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Cálculo Numérico — Professora Mariluci Ferreira Portes
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Unidade VII - Integração Numérica
VII.1 - Introdução
A integração numérica é mais bem comportada que a derivação numérica.
Considere
(1)
I f x dx
a
b
( )
onde a, b são finitos e f (x) é uma função contínua em [a , b] .
A integral definida em (1) representa a área sob a curva f (x) entre x = a e x = b.
Podemos calcular I dividindo o intervalo [a , b] em intervalos menores, encontrando a área
aproximada em cada uma das faixas formadas e somá-las.
As técnicas utilizadas são:
1. Os intervalos são escolhidos previamente (isso se a computação for feita à mão) de mo-
do que os pontos no final de cada intervalo recaíam em valores facilmente computáveis de x. Neste
caso, os métodos utilizados são: a Regra do Trapézio e a Regra de Simpson.
2. Os intervalos são definidos analiticamente de modo que haja uma melhor exatidão no
cálculo. O método utilizado neste caso é a Quadratura Gaussiana.
VII.2 - Regra do Trapézio
Seja f(x) uma função contínua num intervalo (a, b), e considere o gráfico abaixo
Considere a integral
I f x dx
a
b
( )
. Dividamos o intervalo [a , b] em n sub-intervalos de
amplitude h , onde
h
b a
n
.
Considere o sub-intervalo [x i , x i + 1 ] e calculemos a área sob a curva neste intervalo:
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(2)
I f x dxi
x
x
i
i
( )
1
Para h suficientemente pequeno, I i pode ser aproximado pela regra do trapézio, ou seja:
(3).
I
h
f x f xi i i
2
1( ) ( )
Logo
I Ii
i
n
0
1 , com x 0 = a e x n = b:
(4)
I
h
f x f x f x f x f xn n
2
20 1 2 1( ) ( ) ( ) ( ) ... ( )
VII.2.1. Erro de Truncamento
O erro de truncamento é a soma das áreas compreendidas entrea curva f (x) e as cordas
que contém x i , x i + 1 ( 0 1 i n ).
Para estimar o erro, façamos a expansão de f (x) em série de Taylor em torno de x i :
(5)
f x f x x x f x
x x
f xi i i
i
i( ) ( ) ( ) ( )
( )
!
( ) ...
2
2
A expansão em torno de x i + 1 é:
(6)
...)(
!2
)(
)()()()( 1
2
1
111
i
i
iii xf
xx
xfxxxfxf
Calculando a média aritmética das expressões (5) e (6):
...
2
)()(
2
)()(
2
)()(
)(
2
)(
!2
)(
2
)(
!2
)(
111
1
2
1
2
i
i
i
i
xf
xx
xf
xx
iiiiii
xfxxxfxxxfxf
xf
....)("
2
)(
))('.)(".(
4
)(
)(
2
)()(
2
)(
2
)()(
)(
1
111
1
i
i
ii
i
iii
iii
xf
hxx
xfxf
xx
xf
h
xfxf
xxxfxf
xf
Por outro lado, calculando-se
I f x dxi
x
x
i
i
( )
1
, vem:
(7)
I
f x f x x x
f x f x
h
f x dxi
i i i
i i i
x
x
i
i
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( ) ...1 1 1
2 2 2
1
...))(".)(".(
12
.)(
2
)()(
4
)()(
2
1
3
11
2
1 iiiiiiii xfxf
h
xf
h
xfxf
h
xfxf
h
I
A equação (7) dá o verdadeiro valor da integral.
A regra do trapézio despreza os termos contendo os termos de ordem h com potências
maiores ou iguais à 2.
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Sendo assim, o erro de truncamento é dado por:
(7)
E
h
f x f x
h
f x f xt i i i ii
2
1
3
1
4 6
2( ) ( ) ( ) ( ) ...
Para h pequeno o primeiro termo é dominante, porém o erro de truncamento não é dado so-
mente por esse termo.
Podemos escrever:
E kh f x f xt i ii
2
1( ) ( )
, onde k é uma constante a ser determinada.
Observe que (7) é verdadeira para qualquer função.
Para exemplificar, determinamos k para f (x) = x
2
(obs: não se escolhe f (x) linear pois
nesse caso a regra do trapézio é exata).
(9)
I x dx x x h x x h x h hi
x
x
x
x
i i i i
i
i
i
i
2
3
3 3 2 2 3
3
1
3
1
3
3 3
1
1
( )
Pela regra do trapézio no intervalo [ x i , x i + 1 ], temos:
I x x h h E x x h h h Ei i t i t 12 2 12 22 2 2 2
(10)
tiii E
h
hxhxI
2
3
22
Subtraindo (10) de (9), temos:
0
6 6
3 3
h
E E
h
t ti i
Como f ’(x) = 2x e estamos trabalhando com
E kh f x f xt i ii
2
1( ( ) ( ))
, chegamos
ao seguinte resultado:
h
kh x h x
h
kh h kh
h
k
i i
3
2
3
2 3
3
6
2 2
6
2 2
6
1
12
( )
O erro total de truncamento é :
(11)
E E
h
f b f at t
i
n
i
0
1 2
12
( ) ( )
Essa não é a forma de erro mais encontrada.
A forma mais usual de encontrá-la é baseada no teorema do velor médio, ou seja:
( , )a b
tal que
f b f a f b a( ) ( ) ( ) ( )
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Voltando em (11), vem:
E
h
f b at
2
12
( ) ( )
Se f ”(x) limitada M tal que
f M( )
, e daí segue que:
(12)
)(
12
2
abM
h
Et
Obs: Se não tivermos a fórmula fechada da função, a estimativa de M pode ser calcu-
lada pela tabela das diferenças divididas, onde f”(x) é igual ao maior valor, em módulo, na coluna
da diferença de segunda ordem.
VII.2 - Método de Simpson
É o método similar a regra do trapézio, porém melhor que esta.
No método de Simpson calculamos a área do trapézio sob uma parábola entre x i e x i + 1 . O
intervalo [a , b] tem que ser dividido num número par de subintervalos.
Dedução do Método
Seja f(x) uma função contínua e considere
h
b a
n
, onde n é um número par.
Entre x i e x i + 1 , escolhamos
x x
h x x
i
i
i i
1
2
1
2 2
.
Pelos pontos A
x f xi i,
, B
x f x
i i
1
2
1
2
,
, C
x f xi i 1 1,
, vamos construir uma
parábola utilizando a interpolação de Lagrange.
O polinômio interpolador de Lagrange é dado por:
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)(
))((
))((
)(
))((
))((
)(
))((
))((
)( 1
2/111
2/1
2/1
)12/12/1
)1
12/1
)12/1
2
i
iiii
ii
i
iiii
ii
i
iiii
ii
xf
xxxx
xxxx
xf
xxxx
xxxx
xf
xxxx
xxxx
xP
Mas,
n
abh
xx ii
22
2/11
n
abh
xx ii
22
2/1
n
ab
hxx ii
1
Então
))()(())()((2))()((
)(
2
)( 2/1112/112/12
2
2
iiiiiiiii xxxxxfxxxxxfxxxxxf
ab
n
xP
Daí se tem que:
(13)
dxxxxxxf
dxxxxxxfdxxxxxxf
ab
n
dxxP
i
x
x
i
i
x
x
iii
x
x
ii
x
x
i
i
i
i
i
i
i
i
))(()(
))(()(2))(()(
)(
2
)(
12/11
12/112/12
2
2
1
111
Calculando-se cada uma das integrais de (13), vem:
(14)
)()(4)(
6
)(
12/12
1
iii
x
x
i xfxfxf
h
dxxPI
i
i
A área da curva y = f(x) entre x = a e x= b é aproximada por:
(15)
)()(4)(
6
)( 12/1
1
0
2
1
iii
n
i
x
x
xfxfxf
h
dxxP
i
i
Esta é a fórmula de Simpson de 1/3.
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A forma mais simples de lembrar desta fórmula é :
(16)
)(...)((2)(...)()(4)()(
3
)( 2421310 nnn
b
a
xfxfxfxfxfxfxfxf
h
dxxf
Obs: Não podemos esquecer de que n tem que ser par!
VII.3.1 Erro de Truncamento
De modo análogo ao que foi feito na seção VII.2.1, podemos deduzir o erro de truncmento
para regra de Simpson de 1/3 que é:
(17)
)()(
180
4
IVt fab
h
E
(a, b)
Obs: Nesse caso o erro é proporcional a
4h
, e o método é exato para um polinômio de grau inferior
ou igual a 3.
Exemplo:
Calcular a
2/
sen
o
xdx
, aplicando:
a) a regra do trapézio;
b) a regra de Simpson de 1/3.
(sugestão: faça n=6)
Solução:
I- Construção da tabela de valores da f(x)
i 0 1 2 3 4 5 6
ix
0 /12 2/12 3/12 4/12 5/12 6/12
f(xi) 0 0,2588 0,5 0,7071 0,8660 0,9659 1
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II- Cálculo da integral
a) Regra do Trapézio
)()()()()(2)()(
2
12/
sen 543260
2/
xfxfxfxfxfxfxfxdx
o
9659,08660,07071,05,02588,0210
24
sen
12/
0
xdx
= 0,9943
b) Regra de Simpson de 1/3
)()(2)()()(4)()(
3
12/
sen 4253160
12/
0
xfxfxfxfxfxfxfxdx
8660,05,029659,07071,02588,0410
36
sen
12/
0
xdx
=1,0000038
Obs: O valor mais próximo para a integral acima, com a mesma quantidade de pontos tabelados, é
dado pela regra de Simpson.
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Lista de Exercícios - Unidade VII
1) Dada a tabela abaixo, calcule
dxxf
108
100
)(
:
a)pela Regra do Trapézio
b) pela Regra de Simpson de1/3;
X 100 102 104 106 108
F (x) 2, 0000000 2, 0086002 2,0170333 2, 0253059 2, 0334238
2) Calcule o valor de I =
dxx 2
2
0
)1(
de 0 a 2:
a) Pela definição;
b) Pela Regra do Trapézio (n = 8);
c) Pela Regra de Simpson de
)8(
3
1
n
;
d) Pela Quadratura Gaussiana para 5 Pontos.
3) Calcule as integrais abaixo pela regra do Trapézio e por Simpson:
a)
2
2
0
)4( x
dx
de 0 a 2 (n = 4)
b)
dx
x
x
3 2
8
2 )4(
de 2 a 8 (n = 6)
c)
dxx
xsen
2
12
de
)1415926,3)(5(
212
na
d)
)1(.
4
0
xx
dx
de 0 a 4 (h = 0,25)
4) Um terreno está limitado por uma cerca reta e por um rio. As diferentes distâncias X (em metros)
de uma extremidade da cerca ao rio, que é a largura Y do terreno (em metros) foram medidas,e os
valores encontram-se na tabela abaixo:
X 0 20 40 60 80 100 120
Y 0 22 41 53 38 17 0
Determine a área aproximada do terreno utilizando:
a) a Regra do Trapézio
b) a Regra de Simpson de 1/3, se possível.
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