buscar o significado das palavras e do período empregados na norma – busca sentido denotativo. 2)Lógico/sistemático-> consiste em inserir a norma em um conjunto/sistema a fim de que seja evitada uma conclusão específica, contraditória com o sistema como um todo. É o método pelo qual se interpreta a norma inserindo-a em um sistema lógico, o qual não admite contradições ou paradoxos, o ordenamento jurídico. O intérprete jamais pode se esquecer de que a norma objeto da atividade interpretativa não é algo isolado do restante do ordenamento, devendo ser interpretada em consonância com o restante das normas jurídicas que compõem o sistema. 3)Histórico-> consiste em analisar o direito anterior, o direito atual e os objetivos sociais e políticos que levaram à redação atual. A importância de tal método de interpretação é comprovada pela relevância dada pelos juristas ao estudo da evolução histórica dos institutos, sendo frequente que se busque no Direito romano, ou no velho Direito lusitano, a fundamentação para algumas teses defendidas pelos juristas modernos. 4)Comparativo-> consiste em analisar o “direito comparado” (direito estrangeiro). É importante para ver as tendências da legislação mais moderna. Utilização dos subsídios de Direito Comparado, buscando-se nas lições da doutrina estrangeira e nas normas contidas nos ordenamentos jurídicos positivos de outros países fundamentos para se descobrir o verdadeiro significado da lei nacional. Importante observar, porém, que mais relevante do que tratar do direito comparado é buscar estabelecer uma comparação de direitos. A ênfase deve estar na comparação, e não no direito. É que mais importante do que buscar saber como é o outro ordenamento é verificar, através da comparação entre diversos ordenamentos, quais são as tendências mais modernas, buscando-se determinar se um dado ordenamento está em consonância com tais tendências. 5)Teleológico-> consiste em extrair a vontade/finalidade da norma. Ao interpretar a norma jurídica, o intérprete devem ter sempre em vista os fins sociais a que a lei se destina, assim como o bem comum. Toda lei é elaborada tendo em vista uma finalidade social. O intérprete diante e duas interpretações razoáveis de uma mesma norma, deverá optar por aquele que, no seu entender, melhor atenda aos anseios da sociedade. Os métodos não são alternativos entre si e nem contraditórios, os 5 métodos devem ser utilizados na interpretação de qualquer norma, todos são complementares. Resultados possíveis da aplicação desses métodos: - após a utilização de todos os métodos de interpretação, chega-se a um resultado, o qual pode se revelar como: resultado declarativo, resultado restritivo, resultado extensivo e resultado ab-rogante. 1)Resultado declarativo-> chega-se a conclusão que a norma diz exatamente o que o texto aparentava dizer. Exemplo: CPC, art. 513 -> tal norma só pode ser interpretada de uma maneira: proferida uma sentença pelo juiz, o recurso cabível será o da apelação – fala exatamente o que aparenta dizer, não quer dizer nada mais do que isso. A lei significa exatamente o que está escrito. 2)Resultado restritivo-> chega-se a conclusão de que o texto diz mais do que deveria, devendo ser restringido o alcance da norma. A lei disse mais do que o seu real significado, tendo um alcance inferior ao que aparenta ter. Exemplo: CPC, art. 522 – apenas decisões interlocutórias gravosas seriam recorríveis por agravo de instrumento. 3)Resultado extensivo-> chega-se a conclusão de que o texto diz menos do que deveria, devendo ser ampliado o alcance da norma. Exemplo: CPC, art. 10 -> determina o consentimento do cônjuge do autor para a propositura de determinadas demandas. Faz referência a lei apenas ao demandante casado, exigindo-se assim apenas o consentimento do cônjuge, mas tal norma é aplicável também ao demandante que viva em regime de união estável, uma vez que também aqui há formação de um patrimônio familiar que merece proteção especial do Estado. O alcance da norma jurídica interpretada é maior do que aparenta sua redação. A lei interpretada tem uma redação restritiva, embora seu real sentido seja mais amplo do que a sua literalidade permite antever, sendo certo que nesses casos, a lei possui um alcance maior do aparentemente se poderia lhe atribuir. 4)Resultado ab-rogante-> consiste na conclusão de que determinada norma não pode ser aplicada por ser inconstitucional ou incompatível com outra norma. Conflito de lei no tempo. Exemplo: CPC, art. 666, §3º - súmula vinculante 25 -> resultado ab-rogante do CPC, art. 666,§3º. -Integração da lei processual: CPC, art. 126-> regra da vedação ao non liquet (não decido) – o juiz não pode deixar de proferir um julgamento, nem em um caso de ausência de provas e nem num caso de aparente inexistência de norma regulando a situação. Chama-se integração a atividade de suprir lacunas, sendo que a lacuna da lei não pode ser usada como desculpa para que o juiz deixe de decidir, cabendo-lhe supri-la através de meios de integração da lei, como o costume, a analogia e princípios gerais de direito. ..................................................... Aula 4 – Rio, 13.03.12 -Eficácia da lei processual: .No espaço-> art. 1º e art. 1211, CPC – CPC brasileiro é aplicado em todo território nacional. Não temos aplicação do CPC brasileiro fora do Brasil, e não temos aplicação de lei processual estrangeira no Brasil . Dependendo do caso de direito material podemos ter aplicação de lei de direito material estrangeira no Brasil. .No tempo-> estudo sobre a solução para o seguinte problema: uma lei processual nova se aplica a partir de quando? Temos o problema dos processos já extintos, os processos ainda em curso e os processos futuros. Temos que saber se a lei nova alcança esses processos mencionados. Os processos já encerrados a partir de uma lei anterior são inalterados, porque foram perfeitos e acabados na vigência da lei antiga, então não são alcançados pela lei nova – processos já encerrados são inalteráveis. O conflito é sobre os processos ainda em cursos e os processos novos -> duas teorias para resolver essas indagações: 1ª)Teoria da eficácia prospectiva-> prega que a lei nova processual só alcança os processos iniciados após a vigência da lei processual nova – a lei nova não incidiria sobre os processos em curso. Acontece que essa teoria não é a majoritária. 2ª)Teoria da eficácia imediata-> é a majoritariamente adotada pelo processo civil brasileiro. Foi a teoria adotada no art. 1211, CPC – a lei nova tem aplicação imediata em processos em curso. Não basta falar que é a teoria aplicada aos processos em curso, essa teoria é subdivida em outras duas teorias – NOVA DIVERGÊNCIA (duas teorias): a)Teoria das fases processuais: por essa teoria, o processo é dividido em fases e a lei nova só se aplica às fases seguintes. Fases: Fase de conhecimento em 1ª instância -> Fase de conhecimento em instância recursal -> Fase de liquidação -> Fase de execução -> Fase cautelar. A LEI NOVA SÓ SE APLICA ÀS FASES SEGUINTES À APLICAÇÃO DA LEI. Não é majoritária! b)Teoria dos isolamentos dos atos processuais-> é majoritária. Não divide o processo em fases, mas sim em atos (petição, decisões, etc.). APLICAÇÃO DA LEI AOS ATOS SEGUINTES AO ATO NO QUAL A LEI FOI CRIADA. Por que é melhor? Porque dividir em fases é ruim pelo fato de cada fase ter a possibilidade de demorar anos. Majoritária. ESTUDO DE GARANTIAS E PRINCÍPIOS -Tem autores que diferenciam garantias e princípios. O que mais predomina: garantia seria algo de observância obrigatória, gerando nulidade pelo seu descumprimento, se for uma garantia constitucional e uma lei não prevê ou não respeita aquele garantia, essa lei seria inconstitucional (não pode ser eliminada em caso concreto); princípios seriam de observância preferencial (ou seja, não obrigatória), podendo ser ponderado no caso concreto, ou seja, eventualmente afastado no caso concreto. Rol do art. 5º,CRFB -> consagra garantias e princípios. Se afastar garantia constitucional, a lei é considerada inconstitucional. Princípios-> algo de observância preferencial podendo ser ponderada no caso concreto. -Princípios/garantias na constituição: 1)Princípio do devido processo legal-> Carta Magna inglesa garantia o direito do sujeito ser julgado pelas leis da própria terra – “due process of law”: “of law” = de direito, mas traduzimos como “lei”. Processo Legal -> seria observância ao que está na lei, e lei não se pode usar como sentindo amplo – se interpretar no sentido estrito é seguir apenas o que está na lei, deixaria a constituição de lado. E estando na lei poderia ser inconstitucional. Se fosse, devido processo legal de direito, englobaria tudo e não só a lei. A doutrina diz que deve ser entendido como “devido processo de direito” – assim não é só seguir o que está na lei, mas no ordenamento jurídico. E falar assim serve para não termos problemas decorrentes da interpretação literal. CRFB, art. 5º, LIV. A doutrina divide o direito processual legal em dois ramos: Devido processo de direito substancial e processual. a)Devido direito processual legal substancial -> relaciona-se ao direito material, significando exigência de razoabilidade das leis materiais e verificação da observância de boa-fé nas relações privadas. b)Devido direito processual legal processual -> respeita o contraditório, boa-fé e imparcialidade – não se restringe só a esses três aspectos, na verdade seria um postulado, e seria composto de diversos outros princípios/outras garantias. Alguns autores dizem que bastava estar na constituição que é preciso seguir o devido processo legal direito, então todas as garantias que estão na constituição, no CPC ou na doutrina estariam garantidas. Art. 5º, LIV. └> Os princípios constitucionais devem ser aplicados em primeiro lugar, o que decorre da supremacia das normas constitucionais sobre as demais normas jurídicas – princípios constitucionais do Direito Processual, que estabelecem as premissas do funcionamento do sistema processual brasileiro. Devido processo legal -> art. 5º, LIV, CRFB. Teve origem na Magna Carta (considerada primeira Constituição escrita). Porém, a Magna Carta não continha em seu art. 39 (referido como a origem da cláusula due process of law) referência explícita a esse princípio. Uma pessoa só poderia ser submetida a uma lei que se originasse da sua sociedade. Due process of law foi traduzido como “devido processo legal”. Surgiu como sendo de índole processual, mas depois passou a ser também um aspecto de direito material, o que levou a doutrina a considerar um devido processo legal substancial (ou material), entendido como uma garantia do trinômio “vida-liberdade-propriedade”, através da qual se assegura que a sociedade só seja submetida a leis razoáveis, que atendem os anseios da sociedade, demonstrando sua finalidade social. O aspecto processual da garantia deve ser entendido como a garantia de pleno acesso à justiça – art. 5º, LIV, CRFB. Deve-se entender a garantia do acesso à justiça como uma garantia de “acesso à ordem jurídica justa” – deve ser entendida como a garantia de que todos os titulares de posições jurídicas de vantagem possam ver prestada a tutela jurisdicional, devendo esta ser prestada de modo eficaz, a fim de garantir que a referida tutela seja capaz de efetivamente proteger as posições de vantagem. 2)Garantia da isonomia ou igualdade: Art. 30, caput, CRFB-> se divide em duas espécies: 1ª)Isonomia formal-> impõe um tratamento igual às partes iguais, às partes nas mesmas condições – CPC, art. 125, I, art. 508, art. 836. Só que há muito tempo chegou-se a conclusão que nem todo mundo está na mesma situação, então vem a isonomia material para complementar essa ideia. 2ª)Material-> não apenas um tratamento igual, mas também um tratamento desigual entre os desiguais, na medida da sua desigualdade – CPC -> isonomia material: sempre tem quem diga que é inconstitucional, pois garante tratamento privilegiado – art. 188: quando a parte for MP ou fazendo pública (união, estado, municípios, autarquias) o prazo da contestação se conta vezes 4 e o preço para recurso se conta em dobro; art.475: remessa necessária – significa que condenações contra fazenda púbica, se a condenação for acima de 60 salários mínimos, tem que rejulgar. └> A isonomia (igualdade) está intimamente ligada à ideia de processo justo, exige necessariamente um tratamento equilibrado entre os seus sujeitos. Art. 125, I, CPC – juiz deve assegurar às partes um tratamento isonômico. Porém, não se pode ver aqui uma garantia meramente formal. A falsa ideia de que todos são iguais e por isso merecem o mesmo tratamento é contrária à adequada aplicação desse princípio. As diversidades existentes entre todas as pessoas devem ser respeitadas para que a garantia da igualdade, mais do que meramente formal, seja uma garantia substancial. Deve-se obedecer à regra que determina tratamento igual para pessoas iguais, e tratamento desigual para as pessoas desiguais. O princípio da isonomia só estará sendo adequadamente respeitado no momento em que se garantir aos sujeitos do processo que estes ingressarão em condições equilibradas. Exemplos de tratamento igual a pessoas iguais: Art. 508, CPC; art. 454, CPC – cada parte disporá de vinte minutos para apresentar suas alegações orais na audiência de instrução e julgamento. Exemplos de pessoas diversas que recebem tratamento diferente: art. 188, CPC – “benefício de prazo” para a Fazenda Pública e para o MP, que têm prazo quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (tais entidades representam interesses de grande relevância social – interesses públicos – e eventuais obstáculos que fossem criados à sua adequada participação no processo seriam prejudiciais a toda a coletividade. Quanto à questão dos limites do benefício, se deve este quadruplicar ou apenas duplicar o prazo de que dispõem estas entidades para praticar atos processuais, cabendo ao legislador a fixação do benefício, em limites que nunca extrapolem o razoável); art. 82, I, CPC – MP deve intervir obrigatoriamente nos processos em que haja interesse de incapaz envolvido (assegurar aos incapazes as condições de equilíbrio que se pretende assegurar com a garantia de igualdade substancial, já que não se pode pretender afirmar que exista igualdade material entre capazes e incapazes). 3)Princípio do juiz natural-> art.5º, XXXVII e LIII, CRFB: se desdobra em dois -> garantia de julgamento por órgão previamente competente – vedação ou proibição à existência de tribunal de exceção ( tribunal criado para julgamento de um fato em específico); pessoa do magistrado (juiz) – garantia de imparcialidade-> não confundir imparcialidade com neutralidade – o que existe no direito processual civil é a imparcialidade: juiz não pode dar tratamento diferenciado com o objetivo de dar vantagem a alguma parte em detrimento da outra – CPC, art. 134 (impedimento do juiz) e 135 (causas de suspeição do juiz): defesa das partes contra a parcialidade do juiz. 4)Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional também conhecido como princípio do acesso à justiça ou princípio do acesso a ordem jurídica justa-> vem na constituição no art. 5º, XXXV: beneficiado dessa garantia é o chamado jurisdicionado – qualquer um que esteja submetido a jurisdição daquele Estado. Temos também os destinatários: poderes legislativo e judiciário. CRFB, art. 114, §1º - arbitragem. CRFB, art. 217,§1º - just. desportiva. Súmulas vinculantes (STF): nº 28 e nº 21 – aparentes violações ao princípio do acesso à justiça. Afirmações de inconstitucionalidade de institutos que restringem o acesso a justiça. A única exceção é o caso do artigo 217,paragrafo primeiro da CF, se for justiça desportiva vai para o STJD ou para a justiça desportiva do estado, onde existir não pode o judiciário rever decisões da justiça desportiva. -> Sumula vinculante do STF 21 E 28 Afirmações de inconstitucionalidade de institutos que restringem o acesso a justiça. A única exceção é o caso do artigo 217,paragrafo primeiro da CF, se for justiça desportiva vai para o STJD ou para a justiça desportiva do estado, onde existir não pode o judiciário rever decisões da justiça desportiva. Temos leis que vedam tutelas de urgência (liminar, por exemplo): Lei 8437/92, art. 1º e Lei 9494/97, art. 1º. Até agora não tinha declaração de inconstitucionalidade em nenhuma das leis, por exemplo. (Alexandre Câmara julga que é inconstitucionalidade). Mauro Cappeletti: livro sobre acesso à justiça e apresenta três dificuldades: 1)onerosidade-> ter que pagar advogado, etc. para ter acesso à justiça; tem que superar a onerosidade. Para superar a onerosidade criou-se a assistência jurídica gratuita, que é a lei da gratuidade, lei 1060/50. Quem provar que não tem dinheiro, não paga nada. 2) tutela de direitos supraindividuais ->direitos coletivos – direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. Chamados de direitos coletivos, tem 3 espécies de direito coletivo. Tinha que ter uma tutela mais rápida, cria-se o processo coletivo, busca a tutela do interesse supra individual, o MP entra com uma ação civil publica e aquilo vale para todos os consumidores, por exemplo. 3 exemplos ação civil publica, ação popular, mandado de segurança coletivo. 3 ações publicas para proteger o interesse coletivo. 3)necessidade de desenvolvimento de meios alternativos de conflitos – negociação, mediação e arbitragem, tem gente que diz que existe um quarto que é a consideração. A preocupação com o novo enfoque para a resolução de conflitos -> Seria tanto o melhor aparelhamento do judiciário, colocar mais juiz, processo informatizado, e criação dos chamados métodos alternativos de solução de conflitos que são 3 -> Negociação, mediação e arbitragem. └> Fica assegurado a todo aquele que se sentir lesado ou ameaçado em seus direitos o acesso aos órgãos judiciais, não podendo a lei vedar esse acesso. O destinatário da norma contida no art. 5º, XXXV, CRFB é o legislador, o qual fica impedido de elaborar normas jurídicas que impeçam ou restrinjam em demasia o acesso aos órgãos do judiciário. Exemplo: concessão de liminares – Lei nº 8.437/92, art. 1º -> é considerada inconstitucional a vedação de concessão de liminar – a proibição de liminares deverá ser tida por inconstitucional por ter como consequência uma restrição à proteção das posições jurídicas de vantagem contra ameaças que eventualmente sofram. -> Suponha que o Governo Federal resolva editar mais um plano econômico, avisando com antecedência de uma semana que os depósitos em caderneta de poupança serão bloqueados (como se fez no “Plano Collor”). Um cidadão, vendo seus bens ameaçados de confisco, vai a juízo e requer a concessão de liminar que impeça o bloqueio de seu dinheiro. O julgador, impedido de conceder a liminar, deveria então permitir que o bloqueio se efetivasse para só após a lesão estar configurada, e depois de um longo e exauriente procedimento determinar a liberação da quantia bloqueada. Tal modo de proceder não terá permitido a devida proteção a um direito subjetivo que estava sendo ameaçado, sendo, portanto contrário à norma do art. 5º, XXXV, CRFB. Também o juiz deve ser entendido como destinatário daquele princípio – ao direito que todos têm de ir a juízo pedir proteção para posições jurídicas de vantagem lesadas ou ameaçadas corresponde o dever do Estado de prestar uma tutela jurisdicional adequada. “A todo direito corresponde uma ação, que o assegura”. O princípios da inafastabilidade do controle judicial, em como corolário o direito, por ele assegurado, à tutela jurisdicional adequada, devendo ser considerada inconstitucional qualquer norma que impeça o judiciário de tutelar de forma efetiva os direitos lesados ou ameaçados que a ele são levados em busca de proteção. Ao vedar a tutela liminar de direitos, a lei impedirá a prestação de uma tutela jurisdicional adequada. .......................................... Aula 5 – Rio, 20.03.12 continuação (Garantias/Princípios) 5)Garantia do Contraditório e Ampla defesa – Art. 5º, LV, CRFB Dois aspectos do contraditório-> 1)ciência bilateral: como informação a todas as partes – partes tomam ciência de tudo que acontece no processo. 2)possibilidade de manifestação – oportunização para a parte peticionar. Teria que se garantir mais do que isso, então a doutrina moderna divide o contraditório em 7 aspectos. Não basta intimar e oportunizar uma petição no processo. 1ºaspecto) bilateralidade de audiência: ciência de todos os atos processuais para todas as partes. 2ºaspecto) paridade de armas: condições equilibradas ao longo de todo o desenvolvimento processual. Isso também está ligado à garantia de isonomia/igualdade. 3ºaspecto) possibilidade de reação 4ºaspecto) informação Somando os 1º, 3º e o 4º aspectos, significa que o juiz tem que dar ciência de tudo que aconteceu, e todos os atos públicos o juiz tem que avisar que vai pratica-los, para que as partes possam se manifestar. 5ºaspecto) possibilidade de influência no resultado: é um dos principais, porque o contraditório e ampla defesa não podem ser completamente formais. As partes podem participar de cada ato para formação futura da convicção judicial – para a formação futura do convencimento do juiz. 6ºaspecto) direito de ver os argumentos considerados: o juiz deve nas suas decisões se manifestar precisamente sobre todas as questões de fato e de direito alegadas pelas partes. Isso está muito ligado a uma outra garantia, mas também integra contraditório e ampla defesa. 7ºaspecto) proibição às decisões surpresa: decisões surpresa são chamadas decisões de terceira via. São decisões que se manifestam sobre pontos não debatidos no processo, pegando as partes de surpresa. Existem matérias de ordem pública: questões que permitem seu conhecimento de ofício pelo juiz. Matéria cognoscível ex officio-> tema que pode ser conhecido pelo juiz de ofício, ou seja, sem provocação das partes. Não precisa de uma parte peticionando e trazendo aquela matéria. Existem várias matérias assim no direito processual. Questão que ainda que a parte não levante, o juiz pode. Exemplo: decadência, prescrição, matérias relacionadas a pressupostos processuais e condições da ação. São matérias que ultrapassam o interesse privado e são matérias públicas, porque são do interesse público. Normalmente, relacionadas à regularização processual. No CPC atual não há qualquer artigo que impeça expressamente a decisão de ofício sobre matéria de ordem pública, porém a doutrina majoritária atual (Alexandre Câmara, Freddie Didier Jr.) sustenta que apesar de não existir uma norma que proíba que o juiz decida a questão de ofício, todas as matérias de ordem pública devem ser submetidas ao crivo do contraditório. Matéria de ordem pública não pode ser decidida de ofício, deve ser submetido ao crivo do contraditório. Como conjugamos as matérias de ordem pública conhecidas de ofício com a garantia do contraditório? Doutrina diz que matéria de ordem publica deve passar pelo crivo do contraditório e segundo o projeto do novo CPC o magistrado tem que submeter ao breve contraditório. Seria uma forma de conjugar – o juiz só decide após ouvir todo mundo. Juiz levanta a questão sem iniciativa das partes, ouve cada uma das partes, as partes têm direito a se manifestar, e só depois o juiz decide. .Decisões inaudita altera parte -> decisões sem a oitiva da parte contrária. Decisão sem que seja ouvida a outra parte, que na maioria dos casos é o réu ou sem ouvir o recorrido. É possível o juiz proferir sentença altera parte? Sim, é possível. A questão saber é quando que cabe a decisão inaudita altera parte -> apenas quando não for possível ouvir a outra parte antes da concretização de um dano irreversível. Não é considerado inconstitucional. Lesão irreparável – a doutrina diz que não haveria inconstitucionalidade -> contraditório x efetividade da tutela jurisdicional. Contraditório não é totalmente eliminado, diz que ele foi postergado, é adiado para logo depois do proferimento da decisão. Não viola o contraditório se você for tutelar um bem maior. .O contraditório e ampla defesa entendem que teria três funções: teria uma função legislativa e veria o processo eleitoral, por exemplo – como as eleições são feitas, plebiscitos. Outra dimensão/aspecto é o aspecto administrativo – dentro dele, trazem o exemplo processual da possibilidade de ação popular por qualquer cidadão contra um ato indevido da administração pública. É uma espécie de contraditório pelo cidadão. E tem um aspecto jurisdicional, que seria os setes aspectos mencionados dentro do processos. └> A mais moderna doutrina afirma que o processo não existe sem contraditório. O princípio do contraditório – art. 5º, LV, CRFB -> “aos litigiantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, como meios e recursos a ela inerentes. Deve ser entendido sobre dois enfoques: um jurídico e outro político. Do ponto de vista jurídico, pode-se definir contraditório como garantia de ciência bilateral dos atos e termos do processo com a consequente possibilidade de manifestação sobre os mesmos. Significa dizer que o processo exige que seus sujeitos tomem conhecimento de todos os fatos que venham a ocorrer durante seu curso, podendo ainda se manifestar sobre tais acontecimentos. Pode ser entendido como um binômio: informação + possibilidade de manifestação. O processo jutos exige não apenas o contraditório, mas também isonomia, o que nos leva a concluir que a garantia constitucional do devido processo legal só estará verdadeiramente assegurada onde os dois conceitos – contraditório e isonomia – conviverem em harmonia, tendo as partes do processo não só oportunidade de participação, mas identidade de oportunidades. Há que se assegurar não só o contraditório, mas um contraditório que além de efetivo, seja também equilibrado, o que se assegura com a igualdade substancial de tratamento deferida às partes. O contraditório é uma garantia política conferida às partes do processo. Através do contraditório se assegura a legitimidade do exercício do poder, o que se consegue pela participação dos interessados na formação do provimento jurisdicional. Qualquer que seja a função exercida pelo Estado, só se terá exercício legítimos de poder quando houver participação no procedimento de todos aqueles que podem vir a ser alcançados pelos efeitos do ato estatal produzido. Há que se afirmar, porém, que em algumas situações o juiz é levado a proferir decisões sem que se ouça antes uma das partes (decisões proferidas inaudita altera parte). Tais decisões se legitimam em razão de terem como pressuposto uma situação de urgência, com risco de dano irreparável. Nesses casos, o contraditório se efetivará depois da prolação da decisão. Essa limitação do contraditório é inerente ao próprio princípio constitucional, o qual não pode ser cultuado de tal modo que se permita a imolação de direitos. Ressalvados essas casos excepcionais, uma decisão judicial só será legítima e válida se proferida após a observância do contraditório. Isto se aplica, inclusive, nas matérias de ordem pública, que podem ser conhecidas de ofício pelo juízo. A autorização para conhecer de ofício não pode ser entendida como autorização para que se decida sem observância do contraditório, pois de outro modo se teria a prolação de uma decisão proferida sem que se garantisse aos interessados a participação com influência na sua produção. A finalidade dessa norma é evitar sentenças “de surpresa” ou de “terceira via”. Consequência direta disso é a invalidade das chamadas “decisões de terceira via”. Assim, se denominam as decisões baseadas em teses de direito que não tenham sido discutidas pelas partes. Assim, só é válida a decisão cujo fundamento tenha sido objeto do contraditório, devendo o juízo, quando se tratar de matéria que se conheça de ofício, suscitar a discussão a respeito da mesma pelas partes, permitindo que estas apresentem suas considerações acerca da questão a ser resolvida, sob pena de ter por inválida a decisão de terceira via. 6)Princípio da motivação ou da fundamentação das decisões judiciais-> a necessidade do julgador de manifestar-se sobre todas as questões de fato e de direito alegadas pelas partes. Artigos que consagram esse dever: art. 93, IX, CRFB -> são públicos todos os julgamentos e motivadas todas as decisões – não deve ser restrita ao âmbito do poder judiciário, se aplica ao 3 poderes – poder executivo: fundamentação de administração pública; poder legislativo: justificar porque um projeto de lei foi arquivado. Artigos reiterando a necessidade de fundamentação: art. 131 e art. 458, II ambos do CPC. O art. 131- juiz deve indicar na sentença os motivos que formaram convencimento. Art. 458, II – fundamentação/motivação (integra a sentença). Objetivos: são de duas ordens-> 1º)busca tutelar o interesse das partes por alguns aspectos através de uma ótica psicológica para a parte ficar tranquila de que tudo que ela alegou foi levado em conta; para que as partes tenham elementos para fundamentar seus recursos; 2º)para que a parte possa ter a verificação de respeito e observância ao contraditório e ampla defesa. Existe interesse publico também na fundamentação-> possibilidade de verificação pelo Estado sobre a correta aplicação da lei. .Possibilidade de mitigação (redução) da fundamentação-> fundamentação não precisa ser tão ampla assim -> art. 165, CPC – toda decisão judicial deve ser fundamentada, ainda que de forma concisa. Esse artigo não se refere à sentenças e acórdãos. Sentença é a decisão final sobre o mérito – não está ai no art. 165. Acórdão é a decisão final do tribunal que julga a sentença – também não está incluído no art. 165. Art. 459, CPC-> nas sentenças que não julgam mérito, que não fala se o autor tem ou não razão, reconhecem um vício processual e por isso o processo não se desenvolveu, elas podem ser proferidas de forma concisa. Se a concisão não for tão elevada assim, entende-se que não seria inconstitucional. O problema seriam os excessos. .Dispensa de fundamentação-> art. 46 da lei 9099/95 – lei do juizado especial cível estadual -> isso para o professor é inconstitucional e para José Miguel Garcia Medina também. Porque julgar só por súmula ou ementa é demais. .Decisões aparentemente fundamentadas-> são aquelas que empregam termos genéricos que poderiam se encaixar em qualquer caso, não demonstrando a razão pela qual se encaixa ao caso concreto. Exemplo: “Indefiro porque ausentes os requisitos é para a tutela antecipada”. Juiz indefere porque não a tutela antecipada não está justificada. .Qual é a consequência pela violação à fundamentação? Dois artigos falam que ela pode ser concisa e outra fala que ela pode ate ser dispensada. Uma decisão proferida sem fundamentação é uma decisão que pode padecer de nulidade – atacaria a sentença no plano da validade. Seria ineficaz e inválida, apesar de existir. .Para evitar essas decisões de termos vagos, o novo CPC vai dizer que não se considera decisão que apenas reproduz o texto da lei. .............................................. Aula 6 – Rio, 22.03.12 continuação... 6)Princípio da fundamentação ou motivação das decisões-> dizer que uma decisão tem que ser fundamentada não é sinônimo de fundamentação longa. A fundamentação adequada, que é detalhada, não é sinônimo de fundamentação longa. A fundamentação adequada é uma fundamentação precisa. Existem fundamentações que apesar de longas continuam imprecisas. └> Art. 93, IX, CRFB – toda decisão judicial será motivada, sob pena de nulidade – comina-se de nulidade (absoluta) decisão judicial que padeça do vício de falta de fundamentação. A fundamentação das decisões judiciais é exigida pelo ordenamento jurídico brasileiro por dois motivos: 1º) protege-se com tal exigência um interesse das partes-> não só precisam saber o motivo que levou o juiz a decidir a questões da maneira como decidiu, o que é psicologicamente importante (até mesmo para que a parte prejudicada pela decisão se convença de que a mesma era correta), como têm a necessidade de conhecer os motivos da decisão para que possam adequadamente fundamentar seus recursos. Também será impossível aos tribunais examinar adequadamente se as decisões recorridas foram ou não corretas, e se as mesmas deveriam ou não ser reformadas; 2º)protege-se um interesse público -> razão de ordem pública – a motivação da decisão é essencial para que se possa verificar se o juiz prolator da decisão era ou não imparcial. A fundamentação das decisões é essencial para que se possa realizar controle difuso da legitimidade da atuação dos magistrados. A motivação das decisões judiciais é essencial para que se possa assegurar a participação da sociedade no controle da atividade jurisdicional, o que lhe confere legitimidade. Decisões judiciais desprovidas de fundamentação são nulas, sendo tal nulidade cominada pelo art. 93, IX, CRFB. Ocorre que há decisões mal fundamentadas, além de decisões apenas aparentemente fundamentadas, que também padecem do mesmo vício. “Ausentes os pressupostos, indefiro”; “presentes os requisitos, defiro”; “indefiro por falta de amparo legal” – tais decisões não podem ser consideradas como adequadamente fundamentadas. O que se tem aí é mero arremedo de fundamentação. O juiz que se limita a repetir fórmulas e textos legais, achando que assim fundamenta a sua decisão, é um mau juiz, que proferiu tal decisão com parcialidade, sendo tal decisão inconstitucional. A decisão mal fundamentada é equiparável à não-fundamentada no que se refere à sua legitimidade constitucional, sendo assim possui nulidade igualmente. A exigência de uma fundamentação adequada não deve ser confundida com uma exigência de fundamentação longa. Art. 458, II, CPC -> as sentenças devem ser fundamentadas; arts. 469 e 165, CPC – as sentenças terminativas ( que não contêm resolução de mérito e da causa) e as decisões interlocutórias devem ser fundamentadas de forma concisa. 7)Princípio da tempestividade da tutela jurisdicional ou princípio da efetividade ou princípio da duração razoável do processo-> esse princípio hoje tem previsão constitucional – art. 5º, LXXVIII. E também a emenda constitucional inseriu no art. 93, II a alínea “e”. A emenda fala de duração, utiliza a expressão duração razoável, mas o professor não gosta muito dessa expressão – o que se busca é uma efetividade, uma proteção. Pacto de São José da Costa Rica -> art. 8º, 1 – já consagrava essa garantia Convenção para salvaguarda dos direitos dos homens fundamentais -> art. 6º Essa garantia significa que o processo deve durar um tempo minimamente necessário para produção de um resultado justo. A efetividade que se busca não é sinônimo de celeridade. A duração razoável que se busca não é sinônimo de celeridade, rapidez. O que se busca é o tempo minimamente necessário. Se quer a tempestividade, efetividade. Tem uma frase de um autor italiano chamado Chiovenda: o processo deve dar, quando for possível praticamente, a quem tenha um direito tudo aquilo e exatamente aquilo que ele tenha direito de conseguir. -> praticamente ai quer dizer de modo prático. Você conseguir garantir o direito no plano prático, dando tudo que ele pode conseguir. -> efetividade com tempo minimamente razoável para o direito ser garantido. Qual a sanção pelo descumprimento dessa garantia? Tem que dar um processo tempestivo, efetivo é o Estado, não depende das partes. Se o processo não tiver uma duração razoável a dúvida é saber se existe responsabilidade do Estado. Na Itália, tem a lei 89/2011: consagra expressamente a responsabilidade do Estado italiano pela violação dessa garantia. No Brasil, não temos uma lei equivalente que diga a consequência, não está positivado expressamente – não fala que o Estado vai ser condenado pela demora do processo. Para o professor, é necessário que o Estado se responsabilize, não tem problema nenhuma - Não deve ser uma norma sem sanção. O problema é que na prática é o próprio Estado que vai julgar. Falar que está garantido e não ter uma sanção não adianta nada. 8)Princípio da boa-fé processual-> processualistas dizem que a boa-fé ai se equivale a boa-fé objetiva. Boa-fé objetiva processual -> art. 14, II, CPC: você não analisa caso a caso, você pode fazer uma norma mais geral. Os destinatários desse princípio são as partes e o Estado. Gera alguns desdobramentos – a doutrina aponta 4: a)proibição de criação dolosa de posições processuais-> proibição genérica de atos de má-fé. Exemplo art. 17, I a IV, CPC; art. 233, CPC. b)proibição do venire contra factum proprium-> proibição geral de comportamentos contraditórios. Exemplo: art. 503, CPC – a parte que aceita a sentença ou decisão não poderá recorrer. c)proibição de abuso de poderes processuais-> Exemplo: art. 273, II, CPC – juiz pode dar uma antecipação de tutela antes da decisão final. d)supréssio-> perda de um direito por seu não exercício. Se o juiz no inicio do processo não extingue o processo por irregularidade processual não pode no final extinguir por esse mesmo motivo. Arts. 267 e 269. .Fundamento constitucional da boa-fé. Correntes: 1ª)Nelson Rosenvald: teria como fundamento o dever de solidariedade previsto no artigo 3º, I, CRFB 2ª)Menezes Cordeiro -> decorre da garantia da isonomia. Art. 5º, caput. 3ª)Antonio Cabral -> o fundamento da boa-fé processual é o contraditório. Art. 5º, LV. 4ª)Boa-fé decorre do devido processo legal. Art. 5º, LIV. 9)Princípio da cooperação-> não vem expressamente na CRFB nem no CPC de forma expressa. Destinatário é o juiz – ótica do juiz em relação às partes. Consequência do dever do juiz em relação às partes – 3 deveres para o juiz: 1º)dever de esclarecimento-> juiz deve consultar as partes sobre dúvidas que ele tenha relativamente às alegações e defesas; 2º)dever de consulta-> juiz deve consultar as partes sobre questões não levantadas por elas; 3º)dever de prevenção de nulidades -> juiz deve ter uma postura ativa controlando o curso do processo para evitar que se concretizassem nulidades que viriam a anular todo o procedimento até aquele momento. 10)Princípio da instrumentalidade do processo-> reconhecer apenas que o processo não é um fim em si mesmo. Ou seja, lembrar aos operadores de direito que o processo é um instrumento de proteção de tutela do direito material. As regras e os formalismos não tem que ser supervalorizadas, tem que dar o direito a quem merece o direito. 11)Princípio da flexibilização procedimental ou princípio da adequação ou princípio da adaptabilidade-> autores que falam sobre isso dividem em dois aspectos: falam que existe o princípio da adequação e princípio da adaptabilidade: a)Princípio da adequação-> vem numa ótica pré-processual voltada ao poder legislativo – legislativo tem que observar esse princípio e tem que levar esse principio em conta no momento de elaborar as leis processuais. Os elementos são: legislativo quando for analisar uma lei processual tem que analisar 3 aspectos: 1) analisar aspectos subjetivos dos mitigantes (da pessoa do mitigante) e objetivos (tanto ao direito material quanto a eventuais fatos possíveis); 2)aspecto teleológico, aspecto da finalidade da lei processual. b)Princípio da adaptabilidade-> possibilidade de modificação do rito padrão originalmente previsto para aquele caso. Flexibilização procedimental, dando uma norma, um rito diferente do original. Exemplos: Flexibilização judicial com autorização legal -> art. 277, §4º e §5º; Flexibilização judicial sem prévia autorização legal -> a dúvida é saber se isso viola a legalidade ou não, mas temos exemplos práticos: ocorre em juizado especial federal – regulado pela lei 10259/01-> a lei do juizado não permite, mas o juiz faz; Flexibilização pelas partes -> flexibilização negocial -> com autorização prévia: art. 333, parágrafo único – as partes podem convencionar sobre o ônus da prova, e sem prévia autorização legal: partes fazendo contrato sem procedimento. Flexibilização judicial e negocial com autorização prévia é constitucional e legal. Doutrina minoritária sustenta que essas flexibilizações sem autorização legal também seria possível -> Barbosa, Leonardo Greco, Freddie Didier Jr., Carlos Alberto Alvaro de Oliveira, Fernando Gajardoni. *Como isso não feriria o devido processo legal e a legalidade? .................................. Aula 7 – Rio, 27.03.12 continuação Princípio da flexibilização (continuação)-> * O juiz só pode alterar prazos e ordem de produção de provas. O novo código ia falar que o juiz poderia modificar todo o procedimento desde que observada a fundamentação e o contraditório e o novo CPC vai ter permissão expressa da flexibilização negocial. 12)Princípio da publicidade dos atos processuais e dos julgamentos -> Atos processuais-> CRFB, art. 5º, LX – regra geral é o ato processual ser público. Mas a constituição permite que a lei cerceie interesse público. Atos não públicos: art. 155, parágrafo único, CPC – apenas as partes e os advogados podem compulsar os atos. A Constituição reforça que os julgamentos devem ser públicos -> art. 93, IX e X – julgamentos serão públicos e fundamentadas todas as decisões. TRILOGIA ESTRUTURAL DO DIREITO PROCESSUAL Direito processual tem três grandes fundamentos. Três institutos fundamentais -> jurisdição, ação e processo - entendimento majoritário. Porém há autores que defendem que há um quarto elemento: instituto da defesa – quem defende isso são poucos autores, mas autores de peso. Não tem certo e errado, é uma questão de opção, o que você acha mais coerente. Alguns acham que defesa está dentro de jurisdição, ação e processo e outros acham que é importante destacar como um instituto a parte. └> Para Alexandre Câmara os três conceitos básicos da jurisdição são jurisdição, ação e processo. Pois para ele, defesa é inerente ao conceito de processo – não há processo sem contraditório, o que significa afirmar que não há processo sem que haja possibilidade de defesa. Assim, ao incluir o processo entre os institutos fundamentais do Direito Processual, já se considera aí também a defesa. 1)Jurisdição: -Conceito: .Carnelutti-> jurisdição é a função estatal que tem como objetivo proporcionar a justa composição da lide. Pretensão para Carnelutti significa intenção de submissão do interesse alheio ao interesse próprio. Lide para Carnelutti é quando a pretensão sofre uma resistência da outra parte – sujeito tem que ir para o judiciário quando surge a lide. .Conceito de Chiovenda-> jurisdição é a função estatal que tem por objetivo fazer atuar a vontade concreta da lei. .Teoria Mista – Conceito de Humberto Theodoro Jr-> função estatal que estatal que tem como objetivo proporcionar a justa composição da lide, fazendo atuar a vontade concreta da lei. Teoria unitária do ordenamento jurídico-> identificava apenas o plano do direito material mais o direito processual, e, com isso, entendia-se que o direito material era criado através do direito processual. Depois de um tempo surge a Teoria dualista do ordenamento jurídico -> dois planos: plano do direito material e plano do direito processual, e, com isso, o direito processual não criaria direitos materiais, apenas declararia direitos materiais pré-existentes. Carnelutti adotava a teoria unitária e Chiovenda adotava a teoria dualista. A teoria que permanece hoje é a teoria dualista. Então majoritária é a teoria do Chiovenda, e cada autor tem um conceito. .Então jurisdição seria a função estatal que tem por objetivo a tutela (proteção) de um direito material violado ou ameaçado de violação. └> Vários autores apresentam conceitos distintos entre si de jurisdição. É mais um tema sobre o qual não há consenso na doutrina. Posições doutrinárias mais conhecidas e relevantes: Chiovenda -> jurisdição “função do Estado que tem por escopo a atuação da vontade concreta da lei” – parte da premissa de que a lei, norma abstrata e genérica, regula todas as situações que eventualmente ocorram em concreto, devendo o Estado, no exercício da jurisdição, limitar-se à atuação da vontade concreta do direito objetivo; Carnelutti -> função de busca da “justa composição da lide” – Carnelutti construiu todo o seu sistema jurídico em torno do conceito de lide, que o mesmo definia como conflito de interesses degenerado pela pretensão de uma das partes e pela resistência da outra. Para ele, pretensão é a “intenção de submissão do interesse alheio ao interesse próprio”. Há, na doutrina brasileira, uma tendência de considera-las teorias complementares, encontrando a definição de jurisdição como “função do Estado de atuar a vontade concreta da lei com o fim de obter a justa composição da lide”. Porém, prefere-se optar pela posição que as têm por antagônicas. Tal antagonismo decorre do fato de tais teorias retratarem concepções diversas do ordenamento jurídico. Vamos analisar as teorias unitária (ou constitutiva) e dualista (ou declaratória) do ordenamento jurídico. Segundo os defensores da teoria unitária do ordenamento jurídico, as leis materiais (exemplo: CC) não são capazes de, por si sós, gerar direitos subjetivos. As normas jurídicas materiais somente conseguem criar expectativas de direito. Cabe ao Estado-Juiz, através do exercício da função jurisdicional, criar o direito subjetivo antes inexistente. A sentença, assim, teria a função de criar direitos substanciais. A lide decorre da incerteza existente em razoa da inexistência de direito subjetivo antes da sentença. Essa teria, então, a função de criar o direito substancial, o que teria como consequência a composição do litígio. Para a teoria dualista do ordenamento jurídico, o Estado não cria direitos subjetivos quando exerce a função jurisdicional. Esta se limitaria ao reconhecimento de direitos preexistentes, razão pela qual essa teoria também é conhecida pelo nome de teoria declaratória. Para os defensores desta concepção, a norma jurídica cria o direito substancial, limitando-se o Estado, no exercício da jurisdição, a atuar a vontade da norma, aplicando-a no caso concreto. Por esta razão, parece correto o entendimento segundo o qual as concepções de Chiovenda e de Carnelutti acerca de jurisdição são antagônicas e, por tal motivo, entende-se que deve o jurista optar por uma delas. -Características essenciais da jurisdição: características do Estado-Juiz 1)Inércia (princípio da inércia, princípio da demanda, princípio dispositivo) inércia da jurisdição: Estado-juiz só pode atuar quando provocado (provocação = pedir que atue – é necessário uma petição inicial de um autor). CPC: art. 2º, art. 128 e art. 262 – falam que é necessária a provocação da parte e o juiz não atua de ofício. Exceção: art. 989, CPC – em determinadas situações, se ninguém iniciar um processo de inventário, é possível que se inicie de ofício. É conjugado com outro princípio: Princípio do impulso oficial ou da oficialidade -> art. 262 – o processo só inicia por desenvolvimento da parte, mas só desenvolve por processo do juiz e vai se desenvolver por processo do juiz ainda que não tenha atuação das partes. Exceção: algumas situações que o processo não consegue prosseguir se uma das partes não pratica determinado ato (exemplo: autor tem que pagar as custas judiciais) – se a parte não praticar o ato, o juiz extingue o processo por abandono. 2)Substitutividade-> o Estado, como regra geral, veda a autotutela – partes não podem se valer da autotutela. O Estado obriga o sujeito a entrar no poder judiciário. No momento em que o sujeito vai ao poder judiciário, a jurisdição passa a substituir a vontade das partes –é através do processo que o judiciário vai ver quem tem a razão, qual é a extensão do direito. Pontes de Miranda -> Teoria da Ação de Direito Material: todos tem uma ação (quando surge um direito material), só que a ação de direito material é reprimida pelo Estado-Juiz, então você é obrigado a ir ao judiciário e Pontes indica que o processo deve ter efetividade. Para Pontes a substitutividade é dever do Estado de dar efetividade. 3)Natureza declaratória-> o Estado-Juiz não cria direitos através dos processos; ele apenas declara direitos pré-existentes (obs.: fruto da teoria dualista), ainda que como reconhecimento de um direito pré-existente ele venha a criar/modificar/extinguir relações jurídicas e não direitos. Aqueles que aderem que é constitutivo: Freddie Didier Jr. e Scarpinella. └>A terceira característica essencial da jurisdição é a sua natureza declaratória. Ao afirmar a existência dessa característica, está afirmando a opção pela teoria dualista do ordenamento jurídico, segundo a qual o Estado, ao exercer a função jurisdicional, não cria direitos subjetivos, mas tão somente reconhece direitos preexistentes, Exemplos: usucapião e inventário e a partilha. Usucapião -> decorrido certo prazo, a posse se converte em propriedade. O juiz que profira uma sentença de procedência da pretensão, reconhecendo ter o demandante que pretende ver afirmada a ocorrência do usucapião, não estará o juiz criando para tal demandante o direito de propriedade, mas apenas reconhecendo que esse direito existia desde o momento em que se fizeram presentes todos os requisitos previstos na lei material para a aquisição do domínio. ............................... Aula 8 – Rio, 29.03.12 Anotações Gabriel 1)A corrente majoritária diz que é declaratória, porque, hoje, entende-se que o nosso sistema é dualista (processual/material). Pode ir ao judiciário quem tem ou não direito. O judiciário não cria direitos, ele apenas confirma direitos preexistentes. -> JURISDIÇÃO = DIZER O DIREITO E NÃO CRIAR O DIREITO. O QUE MUDA É A RELAÇÃO JURÍDICA. 2)A corrente minoritária diz que não estamos mudando relação jurídica, mas criamos novos direitos, isto é, a corrente indica que a natureza é CONSTITUTIVA. -Classificação da jurisdição: 1)Critério da pretensão submetida ao Estado-Juiz: 1.1) Jurisdição penal: destinada à aplicação do direito material penas e das sanções penais. 1.2)Jurisdição não-penal: aplicação de qualquer ramos do direito que não o direito penal (jurisdição civil/trabalhista/eleitoral/militar). *Há também outros ramos: constitucional/tributário/etc. └> Tipo de pretensão submetida ao Estado-Juiz – duas espécies de jurisdição: penal e civil. Jurisdição penal -> Estado exerce tal função diante de pretensões de natureza penal. Estas têm natureza punitiva. O estudo dessa espécie de jurisdição é feito pelo Direito Processual Penal. Jurisdição civil -> definida como “extrapenal”, uma vez que o Estado exerce esse tipo de jurisdição diante de todas as outras espécies de pretensão, tenham elas natureza civil, comercial, administrativa, trabalhista, constitucional, tributária, etc. 2)Jurisdição quanto ao grau em que é exercido: 2.1)Jurisdição inferior: seria a jurisdição de 1º grau (é exercida pelo órgão que conhece pela primeira vez daquela causa). 2.2)Jurisdição superior: exercida pelo órgão que conhece da causa em grau de recurso. *Grau -> órgão que conhece pela 1ª vez daquela causa. Órgão que processa assim que recebe da petição inicial. ≠ Instância -> hierarquia administrativa de tribunal. Leva em conta a organização judiciária – 1ª instância: Juiz; 2ª instância: desembargador; instância especial lato sensu ou instância excepcional: ministro (órgão s?). Exemplo: Ato abusivo do governador -> se inicia com desembargadores, juiz não julga governador, ou seja -> Mandado de segurança -> Desembargador – 1º grau e 2ª instância -> Recurso -> STJ – 2º grau e 3ª instância. └> Outra forma de se classificar a jurisdição se faz quanto ao grau em que a mesma é exercida, falando-se em jurisdição inferior e superior. Jurisdição inferior -> exercida pelo primeiro órgão a conhecer da causa submetida ao Estado-Juiz, tal órgão exerce primeiro grau de jurisdição. Jurisdição superior -> exercida pelo órgão jurisdicional que conhece da causa em grau de recurso, exerce segundo grau de jurisdição. Exemplo: A propositura de uma demanda de despejo perante o juízo de uma vara cível fará com que este exerça jurisdição inferior (primeiro grau de jurisdição). Interposta apelação contra a sentença alo proferida, e submetido tal recurso a uma das câmaras do Tribunal, exercerá esse órgão jurisdição superior (segundo grau de jurisdição). Distinção entre instância e grau de jurisdição: instância -> termo ligado à organização judiciária, na estrutura do judiciário existem órgãos hierarquicamente inferiores, chamados de primeira instância, e órgão superiores, os de segunda instância, como os Tribunais de Justiça e Federal de Recursos. 3)Quanto ao órgão: 3.1)Especial: aplica um ramos especializado do direito (exemplo: Justiça do Trabalho/Eleitoral e Militar). 3.2)Comum: aquela que aplica direitos sem especialização (exemplo: Constitucional/Adm./Tributária/Civil/Penal/etc.). -> Justiça Federal e Justiça Estadual. └> Uma terceira forma de classificação da jurisdição leva em consideração o órgão que a exerce, sendo possível falar aqui em duas espécies: jurisdição especial e comum. Jurisdição especial -> exercida por órgãos jurisdicionais que julgam apenas pretensões de natureza determinada: Justiça do Trabalho, Justiça Militar e Justiça Eleitoral. Jurisdição comum -> é exercida pelos órgãos que julgam pretensões de quaisquer naturezas (salvo as submetidas às “Justiças Especiais”): Justiça Estadual e Justiça Federal. 4)Quanto à submissão ao direito positivo: 4.1)Jurisdição de direito: aplicação do órgão dentro dos limites estabelecidos pela lei/ato sensu (ordenamento). 4.2)Jurisdição por equidade: aquela que permitiria a atuação de normas de conduta não previstas em lei (princípios e costumes). Julgamento só quando previamente previsto em lei – exemplo: CDC, art. 7º. └> Outra forma de classificação da jurisdição leva em conta sua submissão ao direito positivado, havendo aqui duas espécies: jurisdição de direito e jurisdição de equidade. Jurisdição de direito -> Estado-juiz fica preso aos limites da lei, não podendo deixar de aplica-la. Jurisdição de equidade -> libera-se o juiz dos critérios de legalidade estrita, permitindo-se que seja dado ao caso a solução que o magistrado reputar a mais justa para a hipótese concreta, ainda que se deixe de aplicar o direito objetivo. A regra, no sistema jurídico brasileiro, é a jurisdição de direito, só sendo lícito ao juiz julgar por equidade quando expressamente autorizado (art. 127, CPC “o juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”). Exemplo do caso em que o juiz é autorizado a julgar por equidade se encontra no art. 7º, CDC. 5)Quanto à natureza da jurisdição: 5.1)Contenciosa: busca a aplicação do direito contra a vontade da outra parte. -> Aqui há briga. 5.2)Voluntária: o pedido das partes é de mera integração do negócio, ato ou fato jurídico, uma vez que ele não pode produzir efeitos sem a intervenção estatal (exemplo: alienação de bem do incapaz -> não há briga -> um quer vender e o outro comprar, mas deve haver chancela do poder judiciário para o representante vender). Jurisdição voluntária é ou não jurisdição: 1)Teoria clássica ou administrativa (Frederico Marques e outros da doutrina falecida): não seria jurisdição porque faltaria alguns elementos: lide (para ter jurisdição tem que ter lide), substitutividade e natureza declaratória (na voluntária, para eles, era constitutivo). 2)Teoria revisionista – predominante – (Alexandre Câmara e Freddie Didier Jr.): a jurisdição voluntária é jurisdição, pois é uma atividade estatal que tem por objeto titular um direito. Não há lide, mas não é elemento fundamental da jurisdição (pode haver jurisdição sem lide). Existe substitutividade porque é vedada a autotutela, as partes, por si só, não conseguem concretizar o negócio jurídico. É declaratória porque haveria um direito preexistente e se reconhece tal direito apenas. └> Uma última forma de classificação da jurisdição a divide em jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária. Jurisdição voluntária -> entre as várias teorias que tentam explicar a natureza da jurisdição voluntária, destaca-se como majoritária na doutrina a que se poderia denominar Teoria Clássica, segundo a qual a jurisdição voluntária não teria natureza de jurisdição, mas sim de função administrativa. Para os defensores dessa teoria, a jurisdição voluntária não poderia ser tida como verdadeira jurisdição por não ser destinada a compor lides, ou por não ser substitutiva, ou ainda por não ter natureza declaratória, mas constitutiva, isto é, por não ser a jurisdição voluntária voltada para a atuação de direitos preexistentes, mas sim à criação de novas situações jurídicas. A esta teoria se opõe uma outra, conhecida por Teoria Revisionista, que vê na jurisdição voluntária uma forma de exercício da função jurisdicional. Tal teoria conta com a adesão de grandes processualistas, os quais apresentam as razões pelas quais a jurisdição voluntária deve ser considerada atividade jurisdicional propriamente dita. A afirmação de que inexiste lide, responde-se que a lide não é essencial ao exercício da jurisdição. Quanto à ausência de substitutividade, não parece estar correta a teoria clássica, pois a jurisdição voluntária é substitutiva da atividade das partes, uma vez que a lei impede que os titulares dos interesses ali referidos possam livremente negociá-los, devendo o juiz exercer uma atividade que originariamente não lhe cabia, substituindo, assim, a atividade dos titulares dos interesses em jogo. Quanto à natureza constitutiva da jurisdição voluntária, aqui o Judiciário atua um direito preexistente à modificação operada (exemplo: exige a lei alguns requisitos para que um casal possa se divorciar. Assim, cabe ao juiz verificar se estão presentes estes requisitos para, atuando o direito ao divórcio, operar a modificação jurídica pretendida pelos titulares dos interesses. Jurisdição contenciosa (jurisdição não-voluntária) -> o elemento que a distingue da jurisdição voluntária é a pretensão. Pode haver processo sem lide, o que não pode haver é processo sem pretensão. Tal assertiva decorre da inércia característica da função jurisdicional – o Estado-juiz só exerce a função jurisdicional se provocado, e tal provocação se faz através da manifestação em juízo de uma pretensão. Sendo tal pretensão de integração de um negócio jurídico de direito privado vamos estar diante da jurisdição voluntária. Caso contrário, a hipótese será de jurisdição contenciosa (ou não voluntária) – quando for de ordem pública. Assim, aquele que vai a juízo pleiteando o divórcio consensual ou a alienação de bens de incapaz pretende que o ato judicial confira validade ao negócio jurídico que quer realizar – a hipótese será de jurisdição voluntária. -Escopos da jurisdição: 1)Social -> aspecto de pacificação (das lides) da sociedade e aspecto de educação da sociedade. 2)Jurídico -> permitir a aplicação concreta e correta da lei. 3)Político -> através da jurisdição, temos a afirmação do poder estatal (não pode ter autotutela, deve ir no judiciário). └> Vê-se o processo como instrumento de que se vale o Estado para alcançar os escopos da jurisdição. Estes são escopos do próprio Estado, já que a jurisdição é uma das manifestações do poder estatal soberano. Sob esta ótica, a instrumentalidade do processo ganha força, podendo-se entender esse instituto fundamental do Direito Processual como uma garantia de tutela adequada e efetiva das posições jurídicas de vantagem. Os escopos da jurisdição são de três ordens: sociais, jurídicos e políticos (processo não é um fenômeno exclusivamente jurídico, devendo ser estudado em suas implicações sociopolíticas também, uma vez que se trata de instrumento estatal, e o Estado é um ente político voltado para uma finalidade social de busca do bem comum. Os escopos sociais da jurisdição são dois: pacificar com justiça e educar a sociedade – o escopo de pacificação social com justiça decorrer do fato de que o processo é um relevante meio de solução dos conflitos que surgem na sociedade, nos casos em que há lide não se pode negar o exercício da jurisdição. Não se pode achar que o atingimento desse escopo da jurisdição se dá com a prolação, pelo juiz, de um provimento jurisdicional que dê ao caso a ele submetido solução que ele, juiz, considere a mais justa – a justiça das decisões está ligada à sua adequação ao direito objetivo. Juiz justo é aquele que aplica o caso concreto a vontade do direito objetivo, de acordo com os fins sociais a que a lei se destina e o bem comum. Resolução justa de litígios, e não mera resolução de conflito, este é o escopo da jurisdição. O segundo escopo social da jurisdição é o educacional – através do exercício da função jurisdicional, o Estado dá duas lições: ensina o que as pessoas não podem fazer, sob pena de violarem o ordenamento jurídico e serem, em consequência, sancionadas; e, ao mesmo tempo, ensina aos titulares de direitos lesados ou ameaçados como fazer para obter a tutela dos seus interesses. Escopo jurídico da função jurisdicional é a própria atuação da vontade concreta do direito objetivo - o Estado, ao exercer a função jurisdicional, tem por finalidade manter íntegro o ordenamento jurídico, atuando a vontade das normas nos casos concretos que lhe sejam levados por aqueles que se consideram titulares de direitos lesados ou ameaçados de lesão. Os escopos políticos da jurisdição são três: afirmação do poder estatal, culto às liberdades públicas e garantia de participação do jurisdicionado nos destinos da sociedade. Afirmação do poder estatal: o Estado precisa afirmar seu poder para se sustentar – sem o poder que está por trás de todos os atos e provimentos do Estado este não teria condições de impor condutas aos jurisdicionados. Ao afirmar o seu poder, o Estado garante os meios necessários para alcançar todos os seus escopos. Culto às liberdades públicas: ao exercer a função jurisdicional o Estado tem como um de seus objetivos assegurar a observância dos direitos fundamentais dos jurisdicionados. O termo “liberdade” significa garantia fundamental – liberdades públicas: estas é que devem ser asseguradas pelo Estado-juiz no exercício da função jurisdicional. Trata-se de uma limitação do poder estatal, que não pode ser absoluto, sob pena de contrariarem os cânones do Estado Democrático de Direito. Permitir a participação do jurisdicionado nos destinos da sua sociedade: instrumentos como a ação popular (participação deferida diretamente aos cidadãos) e a ação civil pública (participação através de associações e instituições de defesa dos interesses da sociedade, como o MP). A participação da sociedade na fixação de seus destinos é essencial para a caracterização de um Estado Democrático de Direito. A democracia sem participação direta da sociedade civil, em que o poder é exercido exclusivamente pelos detentores dos cargos e funções públicos, é uma forma ultrapassada de regime político, que não se coaduna com as determinações constitucionais. -Competência: consiste na limitação da parcela de atuação legítima do órgão jurisdicional (reclamação trabalhista em 1º grau, pode o STF julgar? Ele tem jurisdição, mas não tem competência!). A competência não é do juiz, mas sim do juízo (órgão -> vara -> turma – etc.). ............................... Aula 9 – Rio, 10.04.12 continuação... -Competência Consiste na limitação da parcela de atuação legítima do órgão jurisdicional (reclamação trabalhista em 1º grau, pode o STF julgar? Ele tem jurisdição, mas não tem competência!). A competência não é do juiz, mas sim do juízo (órgão -> vara -> turma – etc.). Todos os órgãos tem sua jurisdição, todos são integrantes do órgão judiciário, mas competência só alguns órgãos vão ter. Só há um único juízo competente para cada causa. O autor, a princípio, tenta escolher qual é, mas é o juiz que verifica se este é competente ou não. Se escolher um juízo que não é competente, veremos quais são as consequências. └> Todos os órgãos do Poder Judiciário exercem função jurisdicional, porém há entre eles uma divisão de trabalho, o que se faz através da regra da distribuição da competência. Pode-se definir competência como o conjunto de limites dentro dos quais cada órgão do Judiciário pode exercer legitimamente a função jurisdicional. Embora todos os órgãos do Judiciário exerçam função jurisdicional, cada um desses órgãos só pode exercer tal função dentro de certos limites estabelecidos por lei. O exercício da função jurisdicional por um órgão do Judiciário em desacordo com os limites traçados por lei será ilegítimo, considerando-se então aquele juízo incompetente. .Competência internacional -> significa avaliar se o Brasil pode processar aquela causa ou se aquela causa tem que ser processada em outro país. Dividimos em duas instâncias: competência concorrente e uma competência exclusiva do Brasil a)Competência internacional concorrente -> Brasil pode processar uma determinada causa ainda que outro país fosse igualmente competente. Processo poderia tramitar aqui ou lá fora. Art. 88, CPC -> é competente à autoridade judicial brasileira: I- réu domiciliado no Brasil; II- se no Brasil tiver que ser cumprida a obrigação – pode haver um processo no Brasil se aquela obrigação for descumprida; III- fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Se não conseguir colocar o caso em nenhuma dessas situações, não poderá tramitar no Brasil. Exemplo: Luma de Oliveira que desfilou e teve sua imagem publicada num jornal internacional – ela queria processar o jornalista, mas não pôde processar aqui, só poderia ser lá fora. Conflito de processos no judiciário estrangeiro e no judiciário brasileiro -> majoritário: o curso de um processos no exterior não impede o curso de um processo no Brasil – pode haver processo lá e processo aqui. Litispendência. Quando e como se pode nacionalizar uma sentença estrangeira – procedimento chamado de homologação de sentença estrangeira-> hoje, é do STJ, antes era do STF (EC 45) – para ela valer internamente tem que homologar, e a homologação ocorre no STJ, acontecendo isso, a sentença se torna nacional, e quando isso ocorre não pode haver uma outra sentença sobre esse mesmo caso, não pode mais ter uma sentença brasileira diferente daquela. STJ só homologa para nacionalizar a sentença, a execução se dá na 1ª Instância da Justiça Federal – art. 109, X, CRFB. b)competência internacional exclusiva do Brasil -> art. 89, CPC – trata de casos em que a justiça brasileira, para o Estado brasileiro, seria a única competente – só o Brasil pode processar aquela causa. Significa que não cabe homologação de sentença estrangeira. O Brasil é exclusivamente competente com casos do art. 89. S2 └> Antes de se verificar qual o juízo competente para determinado processo, há que se examinar se a hipótese pode ser submetida ao Estado brasileiro, para que este exerça, diante do caso concreto, a função jurisdicional. Saber quais os limites do exercício, pelo Brasil, da sua função jurisdicional -> a questão é solucionada pelos arts. 88 e 89 do CPC – art. 88: casos em que o Brasil tem “competência internacional concorrente” -> é possível que a demanda seja ajuizada no Brasil ou perante autoridade judiciária de outro país que também tenha competência internacional (exemplo: demandas ajuizadas em face do réu domiciliado no Brasil; quando se exige o cumprimento de obrigação quando o lugar do pagamento é o Brasil); art. 89: “competência internacional exclusiva” -> casos em que a demanda só pode ser ajuizada perante autoridade judiciária brasileira, que tem competência “com exclusão de qualquer outra” exemplo: o Judiciário brasileiro tem “competência internacional exclusiva nas causas envolvendo imóveis situados no Brasil). .Competência Interna Brasileira ->art. 87, CPC . Proposta uma ação em um determinado juízo (competente), a causa deverá ali tramitar até o fim, salvo se ocorrer uma das hipóteses do art. 87 -> perpetuatio jurisdicionis. Exceções do art. 87: supressão do órgão – acabou o órgão, muda a vara. A princípio, o processo fica na mesma vara, no mesmo órgão, que é o único competente, e isso dura até a supressão desse órgão. Ocorrendo a supressão do órgão, muda a vara, o órgão competente. Art. 263, CPC-> proposta de demanda, a competência do órgão é fixada e neste se dará o processo. └> Competência interna: passa-se a buscar fixar qual é, entre os diversos órgãos judiciários brasileiros, o competente para um determinado processo. A competência é fixada no momento da propositura da ação, pouco importando alterações de fato ou de direito supervenientes – é o princípio da perpetuatio iurisdictionis -> art. 87, CPC. As únicas alterações supervenientes que podem implicar mudança da competência no curso de um processo já iniciado são as previstas na parte final do art. 87: supressão do órgão judiciário originalmente competente ou alteração de competência em razão da matéria ou hierarquia. .Critérios de fixação de competência: (como se divide a competência) 1)Objetivo: em razão do valor da causa -> exemplo: juizados especiais – arts. 91, 92 e 258, CPC. Em razão do valor da matéria -> exemplos: cível, criminal, trabalhista. Significa que está criando uma competência para um critério objetivo. └> Critério objetivo fixa a competência em razão do valor da causa ou da sua natureza (matéria) - a toda causa cível deve ser atribuído um valor (art. 258, CPC), ainda que a mesma não tenha valor econômico apreciável; com relação à natureza da causa, é possível a criação de juízos especializados, competentes para apreciar apenas algumas matérias determinadas, como as varas de família, de registros públicos e de órfãos e de sucessões. 2)Funcional: em relação a um mesmo processo -> pode ter uma divisão de competência em razão de critérios horizontais e em razão de critérios verticais. Competência funcional em um mesmo processo dividindo a competência em um plano horizontal – competências de juízos em uma mesma hierarquia, em um mesmo grau de jurisdição -> exemplo: você tinha só um juízo e passa a ter dois: cartas precatórias (juízo do Rio e juízo de SP). Competência funcional em um mesmo processo dividindo a competência em um plano vertical – divisão de trabalhos em hierarquias diferentes -> exemplos: recursos – faz com que o juiz pare de atuar no processo, e aí vem um desembargador atuar naquele processo. Em relação a processos diferentes -> falam da relação entre processos diferentes – dependendo do tipo de processo, o segundo processo pode correr na vara em que correu o primeiro -> exemplo: art. 800, CPC: processo cautelar tem que correr no juízo onde vai correr o processo principal; art. 736, parágrafo único, CPC: fala que corre na mesma vara, no mesmo juízo o processo de execução e os embargos à execução. └> O critério funcional de fixação de competência se manifesta em um só processo ou em processos diferentes. Competência funcional quando as diversas funções que devem ser exercidas num mesmo processo são distribuídas entre diversos juízes -> exemplo: quando se atribui a juízo de comarca diversa daquela em que tramita o processo a função de interrogar uma testemunha lá residente (o que se faz pela expedição de carta precatória) – distribuição de competência funcional no plano horizontal (entre órgãos que exercem o mesmo grau de jurisdição); quando se atribui a órgãos diversos a competência originária e a recursal para um mesmo processo, cabendo a cada um deles o exercício de um grau de jurisdição – distribuição da competência funcional no plano vertical (entre órgãos que exercem graus de jurisdição diversos). Competência funcional ocorrendo entre processos diferentes -> quando todos eles são ligados a uma mesma pretensão – exemplo: é o que ocorre com a competência do juízo do processo principal para conhecer do processo cautelar (art. 800, CPC; juízo do processo de execução para conhecer dos embargos do executado (art. 736, parágrafo único, CPC) – em todas essas hipóteses tem-se um juízo competente também para todos os demais processos ligados aquele primeiro por serem destinados à atuação de uma mesma vontade da lei. 3)Critério territorial -> divisão de trabalho entre os diversos juízos brasileiros por questões geográficas – exemplo: o réu morando no Rio, tem que processar no Rio. Arts. 94 em diante do CPC. Art. 94, CPC regra geral de competência territorial - salvo as exceções, como regra geral o art. 94 diz que a ação tem que ser proposta no foro do domicílio do réu. Foro do domicílio do réu você divide em comarca, e a comarca é para a Justiça Estadual, e ela corresponde ao limite de uma cidade – se o cara mora em Niterói, será processado em Niterói – ou o limite da seção judiciária, processa na Justiça Federal, e corresponde ao limite do estado. O problema é que a partir daí, temos várias exceções. Art. 95 fala de um foro chamado Fórum rei sitae - o fórum competente seria o do local da coisa -> se entro com uma demanda sobre direito real do imóvel, a princípio, o foro será onde está localizado o imóvel. O artigo diz que pode ser no domicílio do réu ou no domicílio do direito real sobre o imóvel, como regra geral podemos optar pelo art. 94 ou pelo art. 95 conjugando, salvo sobre determinados tipos de ações, este especificados na última parte do art. 95 a competência é exclusiva desse artigo, ou seja, do foro da situação da coisa. Art. 96 fala do autor da herança – de cujus (quem morreu) – alguns processos relacionados a bens de que morreu, o processo sobre seus bens deverá tramitar no último domicílio do autor da herança. Exemplo: investigação de paternidade, investigação para união estável para fins de herança e sucessão, ou que o espólio seja réu, será processado na cidade de último domicílio do autor da herança. ............................................... Aula 10 – Rio, 12.04.12 continuação... -Competência .Legislador escolhe tanto pela Constituição e pelo CPC alguns critérios para estabelecer a competência. 3)Competência territorial -> art. 94 e seguintes. Art. 96 Art. 99-> sempre que uma das partes for a União ou território a competência é do foro da capital. Se for Justiça Federal tem que pegar uma vara da capital. Art. 100-> traz vários critérios importantes. Sai da regra geral do domicílio do réu e traz outros tipos de foros. Inciso I) diz que a competência é do foro da residência da mulher. Até a lei do divórcio a mulher não tinha domicílio, era só o do marido, e por isso só falava em residência, que seria o mesmo do marido. O problema é saber se isso ainda hoje é constitucional – antes era uma isonomia substancial em razão do sexo, porém, hoje, isso não é mais constitucional – homem ou mulher, tanto faz, deverá ser enviado para o domicílio do réu. STF julgou RE 227.114/SP dizendo que não afrontava o princípio da isonomia, sendo, portanto, consagrado pela Constituição de 88 – doutrina vs. Julgado do STF. Inciso II) Inciso III) pouco usado na prática Inciso IV) fala do lugar. Geralmente filial de bancos está em Brasília Inciso V) se você tem ato ou fato que você ai pedir reparação de dano, vai para este local em específico. └> Critério territorial -> distribuição da competência se faz em razão de aspectos ligados à posição geográfica – se pretende com tal critério aproximar o Estado-juiz dos fatos ligados à pretensão manifestada pelo demandante. Como regra geral, estabelece o art. 94, CPC que será competente o juízo localizado no foro do domicílio do réu. Porém, há outras regras de distribuição da competência por critérios territoriais que devem ser levados em conta. Art. 95, CPC -> é competente o juízo do foro da situação da coisa para os processos em que se discutam direito reais sobre bens imóveis – é o chamado forum rei sitae. Porém, frisa-se que nos próprios termos do art. 95 poderá o demandante optar por tais ações no foro do domicílio do réu ou em foro eleito pelas partes, salvo nas hipóteses em que a causa verse sobre posse, propriedade, servidão, direitos de vizinhança, nunciação de obra nova, divisão e demarcação de terras, quando então a competência do juízo localizado no foro da situação da coisa se torna inderrogável. Art. 96, CPC -> fixa a competência do foro do último domicílio no Brasil do autor da herança para o inventário e partilha de seus bens, assim como para todos os processos ligados à sua sucessão, e ainda para todos aquele em que for demandado o seu espólio. Art. 99, CPC -> Competência do juízo do foro da capital do Estado para os processos em que a União for demandante, demandado ou interveniente, com exceção dos processos de insolvência e outros casos expressamente previstos em lei. Art. 100, CPC -> análise da questão dos “foros privilegiados” – Inciso II -> fixa a competência do foto do domicílio ou da residência do alimentado para a ação em que se pedem alimentos; inciso IV, “d” -> competência do foro do lugar onde a obrigação deve ser satisfeita nos processos em que se exige o seu cumprimento; inciso V, “a” -> competência do foro do lugar do ato ou fatos nas ações de reparação de dano; inciso I -> gera bastante controvérsia na doutrina – é competente o foro “da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento”. Discute-se a compatibilidade entre esta regra e o vigente ordenamento constitucional, que proíbe a criação, por norma infraconstitucional, de qualquer privilégio em razão do sexo. Manifestações no sentido de que tal dispositivo permanece incidindo, por ser uma garantia de isonomia, já que seria tal regra capaz de assegurar uma igualdade substancial (e não meramente formal) entre os sexos. Em sentido contrário à manutenção do dispositivo, porém, tem-se manifestado a melhor doutrina, uma vez que não pode haver, em razão do sexo, privilégio criado por norma infraconstitucional. Além disso, essa norma perdeu a razão de ser, pois a competência para alguns feitos era fixada pela residência (e não domicílio) da mulher casada porque esta, antes da vigente Constituição, não podia fixar se próprio domicílio, porque antes da atual ordem constitucional o domicílio conjugal era fixado pelo marido. Hoje, quando a adm. do casal cabe a ambos os cônjuges, tendo desaparecido a figura do “cabeça de casal”, nada impede que a mulher fixe seu próprio domicílio. Sendo assim, deve-se aplicar aqui a regra geral, será competente o juízo do foro do domicílio o réu. .Processo lógico para a fixação da competência: Primeiro tem que ver se o Brasil tem competência interna para analisar a questão, ver se entra em uma das situações do art. 88 ou do art. 89. Vendo que pode processar no Brasil, tem que ver a competência chamada de justiça, para saber qual deve ser escolhida, e ai define o ramo da justiça. Em seguida, tem que analisar o grau de jurisdição – ver se é julgado em 1ª, 2ª ou 3ª instância, geralmente é em primeira. Depois tem que fazer . E então ver em qual Estado se deve processar – art. 94. ...? └> Visto os três critérios de fixação de competência interna, resta a análise do processo lógico que deve ser obedecido para que se possa, diante do caso concreto, verificar qual seja o juízo competente. Tal processo divide-se em três fases, devendo ser fixada a competência da seguinte forma: em primeiro lugar, há que se fixar a “competência de jurisdição”, ou seja, há que se verificar a qual entre as diversas “Justiças” existentes deve ser atribuída a causa. Fixada esta “competência de jurisdição”, há que se verificar a “competência de foro”, ou seja, a competência territorial, para que se saiba onde será proposta a demanda. Por fim, deverá ser perquirida a “competência de juízo”, para que se saiba, enfim, qual é o órgão judiciário competente para aquele processo. Exemplo: Vai ser proposta por Fulano, em face de Beltrano, demanda em que se pleiteia reparação de dano causado em acidente de veículo, tendo o acidente ocorrido na cidade no RJ. Em primeiro lugar, há que se verificar a “competência de jurisdição”, e esta é da Justiça Estadual, já que a causa não pertence a nenhuma das “Justiças Especiais”, nem há no caso interesse as União. Verificado que a demanda deve ser proposta perante a Justiça Estadual, há que se verificar a “competência de foro”, concluindo-se que a demanda deve ser proposta no foro do lugar do fato, ou seja, na comarca do RJ (art. 100, V, “a”). Tendo sido fixada a competência de foro, resta a “competência de juízo”, tal demanda deve ser ajuizada perante uma das varas cíveis daquela comarca. Fixou-se, assim, a competência no juízo em uma das varas cíveis da comarca do RJ, órgão integrante do Judiciário estadual. -Incompetência absoluta e relativa -> não é a competência que é absoluta e relativa, o que tem essas características é a incompetência. Verifica a competência de determinada vara, analisando o critério de fixação de competência que foi violado. A doutrina diz que você tem que descobrir analisando o interesse protegido dentro do critério. Critério absoluto de fixação de competência leva em conta o interesse público, já o critério relativo de fixação da competência é quando a norma for proteger o interesse das partes. Dentro do objetivo, critério em razão da natureza, é um critério absoluto de fixação de competência. - Era para estar numa vara cível, mas está na criminal é uma competência absoluta, mas grave. Em razão do valor da coisa é um critério relativo. -> é menos grave. A competência funcional (todas elas) entende-se que o critério é de competência absoluta. -> é mais grave. Territorial o majoritário é que ele quase todo é critério relativo de fixação de competência - art. 94 e art. 100, salvo o art. 95 parte final, o majoritário é que este é um critério absoluto (direitos em espécies discriminados nesse artigo – só pode tramitar ali -> critério absoluto). └> Alguns critérios de fixação da competência interna são criados em razão de interesse públicos, são os chamados critérios absolutos de fixação da competência, e outros são criados com o fim de proteger interesses particulares, são os chamados critérios relativos. São critérios absolutos de fixação da competência os que determinam tendo em conta a natureza da causa (competência em razão da matéria) e o critério funcional. Critérios relativos o da competência em razão do valor da causa e a competência territorial – exceção: art. 95, CPC -> determina um critério de fixação da competência que, embora territorial, é de ser considerado um critério absoluto. É importante saber quais são os critérios absolutos e quais os relativos, porque sendo desrespeitado qualquer do critérios de fixação da competência interna, vamos estar diante de juízo incompetente, sendo essencial saber se a incompetência do juízo é absoluta ou relativa. Equívoco comum de se fazer referência à “competência absoluta” e à “competência relativa” – trata-se de forma errônea de se fazer referência ao fenômeno, pois quando a demanda é proposta perante juízo competente, este é simplesmente competente. Quando a demanda é ajuizada perante órgão jurisdicional incompetente terá sido desrespeitado algum dos critérios de fixação da competência interna, devendo-se falar em incompetência absoluta ou relativa, conforme o critério desrespeitado tenha sido absoluto ou relativo. A incompetência relativa admite prorrogação da competência, enquanto a incompetência absoluta não admite tal prorrogação – prorrogação da competência: prorrogar a competência é tornar competente um juízo originariamente incompetente. A prorrogação da competência consiste no fenômeno pelo qual um juízo incompetente para determinado processo se torna, por incidência de alguma das causas de modificação da competência, competente para processa e julgar aquela causa. Nunca a incompetência vai levar à extinção do processo, vai ser revertido para o local correto. Dentro da competência territorial tem outra exceção que são os fóruns regionais -> fórum regional dentro do fórum competente, o foro será do regional. Fórum regional tem competência absoluta. Os juizados especiais tem competência absoluta – juizado da barra, do catete, etc. .Características das incompetências: 1)Absoluta: a)Entende-se que é matéria de ordem pública, por consequência, entende-se que o próprio juízo pode levantar essa questão de ofício; b)Pode ser alegada pelas partes a qualquer tempo – até o trânsito em julgado (quando acaba o processo). Transitado em julgado, pode ser alegada a competência absoluta dentro da ação rescisória (tem o prazo de dois anos para ser proposta – art. 485, II e art. 495, CPC); c)Pode ser alegada por qualquer meio – em qualquer petição em primeira instância e também em qualquer recurso. Deve ser alegada na preliminar de contestação – art. 391, mas como pode ser alegada em qualquer tempo, pode ser alegada em qualquer petição de primeira instância e em qualquer recurso. §1º - se não for alegada na contestação, o réu passa a pagar os custos processuais. Reconhecida em qualquer grau, então se não é analisada na primeira instância, o desembargador pode reconhecer a incompetência absoluta. Consequências da incompetência absoluta: Art. 113, §2º - são duas consequências: a)Nulidade de todas as decisões; b)Remessa dos autos ao órgão competente. 2)Características da incompetência relativa: a)Não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz; b)Deve ser alegada pelo réu; c)Tem que ser alegada no prazo máximo de 15 dias, contados da citação do réu; d)Tem que vir numa petição a parte, uma petição específica, chamada exceção de incompetência relativa. Tem que ser uma petição apartada da petição de contestação; Consequência da incompetência relativa: a única consequência é a remessa ao juízo competente. As decisões até ali eram válidas e são mantidas. Não tem um artigo que fale isso. Doutrina e jurisprudência chegam a essa conclusão. Os atos permanecem, porque os vícios são menores. Fenômeno da prorrogação da competência: quando não apresenta a exceção de incompetência no prazo. ................................................ Aula 11 – Rio, 17.04.12 continuação... -Competência .Conflito de competência: está presente quando dois ou mais juízes se consideram competentes ou incompetentes. Fenômeno positivo -> quando mais de um órgão se entende competente para a causa; fenômeno negativo -> quando mais de um juízo se entende incompetente para a causa. Um conflito de competência é um problema de dois ou mais juízos. O processo precisa de uma definição sobre um juízo competente para que ele possa prosseguir, é necessária a resolução sobre o conflito de competência. Art. 115 a art. 124, CPC. Legitimidade para arguição-> quem pode invocar conflito de competência -> art. 118: juiz por oficio e também as partes o MP podem suscitar o conflito de competência. O conflito de competência é suscitado perante um órgão hierarquicamente superior. A alegação de competência tem que ser proposta ao tribunal superior aquele juízo – alguém superior comum aos dois juízos. Esse magistrado superior é que vai decidir qual é o órgão competente. Vai ter a designação de um relator (desembargador ou ministro) que vai processar e julgar esse conflito de competência. O conflito de competência não é uma nova ação e nem um recurso, ele tem natureza de incidente processual, porque é algo que surge no meio do processo, algo instaurado no curso de processo que deve ser decidido antes das demais questões. Apresentado o conflito de competência para um desembargador ou ministro tem a oitiva de todos os interessados -> art. 119 ao art. 121: são ouvidas as partes, os juízos. Art. 122-> falando sobre a decisão do conflito – cessão de julgamento: onde vai ser julgado o conflito de competência. Quando ouviu todo mundo, o conflito não é julgado monocraticamente, é levado a um colegiado que irá julgar – o julgamento não é individual, não é uma decisão monocrática, mas sim de um colegiado. Art. 122, parágrafo único -> decidido o conflito, os autos são remetidos ao órgão competente. AÇÃO Tem uma evolução de teoria da ação. A doutrina tem várias teorias sobre o que seria ação, qual seria a natureza jurídica. A primeira teoria sobre a evolução histórica de ação é a Teoria Imanentista -> também chamada de teoria concreta, no sentido de que o direito material seria inseparável do direito processual. Dentro dessa teoria, os autores vão dizer que só existiria a ação quando existisse direito material. Alguns defensores usavam um art. do CC de 16, art. 75 -> a todo direito corresponde uma ação que o assegure – Clóvis Beviláqua. Essa teoria é muito ligada á Teoria Unitária do Ordenamento Jurídico, em que só se reconhecia um plano do direito. O problema é que essa teoria negava a existência de planos e tinham problemas para explicar as sentenças de improcedências – sentença que julga o pedido do autor improcedente, fala que o autor não tem razão. Superando essa fase, temos as chamadas Teorias Dualistas-> distinguia o plano do direito material do plano do direito processual – pode ter o direito material e se valer do processo, pode não ter o plano material e se valer do processo. Depois dá um salto e vai para a Teoria Abstrata da Ação -> um dos poucos autores que adotou foi Calmon de Passos. Dizia que o direito de ação é absolutamente incondicionado e autônomo do direito material – não se relaciona ao direito material. Isso seria um reflexo do art. 5º, XXXV, CRFB. Indo um pouco além, tem a Teoria Eclética -> alguns autores pensaram em requisitos para a teoria da ação. Liebman. O direito de ação é até autônomo em relação ao direito material – existe direito de ação, ainda que não haja direito material – mas o direito de ação é condicionado. Para haver ação seria necessário a presença de condições de ações, chamadas condições da ação. Para haver ação tem que haver um mínimo de requisitos. Então não é tão aberto como dizia Calmon. Tentando adotar uma teoria intermediária entre a Teoria Abstrata e a Teoria Eclética. É a chamada Teoria Eclética Requisitada ou Revista -> quem adota essa teoria é o Barbosa Moreira. Ele fala que o direito de ação até é incondicionado, mas quando faltar a condição de ação, não é que faltou a ação, mas quando houver um abuso de ação o processo não prossegue, pois o juiz reconhecerá a falta de uma das três condições da ação. Condição para o legítimo direito de ação. -Ação é conceituada como direito subjetivo público de provocar e exigir no poder judiciário a prestação jurisdicional com o alcance de uma tutela jurisdicional. Ação é um direito, consagrado no art. 5, XXXV, direito subjetivo da parte, público porque é um direito garantido constitucionalmente para todo mundo, não é um direito privado, voltado para o Estado-Juiz a atividade do judiciário para a tutela jurisdicional (proteção a um direito material violado ou ameaçado, através do poder judiciário). -Condições da ação: Para o Liebman – condições da “ação” – esses três requisitos vem exigidos no CPC – é necessário o preenchimento das condições da ação. Para ele, para haver ação o autor precisa demonstrar legitimidade, interesse processual e possibilidade jurídica. O problema é que na quarta e quinta edição do seu livro ele muda de opinião, retira a possibilidade de jurídica – vai dizer que esta não seria possibilidade jurídica, seria condição de mérito, seria resultado do julgamento e não algo a ser julgado no início. Art. 267, VI – três condições da ação – faltando qualquer uma delas o juiz extingue o processo. Mas o nosso próprio CC dá a entender que são duas condições – art. 3º,CPC: retira a possibilidade jurídica. Toda sentença vai ter base no art. 267 que é sem resolução de mérito e o autor da sentença vai ter o conteúdo do art. 269 com mérito. -Natureza da ação: Esses três elementos chamados condições da ação, seriam condições predominantes – condições para a resolução de mérito, condições para a obtenção de uma sentença de mérito. Sentença de mérito é a sentença que fala se o sujeito vai ter ou não uma resolução. Faltando uma dessas condições o juiz não resolve o mérito. Quando o juiz resolve o mérito não cabe um novo processo sobre a mesma questão – coisa julgada material. -Legitimidade (1ª condição da ação)-> é conceituada por alguns autores como a pertinência subjetiva da ação. Conceito atual: há legitimidade quando houver pros polos processuais correspondência com as alegadas partes da relação de direito material. Nos polos processuais (ativo e passivo) tem que ter as alegadas partes da relação de direito material – eu como autor tenho que dizer que sou credor, e vou entrar com ação contra devedor. Legitimidade quanto ao sujeito – se divide em legitimidade ativa ou passiva. Ativa -> significa analise sobre quem pode ser autor do processo. Passiva-> significa o estudo sobre quem pode ser o réu do processo. └> Pode-se afirmar que têm legitimidade para causa os titulares da relação jurídica deduzida, pelo demandante, no processo – ao ajuizar sua demanda, o autor necessariamente afirma, em sua petição inicial, a existência de uma relação jurídica. Exemplos: Aquele que propõe “ação de divórcio” afirma existir, entre ele a parte adversa, uma relação matrimonial; aquele que propõe “ação de despejo” afirma existir entre ele e o réu uma relação de locação. Ao afirmar em juízo a existência de uma relação jurídica, o autor deverá, obviamente, indicar os sujeitos da mesma. Esses sujeitos da relação jurídica deduzida no processo é que terão legitimidade para estar em juízo. Assim, por exemplo, na “ação de despejo” a legitimidade ativa (para ser autor) é daquele que se diz locador, enquanto a legitimidade passiva (ou seja, para figurar como demandado) é daquele que o autor apontou como sendo o locatário. Da mesma forma, uma “ação de cobrança”, legitimado ativo será aquele que se diz titular de um direito de crédito, e legitimado passivo aquele apontado pelo autor como devedor. ................................ Aula 12 – Rio, 19.04.12 continuação...AÇÃO -Condições: 1)Legitimidade -> legitimatio “ad causam”. Quanto ao sujeito -> Passiva e Ativa. Legitimidade quanto às espécies -> legitimidade ordinária: está presente quando o autor pleiteia em nome próprio direito próprio. Quando o menor em nome próprio pede faz ação de alimentos. Quando um credor pede o crédito que é dele mesmo. Não é a única espécie, ao lado dela tem a chamada legitimidade extraordinária: para alguns autores vem definida no art. 6º, CPC -> precisa ser autorizada por lei e está presente quando o autor pede em nome próprio direito alheio. A legitimidade extraordinária se subdivide em três hipóteses: a)legitimidade extraordinária exclusiva -> sempre que a lei só autorizar o legitimado extraordinário (representante) a ingressar com a ação. Alguns acham que existia ou ainda existe no caso da ação popular – mas diverge quem é o legitimado do direito coletivo. Alguns dizem que seria inconstitucional por violar que o próprio titular do direito entre em juízo, só poderia o representante – professor concorda que é inconstitucional também. b)legitimidade extraordinária concorrente -> a maior parte das legitimidades do processo civil atual são dessa espécie. Significa que tanto o titular do direito (legitimado ordinário), quanto o legitimado extraordinário (autorizado por lei para defender o direito do legitimado ordinário) podem ingressar com a demanda, com a ação. Um dos cônjuges pode pedir anulação de casamento. O MP também pode entrar com ação de anulação de casamento. Como isso acontece, no caso do MP tem legitimidade extraordinária concorrente. Ação de alimentos -> quando for menor o MP pode pleitear alimentos em favor de um menor – MP age com legitimidade extraordinária concorrente. Extraordinária porque o direito não é dele, é de alguém representado por ele. c)legitimidade extraordinária subsidiária -> é aquela em que o legitimado extraordinário atua somente após a inércia do legitimado ordinário. Exemplo: art. do CPP – ação penal privada é subsidiária da pública o ordinário seria o MP, se o MP não promover ação penal pública, poderá ter ação penal privada. Art. 159, §3º da lei 6404/76. └>Esta é a regra geral, em nosso direito, segundo o qual será legitimado a atuar em juízo apenas o titular do interesse levado a juízo pela demanda, razão pela qual fala-se, nesta hipótese, em legitimidade ordinária. Afirma, por outro lado, o art. 6º, CPC que ninguém poderá pleitear em juízo, em nome próprio, na defesa de interesse alheio, salvo se autorizado por lei. Em outros termos, poderá uma norma jurídica autorizar que alguém vá a juízo, em nome próprio, na defesa de interesse alheio, o que significa afirmar que em algumas situações, expressamente previstas em lei, terá legitimidade de parte alguém que não é apresentado em juízo como titular da relação jurídica deduzida no processo. Fala-se, nessa hipótese, em legitimidade extraordinária. Exemplos: o sindicato tem legitimidade para atuar em juízo na defesa dos interesses dos seus associados (art. 8º, III, CRFB); mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX, CRFB). A legitimidade extraordinária pode ser exclusiva, concorrente ou subsidiária. Exclusiva -> quando apenas o legitimado extraordinário pode ir a juízo, mas não o legitimado ordinário (exemplo: hipótese de defesa em juízo, pelo marido, dos bens dotais da mulher – art. 289, III, do CC de 1916, sem correspondente no CC de 2002). Porém, para a doutrina moderna, a proibição que se faz ao titular do interesse de ir a juízo pleitear sua tutela é inconstitucional, o que faz concluir que não se pode admitir a existência de legitimidade extraordinária exclusiva nos casos em que exista um legitimado ordinário, por ferir a garantia constitucional da inafastabilidade do acesso ao judiciário. Admite-se, assim, a existência de legitimidade extraordinária exclusiva, no sistema constitucional vigente, apenas nos casos em que inexista um titular do direito subjetivo ou da posição jurídica de vantagem afirmada, como, por exemplo, na ação popular, em que a legitimidade do cidadão é extraordinária, mas não há legitimado ordinário, uma vez que o interesse submetido à tutela jurisdicional é um interesse supraindividual. Legitimidade extraordinária concorrente -> quando tanto o legitimado ordinário quando o extraordinário podem ir a juízo isoladamente, sendo certo que poderão eles também demandar em conjunto, formando assim litisconsórcio facultativo. É o que se tem, por exemplo, na “ação de investigação de paternidade”, em que o titular do interesse ao reconhecimento da paternidade é legitimado ordinário e o MP é legitimado extraordinário concorrente. Legitimidade extraordinária subsidiária -> quando o legitimado extraordinário só pode ir a juízo diante da omissão do legitimado ordinário em demandar. Exemplo: no processo penal, a ação penal privada subsidiária da pública. Existe uma figura chamada substituição processual. Há duas correntes sobre o que é isso: 1)Uma parte acha que é sinônimo de legitimidade extraordinária. 2)Entendimento de que substituição processual estaria presente quando o legitimado extraordinário, no caso concreto, estivesse atuando sem a presença do legitimado ordinário. Caso do art. 6º, CPC seria o exemplo de substituição processual. Como regra geral, a legitimidade é sempre ordinária, salvo nos casos de substituição processual art. 6º, CPC. └> Não se pode confundir a legitimidade extraordinária com a substituição processual. Esta ocorre quando, em um processo, o legitimado extraordinário atua em nome próprio, na defesa de interesse alheio, sem que o legitimado ordinário atue em conjunto com ele. Assim, por exemplo, se o MP propõe “ação de investigação de paternidade”, atuando em defesa do interesse de um menor, teremos substituição processual. O fenômeno não se caracterizará, porém, se a demanda foi ajuizada, em litisconsórcio, pelo MP e pelo menor, legitimado ordinário. Em outros termos, só ocorrerá substituição processual quando alguém estiver em juízo em nome próprio, em lugar do (substituindo) o legitimado ordinário. -Segunda condição da ação -> Interesse Processual Também é denominado como interesse de agir. A dúvida é saber se é um binômio ou um trinômio (porque se subdivide): 1)Considerando como um trinômio: Dinamarco -> fala que se divide em três – interesse utilidade; interesse necessidade; interesse adequação. 2)Considerando como um binômio: Câmara* -> interesse necessidade e interesse adequação. Pega o conceito que de interesse utilidade e coloca no conceito de interesse processual, e que se divide em duas espécies. 3)Considerando como um binômio: Freddie Didier Jr. -> interesse utilidade e interesse necessidade. Interesse utilidade -> somente haverá resolução de mérito se o processo puder ser útil ao autor, trazendo-lhe alguma espécie de benefício ou vantagem, fática ou jurídica. Interesse necessidade -> consiste na exigência de que tenha havido lesão ou ameaça a direito. Interesse adequação -> autor tem que escolher a via, o rito processual adequados. Quando o sujeito estiver de posse de título executivo ele deve entrar com um processo de execução. Se ele entrar com um processo de conhecimento, este será extinto por falta de interesse processual, no caso, interesse adequação. └> Interesse processual -> “utilidade do provimento jurisdicional pretendido pelo demandante”. – o Estado não pode exercer suas atividades senão quando esta atuação se mostre absolutamente necessária. Assim, sendo pleiteado em juízo provimento que não traga ao demandante nenhuma utilidade (ou seja, faltando ao demandante interesse de agir), o processo deverá ser encerrado sem que se tenha um provimento de mérito, visto que o Estado estaria exercendo atividade desnecessária ao julgar a procedência ou improcedência da demanda ajuizada. *O interesse de agir é verificado pela presença de dois elementos – binômio - : “necessidade da tutela jurisdicional” e “adequação do provimento pleiteado”. Fala-se, assim, em “interesse-necessidade” e em “interesse-adequação”. A ausência de qualquer dos elementos componentes desse binômio implica ausência de qualquer dos elementos componentes desse binômio implica ausência do próprio interesse de agir. Para que se configure o interesse de agir, é preciso que a demanda ajuizada seja necessária – essa necessidade da tutela jurisdicional decorre da proibição da autotutela. Há que se considerar ainda a existência de interesses que só podem ser tutelados judicialmente, ainda que as partes estejam de acordo, hipótese em que nos deparamos com as chamadas “demandas constitutivas necessárias”, como a de divórcio e a de anulação de casamento. É mister, ainda, que haja o interesse-adequação, ou seja, é preciso que o demandante tenha ido a juízo em busca do provimento adequado para a tutela da posição jurídica de vantagem narrada por ele na petição inicial, valendo-se da via processual adequada – exemplo: O locador que pretenda recuperar a posse de imóvel locado terá que postular o despejo do locatário, sendo inadequada a propositura de demanda de reintegração de posse; o cônjuge que pretenda desfazer seu casamento por fato superveniente à sua celebração deverá pleitear o divórcio, e não a anulação de casamento; execução de créditos – tendo o credor um título executivo, como um cheque ou uma nota promissória, deverá propor demanda de execução, a fim de ver seu crédito satisfeitos, porém se não existir esse título, a via executiva se mostra inadequada, devendo o credor propor demanda de conhecimento, pois a propositura de demanda de execução por quem não tenha título executivo revela que a atuação do Estado-juiz terá sido provocada em busca de um provimento inadequado para a tutela da situação fática narrada pelo demandante, o que demonstra a inutilidade do referido provimento, razão pela qual faltará interesse de agir. Assim sendo, se terá interesse de agir aquele que apresentar necessidade de tutela jurisdicional, tendo pleiteado um provimento que se revele adequado para a tutela da posição jurídica de vantagem afirmada na demanda. -Terceira condição de ação – Possibilidade jurídica O Liebman passou a achar que não era mais condição da ação. Art. 267, VI – coloca a possibilidade jurídica como condição de ação. É relevante saber se é condição, pois se for o juiz vai extinguir sem resolução de mérito. Significando dizer que o sujeito vai poder entrar com um novo processo e tentar corrigir o vício. Se considerar que não é condição de ação, se considerar como questão de mérito, a sentença do juiz seria a do art. 269, I- sentença que julga o pedido improcedente, diz que o direito não existe, fica impedido qualquer processo. A maioria dos juristas concorda com a mudança de posição do Liebman, não sendo possibilidade jurídica condição da ação, mas sim questão de mérito. Divergência doutrinária sobre a extensão da possibilidade jurídica: 1)Corrente mais clássica – Humberto Theodoro Jr. e Freddie Didier Jr. -> a possibilidade jurídica tem que ser do pedido. A possibilidade jurídica do pedido seria uma formulação de um pedido autorizado ou não vedado pelo ordenamento jurídico. Tudo que for autorizado ele pode pedir e tudo que não for vedado ele pode pedir. 2)*Possibilidade jurídica tem que ser do pedido e da causa de pedir. Causa de pedir -> questões de fato e de direito que embasam o pedido (fatos que fundamentam o pedido). – Alexandre Câmara (professor concorda com essa). Cobrança de dívida de tráfico de drogas. Coloca a causa de pedir para impedir essa cobrança de dívida de tráfico de drogas. Conclusão: Ausente qualquer das condições de ação (apenas uma legitimidade ativa), o processo vai ser extinto sem resolução de mérito pelo art. 267, por falta de elemento da ação. └> Possibilidade jurídica -> é comum encontrar na doutrina esta condição da ação designada por possibilidade jurídica do pedido. Esta designação, contudo, liga o presente requisito do provimento de mérito a apenas um dos elementos identificadores da demanda, o pedido. Por esta concepção, faltaria esta condição de ação quando o demandante formulasse, em juízo, pedido vedado pelo ordenamento jurídico. Restaria, porém, o problema da causa de pedir, outro elemento objetivo de identificação das demandas – exemplo: numa demanda em que se pede a condenação do réu ao pagamento de dívida de jogo -> o pedido formulado pelo autor, de condenação do réu ao pagamento de certa quantia em dinheiro, é perfeitamente possível me nosso ordenamento. A vedação à cobrança de dívidas oriundas de jogo ou aposta é problema que não diz respeito ao pedido, mas à causa de pedir. Aqueles que veem a presente condição de ação puramente como a possibilidade jurídica do pedido terão de afirmar que aqui estão presentes todos os requisitos para o julgamento do mérito, e que a decisão nesse caso seria pela improcedência do pedido. *Outros autores, porém, ampliam o conceito desta condição de ação, afirmando que a mesma alcança, também, a causa de pedir – significa dizer que não só o pedido, mas também o seu fundamento devem ser juridicamente possíveis, sob pena de ter presente o fenômeno da “carência da ação”. Fala-se então possibilidade jurídica da demanda. Verifica-se, assim, que toda a demanda (partes, causa de pedir e pedido), e não só o pedido, deve ser juridicamente possível. Se deve considerar juridicamente impossível a demanda quando algum de seus elementos seja vedado pelo ordenamento jurídico, não podendo o Estado-juiz, ainda que os fatos narrados na inicial tenham efetivamente ocorrido, prestar a tutela jurisdicional pretendida. ............................................ Aula 13 – Rio, 24.04.12 continuação...CONDIÇÕES DA AÇÃO As condições da ação, hoje, não são condições técnicas da ação, mas sim condições para que o juiz possa resolver o mérito. Juiz dá uma sentença de mérito, se presentes as condições da ação. -Críticas às condições da ação: Alguns autores falam que as condições da ação não deveriam mais existir, no sentido de gerarem uma extinção do processo sem resolução de mérito (art. 267, VI). A falta de condição da ação deveria sempre virar uma resolução de mérito – art. 269, I: improcedência de pedido do autor. O pedido é juridicamente impossível. Alguns autores dizem que a condição de ação deveria deixar de existir no art. 267, VI e se tornar uma improcedência de pedido do autor de acordo com art. 269, I. Esses autores são Freddie Didier Jr. (artigo “Um réquiem às condições da ação” - Freddie fala que as condições são só para casos de improcedência gritante e macroscópica – você olha e vê que já está tudo esdruxulamente errado -> só em erros absurdos é que as condições impediriam um processo, estando este fadado ao insucesso), Ovídio Baptista (crítica a visão dualista e diz que é incompatível com as condições da ação. As condições da ação são incongruentes pois para analisa-las não teria apenas uma exploração do plano processual, mas também do plano material, acabando com a separação que há entre esses planos – para o processo poder prosseguir analisando as condições da ação, teria que observar ambos os planos). -Forma de verificação das condições da ação: (para onde eu olho -> para a petição inicial) 1ªteoria) Teoria da Asserção ou da Prospettazione -> é amplamente majoritária dominante – Alexandre Câmara, Freddie Didier Jr. -> essa teoria diz que a presença das “condições da ação” deve ser analisada levando em conta apenas as alegações unilaterais do autor na petição inicial, independentemente da existência efetiva ou não do direito alegado, que é matéria de mérito e não de condição da ação. -> pra ter condições e que o processo pode prosseguir é apenas analisar a petição inicial do autor, a condição estaria presente por uma analise abstrata, não vinculante. Condição da ação é sempre com base na alegação. Alegou, fez sentido, as condições estão presentes, o processo deve prosseguir. 2ªteoria) Teoria da Exposição -> minoritária – defendida pelo Liebman e no Brasil, ainda é defendida pelo Dinamarco. Segundo essa teoria, para a verificação das condições das ação poderia o juiz analisar os fundamentos defensivos do réu e até mesmo a produção de provas para concluir se estão presentes ou não as condições da ação. Crítica: Essa corrente confunde admissibilidade do processo (art. 267,CPC) com mérito. └> A presença das três condições da ação é essencial para que se possa chegar ao provimento de mérito, e a ausência de qualquer delas terá como consequência inafastável a extinção do processo sem resolução do mérito. Há que se investigar, assim, como se verifica a presença de tais condições no caso concreto. Divide-se a doutrina sobre o tema, em duas grandes correntes. Uma primeira liderada por Liebman e que conta com a adesão de Dinamarco, que consideram que a presença das condições da ação deve ser demonstrada, inclusive, cabendo, produzir provas para convencer o juiz de que as mesmas estão presentes. De outro lado, uma segunda teoria, chamada “Teoria da Asserção”, segundo a qual a verificação da presença das condições da ação se dá à luz das afirmações feitas pelo demandante em sua petição inicial, devendo o julgador considerar a relação jurídica deduzida em juízo à vista do que se afirmou. Deve o juiz raciocinar, admitindo, provisoriamente, e, por hipótese, que todas as afirmações do autor são verdadeiras, para que se possa verificar se estão presentes as condições da ação. -Momento processual para verificação das condições da ação: (momento máximo em que juiz pode analisar) 1ªcorrente) Corrente minoritária – Freddie Didier Jr. – o momento que o juiz teria para se manifestar seria até -> art. 329 – Fase do Saneamento do Processo (depois de petição inicial e ?) -> o momento máximo seria até o momento do procedimento. A rigor, o juiz tinha que analisar apenas quando vai ver a petição inicial, mas o CPC permite o contraditório e vai até o saneamento do processo. (Professor concorda com isso – porque as condições são para evitar que o processo prossiga e se dê a resolução de mérito, então prosseguir depois do saneamento já é dar a sentença, ir rumo ao mérito. Então se passa daquele momento, não tem porque analisar as condições de ação). 2ªcorrente)Entendimento amplamente majoritário -> as condições da ação por serem matéria de ordem pública poderiam ser analisadas a qualquer tempo e em qualquer grau. Art. 267, §3º - enquanto o juiz não der uma sentença de mérito, ou o desembargador não der uma sentença mérito, a matéria da condição de ação pode ser reconhecida a qualquer tempo. O problema é que isso predomina e gera absurdos. -Momento exigido para a presença das condições da ação: As condições da ação têm que estar presentes no momento da decisão que vier a avalia-las. Não necessariamente no momento da petição inicial. O momento que o juiz vai analisar as condições da ação. -Classificação das “ações”: Alguns autores não classificam como ação, mas como processo. Outros autores vão falar que isso não é classificação de ação e nem de direito, porque isso é um direito, então vão classificar como tutela jurisdicional. Basicamente são 4, segundo a corrente majoritária. 1)Ação de conhecimento ou ação cognitiva -> essa primeira espécie de “ação” seria aquela destinada à investigação sobre a existência de um direito alegado, ao fim da qual, se presentes as condições da ação e os pressupostos processuais, será proferida uma sentença de mérito, que definirá o direito material. É uma ação voltada sobre a resolução do dir. material – se ele existe, sua extensão, proporção. Quando ainda não tem certeza daquilo, quando ainda não tem uma sentença, faz essa investigação. 2)Ação de liquidação -> destinada a conferir liquidez (fixar quantum debeatur) de uma sentença de conhecimento. 3)Ação de “execução”-> destinada a obter a satisfação de uma prestação inadimplida, por meio de prática de atos de sub-rogação (penhora a expropriação) ou de coerção (multa). Quando já tenho a obrigação certificada, sei qual é o valor, e o sujeito não cumpre a obrigação. 4)Ação “cautelar”-> atividade destinada à prática de uma medida cautelar, que tem como objetivo assegurar a efetividade de um outro tipo de tutela/ação. -> garantir tutela. ..................................... Aula 14 – Rio, 26.04.12 -Princípio da adequação ou adaptabilidade -> Freddie Didier Jr. Flexibilização legal – sai do procedimento padrão e entra no procedimento especifico. Lei modificando procedimento. Flexibilização negocial – possibilidade das partes convencionarem sobre o procedimento. Não pode ser sobre o processo, mas pode ser sobre o procedimento. -Princípios mais importantes: .Princípio do contraditório (7 aspectos e desdobramentos do contraditório). Tem que ser algo mais amplo para que o sujeito possa influenciar o convencimento do juiz. Permitir que seja modificado os rumos a partir das alegações das partes. Possibilidade de postergação ou deferimento – decisões liminares. Decisão inaudita. – não é inconstitucional, é para casos de urgência que não dê para ter o controle prévio. O que predomina na doutrina é que ate as matérias de ordem pública não devem ser levantadas de ofício. .Princípio da fundamentação – magistrado indique as razões de fato e direito que o levaram a decidir. Como ele acha que ocorreu no plano dos fatos e como chegou aquela conclusão. Decisões mal fundamentadas – conceitos vagos – viola a Constituição, decisão é nula. Interesse público (matéria de ordem pública para saber se o juiz agiu de forma imparcial) e interesse das partes (ver se seus argumentos foram levados em consideração e para basear eventuais recursos). .Princípio da isonomia – decisão do STF sobre as cotas. -Jurisdição: .Três características essenciais: inércia (se complementa com o segundo princípio) - princípio do impulso essencial (provocação) –> exceção: inventário – pode começar de ofício; substitutividade; natureza declaratória – é divergente – majoritário: Estado declara direitos preexistentes e não cria direitos (exemplo: divórcio – o sujeito já tinha o direito a pedir o divórcio quando vai ao judiciário). Pode modificar a consequência do direito. Minoritário: judiciário cria direitos. Prof. acha que o judiciário tem que declarar algo que já existe. -Métodos de interpretação. Aplicação da lei no tempo (saber como se aplica lei processual nova) – teoria majoritária: adotamos teoria de aplicação imediata -> se aplica aos processos novos e aos processos em curso. Há divergência dentro disso para saber a partir de qual etapa começa a se aplicar essa aplicação imediata: a que predomina é a dos atos processuais -> são respeitados os atos passados e os atos novos se aplicam as leis novas. O ato seguinte já aplica lei nova. A outra teoria diz que o processo se divide em fases, ai estando na fase antiga tem que esperar termina-la para depois aplicar a lei nova só na nova fase, mas é ruim porque as fases demoram para passar, então atrasa. -Competência – todo membro tem jurisdição, o que pode não ter é a competência. Se uma decisão for proferida numa vara que não tem competência, vai ter consequência. Critério objetivo, critério funcional e critério territorial. Pode dividir a competência de acordo com a matéria. Critério funcional se divide em mesmo processo e processo diferente e dentro disso em plano vertical ou plano horizontal. Quase todos são critérios absolutos -> sendo violado gera incompetência absoluta. Critério territorial -> na maior parte é critério relativo, pois é mais do interesse das partes; art. 94 até o cento e poucos do CPC. Art. 94: foro do domicílio do réu; foro -> saber em que comarca vai processar o sujeito. Mas tem exceções que não seguem o foro de domicilio do réu. Quando versar sobre direitos específicos entende-se que a competência é absoluta e exclusiva. Art. 100-> empresa, local onde tem que ser cumprida a obrigação – competência relativa -> interesse das partes. Algumas hipóteses CC destaca onde a pessoa tem que ser processada – competência relativa. Critério que foi analisado para fixar a competência. Critérios de fixação da competência. Salvo fóruns regionais e de competência civil. Deve-se respeitar o fórum regional – barra tem fórum regional -> respeita a cidade, e dentro da cidade respeita a região. ....................................... Aula 15 – Rio, 10.05.12 PROCESSO -Natureza jurídica do processo: 1ªcorrente) Teoria Procedimentalista -> processo seria apenas para a exteriorização dos atos. Os juízes dessa época eram chamados “praxistas”, só olhavam para o lado prático. Processo era mero procedimento dos atos práticos. 2ªcorrente) Teoria Contratualista -> processo seria um contrato, porque senão fosse contrato, seria classificado como algo ilícito. Dividia em contratos e ilícitos. 3ªcorrente) Teoria do Quase Contrato -> processo não entrava nem em contrato e nem em ilícito, mas em quase contrato. As três primeiras correntes demonstram que o processo não é um ramo próprio *4ªcorrente) Teoria da Relação Jurídica Processual -> foi desenvolvida em 1868, por Oskar Von Bülow. Tenta classificar sistematicamente requisitos para que o processo existisse. Acha que o processo não tem a ver com o direito material, então começam a surgir requisitos próprios. Processo seria uma relação intersubjetiva dinâmica de direito público sujeita a requisitos próprios. Processo passa a ser analisado como uma relação jurídica e não como mero apêndice do direito civil. É uma das teorias predominantes conjugada com algumas outras. A partir dessa quarta teoria, é predominante que todos pensam que processo é uma relação jurídica, e isto será conjugado com outras teorias. *5ªcorrente) Teoria da Situação Jurídica -> James Soldschimidt relação jurídica processual consagraria uma situação jurídica, e como consequência esta situação jurídica geraria 5 possibilidades/situações para os seus sujeitos – processo é uma situação jurídica que gera para os seus sujeitos: a)deveres; b)poderes; c)faculdades; d)ônus; e)sujeições. -> cada um pode exercer conjuntamente ou separadamente cada uma dessas situações. 6ªcorrente) Teoria da Instituição (não é aceita por tantos autores) -> quando você quer dizer que algo é muito importante você fala que é mais que um contrato, é uma instituição. Autores que defendem: Eduardo Couture (autor uruguaio). Processe é mais que um direito, é mais que uma relação, chega a ser uma instituição. 7ªcorrente) Teoria da Categoria Jurídica Autônoma (defendida por Alexandre Câmara) -> o processo não seria uma relação e nem um direito, também não seria uma situação jurídica, ne uma instituição. Processo seria processo, não consegue comparar com nenhuma outra coisa, é uma categoria jurídica autônoma. 8ªcorrente) Teoria do Procedimento em Contraditório Animado pela Relação Processual (Dinamarco) -> relação jurídica processual, essa relação pode gerar poderes, deveres, faculdades, ônus, sujeições, o contraditório seria tão importante que entraria no conceito de processo e haveria uma relação processual. -Conceito: .Câmara e Dinamarco -> diz que o procedimento é o aspecto extrínseco do processo. Dinamarco sempre coloca procedimento no conceito, mas o Câmara não. União pode legislar sobre processo (art. 22,I, CRFB) e os estados sobre procedimento (art. 24, XI) – o problema de conceituar processo como procedimento é que você não consegue separar as duas coisas. Conceito mais atual: Processo é o meio (relação jurídica) pelo qual a jurisdição se manifesta após provocada pela ação (direito de pedir a atuação do Estado-Juiz). Processo é um meio pela qual a jurisdição se desenvolve. Como o Estado tem essa função de proteção, ele dá às partes de pedir um direito. Conceito de procedimento: cada autor conceitua de uma maneira própria. Seria o conjunto da forma e dos meios de se praticar cada ato processual. -Classificação: Alguns autores classificam ações, outros classificam processos e outros classificam tutelas. 1)Processo de conhecimento -> destinado à definição do direito material. Voltado sobre a resolução do dir. material – se ele existe, sua extensão, proporção. 2)Processo de Liquidação -> destinado a conferir liquidez (fixar quantum debeatur) de uma sentença de conhecimento. 3)Processo de execução -> prática de atos para a execução do direito. Destinado a obter a satisfação de uma prestação inadimplida, por meio de prática de atos de sub-rogação (penhora a expropriação) ou de coerção (multa). Quando já tenho a obrigação certificada, sei qual é o valor, e o sujeito não cumpre a obrigação. 4)Processo cautelar -> atividade destinada à prática de uma medida cautelar, que tem como objetivo assegurar a efetividade de um outro tipo de tutela/ação. -> garantir tutela. 5)Processo sintético -> aquele no qual podem ser realizadas mais de uma atividade distinta numa mesma relação processual. Menos tecnicismo, mais celeridade. -Objeto do processo: 1ªteoria) falava que o objeto do processo seria a lide. Carnelutti. Lide-> pretensão resistida. 2ªteoria) seria a questão de mérito. Questão de mérito -> a decisão sobre o direito material. Investigar o direito material. Liebman. 3ªteoria) corrente majoritária -> objeto é chamada pretensão processual, que seria o pedido formulado. Tem que ver em cada caso qual seria o pedido formulado pelo autor. Alexandre Câmara. -Sujeitos do processo: Dividido em Estado-Juiz, MP, partes e advogados .Estado-Juiz: Primeira característica é ser dotado de supremacia e equidistância. Supremacia para ele garantir a autoridade de suas decisões, não significa dizer que exista hierarquia entre os profissionais de direito. Equidistância é para lembrar a garantia da imparcialidade da jurisdição -> Judiciário fica equidistante, ele não favorece ninguém. Garantias dos juízes/magistrados -> são três grupos de garantias do juiz – art. 95, CRFB: I –vitaliciedade: uma vez adquirida, só perde o cargo por força de sentença judicial não administrativa transitada em julgado. II – inamovibilidade. III – irredutibilidade de subsídios: é regra geral, faz um escalonamento. Parágrafo único: vedações. Questão da imparcialidade .............................................. Aula 16 – Rio, 15.05.12 continuação... Parcialidade do juiz -> juiz tem que ser imparcial. Dois vicio em relação à parcialidade: art. 134 fala que o juiz é parcial e o nome do vício é impedimento (vícios mais graves); art. 135 fala que o juiz é parcial e o nome do vício é suspeição (vícios menos graves). Responsabilidade do juiz -> juiz tem responsabilidade prevista no art. 133 do CPC, mas o juiz só responde quando agir com dolo. Processar o juiz pessoalmente com ele age com dolo, é uma proteção. Os órgãos do poder judiciário -> art. 92, CRFB – enumera os órgãos do poder judiciário: STF, CNJ, STJ, Tribunais/Juízes Federais, Tribunais/Juízes do Trabalho, Tribunais/ Juízes Militares, Tribunais/Juízes Estado, DF e Territórios (justiças especializadas). O CNJ é um órgão que pela Constituição pela EC 45/04, é um órgão de controle interno, composto de pessoas chamadas conselheiros, tem alguns ministros, desembargadores e juízes integrando o CNJ, alguns membros do MP e representantes da advocacia – a função dele é de controle administrativo, faz um controle que já é interno, que compõe o judiciário, e faz um controle administrativo (qualquer problema relacionado à administração do judiciário – exemplo: juiz não apareceu, não chegou na hora que devia, etc.), não pode aqui debater se a decisão judicial está certa ou não, qualquer um pode peticionar para impugnar qualquer problema administrativo. O poder do CNJ é concomitante (corre em paralelo) com o poder das corregedorias. E qualquer pessoa, cidadão, advogado pode impugnar qualquer problema administrativo. Classificação de membros do CNJ: 1ª instância – juiz, 2ª instância – desembargador, instância especial (tribunal superior) – ministro. Ingresso na carreira/na magistratura -> o ingresso na magistratura se dá sempre em cargos na 1ª instância e é sempre concurso público, para virar desembargador e ministro tem um processo diferente – os desembargadores ou tribunais de segunda instância são compostos por 1/5 dos membros do MP e da advocacia (1/10 de cada um), os 4/5 restantes são compostos por juízes, por membros da magistratura. Primeira distinção com o CNJ: quando o sujeito vira conselheiro, ele ?, quando se torna juiz passa a ser sempre juiz. Art. 94, CRFB: 1/5 do MP e advocacia – 10 anos na carreira (MP) ou de atividade profissional (juiz) -> com esses 10 anos pode se candidatar a concorrer ao quinto; os ministros pelo terço constitucional – então há como se tornar desembargador ou ministro sem fazer concurso público. Tem a lista tríplice. Merecimento e tempo de atividade – quem foi indicado 3 vezes por merecimento, tem direito a ser nomeado desembargador Auxiliares da justiça -> pessoas que atuam junto ou como se fossem integrantes do poder judiciário: (auxiliares do poder judiciário) 1)Técnicos e analistas administrativos – varas, cartórios. Tem concurso público para trabalhar nessas funções. Mas pode ter por merecimento. 2)Oficial de justiça – é quem cumpre os mandados, cumpre a diligência. 3)Perito – auxiliar eventual. Existe concurso para ser perito, qualquer um pode ser perito em sua área de especificação – exemplo: perito de engenharia – não fez concurso. 4)Tradutores e intérpretes – tradução de documentos oficiais e tradução de testemunhas estrangeiras. 5)Depositário – qualquer um pode ser depositário do bem. .Partes e terceiros -> o que não entrar no conceito de partes, obrigatoriamente, entra no conceito de terceiros. Partes: divergência na doutrina atual e na doutrina mais antiga – 1)conceito defendido por Liebman e Dinamarco -> partes são todos os sujeitos do contraditório perante o juiz. Câmara chama isso de partes do processo (todos os sujeitos do contraditório perante o juiz); 2)Chiovenda e Freddie Didier Jr. -> partes são quem pede e contra quem se pede. Câmara dá essa definição quando conceitua partes da demanda. Quem não entrar no seu conceito de partes, será terceiro. Coisa julgada é a imputabilidade e a indiscutibilidade da decisão -> coisa julgada só vincula as partes, por isso é importante saber se o sujeito é parte ou terceiro – é parte, é imutável, é indiscutível. Coisa julgada: art. 472, CPC. Para saber quem é terceiro, depende do conceito de partes que você adota. .............................................. Aula 17 – Rio, 17.05.12 continuação... .Partes Deveres das partes e as sanções pelo descumprimento: Responsabilidade civil das partes -> por danos processuais (16 a 18 CPC) e despesas processuais (19 a 35 CPC) – ônus de sucumbência. Os deveres das partes vem nos artigos 14 e 15, CPC. Art. 14 -> traz os deveres das partes. Parágrafo único traz uma ponderação especifica para o descumprimento de determinados atos, no caso aqui dos incisos I a IV – responsabilidade pelo descumprimento do 14, V “contempt of import” – quando descumpre isso e incide na hipótese desse inciso recai uma multa, e essa multa reverte para o Estado. Se for culpa do advogado, responde perante a OAB. NO caso do inciso V seria descumprimento ao cumprimento de uma decisão judicial, pode o destinatário receber uma multa. Art. 15 -> se o sujeito empregar palavras injuriosas, o juiz pode mandar riscar essas palavras, sem prejuízo de haver alguma responsabilidade por esse excesso. A responsabilidade civil das partes dividimos por danos processuais e despesas processuais. Responsabilidade por dano processual (arts. 16 a 18, CPC) -> é a atitude do sujeito por litigância de má-fé – art. 16: possibilidade de punição para partes e terceiros; art. 17: traz as hipóteses num rol exemplificativo de condutas que representem litigância de má-fé;* [Obs.: tem que ser ponderada junto com o princípio de contraditório e ampla defesa. Esses deveres de litigância de má-fé passam a ser mais fortemente observados a partir da inicial e do contraditório] *art. 18 : traz a sanção dessas condutas – tanto a parte pode requerer a condenação de outra ou o juiz condenar a litigância de má-fé. A multa é muito pequena, a multa é pela mera litigância de má-fé. A conduta de litigância de má-fé pode fazer um sujeito sofrer prejuízos, então pode ser fixada além da multa, uma indenização pelos prejuízos – a indenização pelos prejuízos vem no §2º. As partes têm que provar o prejuízo, e ai instaura uma fase de liquidação, podendo ganhar uma indenização por perdas e danos. A condenação da parte por litigância de má-fé é da parte e não do advogado, pois este é mero representante processual da parte. Responsabilidade civil por despesas processuais -> estudo do art. 19 ao art. 35, CPC. Despesas processuais tem de vários níveis. Estamos falando de um gênero do qual são espécies despesas processuais strito sensu, que é um gênero que engloba custas, taxas e monumentos - cada ato processual tem um valor para a prática dele. Há também os honorários advocatícios da sucumbência. Art. 19 -> despesas processuais strito sensu – regra: as partes devem adiantar a despesa da prática do ato, tem que adiantar o pagamento daquela despesa. Alguns atos tem despesas processuais e outros não, como a contestação que não tem custas, o réu não paga a contestação no contraditório – quem vai praticar o ato tem que adiantar o pagamento – mas não pode ferir o acesso à justiça e o contraditório e ampla defesa -> gratuidade de acesso à justiça: para não violar, não permitindo o contraditório e a ampla defesa – quem não tiver condições para entrar com a petição inicial, entra com a gratuidade de acesso à justiça e vê se o juiz permite, não tendo que pagar por essas custas – lei 1060/50. Honorários advocatícios de sucumbência -> não tem nada a ver com o honorário contratual. Juiz condena o sucumbente (perdedor) a pagar um extra ao advogado da parte que é declarada vencedora. S2 § 3º -> 10 a 20% do valor da condenação – se o réu ganha a condenação é zero -> §4º - juiz escolhe um valor líquido na moeda nacional – se o Estado perde ou é condenado...?. Sucumbência mínima -> quando o sujeito perde apenas pouco do que pede – art. 21, parágrafo único. Sucumbência recíproca -> é quando autor e réu perdem em proporções parecidas – não são casos de 50%, mas pode ser 60 e 40 – perdem parcela em proporções equivalentes, mas não há um valor fixo. Rateio das despesas – art. 21, caput: os dois tem que fazer um cálculo de tudo o que cada um gastou e ver a proporção de derrota -> quem ganhou mais será reembolsado naquele valor que gastou. Os honorários advocatícios nunca podem ser recompensados – não pode haver a compensação dizendo que o advogado gastou seus honorários porque quem vai pagar as custas é o cliente, assim os honorários advocatícios terão que ser pagos de qualquer forma. Ainda sobre sucumbência, temos súmulas: STJ, 306 – os honorários são direito autônomo do advogado, mas é compensado. STJ, 326 – sucumbência em dano moral – fixação de dano moral em valor inferior ao pedido não dá ensejo à sucumbência recíproca. STJ é tranquilo no sentido de falar que até os honorários de sucumbência tem caráter alimentar (em relação aos honorários contratuais nunca teve dúvida quanto a isso – antes se entendia que os honorários de sucumbência não tinha esse caráter, mas depois veio entendimento do STJ dizendo que possui sim esse caráter alimentar) – os créditos por natureza alimentar são privilegiados, ou seja, advogado pode receber antes do cliente -> advogado recebe antes do seu cliente se o crédito deste não for privilegiado. Havia uma polêmica se a defensoria pública sempre tinha direito a receber os honorários ou se ela mitigasse contra o ente a que ela pertence, não receberia – faz compensação e ela não ganha nada (por não ter personalidade jurídica – é Estado contra Estado) – a tese que prevaleceu foi a favor da compensação -> súmula 421 STJ. Defensoria só ganha honorários se for contra um ente contra o qual ela não pertença. Quando se fala em defensoria o problema é saber se cabe honorários advocatícios de sucumbência, devido ao fato dela não ter personalidade jurídica e também de atuar em algumas vezes contra o próprio Estado – o entendimento é que não são devidos os honorários de sucumbência. .................................................... Aula 18 – Rio, 22.05.12 .Terceiros O conceito é dado por exclusão. Terceiro é quem não for parte. Para a doutrina, os terceiros podem intervir no processo se demonstrarem interesse jurídico. O terceiro intervém no processo a partir do processo de intervenção de terceiro. A partir da intervenção de terceiro, o terceiro se torna parte. Era terceiro até aquele momento, a intervenção de terceiro sendo aceita pelo juiz, torna-se parte. Tem que demonstrar interesse jurídico para deixar de ser terceiro e virar parte. Existe o terceiro chamado amicus curiae – é uma expressão que tentamos traduzir como amigo da corte. Tem um conhecimento especializado em uma determinada matéria debatida. Ajuda a formar a convicção do juiz. É a nomenclatura que se escreve quando se fala no singular, quando quer utilizar no plural é amici curiae (quando tem mais de um amigo da corte intervindo no processo). O amicus curiae só tem previsão legal nas leis de controle de constitucionalidade (lei da ADI, ADC e ADPF) e processo coletivo (ação civil público e outros). Projeto do novo CPC vai trazer possibilidade de intervenção de amicus curiae em qualquer processo. É um terceiro, mas é diferente, pois quando intervém não vira parte, permanece como amicus curiae. Não pode recorrer, justamente pelo fato de se manifestar, mas não ter o tratamento de parte. Não assume polo ativo e nem passivo. Permanece na qualidade de terceiro. .Advogado Art. 133, CRFB. Advogado é essencial à administração da justiça. Art. 36 a 40, CPC. É quem tem jus postulandi – tem capacidade postulatória -> quem pode praticar ato processual é quem tem capacidade postulatória (quem pode recorrer, quem pode fazer pergunta à testemunha, defesa, recursos, propor ações – atos processuais escritos através de petições e orais). Entra no conceito de advogado com capacidade postulatória tanto os advogados privados (inscritos na OAB) quanto os advogados públicos (exemplo: defensor público e procuradores da Fazenda Pública – procurador federal, do estado e do município, procuradores autárquicos). Cláusulas que dão poderes aos advogados: Advogado pode se embasar na cláusula ad judicia – para praticar os atos processuais comuns ou ordinários (contestar, recorrer). Quando alguém dá procuração para advogado, vem a cláusula ad judicia, que dá poder para o advogado praticar atos processuais comuns ou ordinários. Outra cláusula é a et extra – dá poderes especiais – essa cláusula tem que vir de forma expressa, destacada. Consegue poderes especiais ao advogado, poderes que significam atos de disposição do direito material do cliente. Tem que vir de forma expressa, destacada, porque dando procuração geral, já se sabe que tem poderes ad judicia, e para ter outros poderes precisa ter essa cláusula de poderes especiais destacadas. Art. 38, CPC. Procuração é instrumento do mandato e como regra geral deve vir escrita. Revogação e renúncia de poderes -> sabendo que o cliente tem que dar poderes ao cliente, tem que ver como o advogado renuncia aos poderes e como o cliente troca de advogado. Art. 44 -> revogação – quando a parte quer trocar de advogado, ela tem que apresentar outro advogado imediatamente. Quando comunicar que não quer mais o advogado A, tem que falar imediatamente quem é o advogado B. Renúncia aos poderes recebidos -> art. 45 – advogado pode renuncia a qualquer tempo o mandato, mas tem os seguintes requisitos: advogado quer unilateralmente renunciar, pode renunciar, tem que comunicar imediatamente o cliente, ficando ainda vinculado durante 10 dias para tocar o processo em favor do cliente. O advogado pode renunciar quando não está recebendo. Requisitos para a caracterização como advogado -> ser bacharel em direito (concluir uma faculdade de direito reconhecida pelo MEC); ser aprovado no exame de ordem (OAB) – art. 8º, da lei da OAB (lei 8906/94) – RE 603583 -> STF considerou constitucional o exame de ordem. .Ministério Público MP pode atuar no processo com duas funções/qualidades: como parte autora ou parte ré e pode atuar assim tanto em legitimidade ordinária (o direito é dele como autor ou como réu) quanto em legitimidade extraordinária (atua pleiteando em nome próprio direito alheio). Pode assinar petição como parte autora ou como ré. Também pode trabalhar como fiscal da lei – custos legis -> MP atuando como fiscal da lei está atuando como custos legis. Novo CPC vai mudar a nomenclatura de fiscal da lei para fiscal do ordenamento jurídico. Atua nessa condição nas hipóteses do art. 82, CPC. Incisos que falam que dependendo do tipo de pessoa direito surge a necessidade do MP fiscalizar. MP em favor de incapazes, interdição, de casamentos atua como fiscal jurídico – atua como terceiro interessado em fiscalizar a lei. O que gera nulidade nos casos do art. 82 é a ausência de intimação do MP para se manifestar. Intimação do MP em 2ª, supre intimação em 1ª. Inexistência de hierarquia entre os profissionais do direito -> tem que ter respeito, cordialidade, a palavra do poder judiciário tem que prevalecer, mas entre os profissionais do direito não há hierarquia entre eles – não há ninguém superior. ................................... Aula 19 – Rio, 24.05.12 -Pressupostos processuais (esquema do Freddie Didier Jr.) Primeira grande divisão é entre pressupostos de existência e pressupostos de validade. Pressupostos de existência se dividem em requisitos subjetivos (juiz -> órgão jurisdicional e juiz; partes – capacidade de ser parte) e objetivos (demanda). Pressupostos de validade também se subdividem em requisitos subjetivos (juiz-> competência absoluta e imparcialidade; partes – capacidade processual e capacidade postulatória) e objetivos (intrínseco -> formalismo; extrínsecos -> inexistência de coisa julgada material, litispendência, perempção, convecção de arbitragem). Pressupostos processuais podem ser entendidos como elementos necessários tanto para a existência quanto para a validade de todo o processo (relação processual) e de cada ato processual específico. Tem que analisar todos os pressupostos de cada ato e não apenas na petição inicial. Dividimos em pressupostos de existência e pressupostos de validade. Pressuposto não é igual a requisito – o pressuposto significa algo anterior que tem que existir para que o ato processual posterior possa existir. A falta de um pressuposto de existência faz com que o próprio processo (se o vício for inicial) ou um ato processual (ato determinado) seja juridicamente inexistente – quando algo é juridicamente inexistente nunca vai poder alcançar os planos da validade e da eficácia. Tudo que decorrer do ato inexistente será ao mesmo tempo inválido e inexistente. Vícios transrescisórios – podem ser alegados fora do prazo rescisório. Requisito é algo exigido no momento da prática do ato, então não é um pressuposto, não tem que existir antes. Requisitos de validade -> só entramos na sua análise se estiverem preenchidos positivamente o plano da existência. O plano da validade não é pressuposto para o plano da eficácia – algo pode ser válido e ineficaz ou inválido e eficaz, até que seja anulado. O plano da validade tem uma aptidão para formar coisa julgada, significa dizer que depois do trânsito em julgado grande partes desse vícios sã sanados, trânsito julgado tem eficácia sanatório (vícios ficam corrigidos com o trânsito em julgado). Alguns vícios apesar do trânsito em julgado de nulidade são considerados muito graves pelo legislador, e por isso há ação rescisória, são alegados após o trânsito em julgado – art. 485, CPC e art. 495, CPC – prazo de 2 anos para a rescisória. Esgotado o prazo da ação rescisória a sanatória é absoluta de todos os problemas do plano da validade. Alguns dividem a validade em vícios absolutos e relativos, como Alexandre Câmara. A nulidade relativa deve ser alegada na primeira oportunidade seguinte sob pena de sanção. Na nulidade absoluta o vício pode ser alegado até o trânsito em julgado. Os vícios absolutos são mais graves e podem cair no caso da recisória e serem lá alegados. Falar que o vício é de validade aplicamos na correção do vício as regras de nulidade do CPC. O vício da validade podem ser sanados, ou ignora e segue dali pra frente. Pressupostos de existência subjetivos divido em relação às pessoas – juiz e partes. Para o processo existir do ponto de vista do órgão judicial tem que ser um órgão integrante do poder judiciário – se não for um órgão jurisdicional, o processo sequer existe. Além do órgão de competência jurisdicional é o sujeito ser tecnicamente magistrado – tem que ser juiz, desembargador ou ministro - quem esta julgando tem que ser uma dessas três coisas. A pessoa do julgador tem que ser investida de jurisdição, tem que ter tomado posse e não estar aposentado ou afastado ou licenciado. Do ponto de vista das partes, existe capacidade de ser parte -> só não tem os mortos e animais; é poder ser autor ou réu. Capacidade de ser parte não tem nada a ver com legitimidade nas condições da ação. Quem não nasceu ainda pode ser parte. É quem tem personalidade (art. 1º, CC). Tem capacidade de ser parte pessoas naturais, pessoas jurídicas, condomínio não personificado, nascituro, nondum conceptus (sujeito que se quer foi concebido – art. 1799, I, CC – se torna sujeito de direito), sociedades de fato, não personificadas e irregulares, entes formais (massa falida, massa de insolvência, herança adjacente), grupos indígenas e tribais e órgãos despersonalizados (órgão não tem personalidade jurídica. MP é órgão – processo o órgão MP). Pressuposto de existência objetivo é a exigência é a existência de demanda – existência de partes (pluralidade de partes), causa de pedir (fundamentos de fato e de direito que embasam o pedido) e o pedido. Para o processo existir tenho que ter mais de uma parte, tem que ter alegações de fato e de direito sobre alguma coisa e pedido. DIA 05.06 NÃO TEM AULA! ........................................... Aula 20 – Rio, 29.05.12 continuação...PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS Pressupostos processuais -> consequências: art. 267, IV e V. Demanda significa que é necessário um ato postulatório da parte. Para que iniciar o processo é preciso um ato postulatório da parte. Em demanda temos partes, causa de pedir e pedido. Demanda é o ato postulatório inicial, a causa é a inércia. Início do desenvolvimento da relação processual. Requisitos de validade: Não é mais plano da existência. Temos requisitos subjetivos e objetivos. Requisito de validade subjetivo relacionado ao juiz é a competência absoluta (a competência relativa não entra aqui nos problemas dos pressupostos processuais, ou vai ser alegada no prazo e vai ser competente ou não vai ser alegada no tempo) - a competência absoluta do juízo é gravíssima, é pressuposto, é um vício que vai atingir até o início do processo. Outro requisito de validade ligado ao juiz é a imparcialidade do juiz, é em relação à pessoa do juiz, o juiz tem que ser imparcial – existe um vício de imparcialidade chamado de impedimento do juiz -> art. 134, CPC, ligado a parentesco muito próximo, é o vício mais grave da imparcialidade; há também o vício da suspeição – art. 135, CPC, é um vício menos grave, tem um prazo de 15 dias para ser alegado pela parte. O próximo pressuposto de validade subjetiva é relacionado às partes, é de capacidade processual -> fazemos uma analogia com o art. 5º, CC, e vem no CPC nos arts. 7º e 8º - aptidão para litigar sem representação ou assistência, significa que o sujeito tem que ter a capacidade civil plena do direito civil (maior de 18 anos e não estar interditado ou ser emancipado) – se não tiver a capacidade plena, só terá capacidade processual se estiver representado ou assistido. A representação é para o absolutamente incapaz, e a assistência é para o relativamente incapaz. Pessoa jurídica precisa ser representada, e é representada por alguém que ganha o nome de representante legal ou preposto – exemplo: pessoa jurídica é ré e ela vai passar procuração para advogado, então quem vai passar poder para o advogado é o representante legal. Outro requisito de validade subjetivo ligado às partes é a capacidade postulatória -> vulgarmente conhecida como jus postulandi, significa o poder de peticionar e atuar em juízo, é o poder das partes de praticar atos processuais. Em regra, quem tem capacidade postulatório é o MP, os advogados (privados e os públicos – advogados de fazenda pública -> advogados da União, Estado, Municípios, Autarquias), existem algumas exceções nas quais as próprias partes podem praticar atos postulatórios (não precisam estar patrocinadas por um advogado) -> ato de testemunha; para pedir medidas de protetivas de urgência para vítima de violência doméstica (arts. 19 e 27 da Lei Maria da Penha); pedido de alimentos (art. 2º da lei de alimentos); arts. 36 e 37, CPC – art. 36: se ninguém quer advogar pelo sujeito, a parte tem capacidade postulatória; juizados estaduais civis e especiais – parte não precisa de advogados; juizados de fazenda pública; habeas corpus; reclamação trabalhista – em reclamação trabalhista, autor e réu não precisa de advogado, mas só no âmbito da justiça ordinária de trabalho, em TST precisa de advogado, extraordinário do STF também precisa de advogado; processo administrativo tributário; processo administrativo disciplinar. Esses vícios de capacidade processual e postulatória (entrou sem ter advogado) entende-se que são sanáveis pelo artigo 13 do CPC – o juiz verificando falta dessas capacidades, suspende o processo (em vez de extinguir) e intima para corrigir o vício, se não for sanado, aplicam-se as sanções – as consequências para essas vícios vem nos incisos. Pressuposto de validade objetivo é dividido em intrínseco e extrínseco. Intrínseco a doutrina chama de respeito ao formalismo processual, isso quer dizer que devem ser observadas as formas dos atos processuais e o rito processual – exemplo: CPC fala que procedimento ordinário tem que ser escrito, se for oral não respeita formalismo processual do ato. Requisitos de validade objetivos extrínsecos (como Freddie Didier classifica) – alguns autores chamam de impedimentos processuais (Câmara) e outro grupo de autores chamam de pressupostos processuais negativos – significa que esses quatro elementos não podem estar presentes para que o processo possa tramitar validamente, processo só tramita validamente se não existir nenhum desses quatro elementos. Esses quatro elementos são: coisa julgada, litispendência, perempção e convenção de arbitragem. Coisa julgada consiste na repetição de uma demanda já julgada, na qual tenha se formado coisa julgada material (art. 269, CPC) – em qualquer processo que tenha tido decisão final de mérito que transitou em julgado, essa questão não poderá ser processada novamente pelo mesmo fato (art. 267, V - coisa julgada). Litispendência significa propositura de uma demanda igual a outra que já está em curso, se aproxima muito de coisa julgada -> demanda igual que já acabou de ser julgada, se o primeiro processo ainda não acabou de ser julgado ai é litispendência. Se ainda não terminou de ser julgado não pode surgir um processo igual – paralisa/impede o curso da segunda. Pela corrente mais clássica a litispendência e a coisa julgada são identificadas pela tria eadem, teoria da tríplice identidade, que são as partes, a causa de pedir e o pedido – compara os processos em curso ou o que já acabou por essa tríplice. Perempção (não tem nada a ver com preempção -> direito de preferência) vem no artigo 268, parágrafo único, CPC – opera contra o autor -> surge a perempção no seguinte momento: quando o mesmo autor tiver três processos iguais anteriores extintos por abandono do autor. Com a perempção fica impedido no quarto processo igual adiante, mas se tiver direito, o direito dele fica resguardado, podendo ser alegado como defesa em outro processo. Desistência não é abandono. Alguns autores (Cassio Scarpinella) acham que a perempção é inconstitucional, pois veda acesso à justiça -> é uma tese minoritária. Convenção de arbitragem – havendo convenção de arbitragem, partes convencionam que não irão ao judiciário, se uma das partes depois quiser ir ao judiciário, não vai poder, é impedimento processual, mas a doutrina diz que a convenção de arbitragem tem que ser alegada pelo réu até a contestação – art. 301, IX -> a convenção tem que ser alegada pelo réu nessa prazo e o §4º diz que a convenção não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. É impedimento de processual apenas se o réu alega-la até a contestação, para a doutrina. Se o réu não alegar na contestação presume-se dupla renúncia à arbitragem, pois o juiz não pode reconhecer de ofício. Se for alegada pelo réu, a convenção de arbitragem impede apenas o processo ou a fase de conhecimento (atividade cognitiva destinada à obtenção de uma sentença). Substitui a jurisdição apenas na fase de conhecimento. Tendo sentença arbitral, o árbitro não pode arbitrar. Impede apenas a fase de conhecimento e só se o réu alegar até a contestação, se não alegar até ai, nem a fase de conhecimento fica impedida. ......................................... Aula 21 – Rio, 31.05.12 continuação...PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS -Quais dos pressupostos de existência e validade podem ser reconhecidos de ofícios? Todos podem ser reconhecidos, menos a convenção de arbitragem, pois assim fala o art. 301. -Todos os pressupostos são exigidos desde o inicio do processo, os de existência são necessários para que a relação exista e os de validade para que a relação seja válida. A ausência de um pressuposto processual, sendo mantida a falta de validade ou existência, a consequência é a extinção do processo. Se for por falta de validade será extinto pelo art. 267, VI, sem decisão de mérito. Se for corrigido o vício, pode entrar com outro processo. Art. 267 -> quando faltar pressuposto originário, no inicio do processo. Se o vício for no curso do processo, só em relação a determinado ato, o processo não é extinto, aquele ato vai ser considerado nulo. -Citação A citação é o ato de comunicação ao réu. Art. 213, CPC -> ato eplo qual o sujeito se torna réu – passa a se integrar no polo passivo da relação a partir da citação. Com a citação é que o sujeito se torna réu. Na petição inicial, você tem uma linha -> autor, juiz e réu A citação é o ato mais importante do processo pois privilegia o contraditório. É reflexo básico do contraditório. Ainda que pareça tão importante, podendo ser considerada pressuposto de existência, temos artigos que dão a entender que poderia existir processo sem citação. Art. 295 c/c 267, I -> juiz pode indeferir a petição inicial -> quando a petição inicial tiver vício, indefere -> aqui não tem a presença do réu ainda, só há relação entre o autor e o juiz; Petição inicial indeferida não teve citação, mas o processo a rigor houve, o inicio processual ocorreu, ainda que sem citação, e esse processo é extinto. Art. 295, IV c/c 269, IV -> coisa julgada material favorável ao réu, sem citação do réu – autor perde. Art. 285-A -> improcedência liminar -> não se cita o réu – juiz julga improcedente pelo art. 269, I – juiz fala que o autor não tem razão, com resolução de mérito, antes de citar o réu. Esses processos existiram, foram válidos, tanto que formam coisa julgada material favorável ao réu. Hoje, depois desses artigos temos coisa julgada material, então tem que falar que houve o processo, e que favoreceu o réu. Não conseguimos colocar a citação em pressuposto de existência e nem de validade. Freddie não joga em existência e nem de validade. Para ele, citação é requisito de validade de decisões contra o réu – não coloca como pressuposto de validade do processo inteiro, coloca como validade de atos específicos, apenas nos atos de decisão contra o réu. Como é a qualquer tempo, não pode ser requisito de existência. Fica errado colocar que é pressuposto de existência quando necessário, não pode colocar naquele quadro geral. Fala que o processo iniciou, se no procedimento vai decisão contra o réu, tem que ser garantido o contraditório. - Demanda Classificamos como a concretização do direito de ação. Demandar -> ato inicial da demanda é protocolar a petição inicial. Tem três elementos: partes, causa de pedir e pedido. 1º elemento da demanda) Partes -> para haver demanda, para haver existência desde o ato inicial, é necessário haver no mínimo um autor e no mínimo um réu. O réu pode ser indeterminado, mas tem que apontar alguém como réu. Exemplo: pessoas invadiram minha casa -> eu, autor, entro com ação de reintegração contra réu – não sei quem é que invadiu, mas tem réu. 2ºelemento da demanda) Causa de pedir -> qualificamos como os fatos que fundamentam a pretensão. Exemplo: o autor alega que é filho e que não está recebendo alimentos. É dividida em causa de pedir próxima e causa de pedir remota – causa de pedir próxima -> é aquilo que está mais próximo do ajuizamento da inicial, são os fatos que explicam a lesão ou a ameaça ao direito. Na ação de alimentos, a causa de pedir próxima é o não recebimento de alimentos; causa de pedir remota -> é classificada como os fatos que revelam o surgimento da relação jurídica ou da obrigação – exemplos: a causa de pedir remota da ação de alimentos é a paternidade. 1ª corrente da causa de pedir)Teoria da substanciação -> adotada pelo Câmara e pelo Freddie. Diz o seguinte: a causa de pedir são fatos e relação jurídica narrada. Significa dizer que não integra a causa de pedir a qualificação jurídica dada pelo autor aos fatos e à relação. 2ª corrente da causa de pedir)Teoria da individuação -> adotada mais ou menos pelo Dinamarco. Diz que entra na causa de pedir a qualificação jurídica dada pelo autor. Nega o chamado iura novit cúria. Predomina a primeira teoria. O majoritário é que não mudando o pedido o juiz pode classificar como ele quiser a qualificação. 3º elemento da demanda) Pedido -> se divide em imediato e mediato. O pedido imediato é sempre o mesmo em todas as ações – é a prolação de uma decisão. Exemplo: venha ao juiz para obter uma decisão. O pedido mediato os autores classificam como o bem da vida pretendido pelo autor – exemplos: condenação de obrigação de fazer, dinheiro numa ação condenatória para pagar quantia, desconstituição de uma relação jurídica (decretação de divórcio) – depende do que o autor pedir. Bem da vida é o que o autor quer, é o pedido mediato. Temos um princípio, que tem vários nomes, dependendo da prole cada um dá um nome diferente – Princípio da Correlação, da Congruência, da Correspondência ou da Adstrição entre Pedido e Sentença/Decisão -> o juiz deve decidir dentro dos limites do pedido, sendo-lhe vedado dar a mais ou coisa diversa do pedido, ou não julgar o pedido. A violação desse princípio pode gerar três vícios: 1º vício)Decisão citra/infra petita -> é aquela que deixa de apreciar um pedido. Exemplo: sujeito faz pedido de danos materiais e morais e ai o juiz dá como procedente o dano material, deixando de lado o dano moral – juiz às vezes não vê que tem mais de um pedido. Essa sentença tem vício. Pede duas coisas e o juiz só julga uma. 2º vício) Sentença ultra petita -> é aquela na qual o juiz concede a mais do que foi pedido. Exemplo: sujeito pede a condenação do réu em 50 mil e o juiz dá 60 mil – sujeito pede uma coisa em dinheiro e o juiz dá uma quantidade maior em dinheiro – dá a mesma coisa que pedi, mas em quantidade maior, dentro do mesmo bem de vida. 3º vício) Sentença extra petita -> é aquela que julga coisa diversa do pedido. Exemplo: sujeito pede condenação em dinheiro e o juiz manda entregar um carro. O bem da vida é diferente, não em quantidade, mas em qualidade. Esse princípio vem no art. 128 e no art. 460 do CPC. Citra/infra é deixar de julgar algo, não é dar menos do que foi pedido. É possível dar menos do que foi pedido. Requisitos do pedido -> pedido deve observar o art. 286 e seguintes do CPC – art. 286 fala no caput de dois requisitos no pedido: o pedido deve ser certo E (no CC está “ou”, mas a doutrina lê como “e”) determinado. O art. 286 e incisos trazem uma possibilidade excepcional de pedido genérico. Cumulação de pedidos -> possibilidade do autor formular mais de um pedido em uma mesma relação processual. Exemplo: quer indenização por danos materiais e morais, declaração de inexistência. Fica a critério do autor formular mais de um pedido. Art. 292, CPC. Cumulação própria é quando se tem mais de um pedido sendo formulado e acolhido, se divide em duas subespécies: 1)Cumulação simples de pedidos -> é aquela nas quais os pedidos não têm relação de dependência entre si – juiz pode dar o primeiro e não dar o segundo, ou dar o segundo e não dar o primeiro, pode dar os dois e pode não dar nenhum -> exemplo: danos materiais e danos morais. 2)Cumulação sucessiva de pedidos -> o segundo pedido só pode ser julgado e acolhido, se o primeiro tiver sido acolhido. Exemplo: alegação de anulidade deve ser acolhido para o bem poder ser restituído. Cumulação imprópria -> é denominada dessa maneira porque na verdade nunca vai se ter mais de um pedido sendo acolhido, é dividida em cumulação subsidiária e cumulação alternativa – 1)Cumulação subsidiária ou eventual -> o primeiro pedido deve ser rejeitado para que o segundo pedido possa ser julgado e acolhido. Exemplo: sujeito alega vicio no contrato, o primeiro pedido é mais gravoso é que seja considerado nulo e se não for reconhecido é que seja decretada a anulabilidade – se o juiz acolher que seja considerado nulo, vai rejeitar o segundo pedido. 2)Cumulação alternativa -> o autor pede um pedido ou o outro pedido. Exemplo: pode pedir o bem ou então a quantidade relativa em dinheiro. Própria sempre pode ganhar mais de um, na sucessiva pura ganha a chance de obter o segundo também, nas outras duas hipóteses de imprópria só ganha um. Requisitos para a cumulação de pedidos -> requisitos dos incisos do §1º do artigo 292, CPC – I:pedidos devem ser compatíveis entre si; II: juízo deve ser competente para todos eles (competência absoluta para todos os pedidos); III: fala do mero rito processual -> o rito processual de todos devem ser compatíveis. Art. 292, §2º -> quando para cada pedido corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário. Estabilização da demanda -> dividimos em estabilização subjetiva e estabilização objetiva . Estabilização subjetiva é o momento a partir do qual não se pode mais mudar as partes. Estabilização objetiva é o momento a partir do qual não se pode mais mudar causa de pedir e pedido. Temos dois artigos que tratam da estabilização: art. 264 e art. 294 -> da petição inicial até a citação do réu: é ampla a modificação de partes, causa de pedir ou pedido; com a citação do réu ocorre a chamada estabilização subjetiva, significa que as partes não podem mais ser alteradas; da citação do réu até a fase de saneamento do processo (art. 331, CPC): é possível mudança de causa de pedir e pedido com consentimento do réu; após o saneamento: temos a estabilização objetiva máxima, significa que não pode mais ser alterada causa de pedir e pedido. Exceção de estabilização objetiva: casos permitidos em lei – exemplo: quando a parte morre, pode mudar a parte e no caso de intervenção de terceiros. Causa de pedir e pedido nem depois do saneamento é possível que se alterem, nem com autorização do réu. (saneamento do processo quer dizer depois da réplica -> depois de inicial, resposta e réplica vai ver se vai reproduzir prova ou não). NÃO TEM AULA TERÇA E NEM QUINTA! ............................................. Aula 22 – 12/06/2012 Anotações Guilherme Relação entre demandas Relembrando: Demanda é composto por partes, causa de pedir e pedido. Primeiro fenômeno/instituto: Litispendência Arts. 301, inciso V, parágrafos 1º a 3º, CPC. Significa duas demandas iguais tramitando concomitantemente. Mesmas partes, mesmas causas de pedir e mesmo pedido em um mesmo processo. A consequência da litispendência é o art. 267, inciso V, CPC: extinção do segundo processo igual, sem resolução de mérito. Art. 219, CPC. A primeira demanda é a que realizar a citação antes, em primeiro lugar. Do segundo em diante, são extintos. Segundo instituto: Conexão Art. 103 e 301, inciso VII. Identidade de causa de pedir ou de pedido. Terceiro instituto: Continência Art. 104, CPC. Igualdade de partes (mesmas partes) + causa de pedir (mesma causa de pedir) e pedido de uma + amplo de outra demanda. Consequência (é a mesma da conexão) Reunião das demandas perante o juízo prevento, desde que nenhuma delas tenha sido julgada: Art. 105, CPC, e súmula 235 do STJ. Objetivo perante o juízo prevento Evitar decisões conflitantes. Qual é o juízo prevento? Duas regras sobre prevenção: 1) Art. 106, CPC. Em todas as demandas dentro da mesma comarca/mesma competência territorial, prevento é o que despachou em primeiro lugar (não é a data do protocolo); 2) Art. 219. O prevento, quando for competência territorial distinta, é aquele no qual ocorreu a primeira citação. Conexão e continência só geram reunião de processo se o juízo prevento tiver competência absoluta para todas as demandas. Atos processuais Teoria das nulidades processuais O sistema de nulidades do processo é diferente do sistema do direito civil. Processualistas dizem que o ato processual defeituoso produz efeitos até que seja decretada a nulidade ou a anulabilidade do ato (no direito há o termo “nulo de pleno direito” – isso não existe em direito processual). Fredie diz que todo ato defeituoso produz efeitos. Dependendo da gravidade, pode ser cominada ou não a sanção de nulidade do ato. Portanto, o correto não é chamar o ato de nulo ou anulável, mas sim de defeituoso. A nulidade ou anulabilidade pode ser decretada ou não pelo juiz de acordo com os princípios. Princípios relativos às nulidades Princípio da liberdade das formas Art. 154, primeira parte, CPC. A regra geral no processo civil é que os atos sejam não solenes (aqueles que não têm forma determinada), salvo quando a lei exigir uma forma específica. Princípio do aproveitamento dos atos processuais (que engloba o subprincípio da instrumentalidade das formas) Arts. 154, segunda parte; arts. 244 e 250. Sempre que um ato alcançar a sua finalidade, ainda que praticado de forma diferente/diversa da prevista em lei, ele deve ser reputado válido. Princípio do prejuízo Arts. 249, parágrafo 1º; e art. 250, parágrafo único. Ainda que o ato atinja a sua finalidade, se o defeito causar prejuízo a qualquer das partes, o ato deve ser anulado. Princípio da causalidade, da concatenação ou da interdependência dos atos processuais Divide-se em 4 etapas: 1ª – Art. 248, primeira parte. Anulado um ato, todos os subsequentes que dele dependam ficam sem efeito; 2ª – Art. 248, segunda parte. A nulidade de uma parte do ato não prejudica as demais que dela sejam independentes. 3ª – Art. 250. A anulação de um ato deve ocorrer apenas sobre aquele que não possa ser aproveitado, devendo o defeituoso ser refeito, mas mantendo-se válidos os anteriores e posteriores independentes. 4ª – Art. 243. A nulidade não pode ser invocada pela parte que lhe deu causa. Princípio da instrumentalidade do processo e busca pela resolução Art. 249, parágrafo 2º. O juiz deve julgar o mérito apesar da existência de um defeito processual, sempre que a decretação da nulidade vier a aproveitar aquele que ganharia no mérito. Princípio da cooperação Mais voltado para o juiz. Este tem o dever de prevenção de ocorrência de nulidades. O juiz tem que conduzir o processo demonstrando às partes eventuais equívocos para evitar nulidades futuras. Art. 284. Atos processuais do juiz O juiz pratica 2 grandes grupos de atos: o primeiro grupo (gênero) é chamado de atos reais ou materiais. São classificados como atos físicos. A primeira espécie são os atos instrutórios Atos de produção de provas. Exemplo: Oitiva de testemunha. Já a segunda espécie são os atos de documentação Atos que refletem a expedição de documentos. Exemplos: Confecção de mandado de citação, assinatura da ata de audiência, etc.. Segundo grupo (gênero) Atos decisórios, pronunciamentos ou provimentos jurisdicionais. Arts. 162 e 163, CPC. Primeira espécie: Atos meramente ordinatórios Art. 162, parágrafo 4º. São atos desprovidos de qualquer conteúdo decisório e podem ser praticados de ofício, inclusive por serventuários da justiça. Exemplos: Juntada de petições e documentos e despacho abrindo para o contraditório. Segunda espécie: Despachos. Art. 162, parágrafo 3º. Decisões sem conteúdo decisório sobre incidentes que ocorram no processo (decisão = o juiz tem dois caminhos e opta por um deles). Terceira espécie: Decisões interlocutórias. Art. 162, parágrafo 2º. Pronunciamento com conteúdo decisório que não resolva questão principal (pedido final), mas mera questão incidente. Exemplos: Impugnação ao valor da causa, impugnação à gratuidade de justiça, deferimento ou não de uma perícia, tutela antecipada/liminares. Quarta espécie: Sentença. Art. 162, parágrafo 1º. Conceito atual Pronunciamento que tenha conteúdo do art. 267 ou 269 do CPC. É um ato que extingue o processo sem resolução de mérito ou um ato do 269 que resolve o mérito. Este tema é bastante divergente na doutrina (Alexandre Câmara e Freddie têm opiniões distintas). Quinta espécie: Art. 163. Acórdãos. Decisões colegiadas de tribunais. Tempo dos atos processuais Art. 172. Os atos processuais podem ser praticados em dias úteis, das 6 às 20h. Para o CPC, sábado é dia útil (domingos e feriados que são dias não úteis). Excepcionalmente, este horário pode ser descumprido com a autorização do juiz. Exemplo: Pessoa sem residência fixa e é guarda noturno. Art. 173. Alguns atos podem ser praticados em qualquer dia e horário, inclusive férias e feriados. Atos urgentes. Art. 174. Outros atos que podem ser praticados em férias. Protocolo de petições Art. 172, parágrafo 3º. Deve-se observar o horário e o dia do expediente forense. (não se pode protocolar petição aos sábados?). De acordo com a região, a um protocolo específico para petições. É preciso ficar atento a isso. Prazos Art. 177. A regra geral é que eles venham previstos em lei. Se a lei for omissa, o juiz fixa o prazo. Art. 185. Quando a lei e o juiz forem omissos, o prazo é de 5 dias. Contagem do prazo Dois tipos: Regra do art. 241 e regra do art. 184, CPC. Art. 241 Início do curso do prazo quando a parte é intimada. Inciso I Quando for uma correspondência com aviso de recebimento, da data de juntada dos autos do mandado cumprido. Inciso II Quando for comunicado pelo oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido. Inciso III Quando forem vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido. Inciso IV Quando for carta precatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida. Inciso V (será mais desenvolvido na próxima aula) Quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz. Anotações Monique Demanda ( Continuação ) Relação entre Demandas A demanda é formada por partes, causa de pedir e pedido. Vamos estudar a relação entre demandas e seus fenômenos; 1º LITISPENDÊNCIA – Art. 301, V § 1º a 3º Significa 02 demandas iguais tramitando concomitantemente, ou seja mesmas parte mesma causa de pedir e mesmo pedido em mais de um processo. Consequência Jurídica é a extinção do 2º Processo igual; Art. 267, V, mas qual seria o primeiro processo a primeira demanda a qual a partir desta as outras seriam litispendente? Art. 219, o primeiro processo é o que teve a primeira citação valida, a que realizar a citação do réu em 1º lugar. 2º CONEXÃO - Art. 103, 301, VII Significa identidade de causa de pedir ou pedido. As partes não precisam ser iguais. Ex.: 1º processo A contra B, 2º processo C contra D. 3º CONTINÊNCIA - Art. 104 Significa igualdade de partes + causa de pedir e o pedido de uma das partes mas amplo do que a outra demanda. ( Mesmas partes, mesmo causa de pedir, e um pedido mais amplo que o outro ) Alguns autores afirmam que a continência não deveria existir, pois se temos continência é porque há conexão então a continência esta sempre englobada dentro da conexão. A consequência das 2 é a mesma tanto da conexão quanto da continência. Consequências da Conexão e Continência; É a reunião das demandas perante o juízo prevento, desde que nenhuma delas tenha sido julgada; Art. 105 e Sumula 235 STJ. Qual o objetivo da reunião perante o juízo prevento? É evitar decisões conflitantes. Ex.: Tenho um caso de engavetamento onde o 1º processa o 2º este processa o 3º que por sua vez processa o 4º, todos são sobre o mesmo fato; acidente automobilístico; igualdade entre 3 processos diferentes sobre o mesmo fato a mesma causa de pedir; para evitar que o juiz fale que a culpa é do primeiro carro, o segundo fale que a culpa foi do terceiro, cada juiz em cada vara julgando de uma maneira diferente em quanto não houver sentença definitiva as partes podem pedir para reunir o processo por conexão ou continência, todos os processo vão correr amarrados em um único juízo e o juiz vai decidir os fatos de uma única forma e ver quem teve culpa e quem não teve culpa. ( Não teve sentença ainda dá para reunir e evitar julgamentos contraditórios ) Qual é o juízo prevento? Temos duas regras sobre prevenção; uma para mesma competência territorial e outra para competência territorial distinta. Art. 106 - Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar. Competência territorial é quando todas as demandas estão dentro da mesma comarca ou sessão judiciária, Ex.: Tudo no RJ, tudo em SP. Quem dá a primeira decisão no processo é o juiz prevento, os outros juízes mandam os processos para aquele juiz. Temos outro artigo. Art. 219 - A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. O prevendo quando competência territorial distinta é aquele o qual ocorreu à primeira citação. Ultima observação; Essa reunião de processos só pode ocorrer quando nenhum deles tiver decisão. Conexão é continência só geram reunião de processos se o juízo prevento tiver competência absoluta para todas as demandas. Ex.: Não se pode reunir uma causa civil com uma causa trabalhista. Falemos agora sobre Atos Processuais. ATOS PROCESSUAIS Teoria das nulidades processuais O sistema de nulidade do processo é diferente do processo de nulidade do direito civil, a diferença é a seguinte; Os processualista dizem que o ato processual defeituoso produz efeitos até que seja decretada a nulidade ou a anulabilidade do ato. Ao contrario do direito civil, onde falamos que alguns vícios já nascem nulos e jamais alcançam o plano da eficácia, todo ato processual praticado produz efeitos, até que um juiz verifique o vicio e anule o ato. Ex.: Teve uma audiência que foi proferida por alguém que não é juiz, aquilo esta valido, a pessoa peticiona e diz que a decisão não foi dada pelo juiz e sim pelo conciliador, reconhece então a inexistência pelo defeito e pode ser decretada a nulidade ou anulabilidade. Fred afirma que : Todo ato defeituoso produz efeito, dependendo da gravidade pode ser condenada ou não a sansão de nulidade do ato. PRINCIPIOS DE NULIDADE 1º Principio da Liberdade das formas Art. 154 caput, Art. 154 - Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial. A regra geral é que os atos processuais não sejam solenes ou seja não tenham forma processual determinada salvo quando a lei exigir uma forma especifica. 2º Principio do aproveitamento dos atos processuais ( que engloba o principio da instrumentalidade das formas) Art. 154, 2º parte, 244 e 250. Sempre que um ato alcançar a sua finalidade, ainda que praticado de forma diferente da prevista em lei ele deve ser reputado valido. 3º Principio do Prejuízo - Art. 249§ 1º e 250 § Único. Ainda que o ato atinja a sua finalidade, se o defeito causar prejuízo a qualquer das partes o ato deve ser anulado. 4º Principio da causalidade, da concatenação ou da interdependência dos atos processuais. Esse principio e dividido em 4 aspectos; 1º Aspecto – Art. 248 1º parte. Anulado um ato, todos subsequentes que dele dependam ficam sem efeitos. 2º Aspecto – Art. 248 2º parte. A nulidade de uma parte do ato não prejudica as demais que dela sejam independente. 3º Aspecto – Art. 250 É a anulação de um ato deve ocorrer apenas sobre aquele que não possa ser aproveitado, devendo o defeituoso ser refeito, mas mantendo-se valido os anteriores e posteriores independentes. 4º Aspecto – Art. 243 A nulidade não pode ser invocada pela parte que lhe deu causa. 5º Principio da Instrumentalidade do Processo em busca pela resolução de mérito. Art. 249 § 2º. § 2º - Quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a declaração da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta O Juiz deve julgar o mérito apesar da existência de um defeito processual sempre que a decretação da nulidade vier a aproveitar aquele que ganharia o mérito. 6º Principio da Cooperação ( Ex.: Art. 284 ) Não é voltado para as partes, é mais voltado para o juiz que tem o dever de prevenção de decorrência de nulidades, o juiz tem que conduzir o processo demonstrando as partes eventuais equívocos para evitar nulidades futuras. Vamos analisar agora atos processuais. ATOS DO JUIZ O juiz pratica dois grande grupos de atos, os primeiros são chamados atos reais ou materiais e atos decisórios, dentro destes temos 2 espécies. 1º Espécie – Atos Instrutórios, são os atos de produção de prova. Ex.: Oitiva de testemunha. 2º Espécie – Ato de Documentação, são atos que refletem a expedição de documentos. Ex.: A confecção de um mandado de citação, temos a assinatura da ata de audiência. Os atos decisórios também são conhecidos por PRONUNCIAMENTOS ou PROVIMENTOS JURISDICIONAIS. Art. 162 e 163 do CPC. Vamos classificar do menos importante para o mais importante dos atos decisórios. 1º Espécie – Atos meramente ordinatórios - § 4º do Art. 162, estes atos são desprovidos de qualquer conteúdo decisório, e podem ser praticados de oficio inclusive por serventuários da justiça. Ex.: Juntadas de petições e documentos, e despacho abrindo para o contraditório. 2º Espécie – Despachos - Art. 162 § 3º São decisões sem conteúdo decisório sobre incidentes que ocorram no processo. Surge um incidente o juiz faz a única coisa que poderia fazer. 3º Espécie – Decisões Interlocutórias – art. 162 § 2º Pronunciamento com conteúdo decisório que não resolva questão principal ( pedido final ), mas mera questão incidente . Ex.: Impugnação ao valor, impugnação a gratuidade de justiça, deferimento ou não de uma pericia, tutela antecipada/liminares. 4º Espécie - Sentença – Art. 162 § 1º Pronunciamento que tenha conteúdo do Art. 267 ou 269 do CPC. Significa então que sentença é o ato que extingue o processo por defeito dele ou por resolver o mérito, sem resolução de mérito conforme art. 267, ou o ato que resolve o mérito Art. 269. Obs.: Prescrição e decadência é resolução de mérito. 5º Espécie – Acórdão Art. 163 São as decisões colegiadas de tribunais. Ex.: Quando o tribunal onde 3 desembargadores vão julgar um recursos, ou quando 5 ministros de uma turma vão julgar um recurso especial. Mas de um julgando é uma decisão colegiada, é um acordo mais de um julgando uma decisão coletiva. Visto os atos do juiz, vamos analisar tempo dos atos processuais. TEMPO DO ATOS PROCESSUAIS. 1º Art. 172 Art. 172 - Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. Para o CPC sábado é dia útil, dias não uteis são domingos e feriados, então o oficial de justiça pode citar uma pessoa no sábado, excepcionalmente uma audiência pode ser realizada no sábado. Excepcionalmente esse horário pode ser descumprido, com autorização judicial. Art. 173 - Durante as férias e nos feriados não se praticarão atos processuais. Excetuam-se: I - a produção antecipada de provas (art. 846); II - a citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e bem assim o arresto, o seqüestro, a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação de corpos, a abertura de testamento, os embargos de terceiro, a nunciação de obra nova e outros atos análogos. Parágrafo único - O prazo para a resposta do réu só começará a correr no primeiro dia útil seguinte ao feriado ou às férias. Alguns atos podem ser práticos em qualquer dia e horário, inclusive férias e feriado, este artigo fala de atos urgentes. Ex.: Produção antecipada de prova,pois depois a prova vai perecer. Art. 174 - Processam-se durante as férias e não se suspendem pela superveniência delas: I - os atos de jurisdição voluntária bem como os necessários à conservação de direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento; II - as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e curadores, bem como as mencionadas no art. 275; III - todas as causas que a lei federal determinar. Traz outro grupo de casos que podem ser praticas em dias de férias e dias sem expediente. Estamos falando de atos processuais em geral para oficial de justiça e juiz. Temos uma regra especifica que é o protocolo de petições Art. 172§ 3º, para protocolo de petições deve observar o horário e o dia do expediente forense. De acordo com a justiça de acordo com a região. PRAZOS. Os prazos como regra geral devem ser previstos em lei, quando a lei for omissa o juiz fixa o prazo na decisão. Art. 177 - Os atos processuais realizar-se-ão nos prazos prescritos em lei. Quando esta for omissa, o juiz determinará os prazos, tendo em conta a complexidade da causa. Ex.: O prazo para recorrer é de 15 dias. Quando a lei e o juiz forem omissos o prazo é de 5 dias . Art. 185 - Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. CONTAGEM DO PRAZO Temos 02 tipos de contagem de prazo; regra do Art. 241 e do Art. 184 do CPC. Fala do Inicio do curso do prazo quando a parte é intimada. A 1º comunicação é sempre ao réu é uma citação, depois ele contrata um advogado, a parte tem 15 dias para contestar. Art. 241 - Começa a correr o prazo:120 I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento;121 II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido;122 III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido;123 IV - quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida;124 V - quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz. ( o juiz publica em edital a citação por até 60 dias, no fim desse prazo ele se considera citado e começa a correr o prazo para contestação) A maior parte dos prazos ocorrem com a comunicação de advogado, uma vez que o autor ou réu tenha advogado. O advogado é intimado para apresenta a replica, para a produção da prova inicial, o adv. é intimado sobre a sentença etc. Art. 184 - Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento.71 § 1º - Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que:72 I - for determinado o fechamento do fórum; II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal. § 2º - Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único).73 ....................................... Aula 23 – Rio, 14.06.12 continuação... G2: 2 discursivas valendo 1,5 cada uma e 10 de múltipla escolha (mais fáceis valendo 1 e as mais difíceis valendo 0,5). -Contagem de prazo .Contagem de prazo – art. 241. Inicio da contagem pelo art. 241 -> quando a comunicação inicial é para a parte o prazo previsto é 15 dias para contestar, na forma do art. 241. Espera o juntado (?) .Regra geral do CPC: quando o prazo não vai para a parte -> comunicação para o advogado -> art. 240 e art. 184: intimação para o advogado – quando o advogado é intimado com publicação no diário oficial (diário de justiça). Significa que o juiz escreveu uma sentença hoje, e não está correndo o prazo para apelação, o juiz tem que publicar no diário oficial, ai cabe ao advogado ler o diário oficial, apareceu no diário oficial se chama vulgarmente de publicação. O primeiro dia do prazo é o primeiro dia útil seguinte – art. 240, caput, parágrafo único c/c art. 184 –o dia mesmo do prazo temos a regra do art. 184. Apareceu a sentença numa quinta-feira no diário oficial, ai começa a correr no primeiro dia útil seguinte. O primeiro dia do prazo sempre é em dia útil, com o rio+20 não vai ter expediente forense na sexta, nem no sábado, nem no domingo, só na segunda que é o primeiro dia útil seguinte. Começou a correr o prazo, não pulamos dia não útil no meio do caminho, os dias não úteis são incluídos no prazo no curso do período. Vai correndo englobando os dias não úteis, o último dia do prazo tem que ser num dia útil – se venceu em uma dia não útil, é prorrogado para o primeiro dia útil seguinte. A contagem é diferente se for para a parte e para o advogado. -Devolução de prazo -> art. 183, §§1º e 2º - permite a chamada devolução de prazo -> se o sujeito comprovar com justa causa (caso fortuito ou força maior) que ele está impedindo de praticar o ato, é possível pedir a devolução do prazo. É excepcional, mas pode ocorrer. -Suspensão de prazo -> arts. 179 e 180. Suspensão de prazo fala da ocorrência das férias forenses, justa causa ou obstáculo criado pela outra parte. Suspensão de prazo: paralisa-se o curso e quando encerrada a causa de paralisação, ele continua correndo de onde tinha parado. Prazo estava correndo, era o dia 12 do prazo e 15, e o processo não estava disponível, e só no quarto dia voltou a ficar disponível, ai ele suspensa, e no quarto dia que voltou a ficar disponível vai ter mais 3 dias, ele não zera, volta a correr como se fosse o dia 12 ainda. -Interrupção de prazo -> após cessada a causa de interrupção, a contagem reinicia, e volta do zero. Exemplos: art. 538, CPC – quando tem uma decisão contraria aos dois, o primeiro que entrar com embargo de declaração, zera a contagem para o outro. -Prazos especiais -> art. 188, CPC – fala de prazos especiais para dois grupos de pessoas: para fazenda pública (União, Estado, Municípios, DF, autarquia e fundação pública de direito público) e para o MP – tem o prazo do art. 188 -> fazenda e MP tem prazo em quadruplo para contestar e prazo em dobro para recorrer. Traz uma regra em que cada prazo que você for lendo no CPC vai ter que quadruplicar para contestar e dobrar para recorrer quando se tratar de fazenda pública e MP. Defensoria Pública tem prazo em dobro para tudo (contestar, recorrer, autos). -> regra na lei 1060/50. Uma segunda regra de prazos especiais é o art. 191, CPC -> fala de prazo especial para particulares. Particular ganha prazo especial quando os litisconsortes, ou seja, mais de um réu ou mais de um autor, tiverem advogados diferentes todos os prazos são dobrados para o polo processual no qual houver litisconsórcio com procuradores diferentes. Tem que ver se tem litisconsórcio em algum polo processual. -Classificação dos prazos: 1)Prazo peremptório ou preclusivo -> art. 182, CPC – é aquele que não pode ser prorrogado pelo juiz e nem pelas partes, acarretando sanção pelo seu descumprimento. O prazo é improrrogável. 2)Prazos dilatórios ou não preclusivo -> são prazos que podem ser ampliados sem qualquer sanção pela sua inobservância. A maioria dos prazos são preclusivos ou peremptórios. Temos outras classificações de prazos. -Comunicação dos atos processuais -> visto a questão do diário oficial e do correio com o oficial de justiça temos que ver como ocorre a comunicação. Art. 200 em diante. Dividimos em: comunicação processual para as partes vai sempre através de duas modalidades: citação ou intimação (por correio, oficial de justiça, edital ou em diário oficial ao advogado); comunicação entre os juízos se dá através de cartas. 1)Citação -> comunicação dirigida às partes. Art. 213 ao 233. Conceito de citação vem no art. 213: ato pelo qual alguém se torna réu ou terceiro se torna parte. A regra da citação é que a citação tem que ser sempre pessoal, pelo art. 215 – tem que ser ao réu, ao representante da pessoa jurídica, ou procurador. Tem que ser destinada ao destinatário. Regra de suprimento -> art. 214, §1º - o comparecimento espontâneo supre a falta de citação – o cara não foi citado ou foi citado errado. Réu compareceu no processo, não vai se bater novo mandado. O réu se deu por citado, citado está. §2º -> réu foi citado errado, se quiser contestar de uma vez, contesta, não perdeu o prazo e contesta de uma vez; segunda opção -> pode peticionar pedindo a nulidade da citação, ai tem que esperar decisão judicial – se o juiz acolher a nulidade, devolvendo o prazo da contestação, dessa decisão corre o prazo para a contestação. Art. 216 fala que a citação pode ocorrer em qualquer lugar em que o réu se encontrar. Citação de pessoa jurídica e Teoria da Aparência -> o problema de citar pessoa jurídica é que pelo art. 215 fala que se citar pessoa jurídica tem que ser pelo representante desta -> tem que estar no contrato social da empresa ou do estatuto – as vezes funcionário recebe e ai teria que ser tudo anulado. Mas com essa regra, se quem receber for um funcionário sem competência para ter representação e ele não esclarecer que não tem poderes, pela Teoria da Aparência, considera-se a pessoa jurídica citada/intimada. Começa a correr o prazo. Art. 217 e art. 218 -> falam de Impossibilidade Momentânea de Citação, salvo para evitar perecimento de direito. Como regra geral, você não vai citar e intimar pessoas determinadas em certos momentos: quando a pessoa estiver em um culto, quando for noivo, quando tiver perdido o cônjuge. Art. 219 -> efeitos da citação válida. O juízo se torna prevento (juízo que tem mesma causa de pedir, pedido. É diferente do art. 106). Induz litispendência. Torna litigiosa a coisa. Parágrafos primeiro a quarto combinados falam a mesma coisa que a súmula 106 do STJ. Modalidade de citação -> art. 221 – dividimos em real e ficta. Na citação real, o próprio destinatário recebe. Na ficta, presume-se conhecimento do réu. Há 3 modalidades da real: citação postal por correio com ARMP (Aviso de Recebimento em Mão Própria) – vai voltar um cartão com a data de quando assinou. A citação por correio é a modalidade mais utilizada. O problema são as vedações: art. 222; segunda modalidade é oficial de justiça -> art. 224 em diante – c/c 230: oficial de justiça pode efetuar citação ou intimação sem precisar pedir carta para a comarca do lado, atua nas comarcas contíguas ou do lado, oficial de justiça cita e lavra uma certidão; terceira modalidade é a citação eletrônica. Citação ficta com hora certa – art. 229 – caso excepcional de citação dentro do oficial de justiça -> quando oficial de justiça comparecer por três vezes para citar o réu e suspeitar que este oculta, ele marcará uma quarta ida com dia e hora predeterminados e avisará aos vizinhos e pessoas próximas sobre a data do seu retorno. No dia e hora marcados, ou o réu estará presente e haverá citação real por oficial de justiça ou ausente o réu, ele é considerado fictamente citado com hora certa; última modalidade é a citação por edital -> citação por publicação ou imprensa oficial – art. 231 fala do cabimento dessa citação -> I -> quando não saber quem é o réu; II -> ignorado ou incerto o local em que se encontra. Como a citação por edital é uma publicação que ninguém lê ela tem que vigorar por muito tempo a ordem de comunicação, e o prazo é do art. 232, VI: o juiz vai escolher um prazo de 20 a 60 dias para perdurar a ordem de citação por edital. Finda a dilação fixada pelo juiz, começa a correr o prazo para a resposta. 2)Intimação -> art. 234 ao art. 242. Exemplo: art. 241. Intimação é para todos os demais atos do processo. A modalidade preferencial é por publicação na imprensa oficial ao advogado. 3)Cartas -> art. 202 ao art. 212 em diante. Entre juízos -> temos 3 espécies: 1ª) Carta de Ordem -> é aquela dirigida por um tribunal a um órgão inferior hierarquicamente vinculado a ele. 2ª)Carta Precatória -> comunicação entre os juízos de mesma hierarquia ou de hierarquia distintas sem subordinação administrativa. 3ª) Carta rogatória -> comunicação entre os juízos de países diferentes. -Preclusão -> perda do direito de praticar um ato processual. 3 espécies: 1ª)Preclusão temporal -> pelo decurso do tempo sem praticar o ato – exemplo: 15 dias para contestar e não contestei, ocorre preclusão temporal. 2ª)Preclusão consumativa -> pela própria prática do ato, não sendo possível praticá-lo novamente nem complementá-lo porque já praticado – exemplo: quis protocolar em 10 dias em vez de 15, não posso complementa-lo ou praticar de novo. 3ª)Preclusão lógica -> não se pode praticar um ato posterior incompatível com um anterior.